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UNIVERSIDADE DE SO PAULO
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE DE
RIBEIRO PRETO
O planejamento da implantao de Lean Office na administrao
pblica: estudo de caso em uma agncia reguladora brasileira
Juliana Pascualote Lemos de Almeida
ORIENTADORA: Professora Simone Vasconcelos Ribeiro Galina
Ribeiro Preto
2012
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JULIANA PASCUALOTE LEMOS DE ALMEIDA
O planejamento da implantao de Lean Office na administrao
pblica: estudo de caso em uma agncia reguladora brasileira
Trabalho de Concluso de Curso
apresentado Faculdade de Economia,
Administrao e Contabilidade da
Universidade de So Paulo como parte
dos requisitos para obteno de ttulo de
Bacharel em Administrao.
rea de concentrao:
Produo enxuta
Orientadora: Prof. Dra.
Simone Vasconcelos Ribeiro Galina
Ribeiro Preto
2012
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Autorizo a reproduo e divulgao total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrnico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Almeida, Juliana Pascualote Lemos de
O planejamento da implantao de Lean Office na
administrao pblica: estudo de caso em uma agncia
reguladora brasileira. Ribeiro Preto, 2012.
69 p. : il.
Trabalho de Concluso de Curso, apresentado Faculdade de
Economia, Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto/USP.
rea de concentrao: Produo enxuta.
Orientadora: Galina, Simone Vasconcelos Ribeiro.
1. Mentalidade enxuta. 2. Escritrio enxuto. 3. Agncia reguladora brasileira.
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Nome: ALMEIDA, Juliana Pascualote Lemos de
Ttulo: O planejamento da implantao de Lean Office na administrao pblica: estudo de
caso em uma agncia reguladora brasileira
Trabalho de Concluso de Curso apresentado
Faculdade de Economia, Administrao e
Contabilidade da Universidade de So Paulo
como parte dos requisitos para obteno de
ttulo de Bacharel em Administrao.
Aprovada em: ____/____/____
Banca examinadora
Prof. (a) Dr. (a): _____________________________________________________________
Instituio: _____________________________ Assinatura: __________________________
Prof. (a) Dr. (a): _____________________________________________________________
Instituio: _____________________________ Assinatura: __________________________
Prof. (a) Dr. (a): _____________________________________________________________
Instituio: _____________________________ Assinatura: __________________________
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Aos meus pais, ao meu esposo e aos meus
professores e orientadores que muito me
incentivaram.
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RESUMO
ALMEIDA, J. P. L. de. O planejamento da implantao de Lean Office na administrao
pblica: estudo de caso em uma agncia reguladora brasileira. 2012. 69 f. Monografia
(Graduao) - Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto,
Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2012.
A mentalidade enxuta aplicada a processos administrativos no uma novidade para a
literatura. Porm, o planejamento de implantao de Lean Office um tema pouco
abordado em artigos cientficos, principalmente aplicada ao setor pblico brasileiro.
Este trabalho tem como problema de pesquisa a verificao da presena de
particularidades ou especificidades no planejamento da aplicao de Lean Office nos
servios de natureza pblica, e seus objetivos so: analisar como ocorre o
planejamento da implantao do escritrio enxuto numa agncia reguladora brasileira
e investigar os ajustes necessrios para sua implantao. Para tanto, o mtodo utilizado
foi o estudo de caso, pautando-se em trs fontes de evidncia: a entrevista, os
documentos e os registros em arquivo. A partir das anlises e dos resultados
adquiridos, possvel constatar algumas adequaes realizadas, nesse caso, para
superar as particularidades existentes em rgos pblicos federais como esse,
relevantes ao planejamento de implantao de Lean Office.
Palavras-chave: Mentalidade enxuta. Escritrio enxuto. Agncia reguladora brasileira.
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ABSTRACT
ALMEIDA, J. P. L. de. The Lean Office implementation planning in the public
administration: a case study of a Brazilian regulatory agency. 2012. 69 f. Monografia
(Graduao) - Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto,
Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2012.
The Lean Thinking applied to management processes is not new in literature.
However, Lean Office implementation planning is a subject rarely discussed in
scientific papers especially in the case of Brazilian public sector. The research problem
of this work is to verify the presence of features or peculiarities in the planning of
Lean Office implementation in the public sector. Its objectives are to analyze how is a
Lean Office implementation planning in the case of a Brazilian regulatory agency, and
to investigate the necessary adjustments for its implementation. Therefore, the method
used was the case study, based on three sources of evidence: interviews, documents
and records on file. From the analyses and the results obtained, it is possible to observe
some adjustments made to Lean Office implementation planning to overcome the
peculiarities of federal agencies.
Keywords: Lean Thinking. Lean Office. Brazilian regulatory agency.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 - Os conceitos relativos ao Sistema Toyota de Produo......................................... 20
Figura 2 - Mtodo de implantao do escritrio enxuto ........................................................ 33
Figura 3 - Procedimentos detalhados de estudo de caso ........................................................ 42
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Resultado das buscas em bases de dados de artigos cientficos............................ 16
Quadro 2 - Os cinco princpios de Lean Thinking sob a tica de Lean Service ...................... 24
Quadro 3 - Desperdcios de superfcie e desperdcios de liderana ....................................... 27
Quadro 4 - Modelos, conceitos e ferramentas gerais da mentalidade enxuta teis para a
implantao de Lean Office .................................................................................................. 34
Quadro 5 - Roteiro de pesquisa ............................................................................................ 39
Quadro 6 - Resumo dos resultados ....................................................................................... 46
Quadro 7 - A abordagem dos cinco princpios no planejamento do escritrio enxuto ............ 48
Quadro 8 - Planejamento da metodologia de implantao do escritrio enxuto ..................... 54
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LISTA DE SIGLAS
BPM Business Process Management
FCS Fatores Crticos de Sucesso
JIT Just-in-Time
TPS Toyota Production System ou Sistema Toyota de Produo
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SUMRIO
1. Introduo ........................................................................................................... 12
2. Formulao do problema de pesquisa .................................................................. 15
2.1 Justificativa ...................................................................................................... 15
2.2 Objetivos .......................................................................................................... 17
2.2.1 Objetivos especficos .................................................................................. 17
3. Reviso da literatura ............................................................................................ 18
3.1 Lean Thinking ................................................................................................... 18
3.2 Lean Office ....................................................................................................... 25
3.3 Os desperdcios para o office ............................................................................ 26
3.4 Mtodo, modelos, conceitos e ferramentas para a transformao do Office ....... 29
3.5 Lean Office aplicado ao setor administrativo pblico ........................................ 34
3.6 O surgimento e o papel da agncia reguladora brasileira ................................... 35
4. Metodologia de pesquisa ..................................................................................... 37
4.1 Classificao da pesquisa .................................................................................. 37
4.2 Definio do caso a ser estudado ...................................................................... 38
4.3 Levantamento e anlise de dados ...................................................................... 38
5. Resultados e anlises ........................................................................................... 43
5.1 Resultados do estudo de caso ............................................................................ 43
5.1.1 Caracterizao da agncia reguladora e da superintendncia alvo ............... 43
5.1.2 Planejamento de aplicao do escritrio enxuto .......................................... 44
5.2 Anlises ............................................................................................................ 50
6. Concluses finais ................................................................................................ 55
6.1 Limitaes da pesquisa e sugestes para estudos futuros .................................. 56
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Referncias bibliogrficas .......................................................................................... 57
APENDICES ............................................................................................................. 62
ANEXOS .................................................................................................................. 67
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1. INTRODUO
O cenrio competitivo contemporneo marcado por uma aguda recesso
internacional, que indica ntida necessidade de se guiar a competitividade atravs de alguns
Fatores Crticos de Sucesso (FCS), tais quais: minimizao de custos, minimizao de tempo
de processamento, melhoria da qualidade de produtos e servios e flexibilizao
organizacional, de acordo com Scalera (2012). Segundo o mesmo autor, isso d margem
aplicao dos conceitos da mentalidade enxuta, sendo notado, em diversos casos, o
desempenho altamente competitivo de organizaes que adotaram os princpios de Lean
Thinking. Nesse caso, as empresas estenderam os conceitos da manufatura enxuta ou Lean
Production, formando a mentalidade enxuta, de acordo com Salvador e Silva (2012).
O Lean Thinking ou mentalidade enxuta, segundo Arruda e Luna (2006), trata de um
conjunto de ferramentas para tornar as empresas mais competitivas e teve sua origem com o
TPS ou o Toyota Production System (Sistema Toyota de Produo), iniciado no Japo, logo
aps a Segunda Guerra Mundial, na dcada de 1950, na companhia Toyota (GODINHO
FILHO e FERNANDES, 2004). Nesse perodo, a produo japonesa era reduzida e faltavam
recursos, contexto organizacional muito diferente do contexto de empresas como Ford e
General Motors (LIKER, 2005). Por isso, o objetivo de eliminar desperdcios era bastante
relevante para o pas, segundo Godinho Filho e Fernandes (2004).
De acordo com Liker (2005), a Toyota se destacou por sua qualidade e eficincia, pela
primeira vez, na dcada de 1980 e o TPS se tornou um modelo de manufatura competitivo e
agregou, entre outros, os seguintes conceitos: Just-in-Time (JIT), Jidoka, Heijunka,
estabilidade e padronizao de processos e Kaizen, de acordo com Liker e Morgan (2006). Os
gestores optaram por adotar esses novos conceitos e tcnicas com o objetivo de alcanar, entre
outros, resultados operacionais, tais como: maior nvel de qualidade, reduo de custos,
aumento da flexibilidade, reduo da variabilidade e reduo dos tempos (ABDI;
SHAVARINI; HOSEINI, 2006).
Nascido do TPS, o Lean Thinking no facilmente implantado e requer princpios a
serem seguidos, de acordo com Womack e Jones1 (2004). Eles elaboraram cinco princpios
para a adoo de Lean Thinking, sendo eles: a determinao de valor para o cliente final, a
identificao do fluxo de valor particular aos produtos, a adoo de fluxo contnuo, a adoo
1 WOMACK, J. P.; JONES, D. T. Lean thinking Banish waste and create wealth in your corporation. Nova Iorque: Simon & Schuster, 1996 Texto Original. Para este estudo foi usada a verso traduzida indicada nas referncias bibliogrficas.
