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Jornal do Conselho Nacional de Saúde IMPRESSO Agosto/Setembro de 1999 - ano 2 - número 5 Brasília será palco de Mobilização pela Saúde http://conselho.saude.gov.br controle social controle social Não dá para ignorar a crise na Saúde. O aparente caos no setor tem atrapalhado os planos de ges- tores, profissionais da área e, prin- cipalmente, usuários. Essa insatis- fação tem aproximado cada vez mais os parlamentares interessados na defesa dos direitos do cidadão - como os mais de 140, de vários par- tidos, que compõem a Frente Par- lamentar da Saúde - dos órgãos de controle social, como o CNS. Em se- tembro, o ponto alto dessa conver- gência de interesses será a Mobili- zação Nacional em Defesa da Saú- de, que pretende reunir milhares de pessoas, em Brasília, no Congres- so Nacional. Nos dias 22, 23 e 24 de setem- bro, as atenções do país estarão voltadas para a Esplanada dos Mi- nistérios. Entre outros pontos, o ato quer a cobertura do rombo estimado em R$ 1,4 bi na execução orçamen- tária do SUS. Déficit causado pelo aumento no número de atendimen- tos e pela desvalorização cambial. De acordo com os técnicos do MS, não repassar o dinheiro pode colo- car em risco o sistema de atendi- mento público ainda este ano. Pg. 06 e 07 Conselho aprova pedido de banimento do amianto do país Amianto fora. O CNS aprovou uma moção para que o Governo Federal determine o banimento gradual deste produto do Brasil. Estudos com- provam que ele é cancerígeno. Dezenas de paí- ses já condenaram o amianto, que ainda é usado para fazer roupas, telhas e caixas d’água. Pg. 11 Especialistas defendem maior integração entre SUS/HUEs Uma maior integração SUS/HUEs. Está foi a principal conclusão de uma oficina realizada no CNS, em Brasília, para discutir o problema dos hospitais universitários e de ensino. Para os participantes, este entrosamento pode gerar economia e beneficiar a sociedade. Pg. 09 Impacto da globalização na saúde é tema de entrevista A globalização da economia pode trazer mais riscos do que imaginamos. Um deles seria a criação de “velocidades” diferentes no atendimento da população na hora de buscar serviços de saúde. Este foi o tema da entrevista com o canadense Michel Perreault. Pg. 08

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Jornal do Conselho Nacional de SaúdeIMPRESSO

Agosto/Setembro de 1999 - ano 2 - número 5

Brasília será palco deMobilização pela Saúde

http://conselho.saude.gov.br

controle socialcontrole social

Não dá para ignorar a crise naSaúde. O aparente caos no setortem atrapalhado os planos de ges-tores, profissionais da área e, prin-cipalmente, usuários. Essa insatis-fação tem aproximado cada vezmais os parlamentares interessadosna defesa dos direitos do cidadão -como os mais de 140, de vários par-tidos, que compõem a Frente Par-lamentar da Saúde - dos órgãos decontrole social, como o CNS. Em se-tembro, o ponto alto dessa conver-gência de interesses será a Mobili-zação Nacional em Defesa da Saú-de, que pretende reunir milhares depessoas, em Brasília, no Congres-so Nacional.

Nos dias 22, 23 e 24 de setem-bro, as atenções do país estarãovoltadas para a Esplanada dos Mi-nistérios. Entre outros pontos, o atoquer a cobertura do rombo estimadoem R$ 1,4 bi na execução orçamen-tária do SUS. Déficit causado peloaumento no número de atendimen-tos e pela desvalorização cambial.De acordo com os técnicos do MS,não repassar o dinheiro pode colo-car em risco o sistema de atendi-mento público ainda este ano.Pg. 06 e 07

Conselho aprova pedido debanimento do amianto do país

Amianto fora. O CNS aprovou uma moção paraque o Governo Federal determine o banimentogradual deste produto do Brasil. Estudos com-provam que ele é cancerígeno. Dezenas de paí-ses já condenaram o amianto, que ainda éusado para fazer roupas, telhas e caixas d’água.Pg. 11

Especialistas defendem maiorintegração entre SUS/HUEs

Uma maior integração SUS/HUEs. Está foi aprincipal conclusão de uma oficina realizadano CNS, em Brasília, para discutir o problemados hospitais universitários e de ensino. Paraos participantes, este entrosamento podegerar economia e beneficiar a sociedade.Pg. 09

Impacto da globalização nasaúde é tema de entrevista

A globalização da economia pode trazer maisriscos do que imaginamos. Um deles seria acriação de “velocidades” diferentes noatendimento da população na hora de buscarserviços de saúde. Este foi o tema daentrevista com o canadense Michel Perreault.Pg. 08

Conselho Nacional de Saúde Agosto/Setembro de 1999

EXPEDIENTE

O Jornal Controle Social é umapublicação bimestral do Conselho

Nacional de Saúde

Presidente do ConselhoNacional de Saúde

Ministro de Estado daSaúde José Serra

Conselho Editorial

Representantes dos UsuáriosMário SchefferCarlos Martins

Representante do GovernoSílvio Mendes de Oliveira Filho

Representante dosPrestadores de Serviços

Olympio Távora Corrêa

Representante dosProfissonais de Saúde

Temístocles Marcelos Neto

Assessoria deComunicação Social

Fernando CartaxoPaulo Henrique de Souza

Jornalista ResponsávelPaulo Henrique de Souza - RP: 734/04/72/GO

ReportagemCristina Ruas

Editoração e Projeto GráficoFernanda M. Junqueira Ottoni

ARS VENTURAImagens & Produções

http://www.arsventura.com.br(061)328-6404

ImpressãoGráfica do Ministério da Saúde

Conselho Nacional de Saúde

Esplanada dos MinistériosBl. G - Anexo Ala B

1º andar - salas 128 a 147cep: 70058-900 Brasília - DF

fones:(061)225-6672/226-8803

315-2150/315-2151fax:

(061)315-2414/315-2472e-mails:

[email protected]://conselho.saude.gov.br

As matérias são de responsabilidadede seus autores

tiragem: 8.000 exemplares

A P R E S E N T A Ç Ã O

02

Saem as diretrizes da 11ª

A11ª Conferencia Nacional de Saúde tevesuas diretrizes para organizaçãoaprovadas pelo plenário do CNS. O encon-

tro nasce a partir do esforço para melhor registrar,analisar e avaliar as experiências de controlesocial implementadas em Estados e Municípios.Os organizadores da Conferência já têm uma cer-teza: ela carrega em si um salto de qualidade emrelação às anteriores.

O temário do encontro é Aprofundando oControle Social. A partir dele foram acertadostrês temas centrais: I) - O que queremos ?Qualo Norte? (imagem-objetivo do Sistema ou ModeloAssistencial Desejável. Decodificação dos Prin-cípios e Diretrizes do SUS nas transformaçõescotidianas da oferta e demanda dos serviços); II)- Como fazer? Como Operar? (decodificar ascompetências legais de atuar na formulação de

estratégias e no controle da execução das políti-cas, em mecanismos eficazes de controle social,viáveis para todos); e III) – Tendências Interna-cionais (identificar as tendências, estratégias eexemplos reais de caminhos para a construçãoda cidadania e dos sistemas de saúde). Serão mon-tadas três mesas centrais, uma para cada tema,com somente três expositores cada uma.

De acordo com as diretrizes, o temário é amplo,oportuno e simples para que as experiências dosgestores em todos os níveis sejam estimuladas aaflorar e serem canalizadas na direção de superaros grandes entraves à construção da cidadania edo SUS.

A expectativa é de que seja uma forma de con-solidação da rica diversidade das conclusões dasConferências Municipais e Micro-Regionais, alémde reunir pontos de abrangência estaduais.

Uma comissão de oito repre-sentantes do Conselho Na-

cional de Saúde manteve um en-contro com o ministro José Serrana primeira semana de agosto.Foram apresentadas a ele reivin-dicações e posições tomadaspelo plenário.

Na conversa, foi constatadoo clima de “estranheza” comumpela Medida Provisória que ex-tingue o Conselho Nacional deSeguridade Social (CNSS) e oapoio à decisão do CNS de pedir

ao Palácio do Planalto que volteatrás no ato. O ministro tambémconcordou com a manifestaçãodo Conselho em relação ao ba-nimento gradativo do amianto dopaís e à criação de um Grupode Trabalho para formular a pro-posta de reestruturação da com-posição do CNS.

