jeane denise de souza menezes adeildo moacir …...2.1.1 aplicação das algas na indústria...

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Biocombustíveis Perspectivas do Desenvolvimento Sustentável Criação Editora JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR COSTA MAGALHÃES DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA

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Page 1: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

B i o c o m b u s t iacute v e i sPerspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevel

ARACAJU 2019

Criaccedilatildeo Editora

JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESADEILDO MOACIR COSTA MAGALHAtildeES

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA

EDITORA CRIACcedilAtildeO

CONSELHO EDITORIAL

Faacutebio Alves dos Santos Luiz Carlos da Silveira Fontes

Joseacute Eduardo FrancoLuiz Eduardo Oliveira MenezesJorge Carvalho do Nascimento

Joseacute Afonso do NascimentoJoseacute Rodorval Ramalho

Justino Alves LimaMaria Inez Oliveira Araujo

Martin Hadsell do NascimentoRita de Caacutecia Santos Souza

wwweditoracriacaocombr

Faculdade Santiacutessimo Sacramento

Direccedilatildeo GeralLucia Maria Saacute Barreto de Freitas

Vice DireccedilatildeoGeidvan Rocha Ramos

Diretor AcadecircmicoFabriacutecio Santos de Faro

Diretoria Administrativa e FinanceiraIvaneide Jardim dos Santos

Secretaacuteria GeralAna Luacutecia Morais Gonzaga

Nuacutecleo de Pesquisa e ExtensatildeoFabriacutecio Santos de Faro

JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESADEILDO MOACIR COSTA MAGALHAtildeESDIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAORGANIZADORES

ARACAJU 2019

Criaccedilatildeo Editora

ARACAJU 2019

Criaccedilatildeo Editora

B i o c o m b u s t iacute v e i sPerspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevel

Projeto graacutefico Adilma MenezesRevisatildeo Marcus PradoFoto capa copy Tan Kian Yong | Dreamstimecom

Proibida a reproduccedilatildeo total ou parcial por qualquer meio ou processo com finalidade de comercializaccedilatildeo ou aproveitamento de lucros ou vantagens com observacircncia da Lei de regecircncia Poderaacute ser reproduzido texto entre aspas desde que haja expressa marcaccedilatildeo do nome dos autores tiacutetulo da obra editora ediccedilatildeo e paginaccedilatildeoA violaccedilatildeo dos direitos de autor (Lei nordm 961998) eacute crime estabelecido pelo artigo 184 do Coacutedigo penal

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)TuxpedBiblio (Satildeo Paulo - SP)

M543b Menezes Jeane Denise de Souza (Org)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel Organizadores Jeane Denise de Souza Menezes Adeildo Moacir Costa Magalhatildees Diogens Marco de Brito da Cruz Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva ndash 1 ed ndash Aracaju - SE Criaccedilatildeo Editora Brasil 2019 112 p il 21 cm

ISBN 978-65-80067-33-6

1 Biocombustiacutevel 2 Biodiesel 3 Cana-de-accediluacutecar 4 Etanol I Tiacutetulo II Organizadores

CDD 6652 CDU 6657537564

__________________________________________________________________________________________________

Iacutendice para Cataacutelogo Sistemaacutetico

1 Tecnologia da induacutestria de oacuteleos e derivados combustiacuteveis

2 Oacuteleos Vegetais e outros (ind de combustiacuteveis) cana-de-accediluacutecar

________________________________________________________________________________________

Ficha catalograacutefica elaborada pelo bibliotecaacuterio Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846

Referecircncia Bibliograacutefica

MENEZES Jeane Denise de Souza (Org) et al Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel 1 ed Aracaju - SE Criaccedilatildeo Editora 2019

A coletacircnea de artigos do livro ldquoBiocombustiacuteveis Perspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo organizado pelo grupo de ini-ciaccedilatildeo cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento sintetiza dois anos de pesquisas voltadas aos combustiacuteveis Essas pesqui-sas iniciaram-se com o estudo das principais praacuteticas ambientais adotadas pelo varejo de combustiacuteveis e posteriormente com o estudo do biodiesel e de um dos seus subprodutos a glicerina de forma a demonstrar a sua importacircncia e as vantagens no cenaacuterio das fontes renovaacuteveis Esta obra tem como objetivo trazer uma compilaccedilatildeo do contexto atual dos biocombustiacuteveis e principal-mente sobre o biodiesel no Brasil e no mundo O livro apresen-ta em seu primeiro capiacutetulo dados sobre o panorama atual dos principais combustiacuteveis e biocombustiacuteveis no Brasil bem como informaccedilotildees referentes agrave produccedilatildeo e consumo dessas fontes re-novaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado Em seu segundo capiacutetulo eacute abordada a produccedilatildeo de patentes no Brasil acerca do biodie-sel demonstrando os principais meacutetodos e tecnologias voltados

PREFAacuteCIO

agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel aleacutem de evidenciar as pers-pectivas e desafios que essa fonte renovaacutevel enfrenta no cenaacuterio econocircmico atual O terceiro capiacutetulo retrata questotildees referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel por meio de microalgas e expondo as aplicaccedilotildees das microalgas para produccedilatildeo de compostos utiliza-dos na induacutestria alimentiacutecia e na produccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados aleacutem de realizar uma correlaccedilatildeo entre as mi-croalgas e o desenvolvimento sustentaacutevel O quarto capiacutetulo traz dados sobre a produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel abor-dando os variados tipos de glicerina e suas amplas aplicaccedilotildees em processos industriais revelando informaccedilotildees referentes agraves suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e permeando questotildees inerentes agrave utilizaccedilatildeo dessa fonte renovaacutevel como mateacuteria-prima para fabri-caccedilatildeo do biodiesel Por fim o quinto capiacutetulo trata de um estudo de caso das praacuteticas ambientais que os postos de combustiacuteveis podem adotar para minimizar os impactos causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis discutindo tambeacutem aspectos relacio-nados ao manuseio dos resiacuteduos gerados nesse segmento Por fim a equipe responsaacutevel pela organizaccedilatildeo deixa aos leitores a oportunidade de se aprofundarem no mundo do biodiesel e suas amplas tecnologias e aplicaccedilotildees buscando assim enriquecer o conhecimento sobre esse biocombustiacutevel e ampliar a gama de in-formaccedilotildees que permeiam essa fonte energeacutetica tatildeo diversificada no mundo

Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento

SUMAacuteRIO

PREFAacuteCIO 5INTRODUCcedilAtildeO 9CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 111 INTRODUCcedilAtildeO 112 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS 13

21 Gasolina 13211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina 15

22 Oacuteleo Diesel 16221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel 19

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS 2031 Biodiesel 20

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel 2332 Etanol 26

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol 284 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 315 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32REFEREcircNCIAS 33ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013 38ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 40

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

41

1 INTRODUCcedilAtildeO 4111 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo 4312 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil 45

2 METODOLOGIA 473 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

49

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 564 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59REFEREcircNCIAS 60

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

63

1 INTRODUCcedilAtildeO 632 AS MICROALGAS 65

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas 66211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia 66212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica 67213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis 68

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL 724 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 75REFEREcircNCIAS 77CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

81

1 INTRODUCcedilAtildeO 8111 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 8312 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado 83

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 853 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 864 CONCLUSAtildeO 91REFEREcircNCIAS 92CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

95

1 INTRODUCcedilAtildeO 952 REFERENCIAL TEOacuteRICO 96

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis 9622 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis 9923 Gestatildeo e praacuteticas ambientais 102

3 METODOLOGIA 1044 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 105

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel 1055 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 107REFEREcircNCIAS 108

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

10

O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

12

parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

15

211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

18

Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

19

221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

20

Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

21

caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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SCHIRMER W N GAUER M A Os biocombustiacuteveis no Brasil panorama atual emissotildees gasosas e os meacutetodos analiacuteticos de monitoramento da qua-lidade do ar referente a gases de natureza orgacircnica Ambiecircncia v 8 n 1 p 157-175 2012

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

97

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

98

Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

99

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

100

propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

101

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

103

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

105

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

107

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

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CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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MUNIZI C BRAGA R M Q L O gerenciamento de oacuteleos lubrificantes usa-dos ou contaminados e suas embalagens estudo de caso de uma empresa de logiacutestica na Regiatildeo Norte do Brasil Revista Eletrocircnica Sistemas amp Gestatildeo v 10 n3 2015 pp 442-457

JABBOUR CJC In the eye of the storm exploring the introduction of envi-ronmental issues in the production function in Brazilian companies Inter-national Journal of Production Research v 48 n 21-22 2010 p 6315-6339

PAIVA D C A C ARRUDA P N SCALIZE P S Avaliaccedilatildeo da Gestatildeo de Resiacuteduos Perigosos em Postos de Combustiacuteveis no Municiacutepio de HidrolacircndiaGO Brasil Revista Tecnia v 1 n 2 2016

ROCHA BS SCALIZE PS ARRUDA PN CRUVINEL KAS Gestatildeo do oacuteleo lubrificante usado em postos de combustiacuteveis no municiacutepio de Teresoacute-polis de GoiaacutesGO Brasil Revista Monografias Ambientais v 13 n 4 p 3673ndash3682 2014

SANTOS R J Sh dos A gestatildeo ambiental em posto revendedor de combus-tiacuteveis como instrumento de prevenccedilatildeo de passivos ambientais 2005 217f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sistemas de Gestatildeo do Meio Ambiente) - Universi-dade Federal Fluminense Niteroacutei 2005

SILVA T A OLIVEIRA K M de descarte de oacuteleos lubrificantes e suas emba-lagens estudo de caso dos postos de gasolina e oficinas da cidade de Ituiuta-ba estado de Minas Gerais Observatorium - Revista Eletrocircnica de Geografia v3 n7 p 101-114 out 2011

Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

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Page 2: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

EDITORA CRIACcedilAtildeO

CONSELHO EDITORIAL

Faacutebio Alves dos Santos Luiz Carlos da Silveira Fontes

Joseacute Eduardo FrancoLuiz Eduardo Oliveira MenezesJorge Carvalho do Nascimento

Joseacute Afonso do NascimentoJoseacute Rodorval Ramalho

Justino Alves LimaMaria Inez Oliveira Araujo

Martin Hadsell do NascimentoRita de Caacutecia Santos Souza

wwweditoracriacaocombr

Faculdade Santiacutessimo Sacramento

Direccedilatildeo GeralLucia Maria Saacute Barreto de Freitas

Vice DireccedilatildeoGeidvan Rocha Ramos

Diretor AcadecircmicoFabriacutecio Santos de Faro

Diretoria Administrativa e FinanceiraIvaneide Jardim dos Santos

Secretaacuteria GeralAna Luacutecia Morais Gonzaga

Nuacutecleo de Pesquisa e ExtensatildeoFabriacutecio Santos de Faro

JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESADEILDO MOACIR COSTA MAGALHAtildeESDIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAORGANIZADORES

ARACAJU 2019

Criaccedilatildeo Editora

ARACAJU 2019

Criaccedilatildeo Editora

B i o c o m b u s t iacute v e i sPerspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevel

Projeto graacutefico Adilma MenezesRevisatildeo Marcus PradoFoto capa copy Tan Kian Yong | Dreamstimecom

Proibida a reproduccedilatildeo total ou parcial por qualquer meio ou processo com finalidade de comercializaccedilatildeo ou aproveitamento de lucros ou vantagens com observacircncia da Lei de regecircncia Poderaacute ser reproduzido texto entre aspas desde que haja expressa marcaccedilatildeo do nome dos autores tiacutetulo da obra editora ediccedilatildeo e paginaccedilatildeoA violaccedilatildeo dos direitos de autor (Lei nordm 961998) eacute crime estabelecido pelo artigo 184 do Coacutedigo penal

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)TuxpedBiblio (Satildeo Paulo - SP)

M543b Menezes Jeane Denise de Souza (Org)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel Organizadores Jeane Denise de Souza Menezes Adeildo Moacir Costa Magalhatildees Diogens Marco de Brito da Cruz Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva ndash 1 ed ndash Aracaju - SE Criaccedilatildeo Editora Brasil 2019 112 p il 21 cm

ISBN 978-65-80067-33-6

1 Biocombustiacutevel 2 Biodiesel 3 Cana-de-accediluacutecar 4 Etanol I Tiacutetulo II Organizadores

CDD 6652 CDU 6657537564

__________________________________________________________________________________________________

Iacutendice para Cataacutelogo Sistemaacutetico

1 Tecnologia da induacutestria de oacuteleos e derivados combustiacuteveis

2 Oacuteleos Vegetais e outros (ind de combustiacuteveis) cana-de-accediluacutecar

________________________________________________________________________________________

Ficha catalograacutefica elaborada pelo bibliotecaacuterio Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846

