lei de falÊncias e de recuperaÇÃo de empresas€¦ · recuperação judicial. por fim, descabido...

35
LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 1 LEI 11.101/2005 e LEI COMPLEMENTAR 118/05 Prof. Wagner Moreira

Upload: others

Post on 25-May-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

LEI DE FALÊNCIAS E DE

RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS

1

LEI 11.101/2005

e

LEI COMPLEMENTAR 118/05

► Prof. Wagner Moreira

Page 2: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

RECUPERAÇÃO

FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA – EMPRESAVIÁVEL (ART.47)

ESPÉCIES:

1.JUDICIAL ORDINÁRIA

2.JUDICIAL ESPECIAL

3.EXTRAJUDICIAL

2

Page 3: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

JUDICIAL ORDINÁRIA

Legitimidade:

Empresário devedor – individual ou

sociedade

(art.48 p. 1º.)

Cônjuge sobrevivente;

Herdeiros do devedor;

inventariante ou sócio remanescente.

(incluído Lei n.12.873/2013)3

Page 4: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

JUDICIAL ORDINÁRIARequisitos – art.48 – cumulativos

1. Exerça regularmente suas atividades há

mais de 2 (dois) anos;

2. Não ser falido e, se o foi, esteja extinta;

3. Não ter, há menos de 5 (cinco) anos,

obtido concessão de recuperação judicial

(antes era 8 (oito) anos da recuperação

especial) – LC 147/2014

4. Não ter sido condenado por crime

falimentar 4

Page 5: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

REQUISITOS

APELAÇÃO SEM REVISÃO N° 501.317.4/4-00

"Apelação. Recuperação Judicial. Decisão que indefere oprocessamento diante da prova de que a empresa não exerceregularmente a atividade empresarial, pressuposto exigido peloartigo 48 da Lei n° 11.101/2005. Simples registro na JuntaComercial não é suficiente para o reconhecimento de exercícioregular da atividade empresarial, quando há elementos robustosde práticas de graves irregularidades, inclusive com instauração deinquérito policial para apuração de infrações penais de grandepotencial de lesividade. A recuperação judicial é instituto criadopara ensejar a preservação de empresas dirigidas sob os princípiosda boa-fé e da moral. Sentença de indeferimento mantida. Apelodesprovido."

Page 6: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

JUDICIAL ORDINÁRIACréditos Incluídos:

Todos os créditos existentes na data do pedido

Ainda que não vencidos (art.49)

Características:

•Cria novação

•Os credores conservam seus direitos e privilégios

•Mantidas as mesmas condições (inclusive osencargos) salvo decisão diverso no plano.

6

Page 7: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

DIREITO EMPRESARIAL.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. NOVAÇÃO DE DÍVIDA

TRABALHISTA ILÍQUIDA.

O crédito trabalhista só estará sujeito à novação

imposta pelo plano de recuperação judicial

quando já estiver consolidado ao tempo da

propositura do pedido de recuperação. Conforme

art. 59 da Lei n. 11.101/2005, o plano de recuperação

judicial implica novação dos créditos anteriores ao

pedido. De acordo com o art. 6º, § 1º, da referida lei,

estão excluídas da vis atractiva do juízo falimentar e

do efeito suspensivo dos pedidos de falência e

recuperação as ações nas quais se demandem

quantias ilíquidas (não consolidadas).

7

Page 8: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

O § 2º desse mesmo artigo acrescenta que as ações

de natureza trabalhista serão processadas perante a

justiça especializada até a apuração do respectivo

crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores

pelo valor determinado em sentença.

Dessa forma, na sistemática introduzida pela Lei de

Falências, se ao tempo do pedido de recuperação

o valor ainda estiver sendo apurado em ação

trabalhista, esta seguirá o seu curso normal e o

valor que nela se apurar será incluído

nominalmente no quadro-geral de credores, não

havendo novação. REsp 1.321.288-MT, Rel. Min.

Sidnei Beneti, julgado em 27/11/2012.

