jornal da universidade de coimbra – abril 2006

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JoRGE CASTILHO DINIS MANUEL ALVES E MÁRIO MARTINS PATRÍCIA AMENDOEIRA BRILHA NA GINÁSTICA CONTUNDENTE ENTREVISTA DO NOVO PRESIDENTE DO I. I. I. - Estrutura da UC é única no País com 40 centros e 1.600 investigadores REITOR DENUNCIA O “RANKING DO DISPARATE” ALERTA DO PRESIDENTE FERNANDO GONÇALVES EXEMPLO CASA DO PESSOAL PRESERVA TRADIÇÕES DEDICAÇÃO SEMANA CULTURAL ATRAIU 11 MIL PESSOAS SUCESSO Número 2 Abril 2006

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Versão integral da edição n.º 2 do mensário “Jornal da Universidade de Coimbra”, que se publicou em Coimbra. Director: Jorge Castilho. Foram publicados quatro números. Abril de 2006. Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt). Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747 Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa, www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 , http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ , http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm , http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ , http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html

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Page 1: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

UCDIRECTOR: JoRGE CASTILHO

DIRECTORES-ADJUNTOS: DINIS MANUEL ALVES E MÁRIO MARTINS

PATRÍCIAAMENDOEIRABRILHANA GINÁSTICAPAGINA 20

PAGINA 7

DESTAQUES

3

10

21Jornal da Universidade

CONTUNDENTE ENTREVISTA DO NOVO PRESIDENTE DO I. I. I.

“FCT desrespeitatrabalhodos cientistas”- Estrutura da UC é única no Paíscom 40 centros e 1.600 investigadores

REITOR DENUNCIA O “RANKING DO DISPARATE”

Em Portugal há cercade 1.800 licenciaturascom 825 designações

ALERTA DO PRESIDENTE FERNANDO GONÇALVES

“AAC está a rebentarpelas costuras!”

EXEMPLOCASADO PESSOAL PRESERVATRADIÇÕES

PAGINA 6

DEDICAÇÃOSEMANACULTURALATRAIU 11 MILPESSOAS

PAGINAS 12 e 13

SUCESSO

UC lideraem estudantesestrangeiros

Monstrosna Biblioteca Geral

As Fans dão música

PAGINAS 4 e 5

PAGINA 16

Número 2

Abril 2006

Page 2: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

IN IC IAT IVAS2 Jornal da UniversidadeAbril 2006

FUNCIONÁRIOS

506

842

FICHA TÉCNICA

Director:JORGE CASTILHO

Directores Adjuntos:DINIS MANUEL ALVESMÁRIO MARTINS

Concepção e edição gráfica:AUDIMPRENSA

E-mail:[email protected]

Telefone:239 854 150

Fax:239 854 154

ImpressãoCORAZE - OLIVEIRA DE AZEMEIS

ISSN: 1646-4133

Depósito Legal n.º 241489/06

Na anterior edição do “Jornal da Universi-

dade” publicámos os gráficos corresponden-

tes ao número de homens e mulheres que

compõem os corpos de Alunos, Docentes e

Funcionários que integram a UC. Contudo, no

que respeita aos Funcionários, apesar do grá-

fico estar correcto em termos da dimensão

das fatias de homens e mulheres, os respec-

tivos números saíram errados (repetindo, por

lamentável falha técnica, os números corres-

pondentes aos Professores). Por isso repeti-

mos hoje esse gráfico, com os números de-

vidamente corrigidos (e pedindo desculpa

pelo involuntário erro).

O peso das Mulheresno funcionalismo da UC

DE 27 A 29 DE ABRIL NA FACULDADE DE DIREITO

Património Mundial de Origem Portuguesatema de inédito Encontro Internacional

Vai decorrer em Coimbra, no Auditório da

Faculdade de Direito da UC, entre os próxi-

mos dias 27 e 29 do corrente mês de Abril,

o I Encontro Internacional sobre Património

Mundial de Origem Portuguesa. A reunião é

promovida pela Universidade de Coimbra,

pelo Instituto Português do Património Arqui-

tectónico e pela Comissão Nacional da

UNESCO, na sequência de uma proposta da

Comissão Nacional Portuguesa do ICOMOS

apoiada pelo Centro do Património Mundial

da UNESCO.

O significado e a influência cultural do pa-

trimónio de origem portuguesa disperso pelo

mundo como resultado das grandes viagens

de descoberta, que propiciaram o contacto

entre diferentes povos e civilizações, são lar-

gamente reconhecidos. Não só a língua por-

tuguesa conta hoje com 200 milhões de fa-

lantes, como a própria Lista do Património

Mundial estabelecida pela UNESCO inclui, a

par dos 13 bens localizados em Portugal, ou-

tros 21 de origem portuguesa, distribuídos

por quinze países e três continentes. Existem,

além destes, muitos outros bens com a

mesma origem que, por condicionalismos di-

versos, ainda não puderam aceder àquela

Lista. Uma vez confirmado o seu carácter ex-

cepcional, os novos bens que venham a ser

considerados Património Mundial poderão

contribuir para reequilibrar a representativida-

de geográfica da Lista.

O principal objectivo deste Encontro é o de

contribuir para a criação de uma rede de co-

operação internacional entre especialistas de

todos os países com património de origem

portuguesa, que permita articular diferentes

modos de gestão e de valorização dos sítios

classificados, aprofundar práticas de protec-

ção e salvaguarda e ainda melhorar o acesso

desses países à Lista do Património Mundial,

através de Listas Indicativas e Candidaturas

devidamente fundamentadas.

Programa, ficha de inscrição, informação

complementar e contactos podem ser consul-

tados em http://www.uc.pt/whpo/home.html

COLÓQUIO PROMOVIDOPELA FACULDADE DE LETRAS

“Turismo, Culturae RecursosHumanos”

Vai efectuar-se no dia 20 de Abril,

no Auditório da Reitoria da Univer-

sidade de Coimbra, o I Colóquio “Tu-

rismo, Cultura e Recursos Humanos”,

para o qual estão abertas inscrições.

A iniciativa propõe-se mostrar a

importância do turismo como factor

de desenvolvimento e demonstrar co-

mo é decisiva a qualificação dos re-

cursos humanos para a promoção

deste sector chave nas economias lo-

cais, regionais e nacional.

No colóquio serão debatidas algu-

mas das preocupações e reflexões

desenvolvidas, quer pela comunida-

de científica, quer por diversas insti-

tuições e operadores turísticos no

sentido de promover o desenvolvi-

mento turístico nacional. A Escola

Superior de Turismo e Hotelaria do

Estoril, a Região de Turismo do Cen-

tro, a Agência de Viagens Abreu, o

Instituto de Formação Turística, o Par-

que Natural de Montesinho e a Câ-

mara Municipal de Portel são algu-

mas das entidades que estarão re-

presentadas nas mesas-redondas.

Procurar-se-á demonstrar a impor-

tância da qualificação dos recursos

humanos em áreas tão diversas, mas

complementares, como o turismo, o

património cultural e natural, o lazer,

o desporto, o termalismo, a museo-

logia, entre muitas outras – áreas de

formação da recém-criada licenciatu-

ra em Turismo, Lazer e Património da

Faculdade de Letras da Universidade

de Coimbra (FLUC), que promove o

Colóquio, em colaboração com o

Instituto de Estudos Geográficos da

FLUC.

Para inscrições ou informações adi-

cionais estão disponíveis o número

de telefone 239 859 967 e o e-mail

[email protected]. O preço da inscrição é

de 12,50 euros para estudantes e de

30 euros para o público em geral.

Diamantina é uma das cidades património mundial de origem portuguesa

Haroldo Carneiro

Page 3: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

JOÃO PAULO HENRIQUES

As estatísticas colocam a Universidade de

Coimbra (UC) na liderança dos estabeleci-

mentos de ensino portugueses que rece-

bem o maior número de estudantes estran-

geiros ao abrigo de programas de mobilida-

de. A Divisão de Relações Internacionais,

Imagem e Comunicação (DRIIC) estabelece

a ponte entre os alunos e a instituição, as-

sumindo um papel fundamental no aconse-

lhamento e na integração num meio desco-

nhecido.

Criada em 1986, a DRIIC tornou-se no pri-

meiro serviço do género a funcionar em

universidades portuguesas. Segundo

Filomena Marques de Carvalho, escolhida

pelo Reitor Rui Alarcão para fundar o servi-

ço, “veio de encontro às necessidades de-

tectadas pela UC, que, desde cedo, teve a

consciência que ou profissionalizava esta

área ou não conseguia estar no com-

boio europeu”.

Após 20 anos à frente dos des-

tinos da DRIIC, Filomena Marques

de Carvalho fala de um projecto

de “grande envergadura, que

abrange e serve toda a UC”, su-

blinhando tratar-se de um “de-

safio permanente lidar com

pessoas de todo o mundo”.

Sem perder o raciocínio, a

directora destaca o contacto

diário com o mais variado

tipo de situações, que são

sempre resolvidas com a

intenção de “deixar os nossos clientes,

neste caso os estudantes, satisfeitos”.

A visão economicista da relação entre a

DRIIC e os estudantes pode parecer deslo-

cada do contexto em que se integra.

Contudo, Filomena Marques de Carvalho

considera essencial a manutenção deste

tipo de envolvimento, uma vez que “a sa-

tisfação de quem servimos assume-se

como a nossa principal meta, razão pela

qual temos sempre a preocupação de pres-

tar um bom serviço aos nossos clientes”.

Instalada no Colégio de São Jerónimo,

onde, depois da mudança de instalações,

funciona há poucas semanas, a DRIIC tem

um horário de funcionamento entre segun-

da e sexta-feira, das 09H00 às 12h00 e das

14H00 às 17H30, disponibilizando o seguin-

te horário de atendimento ao público: se-

gunda e quarta-feira, das 14H30 às 17H00,

e terça e sexta-feira, das 09H30 às 12H00.

Filomena Marques de Carvalho não se

queixa das instalações, reconhecendo, no

entanto, a existência de alguns problemas

criados, sobretudo, pelas acessibilidades.

“É um bocado difícil cá chegar, mas,

quando tudo estiver a funcionar, as

pessoas vão gostar, já que se

trata de um espaço simpático”,

acrescenta satisfeita com as

condições físicas que tem

para desenvolver o seu

trabalho.A falta de pessoal é

apontada, pela maioriadas instituições, comoum problema de compli-cada resolução.

Ainda assim, a responsável pela DRIIC con-sidera estar, até certo ponto, bem servidade recursos humanos. “São os suficientes eadequados para as actividades desenvolvi-das”, refere, antes de concluir o pensamen-to: “Agora, para desenvolver outras activi-dades, que são necessárias e estão identi-ficadas, precisamos de ter mais gente. Aspessoas estão no limite da actividade e tra-balham muito e bem”.

Actualmente, com 12 pessoas a trabalhar,

a DRIIC acaba sempre por ter uma popula-

ção móvel de funcionários, onde os estagi-

ários – “nesta altura, são três, mas é um

caso excepcional”, reconhece Filomena

Marques de Carvalho – se integram sem

problemas, garantindo tratar-se de um ser-

viço que se pode considerar como um

“exemplo de profissionalismo”.

O desenvolvimento de novos projectos

integra a lista de objectivos futuros da

DRIIC. “Estou a pensar na criação de um

centro de mobilidade pós-graduados, onde

considero existir um nicho de mercado a ex-

plorar. Há um trabalho importante a fazer.

Se vier a ter as condições que necessito,

vamos em frente”, realça a responsável,

que prefere estar rodeada de “menos cola-

boradores, mas bons e que trabalhem

bem”.

Em 2006, a UC prevê receber 600 estu-

dantes integrados em programas de mobi-

lidade. Provenientes dos mais variados paí-

ses do mundo, agradar a todos assume-se

como um desafio constante. “Prestamos

um serviço de qualidade e personalizado.

Para além do mais, avaliamos o grau de sa-

tisfação dos clientes com recurso a inquéri-

tos e corrigimos os aspectos que os estu-

dantes acham que devemos melhorar”,

confidencia, reconhecendo, de pronto, que

“o nome e o prestígio da UC cativam mui-

tos estudantes”.

“Os processos de mobilidade são

complexos, porque são muito personali-

zados e temos essa preocupação. Que-

remos que a pessoa fique satisfeita e

responder de acordo com as suas preo-

cupações”, destaca a coordenadora da

DRIIC, que explica a existência de “ca-

nais muito simples de contacto, onde

não há grandes formalismos e a eficiên-

cia está presente”.

Os acordos com diversos países da

Europa e outros como, por exemplo, a

China, o Japão, a Austrália, os Es-

tados Unidos e o Brasil permitem

que a mobilidade, ao nível de pro-

gramas institucionais como é o

caso do Sócrates/Erasmus - só para

falar do mais conhecido -, de estu-

dantes portugueses e estrangeiros

se assuma como um dos aspectos

mais relevantes ao nível da troca de

experiências do dia-a-dia universitá-

rio actual.

Preocupada com os estudantes

que optam por estudar fora do país de ori-

gem durante um determinado período de

tempo, a UC disponibiliza todas as informa-

ções on-line, em português e inglês, através

dos seguintes endereços: www.uc.pt (informa-

ções gerais da UC), www.uc.pt/ects (informa-

ções sobre os cursos da UC) e www.uc.pt/sri

(informações acerca da DRIIC).

3Jornal da UniversidadeAbril 2006

ENTREV ISTA

DIRECTORA DA DIVISÃO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS, IMAGEM E COMUNICAÇÃODESTACA SERVIÇO DE QUALIDADE E PERSONALIZADO

“Queremos os nossos clientes satisfeitos”

Natural do Porto, Filomena Marques de

Carvalho veio estudar para a Universidade

de Coimbra em 1970. Licenciada em Filo-

logia Germânica pela Faculdade de Letras,

a responsável pela Divisão de Relações

Internacionais, Imagem e Comunicação

(DRIIC) esteve em Lisboa, onde teve fun-

ções de assessora de mais do que um mi-

nistro. Entre as várias actividades exerci-

das encontram-se a de professora do En-

sino Secundário e de Relações Públicas.

Em 1986, fundou e assumiu os destinos

do DRIIC da Universidade de Coimbra.PE

RF

IL

Filomena

Marques

de Carvalho

Page 4: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

ENTREV ISTA4 Jornal da UniversidadeAbril 2006

RUI FAUSTO LOURENÇO PRESIDE A INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO INTERDISCIIPLINAR

Instituição única a nível nac- Estrutura engloba 40 Centros e 1.600 investigadoresJOÂO PAULO HENRIQUES

Assume-se um crítico em relação à formacomo o financiamento à investigação cientí-fica é feito em Portugal e à excessiva buro-cracia. Eleito Presidente para um mandatode dois anos do Instituto de InvestigaçãoInterdisciplinar (III) da Universidade de Coim-bra (UC), Rui Fausto Lourenço coloca os in-vestigadores nacionais entre os melhores domundo. A falta de alternativa à Fundaçãopara a Ciência e Tecnologia (FCT) complica amissão de quem, muitas vezes, é obrigado aescolher o estrangeiro para fazer carreira.Ainda assim, não duvida que a UC é uma re-ferência nacional e tem prestígio internacio-nal ao nível da investigação.

Jornal da Universidade (JU) – Como funcio-na o III?

Rui Fausto Lourenço(RFL) - É uma unidadeorgânica da UC, o quesignifica que tem umestatuto equivalenteao de uma Faculdade.Nesta altura, o Institu-to está voltado para aárea da investigaçãocientífica, que se en-tende num conceitomais largo, abarcando as ciências sociais e,em particular, as humanidades, que normal-mente são colocadas numa esfera diferente.

JU – Quantos centros de investigação o in-tegram?

RFL – É uma instituição única a nível naci-onal, uma vez que engloba 40 centros avali-ados pela FCT. Nos 40 centros, trabalhamcerca de 1600 investigadores. É uma estrutu-ra que tem uma dimensão que lhe confereparticularidades especiais, porque resulta deuma força de trabalho na área da produçãocientífica.

JU – Serve como factor de união?RFL – Coimbra tem, nesta altura, uma pro-

jecção reconhecida a nível internacional emmuitas áreas da ciência e da produção dosaber em geral. O Instituto afirma-se comoelemento aglutinador, que pretende aprovei-tar sinergias no sentido de articulação dasvárias áreas do saber. É uma missão quequeremos levar muito a sério.

JU – Que papel pode desempenhar o III?RFL – Pode apresentar-se como uma voz e

uma força junto de quem define as políticasde investigação científica em Portugal. É ne-cessário dinamizar o Instituto no sentido emque os centros têm de estar mais próximosda direcção. Precisamos de promover o diá-logo e vamos fazer um grande investimentonessa área. Queremos ser um fórum de diá-

logo e junção de interesses, ideias e valoresdos nossos centros de investigação científica.

JU – Há quantos anos existe?RFL – Tem cinco anos de existência. É uma

instituição leve e que se pretende posicionartambém numa óptica de não complicar. Sa-bemos que as estruturas, muitas vezes,quando atingem determinada dimensão, co-meçam a emaranhar-se em teias burocráti-cas, que acabam por retirar eficiência. A in-tenção do Instituto é conseguir que isso nãoaconteça e afirmar-se pela diferença nestamatéria.

JU – Qual é a importância da interdiscipli-naridade?

RFL – Uma das dificuldades que sobressaiquando falamos de conhecimento em geralé o cruzamento de saberes que é semprepotenciador do alcance daquilo que se faz a

esse nível. Se nos isola-mos, temos uma visãomenos concreta e alar-gada dos desafios edos problemas e so-mos menos capazes deos enfrentar e resolver.

JU – Portugal estáentre os primeiros nomundo da investigação?

