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JORNAL da CIÊNCIA PUBLICAÇÃO DA SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA • RIO DE JANEIRO, 15 DE ABRIL DE 2011 • ANO XXIV N 0 687 • ISSN 1414-655X Lançada Semana Nacional de C&T 2011 (p.12) Astronomia quer ganhar espaço no PAC,T&I-2 (p.9) SecretÆrios aproveitam apoio de ministro e se articulam para incrementar C&T nos estados Entre as boas e marcantes notícias sobre o segmento científico e tecnológico neste primeiro semestre está a da ascensão da qualidade e do volume da ciência e da tecnologia nos países emergentes, entre eles o Brasil. O movimento de ascendência dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), capitaneado pela China, já sentido em 2010, foi chancelado com a divulgação do relatório da Real Academia de Ciência, de Londres, no final de março. Planando nos bons ventos e aproveitando o interesse do mi- nistro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, em alavan- car e reforçar a complementação no Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação (PAC,T&I - 2007-2010), os secretários es- taduais de C&T decidiram tam- bém ampliar e dar mais mobili- zação às ações do setor em seus estados, robustecendo a roupa- gem de política de governo. Essa postura foi mais uma vez incentivada por Mercadante no último Fórum do Consecti, realizado em Palmas (TO) nos dias 31 de março e 1º de abril. No evento, também foi empossada a nova diretoria da entidade, agora presidida por Odenildo Teixeira Sena, secretário do Amazonas, e sancionada a lei que cria a Fundação de Apoio à Pesquisa de Tocantins (Fapt). Pág. 4 Revista americana destaca teoria de Tsallis do CBPF A edição do último dia 8 da revista americana Physical Review Letters traz o artigo "Nonlinear Relativistic and Quantum Equations with a Common Type of Solution", do físico Constantino Tsallis do CBPF, em parceria com os tam- bém físicos Fernando Dantas Nobre e Marco Aurélio do Rego Monteiro, da mesma instituição. No artigo, eles complemen- tam de modo não linear as equa- ções mais importantes da mecâ- nica quântica para partículas li- vres, especificamente as equa- ções de Schroedinger, de Klein- Gordon e de Dirac, fazendo com que apareçam pela primeira vez indicações da existência de ma- téria e de antimatéria, principal- mente elétron e pósitron, na na- tureza. Pág. 9 Catalªo (GO) sedia Reuniªo Regional da SBPC na primeira semana de maio O encontro, que ocorre de 3 a 6 de maio, será no campus da Universidade Federal de Goiás (UFG). O evento objetiva dis- cutir assuntos relacionados à educação, ciência e tecnolo- gia, que possam contribuir para o desenvolvimento sustentá- vel da região. Para tanto, serão realizadas 13 conferências e 11 mesas- redondas, cujos temas aborda- rão desde os desafios para o desenvolvimento da mineração e agropecuária na região até políticas públicas de ciência e tecnologia. Essas atividades têm a participação de pesqui- sadores renomados. Os assun- tos abordados são de interesse não apenas do meio acadêmi- co – docentes, pesquisadores e estudantes de nível superior –, mas também da sociedade em geral. As inscrições para os mini- cursos já estão abertas. Na Reunião, se realiza ain- da o Congresso de Pesquisa, Ensino, Extensão e Cultura do Campus Catalão da UFG (Conpeec), com apresentação de trabalhos científicos, além de exposições artístico-culturais da cidade e da região. Serão oferecidos também 37 minicur- sos, voltados principalmente para a formação complementar de professores do ensino bási- co. Os temas dos minicursos são de interesse também de pesquisadores. A Reunião Regional da SBPC é aberta ao público, que pode participar gratuitamente e sem inscrição prévia da maioria das atividades. A inscrição, que custa R$ 15, é necessária ape- nas para quem deseja subme- ter resumos para o Conpeec, participar de um minicurso, obter a programação impres- sa ou o atestado de participa- ção. Para mais informações e se inscrever acesse o site: <http://www.sbpcnet.org.br/ catalao/home> Anualmente, a SBPC reali- za diversos eventos, de cará- ter nacional e regional, com o objetivo de debater políticas públicas de C&T e difundir os avanços da ciência nas diver- sas áreas do conhecimento. A Reunião de Catalão é o 36ª evento de caráter regional que a entidade realiza. MinistØrio quer reformular CVTs Mais rigor sobre bens sensíveis Em função do recrudesci- mento das ações terroristas na última década, vários países in- tensificaram suas ações de vigi- lância e prevenção. Embora o Brasil não tenha sido cenário de atentados, as iniciativas de con- trole dos bens sensíveis tam- bém foram e são intensificadas de acordo com os principais ins- trumentos internacionais de de- sarmamento e não proliferação. Apesar de um tema pouco conhecido no País, os chama- dos bens sensíveis são materi- ais, equipamentos e tecnologias que são passíveis de utilização em programas de desenvolvi- mento e fabricação de Armas de Destruição em Massa (ADM). No Brasil a observação dos acordos internacionais sobre o assunto cabe à Comissão Inter- ministerial de Controle de Ex- portação de Bens Sensíveis (Cibrd), cabendo ao MCT exer- cer a função de órgão coordena- dor. Pág.7 A Secretaria de Ciência e Tec- nologia para a Inclusão Social (Secis/MCT) estuda reformular a política de implantação dos Centros Vocacionais Tecnoló- gicos (CVTs) que enfrentam difi- culdade financeira. Com o obje- tivo de reforçar o programa, cri- ado em 2003, a Secis elaborou um plano de trabalho em que prevê a criação de acordos com o MEC, as secretarias de C&T e o Fórum Municipal de Secretá- rios de Ciência e Tecnologia. A ideia é reforçar a atuação dos CVTs como centros de extensão tecnológica e conhecimento para a inclusão social com a participação das três esferas de governo. Ao Jornal da Ciência, o titular da Secis, Marco Antonio de Oliveira, diz que nos últimos anos alguns CVTs fecharam as portas por problemas financei- ros e outros têm funcionado em condições precárias. “Isso en- seja mudanças na atual política de implantação dos CVTs.” Pág.3

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Page 1: JORNAL da CIÊNCIA - WordPress.com · Página 2 JORNAL da CIÊNCIA 15 de Abril de 2011 JORNAL da CIÊNCIA Publicação quinzenal da SBPC — Sociedade Brasileira para o Progresso

JORNAL da CIÊNCIAPUBLICAÇÃO DA SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA • RIO DE JANEIRO, 15 DE ABRIL DE 2011 • ANO XXIV N 0 687 • ISSN 1414-655X

LançadaSemana

Nacional deC&T 2011

(p.12)

Astronomiaquer ganharespaço noPAC,T&I-2

(p.9)

Secretários aproveitam apoio de ministro e searticulam para incrementar C&T nos estados

Entre as boas e marcantes notícias sobre o segmento científicoe tecnológico neste primeiro semestre está a da ascensão daqualidade e do volume da ciência e da tecnologia nos paísesemergentes, entre eles o Brasil. O movimento de ascendênciados Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), capitaneado pela China,já sentido em 2010, foi chancelado com a divulgação do relatórioda Real Academia de Ciência, de Londres, no final de março.

Planando nos bons ventos eaproveitando o interesse do mi-nistro de Ciência e Tecnologia,Aloizio Mercadante, em alavan-car e reforçar a complementaçãono Plano de Ação de Ciência,Tecnologia e Inovação (PAC,T&I- 2007-2010), os secretários es-taduais de C&T decidiram tam-bém ampliar e dar mais mobili-zação às ações do setor em seusestados, robustecendo a roupa-gem de política de governo.

Essa postura foi mais umavez incentivada por Mercadanteno último Fórum do Consecti,realizado em Palmas (TO) nosdias 31 de março e 1º de abril. Noevento, também foi empossadaa nova diretoria da entidade,agora presidida por OdenildoTeixeira Sena, secretário doAmazonas, e sancionada a leique cria a Fundação de Apoio àPesquisa de Tocantins (Fapt).Pág. 4

Revista americanadestaca teoria deTsallis do CBPFA edição do último dia 8 da

revista americana PhysicalReview Letters traz o artigo"Nonlinear Relativistic andQuantum Equations with aCommon Type of Solution", dofísico Constantino Tsallis doCBPF, em parceria com os tam-bém físicos Fernando DantasNobre e Marco Aurélio do RegoMonteiro, da mesma instituição.

No artigo, eles complemen-tam de modo não linear as equa-ções mais importantes da mecâ-nica quântica para partículas li-vres, especificamente as equa-ções de Schroedinger, de Klein-Gordon e de Dirac, fazendo comque apareçam pela primeira vezindicações da existência de ma-téria e de antimatéria, principal-mente elétron e pósitron, na na-tureza. Pág. 9

Catalão (GO) sedia Reunião Regional daSBPC na primeira semana de maio

O encontro, que ocorre de 3a 6 de maio, será no campus daUniversidade Federal de Goiás(UFG). O evento objetiva dis-cutir assuntos relacionados àeducação, ciência e tecnolo-gia, que possam contribuir parao desenvolvimento sustentá-vel da região.

Para tanto, serão realizadas13 conferências e 11 mesas-redondas, cujos temas aborda-rão desde os desafios para odesenvolvimento da mineraçãoe agropecuária na região atépolíticas públicas de ciência etecnologia. Essas atividadestêm a participação de pesqui-sadores renomados. Os assun-tos abordados são de interessenão apenas do meio acadêmi-co – docentes, pesquisadores

e estudantes de nível superior –,mas também da sociedade emgeral. As inscrições para os mini-cursos já estão abertas.

Na Reunião, se realiza ain-da o Congresso de Pesquisa,Ensino, Extensão e Cultura doCampus Catalão da UFG(Conpeec), com apresentaçãode trabalhos científicos, alémde exposições artístico-culturaisda cidade e da região. Serãooferecidos também 37 minicur-sos, voltados principalmentepara a formação complementarde professores do ensino bási-co. Os temas dos minicursossão de interesse também depesquisadores.

A Reunião Regional da SBPCé aberta ao público, que podeparticipar gratuitamente e sem

inscrição prévia da maioria dasatividades. A inscrição, quecusta R$ 15, é necessária ape-nas para quem deseja subme-ter resumos para o Conpeec,participar de um minicurso,obter a programação impres-sa ou o atestado de participa-ção. Para mais informações ese inscrever acesse o site:<http://www.sbpcnet.org.br/catalao/home>

Anualmente, a SBPC reali-za diversos eventos, de cará-ter nacional e regional, com oobjetivo de debater políticaspúblicas de C&T e difundir osavanços da ciência nas diver-sas áreas do conhecimento. AReunião de Catalão é o 36ªevento de caráter regional quea entidade realiza.

Ministério quer reformular CVTs Mais rigor sobre bens sensíveisEm função do recrudesci-

mento das ações terroristas naúltima década, vários países in-tensificaram suas ações de vigi-lância e prevenção. Embora oBrasil não tenha sido cenário deatentados, as iniciativas de con-trole dos bens sensíveis tam-bém foram e são intensificadasde acordo com os principais ins-trumentos internacionais de de-sarmamento e não proliferação.

Apesar de um tema poucoconhecido no País, os chama-

dos bens sensíveis são materi-ais, equipamentos e tecnologiasque são passíveis de utilizaçãoem programas de desenvolvi-mento e fabricação de Armas deDestruição em Massa (ADM).

No Brasil a observação dosacordos internacionais sobre oassunto cabe à Comissão Inter-ministerial de Controle de Ex-portação de Bens Sensíveis(Cibrd), cabendo ao MCT exer-cer a função de órgão coordena-dor. Pág.7

A Secretaria de Ciência e Tec-nologia para a Inclusão Social(Secis/MCT) estuda reformulara política de implantação dosCentros Vocacionais Tecnoló-gicos (CVTs) que enfrentam difi-culdade financeira. Com o obje-tivo de reforçar o programa, cri-ado em 2003, a Secis elaborouum plano de trabalho em queprevê a criação de acordos como MEC, as secretarias de C&T eo Fórum Municipal de Secretá-rios de Ciência e Tecnologia. A

ideia é reforçar a atuação dosCVTs como centros de extensãotecnológica e conhecimentopara a inclusão social com aparticipação das três esferas degoverno. Ao Jornal da Ciência, otitular da Secis, Marco Antoniode Oliveira, diz que nos últimosanos alguns CVTs fecharam asportas por problemas financei-ros e outros têm funcionado emcondições precárias. “Isso en-seja mudanças na atual políticade implantação dos CVTs.” Pág.3

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15 de Abril de 2011Página 2 JORNAL da CIÊNCIA

JORNAL da CIÊNCIAPublicação quinzenal da SBPC— Sociedade Brasileira para oProgresso da Ciência

Conselho Editorial: AdalbertoVal, Alberto Passos GuimarãesFilho, Ennio Candotti, FernandaSobral, José Roberto Ferreira,Lisbeth Cordani e Sergio Bampi.

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SBPC apoiará Prêmio Péter Murányi

Concedido anualmente des-de 2002, o Prêmio visa a reco-nhecer as descobertas científi-cas, de qualquer parte do mun-do, que contribuam para o de-senvolvimento e o bem-estarsocial das populações situadasabaixo do paralelo 20 de latitudenorte. Como forma de apoiar oPrêmio, a Sociedade Brasileirapara o Progresso da Ciência(SBPC) reservará, daqui parafrente, um espaço na programa-ção científica de sua ReuniãoAnual para que o vencedor emais dois finalistas do Prêmiotenham a oportunidade de fazeruma conferência sobre suaspesquisas.

“Ao reconhecer o esforço dospesquisadores, o Prêmio valori-za e ajuda a promover a ciênciae a tecnologia no País”, afirmoua presidente da SBPC, HelenaNader, após a reunião com osdirigentes da Fundação. “Comouma das principais entidadescientíficas do País, a SBPC nãopoderia deixar de apoiar estainiciativa.”

