julho/2016 r$ 16,00 - sociedade da mesa€¦ · a frio durante 5 dias, entre 6 e 8ºc. leveduras...
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SELEÇÃO MENSALLAS PERDICES SIGNATURE CABERNET SAUVIGNON & PETIT VERDOTLUJAN DE CUYO | ARGENTINA
NA COZINHA TEM HISTÓRIA: FRIGIDEIRA
PANELAS DO MUNDO: PERU
UM PRATO NO TEMPO DESVENDAMOS UM MISTÉRIO: O PRATO PREFERIDO DE ALFRED HITCHCOCK
sociedadec l u b e d e v i n h o s
da mesado livre exercício dos prazeres
160Julho/2016R$ 16,00
Sociedade da mesa apresenta:
I n d i q u e U m A m i g o
PromoçãoComo indicar:
Ligue para nós no 0800 774 0303 ouEnvie um e-mail com nome, telefoneou e-mail do seu amigo [email protected] Nós entraremos em contato com ele.
Em Maio e junhoassociados ganham
o presente em dobro!
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R e v i s t a S o c i e d a d e d a M e s ar e v i s t a . s o c i e d a d e d a m e s a . c o m . b r
fim
Oi, José! Tudo bem?E aí, aproveitou a promoção
“Indique um Amigo” ?!
Aproveitei Paulo!E sempre aparece um amigo novo
para indicar, é ótimo, ainda mais agoracom a edição especial de inverno!
Nos meses de Maio e Junho,quem indicar ganha o presente em dobro!Para todo amigo indicado que se associar,
eu ganho dois pares de taça e eleganha um par!
A promoçãochama “Ïndique um Amigo”,
mas acho que vale pracunhado também!
Como é?
Que legal!Vou indicar meu cunhado.
Todo inverno ele começa a me visitarmais pra tomar um vinho...
Promoção válida para amigos indicadosque se associarem ao clube.
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DIREÇÃO GERAL
Dario Taibo
DIREÇÃO TÉCNICA
Dario Taibo
DIREÇÃO DA REVISTA
Paula Taibo Morales
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Agência Criadoria
REDAÇÃO
ATENDIMENTO AO CLIENTE
REVISÃO
Paulo Samá
PUBLICIDADE
IMPRESSÃO
15.000 exemplares
JUL.16
Rua Branco de Moraes, 248/11
Chácara Santo Antônio - São Paulo - SP - Brasil - CEP 04718-010
tel.: 55 11 5180 6000 • 0800 774 0303
www.sociedadedamesa.com.br
Comércio, importação e exportação Ltda
www.racevix.com.br
Responsabilidade Social: www.criancaracevix.com.br
capa final
Joan Miró, Estrela da M
anhã, 1940
É sensacional reconhecer uma obra-prima.Um vinho extraordinário, também.Seleção Obras-Primas. Vinhos únicos, com alto prestígio e reputação consagrada.
www.sociedadedamesa.com.br/[email protected] 774 0303
“O La Valona é, possivelmente, o melhor vinho quese pode comprar por R$ 60,00 no Brasil hoje.”
Edição LimitadaFaça já seu pedido.
www.sociedadedamesa.com.br/lavalona
Dario Taibo
s e l e ç ã o e x t r a
6
í n d i c e
160
índice
Seleção Mensal: Las Perdices Signature Cabernet
Sauvignon & Petit Verdot 2015, Argentina
Muitos Preparos, Um Só Prato: Arroz
Agenda e Notícias
Na Ponta da Língua: O Nome aos Pratos
Ingredientes: Alho
Química dos Alimentos: Pepino
Na Cozinha Tem História: Frigideira
Drinks com Cerveja
Panelas do Mundo: Peru
Almanaque: Chá Parte 4
Comida é Arte: Gastropoema
Em Alta: Café com Óleo de Coco
Mitos na Xícara: Um Novo Mundo, Um Novo Costume
Entrevista: Capitão Barley
Dica de Quem Sabe: Caldos e Sopas
Gostinho de Curiosidade: Cebola e Choro
Um Prato no Tempo: Alfred Hitchcock
Nem Mais Nem Menos: Mini-Farfalle
Programa Saca-Rolha
Saca Só: Polvo Pomodori
Coisa Nossa: Pato no Tucupi
Números na Mesa: Equação da Nutrição
Toque Tech: Impressora 3D de Alimentos
Nosso Estoque
Além da Garrafa
Meu Momento
Próxima Seleção Obras-Primas: La Bogliona 2009,
Barbera d’Asti Superiore, Itália
Próxima Seleção Mensal: Casas de Herencia 2014,
Espanha; e Eduardo Bermejo 2014, Espanha
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8 Las Perdices
Signature. Nossa
seleção deste mês
traz uma verdadeira
joia enológica da
Argentina.
De onde vem o saquinho
do chá? Esta e outras
curiosidades no quarto
e último Almanaque
dedicado ao nosso
querido chazinho.
Alho, saboroso
e versátil, um
ingrediente que
tem muito a dizer.
Drinks com cerveja.
Bom gosto ou
sacrilégio? 2602
8
s e l e ç ã o m e n s a l
T e x t o : A l b e r t o P e d r a j o
Las Perdices Signature Cabernet Sauvignon 2015Lujan de Cuyo | Argentina
Las Perdices Signature Petit Verdot 2015Lujan de Cuyo | Argentina
9
O vinho na Argentina
Superfície de vinhedo: 224.000 hectares
Ranking mundial de superfície de vinhedo: 8º
Volume de vinho produzido: 15.000.000 hl
Ranking mundial por produção de vinho: 5º
Dados OIV 2015
Mendoza, oásis gourmet
Todos sabemos que Mendoza tem uma rica história
vitivinícola. Também sabemos que uma boa mesa
costuma acompanhar o bom vinho e não poderia
ser diferente por lá. A cozinha de Mendoza
soube acompanhar seu vinhos, foi crescendo
paulatinamente e lado a lado com seus vinhos em
cada região, em parte graças à grande expansão que
as bodegas tiveram na última década. A integração
entre a gastronomia e a enologia naquelas terras
são um casamento perfeito: por um lado temos
bodegas que têm seus restaurantes e por outro,
restaurantes que fazem da carta de vinhos a
protagonista, junto com a sua comida.
Uma das grandezas de Mendoza é que não é
necessário conhecer pessoalmente cada região
vitivinícola para poder desfrutar de todos os
seus encantos. Você não somente se renderá
à grandiosidade da Cordilheira dos Andes,
como poderá desfrutar de paisagens bucólicas e
10
singulares vinhedos ao pé das montanhas. Além
disso, estará de mãos dadas com um povo amável,
embaixadores de sua cultura, e poderá descobrir
seus magníficos vinhos e gastronomia. É impossível
não se render a este icônico lugar, que está disposto
a surpreender e relaxar o viajante.
A cozinha regional de Mendoza é única, e os
restaurantes da capital e das cidades vizinhas,
estão entre os melhores do país. Do ponto de
vista gastronômico, é um destino turístico de
primeira linha, onde a cozinha, fusão de culturas
influenciada principalmente pelos imigrantes
espanhóis e italianos, conseguiu uma adaptação aos
produtos da terra, criando sabores propriamente
“criollos” que diferenciaram sua culinária, sempre
baseada na excelente qualidade dos produtos
dessa região. Descobrir a cozinha de Mendoza é
experimentar e degustar pratos e vinhos autênticos,
um desafio graças à sua extraordinária variedade
gastronômica.
Na maioria dos menus de Mendoza as carnes são
protagonistas, seguidas pelas empanadas ao forno,
pratos de massa de inspiração italiana, pizzas e sua
famosa milanesa. É um lugar único pela qualidade
de suas carnes. Seu serviço é excelente, e seus
mestres são experientes nos assados, oferecendo as
“parrilladas” típicas, acompanhadas de diferentes
guarnições, molhos e empanadas que alcançam a
harmonização perfeita com os vinhos da região,
criando assim uma experiência única.
Um presente para os sentidos, se você estiver
jantando ao pé da Cordilheira dos Andes ou
percorrendo as cidades, as periferias ou as
numerosas bodegas com restaurantes. É possível
encontrar as que oferecem comidas regionais
elaboradas de maneira simples, sem artifícios e com
texturas e aromas inspirados nas receitas de família,
e também receitas mais sofisticadas. E o melhor é
que essa comida excepcional pode ser acompanhada
por vinhos excelentes.
Portanto, para aqueles que se animarem a conhecer
essa região produtora de vinhos, a cidade de
Mendoza é uma boa base para a visita, com hotéis
novos, restaurantes e bares no centro histórico.
Enfim, com todo o conforto de uma cidade moderna
e a vantagem de estar perto dos vinhedos e das
bodegas. Há atividades de sobra nos Andes, e
sempre se pode degustar uma boa garrafa de vinho
da região.
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A seleção pessoal do enólogo
Las Perdices Signature tem esse nome por ser a
seleção pessoal do enólogo, levando sua assinatura.
Quando catamos seus vinhos e entendemos seu
trabalho com as variedades menos habituais de
Mendoza, pedimos que ele nos apresentasse um
vinho que expressasse sua forma e seu modo de
entender os vinhos. De mãos dadas com Juan
Carlos Muñoz, pudemos entender o potencial
vitivinícola desta grande região e desfrutar de
novas experiências enológicas.
Do nosso pedido ao enólogo, surgiu então esta edição
Las Perdices Signature, Petit Verdot e Cabernet
Sauvignon, que sem dúvida reflete o estilo de sua
alma mater – Joan Carlos Muñoz. Este incansável
defensor do caráter varietal de seus vinhos, vive
em contínua procura de equilíbrio entre a fruta e a
madeira, vinhos suaves, amáveis, redondos, fáceis
de beber e de desfrutar, e agora apresenta-nos dois
vinhos de grande personalidade e alma.
Signature Cabernet Sauvignon
2015 & Signature Petit Verdot 2015
Se a Seleção Grandes Vinhos do mês passado nos
deixou deslumbrados com vinhos magistrais da Viña
Las Perdices, nesta Seleção Mensal voltamos a essa
bodega para desfrutar de outros vinhos deliciosos.
Nesta ocasião, apresentamos um Cabernet Sauvignon
e um Petit Verdot de Mendoza, para continuarmos
descobrindo as novas propostas desta região, que nos
tinha deixado muito acomodados com o Malbec.
Como dissemos na seleção anterior desta bodega,
descubram os vinhos que ela elabora e comecem
a se apaixonar por eles, será inevitável. Seu jovem
enólogo vem sempre procurando a essência de seus
vinhedos localizados em Agrelo-Lujan de Cuyo e
em Barrancas - Maipu. Graças à sua capacidade de
inovação e energia, conseguiu em apenas alguns anos
o reconhecimento internacional, mais que merecido,
pelos seus vinhos.
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Um vinho surpreendente pela maturidade que
este varietal é capaz de adquirir em Mendoza,
apresentando equilíbrio entre a fruta madura e
estrutura.
O vinho: vindima manual em caixas na primeira
quinzena de abril. Maceração pré-fermentativa
a frio durante 5 dias, entre 6 e 8ºC. Leveduras
selecionadas. Fermentação alcoólica durante 10
dias, com temperatura controlada entre 24 e 26ºC
para proteger o caráter varietal da uva. Suaves
remontados diários com “delestage” no início
da fermentação. Maceração pós-fermentação
durante 10 dias. Finalizada a fermentação alcoólica
e malolática, iniciou-se a crianza em barris de
carvalho com 50% do vinho, permanecendo o
resto do vinho em depósitos de aço inoxidável.
Depois de oito meses, Juan Carlos Muñoz procedeu
ao “assemblage” de ambos os lotes, procurando a
harmonia entre a fruta e o barril.
Cata: de cor vermelha e capa média, com uma leve
borda malva. Inicialmente entrelaçam-se as notas
de fruta madura - framboesas, com sua passagem
por barril com as notas defumadas. Vai se abrindo
na taça com um sutil mentolado que se entrelaça
com notas de frutas vermelhas muito maduras.
A boca é coerente com as sensações do nariz,
mantendo um bom equilíbrio entre a fruta e a
madeira, que vêm muito bem acompanhadas por
taninos doces, aportando longitude e estrutura fina
ao vinho.
Harmonização: seu equilíbrio me convida a
sugerir que este vinho seja acompanhado por
uma empanada de carne, onde a massa suculenta
e a carne temperada conseguem contundência e
equilíbrio. Seu balanço perfeito e centro de boca
permitem-nos também degustá-lo com peixes,
por isso, um salmão ao forno com molho suave e
cítrico, também poderá acompanhar este Cabernet.
Serviço: sua temperatura de consumo deve estar
ao redor dos 15 a 17ºC. Não é necessária sua
decantação nem abertura prévia ao consumo, ao
menos nos próximos meses.
Guarda: para consumir já, mesmo que se espere um
desenvolvimento positivo na garrafa nos próximos
meses. Por isso, recomendamos um pouco de
paciência para poder desfrutar plenamente de seus
matizes. Estima-se um consumo ótimo dentro dos
próximos anos (2016 a 2020).
Las Perdices - Signature Cabernet Sauvignon 2015
País: Argentina
Região: Mendoza
Indicação Geográfica: Lujan de Cuyo
Uvas: 100% Cabernet Sauvignon
Crianza: 50% do vinho com 8 meses de crianza,
em barris de carvalho francês e americano
Álcool: 14,5 % vol.
Produtor: Viña Las Perdices
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p o r D a r i o T a i b o
selecionado
Um vinho com aromas complexos de fruta, que
demonstra como esta variedade, de eventualmente
complexa maturação na França, pode ser requintada
em outras latitudes, com caráter marcante e atrativo.
Isto demonstra que vale a pena provar variedades
que não são comuns em determinadas regiões, como
acontece com a Malbec, que pode ficar ainda melhor
do que em sua região de origem.
O vinho: vindima manual em caixas na última
semana de março. Maceração pré-fermentativa a frio
durante 5 dias – de 6 a 8 ºC. Leveduras selecionadas.
Fermentação alcoólica durante 10 dias com
temperaturas controladas entre 24 e 26ºC, protegendo
o caráter varietal da uva. Suaves remontados diários
com “delestage” no início da fermentação. Maceração
pós-fermentativa durante 12 dias. Finalizada a
fermentação alcoólica e malolática, procedeu-se a
crianza em barris de carvalho com 50% do vinho,
permanecendo o resto em depósitos de aço inoxidável.
Após oito meses, Juan Carlos Muñoz procedeu com o
“assemblage” de ambos os lotes, buscando a harmonia
entre a fruta e o barril.
Cata: vermelho-cereja com reflexos violeta intensos.
Predominam as frutas vermelhas e se percebem
notas de ameixa madura, acompanhadas de finos
aromas defumados, especiarias, chocolate amargo e
mentolados. Com taninos marcados, característicos
deste variental, forma um bom conjunto, que se
vê acompanhado das mesmas sensações de fruta e
crianza que sentimos no nariz.
Harmonização: atrevam-se com um churrasco.
