jup outubro 2010

32
Destaque 2 || Educação 6 || Sociedade 10 || JUPBOX 13 || U.Porto 14 || FLASH 16 || Desporto 18 || Cultura 22 || Críticas 27 || Cardápio 28 || Opinião 29 || Devaneios 31 OUTUBRO ‘10 Jornal da Academia do Porto || Ano XXIII || Publicação Mensal || Distribuição Gratuita Directora Aline Flor || Director de Fotografia Miguel Lopes Rodrigues || Directora de paginação Mariana Teixeira Bolsas de estudo O que (ainda não) se sabe sobre o novo regulamento Entrevista Estudantes da UP na selecção nacional de Futsal P19 Manuel Loff fala de “Resistência”, em exposição no CPF P10 ... ser monárquico P25 Conta-me como é...

Upload: nucleo-de-jornalismo-academico-do-porto

Post on 09-Mar-2016

231 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

Capa: Bolsas de estudo: o que (ainda não) se sabe sobre o novo regulamento Ficha Técnica: Jornal da Academia do Porto || Ano XXIII || Publicação Mensal || Distribuição Gratuita, Directora: Aline Flor || Director de Fotografia: Miguel Lopes Rodrigues || Directora de paginação: Mariana Teixeira

TRANSCRIPT

Page 1: JUP Outubro 2010

Destaque 2 || Educação 6 || Sociedade 10 || JUPBOX 13 || U.Porto 14 || FLASH 16 || Desporto 18 || Cultura 22 || Críticas 27 || Cardápio 28 || Opinião 29 || Devaneios 31

OUTUBRO ‘10

Jorn

al d

a A

cade

mia

do

Port

o ||

Ano

XX

III ||

Pub

licaç

ão M

ensa

l || D

istr

ibui

ção

Gra

tuit

a D

irect

ora

Alin

e Fl

or ||

Dire

ctor

de

Foto

grafi

a M

igue

l Lop

es R

odrig

ues

|| D

irect

ora

de p

agin

ação

Mar

iana

Tei

xeira

Bolsasde estudo

O que (ainda não) se sabe sobre o novo regulamento

Entrevista

Estudantes da UP na selecção nacional de Futsal P19

Manuel Loff fala de “Resistência”, em exposição no CPF P10

... ser monárquico P25

Conta-me como é...

Page 2: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 102 ||

Novo Regulamento dá que falar(mas ainda ninguém sabe bem do que fala)

Segundo a mensagem do Minis-tério da Ciência, Tecnologia e En-sino Superior no respectivo site, o novo regulamento para a atribui-ção de bolsas de estudo no ensino superior reforça o apoio aos estu-dantes mais carenciados.

“O documento assegura o aumen-to de eficiência e a prontidão do sis-tema, assim como a sua continuida-de e estabilidade, (…) vem renovar e actualizar o sistema de apoios so-ciais no ensino superior (…) e refor-ça as condições de equidade social no alargamento da base de recruta-mento do ensino superior”.

Este regulamento surge após um longo processo de colaboração en-tre o Ministério da Ciência, Tecno-logia e Ensino Superior, o Conselho de Reitores das Universidades Por-tuguesas (CRUP), o Conselho Coor-denador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e associações de estudantes, que como o próprio ministério afirma, estimula “a opti-mização de recursos públicos num quadro de rigorosa gestão orça-mental”.

GOVERNO CORTA NOS APOIOS SOCIAIS

Os recentes cortes na Acção So-cial estão directamente relacionados com a aplicação do Plano de Estabili-

dade e Crescimento (PEC), aprovado em meados deste ano pelos partidos Socialista e Social Democrata.

No âmbito do PEC, os apoios so-ciais têm novas regras, definidas pelo Decreto-Lei 70/2010 do Gover-no, que entrou em vigor no dia 1 de Agosto de 2010.

Essas regras obedecem ao objec-tivo anunciado pelo Governo de diminuir 300 milhões de euros nas prestações sociais: 90 milhões este ano, 199 milhões em 2011. E nestas prestações sociais estão inseridas as bolsas de estudo atribuídas aos estudantes do Ensino Superior.

O director-geral do Ensino Su-perior, António Mourão Dias, afir-mou no Parlamento, no dia 2 de Julho, que cerca de 25 % dos 70 mil bolseiros de acção social em Por-tugal poderão vir a receber uma bolsa mais baixa ou perder a bolsa na totalidade.

CONSEQUÊNCIAS REAIS DO REGULAMENTO AINDA NÃO SÃO POSSÍVEIS DE PREVER

No entanto, as implicações e con-sequências efectivas e reais deste regulamento (ver caixa) ainda não são claras. O novo regulamento de atribuição de bolsas no ensino su-perior, anunciado desde Fevereiro, foi publicado no dia 16 de Setembro

Há muito tempo que se discute o novo regulamento que será aplicado relativa-mente à atribuição das bolsas de es-tudo, mas ninguém parece saber muito bem o que o novo regulamento implica e quais as suas consequências reais.

Novas candidaturas exigem mais informações

LILIANA PINHO

de 2010 em “Diário da República”, mas falta ainda aprovar as normas técnicas que definem a fórmula de cálculo. Os representantes das As-sociações Académicas de Coimbra e Lisboa e da Federação Académi-ca do Porto (FAP) já se mostraram preocupados com este atraso e a sua influência no processo de aná-lise e atribuição de bolsas.

Como refere Ricardo Morgado, presidente da FAP, as regras técni-cas são de uma importância cru-cial, pois “vão decidir o conceito de elegibilidade, por exemplo, qual o valor no qual o estudante deixa de estar dentro do sistema”.

A Federação Académica do Porto tem estado presente durante todo o processo, de modo a lutar pelos interesses dos alunos da Academia do Porto e de todo o país. “O papel da FAP relativamente à alteração do regulamento de atribuição das bolsas de estudo iniciou-se já em Ja-neiro, quando foi pedido um contri-buto das associações académicas do

país pelo Ministério. Apenas duas responderam, a FAP e a Associação Académica da Universidade de Lis-boa”, diz Ricardo Morgado. E este empenho parece ter dado frutos.

“A FAP sugeriu, por exemplo, a medida de contratualização e a li-nearidade, que agora vieram a ser adoptadas, mas o papel da FAP em todo este processo ainda não terminou e vai ser ouvida relati-vamente às direcções técnicas”, ga-rante o actual presidente.

Na altura, a FAP pediu ainda um subsídio de transportes para o es-tudante considerado duplamente deslocado na altura do estágio (por exemplo, é de Lamego, estuda no Porto e vai estagiar em Lisboa).

“Actualmente o estágio de final de curso não tem qualquer tipo de apoio e este era um complemento de transporte para estes alunos. Pa-rece uma alteração pequenina, mas faz diferença na prática”, assegura Ricardo Morgado.

Sugeriram ainda um complemen-

to de material escolar (para cursos que exigem um grande investimen-to no início do ciclo de estudos, como arquitectura e medicina den-tária) mas infelizmente nenhuma destas medidas foi contemplada.

“NÃO É UM REGULAMENTO PERFEITO, MAS TAMBÉM NÃO É O PIOR REGULAMENTO DO MUNDO”

Com uma visão muito positivis-ta relativamente a esta nova mu-dança, Ricardo Morgado acredita que “a contratualização, se fun-cionar, vai acabar com os atrasos nas bolsas”. Uma vez que os estu-dantes já estão no sistema, se não houver alterações significativas no rendimento familiar, em Outubro recebem logo o valor de bolsa que recebiam no ano anterior.

Com o modelo da linearização, “o estudante recebe um valor de acordo com o seu rendimento fa-miliar”. Anteriormente, estávamos

Page 3: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10

Novo Regulamento dá que falar(mas ainda ninguém sabe bem do que fala)

|| 3 Des

taqu

e

portância de agora existir confian-ça nas declarações que são feitas pelo estudante, “há um princípio de verdade declarativo por parte do estudante, que é importante. Não havia confiança do sistema nos estudantes”.

Para os estudantes de primeiro ano também há boas notícias, pela primeira vez: “Os atrasos acabam-se, se os prazos que estão no regu-lamento forem cumpridos. No final de Outubro, na pior das hipóteses, estão a receber bolsa também”, ex-plica Ricardo.

O presidente da FAP garante que este é um ano de transição mas a partir do próximo ano este regime já vai funcionar plenamente. “Há coisas que ficaram por fazer mas é um bom regulamento”, garante.

No entanto, para além do que ficou por fazer, Ricardo Morgado

“A FAP sugeriu a medida de contratualização e a linearidade, que agora vieram a ser adoptadas, mas o papel da FAP em todo este processo ainda não terminou e vai ser ouvida relativamente às direcções técnicas...”perante um modelo de cerca de seis escalões, onde se encaixavam os estudantes. Estes “eram muito injustos por serem muito grandes”, afirma Ricardo Morgado.

O dirigente sublinha ainda a im-

“Há coisas que ficaram por fazer mas é um bom regulamento”, garante Ricardo Morgado

LILIANA PINHO

O que muda com o novo regulamento?

- Contratualização: o apoio so-cial é dado para todo o ciclo de estudos desde que não existam mudanças na candidatura como a mudança de emprego ou do nível salarial, por exemplo. Este princípio diminui a burocracia e agiliza o pagamento das bolsas.

- Linearidade: proporcionalidade total entre os rendimentos de cada agregado e o valor da bolsa, ao contrário do sistema anterior que funcionava por escalões.

- Adição de apoios: maior apoio para estudantes deslocados e com necessidades especiais.-Simplificação administrativa: maior eficiência e sanções para fraudes.

- Qualidade dos serviços: existên-cia de processos internos para o controlo de qualidade.

http://www.mctes.pt/

Linhas de orientação do Novo Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo

admite que “nem tudo é positivo”. É aqui que, mais uma vez, se pren-de a questão do desconhecimento face às regras técnicas.

“O regulamento este ano está extremamente condicionado pelo decreto 70/2010 que vem alterar o cálculo do rendimento do agre-gado familiar dos trabalhadores dependentes. Antes era feito pelo rendimento líquido agora passa a ser ilíquido, contabiliza todas as de-duções como se fossem rendimen-to efectivo do agregado familiar”.

Como o próprio refere, é preciso contornar esta situação, mas ainda não se sabe o que se pode esperar.

POUCO INVESTIMENTO, PROPINAS ALTAS E BOLSAS DIMINUTAS EMPURRAM ESTUDANTES PARA EMPRÉSTIMOS

DANIELA TEIXEIRALILIANA PINHO

LUÍS MENDESRICARDO SÁ FERREIRA

De acordo com os dados da OCDE, tornados públicos em Setem-bro, Portugal é o terceiro país com as propinas mais altas e onde as fa-mílias têm mais gastos financeiros com a educação na Zona Euro.

Desde 2000, o contributo direc-to das famílias para pagar o ensino aumentou de 7,5% para 30%, devi-do ao aumento das propinas.

O investimento no Ensino Supe-rior, analisando os Orçamentos de Estado, tem vindo a diminuir: o dinheiro atribuído às Universidade do País (1.056 milhões de euros), é menor que em 2005 (1.060 milhões de euros).

Isto num contexto em que o número de estudantes aumentou. Este ano, de acordo com o Ministro Mariano Gago, entraram mais 20 mil estudantes no Ensino Superior.

Devido ao corte na atribuição de

bolsas, estudantes do ensino supe-rior têm vindo a recorrer a linhas de crédito. Um estudo realizado no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do ISCTE con-cluiu que em Portugal, nos últimos 3 anos, 11 mil estudantes já contraí-ram empréstimo, devendo à Banca um total de 130 milhões de euros. E cerca de 86,3% dos estudantes de-claram “destinar os empréstimos principalmente ao pagamento de propinas”.

Contudo, estes empréstimos não são somente contraídos para pagar as propinas, mas também para co-brir despesas básicas do quotidia-no, como os transportes, a alimen-tação e alojamento.

Page 4: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10

Tal como se passou com os meios de comunicação, as asso-ciações e mesmo algumas entida-des oficiais, a notícia de um novo regulamento para a atribuição de bolsas de estudo trouxe muitas dúvidas aos estudantes, os princi-pais envolvidos.

O pessimismo que daí resultou, o desconhecimento do regulamen-to, a incapacidade de perceber as novas regras e o receio de perder a bolsa, levantou uma onda de dis-cussão e descontentamento entre os estudantes. Muitos deles não

redução da burocracia da candida-tura à bolsa, “Esta passa a ser re-avaliada automaticamente todos os anos, o que evita que os alunos tenham que no ano seguinte re-colher todos os documentos nova-mente”. Ricardo acrescenta ainda que o método da proporcionalida-de directa lhe parece mais justo do que o anterior.

“É TUDO MENOS UMA MEDIDA DE ESTADO SOCIAL”

Susana Castro, Francisco Esteves e Carina Novais, três sociólogos a tirar mestrado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), vêem as coisas de uma ma-neira muito diferente. Acreditam que, se existir efectivamente um corte nas bolsas de estudo atribuí-das aos estudantes, as consequên-cias não se vão limitar à comuni-dade estudantil e vão-se repercutir no tempo.

4 || DESTAQUE

Susana Castro sempre estudou com bolsa, mas afirma que o valor que lhe foi atribuído “era muito pouco comparando com as eleva-das despesas que o ensino superior exige, a começar desde logo pelas propinas”, e acredita que o novo regulamento representa um “agra-vamento das injustiças sociais”. A socióloga e estudante não tem dú-vidas que “sairá muita gente pre-

judicada” e que o corte nas bolsas do ensino superior “é tudo menos uma medida de Estado Social”.

Esta opinião é partilhada por Ca-rina Novais. A atribuição de bolsas, devido ao baixo valor, acaba por ser uma “devolução do dinheiro ao Estado”, uma vez que “mal faz face ao valor das propinas”.

Francisco Esteves não discorda. O estudante pensa que, caso exista efectivamente, “o corte nas bolsas só irá aumentar as disparidades sociais na nossa sociedade”. “O en-sino público não pode ser conside-

rado público, uma vez que depen-de da economia”, finaliza.

NA UNIVERSIDADE DO PORTO, EM CERCA DE 6000 BOLSEIROS, APE-NAS 15 RECEBEM A BOLSA MÁXIMA

A FAP alerta ainda para o fac-to de apenas muito raramente o valor máximo de bolsa ser atribu-ído. “A nível nacional não chegam aos 200 estudantes que recebem a bolsa máxima”, explica Ricardo Morgado. E não fica indiferente às dificuldades financeiras que estão a levar muitos estudantes a acu-mular dívidas por incapacidade de pagar as propinas.

O Ministro da Ciência, Tecnolo-gia e do Ensino Superior, Maria-no Gago, declarou em Julho não

querer “que haja estudantes im-pedidos de frequentar o Ensino Superior por razões económicas”. Contudo, a realidade é bem dife-rente e os regulamentos de propi-nas impedem os estudantes com dívidas de se inscreverem nos seus cursos.

Na Universidade do Porto exis-tem alunos que estão a ser efec-tivamente impedidos de frequen-tar o Ensino Superior por razões económicas. Adriano Fontes, aluno do curso de Arqueologia da Facul-dade de Letras não pode inscrever-

Estudantes do Ensino Superior endividam-se por um diploma e manifestam-se numa clara mostra de desagrado, mas Ministro do Ensino Superior considera propinas “inofensivas”. O Novo Regulamento não parece vir ajudar.

Estudantes e Ministro em guerra aberta

“A nível nacional

não chegam a 200

os estudantes que

recebem a bolsa

máxima”

MARIANA CATARINO

sabem bem o que pensar, mas ou-tros têm uma opinião muito bem formada. E se uns concordam com o novo regulamento, outros não o vêm com bons olhos.

Sofia Silva, estudante de Edu-cação Física e Desporto na CES-PU, diz que o novo regulamento de atribuição de bolsas “prejudi-ca uns e beneficia outros” mas que, de uma forma geral, lhe

parece mais justo já que “agora eles querem mais informações, como o dinheiro que temos no banco” o que, segundo a aluna, ajuda a atribuir bolsas a quem realmente precisa.

Já Ricardo Silva, aluno da FFUP, considera que o novo regulamen-to de atribuição de bolsas de uma forma geral prejudica os alunos, já que “significa o corte de 20 mil bolsas de estudo”. No entanto o estudante de Ciências Farmacêuti-cas não deixa de apontar aspectos positivos ao regulamento como a

Page 5: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 DESTAQUE || 5

A 14 de Setembro, um grupo de alunos manifestou-se na cerimónia de abertura do ano lectivo no Ins-tituto Superior de Engenharia do Porto, com a presença do Primeiro-Ministro José Sócrates e de Mariano Gago, Ministro da Ciência, Tecnolo-gia e Ensino Superior.

No início da cerimónia, três alu-nos da Academia do Porto subiram ao palco para demonstrarem o seu descontentamento com o valor das propinas do ensino superior. No manifesto lido por um dos mani-festantes, os estudantes diziam que as cerimónias não existem quando “um terço dos estudantes mais po-bres abandonou o ensino superior”, quando “as propinas aumentaram 400% em Portugal nos últimos 15 anos”, quando “Portugal é o tercei-ro país da Europa com a educação mais cara”, enquanto “a maioria dos 70 mil bolseiros em Portugal receber a bolsa mínima” e a “resposta a um pedido de bolsa demora em média quatro meses”.

Ao Ministro do Ensino Superior

foi entregue uma “medalha” por Portugal ser dos países da Europa em que as famílias mais gastam com a Educação.

Apesar da tentativa de expulsar os manifestantes, estes continuaram o seu protesto, afirmando “Ensino Su-perior Público para todos e todas”. No final da intervenção, algumas dezenas de estudantes levantaram-se e demonstraram um cartaz diri-gido ao Ministro do Ensino Superior: “Gago, quanto pagaste de propinas?”

Após a surpresa deste grupo de estudantes, a cerimónia retomou calmamente. Momentos depois foi a vez de Alexandre Santos, Presi-dente da Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico subir ao palco e apelar a todos os estudantes que se encontrarem descontentes com o Ensino Superior a “pronunciarem-se nos locais e nos fóruns destinados a esses movimentos”.

As propinas são “bastante mais inofensivas” que no seu tempo aca-démico, afirmou Mariano Gago.

No final da cerimónia, Mariano Gago subiu ao palco para responder à pergunta feita pelos estudantes. O Ministro começou por dizer que as propinas cobradas hoje são “iguais às de 1942 [época em que frequen-tou o ensino superior] em termos constantes e reais”. E acabou por concluir que as propinas são “bas-tante mais inofensivas” que no seu tempo académico.

Esta opinião, no entanto, é con-trária à das famílias e estudantes que pagam as propinas e contraem empréstimos por um diploma. Res-ta agora verificar se o novo regu-lamento lhes trará a capacidade de gerir o seu rendimento sem neces-sidade de endividamento. Ricardo Morgado, presidente da FAP, afirma que o ideal é que os “estudantes que mais precisam recebam mais, mas que mais estudantes sejam in-seridos no sistema”.

