jornal adunicentro - setembro de 2011

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www.adunicentro.org.br Jornal Setembro- 2011 publicação da Seção Sindical dos Docentes da UNICENTRO JUSTIÇA CONFIRMA QUE ADUNICENTRO REPRESENTA TODOS OS DOCENTES DA UNICENTRO E DERRUBA ARGUMENTOS DA REITORIA DE VEZ. A decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, publicado no Diário Oficial em 03/08/2011 pôs fim, definitivamente aos argumentos da reitoria da UNICENTRO de que a ADUNICENTRO não representaria todos os docentes da instituição. Nos argumentos apresentados e definitivamente derrotado na justiça, a reitoria tentava confundir os docentes da universidade ao informar que o sindicato representava somente os filiados, esquecendo do instituto constitucional da substituição processual que a ADUNICENTRO, seção sindical do ANDES, Sindicato Nacional, tem de representar todos os docentes da UNICENTRO, filiados ou não à seção sindical. Na UNICENTRO, somente a ADUNICENTRO pode representar todos os docentes em ações na justiça, como substituto processual de toda a categoria, pois de acordo com a legislação vigente no país, é ela quem detém a carta sindical que garante esta prerrogativa. Assim, em hipótese alguma a ADUNICENTRO, seção sindical, poderia pleitear na justiça a obtenção de direitos somente aos seus sindicalizados, pois representa toda a categoria docente da universidade e assim vem fazendo desde sua fundação em 2003, com sucessivas vitórias no campo político e jurídico. Lembramos que todas as ações da ADUNICENTRO são públicas e tomadas em decisão soberana de assembleias docentes desde sua fundação. Princípio fundamental que o ANDES-SN, com seus mais de 30 anos de história e luta em defesa da categoria docente não abre mão em hipótese alguma. Agora é esperar as fichas financeiras que devem ser impressas e fornecidas, pois recursos não mais existem para serem feitos pela administração. Em breve mais notícias sobre a execução da ação dos 14%. ADUNICENTRO-SEÇÃO SINDICAL DO ANDES-SN Página 05 Nova onda de lutas no movimento estudantil e as primeiras vitórias Parece que os ventos da juventude indignada em todo o mundo, chegou ao Brasil. Só na semana da Jornada Nacional de Lutas, 7 reitorias foram ocupadas e 3 greves gerais de universidades estão em curso. Estágio probatório. Depois de seis (6) anos o processo segue, finalmente, para análise no CAD. Desde a implantação desse regulamento equivocado, a ADUNICENTRO buscou sensibilizar a administração da Universidade para a ilegalidade e injustiça que adviria da aplicação da Resolução 326/04, de 29/12/2004. RISCOS DO PROJETO DE LEI Nº 1992/2007 Face à Crise Financeira Mundial O Projeto de Lei 1992, enviado pelo governo Lula ao Congresso Nacional em 2007, é um dos ingredientes necessários ao desmonte da Previdência Social dos servidores públicos brasileiros. Balanço da gestão de Zanette (2003-2011) junto à UNICENTRO. Parte I Proporcionalmente, nenhuma outra caneta de administrador público deve acumular tanto poder quanto a de qualquer Reitor da UNICENTRO. Página 03 Página 02 página 10

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Jornal do sindicato dos doscentes da Unicentro. Edição de setembro de 2011.

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www.adunicentro.org.br

Jornal

Setembro- 2011publicação da Seção Sindical dos Docentes da UNICENTRO

JUSTIÇA CONFIRMA QUE ADUNICENTRO REPRESENTA TODOS OS DOCENTES DA UNICENTRO

E DERRUBA ARGUMENTOS DA REITORIA DE VEZ.

A decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, publicado noDiário Oficialem 03/08/2011 pôs fim, definitivamente aos argumentos da reitoria daUNICENTRO de que aADUNICENTROnãorepresentariatodososdocentesdainstituição.

Nos argumentos apresentados e definitivamente derrotado na justiça, a reitoriatentavaconfundirosdocentesdauniversidadeaoinformarqueosindicatorepresentavasomenteosfiliados,esquecendodoinstitutoconstitucionaldasubstituiçãoprocessualqueaADUNICENTRO,seçãosindicaldoANDES,SindicatoNacional,temderepresentartodososdocentesdaUNICENTRO,filiadosounãoàseçãosindical.

NaUNICENTRO,somenteaADUNICENTROpoderepresentartodososdocentesemaçõesnajustiça,comosubstitutoprocessualdetodaacategoria,poisdeacordocomalegislaçãovigente no país, é ela quemdetém a carta sindical que garante esta prerrogativa. Assim, emhipótesealgumaaADUNICENTRO,seçãosindical,poderiapleitearnajustiçaaobtençãodedireitossomenteaosseussindicalizados,poisrepresentatodaacategoriadocentedauniversidadeeassimvemfazendodesdesuafundaçãoem2003,comsucessivasvitóriasnocampopolíticoejurídico.

LembramosquetodasasaçõesdaADUNICENTROsãopúblicasetomadasemdecisãosoberanadeassembleiasdocentesdesdesuafundação.PrincípiofundamentalqueoANDES-SN,comseusmaisde30anosdehistóriaelutaemdefesadacategoriadocentenãoabremãoemhipótesealguma.

