jornal da ufrn - junho de 2013 - ano xv nº 62

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ano XV | nº 62 | junho de 2013 - distribuição gratuita Diretoria de Meio Ambiente conscientiza comunidade universitária Página 3 Escola Agrícola de Jundiaí capacita alunos e combate desemprego no campo Página 9 Administração Pública é tema de debate durante XVIII Seminário do CCSA Página 11 UFRN cria curso de Medicina no interior Nova graduação terá atividades nas cidades de Caicó, Currais Novos e Santa Cruz. Proposta pedagógica atende a demandas da região Páginas 6 e 7

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UFRN cria curso de Medicina no interior (pp. 6 e 7), Diretoria de Meio Ambiente conscientiza comunidade universitária (p. 3), Escola Agrícola de Jundiaí capacita alunos e combate desemprego no campo (p. 9), Administração Pública é tema de debate durante XVIII do CCSA (p. 11)

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Page 1: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

DISTRIBUIÇÃO

GRATUITA

ano XV | nº 62 | junho de 2013 - distribuição gratuita

Diretoria de Meio Ambiente conscientiza comunidade universitária

Página 3

Escola Agrícola de Jundiaí capacita alunos e combate desemprego no campo

Página 9

Administração Pública é tema de debate durante XVIII Seminário do CCSA

Página 11

UFRN cria curso de

Medicinano interiorNova graduação terá atividades nas cidades de Caicó, Currais Novos e Santa Cruz. Proposta pedagógica atende a demandas da região

Páginas 6 e 7

Page 2: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Jornal da UFRN

EXPEDIENTEReitora Ângela Maria Paiva CruzVice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo XimenesSuperintendente de Comunicação José Zilmar Alves da CostaDiretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte GuimarãesJornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Enoleide Farias, HellenAlmeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia CostaFotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy MedeirosRevisão Regina Célia Costa e Karla JisannyFoto de capa Anastácia VazDiagramação Setor de Artes/Comunica

Bolsistas de Jornalismo Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Gaston Poupard, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Kalianny Bezerra, Natália Lucas, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Thalita Sigler, Thyara DiasBolsista de Letras Karla JisannyArquivo Fotográfico Saulo Macedo (bolsista)Endereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115E-mail [email protected] – Home-page www.ufrn.brImpressão EDUFRN Tiragem 3.000 exemplares

ano XV | nº 62 | junho de 20132

Por Juliana Holanda

Á frica. O continente será beneficiado por um projeto de robótica educati­va desenvolvido por pesquisadores

do Laboratório NatalNet da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A equipe foi uma das vencedoras de uma competição internacional para cons­trução de robôs educacionais com custo aproximado de US$ 10 (dez dólares), que serão usados para popularizar a tecnologia em escolas do continente africano.

Organizado pela Rede Africana de Robótica (AFRON, na sigla em inglês), o evento contou com a participação de im­portantes instituições estrangeiras, como a Universidade de Harvard, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts e a Universi­dade da Califórnia em Berkeley.

O robô premiado foi construído pelo professor do Instituto Metrópole Digital da UFRN Rafael Vidal Aroca, como parte de seu doutorado. “É muito gratificante saber que nosso trabalho pode aumentar o interesse dos jovens africanos pela ciência e, quem sabe, até motivá­los a trabalhar na área”, afirma.

Batizada de N­Bot, a estrutura hoje faz parte do acervo da AFRON e recentemente

foi exibida em uma exposição no Museu de Tecnologia da Universidade da Califór­nia em Berkeley, juntamente com outros vencedores da competição.

O N­Bot é tão simples que pode ser construído por qualquer pessoa. “As crian­ças não terão problema em montar o apa­relho. Isso irá auxiliá­las em outras disci­plinas escolares, que podem se tornar mais atraentes para os estudantes com o uso da robótica”, conta Rafael Aroca.

O robô é comandado por sons. “Qualquer computador ou celular pode

controlar o N­Bot. O que importa é a frequência de som que chega ao circuito do robô. Em um simples apertar de tecla, e o aparelho se move”, explica o professor.

Durante o doutorado em robótica educativa, Aroca fez uma pesquisa envol­vendo mais de duzentos estudantes de seis universidades brasileiras. “90% dos entre­vistados disseram que gastariam até R$ 50 para comprar seu próprio robô e 70% afir­maram que as disciplinas escolares seriam mais interessantes se fossem estudadas no contexto de robótica”, relata.

A popularização da tecnologia tem como objetivo aumentar o interesse dos jo­vens de todo o mundo pelo tema. “O setor tecnológico é prioritário para o cresci­mento de um país. A robótica precisa ser divulgada em toda parte, principalmente em países em desenvolvimento, como é o caso da maioria das nações africanas”, diz o pesquisador.

Para o professor da Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN Aquiles Medeiros Filgueira Burlamaqui, um dos criadores do N­Bot, a robótica só crescerá quando a tec­nologia estiver sendo ensinada na base do sistema educacional. “O grande pro blema é a carência de profissionais no Brasil e no mundo. Até 2020, a robótica será uma das áreas de pesquisa mais importantes do mundo e o número de profissionais precisa aumentar”, comenta.

Segundo o coordenador do NatalNet, Luiz Marcos Garcia Gonçalves, o labo­ratório investe em difusão científica há mais de uma década. O objetivo é expor­tar a tecnologia desenvolvida na UFRN, ajudando a quem tem interesse e não tem condições de investir em hardwares de alto custo. “O prêmio é um reconheci­mento de que estamos no caminho certo. O que fazemos aqui é visto como inova­ção não apenas no Brasil, mas em todo o mundo”, analisa.

Laboratório vence competição em robóticaeducativa e exporta tecnologia para a África

INOVAÇÃO

Equipe do laboratório natalnet quer levar tecnologia aos países em desenvolvimento

Fotos: anastácia Vaz

Robôs desenvolvidos pelo natalnet custam uS$ 10 e podem ser construídos por crianças

Page 3: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

ano XV | nº 62 | junho de 20133Jornal da UFRN

Por MaRcoS nEVES JR.

Comemorado todo 5 de junho, o Dia Mundial do Ambiente foi instituído pela Assembleia Geral das Nações

Unidas, na Conferência de Estocolmo, na Suécia, em 15 de dezembro de 1972. No Brasil, porém, a celebração foi ampliada e virou Semana do Meio Ambiente, sempre envolvendo a data original em variadas atividades voltadas para a sustentabilidade.

Seja em um dia ou em uma semana, de acordo com o Programa das Nações Uni­das para o Meio Ambiente, estão entre os objetivos da data mostrar o lado humano das questões ambientais, promover a com­preensão da necessidade de mudança de atitude em relação ao uso dos recursos naturais, além de capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvim­ento sustentável.

Atenta a esses esforços globais, a Di­retoria de Meio Ambiente (DMA), órgão da Superintendência de Infraestrutura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vem desenvolvendo proje­tos voltados para a conscientização da co­munidade acadêmica, público alvo de suas campanhas, por meio do programa DMA Comunica. “A função não é só divulgar, mas, principalmente, educar”, explica Jô Carvalho, coordenadora da iniciativa.