Os estudantes mostram o seu descontentamento, com pompa e circunstância

Estudantes reivindicam mais apoios

MARIANA CATARINO

Aluno de Arqueologia em risco de abandonar a Universidade

“Quando, há 3 anos atrás, não recebi a resposta dos SASUP, não imaginei que isto fosse dar neste pesadelo!

Com um trabalho a recibos verdes, no qual aufiro 300€ por mês, não há grande espaço para poupanças e muito menos para pagar propinas, que representa-riam um gasto de cerca de 90€ por mês. Por isso, quando soube que não poderia pedir bolsa no ano seguinte por ter propinas em atraso, comecei a perceber que isto não iria acabar bem...

Na faculdade, por favor, deixaram-me frequentar as au-las. No ano passado isso já não foi possível, e quando fui falar com o director da FLUP obtive a possibilidade de pagar os dois anos em sete prestações - três para o primeiro e quatro para o segundo. Consegui pagar a pri-meira prestação.

Este ano a situação é exac-

tamente a mesma e é-me im-possível amealhar o dinheiro necessário para fazer frente a este caos. Já me foi “aconse-lhado” pelos SASUP recorrer a um empréstimo.

Se chego ao fim de todos os meses com 0€, não vejo como isto é possível.

Inserido na audição da pe-tição “Pela igualdade no En-sino Superior”, desloquei-me à Assembleia da República. Lá, expus a minha situação e pedi soluções aos grupos par-lamentares para a mesma. Não obtive respostas e fui mesmo desvalorizado, sendo que consideraram o meu caso pontual mas que iriam revê-lo. Talvez receba uma carta, talvez não.

Desta forma, estou prestes a tomar a decisão mais tris-te da minha vida: abandonar os estudos”.

Adriano Fontes, aluno de Arqueologia na Faculdade de Letras, está incapac-itado de frequentar o curso devido à incapacidade de pagar as propinas.

DANIELA TEIXEIRALILIANA PINHO

LUÍS MENDESRICARDO SÁ FERREIRA

se porque não conseguiu pagar as propinas de anos anteriores. Em declarações ao JUP (ver caixa), de-sabafa que “a Universidade deixou de ser um lugar onde os estudan-tes querem estar, para um lugar onde somente alguns podem es-tar: aqueles que têm pelo menos 1000 euros.”

Presente na Comissão de Edu-cação da Assembleia da Repúbli-ca para apresentar a Petição pela Igualdade no Ensino Superior, que recolheu mais de 4 mil assinaturas por todo o país, Adriano Fontes e

outros estudantes exigiram novas regras para as bolsas de acção so-cial, um maior investimento na educação e mecanismos que im-peçam que estudantes endivida-dos sejam forçados a abandonar o ensino.

Nas próximas semanas, serão vo-tados projectos de vários partidos. Entretanto, os estudantes do pri-meiro ano ainda não sabem quan-do e como podem candidatar-se às bolsas, já que as candidaturas estão suspensas devido ao atraso nas nor-mas técnicas do Regulamento.

Page 6: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10

inscrever-me na mesma”, afirma.Depois de ler o plano cur-

ricular da licenciatura, Óscar apercebeu-se que “havia uma ou outra cadeira relacionada com medicina legal e ciências foren-ses, mas tudo o resto era à volta da criminologia a nível social, ao nível do indivíduo e a nível das questões penais”.

Outra das questões abordadas pelas alunas de Ciências da Co-municação incidiu sobre os para-lelismos entre as séries criminais e a licenciatura em Criminologia. Os dados revelam que 71% dos alunos do 1º ano não encontrou comparações entre as séries e o curso. O estudo revelou também que quase metade dos alunos (48%) defende que a aprendiza-gem ao longo do curso permite observar as séries criminais de uma forma diferente. Para Óscar Ramos, já licenciado, as séries cri-minais são apenas “séries de en-tretenimento e nada mais”.

Comprovou-se que os alunos do 1º ano são mais facilmente in-fluenciados pelos mass media no que toca à temática da Crimino-logia, enquanto os estudantes do último ano conseguem ter uma visão mais realista, talvez devi-do à aprendizagem ao longo do curso. Os resultados do inquéri-to indicam também que os es-

tudantes que se candidataram à licenciatura em Criminologia não tinham informação sobre o curso a nível do plano de estudos. Esta realidade evidencia a força dos estereótipos criados pelos meios de comunicação social.

Por fim, a investigação conclui que os futuros criminólogos não têm conhecimento da vida profis-sional, uma vez que se baseiam nas ideias irreais que lhes são transmitidas pelas séries televisi-vas de cariz criminal, como é o caso do CSI. Óscar Ramos clarifica esta questão quando afirma que o trabalho de um criminologista pode ser muito variado: “Tenho colegas que foram estagiar para instituições prisionais. Por outro lado, esta profissão também está muito relacionada com o Institu-to de Reinserção Social e até com Investigação Científica. A própria Faculdade de Direito também faz investigação”, refere.

Criminologia: CSI ou não?Um trabalho realizado por alunas de Ciências da Comunicação descobriu que as séries televisivas como o CSI têm um peso considerável na escolha do curso de Criminologia.

Sabendo que a orientação voca-cional dos jovens é, muitas vezes, afectada por factores externos como a comunicação social, no-meadamente a televisão, as alu-nas de CC decidiram relacionar a escolha do curso de Criminologia com o aumento da popularidade das séries televisivas criminais, como o CSI. Assim, realizaram

um inquérito a alunos do 1º e do 4º ano do curso de Crimino-logia da Faculdade de Direito da UP para perceber se existe essa influência e como ela evoluiu ao longo dos anos.

Segundo os dados do trabalho, 33% dos alunos do 1º ano afir-ma ter sido influenciado pelos meios de comunicação social aquando da escolha da licencia-tura. No entanto, Óscar Ramos, licenciado em Criminologia pela

FDUP e, actualmente, aluno do mestrado com o mesmo nome, afirma que há quatro anos, quando entrou para o curso, “via CSI, mas isso não teve influ-ência nenhuma”. A investigação descobriu que a maioria dos alu-nos mais novos (84%) acompa-nha as séries com regularidade.

Os resultados dos inquéritos revelam também que cerca de um terço dos alunos, tanto do 1º como do 4º ano, tiveram conhe-cimento da licenciatura em Cri-minologia através dos meios de comunicação social. Descobriu-se que 29% dos alunos do primeiro ano imaginava que a ciência fo-rense seria a vertente mais abor-

dada no curso. Já entre os alunos do quarto ano, apenas 20% pen-sava que a ciência forense seria a área mais analisada. No entanto, o plano de estudos da licenciatu-ra em Criminologia prova que a Psicologia e o Direito ocupam os lugares de destaque.

O estudante da Faculdade de Direito revela que teve conheci-mento do curso através de con-tactos pessoais. “Foi um familiar que viu no site da faculdade que existia um curso de Criminolo-gia. Li a ficha da disciplina e fui lá informar-me melhor porque a primeira vez que ouvi isso achei que ‘era CSI’. Depois percebi que não tinha nada a ver, mas decidi

O trabalho baseou-se num inquéri-to a 34 (dos 55) alunos do primeiro ano de Criminologia 2009/2010, e a 9 (de 15) alunos do quarto ano do curso. Os inquéritos foram aplica-dos durante o segundo semestre do último ano lectivo.

6 ||

MIG

UEL LO

PES RO

DR

IGU

ES

TERESA CASTRO VIANA [email protected]

Segundo os dados do trabalho, 33% dos alunos do 1º ano afirma ter sido influenciado pelos meios de comunicação social aquando da escolha da licenciatura.

Page 7: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 || 7 Educ

ação

Começa o ano da mudança. Pa-rece cliché, mas a verdade é que começa mesmo uma vida nova para todos os que entram pela primeira vez nas suas Faculdades para se matricularem e serem re-cebidos pelos colegas mais velhos.

O JUP foi à Faculdade de Letras falar com alguns recém-chegados, praxisticamente chamados “Caloi-ros”, e encontrou Vasco que nos falava a medo sobre os professo-res e como “nem se deveria falar com eles”. Muitos são os medos e mistérios que serão desmistifica-dos ao longo do tempo e que re-velarão um ambiente muito mais amistoso e confortável do que se possa pensar.

Outro dos aspectos mais impor-

tantes é o encontro entre várias pessoas de diferentes pontos do país que permite uma maior di-nâmica entre Litoral e Interior, do Norte ao Sul.

Mas claro que as festas são o que todos esperam e o que não vai, certamente, faltar! Desde festas académicas a jantares de curso ou simples saídas com amigos na bai-xa do Porto para “beber um copo”.

Porém, nenhum “Caloiro” se pode esquecer que o seu objec-tivo é acabar o curso e para isso há que estudar arduamente, suar números e letras para não perder ânimo e motivação para tudo o que envolve a vida de um estu-dante académico.

Bem-vindos à academia!

...AND WELCOME!

Hello to all Erasmus students and welcome to beautiful Porto. Get ready to fall in love with this incredible city, the compelling at-mosphere and the most surprising people ever. We are all happy to have you guys here, sharing cul-tures, experiences and different ways of looking at the world we live in.

This will be a different year, di-fferent from all you had before. It doesn’t matter where you’re coming from. You’ll meet lots of new people, make friends, get to know a new way of teaching and learning and, mainly, you will take care of yourself, you will decide

what and when you want to do without parental control or any other control.

The experience says that this will be the most exciting, enthusiastic and crazy year you’ll ever have. And the good thing is that the city is safe, there are many things you can do and places to go out.

We suggest you to get to know Portuguese people, try to unders-tand our culture, from kitchen to the most basic daily life routine. But most of all respect your frien-ds, be crazy, travel and study, stu-dy, study. Don’t forget to take Eras-mus as a one life opportunity that not everyone can take advantage of, and… just feel free.

ANDRÉ LAMEIRAS

Uma vida nova espera os novos alunos. O JUP deixa alguns conselhos para os novatos.

Respect your

friends, be

crazy, travel

and study,

study, study.

Page 8: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 108 || EDUCAÇÃO

Uns tê-lo-ão lido por curiosidade, outros depararam-se com ele nos serviços académicos, muitos nem terão dado conta. Quem o conhece sabe que tem pontos bons e maus.

Trata-se do regulamento que rege a possibilidade de alunos da UP (e mesmo não-alunos) se inscreverem em disciplinas isoladas, previstas ou não no seu plano de estudos, ou que estão sob a forma de opções, dentro e fora da faculdade em que estão matriculados.

Antes de mais, este regulamento permite alargar o leque de opções dos estudantes, permitindo-lhes aprender mais em áreas do seu in-teresse pessoal não contempladas no seu curso.

O procedimento é claro e trans-parente: cada faculdade afixa o número de vagas disponíveis para cada disciplina e segue-se um pro-cesso de candidatura e seriação dos interessados.

O lado negativo está nos custos associados, uma vez que o aluno tem de pagar um quinto da propina em vigor por cada unidade curricu-lar singular em que se inscreve: cer-ca de duzentos euros. Por um lado, isto pode desincentivar alunos sem um interesse profundo em frequen-tar uma disciplina adicional.

Por outro, um aluno que não consiga terminar a licenciatura por um pequeno número de disciplinas tem que se inscrever nelas através deste regime, caso pretenda adian-tar algumas cadeiras de mestrado, pagando a taxa associada a cada uma. PAULO ALCINO

Novas regras para unidades curriculares singulares

Este ano entrou em vigor o novo regulamento da UP relativo à frequência de unidades curriculares singulares.

Início do ano lectivoA eterna polémica

Durante o mês de Agosto, Por-tugal pára e acendem-se os fo-gos de Verão. No final do mês, a réentre habitual que marca o ca-lendário político inicia-se com as festas e convívios dos partidos, mas, em Setembro, um aconte-

cimento acaba por estar sempre debaixo de escrutínio mediático.

O início do ano lectivo nas es-colas básicas e secundárias está sempre carregado de polémica. Este ano, a Ministra da Educa-ção abriu as hostilidades com uma mensagem de incentivo a

“alunos, pais e professores”. O ví-deo da mensagem, publicado na Internet, mostra uma Isabel Al-çada confiante e sorridente a dar conselhos wwsobre bons hábitos de estudo, sono e alimentação. Segundo a ministra, “o dia tem

24 horas” onde todos devem

“dormir bem, a l imentar- se bem” e “dedi-car uma parte do dia ao traba-lho escolar”.

As reacções publicadas na imprensa não

têm sido positivas. Numa altura em que já não é possível contar as polémicas na Educação apenas pelos dedos, wa mensagem foi considerada infantil e vaga. Mes-mo assim, a diferença entre Isa-bel Alçada e antiga titular da pas-ta da Educação, a afamada Maria

de Lurdes Rodrigues, é notória, não em termos de política mas termos de personalidade e mais importante ainda, em termos de percepção pública.

A actual ministra, famosa pela sua autoria da série de livros “Uma Aventura” com Ana Maria Magalhães, iniciou a sua carreira política ao substituir a ministra mais desgastada da primeira le-gislatura de Governo. A polémica do modelo de avaliação dos pro-fessores deu origem a um entrave de quatro anos que apenas foi re-solvido já com Isabel Alçada como titular da pasta.

O acordo entre professores e Governo foi alcançado no início deste ano, mas desde então, vá-rias outras polémicas têm vindo a desenrolar e a estratégia do gover-no para a política educativa tem estado debaixo de fortes críticas.

O modelo dos mega-agrupa-mentos de escolas decretado pelo governo é apenas o topo do ice-bergue. No início deste ano lectivo os agrupamentos poderão somar até 3000 alunos, desde o pré-esco-lar até ao ensino secundário, onde crianças e jovens de várias faixas etárias irão compartilhar espaços.

Apesar de o governo afirmar que esta medida foi tomada para melhorar a qualidade do sistema de educação, tem sido apontado que a pressão sobre as finanças públicas ditou esta medida de modo a aumentar a poupança de dinheiro.

Algumas outras polémicas têm sido centrais nos debates. O Estatuto do Aluno foi pro-mulgado com o apoio da Fen-prof, mas o programa Novas Oportunidades e o computador Magalhães são criticados pela oposição em geral.

As retenções por excesso de faltas já deixaram de ser auto-máticas e a ministra da Educa-ção defendeu publicamente a ideia de acabar com os chum-bos. Com isso, a oposição no Parlamento acusa José Sócrates de modelar a política na Educa-ção segundo números e estatís-ticas, com acusações de facili-tismo nos exames nacionais.

É certo, como nos anos ante-riores, primeiro vem a bonança da Festa do Avante!, depois a chuva de críticas à Educação.

LEANDRO SILVA

“É certo, como nos anos anteriores, primeiro vem a bonança da Festa do Avante!, depois a chuva de críticas à Educação.”

FORA DA UNIVERSIDADE

Consulta o novo regulamento!

http://sigarra.up.pt/up/Estudar na U.Porto > Documentos > Unidades Curriculares Singulares

mensagem num telejornal.Júlio Magalhães justificou a

imagem “sensacionalista” que o jornalismo da TVI teve durante alguns anos com as dificuldades da estação televisiva; a estratégia foi transmitir sempre imagens fortes e que atraíssem a atenção e fizessem o telespectador preferir aquela estação às da concorrência.

Informação sem segredosUm dos momentos de maior entu-siasmo na plateia foi quando ad-mitiu, precisamente, que o maior marco e impulso da TVI aconteceu há dez anos atrás, com a estreia do reality-show “Big Brother”, que captou total protagonismo para o canal e possibilitou o crescimento do mesmo.

A plateia pôde colocar várias questões ao jornalista, gerando-se um debate sobre o Porto e sobre Lisboa, os horizontes da profissão de jornalista e preocu-pações do jornalismo em Portu-gal. Júlio Magalhães sublinhou particularmente a profissão de jornalistas de televisão, que não tem segredos mas tem encantos, pois “não há profissão como esta, apesar de tudo”.

MARIANA ASCENÇÃO

Não há profissão como esta

com grandes receitas publicitárias. Mas, para isso, é preciso atrair as pessoas para a escolha desse canal televisivo e aí residem não os seg-redos, mas as estratégias.

Durante a conversa, sublinhou que o mundo televisivo vive das audiências e, como tal, é impor-tante perceber e compreender o que o público quer; o que levanta muitas vezes questões da ética jor-nalística. O jornalista acha que é importante “darmos ao nosso pú-blico o que ele quer”, o que influ-encia muitas vezes, por exemplo, a forma como é transmitida uma

No dia 24 de Setembro teve lugar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto a confer-ência “Informação sem segredos”, com Júlio Magalhães como convi-dado. Com uma plateia repleta de estudantes, o Director de Informa-ção da TVI desmontou as rotinas jornalísticas e falou de algumas experiências vividas na estação de Queluz de Baixo.

O pivot da TVI quis, em primei-ro lugar, demonstrar que a tele-visão é uma grande influência no dia a dia das pessoas e, como tal, tornou-se um negócio rentável e

Júlio Magalhães, director de informação da TVI, esteve na FLUP para contar com todos os pormenores como se faz televisão

Page 9: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 EDUCAÇÃO || 9

Salto para o pódio do mercado de trabalho

O Curriculum Vitae, do latim tra-jectória de vida, consiste num docu-mento onde é apresentado o per-curso académico e profissional de quem o elabora, bem como as suas competências e habilitações. O CV é preparado, na grande maioria das vezes, para fornecer a um empre-gador o perfil do candidato. Deve conter sempre informação clara, concisa e lógica.

Luís Gomes, licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade Ca-tólica Portuguesa, defende que “o CV é de extrema importância no iní-cio da construção de uma carreira bem sucedida. No entanto, é neces-sário saber sintetizar, ser prático e mostrar o que nos destaca dos res-tantes”. No seu caso, a elaboração do Curriculum Vitae foi feita sem dificuldade, uma vez que “a Uni-versidade Católica disponibilizou sessões de apoio para a correcta for-mulação do CV”

O Currículo deve conter, além de uma fotografia identificativa, as informações elementares como dados pessoais, escolaridade, ex-periência profissional, especifican-

do sempre a empresa, o período de trabalho e a função exercida. É importante conter apenas os da-dos necessários para o cargo em questão. O CV não deve ter mais de duas páginas e não pode conter er-ros ortográficos. Se assim for, corre o risco de ser automaticamente re-jeitado pela entidade empregadora.

É também indispensável garantir a boa apresentação do Currículo, uma vez que este funciona como o cartão de visita do candidato.

A Internet ocupa, actualmente, um papel de enorme relevo na so-ciedade. Deste modo, é importante disponibilizar o CV online. Entre outras vantagens, permite ser actu-alizado à distância de um clique e pode ser consultado por um vasto leque de possíveis empregadores. Luís Gomes revelou ao JUP que tem o CV inserido em quatro unidades

de recrutamento, das quais vai rece-bendo as propostas que melhor se adaptam ao seu perfil.