Referecircncia Bibliograacutefica

MENEZES Jeane Denise de Souza (Org) et al Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel 1 ed Aracaju - SE Criaccedilatildeo Editora 2019

A coletacircnea de artigos do livro ldquoBiocombustiacuteveis Perspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo organizado pelo grupo de ini-ciaccedilatildeo cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento sintetiza dois anos de pesquisas voltadas aos combustiacuteveis Essas pesqui-sas iniciaram-se com o estudo das principais praacuteticas ambientais adotadas pelo varejo de combustiacuteveis e posteriormente com o estudo do biodiesel e de um dos seus subprodutos a glicerina de forma a demonstrar a sua importacircncia e as vantagens no cenaacuterio das fontes renovaacuteveis Esta obra tem como objetivo trazer uma compilaccedilatildeo do contexto atual dos biocombustiacuteveis e principal-mente sobre o biodiesel no Brasil e no mundo O livro apresen-ta em seu primeiro capiacutetulo dados sobre o panorama atual dos principais combustiacuteveis e biocombustiacuteveis no Brasil bem como informaccedilotildees referentes agrave produccedilatildeo e consumo dessas fontes re-novaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado Em seu segundo capiacutetulo eacute abordada a produccedilatildeo de patentes no Brasil acerca do biodie-sel demonstrando os principais meacutetodos e tecnologias voltados

PREFAacuteCIO

agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel aleacutem de evidenciar as pers-pectivas e desafios que essa fonte renovaacutevel enfrenta no cenaacuterio econocircmico atual O terceiro capiacutetulo retrata questotildees referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel por meio de microalgas e expondo as aplicaccedilotildees das microalgas para produccedilatildeo de compostos utiliza-dos na induacutestria alimentiacutecia e na produccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados aleacutem de realizar uma correlaccedilatildeo entre as mi-croalgas e o desenvolvimento sustentaacutevel O quarto capiacutetulo traz dados sobre a produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel abor-dando os variados tipos de glicerina e suas amplas aplicaccedilotildees em processos industriais revelando informaccedilotildees referentes agraves suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e permeando questotildees inerentes agrave utilizaccedilatildeo dessa fonte renovaacutevel como mateacuteria-prima para fabri-caccedilatildeo do biodiesel Por fim o quinto capiacutetulo trata de um estudo de caso das praacuteticas ambientais que os postos de combustiacuteveis podem adotar para minimizar os impactos causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis discutindo tambeacutem aspectos relacio-nados ao manuseio dos resiacuteduos gerados nesse segmento Por fim a equipe responsaacutevel pela organizaccedilatildeo deixa aos leitores a oportunidade de se aprofundarem no mundo do biodiesel e suas amplas tecnologias e aplicaccedilotildees buscando assim enriquecer o conhecimento sobre esse biocombustiacutevel e ampliar a gama de in-formaccedilotildees que permeiam essa fonte energeacutetica tatildeo diversificada no mundo

Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento

SUMAacuteRIO

PREFAacuteCIO 5INTRODUCcedilAtildeO 9CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 111 INTRODUCcedilAtildeO 112 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS 13

21 Gasolina 13211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina 15

22 Oacuteleo Diesel 16221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel 19

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS 2031 Biodiesel 20

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel 2332 Etanol 26

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol 284 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 315 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32REFEREcircNCIAS 33ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013 38ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 40

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

41

1 INTRODUCcedilAtildeO 4111 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo 4312 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil 45

2 METODOLOGIA 473 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

49

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 564 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59REFEREcircNCIAS 60

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

63

1 INTRODUCcedilAtildeO 632 AS MICROALGAS 65

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas 66211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia 66212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica 67213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis 68

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL 724 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 75REFEREcircNCIAS 77CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

81

1 INTRODUCcedilAtildeO 8111 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 8312 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado 83

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 853 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 864 CONCLUSAtildeO 91REFEREcircNCIAS 92CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

95

1 INTRODUCcedilAtildeO 952 REFERENCIAL TEOacuteRICO 96

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis 9622 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis 9923 Gestatildeo e praacuteticas ambientais 102

3 METODOLOGIA 1044 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 105

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel 1055 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 107REFEREcircNCIAS 108

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

10

O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

12

parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

13

2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

14

enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

15

211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

17

estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

REFEREcircNCIAS

ANP - Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis Anuaacuterio estatiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis 2019 Dispo-niacutevel em lthttpwwwanpgovbrbiocombustiveisgt Acesso em 31 mai 2019

ANP - Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis Boletim Mensal do Biodiesel Fevereiro de 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrgt Acesso em 14 mai 2018

ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-BUSTIacuteVIEIS Biocombustiacuteveis 2019 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrwwwanpbiocombustiveisview=defau ltgt Acesso em 09 jun 2019 ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-BUSTIacuteVIEIS Gasolina 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrwwwanppetroleo-derivados155-combustiveis1855-gasolinagt Acesso em 28 jul 2017 ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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SCHIRMER W N GAUER M A Os biocombustiacuteveis no Brasil panorama atual emissotildees gasosas e os meacutetodos analiacuteticos de monitoramento da qua-lidade do ar referente a gases de natureza orgacircnica Ambiecircncia v 8 n 1 p 157-175 2012

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

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CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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poniacutevel em lthttppdfbluchercombrs3-sa-east-1amazonawscomchemi-calengineeringproceedingsvsequfes2016023pdfgt Acesso em 19 jan 2019

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

CAPIacute

TULO

V

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

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_____ Lei nordm 6938 de 31 de agosto de 1981 Dispotildee sobre a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente seus fins e mecanismos de formulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo e daacute outras providencias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacute-lia DF 02 set1981

LORENZETT Daniel B ROSSATO M V A gestatildeo de resiacuteduos em postos de

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

110

abastecimento de combustiacuteveis Revista Gestatildeo Industrial v 6 n 2 Ponta Grossa PR 2010

MACIEL D dos S C FREITAS L S de Utilizaccedilatildeo do meacutetodo FMEA na identificaccedilatildeo e anaacutelise dos impactos ambientais causados pelos postos de combustiacuteveis um estudo de caso Rev Adm UFSM Santa Maria v 7 n 4 p 570-589 dez 2014

MASSOUD J A DAILY B F BISHOP J W Perceptions of environmental management systems An examination of the Mexican manufacturing sector Industrial Management amp Data Systems v 111 n 1 pp5 ndash 19 2011 Dispo-niacutevel em ltdoi10110802635571111099703gt Acesso em 29 jun 2011

MUNIZI C BRAGA R M Q L O gerenciamento de oacuteleos lubrificantes usa-dos ou contaminados e suas embalagens estudo de caso de uma empresa de logiacutestica na Regiatildeo Norte do Brasil Revista Eletrocircnica Sistemas amp Gestatildeo v 10 n3 2015 pp 442-457

JABBOUR CJC In the eye of the storm exploring the introduction of envi-ronmental issues in the production function in Brazilian companies Inter-national Journal of Production Research v 48 n 21-22 2010 p 6315-6339

PAIVA D C A C ARRUDA P N SCALIZE P S Avaliaccedilatildeo da Gestatildeo de Resiacuteduos Perigosos em Postos de Combustiacuteveis no Municiacutepio de HidrolacircndiaGO Brasil Revista Tecnia v 1 n 2 2016

ROCHA BS SCALIZE PS ARRUDA PN CRUVINEL KAS Gestatildeo do oacuteleo lubrificante usado em postos de combustiacuteveis no municiacutepio de Teresoacute-polis de GoiaacutesGO Brasil Revista Monografias Ambientais v 13 n 4 p 3673ndash3682 2014

SANTOS R J Sh dos A gestatildeo ambiental em posto revendedor de combus-tiacuteveis como instrumento de prevenccedilatildeo de passivos ambientais 2005 217f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sistemas de Gestatildeo do Meio Ambiente) - Universi-dade Federal Fluminense Niteroacutei 2005

SILVA T A OLIVEIRA K M de descarte de oacuteleos lubrificantes e suas emba-lagens estudo de caso dos postos de gasolina e oficinas da cidade de Ituiuta-ba estado de Minas Gerais Observatorium - Revista Eletrocircnica de Geografia v3 n7 p 101-114 out 2011

Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

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Page 3: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESADEILDO MOACIR COSTA MAGALHAtildeESDIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAORGANIZADORES

ARACAJU 2019

Criaccedilatildeo Editora

ARACAJU 2019

Criaccedilatildeo Editora

B i o c o m b u s t iacute v e i sPerspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevel

Projeto graacutefico Adilma MenezesRevisatildeo Marcus PradoFoto capa copy Tan Kian Yong | Dreamstimecom

Proibida a reproduccedilatildeo total ou parcial por qualquer meio ou processo com finalidade de comercializaccedilatildeo ou aproveitamento de lucros ou vantagens com observacircncia da Lei de regecircncia Poderaacute ser reproduzido texto entre aspas desde que haja expressa marcaccedilatildeo do nome dos autores tiacutetulo da obra editora ediccedilatildeo e paginaccedilatildeoA violaccedilatildeo dos direitos de autor (Lei nordm 961998) eacute crime estabelecido pelo artigo 184 do Coacutedigo penal

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)TuxpedBiblio (Satildeo Paulo - SP)

M543b Menezes Jeane Denise de Souza (Org)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel Organizadores Jeane Denise de Souza Menezes Adeildo Moacir Costa Magalhatildees Diogens Marco de Brito da Cruz Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva ndash 1 ed ndash Aracaju - SE Criaccedilatildeo Editora Brasil 2019 112 p il 21 cm

ISBN 978-65-80067-33-6

1 Biocombustiacutevel 2 Biodiesel 3 Cana-de-accediluacutecar 4 Etanol I Tiacutetulo II Organizadores

CDD 6652 CDU 6657537564

__________________________________________________________________________________________________

Iacutendice para Cataacutelogo Sistemaacutetico

1 Tecnologia da induacutestria de oacuteleos e derivados combustiacuteveis

2 Oacuteleos Vegetais e outros (ind de combustiacuteveis) cana-de-accediluacutecar

________________________________________________________________________________________

Ficha catalograacutefica elaborada pelo bibliotecaacuterio Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846

Referecircncia Bibliograacutefica

MENEZES Jeane Denise de Souza (Org) et al Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel 1 ed Aracaju - SE Criaccedilatildeo Editora 2019

A coletacircnea de artigos do livro ldquoBiocombustiacuteveis Perspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo organizado pelo grupo de ini-ciaccedilatildeo cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento sintetiza dois anos de pesquisas voltadas aos combustiacuteveis Essas pesqui-sas iniciaram-se com o estudo das principais praacuteticas ambientais adotadas pelo varejo de combustiacuteveis e posteriormente com o estudo do biodiesel e de um dos seus subprodutos a glicerina de forma a demonstrar a sua importacircncia e as vantagens no cenaacuterio das fontes renovaacuteveis Esta obra tem como objetivo trazer uma compilaccedilatildeo do contexto atual dos biocombustiacuteveis e principal-mente sobre o biodiesel no Brasil e no mundo O livro apresen-ta em seu primeiro capiacutetulo dados sobre o panorama atual dos principais combustiacuteveis e biocombustiacuteveis no Brasil bem como informaccedilotildees referentes agrave produccedilatildeo e consumo dessas fontes re-novaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado Em seu segundo capiacutetulo eacute abordada a produccedilatildeo de patentes no Brasil acerca do biodie-sel demonstrando os principais meacutetodos e tecnologias voltados

PREFAacuteCIO

agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel aleacutem de evidenciar as pers-pectivas e desafios que essa fonte renovaacutevel enfrenta no cenaacuterio econocircmico atual O terceiro capiacutetulo retrata questotildees referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel por meio de microalgas e expondo as aplicaccedilotildees das microalgas para produccedilatildeo de compostos utiliza-dos na induacutestria alimentiacutecia e na produccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados aleacutem de realizar uma correlaccedilatildeo entre as mi-croalgas e o desenvolvimento sustentaacutevel O quarto capiacutetulo traz dados sobre a produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel abor-dando os variados tipos de glicerina e suas amplas aplicaccedilotildees em processos industriais revelando informaccedilotildees referentes agraves suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e permeando questotildees inerentes agrave utilizaccedilatildeo dessa fonte renovaacutevel como mateacuteria-prima para fabri-caccedilatildeo do biodiesel Por fim o quinto capiacutetulo trata de um estudo de caso das praacuteticas ambientais que os postos de combustiacuteveis podem adotar para minimizar os impactos causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis discutindo tambeacutem aspectos relacio-nados ao manuseio dos resiacuteduos gerados nesse segmento Por fim a equipe responsaacutevel pela organizaccedilatildeo deixa aos leitores a oportunidade de se aprofundarem no mundo do biodiesel e suas amplas tecnologias e aplicaccedilotildees buscando assim enriquecer o conhecimento sobre esse biocombustiacutevel e ampliar a gama de in-formaccedilotildees que permeiam essa fonte energeacutetica tatildeo diversificada no mundo

Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento

SUMAacuteRIO

PREFAacuteCIO 5INTRODUCcedilAtildeO 9CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 111 INTRODUCcedilAtildeO 112 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS 13

21 Gasolina 13211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina 15

22 Oacuteleo Diesel 16221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel 19

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS 2031 Biodiesel 20

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel 2332 Etanol 26

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol 284 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 315 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32REFEREcircNCIAS 33ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013 38ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 40

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

41

1 INTRODUCcedilAtildeO 4111 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo 4312 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil 45

2 METODOLOGIA 473 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

49

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 564 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59REFEREcircNCIAS 60

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

63

1 INTRODUCcedilAtildeO 632 AS MICROALGAS 65

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas 66211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia 66212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica 67213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis 68

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL 724 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 75REFEREcircNCIAS 77CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

81

1 INTRODUCcedilAtildeO 8111 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 8312 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado 83

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 853 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 864 CONCLUSAtildeO 91REFEREcircNCIAS 92CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

95

1 INTRODUCcedilAtildeO 952 REFERENCIAL TEOacuteRICO 96

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis 9622 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis 9923 Gestatildeo e praacuteticas ambientais 102

3 METODOLOGIA 1044 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 105

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel 1055 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 107REFEREcircNCIAS 108

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

10

O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

12

parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

13

2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

14

enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

15

211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

16

A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

17

estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

18

Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

19

221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

20

Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

21

caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

23

aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

24

tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

25

teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

26

Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

27

ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

28

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

29

2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

30

tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

31

4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

32

Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

33

A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

REFEREcircNCIAS

ANP - Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis Anuaacuterio estatiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis 2019 Dispo-niacutevel em lthttpwwwanpgovbrbiocombustiveisgt Acesso em 31 mai 2019

ANP - Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis Boletim Mensal do Biodiesel Fevereiro de 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrgt Acesso em 14 mai 2018

ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-BUSTIacuteVIEIS Biocombustiacuteveis 2019 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrwwwanpbiocombustiveisview=defau ltgt Acesso em 09 jun 2019 ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-BUSTIacuteVIEIS Gasolina 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrwwwanppetroleo-derivados155-combustiveis1855-gasolinagt Acesso em 28 jul 2017 ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

34

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

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CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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poniacutevel em lthttppdfbluchercombrs3-sa-east-1amazonawscomchemi-calengineeringproceedingsvsequfes2016023pdfgt Acesso em 19 jan 2019

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

CAPIacute

TULO

V

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

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_____ Lei nordm 6938 de 31 de agosto de 1981 Dispotildee sobre a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente seus fins e mecanismos de formulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo e daacute outras providencias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacute-lia DF 02 set1981

LORENZETT Daniel B ROSSATO M V A gestatildeo de resiacuteduos em postos de

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

110

abastecimento de combustiacuteveis Revista Gestatildeo Industrial v 6 n 2 Ponta Grossa PR 2010

MACIEL D dos S C FREITAS L S de Utilizaccedilatildeo do meacutetodo FMEA na identificaccedilatildeo e anaacutelise dos impactos ambientais causados pelos postos de combustiacuteveis um estudo de caso Rev Adm UFSM Santa Maria v 7 n 4 p 570-589 dez 2014

MASSOUD J A DAILY B F BISHOP J W Perceptions of environmental management systems An examination of the Mexican manufacturing sector Industrial Management amp Data Systems v 111 n 1 pp5 ndash 19 2011 Dispo-niacutevel em ltdoi10110802635571111099703gt Acesso em 29 jun 2011

MUNIZI C BRAGA R M Q L O gerenciamento de oacuteleos lubrificantes usa-dos ou contaminados e suas embalagens estudo de caso de uma empresa de logiacutestica na Regiatildeo Norte do Brasil Revista Eletrocircnica Sistemas amp Gestatildeo v 10 n3 2015 pp 442-457

JABBOUR CJC In the eye of the storm exploring the introduction of envi-ronmental issues in the production function in Brazilian companies Inter-national Journal of Production Research v 48 n 21-22 2010 p 6315-6339

PAIVA D C A C ARRUDA P N SCALIZE P S Avaliaccedilatildeo da Gestatildeo de Resiacuteduos Perigosos em Postos de Combustiacuteveis no Municiacutepio de HidrolacircndiaGO Brasil Revista Tecnia v 1 n 2 2016

ROCHA BS SCALIZE PS ARRUDA PN CRUVINEL KAS Gestatildeo do oacuteleo lubrificante usado em postos de combustiacuteveis no municiacutepio de Teresoacute-polis de GoiaacutesGO Brasil Revista Monografias Ambientais v 13 n 4 p 3673ndash3682 2014

SANTOS R J Sh dos A gestatildeo ambiental em posto revendedor de combus-tiacuteveis como instrumento de prevenccedilatildeo de passivos ambientais 2005 217f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sistemas de Gestatildeo do Meio Ambiente) - Universi-dade Federal Fluminense Niteroacutei 2005

SILVA T A OLIVEIRA K M de descarte de oacuteleos lubrificantes e suas emba-lagens estudo de caso dos postos de gasolina e oficinas da cidade de Ituiuta-ba estado de Minas Gerais Observatorium - Revista Eletrocircnica de Geografia v3 n7 p 101-114 out 2011

Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

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Page 4: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

Projeto graacutefico Adilma MenezesRevisatildeo Marcus PradoFoto capa copy Tan Kian Yong | Dreamstimecom

Proibida a reproduccedilatildeo total ou parcial por qualquer meio ou processo com finalidade de comercializaccedilatildeo ou aproveitamento de lucros ou vantagens com observacircncia da Lei de regecircncia Poderaacute ser reproduzido texto entre aspas desde que haja expressa marcaccedilatildeo do nome dos autores tiacutetulo da obra editora ediccedilatildeo e paginaccedilatildeoA violaccedilatildeo dos direitos de autor (Lei nordm 961998) eacute crime estabelecido pelo artigo 184 do Coacutedigo penal

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)TuxpedBiblio (Satildeo Paulo - SP)

M543b Menezes Jeane Denise de Souza (Org)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel Organizadores Jeane Denise de Souza Menezes Adeildo Moacir Costa Magalhatildees Diogens Marco de Brito da Cruz Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva ndash 1 ed ndash Aracaju - SE Criaccedilatildeo Editora Brasil 2019 112 p il 21 cm

ISBN 978-65-80067-33-6

1 Biocombustiacutevel 2 Biodiesel 3 Cana-de-accediluacutecar 4 Etanol I Tiacutetulo II Organizadores

CDD 6652 CDU 6657537564

__________________________________________________________________________________________________

Iacutendice para Cataacutelogo Sistemaacutetico

1 Tecnologia da induacutestria de oacuteleos e derivados combustiacuteveis

2 Oacuteleos Vegetais e outros (ind de combustiacuteveis) cana-de-accediluacutecar

________________________________________________________________________________________

Ficha catalograacutefica elaborada pelo bibliotecaacuterio Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846

Referecircncia Bibliograacutefica

MENEZES Jeane Denise de Souza (Org) et al Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel 1 ed Aracaju - SE Criaccedilatildeo Editora 2019

A coletacircnea de artigos do livro ldquoBiocombustiacuteveis Perspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo organizado pelo grupo de ini-ciaccedilatildeo cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento sintetiza dois anos de pesquisas voltadas aos combustiacuteveis Essas pesqui-sas iniciaram-se com o estudo das principais praacuteticas ambientais adotadas pelo varejo de combustiacuteveis e posteriormente com o estudo do biodiesel e de um dos seus subprodutos a glicerina de forma a demonstrar a sua importacircncia e as vantagens no cenaacuterio das fontes renovaacuteveis Esta obra tem como objetivo trazer uma compilaccedilatildeo do contexto atual dos biocombustiacuteveis e principal-mente sobre o biodiesel no Brasil e no mundo O livro apresen-ta em seu primeiro capiacutetulo dados sobre o panorama atual dos principais combustiacuteveis e biocombustiacuteveis no Brasil bem como informaccedilotildees referentes agrave produccedilatildeo e consumo dessas fontes re-novaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado Em seu segundo capiacutetulo eacute abordada a produccedilatildeo de patentes no Brasil acerca do biodie-sel demonstrando os principais meacutetodos e tecnologias voltados

PREFAacuteCIO

agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel aleacutem de evidenciar as pers-pectivas e desafios que essa fonte renovaacutevel enfrenta no cenaacuterio econocircmico atual O terceiro capiacutetulo retrata questotildees referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel por meio de microalgas e expondo as aplicaccedilotildees das microalgas para produccedilatildeo de compostos utiliza-dos na induacutestria alimentiacutecia e na produccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados aleacutem de realizar uma correlaccedilatildeo entre as mi-croalgas e o desenvolvimento sustentaacutevel O quarto capiacutetulo traz dados sobre a produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel abor-dando os variados tipos de glicerina e suas amplas aplicaccedilotildees em processos industriais revelando informaccedilotildees referentes agraves suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e permeando questotildees inerentes agrave utilizaccedilatildeo dessa fonte renovaacutevel como mateacuteria-prima para fabri-caccedilatildeo do biodiesel Por fim o quinto capiacutetulo trata de um estudo de caso das praacuteticas ambientais que os postos de combustiacuteveis podem adotar para minimizar os impactos causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis discutindo tambeacutem aspectos relacio-nados ao manuseio dos resiacuteduos gerados nesse segmento Por fim a equipe responsaacutevel pela organizaccedilatildeo deixa aos leitores a oportunidade de se aprofundarem no mundo do biodiesel e suas amplas tecnologias e aplicaccedilotildees buscando assim enriquecer o conhecimento sobre esse biocombustiacutevel e ampliar a gama de in-formaccedilotildees que permeiam essa fonte energeacutetica tatildeo diversificada no mundo

Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento

SUMAacuteRIO

PREFAacuteCIO 5INTRODUCcedilAtildeO 9CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 111 INTRODUCcedilAtildeO 112 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS 13

21 Gasolina 13211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina 15

22 Oacuteleo Diesel 16221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel 19

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS 2031 Biodiesel 20

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel 2332 Etanol 26

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol 284 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 315 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32REFEREcircNCIAS 33ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013 38ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 40

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

41

1 INTRODUCcedilAtildeO 4111 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo 4312 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil 45

2 METODOLOGIA 473 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

49

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 564 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59REFEREcircNCIAS 60

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

63

1 INTRODUCcedilAtildeO 632 AS MICROALGAS 65

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas 66211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia 66212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica 67213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis 68

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL 724 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 75REFEREcircNCIAS 77CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

81

1 INTRODUCcedilAtildeO 8111 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 8312 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado 83

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 853 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 864 CONCLUSAtildeO 91REFEREcircNCIAS 92CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

95

1 INTRODUCcedilAtildeO 952 REFERENCIAL TEOacuteRICO 96

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis 9622 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis 9923 Gestatildeo e praacuteticas ambientais 102

3 METODOLOGIA 1044 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 105

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel 1055 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 107REFEREcircNCIAS 108

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

10

O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

12

parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

13

2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

14

enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

15

211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

16

A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

17

estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

19

221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

21

caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

23

aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

25

teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

26

Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

27

ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

28

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

29

2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

31

4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

32

Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

33

A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

REFEREcircNCIAS

ANP - Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis Anuaacuterio estatiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis 2019 Dispo-niacutevel em lthttpwwwanpgovbrbiocombustiveisgt Acesso em 31 mai 2019

ANP - Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis Boletim Mensal do Biodiesel Fevereiro de 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrgt Acesso em 14 mai 2018

ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-BUSTIacuteVIEIS Biocombustiacuteveis 2019 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrwwwanpbiocombustiveisview=defau ltgt Acesso em 09 jun 2019 ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-BUSTIacuteVIEIS Gasolina 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwanpgovbrwwwanppetroleo-derivados155-combustiveis1855-gasolinagt Acesso em 28 jul 2017 ANP - AGEcircNCIA NACIONAL DO PETROacuteLEO GAacuteS NATURAL E BIOCOM-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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SCHIRMER W N GAUER M A Os biocombustiacuteveis no Brasil panorama atual emissotildees gasosas e os meacutetodos analiacuteticos de monitoramento da qua-lidade do ar referente a gases de natureza orgacircnica Ambiecircncia v 8 n 1 p 157-175 2012

