jornal lince_dezembro 2010

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O caos sobre rodas | PÁGINAS 10 E 11 LINCE De olho na notícia Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva Ano V | Nº 42 | Dezembro de 2010 CADEIRA DE RODAS NÃO É NENHUM BICHO PAPÃO | PÁGINA 07 ASSESSORIA POLÍTICA, O JORNALISMO EM ALTA | PÁGINA 09 DESAPARECIDOS, UM MISTÉRIO À BRASILEIRA | PÁGINA 13 NEM TUDO QUE É DIABO, VESTE PRADA | PÁGINAS 04 E 05

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva

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Page 1: Jornal Lince_Dezembro 2010

O caos sobre rodas

| pÁginas 10 e 11

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Newton Paiva Ano V | Nº 42 | Dezembro de 2010

CaDeira De roDas nãoÉ nenHUM BiCHo papão

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Page 2: Jornal Lince_Dezembro 2010

Dezembro/20102

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eXpeDienteREITORLuis Carlos de Souza Vieira

PRÓ-REITOR ACADÊMICOSudário Papa Filho

CO OR DE NA DORA DO CURSO DE JOR NA LISMOPro fes sora Ma ri a lice Em bo ava

COORDENADOR DA CENTRAL DE PRODUÇÃO JORNALISTICA- CPJPro fes sor Eus tá quio Trin dade Netto (DRT/MG 02146)PRO JETO GRÁ FICO E DIREÇÃO DE ARTEHelô Costa (127/MG)

DIAGRAMAÇÃO: Daniela MendonçaLudmila Rezende

MONITORES: Diego dos SantosNayara Carmo

REPORTAGENS:Alu nos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário New ton Paiva

Como uma onda no ar

anDrÉ santos

A onda de protestos nos paí-ses muçulmanos fez soprar na região uma leve brisa de liber-dade. Não falo da liberdade apre-goada pelos Estados Unidos, can-tada aos quatro cantos pelo presi-dente Obama em sua recente visita ao Brasil. Falo de uma liber-dade simples, do ir e vir, de apenas poder discutir política, rumos e passos a serem dados. Aos poucos, começamos a perceber o fim de um anacronismo histórico, dessa espécie de absolutismo tardio ins-talado nestes países, para a pas-sagem a um processo lento e gra-dual de rodízio de poder. Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen, Síria, Marro-cos, Jordânia, Sudão, Arábia Saudita, Bahrein, Mauritânia, entre outros, estão vivendo dias em que antigos pactos sociais dei-xam de ter fundamento e a socie-dade busca novas formas para reger o Estado e suas estruturas.

Em todos os casos, a voz da rua fez estremecer os frágeis arranjos de poder desses países, dinamitou, nos casos de Tunísia e Egito, a repressão policial e fez brotar a esperança de que novas formas de governar podem ser implantadas. Ditadores amigos do Ocidente, como Hosni Mubarack do Egito, não conseguiram con-vencer seus aliados que sua pre-sença fosse fundamental para manter a paz na região. Outros, como Muammar Kadhafi, volta-ram a cena como um Nosferatu, assustando pela aparência e pela barbárie. E ainda alguns, como o rei Adbullah, da Arábia Saudita, rezam a Alá para que este 'tsu-nami' das ruas não abale as estru-turas de seus palácios instalados no oásis perdido.

Neste momento, assistimos aos olhos e armas do Ocidente se voltarem contra a Líbia, do san-guinário ditador Muammar Kadhafi, que se mantém no poder há 42 anos. Kadhafi nunca foi

visto com simpatia pelos princi-pais atores do cenário político mundial. Desafiou Estados Uni-dos e toda a Europa quando finan-ciou atos terroristas na década de 1980. Mandou aos ares um avião da então maior companhia aérea do mundo, a PanAn, nos arredores de Glasgow, na Escócia, quando 270 pessoas morreram. Após algu-mas décadas, recebeu o então pri-meiro ministro da Inglaterra, Tony Blair, em Trípoli e recebeu elogios do premier. Empresas norte-americans, atraídas pelo petróleo, foram aos borbotões para a Líbia, enquanto Kadhafi conti-nuava comandando com mãos de ferro os destinos do povo líbio. Mesmo sendo visto como o ex-maior inimigo do mundo, Kadhafi mostrou seus 'dons', quando num ato de afronta, rasgou a carta das Nações Unidas num discurso pro-ferido na sede da ONU. Hoje, a mesma ONU desprezada por Kadhafi em 2001, diz ao mundo que o ditador líbio não tem mais representatividade para perma-necer no poder.

A invasão, programada pelos Estados Unidos e França, e agora sob a édige da OTAN, transfor-mou uma guerra civil em um grande imbróglio internacional. Pode parecer impressão, mas a Líbia é o novo Afeganistão, um Iraque sem Saddam e com um Kadhafi muito mais disposto — e armado — a resistir, do que o ex-ditador iraquiano.

É importante neste momento analisar o que esta onda de pro-testos e mudanças vai causar no mundo árabe. Acostumado a governos com mãos de ferro, desde os tempos dos califas, à época da expansão do Islã, os povos árabes têm a oportunidade de reescrever a sua história, estabelecer novos pactos de divisão de poder e, prin-cipalmente, virar definitiva-mente uma página de repressão e nenhuma representatividade de grande parte de sua população.

COR RES PON DÊN CIANP4 - Rua Ca tumbi, 546Bairro Cai çaraBelo Horizonte - Minas Gerais CEP 31230-600Te le fone: (31) [email protected]

este é um Jor naL-La Bo ra tó rio da dis ci plina La bo ra tó rio de Jorna lismo ii. Dis tri bu i ção gra tu ita. edi ção men sal. o jor nal não se res pon sa bi liza pela emis são de con cei tos emi ti dos em ar ti gos as si na dos e per mite a re pro du ção to tal ou par cial das ma té rias, desde que ci ta das a fonte e o au tor.

