legística aplicada à elaboração de resoluções da antt
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LEGÍSTICA APLICADA À ELABORAÇÃO DE
RESOLUÇÕES DA ANTT
Superintendência de Governança Regulatória – Sureg
Gerência Melhoria da Qualidade Regulatória – Gemeq
MANUAL DE PROCEDIMENTOS
Campo de Aplicação: Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT
Público Alvo: Servidores e prestadores de serviços da ANTT.
1ª Edição
Brasília, fevereiro de 2017
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AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT
SUPERINTENDÊNCIA DE GOVERNANÇA REGULATÓRIA – SUREG
GERÊNCIA DE MELHORIA DA QUALIDADE REGULATÓRIA – GEMEQ
Setor de Clubes Esportivos Sul - SCES, lote 10, trecho 03, Projeto Orla Polo 8 - Brasília – DF –
CEP: 70200-003
Telefone (61) 3410.1616
LEGÍSTICA APLICADA Á ELABORAÇÃO DE RESOLUÇÕES DA ANTT
FICHA TÉCNICA
Yuri Faria Pontual de Moraes
Silvio Barbosa da Silva Junior
Claude Soares Ribeiro de Araújo
Nara Kohlsdorf
Renata Batista Junqueira Nogueira
FICHA CATALOGRÁFICA Superintendência de Governança Regulatória – Sureg
Legística aplicada à elaboração de Resoluções da ANTT. Brasília:
ANTT, 2017
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SUMÁRIO
SUMÁRIO ........................................................................................................................ 3
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 4
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 5
2. NORMAS JURÍDICAS: ASPECTOS GERAIS ....................................................... 6
2.1. As normas jurídicas e seus atributos ................................................................ 6
2.2. Espécies normativas e hierarquia das normas .................................................. 7
2.3. As espécies normativas no âmbito da ANTT .................................................. 9
2.4. Procedimentos necessários para a aprovação de uma Resolução regulatória 11
3. TÉCNICA LEGISLATIVA .................................................................................... 15
3.1. Função da Legística ....................................................................................... 15
3.2. Legística Material .......................................................................................... 16
3.3. Legística Formal ............................................................................................ 17
3.3.1. Parte Inicial ................................................................................................ 17
3.3.2. Parte Central .............................................................................................. 19
3.3.3. Parte Final .................................................................................................. 24
3.3.4. Anexos ....................................................................................................... 25
4. ALTERAÇÃO E REVOGAÇÃO DE NORMAS ................................................... 26
4.1. Alteração das Normas .................................................................................... 26
4.2. Revogação das Normas .................................................................................. 27
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 28
5. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 29
ANEXO I – MODELO DE RESOLUÇÃO .................................................................... 30
ANEXO II– LEI COMPLEMENTAR Nº 95/1998......................................................... 31
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APRESENTAÇÃO
Legística é uma área do conhecimento voltada à arte de bem elaborar leis ou normas, primando
pela sistematização e qualidade desses atos. Mas para que servem as normas? Para estabelecer regras e
princípios orientadores das condutas humanas. Assim, as normas devem ser emitidas quando há uma
situação que necessita de uma orientação genérica a diversos atores, com regras claras e transparentes.
Normatizar exige responsabilidade, especialmente porque as regras criadas interferem na vida das
pessoas, positiva ou negativamente. Uma lei ou norma mal feita pode gerar impactos não mapeados ou,
pior, efeitos contrários ao que se pretendia inicialmente.
Assim, o processo de elaboração de textos normativos deve considerar diversos aspectos, em
especial o alcance do objetivo inicialmente estabelecido. Isso significa que o primeiro passo para se
alcançar a eficácia da norma é estabelecer qual é o problema que se pretende resolver com o regramento,
que constitui a etapa inicial dos Planos de Projeto concernentes aos temas inseridos na Agenda Regulatória
da ANTT. A falta de clareza quanto ao que se quer resolver pode resultar em regulações que não apenas
geram mais dúvidas, mas pioram o problema existente ou acabam por criar outros.
Dessa forma, mesmo que nem todos os projetos da Agenda Regulatória resultem em Resoluções,
todas as Resoluções publicadas devem constar desse Planejamento Regulatório da Agenda e seguir os
trâmites e processos necessários ao seu bom andamento. É importante salientar que nem todos os
problemas podem ser resolvidos por normas, e que a regulação, em especial, apresenta diversos
mecanismos que substituem as resoluções de forma mais eficaz. Caso se conclua que a melhor opção
regulatória é a Resolução, deve-se primar pela obediência às regras de legística, que atribuem clareza,
transparência, eficácia, qualidade, objetividade e, consequentemente, efetividade à norma.
Portanto, é necessário que servidores que exercem a atividade de regulamentação desenvolvam
habilidades e competências voltadas à elaboração de normas com qualidade e eficácia. Este manual
consolida as principais regras e mecanismos que conduzem à elaboração de normas mais eficazes e
efetivas. Isso significa que o material ora apresentado versa apenas sobre os pontos principais da legística
material e formal para elaboração de resoluções no âmbito da ANTT, sem adentrar nas questões de
hermenêutica, filosofia do Direito, processo legislativo e outros assuntos que não correspondam às
necessidades de capacitação para elaboração dos citados atos normativos.
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1. INTRODUÇÃO
O Estado regulador brasileiro existe desde a primeira metade do século XX, ainda na Era Vargas;
entretanto, foi apenas a partir dos anos 1990, com o Programa Nacional de Desestatização, que o Estado
brasileiro foi, de fato, redesenhado institucionalmente como regulador. Nesse contexto, as Agências
Reguladoras surgiram com o propósito essencial de reduzir as incertezas regulatórias, visando garantir
um mercado adequado ao consumo de bens e serviços por cidadãos, a partir de uma atuação autônoma e
distanciada das oscilações políticas.
A Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) foi criada pela Lei nº 10.233, de 21 de
junho de 2001, juntamente com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e o
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Sua natureza jurídica é de autarquia
especial, detentora de independência administrativa e financeira, e vinculada ao Ministério dos
Transportes. Sua regulação ocorre primordialmente por meio de Contratos, Autorizações e Resoluções.
A produção normativa é um processo extremamente sensível, na medida em que afeta
diretamente a eficácia e efetividade regulatórias. Uma regulamentação de qualidade resulta em diminuição
dos índices de judicialização, maior estabilidade regulatória e legitimação do processo decisório.
Assim, devem-se evitar ao máximo uma produção normativa desordenada e fragmentada, altos
custos relativos à publicação e retificação de publicação, ausência de padrões e sistematização do processo
de regulamentação, falta de transparência quanto ao processo e resultados alcançados, dentre outros.
Alguns instrumentos vêm sendo implementados na ANTT com vistas a minimizar os fatores
críticos que impactam negativamente a produção normativa, dentre os quais destacam-se: Agenda
Regulatória, Análise de Impacto Regulatório e Processos de Participação e Controle Social. Assim, as
boas práticas de construção normativa constantes deste documento são um complemento às demais
ferramentas de boas práticas regulatórias no sentido de contribuir com a clareza na formulação dos
normativos, economicidade legislativa, efetividade, diminuição dos custos, etc.
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2. NORMAS JURÍDICAS: ASPECTOS GERAIS
2.1. As normas jurídicas e seus atributos
A norma jurídica é o instrumento de definição da conduta exigida pelo Estado. É por meio dela
que o Direito se expressa, definindo direitos e obrigações, com o fim de alcançar a pacificação social. Ela
esclarece ao agente como e quando agir.
De modo geral, todas as normas jurídicas possuem alguns atributos, quais sejam:
a) Bilateralidade: a norma é, via de regra, dirigida a duas partes: uma tem o dever jurídico
(deve exercer determinada conduta em favor de outra), e a outra tem o direito subjetivo, que
concede a possibilidade de agir diante da primeira. Assim, quando uma parte tem um direito
fixado pela norma, uma outra detém a obrigação;
b) Atributividade: está relacionada à bilateralidade, pois é caráter de toda norma conferir
direito a outra pessoa. É o poder de agir atribuído a um sujeito ativo para que exija que o
sujeito passivo cumpra a obrigação que lhe foi imposta;
c) Imperatividade: a norma não é um aconselhamento, mas a imposição da obediência a
determinadas regras. É uma ordem a ser seguida;
d) Coercibilidade: a força, mediante coação, na esfera psicológica pode ser usada para
impor o cumprimento da norma. É diferente de sanção, que é uma penalidade aplicada em
função de um efetivo descumprimento da norma. Há também a coação premial, que se dá pela
concessão de um benefício ao indivíduo que respeita determinada norma;
e) Generalidade: é o caráter geral da norma que não tem destinatários especificados; e
f) Abstração: sempre que uma norma não tiver por objeto um comportamento concreto
específico, ela se destinará a todos os fatos concretos que se amoldarem ao fato-tipo (abstrato)
previsto na norma.
A partir do grau de abrangência da norma, ela pode ser classificada como princípio ou regra.
Enquanto os princípios são as diretrizes gerais de um ordenamento jurídico, com conteúdo mais genérico
e aberto, as regras disciplinam situações específicas, a partir do estabelecimento de pressupostos e
consequências determinadas.