Comecem com uns chinchulines e moelas
marinadas em ervas, para continuar com bife
de chorizo ou costelas suculentas. Não fiquem
com fome, porque este vinho pede carne. Se
preferirem, uma carne de ave acompanhada com
um molho bem temperado pode ser uma excelente
companheira gastronômica.
Serviço: sua temperatura de consumo deve
estar em torno dos 15 a 17ºC. Não é necessária a
decantação nem abertura prévia ao momento de
consumo, ao menos durante os próximos meses.
Guarda: para consumir já, mesmo que seja esperado
um desenvolvimento positivo na garrafa pelos
próximos meses. Por essa razão, recomendamos
um pouco de paciência para desfrutar plenamente
de seus matizes. Estima-se um consumo ótimo nos
próximos 5 anos (2016 a 2021).
País: Argentina
Região: Mendoza
Indicação Geográfica: Lujan de Cuyo
Uvas: 100% Petit Verdot
Crianza: 50% do vinho com 8 meses de crianza,
em barris de carvalho francês e americano
Álcool: 14,5 % vol.
Produtor: Viña Las Perdices
Las Perdices - Signature Petit Verdot 2015
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M u i t o s p r e p a r o s , u m s ó p r a t o
T e x t o : P r i s c i l a U r b a n o
Feijão sem arroz não desce, concorda? Já arroz sem feijão vai muito bem. Ele é independente. Versátil. Consegue sobreviver e até acompanhar outras “misturas”, como o dialeto popular
classifica tudo que acompanha o tradicional arroz com feijão. Agora, você imagina quantas variações existem no preparo do grão-nosso-de-cada-dia? Vamos matar essa curiosidade
passeando pelo arroz preparado Brasil afora.
Arroz
1515
• Arroz de Cuxá – Oriundo exclusivamente do
Maranhão e reconhecido como orgulho regional.
Resumidamente, é um arroz cozido e depois
temperado com folhas de vinagreira (erva verde
escura e de sabor amargo), camarão, gergelim
torrado e farinha fina de mandioca.
• Arroz de Pequi – Típico da região de Goiás, é um
prato bastante apreciado por lá. Pequi é uma árvore
nativa do serrado brasileiro, cujo fruto é bastante
aproveitado na culinária. Para a elaboração do
arroz, é importante seguir cada etapa. Primeiro
lava-se o fruto e se refoga numa panela com
azeite, alho, cebola, pimenta e diversos temperos.
Depois de frito, acrescenta-se água até cobri-lo e se
cozinha até a água ficar bastante amarela e o pequi
amolecido. Depois é adicionado o arroz já lavado
e sal a gosto. Deixa-se a água evaporar até o arroz
ficar soltinho e está pronto para servir.
• Arroz Cirigado (ou Sirigado ou Arroz Maria
Isabel) – Típica da cidade de Natividade, no
Tocantins, a receita resume-se a um arroz branco
refogado no alho, cebola e carne-seca. Na hora de
servir, é finalizado com bastante cheiro-verde.
• Arroz de Haussá- Haussá ou Hauçá era um
povo muçulmano do Norte da Nigéria. Portanto,
este é um arroz afro-muçulmano, porém também
tradicional de Salvador, onde tem um modo
específico de preparo. Primeiramente, numa vasilha
de barro, o arroz é cozido em água sem sal, sempre
mexendo-se com uma colher de madeira, até
formar uma massa semelhante ao risoto. Depois é
adicionado pó de arroz para garantir a consistência.
Quando pronto, acrescenta-se ingredientes secos
e moídos na pedra, como pimenta-malagueta,
camarões e cebola. Volta-se ao fogo com um pouco
de água até que essa evapore. O interessante
do prato é que ele é servido com uma decoração
artesanal, com pedaços de carne de charque sobre
o arroz e também molho de acarajé, ao invés de
misturar todos os ingredientes.
• Arroz de Forno – Originário da culinária
portuguesa, acabou se aclimatando ao modo
brasileiro, e possui várias formas, segredos e
apresentações, ideal para acompanhar assados
e peixes em geral. Por exemplo, em uma receita
típica baiana, cujo preparo acontece numa
vasilha de barro: depois de lavado e escolhido, o
arroz é colocado na vasilha com bastante tomate
(para dar cor), alho, cebola, coentro, cominho,
pimenta-do-reino e gordura de porco ou toicinho
derretido. A mistura é levada ao forno e
quando o arroz fica macio adiciona-se rodelas de
pimentão, azeitonas, tomate e salsa. O prato volta
ao forno para tomar consistência e pronto!
• Arroz Carreteiro – Folclórico da região do
Rio Grande do Sul. Carreteiros e tropeiros
eram ambulantes que viviam nas estradas e do
trabalho no campo e conduziam suas carretas
– espécie de carroça, puxada por boi. Como
passavam muito tempo viajando pelos pampas,
levavam sempre alimentos ricos em proteínas e
de longa durabilidade, pois eram armazenados
nas próprias mochilas. O prato é elaborado à
base de carne-seca ou carne de sol desfiada ou
picada e arroz. Há também quem acrescente paio
e linguiça. Cebola, cheiro-verde, azeite e outros
temperos são bem-vindos.
• Por fim, a conhecida canja de galinha – embora
seja uma fórmula indiana, onde o arroz compõe
o próprio caldo, é consumida por grande parte
dos brasileiros.
16
Seleção Mensal
A Palavra na Ponta da Língua
Drinks
Notícias Agenda Saca só - Saca Rolha
Por aí Canteiro Dica Química Instagram
Objetos de Desejo Receita Prato do Famoso Almanaque
Seleção Grandes Vinhos Seleção Obras Primas
Na Cozinha Tem História
Entrevista IngredientesSaca só - Saca RolhaagendaT e x t o : A m a n d a I v a n o v
14 | agosto 15 | agosto
A g e n d a
Fylde Coast Food and Drink FestivalFesta à beira-mar oferece o melhor da gastronomia na Inglaterra
No dia 14 de agosto, o Fylde Coast Food
and Drink Festival acontece para celebrar
o melhor da gastronomia da cidade de
Fleetwood, na Inglaterra.
O cenário, em meio ao mar e belos jardins, é
apenas um convite para o festival que reunirá
diversos produtores e profissionais da área
com comidas artesanais e bebidas, além
de produtos vindos de diversas regiões do
mundo, pretendendo transformar-se em um
belo e saboroso banquete a céu aberto.
Uma das atrações mais esperadas da data será
o concurso Cake Bake Off, no qual pessoas de
diversas idades mostrarão suas habilidades no
preparo de bolos. Quem fizer o melhor bolo,
ganhará o título e prêmios.
Queijos, cafés, chutney, pães, biscoitos, vinhos
e cervejas estão entre as guloseimas e bebidas
que também são destaque do encontro,
que acontecerá das 10 às 16h, com
entrada gratuita.
Fylde Coast Food And Drink Festival
Quando: 14 de agosto
Onde: Marine Hall
Endereço: The Esplanade,
Fleetwood FY7 6HF, Inglaterra
Coffee Film FestivalFilmes sobre cafés são atrações de festival na Califórnia
Pela primeira vez acontece o Coffee Film Festival,
apresentando filmes em curta-metragem tendo como tema
principal o café, mostrando a história de produtores dos
grãos, do cultivo da semente à xícara, e outras histórias que
envolvem uma das bebidas mais consumidas no mundo.
Em Santa Ana, na Califórnia, o festival ocorre no dia 15
de agosto, marcando a estreia do documentário Barista,
que conta um pouco sobre o enredo dos profissionais para
vencer o Campeonato de Barista dos Estados Unidos.
Além da estreia, mais quatro vídeos serão transmitidos
no festival, entre os quais Aroma of Heaven, que, em sua
narrativa, mostra uma viagem polêmica ao mundo do café
na Indonésia, onde cineastas passaram os últimos anos
reunidos com vários líderes da região, apresentando a
tradição e cultura, que contribuíram para as tendências e
estilo de vida de beber café, levantando também a questão
“Como sabemos qual café bebemos todos os dias?”. A
resposta vale como reflexão ao espectador.
Outra película que chama atenção no festival é o A Film
About Coffee, que segue a produção de café em fazendas
de Honduras e colheitas em Ruanda, ouvindo agricultores,
compradores, torrefadores e baristas, expondo temas sobre
consumo global, origens, sabores, tendências e métodos
de preparo, entre outras questões. A Small Section of the
World e Caffeinated completam o Festival.
Coffee Film Festival
Quando: 15 de agosto
Local: The Frida Cinema
Endereço: 305 E. 4th St., Santa Ana, CA 92701
Mais informações: www.worldcoffeeevents.org
17
4 | setembro26 | agosto a
Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes 2016Destaque no Brasil, evento acontece em Minas Gerais
Na cidade mineira que já foi cenário de filmes,
seriados, novelas e muitos fatos importantes da
história do Brasil, de 26 de agosto a 4 de setembro,
acontece um dos maiores festivais de gastronomia e
culinária de raiz do país.
Ponte entre produtores, mercados e chefs, com
a participação de amantes da gastronomia, que
podem provar novas receitas e redescobrir a
diversidade cultural e econômica da culinária
brasileira, reúne, entre os dez dias de evento,
diversos profissionais e expositores do segmento.
Na última edição, foram realizadas
aproximadamente 200 atividades gastronômicas,
com mais de 70 atrações artísticas, entre palestras,
oficinas e degustações com chefs nacionais e
internacionais, além dos produtores dos estados
visitados pela Expedição Fartura Gastronomia,
projeto que há cinco anos acompanha a comida
desde o cultivo dos alimentos, passando pelas mãos
dos produtores, chegando ao mercado e às feiras,
para se transformar em arte no fogão no evento.
Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes 2016
Quando: de 26 de agosto a 4 de setembro
Onde: Tiradentes (MG)
Mais informações: www.farturagastronomia.com.br
N O T Í C I A S
T e x t o : R a f a e l S o u z a
FRANÇA GANHA SEU PRIMEIRO PARQUE TEMÁTICO DE VINHOImagine uma Disneylândia. Só que sem os
brinquedos e inteiramente dedicada ao vinho.
A França agora tem mais essa opção para os
turistas enológicos: o país acaba de inaugurar
seu primeiro parque temático sobre o assunto, o
Bordeau La Cité du Vin ou Cidade do Vinho. Nele,
a degustação de vinhos pode ser unida a diversos
temas relacionados ao vinho, além de workshops,
tours sensoriais, shows, exibições com grandes
mestres no assunto e muito mais.
O parque também oferece um restaurante 360º no
décimo pavimento, onde se pode desfrutar de uma
linda vista de Bordeaux e uma única semelhança
com os parques temáticos dedicados à diversão:
um passeio de barco.
Os ingressos, bem como maiores informações,
podem ser obtidos no site www.laciteduvin.com/en.
18
O n o m e
a o s p r a t o s
N a p o n t a d a L í n g u a
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Notícias Agenda Saca só - Saca Rolha
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Seleção Grandes Vinhos Seleção Obras Primas
Na Cozinha Tem História
Entrevista IngredientesSaca só - Saca Rolha
T e x t o : F á b i o A n g e l i n i
Fernando Pessoa disse certa vez que “a fome só se satisfaz
com a comida e a fome de imortalidade da alma com a própria
imortalidade”. No roteiro gastronômico da Fliporto 2015
(Festa Literária Internacional de Pernambuco), desfilou pelas
mesas o “Bacalhau ao forno à Alberto Caeiro” – um dos mais
de 70 heterônimos do poeta e escritor português, grande
homenageado do evento.
18
19
O n o m e
a o s p r a t o s
Faz tempo que cozinha e celebridades caminham
juntas, inclusive com muitas receitas ostentando
nomes de pessoas, famosas ou não. Entre as mais
antigas, está o brodetto de licurgo, em referência
ao legislador de Esparta. O caldo original, também
conhecido como brodo nero espartano, era
preparado com sangue de porco, vinho, cereais,
ovos batidos e gordura. Comida e denominação,
ambos de peso.
Na França dos séculos XVI e XVII, o elenco de
criações com vocábulos aristocráticos proliferou-
se. O molho béchamel, feito com manteiga, leite
e farinha, agraciou Louis de Béchameil, abonado
coletor de impostos do rei. No século
XVIII, o chef do Duque de Lévis-
Mirepoix desenvolveu sua
fórmula especial de vegetais
para realçar sabores: surgia
o mirepoix.
As honrarias prosseguem
no século XIX. O coração
do filé mignon ganhou o
nome “Chateaubriand”, do
cozinheiro do Visconde
de igual nome; outro filé,
o Wellington, veio da
suposta semelhança do
bife, marrom e brilhante,
com as botas do general inglês
Arthur Wellesley, o 1º Duque de Wellington;
em sua visita a Nápoles em 1889, a Rainha
Margherita de Sabóia foi saudada com uma pizza
de tomate, queijo e manjericão, as mesmas cores
da bandeira italiana; o flamejante “Crêpe Suzette”,
inventado em 1896 pelo chef do Café Monte
Carlo de Paris, Henri Charpentier (Suzette era a
sua namorada). Já no início do século XX, outro
francês desenvolveu um drink com suco de tomate
e vodca, o “Bloody Mary” – alusão à Rainha Maria
I da Inglaterra, a “Maria Sangrenta”, que mandou
eliminar milhares de protestantes.
Os batismos culinários não são privilégio europeu.
Em certa ocasião, o maître mexicano Ignácio Anaya
fritou tortillas, cobriu com queijo cheddar, um
pouco de pimenta-jalapeño, e serviu como canapé.
Virou “nacho”, que era o apelido do homem. Outro
conterrâneo, e dono de um restaurante em Tijuana,
nos presenteou com a “Salada César”. Seu nome?
César Cardini.
Aqui no Brasil, há uma porção de histórias ótimas,
como a do político gaúcho Oswaldo Aranha. De
tanto pedir o mesmo prato no restaurante
carioca Cosmopolita, ele levou o seu
nome, “Filé à Oswaldo Aranha”:
carne malpassada coberta com
alho frito, acompanhado de
arroz, farofa e batatas. Um
clássico da cultura popular
paulista é o “Arroz Biro-
Biro”, feito com arroz, ovos,
bacon, cebola, batata-palha
e salsinha. A aparência
final da refeição remete à
cabeleira loira e sarará do
jogador de futebol Biro-Biro,
ídolo da torcida corintiana na
década de 1980. No livro “Fama à
Mesa”, de Fabiano Dalla Bona, o autor
diz que o “frango atropelado” nasceu com Tom
Jobim, no restaurante Plataforma do Rio. Assim que
viu uma travessa de frango desossado, despedaçado
além do normal, o gênio teve um ataque de riso e
soltou a palavra “atropelado”.
Nem sempre todos digerem bem a homenagem.
Em 1950, Getúlio Vargas foi a um restaurante para
comemorar a sua eleição. Leu no cardápio “Gelatina
Dr. Getúlio” e não teve dúvidas, pediu, com orgulho.
Só que o presidente fez cara de azedo.
20
I n g r e d i e n t e s
T e x t o : H i p ó l i t o P a i x ã o
AlhoSe você nasceu no Brasil, é fácil dizer que sua
primeira comidinha temperada, provavelmente,
tinha o bom e velho alho. Junto, é claro, com
seu parceiro quase inseparável: o sal.
