legislação ambiental básica

320

Upload: flavia-smarti

Post on 04-Jun-2015

8.857 views

Category:

Education


1 download

DESCRIPTION

Brasil, maio de 2008. Uma parceria da UNESCO com o Governo Federal.

TRANSCRIPT

Page 1: Legislação Ambiental Básica
Page 2: Legislação Ambiental Básica

República Federativa do BrasilPresidenteLuiz Inácio Lula da Silva

Vice-PresidenteJosé Alencar Gomes da Silva

Ministério do Meio AmbienteMinistra de EstadoMarina Silva

Secretário-ExecutivoClaudio Roberto Bertoldo Langone

Consultor JurídicoLuiz Fernando Villares

Coordenadora-Geral de Assuntos Jurídicos eConsultora SubstitutaTânia Maria Pessoa de Deus Fonseca

Coordenadora-Geral de Atos, Contratos eAjustesTânia Arrais Monteiro

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)

Representante da UNESCO no BrasilVincent Defourny

Coordenador EditorialCélio da Cunha

Coordenador do Setor de Ciências NaturaisCelso Schenkel

Oficial de ProjetoBernardo Brummer

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

PresidenteBazileu Alves Margarido Neto

Procuradora-ChefeAndrea Vulcanis

Agência Nacional de Águas (ANA)Diretor PresidenteJosé Machado

Procurador-GeralEmiliano Ribeiro de Souza

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

PresidenteLiszt Vieira

Procurador-GeralRenato Rabe

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:19 PM Page 2

Page 3: Legislação Ambiental Básica

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 3

Page 4: Legislação Ambiental Básica

Consultoria Jurídica doMinistério do Meio AmbienteEsplanada dos Ministérios bloco “B” 5º andarCEP: 70.068-901 - Brasília/DFTel: (61) 3317-1421 - Fax: (61) 3317-1764http://[email protected]

© 2008 Ministério do Meio Ambiente e Organização das Nações Unidas para aEducação, a Ciência e a Cultura.

Coordenadores técnicos: Gustavo de Moraes Trindade e Iguaci DiasFotos: Daniela Guimarães Goulart, Iguaci Dias, Joshua Marcílio Dias e Wigold SchafferRevisão: Jeanne SawayaProjeto gráfico e capa: Paulo SelveiraDiagramação: Rodrigo Domingues e Paulo Selveira

Nosso agradecimento a GUSTAVO DE MORAES TRINDADE, Consultor Jurídico no período de2003/2007, idealizador desta publicação e estimulador de significativas reflexões sobre a legislaçãoambiental brasileira.

Os autores são responsáveis pela escolha e apresentação dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opiniõesnele expressas, que não são necessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organização. As indicações denomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião porparte da UNESCO a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autori-dades, nem tampouco a delimitação de suas fronteiras ou limites.

Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Consultoria Jurídica.Legislação Ambiental Básica / Ministério do Meio Ambiente. ConsultoriaJurídica. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, UNESCO, 2008.350 p.: il. ; 25,5 cm.

1. Legislação Ambiental. I. Título.

Representação no Brasil

SAS, Quadra 5, Bloco H, Lote 6,Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9º andar70070-914 – Brasília – DF – BrasilTel.: (55 61) 2106-3500Fax: (55 61) 3322-4261Site: www.unesco.org.brE-mail: [email protected]

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 4

BR/2008/PI/H/31

Page 5: Legislação Ambiental Básica

ÍNDICE TEMÁTICO

Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins emecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

17

Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989 Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e dá outrasProvidências.

26

Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990

Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente,sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de ProteçãoAmbiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dáoutras providências.

27

Decreto nº 4.297,de 10 de julho de 2002

Regulamenta o art. 9º, inciso II, da Lei nº 6.938, de 31 de agostode 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil-ZEE, e dá outras providências.

37

Resolução CONAMA nº 1,de 23 de janeiro de 1986

Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatóriode Impacto Ambiental -RIMA.

41

Resolução CONAMA nº 9,de 3 de dezembro de 1987

Dispõe sobre a questão de audiências públicas. 44

Resolução CONAMA nº 237,de 19 de dezembro de 1997

Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabeleci-dos na Política Nacional do Meio Ambiente.

45

Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 Institui o Novo Código Florestal. 55

Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006

Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sus-tentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, oServiço Florestal Brasileiro-SFB; cria o Fundo Nacional deDesenvolvimento Florestal-FNDF; altera as leis nº 10.683, de 28de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965,6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de1973; e dá outras providências.

68

Decreto nº 5.975, de 30 de novembro de2006

Regulamenta os arts. 12, parte final, 15, 16, 19, 20 e 21 da Leinº 4.771, de 15 de setembro de 1965, o art. 4º, inciso III, da Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o art. 2º da Lei nº 10.650,de 16 de abril de 2003, altera e acrescenta dispositivos aosDecretos nºs 3.179, de 21 de setembro de 1999, e 3.420, de 20de abril de 2000, e dá outras providências.

94

Capítulo VI – Do Meio Ambiente 13

Constituição Federal

Política Nacional do Meio Ambiente

Flora

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 5

Page 6: Legislação Ambiental Básica

Decreto nº 6.063,de 20 de março de 2007

Regulamenta, no âmbito federal, dispositivos da Lei nº 11.284, de2 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestaspúblicas para a produção sustentável, e dá outras providências.

99

Resolução CONAMA nº 302,de 20 de março de 2002

Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas dePreservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime deuso do entorno.

110

Resolução CONAMA nº 303,de 20 de março de 2002

Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas dePreservação Permanente.

113

Resolução CONAMA nº 369,de 28 de março de 2006

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interessesocial ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervençãoou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP.

116

Resolução do CONAMA nº 378,de 19 de outubro de 2006

Define os empreendimentos potencialmente causadores deimpacto ambiental nacional ou regional para fins do dispostono inciso III, § 1º, art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de1965, e dá outras providências.

124

Resolução do CONAMA nº 379,de 19 de outubro de 2006

Cria e regulamenta sistema de dados e informações sobre agestão florestal no âmbito do Sistema Nacional do MeioAmbiente - SISNAMA.

125

Águas

Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o SistemaNacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta oinciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º daLei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Leinº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

133

Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000

Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas-ANA,entidade federal de implementação da Política Nacional deRecursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.

143

Decreto nº 4.613, de 11 de março de 2003 Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dáoutras providências.

151

Resolução CONAMA nº 357,de 17 de março de 2005

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizesambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece ascondições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outrasprovidências.

154

Decreto nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967 Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências. 191

Fauna

Í N D I C E T E M Á T I C O

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 6

Page 7: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional deEducação Ambiental e dá outras providências.

199

Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002 Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui aPolítica Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências.

203

Educação Ambiental

Unidades de Conservação

Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da ConstituiçãoFederal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservaçãoda Natureza e dá outras providências.

209

Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de2002

Regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000,que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades deConservação da Natureza-SNUC, e dá outras providências.

223

Resolução CONAMA nº 371, de 5 deabril de 2006

Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo,cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursosadvindos de compensação ambiental, conforme a Lei nº 9.985, de18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidadesde Conservação da Natureza-SNUC e dá outras providências.

230

Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas decondutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outrasprovidências.

237

Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de1999

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutase atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

250

Crimes e Infrações Administrativas Ambientais

Patrimônio Genético, a Proteção e o Acesso aoConhecimento Tradicional Associado, a Repartição de Benefícios

Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 deagosto de 2001

Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 daConstituição, os arts. 1º, 8º, alínea “j”, 10, alínea “c”, 15 e 16,alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõesobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso aoconhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios eo acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para suaconservação e utilização, e dá outras providências.

263

Decreto nº 3.945, de 28 de setembro de2001

Define a composição do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético eestabelece as normas para o seu funcionamento, mediante a regula-mentação dos arts. 10, 11, 12, 14, 15, 16, 18 e 19 daMedida Provisórianº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, que dispõe sobre o acesso aopatrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicionalassociado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferênciade tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

274

Í N D I C E T E M Á T I C O

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 7

Page 8: Legislação Ambiental Básica

Decreto nº 5.459, de 7 de junho de2005

Regulamenta o art. 30 da Medida Provisória nº 2.186-16, de 23de agosto de 2001, disciplinando as sanções aplicáveis às condu-tas e atividades lesivas ao patrimônio genético ou ao conheci-mento tradicional associado e dá outras providências.

283

Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005

Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 daConstituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanis-mos de fiscalização de atividades que envolvam organismosgeneticamente modificados-OGM e seus derivados, cria oConselho Nacional de Biossegurança-CNBS, reestrutura aComissão Técnica Nacional de Biossegurança-CTNBio, dispõesobre a Política Nacional de Biossegurança-PNB, revoga a Leinº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisórianº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º,10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dáoutras providências.

291

Decreto nº 5.591, de 22 de novembro de2005

Regulamenta dispositivos da Lei nº 11.105, de 24 de março de2005, que regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225da Constituição, e dá outras providências.

303

Organismos Geneticamente Modificados

Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007 Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dosPovos e Comunidades Tradicionais.

323

Povos e Comunidades Tradicionais

Í N D I C E T E M Á T I C O

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 8

Page 9: Legislação Ambiental Básica

APRESENTAÇÃO

Cabe salientar que os textos publicados neste livro não substituem os publicados no Diário Oficial da União.

9

A edição da obra Legislação Ambiental Básica é uma iniciativa da Consultoria Jurídica do Ministériodo Meio Ambiente e tem como principal objetivo a consolição de atos referentes ao tema ambiental.

Em linhas gerais, a presente publicação engloba aspectos no que diz respeito à Política Nacionaldo Meio Ambiente, flora e fauna, águas, educação ambiental, crimes e infrações administrativasambientais, bem como unidades de conservação, patrimônio genético, proteção e acesso ao conheci-mento tradicional associado, repartição de benefícios e ainda organismos geneticamente modificados.

Obra pioneira da Consultoria Jurídica traz uma série de atos norteados no Capítulo VI – do MeioAmbiente, de nossa Lei Maior, possibilitando consulta imediata e precisa sobre a legislação referenciada,essencial àqueles que buscam conhecê-la por ser imprescindível nos tempos atuais.

Gustavo de Moraes Trindade

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 9

Page 10: Legislação Ambiental Básica

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Igu

aciD

ias

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 11

Page 11: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 12

Page 12: Legislação Ambiental Básica

131 . C O N S T I T U I Ç Ã O F E D E R A L1 . C O N S T I T U I Ç Ã O F E D E R A L

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado, bem de uso comumdo povo e essencial à sadia qualidade de vida,impondo-se ao Poder Público e à coletividadeo dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-sentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito,incumbe ao Poder Público:

I – preservar e restaurar os processos ecológicosessenciais e prover o manejo ecológico das espé-cies e ecossistemas;

II – preservar a diversidade e a integridade dopatrimônio genético do País e fiscalizar as enti-dades dedicadas à pesquisa e manipulação dematerial genético;

III – definir, em todas as unidades da Federação,espaços territoriais e seus componentes a seremespecialmente protegidos, sendo a alteração e asupressão permitidas somente através de lei,vedada qualquer utilização que comprometa aintegridade dos atributos que justifiquem suaproteção;

IV – exigir, na forma da lei, para instalação deobra ou atividade potencialmente causadora designificativa degradação do meio ambiente, estu-do prévio de impacto ambiental, a que se darápublicidade;

V – controlar a produção, a comercialização e oemprego de técnicas, métodos e substâncias quecomportem risco para a vida, a qualidade de vidae o meio ambiente;

VI – promover a educação ambiental em todos osníveis de ensino e a conscientização pública paraa preservação do meio ambiente;

VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na formada lei, as práticas que coloquem em risco suafunção ecológica, provoquem a extinção de espéciesou submetam os animais a crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais ficaobrigado a recuperar o meio ambiente degradado,de acordo com solução técnica exigida pelo órgãopúblico competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesi-vas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais eadministrativas, independentemente da obriga-ção de reparar os danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a MataAtlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônionacional, e sua utilização far-se-á, na formada lei, dentro de condições que assegurem apreserva-ção do meio ambiente, inclusive quantoao uso dos recursos naturais.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ouarrecadadas pelos estados, por ações discrimina-tórias, necessárias à proteção dos ecossistemasnaturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nucleardeverão ter sua localização definida em lei federal,sem o que não poderão ser instaladas.

Constituição Federal

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 13

Page 13: Legislação Ambiental Básica

2. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Wig

old

Scha

ffer

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 15

Page 14: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 16

Page 15: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e apli-cação, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decre-ta e eu sanciono a seguinte lei:

Art. 1º Esta lei, com fundamento nos incisos VI eVII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, esta-belece a Política Nacional do Meio Ambiente,seus fins e mecanismos de formulação e aplica-ção, constitui o Sistema Nacional do MeioAmbiente-SISNAMA e institui o Cadastro deDefesa Ambiental. (Redação dada pelo(a) Leinº 8.028, de 1990)

Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tempor objetivo a preservação, melhoria e recupe-ração da qualidade ambiental propícia à vida,visando assegurar, no país, condições ao desen-volvimento socioeconômico, aos interesses dasegurança nacional e à proteção da dignidade davida humana, atendidos os seguintes princípios:

I – ação governamental na manutenção do equi-líbrio ecológico, considerando o meio ambientecomo um patrimônio público a ser necessaria-mente assegurado e protegido, tendo em vista ouso coletivo;

II – racionalização do uso do solo, do subsolo, daágua e do ar;

III – planejamento e fiscalização do uso dosrecursos ambientais;

IV – proteção dos ecossistemas, com a preserva-ção de áreas representativas;

V – controle e zoneamento das atividades poten-cial ou efetivamente poluidoras;

VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecno-logias orientadas para o uso racional e a proteçãodos recursos ambientais;

VII – acompanhamento do estado da qualidadeambiental;

VIII – recuperação de áreas degradadas;

IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X – educação ambiental a todos os níveis doensino, inclusive a educação da comunidade,objetivando capacitá-la para participação ativana defesa do meio ambiente.

Art. 3º Para os fins previstos nesta lei, entende-se por:

I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis,influências e interações de ordem física, químicae biológica, que permite, abriga e rege a vida emtodas as suas formas;

II – degradação da qualidade ambiental, a alte-ração adversa das características do meioambiente;

III – poluição, a degradação da qualidadeambiental resultante de atividades que direta ouindiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociaise econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias domeio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo comos padrões ambientais estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direi-to público ou privado, responsável, direta ou indi-retamente, por atividade causadora de degrada-ção ambiental;

V - recursos ambientais: a atmosfera, as águasinteriores, superficiais e subterrâneas, os estuários,o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 17

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 17

Page 16: Legislação Ambiental Básica

18 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dadapelo(a) Lei nº 7.804, de 1989)

Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambientevisará:

I – à compatibilização do desenvolvimento eco-nômico-social com a preservação da qualidadedo meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II - à definição de áreas prioritárias de açãogovernamental relativa à qualidade e ao equilí-brio ecológico, atendendo aos interesses daUnião, dos Estados, do Distrito Federal, dosTerritórios e dos Municípios;

III - ao estabelecimento de critérios e padrões daqualidade ambiental e de normas relativas ao usoe manejo de recursos ambientais;

IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecno-logias nacionais orientadas para o uso racionalde recursos ambientais;

V - à difusão de tecnologias de manejo do meioambiente, à divulgação de dados e informaçõesambientais e à formação de uma consciênciapública sobre a necessidade de preservação daqualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

VI - à preservação e restauração dos recursosambientais com vistas à sua utilização racional edisponibilidade permanente, concorrendo para amanutenção do equilíbrio ecológico propício àvida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, daobrigação de recuperar e/ou indenizar os danoscausados e, ao usuário, da contribuição pela uti-lização de recursos ambientais com fins econômi-cos.

Art. 5º As diretrizes da Política Nacional do MeioAmbiente serão formuladas em normas e planos,destinados a orientar a ação dos governos daUnião, dos Estados, do Distrito Federal, dosTerritórios e dos Municípios no que se relacionacom a preservação da qualidade ambiental emanutenção do equilíbrio ecológico, observadosos princípios estabelecidos no art. 2º desta lei.

Parágrafo único.As atividades empresariais públi-cas ou privadas serão exercidas em consonânciacom as diretrizes da Política Nacional do MeioAmbiente.

Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dosEstados, do Distrito Federal, dos Territórios e dosMunicípios, bem como as fundações instituídaspelo Poder Público, responsáveis pela proteção emelhoria da qualidade ambiental, constituirão oSistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA,assim estruturado:

I - órgão superior: o Conselho de Governo, com afunção de assessorar o Presidente da Repúblicana formulação da política nacional e nas diretri-zes governamentais para o meio ambiente e osrecursos ambientais; (Redação dada pelo(a) Leinº 8.028, de 1990)

II - órgão consultivo e deliberativo: o ConselhoNacional do Meio Ambiente CONAMA, com afinalidade de assessorar, estudar e propor aoConselho de Governo, diretrizes de políticasgovernamentais para o meio ambiente e os recur-sos naturais e deliberar, no âmbito de sua compe-tência, sobre normas e padrões compatíveis como meio ambiente ecologicamente equilibrado eessencial à sadia qualidade de vida; (Redaçãodada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990)

III - órgão central: a Secretaria do Meio Am-biente da Presidência da República, com a finali-dade de planejar, coordenar, supervisionar e con-trolar, como órgão federal, a política nacional e asdiretrizes governamentais fixadas para o meioambiente; (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de1990)

IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis,com a finalidade de executar e fazer executar,como órgão federal, a política e diretrizes gover-namentais fixadas para o meio ambiente;(Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990)

V - órgãos seccionais: os órgãos ou entidadesestaduais responsáveis pela execução de progra-mas, projetos e pelo controle e fiscalização de

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 18

Page 17: Legislação Ambiental Básica

19

atividades capazes de provocar a degra-dação ambiental; (Redação dada pelo(a) Leinº 8.028, de 1990)

VI - órgãos locais: os órgãos ou entidades muni-cipais, responsáveis pelo controle e fiscalizaçãodessas atividades, nas suas respectivas jurisdi-ções. (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de1990)

§ 1º Os Estados, na esfera de suas competênciase nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normassupletivas e complementares e padrões relacio-nados com o meio ambiente, observados os queforem estabelecidos pelo CONAMA.

§ 2º Os Municípios, observadas as normas e ospadrões federais e estaduais, também poderãoelaborar as normas mencionadas no parágrafoanterior.

§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais elocais mencionados neste artigo deverão forneceros resultados das análises efetuadas e sua funda-mentação, quando solicitados por pessoa legiti-mamente interessada.

§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é oPoder Executivo autorizado a criar uma fundaçãode apoio técnico e científico às atividades doIBAMA.

DO CONSELHO NACIONAL DOMEIOAMBIENTE

Art 7º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 8.028, de1990)

Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dadapelo(a) Lei nº 8.028, de 1990)

I - estabelecer, mediante proposta da SEMA, nor-mas e critérios para o licenciamento de atividadesefetiva ou potencialmente poluídoras, a ser con-cedido pelos Estados e supervisionado pelaSEMA;

II - determinar, quando julgar necessário, a reali-zação de estudos das alternativas e das possíveisconseqüências ambientais de projetos públicosou privados, requisitando aos órgãos federais,estaduais e municipais, bem assim a entidades

privadas, as informações indispensáveis paraapreciação dos estudos de impacto ambiental, erespectivos relatórios, no caso de obras ou ativi-dades de significativa degradação ambiental,especialmente nas áreas consideradas patrimônionacional; (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de1990)

III - decidir, como última instância administrativaem grau de recurso, mediante depósito prévio,sobre as multas e outras penalidades impostaspela SEMA;

IV - homologar acordos visando à transformaçãode penalidades pecuniárias na obrigação deexecutar medidas de interesse para a proteçãoambiental; (VETADO);

V - determinar, mediante representação daSEMA, a perda ou restrição de benefícios fiscaisconcedidos pelo Poder Público, em caráter geralou condicional, e a perda ou suspensão de parti-cipação em linhas de financiamento em estabele-cimentos oficiais de crédito;

VI - estabelecer, privativamente, normas epadrões nacionais de controle da poluição porveículos automotores, aeronaves e embarcações,mediante audiência dos ministérios competentes;

VII - estabelecer normas, critérios e padrões rela-tivos ao controle e à manutenção da qualidadedo meio ambiente com vistas ao uso racional dosrecursos ambientais, principalmente os hídricos.

Parágrafo único. O secretário do Meio Ambienteé, sem prejuízo de suas funções, o presidente doCONAMA. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 8.028,de 1990)

Art. 9º São Instrumentos da Política Nacional doMeio Ambiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidadeambiental;

II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 19

Page 18: Legislação Ambiental Básica

20 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efe-tiva ou potencialmente poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equi-pamentos e a criação ou absorção de tecnologia,voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

VI - a criação de espaços territoriais especialmen-te protegidos pelo Poder Público federal, estaduale municipal, tais como áreas de proteção ambien-tal, de relevante interesse ecológico e reservasextrativistas; (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804,de 1989)

VII - o sistema nacional de informações sobre omeio ambiente;

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades eInstrumentos de Defesa Ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatóriasao não-cumprimento das medidas necessárias àpreservação ou correção da degradação ambien-tal;

X - a instituição do Relatório de Qualidade doMeio Ambiente, a ser divulgado anualmente peloInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e RecursosNaturais Renováveis-IBAMA; (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989)

XI - a garantia da prestação de informações rela-tivas ao Meio Ambiente, obrigando-se o PoderPúblico a produzi-las, quando inexistentes;(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989)

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividadespotencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dosrecursos ambientais. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 7.804, de 1989)

XIII - instrumentos econômicos, como concessãoflorestal, servidão ambiental, seguro ambiental eoutros. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de2006)

Art. 9º-A.Mediante anuência do órgão ambientalcompetente, o proprietário rural pode instituirservidão ambiental, pela qual voluntariamenterenuncia, em caráter permanente ou temporário,

total ou parcialmente, a direito de uso, explora-ção ou supressão de recursos naturais existentesna propriedade. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 11.284, de 2006)

§ 1º A servidão ambiental não se aplica às áreasde preservação permanente e de reserva legal.(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2º A limitação ao uso ou exploração da vegeta-ção da área sob servidão instituída em relaçãoaos recursos florestais deve ser, no mínimo, amesma estabelecida para a reserva legal.(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

§ 3º A servidão ambiental deve ser averbada noregistro de imóveis competente. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

§ 4º Na hipótese de compensação de reservalegal, a servidão deve ser averbada na matrículade todos os imóveis envolvidos. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

§ 5º É vedada, durante o prazo de vigência daservidão ambiental, a alteração da destinação daárea, nos casos de transmissão do imóvel a qual-quer título, de desmembramento ou de retificaçãodos limites da propriedade. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

Art. 10. A construção, instalação, ampliação efuncionamento de estabelecimentos e atividadesutilizadoras de recursos ambientais, consideradosefetiva e potencialmente poluidores, bem comoos capazes, sob qualquer forma, de causar degra-dação ambiental, dependerão de prévio licencia-mento de órgão estadual competente, integrantedo Sistema Nacional do MeioAmbiente-SISNAMA,e do IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízode outras licenças exigíveis. (Redação dada pelo(a)Lei nº 7.804, de 1989)

§ 1º Os pedidos de licenciamento, sua renovaçãoe a respectiva concessão serão publicados no jor-nal oficial do Estado, bem como em um periódicoregional ou local de grande circulação.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 20

Page 19: Legislação Ambiental Básica

212 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E

§ 2º Nos casos e prazos previstos em resoluçãodo CONAMA, o licenciamento de que trata esteartigo dependerá de homologação do IBAMA.

§ 3º O órgão estadual do meio ambiente e oIBAMA, este em caráter supletivo, poderão, senecessário e sem prejuízo das penalidades pecu-niárias cabíveis, determinar a redução das ativi-dades geradoras de poluição, para manter asemissões gasosas, os efluentes líquidos e os resí-duos sólidos dentro das condições e limites esti-pulados no licenciamento concedido.

§ 4º Compete ao IBAMA o licenciamento previstono caput deste artigo, no caso de atividades eobras com significativo impacto ambiental, deâmbito nacional ou regional. (Redação dadapelo(a) Lei nº 7.804, de 1989).

Art. 11. Compete ao IBAMA propor ao CONAMAnormas e padrões para implantação, acompanha-mento e fiscalização do licenciamento previsto noartigo anterior, além das que forem oriundas dopróprio CONAMA.

§ 1º A fiscalização e o controle da aplicação decritérios, normas e padrões de qualidade ambien-tal serão exercidos pelo IBAMA, em caráter suple-tivo da atuação do órgão estadual e municipalcompetentes.

§ 2º Inclui-se na competência da fiscalização econtrole a análise de projetos de entidades, públi-cas ou privadas, objetivando a preservação ou arecuperação de recursos ambientais, afetados porprocessos de exploração predatórios ou poluidores.

Art. 12. As entidades e órgãos de financiamentoe incentivos governamentais condicionarão aaprovação de projetos habilitados a esses benefí-cios ao licenciamento, na forma desta lei, e aocumprimento das normas, dos critérios e dospadrões expedidos pelo CONAMA.

Parágrafo único. As entidades e órgãos referidosno caput deste artigo deverão fazer constar dosprojetos a realização de obras e aquisição de

equipamentos destinados ao controle de degra-dação ambiental e à melhoria da qualidade domeio ambiente.

Art. 13. O Poder Executivo incentivará as ativida-des voltadas ao meio ambiente, visando:

I - ao desenvolvimento, no país, de pesquisas eprocessos tecnológicos destinados a reduzir adegradação da qualidade ambiental;

II - à fabricação de equipamentos antipoluidores;

III - a outras iniciativas que propiciem a racionali-zação do uso de recursos ambientais.

Parágrafo único. Os órgãos, entidades e progra-mas do Poder Público, destinados ao incentivodas pesquisas científicas e tecnológicas, conside-rarão, entre as suas metas prioritárias, o apoioaos projetos que visem adquirir e desenvolverconhecimentos básicos e aplicáveis na áreaambiental e ecológica.

Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidaspela legislação federal, estadual e municipal, onão-cumprimento das medidas necessárias à pre-servação ou correção dos inconvenientes e danoscausados pela degradação da qualidade ambien-tal sujeitará os transgressores:

I - à multa simples ou diária, nos valores corres-pondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo,a 1.000 (mil) Obrigações do Tesouro Nacional-OTNs, agravada em casos de reincidência especí-fica, conforme dispuser o Regulamento, vedada asua cobrança pela União se já tiver sido aplicadapelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelosMunicípios;

II - à perda ou restrição de incentivos e benefíciosfiscais concedidos pelo Poder Público;

III - à perda ou suspensão de participação emlinhas de financiamento em estabelecimentosoficiais de crédito;

IV - à suspensão de sua atividade.

§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades pre-vistas neste artigo, é o poluidor obrigado, inde-

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 21

Page 20: Legislação Ambiental Básica

22 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

pendentemente da existência de culpa, a indeni-zar ou reparar os danos causados ao meioambiente e a terceiros, afetados por sua ativida-de. O Ministério Público da União e dos Estadosterá legitimidade para propor ação de responsa-bilidade civil e criminal, por danos causados aomeio ambiente.

§ 2º No caso de omissão da autoridade estadualou municipal, caberá ao Secretário do MeioAmbiente a aplicação das penalidades pecuniá-rias previstas neste artigo.

§ 3º Nos casos previstos nos incisos II e III desteartigo, o ato declaratório da perda, restrição oususpensão será atribuição da autoridade adminis-trativa ou financeira que concedeu os benefícios,incentivos ou financiamento, cumprindo resoluçãodo CONAMA.

§ 4º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.966, de 2000)

§ 5º A execução das garantias exigidas do polui-dor não impede a aplicação das obrigações deindenização e reparação de danos previstas no§ 1º deste artigo. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 11.284, de 2006)

Art. 15. O poluidor que expuser a perigo a inco-lumidade humana, animal ou vegetal, ou estivertornando mais grave situação de perigo existente,fica sujeito à pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três)anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR.(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989)

§ 1º A pena é aumentada até o dobro se:(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989)

I - resultar: (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.804,de 1989)

a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meioambiente; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.804,de 1989)

b) lesão corporal grave; (Acrescentado(a) pelo(a)Lei nº 7.804, de 1989)

II - a poluição é decorrente de atividade industrialou de transporte; (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 7.804, de 1989)

III - o crime é praticado durante a noite, emdomingo ou em feriado. (Acrescentado(a) pelo(a)Lei nº 7.804, de 1989)

§ 2º Incorre no mesmo crime a autoridade com-petente que deixar de promover as medidas ten-dentes a impedir a prática das condutas acimadescritas. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de1989)

Art. 16. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 7.804, de1989)

Parágrafo único. (Revogado(a) pelo(a) Leinº 7.804, de 1989)

Art. 17. Fica instituído, sob a administração doIBAMA: (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de1989)

I - Cadastro Técnico Federal de Atividades eInstrumentos de Defesa Ambiental, para registroobrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que sededicam à consultoria técnica sobre problemasecológicos e ambientais e à indústria e comérciode equipamentos, aparelhos e instrumentos des-tinados ao controle de atividades efetiva oupotencialmente poluidoras; (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989)

II - Cadastro Técnico Federal de AtividadesPotencialmente Poluidoras ou Utilizadoras deRecursos Ambientais, para registro obrigatório depessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a ati-vidades potencialmente poluidoras e/ou a extra-ção, produção, transporte e comercialização deprodutos potencialmente perigosos ao meioambiente, assim como de produtos e subprodutosda fauna e flora. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 7.804, de 1989)

Art. 17-A. São estabelecidos os preços dos ser-viços e produtos do IBAMA, a serem aplicadosem âmbito nacional, conforme Anexo a esta lei.(Redação dada pelo(a) Lei nº 9.960, de 2000)

Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle eFiscalização Ambiental TCFA, cujo fato gerador éo exercício regular do poder de polícia conferido

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 22

Page 21: Legislação Ambiental Básica

ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis IBAMA para con-trole e fiscalização das atividades potencialmentepoluidoras e utilizadoras de recursos naturais.(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

§ 1º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de2000)

§ 2º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de2000)

Art. 17-C. É sujeito passivo da TCFA todo aque-le que exerça as atividades constantes do AnexoVIII desta lei. (Redação dada pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

§ 1º O sujeito passivo da TCFA é obrigado aentregar até o dia 31 de março de cada ano rela-tório das atividades exercidas no ano anterior,cujo modelo será definido pelo IBAMA, para o fimde colaborar com os procedimentos de controle efiscalização. (Redação dada pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

§ 2º O descumprimento da providência determi-nada no § 1º sujeita o infrator a multa equivalen-te a vinte por cento da TCFA devida, sem prejuí-zo da exigência desta. (Redação dada pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

§ 3º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de2000)

Art. 17-D. A TCFA é devida por estabelecimentoe os seus valores são os fixados no Anexo IXdesta lei. (Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de2000)

§ 1º Para os fins desta Lei, consideram-se:(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

I - microempresa e empresa de pequeno porte, aspessoas jurídicas que se enquadrem, respectiva-mente, nas descrições dos incisos I e II do caputdo art. 2º da Lei nº 9.841, de 5 de outubro de1999; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei 10.165, de2000)

II - empresa de médio porte, a pessoa jurídicaque tiver receita bruta anual superior a

R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos milreais) e igual ou inferior a R$ 12.000.000,00(doze milhões de reais); (Acrescentado(a) pelo(a)Lei nº 10.165, de 2000)

III - empresa de grande porte, a pessoa jurídicaque tiver receita bruta anual superior aR$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais).(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

§ 2º O potencial de poluição (PP) e o grau de uti-lização (GU) de recursos naturais de cada umadas atividades sujeitas à fiscalização encontram-se definidos no Anexo VIII desta lei.(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

§ 3º Caso o estabelecimento exerça mais de umaatividade sujeita à fiscalização, pagará a taxarelativamente a apenas uma delas, pelo valormais elevado. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

Art. 17-E. É o IBAMA autorizado a cancelardébitos de valores inferiores a R$ 40,00 (quaren-ta reais), existentes até 31 de dezembro de 1999.(Redação dada pelo(a) Lei nº 9.960, de 2000)

Art. 17-F. São isentas do pagamento da TCFA asentidades públicas federais, distritais, estaduais emunicipais, as entidades filantrópicas, aquelesque praticam agricultura de subsistência e aspopulações tradicionais. (Redação dada pelo(a)Lei nº 10.165, de 2000)

Art. 17-G. A TCFA será devida no último dia útilde cada trimestre do ano civil, nos valores fixadosno Anexo IX desta lei, e o recolhimento será efe-tuado em conta bancária vinculada ao IBAMA,por intermédio de documento próprio de arreca-dação, até o quinto dia útil do mês subseqüente.(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

Parágrafo único. (Revogado(a) pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

§ 2º Os recursos arrecadados com a TCFA terãoutilização restrita em atividades de controle e fis-calização ambiental. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 11.284, de 2006)

232 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 23

Page 22: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A24

Art. 17-H. A TCFA não recolhida nos prazos enas condições estabelecidas no artigo anteriorserá cobrada com os seguintes acréscimos:(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

I - juros de mora, na via administrativa ou judicial,contados do mês seguinte ao do vencimento, àrazão de um por cento; (Redação dada pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

II - multa de mora de vinte por cento, reduzida adez por cento se o pagamento for efetuado até oúltimo dia útil do mês subseqüente ao do venci-mento; (Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de2000)

III - encargo de vinte por cento, substitutivo dacondenação do devedor em honorários de advo-gado, calculado sobre o total do débito inscritocomo Dívida Ativa, reduzido para dez por centose o pagamento for efetuado antes do ajuiza-mento da execução. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

§ 1º-A. Os juros de mora não incidem sobre ovalor da multa de mora. (Acrescentado(a) pelo(a)Lei nº 10.165, de 2000)

§ 1º Os débitos relativos à TCFA poderão ser par-celados de acordo com os critérios fixados nalegislação tributária, conforme dispuser o regula-mento desta Lei. (Redação dada pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

Art. 17-I. As pessoas físicas e jurídicas que exer-çam as atividades mencionadas nos incisos I e IIdo art. 17 e que não estiverem inscritas nos res-pectivos cadastros até o último dia útil do tercei-ro mês que se seguir ao da publicação desta leiincorrerão em infração punível com multa de:(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), se pessoa física;(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

II - R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), se micro-empresa; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165,de 2000)

III - R$ 900,00 (novecentos reais), se empresade pequeno porte; (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

IV - R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), seempresa de médio porte; (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

V - R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa degrande porte. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

Parágrafo único. (Revogado(a) pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

Art. 17-J. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de2000)

Art. 17-L. As ações de licenciamento, registro,autorizações, concessões e permissões relaciona-das à fauna, à flora, e ao controle ambiental sãode competência exclusiva dos órgãos integrantesdo Sistema Nacional do Meio Ambiente.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2.015-1, de 1999)

Art. 17-M. Os preços dos serviços administrati-vos prestados pelo IBAMA, inclusive os referentesà venda de impressos e publicações, assim comoos de entrada, permanência e utilização de áreasou instalações nas unidades de conservação,serão definidos em portaria do Ministro deEstado do Meio Ambiente, mediante proposta doPresidente daquele Instituto. (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.015-1, de 1999)

Art. 17-N. Os preços dos serviços técnicos doLaboratório de Produtos Florestais do IBAMA,assim como os para venda de produtos da flora,serão, também, definidos em portaria do Ministrode Estado do Meio Ambiente, mediante propostado Presidente daquele Instituto. (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.015-1, de 1999)

Art. 17-O. Os proprietários rurais que se benefi-ciarem com redução do valor do Imposto sobre aPropriedade Territorial Rural ITR, com base emAto Declaratório Ambiental-ADA, deverão recolherao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 24

Page 23: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 25

Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de2000, a título de Taxa de Vistoria. (Redação dadapelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

§ 1º-A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caputdeste artigo não poderá exceder a dez por centodo valor da redução do imposto proporcionadapelo ADA. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

§ 1º A utilização do ADA para efeito de reduçãodo valor a pagar do ITR é obrigatória. (Redaçãodada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

§ 2º O pagamento de que trata o caput desteartigo poderá ser efetivado em cota única ou emparcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelocontribuinte para o pagamento do ITR, em docu-mento próprio de arrecadação do IBAMA.(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

§ 3º Para efeito de pagamento parcelado, nenhu-ma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00 (cin-qüenta reais). (Redação dada pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

§ 4º O inadimplemento de qualquer parcela ense-jará a cobrança de juros e multa nos termos dosincisos I e II do caput e §§ 1º-A e 1º, todos do art.17-H desta lei. (Redação dada pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

§ 5º Após a vistoria, realizada por amostragem,caso os dados constantes do ADA não coincidamcom os efetivamente levantados pelos técnicosdo IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA,contendo os dados reais, o qual será encaminha-do à Secretaria da Receita Federal, para as provi-dências cabíveis. (Redação dada pelo(a) Leinº 10.165, de 2000)

Art. 17-P. Constitui crédito para compensaçãocom o valor devido a título de TCFA, até o limitede sessenta por cento e relativamente ao mesmoano, o montante efetivamente pago pelo estabe-lecimento ao Estado, ao Município e ao DistritoFederal em razão de taxa de fiscalização ambien-tal. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de2000)

§ 1º Valores recolhidos ao Estado, ao Município eao Distrital Federal a qualquer outro título, taiscomo taxas ou preços públicos de licenciamentoe venda de produtos, não constituem crédito paracompensação com a TCFA. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

§ 2º A restituição, administrativa ou judicial, qual-quer que seja a causa que a determine, da taxade fiscalização ambiental estadual ou distritalcompensada com a TCFA restaura o direito decrédito do IBAMA contra o estabelecimento, rela-tivamente ao valor compensado. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

Art. 17-Q. É o IBAMA autorizado a celebrar con-vênios com os Estados, os Municípios e o DistritoFederal para desempenharem atividades de fisca-lização ambiental, podendo repassar-lhes parcelada receita obtida com a TCFA. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

Art. 18. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de2000)

Parágrafo único. (Revogado(a) pelo(a) Leinº 9.985, de 2000)

Art. 19. Ressalvado o disposto nas leis nºs5.357, de 17 de novembro de 1967, e 7.661, de16 de maio de 1988, a receita proveniente daaplicação desta lei será recolhida de acordo como disposto no art. 4º da Lei nº 7.735, de 22 defevereiro de 1989. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 7.804, de 1989)

Art. 20. Esta lei entrará em vigor na data de suapublicação.

Art. 21. Revogam-se as disposições em contrário

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 25

Page 24: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e dá outras Providências.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A26

PRESIDENTE DA REPÚBLICA,

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

Art. 1º Fica instituído o Fundo Nacional de MeioAmbiente, com o objetivo de desenvolver os pro-jetos que visem ao uso racional e sustentável derecursos naturais, incluindo a manutenção,melhoria ou recuperação da qualidade ambientalno sentido de elevar a qualidade de vida dapopulação brasileira.

Art. 2º Constituirão recursos do Fundo Nacionalde Meio Ambiente de que trata o art. 1º desta lei:

I - dotações orçamentárias da União;

II - recursos resultantes de doações, contribuiçõesem dinheiro, valores, bens móveis e imóveis, quevenha a receber de pessoas físicas e jurídicas;

III - rendimentos de qualquer natureza, quevenha a auferir como remuneração decorrente deaplicações do seu patrimônio;

IV - outros, destinados por lei.

Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.134, de1990)

Art. 3º Os recursos do Fundo Nacional de MeioAmbiente deverão ser aplicados através deórgãos públicos dos níveis federal, estadual emunicipal ou de entidades privadas cujos objeti-vos estejam em consonância com os objetivos doFundo Nacional de Meio Ambiente, desde quenão possuam, as referidas entidades, fins lucrati-vos:

Art. 4º O Fundo Nacional de Meio Ambiente éadministrado pela Secretaria de Planejamento eCoordenação da Presidência da República-SEPLAN/PR, e pelo Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, de acordo com as diretrizes estabelecidaspelo IBAMA, respeitadas as atribuições doConselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.

Art. 5º Serão consideradas prioritárias as aplica-ções de recursos financeiros de que trata esta Lei,em projetos nas seguintes áreas:

I - Unidade de Conservação;

II - Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico;

III - Educação Ambiental;

IV - Manejo e Extensão Florestal;

V - Desenvolvimento Institucional;

VI - Controle Ambiental;

VII - Aproveitamento Econômico Racional eSustentável da Flora e Fauna Nativas.

§ 1º Os programas serão periodicamente revistos,de acordo com os princípios e diretrizes da políti-ca nacional de meio ambiente, devendo seranualmente submetidos ao Congresso Nacional.

§ 2º Sem prejuízo das ações em âmbito nacional,será dada prioridade aos projetos que tenhamsua área de atuação na Amazônia Legal.

Art. 6º Dentro de 90 (noventa) dias, a contar dadata da publicação desta lei, a SEPLAN/PR e oIBAMA regulamentarão o Fundo Nacional deMeio Ambiente, fixando as normas para a obten-ção e distribuição de recursos, assim como asdiretrizes e os critérios para sua aplicação .

Art. 7º Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 26

Page 25: Legislação Ambiental Básica

Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, quedispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental esobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 27

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri-buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI,da Constituição, e tendo em vista o disposto naLei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e na Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981, alteradapelas leis nº 7.804, de 18 de julho de 1989, e8.028, de 12 de abril de 1990,

DECRETA:

TÍTULO IDA EXECUÇÃO DA POLÍTICA

NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO IDAS ATRIBUIÇÕES

Art. 1º Na execução da Política Nacional doMeio Ambiente cumpre ao Poder Público, nosseus diferentes níveis de governo:

I - manter a fiscalização permanente dos recursosambientais, visando à compatibilização do desen-volvimento econômico com a proteção do meioambiente e do equilíbrio ecológico;

II - proteger as áreas representativas de ecossis-temas mediante a implantação de unidades deconservação e preservação ecológica;

III - manter, através de órgãos especializados daAdministração Pública, o controle permanentedas atividades potencial ou efetivamente polui-doras, de modo a compatibilizá-las com os crité-rios vigentes de proteção ambiental;

IV - incentivar o estudo e a pesquisa de tecnolo-gias para o uso racional e a proteção dos recur-sos ambientais, utilizando nesse sentido os pla-nos e programas regionais ou setoriais de desen-volvimento industrial e agrícola;

V - implantar, nas áreas críticas de poluição, umsistema permanente de acompanhamento dosíndices locais de qualidade ambiental;

VI - identificar e informar, aos órgãos e entidadesdo Sistema Nacional do Meio Ambiente, a exis-tência de áreas degradadas ou ameaçadas dedegradação, propondo medidas para sua recupe-ração; e

VII - orientar a educação, em todos os níveis, paraa participação ativa do cidadão e da comunidadena defesa do meio ambiente, cuidando para queos currículos escolares das diversas matérias obri-gatórias contemplem o estudo da ecologia.

Art. 2º A execução da Política Nacional do MeioAmbiente, no âmbito da Administração PúblicaFederal, terá a coordenação do Secretário doMeio Ambiente.

CAPÍTULO IIDA ESTRUTURA DO SISTEMANACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 3º O Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, constituído pelos órgãos e entidadesda União, dos Estados, do Distrito Federal, dosMunicípios e pelas fundações instituídas peloPoder Público, responsáveis pela proteção emelhoria da qualidade ambiental, tem a seguinteestrutura:

I - Órgão Superior: o Conselho de Governo;

II - Órgão Consultivo e Deliberativo: o ConselhoNacional do Meio Ambiente-CONAMA;

III - Órgão Central: a Secretaria do MeioAmbiente da Presidência da República-SEMAM/PR;

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 27

Page 26: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A28

IV - Órgão Executor: o Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA;

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades daAdministração Pública Federal direta e indireta,as fundações instituídas pelo Poder Público cujasatividades estejam associadas às de proteção daqualidade ambiental ou àquelas de disciplina-mento do uso de recursos ambientais, bem assimos órgãos e entidades estaduais responsáveispela execução de programas e projetos e pelocontrole e fiscalização de atividades capazes deprovocar a degradação ambiental; e

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades muni-cipais responsáveis pelo controle e fiscalizaçãodas atividades referidas no inciso anterior, nassuas respectivas jurisdições.

SEÇÃO I

DA CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DOCONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 4º O CONAMA compõe-se de:

I - Plenário;

II - Comitê de Integração de Políticas Ambientais;

III - Câmaras Técnicas;

IV - Grupos de Trabalho; e

V - Grupos Assessores.

Art. 5º Integram o Plenário do CONAMA:

I - o Ministro de Estado do Meio Ambiente, que opresidirá;

II - o Secretário Executivo do Ministério do MeioAmbiente, que será o seu Secretário Executivo;

III - um representante do IBAMA;

IV - um representante da Agência Nacional deÁguas-ANA;

V - um representante de cada um dos ministérios,das secretarias da Presidência da República e doscomandos militares do Ministério da Defesa, indi-cados pelos respectivos titulares;

VI - um representante de cada um dos governosestaduais e do Distrito Federal, indicados pelosrespectivos governadores;

VII - oito representantes dos governos municipaisque possuam órgão ambiental estruturado eConselho de Meio Ambiente com caráter delibe-rativo, sendo:

a) um representante de cada região geográficado país;

b) um representante da Associação Nacional deMunicípios e Meio Ambiente-ANAMMA;

c) dois representantes de entidades municipalis-tas de âmbito nacional;

VIII - vinte e um representantes de entidades detrabalhadores e da sociedade civil, sendo:

a) dois representantes de entidades ambientalis-tas de cada uma das regiões geográficas dopaís;

b) um representante de entidade ambientalistade âmbito nacional;

c) três representantes de associações legalmenteconstituídas para a defesa dos recursos naturais edo combate à poluição, de livre escolha doPresidente da República;

d) um representante de entidades profissionais,de âmbito nacional, com atuação na áreaambiental e de saneamento, indicado pelaAssociação Brasileira de Engenharia Sanitária eAmbiental-ABES;

e) um representante de trabalhadores indicadopelas centrais sindicais e confederações de traba-lhadores da área urbana (Central Única dosTrabalhadores-CUT, Força Sindical, ConfederaçãoGeral dos Trabalhadores-CGT, ConfederaçãoNacional dos Trabalhadores na Indústria-CNTI eConfederação Nacional dos Trabalhadores noComércio-CNTC), escolhido em processo coorde-nado pela CNTI e CNTC;

f) um representante de trabalhadores da árearural, indicado pela Confederação Nacional dosTrabalhadores na Agricultura-CONTAG;

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 28

Page 27: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 29

g) um representante de populações tradicionais,escolhido em processo coordenado pelo CentroNacional de Desenvolvimento Sustentável dasPopulações Tradicionais-CNPT/IBAMA;

h) um representante da comunidade indígenaindicado pelo Conselho de Articulação dos Povose Organizações Indígenas do Brasil-CAPOIB;

i) um representante da comunidade científica,indicado pela Sociedade Brasileira para oProgresso da Ciência-SBPC;

j) um representante do Conselho Nacional deComandantes Gerais das Polícias Militares eCorpos de Bombeiros Militares-CNCG;

l) um representante da Fundação Brasileira para aConservação da Natureza-FBCN;

IX - oito representantes de entidades empresa-riais; e

X - um membro honorário indicado pelo Plenário.

§ 1º Integram também o Plenário do CONAMA,na condição de Conselheiros Convidados, semdireito a voto:

I - um representante do Ministério PúblicoFederal;

II - um representante dos Ministérios PúblicosEstaduais, indicado pelo Conselho Nacional dosProcuradores-Gerais de Justiça; e

III - um representante da Comissão de Defesa doConsumidor, Meio Ambiente e Minorias daCâmara dos Deputados.

§ 2º Os representantes referidos nos incisos III aX do caput e no § 1º e seus respectivos suplentesserão designados pelo Ministro de Estado doMeio Ambiente.

§ 3º Os representantes referidos no inciso III docaput e no § 1º e seus respectivos suplentesserão indicados pelos titulares dos respectivosórgãos e entidades.

§ 4º Incumbirá à ANAMMA coordenar o proces-so de escolha dos representantes a que se refe-

rem as alíneas “a” e “b” do inciso VII e aoPresidente do CONAMA a indicação das entida-des referidas na alínea “c” desse mesmo inciso.

§ 5º Os representantes das entidades de traba-lhadores e empresariais serão indicados pelasrespectivas Confederações Nacionais.

§ 6º Os representantes referidos no inciso VIII, alí-neas “a” e “b”, serão eleitos pelas entidades ins-critas, há pelo menos um ano, no CadastroNacional de Entidades Ambientalistas-CNEA, narespectiva região, mediante carta registrada ouprotocolizada junto ao CONAMA.

§ 7º Terá mandato de dois anos, renovável por igualperíodo, o representante de que trata o inciso X.

Art. 6º O Plenário do CONAMA reunir-se-á, emcaráter ordinário, a cada três meses, no DistritoFederal e, extraordinariamente, sempre que con-vocado pelo seu presidente, por iniciativa própriaou a requerimento de pelo menos dois terços deseus membros.

§ 1º As reuniões extraordinárias poderão ser rea-lizadas fora do Distrito Federal, sempre querazões superiores, de conveniência técnica oupolítica, assim o exigirem.

§ 2º O Plenário do CONAMA reunir-se-á em ses-são pública, com a presença de pelo menos ametade mais um dos seus membros e deliberarápor maioria simples dos membros presentes noPlenário, cabendo ao presidente da sessão, alémdo voto pessoal, o de qualidade.

§ 3º O presidente do CONAMA será substituído,nos seus impedimentos, pelo secretário-executivodo CONAMA e, na falta deste, pelo conselheirorepresentante do Ministério do Meio Ambiente.

§ 4º A participação dos membros do CONAMA éconsiderada serviço de natureza relevante e nãoserá remunerada, cabendo às instituições repre-sentadas o custeio das despesas de deslocamen-to e estadia.

§ 5º Os membros representantes da sociedadecivil, previsto no inciso VIII, alíneas “a”, “b”, “c”,

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 29

Page 28: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A30

“d”, “g”, “h”, “i” e “l” do caput do art. 5º, pode-rão ter as despesas de deslocamento e estadapagas à conta de recursos orçamentários doMinistério do Meio Ambiente.

SEÇÃO II

DA COMPETÊNCIA DO CONSELHONACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 7º Compete ao CONAMA:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA,normas e critérios para o licenciamento de ativi-dades efetiva ou potencialmente poluidoras, a serconcedido pela União, Estados, Distrito Federale Municípios e supervisionada pelo referidoInstituto;

II - determinar, quando julgar necessário, a reali-zação de estudos das alternativas e das possíveisconseqüências ambientais de projetos públicosou privados, requisitando aos órgãos federais,estaduais e municipais, bem como a entidadesprivadas, as informações indispensáveis paraapreciação dos estudos de impacto ambiental, erespectivos relatórios, no caso de obras ou ativi-dades de significativa degradação ambiental,especialmente nas áreas consideradas patrimônionacional;

III - decidir, após o parecer do Comitê deIntegração de Políticas Ambientais, em últimainstância administrativa em grau de recurso,mediante depósito prévio, sobre as multas eoutras penalidades impostas pelo IBAMA;

IV - determinar, mediante representação doIBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscaisconcedidos pelo Poder Público, em caráter geralou condicional, e a perda ou suspensão de parti-cipação em linhas de financiamento em estabele-cimentos oficiais de crédito;

V - estabelecer, privativamente, normas e padrõesnacionais de controle da poluição causada porveículos automotores, aeronaves e embarcações,mediante audiência dos ministérios competentes;

VI - estabelecer normas, critérios e padrões rela-tivos ao controle e à manutenção da qualidadedo meio ambiente com vistas ao uso racional dosrecursos ambientais, principalmente os hídricos;

VII - assessorar, estudar e propor ao Conselho deGoverno diretrizes de políticas governamentaispara o meio ambiente e os recursos naturais;

VIII - deliberar, no âmbito de sua competência,sobre normas e padrões compatíveis com o meioambiente ecologicamente equilibrado e essencialà sadia qualidade de vida;

IX - estabelecer os critérios técnicos para declara-ção de áreas críticas, saturadas ou em vias desaturação;

X - acompanhar a implementação do SistemaNacional de Unidades de Conservação daNatureza-SNUC, conforme disposto no inciso I doart. 6º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000;

XI - propor sistemática de monitoramento, avalia-ção e cumprimento das normas ambientais;

XII - incentivar a instituição e o fortalecimentoinstitucional dos Conselhos Estaduais eMunicipais de Meio Ambiente, de gestão derecursos ambientais e dos Comitês de BaciaHidrográfica;

XIII - avaliar a implementação e a execução dapolítica ambiental do país;

XIV - recomendar ao órgão ambiental competen-te a elaboração do Relatório de QualidadeAmbiental, previsto no art. 9º inciso X da Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981;

XV - estabelecer sistema de divulgação de seustrabalhos;

XVI - promover a integração dos órgãos colegia-dos de meio ambiente;

XVII - elaborar, aprovar e acompanhar a imple-mentação da Agenda Nacional de MeioAmbiente, a ser proposta aos órgãos e às entida-des do SISNAMA, sob a forma de recomendação;

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 30

Page 29: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 31

XVIII - deliberar, sob a forma de resoluções, pro-posições, recomendações e moções, visando ocumprimento dos objetivos da Política Nacionalde Meio Ambiente; e

XIX - elaborar o seu regimento interno.

§ 1º As normas e os critérios para o licenciamen-to de atividades potencial ou efetivamente polui-doras deverão estabelecer os requisitos necessá-rios à proteção ambiental.

§ 2º As penalidades previstas no inciso IV desteartigo somente serão aplicadas nos casos previa-mente definidos em ato específico do CONAMA,assegurando-se ao interessado a ampla defesa.

§ 3º Na fixação de normas, critérios e padrõesrelativos ao controle e à manutenção da qualida-de do meio ambiente, o CONAMA levará em con-sideração a capacidade de auto-regeneração doscorpos receptores e a necessidade de estabelecerparâmetros genéricos mensuráveis.

§ 4º A Agenda Nacional de Meio Ambiente deque trata o inciso XVII deste artigo constitui-se dedocumento a ser dirigido ao SISNAMA, recomen-dando os temas, programas e projetos considera-dos prioritários para a melhoria da qualidadeambiental e o desenvolvimento sustentável doPaís, indicando os objetivos a serem alcançadosnum período de dois anos.

SEÇÃO III

DAS CÂMARAS TÉCNICAS

Art. 8º O CONAMA poderá dividir-se emCâmaras Técnicas, para examinar e relatar aoPlenário assuntos de sua competência.

§ 1º A competência, a composição e o prazo defuncionamento de cada uma das CâmarasTécnicas constará do ato do CONAMA que acriar.

§ 2º Na composição das Câmaras Técnicas, inte-gradas por até sete membros, deverão ser consi-deradas as diferentes categorias de interessemulti-setorial representadas no Plenário.

Art. 9º Em caso de urgência, o presidente doCONAMA poderá criar Câmaras Técnicas ad refe-rendum do Plenário.

SEÇÃO IVDO ÓRGÃO CENTRAL

Art. 10. Caberá ao Ministério do Meio Ambiente,por intermédio de sua Secretaria Executiva, pro-ver os serviços de apoio técnico e administrativodo CONAMA.

Art. 11. Para atender ao suporte técnico e admi-nistrativo do CONAMA, a Secretaria Executiva doMinistério do Meio Ambiente deverá:

I - solicitar colaboração, quando necessário, aosórgãos específicos singulares, ao Gabinete e àsentidades vinculadas ao Ministério do MeioAmbiente;

II - coordenar, por meio do Sistema Nacional deInformações sobre o Meio Ambiente-SINIMA, ointercâmbio de informações entre os órgãos inte-grantes do SISNAMA; e

III - promover a publicação e divulgação dos atosdo CONAMA.

SEÇÃO V

DA COORDENAÇÃO DOS ÓRGÃOSSECCIONAIS FEDERAIS

Art. 12. Os Órgãos Seccionais, de que trata o art.3º, inciso V, primeira parte, serão coordenados,no que se referir à Política Nacional do MeioAmbiente, pelo Secretário do Meio Ambiente.

SEÇÃO VI

DOS ÓRGÃOS SECCIONAIS ESTADUAISE DOS ÓRGÃOS LOCAIS

Art. 13. A integração dos Órgãos SetoriaisEstaduais (art. 30, inciso V, segunda parte) e dosÓrgãos Locais ao SISNAMA, bem como a delega-ção de funções do nível federal para o estadualpoderão ser objeto de convênios celebrados entrecada Órgão Setorial Estadual e a SEMAM/PR,admitida a interveniência de Órgãos SetoriaisFederais do SISNAMA.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 31

Page 30: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A32

CAPÍTULO III

DA ATUAÇÃO DO SISTEMA NACIONALDO MEIO AMBIENTE

Art. 14. A atuação do SISNAMA efetivar-se-ámediante articulação coordenada dos órgãos eentidades que o constituem, observado o seguinte:

I - o acesso da opinião pública às informaçõesrelativas às agressões ao meio ambiente e àsações de proteção ambiental, na forma estabele-cida pelo CONAMA; e

II - caberá aos Estados, ao Distrito Federal e aosMunicípios a regionalização das medidas emana-das do SISNAMA, elaborando normas e padrõessupletivos e complementares.

Parágrafo único. As normas e padrões dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípiospoderão fixar parâmetros de emissão, ejeção eemanação de agentes poluidores, observada alegislação federal.

Art. 15. Os Órgãos Seccionais prestarão aoCONAMA informações sobre os seus planos deação e programas em execução, consubstancia-das em relatórios anuais, sem prejuízo de relató-rios parciais para atendimento de solicitaçõesespecíficas.

Parágrafo único. A SEMAM/PR consolidará osrelatórios mencionados neste artigo em um rela-tório anual sobre a situação do meio ambiente nopaís, a ser publicado e submetido à consideraçãodo CONAMA, em sua segunda reunião do anosubseqüente.

Art. 16. O CONAMA, por intermédio daSEMAM/PR, poderá solicitar informações e pare-ceres dos Órgãos Seccionais e Locais, justificando,na respectiva requisição, o prazo para o seu aten-dimento.

§ 1º Nas atividades de licenciamento, fiscalizaçãoe controle deverão ser evitadas exigências buro-cráticas excessivas ou pedidos de informações jádisponíveis.

§ 2º Poderão ser requeridos à SEMAM/PR, bemcomo aos Órgãos Executor, Seccionais e Locais,por pessoa física ou jurídica que comprove legíti-mo interesse, os resultados das análises técnicasde que disponham.

§ 3º Os órgãos integrantes do SISNAMA, quandosolicitarem ou prestarem informações, deverãopreservar o sigilo industrial e evitar a concorrên-cia desleal, correndo o processo, quando for ocaso, sob sigilo administrativo, pelo qual será res-ponsável a autoridade dele encarregada.

CAPÍTULO IV

DO LICENCIAMENTO DAS ATIVIDADES

Art. 17. A construção, instalação, ampliação efuncionamento de estabelecimento de atividadesutilizadoras de recursos ambientais, consideradasefetiva ou potencialmente poluidoras, bem comoos empreendimentos capazes, sob qualquerforma, de causar degradação ambiental, depen-derão de prévio licenciamento do órgão estadualcompetente integrante do SISNAMA, sem prejuí-zo de outras licenças legalmente exigíveis.

§ 1º Caberá ao CONAMA fixar os critérios bási-cos, segundo os quais serão exigidos estudos deimpacto ambiental para fins de licenciamento,contendo, entre outros, os seguintes itens:

a) diagnóstico ambiental da área;

b) descrição da ação proposta e suas alternativas;e

c) identificação, análise e previsão dos impactossignificativos, positivos e negativos.

§ 2º O estudo de impacto ambiental será realiza-do por técnicos habilitados e constituirá oRelatório de Impacto Ambiental-Rima, correndoas despesas à conta do proponente do projeto.

§ 3º Respeitada a matéria de sigilo industrial,assim expressamente caracterizada a pedido dointeressado, o Rima, devidamente fundamentado,será acessível ao público.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 32

Page 31: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 33

§ 4º Resguardado o sigilo industrial, os pedidosde licenciamento, em qualquer das suas modali-dades, sua renovação e a respectiva concessão dalicença serão objeto de publicação resumida, pagapelo interessado, no jornal oficial do Estado e emum periódico de grande circulação, regional oulocal, conforme modelo aprovado pelo CONAMA.

Art. 18. O órgão estadual do meio ambiente e oIBAMA, este em caráter supletivo, sem prejuízodas penalidades pecuniárias cabíveis, determina-rão, sempre que necessário, a redução das ativi-dades geradoras de poluição, para manter asemissões gasosas ou efluentes líquidos e os resí-duos sólidos nas condições e limites estipuladosno licenciamento concedido.

Art. 19. O Poder Público, no exercício de suacompetência de controle, expedirá as seguinteslicenças:

I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do pla-nejamento de atividade, contendo requisitosbásicos a serem atendidos nas fases de localiza-ção, instalação e operação, observados os planosmunicipais, estaduais ou federais de uso do solo;

II - Licença de Instalação (LI), autorizando o inícioda implantação, de acordo com as especificaçõesconstantes do Projeto Executivo aprovado; e

III - Licença de Operação (LO), autorizando, apósas verificações necessárias, o início da atividadelicenciada e o funcionamento de seus equipa-mentos de controle de poluição, de acordo com oprevisto nas Licenças Prévia e de Instalação.

§ 1º Os prazos para a concessão das licençasserão fixados pelo CONAMA, observada a natu-reza técnica da atividade.

§ 2º Nos casos previstos em resolução do CONA-MA, o licenciamento de que trata este artigodependerá de homologação do IBAMA.

§ 3º Iniciadas as atividades de implantação eoperação, antes da expedição das respectivaslicenças, os dirigentes dos Órgãos Setoriais doIBAMA deverão, sob pena de responsabilidadefuncional, comunicar o fato às entidades finan-

ciadoras dessas atividades, sem prejuízo da impo-sição de penalidades, medidas administrativas deinterdição, judiciais, de embargo, e outras provi-dências cautelares.

§ 4º O licenciamento dos estabelecimentos desti-nados a produzir materiais nucleares ou a utilizara energia nuclear e suas aplicações, competirá àComissão Nacional de Energia Nuclear-CENEN,mediante parecer do IBAMA, ouvidos os órgãosde controle ambiental estaduais ou municipais.

§ 5º Excluída a competência de que trata o pará-grafo anterior, nos demais casos de competênciafederal o IBAMA expedirá as respectivas licenças,após considerar o exame técnico procedido pelosórgãos estaduais e municipais de controle dapoluição.

Art. 20. Caberá recurso administrativo:

I - para o Secretário de Assuntos Estratégicos, dasdecisões da Comissão Nacional de EnergiaNuclear-CNEN; e

II - para o Secretário do Meio Ambiente, noscasos de licenciamento da competência privativado IBAMA, inclusive nos de denegação de certifi-cado homologatório.

Parágrafo único. No âmbito dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios, o recurso deque trata este artigo será interposto para a auto-ridade prevista na respectiva legislação.

Art. 21. Compete à SEMAM/PR propor aoCONAMA a expedição de normas gerais paraimplantação e fiscalização do licenciamento pre-visto neste decreto.

§ 1º A fiscalização e o controle da aplicação decritérios, normas e padrões de qualidade ambien-tal serão exercidos pelo IBAMA, em caráter suple-tivo à atuação dos Órgãos Seccionais Estaduais edos Órgãos Locais.

§ 2º Inclui-se na competência supletiva doIBAMA a análise prévia de projetos, de entidadespúblicas ou privadas, que interessem à conserva-ção ou à recuperação dos recursos ambientais.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 33

Page 32: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A34

§ 3º O proprietário de estabelecimento ou o seupreposto responsável permitirá, sob a pena da lei,o ingresso da fiscalização no local das atividadespotencialmente poluidoras para a inspeção detodas as suas áreas.

§ 4º As autoridades policiais, quando necessário,deverão prestar auxílio aos agentes fiscalizadoresno exercício de suas atribuições.

Art. 22. O IBAMA, na análise dos projetos sub-metidos ao seu exame, exigirá, para efeito deaprovação, que sejam adotadas, pelo interessado,medidas capazes de assegurar que as matérias-primas, insumos e bens produzidos tenhampadrão de qualidade que elimine ou reduza, oefeito poluente derivado de seu emprego e utili-zação.

CAPÍTULO VDOS INCENTIVOS

Art. 23. As entidades governamentais de finan-ciamento ou gestoras de incentivos, condiciona-rão a sua concessão à comprovação do licencia-mento previsto neste decreto.

CAPÍTULO VIDO CADASTRAMENTO

Art. 24. O IBAMA submeterá à aprovação doCONAMA as normas necessárias à implantaçãodo Cadastro Técnico Federal de Atividades eInstrumentos de Defesa Ambiental.

TÍTULO IIDAS ESTAÇÕES ECOLÓGICAS E DASÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

CAPÍTULO IDAS ESTAÇÕES ECOLÓGICAS

Art. 25. As Estações Ecológicas Federais serãocriadas por decreto do Poder Executivo, medianteproposta do Secretário do Meio Ambiente, eterão sua administração coordenada peloIBAMA.

§ 1º O ato de criação da Estação Ecológica defi-nirá os seus limites geográficos, a sua denomina-ção, a entidade responsável por sua administra-ção e o zoneamento a que se refere o art. 1º,§ 2º, da Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981.

§ 2º Para a execução de obras de engenharia quepossam afetar as estações ecológicas, será obri-gatória a audiência prévia do CONAMA.

Art. 26. Nas Estações Ecológicas Federais, ozoneamento a que se refere o art. 1º, § 2º, da Leinº 6.902, de 1981, será estabelecido peloIBAMA.

Art. 27. Nas áreas circundantes das Unidades deConservação, num raio de dez quilômetros, qual-quer atividade que possa afetar a biota ficarásubordinada às normas editadas pelo CONAMA.

CAPÍTULO IIDAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Art. 28. No âmbito federal, compete aoSecretário do Meio Ambiente, com base em pare-cer do IBAMA, propor ao Presidente da Repúblicaa criação de Áreas de Proteção Ambiental.

Art. 29. O decreto que declarar a Área deProteção Ambiental mencionará a sua denomina-ção, limites geográficos, principais objetivos e asproibições e restrições de uso dos recursosambientais nela contidos.

Art. 30. A entidade supervisora e fiscalizadorada Área de Proteção Ambiental deverá orientar eassistir os proprietários, a fim de que os objetivosda legislação pertinente sejam atingidos.

Parágrafo único. Os proprietários de terras abran-gidas pelas Áreas de Proteção Ambiental poderãomencionar os nomes destas nas placas indicado-ras de propriedade, na promoção de atividadesturísticas, bem como na indicação de procedênciados produtos nela originados.

Art. 31. Serão considerados de relevância emerecedores do reconhecimento público os servi-ços prestados, por qualquer forma, à causa con-servacionista.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 34

Page 33: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 35

Art. 32. As instituições federais de crédito efinanciamento darão prioridade aos pedidosencaminhados com apoio da SEMAM/PR, desti-nados à melhoria do uso racional do solo e dascondições sanitárias e habitacionais das proprie-dades situadas nas Áreas de Proteção Ambiental.

TÍTULO IIIDAS PENALIDADES

Art. 33. Constitui infração, para os efeitos destedecreto, toda ação ou omissão que importe nainobservância de preceitos nele estabelecidos ouna desobediência às determinações de caráternormativo dos órgãos ou das autoridades admi-nistrativas competentes.

Art. 34. Serão impostas multas diárias de 61,70a 6.170 Bônus do Tesouro Nacional-BTN, propor-cionalmente à degradação ambiental causada,nas seguintes infrações:

I - contribuir para que um corpo d’água fique emcategoria de qualidade inferior à prevista na clas-sificação oficial;

II - contribuir para que a qualidade do ar ambien-tal seja inferior ao nível mínimo estabelecido emresolução;

III - emitir ou despejar efluentes ou resíduos sóli-dos, líquidos ou gasosos causadores de degrada-ção ambiental, em desacordo com o estabelecidoem resolução ou licença especial;

IV - exercer atividades potencialmente degrada-doras do meio ambiente, sem a licença ambientallegalmente exigível ou em desacordo com amesma;

V - causar poluição hídrica que torne necessáriaa interrupção do abastecimento público de águade uma comunidade;

VI - causar poluição de qualquer natureza queprovoque destruição de plantas cultivadas ou sil-vestres;

VII - ferir, matar ou capturar, por quaisquer meios,nas Unidades de Conservação, exemplares de

espécies consideradas raras da biota regional;

VIII - causar degradação ambiental medianteassoreamento de coleções d’água ou erosão ace-lerada, nas Unidades de Conservação;

IX - desrespeitar interdições de uso, de passageme outras estabelecidas administrativamente paraa proteção contra a degradação ambiental;

X - impedir ou dificultar a atuação dos agentescredenciados pelo IBAMA, para inspecionar situa-ção de perigo potencial ou examinar a ocorrênciade degradação ambiental;

XI - causar danos ambientais, de qualquer natu-reza, que provoquem destruição ou outros efeitosdesfavoráveis à biota nativa ou às plantas cultiva-das e criações de animais;

XII - descumprir resoluções do CONAMA.

Art. 35. Serão impostas multas de 308,50 a6.170 BTN, proporcionalmente à degradaçãoambiental causada, nas seguintes infrações:

I - realizar em Área de Proteção Ambiental, semlicença do respectivo órgão de controle ambien-tal, abertura de canais ou obras de terraplana-gem, com movimentação de areia, terra ou mate-rial rochoso, em volume superior a 100m3, quepossam causar degradação ambiental;

II - causar poluição de qualquer natureza quepossa trazer danos à saúde ou ameaçar o bem-estar.

Art. 36. Serão impostas multas de 617 a 6.170BTN nas seguintes infrações:

I - causar poluição atmosférica que provoque aretirada, ainda que momentânea, dos habitantesde um quarteirão urbano ou localidade equiva-lente;

II - causar poluição do solo que torne uma área,urbana ou rural, imprópria para a ocupaçãohumana;

III - causar poluição de qualquer natureza, queprovoque mortandade de mamíferos, aves, rép-teis, anfíbios ou peixes.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 35

Page 34: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A36

Art. 37. O valor das multas será graduado deacordo com as seguintes circunstâncias:

I - atenuantes:

a) menor grau de compreensão e escolaridade doinfrator;

b) reparação espontânea do dano ou limitação dadegradação ambiental causada;

c) comunicação prévia do infrator às autoridadescompetentes, em relação a perigo iminente dedegradação ambiental;

d) colaboração com os agentes encarregados dafiscalização e do controle ambiental;

II - agravantes:

a) reincidência específica;

b) maior extensão da degradação ambiental;

c) dolo, mesmo eventual;

d) ocorrência de efeitos sobre a propriedadealheia;

e) infração ocorrida em zona urbana;

f) danos permanentes à saúde humana;

g) atingir área sob proteção legal;

h) emprego de métodos cruéis na morte ou cap-tura de animais.

Art. 38. No caso de infração continuada, carac-terizada pela permanência da ação ou omissãoinicialmente punida, será a respectiva penalidadeaplicada diariamente até cessar a ação degrada-dora.

Art. 39. Quando a mesma infração for objeto depunição em mais de um dispositivo deste decre-to, prevalecerá o enquadramento no item maisespecífico em relação ao mais genérico.

Art. 40. Quando as infrações forem causadas pormenores ou incapazes, responderá pela multaquem for juridicamente responsável pelos mesmos.

Art. 41. A imposição de penalidades pecuniárias,por infrações à legislação ambiental, pelos

Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios,excluirá a exigência de multas federais, na mesmahipótese de incidência quando de valor igual ousuperior.

Art. 42. As multas poderão ter a sua exigibilida-de suspensa quando o infrator, por termo decompromisso aprovado pela autoridade ambien-tal que aplicou a penalidade, se obrigar à adoçãode medidas específicas para cessar e corrigir adegradação ambiental.

Parágrafo único. Cumpridas as obrigações assu-midas pelo infrator, a multa será reduzida em aténoventa por cento.

Art. 43. Os recursos administrativos interpostoscontra a imposição de multas, atendido o requisi-to legal de garantia da instância, serão, no âmbi-to federal, encaminhados à decisão do Secretáriodo Meio Ambiente e, em última instância, aoCONAMA.

Parágrafo único. Das decisões do Secretário doMeio Ambiente, favoráveis ao recorrente, caberárecurso ex officio para o CONAMA, quando setratar de multas superiores a 3.085 BTN.

Art. 44. O IBAMA poderá celebrar convênioscom entidades oficiais dos Estados, delegando-lhes, em casos determinados, o exercício das ati-vidades de fiscalização e controle.

TÍTULOS IVDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 45. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

Art. 46. Revogam-se os decretos nºs 88.351, de1º de junho de 1983, 89.532, de 6 de abril de1984, 91.305, de 3 de junho de 1985, 91.630,de 28 de novembro de 1986, 94.085, de 10 demarço de 1987 94.764 de 11 de agosto de 1987,94.998, de 5 de outubro de 1987 96.150 de 13de junho de 1988, 97.558, de 7 de março de1989, 97.802, de 5 de junho de 1989, e 98.109,de 31 de agosto de 1989.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 36

Page 35: Legislação Ambiental Básica

Decreto no 4.297, de 10 de julho de 2002Regulamenta o art. 9º, inciso II, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critériospara o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil-ZEE, e dá outras providências.

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 37

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, daConstituição, e tendo em vista o disposto nosarts. 16 e 44 da Lei nº 4.771, de 15 de setembrode 1965,

DECRETA :

Art. 1º O Zoneamento Ecológico-Econômico doBrasil-ZEE, como instrumento da Política Nacionaldo Meio Ambiente, obedecerá aos critérios míni-mos estabelecidos neste decreto.

CAPITULO IDOS OBJETIVOS E PRINCÍPIOS

Art. 2º O ZEE, instrumento de organização doterritório a ser obrigatoriamente seguido naimplantação de planos, obras e atividades públi-cas e privadas, estabelece medidas e padrões deproteção ambiental destinados a assegurar aqualidade ambiental, dos recursos hídricos e dosolo e a conservação da biodiversidade, garantin-do o desenvolvimento sustentável e a melhoriadas condições de vida da população.

Art. 3º O ZEE tem por objetivo geral organizar,de forma vinculada, as decisões dos agentespúblicos e privados quanto a planos, programas,projetos e atividades que, direta ou indiretamen-te, utilizem recursos naturais, assegurando aplena manutenção do capital e dos serviçosambientais dos ecossistemas.

Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacialdas atividades econômicas, levará em conta aimportância ecológica, as limitações e as fragili-dades dos ecossistemas, estabelecendo vedações,restrições e alternativas de exploração do territó-rio e determinando, quando for o caso, inclusivea relocalização de atividades incompatíveis comsuas diretrizes gerais.

Art. 4º O processo de elaboração e implementa-ção do ZEE:

I - buscará a sustentabilidade ecológica, econô-mica e social, com vistas a compatibilizar o cres-cimento econômico e a proteção dos recursosnaturais, em favor das presentes e futuras gera-ções, em decorrência do reconhecimento de valorintrínseco à biodiversidade e a seus componen-tes;

II - contará com ampla participação democrática,compartilhando suas ações e responsabilidadesentre os diferentes níveis da administração públi-ca e da sociedade civil; e

III - valorizará o conhecimento científico multidis-ciplinar.

Art. 5º O ZEE orientar-se-á pela Política Nacionaldo Meio Ambiente, estatuída nos arts. 21, incisoIX, 170, inciso VI, 186, inciso II, e 225 daConstituição, na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de1981, pelos diplomas legais aplicáveis, e obede-cerá aos princípios da função sócio-ambientalda propriedade, da prevenção, da precaução, dopoluidor-pagador, do usuário-pagador, da partici-pação informada, do acesso eqüitativo e daintegração.

CAPÍTULO II

DA ELABORAÇÃO DO ZEE

Art. 6º Compete ao Poder Público Federal elabo-rar e executar o ZEE nacional ou regional, emespecial quando tiver por objeto bioma conside-rado patrimônio nacional ou que não deva sertratado de forma fragmentária.

§ 1º O Poder Público Federal poderá, mediantecelebração de documento apropriado, elaborar eexecutar o ZEE em articulação e cooperação com

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 37

Page 36: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A38

os Estados, preenchidos os requisitos previstosneste decreto.

§ 2º O ZEE executado pelos órgãos federais eEstados da Federação, quando enfocar escalasregionais ou locais, deverá gerar produtos e infor-mações em escala 1:250.000 ou maiores, deacordo com a disponibilidade de informações dasua área de abrangência.

§ 3º O Poder Público Federal deverá reunir e com-patibilizar em um único banco de dados as infor-mações geradas em todas as escalas, mesmo asproduzidas pelos Estados, nos termos do § 1ºdeste artigo.

Art. 7º A elaboração e implementação do ZEEobservarão os pressupostos técnicos, institucio-nais e financeiros.

Art. 8º Entre os pressupostos técnicos, os execu-tores de ZEE deverão apresentar:

I - termo de referência detalhado;

II - equipe de coordenação composta por pessoaltécnico habilitado;

III - compatibilidade metodológica com os princí-pios e critérios aprovados pela ComissãoCoordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional, instituída peloDecreto de 28 de dezembro de 2001;

IV - produtos gerados por meio do Sistema deInformações Geográficas, compatíveis com ospadrões aprovados pela ComissãoCoordenadora do ZEE;

V - entrada de dados no Sistema de InformaçõesGeográficas compatíveis com as normas epadrões do Sistema Cartográfico Nacional;

VI - normatização técnica com base nos referen-ciais da Associação Brasileira de Normas Técnicase da Comissão Nacional de Cartografia paraprodução e publicação de mapas e relatóriostécnicos;

VII - compromisso de disponibilizar informaçõesnecessárias à execução do ZEE; e

VIII - projeto específico de mobilização social eenvolvimento de grupos sociais interessados.

Art. 9º Entre os pressupostos institucionais, osexecutores de ZEE deverão apresentar:

I - arranjos institucionais destinados a assegurar ainserção do ZEE em programa de gestão territorial,mediante a criação de comissão de coordenaçãoestadual, com caráter deliberativo e participativo,e de coordenação técnica, com equipe multidisci-plinar;

II - base de informações compartilhadas entre osdiversos órgãos da administração pública;

III - proposta de divulgação da base de dados edos resultados do ZEE; e

IV - compromisso de encaminhamento periódicodos resultados e produtos gerados à ComissãoCoordenadora do ZEE.

Art. 10. Os pressupostos financeiros são regidospela legislação pertinente.

CAPÍTULO IIIDO CONTEÚDO DO ZEE

Art. 11. O ZEE dividirá o território em zonas, deacordo com as necessidades de proteção, conser-vação e recuperação dos recursos naturais e dodesenvolvimento sustentável.

Parágrafo único. A instituição de zonas orientar-se-á pelos princípios da utilidade e da simplicida-de, de modo a facilitar a implementação de seuslimites e restrições pelo Poder Público, bem comosua compreensão pelos cidadãos.

Art. 12. A definição de cada zona observará, nomínimo:

I - diagnóstico dos recursos naturais, da sócio-economia e do marco jurídico-institucional;

II - informações constantes do Sistema deInformações Geográficas;

III - cenários tendenciais e alternativos; e

IV - Diretrizes Gerais e Específicas, nos termos doart. 14 deste decreto.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 38

Page 37: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 39

Art. 13. O diagnóstico a que se refere o inciso Ido art. 12 deverá conter, no mínimo:

I - Unidades dos Sistemas Ambientais, definidas apartir da integração entre os componentes danatureza;

II - Potencialidade Natural, definida pelos serviçosambientais dos ecossistemas e pelos recursosnaturais disponíveis, incluindo, entre outros, aaptidão agrícola, o potencial madeireiro e opotencial de produtos florestais não-madeireiros,que inclui o potencial para a exploração de pro-dutos derivados da biodiversidade;

III - Fragilidade Natural Potencial, definida porindicadores de perda da biodiversidade, vulnera-bilidade natural à perda de solo, quantidade equalidade dos recursos hídricos superficiais esubterrâneos;

IV - indicação de corredores ecológicos;

V - tendências de ocupação e articulação regio-nal, definidas em função das tendências de usoda terra, dos fluxos econômicos e populacionais,da localização das infra-estruturas e circulação dainformação;

VI - condições de vida da população, definidaspelos indicadores de condições de vida, da situa-ção da saúde, educação, mercado de trabalho esaneamento básico;

VII - incompatibilidades legais, definidas pelasituação das áreas legalmente protegidas e o tipode ocupação que elas vêm sofrendo; e

VIII - áreas institucionais, definidas pelo mapea-mento das terras indígenas, unidades de conser-vação e áreas de fronteira.

Art. 14. As Diretrizes Gerais e Específicas deve-rão conter, no mínimo:

I - atividades adequadas a cada zona, de acordocom sua fragilidade ecológica, capacidade desuporte ambiental e potencialidades;

II - necessidades de proteção ambiental e conser-vação das águas, do solo, do subsolo, da fauna e

flora e demais recursos naturais renováveis enão-renováveis;

III - definição de áreas para unidades de conser-vação, de proteção integral e de uso sustentável;

IV - critérios para orientar as atividades madeirei-ra e não-madeireira, agrícola, pecuária, pesqueirae de piscicultura, de urbanização, de industrializa-ção, de mineração e de outras opções de uso dosrecursos ambientais;

V - medidas destinadas a promover, de formaordenada e integrada, o desenvolvimento ecoló-gico e economicamente sustentável do setorrural, com o objetivo de melhorar a convivênciaentre a população e os recursos ambientais,inclusive com a previsão de diretrizes paraimplantação de infra-estrutura de fomento às ati-vidades econômicas;

VI - medidas de controle e de ajustamento de pla-nos de zoneamento de atividades econômicas esociais resultantes da iniciativa dos municípios,visando a compatibilizar, no interesse da proteçãoambiental, usos conflitantes em espaços munici-pais contíguos e a integrar iniciativas regionaisamplas e não restritas às cidades; e

VII - planos, programas e projetos dos governosfederal, estadual e municipal, bem como suas res-pectivas fontes de recursos com vistas a viabilizaras atividades apontadas como adequadas a cadazona.

CAPÍTULO IV

DO USO, ARMAZENAMENTO,CUSTÓDIA E PUBLICIDADE DOS

DADOS E INFORMAÇÕES

Art. 15. Os produtos resultantes do ZEE deverãoser armazenados em formato eletrônico, consti-tuindo banco de dados geográficos.

Parágrafo único.A utilização dos produtos do ZEEobedecerá aos critérios de uso da propriedadeintelectual dos dados e das informações, devendoser disponibilizados para o público em geral, res-salvados os de interesse estratégico para o país e

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 39

Page 38: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A40

os indispensáveis à segurança e integridade doterritório nacional.

Art. 16. As instituições integrantes do ConsórcioZEE-Brasil, criado pelo Decreto de 28 de dezem-bro de 2001, constituirão rede integrada dedados e informações, de forma a armazenar,atualizar e garantir a utilização compartilhadados produtos gerados pelo ZEE nas diferentes ins-tâncias governamentais.

Art. 17. O Poder Público divulgará junto à socie-dade, em linguagem e formato acessíveis, o con-teúdo do ZEE e de sua implementação, inclusivena forma de ilustrações e textos explicativos, res-peitado o disposto no parágrafo único do art. 15,in fine.

CAPÍTULO VDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 18. O ZEE, na forma do art. 6º, caput, destedecreto, deverá ser analisado e aprovado pelaComissão Coordenadora do ZEE, em conformida-de com o Decreto de 28 de dezembro de 2001.

Parágrafo único. Após a análise dos documentostécnicos do ZEE, a Comissão Coordenadora doZEE poderá solicitar informações complementa-res, inclusive na forma de estudos, quando julgarimprescindíveis.

Art. 19. A alteração dos produtos do ZEE, bemcomo mudanças nos limites das zonas e indica-ção de novas diretrizes gerais e específicas, pode-rão ser realizadas após decorridos prazo mínimode dez anos de conclusão do ZEE, ou de sua últi-ma modificação, prazo este não exigível na hipó-tese de ampliação do rigor da proteção ambien-tal da zona a ser alterada, ou de atualizaçõesdecorrentes de aprimoramento técnico-científico.

§ 1º Decorrido o prazo previsto no caput desteartigo, as alterações somente poderão ocorrerapós consulta pública e aprovação pela comissãoestadual do ZEE e pela Comissão Coordenadorado ZEE, mediante processo legislativo de iniciati-va do Poder Executivo.

§ 2º Para fins deste artigo, somente será conside-rado concluído o ZEE que dispuser de zonas devi-damente definidas e caracterizadas e contiverDiretrizes Gerais e Específicas, aprovadas naforma do § 1º.

§ 3º A alteração do ZEE não poderá reduzir o per-centual da reserva legal definido em legislaçãoespecífica, nem as áreas protegidas, com unida-des de conservação ou não.

Art. 20. Para o planejamento e a implementaçãode políticas públicas, bem como para o licencia-mento, a concessão de crédito oficial ou benefí-cios tributários, ou para a assistência técnica dequalquer natureza, as instituições públicas ou pri-vadas observarão os critérios, padrões e obriga-ções estabelecidos no ZEE, quando existir, semprejuízo dos previstos na legislação ambiental.

Art. 21. Os ZEE estaduais que cobrirem todo oterritório do Estado, concluídos anteriormente àvigência deste Decreto, serão adequados à legis-lação ambiental federal mediante instrumentopróprio firmado entre a União e cada um dosEstados interessados.

§ 1º Será considerado concluído o ZEE elaboradoantes da vigência deste decreto, na escala de1:250.000, desde que disponha de mapa de ges-tão e de diretrizes gerais dispostas no respectivoregulamento.

§ 2º Os ZEE em fase de elaboração serão subme-tidos à Comissão Coordenadora do ZEE para aná-lise e, se for o caso, adequação às normas destedecreto.

Art. 22. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 40

Page 39: Legislação Ambiental Básica

Resolução do CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 41

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das atribuições que lhe confe-re o art. 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de junhode 1983, para efetivo exercício das responsabili-dades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 domesmo decreto, e considerando a necessidade dese estabelecerem as definições, as responsabili-dades, os critérios básicos e as diretrizes geraispara uso e implementação da Avaliação deImpacto Ambiental como um dos instrumentos daPolítica Nacional do Meio Ambiente, resolve:

Art. 1º Para efeito desta resolução, considera-seimpacto ambiental qualquer alteração das pro-priedades físicas, químicas e biológicas do meioambiente, causada por qualquer forma de maté-ria ou energia resultante das atividades humanasque, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da popu-lação;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meioambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais.

Art. 2º Dependerá de elaboração de estudo deimpacto ambiental e respectivo relatório deimpacto ambiental-RIMA, a serem submetidos àaprovação do órgão estadual competente, e doIBAMA em caráter supletivo, o licenciamento deatividades modificadoras do meio ambiente, taiscomo:

I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixasde rolamento;

II - Ferrovias;

III - Portos e terminais de minério, petróleo e pro-dutos químicos;

IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1,art. 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18 de novembrode 1966;

V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncoscoletores e emissários de esgotos sanitários;

VI - Linhas de transmissão de energia elétrica,acima de 230 KV;

VII - Obras hidráulicas para exploração de recur-sos hídricos, tais como: barragem para fins hidre-létricos, acima de 10 MW, de saneamento ou deirrigação, abertura de canais para navegação,drenagem e irrigação, retificação de cursosd’água, abertura de barras e embocaduras, trans-posição de bacias, diques;

VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo,xisto, carvão);

IX - Extração de minério, inclusive os da classe II,definidas no Código de Mineração;

X - Aterros sanitários, processamento e destinofinal de resíduos tóxicos ou perigosos;

XI - Usinas de geração de eletricidade, qualquerque seja a fonte de energia primária, acima de10MW;

XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquí-micos, destilarias de álcool, hulha, extração e cul-tivo de recursos hídricos);

XIII - Distritos industriais e zonas estritamenteindustriais - ZEI;

XIV - Exploração econômica de madeira ou delenha, em áreas acima de 100 hectares ou meno-res, quando atingir áreas significativas em termospercentuais ou de importância do ponto de vistaambiental;

XV - Projetos urbanísticos, acima de 100 ha. ouem áreas consideradas de relevante interesseambiental a critério da SEMA e dos órgãos muni-cipais e estaduais competentes;

XVI - Qualquer atividade que utilizar carvão vege-tal, derivados ou produtos similares, em quanti-dade superior a dez toneladas por dia.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 41

Page 40: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A42

XVII - Projetos Agropecuários que contemplemáreas acima de 1.000 ha ou menores, neste caso,quando se tratar de áreas significativas em ter-mos percentuais ou de importância do ponto devista ambiental, inclusive nas áreas de proteçãoambiental.

Art. 3º Dependerá de elaboração de estudo deimpacto ambiental e respectivo RIMA, a seremsubmetidos à aprovação do IBAMA, o licencia-mento de atividades que, por lei, seja de compe-tência federal.

Art. 4º Os órgãos ambientais competentes e osórgãos setoriais do SISNAMA deverão compatibi-lizar os processos de licenciamento com as eta-pas de planejamento e implantação das ativida-des modificadoras do meio ambiente, respeitadosos critérios e diretrizes estabelecidos por estaresolução e tendo por base a natureza, o porte eas peculiaridades de cada atividade.

Art. 5º O estudo de impacto ambiental, além deatender à legislação, em especial os princípios eobjetivos expressos na Lei de Política Nacional doMeio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizesgerais:

I - Contemplar todas as alternativas tecnológicase de localização de projeto, confrontando-as coma hipótese de não execução do projeto;

II - Identificar e avaliar sistematicamente osimpactos ambientais gerados nas fases deimplantação e operação da atividade;

III - Definir os limites da área geográfica a serdireta ou indiretamente afetada pelos impactos,denominada área de influência do projeto, consi-derando, em todos os casos, a bacia hidrográficana qual se localiza;

IV - Considerar os planos e programas governa-mentais, propostos e em implantação na área deinfluência do projeto, e sua compatibilidade.

Parágrafo único. Ao determinar a execução doestudo de impacto ambiental o órgão estadualcompetente, ou o IBAMA ou, quando couber, o

Município, fixará as diretrizes adicionais que,pelas peculiaridades do projeto e característicasambientais da área, forem julgadas necessárias,inclusive os prazos para conclusão e análise dosestudos.

Art. 6º O estudo de impacto ambiental desenvol-verá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas:

I - Diagnóstico ambiental da área de influência doprojeto completa descrição e análise dos recursosambientais e suas interações, tal como existem,de modo a caracterizar a situação ambiental daárea, antes da implantação do projeto, conside-rando:

a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e oclima, destacando os recursos minerais, a topo-grafia, os tipos e aptidões do solo, os corposd’água, o regime hidrológico, as correntes mari-nhas, as correntes atmosféricas;

b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - afauna e a flora, destacando as espécies indicado-ras da qualidade ambiental, de valor científico eeconômico, raras e ameaçadas de extinção e asáreas de preservação permanente;

c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação dosolo, os usos da água e a socioeconomia, desta-cando os sítios e monumentos arqueológicos, his-tóricos e culturais da comunidade, as relações dedependência entre a sociedade local, os recursosambientais e a potencial utilização futura dessesrecursos.

II - Análise dos impactos ambientais do projeto ede suas alternativas, através de identificação, pre-visão da magnitude e interpretação da importân-cia dos prováveis impactos relevantes, discrimi-nando: os impactos positivos e negativos (benéfi-cos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e amédio e longo prazos, temporários e permanen-tes; seu grau de reversibilidade; suas proprieda-des cumulativas e sinérgicas; a distribuição dosônus e benefícios sociais.

III - Definição das medidas mitigadoras dosimpactos negativos, entre elas os equipamentos

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 42

Page 41: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 43

de controle e sistemas de tratamento de despe-jos, avaliando a eficiência de cada uma delas.

IV - Elaboração do programa de acompanhamen-to e monitoramento (os impactos positivos enegativos, indicando os fatores e parâmetros aserem considerados.

Parágrafo único. Ao determinar a execução doestudo de impacto ambiental o órgão estadualcompetente; ou o IBAMA ou quando couber, oMunicípio fornecerá as instruções adicionais quese fizerem necessárias, pelas peculiaridades doprojeto e características ambientais da área.

Art. 7º O estudo de impacto ambiental será rea-lizado por equipe multidisciplinar habilitada, nãodependente direta ou indiretamente do propo-nente do projeto e que será responsável tecnica-mente pelos resultados apresentados.

Art. 8º Correrão por conta do proponente doprojeto todas as despesas e custos referentes árealização do estudo de impacto ambiental, taiscomo: coleta e aquisição dos dados e informa-ções, trabalhos e inspeções de campo, análises delaboratório, estudos técnicos e científicos e acom-panhamento e monitoramento dos impactos, ela-boração do RIMA e fornecimento de pelo menos5 (cinco) cópias,

Art. 9º O relatório de impacto ambiental - RIMArefletirá as conclusões do estudo de impactoambiental e conterá, no mínimo:

I - Os objetivos e justificativas do projeto, suarelação e compatibilidade com as políticas seto-riais, planos e programas governamentais;

II - A descrição do projeto e suas alternativas tec-nológicas e locacionais, especificando para cadaum deles, nas fases de construção e operação aárea de influência, as matérias-primas e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicaoperacionais, os prováveis efluentes, emissões,resíduos de energia, os empregos diretos e indi-retos a serem gerados;

III - A síntese dos resultados dos estudos dediagnósticos ambiental da área de influência doprojeto;

IV - A descrição dos prováveis impactos ambien-tais da implantação e operação da atividade, con-siderando o projeto, suas alternativas, os horizon-tes de tempo de incidência dos impactos e indican-do os métodos, técnicas e critérios adotados parasua identificação, quantificação e interpretação;

V - A caracterização da qualidade ambientalfutura da área de influência, comparando as dife-rentes situações da adoção do projeto e suasalternativas, bem como com a hipótese de suanão realização;

VI - A descrição do efeito esperado das medidasmitigadoras previstas em relação aos impactosnegativos, mencionando aqueles que não pude-ram ser evitados, e o grau de alteração esperado;

VII - O programa de acompanhamento e monito-ramento dos impactos;

VIII - Recomendação quanto à alternativa maisfavorável (conclusões e comentários de ordemgeral).

Parágrafo único. O RIMA deve ser apresentado deforma objetiva e adequada a sua compreensão.As informações devem ser traduzidas em lingua-gem acessível, ilustradas por mapas, cartas, qua-dros, gráficos e demais técnicas de comunicaçãovisual, de modo que se possam entender as van-tagens e desvantagens do projeto, bem comotodas as conseqüências ambientais de sua imple-mentação.

Art. 10. O órgão estadual competente, ou oIBAMA ou, quando couber, o Município terá umprazo para se manifestar de forma conclusivasobre o RIMA apresentado.

Parágrafo único. O prazo a que se refere o caputdeste artigo terá o seu termo inicial na data dorecebimento pelo estadual competente ou pelaSEMA do estudo do impacto ambiental e seu res-pectivo RIMA.

Art. 11. Respeitado o sigilo industrial, assim soli-citando e demonstrando pelo interessado o RIMAserá acessível ao público. Suas cópias permanece-

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 43

Page 42: Legislação Ambiental Básica

Resolução do CONAMA nº 9, de 3 de dezembro de 1987

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das atribuições que lhe confe-rem o Inciso II, do art. 7º, do Decreto nº 88.351,de 1º de junho de 1983, e tendo em vista o dis-posto na Resolução do CONAMA nº 001, de 23de janeiro de 1986, resolve:

Art. 1º A Audiência Pública referida Resoluçãodo CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986,tem por finalidade expor aos interessados o con-teúdo do produto em análise e do seu referidoRIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos pre-sentes as críticas e sugestões a respeito.

Art. 2º Sempre que julgar necessário, ou quandofor solicitado por entidade civil, pelo MinistérioPúblico, ou por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos,o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realiza-ção de audiência pública.

§ 1º O Órgão de Meio Ambiente, a partir da datado recebimento do RIMA, fixará em edital eanunciará pela imprensa local a abertura doprazo que será no mínimo de 45 dias para solici-tação de audiência pública.

§ 2º No caso de haver solicitação de audiênciapública e na hipótese do Órgão Estadual não rea-lizá-la, a licença concedida não terá validade.

§ 3º Após este prazo, a convocação será feitapelo Órgão Licenciador, através de correspondên-

cia registrada aos solicitantes e da divulgação emórgãos da imprensa local.

§ 4º A audiência pública deverá ocorrer em localacessível aos interessados.

§ 5º Em função da localização geográfica dossolicitantes, e da complexidade do tema, poderáhaver mais de uma audiência pública sobre omesmo projeto de respectivo Relatório deImpacto Ambiental-RIMA.

Art. 3º A audiência pública será dirigida pelorepresentante do Órgão licenciador que, após aexposição objetiva do projeto e do seu respectivoRIMA, abrirá as discussões com os interessadospresentes.

Art. 4º Ao final de cada audiência pública serálavrara uma ata suscinta

Parágrafo único. Serão anexadas à ata, todos osdocumentos escritos e assinados que forementregues ao presidente dos trabalhos durante aseção.

Art. 5º A ata da(s) audiência(s) pública(s) e seusanexos, servirão de base, juntamente com oRIMA, para a análise e parecer final do licencia-dor quanto à aprovação ou não do projeto.

Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data desua publicação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A44

rão à disposição dos interessados, nos centros dedocumentação ou bibliotecas da SEMA e do esta-dual de controle ambiental correspondente, inclu-sive o período de análise técnica,

§ 1º Os órgãos públicos que manifestarem inte-resse, ou tiverem relação direta com o projeto,receberão cópia do RIMA, para conhecimento emanifestação.

§ 2º Ao determinar a execução do estudo deimpacto ambiental e apresentação do RIMA, oestadual competente ou o IBAMA ou, quando

couber o Município, determinará o prazo pararecebimento dos comentários a serem feitospelos órgãos públicos e demais interessados e,sempre que julgar necessário, promoverá a reali-zação de audiência pública para informaçãosobre o projeto e seus impactos ambientais e dis-cussão do RIMA.

Art. 12. Esta resolução entra em vigor na datade sua publicação.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 44

Page 43: Legislação Ambiental Básica

Resolução do CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 45

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das atribuições e competên-cias que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de31 de agosto de 1981, regulamentadas peloDecreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, etendo em vista o disposto em seu RegimentoInterno, e

Considerando a necessidade de revisão dos pro-cedimentos e critérios utilizados no licenciamen-to ambiental, de forma a efetivar a utilização dosistema de licenciamento como instrumento degestão ambiental, instituído pela PolíticaNacional do Meio Ambiente;

Considerando a necessidade de se incorporar aosistema de licenciamento ambiental os instru-mentos de gestão ambiental, visando o desenvol-vimento sustentável e a melhoria contínua;

Considerando as diretrizes estabelecidas naResolução CONAMA nº 011, de 1994, que deter-mina a necessidade de revisão no sistema delicenciamento ambiental;

Considerando a necessidade de regulamentaçãode aspectos do licenciamento ambiental estabe-lecidos na Política Nacional de Meio Ambienteque ainda não foram definidos;

Considerando a necessidade de ser estabelecidocritério para exercício da competência para olicenciamento a que se refere o art. 10 da Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981;

Considerando a necessidade de se integrar aatuação dos órgãos competentes do SistemaNacional de Meio Ambiente-SISNAMA na execu-ção da Política Nacional do Meio Ambiente, emconformidade com as respectivas competências,resolve:

Art. 1º Para efeito desta resolução são adotadasas seguintes definições:

I - Licenciamento Ambiental: procedimento admi-nistrativo pelo qual o órgão ambiental competen-

te licencia a localização, instalação, ampliação ea operação de empreendimentos e atividades uti-lizadoras de recursos ambientais, consideradasefetiva ou potencialmente poluidoras ou daque-las que, sob qualquer forma, possam causardegradação ambiental, considerando as disposi-ções legais e regulamentares e as normas técni-cas aplicáveis ao caso.

II - Licença Ambiental: ato administrativo peloqual o órgão ambiental competente, estabeleceas condições, restrições e medidas de controleambiental que deverão ser obedecidas peloempreendedor, pessoa física ou jurídica, paralocalizar, instalar, ampliar e operar empreendi-mentos ou atividades utilizadoras dos recursosambientais consideradas efetiva ou potencial-mente poluidoras ou aquelas que, sob qualquerforma, possam causar degradação ambiental.

III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquerestudos relativos aos aspectos ambientais rela-cionados à localização, instalação, operação eampliação de uma atividade ou empreendimento,apresentado como subsídio para a análise dalicença requerida, tais como: relatório ambiental,plano e projeto de controle ambiental, relatórioambiental preliminar, diagnóstico ambiental,plano de manejo, plano de recuperação de áreadegradada e análise preliminar de risco.

IV - Impacto Ambiental Regional: é todo e qual-quer impacto ambiental que afete diretamente(área de influência direta do projeto), no todo ouem parte, o território de dois ou mais Estados.

Art. 2º A localização, construção, instalação,ampliação, modificação e operação de empreen-dimentos e atividades utilizadoras de recursosambientais consideradas efetiva ou potencial-mente poluidoras, bem como os empreendimen-tos capazes, sob qualquer forma, de causardegradação ambiental, dependerão de préviolicenciamento do órgão ambiental competente,

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 45

Page 44: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A46

sem prejuízo de outras licenças legalmente exigí-veis.

§ 1º Estão sujeitos ao licenciamento ambientalos empreendimentos e as atividades relacionadasno Anexo 1, parte integrante desta resolução.

§ 2º Caberá ao órgão ambiental competentedefinir os critérios de exigibilidade, o detalhamen-to e a complementação do Anexo 1, levando emconsideração as especificidades, os riscosambientais, o porte e outras características doempreendimento ou atividade.

Art. 3º A licença ambiental para empreendimen-tos e atividades consideradas efetiva ou poten-cialmente causadoras de significativa degradaçãodo meio dependerá de prévio estudo de impactoambiental e respectivo relatório de impacto sobreo meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual se darápublicidade, garantida a realização de audiênciaspúblicas, quando couber, de acordo com a regu-lamentação.

Parágrafo único. O órgão ambiental competente,verificando que a atividade ou empreendimentonão é potencialmente causador de significativadegradação do meio ambiente, definirá os estu-dos ambientais pertinentes ao respectivo proces-so de licenciamento.

Art. 4º Compete ao Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licencia-mento ambiental, a que se refere o artigo 10da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, deempreendimentos e atividades com significativoimpacto ambiental de âmbito nacional ou regio-nal, a saber:

I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamenteno Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; naplataforma continental; na zona econômicaexclusiva; em terras indígenas ou em unidades deconservação do domínio da União.

II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou maisEstados;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapas-sem os limites territoriais do país ou de um oumais Estados;

IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, bene-ficiar, transportar, armazenar e dispor materialradioativo, em qualquer estágio, ou que utilizemenergia nuclear em qualquer de suas formas eaplicações, mediante parecer da ComissãoNacional de Energia Nuclear-CNEN;

V- bases ou empreendimentos militares, quandocouber, observada a legislação específica.

§ 1º O IBAMA fará o licenciamento de que trataeste artigo após considerar o exame técnico pro-cedido pelos órgãos ambientais dos Estados eMunicípios em que se localizar a atividade ouempreendimento, bem como, quando couber, oparecer dos demais órgãos competentes daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios, envolvidos no procedimento de licen-ciamento.

§ 2º O IBAMA, ressalvada sua competênciasupletiva, poderá delegar aos Estados o licencia-mento de atividade com significativo impactoambiental de âmbito regional, uniformizando,quando possível, as exigências.

Art. 5º Compete ao órgão ambiental estadual oudo Distrito Federal o licenciamento ambiental dosempreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de umMunicípio ou em unidades de conservação dedomínio estadual ou do Distrito Federal;

II - localizados ou desenvolvidos nas florestas edemais formas de vegetação natural de preserva-ção permanente relacionadas no art. 2º da Leinº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e emtodas as que assim forem consideradas por nor-mas federais, estaduais ou municipais;

III - cujos impactos ambientais diretos ultrapas-sem os limites territoriais de um ou maisMunicípios;

IV - delegados pela União aos Estados ou ao

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 46

Page 45: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 47

Distrito Federal, por instrumento legal ou convê-nio.

Parágrafo único. O órgão ambiental estadual oudo Distrito Federal fará o licenciamento de quetrata este artigo após considerar o exame técnicoprocedido pelos órgãos ambientais dosMunicípios em que se localizar a atividade ouempreendimento, bem como, quando couber, oparecer dos demais órgãos competentes daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios, envolvidos no procedimento de licen-ciamento.

Art. 6º Compete ao órgão ambiental municipal,ouvidos os órgãos competentes da União, dosEstados e do Distrito Federal, quando couber, olicenciamento ambiental de empreendimentos eatividades de impacto ambiental local e daquelasque lhe forem delegadas pelo Estado por instru-mento legal ou convênio.

Art. 7º Os empreendimentos e atividades serãolicenciados em um único nível de competência,conforme estabelecido nos artigos anteriores.