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2.2. Espécies normativas e hierarquia das normas
O ordenamento jurídico, entendido como o sistema harmônico de normas, é estruturado a partir
de uma hierarquia, usualmente representada pela seguinte figura em formato piramidal:
FIGURA 1: Hierarquia das normas
Fonte: http://dropsti.blogspot.com.br/2015/02/a-piramide-de-kelsen.html
No topo da pirâmide, está a Constituição Federal, que inaugura juridicamente o Estado, ao definir
os direitos e garantias fundamentais, a estrutura do Estado e a organização dos poderes. Diante da
necessidade de proteger a norma que valida todo o ordenamento, surgem as ideias de supremacia formal,
controle de constitucionalidade e de rigidez constitucional1. Sua alteração formal, no caso brasileiro, é
restrita e se dá por meio de Emenda Constitucional, que deve ser aprovada por 3/5 dos parlamentares, em
dois turnos de votação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Logo em seguida, em grau supralegal, encontram-se os tratados internacionais sobre Direitos
Humanos dos quais o Brasil é signatário. Entretanto, caso o tratado de Direitos Humanos seja aprovado
pelo Congresso Nacional com quórum de Emenda Constitucional, passará a ter estatura constitucional.
Portanto, as normas de status constitucional não são somente aquelas previstas na Constituição Federal
1 Ou seja, nenhum outro documento tem maior força normativa. Por conseguinte, nenhuma norma pode contrariar a
Constituição. Todos os poderes constituídos, portanto, devem realizar controle de constitucionalidade. Por fim, a rigidez
consiste na dificuldade para alteração de seu conteúdo.
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de 1988. Atualmente, alguns juristas denominam “bloco de constitucionalidade” o conjunto das normas
de status constitucional.
No grau seguinte, são elencados os atos normativos primários. Ou seja, aqueles atos que retiram
seu fundamento de validade diretamente da Constituição Federal e, portanto, encontram-se em mesmo
grau hierárquico. São eles:
g) Leis Complementares: regulamentam assuntos específicos expressamente determinados
na Constituição da República. Diferenciam-se das Leis Ordinárias por exigirem quórum
qualificado (maioria da Casa) ao invés de quórum simples (maioria dos presentes);
h) Leis Ordinárias: são as leis típicas, ou as mais comuns, aprovadas pelo Congresso
Nacional e sancionadas pelo Presidente da República;
i) Leis Delegadas: são editadas pelo Presidente da República, nos limites da autorização
conferida pelo Congresso Nacional por meio de Resolução;
j) Medidas Provisórias: são reservadas ao Presidente da República e se destinam a
matérias que sejam consideradas de relevância ou urgência pelo Poder Executivo. Têm força
de lei e vigência imediata. Devem ser convertidas em lei pelo Congresso Nacional no prazo
de 120 (cento e vinte) dias, sob pena de perda de eficácia;
k) Decretos Legislativos: são atos do Congresso Nacional que têm por finalidade veicular
as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, elencadas, em sua maioria, no
art. 49 da Constituição Federal;
l) Resoluções Legislativas: são atos do Congresso Nacional ou de uma de suas Casas.
Podem ser típicas, caso tratem de assuntos internos das Casas Legislativas, ou atípicas, caso
trate de matéria externa, tais como suspensão de lei declarada inconstitucional em controle
difuso pelo STF, fixação de limites para a dívida ativa da União e dos entes federados, bem
como fixação de alíquotas de impostos dos entes da União;
m) Decreto Autônomo: Ato do Presidente da República em matéria de organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando
vago (art. 84, VI, da Constituição). Possui efeitos análogos aos de uma Lei Ordinária; e
n) Tratados: Constituem acordos que o Brasil realiza com sujeitos de Direito Internacional.
Quando não dispuserem sobre Direitos Humanos, os tratados celebrados pelo Presidente da
República e referendados pelo Congresso Nacional passam a ter status de Lei Ordinária.
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No último grau da pirâmide, encontram-se as normas infralegais. Essas normas se manifestam
na forma de atos administrativos normativos. O Presidente da República detém competência exclusiva
para, no exercício do poder regulamentar, emitir Decretos com vistas a garantir a fiel execução da lei. Já
os demais gestores de órgãos e entes públicos detém poder normativo para editar atos normativos, de
acordo com a competência definida em lei2.
Para quem lida com a atividade regulatória, é importante conhecer essa estrutura, haja vista que
toda a normatização exarada por Agências Reguladoras encontra-se no nível infralegal, ou seja, no último
nível da pirâmide. Assim, todos atos normativos da ANTT devem guardar consonância com os princípios
e regras de hierarquia superior, sob pena de serem declarados inconstitucionais, inconvencionais ou ilegais
pelo Poder Judiciário.
Não se pode confundir, outrossim, a hierarquia das normas com a classificação da lei em sentidos
formal e material ou com a acepção genérica do vocábulo ‘lei’. Um ato administrativo exarado pela ANTT
pode ser considerado lei em sentido material, caso tenha destinação geral e aplicabilidade abstrata3. Da
mesma forma, pode-se dizer que o contrato faz lei entre as partes. Em ambos os casos, o vocábulo ‘lei’ é
utilizado no sentido de norma que vincula as partes envolvidas. No entanto, essas manifestações de
vontade do Estado permanecem com a natureza jurídica de ato administrativo e contrato administrativo,
respectivamente.
2.3. As espécies normativas no âmbito da ANTT
A lei de criação da Agência – Lei nº 10.233, de 5 junho de 2001 – define, como atribuição geral
da ANTT, a elaboração de normas e regulamentos atinentes às suas competências legalmente
estabelecidas, in verbis
Art. 24. Cabe à ANTT, em sua esfera de atuação, como atribuições gerais:
2 Não há que se confundir poder regulamentar com poder normativo. Segundo Caio Tácito (Temas de direito público – Estudos
e Pareceres, Rio de Janeiro, Renovar, 1997, v. 2, p. 1079): “Se o poder regulamentar é um princípio e dominantemente exercido
pelo Presidente da República, em razão de sua competência constitucional, nada impede possa a lei habilitar outras autoridades
à prática do poder normativo. Trata-se de um efeito característico do Estado contemporâneo: a descentralização normativa
(poder regulamentar difuso)”. 3 Ou seja, destinada a um número indeterminado/desconhecido de indivíduos e cuja aplicabilidade ocorra sempre que se
configurar, no mundo real, a situação hipotética prevista na norma.
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.......
IV – elaborar e editar normas e regulamentos relativos à exploração de vias e terminais,
garantindo isonomia no seu acesso e uso, bem como à prestação de serviços de transporte,
mantendo os itinerários outorgados e fomentando a competição;
V – editar atos de outorga e de extinção de direito de exploração de infraestrutura e de
prestação de serviços de transporte terrestre, celebrando e gerindo os respectivos
contratos e demais instrumentos administrativos;
........
XIV – estabelecer padrões e normas técnicas complementares relativos às operações de
transporte terrestre de cargas especiais e perigosas;
No âmbito interno, o Regimento Interno da ANTT, aprovado por meio da Resolução nº 3.000,
de 28 de janeiro de 2009, define que a competência para exercer o poder normativo da ANTT é da
Diretoria:
Art. 25. À Diretoria da ANTT compete, em regime de colegiado, analisar, discutir e
decidir, em instância administrativa final, as matérias de competência da Autarquia, bem
como:
VIII - exercer o poder normativo da ANTT;
Já em relação às espécies normativas, o art. 109 do supramencionado normativo esclarece os
instrumentos pelos quais é realizada a regulamentação pela Agência:
Art. 109. A formalização das decisões da Diretoria e do Diretor-Geral da ANTT será
efetivada por atos do Diretor-Geral, observados:
I - Resoluções: quando se tratar de matéria normativa de atribuição da Diretoria, em
conformidade com o art. 25 deste Regimento, ou quando se tratar de matéria que envolva
multiplicidade de interesses de terceiros;
II - Deliberações: demais decisões da Diretoria ou do Diretor-Geral, em conformidade
com a legislação e este Regimento; e
III - Portarias, Despachos e Ordens de Serviço: quando se tratar de atos de gestão de
atribuição do Diretor-Geral, em conformidade com o art. 26 deste Regimento.
Conforme se observa, a expedição de um ato regulatório de caráter geral e abstrato deve ser
realizada por meio de Resolução. Em caráter residual, encontra-se a Deliberação, por meio da qual são
exarados os demais atos da Diretoria atinentes à atividade regulatória que não envolvem multiplicidade
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de interesses de terceiros. Já as matérias de cunho administrativo são de atribuição do Diretor-Geral e
prescindem de deliberação colegiada.
O mencionado Regimento ainda prevê outras espécies de atos normativos de competência das
Superintendências. São eles: comunicados4, ordens de serviço5, portarias e despachos.
Apesar do Regimento não conceituar portaria e despacho, a doutrina assim o faz:
Portaria: ato normativo destinado ao público em geral e a unidades internas com
finalidade de estabelecer procedimentos relativos a pessoal, organização e funcionamento
de serviços, além de orientação quanto à aplicação de textos legais (MEIRELLES, 2007,
p. 185).
Despacho: documento utilizado para encaminhamento dos autos de um órgão para outro
e para consignar decisão proferida sobre exposição de motivos, parecer, informação,
requerimento ou demais papéis submetidos pelas partes a seu conhecimento e solução.