Outro ponto de consenso foiquanto ao pedido de adiamentopor um mês da oficialização daproposta do MEC de DiretrizesCurriculares para o Ensino Mé-

dio na Área da Saúde. Serra tam-bém não deixou de demonstrarque vê necessidade do Conselhomanifestar-se com relação |àproposta orçamentária do Minis-tério, caso não haja tempo hábilno MS. Segundo ele, os pleitose críticas dos conselheiros de-vem ser encaminhados, nestecaso, diretamente ao Ministériode Planejamento, Orçamento eGestão e, principalmente, apre-sentadas aos parlamentares doCongresso.

Serra apóia decisões do CNS

• Foi fechada a regulamentação do regimentodo Conselho Nacional de Saúde quanto aofuncionamento e composição das Comissões.O texto, discutido e aprovado na 89 reuniãoordinária, prevê, entre outros pontos, que oconselheiro coordenador da Comissão tem amissão de representar nos debates o ponto devista apenas do CNS. Também foi definido quealém dele, os outros nove integrantes daComissão devem caracterizar-se, individual-mente, como portadores reconhecidos deconhecimentos e experiências na áreaespecífica. Na ausência, do conselheirocoordenador esta função deve ser assumidapelo respectivo conselheiro suplente.

• Na reunião ordinária de agosto, o CNSaprovou moção de repúdio à extinção doConselho Nacional de Seguridade Social. Odocumento pede que o presidente FernandoHenrique Cardoso reconsidere a decisão erestabeleça o órgão de controle socia, além deconclamar os parlamentares e líderes doCongresso Nacional a rejeitarem a MedidaProvisória que promoveu a extinção do CNSS.Os conselheiros ainda pedem ao MinistérioPúblico Federal, através da Procuradoria daRepública dos Direitos do Cidadão, queconsidere o assunto uma prioridade e tomeprovidências legais sobre o assunto. Finalmente,a sociedade organizada é chamada a expressarsua oposição à MP.

• O CNS aprovou na sua reunião de agostouma recomendação para que sejam garantidosnos Conselhos Municipais e Estaduais de Saúdea participação de representantes dos portadoresde deficiências físicas.No texto final, se justificou a medida como umaforma de valorizar as políticas nacional einternacional de promoção da cidadania daspessoas portadoras de deficiências físicas epatologias através da participação eequiparação de oportunidades.

• Uma resolução aprovada pelo plenário doCNS normatiza pesquisas em seres humanosno país. Ela define que serão consideradaspesquisas coordenadas do exterior ou comparticipação estrangeira as que envolvem acolaboração de pessoas ou entidades deoutros países, o envio ou recebimento demateriais biológicos oriundos do ser humano,entre outras características. A proposta doConselho exige que os estudos em andamentocomprovem a participação brasileira nostrabalhos com a identificação do pesquisadore da instituição nacional co-responsáveis. Otexto ainda afirma que devem ser explicitadasos direitos e as obrigações entre as partesenvolvidas através de acordo. Também sãorelacionadas uma série de outrasprovidências a serem tomadas para que osprocedimentos oficiais sejam cumpridos.

P l e n á r i o

Agosto/Setembro de 1999 Conselho Nacional de Saúde

C I R C U I T O A B E R T O

03

• A avaliação do ComitêAssessor para TerapiaAnti-Retroviral em Adultose Adolescentes já estádisponível aos interessa-dos em livro e pelaInternet. O texto reúne umadiscussão sobre recentesavanços no tratamento deportadores do HIV. A inte-gra do trabalho tambémpode ser encontrado naInternet no seguinteendereço:www.aids.gov.br/assistencial/link224.htm.

Resenha

ALEI 9.656/98, que regulamentaos planos e seguros de saúdetem sofrido constantes modi-

ficações. Até julho haviam sido edita-das 22 resoluções e 15 medidas pro-visórias. Não é a regulamentaçãoideal, pois mantêm a fragmentaçãodos planos e permite diversas exclu-sões de atendimento. No entanto,ocorreram avanços. Um deles, se co-locado em prática, é o ressarcimentoao SUS, toda vez que um usuário deplano de saúde for atendido em hos-pital público.

Porém, o caminho do ressarcimen-to é longo. Sempre que um usuáriode plano de saúde utilizar os servi-ços do SUS, a unidade ou hospitalem que ele foi atendido deve emitirum documento, geralmente a AIH (Au-torização de Internação Hospitalar).Em seguida, deve haver cruzamentodas informações da pessoa atendidacom o cadastro de beneficiários dasoperadoras. Se for identificado que apessoa tem plano de saúde, o hospitaldo SUS converte e calcula o proce-dimento de acordo com a TUNEP (Ta-bela Única Nacional de Equivalênciade Procedimentos), emitindo o avisode cobrança à empresa.

A operadora de plano de saúdeterá um período para contestação eimpugnação junto ao gestor local, queé a Secretaria Municipal de Saúde,no caso da saúde municipalizada.Assim que o gestor local definir pelacobrança, envia os dados para o Mi-nistério da Saúde, através do Datasus.

Por sua vez, o Ministério envia a in-formação à Caixa Econômica Federalou Banco do Brasil, que emitem acobrança.

O valor arrecadado é, então, ra-teado, entre o Fundo Nacional de Saú-de e o hospital (ou o gestor local) queprestou o atendimento. Para que oressarcimento seja viabilizado tam-bém será necessário um eficiente ca-dastro único, que seja suficientemen-te seguro para manter a confidencia-lidade de dados dos pacientes e dasempresas.

Além do longo caminho que podeaté viabilizar essa nova fonte de re-cursos do SUS, há uma preocupaçãomaior: que o ressarcimento, na práti-ca, acabe incentivando as condená-

Planos de Saúde: ressarcimentoao SUS e adaptação de contratos

Mário Scheffer (Representante do CNS na Câmara de Saúde Suplementar, instância consultivaque acompanha a regulamentação dos planos de saúde)

veis “filas duplas”, os convênios dehospitais do SUS com planos desaúde. O sucesso da implantação doressarcimento, bem como o impedi-mento de distorções dependerá, emmuito, do controle social através dosconselhos de saúde.

Um projeto piloto do ressarcimen-to está sendo conduzido no Hospitaldas Clínicas da Unicamp. Em maiodeste ano o HC/Unicamp já envioucobrança a planos de saúde referentea 209 pacientes internados pelo SUS.

Na Unicamp, quase 10% dos pa-cientes internados têm planos desaúde que normalmente não cobremos atendimentos de alta complexida-de oferecidos pelo Hospital, que é re-ferência da região.

A exemplo da Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria deverá ser criada uma Agência para regular o merca-do de planos e seguros saúde.

A nova estrutura, além de absorver o que já está nasmâo do Ministério da saúde, terá a função deacompanhar s os preços das mensalidades e a qualidadedos serviços oferecidos.

Atualmente há uma grande confusão decompetências. O Ministério da Saúde cuida da questãoassistencial e a Superintendência dosSeguros Privados(Susep) , ligada ao Ministério da Fazenda é responsávelpelo controle econômico de todas as empresas do setor.

Com a criação da Agência, caberá à Susep acompa-nhar apenas as empresas de seguro-saúde que não têmrede própria e trabalham com reembolso aos usuários.Toda empresa de plano de saúde, cooperativa ou auto-gestão, que tem rede própria ou contratada de hospitais,laboratórios e médicos ficará sob responsabilidade daAgência, que ainda não tem nome.

Governo vai criar Agência

O governo poderá mudar a regulamentação dos pla-nos de saúde no que se refere à obrigatoriedade do usuá-rio de refazer os contratos com a operadora.

Pela regras atuais o prazo final para readequação éaté 2 de dezembro de 1999. Até agora apenas 10% dosusuários mudaram para novos planos. A diferença depreços entre contratos antigos e novos chega a 343% deacordo com o Departamento de Saúde Suplementar doMinistério da Saúde. Em muitos casos a transferência temsido prejudicial, pois as empresas estão aproveitando aoportunidade para aumentar abusivamente amensalidade.

A migração compulsória tem sido condenada pelosórgãos de defesa do consumidor. “Se a pessoa estásatisfeita com o serviço médico que lhe é oferecido eletem o direito de manter o contrato. Isso é garantido pelaConstituição e pelo Código de Defesa do Consumidor”afirma Lúcia Helena Magalhães, do Procon de São Paulo.