Art. 8º O Poder Público, no exercício de sua compe-tência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase prelimi-nar do planejamento do empreendimento ou ativi-dade aprovando sua localização e concepção, ates-tando a viabilidade ambiental e estabelecendo osrequisitos básicos e condicionantes a serem atendi-dos nas próximas fases de sua implementação;

II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instala-ção do empreendimento ou atividade de acordocom as especificações constantes dos planos, pro-gramas e projetos aprovados, incluindo as medi-das de controle ambiental e demais condicionan-tes, da qual constituem motivo determinante;

III - Licença de Operação (LO) - autoriza a opera-ção da atividade ou empreendimento, após averificação do efetivo cumprimento do que cons-ta das licenças anteriores, com as medidas decontrole ambiental e condicionantes determina-dos para a operação.

Parágrafo único - As licenças ambientais poderãoser expedidas isolada ou sucessivamente, deacordo com a natureza, características e fase doempreendimento ou atividade.

Art. 9º O CONAMA definirá, quando necessário,licenças ambientais específicas, observadas anatureza, características e peculiaridades da ativi-dade ou empreendimento e, ainda, a compatibili-zação do processo de licenciamento com as eta-pas de planejamento, implantação e operação.

Art. 10. O procedimento de licenciamentoambiental obedecerá às seguintes etapas:

I - Definição pelo órgão ambiental competente,com a participação do empreendedor, dos docu-mentos, projetos e estudos ambientais, necessá-rios ao início do processo de licenciamento cor-respondente à licença a ser requerida;

II - Requerimento da licença ambiental peloempreendedor, acompanhado dos documentos,projetos e estudos ambientais pertinentes,dando-se a devida publicidade;

III - Análise pelo órgão ambiental competente,integrante do SISNAMA, dos documentos, proje-tos e estudos ambientais apresentados e a reali-zação de vistorias técnicas, quando necessárias;

IV - Solicitação de esclarecimentos e complemen-tações pelo órgão ambiental competente, inte-grante do SISNAMA, uma única vez, em decor-rência da análise dos documentos, projetos eestudos ambientais apresentados, quando cou-ber, podendo haver a reiteração da mesma solici-tação caso os esclarecimentos e complementa-ções não tenham sido satisfatórios;

V - Audiência pública, quando couber, de acordocom a regulamentação pertinente;

VI - Solicitação de esclarecimentos e complemen-tações pelo órgão ambiental competente, decor-rentes de audiências públicas, quando couber,podendo haver reiteração da solicitação quandoos esclarecimentos e complementações nãotenham sido satisfatórios;

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 47

Page 46: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A48

VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e,quando couber, parecer jurídico;

VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido delicença, dando-se a devida publicidade.

§ 1º No procedimento de licenciamento ambien-tal deverá constar, obrigatoriamente, a certidãoda Prefeitura Municipal, declarando que o local eo tipo de empreendimento ou atividade estão emconformidade com a legislação aplicável ao uso eocupação do solo e, quando for o caso, a autori-zação para supressão de vegetação e a outorgapara o uso da água, emitidas pelos órgãos com-petentes.

§ 2º No caso de empreendimentos e atividadessujeitos ao estudo de impacto ambiental - EIA, severificada a necessidade de nova complementa-ção em decorrência de esclarecimentos já presta-dos, conforme incisos IV e VI, o órgão ambientalcompetente, mediante decisão motivada e com aparticipação do empreendedor, poderá formularnovo pedido de complementação.

Art. 11. Os estudos necessários ao processo delicenciamento deverão ser realizados por profis-sionais legalmente habilitados, às expensas doempreendedor.

Parágrafo único. O empreendedor e os profissio-nais que subscrevem os estudos previstos nocaput deste artigo serão responsáveis pelas infor-mações apresentadas, sujeitando-se às sançõesadministrativas, civis e penais.

Art. 12. O órgão ambiental competente definirá,se necessário, procedimentos específicos para aslicenças ambientais, observadas a natureza,características e peculiaridades da atividade ouempreendimento e, ainda, a compatibilização doprocesso de licenciamento com as etapas de pla-nejamento, implantação e operação.

§ 1º Poderão ser estabelecidos procedimentossimplificados para as atividades e empreendi-mentos de pequeno potencial de impactoambiental, que deverão ser aprovados pelos res-pectivos Conselhos de Meio Ambiente.

§ 2º Poderá ser admitido um único processode licenciamento ambiental para pequenosempreendimentos e atividades similares e vizi-nhos ou para aqueles integrantes de planos dedesenvolvimento aprovados, previamente, peloórgão governamental competente, desde quedefinida a responsabilidade legal pelo conjuntode empreendimentos ou atividades.

§ 3º Deverão ser estabelecidos critérios para agi-lizar e simplificar os procedimentos de licencia-mento ambiental das atividades e empreendi-mentos que implementem planos e programasvoluntários de gestão ambiental, visando amelhoria contínua e o aprimoramento do desem-penho ambiental.

Art. 13. O custo de análise para a obtenção dalicença ambiental deverá ser estabelecido por dis-positivo legal, visando o ressarcimento, peloempreendedor, das despesas realizadas peloórgão ambiental competente.

Parágrafo único. Facultar-se-á ao empreendedoracesso à planilha de custos realizados pelo órgãoambiental para a análise da licença.

Art. 14. O órgão ambiental competente poderáestabelecer prazos de análise diferenciados paracada modalidade de licença (LP, LI e LO), em fun-ção das peculiaridades da atividade ou empreen-dimento, bem como para a formulação de exigên-cias complementares, desde que observado oprazo máximo de 6 (seis) meses a contar do atode protocolar o requerimento até seu deferimen-to ou indeferimento, ressalvados os casos em quehouver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quandoo prazo será de até 12 (doze) meses.

§ 1º A contagem do prazo previsto no caputdeste artigo será suspensa durante a elaboraçãodos estudos ambientais complementares ou pre-paração de esclarecimentos pelo empreendedor.

§ 2º Os prazos estipulados no caput poderão seralterados, desde que justificados e com a concor-dância do empreendedor e do órgão ambientalcompetente.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 48

Page 47: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 49

Art. 15. O empreendedor deverá atender à soli-citação de esclarecimentos e complementações,formuladas pelo órgão ambiental competente,dentro do prazo máximo de 4 (quatro) meses, acontar do recebimento da respectiva notificação.

Parágrafo único. O prazo estipulado no caputpoderá ser prorrogado, desde que justificado ecom a concordância do empreendedor e do órgãoambiental competente.

Art. 16. O não-cumprimento dos prazos estipu-lados nos artigos 14 e 15, respectivamente, sujei-tará o licenciamento à ação do órgão que dete-nha competência para atuar supletivamente e oempreendedor ao arquivamento de seu pedidode licença.

Art. 17. O arquivamento do processo de licencia-mento não impedirá a apresentação de novorequerimento de licença, que deverá obedeceraos procedimentos estabelecidos no artigo 10,mediante novo pagamento de custo de análise.

Art. 18. O órgão ambiental competente estabe-lecerá os prazos de validade de cada tipo delicença, especificando-os no respectivo documen-to, levando em consideração os seguintes aspec-tos:

I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP)deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo crono-grama de elaboração dos planos, programas eprojetos relativos ao empreendimento ou ativida-de, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.

II - O prazo de validade da Licença de Instalação(LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelocronograma de instalação do empreendimentoou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis)anos.

III - O prazo de validade da Licença de Operação(LO) deverá considerar os planos de controleambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anose, no máximo, 10 (dez) anos.

§ 1º A Licença Prévia (LP) e a Licença deInstalação (LI) poderão ter os prazos de validade

prorrogados, desde que não ultrapassem os pra-zos máximos estabelecidos nos incisos I e II.

§ 2º O órgão ambiental competente poderá esta-belecer prazos de validade específicos para aLicença de Operação (LO) de empreendimentosou atividades que, por sua natureza e peculiarida-des, estejam sujeitos a encerramento ou modifi-cação em prazos inferiores.

§ 3º Na renovação da Licença de Operação (LO)de uma atividade ou empreendimento, o órgãoambiental competente poderá, mediante decisãomotivada, aumentar ou diminuir o seu prazo devalidade, após avaliação do desempenho ambien-tal da atividade ou empreendimento no períodode vigência anterior, respeitados os limites esta-belecidos no inciso III.

§ 4º A renovação da Licença de Operação (LO) deuma atividade ou empreendimento deverá serrequerida com antecedência mínima de 120(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo devalidade, fixado na respectiva licença, ficandoeste automaticamente prorrogado até a manifes-tação definitiva do órgão ambiental competente.

Art. 19. O órgão ambiental competente, median-te decisão motivada, poderá modificar os condi-cionantes e as medidas de controle e adequação,suspender ou cancelar uma licença expedida,quando ocorrer:

I - violação ou inadequação de quaisquer condi-cionantes ou normas legais.

II - omissão ou falsa descrição de informaçõesrelevantes que subsidiaram a expedição da licen-ça.

III - superveniência de graves riscos ambientais ede saúde.

Art. 20. Os entes federados, para exercerem suascompetências licenciatórias, deverão ter imple-mentado os Conselhos de Meio Ambiente, comcaráter deliberativo e participação social e, ainda,possuir em seus quadros ou a sua disposição pro-fissionais legalmente habilitados.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 49

Page 48: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A50

Art. 21. Esta resolução entra em vigor na datade sua publicação, aplicando seus efeitos aosprocessos de licenciamento em tramitação nosórgãos ambientais competentes, revogadas asdisposições em contrário, em especial os arts. 3ºe 7º da Resolução CONAMA nº 001, de 23 dejaneiro de 1986.

ANEXO I

ATIVIDADES OU EMPREENDIMENTOSSUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Extração e tratamento de minerais

- pesquisa mineral com guia de utilização

- lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ousem beneficiamento

- lavra subterrânea com ou sem beneficiamento

- lavra garimpeira

- perfuração de poços e produção de petróleo egás natural

Indústria de produtos minerais não-metálicos

- beneficiamento de minerais não-metálicos, nãoassociados à extração

- fabricação e elaboração de produtos mineraisnão-metálicos tais como: produção de materialcerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entreoutros.

Indústria metalúrgica

- fabricação de aço e de produtos siderúrgicos

- produção de fundidos de ferro e aço / forjados /arames / relaminados com ou sem tratamento desuperfície, inclusive galvanoplastia

- metalurgia dos metais não-ferrosos, em formasprimárias e secundárias, inclusive ouro

- produção de laminados / ligas / artefatos de metaisnão-ferrosos com ou sem tratamento de superfí-cie, inclusive galvanoplastia

- relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas

- produção de soldas e anodos

- metalurgia de metais preciosos

- metalurgia do pó, inclusive peças moldadas

- fabricação de estruturas metálicas com ou semtratamento de superfície, inclusive galvanoplastia

- fabricação de artefatos de ferro/aço e de metaisnão-ferrosos com ou sem tratamento de superfí-cie, inclusive galvanoplastia

- têmpera e cementação de aço, recozimento dearames, tratamento de superfície

Indústria mecânica

- fabricação de máquinas, aparelhos, peças, uten-sílios e acessórios com e sem tratamento térmicoe/ou de superfície

Indústria de material elétrico, eletrônico e comu-nicações

- fabricação de pilhas, baterias e outros acumula-dores

- fabricação de material elétrico, eletrônico eequipamentos para telecomunicação e informática

- fabricação de aparelhos elétricos e eletrodo-mésticos

Indústria de material de transporte

- fabricação e montagem de veículos rodoviáriose ferroviários, peças e acessórios

- fabricação e montagem de aeronaves

- fabricação e reparo de embarcações e estrutu-ras flutuantes

Indústria de madeira

- serraria e desdobramento de madeira

- preservação de madeira

- fabricação de chapas, placas de madeira aglo-merada, prensada e compensada

- fabricação de estruturas de madeira e de móveis

Indústria de papel e celulose

- fabricação de celulose e pasta mecânica

- fabricação de papel e papelão

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 50

Page 49: Legislação Ambiental Básica

2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 51

- fabricação de artefatos de papel, papelão, car-tolina, cartão e fibra prensada

Indústria de borracha

- beneficiamento de borracha natural

- fabricação de câmara de ar e fabricação erecondicionamento de pneumáticos

- fabricação de laminados e fios de borracha

- fabricação de espuma de borracha e de artefa-tos de espuma de borracha , inclusive látex

Indústria de couros e peles

- secagem e salga de couros e peles

- curtimento e outras preparações de couros e peles

- fabricação de artefatos diversos de couros e peles

- fabricação de cola animal

Indústria química

- produção de substâncias e fabricação de produ-tos químicos

- fabricação de produtos derivados do processa-mento de petróleo, de rochas betuminosas e damadeira

- fabricação de combustíveis não derivados depetróleo

- produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-ani-mais/óleos essenciais vegetais e outros produtosda destilação da madeira

- fabricação de resinas e de fibras e fios artificiaise sintéticos e de borracha e látex sintéticos

- fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-desporto, fósforo de segurançae artigos pirotécnicos

- recuperação e refino de solventes, óleos mine-rais, vegetais e animais

- fabricação de concentrados aromáticos naturais,artificiais e sintéticos

- fabricação de preparados para limpeza e poli-mento, desinfetantes, inseticidas, germicidas efungicidas

- fabricação de tintas, esmaltes, lacas , vernizes,impermeabilizantes, solventes e secantes

- fabricação de fertilizantes e agroquímicos

- fabricação de produtos farmacêuticos e veteri-nários

- fabricação de sabões, detergentes e velas

- fabricação de perfumarias e cosméticos

- produção de álcool etílico, metanol e similares

Indústria de produtos de matéria plástica

- fabricação de laminados plásticos

- fabricação de artefatos de material plástico

Indústria têxtil, de vestuário, calçados eartefatos de tecidos

- beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, deorigem animal e sintéticos

- fabricação e acabamento de fios e tecidos

- tingimento, estamparia e outros acabamentosem peças do vestuário e artigos diversos de tecidos

- fabricação de calçados e componentes para cal-çados

Indústria de produtos alimentares e bebidas

- beneficiamento, moagem, torrefação e fabrica-ção de produtos alimentares

- matadouros, abatedouros, frigoríficos, char-queadas e derivados de origem animal

- fabricação de conservas

- preparação de pescados e fabricação de conser-vas de pescados

- preparação, beneficiamento e industrializaçãode leite e derivados

- fabricação e refinação de açúcar

- refino / preparação de óleo e gorduras vegetais

- produção de manteiga, cacau, gorduras de ori-gem animal para alimentação

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 51

Page 50: Legislação Ambiental Básica

- fabricação de fermentos e leveduras

- fabricação de rações balanceadas e de alimen-tos preparados para animais

- fabricação de vinhos e vinagre

- fabricação de cervejas, chopes e maltes

- fabricação de bebidas não-alcoólicas, bemcomo engarrafamento e gaseificação de águasminerais

- fabricação de bebidas alcoólicas

Indústria de fumo

- fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas eoutras atividades de beneficiamento do fumo

Indústrias diversas

- usinas de produção de concreto

- usinas de asfalto

- serviços de galvanoplastia

Obras civis

- rodovias, ferrovias, hidrovias, metropolitanos

- barragens e diques

- canais para drenagem

- retificação de curso de água

- abertura de barras, embocaduras e canais

- transposição de bacias hidrográficas

- outras obras de arte

Serviços de utilidade

- produção de energia termoelétrica

-transmissão de energia elétrica

- estações de tratamento de água

- interceptores, emissários, estação elevatória etratamento de esgoto sanitário

- tratamento e destinação de resíduos industriais(líquidos e sólidos)

- tratamento/disposição de resíduos especiais taiscomo: de agroquímicos e suas embalagens usa-das e de serviço de saúde, entre outros

- tratamento e destinação de resíduos sólidosurbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas

- dragagem e derrocamentos em corpos d'água

- recuperação de áreas contaminadas ou degra-dadas

Transporte, terminais e depósitos

- transporte de cargas perigosas

- transporte por dutos

- marinas, portos e aeroportos

- terminais de minério, petróleo e derivados eprodutos químicos

- depósitos de produtos químicos e produtos peri-gosos

Turismo

- complexos turísticos e de lazer, inclusive par-ques temáticos e autódromos

Atividades diversas

- parcelamento do solo

- distrito e pólo industrial

Atividades agropecuárias

- projeto agrícola

- criação de animais

- projetos de assentamentos e de colonização

Uso de recursos naturais

- silvicultura

- exploração econômica da madeira ou lenha esubprodutos florestais

- atividade de manejo de fauna exótica e criadou-ro de fauna silvestre

- utilização do patrimônio genético natural

- manejo de recursos aquáticos vivos

- introdução de espécies exóticas e/ou genetica-mente modificadas

- uso da diversidade biológica pela biotecnologia

52 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 52

Page 51: Legislação Ambiental Básica

3. A FLORA

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Wig

old

Scha

ffer

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 53

Page 52: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 54

Page 53: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965Institui o Novo Código Florestal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

Art. 1º As florestas existentes no território nacio-nal e as demais formas de vegetação, reconheci-das de utilidade às terras que revestem, são bensde interesse comum a todos os habitantes dopaís, exercendo-se os direitos de propriedade,com as limitações que a legislação em geral eespecialmente esta lei estabelecem.

§ 1º As ações ou omissões contrárias às disposi-ções deste Código na utilização e exploração dasflorestas e demais formas de vegetação são con-sideradas uso nocivo da propriedade, aplicando-se, para o caso, o procedimento sumário previstono art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil.(Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 2º Para os efeitos deste Código, entende-sepor: (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

I - Pequena propriedade rural ou posse rural fami-liar: aquela explorada mediante o trabalho pes-soal do proprietário ou posseiro e de sua família,admitida a ajuda eventual de terceiro e cujarenda bruta seja proveniente, no mínimo, emoitenta por cento, de atividade agroflorestal oudo extrativismo, cuja área não supere:

(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidada pelaMedida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

a) cento e cinqüenta hectares se localizada nosEstados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima,Rondônia, Amapá e Mato Grosso e nas regiões

situadas ao norte do paralelo 13ºS, dos Estadosde Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de44ºW, do Estado do Maranhão ou no Pantanalmato-grossense ou sul-mato-grossense; (Acres-centado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50,de 2000 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

b) cinqüenta hectares, se localizada no polígonodas secas ou a leste do Meridiano de 44ºW, doEstado do Maranhão; e (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

c) trinta hectares, se localizada em qualquer outraregião do País; (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

II - Área de preservação permanente: área prote-gida nos termos dos arts. 2º e 3º desta lei, cober-ta ou não por vegetação nativa, com a funçãoambiental de preservar os recursos hídricos, a pai-sagem, a estabilidade geológica, a biodiversida-de, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger osolo e assegurar o bem-estar das populaçõeshumanas; (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

III - Reserva Legal: área localizada no interior deuma propriedade ou posse rural, excetuada a depreservação permanente, necessária ao uso sus-tentável dos recursos naturais, à conservação ereabilitação dos processos ecológicos, à conser-vação da biodiversidade e ao abrigo e proteçãode fauna e flora nativas; (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

3 . A F L O R A 55

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 55

Page 54: Legislação Ambiental Básica

IV - Utilidade pública: (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

a) as atividades de segurança nacional e proteçãosanitária; (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

b) as obras essenciais de infra-estrutura destina-das aos serviços públicos de transporte, sanea-mento e energia; e (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

c) demais obras, planos, atividades ou projetosprevistos em resolução do Conselho Nacional deMeio Ambiente-CONAMA. (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

V - Interesse social: (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convali-dada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

a) as atividades imprescindíveis à proteção daintegridade da vegetação nativa, tais como: pre-venção, combate e controle do fogo, controle daerosão, erradicação de invasoras e proteção deplantios com espécies nativas, conforme resoluçãodo CONAMA; (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

b) as atividades de manejo agroflorestal susten-tável praticadas na pequena propriedade ouposse rural familiar, que não descaracterizem acobertura vegetal e não prejudiquem a funçãoambiental da área; e (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

c) demais obras, planos, atividades ou projetosdefinidos em resolução do CONAMA. (Acrescen-tado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50,

de 2000 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

VI - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e MatoGrosso e as regiões situadas ao norte do parale-lo 13ºS, dos Estados de Tocantins e Goiás, e aooeste do meridiano de 44ºW, do Estado doMaranhão. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

Art. 2º Consideram-se de preservação permanen-te, pelo só efeito desta lei, as florestas e demaisformas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’águadesde o seu nível mais alto em faixa marginalcuja largura mínima seja: (Redação dada pelo(a)Lei nº 7.803, de 1989)

1 - de 30 m (trinta metros) para os cursos d’águade menos de 10 m (dez metros) de largura;(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)

2 - de 50 m (cinqüenta metros) para os cursosd’água que tenham de 10 (dez) a 50 m (cinqüen-ta metros) de largura; (Redação dada pelo(a) Leinº 7.803, de 1989)

3 - de 100 m (cem metros) para os cursos d’águaque tenham de 50 (cinqüenta) a 200 m (duzen-tos metros) de largura; (Redação dada pelo(a) Leinº 7.803, de 1989)

4 - de 200 m (duzentos metros) para os cursosd’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 m(seiscentos metros) de largura; (Redação dadapelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)

5 - de 500 m (quinhentos metros) para os cursosd’água que tenham largura superior a 600 m(seiscentos metros). (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 7.803, de 1989)

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatóriosd’água naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e noschamados “olhos d’água”, qualquer que seja asua situação topográfica, num raio mínimo de

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A56

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 56

Page 55: Legislação Ambiental Básica

50 m (cinqüenta metros) de largura; (Redaçãodada pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declivida-de superior a 45, equivalente a 100% na linha demaior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ouestabilizadoras de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a par-tir da linha de ruptura do relevo, em faixa nuncainferior a 100 m (cem metros) em projeções hori-zontais; (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.803, de1989)

h) em altitude superior a 1.800 m (mil e oitocen-tos metros), qualquer que seja a vegetação.(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)

i) (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)

Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assimentendidas as compreendidas nos perímetrosurbanos definidos por lei municipal e nas regiõesmetropolitanas e aglomerações urbanas, em todoo território abrangido, observar-se-á o dispostonos respectivos planos diretores e leis de uso dosolo, respeitados os princípios e limites a que serefere este artigo (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 7.803, de 1989)

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservaçãopermanente, quando assim declaradas por ato doPoder Público, as florestas e demais formas devegetação natural destinadas:

a) a atenuar a erosão das terras;

b) a fixar as dunas;

c) a formar faixas de proteção ao longo de rodo-vias e ferrovias;

d) a auxiliar a defesa do território nacional a cri-tério das autoridades militares;

e) a proteger sítios de excepcional beleza ou devalor científico ou histórico;

f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaça-dos de extinção;

g) a manter o ambiente necessário à vida daspopulações silvícolas;

h) a assegurar condições de bem-estar público.

§ 1º A supressão total ou parcial de florestas edemais formas de vegetação permanente de quetrata esta lei, devidamente caracterizada em pro-cedimento administrativo próprio e com préviaautorização do órgão federal de meio ambiente,somente será admitida quando necessária à exe-cução de obras, planos, atividades ou projetos deutilidade pública ou interesse social, sem prejuízodo licenciamento a ser procedido pelo órgãoambientar competente. (Redação dada pelo(a)Medida Provisória nº 1.605-30, de 1998 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 1.956-49, de2000)

§ 2º Por ocasião da análise do licenciamento, oórgão licenciador indicará as medidas de com-pensação ambiental que deverão ser adotadaspelo empreendedor sempre que possível.(Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 1.605-30, de 1998 e convalidada pela MedidaProvisória nº 1.956-49, de 2000)

§ 3º As florestas que integram o patrimônio indí-gena ficam sujeitas ao regime de preservaçãopermanente (letra “g”) pelo só efeito desta lei.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.605-30, de 1998 e convalidada pela MedidaProvisória nº 1.956-49, de 2000)

Art. 3-A. A exploração dos recursos florestais emterras indígenas somente poderá ser realizadapelas comunidades indígenas em regime demanejo florestal sustentável, para atender a suasubsistência, respeitados os arts. 2º e 3º desteCódigo. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadopela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

Art. 4º A supressão de vegetação em área depreservação permanente somente poderá serautorizada em caso de utilidade pública ou deinteresse social, devidamente caracterizados emotivados em procedimento administrativo próprio,

3 . A F L O R A 57

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 57

Page 56: Legislação Ambiental Básica

quando inexistir alternativa técnica e locacionalao empreendimento proposto. (Redação dadapelo(a) Medida Provisória nº 1.950- 52, de 2000e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 1º A supressão de que trata o caput deste arti-go dependerá de autorização do órgão ambientalestadual competente, com anuência prévia,quando couber, do órgão federal ou municipal demeio ambiente, ressalvado o disposto no § 2ºdeste artigo. (Redação dada pelo(a) MedidaProvisória nº 1.950-52, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 2º A supressão de vegetação em área de pre-servação permanente situada em área urbana,dependerá de autorização do órgão ambientalcompetente, desde que o município possua con-selho de meio ambiente com caráter deliberativoe plano diretor, mediante anuência prévia doórgão ambiental estadual competente fundamen-tada em parecer técnico. (Redação dada pelo(a)Medida Provisória nº 1.950-52, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

§ 3º O órgão ambiental competente poderá auto-rizar a supressão eventual e de baixo impactoambiental, assim definido em regulamento, davegetação em área de preservação permanente.(Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 1.950-52, de 2000 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 4º O órgão ambiental competente indicará,previamente à emissão da autorização para asupressão de vegetação em área de preservaçãopermanente, as medidas mitigadoras e compen-satórias que deverão ser adotadas pelo empreen-dedor. (Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 1.950-52, de 2000 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 5º A supressão de vegetação nativa protetorade nascentes, ou de dunas e mangues, de quetratam, respectivamente, as alíneas “c” e “f” doart. 2º deste Código, somente poderá ser autori-

zada em caso de utilidade pública. (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 1.950-52, de2000 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

§ 6º Na implantação de reservatório artificial éobrigatória a desapropriação ou aquisição, peloempreendedor, das áreas de preservação perma-nente criadas no seu entorno, cujos parâmetros eregime de uso serão definidos por resolução doCONAMA. (Redação dada pelo(a) MedidaProvisória nº 1.950-52, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 7º É permitido o acesso de pessoas e animaisàs áreas de preservação permanente, para obten-ção de água, desde que não exija a supressão enão comprometa a regeneração e a manutençãoa longo prazo da vegetação nativa. (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 1.950-52, de2000 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

Art. 5º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de 2000)

Art. 6º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de 2000)

Art. 7º Qualquer árvore poderá ser declaradaimune de corte, mediante ato do Poder Público,por motivo de sua localização, raridade, beleza oucondição de porta-sementes.

Art. 8º Na distribuição de lotes destinados àagricultura, em planos de colonização e de reformaagrária, não devem ser incluídas as áreas flores-tadas de preservação permanente de que trataesta lei, nem as florestas necessárias ao abaste-cimento local ou nacional de madeiras e outrosprodutos florestais.

Art. 9º As florestas de propriedade particular,enquanto indivisas com outras, sujeitas a regimeespecial, ficam subordinadas às disposições quevigorarem para estas.

Art. 10. Não é permitida a derrubada de florestas,situadas em áreas de inclinação entre 25 a 45graus, só sendo nelas tolerada a extração detoros, quando em regime de utilização racional,que vise a rendimentos permanentes.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A58

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 58

Page 57: Legislação Ambiental Básica

Art. 11. O emprego de produtos florestais ouhulha como combustível obriga o uso de disposi-tivo, que impeça difusão de fagulhas suscetíveisde provocar incêndios, nas florestas e demais for-mas de vegetação marginal.

Art. 12. Nas florestas plantadas, não considera-das de preservação permanente, é livre a extraçãode lenha e demais produtos florestais ou a fabri-cação de carvão. Nas demais florestas dependeráde norma estabelecida em ato do Poder Federalou Estadual, em obediência a prescrições ditadaspela técnica e às peculiaridades locais.

Art. 13. O comércio de plantas vivas, oriundas deflorestas, dependerá de licença da autoridadecompetente.

Art. 14. Além dos preceitos gerais a que estásujeita a utilização das florestas, o Poder PúblicoFederal ou Estadual poderá:

a) prescrever outras normas que atendam àspeculiaridades locais;

b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetaisraras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas deextinção, bem como as espécies necessárias àsubsistência das populações extrativistas, delimi-tando as áreas compreendidas no ato, fazendodepender de licença prévia, nessas áreas, o cortede outras espécies. (Redação dada pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

c) ampliar o registro de pessoas físicas ou jurídi-cas que se dediquem à extração, indústria ecomércio de produtos ou subprodutos florestais.

Art. 15. Fica proibida a exploração sob formaempírica das florestas primitivas da bacia amazô-nica que só poderão ser utilizadas em observân-cia a planos técnicos de condução e manejo aserem estabelecidos por ato do Poder Público, aser baixado dentro do prazo de um ano.

Art. 16. As florestas e outras formas de vegetaçãonativa, ressalvadas as situadas em área de pre-servação permanente, assim como aquelas não

sujeitas ao regime de utilização limitada ouobjeto de legislação específica, são suscetíveis desupressão, desde que sejam mantidas, a título dereserva legal, no mínimo: (Redação dada pelo(a)Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

I - oitenta por cento, na propriedade rural situadaem área de floresta localizada na AmazôniaLegal; (Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

II - trinta e cinco por cento, na propriedade ruralsituada em área de cerrado localizada naAmazônia Legal, sendo no mínimo vinte porcento na propriedade e quinze por cento naforma de compensação em outra área, desde queesteja localizada na mesma microbacia, e sejaaverbada nos termos do § 7º deste artigo;(Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

III - vinte por cento, na propriedade rural situadaem área de floresta ou outras formas de vegeta-ção nativa localizada nas demais regiões do País;e (Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

IV - vinte por cento, na propriedade rural em áreade campos gerais localizada em qualquer regiãodo País. (Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 1º O percentual de reserva legal na proprieda-de situada em área de floresta e cerrado serádefinido considerando separadamente os índicescontidos nos incisos I e II deste artigo. (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de2001 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

§ 2º A vegetação da reserva legal não pode sersuprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime

3 . A F L O R A 59

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 59

Page 58: Legislação Ambiental Básica

de manejo florestal sustentável, de acordo comprincípios e critérios técnicos e científicos estabe-lecidos no regulamento, ressalvadas as hipótesesprevistas no § 3º deste artigo, sem prejuízo dasdemais legislações específicas. (Redação dadapelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 3º Para cumprimento da manutenção ou com-pensação da área de reserva legal em pequenapropriedade ou posse rural familiar, podem sercomputados os plantios de árvores frutíferasornamentais ou industriais, compostos por espé-cies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ouem consórcio com espécies nativas. (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de2001 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

§ 4º A localização da reserva legal deve ser apro-vada pelo órgão ambiental estadual competenteou, mediante convênio, pelo órgão ambientalmunicipal ou outra instituição devidamente habi-litada, devendo ser considerados, no processo deaprovação, a função social da propriedade, e osseguintes critérios e instrumentos, quando hou-ver: (Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

I - o plano de bacia hidrográfica; (Redação dadapelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

II - o plano diretor municipal; (Redação dadapelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

III - o zoneamento ecológico-econômico; (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65,de 2001 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

IV - outras categorias de zoneamento ambiental;e (Redação dada pelo(a) Medida Provisória

nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

V - a proximidade com outra Reserva Legal, Áreade Preservação Permanente, unidade de conser-vação ou outra área legalmente protegida.(Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 5º O Poder Executivo, se for indicado peloZoneamento Ecológico Econômico-ZEE e peloZoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, oMinistério do Meio Ambiente e o Ministério daAgricultura e do Abastecimento, poderá:(Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

I - reduzir, para fins de recomposição, a reservalegal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta porcento da propriedade, excluídas, em qualquercaso, as Áreas de Preservação Permanente, osecótonos, os sítios e ecossistemas especialmenteprotegidos, os locais de expressiva biodiversidadee os corredores ecológicos; e (Redação dadapelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

II - ampliar as áreas de reserva legal, em atécinqüenta por cento dos índices previstos nesteCódigo, em todo o território nacional. (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de2001 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

§ 6º Será admitido, pelo órgão ambiental compe-tente, o cômputo das áreas relativas à vegetaçãonativa existente em área de preservação perma-nente no cálculo do percentual de reserva legal,desde que não implique em conversão de novasáreas para o uso alternativo do solo, e quando asoma da vegetação nativa em área de preserva-ção permanente e reserva legal exceder a:(Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A60

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 60

Page 59: Legislação Ambiental Básica

I - oitenta por cento da propriedade rural locali-zada na Amazônia Legal; (Redação dada pelo(a)Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

II - cinqüenta por cento da propriedade rural loca-lizada nas demais regiões do País; e (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de2001 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

III - vinte e cinco por cento da pequena proprie-dade definida pelas alíneas “b” e “c” do inciso Ido § 2º do art. 1º (Redação dada pelo(a) MedidaProvisória nº 2.166-65, de 2001 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 7º O regime de uso da área de preservação per-manente não se altera na hipótese prevista no§ 6º (Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 8º A área de reserva legal deve ser averbada àmargem da inscrição de matrícula do imóvel, noregistro de imóveis competente, sendo vedada aalteração de sua destinação, nos casos de trans-missão, a qualquer título, de desmembramentoou de retificação da área, com as exceções previs-tas neste Código. (Redação dada pelo(a) MedidaProvisória nº 2.166-65, de 2001 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 9º A averbação da reserva legal da pequenapropriedade ou posse rural familiar é gratuita,devendo o Poder Público prestar apoio técnico ejurídico, quando necessário. (Redação dadapelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 10. Na posse, a reserva legal é assegurada porTermo de Ajustamento de Conduta, firmado pelopossuidor com o órgão ambiental estadual ou fede-ral competente, com força de título executivo e con-tendo, no mínimo, a localização da reserva legal, assuas características ecológicas básicas e a proibiçãode supressão de sua vegetação, aplicando-se, no

que couber, as mesmas disposições previstasneste Código para a propriedade rural. (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65,de 2001 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

§ 11. Poderá ser instituída reserva legal em regi-me de condomínio entre mais de uma proprieda-de, respeitado o percentual legal em relação acada imóvel, mediante a aprovação do órgãoambiental estadual competente e as devidasaverbações referentes a todos os imóveis envolvi-dos. (Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

Art. 17. Nos loteamentos de propriedades rurais,a área destinada a completar o limite percentualfixado na letra “a” do artigo antecedente, pode-rá ser agrupada numa só porção em condomínioentre os adquirentes.

Art. 18. Nas terras de propriedade privada, ondeseja necessário o florestamento ou o refloresta-mento de preservação permanente, o PoderPúblico Federal poderá fazê-lo sem desapropriá-las, se não o fizer o proprietário.

§ 1º Se tais áreas estiverem sendo utilizadas comculturas, de seu valor deverá ser indenizado oproprietário.

§ 2º As áreas assim utilizadas pelo Poder PúblicoFederal ficam isentas de tributação.

Art. 19. A exploração de florestas e formaçõessucessoras, tanto de domínio público como dedomínio privado, dependerá de prévia aprovaçãopelo órgão estadual competente do SistemaNacional do Meio Ambiente-SISNAMA, bemcomo da adoção de técnicas de condução, explo-ração, reposição florestal e manejo compatíveiscom os variados ecossistemas que a coberturaarbórea forme. (Redação dada pelo(a) Lei nº11.284, de 2006)

§ 1º Compete ao IBAMA a aprovação de quetrata o caput deste artigo: (Redação dada pelo(a)Lei nº 11.284, de 2006)

3 . A F L O R A 61

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 61

Page 60: Legislação Ambiental Básica

I - nas florestas públicas de domínio da União;(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

II - nas unidades de conservação criadas pela União;(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

III - nos empreendimentos potencialmente causa-dores de impacto ambiental nacional ou regional,definidos em resolução do Conselho Nacional doMeio Ambiente-CONAMA. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2º Compete ao órgão ambiental municipal aaprovação de que trata o caput deste artigo:(Redação dada pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

I - nas florestas públicas de domínio do Município;(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

II - nas unidades de conservação criadas peloMunicípio; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284,de 2006)

III - nos casos que lhe forem delegados por con-vênio ou outro instrumento admissível, ouvidos,quando couber, os órgãos competentes da União,dos Estados e do Distrito Federal. (Acrescen-tado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

§ 3º No caso de reposição florestal, deverão serpriorizados projetos que contemplem a utilizaçãode espécies nativas. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 11.284, de 2006)

Art. 20. As empresas industriais que, por suanatureza, consumirem grandes quantidades dematéria-prima florestal serão obrigadas a manter,dentro de um raio em que a exploração e o trans-porte sejam julgados econômicos, um serviçoorganizado, que assegure o plantio de novasáreas, em terras próprias ou pertencentes a ter-ceiros, cuja produção sob exploração racional,seja equivalente ao consumido para o seu abas-tecimento.

Parágrafo único. O não cumprimento do dispostoneste artigo, além das penalidades previstasneste Código, obriga os infratores ao pagamentode umamulta equivalente a 10% (dez por cento) dovalor comercial da matéria-prima florestal nativaconsumida além da produção da qual participe.

Art. 21. As empresas siderúrgicas, de transportee outras, à base de carvão vegetal, lenha ou outramatéria-prima florestal, são obrigadas a manterflorestas próprias para exploração racional ou aformar, diretamente ou por intermédio deempreendimentos dos quais participem, florestasdestinadas ao seu suprimento.

Parágrafo único. A autoridade competente fixarápara cada empresa o prazo que lhe é facultadopara atender ao disposto neste artigo, dentro doslimites de 5 a 10 anos.

Art. 22. A União, diretamente, através do órgãoexecutivo específico, ou em convênio com osestados e municípios, fiscalizará a aplicação dasnormas deste Código, podendo, para tanto, criaros serviços indispensáveis. (Redação dada pelo(a)Lei nº 7.803, de 1989)

Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que serefere o parágrafo único, do art. 2º, desta lei, afiscalização é da competência dos municípios,atuando a União supletivamente. (Acrescentadopela Lei nº 7.803, de 1989)

Art. 23. A fiscalização e a guarda das florestaspelos serviços especializados não excluem a açãoda autoridade policial por iniciativa própria.

Art. 24. Os funcionários florestais, no exercíciode suas funções, são equiparados aos agentes desegurança pública, sendo-lhes assegurado oporte de armas.

Art. 25. Em caso de incêndio rural, que não sepossa extinguir com os recursos ordinários, com-pete não só ao funcionário florestal, como a qual-quer outra autoridade pública, requisitar os meiosmateriais e convocar os homens em condições deprestar auxílio.

Art. 26. Constituem contravenções penais, puní-veis com três meses a um ano de prisão simplesou multa de uma a cem vezes o salário-mínimomensal, do lugar e da data da infração ou ambasas penas cumulativamente:

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A62

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 62

Page 61: Legislação Ambiental Básica

a) destruir ou danificar a floresta considerada depreservação permanente, mesmo que em forma-ção, ou utilizá-la com infringência das normasestabelecidas ou previstas nesta Lei;

b) cortar árvores em florestas de preservação per-manente, sem permissão da autoridade compe-tente;

c) penetrar em floresta de preservação permanenteconduzindo armas, substâncias ou instrumentospróprios para caça proibida ou para exploraçãode produtos ou sub-produtos florestais, sem estarmunido de licença da autoridade competente;

d) causar danos aos Parques Nacionais, Estaduaisou Municipais, bem como às Reservas Biológicas;

e) fazer fogo, por qualquer modo, em floresta edemais formas de vegetação, sem tomar as pre-cauções adequadas;

f) fabricar, vender, transportar ou soltar balõesque possam provocar incêndios nas florestas edemais formas de vegetação;

g) impedir ou dificultar a regeneração natural deflorestas e demais formas de vegetação;

h) receber madeira, lenha, carvão e outros produtosprocedentes de florestas, sem exigir a exibição delicença do vendedor, outorgada pela autoridadecompetente, e sem munir-se da via que deveráacompanhar o produto, até final beneficiamento;

i) transportar ou guardar madeiras, lenha, carvãoe outros produtos procedentes de florestas, semlicença válida para todo o tempo da viagem oudo armazenamento, outorgada pela autoridadecompetente;

j) deixar de restituir à autoridade licenças extintaspelo decurso do prazo ou pela entrega ao consu-midor dos produtos procedentes de florestas;

l) empregar, como combustível, produtos flores-tais ou hulha, sem uso de dispositivo que impeçaa difusão de fagulhas, suscetíveis de provocarincêndios nas florestas;

m) soltar animais ou não tomar precauçõesnecessárias para que o animal de sua proprieda-

de não penetre em florestas sujeitas a regimeespecial;

n) matar, lesar ou maltratar, por qualquer modoou meio, plantas de ornamentação de logradourospúblicos ou em propriedade privada alheia ouárvore imune de corte;

o) extrair de florestas de domínio público ou con-sideradas de preservação permanente, sem préviaautorização, pedra, areia, cal ou qualquer outraespécie de minerais;

p) Vetado;

q) transformar madeiras de lei em carvão, inclusivepara qualquer efeito industrial, sem licença daautoridade competente. (Acrescentado(a) pelo(a)Lei nº 5.870, de 1973)

Art. 27. É proibido o uso de fogo nas florestas edemais formas de vegetação.

Parágrafo único. Se peculiaridades locais ouregionais justificarem o emprego do fogo em prá-ticas agropastoris ou florestais, a permissão seráestabelecida em ato do Poder Público, circunscre-vendo as áreas e estabelecendo normas de pre-caução.

Art. 28. Além das contravenções estabelecidasno artigo precedente, subsistem os dispositivossobre contravenções e crimes previstos no CódigoPenal e nas demais leis, com as penalidades nelescominadas.

Art. 29. As penalidades incidirão sobre os auto-res, sejam eles:

a) diretos;

b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes,administradores, diretores, promitentes compra-dores ou proprietários das áreas florestais, desdeque praticadas por prepostos ou subordinados eno interesse dos preponentes ou dos superioreshierárquicos;

c) autoridades que se omitirem ou facilitarem, porconsentimento legal, na prática do ato.

3 . A F L O R A 63

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 63

Page 62: Legislação Ambiental Básica

Art. 30. Aplicam-se às contravenções previstasneste Código as regras gerais do Código Penal eda Lei das Contravenções Penais, sempre que apresente Lei não disponha de modo diverso.

Art. 31. São circunstâncias que agravam a penaalém das previstas no Código Penal e na Lei dasContravenções Penais:

a) cometer a infração no período de queda dassementes ou de formação das vegetações preju-dicadas, durante a noite, em domingos ou diasferiados, em épocas de seca ou inundações;

b) cometer a infração contra a floresta de preser-vação permanente ou material dela provindo.

Art. 32. A ação penal independe de queixa,mesmo em se tratando de lesão em propriedadeprivada, quando os bens atingidos são florestas edemais formas de vegetação, instrumentos detrabalho, documentos e atos relacionados com aproteção florestal disciplinada nesta lei.

Art. 33. São autoridades competentes para ins-taurar, presidir e proceder a inquéritos policiais,lavrar autos de prisão em flagrante e intentar aação penal, nos casos de crimes ou contraven-ções, previstos nesta lei, ou em outras leis e quetenham por objeto florestas e demais formas devegetação, instrumentos de trabalho, documen-tos e produtos procedentes das mesmas:

a) as indicadas no Código de Processo Penal;

b) os funcionários da repartição florestal e deautarquias, com atribuições correlatas, designa-dos para a atividade de fiscalização.

Parágrafo único. Em caso de ações penais simul-tâneas, pelo mesmo fato, iniciadas por váriasautoridades, o Juiz reunirá os processos na juris-dição em que se firmou a competência.

Art. 34. As autoridades referidas no item “b”do artigo anterior, ratificada a denúncia peloMinistério Público, terão ainda competência igualà deste, na qualidade de assistente, perante aJustiça comum, nos feitos de que trata esta lei.

Art. 35. A autoridade apreenderá os produtos eos instrumentos utilizados na infração e, se não

puderem acompanhar o inquérito, por seu volu-me e natureza, serão entregues ao depositáriopúblico local, se houver e, na sua falta, ao que fornomeado pelo Juiz, para ulterior devolução aoprejudicado. Se pertencerem ao agente ativo dainfração, serão vendidos em hasta pública.

Art. 36. O processo das contravenções obedece-rá ao rito sumário da Lei nº 1.508, de 19 dedezembro de 1951, no que couber.

Art. 37. Não serão transcritos ou averbados noRegistro Geral de Imóveis os atos de transmissão“inter-vivos” ou “causa mortis“, bem como aconstituição de ônus reais, sobre imóveis da zonarural, sem a apresentação de certidão negativa dedívidas referentes a multas previstas nesta lei ounas leis estaduais supletivas, por decisão transita-da em julgado.

Art. 37-A. Não é permitida a conversão de flo-restas ou outra forma de vegetação nativa parauso alternativo do solo na propriedade rural quepossui área desmatada, quando for verificadoque a referida área encontra-se abandonada,subutilizada ou utilizada de forma inadequada,segundo a vocação e capacidade de suporte dosolo. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 1º Entende-se por área abandonada, subutiliza-da ou utilizada de forma inadequada, aquela nãoefetivamente utilizada, nos termos do § 3º, doart. 6º da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de1993, ou que não atenda aos índices previstos noart. 6º da referida lei, ressalvadas as áreas depousio na pequena propriedade ou posse ruralfamiliar ou de população tradicional. (Acrescen-tado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50,de 2000 e convalidado pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

§ 2º As normas e mecanismos para a comprova-ção da necessidade de conversão serão estabele-cidos em regulamento, considerando, entreoutros dados relevantes, o desempenho da pro-priedade nos últimos três anos, apurado nas

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A64

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 64

Page 63: Legislação Ambiental Básica

declarações anuais do Imposto sobre aPropriedade Territorial Rural-ITR. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, de2000 e convalidado pela Medida Provisórianº 2.166- 67, de 2001)

§ 3º A regulamentação de que trata o § 2º esta-belecerá procedimentos simplificados: (Redaçãodada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de2001 e convalidada pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

I - para a pequena propriedade rural; e (Acres-centado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50,de 2000 e convalidado pela Medida Provisórianº 2.166-67, de 2001)

II - para as demais propriedades que venhamatingindo os parâmetros de produtividade daregião e que não tenham restrições perante osórgãos ambientais. (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidado pela Medida Provisória nº 2.166- 67, de2001)

§ 4º Nas áreas passíveis de uso alternativo dosolo, a supressão da vegetação que abrigue espé-cie ameaçada de extinção, dependerá da adoçãode medidas compensatórias e mitigadoras queassegurem a conservação da espécie.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 5º Se as medidas necessárias para a conserva-ção da espécie impossibilitarem a adequadaexploração econômica da propriedade, observar-se-á o disposto na alínea “b” do art. 14.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 6º É proibida, em área com cobertura florestalprimária ou secundária em estágio avançado deregeneração, a implantação de projetos de assen-tamento humano ou de colonização para fim dereforma agrária, ressalvados os projetos deassentamento agro-extrativista, respeitadas aslegislações específicas. (Acrescentado(a) pelo(a)

Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidado pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

Art. 38. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 5.106, de1966)

Art. 39. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 5.868, de1972)

Art. 40. Vetado.

Art. 41. Os estabelecimentos oficiais de créditoconcederão prioridades aos projetos de floresta-mento, reflorestamento ou aquisição de equipa-mentos mecânicos necessários aos serviços, obe-decidas as escalas anteriormente fixadas em lei.

Parágrafo único. Ao Conselho MonetárioNacional, dentro de suas atribuições legais, comoórgão disciplinador do crédito e das operaçõescreditícias em todas suas modalidades e formas,cabe estabelecer as normas para os financiamen-tos florestais, com juros e prazos compatíveis,relacionados com os planos de florestamento ereflorestamento aprovados pelo ConselhoFlorestal Federal.

Art. 42. Dois anos depois da promulgação destaLei, nenhuma autoridade poderá permitir a ado-ção de livros escolares de leitura que não conte-nham textos de educação florestal, previamenteaprovados pelo Conselho Federal de Educação,ouvido o órgão florestal competente.

§ 1º As estações de rádio e televisão incluirão,obrigatoriamente, em suas programações, textose dispositivos de interesse florestal, aprovadospelo órgão competente no limite mínimo de cinco(5) minutos semanais, distribuídos ou não emdiferentes dias.

§ 2º Nos mapas e cartas oficiais serão obrigato-riamente assinalados os Parques e FlorestasPúblicas.

§ 3º A União e os Estados promoverão a criaçãoe o desenvolvimento de escolas para o ensino flo-restal, em seus diferentes níveis.

Art. 43. Fica instituída a Semana Florestal, emdatas fixadas para as diversas regiões do país, por

3 . A F L O R A 65

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 65

Page 64: Legislação Ambiental Básica

Decreto Federal. Será a mesma comemorada,obrigatoriamente, nas escolas e estabelecimentospúblicos ou subvencionados, através de progra-mas objetivos em que se ressalte o valor das flo-restas, face aos seus produtos e utilidades, bemcomo sobre a forma correta de conduzi-las e per-petuá-las.

Parágrafo único. Para a Semana Florestal serãoprogramadas reuniões, conferências, jornadas dereflorestamento e outras solenidades e festivida-des com o objetivo de identificar as florestascomo recurso natural renovável, de elevado valorsocial e econômico.

Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvelrural com área de floresta nativa, natural, primiti-va ou regenerada ou outra forma de vegetaçãonativa em extensão inferior ao estabelecido nosincisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o dispos-to nos seus §§ 5º e 6º, deve adotar as seguintesalternativas, isoladas ou conjuntamente:(Redação dada pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

I - recompor a reserva legal de sua propriedademediante o plantio, a cada três anos, de no míni-mo 1/10 da área total necessária à sua comple-mentação, com espécies nativas, de acordo comcritérios estabelecidos pelo órgão ambiental esta-dual competente; (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

II - conduzir a regeneração natural da reservalegal; e (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

III - compensar a reserva legal por outra áreaequivalente em importância ecológica e exten-são, desde que pertença ao mesmo ecossistemae esteja localizada na mesma microbacia, confor-me critérios estabelecidos em regulamento.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela Medida

Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 1º Na recomposição de que trata o inciso I, oórgão ambiental estadual competente deveapoiar tecnicamente a pequena propriedade ouposse rural familiar. (Redação dada pelo(a)Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de2001)

§ 2º A recomposição de que trata o inciso I podeser realizada mediante o plantio temporário deespécies exóticas como pioneiras, visando a res-tauração do ecossistema original, de acordo comcritérios técnicos gerais estabelecidos peloCONAMA. (Redação dada pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 3º A regeneração de que trata o inciso II seráautorizada, pelo órgão ambiental estadual com-petente, quando sua viabilidade for comprovadapor laudo técnico, podendo ser exigido o isola-mento da área. (Redação dada pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 4º Na impossibilidade de compensação dareserva legal dentro da mesma micro-bacia hidro-gráfica, deve o órgão ambiental estadual compe-tente aplicar o critério de maior proximidade pos-sível entre a propriedade desprovida de reservalegal e a área escolhida para compensação,desde que na mesma bacia hidrográfica e nomesmo Estado, atendido, quando houver, o res-pectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeita-das as demais condicionantes estabelecidas noinciso III. (Redação dada pelo(a) MedidaProvisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidadapela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 5º A compensação de que trata o inciso III desteartigo, deverá ser submetida à aprovação peloórgão ambiental estadual competente, e pode serimplementada mediante o arrendamento de áreasob regime de servidão florestal ou reserva legal,ou aquisição de cotas de que trata o artigo 44-B.(Redação dada pelo(a) Medida Provisória

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A66

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 66

Page 65: Legislação Ambiental Básica

nº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 6º O proprietário rural poderá ser desoneradodas obrigações previstas neste artigo, mediante adoação ao órgão ambiental competente de árealocalizada no interior de unidade de conservaçãode domínio público, pendente de regularizaçãofundiária, respeitados os critérios previstos noinciso III do caput deste artigo. (Redação dadapela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006)

§ 7º (Suprimido(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

Art. 44-A. O proprietário rural poderá instituirservidão florestal, mediante a qual voluntaria-mente renuncia, em caráter permanente ou tem-porário, a direitos de supressão ou exploração davegetação nativa, localizada fora da reserva legale da área com vegetação de preservação perma-nente. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisó-ria nº 1.956-50, de 2000 e convalidado pelaMedida Provisória nº 2.166- 67, de 2001)

§ 1º A limitação ao uso da vegetação da área sobregime de servidão florestal deve ser, no mínimo,a mesma estabelecida para a Reserva Legal.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

§ 2º A servidão florestal deve ser averbada à mar-gem da inscrição de matrícula do imóvel, noregistro de imóveis competente, após anuênciado órgão ambiental estadual competente, sendovedada, durante o prazo de sua vigência, a alte-ração da destinação da área, nos casos de trans-missão a qualquer título, de desmembramentoou de retificação dos limites da propriedade.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela MedidaProvisória nº 2.166-67, de 2001)

Art. 44-B. Fica instituída a Cota de ReservaFlorestal-CRF, título representativo de vegetaçãonativa sob regime de servidão florestal, de

Reserva Particular do Patrimônio Natural oureserva legal instituída voluntariamente sobre avegetação que exceder os percentuais estabeleci-dos no art. 16 deste Código. (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000e convalidado pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

Parágrafo único. A regulamentação deste Códigodisporá sobre as características, natureza e prazode validade do título de que trata este artigo,assim como os mecanismos que assegurem aoseu adquirente a existência e a conservação davegetação objeto do título. (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000e convalidado pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

Art. 44-C. O proprietário ou possuidor que, apartir da vigência da Medida Provisória nº 1.736-31, de 14 de dezembro de 1998, suprimiu, totalou parcialmente florestas ou demais formas devegetação nativa, situadas no interior de sua pro-priedade ou posse, sem as devidas autorizaçõesexigidas por Lei, não pode fazer uso dos benefí-cios previstos no inciso III do art. 44.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela MedidaProvisória nº 2.166- 67, de 2001)

Art. 45. Ficam obrigados ao registro do InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis-IBAMA, os estabelecimentoscomerciais responsáveis pela comercialização demoto-serras, bem como aqueles que adquiriremeste equipamento. (Redação dada pelo(a) Leinº 7.803, de 1989)

§ 1º A licença para o porte e uso de moto-serrasserá renovada a cada 2 (dois) anos perante oIBAMA. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.803, de1989)

§ 2º Os fabricantes de moto-serras ficam obriga-dos, a partir de 180 (cento e oitenta) dias dapublicação desta Lei, a imprimir, em local visíveldeste equipamento, numeração cuja seqüênciaserá encaminhada ao IBAMA e constará das cor-

3 . A F L O R A 67

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 67

Page 66: Legislação Ambiental Básica

respondentes notas fiscais. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)

§ 3º A comercialização ou utilização de moto-ser-ras sem a licença a que se refere este artigo cons-titui crime contra o meio ambiente, sujeito à penade detenção de 1 (um) a 3 (três) meses e multade 1 (um) a 10 (dez) Salários Mínimos deReferência e a apreensão da moto-serra, sem pre-juízo da responsabilidade pela reparação dosdanos causados. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 7.803, de 1989)

Art. 46. No caso de florestas plantadas, oIBAMA, zelará para que seja preservada, em cadamunicípio, área destinada à produção de alimentosbásicos e pastagens, visando ao abastecimentolocal. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)

Parágrafo único. (Suprimido(a) pelo(a) Leinº 7.803, de 1989)

Art. 47. O Poder Executivo promoverá, no prazode 180 dias, a revisão de todos os contratos, con-

vênios, acordos e concessões relacionados com aexploração florestal em geral, a fim de ajustá-lasàs normas adotadas por esta lei.

Art. 48. Fica mantido o Conselho FlorestalFederal, com sede em Brasília, como órgão con-sultivo e normativo da política florestal brasileira.

Parágrafo único. A composição e atribuições doConselho Florestal Federal, integrado, no máximo,por 12 (doze) membros, serão estabelecidas pordecreto do Poder Executivo.

Art. 49. O Poder Executivo regulamentará a pre-sente lei, no que for julgado necessário à sua exe-cução.

Art. 50. Esta lei entrará em vigor 120 (cento evinte) dias após a data de sua publicação, revo-gados o Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de1934 (Código Florestal) e demais disposições emcontrário. (Renumerado(a) pelo(a) Lei nº 7.803,de 1989)

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A68

Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Mi-nistério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro-SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvi-mento Florestal-FNDF; altera as leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembrode 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 deagosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

TÍTULO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CAPÍTULO ÚNICODOS PRINCÍPIOS E DEFINIÇÕES

Art. 1º Esta lei dispõe sobre a gestão de flores-tas públicas para produção sustentável, institui oServiço Florestal Brasileiro-SFB, na estrutura doMinistério do Meio Ambiente, e cria o Fundo

Nacional de Desenvolvimento Florestal-FNDF.

Art. 2º Constituem princípios da gestão de flo-restas públicas:

I - a proteção dos ecossistemas, do solo, da água,da biodiversidade e valores culturais associados,bem como do patrimônio público;

II - o estabelecimento de atividades que promo-vam o uso eficiente e racional das florestas e quecontribuam para o cumprimento das metas dodesenvolvimento sustentável local, regional e detodo o país;

III - o respeito ao direito da população, em espe-

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 68

Page 67: Legislação Ambiental Básica

cial das comunidades locais, de acesso às flores-tas públicas e aos benefícios decorrentes de seuuso e conservação;

IV - a promoção do processamento local e oincentivo ao incremento da agregação de valoraos produtos e serviços da floresta, bem como àdiversificação industrial, ao desenvolvimento tec-nológico, à utilização e à capacitação de empreen-dedores locais e da mão-de-obra regional;

V - o acesso livre de qualquer indivíduo às infor-mações referentes à gestão de florestas públicas,nos termos da Lei nº 10.650, de 16 de abril de2003;

VI - a promoção e difusão da pesquisa florestal,faunística e edáfica, relacionada à conservação, àrecuperação e ao uso sustentável das florestas;

VII - o fomento ao conhecimento e a promoçãoda conscientização da população sobre a impor-tância da conservação, da recuperação e domanejo sustentável dos recursos florestais;

VIII - a garantia de condições estáveis e segurasque estimulem investimentos de longo prazo nomanejo, na conservação e na recuperação das flo-restas.

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípiospromoverão as adaptações necessárias de sualegislação às prescrições desta lei, buscandoatender às peculiaridades das diversas modalida-des de gestão de florestas públicas.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios, na esfera de sua competência e emrelação às florestas públicas sob sua jurisdição,poderão elaborar normas supletivas e comple-mentares e estabelecer padrões relacionados àgestão florestal.

Art. 3º Para os fins do disposto nesta lei, consi-deram-se:

I - florestas públicas: florestas, naturais ou plan-tadas, localizadas nos diversos biomas brasileiros,em bens sob o domínio da União, dos Estados,dos Municípios, do Distrito Federal ou das entida-des da administração indireta;

II - recursos florestais: elementos ou característi-

cas de determinada floresta, potencial ou efetiva-mente geradores de produtos ou serviços flores-tais;

III - produtos florestais: produtos madeireiros enão madeireiros gerados pelo manejo florestalsustentável;

IV - serviços florestais: turismo e outras ações oubenefícios decorrentes do manejo e conservaçãoda floresta, não caracterizados como produtosflorestais;

V - ciclo: período decorrido entre 2 (dois) momen-tos de colheita de produtos florestais numamesma área;

VI - manejo florestal sustentável: administração dafloresta para a obtenção de benefícios econômicos,sociais e ambientais, respeitando-se os mecanis-mos de sustentação do ecossistema objeto domanejo e considerando-se, cumulativa ou alter-nativamente, a utilização de múltiplas espéciesmadeireiras, de múltiplos produtos e subprodutosnão madeireiros, bem como a utilização de outrosbens e serviços de natureza florestal;

VII - concessão florestal: delegação onerosa, feitapelo poder concedente, do direito de praticarmanejo florestal sustentável para exploração deprodutos e serviços numa unidade de manejo,mediante licitação, à pessoa jurídica, em consór-cio ou não, que atenda às exigências do respecti-vo edital de licitação e demonstre capacidadepara seu desempenho, por sua conta e risco e porprazo determinado;

VIII - unidade de manejo: perímetro definido apartir de critérios técnicos, socioculturais, econô-micos e ambientais, localizado em florestas públi-cas, objeto de um Plano de Manejo FlorestalSustentável-PMFS, podendo conter áreas degra-dadas para fins de recuperação por meio de plan-tios florestais;

IX - lote de concessão florestal: conjunto de uni-dades de manejo a serem licitadas;

X - comunidades locais: populações tradicionais eoutros grupos humanos, organizados por gera-

3 . A F L O R A 69

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 69

Page 68: Legislação Ambiental Básica

ções sucessivas, com estilo de vida relevante àconservação e à utilização sustentável da diversi-dade biológica;

XI - auditoria florestal: ato de avaliação indepen-dente e qualificada de atividades florestais e obri-gações econômicas, sociais e ambientais assumi-das de acordo com o PMFS e o contrato de con-cessão florestal, executada por entidade reconhe-cida pelo órgão gestor, mediante procedimentoadministrativo específico;

XII - inventário amostral: levantamento de infor-mações qualitativas e quantitativas sobre deter-minada floresta, utilizando-se processo de amos-tragem;

XIII - órgão gestor: órgão ou entidade do poderconcedente com a competência de disciplinar econduzir o processo de outorga da concessão flo-restal;

XIV - órgão consultivo: órgão com representaçãodo Poder Público e da sociedade civil, com a fina-lidade de assessorar, avaliar e propor diretrizespara a gestão de florestas públicas;

XV - poder concedente: União, Estado, DistritoFederal ou Município.

TÍTULO IIDA GESTÃO DE FLORESTASPÚBLICAS PARA PRODUÇÃO

SUSTENTÁVEL

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 4º A gestão de florestas públicas para produ-ção sustentável compreende:

I - a criação de florestas nacionais, estaduais emunicipais, nos termos do art. 17 da Lei nº 9.985,de 18 de julho de 2000, e sua gestão direta;

II - a destinação de florestas públicas às comuni-dades locais, nos termos do art. 6º desta lei;

III - a concessão florestal, incluindo florestasnaturais ou plantadas e as unidades de manejo

das áreas protegidas referidas no inciso I docaput deste artigo.

CAPÍTULO IIDA GESTÃO DIRETA

Art. 5º O Poder Público poderá exercer direta-mente a gestão de florestas nacionais, estaduaise municipais criadas nos termos do art. 17 da Leinº 9.985, de 18 de julho de 2000, sendo-lhefacultado, para execução de atividades subsidiá-rias, firmar convênios, termos de parceria, contra-tos ou instrumentos similares com terceiros,observados os procedimentos licitatórios edemais exigências legais pertinentes.

§ 1º A duração dos contratos e instrumentos simi-lares a que se refere o caput deste artigo fica limi-tada a 120 (cento e vinte) meses.

§ 2º Nas licitações para as contratações de quetrata este artigo, além do preço, poderá ser con-siderado o critério da melhor técnica previsto noinciso II do caput do art. 26 desta lei.

CAPÍTULO IIIDA DESTINAÇÃO ÀS COMUNIDADES

LOCAIS

Art. 6º Antes da realização das concessões flores-tais, as florestas públicas ocupadas ou utilizadas porcomunidades locais serão identificadas para a desti-nação, pelos órgãos competentes, por meio de:

I - criação de reservas extrativistas e reservas dedesenvolvimento sustentável, observados osrequisitos previstos da Lei nº 9.985, de 18 dejulho de 2000;

II - concessão de uso, por meio de projetos deassentamento florestal, de desenvolvimento sus-tentável, agroextrativistas ou outros similares,nos termos do art. 189 da Constituição Federal edas diretrizes do Programa Nacional de ReformaAgrária;

III - outras formas previstas em lei.

§ 1º A destinação de que trata o caput deste arti-go será feita de forma não onerosa para o bene-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A70

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 70

Page 69: Legislação Ambiental Básica

ficiário e efetuada em ato administrativo próprio,conforme previsto em legislação específica.

§ 2º Sem prejuízo das formas de destinação pre-vistas no caput deste artigo, as comunidadeslocais poderão participar das licitações previstasno Capítulo IV deste Título, por meio de associa-ções comunitárias, cooperativas ou outras pes-soas jurídicas admitidas em lei.

§ 3º O Poder Público poderá, com base em con-dicionantes socioambientais definidas em regula-mento, regularizar posses de comunidades locaissobre as áreas por elas tradicionalmente ocupa-das ou utilizadas, que sejam imprescindíveis àconservação dos recursos ambientais essenciaispara sua reprodução física e cultural, por meio deconcessão de direito real de uso ou outra formaadmitida em lei, dispensada licitação.

CAPÍTULO IVDAS CONCESSÕES FLORESTAIS

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 7º A concessão florestal será autorizada emato do poder concedente e formalizada mediantecontrato, que deverá observar os termos desta lei,das normas pertinentes e do edital de licitação.

Parágrafo único. Os relatórios ambientais prelimi-nares, licenças ambientais, relatórios de impactoambiental, contratos, relatórios de fiscalização ede auditorias e outros documentos relevantes doprocesso de concessão florestal serão disponibiliza-dos por meio da Rede Mundial de Computadores,sem prejuízo do disposto no art. 25 desta lei.

Art. 8º A publicação do edital de licitação decada lote de concessão florestal deverá ser prece-dida de audiência pública, por região, realizadapelo órgão gestor, nos termos do regulamento,sem prejuízo de outras formas de consulta pública.

Art. 9º São elegíveis para fins de concessão asunidades de manejo previstas no Plano Anual deOutorga Florestal.

SEÇÃO IIDO PLANO ANUAL DE OUTORGA FLORESTAL

Art. 10. O Plano Anual de Outorga Florestal-PAOF, proposto pelo órgão gestor e definido pelopoder concedente, conterá a descrição de todasas florestas públicas a serem submetidas a pro-cessos de concessão no ano em que vigorar.

§ 1º O PAOF será submetido pelo órgão gestor àmanifestação do órgão consultivo da respectivaesfera de governo.

§ 2º A inclusão de áreas de florestas públicas sobo domínio da União no PAOF requer manifesta-ção prévia da Secretaria de Patrimônio da Uniãodo Ministério do Planejamento, Orçamento eGestão.

§ 3º O PAOF deverá ser previamente apreciadopelo Conselho de Defesa Nacional quando estive-rem incluídas áreas situadas na faixa de fronteiradefinida no § 2º do art. 20 da ConstituiçãoFederal.

§ 4º (VETADO)

Art. 11.O PAOF para concessão florestal considerará:

I - as políticas e o planejamento para o setor flo-restal, a reforma agrária, a regularização fundiá-ria, a agricultura, o meio ambiente, os recursoshídricos, o ordenamento territorial e o desenvol-vimento regional;

II - o Zoneamento Ecológico-Econômico-ZEEnacional e estadual e demais instrumentos quedisciplinam o uso, a ocupação e a exploração dosrecursos ambientais;

III - a exclusão das unidades de conservação deproteção integral, das reservas de desenvolvi-mento sustentável, das reservas extrativistas, dasreservas de fauna e das áreas de relevante inte-resse ecológico, salvo quanto a atividades expres-samente admitidas no plano de manejo da unida-de de conservação;

IV - a exclusão das terras indígenas, das áreasocupadas por comunidades locais e das áreas de

3 . A F L O R A 71

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 71

Page 70: Legislação Ambiental Básica

interesse para a criação de unidades de conserva-ção de proteção integral;

V - as áreas de convergência com as concessõesde outros setores, conforme regulamento;

VI - as normas e as diretrizes governamentaisrelativas à faixa de fronteira e outras áreas consi-deradas indispensáveis para a defesa do territórionacional;

VII - as políticas públicas dos Estados, dosMunicípios e do Distrito Federal.

§ 1º Além do disposto no caput deste artigo, oPAOF da União considerará os PAOFs dosEstados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 2º O PAOF deverá prever zonas de uso restritodestinadas às comunidades locais.

§ 3º O PAOF deve conter disposições relativas aoplanejamento do monitoramento e fiscalizaçãoambiental a cargo dos órgãos do SistemaNacional do Meio Ambiente-SISNAMA, incluindoa estimativa dos recursos humanos e financeirosnecessários para essas atividades.

SEÇÃO IIIDO PROCESSO DE OUTORGA

Art. 12. O poder concedente publicará, previa-mente ao edital de licitação, ato justificando aconveniência da concessão florestal, caracteri-zando seu objeto e a unidade de manejo.

Art. 13. As licitações para concessão florestalobservarão os termos desta Lei e, supletivamente,da legislação própria, respeitados os princípios dalegalidade, moralidade, publicidade, igualdade,do julgamento por critérios objetivos e da vincu-lação ao instrumento convocatório.

§ 1º As licitações para concessão florestal serãorealizadas na modalidade concorrência e outor-gadas a título oneroso.

§ 2º Nas licitações para concessão florestal, évedada a declaração de inexigibilidade previstano art. 25 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de1993.

SEÇÃO IVDO OBJETO DA CONCESSÃO

Art. 14.A concessão florestal terá como objeto aexploração de produtos e serviços florestais,contratualmente especificados, em unidade demanejo de floresta pública, com perímetro geor-referenciado, registrada no respectivo cadastrode florestas públicas e incluída no lote de conces-são florestal.

Parágrafo único. Fica instituído o CadastroNacional de Florestas Públicas, interligado aoSistema Nacional de Cadastro Rural e integrado:

I - pelo Cadastro-Geral de Florestas Públicas daUnião;

II - pelos cadastros de florestas públicas dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 15. O objeto de cada concessão será fixadono edital, que definirá os produtos florestais eserviços cuja exploração será autorizada.

Art. 16. A concessão florestal confere ao conces-sionário somente os direitos expressamenteprevistos no contrato de concessão.

§ 1º É vedada a outorga de qualquer dos seguin-tes direitos no âmbito da concessão florestal:

I - titularidade imobiliária ou preferência em suaaquisição;

II - acesso ao patrimônio genético para fins depesquisa e desenvolvimento, bioprospecção ouconstituição de coleções;

III - uso dos recursos hídricos acima do especifi-cado como insignificante, nos termos da Leinº 9.433, de 8 de janeiro de 1997;

IV - exploração dos recursos minerais;

V - exploração de recursos pesqueiros ou dafauna silvestre;

VI - comercialização de créditos decorrentes daemissão evitada de carbono em florestas naturais.

§ 2º No caso de reflorestamento de áreas degra-dadas ou convertidas para uso alternativo do

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A72

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 72

Page 71: Legislação Ambiental Básica

solo, o direito de comercializar créditos de carbo-no poderá ser incluído no objeto da concessão,nos termos de regulamento.

§ 3º O manejo da fauna silvestre pelas comunida-des locais observará a legislação específica.

Art. 17. Os produtos de uso tradicional e de sub-sistência para as comunidades locais serãoexcluídos do objeto da concessão e explicitadosno edital, juntamente com a definição das restri-ções e da responsabilidade pelo manejo dasespécies das quais derivam esses produtos, bemcomo por eventuais prejuízos ao meio ambiente eao poder concedente.

SEÇÃO VDO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Art. 18. A licença prévia para uso sustentável daunidade de manejo será requerida pelo órgãogestor, mediante a apresentação de relatórioambiental preliminar ao órgão ambiental compe-tente integrante do Sistema Nacional do MeioAmbiente-SISNAMA.

§ 1º Nos casos potencialmente causadores designificativa degradação do meio ambiente, assimconsiderados, entre outros aspectos, em funçãoda escala e da intensidade do manejo florestal eda peculiaridade dos recursos ambientais, seráexigido estudo prévio de impacto ambiental-EIApara a concessão da licença prévia.

§ 2º O órgão ambiental licenciador poderá optarpela realização de relatório ambiental preliminare EIA que abranjam diferentes unidades demanejo integrantes de um mesmo lote de conces-são florestal, desde que as unidades se situem nomesmo ecossistema e no mesmo Estado.

§ 3º Os custos do relatório ambiental preliminare do EIA serão ressarcidos pelo concessionárioganhador da licitação, na forma do art. 24 desta lei.

§ 4º A licença prévia autoriza a elaboração doPMFS e, no caso de unidade de manejo inseridano PAOF, a licitação para a concessão florestal.

§ 5º O início das atividades florestais na unidadede manejo somente poderá ser efetivado com a

aprovação do respectivo PMFS pelo órgão com-petente do SISNAMA e a conseqüente obtençãoda licença de operação pelo concessionário.

§ 6º O processo de licenciamento ambiental parauso sustentável da unidade de manejo compreen-de a licença prévia e a licença de operação, não selhe aplicando a exigência de licença de instalação.

§ 7º Os conteúdos mínimos do relatório ambien-tal preliminar e do EIA relativos ao manejo flores-tal serão definidos em ato normativo específico.

§ 8º A aprovação do plano de manejo da unida-de de conservação referida no inciso I do art. 4ºdesta lei, nos termos da Lei nº 9.985, de 18 dejulho de 2000, substitui a licença prévia previstano caput deste artigo, sem prejuízo da elaboraçãode EIA nos casos previstos no § 1º deste artigo eda observância de outros requisitos do licencia-mento ambiental.

SEÇÃO VIDA HABILITAÇÃO

Art. 19. Além de outros requisitos previstos naLei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, exige-separa habilitação nas licitações de concessão flo-restal a comprovação de ausência de:

I - débitos inscritos na dívida ativa relativos ainfração ambiental nos órgãos competentes inte-grantes do SISNAMA;

II - decisões condenatórias, com trânsito em jul-gado, em ações penais relativas a crime contra omeio ambiente ou a ordem tributária ou a crimeprevidenciário, observada a reabilitação de quetrata o art. 93 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 dedezembro de 1940 - Código Penal.

§ 1º Somente poderão ser habilitadas nas licita-ções para concessão florestal empresas ou outraspessoas jurídicas constituídas sob as leis brasilei-ras e que tenham sede e administração no país.

§ 2º Os órgãos do SISNAMA organizarão sistemade informações unificado, tendo em vista assegu-rar a emissão do comprovante requerido no incisoI do caput deste artigo.

3 . A F L O R A 73

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 73

Page 72: Legislação Ambiental Básica

SEÇÃO VIIDO EDITAL DE LICITAÇÃO

Art. 20. O edital de licitação será elaborado pelopoder concedente, observados os critérios e asnormas gerais da Lei nº 8.666, de 21 de junho de1993, e conterá, especialmente:

I - o objeto, com a descrição dos produtos e dosserviços a serem explorados;

II - a delimitação da unidade de manejo, comlocalização e topografia, além de mapas e ima-gens de satélite e das informações públicas dis-poníveis sobre a unidade;

III - os resultados do inventário amostral;

IV - o prazo da concessão e as condições de pror-rogação;

V - a descrição da infra-estrutura disponível;

VI - as condições e datas para a realização devisitas de reconhecimento das unidades de mane-jo e levantamento de dados adicionais;

VII - a descrição das condições necessárias àexploração sustentável dos produtos e serviçosflorestais;

VIII - os prazos para recebimento das propostas,julgamento da licitação e assinatura do contrato;

IX - o período, com data de abertura e encerra-mento, o local e o horário em que serão forneci-dos aos interessados os dados, estudos e projetosnecessários à elaboração dos orçamentos e apre-sentação das propostas;

X - os critérios e a relação dos documentos exigi-dos para a aferição da capacidade técnica, daidoneidade financeira e da regularidade jurídica efiscal;

XI - os critérios, os indicadores, as fórmulas eparâmetros a serem utilizados no julgamento daproposta;

XII - o preço mínimo da concessão e os critériosde reajuste e revisão;

XIII - a descrição das garantias financeiras e dosseguros exigidos;

XIV - as características dos bens reversíveis,incluindo as condições em que se encontramaqueles já existentes;

XV - as condições de liderança da empresa oupessoa jurídica responsável, na hipótese em quefor permitida a participação de consórcio;

XVI - a minuta do respectivo contrato, que conte-rá as cláusulas essenciais referidas no art. 30desta lei;

XVII - as condições de extinção do contrato deconcessão.

§ 1º As exigências previstas nos incisos II e III docaput deste artigo serão adaptadas à escala daunidade de manejo florestal, caso não se justifi-que a exigência do detalhamento.

§ 2º O edital será submetido a audiência públicapreviamente ao seu lançamento, nos termos doart. 8º desta lei.

Art. 21. As garantias previstas no inciso XIII doart. 20 desta lei:

I - incluirão a cobertura de eventuais danos cau-sados ao meio ambiente, ao erário e a terceiros;

II - poderão incluir, nos termos de regulamento, acobertura do desempenho do concessionário emtermos de produção florestal.

§ 1º O poder concedente exigirá garantias sufi-cientes e compatíveis com os ônus e riscos envol-vidos nos contratos de concessão florestal.

§ 2º São modalidades de garantia:

I - caução em dinheiro;

II - títulos da dívida pública emitidos sob a formaescritural, mediante registro em sistema centrali-zado de liquidação e de custódia autorizado peloBanco Central do Brasil, e avaliados pelos seusvalores econômicos, conforme definido peloMinistério da Fazenda;

III - seguro-garantia;

IV - fiança bancária;

V - outras admitidas em lei.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A74

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 74

Page 73: Legislação Ambiental Básica

§ 3º Para concessão florestal a pessoa jurídica depequeno porte, microempresas e associações decomunidades locais, serão previstas em regula-mento formas alternativas de fixação de garan-tias e preços florestais.

Art. 22. Quando permitida na licitação a partici-pação de pessoa jurídica em consórcio, observar-se-ão, adicionalmente aos requisitos referidos noart. 19 desta lei, os seguintes requisitos:

I - comprovação de compromisso, público ou par-ticular, de constituição de consórcio, subscritopelas consorciadas;

II - indicação da empresa-líder, que deverá aten-der às condições de liderança estipuladas noedital e será a representante das consorciadasperante o poder concedente;

III - apresentação dos documentos de que trata oinciso X do caput do art. 20 desta lei, por parte decada consorciada;

IV - comprovação de cumprimento da exigênciaconstante do inciso XV do caput do art. 20 desta lei;

V - impedimento de participação de empresasconsorciadas na mesma licitação, por intermédiode mais de 1 (um) consórcio ou isoladamente.

§ 1º O licitante vencedor ficará obrigado a promo-ver, antes da celebração do contrato, a constituiçãoe registro do consórcio, nos termos do compromis-so referido no inciso I do caput deste artigo.

§ 2º A pessoa jurídica líder do consórcio é respon-sável pelo cumprimento do contrato de concessãoperante o poder concedente, sem prejuízo da res-ponsabilidade solidária das demais consorciadas.

§ 3º As alterações na constituição dos consórciosdeverão ser submetidas previamente ao poderconcedente para a verificação da manutençãodas condições de habilitação, sob pena de resci-são do contrato de concessão.

Art. 23. É facultado ao poder concedente, desdeque previsto no edital, determinar que o licitantevencedor, no caso de consórcio, constitua-se emempresa antes da celebração do contrato.

Art. 24. Os estudos, levantamentos, projetos,obras, despesas ou investimentos já efetuados naunidade de manejo e vinculados ao processo delicitação para concessão, realizados pelo poderconcedente ou com a sua autorização, estarão àdisposição dos interessados.

§ 1º O edital de licitação indicará os itens, entreos especificados no caput deste artigo, e seus res-pectivos valores, que serão ressarcidos pelo ven-cedor da licitação.

§ 2º As empresas de pequeno porte, microempre-sas e associações de comunidades locais ficarãodispensadas do ressarcimento previsto no § 1ºdeste artigo.

Art. 25. É assegurado a qualquer pessoa o aces-so aos contratos, decisões ou pareceres relativosà licitação ou às próprias concessões.

SEÇÃO VIIIDOS CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Art. 26. No julgamento da licitação, a melhorproposta será considerada em razão da combina-ção dos seguintes critérios:

I - o maior preço ofertado como pagamento aopoder concedente pela outorga da concessão flo-restal;

II - a melhor técnica, considerando:

a) o menor impacto ambiental;

b) os maiores benefícios sociais diretos;

c) a maior eficiência;

d) a maior agregação de valor ao produto ou ser-viço florestal na região da concessão.

§ 1º A aplicação dos critérios descritos nos incisosI e II do caput deste artigo será previamente esta-belecida no edital de licitação, com regras e fór-mulas precisas para avaliação ambiental, econô-mica, social e financeira.

3 . A F L O R A 75

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 75

Page 74: Legislação Ambiental Básica

§ 2º Para fins de aplicação do disposto no incisoII do caput deste artigo, o edital de licitação con-terá parâmetros e exigências para formulaçãode propostas técnicas.

§ 3º O poder concedente recusará propostasmanifestamente inexeqüíveis ou financeiramenteincompatíveis com os objetivos da licitação.

SEÇÃO IXDO CONTRATO DE CONCESSÃO

Art. 27. Para cada unidade de manejo licitada,será assinado um contrato de concessão exclusivocom um único concessionário, que será responsá-vel por todas as obrigações nele previstas, além deresponder pelos prejuízos causados ao poderconcedente, ao meio ambiente ou a terceiros, semque a fiscalização exercida pelos órgãos compe-tentes exclua ou atenue essa responsabilidade.

§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que serefere o caput deste artigo, o concessionáriopoderá contratar terceiros para o desenvolvimen-to de atividades inerentes ou subsidiárias aomanejo florestal sustentável dos produtos e àexploração dos serviços florestais concedidos.

§ 2º As contratações, inclusive de mão-de-obra,feitas pelo concessionário serão regidas pelodireito privado, não se estabelecendo qualquerrelação jurídica entre os terceiros contratadospelo concessionário e o poder concedente.

§ 3º A execução das atividades contratadas comterceiros pressupõe o cumprimento das normasregulamentares relacionadas a essas atividades.

§ 4º É vedada a subconcessão na concessão flo-restal.

Art. 28. A transferência do controle societário doconcessionário sem prévia anuência do poderconcedente implicará a rescisão do contrato e aaplicação das sanções contratuais, sem prejuízoda execução das garantias oferecidas.

Parágrafo único. Para fins de obtenção da anuên-cia referida no caput deste artigo, o pretendentedeverá:

I - atender às exigências da habilitação estabele-cidas para o concessionário;

II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulasdo contrato em vigor.

Art. 29. Nos contratos de financiamento, osconcessionários poderão oferecer em garantia osdireitos emergentes da concessão, até o limiteque não comprometa a operacionalização e acontinuidade da execução, pelo concessionário,do PMFS ou das demais atividades florestais.

Parágrafo único. O limite previsto no caput desteartigo será definido pelo órgão gestor.

Art. 30. São cláusulas essenciais do contrato deconcessão as relativas:

I - ao objeto, com a descrição dos produtos e dosserviços a serem explorados e da unidade demanejo;

II - ao prazo da concessão;

III - ao prazo máximo para o concessionário ini-ciar a execução do PMFS;

IV - ao modo, à forma, às condições e aos prazosda realização das auditorias florestais;

V - ao modo, à forma e às condições de explora-ção de serviços e prática do manejo florestal;

VI - aos critérios, aos indicadores, às fórmulas eaos parâmetros definidores da qualidade do meioambiente;

VII - aos critérios máximos e mínimos de aprovei-tamento dos recursos florestais;

VIII - às ações de melhoria e recuperação ambien-tal na área da concessão e seu entorno assumi-das pelo concessionário;

IX - às ações voltadas ao benefício da comunida-de local assumidas pelo concessionário;

X - aos preços e aos critérios e procedimentospara reajuste e revisão;

XI - aos direitos e às obrigações do poder conceden-te e do concessionário, inclusive os relacionados a

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A76

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 76

Page 75: Legislação Ambiental Básica

necessidades de alterações futuras e moderniza-ção, aperfeiçoamento e ampliação dos equipa-mentos, infra-estrutura e instalações;

XII - às garantias oferecidas pelo concessionário;

XIII - à forma de monitoramento e avaliação dasinstalações, dos equipamentos, dos métodos epráticas de execução do manejo florestal susten-tável e exploração de serviços;

XIV - às penalidades contratuais e administrativasa que se sujeita o concessionário e sua forma deaplicação;

XV - aos casos de extinção do contrato de concessão;

XVI - aos bens reversíveis;

XVII - às condições para revisão e prorrogação;

XVIII - à obrigatoriedade, à forma e à periodicida-de da prestação de contas do concessionário aopoder concedente;

XIX - aos critérios de bonificação para o conces-sionário que atingir melhores índices de desem-penho socioambiental que os previstos no contra-to, conforme regulamento;

XX - ao foro e ao modo amigável de solução dasdivergências contratuais.

§ 1º No exercício da fiscalização, o órgão gestorterá acesso aos dados relativos à administração,contabilidade, recursos técnicos, econômicos efinanceiros do concessionário, respeitando-se oslimites do sigilo legal ou constitucionalmente pre-visto.

§ 2º Sem prejuízo das atribuições dos órgãos doSISNAMA responsáveis pelo controle e fiscaliza-ção ambiental, o órgão gestor poderá suspendera execução de atividades desenvolvidas em desa-cordo com o contrato de concessão, devendo,nessa hipótese, determinar a imediata correçãodas irregularidades identificadas.

§ 3º A suspensão de que trata o § 2º deste arti-go não isenta o concessionário do cumprimentodas demais obrigações contratuais.

§ 4º As obrigações previstas nos incisos V a IX docaput deste artigo são de relevante interesseambiental, para os efeitos do art. 68 da Leinº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

Art. 31. Incumbe ao concessionário:

I - elaborar e executar o PMFS, conforme previstonas normas técnicas aplicáveis e especificaçõesdo contrato;

II - evitar ações ou omissões passíveis de gerardanos ao ecossistema ou a qualquer de seus ele-mentos;

III - informar imediatamente a autoridade compe-tente no caso de ações ou omissões próprias oude terceiros ou fatos que acarretem danos aoecossistema, a qualquer de seus elementos ou àscomunidades locais;

IV - recuperar as áreas degradadas, quando iden-tificado o nexo de causalidade entre suas açõesou omissões e os danos ocorridos, independente-mente de culpa ou dolo, sem prejuízo das respon-sabilidades contratuais, administrativas, civis oupenais;

V - cumprir e fazer cumprir as normas de manejoflorestal, as regras de exploração de serviços e ascláusulas contratuais da concessão;

VI - garantir a execução do ciclo contínuo, inicia-da dentro do prazo máximo fixado no edital;

VII - buscar o uso múltiplo da floresta, nos limitescontratualmente definidos e observadas as restri-ções aplicáveis às áreas de preservação perma-nente e as demais exigências da legislaçãoambiental;

VIII - realizar as benfeitorias necessárias na uni-dade de manejo;

IX - executar as atividades necessárias à manu-tenção da unidade de manejo e da infra-estrutura;

X - comercializar o produto florestal auferido domanejo;

3 . A F L O R A 77

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 77

Page 76: Legislação Ambiental Básica

XI - executar medidas de prevenção e controle deincêndios;

XII - monitorar a execução do PMFS;

XIII - zelar pela integridade dos bens e benfeito-rias vinculados à unidade de manejo concedida;

XIV - manter atualizado o inventário e o registrodos bens vinculados à concessão;

XV - elaborar e disponibilizar o relatório anualsobre a gestão dos recursos florestais ao órgãogestor, nos termos definidos no contrato;

XVI - permitir amplo e irrestrito acesso aos encar-regados da fiscalização e auditoria, a qualquermomento, às obras, aos equipamentos e às insta-lações da unidade de manejo, bem como à docu-mentação necessária para o exercício da fiscaliza-ção;

XVII - realizar os investimentos ambientais esociais definidos no contrato de concessão.

§ 1º As benfeitorias permanentes reverterão semônus ao titular da área ao final do contrato deconcessão, ressalvados os casos previstos no edi-tal de licitação e no contrato de concessão.

§ 2º Como requisito indispensável para o iníciodas operações de exploração de produtos e servi-ços florestais, o concessionário deverá contar como PMFS aprovado pelo órgão competente do SIS-NAMA.

§ 3º Findo o contrato de concessão, o concessio-nário fica obrigado a devolver a unidade demanejo ao poder concedente nas condições pre-vistas no contrato de concessão, sob pena deaplicação das devidas sanções contratuais eadministrativas, bem como da responsabilizaçãonas esferas penal e civil, inclusive a decorrente daLei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Art. 32. O PMFS deverá apresentar área geogra-ficamente delimitada destinada à reserva absolu-ta, representativa dos ecossistemas florestaismanejados, equivalente a, no mínimo, 5% (cincopor cento) do total da área concedida, para con-

servação da biodiversidade e avaliação e monito-ramento dos impactos do manejo florestal.

§ 1º Para efeito do cálculo do percentual previstono caput deste artigo, não serão computadas asáreas de preservação permanente.

§ 2º A área de reserva absoluta não poderá serobjeto de qualquer tipo de exploração econômica.

§ 3º A área de reserva absoluta poderá ser defi-nida pelo órgão gestor previamente à elaboraçãodo PMFS.

Art. 33. Para fins de garantir o direito de acessoàs concessões florestais por pessoas jurídicas depequeno porte, micro e médias empresas, serãodefinidos no PAOF, nos termos de regulamento,lotes de concessão, contendo várias unidades demanejo de tamanhos diversos, estabelecidos combase em critérios técnicos, que deverão conside-rar as condições e as necessidades do setor flo-restal, as peculiaridades regionais, a estrutura dascadeias produtivas, as infra-estruturas locais e oacesso aos mercados.

Art. 34. Sem prejuízo da legislação pertinente àproteção da concorrência e de outros requisitosestabelecidos em regulamento, deverão serobservadas as seguintes salvaguardas para evitara concentração econômica:

I - em cada lote de concessão florestal, não poderãoser outorgados a cada concessionário, individual-mente ou em consórcio, mais de 2 (dois) contratos;

II - cada concessionário, individualmente ou emconsórcio, terá um limite percentual máximo deárea de concessão florestal, definido no PAOF.

Parágrafo único. O limite previsto no inciso II docaput deste artigo será aplicado sobre o total daárea destinada à concessão florestal pelo PAOF epelos planos anuais de outorga em execuçãoaprovados nos anos anteriores.

Art. 35. O prazo dos contratos de concessão flo-restal será estabelecido de acordo com o ciclo decolheita ou exploração, considerando o produtoou grupo de produtos com ciclo mais longo

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A78

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 78

Page 77: Legislação Ambiental Básica

incluído no objeto da concessão, podendo serfixado prazo equivalente a, no mínimo, um cicloe, no máximo, 40 (quarenta) anos.

Parágrafo único. O prazo dos contratos de con-cessão exclusivos para exploração de serviços flo-restais será de, no mínimo, 5 (cinco) e, no máxi-mo, 20 (vinte) anos.

SEÇÃO XDOS PREÇOS FLORESTAIS

Art. 36. O regime econômico e financeiro daconcessão florestal, conforme estabelecido norespectivo contrato, compreende:

I - o pagamento de preço calculado sobre os cus-tos de realização do edital de licitação da conces-são florestal da unidade de manejo;

II - o pagamento de preço, não inferior ao míni-mo definido no edital de licitação, calculado emfunção da quantidade de produto ou serviçoauferido do objeto da concessão ou do fatura-mento líquido ou bruto;

III - a responsabilidade do concessionário de rea-lizar outros investimentos previstos no edital e nocontrato;

IV - a indisponibilidade, pelo concessionário,salvo disposição contratual, dos bens considera-dos reversíveis.

§ 1º O preço referido no inciso I do caput desteartigo será definido no edital de licitação e pode-rá ser parcelado em até 1 (um) ano, com base emcritérios técnicos e levando-se em consideraçãoas peculiaridades locais.

§ 2º A definição do preço mínimo no edital deve-rá considerar:

I - o estímulo à competição e à concorrência;

II - a garantia de condições de competição domanejo em terras privadas;

III - a cobertura dos custos do sistema de outorga;

IV - a geração de benefícios para a sociedade,aferidos inclusive pela renda gerada;

V - o estímulo ao uso múltiplo da floresta;

VI - a manutenção e a ampliação da competitivi-dade da atividade de base florestal;

VII - as referências internacionais aplicáveis.

§ 3º Será fixado, nos termos de regulamento,valor mínimo a ser exigido anualmente do con-cessionário, independentemente da produção oudos valores por ele auferidos com a exploraçãodo objeto da concessão.

§ 4º O valor mínimo previsto no § 3º deste artigointegrará os pagamentos anuais devidos peloconcessionário para efeito do pagamento dopreço referido no inciso II do caput deste artigo.

§ 5º A soma dos valores pagos com base no § 3ºdeste artigo não poderá ser superior a 30% (trin-ta por cento) do preço referido no inciso II docaput deste artigo.

Art. 37. O preço referido no inciso II do caput doart. 36 desta lei compreende:

I - o valor estabelecido no contrato de concessão;

II - os valores resultantes da aplicação dos crité-rios de revisão ou de reajuste, nas condições dorespectivo contrato, definidos em ato específicodo órgão gestor.

Parágrafo único. A divulgação do ato a que serefere o inciso II do caput deste artigo deverá pre-ceder a data de pagamento do preço em, nomínimo, 30 (trinta) dias.

Art. 38. O contrato de concessão referido no art.27 desta lei poderá prever o compromisso deinvestimento mínimo anual do concessionário,destinado à modernização da execução dosPMFS, com vistas na sua sustentabilidade.

Art. 39. Os recursos financeiros oriundos dospreços da concessão florestal de unidades locali-zadas em áreas de domínio da União serão distri-buídos da seguinte forma:

I - o valor referido no § 3º do art. 36 desta lei serádestinado:

3 . A F L O R A 79

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 79

Page 78: Legislação Ambiental Básica

a) 70% (setenta por cento) ao órgão gestor paraa execução de suas atividades;

b) 30% (trinta por cento) ao Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis-IBAMA, para utilização restrita em ati-vidades de controle e fiscalização ambiental deatividades florestais, de unidades de conservaçãoe do desmatamento;

II - o preço pago, excluído o valor mencionado noinciso I do caput deste artigo, terá a seguinte des-tinação:

a) Estados: 30% (trinta por cento), destinadosproporcionalmente à distribuição da florestapública outorgada em suas respectivas jurisdições,para o apoio e promoção da utilização sustentáveldos recursos florestais, sempre que o ente benefi-ciário cumprir com a finalidade deste aporte;

b) Municípios: 30% (trinta por cento), destinadosproporcionalmente à distribuição da florestapública outorgada em suas respectivas jurisdições,para o apoio e promoção da utilização sustentáveldos recursos florestais, sempre que o ente benefi-ciário cumprir com a finalidade deste aporte;

c) Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal-FNDF: 40% (quarenta por cento).

§ 1º Quando os recursos financeiros forem oriun-dos dos preços da concessão florestal de unidadeslocalizadas em florestas nacionais criadas pelaUnião nos termos do art. 17 da Lei nº 9.985, de 18de julho de 2000, serão distribuídos da seguin-te forma:

I - o valor referido no § 3º do art. 36 desta lei serádestinado ao órgão gestor para a execução desuas atividades;

II - o preço pago, excluído o valor mencionado noinciso I do caput deste artigo, terá a seguinte des-tinação:

a) IBAMA: 40% (quarenta por cento), para utiliza-ção restrita na gestão das unidades de conserva-ção de uso sustentável;

b) Estados: 20% (vinte por cento), destinadosproporcionalmente à distribuição da floresta públicaoutorgada em suas respectivas jurisdições, para oapoio e promoção da utilização sustentável dosrecursos florestais, sempre que o ente beneficiá-rio cumprir com a finalidade deste aporte;

c) Municípios: 20% (vinte por cento), destinadosproporcionalmente à distribuição da florestapública outorgada em suas respectivas jurisdi-ções, para o apoio e promoção da utilização sus-tentável dos recursos florestais, sempre que oente beneficiário cumprir com a finalidade desteaporte;

d) FNDF: 20% (vinte por cento).

§ 2º (VETADO)

§ 3º O repasse dos recursos a Estados eMunicípios previsto neste artigo será condiciona-do à instituição de conselho de meio ambientepelo respectivo ente federativo, com participaçãosocial, e à aprovação, por este conselho:

I - do cumprimento das metas relativas à aplica-ção desses recursos referentes ao ano anterior;

II - da programação da aplicação dos recursos doano em curso.

Art. 40. Os recursos financeiros oriundos dos pre-ços de cada concessão florestal da União serãodepositados e movimentados exclusivamente porintermédio dos mecanismos da conta única doTesouro Nacional, na forma do regulamento.

§ 1º O Tesouro Nacional, trimestralmente, repas-sará aos Estados e Municípios os recursos recebi-dos de acordo com o previsto nas alíneas a e b doinciso II do caput e nas alíneas b e c do inciso IIdo § 1º, ambos do art. 39 desta lei.

§ 2º O Órgão Central de Contabilidade da Uniãoeditará as normas gerais relativas à consolidaçãodas contas públicas aplicáveis aos recursos finan-ceiros oriundos da concessão florestal e à suadistribuição.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A80

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 80

Page 79: Legislação Ambiental Básica

SEÇÃO XIDO FUNDO NACIONAL DE

DESENVOLVIMENTO FLORESTAL

Art. 41. Fica criado o Fundo Nacional deDesenvolvimento Florestal-FNDF, de naturezacontábil, gerido pelo órgão gestor federal, desti-nado a fomentar o desenvolvimento de ativida-des sustentáveis de base florestal no Brasil e apromover a inovação tecnológica do setor.

§ 1º Os recursos do FNDF serão aplicados priori-tariamente em projetos nas seguintes áreas:

I - pesquisa e desenvolvimento tecnológico emmanejo florestal;

II - assistência técnica e extensão florestal;

III - recuperação de áreas degradadas com espé-cies nativas;

IV - aproveitamento econômico racional e susten-tável dos recursos florestais;

V - controle e monitoramento das atividades flo-restais e desmatamentos;

VI - capacitação em manejo florestal e formação deagentes multiplicadores em atividades florestais;

VII - educação ambiental;

VIII - proteção ao meio ambiente e conservaçãodos recursos naturais.

§ 2º O FNDF contará com um conselho consulti-vo, com participação dos entes federativos e dasociedade civil, com a função de opinar sobre adistribuição dos seus recursos e a avaliação desua aplicação.

§ 3º Aplicam-se aos membros do conselho de quetrata o § 2º deste artigo as restrições previstas noart. 59 desta lei.

§ 4º Adicionalmente aos recursos previstos na alí-nea c do inciso II do caput e na alínea d do inci-so II do § 1º, ambos do art. 39 desta lei, consti-tuem recursos do FNDF a reversão dos saldosanuais não aplicados, doações realizadas porentidades nacionais ou internacionais, públicasou privadas, e outras fontes de recursos que lhe

forem especificamente destinadas, inclusive orça-mentos compartilhados com outros entes daFederação.

§ 5º É vedada ao FNDF a prestação de garantias.

§ 6º Será elaborado plano anual de aplicaçãoregionalizada dos recursos do FNDF, devendo orelatório de sua execução integrar o relatórioanual de que trata o § 2º do art. 53 desta lei, noâmbito da União.

§ 7º Os recursos do FNDF somente poderão serdestinados a projetos de órgãos e entidades públi-cas, ou de entidades privadas sem fins lucrativos.

§ 8º A aplicação dos recursos do FNDF nos proje-tos de que trata o inciso I do § 1º deste artigoserá feita prioritariamente em entidades públicasde pesquisa.

§ 9º A aplicação dos recursos do FNDF nos pro-jetos de que trata o § 1º deste artigo poderáabranger comunidades indígenas, sem prejuízodo atendimento de comunidades locais e outrosbeneficiários e observado o disposto no § 7ºdeste artigo.

SEÇÃO XIIDAS AUDITORIAS FLORESTAIS

Art. 42. Sem prejuízo das ações de fiscalizaçãoordinárias, as concessões serão submetidas aauditorias florestais, de caráter independente, emprazos não superiores a 3 (três) anos, cujos cus-tos serão de responsabilidade do concessionário.

§ 1º Em casos excepcionais, previstos no edital delicitação, nos quais a escala da atividade florestaltorne inviável o pagamento dos custos das audi-torias florestais pelo concessionário, o órgão ges-tor adotará formas alternativas de realização dasauditorias, conforme regulamento.

§ 2º As auditorias apresentarão suas conclusõesem um dos seguintes termos:

I - constatação de regular cumprimento do con-trato de concessão, a ser devidamente validadapelo órgão gestor;

3 . A F L O R A 81

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 81

Page 80: Legislação Ambiental Básica

II - constatação de deficiências sanáveis, que con-diciona a manutenção contratual ao saneamentode todos os vícios e irregularidades verificados,no prazo máximo de 6 (seis) meses;

III - constatação de descumprimento, que, devida-mente validada, implica a aplicação de sançõessegundo sua gravidade, incluindo a rescisão con-tratual, conforme esta lei.

§ 3º As entidades que poderão realizar auditoriasflorestais serão reconhecidas em ato administra-tivo do órgão gestor.

Art. 43. Qualquer pessoa física ou jurídica, deforma justificada e devidamente assistida porprofissionais habilitados, poderá fazer visitas decomprovação às operações florestais de campo,sem obstar o regular desenvolvimento das ativi-dades, observados os seguintes requisitos:

I - prévia obtenção de licença de visita no órgãogestor;

II - programação prévia com o concessionário.

SEÇÃO XIIIDA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO

Art. 44. Extingue-se a concessão florestal porqualquer das seguintes causas:

I - esgotamento do prazo contratual;

II - rescisão;

III - anulação;

IV - falência ou extinção do concessionário e fale-cimento ou incapacidade do titular, no caso deempresa individual;

V - desistência e devolução, por opção do conces-sionário, do objeto da concessão.

§ 1º Extinta a concessão, retornam ao titular dafloresta pública todos os bens reversíveis, direitos eprivilégios transferidos ao concessionário, confor-me previsto no edital e estabelecido em contrato.

§ 2º A extinção da concessão autoriza, indepen-dentemente de notificação prévia, a ocupaçãodas instalações e a utilização, pelo titular da flo-resta pública, de todos os bens reversíveis.

§ 3º A extinção da concessão pelas causas previs-tas nos incisos II, IV e V do caput deste artigoautoriza o poder concedente a executar as garan-tias contratuais, sem prejuízo da responsabilidadecivil por danos ambientais prevista na Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

§ 4º A devolução de áreas não implicará ônuspara o poder concedente, nem conferirá ao con-cessionário qualquer direito de indenização pelosbens reversíveis, os quais passarão à propriedadedo poder concedente.

§ 5º Em qualquer caso de extinção da concessão,o concessionário fará, por sua conta exclusiva, aremoção dos equipamentos e bens que não sejamobjetos de reversão, ficando obrigado a repararou indenizar os danos decorrentes de suas ativida-des e praticar os atos de recuperação ambientaldeterminados pelos órgãos competentes.

Art. 45. A inexecução total ou parcial do contra-to acarretará, a critério do poder concedente, arescisão da concessão, a aplicação das sançõescontratuais e a execução das garantias, semprejuízo da responsabilidade civil por danosambientais prevista na Lei nº 6.938, de 31 deagosto de 1981, e das devidas sanções nas esfe-ras administrativa e penal.

§ 1º A rescisão da concessão poderá ser efetua-da unilateralmente pelo poder concedente, quando:

I - o concessionário descumprir cláusulas contra-tuais ou disposições legais e regulamentares con-cernentes à concessão;

II - o concessionário descumprir o PMFS, de formaque afete elementos essenciais de proteção domeio ambiente e a sustentabilidade da atividade;

III - o concessionário paralisar a execução doPMFS por prazo maior que o previsto em contra-to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de casofortuito ou força maior, ou as que, com anuênciado órgão gestor, visem à proteção ambiental;

IV - descumprimento, total ou parcial, da obriga-ção de pagamento dos preços florestais;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A82

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 82

Page 81: Legislação Ambiental Básica

V - o concessionário perder as condições econô-micas, técnicas ou operacionais para manter aregular execução do PMFS;

VI - o concessionário não cumprir as penalidadesimpostas por infrações, nos devidos prazos;

VII - o concessionário não atender a notificaçãodo órgão gestor no sentido de regularizar o exer-cício de suas atividades;

VIII - o concessionário for condenado em senten-ça transitada em julgado por crime contra o meioambiente ou a ordem tributária, ou por crime pre-videnciário;

IX - ocorrer fato superveniente de relevante inte-resse público que justifique a rescisão, mediantelei autorizativa específica, com indenização dasparcelas de investimento ainda não amortizadasvinculadas aos bens reversíveis que tenham sidorealizados;

X - o concessionário submeter trabalhadores acondições degradantes de trabalho ou análogas àde escravo ou explorar o trabalho de crianças eadolescentes.

§ 2º A rescisão do contrato de concessão deveráser precedida da verificação de processo adminis-trativo, assegurado o direito de ampla defesa.

§ 3º Não será instaurado processo administrativode inadimplência antes da notificação do conces-sionário e a fixação de prazo para correção dasfalhas e transgressões apontadas.

§ 4º Instaurado o processo administrativo e com-provada a inadimplência, a rescisão será efetuadapor ato do poder concedente, sem prejuízo da res-ponsabilização administrativa, civil e penal.

§ 5º Rescindido o contrato de concessão, nãoresultará para o órgão gestor qualquer espécie deresponsabilidade em relação aos encargos, ônus,obrigações ou compromissos com terceiros oucom empregados do concessionário.

