jornal cipa da gm - outubro/2012

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e a exigência do cumprimento de muitas horas extras, inclusive aos sábados, estão deixando os traba- lhadores cada vez mais esgotados. Tudo isso leva ao crescimento do desgaste físico, o que aumenta ainda mais o risco de lesões, de- senvolvimento de doenças ocupa- cionais e acidentes de trabalho. Outro agravante é o terror psicológico feito pela empresa. Diante da ameaça de demissões, o trabalhador não tem qualquer garantia de que permanecerá no emprego, o que cria um clima de apreensão e estresse permanente dentro da fábrica. Não às demissões Por tudo isso, nossa luta agora é muito maior. Além de um am- biente de trabalho seguro e livre de acidentes, buscamos também a garantia dos empregos dentro da fábrica. A prorrogação do acordo que estende o layoff até janeiro repre- senta um novo fôlego para pros- seguirmos em nossa mobilização, mas de forma alguma garante os empregos. Apesar das negociações e mo- bilizações feitas até agora, o pla- no da montadora ainda é demitir cerca de 1.800 funcionários. Por isso, até janeiro, a mobilização tem de continuar. O governo federal, que conce- de milhões em incentivos fiscais e financiamento público para a montadora, deveria, no mínimo, cobrar a manutenção dos em- pregos e a qualidade do trabalho dentro da fábrica. “Chamamos os companheiros e companheiras a unirem-se à CIPA e ao Sindicato contra as demissões, a precarização e o desrespeito à saúde e segurança no trabalho, que tanto penalizam a todos nós”, convoca o vice-presidente da CIPA Anderson Ferreira do Prado. Órgão Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Caçapava, Jacareí, Santa Branca e Igaratá DOS TRABALHADORES DA GM Outubro/2012 JORNAL DA CIPA Conforme avança a luta por me- lhores condições de trabalho na GM, a empresa aumenta sua política de ataques às organizações de defesa dos trabalhadores. Este ano, já foram mais de 15 casos de suspensão de cipeiros e diretores, punidos por defender a saúde e segu- rança do trabalhador. Enquanto tenta enfraquecer nos- sos mecanismos de defesa, crescem a precarização e o risco de acidentes dentro da fábrica. Na linha de montagem é comum ver operários realizando operações arriscadas só porque os equipamen- tos adequados para o serviço estão quebrados ou inoperantes. No início do mês, após interromper uma operação deste tipo no setor de Tapeçaria (S-10), o diretor do Sindica- to Valmir Mariano foi suspenso pela GM de forma arbitrária. Ao invés de efetuar o conserto da máquina, a em- presa pune aqueles que tentam evitar acidentes. Desconto de salário, transferência de turno e de setor são outras formas de repressão usadas pela montadora para afastar os companheiros do ca- minho da luta por um ambiente de trabalho mais seguro. Alegando abandono do posto de trabalho, todo mês a empresa corta parte dos salários dos cipeiros. Entre- tanto, a lei determina que é dever dos cipeiros realizar inspeções periódicas no ambiente de trabalho para identifi- cação de situações de risco, sem pre- juízo no pagamento. “A empresa quer se livrar da CIPA e do Sindicato para explorar cada vez mais os trabalhadores. Mas a liberdade de atuação é um direito nosso, e fare- mos de tudo para exercê-lo”, avalia o cipeiro Alex Silva Gomes, o Cabelo. COM LAYOFF, PRESSÃO E RITMO DE TRABALHO AUMENTAM GM AMPLIA ATAQUE À ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES mentaram a pressão nas linhas. Isso acontece porque, ao con- trário do que a direção da GM afirma, a produção segue em alta e cada vez com menos trabalha- dores. O ritmo acelerado de trabalho Os trabalhadores da GM estão sentindo na pele as consequências do layoff e da política de demis- sões da empresa. A suspensão do contrato de trabalho de 925 fun- cionários e a demissão de outras centenas por meio dos PDVs au- VEM AÍ A SIPAT 2012 A SIPAT é a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho e tem como objetivo esclare- cer e conscientizar os trabalhadores sobre a política de prevenção de acidentes e sobre seus direitos e deveres em todo o processo. Para que cumpra este objetivo, é necessária a ampla participação de todos os trabalhadores e cipeiros na elaboração e organização do evento. A SIPAT deve refletir os problemas sentidos pelo trabalhador. Na GM as principais questões aponta- das são a pressão e o alto ritmo de trabalho. Ao contrário das edições anteriores, este ano, a di- reção da empresa voltou a chamar os cipeiros para compor a comissão de organização do evento. Portanto, procurem seus cipeiros, falem sobre os principais problemas de sua unidade e sugiram te- mas a seres discutidos. Va- mos construir uma SIPAT forte que ajude em nossa luta por um ambiente de trabalho mais seguro. JORNAL CIPA GM-out 2012.indd 1 19/10/2012 15:29:07

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Jornal da CIPA dos trabalhadores da GM para informar sobre segurança e direitos e organizar a luta dos trabalhadores.

