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JORGE HENRIQUE RIVABEN HISTÓRIA NATURAL DO FERIMENTO DIAFRAGMÁTICO EXTENSO À DIREITA: ESTUDO EXPERIMENTAL EM RATOS Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção de Título de Mestre em Medicina. São Paulo 2011

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Page 1: JORGE HENRIQUE RIVABEN · incidência de hérnias diafragmáticas traumáticas é menor que o número de ferimentos penetrantes de risco para lesão do diafragma na zona de transição

JORGE HENRIQUE RIVABEN

HISTÓRIA NATURAL DO FERIMENTO DIAFRAGMÁTICO EXTENSO À DIREITA:

ESTUDO EXPERIMENTAL EM RATOS

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de

São Paulo para obtenção de Título de Mestre em

Medicina.

São Paulo

2011

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JORGE HENRIQUE RIVABEN

HISTÓRIA NATURAL DO FERIMENTO DIAFRAGMÁTICO EXTENSO À DIREITA:

ESTUDO EXPERIMENTAL EM RATOS

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de

São Paulo para obtenção de Título de Mestre em

Medicina.

Área de concentração: Cirurgia Geral.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Saad Júnior.

São Paulo

2011

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparado pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo

Rivaben, Jorge Henrique

História natural do ferimento diafragmático extenso à direita: estudo experimental em ratos/Jorge Henrique Rivaben. São Paulo, 2011.

Tese de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de pós-graduação em Medicina.

Área de Concentração: Cirurgia Geral

Orientador: Roberto Saad Júnior

1. Diafragma/lesões 2. Ferimentos penetrantes 3. Cicatrização de feridas 4. Hérnia diafragmática 5. Modelos animais 6. Ratos

BC-FCMSCSP/40-11

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Homenagem

À minha família, pelo amor e apoio dado em todas as minhas escolhas.

À minha esposa, Laura, por todo amor, carinho, companheirismo e dedicação

desde os tempos de faculdade.

À minha filha, Marina, minha fonte de amor, alegria e esperança,

representando o sentido maior da minha existência.

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Para bem conhecermos o presente é indispensável

sabermos algo do passado.

Para bem nos prepararmos para o futuro, presente e

passado devem estar na mente.

Nairo França Trench

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Ao Professor Doutor Roberto Saad Júnior:

Iniciei o curso de mestrado acreditando que poderia amadurecer do ponto de

vista acadêmico, e após todos esses anos percebo que ele serviu para isso. Não foi

só o curso que proporcionou este meu desenvolvimento. Sem dúvida o convívio com

professores exemplares foi fundamental em nortear a construção de um modelo para

mim.

Digo isto, pois ao ler o texto abaixo, encontrei todas as qualidades de um

professor na sua pessoa. Tomo a liberdade, com os seus mestres, de transcrevê-lo:

“Dizia-nos um professor de cirurgia que o médico deve adquirir o direito de

fazer livre-docência.

Para isto deve ter: carreira ética e moral inquestionável; projeção como

profissional competente, respeitado e reconhecido pelos seus pares; realizado

carreira universitária profícua e brilhante; obedecido aos trâmites regulamentares,

tais como mestrado, doutorado; publicações científicas de pesquisas ou casos

clínicos em periódicos de alta qualidade; memorial altamente qualificado; linha de

pesquisa produtiva, cujos resultados beneficiem de alguma maneira o doente;

significativa experiência didática; postura profissional inatacável; bom senso,

equilíbrio e respeito no trato com os colegas; participação ativa em congressos

científicos universitários no país e exterior; atividade associativa; maturidade e

equilíbrio pessoal. Enfim, ter adquirido o direito de fazer o concurso de livre

docência.

A carreira universitária de estado termina com o doutorado.

Todavia, a inquietude própria do ser humano atinge também os médicos.

Alguns dos mais bem capacitados julgam seu dever o estudo continuado, a

aquisição crescente de novos conhecimentos e de experiência.

O candidato terá a oportunidade de demonstrar conhecimentos, cultura,

capacidade e ponderação nas respostas às críticas dos examinadores. Ou seja, o

alto nível atingido.

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Aprovado, adquire respeito ímpar dos seus pares, o orgulho nobre dos

familiares, deferência no meio em que trabalha e a estima dos doentes que dele

necessitam.

Árdua batalha vencida.

Tudo se repete por ocasião de outros concursos similares.

Em síntese. A livre docência honra o candidato e a faculdade.

Não é só. O livre docente é o norte para os mais novos tornarem-se

capacitados e substituírem os mestres no momento oportuno. Deve participar

ativamente da vida associativa representando a sua instituição, no círculo virtuoso

daqueles que lutam pela melhoria da qualidade do ensino médico e do exercício da

medicina.” (Rahal, Pereira, 2010).

Após um bom tempo de convívio com o professor Saad, percebo que ele

buscou todos esses princípios descritos e não parou quando os alcançou, pois da

melhor maneira possível os transmitiu aos seus discípulos num trabalho diário,

prolongado e com entusiasmo, mesmo com o passar dos anos.

O interessante é que talvez Vossa Excelência tenha extrapolado e

aperfeiçoado os seus mestres, o que deve deixá-los muito orgulhosos, pois eles são

incisivos nas suas atribuições acadêmicas, e Vossa Excelência, além de ter todos

essas qualidades, desenvolveu um amadurecimento sem igual de convívio social

com seus pares.

Quem mais poderia ensinar aos seus pupilos diferentes emoções na

composição dos prelúdios das peças para piano de Fryderyk Franciszek Chopin?

Professor Saad,

Muito obrigado!

Rahal F, Pereira V. Livre docência por quê? [editorial]. Arq Med Hosp Fac Ciên Méd Santa Casa São Paulo. 2010;55(2):1-2.

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AGRADECIMENTOS

À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e sua Faculdade

de Ciências Médicas, por todos os ensinamentos médicos e humanos adquiridos sob

o olhar de seus arcos acolhedores e pela oportunidade de oferecer as bases para

realizar meu desenvolvimento científico e profissional.

Ao Curso de Pós-Graduação em Medicina com Área de Concentração em

Cirurgia Geral, pela excelência de seus professores e empenho com o aluno.

Aos membros da banca do Exame Geral para Qualificação.

Ao Professor Dr. Marcio Botter, por todo aprendizado em Cirurgia Torácica,

pelos ensinamentos de postura ético-profissional, pela busca do academicismo, pela

amizade verdadeira que se formou entre nós após todos estes anos e pelas

sugestões na correção do trabalho.

À Professora Dra. Jacqueline Arantes Giannini Perlingeiro, pela iniciativa de

iniciar esta linha de pesquisa brilhante fazendo sentido este trabalho existir, pelos

ensinamentos em Cirurgia Torácica e correções sugeridas no curso deste trabalho

desde o seu início.

Ao Professor Dr. Roberto Stirbulov, pelas correções e sugestões na

elaboração deste trabalho, pelos ensinamentos na disciplina de Pneumologia e

postura na busca da formação de um modelo de Professor.

Ao Professor Dr. Luís Carlos Losso, por se tornar um brilhante e reconhecido

ex-aluno da nossa Faculdade de Graduação – Faculdade de Medicina de Marília,

instituição orgulhosa de ser “Filha da Santa Casa de São Paulo”, pelas correções

estruturadas neste trabalho, que com certeza o deixaram melhor.

Ao Prof. Dr. Vicente Dorgan Neto, por ser um ilustre mestre em minha

formação profissional e pessoal. Sem dúvida, colaborou na execução deste trabalho

com sugestões e apoio.

Ao Prof. Dr. Jorge Ethel Filho, pelos ensinamentos em Pneumologia e pela

transmissão sem igual da relação médico-paciente.

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Aos residentes em Cirurgia do Tórax que me antecederam, em especial:

Professor Julio Mott Ancona Lopez, pelos ensinamentos e amizade fortalecida

em todos estes anos.

Professor Roberto Gonçalves, pelos ensinamentos e companheirismo nos

Congressos em que participamos.

Ao Fundo de Amparo de Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo, por acreditar na continuidade desta linha de pesquisa,

realizando assim o seu financiamento.

Ao Prof. Dr. Antônio José Gonçalves, coordenador do Curso de Pós-

Graduação em Cirurgia da FCMSCSP, pelo apoio e incentivo à produção científica.

Aos Diretores do Departamento de Cirurgia, que conduziram o Departamento

com brilhante maestria durante minha jornada pela Irmandade: Prof. Dr. Luiz Arnaldo

Szutan; Prof. Dr. Adhemar Monteiro Pacheco Júnior e Prof. Dr. Carlos Alberto

Malheiros.

Aos professores que antecederam os meus mestres e contribuíram

incisivamente para minha formação até os dias atuais: Prof. Dr. Fares Rahal; Prof.