Ademais, salienta-se que as Deliberações nos 157 a 160, de 12 de maio de 2010, definem um rol
de matérias delegadas da Diretoria aos superintendentes. Tais assuntos, portanto, podem ser tratados pelos
superintendentes por meio de Portarias.
2.4. Procedimentos necessários para a aprovação de uma Resolução regulatória
Conforme já explicitado, a Resolução é um ato administrativo exarado pela Diretoria em duas
hipóteses: (a) em matéria normativa; ou (b) em matéria que envolva multiplicidade de interesses de
terceiros. Dá-se o nome de regulatória à Resolução encaixada na primeira hipótese. Nesse caso,
considerando que a Resolução terá caráter geral e aplicabilidade abstrata, é necessário observar alguns
procedimentos específicos para sua aprovação, com vistas a conferir maior transparência, participação
popular e legitimidade à atuação da Agência. Portanto, há que se observar, no processo de construção da
4 Art. 99. Os Comunicados destinam-se a orientar ou esclarecer os administrados sobre:
I - procedimentos de caráter técnico ou administrativo adotados nos processos que tramitam pelas Superintendências; e/ou
II - providências e procedimentos que devem ser adotados pelos interessados em decorrência de disposições legais,
regulamentares, contratuais, de atos de outorga ou de editais de licitação. 5 Art. 100. As Ordens de Serviço são normativos internos contendo comandos, normas e decisões específicas de trabalho.
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norma, as seguintes fases: (a) inserção do tema na Agenda Regulatória vigente; (b) realização de Análise
de Impacto Regulatório – AIR; (c) análise da Superintendência de Governança Regulatória – Sureg; (d)
realização do Processo de Participação e Controle Social – PPCS; e (e) análise da Procuradoria-Geral da
ANTT.
A Agenda Regulatória é um instrumento de planejamento por meio do qual são executados os
projetos eleitos como prioritários. Nesse sentido, propicia maior segurança ao setor regulado e aos
usuários na medida em que proporciona maior transparência e confiabilidade às ações regulatórias e
previsibilidade quanto à possibilidade de participação social no processo normativo. Ademais, orienta as
atividades internas e o direciona a atuação regulatória ao cumprimento da missão e dos objetivos
estratégicos da Agência. Sendo assim, todas as matérias que possam resultar em regulamentação ou
revisão de regulamentação devem estar na Agenda Regulatória, conforme Manual de Procedimentos
aprovado pela Ordem de Serviço nº 01/2015.
Já a Análise de Impacto Regulatório é um procedimento ordenado de auxílio à tomada de decisão
no âmbito da atividade regulatória do Estado, pois subsidia o agente regulador com dados e informações
relevantes sobre os possíveis impactos das opções aventadas (VALENTE, 2013). O art. 3º da Deliberação
nº 85, de 23 de março de 2016, tornou obrigatória a realização da AIR – Nível 1 nos projetos inseridos na
Agenda Regulatória, preferencialmente no início ou antes do início dos estudos de formulação da proposta
de ações regulatórias. Considerando a natureza dinâmica da AIR, seu conteúdo pode ser alterado ou
aprimorado ao longo do processo, por meio de versões sucessivas acerca do mesmo objeto. Todavia, caso
a complexidade do tema exija aprofundamento dos estudos, poderá ser desenvolvida a AIR – Nível 2,
cujas balizas estão em fase de elaboração. Um Manual de AIR Nível 1 está disponível no sítio eletrônico
http://agendaregulatoria.antt.gov.br/ e, em todos os casos, a Coordenação de Análise de Impacto e
Monitoramento – Coimp, vinculada à Gerência de Melhoria da Qualidade Regulatória (Gemeq/Sureg),
presta apoio às demais Unidades Organizacionais no desenvolvimento das Análises de Impacto
Regulatório.
Independentemente da participação na elaboração da AIR, é garantida a análise do processo e da
proposta normativa pela Superintendência de Governança Regulatória (Sureg). Tal garantia decorre de
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sua competência regimental6 e do disposto na Portaria DG nº 27, de 04 de fevereiro de 20107. Trata-se,
portanto, de fase imprescindível para construção da norma, na qual são analisados aspectos formais e
materiais com vistas a: (a) contribuir para a adequação, melhoria e aperfeiçoamento dos aspectos
procedimentais; (b) garantir a efetiva participação de todas as áreas relacionadas à matéria; (c) colaborar
para a construção da fundamentação técnica e legal necessárias; e (d) auxiliar na construção e elaboração
da Análise do Impacto Regulatório.
É necessária, ademais, a realização do Processo de Participação e Controle Social – PPCS, que
consiste na consulta à sociedade sobre a matéria objeto do projeto, com vistas a debater, construir e
legitimar os atos normativos e regulatórios que ensejam a participação de atores externos à Agência. A
Resolução nº 3.705, de 10 de agosto de 2011 dispõe sobre os quatro instrumentos de participação social
instituídos pela ANTT, quais sejam, Tomada de Subsídio, Reunião Participativa, Consulta Pública e
Audiência Pública. Nada impede que um projeto utilize diversos instrumentos de participação social, seja
sucessiva ou concomitantemente.
Os dois primeiros instrumentos são utilizados na fase inicial do projeto, para a construção do
conhecimento e desenvolvimento de propostas sobre dada matéria. Enquanto a Tomada de Subsídio
ocorre remotamente, por encaminhamento de propostas via e-mail, a Reunião Participativa
necessariamente conta com sessões presenciais. Ambas são realizadas e aprovadas no âmbito da
Superintendência responsável pelo processo de construção da norma e podem ter participação aberta ao
público ou restrita a convidados, a critério da ANTT. Inclusive, podem ser utilizadas para submeter a AIR
6 Art. 54. À Superintendência de Governança Regulatória, além de outras atribuições relacionadas estabelecidas pela Diretoria,
compete:
V – consolidar, harmonizar e uniformizar as propostas de resoluções;
VIII – acompanhar, normatizar, e promover, quando necessário aprofundamento, a análise dos impactos potenciais da ação
regulatória da ANTT; 7 Art. 2º A Superintendência de Marcos Regulatórios – SUREG, quando solicitada pelas demais Superintendências de
Processos Organizacionais ou por Diretor, opinará sobre os processos relacionados à prática regulatória, com os objetivos de:
I – contribuir para a adequação, melhoria e aperfeiçoamento dos aspectos procedimentais;
II – garantir a efetiva participação de todas as áreas relacionadas à matéria;
III – colaborar para a construção da fundamentação técnica e legal necessárias; e
IV – efetuar a análise do impacto regulatório.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, todos os processos relacionados à elaboração ou alteração de
resoluções de caráter geral, entendidas como aquelas que digam respeito a mais de um ente regulado, ou as de caráter específico,
que sejam objeto de processo de audiência pública, deverão ser submetidos à SUREG.”
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à apreciação dos atores externos, conforme recomendação da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico - OCDE8:
4.5 Análises de Impacto Regulatório devem, na medida do possível, ser disponibilizadas
ao público, juntamente com as propostas de regulação. A análise deve ser preparada de
forma apropriada e em prazo adequado para obter a contribuição dos interessados e
auxiliar na tomada de decisão. Boas práticas envolvem o uso da Análise de Impacto
Regulatório como parte do processo de consulta.
Já os dois últimos instrumentos do PPCS costumam ser utilizados na fase final do projeto, para
consolidar uma proposta de ação regulatória. Enquanto a Consulta Pública ocorre remotamente, a
Audiência Pública necessariamente deve ter sessão presencial9. Em ambos os casos, cabe à Diretoria
aprovar a realização do PPCS, momento no qual é garantida a manifestação prévia da PRG10, bem como
aprovar o Relatório Final desses dois procedimentos, de modo a firmar o posicionamento da ANTT sobre
as contribuições apresentadas. O Manual de PPCS da ANTT detalha o cabimento e o passo-a-passo para
a realização de cada um dos instrumentos supramencionados e pode ser consultado na intranet, no
endereço https://intra.antt.gov.br/uploadfile/getFile?coUploadFile=85.
Por fim, após a realização do PPCS, a minuta de Resolução deve ser submetida à análise pela
PRG, ainda que este órgão jurídico já tenha se manifestado em outra fase do processo. Tal obrigatoriedade
8 Documento de Recomendação do Conselho Sobre Política Regulatória e Governança – 2012. Pg. 10.
9 A audiência pública é o único dos instrumentos de PPCS que tem previsão legal. A Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2003,
assim dispõe sobre o instrumento: “Art. 68. As iniciativas de projetos de lei, alterações de normas administrativas e decisões
da Diretoria para resolução de pendências que afetem os direitos de agentes econômicos ou de usuários de serviços de transporte
serão precedidas de audiência pública.”. Ademais, o Decreto nº 4.130, de 13 de fevereiro de 2002, estipula os objetivos da
Audiência Pública em seu art. 32: “I - recolher subsídios para o processo decisório da ANTT; II - propiciar aos agentes e
usuários dos serviços de transporte terrestre a possibilidade de encaminhamento de seus pleitos e sugestões; III - identificar,
da forma mais ampla possível, todos os aspectos relevantes à matéria objeto da audiência pública; e IV - dar publicidade à ação
regulatória da ANTT.”