Agora é esperar as fichas financeiras que devem ser impressas e fornecidas, poisrecursos nãomaisexistemparaseremfeitospelaadministração.Embrevemaisnotíciassobreaexecuçãodaaçãodos14%.

ADUNICENTRO-SEÇÃO SINDICAL DO ANDES-SN

Página 05

Nova onda de lutas no movimento estudantil e as primeiras vitórias

Parece que os ventos da juventude indignada em todo o mundo, chegou ao Brasil. Só na semana da Jornada Nacional de Lutas, 7 reitorias foram ocupadas e 3 greves gerais de universidades estão em curso.

Estágio probatório. Depois de seis (6) anos o processo segue, finalmente, para análise

no CAD.Desde a implantação desse regulamento equivocado, a ADUNICENTRO buscou sensibilizar a administração da Universidade para a ilegalidade e injustiça que adviria da aplicação da Resolução 326/04, de 29/12/2004.

RISCOS DO PROJETO DE LEI Nº 1992/2007 Face à Crise Financeira Mundial

O Projeto de Lei 1992, enviado pelo governo Lula ao Congresso Nacional em 2007, é um dos ingredientes necessários ao desmonte da Previdência Social dos servidores públicos brasileiros.

Balanço da gestão de Zanette (2003-2011) junto à UNICENTRO. Parte I

Proporcionalmente, nenhuma outra caneta de administrador público deve acumular tanto poder quanto a de qualquer Reitor da UNICENTRO.

Página 03

Página 02

página 10

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Estágio probatório. Depois de seis (6) anos o processo segue, finalmente, para análise no CAD.

Já em 2006 a justiça considerou que “a avaliação por meio de critérios subjetivos deve ser execrada da administração pública. Tal motivação é a base da estabilidade do funcionário público que presta concurso, caso contrário, estaria sempre sujeito a ser afastado ou penitenciado, diante da simpatia, amizade ou qualquer outro critério subjetivo de seu superior hierárquico”.

Desde a implantação desse regulamento equivocado, a ADUNICENTRO buscou sensibilizar a administração da Universidade para a ilegalidade e injustiça que adviria da aplicação da Resolução 326/04, de 29/12/2004. Em 2005 a ADUNICENTRO protocolou o processo sob nº 06147/2005 (código de acesso 02107) em que solicitava a revisão da Resolução 326/2004 que trata da avaliação do estágio probatório. Daí se seguiu a um percurso que durou cerca de seis (6) anos para fazer com que ao menos se conseguisse colocar o assunto em pauta no CAD. Toda sorte de obstrução foi criada. O processo foi remetido para o arquivo geral pela primeira vem em março de 2008, onde tivemos que resgatar e colocar novamente em trâmite. Em maio de 2010 foi novamente remetido

para o arquivo geral e o sindicato, inconformado, novamente teve que resgatar o processo para voltar a tramitar. Em agosto de 2011, finalmente o processo segue para análise dos conselheiros do CAD após denúncia no jornal da ADUNICENTRO de julho e a reitoria ficar ciente de que sofreria nova derrota na justiça. Nova derrota da UNICENTRO seria referente à tentativa de exoneração de professora do campus de Irati. Assim a reitoria resolveu recuar e conceder-lhe e efetivação. O sindicato sempre insistiu que tantos quantos fossem os docentes submetidos a este modelo de avaliação e que fossem considerados inidôneos moralmente o sindicato os reverteria. A universidade tentou exonerar quatro (4) docentes neste período. O sindicato trabalhou para impedir a exoneração dos quatro (4) e obteve sucesso em todos.

Mas o prejuízo não se limita ao docente inadequadamente “classificado” como inidôneo moralmente. Os demais membros do departamento também são prejudicados, pois todos estão submetidos a um regulamento que abre espaço para que a falta de simpatia ou inimizade de uns poucos acabe recaindo como posição coletiva.

Lamentável o tempo perdido, as comissões montadas, a quantidade de papel e fotocópias desperdiçadas, os

extensos memoriais e principalmente, a humilhação pública que se promoveu a quem foi qualificado como pessoa “inidônea moralmente”. Há ainda, o desgaste diante de alunos e professores pela perspectiva de ser exonerado injustamente. Uma mancha no currículo de qualquer profissional, com sérias consequências.

A ADUNICENTRO afirma, com toda a tranquilidade que todas as avaliações de estágio probatório realizadas desde 2004 foram feitas em desacordo com a legislação vigente no estado do Paraná e Brasil. A mudança que a UNICENTRO está obrigada a fazer não recairá sobre os docentes já efetivados até este momento, pois os três (3) anos já foram transcorridos e, portanto podem ficar tranquilos.

A UNICENTRO tem que admitir que algumas normas criadas na universidade são mal orientadas juridicamente levando a erros que prejudicam os professores. No entanto, inadmissível é a resistência ou mesmo “birra” em reconhecer que errar é humano. Tanto quanto dificultar o acesso de reinvindicações aos Conselhos. Não há problema algum em rever posicionamento dos Conselhos Superiores.

Outro exemplo é o processo que tem obstruído a concessão de licença especial aos docentes.