8

Page 9: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

JUDICIAL ORDINÁRIANão entram e prevalecerão os direitos de propriedadesobre a coisa e as condições contratuais, observada alegislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante oprazo de suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o destaLei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedordos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial:

•Credor de proprietário fiduciário;

•Arrendador mercantil;

•Proprietário ou promitente vendedor de imóvel com cláusulade irrevogabilidade ou irretratabilidade (inclusive emincorporações imobiliárias ou de proprietário em contrato devenda com reserva de domínio)

•E também a Contrato de adiantamento a contrato de câmbiopara exportação; 9

Page 10: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

JUDICIAL ORDINÁRIADIREITO EMPRESARIAL. NÃO SUJEIÇÃO DO

CRÉDITO GARANTIDO POR CESSÃO FIDUCIÁRIA

DE DIREITO CREDITÓRIO AO PROCESSO

DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

O crédito garantido por cessão fiduciária de direito

creditório não se sujeita aos efeitos da

recuperação judicial, nos termos do art. 49, § 3º,

da Lei n. 11.101/2005. Conforme o referido dispositivo

legal, os créditos decorrentes da propriedade

fiduciária de bens móveis e imóveis não se submetem

aos efeitos da recuperação judicial.

10

Page 11: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

A cessão fiduciária de títulos de crédito é definida

como “o negócio jurídico em que uma das partes

(cedente fiduciante) cede à outra (cessionária

fiduciária) seus direitos de crédito perante terceiros

em garantia do cumprimento de obrigações”.

Assim, o crédito garantido por cessão fiduciária de

direito creditório, espécie do gênero propriedade

fiduciária, não se submete aos efeitos da recuperação

judicial. Como consequência, os direitos do

proprietário fiduciário não podem ser suspensos na

hipótese de recuperação judicial, já que a posse

direta e indireta do bem e a conservação da garantia

são direitos assegurados ao credor fiduciário pela lei

e pelo contrato.REsp 1.202.918-SP, Rel. Min. Villas

Bôas Cueva, julgado em 7/3/2013. 11

Page 12: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Terceira Turma DIREITO EMPRESARIAL. NÃO SUJEIÇÃO A

RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE DIREITOS DE CRÉDITO

CEDIDOS FIDUCIARIAMENTE. Não se submetem aos

efeitos da recuperação judicial do devedor os direitos de

crédito cedidos fiduciariamente por ele em garantia de

obrigação representada por Cédula de Crédito Bancário

existentes na data do pedido de recuperação,

independentemente de a cessão ter ou não sido registrada

no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do

devedor. É a partir da contratação da cessão fiduciária, e não

do registro, que há a imediata transferência, sob condição

resolutiva, da titularidade dos direitos creditícios dados em

garantia ao credor fiduciário. Efetivamente, o CC limitou-se a

disciplinar a propriedade fiduciária sobre bens móveis

infungíveis, esclarecendo que “as demais espécies de

propriedade fiduciária ou de titularidade fiduciária submetem-se

à disciplina específica das respectivas leis especiais, 12

Page 13: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

…. Note-se que o credor titular da posição de proprietário

fiduciário sobre direitos creditícios não opõe essa garantia real

aos credores do recuperando, mas sim aos devedores do

recuperando (contra quem, efetivamente, far-se-á valer o

direito ao crédito, objeto da garantia), o que robustece a

compreensão de que a garantia sob comento não diz respeito

à recuperação judicial. O direito de crédito cedido não compõe

o patrimônio da devedora fiduciante (que sequer detém sobre

ele qualquer ingerência), sendo, pois, inacessível aos seus

demais credores e, por conseguinte, sem qualquer

repercussão na esfera jurídica destes. Não se antevê, desse

modo, qualquer frustração dos demais credores do

recuperando que, sobre o bem dado em garantia (fora dos

efeitos da recuperação judicial), não guardam legítima

expectativa.

