kuhn, t. o caminho desde a estrutura - ensaios filosóficos-resenha

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  • doi: 10.5007/1808-1711.2012v16n2p345

    RESENHASREVIEWS

    KUHN, Thomas S. O caminho desde a Estrutura: ensaios filosficos 1970-1993, comuma entrevista autobiogrfica. (Ed. por James Conant e John Haugeland. Trad. CezarMortari. So Paulo: Editora UNESP, 2006.

    Originalmente publicado em 2000, nos Estados Unidos, temos desde 2006 dispon-vel em portugus O caminho desde a Estrutura, de Thomas Kuhn, em traduo deCezar Mortari (UFSC), que registra o pensamento desse autor entre 1970 e 1993.Os editores, James Conant e John Haugeland (ambos da Universidade de Chicago),dividiram o livro em trs partes, com 11 captulos ao total, alm de uma entrevistae uma listagem das publicaes de Kuhn ao final. A primeira parte, Reconcebendoas revolues cientficas, trata de revolues, incomensurabilidade e a filosofia his-trica da cincia. A segunda, Comentrios e rplicas, contm algumas respostas deKuhn a seus crticos, em particular no que diz respeito mudana de teorias, racio-nalidade e objetividade na cincia e distino entre cincias naturais e humanas.Por fim, a terceira parte, Um debate com Thomas Kuhn, contm uma entrevistaautobiogrfica. Essa coletnea sem dvida o registro mais importante disponvelatualmente dos textos tardios de Kuhn, sendo especialmente esclarecedor acerca dequestes que foram polmicas no perodo imediatamente posterior publicao deA estrutura das revolues cientficas (doravante: Estrutura). Houve mudanas impor-tantes no pensamento e nas formulaes de Kuhn durante esse perodo, mas que sopouco conhecidas do hoje vasto pblico leitor da Estrutura.

    Publicado inicialmente em 1962, a Estrutura pode ser considerado o livro maisinfluente da filosofia da cincia do sculo vinte. Alm de romper com alguns padresque predominaram na filosofia da cincia da primeira metade do sculo passado,que tendiam a privilegiar discusses e abordagens abstratas e metodolgicas, o livromostrou, talvez definitivamente, que qualquer anlise adequada da cincia tem delevar em conta tambm a sua histria. A recepo inicial da obra na dcada de 1960foi controvertida, e um registro disso pode ser encontrado em A crtica e o desenvol-vimento do conhecimento, organizada por Lakatos e Musgrave (1a ed. 1970). Autorescomo Popper, Lakatos e Laudan acusaram a abordagem kuhniana de ser relativista,psicologista, dogmtica e irracionalista, criticando especialmente alguns dos concei-tos introduzidos por Kuhn, como os de revoluo cientfica e incomensurabilidade,e tambm o papel dado pelo autor a elementos no-observacionais ideologia,comportamento social dos cientistas, capacidade de persuaso, inclinaes metafsi-cas etc. na escolha entre teorias nos perodos de revoluo. Kuhn recusou essas

    Principia 16(2): 345352 (2012).Published by NEL Epistemology and Logic Research Group, Federal University of Santa Catarina (UFSC), Brazil.

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    crticas e dedicou boa parte do seu trabalho posterior a responder e reformular seupensamento luz dessa recepo inicial.

    Nesta resenha destacaremos apenas os textos de O caminho desde A estrutura (do-ravante: O caminho) que tratam diretamente desses trs tpicos (revolues cientfi-cas, incomensurabilidade e os critrios de escolha entre teorias rivais), comparando-os com o pensamento de Kuhn na Estrutura e no artigo Objetividade, juzo de valore escolha de teoria, que faz parte da coletnea A tenso essencial (1a ed. 1977), domesmo autor.

