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CÂMARA DOS DEPUTADOS Centro de Documentação e Informação LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos. Art. 2º Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados em vigor no Brasil. Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na proteção aos direitos autorais ou equivalentes. Art. 3º Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis. Art. 4º Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorais. Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao conhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por qualquer forma ou processo; II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e imagens, por meio de ondas radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer outro processo eletromagnético; III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por outra; IV - distribuição - a colocação à disposição do público do original ou cópia de obras literárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e fonogramas, mediante a venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse; V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao alcance do público, por qualquer meio ou procedimento e que não consista na distribuição de exemplares;

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Centro de Documentação e Informação

LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998

Altera, atualiza e consolida a legislação sobre

direitos autorais e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os

direitos de autor e os que lhes são conexos.

Art. 2º Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos

acordos, convenções e tratados em vigor no Brasil.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas

em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na

proteção aos direitos autorais ou equivalentes.

Art. 3º Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis.

Art. 4º Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorais.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao

conhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito

de autor, por qualquer forma ou processo;

II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e imagens, por meio de

ondas radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer

outro processo eletromagnético;

III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por outra;

IV - distribuição - a colocação à disposição do público do original ou cópia de obras

literárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e fonogramas, mediante a

venda, locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse;

V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao alcance do

público, por qualquer meio ou procedimento e que não consista na distribuição de exemplares;

VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística

ou científica ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer

armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de

fixação que venha a ser desenvolvido;

VII - contrafação - a reprodução não autorizada;

VIII - obra:

a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores;

b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por ser

desconhecido;

c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto;

d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação;

e) póstuma - a que se publique após a morte do autor;

f) originária - a criação primígena;

g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da transformação de

obra originária;

h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa

física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação de

diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma;

i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a

finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento, independentemente

dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para fixá-lo, bem como

dos meios utilizados para sua veiculação;

IX - fonograma - toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros

sons, ou de uma representação de sons que não seja uma fixação incluída em uma obra

audiovisual;

X - editor - a pessoa física ou jurídica à qual se atribui o direito exclusivo de

reprodução da obra e o dever de divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição;

XI - produtor - a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa e tem a

responsabilidade econômica da primeira fixação do fonograma ou da obra audiovisual, qualquer

que seja a natureza do suporte utilizado;

XII - radiodifusão - a transmissão sem fio, inclusive por satélites, de sons ou imagens

e sons ou das representações desses, para recepção ao público e a transmissão de sinais

codificados, quando os meios de decodificação sejam oferecidos ao público pelo organismo de

radiodifusão ou com seu consentimento;

XIII - artistas intérpretes ou executantes - todos os atores, cantores, músicos,

bailarinos ou outras pessoas que representem um papel, cantem, recitem, declamem, interpretem

ou executem em qualquer forma obras literárias ou artísticas ou expressões do folclore.

XIV - titular originário - o autor de obra intelectual, o intérprete, o executante, o

produtor fonográfico e as empresas de radiodifusão. (Inciso acrescido pela Lei nº 12.853, de

14/8/2013)

Art. 6º Não serão de domínio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos

Municípios as obras por eles simplesmente subvencionadas.

TÍTULO II

DAS OBRAS INTELECTUAIS

CAPÍTULO I

DAS OBRAS PROTEGIDAS

Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por

qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se

invente no futuro, tais como:

I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;

II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;

III - as obras dramáticas e dramático-musicais;

IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito

ou por outra qualquer forma;

V - as composições musicais, tenham ou não letra;

VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;

VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da

fotografia;

VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;

IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;

X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia,

topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;

XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas

como criação intelectual nova;

XII - os programas de computador;

XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de

dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo,

constituam uma criação intelectual.

§ 1º Os programas de computador são objeto de legislação específica, observadas as

disposições desta Lei que lhes sejam aplicáveis.

§ 2º A proteção concedida no inciso XIII não abarca os dados ou materiais em si

mesmos e se entende sem prejuízo de quaisquer direitos autorais que subsistam a respeito dos

dados ou materiais contidos nas obras.

§ 3º No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a forma literária ou artística,

não abrangendo o seu conteúdo científico ou técnico, sem prejuízo dos direitos que protegem os

demais campos da propriedade imaterial.

Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei:

I - as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos

matemáticos como tais;

II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios;

III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de

informação, científica ou não, e suas instruções;

IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões

judiciais e demais atos oficiais;

V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou

legendas;

VI - os nomes e títulos isolados;

VII - o aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas nas obras.

Art. 9º À cópia de obra de arte plástica feita pelo próprio autor é assegurada a mesma

proteção de que goza o original.

Art. 10. A proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e inconfundível

com o de obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente por outro autor.

Parágrafo único. O título de publicações periódicas, inclusive jornais, é protegido até

um ano após a saída do seu último número, salvo se forem anuais, caso em que esse prazo se

elevará a dois anos.

CAPÍTULO II

DA AUTORIA DAS OBRAS INTELECTUAIS

Art. 11. Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica.

Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas

nos casos previstos nesta Lei.

Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária, artística ou

científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por suas iniciais, de pseudônimo ou

qualquer outro sinal convencional.

Art. 13. Considera-se autor da obra intelectual, não havendo prova em contrário,

aquele que, por uma das modalidades de identificação referidas no artigo anterior, tiver, em

conformidade com o uso, indicada ou anunciada essa qualidade na sua utilização.

Art. 14. É titular de direitos de autor quem adapta, traduz, arranja ou orquestra obra

caída no domínio público, não podendo opor-se a outra adaptação, arranjo, orquestração ou

tradução, salvo se for cópia da sua.

Art. 15. A co-autoria da obra é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo ou sinal

convencional for utilizada.

§ 1º Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da

obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou

dirigindo sua edição ou apresentação por qualquer meio.

§ 2º Ao co-autor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente, são

asseguradas todas as faculdades inerentes à sua criação como obra individual, vedada, porém, a

utilização que possa acarretar prejuízo à exploração da obra comum.

Art. 16. São co-autores da obra audiovisual o autor do assunto ou argumento literário,

musical ou lítero-musical e o diretor.

Parágrafo único. Consideram-se co-autores de desenhos animados os que criam os

desenhos utilizados na obra audiovisual.

Art. 17. É assegurada a proteção às participações individuais em obras coletivas.

§ 1º Qualquer dos participantes, no exercício de seus direitos morais, poderá proibir

que se indique ou anuncie seu nome na obra coletiva, sem prejuízo do direito de haver a

remuneração contratada.

§ 2º Cabe ao organizador a titularidade dos direitos patrimoniais sobre o conjunto da

obra coletiva.

§ 3º O contrato com o organizador especificará a contribuição do participante, o prazo

para entrega ou realização, a remuneração e demais condições para sua execução.

CAPÍTULO III

DO REGISTRO DAS OBRAS INTELECTUAIS

Art. 18. A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.

Art. 19. É facultado ao autor registrar a sua obra no órgão público definido no caput e

no § 1º do art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973.