A grama verde do

FaeL LiMa

A imagem de uma rodovia reconstruída no Japão em apenas seis dias, após o terre-

moto que abalou o país, rodou o mundo através da internet e televisão, causando grande

repercussão no Brasil. Diante de tal cena, fiquei a refletir como seria se fosse nosso país

diante de tal situação.

Provavelmente, na primeira semana, os entulhos ainda estariam acumulados pelo local e

um caminho secundário estaria aberto com o dono das terras cobrando pedágios. Qualquer

vestígio de reforma teria que enfrentar uma licitação que se arrastaria por um longo período e

independente da época em que ocorresse o desastre, a conclusão da obra seria inevitavel-

mente em período eleitoral. E, caso isso ocorresse, agiríamos com total naturalidade, assim

como os japoneses acharam natural a velocidade com que tudo ocorre no país.

Anunciada a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, cheguei a pensar que o futebol, esporte

considerado como paixão nacional pelos brasileiros, seria a cura e escaparia da famosa lenti-

dão em reformas e construções. Porém, mais da metade dos estádios onde ocorrerão os jogos

estão com seus cronogramas atrasados e alguns já detectaram irregularidades nos editais de

licitação e notas fiscais.

Pena dos japoneses? Tenho pena é da terra do samba que importa máquinas brilhantes do

Japão, mas não traz para o Brasil ações como uma simples rodovia reformada em pouquíssimo

tempo. Não é o asfalto, não é o prazo, mas a mensagem que a ação carrega que a torna impor-

tante, o ato de pensar no coletivo, respeitar regras, deixar a honestidade à frente de tudo.

Vimos esse país asiático reerguer-se após uma bomba atômica, enfrentando desastres segui-

dos por décadas, enquanto nós fabricávamos nossas próprias dificuldades nesse período.

Após um terremoto seguido de tsunami e um iminente desastre nuclear, os japoneses

olham não só para o Brasil, mas para o mundo e dizem: “Pobre humanidade.” O Japão deve ser

aplaudido de pé, pois num dos maiores desastres de sua história, nos trouxe a sensação que a

grama do seu jardim ainda é mais verde.

crÔnica

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Dezembro/2010 3Dezembro/2010 3

SERVIÇO

A escolinha do Santa Tereza fica na avenida Bernardo Vasconcelos, 780, bairro Cachoeirinha. Suas

atividades são de segunda a quinta, de 15h as 18h. Os interessados podem entrar em contato pelo

telefone 3082-0196 ou pelo email [email protected].

“camisa 10 JoGa bola

até Na cHuva”

Diego Dos santos e raUL CarVaLHo (*)

A cada dia, a evolução se dá de forma assustadora em todos os ramos de atuação. No esporte, não poderia ser diferente. As exigências são maiores e o porte físico é dife-rente do que era proposto tempos atrás. Hoje, garotos muito altos, muito fortes, e com um estilo de vida de jogador profissional, abrem mão de sua juventude em prol do sonho de ser um atleta de ponta. Bebeto, um dos craques da conquista do tetra, hoje teria dificuldades pra jogar.

No caso da escolinha do Santa Tereza Futebol Clube, a situação é outra. Coman-

dada pelo professor de educação física Mar-celo Rosa de Castro e com alunos de 5 a 16 anos, a instituição vem mostrando a impor-tância do esporte e trabalha o lado psicoló-gico das crianças e adolescentes, já que nem todos têm o biótipo necessário para alcan-çar o sonho de ser jogador profissional.

A vida de um atleta de alto nível pode até parecer fácil — mais não é. Principalmente para quem segue desde muito jovem a car-reira. Ter que abrir mão de sua adolescência, deixando, literalmente, de ser criança, de brincar, sair e até mesmo fazer bagunça. É a maior dificuldade para quem faz essa esco-lha. Por isso, o trabalho psicológico é funda-

mental para que todos tenham atenção igual e não se sintam uns melhores que os outros. “Quem joga na defesa agora, vai jogar no ataque depois”, explica Marcelo.

Mais de 90% dos jovens não chegam a atuar em time profissional, vide o próprio Marcelo que tentou a carreira e, alertado pelo pai, decidiu estudar, pois não teria futuro sendo jogador. Porém, em cada escoli-nha da cidade, olheiros dos três grandes clu-bes da capital ficam espalhados, buscando o que joga diferenciado. A exceção da regra. O que vale é acreditar no sonho. Pedro, de nove anos, mesmo com seu time derrotado por 11 a zero, no campeonato interno, continuava

acreditando. E esperava dar o troco — “A gente evoluiu, talvez agora a gente perca só de três a zero”.

A função da escolinha é também a de formar o caráter dos garotos por meio do esporte, sem deixar de lado as oportunidades de dar a alguns deles a chance de se tornar profissional. As peneiradas são frequentes, mas mostrar em dez minutos que tem talento para seguir no futebol, no meio de uns 500 outros jovens, com o mesmo sonho, acaba sendo injusto. Só se o menino tiver estrela, ou alguém que lhe dê suporte para chegar a seu objetivo.

(*) Alunos da Central de Produções Jornalísticas

Mas, entre cada mil meninos que, todo ano buscam

escolinhas de futebol, só um chega realmente a viver o

sonho do sucesso

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Dezembro/20104

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Dezembro/2010 5Como as editoras de moda atendem às exigências da moda

Produtora e editora de moda são profissões de status

saBrina assUMpÇão (*)

“Acho que em geral, as pessoas estão com medo da moda. Por essa insegurança, elas acabam rejeitando-a”. A frase é da célebre Anna Win-tour, editora da Vogue ameri-cana, em seu documentário The September Issue, lan-çado em 2009.

Existe a ideia de que o jornalismo é somente algo prático, diário e que tem como costume escancarar as tragédias e vitórias conquista-das pela sociedade. Mas, longe de deixar seu papel principal – levar informação a todos –, o jornalismo também carrega consigo o que é extra-ordinário e inovador. Isso é cumprido à risca quando se trata de moda.