Readequação de contratos podetrazer prejuízos ao usuário

Para saber mais sobre a regulamentação dos planos de saúde visite na Internet o sitewww.saude.gov.br (do Ministério da Saúde) ou www.planosdesaude.org.br (mantidopelo Conselho Federal de Medicina)

PARA SABER MAIS

• O Conselho Estadual deSaúde da Paraíba está deparabéns. Já estácirculando o InformativoCES, um boletim bimestralcom notícias importantessobre o controle social naárea no Estado. De acordocom o presidente doConselho paraibano, apublicação é fruto da lutados que acreditam serpossível fazer um trabalhosério, definindo diretrizespara a política de saúde.

Já está em circulaçãomais um exemplar doCadernos de Ética emPesquisa, uma publicaçãoda Comissão Nacional deÉtica em Pesquisa(CONEP). Os interes-sados em conhecer umpouco mais as atividadesda CONEP podem fazeruma visita ao sitewww.datasus.gov.br/conselho ou então buscaroutras informações pelotelefone (61) 315-2951.

Vale a pena ler a revistaRadialistas Contra aAIDS - A História de umProjeto. A coletânea detextos aborda o trabalhodesenvolvido no Ceará,em 98, onde o rádio foiusado como ponta delança de uma campanhade combate e prevençãoao vírus HIV. Nos textos,há dados que podem servirde subsídios a outrasexperiências. Maisinformações pelo [email protected].

Usuários têm dúvidas sobre como ficam os planos de saúde com as mudanças

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Conselho Nacional de Saúde Agosto/Setembro de 1999

E S P A Ç O C N S

04

Sobre a mesa dediscussões, aatenção básica à

saúde. O Conselho Na-cional de Saúde reuniuvários gestores paradiscutir o tema funda-mental para o futuro doatendimento aos usuá-rios do SUS.

A discussão, coorde-nada pelo conselheiroCarlyle Guerra Macedo,identificou metas ousa-das, como a do ProgramaSaúde da Família, queem 2002 pretende fazercom que o número deagentes comunitárioschegue a 150 mil, assimcomo multiplicar tambémo total de equipes do Saú-de da Família, fazendo acobertura de cerca de 82milhões de brasileiros.Mas se por um lado sur-gem altos desafios, por outro se cons-tatam problemas capazes de emper-rar o funcionamento do Sistema.

Os principais pontos de estran-gulamento do mecanismo seriam orisco de se pretender a universaliza-ção do direito à atenção básica emseparado da assistência de maiorcomplexidade; transformação destetipo de serviço num pacote isolado,complementado pelo atendimentoesporádico de campanhas , além datensão entre a especificidade do fi-nanciamento das ações do PACS edo PSF com o pagamento da assis-

tência por produção.De acordo com Guerra Macedo,

para evitar o comprometimento daatenção básica em saúde aos usuá-rios é preciso partir para a articulaçãode políticas, programas e normas. Naavaliação do conselheiro somentedesta forma vai se atingir uma açãointegrada com responsabilidades ecritérios definidos. Para ele, este pro-cesso passa por uma pactuação en-tre as três esferas de Governo e pelofortalecimento dos princípios de des-centralização, unidade de comandoe regionalização.

Nas suas conclusões, o conse-lheiro ressaltou ainda a importânciado controle social, como forma degarantir a qualidade e resultado doatendimento, e do acompanhamentoe avaliação permanentes de todo otrabalho. “Não basta a consideraçãode resultados finais, eficácia emtermos de saúde e satisfação. É ne-cessário considerar o processo tam-bém no que se refere ao cumprimentodos princípios básicos do SUS”,disse.

O conselheiro Olympio Távora,depois de assistir à reunião, acha que

ficou evidente que mui-to ainda se precisa avan-çar para que as políti-cas de saúde sejam in-tegralmente reproduzi-das pela Secretaria deAssistência à Saúde(SAS), mas que ficouevidente o crescimentodo PACS e do PSF, anível nacional, e o es-forço da Secretaria dePolíticas com o intuitode articular os diferen-tes programas.

Para alguns inte-grantes do CNS falta-ram dados mais con-cretos dos expositoresconvidados para daruma idéia mais comple-ta e integrada do pro-blema da saúde a partirdo ponto de vista devários setores do Mi-nistério. Uma visão de

como está a situação da atenção bá-sica em todo o país. Principalmentecom respeito ao financiamento, à es-trutura de gastos e ao impacto dosserviços oferecidos na saúde da po-pulação.

Mesmo assim, a mesa redondano Conselho foi apontada como umaoportunidade ímpar para o trabalhode controle social. A aproximação en-tre os principais gestores da ABS doSUS e os integrantes do CNS foiapontada como um exemplo de cons-trução da cidadania, condição indis-pensável para a democracia”.

Articulação política e de programaspode melhorar a Atenção Básica

78% dos brasileiros aprovam o SUSAqualidade dos serviços de

saúde é o segundo assuntoem importância naspreocupações do dia-a-dia.Perde apenas para a questão dodesemprego e empata com ovalor dos salários. Os dadosaparecem numa pesquisa feitaem fevereiro de 98 pelo IBOPE,encomendada pelo CONASS eFNS, apresentada durante debatesobre a ABS pelo conselheiroSilvio Mendes.Foram ouvidas duas mil pessoasque confirmaram a importânciado SUS para a população. 78%dos entrevistados consideram oSistema Único de Saúde, com adescentralização dos serviços,uma boa idéia.Veja a seguir alguns dos pontosdo levantamento.

O brasileiro tem direito à saúde?Em relação ao direito à saúde,

90% dos brasileiros acham quetêm, o que significa um fortedesenvolvimento da consciênciade cidadania, levando-se um con-sideração que o SUS foi pro-mulgado há menos de 10 anos.Mas apenas 42% acham que estedireito funciona na prática, enquan-to 15% dizem que não funciona.

O SUS no seu município é umaboa idéia?

Ao se pedir opinião a respeitodo mecanismo de descentralizaçãodo SUS, através da execução dosserviços pelos municípios, encon-trou-se um alto índice de respostaspositivas, 78% dos entrevistadosconsideram uma boa idéia. 12%acham o contrário.

Já foi mal atendido emestabelecimento público?

32% responderam ter sido malatendidos, a grande maioria - 76%- dos brasileiros disseram ser bematendidos, podendo-se dizer que aopinião da população é maisfavorável em relação ao SUS.

Qual a importância da Saúde noQuadro Nacional ?

48% dos entrevistados aponta-ram o desemprego como o proble-ma mais importante no momentopara o país. A saúde aparece emsegundo lugar na pesquisa, com37%, empatada com a questão dovalor dos salários. Logo depoisvem a preocupação com asegurança pública. Para 21% dosouvidos, a violência é o que maisincomoda atualmente no país.

Qual a importânciada saúde no

quadro nacional?

Problema:

Desemprego 48%

SAÚDE 37%

Salário 37%

Segurança Pública 21%

Meta ousada: até 2002, o Governo quer 150 mil agentes de saúde para atender 82 milhões de brasileiros

Agosto/Setembro de 1999 Conselho Nacional de Saúde 05

Agravidade da epidemia deAIDS no Brasil levou oConselho Nacional de Saú-

de a fazer uma série de recomen-dações ao Governo Federal. Amaioria delas visa fortalecer oatendimento dos portadores do ví-rus HIV pelo SUS e as campanhasde prevenção à doença.

O documento, encaminhado aoministro José Serra, é resultadoda parceria com o movimento deOrganizações Não Governamen-tais de Luta contra a AIDS, queem seus encontros estaduais enacionais, realizados este ano,também aprovaram essas delibe-rações.

Na área de atendimento aosusuários, o CNS pediu a regula-mentação da lei aprovada pelo Se-nado que obriga a distribuição gra-tuita de remédios aos portadoresdo HIV e doentes de AIDS emhospitais da rede pública.

Até o momento ainda não foiacertada a responsabilidade e acota de participação das três es-feras de Governo neste trabalho.

No documento, o Conselho pe-de, inclusive, que sejam destina-dos recursos extras para comprados medicamentos.

Se recomenda também o estí-mulo à produção nacional de medi-camentos anti HIV, através do Mi-nistério da Saúde, e uma avaliaçãodo monopólio requerido pelos la-boratórios multinacionais sobre aprodução da fórmula antiretroviralinibidor de protease, o que tem im-pedido o desenvolvimento da dro-ga por empresas brasileiras.