20
21
Bom e velho? Pois é. Os primeiros relatos históricos
do uso do alho datam de mais de 5.000 anos atrás,
pelos egípcios. A civilização mais avançada daquela
época teria sido a primeira a cultivar a hortaliça e a
considerava sagrada.
E o alho já era popular desde seus primórdios. Ele fazia
parte tanto dos tesouros que acompanhavam os faraós
nos túmulos, como da alimentação dos escravos que
construíram as pirâmides. Eles acreditavam que o alho
aumentava a resistência e a força. Por isso, também
era parte da composição de remédios.
Pensando bem, nem tanta coisa mudou.
Provavelmente você já tomou chá de alho, limão e
mel para ajudar a enfrentar uma gripe daquelas.
Gregos e romanos, as civilizações mais avançadas
dos tempos seguintes também tinham o alho como
um poderoso revitalizante. Fazia parte da rotina dos
seus atletas consumir alho antes das competições, e
dos soldados, antes das guerras.
O tempo passou e o alho seguiu conquistando
China e Índia com seu sabor inconfundível e
suas propriedades terapêuticas. Não é por acaso:
hoje já se sabe que o alho contém substâncias
antioxidantes, antivirais e antimicrobianas. Além
disso, ajuda a controlar a pressão arterial e o
colesterol. Também possui uma série de vitaminas e
minerais essenciais.
Também começa nessa época a conquista da
cozinha mediterrânea e provençal, na qual foi
combinado com cebola e tomate em receitas que
fizeram história.
Antes de fazer parte daquela sopinha que você
comeu toda, o alho teria aportado junto com Cabral,
mais de 500 anos atrás. Além do bulbo para a
plantação, provavelmente estavam também as
deliciosas alheiras portuguesas.
Aliás, o cultivo de alho no Brasil continuou sendo
assim, bulbo a bulbo, num sistema quase fundo de
quintal até a metade da década de 1950, quando
passou a ser produzido em larga escala.
Isso quer dizer que no famoso filé Oswaldo Aranha,
criado no Rio de Janeiro na década de 1930, o alho
frito que cobria a carne com corte alto era de algum
produtor artesanal das redondezas.
Atualmente, os principais produtores comerciais
de alho são China, Coreia do Sul, Índia, Espanha e
Estados Unidos, onde o amor pela hortaliça tem até
endereço. Em San Francisco e em Beverly Hills, o
restaurante The Stinking Rose oferece um cardápio
no qual todos os pratos levam alho, incluindo vinho.
Tem até um sorvete de alho muito famoso.
O nome remete ao aroma forte que não assusta os
clientes de todo o mundo. Para suavizar o hálito, um
pouco de salsa fresca que, aliás, sempre combina.
As variações do alho são diversas e ganham os chefs
de todo mundo. Alho-negro e alho-poró são capítulos
à parte e merecem uma coluna só para eles.
Mas se você também tem seu lado chef e deseja fazer
uma receita rápida, que tal descascar apenas a pele
esbranquiçada de uma cabeça de alho, mantendo
todos os dentes? Aí basta um corte preciso no talo
central e nas pontas dos dentes, expondo o interior
deles. Tempere com azeite e, se quiser, sal, pimenta-
do-reino ou orégano a gosto. Embrulhe no papel
alumínio e leve ao forno por 30 minutos.
Depois, é só apertar a cabeça e ver uma pasta de
alho sair, cremoso, com sabor muito mais suave que
o alho cru. Ideal para ser usado sobre pão italiano
ou baguete. Também é um excelente ingrediente de
patês e purê de batatas.
22
q u í m i c a d o s a l i m e n t o s
T e x t o : R e n a t o S o a r e s
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Nesta coluna você encontrará fatos e curiosidades sobre a química e composição de
alimentos, além de algumas de suas contribuições para o organismo, sempre de forma
leve e gostosa, no espírito de enaltecer o viver bem, com prazer e alegria.
Será que vai dar
No jargão popular, seu nome é sinônimo de problema.
Encrenca, transtorno, complicação, aborrecimento.
É classificado como um fruto imaturo, rastejante e
de folhas ásperas. E pra completar, é até meio feinho.
À primeira vista, o pepino não poderia ser pior. Mas
não se fie nesta impressão inicial. Ela é equivocada. O
Cucumis sativus, é tudo, menos dor de cabeça.
pepino?
23
Para começar, ele é um poderoso aliado para quem
quer perder aqueles incômodos (e muitas vezes
imaginários, nem tente negar) quilinhos a mais. Isso
porque o pepino tem poucas calorias e é rico em
fibras, o que aumenta a sensação de saciedade sem
que você precise se entupir de comida. Claro que ele
precisa estar acompanhado de uma dieta saudável e
atividades físicas. Não adianta comer só pepino o dia
todo, e muito menos achar que aquele sanduba do
fast food que tem pepino no meio ajuda a emagrecer.
Nas mesas, o Cucumis sativus faz bonito, apesar
de não ser unanimidade. Ele vai muito bem em
uma porção de saladas, incluindo as de macarrão;
naquele lanche do fast food (embora muita gente o
despreze ou já peça pra nem colocar); no sanduíche
saudável sem o restante do fast food e até sem o
pão, com duas rodelas fazendo as vezes de fatias
com queijo branco e peito de peru; enrolado
e recheado com diversos ingredientes, como
ricota, atum e até creme de abacate; em canapés
(onde substitui a torrada); assado como chips;
grelhado ou simplesmente como petisco, inclusive
acompanhando um bom bate-papo com cerveja.
UM FRUTO POLIVALENTE
O pepino é altamente diurético, o que o faz eficaz na
dissolução dos cálculos renais. E quem tem a vaidade
à flor da pele também vai gostar de saber que ele
ajuda no rejuvenescimento e aumenta a elasticidade
das células da epiderme - quem nunca ouviu
falar nas tais máscaras de pepino, que reduzem
as olheiras e as bolsas abaixo dos olhos? - além de
eliminar impurezas do organismo. E como se não
bastasse, também contribui para deixar os músculos
mais flexíveis. Quer mais? Tem mais. O pepino é
extremamente benéfico na forma de suco. Além do
que já dissemos acima, ele ainda tem propriedades
anti-inflamatórias, ajuda no controle da pressão
arterial e tem uma composição de primeira.
• Água: o líquido vital para nossa saúde é nada
menos que 90% da composição do pepino.
• Vitamina B2 (Riboflavina): ótima pra pele, cabelos
e unhas. Deixa a gente mais jovem e bonito.
• Vitamina B5 (ácido pantotênico): dá aquela
acalmada, pois reduz o estresse e o cansaço físico.
• Vitamina C (ácido ascórbico): a grande amiga do
seu sistema imunológico. Combater a gripe é só o
começo.
• Cálcio: perfeito pra fortalecer os ossos.
• Potássio: ajuda a regular a pressão arterial e
também combate o estresse.
• Ácido fólico: excelente para as gestantes.
• Antioxidantes como alfa e betacaroteno, luteína e
zeaxantina
• E mais: ferro, que deixa a gente mais forte e ajuda
a produção da hemoglobina; fósforo, pra manter a
boa memória; cobre, que é bom pra evitar anemia e
controlar o colesterol; zinco, bom para a imunidade
e o sistema reprodutor; magnésio, que contribui
com a produção de proteínas, e manganês, que
favorece o metabolismo.
Tudo isso ainda conta com um facilitador. Tem
pepino em tudo que é canto do país. No bom
sentido, é claro. Originário da Ásia, o fruto se deu
bem nos solos brasileiros. Atualmente, a gente
encontra por aqui em três variedades: o pepino
caipira, o japonês e o pepino comum, que tem o
nada comum nome de Aodai. Meio empepinado de
pronunciar, não?
24
n a c o z i n h a t e m h i s t ó r i a
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T e x t o : R i c a r d o M a t t o s
FRIGIDEIRA
25
A frigideira, com sua constituição simples e
primitiva, feita de barro, metal ou revestida de
Teflon, é pura força e resistência.
O significado do nome também segue o
caminho da simplificação, indo direto ao ponto
sem maiores sofisticações semânticas: a palavra
portuguesa “frigideira” deriva do latim frigo,
-ere, que significa assar, fritar.
A origem do utensílio é controversa. Uns dizem
que surgiu na Antiga Mesopotâmia, no período
sumério. E faz sentido. Naquela época os sumérios
já dominavam a técnica da fundição, o que os levou
ao cobre, material utilizado na confecção
das frigideiras.
Outros afirmam sem titubear: ela deu as caras pela
primeira vez na Grécia Antiga, época em que a
aptidão culinária adquiriu nobre reputação. Ainda
hoje a palavra mageiros, cuja raiz é igual à de magia,
pode ser utilizada para referir-se a um cozinheiro,
açougueiro ou sacerdote.
Porém a possibilidade mais interessante vem direto
da Mongólia. Em época desconhecida, os bravos
mongóis possuíam um método peculiar e inteligente
de esquentar os alimentos durante as caçadas e
batalhas: viravam o escudo de cabeça para baixo
sobre a fogueira, como se fosse uma frigideira.
Naquela situação, de fato era.
De qualquer forma, seja qual for a procedência
certeira, a frigideira sobreviveu à passagem do
tempo e às mudanças culturais, consolidando-se
como essencial.
Hoje existem 4 tipos de frigideiras, uma para
cada espécie de fritura: Pergaminho, utilizada em
preparos que exijam finalização no forno. Sautese
(frigideira baixa), considerada a ideal para saltear
alimentos. Sautoir, a mais adequada para fritura
rasa e para chapear carnes, aves e peixes, além
de finalizar molhos. E a charmosa Wok, bastante
popular na culinária oriental.
Versátil, a frigideira é a salvação em um simples
acampamento, indispensável em casa e ferramenta
de trabalho nos restaurantes. Extremos que
nem todo utensílio culinário consegue percorrer
tranquilamente. Não seria exagero considera-la um
clássico da gastronomia.
Ter uma frigideira em casa é praticamente uma questão de sobrevivência. Mesmo que você não a utilize com regularidade, é confortável saber que existe uma no armário, a postos para qualquer eventualidade.
26
d r i n k s
T e x t o : P a u l o S a m á
Quando o assunto é drink com cerveja, os mais
conservadores não podem nem ouvir falar.
Já os liberais estão sempre dispostos a novas
experiências. Assim como a política, a mistura
desperta reações extremas, com a diferença de que
estamos aqui falando de algo prazeroso. Afinal,
beber ou não um drink preparado com uma gelada
não vai mudar o destino de ninguém. E no quesito
“criar uma nova era”, o que podemos dizer é que as
cervejas especiais estão aí para ficar: cervejas Lager,
Stout, escuras, claras, leves, carregadas, Ales, de
trigo etc. As variações são muitas e agradam a todos
os tipos de paladares. Portanto, não é de se espantar
que se busque novas experiências gustativas com
as cervejas, harmonizando-as com os mais diversos
sabores: dos fortes aos doces, dos exóticos aos nem
tão ousados.
do submarino ao Black Velvet
Esta busca, quando se trata de misturar cerveja com
outras bebidas - e até com comidas - não é nova
nem antiga, pois não tem uma história ou marco-
zero que a delimite. O que se conhece é apenas a
história de alguns dos drinks, que vêm se tornando
populares não só por aqui, mas também em bares
e restaurantes ao redor do mundo. E a oferta de
infinitos tipos e marcas de cerveja só incentiva
esse mercado ainda não muito explorado. Explica-
se: quem as oferece o faz mais pelas cervejas
em si, obviamente, e não pelas possibilidades de
harmonização em drinks. Trata-se de uma variação
que está apenas começando, como conta Amilcar
Parada, um dos sócios do Capitão Barley Cervejas
Especiais. O bar, uma vez por mês, promove
o evento Beer Drink’s, com um mixologista
elaborando drinks com cervejas: “comecei a
“Não brinca com cerveja!”. Você, com toda certeza, já
ouviu essa frase. Ou, se for um cervejeiro de carteirinha,
provavelmente já disse algo assim.
cerveja:Drinks com
27
pesquisar sobre o assunto e convidei meu amigo
Rodrigo Romão, que trabalha com drinks e inclusive
dá aula sobre o assunto, para fazer o evento. As
pessoas têm gostado bastante do resultado. O
projeto ainda está engatinhando, mas já estamos
prevendo fazer o evento num sábado, para avaliar a
resposta de mais gente.”
A DIFERENÇA DO DRINK FEITO COM CERVEJAO primeiro pensamento que vem à cabeça é que a
cerveja serve pra deixar o drink mais refrescante,
certo? Sim e não. É claro que cervejas mais leves
refrescam os drinks, mas há aqueles que são
elaborados com cervejas mais “potentes” digamos,
que proporcionam uma maior gama de sabores e
texturas. E é isso que, no fundo, no fundo, busca-
se nos coquetéis. As experiências são as mais
variadas e diferentes possíveis. As cervejas Stout,
por exemplo, são marcadas por notas de café por
causa do malte torrado; as fruit-beers são mais
doces; as Lambic, ácidas; as IPAs (India Pale Ales)
mais amargas e por aí vai. Também não podemos
esquecer do gás da cerveja (a carbonatação, falando
com mais elegância), que também contribui para a
textura do drink.
SERÁ QUE VIRA MODA?Com tudo isso, os diversos estilos de cervejas, com
seus aromas e sabores, oferecem um vasto mundo
de possibilidades aos bartenders e artistas dos bares,
que realizam experiências sensoriais em alguns
coquetéis. De quebra, tenta-se reduzir as caras
feias e os narizes torcidos que pregam que a cerveja
deve ser consumida apenas pura, além de nunca se
misturar fermentados e destilados.
De qualquer forma, apesar de estar crescendo
em presença nos bares brasileiros, os drinks
com cerveja ainda precisam ser sugeridos pelos
mixologistas. Não é muito natural alguém chegar ao
bar e pedir.
Além disso, não há regras para o preparo. O
território ainda é livre. O que conta, antes de tudo,
é o bom senso na elaboração e na escolha do que
se vai juntar nessa “brincadeira”. “É preciso pensar
nas bebidas que serão misturadas e procurar o
equilíbrio nos sabores colocados no mesmo copo.”,
ensina o professor dos cursos de Sommelier e
Bartender do Senac, Elvis Campêllo. Segundo
ele, “um suco de pêssego, por exemplo, pode não
ficar bem com uma Stout, mas vai combinar
perfeitamente com as notas de maracujá de uma
IPA. O legal é manter a carbonatação da cerveja
para manter a refrescância dos drinks e cuidar
para não bater na coqueteleira, correndo o risco de
explodir com o gás”.
Como vemos, trata-se de um caminho que está
sendo desbravado, o que vai de encontro à
afirmação de Amilcar Parada, ao dizer que o projeto
Beer Drink’s, do Capitão Barley, ainda está no início.
