jornal da ufrn - janeiro de 2014 - ano xvi nº 69

12
ano XVI | nº 69 | janeiro de 2014 - distribuição gratuita Reitora Ângela Paiva fala sobre o desempenho da UFRN em 2013 SiSU, obras e prêmios Páginas 3 Autonomia Texto da ANDIFES sobre independência administrativa das universidades vai ao Congresso Nacional Páginas 6 e 7 Música Homenagem da Orquestra Sinfônica da UFRN ao centenário do poeta Vinícius de Moraes Página 12 EBSERH Benefícios na gestão hospitalar e na assistência aos pacientes do Sistema Único de Saúde Página 11

Upload: agecom-ufrn

Post on 24-Mar-2016

232 views

Category:

Documents


16 download

DESCRIPTION

SiSU, Obras e Prêmios - Reitora Ângela Maria Paiva Cruz fala sobre o desempenho da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2013

TRANSCRIPT

Page 1: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

ano XVI | nº 69 | janeiro de 2014 - distribuição gratuita

Reitora Ângela Paiva fala sobre o

desempenho da UFRN em 2013

SiSU, obrase prêmios

Páginas 3

AutonomiaTexto da ANDIFES sobre independência

administrativa das universidades vai ao

Congresso Nacional

Páginas 6 e 7

MúsicaHomenagem da Orquestra

Sinfônica da UFRN ao centenário

do poeta Vinícius de Moraes

Página 12

EBSERHBenefícios na gestão hospitalar e na

assistência aos pacientes do Sistema

Único de Saúde

Página 11

Page 2: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

Por INGRID DANTAS

Oferecer qualidade de vida aos ido­sos. Essa é a meta de um projeto do Departamento de Fonoaudiologia

(DEPFONO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para identi­fi car o risco de disfagia em pessoas maiores de 60 anos.

Intitulada “Triagem para risco de disfa­gia na população idosa”, a ação é desenvol­vida na UFRN desde 2011 e proporciona atendimento de qualidade aos pacientes, além de direcioná­los a especialidades clíni­cas conforme a necessidade de cada um.

Segundo o professor Hipólito Virgílio Magalhães Junior, coordenador do pro­jeto, a ideia surgiu a partir da necessidade de se conduzir uma pesquisa sobre a de­glutição em pessoas atendidas no Setor de Geriatria do Hospital Universitário Ono­fre Lopes (HUOL).

Os pacientes que chegam ao HUOL e possuem queixa ou são diagnosticados com alguma difi culdade de deglutição são en­caminhados para a Clínica Escola de Fono­audiologia, onde são realizadas as consultas do projeto e os serviços de triagem.

Segundo o professor Hipólito Virgílio, os atendimentos são abertos a toda a co­munidade. Portanto, encaminhamentos para a clínica podem vir tanto de ambu­latórios do HUOL quanto por demanda espontânea. Assim, qualquer pessoa que tenha ou que conheça alguém que possua queixas pode marcar uma consulta direta­mente na clínica.

Um dos casos atendidos na Clínica Escola foi o de Geralda Bezerra de Araú­jo, de 93 anos. Após sofrer uma queda

em casa, ela percebeu que estava com difi culdade de falar e com aumento da salivação e procurou o serviço, já que seu caso poderia necessitar da atenção de um atendimento especializado.

Dona Geralda disse que fi cou receosa com sua situação. “Minha maior preocu­pação é não poder mais cantar. Sou muito ativa, gosto de sair, mas não estou podendo

porque tenho medo de cair de novo ou de fi car sem falar”, contou.

Analisada as queixas da paciente, foram realizados procedimentos para identifi car dormência na face e difi culdades para en­golir líquidos, alimentos pastosos e sólidos. Além disso foi procedido um exame para avaliar a capacidade da paciente em harmo­nizar a respiração, a fala e a articulação.

Felizmente, segundo o professor Hipóli­to, o caso não apresentou resultados com­prometedores. Ao fi nal de todos os exames, a equipe clínica constatou a inexistência de anormalidades e a paciente poderá retomar às suas atividades sem preocupações.

norMas e atenDiMentoPara realizar o trabalho dentro dos pa­

drões pretendidos pelo DEPFONO junto aos pacientes, incluindo a aplicação de pro­cedimentos especiais, foram necessários alguns cuidados. A proposta do projeto foi analisada e aprovada por um comitê de ética, atendendo às exigências legais quan­do os estudos envolvem a segurança e o bem­estar de pessoas.

O professor Hipólito Virgílio expli­cou que, para cumprir essas exigências, foi convidado pela professora e geriatra Betina Barbiero Saad para adaptar um protocolo internacional existente para a área, mas que ainda não havia sido aplicado no Brasil.

Foi assim que começou, em 2010, o processo de transculturação, um tra­balho que exigiu esforços para traduzir os procedimentos e adequá­los à realidade brasileira, já que não havia ainda nenhum protocolo semelhante válido no país. Ter­minada essa fase de adaptações, as ativi­dades do projeto puderam ser iniciadas, o que aconteceu em 2011, junto a pacien­tes do ambulatório de geriatria e demais setores que recebessem idosos.

Os atendimentos têm caráter de ser­viço para esclarecimento de diagnóstico e as pessoas interessadas podem entrar em contato com a Clínica Escola de Fonoau­diologia pelo telefone 3342­9757, e com o Departamento de Fonoaudiologia, pelo telefone 3342­9738, para marcar a visita de triagem com a equipe.

Jornal da UFRN

EXPEDIENTEReitora Ângela Maria Paiva CruzVice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo XimenesSuperintendente de Comunicação José Zilmar Alves da CostaDiretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte GuimarãesEditora Enoleide Farias ([email protected])Jornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Eliana Lima, Enoleide Farias, HellenAlmeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia CostaFotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy MedeirosRevisoras Regina Célia Costa e Êmili Adami RossetiFoto de capa Cícero Oliveira

Diagramação Setor de Artes/ComunicaBolsistas de Jornalismo Aline Nagy, Ana Clara Dantas, Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Júnior Marinho, Kalianny Bezerra, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Taís Ramos, � yara DiasBolsista de Letras Karla JisannyArquivo Fotográfi co Saulo Macedo (bolsista)Endereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115E-mail [email protected] – Home-page www.ufrn.brImpressão EDUFRN Tiragem 6.000 exemplares

ano XVI | nº 69 | janeiro de 20142

Clínica Escola desenvolve projeto que investiga risco de disfagia em idosos

FONOAUDIOLOGIA

Wallacy Medeiros

Segundo Hipólito Virgílio os atendimentos são abertos a toda a comunidade

Page 3: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

ano XVI | nº 69 | janeiro de 20143Jornal da UFRN

Por CIONE CRUZ

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) encer­rou as atividades no ano de 2013

comemorando, mais uma vez, a boa ava­liação do Ministério da Educação (MEC) que coloca a instituição na liderança, pelo segundo ano consecutivo, como a melhor do Norte/Nordeste entre as Instituições Federais de Ensino Superior, conforme o Índice Geral de Cursos (IGC).

A UFRN, segundo a reitora Ângela Paiva Cruz, vem buscando a expansão acadêmica com qualidade e avançando em todas as áreas contempladas em seus programas estruturan­tes, tais como: ações por uma universidade ci­dadã; desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação; meio ambiente e qualidade de vida; modernização da gestão; e gestão de pessoas.

Na expansão acadêmica, a universidade registrou um aumento de mais de 900 vagas para ingresso nos cursos de graduação em 2014, através do ENEM/SiSU. Embora o grande destaque seja a criação de um novo curso de Medicina envolvendo três campi (Caicó, Cur­rais Novos e Santa Cruz), outros foram criados.

No Campus Central já funcionam os cursos de Gestão de Cooperativa e Letras/Libras e, para 2014, está previsto o início do Curso de Meteo­rologia e Oceanografia. Na cidade de Santa Cruz, a Faculdade de Ciências da Saúde (FACISA) passará a oferecer o curso de Psicologia. Outros se encontram com projeto pedagógico aprovado ou em elaboração, tais como Terapia Ocupacio­nal (FACISA), Música (CERES/Caicó), entre tantos propostos pelas unidades acadêmicas e registrados no plano de expansão.

Os novos cursos criados pelo REUNI (Pro­grama de Reestruturação e Expansão das Univer­sidades Federais) e pós­REUNI, segundo Ângela Paiva, estão sendo bem avaliados pelo MEC e, em sua maioria, estão obtendo notas 4 ou 5.

