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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE DE

    RIBEIRO PRETO

    O planejamento da implantao de Lean Office na administrao

    pblica: estudo de caso em uma agncia reguladora brasileira

    Juliana Pascualote Lemos de Almeida

    ORIENTADORA: Professora Simone Vasconcelos Ribeiro Galina

    Ribeiro Preto

    2012

  • JULIANA PASCUALOTE LEMOS DE ALMEIDA

    O planejamento da implantao de Lean Office na administrao

    pblica: estudo de caso em uma agncia reguladora brasileira

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado Faculdade de Economia,

    Administrao e Contabilidade da

    Universidade de So Paulo como parte

    dos requisitos para obteno de ttulo de

    Bacharel em Administrao.

    rea de concentrao:

    Produo enxuta

    Orientadora: Prof. Dra.

    Simone Vasconcelos Ribeiro Galina

    Ribeiro Preto

    2012

  • Autorizo a reproduo e divulgao total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrnico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

    Almeida, Juliana Pascualote Lemos de

    O planejamento da implantao de Lean Office na

    administrao pblica: estudo de caso em uma agncia

    reguladora brasileira. Ribeiro Preto, 2012.

    69 p. : il.

    Trabalho de Concluso de Curso, apresentado Faculdade de

    Economia, Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto/USP.

    rea de concentrao: Produo enxuta.

    Orientadora: Galina, Simone Vasconcelos Ribeiro.

    1. Mentalidade enxuta. 2. Escritrio enxuto. 3. Agncia reguladora brasileira.

  • Nome: ALMEIDA, Juliana Pascualote Lemos de

    Ttulo: O planejamento da implantao de Lean Office na administrao pblica: estudo de

    caso em uma agncia reguladora brasileira

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado

    Faculdade de Economia, Administrao e

    Contabilidade da Universidade de So Paulo

    como parte dos requisitos para obteno de

    ttulo de Bacharel em Administrao.

    Aprovada em: ____/____/____

    Banca examinadora

    Prof. (a) Dr. (a): _____________________________________________________________

    Instituio: _____________________________ Assinatura: __________________________

    Prof. (a) Dr. (a): _____________________________________________________________

    Instituio: _____________________________ Assinatura: __________________________

    Prof. (a) Dr. (a): _____________________________________________________________

    Instituio: _____________________________ Assinatura: __________________________

  • Aos meus pais, ao meu esposo e aos meus

    professores e orientadores que muito me

    incentivaram.

  • RESUMO

    ALMEIDA, J. P. L. de. O planejamento da implantao de Lean Office na administrao

    pblica: estudo de caso em uma agncia reguladora brasileira. 2012. 69 f. Monografia

    (Graduao) - Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto,

    Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2012.

    A mentalidade enxuta aplicada a processos administrativos no uma novidade para a

    literatura. Porm, o planejamento de implantao de Lean Office um tema pouco

    abordado em artigos cientficos, principalmente aplicada ao setor pblico brasileiro.

    Este trabalho tem como problema de pesquisa a verificao da presena de

    particularidades ou especificidades no planejamento da aplicao de Lean Office nos

    servios de natureza pblica, e seus objetivos so: analisar como ocorre o

    planejamento da implantao do escritrio enxuto numa agncia reguladora brasileira

    e investigar os ajustes necessrios para sua implantao. Para tanto, o mtodo utilizado

    foi o estudo de caso, pautando-se em trs fontes de evidncia: a entrevista, os

    documentos e os registros em arquivo. A partir das anlises e dos resultados

    adquiridos, possvel constatar algumas adequaes realizadas, nesse caso, para

    superar as particularidades existentes em rgos pblicos federais como esse,

    relevantes ao planejamento de implantao de Lean Office.

    Palavras-chave: Mentalidade enxuta. Escritrio enxuto. Agncia reguladora brasileira.

  • ABSTRACT

    ALMEIDA, J. P. L. de. The Lean Office implementation planning in the public

    administration: a case study of a Brazilian regulatory agency. 2012. 69 f. Monografia

    (Graduao) - Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto,

    Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2012.

    The Lean Thinking applied to management processes is not new in literature.

    However, Lean Office implementation planning is a subject rarely discussed in

    scientific papers especially in the case of Brazilian public sector. The research problem

    of this work is to verify the presence of features or peculiarities in the planning of

    Lean Office implementation in the public sector. Its objectives are to analyze how is a

    Lean Office implementation planning in the case of a Brazilian regulatory agency, and

    to investigate the necessary adjustments for its implementation. Therefore, the method

    used was the case study, based on three sources of evidence: interviews, documents

    and records on file. From the analyses and the results obtained, it is possible to observe

    some adjustments made to Lean Office implementation planning to overcome the

    peculiarities of federal agencies.

    Keywords: Lean Thinking. Lean Office. Brazilian regulatory agency.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Os conceitos relativos ao Sistema Toyota de Produo......................................... 20

    Figura 2 - Mtodo de implantao do escritrio enxuto ........................................................ 33

    Figura 3 - Procedimentos detalhados de estudo de caso ........................................................ 42

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Resultado das buscas em bases de dados de artigos cientficos............................ 16

    Quadro 2 - Os cinco princpios de Lean Thinking sob a tica de Lean Service ...................... 24

    Quadro 3 - Desperdcios de superfcie e desperdcios de liderana ....................................... 27

    Quadro 4 - Modelos, conceitos e ferramentas gerais da mentalidade enxuta teis para a

    implantao de Lean Office .................................................................................................. 34

    Quadro 5 - Roteiro de pesquisa ............................................................................................ 39

    Quadro 6 - Resumo dos resultados ....................................................................................... 46

    Quadro 7 - A abordagem dos cinco princpios no planejamento do escritrio enxuto ............ 48

    Quadro 8 - Planejamento da metodologia de implantao do escritrio enxuto ..................... 54

  • LISTA DE SIGLAS

    BPM Business Process Management

    FCS Fatores Crticos de Sucesso

    JIT Just-in-Time

    TPS Toyota Production System ou Sistema Toyota de Produo

  • SUMRIO

    1. Introduo ........................................................................................................... 12

    2. Formulao do problema de pesquisa .................................................................. 15

    2.1 Justificativa ...................................................................................................... 15

    2.2 Objetivos .......................................................................................................... 17

    2.2.1 Objetivos especficos .................................................................................. 17

    3. Reviso da literatura ............................................................................................ 18

    3.1 Lean Thinking ................................................................................................... 18

    3.2 Lean Office ....................................................................................................... 25

    3.3 Os desperdcios para o office ............................................................................ 26

    3.4 Mtodo, modelos, conceitos e ferramentas para a transformao do Office ....... 29

    3.5 Lean Office aplicado ao setor administrativo pblico ........................................ 34

    3.6 O surgimento e o papel da agncia reguladora brasileira ................................... 35

    4. Metodologia de pesquisa ..................................................................................... 37

    4.1 Classificao da pesquisa .................................................................................. 37

    4.2 Definio do caso a ser estudado ...................................................................... 38

    4.3 Levantamento e anlise de dados ...................................................................... 38

    5. Resultados e anlises ........................................................................................... 43

    5.1 Resultados do estudo de caso ............................................................................ 43

    5.1.1 Caracterizao da agncia reguladora e da superintendncia alvo ............... 43

    5.1.2 Planejamento de aplicao do escritrio enxuto .......................................... 44

    5.2 Anlises ............................................................................................................ 50

    6. Concluses finais ................................................................................................ 55

    6.1 Limitaes da pesquisa e sugestes para estudos futuros .................................. 56

  • Referncias bibliogrficas .......................................................................................... 57

    APENDICES ............................................................................................................. 62

    ANEXOS .................................................................................................................. 67

  • P g i n a | 12

    1. INTRODUO

    O cenrio competitivo contemporneo marcado por uma aguda recesso

    internacional, que indica ntida necessidade de se guiar a competitividade atravs de alguns

    Fatores Crticos de Sucesso (FCS), tais quais: minimizao de custos, minimizao de tempo

    de processamento, melhoria da qualidade de produtos e servios e flexibilizao

    organizacional, de acordo com Scalera (2012). Segundo o mesmo autor, isso d margem

    aplicao dos conceitos da mentalidade enxuta, sendo notado, em diversos casos, o

    desempenho altamente competitivo de organizaes que adotaram os princpios de Lean

    Thinking. Nesse caso, as empresas estenderam os conceitos da manufatura enxuta ou Lean

    Production, formando a mentalidade enxuta, de acordo com Salvador e Silva (2012).

    O Lean Thinking ou mentalidade enxuta, segundo Arruda e Luna (2006), trata de um

    conjunto de ferramentas para tornar as empresas mais competitivas e teve sua origem com o

    TPS ou o Toyota Production System (Sistema Toyota de Produo), iniciado no Japo, logo

    aps a Segunda Guerra Mundial, na dcada de 1950, na companhia Toyota (GODINHO

    FILHO e FERNANDES, 2004). Nesse perodo, a produo japonesa era reduzida e faltavam

    recursos, contexto organizacional muito diferente do contexto de empresas como Ford e

    General Motors (LIKER, 2005). Por isso, o objetivo de eliminar desperdcios era bastante

    relevante para o pas, segundo Godinho Filho e Fernandes (2004).

    De acordo com Liker (2005), a Toyota se destacou por sua qualidade e eficincia, pela

    primeira vez, na dcada de 1980 e o TPS se tornou um modelo de manufatura competitivo e

    agregou, entre outros, os seguintes conceitos: Just-in-Time (JIT), Jidoka, Heijunka,

    estabilidade e padronizao de processos e Kaizen, de acordo com Liker e Morgan (2006). Os

    gestores optaram por adotar esses novos conceitos e tcnicas com o objetivo de alcanar, entre

    outros, resultados operacionais, tais como: maior nvel de qualidade, reduo de custos,

    aumento da flexibilidade, reduo da variabilidade e reduo dos tempos (ABDI;

    SHAVARINI; HOSEINI, 2006).

    Nascido do TPS, o Lean Thinking no facilmente implantado e requer princpios a

    serem seguidos, de acordo com Womack e Jones1 (2004). Eles elaboraram cinco princpios

    para a adoo de Lean Thinking, sendo eles: a determinao de valor para o cliente final, a

    identificao do fluxo de valor particular aos produtos, a adoo de fluxo contnuo, a adoo

    1 WOMACK, J. P.; JONES, D. T. Lean thinking Banish waste and create wealth in your corporation. Nova Iorque: Simon & Schuster, 1996 Texto Original. Para este estudo foi usada a verso traduzida indicada nas referncias bibliogrficas.