A cada ano, o Prêmio Péter

Murányi contempla quatro áreasdistintas, de modo alternado: de-senvolvimento científico e tec-nológico, alimentação, educa-ção e saúde. Na edição de 2011,a área contemplada foi desen-volvimento científico e tecnoló-gico, e o vencedor foi o médicoMarcelo Britto Bassos, da Facul-dade de Medicina da USP, queganhou R$ 150 mil. Ele desen-volveu um tomógrafo que moni-tora a respiração artificial depacientes em UTI e que possibi-litou reduzir a mortalidade depessoas nessas condições.

Os outros dois finalistas fo-ram: a equipe liderada pelo agrô-nomo Júlio Cezar Franchini, daEmbrapa Soja, pelo desenvolvi-mento e aprimoramento de tec-nologia de manejo de solo; e obiólogo Philipe Fearnside, doInstituto Nacional de Pesquisada Amazônia (Inpa), por suadefesa dos serviços ambientaiscomo estratégia para o desen-volvimento sustentável da Ama-zônia rural. Saiba mais em:<www.fundacaopetermuranyi.org.br/main.asp?pag=index>

Constituído por manuscritos,fotos e vídeos relativos à suacarreira acadêmica e científica,o acervo será organizado edisponibilizado para consulta noespaço do Projeto Memória, queserá instalado na sede da enti-dade, em São Paulo. A sede daSBPC, localizada no 4º andardo Centro Universitário MariaAntônia, está atualmente emreforma.

Médico e farmacologista,Maurício Rocha e Silva é consi-derado uma das maiores autori-dades científicas e acadêmicasda história recente do Brasil. Foidescobridor da bradicinina –substância que hoje é largamen-te utilizada em medicamentospara o controle da hipertensão. Adescoberta da bradicinina foi di-vulgada em 1949 no númeroinaugural da revista Ciência eCultura, publicação da então re-cém-criada Sociedade Brasilei-ra para o Progresso da Ciência

Acervo de Maurício Rocha eSilva é doado à SBPC

(SBPC), entidade da qual Rochae Silva foi um dos fundadores.

Projeto memória – Criadoem 2004 com o objetivo de recu-perar, conservar e divulgar oacervo histórico da SBPC, o Pro-jeto Memória está parcialmentedisponibilizado no site da enti-dade (http://www.sbpcnet.org.br/site/memoria). Sua base de da-dos conta hoje com mais de1.400 itens indexados e repre-senta cerca de 50% do acervototal.

Acumulado em mais de 60anos de atuação da SBPC, oacervo não é apenas um registroda história da SBPC, mas tam-bém de parte importante da his-tória da ciência e tecnologia noBrasil. São filmes, vídeos, foto-grafias, publicações, atas,dossiês e diversos documentosoficiais, além de transcrições deconferências e mesas-redondasrealizadas nas Reuniões Anu-ais e Regionais da entidade.

A SBPC e a Fundação Péter Murányi estabeleceram um convê-nio pelo qual a entidade se compromete a apoiar a divulgação daspesquisas vencedoras do Prêmio.

O acervo pessoal de Maurício Oscar da Rocha e Silva (1910-1983) foi doado por sua filha, Maria Inês da Rocha e Silva, parao Projeto Memória da SBPC.

Reunião dá espaçopara ilustradoresIlustradores científicos parti-

ciparão de conferência na 63ªReunião Anual da Sociedadepara o Progresso da Ciência(SBPC), a ser realizada entre 10e 15 de julho, em Goiás. Essaé a primeira vez que se abre umespaço para difundir a ilustra-ção científica nas reuniões daentidade. Está prevista tambémuma exposição de artes de ilus-tradores brasileiros. Tais inicia-tivas refletem os esforços demembros da própria instituição,reconhece a presidente da U-nião Nacional dos IlustradoresCientíficos (UNIC), Diana Car-neiro. A palestra será feita pelogoiano Alvaro Nunes, um dosmaiores ilustradores botânicosbrasileiros. Reflexo de reconhe-cimento internacional, sua obraganhou uma sala especial naGaleria de Artes Botânicas deShirley Sherwood, na Inglaterra.Trata-se da primeira galeria domundo dedicada exclusivamen-te à arte botânica, inauguradaem 19 de abril de 2008, em KewGardens.

STF adia processosobre as OSs

Pedido de vista do ministroLuiz Fux, do STF, adiou o julga-mento da ação direta de incons-titucionalidade (Adin), que ques-tiona a legalidade das organiza-ções sociais, as chamadas OSs.Na prática, o pedido do ministrogera tempo para a SBPC e aABC apresentarem recursosque reforcem a constitucionali-dade da Lei 9.637/98) – consi-derada inconstitucional pelo PT.

Para o secretário-geral daSBPC, Aldo Malavasi, inconsti-tucionalidade da lei traria um“transtorno sério” para a produ-ção científica. Ao reforçar a cons-titucionalidade da lei, o advoga-do da SBPC, Rubens Naves,tentou mostrar que a ação do PTnão faz sentido e criticou o quechamou de três mitos questiona-dos no processo: privatizaçãodos serviços públicos, fuga delicitações e enfraquecimento docontrole de gestão dos modelosdos órgãos.

Pela Lei, entes privados, as-sim denominados, podem pres-tar serviços de ensino, pesquisacientífica, desenvolvimento tec-nológico, proteção e preserva-ção ao meio ambiente, cultura esaúde, por intermédio da gestãode patrimônio público. Nessecaso, a Adin questiona a ausên-cia de processo licitatório natransferência de atividades de-senvolvidas por autarquias e fun-dações públicas para entidadesde direito privado.

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15 de Abril de 2011 Página 3JORNAL da CIÊNCIA

Poucas & BoasPoucas & Boas

Campanha - “É preciso dei-xar claro que o que queremoscom a campanha não é usarprodutos menos tóxicos, não énada paliativo. Nós não quere-mos mais agrotóxicos de nenhu-ma forma. É uma mudança defilosofia, temos que partir paraproduzir diversidade. Vamos terque comer diferente, que fazermuita coisa e não depende só doagricultor, depende também dapopulação, porque do jeito queestá não é possível mais ficar.”

Rosany Bochner, consultorada Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa), nolançamento da campanha per-manente contra o uso de agro-tóxico, em Brasília (Site da Es-cola Politécnica de Saúde Joa-quim Venâncio, 7/4)

Líbia – “Mudou a paciênciapopular na região. Um novo ca-pítulo começou. Mas não deve-mos superestimar a capacidadede novos governos de resolverproblemas antigos nem subesti-mar a engenhosidade e a bruta-lidade dos velhos regimes.”

Ian Bremmer, presidente doEurasia Group e autor de TheEnd of the Free Market: WhoWins the War Between Statesand Corporations (o fim do livremercado: quem ganha a guerraentre Estados e empresas?), emartigo (Valor Econômico, 8/4)

Impasse - "Se em um assun-to como a revisão do Tratadode Itaipu com o Paraguai, emque havia unidade na base,tivemos de ficar até tarde discu-tindo, imagine no caso do Có-digo Florestal."

Marco Maia, presidente daCâmara dos Deputados, pedin-do posição única do governopara facilitar a votação em ple-nário do Código Florestal (Agên-cia Câmara, 7/4)

Desenvolvimento - “Paísesemergentes têm conseguidocrescer graças à grande capa-cidade de aplicar à sua realida-de as tecnologias já existentesno mundo desenvolvido. Embreve também se tornarão na-ções inovadoras.”

Robert Fogel, diretor do Cen-tro de Economia Populacionalda Universidade de Chicago, ementrevista “Viver mais custa caro”,nas páginas amarelas (RevistaVeja, 6/4)

Código Florestal - “O cami-nho é a racionalidade baseadanos aspectos científicos, econô-micos e ambientais com susten-tabilidade.”

José Antônio Aleixo, secretá-rio da SBPC sobre o CódigoFlorestal, em entrevista (Portal ACrítica, 8/4)

O neurocientista Iván Anto-nio Izquierdo é o agraciado daedição de 2010 do Prêmio Almi-rante Álvaro Alberto para Ciên-cia e Tecnologia, a mais impor-tante honraria em C&T do Brasil.A cerimônia de entrega será nodia 3 de maio, na Academia Bra-sileira de Ciências (ABC).

Izquierdo é especialista nosmecanismos da memória. Gra-duou-se e doutorou-se na Uni-versidade de Buenos Aires(UBA) e fez seu pós-doutoradona Universidade da Califórniaem Los Angeles (Ucla). Foi pro-fessor da Universidade de Cór-doba e mudou-se para o Brasilem 1973. Por mais de 20 anos,integrou o Departamento de Bi-oquímica da Universidade Fe-deral do Rio Grande do Sul(UFRGS). Seu grupo de pesqui-sa, agora ampliado, está no Ins-tituto do Cérebro da PontifíciaUniversidade Católica do RioGrande do Sul (PUC-RS), ondeé professor titular de Medicina ecoordenador do Centro de Me-mória. O pesquisador é autor de17 livros, incluindo dois de con-tos e cinco de ensaios, e mais de650 artigos científicos.

Izquierdo ganhaÁlvaro Alberto 2010

Secis estuda reformular os CVTspara vencer dificuldades financeirasA Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social(Secis) do MCT elaborou um plano de trabalho em que prevê areformulação da atual política de implantação dos Centros Vo-cacionais Tecnológicos (CVTs), programa criado em 2003.Por Viviane Monteiro.

A informação foi dada ao Jor-nal da Ciência pelo novo titularda Secis, Marco Antonio de Oli-veira. Com atuação limitada, hojea expansão do programa sedepara com dificuldades finan-ceiras que foram agravadas comos cortes nas emendas parla-mentares. Os CVTs foram de-senvolvidos há quase oito anoscom o objetivo de capacitar tra-balhadores ou micro e peque-nos empresários que precisamadicionar conhecimento tecno-lógico a seus negócios.

As propostas da Secis pre-veem acordos com o Ministérioda Educação (MEC), com o Con-selho Nacional de Secretáriosde Ciência, Tecnologia e Inova-ção (Consecti) e com o FórumMunicipal de Secretários de C&T.Além de estender o programapara outros estados e municí-pios, hoje concentrados nas re-giões Sudeste e Nordeste, osecretário quer reforçar a atua-ção dos CVTs como centros deextensão tecnológica e conhe-cimento para a inclusão socialpela organização desse progra-ma em uma rede pública com-partilhada por União, estados emunicípios.

Hoje, apoiados pelo governofederal, sob o guarda-chuva doMCT, os centros quase inexistemnas regiões Sul, Norte e Centro-Oeste. Mesmo no Sudeste e Nor-deste a distribuição “é bastantedesigual”, destaca Oliveira.

“O plano de expansão deve-rá considerar essa realidade,buscando uma distribuição maisequânime entre as regiões eestados do País, com prioridadepara aquelas localidades ondese concentra a população debaixa renda, especialmente aclientela do Bolsa Família, paraquem o acesso a alguma moda-lidade de conhecimento tecno-lógico possa representar umaalternativa de inserção ocupa-cional e de geração de renda”,explicou.

Além da criação de um comi-tê gestor dos CVTs, formadopelas partes governamentaisenvolvidas, o plano da Secisestima acordos com secretariasestaduais e municipais de C&T eampliação de parcerias com osInstitutos Federais de EducaçãoTecnológica (Ifets) do MEC, eoutras instituições de ensinopúblico e técnicas.

Ao justificar a proposta dereestruturação dos CVTs, o se-cretário reconhece que a melhorexperiência de atuação delesobtida até agora é justamente ados que foram desenvolvidosem parceria com os Ifets. Segun-do ele, os CVTs atuam hoje deforma isolada, “uns com experi-ências bem-sucedidas e outrosnem tanto”.

“O MCT já está em entendi-mento com o MEC para estruturaressa parceria, sob a forma de umacordo de cooperação. Em bre-

ve, pretendemos discutir essaproposta com o Consecti e com oFórum Municipal de Secretáriosde Ciência e Tecnologia, além deoutros parceiros”, diz Oliveira.

Na agenda da Secis de on-tem (14) estava prevista a apre-sentação do plano de reestrutu-ração dos CVTs, pela primeiravez, em “reunião de trabalho” noMCT, para convidados técnicos,pesquisadores e personalida-des públicas que nos últimosanos estiveram envolvidas comos CVTs, na definição da políticaque deu origem aos centros, nasua implementação e na avalia-ção de seus resultados. A ideiaé a de que a proposta seja sub-metida a uma consulta pública.

Em busca de recursos - Se-gundo o titular da Secis, a sus-tentabilidade dos Centros, cujocusteio tem dependido, em suamaioria, de recursos provenien-tes de emendas parlamentares– os principais alvos da tesourado governo federal – é outro pro-blema a ser enfrentado.

A alternativa sugerida é “con-centrar recursos próprios” no cus-teio de bolsas para professores emonitores dos CVTs, por inter-médio do CNPq, e canalizar ver-bas provenientes de emendasparlamentares para a constru-ção, reforma ou adaptação doslocais que vão sediar os CVTs epara a compra dos equipamen-tos necessários à sua instalação.

“Além de propor um novoarranjo institucional para a cria-ção de CVTs, demos início a umestudo sobre a expansão e re-modelação da rede de centros.Vamos reunir e cruzar dadossobre arranjos produtivos locais,condições de renda e pobreza,vocações econômicas locais etc,para desenhar um plano de ex-pansão de rede”. Esse estudo,segundo calcula o secretário,deve ser concluído até o fim dejulho.

Segundo Oliveira, os gastoscom água, luz, telefone, vigi-lância e manutenção dos no-vos Centros ficariam por contado proponente. Ou seja, da se-cretaria estadual ou municipalinteressada na criação dosequipamentos.

“Contando com o auxílio dossecretários, também vamos bus-car a ajuda das bancadas esta-duais no Congresso para arti-cular emendas de apoio à cria-ção desses centros, desta vezcom base em um plano de tra-balho previamente pactuadoentre os parceiros envolvidos e

segundo critérios de viabilida-de técnica previamente conhe-cidos”, complementa.

