jornal do redigir - 3ª edição

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2º semestre de 2011 Redigir Jornal_Redigir_Capa_Pag1.indd 1 07/12/2011 18:41:36

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3ª edição do Jornal do Redigir. Produção final dos alunos do Projeto Redigir, projeto de Extensão da Escola de Comunicações e Artes da USP.

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Page 1: Jornal do Redigir - 3ª edição

2º semestre de 2011

Redigir

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Editorial

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Mais um semestre do Redigir se encer-ra e este jornal, que chega ao seu tercei-ro número, é o produto final das nossas discussões e atividades em sala. Diferen-te de outros semestres, esta edição não possui um grande tema. Cada grupo teve a liberdade de escrever sobre o que lhe fosse mais próximo.

Você vai ler textos sobre autoridade, educação, bairros de São Paulo, entre outros temas que os autores, educandos do Projeto Redigir, escolheram. A proxi-midade do escritor com sua obra se re-vela também na sua construção: seja por meio da persuasão de um texto disser-tativo ou pela fuidez de uma narração, cada um se expressou à sua maneira, resultando em um jornal com todo tipo de linguagem e ponto de vista.

Além das aulas de gramática e redação, outras atividades foram elaboradas para auxiliar na produção dos textos. Uma delas foi a exibição do documentário

Abraço Corporativo, que trata da responsabili-dade da mídia na divulgação de informações. Depois de assistir ao filme, participamos de uma discussão com jornalistas tanto da gran-de imprensa quanto de veículos alternativos. A Oficina Criativa, cujas produções estão aqui publicadas, e a tradicional visita ao Museu da Língua Portuguesa também inspiraram os redatores.

Gostaríamos de agradecer aos membros do Projeto Redigir, aos colaboradores que nos ajudaram nas atividades de Cultura e Exten-são e, principalmente, aos educandos, que são as pessoas que fazem o projeto andar e por quem somos inspirados a continuar.

Como projeto de extensão universitária da USP, o Redigir se esforça para derrubar os muros de uma educação pública excludente e tradicional e convidar a sociedade para fazer parte da construção do conhecimento. Que-remos que cada vez mais pessoas participem e se apropriem desse ambiente de aprendiza-do e cidadania que deve ser de todos.

Projeto Redigir 2º Semestre de 2011

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O Redigir

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Qual é o lugar da universidade pública? Qual é o lugar do público na universidade? Como viabilizar que as pessoas saiam do lugar de al-vos e se coloquem no lugar de sujeitos de suas cidadanias?

O Projeto Redigir começou com a vontade dos alunos da Escola de Comunicações e Ar-tes da USP de abrir a universidade que, sendo pública, deve retornar a seus financiadores o conhecimento nela produzido. Em 1999, iniciaram-se as aulas de redação e gramática, constituindo o recém criado Redigir.

Através das aulas de português, a mais básica das ferramentas de comunicação, acreditamos na capacidade do projeto e, principalmente, daqueles que o constituem, de ser um fomen-tador de ideias, com o objetivo amplo de for-talecer nossa participação como cidadãos na sociedade. Inspirado em pedagogias alternati-vas ao modelo de ensino tradicional, o projeto enxerga a comunicação como instrumento de

promoção da cidadania e a linguagem numa perspectiva de mudança social, de visão crítica e de leitura de mundo.

Não se trata apenas de dominar a norma culta do idioma. Trata-se, an-tes de mais nada, de entender-se como sujeito da própria língua (e de sua pátria*), portanto, capaz de se comu-nicar para reivindicar, para protestar, para construir e para transformar. Sabemos que aulas semanais de re-dação e de gramática, por apenas um semestre, não nos ensina tudo que é possível aprender na língua portugue-sa, mas esperamos que elas ensinem que é possível.

* “Minha pátria é a língua portuguesa” Fernando Pessoa

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Quinta-feira

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Uma mulher de hábitos comuns cuidava da casa e de seus três filhos. José tinha na épo-ca dois anos, Joana três anos e Joaquim cin-co anos, todos pequenininhos e lindos , ela cantava no quintal de sua casa enquanto e fazia suas tarefas rotineiras com muita alegria e satisfação. Desde de criança ,ela sonhava em se casar, ter filhos e amá-los como se eles fossem os únicos no mundo, o sentimento por seu esposo tomava conta do seu dia e lhe dava razão de viver, de respirar, não se preo-cupava em ser amada, mas em amar e amar cada vez mais a sua família. Casou-se com 17 anos, e logo teve o primeiro filho em seguida os outros dois, a alegria tomava conta de seu coração , a cada filhinho que nascia , que era esperado por eles. Seu esposo trabalhava de viajar e nem sempre participava de sua vida, de seus sonhos , mas em seu coração habitava a certeza do amor dele por ela. Era um homem carinhoso e prestativo, adorava chegar em casa depois de uma longa viagem e encon-trar sua família com saúde e feliz, a medida do possível, uma vida comum, talvez não seja tão comum, pois as pessoas costumam querer

Nossos AnjosPor Karina de Lourdes Pio

mas , e o mas para aquela mulher , era ter paz, viver com seus filhos esperando a volta do seu amado. José, Joana e Joaquim cresciam, ficavam fortes e inteligentes.Com José o filho mas novo os cuidados eram maiores , apesar que José não apresentava ne-nhum problema de saúde todos eram perfeitamen-te saudáveis, mas como toda mãe, tinha instinto maternal. Seus filhos demonstravam muito carinho com pais, brincavam de bola , de pular corda , de esconde- esconde, dessas brincadeiras que no dia de hoje ninguém mas da o valor devido, mas com cer-teza são as melhores brincadeiras de crianças e por que não de adulto também pois seus pais brincavam com eles quando podiam.

Quando tudo aconteceu, José o filho mas novo e Joana a única filha estava na escola e eu Joaquim o mas velho fazia companhia para mamãe quando ouvi um forte grito:

- tem alguém em casa? tem alguém em casa ? pa-recia estar rindo. A pessoa que chamava no portão estava eufórica e ansiosa para ser atendida, corri até o portão. Quando vi, era o meu papai, feliz também gritei :

- Papai! Papai! Mamãe veio atrás para ver o que estava aconte-

cendo e com um sorriso largo e uma expressão de amor pulo no pescoço dele dando lhe um abraço demorado, estávamos com tanta saudades que as palavras se fizeram desnecessárias naquele momen-to tão belo e tão esperado por toda família, o silên-cio foi interrompido por uma única frase dita por

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Quinta-feira

5

ele :- Eu amo vocês.Em seguida ele deu um beijo caloroso em sua

virtuosa esposa, que dia feliz para aquela família que sofria a sua falta mas que se completavam com sua presença. Papai não via a hora de ir buscar Joana e José que ainda estavam na escola, perguntou para mamãe:

- como eles estão ? qual altura deles ? E Joana já mudou de comportamento ?

Ele nos Dizia que as mulheres são muito mas maduras que os homens e achava que Joana estava muito mais desenvolvida do que nós, os meninos, todas essas perguntas ele fazia enquanto entrávamos em casa, de repente percebemos um homem estra-nho entrando em nossa casa, usava uma touca ninja daquelas que não dá para ver o rosto, estava vestido com uma roupa suja e o seu cheiro que até hoje sinto: um cheiro de ódio, de rancor no coração e de suor fétido que me causou nojo e medo. Ele tirou do bolso uma arma, pressionou meu papai contra parede e perguntou :

-cadê o dinheiro ? o dinheiro ? dizia isto gritando e suando muito. Papai não respondia nada e nós começamos a chorar e a gritar, o maldito homem começou a tirar para nosso desespero , não sabía-mos o que fazer, nós corríamos para nos esconder dos disparos ,chorávamos e gritávamos bastante o alvo daquele homem era meu pai.