Acontece que todo cui-dado é pouco. Um assunto assim... Considerado tão “papo de elite”. Mas é assunto que merece atenção, cuidado e paciência, muita paciência por parte das editorias de moda. Por isso, é considerável o boato do tratamento ríspido

e rigoroso que a dona da frase do início desta matéria, Anna Wintour, ou Rainha do Gelo como também é conhecida, por liderar com mãos de ferro a produção de uma das mais famosas revistas de moda do planeta. Afinal, não é um tra-balho muito fácil ditar (ou seria editar?) e dizer o que está por vir em um mundo que tem o novo de hoje como o velho de amanhã.

no ritMo Das estaÇÕes

No início, os editoriais de moda compreendia fazer de quase tudo! Arquitetavam grandes produções, incluíam e excluíam grifes que iriam aparecer nas páginas de suas edições, o que significava mover uma dinheirama no mercado. Era preciso esco-lher modelos — que se torna-vam celebridades —, loca-ções, maquiadores, ilumina-dores, assistentes e fotógra-fos a dedo. Além de seu prin-cipal papel, a produção do texto, a edição e o fecha-

mento da matéria.À medida que crescia o

mercado da moda, as exigên-cias das empresas jornalísti-cas, das grifes e do próprio consumidor também aumen-tavam e se transformavam. Quem sentiu o maior peso do resultado disso tudo foram as editorias de moda — os custos das produções triplicaram. Modelos famosas queriam cachês cada vez mais altos e os fotógrafos, mais especiali-zados, também. As editorias tiveram, então, que reformar seus métodos de produção para se adequar à realidade das empresas jornalísticas e conseguir acompanhar o ritmo de lançamentos que pareciam brotar frenetica-mente a cada estação.

Foi assim que se deu a segmentação entre as edito-ras e produtoras de moda. Às editoras, coube a parte nobre do trabalho jornalístico; às p rodu to ra s , o t r aba lho pesado, quase braçal, de arcar com o estressante processo de produção. “Se o jornalismo é o veículo, as editoras e produ-

toras são condutoras; elas levam a moda para quem se interessa, mas não necessa-riamente está envolvido neste meio”, explica a paulistana Márcia Jorge. Ela é a criadora do Psicostyling, uma associa-ção entre psicoterapia e con-sultoria de imagem. Márcia também trabalha com figuri-nos para cinema, além de produzir fotos de moda.

statUs

Márcia conhece bem a confluência das duas áreas. “As editoras trabalham dentro das revistas, jornais, etc. Já as produtoras são autônomas”, explica. Por isso, não é preciso também que sejam jornalis-tas. “Mas”, continua Márcia, “pe lo f a to da moda te r ganhado muita importância na atualidade, ser produtora ou editora tornaram-se pro-fissões de status”.

Mas, como o tempo não para, tanto o processo de pro-dução quanto o de edição se tornaram distintos. Hoje, nenhuma empresa de comu-

nicação trabalha com produ-ção de moda. Este trabalho é fe i to nas assessorias de imprensa, que por sua vez prestam serviço às empresas ligadas ao ramo da moda. Essa divisão, só fez aumentar o poder das editoras de moda, que se tornaram senhoras do destino das produtoras.

Ângela Rodrigues, ex-editora de moda do extinto Jornal de Casa, lembra que, em alguns casos, “a responsa-bilidade das editoras de moda também aumentou; o que sai publicado passa a ser de res-ponsabilidade só delas, então, não dá pra publicar qualquer coisa — e há produtoras que não têm o menor senso, que confundem produção de moda com fantasia de carna-val”. O que só faz alimentar o folclore em torno de mitos como a americana Anna Wintour e, escala seme-lhante, em termos nacionais, de Regina Guerreiro, da Vogue brasileira e da “Caras”, fantasmas que tiram o sono dos estilistas e donos das empresas de moda.

Fernando TrancososaBrina assuMPÇÃo

Com o sucesso do mercado da moda, começaram aparecer as assesso-rias de moda. Essas empresas são res-ponsáveis por parte de trabalhos tanto de produtoras quanto dos serviços de consultoria e estilismo. O grande inte-resse por essas agências tem aumen-tado a cada dia. As grifes, de olho na redução das quilométricas contas vin-das dos gastos com modelos, divulga-ções e toda a produção que tem de ser elaborada a cada semestre com a che-gada de novas coleções, são seus princi-pais clientes. De acordo com Márcia Jorge, isso tudo foi uma evolução para o mundo da moda.

De qualquer forma, a segmentação das funções favoreceu tanto editoras quanto produtoras. Se estas têm hoje um vasto campo de trabalho em uma indústria que não para de crescer e ganha cada vez mais importância den-tro do panorama econômico, as edito-ras também dispõem de um mercado de trabalho igualmente em franca evo-lução. É um campo editorial variado, que demanda cada vez mais revistas, sites ou programas de TV, em que a visão crítica de um profissional de jor-nalismo — como é o seu caso — é sem-pre mais exigido. E que por sua vez, segue alimentando o mito sobre quem realmente veste Prada...

(*) Aluna da Central de Produções Jornalísticas

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Dezembro/20106

"Alcançar a seleção

com o time profissional

é seu sonho,

mas Carla mantém

os pés no chão".

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isaBeLLa roCHa (*)

Destaque das categorias de base do Minas Tênis Clube por dois anos consecutivos,a jogadora de vôlei Carla Fer-reira Santos, de 19 anos, é a mais jovem atleta da equipe profissional. Carla já foi cam-peã mundial atuando pela Seleção Brasileira infanto-juvenil em 2009 e adquiriu experiência internacional viajando pelo Japão, Itália, Tailândia e Holanda.

Aos 11 anos, a atleta já chamava atenção pela altura e pelo gosto por esportes. Segundo sua mãe, Dona Sônia, a garota passava o dia

todo jogando bola com os amigos. Diante da habili-dade demonstrada na rua, Carla foi incentivada por um a m i g o a p a r t i c i p a r d a “pene i ra” ( se l eção) no Minas, onde foi selecionada para uma pré-equipe man-tida pelo clube, com o obje-tivo de ganhar experiência. Lá permaneceu por um ano, mas não alcançou a equipe principal, o que não a fez desistir do seu sonho. Ficou u m a s e m a n a p a r a d a e emendou um teste com êxito no Mackenzie, de onde saiu após três anos, retor-nando ao Minas.