Ao mapear a atual estruturados CVts, o estudo da Secis re-vela a existência de 205 CVTsem funcionamento e outros 182em implantação, concentradosprincipalmente nas regiões Su-deste e Nordeste. De acordo como estudo, esse número já foimaior, mas nos últimos anos “al-guns CVTs fecharam por proble-mas de sustentação financeira eoutros têm funcionado em con-dições precárias, o que, entreoutros problemas, enseja mu-danças na sua atual política deimplantação”. Criador dos cen-tros tecnológicos no Brasil, odeputado Ariosto Holanda (PSB-CE), titular da Comissão de Ci-ência e Tecnologia, Comunica-ção e Informática da Câmara,um dos palestrantes convida-dos para a reunião no MCT, dis-corda dos números de CVTs daSecis. Segundo ele, existemapenas cerca de 70 CVTs, nomáximo, dos quais quase meta-de (30) está no Ceará.

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JORNAL da CIÊNCIA 15 de Abril de 2011Página 4

Secretários e ministro se mobilizampara fortalecer a política de C&T

A formação de um pacto suprapartidário para lutar por maisinvestimentos em educação, ciência, tecnologia e meio ambien-te. Esse foi um dos apelos do ministro da Ciência e Tecnologia,Aloizio Mercadante, na abertura do Fórum Nacional do ConselhoNacional de Secretários Estaduais para Assuntos de C,T&I(Consecti), realizado nos dias 31 de março e 1º de abril, emPalmas (TO). Por Renata Dias .

Aproveitando a presença derepresentantes de vários esta-dos, Mercadante pediu o com-promisso de cada secretário nosentido de se engajar ao esforçode influenciar o Congresso Na-cional na votação da Lei dosRoyalties do Pré-sal, de forma aque ela seja um mecanismo fa-vorável à área científica e tecno-lógica. O ministro disse que asdisputas políticas podem desem-bocar num resultado em que osrecursos sejam “pulverizados naadministração em geral, no gáscorrente das máquinas públi-cas”. Ele defende a aplicaçãodessa riqueza na construção deuma sociedade do futuro, anco-rada na educação, ciência, tec-nologia e meio ambiente.

Em sua palestra Política Na-cional de Ciência, Tecnologia eInovação e Seus Impactos, res-saltou a importância de investirem inovação, capacitação e pes-quisa para alavancar a produ-ção industrial. Mercadante cha-mou a atenção para o déficit doBrasil no setor dos fármacos,dos equipamentos médicos,produtos químicos, máquinas eequipamentos. “A ciência e atecnologia precisam olhar es-ses setores, priorizando-os. Te-mos que fazer o Brasil ganharcompetitividade e capacidadede exportação”, reforçou. Paraele, o País não pode aceitar aideia de ser apenas um grande

produtor de matéria-prima.O investimento em ciência,

tecnologia e inovação foi defen-dido pelo ministro como estraté-gia para o desenvolvimento doPaís. Exemplificou essa impor-tância demonstrando as aplica-ções do PIB em CT&I, nos paísescomo os EUA (2,7%), Japão(3,4%), China (1,5%), Alemanha(2,8%) e o Brasil (1,2%).

Sobre as ações que estão

Nova etapa no Consecti

O Consecti tem como missãocoordenar e articular os interes-ses comuns das secretarias es-taduais, contribuindo para o de-bate e o aperfeiçoamento depolíticas públicas em ciência,tecnologia e inovação. A novadiretoria da entidade, eleita noFórum Nacional, é formada pelosecretário do Amazonas, Ode-nildo Teixeira Sena, como presi-dente, Alípio Leal, secretário doParaná, 1º vice-presidente, eEduardo Setton, secretário deAlagoas, 2º vice-presidente. Omandato é de dois anos.

O professor Sena é graduadoem letras e especializado empsicologia do ensino e aprendi-zagem, ambos pela Universida-de Federal do Amazonas (Ufam).Tem mestrado e doutorado emlinguística aplicada e estudosda linguagem pela PontifíciaUniversidade Católica (PUC) deSão Paulo. Ele já foi presidentedo Conselho Nacional das Fun-dações de Amparo à Pesquisa(Confap) e da Fap do Amazonas(Fapeam).

Ao assumir o cargo, Senaressaltou a importância de divul-gar a ciência e tecnologia comoação transversal para o desen-volvimento dos estados. "Esse é

em debate no MCT, Mercadan-te destacou novos padrões definanciamento como a criaçãode outros fundos setoriais e atransformação da Financiadorade Estudos e Projetos (Finep)em banco público. O ministrofrisou a importância da parceriade ações com os estados e fa-lou sobre programas de popu-larização da ciência, anuncian-do que neste ano será realiza-da a primeira Olimpíada em Tec-nologia da Informação no País."Com a base que temos, comvalores fundamentados, rica bi-odiversidade e com economiaforte, é preciso colocar a ciênciae a tecnologia como eixo estru-turante de desenvolvimentopara darmos o verdadeiro saltohistórico.”

Mercadante também anun-ciou a liberação de R$ 9,5 mi-lhões para internet banda largagratuita em Palmas, Araguaína,

Gurupi, Tocantinópolis, PortoNacional, Miracema e Arraias. Aação ocorre em parceria com aUniversidade Federal do Tocan-tins (UFT), responsável pela ins-talação das antenas que retrans-mitirão o sinal para os municí-pios. O investimento beneficiadiretamente cerca de 500 milpessoas.

Região Norte se mobiliza - Aspropostas defendidas pelo mi-nistro foram endossadas pelosenador Eduardo Braga (PMDB-AM), presidente da Comissãode Ciência, Tecnologia, Inova-ção, Comunicação e Informáti-ca. “Destaco que esses royaltiesnão só precisam ser direciona-dos para C&T, mas a sua distri-buição precisa respeitar o desa-fio de diminuir as desigualdadesentre o Brasil rico e formado e oBrasil que está lutando para ven-cer essas desigualdades”, enfa-tizou o senador.

Quanto à ampliação dos fun-dos setoriais, Braga fez questãode realçar “a necessidade de ter-mos mais recursos na área dabiotecnologia e da biodiversida-de”. Para ele, o Brasil pode avan-çar e obter patentes importantes.

Os secretários da RegiãoNorte se organizaram no iníciode março e discutiram as parti-cularidades e complexidades doseu sistema de ciência e tecno-logia. Fruto do encontro, umacarta com propostas de ações foientregue ao ministro Aloizio Mer-cadante no Fórum do Consecti.

Entre as reivindicações es-tão a desconcentração dos in-vestimentos financeiros fede-rais, considerando estratégiasdiferenciadas de acesso e exe-cução; o estímulo ao debate so-bre marcos regulatórios que im-pactam a atividade de C&T nosestados da região, além de apoiopara a ampliação do serviço debanda larga e de programas paraa popularização da ciência.

O documento ressalta a ne-cessidade de uma política ousa-da para formação e, principal-mente, fixação de doutores naregião, principal gargalo enfren-tado. Na carta, eles demandamum aumento de pelo menos 25%dos valores das bolsas comoadicional de regionalização,considerando as característicase vocações dos estados, alémde apoio ao desenvolvimentoda infraestrutura básica indis-pensável para o trabalho des-ses mestres e doutores.

Finalmente, em sintonia como esforço de todo o governo noprocesso de inovação, os diri-gentes reforçam que a amplia-ção dos Arranjos ProdutivosLocais (APLs) possibilitaria aatração de empresas de basetecnológica voltadas às voca-ções regionais, destacando tam-bém para as necessidades delogísticas adequadas às dimen-sões continentais dos estados.

um conselho, sobretudo, políti-co. Temos assento definido nosmais altos fóruns de discussõesdo governo federal e devemosnos articular para isso", decla-rou. De acordo com o secretário,o principal desafio do Consecti éfortalecer e consolidar a políticade C&T como uma política deEstado e garantir a continuidadedos investimentos na área.

O balanço da gestão 2010-2011 também foi apresentadono Fórum. Entre os destaquesestá a parceria com a RedeNacional de Ensino e Pesqui-sa (RNP), que incluiu as secre-tarias de C&T na Rede de Con-sórcios Metropolitanos e a cons-trução da Rede Consecti paraa realização de videoconferên-cia do Conselho com o ministrode C&T. Nesse período foramfirmadas parcerias importan-tes, com o Banco Interamerica-no de Desenvolvimento (BID),para financiamento de proje-tos de parques tecnológicos;com a Associação Nacional dePesquisa e Desenvolvimento deEmpresas Inovadoras (Anpei),para vagas nos cursos da enti-dade; e com a Rede de Infor-mação Tecnológica Latino-Americana (Ritla), para conta-

tos com o sistema de C&T daAmérica Latina.

Os conselheiros destacaramtambém o trabalho em conjuntocom o Centro de Gestão e Estu-dos Estratégicos (CGEE) e a con-tribuição do Consecti na organi-zação da 4ª Conferência Nacio-nal de C&T, com ajuda técnica emobilização dos estados pormeio de encontros regionais pre-paratórios para a Conferência.

Na reunião, só entre os se-cretários de C&T, ficou definidauma agenda visando maior arti-culação com o Confap e comoutros ministérios, como Desen-volvimento e Indústria, Educa-ção, Comunicação e Saúde,além de buscar parcerias com oSistema S. Eles também coloca-ram como meta uma relaçãomais próxima junto ao Congres-so Nacional, uma vez que mui-tos secretários de C&T, inclusiveex-membros do Consecti, em2010 foram eleitos deputados, oque pode ser uma oportunidadepara estreitar essa relação. Alémde trocar experiências e discuti-rem pautas que sejam comunsna maioria dos estados, os pró-ximos encontros e ações preten-dem fortalecer a representativi-dade política do Conselho.(RD)

Criado em 2005, o Conselho elege nova diretoria e discute os próximos passos para fortalecersua representatividade no cenário político e solidificar as secretarias estaduais.

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JORNAL da CIÊNCIA15 de Abril de 2011 Página 5

Tocantins tem Fundação de Amparo à PesquisaNa abertura do Fórum Nacional do Consecti, realizado em Palmas (TO), o governador de Tocantins,José Wilson Siqueira Campos, sancionou a lei que cria a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapt)no estado.

"Já não podíamos deixar depriorizar em nossa política umsetor tão importante como C&T,que é o verdadeiro pilar paraum desenvolvimento efetiva-mente sustentável", avaliou ogovernador.

A lei determina entre as atri-buições da Fundação o incenti-vo às pesquisas científicas e tec-nológicas por meio de apoio téc-nico e financeiro; a contribuiçãopara o desenvolvimento social,econômico e cultural; e apoiar aformação e o aperfeiçoamentode profissionais para pesquisa,inovação e desenvolvimento téc-nico de interesse do estado,mediante a concessão integralou complementar de bolsas.

O secretário de C&T do To-cantins, Luiz Borges da Silveira,comemorou a criação da entida-de declarando ser uma reivindi-cação antiga do estado e queserá importante para o seu de-senvolvimento. “A Fundação tema flexibilidade para fazer convê-nios e conseguir angariar maisrecursos e proporcionar condi-ções para que o estado possatirar proveito da C&T em favor dapopulação”, avaliou.

Para o secretário, a Fapt atu-ará no principal gargalo de To-cantins, que é a falta de doutorese mestres, portanto, recursoshumanos qualificados. “Em açãoconjunta, a secretaria e a Fap,vamos estabelecer convênioscom outras universidades noBrasil e no exterior para a forma-ção de doutores. Estamos crian-do cursos superiores, técnicos e

vamos implantar o mestrado pro-fissionalizante, para podermosmelhorar as condições e o níveldos nossos quadros”, planeja.

Em entrevista ao Jornal daCiência, o secretário se mostrouotimista, afirmando que o To-cantins, estado mais novo doBrasil, “tem um potencial enor-me e todas as condições de cres-cer muito e de forma sustentá-vel”. Borges da Silveira disseque a água é o principal trunfo doestado, que conta com uma dasmaiores bacias do País e 12usinas projetadas. De acordocom ele, o Tocantins tambémtem um subsolo rico em mine-rais, além de estar localizado emum ponto central no mapa e serrota de transporte da produçãode Mato Grosso, Goiás e Bahia.

Em seu projeto para atrairempresas e inovação, Borges daSilveira reforça mais uma vez aimportância da Fapt. O foco naformação de pessoal contribui aomesmo tempo para a qualifica-ção da comunidade científica doestado e também para o plano deatrair indústrias para a região.“Essa é a nossa prioridade. Asempresas só virão se tivermosprofissionais capacitados, por-que matéria-prima, uma logísticafacilitada e consumo próximo jáoferecemos”, concluiu.

Fortalecimento das Faps -Em 2008, o Pará, em 2010,Amapá, agora Tocantins. O Bra-sil já tem hoje 25 Fundações deAmparo à Pesquisa (Faps). Ape-nas os estados de Roraima eRondônia ainda não formaliza-

ram as suas. O modelo nacionaldas Faps foi lançado em 1960com a criação da Fapesp, deSão Paulo, que começou a ope-rar em 1962 com um orçamentoreferente a 0,5% da receita tribu-tária estadual, garantido pelaConstituição Estadual. Em 1989,esse percentual subiu para 1%.

De acordo com o presidentedo Conselho Nacional das Faps(Confap), Mario Neto Borges, omais importante não é só o cres-cimento da quantidade de fun-dações pelo País, mas sim aforça que vem ganhando emseus investimentos. “O volumede recursos que os estados vêmaplicando em C&T está aumen-tando. Em 2009, todas as Fapsem conjunto executaram R$ 1,8bilhão, volume expressivo derecursos que equivale ao orça-mento de uma agência como oCNPq”, destacou Borges, subli-nhando ainda que esses inves-timentos são importantes porsua capilaridade, já que bus-cam alcançar a realidade decada estado.

