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Page 1: Jovens Agricultores #117a própria AJAP o divulgue e ajude a implementá-lo, para que tenhamos cada vez mais jovens integrados nesta medida e a beneficiar dos apoios que dela decorrem,

Associação dos Jovens Agricultores de PortugalDiretor: Eduardo Almendra

Revista Trimestral JAN|FEV|MAR| 2019 | Distribuição Gratuita

JovensAgricultores #117

JA � JOVENS AGRICULTORESJER � JOVENS EMPRESÁRIOS RURAISAgricultores Portugueses, Espaço Rural e AgriculturaGRANDE ENTREVISTA com Luís Capoulas SantosMinistro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

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SER JA � JOVEM AGRICULTOR,DESAFIOS DA AGRICULTURA

SER JER � JOVEM EMPRESÁRIO RURAL,NOVOS DESAFIOS NO TERRITÓRIO

NOÇÕES DE EMPREENDEDORISMO,OPORTUNIDADES E FINANCIAMENTOS

COMO DEVES PROCEDERPARA SERES CANDIDATO AOS PRÉMIOS

Co-parceria: Apoio:

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ÍNDICE

4 EM FOCO Novos Desafios, Novos Compromissos, por Firmino Cordeiro, Diretor Geral da AJAP

6 GRANDE ENTREVISTA O Estatuto do Jovem Empresário Rural

«A nossa expectativa é que os jovens aproveitem bem este novo instrumento e que a própria AJAP o divulguee ajude a implementá-lo, para que tenhamos cada vez mais jovens integrados nesta medida e a beneficiardos apoios que dela decorrem, contribuindo para ajudar a equilibrar o território», por Luís Capoulas Santos,Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

8 OPINIÃOO que é preciso para gerar uma nova dinâmica nos Espaços Rurais?, por Vânia Rosa, Diretora Executivada EY-Augusto Mateus & Associados

10 DOSSIER CENTRAL JER � Jovem Empresário Rural: Uma nova dinâmica para os Espaços Rurais

12 «Acreditamos que estamos no caminho de dar prioridade às questões do interior e a criação do JER é maisum sinal nesse sentido», por Miguel Freitas, Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural

15 «O Crédito Agrícola tem sido um grande defensor da regulação do JER � Jovem Empresário Rural,porque pensamos e preocupamo-nos com a diminuição das assimetrias das regiões», por Licínio Pina,Presidente do Conselho de Administração Executivo da Caixa Central de Crédito Agrícola

16 «O novo estatuto do Jovem Empresário Rural é uma medida interessante que pode contribuir para a dinamizaçãosócio económica dos territórios rurais», por Maria João Botelho, Presidente da Federação MINHA TERRA

18 «O JER pode contribuir para que as áreas rurais encontrem uma figura mobilizadora junto dos jovens,trazendo novos atrativos e reforçando os existentes», por Luís Saldanha, Presidente da ConfederaçãoNacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural

19 «A criação do JER pode, se efetivamente vier acompanhada de apoios e critérios que beneficiem não sóa figura, mas também as regiões desfavorecidas, favorecer regiões como a nossa», por Eduardo Tavares,Vice-Presidente da Câmara Municipal de Alfândega da Fé

20 «Deseja-se que o JER possa vir a produzir os efeitos de que tanto dependemos, nomeadamente que permitaa discriminação positiva, por forma a que os jovens empresários sintam, em termos efetivos, ser compensadorestar no interior», por Carlos Silva Santiago, Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe

22 «O JER funcionará como uma alavanca ao nível socioeconómico e de valorização do património e dos produtosdo concelho», por Álvaro Amaro, Presidente da Câmara Municipal da Guarda

23 «A figura do Jovem Empresário Rural poderá ajudar novos empreendedores a investir em territórios de baixadensidade, os quais terão cada vez mais uma importância estruturante no futuro do país e do mundo»,por Armindo Jacinto, Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova

25 «O Jovem Empresário Rural pode contribuir para a fixação de jovens empreendedores, inovadorese com visão de futuro, no Espaço Rural», por Álvaro Azedo, Presidente da Câmara Municipal de Moura

26 «Reunimos um conjunto interessante de fatores de atratividade para a instalação do JER», por Osvaldo Santos, Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim

28 ATUALIDADE- Maputo recebeu o Debate ao Almoço Qualidade e Competitividade Agroalimentar- Ajap regressa ao Rio de Janeiro com o Debate ao Almoço Qualidade e Competitividade Agroalimentar e com a participação na Super Rio Expofood

33 AJAP SOU EUMelhorar o futuro agrícola em Moçambique

34 PARCERIAS INTERNACIONAISAMANGOLA � A União das Associações Locais de Angola ao Serviço da Comunidade

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04EM FOCO

NOVOS DESAFIOS, NOVOS COMPROMISSOSpor Firmino Cordeiro, Diretor Geral da AJAP

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A AJAP reinventa-se e renasce sem-pre que é necessário e urgente de-fender acerrimamente os jovensagricultores, os agricultores e o espa-ço rural português.

Tendo sempre presente o nossocontacto com os parceiros europeusatravés do CEJA � Conselho Europeude Jovens Agricultores, o foco atualestá na evolução das negociaçõespara o período pós 2020, bem comono papel e contributo em que pode-mos ser úteis e colaborar com ospaíses da CPLP.

A nossa presença física em territórionacional é para além da ligação às 80ERP (s) � Entidades Recetoras Proto-coladas distribuídas pelo país, asse-gurado por mais de 80% dos nossostécnicos (são mais de trinta), que tra-balham em permanência nas diferen-tes regiões. O país está melhor é cer-to, mas ainda tem problemas estrutu-rais que se tornam cada vez mais de-licados com as alterações climáticas,mais frequentes e marcantes para aatividade agrícola, florestal e pecuá-ria. Os resultados em muitas regiõessão bem visíveis, abandono, desertifi-cação, ausência de jovens e incên-dios.

Torna-se evidente que é necessáriomodernizar, reinventar e inovar nasatividades desenvolvidas. A AJAP

lutou praticamente 10 anos pelo reco-nhecimento público de uma nova fi-gura, o JER � Jovem Empresário Rural,já devidamente inserida na nossabase de atuação estatutária, poiscedo percebeu a necessidade de criaralgo novo e diferente, complementardos Jovens Agricultores, mas maisambicioso nos propósitos.

A figura institucionalmente surgiu,felicitámos o Governo e o Ministroda Agricultura, e ficará para a história,que o seu surgimento não foi pormero acaso, nasceu na AJAP, porquea AJAP tem os pés bem assentes nopaís, e luta (nem que dure décadas)pelas suas convicções.

São necessárias novas atividadescomplementares ao complexoagroflorestal, capazes de dinamizaras economias mais débeis ao longodas diferentes regiões rurais. Comoreferem os Presidentes dos Municí-pios da Guarda e de Idanha-A-Nova,respetivamente, �Tem de existir cora-gem política para implementar solu-ções diferentes para problemassemelhantes. O país não é igual e aigualdade de oportunidades é di-ferente�, e, �O JER poderá ajudar no-vos empreendedores a investir emterritórios de baixa densidade, os quaisterão cada vez mais, uma importânciaestruturante no futuro do país e domundo�.

Hoje, na AJAP somos Jovens Agri-cultores, muitos agricultores e jásomos Jovens Empresários Rurais.Defendemos a agricultura produ-tivista e a exportadora, mas não abdi-camos das zonas de menor aptidãoe de minifúndio, que necessitam sermajoradas nos apoios e com maisincentivo ao investimento, para quepossam renascer e reinventar-se sobpena de se perder ainda mais �vida�a cada quadro comunitário quepassa. Parte dos apoios assenta noestímulo e promoção precisamentedessas regiões, mas infelizmentepouco se tem refletido nos resulta-dos na avaliação de cada QCA quetermina. Estas preocupações sãoreais no país, como é real a tentativade encontrar soluções para os seusproblemas, a AJAP vê o país comoum todo, e as políticas devem seríntegras e integradoras, apesar dasdiferenças territoriais.

É de lamentar ver políticos que a tro-co de não perderem o seu espaçoeuropeu, arrastam organizações deagricultores para a esquerda e paraa direita, no intuito de manter as suasbases de apoio, mesmo sabendo queestão a semear no país ervas dani-nhas, que dificilmente o polémicoglifosato pode atenuar.

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Ficha Técnica

Propriedade e Edição AJAP-Associação dos Jovens Agricultores de Portugal | Rua D. Pedro V, 108, 2º - 1269-128 Lisboa

Direção Eduardo Almendra Coordenação Editorial Carolina Sousa

Redação AJAP-Associação dos Jovens Agricultores de Portugal | Rua D. Pedro V, 108, 2º - 1269-128 Lisboa

Secretariado Olga Leitão Departamento Comercial Carolina Sousa | [email protected]

Paginação Miguel Inácio Impressão GMT Gráficos Lda | Rua João de Deus, 5-C, Venda Nova - 2700-486 Amadora

Depósito Legal nº 78606/94 Registo de Título nº 116714 NIPC: 501396934

Tiragem 10 000 Exemplares Periodicidade Trimestral

E-mail [email protected] URL www.ajap.pt

Distribuição Gratuita

Estatuto Editorial consulte em www.ajap.pt

Com o apoio

�São necessáriasnovas atividadescomplementares aocomplexo agroflorestal,capazes de dinamizar as economias mais débeis ao longo das diferentesregiões rurais.�

Esta edição da revista pretende fazeralguma futurologia acerca do JER,evidencia a forte ligação da AJAP aMoçambique e também a Angola eprojeta os próximos meses de tra-

balho árduo que temos pela frente.Estaremos envolvidos no ciclo de�Fóruns de Modernização da Agricul-tura� do Crédito Agrícola, outros naregião Norte do país, associado aosTerritórios de Baixa Densidade, emparceria com o Crédito Agrícola e ou-tros parceiros vamos divulgar eimpulsionar as figuras, JA - JovemAgricultor e do JER - Jovem Empre-sário Rural, junto das 18 EscolasProfissionais de Agricultura, com aatribuição de prémios às melhoresiniciativas juvenis.

A agricultura e os agricultores, osJovens Agricultores e os JovensEmpresários Rurais, a defesa doespaço rural e a ligação cada vez mai-or aos países da CPLP, fazem da AJAPuma organização que cresce todosos anos, que se reinventa, que re-nasce, que está atenta aos grandese aos pequenos e acredita que podedar saltos seguros e creditícios nopanorama nacional, europeu enoutros continentes.

Estes são os novos desafios e osnovos compromissos da AJAP.

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GRANDE ENTREVISTAO ESTATUTO DO JOVEM EMPRESÁRIO RURAL

«A nossa expectativa é que os jovens aproveitem bem este novo instrumento e quea própria AJAP o divulgue e ajude a implementá-lo, para que tenhamos cada vezmais jovens integrados nesta medida e a beneficiar dos apoios que dela decorrem,contribuindo para ajudar a equilibrar o território», por Luís Capoulas Santos,Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

�O Governo não deixaráde fazer a sua parte para queeste estatuto constituaefetivamente uminstrumento atrativo para osdiversos ramos de atividade.Pretendemos fomentara diversificação da atividadeeconómica nas zonas rurais.�

Em sua opinião qual a importânciado reconhecimento da figura JER �Jovem Empresário Rural para a miti-gação dos problemas do interior dopaís, como a desertificação, o aban-dono e a diminuição da populaçãoativa?

O caminho para inverter a tendênciade abandono do interior passa pelaadoção de medidas de atração dejovens para esses territórios, razãopela qual o Governo criou o estatutodo Jovem Empresário Rural, uma

medida integrada no ProgramaNacional para a Coesão Territorial,que consta do Programa do Gover-no. No caso do setor agrícola, a discri-minação positiva no acesso aosapoios é talvez a forma mais diretade atingirmos o objetivo de atrairjovens para os territórios do interior.Já temos o estatuto do JovemAgricultor, com apoios exclusiva-mente direcionados para uma faixaetária que vai até aos 40 anos deidade, mas considerámos que eranecessário ir mais além.

Foi por isso que avançámos para oestatuto do Jovem Empresário Rural,que constitui um incentivo ao empre-endedorismo mais abrangente,dando aos jovens novos instrumen-tos para que se possam instalar emespaços rurais, em atividades di-versas, que diversifiquem a baseeconómica regional e potenciem acriação de emprego, fixando po-pulação jovem nestas zonas. É um

estatuto que contempla medidas decaráter facilitador e outras iniciativasespecíficas, disponibilizadas pelosvários instrumentos de política deapoio, cujas entidades gestoras deprogramas ou iniciativas de apoio,nacionais ou da União Europeia, de-vem integrar e promover. Não queroser exaustivo, mas gostaria de sali-entar aqui algumas dessas medidas,como é o caso da abertura de concur-sos ou de apoios específicos, dasmajorações na atribuição dos apoios,da criação de linhas de crédito espe-cíficas ou da criação de um regimeespecífico de benefícios fiscais. Sãoapoios muito relevantes para quempretende instalar-se e começar umaatividade numa região do interior.Este estatuto é também um instru-mento fundamental para a imple-mentação de medidas no âmbito dofuturo período de programação dosfundos europeus, para além dos quesão direcionados para a Agricultura.

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Revista Jovens Agricultores #117

Que análise faz para o futuro dosterritórios rurais nacionais, particu-larmente do interior, os designados�territórios de baixa densidade�?

Este estatuto constitui uma opor-tunidade para inverter a tendênciade desertificação do interior do país,situação que, de resto, está já averificar-se.