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da produo puxada e a melhoria contnua rumo perfeio. A aplicao desses princpios ao
setor de servios e ao setor pblico base da abordagem Lean Office (SGANZERLA2, 2004
apud SCALERA, 2012).
De acordo com Benatti et al. (2007), ao longo dos anos, as organizaes se depararam
com reas administrativas bastante lentas e desconexas da dinmica seguida pelos processos
de produo, e a prtica indicou a necessidade de solues para a melhoria dos processos de
apoio. Por meio das aplicaes de Lean Office, afirma Benatti et al. (2007), o TPS ajuda a
descomplicar o ambiente administrativo e seus processos.
Lean Office ou escritrio enxuto a aplicao dos princpios enxutos no ambiente
administrativo que fornece capacidade para aperfeioar o fluxo de trabalho e reduzir os
desperdcios das reas administrativas, e pode ser aplicado a diversos setores (TAPPING;
SHUKER, 2003 e ALMEIDA, 2009). Com o intuito de promover a sua aplicao, Tapping e
Shuker (2003) desenvolveram uma metodologia que integra os modelos, conceitos e
ferramentas da mentalidade enxuta e indica os seguintes passos: comprometer-se com a
mudana; escolher o fluxo de valor; aprender sobre lean; mapear o estado atual; identificar
medidas de desempenho lean; mapear o estado futuro; criar planos de Kaizen; e implantar
planos de Kaizen. A partir de sua implantao, os funcionrios tornam-se capacitados para
realizar melhorias em tempo real e a organizao se torna mais sensvel ao mercado, mais
produtiva e bem sucedida (ENGLE, 2012).
Cada vez mais, os conceitos de produo enxuta so aplicados a uma diversidade de
organizaes industriais e os resultados positivos desse crescimento fortalecem a
oportunidade de sua aplicao em setores no manufatureiros (TURATI; MUSETTI, 2006).
Acrescenta-se que o Lean Office pode promover resultados positivos para o setor
administrativo pblico, por exemplo, atravs da reduo de custos e maior agilidade, criando
valor adequado para o cidado, reconhecido como o cliente final (TURATI; MUSETTI,
2006).
Tendo isso em vista, o objetivo deste trabalho analisar o planejamento da
implantao do escritrio enxuto no servio pblico. Mais precisamente, o intuito analisar
como ocorre o planejamento de Lean Office numa agncia reguladora brasileira e investigar as
adequaes necessrias para sua implantao num rgo pblico federal.
O presente trabalho est organizado da seguinte maneira: formulao do problema de
pesquisa (aborda a justificativa para o recorte temtico e lana o objetivo e os objetivos
2 SGANZERLA, P. The Service factory: how to apply the management industrial logics to the service sector
through lean thinking. Sistemi & Impresa, n. 9, 2004.
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especficos deste estudo); reviso da literatura (descreve o recorte temtico em partes que
fazem sentido para a compreenso do assunto e para a anlise dos resultados e as concluses);
metodologia de pesquisa (define a pesquisa, o caso a ser estudado e o levantamento e a anlise
de dados); resultados e anlises; concluses finais; referncias bibliogrficas; e apndices e
anexos.
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2. FORMULAO DO PROBLEMA DE PESQUISA
Considerando o contexto anteriormente apresentado, destaca-se que o
desenvolvimento deste trabalho emerge do seguinte problema de pesquisa: H
particularidades ou especificidades no planejamento da aplicao de Lean Office nos servios
de natureza pblica? Assim, tm-se as seguintes perguntas de pesquisa norteadoras do estudo
para uma instituio pblica:
1. Como os princpios de Lean Thinking so planejados?
2. Qual o mtodo de implantao de Lean Office?
3. Quais modelos, conceitos e ferramentas de Lean Office so definidos para uso?
2.1 JUSTIFICATIVA
Sabe-se que a mentalidade enxuta resulta em habilidades para os colaboradores diretos
e em um modo compartilhado de reduzir desperdcios (WOOD, 2004), sendo essas vantagens
necessrias no s para o setor fabril, mas para qualquer setor da economia, podendo a
mentalidade enxuta ser usada, tambm, para melhorar o ambiente administrativo,
formalizando o que se denomina Lean Office (ALMEIDA, 2009).
Hines, Martins e Beale (2008) e Turati e Musetti (2006) mostraram, atravs de seus
respectivos casos, a aplicabilidade da mentalidade enxuta ao ambiente administrativo ou ao
escritrio dos servios pblicos. Com base nisso, vale ressaltar a importncia do
planejamento, que se apresenta como uma das funes da administrao e, segundo Sobral e
Peci (2008, p. 7), trata-se da especificao dos objetivos a serem atingidos, da definio das
estratgias e aes que permitam alcan-los, e do desenvolvimento de planos que integrem e
coordenem as atividades da organizao.
Apesar da importncia dada funo de planejamento, o planejamento da implantao
de Lean Office no setor pblico um tema pouco explorado pela literatura relacionada a Lean
Office, de acordo com as pesquisas realizadas em bases de dados de artigos cientficos. No
caso, o planejamento da aplicao de Lean Office em agncias reguladoras um tema ainda
mais raro na literatura dessa rea, ainda com base nas buscas realizadas. Sobre o planejamento
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de Lean Office os resultados relativos a artigos cientficos, neste contexto, so nulos, de
acordo com os resultados das pesquisas em bases de dados de artigos cientficos, expostos no
Quadro 1.
Quadro 1 - Resultado das buscas em bases de dados de artigos cientficos
Palavras-
chave Base de dados Filtros de pesquisa
Nmero de resultados que
abordam o planejamento
de implantao de Lean
Office
Nmero de resultados
que abordam o
planejamento de
implantao de Lean
Office no setor
pblico
Lean Office
planning
Business Source Complete
2002 - 2013 0 0
ScienceDirect
Journals
0 0 Business,
management and
accounting
2002 - 2013
ScienceDirect
Journals
0 0 Engineering
2002 - 2013
Emerald
Palavras-chave
0 0 Resumo
2002 - 2013
Dessa forma, parece pertinente para um trabalho acadmico exploratrio, abordar o
planejamento da aplicao de Lean Office em um caso brasileiro, referente ao setor pblico,
mais especificamente, referente a uma agncia reguladora. Este trabalho contribui com a
apresentao de um caso desse tipo, e atravs deste, possvel constatar a existncia de uma
iniciativa brasileira, nesse contexto. A literatura relativa a esse assunto escassa, mas j existe
uma metodologia para a implantao de Lean Office, o que direcionar o estudo e funcionar
como base de comparao para o caso.
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2.2 OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho so norteados pelas perguntas de pesquisa apresentadas,
anteriormente. Por meio dele, pretende-se analisar como ocorre o planejamento da
implantao do escritrio enxuto numa agncia reguladora brasileira e investigar os ajustes
necessrios para sua implantao num rgo pblico federal.
2.2.1 OBJETIVOS ESPECFICOS
A partir dos objetivos gerais apresentados, na seo anterior, so destrinchados os
objetivos especficos que orientam este trabalho, a saber:
1. Verificar como os princpios da mentalidade enxuta so abordados no planejamento da
implantao do escritrio enxuto;
2. Verificar como os passos definidos para a implantao do escritrio enxuto so
planejados com base nas seguintes variveis: comprometimento, fluxo de valor,
aprendizagem, mapeamento de processos, indicadores de desempenho e melhoria
contnua; e
3. Identificar os modelos, conceitos e ferramentas, definidos atravs do planejamento,
que sero utilizados pela agncia reguladora para a implantao do escritrio enxuto.
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3. REVISO DA LITERATURA
A reviso da literatura traz uma ampla conceituao para as abordagens Lean Thinking
e Lean Office e destrincha seus aspectos mais importantes e sua relao. Na seo sobre Lean
Thinking, alm de uma conceituao, realizada uma contextualizao e so apresentados os
princpios para a adoo da mentalidade enxuta. Complementarmente, abordam-se, na reviso
da literatura, os conceitos de Lean Office, os desperdcios aos quais a mentalidade lean se
prope a eliminar com foco no escritrio enxuto, o mtodo de implantao, os modelos, os
conceitos e as ferramentas de Lean Office que promovem a transformao e os aspectos da
introduo de Lean Office em servios de natureza pblica. Tendo em vista o caso estudado
neste trabalho, o ltimo tpico aborda uma contextualizao do desenvolvimento das agncias
reguladoras no Brasil.
3.1 LEAN THINKING
De acordo com Corra e Gianesi (1996), a gesto de operaes, ao lanar mo de uma
estratgia de manufatura, assumiu o objetivo de sustentar a companhia no alcance de
vantagem competitiva sustentvel e, dessa forma, os recursos de manufatura precisam ser
gerenciados, pensando-se nas seguintes prioridades competitivas: custo, velocidade,
flexibilidade, confiabilidade e qualidade.
O Lean Thinking, nascido do Sistema Toyota de Produo, uma rea de pesquisa
importante para a gesto de operaes, que ataca os principais problemas de produo (ABDI;
SHAVARINI; HOSEINI, 2006), sendo eles problemas de qualidade, problemas de quebra de
mquinas e problemas de preparao de mquinas, de acordo com Corra e Gianesi (1996). O
sistema JIT, por exemplo, torna esses problemas visveis e tem como objetivo a melhoria
contnua do processo produtivo, trazendo melhorias para o mesmo no alcance de maiores
nveis de qualidade, confiabilidade e flexibilidade e no alcance de menores lotes e tempos de
preparao, segundo os ltimos autores citados.
luz do estudo de Abdi, Shavarini e Hoseini (2006), o termo lean, que significa
enxuto, descreve fazer mais com menos, e a abordagem enxuta apresentou tcnicas de
gesto surgidas na indstria automobilstica japonesa que consumia menos recursos em
comparao com a produo em massa. Arbs (2002) menciona que tais tcnicas
contriburam para ganhos em eficincia, rapidez de resposta e flexibilidade em produo, por
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meio da gesto baseada em processos, eliminao de desperdcios e implantao de processos
de forma flexvel e, dessa forma, promoveram a diversificao de produtos, a reduo de
custos, a produtividade, a rapidez de entrega, os baixos nveis de estoques e a qualidade
tima.