Para quem pensa que a

vida de atleta é cheia de rega-lias, Carla e a mãe provam que não. “No início da minha carreira, eu pegava ônibus com a minha mãe para ir trei-nar e contava com a ajuda financeira da minha irmã”, relatou a jogadora. Dona Sônia conta que já comprou cota no Minas Tênis Clube para a filha ter oportunidade de jogar. E não esconde que já passou apertos com os preços dos materiais esportivos utili-zados por Carla.

ossos Do oFÍCio

Hoje, a garota é focada no esporte e garante que abrir

mão de namorar e sair foi uma escolha sua. Como prova dessa dedicação, ela mora, por opção própria, em uma república mantida pelo clube com cerca de trinta atletas, com tutora, vigilante e nutri-cionista. Nos fins de semana Carla volta para casa e mata a saudade da família.

A garota aproveita o tempo livre para assistir a par-tidas de todos os esportes na televisão. Ela ainda planeja voltar a estudar e fazer um curso de educação física ou fisioterapia. Apesar de muito jovem, já sofreu uma torção no tornozelo há quatro anos. Atualmente, a jogadora se

recupera de uma cirurgia feita em dezembro do ano passado no ligamento cru-zado do joelho esquerdo. “Faço fisioterapia e muscula-ção e pretendo voltar às qua-dras em cinco meses”, revela.

A mãe não poupa elogios e esbanja orgulho pela filha. É a maior incentivadora da carreira da jogadora, comparece aos jogos e é muito empolgada. Alcançar a seleção com o time profissional é seu sonho, mas Carla mantém os pés no chão. Pretende seguir trabalhando no Minas, pois sabe que um título de campeã mundial na bagagem só aumenta a responsabilidade.

(*) Aluna da Central de Produções Jornalísticas

a seleÇão brasileira,

Ponteira e oposta, Carla já campeã mundial infanto-juvenil, mas agora quer uma vaga ao lado das mineiras Sheila e Fabiana na seleção adulta

o próXimo passo?

claro!

orlando BenTo

Page 7: Jornal Lince_Dezembro 2010

Dezembro/2010 7

“...só tenho a

agradecer a Deus

por tudo e crer que amanhã

será melhor do que ontem”.

Diego Dos santos

Para os que não acredi-tam em seu potencial, aí vai um grande exemplo de quem não se limita às condições físi-cas, e está sempre em busca de seus objetivos profissionais e pessoais. Thiago Helton M. Ribeiro foi vítima de atropela-mento e ficou tetraplégico, mas nem por isso desistiu da vida. Ele estuda, trabalha, namora e pratica Quad-Rugby (praticado em cadeira de rodas) — e participou do pri-meiro time de Rugby em MG, uma versão cadeirante do time do BH Rugby.

Thiago encontrou, den-tro do Rugby, uma das ferra-mentas de sua recuperação e reabilitação. Na tetraplegia,

muitos ignoram a hipótese de se praticar esporte. Um tetra-plégico não necessariamente perde os movimentos do pes-coço para baixo. É correto dizer que um tetraplégico tem os quatro membros pre-judicados. “O Rugby me aju-dou muito na interação com novos amigos, e na recupera-ção física que foi fantástica desde quando comecei a pra-ticar”, ressalta. O norte-ame-ricano Mark Zupan, maior jogador de Quad-Rugby do mundo, é o maior ídolo e ins-piração para Thiago.

Jovem e estudioso, Thiago cursa direito na PUC-MG, pas-sou no concurso do TJ-MG onde é servidor do poder judici-ário. No momento, está tirando sua carteira de motorista para

ficar ainda mais independente. Segundo Thiago, sua vida pes-soal mudou e muito. ”Na vida muda tudo, praticamente, mas no meu caso, graças a Deus, eu só tive que me adaptar a novas rotinas”, afirma. Cada ato indi-vidual, por mais simples que seja, já é uma vitória.

A recuperação de um tetraplégico é uma atividade diária. Na lesão medular não se pode falar em recuperação sem falar de reabilitação. Segundo Thiago, “as duas coisas andam juntas”. O pro-cesso físico de recuperação é lento, depende de cada orga-nismo, mas, no processo de reabilitação é o paciente quem dita o ritmo. “É neces-sário muita força de vontade, e querer sair da situação”, diz.

Cheio de planos para o futuro, o jovem pretende seguir carreira no judiciário Federal. Quer proporcionar para sua família uma quali-dade de vida melhor e recons-truir sua vida. Segundo Thiago, o fato de ter uma limi-tação física visível leva as pessoas o terem como exem-plo de vida. “Para mim é natu-tal, só tenho a agradecer a Deus por tudo e crer que ama-nhã será melhor do que ontem”, ensina.

História Do esporte

Rugby sobre rodas, mais conhec ido como Quad-Rugby, é uma modalidade exclusiva para tetraplégicos

e amputados ou limitados nos quatro membros. Foi criado no Canadá, no final da década de 1970, como opção de esporte para pes-soas com auto grau de defici-ência. Em 1982, começou a ser praticado nos EUA e se espalhou pelo mundo. Pode ser praticado por homens e mulheres ao mesmo tempo. O objetivo do jogo é ultrapas-sar com a posse de bola entre cones localizados no fundo da quadra do adversário. Para a prática do esporte as quadras são de tamanho ofi-cial de basquete. As bolas semelhantes as de vôlei.

