jornal da ufrn - janeiro de 2014 - ano xvi nº 69
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SiSU, Obras e Prêmios - Reitora Ângela Maria Paiva Cruz fala sobre o desempenho da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2013TRANSCRIPT
ano XVI | nº 69 | janeiro de 2014 - distribuição gratuita
Reitora Ângela Paiva fala sobre o
desempenho da UFRN em 2013
SiSU, obrase prêmios
Páginas 3
AutonomiaTexto da ANDIFES sobre independência
administrativa das universidades vai ao
Congresso Nacional
Páginas 6 e 7
MúsicaHomenagem da Orquestra
Sinfônica da UFRN ao centenário
do poeta Vinícius de Moraes
Página 12
EBSERHBenefícios na gestão hospitalar e na
assistência aos pacientes do Sistema
Único de Saúde
Página 11
Por INGRID DANTAS
Oferecer qualidade de vida aos idosos. Essa é a meta de um projeto do Departamento de Fonoaudiologia
(DEPFONO) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para identifi car o risco de disfagia em pessoas maiores de 60 anos.
Intitulada “Triagem para risco de disfagia na população idosa”, a ação é desenvolvida na UFRN desde 2011 e proporciona atendimento de qualidade aos pacientes, além de direcionálos a especialidades clínicas conforme a necessidade de cada um.
Segundo o professor Hipólito Virgílio Magalhães Junior, coordenador do projeto, a ideia surgiu a partir da necessidade de se conduzir uma pesquisa sobre a deglutição em pessoas atendidas no Setor de Geriatria do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL).
Os pacientes que chegam ao HUOL e possuem queixa ou são diagnosticados com alguma difi culdade de deglutição são encaminhados para a Clínica Escola de Fonoaudiologia, onde são realizadas as consultas do projeto e os serviços de triagem.
Segundo o professor Hipólito Virgílio, os atendimentos são abertos a toda a comunidade. Portanto, encaminhamentos para a clínica podem vir tanto de ambulatórios do HUOL quanto por demanda espontânea. Assim, qualquer pessoa que tenha ou que conheça alguém que possua queixas pode marcar uma consulta diretamente na clínica.
Um dos casos atendidos na Clínica Escola foi o de Geralda Bezerra de Araújo, de 93 anos. Após sofrer uma queda
em casa, ela percebeu que estava com difi culdade de falar e com aumento da salivação e procurou o serviço, já que seu caso poderia necessitar da atenção de um atendimento especializado.
Dona Geralda disse que fi cou receosa com sua situação. “Minha maior preocupação é não poder mais cantar. Sou muito ativa, gosto de sair, mas não estou podendo
porque tenho medo de cair de novo ou de fi car sem falar”, contou.
Analisada as queixas da paciente, foram realizados procedimentos para identifi car dormência na face e difi culdades para engolir líquidos, alimentos pastosos e sólidos. Além disso foi procedido um exame para avaliar a capacidade da paciente em harmonizar a respiração, a fala e a articulação.
Felizmente, segundo o professor Hipólito, o caso não apresentou resultados comprometedores. Ao fi nal de todos os exames, a equipe clínica constatou a inexistência de anormalidades e a paciente poderá retomar às suas atividades sem preocupações.
norMas e atenDiMentoPara realizar o trabalho dentro dos pa
drões pretendidos pelo DEPFONO junto aos pacientes, incluindo a aplicação de procedimentos especiais, foram necessários alguns cuidados. A proposta do projeto foi analisada e aprovada por um comitê de ética, atendendo às exigências legais quando os estudos envolvem a segurança e o bemestar de pessoas.
O professor Hipólito Virgílio explicou que, para cumprir essas exigências, foi convidado pela professora e geriatra Betina Barbiero Saad para adaptar um protocolo internacional existente para a área, mas que ainda não havia sido aplicado no Brasil.
Foi assim que começou, em 2010, o processo de transculturação, um trabalho que exigiu esforços para traduzir os procedimentos e adequálos à realidade brasileira, já que não havia ainda nenhum protocolo semelhante válido no país. Terminada essa fase de adaptações, as atividades do projeto puderam ser iniciadas, o que aconteceu em 2011, junto a pacientes do ambulatório de geriatria e demais setores que recebessem idosos.
Os atendimentos têm caráter de serviço para esclarecimento de diagnóstico e as pessoas interessadas podem entrar em contato com a Clínica Escola de Fonoaudiologia pelo telefone 33429757, e com o Departamento de Fonoaudiologia, pelo telefone 33429738, para marcar a visita de triagem com a equipe.
Jornal da UFRN
EXPEDIENTEReitora Ângela Maria Paiva CruzVice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo XimenesSuperintendente de Comunicação José Zilmar Alves da CostaDiretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte GuimarãesEditora Enoleide Farias ([email protected])Jornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Eliana Lima, Enoleide Farias, HellenAlmeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia CostaFotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy MedeirosRevisoras Regina Célia Costa e Êmili Adami RossetiFoto de capa Cícero Oliveira
Diagramação Setor de Artes/ComunicaBolsistas de Jornalismo Aline Nagy, Ana Clara Dantas, Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Júnior Marinho, Kalianny Bezerra, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Taís Ramos, � yara DiasBolsista de Letras Karla JisannyArquivo Fotográfi co Saulo Macedo (bolsista)Endereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115E-mail [email protected] – Home-page www.ufrn.brImpressão EDUFRN Tiragem 6.000 exemplares
ano XVI | nº 69 | janeiro de 20142
Clínica Escola desenvolve projeto que investiga risco de disfagia em idosos
FONOAUDIOLOGIA
Wallacy Medeiros
Segundo Hipólito Virgílio os atendimentos são abertos a toda a comunidade
ano XVI | nº 69 | janeiro de 20143Jornal da UFRN
Por CIONE CRUZ
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) encerrou as atividades no ano de 2013
comemorando, mais uma vez, a boa avaliação do Ministério da Educação (MEC) que coloca a instituição na liderança, pelo segundo ano consecutivo, como a melhor do Norte/Nordeste entre as Instituições Federais de Ensino Superior, conforme o Índice Geral de Cursos (IGC).
A UFRN, segundo a reitora Ângela Paiva Cruz, vem buscando a expansão acadêmica com qualidade e avançando em todas as áreas contempladas em seus programas estruturantes, tais como: ações por uma universidade cidadã; desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação; meio ambiente e qualidade de vida; modernização da gestão; e gestão de pessoas.
Na expansão acadêmica, a universidade registrou um aumento de mais de 900 vagas para ingresso nos cursos de graduação em 2014, através do ENEM/SiSU. Embora o grande destaque seja a criação de um novo curso de Medicina envolvendo três campi (Caicó, Currais Novos e Santa Cruz), outros foram criados.
No Campus Central já funcionam os cursos de Gestão de Cooperativa e Letras/Libras e, para 2014, está previsto o início do Curso de Meteorologia e Oceanografia. Na cidade de Santa Cruz, a Faculdade de Ciências da Saúde (FACISA) passará a oferecer o curso de Psicologia. Outros se encontram com projeto pedagógico aprovado ou em elaboração, tais como Terapia Ocupacional (FACISA), Música (CERES/Caicó), entre tantos propostos pelas unidades acadêmicas e registrados no plano de expansão.
Os novos cursos criados pelo REUNI (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e pósREUNI, segundo Ângela Paiva, estão sendo bem avaliados pelo MEC e, em sua maioria, estão obtendo notas 4 ou 5.
Na pósgraduação também foi registrado
um crescimento muito significativo, com uma substancial elevação na qualidade dos cursos no último triênio (2010/2011/2012): 18 programas aumentaram seus conceitos e nenhum curso foi descredenciado.O número de cursos de pósgraduação pulou de 82, em 2011, para 101 em 2013. “A UFRN tem tido uma grande visibilidade em relação às outras universidades na área da pósgraduação”, afirmou a reitora.