Papai um homem perfeito, um pai maravilhoso, um esposo dedicado, morto na nossa frente e o pior não entendíamos o por que de tudo aquilo.Ele matou meu pai. Mamãe não sabia o que fazer, tamanho foi seu desespero que ficou paralisada olhando tudo o que acabará de acontecer, o homem fugiu e nós fomos totalmente destruídos, estávamos assustados , os meus irmãos foram buscados na escola e até hoje não sei quem os trouxe , tudo tornou se real para mim quando me deparei com a tristeza que se abateu no rosto deles. O enterro aconteceu. Tudo acabou. Nunca mas fomos uma família, não éramos felizes mais. Crescemos e a revolta tomou conta de nossas vidas , minha mãe desenvolveu problemas psicóticos , não falava , não reconhecia seus pró-prios filhos ,não queria comer , não tinha mas suas higiene pessoal ,dava pena de ver, antes uma mulher saudável e feliz agora maltratada pela escola que se chama , VIDA. Todas aquelas pessoas que se solida-rizavam com a nossa historia naquele dia , sumiu, só ficou nós: a tristeza, a vergonha e o medo do futuro.Nós tornamos cidadãos comuns, trabalhávamos e cuidávamos da nossa própria vida, conquistamos nossos sonhos estando meu pai e mãe presentes ou ausentes. Enquanto não atingíamos a idade adulta minha avó cuidava de nós e nos ensinou a esquecer mamãe e assim se fez. Ficamos com vergonha de ter uma mãe doente mental, louca e imunda como todos a chamavam agora ; ela tinha varias crises e causava muitos problemas, na sua rua todos falavam dela e no bairro a chamavam de Sônia louca, foto de uma pessoa abandona,causa de medo para as crianças

Durante grande parte da infância pro-curei por aquele anjo. Anjo com grandes asas brancas, vestes brancas e poderes inexplicáveis.

Hoje, sentada na pequena área, tal-vez único lugar calmo da casa, me pego revirando as lembranças. Percebo que durante muito tempo um anjo esteve presente em minha vida. Um anjo doen-te que, para a sociedade, não conseguiria me oferecer bem algum, mas com um jeito diferente do tradicional e de uma forma tão especial conseguiu transmitir valores. Ensinou que obedecer regras talvez não me fará encontrar a felicidade.

Enquanto eu procurava o anjo de asas brancas, o anjo doente dedicava seu tempo a mim, ensinando, respeitando e amando silenciosamente. Permaneceu ao meu lado na inocência da infância e na rebeldia da adolescência. Contrariando a idéia das asas brancas, vestes brancas, poderes inexplicáveis e até imortalida-de, o anjo doente partiu, deixando sua última lição.

Por muitas vezes, procuramos longe o que está muito perto.

Por Gisele SantosAnjo Doente

um horror para quem à olhasse. Hoje me pergunto:- O que é ser mãe? Só quando se tem saúde de

cuidar de sua casa, filhos, marido? quando se tem consciência dos erros e vive para seus sonhos que se resume em dar a vida para criar , amar , edu-car e sonhar com o sucesso dos filhos,do mari-do ? Os anjos estão espalhados no mundo, com diversas caras (faces) , formas, cores e raça, cheias de sonhos e uma enorme pretensão de amar e só.Quando me sento na varanda da minha casa , olho meus filhos brincando no quintal , volto em mim e vejo : mamãe cantarolando , alegre e satisfeita da vida que tinha, parecia que não exis-tia outra forma de viver a não ser fazer o amor acontecer em nossas vidas, o que eu fiz com o meu anjo ?

Tantos anjos nas calçadas das ruas, nos asilos espalhados pelo mundo ou simplesmente em casa , quietinha, esperando uma manifestação de amor,de atenção. Meu anjo, já não a vejo mais, sinto uma enorme saudade e tenho certe-za que me perdoou, afinal de contas, é um anjo.

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Quinta-feira

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É sexta-feira, fazia frio, Leonardo acabou de sair da escola, são 22 horas 50 minutos. O menino coloca a mão no bolso em busca de dinheiro, quer comprar a passagem de volta pra casa. Remexe, procura em outro bolso, treme as mãos, pula, pensa, desespera-se. Leonardo abre sua mochila, nota que nela existe um buraco, revira os livros, rasga o estojo. Não adianta, ele perdera seus miseráveis R$: 2,90. Não pode ir pra casa.

Tangencia a avenida principal da cidade, enquanto dirige-se à estação de metrô. Repara que existem muitos travestis e prostitutas nas ruas, carros param, buzinam. Não sabe o que fazer, olha para cima, para as luzes, para os prédios... Lembra-se de que decorara o caminho que o metrô faz normalmente para chegar à sua casa; era hábito, desde o dia em que viera para a cidade com seu irmão e seu avô, tinha medo de perder-se, sempre.

Liga de um orelhão para seu irmão, este lhe diz que não pode fazer nada, não tem dinhei-ro... Toma fôlego e decidi ir a pé. Sabe que não terá chances com os seguranças do metrô, co-nhece bem sua aparência. Paralisa-se. Mas pre-cisa ir para casa, pensa. Seus olhos atrofiam-se, sua muito. Chega à avenida principal, encontra o caminho que o metrô faz. Corre muito, olha para traz e para os lados várias vezes..., seus pés queimam-se no apertado All Star rabugen-to. Corre, respira profundamente, corre mais rápido, anda devagar. Já consegue enxergar o mercado municipal. Próximo a este edifício depara com um homem aparentemente em-briagado, este lhe pede um cigarro, Leonardo responde que não fuma, recebe um empurrão, o bêbado tenta lhe dar um soco; Leonardo se defende, empurra-o e corre. A rua está deser-ta. Decide voltar à estação, não aguenta mais correr, está com sede. Chegando à estação pede dinheiro às pessoas. Explica-lhes a sua situa-ção, percebe que muitos não acreditam no que diz, então, começa a pedir apenas 10 centavos, uns lhes dão mais, outros nada. Senta-se num banco, olha as pessoas, olha para frente, respira. Seu rosto começa a encolher, tenta segurar as lágrimas, não consegue; lembra-se do passado... sente vergonha de si... Os passantes o olham assustado. Mendiga mais um pouco e consegue os surrados R$: 2,90.

Compra o bilhete de metrô, e vai para casa. No trem olha para sua imagem refletida no es-pelho da porta, tem vergonha de si. Evita olhar o espelho, mas não pode, está imóvel, colado à porta, mais pessoas entram, e ele fica cada vez

“Leocidade”Por Josinaldo Firmino dos Santos

Eu sou a criança com os pés no chão, eu estou na rua eu sou bom cidadão.Eu sua a rua eu sou moradia. Hoje sou a vítima amanhã sou ladrão.Eu sou o pedinte eu sou indigente.Eu sou o lixo da rua eu sou a enchente.Eu sou a vida sou a incerteza, eu sou o ar e sou natureza.Eu sou o analfabetismo sou a educação. Estou sendo cuidado por uma pré-seleção, parando os mais fortes academicamente, tentando pro-var que somos inteligentes.Eu sou pesadelo eu sou o sonhar, mas por favor eu peço não vem me acordar.Cuide e está perto do alimento, mas o impor-tante é o conhecimento.Eu sou o povo eu sou a nação, eu sou aquela criança com os pés no chão.A ciência evolui, mas a mim não chega não.Eu sou o pai, mãe, sou filho e também avô. Sou romântico bem visto sou um doutor pesqui-sador aumentando esse leque que a ciência tentando provar a nossa existência.Eu sei que a homens educados que tiveram muito estudo, mas esses não sabem tudo. Tam-bém vivem enganados, depois dos dias conta-dos morrem quando a morte vem.Mas tudo que é necessário calculo que nin-guém tem. Vamos procurar a ciência enquanto a morte não vem.Vou falar pouco com muita convicção, porque o que eu prezo é a liberdade de expressão.Essas coisas no mundo eu não enxergo não, pois bem vamos ter um momento de reflexão.A ciência nos espera e não demora não, as pala-vras são o alicerce do saber.Depois que as ouve faz o cidadão amadurecer, sensatez e leveza, respeito e ouvir opinião. Com isso o mundo com certeza teria menos degra-dação, e com isso a ciência ia fazer a revolução.