Dr. Peretz Capelhuchnik, Prof. Dr. Víctor Pereira; Prof. Dr. José Mandia Neto, Prof.

Dr. João Fava. Sem dúvida, todos atingiram o maior grau no conceito da formação

do modelo de um Professor.

Aos professores da disciplina de Urgência e Emergência em Cirurgia, por

propiciarem um ambiente prazeroso em busca do conhecimento, sem o qual este

trabalho não faria sentido: Prof. Dr. José Cesar Assef; Prof. Dr. José Gustavo

Parreira e Prof. Dr. Paulo de Azeredo P. Candelária.

Aos residentes em Cirurgia do Tórax que me sucederam:

Doutor Fabiano Alves Squeff, por ter sido um exemplo de residente

entusiasmado e dedicado, e

Doutor José Alexandre Bizon, por ter tido uma ótima relação com seus

pacientes.

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Aos residentes em Cirurgia do Tórax em cuja formação pude participar,

ensinando e aprendendo da melhor maneira possível:

Dr. Eduardo Salvador Gerace, Dr. Ricardo Alexandre Faria, Dr. Gibran Ribeiro

da Rocha, Dr. Antonio Oliveira dos Santos Júnior, Dr. Hugo Weyssield Mendes, Dra.

Daniela Cristina Almeida Dias e Dr. Aurilio Garcia Lima e Paula.

À Dra. Fernanda Vasquez Daud, veterinária, e à bióloga Andréia Bonizzia,

que contribuíram com seus conhecimentos sobre os animais para a execução deste

trabalho.

À Unidade de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de

Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por oferecer recursos, condições

físicas e materiais para o desenvolvimento do presente trabalho.

À Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo,

pela disponibilidade e agilidade dos bibliotecários na aquisição dos artigos

solicitados.

Aos meus amigos, por sempre estarem ao meu lado em momentos

importantes da vida.

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ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ANOVA....... análise de variância

CPAP.......... pressão positiva contínua na via aérea

cm............... centímetro(s)

cm de H2O.. centímetro(s) de água

FAP............. Fundo de Amparo à Pesquisa

FCMSCSP... Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

g.................. grama(s)

Kg............... quilograma(s)

kgf/cm2....... quilograma força por centímetro quadrado

KCl.............. cloreto de potássio

mg............... miligrama(s)

mg/kg......... miligrama(s) por quilograma

mg/ml......... miligrama(s) por mililitro

ml................ mililitro(s)

mm.............. milímetro(s)

mmol/Kg..... milimolar(s) por quilograma

M pixels...... megapixels

PO............... pós-operatório

Rx............... radiografia

TC............... tomografia computadorizada

ZTTA........... zona de transição toracoabdominal

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 9

2.1 Geral................................................................................................................. 10

2.2 Específicos ....................................................................................................... 10

3. MATERIAL E MÉTODO ........................................................................................ 11

3.1 Animal Escolhido .............................................................................................. 12

3.2 Técnicas Anestésica e Cirúrgica ...................................................................... 13

3.2.1 Técnica Anestésica ................................................................................ 13

3.2.2 Técnica Cirúrgica ................................................................................... 14

3.3 PO e Morte ....................................................................................................... 16

3.4 Estudos Estatísticos ......................................................................................... 19

4. RESULTADOS ...................................................................................................... 22

4.1 Padrões Evolutivos do Ferimento no Diafragma à Direita ................................ 23

4.2 Peso do Animal ................................................................................................ 27

4.2.1 Peso e Padrão Evolutivo dos Grupos de Animais ................................. 28

4.2.2 Delta Percentual de Variação do Peso .................................................. 32

4.3 Não-Cicatrização do Diafragma e Conteúdo Herniado para o Tórax ............... 34

4.4 Participação do Fígado na Cicatrização do Diafragma..................................... 35

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 36

6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 45

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6.1 Geral................................................................................................................. 46

6.2 Específicas ....................................................................................................... 46

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 47

FONTES CONSULTADAS ....................................................................................... 52

RESUMO ................................................................................................................... 54

ABSTRACT ............................................................................................................... 56

LISTAS E APÊNDICES ............................................................................................ 58

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1. INTRODUÇÃO

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Introdução

2

Segundo o conceito atual, o músculo diafragmático lesado por um ferimento

penetrante não sofrerá cicatrização. A teoria aceita para este músculo divisor das

cavidades torácica e abdominal é que existe uma diferença de pressão entre os dois

compartimentos, pressão negativa no tórax e positiva no abdome, e desta maneira

não há a possibilidade de cicatrização no local devido à não-confrontação das

bordas lesadas, pois estão entremeadas com certeza por uma víscera abdominal

(Marchand, 1957).

A incidência da lesão diafragmática identificada em um estudo prospectivo é

de 0,52% em 24.700 hospitalizações de sujeitos feridos, atendidos no serviço de

trauma (Hanna et al., 2008).

A literatura é controversa quando se trata da incidência real de lesão

diafragmática ocasionada por ferimento penetrante na zona de transição

toracoabdominal (ZTTA). Maddem et al. (1989) avaliaram 95 doentes vítimas de

ferimento penetrante na região descrita, e afirma que a lesão do diafragma está

presente em 19% das vezes, sendo que o ferimento é exclusivo do diafragma em

5% das vítimas.

Doentes com ferimento diafragmático exclusivo frequentemente não são

diagnosticados e relatados. Em sujeitos operados devido ao trauma, seja por

laparotomia ou toracotomia, a incidência varia de 4 a 6% de lesão diafragmática

encontrada durante o procedimento, conforme a revisão de Shah et al. (1995).

Demetriades et al. (1988), em discussão de seu trabalho, referem que a

incidência de hérnias diafragmáticas traumáticas é menor que o número de

ferimentos penetrantes de risco para lesão do diafragma na zona de transição

toracoabdominal, supondo que deva haver algum mecanismo de cicatrização.

Ele sustenta esta hipótese, pois foram 10 casos de hérnia tardia tratadas em

sua casuística, em 7.000 sujeitos atendidos no mesmo período em seu serviço, com

ferimentos penetrantes no tórax.

A conduta para esse local é de ser muito conservadora no tratamento não-

operatório para tais ferimentos, no entanto todos os esforços são realizados para

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Introdução

3

fazer o diagnóstico da lesão diafragmática não percebida, uma vez que sabemos ser

alta a mortalidade no diagnóstico tardio destas lesões.

O diafragma é composto por uma estrutura músculo-tendínea dividindo as

cavidades torácica e abdominal. Sua forma é em cúpula e consegue assumir este

formato porque é um músculo arqueado, fino, plano e forte. Vale lembrar que o

diafragma é uma das características estruturais presentes apenas nos mamíferos

(Fisher, Bodenstein, 2006; Anraku, Shargall, 2009).

A lesão diafragmática das vítimas que chegam com vida na sala de

emergência, sem levar em consideração a etiologia do trauma, no geral ocorre mais

frequentemente no lado esquerdo, já que 75% das hérnias agudas são encontradas

neste lado do tórax (Scharff, Naunheim 2007).

Alguns autores defendem que o diafragma à direita tem menor risco de sofrer

lesão diafragmática, pois o fígado faz um efeito de amortecedor, assim protegendo

este lado diafragmático (Ilgenfritz, Stewart, 1992). Todavia, o diafragma à direita

pode ser avulsionado em vítimas que sofreram acidentes de alta energia com

aumento súbito da pressão intra-abdominal e herniação do fígado.

Quando a etiologia do trauma é por agente penetrante, principalmente por

arma branca, o lado mais acometido também é o esquerdo, porquanto a maioria dos

agressores é de destros (Hanna, Ferri, 2009).

No entanto, um estudo efetuado em necrotério mostra que a incidência da

lesão é a mesma para os dois lados do diafragma, quando avaliadas vítimas de

morte violenta que não receberam cuidados médicos (Aun et al., 1982).

Alguns doentes com ferimento penetrante por arma branca no tórax

apresentam-se assintomáticos no Pronto-Socorro, inclusive sem repercussões

clínicas. Avaliando estes doentes não se evidenciam lesões torácicas pelo exame

físico ou radiografia (Rx) de tórax na admissão (Kerr et al., 1989).

Os ferimentos na chamada ZTTA estão diretamente relacionados com lesão

diafragmática, sendo a sua principal causa. A alta suspeita clínica é a única maneira

de buscar o diagnóstico em doentes com pouca sintomatologia e mecanismo de

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Introdução

4

trauma de baixa energia nos ferimentos penetrantes desta área especial (Hanna,

Ferri, 2009).

Os limites desta região, ZTTA, são descritos por Maddem et al. (1989).

Limites superiores são: o quarto espaço intercostal anteriormente, ponta da escápula

posteriormente, sexto espaço intercostal lateralmente, tendo como limite inferior o

epigástrio e toda a margem costal.

Quanto ao tamanho do ferimento, as grandes lacerações tendem a ser

sintomáticas na fase aguda do trauma, levando à facilidade quanto ao diagnóstico.

