langston hughes no brasil e em angola

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 Um poema de Langston Hughes («ALABAMA EARTH») nota biográfica  James Langston Hughes nasceu a 1 de F evereiro de 190 2, em Joplin, Mis souri (EUA) e morreu a 22 de Maio de 1967, de um c ancro na próstata. O seu nome ficou indelevelmente ligado ao Harlem. Escritor de fôlego, deixou-nos muitas obras, que abrangem vários géneros, destacando-se talvez a poesia lírica e o ensaio. Conseguiu ser prolixo e militante sem cair em facilitismos. Era um homem viajado e chegou a viver no México, tendo uma passagem longa por Paris. Entre as influências literárias que diz ter recebido destacam-se dois americanos   um branco e outro negro: Walt Whitman (1819-1892) e Claude McKay, pouco mais velho que ele (1890-1948) . Claude McKay e ra um filho de fazendeiros jamaicanos que, tendo emigrado para os EUA, conheceu e combateu o racismo norte-americano ao mesmo tempo em que aderiu ao socialismo e trabalhou em jornais socialistas e comunistas. Ele esteve também em França, tendo aí influenciado Senghor e Césaire. O movimento conhecido pelo nome de Harlem Renaissance , cujos principais poetas foram Langston Hughes e Contee Cullen, tinha-o por mestre e predecessor, apesar de ele não usar uma linguagem modernista. Justamente modern ista é a outra vertente da poesia de Hughes e do Harlem Renaissance , que se revê também na inventiva de Whitman.  A sua proposta, ao mesmo temp o racial e poética, f oi definida aos 24 anos, num texto que se pode considerar um manifesto e que é talvez o seu ensaio mais famoso: The negro artist and the racial mountain . Ele parte de um episódio em que um jovem poeta diz que espera ser “um poeta, não um poeta negro”. Hughes, forçando a nota ou conhecendo os complexos de uma personagem concreta, conclui que ele queria dizer que pretendia ser um poeta branco e, portanto, um branco. Ora, todos os grandes poetas assumem o que são, diz Hughes... a conclusão a tirar é só uma. Langston Hughes andou por Áfricas e Europas. Em 1923 terá visitado os Camarões, a Guiné, o Congo Belga e ...Angola (o seu primeiro livro é de 1926, portanto posterior a estas viagens). Não possuindo grandes recursos, ia trabalhando nas mais diversas ocupações   e também nos navios   para poder conhecer o mundo. Infelizmente não possuo qualquer informação mais relativa à sua passagem por Angola. Muitas décadas depois da sua presença entre nós, um laureado poeta nigeriano respondia cabalmente à dedução inicial de Hughes, através da famosa frase: “um tigre não precisa mostrar a sua tigritude”. A ideia é a de se manifestar naturalmen te o que somos, porque estamos embebidos disso. Foi a segunda morte de Hughes; a primeira foi pelo pólo oposto, quando os jovens defensores do Black Power o começaram a criticar. Na história contada no início do manifesto que acima referi, se o autor não tinha em mente um escritor complexado e concreto do seu tempo, a dedução dele estava errada. Querer ser apenas um grande poeta não é querer ser um poeta branco. Implica ser reconhecido em qualquer parte do mundo, mas não é o mesmo que dizer que se quer ser um poeta branco. É justamente colocar o desafio para além disso: não o maior entre os brancos ou negros, mas o maior de todos.

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Comentários e proposta de tradução em torno de um poema de Langston Hughes, sua tradução brasileira e a sua possível leitura em Angola pela primeira geração nacionalista.

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Um poema de Langston Hughes

(«ALABAMA EARTH»)

nota biográfica James Langston Hughes nasceu a 1 de Fevereiro de 1902, em Joplin, Missouri (EUA) emorreu a 22 de Maio de 1967, de um cancro na próstata. O seu nome ficou indelevelmenteligado ao Harlem.

