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Legística A Arte de Elaborar a Lei

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Legística

A Arte de Elaborar a Lei

•Prof. Dr. Thiago Rodrigues •Pós-Doutorando em Filosofia pela UERJ •Doutor em Direito •Mestre em Direito •Coordenador Adjunto do curso de Direito da LASALLE Institutos Superiores •Professor de Direito Constitucional, Teoria do Direito e Ética da EMERJ •Professor de Pós-Graduação da Fundação Getúlio Vargas – FGV Direito Rio e do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - IBMEC •Professor de Direito Constitucional, Filosofia e Ética da •LA SALLE e da UNISUAM;

Conteúdo Programático: Normografia: Normografia e Betham; o que é o Direito e como ele deve ser; Origens da legística no direito comparado; legística e dogmática; legística e direito.Legística aplicada no Brasil. Tensões na produção do direito: reflexões sobre a repercussão nos modos de se fazer o direito. Planejamento Legislativo no quadro da racionalização da gestão pública Normas constitucionais, complementares e ordinárias e o regime aplicado: LC95/98; Dec. 4196/2002 e o início dos instrumentos de avaliação de impacto. Civil Law; Common Law. Características.

Ementa: Legística. Conceito. Histórico. Sistema Jurídico. Civil Law. Common Law. Características.

Conceito

A Legística é a área do conhecimento que se ocupa de como fazer as leis, de forma metódica e sistemática, tendo por objetivo aprimorar a qualidade desses atos normativos. É o questionamento da lei como o instrumento exclusivo para a consecução de mudanças sociais, a necessidade de democratizar o acesso aos textos legais em todos os níveis.

Histórico

Filanguieri (sec. XVIII) - sustentou a criação da figura do “censor da lei” encarregado de remediar a multiplicidade de leis e de adaptá-las às mudanças e da introdução da avaliação legislativa como momento chave do desenvolvimento da formação e da entrada em vigor das leis.

Histórico

Jeremy Bentham (séc XIX) - através das suas obras clássicas: Normografia ou arte de fazer Direito e Princípios de Moral e Legislação que ainda no Séc XIX , cuja tônica foi a racionalização do conteúdo da legislação, com a utilização da estatística e dos meios para realização do princípio da utilidade (precussor da avaliação prospectiva, análise custo-benefício e legislações experimentais)

Sistema Jurídico

•Unidade do Ordenamento Jurídico – uma norma possuirá eficácia se for válida e parta ser válida deverá pertencer a um ordenamento jurídico e pertencendo a um ordenamento jurídico, dever-se-á verificar em que momento alcança essa validade, chegando a razão última na existência de uma norma fundamental, que não encontraria fundamento em nenhuma outra norma pois nesse caso deixaria de ser a norma fundamental. (Norberto Bobbio)

Sistema Jurídico

Sistema Jurídico

Unidade Interior

Coerência

Fundamento da Norma Fundamental (Groundnorm)

•Modelo Absolutista – encontra seu fundamento em Deus

•Direito Natural – encontra seu fundamento de obediência em uma razão natural

•Contrato Social – encontra seu fundamento na teoria da existência de um contrato ficto entre o Poder Soberano e os súditos.

•Fundamento para Hans Kelsen - Dada a distinção entre ser e dever ser, um fato nunca pode, em si mesmo, ser fundamento de uma norma, mas pode ser motivo de sua obrigatoriedade apenas na medida que uma norma atribua a ele um sentido normativo particular. Disso se segue que é sempre uma norma, e nunca um fato, que dá validade a outra norma.

Solução de Antinomias

•Critério Cronológico – lex posteriori derogat priori

•Critério Hierárquico – lex superior derogat inferiori

•Critério da Especialidade – lex specialis derogat generali

•Critério da forma da norma – prevalência da norma permissiva em relação a proibitiva.

Necessidade da Legística

O crescimento no volume de antinomias não solucionadas pelos clássicos critérios hierárquico, cronológico, de especialidade, etc., exige a reflexão e concepção de estratégias em prol da reordenação do sistema. Será nessa seara que a legística terá função de grande relevância.

Dimensões da Legística Dimensão Material reforça a faticidade ( ou realizabilidade) e a efetividade da legislação, seu escopo é atuar no processo de construção e escolha da decisão sobre o conteúdo da nova legislação, em como o processo de regulação pode ser projetado, através da avaliação do seu possível impacto sobre o sistema jurídico, por meio da utilização de técnicas (como por exemplo check list, modelização causal, reconstrução da cadeia de fontes) que permitam tanto realizar, diagnósticos, prognósticos, mas também verificar o nível de concretude dos objetivos que justificaram o impulso para legislar e dos resultados obtidos a partir da sua entrada em vigor , devendo investigar:Exposição da Situação; Leis existentes; Soluções Possíveis; As vantagens e inconvenientes de cada uma das soluções possíveis; Implicações financeiras; Relações intergovernamentais Consulta entre os ministérios envolvidos; Consulta e informação aos interessados, grupos e população atendida

Dimensão Material

(Fabiana de Menezes Soares)

Necessidade Proporcionalidade Subsidiariedade Transparência Responsabilidade Inteligibilidade Simplicidade

Princípios Informadores da Avaliação

Princípios Informadores da Avaliação

Necessidade - Os poderes públicos são convidados a analisar se a aplicação de uma nova política necessita da introdução prévia de novos atos normativos.Trata-se de comparar a eficácia e legitimidade relativas de vários instrumentos de ação governamental àluz dos objetivos que desejam atingir. Proporcionalidade - Qualquer ato normativo deve basear-se num equilíbrio entre as vantagens que oferece e os condicionalismosque impõe. Os instrumentos normativos permitem os poderes públicos desenvolver ações de diversas naturezas, em função dos objetivos que desejam atingir.