Porém, as pequenas lesões dificultam o diagnóstico na fase aguda, quando

não ocorre herniação evidente, além de se tornarem anel herniário para que vísceras

abdominais aí se encarcerem, contribuindo para complicações na fase tardia

(Feliciano et al., 1988).

Os ferimentos crônicos e esquecidos têm como principal etiologia os

ferimentos penetrantes de baixa energia (Demetriades et al., 1988).

Após a lesão, é clássica a descrição das três fases dos doentes que evoluem

com hérnia diafragmática (Uribe et al., 1994; Feliciano et al., 1988; Reber et al.,

1998; Scharff, Naunheim, 2007).

1) fase inicial após o trauma, em que pode haver ou não o diagnóstico e

tratamento;

2) fase intermediária, que pode ser sintomática ou oligossintomática com

sintomas inespecíficos (dispepsia, dor torácica e/ou abdominal, dispneia,

entre outros);

3) fase tardia, que pode evoluir por anos até que ocorram complicações

como encarceramento e estrangulamento de vísceras abdominais no

interior do tórax, com necrose e perfuração destas.

O notável problema das lesões diafragmáticas é a frequente dificuldade no

diagnóstico dessas lesões. A lesão diafragmática despercebida ou não

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Introdução

5

diagnosticada representa um dos maiores desafios para a cirurgia traumatológica,

pois sua evolução é incerta.

Os estudos mostram que cerca de 31% dos ferimentos diafragmáticos são

diagnosticados no pré-operatório. A maioria destes doentes tem o diagnóstico feito

após a cirurgia, confirmando a lesão diafragmática não suspeitada no Rx de tórax na

admissão (Meyers, McCabe, 1993).

A sintomatologia às vezes é frustrante com o exame físico podendo ser

normal, bem como o Rx de tórax. Outros métodos, como a exploração digital do

ferimento, lavagem peritoneal, ultrassonografia e tomografia de tórax apresentam

pouca especificidade para a realização diagnóstica (Soldá, 2002).

O Rx de tórax em ferimentos penetrantes tem maior probabilidade de falso-

negativo. A associação de exames seriados, contraste oral, sonda nasogástrica

radiopaca e fluoroscopia melhoram a capacidade do Rx de tórax na detecção do

ferimento diafragmático (Meyers, McCabe, 1993).

A tomografia de tórax realizada em doente gravemente ferido por trauma de

tórax fechado pode fazer o diagnóstico de ruptura do diafragma (Trupka et al., 1997).

Na última década, com o avanço dos aparelhos de imagem, representado

pela tomografia de tórax helicoidal com reconstrução coronal e sagital, houve

melhora do diagnóstico da lesão diafragmática no pré-operatório em doentes

estáveis, alcançando sensibilidade de 84% a 94% e especificidade de 77% a 96%

(Larici et al., 2002; Stein et al., 2007).

Pacientes portadores de ferimentos penetrantes nesta região, assintomáticos

e hemodinamicamente estáveis, podem ser submetidos à videotoracoscopia ou

videolaparoscopia para avaliação diafragmática (Dorgan, 1998; Solda, 1994).

Os métodos são motivo de controvérsia quanto à via de acesso mais

adequada para estes doentes. A escolha geralmente é relacionada com a qual o

cirurgião está mais familiarizado.

O fato é que, quando se realiza a toracoscopia e existe lesão do diafragma,

não é possível realizar o inventário da cavidade abdominal através da passagem da

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Introdução

6

óptica pelo orifício, pois são necessárias pinças auxiliares para manipulação dos

órgãos abdominais. Desta maneira, é oportuna a associação da laparoscopia.

Um fato interessante é que a lesão isolada do diafragma, que era observada

em cerca de 2% a 12% dos ferimentos da transição toracoabdominal, passou a

incidir em aproximadamente 25% dos casos após a utilização da videocirurgia, o que

pode sugerir que alguns doentes submetidos a simples observação, sem

confirmação da lesão por métodos não-invasivos, tenham recebido alta hospitalar

com lesão despercebida (Soldá, 2002).

A história natural da lesão diafragmática despercebida não está totalmente

compreendida para Demetriades et al. (1988), o qual observa que em alguns casos

poderá ocorrer a cicatrização espontânea do músculo diafragmático diante de um

ferimento penetrante, pois muitos doentes que sofreram ferimento com potencial de

lesão diafragmática não foram investigados e evoluíram sem intercorrências

(Demetriades et al., 1988).

Quando a lesão evolui com herniação de órgãos abdominais para o tórax, em

20% dos casos pode haver evolução para estrangulamento, com alto grau de

morbidade e mortalidade (Feliciano et al., 1988).

A mortalidade na fase aguda geralmente não se dá pela lesão diafragmática e

sim por lesões associadas (Hirshberg et al., 1989). A morbidade e a mortalidade na

fase tardia podem chegar a 20-30% e a 36-48%, respectivamente (Moore et al.,

1980; Feliciano et al., 1988).

Sem dúvida, alguns desses casos evoluíram com hérnia crônica, complicada

ou não. Madden et al. (1989), numa revisão de 28 publicações, observaram um

índice de 20% de complicações de hérnias despercebidas, a maioria devido a

estrangulamento intestinal, com índice de 36% de mortalidade.

Os trabalhos mostraram que o diagnóstico de lesão diafragmática,

principalmente no grupo de doentes estáveis e pouco sintomáticos, é um desafio

ante os métodos atuais não-invasivos. Acreditamos que muitos doentes podem ter

lesão diafragmática despercebida e que não ocorrerá a sua cicatrização, assim

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Introdução

7

evoluindo necessariamente para uma herniação de vísceras abdominais para o

tórax, com elevado risco de complicações e morte.

Na realidade, os conceitos atuais para a evolução natural dos ferimentos

diafragmáticos ainda não estão totalmente explicados e precisam ser melhor

estudados.

Uma vez que há indícios de que pode ocorrer a cicatrização do diafragma, o

grupo da Santa Casa de São Paulo iniciou estudos experimentais sobre esta dúvida.

Perlingeiro (2001), na defesa de sua tese de doutorado na Faculdade de

Ciências Médicas de São Paulo (FCMSCSP), elaborou um modelo experimental em

ratos para ferimento perfurocortante diafragmático bilateral e estudou sua evolução

natural.

Foi o primeiro trabalho que originou a linha de pesquisa. Ele questiona se

poderia ocorrer a cicatrização desse órgão perante uma lesão realizada por

videolaparoscopia de 5% da superfície diafragmática. A conclusão de sua tese é que

a cicatrização espontânea não só é possível, como é predominante em 86% dos

animais no diafragma esquerdo, e 100% à direita.

Gonçalves (2008), em sua tese de mestrado dando continuidade à pesquisa de

Perlingeiro, realizou outro estudo em ratos provocando uma lesão somente à esquerda

e de maior tamanho – uma área de 30% à esquerda. Gonçalves concluiu que na

maioria dos animais não ocorre a cicatrização do diafragma esquerdo, no entanto a

cicatrização do diafragma foi encontrada em alguns animais (7,5% dos ratos).

Gamblin et al. (2004) desenvolveu um modelo de lesão diafragmática

penetrante e formulou a hipótese de que nem toda lesão diafragmática evoluiria para

hérnia, sendo que uma pequena lesão penetrante no diafragma iria cicatrizar

espontaneamente. Os animais foram acompanhados por dez meses e 96% deles

tiveram o diafragma cicatrizado; apenas um animal evoluiu para a não-cicatrização

do ferimento, com o tamponamento do fígado por entre as bordas do diafragma.

Espada (2006) analisou a evolução inicial do processo de cicatrização do

músculo diafragmático após ferimento perfurocortante não tratado cirurgicamente. Para

isso, efetivou um modelo com ratos. A lesão diafragmática sempre foi realizada do lado

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Introdução

8

esquerdo, com ferimento de 5 mm. Os animais foram estudados após a eutanásia entre

24 horas e 7 dias, identificando-se a cicatrização em 20% dos animais.

Analisando os dados desses trabalhos sobre lesão do diafragma de ratos,

temos que:

1) Ferimento pequeno à esquerda na maioria dos animais cicatriza.

2) Ferimento pequeno à direita cicatriza em todos os animais.

3) Ferimento extenso à esquerda cicatriza na minoria dos animais.

Outros autores utilizaram porcos para estudar a evolução da lesão

diafragmática penetrante não tratada (Zierold et al., 2001; Shatney et al., 2003).

Concluíram que nesses animais a cicatrização do músculo também é possível.

Fica claro que há poucos trabalhos estudando a evolução natural da lesão

diafragmática não tratada produzida por agente penetrante. Os trabalhos

experimentais existentes estudaram lesão de pequena dimensão bilateral, ou lesão

de grande extensão no diafragma esquerdo.