Estamos a apoiar a instalação deJovens Agricultores através doPrograma de DesenvolvimentoRural, onde já aprovámos cerca de 3mil projetos, a que corresponde uminvestimento total superior a 800milhões de euros, aos quais corres-ponde um apoio público de 425milhões de euros. Estes projetosapresentam uma forte incidênciaterritorial nas regiões do interior.Importa também salientar que aprioridade conferida a estas regiõeslevou à abertura de concursos espe-cíficos, no âmbito do Programa deValorização do Interior. O mesmoacontece relativamente a outrasmedidas do PDR2020 e do programaVITIS.

Com o Estatuto do Jovem Empre-sário Rural, o nosso objetivo é ir maislonge, abrangendo outros setoresde atividade e outras áreas gover-nativas. Portanto, a nossa expec-tativa é que os jovens aproveitembem este novo instrumento e que aprópria AJAP o divulgue e ajude aimplementá-lo, para que tenhamoscada vez mais jovens integrados nes-ta medida e a beneficiar dos apoios

que dela decorrem, contribuindopara ajudar a equilibrar o território.

Tendo o Governo a principal res-ponsabilidade na regulamentação,atribuição de incentivos e alocaçãode meios financeiros, considera re-levante a intervenção de vários fun-dos por forma a apoiar e promovera figura do JER?

Naturalmente. Tanto mais que al-gumas das medidas mais relevantesque decorrem do Estatuto do JovemEmpresário Rural estão associadasprecisamente à discriminação po-sitiva na atribuição de apoiospúblicos, como já referi. O Governonão deixará de fazer a sua parte paraque este estatuto constitua efetiva-mente um instrumento atrativo paraos diversos ramos de atividade.Pretendemos fomentar a diver-sificação da atividade económica naszonas rurais.

Englobada nas medidas de apoioestá a criação de um regime espe-cífico de benefícios fiscais para oJovem Empresário Rural. É possívelantever que tipo de benefícios, assimcomo isenções fiscais, poderão vira ser contemplados em futuros Or-çamentos do Estado?

A responsabilidade pela imple-mentação das diversas medidas aincluir no estatuto é setorial. Nestecaso concreto, trata-se de matériada responsabilidade do Ministériodas Finanças, sendo o momentopróprio da sua apresentação, o da

discussão e aprovação do Orça-mento do Estado.

Sendo o JER, um jovem que preten-da iniciar o exercício de uma ativida-de económica em zona rural, emque atividades poderá ter mais su-cesso nos territórios rurais?

Vivemos numa economia de merca-do e de livre iniciativa, pelo que cabeao setor privado analisar e definir assuas prioridades, em função dasoportunidades e das condições exis-tentes para as potenciar. Importa tam-bém analisar os regimes de incentivoem articulação com as condições demercado. Ao Estado cabe definir oregime de incentivos e a regulação,à iniciativa privada, neste caso, aosJovens Empresários Rurais, cabefazer as melhores opções relativa-mente ao ramo de negócio em quese pretendem lançar.

Que apelo será necessário fazerpara que os jovens invistam nestasregiões?

O melhor apelo é garantir a esta-bilidade política, uma governaçãoeficaz e solidária, contas públicascertas, crescimento económico econsciência social. É de acordo comestes princípios que têm vindo a serpostas em execução medidas dediscriminação positiva para os JovensAgricultores, medidas que agoraqueremos alargar aos jovens empre-endedores de outros setores deatividade.

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OPINIÃO

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O que é preciso para gerar uma nova dinâmicanos Espaços Rurais?, por Vânia Rosa, Diretora Executiva da EY-Augusto Mateus & Associados

A chave para se perspetivar um novodinamismo para os espaços ruraisem Portugal está na busca de solu-ções de dinamização e sustentabi-lidade para estes territórios e no em-penho da política pública em conside-rar que os territórios urbanos e osterritórios rurais exigem respostasajustadas à sua realidade. As medidasdirigidas a uns e a outros territóriosserão diferentes, e esse é um dos de-safios a considerar: assumir coletiva-mente políticas proactivas de de-senvolvimento dos territórios rurais,assentes na convicção de que o mun-do rural é um espaço de oportu-nidade, de desenvolvimento, decriação de riqueza e de emprego, cujaafirmação se enquadra nas ambiçõesde desenvolvimento do país.

O que não pode acontecer é a nossademissão coletiva do objetivo derevitalizar o mundo rural em Portugal,justificando-o através de argumentosconsiderados inultrapassáveis, comosejam as mudanças na sociedade,

nos estilos de vida ou nos novos mo-delos de emprego e de criação deriqueza. Se existem argumentos quecorroboram esse irrevogável defi-nhamento do rural, existem outrosque reforçam o potencial para a suarevitalização, como sejam as preo-cupações mundiais ligadas à preser-vação e sustentabilidade no uso dosrecursos, às alterações climáticas, ouas próprias alterações nos estilos devida que levam muitos consumidoresa assumir mais preocupação com asaúde, a segurança alimentar e coma certificação biológica dos produtosque consomem.

Os grandes temas que enquadramesta questão permitem fazer quatroperguntas centrais na resposta aosdesafios da revitalização do mundorural em Portugal.

Em primeiro lugar, assentemos naambição. Revitalizar o mundo ruralem Portugal não significa tentar re-produzir o mundo rural de outrora,nem nos seus modelos residenciaisnem nos seus métodos produtivos.Terá de significar, isso sim, a reno-vação inovadora e ambiciosa dosmodelos de sustentabilidade e atra-tividade dos seus polos residenciais(vilas, pequenos aglomerados urba-nos e até algumas cidades sede deconcelho), pelo aprofundamento davalorização económica dos seus re-cursos naturais e patrimoniais, assen-te em princípios de utilização consci-ente desses recursos. A grande ques-tão é, pois, como incentivar a valoriza-ção económica dos territórios rurais,numa base de promoção da inovaçãoprodutiva e da diversificação de ser-

viços e oferta produtiva em contextorural. A figura do Jovem EmpresárioRural pode vir a oferecer dimensãooperacional a este desígnio, porconjugação de uma assumida vonta-de política, de uma necessária agiliza-ção operativa de procedimentos, ede uma identificação assertiva dosmeios adequados à obtenção dosmelhores resultados no rejuvenes-cimento e diversificação da baseempresarial e de serviços em con-texto rural.

Em segundo lugar, constate-se quea sociedade portuguesa vive atual-mente um cenário de envelheci-mento populacional generalizado,que nos territórios rurais é agravadopor um fenómeno de desertificaçãopopulacional, económico, funcionale de serviços. Se o primeiro fenóme-no pode estar implícito à evoluçãodas sociedades modernas, já o se-gundo será uma tendência inerenteà força centrífuga exercida pelosgrandes centros urbanos e pelaatratividade do seu estilo de vida,mas que as políticas públicas poderãoatenuar e, mesmo, inverter. A grandequestão é como podem as políticaspúblicas, assumindo que o queiram,promover eficazmente a captação eretenção populacional nos territóriosrurais.

Em terceiro lugar, é preciso constatartambém que a competição exercidapelos estilos de vida urbanos e pelastendências mundiais que se alastrama todas as sociedades tende a ser en-carada como incompatível com avivência num contexto rural. Tendên-cias como a digitalização e a cada vez

Vânia Rosa, Diretora Executivada EY- Augusto Mateus & Associados

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mais intensiva aplicação de meiostecnológicos ao contexto produtivocriaram este mito e têm vindo a serapontadas como causas, entre ou-tras, da desertificação do mundo ru-ral. A grande questão é como desmis-tificar o entendimento consensuali-zado entre a sociedade e os nossosjovens de que o progresso é incom-patível com a vivência num contextorural ou que a sua afirmação pessoale sucesso profissional exige a in-tegração em contexto urbano.

Em quarto lugar, constatar que o ru-ral não é todo igual, embora assimtenda a ser considerado. O mundorural tem diferentes fatores de atrati-vidade e de valorização económica,que partem, isso sim, de uma géneseidentitária comum que podemoschamar de património(s) rural(is).Não esqueçamos que são territóriosrurais tanto os do capital natural (rios,florestas, serras), como os dedicadosa atividades produtivas primárias(pesca, extração primária, agricul-tura, floresta de produção) como,ainda, aqueles que aprofundaram asua base produtiva ligada ao setorprimário e se afirmaram do pontode vista industrial, comercial ou deserviços (núcleos populacionaisligados à transformação agroali-mentar, ao turismo, à concentraçãode serviços de interesse público). Agrande questão é diferenciar medi-das dirigidas ao aproveitamento dosdiferentes potenciais do mundo ruralem Portugal, por diferentes agentesdinamizadores dessa mudança.

Perante isto, se nada se fizer coletiva-mente, o resultado será, porventura,a perda de uma oportunidade derevitalização económica dos terri-tórios rurais em Portugal, sem quese beneficie do ciclo favorável de pri-oridades europeias que valorizam ainovação orientada para a sustenta-

bilidade dos territórios e do uso efi-ciente dos recursos. Este é, na minhaopinião, um preço demasiado alto apagar, porque nos obrigará coleti-vamente a reagir às consequênciasda deterioração e desinvestimentoprogressivo no nosso território rural(incêndios, degradação da paisagem,insegurança, perda das memórias edas tradições coletivas), sem queassumamos proactivamente umaaposta construtiva e inovadora derevitalização económica e socialdestes territórios.

Face às mudanças civilizacionais comque nos deparamos, este é o mo-mento de Portugal agarrar a opor-tunidade de revitalização económicados territórios rurais, preservandoos traços de ruralidade e dinamizan-do simultaneamente um processode povoamento e revitalização dabase económico-social dos territóriosrurais. Mais do que evitar os riscosassociados à continuidade dos pro-cessos de desertificação rural a queassistimos, trata-se de antecipar umapostura proactiva, com a implemen-tação de projetos-piloto de inovaçãoorientada para a densificação popu-lacional, funcional e produtiva dosterritórios rurais.

Revista Jovens Agricultores #117

Como se pode assumir esta aposta na revitalização económica e socialdos territórios rurais? Retomo os desafios das questões que formuleianteriormente:

� É precisa uma assunção coletiva, política, de promoção ativa do desen-volvimento dos territórios rurais, assente na convicção de que o mundorural é um espaço de oportunidade, de desenvolvimento, de criação deriqueza e de emprego, cuja afirmação se enquadra nas ambições dedesenvolvimento do país;

� É preciso desmistificar o entendimento partilhado pela sociedade e pelosjovens de que o sucesso profissional e o reconhecimento pessoal sãoincompatíveis com a vivência num contexto rural. A figura do JovemEmpresário Rural poderá materializar em concreto este objetivo, criandoincentivos ao empreendedorismo jovem em contexto rural, que de-monstrem que é possível beneficiar do que é positivo no mundo rurale, simultaneamente, desenvolver um projeto profissional ambicioso,em atividades inovadoras, modernas e tecnologicamente intensivas;

� É preciso considerar as especificidades dos territórios rurais, reconheceros mecanismos potenciais de valorização económica dos recursosendógenos, e garantir que as políticas públicas promovem eficazmentea captação e retenção populacional nos territórios rurais, através demedidas que coloquem o povoamento no centro das preocupações doordenamento do território;

� É preciso diferenciar medidas dirigidas ao aproveitamento dos diferentespotenciais de valorização do mundo rural em Portugal, com tendencialaplicação de capacidade criativas, de conhecimento e dinâmicas culturaise turísticas aos diversos patrimónios rurais, geradoras do aumento daconcentração de pessoas, de uma maior oferta de emprego e de funçõesestruturantes da qualidade de vida e conforto dessas populações(industriais, comerciais, de serviços, de turismo).

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DOSSIER CENTRAL

JER - JOVEM EMPRESÁRIO RURAL:UMA NOVA DINÂMICA PARA OS ESPAÇOS RURAIS

Nos últimos dez anos a AJAP de-senvolveu um intenso trabalho emtorno do conceito do JER � JovemEmpresário Rural, defendendo aimportância e o potencial destafigura. O estatuto de Jovem Empre-sário Rural, nasceu da necessidadede se inverter o fenómeno dedesertificação do Espaço Rural e daluta constante da AJAP para que osJovens que desenvolvem, ou quei-ram desenvolver, atividades nesseespaço, sejam reconhecidos comoagentes fundamentais para a sus-tentabilidade e coesão do território.

A designação de JER, abarca os jo-vens empreendedores com idadecompreendida entre os 18 e os 40anos que pretendam instalar-se emzonas rurais, promovendo a dinami-zação económica e demográfica e acriação de emprego, contribuindopara a diversificação da base eco-nómica regional a partir da criaçãode empresas e investimentos locais,e qualificar os recursos endógenos,apostando na imagem, na inserçãoem novos circuitos comerciais e ex-ploração de atividades inovadoras eambientalmente sustentáveis.

Para a AJAP este conceito que é oJER, pode potenciar o desenvol-vimento e criar uma nova dinâmicano meio rural, particularmente nasregiões do interior. Trata-se de levaruma nova atitude para o espaço rural,de promover a diversificação deatividades económicas, e que é pos-sível com as características inerentesaos jovens, que são entusiastas têmforça de trabalho e ideias inovadoras.Após a aprovação do referido es-tatuto em Conselho de Ministros, nopassado mês de dezembro, o atual

Decreto-lei prevê um conjunto demedidas e de apoios, com o intuitode atribuir um caráter distintivo aoempreendedorismo no mundo rural.

OBJETIVOS

� A criação do estatuto JER pretendeatribuir um caráter dinamizador aoMundo Rural, a partir da fixação dejovens empreendedores;

� A instalação de jovens nestas regi-ões pretende contribuir para o de-senvolvimento económico regional,promovendo a inovação e a criaçãode emprego a partir da conceçãode novas empresas;

� Pretende-se também apostar na in-serção de novos circuitos comer-ciais, na valorização dos recursosendógenos, e em atividades ino-vadoras e ambientalmente sus-tentáveis.