Art. 20. Para os serviços de registro previstos nesta Lei será cobrada retribuição, cujo

valor e processo de recolhimento serão estabelecidos por ato do titular do órgão da administração

pública federal a que estiver vinculado o registro das obras intelectuais.

Art. 21. Os serviços de registro de que trata esta Lei serão organizados conforme

preceitua o § 2º do art. 17 da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973.

TÍTULO III

DOS DIREITOS DO AUTOR

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 22. Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

Art. 23. Os co-autores da obra intelectual exercerão, de comum acordo, os seus

direitos, salvo convenção em contrário.

CAPÍTULO II

DOS DIREITOS MORAIS DO AUTOR

Art. 24. São direitos morais do autor:

I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;

II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado,

como sendo o do autor, na utilização de sua obra;

III - o de conservar a obra inédita;

IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à

prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua

reputação ou honra;

V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;

VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já

autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem;

VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre

legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou

assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente

possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe

seja causado.

§ 1º Por morte do autor, transmitem-se a seus sucessores os direitos a que se referem

os incisos I a IV.

§ 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e autoria da obra caída em domínio

público.

§ 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a terceiros,

quando couberem.

Art. 25. Cabe exclusivamente ao diretor o exercício dos direitos morais sobre a obra

audiovisual.

Art. 26. O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado sem o seu

consentimento durante a execução ou após a conclusão da construção.

Parágrafo único. O proprietário da construção responde pelos danos que causar ao

autor sempre que, após o repúdio, der como sendo daquele a autoria do projeto repudiado.

Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.

CAPÍTULO III

DOS DIREITOS PATRIMONIAIS DO AUTOR E DE SUA DURAÇÃO

Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária,

artística ou científica.

Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por

quaisquer modalidades, tais como:

I - a reprodução parcial ou integral;

II - a edição;

III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações;

IV - a tradução para qualquer idioma;

V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;

VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com

terceiros para uso ou exploração da obra;

VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica,

satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou

produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a

demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que

importe em pagamento pelo usuário;

VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica,

mediante:

a) representação, recitação ou declamação;

b) execução musical;

c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos;

d) radiodifusão sonora ou televisiva;

e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva;

f) sonorização ambiental;

g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado;

h) emprego de satélites artificiais;

i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios

de comunicação similares que venham a ser adotados;

j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;

IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a

microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero;

X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser

inventadas.

Art. 30. No exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais poderá

colocar à disposição do público a obra, na forma, local e pelo tempo que desejar, a título oneroso

ou gratuito.

§ 1º O direito de exclusividade de reprodução não será aplicável quando ela for

temporária e apenas tiver o propósito de tornar a obra, fonograma ou interpretação perceptível em

meio eletrônico ou quando for de natureza transitória e incidental, desde que ocorra no curso do

uso devidamente autorizado da obra, pelo titular.

§ 2º Em qualquer modalidade de reprodução, a quantidade de exemplares será

informada e controlada, cabendo a quem reproduzir a obra a responsabilidade de manter os

registros que permitam, ao autor, a fiscalização do aproveitamento econômico da exploração.

Art. 31. As diversas modalidades de utilização de obras literárias, artísticas ou

científicas ou de fonogramas são independentes entre si, e a autorização concedida pelo autor, ou

pelo produtor, respectivamente, não se estende a quaisquer das demais.

Art. 32. Quando uma obra feita em regime de co-autoria não for divisível, nenhum

dos co-autores, sob pena de responder por perdas e danos, poderá, sem consentimento dos

demais, publicá-la ou autorizar-lhe a publicação, salvo na coleção de suas obras completas.

§ 1º Havendo divergência, os co-autores decidirão por maioria.

§ 2º Ao co-autor dissidente é assegurado o direito de não contribuir para as despesas

de publicação, renunciando a sua parte nos lucros, e o de vedar que se inscreva seu nome na obra.

§ 3º Cada co-autor pode, individualmente, sem aquiescência dos outros, registrar a

obra e defender os próprios direitos contra terceiros.

Art. 33. Ninguém pode reproduzir obra que não pertença ao domínio público, a

pretexto de anotá-la, comentá-la ou melhorá-la, sem permissão do autor.

Parágrafo único. Os comentários ou anotações poderão ser publicados separadamente.

Art. 34. As cartas missivas, cuja publicação está condicionada à permissão do autor,

poderão ser juntadas como documento de prova em processos administrativos e judiciais.

Art. 35. Quando o autor, em virtude de revisão, tiver dado à obra versão definitiva,

não poderão seus sucessores reproduzir versões anteriores.

Art. 36. O direito de utilização econômica dos escritos publicados pela imprensa,

diária ou periódica, com exceção dos assinados ou que apresentem sinal de reserva, pertence ao

editor, salvo convenção em contrário.

Parágrafo único. A autorização para utilização econômica de artigos assinados, para

publicação em diários e periódicos, não produz efeito além do prazo da periodicidade acrescido

de vinte dias, a contar de sua publicação, findo o qual recobra o autor o seu direito.

Art. 37. A aquisição do original de uma obra, ou de exemplar, não confere ao

adquirente qualquer dos direitos patrimoniais do autor, salvo convenção em contrário entre as

partes e os casos previstos nesta Lei.

Art. 38. O autor tem o direito, irrenunciável e inalienável, de perceber, no mínimo,

cinco por cento sobre o aumento do preço eventualmente verificável em cada revenda de obra de

arte ou manuscrito, sendo originais, que houver alienado.

Parágrafo único. Caso o autor não perceba o seu direito de seqüência no ato da

revenda, o vendedor é considerado depositário da quantia a ele devida, salvo se a operação for

realizada por leiloeiro, quando será este o depositário.

Art. 39. Os direitos patrimoniais do autor, excetuados os rendimentos resultantes de

sua exploração, não se comunicam, salvo pacto antenupcial em contrário.

Art. 40. Tratando-se de obra anônima ou pseudônima, caberá a quem publicá-la o

exercício dos direitos patrimoniais do autor.

Parágrafo único. O autor que se der a conhecer assumirá o exercício dos direitos

patrimoniais, ressalvados os direitos adquiridos por terceiros.

Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1°

de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.

Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude o caput

deste artigo.

Art. 42. Quando a obra literária, artística ou científica realizada em co-autoria for

indivisível, o prazo previsto no artigo anterior será contado da morte do último dos co-autores

sobreviventes.

Parágrafo único. Acrescer-se-ão aos dos sobreviventes os direitos do co-autor que

falecer sem sucessores.

Art. 43. Será de setenta anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre as

obras anônimas ou pseudônimas, contado de 1° de janeiro do ano imediatamente posterior ao da

primeira publicação.

Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto no art. 41 e seu parágrafo único, sempre que

o autor se der a conhecer antes do termo do prazo previsto no caput deste artigo.

Art. 44. O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e

fotográficas será de setenta anos, a contar de 1° de janeiro do ano subseqüente ao de sua

divulgação.

Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos

patrimoniais, pertencem ao domínio público:

I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores;

II - as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e

tradicionais.