Segundo Lee et al. (2008), logo aps a Segunda Guerra Mundial, o TPS tornou-se
crtico na determinao da forte presena do Japo no mundo, figurando um produtor
altamente eficiente de produtos de qualidade, dcadas depois. A inovao estabelecida pelo
TPS foi relevante para a histria da produo.
Segundo Liker e Morgan (2006) existem quatro conceitos referentes ao Sistema
Toyota de Produo (Figura 1). O primeiro deles o JIT que torna o fluxo de materiais mais
rpido atravs de processos, reduzindo estoques atravs de instrues dos consumidores
(Kanban) receber a pea certa, no lugar certo e na hora certa (forma um dos pilares da
mentalidade enxuta). O segundo conceito, Jidoka, sustenta os fluxos produtivos contnuos,
estveis, sem defeitos e de baixo nvel de desperdcios a mquina deve parar quando se
identifica algum problema (tambm forma um dos pilares da mentalidade enxuta). O terceiro,
Heijunka, cria um fluxo de ordens niveladas e um nvel de carga de trabalho para desenvolver
estabilidade e padronizao de processos (forma a base da mentalidade enxuta). Por fim, o
Kaizen promove a melhoria contnua. Os resultados desse esquema de conceitos, elaborado
por Liker e Morgan (2006), so: melhor qualidade, baixo custo, menor lead time tempo de
processamento de pedidos ou tempo de entrega, segundo Ballou3 (2006) melhor nvel de
segurana e maior moral.
O Sistema Toyota de Produo, criado por Ohno4 (1988 apud PINTO, 2008), originou
a abordagem Lean Thinking, a qual pode ser aplicada em qualquer setor de atividade
econmica, de acordo com Pinto (2008). De acordo com este ltimo autor, o resultado da
evoluo do TPS para Lean Thinking acrescenta ao esquema da Figura 1 dois outros pilares: a
gesto da cadeia de fornecimento e o servio ao cliente (o servio como vantagem
competitiva).
3 BALLOU, R. H. Business Logistics/Supply Chain Management. 5 ed. Pearson Education, 2004 Texto Original. Para este estudo foi usada a verso traduzida indicada nas referncias bibliogrficas. 4 OHNO, T. The Toyota Production System: beyond large scale-production. Productivity Press, 1988.
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Figura 1 - Os conceitos relativos ao Sistema Toyota de Produo
Fonte: Liker e Morgan (2006, p. 7)
O termo Lean Thinking foi usado pela primeira vez como conceito de gesto
empresarial por James Womack e Daniel Jones em 1996, como um sistema de gesto
orientado para a criao de valor atravs da eliminao de desperdcios (PINTO, 2008). Na
abordagem enxuta, o desperdcio identificado como a atividade humana que absorve
recursos, mas que no agrega valor para o cliente final (WOMACK; JONES, 2004). Eliminar
desperdcio uma maneira de desenvolver processos e procedimentos, o principal objetivo de
Lean Thinking (PINTO, 2008), sendo a prpria mentalidade enxuta um poderoso antdoto
contra o desperdcio (WOMACK e JONES, 2004).
Slack, Chambers e Johnston (2009) apresentam os sete desperdcios conforme a
Toyota, desenvolvidos por Ohno (1997), e afirmam serem os mesmos aplicveis em vrios
tipos de operaes, sejam elas de manufatura ou de servios. Abdi, Shavarini e Hoseini (2006)
tambm descreveram tais desperdcios, a saber:
1. Superproduo: produzir mais do que o imediatamente necessrio (SLACK,
CHAMBERS; JOHNSTON, 2009); produzir para manter a ocupao dos recursos
humanos empregados, mesmo gerando lotes excessivos (ABDI, SHAVARINI;
HOSEINI, 2006).
JIT Kaizen Jidoka
Heijunka
Processos estveis e padronizados
Maiores nveis de
qualidade, segurana e
moral e menores custos e
lead time
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2. Tempo de espera: esperar por materiais e por autorizaes (ABDI, SHAVARINI;
HOSEINI, 2006); eficincia de mquina e eficincia de mo-de-obra so formas
comuns para avaliar tempos de espera de mquinas e mo-de-obra,
respectivamente, e o tempo de espera de materiais mais disfarado (SLACK,
CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).
3. Transporte: transportar documentos entre departamentos e movimentar materiais
(ABDI, SHAVARINI; HOSEINI, 2006) no agregam valor e necessrio, para
reduzir este desperdcio, aproximar estgios do processo (SLACK, CHAMBERS;
JOHNSTON, 2009).
4. Processos inapropriados: usar embalagens desnecessrias e equipamentos
inadequados (ABDI, SHAVARINI; HOSEINI, 2006); algumas operaes existem
apenas devido a um projeto ou manuteno ruim, que podem ser suprimidos
(SLACK, CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).
5. Estoque ou inventrios desnecessrios: produzir mais do que o demandado pelo
cliente (ABDI, SHAVARINI; HOSEINI, 2006).
6. Movimentao desnecessria: o operador pode aparentar ocupao, mas ele pode,
atravs dessa ocupao no gerar valor (SLACK, CHAMBERS; JOHNSTON,
2009).
7. Produtos defeituosos: gera desperdcio de qualidade e um custo elevado (SLACK,
CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).
Ohno (1997) tratou da anlise do desperdcio e orientou que, nesse tocante,
importante focar no aumento da eficincia, sendo que este s faz sentido a partir da reduo
de custos e, para isso, necessrio usar o mnimo de mo-de-obra, para que seja produzido
apenas o que for solicitado; e necessrio observar a eficincia de cada operador componente
das linhas de produo, de modo isolado, para depois constatar a eficincia geral.
Alm de resultar em uma forma compartilhada de se pensar na eliminao dos
desperdcios, discutidos anteriormente, Wood (2004) afirma que Lean Thinking resulta em
habilidades para as pessoas de todos os nveis da empresa, melhorando as formas de trabalho
e simplificando fluxos de atividades, uma vez que se fundamenta, de acordo com Liker
(2005), em referncia aos 4Ps de Lean Thinking, em: filosofia de longo prazo, processos
adequados, desenvolvimento de pessoal e parceiros e soluo contnua de problemas.
Para atingir esses fundamentos e os resultados mencionados importante seguir os
princpios de Lean Thinking propostos por Womack e Jones (2004). Estes ltimos autores
mencionados elaboraram cinco princpios para as empresas que desejam adotar a mentalidade
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enxuta como abordagem de trabalho. Eles so descritos a seguir, de acordo com os mesmos
autores que os elaboraram:
1. Especificao de valor - o ponto de partida para o estabelecimento da mentalidade
enxuta e ele pode ser determinado apenas pelo cliente final, sendo significativo em
termos de um bem ou de um servio especificamente. Quem o cria o produtor que
deve oferecer o produto ou o servio certo e de maneira correta. Porm, definir o
valor, trata-se de algo difcil e torna-se importante entender o que significa valor,
deixar de se preocupar apenas com as prprias necessidades, pensar no produto todo,
aceitar a necessidade de repensar o valor e, aps a definio do produto, definir
(verificando recursos e esforo para produzi-lo, caso no exista desperdcio) o custo-
alvo. No caso, organizaes enxutas definem o preo de venda questionando quanto
podem reduzir do custo com a aplicao de mtodos enxutos. A anlise das atividades
que compem o fluxo de valor garante o alcance do custo-alvo.
2. Identificao do fluxo de valor - o fluxo de valor concretiza-se como o conjunto de
aes necessrias para que o bem ou o servio passe por trs tarefas gerenciais crticas.
So elas: tarefa de soluo de problemas (concepo, projeto at lanamento do
produto no mercado); tarefa de gerenciamento de informao (pedido at entrega do
produto); e tarefa de transformao fsica (matria-prima at entrega de produto
acabado). O fluxo de valor deve ser identificado para todos os processos da empresa.
Atravs dessa etapa, possvel enxergar os desperdcios e concluir que muitas
atividades geram valor, outras no o criam, mas so inevitveis e um terceiro tipo
tambm no o cria e pode e deve ser evitado. Se a atividade no identificada, ela no
pode ser gerenciada e nem melhorada.
3. Estabelecimento do fluxo de valor - aps a determinao de valor, a identificao do
fluxo de valor e a eliminao das atividades que no agregam valor, deve-se estimular
o fludo das atividades restantes. Para tanto, a filosofia departamental (adepta
formao de lotes), deve ser combatida, uma vez que, as atividades fluem mais
eficientemente quando h contnua nfase nos produtos e em suas necessidades ou
quando projeto, pedido e entrega ocorrem em um fluxo contnuo. Porm, complexo
o fluxo de valor e o seu entendimento e, portanto, o fluxo contnuo pode no acontecer
da maneira mais simples. O fluxo pode ser aplicado a qualquer atividade e,
geralmente, impacta positivamente nos custos, pois reduz o consumo de recursos. Para
faz-lo fluir necessrio, concomitantemente, enfatizar o objeto real, ignorar os
limites das unidades departamentais e repensar prticas e ferramentas (eliminar
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retrofluxo, sucata e paralisao). Porm, aplicar tcnicas para proporcionar o fludo de
produtos inteis, gera apenas desperdcio.
4. Estratgia pull - deixar que o cliente puxe o produto que significa fazer o que ele diz
ser necessrio ou que um processo no deve produzir sem que o cliente ou o prximo
processo solicite. Para entender melhor a lgica, basta caminhar contrariamente ao
fluxo normal do produto, levando a demanda do processo ao processo imediatamente
anterior.