Para cumprir a missão de educar, o DMA Comunica desenvolve projetos ao longo de todo o ano, além de ações pon­tuais, especialmente na Semana do Meio Ambiente. Destacam­se entre esses proje­tos a Cesta Ecológica – conjunto de even­tos que divulga a questão ambiental – e as Exposições Itinerantes e Interativas – res­ponsáveis pela campanha anual de consci­entização da UFRN.

Cesta eCológiCaDesde 2009, quando foi lançada a ini­

ciativa, a Cesta Ecológica é realizada em dois momentos do ano, coincidindo com cada final de semestre letivo. Na primeira edição, acontece vinculada à Semana de Meio Ambiente da UFRN, em junho. Já a segunda se volta para o encerramento das atividades acadêmicas, em novembro.

Mas o fato de o projeto acontecer duas vezes no ano não significa ausência de atividades no espaço de tempo entre as edições. Materiais utilizados nas ações são exibidos nesse intervalo nos setores de au­las, na Biblioteca Central Zila Mamede e no Restaurante Universitário, bem como

na CIENTEC, fechando o ciclo na segunda edição da Cesta.

Com um vasto número de atividades durante o evento, a Cesta Ecológica traba­lha a sensibilização do público de diversas formas, especialmente com arte. Exposições fotográficas, recitais, performances teatrais e apresentações musicais compõem o leque de opções oferecido aos participantes.

Também estão lá os formatos mais tradicionais. Apresentações de trabalhos acadêmicos, banners, projetos e experi­mentos de pesquisa e divulgação cientí­fica. Todos os gostos são contemplados nas ativi dades com o intuito de levar a cons­ciência ambiental e sustentável a um pú­blico cada vez maior e mais diversificado.

De acordo com a organização, a pro­posta de muitos eventos em um mesmo espaço foi pensada para levar à reflexão sobre a questão ambiental de diferentes formas. “O objetivo da DMA é promover vivências e a integração entre os setores da Universidade e estimular o debate”, afirma Jô Carvalho.

E esse modelo tem agradado. Segun­do Eryka Marillya, bolsista do programa DMA Comunica, os debates promovidos a partir das campanhas contribuem de for­ma significativa para o seu envolvimento nas questões ambientais. “Sinto ter uma res ponsabilidade com o meio ambiente. Tenho multiplicado o conhecimento ad­quirido com o desenvolver das campanhas levando para casa”, conta Eryka.

exposiçõesNa primeira edição deste ano da Cesta

Ecológica, entre os dias 5 e 7 de junho, a DMA realizou o lançamento da campanha de 2013, no Centro de Convivência Djalma Maranhão, no Campus Central da UFRN. Sob o nome “Químicos, Nós Precisamos. Como Utilizamos?”, o tema do tratamento de resíduos químicos é fruto de pesquisas e visitas de campo do projeto de extensão Exposições Itinerantes e Interativas, nas quais se constatou a relevância do assunto em setores da Universidade.

Entre os locais visitados estão os labo ratórios da Diretoria do Instituto de Química e o de Biofísica e Farmacologia do Centro de Biociências, o Hospital Uni­versitário Onofre Lopes (HUOL), a Ma­ternidade Escola Januário Cicco (MEJC) e o Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (NUPLAM). Esses são os principais alvos das ações pelo fato de, em decorrência de suas atividades, gerarem resíduos químicos.

Anualmente, a UFRN produz 10 toneladas de detritos com potencial perigoso ao meio ambiente e à saúde hu­mana, de acordo com dados da Superin­tendência de Infraestrutura. Por isso os painéis da exposição apresentam a im­portância e a presença das substâncias no dia­a­dia, informando como o geren­ciamento deve ser feito e as diretrizes le­gais para garantirem o manejo correto e prevenirem acidentes.

Com isso, a pretensão é tornar o manuseio e o descarte corretos para esses materiais cada vez mais difundidos no co­tidiano universitário. Em seus materiais a campanha apresenta alternativas baseadas

nos chamados cinco R’s da educação am­biental: “Repensar”, “Recusar”, “Reduzir”, “Reutilizar“ e “Reciclar”.

Os cinco R’s consistem nas seguintes condutas: repensar a forma de consumo, produção e descarte adotados; recusar possibilidades que gerem impactos ambi­entais significativos; reduzir os desperdí­cios, preferindo produtos menos residuais e de maior durabilidade; reutilizar um ma­terial antes de descartá­lo, evitando que vá para o lixo o que pode ser reaproveitado e, finalmente, reciclar materiais, iniciando um novo ciclo sustentável.

Em anos anteriores, o projeto abor­dou os temas “Não abandone animais no Campus” (2012), “Nem tudo que é sólido desmancha no ar” (2011), “Biodiversidade no Campus: fauna e flora em equilíbrio. Equilíbrio?” (2010) e “Para você o que é essa tal sustentabilidade?” (2009).

Jô Carvalho avalia positivamente os resultados alcançados pelas exposições, uma vez que vêm conseguindo “aproxi­mar a comunidade universitária desses temas e promover uma maior integração entre parceiros envolvidos com o estudo e pesquisa em torno de questões ambien­tais importantes”.

Sobre a implicação das ações da DMA na sociedade, Jô explica que, embora as atividades sejam realizadas apenas com pessoas ligadas à UFRN, a conscientização chega também a outros públicos. “É ne­cessário limitar o alvo das campanhas por questões logísticas, mas as pessoas levam a mensagem para suas casas, aplicam e mul­tiplicam novas práticas”, afirma.

Projetos da Diretoria de Meio Ambiente promovem ações educacionais com a comunidade universitária

CONSCIENTIZAÇÃO

Projetos são desenvolvidos ao longo de todo o ano e visam à conscientização. Exposições abordam a questão ambiental de diferentes formas

Wallacy Medeiros

Page 4: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Jornal da UFRN ano XV | nº 62 | junho de 2013

NOTASDocênciaa Medida Provisória 614, assinada em maio pela presidenta dilma Roussef, altera a estruturação do Plano de carreiras e cargos de Magistério Federal. a partir de agora é exigida a titulação de doutor para quem pretende ingressar na carreira docente nas instituições públicas federais. a MP modifica a lei nº 12.772, de 28 de dezembro de 2012, a qual tirava a exigência de pós-graduação em concurso para contratação de novos professores. a Medida atende propostas apresentadas ao Governo pela caPES, SBPc, andifes e Proifes.

Inovaçãoa Revista Brasileira de inovação Tecnológica em Saúde (R-BiTS) traz em sua primeira edição de 2013, artigo sobre o projeto E-Guia, sistema desenvolvido pela uFRn, que traz informações aos deficientes visuais que utilizam transportes urbanos, especificamente ônibus,por meio da utilização dos dispositivos móveis. o E-Guia já mereceu destaque no Boletim Especial, publicação eletrônica da agência de comunicação (aGEcoM). Para ler o artigo acessar: http://www.periodicos.ufrn.br/index.php/reb/index.

Inovação 2a Escola agrícola de Jundiaí (EaJ) também trabalha em um projeto denominado identificador audível de locais e objetos (ialo), que oferece maior autonomia para os portadores de necessidades especiais do sistema visual. de acordo com o professor orientador do projeto Josenalde oliveira, o ialo tem transmissores que transformam a mensagem visual em áudio e é ideal para locais públicos, como os corredores de supermercados. a EaJ apresentou o invento na Expo Milset Brasil, realizada em maio, em Fortaleza-ce.