Ao Jornal da Ciência, Borgesexplicou que, além do percen-tual constitucional, as Faps in-crementam seu orçamento pormeio de parcerias com os ór-gãos federais, internacionais etambém com a iniciativa priva-da. “Diria que hoje as Funda-ções dos estados são verdadei-ros vetores do desenvolvimentosocial e econômico por meio dosseus investimentos em C&T&I,que geram riqueza e oportuni-dades de trabalho”, avaliou. (RD)

A cultura de ciência e tecno-logia no Tocantins, que foi cria-do há pouco mais de 20 anos, étão jovem quanto o próprio esta-do. Em um primeiro momentoda história tocantinense, o con-ceito de desenvolvimento foi ba-seado em infraestrutura (inves-timentos na malha rodoviária,por exemplo). Entretanto, o ce-nário de hoje nos impõe umquestionamento crucial: quetipo de desenvolvimento buscao Tocantins?

Porque, pensadas as rodovi-as, ferrovias, hidrovias, deve-sebuscar ir além da condição deum estático corredor de exporta-ção – o que por si só não asse-gura o desenvolvimento a quese propõe alcançar. E, nessesentido, a geração de conheci-mento científico e tecnológicoorientada para a solução de pro-blemas econômicos e sociais éuma causa imperativa para con-tabilizar, sistematicamente, ocrescimento do estado.

Esse caminho já começou a

ser percorrido. Seja pela implan-tação de instituições voltadas àC&T, como a Universidade Fe-deral do Tocantins (UFT); sejapela posterior criação da Secre-taria Estadual; seja pelo iníciode nossa Fundação de Amparoà Pesquisa.

Agora é tempo de trabalharas articulações desse sistema.Cada um com seu papel, mastodos com o mesmo compromis-so. A linha de atuação das esfe-ras públicas e privadas envolvi-das nesse processo é a de tornaro estado um espaço de conver-gência de riquezas, utilizando-se do potencial estratégico aquiexistente, tais como: localizaçãogeográfica, recursos naturais,expansão da logística, fortaleci-

mento da política de C&T, a ex-pressiva contribuição da pes-quisa acadêmica.

A recente criação da Fapt vemfortalecer e qualificar esse tra-balho. Como braço operacional,em conjunto com os demaisagentes envolvidos no proces-so de desenvolvimento, suasações partirão em busca de so-luções dos principais desafiosenfrentados no campo da edu-cação, ciência e tecnologia; as-sim como definirá prioridades earticulará iniciativas dos órgãosafins, considerando as expecta-tivas apresentadas pela popula-ção tocantinense.

Neste contexto, a UFT colo-ca-se como parceira certa paraum desenvolvimento mais con-

sistente, crítico e responsável,em sintonia sempre com a reali-dade sociopoliticocultural doestado. Isso porque a UFT contahoje com quase 300 doutores,11 programas de mestrado e umdoutorado, distribuídos em seussete campi, e que objetivam aprodução científica voltada àsidentidades regionais.

A temática aqui abordada éampla e merece intensa discus-são, que se faz cada vez maisoportuna e necessária. Promo-ver a educação, a ciência e atecnologia como condição irre-nunciável ao desenvolvimentoeconômico, político e social doTocantins é tarefa que provocatambém demandas oriundas dasociedade, que devem ser assu-midas como ação de governo ecompromisso de instituiçõescomo a nossa. Este é um esforçocoletivo do qual não podemosabrir mão.

*Doutor em Sociologia pelaUniversidade de Montreal ereitor da UFT.

Pará elabora PlanoEstratégico

A Secretaria de Desenvolvi-mento, Ciência e Tecnologia(Sedect) do Pará iniciou nestemês a elaboração do Plano Es-tratégico de Ciência, Tecnolo-gia e Inovação (CT&I) para oestado (2011-2014). Para reco-lher sugestões e subsídios paraa construção do documento, osecretário Alex Fiúza de Mellose reuniu com representantesde instituições de pesquisa eensino superior do estado e dosetor empresarial.

Segundo Mello, a intenção éque o Plano Estratégico sejaconstruído de forma participativa.“Seria empobrecer demais umtrabalho dessa natureza se aSedect se fechasse e elaboras-se o Plano só a partir de suaequipe técnica”, reconhece.

O reitor da Universidade Fe-deral do Oeste do Pará (Ufopa),Seixas Lourenço, acredita queas instituições de ensino e pes-quisa e as empresas devam atu-ar de formar articulada. “A inici-ativa da Sedect é muito louvável,pois o nosso grande desafio écomo transformar o conhecimen-to que está sendo produzido embens, serviços e produtos para asociedade”, comenta.

CT&I no Pará – Pesquisa fei-ta pela Sedect com 15 institui-ções de ensino e pesquisa e 42empresas e entidades do setorprodutivo e estatal identificouque quase 60% desenvolvemações de educação empreen-dedora, consultorias direciona-das às empresas, programas degestão ambiental, de proprieda-de intelectual e transferência detecnologia.

Educação, ciência etecnologia no Tocantins

Artigo enviado por Alan Barbiero* para o Jornal da Ciência.

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Amélia Império HamburgerArtigo do professor Silvio R. A. Salinas* para o JC

Após período longo de lutacontra a doença, faleceu no iní-cio de abril a nossa colegaAmélia Império Hamburger, pro-fessora da Universidade de SãoPaulo (USP) durante mais de 40anos, com trabalhos em algu-mas áreas da Física e incursõesimportantes pela epistemologiae pela história das ciências.Herdeira direta do período glori-oso de construção da Física con-temporânea na antiga Faculda-de de Filosofia, Ciências e Le-tras da USP, Amélia tinha inte-resses amplos, espírito crítico egeneroso, exercendo grandeinfluência sobre todo o seu am-biente de trabalho.

No início da sua carreira, tra-balhou em física nuclear expe-rimental, no antigo aceleradorVan der Graaf da USP, comPhilip Smith e Oscar Sala, eposteriormente nos laboratóriosda Universidade de Pittsburgh.Um dos artigos dessa época,produto da sua dissertação demestrado, acabou sendo publi-cado no primeiro número dePhysical Review Letters. Maistarde, na companhia do marido,nosso colega Ernst WolfgangHamburger, e de quatro filhospequenos, Amélia voltou aPittsburgh, agora como docentecontratada da USP, trabalhandona investigação de proprieda-des de cristais magnéticos abaixas temperaturas. Amélia eErnesto decidiram retornar defi-nitivamente para o Brasil numperíodo difícil, no início dos anosde chumbo da ditadura. Lem-bro-me de Amélia orgulhosa deescrever um artigo que foi publi-cado em Physica, numa ediçãoem homenagem a um dos pio-neiros da física de baixas tempe-raturas. A casa de Amélia eErnesto, nas vizinhanças da Ci-dade Universitária, estava sem-pre aberta para os seus alunos ecolegas mais jovens, com enor-

me generosidade. Nessa épo-ca, Amélia e Ernesto acabaramsendo vítimas de profundo cons-trangimento, que marcou a famí-lia, e que muito mais tarde foirecordado pelo filho cineasta emO ano em que meus pais saíramde férias.

Em meados da década de60, Amélia teve papel importan-te na fundação da SociedadeBrasileira de Física (SBF): redi-giu os estatutos da nova socie-dade, foi membro da Diretoria edo Conselho diversas vezes.Também teve participação im-portante em diversas comissõese episódios da SBPC. Em 2004,participou do grupo de trabalhoque deu origem ao Projeto Me-mória da SBPC, dando início àorganização de um acervo quereflete parte da história da ciên-cia no Brasil do século 20.Amélia era membro titular doConselho da SBPC, com man-dato de 2007 a 2011. Todos selembram da memorável Reu-nião Anual de 1977, programa-da para ocorrer em Fortaleza,na Universidade Federal doCeará (UFCE), mas que aca-bou sendo transferida para aPUC de São Paulo, sob enormepressão do governo militar. Areunião foi um sucesso, comapoio amplo da comunidadecientífica, mas pouco se falasobre o trabalho essencial da-quela “comissão organizadora”,meio informal, que se reunia naresidência acolhedora do casalHamburger.

Amélia era particularmentepreocupada com o reforço dasnossas instituições acadêmicase políticas, e com todas as ques-tões referentes ao ensino. O seutrabalho em epistemologia e his-

Aos 78 anos, a física e pes-quisadora Amélia Hamburgerfaleceu recentemente. Casadacom o também físico ErnstWolfgang Hamburger, Améliadeixa quatro filhos e uma carrei-ra respeitada por toda comuni-dade científica brasileira. Notexto abaixo, Ennio Candotti* falasobre a época da ditadura e ainfluência da pesquisadora navisão política e responsabilida-de social dos cientistas:

Vejo a Amélia na Faculdadede Filosofia da USP, na rua Ma-ria Antonia no início de 1960. Elafrequentava as aulas do BentoPrado, que também nos deixou.Soube depois, quando fazíamosobras na sede da SBPC, que elahavia estudado no Colégio queocupava o prédio antes da Fa-culdade, e conhecia o caminhoque de lá leva a um túnel porbaixo da rua Dr.Villanova e davaacesso à piscina do colégio nooutro lado.

Em 70 ela foi presa pelosagentes da ditadura, acusadade subversão. Em Nápoles, Itá-lia, onde eu me encontrava na-queles dias, recebi um telefone-ma. Fiquei paralisado com anotícia, mudo por dias. Comoagora. Notícias como esta serepetiam, envolvendo muitasvezes amigos e companheirosna luta contra o arbítrio. De lon-ge, o que fazer? Impotentes po-díamos apenas mobilizar os pro-testos de mais físicos, políticos ejornais, expressar solidarieda-de. Deveríamos voltar ao Brasilo quanto antes.

Poucos anos depois, Améliafoi uma das incentivadoras dasatividades de educação e divul-gação da Sociedade Brasileirade Física (SBF), de memoráveisSimpósios, onde as dimensõeséticas e culturais da Física eramdiscutidas. A SBF também resis-tia à ditadura. Se os físicos ga-nharam visibilidade política emnosso País, o devem sem dúvidaàs sementes de ética e compro-misso social plantadas naqueletempo, na SBPC e na SBF.

Amélia foi, em diferentesmomentos, conselheira daSBPC. Participou intensamen-te da iniciativa de levar a sededa SBPC para o prédio da ruaMaria Antonia, no andar queabrigava a Física e a História. O4º andar. Uma homenagem quea SBPC faria aos que resistiramà ditadura e, ao mesmo tempo,preservaria a memória de umafaculdade em que se respiravainterdisciplinaridade e compro-misso social. Um prédio e umafaculdade onde Amélia conhe-ceu Shenberg e FlorestanFernandes, mestres que muitoadmirava. Uma história que emseus traços heróicos e suavesencontra seu retrato.

*Presidente de honra e mem-bro do Conselho da SBPC

A Física está deluto

tória da ciência foi motivado porinteresses no ensino da Física ena preservação da memória daciência no País. Amélia publicouartigos e orientou diversas dis-sertações sobre questões epis-temológicas, principalmente so-bre tópicos de mecânica clássi-ca e termodinâmica, que certa-mente mereceriam maior aten-ção. A partir da década de 80,participou de projeto importantede organização do arquivo doantigo Departamento de Físicada USP, em particular dos docu-mentos e correspondência deGleb Wataghin, recuperando ahistória da física contemporâ-nea em São Paulo.

Colaborou com pesquisado-res do CNRS francês, do Institu-to de Psicologia e do Centro deHistória da Ciência da USP. Or-ganizou o arquivo do seu irmãoFlavio Império, cenógrafo reco-nhecido, artista plástico e pro-fessor de arquitetura da USP,publicando um texto em colabo-ração com Renina Katz. Há al-guns anos, Amélia organizou eeditou um conjunto de entrevis-tas com pioneiros da Fapesp,Fapesp 40 Anos - Abrindo Fron-teiras, publicado pela Edusp em2004. Mais recentemente, dedi-cou-se à organização das obrascientíficas do professor MarioSchenberg: o primeiro volume,em edição magnífica da Edusp,foi contemplado em 2010 comum prêmio Jabuti na sua catego-ria, constituindo trabalho pionei-ro no País, contribuição impor-tante para a preservação danossa memória científica.

*Silvio R. A. Salinas é profes-sor do Instituto de Física daUSP

Estão abertas as inscriçõespara a Olimpíada Brasileira deFísica (OBF), promovida pelaSociedade Brasileira de Física(SBF). Em 2010 cerca de 700 milestudantes participaram da OBFem todo o território nacional.

Por meio da Olimpíada, osorganizadores pretendem des-pertar e estimular o interessepela Física, assim como melho-rar seu ensino e incentivar osestudantes a seguirem carreirascientífico-tecnológicas. Além deidentificar novos talentos, as olim-píadas científicas servem de mo-

tivação aos jovens, professorese diretores de escolas, desafia-dos a melhorarem seu desem-penho e a qualidade de ensino.

Os alunos que se destacamcom as melhores posições tam-bém são preparados para parti-cipar de duas Olimpíadas Inter-nacionais de Física: a Olimpía-da Internacional de Física(International Physics Olympiad- IPhO) e a Olimpíada Ibero-ame-ricana (OIbF). Ambas são impor-tantes competições entre jovensestudantes do ensino médio, eenvolvem alunos de mais de oi-

tenta países.O certame da OBF é dividido

em três fases. As questões dasprovas teóricas da primeira fasesão objetivas e aquelas da se-gunda e terceira fases discursi-vas. A prova prática é somente naterceira fase e para alunos do 9ºano do ensino fundamental e da1ª e 2ª séries do ensino médio.

Os detalhes e programa en-contram-se no Regulamento daOBF. As escolas interessadaspodem se inscrever até 12 demaio, pelo site: <http://www.obf.org.br>.

Olimpíada para incentivar novos talentos

Por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 4 de abril, o Ministérioda Fazenda liberou para o exercício de 2011 a cota global de US$ 500 milhões para importaçõesde bens destinados à pesquisa científica ou tecnológica.