(*) Aluno da Central de Produções Jornalísticas

“a vida Não para, eu sei o real seNtido dessa frase”

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Dezembro/20108 Dezembro/2010

“Tem gente que não reconhece meu trabalho, mas daqui que tiro meu sustento”

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dos flaNeliNHasdos flaNeliNHasdos flaNeliNHas

saBrina assUMpÇão (*)

Ao estacionar seu carro em via pública, seja no centro da cidade ou em qualquer outro lugar mais movimen-tado, lá estão eles para auxi-liá-lo. Os tomadores de conta, ou popularmente flaneli-nhas, trabalham como autô-nomos. Oferecem atividades como lavagem e localização de vagas para carros a fim de ganhar um trocado por esse tipo de serviço. Eles ficam na rua cotidianamente, sob sois escaldantes, e correm risco de vida durante noites desér-ticas, tudo, com o objetivo de receber um trocado.

“Tem gente que não reco-nhece meu trabalho, mas daqui que tiro meu sustento”, diz Paulo Cézar, que há oito anos trabalha como flaneli-nha no mesmo local. Na pra-cinha onde fica, mostra o que sobrou do escritório improvi-sado que havia montado.

Parte foi varrida pela prefei-tura, e queimada por outros flanelinhas que tentaram se estabelecer em seu local de trabalho. Lá, ao mesmo tempo em que escreve poe-sias, Paulo toma conta dos carros estacionados e faz ami-zade com todos que passam pela região. “A polícia daqui me dá a maior força”, fala sobre o apoio que recebe.

Segundo Paulo, a profis-são é bem arriscada. Quando vê pessoas suspeitas se apro-ximando dos carros, ele dá um jeito de conversar, para saber de suas intenções. Mas, dependendo da situa-ção, às vezes, liga pra polícia. “Em 2004, colocaram um revólver na minha cabeça e levaram o carro”, conta Paulo sobre incidente em que quase perdeu a vida. Mas, feliz, conta que gosta do que faz — “o pessoal daqui me trata como uma família”.

A respeito do dinheiro

que arrecada, Paulo conta que não pede nada, e que cabe ao dono do carro reco-nhecer seu serviço e avaliá-lo — “Tem uns flanelinhas que exigem, e não é por ai, a rua é públ ica e dá dinheiro quem quer. Já cheguei a receber R$ 100 em época de Natal”. A colocação de cones em vias públicas é outro item polêmico no trabalho dos flanelinhas. Paulo diz que só coloca cones na rua quando é para guardar vagas para deficientes. Além disso, ele ajuda as pessoas a carre-garem compras como uma espécie de serviço auxiliar ao que já faz na rua.

LegaLiZaÇão Da atiViDaDe

Em agosto deste ano, a Prefeitura de Belo Horizonte regulamentou a atividade de lavador e guardador de carro.

O reconhecimento por lei federal e municipal dessas atividades ilegaliza a ativi-dade de flanelinha em logra-douro público, sujeitanto-o à fiscalização e à aplicação de sanções. A lei já existia, mas só neste ano o código de pos-tura se tornou expresso.

A prefeitura tem acom-panhado o cumprimento da lei. O guardador ou lavador de carro deve usar jaleco e cra-chá registrado no SINTRA-LAMAC (Sindicato dos Tra-balhadores, Lavadores, Guar-dadores, Manobristas, e Ope-radores de Automóveis em Estacionamentos Particula-res e Lava jatos do Estado de Minas Gerais). Para o melhor cumprimento da lei, a Polícia Militar também tem acompa-nhado na verificação da ativi-dade.

Ao guardadores de carro é proibida delimitação de vagas com cones nas ruas. A popula-ção pode recorrer à denuncia

caso isso venha ocorrer, e o trabalhador pode chegar a perder sua licença depen-dendo do caso.

regULaMentaDo

Lúcio Lourenço, 38, é registrado como guardador de carro há oito anos. Com um molho de chaves pendurado na calça, expõe a confiança que seus c l i en tes t êm. Quando preciso, aplica rotati-vos nos carros que ficam sob sua responsabilidade.

Há três anos, o irmão de Lúcio, Edson Castor, 30, após sofrer um acidente se cadas-trou na atividade. É pai de duas filhas e não viu alternativa como trabalho. “Nem todo mundo dá dinheiro, mas sobre-vivo disso aqui”, afirma Edson.

(*) Aluna da Central de Produções Jornalísticas

CoLaBoraraM: Diogo Leão, ellen Magalhães e

Henrique paolinelli

após a varredura e queima de seu escritório improvisado, paulo Cézar mostra o que sobrou

saBrina assuMPÇÃo

Page 9: Jornal Lince_Dezembro 2010

Dezembro/2010 9

Um debate que envolve o jornalista

com a promessa de

melhores salários, mas também põe na berlinda os ideais

profissionais e a ética

polític

aDiogo Leão (*)

Vivemos um dos anos eleitorais mais marcantes da história do Brasil. Foram eleitos representantes para quase todas as esferas do poder legislativo do país, além de governadores e de presidente. Neste contexto, tem se destacado muito a função do assessor político. O assessor político, para alguns, é o responsável pela construção da imagem; para outros, a de marqueteiro e até de ombudsman, como querem alguns. Os postos de trabalhos na comunicação social são muito variados, e já não são tão simples as divi-sões das funções entre jorna-listas, publicitários e relações públicas. Apesar de tarefas essencialmente específicas, muitos dos que têm se dedi-cado à assessoria política são formados em jornalismo,

Esta nova oportunidade tem oferecido melhores salários em vários casos.

Gui lherme Minassa, atual coordenador de planeja-mento em informação da Câmara Municipal de Belo Horizonte – CMBH, ao falar sobre o respeito à verdade, quando o caso é lidar com a imagem de pessoas, argu-menta que “manipular infor-mações é o que, de um modo geral, fazem todos os veículos de comunicação, que como empresas, têm como razão de existir a sobrevivência finan-ceira. Um bom assessor polí-tico precisa ter consciência desse contexto, porque na verdade estamos trabalhando a imagem de um político, que precisa da boa acolhida da opinião pública para se eleger a um cargo”. Sobre a formação e experiência profissional de uma pessoa para trabalhar como assessor, Guilherme

recomenda que seja alguém que já tenha feito jornalismo político, que “conheça os dois lados do balcão”.