    Revolues cientficas

    Na Estrutura, Kuhn notoriamente empregou o conceito de revoluo cientfica demodo a salientar os aspectos no cumulativos do desenvolvimento da cincia. Ahistria da cincia, ele diz, contm rupturas. Essas rupturas marcam a emergn-cia de novos paradigmas: os cientistas adotam novos instrumentos e orientam seuolhar em novas direes e passam a ver coisas novas e diferentes quando, em-pregando instrumentos familiares, olham para os mesmos pontos j examinados an-teriormente (Estrutura, p.147). Contudo, na medida em que seu nico acesso aesse mundo d-se atravs do que veem e fazem, poderemos ser tentados a dizer que,aps uma revoluo, os cientistas reagem a um mundo diferente (Estrutura, p.148).Essas passagens da Estrutura levaram alguns autores a perceber Kuhn como um re-lativista em cincia1. Em O que so revolues cientficas? (O caminho, pp.2345),Kuhn rejeita esse tipo de leitura, e explica suas prprias concepes dizendo que ashipteses elaboradas aps uma revoluo nem sempre podem ser adequadamentedescritas na linguagem do paradigma anterior. As alteraes que ocorrem em umarevoluo no se limitam ao que previsto pelas teorias em questo, mas afetamtambm a ontologia da cincia e o modo como se pensa e se descreve os objetos,bem como a prtica cientfica (mtodos, instrumentos, comportamentos dos cientis-tas etc.). Nesse mesmo artigo, Kuhn destaca trs caractersticas do que ele entendepor mudana revolucionria na cincia:

    i) Mudanas revolucionrias so mudanas holsticas, no sentido de que afetama rede conceitual inteira da cincia, bem como o modo como os cientistas perce-bem seus objetos e os instrumentos que usam. Nessas mudanas o que ocorre no somente uma reviso ou acrscimo em alguma hiptese ou lei anterior enquanto oresto da teoria permanece inalterado. Esse tipo de mudana mais localizada pode ede fato ocorre em perodos no-revolucionrios, ou de cincia normal, como Kuhndiz. Na mudana revolucionria, so vrios enunciados gerais (hipteses, leis etc.)inter-relacionados que precisam ser revisados, e isso acaba gerando alteraes glo-bais na teoria e prtica da cincia.

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    ii) O modo como os termos cientficos ligam-se com seus referentes muda na Estrutura, Kuhn falava de mudana de significado. Essa mudana altera no so-mente os critrios pelos quais os termos ligam-se natureza, mas os objetos mesmos:o conjunto de objetos ou situaes a que esses termos se ligam (O caminho, p.42).Alteram-se as categorias taxonmicas usadas para as descries e generalizaes ci-entficas. Isso implica em uma redistribuio dos objetos em novas categorias, queso interdefinidas. Essa mudana, portanto, est arraigada na natureza da lingua-gem, pois os critrios relevantes para a categorizao so, ipso facto, os critrios queligam os nomes dessas categorias ao mundo (O caminho, p.43).

    iii) Muda o modelo, metfora ou analogia usado pelos cientistas. Em outras pa-lavras, alteram-se os padres de similaridade e diferena entre tipos de fenmenos.Na fsica de Aristteles, a pedra que cai era como o carvalho que cresce ou como apessoa convalescente de uma doena (O caminho, p.43). Padres de similaridadecomo este colocam fenmenos diferentes na mesma categoria taxonmica. Esses pa-dres so ensinados aos estudantes das respectivas disciplinas cientficas por meiode exemplos concretos exibidos por pessoas que j os reconhecem. Em perodos derevoluo, esses padres de similaridade e as metforas que os acompanham sosubstitudos. Sem esses padres e metforas, a linguagem cientfica no tem comoser adquirida adequadamente, pois por meio deles que se aprende a conectar ostermos cientficos aos fenmenos naturais percebidos. Em boa parte do aprendizadoda linguagem, o conhecimento das palavras e o conhecimento da natureza so adqui-ridos conjuntamente. Na verdade, esta uma das principais caractersticas reveladaspelas revolues cientficas: o conhecimento da natureza mostra-se inseparvel daprpria linguagem que expressa esse conhecimento. Assim, a violao ou distorode uma linguagem cientfica anteriormente no problemtica a pedra de toquepara a mudana revolucionria (O caminho, p.45).