Na pós­graduação também foi registrado

um crescimento muito significativo, com uma substancial elevação na qualidade dos cursos no último triênio (2010/2011/2012): 18 pro­gramas aumentaram seus conceitos e nenhum curso foi descredenciado.O número de cursos de pós­graduação pulou de 82, em 2011, para 101 em 2013. “A UFRN tem tido uma grande visibilidade em relação às outras universidades na área da pós­graduação”, afirmou a reitora.

Vale salientar que todas essas ações foram trabalhadas com as ações de inclusão social, disse a reitora. “Estamos na política de cotas, estamos plenamente no SISu a partir de 2014 e aprovamos resolução para a inclusão regional”, disse se referindo à Resolução 177/2013, que cria o argumento de inserção regional, para es­timular o acesso à Universidade dos estudantes que residem no entorno dos locais de oferta dos cursos da UFRN no interior.

As ações da UFRN para contemplar o pro­grama estruturante Universidade Cidadã in­cluem também a preocupação com a melhoria do atendimento nos hospitais universitários, possibilitada com a adesão à EBSERH (Em­presa Brasileira de Serviços Hospitalares), com a ampliação do ensino técnico (presencial e a distância) para jovens e trabalhadores, através do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Através desse Programa a UFRN está qualificando cerca de 30 mil pessoas, em cursos oferecido pela Escola Agrícola de Jundiaí, Escola de Enfermagem, Escola de Música e Instituto Metrópole Digital.

A política cultural da Universidade, além de permear toda vida cultural da cidade com suas ações, se constitui em um vetor para a qualidade de vida. A reitora, ainda destaca o trabalho da Escola de Música – que tem atra­ções semanais e, constantemente apresenta atrações internacionais – além de propor e reali zar a disseminação de atividades artísticas e culturais por meio do Programa SIGArte.

Áreas estratégicasA área de ciência e tecnologia registrou

avanços o emprego com ações estratégias. O

trabalho desenvolvido pela Secretaria de Edu­cação a Distância (SEDIS), registra a inserção e atendimento de demandas em nível nacional; o projeto do Instituto de Medicina Tropical re­gistra a conclusão das obras do prédio onde será instalado; a reestruturação física e tecnológica dos hospitais universitários também se destaca, como a utilização de tecnologia de última gera­ção (imagens em Ultra HD ­ 4K), para trans­missão de cirurgias para todo Brasil e criação de novos serviços como o de Reprodução Humana Assistida na Maternidade Escola Januário Cicco. Os concursos públicos ampliaram o quadro de servidores com 1.971 vagas.

Na área da inovação tecnológica os exem­plos são profícuos e a reitora Ângela Paiva cita a criação de mais uma incubadora – Bio Inova – que juntamente com a INOVA ­ Metrópole somam duas incubadoras na UFRN. Além dis­so, a Universidade comemora o grande cresci­mento no número de pedidos de patentes, que chegou a 70 em dezembro 2013 (em maio de 2011 foram registrados 24 pedidos). Outros 14 pedidos estão em andamento.

Foram inúmeras as premiações durante todo esse ano de 2013, de agências, tais como FINEP/MCTI e, com destaque, a última edição do Prê­mio Santander Universidades. Na ediçao 2013 a UFRN foi premiada entre as instituições que inscreveram o maior número de projeto e nas categorias Guia do Estudante, com o Metrópole Digital e Empreendedorismo, com o projeto “Sistema de Elementos e Fatores Climáticos em Plantações de Cana­de­açúcar (Agroremoto)”.

A internacionalização se destaca com au­mento no número de convênios, colocando a UFRN em primeiro lugar no Nordeste em número de alunos com bolsas no Programa Ciências Sem Fronteiras (CsF). Segundo da­dos da Secretaria de Relações Internacionais, em 2013 foram enviados 441 alunos para o exte rior, dos quais 371 (84%) são vinculados ao CsF.

O programa estruturante Meio Ambiente e Qualidade de Vida avançou com a criação de comissões para trabalhar o Plano Diretor

do Campus Central, para propor melhorias dos espaços dentro do Campus, para tra­balhar a segurança interna, para aperfeiçoar relações de trabalho, para propor atividades artísticas e culturais de forma permanente, além das comissões para trabalhar o Plano Diretor dos campi de Caicó, Currais Novos e Macaíba.

Na área de infraestrutura foram 44 obras concluídas neste ano e mais de 30 contratos no­vos assinados. Entre os contratos estão incluí­das obras que ampliam a infraestrutura básica de esgotamento sanitário, de abastecimento de água e de sistemas de reuso de esgotos.

A informatização e melhoria dos sistemas, capacitação dos gestores e os cursos de pós­graduação profissional (Mestrado Profissional em Letras e Mestrado Profissional em Gestão de Processos Institucionais) foram algumas das ações do programa Modernização da Gestão. Nessa área outros avanços são a consolidação do Programa de Assistência ao Servidor e o Núcleo de Ideação, este último com o objeti­vo de ouvir a comunidade acadêmica sobre a questão da gestão.

A Pró­reitoria de Assistência ao Estudante (PROAE) concedeu mais de 900 auxílios­mora­dia aos estudantes universitários e 1042 bolsas­alimentação, além de mais de 2 mil atendimen­tos psicológicos. Também foram inau guradas duas novas residências (Santa Cruz e Campus IV­Natal) e criada uma residência para alunos da pós­graduação.

A Pró­reitoria de Extensão comemora o au­mento no número de alunos e docentes em pro­jetos de extensão e de municípios no programa Trilhas Potiguares. A PROEX também está co­ordenando a participação da UFRN na Copa do Mundo 2014, através de diversos projetos.

A reitora Ângela Paiva finaliza o balanço de 2013 destacando o crescimento da Univer­sidade em todos os indicadores dos Programas Estruturantes previstos no Plano de Gestão 2011/2015, que contribui ainda mais para a sua inserção social e para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte.

Avanços em áreas estratégicas marcam 2013 na UFRN

GESTÃO

Anastácia Vaz

Wallacy Medeiros

Instituto Metrópole Digital

CERES Caicó

Page 4: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

Jornal da UFRN

NOTAS

SiSU em númerosA UFRN registrou 80.476 inscrições de 54.377 candidatos na edição de 2014.1 do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) do Ministério da Educação (MEC). A Universidade ofertou 4.309 vagas, em 88 cursos de diversas áreas do conhecimento, para os campi de Natal, Macaíba, Currais Novos, Caicó e Santa Cruz.

AstronomiaUm projeto dos astrônomos Matthieu Castro e José Dias do Nascimento Júnior, professores do Departamento de Física Teórica e Experimental, foi aprovado pela CAPES para financiamento. A pesquisa, que estudará a atividade magnética e a rotação de estrelas similares ao Sol, será conduzida em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie e com a Universidade Paris-Sud (Orasy), da França.

DescobertaPesquisadores do Centro de Biociências descobriram uma nova espécie de peixe na bacia do rio Piranhas-Açu, situado na região do Sertão do Seridó. O achado do Parotocinclus seridoensis – como foi batizado o animal – foi publicado em artigo na revista internacional Neotropical Ichthyology, fruto do trabalho dos cientistas Sérgio Maia Queiroz Lima, Telton Ramos, Luciano Barros Neto e Heraldo Antonio Britski, este último da Universidade de São Paulo.

EDUFRNA Editora da UFRN inicia o ano com reformulações em seu catálogo de livros e em sua página eletrônica. Entre as modificações, está a organização do catálogo por área do conhecimento, em vez da antiga disposição em ordem alfabética. Um dos objetivos das mudanças é fornecer mais conforto e agilidade para que o público encontre as obras desejadas.

AumentoA nova tabela salarial dos servidores técnico-administrativos foi divulgada pela PROGESP no início deste mês. O aumento de 3,7% no vencimento básico entra em vigor a partir do pagamento de janeiro. Já no contracheque de março, o reajuste será de 5%. A tabela completa pode ser consultada no site www.portaldap.ufrn.br.

Por ANA CLARA DANTAS

O Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Univer­sidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN) ministra, em Brasília – DF, o Curso de Especialização em Ciências Atuariais e Demografia para servidores do Ministério da Previdência Social (MPS).

A professora Lara de Melo Barbosa Andrade, coordenadora do projeto, ex­plica que a UFRN tem a particularidade de possuir duas áreas de conhecimento importantes para a atuação desse Minis­tério, que são a Demografia e as Ciên­cias Atua riais. “Há um interesse do MPS em capacitar seus servidores nessas duas áreas, que são importantes para a atua­ção dos profissionais. Por isso a primeira turma tem como público alvo auditores do Ministério da Previdência Social”, explica. O curso tem apoio ainda do programa de Pós­Graduação em Demografia da UFRN.

