jornal baraketu 1

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Baraketu jornal Jornal Baraketu............................................................................2 Jornal Baraketu............................................................................2 Jornal Baraketu............................................................................4 O Jornal da Religiosidade Afro-Brasileira - Ano I - Nº 1 - Out/2011 - Mensal Jorge Kibanazambi Um dos maiores expoentes do candomblé brasileiro da atualidade, o Babalorixá Jorge Kibanazambi, do Ilê Asé Ayrá Kinibá, conta um pouco de sua história e fala de seus projetos nessa entrevista inaugural. Atualmente residindo em Colombo, cidade metropolitana de Curitiba, Kibanazambi vem desenvolvendo vários projetos ligados à defesa da religiosidade e é sobre isso que ele nos fala nessa conversa. Págs 4 e 5 Internacional Ekedy Silvana Veríssimo participa da Cumbre Mundial de Afrodescendentes e relata o papel das mulheres nessa importante conferência. Pág. 3 Obrigação de 21 anos A Iyalorixá Suzane de Oyá toma sua obrigação de 21 anos no dia 29 de outubro e inaugura sua casa religiosa no município de Araruama, RJ, com a intenção de, além do atendimento religioso, prestar assistência à comunidade através de projetos sociais voltados para a saúde, o meio ambiente, a educação entre outros temas. Pág. 8 Deputados Federais e o Coletivo de Entidades Negras (CEN) criam a Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Tradicionais de Terreiros em Brasília. Pág. 7 Momento histórico E N T R E V I S T A

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Jornal sobre religiosidade afro-brasileira

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BaraketujornalJornal Baraketu............................................................................2Jornal Baraketu............................................................................2Jornal Baraketu............................................................................4

Sua opção de informação religiosa na Região dos Lagos - Ano I - Número 0 - Março de 2011O Jornal da Religiosidade Afro-Brasileira - Ano I - Nº 1 - Out/2011 - Mensal

Jorge Kibanazambi

Um dos maiores expoentes do candomblé brasileiro da

atualidade, o Babalorixá Jorge Kibanazambi, do Ilê Asé Ayrá

Kinibá, conta um pouco de sua história e fala de seus projetos

nessa entrevista inaugural.

Atualmente residindo em Colombo, cidade

metropolitana de Curitiba, Kibanazambi vem

desenvolvendo vários projetos ligados à

defesa da religiosidade e é sobre isso que ele

nos fala nessa conversa.

Págs 4 e 5

InternacionalEkedy Silvana Veríssimo participa da Cumbre Mundial de Afrodescendentes e relata o papel das mulheres nessa importante conferência. Pág. 3

Obrigação de 21 anosA Iyalorixá Suzane de Oyá toma sua obrigação de 21 anos no dia 29 de outubro e inaugura sua casa religiosa no município de Araruama, RJ, com a intenção de, além do atendimento religioso, prestar assistência à comunidade através de projetos sociais voltados para a saúde, o meio ambiente, a educação entre outros temas. Pág. 8

Deputados Federais e o Coletivo de Entidades Negras (CEN)criam a Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Tradicionais de Terreiros em Brasília. Pág. 7

Momento histórico

E N T R E V I S T A

2 - Jornal Baraketu Out/2011

Marcio Alexandre M. GualbertoEditor

Ogan do Ilê Asé Iyá Omo EjáCoordenador Geral do Coletivo

de Entidades Negras (CEN)

Caso queira enviar matérias ou entrar em conosco, acesse:

www.baraketu.com.br

Mais que um jornal, a voz da religiosidade!Na tradição religiosa afro-brasileira é Exu quem estabele-ce a comunicação entre o ser humano e os Orixás; sem Exu, nada é feito e nada se consegue. Tão importante no Panteão religioso afro-brasileiro que é sempre o primeiro a ser saudade em qualquer cerimônia que se faça. Portanto, nada mais justo que este jornal traga em si um dos muitos nomes de Exu, como múltiplas também são suas faces.