RFL – A investigaçãocientífica em Portugal

atingiu uma dimensão que começou a podercomparar-se com os países mais desenvolvi-dos. Evidentemente à nossa escala, porquetudo tem de ser ponderado pela populaçãodo país e pelas pessoas envolvidas na acti-vidade. Começámos a ter um nível compatí-vel ou semelhante ao dos países mais de-senvolvidos a partir dos anos 80.

JU – Há justificações para que tal tenhaacontecido?

RFL – Nessa altura começaram a formar-seinvestigadores em maior número e houve al-gumas apostas como o Programa Ciência,que permitiu equipar os nossos laboratóriose ter condições para trabalhar. A mobilidade

à escala europeia teve um desenvolvimentosúbito e permitiu que os nossos jovens cien-tistas fossem para o estrangeiro e que jo-vens cientistas estrangeiros viessem paraPortugal num número e escala que nuncaantes tinha acontecido.

JU – Mas houve mais?RFL – A globalização surgiu nessa altura

com uma dimensão acentuada e a comuni-cação de toda a informação científica tornou-se muito mais simples, leve e eficaz. Houveum pequeno boom dainvestigação científica.Os laboratórios inter-nacionalizaram-se pro-gressivamente e atingi-ram dimensões quepermitiram competir e,em alguns domínios,estar bem posiciona-dos. Os equipamentos disponíveis eram, emalguns casos, de excelente qualidade e a ci-ência em Portugal estava melhor do quenunca.

JU – Os problemas também apareceram?

RFL – As estruturas de apoio à investiga-ção científica em Portugal começaram a lidarcom quantidades de informação para asquais não estavam dimensionadas, nem pre-paradas. Nos últimos anos, apesar da produ-tividade científica ter aumentado extraordi-nariamente, da qualidade dos investigadorester melhorado muito e do reconhecimentointernacional se ter solidificado, os melhorescientistas portugueses são confrontados noseu dia-a-dia com uma excessiva carga buro-

crática.JU – Pode explicar?RFL – Resulta de exi-

gências de toda a or-dem, mas, em particu-lar, de exigências decontrolo administrati-vo/financeiro por partedas entidades financia-

doras do país. Infelizmente, em Portugal,existe uma única instituição pública – a FCT–, que serve de entidade financiadora da ci-ência e se preocupa fundamentalmente comas questões da gestão financeira.

JU – Devia ter cuidado com outros aspec-tos?

RFL – Não faz a avaliação dos resultadosdo investimento, porque não é possível fazeruma avaliação financeira se não se avalia oresultado da produtividade científica. Existeuma obsessão absoluta com o formalismo dotratamento administrativo/financeiro dosprojectos. As auditorias às contas sucedem-se, mas não são feitas verdadeiras avalia-ções da produção científica.

JU – Pode dar exemplos?RFL – O Estado faz um contrato com uma

empresa de construção civil para construiruma ponte. Financia o projecto e a empresa,no final, apresenta um relatório com os do-

Rui Fausto Lourenço no seu ambiente de trabalho

“BOLONHA NÃO É PARA MARCAR PASSO”

JU – O que pensa do Processo de Bolonha?RFL – A declaração de Bolonha foi feita, principalmente, com o objectivo de potenciar

a mobilidade, articular níveis de formação entre os diferentes países da Europa epermitir que as pessoas possam circular, apresentando-se nos diferentes países comopessoas habilitadas para o desempenho de determinada tarefa.

JU – É uma oportunidade?RFL – A necessidade de olhar para as coisas, pensar nelas e tentar reestruturar em

moldes diferentes é uma oportunidade que não se pode perder. É um desafio grandeque implica muito empenho dos diferentes agentes e que não pode ser feito à pressa.Tem de ser pensado, mas tem de ser feito e não podemos ficar a marcar passo. Bolonhanão foi feito para marcar passo, mas para avançar serenamente.

A FCT preocupa-se com detalhesinacreditáveis, que obrigam oscientistas mais creditados a ocuparum tempo incrível. No entanto,não faz a menor avaliação científicae isto parece que é completamenteirrelevante. Em minha opinião,é um desrespeito pelo trabalhodos cientistas

Em Portugal, no domínioda investigação científica, temosapenas uma instituição do Estadoque serve de entidade financiadora.Não há alternativas. Se calhar,era bom que este monopóliodeixasse de existir

Page 5: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

5Jornal da UniversidadeAbril 2006

ENTREV ISTA

ionalcumentos comprovativos das despesas. Des-de o momento que a empresa apresente fac-turas com os carimbos todos, eventuais au-ditorias que o Estado fizesse diriam que tu-do estava bem e não ia verificar se a ponteestava lá ou não. Haver ponte ou não era ir-relevante. O que interessava era que as fac-turas tivessem os carimbos.

JU – É o que está a acontecer com a inves-tigação científica em Portugal?

RFL – Hoje em dia, aFCT preocupa-se comdetalhes inacreditá-veis, que obrigam oscientistas mais credita-dos, que são quem,por norma, dirigem osprojectos, a ocupar umtempo incrível. No en-tanto, não faz a menoravaliação científica eisto parece que é completamente irrelevan-te. Em minha opinião, é um desrespeito pelotrabalho dos cientistas.

JU – Quais são os detalhes inacreditáveisa que se refere?

RFL – Não faz sentido que uma auditoriaanalise um projecto onde foram produzidos50 e tal artigos em dois anos em revistas in-ternacionais prestigiadas e a única preocu-pação que o auditor tem é saber onde estáum rato de computador que teria sido ad-quirido a mais e não constava na propostainicial do projecto. É a situação em que vive-mos.

JU – Tem um discurso bastante crítico emrelação à FCT?

RFL – Em Portugal, no domínio da investi-gação científica, temos apenas uma institui-ção do Estado que serve de entidade finan-ciadora. Não há alternativas. Se calhar, erabom que este monopólio deixasse de exis-tir. Não estou a propor a divisão da FCTnuma maioria de pequenas ou médias insti-tuições, mas estou convencido que ter o mo-nopólio da direcção das políticas científicasnão é nada bom.

JU – Faz-se investigação de qualidade emPortugal?

RFL – Apesar das dificuldades de naturezaburocrática, estamos a competir com os me-lhores em bastantes áreas do saber. Tam-

bém não posso dizer que o investimento naciência é suficiente. Não é. Era preciso maise aplicar melhor o dinheiro. Não é possívelinvestir bem o dinheiro quando não se faz aavaliação rigorosa da produção científica.

JU – Uma parte dos investigadores portu-gueses tem de ir para o estrangeiro?

RFL – Hoje em dia, é uma realidade cres-cente. Continuamos a formar pessoas de ele-vadíssima craveira e não temos lugar para

lhes oferecer nos nos-sos centros de investi-gação e nas nossasuniversidades. O mer-cado da produção ci-entífica é, em Portugal,ainda o mercado dasuniversidades e dos la-boratórios do Estado.

JU – O que se deviafazer para segurar os

investigadores?RFL – Era preciso avançar com uma carrei-

ra de investigação privilegiada, que fosseavaliada, mas que permitisse criar algumaestabilidade, aproveitando os recursos queformamos e mandamos formar no estrangei-ro. Temos de ser capazes de importar eaproveitar os melhoresque nos queiram procu-rar. Devemos apostarnuma política em quedeixemos de ser emi-grantes da ciência e pas-semos a ser um país deimigração.

JU – Como é que sepode fazer isso?

RFL – Perdemos partedos nossos melhores jo-vens cientistas porque não somos capazesde fornecer um emprego estável ainda querigorosamente avaliado e não somos capa-zes de segurar os estrangeiros porque nãotemos condições mínimas de estabilidadepara oferecer. É preciso uma aposta séria efirme na carreira de investigador.

JU – A política científica não existe em

Portugal?

RFL – Grande parte das políticas ou pseu-

do-políticas científicas são desarticuladas,

não têm estratégia, não se cumprem prazos,

os regulamentos são incompreensíveis ou

mudados a meio do percurso. Assim é muito

difícil para quem faz investigação, porque

para ter uma produção equiparada aos paí-

ses onde estas coisas já foram resolvidas é

preciso gastar muito mais tempo.JU – O intercâmbio entre cientistas existe

em Portugal?

RFL – Esse intercâmbio faz parte do nosso

Rui Fausto Lourenço, que nasceu em

Coimbra, no dia 7 de Janeiro de 1961, ti-

rou a licenciatura em Química (ramo

científico), em 1984. Quatro anos mais

tarde, concluiu o doutoramento em Ciên-

cias (especialidade Química – Estrutura

Molecular). Professor associado, com

agregação a partir de 2004, em Química,

na Faculdade de Ciências e Tecnologia da

Universidade de Coimbra (FCTUC), assu-

miu este ano as funções de Presidente

do Instituto de Investigação Interdiscipli-

nar (foi empossado no passado dia 2 de

Março) e de senador. Com diversos car-

gos ao nível da FCTUC e da Universidade,

é membro de vários organismos internacionais e nacionais ligados

à Química e efectuou estágios no Canadá, Brasil e Roménia.

Recebeu o prémio “Estímulo à Excelência” da Fundação para a

Ciência e Tecnologia em 2004/2005 e foi distinguido pela Royal

Society of Chemistry Journals Grant for International Authors em

2002. Com cerca de duas centenas de artigos publicados em

revistas conceituadas e livros da especialidade, assume o papel de

investigador responsável em vários projectos de investigação.P

ER

FI

Ldia-a-dia. Foi com alguma surpresa que ouvi

o Primeiro-Ministro fazer, recentemente, um

discurso a estimular a internacionalização

das nossas universidades e centros de in-

vestigação, o que demonstra uma total igno-

rância em relação à nossa realidade concre-

ta. A internacionalização existe. Temos é de

reter as pessoas e ainda não fomos capazes

de dar esse passo.JU – Está preocupado com a falta de inves-

timento na investigação?RFL – Entendo que numa altura em que

temos todas as condi-ções para subir noranking dos paísesmais desenvolvidosao nível da investiga-ção científica e emque o país precisa deum grande investi-mento na tecnologia,há recursos que estãoa ser mal gastos porquem faz a gestão ci-

entífica em Portugal.JU – A investigação na UC está no bom ca-

minho?

RFL – Nesta altura, a UC é uma referên-cia a nível nacional nas várias áreas dosaber e é, em termos de prestígio interna-cional, a instituição portuguesa que temmais créditos a este nível. O quadro de in-vestigadores que dispomos é altamentequalificado e está à altura das exigênciasque cada vez mais são feitas. Temos aonosso dispor bases de dados internacio-nais que permitem estabelecer rankingsnas várias áreas do saber e temos áreasonde Portugal está bem colocado e a UCassume papel destacado.

JU – Se mandasse, o que mudava no in-vestimento na investigação?

RFL – Era mais selectivo e tinha muito cui-dado na avaliação. Quem deu provas que écapaz de fazer bem tem de ter dinheiro paracontinuar a fazer bem. Apostaria nos jovens.Sei que investir em pessoas que ainda nãoderam provas é capital de risco, mas é ca-pital de risco indispensável e os jovens teri-am de ter oportunidades e financiamentoespecífico. Revia ainda o financiamento plu-rianual das unidades de investigação, que,hoje em dia, permite apenas cobrir as des-pesas correntes.

“PLANO TECNOLÓGICO NÃO PODE SER SÓ SHOW-OFF”

JU – Não acredita no Plano Tecnológico?RFL – Ainda não vi nada. Vi uma visita de um ilustre homem da informática, Bill Gates,

que se for bem aproveitada pode dar alguns frutos. O Plano Tecnológico não pode sersó show-off, não pode ser só aparecer na televisão a dizer que vamos contribuir parao aumento da internacionalização das nossas universidades, não pode ser só afirmarque vamos importar instituições de prestígio para cá para aprender com elas.

JU – O que falta fazer para se poder falar em Plano Tecnológico?RFL – A verdadeira revolução tecnológica faz-se criando condições para que os nossos

melhores cientistas não precisem dedicar 70 por cento do seu tempo a responder aperguntas inacreditáveis que são feitas por quem faz a gestão da política científica emPortugal. Quando tivermos tempo para investigar, um bom corpo de funcionários quenos auxilie nas tarefas que não nos deveriam competir e estruturas leves, teremos umverdadeiro Plano Tecnológico.

Perdemos parte dos nossos melhoresjovens cientistas porque não somoscapazes de fornecer um empregoestável (...) e não somos capazesde segurar os estrangeiros porquenão temos condições mínimasde estabilidade para oferecer.É preciso uma aposta séria e firmena carreira de investigador

Foi com alguma surpresa que ouvio Primeiro-Ministro fazer um discursoa estimular a internacionalizaçãodas nossas universidades e centrosde investigação, o que demonstrauma total ignorância em relaçãoà nossa realidade concreta.A internacionalização existe. Temosé de reter as pessoas e ainda nãofomos capazes de dar esse passo

Grande parte das políticasou pseudo-políticas científicas sãodesarticuladas, não têm estratégia,não se cumprem prazos, osregulamentos são incompreensíveisou mudados a meio do percurso.Assim é muito difícil...

Page 6: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

REPORTAGEM6 Jornal da UniversidadeAbril 2006

NELSON MATEUS

Nasceu na Universidade mas dedica-se,

sobretudo, à outra Coimbra, a dos Futricas e

das Tricanas, as pessoas que sempre viram

os jovens chegarem à cidade ainda moços e

de cá saírem já doutores. É nessas tradições

que o Grupo Folclórico da Casa do Pessoal

da Universidade de Coimbra tem trabalhado.

É extenso o leque dos projectos que se

desenvolvem na Casa do Pessoal, mas o

grupo folclórico tem vindo assumir particular

visibilidade. Já com mais de 20 anos de exis-

tência, o grupo tem conseguido, pouco a

pouco, recriar várias das mais antigas tradi-

ções da cidade, ajudando Coimbra a reen-

contrar-se com o seu próprio passado.

“O grupo tem-se dedicado a recuperar a

vertente popular de Coimbra” – explica Ma-

nuel Dias, responsável do grupo e Vice-Pre-

sidente da Casa do Pessoal. Um trabalho

que procura remediar o grande peso da Uni-

versidade que fez que “com os anos a ver-

tente estudantil tenha apagado a vertente

popular”, considera Manuel Dias.

O Vice-Presidente da Casa do Pessoal não

esconde o incómodo pelo que será a confu-

são entre as tradições de Coimbra e as tra-

dições dos estudantes. É o caso do que é

frequentemente classificado como “Canção

de Coimbra”. Segundo Manuel Dias, “a Can-

ção de Coimbra é a canção das fogueiras

que o povo cantava” e não a canção dos es-

tudantes. “O povo cantava as suas melodias,

os estudante cantavam as deles”, resume. E

são as melodias do povo que o grupo folcló-

rico tem vindo a tentar recuperar. Preci-

samente um exemplo desse trabalho foi apre-

sentado durante a recente Semana Cultural

da Universidade de Coimbra, em que o gru-

po organizou um Serão de Arte Popular que

incluiu uma Serenata Futrica com canções do

início do século XX.

O trabalho do grupo tem passado pela

pesquisa e divulgação das tradições popula-

res, a partir de finais do século XVIII, em par-

ticular no que diz respeito às danças e can-

tares, mas também aos trajes. Consequência

natural dessa investigação é o empenho em

recriar as tradições que marcavam os princi-

pais momentos da vida da população da ci-

dade e dos arredores. É por isso que nos úl-

timos anos têm sido revitalizadas várias fes-

tas perdidas no esquecimento.

DOS LÁZAROS ÀS JANEIRAS

A próxima reconstituição que se poderá

ver é a da Feira dos Lázaros que decorre no

dia 2 do corrente mês de Abril (domingo),

das 10 às 18 horas, no Largo D. Dinis. A festa

desenrolava-se em torno do antigo Hospital

e “era uma feira para a juventude”, explica

Manuel Dias, em que os brinquedos e a do-

çaria estavam entre os elementos centrais. De-

corria “no largo do Castelo, que já não exis-

te”, mas que se situava próximo do Largo D.

Dinis, onde o grupo folclórico tem anualmen-

te recriado a antiga feira.

As fogueiras de S. João são outra tradição

que o grupo recuperou. Já nos anos 80 co-

meçaram a ser feitas as fogueiras “à moda

antiga”, precisa Manuel Dias. Tudo em torno

a um “Palanque” em que a música dá o mo-

te para a festa. Nos últimos anos o grupo

não tem conseguido fazer as fogueiras na

Alta da cidade e tem colaborado na recriação

da tradição no Bairro de Celas.

Com as antigas melodias a dar o mote para

a festa, Manuel Dias sublinha que as foguei-

ras são um momento sempre muito aguarda-

do. “As pessoas gostam de cantar danças po-

pulares de roda, características das fogueiras

de S. João de Coimbra”, acrescenta.

Na quinta-feira da Espiga o grupo tem ha-

bitualmente feito a reposição dessa festa tra-

dicional no Largo da Sé Nova, com a distri-

buição do pão que se deve guardar ao longo

de todo o ano, e ainda com uma merenda

no fim da missa. Este ano, o grupo folclóri-

co muda de local e vai estar junto à Igreja

de Santa Cruz a recriar a mesma festa.

O amplo trabalho de revitalização das tra-

dições de Coimbra tem passado também pe-

la ida à Romaria do Espírito Santo, que se rea-

liza em Santo António dos Olivais, e por can-

tar as Janeiras. Tudo formas de mostrar às

novas gerações o vasto património de tradi-

ções populares que Coimbra possui.