Por Manuel Messias

Eu sou a Ciência

mais próximo do vidro... No caminho para casa, pensa vagarosamente no

que dirá para sua família. Ao chegar em casa nada diz, dirige-se sorrateiramente para o banheiro, único lugar de sua casa que consegue ficar sozinho, chora muito. Lava o rosto, toma banho. No quarto dorme seu irmão, sua mãe já saíra para o trabalho. Promete a si mesmo que nunca contará para alguém a noite que vivera. Senta na cama, deita, dorme.

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Quinta-feira

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O lixo da mentira tomou proporções assus-tadoras na sociedade. Em pleno século XXI, se fala:

- Uma mentira não tem problema.Hoje, o caráter, a moral estão tão desvalori-

zados que ninguém associa a mentira com a falta de caráter. As pessoas não estão pensando na conseqüências que a mentira está trazendo, e sim que benefício trará a ela. Muitas pesso-as praticam a mentira para colocar a culpa no outro, isso mostra que não desenvolveram suas habilidades de empatia (se colocar no lugar do outro), pois se fizessem isso, jamais mentiriam para prejudicar e ter vantagens.

O mentiroso muitas da vezes mente como forma de justificar seus erros que não quer admitir. Isso mostra sua falta de caráter. Men-tira tem pernas curtas, a qualquer momento a descoberta e o castelo de areia que ela construiu é destruído em questão de segundos, fazendo com que as pessoas percam a confiança nela, perdendo o maior tesouro, que não se pode comprar: a confiança, respeito, amor, admiração das pessoas.

A sociedade precisa fazer uma auto avaliação, pensando nos valores que se foram perdendo ao longo da história da humanidade, fazendo auto reflexão, pois dessa maneira que a sociedade está caminhando em pleno século XXI, o ser hu-mano está de auto-destruindo e o pior de tudo achando que está levando vantagem. A riqueza, o lucro e vencer não são tudo na vida, quem mentir para se beneficiar está esquecendo de cultivar o que é mais importante nesta vida: o amor a si mesmo e ao outro, que não tem preço.

Mentira dura pouco,

vida todaEra sexta-feira, havia tiro, protestos e mor-tes. Tudo ocorria no Rio de Janeiro, era dia vinte e quatro de abril de mil novecentos e sessenta e quatro, estava havendo a ditadura no Brasil.

Rodrigo, um pobre estudante de 19 anos via--se como uma simples ferramenta do Estado, pois ele era obrigado a ficar sem fazer nada. Sentado no sofá vendo o televisor, Rodrigo via os demais jovens protestar, lutarem contra a realidade serem mortos por ele – ou melhor, pelo pai dele.

Diante de toda situação, Rodrigo via-se como inútil, não podia lutar, não podia ex-pressar sua opinião. Ele estava submetido ao Coronel Guerra, o pai dele.

Rodrigo tinha uma namorada, Deliane, que conheceu na faculdade. Ele a amava, ela era o tudo que ele possuía. Passou-se um mês e Deliane foi assassinada por militares acusada de ser contra o governo. A partir desde mo-mento, a vida de Rodrigo mudou, o objetivo dele mudou. Agora, ele não queria protestar, ele queria vingança, queria matar.

Passaram os anos, e o desejo de vingança de Rodrigo aumentava, a sede por morte o ali-mentava. Ele decidiu entrar para o grupo de militares de seu pai. Ele queria conviver com os suspeitos de terem matado sua Deliane, mas sua vontade era de matar todos e acabar com aquele sofrimento, aquele sentimento que o alimentava, a imensa vontade de morte.

No dia 23 de agosto de 1968, o pai de Rodrigo é assassinado no mesmo local onde morreu sua namorada, onde morreu o grande amor de Rodrigo. Ele frio, calmo e como se nada tives-se acontecido diz:

- Descobri o assassino!

Rio de Janeiro,

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Sexta-feira

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Eu vim da terra da garôa,Quero conhecer bastante gente boa!Nesse mundo de meu DeusSó vou pedir proteçãoAbençoar a minha ida E conseguir exatidão. Eu vim de longe Para falar da minha terra,Terra linda sem ter explicação Bom mesmo são as noites de verão Praias lindas Como de Olinda Vou andando para conhecer o belo Mas jamais saber de tudoPor que o belo é manifestação divina Quedas d’ água sem rotinaNão quero sair deste lugar de luzQuero ficar onde tudo me conduzLá fora a paisagem é antiga Beleza diferenciada,mas o frio me afligiaCéu escuro ! cadê a luz que me guia?Meu Deus me abandonara?Quando mais precisaria.Eu estava enganada Gente boa se manifestava Conheci o mundo com a cultura diferenciada Amigos não me faltavamPorém minha natureza me cobrava Minhas raízes secavamNão vejo hora de voltar Conquistar o que perdia Porém não perdia nada Ganhei belezas nos meus olhos Ninguém pode falar nada Beleza essa que me faz diferenciada

De onde vim, para onde vouPor Ellen Madureira

Os olhos de quem vê o espírito,É de uma alma branca e pura.Teus olhos representam a sinceridade!Onde nesse mundo falso,Seu olhar se entristece,Pois a pureza de seus olhos transmite a verdade.

Por Sheila Oliveira

Luz do teu olhar

Naquela manhã ele acordou e negou-se a abrir os olhos, queria manter a sensação de ainda estar dormindo e sonhando. Talvez até mesmo tendo um pesadelo o que seria melhor do que abrir os olhos e entrar em contato com mais um dia.

Enquanto mantinha os olhos fechados, um leve sorriso lhe tomava o rosto. Lembranças lhe povo-avam a mente: Via-se correndo em sua magrela ( bicicleta) um magrelo em cima de uma magrela, nesta época ele era um ser disforme- segundo relato dele mesmo- muita orelha e muita perna, no entanto o tempo é remédio para alguns males. Hoje ele é um homem muito bonito. Nesta época ele tinha uns 14 anos e moravam em ilha solteira, havia uma piadinha na cidade que dizia assim: A ilha é solteira porque o vento aqui é muito fresco.

Ele sabe que precisa abrir os olhos para mais um dia seja ele qual for, impossível acordar e fingir-se dormindo por muito tempo, difícil o auto-engano.

Uma gargalhada gostosa ecoa pelo quarto sain-do de suas entranhas, causada por uma lembrança deliciosa de mais um episódio vivido por ele e alguns amigos num campo de futebol.

Gui!Gui!! Uma voz firme de uma mulher com apa-rência calma e ao mesmo tempo com muita fibra o chama insistentemente. Ele não pode deixar de aten

Tudo PassaPor Maria Clara Gumiero

Tudo que vi e vivi vai ficar guardado Como lembranças boas e admiradasNo entanto continuo sem morada A procura de um lugar belíssimoEsse que esta tão difícil Mas eu tenho garra Porém acredito em breve Que vou conquistar mais isso Pensando que da onde vim Tem lugares tão bonitos E para onde vou Eu vou ser abençoada Vou encontrar como for Amigos e belezas raras !

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Sexta-feira

9

der e responde: Bom dia dona Maria Inês! Ela res-ponde - dando-lhe um beijo na face – Bom dia meu filho!

E logo eles começam um diálogo divertido do que farão neste dia.

Gui- diz a mãe –Hoje é seu aniversário precisamos buscar o vovó Paulo.

Gui responde prontamente que sim e começam a conversar onde iriam comemorar mais um ano de sua vida. Resolveram que iriam reunir-se no churrasqui-nho do Brás, porque O Brás é uma figura muita diver-tida e serve o melhor churrasco de Bangu e a família Laurindo é igualmente divertida e gosta de pessoas como eles- Divertidos e de bem com a vida.

Este foi o último aniversário com vovó Paulo , que estava com 87 anos bem vivido. Ele costumava cha-mar o Gui de “Saru “

Quando eu soube disso fiquei pensando o que o levará a apelidá-lo assim. Busquei ajuda no tio Google é claro!

Sarú :” Um lago que está tranquilo, porque não há nele agitação de peixes, e é infrutífero a pescaria.”