10 No caso específico de Audiência Pública, a Superintendência responsável pelo projeto deve, concomitantemente à submissão
da proposta de à Diretoria, informar à PRG acerca da audiência, conforme art. 6º e parágrafos da Resolução nº 3.705, de 10 de
agosto de 2011. Tanto na Audiência quanto na Consulta Pública, a PRG tem cinco dias para pedir vistas do processo.
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também decorre de dispositivo regimental11, razão pela qual não pode ser descurada nos projetos da
Agenda. Somente após o trâmite supramencionado, o projeto deve ser submetido à apreciação definitiva
pela Diretoria Colegiada.
3. TÉCNICA LEGISLATIVA
Técnica legislativa refere-se ao conjunto de procedimentos e regras que devem ser seguidos na
elaboração de um texto normativo. A preocupação com a eficácia das normas e cumprimento de seus
objetivos não é recente.
Em 1991, foi editado o Manual de Redação da Presidência da República (2ª edição em 2002),
que apresenta uma súmula gramatical aplicada à redação oficial dos atos normativos emanados no âmbito
do Estado brasileiro, bem como criou um sistema de controle sobre a edição de atos normativos do Poder
Executivo a partir de uma reflexão sobre o ato proposto.
A Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, dispõe sobre a elaboração, redação,
alteração e consolidação das leis, inclusive demais atos normativos referidos no art. 59 da Constituição
Federal, abarcando inclusive as Resoluções.
Diversos fatores impactam na qualidade da norma, dentre os quais a utilidade, a intercorrelação
jurídica convergente, o alcance dos efeitos pretendidos, a aplicabilidade e a efetividade.
3.1. Função da Legística
Fazer com que a lei, esse mecanismo de regulação das relações políticas, econômicas e sociais,
seja mais compreensível às pessoas e próxima delas é uma das funções da Legística. Por isso, adotar
11 Art. 40. À Procuradoria-Geral, órgão vinculado à Advocacia-Geral da União, compete:
VI - assistir as autoridades da ANTT quanto aos aspectos da legalidade administrativa dos atos a serem praticados, inclusive
examinando previamente os textos de atos normativos, os editais de licitação e outros atos dela decorrentes, bem assim os atos
de dispensa e inexigibilidade de licitação;
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políticas legislativas que gerem desenvolvimento e aproximação entre o poder público e o cidadão é muito
importante para reforçar a confiança nas instituições, na política e nos políticos (SOUZA, 2009, p. 26).
3.2. Legística Material
Compreende o procedimento de elaboração do ato normativo. Preocupa-se com o planejamento,
a necessidade, a utilidade, a efetividade e a harmonização com o restante do ordenamento jurídico, além
de estabelecer preceitos a serem observados durante o processo político-decisório.
Os princípios básicos que devem permear a elaboração normativa são:
a) Necessidade: a opção pela elaboração de um ato normativo deve ocorrer quando for a opção mais
adequada (menos dispendiosa e mais efetiva) para a aplicação de uma política ou ordenamento. Se
possível, deve-se primar pela economicidade legislativa, optando-se por soluções não-normativas;
b) Proporcionalidade: o ato normativo deve primar por um equilíbrio entre as vantagens que oferece e
os condicionamentos que impõe. Neste sentido, análises multicritério, custo-benefício e custo-efetividade
devem ser realizados;
c) Transparência: todo o processo de elaboração normativa deve permitir o conhecimento, participação
e controle social. Assim, os processos de participação e controle social devem ser organizados de forma
a possibilitar um acesso alargado e equitativo aos elementos, que devem se tornar públicos. É importante
fornecer a maior quantidade de informações possível para que se possa colher expectativas, demandas e
analisar possíveis impactos da proposta;
d) Responsabilidade: diz respeito à preocupação que deve existir com a aplicabilidade dos atos
normativos. As partes envolvidas devem estar aptas a identificar as autoridades de que emanam as
políticas e os atos normativos a que elas se aplicam, de maneira a poderem informar das dificuldades de
adoção das políticas ou dos atos normativos, com vista à sua alteração (SOUZA, 2009, p. 24);
e) Inteligibilidade: determina que a legislação deva ser coerente, compreensível e acessível àqueles a
quem se destina. Esse princípio pode exigir um esforço particular de comunicação por parte dos poderes
públicos envolvidos, por exemplo, em relação a pessoas que, devido à sua situação, encontrem
dificuldades em fazer valer os seus direitos (SOUZA, 2009, p. 24). Os textos devem ser apresentados de
maneira simples, que pode ser compreendido mesmo por quem não é especialista, e não devem gerar
ambiguidades, evitando controvérsias na esfera administrativa, ações no Judiciário, atraso na solução de
conflitos e excessos burocráticos; e
17
f) Simplicidade: determina que os atos normativos devam ser tão detalhistas quanto necessário, e tão
simples quanto possível. Simplificar a utilização e a compreensão de qualquer ato normativo é um
requisito indispensável para que os cidadãos façam uso eficaz dos direitos que lhes são conferidos
(SOUZA, 2009, p. 24).
3.3. Legística Formal
Envolve a composição e, principalmente, a redação do ato normativo. Garante a clareza, a
coerência e a objetividade da lei, tornando-a compreensível e linguisticamente correta. É formada por um
conjunto de regras que orientam os melhores meios para se adotar uma boa prática a seguir na elaboração
de normas e garantir que sejam bem feitas sob o aspecto redacional.
Em relação aos padrões de formatação, o Manual de Identidade Visual da ANTT preconiza que
as Resoluções da Agência deverão utilizar fonte Times New Roman corpo 12, conforme pode ser
visualizado no Anexo I – Modelo de Resolução.
A escrita do ato normativo é composta de quatro partes. São elas: a parte inicial, parte central,
parte final e os anexos.
3.3.1. Parte Inicial
A parte inicial encontra-se no começo do ato e deve conter o objetivo a ser alcançado, o campo
de aplicação e suas definições, se necessário for. Ela é composta pela epígrafe, ementa e pelo preâmbulo.
Também pode conter disposições preliminares, que tem como função agrupar os temas típicos do início
de uma norma, como o âmbito de abrangência pessoal e espacial (abrangência da aplicação), o escopo, a
conceituação de termos que serão necessários para a compreensão de dispositivos seguintes (permite a
interpretação autêntica), requisitos, condições, princípios, preceitos, diretrizes, etc. (SOUZA, 2009, p.50).
3.3.1.1. Epígrafe
A epígrafe é a parte do ato que o identifica pelo tipo, número e data perante o ordenamento
jurídico. Ela deve ser grafada em caracteres maiúsculos, sem negrito e de forma centralizada.
Exemplo:
18
3.3.1.2. Ementa
A ementa resume o conteúdo da lei, a fim de permitir o imediato conhecimento da matéria
legislada; portanto, deve conter redação clara, objetiva, e evitando a expressão “e dá outras providências”,
pois tal expressão configura pouca transparência sobre a matéria tratada. Deve ser alinhada à direita, com
nove centímetros de largura, além de ser grafada por meio de caracteres que a realcem, conforme o art.
5°, I, LC n° 95/1998.
Exemplo:
RESOLUÇÃO Nº 3000, de 28 DE JANEIRO DE 2009
Aprova o Regimento Interno e a Estrutura Organizacional da
Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT.
A Diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, no uso de suas atribuições e fundamentada no Voto DG –
004/2009, de 28 de janeiro de 2009, RESOLVE:
Art. 1º Aprovar o Regimento Interno e a Estrutura Organizacional da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, nos
termos do Anexo a esta Resolução.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Ficam revogadas as Resoluções nº 001, de 20 de fevereiro de 2002; nº 104, de 17 de outubro de 2002; nº 240, de 03 de
julho de 2003; nº 399, de 08 de janeiro de 2004; nº 432, de 12 de fevereiro de 2004; nº 756, de 29 de setembro de 2004; e nº
1613, de 5 de setembro de 2006.
BERNARDO FIGUEIREDO
Diretor-Geral
RESOLUÇÃO Nº 3000, de 28 DE JANEIRO DE 2009
Aprova o Regimento Interno e a Estrutura Organizacional da
Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT.
A Diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, no uso de suas atribuições e fundamentada no Voto DG –
004/2009, de 28 de janeiro de 2009, RESOLVE:
Art. 1º Aprovar o Regimento Interno e a Estrutura Organizacional da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, nos
termos do Anexo a esta Resolução.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Ficam revogadas as Resoluções nº 001, de 20 de fevereiro de 2002; nº 104, de 17 de outubro de 2002; nº 240, de 03 de
julho de 2003; nº 399, de 08 de janeiro de 2004; nº 432, de 12 de fevereiro de 2004; nº 756, de 29 de setembro de 2004; e nº
1613, de 5 de setembro de 2006.
BERNARDO FIGUEIREDO
Diretor-Geral
19
3.3.1.3. Preâmbulo
O preâmbulo é um texto não normativo, que identifica o nome e o cargo da autoridade
responsável pela promulgação de tal ato normativo, com a indicação do fundamento legal. Varia de acordo
com o tipo de ato ou com o momento adequado do processo legislativo. Quando a norma tiver sido
submetida a algum Processo de Participação e Controle Social, como audiência pública, por exemplo, esta
deve ser citada no Preâmbulo. Devem ser evitados “considerandos” que não sejam essenciais ao
entendimento normativo. As explicações e embasamentos normativos do ato devem constar nas Notas
Técnicas, pareceres e exposições de motivos. O excesso de “considerandos” desvia o leitor da função
principal da norma, que é regrar.