Vale salientar que todas essas ações foram trabalhadas com as ações de inclusão social, disse a reitora. “Estamos na política de cotas, estamos plenamente no SISu a partir de 2014 e aprovamos resolução para a inclusão regional”, disse se referindo à Resolução 177/2013, que cria o argumento de inserção regional, para estimular o acesso à Universidade dos estudantes que residem no entorno dos locais de oferta dos cursos da UFRN no interior.
As ações da UFRN para contemplar o programa estruturante Universidade Cidadã incluem também a preocupação com a melhoria do atendimento nos hospitais universitários, possibilitada com a adesão à EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), com a ampliação do ensino técnico (presencial e a distância) para jovens e trabalhadores, através do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Através desse Programa a UFRN está qualificando cerca de 30 mil pessoas, em cursos oferecido pela Escola Agrícola de Jundiaí, Escola de Enfermagem, Escola de Música e Instituto Metrópole Digital.
A política cultural da Universidade, além de permear toda vida cultural da cidade com suas ações, se constitui em um vetor para a qualidade de vida. A reitora, ainda destaca o trabalho da Escola de Música – que tem atrações semanais e, constantemente apresenta atrações internacionais – além de propor e reali zar a disseminação de atividades artísticas e culturais por meio do Programa SIGArte.
Áreas estratégicasA área de ciência e tecnologia registrou
avanços o emprego com ações estratégias. O
trabalho desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (SEDIS), registra a inserção e atendimento de demandas em nível nacional; o projeto do Instituto de Medicina Tropical registra a conclusão das obras do prédio onde será instalado; a reestruturação física e tecnológica dos hospitais universitários também se destaca, como a utilização de tecnologia de última geração (imagens em Ultra HD 4K), para transmissão de cirurgias para todo Brasil e criação de novos serviços como o de Reprodução Humana Assistida na Maternidade Escola Januário Cicco. Os concursos públicos ampliaram o quadro de servidores com 1.971 vagas.
Na área da inovação tecnológica os exemplos são profícuos e a reitora Ângela Paiva cita a criação de mais uma incubadora – Bio Inova – que juntamente com a INOVA Metrópole somam duas incubadoras na UFRN. Além disso, a Universidade comemora o grande crescimento no número de pedidos de patentes, que chegou a 70 em dezembro 2013 (em maio de 2011 foram registrados 24 pedidos). Outros 14 pedidos estão em andamento.
Foram inúmeras as premiações durante todo esse ano de 2013, de agências, tais como FINEP/MCTI e, com destaque, a última edição do Prêmio Santander Universidades. Na ediçao 2013 a UFRN foi premiada entre as instituições que inscreveram o maior número de projeto e nas categorias Guia do Estudante, com o Metrópole Digital e Empreendedorismo, com o projeto “Sistema de Elementos e Fatores Climáticos em Plantações de Canadeaçúcar (Agroremoto)”.
A internacionalização se destaca com aumento no número de convênios, colocando a UFRN em primeiro lugar no Nordeste em número de alunos com bolsas no Programa Ciências Sem Fronteiras (CsF). Segundo dados da Secretaria de Relações Internacionais, em 2013 foram enviados 441 alunos para o exte rior, dos quais 371 (84%) são vinculados ao CsF.
O programa estruturante Meio Ambiente e Qualidade de Vida avançou com a criação de comissões para trabalhar o Plano Diretor
do Campus Central, para propor melhorias dos espaços dentro do Campus, para trabalhar a segurança interna, para aperfeiçoar relações de trabalho, para propor atividades artísticas e culturais de forma permanente, além das comissões para trabalhar o Plano Diretor dos campi de Caicó, Currais Novos e Macaíba.
Na área de infraestrutura foram 44 obras concluídas neste ano e mais de 30 contratos novos assinados. Entre os contratos estão incluídas obras que ampliam a infraestrutura básica de esgotamento sanitário, de abastecimento de água e de sistemas de reuso de esgotos.
A informatização e melhoria dos sistemas, capacitação dos gestores e os cursos de pósgraduação profissional (Mestrado Profissional em Letras e Mestrado Profissional em Gestão de Processos Institucionais) foram algumas das ações do programa Modernização da Gestão. Nessa área outros avanços são a consolidação do Programa de Assistência ao Servidor e o Núcleo de Ideação, este último com o objetivo de ouvir a comunidade acadêmica sobre a questão da gestão.
A Próreitoria de Assistência ao Estudante (PROAE) concedeu mais de 900 auxíliosmoradia aos estudantes universitários e 1042 bolsasalimentação, além de mais de 2 mil atendimentos psicológicos. Também foram inau guradas duas novas residências (Santa Cruz e Campus IVNatal) e criada uma residência para alunos da pósgraduação.
A Próreitoria de Extensão comemora o aumento no número de alunos e docentes em projetos de extensão e de municípios no programa Trilhas Potiguares. A PROEX também está coordenando a participação da UFRN na Copa do Mundo 2014, através de diversos projetos.
A reitora Ângela Paiva finaliza o balanço de 2013 destacando o crescimento da Universidade em todos os indicadores dos Programas Estruturantes previstos no Plano de Gestão 2011/2015, que contribui ainda mais para a sua inserção social e para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte.
Avanços em áreas estratégicas marcam 2013 na UFRN
GESTÃO
Anastácia Vaz
Wallacy Medeiros
Instituto Metrópole Digital
CERES Caicó
Jornal da UFRN
NOTAS
SiSU em númerosA UFRN registrou 80.476 inscrições de 54.377 candidatos na edição de 2014.1 do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) do Ministério da Educação (MEC). A Universidade ofertou 4.309 vagas, em 88 cursos de diversas áreas do conhecimento, para os campi de Natal, Macaíba, Currais Novos, Caicó e Santa Cruz.
AstronomiaUm projeto dos astrônomos Matthieu Castro e José Dias do Nascimento Júnior, professores do Departamento de Física Teórica e Experimental, foi aprovado pela CAPES para financiamento. A pesquisa, que estudará a atividade magnética e a rotação de estrelas similares ao Sol, será conduzida em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie e com a Universidade Paris-Sud (Orasy), da França.
DescobertaPesquisadores do Centro de Biociências descobriram uma nova espécie de peixe na bacia do rio Piranhas-Açu, situado na região do Sertão do Seridó. O achado do Parotocinclus seridoensis – como foi batizado o animal – foi publicado em artigo na revista internacional Neotropical Ichthyology, fruto do trabalho dos cientistas Sérgio Maia Queiroz Lima, Telton Ramos, Luciano Barros Neto e Heraldo Antonio Britski, este último da Universidade de São Paulo.
EDUFRNA Editora da UFRN inicia o ano com reformulações em seu catálogo de livros e em sua página eletrônica. Entre as modificações, está a organização do catálogo por área do conhecimento, em vez da antiga disposição em ordem alfabética. Um dos objetivos das mudanças é fornecer mais conforto e agilidade para que o público encontre as obras desejadas.
AumentoA nova tabela salarial dos servidores técnico-administrativos foi divulgada pela PROGESP no início deste mês. O aumento de 3,7% no vencimento básico entra em vigor a partir do pagamento de janeiro. Já no contracheque de março, o reajuste será de 5%. A tabela completa pode ser consultada no site www.portaldap.ufrn.br.
Por ANA CLARA DANTAS
O Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) ministra, em Brasília – DF, o Curso de Especialização em Ciências Atuariais e Demografia para servidores do Ministério da Previdência Social (MPS).
A professora Lara de Melo Barbosa Andrade, coordenadora do projeto, explica que a UFRN tem a particularidade de possuir duas áreas de conhecimento importantes para a atuação desse Ministério, que são a Demografia e as Ciências Atua riais. “Há um interesse do MPS em capacitar seus servidores nessas duas áreas, que são importantes para a atuação dos profissionais. Por isso a primeira turma tem como público alvo auditores do Ministério da Previdência Social”, explica. O curso tem apoio ainda do programa de PósGraduação em Demografia da UFRN.