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

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CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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poniacutevel em lthttppdfbluchercombrs3-sa-east-1amazonawscomchemi-calengineeringproceedingsvsequfes2016023pdfgt Acesso em 19 jan 2019

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

CAPIacute

TULO

V

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

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_____ Lei nordm 6938 de 31 de agosto de 1981 Dispotildee sobre a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente seus fins e mecanismos de formulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo e daacute outras providencias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacute-lia DF 02 set1981

LORENZETT Daniel B ROSSATO M V A gestatildeo de resiacuteduos em postos de

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

110

abastecimento de combustiacuteveis Revista Gestatildeo Industrial v 6 n 2 Ponta Grossa PR 2010

MACIEL D dos S C FREITAS L S de Utilizaccedilatildeo do meacutetodo FMEA na identificaccedilatildeo e anaacutelise dos impactos ambientais causados pelos postos de combustiacuteveis um estudo de caso Rev Adm UFSM Santa Maria v 7 n 4 p 570-589 dez 2014

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ROCHA BS SCALIZE PS ARRUDA PN CRUVINEL KAS Gestatildeo do oacuteleo lubrificante usado em postos de combustiacuteveis no municiacutepio de Teresoacute-polis de GoiaacutesGO Brasil Revista Monografias Ambientais v 13 n 4 p 3673ndash3682 2014

SANTOS R J Sh dos A gestatildeo ambiental em posto revendedor de combus-tiacuteveis como instrumento de prevenccedilatildeo de passivos ambientais 2005 217f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sistemas de Gestatildeo do Meio Ambiente) - Universi-dade Federal Fluminense Niteroacutei 2005

SILVA T A OLIVEIRA K M de descarte de oacuteleos lubrificantes e suas emba-lagens estudo de caso dos postos de gasolina e oficinas da cidade de Ituiuta-ba estado de Minas Gerais Observatorium - Revista Eletrocircnica de Geografia v3 n7 p 101-114 out 2011

Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

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Page 5: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

A coletacircnea de artigos do livro ldquoBiocombustiacuteveis Perspectivas do Desenvolvimento Sustentaacutevelrdquo organizado pelo grupo de ini-ciaccedilatildeo cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento sintetiza dois anos de pesquisas voltadas aos combustiacuteveis Essas pesqui-sas iniciaram-se com o estudo das principais praacuteticas ambientais adotadas pelo varejo de combustiacuteveis e posteriormente com o estudo do biodiesel e de um dos seus subprodutos a glicerina de forma a demonstrar a sua importacircncia e as vantagens no cenaacuterio das fontes renovaacuteveis Esta obra tem como objetivo trazer uma compilaccedilatildeo do contexto atual dos biocombustiacuteveis e principal-mente sobre o biodiesel no Brasil e no mundo O livro apresen-ta em seu primeiro capiacutetulo dados sobre o panorama atual dos principais combustiacuteveis e biocombustiacuteveis no Brasil bem como informaccedilotildees referentes agrave produccedilatildeo e consumo dessas fontes re-novaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado Em seu segundo capiacutetulo eacute abordada a produccedilatildeo de patentes no Brasil acerca do biodie-sel demonstrando os principais meacutetodos e tecnologias voltados

PREFAacuteCIO

agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel aleacutem de evidenciar as pers-pectivas e desafios que essa fonte renovaacutevel enfrenta no cenaacuterio econocircmico atual O terceiro capiacutetulo retrata questotildees referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel por meio de microalgas e expondo as aplicaccedilotildees das microalgas para produccedilatildeo de compostos utiliza-dos na induacutestria alimentiacutecia e na produccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados aleacutem de realizar uma correlaccedilatildeo entre as mi-croalgas e o desenvolvimento sustentaacutevel O quarto capiacutetulo traz dados sobre a produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel abor-dando os variados tipos de glicerina e suas amplas aplicaccedilotildees em processos industriais revelando informaccedilotildees referentes agraves suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e permeando questotildees inerentes agrave utilizaccedilatildeo dessa fonte renovaacutevel como mateacuteria-prima para fabri-caccedilatildeo do biodiesel Por fim o quinto capiacutetulo trata de um estudo de caso das praacuteticas ambientais que os postos de combustiacuteveis podem adotar para minimizar os impactos causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis discutindo tambeacutem aspectos relacio-nados ao manuseio dos resiacuteduos gerados nesse segmento Por fim a equipe responsaacutevel pela organizaccedilatildeo deixa aos leitores a oportunidade de se aprofundarem no mundo do biodiesel e suas amplas tecnologias e aplicaccedilotildees buscando assim enriquecer o conhecimento sobre esse biocombustiacutevel e ampliar a gama de in-formaccedilotildees que permeiam essa fonte energeacutetica tatildeo diversificada no mundo

Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento

SUMAacuteRIO

PREFAacuteCIO 5INTRODUCcedilAtildeO 9CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 111 INTRODUCcedilAtildeO 112 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS 13

21 Gasolina 13211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina 15

22 Oacuteleo Diesel 16221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel 19

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS 2031 Biodiesel 20

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel 2332 Etanol 26

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol 284 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 315 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32REFEREcircNCIAS 33ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013 38ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 40

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

41

1 INTRODUCcedilAtildeO 4111 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo 4312 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil 45

2 METODOLOGIA 473 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

49

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 564 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59REFEREcircNCIAS 60

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

63

1 INTRODUCcedilAtildeO 632 AS MICROALGAS 65

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas 66211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia 66212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica 67213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis 68

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL 724 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 75REFEREcircNCIAS 77CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

81

1 INTRODUCcedilAtildeO 8111 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 8312 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado 83

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 853 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 864 CONCLUSAtildeO 91REFEREcircNCIAS 92CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

95

1 INTRODUCcedilAtildeO 952 REFERENCIAL TEOacuteRICO 96

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis 9622 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis 9923 Gestatildeo e praacuteticas ambientais 102

3 METODOLOGIA 1044 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 105

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel 1055 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 107REFEREcircNCIAS 108

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

10

O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

12

parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

13

2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

14

enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

15

211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

16

A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

17

estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

18

Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

19

221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

23

aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

29

2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

REFEREcircNCIAS

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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TULO

V

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

107

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

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LORENZETT Daniel B ROSSATO M V A gestatildeo de resiacuteduos em postos de

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

110

abastecimento de combustiacuteveis Revista Gestatildeo Industrial v 6 n 2 Ponta Grossa PR 2010

MACIEL D dos S C FREITAS L S de Utilizaccedilatildeo do meacutetodo FMEA na identificaccedilatildeo e anaacutelise dos impactos ambientais causados pelos postos de combustiacuteveis um estudo de caso Rev Adm UFSM Santa Maria v 7 n 4 p 570-589 dez 2014

MASSOUD J A DAILY B F BISHOP J W Perceptions of environmental management systems An examination of the Mexican manufacturing sector Industrial Management amp Data Systems v 111 n 1 pp5 ndash 19 2011 Dispo-niacutevel em ltdoi10110802635571111099703gt Acesso em 29 jun 2011

MUNIZI C BRAGA R M Q L O gerenciamento de oacuteleos lubrificantes usa-dos ou contaminados e suas embalagens estudo de caso de uma empresa de logiacutestica na Regiatildeo Norte do Brasil Revista Eletrocircnica Sistemas amp Gestatildeo v 10 n3 2015 pp 442-457

JABBOUR CJC In the eye of the storm exploring the introduction of envi-ronmental issues in the production function in Brazilian companies Inter-national Journal of Production Research v 48 n 21-22 2010 p 6315-6339

PAIVA D C A C ARRUDA P N SCALIZE P S Avaliaccedilatildeo da Gestatildeo de Resiacuteduos Perigosos em Postos de Combustiacuteveis no Municiacutepio de HidrolacircndiaGO Brasil Revista Tecnia v 1 n 2 2016

ROCHA BS SCALIZE PS ARRUDA PN CRUVINEL KAS Gestatildeo do oacuteleo lubrificante usado em postos de combustiacuteveis no municiacutepio de Teresoacute-polis de GoiaacutesGO Brasil Revista Monografias Ambientais v 13 n 4 p 3673ndash3682 2014

SANTOS R J Sh dos A gestatildeo ambiental em posto revendedor de combus-tiacuteveis como instrumento de prevenccedilatildeo de passivos ambientais 2005 217f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sistemas de Gestatildeo do Meio Ambiente) - Universi-dade Federal Fluminense Niteroacutei 2005

SILVA T A OLIVEIRA K M de descarte de oacuteleos lubrificantes e suas emba-lagens estudo de caso dos postos de gasolina e oficinas da cidade de Ituiuta-ba estado de Minas Gerais Observatorium - Revista Eletrocircnica de Geografia v3 n7 p 101-114 out 2011

Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

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Page 6: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel aleacutem de evidenciar as pers-pectivas e desafios que essa fonte renovaacutevel enfrenta no cenaacuterio econocircmico atual O terceiro capiacutetulo retrata questotildees referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel por meio de microalgas e expondo as aplicaccedilotildees das microalgas para produccedilatildeo de compostos utiliza-dos na induacutestria alimentiacutecia e na produccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados aleacutem de realizar uma correlaccedilatildeo entre as mi-croalgas e o desenvolvimento sustentaacutevel O quarto capiacutetulo traz dados sobre a produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel abor-dando os variados tipos de glicerina e suas amplas aplicaccedilotildees em processos industriais revelando informaccedilotildees referentes agraves suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas e permeando questotildees inerentes agrave utilizaccedilatildeo dessa fonte renovaacutevel como mateacuteria-prima para fabri-caccedilatildeo do biodiesel Por fim o quinto capiacutetulo trata de um estudo de caso das praacuteticas ambientais que os postos de combustiacuteveis podem adotar para minimizar os impactos causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis discutindo tambeacutem aspectos relacio-nados ao manuseio dos resiacuteduos gerados nesse segmento Por fim a equipe responsaacutevel pela organizaccedilatildeo deixa aos leitores a oportunidade de se aprofundarem no mundo do biodiesel e suas amplas tecnologias e aplicaccedilotildees buscando assim enriquecer o conhecimento sobre esse biocombustiacutevel e ampliar a gama de in-formaccedilotildees que permeiam essa fonte energeacutetica tatildeo diversificada no mundo

Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da Faculdade Santiacutessimo Sacramento

SUMAacuteRIO

PREFAacuteCIO 5INTRODUCcedilAtildeO 9CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 111 INTRODUCcedilAtildeO 112 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS 13

21 Gasolina 13211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina 15

22 Oacuteleo Diesel 16221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel 19

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS 2031 Biodiesel 20

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel 2332 Etanol 26

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol 284 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 315 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32REFEREcircNCIAS 33ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013 38ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 40

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

41

1 INTRODUCcedilAtildeO 4111 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo 4312 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil 45

2 METODOLOGIA 473 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

49

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 564 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59REFEREcircNCIAS 60

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

63

1 INTRODUCcedilAtildeO 632 AS MICROALGAS 65

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas 66211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia 66212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica 67213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis 68

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL 724 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 75REFEREcircNCIAS 77CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

81

1 INTRODUCcedilAtildeO 8111 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 8312 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado 83

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 853 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 864 CONCLUSAtildeO 91REFEREcircNCIAS 92CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

95

1 INTRODUCcedilAtildeO 952 REFERENCIAL TEOacuteRICO 96

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis 9622 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis 9923 Gestatildeo e praacuteticas ambientais 102

3 METODOLOGIA 1044 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 105

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel 1055 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 107REFEREcircNCIAS 108

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

10

O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

12

parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

13

2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

15

211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

17

estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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SCHIRMER W N GAUER M A Os biocombustiacuteveis no Brasil panorama atual emissotildees gasosas e os meacutetodos analiacuteticos de monitoramento da qua-lidade do ar referente a gases de natureza orgacircnica Ambiecircncia v 8 n 1 p 157-175 2012

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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poniacutevel em lthttppdfbluchercombrs3-sa-east-1amazonawscomchemi-calengineeringproceedingsvsequfes2016023pdfgt Acesso em 19 jan 2019