O Conselho recomendou tam-bém que sejam priorizadas cam-panhas de esclarecimento sobrea doença destinadas a populaçõesespecíficas.

A idéia é fazer com estas cam-panhas levem a mudanças decomportamento e não apenas adistribuição de material informa-tivo e de preservativos.

Os conselheiros também pedi-ram informações sobre o montantegasto nestas campanhas e umadiscussão do encaminhamentodelas com representantes dasONGs e da Comissão Nacional deAIDS.

E para estimular o apoio a pro-jetos e ações de prevenção e as-sistência em HIV/AIDS, no mes-mo documento foi pedido que oGoverno estude a concessão deincentivos fiscais às empresasque se engajarem neste trabalhoa exemplo do que já acontece naárea da cultura.

Até o ano de 2003 o GovernoFederal espera que 100%

do sangue disponível paratransfusões nos hospitais bra-sileiros possua garantia de qua-lidade. O Ministério da Saúdetraçou 12 metas e seis projetospara que este objetivo seja al-cançado.

Entre as propostas estão acriação de uma política nacio-nal de sangue e hemode-rivados, um sistema de infor-mações gerenciais, umprograma de capacitação derecursos humanos e um siste-ma nacional de acreditação deunidades hemoterápicas.

Durante a apresentaçãodeste trabalho no CNS, foi res-saltado que o sangue não é umproblema apenas do usuáriocrônico, mas de toda a socie-dade. Os conselheiros reco-nheceram que na última décadahouve um salto de melhoria naqualidade do atendimento e nasorologia, apesar de ainda per-sistirem dificuldades.

A falta de controle no sanguerecolhido tem gerado um grandeprejuízo ao país.

De acordo com levantamentooficial, em 97 em torno de 400mil bolsas de sanguecontaminado foram jogadas fora,representando uma perda de R$50 milhões. Isso sem contarcom a colocação de milhares devidas em risco, com apossibilidade de contágio via

transfusão por doenças como ahepatite e a AIDS.

O quadro da hemoterapia noBrasil reclama uma atençãocada vez maior, segundos da-dos de consultores canaden-ses – contratados pelo Gover-no – que avaliaram o problema.O relatório, preparado há dois

Sangue contaminado causa prejuízo deR$ 50 milhões aos cofres públicos

CNS quer mudanças na luta contra AIDS

anos, mostrou que no paísainda resistem práticas ultra-passadas como a transfusãobraço a braço. Uma situaçãoque se agrava ainda mais coma deficiências da fiscalizaçãofeita pela vigilância sanitária ea inexistência de um programanacional de doação voluntária.

50 anos: um histórico das transfusões no BrasilHá muito tempo a trans-

fusão de sangue tem sidousada pelos médicos de todoo mundo. No Brasil, osprimeiros serviços deste tiposurgiram na década de 30. Osmétodos de então, previam atransferência de sangue dodoador ao paciente sem exa-mes de qualidade. Tudo era feitode braço a braço.

Os primeiros bancos desangue aparecem em meadosdos anos 70. Foram resultadodos avanços na estocagem epreservação do produto juntocom a descoberta do fator RH.Como conseqüência surgiu ocomércio do sangue, o deses-tímulo à doação voluntária,substituído pelo doador profis-sional.

Essa situação perdurou atéos anos 80, quando foi proibi-da a compra e venda de san-gue. Essas medidas foramtomadas devido à pressão dosespecialistas, que exigiamnormas técnicas para a hemo-terapia, e da sociedade, as-sustada com o aumento doscasos de AIDS por conta-minação em transfusões.

Para evitar contaminações, MS quer fiscalizar a qualidade do sangue

Conselho Nacional de Saúde Agosto/Setembro de 1999

D E B A T E

06

União pela saúde: parlameforças na defesa de um m

A deputada do PC do disse achar difícil a aprovda vinculação, com o ajusfiscal e por isso defende aelaboração de um outro pcriando novos mecanismovinculação de receita.

Ele pediu ainda ao CoNacional de Saúde a criaçum grupo para acompanhvotações do Orçamento d

União, quando emendas de parlamentares prevrecursos para o SUS são apreciadas.

Jandira Fegali defendeu ainda o fortalecimencontrole social na saúde e do CNS.

Jandira Fegali (PC do B/RJ)

Para o senador cearense, aarticulação dos GovernosEstaduais tornou inviável aaprovação da PEC 169 paravinculação de recursos para asaúde. Ele usa a matemáticapara provar o raciocínio.

“Se somarmos todas asvinculações existentes mais ada saúde, obteremos uma valoraproximado de 96% de

recursos vinculados, amarrando as mãos dosGovernadores”, disse.

Alcântara continuou afirmando que é preciso fazercom que os recursos possam trazer maiores benefíciossociais através de uma maior articulação das trêsesferas de governo.

Senador Lúcio Alcântara (PSDB/CE)

Para o deputado, a FrenteParlamentar da Saúde, umgrupo suprapartidário, como fezquestão de ressaltar, foireativada este ano imbuída doreconhecimento de que aimplantação do SUS foi um dospassos mais importantes para aSaúde no país. No entanto, eleressaltou que ao longo dessesúltimos 10 anos de

funcionamento o Sistema pede uma análise profunda,desapaixonada e livre de ideologias pela sociedade.Uma avaliação capaz de diagnosticar vitórias, erros eapontar caminhos. Uma trajetória que possa, inclusive,ser apoiada no Congresso pelos políticoscomprometidos com a causa da saúde.

Deputado Ursicino Queiroz (PFL/MG)

1bilhão e 400 milhões de reais.Este é o tama-

nho do rombo esti-mado nas contas doMinistério da Saúdeeste ano. Há risco deque a falta desse di-nheiro afete o aten-dimento hospitalar, ocombate à desnutri-ção e, principalmente,a compra de medica-mentos. O motivo dodéficit nas contas éque o custo da saúdesofreu um abalo com a desvaloriza-ção cambial devido ao componentede importação no custeio da assis-tência à saúde e no investimento emequipamentos. Um cenário que amea-ça, inclusive, programas prioritáriosdo Governo, como o Saúde da Famí-lia e o dos Agentes Comunitários. Emagosto, numa reunião na ComissãoTripartite, o secretário Executivo doMinistério da Saúde, Barjas Negri,mostrou a gravidade do problema aosgestores estaduais.

A opinião pública já manifestousua preocupação com a crise na saú-de. Esta angustia, em um setor deextrema sensibilidade social, tem pro-movido a coesão de parlamentares doGoverno e da oposição em defesa doSUS. A Comissão de Seguridade So-cial e Família da Câmara dos Depu-tados e a Frente Parlamentar da Saú-de decidiram, em reuniões conjuntas,em agosto, realizar uma MobilizaçãoNacional, em Brasília. Programado

para os dias 21, 22 e 23 de setembro,o ato deve apresentar propostas cla-ras para enfrentar os problemas emer-genciais e estruturais do setor e contacom o apoio do Con-selho Nacional deSaúde.

O deputadoHenrique Fontana(PT/RS), um dosdefensores do Sis-tema Único deSaúde, disse queas reuniões apon-taram “um amploconsenso em defe-sa da saúde públi-ca, indiferente àstendências partidá-rias”. Um dos objeti-vos do ato é pressio-nar a votação dasEmendas Constitu-cionais 169/93 e 82-A/95, que vinculam

recursos da União, Esta-dos e Municípios para asaúde. Outra prioridade éo reajuste de 90% databela de procedimentosdo SUS (40% linear e deforma imediata e 50%,em 60 dias).

Diversas entidades dasociedade organizada já fo-ram convocadas a parti-ciparem da mobilização. Opresidente do Conasems,Silvio Mendes de Olivei-ra, acredita que “o movi-mento é inédito na reafir-

mação do SUS como bem público ede inestimável valor para a popula-ção”. Para o deputado MarcondesGadelha (PFL/PB), o desafio será

1. Reuniões regionais com entAssembléias Legislativas;2. Sessão Especial na Câmarpara tratar da crise da saúde pcoordenada das tribunas;3. Convocação dos Ministros demergencial, para esclarecer odo SUS e as medidas necessá4. Audiência com o Presidente5. Manifestação Pública em Br

Colares acusa equipe econômica de tratar a saúde com “má vontade”

Políticos encontraram no CNS espaço para esquentar debate sobre saúde

Parlame

envolver entidades de classes, gru-pos de pressão e a Igreja para trans-formar a exigência por mais recursosda saúde em uma vontade nacional.