Nova onda de lutas no movimento estudantil e as primeiras vitórias

QUEM DISSE QUE SUMIU?

Movimento Estudantil brasileiro volta a luta, realizando greves e ocupando reitorias no país

Parece que os ventos da juventude indignada em todo o mundo, chegou ao Brasil. Só na semana da Jornada Nacional de Lutas, 7 reitorias foram ocupadas e 3 greves gerais de universidades estão em curso.

Todo mundo reconhece que 2011 foi um ano que começou diferente. Dia 25 de janeiro, começou uma Revolução no Egito e fez a força da praça Tahrir ocupada derrubar a ditadura de Mubarak e se tornar incentivo para a luta de jovens de todo o mundo. Foi assim na Espanha, Portugal, Grécia, Inglaterra, mais recentemente no Chile.

No início das aulas, os estudantes vem se mobilizando com força em diversas universidades do país, fazendo assembléias com centenas de alunos que tem votado greve, manifestações e ocupações de reitoria, método muito utilizado no último ascenso estudantil de 2007.

Na UFPR e a UNIFESP os estudantes entraram em greve geral, além dos Institutos Federais da Bahia, antigos CEFETs. Nas últimas semanas, as reitorias da UFPR, IFBAs, UFSC, UEM, UFF, UFES e UFS foram ocupadas. Todos as lutas expressam solidariedade à greve dos servidores federais e tem impulsionado indicativos de greve também dos professores universitários.

A semelhança nas pautas específicas é impressionante. Tratam-se de problemas acumulados nas universidades desde a expansão de vagas que se iniciou em 2007. Depois do aumento do número de alunos, a já pouca assistência estudantil se agravou muito, e hoje faltam vagas nas moradias, refeições nos restaurantes

universitários, poucas bolsas e valores muito baixos. O governo federal, quando decretou o REUNI, não o fez de forma responsável. É fundamental que aumente o índice de jovens nas universidades, que não passa dos míseros 14% do total, o que é inaceitável é empurrar uma condição de ensino precária, com falta de estrutura, professores e sem a garantia da permanência estudantil.

É evidente que essa situação das universidades e institutos federais revela a enorme importância do aumento do investimento na educação pública. Atualmente, menos de 5% são investidos, e o governo Dilma, além de ter cortado no início do ano 3,1 bilhões de reais da educação, propôs um novo Plano Nacional da Educação que prevê um residual aumento de 7% do PIB, só para 2020! É por isso que a luta para resolver os problemas específicos de cada universidade, passa necessariamente por fortalecer a campanha nacional em defesa de 10% do PIB pra educação pública já! Campanha esta que está ganhando adesão de cada vez mais entidades e movimentos em todo o Brasil.

Na UNICENTRO, os dados divulgados sobre o perfil dos vestibulandos, para o vestibular de 2012 mostra que a condição econômica dos potenciais ingressantes causa preocupação sobre a capacidade de permanência na universidade.

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fotos: Douglas Marçal

04compromissos do que questões concretas, mas ainda assim, a reunião sinalizou uma vitória importante do movimento. O governo anunciou que irá reverter o corte dos 2,9 milhões com um repasse do orçamento estadual devidos à UEM do corte geral de 15 milhões imposto ao conjunto das IEES - se o corte imposto à UNICENTRO for revisto devemos agradecer aos estudantes da UEM -, e sobre as demais reivindicações, garantiu-se um novo ônibus para universidade, acabar com as bolsas alimentação (onde o estudante tem que trabalhar no RU ganhando apenas o direito de comer de graça, uma refeição que custa R$1,60) e garantir quentinhas para os campi do interior. Fora isso, o resto foi sem prazos e com promessas. Os estudantes marcaram então uma nova Assembléia Geral para discutir, em base a negociação feita, os próximos passos do movimento.

Um aspecto surpreendente foi o compromisso, por parte do governo do Paraná, de enviar um pedido ao Ministério da Educação de investir 10% do PIB na educação brasileira. Esta é, talvez, a maior expressão da defensiva que o governo do estado do Paraná se encontra no momento. Foi colocado contra a parede pelo movimento estudantil, e parece que agora, ou atende os estudantes, ou não terá muita escapatória.

Movimento estudantil: PRESENTE!

Chegando lá, o reitor Júlio Prates, não concedeu nenhuma resposta convincente e a decisão foi unânime: ocupar a reitoria. Com algum enfrentamento com a segurança da universidade (que chegou a usar armas de choque!) os estudantes entraram e ocuparam.