Os critérios de utilização serão estabelecidos pela Diretoria Executiva do Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT). No site <www.cnpq.br> estão disponíveisas normas e condições dessas atividades.

US$ 500 milhões para importação

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Brasil reforça controle parautilização de bens sensíveis

A onda de terrorismo pelo mundo intensificou, na última década,as ações de prevenção no cenário internacional. O atentado de11 de setembro de 2001, que destruiu as torres gêmeas do WorldTrade Center, em Nova York, acentuou ainda mais a preocupa-ção diante da ameaça à segurança e à paz internacional.

Esse evento reforçou as inici-ativas de controle dos bens sen-síveis, exercido pelo Brasil deacordo com os principais instru-mentos internacionais de desar-mamento e não proliferação.Nesta área, o Brasil goza destatus de país responsável, porinternalizar e implementar me-didas recomendadas pelas or-ganizações de referência noâmbito mundial.

Apesar de ser um tema pou-co conhecido, os chamadosbens sensíveis são materiais,equipamentos e tecnologiaspassíveis de utilização em pro-gramas de desenvolvimento efabricação de Armas de Des-truição em Massa (ADM). Oschamados vetores e bens deuso dual são geralmente de-senvolvidos no setor industrial,mas podem ser empregadospara finalidades bélicas e parafins ilícitos.

Na área biológica, os fermen-tadores, cultivo de bactérias paraa produção de iogurte ou cerve-ja, por exemplo, podem ser utili-zados para armas biológicas.Ainda na área missilística, osensor de orientação em iphonee ipod pode ter uso na orienta-ção de mísseis. Outros compo-nentes, utilizados para fins ilíci-tos, também podem ter origemna indústria automotiva e ae-roespacial e até mesmo na fabri-cação de cosméticos e produtosde higiene e limpeza.

A preocupação quanto àsADMs remonta à década de 40,quando a ONU passou a incen-tivar a criação de tratados e acor-dos multilaterais para conter odesenvolvimento, construção euso dessas armas. Entre os prin-cipais instrumentos, ratificadospelo Brasil, estão a Convençãosobre a Proibição das ArmasBiológicas (Cpab), o Tratado deNão Proliferação de Armas Nu-cleares (TNP), o Regime de Con-trole de Tecnologias de Mísseis(MTCR), o Grupo de SupridoresNucleares (TNP) e o Grupo deSupridores Nucleares (NSG).

Três anos depois do ataqueàs torres, a Resolução 1.540,do Conselho de Segurança(CS) da ONU, determinou (em2004), entre outras ações, aadoção e o reforço por partedos Países de uma “legislaçãoadequada e efetiva; que proíbaqualquer ator não estatal demanufaturar, adquirir, possuir,desenvolver, transportar, trans-ferir ou utilizar armas nuclea-res, químicas e biológicas eseus meios de lançamento”.

O Brasil internalizou os trata-dos citados, por meio da Lei9.112/1995 e do Decreto 4.214/2004, que dispõem sobre a ex-portação de bens sensíveis eserviços diretamente vinculadose constituiu, no âmbito da Presi-dência da República, a Comis-são Interministerial de Controlede Exportação de Bens Sensí-veis (Cibrd), cabendo ao Minis-tério da Ciência e Tecnologia(MCT) exercer a função de ór-gão coordenador.

Nesse contexto, compete àCoordenação-Geral de BensSensíveis (CGBE), integrante daestrutura da Assessoria de As-suntos Internacionais (Assin) doMCT, Secretaria Executiva daCibes, o controle de bens sensí-veis no País.

Vantagens - O coordenador-geral de Bens Sensíveis do MCT,Sérgio Frazão, sustenta que aadequação às normas interna-cionais e à legislação nacionalsobre o tema, além de atenderàs questões de segurança inter-na, internacional e de defesa,pode representar vantagenseconômicas ao País nas rela-ções comerciais, bem como nacooperação internacional técni-co-científica. Ele explica que, emparticular na área química, essecontrole é essencial.

“Somos a oitava indústria quí-mica do mundo. E se tivermosum controle eficiente e eficaz, écerto que vamos ganhar merca-do internacional. Na medida emque ocorre um ilícito, e umaempresa nacional da área quí-mica está envolvida, haverá res-trições internacionais à indús-

tria química brasileira, o que serefletirá nas outras áreas, comoa missilística, a nuclear e a bio-lógica. Nesse sentido, ter statusde país responsável garante em-prego, crescimento industrial,abertura de mercado e credibili-dade internacional”, ressalta.

Frazão cita ainda o impactopositivo no sentido de evitar ocerceamento tecnológico e cien-tífico (obstáculos para o acesso atecnologias sensíveis). “Não terí-amos tantas restrições para im-portar aquilo que se precisa paraos desenvolvimentos nacionaisem áreas tão sensíveis. E, paraisso, inclusive, a CGBE, de acor-

do com a legislação vigente, emitepelo governo as declarações deuso e usuário final dos bens aserem importados, bem como asgarantias, solicitadas pelo paísexportador, de que a mercadorianão será empregada no desen-volvimento de ADMs, ou seja,será utilizada para fins pacíficos,propiciando a efetivação da ope-ração importação.”

Além das declarações de usoe usuário final, da emissão degarantias e do acompanhamen-to dos tratados e convençõesinternacionais, a CGBE trabalhacom a atualização de listas, con-trole de importação e exporta-ção na área química (listadospela Cpaq) e no controle de ex-portação dos bens listados peloNSG e pelo MTCR. “Vamos inici-ar o controle dos bens que sãolistados na área biológica. ACpab não tem lista de controle,então o Brasil, de forma autôno-ma, criou uma relação de con-trole nacional para cumprir umdos dispositivos da Resolução1540”, adianta Frazão.

Ele ainda cita outras ativida-des que visam a eficiência e aeficácia dos controles, por inter-médio do Programa Nacionalde Integração Estado-Empresana Área de Bens Sensíveis(Pronabens), desenvolvido eimplementado em conjunto coma Agência Brasileira de Inteli-gência (Abin), desde 2004. Asempresas são orientadas sobreos regimes e convenções emvigor e sobre as responsabilida-des e obrigações brasileirasfrente a esses instrumentos dedesarmamento e não prolifera-ção de ADM, para que possamimplementar operações de im-portação e exportação de benssensíveis dentro da legalidade.

Também está em fase de im-plementação Curso de Identifi-cação de Bens Sensíveis, volta-do à capacitação de agentespúblicos, que atuam na aduanae na política federal para facilitara verificação desse gênero demercadoria. Segundo Frazão,até a realização do curso, “pou-cos profissionais tinham algumconhecimento sobre o tema”.Desde 2009, já foram treinados374 agentes em várias regiõesdo País. Serão realizados trêscursos neste primeiro semestree outras duas turmas estão pre-vistas para o segundo semestre.

Outra iniciativa para o aumen-to da eficiência e da eficácia docontrole de bens sensíveis é oGrupo de Trabalho de InspeçãoFísica, criado no âmbito da Cibes,que objetiva o desenvolvimentode um sistema de análise derisco, provido de suporte técnico(laboratórios e expertise) quepropicie um controle físico maisefetivo das operações de expor-tação e de importação de bens etecnologias sensíveis. Desta for-ma, o sistema será voltado paraidentificação de alvos e raciona-lização do controle físico reali-zado pela Receita Federal, demaneira a prevenir operaçõesde comércio exterior ilícitas.

No dia 8 de abril, os progra-mas de Pós-Graduação do Insti-tuto Nacional de Pesquisas daAmazônia (Inpa/MCT) alcança-ram mil e quinhentas titulações.O Inpa possui nove programasde pós-graduação classificadospela Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de NívelSuperior (Capes) dois na áreade ecologia – Biologia de ÁguaDoce e Pesca no Interior e Eco-logia; dois na área de CiênciasAgrárias – Florestas Tropicais eAgricultura no Trópico Úmido;três na área de Ciências Biológi-cas – Entomologia; Botânica;Genética Conservação e Biolo-gia Evolutiva; e o mestrado pro-fissional em Gestão de ÁreasProtegidas na Amazônia – cria-do em 2010. A titulação de nú-mero 1.500 do Inpa foi apresen-tada pelo mestrando GilsonMartins Azevedo Júnior. Tam-bém foi apresentada a titulaçãoem doutorado de número 300 daaluna Caroline Dantas de Oli-veira, em Entomologia. Na últi-ma avaliação trienal da Capesdivulgada em 2010, os progra-mas de pós-graduação do Inpaobtiveram notas entre 3 e 5 reve-lando o alto nível dos cursos.

Inpa chega a1.500 titulações

Novo edital parainovação

Estão abertas as inscriçõespara a 8ª edição do edital Inova-ção, lançado pelo Serviço Na-cional de Aprendizagem Indus-trial (Senai) e pelo Serviço So-cial da Indústria (Sesi), com aparceria do CNPq. O objetivo écontemplar as indústrias brasi-leiras por meio de apoio técnicoe financeiro voltado para o de-senvolvimento de projetos e pro-cessos inovadores e que pro-movam a melhoria da qualidadede vida da população. A submis-são das propostas pode ser feitaaté 6 de maio. A chamada prevêo repasse de R$ 26 milhões,sendo R$ 16 milhões oriundosdo Senai, R$ 7,5 milhões doSesi, e R$ 2,5 milhões do CNPq,por meio de bolsas. Podem par-ticipar indústrias com mais deum ano de fundação e, segundoo edital, é exigida uma contra-partida, de 5%, no mínimo, dovalor solicitado na proposta.Espera-se atender cerca de 95projetos, ante os 77 contempla-dos em 2010. As propostas ava-liadas como tecnológicas e so-ciais ao mesmo tempo serãoatendidas pelas duas entidades.

O edital está disponível no site:<www.editaldeinovacao.com.br>.

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JORNAL da CIÊNCIA 15 de Abril de 2011Página 8

Mandatos Open Access no mundoArtigo de Hélio Kuramoto*.

Passados 10 anos, o movi-mento OA estima que hoje 15 %da literatura científica esteja dis-ponível em acesso livre. O obje-tivo deste movimento é colocarem acesso livre os cerca de 2,5milhões de artigos científicos pu-blicados anualmente em cercade 28 mil revistas com revisãopor pares. Existe a expectativade que este movimento consigaatingir os seus objetivos nos pró-ximos anos. Estudos têm indica-dos que o fator de impacto deartigos publicados em OA podeter incrementos que variam de36% a 250%, dependendo daárea do conhecimento.

O movimento do acesso livre(OA) tem desenvolvido diversosmecanismos para estimular, ava-liar e acompanhar as iniciativasde OA no mundo. Um dessesmecanismos é o Registry of OpenAccess Repository MaterialArchiving Policies (Roarmap).Este sítio tem o objetivo de regis-trar mandatos/políticas de OA,que são estabelecidos por uni-versidades, institutos de pesqui-sa, agências de fomento, gover-nos etc. Quem faz o registro é oproprietário ou responsável pelainstituição que estabeleceu omandato ou muitas vezes alguémque conhece essas iniciativas.Por exemplo, em 2007, o pesqui-sador e um dos líderes do movi-mento OA, Stevan Harnad, regis-trou o mandato que o Brasil pre-tendia estabelecer, o PL 1120/2007. Na época o Brasil despon-tava como a grande esperançado OA juntamente com os outrospaíses que formam o Bric – Brasil,Rússia, Índia e China.

Verifiquei, no dia 09 de abrilde 2011, a distribuição de man-datos OA no mundo, e o resulta-do é esse que aparece no gráfi-co logo abaixo.

Ele mostra, de certa forma, adistribuição de iniciativas deacesso livre no globo terrestre,pois, a cada mandato está asso-ciado pelo menos um repositórioinstitucional de acesso livre(OA). O que se pode destacardeste gráfico é que a América doNorte e a Europa são responsá-veis por 81% dos mandatosregistrados no Roarmap, en-quanto a América do Sul e aÁfrica são responsáveis por ape-nas 3% desses mandatos.

A América do Norte temregistrados 22 mandatos do Ca-nadá e 60 mandatos dos EstadosUnidos da América (EUA), umdeles a lei que determina aospesquisadores financiados peloNational Institute of Health (NIH)a obrigatoriedade de depósito deseus trabalhos publicados emrevistas com revisão por pares noPubMed Central. Como resulta-do, hoje diversos pesquisadoresda área de ciências da saúde emesmo médicos consultam esserepositório gratuitamente emqualquer parte do mundo.

No caso da América do Sul, a

Colômbia contribui com quatromandatos, a Bolívia com um, oBrasil com um, o Peru com um ea Venezuela com um mandato. Ocaso brasileiro é o mais esdrúxuloda história do OA, visto que o seumandato que lá está registradorefere-se ao PL 1120/2007, in-devidamente arquivado pelaCâmara dos Deputados. Infeliz-mente, nenhum parlamentar ouautoridade do Ministério da Ciên-cia e Tecnologia ou do Ministé-rio da Educação tomou qual-quer providência no sentido dedesarquivar tal projeto de lei.

É importante notar que a Eu-ropa e a América do Norte são oscontinentes com maior númerode mandatos. Curiosamente, sãoempresas localizadas nos doiscontinentes que dominam omercado editorial científico, oumelhor, os que mais faturam coma publicação científica. Por queesses países têm desenvolvidoiniciativas de OA? Porque mes-mo nesses países o custo deacesso à informação é caríssi-mo e os seus pesquisadores têmdificuldades de acesso à maio-ria das publicações científicas.

Em contrapartida, os conti-nentes América do Sul e Áfricasão os que menos mandatosregistraram e, ao mesmo tempo,são continentes onde se encon-tram países em desenvolvimen-to ou subdesenvolvidos e mui-tos deles sem condições de ar-car com o acesso à informaçãocientífica. Portanto, em teoriaseriam os países com maioresnecessidades de acesso livre àinformação científica. Mas, porque a comunidade científicadesses países, ou seus gover-nos, não empreenderam inicia-tivas para implantar o OA emseus países?