CASA DO PESSOAL DA UC COM INTENSA ACTIVIDADE

Grupo Folclórico reconstituimemória de Coimbra

Projecto de Larpara os mais idosos

A Casa do Pessoal está a trabalhar pa-ra a criação de um Lar para a terceira ida-de. Uma estrutura que deverá ter capaci-dade para 25 pessoas e que poderá ficarinstalada no Pólo II. O projecto tem comoobjectivo central responder às “carênciasdos sócios”, explica Maurício Lebreiro,Presidente da Casa do Pessoal da Univer-sidade de Coimbra, recordando que mes-mo depois de aposentados os funcioná-rios da Universidade continuam como as-sociados.

Para o Presidente da instituição, “o fu-turo da Casa do Pessoal passa essencial-mente pela vertente social”. A primeiraideia consistia na “instalação de um Larem conjunto com um infantário”, mas oespaço encontrado não possibilita essasolução.

O Lar será destinado “prioritariamentea sócios da Casa do Pessoal” e depois afamiliares, caso ainda exista disponibili-dade. A ideia surge depois da tentativade criar um Centro de Dia, que acaboupor ter pouca receptividade por arte dosassociados.

“O projecto já existe”, acrescenta Mau-rício Lebreiro, estando agora a ser realiza-do o estudo económico para determinara viabilidade financeira da estrutura. Umtrabalho que o Presidente da Casa doPessoal não se cansa de recordar queestá a ser desenvolvido em estreita cola-boração com a Reitoria.

É, aliás, na complementaridade entreos vários organismos que existem dentroda Universidade que Maurício Lebreiroencontra a razão de existir da instituiçãoa que preside. “Somos uma forma de co-laborar para responder às necessidades”que surgem no seio da comunidade uni-versitária.

CASA DE TODO O PESSOAL

A ideia de que a Casa do Pessoal é aassociação dos funcionários não docen-tes da Universidade é rejeitada pelo Pre-sidente da instituição. “Num universo demais de três mil sócios, mais de dois milsão docentes”, explica. Reconhece, no en-tanto, que “na generalidade dos docen-tes existe uma adesão afectiva e talvezmenos próxima do que acontece com osrestantes funcionários”.

O distanciamento dos professores é jus-tificado quer pelo pouco tempo livre, querpelas possibilidades económicas. Isto por-que um dos pontos de encontro dos só-cios é o refeitório e o bar da Casa do Pes-soal, que oferecem preços muito acessí-veis. Os sócios têm, aliás, igualmente aces-so a apoio médico com consultas gratui-tas de clínica geral, estando a ser estabe-lecidos protocolos com vários médicos pa-ra consultas de especialidade.

Imagens da actuação do Grupo Folclórico da Casa do Pessoal da UC durante a recente Semana Cultural da Universidade

Page 7: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

JOÃO PAULO HENRIQUES

A Associação Académica de Coimbra (AAC),

a mais antiga, a maior e a mais prestigiada

associação de estudantes do País, está a

“rebentar pelas costuras”. O edifício-sede é

pequeno para acolher toda a actividade da

AAC, o que obriga a ter secções espalhadas

pelo Estádio Universitário e outras que não

têm sítio para desenvolver as suas activida-

des. Fernando Gonçalves, o reeleito Presi-

dente da AAC, refere a necessidade de cria-

ção de espaços polivalentes, que permitam

às secções culturais ter os ensaios e as actu-

ações, mas também espaços que proporcio-

nassem melhor prática desportiva, afigura-se

como fundamental para o futuro da activida-

de da AAC.

A solução podia passar pela construção de

um novo edifício?

Fernando Gonçalves explica que “há um

projecto de remodelação da actual sede, que

pode vir a ajudar muito a AAC através de cri-

ação de espaços polivalentes”.

O líder dos estudantes conimbricenses

acrescenta ter em mente, a curto prazo, a cri-

ação de um edifício no Pólo II, que podia

“ajudar muito no desenvolvimento da activi-

dade cultural e desportiva e de intervenção

da Academia”.

Até ao final do mandato, Fernando Gon-

çalves, que cumpre o segundo ano como

Presidente e não se vai recandidatar ao car-

go, pretende “garantir a estabilidade finan-

ceira da AAC, deixar resolvidos todos os lití-

gios jurídicos pendentes e saldar as dívidas

anteriores”. O estudante de Direito, a quem

faltam quatro cadeiras para terminar o curso,

quer dedicar-se, nos próximos anos, a estu-

dar Direito e à profissão de advogado que é

o que gostava de ser.

SENHORIOS EXPLORAMESTUDANTES

Abordando outro tema, Fernando Gon-

çalves refere que a AAC disponibiliza um

certificado de habitabilidade a quem vem

estudar para Coimbra. Um grupo de estu-

dantes voluntários corre a cidade, tenta

fazer face aos pedidos de vistoria e infor-

ma os caloiros dos quartos disponíveis,

dos preços e das localizações. Trata-se de

“um serviço de extraordinária utilidade”,

que, para Fernando Gonçalves, “minora as

dificuldades de quem tem de procurar ca-

sa”. A exploração a que os estudantes des-

locados estiveram, desde sempre, sujei-

tos, choca o líder estudantil, que já assis-

tiu a “situações inacreditáveis”.

“A cidade viveu muito da exploração

dos estudantes, oferecendo, muitas ve-

zes, quartos em condições pouco dignas

e a preços exorbitantes. Há uma grande

exploração dos inquilinos. Algumas

casas são oferecidas com quartos por

baixo de vãos de escada, que não têm

acesso a casa de banho e qualquer con-

dição para uma pessoa poder viver”, la-

menta Fernando Gonçalves, que faz

questão de lembrar: “Temos tentado com-

bater esta situação e esperamos que seja

alterada, já que os estudantes são a vida

de Coimbra e não deviam merecer o tra-

tamento de exploração, que, muitas ve-

zes, recebem”.

A falta de instalações desportivas acaba

por significar um problema complicado de

ultrapassar, tendo em conta os 6000 des-

portistas que representam a AAC. “Temos

um Estádio Universitário que está a cair,

ainda não conseguimos acabar as obras

do Campo de Santa Cruz e não existem

muitas instalações desportivas ao serviço

da cidade de Coimbra”, refere o Pre-

sidente da Direcção Geral da AAC, que

destaca ainda, entre os problemas de ur-

gente resolução, a falta de residências uni-

versitárias: “Temos mil camas para mais

de uma dezena de milhar de estudantes

deslocados”.

O PROCESSO DE BOLONHA

O Presidente da Direcção-Geral da AAC faz

questão de sublinhar que os estudantes da

Universidade de Coimbra estão preocupados

com o Processo de Bolonha, que consideram

“uma incógnita que se está a tornar cada vez

mais negativa pela forma como Portugal se

está a adaptar”. Fernando Gonçalves diz que

falta discussão sobre a integração dos portu-

gueses numa área europeia do Ensino

Superior, acrescentando que a qualificação e a

formação dos portugueses, que devia ser “um

desígnio nacional”, está a passar “ao lado da

discussão pública e de qualquer estratégia”.

Apesar de defender uma participação e co-

munhão de valores em projectos europeus de

ideias, culturas e pessoas, a AAC considera

que “não basta dizer que queremos ser euro-

peus, temos de ter condições para o ser”.

Segundo o líder estudantil, “o Estado não tem

uma estratégia de desenvolvimento no sector

da Educação e do Ensino Superior a médio ou

longo prazo”. As críticas estendem-se ao

Governo e às Universidades, uma vez que con-

sidera estar a assistir-se a “uma preocupante

passividade” na abordagem ao Processo de

Bolonha.

A formação das pessoas – “a nossa grande

potencialidade” – poder estar em causa assus-

ta Fernando Gonçalves, que entende que se

não houver uma inversão rápida da “lógica de

passividade”, corre “um sério risco”. Para in-

verter este quadro, que considera de aparente

letargia, a AAC tem realizado acções de luta e

reuniões com eurodeputados, deputados e

grupos parlamentares da Assembleia da

República, assumindo, ainda, “uma postura in-

terventiva nas reuniões que tem solicitado ao

Ministro da Ciência e Tecnologia e ao Secre-

tário de Estado e dentro dos órgãos de gestão

da Universidade”.

A concretização de algumas das propostas

que os estudantes fizeram relativamente ao

acompanhamento do processo de Bolonha

na Universidade de Coimbra (UC), a existência

de uma calendarização de aplicação, a criação

de uma comissão ad-hoc e a realização de re-

latórios em todas as Faculdades para conhe-

cer como está a decorrer o processo de apli-

cação, foram iniciativas que os estudantes to-

maram em prol de “uma Universidade mais

informada e consciente, porque, ao entrar no

projecto comum de Ensino Superior, não de-

vemos continuar fechados no nosso canto”.

7Jornal da UniversidadeAbril 2006

ENTREV ISTA

PRESIDENTE DA DIRECÇÃO-GERAL REVELA QUE HÁ PROJECTO DE REMODELAÇÃO DA SEDEE ADMITE CONSTRUÇÃO DE NOVO EDIFÍCIO NO PÓLO II

AAC a “rebentar pelas costuras”– Fernando Gonçalves quer sair com todos os litígios resolvidos

Fernando Gonçalves nasceu em Viseu há

24 anos. O finalista do curso de Direito in-

tegrou o Conselho Directivo da Faculdade

de Direito da Universidade de Coimbra e

foi fundador do Núcleo de Estudantes de

Direito, a que presidiu durante dois anos.

Actualmente exerce os cargos de represen-

tante dos estudantes das universidades

públicas portuguesas no Conselho Nacio-

nal de Avaliação do Ensino Superior e de

Presidente do Conselho Fiscal da Fede-

ração Académica de Desporto Universi-

tário. ‘Guterres’, alcunha atribuída pelos

doutores no antigo Pratas, devido às semelhanças físicas com o an-

tigo Primeiro-Ministro, é militante da Juventude Socialista.PE

RF

IL

“Estádio Universitário está a cair”, afirma Fernando Gonçalves

Page 8: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

REPORTAGEM8 Jornal da UniversidadeAbril 2006

PAULA CARDOSO ALMEIDA

Mónica Martins frequentou o curso de for-

mação teatral há dois anos. Joana Maia fê-lo

há apenas um ano. As duas estudantes uni-

versitárias integram as Direcções do TEUC

(Teatro dos Estudantes da Universidade de

Coimbra) e do CITAC (Círculo de Iniciação

Teatral da Academia de Coimbra). Separa-as

um corredor. Une-as a paixão pelo teatro e o

desprendimento com que prescindem do seu

tempo a favor dos palcos.

A única porta de entrada para estes dois

organismos autónomos da Associação Aca-

démica de Coimbra é a frequência nos cur-

sos de iniciação teatral que, bianualmente e

alternadamente, cada um deles organiza. “É

uma forma de dar continuidade ao grupo”,

sublinha Mónica Martins, elemento da

Direcção do TEUC.

Este ano cabe ao TEUC assegurar a reno-

vação. Mas o CITAC começou já a delinear o

curso de iniciação teatral do próximo ano. A

formação é primordial para cada um destes

organismos. É a melhor ferramenta para im-

buir os novos elementos num sentimento

de coesão.

Soa a anúncio publicitário: “Procura-se

novas pessoas, com novas ideias, mentali-

dades e projectos, que se juntem aos ele-

mentos mais antigos num acto de perma-

nente renovação e dinamismo.” Mas não é

publicidade. Lembra apenas aquilo que até

os próprios “teuquianos” e “citaquianos”

por vezes esquecem: que são estudantes

universitários e que estão ali de passagem.

Mas o que os traz até cá? Há quem che-

gue sem nunca ter sentido o “nervoso miu-

dinho” de pisar um palco. Outros mantive-

ram adormecido o culto pelo teatro. Mas

existe também quem veja nesta arte uma

formação paralela muito boa. Serão várias e

difíceis de enumerar as motivações de cada

um.

Em Abril, o TEUC apresenta o “exercício

final”, altura em que cairá o pano sobre o

curso de formação. “Antígona”, de Sófocles,

foi o clássico escolhido. Após a estreia, os

20 novos elementos são votados em as-

sembleia-geral e aprovados, ou não, como

sócios efectivos.

A disponibilidade para se entregarem, físi-

ca e psicologicamente, é fundamental. Os

ensaios decorrem das 20,30 horas até à

meia-noite. Um compromisso pesado para

quem quer cumprir também os deveres de

estudante. “É preciso rentabilizar o tempo.

Há quem consiga fazer isso e há quem não

consiga”, explica Mónica Martins, 24 anos,

finalista de Matemática.

A IMPORTÂNCIADA FORMAÇÃO

Os subsídios atribuídos aos dois grupos

de teatro (designadamente pelo Ministério

da Cultura, Reitoria, Fundação Gulbenkian e

outros) são totalmente investidos na forma-

ção. Trazem-se sempre os melhores. “Acon-

tece, muitas vezes, trabalharmos com pes-

soas que já passaram por cá”. Mónica sorri,

orgulhosa. Nicolau Lima Antunes, mais co-

nhecido por Nicolau dos Mares, é um des-

ses casos. Iniciou, há 15 anos, o seu percur-

so teatral no CITAC e no TEUC. Este ano foi

convidado a integrar o grupo de formadores

do curso de iniciação e a realizar um

workshop sobre a “preparação do actor”. Um

outro “filho pródigo”, Manuel Sardinha, re-

gressou, em 2004, para encenar “Rino-

cerontes”, peça alicerçada n’ “O Rinoce-

ronte” de Ionesco.

Muitos, como Manuel Sardinha e Nicolau

dos Mares, redescobrem a sua vocação.

Mónica conta um episódio recente em que

uma aluna de Medicina congelou a matrícu-

la para estudar teatro. Mas, depois, há a

pressão dos pais. A grande maioria opta por

terminar o curso para enveredar, posterior-

mente, e à sua custa, pelo mundo do tea-

tro.

Todos acabam por voltar. “O TEUC é uma

espécie de segunda casa. Custa muito a de-

sagarrar. Custa muito tomar essa decisão.”

Mónica sabe isso muito bem. Faltam apenas

alguns meses para concluir a licenciatura.

Quer arranjar um estágio em Coimbra. “Por

causa do TEUC”, explica. Cotovelos em cima

da mesa, mão na testa, tristeza no olhar.

“Torna-se viciante”, suspira.

Mónica Martins receia mal-entendidos e

explica de novo: “Os estudantes que são de

fora da cidade passam mais tempo aqui do

que com a família. Trabalhamos em conjun-

to, zangamo-nos, mas, no final, assistimos

ao fruto do nosso trabalho.”

Carla Fino é um desses antigos sócios que

regressa sempre que pode. O gosto pelo te-

atro e a vontade de aprender mais fizeram

com que se inscrevesse, há 13 anos, no

curso de formação. Desde aí que assumiu a

responsabilidade de dar continuidade à

História do grupo, que, com o passar do

tempo, “deixa de ser apenas o sítio onde

vamos fazendo umas peças e arranjamos

amigos fixes, para passar a ser visto como

algo com uma identidade própria e indepen-

dente das pessoas que no momento ali tra-

balham.”

Já lá vão cinco anos desde que esta pro-

fessora de Biologia deixou a Universidade,

mas preservou o cordão umbilical que a liga

ao teatro universitário. Integrou a direcção

do TEUC durante três anos e foi Presidente

da mesa da Assembleia-Geral durante dois.

Para trás ficaram “muitas horas de trabalho,

que implicaram noites de sono mais curtas,

fins-de-semana sem sair de Coimbra. Mas

nada de que me arrependa…”

Não deve haver, na já longa existência

TEUC E CITAC – DOIS GRUPOS MARCANTES NA ACADEMIA DE COIMBRA

Em busca do elixir da ete

“O Teatro Ambulante” de Chopalovitch, pelo TEUC

Confraternização de antigos membros do CITAC

Page 9: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

CITAC

O CITAC assinala, este ano, meio século de vida. No entanto, “não é algo que se

possa medir por anos ou que se deixe encerrar por números, mas existe nas fotogra-

fias, nas palavras decoradas e tantas vezes proferidas, nos figurinos habitados, nos car-

tazes e nos mundos de cenário” – como se lerá no livro que vai ser publicado.

O desejo de criar um novo grupo de teatro de estudantes da Universidade de

Coimbra surgiu em 1954, mas a primeira aparição do CITAC viria a ser feita apenas a

13 de Maio de 1956, com a “Nau Catrineta”, de Almeida Garrett. Orgulham-se de resis-

tir a moldes pré-concebidos e de fazerem uma selecção eclética de textos.

Por ali passaram nomes como António Pedro, Carlos Oviedo, Carlos Avillez, Vítor

Garcia, Ricardo Salvat e, mais recentemente, Andrezj Kowalski, Carlos Curto e Paulo

Castro.

Destaque, no seu longo currículo, para as adaptações de obras como “Manufactura

Universal de Autómatos”, de Karel Chapek; “Tartufo”, de Molière; “Bodas de Sangue”,

de Garcia Lorca; “Fausto”, de Goethe; “O Processo”, de Kafka; “O Arranca Corações”,

de Boris Vian; e “Macbeth”, de Shakespeare. Paralelamente, desenvolvem ainda os

Círculos de Poesia em Noites de Lua Cheia e performances de rua.

TEUC

A primeira apresentação pública do TEUC aconteceu há quase 68 anos (a 27 de Julho

de 1938). O perfil do grupo não ficaria completo sem referir o nome daquele que foi

um dos fundadores e seu director artístico durante três décadas: Paulo Quintela, cate-

drático da Faculdade de Letras, que exerceu ali um autêntico magistério cultural. Os di-

fíceis anos 40, 50 e 60 foram marcados pelas suas encenações, designadamente de

textos do “pai” do teatro português, Gil Vicente; autores do teatro clássico grego

(Eurípides, Sófocles e Ésquilo); e clássicos do teatro mundial, como Molière, Goethe e

Calderón de La Barca.