CAPÍTULO IV

DAS LIMITAÇÕES AOS DIREITOS AUTORAIS

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:

I - a reprodução:

a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em

diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde

foram transcritos;

b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de

qualquer natureza;

c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob encomenda,

quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo a oposição da pessoa

neles representada ou de seus herdeiros;

d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes

visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou

outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários;

II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do

copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;

III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de

passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o

fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra;

IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se

dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem

as ministrou;

V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e transmissão

de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusivamente para demonstração à

clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que

permitam a sua utilização;

VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso

familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em

qualquer caso intuito de lucro;

VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova

judiciária ou administrativa;

VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes,

de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em

si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra

reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.

Art. 47. São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da

obra originária nem lhe implicarem descrédito.

Art. 48. As obras situadas permanentemente em logradouros públicos podem ser

representadas livremente, por meio de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos

audiovisuais.

CAPÍTULO V

DA TRANSFERÊNCIA DOS DIREITOS DE AUTOR

Art. 49. Os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros,

por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio de

representantes com poderes especiais, por meio de licenciamento, concessão, cessão ou por

outros meios admitidos em Direito, obedecidas as seguintes limitações:

I - a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza

moral e os expressamente excluídos por lei;

II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante

estipulação contratual escrita;

III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo será de

cinco anos;

IV - a cessão será válida unicamente para o país em que se firmou o contrato, salvo

estipulação em contrário;

V - a cessão só se operará para modalidades de utilização já existentes à data do

contrato;

VI - não havendo especificações quanto à modalidade de utilização, o contrato será

interpretado restritivamente, entendendo-se como limitada apenas a uma que seja aquela

indispensável ao cumprimento da finalidade do contrato.

Art. 50. A cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre por escrito,

presume-se onerosa.

§ 1º Poderá a cessão ser averbada à margem do registro a que se refere o art. 19 desta

Lei, ou, não estando a obra registrada, poderá o instrumento ser registrado em Cartório de Títulos

e Documentos.

§ 2º Constarão do instrumento de cessão como elementos essenciais seu objeto e as

condições de exercício do direito quanto a tempo, lugar e preço.

Art. 51. A cessão dos direitos de autor sobre obras futuras abrangerá, no máximo, o

período de cinco anos.

Parágrafo único. O prazo será reduzido a cinco anos sempre que indeterminado ou

superior, diminuindo-se, na devida proporção, o preço estipulado.

Art. 52. A omissão do nome do autor, ou de co-autor, na divulgação da obra não

presume o anonimato ou a cessão de seus direitos.

TÍTULO IV

DA UTILIZAÇÃO DE OBRAS INTELECTUAIS E DOS FONOGRAMAS

CAPÍTULO I

DA EDIÇÃO

Art. 53. Mediante contrato de edição, o editor, obrigando-se a reproduzir e a divulgar

a obra literária, artística ou científica, fica autorizado, em caráter de exclusividade, a publicá-la e

a explorá-la pelo prazo e nas condições pactuadas com o autor.

Parágrafo único. Em cada exemplar da obra o editor mencionará:

I - o título da obra e seu autor;

II - no caso de tradução, o título original e o nome do tradutor;

III - o ano de publicação;

IV - o seu nome ou marca que o identifique.

Art. 54. Pelo mesmo contrato pode o autor obrigar-se à feitura de obra literária,

artística ou científica em cuja publicação e divulgação se empenha o editor.

Art. 55. Em caso de falecimento ou de impedimento do autor para concluir a obra, o

editor poderá:

I - considerar resolvido o contrato, mesmo que tenha sido entregue parte considerável

da obra;

II - editar a obra, sendo autônoma, mediante pagamento proporcional do preço;

III - mandar que outro a termine, desde que consintam os sucessores e seja o fato

indicado na edição.

Parágrafo único. É vedada a publicação parcial, se o autor manifestou a vontade de só

publicá-la por inteiro ou se assim o decidirem seus sucessores.

Art. 56. Entende-se que o contrato versa apenas sobre uma edição, se não houver

cláusula expressa em contrário.

Parágrafo único. No silêncio do contrato, considera-se que cada edição se constitui de

três mil exemplares.

Art. 57. O preço da retribuição será arbitrado, com base nos usos e costumes, sempre

que no contrato não a tiver estipulado expressamente o autor.

Art. 58. Se os originais forem entregues em desacordo com o ajustado e o editor não

os recusar nos trinta dias seguintes ao do recebimento, ter-se-ão por aceitas as alterações

introduzidas pelo autor.

Art. 59. Quaisquer que sejam as condições do contrato, o editor é obrigado a facultar

ao autor o exame da escrituração na parte que lhe corresponde, bem como a informá-lo sobre o

estado da edição.

Art. 60. Ao editor compete fixar o preço da venda, sem, todavia, poder elevá-lo a

ponto de embaraçar a circulação da obra.

Art. 61. O editor será obrigado a prestar contas mensais ao autor sempre que a

retribuição deste estiver condicionada à venda da obra, salvo se prazo diferente houver sido

convencionado.

Art. 62. A obra deverá ser editada em dois anos da celebração do contrato, salvo

prazo diverso estipulado em convenção.

Parágrafo único. Não havendo edição da obra no prazo legal ou contratual, poderá ser

rescindido o contrato, respondendo o editor por danos causados.

Art. 63. Enquanto não se esgotarem as edições a que tiver direito o editor, não poderá

o autor dispor de sua obra, cabendo ao editor o ônus da prova.

§ 1º Na vigência do contrato de edição, assiste ao editor o direito de exigir que se

retire de circulação edição da mesma obra feita por outrem.

§ 2º Considera-se esgotada a edição quando restarem em estoque, em poder do editor,

exemplares em número inferior a dez por cento do total da edição.

Art. 64. Somente decorrido um ano de lançamento da edição, o editor poderá vender,

como saldo, os exemplares restantes, desde que o autor seja notificado de que, no prazo de trinta

dias, terá prioridade na aquisição dos referidos exemplares pelo preço de saldo.

Art. 65. Esgotada a edição, e o editor, com direito a outra, não a publicar, poderá o

autor notificá-lo a que o faça em certo prazo, sob pena de perder aquele direito, além de

responder por danos.

Art. 66. O autor tem o direito de fazer, nas edições sucessivas de suas obras, as

emendas e alterações que bem lhe aprouver.

Parágrafo único. O editor poderá opor-se às alterações que lhe prejudiquem os

interesses, ofendam sua reputação ou aumentem sua responsabilidade.

Art. 67. Se, em virtude de sua natureza, for imprescindível a atualização da obra em

novas edições, o editor, negando-se o autor a fazê-la, dela poderá encarregar outrem,

mencionando o fato na edição.

CAPÍTULO II

DA COMUNICAÇÃO AO PÚBLICO

Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser

utilizadas obras teatrais, composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em

representações e execuções públicas.