Verifiquei também que boa partedos países que formam o BRIC temmarcado presença no movimentodo acesso livre, senão vejamos:Brasil (um mandato), Rússia (trêsmandatos), Índia (oito mandatos)e China (sete mandatos).

Hoje, já não existem barreiraspara o desenvolvimento e im-plantação dos repositórios insti-tucionais de acesso livre (RI).Talvez isso não seja verdade para

países não desenvolvidos, quenao é o caso brasileiro. Os paco-tes de software para a adminis-tração e manutenção dessesrepositórios são software opensource, portanto software livres,com custos praticamente zero.Hoje os equipamentos de pro-cessamento de dados estão muitobaratos e um servidor para hos-pedar um RI não custa mais doque R$ 5 mil reais. Na realidadeaté um microcomputador na faixados R$ 1,5 mil reais é suficiente.Hoje, as universidades já estãoconectadas à Internet. Ou seja,não há necessidade de grandesinvestimentos. Então, o que falta?

É interessante notar que noséculo passado os países emdesenvolvimento reclamavamda pouca visibilidade de suaspesquisas e, consequentemen-te, da sua ciência, uma vez queas revistas com revisão por pa-res desses países não eramindexadas pelos principais ser-viços de indexação existentes.As estratégias propostas peloOA modificam esse paradigma.As estratégias do OA se basei-am no uso das tecnologias dainformação e da comunicação(TIC) e, hoje, os mecanismos debusca indexam todos os docu-mentos existentes na web. Aocontrário dos serviços de inde-xação de revistas – que indexamapenas as revistas constantes deuma lista – eles indexam todos osdocumentos existentes em umRI. Portanto, enxergo as estraté-gias do OA como uma grandeoportunidade para os países emdesenvolvimento terem maiorvisibilidade em suas pesquisas.E é por isto que eu defendo tantoo PL 1120/2007, assim como anecessidade de o País discutir eestabelecer a sua política nacio-nal de informação científica ba-seada nessas estratégias.

Por que o OA é tão fraco nes-ses continentes? E a nossa co-munidade científica, o que pen-sa a respeito do OA? São bonstemas para reflexão, discussãoe estudos.

* Doutor em Ciência da Infor-maçãoBlog: <www.kuramoto.blog.br>

Roraima promoveinclusão digitalCom a intenção de melhorar

a qualidade do ensino e propor-cionar ainda mais cidadania aosalunos da rede pública, o gover-no de Roraima está investindoem capacitação de professorese inclusão digital.

Criado em 2007, o projetode inclusão digital para os ín-dios de Roraima, batizado deTamî´kan, já capacitou cerca de100 professores para ministraraulas de Introdução á Educa-ção Digital. Uma disciplina pre-sencial, com carga de quatrohoras diárias, que foi inclusa nanova grade educacional indí-gena. O projeto pretende capa-citar um total de 300 professoresindígenas de oito etnias –Yanomami, Wapixana, Wai-Wai,Macuxi, Yekuana, Ingaricó,Sapará e Taurepang.

De acordo com pesquisa re-alizada pelo Censo Escolar de2008, Roraima tem 197 escolasindígenas, que corresponde a56% do total de estabelecimen-tos do estado. Para o secretáriode Educação, Dirceu Medeiros,o Tamî’kan fortalece o ensino. “Aeducação em Roraima é dife-renciada. Com professores qua-lificados atuando nessas esco-las, a educação do estado, emespecial a educação indígena,só tem a ganhar”, disse.

Novas empresasincubadas no INT

Carbobrasil, Fetos 3D, Finxi,Pitanga, Rede Jovem e SnapStudio são as seis novas empre-sas selecionadas para a Incuba-dora do Instituto Nacional deTecnologia (INT). A definiçãoocorreu após a apresentaçãodos planos de negócios de oitofinalistas do processo de sele-ção perante o Conselho Estraté-gico da Incubadora. As empre-sas ficarão abrigadas no INT,onde dispõem de instalaçõesrecentemente modernizadascom apoio da Fundação de A-poio à Pesquisa do Rio de Janei-ro (Faperj).

O período de incubação seráde três anos, a partir da assina-tura do contrato. O prazo pode-rá ainda ser prorrogado por maisum ano, após solicitação da in-cubada e parecer do gerente daIncubadora. Com perfis diferen-tes, as empresas escolhidas ti-veram como ponto comum acaracterística de inovação. Trêsdelas estão relacionadas a tec-nologias na área de DesenhoIndustrial, e outra a produtospara o público infantil. Comuni-cação móvel e soluções de TIpara o mercado de carbono sãoos outros projetos.

Mandatos por continente

9%

57%

6%

0%

24%

2%

1%

1%Internacionais

Oceania

Europa

Ásia

América Central

América do Norte

América do Sul

África

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JORNAL da CIÊNCIA15 de Abril de 2011 Página 9

Plano Nacional de Astronomia:comunidade quer sua inclusão na

segunda edição do PAC,T&I

Essa é a expectativa do dire-tor do Laboratório Nacional deAstrofísica (LNA), Albert JosefRudolf Brunch, compartilhadacom os demais integrantes daComissão Especial de Astrono-mia (CEA), Eduardo JanotPacheco, da Sociedade Astro-nômica Brasileira (SAB), Kleperde Souza Oliveira Filho, da Ca-pes, Eduardo Luiz Damiani Bica,da ABC, Beatriz Leonor SilveiraBarbuy, do CNPq, Mário Novello,do CBPF, Oswaldo DuarteMiranda, do Inpe, Douglas Fal-cão Silva, do Mast, e JorgeRamiro de La Reza, do Observa-tório Nacional (ON), que elabo-rou o documento. A CEA foi pre-sidida pelo secretário-executivodo MCT, Luiz Antonio Elias, quetinha como seu eventual substi-tuto Carlos Oití Berbet, coorde-nador-geral das Unidades dePesquisa da pasta.

Apesar de a astronomia pro-fissional moderna ter começadono Brasil apenas nos anos 70,como assinala o PNA, a comuni-dade cresceu rapidamente e hojejá conta mais de 600 pessoas,“portanto, precisamos ter açõescoordenadas, investimento, re-cursos humanos, manter inter-câmbio, capacitação e divulga-ção”, diz Brunch. Assim, além detraçar um panorama do estágioatual da atividade no País, odocumento elenca sete reco-mendações apontadas “comofundamentais para o desenvol-vimento sustentável da área”.

Entre as recomendações estáa de “ampliar as capacidadespara a construção de instrumen-tação astronômica como formade impulsionar o desenvolvi-

mento tecnológico do Brasil, cri-ando uma rede de laboratórios eoficinas para uso compartilha-do, estimulando a capacitaçãode recursos humanos em inova-ção e incremento tecnológico dealto padrão, incentivando o em-preendedorismo na iniciativaprivada e afastando entravesburocráticos e legais”.

Na opinião de Brunch, umdos aspectos em destaque noPNA é a sugestão para a cria-ção da Comissão Nacional deAstronomia (CNA), “um órgãocolegiado na estrutura organi-zacional do MCT”. Sua atribui-ção básica “é a de coordenar eacompanhar as ações previs-tas no PNA, de aperfeiçoar eatualizar a mesma, e de zelarpelo desenvolvimento das á-reas científicas e tecnológicasrelevantes à Astronomia”. Deveainda assessorar o ministro deC&T no que concerne à defini-ção da política do governo parapesquisa, ensino e divulgaçãoda Astronomia, incluindo-seuma política para a tecnologiarelacionada à área e para asrelações com a comunidadeastronômica internacional.

Focos temáticos – A comu-

nidade astronômica nacionalatua e tem competência reco-nhecida internacionalmente emtemas como, por exemplo, pe-quenos corpos do sistema so-lar; busca de planetas extrasso-lares; astrobiologia, astroquími-ca, monitoramento de fontes as-trofísicas variáveis; meio inte-restelar; física de estrelas, aglo-merado de estrelas, núcleo ati-vo de galáxias; populaçõesestelares de galáxias, estrutu-ras de grande escala; matéria eenergia escura; radiação cós-mica do fundo; astronomia so-lar; raios cósmicos e ondas gra-vitacionais e astronomia numé-rica e computacional.

Além disso, o Brasil compar-tilha diversas atividades em con-

sórcios e projetos internacio-nais como o Gemini, o SouthernObservatory for AstrophysicalResearch (Soar), Canada-France-Hawaii Telescope(CFHT), Solar SumillimeterTelescope (SST) e Convection,Rotation and Planetary Transits(CoRoT).

Discutido na 4ª ConferênciaNacional de Ciência, Tecnolo-gia e Inovação (CNCTI), em maiode 2010, em Brasília, o PNA re-comendava a adesão do País aoEuropean Southern Obsevatory(ESO). A entrada do Brasil comomembro do programa foi firma-da no final do Governo Lula e,embora o PNA afirme ser a par-ticipação no consórcio “a prefe-rência expressa por cerca detrês quartos da comunidade as-tronômica brasileira”, a decisãoainda é alvo de controvérsia.

Na conclusão do documentode 80 páginas a comissão assi-nala que “a inserção brasileiraem infraestrutura internacionalpara a astronomia observacionalainda é incipiente e que contra-tos formais que abrem empreen-dimentos bi ou multinacionaispara toda a comunidade científi-ca existem apenas em pequenonúmero”. Desta forma, o PNAressalta que “essa situação de-monstra que, aproveitando dopreparo da comunidade astro-nômica e as oportunidades exis-tentes para colaborações inter-nacionais, um melhor aproveita-mento das mesmas, como umaampliação do leque das possibi-lidades de participações, permi-tirá à comunidade astronômicanacional dar um salto qualitativodo ponto de vista observacional”.

Concluído e entregue ao Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT) no final de 2010, o Plano Nacional de Astronomia (PNA)deve ser incorporado à segunda edição do Plano de Ação deCiência, Tecnologia e Inovação, o chamado PACT&I-2.

Revista americana destaca teoriade pesquisadores do CBPF

Um ano após ser confirmadapelo maior instrumento científi-co do mundo, o Large HadronCollider (LHC), instalado na fron-teira entre França e Suíça, a te-oria de Tsallis de 1988, do pes-quisador Constantino Tsallis doCentro Brasileiro de PesquisasFísicas (CBPF), amplia sua no-toriedade ao ser publicada narevista Physical Review Letters,na edição do último dia 8.

Essa teoria, já abordada emmais de três mil artigos científi-cos, generaliza a de LudwigBoltzmann ao focalizar sistemascomplexos, dentre os quais osde turbulência, economia, lin-guística e problemas relaciona-dos à ecologia e biologia. A teo-ria de Boltzmann, apontadacomo um dos pilares da físicacontemporânea, tipicamenteaborda sistemas relativamentemais simples, tais como gases,isolantes e metais tradicionais.

Além de Tsallis, o artigo naPhysical Review Letters – quepertence a uma das principaisorganizações de físicos do mun-do, a Sociedade America de Fí-sica (APS, na sigla em inglês) –

é assinado também por outrosdois pesquisadores do CBPF,Fernando Dantas Nobre e Mar-co Aurelio Rego Monteiro.

No artigo, eles complemen-tam de modo não linear as equa-ções mais importantes da me-cânica quântica para partículaslivres, especificamente as equa-ções de Schroedinger, de Klein-Gordon e de Dirac, fazendo comque apareçam pela primeiravez indicações da existênciade matéria e de antimatéria, prin-cipalmente elétron e pósitron,na natureza.

Surpreendentemente, es-sas soluções exatas de partí-culas livres preservam a céle-bre expressão de energia deEinstein, em particular E=mc2,diz Tsallis, ao Jornal da Ciên-cia. Apesar da elaboração denovas teorias, a formulada porEinstein é preservada até hoje.

"O Einstein era danado, né?",brinca Tsallis.

Retornos sociais - Apesarde ter sido elaborada há mais deduas décadas, a teoria de Tsallis,ainda que abstrata, nos últimosanos começou a ser colocadaem prática. Em 2010 três enge-nheiros indianos publicaram umprocedimento que permite aper-feiçoar sensivelmente o diag-nóstico de câncer incipiente emmamografias. Eles usaram comobase técnicas específicas deprocessamento de imagens in-troduzidas por tecnologistas doCBPF, dentre eles Marcelo deAlbuquerque.

“O processamento da mamo-grafia utilizando a teoria de 1988identifica pontinhos que dela-tam microcalcificações possivel-mente cancerosas. Os pontinhos(diagnosticados) podem sermenores do que meio milímetro.Portanto, por serem minúsculos,se apenas apalpados (os seios)não podem ser percebidos pornenhum médico do mundo”,

enfatiza Tsallis.Ao usar essa teoria, diz o seu

criador, os engenheiros eleva-ram de 80% para 97% as taxasde verdadeiros positivos “comsucesso”. Isso significa que po-dem ser salvas mais 17 mulhe-res dentre 100 com câncer inci-piente. “Ao diagnosticar esseproblema, o médico encontra-se em condições de avisar atempo. E quem avisa amigo é”,destaca.

Além da mamografia, a teoriade Tsallis pode ser aplicada tam-bém na indústria de cerâmica.Dois pesquisadores franceses,Alexandre Boulle e AurélienDebelle, do Centro Europeu deCerâmica de Limoges, fizeramexperimentos de tal conhecimen-to no âmbito da tecnologia usa-da na famosa cerâmica deLimoges (esmaltes medievais),trabalho publicado em julho de2010, agregando mais valor a talmaterial.

Os detalhes do artigo podemser acessados no portal da re-vista http://prl.aps.org (número140601, PRL 106) pelos assi-nantes dessa publicação.

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JORNAL da CIÊNCIA 15 de Abril de 2011Página 10

Debate sobre energias alternativas

O pesquisador David Cahen,chefe do departamento de Ener-gia Alternativa do InstitutoWeizmann de Ciências, reali-zou no início do mês um ciclo dedebates abordando os mais re-centes avanços na utilização defontes de energia alternativa.Cahen, que é PhD em química,proferiu a palestra "O desafioenergético. Biocombustíveis naperspectiva de Israel e do Bra-sil", em São Paulo e no Rio deJaneiro.