§ 6º O Poder Público poderá instituir seguro paracobertura da indenização prevista no inciso IX do§ 1º deste artigo.

Art. 46. Desistência é o ato formal, irrevogável eirretratável pelo qual o concessionário manifestaseu desinteresse pela continuidade da concessão.

§ 1º A desistência é condicionada à aceitaçãoexpressa do poder concedente, e dependerá deavaliação prévia do órgão competente para deter-minar o cumprimento ou não do PMFS, devendoassumir o desistente o custo dessa avaliação e,conforme o caso, as obrigações emergentes.

§ 2º A desistência não desonerará o concessioná-rio de suas obrigações com terceiros.

Art. 47. O contrato de concessão poderá ser res-cindido por iniciativa do concessionário, no casode descumprimento das normas contratuais pelopoder concedente, mediante ação judicial espe-cialmente intentada para esse fim.

SEÇÃO XIVDAS FLORESTAS NACIONAIS,ESTADUAIS E MUNICIPAIS

Art. 48. As concessões em florestas nacionais,estaduais e municipais devem observar o dispos-to nesta lei, na Lei nº 9.985, de 18 de julho de2000, e no plano de manejo da unidade de con-servação.

§ 1º A inserção de unidades de manejo das flo-restas nacionais, estaduais e municipais no PAOFrequer prévia autorização do órgão gestor da uni-dade de conservação.

§ 2º Os recursos florestais das unidades de mane-jo de florestas nacionais, estaduais e municipaissomente serão objeto de concessão após aprova-ção do plano de manejo da unidade de conserva-ção, nos termos da Lei nº 9.985, de 18 de julhode 2000.

§ 3º Para a elaboração do edital e do contrato deconcessão florestal das unidades de manejo emflorestas nacionais, estaduais e municipais, ouvir-se-á o respectivo conselho consultivo, constituídonos termos do art. 17, § 5º, da Lei nº 9.985, de18 de julho de 2000, o qual acompanhará todasas etapas do processo de outorga.

3 . A F L O R A 83

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 83

Page 82: Legislação Ambiental Básica

TÍTULO IIIDOS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELA

GESTÃO E FISCALIZAÇÃO

CAPÍTULO IDO PODER CONCEDENTE

Art. 49. Cabe ao poder concedente, no âmbitode sua competência, formular as estratégias, polí-ticas, planos e programas para a gestão de flores-tas públicas e, especialmente:

I - definir o PAOF;

II - ouvir o órgão consultivo sobre a adoção deações de gestão de florestas públicas, bem comosobre o PAOF;

III - definir as áreas a serem submetidas à conces-são florestal;

IV - estabelecer os termos de licitação e os crité-rios de seleção;

V - publicar editais, julgar licitações, promover osdemais procedimentos licitatórios, definir os crité-rios para formalização dos contratos para omanejo florestal sustentável e celebrar os contra-tos de concessão florestal;

VI - planejar ações voltadas à disciplina do mer-cado no setor florestal, quando couber.

§ 1º No exercício da competência referida nosincisos IV e V do caput deste artigo, o poder con-cedente poderá delegar ao órgão gestor a opera-cionalização dos procedimentos licitatórios e acelebração de contratos, nos termos do regula-mento.

§ 2º No âmbito federal, o Ministério do MeioAmbiente exercerá as competências definidasneste artigo.

CAPÍTULO IIDOS ÓRGÃOS DO SISNAMA

RESPONSÁVEIS PELO CONTROLE EFISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

Art. 50. Caberá aos órgãos do SISNAMA respon-sáveis pelo controle e fiscalização ambiental dasatividades florestais em suas respectivas jurisdições:

I - fiscalizar e garantir a proteção das florestaspúblicas;

II - efetuar em qualquer momento, de ofício, porsolicitação da parte ou por denúncia de terceiros,fiscalização da unidade de manejo, independen-temente de prévia notificação;

III - aplicar as devidas sanções administrativas emcaso de infração ambiental;

IV - expedir a licença prévia para uso sustentávelda unidade de manejo das respectivas florestaspúblicas e outras licenças de sua competência;

V - aprovar e monitorar o PMFS da unidade demanejo das respectivas florestas públicas.

§ 1º Em âmbito federal, o IBAMA exercerá as atri-buições previstas neste artigo.

§ 2º O IBAMA deve estruturar formas de atuaçãoconjunta com os órgãos seccionais e locais doSISNAMA para a fiscalização e proteção das flo-restas públicas, podendo firmar convênios ouacordos de cooperação.

§ 3º Os órgãos seccionais e locais podem delegarao IBAMA, mediante convênio ou acordo de coo-peração, a aprovação e o monitoramento do PMFSdas unidades de manejo das florestas públicasestaduais ou municipais e outras atribuições.

CAPÍTULO IIIDO ÓRGÃO CONSULTIVO

Art. 51. Sem prejuízo das atribuições do Con-selho Nacional doMeioAmbiente-CONAMA, fica ins-tituída a Comissão de Gestão de Florestas Públicas,no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, denatureza consultiva, com as funções de exercer,

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A84

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 84

Page 83: Legislação Ambiental Básica

na esfera federal, as atribuições de órgão consul-tivo previstas por esta lei e, especialmente:

I - assessorar, avaliar e propor diretrizes para ges-tão de florestas públicas da União;

II - manifestar-se sobre o PAOF da União;

III - exercer as atribuições de órgão consultivo do SFB.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal eos Municípios disporão sobre o órgão competen-te para exercer as atribuições de que trata estecapítulo nas respectivas esferas de atuação.

Art. 52. A Comissão de Gestão de FlorestasPúblicas será composta por representantes doPoder Público, dos empresários, dos trabalhado-res, da comunidade científica, dos movimentossociais e das organizações não-governamentais,e terá sua composição e seu funcionamento defi-nidos em regulamento.

Parágrafo único. Os membros da Comissão deGestão de Florestas Públicas exercem função nãoremunerada de interesse público relevante, comprecedência, na esfera federal, sobre quaisquercargos públicos de que sejam titulares e, quandoconvocados, farão jus a transporte e diárias.

CAPÍTULO IVDO ÓRGÃO GESTOR

Art. 53. Caberá aos órgãos gestores federal,estaduais e municipais, no âmbito de suas com-petências:

I - elaborar proposta de PAOF, a ser submetida aopoder concedente;

II - disciplinar a operacionalização da concessãoflorestal;

III - solicitar ao órgão ambiental competente alicença prévia prevista no art. 18 desta lei;

IV - elaborar inventário amostral, relatórioambiental preliminar e outros estudos;

V - publicar editais, julgar licitações, promover osdemais procedimentos licitatórios, inclusive

audiência e consulta pública, definir os critériospara formalização dos contratos e celebrá-loscom concessionários de manejo florestal susten-tável, quando delegado pelo poder concedente;

VI - gerir e fiscalizar os contratos de concessãoflorestal;

VII - dirimir, no âmbito administrativo, as diver-gências entre concessionários, produtores inde-pendentes e comunidades locais;

VIII - controlar e cobrar o cumprimento das metasfixadas no contrato de concessão;

IX - fixar os critérios para cálculo dos preços deque trata o art. 36 desta lei e proceder à sua revi-são e reajuste na forma desta lei, das normas per-tinentes e do contrato;

X - cobrar e verificar o pagamento dos preços flo-restais e distribuí-los de acordo com esta lei;

XI - acompanhar e intervir na execução do PMFS,nos casos e condições previstos nesta lei;

XII - fixar e aplicar as penalidades administrativase contratuais impostas aos concessionários, semprejuízo das atribuições dos órgãos do SISNAMAresponsáveis pelo controle e fiscalização ambien-tal;

XIII - indicar ao poder concedente a necessidadede extinção da concessão, nos casos previstosnesta lei e no contrato;

XIV - estimular o aumento da qualidade, produti-vidade, rendimento e conservação do meioambiente nas áreas sob concessão florestal;

XV - dispor sobre a realização de auditorias flo-restais independentes, conhecer seus resultados eadotar as medidas cabíveis, conforme o resultado;

XVI - disciplinar o acesso às unidades de manejo;

XVII - atuar em estreita cooperação com osórgãos de defesa da concorrência, com vistas emimpedir a concentração econômica nos serviços eprodutos florestais e na promoção da concorrência;

XVIII - incentivar a competitividade e zelar pelocumprimento da legislação de defesa da concor-

3 . A F L O R A 85

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 85

Page 84: Legislação Ambiental Básica

rência, monitorando e acompanhando as práticasde mercado dos agentes do setor florestal;

XIX - efetuar o controle prévio e a posteriori deatos e negócios jurídicos a serem celebradosentre concessionários, impondo-lhes restrições àmútua constituição de direitos e obrigações,especialmente comerciais, incluindo a abstençãodo próprio ato ou contrato ilegal;

XX - conhecer e julgar recursos em procedimentosadministrativos;

XXI - promover ações para a disciplina dos mer-cados de produtos florestais e seus derivados, emespecial para controlar a competição de produtosflorestais de origem não sustentável;

XXII - reconhecer em ato administrativo as enti-dades que poderão realizar auditorias florestais;

XXIII - estimular a agregação de valor ao produ-to florestal na região em que for explorado.

§ 1º Compete ao órgão gestor a guarda das flores-tas públicas durante o período de pousio entreuma concessão e outra ou, quando por qualquermotivo, houver extinção do contrato de concessão.

§ 2º O órgão gestor deverá encaminhar ao poderconcedente, ao Poder Legislativo e ao conselhode meio ambiente, nas respectivas esferas degoverno, relatório anual sobre as concessõesoutorgadas, o valor dos preços florestais, a situa-ção de adimplemento dos concessionários, osPMFS e seu estado de execução, as vistorias eauditorias florestais realizadas e os respectivosresultados, assim como as demais informaçõesrelevantes sobre o efetivo cumprimento dos obje-tivos da gestão de florestas públicas.

§ 3º O relatório previsto no § 2º deste artigo rela-tivo às concessões florestais da União deverá serencaminhado ao CONAMA e ao CongressoNacional até 31 de março de cada ano.

§ 4º Caberá ao CONAMA, considerando as infor-mações contidas no relatório referido no § 3º desteartigo, manifestar-se sobre a adequação do siste-ma de concessões florestais e de seu monitora-mento e sugerir os aperfeiçoamentos necessários.

§ 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípiosdisporão sobre o órgão competente para exerceras atribuições de que trata este Capítulo nasrespectivas esferas de atuação.

TÍTULO IVDO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO

CAPÍTULO IDA CRIAÇÃO DO SERVIÇOFLORESTAL BRASILEIRO

Art. 54. Fica criado, na estrutura básica doMinistério do Meio Ambiente, o Serviço FlorestalBrasileiro-SFB.

Art. 55. O SFB atua exclusivamente na gestãodas florestas públicas e tem por competência:

I - exercer a função de órgão gestor prevista noart. 53 desta lei, no âmbito federal, bem como deórgão gestor do FNDF;

II - apoiar a criação e gestão de programas detreinamento, capacitação, pesquisa e assistênciatécnica para a implementação de atividades flo-restais, incluindo manejo florestal, processamen-to de produtos florestais e exploração de serviçosflorestais;

III - estimular e fomentar a prática de atividadesflorestais sustentáveis madeireira, não madeireirae de serviços;

IV - promover estudos de mercado para produtose serviços gerados pelas florestas;

V - propor planos de produção florestal sustentá-vel de forma compatível com as demandas dasociedade;

VI - criar e manter o Sistema Nacional de Infor-mações Florestais integrado ao Sistema Nacionalde Informações sobre o Meio Ambiente;

VII - gerenciar o Cadastro Nacional de FlorestasPúblicas, exercendo as seguintes funções:

a) organizar e manter atualizado o Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A86

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 86

Page 85: Legislação Ambiental Básica

b) adotar as providências necessárias para inter-ligar os cadastros estaduais e municipais aoCadastro Nacional;

VIII - apoiar e atuar em parceria com os seus con-gêneres estaduais e municipais.

§ 1º No exercício de suas atribuições, o SFB pro-moverá a articulação com os Estados, o DistritoFederal e os Municípios, para a execução de suasatividades de forma compatível com as diretrizesnacionais de planejamento para o setor florestale com a Política Nacional do Meio Ambiente.

§ 2º Para a concessão das florestas públicas soba titularidade dos outros entes da Federação, deórgãos e empresas públicas e de associações decomunidades locais, poderão ser firmados convê-nios com o Ministério do Meio Ambiente, repre-sentado pelo SFB.

§ 3º As atribuições previstas nos incisos II a V docaput deste artigo serão exercidas sem prejuízode atividades desenvolvidas por outros órgãos eentidades da administração pública federal queatuem no setor.

CAPÍTULO IIDA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E

GESTÃO DO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO

SEÇÃO IDO CONSELHO DIRETOR

Art. 56. O Poder Executivo disporá sobre a estru-tura organizacional e funcionamento do SFB,observado o disposto neste artigo.

§ 1º O SFB será dirigido por um Conselho Diretor,composto por um diretor-geral e 4 (quatro) dire-tores, em regime de colegiado, ao qual caberá:

I - exercer a administração do SFB;

II - examinar, decidir e executar ações necessáriasao cumprimento das competências do SFB;

III - editar normas sobre matérias de competênciado SFB;

IV - aprovar o regimento interno do SFB, a orga-nização, a estrutura e o âmbito decisório de cadadiretoria;

V - elaborar e divulgar relatórios sobre as ativida-des do SFB;

VI - conhecer e julgar pedidos de reconsideraçãode decisões de componentes das diretorias doSFB.

§ 2º As decisões relativas às atribuições do SFBsão tomadas pelo Conselho Diretor, por maioriaabsoluta de votos.

Art. 57. O SFB terá, em sua estrutura, unidadede assessoramento jurídico, observada a legisla-ção pertinente.

Art. 58. O diretor-geral e os demais membros doConselho Diretor do SFB serão brasileiros, dereputação ilibada, experiência comprovada e ele-vado conceito no campo de especialidade doscargos para os quais serão nomeados.

§ 1º (VETADO)

§ 2º O regulamento do SFB disciplinará a substi-tuição do diretor-geral e os demais membros doConselho Diretor em seus impedimentos ou afasta-mentos regulamentares e ainda no período devacância que anteceder à nomeação de novodiretor.

Art. 59. Está impedido de exercer cargo de dire-ção no SFB quem mantiver, ou tiver mantido nos24 (vinte e quatro) meses anteriores à nomeação,os seguintes vínculos com qualquer pessoa jurídi-ca concessionária ou com produtor florestal inde-pendente:

I - acionista ou sócio com participação individualdireta superior a 1% (um por cento) no capitalsocial ou superior a 2% (dois por cento) no capi-tal social de empresa controladora;

II - membro do conselho de administração, fiscalou de diretoria executiva;

III - empregado, mesmo com o contrato de trabalhosuspenso, inclusive das empresas controladoras ou

3 . A F L O R A 87

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 87

Page 86: Legislação Ambiental Básica

das fundações de previdência de que sejampatrocinadoras.

Parágrafo único. Também está impedido de exer-cer cargo de direção no SFB membro do conselhoou diretoria de associação ou sindicato, regionalou nacional, representativo de interesses dosagentes mencionados no caput deste artigo, oude categoria profissional de empregados dessesagentes.

Art. 60. O ex-dirigente do SFB, durante os 12(doze) meses seguintes ao seu desligamento docargo, estará impedido de prestar, direta ou indi-retamente, independentemente da forma ounatureza do contrato, qualquer tipo de serviço àspessoas jurídicas concessionárias, sob regula-mentação ou fiscalização do SFB, inclusivecontroladas, coligadas ou subsidiárias.

Parágrafo único. Incorre na prática de advocaciaadministrativa, sujeitando-se o infrator às penasprevistas no art. 321 do Decreto-Lei nº 2.848, de7 de dezembro de 1940 - Código Penal, o ex-diri-gente do SFB que descumprir o disposto no caputdeste artigo.

Art. 61. Os cargos em comissão e funções grati-ficadas do SFB deverão ser exercidos, preferen-cialmente, por servidores do seu quadro efetivo,aplicando-se-lhes as restrições do art. 59 desta lei.

SEÇÃO IIDA OUVIDORIA

Art. 62. O SFB contará com uma Ouvidoria, àqual competirá:

I - receber pedidos de informação e esclarecimen-to, acompanhar o processo interno de apuraçãodas denúncias e reclamações afetas ao SFB e res-ponder diretamente aos interessados, que serãocientificados, em até 30 (trinta) dias, das provi-dências tomadas;

II - zelar pela qualidade dos serviços prestadospelo SFB e acompanhar o processo interno deapuração das denúncias e reclamações dos usuá-rios, seja contra a atuação do SFB, seja contra aatuação dos concessionários;

III - produzir, semestralmente e quando julgaroportuno:

a) relatório circunstanciado de suas atividades eencaminhá-lo à Diretoria-Geral do SFB e aoMinistro de Estado do Meio Ambiente;

b) apreciações sobre a atuação do SFB, encami-nhando-as ao Conselho Diretor, à Comissão deGestão de Florestas Públicas, aos ministrosde Estado do Meio Ambiente, da Fazenda, doPlanejamento, Orçamento e Gestão e chefe daCasa Civil da Presidência da República, bemcomo às comissões de fiscalização e controle daCâmara dos Deputados e do Senado Federal,publicando-as para conhecimento geral.

§ 1º O Ouvidor atuará junto ao Conselho Diretordo SFB, sem subordinação hierárquica, e exerceráas suas atribuições sem acumulação com outrasfunções.

§ 2º O Ouvidor será nomeado pelo Presidente daRepública para mandato de 3 (três) anos, semdireito a recondução.

§ 3º O Ouvidor somente poderá perder o mandatoem caso de renúncia, condenação judicial transi-tada em julgado ou condenação em processoadministrativo disciplinar.

§ 4º O processo administrativo contra o Ouvidorsomente poderá ser instaurado pelo Ministro deEstado do Meio Ambiente.

§ 5º O Ouvidor terá acesso a todos os assuntos econtará com o apoio administrativo de quenecessitar.

§ 6º Aplica-se ao ex-Ouvidor o disposto no art. 60desta lei.

SEÇÃO IIIDO CONSELHO GESTOR

Art. 63. (Vetado)

SEÇÃO IVDOS SERVIDORES DO SFB

Art. 64. O SFB constituirá quadro de pessoal, pormeio da realização de concurso público de pro-vas, ou de provas e títulos, ou da redistribuição de

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A88

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 88

Page 87: Legislação Ambiental Básica

servidores de órgãos e entidades da administra-ção federal direta, autárquica ou fundacional.

Art. 65. O SFB poderá requisitar, independente-mente da designação para cargo em comissão oufunção de confiança, e sem prejuízo dos venci-mentos e vantagens a que façam jus no órgão deorigem, servidores de órgãos e entidades inte-grantes da administração pública federal direta,autárquica e fundacional, observado o quantitati-vo máximo estabelecido em ato conjunto dosMinistros de Estado do Planejamento, Orçamentoe Gestão e do Meio Ambiente.

Parágrafo único. No caso de requisição aoIBAMA, ela deverá ser precedida de autorizaçãodo órgão.

Art. 66. Ficam criados 49 (quarenta e nove)cargos do Grupo Direção e AssessoramentoSuperiores-DAS, no âmbito do Poder ExecutivoFederal, para reestruturação do Ministério doMeio Ambiente, com a finalidade de integrar aestrutura do SFB, assim distribuídos:

I - 1 (um) DAS-6;

II - 4 (quatro) DAS-5;

III - 17 (dezessete) DAS-4;

IV - 10 (dez) DAS-3;

V - 9 (nove) DAS-2;

VI - 8 (oito) DAS-1.

SEÇÃO VDA AUTONOMIA ADMINISTRATIVA DO SFB

Art. 67. O Poder Executivo poderá assegurar aoSFB autonomia administrativa e financeira, nograu conveniente ao exercício de suas atribui-ções, mediante a celebração de contrato de ges-tão e de desempenho, nos termos do § 8º doart. 37 da Constituição Federal, negociado e fir-mado entre o Ministério do Meio Ambiente eo Conselho Diretor.

§ 1º O contrato de gestão e de desempenho será oinstrumento de controle da atuação administrativado SFB e da avaliação do seu desempenho, bemcomo elemento integrante da sua prestação decontas, bem como do Ministério do MeioAmbiente,aplicado o disposto no art. 9º da Lei nº 8.443,de 16 de julho de 1992, sendo sua inexistência con-siderada falta de natureza formal, conforme dispos-to no inciso II do art. 16 da mesma lei.

§ 2º O contrato de gestão e de desempenho deveestabelecer, nos programas anuais de trabalho,indicadores que permitam quantificar, de formaobjetiva, a avaliação do SFB.

§ 3º O contrato de gestão e de desempenho seráavaliado periodicamente e, se necessário, revisa-do por ocasião da renovação parcial da diretoriado SFB.

SEÇÃO VIDA RECEITA E DO ACERVO DO SERVIÇO

FLORESTAL BRASILEIRO

Art. 68. Constituem receitas do SFB:

I - recursos oriundos da cobrança dos preços deconcessão florestal, conforme destinação previstana alínea a do inciso I do caput e no inciso I do§ 1º, ambos do art. 39 desta Lei, além de outrosreferentes ao contrato de concessão, incluindo osrelativos aos custos do edital de licitação e osrecursos advindos de aplicação de penalidadescontratuais;

II - recursos ordinários do Tesouro Nacional, con-signados no Orçamento Fiscal da União e emseus créditos adicionais, transferências e repassesque lhe forem conferidos;

III - produto da venda de publicações, materialtécnico, dados e informações, inclusive para finsde licitação pública, e de emolumentos adminis-trativos;

IV - recursos provenientes de convênios ou acor-dos celebrados com entidades, organismos ouempresas públicas, ou contratos celebrados comempresas privadas;

3 . A F L O R A 89

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 89

Page 88: Legislação Ambiental Básica

V - doações, legados, subvenções e outros recur-sos que lhe forem destinados.

TÍTULO VDISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 69. Sem prejuízo do disposto nos incisos VIe VII do art. 23 da Constituição Federal, a execuçãodas atividades relacionadas às concessões flores-tais poderá ser delegada pelos Estados, DistritoFederal e Municípios à União, bem como pelaUnião aos demais entes federados, mediante con-vênio firmado com o órgão gestor competente.

Parágrafo único. É vedado ao órgão gestor conve-niado exigir do concessionário sob sua ação com-plementar de regulação, controle e fiscalizaçãoobrigação não prevista previamente em contrato.

Art. 70. As unidades de manejo em florestaspúblicas com PMFS aprovados e em execução atéa data de publicação desta Lei serão vistoriadas:

I - pelo órgão competente do SISNAMA, paraaveriguar o andamento do manejo florestal;

II - pelo órgão fundiário competente, para averi-guar a situação da ocupação, de acordo com osparâmetros estabelecidos na legislação específi-ca.

§ 1º As vistorias realizadas pelo órgão fundiáriocompetente serão acompanhadas por represen-tante do Poder Público local.

§ 2º Nas unidades de manejo onde não for veri-ficado o correto andamento do manejo florestal,os detentores do PMFS serão notificados paraapresentar correções, no prazo estabelecido peloórgão competente do SISNAMA.

§ 3º Caso não sejam atendidas as exigências danotificação mencionada no § 2º deste artigo, oPMFS será cancelado e a área correspondentedeverá ser desocupada sem ônus para o PoderPúblico e sem prejuízo das demais penalidadesprevistas em lei.

§ 4º As unidades de manejo onde o correto anda-mento do manejo florestal for verificado ou

saneado nos termos do § 2º deste artigo serãosubmetidas a processo licitatório, no prazo de até24 (vinte e quatro) meses a partir da data damanifestação dos órgãos a respeito da vistoriaprevista no caput deste artigo, desde que nãoseja constatado conflito com comunidades locaispela ocupação do território e uso dos recursosflorestais.

§ 5º Será dada a destinação prevista no art. 6ºdesta lei às unidades de manejo onde o corretoandamento do manejo florestal for verificado e osdetentores dos PMFS forem comunidades locais.

§ 6º Até que sejam submetidas ao processo lici-tatório, as unidades de manejo mencionadas no§ 4º deste artigo permanecerão sob a responsa-bilidade do detentor do PMFS, que poderá darcontinuidade às atividades de manejo medianteassinatura de contrato com o poder concedente.

§ 7º O contrato previsto no § 6º deste artigo terávigência limitada à assinatura do contrato deconcessão resultante do processo licitatório.

§ 8º Findo o processo licitatório, o detentor doPMFS que der continuidade à sua execução, nostermos deste artigo, pagará ao órgão gestor com-petente valor proporcional ao preço da concessãoflorestal definido na licitação, calculado com baseno período decorrido desde a verificação peloórgão competente do SISNAMA até a adjudica-ção do vencedor na licitação.

Art. 71. A licitação para a concessão florestal dasunidades de manejo mencionadas no § 4º do art.70 desta lei, além de observar os termos destaLei, deverá seguir as seguintes determinações:

I - o vencedor da licitação, após firmar o contratode concessão, deverá seguir o PMFS em execu-ção, podendo revisá-lo nas condições previstasem regulamento;

II - o edital de licitação deverá conter os valoresde ressarcimento das benfeitorias e investimentosjá realizados na área a serem pagos ao detentordo PMFS pelo vencedor do processo de licitação,descontado o valor da produção auferida previa-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A90

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 90

Page 89: Legislação Ambiental Básica

mente à licitação nos termos do § 8º do art. 70desta lei.

Art. 72. As florestas públicas não destinadas amanejo florestal ou unidades de conservaçãoficam impossibilitadas de conversão para usoalternativo do solo, até que sua classificação deacordo com o ZEE esteja oficializada e a conver-são seja plenamente justificada.

Art. 73. As áreas públicas já ocupadas e conver-tidas para uso alternativo do solo na data depublicação desta Lei estarão excluídas das con-cessões florestais, desde que confirmada a suavocação para o uso atual por meio do ZEE apro-vado de acordo com a legislação pertinente.

§ 1º Nos remanescentes das áreas previstas nocaput deste artigo, o Poder Público poderá auto-rizar novos Planos de Manejo Florestal Susten-tável, observada a legislação vigente.

§ 2º Fica garantido o direito de continuidade dasatividades econômicas realizadas, em conformi-dade com a lei, pelos atuais ocupantes em áreasde até 2.500 ha (dois mil e quinhentos hectares),pelo prazo de 5 (cinco) anos a partir da data depublicação desta lei.

Art. 74. Os parâmetros para definição dos tama-nhos das unidades de manejo a serem concedi-das às pessoas jurídicas de pequeno porte, microe médias empresas, na forma do art. 33 desta lei,serão definidos em regulamento, previamente àaprovação do primeiro PAOF.

Art. 75. Após 5 (cinco) anos da implantação doprimeiro PAOF, será feita avaliação sobre osaspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientaisda aplicação desta lei, a que se dará publicidade.

Art. 76. Em 10 (dez) anos contados da data depublicação desta Lei, a área total com concessõesflorestais da União não poderá ultrapassar 20%(vinte por cento) do total de área de suas flores-tas públicas disponíveis para a concessão, comexceção das unidades de manejo localizadas emflorestas nacionais criadas nos termos do art. 17da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000.

Art. 77. Ao final dos 10 (dez) primeiros anoscontados da data de publicação desta lei, cadaconcessionário, individualmente ou em consórcio,não poderá concentrar mais de 10% (dez porcento) do total da área das florestas públicas dis-poníveis para a concessão em cada esfera degoverno.

Art. 78. Até a aprovação do primeiro PAOF, ficao poder concedente autorizado a realizar conces-sões florestais em:

I - unidades de manejo em áreas públicas que,somadas, não ultrapassem 750.000 ha (setecen-tos e cinqüenta mil hectares), localizadas numafaixa de até 100 Km (cem quilômetros) ao longoda rodovia BR-163;

II - florestas nacionais ou estaduais criadas nostermos do art. 17 da Lei nº 9.985, de 18 de julhode 2000, observados os seguintes requisitos:

a) autorização prévia do órgão gestor da unidadede conservação;

b) aprovação prévia do plano de manejo da uni-dade de conservação nos termos da Lei nº 9.985,de 18 de julho de 2000;

c) oitiva do conselho consultivo da unidade deconservação, nos termos do § 3º do art. 48 destalei;

d) previsão de zonas de uso restrito destinadas àscomunidades locais.

Parágrafo único. As concessões de que tratam osincisos I e II do caput deste artigo devem ser obje-to de licitação e obedecer às normas previstasnos arts. 8º e 12 a 47 desta lei.

Art. 79. As associações civis que venham aparticipar, de qualquer forma, das concessões flo-restais ou da gestão direta das florestas públicasdeverão ser constituídas sob as leis brasileiras eter sede e administração no país.

Art. 80. O inciso XV do art. 29 da Lei nº 10.683,de 28 de maio de 2003, passa a vigorar com aseguinte redação:

3 . A F L O R A 91

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 91

Page 90: Legislação Ambiental Básica

“Art. 29. .....................................................................................................................................XV - do Ministério do Meio Ambiente o ConselhoNacional do Meio Ambiente, o Conselho Nacionalda Amazônia Legal, o Conselho Nacional deRecursos Hídricos, o Conselho de Gestão doPatrimônio Genético, o Conselho Deliberativo doFundo Nacional do Meio Ambiente, o ServiçoFlorestal Brasileiro, a Comissão de Gestão deFlorestas Públicas e até 5 (cinco) Secretarias;

.................................................................” (NR)

Art. 81. O art. 1º da Lei nº 5.868, de 12 dedezembro de 1972, passa a vigorar acrescido doseguinte inciso V:

“Art. 1º .......................................................................................................................................

V - Cadastro Nacional de Florestas Públicas.

.................................................................” (NR)

Art. 82. A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de1998, passa a vigorar acrescida dos seguintesarts. 50-A e 69-A:

“Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamenteou degradar floresta, plantada ou nativa, em ter-ras de domínio público ou devolutas, sem autori-zação do órgão competente:

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos emulta.

§ 1º Não é crime a conduta praticada quandonecessária à subsistência imediata pessoal doagente ou de sua família.

§ 2º Se a área explorada for superior a 1.000 ha(mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um)ano por milhar de hectare.”

“Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licencia-mento, concessão florestal ou qualquer outroprocedimento administrativo, estudo, laudo ourelatório ambiental total ou parcialmente falso ouenganoso, inclusive por omissão:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3(dois terços), se há dano significativo ao meioambiente, em decorrência do uso da informaçãofalsa, incompleta ou enganosa.”

Art. 83. O art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 desetembro de 1965, passa a vigorar com a seguin-te redação:

“Art. 19. A exploração de florestas e formaçõessucessoras, tanto de domínio público como dedomínio privado, dependerá de prévia aprovaçãopelo órgão estadual competente do SistemaNacional do Meio Ambiente-SISNAMA, bemcomo da adoção de técnicas de condução, explo-ração, reposição florestal e manejo compatíveiscom os variados ecossistemas que a coberturaarbórea forme.

§ 1º Compete ao IBAMA a aprovação de quetrata o caput deste artigo:

I - nas florestas públicas de domínio da União;

II - nas unidades de conservação criadas pelaUnião;

III - nos empreendimentos potencialmente causa-dores de impacto ambiental nacional ou regional,definidos em resolução do Conselho Nacional doMeio Ambiente-CONAMA.

§ 2º Compete ao órgão ambiental municipal aaprovação de que trata o caput deste artigo:

I - nas florestas públicas de domínio do Município;

II - nas unidades de conservação criadas peloMunicípio;

III - nos casos que lhe forem delegados por con-vênio ou outro instrumento admissível, ouvidos,quando couber, os órgãos competentes da União,dos Estados e do Distrito Federal.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A92

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 92

Page 91: Legislação Ambiental Básica

§ 3º No caso de reposição florestal, deverão serpriorizados projetos que contemplem a utilizaçãode espécies nativas.” (NR)

Art. 84. A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 9º .....................................................................................................................................

XIII - instrumentos econômicos, como concessãoflorestal, servidão ambiental, seguro ambiental eoutros.” (NR)

“Art. 9º-A. Mediante anuência do órgão ambien-tal competente, o proprietário rural pode instituirservidão ambiental, pela qual voluntariamenterenuncia, em caráter permanente ou temporário,total ou parcialmente, a direito de uso, explora-ção ou supressão de recursos naturais existentesna propriedade.

§ 1º A servidão ambiental não se aplica às áreasde preservação permanente e de reserva legal.

§ 2º A limitação ao uso ou exploração da vegeta-ção da área sob servidão instituída em relaçãoaos recursos florestais deve ser, no mínimo, amesma estabelecida para a reserva legal.

§ 3º A servidão ambiental deve ser averbada noregistro de imóveis competente.

§ 4º Na hipótese de compensação de reservalegal, a servidão deve ser averbada na matrículade todos os imóveis envolvidos.

§ 5º É vedada, durante o prazo de vigência daservidão ambiental, a alteração da destinação daárea, nos casos de transmissão do imóvel a qual-quer título, de desmembramento ou de retifica-ção dos limites da propriedade.”

“Art. 14. ....................................................................................................................................

§ 5º A execução das garantias exigidas do polui-dor não impede a aplicação das obrigações deindenização e reparação de danos previstas no§ 1º deste artigo.” (NR)

“Art. 17-G .....................................................................………................................................

§ 2º Os recursos arrecadados com a TCFA terãoutilização restrita em atividades de controle e fis-calização ambiental.” (NR)

Art. 85. O inciso II do caput do art. 167 da Leinº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa avigorar acrescido dos seguintes itens 22 e 23:

“Art. 167. ....................................................................................................................................II - .....................................................................................................................................

22. da reserva legal;

23. da servidão ambiental.” (NR)

Art. 86. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

3 . A F L O R A 93

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 93

Page 92: Legislação Ambiental Básica

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercí-cio do cargo de Presidente da República, usandoda atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV,e tendo em vista o disposto nos arts. 12, partefinal, 15, 16, 19, 20 e 21 da Lei nº 4.771, de 15de setembro de 1965, no art. 4º, inciso III, da Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981, no art. 46,parágrafo único, da Lei nº 9.605, de 12 de feve-reiro de 1998, e no art. 2º da Lei nº 10.650, de16 de abril de 2003,

DECRETA:

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º A exploração de florestas e de formaçõessucessoras de que trata o art. 19 da Lei nº 4.771,de 15 de setembro de 1965, bem como a aplica-ção dos seus arts. 15, 16, 20 e 21, observarão asnormas deste decreto.

§ 1º A exploração de florestas e de formaçõessucessoras compreende o regime de manejoflorestal sustentável e o regime de supressão deflorestas e formações sucessoras para uso alter-nativo do solo.

§ 2º A exploração de vegetação primária ou nosestágios avançado e médio de regeneração daMata Atlântica observará o disposto no Decretonº 750, de 10 de fevereiro de 1993, aplicando-se,no que couber, o disposto neste decreto.

CAPÍTULO IIDO PLANO DE MANEJO FLORESTAL

SUSTENTÁVEL

Art. 2º A exploração de florestas e formaçõessucessoras sob o regime de manejo florestal sus-tentável, tanto de domínio público como de

domínio privado, dependerá de prévia aprovaçãodo Plano de Manejo Florestal Sustentável-PMFSpelo órgão competente do Sistema Nacional doMeio Ambiente-SISNAMA, nos termos do art. 19da Lei nº 4.771, de 1965.

Parágrafo único. Entende-se por PMFS o documen-to técnico básico que contém as diretrizes e pro-cedimentos para a administração da floresta,visando a obtenção de benefícios econômicos,sociais e ambientais, observada a definição demanejo florestal sustentável, prevista no art. 3º,incisoVI, da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006.

Art. 3º O PMFS atenderá aos seguintes funda-mentos técnicos e científicos:

I - caracterização do meio físico e biológico;

II - determinação do estoque existente;

III - intensidade de exploração compatível com acapacidade da floresta;

IV - ciclo de corte compatível com o tempo derestabelecimento do volume de produto extraídoda floresta;

V - promoção da regeneração natural da floresta;

VI - adoção de sistema silvicultural adequado;

VII - adoção de sistema de exploração adequado;

VIII - monitoramento do desenvolvimento da flo-resta remanescente; e

IX - adoção de medidas mitigadoras dos impac-tos ambientais e sociais.

Parágrafo único.A elaboração, apresentação, exe-cução e avaliação técnica do PMFS observarãoato normativo específico do Ministério do MeioAmbiente.

Art. 4º A aprovação do PMFS, pelo órgão

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A94

Decreto nº 5.975, de 30 de novembro de 2006Regulamenta os arts. 12, parte final, 15, 16, 19, 20 e 21 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,o art. 4º, inciso III, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o art. 2º da Lei nº 10.650, de 16 de abrilde 2003, altera e acrescenta dispositivos aos Decretos nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, e 3.420,de 20 de abril de 2000, e dá outras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 94

Page 93: Legislação Ambiental Básica

ambiental competente, confere ao seu detentor alicença ambiental para a prática do manejo flo-restal sustentável.

Art. 5º O detentor do PMFS submeterá ao órgãoambiental competente o plano operacionalanual, com a especificação das atividades aserem realizadas no período de doze meses e ovolume máximo proposto para a exploraçãoneste período.

Art. 6ºAnualmente, o detentor do PMFS encami-nhará ao órgão ambiental competente relatório,com as informações sobre toda a área de mane-jo florestal sustentável, a descrição das atividadesrealizadas e o volume efetivamente explorado noperíodo anterior de doze meses.

Art. 7º O PMFS será submetido a vistorias técni-cas para acompanhar e controlar rotineiramenteas operações e atividades desenvolvidas na áreade manejo.

Art. 8º O Ministério do Meio Ambiente instituiráprocedimentos simplificados para o manejoexclusivo de produtos florestais não-madeireiros.

Art. 9º Estão isentas de PMFS:

I - a supressão de florestas e formações sucesso-ras para uso alternativo do solo, devidamenteautorizada; e

II - o manejo de florestas plantadas localizadasfora de áreas de reserva legal.

CAPÍTULO IIIDA SUPRESSÃO A CORTE RASO DE

FLORESTAS E FORMAÇÕES SUCESSORASPARA O USO ALTERNATIVO DO SOLO

Art. 10. A exploração de florestas e formaçõessucessoras que implique a supressão a corte rasode vegetação arbórea natural somente será per-mitida mediante autorização de supressão para ouso alternativo do solo expedida pelo órgão com-petente do SISNAMA.

§ 1º Entende-se por uso alternativo do solo asubstituição de florestas e formações sucessoraspor outras coberturas do solo, tais como projetos

de assentamento para reforma agrária, agrope-cuários, industriais, de geração e transmissão deenergia, de mineração e de transporte.

§ 2º O requerimento de autorização de supressãode que trata o caput será disciplinado em normaespecífica pelo órgão ambiental competente, deven-do indicar, no mínimo, as seguintes informações:

I - a localização georreferenciada do imóvel, dasáreas de preservação permanente e de reservalegal;

II - o cumprimento da reposição florestal;

III - a efetiva utilização das áreas já convertidas;

IV - o uso alternativo a que será destinado o soloa ser desmatado.

§ 3º Fica dispensado das indicações georreferen-ciadas da localização do imóvel, das áreas de pre-servação permanente e da reserva legal, de quetrata o inciso I do § 2º, o pequeno proprietáriorural ou possuidor familiar, assim definidos no art.1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 4.771, de 1965.

§ 4º O aproveitamento da matéria-prima nasáreas onde houver a supressão para o uso alter-nativo do solo será precedido de levantamentodos volumes existentes, conforme ato normativoespecífico do IBAMA.

CAPÍTULO IVDA UTILIZAÇÃO DE

MATÉRIA-PRIMA FLORESTAL

Art. 11. As empresas que utilizarem matéria-prima florestal são obrigadas a se suprir de recur-sos oriundos de:

I - manejo florestal, realizado por meio de PMFSdevidamente aprovado;

II - supressão da vegetação natural, devidamenteautorizada;

III - florestas plantadas; e

IV - outras fontes de biomassa florestal, definidasem normas específicas do órgão ambiental com-petente.

3 . A F L O R A 95

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 95

Page 94: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. As fontes de matéria-prima flo-restal utilizadas, observado o disposto no caput,deverão ser informadas anualmente ao órgãocompetente.

Art. 12. As empresas, cujo consumo anual dematéria-prima florestal seja superior aos limitesa seguir definidos, devem apresentar ao órgãocompetente o Plano de Suprimento Sustentávelpara o atendimento ao disposto nos arts. 20 e 21da Lei nº 4.771, de 1965:

I - cinqüenta mil metros cúbicos de toras;

II - cem mil metros cúbicos de lenha; ou

III - cinqüenta mil metros de carvão vegetal.

§ 1º O Plano de Suprimento Sustentável incluirá:

I - a programação de suprimento de matéria-prima florestal;

II - o contrato entre os particulares envolvidosquando o Plano de Suprimento Sustentável incluirplantios florestais em terras de terceiros;

III - a indicação das áreas de origem da matéria-prima florestal georreferenciadas ou a indicaçãode pelo menos um ponto de azimute para áreascom até vinte hectares.

§ 2º A apresentação do Plano de SuprimentoSustentável não exime a empresa de informar asfontes de matéria-prima florestal utilizadas, nostermos do parágrafo único do art. 11, e do cum-primento da reposição florestal, quando couber.

CAPÍTULO VDA OBRIGAÇÃO À REPOSIÇÃO FLORESTAL

Art. 13. A reposição florestal é a compensaçãodo volume de matéria-prima extraído de vegetaçãonatural pelo volume de matéria-prima resultantede plantio florestal para geração de estoque ourecuperação de cobertura florestal.

Art. 14. É obrigada à reposição florestal a pessoafísica ou jurídica que:

I - utiliza matéria-prima florestal oriunda de supressãode vegetação natural;

II - detenha a autorização de supressão de vege-tação natural.

§ 1º O responsável por explorar vegetação emterras públicas, bem como o proprietário ou pos-suidor de área com exploração de vegetação, sobqualquer regime, sem autorização ou em desa-cordo com essa autorização, fica também obriga-do a efetuar a reposição florestal.

§ 2º O detentor da autorização de supressão devegetação fica desonerado do cumprimento dareposição florestal efetuada por aquele que utili-za a matéria-prima florestal.

§ 3º A comprovação do cumprimento da reposi-ção por quem utiliza a matéria-prima florestaloriunda de supressão de vegetação natural, nãoprocessada ou em estado bruto, deverá ser reali-zada dentro do período de vigência da autoriza-ção de supressão de vegetação.

§ 4º Fica desobrigado da reposição o pequenoproprietário rural ou possuidor familiar, assimdefinidos no art. 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 4.771,de 1965, detentor da autorização de supressão devegetação natural, que não utilizar a matéria-prima florestal ou destiná-la ao consumo.

Art. 15. Fica isento da obrigatoriedade da reposi-ção florestal aquele que comprovadamente utilize:

I - resíduos provenientes de atividade industrial,tais como costaneiras, aparas, cavacos e similares;

II - matéria-prima florestal:

a) oriunda de supressão da vegetação autoriza-da, para benfeitoria ou uso doméstico dentro doimóvel rural de sua origem;

b) oriunda de PMFS;

c) oriunda de floresta plantada; e

d) não-madeireira, salvo disposição contrária emnorma específica do Ministério de MeioAmbiente.

Parágrafo único. A isenção da obrigatoriedade dareposição florestal não desobriga o interessado

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A96

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 96

Page 95: Legislação Ambiental Básica

da comprovação junto à autoridade competenteda origem do recurso florestal utilizado.

Art. 16. Não haverá duplicidade na exigência dereposição florestal na supressão de vegetaçãopara atividades ou empreendimentos submetidosao licenciamento ambiental nos termos do art. 10da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Art. 17. A reposição florestal dar-se-á no Estadode origem da matéria-prima utilizada, por meioda apresentação de créditos de reposição flores-tal.

Art. 18. O órgão competente verificará a adoçãode técnica de reposição florestal, de que trata oart. 19 da Lei nº 4.771, de 1965, por meio dasoperações de concessão e transferência de crédi-tos de reposição florestal, de apuração de débitosde reposição florestal e a compensação entre cré-ditos e débitos, registradas em sistema informati-zado e disponibilizado por meio da Rede Mundialde Computadores - Internet.

Parágrafo único. A geração do crédito da reposi-ção florestal dar-se-á somente após a comprova-ção do efetivo plantio de espécies florestais ade-quadas, preferencialmente nativas.

Art. 19. O plantio de florestas com espécies nati-vas em áreas de preservação permanente e dereserva legal degradadas poderá ser utilizadopara a geração de crédito de reposição florestal.

Parágrafo único. Não será permitida a supressãode vegetação ou intervenção na área de preser-vação permanente, exceto nos casos de utilidadepública, de interesse social ou de baixo impacto,devidamente caracterizados e motivados em pro-cedimento administrativo próprio, quando nãoexistir alternativa técnica e locacional ao empre-endimento proposto, nos termos do art. 4º da Leinº 4.771, de 1965.

CAPÍTULO VIDA LICENÇA PARA O TRANSPORTE DE

PRODUTOS E SUBPRODUTOS FLORESTAISDE ORIGEM NATIVA

Art. 20. O transporte e armazenamento de pro-dutos e subprodutos florestais de origem nativano território nacional deverão estar acompanhadosde documento válido para todo o tempo da via-gem ou do armazenamento.

§ 1º O documento para o transporte e o armaze-namento de produtos e subprodutos florestais deorigem nativa, de que trata o caput, é a licençagerada por sistema eletrônico, com as informa-ções sobre a procedência desses produtos, con-forme resolução do CONAMA.

§ 2º O modelo do documento a ser expedido peloórgão ambiental competente para o transporteserá previamente cadastrado pelo Poder Públicofederal e conterá obrigatoriamente campo queindique sua validade.

§ 3º Para fins de fiscalização ambiental pela Uniãoe nos termos de resolução do CONAMA, oMinistério do Meio Ambiente e o IBAMA mante-rão sistema eletrônico que integrará nacional-mente as informações constantes dos documentospara transporte de produtos e subprodutos flores-tais de origem nativa.

§ 4º As informações constantes do sistema deque trata o § 3º são de interesse da União,devendo ser comunicado qualquer tipo de fraudeao Departamento de Polícia Federal para apura-ção.

Art. 21. O órgão competente para autorizar oPMFS ou a supressão de florestas e formaçõessucessoras para o uso alternativo do solo, nos ter-mos do art. 19 da Lei nº 4.771, de 1965, emitiráa licença para o transporte e armazenamento deproduto e subproduto florestal de origem nativapor solicitação do detentor da autorização ou doadquirente de produtos ou subprodutos.

Art. 22. Para fins de controle do transporte e doarmazenamento de produtos e subprodutos flo-restais de origem nativa, entende-se por:

3 . A F L O R A 97

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 97

Page 96: Legislação Ambiental Básica

I - produto florestal aquele que se encontra emseu estado bruto; e

II - subproduto florestal aquele que passou porprocesso de beneficiamento.

Art. 23. Ficam dispensados da obrigação previstano art. 20, quanto ao uso do documento para otransporte e armazenamento, os seguintes produ-tos e subprodutos florestais de origem nativa:

I - material lenhoso proveniente de erradicaçãode culturas, pomares ou de poda em vias públicasurbanas;

II - subprodutos acabados, embalados e manufa-turados para uso final, inclusive carvão vegetalempacotado no comércio varejista;

III - celulose, goma, resina e demais pastas demadeira;

IV - aparas, costaneiras, cavacos, serragem, pale-tes, briquetes e demais restos de beneficiamentoe de industrialização de madeira e cocos, excetopara carvão;

V - moinha e briquetes de carvão vegetal;

VI - madeira usada e reaproveitada;

VII - bambu (Bambusa vulgares) e espécies afins;

VIII - vegetação arbustiva de origem plantadapara qualquer finalidade; e

IX - plantas ornamentais, medicinais e aromáti-cas, fibras de palmáceas, óleos essenciais, mudas,raízes, bulbos, cipós, cascas e folhas de origemnativa das espécies não constantes de listas ofi-ciais de espécies ameaçadas de extinção.

CAPÍTULO VIIDA PUBLICIDADE DAS INFORMAÇÕES

Art. 24. Em cumprimento ao disposto na Leinº 10.650, de 16 de abril de 2003, os dados einformações ambientais, relacionados às normasprevistas neste decreto, serão disponibilizados naInternet pelos órgãos competentes, no prazomáximo de cento e oitenta dias da publicaçãodeste decreto.

§ 1º Os dados, informações e os critérios para apadronização, compartilhamento e integração desistemas sobre a gestão florestal serão disciplina-dos pelo CONAMA.

§ 2º Os órgãos competentes integrantes do SIS-NAMA disponibilizarão, mensalmente, as informa-ções referidas neste artigo ao Sistema Nacional deInformações Ambientais-SINIMA, instituído naforma do art. 9º, inciso VII, da Lei nº 6.938, de1981, conforme resolução do CONAMA.

Art. 25. As operações de concessão e transferên-cia de créditos de reposição florestal, de apuraçãode débitos de reposição florestal e a compensa-ção entre créditos e débitos serão registradas emsistema informatizado pelo órgão competente edisponibilizadas ao público por meio da internet,permitindo a verificação em tempo real de débi-tos e créditos existentes.

CAPÍTULO VIIIDAS DISPOSIÇÕES GERAIS E

TRANSITÓRIAS

Art. 26. O art. 38 do Decreto nº 3.179, de 21 desetembro de 1999, passa a vigorar com a seguin-te redação:

“Art. 38. Explorar vegetação arbórea de origemnativa, localizada em área de reserva legal oufora dela, de domínio público ou privado, semaprovação prévia do órgão ambiental competen-te ou em desacordo com a aprovação concedida:

Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (tre-zentos reais), por hectare ou fração, ou por uni-dade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico.” (NR)

Art. 27. Ficam acrescidos os §§ 11 e 12 ao art.2º do Decreto nº 3.179, de 1999, com a seguin-te redação:

“§ 11. Nos casos de desmatamento ilegal devegetação natural, o agente autuante, verificandoa necessidade, embargará a prática de atividadeseconômicas na área ilegalmente desmatadasimultaneamente à lavratura do auto de infração.

§ 12. O embargo do Plano de Manejo FlorestalSustentável-PMFS não exonera seu detentor da

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A98

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 98

Page 97: Legislação Ambiental Básica

execução de atividades de manutenção ou recu-peração da floresta, permanecendo o Termo deResponsabilidade de Manutenção da Florestaválido até o prazo final da vigência estabelecidano PMFS.” (NR)

Art. 28. Fica acrescido ao art. 4º-A do Decreto nº3.420, de 20 de abril de 2000, o seguinte pará-grafo:

“Parágrafo único. Caberá também à CONAFLORacompanhar o processo de implementação dagestão florestal compartilhada.” (NR)

Art. 29. Não são passíveis de exploração parafins madeireiros a castanheira (Betholetia excelsa)

e a seringueira (Hevea spp) em florestas naturais,primitivas ou regeneradas.

Art. 30. O sistema informatizado para as opera-ções inerentes à reposição florestal, mencionadono art. 25, será implementado até 1º de maio de2007.

Art. 31. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

Art. 32. Ficam revogados os decretosnº 97.628, de 10 de abril de 1989, 1.282, de 19de outubro de 1994, e 2.788, de 28 de setembrode 1998.

3 . A F L O R A 99

Decreto nº 6.063, de 20 de março de 2007Regulamenta, no âmbito federal, dispositivos da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que dis-põe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri-buições que lhe confere o art. 84, inciso IV, etendo em vista o disposto na Lei nº 11.284, de 2de março de 2006,

DECRETA:

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Este decreto dispõe sobre o CadastroNacional de Florestas Públicas e regulamenta, emâmbito federal, a destinação de florestas públicasàs comunidades locais, o Plano Anual de OutorgaFlorestal-PAOF, o licenciamento ambiental para ouso dos recursos florestais nos lotes ou unidadesde manejo, a licitação e os contratos de concessãoflorestal, o monitoramento e as auditorias da ges-tão de florestas públicas, para os fins do dispostona Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006.

CAPÍTULO IIDO CADASTRO NACIONAL DE

FLORESTAS PÚBLICAS

Art. 2º O Cadastro Nacional de Florestas Públicas,

interligado ao Sistema Nacional de Cadastro Rural,é integrado:

I - pelo Cadastro-Geral de Florestas Públicas daUnião;

II - pelos cadastros de florestas públicas dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 1º O Cadastro Nacional de Florestas Públicasserá integrado por bases próprias de informaçõesproduzidas e compartilhadas pelos órgãos e enti-dades gestores de florestas públicas da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 2º O Cadastro-Geral de Florestas Públicas daUnião será gerido pelo Serviço Florestal Brasileiroe incluirá:

I - áreas inseridas no Cadastro de Terras Indígenas;

II - unidades de conservação federais, com exce-ção das áreas privadas localizadas em categoriasde unidades que não exijam a desapropriação; e

III - florestas localizadas em imóveis urbanos oururais matriculados ou em processo de arrecadaçãoem nome da União, autarquias, fundações, empre-sas públicas e sociedades de economia mista.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 99

Page 98: Legislação Ambiental Básica

§ 3º As florestas públicas em áreas militaressomente serão incluídas no Cadastro-Geral deFlorestas Públicas da União mediante autorizaçãodo Ministério da Defesa.

§ 4º As florestas públicas federais plantadas após2 de março de 2006, não localizadas em áreas dereserva legal ou em unidades de conservação,serão cadastradas mediante consulta ao órgãogestor da respectiva floresta.

Art. 3º O Cadastro-Geral de Florestas Públicasda União é composto por florestas públicas emtrês estágios:

I - identificação;

II - delimitação; e

III - demarcação.

§ 1º No estágio de identificação, constarão polí-gonos georreferenciados de florestas, plantadasou naturais, localizadas em terras de domínio daUnião.

§ 2º No estágio de delimitação, os polígonos deflorestas públicas federais serão averbados nasmatrículas dos imóveis públicos.

§ 3º No estágio de demarcação, os polígonos dasflorestas públicas federais serão materializadosno campo e os dados georreferenciados serãoinseridos no Cadastro-Geral de Florestas Públicasda União.

§ 4º Para os fins do Cadastro-Geral de FlorestasPúblicas da União, o Serviço Florestal Brasileiroregulamentará cada um dos estágios previstos nocaput.

§ 5º Aplica-se às florestas públicas definidas nosincisos I e II do § 2º do art. 2º, apenas o estágiode identificação.

Art. 4º O Serviço Florestal Brasileiro editará reso-lução sobre as tipologias e classes de coberturaflorestal, por bioma, para fins de identificação dasflorestas públicas federais.

Parágrafo único. A resolução de que trata o caputobservará as caracterizações das tipologias e clas-

ses de cobertura florestal, definidas pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística-IBGE.

Art. 5º O Serviço Florestal Brasileiro manteráno Sistema Nacional de Informações Florestaisbanco de dados com imagens de satélite e outrasformas de sensoriamento remoto que tenhamcoberto todo o território nacional para o ano de2006.

Art. 6º As florestas públicas identificadas nastipologias e classes de cobertura florestal, defini-das nos termos do art. 4º, serão incluídas noCadastro-Geral de Florestas Públicas da União,observada a data de vigência da Lei nº 11.284,de 2006.

Parágrafo único. Para fins de recuperação, oServiço Florestal Brasileiro poderá incluir, noCadastro-Geral de Florestas Públicas da União,áreas degradadas contidas nos polígonos de flo-restas públicas federais.

Art. 7º O Cadastro-Geral de Florestas Públicasda União conterá, quando couber, em relação acada floresta pública, as seguintes informações:

I - dados fundiários, incluindo número de matrí-cula do imóvel no cartório de registro de imóveis;

II - Município e Estado de localização;

III - titular e gestor da floresta pública;

IV - polígono georreferenciado;

V - bioma, tipo e aspectos da cobertura florestal,conforme norma editada nos termos do art. 4º;

VI - referências de estudos associados à florestapública, que envolvam recursos naturais renová-veis e não-renováveis, relativos aos limites da res-pectiva floresta;

VII - uso e destinação comunitários;

VIII - pretensões de posse eventualmente inciden-tes sobre a floresta pública;

IX - existência de conflitos fundiários ou sociais;

X - atividades desenvolvidas, certificações, nor-mas, atos e contratos administrativos e contratoscíveis incidentes nos limites da floresta pública; e

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A100

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 100

Page 99: Legislação Ambiental Básica

XI - recomendações de uso formuladas peloZoneamento Ecológico-Econômico do Brasil-ZEEe com base no Decreto nº 5.092, de 21 de maiode 2004.

Art. 8ºO Serviço Florestal Brasileiro definirá padrõestécnicos do Cadastro-Geral de Florestas Públicas daUnião, observado o código único estabelecido emato conjunto do Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária-INCRA e da Secretaria da ReceitaFederal, nos termos do § 3º do art. 1º da Leinº 5.868, de 12 de dezembro de 1972, de forma apermitir a identificação e o compartilhamento desuas informações com as instituições participantesdo Cadastro Nacional de Imóveis Rurais-CNIR, aSecretaria do Patrimônio da União e os CadastrosEstaduais e Municipais de Florestas Públicas.

§ 1º Na definição dos padrões técnicos doCadastro-Geral de Florestas Públicas da União,deve-se observar, no mínimo, o seguinte:

I - definições e terminologias relativas à identifi-cação da cobertura florestal;

II - base cartográfica a ser utilizada;

III - projeções e formato dos dados georreferen-ciados e tabelas;

IV - informações mínimas do cadastro;

V - meios de garantir a publicidade e o acessoaos dados do cadastro; e

VI - normas e procedimentos de integração dasinformações com o Sistema Nacional de CadastroRural e os cadastros de florestas públicas dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 2º O Serviço Florestal Brasileiro regulamentará osmecanismos para a revisão dos polígonos de flores-tas públicas para adaptá-los às alterações técni-cas, de titularidade ou àquelas que se fizerem neces-sárias durante a definição dos lotes de concessão.

Art. 9ºAs florestas públicas federais não destina-das a manejo florestal ou unidades de conserva-ção ficam impossibilitadas de conversão para usoalternativo do solo, até que sua recomendação deuso pelo ZEE esteja oficializada e a conversão

seja plenamente justificada, nos termos do art.72 da Lei nº 11.284, de 2006.

§ 1º A floresta pública que após 2 de março de2006 seja irregularmente objeto de desmatamen-to, exploração econômica ou degradação seráincluída ou mantida no Cadastro-Geral deFlorestas Públicas da União.

§ 2º A inclusão a que se refere o § 1º dar-se-áquando comprovada a existência de floresta em 2de março de 2006 em área pública desmatada,explorada economicamente ou degradada.

§ 3º A manutenção a que se refere o § 1º dar-se-á quando a floresta pública constante doCadastro-Geral de Florestas Públicas da União forirregularmente desmatada, explorada economi-camente ou degradada.

§ 4º Para os fins do disposto no caput, o ServiçoFlorestal Brasileiro publicará e disponibilizará pormeio da Internet o mapa da cobertura florestal doBrasil para o ano de 2006.

Art. 10. As atividades de pesquisa envolvendorecursos florestais, recursos naturais não-renová-veis e recursos hídricos poderão ser desenvolvi-das nas florestas públicas mencionadas no art.9º, desde que compatível com o disposto no con-trato de concessão e com as atividades nele auto-rizadas, e que contem com autorização expressados órgãos competentes.

Art. 11. As florestas públicas não incluídas noCadastro-Geral de Florestas Públicas da Uniãonão perdem a proteção conferida pela Leinº 11.284, de 2006.

Art. 12. Sem prejuízo da aplicação de sançõesadministrativas e penais, cabe ao responsávelpelo desmatamento, exploração ou degradaçãode floresta pública federal, mencionada no § 1ºdo art. 9º, a recuperação da floresta de formadireta ou indireta, em observância ao § 1º do art.14 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Art. 13. O Cadastro-Geral de Florestas Públicasda União será acessível ao público por meio daInternet.

3 . A F L O R A 101

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 101

Page 100: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO IIIDA DESTINAÇÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS

ÀS COMUNIDADES LOCAIS

Art. 14. Antes da realização das licitações paraconcessão florestal, as florestas públicas, em queserão alocadas as unidades de manejo, quandoocupadas ou utilizadas por comunidades locais,definidas no inciso X do art. 3º da Lei nº 11.284,de 2006, serão identificadas para destinação aessas comunidades, nos termos do art. 6º e 17 damesma lei.

Parágrafo único. O Serviço Florestal Brasileiroatuará em conjunto com órgãos responsáveispela destinação mencionada no caput.

Art. 15. As modalidades de destinação às comu-nidades locais devem ser baseadas no uso sus-tentável das florestas públicas.

§ 1º O planejamento das dimensões das florestaspúblicas a serem destinadas à comunidade local,individual ou coletivamente, deve considerar o usosustentável dos recursos florestais, bem como obeneficiamento dos produtos extraídos, como aprincipal fonte de sustentabilidade dos beneficiários.

§ 2º O Serviço Florestal Brasileiro elaborará estu-dos e avaliações técnicas para subsidiar o atendi-mento do disposto no § 1º.

Art. 16. Nas florestas públicas destinadas àscomunidades locais, a substituição da coberturavegetal natural por espécies cultiváveis, além deobservar o disposto na Lei nº 4.771, de 15 desetembro de 1965, e no Decreto nº 5.975, de 30de novembro de 2006, somente será permitidaquando, cumulativamente:

I - houver previsão da substituição da coberturavegetal no plano de manejo, no plano de desen-volvimento de assentamento ou em outros instru-mentos de planejamento pertinentes à modalida-de de destinação; e

II - a área total de substituição não for superior adez por cento da área total individual ou coletivae limitado a doze hectares por unidade familiar.

Parágrafo único. A utilização das florestas públi-cas sob posses de comunidades locais, passíveis

de regularização ou regularizadas, observará odisposto no caput.

Art. 17. O Serviço Florestal Brasileiro, no âmbitoda competência prevista no art. 55 da Leinº 11.284, de 2006, apoiará a pesquisa e a assis-tência técnica para o desenvolvimento das ativi-dades florestais pelas comunidades locais, inclu-sive por meio do Fundo Nacional deDesenvolvimento Florestal-FNDF.

Art. 18. Nas Florestas Nacionais, para os fins dodisposto no art. 17 da Lei nº 11.284, de 2006,serão formalizados termos de uso, com indicaçãodo respectivo prazo de vigência com as comuni-dades locais, residentes no interior e no entornodas unidades de conservação, para a extraçãodos produtos florestais de uso tradicional e desubsistência, especificando as restrições e a res-ponsabilidade pelo manejo das espécies dasquais derivam esses produtos, bem como poreventuais prejuízos ao meio ambiente e à União.

Parágrafo único. São requisitos para a formaliza-ção do termo de uso:

I - identificação dos usuários;

II - estudo técnico que caracterize os usuárioscomo comunidades locais, nos termos do inciso Xdo art. 3º da Lei nº 11.284, de 2006; e

III - previsão do uso dos produtos florestais deleconstantes e da permanência dos comunitáriosem zonas de amortecimento, se for o caso, noplano de manejo da unidade de conservação.

CAPÍTULO IVDO PLANO ANUAL DE OUTORGA FLORESTAL

Art. 19. O PAOF, proposto pelo Serviço FlorestalBrasileiro e definido pelo Ministério do MeioAmbiente, conterá a descrição de todas as flores-tas públicas passíveis de serem submetidas aconcessão no ano em que vigorar.

Parágrafo único. Somente serão incluídas noPAOF as florestas públicas devidamente identifi-cadas no Cadastro-Geral de Florestas Públicas da

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A102

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 102

Page 101: Legislação Ambiental Básica

União, nos termos do § 1º do art. 3º, observado odisposto no § 5º do mesmo artigo quanto às flo-restas públicas definidas no inciso II do § 2º doart. 2º.

Art. 20. O PAOF terá o seguinte conteúdo mínimo:

I - identificação do total de florestas públicasconstantes do Cadastro-Geral de FlorestasPúblicas da União;

II - área total já submetida a concessões florestaisfederais e previsão de produção dessas áreas;

III - identificação da demanda por produtos e ser-viços florestais;

IV - identificação da oferta de produtos e serviçosoriundos do manejo florestal sustentável nasregiões que abranger, incluindo florestas privadas,florestas destinadas às comunidades locais e flo-restas públicas submetidas à concessão florestal;

V - identificação georreferenciada das florestaspúblicas federais passíveis de serem submetidas aprocesso de concessão florestal, durante o perío-do de sua vigência;

VI - identificação georreferenciada das terrasindígenas, das unidades de conservação, dasáreas destinadas às comunidades locais, áreasprioritárias para recuperação e áreas de interessepara criação de unidades de conservação de pro-teção integral, que sejam adjacentes às áreasdestinadas à concessão florestal federal;

VII - compatibilidade com outras políticas seto-riais, conforme previsto no art. 11 da Leinº 11.284, de 2006;

VIII - descrição da infra-estrutura, condições delogística, capacidade de processamento e tecno-logia existentes nas regiões por ele abrangidas;

IX - indicação da adoção dos mecanismos deacesso democrático às concessões florestais fede-rais, incluindo:

a) regras a serem observadas para a definição dasunidades de manejo;

b) definição do percentual máximo de área de

concessão florestal que um concessionário, indivi-dualmente ou em consórcio, poderá deter, relati-vo à área destinada à concessão florestal pelosPAOF da União vigente e executados nos anosanteriores, nos termos do art. 34, inciso II e pará-grafo único, da Lei nº 11.284, de 2006;

X - descrição das atividades previstas para o seuperíodo de vigência, em especial aquelas relacio-nadas à revisão de contratos, monitoramento, fis-calização e auditorias; e

XI - previsão dos meios necessários para suaimplementação, incluindo os recursos humanos efinanceiros.

Parágrafo único. A previsão a que se refere o inci-so XI do caput será considerada na elaboração doprojeto de lei orçamentária anual, enviado aoCongresso Nacional a cada ano.

Art. 21. A elaboração do PAOF da União consi-derará, dentre os instrumentos da política para omeio ambiente, de que trata o art. 11, inciso I, daLei nº 11.284, de 2006, as recomendações deuso definidas no Decreto nº 5.092, de 2004.

Art. 22. Para os fins de consideração das áreasde convergência com as concessões de outrossetores, de que trata o art. 11, inciso V, da Leinº 11.284, de 2006, na elaboração do PAOF daUnião serão considerados os contratos de con-cessão, autorizações, licenças e outorgas paramineração, petróleo, gás, estradas, linhas detransmissão, geração de energia, oleodutos,gasodutos e para o uso da água.

Art. 23. O PAOF da União será concluído até odia 31 de julho do ano anterior ao seu período devigência, em conformidade com os prazos para aelaboração da lei orçamentária anual.

§ 1º Para os fins do disposto no § 1º do art. 11da Lei nº 11.284, de 2006, o Serviço FlorestalBrasileiro considerará os PAOF dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios, encaminhadosaté o dia 30 de junho de cada ano.

§ 2º Os PAOF encaminhados após a data previs-ta no § 1º serão considerados pela União somen-te no ano seguinte ao de seu recebimento.

3 . A F L O R A 103

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 103

Page 102: Legislação Ambiental Básica

Art. 24. Para os fins do disposto no art. 33 da Leinº 11.284, de 2006, serão definidas unidades demanejo pequenas, médias e grandes, com baseem critérios técnicos que atendam às peculiarida-des regionais, definidos no PAOF, considerando osseguintes parâmetros:

I - área necessária para completar um ciclo deprodução da floresta para os produtos maneja-dos, de acordo com o inciso V do art. 3º da Leinº 11.284, de 2006;

II - estrutura, porte e capacidade dos agentesenvolvidos na cadeia produtiva.

CAPÍTULO VDO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Art. 25. Para o licenciamento ambiental do uso dosrecursos florestais nos lotes ou unidades de manejo,será elaborado o RelatórioAmbiental Preliminar-RAP.

Art.26. Para o licenciamento ambiental domanejo florestal, o concessionário submeterá àanálise técnica do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA o Plano de Manejo Florestal Sustentável-PMFS, nos termos do art. 19 da Lei nº 4.771, de1965, e do Decreto nº 5.975, de 2006.

Art. 27. Os empreendimentos industriais inciden-tes nas unidades de manejo e as obras de infra-estrutura não inerentes aos PMFS observarão asnormas específicas de licenciamento ambiental.

Art. 28. Na elaboração do RAP, será observadoum termo de referência, preparado em conjuntopelo IBAMA e pelo Serviço Florestal Brasileiro,com, no mínimo, o seguinte conteúdo:

I - descrição e localização georreferenciada dasunidades de manejo;

II - descrição das características de solo, relevo,tipologia vegetal e classe de cobertura;

III - descrição da flora e da fauna, inclusive com aindicação daquelas ameaçadas de extinção eendêmicas;

IV - descrição dos recursos hídricos das unidadesde manejo;

V - resultados do inventário florestal;

VI - descrição da área do entorno;

VII - caracterização e descrição das áreas de usocomunitário, unidades de conservação, áreasprioritárias para a conservação, terras indígenas eáreas quilombolas adjacentes às unidades demanejo;

VIII - identificação dos potenciais impactosambientais e sociais e ações para prevenção emitigação dos impactos negativos; e

IX - recomendações de condicionantes para exe-cução de atividades de manejo florestal.

CAPÍTULO VIDA LICITAÇÃO

Art. 29. Nas concessões florestais, os lotes e asunidades de manejo serão definidos nos editaisde licitação e incidirão em florestas públicas queobservem o seguinte:

I - possuam previsão no PAOF, com o atendimentodas diretrizes nele definidas;

II - encontrem-se no Cadastro-Geral de FlorestasPúblicas da União nos seguintes estágios:

a) de identificação, para unidades de manejolocalizadas em florestas nacionais; e

b) de delimitação, para as unidades de manejolocalizadas em florestas públicas federais e foradas florestas nacionais.

§ 1º Os lotes de concessão poderão ser compos-tos por unidades de manejo contíguas.

§ 2º As unidades de manejo contíguas, a serem sub-metidas à concessão florestal pela União na vigênciade um mesmo PAOF, devem necessariamente com-por um mesmo lote de concessão florestal.

Art. 30. A publicação de edital de licitação delotes de concessão florestal será precedida deaudiência pública, amplamente divulgada e con-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A104

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 104

Page 103: Legislação Ambiental Básica

vocada com antecedência mínima de quinze dias,e será dirigida pelo Serviço Florestal Brasileiro.

§ 1º O Serviço Florestal Brasileiro realizará asaudiências públicas no local de abrangência dorespectivo lote, considerando os seguintes objeti-vos básicos:

I - identificar e debater o objeto da concessão flo-restal e as exclusões;

II - identificar e debater os aspectos relevantes doedital de concessão, em especial, a distribuição eforma das unidades de manejo e os critérios eindicadores para seleção da melhor oferta;

III - propiciar aos diversos atores interessados apossibilidade de oferecerem comentários e suges-tões sobre a matéria em discussão; e

IV - dar publicidade e transparência às suas ações.

§ 2º As datas e locais de realização das audiên-cias serão divulgadas pelos meios de comunica-ção de maior acesso ao público da região e pelainternet.

§ 3º Os documentos utilizados para subsidiar aaudiência pública serão disponibilizados paraconsulta na Internet e enviados para as prefeitu-ras e câmaras de vereadores dos Municípiosabrangidos pelo edital.

Art. 31. A justificativa técnica da conveniênciada concessão florestal federal será elaboradapelo Serviço Florestal Brasileiro e publicada peloMinistério do Meio Ambiente previamente ao edi-tal de licitação, caracterizando seu objeto e a uni-dade de manejo.

Art. 32. O edital de licitação das concessões flo-restais federais será publicado com antecedênciamínima de quarenta e cinco dias da abertura doprocesso de julgamento das propostas.

Parágrafo único. Além da publicidade prevista nalegislação aplicável, o edital será disponibilizadona Internet e locais públicos na região de abran-gência do lote de concessão, definidos no edital.

Art. 33. Todos os atos inerentes ao processo delicitação serão realizados na sede do Serviço

Florestal Brasileiro ou no âmbito de suas unida-des regionais, conforme justificativa técnica,exceto as audiências públicas e outros atos, pre-vistos em resolução do mesmo órgão.

Art. 34. Para habilitação nas licitações de con-cessão florestal federais, a comprovação deausência de débitos inscritos na dívida ativa rela-tivos a infração ambiental, prevista no inciso I doart. 19 da Lei nº 11.284, de 2006, dar-se-á pormeio de documentos emitidos pelos órgãos inte-grantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA da localização das unidades de mane-jo pretendidas e da sede do licitante, cuja emis-são será preferencialmente por meio da internet,nos termos do § 2º do mencionado art. 19 e doDecreto nº 5.975, de 2006.

Art. 35. Os editais de licitação federais devemconter a descrição detalhada da metodologiapara julgamento das propostas, levando-se emconsideração os seguintes critérios definidos noart. 26 da Lei nº 11.284, de 2006:

I - maior preço ofertado como pagamento àUnião pela outorga da concessão florestal;

II - melhor técnica, considerando:

a) menor impacto ambiental;

b) maiores benefícios sociais diretos;

c) maior eficiência; e

d) maior agregação de valor ao produto ou serviçoflorestal na região da concessão.

Parágrafo único. Para os fins do disposto no inci-so II, considera-se:

I - menor impacto ambiental: o menor impactonegativo ou o maior impacto positivo;

II - maior eficiência: derivada do uso dos recursosflorestais; e

III - região da concessão: os Municípios abrangi-dos pelo lote de concessão.

Art. 36. O Serviço Florestal Brasileiro definirá paracada edital de licitação federal um conjunto de

3 . A F L O R A 105

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 105

Page 104: Legislação Ambiental Básica

indicadores que permita avaliar a melhor oferta.

§ 1º O conjunto de indicadores será compostopor pelo menos um indicador para cada um doscritérios previstos no caput do art. 35 e para cadaum dos componentes da melhor técnica, previstosnas alíneas do inciso II do caput do mesmo artigo.

§ 2º Os indicadores poderão ser utilizados parafins de pontuação para definição da melhor pro-posta ou para fins de bonificação e deverão ter asseguintes características:

I - ser objetivamente mensuráveis;

II - relacionar-se a aspectos de responsabilidadedireta do concessionário; e

III - ter aplicabilidade e relevância para avaliar orespectivo critério.

§ 3º Para cada indicador previsto no edital, serãodefinidos parâmetros para sua pontuação,incluindo os valores mínimos aceitáveis parahabilitação da proposta.

§ 4º Os editais de licitação deverão prever a fór-mula precisa de cálculo da melhor oferta, combase nos indicadores a serem utilizados.

§ 5º A metodologia de pontuação máxima deve-rá ser montada de tal forma a garantir que:

I - o peso de cada critério referido no art. 35nunca seja menor que um ou maior que três;

II - o peso de cada item, na definição do critérioreferido no inciso II do art. 35, nunca seja menorque um ou maior que três;

III - o peso do critério técnica seja maior ou igualao peso do critério preço.

§ 6º A utilização de indicadores terá pelo menosum dos seguintes objetivos:

I - eliminatório: que indica parâmetros mínimos aserem atingidos para a qualificação do concor-rente;

II - classificatório: que indica parâmetros para apontuação no julgamento das propostas, duranteo processo licitatório; e

III - bonificador: que indica parâmetros a serematingidos para bonificação na execução do con-trato pelo concessionário.

Art. 37. O preço calculado sobre os custos derealização do edital de licitação da concessão flo-restal federal de cada unidade de manejo, previs-to no art. 36, inciso I, da Lei nº 11.284, de 2006,será definido com base no custo médio do editalpor hectare e especificado no edital de licitação,considerando os custos dos seguintes itens:

I - inventário florestal;

II - estudos preliminares contratados especifica-mente para compor o edital;

III - RAP e processo de licenciamento;

IV - publicação e julgamento das propostas.

§ 1º Os custos relacionados às ações realizadaspelo poder público e que, por sua natureza,geram benefícios permanentes ao patrimôniopúblico não comporão o custo do edital.

§ 2º No cálculo do preço do custo de realizaçãodo edital para as unidades de manejo pequenas,poderá ser aplicado fator de correção a ser deter-minado pelo Serviço Florestal Brasileiro.

§ 3º A forma e o prazo para o pagamento dopreço calculado sobre os custos de realização doedital de licitação da concessão florestal da uni-dade de manejo serão especificados no edital.

Art. 38. Em atendimento ao disposto no § 1º doart. 20 da Lei nº 11.284, de 2006, para unidadesde manejo pequenas ou médias, poderão ser uti-lizados resultados de inventários florestais deáreas adjacentes ou com características florestaissemelhantes.

Art. 39. Os parâmetros necessários para a defi-nição do preço da concessão florestal federal,previstos no inciso II do art. 36 da Lei nº 11.284,de 2006, serão especificados no edital de licita-ção, observando os seguintes aspectos dosprodutos e serviços:

I - unidades de medida;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A106

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 106

Page 105: Legislação Ambiental Básica

II - critérios de agrupamento; e

III - metodologia de medição e quantificação.

§ 1º Os critérios de agrupamentos de produtos eserviços florestais para fins de formação de preçodevem permitir a inclusão de novos produtos eserviços.

§ 2º A definição do preço mínimo da concessãoflorestal no edital de licitação poderá ser feita apartir de:

I - preços mínimos de cada produto ou serviço talcomo definido no caput;

II - estimativa de arrecadação anual total dos pro-dutos e serviços; e

III - combinação dos dois métodos especificadosnos incisos I e II deste parágrafo.

Art. 40. Nas concessões florestais federais, ovalor mínimo anual, definido no § 3º do art. 36da Lei nº 11.284, de 2006, será de até trinta porcento do preço anual vencedor do processo licita-tório, calculado em função da estimativa de pro-dução fixada no edital e os preços de produtos eserviços contidos na proposta vencedora.

§ 1º O percentual aplicável para a definição dovalor mínimo será fixado no edital.

§ 2º O valor mínimo anual será fixado e expressono contrato de concessão em moeda corrente dopaís, cabendo revisões e reajustes.

§ 3º O pagamento do valor mínimo anual serácompensado no preço da concessão florestal deque trata o inciso II do art. 36 da Lei nº 11.284,de 2006, desde que ocorra no mesmo ano.

§ 4º O valor mínimo somente será exigível após aaprovação do PMFS pelo IBAMA, salvo quando oatraso na aprovação for de responsabilidade doconcessionário.

Art. 41. O edital de licitação especificará prazomáximo para o concessionário apresentar o PMFSao órgão competente, após assinatura do contratode concessão, limitado ao máximo de doze meses.

Art. 42. O edital de licitação deverá prever a

responsabilidade pela demarcação da unidadede manejo.

Parágrafo único. Quando a demarcação for deresponsabilidade do concessionário, sua execu-ção será aprovada pelo Serviço FlorestalBrasileiro.

Art. 43. Os bens reversíveis, que retornam aotitular da floresta pública após a extinção da con-cessão, serão definidos no edital de licitação edeverão incluir pelo menos:

I - demarcação da unidade de manejo;

II - infra-estrutura de acesso;

III - cercas, aceiros e porteiras; e

IV - construções e instalações permanentes.

CAPÍTULO VIIDO CONTRATO DE CONCESSÃO

FLORESTAL FEDERAL

Art. 44. Para os fins de aplicação do § 1º do art.27 da Lei nº 11.284, de 2006, nas concessõesflorestais federais, são consideradas:

I - inerentes ao manejo florestal as seguintes ati-vidades:

a) planejamento e operações florestais, incluindo:

1. inventário florestal;

2. PMFS e planejamento operacional;

3. construção e manutenção de vias de acesso eramais;

4. colheita e transporte de produtos florestais;

5. silvicultura pós-colheita;

6. monitoramento ambiental;

7. proteção florestal;

II - subsidiárias ao manejo florestal as seguintesatividades:

a) operações de apoio, incluindo:

1. segurança e vigilância;

2. manutenção de máquinas e infra-estrutura;

3 . A F L O R A 107

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 107

Page 106: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A108

3. gerenciamento de acampamentos;

4. proteção florestal;

b) operações de processamento de produtos flo-restais;

c) operações de serviço, incluindo:

1. guia de visitação; e

2. transporte de turistas.

Art. 45. O controle do percentual máximo deconcessão florestal que cada concessionário, indi-vidualmente ou em consórcio poderá deter,observados os limites do inciso II do art. 34, bemcomo o disposto no art. 77, ambos da Leinº 11.284, de 2006, será efetuado pelo ServiçoFlorestal Brasileiro, nos termos do inciso XIX doart. 53 da mesma lei.

Parágrafo único. Outros aspectos inerentes aosatos e negócios jurídicos a serem celebradosentre concessionários serão submetidos aoSistema Brasileiro de Defesa da Concorrência,quando necessário.

Art. 46. Serão previstos nos contratos de conces-são florestal federais critérios de bonificação parao concessionário que atingir parâmetros dedesempenho socioambiental, além das obriga-ções legais e contratuais.

§ 1º A bonificação por desempenho poderá serexpressa em desconto nos preços florestais.

§ 2º Os critérios e indicadores de bonificação pordesempenho serão definidos pelo Serviço FlorestalBrasileiro e expressos no edital de licitação.

§ 3º A aplicação do mecanismo de bonificaçãopor desempenho não poderá resultar em valoresmenores que os preços mínimos definidos no edi-tal de licitação a que se refere o § 2º do art. 36da Lei nº 11.284, de 2006.

Art. 47. A forma de implementação e as hipóte-ses de execução das garantias, previstas no art. 21da Lei nº 11.284, de 2006, serão especificadasmediante resolução do Serviço Florestal Brasileiro.

Parágrafo único. A garantia da proposta visaassegurar que o vencedor do processo licitatóriofirme, no prazo previsto no edital, o contrato deconcessão nos termos da proposta vencedora, àqual se encontra vinculado, sem prejuízo da apli-cação das penalidades indicadas no caput do art.81 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

Art. 48. O reajuste dos preços florestais seráanual, com base em metodologia a ser definidapelo Serviço Florestal Brasileiro e especificada noedital de licitação e no contrato de concessão.

Art. 49. O Serviço Florestal Brasileiro desenvol-verá e manterá atualizado sistema de acompa-nhamento dos preços e outros aspectos domercado de produtos e serviços florestais.

Art. 50. Os contratos de concessão florestalfederais deverão prever direitos e obrigações parasua integração a contratos, autorizações, licençase outorgas de outros setores explicitados no § 1ºdo art. 16 da Lei nº 11.284, de 2006.

Art. 51. Em caso de não-cumprimento dos crité-rios técnicos e do não-pagamento dos preços flo-restais, além de outras sanções cabíveis, o ServiçoFlorestal Brasileiro poderá determinar a imediatasuspensão da execução das atividades desenvol-vidas em desacordo com o contrato de concessãoe determinar a imediata correção das irregulari-dades identificadas, nos termos do § 2º do art. 30da Lei nº 11.284, de 2006.

§ 1º O contrato de concessão florestal federaldeverá prever as situações que justifiquem o des-cumprimento das obrigações contratuais, emespecial, o pagamento do valor mínimo anual.

§ 2º O contrato de concessão florestal federalindicará os procedimentos a serem utilizados nagestão e solução dos conflitos sociais e as pena-lidades aplicáveis à sua não-adoção.

§ 3º O contrato de concessão florestal federalindicará a adoção de procedimentos administrati-vos que viabilizem a solução de divergências nainterpretação e na aplicação dos contratos deconcessão florestal.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 108

Page 107: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO VIIIDO MONITORAMENTO E AUDITORIA DAS

FLORESTAS PÚBLICAS FEDERAIS

SEÇÃO IDO MONITORAMENTO

Art. 52. O monitoramento das florestas públicasfederais considerará,nomínimo,os seguintes aspectos:

I - a implementação do PMFS;

II - a proteção de espécies endêmicas e ameaça-das de extinção;

III - a proteção dos corpos d’água;

IV - a proteção da floresta contra incêndios, des-matamentos e explorações ilegais e outras amea-ças à integridade das florestas públicas;

V - a dinâmica de desenvolvimento da floresta;

VI - as condições de trabalho;

VII - a existência de conflitos socioambientais;

VIII - os impactos sociais, ambientais, econômicose outros que possam afetar a segurança pública ea defesa nacional;

IX - a qualidade da indústria de beneficiamentoprimário; e

X - o cumprimento do contrato.

Art. 53. O Serviço Florestal Brasileiro articularácom outros órgãos e entidades responsáveis peloplanejamento, gestão e execução dos sistemas demonitoramento, controle e fiscalização, visando àimplementação do disposto no art. 50, quanto àgestão das florestas públicas federais.

Art. 54. O Relatório Anual de Gestão de FlorestasPúblicas da União, de que trata o § 2º do art. 53da Lei nº 11.284, de 2006, indicará os resultadosdo monitoramento das florestas públicas federais,considerando os aspectos enumerados no art. 52.

Parágrafo único. Além dos encaminhamentos previs-tos no § 2º do art. 53 da Lei nº 11.284, de 2006, oRelatório Anual de Gestão de Florestas Públicas seráamplamente divulgado pelo Serviço Florestal Brasi-

leiro, podendo ser debatido em audiências públicas.

Art. 55. Todos os sistemas utilizados para o moni-toramento da gestão de florestas públicas fede-rais deverão conter dispositivos de consulta pormeio da internet.

SEÇÃO IIDA AUDITORIA

Art. 56. O Serviço Florestal Brasileiro estabeleceráos critérios, os indicadores, o conteúdo, os prazos,as condições para a realização e a forma degarantir a publicidade das auditorias florestais,realizadas em florestas públicas federais.

Art. 57. O Instituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial-INMETROconsolidará o procedimento de avaliação de con-formidade, inclusive no que se refere a:

I - sistema de acreditação de entidades públicasou privadas para realização de auditorias flores-tais;

II - critérios mínimos de auditoria;

III - modelos de relatórios das auditorias flores-tais; e

IV - prazos para a entrega de relatórios.

Art. 58. As auditorias florestais, realizadas emflorestas públicas federais, serão realizadas pororganismos acreditados pelo INMETRO, para aexecução de atividades de análise do cumprimen-to das normas referentes ao manejo florestal e aocontrato de concessão florestal, que incluirá obri-gatoriamente as verificações em campo e a con-sulta à comunidade e autoridades locais.

Art. 59. Os seguintes expedientes poderão serutilizados pelo Serviço Florestal Brasileiro paraviabilizar as auditorias em pequenas unidades demanejo:

I - auditorias em grupo;

II - procedimentos simplificados, definidos peloINMETRO; e

3 . A F L O R A 109

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 109

Page 108: Legislação Ambiental Básica

III - desconto no preço dos recursos florestaisauferidos da floresta pública.

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 60. A delegação prevista no § 1º do art. 49da Lei nº 11.284, de 2006, dar-se-á por meio decontrato de gestão firmado entre o Ministério doMeio Ambiente e o Conselho Diretor do Serviço

Florestal Brasileiro, nos termos do art. 67 damesma lei.

Art. 61. O PAOF da União do ano de 2007 pode-rá ser concluído no mesmo ano de sua vigência,admitida a simplificação do conteúdo mínimo, deque trata o art. 20, conforme disposto em ato doMinistério do Meio Ambiente.

Art. 62. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A110

Resolução do CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reserva-tórios artificiais e o regime de uso do entorno.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe sãoconferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de6 de junho de 1990, e tendo em vista o dispostonas leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,9.433, de 8 de janeiro de 1997, e no seuRegimento Interno, e

Considerando que a função socioambiental dapropriedade prevista nos arts. 5º, inciso XXIII,170, inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 daConstituição, os princípios da prevenção, da pre-caução e do poluidor-pagador;

Considerando a necessidade de regulamentar oart. 2º da Lei nº 4.771, de 1965, no que concer-ne às áreas de preservação permanente no entor-no dos reservatórios artificiais;

Considerando as responsabilidades assumidaspelo Brasil por força da Convenção da Biodiver-sidade, de 1992, da Convenção de Ramsar, de1971 e da Convenção de Washington, de 1940,bem como os compromissos derivados da Decla-ração do Rio de Janeiro, de 1992;

Considerando que as Áreas de PreservaçãoPermanente e outros espaços territoriais especial-mente protegidos, como instrumento de relevante

interesse ambiental, integram o desenvolvimentosustentável, objetivo das presentes e futuras gera-ções;

Considerando a função ambiental das Áreas dePreservação Permanente de preservar os recursoshídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, abiodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora,proteger o solo e assegurar o bem-estar daspopulações humanas, resolve:

Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução oestabelecimento de parâmetros, definições e limi-tes para as Áreas de Preservação Permanente dereservatório artificial e a instituição da elaboraçãoobrigatória de plano ambiental de conservação euso do seu entorno.

Art. 2º Para efeito desta resolução são adotadasas seguintes definições:

I - Reservatório artificial: acumulação não naturalde água destinada a quaisquer de seus múltiplosusos;

II - Área de Preservação Permanente: a área mar-ginal ao redor do reservatório artificial e suasilhas, com a função ambiental de preservar osrecursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geo-lógica, a biodiversidade, o fluxo gênico de faunae flora, proteger o solo e assegurar o bem-estardas populações humanas;

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 110

Page 109: Legislação Ambiental Básica

III - Plano Ambiental de Conservação e Uso doEntorno de Reservatório Artificial: conjunto dediretrizes e proposições com o objetivo de disci-plinar a conservação, recuperação, o uso e ocupa-ção do entorno do reservatório artificial, respeita-dos os parâmetros estabelecidos nesta resoluçãoe em outras normas aplicáveis;

IV - Nível Máximo Normal: é a cota máxima nor-mal de operação do reservatório;

V - Área Urbana Consolidada: aquela que atendeaos seguintes critérios:

a) definição legal pelo poder público;

b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintesequipamentos de infra-estrutura urbana:

1. malha viária com canalização de águas pluviais,

2. rede de abastecimento de água;

3. rede de esgoto;

4. distribuição de energia elétrica e iluminaçãopública;

5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;

6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e

c) densidade demográfica superior a cinco milhabitantes por km2.

Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanentea área com largura mínima, em projeção horizon-tal, no entorno dos reservatórios artificiais, medidaa partir do nível máximo normal de:

I - trinta metros para os reservatórios artificiaissituados em áreas urbanas consolidadas e cemmetros para áreas rurais;

II - quinze metros, no mínimo, para os reservató-rios artificiais de geração de energia elétrica comaté dez hectares, sem prejuízo da compensaçãoambiental.

III - quinze metros, no mínimo, para reservatóriosartificiais não utilizados em abastecimento públi-co ou geração de energia elétrica, com até vintehectares de superfície e localizados em área rural.

§ 1º Os limites da Área de Preservação Perma-nente, previstos no inciso I, poderão ser ampliadosou reduzidos, observando-se o patamar mínimode trinta metros, conforme estabelecido no licen-ciamento ambiental e no plano de recursos hídricosda bacia onde o reservatório se insere, se houver.

§ 2º Os limites da Área de Preservação Perma-nente, previstos no inciso II, somente poderão serampliados, conforme estabelecido no licenciamentoambiental, e, quando houver, de acordo com oplano de recursos hídricos da bacia onde o reser-vatório se insere.

§ 3º A redução do limite da Área de PreservaçãoPermanente, prevista no § 1º deste artigo não seaplica às áreas de ocorrência original da florestaombrófila densa - porção amazônica, inclusive oscerradões e aos reservatórios artificiais utilizadospara fins de abastecimento público.

§ 4º A ampliação ou redução do limite das Áreasde Preservação Permanente, a que se refere o§ 1º, deverá ser estabelecida considerando, nomínimo, os seguintes critérios:

I - características ambientais da bacia hidrográfica;

II - geologia, geomorfologia, hidrogeologia efisiografia da bacia hidrográfica;

III - tipologia vegetal;

IV - representatividade ecológica da área nobioma presente dentro da bacia hidrográfica emque está inserido, notadamente a existência deespécie ameaçada de extinção e a importância daárea como corredor de biodiversidade;

V - finalidade do uso da água;

VI - uso e ocupação do solo no entorno;

VII - o impacto ambiental causado pela implanta-ção do reservatório e no entorno da Área dePreservação Permanente até a faixa de cem metros.

§ 5º Na hipótese de redução, a ocupação urbana,mesmo com parcelamento do solo através deloteamento ou subdivisão em partes ideais, den-tre outros mecanismos, não poderá exceder a dez

3 . A F L O R A 111

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 111

Page 110: Legislação Ambiental Básica

por cento dessa área, ressalvadas as benfeitoriasexistentes na área urbana consolidada, à épocada solicitação da licença prévia ambiental.

§ 6º Não se aplicam as disposições deste artigoàs acumulações artificiais de água, inferiores acinco hectares de superfície, desde que não resul-tantes do barramento ou represamento de cursosd’água e não localizadas em Área de PreservaçãoPermanente, à exceção daquelas destinadas aoabastecimento público.

Art. 4º O empreendedor, no âmbito do procedi-mento de licenciamento ambiental, deve elaboraro plano ambiental de conservação e uso doentorno de reservatório artificial em conformida-de com o termo de referência expedido peloórgão ambiental competente, para os reservató-rios artificiais destinados à geração de energia eabastecimento público.

§ 1º Cabe ao órgão ambiental competente apro-var o plano ambiental de conservação e uso doentorno dos reservatórios artificiais, considerandoo plano de recursos hídricos, quando houver, semprejuízo do procedimento de licenciamentoambiental.

§ 2º A aprovação do plano ambiental de conser-vação e uso do entorno dos reservatórios artifi-ciais deverá ser precedida da realização de con-sulta pública, sob pena de nulidade do ato admi-nistrativo, na forma da Resolução CONAMA no09, de 3 de dezembro de 1987, naquilo que for

aplicável, informando-se ao Ministério Públicocom antecedência de trinta dias da respectivadata.

§ 3º Na análise do plano ambiental de conserva-ção e uso de que trata este artigo, será ouvido orespectivo comitê de bacia hidrográfica, quandohouver.

§ 4º O plano ambiental de conservação e usopoderá indicar áreas para implantação de pólosturísticos e lazer no entorno do reservatório arti-ficial, que não poderão exceder a dez por centoda área total do seu entorno.

§ 5º As áreas previstas no parágrafo anteriorsomente poderão ser ocupadas respeitadas alegislação municipal, estadual e federal, e desdeque a ocupação esteja devidamente licenciadapelo órgão ambiental competente.

Art. 5º Aos empreendimentos objeto de proces-so de privatização, até a data de publicação destaresolução, aplicam-se às exigências ambientaisvigentes à época da privatização, inclusive os cemmetros mínimos de Área de PreservaçãoPermanente.

Parágrafo único. Aos empreendimentos que dis-põem de licença de operação aplicam-se as exi-gências nela contidas.

Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data desua publicação, incidindo, inclusive, sobre os pro-cessos de licenciamento ambiental em andamento.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A112

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 112

Page 111: Legislação Ambiental Básica

3 . A F L O R A 113

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe sãoconferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de6 de junho de 1990, e tendo em vista o dispostonas leis nº 4.771, de 15 de setembro e 1965,9.433, de 8 de janeiro de 1997, e o seu RegimentoInterno, e

Considerando a função sócio-ambiental da pro-priedade prevista nos arts. 5º, inciso XXIII, 170,inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 daConstituição e os princípios da prevenção, da pre-caução e do poluidor-pagador;

Considerando a necessidade de regulamentaro art. 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de1965, no que concerne às Áreas de PreservaçãoPermanente;

Considerando as responsabilidades assumidaspelo Brasil por força da Convenção da Biodiver-sidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971e da Convenção de Washington, de 1940, bemcomo os compromissos derivados da Declaraçãodo Rio de Janeiro, de 1992;

Considerando que as Áreas de PreservaçãoPermanente e outros espaços territoriais especial-mente protegidos, como instrumentos de relevanteinteresse ambiental, integram o desenvolvimentosustentável, objetivo das presentes e futuras gera-ções;

Considerando a conveniência de regulamentar osarts. 2º e 3º da Lei nº 4.771, de 15 de setembrode 1965, no que concerne às Áreas de Preser-vação Permanente; (Acrescentado(a) pelo(a)Resolução do CONAMA nº 341, de 2003)

Considerando ser dever do Poder Público e dosparticulares preservar a biodiversidade, notada-mente a flora, a fauna, os recursos hídricos, asbelezas naturais e o equilíbrio ecológico, evitando

a poluição das águas, solo e ar, pressupostointrínseco ao reconhecimento e exercício do direi-to de propriedade, nos termos dos arts. 5º, caput(direito à vida) e inciso XXIII (função social dapropriedade), 170, VI, 186, II, e 225, todos daConstituição Federal, bem como do art. 1.299, doCódigo Civil, que obriga o proprietário e posseiroa respeitarem os regulamentos administrativos;(Acrescentado(a) pelo(a) Resolução do CONAMAnº 341, de 2003)

Considerando a função fundamental das dunasna dinâmica da zona costeira, no controle dosprocessos erosivos e na formação e recarga deaqüíferos. (Acrescentado(a) pelo(a) Resolução doCONAMA nº 341, de 2003)

Considerando a excepcional beleza cênica e pai-sagística das dunas, e a importância da manuten-ção dos seus atributos para o turismo sustentá-vel, resolve: (Acrescentado(a) pelo(a) Resoluçãodo CONAMA nº 341, de 2003)

Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução oestabelecimento de parâmetros, definições e limi-tes referentes às Áreas de PreservaçãoPermanente.

Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, são ado-tadas as seguintes definições:

I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião dacheia sazonal do curso d’água perene ou intermi-tente;

II - nascente ou olho d’água: local onde afloranaturalmente, mesmo que de forma intermitente,a água subterrânea;

III - vereda: espaço brejoso ou encharcado, quecontém nascentes ou cabeceiras de cursos d’água,onde há ocorrência de solos hidromórficos, carac-terizado predominantemente por renques deburitis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras for-mas de vegetação típica;

Resolução do CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 113

Page 112: Legislação Ambiental Básica

IV - morro: elevação do terreno com cota do topoem relação a base entre cinqüenta e trezentosmetros e encostas com declividade superior atrinta por cento (aproximadamente dezessetegraus) na linha de maior declividade;

V - montanha: elevação do terreno com cota emrelação a base superior a trezentos metros;

VI - base de morro ou montanha: plano horizon-tal definido por planície ou superfície de lençold’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pelacota da depressão mais baixa ao seu redor;

VII - linha de cumeada: linha que une os pontosmais altos de uma seqüência de morros ou demontanhas, constituindo-se no divisor de águas;

VIII - restinga: depósito arenoso paralelo a linhada costa, de forma geralmente alongada, produ-zido por processos de sedimentação, onde seencontram diferentes comunidades que recebeminfluência marinha, também consideradas comu-nidades edáficas por dependerem mais da natu-reza do substrato do que do clima. A coberturavegetal nas restingas ocorrem mosaico, e encon-tra-se em praias, cordões arenosos, dunas edepressões, apresentando, de acordo com o está-gio sucessional, estrato herbáceo, arbustivos earbóreo, este último mais interiorizado;

IX - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorreem terrenos baixos, sujeitos à ação das marés,formado por vasas lodosas recentes ou arenosas,às quais se associa, predominantemente, a vege-tação natural conhecida como mangue, cominfluência flúvio-marinha, típica de solos limososde regiões estuarinas e com dispersão descontí-nua ao longo da costa brasileira, entre os estadosdo Amapá e Santa Catarina;

X - duna: unidade geomorfológica de constituiçãopredominante arenosa, com aparência de cômoroou colina, produzida pela ação dos ventos, situa-da no litoral ou no interior do continente, poden-do estar recoberta, ou não, por vegetação;

XI - tabuleiro ou chapada: paisagem de topogra-fia plana, com declividade média inferior a dez

por cento, aproximadamente seis graus e superfí-cie superior a dez hectares, terminada de formaabrupta em escarpa, caracterizando-se a chapadapor grandes superfícies a mais de seiscentosmetros de altitude;

XII - escarpa: rampa de terrenos com inclinaçãoigual ou superior a quarenta e cinco graus, quedelimitam relevos de tabuleiros, chapadas e pla-nalto, estando limitada no topo pela ruptura posi-tiva de declividade (linha de escarpa) e no sopépor ruptura negativa de declividade, englobandoos depósitos de colúvio que localizam-se próximoao sopé da escarpa;

XIII - área urbana consolidada: aquela que aten-de aos seguintes critérios:

a) definição legal pelo poder público;

b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintesequipamentos de infra-estrutura urbana:

1. malha viária com canalização de águas plu-viais,

2. rede de abastecimento de água;

3. rede de esgoto;

4. distribuição de energia elétrica e iluminaçãopública ;

5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;

6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e

c) densidade demográfica superior a cinco milhabitantes por km2.

Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanentea área situada:

I - em faixa marginal, medida a partir do nívelmais alto, em projeção horizontal, com larguramínima, de:

a) trinta metros, para o curso d’água com menosde dez metros de largura;

b) cinqüenta metros, para o curso d’água comdez a cinqüenta metros de largura;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A114

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 114

Page 113: Legislação Ambiental Básica

c) cem metros, para o curso d’água com cinqüen-ta a duzentos metros de largura;

d) duzentos metros, para o curso d’água comduzentos a seiscentos metros de largura;

e) quinhentos metros, para o curso d’água commais de seiscentos metros de largura;

II - ao redor de nascente ou olho d’água, aindaque intermitente, com raio mínimo de cinqüentametros de tal forma que proteja, em cada caso, abacia hidrográfica contribuinte;

III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixacom metragem mínima de:

a) trinta metros, para os que estejam situados emáreas urbanas consolidadas;

b) cem metros, para as que estejam em áreasrurais, exceto os corpos d’água com até vinte hec-tares de superfície, cuja faixa marginal será decinqüenta metros;

IV - em vereda e em faixa marginal, em projeçãohorizontal, com largura mínima de cinqüentametros, a partir do limite do espaço brejoso eencharcado;

V - no topo de morros e montanhas, em áreasdelimitadas a partir da curva de nível correspon-dente a dois terços da altura mínima da elevaçãoem relação a base;

VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada apartir da curva de nível correspondente a dois ter-ços da altura, em relação à base, do pico maisbaixo da cumeada, fixando-se a curva de nívelpara cada segmento da linha de cumeada equi-valente a mil metros;

VII - em encosta ou parte desta, com declividadesuperior a cem por cento ou quarenta e cincograus na linha de maior declive;

VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros echapadas, a partir da linha de ruptura em faixanunca inferior a cem metros em projeção horizon-tal no sentido do reverso da escarpa;

IX - nas restingas:

a) em faixa mínima de trezentos metros, medidosa partir da linha de preamar máxima;

b) em qualquer localização ou extensão, quandorecoberta por vegetação com função fixadora dedunas ou estabilizadora de mangues;

X - em manguezal, em toda a sua extensão;

XI - em duna;

XII - em altitude superior a mil e oitocentosmetros, ou, em Estados que não tenham tais ele-vações, à critério do órgão ambiental competente;

XIII - nos locais de refúgio ou reprodução de avesmigratórias;

XIV - nos locais de refúgio ou reprodução deexemplares da fauna ameaçadas de extinção queconstem de lista elaborada pelo Poder PúblicoFederal, Estadual ou Municipal;

XV - nas praias, em locais de nidificação e repro-dução da fauna silvestre.

Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou maismorros ou montanhas cujos cumes estejam sepa-rados entre si por distâncias inferiores a quinhen-tos metros, a Área de Preservação Permanenteabrangerá o conjunto de morros ou montanhas,delimitada a partir da curva de nível correspon-dente a dois terços da altura em relação à basedo morro ou montanha de menor altura doconjunto, aplicando-se o que segue:

I - agrupam-se os morros ou montanhas cuja pro-ximidade seja de até quinhentos metros entreseus topos;

II - identifica-se o menor morro ou montanha;

III - traça-se uma linha na curva de nível corres-pondente a dois terços deste; e

IV - considera-se de preservação permanentetoda a área acima deste nível.

Art. 4º O CONAMA estabelecerá, em Resoluçãoespecífica, parâmetros das Áreas de PreservaçãoPermanente de reservatórios artificiais e o regimede uso de seu entorno.