    Essas trs caractersticas compem a concepo tardia de Kuhn sobre revolu-es cientficas. Na Estrutura, Kuhn falava ainda de revolues como mudana deparadigmas. A palavra paradigma, no entanto, mostrou-se bastante ambgua,2 efoi substituda por Kuhn j no Posfcio da Estrutura (publicado em 1970) pelas no-es de matriz disciplinar e exemplar. Em textos posteriores, como no artigo deO caminho mencionado acima, Kuhn fala de alteraes taxonmicas, ou ainda emalteraes nas estruturas lexicais (ver abaixo). Alm disso, na Estrutura Kuhn sugereque revolues cientficas acarretam em uma mudana de mundo (ver as passa-gens da Estrutura, pp.147 e 148, citadas acima), algo que foi interpretado como umenunciado excessivamente relativista. Em textos posteriores, ele evita esse tipo deformulao, tratando as mudanas revolucionrias como mudanas nos lxicos quedescrevem o mundo e no como mudanas no mundo mesmo.

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    Incomensurabilidade

    Os textos reunidos em O caminho registram tambm mudanas nas formulaes deKuhn a respeito da noo de incomensurabilidade. Na Estrutura, ele afirmava queum paradigma que orienta a pesquisa cientfica depois de uma revoluo inco-mensurvel com os paradigmas anteriores. Haveria, ento, com a revoluo, umaredefinio dos mtodos, problemas relevantes e padres de soluo e de evidnciaaceitos numa disciplina. Mas, alm disso, algumas passagens da Estrutura parecemsugerir que teorias de paradigmas diferentes seriam incomparveis, pois expressa-riam vises de mundo diferentes ou apresentariam mundos diferentes. Por isso, nohaveria como escolher racionalmente entre elas novamente, algo que foi lidocomo um elemento relativista do pensamento de Kuhn. As formulaes tardias danoo de incomensurabilidade so notoriamente mais fracas. Dois artigos de O ca-minho, em particular, tratam desse ponto: Comensurabilidade, comparabilidade,comunicabilidade (pp.4776) e O caminho desde a Estrutura (pp.11532). Noprimeiro, Kuhn apresenta o que chama de incomensurabilidade local, que caracte-rizada em termos da intraduzibilidade de algumas noes centrais e interdefinidasde um lxico para o vocabulrio de outro lxico. No haveria, nesses casos, umalinguagem comum para a qual duas teorias de lxicos diferentes possam ser tradu-zidas sem deixar resduos ou perdas. Isso, no entanto, no implicaria incomparabi-lidade, pois seriam apenas alguns termos centrais de uma teoria que no poderiamser traduzidos para o vocabulrio de outra.3 A maioria dos termos, em particularboa parte dos termos diretamente ligados a fenmenos observveis, seriam inter-traduzveis e funcionariam de maneira semelhante nas teorias em questo. Dessamaneira, poder-se-ia comparar duas teorias por meio das previses de observaesque cada uma faz. Essa uma verso mais modesta da noo de incomensurabili-dade do que supuseram boa parte dos crticos iniciais de Kuhn. Sobre esse ponto,h uma divergncia na literatura secundria. Howard Sankey (1993) sustenta queKuhn alterou seu pensamento a esse respeito e identifica trs formulaes distintasda tese da incomensurabilidade; Hoyningen-Huene (1993), por outro lado, afirmaque no houve mudana substancial no pensamento de Kuhn, mas apenas no modode express-lo.4 O prprio Kuhn reconhece, no entanto, ao menos isto: que o uso danoo de incomensurabilidade na Estrutura era mais abrangente que seu uso tardio.Em particular, envolvia no apenas intraduzibilidade de certos termos centrais inter-definidos de um lxico, mas tambm diferenas nos mtodos, campo de problemase padres de soluo (O caminho, p.48, nota 2).

    Contudo, mesmo essa nova formulao da incomensurabilidade sofreu crticas:se no h como traduzir completamente teorias antigas para a linguagem moderna,ento como possvel que um historiador da cincia, como o prprio Kuhn, recons-trua teorias antigas e as reapresente na linguagem contempornea? Isso no seria,