§ 1º Considera-se representação pública a utilização de obras teatrais no gênero

drama, tragédia, comédia, ópera, opereta, balé, pantomimas e assemelhadas, musicadas ou não,

mediante a participação de artistas, remunerados ou não, em locais de freqüência coletiva ou pela

radiodifusão, transmissão e exibição cinematográfica.

§ 2º Considera-se execução pública a utilização de composições musicais ou lítero-

musicais, mediante a participação de artistas, remunerados ou não, ou a utilização de fonogramas

e obras audiovisuais, em locais de freqüência coletiva, por quaisquer processos, inclusive a

radiodifusão ou transmissão por qualquer modalidade, e a exibição cinematográfica.

§ 3º Consideram-se locais de freqüência coletiva os teatros, cinemas, salões de baile

ou concertos, boates, bares, clubes ou associações de qualquer natureza, lojas, estabelecimentos

comerciais e industriais, estádios, circos, feiras, restaurantes, hotéis, motéis, clínicas, hospitais,

órgãos públicos da administração direta ou indireta, fundacionais e estatais, meios de transporte

de passageiros terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo, ou onde quer que se representem, executem

ou transmitam obras literárias, artísticas ou científicas.

§ 4º Previamente à realização da execução pública, o empresário deverá apresentar ao

escritório central, previsto no art. 99, a comprovação dos recolhimentos relativos aos direitos

autorais.

§ 5º Quando a remuneração depender da freqüência do público, poderá o empresário,

por convênio com o escritório central, pagar o preço após a realização da execução pública.

§ 6º O usuário entregará à entidade responsável pela arrecadação dos direitos

relativos à execução ou exibição pública, imediatamente após o ato de comunicação ao público,

relação completa das obras e fonogramas utilizados, e a tornará pública e de livre acesso,

juntamente com os valores pagos, em seu sítio eletrônico ou, em não havendo este, no local da

comunicação e em sua sede. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 7º As empresas cinematográficas e de radiodifusão manterão à imediata disposição

dos interessados, cópia autêntica dos contratos, ajustes ou acordos, individuais ou coletivos,

autorizando e disciplinando a remuneração por execução pública das obras musicais e

fonogramas contidas em seus programas ou obras audiovisuais.

§ 8º Para as empresas mencionadas no § 7º, o prazo para cumprimento do disposto no

§ 6º será até o décimo dia útil de cada mês, relativamente à relação completa das obras e

fonogramas utilizados no mês anterior. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 69. O autor, observados os usos locais, notificará o empresário do prazo para a

representação ou execução, salvo prévia estipulação convencional.

Art. 70. Ao autor assiste o direito de opor-se à representação ou execução que não

seja suficientemente ensaiada, bem como fiscalizá-la, tendo, para isso, livre acesso durante as

representações ou execuções, no local onde se realizam.

Art. 71. O autor da obra não pode alterar-lhe a substância, sem acordo com o

empresário que a faz representar.

Art. 72. O empresário, sem licença do autor, não pode entregar a obra a pessoa

estranha à representação ou à execução.

Art. 73. Os principais intérpretes e os diretores de orquestras ou coro, escolhidos de

comum acordo pelo autor e pelo produtor, não podem ser substituídos por ordem deste, sem que

aquele consinta.

Art. 74. O autor de obra teatral, ao autorizar a sua tradução ou adaptação, poderá fixar

prazo para utilização dela em representações públicas.

Parágrafo único. Após o decurso do prazo a que se refere este artigo, não poderá

opor-se o tradutor ou adaptador à utilização de outra tradução ou adaptação autorizada, salvo se

for cópia da sua.

Art. 75. Autorizada a representação de obra teatral feita em co-autoria, não poderá

qualquer dos co-autores revogar a autorização dada, provocando a suspensão da temporada

contratualmente ajustada.

Art. 76. É impenhorável a parte do produto dos espetáculos reservada ao autor e aos

artistas.

CAPÍTULO III

DA UTILIZAÇÃO DA OBRA DE ARTE PLÁSTICA

Art. 77. Salvo convenção em contrário, o autor de obra de arte plástica, ao alienar o

objeto em que ela se materializa, transmite o direito de expô-la, mas não transmite ao adquirente

o direito de reproduzi-la.

Art. 78. A autorização para reproduzir obra de arte plástica, por qualquer processo,

deve se fazer por escrito e se presume onerosa.

CAPÍTULO IV

DA UTILIZAÇÃO DA OBRA FOTOGRÁFICA

Art. 79. O autor de obra fotográfica tem direito a reproduzi-la e colocá-la à venda,

observadas as restrições à exposição, reprodução e venda de retratos, e sem prejuízo dos direitos

de autor sobre a obra fotografada, se de artes plásticas protegidas.

§ 1º A fotografia, quando utilizada por terceiros, indicará de forma legível o nome do

seu autor.

§ 2º É vedada a reprodução de obra fotográfica que não esteja em absoluta

consonância com o original, salvo prévia autorização do autor.

CAPÍTULO V

DA UTILIZAÇÃO DE FONOGRAMA

Art. 80. Ao publicar o fonograma, o produtor mencionará em cada exemplar:

I - o título da obra incluída e seu autor;

II - o nome ou pseudônimo do intérprete;

III - o ano de publicação;

IV - o seu nome ou marca que o identifique.

CAPÍTULO VI

DA UTILIZAÇÃO DA OBRA AUDIOVISUAL

Art. 81. A autorização do autor e do intérprete de obra literária, artística ou científica

para produção audiovisual implica, salvo disposição em contrário, consentimento para sua

utilização econômica.

§ 1º A exclusividade da autorização depende de cláusula expressa e cessa dez anos

após a celebração do contrato.

§ 2º Em cada cópia da obra audiovisual, mencionará o produtor:

I - o título da obra audiovisual;

II - os nomes ou pseudônimos do diretor e dos demais co-autores;

III - o título da obra adaptada e seu autor, se for o caso;

IV - os artistas intérpretes;

V - o ano de publicação;

VI - o seu nome ou marca que o identifique.

VII - o nome dos dubladores. (Inciso acrescido pela Lei nº 12.091, de 11/11/2009)

Art. 82. O contrato de produção audiovisual deve estabelecer:

I - a remuneração devida pelo produtor aos co-autores da obra e aos artistas

intérpretes e executantes, bem como o tempo, lugar e forma de pagamento;

II - o prazo de conclusão da obra;

III - a responsabilidade do produtor para com os co-autores, artistas intérpretes ou

executantes, no caso de co-produção.

Art. 83. O participante da produção da obra audiovisual que interromper, temporária

ou definitivamente, sua atuação, não poderá opor-se a que esta seja utilizada na obra nem a que

terceiro o substitua, resguardados os direitos que adquiriu quanto à parte já executada.

Art. 84. Caso a remuneração dos co-autores da obra audiovisual dependa dos

rendimentos de sua utilização econômica, o produtor lhes prestará contas semestralmente, se

outro prazo não houver sido pactuado.

Art. 85. Não havendo disposição em contrário, poderão os co-autores da obra

audiovisual utilizar-se, em gênero diverso, da parte que constitua sua contribuição pessoal.