O entrevistado optou por “ter um Curriculum em Modelo Europeu e outro mais básico, ambos em Por-tuguês e Inglês”. Enquanto o Mode-lo Europeu o auxilia no desejo de emigrar, o outro modelo “é uma boa proposta para empresas que querem alguém que se destaque e não apenas mais um a enviar o CV em Modelo Europeu”, explicou-nos Luís. Mendes.

dar a causar uma boa impressão junto da entidade empregadora. Luís Gomes destaca “a boa postu-ra, uma linguagem clara e concre-ta e o contacto visual como sinal de confiança” como os pontos ba-silares no sucesso de uma entre-vista de emprego. Por outro lado, o auto-elogio, a insistência na re-muneração e a falta de modos po-dem rejeitá-lo automaticamente. O recém-licenciado refere ainda que “a falta de cuidado com o marke-ting pessoal e a falta de confiança” podem transmitir a imagem de al-guém pouco empenhado.

Dependendo do emprego, é possí-vel que seja chamado para várias en-trevistas. O modo como se prepara para cada uma delas é determinante.

Deste modo, resta lembrar a im-portância de nos sentirmos bem no local onde trabalhamos. Segun-do Luís Gomes, “seria ideal juntar o gosto pelo sítio onde trabalho à utilidade do mesmo em termos de carreira”. TERESA CASTRO VIANA

O JUP entrevistou um licenciado em Gestão de Empresas para conhecer os truques para um bom CV e para uma entrevista de emprego bem sucedida.

O modelo europeu é o mais utilizado actualmente

O “MOMENTO DA VERDADE”

O sucesso e o fracasso de uma entrevista de emprego estão sepa-rados por uma linha muito ténue. Assim, é importante haver uma boa preparação antes da entrevista, tra-çando bem os objectivos que se pre-tende atingir. Luís afirma que, antes das entrevistas de emprego a que foi, estudou “as empresas quer em termos do mercado em que se in-serem, quer em termos unicamente financeiros”. Finalmente, elaborou uma breve pesquisa na Internet “com o objectivo de estar a par das últimas notícias relativas às empre-sas ou às áreas em que actuam”. Resultado: Luís foi seleccionado em duas das quatro entrevistas a que foi chamado. “Presumo que tenha sido por ser considerado o candida-to ideal para a função quer em ter-mos teóricos quer em termos pesso-ais”, considera Luís, “e para isso terá contribuído a confiança que penso ter transmitido”.

De facto, uma análise profunda antes da entrevista demonstra en-tusiasmo e interesse por parte de quem se candidata. Além disso, uma das principais queixas das entidades empregadoras continua a ser a fal-ta de informação que os candidatos têm relativamente à instituição. Para além das informações sobre a empresa, é aconselhável, sempre que possível, recolher informações sobre o entrevistador.

É essencial ser genuíno e mos-trar interesse no trabalho a que se propõe realizar, dando exemplos de como a sua experiência pode ser útil para o cargo.

A cordialidade e a determinação são dois factores que podem aju-

TER

ESA

CA

STR

O V

IAN

A

Cria o teu CV no Modelo Europeu

http://europass.cedefop.europa.eu/

Curriculum 100% Seguro

2%27%38%12%5%

16%

Dados pessoaisHabilitações académicasExperiência profissionalFormação complementarInformaçõescomplementaresOrtografia, Apresentação e Organização

http://emprego.sapo.pt/

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

10 Dicas para uma

boa entrevista de

emprego

Aprenda algo sobre a empresa antes de ir à entrevistaPrepare respostas para eventu-ais perguntas do entrevistadorFale das suas fraquezas/pontos fracosPlaneie como explicar uma quebra de tempo no seu CVCertifique-se que o seu passa-do académico/profissional é discutidoFaça perguntas mas não force o entrevistadorUse os verbos na terceira pessoa; evite o “eu”Encontre algo positivo sobre a empresa e fale sobre issoSe o seu CV não tiver fotogra-fia, leve uma consigo para a entrevistaSe não conhecer o local da entrevista, saia mais cedo. Um atraso causa logo má impressão

http://www.net-empregos.comDica do JUP

Inclui no teu currículo um link para o teu portefólio online. Se não tiveres uma página pessoal, podes utilizar um blog, o YouTube ou sites como o Delicious para guardares links dos teus melhores trabalhos.

Page 10: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10

Inserida nas comemorações do centenário da República, está des-de de 31 de Janeiro de 2010 aber-ta ao público, gratuitamente, no Centro Português de Fotografia, a exposição Resistência - Da alter-nativa republicana à luta contra a ditadura, encomendada pela Co-missão Nacional de Comemora-ções do Centenário da República. É uma exposição essencialmente de fotografias, embora conte com mais alguns materiais audio-visu-ais, cujo objectivo é retratar o pe-ríodo desde o movimento liberal e progressista republicano a partir de 1891 até à revolução de 25 de Abril de 1974.

Esta exposição é fruto de uma enorme investigação da editoria de Teresa Siza e Manuel Loff, am-bos licenciados na Faculdade de Letras. O JUP foi conversar com Manuel Vicente de Sousa Lima Loff, Professor Associado no De-partamento de História e de Estu-dos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da Universi-dade do Porto.

JUP: De onde surge a ideia desta exposição?

Manuel Loff: Esta exposição que inaugurou as celebrações do Centenário da República, não posso dizer que seja só sobre Re-pública, mas a República é uma

Resistência:Da alternativa republicana à luta contra a ditaduraA luta histórica pela liberdade e pela emancipação dos portugueses, em fotografia.

parte da exposição. A ideia desta exposição é documentar a luta pela liberdade e por um ideal de um sistema político.

JUP: Qual o periodo compreen-dido na exposição?

ML: A exposição compreende os últimos 20 anos de crise da mo-narquia, os 16 anos da república e os 48 anos do regime salazarista.

JUP: Que lição podemos tirar deste período?

ML: Aquilo que eu creio ser a mensagem é que nunca se deixou de lutar pela liberdade em Portu-gal. Mesmo sob um regime de tipo liberal como a monarquia cons-titucional, em vias de se tornar autoritária, lutar por um sistema muito mais avançado, a caminho da democracia, em clara ruptura com o passado, designadamente

com a hegemonia da igreja no mundo cultural, educacional e as-pectos do mundo social; o fim de um sistema cada vez mais consi-derado arcaíco, como é conside-rada a monarquia, numa primeira fase. Numa segunda fase, preser-var a República; a tentativa de abrir caminho ao progresso, que a República trouxe mas que não conseguiu concretizar em alguma parte dos casos, mas preservá-la claramente face às ameaças: a República foi sempre contestada pela Direita, pelos monárquicos, pelos católicos e por uma grande parte de militares, também esses, monárquicos e católicos.

JUP: Esta exposição acaba com o 25 de Abril de 1974. Se tivesse

de mostrar algo a seguir ao 25 de Abril, o que mostraria?

ML: Bem, em primeiro lugar, a lógica da exposição é a de de-monstrar que Portugal teve duas grandes revoluções democráticas no século XX. A República foi uma promessa de modernidade que rompeu com muitas coisas do passado, mas só se cumpriu par-cialmente. Pelo contrário, o regi-me democrático criado a seguir ao 25 de Abril de 1974 tem uma primeira experiência de verdadei-ra euforia revolucionária, muito avançada, mais avançada de toda a história portuguesa sem excep-ção, que constituiu, e é a minha interpretação enquanto historia-dor, de forma substancialmente espontânea, a última experiência

Acho que substancialmente vivemos num Estado que garante os direitos das liberdades, mas há evidentemente ameaças que não são exclusivas do contexto português.

10 ||Soci

edad

e

A exposição retrata o período desde 1891 até à revolução de25 de Abril de 1974

NUNO MONIZ

de revolução socialista na Europa antes do final do século XX, ape-sar da finalização dessa experiên-cia revolucionária em 1976, even-tualmente para alguns, no final de 1975.

JUP: Falou em vitórias parciais. O que ainda falta fazer?

ML: A primeira grande luta, eu creio, ficou praticamente ganha, tanto como cidadão como obser-vador social; é a luta pela liber-dade. Acho que substancialmente vivemos num Estado que garante os direitos das liberdades, mas há evidentemente ameaças que não são exclusivas do contexto português. Há outra batalha, par-cialmente ganha – que em grande parte está ganha – que é a separa-ção entre a dimensão religiosa e a esfera pública...

JUP: ... Começando com a Pri-meira República...

ML: A Primeira República deu uma forte machadada nesse sen-tido. Caminhou no sentido da se-paração entre o Estado e a Igreja e conseguiu levar os crentes ou não crentes a perceber o lugar especí-fico da religião nas suas vidas e a emancipar o resto da actividade social, e da visão do Mundo e de si próprios, de uma visão estritamen-te religiosa. Depois, a República

Page 11: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 SOCIEDADE || 11

“Resistência”, para visitar no Centro Português de Fotografia

NU

NO

MO

NIZ

O JUP ERROUA peça intitulada “Estudantes, exames e stress de mãos dadas até

meados de Julho” (Ed. JUL., pp 10 e 11) é da autoria de Liliana Pinho, Miguel Lopes Rodrigues e Teresa Castro Viana

Na peça intitulada “Liberdade de andar de mãos dadas” (Ed. JUL., pp 10 e 11), a foto da página 11 é da autoria de Rita La Valerie, e retrata a aluna Helena Costa.

Aos visados, as nossas desculpas.

perdeu essa batalha. O salazarismo na sua forma mais clérigo-fascista, nomeadamente nos anos 30 e 40, foi um enormíssimo recuo, embo-ra não total. Mas, insisto, o Estado Democrático português da rene-gociação da concordata de 1975 fez muito menos do que o Estado Re-públicano de 1910-11, muito menos. Não separou o Estado da Igreja, mas a sociedade separou-se.

JUP: Acha que um monárquico identifica-se com esta exposição?

ML: Não acredito que se pos-sam identificar, o que é perfeita-mente natural, embora ainda não tenha tido qualquer reacção. Esta exposição é uma interpretação da História: todas as leituras da História são interpretativas. Mas, na minha opinião, não é uma in-terpretação que se descolou da realidade. Reconheço que cada grupo socio-político carrega for-mas específicas de memória e de memória histórica... em torno dos mesmos factos lembramo-nos de coisas completamente diferentes. Mas a lógica de uma exposição de informação e material, neste caso, visual que procura resumir estes oitenta e tal anos é de ta-manha contracção que tem de ter um fio condutor. E, justamente, nesse fio condutor, teoricamen-te, alguns monárquicos poderiam

identificar-se, que é a luta pela liberdade. Reconheço claramente que tentar descrever República como nós o fizemos, e como a grande maioria da sociedade por-tuguesa faz, como uma forma de emancipação de um regime tradi-cional que tinha entrado em cri-se, claramente arcaico, corrupto, sem representatividade, como era a monarquia constitucional na sua última fase, ainda por cima a caminho do autoritarismo, de-signadamente com o governo de João Franco e com o reinado de D. Carlos… é natural que aqueles que permanencem hoje monár-quicos e se sentem herdeiros da monarquia anterior a 1910 não se reconheçam nesta exposição.

JUP: Na sua opinião, um ponto forte e um ponto fraco desta exposição.

ML: Um dos pontos fortes, se bem que negativo do ponto de

NUNO [email protected]

vista da luta pela liberdade, é a emergência de uma forma ca-rismática, demagógica e ultra-populista de poder, uma espécie de proto-fascismo, como o sido-nismo; as fotografias de Sidónio Pais, que ganham uma dimensão propagandística que nunca teve até então, acho que a exposição ilustra muito bem. Um outro ponto forte, por exemplo, são as magníficas fotografias do Porto, e do papel do Porto, cidade, na luta contra a ditadura logo em 3 de Fevereiro de 1927, fotografias recolhidas pela Teresa Siza. Outro ponto, uma raridade que ali está, é o único filme da campanha de Humberto Delgado e que abre a porta a 15 anos totalmente pro-digiosos da vida portuguesa que começam em 1958 e que acabam, e se prolongam, com o 25 de Abril de 1974 e o período revolucionário. É o período de maior participação política espontânea da socieda-de portuguesa. Eu acho que nós, apesar de tudo, tivemos imensas limitações, e sobretudo o trabalho mais difícil da Dra. Teresa Siza, com um enorme apoio dos arqui-vistas dos Arquivos Nacionais, de procurar documentar a luta pela liberdade quando ela era clandes-tina. É verdade que há aspectos, nomeadamente nesse período de 1960, que gostaríamos de ter podido documentar melhor em torno, por exemplo, da luta con-tra a guerra colonial em território português. Esses foram os pontos relativamente complicados.

JUP: Para terminar: a nível pes-soal, como vê a exposição?

ML: Uma das coisas que me alegra é que a comemoração do centenário da República não se fique pelo ritual comemorativista e que entenda a República num plano mais longo no tempo, da luta pela emancipação dos por-tugueses.

Page 12: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 1012 || SOCIEDADE

Neutralidade da Internet em causa

No dia 9 de Agosto, a Google e a Verizon, um dos principais fornece-dores de acesso à Internet (ISP) norte-americanos, apresentaram uma pro-posta conjunta sobre a neutralidade da Internet que pretendem que o Congresso dos Estados Unidos aprove e que originou um acesso debate um pouco por toda a parte.

INTERNET NEUTRAPara perceber o que está em

causa, o melhor é começar por es-clarecer o que se entende por uma Internet neutra.

Um modelo neutro é semelhante ao que existe actualmente: um utili-zador pode aceder a qualquer serviço online, independentemente do seu ISP. Os pacotes de dados viajam todos à mesma velocidade.

Não é contudo muito difícil imagi-nar modelos alternativos. Um modelo não neutro para a Internet pode ser um em que serviços online dispostos a pagar veriam os seus dados chegar mais rapidamente aos destinatários, ou em que alguns conteúdos estives-sem disponíveis apenas nalguns ISPs.

Os defensores destes modelos ale-

gam que a concorrência daqui resul-tante incentivaria o desenvolvimento das redes e a criação de novos e me-lhores serviços. Os detractores invo-cam o facto de que apenas a neutrali-dade permitiu que pequenas ideias de indivíduos (como os casos do Google, Twitter, Facebook, etc.) se tornassem sucessos mundiais.

A DISCUSSÃOPode parecer estranho que ape-

nas agora este problema se tenha levantado. De facto o assunto já não é novo, tendo a discussão começado em solo americano. Em 2005 hou-ve uma reclassificação dos ISPs, em que estes deixaram de ser “serviços de telecomunicações” e passaram a ser “serviços de informações”, dei-xando de estar sujeitos regras de neutralidade muito estritas. Em 2008 o regulador das comunicações (FCC) detectou que um ISP estava a tratar o tráfego dos seus utilizadores em redes p2p de forma não neutra e ordenou-lhe que deixasse de o fazer. O ISP recorreu da decisão em tribu-nal e venceu, deixando claro que a Internet neutra não era um dado ad-

Proposta Google-Verizon pode pôr em causa Internet neutra. A proposta está em análise nos Estados Unidos.

Extradição de Ciganos de França preocupa Comissão Europeia

A expulsão dos ciganos de Fran-ça esteve na origem de uma dura troca de palavras entre Paris e Bruxelas. A comissária da Justiça, Viviane Reding, mostrou o seu de-sagrado pela atitude francesa que disse parecer ser feita com base na discriminação e comparou esta expulsão com as deportações da II Guerra Mundial. Dias depois o tema deu origem a uma discussão entre o Chefe de Estado Francês e o Presidente da Comissão Euro-peia, Durão Barroso, que afirmou que a discriminação pela minoria cigana é “inaceitável”.

Em cima da mesa está a possi-bilidade de a medida francesa ser considerada ilegal em relação à legislação da União Europeia (UE) tanto no que diz respeito à livre circulação de pessoas como às expulsões colectivas. Para Miguel Poiares Maduro, especialista em direito da U.E, o problema está mais na expulsão colectiva do que na questão da liberdade de circu-lação, já que as pessoas expulsas são originárias da Bulgária e da Roménia e em relação a novos Estados Membros “os tratados de adesão reconhecem a existência de um período transitório na apli-cação da liberdade de circulação e o direito de residência que os outros Estados Membros podem invocar”, como fez a França.

Mas, para o especialista, isto não significa que os cidadãos des-ses Estados possam ser livremente expulsos. “A expulsão terá sempre de ocorrer com base num dos pressupostos previstos e ser su-jeita a uma apreciação individual. Não podem seguramente ocor-rer expulsões colectivas. Muito menos, expulsões dirigidas a um grupo étnico específico”, afirma o Professor Catedrático. Segundo

Miguel Maduro, no caso de ser comprovado que a extradição de pessoas de França está a ser feita com base na etnia, esta torna-se uma “violação clara do principio que proíbe a discriminação com base em certas características par-ticulares e ao qual a França está vinculada”.

A Embaixada Francesa em Por-tugal disse em comunicado de im-prensa que a “França está empe-nhada em respeitar a liberdade de circulação”, mas que “a liberdade de circulação na União Europeia é um direito que requer deveres a todo o cidadão europeu”. A Em-baixada afirma que a liberdade de circulação não é absoluta: “com-porta ajustamentos e restrições”, invocando como restrições o facto de o cidadão estar há mais de 3 meses no país sem trabalhar e as “medidas transitórias de acesso ao mercado de trabalho” em relação a novos Estados Membros.

A organização francesa diz que “as decisões de afastamento são tomadas após o estudo de cada caso” pelo que “a França não procede, portanto, a expulsões colectivas”. A embaixada conclui que não há um “problema Roma” [etnia cigana], mas cidadãos eu-ropeus mais desfavorecidos que enfrentam dificuldades de inser-ção e que necessitam de uma atenção especial”.

Para Miguel Poiares Maduro só existem duas soluções para impedir a extradição de ciganos: esses cidadãos individualmente introduzirem um recurso contra a sua expulsão perante os tribunais franceses e eventualmente recor-rer ao Tribunal Europeu de Justi-ça; ou a Comissão Europeia iniciar um processo de incumprimento contra o Estado Francês, um pro-cesso moroso.

Desde o início do ano já foram expulsas de França mais de 9 mil pessoas de etnia cigana para a Roménia e a Bulgária. A própria ONU já se insurgiu contra o pro-blema que diz contribuir para a estigmatização e marginalização da etnia.

DANIELA TEIXEIRA

Depois de o Parlamento Europeu apelar à suspensão da extradição de ciganos do território da França, agora é a Comissão Europeia a criticar a atitude do Governo francês.

PAULO ALCINO

quirido. Desde então há tentativas de ambas as partes para que se legisle sobre a neutralidade da Internet.

O ACORDOEm Agosto desenrolou-se o mais

recente episódio deste debate. A Goo-gle e a Verizon apresentaram uma tomada de posição conjunta sobre o assunto que propõe, em traços largos, modelos de regulação diferentes para as redes com e sem fios. Nas redes de banda larga com fios os ISPs seriam legalmente obrigados a manter a neutralidade. Já a Internet sem fios es-taria praticamente livre de regulação. Dado o passado recente da Google de defesa da neutralidade, muitos vêem nesta declaração a sua rendição aos interesses económicos. Outros, no en-tanto, crêem que é o acordo possível e preferível à inexistência de regula-ção total em vigor actualmente.