  • P g i n a | 13

    da produo puxada e a melhoria contnua rumo perfeio. A aplicao desses princpios ao

    setor de servios e ao setor pblico base da abordagem Lean Office (SGANZERLA2, 2004

    apud SCALERA, 2012).

    De acordo com Benatti et al. (2007), ao longo dos anos, as organizaes se depararam

    com reas administrativas bastante lentas e desconexas da dinmica seguida pelos processos

    de produo, e a prtica indicou a necessidade de solues para a melhoria dos processos de

    apoio. Por meio das aplicaes de Lean Office, afirma Benatti et al. (2007), o TPS ajuda a

    descomplicar o ambiente administrativo e seus processos.

    Lean Office ou escritrio enxuto a aplicao dos princpios enxutos no ambiente

    administrativo que fornece capacidade para aperfeioar o fluxo de trabalho e reduzir os

    desperdcios das reas administrativas, e pode ser aplicado a diversos setores (TAPPING;

    SHUKER, 2003 e ALMEIDA, 2009). Com o intuito de promover a sua aplicao, Tapping e

    Shuker (2003) desenvolveram uma metodologia que integra os modelos, conceitos e

    ferramentas da mentalidade enxuta e indica os seguintes passos: comprometer-se com a

    mudana; escolher o fluxo de valor; aprender sobre lean; mapear o estado atual; identificar

    medidas de desempenho lean; mapear o estado futuro; criar planos de Kaizen; e implantar

    planos de Kaizen. A partir de sua implantao, os funcionrios tornam-se capacitados para

    realizar melhorias em tempo real e a organizao se torna mais sensvel ao mercado, mais

    produtiva e bem sucedida (ENGLE, 2012).

    Cada vez mais, os conceitos de produo enxuta so aplicados a uma diversidade de

    organizaes industriais e os resultados positivos desse crescimento fortalecem a

    oportunidade de sua aplicao em setores no manufatureiros (TURATI; MUSETTI, 2006).

    Acrescenta-se que o Lean Office pode promover resultados positivos para o setor

    administrativo pblico, por exemplo, atravs da reduo de custos e maior agilidade, criando

    valor adequado para o cidado, reconhecido como o cliente final (TURATI; MUSETTI,

    2006).

    Tendo isso em vista, o objetivo deste trabalho analisar o planejamento da

    implantao do escritrio enxuto no servio pblico. Mais precisamente, o intuito analisar

    como ocorre o planejamento de Lean Office numa agncia reguladora brasileira e investigar as

    adequaes necessrias para sua implantao num rgo pblico federal.

    O presente trabalho est organizado da seguinte maneira: formulao do problema de

    pesquisa (aborda a justificativa para o recorte temtico e lana o objetivo e os objetivos

    2 SGANZERLA, P. The Service factory: how to apply the management industrial logics to the service sector

    through lean thinking. Sistemi & Impresa, n. 9, 2004.

  • P g i n a | 14

    especficos deste estudo); reviso da literatura (descreve o recorte temtico em partes que

    fazem sentido para a compreenso do assunto e para a anlise dos resultados e as concluses);

    metodologia de pesquisa (define a pesquisa, o caso a ser estudado e o levantamento e a anlise

    de dados); resultados e anlises; concluses finais; referncias bibliogrficas; e apndices e

    anexos.

  • P g i n a | 15

    2. FORMULAO DO PROBLEMA DE PESQUISA

    Considerando o contexto anteriormente apresentado, destaca-se que o

    desenvolvimento deste trabalho emerge do seguinte problema de pesquisa: H

    particularidades ou especificidades no planejamento da aplicao de Lean Office nos servios

    de natureza pblica? Assim, tm-se as seguintes perguntas de pesquisa norteadoras do estudo

    para uma instituio pblica:

    1. Como os princpios de Lean Thinking so planejados?

    2. Qual o mtodo de implantao de Lean Office?

    3. Quais modelos, conceitos e ferramentas de Lean Office so definidos para uso?

    2.1 JUSTIFICATIVA

    Sabe-se que a mentalidade enxuta resulta em habilidades para os colaboradores diretos

    e em um modo compartilhado de reduzir desperdcios (WOOD, 2004), sendo essas vantagens

    necessrias no s para o setor fabril, mas para qualquer setor da economia, podendo a

    mentalidade enxuta ser usada, tambm, para melhorar o ambiente administrativo,

    formalizando o que se denomina Lean Office (ALMEIDA, 2009).

    Hines, Martins e Beale (2008) e Turati e Musetti (2006) mostraram, atravs de seus

    respectivos casos, a aplicabilidade da mentalidade enxuta ao ambiente administrativo ou ao

    escritrio dos servios pblicos. Com base nisso, vale ressaltar a importncia do

    planejamento, que se apresenta como uma das funes da administrao e, segundo Sobral e

    Peci (2008, p. 7), trata-se da especificao dos objetivos a serem atingidos, da definio das

    estratgias e aes que permitam alcan-los, e do desenvolvimento de planos que integrem e

    coordenem as atividades da organizao.

    Apesar da importncia dada funo de planejamento, o planejamento da implantao

    de Lean Office no setor pblico um tema pouco explorado pela literatura relacionada a Lean

    Office, de acordo com as pesquisas realizadas em bases de dados de artigos cientficos. No

    caso, o planejamento da aplicao de Lean Office em agncias reguladoras um tema ainda

    mais raro na literatura dessa rea, ainda com base nas buscas realizadas. Sobre o planejamento

  • P g i n a | 16

    de Lean Office os resultados relativos a artigos cientficos, neste contexto, so nulos, de

    acordo com os resultados das pesquisas em bases de dados de artigos cientficos, expostos no

    Quadro 1.

    Quadro 1 - Resultado das buscas em bases de dados de artigos cientficos

    Palavras-

    chave Base de dados Filtros de pesquisa

    Nmero de resultados que

    abordam o planejamento

    de implantao de Lean

    Office

    Nmero de resultados

    que abordam o

    planejamento de

    implantao de Lean

    Office no setor

    pblico

    Lean Office

    planning

    Business Source Complete

    2002 - 2013 0 0

    ScienceDirect

    Journals

    0 0 Business,

    management and

    accounting

    2002 - 2013

    ScienceDirect

    Journals

    0 0 Engineering

    2002 - 2013

    Emerald

    Palavras-chave

    0 0 Resumo

    2002 - 2013

    Dessa forma, parece pertinente para um trabalho acadmico exploratrio, abordar o

    planejamento da aplicao de Lean Office em um caso brasileiro, referente ao setor pblico,

    mais especificamente, referente a uma agncia reguladora. Este trabalho contribui com a

    apresentao de um caso desse tipo, e atravs deste, possvel constatar a existncia de uma

    iniciativa brasileira, nesse contexto. A literatura relativa a esse assunto escassa, mas j existe

    uma metodologia para a implantao de Lean Office, o que direcionar o estudo e funcionar

    como base de comparao para o caso.

  • P g i n a | 17

    2.2 OBJETIVOS

    Os objetivos deste trabalho so norteados pelas perguntas de pesquisa apresentadas,

    anteriormente. Por meio dele, pretende-se analisar como ocorre o planejamento da

    implantao do escritrio enxuto numa agncia reguladora brasileira e investigar os ajustes

    necessrios para sua implantao num rgo pblico federal.

    2.2.1 OBJETIVOS ESPECFICOS

    A partir dos objetivos gerais apresentados, na seo anterior, so destrinchados os

    objetivos especficos que orientam este trabalho, a saber:

    1. Verificar como os princpios da mentalidade enxuta so abordados no planejamento da

    implantao do escritrio enxuto;

    2. Verificar como os passos definidos para a implantao do escritrio enxuto so

    planejados com base nas seguintes variveis: comprometimento, fluxo de valor,

    aprendizagem, mapeamento de processos, indicadores de desempenho e melhoria

    contnua; e

    3. Identificar os modelos, conceitos e ferramentas, definidos atravs do planejamento,

    que sero utilizados pela agncia reguladora para a implantao do escritrio enxuto.

  • P g i n a | 18

    3. REVISO DA LITERATURA

    A reviso da literatura traz uma ampla conceituao para as abordagens Lean Thinking

    e Lean Office e destrincha seus aspectos mais importantes e sua relao. Na seo sobre Lean

    Thinking, alm de uma conceituao, realizada uma contextualizao e so apresentados os

    princpios para a adoo da mentalidade enxuta. Complementarmente, abordam-se, na reviso

    da literatura, os conceitos de Lean Office, os desperdcios aos quais a mentalidade lean se

    prope a eliminar com foco no escritrio enxuto, o mtodo de implantao, os modelos, os

    conceitos e as ferramentas de Lean Office que promovem a transformao e os aspectos da

    introduo de Lean Office em servios de natureza pblica. Tendo em vista o caso estudado

    neste trabalho, o ltimo tpico aborda uma contextualizao do desenvolvimento das agncias

    reguladoras no Brasil.

    3.1 LEAN THINKING

    De acordo com Corra e Gianesi (1996), a gesto de operaes, ao lanar mo de uma

    estratgia de manufatura, assumiu o objetivo de sustentar a companhia no alcance de

    vantagem competitiva sustentvel e, dessa forma, os recursos de manufatura precisam ser

    gerenciados, pensando-se nas seguintes prioridades competitivas: custo, velocidade,

    flexibilidade, confiabilidade e qualidade.

    O Lean Thinking, nascido do Sistema Toyota de Produo, uma rea de pesquisa

    importante para a gesto de operaes, que ataca os principais problemas de produo (ABDI;

    SHAVARINI; HOSEINI, 2006), sendo eles problemas de qualidade, problemas de quebra de

    mquinas e problemas de preparao de mquinas, de acordo com Corra e Gianesi (1996). O

    sistema JIT, por exemplo, torna esses problemas visveis e tem como objetivo a melhoria

    contnua do processo produtivo, trazendo melhorias para o mesmo no alcance de maiores

    nveis de qualidade, confiabilidade e flexibilidade e no alcance de menores lotes e tempos de

    preparao, segundo os ltimos autores citados.

    luz do estudo de Abdi, Shavarini e Hoseini (2006), o termo lean, que significa

    enxuto, descreve fazer mais com menos, e a abordagem enxuta apresentou tcnicas de

    gesto surgidas na indstria automobilstica japonesa que consumia menos recursos em

    comparao com a produo em massa. Arbs (2002) menciona que tais tcnicas

    contriburam para ganhos em eficincia, rapidez de resposta e flexibilidade em produo, por

  • P g i n a | 19

    meio da gesto baseada em processos, eliminao de desperdcios e implantao de processos

    de forma flexvel e, dessa forma, promoveram a diversificao de produtos, a reduo de

    custos, a produtividade, a rapidez de entrega, os baixos nveis de estoques e a qualidade

    tima.