As reivindicações não diferem muito da realidade do restante das universidades. O ano começou com um corte no orçamento do Estado do Paraná, realizado pelo governo de Beto Richa (PSDB), de 38% na verba de custeio das universidades estaduais, um montante de quase 15 milhões de reais. Para a UEM, esse corte significou 2,9 milhões de reais. Concretamente, significa filas gigantescas no Restaurante Universitário (“ei, Julio – reitor – vai comer no RU!”), estudantes submetidos à “bolsas-trabalho”, nenhuma moradia na universidade, campus do interior sem nenhuma condição estrutural, falta enorme de professores e servidores, e por aí vai…

Paralelamente ao ato do dia 30 de agosto, que reuniu 2.000 estudantes em Maringá, uma comissão de 4 estudantes foi se reunir com o Secretário de Ciência e Tecnologia, que representou o governo estadual de Beto Richa na mesa de negociação. No discurso todos se mostraram solícitos em ajudar, mas na prática pouco se avançou. Saiu de lá mais

Entre os candidatos ao Vestibular de Primavera da Unicentro, 656 (cerca de 10%) possuem renda familiar mensal de até um salário mínimo; 2.206 (quase 34%) de um a dois; 2.412 (pouco mais de 37%) de três a quatro salários mínimos; 1.029 (cerca de 16%) de cinco a dez; 140 (mais de 2%) de onze a quinze; e 67 (cerca de 1%) possuem renda familiar acima de dezesseis salários mínimos. No que diz respeito à participação na vida econômica da família, 3.566 candidatos (cerca de 54,5%) não trabalham e possuem gastos financiados pela família ou por outras pessoas; 1.548 (mais de 23,5%) trabalham, mas também recebem ajuda financeira; 621 (cerca de 9,5%) trabalham e são responsáveis pelo próprio sustento; 610 (mais de 9%) trabalham e contribuem parcialmente para o sustento de outros; e 165 (pouco mais de 2,5%) trabalham e são responsáveis pela família. Dos inscritos, 3.102 (cerca de 47,5%) confirmaram no questionário socioeducacional que terão que trabalhar durante o curso superior; 2.592 (quase 40%) não sabem se precisarão de emprego durante o estudo; e 816 (pouco mais de 12,5%) afirmam que não precisarão trabalhar.

No dia 25 de agosto os estudantes da UEM realizaram um ato de mais de 500 estudantes que rumou à reitoria, a quem eram dirigidas as reivindicações.

Balanço da gestão de Zanette (2003-2011) junto à UNICENTRO. Parte I

“há disponibilidade de cargos para 82% dos membros efetivos da instituição. Dos 586 cargos criados apenas 102 são ele-tivos. Os demais (484!) são preenchidos

mediante designação da reitoria.”

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O Professor Zanette conclui agora em 2011 seu mandato de reitor da UNICENTRO. Tendo estado frente à reitoria por oito anos consecutivos foi eleito em 2003 e reeleito em 2007. Em 2003 houve chapa concorrente, em 2007 Zanette concorreu sozinho.

Zanette deixa marcas na sua passagem pela reitoria da Universidade. Algumas de grande importância para a Universidade tais como a abertura de cursos de mestrado e doutorado e ampliação dos espaços físicos da UNICENTRO. Quem esteve na UNICENTRO até 2003 e a observa hoje vê uma nítida mudança de sua face, principalmente nos campi do CEDETEG e Irati. Zanette também imprimiu sua marca na forma de administrar a Universidade. Herdou muita coisa da estrutura que recebeu de seu antecessor, o Prof. Carlos Gomes, que também esteve frente à reitoria por oito anos consecutivos. Tal como Carlos Gomes, Zanette também formulou mudanças no Estatuto e Regimento da UNICENTRO. Findando sua passagem pela reitoria da UNICENTRO é justo que se faça uma análise deste período. Bem como as consequências para o princípio da gestão democrática que a UNICENTRO deveria observar a partir da implantação do novo Estatuto que está há seis anos em vigor.

Zanette iniciou sua administração na reitoria em um momento em que a UNICENTRO tinha pouco mais de 350 professores efetivos e cerca de 215 funcionários t é c n i c o - a d m i n i s t r a t i v o s (hoje denominados agentes universitários).

Zanette, quando iniciou sua administração a estrutura administrativa dispunha de 217 cargos, entre funções gratificadas (FGs) e cargos em comissão (CCs) segundo o Estatuto da UNICENTRO

que vigorou até 2005. Em 2005 o Conselho Universitário (COU) aprova um novo estatuto que levantou significativa polêmica à época. Para uma UNICENTRO, em 2005, com 410 professores efetivos e pouco mais de 200 funcionários o novo estatuto criou 586 cargos entre FGs e CCs. A razão era de quase um cargo por pessoa! 627 pessoas para 586 cargos. Agora, em 2011, são 490 professores efetivos e 240 funcionários. Isto significa que há disponibilidade de cargos

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“A história tem mostrado que a bu-rocracia termina por levar ao mando de uma só pessoa. No entanto, como produto final, a aparência que fica é a de uma administração coletiva.”

Tendo 484 cargos para distribuir, pois apenas 102 são eletivos (chefes de departamento, diretores de setor, diretor de campus e o próprio Reitor) Zanette conseguiu imprimir um modo de administrar incontestável. Incontestável no sentido de ser uma administração que reage mal à contestação. Desde 2005 praticamente não há mais disputa para os cargos eletivos na UNICENTRO. Na última eleição para chefias de departamento (38) não houve um em que duas chapas estiveram inscritas. Para diretores de setor, dos nove (9) que existem, apenas em um deles houve duas chapas na última eleição.

Tendo a UNICENTRO 586 cargos (sendo que destes, apenas 102 são eletivos) é de supor que a caneta do Reitor tenha uma razoável força para influir, se assim desejar, em qualquer processo eleitoral na universidade, inclusive nos conselhos superiores.