Com uma visão diferente sobre as funções de um asses-sor político, Luiz Carlos Silva, assessor de imprensa do deputado federal Luis Tibé, formado em jornalismo no Centro Universitário Newton Paiva, afirma que “se um assessor manipula uma notí-cia, ele estará construindo uma imagem falsa de uma pessoa. É o político sério e responsável que constrói a sua própria imagem, o asses-sor apenas divulga essa ima-gem. A política é vista com um grande preconceito no Brasil, assim o maior desafio para u m a s s e s s o r p o l í t i c o é demonstrar que nem todos os políticos são iguais”.

O vereador, professor na PUC Minas e jornal i s ta Adriano Ventura entende a

função do assessor político como “a mistura de um ombu-dsman com marqueteiro, um campo que está se abrindo cada vez mais para o jorna-lismo”. A maioria dos políticos não gosta de definir valores, quando o assunto é o salário de um assessor. No entanto, o vereador Ventura admite que “realmente a média do que um assessor político ganha é melhor do que quem está em veículos de comunicação em nível inicial”. Segundo o vere-ador, na Câmara de Vereado-res de Belo Horizonte, o salá-rio de um assessor, em geral, está ao redor de R$ 2 mil. Mas ele afirma que, na Assembleia legislativa pode variar de R$ 1.500 a R$ 8 mil. A variação se explica: os vereadores ou deputados de partidos peque-nos costumam ter menos cacife que os caciques dos grandes partidos — “aqueles políticos que estão todo dia na

mídia, que sabem como apare-cer e têm a imprensa na mão”, como afirmou a assessora de um deputado emergente, que acabou de saltar da Câmara para a Assembleia Legislativa. Que se trata de um bom mer-cado de trabalho para os jorna-listas, ninguém duvida, “mas tudo tem seu custo: se na imprensa não há f im de semana, na política não há hora nem paz” — o comentá-rio é do vereador Adriano Ventura. Em um tempo em que as redações estão cada vez mais enxutas, não há como não se deixar levar pelas promessas desse novo filão do mercado. No entanto, vale levar mais a sério a consi-deração do vereador Adriano Ventura. Pior do que não ter paz nem fim de semana é ser escalado para, de repente, ter que explicar um mensalão que não se explica.

(*) Aluno da Central de Produções Jornalísticas

os prós e os coNtra da assessoria política

"Tudo tem seu custo: se na imprensa não há fim de semana, na política não há hora nem paz". Adriano Ventura

"Manipular informações é o que de fato todos os veículos de

comunicação fazem". Guilherme Minassa

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Dezembro/201010

Com o aumento da

frota de veículos e do número de

CNH’s emitidas,

Belo Horizonte

tenta melhorar seu trânsito para a copa de

2014.

trÂ

ns

ito

Bruno MeneZes

BrUno MeneZes (3º perÍoDo)

Belo Horizonte é uma cidade planejada, que tem como moldura a Serra do Curral. Atualmente, é a sexta mais populosa do país, com cerca de 2,4 milhões de habitantes, segundo o censo 2010, e com uma estatística alar-mante em relação ao tráfego de veículos. Uma combinação de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), da Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) mostra o tamanho do problema: cada quilômetro quadrado da cidade é ocupado, em média, por aproximadamente 4,6 mil veículos.

Mais do que isso: a frota municipal cresceu num ritmo tão acelerado que, hoje, há um carro, moto, ônibus ou caminhão para cada 1,7 habitante.

O dono da Autoescola Ideal, João Davi dos Santos, 45, conta que os jovens na faixa etária de 18 a 21 anos são os que mais procuram tirar car-teira de motorista hoje em dia. Segundo ele, aproximadamente 22 pessoas em sua autoescola são aprovadas por mês no exame de legislação. Desses, 50% passam no exame de direção. Ou seja, somente nesta autoescola perto de 132 motoristas são formados por ano. Um número alto, se levar-mos em conta de que em todo o estado de Minas Gerais existem 2090 Centros de Formação de Condutores (CFC’s).

uM grande projeto urbano, mas com

Bruno MeneZes

grande projeto urbano, mas com

falHas rodoviÁrias

Bruno MeneZes

Page 11: Jornal Lince_Dezembro 2010

Dezembro/2010 11

opiniÕes soBre o trÂnsito De

BH“O trânsito Belo-horizontino está um

caos”, reconhece a dona de uma oficina

mecânica, Carla Assis, 44. Ela conta que

há poucos dias tentou ir à Pampulha, atra-

vés do anel rodoviário, e demorou três

horas. “E olha que saí do bairro Betânia,

que em um trajeto normal, demoraria

menos de 30 minutos para completar o

percurso”, esclarece. Carla acredita que

em 2014, mesmo com as obras que estão

em andamento, Belo Horizonte não estará

preparada para receber tantas pessoas de

uma só vez. O maior problema, em sua

opinião, está nas principais avenidas,

como a Antônio Carlos, Pedro I e Carlos

Luz, que dão acesso ao Mineirão — ”essas

avenidas são completamente intransitá-

veis no horário de pico, e acredito que um

projeto melhor que alargá-las deveria ser

feito. Além disto, a BHTRANS deveria ser

extinta, pois a única coisa que sabem fazer

é complicar o trânsito, mudando as ‘mãos’

das ruas”, ataca.

“Quem diz que o trânsito de Belo

Horizonte é caótico, é porque nunca foi a

outras cidades que se tornaram megalópo-

les, como São Paulo“, contrapõe o estu-

dante de Engenharia Mecânica, Júlio

César, 19. Segundo ele, a estrutura rodovi-

ária de BH tem muito que melhorar para

2014, “mas o trânsito está longe de ser

caótico, se comparado a outras grandes

cidades; e como o número de jovens com

CNH vem aumentando muito”, afirma

Júlio, “os pais devem orientar melhor os

filhos antes de deixar que eles saiam de

carro pelas ruas”.