O objetivo principal das aulas é habili­tar a turma de 30 alunos como especial­istas na identificação de transformações estruturais pelas quais vem passando a sociedade brasileira, ocasionadas por mu­danças no cenário demográfico nacional. O trabalho do auditor consiste em reali­zar um exame das atividades desenvolvi­das em determinada empresa ou institui­ção para avaliar se os métodos utilizados foram eficientes e se os planos estabeleci­dos devem prosseguir.

Com uma carga horária de 400 horas, o curso tem duração de um ano e deve ser concluído em novembro de 2014 no Cen­tro de Formação do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), em Brasília. Toda a logística necessária ao funciona­mento do curso é financiada pelo Ministé­rio, como a estrutura física, os laboratóri­os, o pessoal e outros recursos.

“Como temos alunos de vários estados, todos se reúnem em Brasília, junto com os professores da UFRN, sempre na primeira semana de cada mês. Esse calendário foi combinado com bastante antecedência, já que os alunos não estão afastados de suas atividades profissionais”, explica a coordena­dora. Até agora, dois módulos foram min­istrados e o próximo dever ser realizado em março de 2014, após o período de recesso.

A aula inaugural do curso, proferida por José Alberto Magno de Carvalho, pro­fessor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, aconteceu no dia 5 de novembro em Brasília, no centro de For­

mação do INSS. A vice­reitora da UFRN, Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, compareceu à solenidade, que também foi prestigiada pelo ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, o Secretário de Políticas da Previdência Social, Leonardo Rolim, e a coordenadora do curso, Lara de Melo Barbosa Andrade.

“Nós temos a possibilidade de convidar outros professores para participarem mi­nistrando um modulo, mas a nossa inten­ção é que os professores da UFRN possam ministrar as aulas. O INSS disponibiliza o Centro de Formação do Instituto”, disse a professora. A escolha da UFRN como instituição executora do projeto ocor­reu após chamada pública realizada pelo Ministério da Previdência Social. Várias universidades brasileiras enviaram suas propostas, mas o MPS escolheu o trabalho do Departamento de Demografia e Ciên­cias Atuariais da UFRN.

ciências atuariaisCiências Atuariais – ou Atuária – car­

acterizam a área do conhecimento que analisa os riscos e as expectativas finan­ceiros e econômicos, principalmente na administração de seguros e pensões. Suas metodologias mais tradicionais são basea­

das em teorias da Economia, e envolvem em suas análises uma forte manipulação de dados em contextos empresariais. A Atuária é uma área de conhecimento mul­tidisciplinar, em que o domínio de con­ceitos em Administração, Contabilidade, Matemática, Finanças e Estatística – além da já citada Economia – são fundamentais para o entendimento dos modelos atua­riais mais elementares.

O curso da UFRN concede o grau de Bacharel, é oferecido na modalidade presencial, tem duração de oito semes­tres e carga horária total de 2.490h/aula. Em 2014, o Sistema de Seleção Unificada (SiSU) ofereceu 40 vagas para a gradu­ação no turno noturno. Ciências Atua riais também oferece vagas específicas para estudantes oriundos do Bacharelado em Ciências e Tecnologia (BC&T) da UFRN.

O profissional com formação em Ciên­cias Atuariais está apto para atuar em vasto campo, como em instituições de previdên­cia pública e privada, empresas comerciais, indústrias, seguradoras, bancos e órgãos governamentais dos ramos de previdência e de pecúlio de seguros.

informações:www.ccet.ufrn/cienciasatuariais

Especialização em Ciências Atuariais paraservidores do Ministério da Previdência

CAPACITAÇÃO

Wallacy Medeiros

Lara de Melo Barbosa Andrade, coordenadora do projeto

ano XVI | nº 69 | janeiro de 20144Jornal da UFRN

Page 5: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

Por KALIANNy BEZERRA

Gabriella Vinhas é natural de Brasí­lia, formada em Fonoaudiologia, estudante e ativista. Mas, antes de

tudo isso, é mãe de Cauã, que nasceu há um ano e quatro meses por meio de um parto violento. Essa jovem mãe, assim como uma em quatro mulheres brasileiras, foi vítima de violência obstétrica.

“Se gritar, seu filho vai nascer surdo”. Na hora de fazer não chorou, porque está fazendo isso agora?” “Fica quieta, senão vou te furar todinha”.

Além das palavras, gestos: procedi­mentos dolorosos como pressionar a bar­riga para o bebê sair e cortar a vagina da grávida, sem consentimento, são relatos frequentes em vários lugares do Brasil, de mulheres que deram à luz e não receberam a assistência desejada.

A professora do Departamento de To­coginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e médica obstetra, Maria do Carmo Lopes de Melo, explica que violência obstétrica consiste em toda conduta, ação ou omissão, real­izada por profissionais da saúde que, de maneira direta ou indireta, desrespeite a autonomia da mulher grávida, sua integri­dade física ou mental ou seus sentimentos.

Um tipo de violência relatada e que muitas vezes passa despercebida é o parto cesariano sem uma indicação consistente, ou seja, sem um esclarecimento dos riscos e complicações inerentes ao procedimen­to. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é campeão mun­dial de cesarianas, sendo a média nacional desse tipo de intervenção cirúrgica no país de 52,2%, enquanto o recomendado pela entidade é 15%.

“Não podemos condenar a cesárea, mas ela só pode acontecer quando alguma intercorrência faz com que a indicação do parto mude, por exemplo, se a mãe possui uma patologia como a hipertensão. Mas é importante entender que o corpo da mul­her foi feito para dar à luz naturalmente”, declara Maria do Carmo.

Seja na água, na maternidade ou num centro cirúrgico, o parto deve ser da forma que a grávida desejar – e a saúde permitir. Esse é o conceito básico de humanização, em que as decisões da mulher são levadas em conta. “A humanização é o respeito que os profissionais e as pessoas envolvidas na assistência ao nascimento do bebê ofe­recem”, destaca a professora e obstetra.

O caso de Gabriella foi o inverso. Começou quando os profissionais toma­ram a iniciativa de fazer uma cesárea. O “terrorismo psicológico” não parou por aí. Ela conta que a equipe de saúde foi rude com o seu acompanhante e que quando seu filho nasceu não a deixaram segurá­lo ou amamentá­lo. “Fui me recuperando aos poucos desse trauma. Hoje já estou bem. Mas agora luto para que casos como o meu não se repitam mais”, afirma a jovem.

MoviMento e ParceriaPara combater esse tipo de conduta,

a fonoaudióloga criou o Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento em Natal. Com pouco mais de um ano, esse

projeto já conta com a participação ativa de mais de 30 mulheres. São promovidas reuniões, encontros com grupos de ges­tantes e representantes de saúde do Es­tado, nos quais são desenvolvidas as ações de uma biblioteca itinerante que dispõe de livros sobre maternidade e apontam uma visão mais humanizada do nascimento.

Além disso, o movimento busca par­cerias para ampliar a discussão dentro de ambientes acadêmicos. Na UFRN, a jovem ativista vê a possibilidade de conversar e entrar no contexto dos profissionais da saúde que estão em formação. Para tanto, a primeira iniciativa tomada foi participar do V Seminário de Direitos Humanos da UFRN, realizado pelo Centro de Referên­cia de Direitos Humanos (CRDH) e pela Pró­Reitoria de Extensão (PROEX), em dezembro de 2013.

“Entrei em contato com a organização do evento e apresentei a proposta de elabo­rarmos alguma ação relacionada ao tema da violência obstétrica e da humanização”, declara. Então surgiu a ideia de montar a exposição fotográfica “1:4 Retratos da Vio­

lência Obstétrica”, idealizada pelas fotó­grafas Carla Raiter e Caroline Ferreira, na cidade de São Paulo.

A antropóloga do CDRH e estudante da Pós­Graduação em Antropologia So­cial, Andressa Morais Lima, explica que a proposta de Gabriella se encaixava na ideia de trabalhar o visual para “chocar” as pessoas. Assim, durante três dias, na Es­cola de Enfermagem da UFRN, estiveram expostas fotos de mulheres que tiveram marcadas em seu corpo a violência sofrida durante o parto. “Usamos o visual para impactar e criar uma conscientização para esse tema que é pouco abordado em nosso país”, diz Andressa.