O Presidente da Comissão deSeguridade Social, deputado AlceuColares (PDT/RS), acusa o Governo.Segundo ele, na equipe econômica há“má vontade” com o setor. “ O SUS é omaior programa de saúde da AméricaLatina, do ponto de vista teórico, masa sua prática é um fracasso por abso-luta falta de recursos”, afirma. De acor-do com o presidente da Frente Parla-mentar da Saúde, deputado UrsicinoQueiroz (PFL/MG), no momento emque se discute o combate à misériatorna-se insensato ignorar a impor-tância do atendimento de saúde à po-pulação carente. Isto, na visão dele,

obriga o Congres-so a agir e ocuparos espaços dei-xados pelo Exe-cutivo.

Protesto dos dias 2Estratégias para a M

Agosto/Setembro de 1999 Conselho Nacional de Saúde 07

entares e CNS juntammelhor atendimento

No momento em que oCongresso discute a reformatributária é hora de defender avinculação de recursos para asaúde. Essa é a opinião deGuerra. O deputado informouainda sobre os trabalhos daComissão Permanente deSaúde onde os empresários daindústria farmacêuticadebaterão com parlamentares

os aumentos dos medicamentos, acima dos índices deinflação e da desvalorização do real. Ele disse aindaque já foi encaminhado projeto de lei deregulamentação dos consórcios públicos em geral (saúde, meio ambiente, educação...), com assinaturasde deputados de oito partidos diferentes.

Deputado Rafael Guerra (PSDB/MG)

O problema das isençõesdas entidades filantrópicas foiabordado pelo Padre Linhares.Segundo ele, “é melhor oGoverno dizer que acabou aisenção do que criar sofismas,restringindo cada vez mais oacesso a população”.

Lembrou ainda que oMinistério prometeu osaneamento das entidades

endividadas e até agora nada foi feito. Ele defendetambém o reajuste da tabela do SUS como forma demelhorar o atendimento. O deputado finalizou dizendoque o CNS tem levado à Comissão de Saúde naCâmara grande ajuda na análise de temas importantespara a sociedade.

Deputado Pe. José Linhares (PPB/CE)

Bvaçãosteaprojetoos de

onselhoação dehar asdavendo

nto do

Reajuste de 90% nos valores databela do SUS e dos correspon-

dentes tetos financeiros estaduais emunicipais - (40% de aumento linear,em caráter emergencial, e 50% nostermos de uma outra tabela a serproposta em 60 dias -; vinculação legalde recursos para o setor através deaprovação das emendas constitu-cionais 169 e 82 A; e convocação dosministros da Saúde, José Serra, e daFazenda, Pedro Malan, para discu-tirem na Câmara dos Deputados umasolução para o problema. Estas sãoas reivindicações de um documento

divulgado pela Comissão de Seguri-dade Social e Família da Câmara eda Frente Parlamentar da Saúde.

Hospitais fechados ou em estadode falência, equipamentos obsoletosou inexistentes, leitos escassos, UTIsdesativadas, profissionais desmotiva-dos, longas filas de espera, usuáriosindignados e frustrados.

Para os parlamentares que assina-ram o Manifesto da Saúde, esteselementos fazem a crônica diária de130 milhões de brasileiros sem planode saúde e indicam o caos que seinstalou no setor.

No documento, fica claro que entreas principais causas da crise na Saú-de está a defasagem nas tabelas doSUS. De acordo com o FIPE-SAÚDEentre julho de 94 e maio de 99 oscustos na área aumentaram 109%.Neste mesmo período, o único rea-juste concedido foi de 25%.

Segundo a Comissão, as perdasacumuladas levaram à cobrança devalores que constituem a rotina de78% dos hospitais brasileiros que têmmenos de 100 leitos. Uma consultamédica recebe o pagamento de R$2,50; uma diária hospitalar R$ 7,00; euma operação de apêndice R$80,00.Um quadro irreal para os políticos, queenxergam na tomada de posição umaforma de lutar contra a degradaçãosistemática do atendimento médico-hospitalar aos mais pobres.

ASaúde não é uma causapartidária. Este pensa-

mento levou à união de 160parlamentares federais. São148 deputados e 12 senado-res que descartaram as dis-putas políticas e partidáriaspara lutarem pela aprovaçãodo financiamento estávelpara o setor.

Para que o SUS possa serbem financiado é preciso quehaja a vinculação dos recur-sos da três esferas de gover-no, garantindo estabilidadecom responsabilidade. Estefoi apenas um dos temasabordados num debate pro-1movido pelo CNS com inte-grantes da Frente Parlamen-tar de Saúde.

Os parlamentares elogia-ram o SUS e assumiram ocompromisso de defendê-lono Congresso. De acordocom eles, serão inevitáveisembates em plenário paraaprovação de projetos eemendas constitucionais.Um esforço para garantirmais recursos ao atendimen-to da população e a munici-palização do serviço. Confiraum pouco do que se discutiuno CNS no quadro abaixo.

Conselho virapalco de debate

tidades e Comissões de Saúde das

a dos Deputados e Assembléias Legislativaspública e defesa do SUS, com ocupação

da Saúde e da Fazenda, em caráteros problemas enfrentados na sustentabilidadeárias para a sua defesa;e da República;rasília, nos dias 21, 22 e 23 de setembro.

entares prepararam manifesto onde criticam a defasagem de 90% nos preços da tabela do SUS

1, 22 e 23 de SetembroMobilização

Manifesto aponta problemasManifesto aponta problemas

Seminário PactoNacional pela Saúde- 10 anos do SUSData: 06 e 07 deoutubroLocal:Câmara dosDeputadosOrganização:Comissão deSeguridade Social eFamíliaInformações:tel: 318 - 5151

Anote

Conselho Nacional de Saúde Agosto/Setembro de 1999

D E S T A Q U E E M S A Ú D E

08

Economia globalizada, saúde globalizada? A dúvida que tem incomodado e deixado apreensivos profissionais da área, gestores eusuários da rede pública, principalmente, foi o tema de uma palestra do canadense Michel Perreault no CNS. Foram mais de

duas horas de uma conversa, onde o professor da Faculdade de Enfermagem da Universidade de Montreal e pesquisadorvisitante do CNPq, mostrou como o tema é tratado em seu país de origem.

Com base no conceito de promoção à saúde, no fim dos anos 80, o Canadá desencadeou uma “revolução” naforma de atender as necessidades de atendimento da população, levando em conta cada realidade

sociocultural. Um processo que se inicia na capacitação das próprias comunidades para atuarem namelhoria da qualidade de vida e saúde, com ênfase no controle social. Mudanças que caracterizaram o

modelo canadense pela adoção de políticas inovadoras.Para Perreault, que dividiu com O Controle Social alguns de seus pontos de vista numa entrevista, é

neste cenário globalizado que os municípios brasileiros precisam assumir seus papéis e sedebruçarem sobre a formulação de estratégias capazes de beneficiar o atendimento aos mais

pobres. Medidas que atendem ao previsto na Constituição e as tendências anotadas nosfóruns internacionais

Globalização

Controle Social - Como foi amudança do modelo de saúdeno Canadá?Michel Perreault - A mudança dosistema de saúde, que denominode mudança ambulatorial, foi umaforma de economia do sistemadesenvolvida em Quebec. Ogoverno, para reduzir os gastoscom a saúde, fez a transmutaçãodos serviços dos hospitais para acomunidade. Assim, evitou aomáximo a hospitalização e ainstitucionalização, obtendoresultados favoráveis e a melhoriado atendimento.

Controle Social - Quais os riscosque este sistema de saúdeenfrenta com a globalização?Michel Perreault - Do meu pontode vista é um bom modelo, masdentro do contexto econômicoatual, ele é perigoso. Primeiro, pelorisco de uma hospitalizaçãodesnecessária ao invés de ocorrero atendimento comunitário. Isso sedá, devido a falta de investimentona comunidade, no controle docidadão. Elas não estão sendocapacitadas e nem têm recursossuficientes para evitar e/ou diminuira hospitalização. Logo, surge umaumento da demanda nasemergências, fazendo com queestas instituições criem espaçosde pressão junto ao governo paraampliar a rede hospitalar, mas semo controle social. Como foi a casoda deshospitalização psiquiátricaem Quebec, no início dos anos 70.A comunidade não estavapreparada e os hospitaispsiquiátricos receberam recursossem fiscalização externa.