Após o 25 de Abril, peças como “Portugal com P de Povo”, “Arraia Miúda” e “A

Excepção e a Regra”, levaram à cena escritores polémicos como Brecht e Dário Fo e

deram início a um novo ciclo: ao teatro de intervenção social.

Os anos 80 seriam dedicados ao experimentalismo. “Índia Song”, de Marguerite

Duras, viria a ser um espectáculo muito bem recebido na década de 90, enquanto

que a apresentação de “Sonho de Uma Noite de Verão”, de Shakespeare, encena-

da por António Mercado, assinalaria a entrada no século XXI, esgotando todas as

sessões.

HISTÓRIA

9Jornal da UniversidadeAbril 2006

REPORTAGEM

dos dois organismos autónomos, quem se

arrependa de por ali ter passado. Exige-se o

mesmo a cada um dos sócios: que contri-

bua para a concretização das actividades e

que assegure o funcionamento interno, inte-

grando os corpos dirigentes ou colaborando

com estes no trabalho de expediente, plane-

amento de actividade, organização dos ar-

quivos, arrumação ou limpeza. O tempo é o

que de mais precioso podem oferecer a uma

“casa” que os acolhe e proporciona experi-

ências únicas.

ENTRE A IRREVERÊNCIAE O TER DE PARTIR

O fascínio de Joana Maia pelo mundo do

CITAC começou muito cedo. Teria 15 anos

quando assistiu à primeira peça e, desde

logo, se sentiu atraída pela linha irreverente

e experimental daquele grupo.

A mãe fez parte do TEUC, mas a filha viria

a integrar o “rival”: o CITAC nasceu pelas

mãos de alguns “dissidentes” do TEUC, de

alguns elementos que estavam desconten-

tes com a vertente clássica e ambicionavam

fazer-se ao palco do teatro experimental.

“Faz parte da minha vida, mas não quero

fazer do teatro vida. Quando sair, levo esta

experiência comigo”. Com um ar descontra-

ído, Joana Maia, 22 anos, natural de

Coimbra, quase licenciada em Psicologia,

fala já com algum distanciamento.

Aceita com naturalidade que tenha de

abandonar o grupo: “Sentimo-nos felizes

por dar algo para as pessoas levarem con-

sigo. Não esperamos nunca que elas fi-

quem.”

Recorda, sem nostalgia, o tempo em que

fez a formação. “Assumi os dois compromis-

sos: a Universidade e o curso de iniciação

teatral.” Mas não foi fácil. Aliás, não é tare-

fa simples para um estudante conciliar o es-

tudo e as aulas com a disponibilidade que

os dois organismos exigem dos seus sócios.

“Nalguns casos, promove o insucesso esco-

lar.”

Confessa que falta ao CITAC a organiza-

ção do TEUC. Sorri. Considera que a desor-

ganização faz parte da traça dos “citaquia-

nos”. Conta que há gente, cerca de uma

dúzia, que aparece sempre para as reuni-

ões. Depois, existem os “satélites”, que por

ali passam de vez em quando.

Os valores de esquerda regeram, desde

sempre, o grupo. Há algumas décadas atrás,

as linhas mestras eram claras. Hoje estão

um pouco mais diluídas, mas o CITAC conti-

nua a assumir-se como uma escola demo-

crática e de cidadania, a fazer lembrar os

tempos em que os seus membros desempe-

nhavam um importante papel em Assem-

bleias Magnas e manifestações estudantis.

Irreverência que lhe valeu o encerramento

pela PIDE durante quatro longos anos, até

1974.

Longe vão esses tempos. Continua, contu-

do, a inquietar. No ano passado, no Festival

Internacional de Teatro Universitário, que

decorreu em Casablanca, Marrocos, o CITAC

foi aconselhado pela organização a “reajus-

tar o carácter pornográfico” da sua peça.

“Singapura”, com texto e encenação de

Paulo Castro, apresentava, num teatro cru,

violento, naturalista e com algum cariz sexu-

al, a desumanização do Homem na socieda-

de moderna. Para o festival de Casablanca

estavam agendadas duas apresentações:

“Na primeira, a sala esvaziou-se; na segun-

da, fomos contactados pela organização

para reajustar o espectáculo.” Joana conta

que sentiu a excitação dos anos 70.

“Percebi a bomba que o CITAC deve ter sido

naquele tempo.”

Neste momento, o CITAC está a preparar

um espectáculo na área do Novo Circo. A

missão é sempre a mesma: experimentar. O

único receio é que a instituição, que este

ano assinala meio século de vida, não con-

siga assegurar a sua continuidade.

“Se há uns anos era uma mais valia pas-

sar mais um ano em Coimbra para se dedi-

car ao CITAC, hoje isso não acontece. São

poucos os que estão dispostos a tomar

conta do grupo”, lamenta Joana, que, tal co-

mo muitos outros “citaquianos”, está tam-

bém de saída.

O Círculo espera lançar, até ao final deste

ano, um livro que reúna memórias e peda-

ços da sua vida.

rna juventude

Pormenor de um espectáculo do CITAC

Page 10: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

CULTURA10 Jornal da UniversidadeAbril 2006

EXPOSIÇÃO A NÃO PERDER NA BIBLIOTECA-GERAL DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Os monstros do nosso imaginário

PAULA CARDOSO ALMEIDA

Dragões, sereias monstruosas, golfinhos ma-

lévolos, lulas gigantes e serpentes marinhas

são alguns dos seres (sobre)naturais que po-

dem ser admirados em “O mar é sempre te-

nebroso”, uma exposição de livros, dedica-

dos à temática dos monstros marinhos, do

acervo da Biblioteca Geral da Universidade

de Coimbra (BGUC).

A mostra – ideia de Carlos Fiolhais, Director

da Biblioteca, para a recente Semana Cultural

da Universidade de Coimbra – traz ao olhar

do visitante quase todos os “clássicos da es-

pecialidade”, destacando-se cinco “valiosas

raridades” do século XVI, a que só falta o li-

vro dos peixes estranhos do francês Pierre

Belon. Sobressai, todavia, o trabalho dos na-

turalistas Conrad Gesner, Ambroise Paré,

Cavazzi e Ulisses Aldovandri, que deixaram

um legado de admiráveis volumes ilustrados

com gravuras em madeira.

Os mitos medievais povoaram o mar de

monstros, mas já antes, na civilização clás-

sica, se encontram referências a estes se-

res maléficos. Nessa época, o aparecimen-

to de monstros marinhos representava um

castigo enviado pelos deuses. Daí resultou

uma infinidade de lendas – da morte de

Hipólito por um monstro marinho ao sal-

vamento de Adrómeda, feito por Perseu,

das garras de um malvado animal dos

mares.

O Adamastor foi, em Portugal, o monstro

mais conhecido dos Descobrimentos. Os sé-

culos seguintes viriam a desvalorizar estas

entidades marinhas, devido, sobretudo, ao

facto da Igreja ter excluído, da arte religiosa,

estas figuras. No século XIX, os monstros ma-

rinhos dão lugar aos dragões, mas, nos dois

séculos seguintes, o cinema (sobretudo o ja-

ponês), a banda desenhada e os desenhos

animados viriam a colocar todas estas bestas

no imaginário infantil.

É esta história, este “amor dos monstros”,

que a exposição calcorreia. Mas, por enquan-

to, permanece, de alguma forma, escondida

na Sala São Pedro da BGUC – construída, na

década de 50, para conservar o espólio da bi-

blioteca do Colégio de S. Pedro.

António Maia do Amaral, recentemente

empossado Director-Adjunto da Biblioteca

Geral, espera que, depois da Páscoa, a

mostra bibliográfica possa ganhar outra vi-

sibilidade, até agora impossibilitada pelo

facto de o espaço estar em obras. Entre-

tanto, a estrutura estará encerrada até ao

dia 17 de Abril, altura em que Maia Amaral

(licenciado em História e Arqueologia e

pós-graduado em Ciências Documentais)

acredita poder estar em condições de dar o

merecido relevo aos “seus” monstros anti-

gos e modernos.

“Era importante que pudéssemos dar outro

enquadramento a estas obras. Talvez desdo-

brar em painéis várias páginas, para que os

livros possam ser mostrados em maior pro-

fundidade”, adianta ainda o Director-Adjunto

da BGUC, sublinhando o valor incalculável

daquele acervo bibliográfico. “Muitos destes

exemplares só nós e a Biblioteca Nacional é

que os temos.”

António Maia do Amaral

Page 11: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

11Jornal da UniversidadeAbril 2006

ACADEMIA

QUEIMA DAS FITAS ESTÁ À PORTA

Contenção nas despesas mas não na qualidadeJOANA MARTINS

A cerca de um mês

do início da Queima

das Fitas de Coimbra

(decorrerá de 5 a 12

de Maio), a Comissão

responsável pela or-

ganização da maior

festa de estudantes

do ano não tem mãos

a medir. Apesar de o essencial já estar resol-

vido, houve alguns atrasos devido às contin-

gências resultantes dos prejuízos provenientes

deste evento no ano passado.

A Comissão assume que esteve desde sem-

pre ciente da sua responsabilidade em assumir

todos os compromissos de Queimas das Fitas

realizadas em anos anteriores. É nesta medida

que estão a ser definidas prioridades no que

respeita aos investimentos. Assim, como salien-

ta o Presidente da Comissão da Queima das

Fitas, Ricardo Duarte, em declarações ao “jornal

da Universidade”, “é importante investir em coi-

sas relevantes e cortar nos acessórios”. O estu-

dante reitera que não serão descuradas as

áreas da cultura, des-

porto e actividades

tradicionais.

Por seu turno, Da-

niel Rocha, Secretário-

-Geral da Comissão

da Queima das Fitas

2006, afirma-nos que

ainda não há bandas

confirmadas para ac-

tuar na festa dos estu-

dantes, mas estão já a ser ponderadas várias

hipóteses, entre grupos nacionais e estrangei-

ros, de forma a “fazer o melhor cartaz possível”.

Uma das grandes apostas deste ano é de-

volver ao já tradicional Chá Dançante, a impor-

tância de outros tempos. Para que tal aconte-

ça, os estudantes ponderam contratar artistas

prestigiados para actuar no evento, cativando

desta forma um maior número de pessoas.

O Presidente da Comissão sublinha a res-

ponsabilidade que cabe aos organizadores

desta “festa dotada de história e tradição na

cidade de Coimbra”. No entanto, mostra-se

bastante optimista e promete novidades – a

serem anunciadas nos próximos dias.

Um cartaz “informático”Uma serenata vista de dentro de uma casa é a ideia principal do cartaz da

Queima das Fitas deste ano. Laurentino Reis, o autor, é estudante do segundo

ano de Engenharia Informática em

Coimbra. Mas foi do trabalho que faz

desde 1999, na área de Design e

Desenho Gráfico, e do gosto por esta

área, que surgiu a vontade de concor-

rer com uma obra sua.

Entre os 32 projectos concorren-

tes, o júri viria a escolher o de Lau-

rentino Reis.

Segundo ele próprio confessou

ao “Jornal da Universidade”, a ideia

para a proposta de cartaz que elabo-

rou surgiu numa tarde em que passa-

va pela Rua da Matemática. E em

apenas uma semana Laurentino con-

cebeu e criou o cartaz que este ano

ilustra a Queima das Fitas. Janelas e

candeeiros típicos, ao som da serena-

ta, desenham-se pelas ruas de Coim-

bra, anunciando a chegada da festa estudantil mais esperada do ano.

Ricardo Duarte Daniel Rocha

Page 12: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

12 Jornal da UniversidadeAbril 2006

Rua Castro Matoso, n.º 12 A, 3000 – 104 Coimbra

Telefone: 239 851 440 Fax: 239 851 449 e-mail: [email protected]).

SEMANA CULTURAL OFUSCADA POR SE REALIZAR FORA DE LISBOA OU PORTO

“Um grande festival de cultura” com cerNELSONMATEUS

“Francamente positivo!” – eis como é defi-

nido, pela organização, o balanço da VIII

Semana Cultural da Universidade de Coimbra.

Uma “semana” que se prolongou por 11 dias

e cerca de 90 eventos. “Se antes da Semana

Cultural me tivessem perguntado se queria ter

este resultado, diria logo que sim” – sintetiza

João Gouveia Monteiro, Pró-Reitor para a Cul-

tura e responsável pela organização.

Esta Semana Cultural terá, na opinião dos

promotores, conseguido afirmar-se como “um

grande festival da cidade, um grande festival

cultural”. João Gouveia Monteiro recorda que

é habitual “ver a cidade dividida”, mas desta

vez foi possível vê-la “unida em torno de um

objectivo positivo”.

O Pró-Reitor considera que o mar, tema da

Semana Cultural, funcionou como “um in-

centivo à criatividade”, tendo também sido

um forte mobilizador, já que “abrange áreas

científicas muito variadas”. Pela primeira vez,

a Semana estendeu-se para lá da cidade de

Coimbra, o que demonstra que este pode

ser um acontecimento “do conjunto da Re-

gião Centro”. O programa levado a cabo no

Centro de Artes e Espectáculos da Figueira

da Foz é, aliás, um dos que o Pró-Reitor para

a Cultura destaca no conjunto das iniciativas

da Semana Cultural.

Outra das inovações deste ano foi estender

a Semana por 11 dias. Uma alteração que

“permitiu descongestionar o programa”, pos-

sibilitando que “as mesmas pessoas estives-

sem em mais eventos”, salienta João Gouveia

Monteiro. Um facto com reflexo nos números

finais da organização, que estima que cerca

de 11 mil pessoas tenham assistido e partici-

pado nas várias iniciativas.

Sem problemas parecem sair as finanças da

Universidade depois da Semana Cultural. O

responsável pela organização destaca que a

iniciativa decorreu “sem esforço financeiro

para a Universidade de Coimbra”, o que vem

demonstrar que “o dinheiro não é desculpa

para as pessoas deixarem de fazer coisas”.

Resultados possíveis graças a patrocínios re-

colhidos, que cobriram cerca de 60 por cento

do orçamento.

A qualidade é outro ponto que merece o

sublinhado do Pró-Reitor para a Cultura. Nu-

ma programação muito variada, destaca o

concerto de aniversário da Universidade de

Coimbra pela Orquestra Sinfónica ARTAVE,

um projecto com um conjunto de jovens mú-

sicos que representou também “um estímulo”

para novas iniciativas em Coimbra. Pela rari-

dade que representa, merece também refe-

rência o concerto de música iraniana que de-

correu no Teatro Académico de Gil Vicente. “O

regresso aos grandes espectáculos do GEFAC

que foi estimulado pela Semana Cultural”

fecha a lista de destaques de João Gouveia

Monteiro.

PRESOS NA SOMBRA

“Se esta Semana Cultural tivesse tido lugar

em Lisboa ou no Porto teria sido muito mais

falada na televisão, na rádio e nos jornais e

teria sido considerada um grande evento cul-

tural”. Esta ideia é o ponto de partida para

um dos principais lamentos do Pró-Reitor.

João Gouveia Monteiro sente que “a visibilida-

Prémio Bluepharma/Universidade de Coimbra

Maria Helena Rocha Pereira a receber o Prémio Universidade de Coimbra

Maria Francelina Lopes recebeu o Pré-

mio Bluepharma/Universidade de Coim-

bra, pelo seu trabalho sobre a cirurgia

da atrésia de esófago, desenvolvido na

Universidade de Coimbra.

A atrésia do esófago é uma malfor-

mação congénita complexa que, apesar

de ter uma incidência relativamente ra-

ra (um caso por cada quatro mil nados

vivos), tem enormes consequências

económicas, sociais e na saúde públi-

ca.

Na prática, significa que o esófago

não fica completamente formado, impe-

dindo a ligação normal ao estômago.

A premiada é assistente graduada de

cirurgia pediátrica do Hospital Pediátri-

co de Coimbra desde 1996, e membro

de várias instituições nacionais e es-

trangeiras, que se dedicam a estudos ci-

rúrgicos e de pediatria.

Este prémio é o resultado de um pro-

tocolo estabelecido entre a Bluepharma

e a UC, distinguindo anualmente um tra-

balho de doutoramento apresentado em

universidades portuguesas, incidindo

em investigação na área das ciências da

saúde.

O prémio consiste na publicação do

trabalho, em edição exclusiva, e na atri-

buição de um patrocínio no valor de

2.500 euros para participação num con-

gresso científico internacional à escolha

do premiado. Irene Silveira, Maria Francelina Lopes e Paulo Barradas Rebelo, Presidente

da Bluepharma

SEMANA CULTURAL

Page 13: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

13Jornal da UniversidadeAbril 2006

SEMANA CULTURAL

ca de 11 mil participantes“Semana” aindapassa ao ladodos professores

A fraca participação dos professores

na Semana Cultural é, para João Gouveia

Monteiro, uma das notas mais negativas

da edição deste ano. O Pró-Reitor diz

que não quer polémicas mas não escon-

de o desalento por “um certo alheamen-

to em relação à vida cultural da cidade”

por parte dos colegas. “É reduzida a per-

centagem de docentes que participa nos

espectáculos”, comenta.

“Os docentes universitários têm uma

certa dificuldade em se mobilizarem e em

mobilizar os seus alunos para actividades

extra-curriculares”, prossegue João Gou-

veia Monteiro. Considera também que “os

professores universitários deviam pensar

que não é o fim do mundo, de vez em

quando mobilizar-se, a si e aos alunos, pa-

ra actividades científicas relevantes”.

O Pró-Reitor diz não perceber que “se

um curso organiza um colóquio internaci-

onal com as grandes cabeças daquela

área, por que é que em vez de dar uma

aula os docentes e os alunos não vão par-

ticipar nesse evento?”. Uma escolha, aliás,

que entende que poderia trazer maiores

benefícios científicos. Inconformado com a

participação, ou a falta dela, dos colegas

na Semana Cultural, afirma ainda que “há

um certo fundamentalismo de alguns do-

centes que, sem querer, estão a impedir

os alunos de participar nesses eventos”.