O Jornal Baraketu nasce com a pretensão de ser um veículo de comunicação em nível nacional, não melhor que tantos outros já existentes, mas diferente em seu conteúdo, valorizando as falas que acrescentem conhe-cimento e saber ao cotidiano das casas e não gire tão somente em torno da religiosidade do dia-a-dia mas, traga também, elementos para a reflexão e a ação política e social das casas de Axé.

Este jornal está sendo lançado no Rio, São Paulo, Bahia e no Paraná. Posteriormente queremos levá-lo, através de uma grande rede de colaboradores, a todo o país. Venha fazer parte desta rede e nos ajude a fazer um material de qualidade, pois é isso que nosso povo merece.

O livro Casa de Oxumarê: os cânticos que encantaram Pierre Verger, traz um trabalho de pesquisa iniciado nos anos 1950, realiza-do por Pierre Verger que gravou cânticos com os membros da Casa Oxumarê, alabês e filhas de santo, em dezembro de 1958, no tempo de Mãe Simplícia.

Agora, mais de 50 anos depois as gravações tornam-se públicas, através do CD que acompanha o livro, organizado por Angela Lüning e Sivanilton Encarnação da Mata. Para a publicação do livro, foram realizadas várias entrevistas com os últimos participan-tes daquela gravação, bem como um levan-tamento em cartas e outros documentos do acervo da Fundação Pierre Verger. O que so-bressai nestas diversas fontes são os contatos de Verger com as pessoas e suas tradições religiosas, que o motivaram a querer mostrar a força das vozes e dos atabaques daquela casa secular, um projeto pouco usual para aquela época.

O livro também dedica-se à história da Casa Oxumarê, minuciosamente levantada pelo seu atual pai-de-santo, Sivanilton Encarna-ção da Mata, Babá Pecê, em colaboração com seus demais representantes. Eles con-sultaram documentos e as pessoas mais ve-lhas da instituição para conhecerem a traje-tória da casa, documentada través de muitas fotos e muitos testemunhos.

O livro ainda mostra os aspectos do desen-volvimento urbano de Salvador na região da Vasco da Gama, onde localizam-se tanto a Casa de Oxumarê, quanto a Fundação Pierre Verger.

Fonte: http://www.pierreverger.org

Livro mapeia a intolerância religiosa no Brasil

O Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil, surge da nossa larga experiên-cia em produção de relatórios e infor-mes, tanto sobre violação dos direitos humanos, econômicos, sociais e cul-turais, quanto sobre a situação de discriminação e preconceito sofrido pe-la população negra no Brasil e que foi apresentado em Durban, em 2001, du-rante a Conferência Contra o Racismo, Xenofobia e Discriminações Correlatas.

O objetivo do Mapa da Intolerância Reli-giosa é criar um canal permanente de recebimento de denúncias de casos de violação do direito de culto e, ao mesmo tempo, provocar o poder público a fazer valer as políticas públicas voltadas para a defesa da liberdade religiosa em nos-so país.

O Mapa da Intolerância Religiosa será publicado anualmente e, concomi-tantemente a ele, esta página web esta-rá permanentemente aberta para rece-

ber casos de intolerância religiosa e en-caminhá-las aos órgãos competentes.

Este projeto é uma iniciativa da Associação Afro-Brasileira Movimento de Amor ao Próximo (Aamap), que é fili-ada ao Coletivo de Entidades Negras, circunscreve-se numa perspectiva cola-borativa, não se vinculando politica-mente a grupo algum, mantendo assim, sua autonomia e capacidade de dia-logar com os diversos atores que lidam com a temática da liberdade religiosa no Brasil.