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Page 1: Jornal CIPA da GM - Outubro/2012

e a exigência do cumprimento de muitas horas extras, inclusive aos sábados, estão deixando os traba-lhadores cada vez mais esgotados.

Tudo isso leva ao crescimento do desgaste físico, o que aumenta ainda mais o risco de lesões, de-senvolvimento de doenças ocupa-cionais e acidentes de trabalho.

Outro agravante é o terror psicológico feito pela empresa. Diante da ameaça de demissões, o trabalhador não tem qualquer garantia de que permanecerá no emprego, o que cria um clima de apreensão e estresse permanente dentro da fábrica.

Não às demissõesPor tudo isso, nossa luta agora

é muito maior. Além de um am-biente de trabalho seguro e livre de acidentes, buscamos também a garantia dos empregos dentro da fábrica.

A prorrogação do acordo que

estende o layoff até janeiro repre-senta um novo fôlego para pros-seguirmos em nossa mobilização, mas de forma alguma garante os empregos.

Apesar das negociações e mo-bilizações feitas até agora, o pla-no da montadora ainda é demitir cerca de 1.800 funcionários. Por isso, até janeiro, a mobilização tem de continuar.

O governo federal, que conce-de milhões em incentivos fiscais e financiamento público para a montadora, deveria, no mínimo, cobrar a manutenção dos em-pregos e a qualidade do trabalho dentro da fábrica.

“Chamamos os companheiros e companheiras a unirem-se à CIPA e ao Sindicato contra as demissões, a precarização e o desrespeito à saúde e segurança no trabalho, que tanto penalizam a todos nós”, convoca o vice-presidente da CIPA Anderson Ferreira do Prado.

Órgão Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Caçapava, Jacareí, Santa Branca e Igaratá

DOS TRABALHADORES DA GMOutubro/2012

JORnAL DA CIPA

Conforme avança a luta por me-lhores condições de trabalho na GM, a empresa aumenta sua política de ataques às organizações de defesa dos trabalhadores.

Este ano, já foram mais de 15 casos de suspensão de cipeiros e diretores, punidos por defender a saúde e segu-rança do trabalhador.

Enquanto tenta enfraquecer nos-sos mecanismos de defesa, crescem a precarização e o risco de acidentes dentro da fábrica.

Na linha de montagem é comum ver operários realizando operações arriscadas só porque os equipamen-tos adequados para o serviço estão quebrados ou inoperantes.

No início do mês, após interromper uma operação deste tipo no setor de Tapeçaria (S-10), o diretor do Sindica-to Valmir Mariano foi suspenso pela GM de forma arbitrária. Ao invés de

efetuar o conserto da máquina, a em-presa pune aqueles que tentam evitar acidentes.

Desconto de salário, transferência de turno e de setor são outras formas de repressão usadas pela montadora para afastar os companheiros do ca-minho da luta por um ambiente de trabalho mais seguro.

Alegando abandono do posto de trabalho, todo mês a empresa corta parte dos salários dos cipeiros. Entre-tanto, a lei determina que é dever dos cipeiros realizar inspeções periódicas no ambiente de trabalho para identifi-cação de situações de risco, sem pre-juízo no pagamento.

“A empresa quer se livrar da CIPA e do Sindicato para explorar cada vez mais os trabalhadores. Mas a liberdade de atuação é um direito nosso, e fare-mos de tudo para exercê-lo”, avalia o cipeiro Alex Silva Gomes, o Cabelo.

COM LAYOFF, PRESSÃO E RITMO DE TRABALHO AUMENTAM

gM AMPLIA ATAqUEà ORgANIzAçÃO DOS TRABALHADORES

mentaram a pressão nas linhas.Isso acontece porque, ao con-

trário do que a direção da GM afirma, a produção segue em alta e cada vez com menos trabalha-dores.

O ritmo acelerado de trabalho

Os trabalhadores da GM estão sentindo na pele as consequências do layoff e da política de demis-sões da empresa. A suspensão do contrato de trabalho de 925 fun-cionários e a demissão de outras centenas por meio dos PDVs au-

VEM AÍ ASIPAT 2012

A SIPAT é a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho e tem como objetivo esclare-cer e conscientizar os trabalhadores sobre a política de prevenção de acidentes e sobre seus direitos e deveres em todo o processo.