28
UM PASSEIO PELOS COPOS
Como deu pra perceber, o céu é o limite na
elaboração de drinks com cerveja. Você mesmo
pode preparar o seu em casa e cair nas graças (ou
não) dos aventureiros dispostos a experimentar
o “mix”. Porém, há alguns que são elaborados há
muito tempo, antes mesmo de alguém pensar em
classificá-los como drinks. Verdadeiros clássicos,
se é que dá pra usar essa palavra numa seara tão
experimental. Um deles é a capirinha com cerveja,
que mistura a loura com cachaça ou vodka, no caso
da caipiroska, e muitos consideram quase um ato
criminoso, tanto com a vodka ou cachaça, quanto
com a cerveja.
SUBMARINOO primeiro de nossa lista é bem conhecido dos
brasileiros. Versátil, o drink é consumido tanto
em festas elegantes, quanto nos botecos da vida.
No Submarino perfeito, é servida uma dose de
Steinhaeger bem gelado, em um copinho virado
para baixo dentro de um copo longo, que é
preenchido com chopp ou cerveja. De onde vem
isso? Da Alemanha, lugar onde, indiscutivelmente,
não se brinca com cerveja. O Steinhaeger tem
graduação alcóolica média de 38%, é destilado a
partir do centeio e aromatizado com zimbro ou
juniperus, como também é chamado por lá. O
curioso é que as bebidas não se misturam no copo,
só dentro do bebedor. E com essa quantidade
“fraquinha” de álcool, não é de se estranhar que a
banda Tianastácia declare que o “Steinhaeger com
cerveja faz pirar”, em sua famosa música Cabrobó.
O Submarino também pode ser preparado com
tequila, cachaça ou vodka. E, provavelmente, “pira”
do mesmo jeito.
BLACK VELVETOutro que já virou cult nos bares do mundo, é
feito com meia taça de cerveja Stout e meia de
espumante brut. Acredita-se que o drink surgiu
no país em 1861, quando o Príncipe Albert, da
Inglaterra, veio a falecer. O nome do drink tem
duas versões para sua origem: uma dá conta de
um súdito inglês que haveria dito que, naquele
momento, até o champanhe deveria estar de luto,
elaborando então a bebida; a outra atribui o nome
às braçadeiras e luvas negras usadas pelos ingleses
aludindo ao luto daquela data. O que não se discute
é que o homenageado é o príncipe. Porém, o drink
também conta com a versão Gold Velvet, feita com
cerveja Lager clara e 50ml de suco de abacaxi.
IRISH CAR BOMBCuriosamente, este drink de nome singelo não
foi criado na Irlanda, e sim nos E.U.A. A citação à
Irlanda vem da composição, que leva 3/4 de um
copo pint com cerveja Stout irlandesa, mais 1/2 shot
de whisky e 1/2 de licor cremoso, ambos irlandeses.
O segredo, dizem, é juntar os dois shots e despejar
com copinho e tudo dentro do copo pint de cerveja.
O “car bomb” do nome? Deixamos para você tirar a
conclusão após experimentá-lo. Como curiosidade,
vale dizer que alguns bartenders negam-se a usar
o nome, pois alguns artigos de mixologia ligam o
nome do drink a atentados feitos com carro-bomba
na Irlanda na década de 1970.
“Black Velvet:
o homenageado
é o príncipe”
29
BLACK’N’TANSe você conhece a tradição irlandesa do Saint
Patrick’s Day, provavelmente já ouviu falar nesse
drink, muito apreciado na data (e fora dela também)
pelos irlandeses e ingleses. A recita original pede
uma Guinness Draught e uma Bass Pale Ale, mas
pode ser feito com outra Pale e outra Dry Stout,
ou mesmo uma cidra no lugar da cerveja clara. O
curioso do Black’n’Tan é o preparo, onde se usa uma
colher dobrada em 90º, para que o drink fique com
duas cores. Enche-se metade de um copo pint com
a Bass Pale. Depois coloca-se a colher bem rente ao
líquido, e despeja-se a Stout, com cuidado para não
se misturar com a outra.
MICHELADACriada pelos mexicanos, a Michelada é um dos
drinks feitos com cerveja mais populares do Brasil,
e um dos primeiros drinks a chamar atenção de
Amilcar Parada, do Capitão Barley. Foi a partir dela
que começou a surgir o interesse em se aprofundar
mais nesta modalidade de drinks. A Michelada é
fácil de fazer e leva, em sua composição, cerveja
Lager clara, suco de limão, sal e condimentos que
variam dependendo de onde o drink é preparado.
Porém, não se pode dizer o mesmo de sua origem,
que conta com várias versões. Uma delas vem do
Clube Desportivo Potosino, em San Luis Potosi,
onde Michel Ésper, um dos sócios, costumava
pedir sua cerveja com sal, limão e gelo, o que fez
com que os outros sócios a apelidassem de “cerveja
do Michel”. Outra versão conta que, na mesma
cidade, quem pedia o drink assim era o general
Augusto Michel, no final da Revolução Mexicana.
Há também uma que credita o nome à junção das
palavras “mi chela helada”, que era outra forma
de pedir a bebida. Os condimentos, ao que consta,
foram adicionados depois à receita que, hoje em dia
é pedida de duas formas no México: com temperos é
Michelada. Sem, apenas “Chelada”.
WEISS SOURMais dedicado ao público feminino, este drink leva
cerveja de trigo, limão, whisky escocês e mel de
laranjeiras e é servido no bar da marca escocesa Brewdog.
PUNK GINGERElaborado com a cerveja Punk IPA, este drink leva
gengibre, suco de limão e chá de mel, que amenizam o
gosto amargo do lúpulo, caracterísco das IPAs.
PONY IS NOT DEADAssim como os dois anteriores, este drink também é
encontrado no Brewdog, e apresenta uma combinação
de cerveja Dead Pony Club (uma American Pale Ale),
gim e suco de laranja.
AO QUE PARECE, VEM MUITO MAIS POR AÍSim, o que mostramos aqui é apenas a ponta do
iceberg dos drinks com cerveja. As variações
surgem a cada momento, na mesma velocidade
em que cresce o mercado das cervejas especiais
e surgem bares especializados, como o já citado
Brewdog, o Capitão Barley, que recentemente
completou dois anos e meio de existência, e a marca
dinamarquesa Mikkeller, que inclusive possui um
bar dedicado à coquetelaria com cerveja.
Vale a pena experimentar? Fica ao gosto de cada
freguês. Caso você nunca tenha tomado e ficou
curioso, vem aí uma boa data para a experiência: o
Dia Internacional da Cerveja é comemorado sempre
na primeira sexta-feira de agosto. Cheers!
30
P a n e l a s d o M u n d o
T e x t o : P r i s c i l a U r b a n o
Inovador, vanguardista e multifacetado. O Peru
possui uma cozinha marcada por cores, sabores
e frescor. Traduz-se em uma gastronomia
multicultural, com forte influência de povos pré-
colombianos, como os Incas, de colonizadores
espanhóis, e, posteriormente, de imigrantes
italianos, africanos, chineses e japoneses.
Numa visão macrogeográfica da cozinha peruana,
percebe-se que se divide em três regiões: serra,
costa e selva. Na região serrana ou andina, há
um grande consumo de batata e suas variedades,
ingrediente fundamental para sopas e cozidos.
Um prato típico dessa região é a “Pachamanca”,
uma receita ritualística utilizada em celebrações
da colheita e fertilidade da terra. Outros alimentos
considerados sagrados e bastante consumidos nessa
região, são a quinua e o milho, que ficam lado a lado
com as carnes nativas, como a de alpaca e a carne
de cuy (porquinho da índia). O arroz, a cevada,
o trigo, os vinagres e azeites foram introduzidos
juntamente com a colonização espanhola, assim
como o uso do forno, a fritura e as conservas.
Na região litorânea, as fazendas de algodão e
açúcar substituíram a mão de obra escrava pela
de imigrantes chineses. Dessa mudança surgiu
a culinária “chifa” com os alimentos salteados
na panela “wok”, na maioria das vezes carnes
e legumes salteados no molho shoyu. Outra
influência importante na região foi a imigração
japonesa, que trouxe a cultura da utilização de
produtos frescos e crus. Assim surgiu o prato
peruano mais conhecido no mundo, o “ceviche”,
que é composto por cinco ingredientes básicos: o
ingrediente ácido (como o limão tahiti), a cebola,
o sal, as pimentas e as ervas aromáticas como o
coentro. Nessa combinação, forma-se um caldo
fortalecedor no fundo da vasilha, o conhecido
“leche de tigre”, que muitas vezes pode ser ingerido
na forma de “shot” antes das refeições, a fim de
auxiliar a digestão.
Já na cozinha da selva, por outro lado, a culinária
é exuberante e exótica como a própria Amazônia,
com uma gama de frutas em pleno processo de
pesquisa e descobrimento, como o caso do “camu-
camu”, que está se tornando matéria-prima para
refinadas sobremesas no mundo da gastronomia.
Temperos da Panela Peruana
31
a l m a n a q u e
T e x t o : P a u l o S a m á
Cháparte 4
UM BULE DE CURIOSIDADESFinalizando nossa série sobre o chá, iniciada
no ano passado, vamos erguer as chávenas
e brindar nossas páginas com um pouco de
tudo sobre a bebida, a popular miscelânea:
tipos de chá, chás exóticos, curiosidades,
dados interessantes e muito mais. Sirva-se.
32
História em saquinhos: como quase todas as
invenções, o popular chá de saquinho também
tem sua dose de polêmica. Até pouco tempo,
creditava-se a criação ao importador de chá nova-
iorquino Thomas Sullivan, em 1908. Segundo
conta-se, ele oferecia saquinhos de seda com folhas
aromáticas como brinde a seus clientes potenciais,
e logo concluiu que a engenhoca (se é que dá para
chamar assim o saquinho de chá) poderia facilitar o
transporte e otimizar as infusões, que poderiam ser
preparadas em quantidades menores.
Mas... Sempre tem um mas, não é mesmo? O que
ninguém sabia - e talvez nem o próprio Sullivan
soubesse - é que o tal saquinho já havia sido criado
e patenteado sete anos antes, por duas mulheres de
Milwaukee: Roberta C. Lawson e Mary McLaren
registraram a patente de um saquinho de chá ainda
mais parecido com o que usamos hoje, em 1901.
Diferente daquele criado acidentalmente pelo
nova-iorquino, o delas era feito de algodão e não
alterava o sabor da bebida. De toda forma, as moças
não ganharam muito dinheiro com a invenção e
o saquinho só se popularizou mesmo anos depois,
com os clientes de Sullivan fervendo suas amostras.
Quem já foi, levanta a mão: se você já conheceu
uma casa de chá, sabe que elas são um programa
e tanto. Recheadas de quitutes deliciosos,
atendimento personalizado e tipos de chá que
nossas vãs capacidades jamais imaginariam, elas
estão por todo o Brasil e têm um charme todo
especial para receber casais, namorados, famílias
e até grupos de amigos. Vale destacar algumas
delas: a tradicionalíssima As Noviças, em Moema
(SP), com seu elegante estilo colonial e atendentes
vestidas mesmo como noviças; a Khan El Khalili,
na Vila Mariana, famosa por sua temática árabe,
pelos espetáculos de dança do ventre e, é claro, pela
imensa variedade de chás; a Casa Cavé, no centro
do Rio de Janeiro, auto-entitulada a mais antiga da
cidade, fundada em 1860 por Charles Auguste Cavé,
com sua linda arquitetura europeia; a globalizada
The Kettle, no bairro das Mercês, em Curitiba, com
variedades de chá vindas de diversas partes do
mundo e com decoração inspirada na art nouveau;
a Vincent, de Brasília, com ambiente aconchegante,
decoração inspirada em Van Gogh e a exclusividade
de apenas 16 mesas; a Confeitte, de Fortaleza;
a charmosa Mayra Pauli, de Florianópolis; a
aconchegante Teakettle (Santo Amaro/SP), da
estudiosa de plantas medicinais e expert em cultura
de plantas Sylvia Rodrigues, e muitas outras ao
redor do país.
Forte ou fraco, leve ou pesado: os melhores chás
pretos do mundo são os da Índia, principalmente
aqueles das regiões de Niligri, Assam e Darjeeling,
esta última responsável pelo sabor doce-amargo
que ganhou o mundo e, de quebra, o apelido de
“champanhe dos chás”. Já o Sri Lanka destaca-se por
produzir chás mais suaves, e a China leva a fama
pelos blends, as famosas misturas de chás. Com
toda justiça, afinal a história do chá começou por lá,
como contamos na primeira parte desta série.
Por que os ingleses são chegados num chazinho
com leite? É difícil você encontrar um inglês que
prefira chá puro. O hábito de misturar leite à bebida
é secular e quase obrigatório. Isso acontece porque,
na mistura, os taninos do chá ligam-se, na mesma
hora, às proteínas do leite, o que deixa a bebida
33
Você não pensou que era só juntar uma coisa
com a outra. Ou pensou?
• Coloque na xícara a quantidade exata de
folhas que cabe numa colher de chá.
Nem mais nem menos, como diria o querido
chef Eugenio.
• Água fervendo jamais! No máximo 92ºC, pra
não queimar as folhas. E não esquente a água
mais de uma vez. Ela perde o oxigênio e muda
o gosto do chá.
• Não esquente o leite. Isso também muda
o sabor. Coloque o leite fresco no fundo
da xícara.
• Em seguida, despeje o chá com calma.
Assim, o leite esfriará o chá, e não o contrário.
• Colocar açúcar é uma opção sua. Mas se for
usar, coloque o branco.
• O leite já diminui a adstringência natural do
chá. Mas adoçando com açúcar branco, você a
diminui ainda mais.
• Separe uns bons quitutes, sirva às 17h e
sinta-se um verdadeiro inglês.
menos adstringente. Mas vale lembrar: a combinação só
funciona bem com chá preto. Nem invente de misturar
leite com chá verde.
Chá explosivo (!) Misturas e chás exóticos estão em
alta. Um bom exemplo é o chinês gunpowder (pólvora
em inglês) que traz mais emoção à tranquila hora do
chazinho. Ele é vendido em forma de bolinhas que
explodem no momento da infusão. Até o momento, não
há relatos de feridos nas detonações.
E o mais caro do mundo é... o cultuado Darjeeling!
Cultivado nas alturas acima de 700 metros, o chá
indiano chega a ser comparado, em termos de valor,
a bons vinhos franceses. Por aqui, você arremata
50 gramas do produto por uma bagatela próxima
de 110 reais.
É drinque ou chá? Ou os dois? Os drinques à base de chá
não são tão famosos, mas também não fazem feio. O chá
preto com cacau O’Connors Cream faz uma bela dupla
com um whisky puro malte. Também merece menção o
Waikiki Beach, o chá de frutas que combina direitinho
com champanhe. Mas se for fazer, não esqueça de
esfriar o chá. Quente, seu drinque não ficará muito
havaiano, digamos.
Guerra: até isso o chá provocou! A Boston Tea Party,
de festa mesmo não teve nada. Os colonizadores
americanos, indignados com a alta dos impostos sobre o
chá pelo governo inglês, promoveram uma manifestação
no dia 16 de dezembro de 1773. A “festinha” foi feita nas
docas de Boston, com a destruição de centenas de caixas
de chá da Cia Britânica das Índias Ocidentais. Com o
tempo, os ânimos acirraram-se ainda mais, e há quem
diga que isso foi o estopim da Revolução Americana pela
independência da Inglaterra. Se for verdade, o chá teve
uma boa parcela de responsabilidade na formação dos
Estados Unidos da América. Já imaginou?