Na análise global que faz, João Gouveia

Monteiro salienta ainda que “o público

que responde é sobretudo da cidade e da

comunidade estudantil”. “O docente uni-

versitário vai às iniciativas científicas da

sua área e ponto final”, remata.

de nacional da Semana Cultural é ainda limi-

tada”, o que naturalmente faz com que o

evento tenha relevo apenas a “nível regional”.

Sem soluções para o problema, o Pró-Rei-

tor salienta o esforço que foi feito para publi-

citar o programa na televisão e em jornais de

âmbito nacional. Um investimento, porém,

sem a resposta esperada por parte dos meios

de comunicação social, já que não conseguiu

ter “a atenção nacional que merecia”, defen-

de. Assume igualmente erros de programação

que ajudaram à escassa presença de público

em alguns eventos.

O cancelamento da conferência que deve-

ria ter sido proferida por Mário Soares é ou-

tra pedra no sapato de João Gouveia Mon-

teiro, isto porque a presença tinha sido “con-

firmada e reconfirmada já depois das elei-

ções presidenciais”, mas poucos dias antes

Mário Soares acabou por cancelar a visita a

Coimbra.

MINISTÉRIO DA CULTURA NA PRÓXIMA “SEMANA”

Se este ano o Ministério da Defesa e dos

Assuntos do Mar foi o parceiro da Universida-

de na Semana Cultural, os organizadores pre-

tendem que em 2007 o programa seja desen-

volvido em estreita colaboração com o Minis-

tério da Cultura. “Nunca tivemos e, por isso,

vamos tentar pela primeira vez ter uma gran-

de parceria com o Ministério da Cultura”, su-

blinha João Gouveia Monteiro, perspectivando

o programa do próximo ano.

O Ministério, a par das várias Faculdades, é

uma das entidades com que a organização

está a trabalhar para a escolha do tema da IX

Semana Cultural. Um processo que deverá fi-

car concluído durante o mês de Abril, altura

em que o tema será apresentado às várias en-

tidades que organizam os vários espectáculos

e outros eventos que preenchem o programa

da Semana Cultural.

“No total, a Universidade de Coimbra or-

ganiza e realiza por ano mais de setecentas

iniciativas culturais e científicas extra-escola-

res” afirmou o Reitor na sessão solene co-

memorativa dos 716 anos da UC. E acres-

centou:

“ Não conheço outra Universidade em

Portugal, ou instituição de qualquer outro

tipo, com uma tal capacidade de produção

cultural. Os seus membros, docentes, estu-

dantes e funcionários, que são os principais

agentes desta dinâmica, são também, natu-

ralmente, os principais beneficiários. Estes

números permitem igualmente perceber a

importância da implementação do chamado

Suplemento ao Diploma, como forma de va-

lorização das actividades de formação extra-

curricular dos nossos estudantes e como

factor de atracção e valorização relativa da

Universidade de Coimbra no contexto do

Ensino Superior em Portugal”.

REALIZAÇÕES CULTURAIS E CIENTÍFICAS EXTRA-ESCOLARES

Mais de 700 iniciativas por ano

Um dos momentos altos da Semana Cultural foi o espectáculo “Tanto Mar”,

que encheu o Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz

“Os Descobrimentos Portugueses e o Mar”: cultura com alegria

Page 14: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

OPIN IÃO14 Jornal da UniversidadeAbril 2006

Contactos da Ordem dos Enfermeiros – Secção Regional do Centro:Av. Bissaya Barreto n.º 191 c/v 3000-076 Coimbra

Tel.: 239 487 810 Fax: 239 487 819 [email protected] Site: http://src.ordemenfermeiros.pt

A Ordem dos Enfermeiros saúda a Universidade de Coimbra pela viabilização de um espaço regular de informação, aberto à intervenção externa.

O Presidente do Conselho Directivo Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros

Enf.º Amílcar de Carvalho

“A ENFERMAGEM PELA SAÚDE COM AS PESSOAS”

Promoção cultural e dignidade humanaJOÃO LAVRADOR (*)

Neste primeiro artigo, dado que

estamos perante um órgão de co-

municação no âmbito da cultura

universitária, vou reflectir sobre a

verdadeira promoção da cultura

para que esta esteja sempre ao ser-

viço da dignidade humana.

A verdadeira promoção da cultu-

ra mereceu do Concílio Vaticano II o

lugar de tratamento junto dos pro-

blemas mais urgentes que têm ne-

cessidade de ser iluminados pela

realidade da Revelação cristã.

Começa o texto conciliar por dizer

que por «cultura se entendem to-

das as coisas pelas quais o homem

apura e desenvolve as múltiplas ca-

pacidades do seu espírito e do seu

corpo; se esforça por dominar, pelo

estudo e pelo trabalho, o próprio

mundo; torna mais humana, com o

progresso dos costumes e das ins-

tituições, a vida social, quer na fa-

mília quer na comunidade civil; e fi-

nalmente, no decorrer do tempo,

exprime, comunica aos outros e

conserva nas suas obras para que

sejam de proveito a muitos e até à

inteira humanidade, as suas gran-

des experiências espirituais e as

suas aspirações» (GS 53). Daqui se

depreende que a Igreja reconheça a

íntima relação entre a cultura e o

ser humano. Ela é do homem e

para o homem. Da sua verdadeira

promoção depende a realização hu-

mana.

É certo que as condições de vida

do homem moderno sofreram

transformações culturais tão pro-

fundas que podemos afirmar que

estamos numa nova fase da histó-

ria da humanidade. São tantos os

meios científicos e técnicos de que

o homem dispõe para o progresso

e difusão da cultura que importa

orientá-los devidamente no sentido

do bem da comunidade humana

para que, mesmo no meio de anti-

nomias e contradições, se desen-

volva harmónica e integralmente a

pessoa.

A Igreja tem consciência de que,

pelo facto de ser formada por mu-

lheres e homens, está inserida na

cultura humana, mas, pelo facto de

ser portadora de uma verdade li-

bertadora, tem capacidade de puri-

ficar a cultura de todos os obstácu-

los à dignidade humana e elevá-la

de modo a que esta se oriente para

a perfeição integral do ser humano,

para o bem da comunidade e de

toda a sociedade. Por isso, é dever

da Igreja estar presente onde se faz

a promoção da cultura através do

estudo, o avanço das ciências e das

letras, a dignificação dos meios de

comunicação social, o debate cultu-

ral, favorecendo o encontro e diálo-

go entre culturas no pleno respeito

pela identidade de cada uma delas.

Mas, a Igreja precisa também da

cultura para anunciar a sua mensa-

gem de salvação. Paulo VI, na

“Evangelii Nuntiandi”, referia-o des-

te modo: “O Evangelho, e conse-

quentemente a evangelização, não

se identificam por certo com a cul-

tura, e são independentes em rela-

ção a todas as culturas. E, no en-

tanto, o Reino que o Evangelho

anuncia é vivido por homens pro-

fundamente ligados a uma determi-

nada cultura, e a edificação do

Reino não pode deixar de servir-se

de elementos da cultura e das cul-

turas humanas” (n.º 20).

O caminho da Igreja é o homem.

A sua tarefa é servir o bem do

homem. Para isso, entre as diver-

sas realidades que implicam pro-

fundamente nas condições de vida

do ser humano, a cultura é uma

das mais importantes. Necessa-

riamente, a Igreja deve estar aí pre-

sente para oferecer o melhor que

tem, isto é, o Mistério do Verbo En-

carnado para que à Sua luz o Mis-

tério de Homem se possa descobrir

(cfr. GS 22).

Tal como o ensina o Concílio

Vaticano II, a Igreja realiza esta ta-

refa em permanente diálogo com

os intervenientes da cultura.

(*) – Coordenador Diocesano

da Pastoral do Ensino Superior

Cónego João Lavrador

Língua portuguesaé passaporteJOANA FONSECA (*)

No âmbito da Semana Cultural da UC, decorreu a

Festa de Sons, Saberes e Sabores, sobretudo centrada

numa tenda onde os estudantes dos PALOP procura-

ram mostrar algumas das realidades de cada um dos

países que compõem esta vastíssima comunidade em

que a língua portuguesa é passaporte.

Foi no presente mês de Março que decorreu a

Semana Cultural da Universidade de Coimbra. Esta 8ª

edição marcou entre os dias 1 e 11 deste mês. E trou-

xe a bordo tudo o que de Mar a Mar se ordenou,

desde sempre.

A tenda transformou-se num pequeno universo dom

aspectos variados dos países ali representados. “Os

contos da tartaruga”, ateliers de pintura e dança, pro-

jecção do documentário “ São Tomé e Príncipe: um

jardim subaquático”, “As conversas sobre o Mar”. O

Brasil apresentou a narrativa de um mito, a lenda de

Yemanja, exercícios de capoeira e um Mapa Etno mu-

sical. Cabo Verde mostrou teatro e outros aspectos de

criação artística, para além da projecção do documen-

tário “S.Vicente e a riqueza dos seus fundos mari-

nhos”.

Moçambique participou com ateliers de pintura e de

música, nomeadamente um tocador de Timbila.

Angola apresentou o livro “Cabinda e as suas cons-

truções” e divulgou música tradicional.

A Guiné-Bissau manteve também um atelier de mú-

sica, com um tocador de Korá.

Portugal mostrou um atelier de expressão dramática,

para além de animação de rua, com hip-hop Sickscore.

Para além disso admirou-se o artesanato e prova-

ram-se sabores africanos.

Paralelamente, expuseram-se ideias e debateram-se

problemas no âmbito do Forum dos estudantes da

CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

Destaque merece ainda um sarau no Centro Cultural

D. Dinis e o convívio registado em muitas fotografias,

para mais tarde recordar…

(*) – Estudante

Page 15: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

15Jornal da UniversidadeAbril 2006

OPIN IÃO

“SÓ OS HOMENS CHAMARIAM TERRA AO PLANETA ÁGUA”

Um projecto para viver melhorPEDRO REDOL (*)

Durante a VIII Semana Cultural da Univer-

sidade de Coimbra e no âmbito do projecto

conjunto do Conselho da Cidade de Coimbra

e do Museu Nacional de Machado de Castro,

denominado “Planeta Água”, tiveram lugar

diversas actividades que procuraram chamar

a atenção para a importância da água na vida

como um todo. A água está presente em

todo o dispositivo biológico e emocional de

sobrevivência de que somos depositários.

Como tal, da sua adequada gestão depende

a nossa sobrevivência.

As actividades do projecto “Planeta Água”

iniciaram-se no dia 3 de Março com uma ex-

posição fotográfica de Paulo Magalhães, na

galeria do Círculo de Artes Plásticas de

Coimbra, dando assim primazia a uma abor-

dagem intuitiva e eminentemente poética do

tema. Após uma visita à exposição, comenta-

da pelo Autor, seguiram-se as intervenções

de Alexandre Leite, engenheiro de minas e

docente da Universidade do Porto, e

Francisco Ferreira, engenheiro do ambiente e

docente da Universidade Nova de Lisboa. As

conferências, versando aspectos de gestão

de recursos hídricos, deram lugar a um ani-

mado debate no auditório do CAPC.

No dia de 5 Março, realizou-se um passeio

ao longo do rio Mondego que ofereceu opor-

tunidades de entendimento e fruição da pai-

sagem, mais e menos humanizada, e do ele-

mento água enquanto fonte de vida e subsis-

tência. A jornada, que contou com a presen-

ça de mais de cinquenta participantes, ini-

ciou-se no Laboratório de Qualidade de Água

das Águas de Coimbra, S. A. Avançou para a

Lapa dos Esteios, na Quinta das Canas, esse

lugar imortalizado por António Feliciano de

Castilho, onde Manuel Rocha prendeu a aten-

ção da audiência com música e poesia.

Seguiu-se o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha,

resgatado em anos recentes às águas do

Mondego. Ali, Artur Côrte-Real e Lígia Gam-

bini tiveram oportunidade de conduzir o gru-

po através do que hoje é possível conhecer

de um complexo arquitectónico invulgarmen-

te rico, sucessivamente repensado em função

das cheias sazonais. Um almoço oferecido

pela Câmara Municipal de Montemor-o-Velho

proporcionou momentos de descanso e agra-

dável convívio. A tarde foi ocupada com uma

visita ao Paul do Taipal, paisagem cujo ecos-

sistema e sua protecção foram dados a co-

nhecer por Manuel dos Santos. Pela mão de

Sónia Pinto, foram ainda visitados a estação

arqueológica de Santa Olaia e o Ecomuseu

do Sal da Figueira da Foz, iluminado pelas

cores de um nostálgico e tranquilo final de

tarde.

As actividades realizadas no âmbito do

projecto “Planeta Água” permitiram sensibili-

zar todos aqueles que nelas participaram pa-

ra a importância de encarar a satisfação de

necessidades elementares, que são a um

tempo biológicas e emocionais, como um ob-

jectivo a perseguir por todos. Neste sentido,

a demonstração pretendida com o projecto

implicou competências cívicas, artísticas, em-

presariais e institucionais, representadas tan-

to na sua organização, através do Conselho

da Cidade de Coimbra e do Museu Nacional

de Machado de Castro, como no apoio à sua

concretização, através das Águas de Coimbra,

do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, da

Associação do Porto de Aveiro e das Câmaras

Municipais de Montemor-o-Novo e Figueira

da Foz.

(*) - Director do Museu Nacional

de Machado de Castro

As Marias de ÉvoraEntre os 832 estudantes que ingressaram

na Universidade de Évora no ano lectivo

2005/2006, 61,5% são do sexo feminino, e

entre elas Maria é o nome mais comum.

Destes novos alunos, cerca de 60% têm

menos de 20 anos e 6,6% não têm naciona-

lidade portuguesa.

Conferência na GuardaNo dia 7 de Abril, sexta-feira, vai realizar-se

na cidade da Guarda uma conferência subor-

dinada ao tema "Gripe e Doenças Emergen-

tes". Será tratado o problema da gripe e das

viroses e as novas doenças deste século.

Trata-se da primeira sessão do II Ciclo de

Conferências “Saúde Sem Fronteiras” e de-

correrá na Sala da Assembleia Municipal da

Guarda, das 9,30 h às 12,30 h.

Esta iniciativa tem a coordenação científica

das Universidades de Coimbra e de Sala-

manca, e na respectiva organização colabo-

ram ainda o Centro de Estudos Ibéricos, a

Ordem dos Médicos, a Ordem dos Farma-

cêuticos, a Ordem dos Enfermeiros, a Escola

Superior de Saúde da Guarda e a Associação

Nacional Farmácias.

Informações podem ser pedidas para o te-

lefone 271 220 212.

Mostra de Teatro

Universitário em AveiroDe 17 a 24 de Abril o GRETUA [GRupo Ex-

perimental de Teatro da Universidade de

Aveiro] organiza a segunda edição da sua

Mostra de Teatro Universitário de Aveiro – a

salta!06’.

O programa da Mostra inclui a participação

de sete grupos portugueses e um espanhol

(levando à cena, entre outras, peças de Italo

Calvino, Tchekov e Boris Vian).

Mais informações poderão ser obtidas atra-

vés do telemóvel 918 363 617.

Festival de Robótica

em GuimarãesVai decorrer em Guimarães, de 28 de Abril

a 1 de Maio, um Festival Nacional de Ro-

bótica, organizado pela UM (Universidade do

Minho). Para alojar os muitos estudantes ori-

undos de vários pontos do país, a UM vai

"transformar" um pavilhão multiusos em

“hotel”. A organização assegurou ainda refei-

ções quentes no restaurante local, que esta-

rá aberto 24 horas por dia durante o evento.

À semelhança de anteriores edições, em

Braga e Guimarães, o festival de Robótica in-

clui um encontro científico com investigado-

res e empresários que apresentam os mais

recentes resultados da sua actividade.

Na edição deste ano participam diversas

ligas de futebol robótico - robots médios, ro-

bots pequenos e o RoboCup Júnior - e robots

de dança e de busca e salvamento. Pela pri-

meira vez, participam equipas de outros paí-

ses (Espanha e Irão estão confirmados), que

desta forma se preparam para o RoboCup'

2006 (campeonato do mundo de robótica)

que se realiza, em Junho deste ano, em

Bremen, na Alemanha.

Um dos convidados do encontro é Claude

Nicollier, astronauta da estação espacial eu-

ropeia, que detém actualmente o recorde eu-

ropeu do número de viagens ao espaço (uma

delas na missão de reparação do telescópio

espacial Hubble), e que virá falar sobre ro-

bots no espaço.

U ni v e r s@

Paulo Magalhães

Page 16: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

ANIVERSÁR IO DA UNIVERS IDADE16 Jornal da UniversidadeAbril 2006

“RANKING DO DISPARATE”

Portugal tem cerca de 1.800 cursos d

Aludindo ao controverso Processo de Bo-

lonha, na sessão solene comemorativa

dos 716 anos da UC, o Reitor Seabra San-

tos afirmou, a dado passo da sua inter-

venção:

”Após vários anos de avanços e de re-

cuos, de inflexões de política ao sabor de

Ministros e de Governos, de calendariza-

ções para 2010 e de antecipações preci-

pitadas, a reestruturação dos cursos com

vista à integração de Portugal no Espaço

Europeu de Ensino Superior está agora a

entrar, sem dúvida, na sua fase decisiva.

Creio que a maior dificuldade do proces-

so reside na necessidade que todos sen-

timos, eventualmente com distintas sen-

sibilidades e opiniões sobre a evolução

no concreto, de tentar aproveitar a oca-

sião para introduzir as reformas estrutu-

rais que há muito deveriam ter sido con-

cretizadas. A oportunidade é de ouro mas

temo que o país não a esteja a aproveitar”.