HuManizaçãoAcolhimento é a palavra chave no

vocabulário de uma equipe de saúde hu­manizada. Nesse tipo de assistência é ne­cessário que os profissionais envolvidos no nascimento da criança passem segurança e conforto à gestante. É preciso entender, no entanto, que a assistência humanizada começa no pré­natal.

“É essencial saber se a saúde da mulher e a do bebê está bem, só assim é possível ela parir sem intervenções. É importante também procurar um obstetra de con­fiança para fazer todo o acompanhamento da gestação e que já tenha definido o hos­pital que ela vai dar à luz”, ressalta Maria do Carmo.

Segundo a docente, a gravidez se cons­titui num evento social. “Só de comunicar que está esperando um filho, para a mu­lher já é uma grande felicidade”, diz. As­sim, de acordo com a médica, é impor­tante que a família também esteja presente durante esse processo de mudança na vida de uma pessoa.

Outro cuidado a ser tomado para que tudo saia da maneira mais adequada para a gestante é a alimentação. Fazer uma dieta balanceada, não ingerir bebidas alcoólicas, não fumar ou se drogar, são alguns pon­tos elencados por Maria do Carmo. “Uma mulher grávida deve seguir uma vida normal, trabalhar e estudar. Os exercícios físicos também devem ser lembrados, mas nada muito pesado”, esclarece.

ano XVI | nº 69 | janeiro de 20145Jornal da UFRN

RESPEITO

Seminário de Direitos Humanos apresenta debate e exposição sobre violência obstétrica e humanização do parto

Maria do Carmo Lopes: violência obstétrica consiste em toda conduta realizada por profissionais da saúde que desrespeite a autonomia, integridade e sentimentos da mulher grávida

Anastácia Vaz

Carla Raiter

Page 6: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

Por LUCIANO GALVãO

“Na administração universitária, há cada vez menos coisas a fazer e cada vez mais deter­

minações a cumprir”, afirma Ângela Paiva Cruz, reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), referindo­se a interferências do Governo Federal em assuntos que considera privativos da Insti­tuição. A declaração foi feita após audiên­cia pública, realizada na UFRN no início do último mês de dezembro, que tratou da autonomia das instituições públicas de en­sino superior.

Prevista na Constituição da República de 1988 – mas nunca regulamentada por lei –, a independência administrativa das universidades federais é objeto de uma proposta da Associação Nacional dos Di­rigentes das Instituições Federais de Ensi­no Superior (ANDIFES). A iniciativa quer criar uma norma que torne adequadas as regras jurídicas da Administração Pública às atividades de ensino, pesquisa e exten­são e às suas peculiaridades.

Intitulada Proposta de Lei Orgânica das Universidades Federais, foi ela que ensejou a audiência pública na UFRN,

assim como em outras universidades no País, com o propósito de colher sugestões da comunidade acadêmica de todo o Bra­sil para o anteprojeto.

A primeira versão do documento data de 2004, mas a elaboração na época não teve continuidade. No ano passado a ANDIFES, cuja Comissão de Autono­mia é presidida pela reitora Ângela Paiva, retomou o trabalho e o atualizou, após reunir­se com órgãos como Controla­doria­Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público da União (MPU). Após ganhar as contribuições das universidades federais, o texto segue para o Ministério da Educa­ção (MEC) e em seguida para o Congresso Nacional.

conceitoNos parágrafos que introduzem o an­

teprojeto, a autonomia é – em linhas gerais – a “capacidade de autonormação e de au­togestão nos diversos campos o peracionais das universidades públicas”. Seu objetivo é garantir a liberdade de pensamento, de produção de conhecimento e de gestão dos recursos para atingir finalidades acadêmicas nas instituições públicas de ensino superior.

A definição é dividida em três aspec­

tos: didático­científico, administrativo e de gestão financeira e patrimonial. O primeiro diz respeito à aptidão de criar cursos, estabelecer seus currículos, insti­tuir projetos de pesquisa, conferir títulos e realizar outras ações do gênero. A inde­pendência administrativa significa a com­petência para organizar­se, criar regras próprias e administrar seus recursos mate­riais e humanos. Por fim, a autonomia de gestão financeira e patrimonial é a possi­bilidade de propor seu próprio orçamento – respeitando limites estabelecidos pelo Congresso –, remanejar verbas entre ca­tegorias de despesa, receber doações, esta­belecer convênios com entidades privadas, entre outras atribuições

“Hoje, a única circunstância em que a Universidade tem realmente autonomia é a liberdade didático­científica”, diz João Emanuel Evangelista, pró­reitor de Plane­jamento da UFRN. Segundo o responsável por assessorar a reitoria na formulação e no acompanhamento das políticas institu­cionais, todos os governos que sucederam a Constituição de 1988 têm contrariado o princípio previsto na Lei, dos pontos de vista administrativo e de gestão financeira e patrimonial.

De cabeça, o pró­reitor enumera o que chamou de “reveses” sofridos pela autono­

mia universitária ao longo dos últimos 25 anos. O primeiro é a dependência de au­torização do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) para gastos com pessoal. “Proclamou­se o princípio da autonomia mas o restringiram do pon­to de vista prático, na medida em que a administração de pessoal foi tomada pelo MPOG”, opina.

Outro caso para o qual chama atenção é a subordinação das auditorias internas – órgãos que assessoram a Administração Central ao acompanharem as despesas da Universidade – à Controladoria­Geral da União. “As auditorias internas viraram uma espécie de sucursal da CGU, e isso é muito grave. Ao invés delas estarem su­bordinadas à reitoria e aos colegiados su­periores, suas ações têm que ser submeti­das à CGU”, relata.

O mais grave exemplo, de acordo com o gestor, é a restrição dos poderes das pro­curadorias jurídicas das universidades federais, após a criação da Advocacia­Geral da União (AGU), em 1993. “A AGU confiscou o poder das universidades de defenderem­se a si mesmas. Acontece que há situações em que existem conflitos en­tre ações do Governo Federal e interesses da Instituição e, se você não tem uma pro­curadoria autônoma, você não pode se de­

ano XVI | nº 69 | janeiro de 20146Jornal da UFRN

AUTONOMIA

Anastácia Vaz

Audiência pública no auditório da Reitoria sobre Autonomia Universitária

UFRN sugere melhorias a proposta de lei que garante independência administrativa a universidades

Page 7: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

UFRN sugere melhorias a proposta de lei que garante independência administrativa a universidades

7Jornal da UFRN ano XVI | nº 69 | janeiro de 2014

fender judicialmente”, explica.Para João Evangelista, essa situação

transforma as universidades, de órgãos de Estado, em órgãos de governo. “A Univer­sidade deixa de agir independentemente da coloração partidária de quem ocupa a gestão, e passa a depender dos seus hu­mores”, aponta. “É como se fossemos mais uma repartição pública, subordinada ao governo do momento. Isso contraria clara­mente a Constituição”.

Giuseppi da Costa, procurador da UFRN, relata um caso de gestões passa­das – cuja data não se recorda com exa­tidão –, em que a Universidade contratou professores mas o Ministério do Planeja­mento, Orçamento e Gestão recusou­se a pagar os docentes. “Eles foram nomeados, foram empossados, entraram na folha e o MPOG não quis pagar os salários. Como tínhamos procuradoria jurídica, entramos com uma ação judicial e foi determinado o pagamento. Se fosse hoje, o ato teria sido anulado”, conta.

O procurador acredita que, se aprovada, a proposta da ANDIFES será um avanço, mas faz ressalvas. “Não sou nenhum negativista, agora ninguém pode imaginar que a edição dessa lei resolverá tudo, porque ela pode ser descumprida”, adverte. “Tudo o que diz respeito à auto­nomia das universidades vem sendo siste­maticamente descumprido”.

O procurador Giuseppi da Costa res­ponde à sua própria pergunta: “O que acontece no Brasil hoje? O Governo Fed­eral tomou a gestão dos recursos humanos,

tomou as procuradorias jurídicas e já está interferindo violentamente nos órgãos de controle interno das universidades. Essa lei pode nos dar um alento, mas se perder­mos a consciência de que nada se resolve sem lutas permanentes, não iremos a lugar nenhum”, defende.

“Há uma camisa de força dos orga­nismos de controle, que não entendem as especifi cidades das práticas desenvolvi­das na Universidade”, opina Edmilson Lopes Júnior, pró­reitor de Extensão. “O im pacto dessas limitações nas atividades­fi m da Universidade estão relacionados à limita­ção orçamentária e à difi culdade de desen­volver com maior fl exibilidade as nossas atividades”, afi rma.