REQUISITOS PARA SERJOVEM EMPRESÁRIO RURAL

� Podem ser reconhecidas como JER,pessoas singulares e coletivas, queexerçam ou pretendam vir a iniciaratividade económica;

� No caso das pessoas singulares, de-vem ter idade compreendida entreos 18 e os 40 anos, inclusive;

� No que respeita às pessoas cole-tivas, já se deverão enquadrar comomicro ou pequena empresa e ga-rantir que os direitos de voto ou amaioria do capital social, pertencea pessoas singulares que cumprama idade acima referida.

MEDIDAS DE APOIO AO JER

� Estão contempladas iniciativas es-pecíficas, de discriminação positivae de caráter facilitador;

� No âmbito das medidas de discri-minação positiva, consideram-se: aabertura de concursos e apoiosespecíficos, as majorações na atri-buição de apoios, a criação de umregime específico de benefíciosfiscais, a criação de linhas de crédito,prioridade na atribuição das abor-dagens integradas de desenvol-vimento territorial destinada aoapoio ao investimento, através dadefinição das dotações financeiras,priorização na seleção de candida-turas para os JER em geral e emparticular para os JER que perten-çam a agregados familiares comoexploração agrícola familiar, cujoresponsável detenha o Estatuto deAgricultura Familiar;

� No âmbito das medidas de caráterfacilitador, consideram-se: o acessoprioritário a formação profissionalespecífica e consultoria técnica, apossibilidade de ser apoiado numaperspetiva integrada por diferentesinstrumentos de política, o acessoprioritário a entidades e estruturasde ações coletivas (redes de es-tímulo e apoio ao empreende-dorismo, iniciativas empresariais,conceção de novas empresas, cen-tros de incubação, mentoria paraapoio a ideias inovadoras), apoio,monitorização e avaliação da pre-sença do JER nas atividades daRede Rural Nacional e da Rede dasDinâmicas Regionais.

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Lançar jovens empresários no país,particularmente no interior é umatarefa que exige o necessário esforçoe contributo não só do governo emparticular, como de um leque de en-tidades, que devidamente aprovisi-onadas poderão ser veículos de apoiopara a disseminação e implemen-tação do JER - Jovem EmpresárioRural.

Encarando que esta figura será umnovo estímulo para a dinamizaçãodas regiões do interior, torna-se igual-mente importante perceber a opini-ão das diferentes entidades relati-

vamente ao tema. Estruturámos, porisso, algumas questões e desafiámoso Secretário de Estado das Florestase do Desenvolvimento Rural, o Presi-dente do Concelho de AdministraçãoExecutivo da Caixa Central de CréditoAgrícola, a Presidente da FederaçãoMinha Terra, o Presidente da CNJ,assim como algumas autarquias deNorte a Sul do interior do país, tal coma Câmara Municipal de Alfândega daFé, a Câmara Municipal de Sernan-celhe, a Câmara Municipal da Guarda,a Câmara Municipal de Idanha-a--Nova, a Câmara Municipal de Mourae a Câmara Municipal de Alcoutim, a

emitir o seu parecer sobre a relevân-cia do JER para a revitalização destasregiões do país.

O Jovem Empresário Rural, foi pensa-do com o intuito de concretizar umafigura de ímpeto juvenil transversala vários setores de atividade, masassente no espaço rural, com a capa-cidade de mitigar as problemáticasdo interior, contornando assim a de-sertificação e o abandono da popu-lação, fomentar o emprego, contri-buindo parra o aumento da popula-ção ativa nestas regiões.

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Em sua opinião qual a importânciado reconhecimento da figura JER �Jovem Empresário Rural?

A criação da figura do Jovem Empre-sário Rural era um compromisso doGoverno que está cumprido. A AJAPfoi a entidade que ao longo dos anosmais lutou por este estatuto e, porisso, merece uma palavra de reco-nhecimento. Temos agora que passaraos atos concretos.

Creio que reconhecemos todos quea existência de um estatuto própriopara o Jovem Agricultor a nível euro-peu tem sido a principal marca derejuvenescimento dos espaços rurais.No entanto, acreditamos que pode-

mos ir mais longe, mesmo quandopensamos na modernização e nareinvenção das atividades na explo-ração agrícola e florestal. A nossaexpectativa é de que o JER possaconstituir-se como uma força trans-formadora da modernidade que sepretende para os espaços rurais.

Como podem os territórios ruraisnacionais inverter esta tendênciafatídica que os arrasta para zonascada vez mais marginais? Acha queo JER ainda vem a tempo de mitigareste problema?

A grande questão é saber o que es-peramos dos espaços rurais e comoencaramos o ordenamento do terri-tório. Se a questão é saber se aindaexiste potencial de recuperação deatividades económicas, diria quetodos os territórios têm energia paragerar novas atividades. Se a questãoé saber se todos os territórios volta-rão a ser habitáveis, creio que issonão é possível, nem desejável. Pre-cisamos de uma malha urbana capazde organizar o território e de políticaspúblicas de incentivo a uma ocupa-ção territorial equilibrada, onde certa-mente caberão as grandes bacias deprodução, como o Alqueva, os pe-quenos regadios que se estão aconstituir por todo o país, mas tam-bém as atividades agroflorestais ex-tensivas. Olhe-se para o olival, inten-sivo no Alentejo, extensivo em Trás-

-os-Montes, e veja-se como está amudar a paisagem, a gerar atividadesdiversas, entre o agroalimentar e oturístico.

O JER é mais um elemento nesteprocesso de transformação, que sesente já estar a acontecer e que deveser acelerado.

Qual a mensagem que o governotem de passar através de futurosOrçamentos de Estado, nomeada-mente através da regulamentação,isenções fiscais, taxa de segurançasocial e outros impostos, atribuiçãode incentivos e alocação de meiosfinanceiros, para que venha a tornar-se verdadeiramente aliciante serJovem Empresário Rural?

A palavra-chave para as políticas pú-blicas de desenvolvimento é a �inte-gração�, muitas vezes mal compreen-dida e quase sempre mal-amada,porque rompe com as lógicas setoriais.

O Programa de Valorização doInterior que este Governo tem vindoa implementar tem essa visão,abordando de forma integrada umconjunto de medidas que concorrempara o objetivo de atrair investimentoe gerar emprego nos territórios maisdifíceis do país. Existe uma forte von-tade política de ir mais longe.

«Acreditamos que estamos no caminho de dar prioridadeàs questões do interior e a criação do JER

é mais um sinal nesse sentido»,por Miguel Freitas, Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural

DOSSIER CENTRALJER - JOVEM EMPRESÁRIO RURAL: UMA NOVA DINÂMICA PARA OS ESPAÇOS RURAIS

O Secretário de Estado das Florestas e doDesenvolvimento Rural, Miguel Freitas

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«Acreditamosque podemos ir mais longe,mesmo quando pensamosna modernização e na reinvenção das atividades na exploração agrícola e florestal.A nossa expectativa é de queo JER possa constituir-secomo uma força transformadora da modernidade que se pretende para os espaços rurais»

Relativamente aos apoios no QuadroComunitário Pós-2020, como pensaque poderão ser enquadrados osapoios ao JER?

É verdade que é aí que se deve fazera grande aposta, construindo umprograma multifundos, que permitaa integração de investimentos numaperspetiva de diversificação de ativi-dades pela mesma empresa, que

garanta a viabilidade no seu todo enão em cada uma das partes. Exem-plifico: não faz sentido apresentarum projeto para instalar framboesase outro para fazer iogurtes de fram-boesa; nem podemos separar estaatividade produtiva da loja que aempresa abriu na vila mais próximapara vender as framboesas e oiogurte. Tudo isto faz parte de um sóprojeto empresarial, que deverá seravaliado no seu todo. É esse sentidode integração que só um programaespecífico, multifundos, gerido poruma estrutura intermédia única,poderá avaliar e apoiar.

Sendo o JER um jovem que pretendainiciar o exercício de uma atividadeeconómica em zona rural, na suaperspetiva que atividades poderãoter mais sucesso nos territórios ru-rais e ser mais prioritárias em termosde apoios?

A inovação e a atração de jovenstalentos deverá ser o objetivo princi-pal do programa. Estamos num tem-po de mudanças radicais, com atransformação digital e a transição

energética a dominar as atividadeseconómicas, em que a intensificaçãosustentável e a economia circularestá a crescer em todos os setores.Tudo isto trará o fim da exclusividadedas profissões, novas formas derelação de trabalho, novos conceitosna prestação de serviços, novosempregos. É aqui que está o segredodo rejuvenescimento na economiae nas novas forças sociais.

Que apelo será importante fazerpara que os jovens invistam nestasregiões?

O apelo maior para os jovens é o daqualidade de vida, do regresso aocontacto com a terra e com a liber-dade de fazer. Mas isso não chega.Ou as políticas públicas têm continui-dade e vão no sentido de olhar parao país como um todo, ou dificilmentedaremos novas ocupações a territó-rios devolutos. Acreditamos que esta-mos no caminho de dar prioridadeàs questões do interior e a criaçãodo JER é mais um sinal nesse sentido.

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«O Crédito Agrícola tem sidoum grande defensor da regulaçãodo JER � Jovem Empresário Rural,porque pensamos e preocupamo-noscom a diminuição das assimetrias das regiões»,por Licínio Pina, Presidente do Conselho de Administração Executivoda Caixa Central de Crédito Agrícola

DOSSIER CENTRALJER - JOVEM EMPRESÁRIO RURAL: UMA NOVA DINÂMICA PARA OS ESPAÇOS RURAIS

O Crédito Agrícola constitui umasólida estrutura de apoio ao setorprimário, reconhecendo-o como umpotenciador da economia nacional,identificando os jovens agricultorescomo um exemplo de resiliência eperseverança.

Com um histórico na promoção dasestratégias de incentivos e na criaçãode novas abordagens para os jovens,a entidade bancária reconhece queo JER será uma alavanca para o cres-cimento económico nas diversas re-giões do território.

Sendo o Grupo Crédito Agrícola aentidade bancária com mais pre-sença nas zonas rurais do país, comoé que vê a criação da figura JER -Jovem Empresário Rural e qual oimpacto socioeconómico que podeter a nível local e nacional?

De facto, o Crédito Agrícola é o bancocom maior presença geográfica epossui uma relação de proximidademuito forte com as populações lo-cais, percebendo bem as dinâmicaseconómicas das regiões e os seusagentes.

A criação do estatuto do JER � JovemEmpresário Rural, é na nossa opinião,um grande passo no sentido de dina-

mizar as regiões mais desfavorecidase rurais do País, possibilitando a qual-quer jovem que se queira fixar nasregiões e independentemente da ati-vidade a exercer, ser reconhecidocomo um verdadeiro parceiro dascomunidades locais.

Considera que esta figura JER podetrazer maior dinâmica às regiões dointerior? Portugal terá ainda jovensinteressados em investir nestasregiões?

Sim, as dinâmicas económicas dasregiões sairão favorecidas com afixação dos jovens nos seus territó-rios e são uma verdadeira alavancado seu crescimento. Os jovens têmum grande espírito de empreen-dedorismo e não deixarão de veroportunidades onde outros apenasveem dificuldades.

O Crédito Agrícola tem-se afirmadojuntamente com a AJAP, na defesae afirmação da figura do JER, à qualse seguirá a sua regulamentação.Para além do Governo, quais lhe pa-recem ser os parceiros e entidadesmais interventivas na dinamização,apoio e afirmação do seu potencial?

De facto, o Crédito Agrícola tem sidoum grande defensor da regulação

do JER, porque pensamos e preo-cupamo-nos com a diminuição dasassimetrias das regiões. Um bomparceiro seria a AJAP e as associaçõesde Desenvolvimento Local, hoje desig-nadas por GAL � Grupos de Ação Lo-cal, associadas ao programa Leader.

Está disponível o Grupo Financeiroa que preside, para criar linhas decrédito específicas para os JovensEmpresários Rurais?

O Crédito Agrícola já vem desde háalgum tempo a trabalhar soluçõesespecíficas para Jovens EmpresáriosRurais e pretende desenvolve-las eampliá-las. Queremos ser o bancopioneiro desta área de negócio.

O Grupo Crédito Agrícola tem hojeperfeitamente consolidada a suaafirmação na Banca Nacional, atu-ando já noutras paragens, até ondepretende colocar a fasquia para ospróximos anos?

A internacionalização do grupo seráefetuada na medida e no tempo emque o Grupo se consolide interna-mente, quer em termos de Capitaispróprios, quer através de parceriasque lhe possam gerar um clima deconfiança que possa aportar inves-timento.

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«O novo estatuto do Jovem Empresário Rural é uma medida interessante que pode contribuirpara a dinamização sócioeconómica dos territórios rurais», por Maria João Botelho,Presidente da Federação MINHA TERRA

A MINHA TERRA � Federação Portu-guesa de Associações de Desenvol-vimento Local, entidade privada deinteresse público sem fins lucrativos,foi constituída no ano 2000 com o in-tuito de providenciar o desenvolvi-mento sustentável dos espaços rurais.

A implementação de estratégias,processos e parcerias de base terri-torial, agregada às ADL (Associaçõesde Desenvolvimento Local), tem per-mitido um �desenvolvimento ruralintegrado e integrador, participado esustentável, em que que a responsa-bilidade pela criação de novas fontesde rendimento e emprego, a preser-vação ambiental, o desenvolvimentosocial e cultural�, têm contribuídopara o melhoramento das condiçõesde vida no seio rural português.