Assim sendo, decidimos continuar o estudo deste assunto acompanhando a

história natural da cicatrização do diafragma à direita, que sofreu um ferimento

extenso por agente perfurocortante.

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2. OBJETIVOS

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Objetivos

10

2.1 Geral

Avaliar macroscopicamente a cicatrização natural do diafragma de ratos após

um ferimento perfurocortante extenso à direita.

2.2 Específicos

1) Avaliar a participação do fígado na cicatrização do diafragma.

2) Avaliar o peso dos animais no pré e pós-operatório (PO).

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3. MATERIAL E MÉTODO

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Material e Método

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O projeto de pesquisa foi enviado para apreciação da Comissão de Ética em

Experimentação Animal da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo (FCMSCSP), que emitiu parecer favorável referente às normas de

experimentação animal (Anexo 1).

Após o aval positivo mencionado, o projeto de pesquisa concorreu à bolsa do

Fundo de Amparo à Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de

São Paulo (FAP–FCMSCSP), junto à Comissão Científica que o agraciou com o

financiamento solicitado para compra dos animais, gasto de materiais e manutenção

no biotério dos ratos.

O Estudo foi realizado na Unidade de Técnica Cirúrgica Experimental

(UTECE) do Departamento de Cirurgia da FCMSCSP.

3.1 Animal Escolhido

Utilizamos os animais Rattus norvegiccus allbinus, conhecidos como linhagem

da raça Wistar albinos. O estudo seguiu os cuidados éticos conforme as normas

locais, nacionais e internacionais que regem a pesquisa de animais de laboratório

(Bankowisk, Howard-Jones, 85; IMSCSP, 2010; Raymundo, 2002; ILAR, 96).

Os animais eram recebidos com cerca de noventa dias de vida, mantidos em

gaiolas coletivas por dez dias, com densidade populacional de cinco animais por

Bankowski Z, Howard-Jones N. Biomedical Research Involving Animals: Proposed International Guiding Principles. CIOMS c/o World Health Organization. Geneva 1985. ISBN 92.9036.017.8Sw.fr.25. Disponível em: http://www.cioms.ch/publications/frame_available_publications.htm

Irmandade de Misericórdia da Santa Casa de São Paulo (IMSCSP). Comissão de Ética no Uso de Animais [online]. Orientação ao pesquisador. São Paulo, 2010. Disponível em: http://www.santacasasp.org.br/comissoes.

Raymundo MM, Goldim JR. Ética da pesquisa em modelos animais. Bioética. 2002;10(1):31-44.

United States. National Academy Press. Institute of Laboratory Animal Resources (ILAR). Guide for the care and use of laboratory animals. Washington (D.C); National Academy Press; 1996:1-35.

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Material e Método

13

gaiola, com acesso livre e irrestrito à água e a alimentos indicados para roedores.

Vigorou um ciclo claro-escuro de doze horas (luz acesa das 7:00h às 19:00h).

As gaiolas eram de plástico translúcido medindo 40 x 33 x 17cm, com tampa

de grade metálica onde água e ração balanceada para roedores encontravam-se

permanentemente disponíveis. As gaiolas eram higienizadas rotineiramente e

forradas com maravalha autoclavada (Damy et al., 2010).

A identificação de cada animal foi realizada por números arábicos feitos nas

regiões da cauda e da orelha com caneta hidrocolor vermelha de tinta permanente.

3.2 Técnicas Anestésica e Cirúrgica

3.2.1 Técnica Anestésica

Após a ambientação dos animais por dez dias, eles eram submetidos a dez

horas de jejum antes do procedimento em sua própria gaiola.

Todos os animais operados foram anestesiados através da aplicação

intraperitoneal, com uma seringa e agulha número 22, utilizando uma solução de

cloridrato de cetamina [Ketalar®] na dose de 50mg/kg, e cloridrato de xilazine

[Anasedam®] na dose de 5mg/kg (Fig.1).

Figura 1: Técnica para aplicação do anestésico por via intraperitoneal.

Damy SB, Camargo RS, Chammas R, De Figueiredo LFP. Aspectos fundamentais da experimentação animal – aplicações em cirurgia experimental. Rev Assoc Med Bras. 2010;56(1):103-11.

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Material e Método

14

Após a aplicação do anestésico, esperávamos até que o animal apresentasse

clinicamente o plano anestésico desejado, sendo testado pela apreensão das patas

com pinça, para averiguação da ausência do reflexo de retirada.

O animal anestesiado foi posicionado em decúbito dorsal sobre a prancha

operatória com as patas fixas lateralmente. Realizamos então tricotomia abdominal

com máquina elétrica de tosa número um, seguida de medidas de assepsia e

antissepsia com polivinilpirrolidona iodo a 10%, e da colocação de campos

esterilizados.

O animal sob anestesia era assistido do ponto de vista ventilatório com

máscara de CPAP adaptada com tubo de borracha à pressão de 1,5 kgf/cm2 e PEEP

de 2 cm de H2O (Fig. 2).

FIGURA 2: Ventilação com máscara de CPAP com o animal anestesiado e posicionado na mesa.

3.2.2 Técnica Cirúrgica

O peso do animal foi aferido por balança convencional antes do procedimento

operatório, chamado de peso inicial. Foi utilizada uma balança eletrônica digital

modelo 9094 da Toledo, com precisão de um grama.

Os animais anestesiados foram submetidos à incisão laparotômica mediana,

iniciando próximo ao apêndice xifoide, com extensão de três centímetros, seguida pelo

descolamento do espaço subcutâneo e abertura da cavidade peritoneal na linha Alba.

Apresentou-se a porção direita do diafragma, e a seguir foi provocada lesão

perfurocortante com lâmina de bisturi número 15 (Fig. 3).

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Material e Método

15

FIGURA 3: Porção direita do diafragma visibilizada após a laparotomia mediana. A área circundada mostra o instrumento que provocou o ferimento e o sentido em que o diafragma foi incisado (seta).

O ferimento padronizado iniciava-se na borda lateral diafragmática em sua

inserção costal. Após a incisão inicial na porção diafragmática costal, aguardamos o

colabamento pulmonar ipsolateral no intuito de não provocar lesões

parenquimatosas pulmonares com prováveis fístulas aéreas. Prosseguia-se o

ferimento até próximo do centro tendíneo, sem incluí-lo (Fig. 4).

FIGURA 4: Aspecto da porção direita do diafragma após sofrer um ferimento extenso; área circundada com o afastamento das bordas.

A síntese da parede abdominal foi realizada por planos. No fechamento da

aponeurose utilizamos o polipropileno 4.0 em chuleio contínuo, e no tecido celular

subcutâneo associado à pele utilizamos o mononylon 4.0 com pontos separados e

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Material e Método

16

invertidos. Detalhe fundamental: antes de fechar completamente o abdome (faltando

três pontos finais), pedimos ao anestesista veterinário para hiperinsuflar os pulmões,

procedimento seguido de manobra de Valsalva.

Todos os animais foram operados pela mesma equipe cirúrgica.

Os animais eram assistidos até o final do efeito anestésico (por cerca de 20

minutos). Eles foram hidratados por aplicação subcutânea com 5 ml de soro

fisiológico a 0,9% após o término do procedimento, e passaram por período de

recuperação em ambiente separado e aquecido. Quando bem despertos, foram

devolvidos à suas gaiolas individualmente.

3.3 PO e Morte

Após o procedimento os ratos foram mantidos vivos durante 21 dias no

biotério da UTECE. Neste período os animais receberam analgesia para dor intensa

nos dois primeiros dias; utilizamos sulfato de morfina [Dimorf®] 2,5 mg/kg por via

subcutânea três vezes ao dia, associado por via oral ao analgésico acetominofenol

[Tylenol®] 1-2 mg/ml na água do bebedouro para controle da dor no PO diariamente

por sete dias, e alimentação ad Libitum.

Após os 21 dias, os animais foram pesados e anotamos estes dados

chamando-os de peso 21 dias.

Os animais foram então mortos de acordo com as normas internacionais de

eutanásia de animais de laboratório (AVMA, 2001) com a técnica anestésica acima

descrita, seguida de injeção letal intracardíaca de solução de cloreto de potássio

(KCl) a 10% na dose de 2 mmol/kg. Após a morte do animal iniciamos o estudo

necroscópico (Fig. 5).

AVMA Guidelines on euthanasia [citado 2011]. Disponível em: http://www.avma.org/issues/animal_welfare/euthanasia.pdf.6. 2000 Report of the AVMA Panel on euhanasia. J Am Vet Med Assoc. 2001;218(5):669-9.

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Material e Método

17

FIGURA 5: As incisões, torácica e abdominal, foram realizadas para a necroscopia do animal.