Parágrafo único. Se o produtor não concluir a obra audiovisual no prazo ajustado ou

não iniciar sua exploração dentro de dois anos, a contar de sua conclusão, a utilização a que se

refere este artigo será livre.

Art. 86. Os direitos autorais de execução musical relativos a obras musicais, lítero-

musicais e fonogramas incluídos em obras audiovisuais serão devidos aos seus titulares pelos

responsáveis dos locais ou estabelecimentos a que alude o § 3º do art. 68 desta Lei, que as

exibirem, ou pelas emissoras de televisão que as transmitirem.

CAPÍTULO VII

DA UTILIZAÇÃO DE BASES DE DADOS

Art. 87. O titular do direito patrimonial sobre uma base de dados terá o direito

exclusivo, a respeito da forma de expressão da estrutura da referida base, de autorizar ou proibir:

I - sua reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo;

II - sua tradução, adaptação, reordenação ou qualquer outra modificação;

III - a distribuição do original ou cópias da base de dados ou a sua comunicação ao

público;

IV - a reprodução, distribuição ou comunicação ao público dos resultados das

operações mencionadas no inciso II deste artigo.

CAPÍTULO VIII

DA UTILIZAÇÃO DA OBRA COLETIVA

Art. 88. Ao publicar a obra coletiva, o organizador mencionará em cada exemplar:

I - o título da obra;

II - a relação de todos os participantes, em ordem alfabética, se outra não houver sido

convencionada;

III - o ano de publicação;

IV - o seu nome ou marca que o identifique.

Parágrafo único. Para valer-se do disposto no § 1º do art. 17, deverá o participante

notificar o organizador, por escrito, até a entrega de sua participação.

TÍTULO V

DOS DIREITOS CONEXOS

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 89. As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos

direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de

radiodifusão.

Parágrafo único. A proteção desta Lei aos direitos previstos neste artigo deixa intactas

e não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou científicas.

CAPÍTULO II

DOS DIREITOS DOS ARTISTAS INTÉRPRETES OU EXECUTANTES

Art. 90. Tem o artista intérprete ou executante o direito exclusivo de, a título oneroso

ou gratuito, autorizar ou proibir:

I - a fixação de suas interpretações ou execuções;

II - a reprodução, a execução pública e a locação das suas interpretações ou

execuções fixadas;

III - a radiodifusão das suas interpretações ou execuções, fixadas ou não;

IV - a colocação à disposição do público de suas interpretações ou execuções, de

maneira que qualquer pessoa a elas possa ter acesso, no tempo e no lugar que individualmente

escolherem;

V - qualquer outra modalidade de utilização de suas interpretações ou execuções.

§ 1º Quando na interpretação ou na execução participarem vários artistas, seus

direitos serão exercidos pelo diretor do conjunto.

§ 2º A proteção aos artistas intérpretes ou executantes estende-se à reprodução da voz

e imagem, quando associadas às suas atuações.

Art. 91. As empresas de radiodifusão poderão realizar fixações de interpretação ou

execução de artistas que as tenham permitido para utilização em determinado número de

emissões, facultada sua conservação em arquivo público.

Parágrafo único. A reutilização subseqüente da fixação, no País ou no exterior,

somente será lícita mediante autorização escrita dos titulares de bens intelectuais incluídos no

programa, devida uma remuneração adicional aos titulares para cada nova utilização.

Art. 92. Aos intérpretes cabem os direitos morais de integridade e paternidade de suas

interpretações, inclusive depois da cessão dos direitos patrimoniais, sem prejuízo da redução,

compactação, edição ou dublagem da obra de que tenham participado, sob a responsabilidade do

produtor, que não poderá desfigurar a interpretação do artista.

Parágrafo único. O falecimento de qualquer participante de obra audiovisual,

concluída ou não, não obsta sua exibição e aproveitamento econômico, nem exige autorização

adicional, sendo a remuneração prevista para o falecido, nos termos do contrato e da lei, efetuada

a favor do espólio ou dos sucessores.

CAPÍTULO III

DOS DIREITOS DOS PRODUTORES FONOGRÁFICOS

Art. 93. O produtor de fonogramas tem o direito exclusivo de, a título oneroso ou

gratuito, autorizar-lhes ou proibir-lhes:

I - a reprodução direta ou indireta, total ou parcial;

II - a distribuição por meio da venda ou locação de exemplares da reprodução;

III - a comunicação ao público por meio da execução pública, inclusive pela

radiodifusão;

IV - (VETADO)

V - quaisquer outras modalidades de utilização, existentes ou que venham a ser

inventadas.

Art. 94. (Revogado pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

CAPÍTULO IV

DOS DIREITOS DAS EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO

Art. 95. Cabe às empresas de radiodifusão o direito exclusivo de autorizar ou proibir

a retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões, bem como a comunicação ao público,

pela televisão, em locais de freqüência coletiva, sem prejuízo dos direitos dos titulares de bens

intelectuais incluídos na programação.

CAPÍTULO V

DA DURAÇÃO DOS DIREITOS CONEXOS

Art. 96. É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados a partir

de 1º de janeiro do ano subseqüente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as

emissões das empresas de radiodifusão; e à execução e representação pública, para os demais

casos.

TÍTULO VI

DAS ASSOCIAÇÕES DE TITULARES DE DIREITOS DE AUTOR E DOS QUE LHES SÃO

CONEXOS

Art. 97. Para o exercício e defesa de seus direitos, podem os autores e os titulares de

direitos conexos associar-se sem intuito de lucro.

§ 1º As associações reguladas por este artigo exercem atividade de interesse público,

por determinação desta Lei, devendo atender a sua função social. (Parágrafo com redação dada

pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 2º É vedado pertencer, simultaneamente, a mais de uma associação para a gestão

coletiva de direitos da mesma natureza. (Primitivo parágrafo primeiro renumerado e com

redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 3º Pode o titular transferir-se, a qualquer momento, para outra associação, devendo

comunicar o fato, por escrito, à associação de origem. (Primitivo parágrafo segundo renumerado

e com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 4º As associações com sede no exterior far-se-ão representar, no País, por

associações nacionais constituídas na forma prevista nesta Lei. (Primitivo parágrafo terceiro

renumerado e com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 5º Apenas os titulares originários de direitos de autor ou de direitos conexos filiados

diretamente às associações nacionais poderão votar ou ser votados nas associações reguladas por

este artigo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 6º Apenas os titulares originários de direitos de autor ou de direitos conexos,

nacionais ou estrangeiros domiciliados no Brasil, filiados diretamente às associações nacionais

poderão assumir cargos de direção nas associações reguladas por este artigo. (Parágrafo

acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 98. Com o ato de filiação, as associações de que trata o art. 97 tornam-se

mandatárias de seus associados para a prática de todos os atos necessários à defesa judicial ou

extrajudicial de seus direitos autorais, bem como para o exercício da atividade de cobrança desses

direitos. (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 1º O exercício da atividade de cobrança citada no caput somente será lícito para as

associações que obtiverem habilitação em órgão da Administração Pública Federal, nos termos

do art. 98-A. (Primitivo parágrafo único renumerado e com redação dada pela Lei nº 12.853, de

14/8/2013)

§ 2º As associações deverão adotar os princípios da isonomia, eficiência e

transparência na cobrança pela utilização de qualquer obra ou fonograma. (Parágrafo acrescido

pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 3º Caberá às associações, no interesse dos seus associados, estabelecer os preços

pela utilização de seus repertórios, considerando a razoabilidade, a boa-fé e os usos do local de

utilização das obras. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 4º A cobrança será sempre proporcional ao grau de utilização das obras e

fonogramas pelos usuários, considerando a importância da execução pública no exercício de suas

atividades, e as particularidades de cada segmento, conforme disposto no regulamento desta Lei.