O QUE SE SEGUEPor enquanto o Congresso não che-

gou a conclusões sobre o assunto e ainda não é claro as repercussões que daqui resultarão. O que é certo é que este é um debate que abrange não só a América: o mais recente desenvol-vimento veio do Chile, que se tornou no primeiro país a legislar a favor da neutralidade da Internet. É de esperar que em todo o mundo o assunto seja discutido num futuro próximo.

PAULO ALCINO

Page 13: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 || 13 JUPB

OX

JOANA CRUZFPCEUP

República. Porque não concordo com o poder ser passado de pai para filho ou filha.

PEDRO COUTINHOUniversidade Católica

De maneira nenhuma a Monarquia. Acho que partir do pressuposto que alguém é melhor ou pior do que outra pessoa apenas pela circuns-tância do seu nascimento, que no fundo é a lógica subjacente à mo-narquia, é um conceito profunda-mente errado!

PAULO OSÓRIOFBAUP

Sem dúvida a República. Se pensar-mos bem, a Monarquia priva o direi-to à Liberdade. Se estivesse implan-tada, nunca seria possível produzir livremente como nos dias de hoje.

ELIANA TAVARESFCUP

República. Porque as pessoas po-dem decidir democraticamente quem governa o seu país.

MonarquiaouRepública?

MA

NU

EL RIB

EIRO

Page 14: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10

E-LEARNING CAFÉ

4, 11, 18 E 25 DE OUTUBRO, 22H00CAFÉS FILOSÓFICOS NO E_LEARNING CAFÉ

Um Café Filosófico é um encon-tro informal de filosofia num lugar público (mas não necessariamente num café) onde todos podem par-ticipar numa reflexão filosófica em grupo, independentemente da sua bagagem filosófica.

Foram estas algumas das questões debatidas na última edição do “Mês da Filosofia no e_learning Café”:

- “Qual a origem das ideias?” - “As ideias reflectem a realidade?”- “Existem verdades absolutas?”- “Os gostos discutem-se?”Durante o mês de Outubro os “Ca-

fés Filosóficos” serão servidos todas as segundas-feiras às 22h00.

A moderação é de Tomás Maga-lhães Carneiro e conta-se com a pre-sença de todos os interessados em pensar e aprofundar temas e proble-mas do universo da Filosofia.APOIOSInstituto de Filosofia da Universida-de do Porto http://sigarra.up.pt/flup/unidades_ge-ral.visualizar?p_unidade=75Filosofia Crítica http://filosofiacritica.wordpress.com/

20 DE OUTUBRO, 15H00MOODLE U.PORTO: ACESSO AOS CONTEÚDOS ON-LINE PARA ESTU-DANTES DO 1ºANOPor Teresa Correia, Unidade de No-vas Tecnologias na Educação - Uni-versidade Digital (Reitoria da Univer-sidade do Porto), [email protected]

14 ||

AGENDA

ATÉ 27 DE NOVEMBRO“TRANSPARÊNCIA - ABEL SALAZAR E O SEU TEMPO, UM OLHAR”Museu Nacional Soares dos ReisCOMISSÁRIO: Manuel Valente AlvesORGANIZAÇÃO: Museu Nacional Soares dos Reis, Reitoria da Universidade do Porto, Casa - Museu Abel Salazar

6 A 9 DE OUTUBROXII COLÓQUIO IBÉRICO DE GEOGRAFIAFaculdade de Letras da Universidade do PortoTEMAS:- Cidades e Territórios Metropolitanos - Regiões, Redes e Mudanças Globais - Paisagens, Património e Desenvolvimento - Recursos Naturais e Ordenamento do Território - Ambiências Morfoestruturais e Climáticas - Tecnologias de Informação e Cartografia em Geografia- Ensino da Geografia e Processo de Bolonha - Pensamento e Imaginação GeográficaORGANIZAÇÃO: Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do PortoCONTACTOS:[email protected]: 226077189

9 DE OUTUBROCERIMÓNIA DE ENTREGA DA MEDALHA DE OURO À PROFESSORA DOUTORA NICOLE FRANÇOISE DEVY VARETAAnfiteatro Nobre da FLUP, 17h30.

9 DE OUTUBROWORKSHOP DE DANÇA CONTEMPORÂNEAFaculdade de Desporto da U.PortoHorário: 10h às 13h e das 14h30 às 17h Preços: 15€ UP | 25€ não UP INSCRIÇÕES: Gabinete de Cultura, Desporto e Lazer

da Reitoria da U.Porto, Ana Martins ([email protected])Ruben Rodrigues ([email protected]), Tlf. 220408193

11 E 12 DE OUTUBROPHILIP AUSLANDER (GEORGIA INSTITUTE OF TECHNOLOGY, USA)Anfiteatro Nobre da FLUP.Dia 11 de Outubro, pelas 17h30: “Reactivation: Performance, Meditization, and the Present Moment”Dia 12, às 15h30: “Lucille Meets GuitarBot: Instrumentality, Agency, and Technology in Musical Performance”.A entrada é livre.

12 A 16 DE OUTUBROFUTURE PLACES – DIGITAL MEDIA AND LOCAL CULTURESPorto (vários locais).Cinco dias de exposições e eventos à volta do potencial e do impacto dos media digitais nas culturas locais.PARTICIPANTES: Siva Vaidhyanathan; Blaine L. Reininger; Jana Winderen; Mike Harding; Rádio Zero; Valentina Nisi; Ian Oakley; Medialab-Prado; Marc Behrens; Pablo Peinado; Abajo Izquierdo; Sem Palco; Aldeias Do Xisto; Verónica Orvalho.CURADORES: Heitor Alvelos, Karen Gustafson e Bruce Pennycook.Ver programa em http://futureplaces.org/

15 E 16 DE OUTUBRO5.º SEMINÁRIO EM DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇAAuditório da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

18 DE OUTUBROPORTUGUÊS LÍNGUA NÃO MATERNA: INVESTIGAÇÃO E

ENSINO (NATIONAL CONFERENCE EUCIM-TE)Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

18 A 20 DE OUTUBRO12º ENCONTRO NACIONAL DE ECOLOGIA - “BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS: DESAFIOS E AMEAÇAS NUM MUNDO EM MUDANÇA”Auditório da Biblioteca Almeida Garrett (Jardins do Palácio de Cristal)ORGANIZAÇÃO: CIIMAR (U.Porto) e SPECO

18 A 21 DE OUTUBROCURSO DE PLANEAMENTO E GESTÃO DE PRAIASFEUPTEMAS:- Planeamento- Infraestruturas- Sistemas de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente- Processos e Riscos Litorais em Praias Turísticas- Turismo Náutico e Instalações Náutico-Desportivas.ENTIDADES PROPONENTES:Instituto de Hidráulica e Recursos Hídricos da FEUPAdministração da Região Hidrográfica do Norte, IPUniversidade Politécnica de ValênciaAPOIOS:Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos – Núcleo Regional do NorteOrdem dos Engenheiros.CONTACTOS:Instituto de Hidráulica e Recursos Hídricos (IHRH), FEUPa/c Prof. Francisco Taveira PintoFaculdade de Engenharia da Universidade do PortoRua do Dr. Roberto Frias, s/n4200-465 PORTO

21 DE OUTUBROOFICINA DE ORIGAMI – KUSUDAMASReitoria da U.PortoHORÁRIO: 18h30 às 21h PREÇO: 20€ UP | 25€ fora UP PÚBLICO-ALVO: adultos e jovens a partir dos 15 anos.Cada sessão deverá ter um número mínimo de 6 e o máximo de 15 participantes.INSCRIÇÕES: Ana Martins ([email protected])

Ruben Rodrigues ([email protected]), Tlf. 220408193

21 A 23 DE OUTUBRO6TH INTERNATIONAL CONFERENCE ON TECHNOLOGY AND MEDICAL SCIENCESFEUP

25 A 29 DE OUTUBROWORKSHOP DE FILOSOFIA PRÁTICA E PENSAMENTO CRÍTICOReitoria da Universidade do Porto, das 18h30 às 21h30.FORMADOR: Tomás Magalhães Carneiro nasceu em Évora, em 1977. Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde também completou uma pós-graduação em Filosofia Moderna e Contemporânea. Actualmente, prepara uma tese de mestrado em Filosofia Prática e Pensamento Crítico. É investigador no Instituto de Filosofia da FLUP onde colabora com vários grupos de investigação (grupo de Filosofia com Crianças e Jovens; grupo de Filosofia na Saúde; Mind Language and Action Group). É fundador e editor da revista cultural “Um Café”.HORÁRIO: 18h30 - 21h30 PREÇO: 90€ UP | 100€ fora UP Inscrições até 18 de Outubro, limitadas a 20 participantes Ana Martins ([email protected]) Ruben Rodrigues ([email protected]), Tlf. 220408193

27 E 28 DE OUTUBROI INTERNATIONAL CONFERENCE ON MEDIA AND SPORT (INCOMES)Instalações de Ciências da Comunicação (Praça Coronel Pacheco)ORGANIZAÇÃO:A iniciativa é uma parceria entre a Universidade do Porto e a Universidade de Barcelona.

http://elearningcafe.up.pt/

Page 15: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 || 15 U.P

orto

O FUTURO É AQUI!Com curadoria de Heitor Al-

velos, Karen Gustafson e Bruce Pennycook, o FuturePlaces 2010 é uma reunião de pessoas com uma pergunta em mente: se os media digitais podem fazer tanto pela co-municação global, conhecimento e criatividade, como poderão contri-buir para o desenvolvimento cultu-ral local? Outubro de 2008 marcou o início desse desafio.

Após o sucesso das edições an-teriores em 2008 e 2009, onde se descobriram actuais projectos de sucesso das mais diversas origens e domínios do conhecimento, e experimentaram abordagens estra-tégicas, o FuturePlaces 2010 dedica-se ao pensamento a longo prazo. O FuturePlaces acontece no Porto, onde os desafios e potencialidades dos media digitais para a transfor-mação do tecido social e cultural são muito evidentes.

Especialistas em música, design, arte de rua, interfaces digitais, co-municação, dança, arte, vídeo, ins-talação, investigação na área dos media, etc, juntam-se no Porto para discutir e celebrar o contributo dos media digitais no desenvolvimento de comunidades.

Durante cinco dias, workshops, exposições, filmes, performan-ces, concertos, palestras, e festas animam o Maus Hábitos, Passos Manuel, C.C.STOP, FBAUP, Praça dos Poveiros…

FuturePlaces é uma parceria entre a Universidade do Porto e a Universidade do Texas em Austin, no âmbito do programa UTAustin-Portugal em media digitais, finan-ciado pela FCT.

As inscrições estão já abertas em www.futureplaces.org!

Todas as vagas preenchidas

Pelo segundo ano consecutivo, a Universidade do Porto é a úni-ca universidade portuguesa com uma taxa de 100% de preenchi-mento de vagas. O número de can-didatos ao Ensino Superior que co-locou a U.Porto em primeiro lugar nas suas escolhas (7.579) é quase o dobro do número de vagas dispo-níveis. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecno-logia e Ensino Superior.

Também pertencem à Universi-dade do Porto os dois cursos com as mais altas notas de entrada do país: Medicina da Faculdade de Medicina e Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Sala-zar. Na verdade, dos 10 cursos com

a mais alta nota de entrada em Portugal, quatro são da U.Porto, já que também Arquitectura da Faculdade de Arquitectura (4ª po-sição nacional) e Bioengenharia da Faculdade de Engenharia (7º) entram neste top 10. Uma façanha apenas conseguida pela Universi-dade do Porto.

Por outro lado, o curso da área das Humanidades com a melhor nota do último estudante coloca-do (em 23º lugar) é da Faculdade de Letras da U.Porto: Línguas e Re-lações Internacionais.

Up, up nos rankings

À beira de assinalar um século em 2011, é tempo de tomar o pulso mais demoradamente à Universi-dade do Porto. O posicionamento nos mais recentes rankings, embo-ra com diferenças significativas de critérios entre si, transmite uma perspectiva animadora da situação da U.Porto e vai ao encontro dos desafios estratégicos traçados para o próximo ano.

Quando tomou posse, em 2006, para o primeiro mandato como reitor, José Marques dos Santos traçou uma meta ambiciosa: colo-car a U.Porto entre as 100 melho-res da Europa em 2011. Pois, segun-do a edição de 2010 Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities, esta instituição foi a 85ª instituição de Ensino Su-perior europeia com mais artigos científicos publicados em 2009, reforçando a sua presença entre as 350 melhores universidades do mundo e 150 europeias e projec-

A U.Porto ficou colocada entre as 100 mais da Europa na edição mais recente de dois rankings de instituições de Ensino Superior.

tando definitivamente a sua vo-cação enquanto “universidade de investigação”.

Tido como um dos mais pres-tigiados “barómetros” de produ-ção científica no Ensino Superior, o ranking elaborado pelo Higher Education Evaluation & Accredita-tion Council of Taiwan (HEEACT) avalia o desempenho das univer-sidades ao longo dos últimos 11 anos, segundo três critérios: a pro-dutividade, o impacto e a excelên-cia da pesquisa. No cômputo geral, a U.Porto confirma o estatuto de maior produtor de Ciência nacio-nal ao conseguir a melhor presta-ção das universidades portugue-sas: 328ª posição mundial e 141ª a nível europeu. Prossegue assim a escalada verificada desde 2007, ano em que a U.Porto ocupava os lugares 459 e 195 do mundo e da Europa, respectivamente. O forte aumento dos valores de avalia-ção de 2009, em comparação com

a média dos últimos 11 anos (8.58 para 13.58 no número de artigos; 2.52 para 5.49 nas citações), levam a acreditar que a posição geral da U.Porto vai continuar a melhorar nos próximos anos.

Da edição 2010 do ranking da HEEACT, há também a destacar o desempenho da U.Porto por áreas e disciplinas de investigação espe-cíficas. Assinale-se a presença da Universidade no Top 100 europeu (67ª posição) nas áreas de Agricul-tura e Engenharia; e no Top 100 mundial em duas disciplinas liga-das às Engenharias. São elas Enge-nharia Mecânica, em 62º lugar (17º europeu), e Engenharia Química, em 85º lugar (20º europeu).

A 79ª DA EUROPA NOWEBOMETRICS

Os critérios do Webometrics Ranking of World Universities, di-vulgado pelo Conselho Superior de Instituições Científicas de Espanha, por outro lado, colocam a Univer-sidade do Porto na 79ª posição en-tre as universidades europeias e na 230ª posição no ranking das 500 melhores do mundo. Este ranking, cuja edição mais recente data de Julho deste ano, mede a presen-ça na Internet de mais de 20.000 instituições de ensino superior de todo mundo.

As 100 melhores Europeias são li-deradas pela Universidade de Cam-bridge. Das portuguesas, apenas a Universidade do Porto surge nesta lista ordenada. Mas, entre as 500 melhores do mundo, para além da U.Porto, já surgem a Universidade Técnica de Lisboa, na posição 323, e a Universidade de Coimbra, na posição 378. A liderança das 500 melhores do mundo foi atribuída à Universidade de Harvard, ficando o MIT em segundo. Aqui, a primeira europeia é a Universidade de Cam-bridge em 22º lugar.

A equipa responsável pela ava-liação, aliás, reconhece que várias universidades britânicas, habitual-mente bem posicionadas noutras avaliações à escala mundial, não conseguem uma prestação à altura no Webometrics, dado o alegado insuficiente empenho em termos de presença na Internet. Entre as questões mais influentes estão os domínios web de cada instituição e os documentos disponibilizados para pesquisa, nomeadamente ar-tigos científicos.

DIREITOS RESERVADOS

Blaine L. Reininger vai estar no FuturePlaces

DIR

EITO

S R

ESER

VA

DO

S

Serviço de Comunicação e ImagemReitoria da Universidade do Porto

[email protected] | http://noticias.up.pt

Page 16: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 1016 ||

NOITES RITUALA 19ª edição das Noites Ritual

decorreu nos dias 27 e 28 de Agosto, nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto. O último dos festivais de Verão contou este ano com mais uma enchente, facto que se tem intensificado desde que a entrada é gratuita. O cartaz deste ano, com um dia mais pesado e um mais popular, continua a fazer a aposta nos novos valores da música portuguesa e a dar a conhecer novos trabalhos de nomes com alguma implantação que se repetem no cartaz.

Page 17: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 || 17 FLA

SH

PEDRO [email protected]

O alinhamento foi o seguinte: Salto, Os Tornados, Samuel Úria, Diabo na Cruz, Anaquim, Oquestrada, Unoeskimo, Sean Riley & the Slowriders, Tiguana Bibles, The Legendary Tigerman, John e Gone e Slimmy.

Page 18: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 1018 ||

Férias AlternativasA ideia de pegar numa car-

rinha “Pão-de-Forma” com 40 anos, com uns problemas de estrutura e talvez falta de tra-vões, juntar seis amigos que tocam umas músicas e man-darmo-nos estrada fora duran-te um mês não é, de nenhuma maneira, impossível. O destino era Budapeste, para tentar um lugar no “Sziget”, um festival fechado numa ilha no meio do Danúbio em pleno Agosto. Pelo menos era o que dizíamos aos caridosos que nos ajudaram (obrigado a todos aqueles que nos ajudaram).

Meses antes, começamos a juntar os primeiros trocos (a

“Aos quatro dias do mês de Junho reuniram-se em assem-bleia geral os viajantes de bici-cleta estivais…” Assim começa a nossa viagem, durante todo o ano sonhada mas finalmente concretizada neste dia, os cinco sentados num terraço em Ce-dofeita, com mapas espalhados pela mesa e muitos planos na cabeça. Partimos um mês de-pois, com seis horas de atraso em relação ao programado, uma saída bastante caótica por sinal, com as coisas a caírem das bici-cletas a cada 5 km percorridos e as pernas a tremer de excitação e nervosismo. Logo neste pri-meiro dia, a sensação agressiva de liberdade: andar de bicicleta até o sol se pôr, sem prazos nem limitações, apenas com a noção de que quando quiséssemos e onde quiséssemos pararíamos; e ao deitar, num desconfortável colchão dentro de uma peque-na tenda, com o estômago qua-se vazio depois de uma série de incidentes com o jantar, éramos as pessoas mais felizes, mais re-alizadas e mais livres do mundo.

Se há acasos que podem ser decisivos, este foi sem dúvida um desses!

Após voltar de uma pausa de 2 semanas pela Europa antes de ini-ciar o segundo semestre, tornou-se bem claro que estas férias te-riam que ser diferentes.

Em frente ao computador, co-nectei a minha vontade ao motor de busca, esperando que me desse as respostas que procurava. Por fim, fui ao encontro da AEGEE (Eu-ropean Students’ Forum): uma das maiores e mais importantes asso-ciações de estudantes na Europa!

Fundada em 1985 em Paris, a AE-GEE, uma organização voluntária, não lucrativa e apolítica, conta com cerca de 15.000 membros, representado 271 universidades de 40 países, promovendo a coope-ração, comunicação e integração entre os jovens europeus, com o objectivo de criar uma sociedade mais aberta e tolerante, despro-vida de fronteiras mentais, sendo responsável, como exemplo, pela criação do programa ERASMUS.