13

Page 14: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Aliás, sob o aspecto da boa-fé objetiva que deve permear as

relações negociais, tem-se que compreensão diversa permitiria

que o empresário devedor, naturalmente ciente da sua

situação de dificuldade financeira, ao eleger o momento de

requerer sua recuperação judicial, escolha, também, ao seu

alvedrio, quais dívidas contraídas seriam ou não submetidas à

recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar

constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

por Cédula de Crédito Bancário emitida em favor de instituição

financeira) e, ao mesmo tempo, considerar pendente de

formalização a indissociável garantia àquela, condicionando a

existência desta última ao posterior registro.

14

Page 15: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Assim, e nos termos do art. 49, § 3º, da Lei n. 11.101/2005,

uma vez caracterizada a condição de credor titular da posição

de proprietário do bem dado em garantia, o correlato crédito

não se sujeita aos efeitos da recuperação judicial,

remanescendo incólumes os direitos de propriedade sobre a

coisa e as condições contratuais, conforme dispõe a lei

especial regente. REsp 1.412.529-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso

Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze,

julgado em 17/12/2015, DJe 2/3/2016 (Informativo n. 578).

15

Page 16: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

JUDICIAL ESPECIAL

• ME E EPP (ART.70 E 72)

ANTES ABRANGIA SOMENTE OSCREDORES QUIROGRAFÁRIOS

• Abrangerá todos os créditos existentesna data do pedido, ainda que nãovencidos,

• Excetuados:

1.os que não entram na recuperaçãoordinária (previstos§§ 3o e 4o do art. 49)

16

Page 17: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

JUDICIAL ESPECIAL

2. Os decorrentes de repasse de recursosoficiais;

3. Os fiscais

Art. 68 – As Fazendas Públicas e o INSSpoderão deferir, nos termos da legislaçãoespecífica, parcelamento e as ME e EPPfarão jus a prazos 20% (vinte por cento)superiores àqueles regularmente concedidosàs demais empresas.

17

Page 18: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

PROCEDIMENTO RECUPERAÇÃO

COMPETÊNCIA: A competência para o processamento e julgamento do pedido de

recuperação judicial será do juízo do principal estabelecimento do devedor, na

forma do artigo 3º da Lei 11.101/2005.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL.

COMPETÊNCIA. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

A competência para apreciar pedido de recuperação judicial de

grupo de empresas com sedes em comarcas distintas, caso

existente pedido anterior de falência ajuizado em face de

uma delas, é a do local em que se encontra o principal

estabelecimento da empresa contra a qual foi ajuizada a

falência, ainda que esse pedido tenha sido apresentado em

local diverso. CC 116.743-MG, Rel. Min. Raul Araújo, Rel.

para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em

10/10/2012. 18

Page 19: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

SÚMULA n. 480

•juízo da recuperação judicial não é competente para decidir

sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de

recuperação da empresa. Rel. Min. Raul Araújo, em

27/6/2012.

19

Page 20: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

COMPETÊNCIA. EMPRESA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

A Seção negou provimento ao agravo regimental, reiterando

o entendimento de que não há conflito de competência

quando a execução promovida pela Justiça trabalhista

recai sobre o patrimônio dos sócios da empresa em

recuperação judicial.

Salientou-se, contudo, ser exceção a essa regra a

hipótese de o juízo da recuperação igualmente decretar a

desconsideração da personalidade jurídica para atingir os

mesmos bens e pessoas, ainda que posteriormente – o

que limitaria a aplicação, pelo juízo laboral, caso em que

prevalece a competência do juízo da recuperação. AgRg

no CC 113.280-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado

em 27/10/2010.

20

Page 21: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. APROVAÇÃO

PELA AGC. CONTROLE JUDICIAL.

A Turma firmou entendimento que a assembleia geral de

credores (AGC) é soberana em suas decisões quanto ao

conteúdo do plano de recuperação judicial. Contudo, as

suas deliberações – como qualquer outro ato de

manifestação de vontade – estão submetidas ao controle

judicial quanto aos requisitos legais de validade dos atos

jurídicos em geral.