Controle Social – Há exemplos

que deram certo no Canadá e ocontrole social foi exercido peloscidadãos ?Michel Perreault – No caso doshospitais psiquiátricos, a comuni-dade poderia Ter feito melhor,efetuado pressão em nome doatendimento comunitário. Comoaconteceu, por exemplo, na Casade Pessoas que Vivem com AIDS,em Montreal, que é gerida por umConselho de AdministraçãoComunitário, que faz o controle dosrecursos financeiros e humanos.Sào profissionais de saúde,voluntários, que dão assistênciaaos portadores da doença,mudando e adaptando o ambientede trabalho destas pessoas,suprindo uma lacuna que oshospitais não podem ocupar, só acomunidade.

Controle Social - E qual é osegundo risco a que o modelode saúde do Canadá está sujeitocom a globalização?Michel Perreault - A segundaconseqüência perigosa é apassagem gradual para aprivatização. Se os serviços deatendimento domiciliar não estãofuncionamento plenamente,aquelas pessoas que podem pagarpor um serviço complementar,através do seguro saúde vão fazê-lo, conduzindo a um sistema desaúde com três velocidades:1 – Para aquelas pessoas quepodem pagar por um seguro saúdee obter melhoria e qualidade dosserviços;2 – Para aquelas pessoas carentesque não podem pagar e vãoreceber serviços de menorqualidade, semelhante ao EstadosUnidos e Brasil;

3 – Para aquelas pessoas daclasse média baixa, que não temgrandes riquezas, que aoadoecerem não podem receber osserviços de saúde como carentes enem pagar seguro saúde, tendocomo opção cair na pobreza parareceber serviços gratuitos.O Canadá tem um sistemauniversal e totalmente gratuito paraa população, que custa 9% doProduto Interno Bruto. Os EstadoUnidos tem uma assistência desaúde inacessível para 35% dapopulação a um custo de 14% doPIB. Dados que valorizam amanutenção desse modelo.

Controle Social - Quais são assemelhanças e diferenças dossistemas de saúde do Canadá edo Brasil?Michel Perreault - Vivemos nummundo da globalização, que temuma ideologia neoliberal, defensorada privatização dos serviços desaúde. Isto é uma loucura, porquea saúde é um direito da população.O neoliberalismo vai tentarprivatizar o sistema saúde domundo, seguindo o modeloamericano, apesar de,comprovadamente, ser o mais caroe o menos eficaz. A semelhançaentre o Brasil e o Canadá está nauniversalidade. Os brasileiros sãoos únicos da América do Sul atratarem a saúde como um bempúblico e social, resistindo àspressões dos especuladores, dosseguros de saúde que visam olucro. O problema está nodesenvolvimento econômico. Comoos brasileiros vão pagar impostospara financiar o sistema de saúdese não têm riqueza e a renda é maldistribuída?

O risco do atendimento diferenciado

Entrevista com Michel Perreault

Ruben Silva

Agosto/Setembro de 1999 Conselho Nacional de Saúde

A G E N D A S A Ú D E

09

Maior integração dos HUEs ao SUSpode trazer benefícios para população

Os Ministérios da Saúde e daEducação formaram uma comis-

são de consultores e, com a ajuda daOPAS/OMS, elaboraram as diretrizescurriculares nacionais para o ensinotécnico na área da saúde. O BancoInteramericano de Desenvolvimentotambém apoiou a iniciativa. O coor-denador Geral de Desenvolvimentode Recursos Humanos do MS, LuizCordoni, apresentou os primeirosresultados do trabalho ao CNS.

Apesar de não cobrir todas asáreas, já foi elaborada uma estruturacurricular para técnicos em enferma-gem, saúde bucal e nutrição, conce-bida em quatro módulos.

O primeiro, comum a todas asáreas, para que os técnicos tenhamuma visão geral sobre a área, comqualificação e certificado. Em seguida,é prevista uma habilitação nas trêsáreas específicas.

O objetivo principal do projeto équalificar profissionalmente e darescolarização fundamental com basenas regras fixadas pelo Conselho

Federal de Educação. Para garantir aexecução das metas uma das propos-tas é a associação dos Estados comONGs para realização de cursos.

Também se espera que seja cria-do um sistema de informações paraacompanhar a execução dos cursos;o desenvolvimento de sistema decertificação de auxiliar de enfer-magem, criando um conselho na-cional com as representações detrabalhadores, empregadores e ór-gão público; e a modernizaçãoadministrativa e das escolas técnicase centro formadores do SUS.

Para acelerar o processo e garantira realização do trabalho, o ConselhoNacional de Saúde propôs a criaçãode grupo de trabalho para acompa-nhamento do PROFAE.

Desta forma espera-se acomparação e a avaliação dosdocumentos produzidos pelosMinistério da Saúde, da Educação eda Associação Brasileira deEnfermagem, dentro dos princípiosfilosóficos do SUS.

Comissão define regras de ensino

Código Penal ganhacríticas em reuniãoOs Conselhos Nacionais de

Saúde (CNS) e da Criançae do Adolescente (Conanda),

juntos, na discussão da futuro dosjovens. O primeiro encontro oficialdas duas entidades aconteceu emBrasília com a participação de con-selheiros, médicos e juristas.

Um dos temas abordados foi agravidez de menores de idade. Du-rante a reunião se abordou a lega-lidade e a legitimidade dessa situa-ção que atinge milhares de famílias.

O Código Civil Brasileiro foi alvode várias críticas por parte deespecialistas. A maioria dos parti-cipantes da reunião o considera ul-trapassado.

O presidente do Conselho Federal

de Medicina (CFM), Waldir Mesquita,disse que se deve pressionar parla-mentares, gestores e magistradospara que seja feita a modernizaçãodas leis.

Outro ponto discutido foi o uso dacola de sapateiro por crianças e ado-lescentes. O efeito nocivo deste tipode entorpecente tem trazido gravesconsequências para os menores esuas famílias. Um problema que temcrescido muito, principalmente, naclasse média, de acordo com os ex-positores.

Alguns conselheiros defenderama regulamentação do uso de substân-cias químicas, como o benzeno, umtema que ainda vai exigir esforço dasociedade organizada.

Uma maior integração entre oshospitais universitários e deensino com os demais servi-

ços de saúde da região e com os ges-tores do Sistema Único de Saúde. Es-te foi o principal tema de uma oficinarealizada em agosto no Conselho Na-cional de Saúde. Representantes dosGovernos estaduais, municipais e fe-deral, das universidades, HUEs, entreoutros, debateram durante dois diaseste e outros temas que podem bene-ficiar milhões de usuários do SUS emtodo o país.

Como centros avançados de pes-quisa os HUEs podem ser o caminhonatural para pacientes que precisemde atendimento especializado e hoje

são obrigados a recorrerem à redeprivada.

De acordo com os participantesdo encontro, essa integração trariavantagens ao Sistema Único, que po-deria economizar recursos gastoshoje com exames que exigem altatecnologia e são feitos nos hospitaisparticulares, ao usuário, com atendi-mento mais rápido de suas necessi-dades; e aos hospitais que ganha-riam estímulo ao desenvolvimento deseus potenciais de pesquisa e for-mação de profissionais.

Uma série de propostas foram reu-nidas e passarão por revisão e apre-ciação por outras entidades antes deserem submetidas ao plenário do CNS

e, se aprovadas, remetidas ao mi-nistro da Saúde, José Serra.

O mesmo processo deverá ocorrerem relação ao Conselho Nacional deEducação e Ministério da Educação.A situação dos hospitais universitáriose de ensino tem chamado a atençãodos gestores da área. Hoje eles são146 - de Norte a Sul - atendendo mi-lhões de pacientes. Na oficina, em Bra-sília, também se falou sobre a questãode financiamento dos HUEs.

Vários dos participantes defende-ram mudanças nos critérios de uso doFator de Incentivo ao Desenvolvimen-to de Ensino e Pesquisa em Saúde(FIDEPS) e regras claras de ressarci-mento aos hospitais que prestarematendimento aos consumidores dos

planos e seguros de saúde privados.“Medidas urgentes devem ser to-

madas para benefício da sociedade”,ressaltou o presidente da AssociaçãoBrasileira de Hospitais Universitáriose de Ensino (Abrahue), José RobertoFerraro, preocupado com a sobrevi-vência dessa rede.