Neste âmbito da incrementação deestímulos, Maria João Botelho acre-dita que o estatuto do Jovem Empre-sário Rural poderá ser benéfico emvárias frentes para os territórios ru-rais, ajudando nomeadamente acontrariar a crise demográfica, con-

tudo, reconhece que �é necessárioum mix de medidas de política, conti-nuadas no tempo, para tornar estesterritórios atrativos.�

No que concerne ao desenvolvi-mento das áreas rurais, particular-mente nos territórios de baixa densi-dade, qual o impacto que o JER �Jovem Empresário Rural poderá ternestas zonas?

Num momento em que agriculturajá não é a atividade dominante emalguns destes territórios, tanto aonível do emprego como da produçãode riqueza, é fundamental proporinstrumentos de política pública que,a par do que tem sido o apoio aosjovens agricultores, apoiem os em-preendedores noutros setores deatividade que representem oportu-nidades para estes territórios. O novoestatuto do Jovem Empresário Ruralé uma medida interessante que podecontribuir para a dinamização sócioeconómica dos territórios rurais e,nomeadamente através do empre-endedorismo e do emprego, criar

condições para fixar e atrair jovens,ajudando a contrariar a crise demo-gráfica que afeta muitos destes terri-tórios e não deixando ninguém paratrás.

A gestão ativa dos territórios ruraisque até então têm estado abandona-dos, apesar de já terem consumidomuitos meios, poderá a esperançarenascer nestas áreas através do JER?

De facto, durante muitos anos, osterritórios rurais não tiveram aatenção e o investimento que mere-cem e necessitam, mas não concordoque tenham estado abandonados.Há muitas entidades, entre as quaisas Associações de DesenvolvimentoLocal e os Grupos de Ação Local quedinamizam, que mantêm uma inter-venção multissectorial de proxi-midade, tanto no apoio a projetosempresariais, como na área social,patrimonial, cultural, etc.

Nos últimos anos, nem sempre pelasmelhores razões, a atenção da opi-nião pública e dos media se tem vira-

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do para esta importante parte donosso país, vendo-a cada vez mais,não como um problema, mas comouma oportunidade e parte da soluçãopara os problemas globais queafetam a nossa sociedade.

Contudo, e sem desvalorizar o po-tencial que o JER pode ter, é muitoimportante termos bem presenteque não é uma qualquer medidaisolada que pode inverter situaçõesde anomia socioeconómica. Não nospodemos esquecer que, para teremimpacto na revitalização dos territó-rios, as medidas de política devemprocurar respostas tanto para osproblemas específicos dos jovensempresários, como para as suas fa-mílias, ao nível do acesso aos serviçosbásicos de educação, justiça, saúde,cultura, etc., e em igualdade de cir-cunstâncias com as famílias que esco-lhem viver nas áreas urbanas.

Os territórios rurais têm potencial dedesenvolvimento, contudo a fixaçãode jovens nessas áreas constitui umdesafio. Qual a sua opinião relativa-mente às medidas de apoio ao esta-tuto Jovem Empresário Rural (artigo3º), publicadas no decreto-lei nº9/2019,que define o respetivo procedimentode reconhecimento da figura?

Não é a primeira vez que falamos doJovem Empresário Rural. A Federa-ção Minha Terra e eu própria, jáafirmámos que o Estatuto JER só fazsentido se se traduzir em apoios es-pecíficos, vantagens e/ou descrimina-ções positivas. O decreto-lei nº9/2019é o primeiro passo e aponta os domí-nios em que estes apoios ou vanta-gens se poderão concretizar. O tra-balho subsequente de aprofunda-mento e densificação com as diferen-tes áreas da governação é um passoessencial para que se perceba, nasdiferentes áreas, desde a fiscalidade,

à formação, mentoria, apoio finan-ceiro, etc., quais as verdadeiras vanta-gens a que podem aceder as pessoasque são reconhecidas como JER. Aoperacionalização do JER terá queser um exercício de governação inte-grada, pois depende de muitas es-truturas, desde a fase de regulamen-tação específica até a implementa-ção no terreno.

O mecanismo de reconhecimentopropriamente dito é um aspeto es-sencial da operacionalização, poisdeverá ser suficientemente robustopara não deixar dúvidas às entidadesque posteriormente serão responsá-veis pela atribuição dos apoios espe-cíficos que colocarão estes empresá-rios em vantagem em relação a outros.

De que forma a Federação MINHATERRA vai apoiar e promover afigura do Jovem Empresário Rural?

A Federação MINHA TERRA apoia asmedidas que contribuam para odesenvolvimento rural, minimizandodesigualdades e contribuindo para acoesão territorial. Por isso, apoiou,desde a primeira hora, a criação e odesenvolvimento desta figura, o JER.Esta Federação e a rede de ADL asso-ciadas, cuja intervenção cobre todosos territórios rurais nacionais � Conti-nente e Regiões Autónomas � serão,com certeza, parceiros importantestanto na divulgação da figura juntodos potenciais interessados, comona gestão descentralizada de al-gumas medidas de política associa-das a este estatuto.

Que análise faz, atualmente, dosterritórios rurais nacionais, especial-mente os de baixa densidade?

Mesmo, tendo essa característica emcomum, a baixa densidade popula-cional e uma crise demográfica mais

acentuada do que nas zonas urbanasou do litoral, os territórios ruraisnacionais apresentam uma grandediversidade em termos económicos,sociais, culturais, paisagísticos, entreoutros. O facto de serem muito di-versos, traduz-se num potencial dedesenvolvimento próprio de cadaterritório, mas exige também umaintervenção integrada e um trabalhode proximidade que valorize as suasespecificidades, assim como umaatenção especial por parte das polí-ticas e dos serviços públicos.

Considerando que o JER é um jovemque pretende iniciar o exercício deuma atividade económica em zonarural, na sua perspetiva que ativida-des poderão ser melhor sucedidas,mais integradas e maioritariamentemais apoiadas?

Há um grande conjunto de variáveisa ter em conta, desde os recursos eas características de cada território,passando pelas competências daspessoas�. Por isso, não estaria a sercoerente com o que defendemos seapresentasse uma lista de atividadesde sucesso válida para todos osterritórios rurais.

Os sistemas de apoio que se adota-rem devem premiar a capacidadeinovadora dos jovens, possibilitandoe viabilizando ideias com algum riscoe que, por esse motivo, necessitamde ser apoiadas. Por outro lado, ossistemas de apoio devem ser simples,tanto no acesso, como na prestaçãode contas por parte do jovem. Oprocesso de reconhecimento do JERdeve também ser simples, ágil, masrigoroso, uma vez que implicará oacesso privilegiado a serviços efinanciamento.

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Promover o desenvolvimento doMundo Rural e de todas as atividadesassociadas ao meio é objetivo da CNJ,organização sem fins lucrativos e deâmbito nacional.

Contribuir para que haja uma maiorqualidade de vida nos territóriosrurais, promovendo-os, valorizando--os e criando estratégias é uma necessi-dade, pelo que a Confederação identi-fica o Jovem Empresário Rural comoum elemento com potencial e diferen-ciador para fixar quem já está nessasáreas rurais e novos empreendedoresque pretendam instalar-se.

Qual o impacto e o contributo que oJER - Jovem Empresário Rural poderáconceder às áreas rurais, particular-mente aos territórios de baixa den-sidade?

O JER pode contribuir para que as áre-as rurais encontrem uma figura mobili-zadora junto dos jovens, trazendonovos atrativos e reforçando os exis-tentes, numa lógica sinérgica, global eintegrada. Pelo menos assim espera-mos. Quanto ao impacto, isso dependemuito do compromisso das entidadese autoridades competentes, em asse-gurar o enquadramento legislativo es-pecífico e de pormenor, garantindomeios e recursos financeiros e huma-nos, para que esta figura se possa im-plementar e atingir os seus objetivos.O JER poderá ser uma forma diferentede fixar quem lá está.

A gestão ativa dos territórios ruraisque até então têm estado abandona-dos, apesar de já terem consumidomuitos meios, poderá a esperança re-nascer nestas áreas através do JER?

A esperança pode renascer se o JERse corporizar em medidas concretas eintegradas, que apoiem, incentivem edinamizem os jovens e as iniciativas

que estes possam aportar aos meiosrurais. Isto sem descurar uma políticaabrangente de desenvolvimento erejuvenescimento rural. O estatuto doJovem Empresário Rural tem que serum elemento facilitador para quemquer desenvolver uma atividade e querfixar-se nessas regiões.

De que forma poderá o JER integrar--se com outras medidas e programasjá existentes para o desenvolvimentorural?

O JER pode e deve integrar-se comoutras ações. Aliás, esperamos que oJovem Empresário Rural seja ele pró-prio um agente dessa mesma articula-ção, que tanto tem faltado ao longodos anos. É necessário dar coerênciaàs ações empreendidas e a empreen-der, o JER pode disso ser exemplo efacilitador.

Qual a sua opinião relativamente àsmedidas de apoio ao estatuto JER(artigo 3º), publicadas no decreto-leinº9/2019, que define o respetivo pro-cedimento de reconhecimento dafigura?

São medidas importantes, que importaregulamentar mais tarde na altura dasua concretização, mas que são desdejá relevantes. Contudo a par destas me-didas, relevantes, como sublinhadoanteriormente, convém acrescentaralgo mais, que densifique a medida. Porexemplo, ao nível da interligação entreos diferentes JER�s e a simplificação daburocracia com que estes se deparamquando querem avançar com umprojeto. Muitas vezes tão importantecomo o dinheiro é a facilitação dos pro-cessos e a não criação de entraves quelevam ao abandono e à descrença.

Apesar de o estatuto do Jovem Empre-sário Rural já estar aprovado e reco-nhecido, que estratégias acha que

poderão ser adotadas com o intuitode atrair mais jovens, novos habitantespara as zonas rurais?

Uma das estratégias possíveis é tentararticular os JER�s. Nem sempre a somados interesses particulares é o inte-resse coletivo, é necessário haver umaestratégia de conjunto e regional. Épreciso pensar os diferentes meiosrurais como ecossistemas eco-socioeconómicos e a partir de aídesenvolver uma estratégia decaptação de JER�s para as diferentesregiões, pois todas elas têm particulari-dades e necessidades diversas. Aliás,a realização de alguns encontros re-gionais, servirão para aferir as estra-tégias que deverão ser pensadas comos potenciais interessados.

A promoção dos territórios do interiore a sua valorização beneficiará com acolaboração várias de entidades, con-corda? De que forma a CNJ vai apoiare promover a figura do Jovem Empre-sário Rural?

É fundamental que haja colaboração.Diríamos mais, que haja cooperação.Cada organização traz consigo as suasexperiências e vivências e até as suasmundividências, partilhando não só osseus sucessos, mas também os seusfracassos, algo fundamental para evitarque se repitam. A CNJ vai-se pôr à dis-posição para ajudar a promover, mastambém a aprofundar, a figura do JER,reconhecendo que há muito que omundo rural é também uma preocu-pação nossa. Será preciso envolver ou-tros parceiros, para além das autar-quias, as universidades, os politécnicose as escolas profissionais, pois são a-queles que já estão no território e po-dem ao longo do seu processo forma-tivo, pensar em projetos futuros, profi-ssionais e pessoais, numa lógica locale regional, quer de continuidade ou deinovação.

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«O JER pode contribuir para que as áreas rurais encontrem uma figura mobilizadorajunto dos jovens, trazendo novos atrativos e reforçando os existentes»,por Luís Saldanha, Presidente da Confederação Nacionaldos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural

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«A criação do JER pode, se efetivamente vier acompanhada de apoiose critérios que beneficiem não só a figura, mas também as regiões desfavorecidas,favorecer regiões como a nossa.», por Eduardo Tavares, Vice-Presidenteda Câmara Municipal de Alfândega da Fé

O concelho de Alfândega da Fé, situa-do no Nordeste Transmontano, entrea Terra Fria e a Terra Quente, caracte-riza-se por uma diversidade paisagís-tica que comporta um território fértil,fazendo da agricultura a principalatividade económica da região.

Com o desenvolvimento de um traba-lho em prol do repovoamento e reju-venescimento, o Município tem postoem prática diversas medidas para adinamização do emprego jovem, con-siderando, por isso, que o estatuto doJovem Empresário Rural, integradocom os devidos apoios, poderá ser umcomplemento benéfico para o meio.

Como é que a Autarquia vê a imple-mentação do JER - Jovem EmpresárioRural e qual o impacto socioeconó-mico que pode ter a nível local?

Para a Autarquia a implementação dafigura do �Jovem Empresário Rural�é um ato de coragem que faz todo osentido no nosso contexto geográficoe socioeconómico. Efetivamente, paraalém da agricultura, é preciso apoiar eestimular outras atividades no meiorural, pois a agricultura per si não re-solve o problema da demografia e dodesenvolvimento económico, pois sãoprecisas atividades complementaresque dinamizem toda a economia, asnossas aldeias e os concelhos mais des-povoados. Pequenas empresas de ser-viços, comércios, restauração, turismoe pequenas agroindústrias dão vitali-dade aos nossos territórios e quere-mos que todos os jovens que seproponham a estabelecer nos nossosmeios, seja em que atividade for,possam usufruir de incentivos e deajudas para o fazer. É sem dúvida umpasso importante que agora se iniciae que desejamos, num futuro breve,

ver concretizado com medidas e apoi-os concretos para os nossos e asnossas jovens.

Têm levado a cabo algum tipo deinvestimentos que constituam umfator de atratividade para a instalaçãode jovens no concelho?