Descobri então que a AEGEE or-ganiza cerca de 80 “Summer Uni-versities” todos os anos, sob a for-ma de programas distribuídos por

O resto da viagem foi pau-tado por uma série de aconte-cimentos marcantes, pessoas fantásticas e momentos ini-magináveis, sempre enquadra-dos em inóspitas paisagens do nosso pequeno e belo Portugal. A simplicidade da ria de S. Ja-cinto, a hospitalidade do Sr. Mário (que, engraçando com a nossa aventura, nos ofereceu almoço), a adega do Sr. Coelho aberta 24h/dia que nos patroci-nou com vinho da terra, o inu-sitado acampamento romano em Segade e os seus ocupantes que pescavam lagostins no rio, a tasca do Sr. Manel em Lousã, a prontidão da Tia e as gélidas lagoas naturais, a loucura da feira medieval de Óbidos, a ca-maradagem do pessoal das Cal-das da Rainha… Como resumir uma viagem de 29 dias a dois mil caracteres? Tentando en-

contrar o éter da viagem, acabo por apontar a solidificação da amizade, e claro, o crescimento pessoal inerente a qualquer via-gem, só que intensificado pela natureza agreste desta. Meta-foricamente falando, a cumpli-cidade e companheirismo ex-tremos é como entrar em casa e sentir a segurança do meio familiar, na medida em que, independentemente de tudo e em qualquer situação, sabes que estarão lá para te apoiar.

A essência da aprendizagem reside também na descoberta de perspectivas em relação à “realidade” muito diferentes daquelas a que estamos ha-bituados, demonstrando-nos o quão alheados andamos do mundo normalmente e o quão grande é o leque de caminhos possíveis de serem tomados.

MIGUEL DUARTE

tocar para restaurantes em Matosinhos, meio de sustento da viagem toda) e o plano era simples: juntar uns euros, ar-ranjar a carrinha e fazer quase 10000km ao longo da costa sul da Europa, parando para tocar aqui e ali para sustentar a via-gem durante um mês. No fim de Julho, substituímos a carri-nha por dois carros (o arranjo não estava terminado e conse-guimos menos 5 litros/100km com mais 50 km/h de velocida-de média) e saímos do Porto.

Da viagem, posso dizer que não chegamos a Budapeste… Mas chegamos a Sanremo no norte de Itália (mesmo que te-nha sido só para ir ao McDonal-ds). Pelo meio deixamos Sines, Vilamoura, Puerto Banús, Mar-

bella, Alicante, Benidorm, Barce-lona, Lloret de Mar, St. Tropez, Cannes e Mónaco. As histórias que vivemos pelo caminho são um pouco difíceis de descrever num texto tão curto, nem seria correcto contá-las a todas. Dor-mir na praia de Puerto Banús, fazer o jantar em parques de estacionamento, actuar na casa da Brigitte Bardot em St.Tropez ou fazer uma serenata à mãe do Ronaldo foram apenas algumas delas. Foi uma experiencia úni-ca, a qual não vai ser esquecida por nenhum dos participantes. Aconselho todos a criarem e concretizarem um plano “se-melhante”: vale todo o esforço e tempo investido. Ainda por cima, a custo “zero”.

NUNO ILDEFONSO

toda a Europa. Não me restaram dúvidas de que seria aquilo que queria fazer: por menos de 200€, teria direito a comida e alojamen-to num destino de sonho: a Sicília!

Se ao início pudesse recear que o programa se assemelhasse de-masiado a uma excursão escolar, não podia estar mais enganada, até porque não se tratava de uma simples “Summer Univer-sity”... mas sim de uma “Travel Summer University”.

Num ritmo intensivo de novas experiências e lugares vibrantes, com muita, muita festa à mistura, as palavras não fazem justiça para traduzir o significado destas duas semanas, juntamente com 50 “fantasticamente diferentes” pes-soas de toda a Europa. Foi muito mais do que uma simples viagem, da qual trouxe não só momen-tos em forma de memórias (des-de escaladas a templos gregos a banhos nocturnos no Mediterrâ-neo), mas uma nova força moti-vadora para concretizar os meus objectivos. Ver para crer, sentir para crer... sem dúvida, a melhor expressão para definir a dimensão e unicidade deste evento!

Venham conhecer a AEGEE, por-que o mundo que conhecemos… não é nada comparado com o que está por descobrir!

SARA OLIVEIRA

A “custo zero”

Volta ao “mundo” em bicicleta

Um sonho… numa ilha!

DIREITOS RESERVADOS

DIR

EITOS R

ESERV

AD

OS

DIREITOS RESERVADOS

Page 19: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 || 19 Des

port

o

VERA COVÊLO [email protected]

JUP: Há quanto tempo é que jo-gavam futsal e porque escolheram este desporto?

Ana Sofia Ferreira: Jogo futsal des-de os nove anos. Eu fazia natação e, uma vez, a filha de uns amigos do meu pai apareceu com um ombro esmurrado e eu perguntei lhe “então como é que fizeste isso?”. Ela disse “ah, foi a jogar futsal” e eu disse “Jo-gas futsal? Também quero!”. Gostava de jogar, sempre gostei de bola, en-tão comecei a jogar futsal.

Daniel Tasaka: Já jogo desde os 17 anos. Fiz natação até aos 15 anos, mas por falta de condições para melhorar deixei a natação fui para o futebol. Não me dei muito bem no futebol de 11, tinha um primo que jogava futsal que convidou-me a entrar na equipa dele. Gostei e eles também gostaram de mim, eu tinha algumas qualida-des para o futsal.

JUP: Alguma vez já tinham participado numa prova0 a nível internacional?

ASF: Futsal universitário, não. Mas já tinha ido a provas internacionais pelo futebol de 11.

DT: Este já foi o meu terceiro mun-dial universitário.

JUP: Como era o convívio entre os colegas selecção, visto que pro-vinham de diversas universidades? Havia alguma rivalidade?

Perfil

Ana Sofia Ferreira e Daniel Tasaka foram os representantes da Universidade do Porto na Selecção Nacional Universitária de Futsal que esteve na Sérvia no Mundial Universitário de 22 a 29 de Agosto.

Nome: Ana Sofia Pereira Gomes Ferreira

Data de nascimento: 5/12/1986

Faculdade: FADEUPCurso: Mestrado em

Actividade Física AdaptadaClube em que joga:

Restauradores de AvintesHobbies: Desporto e Cinema

Nome: Daniel Ferreira TasakaData de nascimento:

3/9/1985Faculdade: FADEUP

Curso: Licenciatura em Ciências do Desporto

Clube em que joga: AD Módicus

Hobbies: Desporto

U.Porto na selecção nacional de Futsal

ASF: A maior rivalidade, que pu-desse existir, tinha mais que ver com os clubes do que propriamente com o facto de eu ser da FADEUP e a ou-tra ser do ISMAI, porque antes de sermos de cada faculdade nós já éra-mos jogadores de clubes e a maior parte das pessoas que se encontra-ram já tinham jogado umas contra as outras. O que se nota, em termos de comparação do clube com a selec-ção universitária, é um espírito mais brincalhão, as pessoas não levam tão a peito determinadas coisas. E não há pessoas de 30 anos e outras com 15, como às vezes há num clube. Há aquele espírito académico.

JUP: Como foi o apoio dado para este campeonato?

ASF: Foi espectacular, tudo o que eles proporcionaram. Tinha uma falha ou outra, mas nós nem liga-mos porque quando se organiza um evento nunca corre tudo a 100%. Não conheço ninguém que tenha qualquer tipo de queixa em relação àquilo que a FADU [Federação Acadé-mica de Desporto Universitário] fez por nós.

DT: É sempre muito bom. A FADU apoia imenso e gosta que o pessoal vá para fora representando o nome da Universidade.

JUP: Há muitos jogadores de qua-lidade no meio universitário?

ASF: A maioria das jogadoras que estavam na selecção eram jogadoras de futsal num clube, muitas até de clubes que no seu distrito são os me-lhores, portanto, têm qualidade. No entanto, o que se nota é que pode-ria haver ainda mais qualidade – não quero dizer que não haja – se houves-

se outro tipo de condições que nós não temos, a nível do futsal feminino.

DT: Há, sem dúvida. Ainda por cima em Portugal é uma modalida-de que está a crescer, cada vez apare-cem mais jogadores.

JUP: Qual é a importância que este campeonato universitário pode ter no meio do futsal e para a população?

ASF: Entre nós, estudantes, e entre quem joga e sonha ir para a faculda-de, já sonha também em ir a uma selecção universitária. Já se nota que algumas pessoas pensam que no próximo ano podem ser uma das seleccionadas. Para nós [futsal feminino], que não temos selecção nacional, a selecção universitária acaba por ser um dos pontos altos da nossa carreira. O nosso objectivo no clube é ser campeã nacional, e para quem anda na faculdade é ir ao campeonato universitário.

DT: Dentro do meio do futsal, tem bastante. É óbvio que o futsal é um meio pequeno e dentro da popula-ção em geral há muita gente que ain-da o desconhece. Temos o exemplo de há dois anos, quando fomos cam-peões mundiais. Fomos a primeira selecção universitária em Portugal a conseguir um campeonato do mun-do e de facto ninguém sabe isso.

JUP: A participação nestes campeo-

natos universitários pode abrir portas para outras oportunidades mais tarde?

ASF: Antes de ir para a selecção universitária já jogava futsal numa boa equipa, uma das melhores a nível nacional, o Restauradores de Avintes. Falo no caso feminino que é a minha experiência, nós não te-mos campeonato nacional, só mes-mo fase final, jogamos praticamente a nível distrital. Aqui em Portugal ninguém luta para ir para um clube porque ninguém ganha nada...

DT: Sem dúvida que sim, posso dar o meu exemplo. Há quatro anos, após a minha chamada à selecção univer-sitária, eu consegui ir à selecção A de futsal graças a isso. A nível de clubes não é muito, mas ainda assim há jo-gadores a nível universitário que tra-balham em equipas grandes.

JUP: Qual é o estado do futsal em Portugal e quais são as perspectivas para o futuro?

ASF: Em Portugal não dá nada, nós não ganhámos e ainda acabamos por gastar. Já ouvi dizer – e não sei se é verdade – que vai haver uma se-lecção A feminina; já houve, há mui-tos anos atrás, mas depois deixou de existir. Isso será bom para as atletas e será bom para os treinadores. Os treinadores vão ter mais vontade de estar no feminino, onde hoje tam-bém não têm porque não têm com-petição a sério. Para as atletas tam-

ENTREVISTA

bém vai ser bom, porque vão querer melhorar porque têm o objectivo da selecção nacional, para onde só vão as melhores. Mas não sei, porque se for uma competição como havia há uns anos atrás, o benefício, em ter-mos de visibilidade, vai ser nada ou quase nada. Há uns anos atrás, elas faziam um jogo por ano, se calhar contra a Espanha.

DT: O futsal universitário vai de-pender muito das academias. Mas é óbvio que, com o crescer do futsal nacional em geral, muito provavel-mente o futsal universitário também irá crescer e ganhar mais bravura e será mais reconhecido. Acho que es-tamos a caminhar para aí, cada vez mais há mais praticantes de futsal, e cada vez mais vai ter mais mundo.

JUP: Estudar, treinar e jogar, pela universidade e pelo clube. Há tem-po para tudo ou tem de haver uma boa gestão?

ASF: É preciso gerir muito bem o tempo. Alguém que queira ser bom a tudo e que não quiser ser preju-dicado em nada precisa gerir muito bem o tempo. É muito complicado, principalmente quando se joga num clube relativamente longe de casa. Mas claro que há sempre alguma coisa que não vai ser tão boa.

DT: Eu não sou o melhor exemplo, ainda estou no terceiro ano e já es-tou há cinco anos na faculdade de desporto (risos) Mas não é fácil.

DIR

EITOS R

ESERV

AD

OS

FAD

U

Page 20: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 1020 || DESPORTO

Portugal foi o grande vencedor do Mundial de Rugby SevensPortugal recebeu em Julho o Campeonato Mundial Universitário de Rugby Sevens. Os bons resulta-dos a nível desportivo e de organização do evento serviram também para promover a cidade do Porto.

dores, sendo que no fim se semana registou-se uma maior assistência.

Por outro lado, os jogos de Por-tugal foram transmitidos em canal aberto, o que poderá ter contri-buído para um menor número de pessoas no estádio. Para Miguel Monteiro, coordenador do Gabi-nete de Actividades Desportivas da Universidade do Porto (GADUP), ainda assim, este é um resultado assinalável, uma vez que em Por-tugal não existe tradição na prática de rugby.

De entre as 32 equipas parti-cipantes (20 masculinas e 12 fe-mininas), Portugal conquistou o primeiro lugar com a equipa mas-

O Campeonato Mundial Uni-versitário de Rugby Sevens, que já vai na quarta edição, foi a primei-ra grande prova desportiva mun-dial organizada pela Universidade do Porto. Foram grandes o desta-que e a divulgação feitos ao even-to, quer através dos meios de co-municação académicos (cartazes, mensagens de correio electróni-co, newsletter da universidade), quer através de jornais desporti-vos, rádio e televisão. A entrada gratuita nos jogos foi também outra forma de atrair público.

O número de pessoas que assisti-ram aos jogos realizados no Estádio do Bessa rondou os 3500 especta-

UPBalcão de Atendimento do GADUP na Faculdade de Desporto2ª e 6ª Feira- 10.30 às 13.30 E 15.00 às 20.00 ModalidadesAndebol Feminino, Badminton, Basquetebol Feminino, Escalada, Futebol de 7, Hóquei Patins Masculino, Rugby Sevens, Taekwondo, Voleibol de Praia

INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTOGABINETE DE DESPORTOTel: 225 571 050Actividades Náuticas, Aeróbica, Cicloturismo, Danças de Salão, Desportos de Combate, Desportos Motorizados, Desportos de Raquetes, Escalada, Yoga, Patinagem, Step, Voleibol de Praia, (entre outras).

UNIVERSIDADE PORTUCALENSEXADREZSala do XadrezRua S. Tomé, nº 712 4200-486 PortoTel: 225 572 707E-mail: [email protected]

-----

AE FEUP Selecções: Futsal, Futebol de 11, Basquetebol, Voleibol, AndebolRua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto Horário de Atendimento:9h30 – 12h00 // 14h00 - 17h30 Tel: 225 081 556 E-mail: [email protected]

AE FEPFEP leagueRua Roberto Frias, s/n.º4200-464 Porto Tel: 225 025 975E-mail: [email protected]

culina e o terceiro lugar com a equipa feminina, excedendo todas as expectativas. Estes resultados contribuíram, em larga medida, para prestigiar o rugby e o despor-to universitário em Portugal.

Nélson Martins, um dos volun-tários do mundial, diz que “para o desporto universitário é bom Por-tugal ganhar prestígio internacio-nal”. E ainda que algumas grandes potências do rugby mundial não estivessem presentes, como a Nova Zelândia, o mérito da prestação de Portugal na competição não foi me-nor, de acordo com o voluntário.

Num balanço final, o coordena-dor do GADUP considera que “as

Estudantes da Faculdade de Engenharia em Mundial de XadrezAndré Viela e João

Costa, da Faculdade de Engenharia,

representaram a Universidade do Porto

no Campeonato Mundial Universitário de Xadrez.

André Vilela, estudante de En-genharia Ambiental, ficou em 38º lugar, mas ainda conseguiu arre-cadar 24,3 pontos para o seu Elo, o sistema de pontuação usado no Xadrez. Já João Costa, estudante de engenharia Civil, ficou-se pela 49ª posição e consegui aumentar o seu elo em 4,8 pontos.

O Campeonato Mundial Univer-sitário de Xadrez realizou-se em Zurique, entre os dias 5 e 12 de Se-tembro. João Costa classifica este torneio como o mais forte em que já participou mas sente que podia ter feito mais, caso tivesse ganho a um último adversário, teoricamen-te mais fácil. Contudo, para este

As bancadas do Estádio do Bessa ficaram muito longe de estarem cheias

coisas correram bem. A nível com-petitivo foram bons os resultados, a nível de organização, por todas as informações que obtivemos, não temos até hoje conhecimento de que não tenham gostado”.

Durante quatro dias, a cidade do Porto foi invadida por cente-nas de estudantes universitários de diversos países. Miguel Mon-teiro afirma que esta competição serviu para divulgar “não só o nome da universidade, mas da re-gião e do país para todo o mundo, porque tivemos equipas de todo o mundo a participar”.

DIANA FERREIRA

estudante, a prestação foi positiva, já que conseguiu subir no ranking.

Os grandes vencedores do tor-neio foram um estudante da China e uma universitária da Mongólia. O próximo Mundial de Xadrez será acolhido pela Universidade do Mi-nho, em 2012.

VERA COVÊLO TAVARES

FADU

A C T I V I D A D E S D E S P O R T I V A S N O P O R T O

Page 21: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 DESPORTO || 21

“Vale a pena investir no desporto universitário”Miguel Monteiro, coordenador do Gabinete de Actividades Desportivas da Universidade do Porto (GADUP), apresentou ao JUP os projectos para 2010/2011.

O GADUP pretende assegurar a qualidade e o envolvimento na práti-ca desportiva de toda a comunidade académica, trabalhando em três ver-tentes: nas actividades pontuais, nas sistemáticas e nas de competição.

“Nas [actividades] pontuais rea-lizamos ao longo do ano opens de várias modalidades. Que nos permi-te, por um lado, proporcionar aos estudantes actividades de lazer e ao mesmo tempo tentar identificar os estudantes mais aptos em determi-nada modalidade, os quais depois

convidamos para ir às competições nacionais representar a Universida-de do Porto”, explica Miguel Mon-teiro, coordenador do GADUP.

A actividade sistemática mais relevante é o “Programa Fitness” desenvolvido na Faculdade de Des-porto (FADEUP) em períodos pós-lectivos. “Este programa é a nossa base”, explica o Miguel Monteiro. Desde 2005 que o GADUP desenvol-ve este projecto, constituído por 15 modalidades, que em 2010 alcançou mais de 2.300 participantes. O coor-

Trinta e duas peças – de um lado preta, do outro brancas – preenchem os quadrados das duas primeiras filas de cada lado. Peões, cavalos, torres, bispos, rainha e rei. São estes os instrumentos dum desporto que se pratica sentado numa cadeira. O desgaste é espe-cialmente a nível intelectual, mas na alta competição, onde um jogo

pode demorar várias horas, a com-ponente física ganha importância, pois é preciso muita resistência para manter o elevado nível de concertação necessário. Daí que, tal como noutros desportos, haja um controlo anti-dopping, pois também a nível intelectual se pode usar es-timulantes ilícitos.

E não é por se praticar sentado

que o Xadrez deixa de ser um des-porto. Basta haver a possibilidade de competição. E como em qualquer desporto, há campeonatos a diversos níveis: regional, distrital, nacional e, claro, internacional. Actualmente, Portugal é ainda um país a meio da tabela, lutando para subir uns lugares. Contudo, a nível interno, tem um bom campeonato nacional,

influenciado pelos muitos xadrezis-tas estrangeiros a jogar no país.