De acordo com ele, os repassesfeitos pelo SUS nos últimos tempossofreu um reajuste de 25%, insufi-cientes para cobrir perdas acumula-das que chegaram a 110%. “A de-mora em solucionar este caso podecomprometer não apenas o atendi-mento à população, mas a própriaqualificação de futuros médicos eenfermeiras”, enfatizou o presidenteda Abrahue.

Ste

la M

urg

el

Com integração, HUEs podem dar atendimento especializado aos pacientes do SUS

Ruben S

ilva

Conselheiros entram na luta em defesa do futuro das crianças e dos adolescentes

Conselho Nacional de Saúde Agosto/Setembro de 1999

A G E N D A S A Ú D E

10

OPrograma de Saúde daCriança do GovernoFederal pediu apoio do

Conselho Nacional de Saúde pa-ra impedir que os donos dos car-tórios acabem com a gratuidadena emissão de certidões de nas-cimento.

A lei 9.543/97, que garanteesse direito, assim como a gra-tuidade dos atestados de óbito,entrou em vigor em março do anopassado, mas mesmo assim cer-ca de 900 mil crianças brasileirasnascidas por ano ainda não têmo documento, segundo dados doIBGE.

Os números demortes sem regis-tro em cartório sãotambém alarman-tes. 43% das crian-ças mortas sãoenterradas semum atestado deóbito. São mais deum milhão de me-nores, sendo quemais de 600 mildeles são do Nor-deste. De acordocom Ana Goretti,coordenadora doPrograma do Mi-nistério, o quecontribui para aexistência dessasituação é a resis-tência dos donosde cartório emobedecer a lei,alegando que aemissão destesdocumentos sãofonte de renda.

Um outro as-pecto apontado por ela é a inexis-tência de penalidades, caso sejadescumprida, o que facilita apressão dos donos de cartório.Num encontro com os conse-lheiros do Conselho Nacional deSaúde, Ana Goretti também fezcríticas à má distribuição doscartórios localizados em sua maio-ria nos grandes centros e à faltade informação da populaçãosobre seus direitos.

Os integrantes do Conselho fi-caram sensibilizados com a expo-sição e aprovaram recomenda-ção com uma série de pontos (ve-ja quadro ao lado) para ser en-viada ao ministro da Saúde, JoséSerra, ao CONASS e CONASEMS.

• Mobilização das SecretariasEstaduais e Municipais de Saú-de e de Educação e dos Conse-lhos Estaduais e Municipais deSaúde sobre o problema do re-gistro civil;

• Produção de material sobrea gratuidade da certidão de nas-cimento para ser distribuído nasmaternidades e para uso pelosagentes comunitários de saúdee pela Pastoral da Criança;

• Orientação aos profissionais

Propostas do CNS enviadas ao Ministérioda Saúde, CONASS e CONASSEMS:

CNS defende a lei da certidãoEntre os dias 8 e 12 de outubroacontece no Instituto dePsicologia da USP, em SãoPaulo, o 10º Encontro Nacionalda Associação Brasileira dePsicologia Social. Estãoprogramadas mesas redondassobre “O Lugar da PsicologiaSocial na Formação dosPsicólogos” e “PsicologiaAmbiental e DesenvolvimentoInfantil”. Outras informaçõespodem ser obtidas naABRAPSO (X EncontroNacional de Psicologia Social)– Ministro de Godoi, 969, 4andar, sala 4B-03 – CEP:05015-000 – São Paulo – SPou pelo fax (11) 3670-8520.

O tema Unidade e Diversidadena Construção do III Milênioserá abordado durante o 9ºCongresso Nacional daFederação Nacional dasSociedades Pestalozzi –Fenasp. O evento está previstopara acontecer entre os dias 3e 6 de outubro, na cidade doRio de Janeiro. Estarãopresentes profissionais daSaúde, Educação, Trabalho,Assistência Social eReabilitação que pretendemdiscutir questões envolvendo amelhoria na qualidade de vidae a construção da cidadania nonovo milênio. Outrasinformações pelo telefone (21)286-5924 ou pelo [email protected].

Com o objetivo de abrir umespaço para o debate e areflexão, acontece no Rio deJaneiro, o III CongressoBrasileiro de Prevenção emDST/AIDS. A programaçãoprevê reuniões, debates eoficinas de trabalho entre osdias 6 e 9 de dezembro, noCentro de Convenções do RioCentro. O público alvo são osprofissionais de OG, ONG eoutras entidades que atuam naárea de prevenção à doença.Maiores informações pelotelefone (21) 587-7707 ou0800-61-1997.

A Câmara dos Deputados, emBrasília, será palco deimportantes debates sobre aqualidade de vida dosbrasileiros. Acontece entre osdias 20 e 22 de outubro, noauditório Nereu Ramos aConferencia Nacional deSaneamento. Maioresinformações pelo telefone (61)– 318-7076.

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de saúde para que informem àsfamílias sobre este direito já noperíodo do pré-natal;

• Informação às AssociaçõesMédica Brasileira e Brasileira deEducação Médica e de Enferma-gem e à Sociedade Brasileira dePediatria sobre a gratuidade doregistro;

• Encaminhar, através da Se-cretaria Executiva do CNS, o do-cumento “O Direito de Ter umNome” a todos os organismosenvolvidos;

• Apoio à realização daSemana Nacional do RegistroCivil;

• Inclusão do tema na progra-mação da TV Escola, através doMinistério da Educação;

• Inclusão do problema na a-genda da Frente Parlamentar daCriança e colocar a discussãonos jornais e nas TVs da Câmarae do Senado;

• Dar condições para que asdiversas igrejas divulguem agratuidade do registro civil entreos fiéis;

• Pedir ao Poder Judiciário, àsVaras da Infância e da Adoles-cência, aos Conselhos de Direi-tos da Criança, Conselhos Tute-lares e à OAB a defesa do cum-primento da Lei;

• Formação de uma Comis-são Intersetorial para o acompa-nhamento dos trabalhos reco-mendados, com a participaçãode um representantes do Con-selho Nacional de Saúde.

Acordo garante casamento de graçaO que a lei prevê para todo o

país é pouco para os moradoresde Teresina, no Piauí. Se osparlamentares federais aprova-ram a gratuidade da certidão denascimento e do atestado deóbito para todos os brasileiros, aPrefeitura da capital do Piauí, oTribunal de Justiça do Estado e aArquidiocese local foram além.Elas fecharam um acordo parafacilitar a legalização das uniõescivis informais, muito comuns,principalmente, entre os morado-res das áreas pobres.

Pelo que ficou acertado serãodadas condições reais para a

realização de casamento religiosocom efeitos civis e do casamentocivil com uma boa novidade: ofornecimento gratuito da respec-tiva certidão. Cada um dos par-ceiros entrará com um dos pontosfundamentais para que a metaseja alcançada. A prefeitura, atra-vés da Secretaria Municipal doTrabalho e Assistência Social, secomprometeu a mobilizar a popu-lação e dar o apoio logístico ás ce-rimônias; o Poder Judiciário desi-gnará funcionários e juízes, alémde fornecer os impressos neces-sários; e a Igreja Católica entrarácom os sacerdotes.

Programe-se

Agosto/Setembro de 1999 Conselho Nacional de Saúde 11

Para o Conselho Nacio-nal de Saúde,o amiantoé figura não grata em ter-

ritório brasileiro. O CNS des-pachou um pedido para que oGoverno Federal apoie o bani-mento gradativo deste produtodo país. Os conselheiros ain-da requerem o acompanha-mento médico de trabalhado-res que foram expostos diretaou indiretamente a ele. Numamoção, encaminhada ao mi-nistro José Serra, foi lembradoque o amianto já foi totalmenteproibido em 18 países, teve ouso restrito em vários outros econdenado pela ComunidadeEconômica Européia.

O mineral – base de produ-tos como telhas, revestimen-tos, caixas d’água, pastilhasde freio e até trajes especiais– tem alto potencial canceríge-no e, de acordo com especia-listas, representa um risco àsaúde da população. O pul-mão é um dos órgãos maisatacados pelas contaminaçãopor amianto, sendo que algu-

• AsbestoseEndurecimento lento do pulmão.Causa falta de ar, cansaço,emagrecimento, dores naspernas e costas. Não tem cura eprogride mesmo que nunca maiso paciente seja exposto à poeirado amianto.