Escritor de fôlego, deixou-nos muitas obras, que abrangem vários géneros, destacando-setalvez a poesia lírica e o ensaio. Conseguiu ser prolixo e militante sem cair em facilitismos.Era um homem viajado e chegou a viver no México, tendo uma passagem longa por Paris.Entre as influências literárias que diz ter recebido destacam-se dois americanos –  umbranco e outro negro: Walt Whitman (1819-1892) e Claude McKay, pouco mais velho queele (1890-1948) . Claude McKay era um filho de fazendeiros jamaicanos que, tendo

emigrado para os EUA, conheceu e combateu o racismo norte-americano ao mesmotempo em que aderiu ao socialismo e trabalhou em jornais socialistas e comunistas. Eleesteve também em França, tendo aí influenciado Senghor e Césaire. O movimentoconhecido pelo nome de Harlem Renaissance , cujos principais poetas foram LangstonHughes e Contee Cullen, tinha-o por mestre e predecessor, apesar de ele não usar umalinguagem modernista. Justamente modernista é a outra vertente da poesia de Hughes e doHarlem Renaissance , que se revê também na inventiva de Whitman.

 A sua proposta, ao mesmo tempo racial e poética, foi definida aos 24 anos, num texto quese pode considerar um manifesto e que é talvez o seu ensaio mais famoso: The negro artist and the racial mountain . Ele parte de um episódio em que um jovem poeta diz que espera ser

“um poeta, não um poeta negro”. Hughes, forçando a nota ou conhecendo os complexosde uma personagem concreta, conclui que ele queria dizer que pretendia ser um poetabranco e, portanto, um branco. Ora, todos os grandes poetas assumem o que são, dizHughes... a conclusão a tirar é só uma.

Langston Hughes andou por Áfricas e Europas. Em 1923 terá visitado os Camarões, aGuiné, o Congo Belga e ...Angola (o seu primeiro livro é de 1926, portanto posterior aestas viagens). Não possuindo grandes recursos, ia trabalhando nas mais diversasocupações – e também nos navios – para poder conhecer o mundo. Infelizmente nãopossuo qualquer informação mais relativa à sua passagem por Angola.

Muitas décadas depois da sua presença entre nós, um laureado poeta nigeriano respondiacabalmente à dedução inicial de Hughes, através da famosa frase: “um tigre não precisamostrar a sua tigritude”. A ideia é a de se manifestar naturalmente o que somos, porqueestamos embebidos disso. Foi a segunda morte de Hughes; a primeira foi pelo pólo oposto,quando os jovens defensores do Black Power o começaram a criticar.

Na história contada no início do manifesto que acima referi, se o autor não tinha em menteum escritor complexado e concreto do seu tempo, a dedução dele estava errada. Querer serapenas um grande poeta não é querer ser um poeta branco. Implica ser reconhecido emqualquer parte do mundo, mas não é o mesmo que dizer que se quer ser um poeta branco.É justamente colocar o desafio para além disso: não o maior entre os brancos ou negros,

mas o maior de todos.

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O manifesto do grande poeta americano deve, no entanto, ser compreendido no contextoem que surge. Hughes cresce no seio de uma família de garbo e história abolicionista, apóso recuo estratégico de Booker T. Washington (1856-1915). Booker Washington, grandepedagogo, responsável pela preparação das crianças negras, em larga escala, como operáriosespecializados (mas para profissões médias e baixas – desde tipógrafo e alfaiate a

jardineiro), trocou os direitos cívicos dos negros por dinheiro para a sua formação eaceitava a separação racial desde que os negros fossem tão bem tratados como os brancos...no sector que lhes era reservado. Claro que tal estratégia, mesmo por ter formado uma elitenegra que rapidamente chegou ao nível da pequena e média burguesias, para além depolémica destinava-se a ser ultrapassada com muita rapidez. A luta pelos direitos cívicos,pela igualdade de direitos, ultrapassou o integracionismo (há quem lhe chamecooperativismo) de Booker Washington, que foi praticamente contemporâneo de Cordeiroda Matta.