E continuou:

“É, com efeito, sobre um sistema sub-

regulado, com carências evidentes de de-

finições estruturais fundamentais, que es-

tamos a trabalhar. Penso não haver dúvi-

das de que a sub-regulação do sistema

favorece, a concorrência desqualificada e

a consequente diminuição da qualidade.

É lícito, pois, perguntar com que direito

está o país a induzir em erro as famílias

que trazem os seus filhos a estudar em

instituições que não serão capazes de

lhes proporcionar uma formação adequa-

da. Porque não se encerram cursos cujas

avaliações já provaram a sua deficientís-

sima qualidade? A que altar está o país a

emular a formação dos seus jovens? Quando

questionado sobre a razão da sub-regula-

ção do sistema têm os responsáveis go-

vernamentais afirmado não querer invadir

a esfera da autonomia universitária. Ora,

em vários dos Países europeus com os

quais nos gostamos de comparar, a auto-

nomia universitária não se considera be-

liscada com a existência de sistemas es-

truturados e regulados. Da centralizadora

França ao ultra-liberal Reino Unido, do

norte europeu de cultura social-democra-

ta à Itália de Berllusconi não é possível,

na prática, que cada instituição invente

um nome diferente para cursos cujo con-

teúdo nuclear está, no essencial, padroni-

zado. Mas em Portugal, é. Nas nossas

instituições de ensino superior existem

39 cursos de graduação, com 17 designa-

ções diferentes, que incluem a palavra

“Design”; em 44 outros cursos, com 20

designações diferentes, aparecem as pa-

lavras “ambiente” ou “ambiental”; em 60

cursos, com 29 designações diferentes,

surge a palavra “informática”. Mas a cam-

peã absoluta deste ranking do disparate

é a palavra gestão, que aparece em 87

cursos com 46 designações diferentes.

No total, existem em Portugal cerca de

1800 cursos de licenciatura, com 825 de-

signações distintas”.

ENSINO SUPERIORPORTUGUÊS ÉDOS MENOS REGULADOS

O Reitor disse depois:

“Em países muito maiores do que o

nosso e ainda por cima regionalizados,

como a Alemanha, ou a Espanha não é

possível que um mesmo curso tenha du-

rações diferentes em Escolas diferentes.

Ou que, por exemplo, uma Escola de

Engenharia possa decidir que os seus es-

tudantes não precisem de saber matemá-

tica à entrada. Mas em Portugal, é. Não

se trata de uma questão de geografia ou

de ideologia, nem é ajuizado esperar que

as instituições, postas em concorrência

num quadro de diminuição da procura,

sejam capazes de se auto-regular. Se

esses mecanismos de regulação existem

em todos esses países não é porque as

escolas tenham decidido, autonomamen-

te, aplicá-los, mas apenas porque os res-

pectivos Governos entendem que não

podem deixar à mercê das instituições

decisões que têm que ser tomadas a

outro nível. E nenhuma dessas escolas

em nenhum desses Países sente que a

sua autonomia está a ser posta em

causa.

Não é, pois, de falta de autonomia que

A mesa que presidiu à sessão solene comemorativa dos 716 anos da Universidade de Coimbra: João Carlos Marques, Cristina Robalo Cordeiro (Vice-Reitores), o Secretário de Estado Lobo

Antunes, o Reitor Seabra Santos, Avelãs Nunes e Gomes Martins (Vice-Reitores) e Carlos Luzio Vaz (Secretário Geral da UC)

Aspecto parcial do Auditório da Reitoria durante a sessão solene comemorativa dos 716 anos da Universidade de Coimbra

Page 17: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

17Jornal da UniversidadeAbril 2006

ANIVERSÁR IO DA UNIVERS IDADE

e licenciatura com 825 designações!o nosso sistema padece, mas sim, como

é óbvio, de falta de regulação, ou seja,

de falta de Estado. O Ensino Superior

português é dos menos regulados (para

não dizer o menos regulado) de toda a

Europa e é com este diagnóstico que é

necessário agir. Não escondo a esperan-

ça que todos depositamos nos resultados

da avaliação global do sistema, recente-

mente encomendada pelo Governo à

OCDE, com a convicção de que existe

vontade e capacidade para levar à práti-

ca as suas conclusões”

O TRABALHO DO MINISTRO…

Seabra Santos prosseguiu:

“Ultrapassando aquilo que seria razoá-

vel esperar que conseguisse fazer, o

CRUP apresentou ao Governo, para valer

para todo o sistema de ensino superior

(público e privado, universitário e politéc-

nico), uma proposta concreta sobre a re-

gulação-base do sistema. Ficando, embo-

ra, bastante aquém dos quatro pontos

que venho defendendo, limitação do nú-

mero de designações para cerca de 100;

relação biunívoca entre designação e

conteúdo; critério universal de acesso

para uma mesma designação e duração

universal para uma mesma designação;

tratava-se de uma tentativa séria de

alertar para a necessidade de aproveitar

o momento em que todo o sistema tem

que ser revisto para introduzir as altera-

ções estruturais fundamentais. Em res-

posta, o Senhor Ministro diz que “os me-

canismos de auto-regulação ensaiados

merecem todo o aplauso”, faz notar que

o documento “se cinge apenas à nomen-

clatura e não aos próprios cursos” e soli-

cita informação sobre “a reflexão que cer-

tamente o CRUP elaborará sobre essa

matéria” ou, descodificando, e seja toma-

da a ironia não como desconsideração

mas, apenas, como reforço de argumen-

tação, agradece às Universidades que te-

nham feito parte do seu trabalho e pede-

lhes que, já agora, façam também o

resto.

É este o traço dominante do nosso siste-

ma, que uma vez mais encontramos quan-

do, Governo e Assembleia da República,

aprovam legislação de enquadramento do

processo de Bolonha atribuindo às insti-

tuições a responsabilidade de definir con-

ceitos que deveriam estar na esfera da re-

gulação. O resultado vai ser o de alguns

anos de desnecessária confusão, de vá-

rios milhões de horas de trabalho retira-

das às tarefas fundamentais do ensi-

no/aprendizagem e da investigação, de

muita expectativa e de alguma frustração

nos casos em que se chegue à conclusão

de que é necessário reagulhar e que uma

parte substancial do trabalho não terá

servido para nada.

Seja, ou não, acertada esta atitude, e

eu estou em crer que não é, sabemos

agora com que contar”.

CRUP TOMOUDECISÃO ACERTADA”

O Reitor afirmou de seguida:

“Consciente do enorme volume de tra-

balho que as Universidades têm pela

frente e da tremenda responsabilidade

de reestruturar a totalidade dos seus

cursos de licenciatura e de mestrado,

ainda por cima sem indicações da tutela

quanto a designações, duração, critérios

de acesso ou financiamento, o CRUP

tomou, atempadamente, a decisão acer-

tada de recomendar a entrada em vigor

generalizada do processo de Bolonha

apenas no ano lectivo 2007/2008. No

mesmo sentido se pronunciou o Senado

da nossa Universidade, que igualmente

aprovou em 11 de Janeiro um calendário

de concretização das várias etapas ne-

cessárias, a cumprir até 31 de Outubro

de 2006. O que o país espera da

Universidade de Coimbra é que aja sem

precipitação, fiel aos princípios de quali-

dade e seriedade que devem nortear

uma instituição universitária de referên-

cia. A meta de 2007 é, pois, adequada.

Dito isto, entendo que, pelo menos em

teoria, podem ser admitidas excepções

sem pôr em causa o princípio geral,

desde que cumpram, cumulativamente,

as seguintes condições: a existência de

um consenso nacional entre as institui-

ções de referência quanto aos elemen-

tos fundamentais da reestruturação; a

capacidade de preparar com seriedade

um dossier completo de reestruturação,

de acordo com as exigências substanti-

vas e formais da legislação.

Ainda assim, para que isto seja possível

é necessário que o percurso legal de pro-

mulgação e publicação da regulamentação,

de auscultação do CRUP, CCISP e APESP

sobre as normas técnicas, da sua aprova-

ção por despacho ministerial e publicação

em DR se concretize num tempo que me

parece cada vez mais impraticável”.

TRÊS SUGESTÕESAO GOVERNO

Mais adiante, Seabra Santos disse:

“Em jeito de balanço do último ano, que

é um pouco o que temos o hábito de fazer

quando festejamos um aniversário, lem-

brei-me ainda de verificar o desfecho de

uma espécie de Caderno de Encargos em

10 pontos de essencial e urgente tratamen-

to que apresentei, há exactamente um ano,

ao então futuro governo, do qual só se co-

nhecia ainda o Primeiro-Ministro. É-me gra-

to constatar ter havido um tratamento sé-

rio de dois deles e uma abordagem parci-

al de outros quatro. O extenso processo de

avaliação entretanto lançado, pode contri-

buir para aumentar este número.

Animado com o êxito alcançado, parci-

al mas ainda assim positivo, atrevo-me a

deixar mais três objectivos que deveriam

merecer a atenção do governo:

1º - Incluir o papel e a responsabilida-

de do Estado no objecto da avaliação do

sistema de ensino superior encomendado

à OCDE. Não se trata de uma avaliação

política, porque essa compete aos cida-

dãos que a fazem regularmente numa so-

ciedade democrática, mas da avaliação

técnica do agente a quem compete a de-

finição do quadro técnico de funciona-

mento do sistema;

2º - Recuar na intenção de aplicar às

Receitas Próprias das Universidades a ca-

tivação geral decidida para a administra-

ção pública. Do ponto de vista técnico,

esta cativação é um desastre a médio

prazo e do ponto de vista político é uma

violação flagrante do princípio de autono-

mia, consagrado na Lei 108/88, que se diz

tão ciosamente respeitar.

3º - Gerir de uma forma objectiva e

transparente o acesso das Universidades

a projectos de desenvolvimento do siste-

ma científico e tecnológico nacional (exem-

plo dos protocolos com a Microsoft e

com o MIT), evitando a suspeição de que

se trata apenas de operações mediáticas

inconsequentes na substância ou de que

já têm, à partida, parceiros definidos”.

E sublinhou:

“Manter-nos-emos atentos ao processo

de Bolonha e à evolução do Ensino Supe-

rior em Portugal e no mundo, que não

podem deixar de influenciar as nossas

próprias opções de desenvolvimento, ali-

cerçada numa vontade de afirmação da

Universidade de Coimbra nos planos na-

cional e internacional”.

O Reitor Seabra Santos alertou para “o ranking do disparate”

Page 18: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

ANIVERSÁR IO DA UNIVERS IDADE18 Jornal da UniversidadeAbril 2006

INTEGRAÇÃO DA ESCOLASUPERIOR DE ENFERMAGEM

Aprovação, pelo Senado, da abertura de

contactos formais com a Escola Superior

de Enfermagem de Coimbra, com vista à

sua integração como Unidade Orgânica da

Universidade de Coimbra. “Uma Universi-

dade decidida a apostar nas ciências da

saúde e da vida complementa-se nas suas

valências com uma área científica em fran-

ca evolução, num percurso semelhante ao

que está a ser seguido em inúmeras uni-

versidades de prestígio, tanto no estrangei-

ro como em Portugal” – sublinhou Seabra

Santos.

COLÉGIO DAS ARTES

Aprovação, pelo Senado, da constituição

de uma nova Unidade Orgânica designada

Colégio das Artes, com vista ao desenvolvi-

mento da investigação e do ensino pós-gra-

duado em domínio de interacção entre as

diversas formas artísticas.

PATRIMÓNIO CULTURALDA HUMANIDADE

Apresentação pública do início do pro-

cesso de preparação da candidatura da

Universidade de Coimbra a Património

Cultural da Humanidade, “intenção que

não se limita a uma mera pretensão con-

templativa, antes significa um desejo de

transformação do espaço físico, valorização

do património intangível e uma profunda

determinação na mudança das mentalida-

des e atitudes, exigida pelos que a vivem

quotidianamente e por aqueles que, mes-

mo estando longe, sentem a Universidade

de Coimbra como um legado comum da

Humanidade”.

MUSEU DA CIÊNCIA

Projecto de constituição do Museu da

Ciência, cuja abertura ao público da pré-fi-

guração poderá ser formalmente anuncia-

da no decurso deste ano e que se insere

“na mesma linha de valorização do patri-

mónio como sinal de respeito pelo nosso

passado mas também como critério de fu-

turo e de desenvolvimento, valorizando os

aspectos em que a Universidade de Coim-

bra é única”

BIOCANT E ITC

A inauguração em Cantanhede, em Julho

de 2005, do BIOCANT – Parque de Inovação

em Biotecnologia, liderado pelo CNC –

Centro de Neurociências e Biologia Celular

da Universidade de Coimbra numa parceria

em que também participa a Universidade

de Aveiro; e a criação, em Dezembro, do

ITC – Instituto de Tecnologia da Construção,

entre a Universidade de Coimbra e um con-

junto de cerca de cinquenta instituições e

empresas ligadas à indústria da construção

civil e das obras públicas. “Representam

duas iniciativas de uma mesma estratégia

de abertura ao meio, de capacidade de in-

tervenção e de assumpção de responsabili-

dades no domínio da transferência de tec-

nologia e da inovação”.

TRIBUNAL UNIVERSITÁRIOJUDICIAL EUROPEU

Assinatura com o Ministro da Justiça (em

Janeiro de 2006) de Protocolo que visa a

criação de um Tribunal Universitário Judicial

Europeu, “que será um tribunal-âncora para

o ensino do Direito e formação de profissi-

onais do foro, para a observação da Justiça

e para a procura de experiências tendentes

a contribuir para a melhoria dos serviços ju-

diciais em Portugal, em mais uma iniciativa

inovadora de aproximação entre a Univer-

sidade e sociedade”.

CENTRO DE EXCELÊNCIAEM MEDICINA

Aprovada uma pré-candidatura (em Feve-

reiro de 2006), dinamizada pela Reitoria e

formalizada através do IPN (Instituto Pedro

Nunes), à ADI – Agência de Desenvolvimen-

to, envolvendo cerca de 1 milhão de euros,

para criação de um Centro de Excelência em

“Health Care and Medical Solutions”, com

vista a congregar empresas de TIC’s (Criti-

cal,), unidades de investigação (CNC, HUMTEC,

IBILI, etc) e utilizadores finais (HUC, IPO,

CHC, etc) “para aproveitar o enorme poten-

cial de que dispomos na área da saúde ao

serviço do desenvolvimento económico e

social da região, dando corpo a um concei-

to tanta vezes invocado de forma tão incon-

sequente – Coimbra, cidade da saúde”.

REDE EUROPEIA DEDESENVOLVIMENTO REGIONAL

Recente aprovação, na primeira fase de

avaliação pela UE, de uma candidatura da

Universidade de Coimbra para incorporar

uma Rede Europeia de Desenvolvimento

Regional que visa reforçar as unidades de

transferência de conhecimento de Universi-

dades, dotando-as de ferramentas e de re-

cursos que facilitem a sua aproximação a

PME inovadoras, e mecanismo de coopera-

ção. “O que esta aprovação tem de notá-

vel é o reconhecimento pela União Eu-

ropeia do trabalho que vimos efectuando

ao nível da transferência do saber, do gran-

de potencial de inovação concentrado na

Universidade de Coimbra e sobretudo, do

impacto que ela pode ter para o desenvol-

vimento económico e social da região em

que se insere”.

FUTURO COMPATÍVELCOM PASSADO

Após aludir às acções acima referidas, o

Reitor deixou um desafio para o futuro da

Universidade:

“Não só ao nível da infra-estruturação

física da Universidade, cujos notáveis de-

senvolvimentos se ficam hoje por esta

breve referência, mas também no que diz

respeito ao lançamento de projectos de

alcance estratégico evidente que visam a

consolidação da Universidade de Coimbra

como centro de saber e a preparam para

uma nova fase de desenvolvimento e

prosperidade cultural e científica, os pró-

ximos anos, e o que soubermos fazer

com eles, vão ser determinantes. Ou nos

remetemos à pacatez da nossa província,

fácil mas demissionário, ou nos abalança-

mos para novos e ambiciosos desafios,

reocupando, à custa de muito trabalho, o

lugar a que temos direito no contexto das

Universidades europeias. A minha opção

é conhecida: dar a esta Universidade um

futuro compatível com o seu passado.

Juntamente com todos quantos me acom-

panham nesta aventura, tenho trabalha-

do afincadamente por isso. Penso que

estamos à medida deste desejo e desta

ambição”.

REITOR FEZ BALANÇO DA ACTIVIDADE DESENVOLVIDA PELA UC

Um ano repleto de inovaçõesNa intervenção que fez na sessão solene de celebração dos 716 anos da Universidade, o Reitor aludiua diversas medidas inovadoras tomadas no seio da UC ao longo do último ano, bem como a importantesparcerias. Destacamos algumas

UC: mais de 700 anos voltados para o futuro

No último ano, professores e investigado-

res da Universidade de Coimbra conquistaram

60 prémios de reconhecimento do mérito,

entre eles 14 Prémios de Estímulo à Ex-

celência da FCT (Fundação da Ciência e Tecno-

logia), e sete Prémios Gulbenkian de Estímulo

à Investigação.

A afirmação foi feita pelo Reitor na ses-

são solene comemorativa dos 716 anos da

UC, tendo Seabra Santos destacado “por

impossibilidade absoluta de os referir a

todos, como seria seu merecimento, a con-

decoração pelo Senhor Presidente da

República, do Doutor Jorge dos Santos

Veiga como Grande Oficial da Ordem Militar

de Sant’Iago da Espada, em cerimónia rea-

lizada na Biblioteca Joanina e integrada nas

comemorações do 20º aniversário do Gru-

po de Coimbra, que ele tão sabiamente aju-

dou a construir”.