3 . A F L O R A 115

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 115

Page 114: Legislação Ambiental Básica

Art. 5º Esta resolução entra em vigor na datade sua publicação, revogando-se a ResoluçãoCONAMA nº 004, de 18 de setembro de 1985.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A116

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe sãoconferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de6 de junho de 1990, e tendo em vista o dispostonas leis nº 4.771, de 15 de setembro e 1965, e9.433, de 8 de janeiro de 1997, e o seu Regi-mento Interno, e

Considerando, nos termos do art. 225, caput, daConstituição Federal, o dever do Poder Público eda coletividade de proteger o meio ambientepara a presente e as futuras gerações;

Considerando as responsabilidades assumidaspelo Brasil por força da Convenção daBiodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar,de 1971 e da Convenção de Washington, de1940, bem como os compromissos derivados daDeclaração do Rio de Janeiro, de 1992;

Considerando que as Áreas de PreservaçãoPermanente-APP, localizadas em cada posse oupropriedade, são bens de interesse nacional eespaços territoriais especialmente protegidos,cobertos ou não por vegetação, com a funçãoambiental de preservar os recursos hídricos, a pai-sagem, a estabilidade geológica, a biodiversida-de, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger osolo e assegurar o bem-estar das populaçõeshumanas;

Considerando a singularidade e o valor estratégi-co das áreas de preservação permanente que,conforme indica sua denominação, são caracteri-zadas, como regra geral, pela intocabilidade evedação de uso econômico direto;

Considerando que as áreas de preservação per-manente e outros espaços territoriais especial-mente protegidos, como instrumentos de relevanteinteresse ambiental, integram o desenvolvimentosustentável, objetivo das presentes e futurasgerações;

Considerando a função sócioambiental da pro-priedade prevista nos arts. 5º, inciso XXIII, 170,inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 daConstituição e os princípios da prevenção, da pre-caução e do poluidor-pagador;

Considerando que o direito de propriedade seráexercido com as limitações que a legislação esta-belece, ficando o proprietário ou posseiro obriga-dos a respeitarem as normas e regulamentosadministrativos;

Considerando o dever legal do proprietário ou dopossuidor de recuperar as Áreas de PreservaçãoPermanente-APP’s irregularmente suprimidas ouocupadas;

Considerando que, nos termos do art. 8º, da Leinº 6.938, de 1981, compete ao Conselho Nacio-nal do Meio Ambiente-CONAMA estabelecernormas, critérios e padrões relativos ao controle eà manutenção da qualidade do meio ambientecom vistas ao uso racional dos recursos ambien-tais, principalmente os hídricos; e

Considerando que, nos termos do art. 1º § 2º,incisos IV, alínea “c”, e V, alínea “c”, da Leinº 4.771, de 15 de setembro de 1965, alteradapela MP nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001,compete ao CONAMA prever, em resolução,

Resolução do CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006(com retificações)

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental,que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente –APP.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 116

Page 115: Legislação Ambiental Básica

demais obras, planos, atividades ou projetos” deutilidade pública e interesse social; resolve:

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta resolução define os casos excepcio-nais em que o órgão ambiental competente podeautorizar a intervenção ou supressão de vegeta-ção em Área de Preservação Permanente-APPpara a implantação de obras, planos, atividadesou projetos de utilidade pública ou interessesocial, ou para a realização de ações considera-das eventuais e de baixo impacto ambiental.

§ 1º É vedada a intervenção ou supressão devegetação em APP de nascentes, veredas, man-guezais e dunas originalmente providas de vege-tação, previstas nos incisos II, IV, X e XI do art. 3ºda Resolução CONAMA nº 303, de 20 de marçode 2002, salvo nos casos de utilidade pública dis-postos no inciso I do art. 2º desta Resolução, epara acesso de pessoas e animais para obtençãode água, nos termos do § 7º, do art. 4º, da Leinº 4.771, de 15 de setembro de 1965.

§ 2º O disposto na alínea “c” do inciso I, do art.2º desta resolução não se aplica para a interven-ção ou supressão de vegetação nas APP’s deveredas, restingas, manguezais e dunas previstasnos incisos IV, X e XI do art. 3º da ResoluçãoCONAMA nº 303, de 20 de março de 2002.

§ 3º A autorização para intervenção ou supressãode vegetação em APP de nascente, definida noinciso II do art. 3º da Resolução CONAMA nº 303,de 2002, fica condicionada à outorga do direitode uso de recurso hídrico, conforme o disposto noart. 12 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

§ 4º A autorização de intervenção ou supressãode vegetação em APP depende da comprovaçãopelo empreendedor do cumprimento integral dasobrigações vencidas nestas áreas.

Art. 2º O órgão ambiental competente somentepoderá autorizar a intervenção ou supressão devegetação em APP, devidamente caracterizada emotivada mediante procedimento administrativo

autônomo e prévio, e atendidos os requisitos pre-vistos nesta resolução e noutras normas federais,estaduais e municipais aplicáveis, bem como noPlano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômicoe Plano de Manejo das Unidades de Conservação,se existentes, nos seguintes casos:

I - utilidade pública:

a) as atividades de segurança nacional e proteçãosanitária;

b) as obras essenciais de infra-estrutura destina-das aos serviços públicos de transporte, sanea-mento e energia;

c) as atividades de pesquisa e extração de substân-cias minerais, outorgadas pela autoridade compe-tente, exceto areia, argila, saibro e cascalho;

d) a implantação de área verde pública em áreaurbana;

e) pesquisa arqueológica;

f) obras públicas para implantação de instalaçõesnecessárias à captação e condução de água e deefluentes tratados; e

g) implantação de instalações necessárias à cap-tação e condução de água e de efluentes tratadospara projetos privados de aqüicultura, obedecidosos critérios e requisitos previstos nos §§ 1º e 2ºdo art. 11, desta resolução.

II - interesse social:

a) as atividades imprescindíveis à proteção daintegridade da vegetação nativa, tais como pre-venção, combate e controle do fogo, controle daerosão, erradicação de invasoras e proteção deplantios com espécies nativas, de acordo com oestabelecido pelo órgão ambiental competente;

b) o manejo agroflorestal, ambientalmente sus-tentável, praticado na pequena propriedade ouposse rural familiar, que não descaracterize acobertura vegetal nativa, ou impeça sua recupe-ração, e não prejudique a função ecológica daárea;

3 . A F L O R A 117

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 117

Page 116: Legislação Ambiental Básica

c) a regularização fundiária sustentável de áreaurbana;

d) as atividades de pesquisa e extração de areia,argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autori-dade competente;

III - intervenção ou supressão de vegetação even-tual e de baixo impacto ambiental, observados osparâmetros desta resolução.

Art. 3º A intervenção ou supressão de vegetaçãoemAPP somente poderá ser autorizada quando orequerente, entre outras exigências, comprovar:

I - a inexistência de alternativa técnica e locacionalàs obras, planos, atividades ou projetos propostos;

II - atendimento às condições e padrões aplicá-veis aos corpos de água;

III - averbação da Área de Reserva Legal; e

IV - a inexistência de risco de agravamento deprocessos como enchentes, erosão ou movimen-tos acidentais de massa rochosa.

Art. 4º Toda obra, plano, atividade ou projeto deutilidade pública, interesse social ou de baixoimpacto ambiental, deverá obter do órgão ambien-tal competente a autorização para intervenção ousupressão de vegetação em APP, em processoadministrativo próprio, nos termos previstos nestaresolução, no âmbito do processo de licenciamen-to ou autorização, motivado tecnicamente, obser-vadas as normas ambientais aplicáveis.

§ 1º A intervenção ou supressão de vegetação emAPP de que trata o caput deste artigo dependeráde autorização do órgão ambiental estadualcompetente, com anuência prévia, quandocouber, do órgão federal ou municipal de meioambiente, ressalvado o disposto no § 2º desteartigo.

§ 2º A intervenção ou supressão de vegetação emAPP situada em área urbana dependerá de auto-rização do órgão ambiental municipal, desde queo município possua Conselho de Meio Ambiente,com caráter deliberativo, e Plano Diretor ou Lei deDiretrizes Urbanas, no caso de municípios com

menos de vinte mil habitantes, mediante anuên-cia prévia do órgão ambiental estadual compe-tente, fundamentada em parecer técnico.

§ 3º Independem de prévia autorização do órgãoambiental competente:

I - as atividades de segurança pública e defesacivil, de caráter emergencial; e

II - as atividades previstas na Lei Complementarnº 97, de 9 de junho de 1999, de preparo eemprego das Forças Armadas para o cumprimen-to de sua missão constitucional, desenvolvidasem área militar.

Art. 5º O órgão ambiental competente estabele-cerá, previamente à emissão da autorização paraa intervenção ou supressão de vegetação emAPP,as medidas ecológicas, de caráter mitigador ecompensatório, previstas no § 4º, do art. 4º, daLei nº 4.771, de 1965, que deverão ser adotadaspelo requerente.

§ 1º Para os empreendimentos e atividades sujei-tos ao licenciamento ambiental, as medidas eco-lógicas, de caráter mitigador e compensatório,previstas neste artigo, serão definidas no âmbitodo referido processo de licenciamento, sem pre-juízo, quando for o caso, do cumprimento das dis-posições do art. 36, da Lei nº 9.985, de 18 dejulho de 2000.

§ 2º As medidas de caráter compensatório de quetrata este artigo consistem na efetiva recuperaçãoou recomposição de APP e deverão ocorrer namesma sub-bacia hidrográfica, e prioritariamente:

I - na área de influência do empreendimento, ou

II - nas cabeceiras dos rios.

Art. 6º Independe de autorização do poderpúblico o plantio de espécies nativas com a fina-lidade de recuperação de APP, respeitadas asobrigações anteriormente acordadas, se existen-tes, e as normas e requisitos técnicos aplicáveis.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A118

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 118

Page 117: Legislação Ambiental Básica

SEÇÃO IIDAS ATIVIDADES DE PESQUISA E

EXTRAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS MINERAIS

Art. 7º A intervenção ou supressão de vegetaçãoem APP para a extração de substâncias minerais,observado o disposto na Seção I desta resolução,fica sujeita à apresentação de Estudo Prévio deImpacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório deImpacto sobre o Meio Ambiente-RIMA no proces-so de licenciamento ambiental, bem como aoutras exigências, entre as quais:

I - demonstração da titularidade de direito mine-ral outorgado pelo órgão competente doMinistério de Minas e Energia, por qualquer dostítulos previstos na legislação vigente;

II - justificação da necessidade da extração desubstâncias minerais em APP e a inexistência dealternativas técnicas e locacionais da exploraçãoda jazida;

III - avaliação do impacto ambiental agregado daexploração mineral e os efeitos cumulativos nasAPP’s, da sub-bacia do conjunto de atividades delavra mineral atuais e previsíveis, que estejam dis-poníveis nos órgãos competentes;

IV - execução por profissionais legalmente habili-tados para a extração mineral e controle deimpactos sobre meio físico e biótico, medianteapresentação de Anotação de ResponsabilidadeTécnica ART, de execução ou Anotação de FunçãoTécnica-AFT, a qual deverá permanecer ativa atéo encerramento da atividade minerária e da res-pectiva recuperação ambiental;

V - compatibilidade com as diretrizes do plano derecursos hídricos, quando houver;

VI - não localização em remanescente florestal demata atlântica primária.

§ 1º No caso de intervenção ou supressão devegetação em APP para a atividade de extraçãode substâncias minerais que não seja potencial-mente causadora de significativo impacto ambiental,o órgão ambiental competente poderá, mediantedecisão motivada, substituir a exigência de apre-

sentação de EIA/RIMA pela apresentação de outrosestudos ambientais previstos em legislação.

§ 2º A intervenção ou supressão de vegetação emAPP para as atividades de pesquisa mineral,observado o disposto na Seção I desta resolução,ficam sujeitos a EIA/RIMA no processo de licen-ciamento ambiental, caso sejam potencialmentecausadoras de significativo impacto ambiental,bem como a outras exigências, entre as quais:

I - demonstração da titularidade de direito mine-ral outorgado pelo órgão competente doMinistério de Minas e Energia, por qualquer dostítulos previstos na legislação vigente;

II - execução por profissionais legalmente habili-tados para a pesquisa mineral e controle deimpactos sobre meio físico e biótico, medianteapresentação de ART, de execução ou AFT, a qualdeverá permanecer ativa até o encerramento dapesquisa mineral e da respectiva recuperaçãoambiental.

§ 3º Os estudos previstos neste artigo serãodemandados no início do processo de licencia-mento ambiental, independentemente de outrosestudos técnicos exigíveis pelo órgão ambiental.

§ 4º A extração de rochas para uso direto na cons-trução civil ficará condicionada ao disposto nosinstrumentos de ordenamento territorial em esca-la definida pelo órgão ambiental competente.

§ 5º Caso inexistam os instrumentos previstos no§ 4º, ou se naqueles existentes não constar aextração de rochas para o uso direto para a cons-trução civil, a autorização para intervenção ousupressão de vegetação em APP de nascente,para esta atividade estará vedada a partir de 36meses da publicação desta resolução.

§ 6º Os depósitos de estéril e rejeitos, os sistemasde tratamento de efluentes, de beneficiamento ede infra-estrutura das atividades minerárias,somente poderão intervir em APP em casos ex-cepcionais, reconhecidos em processo de licencia-mento pelo órgão ambiental competente, atendidoo disposto no inciso I do art. 3º desta resolução.

3 . A F L O R A 119

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 119

Page 118: Legislação Ambiental Básica

§ 7º No caso de atividades de pesquisa e extra-ção de substâncias minerais, a comprovação daaverbação da reserva legal, de que trata o art. 3º,somente será exigida nos casos em que:

I - o empreendedor seja o proprietário ou possui-dor da área;

II - haja relação jurídica contratual onerosa entreo empreendedor e o proprietário ou possuidor,em decorrência do empreendimento minerário.

§ 8º Além das medidas ecológicas, de carátermitigador e compensatório, previstas no art. 5º,desta resolução, os titulares das atividades depesquisa e extração de substâncias minerais emAPP ficam igualmente obrigados a recuperar oambiente degradado, nos termos do § 2º do art.225 da Constituição e da legislação vigente,sendo considerado obrigação de relevante inte-resse ambiental o cumprimento do Plano deRecuperação de Área Degradada-PRAD.

SEÇÃO IIIDA IMPLANTAÇÃO DE ÁREA VERDE DEDOMÍNIO PÚBLICO EM ÁREA URBANA

Art. 8º A intervenção ou supressão de vegetaçãoem APP para a implantação de área verde dedomínio público em área urbana, nos termos doparágrafo único do art 2º da Lei nº 4.771, de1965, poderá ser autorizada pelo órgão ambien-tal competente, observado o disposto na Seção Idesta resolução, e uma vez atendido o dispostono Plano Diretor, se houver, além dos seguintesrequisitos e condições:

I - localização unicamente em APP previstas nosincisos I, III alínea “a”, V, VI e IX alínea “a”, doart. 3º da Resolução CONAMA no 303, de 2002,e art. 3º da Resolução CONAMA no 302, de2002;

II - aprovação pelo órgão ambiental competentede um projeto técnico que priorize a restauraçãoe/ou manutenção das características do ecossis-tema local, e que contemple medidas necessáriaspara:

a) recuperação das áreas degradadas da APPinseridas na área verde de domínio público;

b) recomposição da vegetação com espécies nati-vas;

c) mínima impermeabilização da superfície;

d) contenção de encostas e controle da erosão;

e) adequado escoamento das águas pluviais;

f) proteção de área da recarga de aqüíferos; e

g) proteção das margens dos corpos de água.

III - percentuais de impermeabilização e alteraçãopara ajardinamento limitados a respectivamente5% e 15% da área total da APP inserida na áreaverde de domínio público.

§ 1º Considera-se área verde de domínio público,para efeito desta resolução, o espaço de domíniopúblico que desempenhe função ecológica, pai-sagística e recreativa, propiciando a melhoria daqualidade estética, funcional e ambiental da cida-de, sendo dotado de vegetação e espaços livresde impermeabilização.

§ 2º O projeto técnico que deverá ser objeto deaprovação pela autoridade ambiental competen-te, poderá incluir a implantação de equipamentospúblicos, tais como:

a) trilhas ecoturísticas;

b) ciclovias;

c) pequenos parques de lazer, excluídos parquestemáticos ou similares;

d) acesso e travessia aos corpos de água;

e) mirantes;

f) equipamentos de segurança, lazer, cultura eesporte;

g) bancos, sanitários, chuveiros e bebedourospúblicos; e

h) rampas de lançamento de barcos e pequenosancoradouros.

§ 3º O disposto no caput deste artigo não se apli-ca às áreas com vegetação nativa primária, ou

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A120

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 120

Page 119: Legislação Ambiental Básica

3 . A F L O R A 121

secundária em estagio médio e avançado deregeneração.

§ 4º É garantido o acesso livre e gratuito dapopulação à área verde de domínio público.

SEÇÃO IVDA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIASUSTENTÁVEL DE ÁREA URBANA

Art. 9º A intervenção ou supressão de vegetaçãoem APP para a regularização fundiária sustentá-vel de área urbana poderá ser autorizada peloórgão ambiental competente, observado o dis-posto na Seção I desta resolução, além dosseguintes requisitos e condições:

I - ocupações de baixa renda predominantemen-te residenciais;

II - ocupações localizadas em área urbana decla-rada como Zona Especial de Interesse Social-ZEISno Plano Diretor ou outra legislação municipal;

III - ocupação inserida em área urbana que aten-da aos seguintes critérios:

a) possuir no mínimo três dos seguintes itens deinfra-estrutura urbana implantada: malha viária,captação de águas pluviais, esgotamento sanitá-rio, coleta de resíduos sólidos, rede de abasteci-mento de água, rede de distribuição de energia;

b) apresentar densidade demográfica superior acinqüenta habitantes por hectare;

IV - localização exclusivamente nas seguintes fai-xas de APP:

a) nas margens de cursos de água, e entorno delagos, lagoas e reservatórios artificiais, conformeincisos I e III, alínea “a”, do art. 3º da ResoluçãoCONAMA nº 303, de 2002, e no inciso I do art.3º da Resolução CONAMA nº 302, de 2002,devendo ser respeitada faixas mínimas de 15metros para cursos de água de até 50 metros delargura e faixas mínimas de 50 metros para osdemais;

b) em topo de morro e montanhas conforme inci-

so V, do art. 3º, da Resolução CONAMA nº 303,de 2002, desde que respeitadas as áreas derecarga de aqüíferos, devidamente identificadascomo tal por ato do poder público;

c) em restingas, conforme alínea “a” do IX, doart. 3º da Resolução CONAMA nº 303, de 2002,respeitada uma faixa de 150 metros a partir dalinha de preamar máxima;

V - ocupações consolidadas, até 10 de julho de2001, conforme definido na Lei nº 10.257, de 10de julho de 2001 e Medida Provisória nº 2.220,de 4 de setembro de 2001;

VI - apresentação pelo poder público municipalde Plano de Regularização Fundiária Sustentávelque contemple, entre outros:

a) levantamento da sub-bacia em que estiver inse-rida a APP, identificando passivos e fragilidadesambientais, restrições e potencialidades, unidadesde conservação, áreas de proteção de mananciais,sejam águas superficiais ou subterrâneas;

b) caracterização físico-ambiental, social, cultural,econômica e avaliação dos recursos e riscosambientais, bem como da ocupação consolidadaexistente na área;

c) especificação dos sistemas de infra-estruturaurbana, saneamento básico, coleta e destinaçãode resíduos sólidos, outros serviços e equipamen-tos públicos, áreas verdes com espaços livres evegetados com espécies nativas, que favoreçam ainfiltração de água de chuva e contribuam para arecarga dos aqüíferos;

d) indicação das faixas ou áreas que, em funçãodos condicionantes físicos ambientais, devam res-guardar as características típicas da APP, respeita-das as faixas mínimas definidas nas alíneas “a” e“c” do inciso IV deste artigo;

e) identificação das áreas consideradas de riscode inundações e de movimentos de massa rocho-sa, tais como, deslizamento, queda e rolamentode blocos, corrida de lama e outras definidascomo de risco;

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 121

Page 120: Legislação Ambiental Básica

f) medidas necessárias para a preservação, a con-servação e a recuperação da APP não passível deregularização nos termos desta resolução;

g) comprovação da melhoria das condições desustentabilidade urbano-ambiental e de habitabi-lidade dos moradores;

h) garantia de acesso livre e gratuito pela popu-lação às praias e aos corpos de água; e

i) realização de audiência pública.

§ 1º O órgão ambiental competente, em decisãomotivada, excepcionalmente poderá reduzir asrestrições dispostas na alínea “a”, do inciso IV,deste artigo em função das características daocupação, de acordo com normas definidos peloconselho ambiental competente, estabelecendocritérios específicos, observadas as necessidadesde melhorias ambientais para o Plano deRegularização Fundiária Sustentável.

§ 2º É vedada a regularização de ocupações que,no Plano de Regularização Fundiária Sustentável,sejam identificadas como localizadas em áreasconsideradas de risco de inundações, corrida delama e de movimentos de massa rochosa e outrasdefinidas como de risco.

§ 3º As áreas objeto do Plano de RegularizacãoFundiária Sustentável devem estar previstas nalegislação municipal que disciplina o uso e a ocu-pação do solo como Zonas Especiais de InteresseSocial, tendo regime urbanístico específico parahabitação popular, nos termos do disposto na Leinº 10.257, de 2001.

§ 4º O Plano de Regularização FundiáriaSustentável deve garantir a implantação de ins-trumentos de gestão democrática e demais ins-trumentos para o controle e monitoramentoambiental.

§ 5º No Plano de Regularização FundiáriaSustentável deve ser assegurada a não ocupaçãode APP remanescentes.

SEÇÃO VDA INTERVENÇÃO OU SUPRESSÃOEVENTUAL E DE BAIXO IMPACTO

AMBIENTAL DE VEGETAÇÃO EM APP

Art. 10. O órgão ambiental competente poderáautorizar em qualquer ecossistema a intervençãoou supressão de vegetação, eventual e de baixoimpacto ambiental, em APP.

Art. 11. Considera-se intervenção ou supressãode vegetação, eventual e de baixo impactoambiental, em APP:

I - abertura de pequenas vias de acesso interno esuas pontes e pontilhões, quando necessárias àtravessia de um curso de água, ou à retirada deprodutos oriundos das atividades de manejoagroflorestal sustentável praticado na pequenapropriedade ou posse rural familiar;

II - implantação de instalações necessárias à cap-tação e condução de água e efluentes tratados,desde que comprovada a outorga do direito deuso da água, quando couber;

III - implantação de corredor de acesso de pes-soas e animais para obtenção de água;

IV - implantação de trilhas para desenvolvimentode ecoturismo;

V - construção de rampa de lançamento de bar-cos e pequeno ancoradouro;

VI - construção de moradia de agricultores fami-liares, remanescentes de comunidades quilombo-las e outras populações extrativistas e tradicio-nais em áreas rurais da região amazônica ou doPantanal, onde o abastecimento de água se depelo esforço próprio dos moradores;

VII - construção e manutenção de cercas de divi-sa de propriedades;

VIII - pesquisa científica, desde que não interfiracom as condições ecológicas da área, nem ense-je qualquer tipo de exploração econômica direta,respeitados outros requisitos previstos na legisla-ção aplicável;

IX - coleta de produtos não madeireiros para finsde subsistência e produção de mudas, como

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A122

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 122

Page 121: Legislação Ambiental Básica

sementes, castanhas e frutos, desde que eventuale respeitada a legislação específica a respeito doacesso a recursos genéticos;

X - plantio de espécies nativas produtoras de frutos,sementes, castanhas e outros produtos vegetais emáreas alteradas, plantados junto ou de modo misto;

XI - outras ações ou atividades similares, reco-nhecidas como eventual e de baixo impactoambiental pelo conselho estadual de meioambiente.

§ 1º Em todos os casos, incluindo os reconheci-dos pelo conselho estadual de meio ambiente, aintervenção ou supressão eventual e de baixoimpacto ambiental de vegetação em APP nãopoderá comprometer as funções ambientais des-tes espaços, especialmente:

I - a estabilidade das encostas e margens dos cor-pos de água;

II - os corredores de fauna;

III - a drenagem e os cursos de água intermitentes;

IV - a manutenção da biota;

V - a regeneração e a manutenção da vegetaçãonativa; e

VI - a qualidade das águas.

§ 2º A intervenção ou supressão, eventual e debaixo impacto ambiental, da vegetação em APPnão pode, em qualquer caso, exceder ao percen-tual de 5% (cinco por cento) da APP impactadalocalizada na posse ou propriedade.

§ 3º O órgão ambiental competente poderá exi-gir, quando entender necessário, que o requeren-te comprove, mediante estudos técnicos, a inexis-tência de alternativa técnica e locacional à inter-venção ou supressão proposta.

SEÇÃO VIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 12. Nas hipóteses em que o licenciamentodepender de EIA/RIMA, o empreendedor apre-sentará, até 31 de março de cada ano, relatórioanual detalhado, com a delimitação georreferen-

ciada das APP, subscrito pelo administrador prin-cipal, com comprovação do cumprimento dasobrigações estabelecidas em cada licença ouautorização expedida.

Art. 13. As autorizações de intervenção ousupressão de vegetação emAPP ainda não execu-tadas deverão ser regularizadas junto ao órgãoambiental competente, nos termos desta resolu-ção.

Art. 14. O não-cumprimento ao disposto nestaResolução sujeitará os infratores, entre outras, àspenalidades e sanções, respectivamente, previs-tas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 eno Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999.

Art. 15. O órgão licenciador deverá cadastrar noSistema Nacional de Informação de MeioAmbiente-SINIMA as informações sobre licenças concedidaspara as obras, planos e atividades enquadradascomo de utilidade pública ou de interesse social.

§ 1º O CONAMA criará, até o primeiro ano devigência desta resolução, Grupo de Trabalho noâmbito da Câmara Técnica de Gestão Territorial eBiomas para monitoramento e análise dos efeitosdesta resolução.

§ 2º O relatório do Grupo de Trabalho referido noparágrafo anterior integrará o Relatório de Qua-lidade Ambiental de que tratam os incisos VII, X eXI do art. 9º da Lei nº 6.938 de 1981.

Art. 16. As exigências e deveres previstos nestaResolução caracterizam obrigações de relevanteinteresse ambiental.

Art. 17. O CONAMA deverá criar Grupo deTrabalho para no prazo de um ano, apresentarproposta para regulamentar a metodologia derecuperação das APP.

Art. 18. Esta resolução entra em vigor na datade sua publicação.

3 . A F L O R A 123

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 123

Page 122: Legislação Ambiental Básica

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso de suas competências previs-tas na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 dejulho de 1990, e tendo em vista o disposto emseu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 168,de 10 de junho de 2005; e

Considerando a necessidade de se definir quaissão os empreendimentos potencialmente causa-dores de impacto ambiental nacional ou regionalpara fins do disposto no inciso III, § 1º, do art. 19da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,alterado pelo art. 83 da Lei nº 11.284, de 2 demarço de 2006, que estabelece as competênciasdos entes federados para autorizar a exploraçãode florestas e formações sucessoras, resolve:

Art. 1º Para fins do disposto no inciso III, § 1º,art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de1965, com redação dada pelo art. 83 da Leinº 11.284, de 2 de março de 2006, compete aoInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis-IBAMA a aprova-ção dos seguintes empreendimentos:

I - exploração de florestas e formações sucessorasque envolvam manejo ou supressão de espéciesenquadradas no Anexo II da Convenção sobreComércio Internacional das Espécies da Flora eFauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES,promulgada pelo Decreto nº 76.623, de 17 denovembro de 1975, com texto aprovado peloDecreto Legislativo nº 54, de 24 de junho de1975;

II - exploração de florestas e formações sucesso-ras que envolvam manejo ou supressão de flores-tas e formações sucessoras em imóveis rurais queabranjam dois ou mais Estados;

III - supressão de florestas e outras formas devegetação nativa em área maior que:

a) dois mil hectares em imóveis rurais localizadosna Amazônia Legal;

b) mil hectares em imóveis rurais localizados nasdemais regiões do país;

IV - supressão de florestas e formações sucesso-ras em obras ou atividades potencialmente polui-doras licenciadas pelo IBAMA;

V - manejo florestal em área superior a cinqüen-ta mil hectares.

Parágrafo único. A exploração de florestas e for-mações sucessoras deverá respeitar as regras elimites dispostos em normas específicas para obioma.

Art. 2º Os entes federados poderão celebrar ins-trumentos de cooperação para exercerem ascompetências previstas no art. 19 da Lei nº 4.771,de 1965, com redação dada pelo art. 83 da Leinº 11.284, de 2006.

Art. 3º A autorização para manejo ou supressãode florestas e formações sucessoras em zona deamortecimento de unidade de conservação e nasÁreas de Proteção Ambiental-APAs somentepoderá ser concedida pelo órgão competentemediante prévia manifestação do órgão respon-sável por sua administração.

Parágrafo único. O órgão ambiental responsávelpela administração da unidade de conservaçãodeverá manifestar-se no prazo máximo de trintadias a partir da solicitação do órgão responsávelpela autorização.

Art. 4º A autorização para exploração de flores-tas e formações sucessoras que envolva manejoou supressão de florestas e formações sucessorasem imóveis rurais numa faixa de dez quilômetros

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A124

Resolução do CONAMA nº 378, de 19 de outubro de 2006Define os empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regionalpara fins do disposto no inciso III, § 1º, art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e dáoutras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 124

Page 123: Legislação Ambiental Básica

no entorno de terra indígena demarcada deveráser precedida de informação georreferenciada àFundação Nacional do Índio-FUNAI, exceto nocaso da pequena propriedade rural ou posse ruralfamiliar, definidas no art. 1º, § 2º, inciso I da Leinº 4.771, de 1965.

Art. 5º Aplicam-se a esta resolução, no que cou-ber, as disposições da Resolução CONAMAnº 237, de 19 de dezembro de 1997.

Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data desua publicação.

3 . A F L O R A 125

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso de suas competências previs-tas na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 dejulho de 1990, e tendo em vista o disposto emseu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 168,de 10 de junho de 2005; e

Considerando a necessidade de integrar a atua-ção dos órgãos do Sistema Nacional do MeioAmbiente-SISNAMA na execução da PolíticaFlorestal do país;

Considerando a necessidade de regulamentar osprocedimentos e critérios de padronização e inte-gração de sistemas, instrumentos e documentosde controle, transporte e armazenamento de pro-dutos e subprodutos florestais pela União,Estados e Distrito Federal, especialmente para efi-ciência dos procedimentos de fiscalizaçãoambiental;

Considerando as disposições das Leis nos 4.771,de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 deagosto de 1981, e 11.284, de 2 de março de2006;

Considerando, ainda, o disposto na Leinº 10.650, de 16 de abril de 2003, que dispõesobre o acesso público aos dados e informaçõesexistentes nos órgãos e entidades integrantes doSISNAMA, resolve:

Art. 1º Os órgãos integrantes do SistemaNacional do Meio Ambiente-SISNAMA disponibi-lizarão na Rede Mundial de Computadores –Internet as informações sobre a gestão florestal,

no prazo máximo de cento e oitenta dias, obser-vadas as normas florestais vigentes e, em espe-cial:

I - autorizações de Plano de Manejo FlorestalSustentável PMFS, sua localização georreferen-ciada e os resultados das vistorias técnicas;

II - autorizações para a supressão da vegetaçãoarbórea natural para uso alternativo do solo cujaárea deverá estar georreferenciada, nos termosda legislação em vigor, bem como a localizaçãodo imóvel, das áreas de preservação permanentee da reserva legal;

III - Plano Integrado Floresta e Indústria-PIFI oudocumento similar;

IV - reposição florestal no que se refere a:

a) operações de concessão, transferência e com-pensação de créditos;

b) apuração e compensação de débitos;

V - documento para o transporte e armazena-mento de produtos e subprodutos florestais deorigem nativa;

VI - informações referentes às aplicações de san-ções administrativas, na forma do art. 4º da Leinº 10.650, de 16 de abril de 2003 e do 61-A doDecreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999,incluindo a tramitação dos respectivos processosadministrativos, bem como os dados constantesdos relatórios de monitoramento, controle e fisca-lização das atividades florestais;

Resolução do CONAMA nº 379, de 19 de outubro de 2006Cria e regulamenta sistema de dados e informações sobre a gestão florestal no âmbito do SistemaNacional do Meio Ambiente - SISNAMA.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 125

Page 124: Legislação Ambiental Básica

VII - imagens georreferenciadas e identificaçãodas unidades de conservação integrantes doSistema Nacional de Unidades de Conservação-SNUC, terras indígenas e quilombolas demarca-das e, quando a informação estiver disponível, asÁreas de Preservação Permanente APPs;

VIII - legislação florestal;

IX - mecanismos de controle e avaliação socialrelacionados à gestão florestal; e

X - tipo, volume, quantidade, guarda e destinaçãode produtos e subprodutos florestais apreendi-dos.

§ 1º Fica dispensada da indicação georreferencia-da da localização do imóvel, das áreas de preser-vação permanente e da reserva legal de que tratao inciso II deste artigo, a pequena propriedaderural, ou posse rural familiar, nos termos do art.1º, § 2º, inciso I da Lei nº 4.771, de 1965.

§ 2º Os órgãos integrantes do SISNAMA disponi-bilizarão semestralmente as informações referi-das no caput deste artigo, ao Sistema Nacionalde Informação sobre o Meio Ambiente-SINIMA,instituído na forma do art. 9º, inciso VII da Leinº 6.938, de 1981.

§ 3º Além das informações referidas neste artigodeverão ser disponibilizadas anualmente parafins de publicidade aquelas pertinentes à gestãoflorestal relativas a:

I - instituições responsáveis pela gestão florestal;

II - recursos humanos envolvidos com a gestãoflorestal;

III - recursos orçamentários previstos e efetiva-mente aplicados à gestão florestal;

IV - infra-estrutura e equipamentos utilizados nagestão florestal; e

V - apoios recebidos para o fortalecimento insti-tucional dos órgãos florestais.

§ 4º Os órgãos integrantes do SISNAMA elabora-rão anualmente relatório de avaliação de desem-

penho relacionado ao licenciamento, controle efiscalização das atividades florestais, que serádisponibilizado na internet.

§ 5º O CONAMA definirá, no prazo de cento eoitenta dias, a contar da publicação desta resolu-ção, os critérios e procedimentos para acompa-nhamento e avaliação do processo de gestão flo-restal compartilhada, ouvida a ComissãoNacional de Florestas - CONAFLOR.

§ 6º Caberá aos Conselhos de Meio Ambiente oacompanhamento e a avaliação da gestão flores-tal, sem prejuízo de outras instâncias de gestãoflorestal existentes.

Art. 2º O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA dispo-nibilizará de imediato, sem ônus para os órgãosintegrantes do SISNAMA, o sistema de controle eemissão dos documentos relacionados às ativida-des florestais, e apoiará a capacitação para suaimplementação, mediante assinatura de termo decooperação com os entes da federação interessa-dos.

Art. 3º Caberá aos órgãos integrantes do SISNA-MA responsáveis pela gestão florestal:

I - facilitar e disponibilizar a todos os entes dafederação o acesso a sistemas e documentos decontrole da atividade florestal, em especial aque-les necessários às atividades de fiscalizaçãoambiental;

II - disponibilizar ao público, por meio da internet,as informações necessárias para verificação daorigem de produtos e subprodutos florestais;

III - adotar os critérios fixados nesta resolução eo conteúdo mínimo de informações na expediçãode documentos para o controle do transporte deprodutos e subprodutos florestais;

IV - publicar e manter atualizada e disponível nainternet a lista de produtos e subprodutos flores-tais dispensados de cobertura de documento detransporte, no âmbito de sua jurisdição.

§ 1º O atendimento ao disposto neste artigo dar-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A126

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 126

Page 125: Legislação Ambiental Básica

se-á no prazo de até cento e oitenta dias a partirda data de publicação desta resolução.

§ 2º Os sistemas eletrônicos e os modelos dedocumentos para controle do transporte e arma-zenamento de produtos e subprodutos florestaisde origem nativa serão cadastrados junto aoIBAMA.

Art. 4º O Ministério do Meio Ambiente e o IBAMAmanterão atualizado um portal na internet, queintegre e disponibilize as informações sobre ocontrole da atividade florestal, para atendimentodo disposto na legislação ambiental, em especialas que tratem do fluxo interestadual de produtose subprodutos florestais.

§ 1º A metodologia do portal deverá considerar aidentificação e padronização dos dados e infor-mações, visando à operacionalização integrada,sem prejuízo dos sistemas e instrumentos adota-dos pelos entes da federação.

§ 2º As informações referentes às autorizações,em especial de supressão de vegetação nativa,licenciamentos e documentos para o transporte earmazenamento, necessários à fiscalização dasatividades florestais, em especial ao fluxo de pro-dutos e subprodutos florestais, permanecerãodisponíveis na Internet em sistema integrado.

§ 3º Os documentos para cobertura, transporte earmazenamento de produtos e subprodutos flo-restais de origem nativa emitidos pelos órgãosambientais, na forma do Anexo desta resoluçãoterão validade em todo o território nacional.

Art. 5º As informações referentes às autorizações,licenciamentos e documentos para o transporte e

armazenamento de produtos e subprodutos flo-restais de origem nativa observarão, no mínimo,as seguintes diretrizes:

I - garantia do controle da origem, destino e res-pectivas transformações industriais dos produtose subprodutos florestais de origem nativa;

II - garantia do acesso aos usuários, União,Estados, Municípios e Distrito Federal e ao públi-co em geral às informações por meio da internet;

III - geração, emissão e controle dos documentospor meio de sistema eletrônico e informatizado;

IV - emissão, uso e conteúdo de responsabilidadedo usuário;

V - transparência das informações disponibiliza-das na internet.

Art. 6º Os documentos para o transporte e arma-zenamento de produtos e subprodutos florestaisde origem nativa, instituídos pela União, Estados,Municípios e Distrito Federal, conterão as infor-mações e características mínimas contidas noanexo desta resolução.

§ 1º Todas as informações constantes do Anexodesta resolução devem conter formato eletrônicoe ficar disponíveis para consulta na internet emsistema que permita aferir sua validade.

§ 2º Os Estados, cujos documentos do controledo transporte e armazenamento de produtosflorestais atendam ao Anexo desta resolução,poderão continuar a utilizar estes instrumentoscom validade em todo o país.

Art. 7º Esta resolução entra em vigor na data desua publicação.

3 . A F L O R A 127

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 127

Page 126: Legislação Ambiental Básica

ANEXOIdentificação da instituição emissora do documento de transporte

1 - Emissor/Remetente/Vendedor 2 - CTF/CTE

3 - Endereço

4 - Bairro 5 - Município

6 - Origem 7 - Coordenadas

8 - Endereço

9 - Bairro 10 - Município

11 - Roteiro de Acesso

12 - Autorização 13 - Tipo

A) Dados do emissor

A) Dados do emissor: refere-se a todos os dados de quem está emitindo o documento de transporte.

1. Emissor: nome da pessoa física ou jurídica responsável pela emissão do documento de transporte.Usualmente é quem está vendendo o produto ou remetendo para o destinatário;

2. CTF: número de registro do Emissor no Cadastro Técnico Federal e CTE: número de registro doEmissor no Cadastro Técnico Estadual;

3. Endereço: endereço completo do Emissor (ex. sede da empresa).

4. Bairro: complemento do endereço do Emissor.

5. Município: município onde está localizado o Emissor.

B) Dados da origem do produto transportado

B) Dados da origem do produto transportado:

6. Origem: denominação do local de origem da carga transportada.

Caso sejam toras, deve indicar a localização do PMFS ou do Desmatamento Autorizado. No caso detransbordo indica localização do pátio de transbordo. No caso de produto processado indicar o pátioou depósito de origem;

7. Coordenadas: coordenadas geográficas do local de origem.

8. Endereço: endereço do local de origem.

9. Bairro: complemento do endereço do local de origem.

10. Município: município do local de origem.

11. Roteiro de Acesso: roteiro lógico de acesso ao local de origem.

12. Autorização: número da autorização (corte, manejo ou supressão da vegetação) que deu origemao produto. Só aplicável no caso de produto não processado.

13. Tipo: tipo de autorização (supressão, corte, manejo).

128 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 128

Page 127: Legislação Ambiental Básica

C) Dados dos produtos transportados

C) Dados dos produtos transportados:

14. Produto/Espécie: nome das espécies e/ou produto transportado.

15. Quantidade: quantidade transportada.

16. Uni: unidade de medida da quantidade.

17. Valor: valor do produto.

D) Dados do receptor

14 - Produto/Espécie 15 - Qtd 16 - Uni. 17 - Valor

18 - Receptor/Destinatário/Comprador 19 - CTF/CTE

20 - Endereço

21 - Bairro 22 - Município

D) Dados do receptor: refere-se aos dados de quem vai receber o produto transportado. Normalmenteo comprador:

18. Receptor/Destinatário/Comprador: nome do receptor do produto (pessoa física ou jurídica).

19. CTF: número de registro do Receptor no Cadastro Técnico Federal e CTE: número de registro doReceptor no Cadastro Técnico Estadual.

20. Endereço: endereço completo do Receptor (por exemplo, sede da empresa).

21. Bairro: complemento do endereço do Receptor.

22. Município: município onde se localiza o Receptor.

E) Dados do destino do produto florestal

23 - Destino 24 - Coordenadas

25 - Endereço

26 - Bairro 27 - Município

28 - Roteiro de Acesso

E) Dados do destino do produto florestal:

23. Destino: local onde o produto ou subproduto florestal será entregue.

24. Coordenadas: coordenadas do destino.

25. Endereço: endereço completo do destino.

26. Bairro: complemento do endereço do destino.

1293 . A F L O R A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 129

Page 128: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A130

29 - Meio de Transporte 30 - Placa/Registro

36 - Para uso da fiscalização do_______, repartições fiscais eoutras

31 - No Doc. Fiscal

32 - Data de Emissão 33 - Data de Validade

34 - Rota do Transporte

35 - Código de controle

Código de Barra

27. Município: município do destino.

28. Roteiro de Acesso: roteiro lógico de acesso ao local de destino.

F) Dados complementares

F) Dados complementares:

29. Meio de transporte: tipo de veículo utilizado no transporte do produto florestal.

30. Placa/Registro: identificação do veículo (Ex. placa para carros, registro para embarcação).

31. No Doc. Fiscal: número do documento fiscal que acompanha o produto florestal.

32. Data de emissão: data de emissão do documento de transporte.

33. Data de validade: data de validade do documento de transporte (definido pelo órgão que emitir odocumento).

34. Rota de transporte: rota lógica de transporte entre ponto de origem e de destino.

35. Código de controle: código emitido pelo sistema (acompanha um código de barras).

36. Para uso da Fiscalização: campo de observações da fiscalização.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 130

Page 129: Legislação Ambiental Básica

4. ÁGUAS

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Wig

old

Scha

ffer

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 131

Page 130: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 132

Page 131: Legislação Ambiental Básica

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

TÍTULO IDA POLÍTICA NACIONAL DE

RECURSOS HÍDRICOS

CAPÍTULO IDOS FUNDAMENTOS

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricosbaseia-se nos seguintes fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotadode valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritáriodos recursos hídricos é o consumo humano e adessedentação de animais;

IX - a gestão dos recursos hídricos deve sempreproporcionar o uso múltiplo das águas;

IV - a bacia hidrográfica e a unidade territorialpara implementação da Política Nacional deRecursos Hídricos e atuação do Sistema Nacionalde Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve serdescentralizada e contar com a participação doPoder Público, dos usuários e das comunidades.

CAPÍTULO IIDOS OBJETIVOS

Art. 2º São objetivos da Política Nacional deRecursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações anecessária disponibilidade de água, em padrõesde qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursoshídricos, incluindo o transporte aquaviário, comvistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidro-lógicos críticos de origem natural ou decorrentesdo uso inadequado dos recursos naturais.

CAPÍTULO IIIDAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO

Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação paraimplementação da Política Nacional de RecursoHídricos:

I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, semdissociação dos aspectos de quantidade e quali-dade;

II - a adequação da gestão de recursos hídricos àsdiversidades físicas, bióticas, demográficas, eco-nômicas, sociais e culturais das diversas regiõesdo País;

III - a integração da gestão de recursos hídricoscom a gestão ambiental;

IV - a articulação do planejamento de recursoshídricos com o dos setores usuários e com os pla-nejamentos regional, estadual e nacional;

V - a articulação da gestão de recursos hídricoscom a do uso do solo;

VI - a integração da gestão das bacias hidrográfi-cas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.

Art. 4º A União articular-se-á com os Estadostendo em vista o gerenciamento dos recursoshídricos de interesse comum.

CAPÍTULO IVDOS INSTRUMENTOS

Art. 5º São instrumentos da Política Nacional deRecursos Hídricos:

Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º daLei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

4 . Á G U A S 133

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 133

Page 132: Legislação Ambiental Básica

I - os Planos de Recursos Hídricos;

II - o enquadramento dos corpos de água emclasses, segundo os usos preponderantes daágua;

III - a outorga dos direitos de uso de recursoshídricos;

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V - a compensação a municípios;

VI - o Sistema de Informações sobre RecursosHídricos.

SEÇÃO IDOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são pla-nos diretores que visam a fundamentar e orientara implementação da Política Nacional de RecursosHídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos.

Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são pla-nos de longo prazo, com horizonte de planeja-mento compatível com o período de implantaçãode seus programas e projetos e terão o seguinteconteúdo mínimo:

I - diagnóstico da situação atual dos recursoshídricos;

II - análise de alternativas de crescimento demo-gráfico, de evolução de atividades produtivas ede modificações dos padrões de ocupação do solo;

III - balanço entre disponibilidades e demandasfuturas dos recursos hídricos, em quantidade equalidade, com identificação de conflitos poten-ciais;

IV - metas de racionalização de uso, aumento daquantidade e melhoria da qualidade dos recursoshídricos disponíveis;

V - medidas a serem tomadas, programas a seremdesenvolvidos e projetos a serem implantados,para o atendimento das metas previstas;

VI - (VETADO)

VII - (VETADO)

VIII - prioridades para outorga de direitos de usode recursos hídricos;

IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo usodos recursos hídricos;

X - propostas para a criação de áreas sujeitas arestrição de uso, com vistas à proteção dos recur-sos hídricos.

Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão ela-borados por bacia hidrográfica, por Estado e parao país.

SEÇÃO IIDO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DEÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS

PREPONDERANTES DA ÁGUA

Art. 9º O enquadramento dos corpos de águaem classes, segundo os usos preponderantes daágua, visa:

I - assegurar às águas qualidade compatível comos usos mais exigentes a que forem destinadas;

II - diminuir os custos de combate à poluição daságuas, mediante ações preventivas permanentes.

Art. 10. As classes de corpos de água serão esta-belecidas pela legislação ambiental.

SEÇÃO IIIDA OUTORGA DE DIREITOS DEUSO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 11. O regime de outorga de direitos de usode recursos hídricos tem como objetivos assegu-rar o controle quantitativo e qualitativo dos usosda água e o efetivo exercício dos direitos de aces-so à água.

Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo PoderPúblico os direitos dos seguintes usos de recursoshídricos:

I - derivação ou captação de parcela da águaexistente em um corpo de água para consumofinal, inclusive abastecimento público, ou insumode processo produtivo;

II - extração de água de aqüífero subterrâneopara consumo final ou insumo de processo pro-dutivo;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A134

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 134

Page 133: Legislação Ambiental Básica

1354 . Á G U A S

III - lançamento em corpo de água de esgotos edemais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ounão, com o fim de sua diluição, transporte oudisposição final;

IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

V - outros usos que alterem o regime, a quantida-de ou a qualidade da água existente em umcorpo de água.

§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público,conforme definido em regulamento:

I - o uso de recursos hídricos para a satisfaçãodas necessidades de pequenos núcleos popula-cionais, distribuídos no meio rural;

II - as derivações, captações e lançamentos consi-derados insignificantes;

III - as acumulações de volumes de água conside-radas insignificantes.

§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricospara fins de geração de energia elétrica estarásubordinada ao Plano Nacional de RecursosHídricos, aprovado na forma do disposto no inci-so VIII do art. 35 desta lei, obedecida a disciplinada legislação setorial específica.

Art. 13. Toda outorga estará condicionada àsprioridades de uso estabelecidas nos Planos deRecursos Hídricos e deverá respeitar a classe emque o corpo de água estiver enquadrado e amanutenção de condições adequadas ao trans-porte aquaviário, quando for o caso.

Parágrafo único. A outorga de uso dos recursoshídricos deverá preservar o uso múltiplo destes.

Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da auto-ridade competente do Poder Executivo Federal,dos Estados ou do Distrito Federal.

§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegaraos Estados e ao Distrito Federal competênciapara conceder outorga de direito de uso de recur-so hídrico de domínio da União.

§ 2º (VETADO)

Art. 15. A outorga de direito de uso de recursoshídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmen-te, em definitivo ou por prazo determinado, nasseguintes circunstâncias:

I - não cumprimento pelo outorgado dos termosda outorga;

II - ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atendera situações de calamidade, inclusive as decorren-tes de condições climáticas adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter gravedegradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários,de interesse coletivo, para os quais não se dispo-nha de fontes alternativas;

VI - necessidade de serem mantidas as caracterís-ticas de navegabilidade do corpo de água.

Art. 16. Toda outorga de direitos de uso derecursos hídricos far-se-á por prazo não exceden-te a trinta e cinco anos, renovável.

Art. 17. (VETADO)

Art. 18. A outorga não implica a alienação par-cial das águas, que são inalienáveis, mas o sim-ples direito de seu uso.

SEÇÃO IVDA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 19.A cobrança pelo uso de recursos hídricosobjetiva:

I - reconhecer a água como bem econômico e darao usuário uma indicação de seu real valor;

II - incentivar a racionalização do uso da água;

III - obter recursos financeiros para o financia-mento dos programas e intervenções contempla-dos nos planos de recursos hídricos.

Art. 20. Serão cobrados os usos de recursoshídricos sujeitos a outorga, nos termos do art. 12desta lei.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 135

Page 134: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobradospelo uso dos recursos hídricos devem ser obser-vados, entre outros:

I - nas derivações, captações e extrações de água,o volume retirado e seu regime de variação;

II - nos lançamentos de esgotos e demais resí-duos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seuregime de variação e as características físico-quí-micas, biológicas e de toxidade do afluente.

Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrançapelo uso de recursos hídricos serão aplicadosprioritariamente na bacia hidrográfica em queforam gerados e serão utilizados:

I - no financiamento de estudos, programas, pro-jetos e obras incluídos nos Planos de RecursosHídricos;

II - no pagamento de despesas de implantação ecusteio administrativo dos órgãos e entidadesintegrantes do Sistema Nacional de Gerencia-mento de Recursos Hídricos.

§ 1º A aplicação nas despesas previstas no incisoII deste artigo é limitada a sete e meio por centodo total arrecadado.

§ 2º Os valores previstos no caput deste artigopoderão ser aplicados a fundo perdido em proje-tos e obras que alterem, de modo consideradobenéfico à coletividade, a qualidade, a quantida-de e o regime de vazão de um corpo de água.

§ 3º (VETADO)

Art. 23. (VETADO)

SEÇÃO VDA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS

Art. 24. (VETADO)

SEÇÃO VIDO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE

RECURSOS HÍDRICOS

Art. 25. O Sistema de Informações sobreRecursos Hídricos é um sistema de coleta, trata-

mento, armazenamento e recuperação de infor-mações sobre recursos hídricos e fatores interve-nientes em sua gestão.

Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãosintegrantes do Sistema Nacional de Gerencia-mento de Recursos Hídricos serão incorporadosao Sistema Nacional de Informações sobreRecursos Hídricos.

Art. 26. São princípios básicos para o funciona-mento do Sistema de Informações sobre RecursosHídricos:

I - descentralização da obtenção e produção dedados e informações;

II - coordenação unificada do sistema;

III - acesso aos dados e informações garantido àtoda a sociedade.

Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional deInformações sobre Recursos Hídricos:

I - reunir, dar consistência e divulgar os dados einformações sobre a situação qualitativa e quan-titativa dos recursos hídricos no Brasil;

II - atualizar permanentemente as informaçõessobre disponibilidade e demanda de recursoshídricos em todo o território nacional;

III - fornecer subsídios para a elaboração dosPlanos de Recursos Hídricos.

CAPÍTULO VDO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRASDE USO MÚLTIPLO, DE INTERESSE

COMUM OU COLETIVO

Art. 28. (VETADO)

CAPÍTULO VIDA AÇÃO DO PODER PÚBLICO

Art. 29. Na implementação da Política Nacionalde Recursos Hídricos, compete ao PoderExecutivo Federal:

I - tomar as providências necessárias à implemen-tação e ao funcionamento do Sistema deNacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A136

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 136

Page 135: Legislação Ambiental Básica

1374 . Á G U A S

II - outorgar os direitos de uso de recursos hídri-cos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na suaesfera de competência;

III - implantar e gerir o Sistema de Informaçõessobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional;

IV - promover a integração da gestão de recursoshídricos com a gestão ambiental.

Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indi-cará, por decreto, a autoridade responsável pelaefetivação de outorgas de direito de uso dosrecursos hídricos sob domínio da União.

Art. 30. Na implementação da Política Nacionalde Recursos Hídricos, cabe aos PoderesExecutivos Estaduais e do Distrito Federal, na suaesfera de competência:

I - outorgar os direitos de uso de recursos hídri-cos e regulamentar e fiscalizar os seus usos;

II - realizar o controle técnico das obras de ofertahídrica;

III - implantar e gerir o Sistema de Informaçõessobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e doDistrito Federal;

IV - promover a integração da gestão de recursoshídricos com a gestão ambiental.

Art. 31. Na implementação da Política Nacionalde Recursos Hídricos, os Poderes Executivos doDistrito Federal e dos municípios promoverão aintegração das políticas locais de saneamentobásico, de uso, ocupação e conservação do solo ede meio ambiente com as políticas federal e esta-duais de recursos hídricos.

TÍTULO IIDO SISTEMA NACIONAL DE

GERENCIAMENTO DE RECURSOSHÍDRICOSCAPÍTULO I

DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO

Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos, com osseguintes objetivos:

I - coordenar a gestão integrada das águas;

II - arbitrar administrativamente os conflitos rela-cionados com os recursos hídricos;

III - implementar a Política Nacional de RecursosHídricos;

IV - planejar, regular e controlar o uso, a preser-vação e a recuperação dos recursos hídricos;

V - promover a cobrança pelo uso de recursoshídricos.

Art. 33. Integram o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos:

I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

I-A. - a Agência Nacional de Águas;

II - os Conselhos de Recursos Hídricos dosEstados e do Distrito Federal;

III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais,do Distrito Federal e municipais cujas competências serelacionem com a gestão de recursos hídricos;

V - as Agências de Água. (Redação dada pela Leinº 9.984, de 2000)

CAPÍTULO IIDO CONSELHO NACIONAL DE

RECURSOS HÍDRICOS

Art. 34. O Conselho Nacional de RecursosHídricos é composto por:

I - representantes dos ministérios e secretarias daPresidência da República com atuação no geren-ciamento ou no uso de recursos hídricos;

II - representantes indicados pelos ConselhosEstaduais de Recursos Hídricos;

III - representantes dos usuários dos recursos hídricos;

IV - representantes das organizações civis derecursos hídricos.

Parágrafo único. O número de representantes doPoder Executivo Federal não poderá ceder àmetade mais um do total dos membros doConselho Nacional de Recursos Hídricos.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 137

Page 136: Legislação Ambiental Básica

Art. 35. Compete ao Conselho Nacional deRecursos Hídricos:

I - promover a articulação do planejamento derecursos hídricos com os planejamentos nacional,regional, estaduais e dos setores usuários;

II - arbitrar, em última instância administrativa, osconflitos existentes entre Conselhos Estaduais deRecursos Hídricos;

III - deliberar sobre os projetos de aproveitamen-to de recursos hídricos cujas repercussões extra-polem o âmbito dos Estados em que serãoimplantados;

IV - deliberar sobre as questões que lhe tenhamsido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais deRecursos Hídricos ou pelos Comitês de BaciaHidrográfica;

V - analisar propostas de alteração da legislaçãopertinente a recursos hídricos e à PolíticaNacional de Recursos Hídricos;

VI - estabelecer diretrizes complementares paraimplementação da Política Nacional de RecursosHídricos, aplicação de seus instrumentos e atua-ção do Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos;

VII - aprovar propostas de instituição dos Comitêsde Bacia Hidrográfica e estabelecer critériosgerais para a elaboração de seus regimentos;

VIII - (VETADO)

IX - acompanhar a execução e aprovar o PlanoNacional de Recursos Hídricos e determinar asprovidências necessárias ao cumprimento de suasmetas; (Redação dada pela Lei nº 9.984, de2000)

X - estabelecer critérios gerais para a outorga dedireitos de uso de recursos hídricos e para acobrança por seu uso.

Art. 36. O Conselho Nacional de RecursosHídricos será gerido por:

I - um presidente, que será o ministro titular doMinistério do Meio Ambiente, dos RecursosHídricos e da Amazônia Legal;

II - um secretário executivo, que será o titular doórgão integrante da estrutura do Ministério doMeio Ambiente, dos Recursos Hídricos e daAmazônia Legal, responsável pela gestão dosrecursos hídricos.

CAPÍTULO IIIDOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA

Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terãocomo área de atuação:

I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;

II - sub-bacia hidrográfica de tributário do cursode água principal da bacia, ou de tributário dessetributário; ou

III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficascontíguas.

Parágrafo único. A instituição de Comitês deBacia Hidrográfica em rios de domínio da Uniãoserá efetivada por ato do Presidente daRepública.

Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidro-gráfica, no âmbito de sua área de atuação:

I - promover o debate das questões relacionadasa recursos hídricos e articular a atuação das enti-dades intervenientes;

II - arbitrar, em primeira instância administrativa,os conflitos relacionados aos recursos hídricos;

III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;

IV - acompanhar a execução do Plano deRecursos Hídricos da bacia e sugerir as providên-cias necessárias ao cumprimento de suas metas;

V - propor ao Conselho Nacional e aos ConselhosEstaduais de Recursos Hídricos as acumulações,derivações, captações e lançamentos de poucaexpressão, para efeito de isenção da obrigatorie-dade de outorga de direitos de uso de recursoshídricos, de acordo com os domínios destes;

VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelouso de recursos hídricos e sugerir os valores aserem cobrados;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A138

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 138

Page 137: Legislação Ambiental Básica

1394 . Á G U A S

VII - (VETADO)

VIII - (VETADO)

IX - estabelecer critérios e promover o rateio decusto das obras de uso múltiplo, de interessecomum ou coletivo.

Parágrafo único. Das decisões dos Comitês deBacia Hidrográfica caberá recurso ao ConselhoNacional ou aos Conselhos Estaduais de RecursosHídricos, de acordo com sua esfera de competência.

Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica sãocompostos por representantes:

I - da União;

II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territó-rios se situem, ainda que parcialmente, em suasrespectivas áreas de atuação;

III - dos Municípios situados, no todo ou emparte, em sua área de atuação;

IV - dos usuários das águas de sua área de atua-ção;

V - das entidades civis de recursos hídricos comatuação comprovada na bacia.

§ 1º O número de representantes de cada setormencionado neste artigo, bem como os critériospara sua indicação, serão estabelecidos nos regi-mentos dos comitês, limitada a representaçãodos poderes executivos da União, Estados,Distrito Federal e Municípios à metade do total demembros.

§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de baciasde rios fronteiriços e transfronteiriços de gestãocompartilhada, a representação da União deveráincluir um representante do Ministério dasRelações Exteriores.

§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de baciascujos territórios abranjam terras indígenas devemser incluídos representantes:

I - da Fundação Nacional do Índio-FUNAI, comoparte da representação da União;

II - das comunidades indígenas ali residentes oucom interesses na bacia.

§ 4º A participação da União nos Comitês deBacia Hidrográfica com área de atuação restrita abacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á naforma estabelecida nos respectivos regimentos.

Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serãodirigidos por um presidente e um secretário, elei-tos dentre seus membros.

CAPÍTULO IVDAS AGÊNCIAS DE ÁGUA

Art. 41.As Agências de Água exercerão a funçãode secretaria executiva do respectivo ou respecti-vos Comitês de Bacia Hidrográfica.

Art. 42. As Agências de Água terão a mesmaárea de atuação de um ou mais Comitês de BaciaHidrográfica.

Parágrafo único. A criação das Agências de Águaserá autorizada pelo Conselho Nacional deRecursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduaisde Recursos Hídricos mediante solicitação de umou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.

Art. 43. A criação de uma Agência de Água écondicionada ao atendimento dos seguintesrequisitos:

I - prévia existência do respectivo ou respectivosComitês de Bacia Hidrográfica;

II - viabilidade financeira assegurada pela cobrançado uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.

Art. 44. Compete às Agências de Água no âmbi-to de sua área de atuação:

I - manter balanço atualizado da disponibilidadede recursos hídricos em sua área de atuação;

II - manter o cadastro de usuários de recursoshídricos;

III - efetuar, mediante delegação do outorgante, acobrança pelo uso de recursos hídricos;

IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetose obras a serem financiados com recursos gera-dos pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 139

Page 138: Legislação Ambiental Básica

e encaminhá-los à instituição financeira respon-sável pela administração desses recursos;

V - acompanhar a administração financeira dosrecursos arrecadados com a cobrança pelo uso derecursos hídricos em sua área de atuação;

VI - gerir o Sistema de Informações sobre RecursosHídricos em sua área de atuação;

VII - celebrar convênios e contratar financiamentose serviços para a execução de suas competências;

VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e sub-metê-la à apreciação do respectivo ou respectivosComitês de Bacia Hidrográfica;

IX - promover os estudos necessários para a gestãodos recursos hídricos em sua área de atuação;

X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos paraapreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;

XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitêsde Bacia Hidrográfica:

a) o enquadramento dos corpos de água nas clas-ses de uso, para encaminhamento ao respectivoConselho Nacional ou Conselhos Estaduais deRecursos Hídricos, de acordo com o domínio des-tes;

b) os valores a serem cobrados pelo uso de recur-sos hídricos;

c) o plano de aplicação dos recursos arrecadadoscom a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, deinteresse comum ou coletivo.

CAPÍTULO VDA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO

NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 45. A Secretaria Executiva do ConselhoNacional de Recursos Hídricos será exercida peloórgão integrante da estrutura do Ministério doMeio Ambiente, dos Recursos Hídricos e daAmazônia Legal, responsável pela gestão dosrecursos hídricos.

Art. 46. Compete à Secretaria Executiva doConselho Nacional de Recursos Hídricos:

I - prestar apoio administrativo, técnico e finan-ceiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

II - coordenar a elaboração do Plano Nacional deRecursos Hídricos e encaminhá-lo à aprovação doConselho Nacional de Recursos Hídricos;

III - instruir os expedientes provenientes dosConselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dosComitês de Bacia Hidrográfica;

IV - coordenar o Sistema de Informações sobreRecursos Hídricos;

V - elaborar seu programa de trabalho e respectivaproposta orçamentária anual e submetê-los à apro-vação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

V - elaborar seu programa de trabalho e respecti-va proposta orçamentária anual e submetê-los àaprovação do Conselho Nacional de RecursosHídricos.

CAPÍTULO VIDAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE

RECURSOS HÍDRICOS

Art. 47. São consideradas, para os efeitos destaLei, organizações civis de recursos hídricos:

I - consórcios e associações intermunicipais debacias hidrográficas;

II - associações regionais, locais ou setoriais deusuários de recursos hídricos;

III - organizações técnicas e de ensino e pesquisacom interesse na área de recursos hídricos;

IV - organizações não-governamentais com obje-tivos de defesa de interesses difusos e coletivosda sociedade;

V - outras organizações reconhecidas peloConselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduaisde Recursos Hídricos.

Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional deRecursos Hídricos, as organizações civis de recur-sos hídricos devem ser legalmente constituídas.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A140

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 140

Page 139: Legislação Ambiental Básica

1414 . Á G U A S

TÍTULO IIIDAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 49. Constitui infração das normas de utiliza-ção de recursos hídricos superficiais ou subterrâ-neos:

I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquerfinalidade, sem a respectiva outorga de direito deuso;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendi-mento relacionado com a derivação ou a utilizaçãode recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos,que implique alterações no regime, quantidadeou qualidade dos mesmos, sem autorização dosórgãos ou entidades competentes;

III - (VETADO)

IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executarobras ou serviços relacionados com os mesmosem desacordo com as condições estabelecidas naoutorga;

V - perfurar poços para extração de água subter-rânea ou operá-los sem a devida autorização;

VI - fraudar as medições dos volumes de águautilizados ou declarar valores diferentes dosmedidos;

VII - infringir normas estabelecidas no regula-mento desta lei e nos regulamentos administrati-vos, compreendendo instruções e procedimentosfixados pelos órgãos ou entidades competentes;

VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora dasautoridades competentes no exercício de suasfunções.

Art. 50. Por infração de qualquer disposiçãolegal ou regulamentar referentes à execução deobras e serviços hidráulicos, derivação ou utiliza-ção de recursos hídricos de domínio ou adminis-tração da União, ou pelo não atendimento dassolicitações feitas, o infrator, a critério da autori-dade competente, ficará sujeito as seguintespenalidades, independentemente de sua ordemde enumeração:

I - advertência por escrito, na qual serão estabe-lecidos prazos para correção das irregularidades;

II - multa, simples ou diária, proporcional à gravi-dade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) aR$ 10.000,00 (dez mil reais);

III - embargo provisório, por prazo determinado,para execução de serviços e obras necessárias aoefetivo cumprimento das condições de outorgaou para o cumprimento de normas referentes aouso, controle, conservação e proteção dos recur-sos hídricos;

IV - embargo definitivo, com revogação da outor-ga, se for o caso, para repor incontinenti, no seuantigo estado, os recursos hídricos, leitos e mar-gens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código deÁguas ou tamponar os poços de extração deágua subterrânea.

§ 1º Sempre que da infração cometida resultarprejuízo a serviço público de abastecimento deágua, riscos à saúde ou à vida, perecimento debens ou animais, ou prejuízos de qualquer natu-reza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca seráinferior à metade do valor máximo cominado emabstrato.

§ 2º No caso dos incisos III e IV, independente-mente da pena de multa, serão cobradas do infra-tor as despesas em que incorrer a Administraçãopara tornar efetivas as medidas previstas noscitados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58do Código de Águas, sem prejuízo de responderpela indenização dos danos a que der causa.

§ 3º Da aplicação das sanções previstas nestetítulo caberá recurso à autoridade administrativacompetente, nos termos do regulamento.

§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplica-da em dobro.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 141

Page 140: Legislação Ambiental Básica

TÍTULO IVDAS DISPOSIÇÕES GERAIS E

TRANSITÓRIASArt. 51. O Conselho Nacional de RecursosHídricos e os Conselhos Estaduais de RecursosHídricos poderão delegar a organizações sem finslucrativos relacionadas no art. 47 desta lei, porprazo determinado, o exercício de funções decompetência das Agências de Água, enquantoesses organismos não estiverem constituídos.(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.881, de 2004)

Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regu-lamentado o Plano Nacional de Recursos Hídricos,a utilização dos potenciais hidráulicos para fins degeração de energia elétrica continuará subordina-da à disciplina da legislação setorial específica.

Art. 53. O Poder Executivo, no prazo de cento evinte dias a partir da publicação desta lei, enca-minhará ao Congresso Nacional projeto de leidispondo sobre a criação das Agências de Água.

Art. 54. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de marçode 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1º .....................................................................................................................................

III - quatro inteiros e quatro décimos por cento àSecretaria de Recursos Hídricos do Ministério doMeio Ambiente, dos Recursos Hídricos e daAmazônia Legal;

IV - três inteiros e seis décimos por cento aoDepartamento Nacional de Águas e EnergiaElétrica-DNAEE, do Ministério de Minas e Energia;

V - dois por cento ao Ministério da Ciência eTecnologia;

..........................................................................

§ 4º A cota destinada à Secretaria de RecursosHídricos do Ministério do Meio Ambiente, dosRecursos Hídricos e da Amazônia Legal seráempregada na implementação da PolíticaNacional de Recursos Hídricos e do SistemaNacional de Gerenciamento de Recursos Hídricose na gestão da rede hidrometeorológica nacional.

§ 5º A cota destinada ao DNAEE será empregadana operação e expansão de sua rede hidrometeo-rológica, no estudo dos recursos hídricos e emserviços relacionados ao aproveitamento da ener-gia hidráulica.” (NR)

Parágrafo único. Os novos percentuais definidosno caput deste artigo entrarão em vigor no prazode cento e oitenta dias contados a partir da datade publicação desta lei.

Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamenta-rá esta Lei nº prazo de cento e oitenta dias, con-tados da data de sua publicação.

Art. 56. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A142

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 142

Page 141: Legislação Ambiental Básica

1434 . Á G U A S

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA no exercí-cio do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA, façosaber que o Congresso Nacional decreta e eusanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO IDOS OBJETIVOS

Art 1º Esta lei cria a Agência Nacional de Águas-ANA, entidade federal de implementação daPolítica Nacional de Recursos Hídricos, integrantedo Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos, estabelecendo regras para asua atuação, sua estrutura administrativa e suasfontes de recursos.

CAPÍTULO IIDA CRIAÇÃO, NATUREZA JURÍDICA ECOMPETÊNCIA DA AGÊNCIA NACIONAL

DE ÁGUAS-ANA

Art 2º Compete ao Conselho Nacional deRecursos Hídricos promover a articulação dos pla-nejamentos nacional, regionais, estaduais e dossetores usuários elaborados pelas entidades queintegram o Sistema Nacional de Gerenciamentode Recursos Hídricos e formular a PolíticaNacional de Recursos Hídricos, nos termos da Leinº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

Art 3º Fica criada a ANA, autarquia sob regimeespecial, com autonomia administrativa e finan-ceira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente,com a finalidade de implementar, em sua esferade atribuições, a Política Nacional de RecursosHídricos, integrando o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos.

Parágrafo único. A ANA terá sede e foro noDistrito Federal, podendo instalar unidades admi-nistrativas regionais.

Art 4º A atuação da ANA obedecerá aos funda-mentos, objetivos, diretrizes e instrumentos daPolítica Nacional de Recursos Hídricos e serádesenvolvida em articulação com órgãos e enti-dades públicas e privadas integrantes do SistemaNacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,cabendo-lhe:

I - supervisionar, controlar e avaliar as ações e ati-vidades decorrentes do cumprimento da legisla-ção federal pertinente aos recursos hídricos;

II - disciplinar, em caráter normativo, a implemen-tação, a operacionalização, o controle e a avalia-ção dos instrumentos da Política Nacional deRecursos Hídricos;

III - (VETADO)

IV - outorgar, por intermédio de autorização, odireito de uso do recursos hídricos em corpos deágua de domínio da União, observado o dispostonos arts. 5º, 6º, 7º e 8º;

V - fiscalizar os usos de recursos hídricos noscorpos de água de domínio da União;

VI - elaborar estudos técnicos para subsidiar adefinição, pelo Conselho Nacional de RecursosHídricos, dos valores a serem cobrados pelo usode recursos hídricos de domínio da União, combase nos mecanismos e quantitativos sugeridospelos Comitês de Bacia Hidrográfica, na forma doinciso VI do art. 38 da Lei nº 9.433, de 1997;

VII - estimular e apoiar as iniciativas voltadaspara a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica;

VIII - implementar, em articulação com osComitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança pelouso de recursos hídricos de domínio da União;

IX - arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidaspor intermédio da cobrança pelo uso de recursos

Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Água-ANA, entidade federal de implementação daPolítica Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos, e dá outras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 143

Page 142: Legislação Ambiental Básica

hídricos de domínio da União, na forma do dis-posto no art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997.

X - planejar e promover ações destinadas a pre-venir ou minimizar os efeitos de secas e inunda-ções, no âmbito do Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos, em articula-ção com o órgão central do Sistema Nacional deDefesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios;

XI - promover a elaboração de estudos para sub-sidiar a aplicação de recursos financeiros daUnião em obras e serviços de regularização decursos de água, de alocação e distribuição deágua, e de controle da poluição hídrica, em con-sonância com o estabelecido nos planos de recur-sos hídricos;

XII - definir e fiscalizar as condições de operaçãode reservatórios por agentes públicos e privados,visando a garantir o uso múltiplo dos recursoshídricos, conforme estabelecido nos planos derecursos hídricos das respectivas bacias hidrográ-ficas;

XIII - promover a coordenação das atividadesdesenvolvidas no âmbito da rede hidrometeroló-gica nacional, em articulação com órgãos e enti-dades públicas ou privadas que a integram, ouque dela sejam usuárias;

XIV - organizar, implantar e gerir o SistemaNacional de Informações sobre Recursos Hídricos;

XV - estimular a pesquisa e a capacitação derecursos humanos para a gestão de recursoshídricos;

XVI - prestar apoio aos Estados na criação deórgãos gestores de recursos hídricos;

XVII - propor ao Conselho Nacional de recursosHídricos o estabelecimento de incentivos, inclusi-ve financeiros, à conservação qualitativa e quan-titativa de recursos hídricos.

XVIII - participar da elaboração do PlanoNacional de Recursos Hídricos e supervisionar asua implementação. (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 2.049-21, de 2000 e conva-

lidado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de2001)

§ 1º Na execução das competências a que serefere o inciso II deste artigo, serão considerados,nos casos de bacia hidrográficas compartilhadascom outros países, os respectivos acordos e tratados.

§ 2º As ações a que se refere o inciso X deste artigo,quando envolverem a aplicação de racionamentospreventivos, somente poderão ser promovidasmediante a observância de critérios a serem defi-nidos em decreto do Presidente da República.

§ 3º Para os fins do disposto no inciso XII desteartigo, a definição de condições de operação dereservatórios de aproveitamentos hidrelétricosserá efetuada em articulação com o Operadornacional do Sistema Elétrico-ONS.

§ 4º A ANA poderá delegar ou atribuir a agênciasde água ou de bacia hidrográfica a execução deatividades de sua competência, nos termos doart. 44 da Lei nº 9.433, de 1997, e demais dispo-sitivos legais aplicáveis.

§ 5º (VETADO)

§ 6º A aplicação das receitas de que trata o inci-so IX será feita de forma descentralizada, pormeio das agências de que trata o Capítulo IV doTítulo II da Lei nº 9.433, de 1997, e, na ausênciaou impedimento destas, por outras entidades per-tencentes ao Sistema Nacional de Gerenciamentode Recursos Hídricos.

§ 7º Nos atos administrativos de outorga de direi-to de uso de recurso hídricos de cursos de águaque banham o semi-árido nordestino, expedidosnos termos do inciso IV deste artigo, deverãoconstar, explicitamente, as restrições decorrentesdos incisos III e V do art. 15 da Lei nº 9.433, de1997.

Art 5º Nas outorgas de direito de uso de recursoshídricos de domínio da União, serão respeitadosos seguintes limites de prazos, contados da datade publicação dos respectivos atos administrativosde autorização:

I - até dois anos, para início da implantação doempreendimento objeto da outorga;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A144

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 144

Page 143: Legislação Ambiental Básica

1454 . Á G U A S

II - até seis anos, para conclusão da implantaçãodo empreendimento projetado;

III - até trinta e cinco anos, para vigência daoutorga de direito de uso.

§ 1º Os prazos de vigência das outorgas de direi-to de uso de recursos hídricos serão fixados emfunção da natureza e do porte do empreendimen-to, levando-se em consideração, quando for ocaso, o período de retorno do investimento.

§ 2º Os prazos a que se referem o incisos I e IIpoderão ser ampliados, quando o porte e aimportância social e econômica do empreendi-mento o justificar, ouvido o Conselho Nacional deRecursos Hídricos.

§ 3º O prazo de que trata o inciso III poderá serprorrogado, pelaANA, respeitando-se as prioridadesestabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos.

§ 4º As outorgas de direito de uso de recursoshídricos para concessionárias e autorizadas deserviços públicos e de geração de energia hidre-létrica vigorarão por prazos coincidentes com osdos correspondentes contratos de concessão ouato administrativo de autorização.

Art. 6º A ANA poderá emitir outorgas preventivasde uso de recursos hídricos, com a finalidade dedeclarar a disponibilidade de água para os usosrequeridos, observado o disposto no art. 13 da Leinº 9.433, de 1997.

§ 1º A outorga preventiva não confere direito deuso de recursos hídricos e se destina a reservar avazão passível de outorga, possibilitando, aosinvestidores, o planejamento de empreendimen-tos que necessitem desses recursos.

§ 2º O prazo de validade da outorga preventivaserá fixado levando-se em conta a complexidadedo planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de três anos, findo o qual será con-siderado o disposto nos incisos I e II do art. 5º.

Art 7º Para licitar a concessão ou autorizar o usode potencial de energia hidráulica em corpo deágua de domínio da União, a Agência Nacional

de Energia Elétrica-ANEEL deverá promover, juntoà ANA, a prévia obtenção de declaração de reser-va de disponibilidade hídrica.

§ 1º Quando o potencial hidráulico localizar-seem corpo de água de domínio dos Estados ou doDistrito Federal, a declaração de reserva de dispo-nibilidade hídrica será obtida em articulação coma respectiva entidade gestora de recursos hídri-cos.

§ 2º A declaração de reserva de disponibilidadehídrica será transformada automaticamente, pelorespectivo poder outorgante, em outorga dedireito de uso de recursos hídricos à instituiçãoou empresa que receber da ANEEL a concessãoou a autorização de uso do potencial de energiahidráulica.

§ 3º A declaração de reserva de disponibilidadehídrica obedecerá ao disposto no art. 13 da Leinº 9.433, de 1997, e será fornecida em prazos aserem regulamentados por decreto do Presidenteda República.

Art 8º A ANA dará publicidade aos pedidos deoutorga de direito de uso de recursos hídricos dedomínio da União, bem como aos atos adminis-trativos que deles resultarem, por meio de publi-cação na imprensa oficial e em pelo menos umjornal de grande circulação na respectiva região.

CAPÍTULO IIIDA ESTRUTURA ORGÂNICA DA ANA

Art 9º A ANA será dirigida por uma DiretoriaColegiada, composta por cinco membros, nomea-dos pelo Presidente da República, com mandatosnão coincidentes de quatro anos, admitida umaúnica recondução consecutiva, e contará comuma Procuradoria.

§ 1º O diretor-presidente da ANA será escolhidopelo Presidente da República entre os membros daDiretoria Colegiada, e investido na função por quatroanos ou pelo prazo que restar de seu mandato.

§ 2º Em caso de vaga no curso do mandato, esteserá completado por sucessor investido na formaprevista no caput, que o exercerá pelo prazoremanescente.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 145

Page 144: Legislação Ambiental Básica

Art 10. A exoneração imotivada de dirigentes daANA só poderá ocorrer nos quatros meses iniciaisdos respectivos mandatos.

§ 1º Após o prazo a que se refere o caput, os diri-gentes da ANA somente perderão o mandato emdecorrência de renúncia, de condenação judicialtransitada em julgado, ou de decisão definitivaem processo administrativo disciplinar.

§ 2º Sem prejuízo do que prevêem as legislaçõespenal e relativa à punição de atos de improbida-de administrativa no serviço público, será causada perda do mandato a inobservância, por qual-quer um dos dirigentes da ANA, dos deveres eproibições inerentes ao cargo que ocupa.

§ 3º Para os fins do disposto no § 2º, cabe aoMinistro de Estado do Meio Ambiente instaurar oprocesso administrativo disciplinar, que será con-duzido por comissão especial, competindo aoPresidente da República determinar o afastamen-to preventivo, quando for o caso, e proferir o jul-gamento.

Art 11. Aos dirigentes da ANA é vedado o exer-cício de qualquer outra atividade profissional,empresarial, sindical ou de direção político-parti-dária.

§ 1º É vedado aos dirigentes da ANA, conformedispuser o seu regimento interno, ter interessedireto ou indireto em empresa relacionada com oSistema Nacional de Gerenciamento de RecursosHídricos.

§ 2º A vedação de que trata o caput não se apli-ca aos casos de atividades profissionais decorren-tes de vínculos contratuais mantidos com entida-des públicas ou privadas de ensino e pesquisa.

Art 12. Compete à Diretoria Colegiada:

I - exercer a administração da ANA;

II - editar normas sobre matérias de competênciada ANA;

III - aprovar o regimento interno da ANA, a orga-nização, a estrutura e o âmbito decisório de cadadiretoria;

IV - cumprir e fazer cumprir as normas relativasao Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos;

V - examinar e decidir sobre pedidos de outorgade direito de uso de recursos hídricos de domínioda União;

VI - elaborar e divulgar relatórios sobre as ativi-dades da ANA;

VII - encaminhar os demonstrativos contábeis daANA aos órgãos competentes;

VII - decidir pela venda, cessão ou aluguel debens integrantes do patrimônio da ANA; e

IX - conhecer e julgar pedidos de reconsideraçãode decisões de componentes da Diretoria daANA.

§ 1º A Diretoria deliberará por maioria simples devotos, e se reunirá com a presença de, pelomenos, três diretores, entre eles o diretor-presi-dente ou seu substituto legal.

§ 2º As decisões relacionadas com as competên-cias institucionais da ANA, previstas no art. 3º,serão tomadas de forma colegiada.

Art 13. Compete ao diretor-presidente:

I - exercer a representação legal da ANA;

II - presidir as reuniões da Diretoria Colegiada;

III - cumprir e fazer cumprir as decisões daDiretoria Colegiada;

IV - decidir ad referendum da Diretoria Colegiadaas questões de urgência;

V - decidir, em caso de empate, nas deliberaçõesda Diretoria Colegiada;

VI - nomear e exonerar servidores, provendo oscargos em comissão e as funções de confiança;

VII - admitir, requisitar e demitir servidores, preen-chendo os empregos públicos;

VIII - encaminhar ao Conselho Nacional deRecursos Hídricos os relatórios elaborados pela

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A146

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 146

Page 145: Legislação Ambiental Básica

1474 . Á G U A S

Diretoria Colegiada e demais assuntos de compe-tência daquele Conselho;

IX - assinar contratos e convênios e ordenar des-pesas; e

X - exercer o poder disciplinar, nos termos dalegislação em vigor.

Art 14. Compete à Procuradoria da ANA, que sevincula à Advocacia-Geral da União para fins deorientação normativa e supervisão técnica:

I - representar judicialmente a ANA, com prerro-gativas processuais de Fazenda Pública;

II - representar judicialmente os ocupantes decargos e de funções de direção, inclusive após acessação do respectivo exercício, com referência aatos praticados em decorrência de suas atribui-ções legais ou institucionais, adotando, inclusive,as medidas judiciais cabíveis, em nome e emdefesa dos representados;

III - apurar a liquidez e certeza de créditos, dequalquer natureza, inerentes às atividades daANA, inscrevendo-os em dívida ativa, para fins decobrança amigável ou judicial; e

IV - executar as atividades de consultoria e deassessoramento jurídicos.

Art 15. (VETADO)

CAPÍTULO IVDOS SERVIDORES DA ANA

Art 16. A ANA constituirá, no prazo de trinta eseis meses a contar da data de publicação destalei, o seu quadro próprio de pessoal, por meio darealização de concurso público de provas, ou deprovas e títulos, ou da redistribuição de servido-res de órgãos e entidades da administração fede-ral direta, autárquica ou fundacional.

§ 1º (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 155, de 2003 e convalidado pela Leinº 10.871, de 2004)

§ 2º (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 155, de 2003 e convalidado pela Leinº 10.871, de 2004)

Art 17. (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2049-23, de 2000 e convalidado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

Art 18. (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2049-23, de 2000 e convalidado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

Art. 18-A. Ficam criados, para exercício exclusivona ANA: (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 2.049-24, de 2000 e convalidadopela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

I - cinco Cargos Comissionados de Direção-CD,sendo: um CD I e quatro CD II; (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.049-24, de 2000e convalidado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

II - cinqüenta e dois Cargos de GerênciasExecutiva - CGE, sendo: cinco CGE I, treze CGE II,trinta e três CGE III e um CGE IV; (Acrescenta-do(a) pelo(a) Medida Provisória nº 2.049-24, de2000 e convalidado pela Medida Provisórianº 2.216-37, de 2001)

III - doze Cargos Comissionados deAssessoria - CA,sendo: quatro CA I; quatro CA II e quatro CA III;(Acrescentado(a) pelo(a) (Acrescentado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 2.049-24, de 2000 e conva-lidado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

IV - onze Cargos Comissionados de Assistência –CAS I; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2.049-24, de 2000 e convalidado pela MedidaProvisória nº 2.216-37, de 2001)

V - vinte e sete Cargos Comissionados Técnicos-CCT V. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 2.049-24, de 2000 e convalidadopela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

Parágrafo único. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 2.049-24, de 2000 e convalidadopela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 147

Page 146: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO VDO PATRIMÔNIO E DAS RECEITAS

Art 19. Constituem patrimônio da ANA os bense direitos de sua propriedade, os que lhe foremconferidos ou que venha a adquirir ou incorporar.

Art 20. Constituem receitas da ANA:

I - os recursos que lhe forem transferidos emdecorrência de dotações consignadas noOrçamento-Geral da União, créditos especiais,créditos adicionais e transferências e repassesque lhe forem conferidos;

II - os recursos decorrentes da cobrança pelo usode água de corpos hídricos de domínio da União,respeitando-se as forma e os limites de aplicaçãoprevistos no art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997;

III - os recursos provenientes de convênios, acor-dos ou contratos celebrados com entidades, orga-nismos ou empresas nacionais ou internacionais;

IV - as doações, legados, subvenções e outrosrecursos que lhe forem destinados;

V - o produto da venda de publicações, materialtécnico, dados e informações, inclusive para finsde licitação pública, de emolumentos administra-tivos e de taxas de inscrições em concursos;

VI - retribuição por serviço de qualquer naturezaprestados a terceiros;

VII - o produto resultante da arrecadação de mul-tas aplicadas em decorrência de ações de fiscali-zação de que tratam os arts. 49 e 50 da Leinº 9.433, de 1997;

VIII - os valores apurados com a venda ou aluguelde bens móveis e imóveis de sua propriedade;

IX - o produto da alienação de bens, objetos einstrumentos utilizados para a prática de infra-ções, assim como do patrimônio dos infratores, aapreendidos em decorrência do exercício dopoder de polícia e incorporados ao patrimônio daautarquia, nos termos de decisão judicial; e

X - os recursos decorrentes da cobrança de emo-lumentos administrativos.

Art 21.As receitas provenientes da cobrança pelouso de recursos hídricos de domínio da Uniãoserão mantidas à disposição da ANA, na ContaÚnica do Tesouro Nacional, enquanto não foremdestinadas para as respectivas programações.

§ 1º A ANA manterá registros que permitam cor-relacionar as receitas com as bacias hidrográficasem que foram geradas, com o objetivo de cumpriro estabelecido no art. 22 da Lei nº 9.433, de1997.

§ 2º As disponibilidades de que trata o caputdeste artigo poderão ser mantidas em aplicaçõesfinanceiras, na forma regulamentada peloMinistério da Fazenda.

§ 3º (VETADO)

§ 4º As prioridades de aplicação de recursos aque se refere o caput do art. 22 da Lei nº 9.433,de 1997, serão definidas pelo Conselho Nacionalde Recursos Hídricos, em articulação com os res-pectivos comitês de bacia hidrográfica.

CAPÍTULO VIDISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art 22. Na primeira gestão da ANA, um diretorterá mandato de três anos, dois diretores terãomandatos de quatro anos e dois diretores terãomandatos de cinco anos para implementar o sis-tema de mandatos não coincidentes.

Art 23. Fica o Poder Executivo autorizado a:

I - transferir para a ANA o acervo técnico e patri-monial, direitos e receitas do Ministério do MeioAmbiente e seus órgãos, necessários ao funciona-mento da autarquia;

II - remanejar, transferir ou utilizar os saldos orça-mentários do Ministério do Meio Ambiente paraatender às despesas de estruturação e manuten-ção da ANA, utilizando, como recursos, as dota-ções orçamentárias destinadas às atividades finse administrativas, observados os mesmos subpro-jetos, subatividades e grupos de despesas previs-tos na Lei Orçamentária em vigor.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A148

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 148

Page 147: Legislação Ambiental Básica

1494 . Á G U A S

Art 24. A Consultoria Jurídica do Ministério doMeio Ambiente e a Advocacia Geral da Uniãoprestarão à ANA, no âmbito de suas competên-cias, a assistência jurídica necessária, até que sejaprovido o cargo de Procurador da autarquia.

Art 25. O Poder Executivo implementará adescentralização das atividades de operação emanutenção de reservatórios, canais e adutorasde domínio da União, excetuada a infra-estruturacomponente do Sistema Interligado Brasileiro,operado pelo Operador Nacional do SistemaElétrico-ONS.

Parágrafo único. Caberá à ANA a coordenação ea supervisão do processo de descentralização deque trata este artigo.

Art 26. O Poder Executivo, no prazo de noventadias, contado a partir da data de publicaçãodesta Lei, por meio de decreto do Presidente daRepública, estabelecerá a estrutura regimental daANA, determinando sua instalação.

Parágrafo único. O decreto a que se refere ocaput estabelecerá regras de caráter transitório,para vigorarem na fase de implementação dasatividades da ANA, por prazo não inferior a dozee nem superior a vinte quatro meses, regulando aemissão temporária, pela ANELL, das declaraçõesde reserva de disponibilidade hídrica de que tratao art. 7º.

Art 27. A ANA promoverá a realização de con-curso público para preenchimento das vagasexistentes no seu quadro de pessoal.

Art 28. O art. 17 da Lei nº 9.648, de 27 de maiode 1998, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 17. A compensação financeira pela utiliza-ção de recursos hídricos de que trata a Leinº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, será deseis inteiros e setenta e cinco centésimos porcento sobre o valor da energia elétrica produzida,a ser paga por titular de concessão ou autoriza-ção para exploração de potencial hidráulico aosEstados, ao Distrito Federal e aos Municípios emcujos territórios se localizarem instalações desti-

nadas à produção de energia elétrica, ou quetenham área invalidas por água dos respectivosreservatórios, e a órgãos da administração diretada União.” (NR)

“§ 1º Da compensação financeira de que trata ocaput“ (AC)

“I - seis por cento do valor da energia produzidaserão distribuídos entre os Estados, Municípios eórgãos da administração direta da União, nos ter-mos do art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de marçode 1990, com a redação dada por esta lei;”(AC)

“II - setenta e cinco centésimos por cento dovalor da energia produzida serão destinados aoMinistério do Meio Ambiente, para aplicação naimplementação da Política Nacional de RecursosHídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamentode Recursos Hídricos, nos termos do art. 22 da Leinº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do dispostonesta lei.” (AC)

“§ 2º A parcela a que se refere o inciso II do § 1ºconstitui pagamento pelo uso de recursos hídricose será aplicada nos termos do art. 22 da Leinº 9.433, de 1997.” (AC)

Art 29. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de marçode 1990, com a redação dada pela Lei nº 9.433,de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1º A distribuição mensal da compensaçãofinanceira de que trata o inciso I do § 1º do art.17 da Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998, coma redação alterada por esta lei, será feita daseguinte forma:” (NR)

“I - quarenta e cinco por cento aos Estados;”

“II - quarenta e cinco por cento aos Municípios;”

“III - quatro inteiros e quatro décimos por centoao Ministério do meio Ambiente;” (NR)

“IV - três inteiros e seis décimos por cento aoMinistério de Minas e Energia;” (NR)

“V - dois por cento ao Ministério da Ciência eTecnologia.”

§ 1º Na distribuição da compensação financeira,

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 149

Page 148: Legislação Ambiental Básica

o Distrito Federal receberá o montante correspon-dente às parcelas de Estado e de Municípios.”

“§ 2º Nas usinas hidrelétricas beneficiadas porreservatórios de montante, o acréscimo de ener-gia por eles propiciado será considerado comogeração associada a este reservatórios regulariza-dores, competindo à ANEEL efetuar a avaliaçãocorrespondente para determinar a proporção dacompensação financeira devida aos Estados,Distrito Federal e Municípios afetados por essereservatórios.” (NR)

“§ 3º A Usina de Itaipu distribuirá mensalmente,respeitados os percentuais definidos no caputdeste artigo, sem prejuízo das parcelas devidasaos órgãos da administração direta da União, aosEstados e aos Municípios por ela diretamenteafetados, oitenta e cinco por cento dos royaltiesdevidos por Itaipu Binacional ao Brasil, previstosno Anexo C , item III do Tratado de Itaipu, assina-do em 26 de março de 1973, entre a RepúblicaFederativa do Brasil e a República do Paraguai,bem como nos documentos interpretativos sub-seqüentes, e quinze por cento aos Estados eMunicípios afetados por reservatórios a montan-te da Usina de Itaipu, que contribuem para oincremento de energia nela produzida.” (NR)

“§ 4º A cota destinada ao Ministério do MeioAmbiente será empregada na implementação daPolítica Nacional de Recursos Hídricos e doSistema Nacional de Gerenciamento de RecursosHídricos e na gestão da rede hidrometeorológicanacional.” (NR)

“§ 5º Revogado.”

Art 30. O art. 33 da Lei nº 9.433, de 8 de janeirode 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:

Art. 33. Integram o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos:

“I - Conselho Nacional de Recursos Hídricos;”

“I - A. - a Agência Nacional de Águas;” (AC)

“II - os Conselhos de Recursos Hídricos dosEstados e do Distrito Federal;”

“III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;”

“IV - os órgão dos poderes públicos federal, esta-duais, do Distrito Federal e municipais cujas com-petências se relacionem com a gestão de recursohídricos;” (NR)

“V - as Agências de Água.”

Art 31. O inciso IX do art. 35 da Lei nº 9.433, de1997, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 35 ....................................................................................................................................”

“IX - acompanhar a execução e aprovar o PlanoNacional de Recursos Hídricos e determinar asprovidências necessárias ao cumprimento de suasmetas;” (NR)

..........................................................................

........................................................................”

Art 32. O art. 46 da Lei nº 9.433, de 1997, passaa vigorar com a seguinte redação:

“Art. 46. Compete à Secretaria Executiva doConselho Nacional de Recursos Hídricos:”

“I - prestar apoio administrativo, técnico e finan-ceiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;”

“II - revogado;”

“III - instruir os expedientes provenientes doConselho Estaduais de Recursos Hídricos e dosComitês de Bacia Hidrográfica;”

“IV - revogado;”

“V - elaborar seu programa de trabalho e respec-tiva proposta orçamentária anual e submetê-los àaprovação do Conselho Nacional de RecursosHídricos.”

Art 33. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A150

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 150

Page 149: Legislação Ambiental Básica

1514 . Á G U A S

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri-buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI,alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista odisposto nas leis nº 9.433, de 8 de janeiro de1997, e 9.984, de 17 de julho de 2000,

DECRETA :

Art. 1º O Conselho Nacional de RecursosHídricos, órgão consultivo e deliberativo, inte-grante da estrutura regimental do Ministério doMeio Ambiente, tem por competência:

I - promover a articulação do planejamento derecursos hídricos com os planejamentos nacional,regionais, estaduais e dos setores usuários;

II - arbitrar, em última instância administrativa, osconflitos existentes entre Conselhos Estaduais deRecursos Hídricos;

III - deliberar sobre os projetos de aproveitamen-to de recursos hídricos, cujas repercussões extra-polem o âmbito dos Estados em que serãoimplantados;

IV - deliberar sobre as questões que lhe tenhamsido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais deRecursos Hídricos ou pelos Comitês de BaciaHidrográfica;

V - analisar propostas de alteração da legislaçãopertinente a recursos hídricos e à Política Nacionalde Recursos Hídricos;

VI - estabelecer diretrizes complementares paraimplementação da Política Nacional de RecursosHídricos, aplicação de seus instrumentos e atua-ção do Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos;

VII - aprovar propostas de instituição dos Comitêsde Bacias Hidrográficas e estabelecer critériosgerais para a elaboração de seus regimentos;

VIII - deliberar sobre os recursos administrativosque lhe forem interpostos;

IX - acompanhar a execução e aprovar o PlanoNacional de Recursos Hídricos e determinar asprovidências necessárias ao cumprimento de suasmetas;

X - estabelecer critérios gerais para outorga dedireito de uso de recursos hídricos e para acobrança por seu uso;

XI - aprovar o enquadramento dos corpos deágua em classes, em consonância com as diretri-zes do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA e de acordo com a classificação esta-belecida na legislação ambiental;

XII - formular a Política Nacional de RecursosHídricos nos termos da Lei nº 9.433, de 8 dejaneiro de 1997, e do art. 2º da Lei nº 9.984, de17 de julho de 2000;

XIII - manifestar-se sobre propostas encaminha-das pela Agência Nacional de Águas-ANA, relati-vas ao estabelecimento de incentivos, inclusivefinanceiros, para a conservação qualitativa equantitativa de recursos hídricos, nos termos doinciso XVII do art. 4º da Lei nº 9.984, de 2000;

XIV - definir os valores a serem cobrados pelo usode recursos hídricos de domínio da União, nostermos do inciso VI do art. 4º da Lei nº 9.984, de2000;

XV - definir, em articulação com os Comitês deBacia Hidrográfica, as prioridades de aplicaçãodos recursos a que se refere o caput do art. 22 daLei nº 9.433, de 1997, nos termos do § 4º do art.21 da Lei nº 9.984, de 2000;

XVI - autorizar a criação das Agências de Água,nos termos do parágrafo único do art. 42 e doart. 43 da Lei nº 9.433, de 1997;

XVII - deliberar sobre as acumulações, derivações,captações e lançamentos de pouca expressão,para efeito de isenção da obrigatoriedade deoutorga de direitos de uso de recursos hídricos de

Decreto nº 4.613, de 11 de março de 2003Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dá outras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 151

Page 150: Legislação Ambiental Básica

domínio da União, nos termos do inciso V do art.38 da Lei nº 9.433, de 1997;

XVIII - manifestar-se sobre os pedidos de amplia-ção dos prazos para as outorgas de direito de usode recursos hídricos de domínio da União, estabe-lecidos nos incisos I e II do art. 5º e seu § 2º daLei nº 9.984, de 2000;

XIX - delegar, quando couber, por prazo determi-nado, nos termos do art. 51 da Lei nº 9.433, de1997, aos consórcios e associações intermunici-pais de bacias hidrográficas, com autonomiaadministrativa e financeira, o exercício de funçõesde competência das Agências de Água, enquantoestas não estiverem constituídas.

Art. 2º O Conselho Nacional de RecursosHídricos será presidido pelo Ministro de Estadodo Meio Ambiente e terá a seguinte composição:

I - um representante de cada um dos seguintesministérios:

a) da Fazenda;

b) do Planejamento, Orçamento e Gestão;

c) das Relações Exteriores;

d) dos Transportes;

e) da Educação;

f) da Justiça;

g) da Saúde;

h) da Cultura;

i) do Desenvolvimento Agrário;

j) do Turismo; e

l) das Cidades;

II - dois representantes de cada um dos seguintesministérios:

a) da Integração Nacional;

b) da Defesa;

c) do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior;

d) da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e

e) da Ciência e Tecnologia;

III - três representantes de cada um dos seguintesministérios:

a) do Meio Ambiente; e

b) de Minas e Energia;

IV - um representante de cada uma das seguintessecretarias especiais da Presidência da República:

a) de Aqüicultura e Pesca; e

b) de Políticas para as Mulheres;

V - dez representantes dos Conselhos Estaduaisde Recursos Hídricos;

VI - doze representantes de usuários de recursoshídricos; e

VII - seis representantes de organizações civis derecursos hídricos.

§ 1º Os representantes de que tratam os incisosI, II, III e IV do caput deste artigo e seus suplen-tes, serão indicados pelos titulares dos respecti-vos órgãos e designados pelo Presidente doConselho Nacional de Recursos Hídricos.

§ 2º Os representantes referidos no inciso Vdo caput deste artigo serão indicados pelosConselhos Estaduais de Recursos Hídricos e seussuplentes deverão, obrigatoriamente, ser de outroEstado.

§ 3º Os representantes mencionados no inciso VIdo caput deste artigo, e seus suplentes, serãoindicados, respectivamente:

I - dois, pelos irrigantes;

II - dois, pelas instituições encarregadas da pres-tação de serviço público de abastecimento deágua e de esgotamento sanitário;

III - dois, pelas concessionárias e autorizadas degeração hidrelétrica;

IV - dois, pelo setor hidroviário, sendo um indica-do pelo setor portuário;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A152

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 152

Page 151: Legislação Ambiental Básica

1534 . Á G U A S

V - três, pela indústria, sendo um indicado pelosetor minerometalúrgico; e

VI - um, pelos pescadores e usuários de recursoshídricos com finalidade de lazer e turismo.

§ 4º Os representantes referidos no inciso VII docaput deste artigo, e seus suplentes, serão indica-dos, respectivamente:

I - dois, pelos comitês, consórcios e associaçõesintermunicipais de bacias hidrográficas, sendo umindicado pelos comitês de bacia hidrográfica eoutro pelos consórcios e associações intermunici-pais;

II - dois, por organizações técnicas de ensino epesquisa com interesse e atuação comprovada naárea de recursos hídricos, com mais de cinco anosde existência legal, sendo um indicado pelasorganizações técnicas e outro pelas entidades deensino e de pesquisa; e

III - dois, por organizações não-governamentaiscom objetivos, interesses e atuação comprovadana área de recursos hídricos, com mais de cincoanos de existência legal.

§ 5º Os representantes de que tratam os incisosV, VI e VII do caput deste artigo serão designadospelo Presidente do Conselho Nacional deRecursos Hídricos e terão mandato de três anos.

§ 6º O titular da Secretaria de Recursos Hídricosdo Ministério do Meio Ambiente será o SecretárioExecutivo do Conselho Nacional de RecursosHídricos.

§ 7º O presidente do Conselho Nacional deRecursos Hídricos será substituído, nas suas faltase impedimentos, pelo secretário executivo doConselho e, na ausência deste, pelo conselheiromais antigo, no âmbito do colegiado, entre osrepresentantes de que tratam os incisos I, II, III eIV do caput deste artigo.

§ 8º A composição do Conselho Nacional deRecursos Hídricos poderá ser revista após doisanos, contados a partir da publicação destedecreto.

§ 9º O regimento interno do Conselho Nacionalde Recursos Hídricos definirá a forma de partici-pação de instituições diretamente interessadasem assuntos que estejam sendo objeto de análi-se pelo plenário.

Art. 3º Caberá à Secretaria de Recursos Hídricosdo Ministério do Meio Ambiente, sem prejuízodas demais competências que lhe são conferidas,prover os serviços de Secretaria Executiva doConselho Nacional de Recursos Hídricos.

Art. 4º Compete à Secretaria Executiva doConselho Nacional de Recursos Hídricos:

I - prestar apoio administrativo, técnico e finan-ceiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

II - instruir os expedientes provenientes dosConselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dosComitês de Bacia Hidrográfica; e

III - elaborar seu programa de trabalho e respec-tiva proposta orçamentária anual e submetê-los àaprovação do Conselho Nacional de RecursosHídricos.

Art. 5º O Conselho Nacional de Recursos Hídri-cos reunir-se á em caráter ordinário a cada seismeses, no Distrito Federal, e, extraordinariamente,sempre que convocado pelo presidente, por ini-ciativa própria ou a requerimento de um terço deseus membros.

§ 1º A convocação para a reunião ordinária seráfeita com trinta dias de antecedência e para areunião extraordinária, com quinze dias de ante-cedência.

§ 2º As reuniões extraordinárias poderão ser rea-lizadas fora do Distrito Federal, sempre que razõessuperiores assim o exigirem, por decisão do pre-sidente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

§ 3º O Conselho Nacional de Recursos Hídricosreunir-se-á em sessão pública, com a presença damaioria absoluta de seus membros e deliberarápor maioria simples.

§ 4º Em caso de empate nas decisões, o presiden-te do Conselho Nacional de Recursos Hídricosexercerá o direito do voto de qualidade.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 153

Page 152: Legislação Ambiental Básica

§ 5º A participação dos membros do ConselhoNacional de Recursos Hídricos não enseja qual-quer tipo de remuneração e será considerada derelevante interesse público.

§ 6º Eventuais despesas com passagens e diáriasserão custeadas pelos respectivos órgãos e enti-dades representados no Conselho Nacional deRecursos Hídricos.

§ 7º Os representantes das organizações civis derecursos hídricos constantes dos incisos II e III do§ 4º do art. 2º deste Decreto poderão ter suasdespesas de deslocamento e estada pagas àconta de recursos orçamentários do Ministério doMeio Ambiente. (Acrescentado(a) pelo(a) Decretonº 5.263/2004)

Art. 6º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos,mediante resolução, poderá constituir câmarastécnicas, em caráter permanente ou temporário.

Art. 7º O regimento interno do Conselho

Nacional de Recursos Hídricos será aprovado pelamaioria absoluta de seus membros.

Art. 8º A Secretaria Executiva do ConselhoNacional de Recursos Hídricos promoverá a reali-zação de assembléias setoriais públicas, queterão por finalidade a indicação, pelos participan-tes, dos representantes e respectivos suplentes deque tratam os incisos VI e VII do caput do art. 2º.

Art. 9º Os representantes de que tratam os inci-sos I, II, III, IV e V do caput do art. 2º, e seussuplentes, deverão ser indicados no prazo de trin-ta dias, contados a partir da publicação destedecreto.