As incisões, laparotomia e a bitoracotomia, foram utilizadas para a

necroscopia. Após a abertura ampla das cavidades, anotamos a posição dos órgãos

abdominais como eles foram encontrados, se apenas na cavidade abdominal ou

identificados herniados para a cavidade torácica.

Seguimos para o estudo do diafragma e observamos se este estava

cicatrizado ou não, bem como a relação do fígado com ele, e a passagem ou não de

vísceras abdominais por entre suas bordas.

Finalizamos a necroscopia com a dissecção de todo o diafragma pela

desinserção costal e liberação das vísceras presentes na lesão diafragmática.

Cada animal foi colocado sobre prancha cirúrgica e fotografado por câmera

digital, modelo Sony®, Cyber-Shot DSC-P73, resolução de 3.2M pixels, mantida em

tripé a uma distância constante de 34 cm. A imagem obtida foi importada para

arquivo de computador. O músculo foi fotografado (Figs. 6 e 7) e então armazenado

em um frasco com solução de formaldeído a 10 %.

Laparotomia

Bitoracotomia

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Material e Método

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FIGURA 6: Visibilização do diafragma e sua relação com vísceras abdominais após eutanásia e dissecção dos animais.

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Material e Método

19

FIGURA 77: Diafragma dissecado, visão torácica da sua superfície. Círculo mostra área nacarada, demonstrando a porção onde ocorreu a lesão e posterior cicatrização completa do músculo, com aspecto fibroso-cicatricial.

3.4 Estudos Estatísticos

A amostra constituiu-se de 40 animais por conveniência no momento do

estudo. Dez animais foram mantidos em baias coletivas, mas não foram operados.

Estes compuseram o grupo controle para o peso.

Dois animais foram excluídos da análise, pois morreram com menos de 21

dias.

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Material e Método

20

Para as variáveis qualitativas nominais calculamos a distribuição da

frequência. Elas são:

Variáveis quanto à cicatrização:

1. Cicatrização do diafragma.

2. Não-cicatrização do diafragma, divididos os animais em subgrupos:

a. Hérnia.

b. Lesão diafragmática sem hérnia

Variáveis quanto ao conteúdo herniado do abdome para o tórax:

3. Cólon

4. Intestino delgado

5. Omento

6. Estômago

7. Baço

8. Fígado

Variáveis da relação do fígado com a cicatrização do diafragma:

1. Fígado aderido

2. Fígado não-aderido

Variáveis da relação do fígado com a não-cicatrização do diafragma

3. Fígado aderido

4. Fígado não-aderido

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Material e Método

21

A variável quantitativa contínua “peso corporal” foi coletada em dois

momentos, no pré-operatório nomeado inicial, e na morte nomeada 21 dias. Esta

variável foi analisada descritivamente nos momentos relatados utilizando medidas de

tendência central (Massad et al., 2004).

Para a comparação dos grupos (controle, cicatrização e não-cicatrização) em

relação à variável contínua peso, utilizamos a análise de variância (ANOVA), desde

que as suposições de normalidade dos dados e de homogeneidade de variância

fossem satisfeitas. Tais verificações foram obtidas, respectivamente, através dos

testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene (Neter et al., 1990).

No caso de a diferença entre os grupos ser estatisticamente significante ao

nível de confiança de 5% (p<0,05), utilizamos o teste de Tukey’s para comparações

dois a dois.

No caso de alguma das suposições da ANOVA não ser satisfeita, aplicamos o

teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. E com a diferença entre os grupos

estatisticamente significante, utilizamos então o teste de Mann Whitney, com

correção de Bonferroni para comparações dois a dois (Noether e Dueker, 1990).

Testes estatísticos foram utilizados, como a análise de variância a um fator,

análise de variância com medidas repetidas, teste de Dunn, teste não-paramétrico de

Kruskal-Wallis para estudos de diferença significativa (adotado com significante p<0,05).

Os dados foram coletados e armazenados em um banco de dados utilizando

programas computacionais MS-Office Excel 2003® para Microsoft Windows XP

Home® e MS-Office Word 2003® para Microsoft Windows XP Home®.

Massad E, Menezes RX, Silveira SPP, Ortega NRS. Métodos Quantitativos em Medicina. São Paulo: Manole; 2004.

Neter J, Kutner M, Wasserman W, Nachtsheim CJ. Applied Linear Statistical Models. 4° ed. New York: McGraw-Hill/Irwin; 1990.

Noether GE, Dueker M. Introduction to Statistics: The Nonparametric Way. Springer Texts in Statistics. New York: Springer; 1990.

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4. RESULTADOS

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Resultados

23

Foram analisados 40 ratos neste estudo. Dez animais constituíram o grupo

controle para o peso e 30 foram operados.

Dois animais morreram no PO, assim a mortalidade operatória foi de 6%. As

mortes ocorreram no segundo e no terceiro dia. Estavam ambos com hérnia

diafragmática e insuficiência respiratória. Estes dois animais foram excluídos da

análise estatística.

Portanto, neste estudo analisamos 38 animais.

4.1 Padrões Evolutivos do Ferimento no Diafragma à Direita

Os animais estudados apresentaram dois tipos de padrão evolutivo do

ferimento no diafragma à direita, observado no exame necroscópico após a

eutanásia, compreendendo os seguintes grupos:

1. Cicatrização do diafragma (Fig.8).

2. Não-cicatrização do diafragma, dividido em subgrupos:

a. Hérnia (Fig. 9 e 10).

b. Lesão diafragmática sem hérnia (Fig. 11).

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Resultados

24

FIGURA 8: Área circundada mostra a cicatrização do diafragma.

Cicatrização macroscópica

do diafragma.

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Resultados

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FIGURA 9: Não-cicatrização do diafragma com presença de hérnia. As vísceras abdominais passaram para a cavidade torácica (setas).

FIGURA 10: Presença de hérnia diafragmática. Neste animal todos os órgãos abdominais móveis estavam na cavidade torácica

FIGURA 11: Lesão diafragmática sem hérnia, área circundada.

Omento

Fígado

Cavidade

Torácica

Lesão diafragmática sem hérnia

Cavidade torácica

Cavidade abdominal e fígado

Não-

cicatrização

do diafragma

e hérnia.

Cólon Delgado

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Resultados

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A distribuição de frequência do padrão evolutivo do ferimento no diafragma à

direita foi de quinze animais com cicatrização do diafragma (54%).

Em treze ratos não houve a cicatrização do diafragma, sendo que onze

animais apresentaram hérnia diafragmática (39%) e, por fim, em dois animais foi

observada somente a lesão diafragmática sem hérnia (7%), como mostra a Tabela 1.

TABELA 1: Distribuição da frequência do padrão evolutivo do ferimento no diafragma à direita em ratos. Observamos a cicatrização do músculo após sofrer um ferimento perfurocortante extenso.

Evolução do ferimento Frequência Porcentagem

Cicatrização do diafragma 15 54%

Não-cicatrização do

diafragma

Hérnia 11 39%

Lesão diafragmática sem

hérnia 2 7%

Total 28 100%

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Resultados

27

4.2 Peso do Animal

O peso de cada animal foi aferido. Os 38 animais no momento inicial

apresentaram média de peso de 221,13 gramas, ao passo que no PO a sua média

foi de 233,63 gramas. O desvio-padrão do peso inicial foi de 13,17, e após 21 dias,

de 33,65. O peso mínimo inicial foi de 201g, e após 21 dias foi de 115g. Observando

o peso máximo temos 252g inicial e 276g em 21 dias (Tab. 2).

TABELA 2: Medidas-resumo para o peso no momento inicial e 21 dias do PO.

Momento N Média DP Mediana Mínimo Máximo

Inicial 38 221,1 13,17 219,5 201 252

21 dias 38 233,6 33,65 242 115 276

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Resultados

28

4.2.1 Peso e Padrão Evolutivo dos Grupos de Animais

Avaliamos as medidas de resumo específicas para cada grupo evolutivo,

representadas na Tabela 3. Notamos que tanto no grupo controle quanto no grupo

cicatrização houve, em média, aumento do peso. No entanto, no grupo não-

cicatrização, a média do peso dos animais diminuiu.

TABELA 3: Medidas-resumo para o peso no momento inicial e 21 dias PO, segundo o grupo de evolução da lesão.

Grupo Momento N Média DP Mediana Mínimo Máximo

Controle

Inicial 10 220,00 11,67 219 204 243

21 dias 10 256,20 13,61 259 231 276

Cicatrização

Inicial 15 221,67 15,85 219 201 252

21 dias 15 241,93 22,04 250 201 272

Não-

Cicatrização

Inicial 13 221,38 13,19 220 205 246

21 dias 13 206,69 38,6 216 115 250

Para investigar a relação da variável peso avaliada em dois momentos e das

variáveis dos grupos do padrão evolutivo da lesão, foi realizada uma análise do

comportamento do peso nos dois momentos em relação às variáveis.