Exemplo:
3.3.2. Parte Central
A parte central (ou normativa) compreende o texto das normas de conteúdo substantivo
relacionadas com a matéria regulada (art. 3°, II, LC n° 95/1998). Nela devem constar a organização, o
texto conteúdo normativo concernente à matéria regulada, e as disposições sancionatórias, de forma clara
e concisa. A norma apenas explicita as regras, do que se depreende que as explicações e justificativas
devem constar das Notas Técnicas, Pareceres e Exposições de Motivos. A organização da parte central
ocorre por meio de artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens, que por sua vez são organizados em seção,
subseção, capítulo, título, livro e parte, etc. Ela também poderá ser composta de disposições gerais, que
RESOLUÇÃO Nº 5016, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2016
Altera a Resolução nº 3.916, de 18 de outubro de 2012
A Diretoria da Agência Nacional De Transportes Terrestres – ANTT, no uso de suas atribuições conferidas pelo inciso VIII do
art. 25 da Resolução nº 3.000, de 28 de janeiro de 2009, fundamentada no Voto DSL – 017, de 12 de fevereiro de 2016, no que
consta dos Processos nos 50500.000075/2010-16, 50500.032095/2013-91, e 50500.197894/2013-10;
CONSIDERANDO que a minuta de regulamentação foi submetida à Audiência Pública nº 147/2013, realizada entre o período
de 5 de dezembro de 2013 e 10 de janeiro de 2014, com o objetivo de resguardar os direitos dos usuários e dos agentes econômicos, RESOLVE:
Art. 1º Alterar a ementa da Resolução nº 3.916/2012, que passa a vigorar com a seguinte redação:
“Dispõe sobre a isenção do pagamento da tarifa de pedágio para veículos do Corpo Diplomático e para veículos oficiais
utilizados pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal, seus respectivos órgãos, departamentos, autarquias ou fundações públicas, no âmbito das rodovias federais concedidas pela União, reguladas pela ANTT”. (NR)
20
indicam informações adicionais julgadas necessárias, especialmente com relação a esclarecimento de
eventuais dúvidas e casos omissos contendo regras de caráter geral substantivas ou adjetivas (SOUZA,
2009, p. 50).
3.3.2.1 Artigos
Artigo é a unidade básica para apresentação, divisão ou agrupamento de assuntos num texto
normativo. Cada artigo deve tratar de um único assunto e conterá, exclusivamente, a normal geral. As
medidas complementares e as exceções deverão ser expressas em parágrafos. Quando o assunto requerer
discriminações, o enunciado comporá o caput do artigo, e os elementos de discriminação serão
apresentados sob a forma de incisos (MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,
2009).
As expressões devem ser usadas em seu sentido corrente, salvo se assunto técnico, quando então
será preferida a nomenclatura técnica, peculiar ao setor de atividades sobre o qual se pretende legislar.
O primeiro artigo deve remeter à redação da ementa, reiterando o objetivo principal da norma.
Nos atos extensos, os primeiros artigos devem ser reservados à definição dos objetivos perseguidos pelo
legislador e à limitação de seu campo de aplicação (ibiden).
A abreviação do artigo (“Art.”) é seguida de numeral ordinal - até o nono - e cardinal,
acompanhada de ponto, a partir do décimo (art. 10, I, LC n° 95/1998; art.22, I, Decreto nº 4.176/2002).
Essa numeração é separada do texto por dois espaços em branco, sem traços ou quaisquer outros sinais
(art. 22, Decreto nº 4.176/2002). As frases dos artigos devem ser concisas e iniciar com letra maiúscula e
terminar com ponto ou, nos casos em que se desdobrar em incisos, com dois-pontos (art.22, I, Decreto nº
4.176/2002). O artigo pode desdobra-se em parágrafos ou em incisos (art. 10, I, LC n° 95; art.22, I, Decreto
nº 4.176/2002).
Exemplo:
Art. 9º Em caso de inscrição de pessoa jurídica, as filiais serão vinculadas ao RNTRC da matriz e utilizarão o mesmo número de registro. Seção II Do procedimento de inscrição e manutenção do cadastro
Seção II
Do procedimento de inscrição e manutenção do cadastro
Art. 10. A solicitação de inscrição, atualização e recadastramento no RNTRC será efetuada, por meio de formulário eletrônico
devidamente preenchido, pelo transportador ou por seu representante formalmente constituído e identificado, em local a ser
indicado pela ANTT.
§ 1º Será concedido registro provisório no RNTRC, com validade de 30 dias, ao transportador cuja efetivação do cadastro
definitivo dependa tão-somente de realizar o licenciamento do veículo automotor de carga na categoria “aluguel”, nos termos do art. 135 da Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997.
21
3.3.2.2 Parágrafos
O parágrafo constitui a imediata divisão de um artigo, como disposição secundária em que se
explica ou excepciona a disposição principal. Ele é indicado pelo símbolo "§", seguido de numeração
ordinal até o nono e cardinal, acompanhada de ponto, a partir do décimo. Sua numeração é separada do
texto por dois espaços em branco, sem traços ou outros sinais. Já o texto do parágrafo único e dos
parágrafos inicia-se com letra maiúscula e termina com ponto ou, nos casos em que se desdobrar em
incisos, com dois pontos (art.22, I, Decreto nº 4.176/2002).
Exemplo: Resolução nº 4.799, de 27 de julho de 2015.
O parágrafo único do artigo é indicado pela expressão “Parágrafo único” (sem negrito), seguida de ponto
e separada do texto normativo por dois espaços em branco.
Exemplo:
3.3.2.3. Incisos
Os incisos são utilizados como elementos discriminativos de artigo se o assunto nele tratado não
puder ser condensado no próprio artigo ou não se mostrar adequado a constituir parágrafo. Eles são
indicados por algarismos romanos seguidos de hífen, o qual é separado do algarismo e do texto por um
espaço em branco. Seus textos iniciam-se com letra minúscula, salvo quando se tratar de nome próprio, e
termina com:
a) ponto-e-vírgula;
Art. 10. A solicitação de inscrição, atualização e recadastramento no RNTRC será efetuada, por meio de formulário eletrônico
devidamente preenchido, pelo transportador ou por seu representante formalmente constituído e identificado, em local a ser indicado pela ANTT.
§ 1º Será concedido registro provisório no RNTRC, com validade de 30 dias, ao transportador cuja efetivação do cadastro
definitivo dependa tão-somente de realizar o licenciamento do veículo automotor de carga na categoria “aluguel”, nos termos
do art. 135 da Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997.
§ 2º A ANTT disponibilizará o detalhamento do procedimento para inscrição e manutenção do cadastro no RNTRC.
Art. 11. O Certificado do RNTRC-CRNTRC será emitido imediatamente, efetivada a inscrição do transportador no RNTRC e a qualquer tempo, com prazo de validade de 5 (cinco) anos.
Art. 12. O transportador deverá providenciar a atualização no cadastro sempre que ocorrerem alterações nas informações
prestadas à ANTT.
Parágrafo único. A ANTT poderá requerer a comprovação ou a atualização das informações cadastrais a qualquer tempo
22
b) dois pontos, quando se desdobrar em alíneas; ou
c) ponto, caso seja o último (SOUZA, 2009, p. 48).
O penúltimo inciso deve ser finalizado com ponto-e-vírgula e o conectivo mais adequado: “e”,
quando se tratar de listagem somatória; “ou”, quando se tratar de listagem alternativa.
Exemplo:
3.3.2.4. Alíneas
As alíneas são elementos discriminativos dos incisos, indicadas por letra minúscula – seguindo
o alfabeto – acompanhada de parêntese, separado do texto por um espaço em branco (não se usa itálico).
O texto da alínea inicia-se com letra minúscula, salvo quando se tratar de nome próprio, e termina com:
a) ponto-e-vírgula;
b) dois pontos, quando se desdobrar em itens; ou
c) ponto, caso seja a última e anteceda artigo ou parágrafo (SOUZA, 2009, p. 48).
A penúltima alínea deve ser finalizada com ponto-e-vírgula e o conectivo mais adequado: “e”,
quando se tratar de listagem somatória; “ou”, quando se tratar de listagem alternativa.
Exemplo:
Art. 20. Cabe ao transportador:
I - adquirir o Dispositivo de Identificação Eletrônica, que é único e exclusivo por veículo automotor de carga;
II - providenciar a instalação do Dispositivo de Identificação Eletrônica, mediante agendamento, em pontos credenciados pela ANTT;
III - garantir a manutenção do Dispositivo de Identificação Eletrônica, assegurando sua inviolabilidade e adequado funcionamento, e
IV - substituir, imediatamente, o Dispositivo de Identificação Eletrônica, em caso de inutilização, seja qual for o motivo.
Art. 21. O transportador terá até trinta dias corridos da instalação para reclamar eventual problema com o Dispositivo de Identificação Eletrônica.