Princípios Informadores da Avaliação

Subsidiariedade - Tem função de garantir que as decisões sejam tomadas ao nível mais próximo possível dos cidadãos, garantindo sistematicamente que qualquer ação levada a cabo a nível nacional seja justificada em relação às opções disponíveis a nível local. Transparência - A fim de melhorar a qualidade dos atos normativos, identificando mais eficazmente os efeitos imprevistos e tendo em conta os pontos de vista das partes diretamente envolvidas, elaboração da legislação não deve ficar confinada às estreitas fronteiras dos organismos da administração pública e do legislativo.

Princípios Informadores da Avaliação

Responsabilidade - As autoridades responsáveis pelos atos normativos devem interessar-se pela questão da sua aplicabilidade. Todas as partes envolvidas devem estar aptas a identificar claramente as autoridades de aonde emanam as políticas e os atos normativos que a ela se aplicam. Devem ainda poder informá-las das dificuldades de aplicação das políticas ou dos atos normativos, com vistas à sua alteração.

Inteligibilidade - Uma legislação coerente, compreensível e acessível àqueles a quem se destina é essencial à sua aplicação. O princípio de inteligibilidade pode exigir um esforço particular de comunicação de poderes envolvidos, por exemplo, em relação a pessoas que, devido à sua situação, encontrem dificuldades em fazer valer os seus direitos

Simplicidade - Exige que se desenvolvam ativamente esforços para combater detalhes em excesso desde o início do processo de elaboração dos atos normativos e quando da revisão dos textos existentes.

Dimensões da Legística

Dimensão Formal atua sobre a otimização do círculo de comunicação legislativa e fornece princípios destinados à melhoria da compreensão e do acesso aos textos legislativos.

Dimensão Formal

Legística Formal

(Fabiana de Menezes Soares)

Para um aumento e também para uma efetiva participação do cidadão no processo legislativo, há uma necessidade imperiosa de uma relação com o estado, além do mero dever de conhecer a legislação e de não se eximir do seu império. Para tal, é necessário considerar que a acepção da realização da dignidade da pessoa humana, princípio estruturante da nossa Constituição inclua o aumento do nível escolaridade, o acesso gratuito a informações legislativas (e também àquelas advindas do exercício da liberdade de imprensa), a inclusão de novas mídias para divulgação de direitos e deveres (de uma material melhoria na publicidade oficial), à inclusão digital.

CRFF/88 – A GRANDE VIRADA NA INTERPRETAÇÃO DO DIREITO

BRASILEIRO

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

A Legística portanto se preocupa com os resultados dentro de uma perspectiva que visa adequar os objetivos (identificados na análise de impacto ou na avaliação legislativa), os meios e os fins. Tal adequação evoca a intimidade do raciocínio “legístico” e a ponderação operada via razoabilidade e discricionariedade quanto à escolha de um conteúdo do ato normativo

Eficácia da Legialação

A adoção, por exemplo, de estratégias de persuasão através de ações para construção de um consenso possível (audiências públicas, negociação legislativa, práticas de lobby regulamentadas, plebiscitos, inclusive os administrativos) são meios para otimizar o nível de eficácia social. Isto significa que durante todo o processo de elaboração e redação, a questão da compreensão e aceitação do ato normativo não deve ser considerada uma questão exclusivamente estilística.

Jürgen Habermas

Teoria do Discurso

Procedimentalismo

Volta da sociedade aberta de interpretes da constituição de Peter Häberle

O Direito não é mais Puro!

Após o fenômeno da chamada virada kantiana, o Direito novamente deve se valer de outras ciências como Administração, Economia, Estatística, Sociologia, Legimática, etc., e é claro, da teoria geral do direito, para que com uma base mais científica holística possa garantir um nível maior de adequação com essas demais áreas do conhecimento humano para que se possa justificar as limitações à conduta humana que via de regra as leis trazem em si. Estas particularidades estão evidenciadas nas check lists, na modelização causal, na reconstrução da cadeia de fontes do direito, nos sistemas de apoio à decisão.

Aproximação entre Legislador e Cidadão

A aproximação entre legislador e cidadão pode propiciar processos de produção do Direito aonde haja mais persuasão e menos coerção e nos processos participativos a negociação do conteúdo pode gerar uma co-responsabilidade pela efetivação do conteúdo porque os participantes colaboraram com suas representações de mundo, que é otimizada por uma gama de informações evidenciadas na reconstrução da situação-fática-problema.

Supremacia do Legislador X

Poder Judiciário (especialmente as Cortes Const)

Legalidade X Legitimidade – Quem pode dizer se uma norma é ou não legítima?

Discricionariedade Legislativa X Avaliação Impacto

BRASIL

Lei Complementar nº 95 Decreto 4176/02

Civil Law X Common Law

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