A noite chegará e todos foram comemorar mais um aniversário do meu amigo Guilherme, sabe como é né. Come-se demais, bebe-se mais uma, porém a festa terminou muito bem.

Ao voltar pra casa devido o excesso de umas caipi-rinhas ao se transferir de sua cadeira de rodas para a cama- Gui acaba caindo- e um desespero toma conta dele. Ele fica no chão chorando copiosamente por mais ou menos uma hora e todas as lembranças boas que teve naquela manhã, que sustentaria todo seu dia, desaparecem dando lugar a uma intensa dor ao lembra do acidente que sofrerá aos 15 anos de ida-de. Quando morrerá pra uma vida andante e passa a rodar em uma cadeira pela vida a fora.

Ele sabe que boas lembranças ajudam nos maus dias. Neste momento não consegue pensar em nada de bom. Revolta-se com Deus, blasfema e chora. Um homem de um metro e oitenta, está encolhido e cho-rando não chão do seu quarto sem a menor disposi-ção para dele se levantar. Mas sabe que não poderá ficar chorando por muito tempo, em breve sua mãe passará por ali pra lhe dar uma boa noite. E sabe que ela sofrerá ao vê-lo sofrendo. Então se recompõe, esforça-se e consegue transferir-se para a cama, pega seu notebook e me escreve contando do seu dia de aniversário.

Felicidades meu amigo pelos seus 39 anos vividos!

Audruey liga o computador e lá está a mensa-gem:

Meu Computador pede pra reiniciar

Maquina de grande valiaEntorpecimento onde meu ego vadia ...Hardware... um robô que tudo vigiaConexões excelentes perfeitas por diaDeleites, Deleites, maniasEsconde- esconde preferências sadiasInfinitos conhecimentos, maluquices, magiaEnganoso Consolo, muitas fugas, orgiasTeclado inteligente apaga o rastro.Nas conversas chocantes as crendices arrepiaO Mercado é livre, produtos em diaPrisões sem sentido, consciência em letargiaPesquisas tão fáceis, há suspeitas,por isso minhas avaliações são tão friasPerdido no labirinto aponto o cursor: Avan-çarVou abrindo janelas tenho todas pra bisbi-lhotarProssigo esperta sem querer retornarImagino saídas sem vacilarEncontros reencontros muitos relacionamen-tosProcuro trocar, mas a tela pode superlotarDesejos aflorado mando encaminharRecebo instruções,mas meus caminhos sempre tenho que optarHoje meu computador resolvi te falarÉs constante ameaça é melhor te calarSei de alguém muito amigo que te prefere usarMas contigo prefiro sempre te visitarÉs um mero instrumento penso em te domi-narAgora neste momento vou te finalizarNenhuma placa mãe tão perfeitaVai me denunciarNão consigo... Erro LRVG 0036Pedindo reiniciarAtualizo meu coração e aperto voltarAssisto o breve apagão e esperoNa tela tua imagem perfeita me faz retornar

Reydner

Após ler seca sua lágrima, ciente de que Reydner retornará em muitas outras telas com imagem perfeita, encontros reencontros, muitos relacionamentosirá apresentar. Maldito és tú coração que sofre por um amor desconhecido...

Por Vânia Moura

Maldito és tu

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Sexta-feira

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Manoel tinha uma vida rotineira. Chamado de “Mané” no bairro onde morava, funcionário de uma biblioteca, era casado com Tereza, uma

Grande motel reluzentePor Anderson Ferreira

Ao nascermos e, posteriormente, ao atingirmos certa idade, múltiplas perguntas começam a brotar no nosso íntimo. Algumas delas, senão as mais corriqueiras são: “quem sou?”, “de onde vim?”, “para onde vou?”, entre outras.

Tais indagações não compõem apenas o século XXI. Desde muito tempo atrás o homem começou a questionar a gênese de sua origem, os motivos pelos quais está aqui e qual o seu destino. Antes mesmo de Cristo descer à Terra, grandes filósofos da antiguidade como Platão, por exemplo, já se questionavam acerca de algo que transcendesse o homem “concreto”.

Para Platão a realidade se dividia em duas partes. A primeira parte consiste no mundo dos sentidos, do qual não podemos ter senão um conhecimento aproximado e imperfeito, embasados nos nossos cinco sentidos, tão logo, aproximados e imperfeitos. Nesse mundo nada é perene, as coisas são mutáveis e imperfeitas.

A outra parte relaciona-se ao mundo das ideias, do qual podemos chegar a ter um conhecimento seguro, se para tanto, fizermos o uso da razão e dos sentidos extra-sensoriais. Esse mundo, ao contrário do outro, é subjetivo, imutável e perfeito.

Segundo a Doutrina Espírita, codificada pelo francês Allan Kardec no final do século XIX e atualmente aceita por um número expressivo de pessoas, acredita-se na existência de mundos imateriais e mais perfeitos que a Terra, sendo essa a verdadeira morada do homem, ou melhor, do espírito.

Isto é, o planeta terra seria apenas um lugar transitório, uma escola para o espírito, na qual o mesmo encontra-se encarnado – ligado, preso ao corpo físico – para aprender e evoluir em inteligência e moral, pautadas no seu livre-

Não sou deste globoPor Graziella Garcia

Fechados ... Olhos puros ...Que vem a serena lembrança de si mesma. Sonhos de esperança,Como alguem melhor...

Abertos .. olhos espertos...Que enxergam o destino verdadeiro de todos.Desconfiança real,Como alguém maduro...

Olhos surpresos ...Por não entenderem mudanças ,De um destino misterioso.Com um simples fato,Que a vida muda com um piscar de olhos.

Por Sheila OliveiraPoema 4

arbítrio, retornando à Pátria espiritual, assim que findasse seu tempo aqui. Tempo este que não é o mesmo a todos.

De onde vim e para onde vou, já tenho as respostas. Não pertenço a este globo. Agora quem sou, estou a caminho de descobrir, mas ao menos sei que sou muito mais que um emaranhado de massa corpórea, composta por líquidos e vísceras. Minha essência vai além da matéria.

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Sexta-feira

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Quero volver em teu corpo Beijar-te sem receioToca-lo sem pudorE olhar nos teus olhos...

Seu cheiro gostoso e sedutorE ainda mais perfeito jeito de me pegar...

Me arrepiu, com o tocar de minha pele com a suaE me sinto nas nuvens quando me faz uma mulher...

Destemida, amada e seguraQuando estou em seus braços...

Me amando...Me olha...Como nunca tivesse me visto.

E anoite...Recomeça de novoComo nunca tivesse acontecido.

Uma mulher realizadaPor Sheila Oliveira

Mágoa que trago em meu coração...

Alma, aceita meu perdão?Perdão concebido sem rancor?Esqueça seu ódio sombrio.

Alma, ,me arrependo do que fizTrago esperança sem mentirAlerta o seu coraçãoPois jamais pedirei mais um perdão.

Alma, me perdoa por-favor ?Juro! que minhas lágrimas acabaramDerramo por ti sangue de amorPois não compreendo meu desespero.

Alma, não se vá!Triste estou sem o seu perdãoFico aqui esperando sua volta.

Magoado está meu coração...

Alma, me perdoa por favorPor Sheila Oliveira

mulher alegre até demais, que não tinha vergonha de nada, desinibida, oferecida e simpática. Por essas qualidades, conseguiu arrumar um emprego em um grande empreendimento do bairro: um lugar que os moradores chamavam de “muito chique” que ajudou o bairro minúsculo a ficar conhecido na região. Um motel, simples para as pessoas da cidade, mas “muito chique” para os moradores do bairro de Mané. Todos do bairro queriam frequentar o “Motel Reluzente”.

Mané não dava atenção para Tereza. Por ter qualidades de uma mulher que precisava de atenção do marido e por trabalhar em um motel, começaram a surgir boatos pela vizinhança de que Tereza estava “aproveitando” até demais do emprego no motel. Mané não gostou desta história e resolveu quebrar a rotina, antes de ir para a biblioteca, resolveu seguir Tereza no trabalho.