O objetivo principal das aulas é habilitar a turma de 30 alunos como especialistas na identificação de transformações estruturais pelas quais vem passando a sociedade brasileira, ocasionadas por mudanças no cenário demográfico nacional. O trabalho do auditor consiste em realizar um exame das atividades desenvolvidas em determinada empresa ou instituição para avaliar se os métodos utilizados foram eficientes e se os planos estabelecidos devem prosseguir.
Com uma carga horária de 400 horas, o curso tem duração de um ano e deve ser concluído em novembro de 2014 no Centro de Formação do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), em Brasília. Toda a logística necessária ao funcionamento do curso é financiada pelo Ministério, como a estrutura física, os laboratórios, o pessoal e outros recursos.
“Como temos alunos de vários estados, todos se reúnem em Brasília, junto com os professores da UFRN, sempre na primeira semana de cada mês. Esse calendário foi combinado com bastante antecedência, já que os alunos não estão afastados de suas atividades profissionais”, explica a coordenadora. Até agora, dois módulos foram ministrados e o próximo dever ser realizado em março de 2014, após o período de recesso.
A aula inaugural do curso, proferida por José Alberto Magno de Carvalho, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, aconteceu no dia 5 de novembro em Brasília, no centro de For
mação do INSS. A vicereitora da UFRN, Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, compareceu à solenidade, que também foi prestigiada pelo ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, o Secretário de Políticas da Previdência Social, Leonardo Rolim, e a coordenadora do curso, Lara de Melo Barbosa Andrade.
“Nós temos a possibilidade de convidar outros professores para participarem ministrando um modulo, mas a nossa intenção é que os professores da UFRN possam ministrar as aulas. O INSS disponibiliza o Centro de Formação do Instituto”, disse a professora. A escolha da UFRN como instituição executora do projeto ocorreu após chamada pública realizada pelo Ministério da Previdência Social. Várias universidades brasileiras enviaram suas propostas, mas o MPS escolheu o trabalho do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da UFRN.
ciências atuariaisCiências Atuariais – ou Atuária – car
acterizam a área do conhecimento que analisa os riscos e as expectativas financeiros e econômicos, principalmente na administração de seguros e pensões. Suas metodologias mais tradicionais são basea
das em teorias da Economia, e envolvem em suas análises uma forte manipulação de dados em contextos empresariais. A Atuária é uma área de conhecimento multidisciplinar, em que o domínio de conceitos em Administração, Contabilidade, Matemática, Finanças e Estatística – além da já citada Economia – são fundamentais para o entendimento dos modelos atuariais mais elementares.
O curso da UFRN concede o grau de Bacharel, é oferecido na modalidade presencial, tem duração de oito semestres e carga horária total de 2.490h/aula. Em 2014, o Sistema de Seleção Unificada (SiSU) ofereceu 40 vagas para a graduação no turno noturno. Ciências Atua riais também oferece vagas específicas para estudantes oriundos do Bacharelado em Ciências e Tecnologia (BC&T) da UFRN.
O profissional com formação em Ciências Atuariais está apto para atuar em vasto campo, como em instituições de previdência pública e privada, empresas comerciais, indústrias, seguradoras, bancos e órgãos governamentais dos ramos de previdência e de pecúlio de seguros.
informações:www.ccet.ufrn/cienciasatuariais
Especialização em Ciências Atuariais paraservidores do Ministério da Previdência
CAPACITAÇÃO
Wallacy Medeiros
Lara de Melo Barbosa Andrade, coordenadora do projeto
ano XVI | nº 69 | janeiro de 20144Jornal da UFRN
Por KALIANNy BEZERRA
Gabriella Vinhas é natural de Brasília, formada em Fonoaudiologia, estudante e ativista. Mas, antes de
tudo isso, é mãe de Cauã, que nasceu há um ano e quatro meses por meio de um parto violento. Essa jovem mãe, assim como uma em quatro mulheres brasileiras, foi vítima de violência obstétrica.
“Se gritar, seu filho vai nascer surdo”. Na hora de fazer não chorou, porque está fazendo isso agora?” “Fica quieta, senão vou te furar todinha”.
Além das palavras, gestos: procedimentos dolorosos como pressionar a barriga para o bebê sair e cortar a vagina da grávida, sem consentimento, são relatos frequentes em vários lugares do Brasil, de mulheres que deram à luz e não receberam a assistência desejada.
A professora do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e médica obstetra, Maria do Carmo Lopes de Melo, explica que violência obstétrica consiste em toda conduta, ação ou omissão, realizada por profissionais da saúde que, de maneira direta ou indireta, desrespeite a autonomia da mulher grávida, sua integridade física ou mental ou seus sentimentos.
Um tipo de violência relatada e que muitas vezes passa despercebida é o parto cesariano sem uma indicação consistente, ou seja, sem um esclarecimento dos riscos e complicações inerentes ao procedimento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é campeão mundial de cesarianas, sendo a média nacional desse tipo de intervenção cirúrgica no país de 52,2%, enquanto o recomendado pela entidade é 15%.
“Não podemos condenar a cesárea, mas ela só pode acontecer quando alguma intercorrência faz com que a indicação do parto mude, por exemplo, se a mãe possui uma patologia como a hipertensão. Mas é importante entender que o corpo da mulher foi feito para dar à luz naturalmente”, declara Maria do Carmo.
Seja na água, na maternidade ou num centro cirúrgico, o parto deve ser da forma que a grávida desejar – e a saúde permitir. Esse é o conceito básico de humanização, em que as decisões da mulher são levadas em conta. “A humanização é o respeito que os profissionais e as pessoas envolvidas na assistência ao nascimento do bebê oferecem”, destaca a professora e obstetra.
O caso de Gabriella foi o inverso. Começou quando os profissionais tomaram a iniciativa de fazer uma cesárea. O “terrorismo psicológico” não parou por aí. Ela conta que a equipe de saúde foi rude com o seu acompanhante e que quando seu filho nasceu não a deixaram segurálo ou amamentálo. “Fui me recuperando aos poucos desse trauma. Hoje já estou bem. Mas agora luto para que casos como o meu não se repitam mais”, afirma a jovem.
MoviMento e ParceriaPara combater esse tipo de conduta,
a fonoaudióloga criou o Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento em Natal. Com pouco mais de um ano, esse
projeto já conta com a participação ativa de mais de 30 mulheres. São promovidas reuniões, encontros com grupos de gestantes e representantes de saúde do Estado, nos quais são desenvolvidas as ações de uma biblioteca itinerante que dispõe de livros sobre maternidade e apontam uma visão mais humanizada do nascimento.
Além disso, o movimento busca parcerias para ampliar a discussão dentro de ambientes acadêmicos. Na UFRN, a jovem ativista vê a possibilidade de conversar e entrar no contexto dos profissionais da saúde que estão em formação. Para tanto, a primeira iniciativa tomada foi participar do V Seminário de Direitos Humanos da UFRN, realizado pelo Centro de Referência de Direitos Humanos (CRDH) e pela PróReitoria de Extensão (PROEX), em dezembro de 2013.
“Entrei em contato com a organização do evento e apresentei a proposta de elaborarmos alguma ação relacionada ao tema da violência obstétrica e da humanização”, declara. Então surgiu a ideia de montar a exposição fotográfica “1:4 Retratos da Vio
lência Obstétrica”, idealizada pelas fotógrafas Carla Raiter e Caroline Ferreira, na cidade de São Paulo.
A antropóloga do CDRH e estudante da PósGraduação em Antropologia Social, Andressa Morais Lima, explica que a proposta de Gabriella se encaixava na ideia de trabalhar o visual para “chocar” as pessoas. Assim, durante três dias, na Escola de Enfermagem da UFRN, estiveram expostas fotos de mulheres que tiveram marcadas em seu corpo a violência sofrida durante o parto. “Usamos o visual para impactar e criar uma conscientização para esse tema que é pouco abordado em nosso país”, diz Andressa.
HuManizaçãoAcolhimento é a palavra chave no
vocabulário de uma equipe de saúde humanizada. Nesse tipo de assistência é necessário que os profissionais envolvidos no nascimento da criança passem segurança e conforto à gestante. É preciso entender, no entanto, que a assistência humanizada começa no prénatal.