5. Busca pela perfeio - as organizaes devem, constantemente, buscar a excelncia e,
para isso, elas devem aplicar os quatro princpios da mentalidade enxuta, anteriores,
serem capazes de cruzar a lacuna entre a realidade atual e a perfeio, e decidir sobre
quais formas de desperdcios sero primeiramente atacadas, atravs do desdobramento
de diretrizes (Hoshin Kanri). O estmulo mais importante perfeio a transparncia,
pois todos os membros da rede enxuta tm a possibilidade de enxergar tudo mais
claramente e se torna fcil descobrir novas maneiras agregar valor. Outro estmulo aos
esforos de melhoria o feedback imediato e positivo para funcionrios que realizam
melhorias.
Abdi, Shavarini e Hoseini (2006) apresentam os cinco princpios sob a tica do Lean
Service, que, segundo Arbs (2002), trata-se do aproveitamento da aplicao de Lean
Thinking em empresas que executam servios (vide Quadro 2).
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Quadro 2 - Os cinco princpios de Lean Thinking sob a tica de Lean Service
Princpios Lean Service
Especificao de valor para o
servio
Trata-se de um princpio chave para a gesto de servios,
sendo que envolve a determinao do nvel de customizao
exigido pelo cliente final. O uso da abordagem enxuta na
combinao de marketing de servios cria uma caixa de
ferramentas poderosa para o gerente de servios.
Identificao do fluxo de valor
Trata-se de um princpio adequado para organizaes de
servios, pois quaisquer delas possuem um ou diversos
processos e o uso da abordagem enxuta ajuda a refinar e
desenhar ou melhorar toda a cadeia de valor.
Implantao do fluxo de servio
A abordagem enxuta em manufatura tem comportamentos
intuitivos e elimina o fluxo entre os recursos humanos e, em
servios, o comportamento o contra intuitivo, mas se
facilitam a compreenso e a orientao.
Fornecimento alinhado demanda
Sendo necessrio prever o comportamento do consumidor, a
abordagem enxuta reduz a ambiguidade e o retrabalho nas
relaes interpessoais. Para manter o fornecimento alinhado
demanda, necessrio prever o comportamento de demanda do
cliente final. Mas as empresas de servios encontram um
paradoxo: flexibilidade versus eficincia e o antdoto o uso
de ferramentas e conceitos enxutos.
Busca pela perfeio
A perfeio em servios acontece em relao s pessoas e
comportamentos e significa obter vantagem com a
transparncia gerada pela execuo dos princpios anteriores
(eliminando os comportamentos que no criam valor).
Adaptado de: Abdi, Shavarini e Hoseini (2006, p. 193)
A aplicao dos cinco princpios descritos, nesta seo, ao ambiente administrativo de
empresas de servios e da administrao pblica a base para a abordagem Lean Office, que
ser discutida na seo seguinte (SGANZERLA, 2004 apud SCALERA, 2012). Segundo
Salvador e Silva (2012), verificado o sucesso da aplicao da mentalidade enxuta no setor
industrial, o que demonstra a capacidade de sua aplicao, tambm, em processos
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administrativos, sendo as peculiaridades de processos, identificadas por meio de modelos,
conceitos e ferramentas prprios da mentalidade enxuta. De acordo com Antoniolli e Carlos5
(2010 apud SALVADOR; SILVA, 2012, p. 1) o Lean Thinking tambm pode ser aplicado
aos processos administrativos, e tem o objetivo de aprimorar o fluxo de valor nestes
processos, tornando-os enxutos, ou seja, compostos por atividades essenciais e benficas para
a empresa.
3.2 LEAN OFFICE
A aplicao dos princpios enxutos no ambiente administrativo denominada Lean
Office ou escritrio enxuto, segundo Tapping e Shuker (2003). O Lean Office tem capacidade
de aperfeioar o fluxo de trabalho e de suprimir os desperdcios comuns em reas
administrativas (SERAPHIM; SILVA; AGOSTINHO, 2010).
Para promover melhor entendimento da aplicabilidade da mentalidade enxuta no
ambiente administrativo, Drickhamer (2004) prope a observao do escritrio como uma
fbrica de papeis, em que a ordem de compra comparada a uma pea de estoque que vai
passar por etapas de processamento, ser depositada em uma mesa e aguardar 99% de sua
vida. Assim, os processos manuais do ambiente administrativo aproximam-se dos mtodos de
produo tradicionais, sendo que os colaboradores diretos criam lotes de documentos
representantes de pedidos, que podem permanecer abertos por dias, semanas ou meses, antes
de serem concludos (ENGLE, 2012).
O escritrio enxuto capaz de tornar o fluxo de trabalho e as informaes mais
visveis (DRICKHAMER, 2004), mas, um contraponto que, na rea administrativa, a maior
parte das atividades refere-se gerao de informaes, e esse aspecto dificulta a
identificao de desperdcios (OLIVEIRA, 2007).
Ainda assim, Engle (2012) aponta que a abordagem lean pode ter sucesso no ambiente
administrativo, mas, para isso, so necessrias pessoas responsveis pela implantao que
sejam treinadas, e equipes dispostas a assumirem o compromisso para atingir melhorias. O
Lean Office possibilita a reduo do desperdcio da superproduo de documentos impressos,
a reduo do tempo de prestao de servios, a restrio do movimento excessivo de pessoas
entre reparties, a melhoria do uso de recursos humanos subutilizados, a reduo dos nveis
5 ANTONIOLLI, P. D.; CARLOS R. C. L. Princpios Lean Office em gerenciamento de projetos com base
no PMBOK - estudo de caso. In: XVII SIMPEP (Simpsio de Engenharia de Produo): Bauru, 2010.
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hierrquicos e a minimizao dos custos de armazenamento de documentos (SCALERA,
2012).
3.3 OS DESPERDCIOS PARA O OFFICE
Segundo Seraphim, Silva e Agostinho (2010), os sete desperdcios, normalmente
identificados no ambiente fabril, podem ser localizados no ambiente administrativo, mas a
identificao de desperdcios no escritrio pode ser relativamente mais difcil, devido
natureza intangvel do fator informao, de acordo com Oliveira (2007). H diversos tipos de
desperdcios listados por vrios autores com base na literatura.
Lareau (2002) indica a existncia de dois tipos de desperdcios: desperdcios de
superfcie e desperdcios de liderana. No Quadro 3, so apresentados e descritos os
desperdcios do ambiente administrativo, segundo Lareau (2002), considerando-se, tambm,
as descries realizadas por Almeida (2009) e por Oliveira (2007).
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Quadro 3 - Desperdcios de superfcie e desperdcios de liderana
Desperdcios de superfcie
Desperdcios de pessoas As organizaes no conseguem aproveitar o potencial que reside
em todos os grupos de trabalho.
Desperdcio de alinhamento de
objetivos
O esforo despendido pelas pessoas que trabalham com objetivos
desalinhados e o esforo requerido para corrigir o problema e produzir
um resultado satisfatrio.
Desperdcio de atribuio O esforo usado para completar uma tarefa desnecessria ou
inapropriada.
Desperdcio de espera Os recursos perdidos quando uma pessoa aguarda por informaes,
reunies, assinaturas, retornos, cpias ou conserto de computador.
Desperdcio de movimentao Toda a movimentao que no agrega valor.
Desperdcio de processamento Qualquer trabalho no desempenhado idealmente.
Desperdcios de processos
Surgem durante a execuo de processos de negcios como
resultado do desenho de processos e das deficincias na sua
execuo.
Desperdcio de controle
Energia usada para supervisionar e monitorar o trabalho de outras
pessoas para assegurar-se de que elas esto executando a sua funo da
maneira esperada, sem quaisquer melhorias sustentveis de longo-
prazo geradas pela superviso e monitoramento.
Desperdcio de variabilidade Os recursos despendidos para compensar erros de variabilidade no
tempo de realizao de processos atrasados.
Desperdcio de alterao
O esforo de arbitrariamente mudar um processo, sem o entendimento
de todos os seus efeitos, e de compensar ou corrigir consequncias
inesperadas da mudana.
Desperdcio estratgico
O valor perdido como resultado do emprego de processos que
satisfaam objetivos de curto-prazo e as necessidades dos clientes
internos, no se atentando para as necessidades dos stakeholders.
Desperdcio de confiabilidade O esforo necessrio para realizar a correo de resultados
imprevisveis, devido a causas desconhecidas.
Desperdcio de padronizao A energia desperdiada, porque o trabalho no feito da melhor
maneira por todos os seus responsveis.
Desperdcio de subotimizao Os processos competem entre si e geram um resultado subtimo.
Desperdcio de programao Os recursos so desperdiados devido m programao das
atividades.
Desperdcio de soluo
alternativa
Os recursos usados para criar e manter processos informais que
substituem os processos oficiais ou que se confundem com outros
processos informais, e tambm os recursos utilizados para corrigir os
erros causados por este sistema.
Desperdcio de fluxo desigual
Os recursos investidos em material ou informao que se acumula
entre as estaes de trabalho (passa por perodos de espera at o
processamento).
Desperdcio de verificao O esforo usado para inspeo e retrabalho.
Desperdcio de erro Os recursos empregados para realizar novamente o trabalho que no
pde ser aproveitado devido a um erro.
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Desperdcios de informao A perda de valor causada pela no otimizao da informao.
Desperdcio de traduo O esforo necessrio para alterar dados, formatos e relatrios entre as
etapas de processos ou donos de processos.
Desperdcio por perda de
informao
Os recursos necessrios para reparar as consequncias ou completar a
falta de uma informao-chave.
Desperdcio de hand-off O esforo necessrio para transferir informaes ou materiais
internamente organizao, que no esto completamente integrados
cadeia de processos executados.
Desperdcio de irrelevncia O esforo aplicado para lidar com informaes desnecessrias ou
necessrio para corrigir os problemas que isso pode vir a gerar.
Desperdcio da falta de
acurcia
O esforo usado para criar informaes incorretas ou para lidar com
suas consequncias.
Desperdcio de ativos Utilizao no otimizada de materiais e bens.
Desperdcio de inventrio
Os recursos aplicados antes do servio ser solicitado, os materiais que
no esto em uso e os materiais prontos para entrega que permanecem
em espera.
Desperdcio de estoque em
processo Os recursos que esperam para serem processados na etapa seguinte.