    Segundo Lee et al. (2008), logo aps a Segunda Guerra Mundial, o TPS tornou-se

    crtico na determinao da forte presena do Japo no mundo, figurando um produtor

    altamente eficiente de produtos de qualidade, dcadas depois. A inovao estabelecida pelo

    TPS foi relevante para a histria da produo.

    Segundo Liker e Morgan (2006) existem quatro conceitos referentes ao Sistema

    Toyota de Produo (Figura 1). O primeiro deles o JIT que torna o fluxo de materiais mais

    rpido atravs de processos, reduzindo estoques atravs de instrues dos consumidores

    (Kanban) receber a pea certa, no lugar certo e na hora certa (forma um dos pilares da

    mentalidade enxuta). O segundo conceito, Jidoka, sustenta os fluxos produtivos contnuos,

    estveis, sem defeitos e de baixo nvel de desperdcios a mquina deve parar quando se

    identifica algum problema (tambm forma um dos pilares da mentalidade enxuta). O terceiro,

    Heijunka, cria um fluxo de ordens niveladas e um nvel de carga de trabalho para desenvolver

    estabilidade e padronizao de processos (forma a base da mentalidade enxuta). Por fim, o

    Kaizen promove a melhoria contnua. Os resultados desse esquema de conceitos, elaborado

    por Liker e Morgan (2006), so: melhor qualidade, baixo custo, menor lead time tempo de

    processamento de pedidos ou tempo de entrega, segundo Ballou3 (2006) melhor nvel de

    segurana e maior moral.

    O Sistema Toyota de Produo, criado por Ohno4 (1988 apud PINTO, 2008), originou

    a abordagem Lean Thinking, a qual pode ser aplicada em qualquer setor de atividade

    econmica, de acordo com Pinto (2008). De acordo com este ltimo autor, o resultado da

    evoluo do TPS para Lean Thinking acrescenta ao esquema da Figura 1 dois outros pilares: a

    gesto da cadeia de fornecimento e o servio ao cliente (o servio como vantagem

    competitiva).

    3 BALLOU, R. H. Business Logistics/Supply Chain Management. 5 ed. Pearson Education, 2004 Texto Original. Para este estudo foi usada a verso traduzida indicada nas referncias bibliogrficas. 4 OHNO, T. The Toyota Production System: beyond large scale-production. Productivity Press, 1988.

  • P g i n a | 20

    Figura 1 - Os conceitos relativos ao Sistema Toyota de Produo

    Fonte: Liker e Morgan (2006, p. 7)

    O termo Lean Thinking foi usado pela primeira vez como conceito de gesto

    empresarial por James Womack e Daniel Jones em 1996, como um sistema de gesto

    orientado para a criao de valor atravs da eliminao de desperdcios (PINTO, 2008). Na

    abordagem enxuta, o desperdcio identificado como a atividade humana que absorve

    recursos, mas que no agrega valor para o cliente final (WOMACK; JONES, 2004). Eliminar

    desperdcio uma maneira de desenvolver processos e procedimentos, o principal objetivo de

    Lean Thinking (PINTO, 2008), sendo a prpria mentalidade enxuta um poderoso antdoto

    contra o desperdcio (WOMACK e JONES, 2004).

    Slack, Chambers e Johnston (2009) apresentam os sete desperdcios conforme a

    Toyota, desenvolvidos por Ohno (1997), e afirmam serem os mesmos aplicveis em vrios

    tipos de operaes, sejam elas de manufatura ou de servios. Abdi, Shavarini e Hoseini (2006)

    tambm descreveram tais desperdcios, a saber:

    1. Superproduo: produzir mais do que o imediatamente necessrio (SLACK,

    CHAMBERS; JOHNSTON, 2009); produzir para manter a ocupao dos recursos

    humanos empregados, mesmo gerando lotes excessivos (ABDI, SHAVARINI;

    HOSEINI, 2006).

    JIT Kaizen Jidoka

    Heijunka

    Processos estveis e padronizados

    Maiores nveis de

    qualidade, segurana e

    moral e menores custos e

    lead time

  • P g i n a | 21

    2. Tempo de espera: esperar por materiais e por autorizaes (ABDI, SHAVARINI;

    HOSEINI, 2006); eficincia de mquina e eficincia de mo-de-obra so formas

    comuns para avaliar tempos de espera de mquinas e mo-de-obra,

    respectivamente, e o tempo de espera de materiais mais disfarado (SLACK,

    CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).

    3. Transporte: transportar documentos entre departamentos e movimentar materiais

    (ABDI, SHAVARINI; HOSEINI, 2006) no agregam valor e necessrio, para

    reduzir este desperdcio, aproximar estgios do processo (SLACK, CHAMBERS;

    JOHNSTON, 2009).

    4. Processos inapropriados: usar embalagens desnecessrias e equipamentos

    inadequados (ABDI, SHAVARINI; HOSEINI, 2006); algumas operaes existem

    apenas devido a um projeto ou manuteno ruim, que podem ser suprimidos

    (SLACK, CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).

    5. Estoque ou inventrios desnecessrios: produzir mais do que o demandado pelo

    cliente (ABDI, SHAVARINI; HOSEINI, 2006).

    6. Movimentao desnecessria: o operador pode aparentar ocupao, mas ele pode,

    atravs dessa ocupao no gerar valor (SLACK, CHAMBERS; JOHNSTON,

    2009).

    7. Produtos defeituosos: gera desperdcio de qualidade e um custo elevado (SLACK,

    CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).

    Ohno (1997) tratou da anlise do desperdcio e orientou que, nesse tocante,

    importante focar no aumento da eficincia, sendo que este s faz sentido a partir da reduo

    de custos e, para isso, necessrio usar o mnimo de mo-de-obra, para que seja produzido

    apenas o que for solicitado; e necessrio observar a eficincia de cada operador componente

    das linhas de produo, de modo isolado, para depois constatar a eficincia geral.

    Alm de resultar em uma forma compartilhada de se pensar na eliminao dos

    desperdcios, discutidos anteriormente, Wood (2004) afirma que Lean Thinking resulta em

    habilidades para as pessoas de todos os nveis da empresa, melhorando as formas de trabalho

    e simplificando fluxos de atividades, uma vez que se fundamenta, de acordo com Liker

    (2005), em referncia aos 4Ps de Lean Thinking, em: filosofia de longo prazo, processos

    adequados, desenvolvimento de pessoal e parceiros e soluo contnua de problemas.

    Para atingir esses fundamentos e os resultados mencionados importante seguir os

    princpios de Lean Thinking propostos por Womack e Jones (2004). Estes ltimos autores

    mencionados elaboraram cinco princpios para as empresas que desejam adotar a mentalidade

  • P g i n a | 22

    enxuta como abordagem de trabalho. Eles so descritos a seguir, de acordo com os mesmos

    autores que os elaboraram:

    1. Especificao de valor - o ponto de partida para o estabelecimento da mentalidade

    enxuta e ele pode ser determinado apenas pelo cliente final, sendo significativo em

    termos de um bem ou de um servio especificamente. Quem o cria o produtor que

    deve oferecer o produto ou o servio certo e de maneira correta. Porm, definir o

    valor, trata-se de algo difcil e torna-se importante entender o que significa valor,

    deixar de se preocupar apenas com as prprias necessidades, pensar no produto todo,

    aceitar a necessidade de repensar o valor e, aps a definio do produto, definir

    (verificando recursos e esforo para produzi-lo, caso no exista desperdcio) o custo-

    alvo. No caso, organizaes enxutas definem o preo de venda questionando quanto

    podem reduzir do custo com a aplicao de mtodos enxutos. A anlise das atividades

    que compem o fluxo de valor garante o alcance do custo-alvo.

    2. Identificao do fluxo de valor - o fluxo de valor concretiza-se como o conjunto de

    aes necessrias para que o bem ou o servio passe por trs tarefas gerenciais crticas.

    So elas: tarefa de soluo de problemas (concepo, projeto at lanamento do

    produto no mercado); tarefa de gerenciamento de informao (pedido at entrega do

    produto); e tarefa de transformao fsica (matria-prima at entrega de produto

    acabado). O fluxo de valor deve ser identificado para todos os processos da empresa.

    Atravs dessa etapa, possvel enxergar os desperdcios e concluir que muitas

    atividades geram valor, outras no o criam, mas so inevitveis e um terceiro tipo

    tambm no o cria e pode e deve ser evitado. Se a atividade no identificada, ela no

    pode ser gerenciada e nem melhorada.

    3. Estabelecimento do fluxo de valor - aps a determinao de valor, a identificao do

    fluxo de valor e a eliminao das atividades que no agregam valor, deve-se estimular

    o fludo das atividades restantes. Para tanto, a filosofia departamental (adepta

    formao de lotes), deve ser combatida, uma vez que, as atividades fluem mais

    eficientemente quando h contnua nfase nos produtos e em suas necessidades ou

    quando projeto, pedido e entrega ocorrem em um fluxo contnuo. Porm, complexo

    o fluxo de valor e o seu entendimento e, portanto, o fluxo contnuo pode no acontecer

    da maneira mais simples. O fluxo pode ser aplicado a qualquer atividade e,

    geralmente, impacta positivamente nos custos, pois reduz o consumo de recursos. Para

    faz-lo fluir necessrio, concomitantemente, enfatizar o objeto real, ignorar os

    limites das unidades departamentais e repensar prticas e ferramentas (eliminar

  • P g i n a | 23

    retrofluxo, sucata e paralisao). Porm, aplicar tcnicas para proporcionar o fludo de

    produtos inteis, gera apenas desperdcio.

    4. Estratgia pull - deixar que o cliente puxe o produto que significa fazer o que ele diz

    ser necessrio ou que um processo no deve produzir sem que o cliente ou o prximo

    processo solicite. Para entender melhor a lgica, basta caminhar contrariamente ao

    fluxo normal do produto, levando a demanda do processo ao processo imediatamente

    anterior.

    5. Busca pela perfeio - as organizaes devem, constantemente, buscar a excelncia e,

    para isso, elas devem aplicar os quatro princpios da mentalidade enxuta, anteriores,

    serem capazes de cruzar a lacuna entre a realidade atual e a perfeio, e decidir sobre

    quais formas de desperdcios sero primeiramente atacadas, atravs do desdobramento

    de diretrizes (Hoshin Kanri). O estmulo mais importante perfeio a transparncia,

    pois todos os membros da rede enxuta tm a possibilidade de enxergar tudo mais

    claramente e se torna fcil descobrir novas maneiras agregar valor. Outro estmulo aos

    esforos de melhoria o feedback imediato e positivo para funcionrios que realizam

    melhorias.