Aprenda a fazer o
chá inglês com leite.
chá inglês
34
• Preto: anti-inflamatório.
• Verde: ajuda a atrasar o aparecimento das rugas.
• Mate: inibe o envelhecimento precoce.
• Carqueja: entre outras funções, é bom para quem bebe
(socialmente ou não), pois protege o fígado.
• Erva-doce: bom para bebês com cólica, ajuda a emagrecer - mas
não faz milagre - e estimula a lactação nas gestantes (além de ser
uma delícia).
• Branco: este, sim, dizem que faz milagre. Tem até o apelido de “chá
milagroso das dietas”.
• Erva-cidreira: diminui as cólicas e a ansiedade.
• Boldo: salvador de intestinos, age contra a azia, estimula a digestão
e ainda dá uma aliviada nos efeitos da bebida, quando a gente passa
um pouco dos limites.
• Camomila: deixa calminho, calminho, e alivia dores de estômago,
entre outras funções.
• Alecrim: bom pra combater os sintomas da gripe.
• Marapuama: afrodisíaco \0/!
• Dente-de-leão: exagerou na bebida ou na comida?
Ele dá uma aliviada.
• Gengibre: é ardido, mas funciona como um excelente anti-
inflamatório.
• Hibisco: ajuda a controlar o colesterol e é diurético.
• Limão: sabe o que é bom pra gripe? Ele. E se juntar com mel,
melhor ainda.
• Oolong: parcialmente fermentado, um meio termo entre os chás
preto e verde. Ajuda a queimar calorias.
• Quebra-pedra: um clássico no combate ao cálculo renal.
• Erva-doce, erva-cidreira e camomila juntos: um saquinho de cada
um na mesma infusão amenizam e até dão um basta na insônia,
segundo a nutricionista Mônica Dalmacio.
Claro que, além destes, há muitos outros chás, que ocupariam
uma edição inteira de nossa revista. Mas acreditamos que, nos
capítulos de Almanaque escritos em homenagem à Camellia
sinensis, trouxemos até você quatro bules de história, curiosidades
e entretenimento. Esperamos que você tenha saboreado.
Além de gostosos,
Confira as utilidades
de alguns tipos de chá.
Mas lembre-se que são
utilidades adjacentes,
não adianta buscar a
cura pelo chá. O médico
ainda é a melhor opção.
úteis
35
3636
c o m i d a é a r t e
e m a l t a
T e x t o : F á b i o A n g e l i n i
T e x t o : F á b i o A n g e l i n i
Muitos encontros literários são pautados pela culinária, e muitos papos de forno e mesa
transcorrem entre rimas. Em todo o mundo. Alguém já disse que a gastronomia é uma arte
em forma de amor, é poesia em forma de sabor. Nada mais verdadeiro. Nomes importantes
imortalizaram esse idílio inevitável, esse entrelaçamento de ingredientes e palavras,
métricas e aromas complexos. Podemos degustar na “Oração do Milho”, de Cora Coralina.
Nas odes ao vinho, ao tomate e à alcachofra, de Pablo Neruda. Para a poetisa americana
Emily Dickinson, a cozinha era um espaço de inspiração criativa. Certa vez, ela escreveu
um de seus poemas atrás de uma receita de bolo de coco. Vinícius de Moraes entregava-se
com a mesma paixão aos versos e às panelas. O poeta, que fazia um ótimo franguinho na
cerveja e tinha uma fórmula especial para fritas sequinhas, escreveu “Feijoada à Minha
Moda” e “Não Comerei da Alface a Verde Pétala”. Poesias têm substância, alimentam a
alma. É bem diferente de ler um futuro étereo na borra do café.
Gastropoema
O óleo de coco já é conhecido por inibir a fome. O
café, como estimulante. Dessa combinação, que
caiu no gosto de atletas, celebridades e companhia,
nasceu o “bulletproof coffee”. Curiosamente, o
blend foi criado após 15 anos de pesquisa por Dave
Asprey, um investidor do Vale do Silício. Os dois
ingredientes somam propriedades termogênicas,
acelerando o metabolismo e a queima de gordura.
Na prática, a mistura eleva os níveis de atenção
e energia, além de favorecer o emagrecimento.
Serve para turbinar a disposição pela manhã, rumo
ao trabalho ou estudo; para o pré-treino, porque
ajuda na força e resistência; ou como lanchinho da
tarde, pela sensação de saciedade. A recomendação
é tomar, diariamente, uma xícara de café forte e
Café com óleo de coco
quente com uma colher (de sopa) de óleo de coco,
e nunca à noite. Os fãs dizem que a bebida, leve
e agradável, combate a preguiça de malhar e o
peso extra. Segundo os especialistas, não se deve
adoçar: o açúcar compromete o efeito da cafeína.
Mas, como o café pode agravar patologias cardíacas
e estomacais, e o óleo de coco pode influir no
colesterol, consulte um profissional de saúde antes
do primeiro gole.
O que é que tá pegando?
3737
Seguimos em viagem por mar, nas aventuras de
grãos de café em plena Idade Moderna. Já comentei
anteriormente que os árabes tentavam ser espertos
ao escaldar as sementes, a fim de evitar qualquer
possibilidade da disseminação da planta fora dos
seus domínios. Com isso mantinham o monopólio
do cultivo e da venda do que já era uma verdadeira
commodity daqueles tempos. Coube aos holandeses
provarem que essa capacidade não dependia da
geografia, nem exatamente da sapiência deste ou
daquele povo.
Foi Pieter Broeck quem conseguiu a proeza (1616) e
logo o café foi transplantado com sucesso no Ceilão
(1658), e em seguida nas Ilhas de Java. Apesar disso,
o Iêmen mantinha-se até então como o principal
fornecedor mundial. Daí em diante, já beirando
os tempos da Revolução Industrial, a bebida é
consumida em toda Europa, espalha-se pelas
colônias holandesas da América e se transforma
numa das principais mercadorias intercontinentais.
A Indonésia, ainda sob domínio holandês,
assume então o posto de principal país produtor e
exportador mundial.
Mas, vamos admitir, a chegada do café na Europa
pode ser contada de modo mais nobre e elegante,
como a bebida merece. Para quem sorve uma xícara,
as sensações remetem a outras histórias. O café
londrino, por exemplo, aparece a partir de 1652,
pelas mãos do armênio Pasqua Rosée, que criou sua
coffee house com grande e rápido sucesso. O espaço
contra a parede de pedra da igreja de St Michael’s,
em Cornhill, existe até hoje, com o nome de Jamaica
Wine House.
O charme da capital inglesa foi se justificando
também pelo surgimento de mais casas de café.
O movimento chegou à Paris literária e também
a Viena e Veneza. São muitas as curiosidades em
torno dessa conquista do Velho Mundo. Conto mais
na próxima degustação.
M I T O S N A X Í C A R A
T e x t o : E m e r s o n C a s t r o
www.cl ub ecafe.ne t .brDo velho
um novo costume
para o
novo mundo,
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38
OS MARUJOS
Um bar diferente. Descolado, com estilo rock and roll e
frequentado por todo tipo de gente, incluindo famílias que têm
uma paixão comum: cervejas diferentes. Este é o Capitão Barley
Cervejas Especiais. Um lugar gostoso pra se curtir uma boa
cerveja e uma boa conversa, ouvindo música e experimentando
a cozinha do dia, que tem um esquema bem interessante: eles
“emprestam” a cozinha para parceiros de diversas correntes da
gastronomia artesanal, em troca de uma taxa de manutenção. O
cardápio variável inclui comida de food trucks, comida mexicana,
turca, hambúrgueres, pizzas e outros, além de eventos de drinks
feitos com cerveja. Descubra, a seguir, tudo o que o Amilcar
Parada, um dos sócios (ou melhor, marujo) tem pra contar sobre
cervejas especiais. Bem-vindo a bordo!
T e x t o : P a u l o S a m á
E n t r e v i s t a
CAPITÃO BARLEY
DO
MARUJOS: DA
ESQUERDA PARA
A DIREITA, SAUL
CAFFARENA, PABLO
CÉSAR, MARCELO
OLIVEIRA E
AMILCAR PARADA.
3838
39
O que vocês faziam antes de ter um bar de cervejas?
No começo éramos dois sócios, eu e o Pablo César. Eu sou
formado em publicidade, mas até hoje divido o tempo com
minhas funções no bar e também na administração de
um centro de diagnóstico dos meus pais. O Pablo é game
designer, trabalhou em grandes empresas do ramo de
games, e estava no mercado quando o convidei pra ser
meu sócio nesse empreendimento. Somos amigos de longa
data, de antes de eu pensar em ter um bar. Na verdade,
a minha ideia era ter uma loja de cervejas especiais, mas
com o tempo o pessoal ia comprar, bebia uma aqui, outra
ali... começamos a colocar mesas e a loja virou um bar!
Dois anos depois, um dos nossos funcionários, que é beer
sommelier, tornou-se sócio também: é o Saul Caffarena.
Além dele, temos outro sócio, também velho amigo meu,
o Marcelo Oliveira. Ele é engenheiro e trabalhava em
uma multinacional como diretor. Largou o emprego e
resolveu empreender conosco. Hoje, ele está morando em
Berlim, onde fará um curso de produção de cerveja dos
mais famosos do mundo.
As cervejas artesanais estão ganhando cada vez mais
espaço. Vocês, que são especialistas, enxergam algum
motivo especial pra isso?
É uma tendência mundial e o mercado se abriu.
Cervejarias estrangeiras chegaram ao Brasil através de
importação e muitas excelentes cervejarias artesanais
surgiram no país. Soma-se a isso a busca do público por
qualidade e diferenciação no sabor. Alguns anos atrás
havia poucos pontos de vendas, os preços não eram nem
um pouco convidativos e pouca gente conhecia cervejas
diferentes. O caminho é irreversível: se você toma uma
cerveja artesanal, especial, não consegue voltar atrás.
Lógico que algumas ocasiões pedem uma cerveja mais
barata, mas se você tem a opção e conhece cerveja
especial, duvido que na maioria das ocasiões irá preferir
beber quatro cervejas comuns a beber uma ou duas
especiais. É como dizem: “beba menos, beba melhor!”.
Tecnicamente falando, qual é a diferença entre a
elaboração da cerveja especial e a tradicional?
Há várias diferenças, mas na minha opinião, as duas
principais são a aceleração do processo de produção
das cervejas normais e o uso, também nessas cervejas,
de ingredientes pra baratear o produto, como arroz e
outros cereais. Não sou contra o uso de arroz e outros
cereais na cerveja, longe disso, mas depende muito da
intenção do uso do ingrediente. Enquanto uma cerveja
artesanal provavelmente é feita com malte em grão,
uma quantidade de lúpulo respeitável e todo cuidado na
elaboração da receita, as cervejas comuns não têm um
nível tão grande de detalhe em sua elaboração.
3939
40
Esse tipo de cerveja tem um público fiel grande. Isso é
um sinal do fim das cervejas tradicionais ou tem lugar
pra todo mundo no mercado?
Tem lugar pra todo mundo. Hoje as artesanais significam
uma parcela minúscula do mercado, tanto no Brasil
como no mundo. Como usam ingredientes especiais e
em maior quantidade, e não aceleram os processos de
produção, as artesanais sempre custarão mais caro. Nem
sempre temos dinheiro pra pagar por isso. A tendência,
no entanto, do meu ponto de vista, é que os preços das
artesanais caiam um pouco mais. Além disso, o Brasil
é um país complicado. As cervejarias menores têm de
disputar seu espaço metro por metro, enfrentando taxas
de impostos e outros entraves. Quando uma das pequenas
consegue crescer, por exemplo, acaba sendo comprada
pelas maiores por quantias milionárias. Por mais amor
que o dono tenha pelo negócio, fica difícil não vender. Já
aconteceu com algumas aqui no Brasil e tem acontecido
no mundo todo.
Agora falando em preço e no pessoal que frequenta o
Capitão Barley. Cerveja especial tem público especial?
Na verdade, eu vejo um público diverso. Antes tínhamos
um ambiente mais simples, ia um pessoal mais descolado,
mas os preços eram os mesmos que temos hoje. Lógico
que há uma seleção natural do público consumidor por
causa dos limites financeiros de cada um, mas já vi gente
simples que vai ao Barley tomar 1 ou 2 garrafas ao invés
de ir num bar comum, onde poderia tomar várias cervejas
das mais comerciais. A limitação financeira não enterra
a vontade, a busca por qualidade e a curiosidade de uma
pessoa que realmente gosta de beber uma boa cerveja.
Drinque com cerveja é uma novidade pra muita gente.
De onde vem essa história?
Leio muito sobre o mercado cervejeiro, fico ligado o tempo
todo. Comecei a pesquisar sobre o assunto e convidei
meu amigo Rodrigo Romão, que trabalha com drinks
(inclusive dá aula sobre o assunto), pra fazermos o evento
Beer Drink’s uma vez por mês aqui no Capitão Barley.
Ele usa bebidas bem interessantes pra elaborar os drinks
e sempre um estilo de cerveja pra fazer parte do mix. As
pessoas que provaram gostaram bastante dos drinks em
geral, e estamos planejando realizar o evento num sábado
com mais movimento, para ver como os drinks se saem.
Ainda no mesmo assunto: existe uma cerveja preferida
pra fazer drinque?
São muitos estilos de cervejas e cada um deles combina
com um estilo de drink. Usamos cervejas mais
refrescantes, como uma do estilo Weiss, pra fazer um
drink mais refrescante. Usamos um estilo mais alcoólico e
escuro, com sabor que remete a café, pra fazer um drink
mais “quente”. Daí para a frente, vai da criatividade do
barman. O importante é saber harmonizar os sabores dos
ingredientes. O céu é o limite.
Agora, conte um pouco sobre a gastronomia da casa.
Essa história é curiosa. Quando estávamos planejando a
inauguração da nossa loja, há mais de 2 anos, convidamos
muitos amigos e família pra irem nos prestigiar. Pensamos
então que as pessoas ficariam por alí por um período e
nos veio a ideia de termos algo pra comer. Convidamos
então um amigo que faz hambúrgueres artesanais. Foi
um sucesso. Quando começamos a perceber que nossa
loja estava se tornando um bar, amadurecemos isso e
começamos a convidar food trucks, que estavam muito
na moda na época. Recebemos trucks famosos, como o
Buzina, que existe até hoje. Criamos então uma parceria
forte com pessoal que faz comida de rua: food trucks,
pessoas com barracas e afins. Nós não tínhamos espaço
pra fazer uma cozinha, mas precisávamos servir comida,
então unimos o útil ao agradável. A cada dia temos um
parceiro na cozinha, alguns se repetem porque o público
pede que voltem - é comum isso acontecer - mas tentamos
4040
41
sempre variar o cardápio. O importante é proprocionar
diferentes experiências ao cliente na relação entre comidas
e cervejas. Nunca cobramos taxa ou porcentagem dos
parceiros enquanto estávamos na loja antiga. Já no novo
espaço, cobramos uma taxa de manutenção que inclui uma
poupança para eventuais consertos dos equipamentos
que compramos (fogão industrial, fritadeira, exaustor,
balcão refrigerado e uma chapa) e uma quantia pela
limpeza. Esse valor varia de acordo com o dia da semana.