Educaçãoo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) do centro de Educação (cE) anuncia para novembro, de 11 a 14, o 7º Seminário Educação e leitura: desafios e criatividade (SEl), no Hotel Praiamar, em natal. na programação, 20 minicursos, além de simpósios coordenados por associações científicas parceiras, como a associação de leitura do Brasil (aBl) e a associação nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em letras e linguística (anPoll), por meio do Grupo de Trabalho leitura, literatura infantil e Juvenil. o Seminário tem apoio da caPES, cnPq e FaPERn. informações: http://www.seminarioeducacaoeleitura.com.br/apresentacao.

Por luciano GalVão

Um centro de informações estatísti­cas sobre os estudantes da Univer­sidade. Um repositório de dados

acerca do acesso ao ensino superior. Uma coleção de estudos a respeito da realidade da educação no Rio Grande do Norte. Esse é o Observatório da Vida do Estudante Universitário (OVEU), página da internet desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que possi­bilita a consulta de estatísticas sobre os alu­nos da Instituição.

Dados acerca dos cursos, caracte­rísticas socioeconômicas dos discentes, sua trajetória escolar e seu desempenho acadêmico são informações que podem ser encontradas no OVEU. O propósito da ferramenta é tornar disponíveis estatísti­cas que fundamentem estudos científicos e contribuam para o conhecimento sobre as pessoas que ingressam na Universidade.

Criado em 2004 pelo Núcleo Per­manente de Concursos (COMPERVE) da UFRN, o Observatório guarda ainda monografias, teses e dissertações que abordam a temática educacional e que tenham sido desenvolvidas a partir de da­dos fornecidos pela COMPERVE. Além disso, podem ainda ser acessadas provas de vestibulares organizados pelo Núcleo desde 1977.

“O Observatório é uma fonte de infor­mação muito rica”, afirma Iloneide Ramos, professora do Departamento de Estatística da UFRN e coordenadora de Estatística da COMPERVE. Iloneide salienta que a iniciativa tem também como objetivo dar subsídios aos gestores universitários para o planejamento de projetos e de ações de as­sistência ao estudante.

A base de dados do OVEU é mantida com informações colhidas por meio do

formulário de inscrição do Vestibular da UFRN, no qual, além de escolher o curso que irá concorrer, o candidato a uma vaga na Universidade responde também a uma série de perguntas que traçam seu perfil econômico e social.

A partir de 2014, no entanto, o Obser­vatório precisará passar por adaptações em sua estrutura. Desse ano em diante, o ingresso nos cursos de graduação da Ins­tituição se dará exclusivamente por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), prova realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio­nais Anísio Teixeira (INEP), não havendo mais o vestibular tradicional.

“O INEP possui dados socioeconômi­cos dos candidatos do ENEM e disponibi­liza todos eles para as universidades. Nós temos uma senha que dá acesso a essas in­formações e estamos estudando as manei­ras de aproveitá­las”, conta Iloneide Ramos.

exemploA iniciativa da COMPERVE inspirou

outras instituições. A Secretaria de Esta­do da Educação e da Cultura (SEEC) do

Rio Grande do Norte estuda a possibili­dade de desenvolvimento de ferramenta semelhante para a Rede Estadual de En­sino. Além disso, as universidades fede­rais de Sergipe (UFS) e do Ceará (UFC), assim como a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), também demonstraram interesse em executar um trabalho no mesmo sentido.

Karine Symonir, aluna do mestrado em Demografia da UFRN que trabalhou no desenvolvimento do OVEU, explica que, no caso da UNEB, o interesse sur­giu por meio do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD), pro­jeto que visa à promoção do intercâmbio científico entre as instituições de ensino superior brasileiras.

Em 2012, Karine e Daniel Ambrósio, programador da COMPERVE, visitaram a universidade, que tem sede em Salvador, para colaborar na produção de um obser­vatório daquela instituição. Daniel conta que, na oportunidade, foram ministrados treinamentos com professores e servidores da UNEB e apresentadas palestras com o relato da experiência na UFRN.

soliCitaçõesAlém das informações disponibilizadas

no site, os interessados também podem ob­ter dados por meio de solicitações. Os pe­didos podem ser feitos por pesquisadores vinculados a qualquer instituição de ensino e, em caso de divulgação das informações concedidas, a COMPERVE requer como contrapartida a entrega de uma cópia do trabalho desenvolvido para ser publicada no Observatório.

O OVEU pode ser acessado no endereço www.comperve.ufrn.br por meio da opção “Observatório da Vida do Estudante Universitário” no menu do site. Solicitações de dados podem ser encami­nhadas por e­mail ao endereço [email protected].

Ferramenta da COMPERVE auxilia pesquisadores ao fornecer estatísticas sobre estudantes universitários

EDUCAÇÃO

Wallacy Medeiros

Estatística iloneide Ramos: “observatório é uma fonte de informação muito rica”

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Site abriga informações valiosas para pesquisas e ações acadêmicas

Reprodução

Page 5: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Por Juliana Holanda

Fazer todo o ensino fundamental e médio tendo como única fonte de in­formação os ensinamentos repassa­

dos pelos professores em sala de aula. Essa é a realidade de muitos estudantes brasileiros que possuem necessidades especiais.

Para garantir que todos os alunos te­nham igualdade de condições no acesso ao material didático, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) criou o Laboratório de Acessibilidade. O espaço existe há dois anos, e, atualmente atende a pessoas com transtorno bipolar, com déficit de atenção e com deficiência visual parcial ou total.

O presidente da Comissão Perma­nente de Apoio a Estudantes com Neces­sidades Educacionais Especiais (CAENE) da UFRN, Ricardo Lins, conta que todos os que necessitam do serviço estão sendo atendidos. “Temos que nos adequar às diferenças. Cada um tem uma singulari­dade e isso precisa ser respeitado”, defende Lins.

Localizado na Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), o laboratório conta com computadores, notebooks, scanners, impressoras, lupas, gravadores e sistemas especializados que possibilitam a conversão de textos em formatos digitais ou impres­sos de forma adaptada a cada necessidade.

“Nosso trabalho é pegar o conteúdo que é ministrado em sala de aula, digitalizar e devolver para o aluno de forma que fique melhor para seu estudo”, esclarece o coor­denador do local, Sidney Soares Trindade.

Os documentos podem ser transfor­mados em Braille, impressões ampliadas, áudio e arquivos digitais, que permitem tanto a ampliação das letras em computa­dores quanto a leitura do material por pro­gramas gratuitos, disponíveis na internet.

“Na maioria das vezes, o atendimento é feito a distância e o material é enviado por e­mail”, explica o coordenador. “Nosso

objetivo é facilitar a vida dos universitári­os”, complementa. Sidney é deficiente vi­sual e sabe a importância do trabalho do laboratório para os usuários. “Sei como a integração é um processo importante. En­tendo bem esses estudantes porque passei por situações semelhantes”, afirma.

Um dos beneficiados é o aluno do 5º período de História Arthur Cavalcante da Silva. “O Laboratório de Acessibilidade mudou minha vida”, afirma. “Antes eu só

tinha acesso à informação de sala de aula e procurava alguma coisa na internet como uma videoaula, mas eu não tinha nenhu­ma autonomia de leitura”, enfatiza.