V - Eixo 5 - Transporte Rodoviário e Multimodal de Cargas:
a) Revisão da Regulamentação do Transporte Rodoviário Internacional de Cargas;
b) Revisão da Regulamentação do Pagamento Eletrônico de Frete;
c) Recadastramento dos transportadores rodoviários de carga no Registro Nacional dos Transportadores Rodoviários de
Cargas (RNTRC);
d) Implementação da prova eletrônica de conhecimentos específicos para o transportador autônomo de cargas (TAC) e para
responsável técnico (RT);
e) Compatibilização da Resolução ANTT nº 420, de 31 de julho de 2004, à 18ª edição do Orange Book; e
f) Unificação das Resoluções que tratam do Vale-Pedágio obrigatório e Pagamento Eletrônico de Frete.
g) Modelo de implementação e gestão de corredor multimodal.
23
3.3.2.5. Itens
A alínea desdobra-se em itens, indicados por algarismos arábicos, seguidos de ponto e separados
do texto por um espaço em branco. O texto do item inicia-se com letra minúscula, salvo quando se tratar
de nome próprio, e termina com:
a) ponto-e-vírgula; ou
b) ponto, caso seja o último e anteceda artigo ou parágrafo (SOUZA, 2009, p. 48).
O penúltimo item deve ser finalizado com ponto-e-vírgula e o conectivo mais adequado: “e”,
quando se tratar de listagem somatória; “ou”, quando se tratar de listagem alternativa. Exemplo:
3.3.2.6. Agrupamento de artigos
Em se tratando de agrupamento de artigos, existe uma sequência lógica em função do conteúdo
normativo quanto aos níveis de sua natureza genérica ou específica. Nessa organização de gênero e
espécie, há que se observar o vínculo de afinidade do conjunto de artigos que, relacionados, versam sobre
o mesmo tema.
Por isso, matérias que tenham afinidade objetiva devem ser tratadas em um mesmo contexto, nas
quais os procedimentos devem ser disciplinados segundo uma ordem lógica (cronológica conforme as
etapas, do geral para o particular, etc.). A sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir que
ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada e não a qualquer outra indagação. Também se
deve guardar fidelidade básica com o sistema escolhido, evitando a constante mistura de critérios
(MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2002).
Art. 2°A ANTT tem a seguinte estrutura organizacional:
I – Diretoria, a qual está vinculada:
a) Auditoria Interna, a qual estão vinculadas a Gerência de Controle de Atividades da Auditoria Interna, e a Gerência de
Sistematização de informações dos órgãos de Controle do Governo Federal.
II – Diretoria-Geral, à qual estão vinculados:
b) Secretaria-Geral;
c) Gabinete do Diretor-Geral, ao qual está vinculado o Centro de Documentação, a Assessoria de Comunicação Social, a
Assessoria de Relações Parlamentares e a Gerência de Tecnologia da Informação.
d) Procuradoria-Geral;
e) Ouvidoria;
f) Corregedoria;
g) (Revogado pela Resolução nº 3.974, de 19.12.12)
h) Superintendência de Governança Regulatória, à qual estão vinculadas:
1. Gerência de Melhoria da Qualidade Regulatória; e
2. Gerência de Defesa do Usuário e da Concorrência.
24
3.3.2.7. Seção, Subseção, Capítulo, Título, Livro e Parte
As Seções são formadas por um conjunto de artigos e, eventualmente, são divididas em
Subseções. Os Capítulos são formados por um conjunto de Seções. Os Títulos abrangem um conjunto de
Capítulos. Os Livros englobam conjuntos de Títulos e as Partes, desdobradas em Geral e Especial são
formadas por Livros (SOUZA, 2009, p. 49), conforme o art. 10, incisos V a VII, LC n° 95/1998 e art.22,
incisos XV a XVIII e XX, do Decreto nº 4.176/2002. Os Capítulos, Títulos, Livros e Partes serão grafados em
letras maiúsculas e identificados por algarismos romanos, podendo estas últimas desdobrar-se em Parte
Geral e Parte Especial ou ser subdivididas em partes expressas em numeral ordinal, por extenso. Já as
Subseções e Seções são indicadas por algarismos romanos, grafadas em letras minúsculas em negrito.
Exemplo de Capítulo e Seção:
3.3.3. Parte Final
A parte final compreende as disposições pertinentes às medidas necessárias à implementação das
normas de conteúdo substantivo. Ela poderá conter disposições transitórias e as disposições finais.
CAPITULO IV
DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES PARA OS TRANSPORTES AQUAVIÁRIO E TERRESTRE
SEÇÃO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
Art. 11. O gerenciamento da infra-estrutura e a operação dos transportes aquaviário e terrestre serão regidos pelos seguintes princípios
gerais:
I - preservar o interesse nacional e promover o desenvolvimento econômico e social;
II - assegurar a unidade nacional e a integração regional;
III - proteger os interesses dos usuários quanto à qualidade e oferta de serviços de transporte e dos consumidores finais quanto à
incidência dos fretes nos preços dos produtos transportados;
IV - assegurar, sempre que possível, que os usuários paguem pelos custos dos serviços prestados em regime de eficiência;
V - compatibilizar os transportes com a preservação do meio ambiente, reduzindo os níveis de poluição sonora e de contaminação
atmosférica, do solo e dos recursos hídricos;
VI - promover a conservação de energia, por meio da redução do consumo de combustíveis automotivos;
VII - reduzir os danos sociais e econômicos decorrentes dos congestionamentos de tráfego;
VIII - assegurar aos usuários liberdade de escolha da forma de locomoção e dos meios de transporte mais adequados às suas necessidades;
IX - estabelecer prioridade para o deslocamento de pedestres e o transporte coletivo de passageiros, em sua superposição com o transporte
individual, particularmente nos centros urbanos;
X - promover a integração física e operacional do Sistema Nacional de Viação com os sistemas viários dos países limítrofes;
XI - ampliar a competitividade do País no mercado internacional;
XII - estimular a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias aplicáveis ao setor de transportes.
SEÇÃO II
DAS DIRETRIZES GERAIS
Art. 12. Constituem diretrizes gerais do gerenciamento da infra-estrutura e da operação dos transportes aquaviário e terrestre:
25
Disposições Transitórias: Estabelecem normas para regular determinadas situações durante a
fase de transição entre o regramento anterior e o que será inaugurado a partir da vigência do novo ato
normativo.
Disposições Finais: Abrangem os dispositivos destinados a estabelecer medidas necessárias para
dar cumprimento ao ato normativo. Os normativos a serem revogados devem ser contemplados no último
dispositivo.
Exemplo:
3.3.4. Anexos
Por fim, encontram-se os anexos. Eles devem estar dispostos no final do ato normativo e serem
indicados por números romanos, em ordem crescente, além de conter informações e determinações
fundamentais para a correta vigência da norma, como formulários padronizados, mapas, imagens,
símbolos, brasões, bandeiras, gráficos, quadros, tabelas, etc. Quando a norma trouxer apenas um anexo é
recomendável que este se apresente como “Único” (SOUZA, 2009, p. 51). Ressalta-se que quaisquer
elementos que possam estar contidos na parte normativa das Resoluções regulatórias não devam estar
incluídos nos anexos (BRASIL. Senado Federal, 2012)
Exemplo:
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 41. Para recadastramento no RNTRC, os TRRC deverão se apresentar perante entidade que atue em cooperação com a
Agência, para se adequarem aos termos desta Resolução, a partir de 28 de setembro de 2015.
Art. 42. A Superintendência de Serviços de Transporte Rodoviário e Multimodal de Cargas se incumbirá de definir e
disponibilizar o detalhamento do procedimento para inscrição e manutenção do cadastro no RNTRC, mencionado no § 2º do
art. 10, desta Resolução.
Art. 43. Esta Resolução entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após a data de sua publicação.
Art. 44. Fica revogada a Resolução ANTT nº 3056, de 12 de março de 2009.
CARLOS NASCIMENTO
Diretor-Geral, Substituto
RESOLUÇÃO Nº 4.366, DE 23 DE JULHO DE 2014
ANEXO II – MULTIPLICADORES TARIFÁRIOS PARA CÁLCULO DO COEFICIENTE
TARIFÁRIO DOS SERVIÇOS DIFERENCIADOS
a) TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS
Tipo de serviço Multiplicador
Convencional com sanitário 1,0
Executivo 1,24
Semi-leito 1,37
Leito 2,27
b) TRANSPORTE SEMI-URBANO INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS
Tipo de serviço Multiplicador
Urbano 1,0
Convencional sem sanitário 2,02
26
4. ALTERAÇÃO E REVOGAÇÃO DE NORMAS
4.1. Alteração das Normas
Vários decretos legislativos foram editados, com a finalidade de constituir normas e diretrizes
para a elaboração, redação, alteração, consolidação e o encaminhamento ao Presidente da República de
projetos de atos normativos de competência dos órgãos do Poder Executivo Federal, como por exemplo
o Decreto nº 4.176, 28 de março de 2002. Em âmbito federal, a orientação vigente para alteração dos atos
normativos são citados no Art. 24 do Decreto acima.
Art. 24. A alteração de atos normativos far-se-á mediante:
I - reprodução integral em um só texto, quando se tratar de alteração considerável;
II - revogação parcial; ou
III - substituição, supressão ou acréscimo de dispositivo.