(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 5º As associações deverão tratar seus associados de forma equitativa, sendo vedado

o tratamento desigual. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 6º As associações deverão manter um cadastro centralizado de todos os contratos,

declarações ou documentos de qualquer natureza que comprovem a autoria e a titularidade das

obras e dos fonogramas, bem como as participações individuais em cada obra e em cada

fonograma, prevenindo o falseamento de dados e fraudes e promovendo a desambiguação de

títulos similares de obras. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 7º As informações mencionadas no § 6º são de interesse público e o acesso a elas

deverá ser disponibilizado por meio eletrônico a qualquer interessado, de forma gratuita,

permitindo-se ainda ao Ministério da Cultura o acesso contínuo e integral a tais informações.

(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 8º Mediante comunicação do interessado e preservada a ampla defesa e o direito ao

contraditório, o Ministério da Cultura poderá, no caso de inconsistência nas informações

mencionadas no § 6º deste artigo, determinar sua retificação e demais medidas necessárias à sua

regularização, conforme disposto em regulamento. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de

14/8/2013)

§ 9º As associações deverão disponibilizar sistema de informação para comunicação

periódica, pelo usuário, da totalidade das obras e fonogramas utilizados, bem como para

acompanhamento, pelos titulares de direitos, dos valores arrecadados e distribuídos. (Parágrafo

acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 10. Os créditos e valores não identificados deverão permanecer retidos e à

disposição dos titulares pelo período de 5 (cinco) anos, devendo ser distribuídos à medida da sua

identificação. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 11. Findo o período de 5 (cinco) anos previsto no § 10 sem que tenha ocorrido a

identificação dos créditos e valores retidos, estes serão distribuídos aos titulares de direitos de

autor e de direitos conexos dentro da mesma rubrica em que foram arrecadados e na proporção de

suas respectivas arrecadações durante o período da retenção daqueles créditos e valores, sendo

vedada a sua destinação para outro fim. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 12. A taxa de administração praticada pelas associações no exercício da cobrança e

distribuição de direitos autorais deverá ser proporcional ao custo efetivo de suas operações,

considerando as peculiaridades de cada uma delas. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de

14/8/2013)

§ 13. Os dirigentes das associações serão eleitos para mandato de 3 (três) anos,

permitida uma única recondução precedida de nova eleição. (Parágrafo acrescido pela Lei nº

12.853, de 14/8/2013)

§ 14. Os dirigentes das associações atuarão diretamente em sua gestão, por meio de

voto pessoal, sendo vedado que atuem representados por terceiros. (Parágrafo acrescido pela Lei

nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 15. Os titulares de direitos autorais poderão praticar pessoalmente os atos referidos

no caput e no § 3º deste artigo, mediante comunicação à associação a que estiverem filiados, com

até 48 (quarenta e oito) horas de antecedência da sua prática. (Parágrafo acrescido pela Lei nº

12.853, de 14/8/2013)

§ 16. As associações, por decisão do seu órgão máximo de deliberação e conforme

previsto em seus estatutos, poderão destinar até 20% (vinte por cento) da totalidade ou de parte

dos recursos oriundos de suas atividades para ações de natureza cultural e social que beneficiem

seus associados de forma coletiva. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 98-A. O exercício da atividade de cobrança de que trata o art. 98 dependerá de

habilitação prévia em órgão da Administração Pública Federal, conforme disposto em

regulamento, cujo processo administrativo observará:

I - o cumprimento, pelos estatutos da entidade solicitante, dos requisitos estabelecidos

na legislação para sua constituição;

II - a demonstração de que a entidade solicitante reúne as condições necessárias para

assegurar uma administração eficaz e transparente dos direitos a ela confiados e significativa

representatividade de obras e titulares cadastrados, mediante comprovação dos seguintes

documentos e informações:

a) cadastros das obras e titulares que representam;

b) contratos e convênios mantidos com usuários de obras de seus repertórios, quando

aplicável;

c) estatutos e respectivas alterações;

d) atas das assembleias ordinárias ou extraordinárias;

e) acordos de representação recíproca com entidades congêneres estrangeiras, quando

existentes;

f) relatório anual de suas atividades, quando aplicável;

g) demonstrações contábeis anuais, quando aplicável;

h) demonstração de que as taxas de administração são proporcionais aos custos de

cobrança e distribuição para cada tipo de utilização, quando aplicável;

i) relatório anual de auditoria externa de suas contas, desde que a entidade funcione

há mais de 1 (um) ano e que a auditoria seja demandada pela maioria de seus associados ou por

sindicato ou associação profissional, nos termos do art. 100;

j) detalhamento do modelo de governança da associação, incluindo estrutura de

representação isonômica dos associados;

k) plano de cargos e salários, incluindo valor das remunerações dos dirigentes,

gratificações, bonificações e outras modalidades de remuneração e premiação, com valores

atualizados;

III - outras informações estipuladas em regulamento por órgão da Administração

Pública Federal, como as que demonstrem o cumprimento das obrigações internacionais

contratuais da entidade solicitante que possam ensejar questionamento ao Estado Brasileiro no

âmbito dos acordos internacionais dos quais é parte.

§ 1º Os documentos e informações a que se referem os incisos II e III do caput deste

artigo deverão ser apresentados anualmente ao Ministério da Cultura.

§ 2º A habilitação de que trata o § 1º do art. 98 é um ato de qualificação vinculado ao

cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei e por seu regulamento e não precisará ser

renovada periodicamente, mas poderá ser anulada mediante decisão proferida em processo

administrativo ou judicial, quando verificado que a associação não atende ao disposto nesta Lei,

assegurados sempre o contraditório e ampla defesa, bem como a comunicação do fato ao

Ministério Público.

§ 3º A anulação da habilitação a que se refere o § 1º do art. 98 levará em

consideração a gravidade e a relevância das irregularidades identificadas, a boa-fé do infrator e a

reincidência nas irregularidades, conforme disposto em regulamento, e somente se efetivará após

a aplicação de advertência, quando se concederá prazo razoável para atendimento das exigências

apontadas pela autoridade competente.