Art. 10. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

Art. 11. Ficam revogados os decretos nº 2.612,de 3 de junho de 1998, 3.978, de 22 de outubrode 2001, e 4.174, de 25 de março de 2002.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A154

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe sãoconferidas pelos arts. 6º, inciso II e 8º, inciso VII,da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regu-lamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junhode 1990 e suas alterações, tendo em vista o dis-posto em seu Regimento Interno, e Considerandoa vigência da Resolução CONAMA nº 274, de 29de novembro de 2000, que dispõe sobre a bal-neabilidade;

Considerando o art. 9º, inciso I, da Lei nº 9.433,de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a PolíticaNacional dos Recursos Hídricos, e demais normasaplicáveis à matéria;

Considerando que a água integra as preocupa-ções do desenvolvimento sustentável, baseado

nos princípios da função ecológica da proprieda-de, da prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador e da integração,bem como no reconhecimento de valor intrínsecoà natureza;

Considerando que a Constituição Federal e a Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981, visam con-trolar o lançamento no meio ambiente de poluen-tes, proibindo o lançamento em níveis nocivos ouperigosos para os seres humanos e outras formasde vida;

Considerando que o enquadramento expressametas finais a serem alcançadas, podendo serfixadas metas progressivas intermediárias, obri-gatórias, visando a sua efetivação;

Resolução do CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005(com retificações)

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 154

Page 153: Legislação Ambiental Básica

Considerando os termos da Convenção deEstocolmo, que trata dos Poluentes OrgânicosPersistentes-POPs, ratificada pelo Decreto Legis-lativo nº 204, de 7 de maio de 2004;

Considerando ser a classificação das águasdoces, salobras e salinas essencial à defesa deseus níveis de qualidade, avaliados por condiçõese padrões específicos, de modo a assegurar seususos preponderantes;

Considerando que o enquadramento dos corposde água deve estar baseado não necessariamen-te no seu estado atual, mas nos níveis de quali-dade que deveriam possuir para atender àsnecessidades da comunidade;

Considerando que a saúde e o bem-estar huma-no, bem como o equilíbrio ecológico aquático,não devem ser afetados pela deterioração daqualidade das águas;

Considerando a necessidade de se criar instru-mentos para avaliar a evolução da qualidade daságuas, em relação às classes estabelecidas noenquadramento, de forma a facilitar a fixação econtrole de metas visando atingir gradativamen-te os objetivos propostos;

Considerando a necessidade de se reformular aclassificação existente, para melhor distribuir osusos das águas, melhor especificar as condições epadrões de qualidade requeridos, sem prejuízo deposterior aperfeiçoamento; e

Considerando que o controle da poluição estádiretamente relacionado com a proteção dasaúde, garantia do meio ambiente ecologicamen-te equilibrado e a melhoria da qualidade de vida,levando em conta os usos prioritários e classes dequalidade ambiental exigidos para um determi-nado corpo de água; resolve:

Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a classifica-ção e diretrizes ambientais para o enquadramen-to dos corpos de água superficiais, bem comoestabelece as condições e padrões de lançamen-to de efluentes.

CAPÍTULO IDAS DEFINIÇÕES

Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadasas seguintes definições:

I - águas-doces: águas com salinidade igual ouinferior a 0,5 ‰;

II - águas salobras: águas com salinidade superiora 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰;

III - águas salinas: águas com salinidade igual ousuperior a 30 ‰;

IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere àágua parada, com movimento lento ou estagnado;

V - ambiente lótico: ambiente relativo a águascontinentais moventes;

VI - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organis-mos cujo ciclo de vida, em condições naturais,ocorre total ou parcialmente em meio aquático;

VII - carga poluidora: quantidade de determinadopoluente transportado ou lançado em um corpode água receptor, expressa em unidade de massapor tempo;

VIII - cianobactérias: microorganismos procarióticosautotróficos, também denominados como ciano-fíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquermanancial superficial especialmente naquelescom elevados níveis de nutrientes (nitrogênio efósforo), podendo produzir toxinas com efeitosadversos a saúde;

IX - classe de qualidade: conjunto de condições epadrões de qualidade de água necessários aoatendimento dos usos preponderantes, atuais oufuturos;

X - classificação: qualificação das águas-doces,salobras e salinas em função dos usos preponde-rantes (sistema de classes de qualidade) atuais efuturos;

XI - coliformes termotolerantes: bactérias gram-negativas, em forma de bacilos, oxidase-negati-vas, caracterizadas pela atividade da enzima ß-galactosidase. Podem crescer em meios contendoagentes tenso-ativos e fermentar a lactose nastemperaturas de 44º - 45ºC, com produção de

1554 . Á G U A S

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 155

Page 154: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A156

ácido, gás e aldeído. Além de estarem presentesem fezes humanas e de animais homeotérmicos,ocorrem em solos, plantas ou outras matrizesambientais que não tenham sido contaminadospor material fecal;

XII - condição de qualidade: qualidade apresenta-da por um segmento de corpo d’água, num determi-nado momento, em termos dos usos possíveis comsegurança adequada, frente às Classes de Qualidade;

XIII - condições de lançamento: condições epadrões de emissão adotados para o controle delançamentos de efluentes no corpo receptor;

XIV - controle de qualidade da água: conjunto demedidas operacionais que visa avaliar a melhoriae a conservação da qualidade da água estabele-cida para o corpo de água;

XV - corpo receptor: corpo hídrico superficial querecebe o lançamento de um efluente;

XVI - desinfecção: remoção ou inativação deorganismos potencialmente patogênicos;

XVII - efeito tóxico agudo: efeito deletério aosorganismos vivos causado por agentes físicos ouquímicos, usualmente letalidade ou alguma outramanifestação que a antecede, em um curto perío-do de exposição;

XVIII - efeito tóxico crônico: efeito deletério aosorganismos vivos causado por agentes físicos ouquímicos que afetam uma ou várias funções bio-lógicas dos organismos, tais como a reprodução,o crescimento e o comportamento, em um perío-do de exposição que pode abranger a totalidadede seu ciclo de vida ou parte dele;

XIX - efetivação do enquadramento: alcance dameta final do enquadramento;

XX - enquadramento: estabelecimento da metaou objetivo de qualidade da água (classe) a ser,obrigatoriamente, alcançado ou mantido em umsegmento de corpo de água, de acordo com osusos preponderantes pretendidos, ao longo dotempo;

XXI - ensaios ecotoxicológicos: ensaios realizadospara determinar o efeito deletério de agentes físi-cos ou químicos a diversos organismos aquáticos;

XXII - ensaios toxicológicos: ensaios realizadospara determinar o efeito deletério de agentes físi-cos ou químicos a diversos organismos visandoavaliar o potencial de risco à saúde humana;

XXIII - Escherichia coli (E.coli): bactéria pertencen-te à família Enterobacteriaceae caracterizadapela atividade da enzima ß-glicuronidase. Produzindol a partir do aminoácido triptofano. É a únicaespécie do grupo dos coliformes termotolerantescujo habitat exclusivo é o intestino humano e deanimais homeotérmicos, onde ocorre em densida-des elevadas;

XXIV - metas: é o desdobramento do objeto emrealizações físicas e atividades de gestão, deacordo com unidades de medida e cronogramapreestabelecidos, de caráter obrigatório;

XXV - monitoramento: medição ou verificação deparâmetros de qualidade e quantidade de água,que pode ser contínua ou periódica, utilizadapara acompanhamento da condição e controle daqualidade do corpo de água;

XXVI - padrão: valor limite adotado como requisi-to normativo de um parâmetro de qualidade deágua ou efluente;

XXVII - parâmetro de qualidade da água: subs-tâncias ou outros indicadores representativos daqualidade da água;

XXVIII - pesca amadora: exploração de recursospesqueiros com fins de lazer ou desporto;

XXIX - programa para efetivação do enquadra-mento: conjunto de medidas ou ações progressi-vas e obrigatórias, necessárias ao atendimentodas metas intermediárias e final de qualidade deágua estabelecidas para o enquadramento docorpo hídrico;

XXX - recreação de contato primário: contatodireto e prolongado com a água (tais como nata-ção, mergulho, esqui-aquático) na qual a possibi-lidade do banhista ingerir água é elevada;

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 156

Page 155: Legislação Ambiental Básica

1574 . Á G U A S

XXXI - recreação de contato secundário: refere-seàquela associada a atividades em que o contatocom a água é esporádico ou acidental e a possi-bilidade de ingerir água é pequena, como napesca e na navegação (tais como iatismo);

XXXII - tratamento avançado: técnicas de remo-ção e/ou inativação de constituintes refratáriosaos processos convencionais de tratamento, osquais podem conferir à água características, taiscomo: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou pato-gênica;

XXXIII - tratamento convencional: clarificaçãocom utilização de coagulação e floculação, segui-da de desinfecção e correção de pH;

XXXIV - tratamento simplificado: clarificação pormeio de filtração e desinfecção e correção de pHquando necessário;

XXXV - tributário (ou curso de água afluente):corpo de água que flui para um rio maior ou paraum lago ou reservatório;

XXXVI - vazão de referência: vazão do corpohídrico utilizada como base para o processo degestão, tendo em vista o uso múltiplo das águase a necessária articulação das instâncias doSistema Nacional de Meio Ambiente-SISNAMA edo Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos-SINGRH;

XXXVII - virtualmente ausentes: que não é per-ceptível pela visão, olfato ou paladar; e

XXXVIII - zona de mistura: região do corpo recep-tor onde ocorre a diluição inicial de um efluente.

CAPÍTULO IIDA CLASSIFICAÇÃO DOSCORPOS DE ÁGUA

Art. 3º As águas-doces, salobras e salinas doTerritório Nacional são classificadas, segundo aqualidade requerida para os seus usos preponde-rantes, em treze classes de qualidade.

Parágrafo único. As águas de melhor qualidadepodem ser aproveitadas em uso menos exigente,

desde que este não prejudique a qualidade daágua, atendidos outros requisitos pertinentes.

SEÇÃO IDAS ÁGUAS-DOCES

Art. 4º As águas-doces são classificadas em:

I - classe especial: águas destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, comdesinfecção;

b) à preservação do equilíbrio natural das comu-nidades aquáticas; e

c) à preservação dos ambientes aquáticos emunidades de conservação de proteção integral.

II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano,após tratamento simplificado;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais comonatação, esqui aquático e mergulho, conformeResolução CONAMA nº 274, de 2000;

d) à irrigação de hortaliças que são consumidascruas e de frutas que se desenvolvam rentes aosolo e que sejam ingeridas cruas sem remoção depelícula; e

e) à proteção das comunidades aquáticas emTerras Indígenas.

III - classe 2: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano,após tratamento convencional;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais comonatação, esqui aquático e mergulho, conformeResolução CONAMA nº 274, de 2000;

d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e deparques, jardins, campos de esporte e lazer, comos quais o público possa vir a ter contato direto;e

e) à aqüicultura e à atividade de pesca.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 157

Page 156: Legislação Ambiental Básica

IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano,após tratamento convencional ou avançado;

b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas eforrageiras;

c) à pesca amadora;

d) à recreação de contato secundário; e

e) à dessedentação de animais.

V - classe 4: águas que podem ser destinadas:

a) à navegação; e

b) à harmonia paisagística.

SEÇÃO IIDAS ÁGUAS SALINAS

Art. 5º As águas salinas são assim classificadas:

I - classe especial: águas destinadas:

a) à preservação dos ambientes aquáticos emunidades de conservação de proteção integral; e

b) à preservação do equilíbrio natural das comu-nidades aquáticas.

II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) à recreação de contato primário, conformeResolução CONAMA no 274, de 2000;

b) à proteção das comunidades aquáticas; e

c) à aqüicultura e à atividade de pesca.

III - classe 2: águas que podem ser destinadas:

a) à pesca amadora; e

b) à recreação de contato secundário.

IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:

a) à navegação; e

b) à harmonia paisagística.

SEÇÃO IIDAS ÁGUAS SALOBRAS

Art. 6ºAs águas salobras são assim classificadas:

I - classe especial: águas destinadas:

a) à preservação dos ambientes aquáticos emunidades de conservação de proteção integral; e,

b) à preservação do equilíbrio natural das comu-nidades aquáticas.

II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) à recreação de contato primário, conformeResolução CONAMA nº 274, de 2000;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à aqüicultura e à atividade de pesca;

d) ao abastecimento para consumo humano apóstratamento convencional ou avançado; e

e) à irrigação de hortaliças que são consumidascruas e de frutas que se desenvolvam rentes aosolo e que sejam ingeridas cruas sem remoção depelícula, e à irrigação de parques, jardins, camposde esporte e lazer, com os quais o público possavir a ter contato direto.

III - classe 2: águas que podem ser destinadas:

a) à pesca amadora; e

b) à recreação de contato secundário.

IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:

a) à navegação; e

b) à harmonia paisagística.

CAPÍTULO IIIDAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE

QUALIDADE DAS ÁGUAS

SEÇÃO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 7º Os padrões de qualidade das águas deter-minados nesta resolução estabelecem limitesindividuais para cada substância em cada classe.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A158

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 158

Page 157: Legislação Ambiental Básica

1594 . Á G U A S

Parágrafo único. Eventuais interações entre subs-tâncias, especificadas ou não nesta Resolução,não poderão conferir às águas característicascapazes de causar efeitos letais ou alteração decomportamento, reprodução ou fisiologia davida, bem como de restringir os usos preponde-rantes previstos, ressalvado o disposto no § 3º doart. 34, desta resolução.

Art. 8º O conjunto de parâmetros de qualidadede água selecionado para subsidiar a proposta deenquadramento deverá ser monitorado periodica-mente pelo Poder Público.

§ 1º Também deverão ser monitorados os parâ-metros para os quais haja suspeita da sua pre-sença ou não conformidade.

§ 2º Os resultados do monitoramento deverão seranalisados estatisticamente e as incertezas demedição consideradas.

§ 3º A qualidade dos ambientes aquáticos pode-rá ser avaliada por indicadores biológicos, quan-do apropriado, utilizando-se organismos e/oucomunidades aquáticas.

§ 4º As possíveis interações entre as substânciase a presença de contaminantes não listados nestaresolução, passíveis de causar danos aos seresvivos, deverão ser investigadas utilizando-seensaios ecotoxicológicos, toxicológicos, ou outrosmétodos cientificamente reconhecidos.

§ 5º Na hipótese dos estudos referidos no pará-grafo anterior tornarem-se necessários em decor-rência da atuação de empreendedores identifica-dos, as despesas da investigação correrão as suasexpensas.

§ 6º Para corpos de água salobras continentais,onde a salinidade não se dê por influência diretamarinha, os valores dos grupos químicos de nitro-gênio e fósforo serão os estabelecidos nas classescorrespondentes de água-doce.

Art. 9º A análise e avaliação dos valores dosparâmetros de qualidade de água de que trata estaresolução serão realizadas pelo Poder Público,

podendo ser utilizado laboratório próprio, conve-niado ou contratado, que deverá adotar os proce-dimentos de controle de qualidade analíticanecessários ao atendimento das condições exigí-veis.

§ 1º Os laboratórios dos órgãos competentesdeverão estruturar- se para atenderem ao dispos-to nesta resolução.

§ 2º Nos casos onde a metodologia analítica dis-ponível for insuficiente para quantificar as concen-trações dessas substâncias nas águas, os sedimen-tos e/ou biota aquática poderão ser investigadosquanto à presença eventual dessas substâncias.

Art. 10. Os valores máximos estabelecidos paraos parâmetros relacionados em cada uma dasclasses de enquadramento deverão ser obedeci-dos nas condições de vazão de referência.

§ 1º Os limites de Demanda Bioquímica deOxigênio (DBO), estabelecidos para as águas-doces de classes 2 e 3, poderão ser elevados,caso o estudo da capacidade de autodepuraçãodo corpo receptor demonstre que as concentra-ções mínimas de oxigênio dissolvido (OD) previs-tas não serão desobedecidas, nas condições devazão de referência, com exceção da zona demistura.

§ 2º Os valores máximos admissíveis dos parâme-tros relativos às formas químicas de nitrogênio efósforo, nas condições de vazão de referência,poderão ser alterados em decorrência de condi-ções naturais, ou quando estudos ambientaisespecíficos, que considerem também a poluiçãodifusa, comprovem que esses novos limites nãoacarretarão prejuízos para os usos previstos noenquadramento do corpo de água.

§ 3º Para águas-doces de classes 1 e 2, quando onitrogênio for fator limitante para eutrofização,nas condições estabelecidas pelo órgão ambien-tal competente, o valor de nitrogênio total (apósoxidação) não deverá ultrapassar 1,27 mg/L paraambientes lênticos e 2,18 mg/L para ambienteslóticos, na vazão de referência.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 159

Page 158: Legislação Ambiental Básica

§ 4º O disposto nos §§ 2º e 3º não se aplica àsbaías de águas salinas ou salobras, ou outros cor-pos de água em que não seja aplicável a vazão dereferência, para os quais deverão ser elaboradosestudos específicos sobre a dispersão e assimila-ção de poluentes no meio hídrico.

Art. 11. O Poder Público poderá, a qualquermomento, acrescentar outras condições epadrões de qualidade, para um determinadocorpo de água, ou torná-los mais restritivos,tendo em vista as condições locais, mediante fun-damentação técnica.

Art. 12. O Poder Público poderá estabelecerrestrições e medidas adicionais, de caráter excep-cional e temporário, quando a vazão do corpo deágua estiver abaixo da vazão de referência.

Art. 13. Nas águas de classe especial deverão sermantidas as condições naturais do corpo de água.

SEÇÃO IIDAS ÁGUAS-DOCES

Art. 14. As águas-doces de classe 1 observarãoas seguintes condições e padrões:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico crônico a orga-nismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na suaausência, por instituições nacionais ou interna-cionais renomadas, comprovado pela realizaçãode ensaio ecotoxicológico padronizado ou outrométodo cientificamente reconhecido.

b) materiais flutuantes, inclusive espumas nãonaturais: virtualmente ausentes;

c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

d) substâncias que comuniquem gosto ou odor:virtualmente ausentes;

e) corantes provenientes de fontes antrópicas: vir-tualmente ausentes;

f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

g) coliformes termotolerantes: para o uso derecreação de contato primário deverão ser obe-decidos os padrões de qualidade de balneabilida-de, previstos na Resolução CONAMA nº 274, de2000. Para os demais usos, não deverá ser exce-dido um limite de 200 coliformes termotolerantespor 100 mililitros em 80% ou mais, de pelomenos 6 amostras, coletadas durante o períodode um ano, com freqüência bimestral. A E. colipoderá ser determinada em substituição ao parâ-metro coliformes termotolerantes de acordo comlimites estabelecidos pelo órgão ambiental com-petente;

h) DBO 5 dias a 20ºC até 3 mg/L O2;

i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6mg/L O2;

j) turbidez até 40 unidades nefelométrica deturbidez (UNT);

l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo deágua em mg Pt/L; e

m) pH: 6,0 a 9,0.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A160

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 160

Page 159: Legislação Ambiental Básica

1614 . Á G U A S

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES

PADRÕES

PARÂMETROS VALOR MÁXIMO

Clorofila a 10 µg/L

Densidade de cianobactérias 20.000 cel/mL ou 2 mm3/L

Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al

Antimônio 0,005mg/L Sb

Arsênio total 0,01 mg/L As

Bário total 0,7 mg/L Ba

Berílio total 0,04 mg/L Be

Boro total 0,5 mg/L B

Cádmio total 0,001 mg/L Cd

Chumbo total 0,01mg/L Pb

Cianeto livre 0,005 mg/L CN

Cloreto total 250 mg/L Cl

Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl

Cobalto total 0,05 mg/L Co

Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu

Cromo total 0,05 mg/L Cr

Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe

Fluoreto total 1,4 mg/L F

Fósforo total (ambiente lêntico) 0,020 mg/L P

Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de

residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de

ambiente lêntico)

0,025 mg/L P

II - Padrões de qualidade da água:

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 161

Page 160: Legislação Ambiental Básica

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientes intermediários) 0,1 mg/L P

Lítio total 2,5 mg/L Li

Manganês total 0,1 mg/L Mn

Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg

Níquel total 0,025 mg/L Ni

Nitrato 10,0 mg/L N

Nitrito 1,0 mg/L N

Nitrogênio amoniacal total

3,7 mg/L N, para pH ¡Â 7,5

2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ¡Â 8,0

1,0 mg/L N, para 8 < pH ¡Â 8,5

0,5 mg/L N, para pH > 8,5

Prata total 0,01 mg/L Ag

Selênio total 0,01 mg/L Se

Sulfato total 250 mg/L SO4

Sulfeto (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S

Urânio total 0,02 mg/L U

Vanádio total 0,1 mg/L V

Zinco total 0,18 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Acrilamida 0,5 µg/L

Alacloro 20 µg/L

Aldrin + Dieldrin 0,005 µg/L

Atrazina 2 µg/L

Benzeno 0,005 mg/L

Benzidina 0,001 µg/L

Benzo(a)antraceno 0,05 µg/L

162 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 162

Page 161: Legislação Ambiental Básica

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES

PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Benzo(a)pireno 0,05 µg/L

Benzo(b)fluoranteno 0,05 µg/L

Benzo(k)fluoranteno 0,05 µg/L

Carbaril 0,02 µg/L

Clordano (cis + trans) 0,04 µg/L

2-Clorofenol 0,1 µg/L

Criseno 0,05 µg/L

2,4-D 4,0 µg/L

Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L

Dibenzo(a,h)antraceno 0,05 µg/L

1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L

1,1-Dicloroeteno 0,003 mg/L

2,4-Diclorofenol 0,3 µg/L

Diclorometano 0,02 mg/L

DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,002 µg/L

Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L

Endossulfan(¡ð + ß- + sulfato) 0,056 µg/L

Endrin 0,004 µg/L

Estireno 0,02 mg/L

Etilbenzeno 90,0 µg/L

Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,003 mg/L C6H5OH

Glifosato 65 µg/L

Gution 0,005 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,01 µg/L

Hexaclorobenzeno 0,0065 µg/L

Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 µg/L

Lindano(ã-HCH) 0,02 µg/L

Malation 0,1 µg/L

Metolacloro 10 µg/L

4 . Á G U A S 163

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 163

Page 162: Legislação Ambiental Básica

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES

PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Metoxicloro 0,03 µg/L

Paration 0,04 µg/L

PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L

Pentaclorofenol 0,009 mg/L

Simazina 2,0 µg/L

Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno 0,5 mg/L LAS

2,4,5-T 2,0 µg/L

Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L

Tetracloroeteno 0,01 mg/L

Tolueno 2,0 µg/L

Toxafeno 0,01 µg/L2,4,5-TP 10,0 µg/L

Tributilestanho 0,063 µg/L TBT

Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 0,02 mg/L

Tricloroeteno 0,03 mg/L

2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L

Trifluralina 0,2 µg/L

Xileno 300 µg/L

164 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 164

Page 163: Legislação Ambiental Básica

III - Nas águas-doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substi-tuição ou adicionalmente:

TABELA II - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES

PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO

DE ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,14 µg/L As

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Benzidina 0,0002 µg/L

Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L

Benzo(a)pireno 0,018 µg/L

Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L

Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L

Criseno 0,018 µg/L

Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L

3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L

Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L

Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L

PCBs - Bifenilas policloradas 0,000064 µg/L

Pentaclorofenol 3,0 µg/L

Tetracloreto de carbono 1,6 µg/L

Tetracloroeteno 3,3 µg/L

Toxafeno 0,00028 µg/L

2,4,6-triclorofenol 2,4 µg/L

Art 15.Aplicam-se às águas-doces de classe 2 ascondições e padrões da classe 1 previstos no arti-go anterior, à exceção do seguinte:

I - não será permitida a presença de corantes pro-venientes de fontes antrópicas que não sejamremovíveis por processo de coagulação, sedimen-

tação e filtração convencionais;

II - coliformes termotolerantes: para uso derecreação de contato primário deverá ser obede-cida a Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Paraos demais usos, não deverá ser excedido um limi-te de 1.000 coliformes termotolerantes por 100

4 . Á G U A S 165

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 165

Page 164: Legislação Ambiental Básica

mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis)amostras coletadas durante o período de um ano,com freqüência bimestral. A E. coli poderá serdeterminada em substituição ao parâmetro coli-formes termotolerantes de acordo com limitesestabelecidos pelo órgão ambiental competente;

III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L;

IV - turbidez: até 100 UNT;

V - DBO 5 dias a 20ºC até 5 mg/L O2;

VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5mg/L O2;

VII - clorofila a: ate 30

VIII - densidade de cianobactérias: até 50.000cel/mL ou 5 mm3/L; e,

IX - fósforo total:

a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e,

b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários,com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tri-butários diretos de ambiente lêntico.

Art. 16. As águas-doces de classe 3 observarãoas seguintes condições e padrões:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico agudo a orga-nismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na suaausência, por instituições nacionais ou interna-cionais renomadas, comprovado pela realizaçãode ensaio ecotoxicológico padronizado ou outrométodo cientificamente reconhecido;

b) materiais flutuantes, inclusive espumas nãonaturais: virtualmente ausentes;

c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

d) substâncias que comuniquem gosto ou odor:virtualmente ausentes;

e) não será permitida a presença de corantes pro-venientes de fontes antrópicas que não sejamremovíveis por processo de coagulação, sedimen-tação e filtração convencionais;

f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmenteausentes;

g) coliformes termotolerantes: para o uso derecreação de contato secundário não deverá serexcedido um limite de 2.500 coliformes termoto-lerantes por 100 mililitros em 80% ou mais depelo menos 6 amostras, coletadas durante operíodo de um ano, com freqüência bimestral.Para dessedentação de animais criados confina-dos não deverá ser excedido o limite de 1.000coliformes termotolerantes por 100 mililitros em80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coleta-das durante o período de um ano, com freqüên-cia bimestral. Para os demais usos, não deverá serexcedido um limite de 4000 coliformes termoto-lerantes por 100 mililitros em 80% ou mais depelo menos 6 amostras coletadas durante operíodo de um ano, com periodicidade bimestral.A E. coli poderá ser determinada em substituiçãoao parâmetro coliformes termotolerantes de acor-do com limites estabelecidos pelo órgão ambien-tal competente;

h) cianobactérias para dessedentação de animais:os valores de densidade de cianobactérias nãodeverão exceder 50.000 cel/ml, ou 5mm3/L;

i) DBO 5 dias a 20ºC até 10 mg/L O2;

j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L

O2;

l) turbidez até 100 UNT;

m) cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e,

n) pH: 6,0 a 9,0.

166 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 166

Page 165: Legislação Ambiental Básica

II - Padrões de qualidade de água:

TABELA III - CLASSE 3 - ÁGUAS-DOCES

PADRÕES

PARÂMETROS VALOR MÁXIMO

Clorofila a 60 µg/L

Densidade de cianobactérias 100.000 cel/mL ou 10 mm3/L

Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L

PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo

Alumínio dissolvido 0,2 mg/L Al

Arsênio total 0,033 mg/L As

Bário total 1,0 mg/L Ba

Berílio total 0,1 mg/L Be

Boro total 0,75 mg/L B

Cádmio total 0,01 mg/L Cd

Chumbo total 0,033 mg/L Pb

Cianeto livre 0,022 mg/L CN

Cloreto total 250 mg/L Cl

Cobalto total 0,2 mg/L Co

Cobre dissolvido 0,013 mg/L Cu

Cromo total 0,05 mg/L Cr

Ferro dissolvido 5,0 mg/L Fe

Fluoreto total 1,4 mg/L F

Fósforo total (ambiente lêntico) 0,05 mg/L P

Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residênciaentre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico)

0,075 mg/L P

Fósforo total (ambiente lótico e tributários deambientes intermediários)

0,15 mg/L P

Lítio total 2,5 mg/L Li

Manganês total 0,5 mg/L Mn

4 . Á G U A S 167

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 167

Page 166: Legislação Ambiental Básica

TABELA III - CLASSE 3 - ÁGUAS-DOCES

PADRÕES

PARÂMETROS VALOR MÁXIMO

Mercúrio total 0,002 mg/L Hg

Níquel total 0,025 mg/L Ni

Nitrato 10,0 mg/L N

Nitrito 1,0 mg/L N

Nitrogênio amoniacal total

13,3 mg/L N, para pH £ 7,55,6 mg/L N, para 7,5 <pH £ 8,02,2 mg/L N, para 8,0 <pH £ 8,51,0 mg/L N, para pH >8,5

Prata total 0,05 mg/L Ag

Selênio total 0,05 mg/L Se

Sulfato total 250 mg/L SO4

Sulfeto (como H2S não dissociado) 0,3 mg/L S

Urânio total 0,02 mg/L U

Vanádio total 0,1 mg/L V

Zinco total 5 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L

Atrazina 2 µg/L

Benzeno 0,005 mg/L

Benzo(a)pireno 0,7 µg/L

Carbaril 70,0 µg/L

Clordano (cis + trans) 0,3 µg/L

2,4-D 30,0 µg/L

DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) 1,0 µg/L

Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 14,0 µg/L

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A168

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 168

Page 167: Legislação Ambiental Básica

TABELA III - CLASSE 3 - ÁGUAS-DOCES

PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L

1,1-Dicloroeteno 30 µg/L

Dodecacloro Pentaciclodecano 0,001 µg/L

Endossulfan (a + b + sulfato) 0,22 µg/L

Endrin 0,2 µg/L

Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,01 mg/L C6H5OH

Glifosato 280 µg/L

Gution 0,005 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,03 µg/L

Lindano (g-HCH) 2,0 µg/L

Malation 100,0 µg/L

Metoxicloro 20,0 µg/L

Paration 35,0 µg/L

PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L

Pentaclorofenol 0,009 mg/L

Substâncias tenso-ativas que reagem com o azul de metileno 0,5 mg/L LAS

2,4,5-T 2,0 µg/L

Tetracloreto de carbono 0,003 mg/L

Tetracloroeteno 0,01 mg/L

Toxafeno 0,21 µg/L

2,4,5-TP 10,0 µg/L

Tributilestanho 2,0 µg/L TBT

Tricloroeteno 0,03 mg/L

2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L

1694 . Á G U A S

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 169

Page 168: Legislação Ambiental Básica

Art. 17. As águas-doces de classe 4 observarãoas seguintes condições e padrões:

I - materiais flutuantes, inclusive espumas nãonaturais: virtualmente ausentes;

II - odor e aspecto: não objetáveis;

III - óleos e graxas: toleram-se iridescências;

IV - substâncias facilmente sedimentáveis quecontribuam para o assoreamento de canais denavegação: virtualmente ausentes;

V - fenóis totais (substâncias que reagem com 4- aminoantipirina) até 1,0 mg/L de C6H5OH;

VI - OD, superior a 2,0 mg/L O2 em qualqueramostra; e,

VII - pH: 6,0 a 9,0.

SEÇÃO IIIDAS ÁGUAS SALINAS

Art. 18. As águas salinas de classe 1 observarãoas seguintes condições e padrões:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico crônico a orga-nismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na suaausência, por instituições nacionais ou interna-cionais renomadas, comprovado pela realizaçãode ensaio ecotoxicológico padronizado ou outrométodo cientificamente reconhecido;

b) materiais flutuantes virtualmente ausentes;

c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

d) substâncias que produzem odor e turbidez: vir-tualmente ausentes;

e) corantes provenientes de fontes antrópicas: vir-tualmente ausentes;

f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;

g) coliformes termolerantes: para o uso de recrea-ção de contato primário deverá ser obedecida a

Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para o cul-tivo de moluscos bivalves destinados à alimentaçãohumana, a média geométrica da densidade decoliformes termotolerantes, de um mínimo de15 amostras coletadas no mesmo local, nãodeverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percen-til 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes ter-molerantes por 100 mililitros. Esses índices deve-rão ser mantidos em monitoramento anual comum mínimo de 5 amostras. Para os demais usosnão deverá ser excedido um limite de 1.000 coli-formes termolerantes por 100 mililitros em 80%ou mais de pelo menos 6 amostras coletadasdurante o período de um ano, com periodicidadebimestral. A E. coli poderá ser determinada emsubstituição ao parâmetro coliformes termotole-rantes de acordo com limites estabelecidos peloórgão ambiental competente;

h) carbono orgânico total até 3 mg/L, como C;

i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/LO2; e

j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudan-ça do pH natural maior do que 0,2 unidade.

170 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 170

Page 169: Legislação Ambiental Básica

II - Padrões de qualidade da água:

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Alumínio dissolvido 1,5 mg/L Al

Arsênio total 0,01 mg/L As

Bário total 1,0 mg/L Ba

Berílio total 5,3 µg/L Be

Boro total 5,0 mg/L B

Cádmio total 0,005 mg/L Cd

Chumbo total 0,01 mg/L Pb

Cianeto livre 0,001 mg/L CN

Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl

Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu

Cromo total 0,05 mg/L Cr

Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe

Fluoreto total 1,4 mg/L F

Fósforo Total 0,062 mg/L P

Manganês total 0,1 mg/L Mn

Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg

Níquel total 0,025 mg/L Ni

Nitrato 0,40 mg/L N

Nitrito 0,07 mg/L N

Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N

4 . Á G U A S 171

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 171

Page 170: Legislação Ambiental Básica

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforoácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,031 mg/L P

Prata total 0,005 mg/L Ag

Selênio total 0,01 mg/L Se

Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S

Tálio total 0,1 mg/L Tl

Urânio Total 0,5 mg/L U

Zinco total 0,09 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Aldrin + Dieldrin 0,0019 µg/L

Benzeno 700 µg/L

Carbaril 0,32 µg/L

Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L

2,4-D 30,0 µg/L

DDT (p,p’-DDT+ p,p’-DDE + p,p’- DDD) 0,001 µg/L

Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L

Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L

Endossulfan (a + b + sulfato) 0,01 µg/L

Endrin 0,004 µg/L

Etilbenzeno 25 µg/L

Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 60 µg/L C6H5OH

172 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 172

Page 171: Legislação Ambiental Básica

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Gution 0,01 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L

Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L

Malation 0,1 µg/L

Metoxicloro 0,03 µg/L

Monoclorobenzeno 25 µg/L

Pentaclorofenol 7,9 µg/L

PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L

Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno 0,2 mg/L LAS

2,4,5-T 10,0 µg/L

Tolueno 215 µg/L

Toxafeno 0,0002 µg/L

2,4,5-TP 10,0 µg/L

Tributilestanho 0,01 µg/L TBT

Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 80 µg/L

Tricloroeteno 30,0 µg/L

4 . Á G U A S 173

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 173

Page 172: Legislação Ambiental Básica

III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substi-tuição ou adicionalmente:

TABELA V - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DEORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,14 µg/L As

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Benzeno 51 µg/L

Benzidina 0,0002 µg/L

Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L

Benzo(a)pireno 0,018 µg/L

Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L

Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L

2-Clorofenol 150 µg/L

2,4-Diclorofenol 290 µg/L

Criseno 0,018 µg/L

Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L

1,2-Dicloroetano 37 µg/L

1,1-Dicloroeteno 3 µg/L

3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L

Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L

Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L

PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L

Pentaclorofenol 3,0 µg/L

Tetracloroeteno 3,3 µg/L

2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A174

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 174

Page 173: Legislação Ambiental Básica

Art 19.Aplicam-se às águas salinas de classe 2 ascondições e padrões de qualidade da classe 1,previstos no artigo anterior, à exceção dosseguintes:

I - condições de qualidade da água:

a) não verificação de efeito tóxico agudo a organis-mos, de acordo com os critérios estabelecidos peloórgão ambiental competente, ou, na sua ausência,

por instituições nacionais ou internacionais renoma-das, comprovado pela realização de ensaio ecotoxi-cológico padronizado ou outro método cientifica-mente reconhecido;

b) coliformes termotolerantes: não deverá ser exce-dido um limite de 2.500 por 100 mililitros em 80%oumais de pelo menos 6 amostras coletadas duran-te o período de um ano, com freqüência bimestral.A E. coli poderá ser determinada em substituição aoparâmetro coliformes termotolerantes de acordocom limites estabelecidos pelo órgão ambientalcompetente;

II - Padrões de qualidade da água:

TABELA VI - CLASSE 2 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,069 mg/L As

Cádmio total 0,04 mg/L Cd

Chumbo total 0,21 mg/L Pb

Cianeto livre 0,001 mg/L CN

Cloro residual total (combinado + livre) 19 µg/L Cl

Cobre dissolvido 7,8 µg/L Cu

Cromo total 1,1 mg/L Cr

Fósforo total 0,093 mg/L P

Mercúrio total 1,8 µg/L Hg

Níquel 74 µg/L Ni

Nitrato 0,70 mg/L N

Nitrito 0,20 mg/L N

Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N

Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforoácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,0465 mg/L P

Selênio total 0,29 mg/L Se

Zinco total 0,12 mg/L Zn

1754 . Á G U A S

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 175

Page 174: Legislação Ambiental Básica

c) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C; e

d)OD,emqualquer amostra,não inferior a 5,0mg/LO2.

Art. 20. As águas salinas de classe 3 observarãoas seguintes condições e padrões:

I - materiais flutuantes, inclusive espumas nãonaturais: virtualmente ausentes;

II - óleos e graxas: toleram-se iridescências;

III - substâncias que produzem odor e turbidez:virtualmente ausentes;

IV - corantes provenientes de fontes antrópicas:virtualmente ausentes;

V - resíduos sólidos objetáveis: virtualmenteausentes;

VI - coliformes termotolerantes: não deverá serexcedido um limite de 4.000 coliformes termoto-lerantes por 100 mililitros em 80% ou mais depelo menos 6 amostras coletadas durante operíodo de um ano, com freqüência bimestral.A E. coli poderá ser determinada em substituiçãoao parâmetro coliformes termotolerantes de acordocom limites estabelecidos pelo órgão ambientalcompetente;

VII - carbono orgânico total: até 10 mg/L, como C;

VIII - OD, em qualquer amostra, não inferior a 4mg/ L O2;

e IX - pH: 6,5 a 8,5 não devendo haver umamudança do pH natural maior do que 0,2 unidades.

SEÇÃO IVDAS ÁGUAS SALOBRAS

Art. 21. As águas salobras de classe 1 observa-rão as seguintes condições e padrões:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico crônico aorganismos, de acordo com os critérios estabele-cidos pelo órgão ambiental competente, ou, nasua ausência, por instituições nacionais ou inter-nacionais renomadas, comprovado pela realiza-ção de ensaio ecotoxicológico padronizado ououtro método cientificamente reconhecido;b) carbono orgânico total: até 3 mg/L, como C;c) OD,emqualquer amostra,não inferior a 5mg/ LO2;d) pH: 6,5 a 8,5;e) óleos e graxas: virtualmente ausentes;f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;

g) substâncias que produzem cor, odor e turbidez:virtualmente ausentes;

h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmenteausentes; e

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A176

TABELA VI - CLASSE 2 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L

Clordano (cis + trans) 0,09 µg/L

DDT (p-p’DDT + p-p’DDE + p-p’DDD) 0,13 µg/L

Endrin 0,037 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,053 µg/L

Lindano (g-HCH) 0,16 µg/L

Pentaclorofenol 13,0 µg/L

Toxafeno 0,210 µg/L

Tributilestanho 0,37 µg/L TBT

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 176

Page 175: Legislação Ambiental Básica

i) coliformes termotolerantes: para o uso derecreação de contato primário deverá ser obede-cida a Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Parao cultivo de moluscos bivalves destinados àalimentação humana, a média geométrica dadensidade de coliformes termotolerantes, de ummínimo de 15 amostras coletadas no mesmolocal, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, eo percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coli-formes termolerantes por 100 mililitros. Essesíndices deverão ser mantidos em monitoramentoanual com um mínimo de cinco amostras. Para airrigação de hortaliças que são consumidas cruas

e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo eque sejam ingeridas cruas sem remoção de pelí-cula, bem como para a irrigação de parques, jar-dins, campos de esporte e lazer, com os quais opúblico possa vir a ter contato direto, não deveráser excedido o valor de 200 coliformes termotole-rantes por 100 mL. Para os demais usos nãodeverá ser excedido um limite de 1.000 colifor-mes termotolerantes por 100 mililitros em 80%ou mais de pelo menos seis amostras coletadasdurante o período de um ano, com freqüênciabimestral. A E. coli poderá ser determinada emsubstituição ao parâmetro coliformes termotole-

1774 . Á G U A S

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al

Arsênio total 0,01 mg/L As

Berílio total 5,3 µg/L Be

Boro 0,5 mg/L B

Cádmio total 0,005 mg/L Cd

Chumbo total 0,01 mg/L Pb

Cianeto livre 0,001 mg/L CN

Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl

Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu

Cromo total 0,05 mg/L Cr

Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe

Fluoreto total 1,4 mg/L F

Fósforo total 0,124 mg/L P

Manganês total 0,1 mg/L Mn

Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg

Níquel total 0,025 mg/L Ni

Nitrato 0,40 mg/L N

II - Padrões de qualidade de água:

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 177

Page 176: Legislação Ambiental Básica

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Nitrito 0,07 mg/L N

Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N

Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforoácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,062 mg/L P

Prata total 0,005 mg/L Ag

Selênio total 0,01 mg/L Se

Sulfetos (como H2S não dissociado) 0,002 mg/L S

Zinco total 0,09 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Aldrin + dieldrin 0,0019 µg/L

Benzeno 700 µg/L

Carbaril 0,32 µg/L

Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L

2,4-D 10,0 µg/L

DDT (p,p’DDT+ p,p’DDE + p,p’DDD) 0,001 µg/L

Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L

Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L

Endrin 0,004 µg/L

Endossulfan (a + b + sulfato) 0,01 µg/L

Etilbenzeno 25,0 µg/L

Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,003 mg/L C6H5OH

Gution 0,01 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L

Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L

Malation 0,1 µg/L

178 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 178

Page 177: Legislação Ambiental Básica

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Metoxicloro 0,03 µg/L

Monoclorobenzeno 25 µg/L

Paration 0,04 µg/L

Pentaclorofenol 7,9 µg/L

PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L

Substâncias tensoativas que reagem com azul de metileno 0,2 LAS

2,4,5-T 10,0 µg/L

Tolueno 215 µg/L

Toxafeno 0,0002 µg/L

2,4,5-TP 10,0 µg/L

Tributilestanho 0,010 µg/L TBT

Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 80,0 µg/L

TABELA VIII - Classe 1 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DEORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,14 µg/L As

Benzeno 51 µg/L

Benzidina 0,0002 µg/L

Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L

Benzo(a)pireno 0,018 µg/L

Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L

III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substi-tuição ou adicionalmente:

4 . Á G U A S 179

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 179

Page 178: Legislação Ambiental Básica

TABELA VIII - Classe 1 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DEORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L

2-Clorofenol 150 µg/L

Criseno 0,018 µg/L

Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L

2,4-Diclorofenol 290 µg/L

1,1-Dicloroeteno 3,0 µg/L

1,2-Dicloroetano 37,0 µg/L

3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L

Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L

Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L

Pentaclorofenol 3,0 µg/L

PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L

Tetracloroeteno 3,3 µg/L

Tricloroeteno 30 µg/L

2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

rantes de acordo com limites estabelecidos peloórgão ambiental competente.

Art. 22. Aplicam-se às águas salobras de classe2 as condições e padrões de qualidade da classe1, previstos no artigo anterior, à exceção dosseguintes:

I - condições de qualidade de água:

a) não verificação de efeito tóxico agudo a orga-nismos, de acordo com os critérios estabelecidospelo órgão ambiental competente, ou, na suaausência, por instituições nacionais ou interna-cionais renomadas, comprovado pela realização

de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outrométodo cientificamente reconhecido;

b) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C;

c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4mg/L O2; e

d) coliformes termotolerantes: não deverá serexcedido um limite de 2.500 por 100 mililitrosem 80% ou mais de pelo menos seis amostrascoletadas durante o período de um ano, com fre-qüência bimestral. A E. coli poderá ser determi-nada em substituição ao parâmetro coliformestermotolerantes de acordo com limites estabele-

180 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 180

Page 179: Legislação Ambiental Básica

II - Padrões de qualidade de água:

TABELA IX - CLASSE 2 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,069 mg/L As

Cádmio total 0,04 mg/L Cd

Chumbo total 0,210 mg/L Pb

Cromo total 1,1 mg/L Cr

Cianeto livre 0,001 mg/L CN

Cloro residual total (combinado + livre) 19,0 µg/L Cl

Cobre dissolvido 7,8 µg/L Cu

Fósforo total 0,186 mg/L P

Mercúrio total 1,8 µg/L Hg

Níquel total 74,0 µg/L Ni

Nitrato 0,70 mg/L N

Nitrito 0,20 mg/L N

Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N

Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforoácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

0,093 mg/L P

Selênio total 0,29 mg/L Se

Zinco total 0,12 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L

Clordano (cis + trans) 0,09 µg/L

DDT (p-p’DDT + p-p’DDE + p-p’DDD) 0,13 µg/L

Endrin 0,037 µg/L

Heptacloro epóxido+ Heptacloro 0,053 µg/L

Lindano (g-HCH) 0,160 µg/L

Pentaclorofenol 13,0 µg/L

Toxafeno 0,210 µg/L

Tributilestanho 0,37 µg/L TBT

4 . Á G U A S 181

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 181

Page 180: Legislação Ambiental Básica

cidos pelo órgão ambiental competente.

Art. 23. As águas salobras de classe 3 observa-rão as seguintes condições e padrões:

I - pH: 5 a 9;

II - OD, em qualquer amostra, não inferior a 3mg/L O2;

III - óleos e graxas: toleram-se iridescências;

IV - materiais flutuantes: virtualmente ausentes;

V - substâncias que produzem cor, odor e turbi-dez: virtualmente ausentes;

VI - substâncias facilmente sedimentáveis quecontribuam para o assoreamento de canais denavegação: virtualmente ausentes;

VII - coliformes termotolerantes: não deverá ser exce-dido um limite de 4.000 coliformes termotolerantespor 100 mL em 80% ou mais de pelo menos seisamostras coletadas durante o período de um ano,com freqüência bimestral. A E. coli poderá serdeterminada em substituição ao parâmetro coli-formes termotolerantes de acordo com limites esta-belecidos pelo órgão ambiental competente; e

VIII - carbono orgânico total até 10,0 mg/L, como C.

CAPÍTULO IVDAS CONDIÇÕES E PADRÕES DELANÇAMENTO DE EFLUENTES

Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidorasomente poderão ser lançados, direta ou indireta-mente, nos corpos de água, após o devido trata-mento e desde que obedeçam às condições,padrões e exigências dispostos nesta resolução eem outras normas aplicáveis.

Parágrafo único. O órgão ambiental competentepoderá, a qualquer momento:

I - acrescentar outras condições e padrões, outorná-los mais restritivos, tendo em vista as con-dições locais, mediante fundamentação técnica; e

II - exigir a melhor tecnologia disponível para otratamento dos efluentes, compatível com as con-dições do respectivo curso de água superficial,mediante fundamentação técnica.

Art. 25. É vedado o lançamento e a autorizaçãode lançamento de efluentes em desacordocom as condições e padrões estabelecidos nestaresolução.

Parágrafo único. O órgão ambiental competentepoderá, excepcionalmente, autorizar o lançamentode efluente acima das condições e padrões esta-belecidos no art. 34, desta resolução, desde queobservados os seguintes requisitos:

I - comprovação de relevante interesse público,devidamente motivado;

II - atendimento ao enquadramento e às metasintermediárias e finais, progressivas e obrigató-rias;

III - realização de Estudo de Impacto Ambiental-EIA, às expensas do empreendedor responsávelpelo lançamento;

IV - estabelecimento de tratamento e exigênciaspara este lançamento; e

V - fixação de prazo máximo para o lançamentoexcepcional.

Art. 26. Os órgãos ambientais federal, estaduaise municipais, no âmbito de sua competência,deverão, por meio de norma específica ou nolicenciamento da atividade ou empreendimento,estabelecer a carga poluidora máxima para olançamento de substâncias passíveis de estarempresentes ou serem formadas nos processosprodutivos, listadas ou não no art. 34, destaresolução, de modo a não comprometer as metasprogressivas obrigatórias, intermediárias e final,estabelecidas pelo enquadramento para o corpode água.

§ 1º No caso de empreendimento de significativoimpacto, o órgão ambiental competente exigirá,nos processos de licenciamento ou de sua reno-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A182

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 182

Page 181: Legislação Ambiental Básica

vação, a apresentação de estudo de capacidadede suporte de carga do corpo de água receptor.

§ 2º O estudo de capacidade de suporte deveconsiderar, no mínimo, a diferença entre os padrõesestabelecidos pela classe e as concentrações exis-tentes no trecho desde a montante, estimando aconcentração após a zona de mistura.

§ 3º Sob pena de nulidade da licença expedida, oempreendedor, no processo de licenciamento,informará ao órgão ambiental as substâncias,entre aquelas previstas nesta resolução parapadrões de qualidade de água, que poderão estarcontidas no seu efluente.

§ 4º O disposto no § 1º aplica-se também àssubstâncias não contempladas nesta resolução,exceto se o empreendedor não tinha condiçõesde saber de sua existência nos seus efluentes.

Art. 27. É vedado, nos efluentes, o lançamentodos Poluentes Orgânicos Persistentes-POPs men-cionados na Convenção de Estocolmo, ratificadapelo Decreto Legislativo nº 204, de 7 de maio de2004.

Parágrafo único. Nos processos onde possa ocor-rer a formação de dioxinas e furanos deverá serutilizada a melhor tecnologia disponível para asua redução, até a completa eliminação.

Art. 28. Os efluentes não poderão conferir aocorpo de água características em desacordo comas metas obrigatórias progressivas, intermediáriase final, do seu enquadramento.

§ 1º As metas obrigatórias serão estabelecidasmediante parâmetros.

§ 2º Para os parâmetros não incluídos nas metasobrigatórias, os padrões de qualidade a seremobedecidos são os que constam na classe na qualo corpo receptor estiver enquadrado.

§ 3º Na ausência de metas intermediárias pro-gressivas obrigatórias, devem ser obedecidos ospadrões de qualidade da classe em que o corporeceptor estiver enquadrado.

Art. 29. A disposição de efluentes no solo, mesmotratados, não poderá causar poluição ou contami-nação das águas.

Art. 30. No controle das condições de lançamento,é vedada, para fins de diluição antes do seu lan-çamento, a mistura de efluentes com águas demelhor qualidade, tais como as águas de abaste-cimento, do mar e de sistemas abertos de refrige-ração sem recirculação.

Art. 31. Na hipótese de fonte de poluição gera-dora de diferentes efluentes ou lançamentosindividualizados, os limites constantes destaresolução aplicar-se-ão a cada um deles ou aoconjunto após a mistura, a critério do órgãoambiental competente.

Art. 32. Nas águas de classe especial é vedadoo lançamento de efluentes ou disposição de resí-duos domésticos, agropecuários, de aqüicultura,industriais e de quaisquer outras fontes poluentes,mesmo que tratados.

§ 1º Nas demais classes de água, o lançamentode efluentes deverá, simultaneamente:

I - atender às condições e padrões de lançamen-to de efluentes;

II - não ocasionar a ultrapassagem das condiçõese padrões de qualidade de água, estabelecidospara as respectivas classes, nas condições davazão de referência; e

III - atender a outras exigências aplicáveis.

§ 2º No corpo de água em processo de recupera-ção, o lançamento de efluentes observará as metasprogressivas obrigatórias, intermediárias e final.

Art. 33. Na zona de mistura de efluentes, o órgãoambiental competente poderá autorizar, levandoem conta o tipo de substância, valores em desa-cordo com os estabelecidos para a respectiva clas-se de enquadramento, desde que não comprome-tam os usos previstos para o corpo de água.

Parágrafo único. A extensão e as concentraçõesde substâncias na zona de mistura deverão serobjeto de estudo, nos termos determinados peloórgão ambiental competente, às expensas do

1834 . Á G U A S

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 183

Page 182: Legislação Ambiental Básica

empreendedor responsável pelo lançamento.

Art. 34. Os efluentes de qualquer fonte poluido-ra somente poderão ser lançados, direta ou indi-retamente, nos corpos de água desde que obede-çam as condições e padrões previstos neste arti-go, resguardadas outras exigências cabíveis:

§ 1º O efluente não deverá causar ou possuirpotencial para causar efeitos tóxicos aos organis-mos aquáticos no corpo receptor, de acordo comos critérios de toxicidade estabelecidos peloórgão ambiental competente.

§ 2º Os critérios de toxicidade previstos no § 1ºdevem se basear em resultados de ensaios ecoto-xicológicos padronizados, utilizando organismosaquáticos, e realizados no efluente.

§ 3º Nos corpos de água em que as condições epadrões de qualidade previstos nesta resoluçãonão incluam restrições de toxicidade a organismos

aquáticos, não se aplicam os parágrafos anteriores.

§ 4º Condições de lançamento de efluentes:

I - pH entre 5 a 9;

II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que avariação de temperatura do corpo receptor nãodeverá exceder a 3ºC na zona de mistura;

III - materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em testede 1 hora em cone Imhoff. Para o lançamento emlagos e lagoas, cuja velocidade de circulação sejapraticamente nula, os materiais sedimentáveisdeverão estar virtualmente ausentes;

IV - regime de lançamento com vazão máxima deaté 1,5 vezes a vazão média do período de ativi-dade diária do agente poluidor, exceto nos casospermitidos pela autoridade competente;

V - óleos e graxas:

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A184

§ 5º Padrões de lançamento de efluentes:

TABELA X - LANÇAMENTO DE EFLUENTES

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Arsênio total 0,5 mg/L As

Bário total 5,0 mg/L Ba

Boro total 5,0 mg/L B

Cádmio total 0,2 mg/L Cd

Chumbo total 0,5 mg/L Pb

Cianeto total 0,2 mg/L CN

Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu

Cromo total 0,5 mg/L Cr

Estanho total 4,0 mg/L Sn

Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fé

Fluoreto total 10,0 mg/L F

Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 184

Page 183: Legislação Ambiental Básica

1854 . Á G U A S

TABELA X - LANÇAMENTO DE EFLUENTES

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Mercúrio total 0,01 mg/L Hg

Níquel total 2,0 mg/L Ni

Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N

Prata total 0,1 mg/L Ag

Selênio total 0,30 mg/L Se

Sulfeto 1,0 mg/L S

Zinco total 5,0 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Clorofórmio 1,0 mg/L

Dicloroeteno 1,0 mg/L

Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,5 mg/L C6H5OH

Tetracloreto de Carbono 1,0 mg/L

Tricloroeteno 1,0 mg/L

1 - óleos minerais: até 20mg/L;

2- óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/L; e

VI - ausência de materiais flutuantes.

Art. 35. Sem prejuízo do disposto no inciso I, do§ 1º do art. 24, desta resolução, o órgão ambien-tal competente poderá, quando a vazão do corpode água estiver abaixo da vazão de referência,estabelecer restrições e medidas adicionais, decaráter excepcional e temporário, aos lançamen-tos de efluentes que possam, dentre outras con-seqüências:

I - acarretar efeitos tóxicos agudos em organis-mos aquáticos; ou

II - inviabilizar o abastecimento das populações.

Art. 36. Além dos requisitos previstos nesta

resolução e em outras normas aplicáveis, osefluentes provenientes de serviços de saúde eestabelecimentos nos quais haja despejos infec-tados com microorganismos patogênicos, sópoderão ser lançados após tratamento especial.

Art. 37. Para o lançamento de efluentes tratadosno leito seco de corpos de água intermitentes,o órgão ambiental competente definirá, ouvidoo órgão gestor de recursos hídricos, condiçõesespeciais.

CAPÍTULO VDIRETRIZES AMBIENTAISPARA O ENQUADRAMENTO

Art. 38. O enquadramento dos corpos de águadar-se-á de acordo com as normas e procedimen-tos definidos pelo Conselho Nacional de RecursosHídricos-CNRH e Conselhos Estaduais de Recursos

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 185

Page 184: Legislação Ambiental Básica

Hídricos.

§ 1º O enquadramento do corpo hídrico será defi-nido pelos usos preponderantes mais restritivosda água, atuais ou pretendidos.

§ 2º Nas bacias hidrográficas em que a condiçãode qualidade dos corpos de água esteja em desa-cordo com os usos preponderantes pretendidos,deverão ser estabelecidas metas obrigatórias,intermediárias e final, de melhoria da qualidadeda água para efetivação dos respectivos enqua-dramentos, excetuados nos parâmetros que exce-dam aos limites devido às condições naturais.

§ 3º As ações de gestão referentes ao uso dosrecursos hídricos, tais como a outorga e cobrançapelo uso da água, ou referentes à gestão ambien-tal, como o licenciamento, termos de ajustamen-to de conduta e o controle da poluição, deverãobasear-se nas metas progressivas intermediáriase final aprovadas pelo órgão competente para arespectiva bacia hidrográfica ou corpo hídricoespecífico.

§ 4º As metas progressivas obrigatórias, interme-diárias e final, deverão ser atingidas em regimede vazão de referência, excetuados os casos debaías de águas salinas ou salobras, ou outros cor-pos hídricos onde não seja aplicável a vazão dereferência, para os quais deverão ser elaboradosestudos específicos sobre a dispersão e assimila-ção de poluentes no meio hídrico.

§ 5º Em corpos de água intermitentes ou comregime de vazão que apresente diferença sazonalsignificativa, as metas progressivas obrigatóriaspoderão variar ao longo do ano.

§ 6º Em corpos de água utilizados por popula-ções para seu abastecimento, o enquadramento eo licenciamento ambiental de atividades a mon-tante preservarão, obrigatoriamente, as condi-ções de consumo.

CAPÍTULO VIDISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 39. Cabe aos órgãos ambientais competen-tes, quando necessário, definir os valores dospoluentes considerados virtualmente ausentes.

Art. 40. No caso de abastecimento para consu-mo humano, sem prejuízo do disposto nestaresolução, deverão ser observadas, as normasespecíficas sobre qualidade da água e padrõesde potabilidade.

Art. 41. Os métodos de coleta e de análises deáguas são os especificados em normas técnicascientificamente reconhecidas.

Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivosenquadramentos, as águas doces serão conside-radas classe 2, as salinas e salobras classe 1,exceto se as condições de qualidade atuais foremmelhores, o que determinará a aplicação da clas-se mais rigorosa correspondente.

Art. 43. Os empreendimentos e demais ativida-des poluidoras que, na data da publicação destaResolução, tiverem Licença de Instalação ou deOperação, expedida e não impugnada, poderão acritério do órgão ambiental competente, ter prazode até três anos, contados a partir de sua vigência,para se adequarem às condições e padrões novosou mais rigorosos previstos nesta resolução.

§ 1º O empreendedor apresentará ao órgão am-biental competente o cronograma das medidasnecessárias ao cumprimento do disposto nocaput deste artigo.

§ 2º O prazo previsto no caput deste artigo poderá,excepcional e tecnicamente motivado, ser pror-rogado por até dois anos, por meio de Termo deAjustamento de Conduta, ao qual se dará publi-cidade, enviando-se cópia ao Ministério Público.

§ 3º As instalações de tratamento existentesdeverão ser mantidas em operação com a capaci-dade, condições de funcionamento e demaiscaracterísticas para as quais foram aprovadas, atéque se cumpram as disposições desta resolução.

§ 4º O descarte contínuo de água de processo oude produção em plataformas marítimas de petró-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A186

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 186

Page 185: Legislação Ambiental Básica

leo será objeto de resolução específica, a serpublicada no prazo máximo de um ano, a contarda data de publicação desta Resolução, ressalva-do o padrão de lançamento de óleos e graxas aser o definido nos termos do art. 34, desta reso-lução, até a edição de resolução específica.

Art. 44. O CONAMA, no prazo máximo de umano, complementará, onde couber, condições epadrões de lançamento de efluentes previstosnesta resolução. (Prazo prorrogado para até 18de março de 2007, de acordo com a resolução doCONAMA nº 370, de 2006)

Art. 45. O não-cumprimento ao disposto nestaResolução acarretará aos infratores as sançõesprevistas pela legislação vigente.

§ 1º Os órgãos ambientais e gestores de recursoshídricos, no âmbito de suas respectivas compe-tências, fiscalizarão o cumprimento desta reso-lução, bem como quando pertinente, a aplicaçãodas penalidades administrativas previstas naslegislações específicas, sem prejuízo do san-cionamento penal e da responsabilidade civilobjetiva do poluidor.

§ 2º As exigências e deveres previstos nesta reso-lução caracterizam obrigação de relevante inte-resse ambiental.

Art. 46. O responsável por fontes potencial ouefetivamente poluidoras das águas deve apresen-tar ao órgão ambiental competente, até o dia

31 de março de cada ano, declaração de cargapoluidora, referente ao ano civil anterior, subscri-ta pelo administrador principal da empresa e peloresponsável técnico devidamente habilitado,acompanhada da respectiva Anotação deResponsabilidade Técnica.

§ 1º A declaração referida no caput deste artigoconterá, entre outros dados, a caracterizaçãoqualitativa e quantitativa de seus efluentes,baseada em amostragem representativa dos mes-mos, o estado de manutenção dos equipamentose dispositivos de controle da poluição.

§ 2º O órgão ambiental competente poderá esta-belecer critérios e formas para apresentação dadeclaração mencionada no caput deste artigo,inclusive, dispensando-a se for o caso paraempreendimentos de menor potencial poluidor.

Art. 47. Equiparam-se a perito, os responsáveistécnicos que elaborem estudos e pareceres apre-sentados aos órgãos ambientais.

Art. 48. O não-cumprimento ao disposto nestaResolução sujeitará os infratores, entre outras, àssanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de feve-reiro de 1998 e respectiva regulamentação.

Art. 49. Esta resolução entra em vigor na datade sua publicação.

Art. 50. Revoga-se a Resolução CONAMAnº 020, de 18 de junho de 1986.

1874 . Á G U A S

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 187

Page 186: Legislação Ambiental Básica

5. FAUNA

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Wig

old

Scha

ffer

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 189

Page 187: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 190

Page 188: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

Art. 1º Os animais de quaisquer espécies emqualquer fase do seu desenvolvimento e quevivem naturalmente fora do cativeiro, constituin-do a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abri-gos e criadouros naturais são propriedades doEstado, sendo proibida a sua utilização, persegui-ção, destruição, caça ou apanha.

§ 1º Se peculiaridades regionais comportarem oexercício da caça, a permissão será estabelecidaem ato regulamentador do Poder Público Federal.

§ 2º A utilização, perseguição, caça ou apanha deespécies da fauna silvestre em terras de domínioprivado, mesmo quando permitidas na forma doparágrafo anterior, poderão ser igualmente proi-bidas pelos respectivos proprietários, assumindoestes a responsabilidade da fiscalização de seusdomínios. Nestas áreas, para a prática do ato decaça é necessário o consentimento expresso outácito dos proprietários, nos termos dos artigos594, 595, 596, 597 e 598 do Código Civil.

Art. 2º É proibido o exercício da caça profissional.

Art. 3º É proibido o comércio de espécimes da faunasilvestre e de produtos e objetos que impliquem asua caça, perseguição, destruição ou apanha.

§ 1º Excetuam-se os espécimes provenientes decriadouros devidamente legalizados.

§ 2º Será permitida, mediante licença da autori-dade competente, a apanha de ovos, larvas efilhotes que se destinem aos estabelecimentosacima referidos, bem como a destruição de ani-mais silvestres considerados nocivos à agriculturaou à saúde pública.

§ 3º O simples desacompanhamento de compro-vação de procedência de peles ou outros produ-tos de animais silvestres, nos carregamentos devia terrestre, fluvial, marítima ou aérea, que seiniciem ou transitem pelo país, caracterizará, deimediato, o descumprimento do disposto nocaput deste artigo. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 9.111, de 1995)

Art. 4º Nenhuma espécie poderá ser introduzidano país, sem parecer técnico oficial favorável elicença expedida na forma da lei.

Art. 5º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de2000)

a) (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de 2000)

b) (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de 2000)

Art. 6º O Poder Público estimulará:

a) a formação e o funcionamento de clubes esociedades amadoristas de caça e de tiro ao vôo,objetivando alcançar o espírito associativista paraa prática desse esporte;

b) a construção de criadouros destinados à cria-ção de animais silvestres para fins econômicos eindustriais.

Art. 7ºA utilização, perseguição, destruição, caçaou apanha de espécimes da fauna silvestre, quan-do consentidas na forma desta lei, serão conside-radas atos de caça.

Art. 8º O órgão público federal competente,no prazo de 120 (cento e vinte) dias, publicará eatualizará anualmente:

a) a relação das espécies cuja utilização, perse-guição, caça ou apanha será permitida, indicandoe delimitando as respectivas áreas;

b) a época e o número de dias em que o atoacima será permitido;

5 . F A U N A 191

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 191

Page 189: Legislação Ambiental Básica

c) a quota diária de exemplares cuja utilização,perseguição, caça ou apanha será permitida.

Parágrafo único. Poderão ser, igualmente, objetode utilização, caça, perseguição ou apanha osanimais domésticos que, por abandono, se tor-nem selvagens ou feras.

Art. 9º Observado o disposto no art. 8º e satisfeitasas exigências legais, poderão ser capturados e man-tidos em cativeiro espécimes da fauna silvestre.

Art. 10. A utilização, perseguição, destruição,caça ou apanha de espécimes da fauna silvestresão proibidas:

a) com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques,veneno, incêndio ou armadilhas que maltratem acaça;

b) com armas a bala, a menos de 3 (três) quilô-metros de qualquer via férrea ou rodovia pública;

c) com armas de calibre 22 para animais de portesuperior ao tapiti (Sylvilagus brasiliensis);

d) com armadilhas constituídas de armas de fogo;

e) nas zonas urbanas, suburbanas, povoados enas estâncias hidrominerais e climáticas;

f) nos estabelecimentos oficiais e açudes dodomínio público, bem como nos terrenos adja-centes, até a distância de 5 (cinco) quilômetros;

g) na faixa de 500 (quinhentos) metros de cadalado do eixo das vias férreas e rodovias públicas;

h) nas áreas destinadas à proteção da fauna, daflora e das belezas naturais;

i) nos jardins zoológicos, nos parques e jardinspúblicos;

j) fora do período de permissão de caça, mesmoem propriedades privadas;

l) à noite, exceto em casos especiais no caso deanimais nocivos;

m) do interior de veículos de qualquer espécie.

Art. 11. Os Clubes ou Sociedades Amadoristasde Caça e de tiro ao vôo poderão ser organizados

distintamente ou em conjunto com os de pesca, esó funcionarão validamente após a obtenção dapersonalidade jurídica, na forma da lei civil e oregistro no órgão público federal competente.

Art. 12. As entidades a que se refere o artigoanterior deverão requerer licença especial paraseus associados transitarem com arma de caça e deesporte, para uso em suas sedes, durante o perío-do defeso e dentro do perímetro determinado.

Art. 13. Para exercício da caça, é obrigatória alicença anual, de caráter específico e de âmbitoregional, expedida pela autoridade competente.

Parágrafo único. A licença para caçar com armasde fogo deverá ser acompanhada do porte dearma emitido pela Polícia Civil.

Art. 14. Poderá ser concedida a cientistas, per-tencentes a instituições científicas, oficiais ou ofi-cializadas, ou por estas indicadas, licença especialpara a coleta de material destinado a fins cientí-ficos, em qualquer época.

§ 1º Quando se tratar de cientistas estrangeiros,devidamente credenciados pelo país de origem,deverá o pedido de licença ser aprovado e enca-minhado ao órgão público federal competente,por intermédio de instituição científica oficial dopaís.

§ 2º As instituições a que se refere este artigo,para efeito da renovação anual da licença, darãociência ao órgão público federal competente das ati-vidades dos cientistas licenciados no ano anterior.

§ 3º As licenças referidas neste artigo não poderãoser utilizadas para fins comerciais ou esportivos.

§ 4º Aos cientistas das instituições nacionais quetenham por lei a atribuição de coletar materialzoológico, para fins científicos, serão concedidaslicenças permanentes.

Art. 15. O Conselho de Fiscalização das Expe-dições Artísticas e Científicas do Brasil ouvirá oórgão público federal competente toda vez que,nos processos em julgamento, houver matériareferente à fauna.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A192

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 192

Page 190: Legislação Ambiental Básica

Art. 16. Fica instituído o registro das pessoasfísicas ou jurídicas que negociem com animais sil-vestres e seus produtos.

Art. 17. As pessoas físicas ou jurídicas, de quetrata o artigo anterior, são obrigadas à apresen-tação de declaração de estoques e valores,sempre que exigida pela autoridade competente.

Parágrafo único. O não-cumprimento do dispostoneste artigo, além das penalidades previstas nestalei, obriga o cancelamento do registro.

Art. 18. É proibida a exportação, para o exterior,de peles e couros de anfíbios e répteis, em bruto.

Art. 19. O transporte interestadual e para o exte-rior, de animais silvestres, lepidópteros, e outrosinsetos e seus produtos, depende de guia de trân-sito, fornecida pela autoridade competente.

Parágrafo único. Fica isento dessa exigência omaterial consignado a Instituições CientíficasOficiais.

Art. 20. As licenças de caçadores serão concedi-das mediante pagamento de uma taxa anual equi-valente a um décimo do salário mínimo mensal.

Parágrafo único. Os turistas pagarão uma taxaequivalente a 1 (um) salário mínimo mensal e alicença será válida por 30 (trinta) dias.

Art. 21. O registro de pessoas físicas ou jurídicas,a que se refere o art. 16, será feito mediante opagamento de uma taxa equivalente a meio salá-rio mínimo mensal.

Parágrafo único.As pessoas físicas ou jurídicas deque trata este artigo pagarão, a título de licença,uma taxa anual para as diferentes formas decomércio, até o limite de 1 (um) salário mínimomensal.

Art. 22. O registro de clubes ou sociedadesamadoristas, de que trata o art. 11, será concedidomediante pagamento de uma taxa equivalente ameio salário mínimo mensal.

Parágrafo único.As licenças de trânsito com armade caça e de esporte, referidas no art. 12, estarão

sujeitas ao pagamento de uma taxa anual equi-valente a um vigésimo do salário mínimo mensal.

Art. 23. Far-se-á, com a cobrança da taxa equi-valente a dois décimos do salário mínimo mensal,o registro dos criadouros.

Art. 24. O pagamento das licenças, registros etaxas previstos nesta Lei será recolhido ao Bancodo Brasil S.A. em conta especial, a crédito doFundo Federal Agropecuário, sob o título“Recursos da Fauna”.

Art. 25. A União fiscalizará diretamente pelo órgãoexecutivo específico, do Ministério da Agricultura,ou em convênio com os Estados e Municípios, aaplicação das normas desta lei, podendo, paratanto, criar os serviços indispensáveis.

Parágrafo único. A fiscalização da caça pelosórgãos especializados não exclui a ação da auto-ridade policial ou das Forças Armadas por inicia-tiva própria.

Art. 26. Todos os funcionários, no exercício dafiscalização da caça, são equiparados aos agentesde segurança pública, sendo-lhes assegurado oporte de armas.

Art. 27. Constitui crime punível com pena dereclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos a violação dodisposto nos artigos 2º, 3º, 17 e 18 desta lei.(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)

§ 1º É considerada crime punível com a pena dereclusão de 1 (um) a 3 (três) anos a violação dodisposto no art. 1º e seus §§ 4º, 8º e suas alíneas“a”, “b” e “c”, 10 e suas alíneas “a”, “b”, “c”,“d”, “e”, “f”, “g”, “h”, “i”, “j”, “l”, “m”, 14 eseu § 3º desta lei. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº7.653, de 1988)

§ 2º Incorre na pena prevista no caput deste arti-go quem provocar, pelo uso direto ou indireto deagrotóxicos ou de qualquer outra substância quí-mica, o perecimento de espécimes da fauna ictio-lógica existente em rios, lagos, açudes, lagoas,baias ou mar territorial brasileiro. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)

5 . F A U N A 193

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 193

Page 191: Legislação Ambiental Básica

§ 3º Incide na pena prevista no § 1º deste artigoquem praticar pesca predatória, usando instru-mento proibido, explosivo, erva ou substânciaquímica de qualquer natureza. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)

§ 4º (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 10, de 1988 e convalidado(a) pelo(a) Leinº 7.679, de 1988)

§ 5º Quem, de qualquer maneira, concorrer paraos crimes previstos no caput e no § 1º deste arti-go incidirá nas penas a eles cominadas.(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)

§ 6º Se o autor da infração considerada crimenesta Lei for estrangeiro, será expulso do país,após o cumprimento da pena que lhe foi imposta(vetado), devendo a autoridade judiciária ouadministrativa remeter, ao Ministério da Justiça,cópia da decisão cominativa da pena aplicada, noprazo de 30 (trinta) dias do trânsito em julgadode sua decisão. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 7.653, de 1988)

Art. 28. Além das contravenções estabelecidasno artigo precedente, subsistem os dispositivossobre contravenções e crimes previstos no CódigoPenal e nas demais leis, com as penalidades nelescontidas.

Art. 29. São circunstâncias que agravam a pena,afora aquelas constantes do Código Penal e daLei das Contravenções Penais, as seguintes:

a) cometer a infração em período defeso à caçaou durante a noite;

b) empregar fraude ou abuso de confiança;

c) aproveitar indevidamente licença de autoridade;

d) incidir a infração sobre animais silvestres eseus produtos oriundos de áreas onde a caça éproibida.

Art. 30. As penalidades incidirão sobre os auto-res, sejam eles:

a) diretos;

b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes,administradores, diretores, promitentes compradoresou proprietários das áreas, desde que praticada

por prepostos ou subordinados e no interesse dosproponentes ou dos superiores hierárquicos;

c) autoridades que por ação ou omissão consen-tirem na prática do ato ilegal, ou que cometeremabusos do poder.

Parágrafo único. Em caso de ações penais simul-tâneas pelo mesmo fato, iniciadas por váriasautoridades, o juiz reunirá os processos na juris-dição em que se firmar a competência.

Art. 31. A ação penal independe de queixa,mesmo em se tratando de lesão em propriedadeprivada, quando os bens atingidos são animaissilvestres e seus produtos, instrumentos de traba-lho, documentos e atos relacionados com a pro-teção da fauna disciplinada nesta lei.

Art. 32. São autoridades competentes para ins-taurar, presidir e proceder a inquéritos policiais,lavrar autos de prisão em flagrante e intentar aação penal, nos casos de crimes ou de contravençõesprevistas nesta lei ou em outras leis que tenhampor objeto os animais silvestres, seus produtos,instrumentos e documentos relacionados com osmesmos, as indicadas no Código de ProcessoPenal.

Art. 33.A autoridade apreenderá os produtos dacaça e/ou da pesca bem como os instrumentosutilizados na infração, e se estes, por sua nature-za ou volume, não puderem acompanhar o inqué-rito, serão entregues ao depositário público local,se houver, e, na sua falta, ao que for nomeadopelo Juiz. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.653, de1988)

Parágrafo único. Em se tratando de produtosperecíveis, poderão ser os mesmos doados a ins-tituições científicas, penais, hospitais e/ou casasde caridade mais próximas. (Redação dadapelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)

§ 2º (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)

I - (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)

II - (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A194

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 194

Page 192: Legislação Ambiental Básica

Art. 34. Os crimes previstos nesta lei são ina-fiançáveis e serão apurados mediante processosumário, aplicando-se, no que couber, as normasdo Título II, Capítulo V, do Código de ProcessoPenal. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.653, de1988)

Art. 35. Dentro de 2 (dois) anos a partir dapromulgação desta lei, nenhuma autoridadepoderá permitir a adoção de livros escolares deleitura que não contenham textos sobre a prote-ção da fauna, aprovados pelo Conselho Federalde Educação.

§ 1º Os programas de ensino de nível primário emédio deverão contar pelo menos com 2 (duas)aulas anuais sobre a matéria a que se refere opresente artigo.

§ 2º Igualmente os programas de rádio e televi-são deverão incluir textos e dispositivos aprova-

dos pelo órgão público federal competente, nolimite mínimo de 5 (cinco) minutos semanais, dis-tribuídos ou não, em diferentes dias.

Art. 36. Fica instituído o Conselho Nacional deProteção à Fauna, com sede em Brasília, comoórgão consultivo e normativo da política de pro-teção à fauna do país.

Parágrafo único. O Conselho, diretamente subor-dinado ao Ministério da Agricultura, terá suacomposição e atribuições estabelecidas pordecreto do Poder Executivo.

Art. 37. O Poder Executivo regulamentará a pre-sente lei, no que for julgado necessário à sua exe-cução.

Art. 38. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação, revogados o Decreto-Lei nº 5.894, de20 de outubro de 1943, e demais disposições emcontrário.

5 . F A U N A 195

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 195

Page 193: Legislação Ambiental Básica

6. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Wig

old

Scha

ffer

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 197

Page 194: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A198

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 198

Page 195: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outrasprovidências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO IDA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 1º Entendem-se por educação ambiental osprocessos por meio dos quais o indivíduo e acoletividade constroem valores sociais, conheci-mentos, habilidades, atitudes e competênciasvoltadas para a conservação do meio ambiente,bem de uso comum do povo, essencial à sadiaqualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2º A educação ambiental é um componenteessencial e permanente da educação nacional,devendo estar presente, de forma articulada, emtodos os níveis e modalidades do processo edu-cativo, em caráter formal e não-formal.

Art. 3º Como parte do processo educativo maisamplo, todos têm direito à educação ambiental,incumbindo:

I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e225 da Constituição Federal definir políticaspúblicas que incorporem a dimensão ambiental,promover a educação ambiental em todos osníveis de ensino e o engajamento da sociedadena conservação, recuperação e melhoria do meioambiente;

II - às instituições educativas, promover a educa-ção ambiental de maneira integrada aos progra-mas educacionais que desenvolvem;

III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacionalde Meio Ambiente-SISNAMA, promover ações deeducação ambiental integradas aos programasde conservação, recuperação e melhoria do meioambiente;

IV - aos meios de comunicação de massa, colaborarde maneira ativa e permanente na disseminaçãode informações e práticas educativas sobre meioambiente e incorporar a dimensão ambiental emsua programação;

V - às empresas, entidades de classe, instituiçõespúblicas e privadas, promover programas destina-dos à capacitação dos trabalhadores, visando amelhoria e ao controle efetivo sobre o ambientede trabalho, bem como sobre as repercussões doprocesso produtivo no meio ambiente;

VI - à sociedade como um todo, manter atençãopermanente à formação de valores, atitudes ehabilidades que propiciem a atuação individual ecoletiva voltada para a prevenção, a identificaçãoe a solução de problemas ambientais.

Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:

I - o enfoque humanista, holístico, democrático eparticipativo;

II- a concepção do meio ambiente em sua totali-dade, considerando a interdependência entre omeio natural, o socioeconômico e o cultural, sobo enfoque da sustentabilidade;

III - o pluralismo de idéias e concepções pedagó-gicas, na perspectiva da inter, multi e transdisci-plinaridade;

IV - a vinculação entre a ética, a educação, o tra-balho e as práticas sociais;

V - a garantia de continuidade e permanência doprocesso educativo;

VI - a permanente avaliação crítica do processoeducativo;

VII - a abordagem articulada das questõesambientais locais, regionais, nacionais e globais;

VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidadee à diversidade individual e cultural.

6 . E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 199

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 199

Page 196: Legislação Ambiental Básica

Art. 5º São objetivos fundamentais da educaçãoambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão inte-grada do meio ambiente em suas múltiplas ecomplexas relações, envolvendo aspectos ecoló-gicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,econômicos, científicos, culturais e éticos;

II - a garantia de democratização das informaçõesambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma cons-ciência crítica sobre a problemática ambiental esocial;

IV - o incentivo à participação individual e coleti-va, permanente e responsável, na preservaçãodo equilíbrio do meio ambiente, entendendo-sea defesa da qualidade ambiental como um valorinseparável do exercício da cidadania;

V - o estímulo a cooperação entre as diversasregiões do País, em níveis micro e macrorregionais,com vistas à construção de uma sociedade ambien-talmente equilibrada, fundada nos princípios daliberdade, igualdade, solidariedade, democracia,justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;

VI - o fomento e o fortalecimento da integraçãocom a ciência e a tecnologia;

VII - o fortalecimento da cidadania, autodetermi-nação dos povos e solidariedade como funda-mentos para o futuro da humanidade.

CAPÍTULO IIDA POLÍTICA NACIONAL DEEDUCAÇÃO AMBIENTAL

SEÇÃO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 6º É instituída a Política Nacional deEducação Ambiental.

Art. 7º A Política Nacional de Educação Ambien-tal envolve em sua esfera de ação, além dos órgãose entidades integrantes do SISNAMA, instituiçõeseducacionais públicas e privadas dos sistemas de

ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios, e organizaçõesnão-govenamentais com atuação em educaçãoambiental.

Art. 8º As atividades vinculadas à PolíticaNacional de Educação Ambiental devem serdesenvolvidas na educação em geral e na edu-cação escolar, por meio das seguintes linhas deatuação inter-relacionadas:

I - capacidade de recursos humanos;

II - desenvolvimento de estudos, pesquisas eexperimentações;

III - produção e divulgação de material educativo;

IV - acompanhamento e avaliação.

§ 1º Nas atividades vinculadas à Política Nacionalde Educação Ambiental serão respeitados osprincípios e objetivos fixados por esta lei.

§ 2º A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:

I - a incorporação da dimensão ambiental na for-mação, especialização e atualização dos educa-dores de todos os níveis e modalidades de ensi-no;

II - a incorporação da dimensão ambiental na for-mação, especialização e atualização dos profis-sionais de todas as áreas;

III - a preparação de profissionais orientados paraas atividades de gestão ambiental;

IV - a formação, especialização e atualização deprofissionais na área de meio ambiente;

V - o atendimento da demanda dos diversos seg-mentos da sociedade no que diz respeito à pro-blemática ambiental.

§ 3º As ações de estudos, pesquisas e experimen-tações voltar-se-ão para:

I - o desenvolvimento de instrumentos e metodo-logias, visando à incorporação da dimensãoambiental, de forma interdisciplinar, nos diferen-tes níveis e modalidades de ensino;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A200

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 200

Page 197: Legislação Ambiental Básica

II - a difusão de conhecimentos, tecnologias einformações sobre a questão ambiental;

III - o desenvolvimento de instrumentos e meto-dologias, visando à participação dos interessadosna formulação e execução de pesquisas relacio-nadas à problemática ambiental;

IV - a busca de alternativas curriculares e meto-dológicas de capacitação na área ambiental;

V - o apoio a iniciativas e experiências locais eregionais, incluindo a produção de materialeducativo;

VI - a montagem de uma rede de banco de dadose imagens, para apoio às ações enumeradas nosincisos I a V.

SEÇÃO IIDA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

NO ENSINO FORMAL

Art. 9º Entende-se por educação ambiental naeducação escolar a desenvolvida no âmbito doscurrículos das instituições de ensino públicas eprivadas, englobando:

I - educação básica:

a) educação infantil;

b) ensino fundamental e

c) ensino médio;

II - educação superior;

III - educação especial;

IV - educação profissional;

V - educação de jovens e adultos.

Art. 10. A educação ambiental será desenvolvidacomo uma prática educativa integrada, contínuae permanente em todos os níveis e modalidadesdo ensino formal.

§ 1º A educação ambiental não deve ser implan-tada como disciplina específica no currículo deensino.

§ 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão enas áreas voltadas ao aspecto metodológico da

educação ambiental, quando se fizer necessário,é facultada a criação de disciplina específica.

§ 3º Nos cursos de formação e especialização otécnico-profissional, em todos os níveis, deve serincorporado conteúdo que trate da ética ambien-tal das atividades profissionais a serem desenvol-vidas.

Art. 11. A dimensão ambiental deve constar doscurrículos de formação de professores, em todosos níveis e em todas as disciplinas.

Parágrafo único. Os professores em atividadedevem receber formação complementar em suasáreas de atuação, com o propósito de atenderadequadamente ao cumprimento dos princípios eobjetivos da Política Nacional de EducaçãoAmbiental.

Art. 12. A autorização e supervisão do funciona-mento de instituições de ensino e de seus cursos,nas redes pública e privada, observarão o cumpri-mento do disposto nos arts. 10 e 11 desta lei.

SEÇÃO IIIDA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL

Art. 13. Entendem-se por educação ambientalnão-formal as ações e práticas educativas volta-das à sensibilização da coletividade sobre asquestões ambientais e à sua organização e partici-pação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis fede-ral, estadual e municipal, incentivará:

I - a difusão, por intermédio dos meios de comu-nicação de massa, em espaços nobres, de progra-mas e campanhas educativas, e de informaçõesacerca de temas relacionados ao meio ambiente;

II - a ampla participação da escola, da universida-de e de organizações não-governamentais na for-mulação e execução de programas e atividadesvinculadas à educação ambiental não-formal;

III - a participação de empresas públicas e privadasno desenvolvimento de programas de educação

6 . E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 201

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 201

Page 198: Legislação Ambiental Básica

ambiental em parceria com a escola, a universi-dade e as organizações não-governamentais;

IV - a sensibilização da sociedade para a impor-tância das unidades de conservação;

V - a sensibilização ambiental das populaçõestradicionais ligadas às unidades de conservação;

VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;

VII - o ecoturismo.

CAPÍTULO IIIDA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL

DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14. A coordenação da Política Nacional deEducação Ambiental ficará a cargo de um órgãogestor, na forma definida pela regulamentaçãodesta Lei.

Art. 15. São atribuições do órgão gestor:

I - definição de diretrizes para implementação emâmbito nacional;

II - articulação, coordenação e supervisão de pla-nos, programas e projetos na área de educaçãoambiental em âmbito nacional;

III - participação na negociação de financiamen-tos a planos, programas e projetos na área deeducação ambiental.

Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios, na esfera de sua competência e nasáreas de sua jurisdição, definirão diretrizes,normas e critérios para a educação ambiental,respeitados os princípios e objetivos da PolíticaNacional de Educação Ambiental.

Art. 17. A eleição de planos e programas, parafins de alocação de recursos públicos vinculadosà Política Nacional de Educação Ambiental, deveser realizada levando-se em conta os seguintescritérios:

I - conformidade com os princípios, objetivos ediretrizes da Política Nacional de EducaçãoAmbiental;

II - prioridade dos órgãos integrantes do SISNA-MA e do Sistema Nacional de Educação;

III - economicidade, medida pela relação entre amagnitude dos recursos a alocar e o retorno socialpropiciado pelo plano ou programa proposto.

Parágrafo único. Na eleição a que se refere ocaput deste artigo, devem ser contemplados, deforma eqüitativa, os planos, programas e projetosdas diferentes regiões do país.

Art. 18. (VETADO)

Art. 19. Os programas de assistência técnica efinanceira relativos a meio ambiente e educação,em níveis federal, estadual e municipal, devemalocar recursos às ações de educação ambiental.

CAPÍTULO IVDISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 20. O Poder Executivo regulamentará estalei nº prazo de noventa dias de sua publicação,ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambientee o Conselho Nacional de Educação.

Art. 21. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A202

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 202

Page 199: Legislação Ambiental Básica

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, daConstituição, e tendo em vista o disposto na Leinº 9.795, de 27 de abril de 1999,

DECRETA:

Art. 1º A Política Nacional de Educação Ambi-ental será executada pelos órgãos e entidadesintegrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente-SISNAMA, pelas instituições educacionais públicase privadas dos sistemas de ensino, pelos órgãospúblicos da União, Estados, Distrito Federal e Muni-cípios, envolvendo entidades não governamentais,entidades de classe, meios de comunicação edemais segmentos da sociedade.

Art. 2º Fica criado o Órgão Gestor, nos termos doart. 14 da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999,responsável pela coordenação da PolíticaNacional de Educação Ambiental, que será dirigi-do pelos Ministros de Estado do Meio Ambientee da Educação.

§ 1º Aos dirigentes caberá indicar seus respecti-vos representantes responsáveis pelas questõesde Educação Ambiental em cada ministério.

§ 2º As Secretarias Executivas dos ministérios doMeio Ambiente e da Educação proverão o supor-te técnico e administrativo necessários ao desem-penho das atribuições do Órgão Gestor.

§ 3º Cabe aos dirigentes a decisão, direção ecoordenação das atividades do Órgão Gestor,consultando, quando necessário, o ComitêAssessor, na forma do art. 4º deste decreto.

Art. 3º Compete ao Órgão Gestor:

I - avaliar e intermediar, se for o caso, programase projetos da área de educação ambiental, inclu-sive supervisionando a recepção e emprego dosrecursos públicos e privados aplicados em ativi-

dades dessa área;

II - observar as deliberações do ConselhoNacional de Meio Ambiente-CONAMA e doConselho Nacional de Educação-CNE;

III - apoiar o processo de implementação e avalia-ção da Política Nacional de Educação Ambientalem todos os níveis, delegando competênciasquando necessário;

IV - sistematizar e divulgar as diretrizes nacionaisdefinidas, garantindo o processo participativo;

V - estimular e promover parcerias entre institui-ções públicas e privadas, com ou sem fins lucrati-vos, objetivando o desenvolvimento de práticaseducativas voltadas à sensibilização da coletivi-dade sobre questões ambientais;

VI - promover o levantamento de programas eprojetos desenvolvidos na área de EducaçãoAmbiental e o intercâmbio de informações;

VII - indicar critérios e metodologias qualitativase quantitativas para a avaliação de programas eprojetos de Educação Ambiental;

VIII - estimular o desenvolvimento de instrumentose metodologias visando o acompanhamento eavaliação de projetos de Educação Ambiental;

IX - levantar, sistematizar e divulgar as fontes definanciamento disponíveis no país e no exteriorpara a realização de programas e projetos deeducação ambiental;

X - definir critérios considerando, inclusive, indi-cadores de sustentabilidade, para o apoio institu-cional e alocação de recursos a projetos da áreanão formal;

XI - assegurar que sejam contemplados comoobjetivos do acompanhamento e avaliação dasiniciativas em Educação Ambiental:

Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de EducaçãoAmbiental, e dá outras providências.

6 . E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 203

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 203

Page 200: Legislação Ambiental Básica

a) a orientação e consolidação de projetos;

b) o incentivo e multiplicação dos projetos bemsucedidos; e

c) a compatibilização com os objetivos da PolíticaNacional de Educação Ambiental.

Art. 4º Fica criado Comitê Assessor com o obje-tivo de assessorar o Órgão Gestor, integradopor um representante dos seguintes órgãos, enti-dades ou setores:

I - setor educacional-ambiental, indicado pelasComissões Estaduais Interinstitucionais deEducação Ambiental;

II - setor produtivo patronal, indicado pelasConfederações Nacionais da Indústria, do Comércioe da Agricultura, garantida a alternância;

III - setor produtivo laboral, indicado pelasCentrais Sindicais, garantida a alternância;

IV - Organizações Não-Governamentais quedesenvolvam ações em Educação Ambiental, indi-cado pela Associação Brasileira de Organizaçõesnão Governamentais-ABONG;

V - Conselho Federal da Ordem dos Advogadosdo Brasil-OAB;

VI - municípios, indicado pela AssociaçãoNacional dos Municípios e Meio Ambiente-ANAMMA;

VII - Sociedade Brasileira para o Progresso daCiência-SBPC;

VIII - Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, indicado pela Câmara Técnica deEducação Ambiental, excluindo-se os já represen-tados neste Comitê;

IX - Conselho Nacional de Educação-CNE;

X - União dos Dirigentes Municipais deEducação-UNDIME;

XI - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis-IBAMA;

XII - da Associação Brasileira de Imprensa-ABI; e

XIII - da Associação Brasileira de EntidadesEstaduais de Estado de Meio Ambiente-ABEMA.

§ 1º A participação dos representantes no ComitêAssessor não enseja qualquer tipo de remunera-ção, sendo considerada serviço de relevante inte-resse público.

§ 2º O Órgão Gestor poderá solicitar assessoriade órgãos, instituições e pessoas de notóriosaber, na área de sua competência, em assuntosque necessitem de conhecimento específico.

Art. 5º Na inclusão da Educação Ambiental emtodos os níveis e modalidades de ensino,recomenda-se como referência os Parâmetros e asDiretrizes Curriculares Nacionais, observando-se:

I - a integração da educação ambiental às disci-plinas de modo transversal, contínuo e perma-nente; e

II - a adequação dos programas já vigentes deformação continuada de educadores.

Art. 6º Para o cumprimento do estabelecido nestedecreto, deverão ser criados, mantidos e imple-mentados, sem prejuízo de outras ações, progra-mas de educação ambiental integrados:

I - a todos os níveis e modalidades de ensino;

II - às atividades de conservação da biodiversida-de, de zoneamento ambiental, de licenciamento erevisão de atividades efetivas ou potencialmentepoluidoras, de gerenciamento de resíduos, degerenciamento costeiro, de gestão de recursoshídricos, de ordenamento de recursos pesqueiros,de manejo sustentável de recursos ambientais, deecoturismo e melhoria de qualidade ambiental;

III - às políticas públicas, econômicas, sociais eculturais, de ciência e tecnologia de comunicação,de transporte, de saneamento e de saúde;

IV - aos processos de capacitação de profissionaispromovidos por empresas, entidades de classe,instituições públicas e privadas;

V - a projetos financiados com recursos públicos;

VI - ao cumprimento da Agenda 21.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A204

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 204

Page 201: Legislação Ambiental Básica

6 . E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 205

§ 1º Cabe ao Poder Público estabelecer mecanis-mos de incentivo à aplicação de recursos privadosem projetos de Educação Ambiental.

§ 2º O Órgão Gestor estimulará os Fundos deMeio Ambiente e de Educação, nos níveis Federal,Estadual e Municipal a alocarem recursos para odesenvolvimento de projetos de EducaçãoAmbiental.

Art. 7º O Ministério do Meio Ambiente, oMinistério da Educação e seus órgãos vinculados,na elaboração dos seus respectivos orçamentos,deverão consignar recursos para a realização das

atividades e para o cumprimento dos objetivos daPolítica Nacional de Educação Ambiental.

Art. 8º A definição de diretrizes para implemen-tação da Política Nacional de Educação Ambi-ental em âmbito nacional, conforme a atribuiçãodo Órgão Gestor definida na lei, deverá ocorrerno prazo de oito meses após a publicação destedecreto, ouvidos o CONAMA e o ConselhoNacional de Educação-CNE.

Art. 9º Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 205

Page 202: Legislação Ambiental Básica

7. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Wig

old

Scha

ffer

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 207

Page 203: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 208

Page 204: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o SistemaNacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA no exercí-cio do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta lei institui o Sistema Nacional deUnidades de Conservação da Natureza-SNUC, esta-belece critérios e normas para a criação, implanta-ção e gestão das unidades de conservação.

Art. 2º Para os fins previstos nesta lei, entende-se por:

I - unidade de conservação: espaço territorial eseus recursos ambientais, incluindo as águasjurisdicionais, com características naturais rele-vantes, legalmente instituído pelo Poder Público,com objetivos de conservação e limites definidos,sob regime especial de administração, ao qual seaplicam garantias adequadas de proteção;

II - conservação da natureza: o manejo do usohumano da natureza, compreendendo a preser-vação, a manutenção, a utilização sustentável, arestauração e a recuperação do ambiente natural,para que possa produzir o maior benefício, embases sustentáveis, às atuais gerações, mantendoseu potencial de satisfazer as necessidades easpirações das gerações futuras, e garantindo asobrevivência dos seres vivos em geral;

III - diversidade biológica: a variabilidade deorganismos vivos de todas as origens, compreen-dendo, entre outros, os ecossistemas terrestres,marinhos e outros ecossistemas aquáticos e oscomplexos ecológicos de que fazem parte; com-preendendo ainda a diversidade dentro de espé-cies, entre espécies e de ecossistemas;

IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águasinteriores, superficiais e subterrâneas, os estuários,

o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementosda biosfera, a fauna e a flora;

V - preservação: conjunto de métodos, procedi-mentos e políticas que visem a proteção a longoprazo das espécies, habitats e ecossistemas, alémda manutenção dos processos ecológicos, preve-nindo a simplificação dos sistemas naturais;

VI - proteção integral: manutenção dos ecossiste-mas livres de alterações causadas por interferên-cia humana, admitido apenas o uso indireto dosseus atributos naturais;

VII - conservação in situ: conservação de ecossis-temas e habitats naturais e a manutenção erecuperação de populações viáveis de espéciesem seus meios naturais e, no caso de espéciesdomesticadas ou cultivadas, nos meios ondetenham desenvolvido suas propriedades caracte-rísticas;

VIII - manejo: todo e qualquer procedimento quevise assegurar a conservação da diversidade bio-lógica e dos ecossistemas;

IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo,coleta, dano ou destruição dos recursos naturais;

X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso,comercial ou não, dos recursos naturais;

XI - uso sustentável: exploração do ambiente demaneira a garantir a perenidade dos recursosambientais renováveis e dos processos ecológi-cos, mantendo a biodiversidade e os demais atri-butos ecológicos, de forma socialmente justa eeconomicamente viável;

XII - extrativismo: sistema de exploração baseadona coleta e extração, de modo sustentável, derecursos naturais renováveis;

XIII - recuperação: restituição de um ecossistemaou de uma população silvestre degradada a uma

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 209

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 209

Page 205: Legislação Ambiental Básica

condição não degradada, que pode ser diferentede sua condição original;

XIV - restauração: restituição de um ecossistemaou de uma população silvestre degradada o maispróximo possível da sua condição original;

XV - (VETADO)

XVI - zoneamento: definição de setores ou zonasem uma unidade de conservação com objetivosde manejo e normas específicos, com o propósitode proporcionar os meios e as condições para quetodos os objetivos da unidade possam ser alcan-çados de forma harmônica e eficaz;

XVII - plano de manejo: documento técnicomediante o qual, com fundamento nos objetivosgerais de uma unidade de conservação, se esta-belece o seu zoneamento e as normas que devempresidir o uso da área e o manejo dos recursosnaturais, inclusive a implantação das estruturasfísicas necessárias à gestão da unidade;

XVIII - zona de amortecimento: o entorno de umaunidade de conservação, onde as atividadeshumanas estão sujeitas a normas e restriçõesespecíficas, com o propósito de minimizar osimpactos negativos sobre a unidade; e

XIX - corredores ecológicos: porções de ecossiste-mas naturais ou seminaturais, ligando unidadesde conservação, que possibilitam entre elas ofluxo de genes e o movimento da biota, facilitandoa dispersão de espécies e a recolonização deáreas degradadas, bem como a manutenção depopulações que demandam para sua sobrevivênciaáreas com extensão maior do que aquela dasunidades individuais.

CAPÍTULO IIDO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DECONSERVAÇÃO DA NATUREZA-SNUC

Art. 3º O SNUC é constituído pelo conjunto dasunidades de conservação federais, estaduais emunicipais, de acordo com o disposto nesta lei.

Art. 4º O SNUC tem os seguintes objetivos:

I - contribuir para a manutenção da diversidadebiológica e dos recursos genéticos no territórionacional e nas águas jurisdicionais;

II - proteger as espécies ameaçadas de extinçãono âmbito regional e nacional;

III - contribuir para a preservação e a restauraçãoda diversidade de ecossistemas naturais;

IV - promover o desenvolvimento sustentável apartir dos recursos naturais;

V - promover a utilização dos princípios e práticasde conservação da natureza no processo dedesenvolvimento;

VI - proteger paisagens naturais e pouco altera-das de notável beleza cênica;

VII - proteger as características relevantes denatureza geológica, geomorfológica, espeleológica,arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degrada-dos;

X - proporcionar meios e incentivos para ativida-des de pesquisa científica, estudos e monitora-mento ambiental;

XI - valorizar econômica e socialmente a diversi-dade biológica;

XII - favorecer condições e promover a educaçãoe interpretação ambiental, a recreação em conta-to com a natureza e o turismo ecológico;

XIII - proteger os recursos naturais necessários àsubsistência de populações tradicionais, respei-tando e valorizando seu conhecimento e sua cul-tura e promovendo-as social e economicamente.

Art. 5º O SNUC será regido por diretrizes que:

I - assegurem que no conjunto das unidades deconservação estejam representadas amostras sig-nificativas e ecologicamente viáveis das diferen-tes populações, habitats e ecossistemas do terri-tório nacional e das águas jurisdicionais, salva-guardando o patrimônio biológico existente;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A210

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 210

Page 206: Legislação Ambiental Básica

II - assegurem os mecanismos e procedimentosnecessários ao envolvimento da sociedade noestabelecimento e na revisão da política nacionalde unidades de conservação;

III - assegurem a participação efetiva das popula-ções locais na criação, implantação e gestão dasunidades de conservação;

IV - busquem o apoio e a cooperação de organiza-ções não-governamentais, de organizações priva-das e pessoas físicas para o desenvolvimento deestudos, pesquisas científicas, práticas de educa-ção ambiental, atividades de lazer e de turismoecológico, monitoramento, manutenção e outrasatividades de gestão das unidades de conservação;

V - incentivem as populações locais e as organi-zações privadas a estabelecerem e administraremunidades de conservação dentro do sistemanacional;

VI - assegurem, nos casos possíveis, a sustentabi-lidade econômica das unidades de conservação;

VII - permitam o uso das unidades de conserva-ção para a conservação in situ de populações dasvariantes genéticas selvagens dos animais e plan-tas domesticados e recursos genéticos silvestres;

VIII - assegurem que o processo de criação e agestão das unidades de conservação sejam feitosde forma integrada com as políticas de adminis-tração das terras e águas circundantes, conside-rando as condições e necessidades sociais e eco-nômicas locais;

IX - considerem as condições e necessidades daspopulações locais no desenvolvimento e adapta-ção de métodos e técnicas de uso sustentável dosrecursos naturais;

X - garantam às populações tradicionais cujasubsistência dependa da utilização de recursosnaturais existentes no interior das unidades deconservação meios de subsistência alternativosou a justa indenização pelos recursos perdidos;

XI - garantam uma alocação adequada dos recur-sos financeiros necessários para que, uma vez

criadas, as unidades de conservação possamser geridas de forma eficaz e atender aos seusobjetivos;

XII - busquem conferir às unidades de conserva-ção, nos casos possíveis e respeitadas as conve-niências da administração, autonomia adminis-trativa e financeira; e

XIII - busquem proteger grandes áreas por meiode um conjunto integrado de unidades de conser-vação de diferentes categorias, próximas ou con-tíguas, e suas respectivas zonas de amortecimentoe corredores ecológicos, integrando as diferentesatividades de preservação da natureza, uso sus-tentável dos recursos naturais e restauração erecuperação dos ecossistemas.

Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintesórgãos, com as respectivas atribuições:

I - Órgão consultivo e deliberativo: o ConselhoNacional do Meio Ambiente-CONAMA, com asatribuições de acompanhar a implementação doSistema;

II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente,com a finalidade de coordenar o Sistema; e

III - Órgãos executores: o Instituto Brasileirodo Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis-IBAMA, os órgãos estaduais e muni-cipais, com a função de implementar o SNUC,subsidiar as propostas de criação e administrar asunidades de conservação federais, estaduais emunicipais, nas respectivas esferas de atuação.

Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excep-cionalmente e a critério do CONAMA, unidadesde conservação estaduais e municipais que, con-cebidas para atender a peculiaridades regionaisou locais, possuam objetivos de manejo que nãopossam ser satisfatoriamente atendidos pornenhuma categoria prevista nesta Lei e cujascaracterísticas permitam, em relação a estas, umaclara distinção.

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 211

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 211

Page 207: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO IIIDAS CATEGORIAS DE UNIDADES

DE CONSERVAÇÃO

Art. 7º As unidades de conservação integrantesdo SNUC dividem-se em dois grupos, com carac-terísticas específicas:

I - Unidades de Proteção Integral;

II - Unidades de Uso Sustentável.

§ 1º O objetivo básico das Unidades de ProteçãoIntegral é preservar a natureza, sendo admitidoapenas o uso indireto dos seus recursos naturais,com exceção dos casos previstos nesta lei.

§ 2º O objetivo básico das Unidades de UsoSustentável é compatibilizar a conservação danatureza com o uso sustentável de parcela dosseus recursos naturais.

Art. 8º O grupo das Unidades de ProteçãoIntegral é composto pelas seguintes categoriasde unidade de conservação:

I - Estação Ecológica;

II - Reserva Biológica;

III - Parque Nacional;

IV - Monumento Natural;

V - Refúgio de Vida Silvestre.

Art. 9º A Estação Ecológica tem como objetivo apreservação da natureza e a realização de pes-quisas científicas.

§ 1º A Estação Ecológica é de posse e domíniopúblicos, sendo que as áreas particulares incluídasem seus limites serão desapropriadas, de acordocom o que dispõe a lei.

§ 2º É proibida a visitação pública, exceto quandocom objetivo educacional, de acordo com o quedispuser o Plano de Manejo da unidade ou regu-lamento específico.

§ 3º A pesquisa científica depende de autorizaçãoprévia do órgão responsável pela administração

da unidade e está sujeita às condições e restri-ções por este estabelecidas, bem como àquelasprevistas em regulamento.

§ 4º Na Estação Ecológica só podem ser permiti-das alterações dos ecossistemas no caso de:

I - medidas que visem a restauração de ecossiste-mas modificados;

II - manejo de espécies com o fim de preservar adiversidade biológica;

III - coleta de componentes dos ecossistemas comfinalidades científicas;

IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre oambiente seja maior do que aquele causado pelasimples observação ou pela coleta controlada decomponentes dos ecossistemas, em uma áreacorrespondente a no máximo três por cento daextensão total da unidade e até o limite de ummil e quinhentos hectares.

Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivoa preservação integral da biota e demais atributosnaturais existentes em seus limites, sem interfe-rência humana direta ou modificações ambientais,excetuando-se as medidas de recuperação deseus ecossistemas alterados e as ações de manejonecessárias para recuperar e preservar o equilí-brio natural, a diversidade biológica e os processosecológicos naturais.

§ 1º A Reserva Biológica é de posse e domíniopúblicos, sendo que as áreas particulares incluídasem seus limites serão desapropriadas, de acordocom o que dispõe a lei.