Cedemos equipamentos, fornecemos água, gás e energia,
tudo incluso nessa taxa. A venda e a entrega são feitas
diretamente aos clientes pelo parceiro da cozinha. Temos
um canal de comunicação exclusivo pros parceiros
e interessados no projeto, que é o e-mail parceiros@
capitaobarley.com.br, por onde organizamos nossa agenda
e passamos maiores detalhes das parcerias. A cozinha está
bem bacana e aberta pra receber cada vez mais parceiros
que estejam interessados em vir servir nossos marujos
sedentos (risos).
Vocês também dão cursos no bar. Quais são esses cursos?
Tivemos um curso básico de Produção de Cerveja Caseira,
e vamos colocar outra turma em breve, pois a procura é
grande. Estamos fechando boas parcerias para o futuro.
Teremos cursos de harmonização de cervejas artesanais
com comida, de degustação, e alguns mais voltados pra
cervejeiros caseiros (como o que acontecerá em breve,
sobre leveduras) e muito mais.
Vocês estão desenvolvendo um aplicativo, o “Sou
Marujo”. Pode adiantar alguma coisa disso?
O principal objetivo desse aplicativo é estreitar ainda mais
o relacionamento com nossos amigos clientes. Ele tem
algumas funções informativas, como poder consultar a
lista de chopes que estão sendo servidos no momento,
mas a principal função é o programa de fidelidade. Nessa
parte ,o “marujo” poderá consultar o que já consumiu no
nosso bar em cada dia, saberá quantos pontos acumulou,
receberá medalhas como nos games online, e também
poderá trocar seus pontos por brindes exclusivos ou
descontos. Exemplo: se o marujo bebe 10 cervejas do
estilo IPA (India Pale Ale) e tem pontos suficientes, com a
medalha desses pontos fica habilitado a resgatar o brinde
exclusivo da IPA (um boné ou camiseta, por exemplo) em
troca dos pontos.
Já que a gente falou em marujo,
de onde vem o nome do bar?
Pensamos em um personagem que pudesse conhecer
o mundo inteiro, por isso o Capitão. Além disso, as
navegações têm uma certa história em comum com a
cerveja. O estilo India Pale Ale tem esse nome porque
os ingleses navegavam muito para a India e, quando lá
chegavam, a cerveja não estava 100% boa pra consumo.
Daí, resolveram aumentar a quantidade de lúpulo nas
receitas do estilo Pale Ale, já que o lúpulo é uma planta
que tem conservantes naturais, pra ver se a cerveja
chegava ao país ainda em perfeitas condições. Deu certo!
Criaram assim um dos estilos mais apreciados no mundo
inteiro hoje em dia e batizaram-no como India Pale Ale.
Já Barley é a simples tradução de cevada do português
para o inglês.
Serviço:
Capitão Barley. Rua Cotoxó, 516, Pompeia, SP
Aberto de segunda a sexta, das 17 à 0h;
sábado das 12 à 0h, e domingo, das 14 às 22h
(11) 2609-9476
capitaobarley.com.br
4141
42
d i c a d e q u e m s a b e
Seleção Mensal
A Palavra na Ponta da Língua
Drinks
Notícias Agenda Saca só - Saca Rolha
Por aí Canteiro Dica Química Instagram
Objetos de Desejo Receita Prato do Famoso Almanaque
Seleção Grandes Vinhos Seleção Obras Primas
Na Cozinha Tem História
Entrevista IngredientesSaca só - Saca Rolha
T e x t o : P r i s c i l a U r b a n o
Supen, Zuppa, Soup, Soupe e Sopa. Em todas as
línguas, a sonoridade é praticamente a mesma
quando o assunto é esquentar. E como estamos numa
época em que o friozinho vem se manifestando com
frequência, vamos aproveitá-lo do melhor jeito: com
uma das melhores heranças que os europeus nos
legaram: a deliciosa, variada e sempre quentinha
sopa. Vamos nos deliciar com as dicas?
A sopa, você sabe, demanda tempo e panela pra ser
preparada e se tornar memorável. A variedade é
infinita em termos de ingredientes aromáticos e
guarnições, bem como a liberdade do cozinheiro,
que pode extravasar sua criatividade. Inclusive no
que servir e como servir. Seja quente, fria, entrada,
prato principal ou lanche, as possibilidades se
multiplicam. Existem três tipos de sopa:
• Sopa Creme – São sopas reduzidas ao purê e
finalizadas com creme de leite ou o clássico molho
bechamel (popularmente conhecido como molho
branco). Como guarnição, essas sopas podem ser
“enfeitadas” com pedaços do próprio ingrediente
principal, com croutons de bacon ou de pão,
cortadinhos em cubos pequenos.
• Sopa Purê – São sopas mais grossas, feitas com
purês de verduras e leguminosas, ou com feijões,
favas, batatas, mandioquinha, lentilhas, brócolis e
muitos outros. Depois de feito o purê, é adicionado
um caldo temperado e, como acabamento, podem
ser usados espessantes como manteiga (para dar um
leve brilho), leite, iogurte e/ou queijos cremosos.
• Velutè– Pode também ser considerado uma sopa,
pois trata-se de um caldo de vegetais, carnes, peixes
ou frutos do mar, bem temperado com aromáticos e
engrossado com espessantes naturais como batata,
abóbora, mandioca ou mandioquinha. Pode também
ser espessado com o roux, termo técnico que
designa uma emulsão de farinha e gordura.
Já o caldo, define-se como o molho do cozido de
legumes, verduras e proteínas, mesmo sendo
reaproveitável. Seu preparo exige certo cuidado
meticuloso. Os ingredientes devem ser escolhidos
a dedo, de boa qualidade e bastante sabor. Se usar
carnes, escolha as mais duras (como o músculo),
pois essas exigem maior tempo de cocção e soltarão
Sopase Caldos
43
g o s t i n h o d e c u r i o s i d a d e
T e x t o : P a u l o S a m ámais sabor em seu caldo. A proteína sempre
deve ser colocada em água fria, em fogo brando,
evitando ao máximo aquela ebulição abrupta e,
ao mesmo tempo, que as albuminas coagulem. Se
aparecerem espumas nas superfícies, devem ser
retiradas com a ajuda de uma espumadeira ou
uma concha, pois o caldo deve ser translúcido e
claro. Cada mestre ou mestra de cozinha tem o seu
próprio tempo de ebulição de um caldo, tornando-o
incomparável e distinto de qualquer receita. No
Nordeste, por exemplo, existe uma espécie de caldo
grosso chamado “remate”, podendo ser de carne
ou de peixe. Em seu preparo, primeiro separa-se
o molho do peixe, que foi cozido juntamente com
coentro, tomate e cebola. Depois, tempera-se esse
caldo e se adiciona pedaços do próprio peixe (ou
carne) juntamente com farinha de mandioca, milho
ou polvilho (para render a porção). O remate é
popularmente encontrado nas peixadas e nas casas
de família.
Outro exemplo de caldo é o consommé, iguaria
típica da França, cuja característica é ser
excepcionalmente suculento no sabor e claro como
cristal em seu aspecto. Em seu preparo é comum a
adição de algum ingrediente ácido na finalização,
como suco de limão, tomate, vinho seco ou vinagre.
Tais ingredientes irão avivar o sabor e aspectos
desejados. Lembre-se:
• Ao fazer caldos de frutos do mar e crustáceos com
casca, eles devem ser coados numa peneira bem
fina, para evitar algum resíduo de pedrinhas ou
grãos de areia.
• Membros da família do repolho, como a couve-flor,
não são muito adequados, pois são de forte sabor,
podendo sobressair sobre os demais ingredientes.
• Antes de servir, prove sempre suas preparações e
garanta a quantidade de sal adequada.
Bom Apetite!
Arde o olho, né? Bem, existe uma explicação
científica para a choradeira que ocorre toda
vez que se corta uma cebola. Na hora de
descascar, as células que se rompem no bulbo
passam por reações, liberando enzimas e
compostos que se transformam em ácido
sulfínico. Como ele é instável, logo vira um gás,
que você aspira e, como o nariz tem ligação
direta com as glândulas lacrimais, lá vem o
choro. Como as lágrimas têm lisosina, que
protege os olhos, a situação é só chatinha, não
faz mal a ninguém. Vai também uma dica:
deixando as cebolas na geladeira antes de
descascar, você diminui a ação das enzimas e
também a sensação de desconforto.
Por que a gente chora quandocorta cebola?
44
u m p r a t o n o t e m p o
T e x t o : F á b i o A n g e l i n i
“O homem não necessita apenas de um assassinato. Ele
também necessita de uma sólida refeição.” Através de
várias citações (culinárias) de Sir Alfred Hitchcock, fica
mais fácil desvendar o mistério da sua circunferência
abdominal. Ele, que amava eliminar alguém diante
das câmeras tanto quanto amava os restaurantes,
chegou a pesar 136 quilos no auge. Acabou entrando
para a posteridade pela espirituosidade e genialidade, o
tempero mórbido e o perfeccionismo.
O mestre do suspense (nascido em uma sexta-feira
13, de agosto) mandava vir de Londres carne de
carneiro e foie gras de Paris. Seus bifes tinham em
média um palmo de comprimento por quatro dedos
de altura. E uma galinha inteira poderia servir só de
entrada. Drink favorito? Martini. Era um aficionado
da cultura etílica britânica e da elegante gastronomia
francesa, de sorvetes de creme e batatas fritas. Um
gourmet e glutão confesso. Se gula fosse crime, ele
seria acusado, sentenciado e enjaulado.
Sua relação obsessiva com o universo da comida é
saboreada em muitos dos 53 longa-metragens que
rodou. A começar por um dos primeiros, intitulado
“Champagne”, de 1928. Em “Cortina Rasgada”, o
bandidão sofre: numa única cena, é agredido com
um caldeirão de sopa, uma faca de cozinha, e recebe
o golpe final num forno de fogão. O serial killer de
“Frenesi” é um verdureiro, enquanto que o clímax
de “Os Pássaros” acontece numa lanchonete de
Bodega Bay. As tramas de “Pacto Sinistro” e “Intriga
Internacional” têm lugar no vagão-restaurante de
um trem. Em “Interlúdio”, há café com arsênico. O
caso mais macabro é o do jantar de “Festim Diabólico”,
servido sobre o baú que oculta um cadáver.
Disque “M” para mastigar
Hitchcock Alfred
45
Hitchcock comia de tudo, menos peixes, frutos do
mar e, particularmente, ovos. Em uma passagem de
“Ladrão de Casaca”, a atriz Jessie Royce Landis (mãe
de Grace Kelly no filme) apaga seu cigarro sobre um
ovo estrelado. O gesto é mais que simbólico, parece
um tipo de vingança pessoal do cineasta. “Você já
viu algo mais revoltante de que uma gema de ovo
quebrando e derramando seu líquido amarelo? O
sangue é alegre, vermelho. Mas a gema do ovo é
amarela, revoltante. Eu nunca a provei.”
Paradoxalmente, seu prato preferido, Quiche
Lorraine, tem o ovo como um dos principais
personagens. Talvez o diretor tenha se interessado
antes pelo enredo enigmático da iguaria do que
pelo sabor. Durante muito tempo, ela foi alvo de
disputa territorial, cuja origem era reivindicada
por Alemanha e França. Motivo: a região onde
INGREDIENTES:
Para a massa Briseé
- 125g de manteiga gelada e
cortada em cubos
- 250g de farinha de trigo
- 1 colher (café) de sal
- 1 ovo
- 3 colheres (sopa) de água
gelada
foi criada (hoje, Alsácia Lorena) pertencia à
Alemanha até 1945. O próprio termo “quiche” vem
do alemão “küchen”, que quer dizer torta. Então,
é exato que a quiche nasceu alemã, mas foi sob o
domínio dos franceses que atingiu a excelência e o
reconhecimento mundial.
Originalmente recheada à base de creme de
leite, ovos e bacon, esta torta aberta, deliciosa,
versátil, ganhou versões com alho-poró, espinafre,
cogumelos, salmão e legumes, entre outras. Sempre
com o acréscimo de um queijo parmesão, brie,
camembert, roquefort ou gruyére.
Se em suas obras, Hitchcock sempre fazia uma
ponta, nas entrevistas também dava pistas sobre o
que gostava ou desgostava, utilizando metáforas de
mesa. “Certos filmes são pedaços de vida. Os meus
são pedaços de torta”.
PREPARO DA MASSA
Prepare a massa briseé em uma tigela, misture a manteiga com
a farinha de trigo e o sal com as pontas dos dedos, até obter
uma farofa grossa. Junte o ovo e a água e mexa rapidamente
sem sovar, formando uma bola de massa. Embrulhe com filme
plástico e reserve na geladeira por pelo menos 30 minutos. Abra
a massa com um rolo até atingir cerca de 4mm de espessura.
Forre com ela o fundo e as laterais de uma forma com fundo
removível. Com um garfo, fure a base da massa, forre-a com
papel-alumínio e coloque por cima grãos de feijão crus até cobrir
todo o papel. Isso não deixará a massa inflar. Asse a massa em
forno preaquecido a 200 °C por cerca de 15 minutos. Retire do
forno, recolha os feijões e descarte o papel-alumínio.
PREPARO DO RECHEIO
Doure o bacon na manteiga e distribua-o sobre a massa assada.
Em uma vasilha, bata os ovos com o creme de leite fresco.
Acrescente o sal, a pimenta e a noz-moscada. Coloque essa
mistura sobre o bacon. Leve ao forno preaquecido a 220°C e asse
por cerca de 30 minutos.
Sugestão de acompanhamento: salada verde temperada com
vinagrete, ligeiramente perfumada com mel e cominho.
Tempo de preparo: 1 hora
Cozimento: 30 minutos
Rendimento: 4 porções
Para o recheio
- 250g de bacon magro
defumado cortado em cubinhos
- 1 colher (sopa) de manteiga
- 4 ovos
- 300ml de creme de leite fresco
- Sal a gosto
- Pimenta-do-reino a gosto
- Noz-moscada a gosto
Quiche Lorraine
46
n e m m a i s n e m m e n o s
T e x t o : P a u l o S a m á
By chef Eugenio Lorainev
Eugenio Lorainev é Head chef no Buffet Nectar
Gastronomia. Como cozinha para grupos de pessoas,
tem sempre os números na ponta da língua.
É melhor sobrar do que faltar? Claro que não. Menos é mais? Nada
feito. Bom mesmo é não sobrar nem faltar. O chef Eugenio Lorainev
tem as medidas certas para você, que ama cozinhar, receber e servir
os amigos e a família, mas não aceita desperdícios. Delicie-se!
