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Page 1: José Saramago

José Saramago e o Memorial do Convento

Trabalho Elaborado Por:

João Silva 12ºB

Page 2: José Saramago

Índice:

José Saramago ------------------------------------------------------ Pág 3 Vida -------------------------------------------------------------- Pág 3 Obras Publicadas ----------------------------------------- Pág 5

Memorial do Convento ------------------------------------------- Pág 6 Obra -------------------------------------------------------------- Pág 6 Espaço e Tempo ------------------------------------------ Pág 7 Simbologia --------------------------------------------------- Pág 8 Personagens ------------------------------------------------ Pág 8

Conclusão ------------------------------------------------------------ Pág 11

Bibliografia ---------------------------------------------------- ------ Pág 12

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José Saramago

Vida

Consagrado escritor português, José Saramago nasceu a 16 de Novembro de 1922, em Azinhaga, no concelho da Golegã.

Ficcionista, cronista, poeta, autor dramático, coube-lhe a honra de ser o primeiro autor português distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, em 1998, consagrando, no seu nome, o prestígio das letras portuguesas contemporâneas além-fronteiras. Atribuição tanto mais meritória quanto a sua existência encontrou sempre condições adversas à satisfação da sua sede de cultura, ao longo de um percurso biográfico pejado de obstáculos - José Saramago não pôde, por dificuldades económicas, prolongar os estudos liceais; depois de obter o curso de serralheiro mecânico, desempenhou simples funções burocráticas e conheceu, em 1975, o desemprego - que não o impediria, porém, nem de manter uma postura cívica exemplar, marcada pelo empenhamento político activo, antes e após o regime salazarista, nem de, graças a um trabalho de autodidacta, adquirir um saber literário, cultural, filosófico e histórico incomparável, nem de se tornar um dos raros escritores profissionais portugueses. Figura de primeiro plano da literatura contemporânea nacional e internacional, a sua obra encontra-se traduzida em diversas línguas, sendo objecto de vários estudos académicos. Revelou-se como poeta com a colectânea Os Poemas Possíveis (1966), a que se seguiria Provavelmente Alegria (1970), desenvolvendo, simultaneamente, uma longa experiência como cronista, coligida nos volumes Deste Mundo e do Outro (1971), A Bagagem do Viajante (1973), As Opiniões Que o D. L. Teve (1974) e Os Apontamentos (1976). Destes dois registos fez o campo de ensaio, para, com 44 anos, encetar uma amadurecida carreira de romancista, que deixaria para trás experiências ficcionais ainda não suficientemente reveladoras, como Terra de Pecado, de 1947. Manual de Pintura e de Caligrafia e Levantado do Chão são os dois primeiros títulos de uma actividade romanesca que, concebida como registo privilegiado para uma interrogação sobre a relação entre o homem e a História, entre o individual e o colectivo, entre o escritor e a sociedade, nos anos 80, conhece um sucesso fulgurante, junto do grande público e da crítica especializada. É durante esta década que publica os títulos que o celebrizaram, como Memorial do Convento (1982), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) ou A Jangada de Pedra (1986), e onde problematiza, de forma imaginativa e humorada, numa dinâmica narrativa livre (sem constrições, seja ao nível da expressão linguística, marcada, do

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ponto de vista formal, por uma estratégia de integração, sem marcas gráficas, do discurso dialogal das personagens e do narrador no fluxo contínuo do texto; seja ao nível da efabulação de personagens ou do tempo), as modalidades de ficcionalização do tempo histórico, quer remetido para um passado revisto a partir da atenção conferida às histórias reais ou sonhadas dos seres anónimos que construíram a História (Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis), quer concebida como crónica de um futuro virtual que, sob a sua forma alegórica, não deixa de reflectir uma inquietação sobre o presente (A Jangada de Pedra). Posteriormente publicou outras obras, de entre as quais merecem menção História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1992), Ensaio sobre a Cegueira (1996), Todos os Nomes (1997) e A Caverna (1999). A bibliografia de José Saramago abrange ainda textos teatrais (Que Farei Com este Livro, A Segunda Vida de São Francisco, In Nomine Dei) e o registo diarístico encetado com a edição de Cadernos de Lanzarote.