• Mesotelioma de Pleura ePeritônioTumor maligno que mata em atédois anos após confirmado odiagnóstico. Os primeirossintomas podem aparecer até 35anos após a contaminação.

• Doenças Pleurais(placas,derrames, espessamentos,distúrbios ventilatórios)Apesar de não serem malignas,causam uma série de incômodoscomo falta de ar e cansaço. Sãodoenças adquiridas no trabalho.

• Canceres de Faringe e doAparelho DigestivoJá existem provas de que estasdoenças se manifestam emquem esteve exposto aoamianto.

mas dos doenças provocadascausam morte a curto prazo.

Um dos perigos causadospelo amianto é o alto poder decontágio que possui. De acor-do com a Associação Brasilei-ra de Expostos ao Amianto,

correm risco de contaminaçãoas famílias dos que trabalhamdiretamente com o produto, osvizinhos às fábricas que ousam como matéria prima e oconsumidor que adquire pro-dutos à base dele.

PConselho quer amianto fora do Brasil

Debate iniciado no CNS gera lei quepode reduzir preço de medicamentos

Os males queele causa

Receitas com genéricos podem trazer economia a pacientes

As pressões foram grandes,mas o trabalho do CNS e doCongresso Nacional vence-

ram mais uma luta em defesa dosdireitos da população. Em agosto, oque foi tema de uma recomendaçãodo Conselho ao Ministério da Saúdese tornou uma lei de fato. Agora, osmedicamentos comercializados nospaís deverão ser identificados nãoapenas pelo nome ou pelo laboratório,mas também pelo princípio ativo – ogenérico – a substância querealmente combate a doença para oqual foi indicado.

Com isso, o usuário ganha maisuma arma para exercer seu direitode consumidor. Poderá sem qualquerdificuldade comparar os preços dedois ou mais medicamentos que te-nham como elemento principal da fór-mula o mesmo genérico. Economiana certa para a população e um golpenos laboratórios multinacionais, pou-co preocupados com o custo social

de um tratamento.No início, a relação de genéricos

tinha 99 nomes, mas a Agência Na-cional de Vigilância Sanitária já liberouos laboratórios interessados em acir-rar a competição no mercado a pro-duzirem medicamentos equivalentesa preço mais baixo.

A preocupação agora é difundirentre os consumidores e profissionaisda área o hábito de identificarem osremédios pelo genérico e não pelosnomes comerciais. Algumas entida-des e associações já se engajaramnesta outra etapa da batalha.

O Conselho Regional de Farmáciado Distrito Federal e o Conselho Na-cional de Medicina estão distribuindouma cartilha com os nomes de quasemil genéricos confiáveis, que nuncativeram problemas. A relação pode sersolicitada pelo telefone 0800-611314.Um verdadeiro manual de auxílio naconquista dos direitos do cidadão edo consumidor.

Conselho Nacional de Saúde Agosto/Setembro de 1999

C O N T R O L E S O C I A L

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Comissão Tripartite reinicia trabalhos

OConselho Nacional de Saúdedecidiu apostar na superaçãode divergências como forma

de enfrentar a crise instalada entreas três esferas de Governo na áreada saúde, a mesma que resultou nasuspensão das reuniões da ComissãoIntergestores Tripartite (CIT), fórum dedecisões destas instâncias. A partir deentão se tornou uma meta buscar aunião dos Conselhos de SecretáriosEstaduais e Municipais de Saúde eNacional de Saúde - atores importantesna construção do SUS. A recomen-dação do CNS foi atendida e a quintareunião da CIT ocorreu em julho.

No encontro foi discutido o orça-mento do Ministério da Saúde para oano 2000. Até o início do segundosemestre, não foram repassados aoórgão os parâmetros oficiais da equi-pe econômica federal paras as con-tas do ano que vem. Para este anoas previsões são de um rombo bilio-nário, que pode agravar ainda mais acrise do setor.

Diante destas afirmações, a CITcriou um Grupo de Trabalho que faráo levantamento da demanda reprimi-da e as necessidades de custeiopara 1999 e 2000.

O esforço servirá de base nasnegociações com o Congresso,Ministério de Orçamento e Gestão e

entidades ligadas às ati-vidades privadas e filan-trópicas. Quanto a pro-posta do CONASEMSde adequação dapopulação para o ano2000 nos pagamentosper capita e a re-composição dos valoresdo PAB, a Câmara Téc-nica irá propor o enca-minhamento desta dis-cussão.

Foram discutidos ain-da, os principais impas-ses na elaboração doCartão SUS e se avan-çou na discussão dasrelações entre sistemasde informações, hojeexistentes, e o sistemade coleta de informa-ções em saúde, que seráfeita por um Núcleo de Concepçãocom a participação dos MinistériosPúblico e da Saúde, ABRASCO,CONASS E CONASEMS. Também setratou da redefinição dos equipamen-tos que serão adquiridos com umareunião entre o Ministério da Saúdee as companhias de processamentode Dados dos Estados.

Na área de medicamentos, o Mi-nistério mostrou interesse na maior

descentralização, repassando aosEstados a responsabilidade da com-pra e distribuição e, informou da ela-boração de portaria sobre a comprade medicamentos em saúde mental,que viabilizará a partir do mês de se-tembro o repasse automático de re-cursos em torno de R$ 25mil/ano.

Quanto à saúde suplementar e aoressarcimento ao Sistema Único deSaúde por parte da operadores de

Planos de Seguros, a Secretaria deAssistência a Saúde (SAS) apresen-tará na próxima CIT, uma propostaque defina qual o fundo que retornaráo recurso, resultado da diferença daTabela SUS e da Tabela Única deEquivalência de Procedimentos/TUNEP e qual o tipo de punição paraquem diferenciação entre serviçospara usuários do Sistema Único deSaúde e Planos de Saúde.

Consenso foi o caminho adotado para superar crise na saúde entre as três esferas de Governo

CONASS agora temnovo presidente

Curtas○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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OConselhoNacional deSecretários

Estaduais de Saúde(CONASS) já tem no-vo presidente. Emagosto, assumiu oposto, o secretário deSaúde do Ceará,Anastácio Queiroz.

Queiróz garantiuque o grande desafioserá fortalecer o tra-balho da ComissãoTripartite. Ele consi-dera o grupo um fó-rum essencial de pac-tuação para se imple-mentar com consistência a descen-tralização do SUS.

O novo presidente acredita queos desentendimentos do Ministérioda Saúde com os gestores estaduaise municipais revelam o quanto é ne-cessário o debate democrático parao próprio fortalecimento do sistemade saúde.

Outra prioridadedo CONASS, segun-do ele, será a apro-vação da vinculaçãode recursos para saú-de. Mas na opinião dosecretário, muitasresistências terão deser vencidas.

De acordo comQueiróz, o envio derecursos para o se-tor não pode ser pre-judicado. Para ele, omomento é delicado.“A área econômicaestá relutante paraagregar recursos su-

plementares para a saúde”, ressaltou.Ele concluiu ressaltando que sem

dinheiro não se consegue promovera qualidade de vida da população. “Épreciso conceber a saúde como áreade prioridade social, não um setor quese obtenha lucros, mas que se ga-ranta os direitos básicos de cidada-nia.”, afirmou.

Queiróz: fortalecer a Tripartite

Subversão eTernura - A Saga deMariana Alvim. Este éo título do livro daconselheira MariaLeda Dantas lançadoem agosto. O texto darepresentante daConfederaçãoBrasileira dePensionistas traça umpainél da história dopaís, desde o séculopassado, a partir dosfatos que marcaram avida de uma mulher defibra: Mariana Alvim,ativista política que sedestacou durante osperíodos da EraVargas, nos anos 30,e da Ditadura Militar,até os anos 70.

O médico FernandoCupertino deixou oConselho Nacional deSaúde no mês dejulho. Representanteda Associação dasEmpresas Prestadorasde Serviços emSaúde, ele foiconvidado a assumir ocomando daSecretaria Estadual deSaúde em Goiás.Profissional experientee de renome, o novosecretário de Estadochega para trabalhar jáconhecendo de pertoos problemas do SUSe a importância docontrole social paraimplementação dosserviços.

Ruben S

ilva