www.mapadaintolerancia.com.br

tecnologia | informação | comunicação

Out/2011 Jornal Baraketu - 3

urante os dias 17 a 20 de Agosto de 2011, foi realizada a Primeira Cumbre DMundial de Afrodescendentes, na

cidade de La Ceiba, Honduras. A Organização das Nações Unidas das Nações Unidas, através da Resolução 64/169 proclamou 2011 o Ano Internacional dos Afrodescendentes, portanto, a Cumbre Mundial de Afrodescendentes teve como um de seus principais objetivos realizar uma análise crítica, tornando possível avaliar as cond i ções soc io -econômicas das populações afrodescendentes, feitas com base na implementação dos tratados internacionais, e uma análise da situação dos movimentos sociais negros, 10 anos após a Conferência de Durban. A Cumbre, que teve participação de mais de 800 delegados de 44 países, e convidados, pessoas de todos os continentes, a maioria afrodescendentes, foi fundamental para se

chegar a um ponto comum, pois a população negra mundial ainda se encontra em situação de vulnerabilidade constante. Foram finalizados uma série de acordos estratégias, planos e ações que resultem no estabelecimento da base para o desenvolvi-mento sustentável global com eqüidade e identidade dos afrodescendentes a curto, médio e longo prazo. Presença das Mulheres Negras na Cumbre Foi marcante a presença das Mulheres Negras na Cumbre Mundial de Afro-descendentes, participaram de todas as discussões, como expositoras e também como delegadas.

Estiveram presentes, de todas as idades, de vários países.

A questão gênero etnia foi um dos destaques as discussões de, visto que as mulheres afrodescendentes estão em situação de maior desigualdade social, pois são vítimas constantemente do racismo, machismo, sexismo , principal alvo de violência e estão na linha da pobreza e da exclusão social.

Fatos debatidos durante a Cumbre, e acordada na Resolução Final estratégias de melhoria de vida para as mulheres afrodescendentes.

A organização do evento, Odeco, juntamente com o Comitê Organizador Internacional, onde esta incluído o Brasil, fizeram uma avaliação da Cumbre e apontam que o evento foi diferencial, pois os organismos internacionais e movimentos sociais presentes se conscientizaram sobre a problemática da situação da população afrodescendente, pois na maioria dos países a situação dessa população são semelhantes, e que há necessidade emergencial de se mudar e reverter esse quadro. A Odeco, organizadora da Cumbre Mundial de Afrodescendentes, é uma entidade étnica privada, sem fins lucrativos, composto por afro-hondurenhos, mulheres e homens ,que lutam para promover o desenvolvimento integral da população afro-hondurenha. É situada na cidade de La Ceiba, Honduras, e foi criada em 25 de janeiro de 1992.

Conferência de Durban - 10 anos depois Encontro Internacional discute o que mudou

Por Silvana Veríssimo (CEN/SP)

ENTREVISTA

Jorge Kibanazambi

Pai Jorge qual a sua naturalidade?

Nasci no bairro Cascadura, na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Quando o senhor teve sua iniciação na Religião Africana?

Em 1976, com Mãe Santinha de Osala que vinha do Asè de Kakunda de Yaya

Este Asè foi fundado por Gayaku Satu em Cachoeira de São Felix e era chamado Asè kapoeji.

O senhor ainda permanece nesse Asè?

Não, na ocasião do falecimento de minha Yalorisa em 1993, por questões particulares saí do Asè.

O Jornal Baraketu foi até Curitiba para entrevistar o conceituado Babalorisa Jorge Kibanazambi. Estudioso da Cultura Afro- Brasileira, ganhador de vários troféus, certificados, diplomas e reconhecimento no meio político e social em vários estados do país, Jorge Kibanazambi é hoje um dos mais respeitados e influentes líderes religiosos do Candomblé sendo uma referência de conduta pessoal e de prática religiosa.

Entrevista concedida à jornalista Eli Antonelli (colaboradora)

Atualmente a qual Axè o senhor pertence?

Hoje faço parte do Ile Asè Omi Lesi,onde tomei obrigação com mãe Cremilda de Jesus dos Santos conhecida como Omi Lesi, que era filha de mãe Domingas do Orisa Obaluwaye (jimuka), todas pertencentes ao Engenho Velho de Brotas, Asè Efon/Oloroke.

Porque a escolha do Estado do Paraná para abrir a Casa de Santo?