Chegando em frente do Motel Reluzente, viu que Tereza entrou e decidiu esperar um pouco. Depois de alguns minutos, entrou, perguntou para os funcionários onde estava Tereza. Os funcionários, por não conhecê-lo muito bem, falaram que ela estava no quarto do terceiro andar com um cliente. Ele subiu rapidamente, os funcionários ficaram aflitos. Ao chegar ao quarto, fadigando de cansado e nervoso, abriu a porta e viu Tereza em pé abraçando um homem. Tereza ao notar que a porta tinha sido aberta se virou e, ao ver Mané ali, ficou assustada. Mas conteve logo seu espanto e começou a se explicar. Disse que estava consolando aquele homem que foi trocado por outro. O homem ao ouvir isso começou a chorar e disse que sua amante, que ele estava esperando, ligou e acabou com o caso dos dois, com aquele relacionamento que os dois tinham no motel. Na versão de Tereza, ela estava somente consolando aquele cliente assíduo do motel que tinha se tornado seu amigo. Manoel, que não gostava de confusão e por ser uma pessoa muito pacífica, ao ver aquela cena convincente para ele, resolveu retornar a rotina e voltar para o trabalho na biblioteca. Tereza e o homem ficaram mais um pouco no quarto. Dizia ela que o homem estava muito deprimido e ela estava consolando-o.

Depois disso, as pessoas do bairro continuavam a falar mal de Tereza. Mas Mané, por gostar de seu espaço e não querer faltar em seu trabalho, nunca mais a seguiu e confiou na simpática e desinibida Tereza.

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O estádio do Corinthians vem causando muita polêmica. Primeiro, quando foi anun-ciado que o terreno para construção do estádio será em Itaquera, na zona leste de São Paulo. Segundo, que será o palco para o jogo de aber-tura da Copa do Mundo de 2014. Terceiro, o valor da obra está estimado em mais de R$780 milhões. E quarto, a parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado de São Paulo, bancando a obra do estádio em R$ 490 milhões, sendo R$ 420 milhões da Prefeitura e R$ 70 milhões do Governo. Além de R$400 milhões que serão emprestados pelo Banco Nacional de Desenvol-vimento.

O prefeito Gilberto Kassab e o governador do estado, Geraldo Alckmin, dizem que o estádio-será beneficiado com certificados de Incentivo ao Desenvolvimento e isenção fiscal, e que os outros custos são para conduzir obras na re-gião de Itaquera. Obras como a construção de um Fórum, uma rodoviária, uma Fatec/ Etec, uma unidade do Senai, Incubadora e Laborató-rios para o Parque Tecnológico da Zona Leste, Centro de Convenções e Eventos, um Batalhão da Polícia Militar e Bombeiros, uma entidade fi-lantrópica (obra social Dom Bosco), um Parque Linear Rio Verde e o Centro Cultural de Itaque-ra. No entanto, essas obras já estão listadas no Projeto do Pólo Institucional de Itaquera lança-do em 2004 e aprovado em agosto de 2008.

Esse projeto urbanístico tem como objetivo principal criar um pólo de formação e capaci-

Estádio do CorinthiansPor Jones Ferreira Gonçalves

tação profissional na região. No atual momento, há apenas duas obras sendo feitas – a Fatec, prevista para ser entregue em junho de 2012; e o parque linear Rio Verde, já na segunda fase de implementação. A rodoviária está em fase de licitação para contrato dos projetos funcional, básico e executivo, e a construção do centro de convenções e Eventos foi adiada para o período pós-copa de 2014. As outras obras ainda não foram iniciadas, e nem têm uma data definida. Isso vai servir de pano de fundo para que prefeitos e governadores usem o Pólo Institucional de Itaquera, se referindo aos benefícios que o estádio trouxe para a região.

Conversando com alguns moradores da região, mesmo os mais próximos do estádio, ainda não sa-bem dizer o que realmente o Itaquerão vai trazer de benefícios. Eles encaram com desconfiança as obras, e também a participação da prefeitura e do Governo do Estado, que beneficiam, no momento, apenas o Corinthians e os seus fiéis torcedores, que têm uma opinião diferente. Acreditam que o estádio vai deixar a região mais conhecida e valorizada.

Aliás, valorizada ela já está. É o que dizem algumas imobiliárias que possuem casas ou apartamentos para locação e venda. Mas não chega a ser uma notí-cia tão boa assim, porque gora está mais difícil ven-der ou alugar algum imóvel. Por exemplo: uma casa que custava R$40 mil, hoje custa R$160 mil.

Apesar das opiniões serem diferentes, temos que concordar em outros aspectos: as obras do estádio já foram iniciadas, a FIFA divulgou que o novo Está-dio do Corinthians vai receber o jogo de abertura da Copa de 2014 e não importa como os governantes dizem, se é Certificado de Incentivo ao Desenvolvi-mento ou Isenção Fiscal. A verdade é que todo esse dinheiro tem a mesma fonte: o dinheiro público. Devo dizer que todos nós devemos prestar atenção e fiscalizar a obra do estádio e do Pólo Institucional de Itaquera, e fazer com que as autoridades públicas cumpram com o seu dever: o de melhorar o bairro antes da Copa.

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São Paulo – os guindastes estão de volta ao Tietê, içando com pás gigantes, terra, lixo e esgoto. São 8 mil m³ de material orgânico retirados da água, ou do que resta dela, por dia – de armas enferrujadas a pneus; de madeiras e latinhas a material plástico. O que chama a atenção, porém, não é só a quantidade, é para onde tudo isso está sendo levado: a lagoa de Carapicuíba, cidade vizinha à capital paulista.

Formada na década de 70, numa cava de mineração, a lagoa tem cerca de 620 mil m² de espelho d’água e, em média, 10,4 metros de profundidade. Em alguns pontos, ultrapassa os 22 metros. Às margens dela vivem 250 famílias em barracos erguidos em meio ao lixo e montes de terra de aspecto argiloso.

Trata-se de um pedaço de terra dominado pelo trá-fico de drogas, onde é praxe pedir licença para entrar. Como um corredor Polonês, os barracos ladeiam o caminho para chegar ao depósito de transbordo de lixo de Carapicuíba, serviço crítico para os mais de 370 mil moradores do município, um dos mais pobres e de maior demografia da Grande São Paulo.

Para os vizinhos da lagoa, o problema mais evidente é o da miséria que os cerca. 51 mil pessoas vivem num raio de 1km do local. E enfrentam doenças respirató-

Lagoa de Carapicuíba é contaminada pelos dejetos do Rio TietêPor Roberto Alves

A Adutora Rio Claro é um sistema de tu-bulações de água que abastece parte da Zona Leste e regiões do ABC. Em 1967, na Vila San-ta Clara, havia um reservatório da Sabesp para preparação da água. Com o passar dos anos ela mudou-se e o local, durante muito tempo, ficou esquecido.

Após mais um longo período, de um lado fizeram a avenida Luis Ferreira da Silva. No início de 2007, a subprefeitura começou a realizar melhoria em todo o percurso. No trecho acima citado, a obra contemplava re-formas no calçamento, pista para caminhada, plantio de gramas e árvores, praças, mini qua-dra e um campinho de terra batida, localizado na altura do número 999 dessa avenida.

Entretanto, apesar de o muro ter sido le-vantado e as traves colocadas, o espaço nunca chegou a ser terminado. O mato cresceu e virou depósito de lixo e entulho. Ainda as-sim, a molecada jogava bola. De uns tempos pra cá, não é mais possível: em frente, há um hotel. O comerciante, alegando que o baru-lho incomoda seus clientes, fica coagindo os garotos. Para piorar, joga cacos de vidro na quadra e quebra o muro. Moradores, e mesmo meu esposo, presenciaram esse fato, mas este senhor disfarça e entra no hotel.

Todo esse trecho é de responsabilidade da subprefeitura de Sapopemba, a qual, em parceria com a Sabesp, diz haver criado dois projetos de melhoria. Porém, por enquanto, nada foi começado.