Segundo o pró­reitor, ações de extensão envolvem peque­nos gastos que são difíceis de enquadrar nas categorias de contratos existentes no Setor Público. “Maquiagem, batom, más­cara, pequenas viagens, deslocamentos de última hora com professores e estudantes para atividades de campo, incorporação de membros das comunidades nas ativi­dades desenvolvidas por grupos de exten­são, alimentação dessas pessoas, custeio de suas passagens. Com tudo isso temos difi culdades diárias, por conta da atual es­trutura que rege, do ponto de vista jurídi­

co, as nosssas insituições”, relata Edmilson.

anteProJeto serÁaPresentaDo no coMeço Do ano ao congresso nacionaLAlém de detalhar o conceito de auto­

nomia universitária, o anteprojeto de au­toria da ANDIFES traz duas outras inova­ções: propõe o surgimento de uma nova espécie de pessoa jurídica – denominada

Universidade Pública Federal – e quer insti­tuir o Sistema de Uni­versidades Públicas Federais (SisUPF).

A primeira pro­posta visa a diferen­ciar as instituições com fi nalidades de ensino, pesquisa e ex­tensão das demais au­tarquias e fundações públicas da Adminis­tração, como forma de

respeitar suas especifi cidades.“A criação desse novo ente jurídico cria

normas próprias para seu funcionamento, inclusive para a execução do orçamento, compras e licitações”, explica João Evange­lista. “Um dos problemas que temos hoje é que o dinheiro destinado a projetos que não gastamos até o fi nal do ano, é devolvi­do para o Governo Federal, sem garan­tias de que ele será reposto no orçamento seguinte”, exemplifi ca.

“Isso siginifi ca que muitas ações po­dem fi car comprometidas. Com a nova

lei, eses recursos fi cam na Instituição”, complementa o pró­reitor. O procurador Giuseppi da Costa concorda com o gestor: “esse ente jurídico diferenciado é interes­sante, porque a partir dele as universidades poderão reinvindicar excepcionalidades”.

Já o Sistema de Universidades Públicas Federais deverá ser uma instância supe­rior a todas as instituições, composta por reitores, servidores, representantes dos poderes Executivo e Legislativo, e mem­bros da sociedade civil. Sua fi nalidade será integrar as universidades que o compõe, coordenar seu relacionamento com os Poderes da República e com organismos científi cos, além de estimular a coopera­ção acadêmica.

A ideia da ANDIFES é fazer com que a proposta se transforme em lei ainda em 2014. Para tanto, o anteprojeto deverá ser apresentado no começo do ano ao Congresso Nacional, onde precisará da aprovação das duas casas que o compõem: a Câmara dos Deputados e o Senado Fe­deral. Em seguida, a norma dependerá da sanção da Presidência da República para entrar em vigor.

Apesar das inúmeras etapas do pro­cesso, Ângela Paiva se mostra confi ante no sucesso da iniciativa. “Vamos ter mais discussões até chegarmos a um docu­mento fi nal, mas estamos obtendo o com­promisso de todos os atores envolvidos”, aponta a reitora. “Teremos um ano cheio de eventos, mas as presidências das casas do Legislativo já concordaram em colocar a proposta na pauta em 2014”.

[ ]ANDIFES vai apresentar anteprojeto no começo do ano e quer que a proposta se transforme em lei ainda em 2014

Page 8: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

Por AURISTELA OLIVEIRA

Em tempos de mudanças climáti­cas, a produção de combustíveis limpos se torna uma preocupação

no mundo todo, visando contribuir com o cumprimento das metas estabelecidas nos acordos diplomáticos internacionais, como o Protocolo de Montreal (1987), o de Kyoto (1994) e o de Copenhagen (2009). Neste contexto, o Grupo de Pes­quisa de Engenharia Bioquímica (Biopro­cessos), do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), de­senvolve o projeto “Biomassa: etanol de segunda geração”, que estuda o aproveita­mento de resíduos agroindustriais ou ligno celulósicos como matéria­prima para a produção do Etanol de Segunda Geração ou Etanol Celulósico, ou mais conhecido como Etanol 2G.

Criado em 2008, o grupo Bioprocessos é coordenado pelos professores Gorete Ri­beiro Macedo e Everaldo Silvino da Silva, que desenvolvem um relevante número de pesquisas visando a aplicações em di­versos setores, com destaque nas áreas de saúde e energias renováveis. É nesta última que se insere o estudo da cadeia de produção de Etanol 2G, enfocando es­tratégias de pré­tratamentos, hidrólise e processo fermentativo. A pesquisa tem a participação de estudantes de mestrado, doutorado e de iniciação científica do Curso de Engenharia Química da UFRN, e conta com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvim­ento Científico e Tecnológico (CNPq). Os professores também participam, em nível de colaboração, de duas redes de pesquisa sobre a produção de Etanol 2G.

A professora Gorete Macedo, coorde­nadora do grupo, ressalta que a cadeia de estudos é complexa, de modo que cada um dos participantes do grupo se debruça so­bre uma parte do processo, e os resultados obtidos são promissores, com indicativos de bom rendimento de todos os materiais estudados.

Gorete destaca também que um dos importantes produtos destas pesquisas desenvolvidas pelo grupo tem sido a for­mação de recursos humanos qualificados para trabalharem nesta área. Consideran­do o que já foi formado e está em forma­

ção no grupo, a professora contabiliza três doutorados, dois mestrados e seis trabal­hos de iniciação científica.

Sobre a participação de discentesm, Gorete Macedo comenta: “os alunos estão envolvidos e empolgados com o tema. Es­tamos preparando profissionais qualifica­dos para esse mercado”.

PioneirisMo na uFrnSegundo a professora Gorete Macedo,

tanto no Brasil como no mundo existem diversas pesquisas sendo desenvolvidas so­bre o etanol, porém a UFRN é pioneira no estudo do aproveitamento dos resíduos do coco maduro e seco. O Etanol de Segunda Geração, explica ela, pode ser produzido a partir de materiais encontrados no bagaço e na casca do coco verde e seco, na palha e no bagaço da cana­de­açúcar e em outros resíduos lignocelulósicos, “compostos por celulose, hemicelulose e lignina, polímeros que contém açúcar, mas não tão acessíveis como no amido de milho, no melaço e no caldo de cana­de­açúcar, por isso que em laboratório estudamos os pré­tratamentos para a obtenção do Etanol 2G”.

No Laboratório de Engenharia Bio­química (LEB), estudam­se as etapas de pré­tratamentos e hidrólise, a fim de dis­ponibilizar o açúcar presente nos materi­ais ao processo de fermentação alcoólica através da ação de microorganismos.

A professora acrescenta que a produção

do etanol 2G ainda não é um processo barato. No Brasil, a primeira usina entrará em funcionamento em março de 2014, op­erada pela GranBio, com tecnologia não brasileira, mas no país as pesquisas se­guem em ritmo acelerado e com resulta­dos muito bons: “não está longe de termos a segunda usina operando com tecnologia brasileira e nós da UFRN também estare­mos assinando essa conquista”

DeFesa Do Meio aMbienteO Brasil é um grande produtor do

melaço e do caldo de cana­de­açúcar desde a década de 70. Os Estados Unidos, por sua vez, são um grande produtor de amido de milho. A coordenadora do gru­po Bioprocessos comenta que a produção de etanol nos dois países em algum mo­mento pode vir a competir com áreas agri­culturáveis. Sobre essa possibilidade ela reforça a importância do etanol na matriz de biocombustiveis, tendo em vista sua valiosa contribuição na redução de gases que contribuem para o efeito estufa, mas defende a busca de fontes alternativas que não venham a compertir com a produção de alimentos, o caso então do Etanol 2G de resíduos.

A professora Gorete Macedo desta­ca que no Nordeste, em especial no Rio Grande do Norte, o descarte dos cocos verdes vazios se tornou um problema para os aterros sanitários, pois a agroindústria

do coco verde gera em torno de 53 tonela­das por dia de resíduos. Igualmente, as in­dústrias de beneficiamento do coco madu­ro para obtenção de produtos alimentícios e o aumento do consumo de água de coco e in natura no verão geram grande quan­tidade de resíduos impactando negativa­mente o meio ambiente.

No caso da cana de açúcar, as usinas brasileiras aproveitam parte do bagaço gerado, em torno de 60% são utilizados na produção de vapor para operação das cal­deiras e para a produção de eletricidade. O excedente, que equivale a aproximada­mente 4,07 bilhões de toneladas ao ano, configura um problema ambiental.