O Município de Alfândega da Fé temexecutado várias medidas de apoiopara a dinamização do emprego jo-vem, das quais destaco as seguintes:reabilitação e modernização dos prin-cipais regadios do concelho, assimcomo, a criação de novos perímetrospara tornar o investimento na agricul-tura mais atrativo e rentável; parceriascom Empresas de Dinamização e Apoi-o ao Empreendedorismo, para apoiarjovens licenciados e também desem-pregados, processos que temos vindoa dinamizar e que atualmente estãoem curso; regularização extraordináriade vínculos precários, através de medi-da específica para o efeito, foram cria-dos 43 postos de trabalho, na maioriapara jovens do concelho.

Reconhecendo que o despovoamentoe o envelhecimento da população éum dos maiores desafios dos terri-tórios rurais, particularmente nos terri-tórios de baixa densidade, consideraque esta figura poderá dar um impor-tante contributo para mitigar esteproblema?

Sem dúvida! É preciso criar medidasconcretas que discriminem positiva-mente as regiões do interior e quesofrem de despovoamento, como anossa. Nesta medida, a criação do JERpode, se efetivamente vier acompa-nhada de apoios e critérios que bene-ficiem não só a figura, mas tambémas regiões desfavorecidas, favorecer

regiões como a nossa. No entanto, te-mos que reconhecer que o apoio temficado sempre aquém do que conside-ro necessário para invertermos esteciclo vicioso, pois em minha opinião épreciso fazermos um verdadeiro cho-que fiscal no acompanhamento de me-didas deste tipo. Digo ainda que o paísnão deve ser dividido a régua e esqua-dro, como muitas vezes acontece, te-mos que ir mais além, e devemos estarconscientes que mesmo dentro do in-terior, temos que ter também descrimi-nação positiva e diferenciar osterritórios mais desfavorecidos. Nãopode uma empresa ter o mesmo apoioque se fixe numa sede de distrito queoutra que se fixe na sede de umconcelho!

A promoção dos territórios do interiore a sua valorização, beneficiará coma colaboração e articulação de váriasentidades. O Município de Alfândegada Fé tenciona apoiar e difundir oconceito JER?

O Município de Alfândega da Fé temacompanhado de perto a evoluçãodeste projeto e tem apoiado, sempreque solicitado, a Associação dos JovensAgricultores de Portugal, a intervirjunto do poder central. Felizmente oatual Governo, pelo meio do Ministroda Agricultura, Dr. Capoulas Santos,avançou para a sua regulamentaçãocriando assim as condições necessáriaspara agora podermos fazer um tra-balho de auscultação de todas as enti-dades e setores de atividade no sentidode criarmos as medidas e os apoiosconcretos. Obviamente continua-remos atentos ao desenvolvimentodeste projeto e estaremos sempre dis-poníveis para ajudar a AJAP e oGoverno, quer na divulgação, quer naorganização de iniciativas de trabalho.

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Situado na Região Centro-Norte dePortugal, em plena Beira Alta, Sernan-celhe é conhecido pela terra da cas-tanha, pelas paisagens e pelos monu-mentos graníticos e por um percursohistórico que valoriza o património,a gastronomia e a cultura.

Impulsionador de estratégias eco-nómicas que integram múltiplas vari-áveis, o Município tem atuado coma preocupação assente no presente,mas essencialmente nas geraçõesfuturas, lutando para alcançar níveiscrescentes de satisfação entre a po-pulação da comunidade. O JovemEmpresário Rural, é por isso, enca-rado como um instrumento a acres-centar, que poderá trazer a ajudanecessária a todos os jovens que pre-tendam investir em atividades quevalorizem a região.

Como é que a Autarquia vê a imple-mentação do JER - Jovem Empre-sário Rural e qual o impacto socio-económico que pode ter a nível local?

O Concelho de Sernancelhe é, pelasua posição geográfica no Interiorde Portugal, um território onde osetor primário é dominante. A evo-lução história confirma esta realidadee também a mutação ocorrida, emparticular nas duas últimas décadas,que permitiu que a agricultura desubsistência tenha dado lugar aomaior aproveitamento dos recursosendógenos e a uma aposta maisexpressiva nos produtos da terracom valor no mercado. Tem havidouma valorização do espaço rural, feitaessencialmente por empresas fami-liares que paulatinamente estão adar lugar a importantes agroin-dústrias, que encaram a agriculturacomo setor que depende de inova-

ção e que tem potencial para a inter-nacionalização. Ora, nesse sentido,o Concelho acredita que a promoçãodo desenvolvimento rural e, conse-quentemente, da coesão territorial,pode acontecer se houver empre-endedorismo e se o mesmo acon-tecer pela mão de jovens empresá-rios agrícolas, pessoas que aqui te-nham nascido, que conheçam omeio, que tenham gosto pelo setore que estejam disponíveis para abriros horizontes necessários à poten-ciação das zonas rurais, concorrendotambém para a atratividade emtorno destes territórios. O estatutode Jovem Empresário rural, se se tra-duzir em apoios reais à instalaçãodos jovens em espaços rurais, se per-mitir facilitar o acesso a fundos, serepresentar desburocratização deprocessos, pode ser um contributoimportante para o Concelho e parao Interior do País.

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DOSSIER CENTRALJER - JOVEM EMPRESÁRIO RURAL: UMA NOVA DINÂMICA PARA OS ESPAÇOS RURAIS

«Deseja-se que o JER possa vir a produzir os efeitos de que tanto dependemos, nomeadamenteque permita a discriminação positiva, por forma a que os jovens empresários sintam, em termosefetivos, ser compensador estar no interior»,por Carlos Silva Santiago, Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe

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Revista Jovens Agricultores #117

Têm levado a cabo algum tipo deinvestimentos que constituam umfator de atratividade para a insta-lação de jovens no concelho?

É conhecida a dificuldade dos muni-cípios em gerarem, só por si, atrativi-dade para os seus territórios. Não éque faltem ideias, recursos ou von-tade política; muitas vezes o óbiceestá na intransponível barreira buro-crática, nas questões legais ou nafalta de autonomia que permita àscâmaras encetar planos de promo-ção autónomos ou elaborar pacotesde incentivos que possam ser direcio-nados aos investidores e, em parti-cular, aos jovens. Contudo, e apesardas restrições enunciadas, o Municí-pio de Sernancelhe tem procuradoestar ao lado dos empresários e temsido parceiro dos investidores. Desdelogo quando criou um Gabinete deApoio ao Empresário, em que paraalém de ajudar no licenciamento deatividades, na instalação, no início dalaboração, na captação de mão-de-obra, tem sido parceiro essencial naelaboração de candidaturas a fundoscomunitários, tendo permitido queas empresas locais conseguissem em2016 e 2017 captar cerca de 10 mi-lhões de euros para inovação e in-ternacionalização. Mas Sernancelheestá igualmente ao lado dos em-presários quando, apesar de disporde um espaço empresarial emFerreirim, inaugurado em 2011, avan-çou para o parque empresarial navila de Sernancelhe, onde váriasempresas já estão em laboração, eque são geridas, todas elas, porjovens empresários. Estes espaçosempresarias estão dotados de todasas infraestruturas, bem localizadose com as condições essenciais aodesenvolvimento das atividadesempresariais. Por conseguinte, oMunicípio disponibiliza aindabenefícios à instalação ao nível doIMT e IMI, cuja percentagem écalculada em função do interesse e

impacto da atividade para aeconomia concelhia. Referir tambémque Sernancelhe tem vindo, emparceria com universidades, comosucedeu com a UTAD, a elaborarestudos para estar ao lado dosagricultores naquele que é o seuproduto marca, a castanha,procurando trazer o conhecimentoao campo e dar novo fôlego ao setor.

Reconhecendo que o despovo-amento e o envelhecimento da po-pulação é um dos maiores desafiosdos territórios rurais, particular-mente nos territórios de baixa densi-dade, considera que esta figura po-derá dar um importante contributopara mitigar este problema?

As fórmulas já ensaiadas para atraire fixar população no interior dePortugal não têm apresentadoresultados práticos porque, em regra,são pensadas para o todo nacional,e nunca têm em conta a especifi-cidade do nosso território. Deseja-seque o JER possa vir a produzir osefeitos de que tanto dependemos,nomeadamente que permita adiscriminação positiva, por formaque os jovens empresários sintam,em termos efetivos, ser compen-sador estar no interior. E deseja-setambém que haja medidas de caráterfacilitador, que olhem os projetosdestes investidores como parte deum todo das regiões, que merecemser apoiados por integrarem umaestratégia de desenvolvimento maisampla, que os considera atoresessenciais do País.

A promoção dos territórios do in-terior e a sua valorização, beneficiarácom a colaboração e articulação devárias entidades. O Município deSernancelhe tenciona apoiar edifundir o conceito do JER?

O Município de Sernancelhe é, háquase três décadas, o grande par-

ceiro das empresas e dos investido-res do Concelho. E particularmenteno capítulo da agricultura, pois acastanha é o produto que merece omaior apoio promocional por partedo Município desde 1992. Desde esseano, quando foi criado o primeirocertame Festa da Castanha, o Conce-lho teve como parceiro estratégico,uma empresa de produtos endóge-nos, a Frusantos, que hoje é uma re-ferência nacional e internacional nocomércio de castanha. Entretanto,outra empresa de referência surgiu,a Soutos da Vila, e hoje são dois dosprincipais players do setor no País, aelas se devendo a dinâmica de umsetor que representa para a eco-nomia do concelho mais de 4 milhõesde euros de volume de negócios,envolve centenas de agricultores,mais de mil hectares de soutos e umaprodução anual superior a 1500 tone-ladas. O mesmo tem sucedido coma maçã de altitude, onde a empresaFrutas Cruzeiro encetou uma cami-nhada admirável na promoção destefruto, contando hoje com clientes naEuropa e na Ásia. Esta realidade pró-pria do concelho permite-nos afirmarque conhecemos bem os efeitos doempreendedorismo rural impul-sionado pelos jovens, da capacidadedas nossas gentes diversificarem abase económica, potenciarem acriação de emprego e tornarem-seesteios da nossa economia. Por isso,atendendo ao preconizado peloEstatuto de Jovem Empresário Rural,depositamos muita esperança queseja um instrumento que venhatrazer a necessária ajuda que osjovens precisam para tomarem adecisão de empreenderem e deapostar no seu meio, na valorizaçãodos produtos locais e na aposta ematividades que, com conhecimento,inovação e desenvolvimento, podemdignificar ainda mais a atividadeagrícola e dar o empurrão decisivoao Interior de Portugal.

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DOSSIER CENTRALJER - JOVEM EMPRESÁRIO RURAL: UMA NOVA DINÂMICA PARA OS ESPAÇOS RURAIS

«O JER funcionará como uma alavancaao nível socioeconómico e de valorização do patrimónioe dos produtos do concelho»,por Álvaro Amaro, Presidente da Câmara Municipal da Guarda

Situado no centro da região beirã,o concelho da Guarda (um dos maio-res concelhos portugueses), estáimplantado na paisagem montanho-sa da Serra da Estrela, oferecendo aprimazia de um ar frio, puro e tera-pêutico, historicamente reconhecidoe distinguido.

Focada nos problemas, mas essen-cialmente nas soluções e nas oportu-nidades que o território oferece, aAutarquia tem introduzido projetosnucleares e múltiplas ações que esti-mulam a economia local, atraindomais empresas e postos de trabalho.Nesta ótica, a figura do Jovem Empre-sário Rural é entendida como umaalavanca socioeconómica, com a ca-pacidade agregadora de jovens e aestabilização dos mesmos no con-celho.

Como é que a Autarquia vê a imple-mentação do JER - Jovem Empre-sário Rural e qual o impacto socio-económico que pode ter a nível local?

A Autarquia congratula-se com aaprovação do Diploma que imple-menta a atribuição do estatuto deJovem Empresário Rural �JER e con-sequentes medidas de apoio, per-mitindo que um maior número dejovens se possam manter no Conce-lho da Guarda e outros possam pro-curar o nosso território, podendodele retirar benefícios através davalorização dos produtos endóge-nos. Deste modo, o impacto socio-

económico será relevante na medidaem que será estimulada a fixação dejovens empreendedores que irãogerar valor económico.

A questão central é que por vezesnão basta uma boa intenção. É ne-cessário que se aplique na realidade.E por isso é relevante que as medidasde apoio sejam fortes e incentiva-doras.

Têm levado a cabo algum tipo deinvestimentos que constituam umfator de atratividade para ainstalação de jovens no concelho?

A Autarquia tendo sempre presenteos interesses da população e a suaconstante procura de melhorescondições de vida, tem ao longo dosúltimos anos promovido a melhoriae a criação de diversas infraestruturase acessibilidades, que possibilitam oacesso a importantes espaços rurais,onde poderão ser implementadosinvestimentos em diversas áreaseconómicas.

Reconhecendo que o despovo-amento e o envelhecimento da po-pulação é um dos maiores desafiosdos territórios rurais, particular-mente nos territórios de baixa densi-dade, considera que esta figurapoderá dar um importante contribu-to para mitigar este problema?

Os territórios de baixa densidade,necessitam de todos os mecanismos,

que promovam a fixação da popu-lação jovem. Não é justo o que estáa acontecer em Portugal. As soluçõespolíticas não podem ser desenhadasigualmente para o litoral e para ointerior. Tem de haver coragem políti-ca (e isto não é ideológico) para im-plementar soluções diferentes paraproblemas semelhantes. O país nãoé igual e a igualdade de oportu-nidades é diferente.

Acresce que no Mundo Rural háainda um conjunto de atividades quesó aí podem ser desenvolvidas, e épor isso premente �pôr no terreno�incentivos concretos para travar estatremenda injustiça que é a deser-tificação.