Na verdade a escolha não foi minha e sim do meu Orisa

Por volta de 1997 minha mãe biológica Maria de Fátima, conhecida no meio do povo de Santo por Ya Matamba, tinha uma filha de Santo chamada

4 - Jornal Baraketu Out/2011

Herdeira do Ilê Asé Omi Lesi é empossada

O Ilê Asé Omi Lesi, localizado em Lauro de Freitas, Bahia, se enfeitou e fez uma grande festa para receber convidados que vieram de vários estados e municípios baianos para a posse da herdeira do Asé, Mãe Kátia de Osun.

Neta carnal de mãe Mida, a fundadora do Asé, Mãe Kátia de Osun assume a casa depois do período de sete anos de luto imposto pelo falecimento da matriarca.

Ilê Asé Omi LesiRua Jardim Taubaté, quadra 07, lote 127, Itinga Lauro de Freitas, Bahia, 42700-000TELEFONE: (71) 8763-6286

Imajanire que foi transferida do trabalho para Porto Alegre/Rio Grande do Sul e precisou de cuidados religiosos e na impossibilidade da mãe de viajar, fui atendê-la. Já estando em Porto Alegre meu Orisa determinou que abrisse a Casa de Candomblé.Sendo assim em 1998 eu ,Imajanire (yakekere do Asè) e com auxilio de mãe Maria de Osun do Gantois, mãe Nananci do Pantanal, filha de santo de pai Didi de Osogyion, e minha mãe Maria de Fátima/Ya Matamba,foi fundado o Asè Ile Omo Oni Sango ati Iemonja na Rua Dom Feliciano, 47, em Gravataí, na Grande Porto Alegre e lá iniciei vários iyaos, alguns como Beth de Omolu, Letícia de Oya, Bárbara de Iemanjá, Everley de Osun, ekedi Ruth,e vários outros.Iniciei também vários filhos na Argentina.

Como o Asè foi para Curitiba? O Senhor teve algum problema no Rio Grande do Sul?

De forma alguma, fui receber um premio no Estado do Paraná, e achei que o local ficaria mais centralizado para todos os filhos de Santo q u e m o r a m e m o u t r o s E s t a d o s . Com a permissão dos Orisas transferimos a sede do Asè para Colombo, Cidade Metropolitana de Curitiba.

Pai Jorge, o Senhor poderia nos contar como foi essa transferência e como esta sendo o trabalho do Asè nessa região?

No inicio foi difícil a adaptação dos filhos, e a receptividade de algumas "Casas de religião" que estavam aqui, dos moradores locais, pois a região é predominante de pessoas de outra religião. Porém com o tempo tudo foi se acertando.

O povo de Asè foi constatando que chegamos para somar porque a colonização é européia com muita influencia oriental, e o negro é

minoria, por isso nossa união é fundamental para o fortalecimento do afro-descendente na religião sul, principalmente nos Estados do Paraná e Santa Catarina.

Atualmente o Asè Kiniba conta além do Grupo de Dança Obatala (criado em Porto Alegre/RS), pessoas capacitadas para representar a religião de Matriz Africana em palestras, Conferencias Municipais, Estaduais e Federais seja no âmbito cultural, religioso e social em que a Comunidade de terreiro seja necessária. Através da SEPPIR o Asè consegue atender parte da Comunidade carente com cestas de alimentos, faz distribuição de alimentos a comunidade carente local (Programa Fome Zero), oficinas como cursos de ioruba, dança dos Orisas, curso de Merindilogun, temos um site e blog para divulgação do nosso trabalho e cultura Afro Brasileira e outras atividades. Tem conseguido com eventos públicos (procissão, carreata, manifestação publica contra preconceito religioso e racial, palestra nas redes de ensino, espaços públicos e outros) a conscientização do povo do Santo e público em geral da necessidade da convivência respeitosa e da paz entre as pessoas. Temos tido o reconhecimento do nosso esforço pela sociedade e as comunidades onde estamos mais inseridos. Sei que ainda se tem muito trabalho pela frente, mas com a organização das lideranças dos movimentos negros e comunidades de terreiro interagindo com todos os envolvidos com os interesses dos Afro Descendentes estamos no caminho para um Brasil mais nivelado.