    Abdi, Shavarini e Hoseini (2006) apresentam os cinco princpios sob a tica do Lean

    Service, que, segundo Arbs (2002), trata-se do aproveitamento da aplicao de Lean

    Thinking em empresas que executam servios (vide Quadro 2).

  • P g i n a | 24

    Quadro 2 - Os cinco princpios de Lean Thinking sob a tica de Lean Service

    Princpios Lean Service

    Especificao de valor para o

    servio

    Trata-se de um princpio chave para a gesto de servios,

    sendo que envolve a determinao do nvel de customizao

    exigido pelo cliente final. O uso da abordagem enxuta na

    combinao de marketing de servios cria uma caixa de

    ferramentas poderosa para o gerente de servios.

    Identificao do fluxo de valor

    Trata-se de um princpio adequado para organizaes de

    servios, pois quaisquer delas possuem um ou diversos

    processos e o uso da abordagem enxuta ajuda a refinar e

    desenhar ou melhorar toda a cadeia de valor.

    Implantao do fluxo de servio

    A abordagem enxuta em manufatura tem comportamentos

    intuitivos e elimina o fluxo entre os recursos humanos e, em

    servios, o comportamento o contra intuitivo, mas se

    facilitam a compreenso e a orientao.

    Fornecimento alinhado demanda

    Sendo necessrio prever o comportamento do consumidor, a

    abordagem enxuta reduz a ambiguidade e o retrabalho nas

    relaes interpessoais. Para manter o fornecimento alinhado

    demanda, necessrio prever o comportamento de demanda do

    cliente final. Mas as empresas de servios encontram um

    paradoxo: flexibilidade versus eficincia e o antdoto o uso

    de ferramentas e conceitos enxutos.

    Busca pela perfeio

    A perfeio em servios acontece em relao s pessoas e

    comportamentos e significa obter vantagem com a

    transparncia gerada pela execuo dos princpios anteriores

    (eliminando os comportamentos que no criam valor).

    Adaptado de: Abdi, Shavarini e Hoseini (2006, p. 193)

    A aplicao dos cinco princpios descritos, nesta seo, ao ambiente administrativo de

    empresas de servios e da administrao pblica a base para a abordagem Lean Office, que

    ser discutida na seo seguinte (SGANZERLA, 2004 apud SCALERA, 2012). Segundo

    Salvador e Silva (2012), verificado o sucesso da aplicao da mentalidade enxuta no setor

    industrial, o que demonstra a capacidade de sua aplicao, tambm, em processos

  • P g i n a | 25

    administrativos, sendo as peculiaridades de processos, identificadas por meio de modelos,

    conceitos e ferramentas prprios da mentalidade enxuta. De acordo com Antoniolli e Carlos5

    (2010 apud SALVADOR; SILVA, 2012, p. 1) o Lean Thinking tambm pode ser aplicado

    aos processos administrativos, e tem o objetivo de aprimorar o fluxo de valor nestes

    processos, tornando-os enxutos, ou seja, compostos por atividades essenciais e benficas para

    a empresa.

    3.2 LEAN OFFICE

    A aplicao dos princpios enxutos no ambiente administrativo denominada Lean

    Office ou escritrio enxuto, segundo Tapping e Shuker (2003). O Lean Office tem capacidade

    de aperfeioar o fluxo de trabalho e de suprimir os desperdcios comuns em reas

    administrativas (SERAPHIM; SILVA; AGOSTINHO, 2010).

    Para promover melhor entendimento da aplicabilidade da mentalidade enxuta no

    ambiente administrativo, Drickhamer (2004) prope a observao do escritrio como uma

    fbrica de papeis, em que a ordem de compra comparada a uma pea de estoque que vai

    passar por etapas de processamento, ser depositada em uma mesa e aguardar 99% de sua

    vida. Assim, os processos manuais do ambiente administrativo aproximam-se dos mtodos de

    produo tradicionais, sendo que os colaboradores diretos criam lotes de documentos

    representantes de pedidos, que podem permanecer abertos por dias, semanas ou meses, antes

    de serem concludos (ENGLE, 2012).

    O escritrio enxuto capaz de tornar o fluxo de trabalho e as informaes mais

    visveis (DRICKHAMER, 2004), mas, um contraponto que, na rea administrativa, a maior

    parte das atividades refere-se gerao de informaes, e esse aspecto dificulta a

    identificao de desperdcios (OLIVEIRA, 2007).

    Ainda assim, Engle (2012) aponta que a abordagem lean pode ter sucesso no ambiente

    administrativo, mas, para isso, so necessrias pessoas responsveis pela implantao que

    sejam treinadas, e equipes dispostas a assumirem o compromisso para atingir melhorias. O

    Lean Office possibilita a reduo do desperdcio da superproduo de documentos impressos,

    a reduo do tempo de prestao de servios, a restrio do movimento excessivo de pessoas

    entre reparties, a melhoria do uso de recursos humanos subutilizados, a reduo dos nveis

    5 ANTONIOLLI, P. D.; CARLOS R. C. L. Princpios Lean Office em gerenciamento de projetos com base

    no PMBOK - estudo de caso. In: XVII SIMPEP (Simpsio de Engenharia de Produo): Bauru, 2010.

  • P g i n a | 26

    hierrquicos e a minimizao dos custos de armazenamento de documentos (SCALERA,

    2012).

    3.3 OS DESPERDCIOS PARA O OFFICE

    Segundo Seraphim, Silva e Agostinho (2010), os sete desperdcios, normalmente

    identificados no ambiente fabril, podem ser localizados no ambiente administrativo, mas a

    identificao de desperdcios no escritrio pode ser relativamente mais difcil, devido

    natureza intangvel do fator informao, de acordo com Oliveira (2007). H diversos tipos de

    desperdcios listados por vrios autores com base na literatura.

    Lareau (2002) indica a existncia de dois tipos de desperdcios: desperdcios de

    superfcie e desperdcios de liderana. No Quadro 3, so apresentados e descritos os

    desperdcios do ambiente administrativo, segundo Lareau (2002), considerando-se, tambm,

    as descries realizadas por Almeida (2009) e por Oliveira (2007).

  • P g i n a | 27

    Quadro 3 - Desperdcios de superfcie e desperdcios de liderana

    Desperdcios de superfcie

    Desperdcios de pessoas As organizaes no conseguem aproveitar o potencial que reside

    em todos os grupos de trabalho.

    Desperdcio de alinhamento de

    objetivos

    O esforo despendido pelas pessoas que trabalham com objetivos

    desalinhados e o esforo requerido para corrigir o problema e produzir

    um resultado satisfatrio.

    Desperdcio de atribuio O esforo usado para completar uma tarefa desnecessria ou

    inapropriada.

    Desperdcio de espera Os recursos perdidos quando uma pessoa aguarda por informaes,

    reunies, assinaturas, retornos, cpias ou conserto de computador.

    Desperdcio de movimentao Toda a movimentao que no agrega valor.

    Desperdcio de processamento Qualquer trabalho no desempenhado idealmente.

    Desperdcios de processos

    Surgem durante a execuo de processos de negcios como

    resultado do desenho de processos e das deficincias na sua

    execuo.

    Desperdcio de controle

    Energia usada para supervisionar e monitorar o trabalho de outras

    pessoas para assegurar-se de que elas esto executando a sua funo da

    maneira esperada, sem quaisquer melhorias sustentveis de longo-

    prazo geradas pela superviso e monitoramento.

    Desperdcio de variabilidade Os recursos despendidos para compensar erros de variabilidade no

    tempo de realizao de processos atrasados.

    Desperdcio de alterao

    O esforo de arbitrariamente mudar um processo, sem o entendimento

    de todos os seus efeitos, e de compensar ou corrigir consequncias

    inesperadas da mudana.

    Desperdcio estratgico

    O valor perdido como resultado do emprego de processos que

    satisfaam objetivos de curto-prazo e as necessidades dos clientes

    internos, no se atentando para as necessidades dos stakeholders.

    Desperdcio de confiabilidade O esforo necessrio para realizar a correo de resultados

    imprevisveis, devido a causas desconhecidas.

    Desperdcio de padronizao A energia desperdiada, porque o trabalho no feito da melhor

    maneira por todos os seus responsveis.

    Desperdcio de subotimizao Os processos competem entre si e geram um resultado subtimo.

    Desperdcio de programao Os recursos so desperdiados devido m programao das

    atividades.

    Desperdcio de soluo

    alternativa

    Os recursos usados para criar e manter processos informais que

    substituem os processos oficiais ou que se confundem com outros

    processos informais, e tambm os recursos utilizados para corrigir os

    erros causados por este sistema.

    Desperdcio de fluxo desigual

    Os recursos investidos em material ou informao que se acumula

    entre as estaes de trabalho (passa por perodos de espera at o

    processamento).

    Desperdcio de verificao O esforo usado para inspeo e retrabalho.

    Desperdcio de erro Os recursos empregados para realizar novamente o trabalho que no

    pde ser aproveitado devido a um erro.

  • P g i n a | 28

    Desperdcios de informao A perda de valor causada pela no otimizao da informao.

    Desperdcio de traduo O esforo necessrio para alterar dados, formatos e relatrios entre as

    etapas de processos ou donos de processos.

    Desperdcio por perda de

    informao

    Os recursos necessrios para reparar as consequncias ou completar a

    falta de uma informao-chave.

    Desperdcio de hand-off O esforo necessrio para transferir informaes ou materiais

    internamente organizao, que no esto completamente integrados

    cadeia de processos executados.

    Desperdcio de irrelevncia O esforo aplicado para lidar com informaes desnecessrias ou

    necessrio para corrigir os problemas que isso pode vir a gerar.

    Desperdcio da falta de

    acurcia

    O esforo usado para criar informaes incorretas ou para lidar com

    suas consequncias.

    Desperdcio de ativos Utilizao no otimizada de materiais e bens.

    Desperdcio de inventrio

    Os recursos aplicados antes do servio ser solicitado, os materiais que

    no esto em uso e os materiais prontos para entrega que permanecem

    em espera.

    Desperdcio de estoque em

    processo Os recursos que esperam para serem processados na etapa seguinte.

    Desperdcio de ativo fixo Os equipamentos e prdios no usados de forma maximizada.

    Desperdcio de transporte O transporte de materiais e de informaes, exceto aqueles utilizados

    para entregar valor aos clientes.