O povo

fala no Twitter

“@hojevouassim:

O trânsito de BH

chegou ao seu ponto

critico. Já é hora do

rodízio.”

“@jvviana:

tem gente ai falando

em bh pra abertura da

copa. alguem viu essa

cidade como ficou no

carnaval? o transito

ali na andradas foi o

fim...”.

“@Marcocvieira :

Essa é a nossa

#BHTrans tornando o

transito de BH um

verdadeiro

BHTranstorno

para sua

vida hehehe”.

“@paulosajunior:

Definição de Inferno:

Trânsito de BH.”

Para a auxiliar de marketing da con-cessionária Garra Volkswagen, Caroline Tamietti, 24, várias fatores contribuíram para o aumento da frota belo-horizon-tina. “Acredito que a melhora na econo-mia doméstica possibilitou que as classes C e D adquirissem o sonhado carro novo. Além disto, algumas concessionárias negociam automóveis em até 80 presta-ções fixas e o fortalecimento da econo-mia no Brasil tem estimulado muita gente a comprar veículos em razão de o automóvel ser, principalmente sinônimo de status.”

Além das inúmeras obras em anda-mento em Belo Horizonte, como o alar-gamento de avenidas e a construção de viadutos, a obra que promete “aliviar” o trânsito de BH são os chamados BRT’s. O Bus Rapid Transit (BRT) são corredores rápidos de ônibus, que irão agilizar o transporte coletivo urbano, criando fai-xas exclusivas de trânsito e plataformas de embarque e desembarque. A obra cus-tará cerca de R$ 600 milhões e será implantada nas principais avenidas que dão acesso ao Mineirão.

Cenas Do

Caos UrBano

Page 12: Jornal Lince_Dezembro 2010

Dezembro/201012 Dezembro/201012

ViD

a

disleXia Não poupa Nem os GÊNios

LoHanna LiMa (*)

Dificuldade na memorização, caligrafia muito feia (disgrafia), erros distintos em palavras simples. Estes são apenas alguns dos sintomas de uma pessoa que sofre de Dislexia, um mal que surge com mais frequência do que se imagina. Coincidentemente, é na fase de aprendizado que as dificuldades ficam mais evidentes. Este distúrbio se dá devido a uma alteração neurológica do processo cerebral que interfere em várias áreas e que dificulta o aprendizado da criança. Sofrer destas disfunções não quer dizer que a pessoa é menos inteligente que as outras, apenas que ela executa as tarefas de forma diferente.

Devido à falta de conhecimento, os pais, às vezes, interpretam as difi-culdades como falta de interesse, preguiça, e até passam a questionar a inteligência da criança. Mas, para reconhecer o problema é necessário que testes específicos sejam aplicados por uma equipe profissional formada basicamente por neurologistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólo-gas. Dependendo da área mais atingida, um desses profissionais é desig-nado para trabalhar o problema de forma mais intensiva.

Segundo a Dra. Márcia Guimarães, médica oftalmologista, além desta dislexia clássica, existe também a dislexia de leitura, campo em que é espe-cializada: “Trata-se de um problema na percepção visual. A visão é respon-sável por 80% do nosso aprendizado. Para identificar e compreender um objeto, primeiramente olhamos para ele.” O que dificulta ainda mais diag-nosticá-la é que nem sempre o portador dessa disfunção sofre de problema de vista. “Às vezes, a criança não precisa usar grau e não é estrábica — o problema está na hora de o cérebro trabalhar a informação”, afirma.

De gÊnios a presiDentes

Engana-se, porém, quem pensa que a dislexia é coisa só de criança. A pedagoga Alice Bernadete, de 44 anos, descobriu há apenas dois anos que sofria de dislexia visual. A descoberta foi totalmente por acaso. “Fui levar minha filha para fazer os exames, e na conversa com a psicóloga acabei me identificando com alguns dos sintomas”, conta Alice. Ela se lembra de que, ainda no período da faculdade, já sentia dificuldades, mas atribuía ao histórico de seus problemas de visão. “Sou formada em peda-gogia, mas fiz direito por um tempo. Por se tratar de uma área que exige muita leitura, tive bastante dificuldade e acabei abandonando”, justifica. Com o tratamento, ela sentiu logo a diferença. “Hoje consigo enxergar melhor as cores e leio melhor também — quem sente dificuldades deve procurar logo um especialista”, aconselha.

Alice faz parte de um contingente de disléxicos que, segundo a Asso-ciação Brasileira de Dislexia, pode chegar a até 17% da população mun-dial. E que não poupa gênios nem presidentes. Entre os disléxicos mais famosos do mundo estão o ator Tom Cruise, os gênios Leonardo Da Vinci e Thomas Edison (o inventor da lâmpada), Napoleão Bonaparte, a escri-tora Agatha Christie e os presidentes norte-americanos George Washing-ton e Frank D. Roosevelt. Walt Disney — o “pai” de Mickey, Pluto, Pato Donald e Pateta — também era disléxico.

(*) Aluna da Central de Produções Jornalísticas

naY

ar

a c

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Mo

"De tom Cruise a napoleão e Leonardo da Vinci: gênios também tem dislexia".