Pai Jorge como o Senhor organiza seu tempo para a religião com tantas atividades, afinal o Senhor é estudioso da Cultura Afro Brasileira, instrutor de oficinas, ativista dos movimentos de comunidade de terreiro e outros e seu Asè tomou proporção em vários lugares do Brasil?

Não tem sido muito fácil essa administração, mas tenho a compreensão de minha esposa Fabiana Ekeji de Iemonja (Oju Omi Lewa) e meu filho único

Willian (Okanlande) herdeiro do Asè Kiniba e a cooperação de equipe que é fixa na Casa de Santo. Eles são o Asè Kiniba, as pessoas que me referi anteriormente que representam a Casa nos eventos sociais, políticos e culturais. No que se refere ao meu sacerdócio procuramos manter um calendário litúrgico no Asè durante o ano para que os filhos que tem casa aberta programem suas festas e obrigações de acordo para atender a todos, também procuro conciliar as obrigações dos filhos fora do Paraná com atendimento às pessoas que se "tratam" religiosamente nesses lugares (Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Bahia) e no dia 29 de outubro de 2011 o Asè Kiniba estende mais um galho dessa grande árvore, que é a inauguração do Asè de Iansã, Mãe Suzana de Oya tomará seus 21 anos de Santo comigo.

Qual é a sua maior preocupação e o que pretende deixar como marca para as próximas gerações?

Nossa maior preocupação é evitar uma "guerra Santa" em nosso País. Com toda essa violência generalizada, temos combatido a intolerância religiosa promovendo encontros e manifestações públicas com os lideres de diversas religiões praticadas no Brasil, como a "Caminhada da Paz entre as Religiões" no dia 16 de outubro de 2011 em Colombo/PR.

Acreditamos que quanto maior for o número de lideres empenhados nessa missão menos pessoas envolvidas com drogas e praticantes dessas violências que temos assistido contra as religiões de Matriz Africana. Tenho certeza que essa é a grande missão dos Zeladores de Santo da nossa geração, deixar o sacerdócio Afro Descendente com lideres mais preparado espiritualmente, culturalmente e ativos políticos e socialmente. Para manter a nossa religiosidade preservada em direito de igualdade e liberdade como todas as outras.

Agradecemos ao Senhor pela entrevista e por tudo o que o Senhor tem realizado por nossa cultura.

Out/2011 Jornal Baraketu - 5

Telefones prefixo 41:3605-17493562-93639867-14788443-11798454-2261

Site: www.jornalkibanazambiaxeecia.com

Blog: kibanazambi.blogspot.com

Email: [email protected]

Associação de Ogans de Londrina e Região Promove Ações para Fortalecer as Religiões de Matrizes Africanas

Eli Antonelli (texto e fotos)Em 2009, um grupo de ogans de Londrina e de outras cidades d a s i m e d i a ç õ e s decidiram reunir-se para criar uma As-sociação. A ideia era uma entidade que pudes se r ea l i z a r ações em prol das c o m u n i d a d e s d e terreiro considerando que existia cerca de 450 terre i ros na região. A proposta foi muito bem aceita e criou-se a Associação de Ogans de Londrina

e Região composta por seus representantes, entre eles, o presidente Ogan Carlos Augusto de Souza (Alabge Omim leuade - Ogan Carlos de Oxum) e o vice-presidente Robson Borges Arantes (Ogan Oloye Asogun - Ogan Robson de Ogun). Com quase dois anos de atuação, a Associação já realizou inúmeras ações como o I Seminário de Direitos Sacerdotais, com objetivo de apresentar às comunidades de terreiros seus direitos e deveres perante a legislação. Participa periodicamente de palestras em diversos espaços, como universidades, escolas, faz oficinas e workshops com temas voltados à religião de matriz africana. Integra eventos da Secretaria Estadual de Educação como Encontro de Educadores Negros e Negras buscando trocar experiências com professores.