    Desperdcios de liderana

    Desperdcio de foco A energia e a ateno de um funcionrio no se focam nos objetivos

    crticos da organizao.

    Desperdcio de estrutura

    Os comportamentos, as expectativas, os procedimentos, os rituais, os

    regulamentos, os cargos e as prioridades no so reforados para a

    reduo de desperdcios e h diferena entre a estrutura organizacional

    da empresa e os elementos fundamentais das organizaes de classe

    mundial.

    Desperdcio de disciplina

    (alinhamento entre atividades

    planejadas e executadas)

    Os esforos necessrios para corrigir as falhas criadas atravs da

    negligncia ou da deteriorao de processos.

    Desperdcio de propriedade

    (controle sobre o prprio

    trabalho)

    O desperdcio da oportunidade de melhorar o sentimento de controle

    sobre o trabalho por parte do colaborador direto.

    Elaborao prpria, adaptado de: Lareau (2002); Almeida (2009); e Oliveira (2007)

    Aps verificar os tipos de desperdcios, coerente ressaltar que o esforo para a sua a

    reduo dentro dos escritrios no to simples e nem to bvio, mas com empenho e

    dedicao na aplicao de mtodos, fica claro que os resultados podem ser positivos,

    devendo-se, para tanto, focar a empresa como um todo e os funcionrios continuamente

    cultivar o ambiente de melhoria contnua, segundo Oliveira (2007).

  • P g i n a | 29

    3.4 MTODO, MODELOS, CONCEITOS E FERRAMENTAS PARA A TRANSFORMAO DO

    OFFICE

    A transformao de processos administrativos em processos enxutos j tratada pelas

    organizaes, mas a transferncia dessa mudana, advinda da manufatura, para o ambiente

    administrativo no simples e h poucos relatos de experincias da aplicao dessa

    abordagem neste ambiente (SERAPHIM; SILVA; AGOSTINHO, 2010 e OLIVEIRA, 2007).

    Um dos estudos mais importantes para o entendimento da implantao do escritrio

    enxuto, desenvolvido por Tapping e Shuker (2003), prope o Value Stream Management for

    the Lean Office, que se constitui de oito passos para a implantao de Lean Office. Tapping e

    Shuker (2003) orientam e clareiam a implantao do escritrio enxuto, atravs de uma

    metodologia, que integra modelos, conceitos e ferramentas. A seguir, so descritos cada um

    dos passos propostos por Tapping e Shuker (2003):

    1. Comprometer-se com a mudana: constitui-se de comunicao, permisso

    experimentao e flexibilidade na aplicao de ferramentas, sendo essencial a

    aquisio de apoio da alta administrao para a realizao da mudana.

    2. Escolher o fluxo de valor: constitui-se da escolha do fluxo de valor e, para tanto, no

    se deve realizar a melhoria dos processos individualmente sem a completa viso do

    fluxo de valor. Primeiramente, o fluxo de valor deve ser compreendido, um plano de

    melhoria deve ser criado e, por fim, os processos devem ser melhorados em relao ao

    fluxo de valor e com base no plano de melhoria.

    3. Aprender sobre lean: os conceitos e termos associados mentalidade enxuta devem

    ser bem entendidos, antes do mapeamento do estado atual, da identificao de medidas

    de desempenho e do mapeamento do estado futuro. Para tanto, deve haver treinamento

    e a criao de um plano de aprendizagem.

    4. Mapear o estado atual: este passo exige a compreenso sobre os conceitos e

    ferramentas de Lean Office como pr-requisito proveniente do passo anterior para

    expor as unidades de fluxo de trabalho e de informao atravs do uso de um conjunto

    de smbolos e cones.

    5. Identificar medidas de desempenho lean: este passo exige a determinao de mtricas

    que ajudaro a atingir os objetivos da mentalidade enxuta, promovendo a melhoria

    contnua e a eliminao de desperdcios.

  • P g i n a | 30

    6. Mapear o estado futuro: este passo exige a identificao de todas as ferramentas da

    mentalidade enxuta, incluindo trs fases: a fase de entendimento da demanda do

    cliente, a fase de implantao do fluxo contnuo para que o valor desejado pelo cliente

    seja estabelecido, e a fase de nivelamento (distribuir igualmente o trabalho). O

    mapeamento do estado futuro dever indicar onde sero usadas as ferramentas lean.

    7. Criar planos de Kaizen: este passo no exige a criao de um mapa de estado futuro

    impecvel ou de planos de Kaizen perfeitos, mas exige que o plano seja bom o

    suficiente para ser iniciado. Diversas modificaes sero realizadas neste passo, sendo

    seu objetivo realizar uma chamada para a ao, desenvolvendo um ordenado plano de

    Kaizen.

    8. Implantar planos de Kaizen: significa a execuo, seguindo as trs seguintes fases:

    preparao (realizada no stimo passo), implantao e acompanhamento dos planos de

    Kaizen.

    Para apoiar estes passos, percebe-se que relevante compreender a importncia da

    modelagem de processos, uma vez que necessrio o mapeamento de processos do estado

    atual e do estado futuro. Segundo ABPMP (2009, p. 26), a modelagem de processos

    inclui um conjunto fundamental de habilidades e processos que permitem s

    pessoas compreenderem, comunicarem, avaliarem e administrarem os

    principais componentes dos processos de negcio. A rea de conhecimento

    de modelagem de processos fornece uma viso geral dessas habilidades,

    atividades e principais definies, juntamente com uma compreenso da

    finalidade e dos benefcios da modelagem de processos, uma discusso dos

    tipos e usos dos modelos de processos, tcnicas, ferramentas e padres de

    modelagem.

    Neste momento, como sustento modelagem de processos, vlido ressaltar a

    importncia da orientao para processos, que surgiu em consonncia reduo da fora de

    estruturas organizacionais funcionais e reala a melhoria da cadeia de valor (REIJERS, 2006).

    Barros Neto e Nobre (2009) afirmam que a melhoria dos processos necessria s empresas

    para elevar o seu nvel de competitividade no mercado. O processo, segundo Albuquerque e

    Rocha (2007), um conjunto lgico de atividades que transforma entradas em sadas e os

    processos de negcio, segundo Davenport (2005), o modo como uma companhia promove

    seus objetivos organizacionais. De acordo McCormack et al. (2009), ao evoluir na gesto por

    processos a organizao garante melhor controle de resultados, melhor previso de metas,

  • P g i n a | 31

    melhor previso de custos, melhor previso de desempenho, maiores ganhos em eficincia e

    melhor gerenciamento de sua capacidade de inovar.

    Alm dos passos para a implantao do escritrio enxuto e da importncia da

    modelagem de processos e da orientao para processos verificados, o livro escrito por

    Tapping e Shuker (2003) mostra como preparar a estratgia de implantao da abordagem

    enxuta, por meio do uso de alguns modelos, conceitos e ferramentas j consolidados na

    produo enxuta, tais quais: sistema 5S, Takt Time, FIFO, Heijunka, Kanban, Metodologia

    A3, Mapa de Fluxo de Valor e Fluxo Contnuo, descritos a seguir, segundo Tapping e Shuker

    (2003), Kimsey (2010), Sobek e Jimmerson (2004) e Rother e Shook (2003).

    Sistema 5S: processo de melhoria, sumarizado em cinco palavras japonesas que tm

    como inicial comum, a letra S, para criar um ambiente de trabalho que dever

    satisfazer critrios de controle visual e enxutos. Atravs desta ferramenta, devem-se

    classificar os componentes de um local de trabalho e remover os itens desnecessrios

    (podem ser livros, arquivos, ferramentas, entre outros); ordenar os itens necessrios

    para que haja um acesso fcil e eficiente aos mesmos; manter a limpeza do local de

    trabalho; padronizar, por meio da criao de diretrizes para a manuteno da

    organizao, da ordem e da limpeza, tornando os padres bvios; e sustentar, o que

    envolve a educao e a comunicao para garantir que todos seguiro os padres

    estabelecidos atravs do sistema 5S. Este sistema aborda as seguintes questes do

    escritrio: quanto tempo gasto para realizar o seu trabalho, hoje?, quanto tempo

    foi gasto buscando informaes, arquivos e outros?, quanto tempo foi gasto andando

    para obter impresses, fax, arquivos, entre outros?, quanto de papel gasto no seu

    escritrio? e h erros cometidos devido a informaes obsoletas ou inapropriadas?.

    Takt Time: o ritmo de demanda do cliente que pode ser calculado atravs da relao

    entre o tempo de operao disponvel e a quantidade total de tempo requerida pelo

    cliente, assim, determinando quo rpido um processo precisa ser para atender

    demanda do cliente.

    FIFO: significa First In, First Out e se trata de um modelo de controle de trabalho

    aplicado com o intuito de garantir que o trabalho mais antigo, chamado de first in, seja

    o primeiro a ser processado (first out). uma prtica interessante para o ambiente

    administrativo, pois nos processos administrativos provvel que haja diferenas em

    cada trabalho, incluindo requisitos de tempo alocados sobre eles.

    Heijunka: balanceamento da carga de trabalho a ser realizada no perodo equivalente a

    um dia com a capacidade de completar o trabalho, sendo que esse sistema possibilita a

  • P g i n a | 32

    distribuio da carga de trabalho em propores pautadas na demanda, fatorando em

    volume e variedade de servios.

    Kanban: sistema criado para a produo enxuta com o intuito de gerenciar o fluxo de

    unidades de trabalho dentro e fora do ambiente de trabalho. Refere-se ao uso de um

    carto de controle de inventrio na estratgia puxada que remete a um modo de

    controle visual que se utiliza de cartes para disparar ao e reabastecimento. capaz

    de reduzir o tempo de fila em at 50% ou mais. No ambiente administrativo, o mais

    importante do uso do Kanban so suas aes de sinalizao, incluindo muitos

    detalhes.

    Metodologia A3: ferramenta nomeada assim, pois um relatrio escrito em papel de

    nomenclatura mtrica relativa ao tamanho A3, sendo este o maior tamanho de papel

    que pode caber em uma impressora e ser copiado, e assim, compartilhado com um

    grupo. Funciona como uma orientao organizada para a soluo de problemas, por

    meio de um processo rigoroso, armazenando os problemas deste processo e as

    propostas de melhoria.

    Mapa de Fluxo de Valor: esta ferramenta faz o uso de papel e lpis e ajuda a enxergar

    e a entender o fluxo de material e de informao atravs do fluxo de valor. Ela pode

    ser tanto uma ferramenta de comunicao, quanto uma ferramenta de planejamento de

    negcios ou de gerenciamento do processo de mudana. Suas etapas so: desenho do

    estado atual, desenho do estado futuro, que so aes superpostas, e criao de plano

    de trabalho e implantao, auxiliando no alcance dos princpios da mentalidade

    enxuta.