A produção do Etanol 2G desponta como uma alternativa tanto para aprovei­tamento dos resíduos em geral, com des­taque para os resíduos do coco, que têm como destino os aterros sanitários, e da cana­de­açúcar. O etanol extraído a partir de resíduos do coco objetiva não inter­ferir nas áreas agricultáveis, destinadas à produção de alimentos. Já a produção do etanol a partir da cana­de­açúcar apresen­ta ótimo custo­benefício.

O Laboratório de Engenharia Bio­química (LEB) dispõe de uma página do Facebook (www.facebook.com/Laborato­rioDeEngenhariaBioquimicaLeb), onde os interessados podem acompanhar os even­tos e projetos desenvolvidos pelos Grupo de Pesquisa Bioprocessos da UFRN.

SUSTENTABILIDADE

ano XVI | nº 69 | janeiro de 20148Jornal da UFRN

Viabilidade no uso de resíduos da cana-de-açúcare do coco para a produção de etanol

Pesquisa do grupo Bioprocessos tem financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do CNPq

Wallacy Medeiros

Page 9: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

Por KALIANNy BEZERRA

Presencial e à distância. Essas são as duas modalidades de ensino utiliza­das pela Universidade Federal do

Rio Grande do Norte (UFRN). Na primei­ra, o ingresso na Instituição é o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), plataforma em que o candidato utiliza a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Na modalidade de Educação a Distância (EaD) as vagas são preenchidas por meio de um processo seletivo simplificado ­ constituído de uma prova de sessenta questões de múltipla escolha e de uma re­dação – aplicado pelo Núcleo Permanente de Concursos (COMPERVE).

Em 2013, foram disponibilizadas 1.650 vagas divididas entre os cursos de licenciaturas em Geografia, Letras, Matemática, Biologia, Pedagogia, Física, Química, História e Educação Física e o Bacharelado em Administração Pública. Essas graduações contam com suporte acadêmico e administrativos nos polo de apoio presencial distribuídos por 14 mu­nicípios do estado.

Os cursos de EaD implementados pela UFRN estão estruturados de acordo com as diretrizes nacionais da Educação a Distância, definidas pelo Ministério da Educação (MEC). Entre as diretrizes

do MEC estão a exigência de coordena­ções de curso e sistemas de atendimento didático­pedagógico ao aluno, corpo docente qualificado, ambiente virtual de aprendizagem e a distribuição gratuita de material didático. Também está entre as normas a apresentação de projetos pe­dagógicos aprovados pela instituição que oferece os cursos e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su­perior (CAPES).

Para atender a todas essas diretrizes, a UFRN criou em junho de 2003 a Secreta­ria de Educação a Distância (SEDIS), que

estimula o uso das tecnologias de infor­mação e comunicação como ferramenta de ensino e aprendizagem. A professora Ione Rodrigues, do Departamento de Geografia, ocupa a secretaria adjunta de Educação a Distância na UFRN. Segundo ela, são quatro mil alunos matriculados nos cursos. “Só este ano tivemos 5.470 inscritos, dos quais 2.336 passaram na primeira fase. Essas pessoas tiveram suas redações corrigidas”, conta a professora.

Ione Rodrigues explica que o ensino na modalidade a distância acontece na UFRN graças à Universidade Aberta do Brasil (UAB), sistema criado pelo MEC, que funciona como articulador entre ins­tituições de ensino superior e os gover­nos estaduais e municipais, com vistas a atender às demandas locais de formação.

“Essa articulação estabelece qual ins­tituição de ensino deve ser responsável por ministrar determinado curso”, ex­plica. “Eles abrem um edital, que oferece uma quantidade de vagas, e aquelas uni­versidades vinculadas à UAB submetem­se ao edital. O sistema pode acatar ou não o pedido dessa instituição superior e, no caso da aceitação cede investimento para o desenvolvimento dos cursos”, acrescen­ta Ione Rodrigues.

inFraestruturaPara poder oferecer mais qualidade

aos cursos de EaD a UFRN precisou criar

um infraestrutura que possibilitasse uma melhor assistência pedagógica e adminis­trativa aos alunos e ao corpo docente. Para tanto, a SEDIS conta com uma es­trutura física no Campus Central e com os polos presenciais distribuídos em 14 municípios do estado. Os polos presen­ciais se constituem em espaços físicos de referência para os alunos, para a realiza­ção de atividades didático­pedagógicas de diferentes natureza.

Cada polo está equipado com labo­ratório de informática, biblioteca e se­cretaria acadêmica. Neles encontram­se, ainda, tutores presenciais, com horários disponíveis para atendimento aos alunos.

“A metodologia é diferenciada. Há manuseio de ambientes virtuais, o planejamento das aulas é bem antecipa­do e a orientação do aluno pelo profes­sor é maior”, aponta Ione Rodrigues, que é também professora no curso a distância de Geografia.

Para a docente, diferente do que pos­sam pensar, essa modalidade exige mais do aluno. “Os cursos da UFRN nessa modalidade são tão difíceis quanto os pre senciais. Os alunos precisam se plane­jar, a organização exigida é maior. Prova disso são os conceitos altos obtidos nas ava liações do MEC para as licenciaturas em Química, que recebeu nota 5, e Geo­grafia, que recebeu 4, a mesma nota do cursos presencial”, coloca.

Educação a Distância amplia ofertade ensino superior gratuito no interior

SEDIS

ano XVI | nº 69 | janeiro de 20149Jornal da UFRN

Ione Rodrigues, secretária adjunta da SEDIS

Wallacy Medeiros

Page 10: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

Por JÚNIOR MARINHO

Quando pensamos ou ouvimos falar no semiárido brasileiro, o senso comum nos remete a uma

paisagem seca e sem vida. No entanto, estudos do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semiárido (PPBio Semiárido) estimam que só o Bioma das Caatingas, incluído totalmente no Semi­árido, possua uma biodiversidade da ordem de mais de 20 mil espécies, entre animais, fungos e plantas.

O PPBio Semiárido é um programa do Governo Federal criado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvi­mento Científi co e Tecnológico (CNPq). Com sede na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, tem por objetivo articular atividades de insti­tuições de pesquisa do Nordeste no intuito de, num período de 10 anos, caracterizar a biodiversidade e promover o desenvolvi­mento científi co dessa região.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é uma das instituições de pesquisa que compõem o programa, que já está na terceira edição desde sua criação, em 2006. O Programa de Pós­Graduação em Sistemática e Evolução, do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia (DBEZ) no Centro de Biociên­cias (CB), coordenado pelo professor Iuri Goulart Baseia, colabora com o projeto especifi camente na coleta, no registro e na identifi cação dos fungos presentes no Semiárido Brasileiro.

Iuri Goulart, que também é respon­sável por coordenar todo o nicho que se refere a fungos no PPBio Semiárido, expli­ca que estudos desse porte nunca haviam sido realizados na região. “No passado, havia uma falsa noção de que o Semi­árido era um ecossistema pobre, por isso estamos realizando uma pesquisa de base. Nela constatamos que, além das poucas espécies de fungos conhecidas, há muitos gêneros novos que nunca foram descritos pela ciência”, afi rma.

O processo de pesquisa é realizado nos cerca de 800 mil km² do semiárido por meio de expedições em seis áreas do Bioma Caatinga defi nidas pelo programa como de “extrema importância biológica” e espalhadas pelos estados do Ceará (CE),

Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Piauí (PI) e Bahia (BA). A ação produz uma rede de inventários e amplia a coleção biológica, caracterizando a biodiversidade da região.

A bióloga de fungos Bianca Denise Barbosa da Silva participou do programa em sua Primeira Etapa (2006­2009) como bolsista de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (DTI) do CNPq pela Pós­Graduação em Sistemática e Evolução da UFRN. Para ela, a fase da coleta é fun­damental. “Foi imprescindível conhecer o habitat e a vegetação dos locais onde coletei os fungos de interesse para a pes­quisa. Isso ajudou muito na descrição dos materiais estudados”, enfatiza. “O projeto capacita os biólogos da graduação e pós­graduação da UFRN para atuarem na área de identifi cação de fungos, área carente no país”, completa.