Para que cumpra este objetivo, é necessária a ampla participação de todos os trabalhadores e cipeiros na elaboração e organização do evento.

A SIPAT deve refletir os problemas sentidos pelo trabalhador. Na GM as principais questões aponta-das são a pressão e o alto ritmo de trabalho.

Ao contrário das edições anteriores, este ano, a di-reção da empresa voltou a chamar os cipeiros para compor a comissão de organização do evento.

Portanto, procurem seus cipeiros, falem sobre os principais problemas de sua unidade e sugiram te-mas a seres discutidos. Va-mos construir uma SIPAT forte que ajude em nossa luta por um ambiente de trabalho mais seguro.

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Page 2: Jornal CIPA da GM - Outubro/2012

Não fique calado! Denuncie pelo email [email protected]

NOvA REgRA PARA CONCESSÃO DE BENEFíCIO

PREjUDICA TRABALHADORAs novas regras para concessão de be-

nefício pelo INSS começam a valer a partir de 1º de janeiro de 2013. As mudanças foram elaboradas pelo Governo Federal e devem reduzir ainda mais o tempo de afastamento em casos de doença ocupa-cional ou acidente de trabalho.

A chamada “Alta Programada” (tem-po de cura previamente estipulado para cada doença) será reduzida ainda mais. Por exemplo, hoje, trabalhadores com tendinite têm direito a apenas sete dias de afastamento, tempo considerado in-suficiente pelo médico do trabalho e as-sessor do Fórum Sindical de Saúde do Trabalhador, Rogério Dornelles. Mesmo sendo pouco, este tempo deve ser ainda mais reduzido a partir do próximo ano.

Ainda segundo a nova regra, não será possível pedir prorrogação do benefício, ou seja, se o trabalhador tiver de continu-ar afastado terá de reiniciar todo o pro-cesso para pedir o benefício.

MvA

O espaço entre as peças do estoque de ferramentas não está adequado, o que coloca em risco a segurança do trabalhador. No início do ano, um funcionário morreu prensado por uma peça de 24 toneladas. Será que mais alguém vai ter de morrer pra resolverem o problema e se adequarem à lei?!

O excesso de horas extras é o maior problema da área. A fábrica exige, mas não se preocupa com o trabalhador. Quem fica além do seu horário tem de se virar pra ir embo-ra, com condução própria. Absurdo!

O descaso com a segurança do trabalhador é total. Mes-mo após a empresa ter investido em um manipulador de parabrisa, a liderança faz a peãozada carregar a peça e ainda desviar de obstáculos e de outros trabalhadores. Para não perder a produção, a fábrica prefere manter uma operação arriscada que já levou um trabalhador a sofrer um acidente.

PRENSAS

S10

As más condições de trabalho e o ritmo acelerado da produção estão causando acidentes. Recentemente, um trabalhador teve a orelha cortada ao ser atingido por uma chapa na funilaria.

cIPA: dE olho nAS árEAS

Falta mão de obra e o ritmo da produção é acelerado, com a linha correndo cada vez mais rápido. A pressa para produzir causou a queda de uma peça de 30 toneladas que, por pouco, não atingiu um trabalhador.

INjETORAS DE PLáSTICO

Na inspeção de gate do bloco de motor, há uma condição de insegurança. Quando o bloco vira, existe o risco de acidente. Essa situação precisa ser melhorada com urgência antes que algo grave aconteça.

POwERTRAIN II

Acidente de TrabalhoPelas novas regras, nada será considerado acidente de trabalho. Fraturas, cortes, lesões

e doenças ocupacionais, como bursite, passam a ser doenças comuns. Com isso, o traba-lhador perde o direito à estabilidade, em caso de lesão ocupacional, e deixa de receber o fundo de garantia, em caso de acidente de trabalho.

Para o trabalhador da GM, fábrica que opera com um alto índice de lesionados e onde os acidentes são cada vez mais frequentes, essa proposta representa um grave ataque.

gERALA CIPA pediu várias vezes a melhoria do sistema de ventilação de

todas as fábricas. Com o fim do inverno, a temperatura está subindo e o calor contribui para o aumento do estresse, do cansaço e da fadi-ga. Só porque é pra peãozada, eles não resolvem o problema.

Apesar de a empresa alegar que existe mão de obra sobrando, os trabalhadores têm de fazer hora extra e os CT’s passam a maior parte do tempo na linha de produção, sem poder dar apoio aos montado-res. Esse plano de trabalho precisa ser revisto urgentemente.

No setor de Transmissão, quando o robô da OP. 210 que-bra, a liderança pede que o trabalhador conclua a operação no interior da máquina. Como não existe trabalho padroniza-do, é alto o risco de acidente e desenvolvimento de lesões.

POwERTRAIN I

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