    Fluxo Contnuo: na administrao, JIT ou Fluxo Contnuo a produo de trabalho de

    acordo apenas com o que necessrio, quando necessrio e na quantidade necessria,

    no mais e no menos. As vantagens deste conceito e de suas ferramentas se resumem

    em: menores lead times, reduo do work-in-progress, reduo do tempo de fila,

    habilidades para identificar problemas e corrigi-los, menor frustrao do funcionrio,

    fcil deteco de problemas, entre outros.

    A Figura 2 e o Quadro 4 resumem o mtodo de implantao o escritrio enxuto,

    desenvolvido por Tapping e Shuker (2003), e os modelos, conceitos e ferramentas gerais da

    mentalidade enxuta teis para a implantao de Lean Office, respectivamente.

  • P g i n a | 33

    Figura 2 - Mtodo de implantao do escritrio enxuto

    Elaborao prpria, adaptado de: Tapping e Shuker (2003)

    Almeida (2009) percebeu em seu estudo a versatilidade de aplicao de Lean Office e,

    consequentemente, de seu mtodo, modelos, conceitos e ferramentas gerais, provenientes da

    mentalidade enxuta, no se restringindo apenas ao fluxo de informao do setor industrial,

    mas em seus respectivos casos, a sua aplicao expande-se para o setor hospitalar pblico e

    privado, para o setor de universidades e para os servios do setor pblico, como comprovado

    por Kim et al. (2006), Casey (2007), Radnor et al. (2006), Tischler (2006), Hines, Martins e

    Beale (2008) e Turati e Musetti (2006).

    Implantar planos de Kaizen

    Criar planos de Kaizen

    Mapear o estado futuro

    Identificar medidas de desempenho lean

    Mapear o estado atual

    Aprender sobre lean

    Escolher o fluxo de valor

    Comprometer-se com a mudana

  • P g i n a | 34

    Quadro 4 - Modelos, conceitos e ferramentas gerais da mentalidade enxuta teis para a

    implantao de Lean Office

    Ferramentas Descrio

    Sistema 5S

    Trata-se de um processo de melhoria atravs do qual se classificam os componentes

    de um local de trabalho e removem-se os itens desnecessrios; ordenam-se os itens

    necessrios; mantm-se a limpeza do local de trabalho; gera-se padronizao; e sustentam-se as etapas anteriores.

    Takt Time Trata-se do ritmo de demanda do cliente, calculado atravs da relao entre o

    tempo de operao disponvel e a quantidade total de tempo requerida pelo cliente.

    FIFO Trata-se de um modelo de controle de trabalho aplicado com o intuito de garantir

    que o trabalho mais antigo seja o primeiro a ser processado.

    Heijunka Trata-se do balanceamento da carga de trabalho a ser realizada no perodo

    equivalente a um dia com a capacidade de completar o trabalho.

    Kanban Trata-se de um sistema criado para a produo enxuta com o intuito de gerenciar o fluxo de unidades de trabalho dentro e fora do ambiente de trabalho.

    Metodologia A3

    Trata-se de uma ferramenta organizada para a soluo de problemas, por meio de

    um processo rigoroso, armazenando os problemas deste processo e as propostas de

    melhoria.

    Mapa do Fluxo

    de Valor

    Trata-se de uma ferramenta que ajuda a enxergar e a entender o fluxo de material e

    de informao atravs do fluxo de valor, assumindo o papel de uma ferramenta de

    comunicao, de planejamento, de negcios ou de gerenciamento do processo de

    mudana.

    Fluxo Contnuo Trata-se da produo de trabalho de acordo apenas o que necessrio, quando

    necessrio e na quantidade necessria, no mais e no menos.

    Elaborao prpria, adaptado de: Tapping e Shuker (2003), Kimsey (2010) e Sobek e

    Jimmerson (2004)

    3.5 LEAN OFFICE APLICADO AO SETOR ADMINISTRATIVO PBLICO

    O setor pblico fortemente caracterizado pela presena de processos lentos e

    burocrticos (ANACLETO; ELY; FORCELLINI, 2010). Segundo Turati e Musetti (2006),

    trata-se de um composto de organizaes, que empregam milhares de pessoas, possuem

    como clientes todos os cidados e buscam atender s suas necessidades de educao, sade,

    transporte, habitao, dentre outros.

    Turati e Musetti (2006), ao realizarem um estudo sobre a aplicao de conceitos da

    produo enxuta ampliada para o que chamam de processos administrativos no setor pblico,

    verificaram que Lean Office pode apresentar bons resultados para o setor administrativo

    pblico, que se caracteriza basicamente por uma estrutura funcional frequentemente marcada

    por interrupes, tendo entre seus intentos o aprimoramento do fluxo de trabalho e a

    eliminao de desperdcios de reas administrativas.

  • P g i n a | 35

    Porm, Radnor e Walley (2008) verificaram a existncia de sete barreiras para o

    sucesso da aplicao dos princpios enxutos no setor pblico do Reino Unido, a saber:

    Falta de foco claro no cliente;

    Excesso de procedimentos;

    Pessoas trabalhando isoladamente;

    Excesso de alvos;

    Falta de conscincia de direo estratgica;

    Crena geral de que os funcionrios esto sobrecarregados e so mal pagos; e

    Falta de entendimento dos efeitos de variao, falta de viso sistmica e falta de

    entendimento de fluxo do processo.

    Apesar dessas barreiras, Turati e Musetti (2006) sugeriram que a mentalidade enxuta

    contribui para a qualidade, a reduo de custo e a velocidade dos servios entregues aos

    clientes-cidados ou usurios dos servios promovidos pelo setor pblico.

    3.6 O SURGIMENTO E O PAPEL DA AGNCIA REGULADORA BRASILEIRA

    Segundo Paula (2005a), a Reforma do Aparelho do Estado iniciou-se no Reino Unido

    e nos Estados Unidos, durante os governos de Margareth Thatcher e de Ronald Reagan,

    respectivamente, sendo esta reforma caracterizada basicamente por desregulao, privatizao

    e associao com as prticas gerencialistas. No Brasil, de acordo com a mesma autora, esse

    movimento iniciou-se, de fato, na dcada de 1990, estimulado pela crise do nacional-

    desenvolvimentismo e pela persistncia de aspectos patrimonialistas e autoritaristas do Estado

    brasileiro.

    A reestruturao do Aparelho do Estado brasileiro seguiu as recomendaes indicadas

    pelo Plano Diretor da Reforma do Estado, desenvolvido por Bresser-Pereira (ex-ministro do

    Ministrio da Administrao e Reforma do Estado), e assim, atividades estatais foram

    divididas em: atividades exclusivas do Estado (realizadas pelas secretarias de formulao de

    polticas pblicas, pelas agncias executivas e pelas agncias reguladoras); e atividades no

    exclusivas do Estado (PAULA, 2005a).

    Segundo Paula (2005b), as atividades exclusivas do Estado, que comps junto s

    atividades no exclusivas do Estado a estrutura ps-reforma, associada s atividades de

    legislao, regulao, fiscalizao, fomento e formulao de polticas pblicas, as quais

    pertencem ao chamado ncleo estratgico do Estado e so realizadas pelas secretarias

  • P g i n a | 36

    formuladoras de polticas pblicas, associadas aos ministrios; pelas agncias executivas,

    associadas prestao de servios e execuo de atividades de natureza estatal; e pelas

    agncias reguladoras, focos deste estudo. Estas so responsveis pelas empresas pblicas e

    realizam atividades de regulamentao e regulao da prestao de servios pblicos,

    tambm, pelo setor privado (PAULA, 2005b).

    Complementarmente ao conceito apresentado na frase anterior, as agncias

    reguladoras so entidades autrquicas que abrangem as funes normativa, administrativa e

    jurisdicional (MOTTA, 2003). Em 1996, houve o estabelecimento da legislao brasileira

    relativa Reforma do Estado e, na esfera federal, foram criadas as agncias reguladoras.

    Atualmente, existem dez agncias reguladoras no Brasil. Elas foram criadas como rgos

    independentes, de acordo com Nunes, Ribeiro e Peixoto (2007) e o seu papel limita-se ao

    estabelecimento de regras apropriadas prestao de servios de natureza pblica para regular

    a atividade econmica e proteger o interesse coletivo (SANTOS, 2010).

    O presente estudo se deu com a participao de uma agncia reguladora brasileira

    sede, especificamente, em uma de suas superintendncias relacionadas a normas e

    regulamentos.

  • P g i n a | 37

    4. METODOLOGIA DE PESQUISA

    Nesta seo, h uma classificao do estudo, a definio do caso a ser estudado e a

    definio dos aspectos de levantamento e a anlise de dados.

    4.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA

    O presente estudo trata-se de uma pesquisa aplicada, pois tem o objetivo de gerar

    conhecimentos para aplicao prtica e dirigidos soluo de problemas especficos (SILVA

    e MENEZES, 2000, p. 20); de uma pesquisa qualitativa, pois considera que h uma relao

    dinmica entre o mundo real e o sujeito (...) e a subjetividade do sujeito que no pode ser

    traduzida em nmeros (SILVA; MENEZES, 2005, p. 20); e de um estudo de caso, pois

    caminha para um estudo profundo e exaustivo de um objeto de maneira que se permita o

    seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 1991 apud SILVA; MENEZES, 2005, p. 21 e

    22).

    luz do estudo de Yin (2001), quando se questiona o como ou o por que dos

    fenmenos, o estudo de caso o mais indicado entre os demais mtodos. Neste estudo,

    procurou-se analisar como o planejamento da aplicao de Lean Office em uma agncia

    reguladora brasileira. Sendo o estudo de caso a estratgia de pesquisa adotada para este

    trabalho, ressaltam-se as seis fontes de evidncia, segundo Yin (2001), sendo elas:

    documentos, registros em arquivos, observao direta, entrevistas, observao participante e

    artefatos fsicos. O presente estudo adotou como fontes de evidncia a entrevista, os

    documentos e os registros em arquivos. A entrevista foi realizada com o gerente tcnico

    responsvel pelo planejamento e implantao de Lean Office na agncia e os documentos e

    registros em arquivos foram apresentados por ele tambm.