Só ao chegar à UFRN, Arthur passou a ter acesso a textos impressos e em áudio. “O serviço que mais uso aqui é o da digi­talização. Tenho que ler muita coisa”, des­taca. Os novos recursos potencializaram a educação do jovem. “Consigo me manter acima da média da turma”, ressalta.

Notebooks e tabletsA UFRN também disponibiliza note-

books para alunos carentes que possuem deficiência visual. Eles ficam com os com­putadores adaptados às suas condições, durante toda a graduação, tendo acesso integral ao conteúdo de seu curso.

“Os estudantes passam por uma ava­liação, recebem o material ajustado às necessidades, assinam um termo de com­promisso e de responsabilidade e passam o semestre todo com o aparelho, renovando [o empréstimo] até o final da graduação”, explica o presidente da CAENE.

Até o final deste ano, o Laboratório de Acessibilidade da UFRN também deve oferecer tablets aos seus usuários. O ma­terial está em processo de licitação e irá beneficiar principalmente os universi­tários que necessitam de escrita ampliada, que terão acesso a um material mais leve, economizando uma grande quantidade de papel usada para impressão aumentada.

A estudante do 4º período de Pedago­gia Erlane Cristhynne Felipe dos Santos, que possui deficiência visual, utiliza o ser­viço desde que ingressou na Universidade e aguarda ansiosamente pelos tablets.

“Durante toda a minha trajetória esco­lar eu nunca tive nenhum apoio. Sempre precisei me virar e quando cheguei aqui na Universidade fiquei muito feliz em saber que teria esse auxílio”, conta.

Erlane virou bolsista de apoio técnico e é responsável pela digitalização de tex­tos. A futura pedagoga afirma que o labo­ratório é um suporte fundamental que garante sua permanência no ensino supe­rior. “Meu rendimento acadêmico é muito melhor”, diz.

O Laboratório de Acessibilidade da UFRN funciona das 8h às 22h, de segunda a sexta­feira. Alunos que tenham inte resse em utilizar o serviço devem procurar os coordenadores de seus cursos, que são os responsáveis pelo encaminhamento à CAENE. Visitas devem ser agendadas pelo telefone (84) 3342.2501 ou pelo site www.caene.ufrn.br.

ano XV | nº 62 | junho de 20135

Sydney Trindade, coordenador do laboratório: “nosso objetivo é facilitar a vida dos universitários”

Jornal da UFRN

ENSINO

Textos didáticos são impressos de forma adequada às necessidades de cada aluno.

Laboratório de Acessibilidade da Zila Mamedegarante autonomia a estudantes com necessidades especiais

“Temos que nos adequar às

diferenças. cada um tem uma

singularidade e isso precisa ser

respeitado“

Ricardo Lins

Presidente da Comissão de

Apoio a Estudantes com

Necessidades Especiais

Fotos: anastácia Vaz

Page 6: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Por WillianE SilVa

Para cada 10 mil norte­riogran­denses há aproximadamente 14 médicos. Já na Região Sudeste,

que possui a melhor distribuição de pro­fissionais no Brasil, a proporção é de 26 para cada 10 mil habitantes.

Considerando a má distribuição de médicos nas diferentes regiões do País e a necessidade de fixar especialistas em saúde fora das capitais, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) oferece, a partir de 2014, o curso de Me­dicina no interior do estado.

A nova graduação é uma proposta multicampi, o que significa que terá atividades desenvolvidas em mais de uma sede: no Centro Regional de Ensino Superior do Seridó (CERES), que tem campi situados nos municípios de Cai­có e Currais Novos, e na Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), localizada em Santa Cruz.

“O desafio era criar um curso com modelo pedagógico em consonância com as demandas de saúde da popula­ção para formar profissionais que fa­çam promoção, prevenção, recuperação e reabilitação”, explica a vice­reitora da UFRN, Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes.

“Além das necessidades médicas e estruturais, também levamos em consi­de ra ção a posição geográfica dos mu­nicípios envolvidos”, esclarece a vice­reitora, que é também coordenadora da Comissão para Implantação do Curso de Medicina e seu Projeto Pedagógico.

Para Fátima Ximenes, o curso nasce com a preocupação de formar médicos com habilidades técnicas e que possam aprender convivendo com a comuni­dade. “Nossa missão é formar profissio­nais tão bons quanto os que estudam em Natal e que além das competências téc­nicas possam desenvolver atitudes ético­humanistas”, reforça.

Como o panorama da saúde no Trai­ri e no Seridó é diferente da realidade da capital, foi preciso criar um projeto pedagógico diferenciado, mas que obe­decesse às Diretrizes Curriculares Na­cionais. “É preciso respeitar as especifi­cidades de cada local para entender as necessidades dos pacientes”, explica a vice­reitora.

Segundo o coordenador do curso de Medicina do CERES/FACISA, George Dantas, a nova graduação terá um mé­todo inovador. “O curso será organizado em cinco módulos por semestre com

quatro semanas de duração cada”.George explica que o projeto peda­

gógico será baseado no método PBL, si­gla inglesa para Problem-Based Lear ning (aprendizagem baseada em problemas), metodologia que usa como ferramenta de ensino situações que precisam ser solucionadas pelos alunos. O objetivo é ter um programa com uma técnica constante de ensino e dar ao estudante a oportunidade de aprender e vivenciar, ao mesmo tempo, um assunto.

O professor diz ainda que o foco é integrar o conjunto de disciplinas inici­ais, chamado de ciclo básico, com o ciclo clínico – componentes curriculares es­pecíficos como ginecologia, oftalmologia e cardiologia. “O aluno não vai estudar de forma isolada a Fisiologia do Cora­ção, por exemplo. Ele terá contato com um paciente com problema de pressão arterial e estudará o que é preciso para tratá­lo”.

Outro diferencial é que a graduação terá forte vínculo com o Sistema Único de Saúde (SUS), pois desde os primeiros módulos os discentes estarão presentes nos hospitais da rede pública. “Nosso aluno vai aprender no cenário real. Ele vai estudar e trabalhar na comunidade”, enfatiza.

trajetóriaA preocupação de oferecer educa­

ção médica de qualidade em interação

com a comunidade é histórica na UFRN. Criada em 1958 e transformada em uni­versidade federal em 1960, a Instituição

tem tradição na formação de profissionais na área da saúde: seus primeiros cursos foram Farmácia, Odontologia e Medicina.

Trabalhos da comissão para implantação do curso de Medicina desencadearam série de reuniões e audiências públicas nas cidades sede

Vice-reitora Fátima Ximenes: “curso está em consonância com demandas da população“

ano XV | nº 62 | junho de 20136Jornal da UFRN

EXPANSÃO

UFRN cria curso de Medicina no interior para suprir carência de médicos na regiãocione cruz

cícero oliveira

Page 7: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Com o objetivo de interiorizar o ensi­no e a prática, em 1966 – durante a gestão do médico Onofre Lopes –, foi criado o Centro Rural Universitário de Treina­mento e Ação Comunitária (CRUTAC). O projeto piloto foi instalado em Santa Cruz, cidade localizada na região Agreste Potiguar, e realizou experiências na aten­ção médico­social à população rural e serviu como modelo para outros estados.

Seguindo a política de expansão, recentemente posta em prática com o Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), foi possível investir na criação dos cursos de Gestão Hospitalar e de Gestão em Siste­mas de Saúde, além da implantação da Faculdade de Ciên­cias da Saúde do Trai­ri, em 2008, também em Santa Cruz, que hoje funciona com os cursos de Nutrição, Enfermagem e Fisioterapia.