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

98

Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

107

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas Disponiacutevel em ltht-tpswwwbrasilpostoscombrwp-contentuploads20130913786-abntpd-f92a7fcgt acesso em 3 mar 2017 ABNT

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CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

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Page 7: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

SUMAacuteRIO

PREFAacuteCIO 5INTRODUCcedilAtildeO 9CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 111 INTRODUCcedilAtildeO 112 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS 13

21 Gasolina 13211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina 15

22 Oacuteleo Diesel 16221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel 19

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS 2031 Biodiesel 20

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel 2332 Etanol 26

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol 284 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS 315 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 32REFEREcircNCIAS 33ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013 38ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 40

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

41

1 INTRODUCcedilAtildeO 4111 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo 4312 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil 45

2 METODOLOGIA 473 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 49

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

49

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 564 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 59REFEREcircNCIAS 60

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

63

1 INTRODUCcedilAtildeO 632 AS MICROALGAS 65

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas 66211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia 66212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica 67213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis 68

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL 724 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 75REFEREcircNCIAS 77CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

81

1 INTRODUCcedilAtildeO 8111 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 8312 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado 83

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 853 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 864 CONCLUSAtildeO 91REFEREcircNCIAS 92CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

95

1 INTRODUCcedilAtildeO 952 REFERENCIAL TEOacuteRICO 96

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis 9622 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis 9923 Gestatildeo e praacuteticas ambientais 102

3 METODOLOGIA 1044 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 105

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel 1055 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 107REFEREcircNCIAS 108

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

10

O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

12

parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

13

2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

23

aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

29

2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

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SCHIRMER W N GAUER M A Os biocombustiacuteveis no Brasil panorama atual emissotildees gasosas e os meacutetodos analiacuteticos de monitoramento da qua-lidade do ar referente a gases de natureza orgacircnica Ambiecircncia v 8 n 1 p 157-175 2012

ZHU R HU J BAO X HE L LAI Y ZU L LI Y SU S Investigation of tailpipe and evaporative emissions from China IV and Tier 2 passenger vehi-cles with different gasolines Transportation Research Part D Transport and Environment v 50 n 1 p 305-315 2017

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

REFEREcircNCIAS

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CAPRARIIS B FILIPPIS P D PETRULLO A SCARSELLA M Hydrother-mal liquefaction of biomass Influence of temperature and biomass composi-tion on the bio-oil production Fuel v 208 p 618-625 2017

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FANTINEL A L JAHN S L RODRIacuteGUEZ PADROacuteN R A NOGUEIRA C U RAMIREZ FLORES Y STERTZ E da S Mapeamento tecnoloacutegico na produccedilatildeo de biodiesel com enfoque em documentos de patentes depositados no mundo Espacios v 36 n 17 p 17 2015

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

CAPIacute

TULO

IV

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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poniacutevel em lthttppdfbluchercombrs3-sa-east-1amazonawscomchemi-calengineeringproceedingsvsequfes2016023pdfgt Acesso em 19 jan 2019

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

CAPIacute

TULO

V

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

100

propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

101

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

103

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

105

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

107

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

108

Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas Disponiacutevel em ltht-tpswwwbrasilpostoscombrwp-contentuploads20130913786-abntpd-f92a7fcgt acesso em 3 mar 2017 ABNT

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109

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LAGARINHOS C A F TENORIO J A S Tecnologias utilizadas para a reu-tilizaccedilatildeo reciclagem e valorizaccedilatildeo energeacutetica de pneus no Brasil Poliacutemeros Satildeo Carlos v 18 n 2 Jun 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0104-14282008000200007amplng=enampnrm=i-sogt Acesso em 04 mai 2019 doi 101590S0104-14282008000200007

LEITE P R Logiacutestica reversa meio ambiente e competitividade 2 Reimpres-satildeo Satildeo Paulo SP Pearson Prentice Hall 2006

_____ Lei nordm 6938 de 31 de agosto de 1981 Dispotildee sobre a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente seus fins e mecanismos de formulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo e daacute outras providencias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacute-lia DF 02 set1981

LORENZETT Daniel B ROSSATO M V A gestatildeo de resiacuteduos em postos de

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

110

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MUNIZI C BRAGA R M Q L O gerenciamento de oacuteleos lubrificantes usa-dos ou contaminados e suas embalagens estudo de caso de uma empresa de logiacutestica na Regiatildeo Norte do Brasil Revista Eletrocircnica Sistemas amp Gestatildeo v 10 n3 2015 pp 442-457

JABBOUR CJC In the eye of the storm exploring the introduction of envi-ronmental issues in the production function in Brazilian companies Inter-national Journal of Production Research v 48 n 21-22 2010 p 6315-6339

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ROCHA BS SCALIZE PS ARRUDA PN CRUVINEL KAS Gestatildeo do oacuteleo lubrificante usado em postos de combustiacuteveis no municiacutepio de Teresoacute-polis de GoiaacutesGO Brasil Revista Monografias Ambientais v 13 n 4 p 3673ndash3682 2014

SANTOS R J Sh dos A gestatildeo ambiental em posto revendedor de combus-tiacuteveis como instrumento de prevenccedilatildeo de passivos ambientais 2005 217f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sistemas de Gestatildeo do Meio Ambiente) - Universi-dade Federal Fluminense Niteroacutei 2005

SILVA T A OLIVEIRA K M de descarte de oacuteleos lubrificantes e suas emba-lagens estudo de caso dos postos de gasolina e oficinas da cidade de Ituiuta-ba estado de Minas Gerais Observatorium - Revista Eletrocircnica de Geografia v3 n7 p 101-114 out 2011

Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

ORGA

NIZ

ADOR

ES

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Page 8: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

63

1 INTRODUCcedilAtildeO 632 AS MICROALGAS 65

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas 66211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia 66212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica 67213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis 68

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL 724 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 75REFEREcircNCIAS 77CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

81

1 INTRODUCcedilAtildeO 8111 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil 8312 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado 83

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 853 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 864 CONCLUSAtildeO 91REFEREcircNCIAS 92CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

95

1 INTRODUCcedilAtildeO 952 REFERENCIAL TEOacuteRICO 96

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis 9622 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis 9923 Gestatildeo e praacuteticas ambientais 102

3 METODOLOGIA 1044 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 105

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel 1055 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 107REFEREcircNCIAS 108

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

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O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

91

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

92

a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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94

poniacutevel em lthttppdfbluchercombrs3-sa-east-1amazonawscomchemi-calengineeringproceedingsvsequfes2016023pdfgt Acesso em 19 jan 2019

95

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

CAPIacute

TULO

V

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

96

controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

97

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

98

Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

99

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

100

propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

101

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

102

As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas Disponiacutevel em ltht-tpswwwbrasilpostoscombrwp-contentuploads20130913786-abntpd-f92a7fcgt acesso em 3 mar 2017 ABNT

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KERBER Fernando Furtado Atendimento agrave Legislaccedilatildeo Ambiental em Postos de Abastecimento de Combustiacuteveis Uma Contribuiccedilatildeo agrave Periacutecia Ambiental Criminal 2013 129f Dissertaccedilatildeo (Mestrado Profissional em Periacutecias Ambien-tais Criminais) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Santa Catarina

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LEITE P R Logiacutestica reversa meio ambiente e competitividade 2 Reimpres-satildeo Satildeo Paulo SP Pearson Prentice Hall 2006

_____ Lei nordm 6938 de 31 de agosto de 1981 Dispotildee sobre a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente seus fins e mecanismos de formulaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo e daacute outras providencias Diaacuterio Oficial [da] Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacute-lia DF 02 set1981

LORENZETT Daniel B ROSSATO M V A gestatildeo de resiacuteduos em postos de

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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JABBOUR CJC In the eye of the storm exploring the introduction of envi-ronmental issues in the production function in Brazilian companies Inter-national Journal of Production Research v 48 n 21-22 2010 p 6315-6339

PAIVA D C A C ARRUDA P N SCALIZE P S Avaliaccedilatildeo da Gestatildeo de Resiacuteduos Perigosos em Postos de Combustiacuteveis no Municiacutepio de HidrolacircndiaGO Brasil Revista Tecnia v 1 n 2 2016

ROCHA BS SCALIZE PS ARRUDA PN CRUVINEL KAS Gestatildeo do oacuteleo lubrificante usado em postos de combustiacuteveis no municiacutepio de Teresoacute-polis de GoiaacutesGO Brasil Revista Monografias Ambientais v 13 n 4 p 3673ndash3682 2014

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Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

ORGA

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ADOR

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Page 9: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

INTRODUCcedilAtildeO

Os combustiacuteveis satildeo um insumo necessaacuterio para o cresci-mento econocircmico contudo a sua produccedilatildeo pode ter um enor-me potencial de degradaccedilatildeo ambiental Dentro desse contexto destaca-se a queima de combustiacuteveis foacutesseis para a obtenccedilatildeo de energia que implica na emissatildeo de gases do efeito estufa contri-buindo para o aquecimento global

O esgotamento dos combustiacuteveis foacutesseis leva agrave busca de no-vas fontes de energias em prol do desenvolvimento sustentaacutevel aliado a aspectos ambientais econocircmicos e sociais O uso dos biocombustiacuteveis vem ganhando espaccedilo frente aos derivados do petroacuteleo em razatildeo dessas fontes serem consideradas limpas e renovaacuteveis Dentre as energias sustentaacuteveis o biodiesel ganha destaque na matriz energeacutetica mundial pois pode ser obtido atraveacutes de diversas mateacuterias-primas o que o torna economica-mente atrativo no mercado

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O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

15

211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

16

A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

17

estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

21

caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

27

ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

29

2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

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TULO

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

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TULO

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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CAPIacuteTULO IV - PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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poniacutevel em lthttppdfbluchercombrs3-sa-east-1amazonawscomchemi-calengineeringproceedingsvsequfes2016023pdfgt Acesso em 19 jan 2019

95

DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

CAPIacute

TULO

V

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

103

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

107

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

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Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

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Page 10: JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES ADEILDO MOACIR …...2.1.1 Aplicação das algas na indústria alimentícia 66 2.1.2 Aplicação das algas na indústria farmacêutica e cosmética 67

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O aumento da demanda de matriz energeacutetica eacute um dos fato-res que justifica o investimento em energias renovaacuteveis desen-cadeado pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimen-to econocircmico e tecnoloacutegico das civilizaccedilotildees O uso de energias renovaacuteveis minimiza a degradaccedilatildeo ambiental e proporciona um aumento no crescimento econocircmico do paiacutes

No mundo contemporacircneo com constantes avanccedilos tecnoloacute-gicos os biocombustiacuteveis satildeo vistos como um combustiacutevel que move o desenvolvimento dos paiacuteses Nesse contexto merece destaque que algumas microalgas produzem elevadas concen-traccedilotildees de biodiesel e atraveacutes do processo de transesterificaccedilatildeo podem ser convertidas em biodiesel A utilizaccedilatildeo de microalgas para a produccedilatildeo de biodiesel eacute fonte promissora e alternativa pois este cultivo natildeo necessita de grandes aacutereas possuem cres-cimento raacutepido e ainda contribuem para a captura de dioacutexido de carbono

Utilizar teacutecnicas e matrizes energeacuteticas alternativas conside-radas limpas minimiza os impactos ambientais causados pelas accedilotildees antropogecircnicas Aleacutem disso eacute fundamental que o paiacutes te-nha uma diversidade de fontes energeacuteticas para suprir a deman-da crescente deixando de ser dependente de uma uacutenica matriz

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A preocupaccedilatildeo ambiental com a utilizaccedilatildeo de fontes de ener-gia natildeo renovaacuteveis na matriz energeacutetica vem crescendo em todo mundo O uso do petroacuteleo como mateacuteria-prima para fabricaccedilatildeo de diversos produtos estaacute associado a danos irreversiacuteveis liga-dos ao meio ambiente e a sua utilizaccedilatildeo contiacutenua acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees nos ecossistemas contribuindo assim para o crescimento dos impactos ambientais e consequentemente para a busca de novas soluccedilotildees energeacuteticas (ARGAWAL 2007) Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados da bio-massa que possuem o potencial energeacutetico capaz de substituir

MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

CAPIacute

TULO

I

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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parcial ou totalmente a utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados de hidrocarbonetos como a gasolina e o oacuteleo diesel (ANP 2019)