São muitos os frutos da participa­ção da UFRN no PPBio Semiárido. Um deles foi a colaboração no Guide to the Common “Fungi of the Semiarid Region of Brazil” (Guia dos Fungos Comuns do Semiárido Brasileiro), fi nanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do es­tado da Bahia (FAPESB) e editado pela

TECC Editora em 2013.Com um linguajar bastante técnico

e edição bilíngue, a publicação procura contribuir com estudantes e biólogos profi ssionais de todo o mundo que te­nham interesse na região do semiárido. Primeiro guia de campo que trata dos fungos macroscópicos dessa região, o ca­tálogo inclui o trabalho de 17 micólogos da UEFS, UFRN e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que trabalham com fungos no Brasil).

No livro, a equipe de pós­graduan­dos da UFRN composta por Bianca De­nise Barbosa da Silva, Larissa Trierveiler Pereira, Eduardo Fazolino Perez, Th eoma­ra Ottoni Batista dos Santos e o professor Iuri Goulart Baseia fi cou responsável pelo capítulo referente aos fungos Gasteróides (Gasteromicetos), compondo um total de 23 espécies ilustradas.

Segundo Iuri Goulart, além do livro, de cunho mais acadêmico, duas outras ações que giram em torno da participação da UFRN no PPBio Semiárido podem trazer benefícios diretos à sociedade. “Não bas­ta ir ao Seridó do Rio Grande do Norte, por exemplo, coletar espécies, publicar e a população local não ser benefi ciada. Es­

tamos produzindo cartilhas explicativas, com um linguajar mais acessível, para dis­tribuir nas escolas da região e informar a comunidade sobre a biodiversidade local”, afi rma o coordenador.

Outra área em potencial é a indústria farmacêutica. Quando os pesquisadores do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia (DBEZ) detectam que um fungo, identifi cado no programa do PPBio Semi­árido, tem potencial e ocorre em grande quantidade com capacidade para ser ex­plorado, essa espécie é coletada e levada para análise no Departamento de Bio­química (DBQ). Os estudos bioquímicos revelam se certas substâncias presentes em determinado fungo têm potencial farma­cológico.

PrograMa De PesQuisaeM bioDiversiDaDeO programa de Pesquisa em Biodi­

versidade (PPBio) foi criado pelo MCTI em 2004, incluído no Plano Plurianual do Governo Federal e ofi cializado pela Portaria MCT nº 268 de 18 de junho de 2004, que defi ne seus objetivos, tendo sido modifi cado pelas portarias MCT nº 382, de junho de 2005, e MCT nº 388, de 22 de junho de 2006.

De abrangência nacional, o programa tem como objetivo central articular a com­petência regional e nacional para que o conhecimento da biodiversidade brasilei­ra seja ampliado e disseminado de forma planejada e coordenada. O programa ini­ciou suas atividades na região amazônica, fortalecendo a atuação dos institutos do MCTI na região: o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), na Amazô­nia Ocidental, e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), na Amazônia Oriental.

Posteriormente, o programa foi ex­pandido para o semiárido, mediante co­laboração com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Em 2010, a Mata Atlântica também foi abrangida pelo PPBio por meio de um projeto piloto no âmbito do Projeto Nacional de Ações In­tegradas Público­Privadas para a Biodi­versidade (PROBIO II), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Por meio de ações da rede ComCer­rado, o PPBio também passou a abranger, recentemente, o bioma cerrado.

UFRN coordena pesquisas sobre fungosem estudo no semiárido brasileiro

PESQUISA

ano XVI | nº 69 | janeiro de 201410Jornal da UFRN

Participação da UFRN no PPBio Semiárido podem trazer benefícios diretos à sociedade

Iuri Goulart

Page 11: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

Por LUCIANO GALVãO

em qual estágio encontra-se a transição da gestão do HuoL para a ebserH?

Já se avançou bastante. A partir do momento em que a Universidade assi­nou o contrato com a Empresa, em agosto

de 2013, a gente começou a trabalhar para compor o grupo de governança – formado pela superintendência, pelas gerências e pelas chefias de divisão. Agora, encontra­se em vigor o período de transição, com dura­ção de um ano – até agosto de 2014 –, em que alguns aspectos da vida do Hospital con­tinuam atrelados à Universidade e em que os contratos que já haviam sido celebrados con­tinuam existindo.

Em seguida, vem o mais importante: a preparação para adquirirmos novo pes­soal. Para isso – inclusive antes da assina­tura do contrato com a EBSERH –, nossos setores de recursos humanos, de direção administrativa e de planejamento haviam feito trabalhos para levantar a necessidade do HUOL nesse campo. A gente se baseou na produção do Hospital, no pessoal com que contamos, em nossas perspectivas para o futuro e em nossos acordos com o SUS. Enviamos esses dados à EBSERH, em Brasília, para que fosse calculada a nossa necessidade de pessoal e, já na assinatura do contrato, essas informações estavam em um anexo.

A EBSERH e o Ministério do Plane­jamento, Orçamento e Gestão (MPOG) dimensionaram este hospital para 1.104 pessoas. Isso significa que vamos acrescer aos servidores efetivos do Hospital, que são cerca de 500, mais 1.104 pessoas, além dos terceirizados nas funções de apoio, o que soma quase duas mil pessoas. Feito tudo isso, cons tituímos o edital para a contrata­ção dos novos funcionários. O documento foi lançado em dezembro e as provas serão realizadas no dia 16 de fevereiro.

Essa é a maior mudança. As outras virão no dia­a­dia, à medida em que a Universi­dade for desobrigando­se das coisas do Hos­pital, como licitações, contratos e assuntos jurídicos. Esse é um processo muito delicado – toda transição é – porque a EBSERH ainda não definiu algumas coisas. Mas precisamos resolver os entraves com rapidez para que tenhamos segurança.

Quais têm sido os principais desafios dessa transição?

Estamos saindo de uma situação boa para uma muito boa. Não saímos de um momento ruim. O Hospital Onofre Lopes é muito bem conceituado, muito bem es­truturado e vai ganhar facilidades, porque passa a ter recursos humanos que não tinha. Mas, até definirmos certas coisas, estamos mais ou menos como um carro em primeira marcha. A primeira é a mar­cha de maior força, porque tem que tirar o

carro do zero. Como um avião para subir, que usa toda a força e depois segue quase que planando.

Um exemplo de indefinição é a exe­cução financeira do ano de 2014. Ainda não se sabe se ela será feita pela Univer­sidade ou pela EBSERH. Os recursos para este ano chegarão do SUS, mas a Universi­dade está desobrigada de gastá­los, porque no contrato de adesão à EBSERH está dito que a Empresa assumiria a execução, mas ela ainda não está com toda a sua estrutura preparada. O que compramos até dezem­bro de 2013, mesmo aquilo que ainda não recebemos, os fornecedores vão entregar e receber o pagamento normalmente. A in­definição é com o que comprarmos a par­tir de janeiro.

Mas isso não é inesperado, faz parte do processo. Toda transição é assim. Você não sai de um lugar para outro sem passar por esse meio.

Com relação aos servidores tercei­rizados contratados pela Fundação de Pesquisa e Cultura da UFRN (FUNPEC), na época da adesão à EBSERH existia uma incerteza quanto à situação desses profissionais... agora já se sabe: irão to­dos sair. Não tinha como eles continua­rem no Hospital porque são contrata­ções precarizadas. A qualquer momento, o Tribunal de Contas da União poderia determinar que a Universidade pusesse todo mundo para fora.

Mas todos eles agora terão chance de entrar por concurso, não mais de forma precária, mas como funcionários celetis­tas. É bom lembrar que os contratados pela FUNPEC tinham todos os direitos trabalhistas respeitados e, quando saírem, têm todos os direitos nas mãos deles. Eles estão tranquilos quanto a isso.

Quanto ao atendimento aos pacien-tes, há alguma alteração?

Não. Estamos aqui para que o processo de transição não repercuta nos pacientes. Há um único aspecto que nos preocupa, que é a evasão do pessoal terceirizado pela FUNPEC, porque alguns estão pedindo demissão para estudar para o concurso e não temos quadro efetivo suficiente para

suprir a deficiência que poderá existir até a chegada dos novos colaboradores. Mas te­mos cuidado para que isso não repercuta para o paciente.

os servidores efetivos da uFrn lotados no Hospital ficarão cedidos à ebserH?

Isso. Eu, por exemplo, sou servidor efe­tivo e vou ficar cedido à Empresa.

com relação aos convênios com hos-pitais para cessão de leitos, eles continu-am sendo possíveis?