Em junho de 2012, o Ministério da Educação (MEC) disponibilizou 1.615 vagas de Medicina no país, principal­mente, para cidades do interior do Norte e Nordeste, devido à baixa rela­ção entre o número de médicos por ha­bitante e a distribuição geográfica dos cursos existentes.

Após a determinação do MEC, a UFRN instituiu a Comissão para Im­plantação do Curso de Medicina e seu Projeto Pedagógico, com a participação da Pró­Reitoria de Graduação (PRO­GRAD), da Pró­Reitoria de Planeja­mento (PROPLAN) e dos professores do curso de Medicina de Natal.

A comissão desencadeou uma série de reuniões e audiências públicas nas cidades de Caicó, Santa Cruz e Currais

Novos, com o intuito de discutir a im­plantação do novo curso com gestores públicos, profissionais da saúde, estu­dantes, professores e a comunidade.

A nova graduação, que foi aprovada pelos Conselhos Superiores da UFRN e pelo MEC, tem previsão de início das atividades para o segundo semestre de 2014, com a oferta de 40 vagas anuais e uma duração de seis anos. Inicialmente, a expectativa é abrir concurso para pro­fessores com 42 vagas. Para este ano, serão investidos R$ 14.016.483 em o bras e equipamentos, R$ 8.292.870 em re­

cursos humanos e R$ 4.918.320 em custeio do curso.

Os elementos que nortearam a concep­ção do curso foram o Plano de Desenvolvi­mento Institucional (PDI), o Plano de Gestão 2011­2015, e as Diretrizes Curricu­lares Nacionais

DaDosDe acordo com a Demografia Médica

do Brasil, estudo organizado pelo Con­selho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Es­tado de São Paulo (CREMESP), em 2011, a média nacional de médicos registrados por mil habitantes no Brasil é de 1,95. O Sudeste aparece com 2,61, sendo a me­lhor distribuição de profissionais entre as regiões brasileiras. Já o Nordeste está com 1,19, à frente apenas no Norte.

No mesmo ano, o Rio Grande do Norte registrou uma média de 1,39, sendo a unidade federativa que possui a segunda melhor distribuição na região, perdendo apenas para Pernambuco com 1,51. Porém, os potiguares estão em 13º lugar entre os 27 estados brasileiros.

7Jornal da UFRN ano XV | nº 62 | junho de 2013

Em currais novos, projeto foi discutido com gestores públicos e a comunidade

UFRN cria curso de Medicina no interior para suprir carência de médicos na região Baixe agora o aplicativo do Jornal da UFRNDisponível no Google Play

[ ]nova graduação oferecerá 40 vagas. atividades terão início no segundo semestre de 2014

Wallacy Medeiros

Page 8: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Por luciano GalVão

Ser um espaço onde se pensa o bem­estar da sociedade. É essa a pro­posta do Grupo de Estudos da Se­

guridade Social e Trabalho (GESTO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Criado em 2009, por iniciativa do professor Zéu Palmeira Sobrinho, do Departamento de Direito Privado da UFRN, o Grupo se propõe a fomentar, dentro do espaço acadêmico, o debate a respeito dos Direitos Sociais – conjunto de garantias fundamentais que per­mitem aos cidadãos uma vida digna e em condições de igualdade dentro de uma sociedade democrática.

Para o professor, debater questões do Direito do ponto de vista dos menos favo­recidos é obrigação de uma universidade pública. “Queríamos trazer um viés de soli­dariedade para o curso de Direito”, afirma.

“Na nossa área, temos várias bases de pesquisa voltadas para o mercado, como aquelas que estudam royalties do petróleo e Direito Empresarial. Mas, como ficam as pessoas que realmente precisam da Universidade?”, indaga Palmeira, atual­mente coordenador de pesquisa e exten­são do GESTO.

Idosos expostos a situações de cruel­dade, crianças obrigadas a trabalhar, pro­fissionais acidentados no exercício de suas ocupações, pessoas vítimas de dis­criminação e alcoólatras são exemplos de indivíduos que necessitam de apoio da Institui ção, citados pelo pesquisador.

Além de mesas­redondas, projetos, minicursos, exibições de filmes e orienta­ção de trabalhos científicos, o Grupo pro­move semestralmente o Seminário de Se­guridade Social e Trabalho, oportunidade em que profissionais de áreas diversas são convidados para debater assuntos jurídicos que estejam em discussão na sociedade.

A nona edição do Seminário discutiu o trabalho doméstico e o sistema previden­ciário brasileiro. O evento aconteceu no final de abril, mês em que foi promulgada pelo Congresso Nacional a Emenda Cons­titucional nº 72, que alterou a Constituição e estendeu a empregados domésticos os direitos trabalhistas que já eram assegura­dos aos demais profissionais.

Anderson Lanzillo, coordenador do GESTO e, também, docente do Departa­mento de Direito Privado, destaca o caráter

pluralista do evento. “A contribuição de pessoas de várias áreas, que lidam de ma­neiras diferentes com os problemas, nos dá uma visão mais ampliada da realidade e nos permite ir além das estatísticas”, re­lata o professor. “Muitas vezes não basta responder a perguntas, mas é preciso le­vantar novas questões”.

Lanzillo considera positivos os resul­

tados do último Seminário, que debateu temas como os desafios da fiscalização, as maneiras de garantir condições adequadas de trabalho e formas de evitar a exploração de mão­de­obra infantil no ambiente do­méstico. “O auditório em que aconteceram as palestras ficou lotado. Isso revela que há interesse da comunidade universitária so­bre o tema”, diz.

O coordenador ressalta que a colabo­ração com o Grupo não é restrita aos alu­nos e professores de Direito, embora sejam eles, atualmente, a maioria dos compo­nentes. Para Anderson, a participação de pesquisadores com outras formações en­riquece as análises. “O que não queremos é chover no molhado”, enfatiza.

iNíCioA ideia de formar o Grupo de Estudos

da Seguridade Social e Trabalho nasceu em 1995, quando o professor Zéu Palmei­ra Sobrinho ainda lecionava na Univer­sidade Federal da Paraíba (UFPB). Lá, o pesquisador reunia docentes e alunos para discutirem temas relativos aos direitos hu­manos e assuntos relacionados à matéria.

Em 2009, ao transferir­se para UFRN, Palmeira se dispôs a dar continuidade aos estudos na Instituição. O coordenador do GESTO, Anderson Lanzillo, conta que não havia na Universidade uma proposta de análise e discussão dos Direitos Soci­ais. “Trouxemos esse debate para dentro da Universidade”.

Segundo Zéu Palmeira Sobrinho, as ações desenvolvidas pelos integrantes se­guem a orientação teórica de Paulo Freire, pedagogo pernambucano mundialmente reconhecido por destacar o potencial emancipador da educação. “Tentamos fazer uma leitura crítica do mundo, para pensar maneiras de promover a dignidade humana”, explica Palmeira.

O pesquisador destaca que, apesar de os estudos resultarem em uma boa quan­tidade de trabalhos acadêmicos, não há cobrança no que diz respeito à produ­tividade dos membros. “Estamos mais preocupados em criar um espaço para a reflexão”, explica.