§ 2º É proibida a visitação pública, exceto aquelacom objetivo educacional, de acordo com regula-mento específico.

§ 3º A pesquisa científica depende de autorizaçãoprévia do órgão responsável pela administraçãoda unidade e está sujeita às condições e restri-ções por este estabelecidas, bem como àquelasprevistas em regulamento.

Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivobásico a preservação de ecossistemas naturais de

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A212

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 212

Page 208: Legislação Ambiental Básica

grande relevância ecológica e beleza cênica, pos-sibilitando a realização de pesquisas científicas eo desenvolvimento de atividades de educação einterpretação ambiental, de recreação em conta-to com a natureza e de turismo ecológico.

§ 1º O Parque Nacional é de posse e domíniopúblicos, sendo que as áreas particulares incluí-das em seus limites serão desapropriadas, deacordo com o que dispõe a lei.

§ 2º A visitação pública está sujeita às normas erestrições estabelecidas no Plano de Manejo daunidade, às normas estabelecidas pelo órgão res-ponsável por sua administração, e àquelas previs-tas em regulamento.

§ 3º A pesquisa científica depende de autorizaçãoprévia do órgão responsável pela administraçãoda unidade e está sujeita às condições e restriçõespor este estabelecidas, bem como àquelas previs-tas em regulamento.

§ 4º As unidades dessa categoria, quando criadaspelo Estado ou Município, serão denominadas,respectivamente, Parque Estadual e ParqueNatural Municipal.

Art. 12. O Monumento Natural tem como obje-tivo básico preservar sítios naturais raros, singularesou de grande beleza cênica.

§ 1º O Monumento Natural pode ser constituídopor áreas particulares, desde que seja possívelcompatibilizar os objetivos da unidade com a uti-lização da terra e dos recursos naturais do localpelos proprietários.

§ 2º Havendo incompatibilidade entre os objeti-vos da área e as atividades privadas ou nãohavendo aquiescência do proprietário às condi-ções propostas pelo órgão responsável pelaadministração da unidade para a coexistência doMonumento Natural com o uso da propriedade, aárea deve ser desapropriada, de acordo com oque dispõe a lei.

§ 3º A visitação pública está sujeita às condiçõese restrições estabelecidas no Plano de Manejo da

unidade, às normas estabelecidas pelo órgão res-ponsável por sua administração e àquelas previs-tas em regulamento.

Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem comoobjetivo proteger ambientes naturais onde seasseguram condições para a existência ou repro-dução de espécies ou comunidades da flora locale da fauna residente ou migratória.

§ 1º O Refúgio de Vida Silvestre pode ser consti-tuído por áreas particulares, desde que seja pos-sível compatibilizar os objetivos da unidade coma utilização da terra e dos recursos naturais dolocal pelos proprietários.

§ 2º Havendo incompatibilidade entre os objeti-vos da área e as atividades privadas ou nãohavendo aquiescência do proprietário às condi-ções propostas pelo órgão responsável pelaadministração da unidade para a coexistência doRefúgio de Vida Silvestre com o uso da proprieda-de, a área deve ser desapropriada, de acordo como que dispõe a lei.

§ 3º A visitação pública está sujeita às normas erestrições estabelecidas no Plano de Manejo daunidade, às normas estabelecidas pelo órgão res-ponsável por sua administração, e àquelas previs-tas em regulamento.

§ 4º A pesquisa científica depende de autorizaçãoprévia do órgão responsável pela administraçãoda unidade e está sujeita às condições e restriçõespor este estabelecidas, bem como àquelas previs-tas em regulamento.

Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades deUso Sustentável as seguintes categorias de uni-dade de conservação:

I - Área de Proteção Ambiental;

II - Área de Relevante Interesse Ecológico;

III - Floresta Nacional;

IV - Reserva Extrativista;

V - Reserva de Fauna;

VI - Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 213

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 213

Page 209: Legislação Ambiental Básica

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é umaárea em geral extensa, com um certo grau deocupação humana, dotada de atributos abióticos,bióticos, estéticos ou culturais especialmenteimportantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como obje-tivos básicos proteger a diversidade biológica,disciplinar o processo de ocupação e assegurar asustentabilidade do uso dos recursos naturais.

§ 1º A Área de Proteção Ambiental é constituídapor terras públicas ou privadas.

§ 2º Respeitados os limites constitucionais,podem ser estabelecidas normas e restrições paraa utilização de uma propriedade privada localiza-da em uma Área de Proteção Ambiental.

§ 3º As condições para a realização de pesquisacientífica e visitação pública nas áreas sob domí-nio público serão estabelecidas pelo órgão gestorda unidade.

§ 4º Nas áreas sob propriedade privada, cabe aoproprietário estabelecer as condições para pes-quisa e visitação pelo público, observadas as exi-gências e restrições legais.

§ 5º A Área de Proteção Ambiental disporá de umConselho presidido pelo órgão responsável porsua administração e constituído por representan-tes dos órgãos públicos, de organizações dasociedade civil e da população residente, confor-me se dispuser no regulamento desta lei.

Art. 16. A Área de Relevante Interesse Ecológicoé uma área em geral de pequena extensão, compouca ou nenhuma ocupação humana, comcaracterísticas naturais extraordinárias ou queabriga exemplares raros da biota regional, e temcomo objetivo manter os ecossistemas naturais deimportância regional ou local e regular o usoadmissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

§ 1º A Área de Relevante Interesse Ecológico éconstituída por terras públicas ou privadas.

§ 2º Respeitados os limites constitucionais,podem ser estabelecidas normas e restrições paraa utilização de uma propriedade privada locali-zada em uma Área de Relevante InteresseEcológico.

Art. 17. A Floresta Nacional é uma área comcobertura florestal de espécies predominante-mente nativas e tem como objetivo básico o usomúltiplo sustentável dos recursos florestais e apesquisa científica, com ênfase em métodos paraexploração sustentável de florestas nativas.

§ 1º A Floresta Nacional é de posse e domíniopúblicos, sendo que as áreas particulares incluí-das em seus limites devem ser desapropriadas deacordo com o que dispõe a lei.

§ 2º Nas Florestas Nacionais é admitida a perma-nência de populações tradicionais que a habitamquando de sua criação, em conformidade com odisposto em regulamento e no Plano de Manejoda unidade.

§ 3º A visitação pública é permitida, condiciona-da às normas estabelecidas para o manejo daunidade pelo órgão responsável por sua adminis-tração.

§ 4º A pesquisa é permitida e incentivada, sujei-tando-se à prévia autorização do órgão responsá-vel pela administração da unidade, às condiçõese restrições por este estabelecidas e àquelas pre-vistas em regulamento.

§ 5º A Floresta Nacional disporá de um ConselhoConsultivo, presidido pelo órgão responsável porsua administração e constituído por representantesde órgãos públicos, de organizações da sociedadecivil e, quando for o caso, das populações tradi-cionais residentes.

§ 6º A unidade desta categoria, quando criadapelo Estado ou Município, será denominada,respectivamente, Floresta Estadual e FlorestaMunicipal.

Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área utili-zada por populações extrativistas tradicionais,

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A214

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 214

Page 210: Legislação Ambiental Básica

cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,complementarmente, na agricultura de subsistên-cia e na criação de animais de pequeno porte, etem como objetivos básicos proteger os meios devida e a cultura dessas populações, e assegurar ouso sustentável dos recursos naturais da unidade.

§ 1º A Reserva Extrativista é de domínio público,com uso concedido às populações extrativistastradicionais conforme o disposto no art. 23 destalei e em regulamentação específica, sendo que asáreas particulares incluídas em seus limitesdevem ser desapropriadas, de acordo com o quedispõe a lei.

§ 2º A Reserva Extrativista será gerida por umConselho Deliberativo, presidido pelo órgão res-ponsável por sua administração e constituído porrepresentantes de órgãos públicos, de organiza-ções da sociedade civil e das populações tradicio-nais residentes na área, conforme se dispuser emregulamento e no ato de criação da unidade.

§ 3º A visitação pública é permitida, desde quecompatível com os interesses locais e de acordocom o disposto no Plano de Manejo da área.

§ 4ºA pesquisa científica é permitida e incentivada,sujeitando-se à prévia autorização do órgãoresponsável pela administração da unidade, àscondições e restrições por este estabelecidas e àsnormas previstas em regulamento.

§ 5º O Plano de Manejo da unidade será aprova-do pelo seu Conselho Deliberativo.

§ 6º São proibidas a exploração de recursosminerais e a caça amadorística ou profissional.

§ 7º A exploração comercial de recursos madei-reiros só será admitida em bases sustentáveis eem situações especiais e complementares àsdemais atividades desenvolvidas na ReservaExtrativista, conforme o disposto em regulamen-to e no Plano de Manejo da unidade.

Art. 19. A Reserva de Fauna é uma área naturalcom populações animais de espécies nativas, ter-restres ou aquáticas, residentes ou migratórias,adequadas para estudos técnico-científicos sobre

o manejo econômico sustentável de recursos fau-nísticos.

§ 1º A Reserva de Fauna é de posse e domíniopúblicos, sendo que as áreas particulares incluí-das em seus limites devem ser desapropriadas deacordo com o que dispõe a lei.

§ 2º A visitação pública pode ser permitida,desde que compatível com o manejo da unidadee de acordo com as normas estabelecidas peloórgão responsável por sua administração.

§ 3º É proibido o exercício da caça amadorísticaou profissional.

§ 4º A comercialização dos produtos e subprodu-tos resultantes das pesquisas obedecerá ao dis-posto nas leis sobre fauna e regulamentos.

Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento Susten-tável é uma área natural que abriga populaçõestradicionais, cuja existência baseia-se em sistemassustentáveis de exploração dos recursos naturais,desenvolvidos ao longo de gerações e adaptadosàs condições ecológicas locais e que desempenhamum papel fundamental na proteção da natureza ena manutenção da diversidade biológica.

§ 1º A Reserva de Desenvolvimento Sustentáveltem como objetivo básico preservar a natureza e,ao mesmo tempo, assegurar as condições e osmeios necessários para a reprodução e a melho-ria dos modos e da qualidade de vida e explora-ção dos recursos naturais das populações tradi-cionais, bem como valorizar, conservar e aperfei-çoar o conhecimento e as técnicas de manejo doambiente, desenvolvido por estas populações.

§ 2º A Reserva de Desenvolvimento Sustentável éde domínio público, sendo que as áreas particula-res incluídas em seus limites devem ser, quandonecessário, desapropriadas, de acordo com o quedispõe a lei.

§ 3º O uso das áreas ocupadas pelas populaçõestradicionais será regulado de acordo com o dis-posto no art. 23 desta lei e em regulamentaçãoespecífica.

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 215

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 215

Page 211: Legislação Ambiental Básica

§ 4º A Reserva de Desenvolvimento Sustentávelserá gerida por um Conselho Deliberativo, presi-dido pelo órgão responsável por sua administra-ção e constituído por representantes de órgãospúblicos, de organizações da sociedade civil e daspopulações tradicionais residentes na área, con-forme se dispuser em regulamento e no ato decriação da unidade.

§ 5º As atividades desenvolvidas na Reserva deDesenvolvimento Sustentável obedecerão àsseguintes condições:

I - é permitida e incentivada a visitação pública,desde que compatível com os interesses locais ede acordo com o disposto no Plano de Manejo daárea;

II - é permitida e incentivada a pesquisa científicavoltada à conservação da natureza, à melhorrelação das populações residentes com seu meioe à educação ambiental, sujeitando-se à préviaautorização do órgão responsável pela adminis-tração da unidade, às condições e restrições poreste estabelecidas e às normas previstas emregulamento;

III - deve ser sempre considerado o equilíbriodinâmico entre o tamanho da população e a con-servação; e

IV - é admitida a exploração de componentes dosecossistemas naturais em regime de manejo sus-tentável e a substituição da cobertura vegetal porespécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zonea-mento, às limitações legais e ao Plano de Manejoda área.

§ 6º O Plano de Manejo da Reserva deDesenvolvimento Sustentável definirá as zonasde proteção integral, de uso sustentável e deamortecimento e corredores ecológicos, e seráaprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.

Art. 21. A Reserva Particular do PatrimônioNatural é uma área privada, gravada com perpe-tuidade, com o objetivo de conservar a diversida-de biológica.

§ 1º O gravame de que trata este artigo constará

de termo de compromisso assinado perante oórgão ambiental, que verificará a existência deinteresse público, e será averbado à margem dainscrição no Registro Público de Imóveis.

§ 2º Só poderá ser permitida, na ReservaParticular do Patrimônio Natural, conforme se dis-puser em regulamento:

I - a pesquisa científica;

II - a visitação com objetivos turísticos, recreativose educacionais;

III - (VETADO)

§ 3º Os órgãos integrantes do SNUC, sempre quepossível e oportuno, prestarão orientação técnicae científica ao proprietário de Reserva Particulardo Patrimônio Natural para a elaboração de umPlano de Manejo ou de Proteção e de Gestão daunidade.

CAPÍTULO IVDA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃODAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Art. 22. As unidades de conservação são criadaspor ato do Poder Público.

§ 1º (VETADO)

§ 2º A criação de uma unidade de conservaçãodeve ser precedida de estudos técnicos e de con-sulta pública que permitam identificar a localiza-ção, a dimensão e os limites mais adequadospara a unidade, conforme se dispuser em regula-mento.

§ 3º No processo de consulta de que trata o § 2º,o Poder Público é obrigado a fornecer informa-ções adequadas e inteligíveis à população local ea outras partes interessadas.

§ 4º Na criação de Estação Ecológica ou ReservaBiológica não é obrigatória a consulta de quetrata o § 2º deste artigo.

§ 5º As unidades de conservação do grupo deUso Sustentável podem ser transformadas totalou parcialmente em unidades do grupo deProteção Integral, por instrumento normativo do

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A216

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 216

Page 212: Legislação Ambiental Básica

mesmo nível hierárquico do que criou a unidade,desde que obedecidos os procedimentos de con-sulta estabelecidos no § 2º deste artigo.

§ 6º A ampliação dos limites de uma unidade deconservação, sem modificação dos seus limitesoriginais, exceto pelo acréscimo proposto, podeser feita por instrumento normativo do mesmonível hierárquico do que criou a unidade, desdeque obedecidos os procedimentos de consultaestabelecidos no § 2º deste artigo.

§ 7º A desafetação ou redução dos limites deuma unidade de conservação só pode ser feitamediante lei específica.

Art. 22-A. O Poder Público poderá decretar limi-tações administrativas provisórias ao exercício deatividades e empreendimentos efetiva ou poten-cialmente causadores de degradação ambientalem área submetida a estudo para criação deunidade de conservação, quando, a critério doórgão ambiental competente, houver risco dedano grave aos recursos naturais ali existentes.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 239, de 2005, e convalidada pela Leinº 11.132, de 2005)

§ 1º Sem prejuízo da restrição e observada a res-salva constante do caput, na área submetida alimitações administrativas, não serão permitidasatividades que importem em exploração a corteraso da floresta e demais formas de vegetaçãonativa. (Redação dada pelo(a) Lei nº 11.132, de2005)

§ 2º A destinação final da área submetida ao dis-posto neste artigo será definida no prazo de 7(sete) meses, improrrogáveis, findo o qual ficaextinta a limitação administrativa. (Redação dadapelo(a) Lei nº 11.132, de 2005)

§ 3º (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 11.132, de2005)

Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadaspelas populações tradicionais nas ReservasExtrativistas e Reservas de DesenvolvimentoSustentável serão regulados por contrato, confor-me se dispuser no regulamento desta lei.

§ 1º As populações de que trata este artigo obri-gam-se a participar da preservação, recuperação,defesa e manutenção da unidade de conserva-ção.

§ 2º O uso dos recursos naturais pelas popula-ções de que trata este artigo obedecerá àsseguintes normas:

I - proibição do uso de espécies localmenteameaçadas de extinção ou de práticas que dani-fiquem os seus habitats;

II - proibição de práticas ou atividades que impe-çam a regeneração natural dos ecossistemas;

III - demais normas estabelecidas na legislação,no Plano de Manejo da unidade de conservaçãoe no contrato de concessão de direito real de uso.

Art. 24. O subsolo e o espaço aéreo, sempre queinfluírem na estabilidade do ecossistema, inte-gram os limites das unidades de conservação.

Art. 25. As unidades de conservação, excetoÁrea de Proteção Ambiental e Reserva Particulardo Patrimônio Natural, devem possuir uma zonade amortecimento e, quando conveniente, corre-dores ecológicos.

§ 1º O órgão responsável pela administração daunidade estabelecerá normas específicas regula-mentando a ocupação e o uso dos recursos dazona de amortecimento e dos corredores ecológi-cos de uma unidade de conservação.

§ 2º Os limites da zona de amortecimento e doscorredores ecológicos e as respectivas normas deque trata o § 1º poderão ser definidas no ato decriação da unidade ou posteriormente.

Art. 26. Quando existir um conjunto de unidadesde conservação de categorias diferentes ou não,próximas, justapostas ou sobrepostas, e outrasáreas protegidas públicas ou privadas, constituin-do um mosaico, a gestão do conjunto deverá serfeita de forma integrada e participativa, conside-rando-se os seus distintos objetivos de conserva-ção, de forma a compatibilizar a presença da bio-diversidade, a valorização da sociodiversidade e odesenvolvimento sustentável no contexto regional.

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 217

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 217

Page 213: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. O regulamento desta lei disporásobre a forma de gestão integrada do conjuntodas unidades.

Art. 27. As unidades de conservação devemdispor de um Plano de Manejo.

§ 1º O Plano de Manejo deve abranger a área daunidade de conservação, sua zona de amorteci-mento e os corredores ecológicos, incluindo medi-das com o fim de promover sua integração à vidaeconômica e social das comunidades vizinhas.

§ 2º Na elaboração, atualização e implementaçãodo Plano de Manejo das Reservas Extrativistas,das Reservas de Desenvolvimento Sustentável,das Áreas de Proteção Ambiental e, quando cou-ber, das Florestas Nacionais e das Áreas deRelevante Interesse Ecológico, será assegurada aampla participação da população residente.

§ 3º O Plano de Manejo de uma unidade de con-servação deve ser elaborado no prazo de cincoanos a partir da data de sua criação.

§ 4º O Plano de Manejo poderá dispor sobre asatividades de liberação planejada e cultivo deorganismos geneticamente modificados nasÁreas de Proteção Ambiental e nas zonas deamortecimento das demais categorias de unidadede conservação, observadas as informações con-tidas na decisão técnica da Comissão TécnicaNacional de Biossegurança-CTNBio sobre:

I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos eparentes silvestres;

II - as características de reprodução, dispersão esobrevivência do organismo geneticamentemodificado;

III - o isolamento reprodutivo do organismo gene-ticamente modificado em relação aos seus ances-trais diretos e parentes silvestres; e

IV - situações de risco do organismo genetica-mente modificado à biodiversidade.

Art. 28. São proibidas, nas unidades de conser-vação, quaisquer alterações, atividades oumodalidades de utilização em desacordo com osseus objetivos, o seu Plano de Manejo e seusregulamentos.

Parágrafo único. Até que seja elaborado o Planode Manejo, todas as atividades e obras desenvol-vidas nas unidades de conservação de proteçãointegral devem se limitar àquelas destinadas agarantir a integridade dos recursos que a unida-de objetiva proteger, assegurando-se às popula-ções tradicionais porventura residentes na áreaas condições e os meios necessários para a satis-fação de suas necessidades materiais, sociais eculturais.

Art. 29. Cada unidade de conservação do grupode Proteção Integral disporá de um ConselhoConsultivo, presidido pelo órgão responsável porsua administração e constituído por representan-tes de órgãos públicos, de organizações da socie-dade civil, por proprietários de terras localizadasem Refúgio de Vida Silvestre ou MonumentoNatural, quando for o caso, e, na hipótese previs-ta no § 2º do art. 42, das populações tradicionaisresidentes, conforme se dispuser em regulamentoe no ato de criação da unidade.

Art. 30. As unidades de conservação podem sergeridas por organizações da sociedade civil deinteresse público com objetivos afins aos da uni-dade, mediante instrumento a ser firmado com oórgão responsável por sua gestão.

Art. 31. É proibida a introdução nas unidades deconservação de espécies não autóctones.

§ 1º Excetuam-se do disposto neste artigo asÁreas de Proteção Ambiental, as FlorestasNacionais, as Reservas Extrativistas e as Reservasde Desenvolvimento Sustentável, bem como osanimais e plantas necessários à administração eàs atividades das demais categorias de unidadesde conservação, de acordo com o que se dispuserem regulamento e no Plano de Manejo da unidade.

§ 2º Nas áreas particulares localizadas emRefúgios de Vida Silvestre e MonumentosNaturais podem ser criados animais domésticos ecultivadas plantas considerados compatíveis comas finalidades da unidade, de acordo com o quedispuser o seu Plano de Manejo.

Art. 32. Os órgãos executores articular-se-ãocom a comunidade científica com o propósito de

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A218

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 218

Page 214: Legislação Ambiental Básica

incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobrea fauna, a flora e a ecologia das unidades de con-servação e sobre formas de uso sustentável dosrecursos naturais, valorizando-se o conhecimentodas populações tradicionais.

§ 1º As pesquisas científicas nas unidades deconservação não podem colocar em risco a sobre-vivência das espécies integrantes dos ecossiste-mas protegidos.

§ 2º A realização de pesquisas científicas nas uni-dades de conservação, exceto Área de ProteçãoAmbiental e Reserva Particular do PatrimônioNatural, depende de aprovação prévia e estásujeita à fiscalização do órgão responsável porsua administração.

§ 3º Os órgãos competentes podem transferirpara as instituições de pesquisa nacionais,mediante acordo, a atribuição de aprovar a reali-zação de pesquisas científicas e de credenciarpesquisadores para trabalharem nas unidades deconservação.

Art. 33. A exploração comercial de produtos,subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvi-dos a partir dos recursos naturais, biológicos,cênicos ou culturais ou da exploração da imagemde unidade de conservação, exceto Área deProteção Ambiental e Reserva Particular doPatrimônio Natural, dependerá de prévia autori-zação e sujeitará o explorador a pagamento, con-forme disposto em regulamento.

Art. 34. Os órgãos responsáveis pela administra-ção das unidades de conservação podem receberrecursos ou doações de qualquer natureza, nacionaisou internacionais, com ou sem encargos, prove-nientes de organizações privadas ou públicas oude pessoas físicas que desejarem colaborar com asua conservação.

Parágrafo único. A administração dos recursosobtidos cabe ao órgão gestor da unidade, e estesserão utilizados exclusivamente na sua implantação,gestão e manutenção.

Art. 35. Os recursos obtidos pelas unidadesde conservação do Grupo de Proteção Integralmediante a cobrança de taxa de visitação e

outras rendas decorrentes de arrecadação, servi-ços e atividades da própria unidade serão aplica-dos de acordo com os seguintes critérios:

I - até cinqüenta por cento, e não menos quevinte e cinco por cento, na implementação, manu-tenção e gestão da própria unidade;

II - até cinqüenta por cento, e não menos quevinte e cinco por cento, na regularização fundiá-ria das unidades de conservação do Grupo;

III - até cinqüenta por cento, e não menos quequinze por cento, na implementação, manuten-ção e gestão de outras unidades de conservaçãodo Grupo de Proteção Integral.

Art. 36. Nos casos de licenciamento ambientalde empreendimentos de significativo impactoambiental, assim considerado pelo órgão ambi-ental competente, com fundamento em estudo deimpacto ambiental e respectivo relatório-EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar aimplantação e manutenção de unidade de conser-vação do Grupo de Proteção Integral, de acordocom o disposto neste artigo e no regulamentodesta lei.

§ 1º O montante de recursos a ser destinado peloempreendedor para esta finalidade não pode serinferior a meio por cento dos custos totais previs-tos para a implantação do empreendimento,sendo o percentual fixado pelo órgão ambientallicenciador, de acordo com o grau de impactoambiental causado pelo empreendimento.

§ 2º Ao órgão ambiental licenciador competedefinir as unidades de conservação a serem bene-ficiadas, considerando as propostas apresentadasno EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendoinclusive ser contemplada a criação de novas uni-dades de conservação.

§ 3º Quando o empreendimento afetar unidadede conservação específica ou sua zona de amor-tecimento, o licenciamento a que se refere ocaput deste artigo só poderá ser concedidomediante autorização do órgão responsável por

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 219

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 219

Page 215: Legislação Ambiental Básica

sua administração, e a unidade afetada, mesmoque não pertencente ao Grupo de ProteçãoIntegral, deverá ser uma das beneficiárias dacompensação definida neste artigo.

CAPÍTULOVDOS INCENTIVOS, ISENÇÕES E PENALIDADES

Art. 37. (VETADO)

Art. 38. A ação ou omissão das pessoas físicasou jurídicas que importem inobservância aos pre-ceitos desta lei e a seus regulamentos ou resul-tem em dano à flora, à fauna e aos demais atri-butos naturais das unidades de conservação, bemcomo às suas instalações e às zonas de amorte-cimento e corredores ecológicos, sujeitam osinfratores às sanções previstas em lei.

Art. 39. Dê-se ao art. 40 da Lei nº 9.605, de 12de fevereiro de 1998, a seguinte redação:

“Art. 40. (VETADO)”

“§ 1º Entende-se por Unidades de Conservaçãode Proteção Integral as Estações Ecológicas, asReservas Biológicas, os Parques Nacionais, osMonumentos Naturais e os Refúgios de VidaSilvestre.” (NR)

“§ 2º A ocorrência de dano afetando espéciesameaçadas de extinção no interior das Unidadesde Conservação de Proteção Integral será consi-derada circunstância agravante para a fixação dapena.” (NR)

“§ 3º .....................................................................................................................................”

Art. 40. Acrescente-se à Lei nº 9.605, de 1998,o seguinte art. 40-A:

“Art. 40-A. (VETADO)”

“§ 1º Entende-se por Unidades de Conservaçãode Uso Sustentável as Áreas de ProteçãoAmbiental,as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, asFlorestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, asReservas de Fauna, as Reservas de Desenvol-vimento Sustentável e as Reservas Particulares doPatrimônio Natural.” (AC)

“§ 2º A ocorrência de dano afetando espéciesameaçadas de extinção no interior das Unidadesde Conservação de Uso Sustentável será conside-rada circunstância agravante para a fixação dapena.” (AC)

“§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzi-da à metade.” (AC)

CAPÍTULO VIDAS RESERVAS DA BIOSFERA

Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo,adotado internacionalmente, de gestão integrada,participativa e sustentável dos recursos naturais,com os objetivos básicos de preservação da diver-sidade biológica, o desenvolvimento de atividadesde pesquisa, o monitoramento ambiental, a edu-cação ambiental, o desenvolvimento sustentávele a melhoria da qualidade de vida das populações.

§ 1º A Reserva da Biosfera é constituída por:

I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à pro-teção integral da natureza;

II - uma ou várias zonas de amortecimento, ondesó são admitidas atividades que não resultem emdano para as áreas-núcleo; e

III - uma ou várias zonas de transição, sem limitesrígidos, onde o processo de ocupação e o manejodos recursos naturais são planejados e conduzidosde modo participativo e em bases sustentáveis.

§ 2º A Reserva da Biosfera é constituída por áreasde domínio público ou privado.

§ 3º A Reserva da Biosfera pode ser integrada porunidades de conservação já criadas pelo PoderPúblico, respeitadas as normas legais que discipli-nam o manejo de cada categoria específica.

§ 4º A Reserva da Biosfera é gerida por umConselho Deliberativo, formado por representantesde instituições públicas, de organizações dasociedade civil e da população residente, conformese dispuser em regulamento e no ato de consti-tuição da unidade.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A220

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 220

Page 216: Legislação Ambiental Básica

§ 5º A Reserva da Biosfera é reconhecida peloPrograma Intergovernamental O Homem e aBiosfera-MAB, estabelecido pela Unesco, organi-zação da qual o Brasil é membro.

CAPÍTULO VIIDAS DISPOSIÇÕES GERAIS E

TRANSITÓRIAS

Art. 42. As populações tradicionais residentesem unidades de conservação nas quais sua per-manência não seja permitida serão indenizadasou compensadas pelas benfeitorias existentes edevidamente realocadas pelo Poder Público, emlocal e condições acordados entre as partes.

§ 1º O Poder Público, por meio do órgão compe-tente, priorizará o reassentamento das popula-ções tradicionais a serem realocadas.

§ 2º Até que seja possível efetuar o reassenta-mento de que trata este artigo, serão estabeleci-das normas e ações específicas destinadas acompatibilizar a presença das populações tradi-cionais residentes com os objetivos da unidade,sem prejuízo dos modos de vida, das fontes desubsistência e dos locais de moradia destas popu-lações, assegurando-se a sua participação naelaboração das referidas normas e ações.

§ 3º Na hipótese prevista no § 2º, as normasregulando o prazo de permanência e suas condi-ções serão estabelecidas em regulamento.

Art. 43. O Poder Público fará o levantamentonacional das terras devolutas, com o objetivo dedefinir áreas destinadas à conservação da nature-za, no prazo de cinco anos após a publicaçãodesta lei.

Art. 44. As ilhas oceânicas e costeiras destinam-se prioritariamente à proteção da natureza e suadestinação para fins diversos deve ser precedidade autorização do órgão ambiental competente.

Parágrafo único. Estão dispensados da autorizaçãocitada no caput os órgãos que se utilizam das cita-das ilhas por força de dispositivos legais ou quan-

do decorrente de compromissos legais assumidos.

Art. 45. Excluem-se das indenizações referentesà regularização fundiária das unidades de conser-vação, derivadas ou não de desapropriação:

I - (VETADO)

II - (VETADO)

III - as espécies arbóreas declaradas imunes decorte pelo Poder Público;

IV - expectativas de ganhos e lucro cessante;

V - o resultado de cálculo efetuado mediante aoperação de juros compostos;

VI - as áreas que não tenham prova de domínioinequívoco e anterior à criação da unidade.

Art. 46. A instalação de redes de abastecimentode água, esgoto, energia e infra-estrutura urbanaem geral, em unidades de conservação ondeestes equipamentos são admitidos depende deprévia aprovação do órgão responsável por suaadministração, sem prejuízo da necessidade deelaboração de estudos de impacto ambiental eoutras exigências legais.

Parágrafo único. Esta mesma condição se aplica àzona de amortecimento das unidades do Grupode Proteção Integral, bem como às áreas de pro-priedade privada inseridas nos limites dessas uni-dades e ainda não indenizadas.

Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado,responsável pelo abastecimento de água ou quefaça uso de recursos hídricos, beneficiário da pro-teção proporcionada por uma unidade de conser-vação, deve contribuir financeiramente para aproteção e implementação da unidade, de acordocom o disposto em regulamentação específica.

Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado,responsável pela geração e distribuição de ener-gia elétrica, beneficiário da proteção oferecidapor uma unidade de conservação, deve contribuirfinanceiramente para a proteção e implementaçãoda unidade, de acordo com o disposto em regu-lamentação específica.

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 221

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 221

Page 217: Legislação Ambiental Básica

Art. 49. A área de uma unidade de conservaçãodo Grupo de Proteção Integral é consideradazona rural, para os efeitos legais.

Parágrafo único. A zona de amortecimento dasunidades de conservação de que trata este artigo,uma vez definida formalmente, não pode sertransformada em zona urbana.

Art. 50. O Ministério do Meio Ambiente organi-zará e manterá um Cadastro Nacional de Unida-des de Conservação, com a colaboração do IBAMAe dos órgãos estaduais e municipais competentes.

§ 1º O Cadastro a que se refere este artigo con-terá os dados principais de cada unidade de con-servação, incluindo, dentre outras característicasrelevantes, informações sobre espécies ameaça-das de extinção, situação fundiária, recursoshídricos, clima, solos e aspectos socioculturais eantropológicos.

§ 2º O Ministério do Meio Ambiente divulgará ecolocará à disposição do público interessado osdados constantes do Cadastro.

Art. 51. O Poder Executivo Federal submeterá àapreciação do Congresso Nacional, a cada doisanos, um relatório de avaliação global da situaçãodas unidades de conservação federais do país.

Art. 52. Os mapas e cartas oficiais devem indicaras áreas que compõem o SNUC.

Art. 53. O IBAMA elaborará e divulgará periodi-camente uma relação revista e atualizada dasespécies da flora e da fauna ameaçadas de extin-ção no território brasileiro.

Parágrafo único. O IBAMA incentivará os compe-tentes órgãos estaduais e municipais a elabora-rem relações equivalentes abrangendo suas res-pectivas áreas de jurisdição.

Art. 54. O IBAMA, excepcionalmente, pode per-mitir a captura de exemplares de espécies amea-çadas de extinção destinadas a programas decriação em cativeiro ou formação de coleçõescientíficas, de acordo com o disposto nesta lei eem regulamentação específica.

Art. 55.As unidades de conservação e áreas pro-tegidas criadas com base nas legislações anterio-res e que não pertençam às categorias previstasnesta lei serão reavaliadas, no todo ou em parte,no prazo de até dois anos, com o objetivo de defi-nir sua destinação com base na categoria e fun-ção para as quais foram criadas, conforme o dis-posto no regulamento desta lei.

Art. 56. (VETADO)

Art. 57. Os órgãos federais responsáveis pelaexecução das políticas ambiental e indigenistadeverão instituir grupos de trabalho para, noprazo de cento e oitenta dias a partir da vigênciadesta lei, propor as diretrizes a serem adotadascom vistas à regularização das eventuais super-posições entre áreas indígenas e unidades deconservação.

Parágrafo único. No ato de criação dos grupos detrabalho serão fixados os participantes, bemcomo a estratégia de ação e a abrangência dostrabalhos, garantida a participação das comuni-dades envolvidas.

Art. 57-A. O Poder Executivo estabelecerá oslimites para o plantio de organismos genetica-mente modificados nas áreas que circundam asunidades de conservação até que seja fixada suazona de amortecimento e aprovado o seu respec-tivo Plano de Manejo.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigonão se aplica às Áreas de Proteção Ambiental eReservas de Particulares do Patrimônio Nacional.

Art. 58. O Poder Executivo regulamentará estalei, no que for necessário à sua aplicação, noprazo de cento e oitenta dias a partir da data desua publicação.

Art. 59. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

Art. 60. Revogam-se os arts. 5º e 6º da Leinº 4.771, de 15 de setembro de 1965; o art. 5ºda Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967; e o art.18 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A222

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 222

Page 218: Legislação Ambiental Básica

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri-buições que lhe conferem o art. 84, inciso IV, e oart. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII, da ConstituiçãoFederal, e tendo em vista o disposto na Leinº 9.985, de 18 de julho de 2000,

DECRETA :

Art. 1º Este decreto regulamenta os arts. 22, 24,25, 26, 27, 29, 30, 33, 36, 41, 42, 47, 48 e 55 daLei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, bem comoos arts. 15, 17, 18 e 20, no que concerne aos con-selhos das unidades de conservação.

CAPÍTULO IDA CRIAÇÃO DE UNIDADE DE

CONSERVAÇÃO

Art. 2º O ato de criação de uma unidade de con-servação deve indicar:

I - a denominação, a categoria de manejo, osobjetivos, os limites, a área da unidade e o órgãoresponsável por sua administração;

II - a população tradicional beneficiária, no casodas Reservas Extrativistas e das Reservas deDesenvolvimento Sustentável;

III - a população tradicional residente, quandocouber, no caso das Florestas Nacionais, FlorestasEstaduais ou Florestas Municipais; e

IV - as atividades econômicas, de segurança e dedefesa nacional envolvidas.

Art. 3º A denominação de cada unidade de con-servação deverá basear-se, preferencialmente, nasua característica natural mais significativa, ou nasua denominação mais antiga, dando-se priorida-de, neste último caso, às designações indígenasancestrais.

Art. 4º Compete ao órgão executor proponentede nova unidade de conservação elaborar os

estudos técnicos preliminares e realizar, quandofor o caso, a consulta pública e os demais proce-dimentos administrativos necessários à criaçãoda unidade.

Art. 5º A consulta pública para a criação de uni-dade de conservação tem a finalidade de subsi-diar a definição da localização, da dimensão edos limites mais adequados para a unidade.

§ 1º A consulta consiste em reuniões públicas ou,a critério do órgão ambiental competente, outrasformas de oitiva da população local e de outraspartes interessadas.

§ 2º No processo de consulta pública, o órgãoexecutor competente deve indicar, de modo claroe em linguagem acessível, as implicações para apopulação residente no interior e no entorno daunidade proposta.

CAPÍTULO IIDO SUBSOLO E DO ESPAÇO AÉREO

Art. 6º Os limites da unidade de conservação, emrelação ao subsolo, são estabelecidos:

I - no ato de sua criação, no caso de Unidade deConservação de Proteção Integral; e

II - no ato de sua criação ou no Plano de Manejo,no caso de Unidade de Conservação de UsoSustentável.

Art. 7º Os limites da unidade de conservação, emrelação ao espaço aéreo, são estabelecidos noPlano de Manejo, embasados em estudos técnicosrealizados pelo órgão gestor da unidade de con-servação, consultada a autoridade aeronáuticacompetente e de acordo com a legislação vigente.

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 223

Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002Regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacionalde Unidades de Conservação da Natureza-SNUC, e dá outras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 223

Page 219: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO IIIDO MOSAICO DE UNIDADES

DE CONSERVAÇÃO

Art. 8º O mosaico de unidades de conservaçãoserá reconhecido em ato do Ministério do MeioAmbiente, a pedido dos órgãos gestores das uni-dades de conservação.

Art. 9º O mosaico deverá dispor de um conselhode mosaico, com caráter consultivo e a função deatuar como instância de gestão integrada dasunidades de conservação que o compõem.

§ 1º A composição do conselho de mosaico éestabelecida na portaria que institui o mosaico edeverá obedecer aos mesmos critérios estabeleci-dos no Capítulo V deste decreto.

§ 2º O conselho de mosaico terá como presiden-te um dos chefes das unidades de conservaçãoque o compõem, o qual será escolhido pela maio-ria simples de seus membros.

Art. 10. Compete ao conselho de cada mosaico:

I - elaborar seu regimento interno, no prazo denoventa dias, contados da sua instituição;

II - propor diretrizes e ações para compatibilizar,integrar e otimizar:

a) as atividades desenvolvidas em cada unidadede conservação, tendo em vista, especialmente:

1. os usos na fronteira entre unidades;

2. o acesso às unidades;

3. a fiscalização;

4. o monitoramento e avaliação dos Planos deManejo;

5. a pesquisa científica; e

6. a alocação de recursos advindos da compensa-ção referente ao licenciamento ambiental deempreendimentos com significativo impactoambiental;

b) a relação com a população residente na áreado mosaico;

III - manifestar-se sobre propostas de soluçãopara a sobreposição de unidades; e

IV - manifestar-se, quando provocado por órgãoexecutor, por conselho de unidade de conserva-ção ou por outro órgão do Sistema Nacional doMeio Ambiente-SISNAMA, sobre assunto de inte-resse para a gestão do mosaico.

Art. 11. Os corredores ecológicos, reconhecidosem ato do Ministério do Meio Ambiente, integramos mosaicos para fins de sua gestão.

Parágrafo único. Na ausência de mosaico, o cor-redor ecológico que interliga unidades de conser-vação terá o mesmo tratamento da sua zona deamortecimento.

CAPÍTULO IVDO PLANO DE MANEJO

Art. 12. O Plano de Manejo da unidade de con-servação, elaborado pelo órgão gestor ou peloproprietário quando for o caso, será aprovado:

I - em portaria do órgão executor, no caso deEstação Ecológica, Reserva Biológica, ParqueNacional, Monumento Natural, Refúgio de VidaSilvestre, Área de Proteção Ambiental, Área deRelevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional,Reserva de Fauna e Reserva Particular doPatrimônio Natural;

II - em resolução do conselho deliberativo, nocaso de Reserva Extrativista e Reserva deDesenvolvimento Sustentável, após prévia apro-vação do órgão executor.

Art. 13. O contrato de concessão de direito realde uso e o termo de compromisso firmados compopulações tradicionais das Reservas Extrativistase Reservas de Uso Sustentável devem estar deacordo com o Plano de Manejo, devendo serrevistos, se necessário.

Art. 14. Os órgãos executores do SistemaNacional de Unidades de Conservação daNatureza-SNUC, em suas respectivas esferas deatuação, devem estabelecer, no prazo de cento eoitenta dias, a partir da publicação deste decreto,roteiro metodológico básico para a elaboraçãodos Planos de Manejo das diferentes categoriasde unidades de conservação, uniformizando

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A224

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 224

Page 220: Legislação Ambiental Básica

conceitos e metodologias, fixando diretrizes parao diagnóstico da unidade, zoneamento, progra-mas de manejo, prazos de avaliação e de revisãoe fases de implementação.

Art. 15. A partir da criação de cada unidade deconservação e até que seja estabelecido o Planode Manejo, devem ser formalizadas e implemen-tadas ações de proteção e fiscalização.

Art. 16. O Plano de Manejo aprovado deve estardisponível para consulta do público na sede daunidade de conservação e no centro de documen-tação do órgão executor.

CAPÍTULO VDO CONSELHO

Art. 17. As categorias de unidade de conservaçãopoderão ter, conforme a Lei nº 9.985, de 2000,conselho consultivo ou deliberativo, que serãopresididos pelo chefe da unidade de conservação,o qual designará os demais conselheiros indica-dos pelos setores a serem representados.

§ 1º A representação dos órgãos públicos devecontemplar, quando couber, os órgãos ambientaisdos três níveis da Federação e órgãos de áreasafins, tais como pesquisa científica, educação,defesa nacional, cultura, turismo, paisagem,arquitetura, arqueologia e povos indígenas eassentamentos agrícolas.

§ 2º A representação da sociedade civil deve con-templar, quando couber, a comunidade científicae organizações não-governamentais ambientalis-tas com atuação comprovada na região da unida-de, população residente e do entorno, populaçãotradicional, proprietários de imóveis no interiorda unidade, trabalhadores e setor privado atuan-tes na região e representantes dos Comitês deBacia Hidrográfica.

§ 3º A representação dos órgãos públicos e dasociedade civil nos conselhos deve ser, sempreque possível, paritária, considerando as peculiari-dades regionais.

§ 4º A Organização da Sociedade Civil deInteresse Público-OSCIP com representação no

conselho de unidade de conservação não pode secandidatar à gestão de que trata o Capítulo VIdeste decreto.

§ 5º O mandato do conselheiro é de dois anos,renovável por igual período, não remunerado econsiderado atividade de relevante interessepúblico.

§ 6º No caso de unidade de conservação munici-pal, o Conselho Municipal de Defesa do MeioAmbiente, ou órgão equivalente, cuja composiçãoobedeça ao disposto neste artigo, e com compe-tências que incluam aquelas especificadas no art.20 deste decreto, pode ser designado como con-selho da unidade de conservação.

Art. 18. A reunião do conselho da unidade deconservação deve ser pública, com pauta preesta-belecida no ato da convocação e realizada emlocal de fácil acesso.

Art. 19. Compete ao órgão executor:

I - convocar o conselho com antecedência mínimade sete dias;

II - prestar apoio à participação dos conselheirosnas reuniões, sempre que solicitado e devidamen-te justificado.

Parágrafo único. O apoio do órgão executor indi-cado no inciso II não restringe aquele que possaser prestado por outras organizações.

Art. 20. Compete ao conselho de unidade deconservação:

I - elaborar o seu regimento interno, no prazo denoventa dias, contados da sua instalação;

II - acompanhar a elaboração, implementação erevisão do Plano de Manejo da unidade de con-servação, quando couber, garantindo o seu cará-ter participativo;

III - buscar a integração da unidade de conserva-ção com as demais unidades e espaços territoriaisespecialmente protegidos e com o seu entorno;

IV - esforçar-se para compatibilizar os interessesdos diversos segmentos sociais relacionados coma unidade;

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 225

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 225

Page 221: Legislação Ambiental Básica

V - avaliar o orçamento da unidade e o relatóriofinanceiro anual elaborado pelo órgão executorem relação aos objetivos da unidade de conser-vação;

VI - opinar, no caso de conselho consultivo, ouratificar, no caso de conselho deliberativo, a con-tratação e os dispositivos do termo de parceriacom OSCIP, na hipótese de gestão compartilhadada unidade;

VII - acompanhar a gestão por OSCIP e recomendara rescisão do termo de parceria, quando consta-tada irregularidade;

VIII - manifestar-se sobre obra ou atividadepotencialmente causadora de impacto na unida-de de conservação, em sua zona de amortecimen-to, mosaicos ou corredores ecológicos; e

IX - propor diretrizes e ações para compatibilizar,integrar e otimizar a relação com a populaçãodo entorno ou do interior da unidade, conformeo caso.

CAPÍTULO VIDA GESTÃO COMPARTILHADA COM OSCIP

Art. 21. A gestão compartilhada de unidade deconservação por Oscip é regulada por termo deparceria firmado com o órgão executor, nos ter-mos da Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999.

Art. 22. Poderá gerir unidade de conservação aOscip que preencha os seguintes requisitos:

I - tenha dentre seus objetivos institucionais aproteção do meio ambiente ou a promoção dodesenvolvimento sustentável; e

II - comprove a realização de atividades de prote-ção do meio ambiente ou desenvolvimento sus-tentável, preferencialmente na unidade de con-servação ou no mesmo bioma.

Art. 23. O edital para seleção de OSCIP, visandoa gestão compartilhada, deve ser publicado comno mínimo sessenta dias de antecedência, em jor-nal de grande circulação na região da unidade de

conservação e no Diário Oficial, nos termos da Leinº 8.666, de 21 de junho de 1993.

Parágrafo único. Os termos de referência para aapresentação de proposta pelas OSCIP serãodefinidos pelo órgão executor, ouvido o conselhoda unidade.

Art. 24. A OSCIP deve encaminhar anualmenterelatórios de suas atividades para apreciação doórgão executor e do conselho da unidade.

CAPÍTULO VIIDA AUTORIZAÇÃO PARA A EXPLORAÇÃO

DE BENS E SERVIÇOS

Art. 25. É passível de autorização a exploraçãode produtos, subprodutos ou serviços inerentesàs unidades de conservação, de acordo com osobjetivos de cada categoria de unidade.

Parágrafo único. Para os fins deste decreto,entende-se por produtos, sub-produtos ou servi-ços inerentes à unidade de conservação:

I - aqueles destinados a dar suporte físico e logís-tico à sua administração e à implementação dasatividades de uso comum do público, tais comovisitação, recreação e turismo;

II - a exploração de recursos florestais e outrosrecursos naturais em Unidades de Conservação deUso Sustentável, nos limites estabelecidos em lei.

Art. 26. A partir da publicação deste decreto,novas autorizações para a exploração comercialde produtos, sub-produtos ou serviços em unida-de de conservação de domínio público só serãopermitidas se previstas no Plano de Manejo,mediante decisão do órgão executor, ouvido oconselho da unidade de conservação.

Art. 27. O uso de imagens de unidade de conser-vação com finalidade comercial será cobradoconforme estabelecido em ato administrativopelo órgão executor.

Parágrafo único. Quando a finalidade do uso deimagem da unidade de conservação for prepon-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A226

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 226

Page 222: Legislação Ambiental Básica

derantemente científica, educativa ou cultural, ouso será gratuito.

Art. 28. No processo de autorização da explora-ção comercial de produtos, sub-produtos ou ser-viços de unidade de conservação, o órgão execu-tor deve viabilizar a participação de pessoasfísicas ou jurídicas, observando-se os limites esta-belecidos pela legislação vigente sobre licitaçõespúblicas e demais normas em vigor.

Art. 29.A autorização para exploração comercialde produto, sub-produto ou serviço de unidadede conservação deve estar fundamentada emestudos de viabilidade econômica e investimen-tos elaborados pelo órgão executor, ouvido oconselho da unidade.

Art. 30. Fica proibida a construção e ampliaçãode benfeitoria sem autorização do órgão gestorda unidade de conservação.

CAPÍTULO VIIIDA COMPENSAÇÃO POR SIGNIFICATIVO

IMPACTO AMBIENTAL

Art. 31. Para os fins de fixação da compensaçãoambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985,de 2000, o órgão ambiental licenciador estabele-cerá o grau de impacto a partir de estudo préviode impacto ambiental e respectivo relatório -EIA/RIMA realizados quando do processo delicenciamento ambiental, sendo considerados osimpactos negativos e não mitigáveis aos recursosambientais. (Redação dada pelo(a) Decretonº 5.566, de 2005)

Parágrafo único. Os percentuais serão fixados,gradualmente, a partir de meio por cento dos cus-tos totais previstos para a implantação doempreendimento, considerando-se a amplitudedos impactos gerados, conforme estabelecido nocaput.

Art. 32. Será instituída no âmbito dos órgãoslicenciadores câmaras de compensação ambien-tal, compostas por representantes do órgão, coma finalidade de analisar e propor a aplicação da

compensação ambiental, para a aprovação daautoridade competente, de acordo com os estudosambientais realizados e percentuais definidos.

Art. 33. A aplicação dos recursos da compensa-ção ambiental de que trata o art. 36 da Leinº 9.985, de 2000, nas unidades de conservação,existentes ou a serem criadas, deve obedecer àseguinte ordem de prioridade:

I - regularização fundiária e demarcação das ter-ras;

II - elaboração, revisão ou implantação de planode manejo;

III - aquisição de bens e serviços necessários àimplantação, gestão, monitoramento e proteçãoda unidade, compreendendo sua área de amorte-cimento;

IV - desenvolvimento de estudos necessários àcriação de nova unidade de conservação; e

V - desenvolvimento de pesquisas necessáriaspara o manejo da unidade de conservação e áreade amortecimento.

Parágrafo único. Nos casos de Reserva Particulardo Patrimônio Natural, Monumento Natural,Refúgio de Vida Silvestre, Área de Relevante Inte-resse Ecológico e Área de Proteção Ambiental,quando a posse e o domínio não sejam do PoderPúblico, os recursos da compensação somentepoderão ser aplicados para custear as seguintesatividades:

I - elaboração do Plano de Manejo ou nas ativi-dades de proteção da unidade;

II - realização das pesquisas necessárias para omanejo da unidade, sendo vedada a aquisição debens e equipamentos permanentes;

III - implantação de programas de educaçãoambiental; e

IV - financiamento de estudos de viabilidade eco-nômica para uso sustentável dos recursos natu-rais da unidade afetada.

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 227

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 227

Page 223: Legislação Ambiental Básica

Art. 34. Os empreendimentos implantados antesda edição deste Decreto e em operação sem asrespectivas licenças ambientais deverão requerer,no prazo de doze meses a partir da publicaçãodeste Decreto, a regularização junto ao órgãoambiental competente mediante licença de ope-ração corretiva ou retificadora.

CAPÍTULO IXDO REASSENTAMENTO DASPOPULAÇÕES TRADICIONAIS

Art. 35. O processo indenizatório de que trata oart. 42 da Lei nº 9.985, de 2000, respeitará omodo de vida e as fontes de subsistência daspopulações tradicionais.

Art. 36. Apenas as populações tradicionais resi-dentes na unidade no momento da sua criaçãoterão direito ao reassentamento.

Art. 37. O valor das benfeitorias realizadas peloPoder Público, a título de compensação, na áreade reassentamento será descontado do valorindenizatório.

Art. 38. O órgão fundiário competente, quandosolicitado pelo órgão executor, deve apresentar,no prazo de seis meses, a contar da data do pedi-do, programa de trabalho para atender àsdemandas de reassentamento das populaçõestradicionais, com definição de prazos e condiçõespara a sua realização.

Art. 39. Enquanto não forem reassentadas, ascondições de permanência das populações tradi-cionais em Unidade de Conservação de ProteçãoIntegral serão reguladas por termo de compromisso,negociado entre o órgão executor e as popula-ções, ouvido o conselho da unidade de conserva-ção.

§ 1º O termo de compromisso deve indicar asáreas ocupadas, as limitações necessárias paraassegurar a conservação da natureza e os deve-res do órgão executor referentes ao processoindenizatório, assegurados o acesso das popula-ções às suas fontes de subsistência e a conserva-ção dos seus modos de vida.

§ 2º O termo de compromisso será assinado peloórgão executor e pelo representante de cadafamília, assistido, quando couber, pela comunida-de rural ou associação legalmente constituída.

§ 3º O termo de compromisso será assinado noprazo máximo de um ano após a criação da uni-dade de conservação e, no caso de unidade jácriada, no prazo máximo de dois anos contado dapublicação deste decreto.

§ 4º O prazo e as condições para o reassenta-mento das populações tradicionais estarão defini-dos no termo de compromisso.

CAPÍTULO XDA REAVALIAÇÃO DE UNIDADE DECONSERVAÇÃO DE CATEGORIANÃO PREVISTA NO SISTEMA

Art. 40. A reavaliação de unidade de conserva-ção prevista no art. 55 da Lei nº 9.985, de 2000,será feita mediante ato normativo do mesmonível hierárquico que a criou.

Parágrafo único. O ato normativo de reavaliaçãoserá proposto pelo órgão executor.

CAPÍTULO XIDAS RESERVAS DA BIOSFERA

Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo degestão integrada, participativa e sustentável dosrecursos naturais, que tem por objetivos básicos apreservação da biodiversidade e o desenvolvi-mento das atividades de pesquisa científica, paraaprofundar o conhecimento dessa diversidadebiológica, o monitoramento ambiental, a educa-ção ambiental, o desenvolvimento sustentável e amelhoria da qualidade de vida das populações.

Art. 42. O gerenciamento das Reservas daBiosfera será coordenado pela Comissão Bra-sileira para o Programa “O Homem e a Biosfera”– COBRAMAB, de que trata o Decreto de 21 desetembro de 1999, com a finalidade de planejar,coordenar e supervisionar as atividades relativasao Programa.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A228

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 228

Page 224: Legislação Ambiental Básica

Art. 43. Cabe à COBRAMAB, além do estabele-cido no Decreto de 21 de setembro de 1999,apoiar a criação e instalar o sistema de gestão decada uma das Reservas da Biosfera reconhecidasno Brasil.

§ 1º Quando a Reserva da Biosfera abranger oterritório de apenas um Estado, o sistema de ges-tão será composto por um conselho deliberativoe por comitês regionais.

§ 2º Quando a Reserva da Biosfera abranger oterritório de mais de um Estado, o sistema de ges-tão será composto por um conselho deliberativoe por comitês estaduais.

§ 3º À COBRAMAB compete criar e coordenar aRede Nacional de Reservas da Biosfera.

Art. 44. Compete aos conselhos deliberativosdas Reservas da Biosfera:

I - aprovar a estrutura do sistema de gestão desua Reserva e coordená-lo;

II - propor à COBRAMAB macrodiretrizes para aimplantação das Reservas da Biosfera;

III - elaborar planos de ação da Reserva daBiosfera, propondo prioridades, metodologias,cronogramas, parcerias e áreas temáticas deatuação, de acordo como os objetivos básicosenumerados no art. 41 da Lei nº 9.985, de 2000;

IV - reforçar a implantação da Reserva da

Biosfera pela proposição de projetos pilotos empontos estratégicos de sua área de domínio; e

V - implantar, nas áreas de domínio da Reservada Biosfera, os princípios básicos constantes doart. 41 da Lei nº 9.985, de 2000.

Art. 45. Compete aos comitês regionais e esta-duais:

I - apoiar os governos locais no estabelecimento depolíticas públicas relativas às Reservas da Biosfera; e

II - apontar áreas prioritárias e propor estratégiaspara a implantação das Reservas da Biosfera,bem como para a difusão de seus conceitos efunções.

CAPÍTULO XIIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 46. Cada categoria de unidade de conserva-ção integrante do SNUC será objeto de regula-mento específico.

Parágrafo único. O Ministério do Meio Ambientedeverá propor regulamentação de cada categoriade unidade de conservação, ouvidos os órgãosexecutores.

Art. 47. Este decreto entra em vigor na data dasua publicação.

Art. 48. Fica revogado o decreto nº 3.834, de 5de junho de 2001.

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 229

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 229

Page 225: Legislação Ambiental Básica

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso de suas competências previs-tas na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 dejulho de 1990, e tendo em vista o disposto emseu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 168,de 10 de junho de 2005;

Considerando que o art. 36 da Lei nº 9.985,de 18 de julho de 2000 que institui o SistemaNacional de Unidades de Conservação daNatureza-SNUC, determina que nos casos delicenciamento ambiental de empreendimentos designificativo impacto ambiental, assim considera-do pelo órgão ambiental competente, com funda-mento em estudo de impacto ambiental e respec-tivo relatório-EIA/RIMA, o empreendedor é obri-gado a apoiar a implantação e manutenção deunidade de conservação do Grupo de ProteçãoIntegral, de acordo com o disposto neste artigo eno regulamento desta lei;

Considerando a necessidade de se estabelecerdiretrizes gerais que orientem os procedimentospara aplicação da compensação ambiental,segundo a ordem de prioridades estabelecidapelo art. 33 do Decreto nº 4.340, de 22 de agos-to de 2002, pelos órgãos ambientais competen-tes, conferindo-lhes clareza e objetividade;

Considerando a necessidade de estabelecer prin-cípios gerais para efeito de cálculo e aplicaçãodos recursos da compensação ambiental quedevem ser adotados pelos órgãos ambientais;

Considerando o Princípio da Participação, consa-grado pela Declaração do Rio sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento (Princípio 10) epela Constituição Federal (art. 225);

Considerando que a compensação ambientaldecorre da obrigatoriedade de o empreendedorem apoiar a implantação e manutenção de uni-dades de conservação do Grupo de ProteçãoIntegral, conforme menciona a Lei nº 9.985, de2000, sendo que o montante de recursos a serdestinado para esta finalidade não pode ser infe-rior a meio por cento dos custos totais previstospara a implantação do empreendimento;

Considerando que os empreendedores públicos eprivados se submetem às mesmas exigências noque se refere à compensação ambiental; e

Considerando que o CONAMA é o órgão consul-tivo e deliberativo do SNUC, conforme art. 6º daLei nº 9.985, de 2000, resolve:

Art. 1º Esta resolução estabelece diretrizes paracálculo, cobrança, aplicação, aprovação e contro-le de gastos de recursos financeiros advindos dacompensação ambiental decorrente dos impactoscausados pela implantação de empreendimentosde significativo impacto ambiental, assim consi-derado pelo órgão ambiental competente, comfundamento em Estudos de Impacto Ambiental-EIA e Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, con-forme o art. 36 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de2000, e no art. 31 do Decreto nº 4.340, de 22 deagosto de 2002.

Art. 2º O órgão ambiental licenciador estabele-cerá o grau de impacto ambiental causado pelaimplantação de cada empreendimento, funda-mentado em base técnica específica que possaavaliar os impactos negativos e não mitigáveisaos recursos ambientais identificados no proces-so de licenciamento, de acordo com o EIA/RIMA,e respeitado o princípio da publicidade.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A230

Resolução do CONAMA nº 371, de 5 de abril de 2006Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controlede gastos de recursos advindos de compensação ambiental, conforme a Lei nº 9.985, de 18 de julhode 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC e dá outrasprovidências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 230

Page 226: Legislação Ambiental Básica

§ 1º Para estabelecimento do grau de impactoambiental serão considerados somente os impac-tos ambientais causados aos recursos ambientais,nos termos do art. 2º, inciso IV da Lei nº 9.985,de 2000, excluindo riscos da operação doempreendimento, não podendo haver redundân-cia de critérios.

§ 2º Para o cálculo do percentual, o órgãoambiental licenciador deverá elaborar instrumen-to específico com base técnica, observado o dis-posto no caput deste artigo.

Art. 3º Para o cálculo da compensação ambientalserão considerados os custos totais previstos paraimplantação do empreendimento e a metodolo-gia de gradação de impacto ambiental definidapelo órgão ambiental competente.

§ 1º Os investimentos destinados à melhoria daqualidade ambiental e à mitigação dos impactoscausados pelo empreendimento, exigidos pelalegislação ambiental, integrarão os seus custostotais para efeito do cálculo da compensaçãoambiental.

§ 2º Os investimentos destinados à elaboração eimplementação dos planos, programas e ações,não exigidos pela legislação ambiental, mas esta-belecidos no processo de licenciamento ambien-tal para mitigação e melhoria da qualidadeambiental, não integrarão os custos totais paraefeito do cálculo da compensação ambiental.

§ 3º Os custos referidos no parágrafo anteriordeverão ser apresentados e justificados peloempreendedor e aprovados pelo órgão ambientallicenciador.

Art. 4º Para efeito do cálculo da compensaçãoambiental, os empreendedores deverão apresen-tar a previsão do custo total de implantação doempreendimento antes da emissão da Licença deInstalação, garantidas as formas de sigilo previs-tas na legislação vigente.

Art. 5º O percentual estabelecido para a com-pensação ambiental de novos empreendimentosdeverá ser definido no processo de licenciamen-

to, quando da emissão da Licença Prévia, ouquando esta não for exigível, da Licença deInstalação.

§ 1º Não será exigido o desembolso da compen-sação ambiental antes da emissão da Licença deInstalação.

§ 2º A fixação do montante da compensaçãoambiental e a celebração do termo de compro-misso correspondente deverão ocorrer nomomento da emissão da Licença de Instalação.

§ 3º O termo de compromisso referido no pará-grafo anterior deverá prever mecanismo de atua-lização dos valores dos desembolsos.

Art. 6º Nos casos de licenciamento ambientalpara a ampliação ou modificação de empreendi-mentos já licenciados, sujeitas a EIA/RIMA, queimpliquem em significativo impacto ambiental, acompensação ambiental será definida com basenos custos da ampliação ou modificação.

Art. 7º Para os empreendimentos que já efetiva-ram o apoio à implantação e manutenção de uni-dade de conservação, não haverá reavaliação dosvalores aplicados, nem a obrigatoriedade de des-tinação de recursos complementares, salvo oscasos de ampliação ou modificação previstos noart. 6º desta Resolução, e os casos previstos noart. 19, incisos I e II da Resolução do ConselhoNacional do Meio Ambiente-CONAMA nº 237, de19 de dezembro de 1997.

Art. 8º Os órgãos ambientais licenciadores deve-rão instituir câmara de compensação ambiental,prevista no art. 32 do Decreto nº 4.340, de 2002,com finalidade de analisar e propor a aplicaçãoda compensação ambiental em unidades de con-servação federais, estaduais e municipais, visandoao fortalecimento do Sistema Nacional deUnidades de Conservação da Natureza-SNUCenvolvendo os sistemas estaduais e municipaisde unidades de conservação, se existentes.

Parágrafo único. As câmaras de compensaçãoambiental deverão ouvir os representantes dosdemais entes federados, os sistemas de unidadesde conservação referidos no caput deste artigo,

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 231

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 231

Page 227: Legislação Ambiental Básica

os Conselhos de Mosaico das Unidades deConservação e os Conselhos das Unidades deConservação afetadas pelo empreendimento, seexistentes.

Art. 9º O órgão ambiental licenciador, ao definiras unidades de conservação a serem beneficiadaspelos recursos oriundos da compensaçãoambiental, respeitados os critérios previstos noart. 36 da Lei nº 9.985, de 2000 e a ordem deprioridades estabelecida no art. 33 do Decretonº 4.340 de 2002, deverá observar:

I - existindo uma ou mais unidades de conserva-ção ou zonas de amortecimento afetadas direta-mente pelo empreendimento ou atividade a serlicenciada, independentemente do grupo a quepertençam, deverão estas ser beneficiárias comrecursos da compensação ambiental, consideran-do, entre outros, os critérios de proximidade,dimensão, vulnerabilidade e infra-estrutura exis-tente; e

II - inexistindo unidade de conservação ou zonade amortecimento afetada, parte dos recursosoriundos da compensação ambiental deverá serdestinada à criação, implantação ou manutençãode unidade de conservação do Grupo de ProteçãoIntegral localizada preferencialmente no mesmobioma e na mesma bacia hidrográfica do empre-endimento ou atividade licenciada, considerandoas Áreas Prioritárias para a Conservação, Utiliza-ção Sustentável e Repartição dos Benefícios daBiodiversidade, identificadas conforme o dispostono Decreto nº 5.092, de 21 de maio de 2004, bemcomo as propostas apresentadas no EIA/RIMA.

Parágrafo único. O montante de recursos que nãoforem destinados na forma dos incisos I e II desteartigo deverá ser empregado na criação, implan-tação ou manutenção de outras unidades deconservação do Grupo de Proteção Integral emobservância ao disposto no SNUC.

Art. 10. O empreendedor, observados os critériosestabelecidos no art. 9º desta Resolução, deveráapresentar no EIA/RIMA sugestões de unidades

de conservação a serem beneficiadas ou criadas.

§ 1º É assegurado a qualquer interessado o direi-to de apresentar por escrito, durante o procedi-mento de licenciamento ambiental, sugestõesjustificadas de unidades de conservação a serembeneficiadas ou criadas.

§ 2º As sugestões apresentadas pelo empreende-dor ou por qualquer interessado não vinculam oórgão ambiental licenciador, devendo este justifi-car as razões de escolha da(s) unidade(s) de con-servação a serem beneficiadas e atender o dis-posto nos arts. 8º e 9º desta resolução.

Art. 11. A entidade ou órgão gestor das unidadesde conservação selecionadas deverá apresentarplano de trabalho da aplicação dos recursos paraanálise da câmara de compensação ambiental,visando a sua implantação, atendida a ordem deprioridades estabelecidas no art. 33 do Decretonº 4.340, de 2002.

§ 1º Somente receberão recursos da compensa-ção ambiental as unidades de conservação inscri-tas no Cadastro Nacional de Unidades deConservação, ressalvada a destinação de recursospara criação de novas unidades de conservação.

§ 2º A destinação de recursos da compensaçãoambiental para as unidades de conservação sele-cionadas somente será efetivada após aprovaçãopela câmara de compensação ambiental ficandosob supervisão do órgão ambiental competente,o programa de trabalho elaborado pelas respecti-vas entidades ou órgãos gestores, contendo asatividades, estudos e projetos a serem executa-dos e os respectivos custos.

Art. 12. Os órgãos ambientais responsáveis pelagestão dos recursos de compensação ambientaldeverão dar publicidade, bem como informaranualmente aos conselhos de meio ambiente res-pectivos, a aplicação dos recursos oriundos dacompensação ambiental apresentando, no míni-mo, o empreendimento licenciado, o percentual,o valor, o prazo de aplicação da compensação, asunidades de conservação beneficiadas, e as açõesnelas desenvolvidas.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A232

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 232

Page 228: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. Informações sobre as atividades,estudos e projetos que estejam sendo executadoscom recursos da compensação ambiental deve-rão estar disponibilizadas ao público, asseguran-do-se publicidade e transparência às mesmas.

Art. 13. Nos materiais de divulgação produzidoscom recursos da compensação ambiental deve-rão constar a fonte dos recursos com os dizeres:“recursos provenientes da compensação ambien-tal da Lei nº 9.985, de 2000 - Lei do SNUC”.

Art. 14. Não serão reavalidados os valores com-binados ou pagos, nem haverá a obrigatoriedadede destinação de recursos complementares cons-tantes em acordos, termos de compromisso,Termos deAjustamento de Conduta-TAC, contratos,

convênios, atas ou qualquer outro documentoformal firmados pelos órgãos ambientais, a títulode compensação ambiental prevista no art. 36 daLei nº 9.985, de 2000.

Art. 15. O valor da compensação ambiental ficafixado em meio por cento dos custs previstospara a implantação do empreendimento até queo órgão ambiental estabeleça e publique meto-dologia para definição do grau de impactoambiental.

Art. 16. Esta resolução entra em vigor na datade sua publicação.

Art. 17. Revoga-se a Resolução CONAMA nº 2,de 18 de abril de 1996.

7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 233

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 233

Page 229: Legislação Ambiental Básica

8. CRIMES E INFRAÇÕESADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Wig

old

Scha

ffer

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 235

Page 230: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 236

Page 231: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meioambiente, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º (Vetado)

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre paraa prática dos crimes previstos nesta lei, incide naspenas a estes cominadas, na medida da sua cul-pabilidade, bem como o diretor, o adminis-trador, o membro de conselho e de órgão técnico,o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário depessoa jurídica, que, sabendo da conduta crimi-nosa de outrem, deixar de impedir a sua prática,quando podia agir para evitá-la.

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabiliza-das administrativa, civil e penalmente conforme odisposto nesta lei, nos casos em que a infraçãoseja cometida por decisão de seu representantelegal ou contratual, ou de seu órgão colegiado,no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoasjurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurí-dica sempre que sua personalidade for obstá-culo ao ressarcimento de prejuízos causados àqualidade do meio ambiente.

Art. 5º (Vetado)

CAPÍTULO IIDA APLICAÇÃO DA PENA

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade,a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato. tendo em vista os motivosda infração e suas conseqüências para a saúdepública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumpri-mento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso demulta.

Art. 7º As penas restritivas de direitos sãoautônomas e substituem as privativas de liberda-de quando:

I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada apena privativa de liberdade inferior a quatroanos;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a condutasocial e a personalidade do condenado, bemcomo os motivos e as circunstâncias do crimeindicarem que a substituição seja suficiente paraefeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos aque se refere este artigo terão a mesma duraçãoda pena privativa de liberdade substituída.

Art. 8º As penas restritivas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.

Art. 9º A prestação de serviços à comunidadeconsiste na atribuição ao condenado de tarefasgratuitas junto a parques e jardins públicos e uni-dades de conservação, e, no caso de dano dacoisa particular, pública ou tombada, na restaura-ção desta, se possível.

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 237

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 237

Page 232: Legislação Ambiental Básica

Art. 10. As penas de interdição temporária dedireito são a proibição de o condenado contratarcom o Poder Público, de receber incentivos fiscaisou quaisquer outros benefícios, bem como departicipar de licitações, pelo prazo de cinco anos,no caso de crimes dolosos, e de três anos, no decrimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicadaquando estas não estiverem obedecendo às pres-crições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no paga-mento em dinheiro à vítima ou à entidade públicaou privada com fim social, de importância, fixadapelo juiz, não inferior a um salário mínimo nemsuperior a trezentos e sessenta salários mínimos.O valor pago será deduzido do montante deeventual reparação civil a que for condenado oinfrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se naautodisciplina e senso de responsabilidade docondenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar,freqüentar curso ou exercer atividade autorizada,permanecendo recolhido nos dias e horários defolga em residência ou em qualquer local destina-do a sua moradia habitual, conforme estabeleci-do na sentença condenatória.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade doagente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pelaespontânea reparação do dano, ou limitação sig-nificativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigoiminente de degradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados davigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena,quando não constituem ou qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material dainfração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneiragrave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservaçãoou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, aregime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assenta-mentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

1) no interior do espaço territorial especialmenteprotegido;

m) com o emprego de métodos cruéis para abateou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permis-são ou autorização ambiental;

p) no interesse de pessoa jurídica mantida. totalou parcialmente, por verbas públicas ou benefi-ciada por incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas emrelatórios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercíciode suas funções.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspen-são condicional da pena pode ser aplicada noscasos de condenação a pena privativa de liberda-de não superior a três anos.

Art. 17.A verificação da reparação a que se refe-re o § 2º do art. 78 do Código Penal será feitamediante laudo de reparação do dano ambiental,e as condições a serem impostas pelo juiz deverãorelacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A238

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 238

Page 233: Legislação Ambiental Básica

Art. 18.A multa será calculada segundo os crité-rios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, aindaque aplicada no valor máximo, poderá seraumentada até três vezes, tendo em vista o valorda vantagem econômica auferida.

Art. 19. A perícia de constatação do danoambiental, sempre que possível, fixará o montan-te do prejuízo causado para efeitos de prestaçãode fiança e cálculo de multa.

Parágrafo único. A perícia produzida no inquéritocivil ou no juízo cível poderá ser aproveitada noprocesso penal, instaurando-se o contraditório.

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempreque possível, fixará o valor mínimo para repa-ração dos danos causados pela infração, consi-derando os prejuízos sofridos pelo ofendido oupelo meio ambiente.

Parágrafo único. Transitada em julgado a senten-ça condenatória, a execução poderá efetuar-sepelo valor fixado nos termos do caput, sem pre-juízo da liquidação para apuração do dano efeti-vamente sofrido.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativaou alternativamente às pessoas jurídicas, de acor-do com o disposto no art. 3º, são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pes-soa jurídica são:

I- suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento,obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público,bem como dele obter subsídios, subvenções oudoações.

§ 1º A suspensão de atividades será aplicadaquando estas não estiverem obedecendo às dis-posições legais ou regulamentares, relativas àproteção do meio ambiente.

§ 2º A interdição será aplicada quando o estabe-lecimento, obra ou atividade estiver funcionandosem a devida autorização, ou em desacordo coma concedida, ou com violação de disposição legalou regulamentar.

§ 3º A proibição de contratar com o Poder Públicoe dele obter subsídios, subvenções ou doaçõesnão poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidadepela pessoa jurídica consistirá em:

I - custeio de programas e de projetos ambien-tais;

II - execução de obras de recuperação de áreasdegradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou cul-turais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utiliza-da, preponderantemente, com o fim de permitir,facilitar ou ocultar a prática de crime definidonesta Lei terá decretada sua liquidação forçada,seu patrimônio será considerado instrumentodo crime e como tal perdido em favor do FundoPenitenciário Nacional.

CAPÍTULO IIIDA APREENSÃO DO PRODUTO E DO

INSTRUMENTO DE INFRAÇÃOADMINISTRATIVA OU DE CRIME

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidosseus produtos e instrumentos, lavrando-se os res-pectivos autos.

§ 1º Os animais serão libertados em seu habitatou entregues a jardins zoológicos, fundações ouentidades assemelhadas, desde que fiquem sob aresponsabilidade de técnicos habilitados.

§ 2º Tratando-se de produtos perecíveis oumadeiras, serão estes avaliados e doados a insti-tuições científicas, hospitalares, penais e outrascom fins beneficentes. (Redação dada pelo(a)Medida Provisória nº 62, de 2002, prejudicada

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 239

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 239

Page 234: Legislação Ambiental Básica

pelo Ato de 20 de novembro de 2002 pela nãoconversão em lei)

§ 3º Os produtos e subprodutos da fauna nãoperecíveis serão destruídos ou doados a institui-ções científicas, culturais ou educacionais.

§ 4º Os instrumentos utilizados na prática dainfração serão vendidos, garantida a sua descarac-terização por meio da reciclagem.

§ 5º Tratando-se de madeiras, serão levadas aleilão, e o valor arrecadado, revertido ao órgãoambiental responsável por sua apreensão.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 62, de 2002, prejudicada pelo Ato de 20 denovembro de 2002 pela não conversão em lei).

CAPÍTULO IVDA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta lei,a ação penal é pública incondicionada.

Parágrafo único. (Vetado)

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor poten-cial ofensivo, a proposta de aplicação imediata depena restritiva de direitos ou multa, prevista noart. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de1995, somente poderá ser formulada desde quetenha havido a prévia composição do danoambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei,salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Leinº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo defini-dos nesta lei, com as seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, deque trata o § 5º do artigo referido no caput,dependerá de laudo de constatação de reparaçãodo dano ambiental, ressalvada a impossibilidadeprevista no inciso I do § 1º do mesmo artigo;

II - na hipótese de o laudo de constatação com-provar não ter sido completa a reparação, o prazo

de suspensão do processo será prorrogado, até operíodo máximo previsto no artigo referido nocaput, acrescido de mais um ano, com suspensãodo prazo da prescrição;

III - no período de prorrogação, não se aplicarãoas condições dos incisos II, III e IV do § 1º do arti-go mencionado no caput;

IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á àlavratura de novo laudo de constatação de repa-ração do dano ambiental, podendo, conforme seuresultado, ser novamente prorrogado o período desuspensão, até o máximo previsto no inciso IIdeste artigo, observado o disposto no inciso III;

V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, adeclaração de extinção de punibilidade depende-rá de laudo de constatação que comprove ter oacusado tomado as providências necessárias àreparação integral do dano.

CAPÍTULO VDOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

SEÇÃO IDOS CRIMES CONTRA A FAUNA

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizarespécimes da fauna silvestre, nativos ou em rotamigratória, sem a devida permissão, licença ouautorização da autoridade competente, ou emdesacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licen-ça, autorização ou em desacordo com a obtida;

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abri-go ou criadouro natural;

III - quem vende, expõe à venda, exporta ouadquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito,utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes dafauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bemcomo produtos e objetos dela oriundos, prove-nientes de criadouros não autorizados ou sem a

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A240

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 240

Page 235: Legislação Ambiental Básica

devida permissão, licença ou autorização daautoridade competente.

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie sil-vestre não considerada ameaçada de extinção,pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixarde aplicar a pena.

§ 3º São espécimes da fauna silvestre todosaqueles pertencentes às espécies nativas,migratórias e quaisquer outras, aquáticas outerrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclode vida ocorrendo dentro dos limites do territóriobrasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crimeé praticado:

I - contra espécie rara ou considerada ameaçadade extinção, ainda que somente no local dainfração;

II - em período proibido à caça;

III - durante a noite;

IV - com abuso de licença;

V - em unidade de conservação;

VI - com emprego de métodos ou instrumentoscapazes de provocar destruição em massa.

§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crimedecorre do exercício de caça profissional.

§ 6º As disposições deste artigo não se aplicamaos atos de pesca.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e courosde anfíbios e répteis em bruto, sem a autorizaçãoda autoridade ambiental competente:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, semparecer técnico oficial favorável e licença expedidapor autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir

ou mutilar animais silvestres, domésticos oudomesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, emulta.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realizaexperiência dolorosa ou cruel em animal vivo,ainda que para fins didáticos ou científicos, quan-do existirem recursos alternativos.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a umterço, se ocorre morte do animal.

Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes oucarreamento de materiais, o perecimento deespécimes da fauna aquática existentes em rios,lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicio-nais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ouambas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:

I - quem causa degradação em viveiros, açudesou estações de aqüicultura de domínio público;

II - quem explora campos naturais de invertebra-dos aquáticos e algas, sem licença, permissão ouautorização da autoridade competente;

III - quem fundeia embarcações ou lança detritosde qualquer natureza sobre bancos de moluscosou corais, devidamente demarcados em cartanáutica.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca sejaproibida ou em lugares interditados por órgãocompetente:

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa,ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penasquem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ouespécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas,ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos,técnicas e métodos não permitidos;

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 241

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 241

Page 236: Legislação Ambiental Básica

III - transporta, comercializa, beneficia ou indus-trializa espécimes provenientes da coleta, apanhae pesca proibidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

I - explosivos ou substâncias que, em contatocom a água, produzam efeito semelhante;

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibidopela autoridade competente:

Pena - reclusão de um ano a cinco anos.

Art. 36. Para os efeitos desta lei, considera-sepesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar,apanhar, apreender ou capturar espécimes dosgrupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vege-tais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveita-mento econômico, ressalvadas as espécies amea-çadas de extinção, constantes nas listas oficiaisda fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quandorealizado:

I - em estado de necessidade, para saciar a fomedo agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhosda ação predatória ou destruidora de animais,desde que legal e expressamente autorizado pelaautoridade competente;

III - (VETADO)

IV - por ser nocivo o animal, desde que assimcaracterizado pelo órgão competente.

SEÇÃO IIDOS CRIMES CONTRA A FLORA

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considera-da de preservação permanente, mesmo que emformação, ou utilizá-la com infringência das nor-mas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ouambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a penaserá reduzida à metade.

“Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação pri-mária ou secundária, em estágio avançado oumédio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica,ou utilizá-la com infringência das normas de pro-teção:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, oumulta, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a penaserá reduzida à metade.” (Redação dada pela Leinº 11.428, de 22 de dezembro de 2006)

Art. 39. Cortar árvores em floresta consideradade preservação permanente, sem permissão daautoridade competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ouambas as penas cumulativamente.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto àsUnidades de Conservação e às áreas de que tratao art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de1990, independentemente de sua localização:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 1º Entende-se por Unidades de Conservaçãode Proteção Integral as Estações Ecológicas,as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, osMonumentos Naturais e os Refúgios de VidaSilvestre. (Redação dada pelo(a) Lei nº 9.985,de 2000)

§ 2º A ocorrência de dano afetando espéciesameaçadas de extinção no interior das Unidadesde Conservação de Proteção Integral será consi-derada circunstância agravante para a fixaçãoda pena. (Redação dada pelo(a) Lei nº 9.985, de2000)

§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzidaà metade.

Art. 40-A. (VETADO) (Acrescentado(a) pelo(a)Lei nº 9.985, de 2000)

§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação deUso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental,as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, asFlorestas Nacionais, as Reservas Extrativistas,as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvol-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A242

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 242

Page 237: Legislação Ambiental Básica

vimento Sustentável e as Reservas Particulares doPatrimônio Natural. (Acrescentado(a) pelo(a) Leinº 9.985, de 2000)

§ 2º A ocorrência de dano afetando espéciesameaçadas de extinção no interior das Unidadesde Conservação de Uso Sustentável será conside-rada circunstância agravante para a fixação dapena. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de2000)

§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzidaà metade. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 9.985,de 2000)

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é dedetenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltarbalões que possam provocar incêndios nas flores-tas e demais formas de vegetação, em áreasurbanas ou qualquer tipo de assentamentohumano:

Pena - detenção de um a três anos ou multa, ouambas as penas cumulativamente.

Art. 43. (VETADO)

Art. 44. Extrair de florestas de domínio públicoou consideradas de preservação permanente, semprévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquerespécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, emulta.

Art. 45. Cortar ou transformar em carvãomadeira de lei, assim classificada por ato doPoder Público, para fins industriais, energéticosou para qualquer outra exploração, econômica ounão, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciaisou industriais, madeira, lenha, carvão e outrosprodutos de origem vegetal, sem exigir a exibição

de licença do vendedor, outorgada pela autorida-de competente, e sem munir-se da via que deve-rá acompanhar o produto até final beneficiamen-to:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, emulta.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quemvende, expõe à venda, tem em depósito, transpor-ta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros pro-dutos de origem vegetal, sem licença válida paratodo o tempo da viagem ou do armazenamento,outorgada pela autoridade competente.

Art. 47. (Vetado)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneraçãonatural de florestas e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, porqualquer modo ou meio, plantas de ornamenta-ção de logradouros públicos ou em propriedadeprivada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, oumulta, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é deum a seis meses, ou multa.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ouplantadas ou vegetação fixadora de dunas, prote-tora de mangues, objeto de especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamenteou degradar floresta, plantada ou nativa, em ter-ras de domínio público ou devolutas, sem autori-zação do órgão competente: (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos emulta. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de2006)

§ 1º Não é crime a conduta praticada quandonecessária à subsistência imediata pessoal doagente ou de sua família. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 243

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 243

Page 238: Legislação Ambiental Básica

§ 2º Se a área explorada for superior a 1.000 ha(mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um)ano por milhar de hectare. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-laem florestas e nas demais formas de vegetação,sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservaçãoconduzindo substâncias ou instrumentos própriospara caça ou para exploração de produtos ousubprodutos florestais, sem licença da autoridadecompetente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, emulta.

Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, apena é aumentada de um sexto a um terço se:

I - do fato resulta a diminuição de águas naturais,a erosão do solo ou a modificação do regime cli-mático;

II - o crime é cometido:

a) no período de queda das sementes;

b) no período de formação de vegetações;

c) contra espécies raras ou ameaçadas de extin-ção, ainda que a ameaça ocorra somente no localda infração;

d) em época de seca ou inundação;

e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Seção III

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer naturezaem níveis tais que resultem ou possam resultarem danos à saúde humana, ou que provoquem amortandade de animais ou a destruição significa-tiva da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópriapara a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque aretirada, ainda que momentânea, dos habitantesdas áreas afetadas, ou que cause danos diretos àsaúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessáriaa interrupção do abastecimento público de águade uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos,líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou subs-tâncias oleosas, em desacordo com as exigênciasestabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no pará-grafo anterior quem deixar de adotar, quandoassim o exigir a autoridade competente, medidasde precaução em caso de risco de dano ambien-tal grave ou irreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração derecursos minerais sem a competente autorização,permissão, concessão ou licença, ou em desacor-do com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quemdeixa de recuperar a área pesquisada ou explorada,nos termos da autorização, permissão, licença, con-cessão ou determinação do órgão competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar,exportar, comercializar, fornecer, transportar,armazenar, guardar, ter em depósito ou usar pro-duto ou substância tóxica, perigosa ou nociva àsaúde humana ou ao meio ambiente, em desa-cordo com as exigências estabelecidas em leis ounos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona osprodutos ou substâncias referidos no caput, ou osutiliza em desacordo com as normas de segurança.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A244

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 244

Page 239: Legislação Ambiental Básica

§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ouradioativa, a pena é aumentada de um sexto aum terço.

§ 3º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57. (VETADO)

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nestaSeção, as penas serão aumentadas:

I - de um sexto a um terço, se resulta dano irre-versível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II - de um terço até a metade, se resulta lesão cor-poral de natureza grave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Parágrafo único. As penalidades previstas nesteartigo somente serão aplicadas se do fato nãoresultar crime mais grave.

Art. 59. (VETADO)

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar oufazer funcionar, em qualquer parte do territórionacional, estabelecimentos, obras ou serviços poten-cialmente poluidores, sem licença ou autorizaçãodos órgãos ambientais competentes, ou contra-riando as normas legais e regulamentares perti-nentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ouambas as penas cumulativamente.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espéciesque possam causar dano à agricultura, à pecuária,à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

SEÇÃO IVDOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTOURBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato admi-nistrativo ou decisão judicial;

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacote-ca, instalação científica ou similar protegido porlei, ato administrativo ou decisão judicial:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena éde seis meses a um ano de detenção, sem prejuízoda multa.

Art. 63.Alterar o aspecto ou estrutura de edifica-ção ou local especialmente protegido por lei,ato administrativo ou decisão judicial, em razãode seu valor paisagístico, ecológico, turístico,artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,etnográfico ou monumental, sem autorização daautoridade competente ou em desacordo com aconcedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 64. Promover construção em solo não edifi-cável, ou no seu entorno, assim considerado emrazão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico,turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,etnográfico ou monumental, sem autorização daautoridade competente ou em desacordo com aconcedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio cons-purcar edificação ou monumento urbano:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Se o ato for realizado em monu-mento ou coisa tombada em virtude do seu valorartístico, arqueológico ou histórico, a pena é deseis meses a um ano de detenção, e multa.

SEÇÃO VDOS CRIMES CONTRA A

ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmaçãofalsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegarinformações ou dados técnico-científicos em pro-cedimentos de autorização ou de licenciamentoambiental:

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 245

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 245

Page 240: Legislação Ambiental Básica

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 67. Conceder o funcionário público licença,autorização ou permissão em desacordo com asnormas ambientais, para as atividades, obras ouserviços cuja realização depende de ato autoriza-tivo do Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é detrês meses a um ano de detenção, sem prejuízoda multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal oucontratual de fazê-lo, de cumprir obrigação derelevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é detrês meses a um ano, sem prejuízo da multa.

Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadorado Poder Público no trato de questões ambientais:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licencia-mento, concessão florestal ou qualquer outroprocedimento administrativo, estudo, laudo ourelatório ambiental total ou parcialmente falso ouenganoso, inclusive por omissão: (Acrescenta-do(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

§ 1º Se o crime é culposo: (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3(dois terços), se há dano significativo ao meioambiente, em decorrência do uso da informaçãofalsa, incompleta ou enganosa. (Acrescentado(a)pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006).

CAPÍTULO VIDA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 70. Considera-se infração administrativaambiental toda ação ou omissão que viole asregras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteçãoe recuperação do meio ambiente.

§ 1º São autoridades competentes para lavrarauto de infração ambiental e instaurar processoadministrativo os funcionários de órgãos ambien-tais integrantes do Sistema Nacional de MeioAmbiente-SISNAMA, designados para as ativida-des de fiscalização, bem como os agentes dasCapitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2º Qualquer pessoa, constatando infraçãoambiental, poderá dirigir representação às autori-dades relacionadas no parágrafo anterior, paraefeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3º A autoridade ambiental que tiver conheci-mento de infração ambiental é obrigada a pro-mover a sua apuração imediata, mediante pro-cesso administrativo próprio, sob pena de co-res-ponsabilidade.

§ 4º As infrações ambientais são apuradas emprocesso administrativo próprio, assegurado odireito de ampla defesa e o contraditório, obser-vadas as disposições desta lei.

Art. 71. O processo administrativo para apuraçãode infração ambiental deve observar os seguintesprazos máximos:

I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ouimpugnação contra o auto de infração, contadosda data da ciência da autuação;

II - trinta dias para a autoridade competentejulgar o auto de infração, contados da data dasua lavratura, apresentada ou não a defesa ouimpugnação;

III - vinte dias para o infrator recorrer da decisãocondenatória à instância superior do SISNAMA,ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministérioda Marinha, de acordo com o tipo de autuação;

IV - cinco dias para o pagamento de multa, con-tados da data do recebimento da notificação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A246

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 246

Page 241: Legislação Ambiental Básica

Art. 72. As infrações administrativas são punidascom as seguintes sanções, observado o dispostono art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodu-tos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,equipamentos ou veículos de qualquer naturezautilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

X - (VETADO)

XI - restritiva de direitos.

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duasou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulati-vamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º A advertência será aplicada pela inobservân-cia das disposições desta Lei e da legislação emvigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuí-zo das demais sanções previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que oagente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sidopraticadas, deixar de saná-las, no prazo assinala-do por órgão competente do SISNAMA ou pelaCapitania dos Portos, do Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos doSISNAMA ou da Capitania dos Portos, doMinistério da Marinha.

§ 4º A multa simples pode ser convertida em ser-viços de preservação, melhoria e recuperação daqualidade do meio ambiente.

§ 5º A multa diária será aplicada sempre que ocometimento da infração se prolongar no tempo.

§ 6º A apreensão e destruição referidas nos inci-sos IV e V do caput obedecer disposto no art. 25desta Lei.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX docaput serão aplicadas quando o produto, a obra, aatividade ou o estabelecimento não estiveremobedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefíciosfiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhasde financiamento em estabelecimentos oficiais decrédito;

V - proibição de contratar com a AdministraçãoPública, pelo período de até três anos.

Art. 73. Os valores arrecadados em pagamentode multas por infração ambiental serão revertidosao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criadopela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, FundoNaval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 dejaneiro de 1932, fundos estaduais ou municipaisde meio ambiente, ou correlatos, conforme dispu-ser o órgão arrecadador.

Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare,metro cúbico, quilograma ou outra medida perti-nente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 75. O valor da multa de que trata esteCapítulo será fixado no regulamento desta Lei ecorrigido periodicamente, com base nos índicesestabelecidos na legislação pertinente, sendo omínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximode R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

Art. 76. O pagamento de multa imposta pelosEstados, Municípios, Distrito Federal ou Territóriossubstitui a multa federal na mesma hipótese deincidência.

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 247

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 247

Page 242: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO VIIDA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, aordem pública e os bons costumes, o governobrasileiro prestará, no que concerne ao meioambiente, a necessária cooperação a outro país,sem qualquer ônus, quando solicitado para:

I - produção de prova;

II - exame de objetos e lugares;

III - informações sobre pessoas e coisas;

IV - presença temporária da pessoa presa, cujasdeclarações tenham relevância para a decisão deuma causa;

V - outras formas de assistência permitidas pelalegislação em vigor ou pelos tratados de que oBrasil seja parte.

§ 1º A solicitação de que trata este artigo serádirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá,quando necessário, ao órgão judiciário compe-tente para decidir a seu respeito, ou a encaminha-rá à autoridade capaz de atendê-la.

§ 2º A solicitação deverá conter:

I - o nome e a qualificação da autoridade solici-tante;

II - o objeto e o motivo de sua formulação;

III - a descrição sumária do procedimento emcurso no país solicitante;

IV - a especificação da assistência solicitada;

V - a documentação indispensável ao seu escla-recimento, quando for o caso.

Art. 78. Para a consecução dos fins visadosnesta lei e especialmente para a reciprocidadeda cooperação internacional, deve ser mantidosistema de comunicações apto a facilitar o inter-câmbio rápido e seguro de informações comórgãos de outros países.

CAPÍTULO VIIIDISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta leias disposições do Código Penal e do Código deProcesso Penal.

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta lei,os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, res-ponsáveis pela execução de programas e projetose pelo controle e fiscalização dos esta-belecimentos e das atividades suscetíveis dedegradarem a qualidade ambiental, ficam autoriza-dos a celebrar, com força de título executivo extraju-dicial, termo de compromisso com pessoas físicasou jurídicas responsáveis pela construção, instala-ção, ampliação e funcionamento de esta-belecimentos e atividades utilizadores de recursosambientais, considerados efetiva ou potencialmentepoluidores. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.710-1, de 1998 e convali-dado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

§ 1º O termo de compromisso a que se refere esteartigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitirque as pessoas físicas e jurídicas mencionadas nocaput possam promover as necessárias correçõesde suas atividades, para o atendimento das exi-gências impostas pelas autoridades ambientaiscompetentes, sendo obrigatório que o respectivoinstrumento disponha sobre: (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de 1998e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2.163-41, de 2001)

I - o nome, a qualificação e o endereço das par-tes compromissadas e dos respectivos represen-tantes legais; (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.710-1, de 1998 e convalida-do(a) pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de2001)

II - o prazo de vigência do compromisso, que, emfunção da complexidade das obrigações nelefixadas, poderá variar entre o mínimo de noventadias e o máximo de três anos, com possibilidadede prorrogação por igual período; (Acrescenta-do(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A248

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 248

Page 243: Legislação Ambiental Básica

1998 e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2.163-41, de 2001)

III - a descrição detalhada de seu objeto, o valordo investimento previsto e o cronograma físico deexecução e de implantação das obras e serviçosexigidos, com metas trimestrais a serem atingi-das; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoafísica ou jurídica compromissada e os casos derescisão, em decorrência do não-cumprimentodas obrigações nele pactuadas; (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de 1998e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2.163-41, de 2001)

V - o valor da multa de que trata o inciso anteriornão poderá ser superior ao valor do investimentoprevisto; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provi-sória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

VI - o foro competente para dirimir litígios entreas partes. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

§ 2º No tocante aos empreendimentos em curso atéo dia 30 de março de 1998, envolvendo construção,instalação, ampliação e funcionamento de estabeleci-mentos e atividades utilizadoras de recursos ambien-tais, considerados efetiva ou potencialmente poluido-res, a assinatura do termo de compromisso deverá serrequerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessa-das, até o dia 31 de dezembro de 1998, medianterequerimento escrito protocolizado junto aos órgãoscompetentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelodirigente máximo do estabelecimento. (Acrescen-tado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de1998 e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2.163-41, de 2001)

§ 3º Da data da protocolização do requerimentoprevisto no parágrafo anterior e enquanto perdu-rar a vigência do correspondente termo de com-

promisso, ficarão suspensas, em relação aos fatosque deram causa à celebração do instrumento, aaplicação de sanções administrativas contra apessoa física ou jurídica que o houver firmado.(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a) pelo(a)Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

§ 4ºA celebração do termo de compromisso de quetrata este artigo não impede a execução de even-tuais multas aplicadas antes da protocolização dorequerimento. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

§ 5º Considera-se rescindido de pleno direito otermo de compromisso, quando descumprida qual-quer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuitoou de força maior. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

§ 6º O termo de compromisso deverá ser firmadoem até noventa dias, contados da protocolizaçãodo requerimento. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

§ 7º O requerimento de celebração do termo decompromisso deverá conter as informaçõesnecessárias à verificação da sua viabilidade técni-ca e jurídica, sob pena de indeferimento doplano. (Acrescentado(a) pelo(a) MedidaProvisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

§ 8º Sob pena de ineficácia, os termos de com-promisso deverão ser publicados no órgão oficialcompetente, mediante extrato. (Acrescentado(a)pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de 1998 econvalidado(a) pelo(a) Medida Provisórianº 2.163-41, de 2001))

Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Leinº prazo de noventa dias a contar de sua publicação.

Art. 81. (VETADO)

Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 249

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 249

Page 244: Legislação Ambiental Básica

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, daConstituição, e tendo em vista o disposto noCapítulo VI da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de1998, nos §§ 2º e 3º do art. 16, nos arts. 19 e 27e nos §§ 1º e 2º do art. 44 da Lei nº 4.771, de 15de setembro de 1965, nos arts. 2º, 3º, 14 e 17 daLei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, no incisoIV do art. 14 e no inciso II do art. 17 da Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981, no art. 1º daLei nº 7.643, de 18 de dezembro de 1987, no art.1º da Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1988,no § 2º do art. 3º e no art. 8º da Lei nº 7.802, de11 de julho de 1989, nos arts. 4º, 5º, 6º e 13 daLei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993, e nosarts. 11, 34 e 46 do Decreto-Lei nº 221, de 28 defevereiro de 1967,

DECRETA:

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Toda ação ou omissão que viole as regrasjurídicas de uso, gozo, promoção, proteção erecuperação do meio ambiente é consideradainfração administrativa ambiental e será punidacom as sanções do presente diploma legal, semprejuízo da aplicação de outras penalidades pre-vistas na legislação.

Art. 2º As infrações administrativas são punidascom as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodu-tos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,equipamentos ou veículos de qualquer natureza

utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total das atividades;

X - restritiva de direitos; e

XI - reparação dos danos causados.

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duasou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulati-vamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2ºA advertência será aplicada pela inobservânciadas disposições deste decreto e da legislação emvigor, sem prejuízo das demais sanções previstasneste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que oagente, por negligência ou dolo:

I - advertido, por irregularidades, que tenham sidopraticadas, deixar de saná-las, no prazo assinala-do por órgão competente do Sistema Nacional doMeio Ambiente-SISNAMA ou pela Capitania dosPortos do Comando da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos doSISNAMA ou da Capitania dos Portos doComando da Marinha.

§ 4º A multa simples pode ser convertida em ser-viços de preservação, melhoria e recuperação daqualidade do meio ambiente.

§ 5º A multa diária será aplicada sempre que ocometimento da infração se prolongar no tempo,até a sua efetiva cessação ou regularização dasituação mediante a celebração, pelo infrator, determo de compromisso de reparação de dano.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A250

Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meioambiente, e dá outras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 250

Page 245: Legislação Ambiental Básica

§ 6º A apreensão, destruição ou inutilização, refe-ridas nos incisos IV e V do caput deste artigo,obedecerão ao seguinte:

I - os animais, produtos, subprodutos, instrumen-tos, petrechos, equipamentos, veículos e embar-cações de pesca, objeto de infração administrati-va serão apreendidos, lavrando-se os respectivostermos;

II - os animais apreendidos terão a seguinte des-tinação:

a) libertados em seu habitat natural, após verifi-cação da sua adaptação às condições de vida sil-vestre;

b) entregues a jardins zoológicos, fundaçõesambientalistas ou entidades assemelhadas, desdeque fiquem sob a responsabilidade de técnicoshabilitados; ou

c) na impossibilidade de atendimento imediatodas condições previstas nas alíneas anteriores, oórgão ambiental autuante poderá confiar os ani-mais a fiel depositário na forma dos arts. 1.265 a1.282 da Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916,até implementação dos termos antes mencionados;

III - os produtos e subprodutos perecíveis ou amadeira apreendidos pela fiscalização serão ava-liados e doados pela autoridade competente àsinstituições científicas, hospitalares, penais, mili-tares, públicas e outras com fins beneficentes,bem como às comunidades carentes, lavrando-seos respectivos termos, sendo que, no caso de pro-dutos da fauna não perecíveis, os mesmos serãodestruídos ou doados a instituições científicas,culturais ou educacionais;

IV - os produtos e subprodutos de que tratam osincisos anteriores, não retirados pelo beneficiáriono prazo estabelecido no documento de doação,sem justificativa, serão objeto de nova doação ouleilão a critério do órgão ambiental, revertendoos recursos arrecadados para a preservação,melhoria e qualidade do meio ambiente, corren-do os custos operacionais de depósito, remoção,

transporte, beneficiamento e demais encargoslegais à conta do beneficiário;

V - os equipamentos, os petrechos e os demaisinstrumentos utilizados na prática da infraçãoserão vendidos pelo órgão responsável pelaapreensão, garantida a sua descaracterização pormeio da reciclagem;

VI - caso os instrumentos a que se refere o incisoanterior tenham utilidade para uso nas atividadesdos órgãos ambientais e de entidades científicas,culturais, educacionais, hospitalares, penais, mili-tares, públicas e outras entidades com fins bene-ficentes, serão doados a estas, após prévia avalia-ção do órgão responsável pela apreensão;

VII - tratando-se de apreensão de substâncias ouprodutos tóxicos, perigosos ou nocivos à saúdehumana ou ao meio ambiente, as medidas a seremadotadas, seja destinação final ou destruição,serão determinadas pelo órgão competente ecorrerão às expensas do infrator;

VIII - os veículos e as embarcações utilizados naprática da infração, apreendidos pela autoridadeambiental competente, poderão ser confiados afiel depositário até a sua alienação; (Redaçãodada pelo(a) Decreto nº 5.523, de 2005)

IX - fica proibida a transferência a terceiros, aqualquer título, dos animais, produtos, subprodu-tos, instrumentos, petrechos, equipamentos, veí-culos e embarcações de pesca, de que trata esteparágrafo, salvo na hipótese de autorização daautoridade competente;

X - a autoridade competente encaminhará cópiados termos de que trata este parágrafo aoMinistério Público, para conhecimento.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI, VII e IXdo caput deste artigo serão aplicadas quando oproduto, a obra, a atividade ou o estabelecimentonão estiverem obedecendo às determinaçõeslegais ou regulamentares.

§ 8º A determinação da demolição de obra deque trata o inciso VIII do caput deste artigo, seráde competência da autoridade do órgão ambien-

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 251

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 251

Page 246: Legislação Ambiental Básica

tal integrante do SISNAMA, a partir da efetivaconstatação pelo agente autuante da gravidadedo dano decorrente da infração.

§ 9º As sanções restritivas de direito aplicáveisàs pessoas físicas ou jurídicas são:

I - suspensão de registro, licença, permissão ouautorização;

II - cancelamento de registro, licença, permissãoou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefíciosfiscais;

IV - perda ou suspensão da participação emlinhas de financiamento em estabelecimentos ofi-ciais de crédito; e

V - proibição de contratar com a AdministraçãoPública, pelo período de até três anos.

§ 10. Independentemente de existência de culpa,é o infrator obrigado à reparação do dano causa-do ao meio ambiente, afetado por sua atividade.

§ 11. Nos casos de desmatamento ilegal de vege-tação natural, o agente autuante, verificando anecessidade, embargará a prática de atividadeseconômicas na área ilegalmente desmatadasimultaneamente à lavratura do auto de infração.

§ 12. O embargo do Plano de Manejo FlorestalSustentável - PMFS não exonera seu detentor daexecução de atividades de manutenção ou recu-peração da floresta, permanecendo o Termo deResponsabilidade de Manutenção da Florestaválido até o prazo final da vigência estabelecidano PMFS.

Art. 3º Reverterão ao Fundo Nacional do MeioAmbiente-FNMA, dez por cento dos valores arre-cadados em pagamento de multas aplicadas peloórgão ambiental federal, podendo o referido per-centual ser alterado, a critério dos demais órgãosarrecadadores.

Art. 4ºA multa terá por base a unidade, o hectare,o metro cúbico, o quilograma ou outra medidapertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 5º O valor da multa de que trata este decre-to será corrigido, periodicamente, com base nosíndices estabelecidos na legislação pertinente,sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais),e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüentamilhões de reais).

Art. 6º O agente autuante, ao lavrar o auto-de-infração, indicará a multa prevista para a condu-ta, bem como, se for o caso, as demais sançõesestabelecidas neste decreto, observando:

I - a gravidade dos fatos, tendo em vista os moti-vos da infração e suas conseqüências para asaúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator, quanto ao cum-primento da legislação de interesse ambiental; e

III - a situação econômica do infrator.

Art. 7º A autoridade competente deve, de ofícioou mediante provocação, independentemente dorecolhimento da multa aplicada, majorar, manterou minorar o seu valor, respeitados os limitesestabelecidos nos artigos infringidos, observandoos incisos do artigo anterior.

Parágrafo único. A autoridade competente, aoanalisar o processo administrativo de auto-de-infração, observará, no que couber, o dispostonos arts. 14 e 15 da Lei nº 9.605, de 12 de feve-reiro de 1998.

Art. 8º O pagamento de multa por infraçãoambiental imposta pelos Estados, Municípios,Distrito Federal ou Territórios substitui a aplicaçãode penalidade pecuniária pelo órgão federal, emdecorrência do mesmo fato, respeitados os limi-tes estabelecidos neste decreto.

Art. 9º O cometimento de nova infração poragente beneficiado com a conversão de multasimples em prestação de serviços de preservação,melhoria e recuperação da qualidade do meioambiente, implicará a aplicação de multa emdobro do valor daquela anteriormente imposta.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A252

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 252

Page 247: Legislação Ambiental Básica

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 253

Art. 10. Constitui reincidência a prática de novainfração ambiental cometida pelo mesmo agenteno período de três anos, classificada como:

I - específica: cometimento de infração da mesmanatureza; ou

II - genérica: o cometimento de infração ambien-tal de natureza diversa.