A entidade atua com suas equipes preparadas para atender as demandas dos terreiros com suas particularidades. São realizados toques, condução de festas, Oies, rituais de ronco, entre outros. O vice-presidente Ogan Robson afirma que o grupo está pronto para cuidar de instrumentos musicais utilizados nas religiões de matriz africana "Fazemos as reformas e construção de novos tambores, trocas de couros e afinação", diz. Além disso, são realizados inúmeros encontros com o público de cada terreiro para o ensaio de músicas e danças de terreiro.

O presidente Ogan Carlinhos diz que uma ação bem relevante que foi acordada com os ogans foi a realização das reuniões periódicas dentro dos terreiros. "A ideia é realmente fortalecer a nossa atuação sempre em conjunto com as mães e pais de santo, buscamos sempre realizar as reuniões variando os locais, para que haja a interação em vários lugares", diz.

Um dos projetos em andamento é a proposta de Limpeza dos Fundos de Vale, cuja negociação está sendo realizada com a Secretaria Municipal de Ambiente de Londrina. O presidente afirma que esta ação é de fundamental importância "Esses espaços são utilizados por comunidades de terreiro. Faremos uma ação de conscientização para criar e fortalecer a consciência ecológica", diz.

Outro projeto em andamento pela Associação é a realização de um curso de Iorubá em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-asiáticos da Universidade de Londrina -UEL/NEAA. O curso será dividido em três módulos básico, intermediário e avançado e terá duração de dois anos e meio. O curso será ministrado pelo nigeriano Adebayo Majaro da entidade Centro de Cultura Afro-Globo Fórum Cultural.

E as novidades não param

Além de realizar um trabalho voltado a discutir as ações das comunidades de terreiro e buscar sempre estarem próximos às mães e pais de santo da região. A Associação de Ogans tem um olhar

Articulação com o poder público

A Associação de Ogans de Londrina e Região entende a importância de estar presente nos espaços políticos para garantia dos direitos da população de terreiro, bem como, para conquista de novos direitos. Desta forma, entende como relevante a inserção nos espaços políticos como, por exemplo, Conselhos Municipais, Estadual e em outras diversas áreas. Ogan Robson destaca que não há inserção nesses espaços só para ter a Associação representada, o foco é saber que realmente é possível fazer uma contribuição relevante.

A entidade participa ainda de Fóruns de discussões com outros representantes da religião como FPRMA - Fórum Paranaense de Religiões de Matriz Africana e FPEDER e Fórum Paranaense de Educação para a Diversidade Étnico Racial. Com isso busca contribuir no debate e fortalecer ações conjuntas com essas entidades.

Serviço:http://associacaodeogaslondrina.blogspot.comAssessora de Comunicação: jornalista Eli Antonelli Contato: [email protected] (41) 9804-1639

direcionado à comunidade externa. Uma das ações é levar a questão da cultura afro-brasileira aos mais diversos espaços. As oficinas de ritmo, por exemplo, são voltadas a curiosos, estudantes e músicos profissionais. São cursos em nível básico, normal e avançado. O vice-presidente Ogan Robson destaca a importância de tornar os ritmos de terreiro mais conhecido "Desta forma desmistificamos vários tabus e contribuímos para que nossos costumes estejam cada vez mais comuns na sociedade, reduzindo situações de intolerância e desrespeito às membros da religião", diz.

Nas questões culturais está sendo articulada ainda, uma parceria com o uma companhia voltada ao Teatro do Oprimido de Londrina. O vice-presidente Robson explica que a ideia surgiu a partir de todas as demandas que a Associação recebeu ao longo de sua atuação "Pensamos em criar realmente um espetáculo profissional que contemplasse as questões focadas na nossa religião e também fosse um atrativo para a sociedade externa conhecer os terreiros", conta. Além do Teatro do Oprimido, a diretoria da Associação está fechando parceria com os grupos de dança para compor a obra.

6 - Jornal Baraketu Out/2011

Out/2011 Jornal Baraketu - 7

No dia 29, ocorreu no plenário 12 do corredor das comissões da Câmara dos Deputados em Brasília, o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Tradicionais de Terreiro.