Page 13: Jornal Lince_Dezembro 2010

Dezembro/2010 13ciD

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an

ia???????????????????????????????? Orientação e representação

junto aos órgãos

públicos é o foco do

movimento por pessoas

desaparecidas

robson, fundador do MiDespar, busca

ajudar as famílias com pessoas

desaparecidas

divulGaÇÃo

CoMo partiCipar

Qualquer pessoa pode par-ticipar das ações e projetos do

MIDESPAR. Para isso, basta entrar em contato

pelo e-mail: [email protected], ou pelos telefones (031) 9 2 5 1 - 1 6 6 3 / 9 7 3 3 -6307. “Devemos nos unir em prol de uma sociedade melhor, para que possamos juntos

construir a verdadeira paz, em nossa sociedade”,

ressalta Robson Anísio.

tempo de reacender esperanças

CiCa aLFer (*)

“Indignação em saber que o país pos-su i um cadas t ro

nacional de veículos roubados, mas não um

cadastro nacional de pes-soas desaparecidas”. Assim

Robson Anísio, ex-garoto de rua, ator e radialista, define o

sentimento que o levou a criar o Movimento Mineiro pelas Pessoas

Desaparecidas e Crianças Exploradas (MIDESPAR-MG), que surgiu em março

de 2006, após o desaparecimento de Dou-glas Freitas, 13 anos, jogador pré-mirim do

Clube Atlético Mineiro.O movimento busca auxiliar as famílias, muitas

vezes fragilizadas e sem saber como agir diante do desapa-recimento da criança ou adolescente, orientando-as e repre-

sentando-as junto aos órgãos publicos para cobrar mecanismos eficientes de busca. É trabalho do movimento criar tambem campa-nhas para a prevenção do desaparecimento e busca, com palestras e cartilhas distribuídas em escolas públicas e privadas de BH. “Volta”, a campanha, está em circulação em todo o Estado e seu trabalho de encontrar os desaparecidos.

Nestes cinco anos de existência, o movimento tem buscado parcerias para a criação de mecanismos eficientes de busca e defesa à pessoa desaparecida, por meio de contatos com deputados da esfera estadual e federal, vereadores de BH, governo do estado, pre-feituras, ONG’s e alianças com outros movimentos importantes, como as Mães da Sé (São Paulo) e a CRIDESPAR (Crianças Desapa-recidas do Paraná), além de parcerias para atendimento psicológico às famílias afetadas.

(*) Aluna da Central de Produções Jornalísticas

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Dezembro/201012 Dezembro/201012

JULiana Baeta (*)

O filme “O cisne negro” ainda nem saiu de cartaz e já é um sucesso de crítica e bilheteria. Também pudera, o longa se baseou em uma das mais tradicionais peças da história do balé clássico: “O lago dos cisnes”. No filme, a trama gira em torno de uma bailarina que enfrenta dificuldades para realizar sua apresentação como a prima ballerina de um espetáculo. Na vida real, as coisas não são muito diferentes.

Representar o papel principal em “O lago dos cisnes” é o posto mais alto que uma bailarina pode atingir, justamente pelo perfeccionismo que o espe-táculo exige. Se os movimentos devem ser impecá-veis, seguindo uma coreografia rígida, à dançarina também cabe interpretar um papel complexo, que exige uma dramaticidade intensa. Ela é, ao mesmo tempo, a jovem princesa — que é transformada em cisne por um feiticeiro —, e ainda, o cisne negro. Por sua atuação como a bailarina “Nina”, em “Cisne Negro”, a atriz Natalie Portman recebeu o Oscar de melhor atriz em 2011.

o espetÁCULo

O espetáculo é baseado em um conto alemão que narra em quatro atos, a história de um príncipe que se apaixona por uma jovem princesa. Só que ela carrega uma maldição. “Odette”, a princesa da história, foi transformada em um cisne e só retorna a sua condição humana durante a noite. A transposição da lenda para o balé foi realizada pelo compositor russo Piotr Ilitch Tchaikovsky, em 1876. Sua estreia ocorreu no Teatro Bolshoi, em Moscou, no dia 20 de fevereiro de 1877, e está em cartaz há 134 anos.

O curioso é que na própria estreia, o espetáculo foi um fracasso, não pelo teor da obra, mas pela má interpretação da orquestra e dos bailarinos. Foi dessa forma, logo após a estreia, que o espetáculo e o compo-sitor buscaram se aperfeiçoar ao máximo para que o ballet se tornasse uma das mais grandiosas peças do mundo da dança. Dessa forma, se criou também a expectativa de uma aura de perfeccionismo em torno

de “O lago dos cisnes”. Tanto que poucas foram as solistas, em nível mundial, que chegaram a dançar o papel principal da peça, repertório obrigatório de todas as grandes companhias.

reaLiDaDe oU FiCÇão?

Quando a bailarina está no palco representando o espetáculo, o que se vê é a graciosidade dos movimen-tos e a forma suave como ela interpreta a sua dança. Mas será que é realmente assim? A ex-bailarina e pro-fessora Tércia Cançado, que dançou “O lago dos cis-nes” há cerca de 30 anos, na inauguração do Palácio das Artes, conta que nos bastidores, a vida de uma bai-larina não é bem assim. “A bailarina realmente tem que se cuidar; assim como no filme, existe esta competição e também há a figura do coreógrafo que, às vezes, não gosta de determinada bailarina”, conta a professora. A bailarina Mel Moraes já passou por uma situação pare-cida com a da protagonista do filme, quando teve pesa-delos por causa da sua preocupação em relação a uma peça. “Já teve caso de vir figurino de fora e eu ficar sem dormir, porque eu tinha que perder peso, — por isso, eu tinha pesadelos, achava que o figurino não ia caber em mim”, diz.

“A cobrança e a busca pela perfeição realmente existem”. Quem conta é a bailarina Poliana Fur-tado. “Essa é a nossa rotina: querer sempre estar magra, sempre se regular para não passar do peso ideal, e querer sempre estar mais bonita”. Porém, a situação abordada no filme é um exagero da reali-dade. “No filme existe uma mistura, que as pessoas não compreenderam muito bem: retrata o drama daquela bailarina, e a situação psicológica dela. As bailarinas têm que se cuidar, mas nada ao ponto de ficarem doentes por causa disso” explica Tércia Cançado.

Pelo visto, por mais que o “Cisne Negro” se asse-melhe em muito à realidade e à rotina das bailarinas, não deixa de ser uma obra de ficção, dramatizando a vida de uma pessoa de forma extrema, a fim de entreter e emocionar os espectadores.

(*) Aluna da Central de Produções Jornalísticas

Mitos e

verdades

sobre o

espetáculo

“O lago dos

Cisnes”,

tema do

premiado

longa-

metragem

“O cisne

negro”

vida imita a arte?

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