Parágrafo único. Nas hipóteses do inciso III, serão observadas as seguintes regras:
I - a numeração dos dispositivos alterados não pode ser modificada;
II - é vedada toda renumeração de artigos e de unidades superiores a artigo, referidas no
inciso XV do art. 22, devendo ser utilizados, separados por hífen, o número do artigo ou
da unidade imediatamente anterior e as letras maiúsculas, em ordem alfabética, tantas
quantas forem necessárias para identificar os acréscimos;
III - é permitida a renumeração de parágrafos, incisos, alíneas e itens, desde que seja
inconveniente o acréscimo da nova unidade ao final da sequência;
IV - é vedado o aproveitamento de número ou de letra de dispositivo revogado, vetado,
declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal ou cuja execução tenha sido
suspensa pelo Senado Federal com fundamento no art. 52, inciso X, da Constituição;
V - nas publicações subsequentes do texto integral do ato normativo, o número ou a letra
de dispositivo revogado, vetado, declarado inconstitucional ou cuja execução tenha sido
suspensa devem ser acompanhados tão-somente das expressões "revogado", "vetado",
"declarado inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal",
ou "execução suspensa pelo Senado Federal, na forma do art. 52, X, da Constituição
Federal";
VI - nas hipóteses do inciso V, devem ser inseridas na publicação notas de rodapé
explicitando o dispositivo e a lei de revogação, a mensagem de veto do Presidente da
República, a decisão declaratória de inconstitucionalidade proferida pelo Supremo
Tribunal Federal ou a resolução de suspensão da execução do dispositivo editada pelo
Senado Federal; e
VII - o artigo com alteração de redação, supressão ou acréscimo no caput ou em seus
desdobramentos deve ser identificado, somente ao final da última unidade, com as letras
"NR" maiúsculas, entre parênteses (Art. 24, Decreto nº 4.176, de 2002).
Essas orientações servem de modelo para a padronização normativa no âmbito de outras esferas
de governo, bem como para a administração indireta na qual a ANTT se encaixa.
27
4.2. Revogação das Normas
A Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, intitulada de Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de
setembro de 1942, traz em seu Art. 1º as especificações a respeito da revogação das normas. Cabe destacar
os parágrafos 3º e 4º:
“§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada
a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”.
Os parágrafos do Art. 2º do mesmo Decreto-Lei dispõem sobre a validade da lei que não se
destina à vigência temporária, perdendo seu vigor por meio de outra lei que a modifique ou a revogue:
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja por
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes
não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.
Resumindo, um normativo posterior de mesma hierarquia revoga outro quando: expressamente
o declarar; for com ele incompatível; ou regular inteiramente matéria que tratava de normativo anterior.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista a garantia da qualidade dos atos regulatórios emitidos pela ANTT, a Sureg
coordena um conjunto de instrumentos com este fim: (a) inserção do tema na Agenda Regulatória vigente; (b)
realização de Análise de Impacto Regulatório – AIR; (c) análise da Superintendência de Governança Regulatória –
Sureg; e (d) realização do Processo de Participação e Controle Social – PPCS.
A edição deste Manual de Legística Aplicada às Resoluções Regulatórias se soma a esses
instrumentos, servindo de modelo para a edição de normas cada vez mais efetivas na concretização de
seus objetivos.
28
6. REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp95.htm. Acesso em: set/2015.
BRASIL. Manual de Redação da Presidência.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/manual/Manual_Rich_RedPR2aEd.PDF. Acesso em
ago/2015
BRASIL. Senado Federal. Manual de Padronização de Atos Normativos. Brasilia: Senado Federal,
2012.
BRASIL. Glossário Legislativo do Senado Federal. Disponível em:
http://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo. Acesso em set/2015
BRASIL. Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10233.htm. Acesso em ago/2015
BRASIL. Regimento Interno e a Estrutura Organizacional da ANTT. Resolução nº 3.000, de 28 de janeiro
de 2009. Disponível em: http://www.antt.gov.br/index.php/content/view/4000/Resolucao_n__3000.html.
Acesso em ago/2015
BRASIL. Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro
de 1942. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657.html. Acesso em
ago/2015
BRASIL. Decreto nº 4.176, de 28 de março de 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4176.htm. Acesso em nov/2015
BRASIL/ANTT. Portaria ANTT nº 27, de 04 de fevereiro de 2010. [mimeo].
BRASIL/ANTT. Deliberação ANTT nº 85, de 23 de março de 2016. [mimeo].
CRISTAS, Assunção. Processo Legislativo - Legística ou a Arte de Bem Fazer Leis. Revista CEJ (Centro
de Estudos Judiciários – Conselho da Justiça Federal – CJF). Brasília, n. 33, p. 78-82, abr./jun. 2006.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 33.ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
29
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. Documento de Recomendação
do Conselho Sobre Política Regulatória e Governança. Disponível em:
http://www.oecd.org/gov/regulatory-policy/Recommendation%20PR%20with%20cover.pdf. Acesso em:
set/2015.
SOUZA, Ricardo da Silva. A Ciência da Legislação: Os Elementos da Legística Aplicados à
Elaboração de Normas. [apostila de curso. Pdf,2009]. Disponível em:
http://www.lunix.com.br/pdf/A%20Ci%EAncia%20da%20Legisla%E7%E3o%20-
%20Apresentac%E3o%20-%20Ricardo%20da%20Silva%20Souza.pdf. Acesso em ago/2015.
TÁCITO, Caio. Temas de direito público – Estudos e Pareceres. Rio de Janeiro: Renovar, 1997.
VALENTE, Patrícia Rodrigues Pessôa. Avaliação de Impacto Regulatório: Uma ferramenta à
disposição do Estado. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-26032012-092844/pt-br.php. Acesso em
18/04/2016.
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ANEXO I – MODELO DE RESOLUÇÃO
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ANEXO II– LEI COMPLEMENTAR Nº 95/1998
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Centro de Documentação e Informação
LEI COMPLEMENTAR Nº 95, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1998
Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina o
parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a consolidação dos atos
normativos que menciona.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º A elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis obedecerão ao disposto nesta Lei
Complementar.
Parágrafo único. As disposições desta Lei Complementar aplicam-se, ainda, às medidas provisórias e
demais atos normativos referidos no art. 59 da Constituição Federal, bem como, no que couber, aos
decretos e aos demais atos de regulamentação expedidos por órgãos do Poder Executivo.
Art. 2º (VETADO)
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§ 1º (VETADO)
§ 2º Na numeração das leis serão observados, ainda, os seguintes critérios:
I - as emendas à Constituição Federal terão sua numeração iniciada a partir da promulgação da
Constituição;
II - as leis complementares, as leis ordinárias e as leis delegadas terão numeração seqüencial em
continuidade às séries iniciadas em 1946.
CAPÍTULO II
DAS TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO, REDAÇÃO E ALTERAÇÃO DAS LEIS
Seção I
Da Estruturação das Leis
Art. 3º A lei será estruturada em três partes básicas:
I - parte preliminar, compreendendo a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado do objeto e a
indicação do âmbito de aplicação das disposições normativas;
II - parte normativa, compreendendo o texto das normas de conteúdo substantivo relacionadas com a
matéria regulada;
III - parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidas necessárias à implementação das
normas de conteúdo substantivo, às disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a
cláusula de revogação, quando couber.
Art. 4º A epígrafe, grafada em caracteres maiúsculos, propiciará identificação numérica singular à lei e
será formada pelo título designativo da espécie normativa, pelo número respectivo e pelo ano de
promulgação.
Art. 5º A ementa será grafada por meio de caracteres que a realcem e explicitará, de modo conciso e sob
a forma de título, o objeto da lei.
Art. 6º O preâmbulo indicará o órgão ou instituição competente para a prática do ato e sua base legal.
Art. 7º O primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o respectivo âmbito de aplicação, observados
os seguintes princípios:
I - excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto;
II - a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a este não vinculada por afinidade, pertinência ou
conexão;
III - o âmbito de aplicação da lei será estabelecido de forma tão específica quanto o possibilite o
conhecimento técnico ou científico da área respectiva;
IV - o mesmo assunto não poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto quando a subseqüente se
destine a complementar lei considerada básica, vinculando-se a esta por remissão expressa.
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Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que
dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para
as leis de pequena repercussão.
§ 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á
com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à
sua consumação integral. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
§ 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após
decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ .(Parágrafo acrescido pela Lei Complementar
nº 107, de 26/4/2001)
Art. 9º A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.