A promoção dos territórios do in-terior e a sua valorização, beneficiarácom a colaboração e articulação devárias entidades. O Município daGuarda tenciona apoiar e difundir oconceito do JER?

Considerando que o Jovem Em-presário Rural, funcionará como umaalavanca ao nível socioeconómico ede valorização do património e dosprodutos do Concelho, a Autarquiacolaborará na difusão do conceito eapoiará dentro das suas compe-tências a sua implementação.

Estamos e sempre estivemosdisponíveis para essa colaboração.Sem ela tudo é bem mais difícil.

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DOSSIER CENTRALJER - JOVEM EMPRESÁRIO RURAL: UMA NOVA DINÂMICA PARA OS ESPAÇOS RURAIS

O Município de Idanha-a-Nova situa--se na sub-região Beira Interior Sul,que integra a região Centro do país,tem sido um exemplo integrador denovas e densas dinâmicas de valo-rização do território, de práticas dedesenvolvimento local sustentável,conciliando a economia com o am-biente e a comunidade.

Cientes do decréscimo populacionalque desencadeia a ausência de pes-soas, e consequentemente o aban-dono, a Autarquia tem colocado emprática vários programas de sucessodestinados não só a quem é da re-gião, como para quem vai de fora ese quer instalar com novos projetos.Com vista a operacionalizações tri-unfantes que tornem o Mundo Ruralnum espaço mais atrativo para oinvestimento, o Município irá colabo-rar na implementação do Jovem Em-presário Rural no âmbito dos instru-mentos de apoio ao empreendedo-rismo.

Como é que a Autarquia vê a imple-mentação do JER - Jovem Empre-sário Rural e qual o impacto socio-económico que pode ter a nível local?

Consideramos, por princípio, quetodos os instrumentos governa-mentais destinados a promover o

desenvolvimento rural e a coesãoterritorial são bem-vindos, desde quedevidamente articulados com osagentes no terreno. Nesse contexto,acreditamos que a implementaçãodo estatuto JER � Jovem EmpresárioRural abre boas perspetivas para avalorização do Mundo Rural, vistoconceder apoios e benefícios a jovensque se queiram instalar nestesterritórios. No caso de Idanha-a-Nova, as medidas de discriminaçãopositiva conferidas aos Jovens Em-presários Rurais serão tanto maisimpactantes quanto mais facilitarem,na prática, o acesso aos concursos eapoios previstos, bem como o des-bloquear de obstáculos, para torna-rem mais atrativos e eficazes osinvestimentos empresariais.

Têm levado a cabo algum tipo de in-vestimentos que constituam umfator de atratividade para a instala-ção de jovens no concelho?

Sim, e com resultados reconhecidosao mais alto nível. Lançada em 2015,a estratégia Recomeçar em Idanhavisa sobretudo fixar e atrair pessoase investimento, tendo sido galardo-ada em 2018 a nível nacional com oprémio Município do Ano (Categoria"Região Centro - Menos de 20 milhabitantes") e a nível internacional

com o 2º lugar no prémio Marca Ter-ritorial do Ano, entregue em Londres,à frente de outros finalistas comoBarcelona, a Estónia ou a Escócia.

A estratégia Recomeçar assumecomo principal objetivo a resoluçãode um problema que afetava Idanhahá mais de 50 anos, que era a perdaprogressiva de população. Desde oinício da sua implementação, já sãoacompanhados no âmbito desteprograma mais de mil pessoas ecerca de 350 projetos empresariais.Entre os pilares da estratégia Reco-meçar destaco o Green Valley FoodLab, por estar ligado à inovação naruralidade e ter o objetivo de fazerdeste município o "Silicon Valley" doMundo Rural. Representa a refor-mulação da nossa premiada Incuba-dora de Base Rural e, no seu âmbito,foram já instaladas 55 empresas erealizado um investimento privadoglobal de mais de 10 milhões deeuros.

Entretanto, o Recomeçar continuapreparado para colaborar na criaçãode condições para todos os que quei-ram viver ou investir em Idanha-a--Nova, sejam residentes, da nossadiáspora ou dos mais diversos pontosdo mundo.

«A figura do Jovem Empresário Rural poderá ajudarnovos empreendedores a investir em territóriosde baixa densidade, os quais terão cada vez maisuma importância estruturante no futurodo país e do mundo»,por Armindo Jacinto,Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova

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Revista Jovens Agricultores #117

Reconhecendo que o despovo-amento e o envelhecimento da po-pulação é um dos maiores desafiosdos territórios rurais, particular-mente nos territórios de baixa densi-dade, considera que esta figura po-derá dar um importante contributopara mitigar este problema?

Em 2018, pela primeira vez desde hámais de 50 anos, Idanha-a-Nova con-seguiu chegar à estabilização dosaldo migratório, esbatendo asdiferenças entre o êxodo popula-cional e o número de pessoas que semudam para o território. Esse factoabre-nos boas perspetivas para otrabalho que temos vindo a realizar,no sentido de contrariar fenómenoscomo o despovoamento e de afirmaras áreas rurais como espaços deoportunidade, inovação e desen-volvimento. A figura do Jovem Em-presário Rural poderá ajudar novos

empreendedores a investir emterritórios de baixa densidade, osquais terão cada vez mais umaimportância estruturante no futurodo país e do mundo. Por isso, consi-dero que o contributo do JER poderáser significativo se a sua operacio-nalização corresponder às expecta-tivas que existem.

A promoção dos territórios do in-terior e a sua valorização, beneficiarácom a colaboração e articulação devárias entidades. O Município deIdanha-a-Nova tenciona apoiar edifundir o conceito do JER?

O Município de Idanha-a-Nova temtodo o interesse em apoiar instru-mentos e novas dinâmicas que cor-respondam aos nossos objetivos dedesenvolvimento sustentado desteconcelho. Teremos todo o gosto emcolaborar na implementação da

figura do Jovem Empresário Rural,no âmbito dos instrumentos de apoioao empreendedorismo que disponi-bilizamos aos empresários, em redee não só, para tornar o Mundo Ruralum espaço mais atrativo para o povo-amento e investimento.

De referir que Idanha-a-Nova já hojeaposta no trabalho dentro de redesnacionais e mesmo internacionais.Somos a primeira Bio Região emPortugal a integrar a Rede Interna-cional de Bio Regiões, e o nosso ter-ritório detém três selos UNESCO:Cidade Criativa da Música, GeoparqueMundial e Reserva da Biosfera.

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Moura integra a região do Alentejoe sub-região do Baixo Alentejo, de-nunciando um concelho repleto deoliveiras e terrenos de cultivo.

Com um setor primário que tem vin-do a perder primazia, mas ainda as-sim expressivo, é o setor terciárioque mais se destaca, com a expansãode comércio e serviços. A área doturismo rural e do agroturismo sãodois segmentos com maior cresci-mento, que aproveitando estrategi-camente todo o potencial endógenoda região, têm contribuído signifi-cativamente para o desenvolvi-mento ecónomo e social do con-celho.

O encontro de soluções inovadoraspara a fixação de jovens é uma pre-missa e a Autarquia tem disponibi-lizado várias ferramentas com vistaà captação de investimento que gereemprego, defendendo que nestaótica de dar resposta às necessi-dades daqueles que querem investir,o Jovem Empresário Rural deveráser um instrumento alvo de menorburocracia, assim como deverá ca-minhar lado a lado com os diversosserviços.

Como é que a autarquia vê a imple-mentação do JER - Jovem Empre-sário Rural e qual o impacto socio-económico que pode ter a nívellocal?

O Município de Moura entende queo reconhecimento da figura Jovem

Empresário Rural se reveste degrande importância. Desde logo por-que pode contribuir para a fixaçãode jovens empreendedores, inovado-res e com visão de futuro, no EspaçoRural. Para além disso poderá con-tribuir para uma melhor agricultura,melhor economia e mais desenvolvi-mento social no concelho.

Têm levado a cabo algum tipo deinvestimentos que constituam umfator de atratividade para ainstalação de jovens no concelho?

O atual executivo, da Câmara Muni-cipal de Moura, desde o seu primeirodia de mandato que tem tido apreocupação de criar condições paraa fixação de jovens no concelho. Éimportante para o interior do país, eMoura não é exceção, criar discrimi-nação positiva que permita combatera perda de população, especialmentejovem. Isso consegue-se, em parte,criando condições à captação de in-vestimento que gere emprego. Porisso encontram-se disponíveis váriosinstrumentos como o Moura Investe,o Projeto Prata, o FAME, bem comoa informação relativa a novos investi-mentos e ao bloco de rega da EDIA� Empresa de Desenvolvimento eInfraestruturas de Alqueva, que embreve chegará ao concelho deMoura, proporcionando melhorescondições aos nossos agricultores.

Reconhecendo que o despovo-amento e o envelhecimento da po-pulação é um dos maiores desafios

dos territórios rurais, particular-mente nos territórios de baixa den-sidade, considera que esta figurapoderá dar um importante contribu-to para mitigar este problema?

Acredito que sim, mas se for bemenquadrada e apoiada pelo PoderCentral. Volto a afirmar, o interior dopaís e os territórios rurais necessitamde discriminação positiva para osjovens, mas também de menos buro-cracia.

Entendo que a figura JER - JovemEmpresário Rural, deve caminharlado a lado com a existência, nestesterritórios, de melhores escolas, me-lhor saúde, melhor justiça e melhoresacessibilidades. São áreas funda-mentais para a fixação de investi-mento e de população.

A promoção dos territórios do inte-rior e a sua valorização, beneficiarácom a colaboração e articulação devárias entidades. O Município deMoura tenciona apoiar e difundir oconceito JER?

Temos todo o interesse e disponibi-lidade em colaborar e difundir oconceito JER através de todos os veí-culos de comunicação de que dispo-mos na Câmara Municipal de Moura.

Para além disso estamos igualmentedisponíveis para apoiar as candida-turas que venham a surgir, atravésdo gabinete Moura Investe.

DOSSIER CENTRALJER - JOVEM EMPRESÁRIO RURAL: UMA NOVA DINÂMICA PARA OS ESPAÇOS RURAIS

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«O Jovem Empresário Rural pode contribuir para a fixaçãode jovens empreendedores, inovadores e com visão de futuro,no Espaço Rural», por Álvaro Azedo,Presidente da Câmara Municipal de Moura

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Alcoutim, comumente procuradocomo destino de natureza, privilegiade uma localização entre a serra e orio, oferecendo muitas tradições ecostumes, típicos desta região raianaalgarvia.

Apesar de ser um território com ele-vado potencial, tem vindo a assistira um decréscimo da população, queem muito se relaciona com as assi-metrias entre o litoral e a serra. Co-mo forma de contrariar a preocu-pante tendência, o Município temmantido a proatividade com a rea-lização de diversos eventos, promo-vendo a discussão em torno dasproblemáticas identificadas, procu-rando soluções para rejuvenescer otecido socioeconómico.

A Autarquia pretende apoiar e valo-rizar o Jovem Empresário Rural, esta-belecendo uma articulação com ou-tras medidas, nomeadamente a pardo trabalho que está a ser desen-volvido pelo Centro de Competên-cias na Luta contra a Desertificação,que permita o aproveitamento deoportunidades, através de uma es-tratégia integrada.

Como é que a Autarquia vê a imple-mentação do JER - Jovem Empre-sário Rural e qual o impacto socioeco-nómico que pode ter a nível local?

A implementação do JER tem, no en-tender do órgão executivo do Muni-cípio de Alcoutim, um conjunto decaracterísticas valorativas que po-dem marcar a diferença, se integradonas medidas que têm sido criadascomo resposta aos anseios dos au-tarcas. Este Estatuto consubstanciaa possibilidade de tratar de formadiferenciada aquilo que é diferentee a diversificação do conjunto de áre-as e atividades que poderão vir a serapoiadas, também cria a possi-bilidade de incentivar e estimular umleque de oportunidades que até aquiestavam muito segmentadas. Enten-demos, pois, que o JER revela umavisão integrada dos desafios doMundo Rural e da baixa densidadee pode constituir uma ferramentamuito útil na implementação dedinâmicas adequadas às especi-ficidades de cada vila e/ou de cadaaldeia, e assim contribuir de formaconstrutiva para alavancar todo otecido socioeconómico.

Têm levado a cabo algum tipo deinvestimentos que constituam umfator de atratividade para a insta-lação de jovens no concelho?

Desde o inicio dos mandatos paraque fomos eleitos, desde 2013, queuma das medidas que criámos foi arealização do evento �Jornadas doMundo Rural�.

A criação e o desenvolvimento desteprojeto, pretende afirmar-se comouma plataforma municipal, comabrangência regional, onde atravésda criação de equipas/grupos mul-tidisciplinares, se promova a discus-são em torno das temáticas do Inte-rior e dos problemas que estão iden-tificados e procurar respostas e/ousoluções para mitigar os efeitos des-tes mesmos problemas. Estes even-tos têm tido, ao longo dos anos, umacontinuidade e uma sequência nostemas discutidos e na procura desoluções.

Já organizámos uma reunião em�Focus Group� que derivou na elabo-ração de 2 candidaturas ao PDR2020para a criação de 2 Grupos Operacio-nais, mais tarde, com maior sucesso,também foi impulsionadora da nossaadesão ao acolhimento do Centrode Competências na Luta Contra aDesertificação (em fase de arranqueoficial), e neste sentido, considera-mos que estas têm sido algumas dasmedidas mais úteis e mais esti-mulantes que se podem criar, comuma visão estratégica ao incentivo àinstalação dos JER. A estas medidaspodemos, atualmente, juntar adisponibilidade de lotes na ZonaIndustrial a 1 �/m2, o conjunto alar-gado de incentivos às crianças e jo-vens, que desde o nascimento, como apoio de 5.000,00 �, até ao Ensino

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DOSSIER CENTRAL - JER - JOVEM EMPRESÁRIO RURAL:UMA NOVA DINÂMICA PARA OS ESPAÇOS RURAIS

«Reunimos um conjunto interessante de fatoresde atratividade para a instalação do JER»,por Osvaldo Santos, Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim

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Superior com Bolsas de Estudo de1.000,00 �/ano, passando por umconjunto de benefícios fiscais di-versificados. Creio, por isso, que reu-nimos um conjunto interessante defatores de atratividade para insta-lação dos JER.