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os principais substituintes desses produ-tos satildeo o biodiesel obtido a partir de oleaginosas gorduras ve-getais e animais e o etanol derivado da cana de accediluacutecar Em razatildeo disso cerca de 45 das energias utilizadas e 18 dos combustiacuteveis no paiacutes jaacute satildeo derivados de fontes renovaacuteveis que tecircm tornado o Brasil um paiacutes pioneiro no uso desses biocom-bustiacuteveis estrateacutegicos Tal meacuterito estaacute diretamente associado ao Programa Nacional do Aacutelcool (PROAacuteLCOOL) lanccedilado em 1975 com o objetivo de incorporar o etanol no mercado consumidor e estimular a reduccedilatildeo do uso dos combustiacuteveis foacutesseis que cir-culam nos veiacuteculos automotores (COSTA et al 2010)

Aleacutem do PROAacuteLCOOL o lanccedilamento do Programa Nacional de Produccedilatildeo e Uso do Biodiesel (PNPB) contribuiu de forma significati-va nas reduccedilotildees da utilizaccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo introduzin-do o biodiesel na matriz energeacutetica brasileira (BRASIL 2017) Aleacutem disso a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 1109705 tornou obrigatoacuteria a intro-duccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tendo iniciado com 2 em 2008 e evoluindo ateacute a percentagem de 10 no ano de 2018 (ANP 2019) Esses programas ligados ao biodiesel e etanol tecircm influenciado diretamente na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis no mercado brasileiro tendo em vista a crescente evoluccedilatildeo na tecnologia de aperfeiccediloamento desses biocombustiacuteveis

A partir disso o presente capiacutetulo tem por objetivo abordar a evoluccedilatildeo da produccedilatildeo e utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis e biocombustiacuteveis no cenaacuterio econocircmico atual demonstrando as perspectivas futuras dessas fontes renovaacuteveis e natildeo renovaacuteveis no mercado consumidor brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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2 COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS

21 Gasolina

De acordo com a ANP (2019) a gasolina eacute composta por uma composiccedilatildeo de hidrocarbonetos parafiacutenicos normais ou rami-ficados olefiacutenicos naftecircnicos e aromaacuteticos formados por uma cadeia de 4 a 12 carbonos A sua composiccedilatildeo varia de acordo com a qualidade do petroacuteleo extraiacutedo e conforme os processos a que foi submetida na fabricaccedilatildeo dentro dos padrotildees impostos pela legislaccedilatildeo (ANP 2016) A gasolina pode ser dividida em gasolina A sem a presenccedila do etanol e gasolina C com adiccedilatildeo do etanol em sua composiccedilatildeo ANP (2019)

Conforme os atos normativos da ANP tanto a gasolina A quanto a C estatildeo sujeitas agraves especificaccedilotildees regulamentadas pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 302015 que altera a Resoluccedilatildeo ANP nordm 402013 ao estabelecer os padrotildees que devem atender agraves gaso-linas produzidas e vendidas pelos postos revendedores de com-bustiacuteveis Tais especificaccedilotildees estatildeo descritas na Resoluccedilatildeo ANP nordm 212009 que descreve o teste a que o combustiacutevel deve ser sub-metido para atender os niacuteveis estabelecidos pela legislaccedilatildeo Dentro dos testes destacam-se os de caraacuteter ambiental que satildeo aqueles ligados agraves emissotildees gasosas veiculares resultantes da combustatildeo interna nos motores bem como as quantidades de substacircncias toacutexicas ao meio ambiente

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 6842017 que altera a Resolu-ccedilatildeo ANP nordm 212009 eacute estabelecido que as gasolinas A e C este-jam de acordo com os padrotildees estabelecidos conforme a norma para estarem sujeitas agrave venda dentro do territoacuterio brasileiro diminuindo assim os impactos causados pela poluiccedilatildeo desse combustiacutevel Na Tabela 1 observa-se os paracircmetros do teor de

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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enxofre que devem estar entre 30 a 50 mgkg aleacutem de eviden-ciar que o volume adequado de hidrocarbonetos olefiacutenicos deve ser entre 143 a 25 vv no combustiacutevel comercializado

Tabela 1 - Especificaccedilatildeo da gasolina de referecircncia

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

Teor de enxofre Mgkg 30 a 50

ASTM D2622ASTM D3120ASTM 5453

ASTM D6920ASTM D7039ASTM D7220

Teor de etanol anidro combustiacutevel vv 24 a 26 NBR 13992

Temperatura de destilaccedilatildeo nos 90 evapo-rados ordmC 164 a 190 NBR 9619

ASTM D86

Teor de aromaacuteticos vv 135 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Teor de olefiacutenicos vv 143 a 25 NBR 14932ASTM D1319

Niacutevel meacutedio de formaccedilatildeo de depoacutesitos em vaacutelvulas de admissatildeo miacuten Mgvaacutelvula 300 NBR 16038

Fonte Adaptado de ANP (2017)

A evoluccedilatildeo das especificaccedilotildees da gasolina no decorrer dos anos proporcionou uma reduccedilatildeo draacutestica na porcentagem de enxofre na composiccedilatildeo resultando na diminuiccedilatildeo das polui-ccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da liberaccedilatildeo desse elemento quiacute-mico na atmosfera Por exemplo o valor maacuteximo foi reduzido em 18 anos de cerca de aproximadamente 967 na gasolina C passando somente a ter um limite de 50 mgKg em sua compo-siccedilatildeo que antes era de 1200 mgkg (ANP 2019) Desse modo a gasolina no decorrer dos anos passou a ter um niacutevel de especi-ficaccedilatildeo adequado atendendo aos padrotildees das emissotildees atmos-feacutericas exigidos pelas legislaccedilotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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211 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo da gasolina

A produccedilatildeo de gasolina mostrou-se constante ao longo das uacuteltimas deacutecadas apresentando crescimento entre os anos de 2010 a 2014 devido a aspectos poliacuteticos e econocircmicos que fa-ziam parte do contexto da gasolina no periacuteodo Em razatildeo disso a produccedilatildeo desse combustiacutevel obteve um salto de 19774389 milhotildees de m3 para 28871886 milhotildees de m3 produzidos em um periacuteodo de 5 anos O preccedilo do produto nos postos de com-bustiacuteveis girava em torno de aproximadamente R$ 200Litro em comparaccedilatildeo com o mesmo periacuteodo em 2019 que custava aproximadamente R$ 460Litro nas bombas de combustiacuteveis havendo uma reduccedilatildeo significativa na produccedilatildeo Essas varia-ccedilotildees de produccedilatildeo podem ser observadas no Graacutefico 1 que de-mostra a evoluccedilatildeo desse produto no periacuteodo de 2000 a 2018

Graacutefico 1 ndash Produccedilatildeo nacional de gasolina nos anos de 2000 a 2018

Fonte ANP (2019)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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A inserccedilatildeo de outros combustiacuteveis no cenaacuterio brasileiro tambeacutem tem ligaccedilatildeo com a reduccedilatildeo da demanda de gasolina no mercado no periacuteodo de 2014 a 2018 A utilizaccedilatildeo do diesel S-10 (Diesel com teor 10 partiacuteculas de enxofre por milhatildeo) nos veiacuteculos fabricados a partir de 2012 influenciou diretamente a compra desse produto pelos consumidores tornando obrigatoacute-rio que os veiacuteculos posteriores a 2012 utilizassem o diesel S-10 em seus motores (ANP 2019) Essa accedilatildeo tem relaccedilatildeo com os im-pactos ambientais causados pelo uso dos combustiacuteveis foacutesseis em razatildeo da gasolina possuir teor de enxofre de 50 partiacuteculas por milhatildeo sendo altamente prejudicial ao meio ambiente

A reduccedilatildeo de aproximadamente 1088 na produccedilatildeo de gaso-lina nos anos de 2014 a 2015 possui relaccedilatildeo direta com o consumo do etanol que cresceu 186 no mesmo periacuteodo compensando a perda de produccedilatildeo da gasolina Aleacutem disso tal fato mostra a evo-luccedilatildeo dos combustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica brasilei-ra como exemplo tem-se o aumento do percentual renovaacutevel no setor de transportes que cresceu de 18 em 2014 para 21 em 2015 (RIBEIRO et al 2017) Isso implica na contribuiccedilatildeo que os biocombustiacuteveis estatildeo fazendo no cenaacuterio energeacutetico brasileiro buscando cada vez mais reduzir as emissotildees atmosfeacutericas e os impactos ambientais causados nos recursos naturais (EPE 2016)

22 Oacuteleo diesel

O oacuteleo diesel eacute um combustiacutevel derivado do petroacuteleo que possui em sua composiccedilatildeo hidrocarbonetos de cadeia longa com 8 a 16 carbonos em sua estrutura aleacutem de conter nitrogecirc-nio oxigecircnio e enxofre em sua moleacutecula (ANP 2016) Segundo a ANP (2019) o oacuteleo diesel deve ser submetido a testes conforme a Resoluccedilatildeo ANP Nordm 502013 de forma a atender aos padrotildees

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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estabelecidos pela norma Conforme os limites estabelecidos na resoluccedilatildeo o oacuteleo diesel S-10 deve possuir um teor maacuteximo de enxofre de 10 ppm (partiacuteculas por milhatildeo) seguido do diesel S-500 com 500 ppm em sua composiccedilatildeo

Segundo a Agecircncia Nacional de Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocom-bustiacuteveis (ANP) o diesel comercializado no Brasil segue variadas distinccedilotildees conforme sua aplicaccedilatildeo em diversos setores As prin-cipais diferenccedilas entre os oacuteleos comercializados estatildeo associadas ao nuacutemero de cetano na composiccedilatildeo teor maacuteximo de enxofre e os aditivos que o produto possui A especificaccedilatildeo tanto do diesel S-10 quanto do S-500 pode ser observada na Tabela 2 evidenciando tambeacutem as principais normas brasileiras e meacutetodos internacionais que regem os padrotildees de qualidade desses combustiacuteveis

Tabela 2 - Especificaccedilotildees do oacuteleo diesel de uso rodoviaacuterioCARACTERIacuteSTICA (1) UNIDADE LIMITE MEacuteTODOAspecto (2) (22) (23) - S-10 S-500 ABNT NBR ASTMEN

-Liacutempido e isento de

impurezas14954 D4176

Cor - Item (3 Vermelho (4) - -Cor ASTM maacutex (5) - 3 14483 D1500 D6045

Teor de biodiesel (6) volume Item (7) 15568 EN 14078

Enxofre total maacutex (21)

mgkg 100 (8) - -D2622 D5453

D7039 D7212 (9)D7220

- 500 14533 (9)D2622 D4294 (9)

D5453 D7039D7220

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgmsup38150 a

8500 (10)8150 a 8650

7148 14065

D1298 D4052

Ponto de fulgor miacuten ordmC 387974

14598D56 D93 D3828

D7094Nuacutemero de cetano

miacuten- 48 42 (12) -

D613 D6890 D7170

Viscosidade Cinemaacutetica a 40ordmC

mmsup2s 20 a 45 20 a 50 10441 D445

Obs (1) (2) (3) (4) (5) (9) (10) (12) (22) (21) (23) - Ver anexo A no final do capiacutetuloFonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Dentre os combustiacuteveis comercializados no Brasil o diesel S-10 e o S-500 estatildeo entre os combustiacuteveis mais vendidos nos postos tal fato se daacute pela crescente frota de veiacuteculos pesados nos uacuteltimos anos (PETROBRAS 2019) Aleacutem disso essa evoluccedilatildeo do diesel no mercado tem relaccedilatildeo direta com o Programa de Controle de Emissotildees Veiculares (PROCONVE) criado em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente ndash CONAMA com o objetivo de reduzir a contaminaccedilatildeo atmosfeacuterica e a emissatildeo de ruiacutedos por fontes moacuteveis (IBAMA 2016)

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais IBAMA o PROCONVE proporcionou uma reduccedilatildeo significativa das emissotildees de monoacutexido de carbo-no (CO) lanccedilado na atmosfera tendo reduzido de 54gkm para aproximadamente 04 gkm emitidos por veiacuteculo Essas redu-ccedilotildees tecircm causado uma melhoria significativa na minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais dos combustiacuteveis foacutesseis aleacutem disso outro fator contribuiu para a diminuiccedilatildeo desse impacto a adi-ccedilatildeo de um percentual de biodiesel no oacuteleo diesel tornando-o menos danoso ao meio ambiente

Tal fato se daacute pela implementaccedilatildeo do PNPB no cenaacuterio eco-nocircmico brasileiro obrigando os produtores de diesel a adicio-narem 10 do biodiesel no oacuteleo diesel diminuindo assim as poluiccedilotildees atmosfeacutericas geradas no processo de combustatildeo Atraveacutes disso o biodiesel ganhou destaque fortalecendo a uti-lizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica nacional des-tacando-o frente ao restante dos paiacuteses (ANP 2016)