(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
Parágrafo único. (VETADO na Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
Seção II
Da Articulação e da Redação das Leis
Art. 10. Os textos legais serão articulados com observância dos seguintes princípios:
I - a unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura "Art.", seguida de numeração
ordinal até o nono e cardinal a partir deste;
II - os artigos desdobrar-se-ão em parágrafos ou em incisos; os parágrafos em incisos, os incisos em
alíneas e as alíneas em itens;
III - os parágrafos serão representados pelo sinal gráfico "§", seguido de numeração ordinal até o nono e
cardinal a partir deste, utilizando-se, quando existente apenas um, a expressão "parágrafo único" por
extenso;
IV - os incisos serão representados por algarismos romanos, as alíneas por letras minúsculas e os itens por
algarismos arábicos;
V - o agrupamento de artigos poderá constituir Subseções; o de Subseções, a Seção; o de Seções, o
Capítulo; o de Capítulos, o Título; o de Títulos, o Livro e o de Livros, a Parte;
VI - os Capítulos, Títulos, Livros e Partes serão grafados em letras maiúsculas e identificados por
algarismos romanos, podendo estas últimas desdobrar-se em Parte Geral e Parte Especial ou ser
subdivididas em partes expressas em numeral ordinal, por extenso;
VII - as Subseções e Seções serão identificadas em algarismos romanos, grafadas em letras minúsculas e
postas em negrito ou caracteres que as coloquem em realce;
VIII - a composição prevista no inciso V poderá também compreender agrupamentos em Disposições
Preliminares, Gerais, Finais ou Transitórias, conforme necessário.
Art. 11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica, observadas, para
esse propósito, as seguintes normas:
I - para a obtenção de clareza:
a) usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, salvo quando a norma versar sobre assunto
técnico, hipótese em que se empregará a nomenclatura própria da área em que se esteja legislando;
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b) usar frases curtas e concisas;
c) construir as orações na ordem direta, evitando preciosismo, neologismo e adjetivações dispensáveis;
d) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais, dando preferência ao tempo
presente ou ao futuro simples do presente;
e) usar os recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos de caráter estilístico;
II - para a obtenção de precisão:
a) articular a linguagem, técnica ou comum, de modo a ensejar perfeita compreensão do objetivo da lei e
a permitir que seu texto evidencie com clareza o conteúdo e o alcance que o legislador pretende dar à
norma;
b) expressar a idéia, quando repetida no texto, por meio das mesmas palavras, evitando o emprego de
sinonímia com propósito meramente estilístico;
c) evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto;
d) escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na maior parte do território nacional,
evitando o uso de expressões locais ou regionais;
e) usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que a primeira referência no texto
seja acompanhada de explicitação de seu significado;
f) grafar por extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto data, número de lei e nos casos
em que houver prejuízo para a compreensão do texto; (Alínea com redação dada pela Lei Complementar
nº 107, de 26/4/2001)
g) indicar, expressamente o dispositivo objeto de remissão, em vez de usar as expressões ‘anterior’,
‘seguinte’ ou equivalentes; (Alínea acrescida pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
III - para a obtenção de ordem lógica:
a) reunir sob as categorias de agregação - subseção, seção, capítulo, título e livro - apenas as disposições
relacionadas com o objeto da lei;
b) restringir o conteúdo de cada artigo da lei a um único assunto ou princípio;
c) expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo
e as exceções à regra por este estabelecida;
d) promover as discriminações e enumerações por meio dos incisos, alíneas e itens.
Seção III
Da Alteração das Leis
Art. 12. A alteração da lei será feita:
I - mediante reprodução integral em novo texto, quando se tratar de alteração considerável;
II – mediante revogação parcial; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
III - nos demais casos, por meio de substituição, no próprio texto, do dispositivo alterado, ou acréscimo
de dispositivo novo, observadas as seguintes regras:
a) (Revogada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
b) é vedada, mesmo quando recomendável, qualquer renumeração de artigos e de unidades superiores ao
artigo, referidas no inciso V do art. 10, devendo ser utilizado o mesmo número do artigo ou unidade
imediatamente anterior, seguido de letras maiúsculas, em ordem alfabética, tantas quantas forem
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suficientes para identificar os acréscimos; (Alínea com redação dada pela Lei Complementar nº 107, de
26/4/2001)
c) é vedado o aproveitamento do número de dispositivo revogado, vetado, declarado inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal ou de execução suspensa pelo Senado Federal em face de decisão do Supremo
Tribunal Federal, devendo a lei alterada manter essa indicação, seguida da expressão ‘revogado’, ‘vetado’,
‘declarado inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal’, ou ‘execução
suspensa pelo Senado Federal, na forma do art. 52, X, da Constituição Federal’; (Alínea com redação
dada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
d) é admissível a reordenação interna das unidades em que se desdobra o artigo, identificando-se o artigo
assim modificado por alteração de redação, supressão ou acréscimo com as letras ‘NR’ maiúsculas, entre
parênteses, uma única vez ao seu final, obedecidas, quando for o caso, as prescrições da alínea "c". (Alínea
com redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
Parágrafo único. O termo ‘dispositivo’ mencionado nesta Lei refere-se a artigos, parágrafos, incisos,
alíneas ou itens. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
CAPÍTULO III
DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS E OUTROS ATOS NORMATIVOS
Seção I
Da Consolidação das Leis
Art. 13. As leis federais serão reunidas em codificações e consolidações, integradas por volumes contendo
matérias conexas ou afins, constituindo em seu todo a Consolidação da Legislação Federal.
§ 1º A consolidação consistirá na integração de todas as leis pertinentes a determinada matéria num único
diploma legal, revogando-se formalmente as leis incorporadas à consolidação, sem modificação do
alcance nem interrupção da força normativa dos dispositivos consolidados.
§ 2º Preservando-se o conteúdo normativo original dos dispositivos consolidados, poderão ser feitas as
seguintes alterações nos projetos de lei de consolidação:
I – introdução de novas divisões do texto legal base;
II – diferente colocação e numeração dos artigos consolidados;
III – fusão de disposições repetitivas ou de valor normativo idêntico;
IV – atualização da denominação de órgãos e entidades da administração pública;
V – atualização de termos antiquados e modos de escrita ultrapassados;
VI – atualização do valor de penas pecuniárias, com base em indexação padrão;
VII – eliminação de ambigüidades decorrentes do mau uso do vernáculo;
VIII – homogeneização terminológica do texto;
IX – supressão de dispositivos declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, observada,
no que couber, a suspensão pelo Senado Federal de execução de dispositivos, na forma do art. 52, X, da
Constituição Federal;
X – indicação de dispositivos não recepcionados pela Constituição Federal;
XI – declaração expressa de revogação de dispositivos implicitamente revogados por leis posteriores.
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§ 3º As providências a que se referem os incisos IX, X e XI do § 2o deverão ser expressa e fundadamente
justificadas, com indicação precisa das fontes de informação que lhes serviram de base. (Artigo com
redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
Art. 14. Para a consolidação de que trata o art. 13 serão observados os seguintes procedimentos: (“Caput”
com redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
I – O Poder Executivo ou o Poder Legislativo procederá ao levantamento da legislação federal em vigor
e formulará projeto de lei de consolidação de normas que tratem da mesma matéria ou de assuntos a ela
vinculados, com a indicação precisa dos diplomas legais expressa ou implicitamente revogados; (Inciso
com redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
II – a apreciação dos projetos de lei de consolidação pelo Poder Legislativo será feita na forma do
Regimento Interno de cada uma de suas Casas, em procedimento simplificado, visando a dar celeridade
aos trabalhos; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
III - (Revogado pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
§ 1º Não serão objeto de consolidação as medidas provisórias ainda não convertidas em lei. (Parágrafo
acrescido pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
§ 2º A Mesa Diretora do Congresso Nacional, de qualquer de suas Casas e qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional poderá formular projeto de lei
de consolidação. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
§ 3º Observado o disposto no inciso II do caput, será também admitido projeto de lei de consolidação
destinado exclusivamente à:
I – declaração de revogação de leis e dispositivos implicitamente revogados ou cuja eficácia ou validade
encontre-se completamente prejudicada;
II – inclusão de dispositivos ou diplomas esparsos em leis preexistentes, revogando-se as disposições
assim consolidadas nos mesmos termos do § 1o do art. 13. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar
nº 107, de 26/4/2001)
§ 4º (VETADO na Lei Complementar nº 107, de 26/4/2001)
Art. 15. Na primeira sessão legislativa de cada legislatura, a Mesa do Congresso Nacional promoverá a
atualização da Consolidação das Leis Federais Brasileiras, incorporando às coletâneas que a integram as
emendas constitucionais, leis, decretos legislativos e resoluções promulgadas durante a legislatura
imediatamente anterior, ordenados e indexados sistematicamente.
Seção II
Da Consolidação de Outros Atos Normativos
Art. 16. Os órgãos diretamente subordinados à Presidência da República e os Ministérios, assim como as
entidades da administração indireta, adotarão, em prazo estabelecido em decreto, as providências
necessárias para, observado, no que couber, o procedimento a que se refere o art. 14, ser efetuada a
triagem, o exame e a consolidação dos decretos de conteúdo normativo e geral e demais atos normativos
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inferiores em vigor, vinculados às respectivas áreas de competência, remetendo os textos consolidados à
Presidência da República, que os examinará e reunirá em coletâneas, para posterior publicação.
Art. 17. O Poder Executivo, até cento e oitenta dias do início do primeiro ano do mandato presidencial,
promoverá a atualização das coletâneas a que se refere o artigo anterior, incorporando aos textos que as
integram os decretos e atos de conteúdo normativo e geral editados no último quadriênio.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 18. Eventual inexatidão formal de norma elaborada mediante processo legislativo regular não
constitui escusa válida para o seu descumprimento.
Art. 19. Esta Lei Complementar entra em vigor no prazo de noventa dias, a partir da data de sua
publicação.
Brasília, 26 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Iris Rezende