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    justamente, um caso de traduo?5 Kuhn responde a essa crtica dizendo que paracompreender um vocabulrio novo ou desconhecido podemos ou traduzi-lo paranossa lngua materna ou aprender a falar a lngua estrangeira. O que historiadorescomo ele prprio e outros fazem ao descrever teorias do passado ensinar comoaquela lngua do passado era falada. Disso no se segue, no entanto, que os termosdescritos sejam traduzveis para o vocabulrio da cincia contempornea, nem que ateoria descrita pelo historiador seja por ele aceita ou adotada. Por exemplo, termoscomo flogstico, elemento e princpio no tm como ser traduzidos para o vo-cabulrio da qumica contempornea. Mas isso no nos impede de aprender a usaressas palavras da maneira como elas eram usadas pelos adeptos da teoria do flogisto.Alm disso, a intraduzibilidade parcial no impede a comunicao entre comunida-des com taxonomias diferentes. possvel aprender a linguagem de uma taxonomiadiferente, e isso torna o indivduo que aprende bilngue, mas no necessariamentetradutor.6

    No artigo que d o ttulo ao livro, O caminho desde A estrutura, a incomensu-rabilidade apresentada como uma relao entre taxonomias lexicais, ou simples-mente lxicos. Cada lxico pode produzir um leque de enunciados e teorias diferen-tes, mas h tambm enunciados que ele no pode expressar, embora possam s-losem outro. Um exemplo o enunciado copernicano os planetas giram em tornodo sol em contraste com o enunciado ptolemaico os planetas giram em torno daTerra. Esse exemplo ilustra a diferena entre duas taxonomias, pois esses enuncia-dos no so distintos simplesmente em relao aos fatos, mas em relao ao termoplaneta: a Terra no um planeta no sistema ptolemaico.

    Critrios de escolha entre teorias rivais

    A primeira descrio dos perodos de crise-revoluo na Estrutura, em que Kuhntrata do modo como ocorre a escolha cientfica entre teorias rivais, gerou reaescrticas fervorosas por parte de alguns filsofos da cincia, tais como Lakatos 1979,Popper 1979, e Laudan 2001. A abordagem de Kuhn na Estrutura retrata a esco-lha cientfica como guiada no somente por critrios lgicos e observacionais, masinfluenciada por fatores sociolgicos, psicolgicos, metafsicos e tcnicas de persu-aso. Reagindo a isso, Lakatos chegou a dizer que as escolhas cientficas, tal comodescritas por Kuhn, no passam de psicologia das multides (p.221). Rejeitandocrticas desse tipo, em Objetividade, juzo de valor e escolha de teoria (2011c),Kuhn destaca cinco caractersticas de uma boa teoria cientfica: preciso preditiva,coerncia interna e externa, abrangncia, simplicidade e fecundidade. Esses critriosso bastante usuais e difundidos. No entanto, sua aplicao difcil. Na escolha en-tre teorias rivais, cientistas comprometidos com os mesmos critrios podem chegara resultados diferentes. Isto porque esses critrios, quando aplicados em conjunto,

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    podem entrar em conflito. Por exemplo, uma teoria pode ser mais simples enquantooutra mais abrangente. Nesse caso, a escolha depender do peso dado a cada crit-rio, ou da interpretao que se d a cada um. No h um algoritmo que uniformizeos procedimentos de deciso nesses casos, como pretenderam, por exemplo, Lakatose Laudan.

    Kuhn prope que aqueles cinco critrios sejam tratados no como regras que de-terminariam univocamente a escolha, mas como valores que influenciam as decises.Isso permite que cientistas comprometidos com os mesmos valores faam escolhasdiferentes em algumas situaes, como de fato ocorre. Os valores no funcionam,portanto, como um algoritmo, mas mesmo assim no deixam de guiar objetivamenteas escolhas. Essa, em resumo, a resposta de Kuhn para as crticas de irracionalismoque sofreu nesse ponto. H critrios objetivos para a escolha de teorias rivais emperodos de revoluo, embora esses critrios no determinem univocamente as es-colhas. Isso, no entanto, uma vantagem na opinio de Kuhn, pois explica aspectosdo comportamento cientfico que haviam sido tomados pela tradio como anma-los (escolhas tericas divergentes mesmo na presena de indcios observacionais etericos compartilhados). Outra vantagem que a discordncia no interior da co-munidade cientfica fundamental para que novas teorias possam surgir, o que noocorreria se no houvesse divergncias. Do mesmo modo, justamente por discorda-rem, alguns cientistas permanecem trabalhando na teoria mais antiga permitindoque ela possa responder com atrativos equivalentes sua rival. Assim, parece in-dispensvel que os critrios funcionem como valores, pois isso distribui o risco quesempre est envolvido na introduo de uma novidade, ou em sua manuteno(2011c, p.352). Isso, em outras palavras, parte da tenso essencial que consti-tutiva da cincia. O tema retomado em Racionalidade e escolha de teorias, outroartigo que faz parte de O caminho.