    O entrevistado ocupa a funo de gerente tcnico na rea de Gerncia Tcnica de

    Processos Internos da superintendncia alvo, relacionada a normatizao e regulao. Ele

    trabalha na agncia h aproximadamente trs anos e se estabeleceu, recentemente, no cargo de

    gerente tcnico. Em relao a este cargo, o entrevistado responsvel pela percepo da

    necessidade de se conhecer e gerenciar os processos, pela iniciativa de criao da rea e pela

    disseminao dos conceitos de escritrio enxuto, assumindo responsabilidade completa em

    relao ao planejamento e aplicao de Lean Office na superintendncia. Ele tem experincia

    em relao ao tema, desde que entrou no mercado de trabalho, tendo trabalhado na aplicao

  • P g i n a | 38

    dos conceitos da mentalidade enxuta em uma empresa de grande porte do ramo de

    eletrodomsticos e, posteriormente, em duas empresas de consultoria, nas quais coordenou e

    gerenciou diversos projetos. Alm disso, quanto sua titulao, ele mestre em Engenharia

    de Produo com nfase em Produo Enxuta e Lean Office.

    4.2 DEFINIO DO CASO A SER ESTUDADO

    Para definir o caso a ser estudado, aps verificar a versatilidade de aplicao de Lean

    Office e sua aplicabilidade aos servios realizados pelo setor pblico, por meio do

    levantamento bibliogrfico, foram considerados casos de agncias reguladoras que se

    encontravam em fase de planejamento da aplicao de Lean Office em alguma de suas reas,

    sendo um contexto pouco explorado pela literatura de Lean Office, como mencionado. A

    agncia reguladora selecionada para o estudo de caso ser denominada Agncia A e uma de

    suas superintendncias finalsticas, por meio de sua gerncia tcnica, empenhou-se no

    planejamento da aplicao do escritrio enxuto. Assim, foi possvel acompanhar um

    planejamento de implantao do escritrio enxuto em uma superintendncia de uma agncia

    reguladora brasileira, atravs das fontes de evidncia mencionadas.

    4.3 LEVANTAMENTO E ANLISE DE DADOS

    De acordo com Churchill Jr. e Peter (2000), os dados primrios so coletados

    especialmente para o propsito de uma investigao, sendo retirados da amostra para realizar

    uma inferncia estatstica. Os dados secundrios, segundo os mesmos autores, so

    provenientes de fontes estruturadas de investigaes realizadas com outros propsitos. Neste

    trabalho, para que fosse possvel desenvolver os objetivos especficos definidos foram usados

    dados secundrios, obtidos atravs da reviso da literatura, e dados primrios, obtidos atravs

    do estudo de caso.

    O levantamento de dados primrios foi pautado em um roteiro de pesquisa que

    desdobrou os objetivos especficos, sustentados por proposies embasadas na reviso da

    literatura, em proposies de estudo de caso. Para verificar a veracidade das proposies de

    estudo de caso, estas foram transformadas em perguntas estruturadas para coleta de dados

    primrios, conforme pode ser visualizado no Quadro 5. Outras perguntas importantes para o

    entendimento do caso foram anexadas ao formulrio de perguntas para entrevista (vide

  • P g i n a | 39

    Apndice A). Isso possibilitou nortear no s a entrevista, como o acesso a documentos e

    registros em arquivos.

    Quadro 5 - Roteiro de pesquisa

    Objetivos

    especficos

    Levantamentos

    bibliogrficos

    Proposies de estudo

    de caso Perguntas estruturadas

    Ob

    jeti

    vo e

    spec

    fic

    o 1

    6

    O valor pode ser determinado apenas pelo cliente final

    (WOMACK; JONES, 2004) e

    envolve a determinao do

    nvel de customizao exigido

    pelo cliente final (ABDI;

    SHAVARINI; HOSEINI,

    2006).

    O planejamento do escritrio enxuto prev a

    determinao de valor

    para os usurios dos

    servios regulados e do

    nvel de customizao

    exigido por eles.

    Como planejada a

    determinao de valor para

    o usurio?

    J existem esforos postos

    em prtica para a realizao

    deste princpio?

    O fluxo de valor deve ser

    identificado para todos os

    processos da empresa

    (WOMACK; JONES, 2004).

    O planejamento do

    escritrio enxuto prev a

    identificao de todos os

    processos da rea.

    Como planejada a

    identificao do fluxo de

    valor?

    J existem esforos postos

    em prtica para a realizao

    deste princpio?

    Para estabelecer o fluxo

    contnuo, devem-se ignorar os

    limites das unidades

    departamentais e repensar

    prticas e ferramentas

    (WOMACK; JONES, 2004).

    O planejamento do

    escritrio enxuto prev o

    estabelecimento do fluxo

    contnuo e, para isso,

    ignora os limites das

    unidades departamentais

    e repensa prticas e

    ferramentas.

    Como planejado o estabelecimento do fluxo

    contnuo?

    Como a equipe responsvel

    lida com os limites

    departamentais?

    Prticas e ferramentas so

    repensadas para a aplicao

    do escritrio enxuto?

    Para manter o fornecimento

    alinhado demanda,

    necessrio prever o

    comportamento de demanda do cliente final (ABDI;

    SHAVARINI; HOSEINI,

    2006).

    O planejamento do

    escritrio enxuto prev o

    comportamento de demanda dos usurios dos

    servios regulados.

    Como planejada a

    previso do comportamento

    de demanda do usurio?

    J existem esforos postos em prtica para a realizao

    deste princpio?

    O estmulo mais importante

    perfeio a transparncia,

    pois todos os membros da rede

    enxuta tm a possibilidade de

    enxergar tudo mais claramente

    e se torna fcil descobrir

    novas maneiras de agregar

    valor (WOMACK; JONES,

    2004).

    O planejamento do

    escritrio enxuto prev a

    manuteno da busca pela

    perfeio.

    Como os princpios

    anteriores sero mantidos

    aps a aplicao do

    escritrio enxuto?

    6 Objetivo especfico 1: verificar como os princpios enxutos so abordados no planejamento da implantao do

    escritrio enxuto.

  • P g i n a | 40

    Objetivos

    especficos Levantamentos bibliogrficos

    Proposies de estudo

    de caso Perguntas estruturadas

    Ob

    jeti

    vo e

    spec

    fic

    o 2

    7

    O comprometimento com a

    mudana constitui-se de

    comunicao, permisso

    experimentao e flexibilidade

    na aplicao de ferramentas,

    sendo essencial o apoio da alta

    administrao (TAPPING;

    SHUCKER, 2003).

    O planejamento do

    escritrio enxuto inclui o

    comprometimento com a

    mudana.

    Como ser estabelecido o

    comprometimento com a

    mudana?

    A escolha do fluxo de valor

    constitui-se da compreenso do

    fluxo de valor, da criao de um plano de melhoria e da melhoria

    dos processos com base no fluxo

    de valor e no plano de melhoria

    (TAPPING; SHUKER, 2003).

    O planejamento do

    escritrio enxuto inclui a escolha do fluxo de

    valor.

    Como ser realizada a

    melhoria dos processos no ambiente administrativo

    dessa rea?

    O aprendizado sobre lean o

    entendimento dos conceitos e

    termos associados mentalidade

    enxuta e, para tanto, deve haver

    treinamento e criao de planos

    de aprendizagem (TAPPING;

    SHUKER, 2003).

    O planejamento do

    escritrio enxuto inclui

    treinamento e criao de

    planos de aprendizagem

    sobre os conceitos e

    termos associados

    mentalidade enxuta.

    H planos de aprendizagem

    sobre a mentalidade

    enxuta?

    Quais sero as formas para

    promover o aprendizado

    sobre os conceitos e termos

    associados mentalidade

    enxuta?

    J existem esforos postos em prtica para a sua

    disseminao?

    O mapeamento do estado atual

    exige o aprendizado sobre lean

    para expor as unidades de fluxo

    de trabalho e as unidades de

    informao, atravs do uso de

    metodologias (TAPPING;

    SHUKER, 2003).

    O planejamento do

    escritrio enxuto inclui o

    mapeamento do estado

    atual.

    Ser realizado um

    mapeamento do estado

    atual? Como?

    Quais metodologias sero

    usadas para realizar esse

    passo?

    A identificao de medidas de

    desempenho lean significa a

    determinao de mtricas para o

    alcance dos objetivos da mentalidade enxuta (TAPPING;

    SHUKER, 2003).

    O planejamento do

    escritrio enxuto inclui a

    identificao das

    medidas de desempenho lean.

    As medidas de desempenho

    foram definidas ou sero

    definidas, nessa fase?

    Como elas foram ou sero definidas?

    O mapeamento do estado futuro

    acontece a partir do

    entendimento da demanda do

    usurio, da implantao do fluxo

    contnuo e do nivelamento da

    carga de trabalho (TAPPING;

    SHUKER, 2003).

    O planejamento do

    escritrio enxuto inclui o

    mapeamento do estado

    futuro.

    Ser realizado um

    mapeamento do estado

    futuro? Como?

    7 Objetivo especfico 2: verificar como os passos definidos para a implantao do escritrio enxuto so

    planejados com base nas seguintes variveis: comprometimento, fluxo de valor, aprendizagem, mapeamento de

    processos, indicadores de desempenho e melhoria contnua.

  • P g i n a | 41

    Objetivos

    especficos Levantamentos bibliogrficos

    Proposies de estudo

    de caso Perguntas estruturadas

    Ob

    jeti

    vo e

    spec

    fic

    o 2

    A criao dos planos de Kaizen

    a preparao para a

    implementao dos planos de

    Kaizen, e inclui diversas

    propostas de modificaes,

    chamando para a ao (TAPPING; SHUKER, 2003).

    O planejamento do

    escritrio enxuto inclui a

    criao de planos de

    Kaizen.

    Sero criados planos de

    Kaizen? Como?

    A implementao dos planos de

    Kaizen ocorre aps sua criao, e

    se resume a implantao e

    acompanhamento (TAPPING;

    SHUKER, 2003).

    O planejamento do

    escritrio enxuto inclui a

    implementao de planos

    de Kaizen.

    Como os planos de kaizen

    sero implantados e

    acompanhados?

    Ob

    jeti

    vo e

    spec

    fic

    o 3

    8 A estratgia de implantao da

    abordagem enxuta inclui a

    utilizao de modelos, conceitos

    e ferramentas, tais quais: 5S,

    Takt Time, FIFO, Heijunka,

    Kanban, Metodologia A3, Mapa

    de Fluxo de Valor e Fluxo

    Contnuo (TAPPING; SHUKER,

    2003).

    O planejamento de

    aplicao do escritrio

    enxuto inclui a definio

    de modelos, conceitos e

    ferramentas para serem

    utilizados na estratgia

    de sua implantao.