Já era hora do chef Eugenio voltar seus olhos
para os singles, não acha? Pois bem, imploramos
e o chef nos enviou uma receita ótima para quem
é - ou está, mesmo que não queira - solteiro. Sim,
porque também há os convictos, certo? Com esta
receita, você que mora sozinho não passará aperto
na cozinha e terá um prato delicioso para agradar
alguém muito importante: você mesmo.
Ingredientes: 60g de mini-farfalle; 300g de creme
de leite; 20g de nozes; 4 aspargos; 1 pera; 20ml de
azeite; 5g de cebola; 1g (ou o que bastar) de pimenta-
do-reino; 1g (ou o que bastar) de sal; 15g (ou o que
bastar) de parmesão ralado na hora, e manjericão a
seu gosto para decorar.
Mini-farfalle com molho
branco, aspargos, pera
e nozes, para uma pessoa
MÃO NA MASSA
Refogue a cebola no azeite, acrescente o creme
de leite e refogue por 5 minutos em fogo baixo.
Enquanto isso, leve o macarrão para cozinhar por 6
minutos ou até ficar semi-al-dente. Limpe o aspargo
e corte-o ao meio, pique grosseiramente as nozes,
corte a pera em cubos e acrescente ao molho ainda
no fogo. Coloque o parmesão ralado, acerte o sal
e a pimenta-do-reino. Escorra a massa e misture
ao molho. Em seguida, decore com o manjericão
e sirva. Ou melhor, sirva-se. Você está na melhor
companhia possível.
47
Sociedade da Mesa
é muito bem-vinda
e não paga rolha
São Paulo - Capital
ARGENTINABÁRBARO São Paulo Rua Dr. Sodré, 241A, Vila Olímpia (11) 3845-7743
CHE BÁRBARO São Paulo Rua Harmonia, 277, Vila Madalena (11) 2691-7628
ESTAÇÃO LEOPOLDINA SBC Avenida Imperatriz Leopoldina, 420 (11) 2564-7445
CONTEMPORÂNEA011 GASTRONOMIA São Paulo Rua Artur de Azevedo, 613, Pinheiros (11) 3459-4282
CASUAL MIL São Paulo Rua Hungria, 1.000, Jardim Europa (11) 2579-1029
CENA SBC SBC Rua Doutor Fláquer, 571, Centro (11) 4123-2799
TÊTE À TÊTE São Paulo Rua Melo Alves, 216, Jardins (11) 3796-0090
VIA CASTELLI São Paulo Rua Martinico Prado, 341, Higienópolis (11) 3662-2999
ESPANHOLACALÀ DEL GRAU São Paulo Rua Joaquim Távora, 1.266, Vila Mariana (11) 5549-3210
MARIPILI São Paulo Rua Alexandre Dumas, 1.152, Chácara Sto Antônio (11) 5181-4422
PAELLAS PEPE São Paulo Rua Bom Pastor, 1.660, Ipiranga (11) 3798-7616
TORERO VALESE São Paulo Rua Horácio Lafer, 638, Itaim Bibi (11) 3168-7917
MUSEO VERONICA São Paulo Rua Tuim, 370, Moema (11) 5051-2654
FRANCESAFREDDY São Paulo Rua Pedroso Alvarenga, 1.170, Itaim Bibi (11) 3167-0977
LIMONN São Paulo Rua Manuel Guedes, 545, Jardim Europa (11) 2533-7710
L’ENTRECÔTE DE PARIS São Paulo Av. Magalhães de Castro, 12.000, 3° andar (11) 3198-9465
- Shopping Cidade Jardim
s a c a - r o l h a
saca rolha
Aqui nesta coluna, publicamos bares e restaurantes onde você, associado da
Sociedade da Mesa, poderá desfrutar de bons ambientes e boa gastronomia,
com a liberdade de levar seu próprio vinho sem pagar a rolha! *
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48
ITALIANAANTONIETTA São Paulo Rua Mato Grosso, 402, Higienópolis (11) 3214-0079
BRÁZ TRATTORIA São Paulo Av. Magalhães de Castro, 12.000, Shop. Cidade Jardim (11) 3198-9435
COSI São Paulo Rua Barão de Tatuí, Santa Cecília (11) 3826-5088
GRAZIE A DIO! São Paulo Rua Girassol, 67, Vila Madalena (11) 3031-6568
GENOVA São Paulo Rua Lisboa, 346, Pinheiros (11) 3064-3438
LA GRASSA São Paulo Av. Juriti, 32, Moema (11) 3053-9303
NICO São Paulo Rua Costa Aguiar, 1.586, Ipiranga (11) 2068-3000
BOTTEGA PARADISI São Paulo Rua Pirapora, 218, Paraíso (11) 3052-1473
SPADACCINO São Paulo Rua Manuel Guedes, 542, Itaim Bibi (11) 3032-8605
ZEFFIRO São Paulo Rua Frei Caneca, 669, Consolação (11) 3259-0932
JAPONESAKAPPA & KANASHIRO São Paulo Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr., 524 Itaim Bibi (11) 2691-8003
PORTUGUESABACALHAU & VINHO VERDE SBC Rua Padre Lustosa, 388, Centro (11) 4123-5651
URUGUAIAEL TRANVIA São Paulo Rua Conselheiro Brotero, 903, Santa Cecília (11) 3664-8313
VARIADASACRA ROLHA São Paulo Rua Rio Grande, 304, Vila Mariana (11) 4304-0300
PRAÇA SÃO LOURENÇO São Paulo Rua Casa do Ator, 608, Vila Olímpia (11) 3053-9300
São Paulo - Interior e LitoralBRASILEIRABROTAS ZEN BISTRÔ Brotas Rodovia Brotas-Patrimônio, Km 15 (14) 99121-8040
CHURRASCOCENÁRIO CHURRASCARIA Campinas Rua Coronel Quirino, 1.682 – Cambuí – Campinas - SP (19) 3252-5333
CONTEMPORÂNEACEDRO Sto. Ant. do Pinhal Estrada do Pico Agudo, km 5 (12) 3666-1713
ESPAÇO W Ubatuba Av. Marginal, 2.244, Praia Grande (12) 3835-1374
RONCO DO BUGIO Piedade Estrada PDD, 128, Bairro dos Pires (11) 8259-7788
LION Santos Rua Dr. Tolentino Flgueiras, 16, Gonzaga (13) 3284-1895
RESTAURANTE GATO GORDO Campos do Jordão Rua Glicinias, 70, Descansópolis (12) 3663-2973
ITALIANAPASTA DEL CAPITANO Ilhabela Av. Pedro Paula de Morais, 703 (12) 3896-5241
INTERNACIONALLE PALMIER
RESTAURANTE E BAR S.J. dos Campos Av. Heitor Villa Lobos, 821, Mezanino, Vila Ema (12) 3911-2778
PORTUGUESAVILA DON PATO São Roque Estrada do Vinho, km 2,5 (11) 4711-3001
URUGUAIAEL TRANVIA Campinas 3º piso do Shopping Iguatemi (19) 3294-1345
EL TRANVIA Sorocaba Ala Sul do Shopping Iguatemi Esplanada (15) 3243- 9221
49
Outros Estados
BRASILEIRACASA COUPÊ Paraty/RJ Praça Monsenhor Hélio Pires, 6, Centro Histórico (24) 3371-6008
DIVINA GULA Maceió/AL Av. Eng. Paulo Brandão Nogueira, 85 (82) 3235-1016
CONTEMPORÂNEACATANZARO RISTORANTE Curitiba/PR Av. Sete de Setembro, 4.211, Batel (41) 3340-4000
DEL BARBIERE Porto Alegre/RS Rua Jerônimo Coelho, 188, Centro (51) 3019-4202
DIVINO Nova Lima/MG Quinta Avenida, 144 - Loja 6, Vale do Sol (31) 3541-4272
MARGARIDA CAFÉ Paraty/RJ Praça Macedo Soares, 1.829, Centro Histórico (24) 3371-2441
ORIGENS Curitiba/PR Av. Sete de Setembro, 5290, Batel (41) 3351-2222
CARMELA CAFÉ & BISTRÔ Curitiba/PR Rua Conselheiro Araújo, 90, loja 02, Centro (41) 3779-3979
TRIO GASTRONOMIA Brasília/DF CLS 213, Bloco A, Loja 27 - Asa Sul - Brasília - DF (61) 3346-2845
FRUTOS DO MARREI DO CAMARÃO Curitiba/PR Rua Lívio Moreira, 215, São Lourenço (41) 3252-9051
ROSSO RESTÔ Florianópolis/SC Rodovia Gilson da Costa Xavier, 201, Centro (48) 3206-7665
ITALIANAARTUSI RISTORANTE Florianópolis/SC Rua Bocaiúva, 2.090, Centro (48) 3037-2228
DEGLI ANGELI Belo Horizonte/MG Rua Francisco Deslandes, 156, Anchieta (31) 3281-7965
DOMENICO Porto Alegre/RS Rua Pe. Chagas, 293, Moinhos de Vento (51) 3389-2731
PANTUCCI TRATTORIA Curitiba/PR Rua Barão de Guaraúna, 553, Juvevê (41) 3205-3883
VILA RICA Belo Horizonte/MG Av. Fleming, 900, Pampulha (31) 3646-9946
LA TAMBOUILLE Brasília/DF Park Shopping, Espaço Gourmet, SAI/SO, (61) 3047-5925
área 6.580, CCCV, loja 249 K1, Guará
PERUANATAYPÁ Brasília/DF QI 17, Comercial, Bloco G - Fashion Park, Lago Sul (61) 3248-0403
DON RALF Goiânia/GO Alameda Couto Magalhães, 685, Setor Pedro Ludovico (62) 3255-6185
FRANCESATOUJOURS BISTROT Brasília/DF CLS, Quadra 405 sul, Bloco D, Lojas 16-18, Asa Sul (61) 3242-7067
L’ENTROCOTE DE PARIS Belo Horizonte/MG Rua Marília de Dirceu, 189, Bairro de Lourdes (31) 3327-4959
OUI RESTAURANTE Salvador/BA Rua Dom Marcos Teixeira, 25, Barra (71) 3321-4765
FRANCO-ITALIANADUO CUISINE Curitiba/PR Rua Desembargador Costa Carvalho, 151, Batel (41) 3244-2574
JAPONESAYOKOHAMA Curitiba/PR Av. Sete de Setembro, 4.838, Batel (41) 3042-8228
INTERNACIONALCAFÉ COM LETRAS LIBERDADE Belo Horizonte/MG Praça da Liberdade, 450 - Bairro Funcionários (31) 3267-9929
(dentro do CCBB-BH)
CAFÉ COM LETRAS SAVASSI Belo Horizonte/MG Rua Antônio de Albuquerque, 781 (31) 3225-9973 - Bairro Funcionários
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Saca só - Saca RolhaNovidades no Programa Saca-Rolha
CassianoTipo de culinária: portuguesa Endereço: Hotel Golden Tulip - Colinas Shopping - Av. Major Naked, 144 - São José dos Campos - SP
Telefone: (12) 3131-4141
Horário de funcionamento: das 6 às 10h, café da
manhã; das 12 às 15h, almoço e das 18h30 às 23h
Capacidade: 80 lugares
Site: www.cassianorestaurante.com.br
Instagram: CASSIANORESTAURANTE
Facebook: facebook.com/cassianorestaurante
Wi-fi: Sim
Vallet: Sim
Compotta Comida CasualTipo de culinária: brasileira Endereço: Rua Paschoal Bardaro, 2.266, Ribeirão Preto - SP
Telefone: (16) 3965-4515
Horário de funcionamento: terça a sábado, das 11
às 15h e das 18h30 às 23h. Domingo, das 12 às 16h.
Segunda, das 11 às 15 h
Capacidade: 100 lugares
Site: www.compotta.com.br
Instagram : compotta comida casual
Facebook: compotta comida casual
Wi-fi: sim
Vallet: não
Safári Restaurante e BarTipo de culinária: contemporânea Endereço: Rua Djalma Forjaz, 139 - Capivari - Campos do Jordão - SP
Telefone: (12) 3663-4936
Horário de funcionamento: das 11 à 1h
Capacidade: 120 lugares
Site: www.safaricamposdojordao.com.br
Instagram: safari_restaurante
Facebook: Safari Campos do Jordão
Wi-fi: sim
Vallet: não
Senac Restaurante-EscolaTipo de culinária: alemãEndereço: Alameda Rio Branco, 165 – Jardim Blumenau - Blumenau - SC
Telefone: (47) 3222-0005
Horário de funcionamento: segunda a sábado, das
11h30 às 14h; de terça a sábado, das 18 às 23h
Capacidade: 120 lugares
Site: restaurante.sc.senac.br
Instagram: senacrestauranteescola
Facebook: SenacRestauranteEscola
Wi-fi: sim
Vallet: estacionamento anexo – no almoço 1 hora
de cortesia, no jantar o período inteiro
51
s a c a - s ó
Neste espaço colocaremos receitas
especiais de restaurantes que participam
do nosso Programa Saca-Rolha.
Seja muito bem vindo e bom apetite.
Polvo Pomodori R e s t a u r a n t e T o r e r o V a l e s e
Rendimento: 2 porções
INGREDIENTES
- 2 tentáculos de polvo já cozido cortados em cubos
de 2cm
- 5 tomates italianos cortados grosseiramente
- 1 colher (sobremesa) de cebola roxa picada
- 1 dente de alho picado
- 30ml de azeite extra virgem
- 30ml de vinho branco seco
- Folhas de manjericão fresco a gosto
- Pimenta moída e sal a gosto
saca só
PREPARO
- Em uma frigideira antiaderente, coloque o azeite e
doure a cebola e o alho.
- Despeje os tomates de forma que ocupe a frigideira
por completo e cozinhe até que o tomate reduza
pela metade.
- Adicione o vinho branco e espere que evapore o
álcool.
- Junte o polvo, tempere a gosto e cozinhe por 3
minutos.
- Desligue o fogo e coloque as folhas de manjericão.
E, se desejar, um fio de azeite de oliva virgem.
- Sirva com pão tostado.
5252
c o i s a n o s s a
T e x t o : A m a n d a I v a n o v
Ícone da culinária paraense e muito popular na
região Norte, o Pato no Tucupi é um prato que,
como diz o nome, nada mais é do que a carne de
pato cozida no tucupi, subproduto extraído da
mandioca por um artesanal processo de produção,
herdado dos costumes dos indígenas. A utilização
do pato na receita foi influenciada pela colonização
portuguesa, mesclando os costumes das duas
culturas na época.
Reza a lenda que o Pato no Tucupi surgiu para ser
servido em ocasiões especiais, como na procissão Círio
de Nazaré, cortejo católico realizado há mais de dois
séculos em Belém, no Pará, aderido por muitos fiéis na
região. O prato, com o passar dos anos, consolidou-se
como tradicional no almoço do Círio dos paraenses.
Feito com muito cuidado, o prato tem a carne do
pato embebida no molho do tucupi, depois assada
no forno e incluída no caldo. Na hora de preparar,
o tucupi é adicionado ao jambu, uma hortaliça
típica da região e que tem aditivos que fazem
os lábios tremerem, ocasionando uma sensação
diferente e, para muitos, deliciosa.