Mais tarde ou mais cedo, a reivindicação da igualdade de direitos passaria por umaafirmação orgulhosa da negritude de cada um. A par disso Langston Hughes, altivo como

diz Viriato da Cruz, e também irónico, subordina a sua poesia ao facto, julgado anterior, deser negro dos EUA. Portanto, escreve como negro. A cor da pele e a história da “raça”estruturam o seu jogo de conotações, alusões e ironias. As cores nomeadas nos seus versossão sempre significativas. Por exemplo em «The Weary Blues», a luz branca dos candeeirosa gás é pálida e velha. Velho também é o piano, que no entanto o bluesman faz gemer.Com isso ele respondia ao orgulho branco, de organizações racistas como a do Ku KluxKlan, com o orgulho negro das mãos de ébano que fazem o piano “gemer com melodia”.Para o leitor menos avisado, convém esclarecer o que significa “negro” aqui: significa tersangue negro, integrando-se no grupo os mestiços descendentes de negros e os negroseventualmente não misturados com brancos. Isso mesmo podemos ver no poema que elechama de «Mulatto». Qualquer mestiço de sangue negro era tratado como negro pelos

racistas brancos e devia assumir-se como negro perante eles. O próprio Hughes, pelas fotosque há dele na Internet, parece mestiço e não negro – dando razão a uma polémicaafirmação de M. António. Quando publica The negro mother and other dramatic recitations (  A

 Mãe Negra e outras récitas dramáticas  ), esta mãe negra é comum à mitologia de negros emestiços americanos. Quando Viriato da Cruz escreve o poema «Mamã Negra (Canto deEsperança)»1, devemos lembrar-nos do título anterior de Hughes, que ele inteligentementetorna mais afectivo, recorrendo a um termo da infância (usado por Hughes em outrosmomentos).

«Mamã Negra (Canto de Esperança)» foi escrito em 1949, segundo Pires Laranjeira afirmaem A negritude africana de língua portuguesa . Esta obra não permite perceber como Viriato da

Cruz, até 1949, teve conhecimento da poesia de Hughes, referido num verso do poema«Mamã Negra (Canto de Esperança)» e aludido em outro (“Vozes de todas as vozes, na vozaltiva de Langston”; “Vozes do Harlem District South”). Uma das pistas possíveis paracobrir (ou descobrir) essa lacuna é a de uma tradução brasileira. Talvez haja traduçõesanteriores mas está é pelo menos uma das primeiras em língua portuguesa – que eu saiba.

Sai no número inaugural da Revista brasileira de poesia , em Dezembro de 1947. Oscolaboradores eram de luxo, incluindo alguns dos tradutores. Entre os mais conhecidoshoje encontramos Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes. Mas também lá pontuam outrospoetas importantes, hoje e na época: Ribeiro Couto, sempre referido por cabo-verdeanos eangolanos como uma das suas influências; Guilherme de Almeida, figura proeminente das

1 Dedicado a Jacques Roumain, que recebeu Langston no Haiti, no regresso de África, e tentou que ele ficassepor ali.

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letras brasileiras de então; Domingos Carvalho da Silva e Péricles Eugénio da Silva Ramos,poetas reconhecidos e tradutores conceituados de poesia; Énio Silveira (que disputoucadeira na Academia Brasileira de Letras com a viúva de Jorge Amado)2.

Numa postura correctíssima, e que deve ter sido propositada, a secção «Poemas» da Revista 

brasileira de poesia  começa pela tradução de peças de T. S. Eliot e Langston Hughes: umgrande poeta branco e um grande poeta negro, ambos do Missouri e ambos modernistas.

Do grande poeta negro são traduzidos «Alabama Earth» (Ribeiro Couto), «Dream variations» (que Manuel Bandeira chama «Aspiração»), «The negro speaks of rivers»(Guilherme de Almeida), «Disillusion» (Énio Silveira) e «Minstrel man» («O Menestral»,trad. de Geraldo Pinto Rodrigues). Apesar da boa vontade, nem todas estas traduções sãoboas. Aqui vou centrar-me numa, a primeira, mas nem todas elas são boas.

tradução

O poema «Terra de Alabama» tem como subtítulo, na tradução, “gravado no túmulo de Washington”.