Outro agravante é a falta de iluminação em todo o local. Esperamos que este projeto seja logo iniciado e também que consigamos solu-cionar a questão com o comerciante.

rias e de pele, que acontecem principalmente em crianças.

Segundo os governantesO projeto ambiental aprovado pelos órgãos

ambientais prevê a separação do material orgânico do lixo sólido. Uma enorme tela, instalada em dois pontos às margens do Tietê, funciona como um gigantesco coador de terra, água e esgoto escoado pelos buracos. O que sobra preso à tela é retirado por mãos humanas.

Os resíduos sólidos vão para aterros sanitá-rios e o material orgânico servirá para aterrar-grande parte da lagoa de Carapicuíba. Sobrará dela um raso lago.

Por Célia Campos

Problemas na Adutora

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Era apenas um bairro comum em uma peque-na cidade na região metropolitana do Recife.Um bairro simples, porém bastante agitado em dias de perseguição policial que, de tão co-muns, se tornaram programa de fim de tarde. Um lugar com ruas de terra e boa vizinhança. Eu morava em uma casinha simples, minha diversão era um bar em frente à minha casa, do outro lado da rua, onde havia alguns jogos eletrônicos, sinuca e amigos.

Meus pais, muito conservadores, não permi-tiam que eu frequentasse ambientes como esse, mas na ausência deles, aos meus 14 anos, não hesitava e corria para me divertir naquelebar.

Em uma bela manhã de sol, mas um dia roti-neiro a não ser pelo caminhão que uma vez por semana aparecia para reabastecer com bebidas aqueles simples estabelecimento e que mudou o nosso dia. Bandidos da localidade já haviam planejado um hostil e silencioso assalto.

Todos nós estávamos no bar em um momento de descontração, quando formos surpreendidos por bandidos armado que renderam os funcio-nários da transportadora, os clientes do bar e, com suas armas apontadas para o alto, efetua-ram alguns disparos ameaçadores. Foi quando percebi que algo importante estava acontecen-do, vi que era um assalto e que eu ainda não havia sido visto pelos elementos. Então resolvi escapar pela saída dos fundos, porém, de bem distante, em algum lugar onde eu não tinha percebido, que é a parte alta da rua, um dos homens que estava armado gritou desesperada-mente chamando minha atenção:

- Ei pirralho, tu quer morrer? Vem aqui agora!Não sabia ele que mais desesperado que seus

gritos saltava meu coração. Fui levado ao salão do bar e vi os clientes rendidos e deitados com os rostos no chão. “É pro chão que eu também vou”, pensava eu. “O que minha mãe vai dizer quando souber? O meu pai vai me matar se eu chegar em casa vivo!”

Esse era meu pensamento e, enquanto pen-sava, não percebi que as ações dos bandidos já haviam sido finalizadas e que as pessoas que estavam deitadas naquele salão já estavam livres do perigo. Algumas pessoas continuaram ali co-mentando o ocorrido, enquanto outros corriam para se lar, e eu me enquadrava nesse segundo grupo.

Nas horas seguintes, e nos dias também, eu só pensava no desespero daqueles instantes de pânico. Até hoje minha família não sabe que estive em tão grande perigo. Quem sabe um dia, wacompanhado de boas risadas, minha mãe saberá.

Perigo à frentePor Moisés Antônio da Silva

Por ser bissexual e ter amigos que acreditam que isso seja o “diabo” em minha vida, um belo dia uma amiga chamada Letícia, de tanto insistir, me con-venceu que seria melhor eu ir para a igreja procurar Deus, pois ela achava que eu estava me afastando dele.

-João, vamos pra igreja comigo, vai ser bel legal, você vai se aproximar de Deus e quem sabe o pastor poderá tirar esse “demônio” que faz você fazer essas coisas.

Indignado por ela pensar desse jeito, decidi então provar que não estava distante de Deus e que não é o Diabo que me faz ficar com garotos.

- Vai ser que horas, Lê?- Vai ser domingo, das 20:00 às 23:00.Caramba! Vai ser um culto ou o encerramento do

Oscar? O pior é que eu ia perder o meu sagrado Fan-tástico de todos os domingos. Mas eu tinha que ir, além do mais seria meu primeiro “exorcismo”.

- Ok, vamos sim. Passo na sua casa e vamos juntos – eu disse.

- Até lá! Você vai amar, vai sair outra pessoa!O engraçado de ir para uma igreja de bairro é que

não tem quase ninguém. Todo mundo conhece todo mundo e quando chega alguém diferente, eles não param de olhar. Foi assim que eu fui recepcionado.

Por João Paulo de Oliveira Leme

Um gay na igreja

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No ultimo dia 27 de outubro três estudan-tes foram detidos pela Polícia Militar dentro da USP por que estavam fumando maconha. Enquanto os estudantes eram levados para o carro de polícia, um outro grupo de estu-dantes começou a protestar e impediu que os usuários fossem levados à delegacia.

Isso não parou por aí, pois revoltados alguns alunos da USP começaram uma série de “manifestações” que reivindicavam a favor da saída dos policiais da USP, os policiais chama-ram reforços e começou de fato uma batalha entre estudantes e policiais que alias, usaram bombas de gás, cassetetes e balas de borracha para conter os estudantes.

Agora entre nós, será que todo esse trans-torno seria necessário? Pelo simples fato de fumar maconha, no campus da USP os alunos serem tratados como marginais, serem postos dentro de camburão?

Não digo que é bonito fumar maconha, muito menos faço apologia a esse tipo de “droga” que eu nem sei se pode ser conside-rada droga, aliás. Não vamos esquecer que estávamos falando de uma erva, mas enfim.

Em maio desse ano ocorreu um fato muito mais sério dentro da USP, o aluno do 4° ano de economia Felipe Ramos Paiva foi morto, após uma tentativa de assalto, o estudante tinha 24 anos. Em outubro a aluna Camila Fernandes foi baleada com um tiro no rosto, também durante uma tentativa de assalto.

Em um ano temos dois casos lamentáveis que aconteceram dentro da maior universi-dade do país, afinal, dois casos que ganharam repercussão, pois durante entrevista alguns estudantes disseram que tentativas de estu-pro, roubo são praticamente “normais” .

Dentre tantas tragédias acontecendo, policiais se preocupam com três estudantes que estavam dividindo um cigarro de maco-nha, alias a maconha não é liberada, é droga, vicia, mata. Mata até mais do que ficar anos se preparando pra um vestibular, conseguir ser aprovado e de repetente levar um tiro no rosto, ser assassinado após uma tentativa de assalto, correr risco de estupro...

Já que desde o fato lamentável que resultou na morte de Felipe a USP firmou uma aliança com a Polícia Militar policia militar, e os mes-mos querem mostrar trabalho... Que mostre com algo útil, e realmente necessário.

Quando o culto começou, imagine que o pastor iria falar alguma coisa polêmica, ele falou de família, o quanto a família é importante em nossas vida e blá blá blá. Quer dizer, nada de novo. Como estava cansado, trabalhei a semana inteira e no dia seguinte acordaria cedo, acabei cochilando no culto.

No final, quando o pastor começou a agradecer, ouço falar o seguinte:

-Irmão, peço para que todos orem para que a lei tal não entre em vigor, pois assim qualquer um que agre-dir ou humilhar de qualquer forma um homossexual responderá processo e poderá se preso.

Como eu tinha acabado de acordar e ainda estava sonolento, queria muito acreditar que aquilo era coisa da minha cabeça, um sonho, seja lá o que for. Esperei então o culto acabar.

Esperei chegar o dia seguinte para perguntar para a minha amiga:

- Lê, o pastor falou isso mesmo?- Falou! E se você quer saber eu e minha família va-

mos todos orar! – ela disse.- Letícia, ele não pode falar isso, ele é um pastor! Isso

foi preconceito. Se eu chamo um negro de macaco é racismo, mas se eu xingo um homossexual aí eu posso porque vai contra as leis de Deus e ele permite?