José Saramago é comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada desde 1985 e cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas desde 1991. Para além do prémio Nobel, foi galardoado com o Prémio Vida Literária, atribuído pela APE, em 1993, e com o Prémio Camões, em 1995. Em 1999 foi doutorado Honoris Causa pela Universidade de Nottingham, em Inglaterra, em 2000 pela Universidade de Santiago, no Chile, e em 2004 pela Universidade de Coimbra, em Portugal, e pela Universidade de Charles de Gaulle-Lille III, em França.

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Obras Publicadas

Poesia

Os Poemas Possíveis, 1966 Provavelmente Alegria, 1970 O Ano de 1993, 1975

Crónica

Deste Mundo e do Outro, 1971 A Bagagem do Viajante, 1973 As Opiniões que o DL teve, 1974 Os Apontamentos, 1976

Diário

Cadernos de Lanzarote I, 1994 Cadernos de Lanzarote II, 1995 Cadernos de Lanzarote III, 1996 Cadernos de Lanzarote IV

Viagem

Viagem a Portugal, 1981

Teatro

A Noite, 1979 Que Farei Com Este Livro?, 1980 A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987 In Nomine Dei, 1993

Conto

Objecto Quase, 1978 Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979

Romance

Manual de Pintura e Caligrafia, 1977 Levantado do Chão, 1980 Memorial do Convento, 1982 O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984 A Jangada de Pedra, 1986 História do Cerco de Lisboa, 1989 O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991 Ensaio sobre a Cegueira, 1995 Terra do Pecado Todos os Nomes

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Memorial Do Convento

A Obra

Romance de José Saramago publicado em 1982 e reeditado em 2002.A acção de Memorial do Convento desenvolve-se no reinado de D.

João V, incidindo designadamente sobre o período de construção do Convento de Mafra, como indicia o título. O período em questão surge caracterizado através de personagens históricas propriamente ditas, como sejam aquelas da família real, mas também através de atmosferas marcadas por fenómenos populares do tempo, como os famosos autos-de-fé (em que uma das personagens principais virá a morrer com António José da Silva), as procissões e as touradas. A partir destas coordenadas se configura, por um lado, o mundo artificial e ostentatório da realeza, por outro, um ambiente estratificado de ignorância e superstição evidentes no Portugal da primeira metade do século XVIII, sob a égide do Santo Ofício.

A contaminação desta narrativa pela noção de que a História e mesmo a Literatura fabricam o romance da humanidade a partir do ponto de vista dos seus senhores é evidente em todo o enunciado, nomeadamente a partir da definição das suas personagens principais. É com figuras nobres que Memorial do Convento começa. No entanto, contrariando as expectativas dos leitores, o narrador parece encarar com alguma ironia a sua (ausência de) densidade psicológica, facto que é tanto mais chocante quanto se trata do rei e da rainha. Surpreendentemente, é no meio da multidão, tradicionalmente anónima, que sobressaem, ambos elementos do povo, Blimunda Sete-Luas, a mulher que vê o interior das pessoas se estiver em jejum e Baltasar Sete-Sóis, aquele que perdeu uma mão na guerra, e Bartolomeu de Gusmão, o padre «voador», nos quais assentará a espinha dorsal da acção.

Esta joga-se, por um lado, na edificação do referido Convento («por um voto que o rei fez se lhe nascesse um filho») e as vidas e fundos que compromete, e, por outro, na construção paralela da Passarola pelas supra-citadas personagens principais, espécie de Santíssima Trindade profana.