Nesses termos, negou-se provimento ao recurso no qual se

sustentava a impossibilidade da alteração substancial do

plano de recuperação judicial durante a votação da AGC,

supostamente realizado com o fim de favorecer

determinados credores em prejuízo de integrantes da

mesma classe. REsp 1.314.209-SP, Rel. Min. Nancy

Andrighi, julgado em 22/5/2012.21

Page 22: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

EFEITOS DA DECISÃO QUE DEFERE O PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

NOMEAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL: É neste momento que o juiz deverá indicar o AJ. Na

capital funcionam os liquidantes.

SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES PELO PRAZO DE 180 DIAS: O deferimento não irá

impedir o prosseguimento das ações que demandem quantia ilíquida, reclamações

trabalhistas e as execuções fiscais. As ações dos credores indicados no art. 49,§§ 3º e

4º, da LF, também não são atingidas (mas eles não podem retirar bem essencial para a

manutenção daquela atividade, no prazo de 180 dias).

PRESTAÇÃO MENSAL DE CONTAS DO ADMINISTRADOR JUDICIAL: A penalidade para o

descumprimento desta obrigação será a destituição do administrador.

INTIMAÇÃO DAS FAZENDAS E DO MPRJ.

22

Page 23: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

COMUNICAÇÃO AO REGISTRO PÚBLICO PARA ACRESCENTAR A EXPRESSÃO

“EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL).

COMITÊ DE CREDORES: Os credores poderão solicitar ao juízo falimentar a

convocação de uma assembléia para a constituição de seus membros.

A homologação do plano de recuperação judicial

autoriza a retirada do nome da recuperanda e dos seus

respectivos sócios dos cadastros de inadimplentes,

bem como a baixa de eventuais protestos existentes

em nome destes... implica novação dos créditos

anteriores ao pedido.REsp 1.260.301-DF, Rel. Min. Nancy

Andrighi, julgado em 14/8/2012.

23

Page 24: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Quarta Turma DIREITO EMPRESARIAL. DEFERIMENTO DO

PROCESSAMENTO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL E

CADASTROS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO E

TABELIONATOS DE PROTESTOS. O deferimento do

processamento de recuperação judicial, por si só, não

enseja a suspensão ou o cancelamento da negativação

do nome do devedor nos cadastros de restrição ao

crédito e nos tabelionatos de protestos. O deferimento do

processamento de recuperação judicial suspende o

curso das ações e execuções propostas em face do

devedor, nos termos do art. 6º, caput e § 4º, da Lei

11.101/2005. Contudo, isso não significa que ele atinge o

direito creditório propriamente dito, o qual permanece

materialmente indene. Este é o motivo pelo qual o

mencionado deferimento não é capaz de ensejar a

suspensão ou o cancelamento da negativação do nome do

devedor nos cadastros de restrição ao crédito e tabelionatos

de protestos. 24

Page 25: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Nessa linha, o Enunciado 54 da I Jornada de Direito Comercial do

CJF estabelece que: “O deferimento do processamento da

recuperação judicial não enseja o cancelamento da negativação do

nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito e nos

tabelionatos de protestos”. Ademais, destaca-se que essa também

foi a conclusão acolhida pela Terceira Turma do STJ, que, apesar

de não ter analisado a questão à luz da decisão de processamento

(arts. 6° e 52), estabeleceu que somente após a concessão da

recuperação judicial, com a homologação do plano e a novação

dos créditos (arts. 58 e 59), é que pode haver a retirada do nome

da recuperanda dos cadastros de inadimplentes (REsp 1.260.301-

DF, DJe 21/8/2012)... Precedentes citados: CC 88.661-SP, Segunda

Seção, DJe 3/6/2008; EDcl no Ag 1.329.097-RS, Quarta Turma, DJe

03/02/2014; e AgRg no CC 125.697-SP, Segunda Seção, DJe

15/2/2013. REsp 1.272.697-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,

julgado em 2/6/2015, DJe 18/6/2015 (Informativo 564).