O evento sob a coordenação do Gabinete da Deputada Érika Kokay - DF, contou com a participação de vários outros Deputados entre eles a Dep. Janete Rocha Pietá PT - SP, o Dep. Vicentinho PT- SP, devido as atividades parlamentares no dia vários parlamentares passaram pelo plenário dando sua fala de apoio ao movimento, contou ainda com a participação de membros do Movimento Negro.

O dispositivo da mesa contou com a participação de membros afro religiosos e da representação governamental Federal e do DF. O destaque ficou com a Iyá Dadá 93 anos que conquistou a todos com sua simpatia e sorriso largo. A abertura ficou por conta de Iyá Sueli que fez a saudação a Esú, Sangô e Oyá. Durante o evento foi levantado a importância de tal movimento para a comunidade religiosa afro e brasileira levando-se em conta a importância de uma maior visibilidade na esfera legislativa naquela casa de leis. Foi levantado também a situação atual de nossa religiosidade em esfera nacional onde casas continuam sendo invadidas, religiosos continuam sendo agredidos verbal e fisicamente. Foi destacado que a solução dos problemas passam primeiro por fazer valer nossos direitos de acordo com que reza a constituição.

Um dos ricos momentos foi quando Dra. Jô da Coppir DF lembrou de sua origem e falou do seu orgulho de ser filha de quebradeira de coco e lavadeira, hoje a advogada e presidenta da COPPIR DF se coloca à disposição da comunidade afro religiosa para orientar nas ações de impedimento de derrubadas de terreiros na capital. Iyá Patrícia nos contou da trajetória de sua mãe Iyá Lídia de Osun que já há tempos atrás sofreu por parte do governo do DF o mesmo tratamento que muitos hoje recebem tendo suas casas derrubadas sob o manto da intolerância governamental perante às religiões de matriz africana e brasileira. Pai Michael contou um histórico sobre a formação do Foafro - DF e de suas ações.

O evento contou ainda com uma exposição de fotografias em 3D sobre a comunidade afro religiosa de Brasília e Entorno. Pai Joel de Oxalá (candomblé) e Mãe Dadá (umbanda) fizeram as orações de encerramento.

Deputados criam a Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Tradicionais de Terreiros

Do alto de sua legitimidade, como Organização Nacional do Movimento Negro que atua em defesa das religiões de Matrizes Africanas, o Coletivo de Entidades Negras vem tornar pública sua proposta de criação de uma Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Tradicionais de Terreiro.

Apesar de ser o proponente original desta proposta, o CEN, mantendo sempre sua visão de que é de forma coletiva que se constróem os processos políticos, convida aqueles e aquelas que atuam neste campo a se somarem à construção desta proposta.

Pelo que propomos, a Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Tradicionais de Terreiro terá como papel:

1) Promover, no marco legislativo, ações em defesa das religiões de matrizes africanas, pela liberdade de culto e contra a intolerância religiosa;

2) Propor leis que dêem as casas religiosas de matrizes africanas os mesmos tratamentos que outras tradições religiosas gozam em nosso país;

3) Fiscalizar o Poder Executivo para que este aplique as políticas públicas às comunidades de terreiro propostas por elas mesmas e por organizações a elas ligadas;

4) Fortalecer o diálogo inter-institucional entre os três poderes de República para fazer valer as leis que defendem a liberdade religiosa em nosso país;

5) Promover ações que efetivem a liberdade religiosa tais como audiências públicas, seminários e eventos que ensejem em si a defesa do direito de culto;

6) Propor ações ao Executivo tais como a realização da Conferência Nacional Sobre Liberdade Religiosa, objetivando fazer com que os setores religiosos do país dialoguem entre si e construam um pacto de não-agressão;

7) Ainda no marco legislativo, agir para que o Estado, em suas esferas Federal, Estaduais e Municipais, não se torne, ele mesmo violador ao direito de culto no Brasil, com ações que visem destruir o patrimônio religioso das casas de terreiro.

Documento base da Frente Parlamentar

EXPEDIENTE

EditorMarcio Alexandre M. Gualberto(Mtb: 23.695)

Colaboradores: Eli Antonelli, Jorge Kibanazambi, Silvana Veríssima, Jaciara Ribeiro, Marcos Rezende, Suzane Pontes.