 Aí reside logo a primeira infidelidade do tradutor: no original está “at Booker’s Washingtongrave”. Engolindo o nome “Booker” (para além de introduzir, desnecessariamente,“gravado”  –   grave ali refere-se à sepultura, não tem relação com “gravado” ), Ribeiro Couto

 vai confundir o leitor, mesmo estando ao lado o texto inglês, porque o Washington quegeralmente conhecemos é George Washington (1732-1799, o primeiro presidente dosEUA). De Booker Taliaferro Washington falei resumidamente umas linhas atrás: nasceudepois, era negro (ou mestiço) e integracionista, famoso em todo o mundo, reconhecidocomo sábio pelos americanos brancos. Isto muda completamente o sentido do poema. O

famoso Instituto por ele fundado (onde Claude McKay chegou a estudar agricultura, massem entusiasmo), chamava-se «Tuskegee Normal and Industrial Institute» e ficava no Alabama. Perante estes dados e o facto de Hughes ser um defensor dos direitos cívicos eiguais para os negros, tratando-se ainda por cima de um poeta cheio de ironia, o leitor élevado a fazer uma interpretação diferente do poema, diferente do que seria no caso de eleestar dedicado a George Washington.

 Ao longo da tradução vamos vendo infidelidades rítmicas que afectam igualmente a ideiade conjunto do poema e alguma da sua significação. Logo no primeiro verso coloca RibeiroCouto uma vírgula onde ela não existia: “Deep in Alabama earth” é traduzido por “Fundo,na terra do Alabama”. Ele quer realçar o “fundo” mas o verso, sem a vírgula, para além de

ter outro ritmo, é como se fosse uma palavra só: fundo-na-terra-do-Alabama. Aquele“fundo” não pode ser separado de “terra”, pois ele quer dizer “bem enterrado”, “jáengolido pela terra”. É justamente essa noção de “enterrado” que falta na tradução dosegundo verso e que reforça a ironia do poema (como reforçaria o lamento se fosse umpoema elogioso). Não sei se por gralha, mas “his buried body lies” é traduzido sem oadjectivo (“buried”), que significa “enterrado, sepultado” e, também, “cravado”. Os dois

 versos enterram, portanto, o sentido fundamental de ...enterrar.

Outra questão rítmica (e também semântica) é levantada pela eliminação do 5.º verso, todo.O verso é “and out of Alabama earth” e parece repetir o 1.º e o 9.º. No primeiro versotemos “fundo na terra do Alabama”, no 5.º verso temos “e fora da terra do Alabama”, no

9.º verso temos “While over Alabama earth”. A sequência fica destruída pela oclusão do 5.º2 Agradeço à Prof.ª Beatriz Weigert esta informação.

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 verso. E não só. A tradução do 9.º verso é “Enquanto sobre a terra do Alabama”; noentanto Ribeiro Couto escreve “Enquanto na terra do Alabama”, mudando a focalizaçãodo quadro. A repetição do verso tranforma-o num mote, um motivo em torno do qual opoema se estrutura e ao qual vai voltando ritmadamente. Uma vez concentrada a atençãodo leitor, a mínima diferença dentro do que se repete é notada. Através dela o poeta

constrói uma progressão bem trabalhada: “fundo na terra” na verdade é o contrário de“fora da terra”, que por sua vez é diferente de “sobre a terra”, antónimo de “fundo naterra”. Se traduzimos por “na terra” essa parte do 9.º verso estamos a dizer dentro dela,portanto, estamos próximos do primeiro verso, perdendo-se a sequência dentro – fora –  sobre.

Para além disso, a oclusão do verso 5.º afecta o sentido rítmico e o tom melancólico dopoema. Os versos e as estrofes de Hughes são muito marcados pela música, especialmente

 Jazz e Blues. O seu primeiro livro, de 1926, intitula-se The weary blues , tal como um dospoemas abaixo referidos. Nos Blues, a música é ritmada de forma repetitiva, concentrando-se assim a atenção do ouvinte e transmitindo-lhe ao mesmo tempo uma impressão de

melancolia, ou de obsessão, ou de lembrança que nos mói gota a gota, todos os dias. Nãosendo músico nem estudioso de música, não sei falar disto de outra maneira. Mas perceboque as repetições imperfeitas dos versos onde entra “terra do Alabama” traduzempoeticamente esse tom melancólico e de blues . Cortá-las é como tirar o sabor à comida e aestrutura ao prédio: o poema cai e fica a saber a nada.