Desperdcio de ativo fixo Os equipamentos e prdios no usados de forma maximizada.
Desperdcio de transporte O transporte de materiais e de informaes, exceto aqueles utilizados
para entregar valor aos clientes.
Desperdcios de liderana
Desperdcio de foco A energia e a ateno de um funcionrio no se focam nos objetivos
crticos da organizao.
Desperdcio de estrutura
Os comportamentos, as expectativas, os procedimentos, os rituais, os
regulamentos, os cargos e as prioridades no so reforados para a
reduo de desperdcios e h diferena entre a estrutura organizacional
da empresa e os elementos fundamentais das organizaes de classe
mundial.
Desperdcio de disciplina
(alinhamento entre atividades
planejadas e executadas)
Os esforos necessrios para corrigir as falhas criadas atravs da
negligncia ou da deteriorao de processos.
Desperdcio de propriedade
(controle sobre o prprio
trabalho)
O desperdcio da oportunidade de melhorar o sentimento de controle
sobre o trabalho por parte do colaborador direto.
Elaborao prpria, adaptado de: Lareau (2002); Almeida (2009); e Oliveira (2007)
Aps verificar os tipos de desperdcios, coerente ressaltar que o esforo para a sua a
reduo dentro dos escritrios no to simples e nem to bvio, mas com empenho e
dedicao na aplicao de mtodos, fica claro que os resultados podem ser positivos,
devendo-se, para tanto, focar a empresa como um todo e os funcionrios continuamente
cultivar o ambiente de melhoria contnua, segundo Oliveira (2007).
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3.4 MTODO, MODELOS, CONCEITOS E FERRAMENTAS PARA A TRANSFORMAO DO
OFFICE
A transformao de processos administrativos em processos enxutos j tratada pelas
organizaes, mas a transferncia dessa mudana, advinda da manufatura, para o ambiente
administrativo no simples e h poucos relatos de experincias da aplicao dessa
abordagem neste ambiente (SERAPHIM; SILVA; AGOSTINHO, 2010 e OLIVEIRA, 2007).
Um dos estudos mais importantes para o entendimento da implantao do escritrio
enxuto, desenvolvido por Tapping e Shuker (2003), prope o Value Stream Management for
the Lean Office, que se constitui de oito passos para a implantao de Lean Office. Tapping e
Shuker (2003) orientam e clareiam a implantao do escritrio enxuto, atravs de uma
metodologia, que integra modelos, conceitos e ferramentas. A seguir, so descritos cada um
dos passos propostos por Tapping e Shuker (2003):
1. Comprometer-se com a mudana: constitui-se de comunicao, permisso
experimentao e flexibilidade na aplicao de ferramentas, sendo essencial a
aquisio de apoio da alta administrao para a realizao da mudana.
2. Escolher o fluxo de valor: constitui-se da escolha do fluxo de valor e, para tanto, no
se deve realizar a melhoria dos processos individualmente sem a completa viso do
fluxo de valor. Primeiramente, o fluxo de valor deve ser compreendido, um plano de
melhoria deve ser criado e, por fim, os processos devem ser melhorados em relao ao
fluxo de valor e com base no plano de melhoria.
3. Aprender sobre lean: os conceitos e termos associados mentalidade enxuta devem
ser bem entendidos, antes do mapeamento do estado atual, da identificao de medidas
de desempenho e do mapeamento do estado futuro. Para tanto, deve haver treinamento
e a criao de um plano de aprendizagem.
4. Mapear o estado atual: este passo exige a compreenso sobre os conceitos e
ferramentas de Lean Office como pr-requisito proveniente do passo anterior para
expor as unidades de fluxo de trabalho e de informao atravs do uso de um conjunto
de smbolos e cones.
5. Identificar medidas de desempenho lean: este passo exige a determinao de mtricas
que ajudaro a atingir os objetivos da mentalidade enxuta, promovendo a melhoria
contnua e a eliminao de desperdcios.
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6. Mapear o estado futuro: este passo exige a identificao de todas as ferramentas da
mentalidade enxuta, incluindo trs fases: a fase de entendimento da demanda do
cliente, a fase de implantao do fluxo contnuo para que o valor desejado pelo cliente
seja estabelecido, e a fase de nivelamento (distribuir igualmente o trabalho). O
mapeamento do estado futuro dever indicar onde sero usadas as ferramentas lean.
7. Criar planos de Kaizen: este passo no exige a criao de um mapa de estado futuro
impecvel ou de planos de Kaizen perfeitos, mas exige que o plano seja bom o
suficiente para ser iniciado. Diversas modificaes sero realizadas neste passo, sendo
seu objetivo realizar uma chamada para a ao, desenvolvendo um ordenado plano de
Kaizen.
8. Implantar planos de Kaizen: significa a execuo, seguindo as trs seguintes fases:
preparao (realizada no stimo passo), implantao e acompanhamento dos planos de
Kaizen.
Para apoiar estes passos, percebe-se que relevante compreender a importncia da
modelagem de processos, uma vez que necessrio o mapeamento de processos do estado
atual e do estado futuro. Segundo ABPMP (2009, p. 26), a modelagem de processos
inclui um conjunto fundamental de habilidades e processos que permitem s
pessoas compreenderem, comunicarem, avaliarem e administrarem os
principais componentes dos processos de negcio. A rea de conhecimento
de modelagem de processos fornece uma viso geral dessas habilidades,
atividades e principais definies, juntamente com uma compreenso da
finalidade e dos benefcios da modelagem de processos, uma discusso dos
tipos e usos dos modelos de processos, tcnicas, ferramentas e padres de
modelagem.
Neste momento, como sustento modelagem de processos, vlido ressaltar a
importncia da orientao para processos, que surgiu em consonncia reduo da fora de
estruturas organizacionais funcionais e reala a melhoria da cadeia de valor (REIJERS, 2006).
Barros Neto e Nobre (2009) afirmam que a melhoria dos processos necessria s empresas
para elevar o seu nvel de competitividade no mercado. O processo, segundo Albuquerque e
Rocha (2007), um conjunto lgico de atividades que transforma entradas em sadas e os
processos de negcio, segundo Davenport (2005), o modo como uma companhia promove
seus objetivos organizacionais. De acordo McCormack et al. (2009), ao evoluir na gesto por
processos a organizao garante melhor controle de resultados, melhor previso de metas,
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melhor previso de custos, melhor previso de desempenho, maiores ganhos em eficincia e
melhor gerenciamento de sua capacidade de inovar.
Alm dos passos para a implantao do escritrio enxuto e da importncia da
modelagem de processos e da orientao para processos verificados, o livro escrito por
Tapping e Shuker (2003) mostra como preparar a estratgia de implantao da abordagem
enxuta, por meio do uso de alguns modelos, conceitos e ferramentas j consolidados na
produo enxuta, tais quais: sistema 5S, Takt Time, FIFO, Heijunka, Kanban, Metodologia
A3, Mapa de Fluxo de Valor e Fluxo Contnuo, descritos a seguir, segundo Tapping e Shuker
(2003), Kimsey (2010), Sobek e Jimmerson (2004) e Rother e Shook (2003).
Sistema 5S: processo de melhoria, sumarizado em cinco palavras japonesas que tm
como inicial comum, a letra S, para criar um ambiente de trabalho que dever
satisfazer critrios de controle visual e enxutos. Atravs desta ferramenta, devem-se
classificar os componentes de um local de trabalho e remover os itens desnecessrios
(podem ser livros, arquivos, ferramentas, entre outros); ordenar os itens necessrios
para que haja um acesso fcil e eficiente aos mesmos; manter a limpeza do local de
trabalho; padronizar, por meio da criao de diretrizes para a manuteno da
organizao, da ordem e da limpeza, tornando os padres bvios; e sustentar, o que
envolve a educao e a comunicao para garantir que todos seguiro os padres
estabelecidos atravs do sistema 5S. Este sistema aborda as seguintes questes do
escritrio: quanto tempo gasto para realizar o seu trabalho, hoje?, quanto tempo
foi gasto buscando informaes, arquivos e outros?, quanto tempo foi gasto andando
para obter impresses, fax, arquivos, entre outros?, quanto de papel gasto no seu
escritrio? e h erros cometidos devido a informaes obsoletas ou inapropriadas?.
Takt Time: o ritmo de demanda do cliente que pode ser calculado atravs da relao
entre o tempo de operao disponvel e a quantidade total de tempo requerida pelo
cliente, assim, determinando quo rpido um processo precisa ser para atender
demanda do cliente.
FIFO: significa First In, First Out e se trata de um modelo de controle de trabalho
aplicado com o intuito de garantir que o trabalho mais antigo, chamado de first in, seja
o primeiro a ser processado (first out). uma prtica interessante para o ambiente
administrativo, pois nos processos administrativos provvel que haja diferenas em
cada trabalho, incluindo requisitos de tempo alocados sobre eles.
Heijunka: balanceamento da carga de trabalho a ser realizada no perodo equivalente a
um dia com a capacidade de completar o trabalho, sendo que esse sistema possibilita a
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distribuio da carga de trabalho em propores pautadas na demanda, fatorando em
volume e variedade de servios.
Kanban: sistema criado para a produo enxuta com o intuito de gerenciar o fluxo de
unidades de trabalho dentro e fora do ambiente de trabalho. Refere-se ao uso de um
carto de controle de inventrio na estratgia puxada que remete a um modo de
controle visual que se utiliza de cartes para disparar ao e reabastecimento. capaz
de reduzir o tempo de fila em at 50% ou mais. No ambiente administrativo, o mais
importante do uso do Kanban so suas aes de sinalizao, incluindo muitos
detalhes.
Metodologia A3: ferramenta nomeada assim, pois um relatrio escrito em papel de
nomenclatura mtrica relativa ao tamanho A3, sendo este o maior tamanho de papel
que pode caber em uma impressora e ser copiado, e assim, compartilhado com um
grupo. Funciona como uma orientao organizada para a soluo de problemas, por
meio de um processo rigoroso, armazenando os problemas deste processo e as
propostas de melhoria.