Enquanto o Convento representa o sacrifício caprichoso da colectividade humana vergada a uma vontade individual e, por conseguinte, a decepção da aventura colectiva humana tal como a História não a conta, a Passarola, construída por Baltasar a partir dos planos de Bartolomeu de Gusmão, e voando graças às vontades humanas contidas nas suas esferas que Blimunda captara nos corpos das pessoas, simboliza de algum modo a condição angélica do Homem, ou, mais do que isso, a revelação da

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condição humana (nas suas entranhas, nos seus fluidos, nos seus cheiros, nas suas rugas, etc.) como condição divina: «Deus estava fora do homem e não podia estar nele, depois, pelo sacramento passou a estar nele, assim o homem é quase Deus, ou será afinal o próprio Deus, sim, sim, se em mim está Deus, eu sou Deus, sou-o de modo não trino ou quádruplo, mas uno, uno com Deus». É esta revelação «sacrílega» que enlouquece Bartolomeu, levando-o a tentar queimar a Passarola depois de, temendo o Santo Ofício, ter nela fugido, com Baltasar e Blimunda.

Depois da aventura da Passarola, Baltasar trabalhará ainda no Convento, esse monumento cuja massa monstruosamente inumana vai ascendendo, apesar de tudo, como a Passarola, e revelando a história profana do Homem como uma história de redenção.

Deste modo, José Saramago re-escreve as convenções históricas, religiosas e literárias da nossa cultura, mostrando, como salienta Eduardo Lourenço, que, à semelhança da Passarola, «o fim de toda a ficção é voar, elevar-se sobrevoando, não céus inexistentes nem realidades mágicas, mas descolar da sua própria realidade humana, pesada, obscura, opaca, para ver melhor ou de outra maneira (...)».

Em finais dos anos noventa, esta obra foi adaptada ao teatro por Manuel Real e Filomena Oliveira.

Espaço e Tempo

Espaço

No romance existem dois macroespaços : Lisboa e Mafra.Lisboa serve de palco e cenário das injustiças sociais. Relacionados

com Lisboa existem microespaços que se destacam, tais como o Terreiro do Paço, o Rossio e São Sebastião da Pesqueira (local onde se construiu a Passarola).

Mafra é o espaço que faz a ligação com os factos históricos. Os microespaços relacionados com Mafra são o Alto da Vela (local escolhido para a construção do Convento), Pêro Pinheiro (palco de um episódio do transporte de uma pedra enorme para o Convento), Serra do Barregudo, Serra de Montejunto e Torres Vedras.

Tempo

A acção desenvolve-se num espaço temporal de, aproximadamente, 30 anos, com início por volta de 1711. Existem referências importantes, como a bênção da primeira pedra do Convento de Mafra (1717) e a

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sagração do mesmo no 41º aniversário do rei D. João V (1730), que nos permite situar cronologicamente a narrativa.

A acção termina em 1739, data em que Blimunda encontra Baltasar num auto-de-fé em Lisboa, juntamente com António José da Silva, o judeu, que de facto foi executado nesse ano.

Simbologia

A Passarola

Foi o padre Bartolomeu de Gusmão que inventou o aeróstato, ao qual chamou passarola, por ter forma de um pássaro e de um balão. Em 1709, apresentou a ideia a D. João V, que lhe forneceu os meios económicos para a construção da máquina.

No entanto, a construção de uma máquina voadora – ainda que através de conhecimentos científicos – opunha-se à intolerância religiosa da época. A ideia de ser condenado pela Inquisição perturbava de tal forma o padre Bartolomeu que este acabou por fugir e enlouquecer.

No romance de José Saramago, a construção da passarola e a realização do sonho de voar simbolizam a elevação do Homem a uma dimensão divina.

O Convento de Mafra

A construção do convento deve-se a uma promessa feita por D. João V para que a rainha D. Maria Ana de Áustria concebesse um herdeiro.