Após a aprovação do novo estatuto em 2005, com a criação de 371 novos cargos por um Conselho Universitário em que 35% detinham cargos de confiança, Zanette não teve opositores em sua eleição para mais um mandato. Nesta eleição em 2011, o rumo segue no mesmo sentido. A UNICENTRO vai se consolidando ideologicamente de forma monolítica. A situação chegou ao ponto de Zanette pleitear ser vice nesta nova administração.

o processo democrático sofre com a interferência do executivo no legislativo. Mas, na UNICENTRO, executivo, legislativo e judiciário constitui em um amálgama e ávido pela “unanimidade”.

No sistema republicano, em vigor no Brasil, ninguém pode exercer cumulativamente cargos no executivo, legislativo e judiciário. Se um deputado é chamado a ser ministro, ele obrigatoriamente se licencia. Nenhum vereador pode ser secretário municipal e ao mesmo tempo vereador. Em algum momento o conflito de interesses vai ocorrer. O hipotético vereador-secretário, embora eleito pela comunidade, mas também indicado pelo prefeito ao votar em matéria contrária ao prefeito poderia ser destituído de suas funções como secretário. Ou, ao contrário. Para se manter no cargo de secretário poderia votar contra um interesse da população. Bendito e sábio o princípio republicano da independência dos poderes que previu isso.

No entanto, um COU (aquele de 2005), em que 35% de seus membros deviam seus cargos e correspondentes gratificações pelo exercício deles ao Reitor aprovaram um novo estatuto. Apesar de o Brasil ser uma República, a UNICENTRO se organiza de forma muito pouco republicana e isto tem consequências sobre a necessária observância à gestão democrática.

para 82% dos membros efetivos da instituição. Dos 586 cargos criados apenas 102 são eletivos. Os demais (484!) são preenchidos mediante designação da reitoria.

P r o p o r c i o n a l m e n t e , nenhuma outra caneta de administrador público deve acumular tanto poder quanto a de qualquer Reitor da UNICENTRO. O Conselho Universitário (COU), a instância colegiada mais importante da UNICENTRO, que aprovou o novo Estatuto tinha, em sua composição no ano de 2005, 35% de seus membros com cargos de confiança do Reitor. Nesta mesma época o CEPE, tinha 30% de seus membros detentores de cargos de confiança do reitor e o CAD 60%.

Na UEM, por exemplo, os departamentos pedagógicos não encontram intermediários para se fazer representar no Conselho Universitário. Todos os departamentos tem um representante, eles próprios, neste Conselho. Cada departamento elege um representante entre seus pares e este não pode deter cargo de confiança da reitoria.

Princípios básicos da republica, que remontam a Montesquieu, insistem na independência entre os poderes. Isso é salutar para qualquer organização democrática. Não obstante, mesmo com a independência dos poderes

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exercer força sobre a comunidade universitária, colocando as alavancas acadêmicas em segundo lugar.

A maioria das pessoas, ainda hoje, vê a burocracia como formalidades, empurra-empurra de papéis e obstruções. No entanto, essa se faz revelar, subterraneamente consolidando fundamentos que faz substituir as forças democráticas pela força da organização todo-poderosa. A história tem mostrado que o excesso de burocracia termina por levar ao mando de uma só pessoa. No entanto, como produto final, a aparência que fica é a de uma administração coletiva.

Com tamanha força para nomear cargos comissionados, a UNICENTRO vem se tornando uma entidade universitária uniforme em seu modo de pensar. O consenso e unanimidade parece ser a ordem do dia.

Ainda ao final do governo Requião, este, impressionado com o que estava acontecendo nas

Chamados a decidir sobre a candidatura situacionista, os cargos comissionados demonstraram um mínimo de bom senso e impediram

a manobra. Isso significaria 12 anos ininterruptos na reitoria ao menos, senão 16.

Tendo se livrado de seus oponentes desde 2003, o método optou pela imposição da vontade, e a criação do sistema burocrático seguiu-se rapidamente. O recurso à compulsão nomeativa criou um modelo que não mais depende da quantidade ou qualidade da produção, mas, em grande medida, de arranjos políticos. A burocracia conferiu, maquinalmente, prioridade aos meios políticos para

universidades do Estado envia à Assembléia Legislativa, projeto de lei que visava regulamentar os cargos das IEES (Lei 16.372/2009). A então secretária da SETI, Lygia Pupatto já havia anunciado, em princípio de 2006, em reunião com os sindicatos que havia um acordo com os reitores para não se ampliar o número de cargos nas IEES. No momento da elaboração do novo estatuto a UNICENTRO, entretanto, não manteve o acordo. O argumento do governo, à época, era de que os gastos com a folha de pagamento das IEES era elevado pela grande quantidade de gratificações e que por isso, era difícil conceder reajuste

salarial para toda a categoria. Daí a necessidade de regulamentar a quantidade de cargos. Os docentes amargaram grave defasagem salarial por quase 10 anos. Na proposta do governo Requião haveria redução de 270 cargos na UNICENTRO, passando de 586 para 316. A UNICENTRO chega a editar a resolução nº 16-GR/UNICENTRO, de 2010, adequando o número de cargos de acordo com a Lei. Mas, a resolução não chegou a ser implantada. Ao se licenciar para ser candidato ao Senado, Requião deixa o governo do estado e assume Pessuti. Logo na primeira semana de seu mandato Pessuti, que também tentava se firmar como candidato ao governo do Paraná,

“O recurso à compul-são nomeativa criou um modelo que não mais de-pende da quantidade ou qualidade da produção, mas, em grande medida, de arranjos políticos.”