Mapa de Fluxo de Valor: esta ferramenta faz o uso de papel e lpis e ajuda a enxergar
e a entender o fluxo de material e de informao atravs do fluxo de valor. Ela pode
ser tanto uma ferramenta de comunicao, quanto uma ferramenta de planejamento de
negcios ou de gerenciamento do processo de mudana. Suas etapas so: desenho do
estado atual, desenho do estado futuro, que so aes superpostas, e criao de plano
de trabalho e implantao, auxiliando no alcance dos princpios da mentalidade
enxuta.
Fluxo Contnuo: na administrao, JIT ou Fluxo Contnuo a produo de trabalho de
acordo apenas com o que necessrio, quando necessrio e na quantidade necessria,
no mais e no menos. As vantagens deste conceito e de suas ferramentas se resumem
em: menores lead times, reduo do work-in-progress, reduo do tempo de fila,
habilidades para identificar problemas e corrigi-los, menor frustrao do funcionrio,
fcil deteco de problemas, entre outros.
A Figura 2 e o Quadro 4 resumem o mtodo de implantao o escritrio enxuto,
desenvolvido por Tapping e Shuker (2003), e os modelos, conceitos e ferramentas gerais da
mentalidade enxuta teis para a implantao de Lean Office, respectivamente.
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Figura 2 - Mtodo de implantao do escritrio enxuto
Elaborao prpria, adaptado de: Tapping e Shuker (2003)
Almeida (2009) percebeu em seu estudo a versatilidade de aplicao de Lean Office e,
consequentemente, de seu mtodo, modelos, conceitos e ferramentas gerais, provenientes da
mentalidade enxuta, no se restringindo apenas ao fluxo de informao do setor industrial,
mas em seus respectivos casos, a sua aplicao expande-se para o setor hospitalar pblico e
privado, para o setor de universidades e para os servios do setor pblico, como comprovado
por Kim et al. (2006), Casey (2007), Radnor et al. (2006), Tischler (2006), Hines, Martins e
Beale (2008) e Turati e Musetti (2006).
Implantar planos de Kaizen
Criar planos de Kaizen
Mapear o estado futuro
Identificar medidas de desempenho lean
Mapear o estado atual
Aprender sobre lean
Escolher o fluxo de valor
Comprometer-se com a mudana
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Quadro 4 - Modelos, conceitos e ferramentas gerais da mentalidade enxuta teis para a
implantao de Lean Office
Ferramentas Descrio
Sistema 5S
Trata-se de um processo de melhoria atravs do qual se classificam os componentes
de um local de trabalho e removem-se os itens desnecessrios; ordenam-se os itens
necessrios; mantm-se a limpeza do local de trabalho; gera-se padronizao; e sustentam-se as etapas anteriores.
Takt Time Trata-se do ritmo de demanda do cliente, calculado atravs da relao entre o
tempo de operao disponvel e a quantidade total de tempo requerida pelo cliente.
FIFO Trata-se de um modelo de controle de trabalho aplicado com o intuito de garantir
que o trabalho mais antigo seja o primeiro a ser processado.
Heijunka Trata-se do balanceamento da carga de trabalho a ser realizada no perodo
equivalente a um dia com a capacidade de completar o trabalho.
Kanban Trata-se de um sistema criado para a produo enxuta com o intuito de gerenciar o fluxo de unidades de trabalho dentro e fora do ambiente de trabalho.
Metodologia A3
Trata-se de uma ferramenta organizada para a soluo de problemas, por meio de
um processo rigoroso, armazenando os problemas deste processo e as propostas de
melhoria.
Mapa do Fluxo
de Valor
Trata-se de uma ferramenta que ajuda a enxergar e a entender o fluxo de material e
de informao atravs do fluxo de valor, assumindo o papel de uma ferramenta de
comunicao, de planejamento, de negcios ou de gerenciamento do processo de
mudana.
Fluxo Contnuo Trata-se da produo de trabalho de acordo apenas o que necessrio, quando
necessrio e na quantidade necessria, no mais e no menos.
Elaborao prpria, adaptado de: Tapping e Shuker (2003), Kimsey (2010) e Sobek e
Jimmerson (2004)
3.5 LEAN OFFICE APLICADO AO SETOR ADMINISTRATIVO PBLICO
O setor pblico fortemente caracterizado pela presena de processos lentos e
burocrticos (ANACLETO; ELY; FORCELLINI, 2010). Segundo Turati e Musetti (2006),
trata-se de um composto de organizaes, que empregam milhares de pessoas, possuem
como clientes todos os cidados e buscam atender s suas necessidades de educao, sade,
transporte, habitao, dentre outros.
Turati e Musetti (2006), ao realizarem um estudo sobre a aplicao de conceitos da
produo enxuta ampliada para o que chamam de processos administrativos no setor pblico,
verificaram que Lean Office pode apresentar bons resultados para o setor administrativo
pblico, que se caracteriza basicamente por uma estrutura funcional frequentemente marcada
por interrupes, tendo entre seus intentos o aprimoramento do fluxo de trabalho e a
eliminao de desperdcios de reas administrativas.
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Porm, Radnor e Walley (2008) verificaram a existncia de sete barreiras para o
sucesso da aplicao dos princpios enxutos no setor pblico do Reino Unido, a saber:
Falta de foco claro no cliente;
Excesso de procedimentos;
Pessoas trabalhando isoladamente;
Excesso de alvos;
Falta de conscincia de direo estratgica;
Crena geral de que os funcionrios esto sobrecarregados e so mal pagos; e
Falta de entendimento dos efeitos de variao, falta de viso sistmica e falta de
entendimento de fluxo do processo.
Apesar dessas barreiras, Turati e Musetti (2006) sugeriram que a mentalidade enxuta
contribui para a qualidade, a reduo de custo e a velocidade dos servios entregues aos
clientes-cidados ou usurios dos servios promovidos pelo setor pblico.
3.6 O SURGIMENTO E O PAPEL DA AGNCIA REGULADORA BRASILEIRA
Segundo Paula (2005a), a Reforma do Aparelho do Estado iniciou-se no Reino Unido
e nos Estados Unidos, durante os governos de Margareth Thatcher e de Ronald Reagan,
respectivamente, sendo esta reforma caracterizada basicamente por desregulao, privatizao
e associao com as prticas gerencialistas. No Brasil, de acordo com a mesma autora, esse
movimento iniciou-se, de fato, na dcada de 1990, estimulado pela crise do nacional-
desenvolvimentismo e pela persistncia de aspectos patrimonialistas e autoritaristas do Estado
brasileiro.
A reestruturao do Aparelho do Estado brasileiro seguiu as recomendaes indicadas
pelo Plano Diretor da Reforma do Estado, desenvolvido por Bresser-Pereira (ex-ministro do
Ministrio da Administrao e Reforma do Estado), e assim, atividades estatais foram
divididas em: atividades exclusivas do Estado (realizadas pelas secretarias de formulao de
polticas pblicas, pelas agncias executivas e pelas agncias reguladoras); e atividades no
exclusivas do Estado (PAULA, 2005a).
Segundo Paula (2005b), as atividades exclusivas do Estado, que comps junto s
atividades no exclusivas do Estado a estrutura ps-reforma, associada s atividades de
legislao, regulao, fiscalizao, fomento e formulao de polticas pblicas, as quais
pertencem ao chamado ncleo estratgico do Estado e so realizadas pelas secretarias
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formuladoras de polticas pblicas, associadas aos ministrios; pelas agncias executivas,
associadas prestao de servios e execuo de atividades de natureza estatal; e pelas
agncias reguladoras, focos deste estudo. Estas so responsveis pelas empresas pblicas e
realizam atividades de regulamentao e regulao da prestao de servios pblicos,
tambm, pelo setor privado (PAULA, 2005b).
Complementarmente ao conceito apresentado na frase anterior, as agncias
reguladoras so entidades autrquicas que abrangem as funes normativa, administrativa e
jurisdicional (MOTTA, 2003). Em 1996, houve o estabelecimento da legislao brasileira
relativa Reforma do Estado e, na esfera federal, foram criadas as agncias reguladoras.
Atualmente, existem dez agncias reguladoras no Brasil. Elas foram criadas como rgos
independentes, de acordo com Nunes, Ribeiro e Peixoto (2007) e o seu papel limita-se ao
estabelecimento de regras apropriadas prestao de servios de natureza pblica para regular
a atividade econmica e proteger o interesse coletivo (SANTOS, 2010).
O presente estudo se deu com a participao de uma agncia reguladora brasileira
sede, especificamente, em uma de suas superintendncias relacionadas a normas e
regulamentos.
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4. METODOLOGIA DE PESQUISA
Nesta seo, h uma classificao do estudo, a definio do caso a ser estudado e a
definio dos aspectos de levantamento e a anlise de dados.
4.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa aplicada, pois tem o objetivo de gerar
conhecimentos para aplicao prtica e dirigidos soluo de problemas especficos (SILVA
e MENEZES, 2000, p. 20); de uma pesquisa qualitativa, pois considera que h uma relao
dinmica entre o mundo real e o sujeito (...) e a subjetividade do sujeito que no pode ser
traduzida em nmeros (SILVA; MENEZES, 2005, p. 20); e de um estudo de caso, pois
caminha para um estudo profundo e exaustivo de um objeto de maneira que se permita o
seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 1991 apud SILVA; MENEZES, 2005, p. 21 e
22).
luz do estudo de Yin (2001), quando se questiona o como ou o por que dos
fenmenos, o estudo de caso o mais indicado entre os demais mtodos. Neste estudo,
procurou-se analisar como o planejamento da aplicao de Lean Office em uma agncia
reguladora brasileira. Sendo o estudo de caso a estratgia de pesquisa adotada para este
trabalho, ressaltam-se as seis fontes de evidncia, segundo Yin (2001), sendo elas:
documentos, registros em arquivos, observao direta, entrevistas, observao participante e
artefatos fsicos. O presente estudo adotou como fontes de evidncia a entrevista, os
documentos e os registros em arquivos. A entrevista foi realizada com o gerente tcnico
responsvel pelo planejamento e implantao de Lean Office na agncia e os documentos e
registros em arquivos foram apresentados por ele tambm.