“É essencial saber se a saúde da mulher e a do bebê está bem, só assim é possível ela parir sem intervenções. É importante também procurar um obstetra de confiança para fazer todo o acompanhamento da gestação e que já tenha definido o hospital que ela vai dar à luz”, ressalta Maria do Carmo.
Segundo a docente, a gravidez se constitui num evento social. “Só de comunicar que está esperando um filho, para a mulher já é uma grande felicidade”, diz. Assim, de acordo com a médica, é importante que a família também esteja presente durante esse processo de mudança na vida de uma pessoa.
Outro cuidado a ser tomado para que tudo saia da maneira mais adequada para a gestante é a alimentação. Fazer uma dieta balanceada, não ingerir bebidas alcoólicas, não fumar ou se drogar, são alguns pontos elencados por Maria do Carmo. “Uma mulher grávida deve seguir uma vida normal, trabalhar e estudar. Os exercícios físicos também devem ser lembrados, mas nada muito pesado”, esclarece.
ano XVI | nº 69 | janeiro de 20145Jornal da UFRN
RESPEITO
Seminário de Direitos Humanos apresenta debate e exposição sobre violência obstétrica e humanização do parto
Maria do Carmo Lopes: violência obstétrica consiste em toda conduta realizada por profissionais da saúde que desrespeite a autonomia, integridade e sentimentos da mulher grávida
Anastácia Vaz
Carla Raiter
Por LUCIANO GALVãO
“Na administração universitária, há cada vez menos coisas a fazer e cada vez mais deter
minações a cumprir”, afirma Ângela Paiva Cruz, reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), referindose a interferências do Governo Federal em assuntos que considera privativos da Instituição. A declaração foi feita após audiência pública, realizada na UFRN no início do último mês de dezembro, que tratou da autonomia das instituições públicas de ensino superior.
Prevista na Constituição da República de 1988 – mas nunca regulamentada por lei –, a independência administrativa das universidades federais é objeto de uma proposta da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES). A iniciativa quer criar uma norma que torne adequadas as regras jurídicas da Administração Pública às atividades de ensino, pesquisa e extensão e às suas peculiaridades.
Intitulada Proposta de Lei Orgânica das Universidades Federais, foi ela que ensejou a audiência pública na UFRN,
assim como em outras universidades no País, com o propósito de colher sugestões da comunidade acadêmica de todo o Brasil para o anteprojeto.
A primeira versão do documento data de 2004, mas a elaboração na época não teve continuidade. No ano passado a ANDIFES, cuja Comissão de Autonomia é presidida pela reitora Ângela Paiva, retomou o trabalho e o atualizou, após reunirse com órgãos como ControladoriaGeral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público da União (MPU). Após ganhar as contribuições das universidades federais, o texto segue para o Ministério da Educação (MEC) e em seguida para o Congresso Nacional.
conceitoNos parágrafos que introduzem o an
teprojeto, a autonomia é – em linhas gerais – a “capacidade de autonormação e de autogestão nos diversos campos o peracionais das universidades públicas”. Seu objetivo é garantir a liberdade de pensamento, de produção de conhecimento e de gestão dos recursos para atingir finalidades acadêmicas nas instituições públicas de ensino superior.
A definição é dividida em três aspec
tos: didáticocientífico, administrativo e de gestão financeira e patrimonial. O primeiro diz respeito à aptidão de criar cursos, estabelecer seus currículos, instituir projetos de pesquisa, conferir títulos e realizar outras ações do gênero. A independência administrativa significa a competência para organizarse, criar regras próprias e administrar seus recursos materiais e humanos. Por fim, a autonomia de gestão financeira e patrimonial é a possibilidade de propor seu próprio orçamento – respeitando limites estabelecidos pelo Congresso –, remanejar verbas entre categorias de despesa, receber doações, estabelecer convênios com entidades privadas, entre outras atribuições
“Hoje, a única circunstância em que a Universidade tem realmente autonomia é a liberdade didáticocientífica”, diz João Emanuel Evangelista, próreitor de Planejamento da UFRN. Segundo o responsável por assessorar a reitoria na formulação e no acompanhamento das políticas institucionais, todos os governos que sucederam a Constituição de 1988 têm contrariado o princípio previsto na Lei, dos pontos de vista administrativo e de gestão financeira e patrimonial.
De cabeça, o próreitor enumera o que chamou de “reveses” sofridos pela autono
mia universitária ao longo dos últimos 25 anos. O primeiro é a dependência de autorização do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) para gastos com pessoal. “Proclamouse o princípio da autonomia mas o restringiram do ponto de vista prático, na medida em que a administração de pessoal foi tomada pelo MPOG”, opina.
Outro caso para o qual chama atenção é a subordinação das auditorias internas – órgãos que assessoram a Administração Central ao acompanharem as despesas da Universidade – à ControladoriaGeral da União. “As auditorias internas viraram uma espécie de sucursal da CGU, e isso é muito grave. Ao invés delas estarem subordinadas à reitoria e aos colegiados superiores, suas ações têm que ser submetidas à CGU”, relata.
O mais grave exemplo, de acordo com o gestor, é a restrição dos poderes das procuradorias jurídicas das universidades federais, após a criação da AdvocaciaGeral da União (AGU), em 1993. “A AGU confiscou o poder das universidades de defenderemse a si mesmas. Acontece que há situações em que existem conflitos entre ações do Governo Federal e interesses da Instituição e, se você não tem uma procuradoria autônoma, você não pode se de
ano XVI | nº 69 | janeiro de 20146Jornal da UFRN
AUTONOMIA
Anastácia Vaz
Audiência pública no auditório da Reitoria sobre Autonomia Universitária
UFRN sugere melhorias a proposta de lei que garante independência administrativa a universidades
UFRN sugere melhorias a proposta de lei que garante independência administrativa a universidades
7Jornal da UFRN ano XVI | nº 69 | janeiro de 2014
fender judicialmente”, explica.Para João Evangelista, essa situação
transforma as universidades, de órgãos de Estado, em órgãos de governo. “A Universidade deixa de agir independentemente da coloração partidária de quem ocupa a gestão, e passa a depender dos seus humores”, aponta. “É como se fossemos mais uma repartição pública, subordinada ao governo do momento. Isso contraria claramente a Constituição”.
Giuseppi da Costa, procurador da UFRN, relata um caso de gestões passadas – cuja data não se recorda com exatidão –, em que a Universidade contratou professores mas o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão recusouse a pagar os docentes. “Eles foram nomeados, foram empossados, entraram na folha e o MPOG não quis pagar os salários. Como tínhamos procuradoria jurídica, entramos com uma ação judicial e foi determinado o pagamento. Se fosse hoje, o ato teria sido anulado”, conta.
O procurador acredita que, se aprovada, a proposta da ANDIFES será um avanço, mas faz ressalvas. “Não sou nenhum negativista, agora ninguém pode imaginar que a edição dessa lei resolverá tudo, porque ela pode ser descumprida”, adverte. “Tudo o que diz respeito à autonomia das universidades vem sendo sistematicamente descumprido”.
O procurador Giuseppi da Costa responde à sua própria pergunta: “O que acontece no Brasil hoje? O Governo Federal tomou a gestão dos recursos humanos,
tomou as procuradorias jurídicas e já está interferindo violentamente nos órgãos de controle interno das universidades. Essa lei pode nos dar um alento, mas se perdermos a consciência de que nada se resolve sem lutas permanentes, não iremos a lugar nenhum”, defende.
“Há uma camisa de força dos organismos de controle, que não entendem as especifi cidades das práticas desenvolvidas na Universidade”, opina Edmilson Lopes Júnior, próreitor de Extensão. “O im pacto dessas limitações nas atividadesfi m da Universidade estão relacionados à limitação orçamentária e à difi culdade de desenvolver com maior fl exibilidade as nossas atividades”, afi rma.