A chef Ana Luiza Trajano, do restaurante Brasil a
Gosto, conta que a acidez do tucupi deixa a carne
bem macia e no paladar se equilibra com a gordura
do pato, “criando assim um dos pratos mais icônicos
do nosso país”. Geralmente, a iguaria é servida
acompanhada por arroz branco ou farinha de
mandioca e pimenta-de-cheiro.
Pato no tucupi, tradição no Círio Paraense
N ú m e r o s n a m e s a
T e x t o : F á b i o A n g e l i n i
No Brasil, 6 em cada 10 adultos têm excesso de peso, e 2 deles são obesos. Sabe
quanta energia é necessária consumir para ganhar 1 quilo? Cerca de 8.000 calorias.
Mais longo é o caminho inverso, do emagrecimento. Na saúde alimentar, sempre
surge uma nova teoria ou dieta que desbanca as anteriores. Mesmo o valor
calórico diário da OMS (2.500 kcal para homens e 2.000 kcal para mulheres),
não é exato. Melhor usar a fórmula de Harris-Benedict, que leva em conta
peso, altura, idade e nível de atividade física. O que, como e o quanto comer é a
pergunta que não cala. Parece ser consenso que o ideal é fazer de 5 a 6 refeições ao
dia, com equilíbrio e diversidade, para evitar a monotonia. Também é essencial manter-
se ligado nos números. Em 100g de manteiga sem sal, por exemplo, há 38% dos lipídios de que
precisamos no dia. Um item riquíssimo em carboidratos bons? O feijão preto: são 63g em 100g. O
campeão em proteína animal? Carne de frango: 33g. Já o farelo de arroz é composto por 50% de
fibras. Dúvidas na matemática da saúde, chame o nutricionista. Para comer bem e comer certo.
A equação da nutrição
535353
t o q u e t e c h
T e x t o : F á b i o A n g e l i n i
A impressora 3D de alimentos é mais uma daquelas invenções
que parecem saídas de uma obra de Isaac Asimov ou da cabeça de
Steve Jobs. Elas saíram é do forno e estão à venda. Imagine ter um
prato pronto de ravioli em 2 minutos. A técnica emergente mistura
experiência em comida, ciência dos materiais e tecnologia de impressão
3D. Não pense que a receita já vem impressa quentinha e cozida, ainda
não se chegou a tal ponto. Nem se cria um alimento a partir do nada,
assim como as impressoras jato de tinta não produzem tinta. Após
selecionada a receita (do visor touch, da web ou de um pendrive), os
ingredientes necessários são inseridos em compartimentos próprios,
na medida. Pressione o botão e a máquina faz o resto: imprime (fabrica)
camada por camada de diversas estruturas, do crocante ao gel macio.
Os modelos atuais fazem chocolate, massas, bolos, pizza, marzipan,
cupcake, biscoitos, macarrão, torradas. Não demora muito, farão
carnes, frutas e produtos lácteos. Mão na roda para ganhar tempo e
para quem não tem intimidade com a cozinha. Os céticos reclamam
da ausência de magia e química no processo, mas até os chefs
têm se mostrado interessados, pois visualizaram as possibilidades
tridimensionais: proporcionar experiências e texturas diferentes ao
paladar, obter designs geométricos inatingíveis manualmente, eliminar
desperdícios com comida. Neste último quesito, vislumbra-se até
uma solução para alimentar a crescente população do planeta. Mais
prudente, então, abrir a mente. Amanhã, você pode ter à sua frente
uma impressão de caviar de fruta feito de gelatina.
IMPRESSORAS 3dDE ALIMENTOS
54
e s t o q u e
54
nosso estoque
Nit Del Foc (Espumante)EspanhaUvas: 90% Macabeo e 10% ChardonnayÁlcool: 13%
R$ 61,60
Principe del Sole 2013ItáliaUvas: 50% Sangiovese e 50% MerlotÁlcool: 13%
R$ 63,69
Partal de Autor 2005EspanhaUvas: 60% Monastrell, 20% Syrah, 10% Tempranillo, 7% Cabernet Sauvignon e 3% MerlotÁlcool: 14,5%
R$ 102,30
Taste 2013 Shiraz / Cabernet SauvignonÁfrica do SulUvas: 60% Shiraz e 40% Cabernet SauvignonÁlcool: 13,6%
R$ 57,90
Taste 2014 Chenin BlancÁfrica do SulUva: 100% Chenin BlancÁlcool: 12,6%
R$ 57,81
Magnesia 2013 Kalecik KarasiTurquiaUva: 100% Kalecik KarasiÁlcool: 14%
R$ 61,16
Castelvero Le Stelle 2012ItáliaUva: 100% BarberaÁlcool: 14,5%
R$ 51,15
Three French Hens 2014FRANÇAUvas: 60% Merlot e 40% Mourvédre (Monastrell)Álcool: 13,5%
R$ 67,50
Seleção Mensal Seleção Especial Seleção Grandes Vinhos Seleção Obras Primas
Magnesia 2013 ÖküzgözüTurquiaUva: 100% ÖküzgözüÁlcool: 13,5%
R$ 62,48
Faça suas compras por telefone (0800 774 0303) ou site até o
último dia do mês, e receba juntamente com sua próxima caixa
de vinhos. Pedidos sujeitos à confirmação no estoque.
CA DI’ PONTI NERO D’AVOLA 2014ITÁLIAUva: 100% Nero D’AvolaÁlcool: 14%
R$ 66,00
ESTANCIA LOS CARDONES TIGERSTONE 2012ARGENTINAUva: 100% MalbecÁlcool: 14%
R$ 249,00
WEST LANE WINERY 2012E.U.A.Uva: 100% CarignaneÁlcool: 14,5%
R$ 59,00
5555
Tetramythos Agiorgitiko 2013GréciaUva: 100% AgiorgitikoÁlcool: 13%
R$ 54,89
Château Lalande D’Auvion 2012 FRANÇAUvas: 50% Merlot e 50% Cabernet SauvignonÁlcool: 13%
R$ 145,00
Se você vai fazer um evento, festa ou jantar, e precisa de vinhos, consulte-nos. Consignamos
o vinho para você. Assim, não sobrará nem faltará. Sem contar que será um prazer ajudá-lo a
escolher o vinho mais adequado para a ocasião. Pedido mínimo de 10 garrafas.
Vinhos em consignação
LAS PERDICES ANCELLOTTA 2013 argentinaUvas: 100% AncellottaÁlcool: 14,5%
R$ 134,50
Lidio Carraro Tannat Grande Vindima 2011 BRASILUvas: 100% TannatÁlcool: 16%
R$ 186,00
COLOMA ROSADO 2015ESPANHAUvas: 100% Pinot NoirÁlcool: 12,5%
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COLOMA SELECCIÓN 2014ESPANHAUvas: 100% Garnacha TintoreraÁlcool: 14,5%
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LAS PERDICES CABERNET FRANC argentinaUvas: 100% Cabernet FrancÁlcool: 14,5%
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DE GRAS GRAN RESERVA CABERNET SAUVIGNON 2015 chileUvas: 70% Cabernet Sauvignon, 15% Garnacha e 15% SyrahÁlcool: 13%
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DE GRAS GRAN RESERVA CARMENÈRE 2015 chileUvas: 100% CarmenèreÁlcool: 13,5%
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Atenção: Todos os vinhos do nosso estoque estão harmonizados. Confira na revista on-line e saboreie o melhor da culinária com nossos vinhos.
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m o m e n t o s
meu momentosociedade da mesa
Bons vinhos, bons pratos e boas companhias
proporcionam momentos especiais, que
chamamos de Momentos Sociedade da Mesa.
Compartilhe conosco. Seu momento pode ser
selecionado e aparecer nesta coluna.
@arturpenaneto: #meumomentosociedadedamesa #sabado
@_jujulacerda: Pra começar bem a semana, assistindo mais uma vez à final do #thetastebrasil na companhia do #thetaste #boanoite #vinho #cheninblanc #meumomentosociedadedamesa
@alexandrecereja: Em plena terça feira, #meumomentosociedadedamesa
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Compartilhe seu Momento
Sociedade da Mesa Conosco.
Poste no Instagram suas
fotos que traduzem melhor
este momento com a
#meumomentosociedadedamesa
e marque nosso perfil
#sociedadedamesa. As fotos
escolhidas por nossa equipe serão
publicadas aqui na revista.
@tinafranck9999: Cia para o sábado à noite #terresiciliane #nerodavola #cadiponti #vinorosso #redwine #vinotinto #tinto #quelindalavida #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa
@rhyanpinheiro: #sociedadedamesa #meumomentosociedadedamesa
@kassiayukie: Comemorando a volta do frio! #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa
@loyalbarado: Melhor momento do dia é quando chega minha seleção #amantedevinho #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa
@simonesteffenc: O jantar está pronto!! #meumomentosociedadedamesa #sociedadedamesa #hojepode #argentinianwine
@chicobritto: Inaugurando a seleção! #meumomentosociedadedamesa
@kklaudinha: #eueele #love #vinho #sociedadedamesa #meumomentosociedadedamesa #frio #outonoinverno2016 #californiawine
@germanomartins1: #meumomentosociedadedamesa
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p o r D a r i o T a i b o
selecionadop r ó x i m a s e l e ç ã o o b r a s - p r i m a s
agosto
Lembre-se de nos comunicar quaisquer alterações no envio do mês de agosto, tais como alteração de quantidades, pedidos adicionais ou suspensão até o último dia deste mês de julho. Pedidos sujeitos à confirmação no estoque.
La Bogliona 2009 Barbera d’Asti Superiore DOCGItália
Valor para
associado: R$ 263,00
Valor aproximado
de mercado:R$ 380,00
É um orgulho e um prazer apresentar a Seleção Obras-Primas com
este grande vinho, o Bogliona 2009 Barbera d’Asti Superiore. Este
vinho icônico conseguiu dois feitos interessantes: que se falasse
em outra uva na região, além da Nebiollo, e tornou a bodega
Scarpa uma referência em trabalho vinícola no Piemonte.
Antica Casa Vinicola Scarpa foi fundada por Antônio Scarpa em
1854. A reputação de Scarpa começou a partir das década de 1960
e 1970, de mãos dadas com Mario Pesce, com a bodega comprada
por seu pai alguns anos antes. Mario era obcecado por respeitar as
tradições e a história de sua região. Os 40 anos de sucesso foram
prolongados com a venda da bodega, em 2001, para os atuais
proprietários, Maria Piera Zola e sua família, que mantiveram
uma longa amizade com Mario Pesce, o qual havia confiado a
eles a continuidade de sua obsessão por elaborar vinhos de alta
gama com as variedades autóctones de Piemonte, sem pressa, com
muita paciência e paixão.
A bodega sempre foi fiel aos seus princípios, e se negou, ao longo
da história, a seguir as tendências do mercado. Não se cultivam
variedades internacionais para manter o estilo único da tradição
local de Piemonte. A gama inclui a Barbera d’Asti, a Dolcetto
d’Acqui, a Freisa, a Brachetto, a Nebbiolo d’Alba, a Barbaresco, a
Barolo e a Rouchet.
La Bogliona 2009 Barbera d’Asti Superiore manteve a identidade
da bodega, fruto do mesmo rigor enológico escrupuloso que
caracterizou os últimos 160 anos de sua história, que se manteve
através das cinco famílias proprietárias de Scarpa. Assim é este
vinho: pura tradição sem utopias. Um vinho que não tem pressa,
com longa maceração após a fermentação alcóolica, crianza de 36
meses em “botti” de carvalho francês do bosque de Allier, e não
menos do que 3 anos de repouso em garrafa, fazendo com que um
vinho como este, da próxima Seleção Obras-Primas, seja um vinho
maduro, redondo, uma perfeita simbiose entre uma fruta delicada
e uma elegância de taninos, que nos faz desfrutar de cada gole
como se do último se tratasse.
País: Itália
Região: Piemonte
Indicação Geográfica: Barbera d’Asti
Superiore DOCG
Uvas: 100% Barbera
Crianza: 36 meses em barril (45 hl) de
carvalho francês
Álcool: 14,5% vol.
Produtor: Antica Casa Vinicola Scarpa
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selecionado
Lembre-se de nos comunicar quaisquer alterações no envio do mês de agosto, tais como alteração de quantidades, pedidos adicionais ou suspensão até o último dia deste mês de julho. Pedidos sujeitos à confirmação no estoque.
p r ó x i m a s e l e ç ã o m e n s a l
agostop o r D a r i o T a i b o
O Levante espanhol é um desses oásis enológicos do país,
onde continua sendo um prazer descobrir bodegas como
a Arráez, que estamos apresentando este mês. Situada em
Fuente la Higuera, Valencia, esta centenária bodega, que data
de 1916, surgiu originalmente da união de vários viticultores
que se juntaram para elaborar sua própria colheita. Em 1950,
Don Antonio Arráez Garridos adquiriu as bodegas e iniciou a
comercialização de seus vinhos engarrafados. Atualmente, o
neto Toni é o diretor técnico e a alma deste novo projeto, que
depois de se formar em várias bodegas da Rioja, Ribeira del
Duero e da Comunidade de Valencia, decidiu encarregar-se
das modificações e inovações da bodega familiar, apoiando-se
no potencial vitivinícola de sua região. Sua visão começou
com a introdução de vinhos mais modernos e atuais, sem
perder a personalidade da região e a longa tradição da família
Arraéz.
São vinhedos singulares situados a 90 quilômetros do Mar
Mediterrâneo e a mais de 600 metros de altitude, entre dois
vales onde há um microclima Mediterrâneo-Continental,
que somado a solos pobres, forma o binômio perfeito para o
cultivo de uvas com a qualidade e a origem dos vinhos que
estamos apresentando - Casas de Herencia 2014, um coupage
Tempranillo e Monastrell com uma crianza de 6 meses, em
perfeita harmonia entre a fruta e a crianza; e o Eduardo
Bermejo 2014, 100% Tempranillo, de vinhedos com mais de
30 anos de idade e uma breve crianza de somente 4 meses,
buscando a conjugação de frescura e complexidade.
Estes dois vinhos da Bodegas Antonio Arráez são uma
surpresa. Um presente enológico que, temos certeza, será
valorizado por nossos associados.
Casas de Herencia 2014D.O. ValenciaEspanha
Eduardo Bermejo 2014D.O. ValenciaEspanha
Valor para
associado: R$ 61,30
Valor aproximado
de mercado: R$ 80,00
Valor para
associado: R$ 61,70
Valor aproximado
de mercado: R$ 80,00
País: Espanha
Região: Levante
Indicação Geográfica: D.O. Valencia
Uvas: 50% Tempranillo e 50% Monastrell
Crianza: 6 meses de crianza em barris
de carvalho francês e americano
Álcool: 13% vol.
Produtor: Bodegas Antonio Arráez
País: Espanha
Região: Levante
Indicação Geográfica: D.O. Valencia
Uvas: 100% Tempranillo
Crianza: 4 meses em barris,
principalmente de carvalho americano,
além de francês e húngaro.
Álcool: 13% vol.
Produtor: Bodegas Antonio Arráez
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Sem título-1 1 13/06/2016 15:26:11