Docentes da UCconquistam 60 prémios

Page 19: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

19Jornal da UniversidadeAbril 2006

AGENDA CULTURAL

ARTES DA CENA,SOM E IMAGEM

– 1 de Abril (sábado), 22 horas, no

Café Santa Cruz: espectáculo com os

grupos “Quarto Crescente” e “Can-

ção de Coimbra”, integrado na X edi-

ção do Mês do Fado (organização

da Secção de Fado da AAC).

– 5 de Abril (quarta-feira), 22 ho-

ras, no Café Santa Cruz: homenagem

a Mestre Gilberto Grácio, seguida da

tradicional “Noite das Guitarradas”,

integrada na X edição do Mês do Fado.

– 6 de Abril (quinta-feira) – DANÇA

- TAGV, 21h30: “O Amor ao Canto do

Bar Vestido de Negro”, pela Com-

panhia Olga Roriz (com direcção e

selecção musical de Olga Roriz). In-

térpretes: Catarina Câmara, Maria

Cerveira, Paulina Santos, Félix Loza-

no, Pedro Santiago Cal e Rui Pinto.

– 7 de Abril (sexta-feira) – MÚSICA

- TAGV, 21h30: concerto pelos “Fin-

gertips”. Digressão promocional de apre-

sentação do novo disco “Catharsis”.

– 8 de Abril (sábado) – MÚSICA E

DANÇA - 21h30, TAGV: Músicas e

danças Tradicionais São-Tomenses.

Com a participação do Grupo Cul-

tural da Associação dos Estudantes

de S. T. P. em Coimbra, Grupo Bu-

lauê 5 de Novembro e Grupo de di-

vulgação da Cultura da Ilha do Prín-

cipe. Organização da Associação de

Estudantes de STP em Coimbra.

– 17 e 18 de Abril (segunda-feira e

terça-feira) - PERFORMANCE - 23h30,

TAGV (Café-Teatro): “GAL: farpas pa-

ra um país sem lobbies”, pela BUH!

Associação Cultural. GAL é uma leitu-

ra comentada d’ “As Farpas” de Eça

de Queirós e Ramalho Ortigão que,

por volta de 1871, escreviam e edita-

vam uns livretos mensais, dando

conta da vida do país. Interpretação:

Ricardo Seiça.

– 18 de Abril (terça-feira) - TEATRO -

21h30, TAGV: “A Partilha”. Elenco:

Teresa Guilherme, Rita Salema, Cristina

Cavalinhos, Patrícia Tavares. O drama e

a comédia alternam-se para narrar, de

forma terna, bem-humorada e emocio-

nante, o relacionamento de quatro

irmãs. Autor: M. Falabella. Encenação:

M. Falabella e J. Monchique.

– 19 de Abril (quarta-feira) - MÚSI-

CA - 21h30, Café Santa Cruz: “Serão

Mozartiano”, com o Quinteto de Cor-

das da Orquestra Clássica do Centro,

dirigido pelo Maestro Virgílio Casei-

ro. Org: CIEG, em colaboração com o

Instituto de Estudos Alemães (FLUC),

com o apoio da Reitoria da U.C.

– 20 de Abril (quinta-feira) - CINE-

MA E MÚSICA - 14h00. Faculdade de

Letras (Anf. V): “Evocação Mozartia-

na”, com intervenções de membros do

Instituto de Estudos Alemães (FLUC),

visionamento de um filme e audição

de trechos musicais seleccionados.

Org: IEA, em colaboração com o CIEG.

– 21 de Abril a 2 de Maio – CINE-

MA - TAGV: Caminhos do Cinema Por-

tuguês XIII. Org: Centro de Estudos

Cinematográficos da AAC

– 27 de Abril (quinta-feira) – MÚ-

SICA - 19h00, TAGV: Recital de voz e

piano, com Ana Ester Neves e João

Paulo Santos, que interpretarão can-

ções de F. Lopes-Graça sobre textos

de Eugénio de Andrade e poetas de

Coimbra.

– 27 de Abril – TEATRO - 21h30,

Teatro de Bolso do TEUC (AAC): “An-

tígona”. Sob a encenação de Andrzej

Kowalski, um TEUC renovado volta a

abrir as portas do Teatro de Bolso

com esta peça que marca o fim de

um Curso de Iniciação e o início de

um novo TEUC.

– 28 de Abril (sexta-feira) MÚSICA:

- 19h00, TAGV: Concerto pelo Quar-

teto Capella com Miguel Borges Coe-

lho – Orquestra Gulbenkian. Obras

de F. Lopes-Graça, Schostakowitsch

e Joly Braga Santos.

- 21h30, TAGV: Bernardo Sassetti

(piano), Rui Rosa (clarinete), Yuri Da-

niel (contrabaixo), José Salgueiro (per-

cussão). Apresentação da banda so-

nora original do filme “Alice”, de Mar-

co Martins, da autoria de Bernardo

Sassetti.

– 29 de Abril (sábado) - MÚSICA -

19h00, TAGV: Recital de piano por An-

tónio Rosado.

– 29 e 30 de Abril - FOLCLORE -

20h00, Jardim da Sereia: XIV ENEF

(Encontro Nacional de Etnografia e

Folclore). Org: Secção de Fado da

AAC.

ARTES VISUAIS

– Até 2 de Abril: expo blues -

14h00-01h00, TAGV (Sala Branca):

Exposição Retrospectiva da 1ª, 2ª e

3ª edição do Coimbra em Blues –

Festival Internacional de Blues de

Coimbra. Produção: TAGV. Fotogra-

fias de Miguel Silva, Nuno Patinho e

Pedro Medeiros.

– Até 6 de Abril: expo 3 is - TAGV

(Café-Teatro): Um Olhar sobre a in-

vestigação na Universidade de Coim-

bra. Org: Instituto de Investigação In-

terdisciplinar. Horário: seg a sex 10h00-

01h00; sáb e dom 14h00-01h00.

– 1 a 30 de Abril: ARTES PLÁS-

TICAS - Círculo de Artes Plásticas

(Jardim da Sereia): Exposição “Army

of Me”, de Jorge Abade. Horário: de

3.ª a Sábado, das 14h00 às 19h00.

– 20 a 27 de Abril: expo documen-

tal - Faculdade de Letras (Átrio): Ex-

posição documental “Mozart-Spuren

in Wien”, em colaboração com a Em-

baixada da Áustria.

LITERATURA

- 4 de Abril (terça-feira) - 18h00,

TAGV (Café-Teatro): “Sidónio e

Sidonismo”. Apresentação da obra de

Armando Malheiro da Silva, seguida

de mesa-redonda com a participação

de Ernesto Castro Leal, Amadeu Car-

valho Homem e Victor Neto. Org: Im-

prensa da Universidade de Coimbra.

- 20 de Abril (quinta-feira) - 18h00,

TAGV (Café-Teatro): “Escrileituras”.

Manuel António Pina lê “Winnie-the-

Pooh”, de A. A. Milne.

CIÊNCIA

- 4 de Abril (terça-feira) - Departa-

mento de Matemática – Colóquio:

“Neuronal Calcium Signaling”, por

Steve Cox (Computational and Applied

Math., Rice University). Org: CMUC -

http://www.mat.uc.pt/~cmuc/index.php

- 4 de Abril (terça-feira): conferên-

cias na Faculdade de Letras:

- 11h00 (Anf. IV) - “Wieviel Klassik

braucht Europa?”, por Gerhard Lauer

(Universidade de Göttingen).

- 15h30 (Anf. V): “Die Erfindung

einer kleinen Literatur. Kafka und die

jiddische Literatur”, por Gerhard Lauer

(Univ. Göttingen). Org: CIEG, em co-

laboração com o Instituto de Estudos

Alemães, no âmbito do Programa

Sócrates/Erasmus.

- 5 e 26 de Abril – palestras -

14h30, Departamento de Física (Sala

de Conferências - 3º andar): “Desafio

da Física para o século XXI” .

Conjunto de palestras que se desti-

na aos estudantes da FCTUC e a to-

do o público interessado. 5 de Abril:

“RedesÓpticas de Telecomunicações

de Última Geração”, por Manuel Mo-

ta (CHIPIDEA); 26 de Abril: “Energia

Nuclear e Resíduos Radioactivos”,

por Carlos Varandas (CFN/IST)

- 7 de Abril (sexta-feira) – CON-

FERÊNCIAS:

11h00, Faculdade de Letras (Anf.

V): “Deutsch und die europäischen

Sprachen angesichts der Globalisie-

rung”, por Manfred Schröder, res-

ponsável pelas Relações Internacio-

nais da Direcção do Verein Deutscher

Sprache [Associação da Língua Alemã].

11h30, Faculdade de Letras (Anf.

VI): “Aspectos da Poesia Electrónica

no Brasil”, por Jorge Luiz Antonio,

por iniciativa do Mestrado em Es-

tudos Anglo-Americanos e da disci-

plina Literatura e Media na Era Digi-

tal, no âmbito do ciclo de conferên-

cias “Literatura e Novas Tecnologias”.

- 10h00, Faculdade de Direito

(Auditório): “A REN e a RAN: que

transformação?”. Org: FDUC, Centro

de Estudos de Ordenamento, Urba-

nismo e Ambiente e Núcleos Urba-

nos de Pesquisa e Intervenção.

- 12 de Abril (quarta-feira) – CON-

FERÊNCIA - Centro de Estudos So-

ciais, 17h00-19h00: “Estranheza en-

tre mundos: o mundo da escola e o

mundo da vida”, por Sofia Marques

da Silva (Ciências da Educação,

CIIE/UP). Integrada no I Ciclo Anual

“Jovens Cientistas Sociais” 2005-

2006, que visa dar maior visibilida-

de ao trabalho de investigação nas

ciências sociais e humanas por parte

de jovens cientistas sociais de gran-

de qualidade. Org: CES-UC. Coorde-

nação científica de Filipe Carreira da

Silva e Marta Araújo.

- 19 de Abril (quarta-feira) CON-

FERÊNCIA – 11h30, Faculdade de Le-

tras (Sala 13): “1756! German Reac-

tions to the Lisbon Earthquake – His-

tory and Tendencies”, por Ulrich Löffler

(Univ. de Göttingen). Org: CIEG, em

colaboração com o Centro de Histó-

ria da Sociedade e da Cultura (CHSC).

- 20 de Abril (quinta-feira) – CON-

FERÊNCIAS:

- 11h00, Faculdade de Letras (Sala

Providência e Costa): “Religion und

Sprache in deutschen Gedichten zum

Erdbeben von Lissabon”, por Ulrich

Löffler. Org: CIEG

- 21h30, Ordem dos Médicos (Av.

Af. Henriques): “Ciência, Arte e His-

tória”. Org: Grupo de História e So-

ciologia da Ciência do CEIs20 e Con-

selho Distrital da Ordem dos Médicos.

- 21 de Abril (sexta-feira) - COLÓ-

QUIO - 15h30, Museu Mineralógico e

Geológico (sala Carlos Ribeiro): “Pa-

trimónio Geológico - a importância

da preservação”, com Galopim de

Carvalho e Maria Helena Henriques.

Org: Núcleo de Estudantes de Geo-

ciências.

- 26 de Abril (quarta-feira) - CON-

FERÊNCIAS - 16h00, Faculdade de

Letras (Sala 10): Ciclo “Portugal-

Alemanha: Memórias e Imaginários

(Séculos XIX e XX)”. Com António

Sousa Ribeiro, Ana Isabel Boura e

Teresa Mingocho. Org: CIEG

- 26, 27, 28 e 29 de Abril – Au-

ditório da Reitoria: Colóquio interna-

cional “O artista como intelectual.

No centenário de Fernando Lopes-

Graça” (ver notícia noutro local desta

edição).

-27 de Abril (quinta-feira) – CON-

FERÊNCIA - 16h00, Faculdade de Le-

tras (Anf. V): “A Tradução para Edi-

ção. Uma Perspectiva Pessoal”, por

Jorge Pinho (Universidade do Porto).

Org: CIEG

- 27, 28 e 29 de Abril - Auditório

da Faculdade de Direito - Encontro

Internacional “Património Mundial

de Origem Portuguesa” (ver notícia

noutro local desta edição).

- 28 de Abril (sexta-feira) CON-

FERÊNCIA - 14h30, Arquivo da Uni-

versidade de Coimbra (Sala D. João

III): “A documentação Pontifícia na

Idade Média”, por José Marques

(FLUP). Org: Arquivo da Universida-

de de Coimbra e Instituto de Paleo-

grafia e Diplomática da FLUC.

- 29 de Abril (sábado) – CONFE-

RÊNCIA-DEBATE - 11h00 – 19h00, Pa-

lácio de S. Marcos “História do OAC

vs história e contexto social portu-

guês ao longo dos últimos 125

anos”. Org: Orfeon Académico de

Coimbra.

A agenda de acontecimentos culturais de Abrilé muito vasta e diversificada,com realizações para todos os gostos.A seguir se mencionam, agrupados por áreas,alguns dos acontecimentos mais significativos

Em Abril “culturas mil”...Para informações mais detalhadas consultar a

“Agenda Cultural da Universidade de Coimbra”

na Internet, no sítio www.uc.pt/agendacultural

Page 20: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

DESPORTO20 Jornal da UniversidadeAbril 2006

PATRÍCIA AMENDOEIRA É EXEMPLO DE DEDICAÇÃOÀ MODALIDADE QUE PRATICA DESDE OS 6 ANOS

Em prol da ginásticaTodos os dias,ao fim da tarde,o Pavilhão n.º 2do Estádio Universitáriode Coimbra transbordade alegriae entusiasmocom a chegada dedezenas de praticantesdas classes de Ginásticada AssociaçãoAcadémica de Coimbra.Esta é, conformeconfessouao “Jornal daUniversidade”,uma das maiorescompensaçõesrecebidas porPatrícia Amendoeira,dirigente e treinadorada Secção, a primeiraentrevistadada área do Desporto

ANTÓNIO JOSÉ FERREIRA

A paixão pela modalidade começou bem cedo: “O

meu pai contava que desde os 6 anitos eu dizia que

queria ser treinadora de Ginástica. Ficava vidrada na

televisão com qualquer modalidade desportiva e nos

Jogos Olímpicos, por exemplo, fascinavam-me bastante

a Patinagem e a Ginástica. A dada altura deixei de

praticar, porque a minha irmã enveredou pela

competição e os meus pais não conseguiam manter as

duas. Mas a treinadora pediu-me para dar uma ajuda e,

por isso, desde os 13 anos que sou monitora”.

Mais tarde, já em Coimbra, depois de concluído o

curso de Educação Física, a oportunidade surgiu quando

“um colega me disse que estava vago um lugar de

treinador. Recebi o convite e nem hesitei. Aceitei,

mesmo sem conhecer a realidade da Secção. Na altura

foi-me atribuída uma classe de 4/5 anos, com cinco

meninos. Neste momento temos três classes destas

idades, cada uma com 12 meninos, e com outros em

lista de espera. Houve grande evolução em termos do

número de ‘miúdos’ a praticar Ginástica e fico muito

satisfeita com isso, como treinadora e como dirigente”.

O trabalho desenvolvido ao longo dos anos e os

resultados obtidos fazem da Secção de Ginástica da

AAC um caso de sucesso no panorama desportivo

distrital. Reconhece que se trata de um percurso que

tem muito do seu envolvimento e cunho pessoal, mas

faz questão de frisar que “não fui só eu o ‘motor’ deste

salto quantitativo e qualitativo, que se deve

fundamentalmente ao excelente conjunto de técnicos

que temos e ao bom trabalho de grupo realizado”. O

reconhecimento da cidade e das

entidades públicas e privadas “é

gratificante. É bom que haja essa

visibilidade, que sejamos reconhe-

cidos e que não sejamos só nós a

pensar que estamos a fazer um

bom trabalho. Tudo isto tem mui-

to a ver com os eventos que te-

mos trazido para a cidade de

Coimbra, em especial desde 2001,

e que tornam mais conhecida a

Ginástica da Académica. Neste

momento voltamos a estar com

uma enorme ‘máquina’ montada,

para o Campeonato do Mundo

que vai decorrer em Coimbra no

próximo mês de Junho”.

Não é tarefa fácil aliar as fun-

ções de treinadora e de dirigente,

tanto mais numa Secção com

intensa actividade e que “requer

muito empenho, muito tempo e

motiva algumas ‘dores de cabeça’.

Estão sempre a surgir problemas,

mas é um trabalho que tem de ser

feito e é em prol da Ginástica que

o desenvolvemos. O enorme gos-

to pela modalidade é que nos faz

ultrapassar os momentos menos bons. São

compensados, depois, com as imensas alegrias que

vamos vivendo”.

PARA QUANDO O “NOVO” ESTÁDIO?Autodisciplina, persistência, empenhamento, treino in-

dividual são alguns dos pressupostos essenciais no dia-

-a-dia de um ginasta. Mas que, por si só, dificilmente

conduzem ao sucesso se não forem aliados a um

conjunto mínimo de equipamentos e condições de

trabalho. A este nível, “claro que gostaríamos de ter

mais. Mas para colocar onde? O espaço que está

reservado à Ginástica esgotou por completo! E não tem

algumas condições essenciais para o desenvolvimento

de um trabalho cada vez melhor. No Inverno o frio é

intenso e há ‘miúdos’ que começam a faltar, porque os

pais entendem que não estão reunidas as condições de

treino ideais; e no Verão é extremamente quente. Já

solicitámos alguns melhoramentos, mas que até ao

momento não foram concretizados”.