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Resultados

29

O comportamento do peso inicial e do peso de 21 dias PO está representado,

respectivamente, de acordo com os grupos, nas Figuras 12 e 13. Mostramos que os

grupos parecem homogêneos quanto ao peso inicial (Fig. 12) e não-homogêneos

quanto ao peso PO (Fig. 13), indicando uma possível relação entre os grupos e peso

PO.

FIGURA 12: Boxplot do peso inicial em relação ao padrão evolutivo dos grupos de

animais.

Controle Cicatrização Não-cicatrização

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Resultados

30

FIGURA 13: Boxplot do peso 21 dias de PO em relação ao padrão evolutivo dos

grupos de animais.

Através da ANOVA verificamos que os grupos não apresentaram diferença

significativa em relação ao peso inicial (p = 0,952). Ou seja, no início do estudo, os

grupos eram homogêneos quanto ao peso.

Controle Cicatrização Não-cicatrização

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Resultados

31

No entanto as linhas do gráfico abaixo (Fig.14) se cruzam entre o momento

inicial e 21 dias, indicando interação entre peso e os grupos, quando avaliamos as

médias do peso.

FIGURA 14: Gráfico dos grupos avaliando as médias do peso nos momentos inicial e 21 dias.

Controle Cicatrização Não-cicatrização

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Resultados

32

4.2.2 Delta Percentual de Variação do Peso

Para a avaliação dos grupos em relação à variação do peso, calculamos o

delta percentual de variação [(peso final-peso inicial)/peso inicial *100].

Para uma análise exploratória dos grupos em relação ao percentual de

variação do peso calculamos as medidas-resumo representadas na Tabela 4.

Notamos que os grupos apresentaram médias aparentemente diferentes do

percentual de variação do peso, o grupo controle apresentou um aumento médio de

16,51% no peso, o grupo cicatrizado, de 9,22%, enquanto o grupo não-cicatrizado

apresentou diminuição no percentual de variação do peso em média de 6,26%.

TABELA 4: Medidas-resumo para a variação percentual do peso, segundo o grupo de evolução da lesão diafragmática.

Grupo N Média DP Mediana Mínimo Máximo

Controle 10 16,51 4,14 15,88 11,52 23,77

Cicatrizado 15 9,22 8,25 9,83 -5,12 20,09

Não-Cicatrizado

13 -6,26 18,62 -5,12 -49,56 13,88

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Resultados

33

O comportamento do percentual de variação do peso de acordo com os

grupos está representado na Figura 15. Observamos que, aparentemente, os grupos

diferem em relação ao percentual de variação do peso.

FIGURA 15: BoxPlot do percentual de variação do peso em relação aos grupos.

Através do teste de Kruskal-Wallis verificamos que os grupos diferem

significativamente em relação ao percentual de variação do peso (p < 0,001). Pelo

teste de Mann Whitney, com correção de Bonferroni, temos que todos os grupos

diferem entre si (p < 0,016). Ou seja, a variação de peso é significativamente

diferente nos grupos de evolução da lesão.

Controle Cicatrização Não-cicatrização

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Resultados

34

4.3 Não-Cicatrização do Diafragma e Conteúdo Herniado para o Tórax

Na necropsia dos 28 animais foram identificados 13 ratos que não

apresentaram cicatrização do diafragma à direita. O músculo sempre estava com

parte do fígado participando do processo de reparação em seu anel herniário, que

se encontrava na lesão.

Analisando os órgãos herniados desses 13 animais (Fig. 16), encontramos

em 100% dos animais o fígado com alguma porção aderida ao diafragma e/ou

adentrando a cavidade torácica. Seguindo por ordem de freqüência, observamos o

omento em 77% dos ratos; delgado em 62%; cólon em 46%; estômago em 31% e

baço em 15% dos animais.

FIGURA 16: Porcentagem dos órgãos herniados para o tórax através da lesão diafragmática não-cicatrizada em 13 animais.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Fígado 100%

Omento 77%

Delgado 62%

Cólon 46%

Estômago 31%

Baço 15%

Herniação completa 15%

Frequência dos órgãos herniados pelo diafragma não cicatrizado de 13 animais.

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Resultados

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Houve dois animais que apresentavam todas as alças intestinais herniadas

juntamente com o baço, e quase todo o fígado por uma hérnia diafragmática para o

tórax.

4.4 Participação do Fígado na Cicatrização do Diafragma

Observamos nos 15 animais com cicatrização do diafragma que o fígado

estava aderido ao diafragma em sua área previamente lesada. A mesma situação

ocorreu nos 13 animais sem cicatrização do diafragma. Portanto, o fígado aderiu em

100% dos animais operados (Tab. 5).

TABELA 5: Participação do fígado no processo de cicatrização da lesão diafragmática em 28 animais

Fígado e a lesão do diafragma Frequência Porcentagem

Cicatrização diafragma

Fígado aderido 15 54%

Fígado não-aderido 0 0%

Não-cicatrização

do diafragma

Fígado aderido 13 46%

Fígado não-aderido 0 0%

Total 28 100%

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5. DISCUSSÃO

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Discussão

37

A real evolução de uma lesão diafragmática despercebida e isolada,

principalmente quando pequena, é ainda motivo de discussão. A maioria dos autores

acredita que uma vez produzida, esta tende a aumentar progressivamente e

determinará uma hérnia diafragmática (Shackleton et al., 1998) Existe uma

publicação produzida por Waldschmidt, Laws (1980), que afirma não haver caso

documentado de fechamento espontâneo diafragmático independentemente de seu

tamanho.

Em estudo original a respeito, Perlingeiro, em 2001, pesquisou lesão

perfurocortante experimental em ratos através de videolaparoscopia, provando que a

cicatrização espontânea ocorre e predomina quando o tamanho da lesão é de

aproximadamente 5% da superfície do diafragma.

Este trabalho continua a linha de pesquisa iniciada por Perlingeiro (2001) e

prosseguida por Gonçalves (2008), utilizando os mesmos animais, ratos Wistar.

Os animais eram assistidos até o final do efeito anestésico (por cerca de 20

minutos). Este tempo é importante, pois os animais costumam rebaixar a atividade e

às vezes desenvolvem hipóxia, de tal forma que se não prontamente reanimados

com oferta de O2 na máscara de CPAP adaptada, podem evoluir com parada

cardíaca e morte.

Dois animais morreram no PO. A morte ocorreu no segundo e no terceiro dia

de PO – estavam os dois com hérnia diafragmática e insuficiência respiratória.

Acreditamos que estes dois animais morreram em razão de hérnia aguda, fase um,

após o ferimento diafragmático. Nesta fase a hérnia pode evoluir de forma

assintomática, ou os órgãos herniados provocam uma repercussão clínica grave e

aguda em virtude do grande conteúdo herniado para a cavidade torácica.

Em cirurgia experimental, o alojamento individual se impõe. O efeito adverso

provocado em camundongos alojados individualmente ou em duplas na mesma

gaiola, porém separados por uma tela, comparado com alojamento em grupo, em

animais monitorados por telemetria, desde uma semana antes da cirurgia até três

semanas após, indicou que, em grupo, camundongos submetidos à cirurgia

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Discussão

38

abdominal foram menos afetados, e o individual parece ser melhor opção do que

separados por uma tela (Van Loo et al., 2007).

Nossa escolha para o estudo da lesão perfurocortante reside na circunstância

de que é nestas lesões que se tende a adotar tratamentos não-operatórios

(Demetriades et al., 2006; Seamon et al., 2008; Navsaria et al., 2009; De Rezende

Neto et al., 2009; Inaba et al., 2001). No entanto, lesões pequenas e

oligossintomáticas podem não ser percebidas e o doente recebe alta com potencial

de desenvolver complicações graves tardias.

Optamos pelo cloridrato de cetamina, um anestésico de ação dissociativa, por

ter pouca ação hipotensora arterial e depressora sobre a ventilação, associado a

uma rápida metabolização. Não utilizamos bloqueadores neuromusculares para

evitar a intubação orotraqueal e a ventilação mecânica com suas possíveis

complicações, além do fato de ser este procedimento mais uma variável.

A assistência ventilatória foi realizada com máscara de CPAP confeccionada

com tubo de borracha acoplado ao manômetro e ao fluxômetro com garrafa de

oxigênio. Este método de ventilação possibilitou a evacuação do pneumotórax ao

fechar a cavidade abdominal, além de prevenir atelectasias no PO.

A laparotomia mediana xifomesogástrica mostrou-se um excelente acesso ao

diafragma à direita, levando-nos a praticar a lesão experimental diafragmática

exclusiva com segurança, sendo facilmente reproduzida com rapidez em todos os

animais.

O ferimento era realizado de tal forma que lesava apenas a parte muscular do

diafragma até próximo do centro tendíneo, sem incluí-lo. Vasos de maior calibre e

nervos eram evitados para não influenciar na dinâmica e perfusão do músculo (Fig. 4).