Reconhecendo que o despo-voamento e o envelhecimento dapopulação é um dos maiores desa-fios dos territórios rurais, particu-larmente nos territórios de baixadensidade, considera que esta figurapoderá dar um importante contri-buto para mitigar este problema?

Com certeza que sim. Em todas asvezes que falamos dos problemasdo interior e das razões que estão naorigem do despovoamento, que nosconduziram à condição de territóriode baixa densidade, lembramossempre que estes são também terri-tórios de elevado potencial.

As faculdades destes territórios vãomuito para além do que tradicio-nalmente se aportava para as ati-vidades agrosilvopastoris. Esses são

vetores fulcrais e fundamentais doequilíbrio dos ecossistemas e quetêm que ser tratados com respeitopela Natureza, mas muitas outrasoportunidades poderão e deverãoser aproveitadas em complementode uma estratégia integrada. O queaté hoje estava muito segmentadopara os territórios rurais, em termosde apoios para a instalação de jovens,com este instrumento, mantêm-seesses mesmos incentivos para ossegmentos já anteriormente contem-plados, mas abre as portas a outrasoportunidades que podem e devemser apoiadas como forma de valorizaras iniciativas dos Jovens Empresáriosem toda a sua dinâmica criativa. Esteserá o caminho para rejuvenescer otecido socioeconómico destes ter-ritórios, que através destes modelosde instalação poderão criar a dinâ-mica necessária à fixação de pessoas,e neste sentido, consideramos, pois,que o Estatuto do JER poderá seruma mais-valia importante.

A promoção dos territórios do inte-rior e a sua valorização, beneficiarácom a colaboração e articulação de

várias entidades. O Município deAlcoutim tenciona apoiar e difundiro conceito do JER?

Claramente que sim. Naquilo que sãoo conjunto de ações relacionadascom o trabalho que está a ser iniciadono arranque do funcionamento doCentro de Competências na LutaContra a Desertificação, na elabo-ração da Agenda de Investigação, énosso propósito estabelecer umalinha de articulação entre os eixosprioritários dessa mesma agenda,uma interação que valorize a inter-venção destes potenciais agentes dedesenvolvimento em todo o territó-rio nacional, uma vez que o próprioCentro de Competências tambémtem essa dimensão e abrangência.

A nível local, obviamente que os nos-sos canais de divulgação e comuni-cação estarão ao dispor desta divul-gação e estabeleceremos todas asparcerias e/ou medidas que, no âm-bito das nossas competências, sejampossíveis com o intuito claro deapoiar, valorizar e acarinhar esta me-dida que nos parece bastante útil.

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Maputo foi novamente palco destainiciativa que gerou uma base detrabalho em torno de diversas ma-térias, como o caminho dos setoresagroalimentar e gastronómico e ainternacionalização de empresas, apar das dinâmicas económicas quepoderão favorecer as regiões coma fixação de jovens nos territórios,permitindo o desenvolvimento detoda a estrutura agrária do país.

Evocando o papel que Portugal e aAJAP (enquanto difusora e parceirade vários projetos nos PALOP - Paísesde Língua Oficial Portuguesa) têmem Moçambique, foi levada pelosoradores do evento uma reflexão emtorno de diversos fatores macro-económicos, que influenciam o setoragroalimentar, bem como estratégiasde modernização da agricultura.

PARCERIAS PROMISSORAS

Firmino Cordeiro, Diretor Geral daAJAP, voltou a lembrar que estes

eventos que a Associação tem vindoa proporcionar em Moçambique,devem ser aproveitados ao máximopelos Jovens Agricultores moçam-bicanos, ainda mais com as parceriasque se têm criado e que conseguirãoproporcionar novas oportunidades:�Os dois protocolos que foram aquicelebrados, quer com a CTA, quer como Millennium BIM (o maior banco emMoçambique), podem tornar-sebastante úteis para um estímulo àagricultura moçambicana (�) osdoadores internacionais, as orga-nizações não governamentais para odesenvolvimento e todos aqueles quecolaboram com este país em prol doseu crescimento, querem ver este tipode parcerias celebradas entre produto-res, com a banca, de forma a que tam-bém sintam segurança no investi-mento que estão a executar, e atéporque acaba também por ser umaforma de a banca ficar mais disponívelpara fazer o que até à data não temsido fácil fazer em Moçambique, queé baixar taxas de juro para o inves-timento.�

O protocolo celebrado entre oMillennium BIM e a AJAP prota-gonizou um dos momentos altos,deste encontro em Maputo, aoassinarem um acordo que pretendeapoiar os jovens moçambicanos nacriação do seu próprio emprego enegócio, e segundo o Presidente daComissão Executiva do MillenniumBIM, José Reino da Costa, esta

corporação é deveras importantepara o seio agrícola do país em causa:

�A agricultura é um setor de extremaimportância em Moçambique, sendoque uma elevada percentagem defamílias depende do setor (�) dadaa importância e o potencial da agri-cultura no país, a AJAP com a elevadaexperiência que tem no apoio aosJovens Agricultores e aos Jovens Em-presários, na assistência, na capaci-tação técnica e na formação, pode sermuito útil, contribuindo para que osjovens moçambicanos possam desen-volver a atividade agrícola, criar osseus projetos, criar pequenas empre-sas que contribuam para o desen-volvimento agrário.� A captação doinvestimento, que é indissociável doacesso ao crédito, tem sido um dospontos críticos em Moçambique,mas �também aqui a AJAP tem feitoum bom trabalho junto da banca por-tuguesa, que só muito recentemente

MAPUTO RECEBEU O DEBATE AO ALMOÇO- QUALIDADE E COMPETITIVIDADE AGROALIMENTARA Associação dos Jovens Agricultores de Portugal em co-parceria com a Confederação das Associações Económicasde Moçambique (CTA), organizou um Debate ao Almoço, no âmbito da Qualidade e Competitividade Agroalimentar,enquadrado na campanha Portugal Gourmet e ao abrigo do COMPETE2020.

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ATUALIDADE

Firmino Cordeiro, Diretor Geral da AJAP

Diretor Geral da AJAP, Firmino Cordeiro e oPresidente da Comissão Executiva doMillennium BIM, José Reino da Costa

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Revista Jovens Agricultores #117

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descobriu o potencial de negócio queo setor agroindustrial tem, e com istosignifica que a AJAP está já a queimaretapas, e assim a promover esse tra-balho aqui em Moçambique�, enalte-ceu a CEO da Mota-Engil Ambientee Serviços, Gabriela Ventura.

Daniel Dimas, Vice-Presidente daConfederação das AssociaçõesEconómicas de Moçambique (CTA),falou com orgulho e satisfação,relativamente ao protocolo assinadocom a AJAP: �Este memorando émuito importante no campo da for-mação, a fim de capacitar os nossosjovens para assumirem com as fer-ramentas devidas o negócio da agri-cultura e do agroalimentar, como umaatividade consistente e sabemos quea AJAP, com a experiência de 36 anosque reúne, será uma valiosa parceira.�

O PAPEL DA AJAPJUNTO DOS PALOP

O Ministro da Agricultura e Seguran-ça Alimentar de Moçambique, HiginoMarrule, felicitou o trabalho da AJAP,assim como frisou a importância daAssociação no fornecimento deferramentas de trabalho: �Temos queaproveitar a experiência que a AJAPtem e adaptar às condições de Moçam-bique, acreditamos na abordagem queestão a ter e no trabalho desenvolvidocom diversas entidades e associaçõese na capacidade de agregar maisjovens para se tornarem os empresá-rios de amanhã no setor agrário (�)é preciso incutir nos jovens que o setoré de alto risco, mas há formas de miti-gação desse risco, tendo confiança nofuturo, estabelecendo contratos quepossam ser realmente cumpridos eque sejam atrativos de investimento.�

�É com muito gosto que a partir deLisboa me associo à iniciativa da Asso-ciação dos Jovens Agricultores dePortugal, de visita a Moçambique, paracontribuir para a internacionalizaçãodo setor agroalimentar português e

para contribuir para a difusão de boaspráticas agrícolas em Moçambique�,palavras de ânimo do ex-Presidenteda República, Aníbal Cavaco Silva,que não estando presente no evento,gravou uma mensagem em vídeode estímulo para a AJAP, ondeevidenciou a coragem e os desafiossuperados pelo povo moçambicano,assim como o apreço pelo país ondetambém viveu. Moçambique temvindo a envidar esforços para quehaja crescimento económico e sociale melhorias das condições de vida, eo ex-governante deu o exemplo agrí-cola português, que se tornou numpadrão apelativo, também com acolaboração dos jovens agricultores:� Portugal passou pelo desafio bemdifícil da modernização da agriculturae para isso contou com o apoio deci-sivo dos Jovens Agricultores portu-gueses, e hoje o setor agrícola nacionalé moderno e consegue competir, ebem, com as outras economias desen-volvidas da União Europeia. Por isso,saúdo com uma força muito particular,esta iniciativa da AJAP, que com estavisita a Moçambique, está a contribuirpara o investimento português nestepaís, e que estou convencido, de quecontribuirão para que os agricultoresmoçambicanos possam usar melhora sua terra.�

O impacto que a Associação dos Jo-vens Agricultores de Portugal temtido junto dos PALOP, particular-

Gabriela Ventura, CEO da Mota-EngilAmbiente e Serviços

O Vice Presidente da CTA, Daniel Dimas

O Ministro da Agricultura e SegurançaAlimentar de Moçambique , Higino Marrule

A mensagem do ex-Presidente daRepública, Aníbal Cavaco Silva

O Diretor Geral da AJAP, Firmino Cordeiro,a Embaixadora de Portugal em Moçam-bique, Amélia Paiva, e o ex-Vice PrimeiroMinistro, Paulo Portas

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mente em Moçambique, não tempassado despercebido, sublinhando-se a reciprocidade do seu trabalho,ao implementar diversas oportuni-dades. �Programas de estágios diri-gidos a agricultores moçambicanos,em parceria com a Agência de Desen-volvimento do Vale do Zambeze e coma Cooperativa de Poupança de Créditodos Produtores do Limpopo (�) estesestágios serão realizados em explo-rações modelo portuguesas com aduração de até dois meses, visando aaquisição de conhecimentos in loco eposterior investimento a realizar emMoçambique pelo Jovem Agricultormoçambicano ou em conjunto com aempresa que será acolhedora doestágio�, disse a Embaixadora dePortugal em Moçambique, AméliaPaiva, que acredita que a cooperaçãoentre os dois países, e particular-mente a partir das associações, or-ganizações e cooperativas, poderáser rentável e dar os devidos frutos.

Sendo o setor agrícola bastante exi-gente, que funciona num mercadoglobal, a sua importância é inques-tionável, aprovisionando as expor-tações, o crescimento económico econsequentemente o PIB e naperspetiva de Gabriela Ventura, CEOda Mota-Engil Ambiente e Serviços,�é um caminho que Moçambique temtodo o interesse em fazer e sobretudocom vantagens comparativas excecio-nais, tais como as condições edafocli-máticas, lembrando que há um enor-me potencial que não se pode desper-diçar.� E quando o tema é a contribui-ção que a AJAP tem implementadointernacionalmente, Gabriela Venturanão poupa elogios:

�A AJAP tem tido um papel que é único,de uma atenção constante, junto dosPALOP, e está a meu ver a atacar osaspetos que são essenciais parapromover o desenvolvimento de umaagricultura forte� Em primeiro lugara assistência técnica, depois a quali-ficação dos recursos humanos, pois

hoje em dia ninguém sobrevive na agri-cultura sem qualificação, e aliás, a apro-vação do estatuto de Jovem EmpresárioRural, luta de há anos da AJAP, mostrabem que o foco é esse, que o agricultortem que ser cada vez mais profissional,cada vez mais gestor e tem que ser capazde diversificar a sua atividade.�

PERSPETIVAS FUTURAS PARA MOÇAMBIQUE

As perspetivas futuras para Moçam-bique são risonhas, e o Ministro daAgricultura, Higino Marrule, afirmaque �o futuro agrícola já começou, noque diz respeito a políticas do governoe de incentivo ao setor agrário, aquiloque é a nossa estratégia de apoio aosetor privado demonstra isso, quemquiser investir em Moçambique no ra-mo empresarial tem diversos incenti-vos, contudo há certos requisitos quesão necessários cumprir, mas que oGoverno existe também para facilitaro processo.� No que respeita a estra-tégias, Salim Valá, Presidente doConselho de Administração da Bolsade Valores de Moçambique, acreditaque a inovação e modernização daagricultura é também uma neces-sidade, no entanto, sublinha queigualmente vital �são os mecanismosde financiamento e os apropriadosdispositivos de ligações de mercado.�

Numa era em que a globalização e acompetitividade são as chaves paraeconomias sólidas, sendo �o grande

desafio o desenvolvimento económicoe social, que requer a modernizaçãodo setor agroalimentar, produzir maise com maior qualidade, aumentar aprodutividade, conseguindo que emcada hectare se produza mais e me-lhor, para alimentar a população e po-der exportar para o exterior os exce-dentes agrícolas� E isto será possível,pois Moçambique tem a força dotrabalho dos moçambicanos�, refor-çou o ex-Presidente da República,Cavaco Silva.