25

Page 26: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

RETIFICAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO

Terceira Turma DIREITO EMPRESARIAL. RETIFICAÇÃO DO

QUADRO GERAL DE CREDORES APÓS HOMOLOGAÇÃO DO

PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Ainda que o plano de

recuperação judicial já tenha sido homologado, é possível a

retificação do quadro geral de credores fundada em julgamento

de impugnação. No âmbito da recuperação judicial, existem duas

fases distintas e paralelas, quais sejam: (a) a verificação e a

habilitação de créditos, previstas na Seção II da Lei 11.101/2005, arts.

7º ao 20; e (b) a fase de apresentação e deliberação do plano de

recuperação judicial, com assento nas Seções III e IV, arts. 53 ao 69.

Assim, uma vez deferido o processamento da recuperação judicial (art.

52), o juiz determina a expedição de edital com a relação nominal de

credores e respectivos créditos e, a partir de então, a um só tempo,

iniciam-se a fase de verificação e habilitação de créditos (art. 52,§ 1º)

e o prazo improrrogável de 60 dias para a apresentação do plano de

recuperação judicial, sob pena de convolação em falência (art. 53).

26

Page 27: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Por serem fases que ocorrem de maneira paralela, é

possível que a aprovação do plano de recuperação

judicial ocorra antes da pacificação dos créditos, ou seja,

é possível que o plano de recuperação judicial seja

aprovado antes do julgamento de impugnação de crédito

e, consequentemente, antes da consolidação do quadro

geral de credores. Dessa maneira, a existência do plano

de recuperação judicial já homologado não pode ser um

entrave à consolidação do quadro geral de credores. De

fato, a retificação do quadro geral de credores após o

julgamento da impugnação é consequência lógica e

previsível, própria da fase de verificação e habilitação dos

créditos. Salienta-se, inclusive, que esse julgamento é

requisito indispensável para a consolidação do quadro

geral de credores, sendo completamente desinfluente

para a higidez do plano de recuperação judicial já

aprovado o fato de o julgamento se concretizar após sua

homologação. 27

Page 28: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Com efeito, tal circunstância coaduna-se com a

sistemática prevista na Lei de Recuperação Judicial, pois

as questões passíveis de serem objeto de impugnação

judicial contra a relação de credores, que são

expressamente previstas no art. 8º, somente se

consolidam (art. 18) após o julgamento da citada

impugnação, de modo que se admite a retificação do

quadro geral de credores no tocante à ausência,

legitimidade, importância ou classificação de crédito,

mesmo após a aprovação do plano de recuperação

judicial.

28

Page 29: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Ademais, interpretação em sentido contrário tornaria

praticamente inócuas as impugnações judiciais contra a

relação de credores, pois, no 194 plano fático, muitas

vezes não é possível harmonizar as demandas de uma

empresa em recuperação judicial, cujo plano de

reestruturação é, sem dúvida, a principal peça para a

viabilização da atividade econômica, com a tramitação

judicial do procedimento de verificação e habilitação de

créditos. Além disso, o fator "tempo" ou a duração do

processo não pode prejudicar o credor que, na forma da

lei, busca a declaração do seu crédito. REsp 1.371.427-

RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em

6/8/2015, DJe 24/8/2015 (Informativo 567).

29

Page 30: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. REPERCUSSÃO DA

HOMOLOGAÇÃO DE PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

A homologação do plano de recuperação judicial da devedora

principal não implica extinção de execução de título extrajudicial

ajuizada em face de sócio coobrigado.

Com efeito, a novação disciplinada na Lei 11.101/2005 é muito diversa da

novação prevista na lei civil.

Se a novação civil faz, como regra, extinguir as garantias da dívida,

inclusive as reais prestadas por terceiros estranhos ao pacto (art. 364 do

CC), a novação decorrente do plano de recuperação judicial traz, como

regra, a manutenção das garantias (art. 59, caput, da Lei 11.101/2005),

sobretudo as reais, que só serão suprimidas ou substituídas “mediante

aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia” por ocasião da

alienação do bem gravado (art. 50, § 1º, da Lei 11.101/2005).