Sua exposição tratou sobreas necessidades e a produçãoatual de energia no mundo. Deacordo com Cahen, a necessida-de energética total no mundo em2010 era 14,5 TW, e a perspecti-va é que em 2050 essa quantida-de seja de 40 TW. O petróleo éfonte de 80% de toda energiautilizada hoje. A fonte finita, queestá ameaçada de acabar háanos, conta ainda com muitasreservas a serem exploradas,mas a questão energética aindatem muitos desafios pela frente.

O pesquisador falou sobreenergia eólica, biocombustíveise energia solar, especificandosobre a capacidade de geraçãode energia e os problemas ain-da enfrentados em cada umadessas fontes alternativas. ParaCahen, até hoje as fontes deenergias alternativas não con-seguem ter o mesmo peso nemvolume que outras fontes tradi-cionais, por isso é fundamentalinvestir em pesquisas. “Temosque trabalhar juntos nesse de-safio energético. Não apenas oscientistas, mas os políticos, eco-nomistas e toda a sociedade.Agora é o momento de incenti-var e apoiar as pesquisas deenergia alternativas.”

Sobre os problemas para pro-dução em grande escala de ener-gia solar, Cahen destacou abaixa capacidade de coleta econversão, e problemas de ar-mazenamento, para aproveitara energia mesmo em dias dechuva. O pesquisador explicouque energia solar pode ser usa-da diretamente para sistemasde aquecimento, na indústriaquímica e como fonte de eletrici-dade. Ele desenvolve estudossobre fotossíntese para enten-der e aprender com a natureza amelhor maneira de aproveitarenergia solar.

Em relação à energia nucle-ar, com seus riscos e possibili-dades, Cahen a destaca tam-bém como uma alternativa, masque ainda não está pronta, “ne-cessitará uns 30 anos de pes-quisa para torná-la mais segurae limpa”. O pesquisador ressal-tou que já existem mecanismospara fazê-la mais sustentável.

Ele falou sobre o aceleradornuclear Th 232, que é visto comomais seguro do que os reatoresde fissão normais porque sãoprogramados para parar quan-do a corrente de entrada estádesligada. Além de permitir aqueima de material que nãonecessita de altos níveis defissão para produzir energia.

O professor da Universidadede São Paulo (USP), José Gol-demberg, participou dos deba-tes e em sua exposição citou aprodução do etanol no Brasilcomo um exemplo concreto daspossibilidades alternativas aopetróleo. De acordo com Gol-demberg, o etanol já substituimetade da gasolina consumidano País, “enquanto que no res-tante do mundo os biocombustí-veis produzidos a partir de milhosubstituem apenas 6% da gaso-lina”, exemplificou.

Para David Cahen, a soluçãoem curto prazo, até 2020, é in-vestir em ciência e tecnologia,formação de profissionais, prin-cipalmente engenheiros, e empesquisa, além de programasde reeducação de consumo,promovendo a economia deenergia. “Em médio prazo, 2030-2050, os engenheiros já estarãoformados e faremos melhor aaplicação das pesquisas. Preci-samos de revoluções na ciên-cia”, declarou.

Instituto Weizmann - O cen-tro, sediado em Israel, é respon-sável por pesquisas nas áreas deFísica, Química, Biologia, Bioquí-mica, Matemática e Ciências daComputação, e desenvolve pro-gramas em cooperação com oBrasil há mais de 60 anos. Entreesses projetos destacam-se aspesquisas sobre Alzheimer edoenças cerebrais, desenvolvi-das em parceria com o HospitalAlberto Einstein, em São Paulo,e o programa de intercâmbio deestudantes, que seleciona jo-vens recém-ingressos na uni-versidade para estágio no insti-tuto no período de férias escola-res. O programa recebe estu-dantes de 70 países.

Brasil e Alemanha

Brasil ganhaprêmio inédito em

HidrologiaUma referência nacional na

ciência da água, o professor doInstituto de Pesquisas Hidráuli-cas da Universidade Federal doRio Grande do Sul (UFRGS),Carlos Tucci, foi agraciado, porunanimidade, com o PrêmioInternational Hydrology Prize2011, a ser entregue em suasmãos em julho, em Melbourne,na Austrália.

Essa é a primeira vez que umlatino-americano recebe o prê-mio outorgado anualmente pelaInternational Association forHydrological Sciences (IAHS), aOrganização das Nações Uni-das para a Educação, a Ciênciae a Cultura (Unesco) e a Orga-nização Meteorológica Mundial(WMO).

Existente desde a década de1970, o título representa um re-conhecimento da trajetória pú-blica e internacional de contri-buição à ciência e à prática dehidrologia. As indicações deespecialistas vêm de comitêsnacionais e depois são analisa-das por um comitê formado porrepresentantes das três institui-ções julgadoras. O pesquisadorCarlos Tucci também é consul-tor do Centro de Gestão e Estu-dos Estratégicos (CGEE).

Satélite testado noInpe volta aos

Estados UnidosO Brasil reenviou aos Esta-

dos Unidos no final de março osatélite SAC-D/Aquarius, quedurante nove meses passou poruma bateria de testes no Labo-ratório de Integração e Testes(LIT) do Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (Inpe), emSão José dos Campos (SP). Osatélite integra um programa decooperação técnico-científicaentre a Argentina e os EstadosUnidos.

“A experiência e o reconhe-cimento internacional trazidospor esta campanha beneficia-rão os futuros programas de sa-télites atendidos pelo Laborató-rio, assim como a todos os querecorrem ao LIT para testar, qua-lificar e aperfeiçoar seus equi-pamentos e produtos”, comen-tou Petrônio Noronha de Souza,chefe do LIT.

Para atender à campanha detestes do satélite, o LIT ampliousua capacidade técnica e degerenciamento. O resultado de-monstrou que o Laboratório estáapto a receber e testar sistemasde grande porte e complexidadee simultaneamente acomodar etrabalhar em conjunto com umgrande número de técnicos eengenheiros de vários países.

Durante o evento de encerra-mento do Ano Brasil-Alemanha,no dia 4 de abril, o ministro daCiência e Tecnologia, AloizioMercadante e a ministra alemãde Educação e Pesquisa,Annette Schavan, assinaramuma declaração conjunta naqual manifestam intenção de es-tabelecer um programa bilateralna área científica e tecnológica.

A declaração ressalta que oAno fortaleceu a cooperação empesquisa e educação, com es-pecial ênfase na promoção dainovação e do desenvolvimentosustentável. A parceria estraté-gica entre os dois países já tem40 anos, e contempla mais decem projetos conjuntos que es-tão em andamento em áreascomo nanotecnologia e biotec-nologia, geociências, ciênciassociais e humanidades, tecno-logia industrial, tecnologia dainformação e das comunicações(TIC), engenharia da produçãoe pesquisas nas áreas: espa-cial, de saúde, meio ambiente,energia e ciências do mar.

O Ano Brasil-Alemanha daC,T&I também intensificou deforma significativa a coopera-ção entre instituições de ensinosuperior e o intercâmbio de estu-dantes e pesquisadores entre

os dois países.Na ocasião, o ministro Mer-

cadante anunciou que será ins-tituído um fundo binacional parafinanciar projetos científicos re-alizados entre as duas nações,cujos recursos financeiros inves-tidos dependerão da evoluçãode tal iniciativa. Segundo ele, ofundo estimulará as relações deC&T e econômicas entre os doispaíses. Pelo acordo, cada proje-to contará com a participação deduas instituições de pesquisa ede duas empresas, uma de cadanacionalidade.

Os dois governantes mani-festaram a satisfação pela Expo-sição "Túnel da Ciência", quevirá ao Brasil em 2012/2013,como ação importante para aeducação, difusão e populariza-ção da ciência.

A parceria resultou ainda narealização da exposição “Olhodo Céu”. A mostra é compostapor 30 grandes imagens de sa-télite de várias paisagens daTerra feitas por satélite do Cen-tro Aeroespacial Alemão. A ex-posição, que passou por PortoAlegre e pelo Rio Janeiro, estána Biblioteca Nacional, em Bra-sília, onde poderá ser conferidapelo público até o dia 18 deabril.

Especialistas discutem o potencial e os desafios da energiaeólica, biocombustíveis, energia solar e energia nuclear.

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JORNAL da CIÊNCIA15 de Abril de 2011 Página 11

VAI ACONTECERVAI ACONTECERBrevesBreves Livros & RevistasLivros & Revistas

Tome Ciência - De 16 a 22/4, Novas terapias: o futuro é hoje? De 23a 29/4, Vacinas, o melhor remédio. Na Rio TV, canal legislativo daCâmara Municipal do Rio de Janeiro (canal 12 da Net Rio), à meia-noitede sábado e 8h30 de domingo. Na RTV Unicamp (canal 10 da NetCampinas), às 15h de sábado, 21h de domingo, às 15h de terça e às24h de quinta, além da internet <www.rtv.unicamp.br>. Na TV Alerj, daAssembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, às 19h de domingo,com reprises às 20h30 de quinta, por satélite (Brasilsat - B4 at 84° W),pela internet <www.tvalerj.tv>. Na TV Ales, da Assembleia Legislativado Estado do Espírito Santo (canal 12 da Net), às 12h30 de quinta, comreprises durante a programação. Na TV Assembleia, da AssembleiaLegislativa de Mato Grosso do Sul (em Campo Grande pelo canal 9, emDourados pelo canal 11, em Naviraí pelo canal 44 e internet<www.al.ms.gov.br/tvassembleia>, às 20h de sábado, com reprisesdurante a programação. Na TV Câmara, da Câmara Municipal de Angrados Reis (canal 14 da Net e internet), às 19h de quarta, com reprisesdurante a programação. Na TV Câmara, da Câmara Municipal de Bagé(canal 16 da Net) durante a programação e no horário fixo das 20h dequinta. Na TV Câmara Caxias do Sul/RS (canal 16 da Net) e pela internet<www.camaracaxias.rs.gov.br>, às 12h de sábado, com reprises às12h de domingo, 16h de segunda, 16h de terça, 16h de quarta, 16h dequinta e 20h15 de sexta. Na TV Feevale, da Universidade Feevale deNovo Hamburgo/RS(canal 15 da Net), às 9h de terça e quinta, comreprises durante a programação. Na TV Ufam, da Universidade Federaldo Amazonas (canal 7 e 27 da Net), com estréia semanal às 16h desábado e reprises durante a programação. Na TV UFSC, da Univer-sidade Federal de Santa Catarina (canal 15 da Net), durante aprogramação. Na UNOWEBTV, da Universidade Comunitária da Re-gião de Chapecó/SC (Unochapecó), mantida pela Fundação Univer-sitária do Desenvolvimento do Oeste (Fundeste), transmitida pelocanal 15 da Net local e pela internet <www.unochapeco.edu.br/unowebtv>, com estreia às 21h de sábado e reapresentações às terçase quintas, às 21h. Os programas também podem ser assistidos napágina: <www.tomeciencia.com.br>14ª Conferência Ibero-Americana de Engenharia de Software - De27 a 29/4, no Rio de Janeiro. Site: <http://cibse.inf.puc-rio.br/>.15º Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - De 30/4 a 5/5,Estação Convention Center, Curitiba, PR. Fone: (12) 3208-6932. Site:<www.dsr.inpe.br/sbsr2011>.International Workshop on Telecommunications (IWT 2011) - De3 a 6/5, no Instituto Nacional de Telecomunicações, Rio de Janeiro. Site:<www.inatel.br/iwt/>.V Simpósio de Microbiologia Aplicada - De 11 a 14/5, Instituto deBiociências, Unesp - Rio Claro, SP. E-mail: <[email protected]>. Site:<www.rc.unesp.br/ib/simposiomicro> .1º Congresso Brasileiro de Sistemas Embarcados Críticos - De 11a 13/5, Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP,São Carlos, SP. Site: <www.inct-sec.org/cbsec2011>.34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química - De 23 a26/5, Florianópolis, SC. Fone: (11) 3032-2299. E-mail:<[email protected]>. Site: <www.sbq.org.br/34ra>.10ª edição do Encontro Nacional da Inovação Tecnológica (Enitec)- Dias 25 e 26/5, em São Paulo. Site: <http://www.protec.org.br/eventos-news-interna.php?id=170&X+ENITEC+>.1º Seminário Brasileiro de Estudos Ciência, Tecnologia e Socie-dade (CTS) - De 14 a 16/6, na Universidade Federal de São Carlos (SP).Site: <http://www.sbcts2011.ufscar.br>.XXXI Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CBSB)- De 19 a 22/7, no Centro de Convenções de Natal (RN).Fone:(84)32153814. Site: <www.dimap.ufrn.br/csbc2011>.18º Sinaferm - Simpósio Nacional de Bioprocessos -De 24 a 27/7em Caxias do Sul (RS). Fone: (54) 3218-2100. Site:<www.sinaferm2011.com.br>.IX Congresso Brasileiro de Bioética e I Congresso Brasileiro deBioética Clínica - De 7 a 10/09. Hotel Royal Tulip Brasília (ex BlueTree), Brasília, DF. Fone (61)33222626. E-mail: [email protected]: <www.congressobioetica2011.com.br>.63ª Reunião Anual da SBPC - De 10 a 15/7, Universidade Federalde Goiás (UFG). E-mail: <[email protected]>. Site:<www.sbpcnet.org.br>.

ConcursoProfessor-Titular para a Universidade do Estado do Rio deJaneiro - Inscrições até 30/9. Fone: (21) 2587-6631. Edital no site:<www.srh.uerj.br/docente/saida.asp>.1º curso de graduação em Saúde Pública da Universidade de SãoPaulo . Mais informações: <www.fsp.usp.br/site/dcms/fck/folder.pdf>.

OportunidadePrograma de intercâmbio entre a Sociedade Brasileira de Físicae a American Physical Society - Inscrições até 30/4. Candidatura debrasileiros pelo e-mail: <[email protected]>. Mais informa-ções no site: <www.sbfisica.org.br>.