 As infidelidades de Ribeiro Couto não ficam por aí, pese embora a sua autoridade enquantoescritor. O 6.º verso (“to all the world”) é traduzido como “pelo mundo inteiro” e não“para o mundo inteiro”. Na verdade, a mensagem de que se fala aí é “para o mundointeiro” que “vai”, não propriamente a que “pelo mundo” se “espalha”. As imagens sãopróximas mas, como podem ver comparando as versões, no final do artigo, ela implica uma

leitura diferente do poema, alheia à sua ironia profunda.

O 8.º verso, “And the strength a strong hand knows” passa a “E a força que uma fortemão agora conhece”. Não sei porque é que o escritor brasileiro colocou lá a palavra“agora”, porque não existe no original. Mas creio que ela não existe porque não faz falta.  

No 10.º verso, “These words are gently spoken” é traduzido por “Falam suavemente estaspalavras”, quando me parece que deveria estar “Estas palavras são gentilmente (ousuavemente) faladas (aqui no sentido de “repetidas”)”. Se isso é também pouco importante,mais significativo é o que vem depois.

Na tradução das máximas que “falam suavemente”, há duas pequenas diferenças que, noentanto, afectam o estilo da composição. As máximas são “Serve – and hate will ideunborn”, que seria mais correcto, parece-me, traduzir por “Serve – e o ódio continuará(permanecerá, manter-se-á) sem nascer”; e “Love –  and chaines are broken”. Setraduzirmos à letra, “chaines are broken” não será “as cadeias se partirão” mas, sim, “estãopartidas”; tal como teremos um ódio que, “sem nascer”, permanece, continua, em vez doque “morrerá antes de nascer”. A ironia do poema parece-me fortemente jogada aqui, pelacontradição entre o ódio não nascer num mundo cheio de ódio (onde, portanto, não podenascer, na medida em que não nasce o que existe, nasceu talvez mas não nasce, existindonão vai nascer).

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Provavelmente foram lidos em Angola, assim, este e outros poemas de James LangstonHughes. O que não nos impede de sugerir uma tradução diferente, baseada em tudoquanto foi escrito acima e em mais algumas observações idênticas.

“ Terra de Alabama(no túmulo de Booker Washington)

Fundo na terra do AlabamaO seu corpo enterrado repousa –  Mas mais alto que os pinheiros cantantesE mais alto que os céusE fora da terra do AlabamaPara todo o mundo aí vai

 A verdade que o simples coração reteve

E a força que uma forte mão conhece,Enquanto sobre a terra do AlabamaEstas palavras são gentilmente repetidas:Serve – e o ódio continuará sem nascer.

 Ama –  e as cadeias estão partidas” 

Para que o leitor possa ajuizar do que digo e saber que poema leram os angolanos na Revista Brasileirade Poesia , caso a tenham mesmo lido, transcrevo igualmente o poema original e a tradução de RibeiroCouto:

“ Alabama Earth(At Booker Washington’s grave) 

Deep in Alabama earthHis buried body lies –  But higher than the singing pines

 And taller than the skies And out of Alabama earth To all the world there goes

 The truth a simple heart has held And the strength a strong hand knows, While over Alabama earth These words are gently spoken:Serve – and hate will ide unborn.Love –  and chains are broken” 

“ Terra de Alabama(Gravado no túmulo de Washington)

Fundo, na terra do AlabamaO seu corpo repousa.

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Porém, mais alto que os pinheiros cantantesE mais alto que os céusPelo mundo inteiro se espalha

 A verdade que o simples coração sustentouE a força que uma forte mão agora conhece

Enquanto na terra do AlabamaFalam suavemente estas palavras:Serve – e o ódio morrerá antes de nascer

 Ama –  e as cadeias se partirão”. 

Francisco Soares, Évora, 11-12-2003.

Referências:Revista Brasileira de Poesia , n.º 1, São Paulo, Dez.º 1947. Arnold Rampersad, «Hughes’s Life and Career»,http://www.english.uiuc.edu/maps/poets/g_l/hughes/life.htm 

 Andrew P. Jackson, «James Langston Hughes (1902-1967),http://www.redhotjazz.com/hughes.html 

 Alguns dos seus poemas, junto com a bibliografia completa e uma curta biografia, podemser lidos acessando http://www.poets.org/poets/poets.cfm?45442B7C000C0E01