Contato comercial:Paraná:Fabiana V. da SilvaTEL: (41) 3562-9363

9833-18378404-159

Rio de JaneiroSuzane PontesTel: (22) 2664 1213

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O Jornal Baraketu é de responsabilidade editorial da Multiplike - Tecnologia | Informação | Comunicação, sendo os artigos assinados de responsabilidade de seus autores.

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8 - Jornal Baraketu Out/2011

Um seminário sobre intolerância reli-giosa, a apresentação institucional da Associação Afro-Brasileira Movimento de Amor ao Próximo e a Obrigação de 21 anos, marcarão a inauguração do Ilê Asé Omi Layó na cidade de Araruama, RJ.

Obrigação de 21 anosObrigação de 21 anos

utoridades religiosas do Rio de Ja-neiro e de outros estados da Federa-Ação, autoridades políticas, represen-

tantes do Poder Público e da Sociedade Civil estão convidados a participar da Obrigação de 21 Anos da Iyalorixá Suzane de Oyá, líder espiritual do Ilê Asé Oyá Omi Layó, que será realizada no dia 29 de outubro sob a presidência do Babalorixá Jorge Kiba-nazambi do Ilê Asé Ayrá Kinibá, de Co-lombo, Paraná.

A programação terá início às 13h00 com um coffe-break e apresentação dos projetos sociais da Associação Afro-Brasileira Movimento de Amor ao Próximo (Aamap), que é a personalidade jurídica da casa religiosa, além do lançamento do Mapa da Intolerância Religiosa, seguido de debates sobre o tema.

A intenção dos organizadores é que este evento marque a inauguração da nova casa religiosa e, ao mesmo tempo, estabeleça, com a comunidade religiosa e política da Região dos Lagos do Rio de Janeiro uma relação de parceria para o desenvolvimento de vários projetos sociais na região.

«Acreditamos que é nossa responsabilidade não só prestar assistência espiritual, mas também dar apoio quando alguém precisa de dar de comer a um filho, de um remédio, de uma peça de roupa, um emprego e outras coisas mais», diz a Iyá Suzane de Oyá.

Segundo ela «ao longo da história as casas religiosas de Candomblé sempre foram, não só espaço de resistência cultural e religiosa,

mas também espaços de articulações em rede onde um se apoiava nos outros e assim se formava uma corrente de sustentação de toda a comunidade, ou egbé, como chamamos.

«Quando Tia Ciata tocava seus famosos pagodes, na Praça XI, as pessoas iam para comer, beber, se divertir, mas também cultuavam seus Orixás e prestavam apoio àqueles que estavam vindo de longe, ou eram membros daquele egbé e encontravam-se com algum tipo de dificuldade», ela diz.

Segundo Iyá Suzane, o trabalho que sua casa religiosa, que ela carinhosamente chama de Casa Rosa quer desenvolver em Araruama, inspira-se em ações que são feitas pela Casa Branca e o Ilê Asé Oxumarê em Salvador; o Ilê Asé Ayrá Kinibá, em Colombo, Paraná, o Ilê Asé Omiojuarô, de Mãe Beata de Yemonjá, em Miguel Couto, Rio de Janeiro, e tantos outros que vão muito além da questão da reli-giosidade.

«Precisamos entender a prática religiosa antes de tudo como um de amor. Eu não posso pregar o amor e não praticá-lo; eu não posso dizer que Orixá é prosperidade e deixar alguém com fome; eu não posso afirmar que temos soluções espirituais se é no campo material que as pessoas enfrentam seus mais graves proble-mas», arremata a Iyalorixá.

AAMAPAssociação Afro-Brasileira Movimento de Amor ao Próximo

Ilê Asé Iyá Omi Layó (Casa Rosa)Associação Afro-Brasileira Movimento de Amor ao Próximo (Aamap)Rua Geraldino Moreira Rodrigues, 361 - ParatiAraruama - Rio de JaneiroTelefone: (22) 2664 1213Página web: http://aamap.blogspot.com