Para o cálculo estimado da área do ferimento, utilizamos um diafragma de

rato dissecado após a morte deste e sobreposto a um papel que foi recortado

seguindo as margens diafragmáticas. O papel resultante, agora digitalizado pelo

software Autocad, calculou uma área de 30% que seguiu da margem costal até o

centro tendíneo, e esta foi então a área da nova lesão em questão, proposta por

Gonçalves (2008).

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Discussão

39

Seguimos a mesma metodologia para produzir a lesão, pois observamos que

nos ratos o diafragma é bem simétrico em suas porções musculares à direita e à

esquerda (Fig. 17).

FIGURA 17: O fígado e o baço foram rebaixados para mostrar toda a face diafragmática abdominal.

Detalhe fundamental: antes de fechar completamente o abdome (faltando três

pontos finais), pedimos ao anestesista veterinário para hiperinsuflar os pulmões,

procedimento seguido de manobra de Valsalva, e desta maneira evacuamos o

pneumotórax e prevenimos atelectasias pós-operatórias.

Os estudos em modelos experimentais anteriores já realizados analisaram a

histologia da cicatrização diafragmática (Espada, 2006; Perlingeiro et al., 2007;

Gonçalves, 2008) e mostraram que a cicatrização completa do diafragma é possível,

bem como a sua regeneração muscular e nervosa.

Um possível estudo da influência na evolução da cicatrização do diafragma

por causa de um ferimento penetrante seria fundamental ser realizado com o intuito

de analisar a microscopia da relação do fígado com o diafragma, visto que no estudo

atual ficou bem clara a associação macroscópica do fígado exercendo algum efeito

na cicatrização deste músculo.

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Discussão

40

O fígado teve participação decisiva no processo de cicatrização do músculo

diafragmático. Observamos de forma subjetiva que ele sempre estava aderido à

lesão nos animais cicatrizados com fechamento completo da ferida. A aderência

apresentava-se de uma forma intensa, a ponto de sustentar o próprio peso do

animal (Fig. 18). Medidas poderiam ser realizadas para estudar esta relação.

FIGURA 18: Visibilização do diafragma e sua relação com o fígado após o ferimento. O fígado sempre estava aderido ao músculo. Comparar com a Figura 17 no momento pré-lesão, onde é possível observar todo o diafragma.

Nos animais não-cicatrizados, o fígado também estava aderido à lesão. Era

encontrado por toda a borda, ou adentrando a cavidade torácica, ou até quase

tamponando a lesão.

Outros parâmetros poderiam ser utilizados em um próximo estudo, pois ficou

bem evidente a piloereção nos animais que perderam muito peso e não tiveram a

cicatrização do diafragma. Poderíamos estudar variáveis como: avaliação da

atividade motora, alteração da aparência, como postura encurvada, piloereção,

secreção ocular ou nasal; alteração no temperamento, aumento da agressividade,

relutância em interagir; alteração na vocalização, batimento ou rangido dos dentes,

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Discussão

41

aumento ou diminuição da vocalização; alterações no consumo de alimentos ou

água, perda de peso, diminuição da excreção de urina e fezes; alterações

fisiológicas: nos batimentos cardíacos, taxa respiratória, pressão sanguínea,

saturação de oxigênio, cor da pele.

No momento não há estudos em seres humanos que mostrem o diagnóstico

da lesão diafragmática com segurança, embora alguns autores tenham seguido os

doentes com conduta não-operatória e inferido que houve a cicatrização do músculo

que estava lesado (De Rezende Neto et al., 2009).

Diante de um doente em condição clínica precária, no qual é necessário

realizar uma cirurgia abreviada devido à pouca reserva fisiológica, poderíamos não

tratar o diafragma lesado, assim ganhando tempo para um doente em situação

crítica? Poderíamos acompanhar este doente clinicamente e com exames de

imagem quanto à lesão diafragmática, uma vez que o músculo tem a chance de

cicatrizar naturalmente?

Teríamos coragem de não indicar tratamento operatório para um grupo de

doentes com mecanismo de ferimento diafragmático e condição clínica favorável?

Alguns doentes poderiam se beneficiar com o tratamento não-operatório de possível

lesão diafragmática, como os cardiopatas, obesos mórbidos, entre outros,

considerando que o músculo tem a chance de cicatrizar?

Acreditamos que talvez haverá um lugar no futuro para a conduta expectante

não-operatória nas lesões exclusivas do diafragma produzidas por agente

penetrante.

Um princípio fundamental seria ter o diagnóstico não-invasivo da lesão do

músculo. Classificá-la quanto ao potencial de cicatrização e seguir o doente de uma

maneira segura com avaliações clínicas seriadas, além de exames não-invasivos.

Temos a expectativa de que os novos aparelhos de tomografia

computadorizada possam fazer o diagnóstico dessas lesões com segurança.

Sabemos que o músculo é fino e os aparelhos atuais não possuem uma boa

resolução para a sua avaliação. No entanto, a nova geração de tomógrafos com

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Discussão

42

multidetectores parece ser promissora (Bergin et al., 2001; Larici et al., 2002; Stein

et al., 2007; Khreiss et al., 2009).

Algumas lesões traumáticas, que no passado tinham indicação formal de

tratamento operatório, não mais o têm atualmente. Já é consagrado o tratamento

expectante de lesões de órgãos sólidos, como fígado, baço e rim (Renz, Feliciano,

1994; Renz, Feliciano, 1995; Inaba et al., 2001; Demetriades et al., 2006; De

Rezende Neto et al., 2009).

Feliciano et al. (1988) analisaram 16 lesões do diafragma despercebidas, num

período de nove anos, e observaram que todas resultaram de ferimentos por arma

branca ou de fogo. Os doentes foram atendidos na emergência devido a ferimentos

torácicos penetrantes. Estavam estáveis e assintomáticos; foram submetidos à

drenagem pleural. Se o diafragma estivesse íntegro à palpação digital, exames

seriados de Rx de tórax seriam realizados antes e após a inserção do dreno pleural.

No caso do artigo acima, em um doente o Rx de tórax foi normal; em nove

não foi palpada solução de continuidade no diafragma durante a exploração digital

do ferimento, realizada previamente à drenagem de tórax; em dois a lavagem

peritoneal foi negativa e em quatro a lesão não foi diagnosticada durante a

laparotomia. A lesão predominou no lado esquerdo. Os autores comentam ainda que

a baixa incidência de lesão diafragmática tardia por arma branca à direita diz

respeito à incapacidade de o fígado passar através de ferimentos diafragmáticos

pequenos, ao contrário do que acontece com ferimentos provocados por arma de

fogo, onde a frequência é igual para os dois lados diafragmáticos.

Um estudo realizado por Demetriades et al. (1988) mostrou que em 163

sujeitos com ferimentos penetrantes do diafragma, em três anos, 85% deles foram

decorrentes de arma branca e 15% de arma de fogo. A lesão isolada do diafragma

foi encontrada na operação em 19 sujeitos. O diafragma à esquerda estava lesado

em 123 casos, à direita em 37, e bilateral em 3 casos. A mortalidade geral desses

casos foi de 4,9%, sendo maior nos casos em que o diagnóstico foi tardio. Os

autores comentam que para os casos de lesão diafragmática isolada o diagnóstico

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Discussão

43

deve ser baseado numa tríade de alta suspeita clínica, bom exame físico e Rx de

tórax seriado.

O Professor Saad (2010), certa vez em uma palestra disse: “No trauma

penetrante, toda lesão diafragmática deve ser suturada?” Enfaticamente, voltado

para a plateia e com um diapositivo enorme em suas costas escrito sucintamente a

resposta, seguiu a fala: “Claro que deve!” Continuou a palestra comentando que “8%

das lesões do diafragma são isoladas e assintomáticas, população pequena de

doentes, situação não muito frequente”, e questionou se: “precisamos fazer o

diagnóstico, pois até agora ninguém provou que é possível fazê-lo com segurança

de uma maneira não-operatória”. Continuou ainda dizendo: “ninguém seguiu as

lesões destes doentes não-operados” (Saad, 2010).

Em comunicação pessoal, o próprio Professor comentou que temos

evidências de que o diafragma pode cicatrizar em animais, e no futuro, com a

melhora da acurácia de exames não-invasivos para a lesão do diafragma penetrante

no grupo de doentes já citados, poderíamos possivelmente segui-los de uma forma

segura não-operatória (comunicação pessoal).

No mesmo congresso houve uma mesa redonda sobre ferimentos em regiões

controversas, e Perlingeiro (2010) discorreu sobre o tema: “Condutas nos ferimentos

de transição toracoabdominal”, quando asseverou: “doente que sofreu ferimento em

ZTTA tem um risco maior para a lesão do diafragma, no entanto não é certeza que

tenha um ferimento no músculo”. Este conceito é relevante, pois mostra que o tema

gera muita discussão.