Para o professor, as produções rea­lizadas dentro do Grupo estimulam os estudantes a inserirem­se na realidade de maneira profunda e geram oportunidades para que os alunos possam comparar os elementos teóricos vistos em sala de aula com os fatos sociais.

Zéu Palmeira Sobrinho revela que o próximo passo do GESTO é institucio­nalizar­se como uma base de pesquisa e, a partir daí, fundar um programa de pós­graduação em Direitos Sociais na UFRN.

“Até aqui não contamos com muitos recursos financeiros e nosso projeto ainda é algo muito franciscano. Queremos que a Universidade seja produtora de um co­nhecimento que ajude às pessoas que pre­cisam”, afirma o professor.

Grupo de Estudos da Seguridade Social e Trabalhoquer aproximar Universidade dos menos favorecidos

DIREITO

ano XV | nº 62 | junho de 20138Jornal da UFRN

Para anderson lanzillo, coordenador do Grupo, debates oferecem visão ampliada da realidade e trazem discussão dos direitos Sociais para dentro da universidade

“Queremos que a universidade seja

produtora de um conhecimento que

ajude às pessoas que precisam“

Zéu Palmeira Sobrinho

Idealizador do Grupo de Estudos

da Seguridade Social e Trabalho

anastácia Vaz

Wallacy Medeiros

Page 9: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Por GaSTon PouPaRd

Desde 2011, a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), unidade acadêmica especializada em ciências agrárias

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), forma alunos pelo Pro­grama Nacional de Acesso ao Ensino Téc­nico e Emprego (PRONATEC).

No primeiro ano, a Escola localizada no campus Macaíba formou 345 alunos. Em 2012, esse número subiu para 8 mil e para 2013, a previsão é atender a 18 mil estu­dantes, segundo informa João Inácio Filho, coordenador estadual do Programa no RN.

O PRONATEC oferece cursos volta­dos para públicos com diferentes neces­sidades. Os Cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) são oferecidos a alunos que concluíram ou estão cursando o En­sino Médio em escolas públicas e que se­jam beneficiados por projetos sociais do Governo Federal. Nesse caso, os cursos acontecem de maneira concomitante com o ensino médio.

Já os Cursos Técnicos (TEC) destinam­se a alunos concluintes do Ensino Médio ou a profissionais que já estejam no mer­cado de trabalho.

De acordo com João Inácio Filho, a iniciativa investe recursos na capacitação profissional para levar os alunos ao mer­cado de trabalho formal o mais breve pos­sível. Segundo o coordenador, a ação é uma resposta rápida e eficaz para a falta de mão­de­obra qualificada no campo.

NúmerosNo Rio Grande do Norte, a EAJ é o cen­

tro das atividades do PRONATEC desde 2011. Atualmente, o Programa está pre­sente em 32 municípios do estado, e poderá

alcançar 50 cidades ainda neste ano.Independentemente da mudança de

gestores nos municípios, a Escola Agrícola de Jundiaí mantém as atividades com o objetivo de suprir a escassez de profissio­nais especializados no mercado. Com isso, a unidade quer combater o desemprego no campo e garantir a ocupação de vagas no mercado formal.

Para explicar a dimensão da iniciativa, João Inácio diz que existem dois tipos de instituições atendidas pelo PRONATEC: aquelas que solicitam cursos – as deman­dantes – e as que oferecem a formação – as ofertantes.

Prefeituras e secretarias de educação

estaduais e municipais são as demandan­tes, enquanto as ofertantes são as institui­ções de ensino credenciadas pelo Pro­grama, como a Escola Agrícola de Jundiaí.

A definição dos cursos oferecidos surge das necessidades detectadas no mer­cado e a demanda por profissionais é afe­rida por meio das solicitações feitas pelas prefeituras. Com base nessas informações, a EAJ planeja e fomenta a abertura de no­vas turmas de ensino técnico que supram as carências identificadas.

Para tanto, são abertos editais de seleção de professores que atendam aos requisitos e que, de preferência, sejam provenientes da mesma região na qual o curso acontecerá.

As formações mais solicitadas são as de Auxiliar Administrativo e de Informática, havendo também demanda para capacita­ções mais específicas, como a de Turismo, solicitada em Touros, cidade litorânea do norte do estado.

preseNça Na área ruralJoão Inácio Filho lembra que os cursos

técnicos ofertados pelo PRONATEC le­vam o saber para além dos muros da Uni­versidade. “Agentes, professores e supervi­sores vão onde existirem alunos dispostos a aprender ou a se qualificar. Os educado­res estão presentes nos assentamentos, vi­larejos e comunidades rurais” diz o coor­denador estadual do Programa.

A ação incentiva também o empreen­dedorismo nas regiões em que atua. “O cenário mudou”, afirma João Inácio ao co­mentar sobre a atividade econômica dos locais. “O comércio aqueceu porque a ren­da das pessoas tende a subir e a circulação de bens, produtos e serviços funciona de maneira mais dinâmica. Isso acaba benefi­ciando de maneira direta o setor varejista dos municípios”, afirma o coordenador.

Devido aos diferentes perfis de alunos do PRONATEC, os métodos de apren­dizagem do Programa não são uniformes. Entre os estudantes, é possível notar pes­soas de distintas idades: adolescentes, jo­vens e adultos.

João Inácio explica que cada discente tem características de aprendizado especifi­cas, e que isso precisa ser levado em consi­deração. “O aluno que já está trabalhando e saiu do ambiente acadêmico há tempo não é o mesmo que vem acompanhando os es­tudos com certa frequência”, aponta.

“Muitos ficam tímidos e precisam tra­balhar a autoestima para que se sintam in­centivados a voltarem à sala de aula”, explica o coordenador estadual do PRONATEC.

Escola Agrícola de Jundiaí combate desemprego no campo ao capacitar mão de obra para o mercado formal

ENSINO TÉCNICO

ano XV | nº 62 | junho de 20139Jornal da UFRN

Para João inácio Filho, coordenador do PRonaTEc, ação é resposta eficaz à falta de qualificação

Fotos: anastácia Vaz

Escola agrícola de Jundiaí deve atender a 18 mil alunos em 2013 por meio do PRonaTEc

Page 10: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Por THaliTa SiGlER

A dependência química é conside­rada uma doença que atinge o ser humano física, psicológica e so­

cialmente. É caracterizada crônica, pro­gressiva, incurável, porém tratável. Altera o funcionamento normal do corpo de uma pessoa e pode repercutir em todos os âm­bitos de sua vida.

Buscando a prevenção, a assistência e a reinserção de acometidos pelo transtorno tanto na sociedade quanto em suas ativi­dades laborais, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) investe no Programa Por Amor à Vida.

“O que sinto ao participar do grupo é o meu crescimento pessoal, moral e espiri­tual” é o que relata um dos participantes (*). Ele conta a história de um amigo que também faz parte do Por Amor à Vida e hoje é de seus mais antigos componentes.

O homem relata que o amigo tinha cerca de 200 faltas, situação que chamou a atenção do diretor do centro onde tra­balhava. O gestor identificou o problema e, após uma conversa, o encaminhou para o programa e, desde então, o servidor tem conseguido mudar sua participação no ambiente de trabalho.