- Olha João, faz o que você quiser. Eu vou orar e pon-to final. – essa foi sua última palavra.

- Ok – eu disse.Fiquei profundamente chateado por existir pessoas

que pensam assim, porém a vida continua e não vai ser opinião de gente atrasada que vai mudar a minha vida.

Enfim, o culto acabou muito tarde, fui ofendido, perdi o Fantástico e nem fui “exorcizado”!

Prende os moleque ae! Por Karen Moreira

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Independente da classe social familiar, os pais têm total responsabilidade com seus filhos, mas em alguns casos essa responsabilidade é substituída por uma autoridade familiar cheia de deveres e fazeres impostos, obrigações que os filhos devem cumprir a qualquer custo. Uma autoridade que muitas vezes é usada para agredir e violentar a própria família, pa-lavras de carinho não são ditas e gestos de amor não são demonstrados.

Crianças e adolescentes que sofrem maus tratos familiares são muitas vezes questionadas pela socie-dade e revelam as punições vividas dentro de seus lares através de comportamento distorcido, seja ele agressivo ou retraído. Com esse modo nada carinho-so de educar e amar, a criança e o adolescente per-dem totalmente o seu direito ao respeito e à digni-dade. Porque será que pais demonstram sentimentos tão inversos na forma de amar e educar? O que será que eles pensam para agir dessa forma? Motivos que só eles mesmos os conhecem.

A revista Época do dia 16 de novembro de 2011 publicou, que o Instituto RUKHA, organização não governamental, trabalha com 200 famílias em três bairros na Zona Sul da cidade de São Paulo: Jardim Ângela, Capão Redondo e Jardim São Luiz. Educa-dores do Instituto promovem uma reestruturação familiar através de palestras que ensinam as mães como elas devem amar e educar seus filhos. Maus tratos assustadores e sofridos por certas mães aca-bam determinando a vida dos seus filhos, elas se espelham na educação que tiveram no passado.

Infelizmente essas crianças e adolescentes não tiveram como escolher seus próprios lares, convi-vendo assim em um lar dominado. Os pais devem se conscientizar de que as crianças são o futuro do país e reestruturar o modo que lindam com seus filhos. Perceberem que seus atos influenciam diretamente o futuro, não apenas de sua família, mas de toda sociedade.

Amor inversoPor Simone Romão

Caro professor,

Tenho certeza de que irá se lembrar de mim. Fui seu aluno entre os anos de 2008 e 2010. Eu era um garoto magrelo, alto, negro. Vivia com o boné virado para trás. Mas, acho que não irá se lembrar assim. Talvez se lembre das seguintes situações:

Do dia em que jogou a carteira em minha direção e me chamou de inútil. Ou talvez da vez em que eu conversava com um colega, enquan-to apontava meu lápis, e o senhor foi até minha mesa, pegou meu caderno e disse: “Você com certeza será um lixeiro ou um ladrãozinho! Não quer saber de estudar e só conversa!”

Bom, não é sobre isso que resolvi escrever, mas para lhe dar SATISFAÇÕES, já que ouvi inúmeras vezes a frase: “Quero só ver onde vão chegar! Como serão no futuro? Se chegarão onde cheguei!”. O senhor parecia realmente interessado e persistente.

Lembro-me também de como eram suas aulas... Mas que silêncio! Confesso que às vezes me achava um louco, pois ouvia barulhos pa-recidos com batimentos cardíacos e até saliva sendo fortemente engolida.

Também me lembro de que sofri muito nesta época. Era muito chato, porque todos os meus amigos faltavam constantemente por diversos motivos: doenças, resfriados, dores, falecimen-tos de parentes e animais, compromissos, cirur-gias, consultas, perdiam o ônibus, acordavam tarde, sequestros relâmpago, enfartos... Eram tantas coisas.

Mas até que foi muito bom, porque não tinha nenhum amigo para me atrapalhar e pude pres-tar total atenção à aula e às suas explicações. E mesmo assim eu ficava com nota vermelha? Aliás, o senhor acertou: eu realmente trabalhei como lixeiro, mas foram só por dois meses. Só uma forma de levantar um dinheiro até eu entrar na faculdade. E olha que coincidência: é a mesma na qual o senhor se formou. Hoje sou editor-chefe de um jornal e estou me mudando para Nova Iorque para trabalhar como editor--chefe do The New York Times.

Quero dizer que o senhor estava certo mais uma vez quando disse que um dia iria lhe agra-decer. Graças a você, suas aulas e suas broncas... Hoje sei xingar muito bem! Seja em qualquer coisa e situação que eu queira fazer.

Obrigado, Maicon Oliveira

CartaPor Tatiana Pereira Mendonça

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Nós sabemos que o Brasil é um país cheio de proble-mas, mas a educação é um destes que merece destaque. As autoridades políticas do nosso país não dão a devida atenção para o ensino público. Um verdadeiro descaso que contribui para o atraso no desenvolvimento nacio-nal. Uma boa educação é responsável pela formação de um bom cidadão, crítico e que cobra os seus direitos às autoridades públicas. Portanto, sem essa boa formação surgem cidadãos de certa forma ingênuos, que não são ativos na sociedade e não participam do seu cresci-mento.

As últimas mudanças feitas nas escolas estão cau-sando grandes problemas. Um exemplo é a unificação do ensino com a distribuição de materiais pelo Estado de São Paulo. Os alunos são obrigados a usar livros desqualificados e de baixa qualidade. O que diminui o nível do aprendizado e limita o trabalho do professor.

Com essa formação, alunos saem da escola pública despreparados para prestarem os grandes vestibulares do país, como Fuvest, Unesp, Unicamp e também o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Foi divul-gada a lista das dez melhores escolas na nota do Enem e apenas uma era pública. Para suprir essa falha na educação alguns vestibulares estão criando projetos de inclusão, oferecendo bônus na nota final das provas como o programa do Pasusp, realizado pela Fuvest, que seleciona alunos para a Universidade de São Paulo e a Santa Casa.

Essa educação de baixa qualidade forma pessoas desinteressadas, incapazes de criticar seus políticos praticantes do descaso aos direitos do cidadão. Estes, que possuem a autoridade, ao tratarem a educação brasileira dessa maneira mantêm uma sociedade que nunca se lembrará que também possui o poder do qual

O descado com a educação públicaPor Renata Franco Mendes

pode ser mudado, se for da sua vontade.Pode-se dizer que a educação de baixa qua-

lidade, desde o maternal, é a responsável por grandes problemas que existem em nosso país. As escolas devem receber mais aten-ção das autoridades e serem tratadas como base do desenvolvimento nacional. Só assim podemos começar a evoluir como sociedade e ver essas mudanças no futuro.

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Hoje em dia, autoridade é o que está faltando nas escolas. Muitos alunos saem dos limites por conta de atos de vandalismo e bullying. Diretores e professores devem colocar à frente sua liderança, pois do jeito que está muita coisa de ruim poderá vir a acontecer. Também em casa, os pais devem en-sinar seu filho como se comportar em sala de aula e manter o diálogo sempre aberto para saber o que se passa em sua mente.

No caso que aconteceu neste ano, dia 21 de setembro, uma criança de uma escola de São Caetano do Sul, São Paulo, atirou em sua professora de português. Logo depois saiu cor-rendo da sala e se matou com um tiro na cabeça no corredor, com uma arma que pegou do guarda roupa do seu pai policia. Essa criança que era sempre foi comportada acabou se matando, mui-to provavelmente por falta de conversa com os pais.

Outro caso que aconteceu no se-gundo semestre de 2011, no nordeste do Brasil, mostra que os alunos não estão mais respeitando a autoridade da pessoa que comanda a escola. Um aluno de 16 anos saiu da escola xingan-do e dando pontapés na diretora da escola que não pôde se defender de tal brutalidade.

Diante tantos casos de desrespei-to no ambiente escolar por partes de todos, pais, professores e diretores, devem repensar sua autoridade e usá--la de uma forma que acidentes como estes não venham a se repetir.