O entrevistado ocupa a funo de gerente tcnico na rea de Gerncia Tcnica de
Processos Internos da superintendncia alvo, relacionada a normatizao e regulao. Ele
trabalha na agncia h aproximadamente trs anos e se estabeleceu, recentemente, no cargo de
gerente tcnico. Em relao a este cargo, o entrevistado responsvel pela percepo da
necessidade de se conhecer e gerenciar os processos, pela iniciativa de criao da rea e pela
disseminao dos conceitos de escritrio enxuto, assumindo responsabilidade completa em
relao ao planejamento e aplicao de Lean Office na superintendncia. Ele tem experincia
em relao ao tema, desde que entrou no mercado de trabalho, tendo trabalhado na aplicao
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P g i n a | 38
dos conceitos da mentalidade enxuta em uma empresa de grande porte do ramo de
eletrodomsticos e, posteriormente, em duas empresas de consultoria, nas quais coordenou e
gerenciou diversos projetos. Alm disso, quanto sua titulao, ele mestre em Engenharia
de Produo com nfase em Produo Enxuta e Lean Office.
4.2 DEFINIO DO CASO A SER ESTUDADO
Para definir o caso a ser estudado, aps verificar a versatilidade de aplicao de Lean
Office e sua aplicabilidade aos servios realizados pelo setor pblico, por meio do
levantamento bibliogrfico, foram considerados casos de agncias reguladoras que se
encontravam em fase de planejamento da aplicao de Lean Office em alguma de suas reas,
sendo um contexto pouco explorado pela literatura de Lean Office, como mencionado. A
agncia reguladora selecionada para o estudo de caso ser denominada Agncia A e uma de
suas superintendncias finalsticas, por meio de sua gerncia tcnica, empenhou-se no
planejamento da aplicao do escritrio enxuto. Assim, foi possvel acompanhar um
planejamento de implantao do escritrio enxuto em uma superintendncia de uma agncia
reguladora brasileira, atravs das fontes de evidncia mencionadas.
4.3 LEVANTAMENTO E ANLISE DE DADOS
De acordo com Churchill Jr. e Peter (2000), os dados primrios so coletados
especialmente para o propsito de uma investigao, sendo retirados da amostra para realizar
uma inferncia estatstica. Os dados secundrios, segundo os mesmos autores, so
provenientes de fontes estruturadas de investigaes realizadas com outros propsitos. Neste
trabalho, para que fosse possvel desenvolver os objetivos especficos definidos foram usados
dados secundrios, obtidos atravs da reviso da literatura, e dados primrios, obtidos atravs
do estudo de caso.
O levantamento de dados primrios foi pautado em um roteiro de pesquisa que
desdobrou os objetivos especficos, sustentados por proposies embasadas na reviso da
literatura, em proposies de estudo de caso. Para verificar a veracidade das proposies de
estudo de caso, estas foram transformadas em perguntas estruturadas para coleta de dados
primrios, conforme pode ser visualizado no Quadro 5. Outras perguntas importantes para o
entendimento do caso foram anexadas ao formulrio de perguntas para entrevista (vide
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Apndice A). Isso possibilitou nortear no s a entrevista, como o acesso a documentos e
registros em arquivos.
Quadro 5 - Roteiro de pesquisa
Objetivos
especficos
Levantamentos
bibliogrficos
Proposies de estudo
de caso Perguntas estruturadas
Ob
jeti
vo e
spec
fic
o 1
6
O valor pode ser determinado apenas pelo cliente final
(WOMACK; JONES, 2004) e
envolve a determinao do
nvel de customizao exigido
pelo cliente final (ABDI;
SHAVARINI; HOSEINI,
2006).
O planejamento do escritrio enxuto prev a
determinao de valor
para os usurios dos
servios regulados e do
nvel de customizao
exigido por eles.
Como planejada a
determinao de valor para
o usurio?
J existem esforos postos
em prtica para a realizao
deste princpio?
O fluxo de valor deve ser
identificado para todos os
processos da empresa
(WOMACK; JONES, 2004).
O planejamento do
escritrio enxuto prev a
identificao de todos os
processos da rea.
Como planejada a
identificao do fluxo de
valor?
J existem esforos postos
em prtica para a realizao
deste princpio?
Para estabelecer o fluxo
contnuo, devem-se ignorar os
limites das unidades
departamentais e repensar
prticas e ferramentas
(WOMACK; JONES, 2004).
O planejamento do
escritrio enxuto prev o
estabelecimento do fluxo
contnuo e, para isso,
ignora os limites das
unidades departamentais
e repensa prticas e
ferramentas.
Como planejado o estabelecimento do fluxo
contnuo?
Como a equipe responsvel
lida com os limites
departamentais?
Prticas e ferramentas so
repensadas para a aplicao
do escritrio enxuto?
Para manter o fornecimento
alinhado demanda,
necessrio prever o
comportamento de demanda do cliente final (ABDI;
SHAVARINI; HOSEINI,
2006).
O planejamento do
escritrio enxuto prev o
comportamento de demanda dos usurios dos
servios regulados.
Como planejada a
previso do comportamento
de demanda do usurio?
J existem esforos postos em prtica para a realizao
deste princpio?
O estmulo mais importante
perfeio a transparncia,
pois todos os membros da rede
enxuta tm a possibilidade de
enxergar tudo mais claramente
e se torna fcil descobrir
novas maneiras de agregar
valor (WOMACK; JONES,
2004).
O planejamento do
escritrio enxuto prev a
manuteno da busca pela
perfeio.
Como os princpios
anteriores sero mantidos
aps a aplicao do
escritrio enxuto?
6 Objetivo especfico 1: verificar como os princpios enxutos so abordados no planejamento da implantao do
escritrio enxuto.
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Objetivos
especficos Levantamentos bibliogrficos
Proposies de estudo
de caso Perguntas estruturadas
Ob
jeti
vo e
spec
fic
o 2
7
O comprometimento com a
mudana constitui-se de
comunicao, permisso
experimentao e flexibilidade
na aplicao de ferramentas,
sendo essencial o apoio da alta
administrao (TAPPING;
SHUCKER, 2003).
O planejamento do
escritrio enxuto inclui o
comprometimento com a
mudana.
Como ser estabelecido o
comprometimento com a
mudana?
A escolha do fluxo de valor
constitui-se da compreenso do
fluxo de valor, da criao de um plano de melhoria e da melhoria
dos processos com base no fluxo
de valor e no plano de melhoria
(TAPPING; SHUKER, 2003).
O planejamento do
escritrio enxuto inclui a escolha do fluxo de
valor.
Como ser realizada a
melhoria dos processos no ambiente administrativo
dessa rea?
O aprendizado sobre lean o
entendimento dos conceitos e
termos associados mentalidade
enxuta e, para tanto, deve haver
treinamento e criao de planos
de aprendizagem (TAPPING;
SHUKER, 2003).
O planejamento do
escritrio enxuto inclui
treinamento e criao de
planos de aprendizagem
sobre os conceitos e
termos associados
mentalidade enxuta.
H planos de aprendizagem
sobre a mentalidade
enxuta?
Quais sero as formas para
promover o aprendizado
sobre os conceitos e termos
associados mentalidade
enxuta?
J existem esforos postos em prtica para a sua
disseminao?
O mapeamento do estado atual
exige o aprendizado sobre lean
para expor as unidades de fluxo
de trabalho e as unidades de
informao, atravs do uso de
metodologias (TAPPING;
SHUKER, 2003).
O planejamento do
escritrio enxuto inclui o
mapeamento do estado
atual.
Ser realizado um
mapeamento do estado
atual? Como?
Quais metodologias sero
usadas para realizar esse
passo?
A identificao de medidas de
desempenho lean significa a
determinao de mtricas para o
alcance dos objetivos da mentalidade enxuta (TAPPING;
SHUKER, 2003).
O planejamento do
escritrio enxuto inclui a
identificao das
medidas de desempenho lean.
As medidas de desempenho
foram definidas ou sero
definidas, nessa fase?
Como elas foram ou sero definidas?
O mapeamento do estado futuro
acontece a partir do
entendimento da demanda do
usurio, da implantao do fluxo
contnuo e do nivelamento da
carga de trabalho (TAPPING;
SHUKER, 2003).
O planejamento do
escritrio enxuto inclui o
mapeamento do estado
futuro.
Ser realizado um
mapeamento do estado
futuro? Como?
7 Objetivo especfico 2: verificar como os passos definidos para a implantao do escritrio enxuto so
planejados com base nas seguintes variveis: comprometimento, fluxo de valor, aprendizagem, mapeamento de
processos, indicadores de desempenho e melhoria contnua.
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Objetivos
especficos Levantamentos bibliogrficos
Proposies de estudo
de caso Perguntas estruturadas
Ob
jeti
vo e
spec
fic
o 2
A criao dos planos de Kaizen
a preparao para a
implementao dos planos de
Kaizen, e inclui diversas
propostas de modificaes,
chamando para a ao (TAPPING; SHUKER, 2003).
O planejamento do
escritrio enxuto inclui a
criao de planos de
Kaizen.
Sero criados planos de
Kaizen? Como?
A implementao dos planos de
Kaizen ocorre aps sua criao, e
se resume a implantao e
acompanhamento (TAPPING;
SHUKER, 2003).
O planejamento do
escritrio enxuto inclui a
implementao de planos
de Kaizen.
Como os planos de kaizen
sero implantados e
acompanhados?
Ob
jeti
vo e
spec
fic
o 3
8 A estratgia de implantao da
abordagem enxuta inclui a
utilizao de modelos, conceitos
e ferramentas, tais quais: 5S,
Takt Time, FIFO, Heijunka,
Kanban, Metodologia A3, Mapa
de Fluxo de Valor e Fluxo
Contnuo (TAPPING; SHUKER,
2003).
O planejamento de
aplicao do escritrio
enxuto inclui a definio
de modelos, conceitos e
ferramentas para serem
utilizados na estratgia
de sua implantao.
Quais modelos, conceitos
ou ferramentas foram
definidos para auxiliar na
implantao do escritrio
enxuto?