Atualmente, o Por Amor à Vida possui três linhas de ação: o Grupo de Apoio aos Acometidos pela Doença do Alcoolismo (GADA), o Grupo Familiares de Alcoolista (Al­Anon) e o Narcóticos Anônimos (NA). São realizadas reuniões semanais, separa­damente para cada projeto, na Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS).

A iniciativa surgiu em 1989, após um estudo realizado junto aos servidores da Instituição em que foi detectado um grande número de ausências, afastamen­tos e problemas motivados por dependên­cia química. A proposta tem como base

duas outras atividades desenvolvidas an­teriormente pela UFRN, o projeto Uma Dose de Vida, composto por familiares e alcoolistas, e o Programa de Prevenção à Dependência Química.

O caminho considerado ideal para que alguém faça parte do grupo é através da identificação feita pelas chefias de Departa­

mentos da UFRN. São realizados seminári­os para que esses gestores tomem conhe­cimento do programa, possam identificar possíveis pessoas que tenham dependência química e sejam capacitados a falar com es­ses servidores a respeito e encaminhá­los para o acompanhamento especializado.

A identificação por parte das chefias,

no entanto, não é pré­requisito para par­ticipação nos grupos: os servidores e mem­bros da comunidade que tiverem interesse podem participar sem a necessidade desse intermédio. Mesmo com enfoque em ser­vidores da Universidade, as reuniões são abertas a toda a comunidade.

DivulgaçãoAtualmente a divulgação do pro­

grama, em particular a do projeto Al­Anon, é feita por duas estagiárias do De­partamento de Serviço Social (DESSO), Maria Luiza Oliveira e Rafaela Lemos. São produzidos pelas estudantes mate­riais permanentes de divulgação como panfletos, cartazes e banners.

Antes do início da distribuição do material foi aplicado um questionário a respeito do Por Amor à Vida, além da realização de uma mesa­redonda. Após essas etapas, um novo questionário será aplicado para avaliar o conhecimento da comunidade acadêmica sobre o programa. “Espera­se um resultado positivo a médio e longo prazo”, afirma Maria Luiza.

“As pessoas muitas vezes tem dificul­dade de procurar ajuda e saber da existên­cia de um grupo talvez as incentive a bus­car auxilio”, destaca Rafaela. A estudante ressalta também o valor do trabalho de divulgação, que revela a importância des­sas iniciativas para a vida das pessoas que sofrem direta ou indiretamente com a de­pendência química.

O Por Amor à Vida é desenvolvido pela Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS), pela Pró­Reitoria de Gestão de Pes­soas (PROGESP) e pela Coordenadoria de Apoio Psicossocial do Servidor (CAPS).

Os encontros do GADA acontecem nas segundas­feiras, das 9h às 11h; do Al­Anon, nas terças­feiras, das 15h às 17h; e do NA, nas quartas­feiras, das 9h às 11h.

(*) A identidade dos integrantes foi preservada

Programa Por Amor à Vida ajuda servidores e familiares na luta contra a dependência química

APOIO

ano XV | nº 62 | junho de 201310Jornal da UFRN

Rafaela duarte, assistente social, destaca que ação incentiva pessoas a buscarem auxílio

Fotos: anastácia Vaz

Participantes comemoram recuperação de companheiros e descrevem crescimento pessoal, moral e espiritual

Page 11: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Por luciano GalVão

jornal da uFrN: Qual o perfil do pro­fissional de admi­nistração pública?

Fernando Coe­lho: Em um curso de Administração ou Administração Pública, o aluno normalmente recebe

muitos conhecimentos da área de Admi­nistração. No entanto, também é preciso receber conhecimentos da Política, porque o profissional de Administração Pública precisa entender que muitas vezes o fun­cionamento das organizações não é basea­do simplesmente por um conjunto de leis, mas também por meio de processos políti­cos de tomada de decisão. O gestor tem que saber conviver com esse tipo de ambiente e por isso é necessário ter o que se chama de uma formação técnico­política.

juFrN: o que é uma formação técni­co­política?

Coelho: Durante boa parte do séc. XX, havia separação entre o político e o técnico. Existia a ideia de que os políticos eram pessoas eleitas que apontariam ide­ias, enquanto os técnicos iriam transfor­má­las em projetos. Por muito tempo, de fato, a administração pública funcionou dessa forma.

Ultimamente, começa a se perceber que o perfil do gestor público requer uma formação não apenas técnica: não basta conhecer todos os modelos, instrumen­tos e processos se não se tem capacidade de trabalhar essas questões nas organiza­ções. Se você não vencer resistências, não souber gerir conflitos de interesses e não articular as propostas com determinados atores – sejam eles políticos, membros da sociedade ou mesmo da burocracia – isso não vai para frente. Essa é a ideia do técni­co­político do ponto de vista prático.

juFrN: a uFrN oferece um curso a distância de administração pública que atende a várias cidades do interior do es­

tado. Qual a importância da interioriza­ção da formação?

Coelho: Nos últimos vinte anos, quan­do se discute a reforma do Estado no Bra­sil, as discussões se voltam muito para a União e, em parte, para os estados. A gente

olha muito pouco para os municípios.A partir de 1988, com a nova Consti­

tuição Federal, os municípios receberam uma série de atribuições que antes não tinham. Eles foram levados a cooperar em diversas políticas públicas dos gover­nos federal e estadual sem estarem, muitas vezes, preparados para isso.

Contudo, os políticos começam a per­ceber que, em um ambiente democrático, onde há competição política, eles precisam mostrar resultados para poderem se legiti­mar. O político é eleito para quatros anos e, se não aportar resul­tados, pagará o preço de não ser reeleito ou de não conseguir fazer sucessor.

À medida que per­cebem isso, os prefei­tos se dão conta de que precisam de gente capacitada e de uma boa gestão de recursos para que suas ideias funcionem na prática. Por isso, os mu­nicípios têm se tornado o ambiente por execlência para se pensar a gestão pública nessa década.

Quando os municípios se abrem para isso, o ensino de Administração Pública – que antes se encontrava concentrado nas capitais – precisa começar a se interio­rizar. A Federal do Ceará, por exemplo, abriu o curso de Adminsitração Pública em Juazeiro do Norte, não em Fortaleza. Esse cursos precisam chegar no interior, onde existe um grande contingente de funcionários na gestão municipal que pre­cisam desse tipo de formação.

juFrN: o estado carrega a imagem de ser uma máquina enorme e ineficien­te, enquanto as empresas são vistas como grandes polos de eficiência. isso é uma verdade ou uma falácia?

Coelho: Isso é uma falácia. Há ine­ficiência tanto no setor público quanto no privado. No setor privado há uma estru­tura de poder que pertence a alguém e que vai criar mecanismos de incentivo para se atingir um objetivo.

No setor público não: é o interesse pú­

blico que movimenta as atividades. Nesse ambiente haverá uma série de conflitos, e eles, per se, gerarão ineficiência. A demora faz parte do processo democrático, porque alguns atores concordam com um projeto e outros discordam.

Não quero dizer que no setor público não há deficiências. Elas existem e precisam ser trabalhadas, por exemplo, quando o uso do recurso público acontece sem a ob­servância da qualidade do gasto público.