    De um modo geral, os textos tardios de Kuhn reunidos em O caminho contmao menos duas caractersticas salientes em relao s obras anteriores: em primeirolugar, tendem a enfatizar o aspecto realista de seu pensamento, que caracteriza aatividade cientfica como guiada por critrios de escolha e valores objetivos compar-tilhados pela comunidade cientfica, opondo-se dessa maneira reao inicial quea Estrutura provocou em seus leitores, especialmente nas dcadas de 1960 e 1970.Em segundo lugar, as teses defendidas tendem a ser formuladas de maneira maislingustica. A noo de paradigma cede lugar de lxico, a tese da incomensurabili-dade apresentada em termos de intraduzibilidade parcial e as revolues cientficasso descritas como mudanas nas categorias taxonmicas ou lexicais. Com relaoao primeiro ponto, de fato parece ter havido uma leitura apressada ou pouco cari-dosa da Estrutura por parte de sua primeira gerao de leitores. Contudo, ao menosem parte, o prprio Kuhn pode ter sido responsvel por isso, uma vez que algumaspassagens prestam-se a leituras relativistas ou psicologistas. Com relao ao segundo

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    ponto, a formulao das teses de Kuhn em termos mais lingusticos parece ter produ-zido mais preciso conceitual, mas possvel que tenha havido nesse caso tambmalgumas perdas. A noo de paradigma da Estrutura, por exemplo, engloba noapenas compromissos tericos explicitamente formulveis em termos lingusticos,mas tambm prticas, comportamentos e modos de perceber a realidade que no sedeixam claramente descrever em termos lingusticos. Esses aspectos da antiga noode paradigma so mais difceis de apresentar com a nova terminologia. Seja comofor, a obra tardia de Kuhn uma referncia indispensvel e altamente frutfera paratodos aqueles interessados nos temas centrais da filosofia da cincia contempornea.Sua leitura altamente recomendvel.

    Referncias

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    Trad. por Laura Machado Nascimento. Investigao Filosfica, E2. Disponvel em:http://investigacao-filosofica.blogspot.com.br/p/verbetes-da-enciclopedia-investiga-cao_8.html. Acesso em: 10/10/2012.

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    Boeira. So Paulo: Perspectiva [1a ed. americana 1962].. 2011b. A tenso essencial. Trad. Marcelo Amaral Penna-Forte, So Paulo: UNESP.

    [1a ed. americana 1977]. 2011c. Objetividade, juzo de valor e escolha de teoria. In Kuhn 2011b, pp.33959.Lakatos, I. Falseamento e a metodologia dos programas de pesquisa cientfica. In: Lakatos

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    O. M. Cajado, So Paulo: Cultrix.Laudan, L. 2001. O progresso e seus problemas: rumo a uma teoria do crescimento cientfico.

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    Principia 16(2): 345352 (2012).

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    TAMIRES DAL MAGROUniversidade Federal de Santa Maria

    Santa Maria, RSBRASIL

    [email protected]

    Notes

    1 Ver, por exemplo, Lakatos 1970, pp.111, 112, 22024; Chalmers 1983, pp.14549; e Lau-dan 1977, pp.68.2 Sobre esse ponto, ver Masterman 1979.3 Esse ponto controvertido na literatura. Sankey (1993) defende a tese da intraduzibili-dade de alguns termos centrais de paradigmas diferentes. Kitcher (1993), por outro lado,procura mostrar como at mesmo para esses termos centrais podem-se formular regras detraduo. Hacking (2002), por sua vez, prefere evitar tratar desses problemas como questesde traduo e prefere usar as noes de estilo de raciocnio e interpretao.4 Ver tambm Hoynengen-Huene & Oberheim 2012.5 Ver, por exemplo, Davidson 1974 e Putnam 1981.6 Sobre esse ponto, ver tambm Feyerabend 1987.

    Principia 16(2): 345352 (2012).