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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221 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do diesel

A incorporaccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel bem como o au-mento de veiacuteculos automotores influencia diretamente no cres-cimento da produccedilatildeo de oacuteleo diesel S-10 e S-500 no Brasil Alia-do aos fatores econocircmicos como o preccedilo unitaacuterio nas bombas de combustiacuteveis o diesel S-10 possui menos teor de enxofre em sua composiccedilatildeo chegando a ser 5 vezes menor que a gasolina e 500 vezes menor que o diesel S-500 Aleacutem disso tal combus-tiacutevel possui nuacutemero de cetano (nuacutemero que mede a qualidade da combustatildeo) igual a 48 superior ao diesel S-500 com 42 tor-nando o diesel S-10 mais eficiente nos motores fabricados com tecnologias mais aperfeiccediloadas Poreacutem devido agrave grande circu-laccedilatildeo de veiacuteculos fabricados antes de 2012 o diesel S-500 ainda eacute altamente comercializado no mercado tendo preccedilos menores que o diesel S-10 nos postos revendedores

O Brasil segundo os dados do Anuaacuterio estatiacutestico Brasilei-ro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis (2019) obteve uma produccedilatildeo de 41880465 milhotildees de m3 de diesel no ano de 2018 atingindo seu pico em 2014 com 49675057 milhotildees de m3 produzidos representando uma parcela significativa no consumo desse combustiacutevel derivado de fontes foacutesseis Isso pode ser observado no Graacutefico 2 onde evidencia-se uma cres-cente evoluccedilatildeo da produccedilatildeo desse produto no mercado tendo uma evoluccedilatildeo de aproximadamente 60 entre os anos de 2000 a 2014

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

20

Graacutefico 2 ndash Produccedilatildeo nacional de diesel nos anos de 2000 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo Bonfaacute (2011) o crescimento da produccedilatildeo do oacuteleo diesel no periacuteodo de 2000 a 2012 estaacute associado ao aumento de salaacuterios que proporcionavam o aumento no poder aquisitivo do consumidor aliado ao crescimento de empregos e agrave facilidade de concessatildeo de creacuteditos na eacutepoca Fleury et al (2000) acredita que esse crescimento eacute decor-rente do aumento do modal rodoviaacuterio o que tornou a ma-lha de estradas mais extensas proporcionando o aumento da venda do diesel

3 BIOCOMBUSTIacuteVEIS

31 Biodiesel

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel de origem renovaacutevel obti-do a partir de um processo quiacutemico denominado transesterifi-

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

21

caccedilatildeo Por meio desse processo ocorre a reaccedilatildeo de trigliceriacutede-os (TAG) presentes nos oacuteleos e gorduras com aacutelcool primaacuterio metanol ou etanol gerando o eacutester e a glicerina (ANP 2016) Para Knothe et al (2006) os TAG estatildeo presentes em diversos oacuteleos vegetais e gorduras animais aleacutem de outras mateacuterias-pri-mas que podem ser usadas para fabricaccedilatildeo do biodiesel Qui-micamente o biodiesel eacute definido como eacutester monoalquiacutelico de aacutecidos graxos podendo ser reagido na presenccedila de um catalisador aacutecido ou baacutesico (SCHUCHARDT et al 1998 RA-MOS 1999 RAMOS et al 2003)

O biodiesel tem inserccedilatildeo no cenaacuterio brasileiro como um adi-tivo segundo a Lei nordm 110972005 publicada no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo em 13012005 que dispotildee sobre a introduccedilatildeo do bio-diesel na matriz energeacutetica brasileira alterando as Leis nordm 9478 de 6 de agosto de 1997 Lei nordm 9847 de 26 de outubro de 1999 e Lei nordm 10636 de 30 de dezembro de 2002 Conforme dados da ANP (2016) a mistura do biodiesel no oacuteleo diesel teve iniacute-cio no ano de 2004 com um caraacuteter experimental tendo como teor de 2 uma mistura facultativa nos anos de 2005 a 2007 A obrigatoriedade de adiccedilatildeo de 2 de biodiesel foi implementa-da em 2008 pela Lei nordm 110972005 Os avanccedilos tecnoloacutegicos possibilitaram o aumento desse percentual para os atuais 10 na composiccedilatildeo permitindo assim uma maior inserccedilatildeo desse biocombustiacutevel no cenaacuterio econocircmico atual desde que atenda aos padrotildees de qualidade estabelecidos pela legislaccedilatildeo

Segundo a Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014 fica estabelecido que o biodiesel estaacute sujeito agraves especificaccedilotildees e testes conforme o Regulamento Teacutecnico ANP nordm 32014 De acordo com o anexo A o biodiesel deve atender a uma seacuterie de requisitos para ser comercializado no mercado brasileiro e

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

22

esses requisitos levam em consideraccedilatildeo aspectos como massa especiacutefica a 20ordm C viscosidade cinemaacutetica a 40ordm C teor de aacutegua contaminaccedilatildeo total ponto de fulgor teor de eacutesteres enxofre to-tal maacuteximo nuacutemero de cetano e glicerol presente na composi-ccedilatildeo A Tabela 3 evidencia esses paracircmetros aos quais o biodiesel eacute submetido aleacutem de demonstrar os meacutetodos usados

Tabela 3 - Especificaccedilatildeo do Biodiesel

CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

LII (1) (2) ABNT NBR ASTM EMISO

Massa especiacutefica a 20ordm C

kgmsup3 850 a 900 7148 14065 1298 4052 EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemaacuteti-ca a 40ordmC

mmsup2s 30 a 60 10441 445 EN ISO 3104

Teor de aacutegua maacutex mgkg 2000 (3) - 6304 EN ISO 12937

Contaminaccedilatildeo Total maacutex (13)

mgkg 24 15995 - EN12662 (5)

Ponto de fulgor ordmC 100 14598 93 EN ISO 3679

Teor de eacutester miacuten massa 965 15764 - EN 14103 (5)

Enxofre total maacutex mgkg 10 15867 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Nuacutemero Cetano (6) - - - 613 6890 (8) EN ISO 5165

Glicerol total maacutex (10)

massa 025 15344 15908 (5)

6584 (5) EM 14105 (5)

Obs (1) (2) (3) (5) (8) Ver Anexo B no Final do Capiacutetulo Fonte Adaptado de ANP (2017)rdquo

Aleacutem dos testes e paracircmetros observados na Tabela 3 o biodiesel estaacute sujeito a outras anaacutelises descritas na Re-soluccedilatildeo ANP nordm 45 garantindo assim a qualidade do produto comercializado Por ter essa qualidade e legisla-ccedilotildees especiacuteficas o biodiesel foi rapidamente incorpora-do agrave matriz energeacutetica provocando inuacutemeros impactos positivos na matriz brasileira como exemplo tem-se o

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

23

aumento da produccedilatildeo do diesel S-10 e a reduccedilatildeo das po-luiccedilotildees atmosfeacutericas resultantes da queima desses com-bustiacuteveis foacutesseis

Segundo Schirmer et al (2015) o biodiesel tem alto po-tencial de reduccedilatildeo das emissotildees atmosfeacutericas Por ser de-rivado da biomassa suas caracteriacutesticas favorecem o meio ambiente impactando menos que o petroacuteleo usado atual-mente nos veiacuteculos Aleacutem disso os vegetais que servem de mateacuteria prima para o biodiesel fazem a funccedilatildeo de seques-tradores do CO2 (Gaacutes Carbocircnico) minimizando assim os impactos ambientais decorrentes da produccedilatildeo dessas fon-tes (RIBEIRO et al 2017)

Conforme Schirmer e Gauer (2012) essas vantagens do biodie-sel permitem a criaccedilatildeo de Mecanismos de Desenvolvimento Lim-po ndash MDL que auxiliam o meio ambiente na reduccedilatildeo dos danos ambientais causados por fontes natildeo renovaacuteveis Considerando a alta taxa de utilizaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis no setor de trans-portes percebe-se que haacute potencial de investimentos em accedilotildees de MDL para reduzir as emissotildees atmosfeacutericas lanccediladas diariamente no meio ambiente As implementaccedilotildees dessas accedilotildees beneficiam o Protocolo de Quioto pois estatildeo diretamente ligadas aos gases causadores do efeito estufa e aquecimento global (BRASIL 2017)

311 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do biodiesel

No que se refere agrave induacutestria do biodiesel salienta-se a pro-duccedilatildeo acentuada desde sua introduccedilatildeo no ano de 2005 ao vo-lume fabricado estimado em 5350036 milhotildees de m3 no ano de 2018 Vale destacar que esse crescimento acelerado se deve tanto a fatores como a adiccedilatildeo do biodiesel no oacuteleo diesel como

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tambeacutem aos avanccedilos tecnoloacutegicos oriundos de pesquisas liga-das agraves novas mateacuterias-primas para obtenccedilatildeo do biodiesel (ANP 2017) Segundo Farina et al (2018) o Brasil eacute considerado um paiacutes pioneiro na utilizaccedilatildeo de fontes renovaacuteveis e energias lim-pas Tal fato se daacute pela crescente produccedilatildeo dos biocombustiacute-veis em especial o biodiesel

O Graacutefico 3 apresenta a evoluccedilatildeo do biodiesel no decorrer dos anos desde a sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo nacional de biodiesel nos anos de 2005 a 2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

As tecnologias associadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel vecircm sendo aprimoradas constantemente isso tem contribuiacutedo para o seu crescimento nos uacuteltimos anos garantindo uma posiccedilatildeo de desta-que juntamente com o etanol nas energias renovaacuteveis utilizadas no paiacutes atualmente (ANP 2017) Segundo a Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE o biodiesel no Plano Decenal de Energia - PDE

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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teraacute um aumento de 29 ateacute 2024 em termos de volume produzi-do as perspectivas satildeo de aproximadamente 562 bilhotildees de me-tros cuacutebicos fabricados Conforme dados da International Energy Agency - IEA (2015) eacute projetado que ateacute o ano de 2040 a deman-da dos biocombustiacuteveis triplique em todo mundo resultando em um crescimento acelerado do consumo desses produtos

Segundo projeccedilotildees do Plano Decenal de Expansatildeo de Ener-gia 2027 da Empresa de Pesquisa Energeacutetica ndash EPE que cons-tam no Graacutefico 4 o biodiesel teraacute um volume de 111 bilhotildees de litros produzidos em 2027 representando um elevado cres-cimento na demanda atual desse biocombustiacutevel Conforme a EPE foram liberados pela ANP investimentos de aproximada-mente R$ 3 bilhotildees em ampliaccedilotildees de unidades produtoras de biodiesel bem como construccedilatildeo de novas plantas fabris para que seja suprida essa projeccedilatildeo de demanda calculada para o periacuteodo decenal

Graacutefico 4 - Projeccedilotildees para demanda de biodiesel de 2017 a 2027

Fonte EPE com base em ANP (2018)

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os investimentos da ANP nesse segmento revelam o quanto o biodiesel estaacute se destacando no mercado com uma produccedilatildeo superior a 530 milhotildees de m3 em 2018 passou a criar uma imagem de seguranccedila para os fabricantes tendendo a se firmar ainda mais no mercado econocircmico Aleacutem disso conforme os dados da EPE o biodiesel pode se destacar tambeacutem na proacutexima deacutecada superando os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo em termos de produccedilatildeo

32 Etanol

De acordo a ANP (2019) o etanol ou aacutelcool etiacutelico pode ser caraterizado como um biocombustiacutevel obtido por fermentaccedilatildeo de accediluacutecares formando uma substacircncia quiacutemica que possui foacutermula molecular C2H6O em sua composiccedilatildeo Pode ser encon-trado no mercado como etanol anidro (AER) ou etanol etiacutelico hidratado (AHR) possuindo leves diferenccedilas em suas composi-ccedilotildees sendo uma delas o teor de aacutegua contida na foacutermula tendo o AER 04 de aacutegua em volume e o AHR 49 (ANP 2019) Se-gundo Saacutenches e Cardona (2008) o etanol pode ser sintetizado atraveacutes de mateacuterias-primas sacariacuteneas como a cana de accediluacutecar ou amilaacuteceos da biomassa lignoceluloacutesica aleacutem disso o bagaccedilo proveniente do processo pode ser utilizado como etanol de se-gunda geraccedilatildeo derivados de resiacuteduos lignoceluloacutesicos