“O voto dos professores vem progressivamente diminuindo de importân-cia na decisão eleitoral da UNICENTRO”

Campus da UNICENTRO em Irati

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não surpreendente, mais de 90% dos agentes universitários da UNICENTRO, como um todo, detém cargos de confiança da reitoria. Com o peso do voto maciço dos agentes universitários com cargos em comissão, o candidato situacionista pode entrar na ‘disputa’ virtualmente com 30% do eleitorado já ‘fechado’ que lhe deve ser simpático.

Na última vez em que houve disputa eleitoral para Reitor da UNICENTRO (em 2003), a chapa situacionista obteve 98% dos votos dos agentes universitários. Mas, ao mesmo tempo em que os agentes universitários têm grande peso como eleitores lhes têm sido obstruída a possibilidade de figurarem como candidatos.

As peculiaridades do que se chama de democracia na UNICENTRO levanta outras questões para refletir. A comissão eleitoral que rege o processo (COEL). A mesma que age como ‘juiz’ da partida, conta com 17 membros,

para reitor. O voto de um agente universitário continua valendo mais que o voto do reitor e vice-reitor juntos! Em 2003, quando houve a última disputa para reitor da UNICENTRO o voto de um agente universitário valia 2,1 professores. Esse dado revela que o voto dos professores vem progressivamente diminuindo de importância na decisão eleitoral da UNICENTRO. Mas também mostra que, em oito (8) anos a atual administração foi pouco competente em fazer o governo entender como prioridade que nosso quadro de agentes universitários é muito reduzido. Resultando em sobrecarga não somente a estes últimos com trabalho administrativo, mas também os professores.

A distorção chega ao ponto inaceitável de que, no CEDETEG, para diretor de campus, o voto do agente universitário vale o mesmo que sete (07) professores! No CEDETEG são cerca de 280 professores e 40 agentes universitários. De forma

prorrogou até o final do ano o prazo para a UNICENTRO se adequar à lei que regulamentava os cargos. Não obtendo sucesso em se lançar candidato ao governo e no mês que deixou o governo propôs nova prorrogação da regulamentação para o final de 2011.

No processo eleitoral em vigência, dos cerca de 11 mil eleitores, 752 são docentes (entre efetivos e colaboradores) e 238 agentes universitários (técnicos-administrativos). As regras

definidas no estatuto aprovado em 2005 faz com que o voto de um agente universitário valha 3,15 mais do que o de um professor na eleição

“A distorção chega ao ponto inaceitável de que, no CEDETEG, para dire-tor de campus, o voto do agente universitário vale o mesmo que sete (07) professores!”

Material de campanha de Zanette em 2003

comissionados. Nomear a COEL é da competência da reitoria, mas também lhe cabe zelar pela probidade de seus atos.

Objetivamente não se trata de ‘criminalizar’ quem detém cargos em comissão. Essa representaria uma falsa discussão. Pretender

enveredar por esse caminho é lançar uma cortina de fumaça com o objetivo de desviar-se do debate central deste texto. Não vamos nos furtar a debater as repercussões da mistura entre o executivo e legislativo dentro da universidade. É salutar levantar essa discussão, que do ponto de vista do processo republicano brasileiro é matéria pacífica. A independência entre o executivo e legislativo. Quem detém cargo em comissão faz parte do poder executivo da UNICENTRO.

sendo dois estudantes. Mas desses 17 membros, seis (6) deles detém cargos de confiança da reitoria. Isso significa um terço da comissão eleitoral. Ainda que possamos querer confiar na honestidade das pessoas o que não pode é haver nada que possa transparecer falta de imparcialidade daqueles que atuam

na regulação do processo. Melhor seria se na comissão eleitoral não houvessem membros com cargo em comissão. Estes podem ser fiscais de candidatos, mas não ‘juízes’. Afinal de contas a comissão vai disciplinar a disputa e pode inclusive aplicar punições. Ainda que se possa argumentar que a escolha dos membros da COEL foi feita entre os seus pares não há como negar que o ato de nomeação da mesma foi feita pelo reitor-em-exercício/candidato. Candidato escolhido entre os pares

“Com uma reitoria que dispõe de uma caneta que acumula poder de nomear mais de 480 pessoas com cargos de confiança em uma Universidade com 490 professores efetivos e 238 agentes universi-tários, qualquer outra candidatura é literalmente pulverizada antes mesmo de nascer.”

Na mesma linha de raciocínio e por analogia com as eleições gerais do Brasil, tanto na mesa que vai receber os votos como aquela que vai apurar os votos não seria sensato contar com membros da comunidade que detém cargos em comissão. Estes participaram da escolha de seus candidatos e, portanto têm interesse direto no resultado do pleito. A imprensa de Guarapuava noticiou amplamente a reunião em que Zanette chama os cargos comissionados para uma reunião na ACRE com o objetivo de definir os candidatos situacionistas. É notório que os cargos comissionados cumprem com zelo e empenho suas atribuições administrativas, mas o senso de probidade deveria ser o suficiente para se abster de compor as mesas receptoras e apuradoras de votos.