Mestrado – Um marco histórico estáa caminho do Centro de Informáticada Universidade Federal de Per-nambuco (CIn-UFPE) em 14 destemês, dia em que será defendida amilésima dissertação de mestradonessa instituição de ensino. A defe-sa da nova pesquisa identifica asinterações entre os polimorfismosde base única (SNP) que mais influ-enciam na ocorrência de uma doen-ça. Para o coordenador da Pós-graduação em Ciência da Computa-ção do CIn, Nélson Solto Rosa, talconquista serve para confirmar ocompromisso social do Centro. “Hojejá somos referência regional e nacio-nal na área de Tecnologia da Infor-mação (TI) e essa defesa será umpasso para a internacionalizaçãodos trabalhos realizados aqui.”

Astronomia – Abril deve ser ummês movimentado para astrônomosamadores e profissionais, educado-res e entusiastas da astronomia, emrazão da segunda edição do MêsMundial da Astronomia (GAM, eminglês). O evento anual, organizadopela associação Astrônomos SemFronteiras, celebra o Universo noespírito do projeto 100 Horas daAstronomia do Ano Internacional daAstronomia 2009. Clubes de astro-nomia, museus, centros de ciência,escolas, educadores e entusiastasda astronomia em todo o mundo sãoconvidados a reservar datas pararealizar atividades de popularizaçãoda Astronomia, atividades práticas,sessões de observação, comparti-lhando entusiasmo com todos domundo inteiro.

Programa da rádio – A TV Univer-sitária (TVU) conta com uma novaatração. O programa Tubo de En-saio, que estreou no dia 05 destemês, tem por objetivo popularizar oconhecimento das ciências e dasnovas tecnologias desenvolvidas.Com duração de 30 minutos, o pro-grama é composto por um microdo-cumentário e exibe três reportagenscom especialistas da área, dentreoutras iniciativas. Segundo o jorna-lista Matheus Cirne, produtor doprograma, a ideia é trabalhar comtemas gerais vistos sob um olharcientífico e divulgar projetos de pes-quisas realizadas nas instituiçõesde ensino superior do Nordeste.

Vara ambiental em SP - O Tribunalde Justiça de São Paulo (TJ-SP)estuda a possibilidade de criar varasambientais na Capital. A demandasurgiu no ano passado em decor-rência de um pedido encaminhadoao órgão pela Assembleia Legislati-va, o que motivou a criação da Co-missão de Estudos para Criação deVaras Ambientais na Comarca daCapital. A Comissão é compostapelo desembargador aposentado ejurista Gilberto Passos de Freitas;pelo atual desembargador AntonioCelso Aguilar Cortez, presidente daCâmara do Meio Ambiente; e o juizde Direito em São Paulo, Álvaro LuizValery Mirra. A Comissão elaboraum estudo comparativo preliminardas normas que criaram varas es-pecializadas ou especializaram va-ras já existentes na matéria ambien-tal em outros estados no âmbito daJustiça Federal, a fim de identificaros modelos existentes no País.

Biossegurança – Uma aborda-gem multidisciplinar. O livroapresenta 22 capítulos escritospor 34 autores que exploram otema tratando da evolução dasabordagens em saúde e traba-lho. A obra discute a política debiossegurança mais adequadapara o País e enfoca, dentre ou-tros, itens como príons e suaimportância em biossegurança,doenças emergentes, organis-mos transgênicos, riscos bioló-gicos, Hepatite B como doençaocupacional, mapas de riscos,biossegurança e arquitetura,resíduos de laboratórios. A obraé organizada pelos pesquisa-dores Pedro Teixeira, do De-partamento de Ciências Bioló-gicas (DCB/ENSP/Fiocruz), eSilvio Valle (Escola Politécnicade Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz). Editado pela Fiocruz:<www.fiocruz.br/editora>

A Biologia Militante: O MuseuNacional, especialização cientí-fica, divulgação do conhecimen-to e práticas políticas do Brasil –1926-1945, de Regina HortaDuarte. Publicada pela Univer-sidade Federal de Minas Gerais(Editora UFMG), a obra conta aexperiência de um grupo de ci-entistas do Museu Nacional doRio de Janeiro, que acreditouque poderia transformar o Brasilna primeira metade do séculoXX. Esse grupo escreveu livros,produziu programas de rádio efilmes, editou revistas, organi-zou expedições, dentre outrasatividades, desfraldando umabandeira preservacionista quesó se transformaria em agendaglobal algumas décadas de-pois. A obra é resultado de tesedefendida pela professora Re-gina Horta em concurso paraprofessora titular do Departa-mento de História da Fafich. Site:<www.editoraufmg.com.br>

Pesquisa em Saúde Coletiva –Fronteiras, objetos e métodos,dos autores Vírginia AlonsoHortale; Carlos Otávio FiúzaMoreira; Regina Cele de Andra-de Bodstein; e Célia Leitão Ra-mos. Publicada pela EditoraFiocruz, compartilha conheci-mentos e experiências de in-vestigação e docência em me-todologia científica. Os cami-nhos da pesquisa, questões con-ceituais, a procura de validademetodológica, a polêmica entrediferentes disciplinas estão en-tre os tópicos discutidos nessapublicação. Ao reunir atores dedestaque de diferentes institui-ções de ensino e de pesquisado País, o livro constitui basesde conhecimentos para leitoresda área de saúde coletiva eafins. Editora Fiocruz:<www.fiocruz.br/editora>

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JORNAL da CIÊNCIAPUBLICAÇÃO DA SBPC • 15 DE ABRIL DE 2011 • ANO XXIV Nº 687

Cientistas atentosà atividade solarEste ano será marcante para

o clima no espaço, pois o Soldesperta de uma fase de baixaatividade, dando início a umanunciado período de turbulên-cia. O Sol, ao invés de queimarcom uma consistência ininter-rupta, oscila em momentos decalmaria e agitação. Mas doisséculos de observação das man-chas solares – marcas escuras,relativamente frias na superfíciedo astro, vinculadas com pode-rosas forcas magnéticas – reve-laram que a nossa estrela obe-dece a ciclos de comportamentode cerca de 10 anos.

O ultimo começou em 1996 e,por motivos ainda obscuros, le-vou mais tempo que o previstopara terminar. Agora, no entan-to, há cada vez mais indícios deque o Sol está deixando o seutorpor e intensificando sua ativi-dade enquanto avança paraaquilo que os cientistas conven-cionaram chamar de Solar Maxou climax cíclico, afirmam espe-cialistas. A ultima previsão indi-ca meados de 2013 como a fasepico do ciclo solar, segundo aNasa.

Em seu período mais intenso,o Sol pode lançar ondas de radi-ação eletromagnética e matériacarregada conhecida comoejeções de massas coronais(CMEs). Essa onda de choquepode levar alguns dias para al-cançar a Terra. Quando chega,condensa seu campo protetormagnético, liberando energiavisível em altas latitudes na for-ma de auroras boreal e austral –as famosas luzes do Norte e doSul. Elas podem desencadeardescargas estáticas e tempesta-des geomagnéticas capazes deromper ou até mesmo causarpane na infraestrutura eletrôni-ca. Menos temidas, porém igual-mente problemáticas, são aserupções de prótons supercar-regados que alcançam a Terraem questão de minutos. Na linhade frente estão os satélites detelecomunicações em órbitageoestacionária, a uma altitudede 36 mil km, e os do Sistema dePosicionamento Global (GPS),dos quais dependem aviões enavios modernos para navega-ção, e que orbitam a 20 mil km.

Em abril de 2010, a Intelsatperdeu o Galaxy 15, usado noserviço de comunicações naAmérica do Norte, depois que olink com o controle de solo foicortado, aparentemente devidoà atividade solar. Em 2005, raiosX de uma tempestade solar cor-taram a comunicação entre osatélite e o solo e os sinais deGPS por cerca de dez minutos.

Para dar conta da fúria solar,projetistas de satélites escolhemcomponentes robustos, bemcomo proteção para o equipa-mento, mesmo que fiquem maispesados e volumosos, e, portan-to, mais caros de se lançar.

Embrapa lança"site" para crianças

Em uma tentativa de transfor-mar o resultado da pesquisa emelementos de um universo queestimula a curiosidade e a inte-ração no público mais jovem, aEmpresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (Embrapa) criou osite Contando Ciência na Web.Com linguagem adaptada paracrianças e adolescentes, o es-paço reúne algumas das princi-pais tecnologias de cada centrode pesquisa, é apresentado emformatos variados e como jogose livros virtuais. Todas as Uni-dades da empresa participaram,entre os dias 4 e 8 deste mês,dos lançamentos regionais des-ta ferramenta.

No desenvolvimento do site,equipes multidisciplinares deprofissionais estiveram envol-vidas por cerca de dois anos.Foram testadas as melhores for-mas de organização das infor-mações, com a preocupação deatualizar as características con-sideradas fundamentais emsites infanto-juvenis, como ascores, a presença de persona-gens e as possibilidades deinteratividade. Além disso, aspróprias crianças tiveram a opor-tunidade de opinar e sugerirmelhorias no conteúdo do site.Duas etapas de testes foramrealizadas com alunos convi-dados. A maioria deles era filhode empregados das Unidadesdo Distrito Federal. Os testestiveram ainda o acompanha-mento de uma comissão de es-pecialistas e de pesquisadoresdo Ministério da Ciência e Tec-nologia (MCT), da Universida-de de Brasília (UnB) e da Socie-dade Brasileira para o Progres-so da Ciência (SBPC).

Alerta da ONUA Organização Nacional das

Nações Unidas (ONU) alertapara o atual modelo de urbani-zação que está em rota de coli-são com o clima. Segundo oórgão, se os governos não agi-rem rapidamente, o aquecimen-to global pode fazer com que200 milhões de pessoas fiquemdesabrigadas até 2050. A ONUavalia que se os cálculos dasemissões de gases do efeitoestufa das cidades englobaremprocessos como o consumo egeração de energia, os trans-portes e a produção industrial,as áreas urbanas aparecerãocomo as grandes vilãs mundi-ais, ficando responsáveis por70% das emissões, embora ocu-pem apenas 2% do território doplaneta. É justamente como pro-tagonistas das mudanças climá-ticas que o relatório Cities andClimate Change: Global Reporton Human Settlements 2011(Cidades e Mudanças Climáti-cas: Relatório Global sobre asOcupações Humanas 2011)apresenta as cidades.

Mudanças Climáticas é o tema daSemana Nacional de C&T 2011

Evento acontece entre 17 e 23 de outubro, e visa estimular adifusão de conhecimentos e o debate sobre os desastres natu-rais e a prevenção de risco.

A Semana Nacional de Ci-ência e Tecnologia de 2011(SNCT) destaca uma temáticade relevância estratégica. Omaior evento de divulgação ci-entífica do País abordará, nesteano, entre 17 e 23 de outubro, otema “Mudanças Climáticas, de-sastres naturais e prevençãode risco”.

O Ministério da Ciência e Tec-nologia, responsável pela coor-denação nacional da SNCT, pormeio da Secretaria de Ciência eTecnologia para Inclusão Social(Secis/MCT), escolheu o temaapós receber várias sugestões econsultar instituições e entida-des parceiras.

A intenção é estimular a difu-são dos conhecimentos e o de-bate sobre as estratégias e ma-neiras de se enfrentar o grandedesafio planetário das mudan-ças climáticas e de prevenir ris-cos decorrentes de desastresnaturais e de situações criadaspela ação humana.

A ideia é que sejam discuti-dos, em todo o País, nas institui-ções de ensino e pesquisa e emeventos públicos, os diversosaspectos e as evidências cientí-ficas sobre o impacto das ativi-dades humanas no clima do Pla-neta e as medidas preventivasmais adequadas a serem adota-das em escala local e global.

Instituições ligadas ao ensi-no e à pesquisa e demais inte-ressados em participar do pro-cesso de divulgação podemobter informações por meio doportal do evento (<http://semanact.mct.gov.br>) e peloemail: <[email protected]>.

SNCT - A Semana Nacionalde Ciência e Tecnologia (SNCT)acontece no Brasil desde 2004.Ela tem tido um êxito grandecom uma participação crescen-te de pessoas, instituições depesquisa e ensino e municípios.Em 2010, foram realizadas cer-ca de 14 mil atividades, em qua-se 500 municípios brasileiros.O objetivo dos eventos é mos-trar a importância da C&T paraa vida de cada um e para odesenvolvimento do País, pos-sibilitando que a populaçãoconheça e discuta a relevânciadas pesquisas científicas e suasaplicações.

Quem coordena - A coorde-nação nacional da SNCT é deresponsabilidade do Ministérioda Ciência e Tecnologia, pormeio do Departamento de Po-pularização e Difusão de C&Tda Secretaria de C&T para In-clusão Social. Em cada estadoexistem coordenações locais ea realização da Semana contacom a participação ativa de go-vernos estaduais e municipais,de instituições de ensino e pes-quisa e de entidades ligadas àC&T de cada região. Muitosestados e municípios já criaramsuas Semanas Estaduais ou Mu-nicipais de C&T, articuladascom a SNCT.

Atividades - As atividadesque acontecem durante a SNCTsão variadas: tendas da ciênciaem praças públicas; feiras deciência, concursos, gincanas,oficinas e palestras científicas;ida de cientistas às escolas; diasde portas abertas em institui-ções de pesquisa e ensino; jor-nadas de iniciação científica;distribuição de cartilhas, kits ex-perimentais e materiais educa-tivos; exibição de filmes e ví-deos científicos; excursões ci-entíficas; eventos que integramciência, cultura e arte.

Como participar - Qualquerpessoa pode participar doseventos da SNCT; todos sãogratuitos. No site nacional daSNCT, em sites estaduais ouem meios de comunicação épossível encontrar a programa-ção de cada região. O site na-cional tem informação sobre asatividades e os contatos locais,além de notícias, artigos, vídeose outros materiais.