Segundo o próreitor, ações de extensão envolvem pequenos gastos que são difíceis de enquadrar nas categorias de contratos existentes no Setor Público. “Maquiagem, batom, máscara, pequenas viagens, deslocamentos de última hora com professores e estudantes para atividades de campo, incorporação de membros das comunidades nas atividades desenvolvidas por grupos de extensão, alimentação dessas pessoas, custeio de suas passagens. Com tudo isso temos difi culdades diárias, por conta da atual estrutura que rege, do ponto de vista jurídi
co, as nosssas insituições”, relata Edmilson.
anteProJeto serÁaPresentaDo no coMeço Do ano ao congresso nacionaLAlém de detalhar o conceito de auto
nomia universitária, o anteprojeto de autoria da ANDIFES traz duas outras inovações: propõe o surgimento de uma nova espécie de pessoa jurídica – denominada
Universidade Pública Federal – e quer instituir o Sistema de Universidades Públicas Federais (SisUPF).
A primeira proposta visa a diferenciar as instituições com fi nalidades de ensino, pesquisa e extensão das demais autarquias e fundações públicas da Administração, como forma de
respeitar suas especifi cidades.“A criação desse novo ente jurídico cria
normas próprias para seu funcionamento, inclusive para a execução do orçamento, compras e licitações”, explica João Evangelista. “Um dos problemas que temos hoje é que o dinheiro destinado a projetos que não gastamos até o fi nal do ano, é devolvido para o Governo Federal, sem garantias de que ele será reposto no orçamento seguinte”, exemplifi ca.
“Isso siginifi ca que muitas ações podem fi car comprometidas. Com a nova
lei, eses recursos fi cam na Instituição”, complementa o próreitor. O procurador Giuseppi da Costa concorda com o gestor: “esse ente jurídico diferenciado é interessante, porque a partir dele as universidades poderão reinvindicar excepcionalidades”.
Já o Sistema de Universidades Públicas Federais deverá ser uma instância superior a todas as instituições, composta por reitores, servidores, representantes dos poderes Executivo e Legislativo, e membros da sociedade civil. Sua fi nalidade será integrar as universidades que o compõe, coordenar seu relacionamento com os Poderes da República e com organismos científi cos, além de estimular a cooperação acadêmica.
A ideia da ANDIFES é fazer com que a proposta se transforme em lei ainda em 2014. Para tanto, o anteprojeto deverá ser apresentado no começo do ano ao Congresso Nacional, onde precisará da aprovação das duas casas que o compõem: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Em seguida, a norma dependerá da sanção da Presidência da República para entrar em vigor.
Apesar das inúmeras etapas do processo, Ângela Paiva se mostra confi ante no sucesso da iniciativa. “Vamos ter mais discussões até chegarmos a um documento fi nal, mas estamos obtendo o compromisso de todos os atores envolvidos”, aponta a reitora. “Teremos um ano cheio de eventos, mas as presidências das casas do Legislativo já concordaram em colocar a proposta na pauta em 2014”.
[ ]ANDIFES vai apresentar anteprojeto no começo do ano e quer que a proposta se transforme em lei ainda em 2014
Por AURISTELA OLIVEIRA
Em tempos de mudanças climáticas, a produção de combustíveis limpos se torna uma preocupação
no mundo todo, visando contribuir com o cumprimento das metas estabelecidas nos acordos diplomáticos internacionais, como o Protocolo de Montreal (1987), o de Kyoto (1994) e o de Copenhagen (2009). Neste contexto, o Grupo de Pesquisa de Engenharia Bioquímica (Bioprocessos), do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desenvolve o projeto “Biomassa: etanol de segunda geração”, que estuda o aproveitamento de resíduos agroindustriais ou ligno celulósicos como matériaprima para a produção do Etanol de Segunda Geração ou Etanol Celulósico, ou mais conhecido como Etanol 2G.
Criado em 2008, o grupo Bioprocessos é coordenado pelos professores Gorete Ribeiro Macedo e Everaldo Silvino da Silva, que desenvolvem um relevante número de pesquisas visando a aplicações em diversos setores, com destaque nas áreas de saúde e energias renováveis. É nesta última que se insere o estudo da cadeia de produção de Etanol 2G, enfocando estratégias de prétratamentos, hidrólise e processo fermentativo. A pesquisa tem a participação de estudantes de mestrado, doutorado e de iniciação científica do Curso de Engenharia Química da UFRN, e conta com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os professores também participam, em nível de colaboração, de duas redes de pesquisa sobre a produção de Etanol 2G.
A professora Gorete Macedo, coordenadora do grupo, ressalta que a cadeia de estudos é complexa, de modo que cada um dos participantes do grupo se debruça sobre uma parte do processo, e os resultados obtidos são promissores, com indicativos de bom rendimento de todos os materiais estudados.
Gorete destaca também que um dos importantes produtos destas pesquisas desenvolvidas pelo grupo tem sido a formação de recursos humanos qualificados para trabalharem nesta área. Considerando o que já foi formado e está em forma
ção no grupo, a professora contabiliza três doutorados, dois mestrados e seis trabalhos de iniciação científica.
Sobre a participação de discentesm, Gorete Macedo comenta: “os alunos estão envolvidos e empolgados com o tema. Estamos preparando profissionais qualificados para esse mercado”.
PioneirisMo na uFrnSegundo a professora Gorete Macedo,
tanto no Brasil como no mundo existem diversas pesquisas sendo desenvolvidas sobre o etanol, porém a UFRN é pioneira no estudo do aproveitamento dos resíduos do coco maduro e seco. O Etanol de Segunda Geração, explica ela, pode ser produzido a partir de materiais encontrados no bagaço e na casca do coco verde e seco, na palha e no bagaço da canadeaçúcar e em outros resíduos lignocelulósicos, “compostos por celulose, hemicelulose e lignina, polímeros que contém açúcar, mas não tão acessíveis como no amido de milho, no melaço e no caldo de canadeaçúcar, por isso que em laboratório estudamos os prétratamentos para a obtenção do Etanol 2G”.
No Laboratório de Engenharia Bioquímica (LEB), estudamse as etapas de prétratamentos e hidrólise, a fim de disponibilizar o açúcar presente nos materiais ao processo de fermentação alcoólica através da ação de microorganismos.
A professora acrescenta que a produção
do etanol 2G ainda não é um processo barato. No Brasil, a primeira usina entrará em funcionamento em março de 2014, operada pela GranBio, com tecnologia não brasileira, mas no país as pesquisas seguem em ritmo acelerado e com resultados muito bons: “não está longe de termos a segunda usina operando com tecnologia brasileira e nós da UFRN também estaremos assinando essa conquista”
DeFesa Do Meio aMbienteO Brasil é um grande produtor do
melaço e do caldo de canadeaçúcar desde a década de 70. Os Estados Unidos, por sua vez, são um grande produtor de amido de milho. A coordenadora do grupo Bioprocessos comenta que a produção de etanol nos dois países em algum momento pode vir a competir com áreas agriculturáveis. Sobre essa possibilidade ela reforça a importância do etanol na matriz de biocombustiveis, tendo em vista sua valiosa contribuição na redução de gases que contribuem para o efeito estufa, mas defende a busca de fontes alternativas que não venham a compertir com a produção de alimentos, o caso então do Etanol 2G de resíduos.
A professora Gorete Macedo destaca que no Nordeste, em especial no Rio Grande do Norte, o descarte dos cocos verdes vazios se tornou um problema para os aterros sanitários, pois a agroindústria
do coco verde gera em torno de 53 toneladas por dia de resíduos. Igualmente, as indústrias de beneficiamento do coco maduro para obtenção de produtos alimentícios e o aumento do consumo de água de coco e in natura no verão geram grande quantidade de resíduos impactando negativamente o meio ambiente.
No caso da cana de açúcar, as usinas brasileiras aproveitam parte do bagaço gerado, em torno de 60% são utilizados na produção de vapor para operação das caldeiras e para a produção de eletricidade. O excedente, que equivale a aproximadamente 4,07 bilhões de toneladas ao ano, configura um problema ambiental.