Muitas crianças começam a apre-nder Xadrez desde muito novas, ainda antes da escola primária. No entanto, com o decorrer do tempo, o interesse e a motivação para esta prática vão-se perdendo. E, segundo Álvaro Brandão, ex-director presi-dente do Grupo de Xadrez do Porto, esta desmotivação é mais notável nas raparigas: “No infantário são mais raparigas que rapazes, no 1º ciclo já são mais rapazes que rapari-gas, e depois são praticamente só rapazes”. Álvaro Brandão acrescenta que esse afastamento pode dever-se à “oferta de actividades mais apela-tivas e fáceis que cativam mais os jovens”. Refere ainda que há mais praticantes hoje, mas a qualidade é menor. “Ludicamente falando, o Xadrez é espectacular e os miúdos gostam de jogar, mas, quando vêem que é preciso estudar, muitos de-ixam de jogar”.

Como em muitos outros des-portos a nível nacional, o principal problema passa pela falta de apoios

Xadrez: uma mente sã requer um corpo sãoTem campeonatos, é alvo de controlo anti-dopping e exige treino, como qualquer desporto. É sem dúvida um desporto diferente. Menos físico e mais intelectual, o Xadrez é uma actividade que cativa gente de todas as gerações, mas são poucos os que a longo prazo levam este desporto a sério.

MODALIDADE DO MÊS

denador do Gabinete considera este programa uma “mais-valia para a Universidade e para os estudantes da Universidade do Porto”, pois ofe-rece preços “muito competitivos” sem a necessidade de haver um contrato e uma mensalidade.

A nível competitivo, a Universi-dade do Porto tem trabalhado nos últimos anos para alcançar os me-lhores resultados, quer individuais, quer colectivos. Nos últimos três anos, a instituição foi campeã na-cional e em 2009/2010 ultrapassou

as 100 medalhas conquistadas. A UP realizou, no passado Verão, pela pri-meira vez, o Campeonato Mundial Universitário de Rugby Sevens, que foi a principal competição do ano.

O nosso objectivo é dar algum apoio e mais competições e esses atletas, porque a grande parte de-les são federados”. Assim, realizam acordos com as associações de es-tudantes para que a representação seja feita como Universidade e não como Faculdades. Desta forma, “te-mos delegações em que vão atletas

O MAIS ANTIGO CLUBE DE PORTUGAL

Com pouco mais de 60 anos, o Grupo de Xadrez do Porto é o mais antigo clube da península e um dos mais velhos da Europa. Está aberto quase todos os dias para receber os amantes da prática do Xadrez e ao oferece aulas ao sábado de manhã para quem quiser aprender a jogar. Hoje já não tem a força de outros tempos, mas recentemente um dos seus membros, André Ven-tura, sagrou-se campeão nacional na categoria de sub-10.

VERA COVÊLO TAVARES

olímpicos, atletas federados e atle-tas que praticaram a modalidade pela primeira vez na Universidade. O objectivo do desporto universitá-rio é conseguirmos conciliar e jun-tar todos esses estudantes em prol da Universidade do Porto”, comen-ta Miguel Monteiro. Nos próximos anos a UP não realizará nenhum campeonato, apostando na partici-pação no campeonato nacional.

Consciente de que o desporto universitário não tem tanta rele-vância em Portugal como noutros países da Europa, o coordenador do GADUP garante que há ainda “mui-to caminho a percorrer”, mas “nos últimos anos colocámos muitos estudantes a praticar desporto nas competições nacionais, mostrámos que temos estudantes com muita qualidade e que a partir daí espe-ramos desenvolver esta mentalida-de de que vale a pena investir no desporto universitário. Vale a pena praticar desporto”.

DIANA FERREIRA E PAULO CAMÕES

financeiros. De facto, apenas os clubes que vão mostrando mel-hores resultados têm mais apoios camarários. Mas, como refere Manuel Pintor, presidente da As-sociação de Xadrez do Porto, o baixo custo do xadrez ajuda à pro-moção desta actividade: “Apesar das dificuldades financeiras, como é uma actividade barata, consegue-se dinamizá-la facilmente.”

GR

UPO

DE X

AD

REZ D

O PO

RTO

Page 22: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10

A margem do rio Douro em Vila Nova de Gaia acolheu 65 mil pesso-as durante três dias da edição 2010 do Festival Marés Vivas.

Entre 15 e 17 de Julho desfrutou-se de bandas como GNR, GoldFra-pp, Morcheeba, Peaches, Placebo, David Fonseca, Ben Harper, Editors e dEUS. O último dia de concertos originou a maior afluência de pú-blico (25 mil pessoas) e bateu recor-des de bilheteira.

Na praia do Cabedelo ouviu-se a música dos dEUS, a banda de Tom Barman, que de forma consistente tem oferecido grandes espectá-culos nos palcos portugueses. Os

Ritmos de Verão

O relembrar de alguns dos melhores momentos do Verão de 2010, vividos entre festivais, danças, música e festas na praia, agora que damos as boas-vindas a mais um ano lectivo.

belgas entusiasmaram a audiência com a energia do seu rock e mo-mentos de música ao piano, com palavras que se estendiam ao ritmo da ondulação do mar.

Depois de criado o ambiente de uma noite promissora, a multidão ansiava pela entrada de Editors em palco. Mas, se a actuação fluía ao ritmo de guitarras melódicas e o público reagia com fervor, a desilu-são surge quando a banda abando-na o palco inexplicavelmente.

CHOQUES ELÉCTRICOS TERMINAM CONCERTO DE EDITORS

Depois de uma ausência de quin-ze minutos, o vocalista desculpa-se e acusa os choques eléctricos vin-dos do microfone pelo encurtar da actuação. Os Editors regressam

22 ||

Nem só de música se faz Paredes de Coura

LILIANA PINHO

Em Paredes de Coura, nas mar-gens do rio Tabuão, realizou-se mais uma edição do festival que a Rolling Stone espanhola classificou como um dos melhores.

Apesar das críticas ao cartaz, o cer-to é que o festival de 2010 conseguiu superar alguns dos festivais mais aparatosos. Nem só de grandes no-mes se fazem bons cartazes e Pare-des de Coura cada vez mais se desta-ca como um festival de lançamento de grandes bandas internacionais. As portas abriram-se no dia 28 de Julho para dar lugar, no palco secundário, aos já conhecidos Los Campesinos! e também às actuações de Cosmo Jar-vis, Memory Tapes e Isidro Lx.

A noite seguinte começou no pal-co principal com a estreia de Vivian Girls, seguidas de Eli Paper Boy, os britânicos Gallows com um podero-so espectáculo de rock, Enter Shikari e ainda os notáveis The Cult, que co-memoram trinta anos de existência no ano que vem.

Os Caribou encerraram o palco principal com um concerto curto, mas estonteante. No After Hours, a animação ficou ao encargo de We Have Band, Best Coast e DJ Coco.

EM PAREDES DE COURA A FESTA NUNCA TERMINA

Mas a noite para alguns não aca-bava com fecho das portas: após o after hours, ainda muitos visitavam o Bar Abrigo do Tabuão em que os serões foram baptizados de “After- After Hours” e a música se prolonga-va até às duas da tarde.

The Klaxons, banda de culto do universo new rave, foram cabeça-de-cartaz na sexta-feira, dia 30. Antes, po-rém, deu-se o memorável concerto de Peter Hook, o antigo baixista dos Joy Division e dos New Order. Também de Manchester, vieram The Courtee-ners. Os White Lies e os portugueses Paus seguiram-se ao The Tallest Man on Earth, que foi encarregue da aber-tura do palco. Plus Ultra e Mega Bass encerraram. Prodigy lotou o anfitea-tro natural e levou a plateia ao rubro.

A 31 de Julho, a noite iniciou-se com Os Dias de Raiva, banda de Pacman, vocalista dos Da Weasel. A Jamie T, se-guiram-se os norte-americanos Dan-dy Warhols, que lançaram no dia 19 de Julho uma colectânea de sucessos

(The Best Of The Capitol Years 1995 – 2007) e os Mão Morta. Ainda actu-aram The Specials, que tiveram con-sigo uma legião entusiasmada de fãs.

Mas a última noite do festival foi marcada pela presença dos esperados Prodigy que se fizeram ouvir no recinto e nas redondezas com o seu poderoso som de aceleradas batidas de Big Beat, num espectáculo dinâmico e fremente, como já nos têm vindo a habituar.

A edição de 2010 terminou ao som de Dum Dum Girls e Os Yeah já de madrugada.

MAS NEM SÓ DE MÚSICA SE FAZ O PAREDES DE COURA

Alguém terá dito que no Tabuão também moravam salmonelas. Con-tudo, foram muitos os festivaleiros que ignoraram o aviso e aproveita-ram para se refrescarem. Enquanto isso, outros recostavam-se à sombra assistindo às sessões de Jazz na Relva, uma iniciativa que começou há algu-mas edições atrás.

Mas este ano também trouxe no-vidades, destacando-se o regresso do Palco Ibero Sounds, que deu a opor-tunidade a bandas portuguesas e es-panholas mais recentes de exibirem os seus sons.

A Ritmos, organizadora do festival, em parceria com a AMI, optou por ajudar mais de 4.800 famílias desfa-vorecidas no distrito do Porto, pelo que cobrou aos convidados 10 euros em compras de bens alimentares, nesta iniciativa solidária.

Por 40 euros para um só dia ou 70 euros para todo o festival, o pú-blico teve a oportunidade de assistir a concertos de bandas consagradas e descobrir algumas mais recentes, mas acima de tudo passar grandes momentos com muito boa música.

Na 18ª edição, o anfiteatro natural de acolheu cerca de 20 mil pessoas

Gaia é palco de um festival com cheiro a mar

e cantam apenas mais dois temas antes do final.

Depois disso, ninguém melhor que Ben Harper e os seus Relen-tless7 para terminar um festival alu-sivo a um cenário de praia e mar.

O grupo trazia na bagagem o disco de 2009, “White Lies for Dark Times”, em que o rock é rei. Num tributo aos Led Zeppelin, Ben Har-per interpretou “Heartbreaker”, um legado importante da história do rock.

Mas nem só de rock se fez o concerto. Ben Harper presen-teou o público com”Billie Jean”, de Michael Jackson, e solos de guitarra acústica onde deu voz aos conhecidos “Power of the Gospel” e “Burn one Down”. Um longo concerto que confirmou a popularidade de temas mais an-tigos e que não esqueceu a ver-tente intervencionista do músi-co, através de temas como “Up To You Now”.

Ben Harper, visivelmente bem-disposto, a certa altura da noite afirma que ‘seria feliz se em todos os seus concertos pudesse cheirar o mar’.

Page 23: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 || 23 Cul

tura

ARTUR PAIVA, JOÃO MIRANDA, LILIANA PINHO, LUÍS MENDES, MARISA

GONÇALVES E SARA CARREIRA

Workshops, actividades e oficinas para todos os gostos

SAR

A C

AR

REIR

A

Azurara Beach Party

TERESA CASTRO VIANA

O castelo com vista para a baía de Sines, que viu um dia D. Miguel partir para o Brasil, tem sido nos úl-timos doze anos um porto de chega-da de músicos, influências culturais e géneros musicais provenientes de todos os cantos do mundo.

Entre 21 de Julho e 1 de Agosto, o Festival de Músicas do Mundo (FMM) voltou a mostrar porque é considerado, por muitos, o melhor festival de música em Portugal. Nesta 12ª edição, o festival recebeu, durante quatro dias de concertos, entre 85 mil e 90 mil espectadores que se deslocaram entre o palco no interior do castelo e o da marginal, junto à praia Vasco da Gama.

A singularidade da paisagem hu-mana e ambiente vivido no centro histórico de Sines colocam este fes-tival numa “categoria diferente” dos restantes festivais.

O FMM ABRE ALAS A UM IMENSO UNIVERSO MUSICAL INEXPLORADO

Sem spots publicitários e “polui-ção visual” de campanhas de marke-ting que se sobrepõem aos objecti-vos culturais de um festival, o FMM é um “paraíso” para quem vai em busca de sonoridades que procuram fundir a tradição e a inovação mu-sical pelo puro prazer de descobrir um universo de música inexplorado.

O espírito de serviço público da or-ganização do FMM era evidente. Os concertos ao início da tarde no caste-lo, com entrada gratuita, ofereceram dois dos momentos do evento mais interessantes ao público: Vitorino e Janita Salomé com o Grupo de Can-tadores de Redondo e o concerto me-morável do guineense Kimi Djabaté.

O cartaz apresentou ainda duas estreias europeias: os timorenses Galaxy, e o grupo Las Rubias del Nor-te, dos EUA. Outras bandas estavam de regresso a Portugal, como a ban-da de tuaregues Tinariwen e o con-junto N’Diale - Jacky Molard Quartet & Founé Diarra Trio, que junta mú-sicos da Bretanha e do Mali.

No último dia, os congoleses Staff Benda Bilili, uma banda formada por músicos de rua deficientes motores, “abanaram” o castelo apinhado de gente a um ritmo frenético. O fogo-de-artifício que fechou o concerto surgiu como o clímax de um evento recheado de boas actuações e com um público vibrante.

O Andanças em Portugal é um caso único. Uma experiência diferen-te, de convivência em comunidade, onde a mente aberta predomina e os valores ecológicos são muito impor-tantes, além da amizade e da partilha de emoções e sensações.

À 15.ª EDIÇÃO, O FESTIVAL ANDANÇAS ATINGE A MATURIDADE

Desde músicos e dançarinos, pes-soas que vêm de diversos pontos do país, temas como a Comunidade e o Mundo, bailes e concertos, as mais variadas danças – juntando grupos de todos os continentes – tudo pode ser encontrado no Andanças. Este ano não foi diferente. Numa edição que teve o maior número de visitantes de sempre, as noites e as madrugadas tornaram-se numa verdadeira loucu-ra nada aconselhável a cardíacos.

Bandas como Monte Lunai, Nação Vira-Lata e Uxukalhus marcaram pre-sença durante várias noites da festa. No recinto principal, decorreram ofi-cinas durante o dia e bailes e concer-tos a noite. Para o Carvalhal ficaram as actividades paralelas, incluindo ofi-cinas para pais e filhos. Mas estavam disponíveis ainda recitais, debates… actividades para todos os gostos e para toda a gente.

DANÇAS DE TODO O MUNDO, COM UM SÓ RITMO

E nas oficinas de Dança era impos-sível escolher. Um pouco de todas as partes do mundo compuseram as danças que acabaram por fazer vibrar todos os participantes num só ritmo.

Estiveram presentes géneros tão diferentes como Danças Timorenses, danças da Rússia, Tango, danças com Adufe de Portugal, Valsas Mandadas do Alentejo, Hip-Hop, Dança Clássica

Indiana, entre tantas outras.De todas, especial destaque a dan-

ça da Mazurka, de Cabo Verde. Uma das mais belas danças de pares.

Mas para além das danças, perdiam-se de vista as inúmeras actividades tão distintas como o Yoga e a exploração dos caminhos da Serra da Gralheira.

E os bailes interactivos de Flocking surgem como novidade, combinando as novas tecnologias de sensores de movimento para a recriação de músi-ca tradicional com o movimento dos corpos dançantes.

Portugal é, no Andanças, um verda-deiro espectáculo de tradições musicais.

CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA E RESPEI-TO PELO AMBIENTE É O MOTE

Este ano, foram inúmeros os me-lhoramentos a todos os níveis - au-mentou o espaço para dançar, uma cantina maior, um novo sistema de compra de bilhetes, um novo site e também novas pulseiras mais ecoló-gicas. Destaca-se ainda o maior uso de energia solar e uma melhor ges-tão da água.

Tudo isto para enraizar boas práti-cas em quem participa neste festival, e reduzir os efeitos que vinte e cinco mil pessoas que participam no even-to possam produzir na região.

A VIDA EM COMUNIDADE Com o tema escolhido para 2010,

Comunidade, o Andanças teve o propósito de “transformar a aldeia de Carvalhais na verdadeira Comu-nidade Global, ali juntando músicos, dançarinos, voluntários, cientistas, artistas, de muitas origens: gente com ideias novas, brilhantes, origi-nais, singelas ou loucas, para ver o Mundo de novas maneiras. Fazer da Utopia uma Pandemia!”.

Apesar dos incêndios que estra-garam um bom pedaço da região, uma coisa é certa, o fogo não con-seguiu apagar o entusiasmo de quem participou.

Uma das maiores festas na praia de Portugal acontece desde 2004 na praia da Azurara, em Vila do Conde. São 24 horas de festa sem parar, em pleno areal.

Este ano realizou-se a 7ª edição, no dia 28 de Agosto. O cartaz con-tou com nomes como Booka Shade, Vanilla Ice, Audio Fly, Marcelinho da Lua, entre outros, e contando também dj’s nacionais como Mi-guel Rendeiro, Rui Vargas, Pedro Ta-buada, Dj Overule & Mc Demo, etc…

Os artistas dividiram-se pelos pal-cos Energie, Good Stuff, Noite.pt e Connect, seguindo um determina-do alinhamento de performance.

DO AMANHECER AO… AMANHECERA festa começou às 10:00 ho-

ras com o desafio Nelo Summer Challenge, “uma prova de 10 km em mar aberto a favor do vento. A prova é aberta a surf ski’s e kayaks de mar” e a última actuação coube ao português Rui Vargas, marcada para as 7:30h.

Mas é por volta das 2 da manhã que o recinto na praia ganha mais movimentação. A organização da

beach party coube à equipa Set, ao Dj Miguel Rendeiro e FABA. Esta alia-se à missão de solidariedade de Dulombi, na Guiné-Bissau.

Segundo o site oficial da 7ª edi-ção: “Com partida no início de Ou-tubro de 2010, a viagem será efec-tuada de jipe entre Vila do Conde e Bissau, com o grande objectivo de levar bens para distribuir pelos mais carenciados, [neste caso crian-ças] (…). Ao mesmo tempo, a missão pretende homenagear ex-comba-tentes portugueses. Contam ainda com objectivo de realizar “um do-cumentário sobre a presença dos portugueses no período do Ultra-mar, a cultura guineense e vestígios da cultura portuguesa no dia-a-dia do povo da Guiné-Bissau.”

UMA FESTA PARA QUE (NÃO) É PARA TODOS

Marisa Teixeira foi pela primeira vez à festa na praia este ano. Apesar de ser principiante, Marisa não teve sorte: “Foi uma noite muito pesada. Não gostei do ambiente, prefiro a Nova Era Beach Party [um festa se-melhante à da Azurara].” Por sua vez, Alexandra Moreira que já visita a Azurara pela 2ª vez consecutiva, afir-ma que gostou da festa: “A música era realmente boa, gostei de todos os dj’s, embora se notasse no ar o cheiro identificativo de drogas leves.”

Segundo o site da Câmara Mu-nicipal de Vila do Conde, a beach party “assinala o encerramento das festas de Verão” e “já é considerado uma das iniciativas mais mobiliza-doras da actualidade, pois reúne milhares de jovens que marcam presença até ao nascer do sol.”

Universo de música, músicas do Universo.