O ex-Vice Primeiro Ministro, PauloPortas, foi também um dos oradoresconvidados do debate Qualidade eCompetitividade Agroalimentar, eapesar de reconhecer que há desa-fios por superar a fim de tornar aagricultura sustentável, estabeleceuum discurso otimista: �A dimensãode Moçambique, a capacidade demelhorar a produtividade da terra, anecessidade de dar horizontes a umapopulação muito jovem, e o facto deter dado um passo decisivo que foi oprocesso de paz, faz-me acreditar queé um país com futuro e que a agri-cultura poderá ser um dos pilares dedesenvolvimento.�

A satisfação por mais um eventobem-sucedido e pela superação daexpectativa, não podia deixar de serexprimida, nas palavras do DiretorGeral da AJAP: �Em minha opinião foium sucesso, mas creio que é a mesmaopinião partilhada por todos os queestiveram presentes (�) todas aspessoas que saíram daqui, foram comuma enorme satisfação, apesar de tersido um debate longo, mas compen-sador pela qualidade dos oradores quedeixaram discursos profícuos e bemrefletidos, tendo ainda sido reforçadauma palavra crucial, a confiança deque o país tem que passar não só aosinvestidores nacionais, mas acima detudo internacionais.�

Veja a galeria completa das fotografias do evento ealgumas notícias na página do Facebook da AJAP

Salim Valá, Presidente do Conselho deAdministração da Bolsa de Valores deMoçambique

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Depois de Moçambique no mês defevereiro, em março a AJAP rumouao Brasil, país onde o reconhecimentoinstitucional da Marca Portugal, conti-nua em ascensão. Numa ótica de in-ternacionalização das empresas dosetor agrícola e agroalimentar, o de-bate organizado com co-parceria coma Câmara de Comércio e Indústria doRio de Janeiro, objetivou uma análisesobre o fluxo da economia internaci-onal, assente nas oportunidades enos desafios decorrentes do fenó-meno da globalização.

Esta iniciativa enquadrada na Cam-panha Portugal Gourmet, reuniu di-versas personalidades portuguesase brasileiras, que abordaram os te-mas em destaque, reforçando a imp-ortância das trocas comerciais e dadisseminação de parcerias estraté-gicas. Para dar voz aos assuntos dedebate, estiveram presentes os dis-

tintos oradores: Manuel Dominguese Pinho, Presidente da Câmara Por-tuguesa de Comércio e Indústria doRio de Janeiro, Jaime Leitão, CônsulGeral de Portugal no Rio de Janeiro,Kátia Espírito Santo, Diretora do Sin-dicato de Bebidas do Rio de Janeiro,João Lima, Vogal do Conselho Dire-tivo do Instituto Nacional de Investi-gação Agrária e Veterinária (INIAV),Hélder Coimbra, Chefe da UnidadeDescentralizada de Vigilância Agro-pecuária Internacional do Porto doRio de Janeiro, Filipe Sampaio Ro-drigues, Professor Universitário, Nu-no Serra, Deputado da Assembleiada República Portuguesa, e JúlioBueno, ex-Secretário do Desenvol-vimento Económico. Foi com umamensagem gravada em vídeo peloMinistro Adjunto e da Economia,Pedro Siza Vieira, que se fez a aber-tura do evento.

A par do debate, os presentes foramainda contemplados com um almoço�Cozinha do Brasil com Produtos Portu-gueses�, como reforço simbólico doslaços existentes entre os dois países,ao som da atuação de uma bandacarioca.

A AJAP esteve também presente nomaior evento do setor alimentar doBrasil, a Super Rio Expofood, que tevelugar no Rio de Janeiro nos dias 19, 20e 21 de março. Com o propósito de di-fundir, destacar, valorizar e dar a conhe-cer a qualidade dos produtos tradicio-nais portugueses produzidos porJovens Agricultores e Jovens Empresá-rios Rurais, o stand da Associação dosJovens Agricultores de Portugal, nocertame, foi dedicado exclusivamenteà promoção de produtos dos setoresdos lacticínios, transformados de carnee azeite, registando uma positiva afluên-cia e interesse por parte dos visitantes.

AJAP REGRESSA AO RIO DE JANEIROCOM O DEBATE AO ALMOÇO QUALIDADEE COMPETITIVIDADE AGROALIMENTARE COM A PARTICIPAÇÃO NA SUPER RIO EXPOFOODA Associação dos Jovens Agricultores de Portugal em co-parceria com a Câmara de Comércio e Indústria do Riode Janeiro, organizou um debate ao almoço, no âmbito da Qualidade e Competitividade Agroalimentar, enquadradona campanha Portugal Gourmet e ao abrigo do COMPETE2020.

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ATUALIDADE

O Vogal do Conselho Diretivo do INIAV, João Ribeiro Lima, o Diretor Geral da AJAP, Firmino Cordeiro, o Deputado da Assembleia daRepública de Portugal, Nuno Serra, o Professor Universitário, Filipe Sampaio Rodrigues.

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O Embaixador Jaime Leitão,Cônsul Geral de Portugalno Rio de Janeiro

O Ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira

O Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Riode Janeiro,Manuel Domingues e Pinho

A Diretora do Sindicato de Bebidas do Rio de Janeiro,Katia Espírito Santo

O ex-Secretário do Desenvolvimento Económico, Julio Bueno O Chefe da Unidade Descentralizada de Vigilância AgropecuáriaInternacional do Porto do Rio de Janeiro, Hélder Coimbra

O Diretor Geral da AJAP, Firmino Cordeiro, o Presidente da ASSERJ, Fábio Queiroz, o Cônsul Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Jaime Leitão,o Vogal do Conselho Diretivo do INIAV, João Ribeiro Lima, o Professor Universitário Filipe Sampaio Rodrigues, o Diretor da Agência para oinvestimento e Comércio Externo de Portugal | São Paulo, Fernando Carvalho

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MELHORAR O FUTURO AGRÍCOLA EM MOÇAMBIQUE

AJAP SOU EU

A funcionar quase há um ano, o ga-binete da AJAP em Moçambique,localizado na baixa da cidade deMaputo, começa agora a demonstraralgum trabalho técnico e no terreno,após conclusão de todos os trâmiteslegais para o seu funcionamento.Alberto Carreira, o Delegado respon-sável por este gabinete, reforça queapesar de ainda estarem no início,�têm sido fechadas algumas parceriasque serão uma mais valia, como porexemplo o acordo celebrado com oMillennium BIM, no decorrer do De-bate Qualidade e CompetitividadeAgroalimentar, com vista a arranjarsoluções financeiras para os jovens.�

Avançar com um processo cons-trutivo e evolutivo da agricultura mo-çambicana assente na capacidade,no conhecimento, na vontade de ino-var e na resiliência dos jovens é umamissão que a AJAP tem levado a caboum pouco por toda a República deMoçambique. �É importante organi-zarmos estes jovens, darmos-lhes aformação necessária, incitar-lhes o usodas novas tecnologias agrícolas, prepa-rá-los para os mercados e abrir-lhes ocaminho para evoluírem e seguramen-te terem um futuro melhor�, explica

Alberto Carreira, clarificando que osserviços da Associação pretendemessencialmente apoiar os jovens quese queiram instalar na agricultura,concedendo formação técnica e pro-fissional, clarificando as condiçõeslegais, as medidas e os programas deapoio existentes para o exercícioagrícola.

Num país com uma das maiores taxasde crescimento demográfico domundo, em que uma elevada percen-tagem da população vive da agri-cultura, o rejuvenescimento do setoré também uma urgência, e AlbertoCarreira refere que uma parte do seupapel, relativamente a este assunto,tem sido a intervenção junto de váriosdirigentes moçambicanos, sensi-bilizando-os para a importância dasnovas gerações, que terão a capa-cidade de dar continuidade e instigarum crescimento positivo, naquelaque é a maior fonte de rendimentolocal, a agricultura.

�Moçambique não tem a mesma reali-dade que a Europa no que respeita aprogramas de apoio e a financia-mentos, em Portugal estamos noutronível completamente diferente de

desenvolvimento agrícola, da própriaorganização das associações��,afirma o Delegado da AJAP em Mo-çambique, que também já exerceufunções em Portugal, mas que apesardas dificuldades existentes, o esforçotem compensado, �aqui é importanteacima de tudo, começarmos a juntaros jovens, e já o começámos a fazer ebem sucedidos, nomeadamente naregião do Chókwè e na província deTete, em que apoiámos a PRODUJ e acriação da Associação de JovensAgricultores de Tete.�

Açúcar, banana e tabaco, têm sidoas cadeias de valor agrícola com maisinvestimento em Moçambique, con-tudo, há muito potencial para outrasculturas. A Associação dos JovensAgricultores de Portugal vai continuara investir numa estratégia que po-tencie os polos que melhor funcio-nam, devolvendo vitalidade às diver-sas províncias, instigando o empreen-dedorismo e o investimento, junta-mente com um apoio favorável nagestão de negócio (antes e depoisda capitalização do projeto), em prolde uma agricultura com futuro.

Alberto Carreira, Delegado da AJAP em Moçambique

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AMANGOLA � A UNIÃO DAS ASSOCIAÇÕES LOCAISDE ANGOLA AO SERVIÇO DA COMUNIDADE

PARCERIAS INTERNACIONAIS

A AMANGOLA � União das Asso-ciações Locais de Angola é uma Asso-ciação Nacional de direito privadosem fins lucrativos, de promoção edesenvolvimento comunitário. En-quanto Instituição de Utilidade Públi-ca funciona a partir da consolidaçãode uma rede Nacional de Associa-ções Locais, que por via dos seus as-sociados e munícipes em geral,constitui um importante alicerce dodesenvolvimento local, através darealização de ações concretas nascomunidades, com base na trilogia�pensar, conceber e transformar�.

Foi através de uma visita realizadapelos responsáveis desta instituiçãoa Portugal, que se estabeleceu con-tacto com os dirigentes da AJAP,dando lugar a uma parceria decooperação e à criação da AJANG �Associação dos Jovens Agricultoresde Angola. O Presidente Interino daComissão Diretiva da AMANGOLA,Mário João, aborda a importânciadesta parceria, deixando claro quehá uma grande expectativa no querespeita à partilha de conhecimento,e particularmente no surgimento demedidas de desenvolvimento e sus-tentabilidade.

A implementação dos objetivos temsido bem-sucedida? Os cidadãosangolanos têm tido uma participa-ção/ voz mais ativa?

Quanto aos objetivos na implemen-tação dos programas, temos tidobastante sucesso. As ações mere-ceram da parte da Sociedade no geraluma grande atenção, bem como daparte do Executivo Angolano, daí arazão pela qual a AMANGOLA ganhoudo Executivo o Título de Instituiçãode Utilidade Pública.

Inserido nos vossos propósitos estáa necessidade de rejuvenescer osterritórios e províncias do interiordo país. Qual o contributo que aAMANGOLA tem providenciadonesse sentido?

A AMANGOLA tem contribuído bas-tante com a realização de Atos quevisam sensibilizar as comunidadeslocais e o executivo, no sentido decriarem políticas que atraem o de-senvolvimento local. O cultivo dasterras aráveis que Angola tem podecontribuir para diminuir as neces-sidades base das populações, e nesseâmbito a AMANGOLA promoveu acriação da AJANG - Associação dosJovens Agricultores de Angola, paradivulgar e promover o potencial Agrí-cola em varias regiões do país, assimcomo criar condições da autossus-tentabilidade, criar emprego para aJuventude, atraindo-os para o regres-so ao campo.

Considera que Angola necessita deum programa destinado aos JovensAgricultores e aos Jovens Empre-sários Rurais?

Angola precisa de um programadestinado aos Jovens Agricultores,de forma a obter conhecimentos eformação que possam contribuirpara o desenvolvimento deste gran-de setor que é a base fundamentalpara o desenvolvimento e sustenta-bilidade do país e das famílias.

Relativamente aos Jovens Empre-sários Rurais, é importante o apoioa esta classe, tendo em conta a neces-sidade de diversificação da econo-mia, com base em outros negócios,para promover o autoemprego e oempreendedorismo e proporcio-nando assim o micro negócio.

A AMANGOLA tem vindo a capacitaros seus membros, associados esociedade em geral, nas mais diversasmatérias, com base nos seus planosanuais de atividades de apoio aodesenvolvimento local, com vista aque as comunidades estejam pordentro dos reais objetivos do exe-cutivo, para promover a inclusão so-cial dos cidadãos, muito em parteatravés do seu programa �Amar oBairro�, que realiza projetos de âm-bito comunitário.

Tendo em conta a vasta experiênciada AJAP, quais são as expectativasrelativamente à parceria de coope-ração estabelecida com a AJANG?

A AMANGOLA rubricou com a suacongênere Portuguesa, AJAP, umprotocolo de cooperação, tendo emconta a sua vasta experiência no do-mínio da agricultura e políticas asso-ciadas, que tenham como objetivo odesenvolvimento local e criar basesde sustentabilidade para as famílias,de forma a diminuir a pobreza. Assimsendo, a AMANGOLA tem uma gran-de expectativa que desta parceria,surjam medidas concretas que aju-dem ambas as instituições, obvia-mente com maior necessidade paranós por sermos ainda novatos emalguns domínios, como os incentivoslocais. A AJAP, goza de um estatutode grande experiência, daí aAMANGOLA ter rubricado o protocoloe promovido a parceira entre a visadae a AJANG.

Presidente Interino da Comissão Diretiva da AMANGOLA, Mário João

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