A produção do Etanol 2G desponta como uma alternativa tanto para aproveitamento dos resíduos em geral, com destaque para os resíduos do coco, que têm como destino os aterros sanitários, e da canadeaçúcar. O etanol extraído a partir de resíduos do coco objetiva não interferir nas áreas agricultáveis, destinadas à produção de alimentos. Já a produção do etanol a partir da canadeaçúcar apresenta ótimo custobenefício.
O Laboratório de Engenharia Bioquímica (LEB) dispõe de uma página do Facebook (www.facebook.com/LaboratorioDeEngenhariaBioquimicaLeb), onde os interessados podem acompanhar os eventos e projetos desenvolvidos pelos Grupo de Pesquisa Bioprocessos da UFRN.
SUSTENTABILIDADE
ano XVI | nº 69 | janeiro de 20148Jornal da UFRN
Viabilidade no uso de resíduos da cana-de-açúcare do coco para a produção de etanol
Pesquisa do grupo Bioprocessos tem financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do CNPq
Wallacy Medeiros
Por KALIANNy BEZERRA
Presencial e à distância. Essas são as duas modalidades de ensino utilizadas pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN). Na primeira, o ingresso na Instituição é o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), plataforma em que o candidato utiliza a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Na modalidade de Educação a Distância (EaD) as vagas são preenchidas por meio de um processo seletivo simplificado constituído de uma prova de sessenta questões de múltipla escolha e de uma redação – aplicado pelo Núcleo Permanente de Concursos (COMPERVE).
Em 2013, foram disponibilizadas 1.650 vagas divididas entre os cursos de licenciaturas em Geografia, Letras, Matemática, Biologia, Pedagogia, Física, Química, História e Educação Física e o Bacharelado em Administração Pública. Essas graduações contam com suporte acadêmico e administrativos nos polo de apoio presencial distribuídos por 14 municípios do estado.
Os cursos de EaD implementados pela UFRN estão estruturados de acordo com as diretrizes nacionais da Educação a Distância, definidas pelo Ministério da Educação (MEC). Entre as diretrizes
do MEC estão a exigência de coordenações de curso e sistemas de atendimento didáticopedagógico ao aluno, corpo docente qualificado, ambiente virtual de aprendizagem e a distribuição gratuita de material didático. Também está entre as normas a apresentação de projetos pedagógicos aprovados pela instituição que oferece os cursos e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Para atender a todas essas diretrizes, a UFRN criou em junho de 2003 a Secretaria de Educação a Distância (SEDIS), que
estimula o uso das tecnologias de informação e comunicação como ferramenta de ensino e aprendizagem. A professora Ione Rodrigues, do Departamento de Geografia, ocupa a secretaria adjunta de Educação a Distância na UFRN. Segundo ela, são quatro mil alunos matriculados nos cursos. “Só este ano tivemos 5.470 inscritos, dos quais 2.336 passaram na primeira fase. Essas pessoas tiveram suas redações corrigidas”, conta a professora.
Ione Rodrigues explica que o ensino na modalidade a distância acontece na UFRN graças à Universidade Aberta do Brasil (UAB), sistema criado pelo MEC, que funciona como articulador entre instituições de ensino superior e os governos estaduais e municipais, com vistas a atender às demandas locais de formação.
“Essa articulação estabelece qual instituição de ensino deve ser responsável por ministrar determinado curso”, explica. “Eles abrem um edital, que oferece uma quantidade de vagas, e aquelas universidades vinculadas à UAB submetemse ao edital. O sistema pode acatar ou não o pedido dessa instituição superior e, no caso da aceitação cede investimento para o desenvolvimento dos cursos”, acrescenta Ione Rodrigues.
inFraestruturaPara poder oferecer mais qualidade
aos cursos de EaD a UFRN precisou criar
um infraestrutura que possibilitasse uma melhor assistência pedagógica e administrativa aos alunos e ao corpo docente. Para tanto, a SEDIS conta com uma estrutura física no Campus Central e com os polos presenciais distribuídos em 14 municípios do estado. Os polos presenciais se constituem em espaços físicos de referência para os alunos, para a realização de atividades didáticopedagógicas de diferentes natureza.
Cada polo está equipado com laboratório de informática, biblioteca e secretaria acadêmica. Neles encontramse, ainda, tutores presenciais, com horários disponíveis para atendimento aos alunos.
“A metodologia é diferenciada. Há manuseio de ambientes virtuais, o planejamento das aulas é bem antecipado e a orientação do aluno pelo professor é maior”, aponta Ione Rodrigues, que é também professora no curso a distância de Geografia.
Para a docente, diferente do que possam pensar, essa modalidade exige mais do aluno. “Os cursos da UFRN nessa modalidade são tão difíceis quanto os pre senciais. Os alunos precisam se planejar, a organização exigida é maior. Prova disso são os conceitos altos obtidos nas ava liações do MEC para as licenciaturas em Química, que recebeu nota 5, e Geografia, que recebeu 4, a mesma nota do cursos presencial”, coloca.
Educação a Distância amplia ofertade ensino superior gratuito no interior
SEDIS
ano XVI | nº 69 | janeiro de 20149Jornal da UFRN
Ione Rodrigues, secretária adjunta da SEDIS
Wallacy Medeiros
Por JÚNIOR MARINHO
Quando pensamos ou ouvimos falar no semiárido brasileiro, o senso comum nos remete a uma
paisagem seca e sem vida. No entanto, estudos do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Semiárido (PPBio Semiárido) estimam que só o Bioma das Caatingas, incluído totalmente no Semiárido, possua uma biodiversidade da ordem de mais de 20 mil espécies, entre animais, fungos e plantas.
O PPBio Semiárido é um programa do Governo Federal criado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq). Com sede na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, tem por objetivo articular atividades de instituições de pesquisa do Nordeste no intuito de, num período de 10 anos, caracterizar a biodiversidade e promover o desenvolvimento científi co dessa região.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é uma das instituições de pesquisa que compõem o programa, que já está na terceira edição desde sua criação, em 2006. O Programa de PósGraduação em Sistemática e Evolução, do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia (DBEZ) no Centro de Biociências (CB), coordenado pelo professor Iuri Goulart Baseia, colabora com o projeto especifi camente na coleta, no registro e na identifi cação dos fungos presentes no Semiárido Brasileiro.
Iuri Goulart, que também é responsável por coordenar todo o nicho que se refere a fungos no PPBio Semiárido, explica que estudos desse porte nunca haviam sido realizados na região. “No passado, havia uma falsa noção de que o Semiárido era um ecossistema pobre, por isso estamos realizando uma pesquisa de base. Nela constatamos que, além das poucas espécies de fungos conhecidas, há muitos gêneros novos que nunca foram descritos pela ciência”, afi rma.
O processo de pesquisa é realizado nos cerca de 800 mil km² do semiárido por meio de expedições em seis áreas do Bioma Caatinga defi nidas pelo programa como de “extrema importância biológica” e espalhadas pelos estados do Ceará (CE),
Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Piauí (PI) e Bahia (BA). A ação produz uma rede de inventários e amplia a coleção biológica, caracterizando a biodiversidade da região.
A bióloga de fungos Bianca Denise Barbosa da Silva participou do programa em sua Primeira Etapa (20062009) como bolsista de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial (DTI) do CNPq pela PósGraduação em Sistemática e Evolução da UFRN. Para ela, a fase da coleta é fundamental. “Foi imprescindível conhecer o habitat e a vegetação dos locais onde coletei os fungos de interesse para a pesquisa. Isso ajudou muito na descrição dos materiais estudados”, enfatiza. “O projeto capacita os biólogos da graduação e pósgraduação da UFRN para atuarem na área de identifi cação de fungos, área carente no país”, completa.
São muitos os frutos da participação da UFRN no PPBio Semiárido. Um deles foi a colaboração no Guide to the Common “Fungi of the Semiarid Region of Brazil” (Guia dos Fungos Comuns do Semiárido Brasileiro), fi nanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado da Bahia (FAPESB) e editado pela
TECC Editora em 2013.Com um linguajar bastante técnico
e edição bilíngue, a publicação procura contribuir com estudantes e biólogos profi ssionais de todo o mundo que tenham interesse na região do semiárido. Primeiro guia de campo que trata dos fungos macroscópicos dessa região, o catálogo inclui o trabalho de 17 micólogos da UEFS, UFRN e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que trabalham com fungos no Brasil).