Opções para quem gosta de outras (an)danças

Dos festivais às festas no areal

Page 24: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 1024 || CULTURA

Entre 15 e 16 de Outubro o Festival Internacional de Tunas Universitárias marca presença no Coliseu do Porto. Eis quatro razões para uma visita:

1. É um dos mais antigos e pres-tigiados Festivais de Tunas de Portugal;

2. O FITU é ainda um privile-giado ponto de encontro de Es-tudantes Universitários de dife-rentes Universidades, Países e Culturas;

3. Além dos habituais anfitriões, Tuna Feminina do OUP e Tuna Universitária do Porto, subirão ao Palco do Coliseu do Porto: Tuna do Instituto Superior Téc-

nico de Lisboa, Tuna da Univer-sidade Católica Portuguesa, Tuna Universitária do Minho, Tuna de Engenharia da Universidade do Porto, Agrupación Arcipreste de Hita (Madrid), Tuna Académica da Faculdade de Economia do Porto, Infantuna - Tuna Académi-ca Cidade de Viseu.

4. Além da parte competitiva que consiste na actuação das Tu-nas durante dois dias no Coliseu do Porto, a Invicta será palco de Rondas e Serenatas, durante qua-tro dias, em estabelecimentos de ensino, bares e ruas.

Não basta?MARIANA JACOB

XXIV Festival Internacional de Tunas Universitárias (FITU)

Hard Club reabre no centro do PortoUm espaço novo e uma oferta cultural diversifi-

cada. Estes são os principais ingredientes que o

novo Hard Club propõe a todos os portuenses. O

JUP explora as nova programação do espaço.

Foi perante algumas dezenas de pessoas que, a 16 de Setembro, o novo Hard Club abriu as portas, agora no Mercado Ferreira Borges.

O novo este espaço pretende assu-mir-se como um importante dinami-zador cultural do Porto e de toda a região Norte do País. André Campos, um dos convidados para a reabertura, acredita que “o Hard Club tem um lu-

gar muito privilegiado na Ribeira, ao ter contacto com muitos turistas e ao ser também um pouco desfragmen-tador da sociedade”.

Desde o seu encerramento em 2006 na marginal de Gaia, os res-ponsáveis pelo Hard Club, Pedro Lopes e Calú, sempre mantiveram o objectivo de abrir um espaço idên-tico, mais complexo e diversificado, num outro local, tal como disse Ana Póvoas, relações públicas do novo bar e sala de espectáculos.

A ideia é aproveitar todas as po-tencialidades do espaço, o Mercado Ferreira Borges, um espaço conside-

ORFEÃO UNIVERSITÁRIO DO PORTOhttp://www.orfeao.up.pt/

TUNA FEMININA DO ORFEÃO UNIVERSITÁRIO DO PORTOhttp://www.orfeao.up.pt/tunaf/

TUNA UNIVERSITÁRIA DO PORTOhttp://www.orfeao.up.pt/tup/

TUNA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESAhttp://www.tucp-porto.com/

TUP - TEATRO UNIVERSITÁRIO DO PORTOhttp://teatrouniversitariodoporto.blogspot.com/

GRUPOS DE TEATRO:- Engenharte (Faculdade de Engenharia)

- Máscara Solta (Faculdade de Letras)

- Sobretudo (Faculdade de Belas Artes)

- S.O.T.A.O. (ICBAS)- TIC TAC (Faculdade de Ciências)

- X-Acto (Faculdade de Psicologia)

NÚCLEO DE ETNOGRAFIA E FOLCLORE DA UNIVERSIDADE DO PORTO

GRUPO DE FADOS DA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESAhttp://www.porto.ucp.pt/

SOCIEDADE DE DEBATES DA UNIVERSIDADE DO PORTOhttp://www.facebook.com/sddup

--

GRUPO DE FADOS E GUITARRADAS DA FCUPhttp://fados.fc.up.pt/

GRUPO DE FADOS E GUITARRADAS DA FEPhttp://gfgfep.no.sapo.pt/

A C T I V I D A D E S C U L T U R A I S P A R A A L U N O S

ravelmente maior que o anterior, ser-vindo um maior número de pessoas e promovendo mais e variados eventos. Ana Póvoas diz que um dos objecti-vos deste projecto é “proporcionar um espaço onde as pessoas possam vir e onde possam fazer algumas ac-tividades, conhecer o Porto, dada a localização geográfica onde estamos e por ser considerada património da humanidade pela UNESCO”.

Surgem agora novos espaços no Hard Club, tais como o restaurante, “que antes não existia, os estúdios de gravação e salas de ensaio, a livraria-discoteca, a loja de merchandising e um main floor, com uma pequena exposição artístico-musical e onde “teremos actividades todos os dias a partir das 18h, de acesso gratuito”, como música, teatro, performances criativas, mostras ou manifestações de arte em geral. Até ao dia 30, a ex-posição de fotografia de António Tei-xeira, ‘Hard Club 97/07’ será a atracção do main floor.

Ana Póvoas afirma que este “é um espaço aberto, que pretende receber as pessoas de uma forma despreten-siosa”. O ambiente tenta fundir a arte e a história da cidade de uma forma equilibrada e harmoniosa. O filme ‘Nascer do Porto’ pretende dar a co-nhecer todos os pontos turísticos e históricos e as paisagens que a cidade

tem para nos oferecer, e pode ser vi-sionado diariamente, até ao dia 27 do corrente mês.

A música assume-me como a atracção principal deste espaço. O intuito é conjugar os diferentes es-tilos musicais desde o rock ao fado, ao jazz, entre outros. A actuação dos Faith Gospel Choir no dia da reaber-tura vai ao encontro desta exigência do Hard Club.

Os fins-de-semana de manhã são especialmente dedicados a activi-dades direccionadas para famílias e jovens. As actividades de animação/workshop ‘Porto em Ti’, dedicadas, rotativamente, a várias formas de arte, como a dança ou a música são o exemplo disso.

Todos os domingos poderão assistir às curtas-metragens, ‘Curtas HC’, e ao ‘Ritmo é a Vida’, um atelier para todos.

Alguns eventos são de entrada gratuita, alguns têm uma quantia simbólica de 1€ e ainda há outros cujo preço varia de acordo com os custos que cada banda e cada pro-dução implicam. Os bilhetes para os espectáculos podem ser adquiridos no próprio edifício do Hard Club, na bilheteira online ou em lojas habitu-ais, como FNAC, Ticketline, Agências Abreu e Worten.

É, sem dúvida, um espaço que trará um novo ânimo à cidade, ajudando a “revitalizar esta zona da ribeira que está um pouco adormecida”, como diz Ana Póvoas. A ideia de utilizar o mercado para um novo conceito pre-tende trazer mais vida à noite do Por-to, uma vez que se encontra “a meio caminho entre a baixa e a ribeira”.

ANA RITA DUARTE E DIANA FERREIRA

AN

A R

ITA D

UA

RTE

AN

A R

ITA D

UA

RTE

Page 25: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 CULTURA || 25

...ser monárquico

CONTA-ME COMO É...

as repito”, revela o estudante. Filipe acredita que o motivo

é essencialmente por falta de informação e interesse. “Muito frequentemente, colam a ideia de Monarquia à ideia de Dita-dura. O que não tem nada a ver com a realidade, como prova a nossa vizinha Espanha”, explica. Filipe considera ainda que “os portugueses estão muito mal informados acerca do que é a Monarquia, do que nós, monár-quicos, propomos e queremos para Portugal; e, pior ainda, não querem saber”.

Mas a fé na Monarquia man-tém-se sólida. Para Filipe, esta “representa os valores da tradi-ção, da história, da estabilidade, da continuidade, da paz, da or-dem, do progresso, do desenvol-vimento sustentável e da segu-rança. E creio que são valores que nós, portugueses, sentimos falta hoje em dia”.

Por isto mesmo, considera que, só por si, a monarquia detém “uma autoridade forte e capaz de assegurar a um estado uma boa e marcante representação perante outros”.

Efectivamente, Filipe não per-tence a qualquer organização monárquica por uma questão de cotas, ainda que já tenha apoiado algumas iniciativas. De-fende os seus ideais, por exem-plo, pela abstenção eleitoral. “Só voto nas eleições autárqui-cas, pois geralmente conheço os candidatos. Apoio e defendo a Monarquia sempre que a sinto atacada, com as palavras, a ra-zão e os argumentos”.

Quanto à hipótese de República, o aluno de História é directo e su-cinto. “O que nos deu a República? A possibilidade de escolher livre-mente o Chefe de Estado. E fica-mos com um presidente que não é isento nem independente, nem

DIR

EITOS R

ESERV

AD

OS

está preparado para o cargo que vai ocupar. A Monarquia priva os cidadãos de eleger o Chefe de Es-tado, que é o rei hereditário. Mas esse rei é preparado desde muito jovem para as funções que vai ter e, não sendo membro de partido nenhum, consegue manter o seu papel de moderador político”.

Filipe vai mais além. “Isso não significa uma perda de Democra-cia: é um garante do seu melhor funcionamento e qualidade. De que têm medo os portugueses? De um ditador louco? Já não es-tamos na Idade Média”, frisa.

E quanto à questão do esforço económico que se acredita ser sustentar uma família real, Filipe é assertivo. “Se compararmos as despesas de Espanha e Portugal, de 1975 até hoje, com os seus che-fes de Estado, vvemos que Espa-nha gastou com o Rei e Família Real menos 40% do que Portugal com os seus Presidentes”.

Mas Filipe não se fica por aqui. “Basta olhar em volta para cons-tatar o mau funcionamento da República Portuguesa. O ensino é cada vez mais caro e cada vez oferece pior qualidade. O servi-ço de saúde tem cada vez menos médicos, para um número cres-cente de doentes. O desemprego cada vez aumenta mais, e o Es-tado, em vez de apoiar o sector privado e os jovens empresários e criadores, fica parado ofere-cendo migalhas. A justiça não funciona, e o Estado, em vez de restringir a possibilidade de re-correr de ainda os entope mais com burocracias inúteis”.

E Filipe finaliza. A Monarquia “conseguiu adaptar-se aos tem-pos e oferece uma forma de evo-luir e de ter futuro sem nunca esquecer a identidade nacional e o valor e as lições do passado”.

LILIANA PINHO

Vem colaborar com o JUP!Rua Miguel Bombarda, 187espacosjup.blogspot.com

Filipe Neto é aluno de 1º ano do Mestrado em História Medieval e do Renascimento.

Simpatizou com o ideal mo-nárquico por volta dos 14 anos, por influência da mãe e de algu-mas pessoas que conhecia. “Nes-sa altura, o meu interesse pela monarquia era ligeiro, até por-que era muito novo e não conhe-cia nem poderia compreender o ideário monárquico”.

No entanto, Filipe cresceu e foi conhecendo ideologias, opiniões, argumentos, começando a com-parar a Monarquia com a Repú-blica. E hoje não tem dúvidas: “Sou monárquico por convicção e não por causa de amigos ou famí-lia. Sou monárquico porque acre-dito na Monarquia”, diz Filipe.

Assumir-se monárquico custou-lhe alguma discriminação por parte de muita gente, inclusive colegas de faculdade. “Muitos riem-se quando digo que sou mo-nárquico. Outros gozam com isso. Uns dizem ser coisa do passado, outros dizem frases tão revelado-ras de má informação e falta de consciência democrática que nem

Page 26: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 1026 || CULTURA

Gelataria NeveirosMARIANA JACOB

Gelado

«Ricos em açúcar, os gelados de leite ou de natas contêm um teor em proteínas considerável. A quantidade de gordura, um grande fornecedor de energia, varia. Cálcio, fósforo, sódio, potássio, magnésio, vitaminas B1, B2, B3, A e D marcam presença nalguns gelados e são benéficos.

“Usar sem abusar” é a regra. Se, em vez de pedir um gelado servido num cone, optar por um copo, reduzirá bastante as calorias. Depois, o melhor é saboreá-lo devagar, para que o seu sabor seja realçado».

Fonte: DECO – PRO TESTE

GOURMET DAS TASCAS

Gelataria NeveirosRua Morgado Mateus, 9

225 370 [email protected]

Depois de uma tarde de inten-so estudo na Biblioteca Público Municipal do Porto não há nada como atravessar a rua e comer uma bola de gelado na Neveiros…

Criada há mais de 60 anos, a Neveiros foi fundada pela lisbo-eta Alda Freiria que conquistou a alta sociedade portuense com os seus gelados, na rua de Car-los Malheiro Dias. Posteriormen-te, instalou-se na rua da Alegria, numa garagem, onde ainda hoje há quem se lembre de por lá pas-sar depois do cinema para con-versar com Alda Freiria e comer um dos seus gelados artesanais.

Em 1992, Alda Freiria vendeu a patente do seu gelado à actu-al proprietária, Adelina Guedes, que transferiu a Neveiros para a sua actual localização – na Rua Morgado Mateus.

Sem dúvida que o segredo para o sucesso é a forma artesanal de fazer o gelado apenas com fruta de grande qualidade, água (para os sorvetes) e/ou leite (para os gela-dos). Não são utilizados quaisquer corantes ou conservantes e todos os dias podemos saborear gelados acabados de fazer.

E a escolha é vastíssima! São cerca de 40 sabores dos quais se

destacam os de chocolate, coco, caramelo, framboesa, dióspiro, figo, tangerina, maria framboesa, maçã verde e melancia. Adelina Guedes acrescenta que «já pedi-ram de feijão e de tomate, de Vi-nho do Porto e até de champanhe para um casamento». Para além dos copos e cones tradicionais, é possível levar os gelados para casa, em embalagens próprias.

Outra das especialidades são os bolos gelados.

Para os frequentadores da dis-coteca Industria ou das caipiri-nhas do Molhe (Foz) é possível comer um gelado fora de horas,

no Centro Comercial da Foz ou na Confeitaria Arcádia.

Mas não só de bons gelados vive a Neveiros. Todos os dias, ao almo-ço, é possível degustar deliciosos pratos de boa comida caseira. Nor-malmente há um prato do dia mas também é possível optar pelos ris-sóis caseiros de pescada, carne, ba-calhau ou frango com legumes. No dia da nossa visita optamos pelo prato do dia que consistiu numas pataniscas de bacalhau crocantes com salada de feijão frade, arroz e salada de alface e tomate.

A visita à Neveiros deve ser feita em pequenos grupos pois o espa-

ço não é muito grande e deve ser apreciada a decoração que nos dá a sensação de estarmos na sala das nossas avós. Sem esquecer de observar o carrinho que está na entrada que como afirma Adelina Guedes «é igual aos que antiga-mente vendiam gelado na praia».

MARIANA JACOB

Page 27: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 CULTURA || 27

Crít

icas

Entre Irmãos chegou agora a Por-tugal mas foi lançado nos Estados Unidos há quase um ano, em De-zembro de 2009. Mesmo passando despercebido a muita gente, foi um dos filmes do ano. Na minha opi-nião, muito melhor do que boa par-te dos oscarizáveis. Entre Irmãos é um filme sufocante e visceralmente tenso, com aquela capacidade tão comum aos grandes filmes de pegar numa estória que toda a gente já viu apenas para pô-la de pernas para o ar. Não é poético nem nunca pro-cura ser bonito ou condescendente.

O seu maior trunfo é mesmo o prolongar duma violência psicológi-ca atroz, tudo isto no cenário fami-liar do soldado americano comum que foi para a guerra. É um filme muito poderoso, que explora o lado negro do conflito, (como muitos ou-tros sim) mas na recriação não do detalhe do combate, mas da incrí-vel dureza mental que o constitui.

De resto, funciona quase tudo. A realização de Jim Sheridan evita sempre o óbvio, é sedenta e arra-sadora nos momentos de tensão, e as prestações individuais ajudam. Jake Gyllenhaal não tem um pa-pel difícil, mas cumpre-o com uma envolvência muito interessante e Natalie Portman prova porque é uma das grandes actrizes da ac-tualidade, com uma delicadeza, um jeito e uma beleza desconcer-tantes. Ainda assim, os louros vão para o desempenho extraordinário de Tobey Maguire que faz aqui, certamente, o melhor papel da carreira. Nomeado para o Globo de Ouro, só muito injustamente foi desconsiderado pela Academia.

PAULO PEREIRA

O novo álbum dos canadianos Arcade Fire não engana. Depois de “Funeral” e “Neon Bible”, chegaram ao primeiro lugar do top nacional com “The Suburbs”. E, como o pró-prio nome indica, representa um hino à vida nos subúrbios. Com uma interessante aproximação à típica “american way of life” (ba-seada supostamente no tempo em que os irmãos Butler viveram no Texas), demonstra ainda uma ten-tativa pouco conseguida do típico rock americano.

Ainda assim, como sempre, os Ar-cade Fire dão bom uso à sua multi-plicidade de instrumentos acústicos e misturam sonoridades caracterís-ticas dos “anos 80”, mantendo sem dúvida a sua assinatura.

Não fossem eles mestres em ál-buns desiguais e irregulares, não existe monotonia neste álbum.

Em “The Suburbs”, os Arcade Fire são capazes de alternar o movimen-to e a euforia, patentes na nova so-noridade que adquiriram, com a es-piritualidade e a tranquilidade lírica.

É de dar destacar essencialmente a música que partilha o nome com álbum “The Suburbs” – que dá um toque mais animado – mas tam-bém “Ready to Start” e ”Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)”, onde o toque feminino de Régine Chassagne acrescenta identidade e carisma à melodia.

Não é o álbum dos álbuns, mas proporciona bons momentos. Os Arcade Fire mantêm-se fiéis a si mesmos e acrescentam à sua já extensa bagagem mais um con-junto de temas para as próximas viagens. E é bonita a dedicató-ria presente no livrete do álbum, propositadamente em francês, ao povo do Haiti.

JÚLIA ROCHA

4/5 “THE SUBURBS”ARCADE FIRE

Crime e Castigo, escrito por Fiódor Dostoiévski e publica-da em 1866, é considerado por muitos críticos uma das melho-res obras da literatura mundial.

O livro conta a história de Raskó-lnikov, um jovem oriundo de uma família pobre que se vê obrigado a deixar o seu curso de Direito por fal-ta de recursos. Empurrado para uma vida de miséria onde é impossível as-segurar uma vida confortável à sua mãe e à sua irmã, Raskólnikov vai começar a ponderar soluções menos ortodoxas para os seus problemas.

Começa por elaborar uma teoria onde se estabelece uma diferença entre pessoas ordinárias que pri-mam pela obediência às leis extraor-dinárias, que enfrentam o relativis-mo da lei, e as podem violar quando assim se justifica. Depois de um conjunto de reflexões, Raskólnikov entusiasma-se com a filosofia de “uma má acção para gerar cem boas acções” e decide matar uma velha agiota a quem penhorava os seus bens, pois acredita que a velha é um “parasita” da sociedade e que, com o que lhe pode roubar depois de a matar, pode fazer muitas boas ac-ções. Raskólnikov acaba por matar também Lisaveta, a irmã da velha que assistiu ao homicídio da irmã.