Detalhadamente, ressalta-se que o estudo de caso foi realizado em partes. Na primeira
parte, houve uma conversa inicial com o gerente tcnico para a verificao de alinhamento do
caso com o objetivo de pesquisa. Secundariamente, documentos sobre o planejamento
estratgico da Agncia A e sobre suas caractersticas gerais, como misso, viso, valores,
poltica associada, definida por lei, e organograma (vide Apndice D) foram acessados.
Adquiridos conhecimentos sobre a agncia, as perguntas de entrevista foram
elaboradas com base no roteiro de pesquisa e foi respondida at a Parte VI (vide Apndice A),
em um primeiro momento, como previsto. As dvidas surgidas, no intervalo de uma semana,
entre o incio e a finalizao da entrevista, foram enviadas via correio eletrnico e mais
documentos e registros em arquivos foram acessados. Foram disponibilizados, por exemplo,
um mapa de identificao e cadastro de processos (vide Anexo A), o mapa de demanda de
melhoria de processos de negcio (vide Anexo B) e modelos de treinamentos e contedos
sobre conhecimentos importantes para a mudana e sobre a Metodologia A3 (vide Apndice
B e Apndice C).
8 Objetivo especfico 3: 3. Identificar os modelos, conceitos e ferramentas, definidos atravs do planejamento,
que sero utilizados pela agncia reguladora para a implantao do escritrio enxuto.
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Aps o relato dos resultados adquiridos at o momento anterior, na semana seguinte, a
segunda parte do formulrio de perguntas foi respondida, e finalmente, os resultados foram
completamente relatados e, em seguida, analisados. Vale ressaltar que o conjunto de
resultados e anlises foi validado pelo entrevistado, o gerente tcnico da superintendncia
alvo do planejamento, garantindo alta confiabilidade para o presente trabalho. Os
procedimentos de estudo de caso realizados so apresentados na Figura 3.
Figura 3 - Procedimentos detalhados de estudo de caso
Semana 1 - 16 a 22 de setembro Conversa inicial sobre a convenincia do caso
Semana 1 - 16 a 22 de setembro Acesso a documentos de caracterizao da agncia
Semana 2 - 23 a 29 de setembro Elaborao da entrevista
Semana 2 - 23 a 30 de setembro Realizao da primeira parte da entrevista
Semana 3 - 30 de setembro a 6 de outubro Soluo de dvidas via correio eletrnico
Semana 3 - 07 a 13 de outubro Acesso a documentos e registros em arquivos
Semana 3 - 07 a 13 de outubro Relato de resultados e anlises
Semana 4 - 14 a 20 de outubro Realizao da segunda parte da entrevista
Semana 5 - 21 a 27 de outubro Relato de resultados e anlises
Semana 6 - 28 de outubro a 3 de novembro Validao dos resultados e anlises pelo gerente tcnico
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P g i n a | 43
5. RESULTADOS E ANLISES
Neste tpico, so apresentados os resultados obtidos por meio dos procedimentos
metodolgicos, determinados na seo anterior, e as anlises convenientes sobre tais
resultados.
5.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO
Esta seo traz os resultados adquiridos atravs das fontes de evidncia indicadas. O
primeiro subitem realiza uma descrio da agncia reguladora, que no pde ter seu nome
identificado, e uma descrio da superintendncia alvo deste estudo. Trata-se de uma forma
de caracterizar a agncia de modo mais especfico, beneficiando o estudo, em relao ao que
foi apresentado at o momento, sem, no entanto, revelar a sua identidade, e de especificar
alguns aspectos da rea alvo do estudo. Em seguida, os resultados sobre o planejamento de
implantao do escritrio enxuto foram, tambm, apresentados.
5.1.1 CARACTERIZAO DA AGNCIA REGULADORA E DA SUPERINTENDNCIA ALVO
Segundo dados adquiridos atravs da entrevista e por meio de documentos e registros
em arquivos, como agncia reguladora independente, os atos administrativos relativos
Agncia A visam a manter a continuidade na prestao de um servio pblico de mbito
nacional; zelar pelo interesse dos usurios; e cumprir a legislao pertinente ao sistema por
ela regulado.
A fim de atender a essas e outras metas, sua estrutura organizacional foi arquitetada
segundo o modelo funcional, sendo que suas reas, denominadas superintendncias, e suas
funes so bem definidas. Trata-se de uma estrutura bastante hierarquizada, formada por
cinco nveis hierrquicos, sendo o nvel mais alto formado pela diretoria, que possui carter
deliberativo e decisrio, e os demais nveis, do mais ao menos elevado, superintendncia,
gerncia, gerncia tcnica e coordenadoria, que tm carter executivo.
Quanto ao gerenciamento de processos, este realizado de modo distinto entre as
prprias superintendncias da agncia. Os esforos para a gesto de processos e as linguagens
de modelagem de processos so descoordenados e no h garantia de que todas as
superintendncias tenham os seus processos mapeados. Assim tambm, as iniciativas de
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mapeamento de processos na agncia so assncronas e espordicas e ocorrem atravs de
instncias superiores, como a diretoria, dos trabalhos de consultores contratados ou da
auditoria interna. Entretanto, essas iniciativas no garantem o conhecimento e o
gerenciamento dos processos no longo prazo.
A superintendncia alvo deste estudo a mais metdica e avanada em relao s
demais quanto ao gerenciamento de processos, sendo ela a nica que possui uma gerncia
tcnica dedicada a isso. A superintendncia exerce funes principais ou finalsticas dentro da
agncia. A gerncia tcnica responsvel pelo mapeamento desta superintendncia, por sua
vez, uma rea interna dedicada somente a essa atividade e, portanto, tem funo de apoio.
Dentro da superintendncia trabalham cerca de 120 funcionrios e dentro da gerncia tcnica
trabalham seis funcionrios.
Ressalta-se que o que se busca nessa superintendncia no a orientao para
processos, mas sim o reconhecimento de que a identificao dos processos etapa necessria
para controlar e planejar o trabalho da organizao. Atravs da identificao e da criao de
mtricas para medir o fluxo, atrelam-se a avaliao das propostas de mudana nos
procedimentos de trabalho, o planejamento de capacitao e a conformidade com as diretrizes
da superintendncia. O papel da gerncia tcnica para esta superintendncia se confunde com
o papel do escritrio enxuto.
5.1.2 PLANEJAMENTO DE APLICAO DO ESCRITRIO ENXUTO
Esta seo resume como se deu a deciso por aplicar o Lean Office e como se
constituiu a equipe responsvel da gerncia tcnica. Logo, os resultados relativos aderncia
dos princpios de Lean Thinking ao planejamento de aplicao de Lean Office e como os
mesmos sero aplicados, nesta superintendncia, foram expostos. A indicao do mtodo, dos
modelos, conceitos e ferramentas a serem aplicados, segundo o planejamento, realizada em
seguida.
5.1.2.1 Deciso e formao da equipe responsvel
A deciso de aplicao de Lean Office em uma superintendncia finalstica da Agncia
A se deu por influncia do entrevistado, que possui experincia no tema. Quando surgiu a
oportunidade de o mesmo chefiar uma rea relacionada a processos, decidiu-se que os
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conceitos de gesto e melhoria de processos, assim como da gesto da mudana, basear-se-
iam nos conceitos de escritrio enxuto.
Assim, foi criada uma gerncia tcnica destinada a essas determinaes,
especificamente, com o propsito de identificar os processos da superintendncia e de
melhor-los, a fim de garantir o alcance dos resultados pretendidos em um perodo de tempo
menor e com menores custos, gerando menos retrabalho (isso inclui a reduo ou a
eliminao de desperdcios no ambiente administrativo da superintendncia).
Desde que o propsito e a gerncia destinada a execut-lo (comunicao do
entrevistado sobre a criao da gerncia tcnica e de sua responsabilidade) foram
estabelecidos, o planejamento de aplicao do escritrio enxuto foi iniciado. A partir disso,
constituiu-se uma equipe responsvel para a gerncia recm-formada. Como se trata de uma
rea nova, o entrevistado teve a oportunidade de criar a sua prpria equipe, sem a necessidade
de herdar uma gerncia j constituda. Com isso, foram selecionadas pessoas da prpria
agncia, advindas ou no de outras superintendncias ou mesmo unidades, e uma delas
proveniente da universidade. O perfil desejvel era pessoas com boa inteligncia analtica e
focadas para o resultado. A gerncia foi formada por seis pessoas, sendo quatro engenheiros,
um contador e um estagirio da rea de informtica. Formada a equipe da gerncia tcnica, ao
longo do planejamento, treinamentos e reunies de exposio de conhecimentos relacionados
ao tema lean esto sendo realizados, para garantir o apoio necessrio equipe responsvel.
Eles continuaro a ser realizados aps o planejamento.
O planejamento encontra-se em sua finalizao e os resultados, descritos a seguir,
referem-se ao tratamento dos desperdcios, ao alinhamento do planejamento com os princpios
da mentalidade enxuta e ao mtodo de implantao, aos modelos, conceitos e ferramentas
determinados no planejamento.
O Quadro 6 resume os resultados gerais sobre a agncia reguladora, a
superintendncia e a gerncia tcnica, como forma de facilitao da compreenso dos
resultados de estudo de caso, verificados at o momento, por meio da tcnica de retomada
desses resultados.
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Quadro 6 - Resumo dos resultados
Foco Resultados
Agncia A Possui estrutura organizacional funcional e hierarquizada
Possui baixo nvel de orientao para processos
Superintendncia Possui maior nvel de orientao para processos em relao s demais reas
Gerncia tcnica
Possui o propsito de implantar o escritrio enxuto para melhorar os processos do
ambiente administrativo
Possui uma equipe diversificada formada por pessoas voltadas para resultados
Realiza treinamentos e reunies de exposio de conhecimentos de apoio
5.1.2.2 Tratamento dos desperdcios no planejamento
Alguns tipos de desperdcios so tratados com prioridade no planejamento do
escritrio enxuto da superintendncia. De acordo com a entrevista, o desperdcio de estoque
em processo, que significa a informao parada esperando ser processada um desperdcio de
s