Continuam do mesmo jeito. Hoje so­mente temos convênio com o Governo do Estado do Rio Grande do Norte e ele vai terminar naturalmente no momento pre­visto no acordo. Mas não tem nada a ver com a transição e, futuramente, poderão novos convênios ser realizados.

uma preocupação da comunidade acadêmica é se a mudança no modelo de gestão pode influenciar nas atividades de ensino, pesquisa e extensão do Hospital...

Influenciará. Para melhor. Teremos uma definição clara das coisas e pessoal suficiente para que a assistência ao paci­ente seja ainda melhor. Isso repercute num bom ensino, numa boa pesquisa e numa boa extensão. O Sistema de Saúde também será beneficiado, porque a oferta de trata­mento será feita de forma constante, de forma regular, sem paralisações durante os recessos. Na hora em que você atende me­lhor o Sistema, você dá também condições de formar melhor os alunos.

No contrato com a EBSERH está pre­visto um incentivo para a pesquisa. Um valor de 1% do orçamento do Hospital é colocado para estruturar as atividades, com salas, secretarias etc. O dinheiro para os projetos propriamente ditos se­gue sendo obtido pelos editais das agên­cias financiadoras.

Sem contar que na própria estrutura organizacional do Hospital há a Gerência de Ensino e Pesquisa. Ou seja, foi pre­vista uma gerência para priorizar as ações acadêmicas, para que possamos inserir melhor o ensino, a pesquisa e a extensão no Hospital.

“O novo modelo de gestão dos hospitais universitários nos dá condições de formar melhor nossos alunos”

entrevista

ano XV | nº 68 | dezembro de 201311Jornal da UFRN

Ricardo Lagreca, superintendente do HUOL

Wallacy Medeiros

Ricardo Lagreca é superintendente do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em entrevista ao Jornal da UFRN, Lagreca falou sobre a transição da gestão do HUOL para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), empresa pública vinculada ao Ministério da Educação.

Assinado em setembro do ano passado, o contrato com a EBSERH deu início à reestruturação admin-istrativa do Complexo Hospitalar da UFRN, composto também pelos hospitais Ana Bezerra e de Pediatria Professor Heriberto Ferreira Bezerra – este último em processo de fusão com o HUOL –, além da Mater-

nidade Escola Januário Cicco.Em sua sala no segundo andar do Onofre Lopes – acompanhado de Daniel Martins, chefe da Divisão

Financeiro-Administrativa, e de Zilmar Fernandes, gerente administrativa do Hospital – Ricardo Lagreca conversou sobre os desafios impostos pelo processo de transição, sobre o que muda e sobre o que permanece após a adesão ao novo modelo de gestão e sobre suas repercussões nas atividades do HUOL. Para o super-intendente, a EBSERH deverá trazer ganhos para a assistência aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, por consequência, dar melhores condições de se fazer ensino, pesquisa e extensão na Universidade.

Page 12: Jornal da UFRN - Janeiro de 2014 - Ano XVI nº 69

ano XV | nº 68 | dezembro de 201312Jornal da UFRN

Por MARCOS NEVES JR.

Prestígio em alta e um reconhe­cimento cada vez maior são carac­terísticas muito marcantes da atual

fase da Orquestra Sinfônica da Univer­sidade Federal do Rio Grande do Norte (OSUFRN). Levando música de qualidade a locais que antes não tinham contato com essa arte e formando um público fiel e mais presente aos seus concertos, o con­junto estreou recentemente o espetáculo “Vinícius – uma canção pelo ar”.

Homenagem ao centenário do poeta e compositor Vinícius de Moraes, o con­certo reconstrói a história do Poetinha, como era conhecido o artista, a partir de suas canções. Apresentado pela primeira vez em Currais Novos, no mês de outubro, e com shows em dezembro, em Mossoró e Caicó, o espetáculo teve seu maior público na Semana de Ciência, Tecnologia e Cul­tura da UFRN (CIENTEC).

“Nada se compara à energia do en­contro com a comunidade”. Assim André Muniz, maestro da Orquestra Sinfônica da UFRN, define a sensação de tocar para um grande público, fato que vem se tornando mais comum nos últimos três anos, após parceria com o Serviço Social do Comér­cio do Rio Grande do Norte (SESC­RN).

Desse convênio surgiu o projeto Par­cerias Sinfônicas, que, além de Vinícius de Moraes este ano, homenageou, em 2011, diversos artistas da MPB e, em 2012, dedi­cou um espetáculo inteiro a Luiz Gonzaga, um dos maiores representantes da cultura nordestina. Dessa forma, o conjunto pro­moveu o encontro entre erudito e popular, unindo seus arranjos orquestrais a vozes conhecidas na cena musical de Natal como Khristal, Camila Masiso e Hilkélia.

A julgar pela reação das plateias nos concertos e pelos resultados alcançados, o formato está agradando. O espetáculo

Clássicos do Baião: Tributo a Gonzagão, que emocionou milhares de pessoas no Rio Grande do Norte e em outros esta­dos, recebeu o Prêmio Hangar de melhor show de 2012 segundo o juri popular. Pela segunda vez consecutiva, a Orquestra da UFRN é contemplada pelo voto do pú­blico, já que em 2011 foi da mesma forma.

Para André Muniz, tais premiações mostram que esses concertos da Orques­tra têm, de fato, conseguido alcançar a população de uma maneira especial, con­quistando um espaço nas lembranças de todos que assistiram às apresentações.

“Dizem que brasileiro não tem memória, mas a premiação aconteceu em outubro (2013) e a última vez que fizemos o espetáculo do Gonzagão antes da premi­ação foi em janeiro. Mesmo depois de me­ses, o show está na mente das pessoas. Isso significa muito para a orquestra”, afirma o maestro com entusiamo, percebendo uma aproximação entre o grupo e público.

A estudante Cibelle Thaíse, assistiu às apresentações na CIENTEC e aprovou o

modelo. Segundo ela, é importante pro­porcionar a todos os públicos o acesso à música da Orquestra, além de dar vez a artistas locais. “Gostei muito do concerto, mais ainda com a participação de cantores da nossa terra. Espero ter a oportunidade de ver novamente espetáculos como esses.”

ForMação De PúbLicoNo entanto, não é apenas nos shows

do Parcerias Sinfônicas em que a orques­tra tem se aproximado do público. Com audiências cada vez maiores, a relação en­tre o grupo e a plateia se estreita sobretudo nos concertos realizados no auditório On­ofre Lopes, na Escola de Música da UFRN.

Um consistente trabalho de forma­ção de público vem se desenvolvendo nos dias de concertos. Uma hora antes de cada apresentação, o maestro André realiza uma palestra para descrever as obras que serão interpretadas, explicando detalhes relacionados tanto a aspectos musicais como ao contexto histórico e até filosófico no qual a criação das peças está envolvida.

“É preciso entender como funciona uma orquestra, a música clássica e erudita, sua composição e construção, porque nin­guém gosta do que não conhece”, afirma o maestro, ressaltando a resposta positiva obtida a partir desse trabalho, já que os 250 lugares do auditório têm estado preenchi­dos em todas as apresentações do grupo.

seLeção e rePertórioAlém do investimento em formação

de público, o sucesso deve ser atribuído à qualidade artística do conjunto, um dos mais ativos em toda a região Nordeste. A seleção dos músicos acontece anualmente com critérios nos moldes das maiores or­questras do mundo. Os candidatos pre­cisam executar peças preestabelecidas em edital com precisão e sem qualquer tipo de comunicação com a banca. Um teste não só técnico, mas psicológico também.

Atualmente, a Orquestra Sinfônica conta com 53 músicos, todos estudantes dos cursos técnicos, de graduação e de pós­graduação da Escola de Música da UFRN. Para manter o movimento ascen­dente de qualidade, o conjunto cumpre uma rotina de ensaios de oito horas sema­nais, distribuídas em três dias, além dos compromissos individuais de cada com­ponente com os estudos de seus instru­mentos.

Outra preocupação constante da Or­questra é o repertório. Na avaliação do maestro André Muniz, a escolha das peças ensaiadas tem de ser feita de maneira balanceada, de forma a unir o que a pla­teia anseia ouvir e o que o conjunto deseja apresentar.

“Não se pode virar as costas para o público. Tem de revisitar o passado, mas apresentar coisas novas. A escolha do repertório não pode ser baseada apenas no gosto pessoal e nem só na vontade da plateia, pela tendência dessa de gostar da repetição. Há de se equilibrar essas forças”, explica André Muniz.

Orquestra Sinfônica da UFRN apresenta novo concerto e investe na formação de público

ARTE

Wallacy Medeiros