Mas... já está em estudo a remodelação do Estádio

Universitário de Coimbra. “Para quando? Para quando?”,

perguntou Patrícia Amendoeira, dando conta que “não

tenho muitos conhecimentos em relação ao que vai ser

feito. Mas espero que resulte em óptimas condições

para a prática das modalidades. Julgo que os

responsáveis pelas secções deviam ser consultados, o

que ainda não foi feito, mas garantiram--nos que vai

acontecer. Estamos a aguardar. Nós é que aqui tra-

balhamos todos os dias, passamos aqui muitas horas,

e sem dúvida que poderíamos dar algumas sugestões

para que este espaço seja rentabilizado ao máximo”.

BÁRBARA GASPARATLETA

Treinadora amiga

“A Patrícia é boa professora. Às vezes

manda-nos fazer preparação física mas

nós sabemos que é para nosso bem. Outras vezes grita, mas é

nossa amiga. Gosto muito da Ginástica, mais de acrobática, e

gosto muito de participar nas provas. Divirto-me muito e tenho

feito muitos amigos. E a Patrícia também é muito minha amiga e

queria que continuasse a ser nossa treinadora”.

FRANCISCO PINTOTREINADOR

Brio e profissionalismo

“A Patrícia está na Secção há cerca de

seis e tem desenvolvido o seu trabalho

com muito brio e profissionalismo. Com o trabalho dela e de

todas as pessoas da Secção temos conseguido evoluir bastante.

Como treinadora tem realizado igualmente um trabalho

gratificante e que se tem reflectido nos bons resultados que

estamos a conseguir na Ginástica da Académica”.

EVA FONTESATLETA

Ajuda-nos sempre

“A Patrícia é boa treinadora e ajuda-

nos sempre muito para aprendermos as

coisas. Quando pensa que já conseguimos fazer, deixa-nos tentar

sozinhos. É nossa amiga. Já ando na Ginástica desde os três anos

s gosto muito, muito. Já fiz muitos amigos este ano e também

tenho muitos que já eram do ano passado, do outro grupo”.

JOÃO DANIELATLETA

Conselhos úteis

“A Patrícia é uma boa treinadora.

Ensina bem e quando algum menino

não consegue fazer as coisas ela vai sempre ajudar. E está sempre

pronta para quando algum menino se aleijar ir logo socorrê-lo. É

nossa amiga, brinca muito connosco e nas competições dá-nos

conselhos para obtermos bons resultados”.

CARLA COUCEIROTREINADORA

Boa gestora

“Começou como treinadora das

classes de miúdos de 4 anos e, aos

poucos, foi convidada para integrar a Direcção, em diversos

cargos. Foi evoluindo até que chegou à presidência, onde de-

senvolveu um trabalho excelente. É uma pessoa muito or-

ganizada e conseguiu gerir muito bem todo o nosso tra-

balho. Faz tudo com muito gosto e dá sempre o seu melhor

para que as coisas corram bem. Excelente trabalho também

como treinadora, especialmente na área dos trampolins, pre-

parando muito bem os atletas para integrarem as classes

superiores”.

Patrícia Amendoeira é um dos rostos do

sucesso da Ginástica da AAC

Page 21: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

21Jornal da UniversidadeAbril 2006

GRUPOS DA ACADEMIA

As Fans: entre a música e o futebol

Tudo começou em 1989, na sede da Fa-

lange de Apoio Negro (FANS), uma claque de

apoio à Académica/Organismo Autónomo de

Futebol...

Duas amigas, alunas da Faculdade de

Letras, resolvem intervir mais activamente no

meio académico e fundam a primeira tuna fe-

minina da história da Universidade de Coim-

bra – a segunda de Portugal. Convidam mais

quatro amigas e surgiram "AS Fans dos

FANS".

O grupo foi crescendo e o nome simplifi-

cou-se: As Fans. Só.

Actualmente são 30 alunas dos mais varia-

dos cursos da Universidade de Coimbra que

continuam a considerar-se como "um peque-

no grupo de amigas que assumem, com par-

ticular empenho e prazer, o espírito e a irre-

verência tão próprios da Academia coimbrã".

Apesar da ligação umbilical ao futebol,

nem por isso encaram a actividade musical

com menos entusiasmo. Têm brio no traba-

lho desenvolvido e encaram o futuro com

constante preocupação de qualidade, que

pretendem sempre crescente.

Desde o início fazem questão de ser pre-

sença habitual nas actividades de índole mu-

sical da AAC, nomeadamente nos saraus e

encontros de tunas realizados por ocasião

das "Latadas" e "Queima das Fitas", tendo

co-organizado o "Canto da Sereia – Encontro

Internacional de Tunas Femininas", em parce-

ria com as "Mondeguinas", até 2003.

Ao longo dos anos, têm corrido o país de

Norte a Sul, tendo até actuado já nos arqui-

pélagos dos Açores e da Madeira. Em 2000,

cruzaram fronteiras em direcção a Hannover

(Alemanha), para participarem nas Comemo-

rações do Dia de Portugal, na Expo-2000. Um

ano depois encontravam-se em Itália.

Também têm animado arraiais e romarias,

jantares e recepções oficiais, espectáculos de

solidariedade e – claro – têm colaborado em

iniciativas ligadas à Académica/OAF.

Presença assídua em festivais de tunas, na-

cionais e internacionais, já arrecadaram diver-

sos prémios: Melhor Tuna, Tuna Mais Tuna,

Melhor Solista, Melhor Instrumental e Men-

ção Honrosa.

Para além dos aspectos ligados à qualida-

de musical, As Fans transportam uma ima-

gem de jovialidade e boa disposição que na-

turalmente contagia quem as ouve.

Foram, precisamente, o gosto, a vontade e

a motivação que as levaram a embarcar num

arrojado projecto que traduziu um sonho an-

tigo: a gravação do primeiro CD de originais.

"Sonho a Preto e Branco" – repertório que

conta e canta Coimbra, suas Gentes e Tradi-

ções, com edição de 1998. Em 2004 realiza-

ram o "I Tunalidades – Festival Internacional

de Tunas Femininas de Coimbra", integrado

no Programa Cultural da Queima das Fitas.

Ao fim de 17 anos de existência, as portas

continuam abertas: "Quem estiver interessa-

do em juntar-se a nós que apareça nos en-

saios", afirma Rita Amaral, uma das respon-

sáveis da tuna.

Direcção:

Rita Amaral

Maria Inês Cunha

Ana Isabel Lopes

Ensaios:

Segunda-feira e quarta-feira

Hora:

21h30

Local:

Rua Alexandre Herculano, 35

Contactos:

963 379 394

[email protected]

http://fans.no.sapo.pt/

– Curso Breve de Iniciação ao Canyoning

(de 6 a 9 de Abril). Aberto à comunidade uni-

versitária. Inscrição a realizar na Sala dos

Estudantes do Pavilhão II, do Estádio Uni-

versitário de Coimbra.

– 1.º Curso de Socorros a Náufragos, dia

23 de Abril. Trata-se de um curso de espe-

cialização, limitado a 30 participantes. Ne-

cessita de pré-inscrição (15 ) a realizar na

Sala dos Estudantes do Pavilhão II do Es-

tádio Universitário de Coimbra.

– Curso breve de Ténis, dia 16 de Abril,

das 14.00 h – 18.00 h, no Estádio Univer-

sitário de Coimbra (Pavilhão 2). Aberto à co-

munidade universitária. Inscrição a realizar

na Sala dos Estudantes do Pavilhão II do

Estádio Universitário de Coimbra.

Todos estes cursos são organizados pela

FCDEF-UC (Faculdade de Ciências do Des-

porto e Educação Física da Universidade de

Coimbra).

CURSOS NO ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO DURANTE O MÊS DE ABRIL

Do ténis aos socorros a náufragosPara o corrente mês de Abril,o Estádio Universitáriode Coimbra vai acolher,para além de muitasoutras actividades,os cursos que ao ladose referem

NA QUINTA-FEIRA, DIA 6

Festival de Tunas Mistas mostra-se nas ruas da cidadeCinco grupos – de Coimbra, Lisboa, Alma-

da, Beja e Viseu – participam na próxima

quinta-feira, 6 de Abril, no IV Festival de

Tunas Mistas de Coimbra, o “Oito Badala-

das”, organizado pela Tuna Mista da Faculda-

de de Ciências e Tecnologia da UC.

O Festival principia às 21h30, no Largo D.

Dinis. Antes, porém, as tunas desfilam pelas

ruas da cidade, numa “passeata mista” que

principia às 16h00.

O percurso que as cinco Tunas vão rea-

lizar é o seguinte: Largo da Sé Nova, Sé

Velha, Arco de Almedina, ruas Ferreira Bor-

ges e Visconde da Luz, Praça Oito de Maio,

Avenida Sá da Bandeira e Escadas Monu-

mentais.

Page 22: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

CUNIVERS IDADE22 Jornal da UniversidadeAbril 2006

Com modernas instalações, recen-

temente remodeladas, na Rua da So-

fia, em Coimbra, a “Natural +” é um

espaço onde prevalece a preocupa-

ção de cuidar da saúde dos clientes,

através de uma vasta e variada gama

de produtos e serviços que proporci-

ona.

Assim a “Natural +” é uma das pi-

oneiras na venda de medicamentos

não sujeitos a receita médica (MNSRM),

para além de comercializar produtos

de homeopatia e de fitoterapia, pro-

dutos naturais feitos à base de plan-

tas. Tem ainda ao dispor do público

prestigiadas marcas de dermocosmé-

tica e diversos acessórios ortopédicos.

A “Natural +” abriu ao público em

1995, no mesmo espaço da Rua da

Sofia que hoje ocupa, como loja de

produtos naturais. A sua proprietária

é a farmacêutica Isabel Mesquita,

que é também sócia-gerente da

Farmácia Universal, igualmente insta-

lada na Baixa de Coimbra.

Isabel Mesquita justifica assim a

criação da “Natural +”:

“Na Farmácia Universal já tinha

medicamentos homeopáticos e pro-

dutos naturais, tendo sido das pri-

meiras a especializar-se nesta verten-

te. Mas como não havia espaço para

expandir a farmácia neste sector, de-

cidi abrir esta loja na Rua da Sofia”.

Isabel Mesquita considera, pela ex-

periência adquirida ao longo de vá-

rios anos, que “estas duas áreas, a

dos medicamentos tradicionais da

farmácia e a dos produtos naturais,

não estão muito separadas”. E expli-

ca: “Muitas pessoas que procuram

os produtos tradicionais de farmácia

também são adeptas do uso de cer-

tos produtos naturais, como preven-

ção, como terapêutica e até na ali-

mentação”.

A remodelação da “Natural +”, que

se tornou em espaço ainda mais

agradável, decorre também das alte-

rações verificadas na legislação, que

permite a venda, fora das farmácias,

de diversos medicamentos que não

carecem de receita.

“A farmácia e os medicamentos

são uma área que domino bem, já

que trabalho na farmácia da família

desde 1991” – refere Isabel Mesquita,

acrescentando achar oportuno aliar

essa experiência à que adquiriu no

sector dos produtos naturais.

“A lei não exige o aconselhamen-

to farmacêutico nos medicamentos

de venda livre, mas eu entendo que

o conselho técnico é muito importan-

te, pelo que prefiro ser eu a fazê-lo,

acompanhada por uma equipa de

farmacêuticos”, afirma Isabel

Mesquita.

A “Natural +” resulta, pois, de levar

à prática um conceito de espaço de

saúde, onde os clientes encontram,

na aquisição de produtos naturais ou

de medicamentos de venda livre, “a

mesma qualidade e confiança que já

conhecem da farmácia”, como subli-

nha Isabel Mesquita.

Na “Natural +” o público encontra,

por isso, “mais serviços e uma opção

de produtos mais alargada do que a

disponível na farmácia”.

Aliás, a opção pelo nome da loja,

“Natural +”, pretendeu simbolizar

que se trata de um espaço com mais

opções para o cliente, com um natu-

ral acompanhamento por parte de

quem sabe, de molde a garantir sa-

tisfação e assegurar qualidade.

“Natural +” a cuidar da saúdeI n fo rmação C ome r c i a l

Durante o corrente mês de Abril vão efe-

ctuar-se em Coimbra diversas iniciativas

voltadas para a infância e juventude.

Assim, no Museu Botânico decorrem ate-

liês sob o tema "A brincar também se

aprende". Durante as férias da Páscoa, para

crianças dos 4 aos 12 anos, “À descoberta

dos ovos da Páscoa”, ou “Como nasce uma

planta”. Marcações pelo telefone 239 855

220 ou fax 239 855 211. Informações em

www.uc.pt/botanica/museu.htm.

No Jardim Botânico haverá visitas-ateliê

com o tema “Vamos abraçar as Árvores?!!”. A

visita do dia 22 celebrará o Dia Mundial da

Terra. Destina-se a alunos 1º ciclo e inclui a

elaboração de um pequeno herbário, um tra-

balho com materiais, informações e curiosi-

dades “colhidas” durante o percurso no jar-

dim. Marcação prévia, até 13 de Abril, para

telef. 239 855 233/ fax: 239 855 211.

Ainda no Museu Botânico prosseguem

as oficinas “Ciência no Museu”, de se-

gunda-feira a sexta-feira (excepto feriados

e férias lectivas). Marcações pelo telefone

239 855 220.

APRENDER A BRINCARDia 20 de Abril, no Hospital Pediátrico de

Coimbra, decorrerão actividades matemáticas

para distrair as crianças ali internadas.

A acção intitula-se “Aprender a brincar” e é

organizada pelo Serviço de Cirurgia daquele

Hospital, Departamento de Matemática da

FCTUC, Núcleo de Estudante de Matemática e

Engenharia Geográfica da AAC e alunos do

Departamento de Física que integram a As-

sociação Physis da AAC.

Mais informações em http://www.mat.uc.pt/

actividades/

OLIMPÍADAS DE FÍSICAE QUÍMICA

Nos dias 21 e 22 de Abril, no Depar-

tamento de Física da FCTUC, decorrem acções

de preparação para as Olimpíadas Interna-

cionais de Física.

Também no Departamento de Química da

FCTUC se efectua, no dia 22, uma sessão das

Olimpíadas de Química Júnior. Informações

pelo telefone 239 854 463 ou em http://

www.qui.uc.pt/.

CONSTRUIR UM RÁDIODurante este mês de Abril o Departamento

de Física da FCTUC prossegue a acção desig-

nada “Com as mãos na massa”, com esta

proposta aliciante: "Constrói o teu próprio

rádio". Destina-se aos alunos do 12.º ano e

as inscrições deverão ser feitas para Sandra

Costa, telefone 239 410 104; 966 140 614, ou

para o e-mail: [email protected].

BRINCAR NO MUSEUANTROPOLÓGICO

“É o som presente desse mar futuro” – eis

a designação do ateliê para proporcionar às

crianças um espaço de educação não for-

mal. Dura 90 minutos e destina-se a crian-

ças dos 5 aos 10 anos (preço: 1 Euro/crian-

ça). De segunda-feira a sexta-feira, às 10h,

às 12h, às 14.30h e às 17h. Contacto:

Telefone 239 829 051/2; Fax: 239 823 491;

e-mail: [email protected]

EXPOSIÇÕES NOS MUSEUSNo Museu da Física estão em curso as se-

guintes acções: “Museu dos Pequenitos”,

para crianças dos 6 aos 9 anos (grupos de

20 elementos: 25 Euros); “Estórias da

História em imagens de encantar”, dos 6

aos 12 anos (20 elementos: 25 Euros);

“Toca a experimentar”, dos 12 aos 15 anos

(20 elementos: 25 Euros); “Visita Geral

orientada”, para alunos do 3º Ciclo do

Básico e do Secundário (20 elementos: 25

Euros); “Óptica no Museu”, para grupos do

Ensino Secundário (20 elementos: 30

Euros); “Oriente-se!” para grupos do Ensino

Secundário – Exposição interactiva, com

réplicas de instrumentos (20 elementos: 30

Euros). Marcações: De segunda-feira a

sexta-feira, das 10h00 às 19h30; pelos

telefones 239 410 602/672. Mais informações

em http://www1.fis.uc.pt/museu/index.htm.

No Museu Mineralógico e Geológico está

o “Chalé Pedrosa”, local cenografado onde

se representa uma recriação da vida na

Idade da Pedra, que tem como público-alvo

a primeira infância.

No Museu Zoológico decorre um ateliê

didáctico intitulado “Era uma vez uma

fábula”, para crianças dos 6 aos 10 anos, à

quarta.feira, das 14h00 às 16h00 (com

marcação prévia). Visitas escolares também

com marcação prévia (informações pelo

telefone 239 491 650, fax 239 826 798, e-

mail [email protected]). Dias úteis, das

09h30 às 12h30 e das 14h00 às 17h00.

Encerra aos fins-de-semana e feriados.

Geral = 4 Euros, Estudante = 3 Euros,

Sénior = 2 Euros, Crianças até 6 anos = 2

Euros (em grupo escolar), gratuito (em

grupo familiar).

VISITA AO OBSERVATÓRIOPor último, registe-se a possibilidade de

ir até ao Observatório Astronómico, com

visitas de estudo ao Espectroheliografo às

terças-feiras, quarta-feiras e quinta-feiras,

com início às 14,15 horas. Necessita de

marcação précia (telefones 239 802 370/5)

e 35 é o número máximo de alunos por

grupo.

BOAS SUGESTÕES PARA AS FÉRIAS DA PÁSCOA

Muitas iniciativas para crianças e jovens

Page 23: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

23Jornal da UniversidadeAbril 2006

PUBL IC IDADE

Page 24: Jornal da Universidade de Coimbra – Abril 2006

24 Jornal da UniversidadeAbril 2006

ÚLT IMAIm gensa

Fotos de Dinis Manuel Alves

Céu de Coimbra12 de Março 2006, 06:48