Parágrafo único. No caso de reincidência específi-ca ou genérica, a multa a ser imposta pela práti-ca da nova infração terá seu valor aumentado aotriplo e ao dobro, respectivamente.

CAPÍTULO IIDAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕESCOMETIDAS CONTRA O MEIO AMBIENTE

SEÇÃO IDAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕES

CONTRA A FAUNA

Art. 11. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizarespécimes da fauna silvestre, nativos ou em rotamigratória, sem a devida permissão, licença ouautorização da autoridade competente, ou emdesacordo com a obtida:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidadecom acréscimo por exemplar excedente de:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo I daComércio Internacional das Espécies da Flora eFauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES; e

II - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

§ 1º Incorre nas mesmas multas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licen-ça, autorização ou em desacordo com a obtida;

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abri-go ou criadouro natural; ou

III - quem vende, expõe à venda, exporta ouadquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito,

utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes dafauna silvestre nativa ou em rota migratória, bemcomo produtos e objetos dela oriundos, prove-nientes de criadouros não autorizados ou sem adevida permissão, licença ou autorização daautoridade competente.

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécimesilvestre não considerada ameaçada de extinção,pode a autoridade competente, considerando ascircunstâncias, deixar de aplicar a multa, nos ter-mos do § 2º do art. 29 da Lei nº 9.605, de 1998.

§ 3º No caso de guarda de espécime silvestre,deve a autoridade competente deixar de aplicaras sanções previstas neste Decreto, quando oagente espontaneamente entregar os animais aoórgão ambiental competente.

§ 4º São espécimes da fauna silvestre todosaqueles pertencentes às espécies nativas, migra-tórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres,que tenham todo ou parte de seu ciclo de vidaocorrendo dentro dos limites do território brasilei-ro ou em águas jurisdicionais brasileiras.

Art. 12. Introduzir espécime animal no país, semparecer técnico oficial favorável e licença expedi-da pela autoridade competente:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acrés-cimo por exemplar excedente de:

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade;

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo I daCITES; e

III - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasileiraameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

Art. 13. Exportar para o exterior peles e courosde anfíbios e répteis em bruto, sem autorizaçãoda autoridade competente:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acrés-cimo por exemplar excedente de:

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 253

Page 248: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A254

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade;

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo I daCITES; e

III - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo II daCITES.

Art. 14. Coletar material zoológico para finscientíficos sem licença especial expedida pelaautoridade competente:

Multa de R$ 200,00 (duzentos reais), com acrés-cimo por exemplar excedente de:

I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), por unidade;

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo I daCITES;

III - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas:

I - quem utilizar, para fins comerciais ou esporti-vos, as licenças especiais a que se refere este arti-go; e

II - a instituição científica, oficial ou oficializada,que deixar de dar ciência ao órgão público fede-ral competente das atividades dos cientistaslicenciados no ano anterior.

Art. 15. Praticar caça profissional no país:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), comacréscimo por exemplar excedente de:

I - R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade;

II - R$ 10.000,00 (dez mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo I daCITES; e

III - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-

leira ameaçada de extinção e do Anexo II daCITES.

Art. 16. Comercializar produtos e objetos queimpliquem a caça, perseguição, destruição ouapanha de espécimes da fauna silvestre:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), com acréscimode R$ 200,00 (duzentos reais), por exemplarexcedente.

Art. 17. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferirou mutilar animais silvestres, domésticos oudomesticados, nativos ou exóticos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) aR$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo porexemplar excedente:

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade;

II - R$ 10.000 00 (dez mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasileiraameaçada de extinção e do Anexo I da CITES; e

III - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade deespécie constante da lista oficial de fauna brasi-leira ameaçada de extinção e do Anexo II daCITES.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas,quem realiza experiência dolorosa ou cruel emanimal vivo, ainda que para fins didáticos ou cien-tíficos, quando existirem recursos alternativos.

Art. 18. Provocar, pela emissão de efluentesou carreamento de materiais, o perecimento deespécimes da fauna aquática existentes em rios,lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicio-nais brasileiras:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) aR$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas, quem:

I - causa degradação em viveiros, açudes ou esta-ções de aqüicultura de domínio público;

II - explora campos naturais de invertebradosaquáticos e algas, sem licença, permissão ouautorização da autoridade competente; e

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 254

Page 249: Legislação Ambiental Básica

III - fundeia embarcações ou lança detritos dequalquer natureza sobre bancos de moluscos oucorais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 19. Pescar em período no qual a pesca sejaproibida ou em lugares interditados por órgãocompetente:

Multa de R$ 700 00 (setecentos reais) aR$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo deR$ 10,00 (dez reais), por quilo do produto dapescaria.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas,quem:

I - pescar espécies que devam ser preservadas ouespécimes com tamanhos inferiores aos permiti-dos;

II - pescar quantidades superiores às permitidasou mediante a utilização de aparelhos, petrechos,técnicas e métodos não permitidos; e

III - transportar comercializar, beneficiar ou indus-trializar espécimes provenientes da coleta, apanhae pesca proibida.

Art. 20. Pescar mediante a utilização de explosi-vos ou substâncias que, em contato com aágua, produzam efeitos semelhantes, ou substân-cias tóxicas, ou ainda, por outro meio proibidopela autoridade competente:

Multa de R$ 700 00 (setecentos reais) aR$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo deR$ 10,00 (dez reais), por quilo do produto dapescaria.

Art. 21. Exercer pesca sem autorização do órgãoambiental competente:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000,00(dois mil reais).

Art. 22. Molestar de forma intencional todaespécie de cetáceo em águas jurisdicionais brasi-leiras:

Multa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

Art. 23. É proibida a importação ou a exportaçãode quaisquer espécies aquáticas, em qualquerestágio de evolução, bem como a introdução deespécies nativas ou exóticas em águas jurisdicio-nais brasileiras, sem autorização do órgão ambientalcompetente:

Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) aR$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).

Art. 24. Explorar campos naturais de invertebra-dos aquáticos e algas, bem como recifes de coralsem autorização do órgão ambiental competenteou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) aR$ 10.000,00 (dez mil reais).

SEÇÃO IIDAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕES

CONTRA A FLORA

Art. 25. Destruir ou danificar floresta consideradade preservação permanente, mesmo que em for-mação, ou utilizá-la com infringência das normasde proteção:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) aR$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por hectareou fração.

Art. 26. Cortar árvores em floresta consideradade preservação permanente, sem permissão daautoridade competente:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) aR$ 5.000,00 (cinco mil reais), por hectare ou fra-ção, ou R$ 500,00 (quinhentos reais), por metrocúbico.

Art. 27. Causar dano direto ou indireto àsUnidades de Conservação e às áreas de que tratao art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de1990, independentemente de sua localização:

Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) aR$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).

Art. 28. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais),por hectare ou fração queimada.

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 255

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 255

Page 250: Legislação Ambiental Básica

Art. 29. Fabricar, vender, transportar ou soltarbalões que possam provocar incêndios nas flores-tas e demais formas de vegetação, em áreasurbanas ou qualquer tipo de assentamentohumano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00(dez mil reais), por unidade.

Art. 30. Extrair de florestas de domínio públicoou consideradas de preservação permanente, semprévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquerespécie de minerais:

Multa simples de R$ 1.500,00 (mil e quinhentosreais), por hectare ou fração.

Art. 31. Cortar ou transformar em carvão madeirade lei, assim classificada em ato do Poder Público,para fins industriais, energéticos ou para qualqueroutra exploração, econômica ou não, em desacordocom as determinações legais:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por metrocúbico.

Art. 32. Receber ou adquirir, para fins comerciaisou industriais, madeira, lenha, carvão e outrosprodutos de origem vegetal, sem exigir a exibiçãode licença do vendedor, outorgada pela autorida-de competente, e sem munir-se da via que deve-rá acompanhar o produto até final benefi-ciamento:

Multa simples de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 500,00(quinhentos reais); por unidade, estéreo, quilo,mdc ou metro cúbico.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas,quem vende, expõe à venda, tem em depósito,transporta ou guarda madeira, lenha, carvão eoutros produtos de origem vegetal, sem licençaválida para todo o tempo da viagem ou do arma-zenamento, outorgada pela autoridade compe-tente.

Art. 33. Impedir ou dificultar a regeneração natu-ral de florestas ou demais formas de vegetação:

Multa de R$ 300,00 (trezentos reais), por hecta-re ou fração.

Art. 34. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, porqualquer modo ou meio, plantas de ornamenta-ção de logradouros públicos ou em propriedadeprivada alheia:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por árvore.

Art. 35. Comercializar motosserra ou utilizá-laem floresta ou demais formas de vegetação, semlicença ou registro da autoridade ambiental com-petente:

Multa simples de R$ 500,00 (quinhentos reais),por unidade comercializada.

Art. 36. Penetrar em Unidades de Conservaçãoconduzindo substâncias ou instrumentos própriospara caça ou para exploração de produtos ousubprodutos florestais, sem licença da autoridadecompetente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais).

Art. 37. Destruir ou danificar florestas nativas ouplantadas ou vegetação fixadora de dunas, prote-tora de mangues, objeto de especial preservação:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais),por hectare ou fração.

Art. 38. Explorar vegetação arbórea de origemnativa, localizada em área de reserva legal oufora dela, de domínio público ou privado, semaprovação prévia do órgão ambiental competenteou em desacordo com a aprovação concedida:

Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (tre-zentos reais), por hectare ou fração, ou por uni-dade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico.

Art. 39. Desmatar, a corte raso, área de reservalegal:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), porhectare ou fração. (Redação dada pelo(a) Decretonº 5.523, de 2005)

Parágrafo único. Incorre na mesma multa quemdesmatar vegetação nativa em percentual superiorao permitido pela Lei nº 4.771, de 15 de setem-bro de 1965, ainda que não tenha sido realizada

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A256

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 256

Page 251: Legislação Ambiental Básica

a averbação da área de reserva legal obrigatóriaexigida na citada Lei. (Acrescentado(a) pelo(a)Decreto nº 5.523, de 2005)

Art. 40. Fazer uso de fogo em áreas agropasto-ris sem autorização do órgão competente ou emdesacordo com a obtida:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por hectare oufração.

SEÇÃO IIIDAS SANÇÕES APLICÁVEIS À POLUIÇÃO E A

OUTRAS INFRAÇÕES AMBIENTAIS

Art. 41. Causar poluição de qualquer naturezaem níveis tais que resultem ou possam resultarem danos à saúde humana, ou que provoquem amortandade de animais ou a destruição significa-tiva da flora:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000.000,00(cinqüenta milhões de reais), ou multa diária.

§ 1º Incorre nas mesmas multas, quem:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópriapara ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque aretirada, ainda que momentânea, dos habitantesdas áreas afetadas, ou que cause danos diretos àsaúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessáriaa interrupção do abastecimento público de águade uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasososou detritos, óleos ou substâncias oleosas emdesacordo com as exigências estabelecidas emleis ou regulamentos; e

VI - deixar de adotar, quando assim o exigir a auto-ridade competente, medidas de precaução em casode risco de dano ambiental grave ou irreversível.

§ 2º As multas e demais penalidades de que trataeste artigo serão aplicadas após laudo técnico

elaborado pelo órgão ambiental competente,identificando a dimensão do dano decorrente dainfração.

Art. 42. Executar pesquisa, lavra ou extração deresíduos minerais sem a competente autorização,permissão, concessão ou licença ou em desacor-do com a obtida:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), porhectare ou fração.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas,quem deixar de recuperar a área pesquisada ouexplorada, nos termos da autorização, permissão,licença, concessão ou determinação do órgãocompetente.

Art. 43. Produzir, processar, embalar, importar,exportar, comercializar, fornecer, transportar,armazenar, guardar, ter em depósito ou usarproduto ou substância tóxica, perigosa ou nocivaà saúde humana ou ao meio ambiente, emdesacordo com as exigências estabelecidas emleis ou em seus regulamentos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) aR$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

§ 1º Incorre nas mesmas penas, quem abandonaos produtos ou substâncias referidas no caput, ouos utiliza em desacordo com as normas de segu-rança.

§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ouradioativa, a multa é aumentada ao quíntuplo.

Art. 44. Construir, reformar, ampliar, instalar oufazer funcionar, em qualquer pacote do territórionacional, estabelecimentos, obras ou serviçospotencialmente poluidores, sem licença ou auto-rização dos órgãos ambientais competentes, oucontrariando as normas legais e regulamentospertinentes:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) aR$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).

Art. 45. Disseminar doença ou praga ou espéciesque possam causar dano à agricultura, à pecuária,à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 257

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 257

Page 252: Legislação Ambiental Básica

MultadeR$5.000,00(cincomil reais)aR$2.000.000,00(dois milhões de reais).

Art. 46. Conduzir, permitir ou autorizar a con-dução de veículo automotor em desacordo comos limites e exigências ambientais previstas emlei:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00(dez mil reais).

Art. 47. Importar ou comercializar veículo auto-motor sem Licença para Uso da Configuração deVeículos ou Motor-LCVM expedida pela autorida-de competente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000.000,00(dez milhões de reais) e correção de todas as uni-dades de veículo ou motor que sofrerem alterações.

Art. 47-A. Importar pneu usado ou reformado:

Multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais), porunidade.

§ 1º Incorre na mesma pena, quem comercializa,transporta, armazena, guarda ou mantém emdepósito pneu usado ou reformado, importadonessas condições.

§ 2º Ficam isentas do pagamento da multa a quese refere este artigo as importações de pneumáti-cos reformados classificados nas NCM4012.1100, 4012.1200, 4012.1300 e 4012.1900,procedentes dos Estados Partes do MERCOSUL,ao amparo do Acordo de ComplementaçãoEconômica nº 18.

Art. 48. Alterar ou promover a conversão dequalquer item em veículos ou motores novos ouusados, que provoque alterações nos limites eexigências ambientais previstas em lei:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00(dez mil reais), por veículo, e correção da irregu-laridade.

SEÇÃO IVDAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕESCONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O

PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 49. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, atoadministrativo ou decisão judicial; ou

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacote-ca, instalação científica ou similar protegido porlei, ato administrativo ou decisão judicial:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) aR$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Art. 50. Alterar o aspecto ou estrutura de edifi-cação ou local especialmente protegido por lei,ato administrativo ou decisão judicial, em razão deseu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico,histórico, cultural, religioso, arqueológico, etno-gráfico ou monumental, sem autorização da auto-ridade competente ou em desacordo com a con-cedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) aR$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

Art. 51. Promover construção em solo não edifi-cável, ou no seu entorno, assim considerado emrazão de seu valor paisagístico, ecológico, artísti-co, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueo-lógico, etnográfico ou monumental, sem autori-zação da autoridade competente ou em desacor-do com a concedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) aR$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 52. Pichar, grafitar ou por outro meio cons-purcar edificação ou monumento urbano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000,00(cinqüenta mil reais).

Parágrafo único. Se o ato for realizado em monu-mento ou coisa tombada, em virtude de seu valorartístico, arqueológico ou histórico, a multa éaumentada em dobro.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A258

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 258

Page 253: Legislação Ambiental Básica

SEÇÃO VDAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕES

ADMINISTRATIVAS CONTRA AADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

Art. 53. Deixar de obter o registro no CadastroTécnico Federal de Atividades PotencialmentePoluidoras ou Utilizadoras de RecursosAmbientais,as pessoas físicas e jurídicas, que se dedicamàs atividades potencialmente poluidoras e àextração, produção, transporte e comercializaçãode produtos potencialmente perigosos ao meioambiente, assim como de produtos e subprodutosda fauna e flora:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 20.000,00(vinte mil reais).

Art. 54. Deixar, o jardim zoológico, de ter o livrode registro do acervo faunístico ou mantê-lo deforma irregular:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais).

Art. 55. Deixar, o comerciante, de apresentardeclaração de estoque e valores oriundos decomércio de animais silvestres:

Multa R$ 200,00 (duzentos reais), por unidadeem atraso.

Art. 56. Deixar, os comandantes de embarcaçõesdestinadas à pesca, de preencher e entregar, aofim de cada viagem ou semanalmente, os mapasfornecidos pelo órgão competente:

Multa: R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade.

Art. 57. Deixar de apresentar aos órgãos compe-tentes, as inovações concernentes aos dados for-necidos para o registro de agrotóxicos, seus com-ponentes e afins:

Multa deR$5.000,00 (cincomil reais) a R$100.000,00(cem mil reais), por produto.

Art. 58. Deixar de constar de propagandacomercial de agrotóxicos, seus componentes eafins em qualquer meio de comunicação, claraadvertência sobre os riscos do produto à saúdehumana, aos animais e ao meio ambiente ou

desatender os demais preceitos da legislaçãovigente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Art. 59. Deixar, o fabricante, de cumprir os requi-sitos de garantia ao atendimento dos limitesvigentes de emissão de poluentes atmosféricos ede ruído, durante os prazos e quilometragens pre-vistos em normas específicas, bem como deixarde fornecer aos usuários todas as orientações sobrea correta utilização e manutenção de veículos oumotores:

MultadeR$100.000,00(cemmilreais)aR$1.000.000,00(um milhão de reais).

CAPÍTULO IIIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 60. As multas previstas neste decreto podemter a sua exigibilidade suspensa, quando oinfrator, por termo de compromisso aprovadopela autoridade competente, obrigar-se à adoçãode medidas específicas, para fazer cessar ou cor-rigir a degradação ambiental.

§ 1º A correção do dano de que trata este artigoserá feita mediante a apresentação de projetotécnico de reparação do dano.

§ 2º A autoridade competente pode dispensar oinfrator de apresentação de projeto técnico, nahipótese em que a reparação não o exigir.

§ 3º Cumpridas integralmente as obrigaçõesassumidas pelo infrator, a multa será reduzida emnoventa por cento do valor atualizado, moneta-riamente.

§ 4º Na hipótese de interrupção do cumprimentodas obrigações de cessar e corrigir a degradaçãoambiental, quer seja por decisão da autoridadeambiental ou por culpa do infrator, o valor damulta atualizado monetariamente será propor-cional ao dano não reparado.

§ 5º Os valores apurados nos §§ 3º e 4º serãorecolhidos no prazo de cinco dias do recebimen-to da notificação.

8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 259

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 259

Page 254: Legislação Ambiental Básica

Art. 61. O órgão competente pode expedir atosnormativos, visando disciplinar os procedimentosnecessários ao cumprimento deste decreto.

Art. 61-A. Os órgãos ambientais integrantes doSistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA ea Capitania dos Portos do Comando da Marinhaficam obrigados a dar, mensalmente, publicidadedas sanções administrativas aplicadas com fun-damento neste Decreto: (Acrescentado(a) pelo(a)Decreto nº 5.523, de 2005)

I - no Sistema Nacional de Informações Ambien-tais-SISNIMA, de que trata o art. 9º, inciso VII, daLei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981; e (Acres-centado(a) pelo(a) Decreto nº 5.523, de 2005)

II - em seu sítio na rede mundial de computado-res. (Acrescentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.523,de 2005)

Art. 62. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A260

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 260

Page 255: Legislação Ambiental Básica

9. PATRIMÔNIO GENÉTICO, A PROTEÇÃOE O ACESSO AO CONHECIMENTO TRADICIONALASSOCIADO, A REPARTIÇÃO DE BENEFÍCIOS

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Dan

iela

Goul

art

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 261

Page 256: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 262

Page 257: Legislação Ambiental Básica

Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 da Constituição, os arts. 1º, 8º, alínea “j”, 10, alí-nea “c”, 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso aopatrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição debenefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, edá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-buição que lhe confere o art.62 daConstituição,adotaa seguinte Medida Provisória, com força de lei:

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta medida provisória dispõe sobre osbens, os direitos e as obrigações relativos:

I - ao acesso a componente do patrimônio gené-tico existente no território nacional, na platafor-ma continental e na zona econômica exclusivapara fins de pesquisa científica, desenvolvimentotecnológico ou bioprospecção;

II - ao acesso ao conhecimento tradicional asso-ciado ao patrimônio genético, relevante à conser-vação da diversidade biológica, à integridade dopatrimônio genético do país e à utilização de seuscomponentes;

III - à repartição justa e eqüitativa dos benefíciosderivados da exploração de componente do patri-mônio genético e do conhecimento tradicionalassociado; e

IV - ao acesso à tecnologia e transferência de tec-nologia para a conservação e a utilização dadiversidade biológica.

§ 1º O acesso a componente do patrimônio gené-tico para fins de pesquisa científica, desenvolvi-mento tecnológico ou bioprospecção far-se-á naforma desta medida provisória, sem prejuízo dosdireitos de propriedade material ou imaterial queincidam sobre o componente do patrimônio genéti-co acessado ou sobre o local de sua ocorrência.

§ 2º O acesso a componente do patrimônio gené-tico existente na plataforma continental observaráo disposto na Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993.

Art. 2º O acesso ao patrimônio genético existenteno país somente será feito mediante autorizaçãoda União e terá o seu uso, comercialização e apro-veitamento para quaisquer fins submetidos àfiscalização, restrições e repartição de benefíciosnos termos e nas condições estabelecidos nestamedida provisória e no seu regulamento.

Art. 3º Esta medida provisória não se aplica aopatrimônio genético humano.

Art. 4º É preservado o intercâmbio e a difusão decomponente do patrimônio genético e do conhe-cimento tradicional associado praticado entre sipor comunidades indígenas e comunidades locaispara seu próprio benefício e baseados em práticacostumeira.

Art. 5º É vedado o acesso ao patrimônio gené-tico para práticas nocivas ao meio ambiente e àsaúde humana e para o desenvolvimento de armasbiológicas e químicas.

Art. 6º A qualquer tempo, existindo evidênciacientífica consistente de perigo de dano grave eirreversível à diversidade biológica, decorrentede atividades praticadas na forma desta MedidaProvisória, o Poder Público, por intermédio doConselho de Gestão do Patrimônio Genético, pre-visto no art. 10, com base em critérios e parecertécnico, determinará medidas destinadas a impe-dir o dano, podendo, inclusive, sustar a atividade,respeitada a competência do órgão responsávelpela biossegurança de organismos geneticamen-te modificados.

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 263

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 263

Page 258: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO IIDAS DEFINIÇÕES

Art. 7ºAlém dos conceitos e das definições cons-tantes da Convenção sobre Diversidade Biológica,considera-se para os fins desta Medida Provisória:

I - patrimônio genético: informação de origemgenética, contida em amostras do todo ou departe de espécime vegetal, fúngico, microbianoou animal, na forma de moléculas e substânciasprovenientes do metabolismo destes seres vivos ede extratos obtidos destes organismos vivos oumortos, encontrados em condições in situ, inclusi-ve domesticados, ou mantidos em coleções exsitu, desde que coletados em condições in situ noterritório nacional, na plataforma continental ouna zona econômica exclusiva;

II - conhecimento tradicional associado: informa-ção ou prática individual ou coletiva de comunida-de indígena ou de comunidade local, com valor realou potencial, associada ao patrimônio genético;

III - comunidade local: grupo humano, incluindoremanescentes de comunidades de quilombos,distinto por suas condições culturais, que se orga-niza, tradicionalmente, por gerações sucessivas ecostumes próprios, e que conserva suas institui-ções sociais e econômicas;

IV - acesso ao patrimônio genético: obtenção deamostra de componente do patrimônio genéticopara fins de pesquisa científica, desenvolvimentotecnológico ou bioprospecção, visando a sua apli-cação industrial ou de outra natureza;

V - acesso ao conhecimento tradicional associa-do: obtenção de informação sobre conhecimentoou prática individual ou coletiva, associada aopatrimônio genético, de comunidade indígena oude comunidade local, para fins de pesquisa cien-tífica, desenvolvimento tecnológico ou biopros-pecção, visando a sua aplicação industrial ou deoutra natureza;

VI - acesso à tecnologia e transferência de tecno-logia: ação que tenha por objetivo o acesso, odesenvolvimento e a transferência de tecnologiapara a conservação e a utilização da diversidade

biológica ou tecnologia desenvolvida a partir deamostra de componente do patrimônio genéticoou do conhecimento tradicional associado;

VII - bioprospecção: atividade exploratória quevisa identificar componente do patrimônio gené-tico e informação sobre conhecimento tradicionalassociado, com potencial de uso comercial;

VIII - espécie ameaçada de extinção: espécie comalto risco de desaparecimento na natureza emfuturo próximo, assim reconhecida pela autorida-de competente;

IX - espécie domesticada: aquela em cujo proces-so de evolução influiu o ser humano para atenderàs suas necessidades;

X - Autorização de Acesso e de Remessa: documentoque permite, sob condições específicas, o acesso aamostra de componente do patrimônio genéticoe sua remessa à instituição destinatária e o aces-so a conhecimento tradicional associado;

XI - Autorização Especial de Acesso e deRemessa: documento que permite, sob condiçõesespecíficas, o acesso a amostra de componentedo patrimônio genético e sua remessa à institui-ção destinatária e o acesso a conhecimento tradi-cional associado, com prazo de duração de atédois anos, renovável por iguais períodos;

XII - Termo de Transferência de Material: instru-mento de adesão a ser firmado pela instituiçãodestinatária antes da remessa de qualquer amos-tra de componente do patrimônio genético, indi-cando, quando for o caso, se houve acesso aconhecimento tradicional associado;

XIII - Contrato de Utilização do PatrimônioGenético e de Repartição de Benefícios: instru-mento jurídico multilateral, que qualifica as par-tes, o objeto e as condições de acesso e deremessa de componente do patrimônio genéticoe de conhecimento tradicional associado, bemcomo as condições para repartição de benefícios;

XIV - condição ex situ: manutenção de amostra decomponente do patrimônio genético fora de seuhabitat natural, em coleções vivas ou mortas.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A264

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 264

Page 259: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO IIIDA PROTEÇÃO AO CONHECIMENTO

TRADICIONAL ASSOCIADO

Art. 8º Fica protegido por esta medida provisóriao conhecimento tradicional das comunidadesindígenas e das comunidades locais, associado aopatrimônio genético, contra a utilização e explo-ração ilícita e outras ações lesivas ou não autori-zadas pelo Conselho de Gestão de que trata oart. 10, ou por instituição credenciada.

§ 1º O Estado reconhece o direito das comunida-des indígenas e das comunidades locais paradecidir sobre o uso de seus conhecimentos tradi-cionais associados ao patrimônio genético dopaís, nos termos desta medida provisória e do seuregulamento.

§ 2º O conhecimento tradicional associado aopatrimônio genético de que trata esta medidaprovisória integra o patrimônio cultural brasileiroe poderá ser objeto de cadastro, conforme dispusero Conselho de Gestão ou legislação específica.

§ 3º A proteção outorgada por esta medida pro-visória não poderá ser interpretada de modo aobstar a preservação, a utilização e o desenvolvi-mento de conhecimento tradicional de comunida-de indígena ou comunidade local.

§ 4º A proteção ora instituída não afetará, preju-dicará ou limitará direitos relativos à propriedadeintelectual.

Art. 9º À comunidade indígena e à comunidadelocal que criam, desenvolvem, detêm ou conser-vam conhecimento tradicional associado ao patri-mônio genético, é garantido o direito de:

I - ter indicada a origem do acesso ao conheci-mento tradicional em todas as publicações, utili-zações, explorações e divulgações;

II - impedir terceiros não autorizados de:

a) utilizar, realizar testes, pesquisas ou exploração,relacionados ao conhecimento tradicional associado;

b) divulgar, transmitir ou retransmitir dados ouinformações que integram ou constituem conhe-cimento tradicional associado;

III - perceber benefícios pela exploração econômicapor terceiros, direta ou indiretamente, de conhe-cimento tradicional associado, cujos direitos são desua titularidade, nos termos desta medida provisória.

Parágrafo único. Para efeito desta medida provi-sória, qualquer conhecimento tradicional associa-do ao patrimônio genético poderá ser de titulari-dade da comunidade, ainda que apenas um indi-víduo, membro dessa comunidade, detenha esseconhecimento.

CAPÍTULO IVDAS COMPETÊNCIAS E

ATRIBUIÇÕES INSTITUCIONAIS

Art. 10. Fica criado, no âmbito do Ministériodo Meio Ambiente, o Conselho de Gestão doPatrimônio Genético, de caráter deliberativo enormativo, composto de representantes deórgãos e de entidades da Administração PúblicaFederal que detêm competência sobre as diversasações de que trata esta medida provisória.

§ 1º O Conselho de Gestão será presidido pelorepresentante do Ministério do Meio Ambiente.

§ 2º O Conselho de Gestão terá sua composiçãoe seu funcionamento dispostos no regulamento.

Art. 11. Compete ao Conselho de Gestão:

I - coordenar a implementação de políticas para agestão do patrimônio genético;

II - estabelecer:

a) normas técnicas;

b) critérios para as autorizações de acesso e deremessa;

c) diretrizes para elaboração do Contrato deUtilização do Patrimônio Genético e de Reparti-ção de Benefícios;

d) critérios para a criação de base de dados parao registro de informação sobre conhecimento tra-dicional associado;

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 265

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 265

Page 260: Legislação Ambiental Básica

III - acompanhar, em articulação com órgãosfederais, ou mediante convênio com outras insti-tuições, as atividades de acesso e de remessa deamostra de componente do patrimônio genéticoe de acesso a conhecimento tradicional associado;

IV - deliberar sobre:

a) autorização de acesso e de remessa de amos-tra de componente do patrimônio genético,mediante anuência prévia de seu titular;

b) autorização de acesso a conhecimento tradi-cional associado, mediante anuência prévia deseu titular;

c) autorização especial de acesso e de remessa deamostra de componente do patrimônio genéticoà instituição nacional, pública ou privada, queexerça atividade de pesquisa e desenvolvimentonas áreas biológicas e afins, e à universidadenacional, pública ou privada, com prazo de duraçãode até dois anos, renovável por iguais períodos,nos termos do regulamento;

d) autorização especial de acesso a conhecimentotradicional associado à instituição nacional, públi-ca ou privada, que exerça atividade de pesquisa edesenvolvimento nas áreas biológicas e afins, e àuniversidade nacional, pública ou privada, comprazo de duração de até dois anos, renovável poriguais períodos, nos termos do regulamento;

e) credenciamento de instituição pública nacionalde pesquisa e desenvolvimento ou de instituiçãopública federal de gestão para autorizar outrainstituição nacional, pública ou privada, queexerça atividade de pesquisa e desenvolvimentonas áreas biológicas e afins:

1. a acessar amostra de componente do patrimôniogenético e de conhecimento tradicional associado;

2. a remeter amostra de componente do patri-mônio genético para instituição nacional, públi-ca ou privada, ou para instituição sediada noexterior;

f) credenciamento de instituição pública nacionalpara ser fiel depositária de amostra de compo-nente do patrimônio genético;

V - dar anuência aos Contratos de Utilizaçãodo Patrimônio Genético e de Repartição deBenefícios quanto ao atendimento dos requisitosprevistos nesta medida provisória e no seu regula-mento;

VI - promover debates e consultas públicas sobreos temas de que trata esta medida provisória;

VII - funcionar como instância superior de recursoem relação a decisão de instituição credenciadae dos atos decorrentes da aplicação desta medidaprovisória;

VIII - aprovar seu regimento interno.

§ 1º Das decisões do Conselho de Gestão caberárecurso ao plenário, na forma do regulamento.

§ 2º O Conselho de Gestão poderá organizar-seem câmaras temáticas, para subsidiar decisõesdo plenário.

Art. 12. A atividade de coleta de componente dopatrimônio genético e de acesso a conhecimentotradicional associado, que contribua para o avan-ço do conhecimento e que não esteja associada àbioprospecção, quando envolver a participaçãode pessoa jurídica estrangeira, será autorizadapelo órgão responsável pela política nacional depesquisa científica e tecnológica, observadas asdeterminações desta medida provisória e a legis-lação vigente.

Parágrafo único. A autorização prevista no caputdeste artigo observará as normas técnicas defini-das pelo Conselho de Gestão, o qual exercerásupervisão dessas atividades.

Art. 13. Compete ao presidente do Conselhode Gestão firmar, em nome da União, Contrato deUtilização do Patrimônio Genético e de Repar-tição de Benefícios.

§ 1º Mantida a competência de que trata o caputdeste artigo, o presidente do Conselho de Gestãosubdelegará ao titular de instituição pública fede-ral de pesquisa e desenvolvimento ou instituiçãopública federal de gestão a competência previstano caput deste artigo, conforme sua respectivaárea de atuação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A266

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 266

Page 261: Legislação Ambiental Básica

§ 2º Quando a instituição prevista no § 1º forparte interessada no contrato, este será firmadopelo Presidente do Conselho de Gestão.

Art. 14. Caberá à instituição credenciada de quetratam os números 1 e 2 da alínea “e” do incisoIV do art. 11 desta medida provisória uma oumais das seguintes atribuições, observadas asdiretrizes do Conselho de Gestão:

I - analisar requerimento e emitir, a terceiros,autorização:

a) de acesso a amostra de componente do patri-mônio genético existente em condições in situ noterritório nacional, na plataforma continental ena zona econômica exclusiva, mediante anuênciaprévia de seus titulares;

b) de acesso a conhecimento tradicional associa-do, mediante anuência prévia dos titulares da área;

c) de remessa de amostra de componente dopatrimônio genético para instituição nacional,pública ou privada, ou para instituição sediada noexterior;

II - acompanhar, em articulação com órgãos fede-rais, ou mediante convênio com outras institui-ções, as atividades de acesso e de remessa deamostra de componente do patrimônio genético ede acesso a conhecimento tradicional associado;

III - criar e manter:

a) cadastro de coleções ex situ, conforme previs-to no art. 18 desta medida provisória;

b) base de dados para registro de informaçõesobtidas durante a coleta de amostra de compo-nente do patrimônio genético;

c) base de dados relativos às Autorizações deAcesso e de Remessa, aos Termos de Transferên-cia de Material e aos Contratos de Utilização doPatrimônio Genético e de Repartição de Bene-fícios, na forma do regulamento;

IV - divulgar, periodicamente, lista das Autoriza-ções de Acesso e de Remessa, dos Termos deTransferência de Material e dos Contratos de Uti-

lização do Patrimônio Genético e de Repartiçãode Benefícios;

V - acompanhar a implementação dos Termos deTransferência de Material e dos Contratos deUtilização do Patrimônio Genético e de Repar-tição de Benefícios referente aos processos porela autorizados.

§ 1º A instituição credenciada deverá, anualmente,mediante relatório, dar conhecimento pleno aoConselho de Gestão sobre a atividade realizada erepassar cópia das bases de dados à unidadeexecutora prevista no art. 15.

§ 2º A instituição credenciada, na forma do art.11, deverá observar o cumprimento das disposi-ções desta medida provisória, do seu regulamen-to e das decisões do Conselho de Gestão, sobpena de seu descredenciamento, ficando, ainda,sujeita à aplicação, no que couber, das penalida-des previstas no art. 30 e na legislação vigente.

Art. 15. Fica autorizada a criação, no âmbito doMinistério do Meio Ambiente, de unidade execu-tora que exercerá a função de secretaria executivado Conselho de Gestão, de que trata o art. 10desta medida provisória, com as seguintes atri-buições, dentre outras:

I - implementar as deliberações do Conselho deGestão;

II - dar suporte às instituições credenciadas;

III - emitir, de acordo com deliberação doConselho de Gestão e em seu nome:

a) Autorização de Acesso e de Remessa;

b) Autorização Especial de Acesso e de Remessa;

IV - acompanhar, em articulação com os demaisórgãos federais, as atividades de acesso e deremessa de amostra de componente do patrimô-nio genético e de acesso a conhecimento tradi-cional associado;

V - credenciar, de acordo com deliberação doConselho de Gestão e em seu nome, instituiçãopública nacional de pesquisa e desenvolvimentoou instituição pública federal de gestão paraautorizar instituição nacional, pública ou privada:

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 267

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 267

Page 262: Legislação Ambiental Básica

a) a acessar amostra de componente do patrimôniogenético e de conhecimento tradicional associado;

b) a enviar amostra de componente do patrimô-nio genético para instituição nacional, pública ouprivada, ou para instituição sediada no exterior,respeitadas as exigências do art. 19 desta medi-da provisória;

VI - credenciar, de acordo com deliberação doConselho de Gestão e em seu nome, instituiçãopública nacional para ser fiel depositária deamostra de componente do patrimônio genético;

VII - registrar os Contratos de Utilização doPatrimônio Genético e de Repartição de Bene-fícios, após anuência do Conselho de Gestão;

VIII - divulgar lista de espécies de intercâmbiofacilitado constantes de acordos internacionais,inclusive sobre segurança alimentar, dos quais opaís seja signatário, de acordo com o § 2º do art.19 desta medida provisória;

IX - criar e manter:

a) cadastro de coleções ex situ, conforme previs-to no art. 18;

b) base de dados para registro de informaçõesobtidas durante a coleta de amostra de compo-nente do patrimônio genético;

c) base de dados relativos às Autorizações deAcesso e de Remessa, aos Termos de Transferênciade Material e aos Contratos de Utilização doPatrimônio Genético e de Repartição deBenefícios;

X - divulgar, periodicamente, lista das Autoriza-ções de Acesso e de Remessa, dos Termos deTransferência de Material e dos Contratos deUtilização do Patrimônio Genético e de Repar-tição de Benefícios.

CAPÍTULO VDO ACESSO E DA REMESSA

Art. 16. O acesso a componente do patrimôniogenético existente em condições in situ no territórionacional, na plataforma continental e na zonaeconômica exclusiva, e ao conhecimento tradicio-nal associado far-se-á mediante a coleta de amos-tra e de informação, respectivamente, e somenteserá autorizado a instituição nacional, pública ouprivada, que exerça atividades de pesquisa edesenvolvimento nas áreas biológicas e afins,mediante prévia autorização, na forma destamedida provisória.

§ 1º O responsável pela expedição de coletadeverá, ao término de suas atividades em cadaárea acessada, assinar com o seu titular ou repre-sentante declaração contendo listagem do mate-rial acessado, na forma do regulamento.

§ 2º Excepcionalmente, nos casos em que o titu-lar da área ou seu representante não for identifi-cado ou localizado por ocasião da expedição decoleta, a declaração contendo listagem do mate-rial acessado deverá ser assinada pelo responsá-vel pela expedição e encaminhada ao Conselhode Gestão.

§ 3º Subamostra representativa de cada popula-ção componente do patrimônio genético acessa-da deve ser depositada em condição ex situ eminstituição credenciada como fiel depositária, deque trata a alínea “f” do inciso IV do art. 11 destamedida provisória, na forma do regulamento.

§ 4º Quando houver perspectiva de uso comercial,o acesso a amostra de componente do patrimôniogenético, em condições in situ, e ao conhecimentotradicional associado só poderá ocorrer após assi-natura de Contrato de Utilização do PatrimônioGenético e de Repartição de Benefícios.

§ 5º Caso seja identificado potencial de uso eco-nômico, de produto ou processo, passível ou nãode proteção intelectual, originado de amostra decomponente do patrimônio genético e de infor-mação oriunda de conhecimento tradicional

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A268

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 268

Page 263: Legislação Ambiental Básica

associado, acessado com base em autorizaçãoque não estabeleceu esta hipótese, a instituiçãobeneficiária obriga-se a comunicar ao Conselhode Gestão ou a instituição onde se originou oprocesso de acesso e de remessa, para a formali-zação de Contrato de Utilização do PatrimônioGenético e de Repartição de Benefícios.

§ 6º A participação de pessoa jurídica estrangei-ra em expedição para coleta de amostra de com-ponente do patrimônio genético in situ e paraacesso de conhecimento tradicional associadosomente será autorizada quando em conjuntocom instituição pública nacional, ficando a coor-denação das atividades obrigatoriamente a cargodesta última e desde que todas as instituiçõesenvolvidas exerçam atividades de pesquisa edesenvolvimento nas áreas biológicas e afins.

§ 7º A pesquisa sobre componentes do patrimô-nio genético deve ser realizada preferencialmen-te no território nacional.

§ 8º A Autorização de Acesso e de Remessa deamostra de componente do patrimônio genéticode espécie de endemismo estrito ou ameaçada deextinção dependerá da anuência prévia do órgãocompetente.

§ 9º A Autorização de Acesso e de Remessa dar-se-á após a anuência prévia:

I - da comunidade indígena envolvida, ouvido oórgão indigenista oficial, quando o acesso ocorrerem terra indígena;

II - do órgão competente, quando o acesso ocor-rer em área protegida;

III - do titular de área privada, quando o acessonela ocorrer;

IV - do Conselho de Defesa Nacional, quando oacesso se der em área indispensável à segurançanacional;

V - da autoridade marítima, quando o acesso seder em águas jurisdicionais brasileiras, na plata-forma continental e na zona econômica exclusiva.

§ 10. O detentor de Autorização de Acesso e deRemessa de que tratam os incisos I a V do § 9º

deste artigo fica responsável a ressarcir o titularda área por eventuais danos ou prejuízos, desdeque devidamente comprovados.

§ 11. A instituição detentora de AutorizaçãoEspecial de Acesso e de Remessa encaminhará aoConselho de Gestão as anuências de que tratamos §§ 8º e 9º deste artigo antes ou por ocasiãodas expedições de coleta a serem efetuadas duranteo período de vigência da Autorização, cujo des-cumprimento acarretará o seu cancelamento.

Art. 17. Em caso de relevante interesse público,assim caracterizado pelo Conselho de Gestão, oingresso em área pública ou privada para acessoa amostra de componente do patrimônio genéti-co dispensará anuência prévia dos seus titulares,garantido a estes o disposto nos arts. 24 e 25desta medida provisória.

§ 1º No caso previsto no caput deste artigo, acomunidade indígena, a comunidade local ou oproprietário deverá ser previamente informado.

§ 2º Em se tratando de terra indígena, observar-se-á o disposto no § 6º do art. 231 da Constitui-ção Federal.

Art. 18. A conservação ex situ de amostra decomponente do patrimônio genético deve serrealizada no território nacional, podendo, suple-mentarmente, a critério do Conselho de Gestão,ser realizada no exterior.

§ 1º As coleções ex situ de amostra de compo-nente do patrimônio genético deverão ser cadas-tradas junto à unidade executora do Conselho deGestão, conforme dispuser o regulamento.

§ 2º O Conselho de Gestão poderá delegar ocadastramento de que trata o § 1º deste artigo auma ou mais instituições credenciadas na formadas alíneas “d” e “e” do inciso IV do art. 11desta medida provisória.

Art. 19. A remessa de amostra de componentedo patrimônio genético de instituição nacional,pública ou privada, para outra instituição nacio-nal, pública ou privada, será efetuada a partir dematerial em condições ex situ, mediante a infor-mação do uso pretendido, observado o cumpri-

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 269

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 269

Page 264: Legislação Ambiental Básica

mento cumulativo das seguintes condições, alémde outras que o Conselho de Gestão venha aestabelecer:

I - depósito de sub-amostra representativa decomponente do patrimônio genético em coleçãomantida por instituição credenciada, caso aindanão tenha sido cumprido o disposto no § 3º doart. 16 desta medida provisória;

II - nos casos de amostra de componente dopatrimônio genético acessado em condições insitu, antes da edição desta medida provisória, odepósito de que trata o inciso I será feito naforma acessada, se ainda disponível, nos termosdo regulamento;

III - fornecimento de informação obtida durante acoleta de amostra de componente do patrimôniogenético para registro em base de dados mencio-nada na alínea “b” do inciso III do art. 14 e alí-nea “b” do inciso IX do art. 15 desta medida pro-visória;

IV - prévia assinatura de Termo de Transferênciade Material.

§ 1º Sempre que houver perspectiva de usocomercial de produto ou processo resultante dautilização de componente do patrimônio genéticoserá necessária a prévia assinatura de Contratode Utilização do Patrimônio Genético e deRepartição de Benefícios.

§ 2º A remessa de amostra de componente dopatrimônio genético de espécies consideradas deintercâmbio facilitado em acordos internacionais,inclusive sobre segurança alimentar, dos quais opaís seja signatário, deverá ser efetuada em con-formidade com as condições neles definidas,mantidas as exigências deles constantes.

§ 3º A remessa de qualquer amostra de compo-nente do patrimônio genético de instituiçãonacional, pública ou privada, para instituiçãosediada no exterior, será efetuada a partir dematerial em condições ex situ, mediante a infor-mação do uso pretendido e a prévia autorizaçãodo Conselho de Gestão ou de instituição creden-

ciada, observado o cumprimento cumulativo dascondições estabelecidas nos incisos I a IV e §§ 1ºe 2º deste artigo.

Art. 20. O Termo de Transferência de Materialterá seu modelo aprovado pelo Conselho de Gestão.

CAPÍTULO VIDO ACESSO À TECNOLOGIA E

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

Art. 21. A instituição que receber amostra decomponente do patrimônio genético ou conheci-mento tradicional associado facilitará o acesso àtecnologia e transferência de tecnologia para aconservação e utilização desse patrimônio oudesse conhecimento à instituição nacional res-ponsável pelo acesso e remessa da amostra e dainformação sobre o conhecimento, ou instituiçãopor ela indicada.

Art. 22. O acesso à tecnologia e transferência detecnologia entre instituição nacional de pesquisae desenvolvimento, pública ou privada, e institui-ção sediada no exterior, poderá realizar-se, entreoutras atividades, mediante:

I - pesquisa científica e desenvolvimento tecnoló-gico;

II - formação e capacitação de recursos humanos;

III - intercâmbio de informações;

IV - intercâmbio entre instituição nacional de pes-quisa e instituição de pesquisa sediada no exterior;

V - consolidação de infra-estrutura de pesquisacientífica e de desenvolvimento tecnológico;

VI - exploração econômica, em parceria, de pro-cesso e produto derivado do uso de componentedo patrimônio genético; e

VII - estabelecimento de empreendimento con-junto de base tecnológica.

Art. 23. A empresa que, no processo de garantiro acesso à tecnologia e transferência de tecnologiaà instituição nacional, pública ou privada, respon-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A270

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 270

Page 265: Legislação Ambiental Básica

sável pelo acesso e remessa de amostra de com-ponente do patrimônio genético e pelo acesso àinformação sobre conhecimento tradicional asso-ciado, investir em atividade de pesquisa e desen-volvimento no país, fará jus a incentivo fiscal paraa capacitação tecnológica da indústria e da agro-pecuária, e a outros instrumentos de estímulo, naforma da legislação pertinente.

CAPÍTULO VIIDA REPARTIÇÃO DE BENEFÍCIOS

Art. 24. Os benefícios resultantes da exploraçãoeconômica de produto ou processo desenvolvidoa partir de amostra de componente do patrimô-nio genético e de conhecimento tradicional asso-ciado, obtidos por instituição nacional ou instituiçãosediada no exterior, serão repartidos, de formajusta e eqüitativa, entre as partes contratantes,conforme dispuser o regulamento e a legislaçãopertinente.

Parágrafo único. À União, quando não for parteno Contrato de Utilização do Patrimônio Genéticoe de Repartição de Benefícios, será assegurada,no que couber, a participação nos benefícios aque se refere o caput deste artigo, na forma doregulamento.

Art. 25. Os benefícios decorrentes da exploraçãoeconômica de produto ou processo, desenvolvidoa partir de amostra do patrimônio genético ou deconhecimento tradicional associado, poderãoconstituir-se, dentre outros, de:

I - divisão de lucros;

II - pagamento de royalties;

III - acesso e transferência de tecnologias;

IV - licenciamento, livre de ônus, de produtos eprocessos; e

V - capacitação de recursos humanos.

Art. 26. A exploração econômica de produto ouprocesso desenvolvido a partir de amostra decomponente do patrimônio genético ou deconhecimento tradicional associado, acessadaem desacordo com as disposições desta medida

provisória, sujeitará o infrator ao pagamento deindenização correspondente a, no mínimo, vintepor cento do faturamento bruto obtido na comer-cialização de produto ou de royalties obtidos deterceiros pelo infrator, em decorrência de licencia-mento de produto ou processo ou do uso da tec-nologia, protegidos ou não por propriedade inte-lectual, sem prejuízo das sanções administrativase penais cabíveis.

Art. 27. O Contrato de Utilização do PatrimônioGenético e de Repartição de Benefícios deveráindicar e qualificar com clareza as partes contra-tantes, sendo, de um lado, o proprietário da áreapública ou privada, ou o representante da comu-nidade indígena e do órgão indigenista oficial, ouo representante da comunidade local e, de outro,a instituição nacional autorizada a efetuar oacesso e a instituição destinatária.

Art. 28. São cláusulas essenciais do Contratode Utilização do Patrimônio Genético e deRepartição de Benefícios, na forma do regula-mento, sem prejuízo de outras, as que disponhamsobre:

I - objeto, seus elementos, quantificação daamostra e uso pretendido;

II - prazo de duração;

III - forma de repartição justa e eqüitativa debenefícios e, quando for o caso, acesso à tecnolo-gia e transferência de tecnologia;

IV - direitos e responsabilidades das partes;

V - direito de propriedade intelectual;

VI - rescisão;

VII - penalidades;

VIII - foro no Brasil.

Parágrafo único. Quando a União for parte, o con-trato referido no caput deste artigo reger-se-ápelo regime jurídico de direito público.

Art. 29. Os Contratos de Utilização do PatrimônioGenético e de Repartição de Benefícios serãosubmetidos para registro no Conselho de Gestãoe só terão eficácia após sua anuência.

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 271

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 271

Page 266: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. Serão nulos, não gerando qual-quer efeito jurídico, os Contratos de Utilização doPatrimônio Genético e de Repartição de Benefíciosfirmados em desacordo com os dispositivos destamedida provisória e de seu regulamento.

CAPÍTULO VIIIDAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 30. Considera-se infração administrativa con-tra o patrimônio genético ou ao conhecimentotradicional associado toda ação ou omissão queviole as normas desta medida provisória e demaisdisposições legais pertinentes. (Regulamentado(a)pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

§ 1º As infrações administrativas serão punidas naforma estabelecida no regulamento desta medidaprovisória, com as seguintes sanções: (Regulamen-tado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

I - advertência; (Regulamentado(a) pelo(a) Decretonº 5.459, de 2005)

II - multa; (Regulamentado(a) pelo(a) Decretonº 5.459, de 2005)

III - apreensão das amostras de componentes dopatrimônio genético e dos instrumentos utilizadosna coleta ou no processamento ou dos produtosobtidos a partir de informação sobre conheci-mento tradicional associado; (Regula-mentado(a)pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

IV - apreensão dos produtos derivados de amos-tra de componente do patrimônio genético ou doconhecimento tradicional associado; (Regula-mentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

V - suspensão da venda do produto derivado deamostra de componente do patrimônio genéticoou do conhecimento tradicional associado e suaapreensão; (Regulamentado(a) pelo(a) Decretonº 5.459, de 2005)

VI - embargo da atividade; (Regulamentado(a)pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

VII - interdição parcial ou total do estabelecimento,atividade ou empreendimento; (Regulamentado(a)pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

VIII - suspensão de registro, patente, licença ouautorização; (Regulamentado(a) pelo(a) Decretonº 5.459, de 2005)

IX - cancelamento de registro, patente, licença ouautorização; (Regulamentado(a) pelo(a) Decretonº 5.459, de 2005)

X - perda ou restrição de incentivo e benefício fis-cal concedidos pelo governo; (Regulamentado(a)pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

XI - perda ou suspensão da participação em linhade financiamento em estabelecimento oficial decrédito; (Regulamentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459,de 2005)

XII - intervenção no estabelecimento; (Regula-mentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

XIII - proibição de contratar com a AdministraçãoPública, por período de até cinco anos. (Regu-lamentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

§ 2º As amostras, os produtos e os instrumentosde que tratam os incisos III, IV e V do § 1º desteartigo, terão sua destinação definida peloConselho de Gestão. (Regulamentado(a) pelo(a)Decreto nº 5.459, de 2005)

§ 3º As sanções estabelecidas neste artigo serãoaplicadas na forma processual estabelecida no regu-lamento desta Medida Provisória, sem prejuízo dassanções civis ou penais cabíveis. (Regulamentado(a)pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

§ 4º A multa de que trata o inciso II do § 1º desteartigo será arbitrada pela autoridade competente, deacordo com a gravidade da infração e na forma doregulamento, podendo variar de R$ 200,00 (duzen-tos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), quandose tratar de pessoa física. (Regulamentado(a) pelo(a)Decreto nº 5.459, de 2005)

§ 5º Se a infração for cometida por pessoa jurídica,ou com seu concurso, a multa será de R$ 10.000,00(dez mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüentamilhões de reais), arbitrada pela autoridade com-petente, de acordo com a gravidade da infração,na forma do regulamento. (Regulamentado(a)pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A272

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 272

Page 267: Legislação Ambiental Básica

§ 6º Em caso de reincidência, a multa será aplica-da em dobro. (Regulamentado(a) pelo(a) Decretonº 5.459, de 2005)

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 31. A concessão de direito de propriedadeindustrial pelos órgãos competentes, sobre pro-cesso ou produto obtido a partir de amostra decomponente do patrimônio genético, fica condi-cionada à observância desta medida provisória,devendo o requerente informar a origem domaterial genético e do conhecimento tradicionalassociado, quando for o caso.

Art. 32. Os órgãos federais competentes exerce-rão a fiscalização, a interceptação e a apreensãode amostra de componente do patrimônio gené-tico ou de produto obtido a partir de informaçãosobre conhecimento tradicional associado, aces-sados em desacordo com as disposições destaMedida Provisória, podendo, ainda, tais ativida-des serem descentralizadas, mediante convênios,de acordo com o regulamento.

Art. 33. A parcela dos lucros e dos royalties devi-dos à União, resultantes da exploração econômicade processo ou produto desenvolvido a partir deamostra de componente do patrimônio genético,bem como o valor das multas e indenizações deque trata esta Medida Provisória serão destina-dos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criadopela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, aoFundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8de janeiro de 1932, e ao Fundo Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico, criadopelo Decreto-Lei nº 719, de 31 de julho de 1969,e restabelecido pela Lei nº 8.172, de 18 de janei-ro de 1991, na forma do regulamento.

Parágrafo único. Os recursos de que trata esteartigo serão utilizados exclusivamente na conser-vação da diversidade biológica, incluindo a recu-peração, criação e manutenção de bancos depo-sitários, no fomento à pesquisa científica, no

desenvolvimento tecnológico associado ao patri-mônio genético e na capacitação de recursoshumanos associados ao desenvolvimento das ati-vidades relacionadas ao uso e à conservação dopatrimônio genético.

Art. 34. A pessoa que utiliza ou explora econo-micamente componentes do patrimônio genéticoe conhecimento tradicional associado deverá ade-quar suas atividades às normas desta medidaprovisória e do seu regulamento.

Art. 35. O Poder Executivo regulamentará estaMedida Provisória até 30 de dezembro de 2001.

Art. 36. As disposições desta medida provisórianão se aplicam à matéria regulada pela Leinº 8.974, de 5 de janeiro de 1995.

Art. 37. Ficam convalidados os atos praticadoscom base na medida provisória nº 2.186-15, de26 de julho de 2001.

Art. 38. Esta medida provisória entra em vigorna data de sua publicação.

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 273

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 273

Page 268: Legislação Ambiental Básica

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri-buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI,alínea “a”, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º Este decreto define a composição doConselho de Gestão do Patrimônio Genético eestabelece as normas para o seu funcionamento,mediante a regulamentação dos arts. 10, 11, 12,14, 15, 16, 18 e 19 da Medida Provisória nº2.186-16, de 23 de agosto de 2001.

Art. 2º O Conselho de Gestão do PatrimônioGenético é composto por um representante edois suplentes dos seguintes órgãos e entidadesda Administração Pública Federal, que detêmcompetência sobre as matérias objeto da MedidaProvisória nº 2.186-16, de 2001: (Redação dadapelo(a) Decreto nº 5.439, de 2005)

I - Ministério do Meio Ambiente;

II - Ministério da Ciência e Tecnologia;

III - Ministério da Saúde;

IV - Ministério da Justiça;

V - Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento;

VI - Ministério da Defesa;

VII - Ministério da Cultura;

VIII - Ministério das Relações Exteriores;

IX - Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior;

X - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis-IBAMA;

XI - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Riode Janeiro;

XII - Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico-CNPq;

XIII - Instituto Nacional de Pesquisas da Ama-zônia-INPA;

XIV - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA;

XV - Fundação Oswaldo Cruz-FIOCRUZ;

XVI - Instituto Evandro Chagas;

XVII - Fundação Nacional do Índio-FUNAI;

XVIII - Instituto Nacional de Propriedade Industrial-INPI;

XIX - Fundação Cultural Palmares.

§ 1º O Conselho de Gestão será presidido pelorepresentante titular do Ministério do MeioAmbiente e, nos seus impedimentos ou afasta-mentos, pelo respectivo suplente.

§ 2º Os membros do Conselho de Gestão, titula-res e suplentes, serão indicados pelos represen-tantes legais dos Ministérios e das entidades daAdministração Pública Federal que o compõem, eserão designados em ato do Ministro de Estadodo Meio Ambiente.

§ 3º As funções dos membros do Conselho deGestão não serão remuneradas e o seu exercícioé considerado serviço público relevante.

§ 4º O Conselho de Gestão reunir-se-á em caráterordinário uma vez por mês e, extraordinariamente,a qualquer momento, mediante convocação de seuPresidente, ou da maioria absoluta de seus mem-bros, neste caso por intermédio de documentoescrito, acompanhado de pauta justificada.

§ 5º A periodicidade a que se refere o § 4º podeser alterada por decisão do Conselho de Gestão.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A274

Decreto nº 3.945, de 28 de setembro de 2001Define a composição do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético e estabelece as normas para oseu funcionamento, mediante a regulamentação dos arts. 10, 11, 12, 14, 15, 16, 18 e 19 da MedidaProvisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético,a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso àtecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 274

Page 269: Legislação Ambiental Básica

§ 6º O membro que faltar a duas reuniões segui-das ou a três intercaladas, sem as corresponden-tes substituições pelo suplente, será afastado doConselho de Gestão.

§ 7º O presidente do Conselho de Gestão poderáconvidar especialistas para participar de reuniãoplenária ou de câmara temática para subsidiartomada de decisão.

Art. 3º Nos termos da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001, compete ao Conselho deGestão do Patrimônio Genético, atendida a suanatureza deliberativa e normativa:

I - coordenar a implementação de políticas para agestão do patrimônio genético;

II - estabelecer:

a) normas técnicas, pertinentes à gestão do patri-mônio genético;

b) critérios para as autorizações de acesso e deremessa;

c) diretrizes para elaboração de Contrato deUtilização do Patrimônio Genético e deRepartição de Benefícios;

d) critérios para a criação de base de dados parao registro de informação sobre conhecimento tra-dicional associado;

III - acompanhar, em articulação com órgãos fede-rais, ou mediante convênio com outras institui-ções, as atividades de acesso e de remessa deamostra de componente do patrimônio genético ede acesso a conhecimento tradicional associado;

IV- deliberar sobre:

a) autorização de acesso e de remessa de amos-tra de componente do patrimônio genético,mediante anuência prévia de seu titular;

b) autorização de acesso a conhecimento tradi-cional associado, mediante anuência prévia deseu titular;

c) autorização especial de acesso e de remessa deamostra de componente do patrimônio genético,

com prazo de duração de até dois anos, renovávelpor iguais períodos, a instituição pública ou priva-da nacional que exerça atividade de pesquisa edesenvolvimento nas áreas biológicas e afins, e auniversidade nacional, pública ou privada;

d) autorização especial de acesso a conhecimen-to tradicional associado, com prazo de duraçãode até dois anos, renovável por iguais períodos, ainstituição pública ou privada nacional que exer-ça atividade de pesquisa e desenvolvimento nasáreas biológicas e afins, e a universidade nacio-nal, pública ou privada;

e) credenciamento de instituição pública nacionalde pesquisa e desenvolvimento, ou de instituiçãopública federal de gestão, para autorizar outrainstituição nacional, pública ou privada, que exer-ça atividade de pesquisa e desenvolvimento nasáreas biológicas e afins, a acessar amostra decomponente do patrimônio genético e de conhe-cimento tradicional associado, e bem assim aremeter amostra de componente do patrimôniogenético para instituição nacional, pública ou pri-vada, ou para instituição sediada no exterior;

f) credenciamento de instituição pública nacionalpara ser fiel depositária de amostra de compo-nente do patrimônio genético;

g) descredenciamento de instituições pelodescumprimento das disposições da MedidaProvisória nº 2.186-16, de 2001, e deste Decreto;

V - dar anuência aos Contratos de Utilizaçãodo Patrimônio Genético e de Repartição deBenefícios quanto ao atendimento dos requisitosprevistos na Medida Provisória nº 2.186-16, de2001;

VI - promover debates e consultas públicas sobreos temas de que trata a Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001;

VII - funcionar como instância superior de recur-so em relação a decisão de instituição credencia-da e dos atos decorrentes da aplicação daMedida Provisória nº 2.186-16, de 2001;

VIII - aprovar seu regimento interno.

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 275

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 275

Page 270: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. O Conselho de Gestão doPatrimônio Genético exercerá sua competênciasegundo os dispositivos da Convenção sobreDiversidade Biológica, da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001, e deste decreto.

Art. 4º O Plenário do Conselho de Gestão reunir-se-á com a presença de, no mínimo, dez conse-lheiros, e suas deliberações serão tomadas pelamaioria absoluta dos votos dos conselheiros pre-sentes. (Redação dada pelo(a) Decretonº 5.439, de 2005)

Parágrafo único. Cabe ao presidente do Conselhode Gestão o voto de desempate.

Art. 5º Das deliberações do Conselho de Gestãocabe recurso para o Plenário, cuja decisão serátomada por dois terços de seus membros.

Parágrafo único. São irrecorríveis as deliberaçõesdo Plenário do Conselho de Gestão que decidi-rem os recursos interpostos.

Art. 6º Nas deliberações em processos que envol-vam a participação direta de ministério ou deentidade representada no Conselho de Gestão, orespectivo membro não terá direito de voto.

Art. 7º Fica criada, na estrutura do Ministério doMeio Ambiente, o Departamento do PatrimônioGenético, que exercerá a função de SecretariaExecutiva do Conselho de Gestão, e terá asseguintes atribuições, dentre outras:

I - implementar as deliberações do Conselho deGestão;

II - promover a instrução e a tramitação dos pro-cessos a serem submetidos à deliberação doConselho de Gestão;

III - dar suporte às instituições credenciadas;

IV - emitir, de acordo com deliberação doConselho de Gestão e em seu nome, Autorizaçãode Acesso e de Remessa de amostra de compo-nente do patrimônio genético existente no terri-tório nacional, na plataforma continental e nazona econômica exclusiva, bem como Autori-zação de Acesso a conhecimento tradicionalassociado;

V - emitir, de acordo com deliberação doConselho de Gestão e em seu nome, AutorizaçãoEspecial de Acesso e de Remessa de amostrade componente do patrimônio genético, eAutorização de Acesso a conhecimento tradicio-nal associado, com prazo de duração de até doisanos, renovável por iguais períodos, a instituiçãopública ou privada nacional que exerça atividadede pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológi-cas e afins e a universidade nacional, pública ouprivada;

VI - acompanhar, em articulação com os demaisórgãos federais, as atividades de acesso e deremessa de amostra de componente do patrimô-nio genético e de acesso a conhecimento tradi-cional associado;

VII - promover, de acordo com deliberação doConselho de Gestão e em seu nome, o credencia-mento de instituição pública nacional de pesqui-sa e desenvolvimento, ou instituição pública fede-ral de gestão, para autorizar instituição nacional,pública ou privada, a acessar amostra de compo-nente do patrimônio genético e de conhecimentotradicional associado, e bem assim a enviaramostra de componente do patrimônio genéticoa instituição nacional, pública ou privada, ou parainstituição sediada no exterior, respeitadas as exi-gências do art. 19 da Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001;

VIII - promover, de acordo com deliberação doConselho de Gestão e em seu nome, o credencia-mento de instituição pública nacional para ser fieldepositária de amostra de componente do patri-mônio genético;

IX - descredenciar instituições, de acordo comdeliberação do Conselho de Gestão e em seunome, pelo descumprimento das disposições daMedida Provisória nº 2.186-16, de 2001, e destedecreto;

X - registrar os Contratos de Utilização do Patri-mônio Genético e de Repartição de Benefícios,após anuência do Conselho de Gestão;

XI - divulgar lista de espécies de intercâmbio faci-litado constantes de acordos internacionais,

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A276

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 276

Page 271: Legislação Ambiental Básica

inclusive sobre segurança alimentar, dos quais oPaís seja signatário, de acordo com o § 2º do art.19 da Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001;

XII - criar e manter:

a) cadastro de coleções ex situ, conforme previstono art. 18 da Medida Provisória nº 2.186-16, de2001;

b) base de dados para registro de informaçõesobtidas durante a coleta de amostra de compo-nente do patrimônio genético;

c) base de dados relativos às Autorizações deAcesso e de Remessa de amostra de componen-te do patrimônio genético e de acesso a conheci-mento tradicional associado, aos Termos deTransferência de Material e aos Contratos deUtilização do Patrimônio Genético e deRepartição de Benefícios;

XIII - divulgar, periodicamente, lista dasAutorizações de Acesso e de Remessa, dosTermos de Transferência de Material e dosContratos de Utilização do Patrimônio Genético ede Repartição de Benefícios.

Art. 8º Poderá obter as autorizações de que tratao art. 11, inciso IV, alíneas “a” e “b”, da MedidaProvisória nº 2.186-16, de 2001, a instituiçãoque atenda aos seguintes requisitos, entre outrosque poderão ser exigidos pelo Conselho de Gestão:

I - comprovação de que a instituição:

a) constituiu-se sob as leis brasileiras;

b) exerce atividades de pesquisa e desenvolvi-mento nas áreas biológicas e afins;

II - qualificação técnica para o desempenho deatividades de acesso e remessa de amostra decomponente do patrimônio genético ou de acessoao conhecimento tradicional associado, quandofor o caso;

III - estrutura disponível para o manuseio deamostra de componente do Patrimônio Genético;

IV - projeto de pesquisa que descreva a atividadede coleta de amostra de componente do

Patrimônio Genético ou de acesso a conhecimentotradicional associado, incluindo informação sobreo uso pretendido;

V - apresentação das anuências prévias de quetrata o art. 16, §§ 8º e 9º, da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001;

VI - apresentação de anuência prévia da comuni-dade indígena ou local envolvida, quando se tra-tar de acesso a conhecimento tradicional associa-do, em observância aos arts. 8º, § 1º, art. 9º, inci-so II, e art. 11, inciso IV, alínea “b”, da MedidaProvisória nº 2.186-16, de 2001;

Parágrafo único. O projeto de pesquisa a que serefere o inciso IV deste artigo deve conter:

I - histórico, justificativa, definição dos objetivos,métodos e resultados esperados a partir daamostra ou da informação a ser acessada;

II - itinerário detalhado no Território Nacional,indicando as datas previstas para o início e térmi-no da atividade;

III - discriminação do tipo de material ou informa-ção a ser acessado e quantificação aproximadade amostras a serem obtidas;

IV - indicação das fontes de financiamento, dosrespectivos montantes e divisão das responsabili-dades de cada parte;

V - curriculum vitae dos pesquisadores e técnicosenvolvidos, caso não estejam disponíveis naPlataforma Lattes, mantida pelo CNPq.

VII - indicação do destino das amostras decomponentes do patrimônio genético ou dasinformações relativas ao conhecimento tradi-cional associado;

VIII - indicação da instituição fiel depositária cre-denciada pelo Conselho de Gestão onde serãodepositadas as subamostras de componente dopatrimônio genético;

IX - quando se tratar de acesso com finalidadede pesquisa científica, apresentação de termo de

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 277

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 277

Page 272: Legislação Ambiental Básica

compromisso assinado pelo representante legalda instituição, comprometendo-se a acessarpatrimônio genético ou conhecimento tradicionalassociado apenas para a finalidade autorizada; e

X - apresentação de Contrato de Utilizaçãodo Patrimônio Genético e de Repartição deBenefícios devidamente assinado pelas partes,quando se tratar de acesso ao patrimônio genéticoou ao conhecimento tradicional associado compotencial de uso econômico, como ocorre nasatividades de bioprospecção e desenvolvimentotecnológico.

§ 1º Quando o acesso tiver a finalidade de pes-quisa científica, a comprovação dos requisitosconstantes dos incisos II e III do caput desteartigo poderá ser dispensada pelo Conselho deGestão ou pela instituição credenciada na formado art. 14 da Medida Provisória nº 2.186-16, de2001.

§ 2º O projeto de pesquisa a que se refere o inci-so IV do caput deste artigo deverá conter:

I - introdução, justificativa, objetivos, métodos eresultados esperados a partir da amostra ou dainformação a ser acessada;

II - localização geográfica e cronograma das eta-pas do projeto, especificando o período em queserão desenvolvidas as atividades de campo e,quando se tratar de acesso a conhecimento tradi-cional associado, identificação das comunidadesindígenas ou locais envolvidas;

III - discriminação do tipo de material ou informa-ção a ser acessado e quantificação aproximadade amostras a serem obtidas;

IV - indicação das fontes de financiamento, dosrespectivos montantes e das responsabilidades edireitos de cada parte;

V - identificação da equipe e curriculum vitae dospesquisadores envolvidos, caso não estejam dis-poníveis na Plataforma Lattes, mantida peloCNPq.

§ 3º A instituição beneficiada pela autorização deque trata este artigo deverá encaminhar ao

Conselho de Gestão ou à instituição credenciadana forma do art. 14 da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001, relatórios sobre o anda-mento do projeto, em prazos a serem fixados naautorização de acesso.

Art. 9º Poderá obter as autorizações especiaisde que trata o art. 11, inciso IV, alíneas “c” e “d”,da Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, parapesquisa científica sem potencial de uso econô-mico, a instituição interessada em realizar acessoa componente do patrimônio genético ou aoconhecimento tradicional associado que atendaaos seguintes requisitos, entre outros que pode-rão ser exigidos pelo Conselho de Gestão:

I - comprovação de que a instituição:

a) constituiu-se sob as leis brasileiras;

b) exerce atividades de pesquisa e desenvolvi-mento nas áreas biológicas e afins;

II - qualificação técnica para o desempenho dasatividades de acesso e remessa de amostra decomponente do patrimônio genético ou de acessoao conhecimento tradicional associado, quandofor o caso;

III - estrutura disponível para o manuseio de amos-tras de componentes do patrimônio genético;

IV - portfólio dos projetos e das atividades derotina que envolvam acesso e remessa a compo-nentes do patrimônio genético desenvolvidaspela instituição;

V - apresentação das anuências prévias de quetrata o art. 16, §§ 8º e 9º, da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001, quando se tratar de aces-so a componente do patrimônio genético;

VI - apresentação de anuência prévia da comuni-dade indígena ou local envolvida, em observânciaaos arts. 8º, § 1º, art. 9º, inciso II, e art. 11, incisoIV, alínea “b”, da Medida Provisória nº 2.186-16,de 2001, quando se tratar de acesso a conheci-mento tradicional associado;

Parágrafo único. Os projetos de pesquisa incluí-dos no portfólio a que se refere o inciso IV deste

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A278

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 278

Page 273: Legislação Ambiental Básica

artigo, diretamente beneficiados pela solicitação,deverão conter:

I - histórico, justificativa, definição dos objetivos,métodos e resultados esperados a partir daamostra ou da informação a ser acessada;

II - itinerário detalhado no Território Nacional,indicando as datas previstas para o início e térmi-no da atividade, a ser encaminhado ao Conselhode Gestão;

III - discriminação do tipo de material ou informa-ção a ser acessado e quantificação aproximadade amostras a serem obtidas;

IV - indicação das fontes de financiamento, dosrespectivos montantes e divisão das responsabili-dades de cada parte;

V - curriculum vitae dos pesquisadores e técnicosenvolvidos, caso não estejam disponíveis naPlataforma Lattes, mantida pelo CNPq.

VII - indicação do destino do material genético oudas informações relativas ao conhecimento tradi-cional associado e da equipe técnica e da infra-estrutura disponível para gerenciar os termos detransferência de material a serem assinados pre-viamente à remessa de amostra para outra insti-tuição nacional, pública ou privada, ou sediadano exterior;

VIII - termo de compromisso assinado pelo repre-sentante legal da instituição, comprometendo-sea acessar patrimônio genético ou conhecimentotradicional associado apenas para fins de pesqui-sa científica sem potencial de uso econômico.

§ 1º O portfólio a que se refere o inciso IV docaput deste artigo deverá trazer a descriçãosumária das atividades a serem desenvolvidas,bem como os projetos resumidos, com os seguin-tes requisitos mínimos:

I - objetivos,material,métodos, uso pretendido e des-tino da amostra ou da informação a ser acessada;

II - área de abrangência das atividades de campoe, quando se tratar de acesso a conhecimento tra-dicional associado, identificação das comunida-des indígenas ou locais envolvidas;

III - indicação das fontes de financiamento;

IV - identificação da equipe e curriculum vitae dospesquisadores envolvidos, caso não estejam dis-poníveis na Plataforma Lattes, mantida peloCNPq.

§ 2º A instituição beneficiada pela autorização deque trata este artigo deverá encaminhar aoConselho de Gestão ou à instituição credenciadana forma do art. 14 da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001, relatórios cuja periodicida-de será fixada na autorização, não podendo exce-der o prazo de doze meses.

§ 3º O relatório a que se refere o § 2º deverá con-ter, no mínimo:

I - informações detalhadas sobre o andamentodos projetos e atividades integrantes do portfólio;

II - indicação das áreas onde foram realizadas ascoletas, por meio de coordenadas geográficas;

III - listagem quantitativa e qualitativa das espé-cies ou morfotipos coletados em cada área;

IV - cópia dos registros das informações relativasao conhecimento tradicional associado;

V - comprovação do depósito das subamostrasem instituição fiel depositária credenciada peloConselho de Gestão;

VI - apresentação dos Termos de Transferência deMaterial;

VII - indicação das fontes de financiamento, dosrespectivos montantes e das responsabilidades edireitos de cada parte; e

VIII - resultados preliminares.

§ 4º A instituição beneficiada pela autorização deque trata este artigo poderá, durante a vigênciada autorização, inserir novas atividades ou proje-tos no portfólio, desde que observe as condiçõesestabelecidas neste artigo e, no prazo de sessen-ta dias a partir do início da nova atividade ou pro-jeto, comunique a alteração realizada aoConselho de Gestão ou à instituição credenciadana forma do art. 14 da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001.

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 279

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 279

Page 274: Legislação Ambiental Básica

Art. 9-A. Poderá obter a autorização especial deque trata o art. 11, inciso IV, alínea “c”, daMedida Provisória nº 2.186-16, de 2001, pararealizar o acesso ao patrimônio genético com afinalidade de constituir e integrar coleções ex situque visem a atividades com potencial de uso eco-nômico, como a bioprospecção ou o desenvolvi-mento tecnológico, a instituição que atenda aosseguintes requisitos, entre outros que poderãoser exigidos pelo Conselho de Gestão:

I - comprovação de que a instituição:

a) constituiu-se sob as leis brasileiras;

b) exerce atividades de pesquisa e desenvolvi-mento nas áreas biológicas e afins;

II - qualificação técnica para desempenho das ati-vidades de formação e manutenção de coleçõesex situ ou remessa de amostras de componentesdo patrimônio genético, quando for o caso;

III - estrutura disponível para o manuseio de amos-tras de componentes do patrimônio genético;

IV - projeto de constituição de coleção ex situ apartir de atividades de acesso ao patrimôniogenético;

V - apresentação das anuências prévias de quetrata o art. 16, §§ 8º e 9º, da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001;

VI - indicação do destino do material genético,bem como da equipe técnica e da infra-estruturadisponíveis para gerenciar os termos de transfe-rência de material a serem assinados previamen-te à remessa de amostra para outra instituiçãonacional, pública ou privada;

VII - assinatura, pelo representante legal da insti-tuição, de termo de compromisso pelo qual com-prometa-se a acessar patrimônio genético ape-nas para a finalidade de constituir coleção ex situ;e

VIII - apresentação de modelo de Contrato deUtilização do Patrimônio Genético e Repartição deBenefícios, a ser firmado com o proprietário da áreapública ou privada ou com representante da comu-nidade indígena e do órgão indigenista oficial.

§ 1º O modelo de Contrato de Utilização doPatrimônio Genético de que trata o inciso VIII docaput deste artigo deverá ser submetido aoConselho de Gestão para aprovação, a qual fica-rá condicionada ao atendimento do disposto noart. 28 da Medida Provisória nº 2.186-16, de2001, sem prejuízo de outros requisitos quepoderão ser exigidos pelo Conselho.

§ 2º O projeto de que trata o inciso IV do caputdeste artigo deverá trazer a descrição sumáriadas atividades a serem desenvolvidas, com osseguintes requisitos mínimos:

I - objetivos, material, métodos, uso pretendido edestino da amostra a ser acessada;

II - área de abrangência das atividades de campo;

III - indicação das fontes de financiamento; e

IV - identificação da equipe e curriculum vitae dospesquisadores envolvidos, caso não estejam dis-poníveis na Plataforma Lattes, mantida peloCNPq.

§ 3º A instituição beneficiada pela autorizaçãoespecial de que trata este artigo deverá encami-nhar ao Conselho de Gestão relatórios cuja perio-dicidade será fixada na autorização, não poden-do exceder o prazo de doze meses.

§ 4º O relatório a que se refere o § 3º deverá indi-car o andamento do projeto, contendo no míni-mo:

I - indicação das áreas onde foram realizadas ascoletas por meio de coordenadas geográficas,bem como dos respectivos proprietários;

II - listagem quantitativa e qualitativa das espé-cies ou morfotipos coletados em cada área;

III - comprovação do depósito das subamostrasem instituição fiel depositária credenciada peloConselho de Gestão;

IV - apresentação dos termos de transferência dematerial assinados;

V - indicação das fontes de financiamento, dosrespectivos montantes e das responsabilidades edireitos de cada parte; e

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A280

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 280

Page 275: Legislação Ambiental Básica

VI - resultados preliminares.

§ 5º O interessado em obter a autorização espe-cial para constituição de coleção ex situ deverádirigir requerimento ao Conselho de Gestão,comprovando o atendimento aos requisitos men-cionados neste artigo e na Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001.

§ 6º A instituição que pretender realizar outrosacessos a partir da coleção formada com base naautorização especial de que trata este artigodeverá solicitar autorização específica para tantoao Conselho de Gestão ou à instituição creden-ciada na forma do art. 14 da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001.

Art. 9-B. As autorizações especiais de que tratao art. 11, inciso IV, alíneas “c” e “d”, da MedidaProvisória nº 2.186-16, de 2001, não se aplicamàs atividades de acesso ao patrimônio genéticocom potencial de uso econômico, como a bio-prospecção ou o desenvolvimento tecnológico,ressalvado o disposto no art. 9-A deste decreto.

Art. 9-C. As autorizações a que se referem osarts. 8º, 9º e 9-A deste decreto poderão abrangero acesso e a remessa, isolada ou conjuntamente,de acordo com o pedido formulado pela institui-ção interessada e com os termos da autorizaçãoconcedida pelo Conselho de Gestão ou pela ins-tituição credenciada na forma do art. 14 daMedida Provisória nº 2.186-16, de 2001.

Art. 10. Para o credenciamento de instituiçãopública nacional de pesquisa e desenvolvimentoou de instituição pública federal de gestão paraautorizar outra instituição nacional, pública ouprivada, que exerça atividade de pesquisa edesenvolvimento nas áreas biológicas e afins,para acessar e remeter amostra de componentedo patrimônio genético e para acessar conheci-mento tradicional associado de que tratam ositens 1 e 2 da alínea “e” do inciso IV do art. 11,da Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, oConselho de Gestão deverá receber solicitaçãoque atenda, pelo menos, os seguintes requisitos:

I - comprovação da sua atuação em pesquisa edesenvolvimento nas áreas biológicas e afins ouna área de gestão;

II - lista das atividades e dos projetos em desen-volvimento relacionados às ações de que trata aMedida Provisória nº 2.186-16, de 2001;

III - infra-estrutura disponível e equipe técnicapara atuar:

a) na análise de requerimento e emissão, a tercei-ros, de autorização de:

1. acesso a amostra de componente do patrimô-nio genético existente em condições in situ no ter-ritório nacional, na plataforma continental e nazona econômica exclusiva, mediante anuênciaprévia de seus titulares;

2. acesso a conhecimento tradicional associado,mediante anuência prévia de seus titulares;

3. remessa de amostra de componente do patri-mônio genético para instituição nacional, públicaou privada, ou para instituição sediada no exterior;

b) no acompanhamento, em articulação comórgãos federais, ou mediante convênio comoutras instituições, das atividades de acesso e deremessa de amostra de componente do patrimô-nio genético e de acesso a conhecimento tradi-cional associado;

c) na criação e manutenção de:

1. cadastro de coleções ex situ, conforme previstono art. 18 da Medida Provisória nº 2.186-16, de2001;

2. base de dados para registro de informaçõesobtidas durante a coleta de amostra de compo-nente do patrimônio genético;

3. base de dados relativos às Autorizações deAcesso e de Remessa, aos Termos de Transferênciade Material e aos Contratos de Utilização doPatrimônio Genético e de Repartição de Benefícios;

d) na divulgação de lista de Autorizações de Acessoe de Remessa, dos Termos de Transferência de

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 281

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 281

Page 276: Legislação Ambiental Básica

Material e dos Contratos de Utilização do Patri-mônio Genético e de Repartição de Benefícios;

e) no acompanhamento e na implementação dosTermos de Transferência de Material e dosContratos de Utilização do Patrimônio Genético ede Repartição de Benefícios referente aos proces-sos por ela autorizados;

f) na preparação e encaminhamento, ao Conselhode Gestão, de relatório anual das atividades rea-lizadas e de cópia das bases de dados à SecretariaExecutiva do Conselho de Gestão.

Art. 11. Para o credenciamento de instituiçãopública nacional de pesquisa e desenvolvimentocomo fiel depositária de amostra de componentedo Patrimônio Genético de que trata a alínea “f”do inciso IV do art. 11, da Medida Provisórianº 2.186-16, de 2001, o Conselho de Gestãodeverá receber solicitação que atenda, pelomenos, os seguintes requisitos:

I - comprovação da sua atuação em pesquisa edesenvolvimento nas áreas biológicas e afins;

II - indicação da infra-estrutura disponível e capa-cidade para conservação, em condições ex situ, deamostras de componentes do Patrimônio Genético;

III - comprovação da capacidade da equipe técni-ca responsável pelas atividades de conservação;

IV - descrição da metodologia e material empre-gado para a conservação de espécies sobre asquais a instituição assumirá responsabilidade naqualidade de fiel depositária;

V - indicação da disponibilidade orçamentáriapara manutenção das coleções.

Art. 12. A atividade de coleta de componente dopatrimônio genético e de acesso a conhecimentotradicional associado, que contribua para o avan-ço do conhecimento e que não esteja associada àbioprospecção, quando envolver a participaçãode pessoa jurídica estrangeira, será autorizadapelo CNPq, observadas as determinações daMedida Provisória nº 2.186-16, de 2001, e alegislação vigente.

Parágrafo único. A autorização prevista no caputdeste artigo observará as normas técnicas defini-das pelo Conselho de Gestão, o qual exercerásupervisão dessas atividades.

Art. 13. O Regimento Interno do Conselho deGestão do Patrimônio Genético disporá, pelomenos, sobre a forma de sua atuação, os meiosde registro das suas deliberações e o arquivamen-to de seus atos.

Art. 14. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A282

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 282

Page 277: Legislação Ambiental Básica

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, daConstituição, e tendo em vista o disposto no art.30, § 1º, da Medida Provisória nº 2.186-16, de 23de agosto de 2001,

DECRETA :

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Considera-se infração administrativa con-tra o patrimônio genético ou ao conhecimentotradicional associado toda ação ou omissão queviole as normas da Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, e demais disposi-ções pertinentes.

Parágrafo único. Aplicam-se a este decreto asdefinições constantes do art. 7º da MedidaProvisória nº 2.186-16, de 2001, e da Convençãosobre Diversidade Biológica, promulgada peloDecreto nº 2.519, de 16 de março de 1998, bemcomo as orientações técnicas editadas peloConselho de Gestão do Patrimônio Genético.

SEÇÃO IDO PROCESSO ADMINISTRATIVO

Art. 2º As infrações contra o patrimônio genéticoou ao conhecimento tradicional associado serãoapuradas em processo administrativo próprio decada autoridade competente, mediante a lavraturade auto de infração e respectivos termos, assegu-rado o direito de ampla defesa e ao contraditório.

Art. 3º Qualquer pessoa, constatando infraçãocontra o patrimônio genético ou ao conhecimentotradicional associado, poderá dirigir representaçãoàs autoridades relacionadas no art. 4º, para efeitodo exercício do seu poder de polícia.

Art. 4º São autoridades competentes para a fis-calização, na forma deste decreto, os agentespúblicos do seguinte órgão e entidade, no âmbitode suas respectivas competências:

I - o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis-IBAMA;

II - o Comando da Marinha, do Ministério daDefesa.

§ 1º Os titulares do órgão e entidade federal deque trata os incisos I e II do caput poderão firmarconvênios com os órgãos ambientais estaduais emunicipais integrantes do Sistema Nacional deMeio Ambiente-SISNAMA, para descentralizar asatividades descritas no caput.

§ 2º O exercício da competência de fiscalizaçãode que trata o caput pelo Comando da Marinhaocorrerá no âmbito de águas jurisdicionais brasi-leiras e da plataforma continental brasileira, emcoordenação com os órgãos ambientais, quandose fizer necessário, por meio de instrumentos decooperação.

Art. 5º O agente público do órgão e entidademencionados no art. 4º que tiver conhecimentode infração prevista neste decreto é obrigado apromover a sua apuração imediata, sob pena deresponsabilização.

Art. 6º O processo administrativo para apuraçãode infração contra o patrimônio genético ou aoconhecimento tradicional associado deve obser-var os seguintes prazos máximos:

I - vinte dias para o autuado oferecer defesa ouimpugnação contra o auto de infração, contadosda data da ciência da autuação;

II - trinta dias para a autoridade competente jul-gar o auto de infração, contados da data da ciên-

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 283

Decreto nº 5.459, de 7 de junho de 2005Regulamenta o art. 30 da Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, disciplinando assanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradi-cional associado e dá outras providências.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 283

Page 278: Legislação Ambiental Básica

cia da autuação, apresentada ou não a defesa oua impugnação;

III - vinte dias para o autuado recorrer da decisãocondenatória à instância hierarquicamente supe-rior ao órgão autuante, contados da ciência dadecisão de primeira instância;

IV - vinte dias para o autuado recorrer da decisãocondenatória de segunda instância ao Conselhode Gestão do Patrimônio Genético; e

V - cinco dias para o pagamento de multa, conta-dos da data do recebimento da notificação.

Art. 7º O agente autuante, ao lavrar o auto deinfração, indicará as sanções aplicáveis à conduta,observando, para tanto:

I - a gravidade dos fatos, tendo em vista os moti-vos da infração e suas conseqüências para o patri-mônio genético, o conhecimento tradicional asso-ciado, a saúde pública ou para o meio ambiente;

II - os antecedentes do autuado, quanto ao cum-primento da legislação de proteção ao patrimô-nio genético e ao conhecimento tradicional asso-ciado; e

III - a situação econômica do autuado.

Art. 8º A autoridade competente deve, de ofícioou mediante provocação, independentemente dorecolhimento da multa aplicada, minorar, manterou majorar o seu valor, respeitados os limitesestabelecidos nos artigos infringidos, observado odisposto no art. 7º.

Art. 9º Em caso de reincidência, a multa seráaplicada em dobro.

Parágrafo único. O reincidente não poderá gozardo benefício previsto no art. 25.

SEÇÃO IIDAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS CONTRA

O PATRIMÔNIO GENÉTICO OU AOCONHECIMENTO TRADICIONAL ASSOCIADO

Art. 10. As infrações administrativas contra opatrimônio genético ou ao conhecimento tradi-cional associado serão punidas com as seguintes

sanções, aplicáveis, isolada ou cumulativamente,às pessoas físicas ou jurídicas:

I - advertência;

II - multa;

III - apreensão das amostras de componentes dopatrimônio genético e dos instrumentos utilizadosna sua coleta ou no processamento ou dosprodutos obtidos a partir de informação sobreconhecimento tradicional associado;

IV - apreensão dos produtos derivados de amos-tra de componente do patrimônio genético ou doconhecimento tradicional associado;

V - suspensão da venda do produto derivado deamostra de componente do patrimônio genéticoou do conhecimento tradicional associado e suaapreensão;

VI - embargo da atividade;

VII - interdição parcial ou total do estabelecimen-to, atividade ou empreendimento;

VIII - suspensão de registro, patente, licença ouautorização;

IX - cancelamento de registro, patente, licença ouautorização;

X - perda ou restrição de incentivo e benefíciofiscal concedidos pelo governo;

XI - perda ou suspensão da participação em linhade financiamento em estabelecimento oficial decrédito;

XII - intervenção no estabelecimento; e

XIII - proibição de contratar com a administraçãopública, por período de até cinco anos.

§ 1º Entende-se como produtos obtidos a partirde informação sobre conhecimento tradicionalassociado, previstos no inciso III do caput, osregistros, em quaisquer meios, de informaçõesrelacionadas a este conhecimento.

§ 2º Se o autuado, com uma única conduta,cometer mais de uma infração, ser-lhe-ão aplica-das, cumulativamente, as sanções a ela comina-das.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A284

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 284

Page 279: Legislação Ambiental Básica

§ 3º As sanções previstas nos incisos I e III a XIIIpoderão ser aplicadas independente da previsãoúnica de pena de multa para as infrações admi-nistrativas descritas neste decreto.

Art. 11. A sanção de advertência será aplicadaàs infrações de pequeno potencial ofensivo, a cri-tério da autoridade autuante, quando ela, consi-derando os antecedentes do autuado, entenderesta providência como mais educativa, sem pre-juízo das demais sanções previstas no art. 10.

Art. 12. A sanção de multa será aplicada nashipóteses previstas neste Decreto e terá seu valorarbitrado pela autoridade competente, podendovariar de:

I - R$200,00 (duzentos reais) a R$100.000,00 (cemmil reais), quando se tratar de pessoa física; ou

II - R$10.000,00 (dez mil reais) a R$50.000.000,00(cinqüenta milhões de reais), se a infração forcometida por pessoa jurídica, ou com seu concurso.

Art. 13. Os produtos, amostras, equipamentos,veículos, petrechos e demais instrumentos utiliza-dos diretamente na prática da infração terão suadestinação definida pelo Conselho de Gestão doPatrimônio Genético, levando-se em conta osseguintes critérios:

I - sempre que possível, os produtos, amostras,equipamentos, veículos, petrechos e instrumentosde que trata este artigo deverão ser doados a ins-tituições científicas, culturais, ambientalistas, edu-cacionais, hospitalares, penais, militares, públicasou outras entidades com fins beneficentes;

II - quando a doação de que trata o inciso I nãofor recomendável, por motivo de saúde pública,razoabilidade ou moralidade, os bens apreendi-dos serão destruídos ou leiloados, garantida asua descaracterização por meio da reciclagem,quando possível; ou

III - quando o material apreendido referir-se aconhecimento tradicional associado, deverá eleser devolvido à comunidade provedora, salvo seesta concordar com a doação às entidades men-cionadas no inciso I.

§ 1º As doações de que trata este artigo não exi-mem o donatário de solicitar a respectiva autori-zação, caso deseje realizar acesso ao patrimôniogenético ou ao conhecimento tradicional associa-do a partir do material recebido em doação.

§ 2º Os valores arrecadados em leilão serãorevertidos para os fundos previstos no art. 33 daMedida Provisória nº 2.186-16, de 2001, na pro-porção prevista no art. 14 deste decreto.

§ 3º Os veículos e as embarcações utilizados dire-tamente na prática da infração serão confiados afiel depositário na forma dos arts. 627 a 647, 651e 652 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de2002, a critério da autoridade autuante, podendoser liberados mediante pagamento da multa.

Art. 14. Os valores arrecadados em pagamentodas multas de que trata este decreto reverterão:

I - quando a infração for cometida em área sobjurisdição do Comando da Marinha:

a) cinqüenta por cento ao Fundo Naval; e

b) o restante, repartido igualmente entre o FundoNacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico, regulado pela Lei nº 8.172, de 18 dejaneiro de 1991, e o Fundo Nacional de MeioAmbiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 dejulho de 1989;

II - nos demais casos os valores arrecadadosserão repartidos, igualmente, entre o Fundo Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico e oFundo Nacional do Meio Ambiente.

§ 1º Os recursos de que trata este artigo deverãoser utilizados exclusivamente na conservação dadiversidade biológica, incluindo a recuperação,criação e manutenção de bancos depositários, ofomento à pesquisa científica, o desenvolvimentotecnológico associado ao patrimônio genético e acapacitação de recursos humanos associados aodesenvolvimento das atividades relacionadas aouso e à conservação do patrimônio genético.

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 285

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 285

Page 280: Legislação Ambiental Básica

§ 2º Entende-se como utilizado na conservaçãoda diversidade biológica, a aplicação dos recursosrepassados ao Fundo Naval na aquisição, opera-ção, manutenção e conservação pelo Comandoda Marinha de meios utilizados na atividade defiscalização de condutas e atividades lesivas aomeio ambiente, dentre elas as lesivas ao patrimô-nio genético ou ao conhecimento tradicionalassociado.

CAPÍTULO IIDAS INFRAÇÕES CONTRA OPATRIMÔNIO GENÉTICO

Art. 15. Acessar componente do patrimôniogenético para fins de pesquisa científica semautorização do órgão competente ou em desa-cordo com a obtida:

Multa mínima de R$10.000 (dez mil reais) emáxima de R$100.000,00 (cem mil reais), quan-do se tratar de pessoa jurídica, e multa mínima deR$200,00 (duzentos reais) e máxima deR$5.000,00 (cinco mil reais), quando se tratar depessoa física.

§ 1º A pena prevista no caput será aplicada emdobro se o acesso ao patrimônio genético for rea-lizado para práticas nocivas ao meio ambiente oupráticas nocivas à saúde humana.

§ 2º Se o acesso ao patrimônio genético for rea-lizado para o desenvolvimento de armas biológi-cas e químicas, a pena prevista no caput será tri-plicada e deverá ser aplicada a sanção de interdi-ção parcial ou total do estabelecimento, ativida-de ou empreendimento.

Art. 16. Acessar componente do patrimôniogenético para fins de bioprospecção ou desenvol-vimento tecnológico, sem autorização do órgãocompetente ou em desacordo com a obtida:

Multa mínima de R$15.000,00 (quinze mil reais)e máxima de R$10.000.000,00 (dez milhões dereais), quando se tratar de pessoa jurídica, emulta mínima de R$5.000,00 (cinco mil reais) emáxima de R$50.000,00 (cinqüenta mil reais),quando se tratar de pessoa física.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem acessacomponente do patrimônio genético a fim deconstituir ou integrar coleção ex situ para bio-prospecção ou desenvolvimento tecnológico, semautorização do órgão competente ou em desa-cordo com a autorização obtida.

§ 2º A pena prevista no caput será aumentada deum terço quando o acesso envolver reivindicaçãode direito de propriedade industrial relacionado aproduto ou processo obtido a partir do acesso ilí-cito junto ao órgão competente.

§ 3º A pena prevista no caput será aumentada dametade se houver exploração econômica de pro-duto ou processo obtidos a partir de acesso ilíci-to ao patrimônio genético.

§ 4º A pena prevista no caput será aplicada emdobro se o acesso ao patrimônio genético for rea-lizado para práticas nocivas ao meio ambiente oupráticas nocivas à saúde humana.

§ 5º Se o acesso ao patrimônio genético for rea-lizado para o desenvolvimento de armas biológi-cas e químicas, a pena prevista no caput será tri-plicada e deverá ser aplicada a sanção de interdi-ção parcial ou total do estabelecimento, ativida-de ou empreendimento.

Art. 17. Remeter para o exterior amostra decomponente do patrimônio genético sem autori-zação do órgão competente ou em desacordocom a autorização obtida:

Multa mínima de R$10.000,00 (dez mil reais) emáxima de R$5.000.000,00 (cinco milhões dereais), quando se tratar de pessoa jurídica, emulta mínima de R$5.000,00 (cinco mil reais) emáxima de R$50.000,00 (cinqüenta mil reais),quando se tratar de pessoa física.

§ 1º Pune-se a tentativa do cometimento dainfração de que trata o caput com a multa corres-pondente à infração consumada, diminuída deum terço.

§ 2º Diz-se tentada uma infração, quando, inicia-da a sua execução, não se consuma por circuns-tâncias alheias à vontade do agente.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A286

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 286

Page 281: Legislação Ambiental Básica

9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 287

§ 3º A pena prevista no caput será aumentada dametade se a amostra for obtida a partir de espé-cie constante da lista oficial da fauna brasileiraameaçada de extinção e do Anexo I daConvenção sobre o Comércio Internacional dasEspécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo deExtinção-CITES.

§ 4º A pena prevista no caput será aplicada emdobro se a amostra for obtida a partir de espécieconstante da lista oficial de fauna brasileiraameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

§ 5º A pena prevista no caput será aplicada emdobro se a amostra for obtida a partir de espécieconstante da lista oficial da flora brasileira amea-çada de extinção.

Art. 18. Deixar de repartir, quando existentes, osbenefícios resultantes da exploração econômicade produto ou processo desenvolvido a partir doacesso a amostra do patrimônio genético ou doconhecimento tradicional associado com quem dedireito, de acordo com o disposto na MedidaProvisória nº 2.186-16, de 2001, ou de acordocom o Contrato de Utilização do PatrimônioGenético e de Repartição de Benefícios anuídopelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético:

Multa mínima de R$50.000,00 (cinqüenta milreais) e máxima de R$50.000.000,00 (cinqüentamilhões de reais), quando se tratar de pessoa jurí-dica, e multa mínima de R$20.000,00 (vinte milreais) e máxima de R$100.000,00 (cem mil reais),quando se tratar de pessoa física.

Art. 19. Prestar falsa informação ou omitir aoPoder Público informação essencial sobre ativida-de de pesquisa, bioprospecção ou desenvolvi-mento tecnológico relacionada ao patrimôniogenético, por ocasião de auditoria, fiscalização ourequerimento de autorização de acesso ouremessa:

Multa mínima de R$10.000,00 (dez mil reais) emáxima de R$100.000,00 (cem mil reais), quan-do se tratar de pessoa jurídica, e multa mínima deR$200,00 (duzentos reais) e máxima deR$5.000,00 (cinco mil reais), quando se tratar depessoa física.

CAPÍTULO IIIDAS INFRAÇÕES AO CONHECIMENTO

TRADICIONAL ASSOCIADO

Art. 20. Acessar conhecimento tradicional asso-ciado para fins de pesquisa científica sem a auto-rização do órgão competente ou em desacordocom a obtida:

Multa mínima de R$20.000,00 (vinte mil reais) emáxima de R$500.000,00 (quinhentos mil reais),quando se tratar de pessoa jurídica, e multa míni-ma de R$1.000,00 (mil reais) e máxima deR$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), quando setratar de pessoa física.

Art. 21. Acessar conhecimento tradicional asso-ciado para fins de bioprospecção ou desenvolvi-mento tecnológico sem a autorização do órgãocompetente ou em desacordo com a obtida:

Multa mínima de R$50.000,00 (cinqüenta milreais) e máxima de R$15.000.000,00 (quinzemilhões de reais), quando se tratar de pessoa jurí-dica, e multa mínima de R$10.000,00 (dez milreais) e máxima de R$100.000,00 (cem milreais), quando se tratar de pessoa física.

§ 1º A pena prevista no caput será aumentada deum terço caso haja reivindicação de direito depropriedade industrial de qualquer natureza rela-cionado a produto ou processo obtido a partir doacesso ilícito junto a órgão nacional ou estrangei-ro competente.

§ 2º A pena prevista no caput será aumentada demetade se houver exploração econômica de pro-duto ou processo obtido a partir de acesso ilícitoao conhecimento tradicional associado.

Art. 22. Divulgar, transmitir ou retransmitir dadosou informações que integram ou constituemconhecimento tradicional associado, sem autori-zação do órgão competente ou em desacordocom a autorização obtida, quando exigida:

Multa mínima de R$20.000,00 (vinte mil reais) emáxima de R$500.000,00 (quinhentos mil reais),

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 287

Page 282: Legislação Ambiental Básica

quando se tratar de pessoa jurídica, e multa míni-ma de R$1.000,00 (mil reais) e máxima deR$50.000,00 (cinqüenta mil reais), quando setratar de pessoa física.

Art. 23. Omitir a origem de conhecimento tradi-cional associado em publicação, registro, inventário,utilização, exploração, transmissão ou qualquerforma de divulgação em que este conhecimentoseja direta ou indiretamente mencionado:

Multa mínima de R$10.000,00 (dez mil reais) emáxima de R$200.000,00 (duzentos mil reais),quando se tratar de pessoa jurídica, e multa míni-ma de R$5.000,00 (cinco mil reais) e máxima deR$20.000,00 (vinte mil reais), quando se tratarde pessoa física.

Art. 24. Omitir ao Poder Público informaçãoessencial sobre atividade de acesso a conheci-mento tradicional associado, por ocasião de audi-toria, fiscalização ou requerimento de autorizaçãode acesso ou remessa:

Multa mínima de R$10.000,00 (dez mil reais) emáxima de R$100.000,00 (cem mil reais), quan-do se tratar de pessoa jurídica, e multa mínima deR$200,00 (duzentos reais) e máxima deR$5.000,00 (cinco mil reais), quando se tratar depessoa física.

CAPÍTULO IVDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 25. As multas previstas neste Decreto podemter a sua exigibilidade suspensa, quando o autua-do, por termo de compromisso aprovado pelaautoridade competente, obrigar-se à adoção demedidas específicas para adequar-se ao dispostona Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, emsua regulamentação e demais normas oriundasdo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético.

§ 1º Cumpridas integralmente as obrigaçõesassumidas pelo autuado, desde que comprovadoem parecer técnico emitido pelo órgão competen-te, a multa será reduzida em até noventa porcento do seu valor, atualizado monetariamente.

§ 2º Na hipótese de interrupção do cumprimentodas obrigações dispostas no termo de compro-misso referido no caput, quer seja por decisão daautoridade competente ou por fato do infrator, ovalor da multa será atualizado monetariamente.

§ 3º Os valores apurados nos termos dos §§ 1º e2º serão recolhidos no prazo de cinco dias dorecebimento da notificação.

Art. 26. As sanções estabelecidas neste decretoserão aplicadas, independentemente da existên-cia de culpa, sem prejuízo das sanções penaisprevistas na legislação vigente e da responsabili-dade civil objetiva pelos danos causados.

Art. 27. Incumbe ao IBAMA e ao Conselho deGestão do Patrimônio Genético, no âmbito dasrespectivas competências, expedir atos normati-vos visando disciplinar os procedimentos neces-sários ao cumprimento deste decreto.

Parágrafo único. O Comando da Marinha estabe-lecerá em atos normativos próprios os procedi-mentos a serem por ele adotados.

Art. 28. Aplicam-se subsidiariamente a estedecreto o disposto no Código Penal, no Códigode Processo Penal, na Lei nº 9.784, de 29 dejaneiro de 1999, na Lei nº 9.605, de 12 de feve-reiro de 1998, e no Decreto nº 3.179, de 21 desetembro de 1999.

Art. 29. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A288

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 288

Page 283: Legislação Ambiental Básica

10. ORGANISMOS GENETICAMENTEMODIFICADOS

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Igu

aciD

ias

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 289

Page 284: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 290

Page 285: Legislação Ambiental Básica

Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas desegurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modi-ficados-OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS, reestrutura aComissão Técnica Nacional de Biossegurança-CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional deBiossegurança-PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezem-bro de 2003, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta eeu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES PRELIMINARES E GERAIS

Art. 1º Esta lei estabelece normas de segurançae mecanismos de fiscalização sobre a construção,o cultivo, a produção, a manipulação, o transpor-te, a transferência, a importação, a exportação, oarmazenamento, a pesquisa, a comercialização, oconsumo, a liberação no meio ambiente e o des-carte de organismos geneticamente modificados-OGM e seus derivados, tendo como diretrizes oestímulo ao avanço científico na área de biosse-gurança e biotecnologia, a proteção à vida e àsaúde humana, animal e vegetal, e a observânciado princípio da precaução para a proteção domeio ambiente.

§ 1º Para os fins desta lei, considera-se atividadede pesquisa a realizada em laboratório, regime decontenção ou campo, como parte do processo deobtenção de OGM e seus derivados ou de avalia-ção da biossegurança de OGM e seus derivados,o que engloba, no âmbito experimental, a cons-trução, o cultivo, a manipulação, o transporte, atransferência, a importação, a exportação, o arma-zenamento, a liberação no meio ambiente e odescarte de OGM e seus derivados.