Como pode haver várias candidaturas neste contexto? Com uma reitoria que dispõe de uma caneta que acumula poder de nomear mais de 480 pessoas com cargos de confiança em uma Universidade com 490 professores efetivos e 238 agentes universitários, qualquer outra candidatura é literalmente pulverizada antes mesmo de nascer. A falta de debate entre visões diferentes de universidade deixa o processo preocupantemente empobrecido.

Campus CEDETEG

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O princípio da autonomia universitária, que nos é tão caro, se voltou contra a própria comunidade universitária e ao princípio da gestão democrática ao ser usado para a centralização do poder em torno de um pequeno grupo.

10 RISCOS DO PROJETO DE LEI Nº 1992/2007 Face à Crise Financeira Mundial

Maria Lucia Fattorelli

O Projeto de Lei 1992, enviado pelo governo Lula ao Congresso Nacional em 2007, é um dos ingredientes necessários ao desmonte da Previdência Social dos servidores públicos brasileiros.

Esse projeto representa a privatização do regime de previdência, pois transfere para fundo de pensão – FUNPRESP – a administração da aposentadoria dos servidores que desejam receber além do teto do INSS.

Na prática, esse projeto se insere em tendência mundial ditada pelo Banco Mundial, de reduzir a participação estatal a um benefício mínimo, como alerta Osvaldo Coggiola, em seu artigo “A Falência Mundial dos Fundos de Pensão”

Como se pode observar, há uma tendência geral do capitalismo de reduzir a “seguridade social” a um “benefício universal básico” (“renda cidadã”, “renda mínima”, etc.) e que qualquer benefício acima seja coberto diretamente pelo trabalhador, com contribuições obrigatórias ou voluntárias para companhias ou fundos privados. A proposta em favor da “renda cidadã” – um salário ou aposentadoria mínima para todos os cidadãos – inscreve-se dentro da tendência do capitalismo de destruir a seguridade social surgida nos anos 40 e 50. A ponta de lança desta reforma é o Banco Mundial, que a batizou como a “previdência dos três patamares”. Um primeiro patamar seria estatal, daria lugar a um benefício básico definido fixo ou com um piso e um teto, equivalente a uma cesta básica de indigência. Este “patamar” seria financiado com contribuições dos trabalhadores ou diretamente pelo Estado sobre a base dos impostos gerais. Um segundo patamar, seria privado (fundos ou companhias de seguros) com contribuições obrigatórias dos trabalhadores acima do porcentual de contribuição do primeiro patamar. O terceiro patamar também seria privado, com contribuições voluntárias dos trabalhadores. Com este esquema, o que se quer é reduzir a aposentadoria estatal de modo a diminuir o gasto em aposentadorias e aumentar os pagamentos da dívida do Estado.

No Brasil, os gastos com a dívida pública já consomem quase a metade dos recursos orçamentários, conforme gráfico a seguir:

Orçamento Geral da União 2010 Por função Total = R$ 1,414 trilhão

Fonte: SIAFI - Banco de Dados Access p/ download (execução do Orçamento da União) Disponível em http://www.camara.gov.br/internet/

orcament/bd/exe2010mdb.EXE. Elaboração: Auditoria Cidadã da Dívida

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O gráfico mostra que enquanto a dívida pública absorveu 45% dos recursos, todas as demais áreas do orçamento encontram-se extremamente sacrificadas, algumas com recursos próximos de zero. A tendência é de que a dívida absorverá cada vez volume maior de recursos pois não pára de crescer: juntas, a dívida externa e a interna já alcançam R$ 3 trilhões, e o Brasil paga as maiores taxas de juros do mundo.

Ora, se todas as demais áreas do orçamento recebem recursos tão exíguos, de onde irão subtrair ainda mais recursos para destinar à dívida? O gráfico revela porque a Previdência Social tem sido alvo de ferrenhos ataques por parte do setor financeiro nacional e internacional: o objetivo evidente, como também alertou o precitado autor Osvaldo Coggiola, é apropriar-se dos recursos que ainda são destinados à Seguridade Social para destiná-los aos juros. Daí os falaciosos discursos de “déficit” da previdência, necessidade de novas reformas e privatização.

O PL-1992/2007 é peça fundamental para a concretização, no Brasil, do modelo idealizado pelo Banco Mundial, pois sem a regulamentação do FUNPRESP, todos os servidores públicos federais serão mantidos na regra anterior, de aposentadoria integral garantida pelo sistema de solidariedade em que todos contribuem com 11% de seus vencimentos brutos. Cabe lembrar que a reforma da previdência encaminhada por Lula ao Congresso em 2003 obrigou também aos aposentados a contribuírem nessa mesma proporção, em flagrante desobediência às regras constitucionais do direito adquirido face ato jurídico perfeito e acabado. Enfim, o STF manteve a regra, utilizando argumentos de ordem econômica.