O livro é de uma envolvência ex-traordinária. Seguimos tão de perto o pensamento do protagonista an-tes e depois do crime que o confli-to ético começa também em nós: Deve uma má acção ser feita POR Acarretar muitas boas acções? Até onde vai o relativismo ético e mo-ral? Qual a diferença entre o bem e o mal? Os fins justificam os meios?

E até agora tudo ficou por di-zer. Ficaram personagens por co-nhecer e ideias por pensar. A es-sência do livro está nele próprio.

DANIELA TEIXEIRA

4/5 “BROTHERS”- ENTRE IRMÃOSJIM SHERIDAN

5/5 “CRIME E CASTIGO”FIÓDOR DOSTOIÉVSKI

Page 28: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10

Car

dápi

o10/SET A 01/OUTEXPOSIÇÃO DE CARICATURAS DE ABEL SALAZARMuseu Bernardino Machado

ATÉ DEZO CORPO HUMANO COMO NUNCA O VIU Alfândega do Porto Todos os dias das 10h às 21h

04 OUTO MEU CORAÇÃO FICARÁ NO POR-TO (DOCUMENTÁRIO) DE JORGE CAMPOS COM A COLABORAÇÃO DE ALUNOS DA ESMAE Teatro Nacional São João 21h30 ENTRADA LIVRE

ATÉ 05/OUTEXPOSIÇÃO “RESISTÊNCIA” Centro Português de Fotografia ENTRADA LIVRE

1/OUTBLIND ZEROHard Club12€-22H00

03/OUTORQUESTRA JAZZ DE MATOSI-NHOS E KURT ROSENWINKELSala Suggia, Casa da Música15€-22H00

15 E 16/OUTFITU- FESTIVAL INTERNACIONAL DE TUNAS UNIVERSITÁRIAS Coliseu do Porto 20H30 http://www.orfeao.up.pt

15/OUTZELIGCasa da Música10€-22H30

19/OUTMASTER MUSICIANS OF BUKKAKE Passos Manuel10€-22H

23/OUTLINDA MARTINIHard Club10,95€(CD+CONCERTO)-22H00

09/OUTWORKSHOP DE DANÇA CONTEMPORÂNEAFADEUP 15€- UP 25€- NÃO UP

26 A 29/OUT ARRAIAL D’ENGENHARIAPalácio de Cristal 5 A 8€- UP 8 A 11€- NÃO UP

MÚSICA VÁRIOSEVENTOS15/SET A 03/OUT“A GAIVOTA” DE ANTON TCHÉKHOVTeatro Nacional S. João Quarta a Sábado às 21h30; Domingo às 16h

08 A 24/OUT“DUETO PARA UM” DE TOM KEMPINSKITeatro Carlos Alberto Quarta a Sábado às 21h30; Domingos às 16h

20 A 24/OUT“HEDDA” DE JOSÉ MARIA VIEIRA MENDESTeatro Nacional de São João Quarta a Sábado às 21h30; Domingos às 16h

28 A 31/OUT“BELONGING” DE PETER CANNTeatro Carlos AlbertoQuarta a Sábado às 21h30; Domingos às 16h

TEATRO

Hedda

DN

DIR

EITOS R

ESERV

AD

OS

Page 29: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10

PALAVRAS LEVA-AS O VENTO

|| 29 Opi

nião

MIGOS.ORG - PLATAFORMA DE AJUDA AO VOLUNTARIADOhttp://www.migos.org/

G.A.S. PORTO - GRUPO DE ACÇÃO SOCIAL DO PORTO Apoio a instituições de solidariedade social nas áreas da engenharia, educação e saúdehttp://www.gasporto.pt/

VO.U - ASSOCIAÇÃO DE VOLUNTARIADO UNIVERSITÁRIO Actividades de promoção da saúde (Plano Vida), de acompanhamento social e escolar (Plano Ponte) e de ajuda internacional (Plano Mundo)http://associacaovou.no.sapo.pt/

PORTO CIDADE SOLIDÁRIAhttp://www.porto.ucp.pt/portocidadesolidaria/

VOLUNTARIADO ESTUDANTIL TUTORIAL Apoio de estudantes do ensino básico e secundário para o sucesso escolar e integração socialE-mail: [email protected]: 22 040 8210

NASA - NÚCLEO DA ACÇÃO SOCIAL DA AEFFUP Intervenção comunitária junto de idosos e crianças, com campanhas de sensibilização, doações e acções de beneficênciahttp://www.aeffup.com/

NEV - NÚCLEO DE ESTUDANTES VOLUNTÁRIOS DA FEP Acções sociais de apoio a crianças e idosos, actividades para a protecção do ambiente e recolhas de donativoshttp://www.aefep.pt/aefep/nucleos/nev-nucleo-de-estudantes-voluntarios.html

VOLUNTARIADO PARA ESTUDANTES DO PORTO

FEP SOLIDÁRIA Desenvolvimento de acções de sensibilização para uma intervenção humanitária e ambientalhttp://www.migos.org/organizations/fep-solidaria

GIVE - GRUPO DE INTERVENÇÃO, VOLUNTARIADO E ENVOLVIMENTO Aplicação da Psicologia e das Ciências da Educação a projectos de voluntariado junto das comunidadeshttp://migos.org/organizations/give-grupo-de-intervencao-voluntariado-e-envolvime

GEV - GRUPO DE ESTUDANTES VOLUNTÁRIOS DA FDUP Organização de eventos culturais, pedagógicos e académicos, nomeadamente junto das escolashttp://sigarra.up.pt/fdup/web_base.gera_pagina?p_pagina=18238

VOLUNTARIADO PARA A PRODUÇÃO DE INFORMAÇÃO ACESSÍVELParticipação na digitalização de informação impressa, na sua revisão e na impressão em Braillehttp://migos.org/organizations/saed

ENGENHARIA PARA O DESENVOLVIMENTO E ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA Participação em projectos baseados na Engenharia para um desenvolvimento, uma educação e uma intervenção social sustentáveishttp://www.epdah.pt/

NJAP - NÚCLEO DE JORNALISMO ACADÉMICO DO PORTOParticipação na redacção do Jornal Universitário do Porto e dinamização de actividades culturais nos Espaços JUP e nas Galeriashttp://espacosjup.blogspot.com

Objectivos do Milénio: ainda vamos a tempo!

No decurso das últimas décadas do século XX, populações vulnerá-veis de todo o mundo e em par-ticular dos países em desenvolvi-mento têm vindo a assistir a um agravamento das suas condições de vida. Neste contexto, entre 6 e 8 de Setembro do ano 2000, na designada Cimeira do Milénio, 194 países (incluindo Portugal) reuni-ram-se nas Nações Unidas para acordar objectivos e metas co-muns no sentido de melhorar as condições de vida dos habitantes do planeta: os Objectivos de De-senvolvimento do Milénio (ODM).

De um modo geral, ainda muito falta fazer para que sejam cum-pridos. Ao ritmo actual, estima-se que só no ano 2282 os ODM sejam totalmente atingidos na África Subsariana. Apesar da “fórmula” e meios estarem claramente defini-dos e identificados, muitas são as limitações e barreiras à sua exe-cução.

Não obstante, entre 2000 e 2007, a pobreza extrema desceu de 29% para 18%, pelo que o ob-jectivo de reduzir para metade o número de pessoas que vive com menos de 1,25USD por dia até 2015 (ODM 1) permanece alcançável para a maioria dos países. Gran-de parte da pobreza no mundo se deve à escassez de emprego digno e produtivo para todos, e sobretudo à baixa taxa de mulhe-res empregadas. Por outro lado, a pobreza extrema encontra-se estritamente associada à fome crónica: 850 milhões de pesso-

merciais injustas que impedem o acesso dos produtos destes países aos mercados globais.

Não obstante, a Cimeira das Nações Unidas de 20 a 22 de Se-tembro passado, reuniu dirigen-tes dos países signatários da De-claração do Milénio para avaliar o progresso rumo dos ODM. Foi traçado o caminho para os próxi-mos 5 anos, resultado da adopção de um plano de acção global e no investimento de mais 40 biliões de dólares para a saúde materno-infantil. A concentração de es-forços dos líderes internacionais em várias frentes: criação de em-prego, estímulo do crescimento económico, aposta na segurança alimentar, promoção de ener-gia limpa e reforço das parcerias entre países ricos e pobres para ajudar à evolução dos menos de-senvolvidos levou-os a reafirmar o compromisso e estabelecer uma agenda de acções concretas base-adas em exemplos de sucesso e lições aprendidas na última déca-da, apesar da crise económica e financeira. Afinal, somos a primei-ra geração a poder acabar com a pobreza extrema e a fome no mundo!

ANDREIA MATOS E VOLUNTÁ-RIOS DA VO.U – ASSOCIAÇÃO DE VOLUNTARIADO UNIVERSITÁRIO, em parceria com a TESE – Asso-ciação para o Desenvolvimento (Projecto Geração ODM)

as carecem de uma alimentação suficiente para satisfazer as suas necessidades energéticas básicas. Apesar da proporção de crianças subnutridas com menos de 5 anos de idade ter diminuído de 33% em

1990 para 26% em 2006, o pro-gresso para reduzir a fome está limitado pelo aumento do preço dos alimentos dos últimos 2 anos.

Em Portugal, a Campanha Ob-jectivo 2015 pretende informar, inspirar e mobilizar a sociedade portuguesa para exigir do Gover-no o respeito pelos compromis-sos assumidos na Declaração do Milénio. Reivindica apenas aquilo a que o país se comprometeu na Cimeira do Milénio: i) aumento da Ajuda Pública ao Desenvolvi-mento (APD) até 0,7% do rendi-mento nacional bruto até; ii) o cancelamento da dívida externa dos países em desenvolvimento; iii) e a eliminação de políticas co-

TERESA

CA

STRO

VIA

NA

Em Portugal, a Campanha Objectivo 2015 pretende informar, inspirar e mobilizar a sociedade portuguesa para exigir do Governo o respeito pelos compromissos assumidos na Declaração do Milénio.

Page 30: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 1030 || OPINIÃO

FICHA TÉCNICA

DIRECÇÃODIRECÇÃO DO NJAP/JUP - PRESIDENTE Ricardo Sá Ferreira VICE-PRESIDENTE Catarina Cruz VOGAIS Nuno Moniz (JUP) || Sérgio Alves (espaçosJUP) || José Henrique (Galerias)

DIRECÇÃO DO JUP Aline Flor DIRECTORA DE PAGI-NAÇÃO Mariana Teixeira DIRECTOR DE FOTOGRAFIA Miguel Lopes Rodrigues EDITORES E SUB-EDITORESEDUCAÇÃO Teresa Castro Viana SOCIEDADE Aline Flor DESPORTO Vera Covêlo Tavares CULTURA Liliana Pinho OPINIÃO Nuno Moniz

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO André Lameiras || Artur Paiva || Daniela Teixeira || João Miranda || Leandro Silva || Liliana Pinho || Luís Mendes || Mariana Ascenção || Mariana Catarino || Marisa Gonçalves || Miguel Duarte || Miguel Lopes Rodrigues || Nádia Leal Cruz || Nuno Ildefonso || Nuno Moniz || Paulo Alcino || Pedro Fer-reira || Ricardo Sá Ferreira || Sara Carreira || Sara Oliveira || Teresa Castro Viana || Vera Covêlo Tavares

COLABORADORES DE PAGINAÇÃOAline Flor || Carolina Vaz-Pires || Mariana Teixeira

IMAGEM DA CAPA Miguel Lopes Rodrigues DEPÓSITO LEGAL nº23502/88 TIRAGEM 10.000 exemplares DESIGN LOGO JUP Bolos Quentes Design EDITORIAL/GRAFISMO Joana Koch Ferreira PAGINAÇÃO Mariana Teixeira

PRÉ-IMPRESSÃO Jornal de Notícias, S.A IMPRESSÃO NavePrinter - Indústria Gráfica do Norte, S.A. Proprie-dade Núcleo de Jornalismo Académico do Porto/Jornal Universitário

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Rua Miguel Bombarda, 187 - R/C e Cave 4050-381 Porto, Portugal || Telefone 222039041 || Fax 222082375 || E-mail [email protected]

APOIOSReitoria da Universidade do Porto, Serviços da Acção So-cial da Universidade do Porto, Universidade Lusófona do Porto, Instituto Português da Juventude.

EDITORIAL

O JUP não morreu

Ouço dizer que o JUP morreu. -Mas morreu porquê? -Ah, porque já não é como antes. -E como é agora?

A caminho dos 24 anos, o JUP continua a ser o mesmo de sempre: espaço de investigação, denúncia, divulgação, comentário, crítica, tudo e mais alguma coisa.

O JUP é um jornal de estudantes para estudantes. Tal como a televisão é aquilo que fazemos dela, este é o resultado daquilo que os estudantes fazem dele. O JUP é aquilo que queremos ver nele.

A cada edição, continuamos a ver pessoas sem rosto, sem vontade nem opinião, que sentadas calmamente continuam a ignorar-nos e deixam-se entorpecer pelo que as devia incomodar, sem levantar-se para sacudir a poeira e fazer ouvir a sua voz.

A verdade é que usamos muito mal a nossa liberdade, como aquela que conseguimos há 100 anos atrás. Usamo-la, por exemplo, para eleger os mesmos nos tiram de cena quando subimos ao palco para reclamar os nossos direitos. São tão poucos os que reagem, e tantos os que nem sequer reparam.

O JUP deste mês - o primeiro deste ano - inaugura uma nova época. Depois de uma renovação que ainda não terminou, estamos prontos para voltar a receber os que dão a cara, a voz e a opinião, para continuar a fazer jornalismo “amador na profissão, profissional na acção”: que investiga, denuncia, divulga, comenta, critica, tudo e mais alguma coisa.

O JUP não está morto. Se ele é o que queremos ver nele, então eu quero que ele seja forte, determinado, pertinente e, sim, mais vivo do que nunca. Porque sou eu, tu e todos os estudantes que podemos fazer isso acontecer.

As portas estão abertas e as páginas por preencher!

O clima de insegurança no Pólo da Asprela e as repercussões na FEUP

Quando se refere a preocupa-ção dos estudantes em relação ao panorama de insegurança cons-tante em tempo de aulas, não se remete o pensamento só para pequenos furtos pontuais ou um ‘simples’ vidro do carro partido. Falamos de estudantes, serenos numa sala de estudo, a serem surpreendidos por pessoas estra-nhas e com a intenção de levar os seus bens, referimo-nos a com-pletos roubos de carros, do rádio ao computador portátil, lem-bramo-nos de imediato de uma situação de espancamento no início da noite, junto à cantina, executado por um supostamente pacífico casal de adultos. Cons-tata-se, portanto, que a urgência com que a Associação de Estu-dantes pretende que sejam toma-das medidas, não resulta de um falso alarme ou de um pequeno pavor evidenciado por um grupo de alunos. Não, a única conclusão que se pode ter é que o espaço onde os estudantes passam o dia, onde os estudantes aparecem de-pois de jantar para estudar, onde têm as suas aulas e as melhores condições para estudarem é um sítio integrado num ambiente manifestamente desprovido de

segurança e incapaz de assegurar a serenidade dos estudantes.

No Verão de 2009, a AEFEUP organizou um abaixo-assinado, a que uma grande parte dos estu-dantes acorreram, destinado a pa-tentear a existência e o receio em relação a este clima de inseguran-ça. Nesta altura, foi também cria-da uma plataforma na Internet onde os estudantes, vítimas desta nefasta situação, podiam deixar o seu testemunho daquilo que foi o usurpar do seu bem-estar, fosse um roubo, uma ameaça ou qual-quer outro tipo de abordagem criminal. Após a entrega deste abaixo-assinado e depois de de-senvolvidas reuniões com as en-tidades competentes, desde a Po-lícia ao Governo Civil, verificou-se um aumento do patrulhamento e talvez uma maior aposta por parte das entidades na divulgação daquilo que são pequenos mas bastante úteis conselhos de se-gurança e prevenção. Estas foram medidas suficientes para acalmar o panorama intranquilo até a um dado momento, mas não chegou para garantir que novos episódios acontecessem e nos levassem a questionar se não teria de ser dada uma atenção a este assunto

maior do que aquela que de facto foi dada.

Há alguns meses que houve um reacender da questão até aqui num aparente estado de maior calma. Começaram a ocorrer ce-nas de assaltos inóspitos, carros violados, pessoas a serem perse-guidas à saída da faculdade, onde estiveram e muito legitimamente a estudar. Será que faz parte de um país civilizado termos conhe-cimento de um caso de um es-tudante, que às 10h passava na ponte que liga as instalações da Faculdade à cantina para ir para as suas aulas e é brutalmente vio-lentado e assaltado? Será admis-sível que a maioria dos estudan-tes, pelo final da tarde, procure caminhos alternativos para se deslocarem até ao parque de es-tacionamento ou até ao edifício da sua associação, só por terem medo de serem vítimas de assal-to se optarem pelo convencional e mais curto? Não deve o estu-dante ter direito a desenvolver TODA a sua vida académica no espaço da faculdade, de uma for-ma segura e despreocupada com qualquer factor de insegurança que possa existir? Este género de questões são exemplos significa-

tivos, que não só demonstram a instabilidade do campus como subscrevem a impaciência e medo dos estudantes ao verem o seu local de estudo conspurcado por actos criminais e violentos. Não cabe à Associação de Estu-dantes identificar quais as medi-das a tomar, pretendendo porém fazer parte delas e assumindo a atitude contestatária e o fazer chegar da palavra dos estudantes às entidades competentes como prioridades máximas, sendo que só o solucionar da situação de instabilidade corresponderá com as nossas expectativas.

Neste momento a AEFEUP en-contra-se num processo de dis-cussão com as entidades referidas e de recolha das opiniões dos nos-sos estudantes. Coordenando-nos com estas entidades e com a Di-recção da FEUP é nosso objectivo que, de uma forma célere e con-victa, o campus recupere a sua entidade e seja devolvido a todos os estudantes um local de estudo pacífico e realmente produtivo.

RICARDO COSTA MOREIRAPRESIDENTE DA DIRECÇÃO DA

ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES DA FEUP

Desde há cerca de dois anos que o Pólo II da Universidade do Porto, o Pólo da Asprela, vem sendo palco de alguns episódios de criminalidade que semeiam o medo e a preocupação entre os estudantes e tendem a tornar inseguro um local destinado ao estudo e à formação.

Page 31: JUP Outubro 2010

JUP || OUTUBRO 10 DEVANEIOS || 31

Devaneios

Auto-retrato

Acordara naquela noite com um arrepio inconstante e frio no meio do calor que se fazia sentir.

Incapacidade de autodefi nição, saudade, sufoco, vazio.

Pegando numa das muitas folhas ali caídas ao pé da cama, preparava-se para escrever algo, quando se aper-cebeu da ridicularidade de continuar a descarregar os seus delírios numa escrita em terceira pessoa.

Foi então que pousei a caneta, me virei para o outro lado e, deitando a cabeça, desisti de ser quem quer que fosse naquele momento.

LEONOR FIGUEIREDO

MIG

UEL

LO

PES

RO

DR

IGU

ES

Page 32: JUP Outubro 2010