Autoridade e vandalismo nas escolasPor Fernando Mingues

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Assim que entrei por aquelas portas, sabia que meu futuro se alterava. Não sabia explicar, só sentia. Agora me aproximava da porta da sala, segundo as instruções que meu amigo Rogério havia me enviado por e-mail, onde daria minhas aulas. Fiquei escutando um silêncio incomodo, até que:

– Bom, gente – Ouvi Rogério dizer a uma sala atônita com a noticia de sua saída. Ninguém pa-recia respirar, muito menos falar. – O professor Marcelo é quem vai ficar no meu lugar. Espero que vocês gostem dele. Uma boa sorte a todos.

E saiu, sem dar mais explicações. A coor-denadora parou ao meu lado, esperando um momento certo para invadir a sala de aula. A turma continuava quieta. Quando dei por mim, já estava no recinto, onde muito pares de olhos me encaravam, alguns surpresos, outros angus-tiados e outros ainda um tanto quanto severos.

Um desses pares de olhos severos me chamou a atenção. Eram fortes, castanhos e intensos, que me pediam pra sair da sala. Eu quase o fiz. Tentei gaguejar algumas palavras com firmeza, mas não me sentia seguro para tal proeza. Disse que iria tentar ser tão bom quanto o Rogério e que me esforçaria ao máximo.

Quando encarei novamente os olhos da garo-ta que, mais tarde, descobriria se chamar Júlia, ela não parecia muito convencida. Os dias, me-ses e bimestres passaram-se. Átomos, prótons e nêutrons. A turma parecia cada dia mais enten-der sobre o que eu falava, parecia nunca ter sido deixada por seu último professor. Eu estava tão adaptado que tinha impressão de ter lhes dado aula por décadas. Sempre terminava as aulas de química com um poema, de preferência do Carlos Drummond de Andrade.

Minha relação com Júlia havia melhorado bastante desde nosso primeiro encontro mudo. Ela dizia que gostava da minha didática sim-ples e do meu jeito bobo e brincalhão de recitar poemas. Eu poderia passar uma grande parte do meu tempo falando do que eu mais gostava nela. Seus olhos, suas trança no cabelo cor de mel. Seu gosto eclético demais para músicas e livros. E a sua incrível mania de dizer coisas impróprias nas horas erradas; onde eu acabava vivendo as histórias mais loucas, rindo como nunca, amando como nunca.

Antes de conhecê-la, achava que amar era algo parecido com o que eu sentia pela literatura e

Pretérito imperfeitoPor Nathália Cardoso Pereira

acabei descobrindo que amar era muito mais do que admiração, dedicação e afeição. Esse novo Amar era totalmente sem sentido pra mim, de repente aquilo, num boom de sensações, muito mais forte e rápido, meu cérebro não acompanhava, o sentia confuso, lento, denso, algo que não posso caracterizar em meras palavras. Nem os livros, escrever, menos ainda ler, preenchiam o espaço que Júlia apropriava-se cada vez mais de mim.

Peculiar, eu simplesmente sentia dentro do pei-to. A razão não esclarecia, as palavras faltavam, o ar desaparecia ou se tornava mais leve quando Júlia estava por perto. Seus olhos diziam o que eu preci-sava ouvir. Podia ficar assim, apenas olhando-a, por muito tempo, já era o suficiente para alegrar meu dia. Mas onde é que eu estava com a cabeça? Aonde tinha esquecido minha razão? Eu era um professor, ela a aluna. Isso tudo não podia existir. Era algo incomum, irresponsável, insensato. Fácil explicar. Difícil enten-der.

Júlia esperava que nós fugíssemos para uma ilha deserta, sozinhos, nós contra o mundo. A última vez que a vi estava embarcando num trem em direção a algum lugar. Fui só pelo bilhete que ela me enviou, onde havia um pequeno texto do Carlos Drummond de Andrade:

“Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste mo-mento, perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o pri-meiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor. Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucu-ras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O Amor” - Não Deixe o Amor Passar.

A covardia não me permitiu nem dar-lhe adeus. Eu não sabia o que podia acontecer, não sabia do que era capaz, não tinha coragem o suficiente para me testar. Não sabia qual seria a minha reação. Fiquei olhando do trem partindo, suas engrenagens levando-a para longe, logo ficando só, apenas eu e o bilhete já meio amassado. Pensei comigo que tinha feito a coisa certa. Eu era apenas um professor de química que gostava de literatura, não um dos clichês que adorava ler por ai.

Então, a ação se acabava, não concluída. Fiz exata-mente o que Drummond disse para não fazer. Júlia fez e fará para sempre parte do meu pretérito imper-feito. Mas é apenas isso. Nunca mais será mais nada.

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Corrupção de todos os tipos, de políticos e da popu-lação. Será que estamos enganando aos outros ou a nós mesmos? Quando falamos de corrupção, logo nos vem à cabeça corrupção política, mas como podemos denominar aqueles pequenos delitos cometidos por nós mesmos em nosso dia a dia que são considerados besteira por muitos?

Só que não e é bem assim. Esses pequenos delitos são desvios de caráter que contribuem para uma sociedade mais alienada. Pode até parecer que cortar uma fila ou copiar um trabalho não vai fazer diferença em nossa vida, o que é um engano, pois isso só nos mostra o quanto nossa sociedade esta cada vez menos comuni-cativa e se preocupando com si própria. Todos temos direito e deveres e ao cometer tais infrações às pessoas acabam desrespeitando o direito dos outros.

Mas o pior é que ao invés de prejudicar os outros com estes atos, as pessoas se prejudicam de diversas formas ao longo do tempo como, por exemplo, em um emprego, ou até no modo em que você se porta em grupo.

A justiça tem muitas falhas quando se fala de corrup-ção e a população não corre atrás dos seus direitos. O jornalista Leonardo Sakamoto menciona em seu texto “Protesto Contra Corrupção: um bom começo” – se a população percebe que governo e a justiça funcionam, vai ser mais difícil usar o chamado “jeitinho brasilei-ro” para conseguir ter uma reivindicação atendida de

EnganadosPor Natália Santos de Lima

No mundo globalizado, é muito comum as pessoas se desligarem da família para se conectarem a novas tecnologias. A ocor-rência desse fato leva a crer que os vínculos familiares têm sido cada vez menores, pois a convivência dos pais com os filhos acaba sendo trocada por computadores, televisões e vídeo game. Isso só mostra que o mundo de hoje tem deixado muitas famílias sem uma boa conversa e um bom companheirismo.

Se compararmos as experiências e o modo de vida dos pais de hoje, leva a crer que o sistema de vida era melhor antigamente, pois as brincadeiras de rua não pareciam ser tão fortes como as tecnologias vividas pelos seus filhos. Essas comparações nos mostram a veracidade de como esta juventude tem se comportado nos últimos anos. O modo de vida de hoje pode também desconectar uma família e acarretar ainda mais problemas e desavenças.

No passado brasileiro, pouco se falava em globalização, pois a repressão da ditadura, a falta de empregos melhores e a questão de “muito ouvir e pouco falar” levava, muitos pais naquela época, a pouco se expressar em relação à modernidade. Hoje, a aceitação da tecnologia é muito maior e pouco se fala em valores que o século passado mantinha. Desse modo, a vida de hoje tem sido preocu-pante e até desafiadora para tantos pais que viviam em regime de opressão. Pais que não estão preparados para lidar com essa nova realidade.

Vale ressaltar que a tecnologia é muito im-portante, mas a família ainda é uma entidade que deve ser valorizada. Todos esses proble-mas de relacionamento podem ser resolvidos por diálogo entre pais e filhos, um diálogo eficiente, desde o nascimento até a fase adul-ta, de forma alertadora. Assim os pais podem auxiliar os filhos no uso da tecnologia, para torná-la um instrumento que de fato melho-re a vida.

Tecnologia ao seu disporPor Letícia Rodrigues de Sousa

forma mais rápida. Portanto esse tipo desmoralização só tende

a prejudicar a sociedade. Antes que se faça um julgamento é importante que se pense sobre se é certo que o que se está fazendo.

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