No livro, a equipe de pósgraduandos da UFRN composta por Bianca Denise Barbosa da Silva, Larissa Trierveiler Pereira, Eduardo Fazolino Perez, Th eomara Ottoni Batista dos Santos e o professor Iuri Goulart Baseia fi cou responsável pelo capítulo referente aos fungos Gasteróides (Gasteromicetos), compondo um total de 23 espécies ilustradas.
Segundo Iuri Goulart, além do livro, de cunho mais acadêmico, duas outras ações que giram em torno da participação da UFRN no PPBio Semiárido podem trazer benefícios diretos à sociedade. “Não basta ir ao Seridó do Rio Grande do Norte, por exemplo, coletar espécies, publicar e a população local não ser benefi ciada. Es
tamos produzindo cartilhas explicativas, com um linguajar mais acessível, para distribuir nas escolas da região e informar a comunidade sobre a biodiversidade local”, afi rma o coordenador.
Outra área em potencial é a indústria farmacêutica. Quando os pesquisadores do Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia (DBEZ) detectam que um fungo, identifi cado no programa do PPBio Semiárido, tem potencial e ocorre em grande quantidade com capacidade para ser explorado, essa espécie é coletada e levada para análise no Departamento de Bioquímica (DBQ). Os estudos bioquímicos revelam se certas substâncias presentes em determinado fungo têm potencial farmacológico.
PrograMa De PesQuisaeM bioDiversiDaDeO programa de Pesquisa em Biodi
versidade (PPBio) foi criado pelo MCTI em 2004, incluído no Plano Plurianual do Governo Federal e ofi cializado pela Portaria MCT nº 268 de 18 de junho de 2004, que defi ne seus objetivos, tendo sido modifi cado pelas portarias MCT nº 382, de junho de 2005, e MCT nº 388, de 22 de junho de 2006.
De abrangência nacional, o programa tem como objetivo central articular a competência regional e nacional para que o conhecimento da biodiversidade brasileira seja ampliado e disseminado de forma planejada e coordenada. O programa iniciou suas atividades na região amazônica, fortalecendo a atuação dos institutos do MCTI na região: o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), na Amazônia Ocidental, e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), na Amazônia Oriental.
Posteriormente, o programa foi expandido para o semiárido, mediante colaboração com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Em 2010, a Mata Atlântica também foi abrangida pelo PPBio por meio de um projeto piloto no âmbito do Projeto Nacional de Ações Integradas PúblicoPrivadas para a Biodiversidade (PROBIO II), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Por meio de ações da rede ComCerrado, o PPBio também passou a abranger, recentemente, o bioma cerrado.
UFRN coordena pesquisas sobre fungosem estudo no semiárido brasileiro
PESQUISA
ano XVI | nº 69 | janeiro de 201410Jornal da UFRN
Participação da UFRN no PPBio Semiárido podem trazer benefícios diretos à sociedade
Iuri Goulart
Por LUCIANO GALVãO
em qual estágio encontra-se a transição da gestão do HuoL para a ebserH?
Já se avançou bastante. A partir do momento em que a Universidade assinou o contrato com a Empresa, em agosto
de 2013, a gente começou a trabalhar para compor o grupo de governança – formado pela superintendência, pelas gerências e pelas chefias de divisão. Agora, encontrase em vigor o período de transição, com duração de um ano – até agosto de 2014 –, em que alguns aspectos da vida do Hospital continuam atrelados à Universidade e em que os contratos que já haviam sido celebrados continuam existindo.
Em seguida, vem o mais importante: a preparação para adquirirmos novo pessoal. Para isso – inclusive antes da assinatura do contrato com a EBSERH –, nossos setores de recursos humanos, de direção administrativa e de planejamento haviam feito trabalhos para levantar a necessidade do HUOL nesse campo. A gente se baseou na produção do Hospital, no pessoal com que contamos, em nossas perspectivas para o futuro e em nossos acordos com o SUS. Enviamos esses dados à EBSERH, em Brasília, para que fosse calculada a nossa necessidade de pessoal e, já na assinatura do contrato, essas informações estavam em um anexo.
A EBSERH e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) dimensionaram este hospital para 1.104 pessoas. Isso significa que vamos acrescer aos servidores efetivos do Hospital, que são cerca de 500, mais 1.104 pessoas, além dos terceirizados nas funções de apoio, o que soma quase duas mil pessoas. Feito tudo isso, cons tituímos o edital para a contratação dos novos funcionários. O documento foi lançado em dezembro e as provas serão realizadas no dia 16 de fevereiro.
Essa é a maior mudança. As outras virão no diaadia, à medida em que a Universidade for desobrigandose das coisas do Hospital, como licitações, contratos e assuntos jurídicos. Esse é um processo muito delicado – toda transição é – porque a EBSERH ainda não definiu algumas coisas. Mas precisamos resolver os entraves com rapidez para que tenhamos segurança.
Quais têm sido os principais desafios dessa transição?
Estamos saindo de uma situação boa para uma muito boa. Não saímos de um momento ruim. O Hospital Onofre Lopes é muito bem conceituado, muito bem estruturado e vai ganhar facilidades, porque passa a ter recursos humanos que não tinha. Mas, até definirmos certas coisas, estamos mais ou menos como um carro em primeira marcha. A primeira é a marcha de maior força, porque tem que tirar o
carro do zero. Como um avião para subir, que usa toda a força e depois segue quase que planando.
Um exemplo de indefinição é a execução financeira do ano de 2014. Ainda não se sabe se ela será feita pela Universidade ou pela EBSERH. Os recursos para este ano chegarão do SUS, mas a Universidade está desobrigada de gastálos, porque no contrato de adesão à EBSERH está dito que a Empresa assumiria a execução, mas ela ainda não está com toda a sua estrutura preparada. O que compramos até dezembro de 2013, mesmo aquilo que ainda não recebemos, os fornecedores vão entregar e receber o pagamento normalmente. A indefinição é com o que comprarmos a partir de janeiro.
Mas isso não é inesperado, faz parte do processo. Toda transição é assim. Você não sai de um lugar para outro sem passar por esse meio.
Com relação aos servidores terceirizados contratados pela Fundação de Pesquisa e Cultura da UFRN (FUNPEC), na época da adesão à EBSERH existia uma incerteza quanto à situação desses profissionais... agora já se sabe: irão todos sair. Não tinha como eles continuarem no Hospital porque são contratações precarizadas. A qualquer momento, o Tribunal de Contas da União poderia determinar que a Universidade pusesse todo mundo para fora.
Mas todos eles agora terão chance de entrar por concurso, não mais de forma precária, mas como funcionários celetistas. É bom lembrar que os contratados pela FUNPEC tinham todos os direitos trabalhistas respeitados e, quando saírem, têm todos os direitos nas mãos deles. Eles estão tranquilos quanto a isso.
Quanto ao atendimento aos pacien-tes, há alguma alteração?
Não. Estamos aqui para que o processo de transição não repercuta nos pacientes. Há um único aspecto que nos preocupa, que é a evasão do pessoal terceirizado pela FUNPEC, porque alguns estão pedindo demissão para estudar para o concurso e não temos quadro efetivo suficiente para
suprir a deficiência que poderá existir até a chegada dos novos colaboradores. Mas temos cuidado para que isso não repercuta para o paciente.
os servidores efetivos da uFrn lotados no Hospital ficarão cedidos à ebserH?
Isso. Eu, por exemplo, sou servidor efetivo e vou ficar cedido à Empresa.
com relação aos convênios com hos-pitais para cessão de leitos, eles continu-am sendo possíveis?