Acontece que, em uma sociedade como a brasileira, em que não há confi­

ança no Estado e que, ao mesmo tempo, se espera tudo do Es­tado, acaba se criando esse senso comum. Se perguntarmos para qualquer cidadão o que ele pensa da ad­ministração pública, as primeiras palavras que virão na cabeça serão “ineficiência”, “morosi­

dade”, “desperdício” ou “corrupção”.Essa visão é construída do ponto de

vista midiático. Nas páginas empresari­ais vêem­se inúmeras matérias sobre os grandes cases de sucesso, enquanto a res­peito do setor público estão noticiados os grandes cases de fracassso. Mas existem i lhas de excelência no setor público que são polos de eficiência.

juFrN: as universidades federais, de um modo geral, são um exemplo des­sas ilhas de excelência?

Coelho: Do ponto de vista de cumprir suas atividades­fim, sim, não tenha dúvi­da. No entanto, as universidades federais ainda precisam melhorar muito em suas atividades­meio, de maneira a produzir impactos positivos nas atividades­fim.

Dentro das universidades públicas, independente de serem federais ou es­taduais, nós cumprimos muito bem nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Somos referência. Mas se re­pensássemos, por exemplo, as compras, a gestão de pessoas e os processos, aper­feiçoaríamos nosso trabalho, que muitas vezes trava na burocracia.

“As universidades federais são ilhas de excelênciano setor público, mas precisam melhorar suas atividades-meio”

entrevista

ano XV | nº 62 | junho de 201311Jornal da UFRN

Fernando coelho, especialista em gestão pública

anastácia Vaz

Fernando Coelho é doutor em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenador do curso de Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo (USP). A convite do professor Antônio Sérgio Fer-nandes, do Departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Coelho proferiu palestra durante o 18º Seminário de Pesquisa do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), evento que reuniu alunos e professores da Instituição, entre os dias 20 e 24 de maio, em torno de con-ferências, mesas-redondas, exibições de filmes, exposições culturais e minicursos.

Durante a conferência intitulada “A área de administração pública no Bra-sil: alcances, limites e possibilidades”, Fernando Coelho traçou um panorama do

campo no qual é especialista, apresentando o histórico da profissão, o diálogo com outras áreas do saber, a configuração atual do mercado e os desafios futuros da Administração Pública.

Em entrevista ao Jornal da UFRN, o professor falou sobre as competências do gestor público – que vão desde habilidades técnicas à capacidade de articulação política –, sobre a necessidade de interiorização da formação para aperfeiçoar a execução de políticas públicas nos pequenos e médios municípios do estado e sobre o destaque das universidades federais quando se fala em eficiência no setor público. A respeito desse último ponto, no entanto, Coelho faz uma ressalva: “se repensás-semos nossas atividades-meio, aperfeiçoaríamos nosso trabalho”.

[ ]“os cursos de administração Pública precisam chegar no interior, onde há demanda pela formação”

Page 12: Jornal da UFRN - Junho de 2013 - Ano XV nº 62

Por THaiSa MEndonça

Cento e vinte e sete livros. Esse é o número de exemplares da Biblio­teca Setorial do Centro de Ciên­

cias Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) enviados para recupe­ração no Laboratório de Restauração e Conservação (LABRE) do Departamento de História.

São volumes de edições raras – obras de referência das áreas de Psicologia e Ciências Sociais. Alguns, inclusive, não se encontram mais disponíveis no mercado.

De acordo com Margareth Furtado, bibliotecária do CCHLA, embora a quan­tidade de livros seja pequena em relação ao acervo total da Biblioteca Setorial – que conta com mais de 20 mil títulos – a inter­venção de especialistas foi necessária para evitar que exemplares com mofo contami­nassem outros. Foi então que surgiu a ideia de contatar o LABRE, que conta com equi­pe habilitada para esse tipo de atividade.

O trabalho de recuperação teve iní­cio em fevereiro deste ano. Na primeira fase, que corresponde ao diagnóstico e à elaboração de um laudo acerca da situação detectada, ocorreram visitas das restaura­doras Evanucia Gomes, do Laboratório, e Zaira Ferreira, da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM).

Além das restauradoras, também parti­ciparam dessa etapa as professoras Maria de Fátima Vitória de Moura e Vânia Andrade, dos departamentos de Química e de Mi­crobiologia, respectivamente. Na ocasião,

foram dadas instruções a respeito de como tratar a parcela do acervo com problema.

Após a análise do material, o laudo identificou mofo ocasionado por fungos. “Esses fungos geralmente são do próprio ambiente e a recomendação foi que os li­vros fossem retirados do acervo e que fosse feita a limpeza das estantes”, conta Margareth Furtado.

Outro conselho da equipe do LABRE, foi a compra de equipamentos desumidi­ficadores, para melhorar a qualidade do ar dentro da Biblioteca. Segundo a biblio­tecária, a necessidade foi levada ao conhe­cimento do diretor do CCHLA, professor Herculano Campos, que se prontificou em providenciar os equipamentos.

Conceição Guilherme, professora do Departamento de História e coordenadora

do LABRE, revela que o material está sen­do trabalhado aos poucos, tendo em vista a grande quantidade de documentos que circulam pelo Laboratório. “Neste mo­mento o material com mofo está isolado, e os livros estão envoltos em plásticos den­tro das caixas. Mas eles vão passar pelos procedimentos de conservação”, disse.

A primeira etapa do processo cons­ta de uma desinfestação dos fungos. Em seguida é realizada limpeza com algodão e trincha e, depois – a depender da situação dos livros – é feita uma lavagem para a re­tirada dos fungos já tratados. Por último, é feita limpeza com água.

Evanucia Gomes, restauradora do Laboratório, diz que ainda não há um prazo para a conclusão do serviço. “Como nós temos material de outras instituições,

precisamos ir aos poucos. Não podemos ocupar todo o espaço com este trabalho, principalmente desse tipo. Nós temos que tratá­lo a parte e, como estamos a todo va­por com coleções de manuscritos, temos que dividir o tempo”, explica.

HistóriCoO Laboratório de Restauração e Con­

servação de Documentos foi criado em 1988, a partir de um projeto coordenado pelo professor Cláudio Galvão, com a fi­nalidade de iniciar uma política de preser­vação de acervos no Departamento de História.

“Começamos no final dos anos 80, e ao longo dos anos 90, o LABRE foi se consoli­dando, por meio de projetos com a Pró­Reitoria de Pesquisa e, principalmente, a Pró­Reitoria de Extensão”, conta Con­ceição Guilherme.

“Ao longo desses anos a gente só tem crescido, a ponto de termos conseguido Evanucia como restauradora por meio de um concurso. Nós criamos o cargo de restaurador na Universidade, para que pudéssemos atender as demandas do próprio Laboratório e termos um corpo técnico de qualidade como nós temos hoje”, comemora.

Segundo a professora, a parceria entre o Laboratório de Restauração e Conser­vação e a Biblioteca Setorial do CCHLA é de suma importância para fortalecer a política de permanência e valorização das coleções de obras da Universidade. “A gente ajuda na longevidade do acervo e o trabalho conjunto ainda contribui para consolidar a interlocução dentro da própria Instituição”, acrescenta.

Laboratório de Restauração e Conservação recupera obras raras da Biblioteca Setorial do CCHLA

LIVROS

ano XV | nº 62 | junho de 201312Jornal da UFRN

conceição Guilherme, Evanucia Gomes e Margareth Furtado: recuperação valoriza coleções

Fotos: Wallacy Medeiros

Trabalho de recuperação de obras ajuda na preservação de acervos da universidadde