Este projecto megalómano reflecte um período de prosperidade económica para Portugal (diz-se que foi construído graças ao ouro do Brasil), e simboliza a ambição desmedida deste monarca.

Paralelamente, o Convento de Mafra enaltece a miséria e o grande sacrifício dos homens que trabalharam na sua construção para satisfazer um capricho do rei.

Personagens

Personagens Históricas

D. João V – Rei de Portugal entre 1707 e 1750. Durante o seu reinado, tentou imitar o esplendor da corte de Luís XIV, o Rei–Sol. Mandou

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construir o Convento de Mafra, uma obra de grande imponência suportada pelas remessas de ouro do Brasil.

No Memorial do Convento, Saramago faz sobressair os aspectos negativos deste monarca. D. João é apresentado como um rei vaidoso, excêntrico, superficial e adúltero. As suas relações com a rainha surgem apenas como cumprimento de um dever.

O rei simboliza o poder e a ordem, mas também a indiferença perante o povo, que parece existir apenas para satisfazer as suas ambições.

D. Maria Ana de Áustria – Filha do imperador Leopoldo I da Áustria, casou com D. João V, a quem deu seis filhos.

Ao longo da narrativa, D. Maria Ana de Áustria é apresentada como uma mulher devota, submissa e medrosa, que reza novenas e se culpabiliza pela falta de um herdeiro. Trata-se de uma personagem sem grande densidade psicológica.

Domenico Scarlatti – Compositor italiano que viveu em Portugal durante algum tempo e foi professor da Infanta D. Maria Bárbara. Distinguiu-se principalmente como organista e cravista.

No Memorial do Convento, o músico Scarlatti (que representa o conhecimento artístico) associa-se ao projecto da passarola e ajuda á elevação da máquina voadora. A sua música tem ainda poderes curativos que, mais tarde, salvam Blimunda.

Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão – Padre católico nascido no Brasil, veio para Portugal com o objectivo de aprofundar os seus estudos. Inventou o aeróstato (passarola), projecto que apresentou a D. João V e que despertou o interesse do rei.

Personagens de Ficção

Blimunda de Jesus (Blimunda Sete-Luas) – Blimunda possui o dom da clarividência. Em jejum, consegue “ver por dentro” as vontades dos outros. Partilha com Baltasar um amor verdadeiro e sem complexos que vai contra os códigos estabelecidos. Quando a passarola leva Baltasar, procura-o durante nove anos, até o encontrar num auto-de-fé, em Lisboa.

Ajuda na construção da passarola com os seus poderes sobrenaturais, reunindo as vontades necessárias para fazer erguer a máquina voadora. Blimunda representa a liberdade de amar e de acreditar para além das evidências.

Baltasar Mateus (Baltasar Sete-sóis) – Baltasar é uma das personagens de maior densidade psicológica da obra. Representa a miséria e a luta pela

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sobrevivência, numa época em que o rei e os clérigos subjugam o povo ás suas vontades.

Foi soldado na guerra de Sucessão Espanhola, onde perdeu a mão esquerda. Encontra, mais tarde, trabalho na construção do Convento e conhece Blimunda num auto-de-fé. Com ela partilha a história de amor que serve de eixo à narrativa.

No projecto da passarola, Baltasar representa o saber artesanal, pois vai ser ele quem vai realizar o trabalho de construção da máquina voadora.

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Conclusão

Com este pequeno trabalho espero conseguir compreender melhor o romance Memorial do Convento de José Saramago. Espero também ter correspondido ás expectativas da Professora Teresa Pinto, que nos mandou realizar este trabalho no âmbito da disciplina de português, apesar de ter incidido mais sobre a obra Memorial do Convento do que sobre José Saramago. No final resta-me dizer que foi com alguma facilidade que compreendi a informação da obra contida neste trabalho visto que já tinha a leitura da mesma avançada quando comecei as minhas pesquisas informativas.

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Bibliografia

Diciopédia 2006