Continuam do mesmo jeito. Hoje somente temos convênio com o Governo do Estado do Rio Grande do Norte e ele vai terminar naturalmente no momento previsto no acordo. Mas não tem nada a ver com a transição e, futuramente, poderão novos convênios ser realizados.
uma preocupação da comunidade acadêmica é se a mudança no modelo de gestão pode influenciar nas atividades de ensino, pesquisa e extensão do Hospital...
Influenciará. Para melhor. Teremos uma definição clara das coisas e pessoal suficiente para que a assistência ao paciente seja ainda melhor. Isso repercute num bom ensino, numa boa pesquisa e numa boa extensão. O Sistema de Saúde também será beneficiado, porque a oferta de tratamento será feita de forma constante, de forma regular, sem paralisações durante os recessos. Na hora em que você atende melhor o Sistema, você dá também condições de formar melhor os alunos.
No contrato com a EBSERH está previsto um incentivo para a pesquisa. Um valor de 1% do orçamento do Hospital é colocado para estruturar as atividades, com salas, secretarias etc. O dinheiro para os projetos propriamente ditos segue sendo obtido pelos editais das agências financiadoras.
Sem contar que na própria estrutura organizacional do Hospital há a Gerência de Ensino e Pesquisa. Ou seja, foi prevista uma gerência para priorizar as ações acadêmicas, para que possamos inserir melhor o ensino, a pesquisa e a extensão no Hospital.
“O novo modelo de gestão dos hospitais universitários nos dá condições de formar melhor nossos alunos”
entrevista
ano XV | nº 68 | dezembro de 201311Jornal da UFRN
Ricardo Lagreca, superintendente do HUOL
Wallacy Medeiros
Ricardo Lagreca é superintendente do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em entrevista ao Jornal da UFRN, Lagreca falou sobre a transição da gestão do HUOL para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), empresa pública vinculada ao Ministério da Educação.
Assinado em setembro do ano passado, o contrato com a EBSERH deu início à reestruturação admin-istrativa do Complexo Hospitalar da UFRN, composto também pelos hospitais Ana Bezerra e de Pediatria Professor Heriberto Ferreira Bezerra – este último em processo de fusão com o HUOL –, além da Mater-
nidade Escola Januário Cicco.Em sua sala no segundo andar do Onofre Lopes – acompanhado de Daniel Martins, chefe da Divisão
Financeiro-Administrativa, e de Zilmar Fernandes, gerente administrativa do Hospital – Ricardo Lagreca conversou sobre os desafios impostos pelo processo de transição, sobre o que muda e sobre o que permanece após a adesão ao novo modelo de gestão e sobre suas repercussões nas atividades do HUOL. Para o super-intendente, a EBSERH deverá trazer ganhos para a assistência aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, por consequência, dar melhores condições de se fazer ensino, pesquisa e extensão na Universidade.
ano XV | nº 68 | dezembro de 201312Jornal da UFRN
Por MARCOS NEVES JR.
Prestígio em alta e um reconhecimento cada vez maior são características muito marcantes da atual
fase da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (OSUFRN). Levando música de qualidade a locais que antes não tinham contato com essa arte e formando um público fiel e mais presente aos seus concertos, o conjunto estreou recentemente o espetáculo “Vinícius – uma canção pelo ar”.
Homenagem ao centenário do poeta e compositor Vinícius de Moraes, o concerto reconstrói a história do Poetinha, como era conhecido o artista, a partir de suas canções. Apresentado pela primeira vez em Currais Novos, no mês de outubro, e com shows em dezembro, em Mossoró e Caicó, o espetáculo teve seu maior público na Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura da UFRN (CIENTEC).
“Nada se compara à energia do encontro com a comunidade”. Assim André Muniz, maestro da Orquestra Sinfônica da UFRN, define a sensação de tocar para um grande público, fato que vem se tornando mais comum nos últimos três anos, após parceria com o Serviço Social do Comércio do Rio Grande do Norte (SESCRN).
Desse convênio surgiu o projeto Parcerias Sinfônicas, que, além de Vinícius de Moraes este ano, homenageou, em 2011, diversos artistas da MPB e, em 2012, dedicou um espetáculo inteiro a Luiz Gonzaga, um dos maiores representantes da cultura nordestina. Dessa forma, o conjunto promoveu o encontro entre erudito e popular, unindo seus arranjos orquestrais a vozes conhecidas na cena musical de Natal como Khristal, Camila Masiso e Hilkélia.
A julgar pela reação das plateias nos concertos e pelos resultados alcançados, o formato está agradando. O espetáculo
Clássicos do Baião: Tributo a Gonzagão, que emocionou milhares de pessoas no Rio Grande do Norte e em outros estados, recebeu o Prêmio Hangar de melhor show de 2012 segundo o juri popular. Pela segunda vez consecutiva, a Orquestra da UFRN é contemplada pelo voto do público, já que em 2011 foi da mesma forma.
Para André Muniz, tais premiações mostram que esses concertos da Orquestra têm, de fato, conseguido alcançar a população de uma maneira especial, conquistando um espaço nas lembranças de todos que assistiram às apresentações.
“Dizem que brasileiro não tem memória, mas a premiação aconteceu em outubro (2013) e a última vez que fizemos o espetáculo do Gonzagão antes da premiação foi em janeiro. Mesmo depois de meses, o show está na mente das pessoas. Isso significa muito para a orquestra”, afirma o maestro com entusiamo, percebendo uma aproximação entre o grupo e público.
A estudante Cibelle Thaíse, assistiu às apresentações na CIENTEC e aprovou o
modelo. Segundo ela, é importante proporcionar a todos os públicos o acesso à música da Orquestra, além de dar vez a artistas locais. “Gostei muito do concerto, mais ainda com a participação de cantores da nossa terra. Espero ter a oportunidade de ver novamente espetáculos como esses.”
ForMação De PúbLicoNo entanto, não é apenas nos shows
do Parcerias Sinfônicas em que a orquestra tem se aproximado do público. Com audiências cada vez maiores, a relação entre o grupo e a plateia se estreita sobretudo nos concertos realizados no auditório Onofre Lopes, na Escola de Música da UFRN.
Um consistente trabalho de formação de público vem se desenvolvendo nos dias de concertos. Uma hora antes de cada apresentação, o maestro André realiza uma palestra para descrever as obras que serão interpretadas, explicando detalhes relacionados tanto a aspectos musicais como ao contexto histórico e até filosófico no qual a criação das peças está envolvida.
“É preciso entender como funciona uma orquestra, a música clássica e erudita, sua composição e construção, porque ninguém gosta do que não conhece”, afirma o maestro, ressaltando a resposta positiva obtida a partir desse trabalho, já que os 250 lugares do auditório têm estado preenchidos em todas as apresentações do grupo.
seLeção e rePertórioAlém do investimento em formação
de público, o sucesso deve ser atribuído à qualidade artística do conjunto, um dos mais ativos em toda a região Nordeste. A seleção dos músicos acontece anualmente com critérios nos moldes das maiores orquestras do mundo. Os candidatos precisam executar peças preestabelecidas em edital com precisão e sem qualquer tipo de comunicação com a banca. Um teste não só técnico, mas psicológico também.
Atualmente, a Orquestra Sinfônica conta com 53 músicos, todos estudantes dos cursos técnicos, de graduação e de pósgraduação da Escola de Música da UFRN. Para manter o movimento ascendente de qualidade, o conjunto cumpre uma rotina de ensaios de oito horas semanais, distribuídas em três dias, além dos compromissos individuais de cada componente com os estudos de seus instrumentos.
Outra preocupação constante da Orquestra é o repertório. Na avaliação do maestro André Muniz, a escolha das peças ensaiadas tem de ser feita de maneira balanceada, de forma a unir o que a plateia anseia ouvir e o que o conjunto deseja apresentar.
“Não se pode virar as costas para o público. Tem de revisitar o passado, mas apresentar coisas novas. A escolha do repertório não pode ser baseada apenas no gosto pessoal e nem só na vontade da plateia, pela tendência dessa de gostar da repetição. Há de se equilibrar essas forças”, explica André Muniz.
Orquestra Sinfônica da UFRN apresenta novo concerto e investe na formação de público
ARTE
Wallacy Medeiros