§ 4º A ausência de uma associação que seja mandatária de determinada categoria de

titulares em função da aplicação do § 2º deste artigo não isenta os usuários das obrigações

previstas no art. 68, que deverão ser quitadas em relação ao período compreendido entre o

indeferimento do pedido de habilitação, a anulação ou o cancelamento da habilitação e a

obtenção de nova habilitação ou constituição de entidade sucessora nos termos deste artigo,

ficando a entidade sucessora responsável pela fixação dos valores dos direitos autorais ou

conexos em relação ao período compreendido entre o indeferimento do pedido de habilitação ou

sua anulação e a obtenção de nova habilitação pela entidade sucessora.

§ 5º A associação cuja habilitação, nos termos deste artigo, seja anulada, inexistente

ou pendente de apreciação pela autoridade competente, ou apresente qualquer outra forma de

irregularidade, não poderá utilizar tais fatos como impedimento para distribuição de eventuais

valores já arrecadados, sob pena de responsabilização direta de seus dirigentes nos termos do art.

100-A, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

§ 6º As associações de gestão coletiva de direitos autorais deverão manter atualizados

e disponíveis aos associados os documentos e as informações previstos nos incisos II e III deste

artigo. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 98-B. As associações de gestão coletiva de direitos autorais, no desempenho de

suas funções, deverão:

I - dar publicidade e transparência, por meio de sítios eletrônicos próprios, às formas

de cálculo e critérios de cobrança, discriminando, dentre outras informações, o tipo de usuário,

tempo e lugar de utilização, bem como os critérios de distribuição dos valores dos direitos

autorais arrecadados, incluídas as planilhas e demais registros de utilização das obras e

fonogramas fornecidas pelos usuários, excetuando os valores distribuídos aos titulares

individualmente;

II - dar publicidade e transparência, por meio de sítios eletrônicos próprios, aos

estatutos, aos regulamentos de arrecadação e distribuição, às atas de suas reuniões deliberativas e

aos cadastros das obras e titulares que representam, bem como ao montante arrecadado e

distribuído e aos créditos eventualmente arrecadados e não distribuídos, sua origem e o motivo da

sua retenção;

III - buscar eficiência operacional, dentre outros meios, pela redução de seus custos

administrativos e dos prazos de distribuição dos valores aos titulares de direitos;

IV - oferecer aos titulares de direitos os meios técnicos para que possam acessar o

balanço dos seus créditos da forma mais eficiente dentro do estado da técnica;

V - aperfeiçoar seus sistemas para apuração cada vez mais acurada das execuções

públicas realizadas e publicar anualmente seus métodos de verificação, amostragem e aferição;

VI - garantir aos associados o acesso às informações referentes às obras sobre as

quais sejam titulares de direitos e às execuções aferidas para cada uma delas, abstendo-se de

firmar contratos, convênios ou pactos com cláusula de confidencialidade;

VII - garantir ao usuário o acesso às informações referentes às utilizações por ele

realizadas.

Parágrafo único. As informações contidas nos incisos I e II devem ser atualizadas

periodicamente, em intervalo nunca superior a 6 (seis) meses. (Artigo acrescido pela Lei nº

12.853, de 14/8/2013)

Art. 98-C. As associações de gestão coletiva de direitos autorais deverão prestar

contas dos valores devidos, em caráter regular e de modo direto, aos seus associados.

§ 1º O direito à prestação de contas poderá ser exercido diretamente pelo associado.

§ 2º Se as contas não forem prestadas na forma do § 1º, o pedido do associado poderá

ser encaminhado ao Ministério da Cultura que, após sua apreciação, poderá determinar a

prestação de contas pela associação, na forma do regulamento. (Artigo acrescido pela Lei nº

12.853, de 14/8/2013)

Art. 99. A arrecadação e distribuição dos direitos relativos à execução pública de

obras musicais e literomusicais e de fonogramas será feita por meio das associações de gestão

coletiva criadas para este fim por seus titulares, as quais deverão unificar a cobrança em um único

escritório central para arrecadação e distribuição, que funcionará como ente arrecadador com

personalidade jurídica própria e observará os §§ 1º a 12 do art. 98 e os arts. 98-A, 98-B, 98-C,

99-B, 100, 100-A e 100-B. (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei nº 12.853, de

14/8/2013)

§ 1º O ente arrecadador organizado na forma prevista no caput não terá finalidade de

lucro e será dirigido e administrado por meio do voto unitário de cada associação que o integra.

(Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 2º O ente arrecadador e as associações a que se refere este Título atuarão em juízo e

fora dele em seus próprios nomes como substitutos processuais dos titulares a eles vinculados.

(Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 3º O recolhimento de quaisquer valores pelo ente arrecadador somente se fará por

depósito bancário. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 4º A parcela destinada à distribuição aos autores e demais titulares de direitos não

poderá, em um ano da data de publicação desta Lei, ser inferior a 77,5% (setenta e sete inteiros e

cinco décimos por cento) dos valores arrecadados, aumentando-se tal parcela à razão de 2,5% a.a.

(dois inteiros e cinco décimos por cento ao ano), até que, em 4 (quatro) anos da data de

publicação desta Lei, ela não seja inferior a 85% (oitenta e cinco por cento) dos valores

arrecadados. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 5º O ente arrecadador poderá manter fiscais, aos quais é vedado receber do usuário

numerário a qualquer título. (Primitivo parágrafo quarto renumerado e com redação dada pela

Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 6º A inobservância da norma do § 5º tornará o faltoso inabilitado à função de fiscal,

sem prejuízo da comunicação do fato ao Ministério Público e da aplicação das sanções civis e

penais cabíveis. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 7º Cabe ao ente arrecadador e às associações de gestão coletiva zelar pela

continuidade da arrecadação e, no caso de perda da habilitação por alguma associação, cabe a ela

cooperar para que a transição entre associações seja realizada sem qualquer prejuízo aos titulares,

transferindo-se todas as informações necessárias ao processo de arrecadação e distribuição de

direitos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

§ 8º Sem prejuízo do disposto no § 3º do art. 98, as associações devem estabelecer e

unificar o preço de seus repertórios junto ao ente arrecadador para a sua cobrança, atuando este

como mandatário das associações que o integram. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de

14/8/2013)

§ 9º O ente arrecadador cobrará do usuário de forma unificada, e se encarregará da

devida distribuição da arrecadação às associações, observado o disposto nesta Lei, especialmente

os critérios estabelecidos nos §§ 3º e 4º do art. 98. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.853, de

14/8/2013)

Art. 99-A. O ente arrecadador de que trata o caput do art. 99 deverá admitir em seus

quadros, além das associações que o constituíram, as associações de titulares de direitos autorais

que tenham pertinência com sua área de atuação e estejam habilitadas em órgão da

Administração Pública Federal na forma do art. 98-A.

Parágrafo único. As deliberações quanto aos critérios de distribuição dos recursos

arrecadados serão tomadas por meio do voto unitário de cada associação que integre o ente

arrecadador. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 99-B. As associações referidas neste Título estão sujeitas às regras

concorrenciais definidas em legislação específica que trate da prevenção e repressão às infrações

contra a ordem econômica. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 100. O sindicato ou associação profissional que congregue filiados de uma

associação de gestão coletiva de direitos autorais poderá, 1 (uma) vez por ano, às suas expensas,

após notificação, com 8 (oito) dias de antecedência, fiscalizar, por intermédio de auditor

independente, a exatidão das contas prestadas por essa associação autoral a seus representados.