    Quais modelos, conceitos

    ou ferramentas foram

    definidos para auxiliar na

    implantao do escritrio

    enxuto?

    Detalhadamente, ressalta-se que o estudo de caso foi realizado em partes. Na primeira

    parte, houve uma conversa inicial com o gerente tcnico para a verificao de alinhamento do

    caso com o objetivo de pesquisa. Secundariamente, documentos sobre o planejamento

    estratgico da Agncia A e sobre suas caractersticas gerais, como misso, viso, valores,

    poltica associada, definida por lei, e organograma (vide Apndice D) foram acessados.

    Adquiridos conhecimentos sobre a agncia, as perguntas de entrevista foram

    elaboradas com base no roteiro de pesquisa e foi respondida at a Parte VI (vide Apndice A),

    em um primeiro momento, como previsto. As dvidas surgidas, no intervalo de uma semana,

    entre o incio e a finalizao da entrevista, foram enviadas via correio eletrnico e mais

    documentos e registros em arquivos foram acessados. Foram disponibilizados, por exemplo,

    um mapa de identificao e cadastro de processos (vide Anexo A), o mapa de demanda de

    melhoria de processos de negcio (vide Anexo B) e modelos de treinamentos e contedos

    sobre conhecimentos importantes para a mudana e sobre a Metodologia A3 (vide Apndice

    B e Apndice C).

    8 Objetivo especfico 3: 3. Identificar os modelos, conceitos e ferramentas, definidos atravs do planejamento,

    que sero utilizados pela agncia reguladora para a implantao do escritrio enxuto.

  • P g i n a | 42

    Aps o relato dos resultados adquiridos at o momento anterior, na semana seguinte, a

    segunda parte do formulrio de perguntas foi respondida, e finalmente, os resultados foram

    completamente relatados e, em seguida, analisados. Vale ressaltar que o conjunto de

    resultados e anlises foi validado pelo entrevistado, o gerente tcnico da superintendncia

    alvo do planejamento, garantindo alta confiabilidade para o presente trabalho. Os

    procedimentos de estudo de caso realizados so apresentados na Figura 3.

    Figura 3 - Procedimentos detalhados de estudo de caso

    Semana 1 - 16 a 22 de setembro Conversa inicial sobre a convenincia do caso

    Semana 1 - 16 a 22 de setembro Acesso a documentos de caracterizao da agncia

    Semana 2 - 23 a 29 de setembro Elaborao da entrevista

    Semana 2 - 23 a 30 de setembro Realizao da primeira parte da entrevista

    Semana 3 - 30 de setembro a 6 de outubro Soluo de dvidas via correio eletrnico

    Semana 3 - 07 a 13 de outubro Acesso a documentos e registros em arquivos

    Semana 3 - 07 a 13 de outubro Relato de resultados e anlises

    Semana 4 - 14 a 20 de outubro Realizao da segunda parte da entrevista

    Semana 5 - 21 a 27 de outubro Relato de resultados e anlises

    Semana 6 - 28 de outubro a 3 de novembro Validao dos resultados e anlises pelo gerente tcnico

  • P g i n a | 43

    5. RESULTADOS E ANLISES

    Neste tpico, so apresentados os resultados obtidos por meio dos procedimentos

    metodolgicos, determinados na seo anterior, e as anlises convenientes sobre tais

    resultados.

    5.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO

    Esta seo traz os resultados adquiridos atravs das fontes de evidncia indicadas. O

    primeiro subitem realiza uma descrio da agncia reguladora, que no pde ter seu nome

    identificado, e uma descrio da superintendncia alvo deste estudo. Trata-se de uma forma

    de caracterizar a agncia de modo mais especfico, beneficiando o estudo, em relao ao que

    foi apresentado at o momento, sem, no entanto, revelar a sua identidade, e de especificar

    alguns aspectos da rea alvo do estudo. Em seguida, os resultados sobre o planejamento de

    implantao do escritrio enxuto foram, tambm, apresentados.

    5.1.1 CARACTERIZAO DA AGNCIA REGULADORA E DA SUPERINTENDNCIA ALVO

    Segundo dados adquiridos atravs da entrevista e por meio de documentos e registros

    em arquivos, como agncia reguladora independente, os atos administrativos relativos

    Agncia A visam a manter a continuidade na prestao de um servio pblico de mbito

    nacional; zelar pelo interesse dos usurios; e cumprir a legislao pertinente ao sistema por

    ela regulado.

    A fim de atender a essas e outras metas, sua estrutura organizacional foi arquitetada

    segundo o modelo funcional, sendo que suas reas, denominadas superintendncias, e suas

    funes so bem definidas. Trata-se de uma estrutura bastante hierarquizada, formada por

    cinco nveis hierrquicos, sendo o nvel mais alto formado pela diretoria, que possui carter

    deliberativo e decisrio, e os demais nveis, do mais ao menos elevado, superintendncia,

    gerncia, gerncia tcnica e coordenadoria, que tm carter executivo.

    Quanto ao gerenciamento de processos, este realizado de modo distinto entre as

    prprias superintendncias da agncia. Os esforos para a gesto de processos e as linguagens

    de modelagem de processos so descoordenados e no h garantia de que todas as

    superintendncias tenham os seus processos mapeados. Assim tambm, as iniciativas de

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    mapeamento de processos na agncia so assncronas e espordicas e ocorrem atravs de

    instncias superiores, como a diretoria, dos trabalhos de consultores contratados ou da

    auditoria interna. Entretanto, essas iniciativas no garantem o conhecimento e o

    gerenciamento dos processos no longo prazo.

    A superintendncia alvo deste estudo a mais metdica e avanada em relao s

    demais quanto ao gerenciamento de processos, sendo ela a nica que possui uma gerncia

    tcnica dedicada a isso. A superintendncia exerce funes principais ou finalsticas dentro da

    agncia. A gerncia tcnica responsvel pelo mapeamento desta superintendncia, por sua

    vez, uma rea interna dedicada somente a essa atividade e, portanto, tem funo de apoio.

    Dentro da superintendncia trabalham cerca de 120 funcionrios e dentro da gerncia tcnica

    trabalham seis funcionrios.

    Ressalta-se que o que se busca nessa superintendncia no a orientao para

    processos, mas sim o reconhecimento de que a identificao dos processos etapa necessria

    para controlar e planejar o trabalho da organizao. Atravs da identificao e da criao de

    mtricas para medir o fluxo, atrelam-se a avaliao das propostas de mudana nos

    procedimentos de trabalho, o planejamento de capacitao e a conformidade com as diretrizes

    da superintendncia. O papel da gerncia tcnica para esta superintendncia se confunde com

    o papel do escritrio enxuto.

    5.1.2 PLANEJAMENTO DE APLICAO DO ESCRITRIO ENXUTO

    Esta seo resume como se deu a deciso por aplicar o Lean Office e como se

    constituiu a equipe responsvel da gerncia tcnica. Logo, os resultados relativos aderncia

    dos princpios de Lean Thinking ao planejamento de aplicao de Lean Office e como os

    mesmos sero aplicados, nesta superintendncia, foram expostos. A indicao do mtodo, dos

    modelos, conceitos e ferramentas a serem aplicados, segundo o planejamento, realizada em

    seguida.

    5.1.2.1 Deciso e formao da equipe responsvel

    A deciso de aplicao de Lean Office em uma superintendncia finalstica da Agncia

    A se deu por influncia do entrevistado, que possui experincia no tema. Quando surgiu a

    oportunidade de o mesmo chefiar uma rea relacionada a processos, decidiu-se que os

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    conceitos de gesto e melhoria de processos, assim como da gesto da mudana, basear-se-

    iam nos conceitos de escritrio enxuto.

    Assim, foi criada uma gerncia tcnica destinada a essas determinaes,

    especificamente, com o propsito de identificar os processos da superintendncia e de

    melhor-los, a fim de garantir o alcance dos resultados pretendidos em um perodo de tempo

    menor e com menores custos, gerando menos retrabalho (isso inclui a reduo ou a

    eliminao de desperdcios no ambiente administrativo da superintendncia).

    Desde que o propsito e a gerncia destinada a execut-lo (comunicao do

    entrevistado sobre a criao da gerncia tcnica e de sua responsabilidade) foram

    estabelecidos, o planejamento de aplicao do escritrio enxuto foi iniciado. A partir disso,

    constituiu-se uma equipe responsvel para a gerncia recm-formada. Como se trata de uma

    rea nova, o entrevistado teve a oportunidade de criar a sua prpria equipe, sem a necessidade

    de herdar uma gerncia j constituda. Com isso, foram selecionadas pessoas da prpria

    agncia, advindas ou no de outras superintendncias ou mesmo unidades, e uma delas

    proveniente da universidade. O perfil desejvel era pessoas com boa inteligncia analtica e

    focadas para o resultado. A gerncia foi formada por seis pessoas, sendo quatro engenheiros,

    um contador e um estagirio da rea de informtica. Formada a equipe da gerncia tcnica, ao

    longo do planejamento, treinamentos e reunies de exposio de conhecimentos relacionados

    ao tema lean esto sendo realizados, para garantir o apoio necessrio equipe responsvel.

    Eles continuaro a ser realizados aps o planejamento.

    O planejamento encontra-se em sua finalizao e os resultados, descritos a seguir,

    referem-se ao tratamento dos desperdcios, ao alinhamento do planejamento com os princpios

    da mentalidade enxuta e ao mtodo de implantao, aos modelos, conceitos e ferramentas

    determinados no planejamento.

    O Quadro 6 resume os resultados gerais sobre a agncia reguladora, a

    superintendncia e a gerncia tcnica, como forma de facilitao da compreenso dos

    resultados de estudo de caso, verificados at o momento, por meio da tcnica de retomada

    desses resultados.

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    Quadro 6 - Resumo dos resultados

    Foco Resultados

    Agncia A Possui estrutura organizacional funcional e hierarquizada

    Possui baixo nvel de orientao para processos

    Superintendncia Possui maior nvel de orientao para processos em relao s demais reas

    Gerncia tcnica

    Possui o propsito de implantar o escritrio enxuto para melhorar os processos do

    ambiente administrativo

    Possui uma equipe diversificada formada por pessoas voltadas para resultados

    Realiza treinamentos e reunies de exposio de conhecimentos de apoio

    5.1.2.2 Tratamento dos desperdcios no planejamento

    Alguns tipos de desperdcios so tratados com prioridade no planejamento do

    escritrio enxuto da superintendncia. De acordo com a entrevista, o desperdcio de estoque

    em processo, que significa a informao parada esperando ser processada um desperdcio de

    s