§ 2º Para os fins desta lei, considera-se atividadede uso comercial de OGM e seus derivados a quenão se enquadra como atividade de pesquisa, e

que trata do cultivo, da produção, da manipulação,do transporte, da transferência, da comercializa-ção, da importação, da exportação, do armazena-mento, do consumo, da liberação e do descartede OGM e seus derivados para fins comerciais.

Art. 2º As atividades e projetos que envolvamOGM e seus derivados, relacionados ao ensinocom manipulação de organismos vivos, à pesqui-sa científica, ao desenvolvimento tecnológico e àprodução industrial ficam restritos ao âmbitode entidades de direito público ou privado, queserão responsáveis pela obediência aos preceitosdesta lei e de sua regulamentação, bem comopelas eventuais conseqüências ou efeitos advin-dos de seu descumprimento.

§ 1º Para os fins desta lei, consideram-se ativida-des e projetos no âmbito de entidade os conduzidosem instalações próprias ou sob a responsabilidadeadministrativa, técnica ou científica da entidade.

§ 2º As atividades e projetos de que trata esteartigo são vedados a pessoas físicas em atuaçãoautônoma e independente, ainda que mante-nham vínculo empregatício ou qualquer outrocom pessoas jurídicas.

§ 3º Os interessados em realizar atividade previs-ta nesta lei deverão requerer autorização àComissão Técnica Nacional de Biossegurança-CTNBio, que se manifestará no prazo fixado emregulamento.

§ 4º As organizações públicas e privadas, nacio-nais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 291

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 291

Page 286: Legislação Ambiental Básica

ou patrocinadoras de atividades ou de projetosreferidos no caput deste artigo devem exigir aapresentação de Certificado de Qualidade emBiossegurança, emitido pela CTNBio, sob pena dese tornarem co-responsáveis pelos eventuais efei-tos decorrentes do descumprimento desta lei oude sua regulamentação.

Art. 3º Para os efeitos desta lei, considera-se:

I - organismo: toda entidade biológica capaz dereproduzir ou transferir material genético, inclusivevírus e outras classes que venham a ser conhecidas;

II - ácido desoxirribonucléico-ADN, ácido ribonu-cléico-ARN: material genético que contém infor-mações determinantes dos caracteres hereditá-rios transmissíveis à descendência;

III - moléculas de ADN/ARN recombinante: asmoléculas manipuladas fora das células vivasmediante a modificação de segmentos deADN/ARN natural ou sintético e que possam mul-tiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as molé-culas de ADN/ARN resultantes dessa multiplica-ção; consideram-se também os segmentos deADN/ARN sintéticos equivalentes aos deADN/ARN natural;

IV - engenharia genética: atividade de produçãoe manipulação de moléculas de ADN/ARN recom-binante;

V - organismo geneticamente modificado-OGM:organismo cujo material genético-ADN/ARNtenha sido modificado por qualquer técnica deengenharia genética;

VI - derivado de OGM: produto obtido de OGM eque não possua capacidade autônoma de replica-ção ou que não contenha forma viável de OGM;

VII - célula germinal humana: célula-mãe respon-sável pela formação de gametas presentes nasglândulas sexuais femininas e masculinas e suasdescendentes diretas em qualquer grau de ploidia;

VIII - clonagem: processo de reprodução assexua-da, produzida artificialmente, baseada em umúnico patrimônio genético, com ou sem utilizaçãode técnicas de engenharia genética;

IX - clonagem para fins reprodutivos: clonagemcom a finalidade de obtenção de um indivíduo;

X - clonagem terapêutica: clonagem com a finali-dade de produção de células-tronco embrionáriaspara utilização terapêutica;

XI - células-tronco embrionárias: células deembrião que apresentam a capacidade de setransformar em células de qualquer tecido de umorganismo.

§ 1º Não se inclui na categoria de OGM o resul-tante de técnicas que impliquem a introduçãodireta, num organismo, de material hereditário,desde que não envolvam a utilização de molécu-las de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusi-ve fecundação in vitro, conjugação, transdução,transformação, indução poliplóide e qualqueroutro processo natural.

§ 2º Não se inclui na categoria de derivado deOGM a substância pura, quimicamente definida,obtida por meio de processos biológicos e quenão contenha OGM, proteína heteróloga ou ADNrecombinante.

Art. 4º Esta lei não se aplica quando a modifica-ção genética for obtida por meio das seguintestécnicas, desde que não impliquem a utilizaçãode OGM como receptor ou doador:

I - mutagênese;

II - formação e utilização de células somáticas dehibridoma animal;

III - fusão celular, inclusive a de protoplasma, decélulas vegetais, que possa ser produzidamediante métodos tradicionais de cultivo;

IV - autoclonagem de organismos não-patogêni-cos que se processe de maneira natural.

Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e tera-pia, a utilização de células-tronco embrionáriasobtidas de embriões humanos produzidos por fer-tilização in vitro e não utilizados no respectivoprocedimento, atendidas as seguintes condições:

I - sejam embriões inviáveis; ou

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A292

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 292

Page 287: Legislação Ambiental Básica

II - sejam embriões congelados há 3 (três) anosou mais, na data da publicação desta lei, ou que,já congelados na data da publicação desta lei,depois de completarem 3 (três) anos, contados apartir da data de congelamento.

§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consenti-mento dos genitores.

§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúdeque realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeterseus projetos à apreciação e aprovação dos res-pectivos comitês de ética em pesquisa.

§ 3º É vedada a comercialização do material bio-lógico a que se refere este artigo e sua práticaimplica o crime tipificado no art. 15 da Leinº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.

Art. 6º Fica proibido:

I - implementação de projeto relativo a OGM sema manutenção de registro de seu acompanha-mento individual;

II - engenharia genética em organismo vivo ou omanejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombi-nante, realizado em desacordo com as normasprevistas nesta Lei;

III - engenharia genética em célula germinalhumana, zigoto humano e embrião humano;

IV - clonagem humana;

V - destruição ou descarte no meio ambiente deOGM e seus derivados em desacordo com as nor-mas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos eentidades de registro e fiscalização, referidos noart. 16 desta lei, e as constantes desta lei e desua regulamentação;

VI - liberação no meio ambiente de OGM ou seusderivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sema decisão técnica favorável da CTNBio e, nos casosde liberação comercial, sem o parecer técnico favo-rável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgãoou entidade ambiental responsável, quando aCTNBio considerar a atividade como potencialmen-te causadora de degradação ambiental, ou sem a

aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS, quando o processo tenha sido por ele avoca-do, na forma desta lei e de sua regulamentação;

VII - a utilização, a comercialização, o registro, opatenteamento e o licenciamento de tecnologiasgenéticas de restrição do uso.

Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, enten-de-se por tecnologias genéticas de restrição douso qualquer processo de intervenção humanapara geração ou multiplicação de plantas geneti-camente modificadas para produzir estruturasreprodutivas estéreis, bem como qualquer formade manipulação genética que vise à ativação oudesativação de genes relacionados à fertilidadedas plantas por indutores químicos externos.

Art. 7º São obrigatórias:

I - a investigação de acidentes ocorridos no cursode pesquisas e projetos na área de engenhariagenética e o envio de relatório respectivo à auto-ridade competente no prazo máximo de 5 (cinco)dias a contar da data do evento;

II - a notificação imediata à CTNBio e às autorida-des da saúde pública, da defesa agropecuária edo meio ambiente sobre acidente que possa pro-vocar a disseminação de OGM e seus derivados;

III - a adoção de meios necessários para plena-mente informar à CTNBio, às autoridades da saúdepública, do meio ambiente, da defesa agropecuária,à coletividade e aos demais empregados da insti-tuição ou empresa sobre os riscos a que possamestar submetidos, bem como os procedimentos aserem tomados no caso de acidentes com OGM.

CAPÍTULO IIDO CONSELHO NACIONAL DEBIOSSEGURANÇA-CNBS

Art. 8º Fica criado o Conselho Nacional de Bios-segurança-CNBS, vinculado à Presidência daRepública, órgão de assessoramento superiordo Presidente da República para a formulaçãoe implementação da Política Nacional deBiossegurança-PNB.

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 293

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 293

Page 288: Legislação Ambiental Básica

§ 1º Compete ao CNBS:

I - fixar princípios e diretrizes para a ação admi-nistrativa dos órgãos e entidades federais comcompetências sobre a matéria;

II - analisar, a pedido da CTNBio, quanto aosaspectos da conveniência e oportunidade socioe-conômicas e do interesse nacional, os pedidos deliberação para uso comercial de OGM e seus deri-vados;

III - avocar e decidir, em última e definitiva instân-cia, com base em manifestação da CTNBio e,quando julgar necessário, dos órgãos e entidadesreferidos no art. 16 desta lei, no âmbito de suascompetências, sobre os processos relativos a ati-vidades que envolvam o uso comercial de OGM eseus derivados;

IV - (VETADO)

§ 2º (VETADO)

§ 3º Sempre que o CNBS deliberar favoravelmen-te à realização da atividade analisada, encami-nhará sua manifestação aos órgãos e entidadesde registro e fiscalização referidos no art. 16desta lei.

§ 4º Sempre que o CNBS deliberar contrariamenteà atividade analisada, encaminhará sua manifesta-ção à CTNBio para informação ao requerente.

Art. 9º O CNBS é composto pelos seguintesmembros:

I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil daPresidência da República, que o presidirá;

II - Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia;

III - Ministro de Estado do DesenvolvimentoAgrário;

IV - Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária eAbastecimento;

V - Ministro de Estado da Justiça;

VI - Ministro de Estado da Saúde;

VII - Ministro de Estado do Meio Ambiente;

VIII - Ministro de Estado do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior;

IX - Ministro de Estado das Relações Exteriores;

X - Ministro de Estado da Defesa;

XI - Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca daPresidência da República.

§ 1º O CNBS reunir-se-á sempre que convocadopelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil daPresidência da República, ou mediante provoca-ção da maioria de seus membros.

§ 2º (VETADO)

§ 3º Poderão ser convidados a participar das reu-niões, em caráter excepcional, representantes dosetor público e de entidades da sociedade civil.

§ 4º O CNBS contará com uma SecretariaExecutiva, vinculada à Casa Civil da Presidênciada República.

§ 5º A reunião do CNBS poderá ser instalada coma presença de 6 (seis) de seus membros e as deci-sões serão tomadas com votos favoráveis damaioria absoluta.

CAPÍTULO IIIDA COMISSÃO TÉCNICA NACIONALDE BIOSSEGURANÇA-CTNBIO

Art. 10. A CTNBio, integrante do Ministério daCiência e Tecnologia, é instância colegiada multi-disciplinar de caráter consultivo e deliberativo,para prestar apoio técnico e de assessoramentoao governo federal na formulação, atualização eimplementação da PNB de OGM e seus deriva-dos, bem como no estabelecimento de normastécnicas de segurança e de pareceres técnicosreferentes à autorização para atividades queenvolvam pesquisa e uso comercial de OGM eseus derivados, com base na avaliação de seurisco zoofitossanitário, à saúde humana e aomeio ambiente.

Parágrafo único. A CTNBio deverá acompanhar odesenvolvimento e o progresso técnico e científiconas áreas de biossegurança, biotecnologia, bio-ética e afins, com o objetivo de aumentar sua

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A294

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 294

Page 289: Legislação Ambiental Básica

capacitação para a proteção da saúde humana,dos animais e das plantas e do meio ambiente.

Art. 11. A CTNBio, composta de membros titula-res e suplentes, designados pelo Ministro deEstado da Ciência e Tecnologia, será constituídapor 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reco-nhecida competência técnica, de notória atuaçãoe saber científicos, com grau acadêmico de dou-tor e com destacada atividade profissional nasáreas de biossegurança, biotecnologia, biologia,saúde humana e animal ou meio ambiente,sendo:

I - 12 (doze) especialistas de notório saber cientí-fico e técnico, em efetivo exercício profissional,sendo:

a) 3 (três) da área de saúde humana;

b) 3 (três) da área animal;

c) 3 (três) da área vegetal;

d) 3 (três) da área de meio ambiente;

II - um representante de cada um dos seguintesórgãos, indicados pelos respectivos titulares:

a) Ministério da Ciência e Tecnologia;

b) Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento;

c) Ministério da Saúde;

d) Ministério do Meio Ambiente;

e) Ministério do Desenvolvimento Agrário;

f) Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior;

g) Ministério da Defesa;

h) Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca daPresidência da República;

i) Ministério das Relações Exteriores;

III - um especialista em defesa do consumidor,indicado pelo Ministro da Justiça;

IV - um especialista na área de saúde, indicadopelo Ministro da Saúde;

V - um especialista em meio ambiente, indicadopelo Ministro do Meio Ambiente;

VI - um especialista em biotecnologia, indicadopelo Ministro da Agricultura, Pecuária eAbastecimento;

VII - um especialista em agricultura familiar, indi-cado pelo Ministro do Desenvolvimento Agrário;

VIII - um especialista em saúde do trabalhador,indicado pelo Ministro do Trabalho e Emprego.

§ 1º Os especialistas de que trata o inciso I docaput deste artigo serão escolhidos a partir delista tríplice, elaborada com a participação dassociedades científicas, conforme disposto emregulamento.

§ 2º Os especialistas de que tratam os incisos IIIa VIII do caput deste artigo serão escolhidos apartir de lista tríplice, elaborada pelas organiza-ções da sociedade civil, conforme disposto emregulamento.

§ 3º Cada membro efetivo terá um suplente, queparticipará dos trabalhos na ausência do titular.

§ 4º Os membros da CTNBio terão mandato de 2(dois) anos, renovável por até mais 2 (dois) perío-dos consecutivos.

§ 5º O presidente da CTNBio será designado,entre seus membros, pelo Ministro da Ciência eTecnologia para um mandato de 2 (dois) anos,renovável por igual período.

§ 6º Os membros da CTNBio devem pautar a suaatuação pela observância estrita dos conceitosético-profissionais, sendo vedado participar dojulgamento de questões com as quais tenhamalgum envolvimento de ordem profissional oupessoal, sob pena de perda de mandato, naforma do regulamento.

§ 7º A reunião da CTNBio poderá ser instaladacom a presença de 14 (catorze) de seus membros,incluído pelo menos um representante de cadauma das áreas referidas no inciso I do caput desteartigo.

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 295

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 295

Page 290: Legislação Ambiental Básica

§ 8º (VETADO)

§ 8º-A As decisões da CTNBio serão tomadascom votos favoráveis da maioria absoluta de seusmembros.

§ 9º Órgãos e entidades integrantes da adminis-tração pública federal poderão solicitar participa-ção nas reuniões da CTNBio para tratar de assun-tos de seu especial interesse, sem direito a voto.

§ 10. Poderão ser convidados a participar dasreuniões, em caráter excepcional, representantesda comunidade científica e do setor público eentidades da sociedade civil, sem direito a voto.

Art. 12. O funcionamento da CTNBio será defini-do pelo regulamento desta lei.

§ 1º A CTNBio contará com uma SecretariaExecutiva e cabe ao Ministério da Ciência eTecnologia prestar-lhe o apoio técnico e adminis-trativo.

§ 2º (VETADO)

Art. 13. A CTNBio constituirá subcomissões seto-riais permanentes na área de saúde humana, naárea animal, na área vegetal e na área ambiental,e poderá constituir subcomissões extraordinárias,para análise prévia dos temas a serem submeti-dos ao plenário da Comissão.

§ 1º Tanto os membros titulares quanto ossuplentes participarão das subcomissões setoriaise caberá a todos a distribuição dos processospara análise.

§ 2º O funcionamento e a coordenação dostrabalhos nas subcomissões setoriais e extraordi-nárias serão definidos no regimento interno daCTNBio.

Art. 14. Compete à CTNBio:

I - estabelecer normas para as pesquisas comOGM e derivados de OGM;

II - estabelecer normas relativamente às ativida-des e aos projetos relacionados a OGM e seusderivados;

III - estabelecer, no âmbito de suas competências,critérios de avaliação e monitoramento de riscode OGM e seus derivados;

IV - proceder à análise da avaliação de risco, casoa caso, relativamente a atividades e projetos queenvolvam OGM e seus derivados;

V - estabelecer os mecanismos de funcionamen-to das Comissões Internas de Biossegurança-CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedi-que ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvol-vimento tecnológico e à produção industrial queenvolvam OGM ou seus derivados;

VI - estabelecer requisitos relativos à biosseguran-ça para autorização de funcionamento de labora-tório, instituição ou empresa que desenvolveráatividades relacionadas a OGM e seus derivados;

VII - relacionar-se com instituições voltadas paraa biossegurança de OGM e seus derivados, emâmbito nacional e internacional;

VIII - autorizar, cadastrar e acompanhar as ativi-dades de pesquisa com OGM ou derivado deOGM, nos termos da legislação em vigor;

IX - autorizar a importação de OGM e seus deri-vados para atividade de pesquisa;

X - prestar apoio técnico consultivo e de assesso-ramento ao CNBS na formulação da PNB deOGM e seus derivados;

XI - emitir Certificado de Qualidade em Biosse-gurança-CQB para o desenvolvimento de ativida-des com OGM e seus derivados em laboratório,instituição ou empresa e enviar cópia do proces-so aos órgãos de registro e fiscalização referidosno art. 16 desta lei;

XII - emitir decisão técnica, caso a caso, sobre abiossegurança de OGM e seus derivados noâmbito das atividades de pesquisa e de usocomercial de OGM e seus derivados, inclusive aclassificação quanto ao grau de risco e nível debiossegurança exigido, bem como medidas desegurança exigidas e restrições ao uso;

XIII - definir o nível de biossegurança a ser apli-cado ao OGM e seus usos, e os respectivos pro-cedimentos e medidas de segurança quanto ao

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A296

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 296

Page 291: Legislação Ambiental Básica

seu uso, conforme as normas estabelecidas naregulamentação desta lei, bem como quanto aosseus derivados;

XIV - classificar os OGM segundo a classe derisco, observados os critérios estabelecidos noregulamento desta lei;

XV - acompanhar o desenvolvimento e o progres-so técnico-científico na biossegurança de OGM eseus derivados;

XVI - emitir resoluções, de natureza normativa,sobre as matérias de sua competência;

XVII - apoiar tecnicamente os órgãos competen-tes no processo de prevenção e investigação deacidentes e de enfermidades, verificados no cursodos projetos e das atividades com técnicas deADN/ARN recombinante;

XVIII - apoiar tecnicamente os órgãos e entidadesde registro e fiscalização, referidos no art. 16desta lei, no exercício de suas atividades relacio-nadas a OGM e seus derivados;

XIX - divulgar no Diário Oficial da União, previa-mente à análise, os extratos dos pleitos e, poste-riormente, dos pareceres dos processos que lheforem submetidos, bem como dar ampla publici-dade no Sistema de Informações em Biosse-gurança-SIB a sua agenda, processos em trâmite,relatórios anuais, atas das reuniões e demaisinformações sobre suas atividades, excluídas asinformações sigilosas, de interesse comercial,apontadas pelo proponente e assim consideradaspela CTNBio;

XX - identificar atividades e produtos decorrentesdo uso de OGM e seus derivados potencialmentecausadores de degradação do meio ambiente ouque possam causar riscos à saúde humana;

XXI - reavaliar suas decisões técnicas por solicita-ção de seus membros ou por recurso dos órgãose entidades de registro e fiscalização, fundamen-tado em fatos ou conhecimentos científicosnovos, que sejam relevantes quanto à biossegu-rança do OGM ou derivado, na forma desta lei eseu regulamento;

XXII - propor a realização de pesquisas e estudoscientíficos no campo da biossegurança de OGM eseus derivados;

XXIII - apresentar proposta de regimento internoao Ministro da Ciência e Tecnologia.

§ 1º Quanto aos aspectos de biossegurança doOGM e seus derivados, a decisão técnica daCTNBio vincula os demais órgãos e entidades daadministração.

§ 2º Nos casos de uso comercial, entre outrosaspectos técnicos de sua análise, os órgãos deregistro e fiscalização, no exercício de suas atri-buições em caso de solicitação pela CTNBio, obser-varão, quanto aos aspectos de biossegurança doOGM e seus derivados, a decisão técnica da CTNBio.

§ 3º Em caso de decisão técnica favorável sobrea biossegurança no âmbito da atividade de pes-quisa, a CTNBio remeterá o processo respectivoaos órgãos e entidades referidos no art. 16 destalei, para o exercício de suas atribuições.

§ 4º A decisão técnica da CTNBio deverá conterresumo de sua fundamentação técnica, explicitaras medidas de segurança e restrições ao uso doOGM e seus derivados e considerar as particula-ridades das diferentes regiões do país, com oobjetivo de orientar e subsidiar os órgãos e enti-dades de registro e fiscalização, referidos no art.16 desta lei, no exercício de suas atribuições.

§ 5º Não se submeterá a análise e emissão deparecer técnico da CTNBio o derivado cujo OGMjá tenha sido por ela aprovado.

§ 6º As pessoas físicas ou jurídicas envolvidas emqualquer das fases do processo de produção agrí-cola, comercialização ou transporte de produtogeneticamente modificado que tenham obtido aliberação para uso comercial estão dispensadasde apresentação do CQB e constituição de CIBio,salvo decisão em contrário da CTNBio.

Art. 15. A CTNBio poderá realizar audiênciaspúblicas, garantida participação da sociedade civil,na forma do regulamento.

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 297

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 297

Page 292: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. Em casos de liberação comercial,audiência pública poderá ser requerida por partesinteressadas, incluindo-se entre estas organiza-ções da sociedade civil que comprovem interesserelacionado à matéria, na forma do regulamento.

CAPÍTULO IVDOS ÓRGÃOS E ENTIDADES DEREGISTRO E FISCALIZAÇÃO

Art. 16. Caberá aos órgãos e entidades de regis-tro e fiscalização do Ministério da Saúde, doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento e do Ministério do Meio Ambiente, e daSecretaria Especial de Aqüicultura e Pesca daPresidência da República entre outras atribuições,no campo de suas competências, observadas adecisão técnica da CTNBio, as deliberações doCNBS e os mecanismos estabelecidos nesta lei ena sua regulamentação:

I - fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM eseus derivados;

II - registrar e fiscalizar a liberação comercial deOGM e seus derivados;

III - emitir autorização para a importação de OGMe seus derivados para uso comercial;

IV - manter atualizado no SIB o cadastro das ins-tituições e responsáveis técnicos que realizam ati-vidades e projetos relacionados a OGM e seusderivados;

V - tornar públicos, inclusive no SIB, os registros eautorizações concedidas;

VI - aplicar as penalidades de que trata esta lei;

VII - subsidiar a CTNBio na definição de quesitosde avaliação de biossegurança de OGM e seusderivados.

§ 1º Após manifestação favorável da CTNBio, oudo CNBS, em caso de avocação ou recurso, cabe-rá, em decorrência de análise específica e decisãopertinente:

I - ao Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento emitir as autorizações e registrose fiscalizar produtos e atividades que utilizemOGM e seus derivados destinados a uso animal,na agricultura, pecuária, agroindústria e áreasafins, de acordo com a legislação em vigor esegundo o regulamento desta lei;

II - ao órgão competente do Ministério da Saúdeemitir as autorizações e registros e fiscalizar pro-dutos e atividades com OGM e seus derivadosdestinados a uso humano, farmacológico, domis-sanitário e áreas afins, de acordo com a legisla-ção em vigor e segundo o regulamento desta lei;

III - ao órgão competente do Ministério do MeioAmbiente emitir as autorizações e registros e fis-calizar produtos e atividades que envolvam OGMe seus derivados a serem liberados nos ecossiste-mas naturais, de acordo com a legislação emvigor e segundo o regulamento desta lei, bemcomo o licenciamento, nos casos em que aCTNBio deliberar, na forma desta lei, que o OGMé potencialmente causador de significativa degra-dação do meio ambiente;

IV - à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pescada Presidência da República emitir as autoriza-ções e registros de produtos e atividades comOGM e seus derivados destinados ao uso napesca e aqüicultura, de acordo com a legislaçãoem vigor e segundo esta lei e seu regulamento.

§ 2º Somente se aplicam as disposições dos inci-sos I e II do art. 8º e do caput do art. 10 da Leinº 6.938, de 31 de agosto de 1981, nos casos emque a CTNBio deliberar que o OGM é potencial-mente causador de significativa degradação domeio ambiente.

§ 3º A CTNBio delibera, em última e definitivainstância, sobre os casos em que a atividade épotencial ou efetivamente causadora de degrada-ção ambiental, bem como sobre a necessidade dolicenciamento ambiental.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A298

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 298

Page 293: Legislação Ambiental Básica

§ 4º A emissão dos registros, das autorizações edo licenciamento ambiental referidos nesta leideverá ocorrer no prazo máximo de 120 (cento evinte) dias.

§ 5º A contagem do prazo previsto no § 4º desteartigo será suspensa, por até 180 (cento e oiten-ta) dias, durante a elaboração, pelo requerente,dos estudos ou esclarecimentos necessários.

§ 6º As autorizações e registros de que trata esteartigo estarão vinculados à decisão técnica daCTNBio correspondente, sendo vedadas exigên-cias técnicas que extrapolem as condições esta-belecidas naquela decisão, nos aspectos relacio-nados à biossegurança.

§ 7º Em caso de divergência quanto à decisãotécnica da CTNBio sobre a liberação comercial deOGM e derivados, os órgãos e entidades de regis-tro e fiscalização, no âmbito de suas competên-cias, poderão apresentar recurso ao CNBS, noprazo de até 30 (trinta) dias, a contar da data depublicação da decisão técnica da CTNBio.

CAPÍTULO VDA COMISSÃO INTERNADE BIOSSEGURANÇA-CIBIO

Art. 17. Toda instituição que utilizar técnicas emétodos de engenharia genética ou realizar pes-quisas com OGM e seus derivados deverá criaruma Comissão Interna de Biossegurança-CIBio,além de indicar um técnico principal responsávelpara cada projeto específico.

Art. 18. Compete à CIBio, no âmbito da institui-ção onde constituída:

I - manter informados os trabalhadores e demaismembros da coletividade, quando suscetíveis deserem afetados pela atividade, sobre as questõesrelacionadas com a saúde e a segurança, bemcomo sobre os procedimentos em caso de aci-dentes;

II - estabelecer programas preventivos e de inspe-ção para garantir o funcionamento das instala-

ções sob sua responsabilidade, dentro dospadrões e normas de biossegurança, definidospela CTNBio na regulamentação desta lei;

III - encaminhar à CTNBio os documentos cujarelação será estabelecida na regulamentaçãodesta lei, para efeito de análise, registro ou auto-rização do órgão competente, quando couber;

IV - manter registro do acompanhamento indivi-dual de cada atividade ou projeto em desenvolvi-mento que envolvam OGM ou seus derivados;

V - notificar à CTNBio, aos órgãos e entidades deregistro e fiscalização, referidos no art. 16 destaLei, e às entidades de trabalhadores o resultadode avaliações de risco a que estão submetidas aspessoas expostas, bem como qualquer acidenteou incidente que possa provocar a disseminaçãode agente biológico;

VI - investigar a ocorrência de acidentes e asenfermidades possivelmente relacionados a OGMe seus derivados e notificar suas conclusões eprovidências à CTNBio.

CAPÍTULO VIDO SISTEMA DE INFORMAÇÕES

EM BIOSSEGURANÇA-SIB

Art. 19. Fica criado, no âmbito do Ministério daCiência e Tecnologia, o Sistema de Informaçõesem Biossegurança-SIB, destinado à gestão dasinformações decorrentes das atividades de análi-se, autorização, registro, monitoramento e acom-panhamento das atividades que envolvam OGMe seus derivados.

§ 1º As disposições dos atos legais, regulamenta-res e administrativos que alterem, complementemou produzam efeitos sobre a legislação de bios-segurança de OGM e seus derivados deverão serdivulgadas no SIB concomitantemente com aentrada em vigor desses atos.

§ 2º Os órgãos e entidades de registro e fiscaliza-ção, referidos no art. 16 desta lei, deverão ali-mentar o SIB com as informações relativas às

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 299

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 299

Page 294: Legislação Ambiental Básica

atividades de que trata esta lei, processadas noâmbito de sua competência.

CAPÍTULO VIIDA RESPONSABILIDADE CIVIL

E ADMINISTRATIVA

Art. 20. Sem prejuízo da aplicação das penasprevistas nesta lei, os responsáveis pelos danosao meio ambiente e a terceiros responderão, soli-dariamente, por sua indenização ou reparaçãointegral, independentemente da existência deculpa.

Art. 21. Considera-se infração administrativatoda ação ou omissão que viole as normas previs-tas nesta Lei e demais disposições legais pertinentes.

Parágrafo único. As infrações administrativas serãopunidas na forma estabelecida no regulamentodesta lei, independentemente das medidas caute-lares de apreensão de produtos, suspensão devenda de produto e embargos de atividades, comas seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa;

III - apreensão de OGM e seus derivados;

IV - suspensão da venda de OGM e seus derivados;

V - embargo da atividade;

VI - interdição parcial ou total do estabelecimen-to, atividade ou empreendimento;

VII - suspensão de registro, licença ou autoriza-ção;

VIII - cancelamento de registro, licença ou autori-zação;

IX - perda ou restrição de incentivo e benefíciofiscal concedidos pelo governo;

X - perda ou suspensão da participação em linhade financiamento em estabelecimento oficial decrédito;

XI - intervenção no estabelecimento;

XII - proibição de contratar com a administraçãopública, por período de até 5 (cinco) anos.

Art. 22. Compete aos órgãos e entidades deregistro e fiscalização, referidos no art. 16 destalei, definir critérios, valores e aplicar multas deR$2.000,00 (dois mil reais) a R$1.500.000,00(um milhão e quinhentos mil reais), proporcional-mente à gravidade da infração.

§ 1º As multas poderão ser aplicadas cumulativa-mente com as demais sanções previstas nesteartigo.

§ 2º No caso de reincidência, a multa será aplica-da em dobro.

§ 3º No caso de infração continuada, caracteriza-da pela permanência da ação ou omissão inicial-mente punida, será a respectiva penalidade apli-cada diariamente até cessar sua causa, sem pre-juízo da paralisação imediata da atividade ou dainterdição do laboratório ou da instituição ouempresa responsável.

Art. 23. As multas previstas nesta Lei serão apli-cadas pelos órgãos e entidades de registro e fis-calização dos Ministérios da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento, da Saúde, do Meio Ambiente eda Secretaria Especial de Aqüicultura e Pescada Presidência da República, referidos no art. 16desta lei, de acordo com suas respectivas compe-tências.

§ 1º Os recursos arrecadados com a aplicação demultas serão destinados aos órgãos e entidadesde registro e fiscalização, referidos no art. 16desta lei, que aplicarem a multa.

§ 2º Os órgãos e entidades fiscalizadores daadministração pública federal poderão celebrarconvênios com os Estados, Distrito Federal eMunicípios, para a execução de serviços relacio-nados à atividade de fiscalização prevista nestalei e poderão repassar-lhes parcela da receitaobtida com a aplicação de multas.

§ 3º A autoridade fiscalizadora encaminharácópia do auto de infração à CTNBio.

§ 4º Quando a infração constituir crime ou con-travenção, ou lesão à Fazenda Pública ou ao con-sumidor, a autoridade fiscalizadora representará

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A300

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 300

Page 295: Legislação Ambiental Básica

junto ao órgão competente para apuração dasresponsabilidades administrativa e penal.

CAPÍTULO VIIIDOS CRIMES E DAS PENAS

Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordocom o que dispõe o art. 5º desta lei:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, emulta.

Art. 25. Praticar engenharia genética em célulagerminal humana, zigoto humano ou embriãohumano:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, emulta.

Art. 26. Realizar clonagem humana:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, emulta.

Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meioambiente, em desacordo com as normas estabe-lecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidadesde registro e fiscalização:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, emulta.

§ 1º (VETADO)

§ 2º Agrava-se a pena:

I - de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se resultardano à propriedade alheia;

II - de 1/3 (um terço) até a metade, se resultardano ao meio ambiente;

III - da metade até 2/3 (dois terços), se resultarlesão corporal de natureza grave em outrem;

IV - de 2/3 (dois terços) até o dobro, se resultar amorte de outrem.

Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patenteare licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comer-cializar, importar ou exportar OGM ou seus deri-vados, sem autorização ou em desacordo com asnormas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãose entidades de registro e fiscalização:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

CAPÍTULO IXDISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 30. Os OGM que tenham obtido decisão téc-nica da CTNBio favorável a sua liberação comercialaté a entrada em vigor desta lei poderão serregistrados e comercializados, salvo manifestaçãocontrária do CNBS, no prazo de 60 (sessenta)dias, a contar da data da publicação desta lei.

Art. 31. A CTNBio e os órgãos e entidades deregistro e fiscalização, referidos no art. 16 destalei, deverão rever suas deliberações de caráternormativo, no prazo de 120 (cento e vinte) dias,a fim de promover sua adequação às disposiçõesdesta lei.

Art. 32. Permanecem em vigor os Certificados deQualidade em Biossegurança, comunicados edecisões técnicas já emitidos pela CTNBio, bemcomo, no que não contrariarem o disposto nestalei, os atos normativos emitidos ao amparo da Leinº 8.974, de 5 de janeiro de 1995.

Art. 33. As instituições que desenvolverem ativi-dades reguladas por esta lei na data de suapublicação deverão adequar-se as suas disposi-ções no prazo de 120 (cento e vinte) dias, conta-do da publicação do decreto que a regulamentar.

Art. 34. Ficam convalidados e tornam-se perma-nentes os registros provisórios concedidos sob aégide da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003.

Art. 35. Ficam autorizadas a produção e acomercialização de sementes de cultivares desoja geneticamente modificadas tolerantes aglifosato registradas no Registro Nacional deCultivares-RNC do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento.

Art. 36. Fica autorizado o plantio de grãos desoja geneticamente modificada tolerante a glifo-

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 301

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 301

Page 296: Legislação Ambiental Básica

sato, reservados pelos produtores rurais para usopróprio, na safra 2004/2005, sendo vedada acomercialização da produção como semente.

Parágrafo único. O Poder Executivo poderá pror-rogar a autorização de que trata o caput desteartigo. (Prazo prorrogado(a) pelo(a) Decretonº 5.534, de 2005)

Art. 37. A descrição do Código 20 do Anexo VIIIda Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, acres-cido pela Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de2000, passa a vigorar com a seguinte redação:

Art. 38. (VETADO)

Art. 39. Não se aplica aos OGM e seus derivadoso disposto na Lei nº 7.802, de 11 de julho de

1989, e suas alterações, exceto para os casos emque eles sejam desenvolvidos para servir dematéria-prima para a produção de agrotóxicos.

Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentaresdestinados ao consumo humano ou animal quecontenham ou sejam produzidos a partir de OGMou derivados deverão conter informação nessesentido em seus rótulos, conforme regulamento.

Art. 41. Esta lei entra em vigor na data de suapublicação.

Art. 42. Revogam-se a Lei nº 8.974, de 5 dejaneiro de 1995, a Medida Provisória nº 2.191-9,de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º,10 e 16 da Lei nº 10.814,de 15 de dezembro de 2003.

ANEXO VIII

Código Categoria Descrição Pp/gu

20Uso deRecursosNaturais

Silvicultura; exploração econômica da madeira ou lenha e sub-produtos florestais; importação ou exportação da fauna e floranativas brasileiras; atividade de criação e exploração econômicade fauna exótica e de fauna silvestre; utilização do patrimôniogenético natural; exploração de recursos aquáticos vivos; intro-dução de espécies exóticas, exceto para melhoramento genéticovegetal e uso na agricultura; introdução de espécies genetica-mente modificadas previamente identificadas pela CTNBio comopotencialmente causadoras de significativa degradação domeio ambiente; uso da diversidade biológica pela biotecnologiaem atividades previamente identificadas pela CTNBio como poten-cialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.

Médio

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A302

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 302

Page 297: Legislação Ambiental Básica

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri-buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI,alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista odisposto na Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005,

DECRETA :

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

E GERAIS

Art. 1º Este decreto regulamenta dispositivos daLei nº 11.105, de 24 de março de 2005, que esta-belece normas de segurança e mecanismos defiscalização sobre a construção, o cultivo, a pro-dução, a manipulação, o transporte, a transfe-rência, a importação, a exportação, o armazena-mento, a pesquisa, a comercialização, o consumo,a liberação no meio ambiente e o descarte deorganismos geneticamente modificados-OGM eseus derivados, tendo como diretrizes o estímuloao avanço científico na área de biossegurança ebiotecnologia, a proteção à vida e à saúde huma-na, animal e vegetal, e a observância do princípioda precaução para a proteção do meio ambiente,bem como normas para o uso mediante autoriza-ção de células-tronco embrionárias obtidas deembriões humanos produzidos por fertilização invitro e não utilizados no respectivo procedimen-to, para fins de pesquisa e terapia.

Art. 2º As atividades e projetos que envolvamOGM e seus derivados, relacionados ao ensinocom manipulação de organismos vivos, à pesqui-sa científica, ao desenvolvimento tecnológico e àprodução industrial ficam restritos ao âmbito deentidades de direito público ou privado, queserão responsáveis pela obediência aos preceitosda Lei nº 11.105, de 2005, deste decreto e denormas complementares, bem como pelas even-tuais conseqüências ou efeitos advindos de seudescumprimento.

§ 1º Para os fins deste decreto, consideram-se ati-vidades e projetos no âmbito de entidade os con-duzidos em instalações próprias ou sob a respon-sabilidade administrativa, técnica ou científica daentidade.

§ 2º As atividades e projetos de que trata esteartigo são vedados a pessoas físicas em atuaçãoautônoma e independente, ainda que mante-nham vínculo empregatício ou qualquer outrocom pessoas jurídicas.

§ 3º Os interessados em realizar atividade previs-ta neste decreto deverão requerer autorização àComissão Técnica Nacional de Biossegurança-CTNBio, que se manifestará no prazo fixado emnorma própria.

Art. 3º Para os efeitos deste decreto, considera-se:

I - atividade de pesquisa: a realizada em labora-tório, regime de contenção ou campo, como partedo processo de obtenção de OGM e seus deriva-dos ou de avaliação da biossegurança de OGM eseus derivados, o que engloba, no âmbito experi-mental, a construção, o cultivo, a manipulação, otransporte, a transferência, a importação, a expor-tação, o armazenamento, a liberação no meioambiente e o descarte de OGM e seus derivados;

II - atividade de uso comercial de OGM e seusderivados: a que não se enquadra como ativida-de de pesquisa, e que trata do cultivo, da produ-ção, da manipulação, do transporte, da transfe-rência, da comercialização, da importação, daexportação, do armazenamento, do consumo, daliberação e do descarte de OGM e seus derivadospara fins comerciais;

III - organismo: toda entidade biológica capaz dereproduzir ou transferir material genético, inclusivevírus e outras classes que venham a ser conhecidas;

IV - ácido desoxirribonucléico-ADN, ácido ribonu-cléico-ARN: material genético que contém infor-

Decreto nº 5.591, de 22 de novembro de 2005Regulamenta dispositivos da Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, que regulamenta os incisos II,IV e V do § 1º do art. 225 da Constituição, e dá outras providências.

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 303

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 303

Page 298: Legislação Ambiental Básica

mações determinantes dos caracteres hereditá-rios transmissíveis à descendência;

V - moléculas de ADN/ARN recombinante: asmoléculas manipuladas fora das células vivasmediante a modificação de segmentos deADN/ARN natural ou sintético e que possammultiplicar-se em uma célula viva, ou ainda asmoléculas de ADN/ARN resultantes dessa multi-plicação; consideram-se também os segmentosde ADN/ARN sintéticos equivalentes aos deADN/ARN natural;

VI - engenharia genética: atividade de produçãoe manipulação de moléculas de ADN/ARN recom-binante;

VII - organismo geneticamente modificado-OGM:organismo cujo material genético-ADN/ARNtenha sido modificado por qualquer técnica deengenharia genética;

VIII - derivado de OGM: produto obtido de OGMe que não possua capacidade autônoma de repli-cação ou que não contenha forma viável deOGM;

IX - célula germinal humana: célula-mãe responsá-vel pela formação de gametas presentes nas glân-dulas sexuais femininas e masculinas e suas des-cendentes diretas em qualquer grau de ploidia;

X - fertilização in vitro: a fusão dos gametas rea-lizada por qualquer técnica de fecundação extra-corpórea;

XI - clonagem: processo de reprodução assexua-da, produzida artificialmente, baseada em umúnico patrimônio genético, com ou sem utilizaçãode técnicas de engenharia genética;

XII - células-tronco embrionárias: células deembrião que apresentam a capacidade de setransformar em células de qualquer tecido de umorganismo;

XIII - embriões inviáveis: aqueles com alteraçõesgenéticas comprovadas por diagnóstico préimplantacional, conforme normas específicasestabelecidas pelo Ministério da Saúde, que tive-ram seu desenvolvimento interrompido por

ausência espontânea de clivagem após períodosuperior a vinte e quatro horas a partir da fertili-zação in vitro, ou com alterações morfológicasque comprometam o pleno desenvolvimento doembrião;

XIV - embriões congelados disponíveis: aquelescongelados até o dia 28 de março de 2005,depois de completados três anos contados a par-tir da data do seu congelamento;

XV - genitores: usuários finais da fertilização invitro;

XVI - órgãos e entidades de registro e fiscaliza-ção: aqueles referidos no caput do art. 53;

XVII - tecnologias genéticas de restrição do uso:qualquer processo de intervenção humana parageração ou multiplicação de plantas genetica-mente modificadas para produzir estruturasreprodutivas estéreis, bem como qualquer formade manipulação genética que vise à ativação oudesativação de genes relacionados à fertilidadedas plantas por indutores químicos externos.

§ 1º Não se inclui na categoria de OGM o resul-tante de técnicas que impliquem a introduçãodireta, num organismo, de material hereditário,desde que não envolvam a utilização de molécu-las de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusivefecundação in vitro, conjugação, transdução,transformação, indução poliplóide e qualqueroutro processo natural.

§ 2º Não se inclui na categoria de derivado deOGM a substância pura, quimicamente definida,obtida por meio de processos biológicos e quenão contenha OGM, proteína heteróloga ou ADNrecombinante.

CAPÍTULO IIDA COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL

DE BIOSSEGURANÇA

Art. 4º A CTNBio, integrante do Ministério daCiência e Tecnologia, é instância colegiada multi-disciplinar de caráter consultivo e deliberativo,para prestar apoio técnico e de assessoramento

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A304

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 304

Page 299: Legislação Ambiental Básica

ao governo federal na formulação, atualização eimplementação da Política Nacional de Biossegu-rança-PNB de OGM e seus derivados, bem comono estabelecimento de normas técnicas de segu-rança e de pareceres técnicos referentes à autori-zação para atividades que envolvam pesquisae uso comercial de OGM e seus derivados, combase na avaliação de seu risco zoofitossanitário, àsaúde humana e ao meio ambiente.

Parágrafo único. A CTNBio deverá acompanhar odesenvolvimento e o progresso técnico e científi-co nas áreas de biossegurança, biotecnologia,bioética e afins, com o objetivo de aumentar suacapacitação para a proteção da saúde humana,dos animais e das plantas e do meio ambiente.

SEÇÃO IDAS ATRIBUIÇÕES

Art. 5º Compete à CTNBio:

I - estabelecer normas para as pesquisas comOGM e seus derivados;

II - estabelecer normas relativamente às ativida-des e aos projetos relacionados a OGM e seusderivados;

III - estabelecer, no âmbito de suas competências,critérios de avaliação e monitoramento de riscode OGM e seus derivados;

IV - proceder à análise da avaliação de risco, casoa caso, relativamente a atividades e projetos queenvolvam OGM e seus derivados;

V - estabelecer os mecanismos de funcionamen-to das Comissões Internas de Biossegurança-CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedi-que ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvol-vimento tecnológico e à produção industrial queenvolvam OGM e seus derivados;

VI - estabelecer requisitos relativos a biossegu-rança para autorização de funcionamento delaboratório, instituição ou empresa que desenvol-verá atividades relacionadas a OGM e seus deri-vados;

VII - relacionar-se com instituições voltadas paraa biossegurança de OGM e seus derivados, emâmbito nacional e internacional;

VIII - autorizar, cadastrar e acompanhar as ativi-dades de pesquisa com OGM e seus derivados,nos termos da legislação em vigor;

IX - autorizar a importação de OGM e seus deri-vados para atividade de pesquisa;

X - prestar apoio técnico consultivo e de assesso-ramento ao Conselho Nacional de Biossegu-rança-CNBS na formulação da Política Nacionalde Biossegurança de OGM e seus derivados;

XI - emitir Certificado de Qualidade em Biosse-gurança-CQB para o desenvolvimento de ativida-des com OGM e seus derivados em laboratório,instituição ou empresa e enviar cópia do proces-so aos órgãos de registro e fiscalização;

XII - emitir decisão técnica, caso a caso, sobre abiossegurança de OGM e seus derivados, noâmbito das atividades de pesquisa e de usocomercial de OGM e seus derivados, inclusive aclassificação quanto ao grau de risco e nível debiossegurança exigido, bem como medidas desegurança exigidas e restrições ao uso;

XIII - definir o nível de biossegurança a ser apli-cado ao OGM e seus usos, e os respectivos pro-cedimentos e medidas de segurança quanto aoseu uso, conforme as normas estabelecidas nesteDecreto, bem como quanto aos seus derivados;

XIV - classificar os OGM segundo a classe derisco, observados os critérios estabelecidos nestedecreto;

XV - acompanhar o desenvolvimento e o progres-so técnico-científico na biossegurança de OGM eseus derivados;

XVI - emitir resoluções, de natureza normativa,sobre as matérias de sua competência;

XVII - apoiar tecnicamente os órgãos competen-tes no processo de prevenção e investigação deacidentes e de enfermidades, verificados no curso

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 305

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 305

Page 300: Legislação Ambiental Básica

dos projetos e das atividades com técnicas deADN/ARN recombinante;

XVIII - apoiar tecnicamente os órgãos e entidadesde registro e fiscalização, no exercício de suas ati-vidades relacionadas a OGM e seus derivados;

XIX - divulgar no Diário Oficial da União, previa-mente à análise, os extratos dos pleitos e, poste-riormente, dos pareceres dos processos que lheforem submetidos, bem como dar ampla publici-dade no Sistema de Informações em Biossegu-rança-SIB a sua agenda, processos em trâmite,relatórios anuais, atas das reuniões e demaisinformações sobre suas atividades, excluídas asinformações sigilosas, de interesse comercial,apontadas pelo proponente e assim por elaconsideradas;

XX - identificar atividades e produtos decorrentesdo uso de OGM e seus derivados potencialmentecausadores de degradação do meio ambiente ouque possam causar riscos à saúde humana;

XXI - reavaliar suas decisões técnicas por solicita-ção de seus membros ou por recurso dos órgãose entidades de registro e fiscalização, fundamen-tado em fatos ou conhecimentos científicosnovos, que sejam relevantes quanto à biossegu-rança de OGM e seus derivados;

XXII - propor a realização de pesquisas e estudoscientíficos no campo da biossegurança de OGM eseus derivados;

XXIII - apresentar proposta de seu regimentointerno ao Ministro de Estado da Ciência eTecnologia.

Parágrafo único.A reavaliação de que trata o inci-so XXI deste artigo será solicitada ao presidenteda CTNBio em petição que conterá o nome equalificação do solicitante, o fundamento instruí-do com descrição dos fatos ou relato dos conhe-cimentos científicos novos que a ensejem e opedido de nova decisão a respeito da biossegu-rança de OGM e seus derivados a que se refiram.

SEÇÃO IIDA COMPOSIÇÃO

Art. 6º A CTNBio, composta de membros titularese suplentes, designados pelo Ministro de Estadoda Ciência e Tecnologia, será constituída porvinte e sete cidadãos brasileiros de reconhecidacompetência técnica, de notória atuação e sabercientíficos, com grau acadêmico de doutor e comdestacada atividade profissional nas áreas debiossegurança, biotecnologia, biologia, saúdehumana e animal ou meio ambiente, sendo:

I - doze especialistas de notório saber científico etécnico, em efetivo exercício profissional, sendo:

a) três da área de saúde humana;

b) três da área animal;

c) três da área vegetal;

d) três da área de meio ambiente;

II - um representante de cada um dos seguintesórgãos, indicados pelos respectivos titulares:

a) Ministério da Ciência e Tecnologia;

b) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento;

c) Ministério da Saúde;

d) Ministério do Meio Ambiente;

e) Ministério do Desenvolvimento Agrário;

f) Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior;

g) Ministério da Defesa;

h) Ministério das Relações Exteriores;

i) Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca daPresidência da República;

III - um especialista em defesa do consumidor,indicado pelo Ministro de Estado da Justiça;

IV - um especialista na área de saúde, indicadopelo Ministro de Estado da Saúde;

V - um especialista em meio ambiente, indicadopelo Ministro de Estado do Meio Ambiente;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A306

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 306

Page 301: Legislação Ambiental Básica

VI - um especialista em biotecnologia, indicadopelo Ministro de Estado da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento;

VII - um especialista em agricultura familiar, indi-cado pelo Ministro de Estado do DesenvolvimentoAgrário;

VIII - um especialista em saúde do trabalhador,indicado pelo Ministro de Estado do Trabalho eEmprego.

Parágrafo único. Cada membro efetivo terá umsuplente, que participará dos trabalhos na ausên-cia do titular.

Art. 7º Os especialistas de que trata o inciso I doart. 6º serão escolhidos a partir de lista tríplice detitulares e suplentes.

Parágrafo único. O Ministro de Estado da Ciênciae Tecnologia constituirá comissão ad hoc, integra-da por membros externos à CTNBio, representan-tes de sociedades científicas, da SociedadeBrasileira para o Progresso da Ciência-SBPC e daAcademia Brasileira de Ciências-ABC, encarrega-da de elaborar a lista tríplice de que trata o caputdeste artigo, no prazo de até trinta dias de suaconstituição.

Art. 8º Os representantes de que trata o inciso IIdo art. 6º, e seus suplentes, serão indicados pelostitulares dos respectivos órgãos no prazo de trin-ta dias da data do aviso do Ministro de Estado daCiência e Tecnologia.

Art. 9º A indicação dos especialistas de que tra-tam os incisos III a VIII do art. 6º será feita pelosrespectivos ministros de Estado, a partir de listatríplice elaborada por organizações da sociedadecivil providas de personalidade jurídica, cujo obje-tivo social seja compatível com a especializaçãoprevista naqueles incisos, em procedimento a serdefinido pelos respectivos ministérios.

Art. 10. As consultas às organizações da socie-dade civil, para os fins de que trata o art. 9º,deverão ser realizadas sessenta dias antes do tér-mino do mandato do membro a ser substituído.

Art. 11. A designação de qualquer membro daCTNBio em razão de vacância obedecerá aosmesmos procedimentos a que a designação ordi-nária esteja submetida.

Art. 12. Os membros da CTNBio terão mandatode dois anos, renovável por até mais dois perío-dos consecutivos.

Parágrafo único. A contagem do período do man-dato de membro suplente é contínua, ainda queassuma o mandato de titular.

Art. 13. As despesas com transporte, alimenta-ção e hospedagem dos membros da CTNBioserão de responsabilidade do Ministério daCiência e Tecnologia.

Parágrafo único. As funções e atividades desen-volvidas pelos membros da CTNBio serão consi-deradas de alta relevância e honoríficas.

Art. 14. Os membros da CTNBio devem pautar asua atuação pela observância estrita dos concei-tos ético-profissionais, sendo vedado participardo julgamento de questões com as quais tenhamalgum envolvimento de ordem profissional oupessoal, sob pena de perda de mandato.

§ 1º O membro da CTNBio, ao ser empossado,assinará declaração de conduta, explicitandoeventual conflito de interesse, na forma do regi-mento interno.

§ 2º O membro da CTNBio deverá manifestar seueventual impedimento nos processos a ele distri-buídos para análise, quando do seu recebimento,ou, quando não for o relator, no momento dasdeliberações nas reuniões das subcomissões oudo plenário.

§ 3º Poderá argüir o impedimento o membro daCTNBio ou aquele legitimado como interessado,nos termos do art. 9º da Lei nº 9.784, de 29 dejaneiro de 1999.

§ 4º A argüição de impedimento será formalizadaem petição fundamentada e devidamente instruí-da, e será decidida pelo plenário da CTNBio.

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 307

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 307

Page 302: Legislação Ambiental Básica

§ 5º É nula a decisão técnica em que o voto demembro declarado impedido tenha sido decisivopara o resultado do julgamento.

§ 6º O plenário da CTNBio, ao deliberar peloimpedimento, proferirá nova decisão técnica, naqual regulará expressamente o objeto da decisãoviciada e os efeitos dela decorrentes, desde a suapublicação.

Art. 15. O presidente da CTNBio e seu substitu-to serão designados, entre os seus membros, peloMinistro de Estado da Ciência e Tecnologia, apartir de lista tríplice votada pelo plenário.

§ 1º O mandado do presidente da CTNBio será dedois anos, renovável por igual período.

§ 2º Cabe ao presidente da CTNBio, entre outrasatribuições a serem definidas no regimentointerno:

I - representar a CTNBio;

II - presidir a reunião plenária da CTNBio;

III - delegar suas atribuições;

IV - determinar a prestação de informações efranquear acesso a documentos, solicitados pelosórgãos de registro e fiscalização.

SEÇÃO IIIDA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

Art. 16. A CTNBio contará com uma SecretariaExecutiva, cabendo ao Ministério da Ciência eTecnologia prestar-lhe o apoio técnico e adminis-trativo.

Parágrafo único. Cabe à Secretaria Executiva daCTNBio, entre outras atribuições a serem defini-das no regimento interno:

I - prestar apoio técnico e administrativo aosmembros da CTNBio;

II - receber, instruir e fazer tramitar os pleitos sub-metidos à deliberação da CTNBio;

III - encaminhar as deliberações da CTNBio aosórgãos governamentais responsáveis pela suaimplementação e providenciar a devida publicidade;

IV - atualizar o SIB.

Art. 17. A CTNBio constituirá subcomissõessetoriais permanentes na área de saúde humana,na área animal, na área vegetal e na área ambien-tal, e poderá constituir subcomissões extraordiná-rias, para análise prévia dos temas a serem sub-metidos ao plenário.

§ 1º Membros titulares e suplentes participarãodas subcomissões setoriais, e a distribuição dosprocessos para análise poderá ser feita a qual-quer deles.

§ 2º O funcionamento e a coordenação dos tra-balhos nas subcomissões setoriais e extraordiná-rias serão definidos no regimento interno daCTNBio.

SEÇÃO IVDAS REUNIÕES E DELIBERAÇÕES

Art. 18. O membro suplente terá direito à voz e,na ausência do respectivo titular, a voto nas deli-berações.

Art. 19. A reunião da CTNBio poderá ser instala-da com a presença de catorze de seus membros,incluído pelo menos um representante de cadauma das áreas referidas no inciso I do art. 6º.

Parágrafo único. As decisões da CTNBio serãotomadas com votos favoráveis da maioria absolu-ta de seus membros, exceto nos processos deliberação comercial de OGM e derivados, para osquais se exigirá que a decisão seja tomada comvotos favoráveis de pelo menos dois terços dosmembros.

Art. 20. Perderá seu mandato o membro que:

I - violar o disposto no art. 14;

II - não comparecer a três reuniões ordinárias con-secutivas do plenário da CTNBio, sem justificativa.

Art. 21.A CTNBio reunir-se-á, em caráter ordiná-rio, uma vez por mês e, extraordinariamente, aqualquer momento, mediante convocação de seupresidente ou por solicitação fundamentada subs-crita pela maioria absoluta dos seus membros.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A308

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 308

Page 303: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. A periodicidade das reuniõesordinárias poderá, em caráter excepcional, seralterada por deliberação da CTNBio.

Art. 22. As reuniões da CTNBio serão gravadas,e as respectivas atas, no que decidirem sobrepleitos, deverão conter ementa que indiquenúmero do processo, interessado, objeto, motiva-ção da decisão, eventual divergência e resultado.

Art. 23. Os extratos de pleito deverão ser divul-gados no Diário Oficial da União e no SIB, com, nomínimo, trinta dias de antecedência de sua colo-cação em pauta, excetuados os casos de urgên-cia, que serão definidos pelo presidente daCTNBio.

Art. 24. Os extratos de parecer e as decisõestécnicas deverão ser publicados no Diário Oficialda União.

Parágrafo único. Os votos fundamentados decada membro deverão constar no SIB.

Art. 25. Os órgãos e entidades integrantes daadministração pública federal poderão solicitarparticipação em reuniões da CTNBio para tratarde assuntos de seu especial interesse, sem direitoa voto.

Parágrafo único. A solicitação à SecretariaExecutiva da CTNBio deverá ser acompanhada dejustificação que demonstre a motivação e com-prove o interesse do solicitante na biossegurançade OGM e seus derivados submetidos à delibera-ção da CTNBio.

Art. 26. Poderão ser convidados a participar dasreuniões, em caráter excepcional, representantesda comunidade científica, do setor público e deentidades da sociedade civil, sem direito a voto.

SEÇÃO V

DA TRAMITAÇÃO DE PROCESSOS

Art. 27. Os processos pertinentes às competên-cias da CTNBio, de que tratam os incisos IV, VIII,IX, XII, e XXI do art. 5º, obedecerão ao trâmitedefinido nesta Seção.

Art. 28. O requerimento protocolado naSecretaria Executiva da CTNBio, depois de autua-

do e devidamente instruído, terá seu extrato pré-vio publicado no Diário Oficial da União e divul-gado no SIB.

Art. 29. O processo será distribuído a um dosmembros, titular ou suplente, para relatoria e ela-boração de parecer.

Art. 30. O parecer será submetido a uma oumais subcomissões setoriais permanentes ouextraordinárias para formação e aprovação doparecer final.

Art. 31. O parecer final, após sua aprovação nassubcomissões setoriais ou extraordinárias para asquais o processo foi distribuído, será encaminhadoao plenário da CTNBio para deliberação.

Art. 32. O voto vencido de membro de subco-missão setorial permanente ou extraordináriadeverá ser apresentado de forma expressa e fun-damentada e será consignado como voto diver-gente no parecer final para apreciação e delibe-ração do plenário.

Art. 33. Os processos de liberação comercial deOGM e seus derivados serão submetidos a todasas subcomissões permanentes.

Art. 34. O relator de parecer de subcomissões edo plenário deverá considerar, além dos relatóriosdos proponentes, a literatura científica existente,bem como estudos e outros documentos protoco-lados em audiências públicas ou na CTNBio.

Art. 35. A CTNBio adotará as providências neces-sárias para resguardar as informações sigilosas,de interesse comercial, apontadas pelo proponentee assim por ela consideradas, desde que sobre essasinformações não recaiam interesses particularesou coletivos constitucionalmente garantidos.

§ 1º A fim de que seja resguardado o sigilo a quese refere o caput deste artigo, o requerente deverádirigir ao presidente da CTNBio solicitação expres-sa e fundamentada, contendo a especificação dasinformações cujo sigilo pretende resguardar.

§ 2º O pedido será indeferido mediante despachofundamentado, contra o qual caberá recurso ao

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 309

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 309

Page 304: Legislação Ambiental Básica

plenário, em procedimento a ser estabelecido noregimento interno da CTNBio, garantido o sigilorequerido até decisão final em contrário.

§ 3º O requerente poderá optar por desistir dopleito, caso tenha seu pedido de sigilo indeferidodefinitivamente, hipótese em que será vedado àCTNBio dar publicidade à informação objeto dopretendido sigilo.

Art. 36. Os órgãos e entidades de registro e fis-calização requisitarão acesso a determinadainformação sigilosa, desde que indispensável aoexercício de suas funções, em petição que funda-mentará o pedido e indicará o agente que a elaterá acesso.

SEÇÃO VIDA DECISÃO TÉCNICA

Art. 37. Quanto aos aspectos de biossegurançade OGM e seus derivados, a decisão técnica daCTNBio vincula os demais órgãos e entidades daadministração.

Art. 38. Nos casos de uso comercial, entre outrosaspectos técnicos de sua análise, os órgãos deregistro e fiscalização, no exercício de suas atri-buições em caso de solicitação pela CTNBio,observarão, quanto aos aspectos de biosseguran-ça de OGM e seus derivados, a decisão técnica daCTNBio.

Art. 39. Em caso de decisão técnica favorávelsobre a biossegurança no âmbito da atividade depesquisa, a CTNBio remeterá o processo respecti-vo aos órgãos e entidades de registro e fiscaliza-ção, para o exercício de suas atribuições.

Art. 40. A decisão técnica da CTNBio deveráconter resumo de sua fundamentação técnica,explicitar as medidas de segurança e restrições aouso de OGM e seus derivados e considerar asparticularidades das diferentes regiões do país,com o objetivo de orientar e subsidiar os órgãose entidades de registro e fiscalização, no exercíciode suas atribuições.

Art. 41. Não se submeterá a análise e emissãode parecer técnico da CTNBio o derivado cujoOGM já tenha sido por ela aprovado.

Art. 42. As pessoas físicas ou jurídicas envolvidasem qualquer das fases do processo de produçãoagrícola, comercialização ou transporte de produtogeneticamente modificado que tenham obtido aliberação para uso comercial estão dispensadasde apresentação do CQB e constituição de CIBio,salvo decisão em contrário da CTNBio.

SEÇÃO VIIDAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

Art. 43. A CTNBio poderá realizar audiênciaspúblicas, garantida a participação da sociedadecivil, que será requerida:

I - por um de seus membros e aprovada por maio-ria absoluta, em qualquer hipótese;

II - por parte comprovadamente interessada namatéria objeto de deliberação e aprovada pormaioria absoluta, no caso de liberação comercial.

§ 1º A CTNBio publicará no SIB e no Diário Oficialda União, com antecedência mínima de trintadias, a convocação para audiência pública, delafazendo constar a matéria, a data, o horário e olocal dos trabalhos.

§ 2º A audiência pública será coordenada pelopresidente da CTNBio que, após a exposiçãoobjetiva da matéria objeto da audiência, abrirá asdiscussões com os interessados presentes.

§ 3º Após a conclusão dos trabalhos da audiên-cia pública, as manifestações, opiniões, sugestõese documentos ficarão disponíveis aos interessa-dos na Secretaria Executiva da CTNBio.

§ 4º Considera-se parte interessada, para efeitosdo inciso II do caput deste artigo, o requerente doprocesso ou pessoa jurídica cujo objetivo socialseja relacionado às áreas previstas no caput e nosincisos III, VII e VIII do art 6º.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A310

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 310

Page 305: Legislação Ambiental Básica

SEÇÃO VIIIDAS REGRAS GERAIS DE

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DE OGM

Art. 44. Para a classificação dos OGM de acordocom classes de risco, a CTNBio deverá considerar,entre outros critérios:

I - características gerais do OGM;

II - características do vetor;

III - características do inserto;

IV - características dos organismos doador ereceptor;

V - produto da expressão gênica das seqüênciasinseridas;

VI - atividade proposta e o meio receptor doOGM;

VII - uso proposto do OGM;

VIII - efeitos adversos do OGM à saúde humanae ao meio ambiente.

SEÇÃO IXDO CERTIFICADO DE QUALIDADE

EM BIOSSEGURANÇA

Art. 45.A instituição de direito público ou privadoque pretender realizar pesquisa em laboratório,regime de contenção ou campo, como parte doprocesso de obtenção de OGM ou de avaliaçãoda biossegurança de OGM, o que engloba, noâmbito experimental, a construção, o cultivo,a manipulação, o transporte, a transferência, aimportação, a exportação, o armazenamento, aliberação no meio ambiente e o descarte deOGM, deverá requerer, junto à CTNBio, a emissãodo CQB.

§ 1º A CTNBio estabelecerá os critérios e proce-dimentos para requerimento, emissão, revisão,extensão, suspensão e cancelamento de CQB.

§ 2º A CTNBio enviará cópia do processo deemissão de CQB e suas atualizações aos órgãosde registro e fiscalização.

Art. 46. As organizações públicas e privadas,nacionais e estrangeiras, financiadoras ou patro-

cinadoras de atividades ou de projetos referidosno caput do art. 2º, devem exigir a apresentaçãode CQB, sob pena de se tornarem co-responsá-veis pelos eventuais efeitos decorrentes do des-cumprimento deste decreto.

Art. 47. Os casos não previstos neste capítuloserão definidos pelo regimento interno da CTNBio.

CAPÍTULO IIIDO CONSELHO NACIONALDE BIOSSEGURANÇA

Art. 48. O CNBS, vinculado à Presidência daRepública, é órgão de assessoramento superiordo Presidente da República para a formulação eimplementação da PNB.

§ 1º Compete ao CNBS:

I - fixar princípios e diretrizes para a ação admi-nistrativa dos órgãos e entidades federais comcompetências sobre a matéria;

II - analisar, a pedido da CTNBio, quanto aosaspectos da conveniência e oportunidade socioe-conômicas e do interesse nacional, os pedidosde liberação para uso comercial de OGM e seusderivados;

III - avocar e decidir, em última e definitiva instân-cia, com base em manifestação da CTNBio e,quando julgar necessário, dos órgãos e entidadesde registro e fiscalização, no âmbito de suas com-petências, sobre os processos relativos a ativida-des que envolvam o uso comercial de OGM eseus derivados.

§ 2º Sempre que o CNBS deliberar favoravelmen-te à realização da atividade analisada, encami-nhará sua manifestação aos órgãos e entidadesde registro e fiscalização.

§ 3º Sempre que o CNBS deliberar contrariamenteà atividade analisada, encaminhará sua manifesta-ção à CTNBio para informação ao requerente.

Art. 49. O CNBS é composto pelos seguintesmembros:

I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil daPresidência da República, que o presidirá;

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 311

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 311

Page 306: Legislação Ambiental Básica

II - Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia;

III - Ministro de Estado do DesenvolvimentoAgrário;

IV - Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária eAbastecimento;

V - Ministro de Estado da Justiça;

VI - Ministro de Estado da Saúde;

VII - Ministro de Estado do Meio Ambiente;

VIII - Ministro de Estado do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior;

IX - Ministro de Estado das Relações Exteriores;

X - Ministro de Estado da Defesa;

XI - Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca daPresidência da República.

§ 1º O CNBS reunir-se-á sempre que convocadopor seu presidente ou mediante provocação damaioria dos seus membros.

§ 2º Os membros do CNBS serão substituídos, emsuas ausências ou impedimentos, pelos respecti-vos secretários executivos ou, na inexistência docargo, por seus substitutos legais.

§ 3º Na ausência do presidente, este indicaráMinistro de Estado para presidir os trabalhos.

§ 4º A reunião do CNBS será instalada com a pre-sença de, no mínimo, seis de seus membros e asdecisões serão tomadas por maioria absoluta dosseus membros.

§ 5º O regimento interno do CNBS definirá osprocedimentos para convocação e realização dereuniões e deliberações.

Art. 50. O CNBS decidirá, a pedido da CTNBio,sobre os aspectos de conveniência e oportunida-de socioeconômicas e do interesse nacional naliberação para uso comercial de OGM e seus deri-vados.

§ 1º A CTNBio deverá protocolar, junto àSecretaria Executiva do CNBS, cópia integral doprocesso relativo à atividade a ser analisada, comindicação dos motivos desse encaminhamento.

§ 2º A eficácia da decisão técnica da CTNBio, seesta tiver sido proferida no caso específico, per-manecerá suspensa até decisão final do CNBS.

§ 3º O CNBS decidirá o pedido de análise referi-do no caput no prazo de sessenta dias, contadosda data de protocolo da solicitação em suaSecretaria Executiva.

§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser suspen-so para cumprimento de diligências ou emissãode pareceres por consultores ad hoc, conformedecisão do CNBS.

Art. 51. O CNBS poderá avocar os processos relati-vos às atividades que envolvam o uso comercialde OGM e seus derivados para análise e decisão,em última e definitiva instância, no prazo de trintadias, contados da data da publicação da decisãotécnica da CTNBio no Diário Oficial da União.

§ 1º O CNBS poderá requerer, quando julgarnecessário, manifestação dos órgãos e entidadesde registro e fiscalização.

§ 2º A decisão técnica da CTNBio permanecerásuspensa até a expiração do prazo previsto nocaput sem a devida avocação do processo ou atéa decisão final do CNBS, caso por ele o processotenha sido avocado.

§ 3º O CNBS decidirá no prazo de sessenta dias,contados da data de recebimento, por suaSecretaria-Executiva, de cópia integral do proces-so avocado.

§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser suspen-so para cumprimento de diligências ou emissãode pareceres por consultores ad hoc, conformedecisão do CNBS.

Art. 52. O CNBS decidirá sobre os recursos dosórgãos e entidades de registro e fiscalização rela-cionados à liberação comercial de OGM e seusderivados, que tenham sido protocolados em suaSecretaria Executiva, no prazo de até trinta diascontados da data da publicação da decisão técni-ca da CTNBio no Diário Oficial da União.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A312

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 312

Page 307: Legislação Ambiental Básica

3131 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S

§ 1º O recurso de que trata este artigo deverá serinstruído com justificação tecnicamente funda-mentada que demonstre a divergência do órgãoou entidade de registro e fiscalização, no âmbitode suas competências, quanto à decisão daCTNBio em relação aos aspectos de biosseguran-ça de OGM e seus derivados.

§ 2º A eficácia da decisão técnica da CTNBio per-manecerá suspensa até a expiração do prazo pre-visto no caput sem a devida interposição derecursos pelos órgãos de fiscalização e registroou até o julgamento final pelo CNBS, caso recebi-do e conhecido o recurso interposto.

§ 3º O CNBS julgará o recurso no prazo de ses-senta dias, contados da data do protocolo em suaSecretaria Executiva.

§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser suspen-so para cumprimento de diligências ou emissãode pareceres por consultores ad hoc, conformedecisão do CNBS.

CAPÍTULO IVDOS ÓRGÃOS E ENTIDADES DEREGISTRO E FISCALIZAÇÃO

Art. 53. Caberá aos órgãos e entidades de regis-tro e fiscalização do Ministério da Saúde, doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento e do Ministério do Meio Ambiente, e daSecretaria Especial de Aqüicultura e Pesca daPresidência da República entre outras atribuições,no campo de suas competências, observadas adecisão técnica da CTNBio, as deliberações doCNBS e os mecanismos estabelecidos nestedecreto:

I - fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM eseus derivados;

II - registrar e fiscalizar a liberação comercial deOGM e seus derivados;

III - emitir autorização para a importação de OGMe seus derivados para uso comercial;

IV - estabelecer normas de registro, autorização,fiscalização e licenciamento ambiental de OGM eseus derivados;

V - fiscalizar o cumprimento das normas e medi-das de biossegurança estabelecidas pela CTNBio;

VI - promover a capacitação dos fiscais e técnicosincumbidos de registro, autorização, fiscalização elicenciamento ambiental de OGM e seus derivados;

VII - instituir comissão interna especializada embiossegurança de OGM e seus derivados;

VIII - manter atualizado no SIB o cadastro dasinstituições e responsáveis técnicos que realizamatividades e projetos relacionados a OGM e seusderivados;

IX - tornar públicos, inclusive no SIB, os registros,autorizações e licenciamentos ambientais conce-didos;

X - aplicar as penalidades de que trata este decreto;

XI - subsidiar a CTNBio na definição de quesitosde avaliação de biossegurança de OGM e seusderivados.

§ 1º As normas a que se refere o inciso IV consis-tirão, quando couber, na adequação às decisõesda CTNBio dos procedimentos, meios e ações emvigor aplicáveis aos produtos convencionais.

§ 2º Após manifestação favorável da CTNBio, oudo CNBS, em caso de avocação ou recurso, cabe-rá, em decorrência de análise específica e decisãopertinente:

I - ao Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento emitir as autorizações e registrose fiscalizar produtos e atividades que utilizemOGM e seus derivados destinados a uso animal,na agricultura, pecuária, agroindústria e áreasafins, de acordo com a legislação em vigor esegundo as normas que vier a estabelecer;

II - ao órgão competente do Ministério da Saúdeemitir as autorizações e registros e fiscalizar pro-dutos e atividades com OGM e seus derivadosdestinados a uso humano, farmacológico, domis-sanitário e áreas afins, de acordo com a legisla-ção em vigor e as normas que vier a estabelecer;

III - ao órgão competente do Ministério do MeioAmbiente emitir as autorizações e registros e fis-

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 313

Page 308: Legislação Ambiental Básica

calizar produtos e atividades que envolvam OGMe seus derivados a serem liberados nos ecossiste-mas naturais, de acordo com a legislação emvigor e segundo as normas que vier a estabelecer,bem como o licenciamento, nos casos em que aCTNBio deliberar, na forma deste decreto, que oOGM é potencialmente causador de significativadegradação do meio ambiente;

IV - à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pescada Presidência da República emitir as autoriza-ções e registros de produtos e atividades comOGM e seus derivados destinados ao uso napesca e aqüicultura, de acordo com a legislaçãoem vigor e segundo este decreto e as normas quevier a estabelecer.

Art. 54. A CTNBio delibera, em última e definitivainstância, sobre os casos em que a atividade épotencial ou efetivamente causadora de degrada-ção ambiental, bem como sobre a necessidade dolicenciamento ambiental.

Art. 55.A emissão dos registros, das autorizaçõese do licenciamento ambiental referidos nesteDecreto deverá ocorrer no prazo máximo decento e vinte dias.

Parágrafo único.A contagem do prazo previsto nocaput será suspensa, por até cento e oitenta dias,durante a elaboração, pelo requerente, dos estu-dos ou esclarecimentos necessários.

Art. 56. As autorizações e registros de que trataeste Capítulo estarão vinculados à decisão técnicada CTNBio correspondente, sendo vedadasexigências técnicas que extrapolem as condiçõesestabelecidas naquela decisão, nos aspectos rela-cionados à biossegurança.

Art. 57. Os órgãos e entidades de registro e fis-calização poderão estabelecer ações conjuntascom vistas ao exercício de suas competências.

CAPÍTULO VDO SISTEMA DE INFORMAÇÕES

EM BIOSSEGURANÇA

Art. 58. O SIB, vinculado à Secretaria Executivada CTNBio, é destinado à gestão das informações

decorrentes das atividades de análise, autorização,registro, monitoramento e acompanhamento dasatividades que envolvam OGM e seus derivados.

§ 1º As disposições dos atos legais, regulamenta-res e administrativos que alterem, complementemou produzam efeitos sobre a legislação de bios-segurança de OGM e seus derivados deverão serdivulgadas no SIB concomitantemente com aentrada em vigor desses atos.

§ 2º Os órgãos e entidades de registro e fiscaliza-ção deverão alimentar o SIB com as informaçõesrelativas às atividades de que trata este decreto,processadas no âmbito de sua competência.

Art. 59.A CTNBio dará ampla publicidade a suasatividades por intermédio do SIB, entre as quais,sua agenda de trabalho, calendário de reuniões,processos em tramitação e seus respectivos rela-tores, relatórios anuais, atas das reuniões edemais informações sobre suas atividades, excluí-das apenas as informações sigilosas, de interessecomercial, assim por ela consideradas.

Art. 60. O SIB permitirá a interação eletrônicaentre o CNBS, a CTNBio e os órgãos e entidadesfederais responsáveis pelo registro e fiscalizaçãode OGM.

CAPÍTULO VIDAS COMISSÕES INTERNASDE BIOSSEGURANÇA-CIBio

Art. 61. A instituição que se dedique ao ensino,à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecno-lógico e à produção industrial, que utilize técnicase métodos de engenharia genética ou realize pes-quisas com OGM e seus derivados, deverá criaruma Comissão Interna de Biossegurança-CIBio,cujos mecanismos de funcionamento serão esta-belecidos pela CTNBio.

Parágrafo único. A instituição de que trata ocaput deste artigo indicará um técnico principalresponsável para cada projeto especifico.

Art. 62. Compete a CIBio, no âmbito de cadainstituição:

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A314

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 314

Page 309: Legislação Ambiental Básica

3151 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S

I - manter informados os trabalhadores e demaismembros da coletividade, quando suscetíveis deserem afetados pela atividade, sobre as questõesrelacionadas com a saúde e a segurança, bem comosobre os procedimentos em caso de acidentes;

II - estabelecer programas preventivos e de inspe-ção para garantir o funcionamento das instala-ções sob sua responsabilidade, dentro dospadrões e normas de biossegurança, definidospela CTNBio;

III - encaminhar à CTNBio os documentos cujarelação será por esta estabelecida, para os fins deanálise, registro ou autorização do órgão compe-tente, quando couber;

IV - manter registro do acompanhamento individualde cada atividade ou projeto em desenvolvimentoque envolva OGM e seus derivados;

V - notificar a CTNBio, aos órgãos e entidades deregistro e fiscalização e às entidades de trabalha-dores o resultado de avaliações de risco a queestão submetidas as pessoas expostas, bem comoqualquer acidente ou incidente que possa provo-car a disseminação de agente biológico;

VI - investigar a ocorrência de acidentes e enfer-midades possivelmente relacionados a OGM eseus derivados e notificar suas conclusões e pro-videncias à CTNBio.

CAPÍTULO VIIDA PESQUISA E DA TERAPIA COM

CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS HUMA-NAS OBTIDAS POR FERTILIZAÇÃO IN VITRO

Art. 63. É permitida, para fins de pesquisa e tera-pia, a utilização de células-tronco embrionáriasobtidas de embriões humanos produzidos porfertilização in vitro e não utilizados no respectivoprocedimento, atendidas as seguintes condições:

I - sejam embriões inviáveis; ou

II - sejam embriões congelados disponíveis.

§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consenti-mento dos genitores.

§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúdeque realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeterseus projetos à apreciação e aprovação dos res-pectivos comitês de ética em pesquisa, na formade resolução do Conselho Nacional de Saúde.

§ 3º É vedada a comercialização do materialbiológico a que se refere este artigo, e sua práticaimplica o crime tipificado no art. 15 da Leinº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.

Art. 64. Cabe ao Ministério da Saúde promoverlevantamento e manter cadastro atualizado deembriões humanos obtidos por fertilização in vitroe não utilizados no respectivo procedimento.

§ 1º As instituições que exercem atividades queenvolvam congelamento e armazenamento deembriões humanos deverão informar, conformenorma específica que estabelecerá prazos, osdados necessários à identificação dos embriõesinviáveis produzidos em seus estabelecimentos edos embriões congelados disponíveis.

§ 2º O Ministério da Saúde expedirá a norma deque trata o § 1º no prazo de trinta dias da publi-cação deste Decreto.

Art. 65. A Agência Nacional de VigilânciaSanitária-ANVISA estabelecerá normas para pro-cedimentos de coleta, processamento, teste,armazenamento, transporte, controle de qualida-de e uso de células-tronco embrionárias humanaspara os fins deste capítulo.

Art. 66. Os genitores que doarem, para fins depesquisa ou terapia, células-tronco embrionáriashumanas obtidas em conformidade com o dis-posto neste capítulo, deverão assinar Termo deConsentimento Livre e Esclarecido, conformenorma específica do Ministério da Saúde.

Art. 67. A utilização, em terapia, de células tron-co embrionárias humanas, observado o art. 63,será realizada em conformidade com as diretrizesdo Ministério da Saúde para a avaliação de novastecnologias.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 315

Page 310: Legislação Ambiental Básica

CAPÍTULO VIIIDA RESPONSABILIDADECIVIL E ADMINISTRATIVA

Art. 68. Sem prejuízo da aplicação das penas pre-vistas na Lei nº 11.105, de 2005, e neste decreto,os responsáveis pelos danos ao meio ambiente ea terceiros responderão, solidariamente, por suaindenização ou reparação integral, independente-mente da existência de culpa.

SEÇÃO IDAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 69. Considera-se infração administrativa todaação ou omissão que viole as normas previstas naLei nº 11.105, de 2005, e neste decreto e demaisdisposições legais pertinentes, em especial:

I - realizar atividade ou projeto que envolva OGM eseus derivados, relacionado ao ensino commanipu-lação de organismos vivos, à pesquisa científica, aodesenvolvimento tecnológico e à produção indus-trial como pessoa física em atuação autônoma;

II - realizar atividades de pesquisa e uso comer-cial de OGM e seus derivados sem autorização daCTNBio ou em desacordo com as normas por elaexpedidas;

III - deixar de exigir a apresentação do CQB emi-tido pela CTNBio a pessoa jurídica que financieou patrocine atividades e projetos que envolvamOGM e seus derivados;

IV - utilizar, para fins de pesquisa e terapia, célu-las-tronco embrionárias obtidas de embriõeshumanos produzidos por fertilização in vitro semo consentimento dos genitores;

V - realizar atividades de pesquisa ou terapia comcélulas-tronco embrionárias humanas sem apro-vação do respectivo comitê de ética em pesquisa,conforme norma do Conselho Nacional de Saúde;

VI - comercializar células-tronco embrionáriasobtidas de embriões humanos produzidos por fer-tilização in vitro;

VII - utilizar, para fins de pesquisa e terapia, célu-las tronco embrionárias obtidas de embriões

humanos produzidos por fertilização in vitro sematender às disposições previstas no Capítulo VII;

VIII - deixar de manter registro do acompanhamentoindividual de cada atividade ou projeto em desenvol-vimento que envolva OGM e seus derivados;

IX - realizar engenharia genética em organismovivo em desacordo com as normas deste decreto;

X - realizar o manejo in vitro de ADN/ARN naturalou recombinante em desacordo com as normasprevistas neste decreto;

XI - realizar engenharia genética em célula germi-nal humana, zigoto humano e embrião humano;

XII - realizar clonagem humana;

XIII - destruir ou descartar no meio ambienteOGM e seus derivados em desacordo com asnormas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãose entidades de registro e fiscalização e nestedecreto;

XIV - liberar no meio ambiente OGM e seus deri-vados, no âmbito de atividades de pesquisa, sema decisão técnica favorável da CTNBio, ou emdesacordo com as normas desta;

XV - liberar no meio ambiente OGM e seus deri-vados, no âmbito de atividade comercial, sem olicenciamento do órgão ou entidade ambientalresponsável, quando a CTNBio considerar a ativi-dade como potencialmente causadora de degra-dação ambiental;

XVI - liberar no meio ambiente OGM e seus deri-vados, no âmbito de atividade comercial, sem aaprovação do CNBS, quando o processo tenhasido por ele avocado;

XVII - utilizar, comercializar, registrar, patentear oulicenciar tecnologias genéticas de restrição do uso;

XVIII - deixar a instituição de enviar relatório deinvestigação de acidente ocorrido no curso depesquisas e projetos na área de engenharia gené-tica no prazo máximo de cinco dias a contar dadata do evento;

XIX - deixar a instituição de notificar imediata-mente a CTNBio e as autoridades da saúde públi-

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A316

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 316

Page 311: Legislação Ambiental Básica

3171 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S

ca, da defesa agropecuária e do meio ambientesobre acidente que possa provocar a dissemina-ção de OGM e seus derivados;

XX - deixar a instituição de adotar meios neces-sários para plenamente informar à CTNBio, àsautoridades da saúde pública, do meio ambiente,da defesa agropecuária, à coletividade e aosdemais empregados da instituição ou empresasobre os riscos a que possam estar submetidos,bem como os procedimentos a serem tomados nocaso de acidentes com OGM e seus derivados;

XXI - deixar de criar CIBio, conforme as normasda CTNBio, a instituição que utiliza técnicas emétodos de engenharia genética ou realiza pes-quisa com OGM e seus derivados;

XXII - manter em funcionamento a CIBio emdesacordo com as normas da CTNBio;

XXIII - deixar a instituição de manter informados,por meio da CIBio, os trabalhadores e demaismembros da coletividade, quando suscetíveis deserem afetados pela atividade, sobre as questõesrelacionadas com a saúde e a segurança, bem comosobre os procedimentos em caso de acidentes;

XXIV - deixar a instituição de estabelecer progra-mas preventivos e de inspeção, por meio daCIBio, para garantir o funcionamento das instala-ções sob sua responsabilidade, dentro dospadrões e normas de biossegurança, definidospela CTNBio;

XXV - deixar a instituição de notificar a CTNBio,os órgãos e entidades de registro e fiscalização, eas entidades de trabalhadores, por meio da CIBio,do resultado de avaliações de risco a que estãosubmetidas as pessoas expostas, bem como qual-quer acidente ou incidente que possa provocar adisseminação de agente biológico;

XXVI - deixar a instituição de investigar a ocorrên-cia de acidentes e as enfermidades possivelmenterelacionados a OGM e seus derivados e notificarsuas conclusões e providências à CTNBio;

XXVII - produzir, armazenar, transportar, comer-cializar, importar ou exportar OGM e seus deriva-dos, sem autorização ou em desacordo com as

normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãose entidades de registro e fiscalização.

SEÇÃO IIDAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 70.As infrações administrativas, independen-temente das medidas cautelares de apreensãode produtos, suspensão de venda de produto eembargos de atividades, serão punidas com asseguintes sanções:

I - advertência;

II - multa;

III - apreensão de OGM e seus derivados;

IV - suspensão da venda de OGM e seus derivados;

V - embargo da atividade;

VI - interdição parcial ou total do estabelecimen-to, atividade ou empreendimento;

VII - suspensão de registro, licença ou autorização;

VIII - cancelamento de registro, licença ou autori-zação;

IX - perda ou restrição de incentivo e benefíciofiscal concedidos pelo governo;

X - perda ou suspensão da participação em linhade financiamento em estabelecimento oficial decrédito;

XI - intervenção no estabelecimento;

XII - proibição de contratar com a administraçãopública, por período de até cinco anos.

Art. 71. Para a imposição da pena e sua gradação,os órgãos e entidades de registro e fiscalizaçãolevarão em conta:

I - a gravidade da infração;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumpri-mento das normas agrícolas, sanitárias, ambien-tais e de biossegurança;

III - a vantagem econômica auferida pelo infrator;

IV - a situação econômica do infrator.

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 317

Page 312: Legislação Ambiental Básica

Parágrafo único. Para efeito do inciso I, as infra-ções previstas neste decreto serão classificadasem leves, graves e gravíssimas, segundo osseguintes critérios:

I - a classificação de risco do OGM;

II - os meios utilizados para consecução da infração;

III - as conseqüências, efetivas ou potenciais, paraa dignidade humana, a saúde humana, animal edas plantas e para o meio ambiente;

IV - a culpabilidade do infrator.

Art. 72.A advertência será aplicada somente nasinfrações de natureza leve.

Art. 73. A multa será aplicada obedecendo aseguinte gradação:

I - de R$2.000,00 (dois mil reais) a R$60.000,00(sessenta mil reais) nas infrações de natureza leve;

II - de R$60.001,00 (sessenta mil e um reais) aR$500.000,00 (quinhentos mil reais) nas infra-ções de natureza grave;

III - de R$500.001,00 (quinhentos mil e um reais)a R$1.500.000,00 (um milhão e quinhentos milreais) nas infrações de natureza gravíssima.

§ 1º A multa será aplicada em dobro nos casos dereincidência.

§ 2º As multas poderão ser aplicadas cumulativa-mente com as demais sanções previstas nestedecreto.

Art. 74. As multas previstas na Lei nº 11.105, de2005, e neste decreto serão aplicadas pelosórgãos e entidades de registro e fiscalização, deacordo com suas respectivas competências.

§ 1º Os recursos arrecadados com a aplicação demultas serão destinados aos órgãos e entidadesde registro e fiscalização que aplicarem a multa.

§ 2º Os órgãos e entidades fiscalizadores daadministração pública federal poderão celebrarconvênios com os Estados, Distrito Federal eMunicípios, para a execução de serviços relacio-nados à atividade de fiscalização prevista neste

Decreto, facultado o repasse de parcela da recei-ta obtida com a aplicação de multas.

Art. 75. As sanções previstas nos incisos III, IV, V,VI, VII, IX e X do art. 70 serão aplicadas somentenas infrações de natureza grave ou gravíssima.

Art. 76. As sanções previstas nos incisos VIII, XIe XII do art.70 serão aplicadas somente nas infra-ções de natureza gravíssima.

Art. 77. Se o infrator cometer, simultaneamente,duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,cumulativamente, as sanções cominadas a cadaqual.

Art. 78. No caso de infração continuada, carac-terizada pela permanência da ação ou omissãoinicialmente punida, será a respectiva penalidadeaplicada diariamente até cessar sua causa, semprejuízo da paralisação imediata da atividade ouda interdição do laboratório ou da instituição ouempresa responsável.

Art. 79. Os órgãos e entidades de registro e fisca-lização poderão, independentemente da aplicaçãodas sanções administrativas, impor medidas cau-telares de apreensão de produtos, suspensão devenda de produto e embargos de atividadessempre que se verificar risco iminente de dano àdignidade humana, à saúde humana, animal edas plantas e ao meio ambiente.

SEÇÃO IIIDO PROCESSO ADMINISTRATIVO

Art. 80. Qualquer pessoa, constatando a ocor-rência de infração administrativa, poderá dirigirrepresentação ao órgão ou entidade de fiscaliza-ção competente, para efeito do exercício de poderde polícia.

Art. 81.As infrações administrativas são apuradasem processo administrativo próprio, assegurado odireito a ampla defesa e o contraditório.

Art. 82. São autoridades competentes para lavrarauto de infração, instaurar processo administrativoe indicar as penalidades cabíveis, os funcionáriosdos órgãos de fiscalização previstos no art. 53.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A318

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 318

Page 313: Legislação Ambiental Básica

Art. 83. A autoridade fiscalizadora encaminharácópia do auto de infração à CTNBio.

Art. 84. Quando a infração constituir crime oucontravenção, ou lesão à Fazenda Pública ou aoconsumidor, a autoridade fiscalizadora represen-tará junto ao órgão competente para apuraçãodas responsabilidades administrativa e penal.

Art. 85. Aplicam-se a este decreto, no que cou-berem, as disposições da Lei nº 9.784, de 1999.

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 86. A CTNBio, em noventa dias de sua ins-talação, definirá:

I - proposta de seu regimento interno, a ser sub-metida à aprovação do Ministro de Estado daCiência e Tecnologia;

II - as classes de risco dos OGM;

III - os níveis de biossegurança a serem aplicadosaos OGM e seus derivados, observada a classe derisco do OGM.

Parágrafo único. Até a definição das classes derisco dos OGM pela CTNBio, será observada, paraefeito de classificação, a tabela do Anexo destedecreto.

Art. 87. A Secretaria Executiva do CNBS subme-terá, no prazo de noventa dias, proposta deregimento interno ao colegiado.

Art. 88. Os OGM que tenham obtido decisãotécnica da CTNBio favorável a sua liberaçãocomercial até o dia 28 de março de 2005 pode-rão ser registrados e comercializados, observadaa Resolução CNBS nº 1, de 27 de maio de 2005.

Art. 89.As instituições que desenvolvam ativida-des reguladas por este decreto deverão adequar-se às suas disposições no prazo de cento e vintedias, contado da sua publicação.

Art. 90. Não se aplica aos OGM e seus derivadoso disposto na Lei nº 7.802, de 11 de julho de1989, exceto para os casos em que eles sejamdesenvolvidos para servir de matéria-prima paraa produção de agrotóxicos.

Art. 91. Os alimentos e ingredientes alimentaresdestinados ao consumo humano ou animal quecontenham ou sejam produzidos a partir de OGMe seus derivados deverão conter informação nesse sen-tido em seus rótulos, na forma de decreto específico.

Art. 92. A CTNBio promoverá a revisão e senecessário, a adequação dos CQB, dos comunica-dos, decisões técnicas e atos normativos, emiti-dos sob a égide da Lei nº 8.974, de 5 de janeirode 1995, os quais não estejam em conformidadecom a Lei nº 11.105, de 2005, e este decreto.

Art. 93. A CTNBio e os órgãos e entidades deregistro e fiscalização deverão rever suas delibe-rações de caráter normativo no prazo de cento evinte dias, contados da publicação deste decreto,a fim de promover sua adequação às disposiçõesnele contidas.

Art. 94. Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

Art. 95. Fica revogado o Decreto nº 4.602, de 21de fevereiro de 2003.

1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 319

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 319

Page 314: Legislação Ambiental Básica

ANEXOCLASSIFICAÇÃO DE RISCO DOSORGANISMOS GENETICAMENTE

MODIFICADOS

Classe de Risco I: compreende os organismos quepreenchem os seguintes critérios:

A. Organismo receptor ou parental:

- não-patogênico;

- isento de agentes adventícios;

- com amplo histórico documentado de uti-lização segura, ou a incorporação de barrei-ras biológicas que, sem interferir no cresci-mento ótimo em reator ou fermentador,permita uma sobrevivência e multiplicaçãolimitadas, sem efeitos negativos para omeio ambiente;

B. Vetor/inserto:

- deve ser adequadamente caracterizado edesprovido de seqüências nocivas conheci-das;

- deve ser de tamanho limitado, no que forpossível, às seqüências genéticas necessá-rias para realizar a função projetada;

- não deve incrementar a estabilidade doorganismomodificado nomeio ambiente;

- deve ser escassamente mobilizável;

- não deve transmitir nenhum marcador deresistência a organismos que, de acordocom os conhecimentos disponíveis, não oadquira de forma natural;

C. Organismos geneticamente modificados:

- não-patogênicos;

- que ofereçam a mesma segurança que oorganismo receptor ou parental no reatorou fermentador, mas com sobrevivência oumultiplicação limitadas, sem efeitos negati-vos para o meio ambiente;

D. Outros organismos geneticamente modifica-dos que poderiam incluir-se na Classe de RiscoI, desde que reúnam as condições estipuladasno item C anterior:

- microorganismos construídos inteiramentea partir de um único receptor procariótico(incluindo plasmídeos e vírus endógenos)ou de um único receptor eucariótico(incluindo seus cloroplastos, mitocôndrias eplasmídeos, mas excluindo os vírus) e orga-nismos compostos inteiramente porseqüências genéticas de diferentes espéciesque troquem tais seqüências mediante pro-cessos fisiológicos conhecidos;

Classe de Risco II: todos aqueles não incluídos naClasse de Risco I.

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A320

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 320

Page 315: Legislação Ambiental Básica

11. POVOS E COMUNIDADESTRADICIONAIS

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Foto

:Jos

hua

Mar

cílio

Dias

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 321

Page 316: Legislação Ambiental Básica

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 322

Page 317: Legislação Ambiental Básica

Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea“a”, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional deDesenvolvimento Sustentável dos Povos eComunidades Tradicionais-PNPCT, na forma doAnexo a este decreto.

Art. 2º Compete à Comissão Nacional de Desen-volvimento Sustentável dos Povos e ComunidadesTradicionais-CNPCT, criada pelo Decreto de 13de julho de 2006, coordenar a implementaçãoda Política Nacional para o DesenvolvimentoSustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Art. 3º Para os fins deste decreto e do seu Anexocompreende se por:

I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos cul-turalmente diferenciados e que se reconhecemcomo tais, que possuem formas próprias de orga-nização social, que ocupam e usam territórios erecursos naturais como condição para sua repro-dução cultural, social, religiosa, ancestral e eco-nômica, utilizando conhecimentos, inovações epráticas gerados e transmitidos pela tradição;

II - Territórios Tradicionais: os espaços necessáriosa reprodução cultural, social e econômica dospovos e comunidades tradicionais, sejam elesutilizados de forma permanente ou temporária,observado, no que diz respeito aos povos indíge-nas e quilombolas, respectivamente, o que dispõemos arts. 231 da Constituição e 68 do Ato dasDisposições Constitucionais Transitórias e demaisregulamentações; e

III - Desenvolvimento Sustentável: o uso equili-brado dos recursos naturais, voltado para amelhoria da qualidade de vida da presente gera-

ção, garantindo as mesmas possibilidades para asgerações futuras.

Art. 4º Este decreto entra em vigor na data desua publicação.

ANEXOPOLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL DOS POVOS E COMUNIDADES

TRADICIONAIS PRINCÍPIOS

Art. 1º As ações e atividades voltadas para oalcance dos objetivos da Política Nacional deDesenvolvimento Sustentável dos Povos eComunidades Tradicionais deverão ocorrer deforma intersetorial, integrada, coordenada, siste-mática e observar os seguintes princípios:

I - o reconhecimento, a valorização e o respeito àdiversidade socioambiental e cultural dos povos ecomunidades tradicionais, levando-se em conta,dentre outros aspectos, os recortes etnia, raça,gênero, idade, religiosidade, ancestralidade,orientação sexual e atividades laborais, entreoutros, bem como a relação desses em cadacomunidade ou povo, de modo a não desrespei-tar, subsumir ou negligenciar as diferenças dosmesmos grupos, comunidades ou povos ou, ainda,instaurar ou reforçar qualquer relação de desi-gualdade;

II - a visibilidade dos povos e comunidades tradi-cionais deve se expressar por meio do pleno eefetivo exercício da cidadania;

III - a segurança alimentar e nutricional comodireito dos povos e comunidades tradicionais aoacesso regular e permanente a alimentos de qua-lidade, em quantidade suficiente, sem comprome-ter o acesso a outras necessidades essenciais,tendo como base práticas alimentares promoto-ras de saúde, que respeitem a diversidade cultu-ral e que sejam ambiental, cultural, econômica esocialmente sustentáveis;

1 1 . P O V O S E C O M U N I D A D E S T R A D I C I O N A I S 323

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 323

Page 318: Legislação Ambiental Básica

IV - o acesso em linguagem acessível à informa-ção e ao conhecimento dos documentos produzi-dos e utilizados no âmbito da Política Nacional deDesenvolvimento Sustentável dos Povos eComunidades Tradicionais;

V - o desenvolvimento sustentável como promo-ção da melhoria da qualidade de vida dos povose comunidades tradicionais nas gerações atuais,garantindo as mesmas possibilidades para asgerações futuras e respeitando os seus modos devida e as suas tradições;

VI - a pluralidade socioambiental, econômica ecultural das comunidades e dos povos tradicio-nais que interagem nos diferentes biomas e ecos-sistemas, sejam em áreas rurais ou urbanas;

VII - a promoção da descentralização e transver-salidade das ações e da ampla participação dasociedade civil na elaboração, monitoramento eexecução desta Política a ser implementada pelasinstâncias governamentais;

VIII - o reconhecimento e a consolidação dosdireitos dos povos e comunidades tradicionais;

IX - a articulação com as demais políticas públi-cas relacionadas aos direitos dos Povos eComunidades Tradicionais nas diferentes esferasde governo;

X - a promoção dos meios necessários para a efe-tiva participação dos Povos e ComunidadesTradicionais nas instâncias de controle social enos processos decisórios relacionados aos seusdireitos e interesses;

XI - a articulação e integração com o SistemaNacional de Segurança Alimentar e Nutricional;

XII - a contribuição para a formação de uma sen-sibilização coletiva por parte dos órgãos públicossobre a importância dos direitos humanos, eco-nômicos, sociais, culturais, ambientais e do con-trole social para a garantia dos direitos dos povose comunidades tradicionais;

XIII - a erradicação de todas as formas de discrimina-ção, incluindo o combate à intolerância religiosa; e

XIV - a preservação dos direitos culturais, o exer-cício de práticas comunitárias, a memória culturale a identidade racial e étnica.

OBJETIVO GERAL

Art. 2º A PNPCT tem como principal objetivopromover o desenvolvimento sustentável dosPovos e Comunidades Tradicionais, com ênfaseno reconhecimento, fortalecimento e garantiados seus direitos territoriais, sociais, ambientais,econômicos e culturais, com respeito e valoriza-ção à sua identidade, suas formas de organizaçãoe suas instituições.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Art. 3º São objetivos específicos da PNPCT:

I - garantir aos povos e comunidades tradicionaisseus territórios, e o acesso aos recursos naturaisque tradicionalmente utilizam para sua reprodu-ção física, cultural e econômica;

II - solucionar e/ou minimizar os conflitos geradospela implantação de Unidades de Conservaçãode Proteção Integral em territórios tradicionais eestimular a criação de Unidades de Conservaçãode Uso Sustentável;

III - implantar infra-estrutura adequada às reali-dades sócioculturais e demandas dos povos ecomunidades tradicionais;

IV - garantir os direitos dos povos e das comuni-dades tradicionais afetados direta ou indireta-mente por projetos, obras e empreendimentos;

V - garantir e valorizar as formas tradicionais deeducação e fortalecer processos dialógicos comocontribuição ao desenvolvimento próprio de cadapovo e comunidade, garantindo a participação econtrole social tanto nos processos de formaçãoeducativos formais quanto nos não-formais;

VI - reconhecer, com celeridade, a auto-identifica-ção dos povos e comunidades tradicionais, demodo que possam ter acesso pleno aos seusdireitos civis individuais e coletivos;

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A324

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 324

Page 319: Legislação Ambiental Básica

3251 1 . P O V O S E C O M U N I D A D E S T R A D I C I O N A I S

VII - garantir aos povos e comunidades tradicionaiso acesso aos serviços de saúde de qualidade eadequados às suas características socioculturais,suas necessidades e demandas, com ênfase nasconcepções e práticas da medicina tradicional;

VIII - garantir no sistema público previdenciário aadequação às especificidades dos povos e comu-nidades tradicionais, no que diz respeito às suasatividades ocupacionais e religiosas e às doençasdecorrentes destas atividades;

IX - criar e implementar, urgentemente, uma polí-tica pública de saúde voltada aos povos e comu-nidades tradicionais;

X - garantir o acesso às políticas públicas sociaise a participação de representantes dos povos ecomunidades tradicionais nas instâncias de con-trole social;

XI - garantir nos programas e ações de inclusãosocial recortes diferenciados voltados especifica-mente para os povos e comunidades tradicionais;

XII - implementar e fortalecer programas e açõesvoltados às relações de gênero nos povos ecomunidades tradicionais, assegurando a visão ea participação feminina nas ações governamen-tais, valorizando a importância histórica dasmulheres e sua liderança ética e social;

XIII - garantir aos povos e comunidades tradicio-nais o acesso e a gestão facilitados aos recursosfinanceiros provenientes dos diferentes órgãos degoverno;

XIV - assegurar o pleno exercício dos direitos indi-viduais e coletivos concernentes aos povos ecomunidades tradicionais, sobretudo nas situa-ções de conflito ou ameaça à sua integridade;

XV - reconhecer, proteger e promover os direitosdos povos e comunidades tradicionais sobre osseus conhecimentos, práticas e usos tradicionais;

XVI - apoiar e garantir o processo de formaliza-ção institucional, quando necessário, consideran-do as formas tradicionais de organização e repre-sentação locais; e

XVII - apoiar e garantir a inclusão produtiva coma promoção de tecnologias sustentáveis, respei-tando o sistema de organização social dos povose comunidades tradicionais, valorizando os recur-sos naturais locais e práticas, saberes e tecnolo-gias tradicionais.

DOS INSTRUMENTOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Art. 4º São instrumentos de implementação daPolítica Nacional de Desenvolvimento Sustentáveldos Povos e Comunidades Tradicionais:

I - os Planos de Desenvolvimento Sustentável dosPovos e Comunidades Tradicionais;

II - a Comissão Nacional de DesenvolvimentoSustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais,instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006;

III - os fóruns regionais e locais; e

IV - o Plano Plurianual.

DOS PLANOS DEDESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

Art. 5º Os Planos de Desenvolvimento Susten-tável dos Povos e Comunidades Tradicionais têmpor objetivo fundamentar e orientar a implemen-tação da PNPCT e consistem no conjunto dasações de curto, médio e longo prazo, elaboradascom o fim de implementar, nas diferentes esferasde governo, os princípios e os objetivos estabele-cidos por esta política:

I - os Planos de Desenvolvimento Sustentável dosPovos e Comunidades Tradicionais poderão serestabelecidos com base em parâmetros ambien-tais, regionais, temáticos, étnico-socio-culturais edeverão ser elaborados com a participação eqüi-tativa dos representantes de órgãos governamen-tais e dos povos e comunidades tradicionaisenvolvidos;

II - a elaboração e implementação dos Planos deDesenvolvimento Sustentável dos Povos eComunidades Tradicionais poderá se dar por meio

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 325

Page 320: Legislação Ambiental Básica

de fóruns especialmente criados para esta finali-dade ou de outros cuja composição, área deabrangência e finalidade sejam compatíveis como alcance dos objetivos desta política; e

III - o estabelecimento de Planos de Desenvol-vimento Sustentável dos Povos e ComunidadesTradicionais não é limitado, desde que respeitadaa atenção equiparada aos diversos segmentos dospovos e comunidades tradicionais, de modo anão convergirem exclusivamente para um tema,região, povo ou comunidade.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 6º A Comissão Nacional de Desenvolvi-mento Sustentável dos Povos e ComunidadesTradicionais deverá, no âmbito de suas compe-tências e no prazo máximo de noventa dias:

I - dar publicidade aos resultados das OficinasRegionais que subsidiaram a construção daPNPCT, realizadas no período de 13 a 23 desetembro de 2006;

II - estabelecer um Plano Nacional de Desenvol-vimento Sustentável para os Povos e ComunidadesTradicionais, o qual deverá ter como base osresultados das Oficinas Regionais mencionadosno inciso I; e

III - propor um Programa Multi-setorial destinadoà implementação do Plano Nacional mencionadono inciso II no âmbito do Plano Plurianual.

326 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:21 PM Page 326