REsp 1.326.888-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em

8/4/2014.

30

Page 31: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL.

SOCIEDADE AVALIZADA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

PROSSEGUIMENTO DE EXECUÇÃO CONTRA AVALISTA.

Não se suspendem as execuções individuais

direcionadas aos avalistas de título cujo devedor

principal (avalizado) é sociedade em recuperação

judicial. Dispõe o caput do art. 6º da Lei n. 11.101/2005 que

“a decretação da falência ou o deferimento do processamento

da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de

todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive

aquelas dos credores particulares do sócio solidário”. A

suspensão alcança apenas os sócios solidários presentes

naqueles tipos societários em que a responsabilidade pessoal

dos consorciados não é limitada às suas respectivas

quotas/ações, como é o caso, por exemplo, da sociedade em

nome coletivo (art. 1.039 do CC) e da sociedade em

comandita simples, no que concerne aos sócios

comanditados (art. 1.045 do CC). 31

Page 32: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

A razão de ser da norma que determina a suspensão das

ações, ainda que de credores particulares dos sócios

solidários, é simples, pois, na eventualidade de decretação

da falência da sociedade os efeitos da quebra estendem-se

àqueles, conforme dispõe o art. 81 da Lei n. 11.101/2005.

Situação diversa, por outro lado, ocupam os devedores

solidários ou coobrigados. Para eles, a disciplina é

exatamente inversa, considerando que o art. 49, § 1º, da Lei

n. 11.101/2005 estabelece que “os credores do devedor em

recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios

contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso”.

Nesse sentido, na recente I Jornada de Direito Comercial

realizada pelo CJF/STJ foi aprovado o Enunciado n. 43,

segundo o qual "[a] suspensão das ações e execuções

previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se estende aos

coobrigados do devedor". REsp 1.269.703-MG, Rel. Min.

Luis Felipe Salomão, julgado em 13/11/2012. 32

Page 33: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

RECURSO DOS CREDORES

Terceira Turma DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL

CIVIL. INAPLICABILIDADE DO PRAZO EM DOBRO PARA

RECORRER AOS CREDORES NA RECUPERAÇÃO

JUDICIAL. No processo de recuperação judicial, é

inaplicável aos credores da sociedade recuperanda o

prazo em dobro para recorrer previsto no art. 191 do

CPC. Inicialmente, consigne-se que pode ser aplicada ao

processo de recuperação judicial, mas apenas em relação ao

litisconsórcio ativo, a norma prevista no art. 191 do CPC que

dispõe que “quando os litisconsortes tiverem diferentes

procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para

contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos

autos”.

33

Page 34: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Todavia, não se pode olvidar que a recuperação judicial

configura processo sui generis, em que o empresário atua

como requerente, não havendo polo passivo. Assim, não se

mostra possível o reconhecimento de litisconsórcio passivo

em favor dos credores da sociedade recuperanda, uma vez

que não há réus na recuperação judicial, mas credores

interessados, que, embora participando do processo e

atuando diretamente na aprovação do plano, não figuram

como parte adversa – já que não há nem mesmo litígio

propriamente dito. Com efeito, a sociedade recuperanda e os

credores buscam, todos, um objetivo comum: a preservação

da atividade econômica da empresa em dificuldades

financeiras a fim de que os interesses de todos sejam

satisfeitos.

34

Page 35: LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS€¦ · recuperação judicial. Por fim, descabido seria reputar constituída a obrigação principal (mútuo bancário representado

Dessa forma, é inaplicável o prazo em dobro para recorrer

aos credores da sociedade recuperanda. Ressalte-se, por

oportuno, que, conforme jurisprudência do STJ, o prazo em

dobro para recorrer, previsto no art. 191 do CPC, não se

aplica a terceiros interessados. REsp 1.324.399-SP, Rel.

Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 3/3/2015, DJe

10/3/2015 (Informativo 557).

35