Dorgan (1998), em sua tese de doutorado, “A Videotoracoscopia no Trauma

de Tórax”, informa que trata os doentes por este método, quando se apresentam

hemodinâmica e ventilatoriamente estáveis após o trauma de tórax. Avaliou 51

sujeitos, sendo que 24 doentes apresentaram ferimento na zona de transição

toracoabdominal. A lesão diafragmática foi confirmada em nove deles, ou seja, em

37,5% das vítimas. Este método se mostra adequado para confirmação e exclusão

Saad Jr., R. Comunicação pessoal oral. Professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 2006.

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Discussão

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da lesão diafragmática, além de poder realizar, eventualmente, o tratamento

definitivo em traumatizados selecionados (Dorgan, 2001).

A laparoscopia permite uma avaliação segura do diafragma graças ao

estiramento causado pelo pneumoperitônio, o que facilita a identificação de lesões,

mesmo que pequenas (Soldá, 2002). Um aspecto importante a ser discutido na

videolaparoscopia é a possibilidade de aspiração de conteúdo gastrointestinal para o

tórax quando existe lesão de víscera oca associada à lesão do diafragma, com risco

de contaminação da cavidade pleural. Nesta eventualidade, é possível avaliar o

tórax pela passagem da óptica através do orifício diafragmático, e assim realizar a

lavagem, a aspiração da cavidade pleural e orientar a drenagem torácica.

Sem dúvida muitas questões ainda não foram respondidas, e com o trabalho

original de Perlingeiro (2001) houve o início de uma nova linha de pesquisa em que

devemos experimentar outros tipos de estudo. A fisiopatologia da cicatrização do

diafragma continua precisando de novos modelos experimentais para sustentar ou

refutar os conceitos existentes, e até para propor novas teorias.

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6. CONCLUSÕES

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Conclusões

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6.1 Geral

Há predomínio da cicatrização no diafragma dos ratos à direita, quando o

ferimento perfurocortante no músculo é extenso.

6.2 Específicas

1) Os animais nos quais não houve a cicatrização do diafragma

apresentaram diminuição da variação do peso, ao contrário dos animais

nos quais houve a cicatrização do diafragma, aumentando a variação do

peso.

2) O fígado participou macroscopicamente do processo de cicatrização em

todos os animais operados.

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Referências Bibliográficas

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RESUMO

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Resumo

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Rivaben, Jorge Henrique. História natural do ferimento diafragmático à direita de grande dimensão: estudo experimental em ratos. Tese de Mestrado. São Paulo, 2010.

Objetivo: avaliar a cicatrização natural do diafragma de ratos que sofreram um

ferimento penetrante extenso à direita. Métodos: os animais sofreram uma lesão

penetrante extensa no diafragma. O peso do animal era aferido antes da operação e

com 21 dias. Avaliamos se o diafragma estava cicatrizado ou não. Anotamos a

posição dos órgãos abdominais em que eles foram encontrados no tórax. A amostra

foi de 40 animais. As variáveis estudadas foram peso inicial e em 21 dias de

operados; cicatrização do diafragma, não-cicatrização do diafragma; conteúdo

herniado do abdome para o tórax constituído por cólon, intestino delgado, omento,

estômago, baço e fígado. Resultados: foram analisados 40 ratos. Dez animais

constituíram o grupo controle para o peso e 30 animais foram operados. Dois

animais morreram no PO, sendo assim, 28 animais constituíram o grupo de

operados; nestes ocorreu a cicatrização do diafragma em 15 animais (54%), outros

onze animais apresentaram hérnia diafragmática (39%) e por fim em dois animais

observamos somente a lesão diafragmática sem hérnia (7%). Analisando os órgãos

herniados, encontramos o fígado em 100% dos animais seguido pelo omento em

77%; delgado em 62%; cólon em 46%; estômago em 31% e baço em 15%. Os

grupos controle e de cicatrização do diafragma apresentaram acréscimo significativo

do peso do momento inicial para o momento 21 dias (p< 0,001). O grupo não

cicatrizado não apresentou alteração do peso (p=0,228). Conclusão: há predomínio

da cicatrização no diafragma dos ratos à direita, quando o ferimento penetrante no

músculo é extenso.

Palavras-chave: Cirurgia Torácica; Traumatismo Torácico; Diafragma; Hérnia

Diafragmática Traumática; Experimentação Animal; Cicatrização de Feridas.

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ABSTRACT

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Abstract

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Rivaben, Jorge Henrique. Natural history of diaphragmatic injury to the right of large dimension: an experimental study in rats. Master's Thesis. Sao Paulo 2010.

Objective: to evaluate the natural healing of the diaphragm in rats that suffered

an extensive penetrating injury on the right side. Methods: the animals underwent an

extensive penetrating injury in the diaphragm. The weight of the animal was

measured before operation and at 21 days. We assessed whether the diaphragm

was healed or not. We recorded the position of abdominal organs in which they were

found in the chest. The sample consisted of 40 animals. The variables studied were

initial weight and 21 days of surgery, healing of the right diaphragm, diaphragm

unhealed; herniated abdominal contents into the thorax consisting of colon, small

intestine, omentum, stomach, spleen and liver. Results: 40 rats were analyzed. Ten

animals served as control group for weight and 30 animals were operated. Two

animals died postoperatively, thus 28 animals constituted the group operated; these

were the healing of the diaphragm in fifteen animals (54%), eleven animals showed

diaphragmatic hernia (39%) and finally in two animals we observed only

diaphragmatic injury (7%). Analyzing the herniated organs found the liver in 100% of

animals followed by the omentum in 77%, small bowel in 62%, colon in 46%,

stomach in 31% and spleen in 15%. Healed and control groups show significant

improvement in weight of the moment initial to time 21 days (p <0.001). The

unhealed group showed no change in weight (p = 0.228). Conclusion: predominate

the healing of rat diaphragm to the right, when the penetrating wound in the muscle is

extensive.

Keywords: Thoracic Surgery; Thoracic injuries; Diaphragm; Hernia Diaphragmatic

Traumatic; Animal Experimentation; Wound Healing.

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LISTAS E APÊNDICES

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Listas e Apêndices

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PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA EM EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL - CÓPIA

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Listas e Apêndices

Símbolos das colunas.

1=cicatrização do diafragma (quarta coluna) 2=não cicatrização do diafragma com hérnia (quarta coluna) 3=não cicatrização do diafragma com lesão diafragmática sem hérnia(quarta coluna)

C: controle (quarta a décima primeira coluna)

M: morte (quarta a décima primeira coluna)

A: aderido ao diafragma (quinta coluna) 0= cicatrização do diafragma sem órgãos na cavidade torácica (sexta a décima primeira coluna) Sim= órgão encontrado na cavidade torácica pela hérnia (sexta a décima primeira coluna)

Não= órgão não encontrado na cavidade torácica pela hérnia (sexta a décima primeira coluna)

Animal Inicial 21 dias Cicatrização fígado estômago delgado colon omento rim baço

1 223 276 C C C C C C C C 2 207 231 C C C C C C C C 3 212 246 C C C C C C C C

4 204 231 C C C C C C C C 5 231 265 C C C C C C C C 6 209 243 C C C C C C C C

7 243 271 C C C C C C C C 8 226 258 C C C C C C C C 9 214 243 C C C C C C C C

10 215 253 C C C C C C C C 11 218 218 M M M M M M M M 12 223 223 M M M M M M M M 13 215 204 1 A 0 0 0 0 0 0

14 270 290 1 A 0 0 0 0 0 0 15 225 255 1 A 0 0 0 0 0 0 16 219 263 1 A 0 0 0 0 0 0

17 234 250 1 A 0 0 0 0 0 0 18 225 262 1 A 0 0 0 0 0 0 19 243 240 1 A 0 0 0 0 0 0

20 208 201 1 A 0 0 0 0 0 0 21 280 286 1 A 0 0 0 0 0 0 22 215 217 1 A 0 0 0 0 0 0

23 214 256 1 A 0 0 0 0 0 0 24 201 234 1 A 0 0 0 0 0 0 25 203 221 1 A 0 0 0 0 0 0

26 236 254 1 A 0 0 0 0 0 0 27 208 243 1 A 0 0 0 0 0 0 28 207 216 3 A não não não não não não

29 223 232 3 A não não não não não não 30 212 238 2 A sim sim sim sim não não 31 207 160 2 A sim sim sim sim não não

32 205 230 2 A não sim sim sim não não 33 220 250 2 A não sim não sim não não 34 215 204 2 A não não não sim não não

35 215 194 2 A não não não sim não não 36 260 243 2 A sim não sim não sim sim 37 246 222 2 A sim não sim não não não

38 232 236 2 A não sim não não não não 39 237 115 2 A sim sim sim sim sim sim 40 241 170 2 A não sim sim sim não não