O PL-1992/2007 representa imenso risco para os servidores, dada a insegurança quanto ao valor do benefício a que terão direito no futuro, pois a modalidade única prevista é a de “Contribuição Definida” mediante a qual os servidores saberão quanto terão que pagar, mas o benefício futuro dependerá do “Mercado”.

Nesse sentido, é importante atentar ao que está ocorrendo com o mercado financeiro, bem como os fundos de pensão em todo o mundo, especialmente a partir da crise financeira deflagrada em 2008 nos Estados Unidos e que logo em seguida passou a atingir toda a Europa.

A situação predominante no mercado financeiro internacional tem sido a desregulamentação, a autonomia do setor financeiro bancário, a liberdade de movimentação de capitais, a especulação e, obviamente, os “Bad Banks” e toneladas de papéis podres que são tratados pela grande mídia como “ativos tóxicos1”.

Os “Bad Banks”, assim como os “big bad banks”, ou “aggregator bank”, foram uma invenção de grandes países do Norte – especialmente Estados Unidos e Alemanha – para servirem de receptáculo para quantidades maciças de papéis considerados problemáticos (produtos financeiros diversos, principalmente derivativos sem lastro) que estavam inundando o mercado financeiro internacional, impedindo seu funcionamento. A emissão descontrolada de tais produtos financeiros foi possibilitada porque os controles existentes, determinados pela SEC2 - órgão criado logo após a crise de 1929 e que desde então exercia o papel de controlar a qualidade e autenticidade dos papéis negociados no mercado financeiro – foram desrespeitados por diversas grandes instituições financeiras�.

Nem todos os ativos problemáticos foram enviados para os “bad Banks”; muitos se encontravam em poder de fundos de pensão que perderam valor e comprometem o futuro de milhões de trabalhadores, como assinalou Osvaldo Coggiola:

Há risco de insolvência nos fundos de pensão dos Estados Unidos: segundo a consultora Merrill Lynch, até 346 fundos de empresas deste país (75% dos componentes do Standard & Poor’s 500) correm o risco de não ter dinheiro suficiente para honrar seus compromissos com os partícipes por culpa da queda das ações das companhias nas quais investiram. As falências totalizam 500 bilhões de dólares: duas Agentinas e meia faliram nos Estados Unidos como produto da crise do capital, levando consigo os fundos de pensões lastreados em suas ações.

Na Europa, a situação não é melhor. A OCDE advertiu sobre o grave risco da queda nas Bolsas sobre os fundos privados de pensão, cuja viabilidade está ligada à evolução dos mercados de renda variável: “Existe o risco de que as pessoas que investiram nesses fundos recebam pouco ou nada depois de se aposentar”.

Constata-se que, mundo afora, o sistema de aposentadoria baseado em fundos de pensão se revelou extremamente inseguro para o trabalhador. De fato, esse sistema não possui sequer lógica nem semântica, isto é, Previdência deve ser sinônimo de Segurança e não deveria lastrear-se em aplicações de risco.

O art. 11 do PL-1992 não permite ilusões quanto ao risco para os servidores federais brasileiros, pois assinala que a responsabilidade do Estado será restrita ao pagamento e à transferência de contribuições ao FUNPRESP. Em outras palavras, se algo funcionar errado com o FUNPRESP; se este adquirir papéis podres ou enfrentar qualquer revés, não haverá responsabilidade para a União, suas autarquias ou fundações.

Os defensores desse sistema costumam argumentar que o mercado pode apresentar resultados altamente superavitários. De fato. Entretanto, no Brasil, a Resolução nº 26/2008 do Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC), do Ministério da Previdência Social, determina que parte de eventuais superávits dos Fundos de Pensão sejam transferidos à entidade patrocinadora. No caso específico da PREVI (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), por exemplo, esta Resolução já permitiu ao Banco do Brasil a apropriação de vários bilhões de reais que deveriam ser destinados às reservas garantidoras dos futuros aposentados, especialmente para prevenir contra crises. Cabe comentar que os lucros do Banco do Brasil distribuídos ao Governo Federal, que ainda é seu maior acionista, são obrigatoriamente destinados ao pagamento da dívida pública, conforme manda a Lei 9.530/1997. Considerando que o governo já admite o direcionamento dos recursos do FUNPRESP para outros fins, caso o PL- 1992 venha a ser aprovado os servidores não terão garantia de usufruir de eventuais superávits obtidos por tal fundo.

Nos Estados Unidos e Europa, imensas somas de recursos públicos se destinaram ao salvamento de instituições financeiras, deteriorando as finanças públicas e gerando imensa dívida pública. A crise do setor financeiro transformou-se em crise da dívida, que está servindo de justificativa para reformas ainda mais drásticas contra os direitos dos trabalhadores tanto do setor público quanto do setor privado.

No Brasil, a recente experiência da CPI da Dívida Pública e mais de 10 anos de investigação da Auditoria Cidadã da Dívida têm comprovado inúmeros indícios de ilegalidades e ilegitimidades no processo de endividamento brasileiro. O governo não admite que também vivemos uma crise da dívida, mas encaminha as mesmas propostas que estão vigentes no Norte. O PL-1992 se insere nesse pacote e deve ser fortemente combatido.

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