(Artigo com redação dada pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 100-A. Os dirigentes das associações de gestão coletiva de direitos autorais

respondem solidariamente, com seus bens particulares, por desvio de finalidade ou quanto ao

inadimplemento das obrigações para com os associados, por dolo ou culpa. (Artigo acrescido

pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 100-B. Os litígios entre usuários e titulares de direitos autorais ou seus

mandatários, em relação à falta de pagamento, aos critérios de cobrança, às formas de

oferecimento de repertório e aos valores de arrecadação, e entre titulares e suas associações, em

relação aos valores e critérios de distribuição, poderão ser objeto da atuação de órgão da

Administração Pública Federal para a resolução de conflitos por meio de mediação ou

arbitragem, na forma do regulamento, sem prejuízo da apreciação pelo Poder Judiciário e pelos

órgãos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, quando cabível. (Artigo acrescido pela

Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

TÍTULO VII

DAS SANÇÕES ÀS VIOLAÇÕES DOS DIREITOS AUTORAIS

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 101. As sanções civis de que trata este Capítulo aplicam-se sem prejuízo das

penas cabíveis.

CAPÍTULO II

DAS SANÇÕES CIVIS

Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de

qualquer forma utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a

suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.

Art. 103. Quem editar obra literária, artística ou científica, sem autorização do titular,

perderá para este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-á o preço dos que tiver vendido.

Parágrafo único. Não se conhecendo o número de exemplares que constituem a

edição fraudulenta, pagará o transgressor o valor de três mil exemplares, além dos apreendidos.

Art. 104. Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em

depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender,

obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será

solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo

como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior.

Art. 105. A transmissão e a retransmissão, por qualquer meio ou processo, e a

comunicação ao público de obras artísticas, literárias e científicas, de interpretações e de

fonogramas, realizadas mediante violação aos direitos de seus titulares, deverão ser

imediatamente suspensas ou interrompidas pela autoridade judicial competente, sem prejuízo da

multa diária pelo descumprimento e das demais indenizações cabíveis, independentemente das

sanções penais aplicáveis; caso se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos

dos titulares de direitos de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até o dobro.

Art. 106. A sentença condenatória poderá determinar a destruição de todos os

exemplares ilícitos, bem como as matrizes, moldes, negativos e demais elementos utilizados para

praticar o ilícito civil, assim como a perda de máquinas, equipamentos e insumos destinados a tal

fim ou, servindo eles unicamente para o fim ilícito, sua destruição.

Art. 107. Independentemente da perda dos equipamentos utilizados, responderá por

perdas e danos, nunca inferiores ao valor que resultaria da aplicação do disposto no art. 103 e seu

parágrafo único, quem:

I - alterar, suprimir, modificar ou inutilizar, de qualquer maneira, dispositivos

técnicos introduzidos nos exemplares das obras e produções protegidas para evitar ou restringir

sua cópia;

II - alterar, suprimir ou inutilizar, de qualquer maneira, os sinais codificados

destinados a restringir a comunicação ao público de obras, produções ou emissões protegidas ou a

evitar a sua cópia;

III - suprimir ou alterar, sem autorização, qualquer informação sobre a gestão de

direitos;

IV - distribuir, importar para distribuição, emitir, comunicar ou puser à disposição do

público, sem autorização, obras, interpretações ou execuções, exemplares de interpretações

fixadas em fonogramas e emissões, sabendo que a informação sobre a gestão de direitos, sinais

codificados e dispositivos técnicos foram suprimidos ou alterados sem autorização.

Art. 108. Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual, deixar de

indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do autor e do

intérprete, além de responder por danos morais, está obrigado a divulgar-lhes a identidade da

seguinte forma:

I - tratando-se de empresa de radiodifusão, no mesmo horário em que tiver ocorrido a

infração, por três dias consecutivos;

II - tratando-se de publicação gráfica ou fonográfica, mediante inclusão de errata nos

exemplares ainda não distribuídos, sem prejuízo de comunicação, com destaque, por três vezes

consecutivas em jornal de grande circulação, dos domicílios do autor, do intérprete e do editor ou

produtor;

III - tratando-se de outra forma de utilização, por intermédio da imprensa, na forma a

que se refere o inciso anterior.

Art. 109. A execução pública feita em desacordo com os arts. 68, 97, 98 e 99 desta

Lei sujeitará os responsáveis a multa de vinte vezes o valor que deveria ser originariamente pago.

Art. 109-A. A falta de prestação ou a prestação de informações falsas no

cumprimento do disposto no § 6º do art. 68 e no § 9º do art. 98 sujeitará os responsáveis, por

determinação da autoridade competente e nos termos do regulamento desta Lei, a multa de 10

(dez) a 30% (trinta por cento) do valor que deveria ser originariamente pago, sem prejuízo das

perdas e danos.

Parágrafo único. Aplicam-se as regras da legislação civil quanto ao inadimplemento

das obrigações no caso de descumprimento, pelos usuários, dos seus deveres legais e contratuais

junto às associações referidas neste Título. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.853, de 14/8/2013)

Art. 110. Pela violação de direitos autorais nos espetáculos e audições públicas,

realizados nos locais ou estabelecimentos a que alude o art. 68, seus proprietários, diretores,

gerentes, empresários e arrendatários respondem solidariamente com os organizadores dos

espetáculos.

CAPÍTULO III

DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO

Art. 111. (VETADO)

TÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 112. Se uma obra, em conseqüência de ter expirado o prazo de proteção que lhe

era anteriormente reconhecido pelo § 2º do art. 42 da Lei nº. 5.988, de 14 de dezembro de 1973,

caiu no domínio público, não terá o prazo de proteção dos direitos patrimoniais ampliado por

força do art. 41 desta Lei.

Art. 113. Os fonogramas, os livros e as obras audiovisuais sujeitar-se-ão a selos ou

sinais de identificação sob a responsabilidade do produtor, distribuidor ou importador, sem ônus

para o consumidor, com o fim de atestar o cumprimento das normas legais vigentes, conforme

dispuser o regulamento.

Art. 114. Esta Lei entra em vigor cento e vinte dias após sua publicação.

Art. 115. Ficam revogados os arts. 649 a 673 e 1.346 a 1.362 do Código Civil e as

Leis nºs 4.944, de 6 de abril de 1966; 5.988, de 14 de dezembro de 1973, excetuando-se o art. 17

e seus §§ 1º e 2º; 6.800, de 25 de junho de 1980; 7.123, de 12 de setembro de 1983; 9.045, de 18

de maio de 1995, e demais disposições em contrário, mantidos em vigor as Leis nºs 6.533, de 24

de maio de 1978 e 6.615, de 16 de dezembro de 1978.

Brasília, 19 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Francisco Weffort