No Brasil a introduccedilatildeo do etanol no cenaacuterio energeacutetico teve iniacutecio com o PROAacuteLCOOL em meados de 1975 apoacutes a crise do petroacuteleo Houve a necessidade de se buscar uma nova fonte renovaacutevel que substituiacutesse a gasolina derivada dos combustiacute-veis foacutesseis Dentre essas fontes o etanol oriundo da cana de accediluacutecar foi a soluccedilatildeo mais viaacutevel encontrada pois esse poderia

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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ser adicionado agrave gasolina ou ser comercializado de forma in-dividual A inserccedilatildeo de veiacuteculos bicombustiacuteveis flex-fuel em 2003 no mercado e os investimentos governamentais no etanol permitiram a raacutepida evoluccedilatildeo do produto frente os demais com-bustiacuteveis (GOLDEMBERG et al 2008)

Outro fator importante que alavancou a produccedilatildeo do aacutelcool foi a crescente frota de veiacuteculos no mercado brasileiro permitindo assim que o etanol ganhasse destaque em meio agraves outras fontes energeacuteticas Aliado a questotildees ambientais o produto rapidamen-te se fixou frente aos outros combustiacuteveis possuindo caracteriacutes-ticas que favorecem o meio ambiente ao emitir menos poluentes evitando assim menos impactos ambientais ligados agrave queima dos combustiacuteveis foacutesseis (CHEN et al 2011 GHAZIKHANI et al 2013 ZHU et al 2017) Do ponto de vista da legislaccedilatildeo o etanol eacute regulamentado pela Resoluccedilatildeo ANP nordm 23 de 06 de julho de 2010 atendendo o regulamento teacutecnico ANP nordm 32010 que estabelece as especificaccedilotildees do etanol para ensaios e testes con-forme os padrotildees e normas estabelecidas A Tabela 4 evidencia os paracircmetros que o etanol deve atender para ser comercializado no Brasil demonstrando a quais meacutetodos estaacute submetido

Tabela 4 ndash Especificaccedilotildees do Etanol EAR e do EHR CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO

EAR EHR NBR ASTM

Aspecto -Liacutempido e Isento

de ImpurezasVisual

Cor - Incolor VisualAcidez total maacutex (em miligramas de

aacutecido aceacutetico)mgL 30 9866 D1613

Condutividade eleacutetrica a 20ordmC

microSm 500 10547 -

Massa especiacutefica a 20ordmC

kgm3 7915 maacutex8076 a 8110

5992 e 15639 D4052

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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CARACTERIacuteSTICA UNIDADE LIMITE MEacuteTODO Teor alcooacutelico volume 996 951 a 960 5992 e 15639 -

massa 993 miacuten 926 a 938Potencial hidrogeni-

ocircnico (pH) a 20ordmC - - 60 a 80 10891 -

Teor de aldeiacutedos maacutex

mgL 60Cromatografia

GasosaTeor de aacutelcoois

superioresmgL 500

Cromatografia Gasosa

Teor de eacutesteres maacutex

mgL 100Cromatografia

GasosaTeor de etanol miacuten volume 980 951 - D5501Teor de aacutegua maacutex volume 04 49 15531 E203Resiacuteduo por evapo-

raccedilatildeomg100

mL5 8644 -

Teor de sulfato maacutex mgkg 4 10894 -Teor de soacutedio maacutex mgkg 2 10422 -

Fonte EPE com base em ANP (2018)

Dentre as principais diferenccedilas dos dois tipos de etanol co-mercializados no Brasil destaca-se o teor alcooacutelico de 996 de volume do EAR em comparaccedilatildeo com 951 a 960 do EHR Aleacutem disso o maior teor de aacutegua pode ser encontrado no EHR tendo 49 de volume em sua composiccedilatildeo contra 04 de aacutegua do EAR De acordo com Ribeiro et al (2017) a utilizaccedilatildeo tanto do etanol EAR quanto do EHR reduz significativamente as emis-sotildees causadas minimizando o lanccedilamento de hidrocarbonetos e gaacutes carbocircnico na atmosfera e consequentemente impactando menos o meio ambiente

321 Panorama da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do etanol

A produccedilatildeo nacional de etanol anidro e hidratado obteve em 2018 um total de 3395 mil m3 fabricados representando um aumento de 1868 em relaccedilatildeo ao ano anterior que totalizou

Continuaccedilatildeo

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

29

2861 mil m3 produzidos (ANP 2017) Segundo o Anuaacuterio Esta-tiacutestico Brasileiro do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Biocombustiacuteveis de 2018 a taxa meacutedia de crescimento do etanol foi de 19 entre os anos de 2008 a 2017 sendo resultado de accedilotildees como a adi-ccedilatildeo obrigatoacuteria de 27 de etanol na gasolina comercializada permitindo assim a reduccedilatildeo dos teores de chumbo tetraetila e o MTBE (metil-ter-butil-eacuteter) substacircncias toacutexicas ao meio am-biente (FGV 2017) Conforme pode ser observado no Graacutefico 5 o etanol mostrou uma crescente evoluccedilatildeo desde sua introduccedilatildeo na matriz energeacutetica

Graacutefico 5 ndash Produccedilatildeo de etanol anidro e hidratado de 2008-2018

Fonte Adaptado de ANP (2019)

Segundo o Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Apli-cada (CEPEAESALQUSP 2016) o etanol teve em 2016 sua es-tabilidade no mercado tendo o consumo se elevado em 2018 e ocorrendo especulaccedilotildees sobre a reduccedilatildeo do preccedilo nas bombas de combustiacuteveis Verifica-se que esse combustiacutevel possui expec-

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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tativas de crescimento acelerado ateacute o ano de 2027 conforme dados do Plano Decenal de Expansatildeo de Energia 2027 da EPE O etanol hidratado tem uma expectativa de crescimento a uma taxa de 43 aa alcanccedilando 44 bilhotildees de litros comercializa-dos em 2027 Os dados referentes a essas projeccedilotildees podem ser observados no Graacutefico 6

Graacutefico 6 - Projeccedilatildeo da oferta total de etanol (produccedilatildeo brasileira e importaccedilatildeo)

Fonte EPE com base em ANP (2018) e MAPA (2018)

Conforme evidenciado o etanol tem se mostrado um biocombustiacutevel capaz de atender agraves demandas energeacuteticas do Brasil seu raacutepido crescimento despertou olhares para seu potencial energeacutetico A tendecircncia eacute que ocorra um ele-vado crescimento na produccedilatildeo do etanol pois os dados da EPE revelam que existem expectativas positivas quanto agrave evoluccedilatildeo dessa fonte energeacutetica no mercado brasileiro

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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4 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS COMBUSTIacuteVEIS FOacuteSSEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser alcanccedilado de vaacuterias formas entre elas estaacute a utilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas que natildeo degradam o meio ambiente ou que minimizam os impactos ambientais Eacute notoacuterio que os combustiacuteveis foacutesseis estatildeo se tor-nando obsoletos ao longo dos anos sua composiccedilatildeo altamente prejudicial aos recursos naturais faz com que seu uso seja re-pensado assim como os derivados obtidos a partir do petroacuteleo Nesse cenaacuterio surgem os biocombustiacuteveis derivados de fontes sustentaacuteveis e renovaacuteveis que possuem destaque frente aos de-mais combustiacuteveis Suas diversas aplicaccedilotildees mateacuterias-primas e formas de obtenccedilatildeo fazem com que esses desempenhem papeacuteis importantes na matriz energeacutetica brasileira

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA (2017) os biocombustiacuteveis possuem a caracteriacutestica de serem biodegradaacuteveis o que lhes permite evitar impactos ambientais nas mesmas proporccedilotildees que os combustiacuteveis foacutes-seis Aleacutem de natildeo contribuiacuterem com o efeito estufa os biocom-bustiacuteveis satildeo usualmente utilizados pelo fato das enormes va-riedades de mateacuterias-primas para sua fabricaccedilatildeo Como desafio os combustiacuteveis foacutesseis enfrentam a falta de reservas para rea-bastecimento Com o esgotamento dos reservatoacuterios possuem tempo de vida uacutetil determinado enquanto que os derivados da biomassa possuem ciclo renovaacutevel perdurando por centenas de anos Entretanto o aumento da demanda por fontes renovaacuteveis pode ser um problema para os biocombustiacuteveis pois a com-peticcedilatildeo com os alimentos faz com que estes produtos tenham pontos negativos a serem estudados

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Os avanccedilos tecnoloacutegicos permitiram a busca por novas solu-ccedilotildees energeacuteticas entre elas destaca-se a obtenccedilatildeo do biodiesel atraveacutes das microalgas cujo cultivo natildeo interfere na produccedilatildeo de alimentos sendo uma opccedilatildeo viaacutevel como soluccedilatildeo da pro-blemaacutetica da competiccedilatildeo desses produtos com a induacutestria ali-mentiacutecia Aleacutem dessa vantagem a produccedilatildeo dessas fontes re-novaacuteveis permite que o paiacutes reduza a dependecircncia em relaccedilatildeo agraves importaccedilotildees de petroacuteleo contribuindo assim com o aumento das demandas dos biocombustiacuteveis (BRASIL 2017)

Conforme os estudos elaborados pela EPE as perspectivas de aumento da produccedilatildeo dos biocombustiacuteveis vecircm se elevando constantemente aliadas agraves questotildees ambientais e fatores eco-nocircmicos Esses tecircm ganhado cada vez mais espaccedilo na matriz energeacutetica mundial diferentemente dos derivados do petroacuteleo que estatildeo diariamente reduzindo sua participaccedilatildeo no mercado

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O presente capiacutetulo teve por objetivo apresentar e discutir dados da produccedilatildeo dos principais combustiacuteveis comercializa-dos no mercado brasileiro como tambeacutem demonstrar as pers-pectivas desses produtos no cenaacuterio econocircmico atual e futuro Diante do exposto observou-se a crescente evoluccedilatildeo dos com-bustiacuteveis renovaacuteveis na matriz energeacutetica do Brasil em especial o biodiesel com produccedilatildeo no ano de 2018 de 5350036 milhotildees de m3 e o etanol com 33956 mil m3 fabricados A partir dis-so destaca-se a reduccedilatildeo da produccedilatildeo dos oriundos do petroacuteleo como a gasolina com reduccedilatildeo de 2507685 milhotildees de m3 entre 2017 e 2018 e tambeacutem uma reduccedilatildeo de 3489342 milhotildees de m3 de oacuteleo diesel no periacuteodo de 2016 a 2018

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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A exposiccedilatildeo desse cenaacuterio demonstra o crescimento dos biocombustiacuteveis no Brasil retratando o quanto estes produtos satildeo vantajosos para o meio ambiente pois natildeo impactam os recursos como os combustiacuteveis foacutesseis Eacute va-lido ressaltar que os derivados da biomassa possuem pers-pectivas de aumento na produccedilatildeo conforme as projeccedilotildees realizadas demonstrando a importacircncia que essas fontes teratildeo no cenaacuterio energeacutetico de 2027 Por fim eacute imprescin-diacutevel a busca por novas soluccedilotildees energeacuteticas que atendam e superem as atuais fontes presentes como por exemplo as microalgas para obtenccedilatildeo do biodiesel aleacutem de outras formas de produccedilatildeo Nesse contexto eacute importante ampliar novos horizontes na chance de reduzir ainda mais a par-ticipaccedilatildeo dos combustiacuteveis foacutesseis na matriz energeacutetica existente colaborando assim com o desenvolvimento sustentaacutevel e minimizando os impactos ambientais atuais da utilizaccedilatildeo desses produtos derivados do petroacuteleo

REFEREcircNCIAS

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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SCHIRMER W N GAUER M A Os biocombustiacuteveis no Brasil panorama atual emissotildees gasosas e os meacutetodos analiacuteticos de monitoramento da qua-lidade do ar referente a gases de natureza orgacircnica Ambiecircncia v 8 n 1 p 157-175 2012

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CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO A ndash Resoluccedilatildeo ANP Nordm 50 DE 23122013

(1) Poderatildeo ser incluiacutedas nesta especificaccedilatildeo outras caracteriacutesticas com seus respectivos limi-tes para oacuteleo diesel obtido de processo diverso de refino e processamento de gaacutes natural ou a partir de mateacuteria prima distinta do petroacuteleo

(2) Deveraacute ser aplicado o procedimento 1 para cada meacutetodo

(3) Usualmente de incolor a amarelada podendo apresentar-se ligeiramente alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido agrave coloraccedilatildeo do biodiesel

(4) O corante vermelho especificado conforme a Tabela III deveraacute ser adicionado no teor de 20 mgL de acordo com o artigo 12

(5) Limite requerido antes da adiccedilatildeo do corante

(6) Aplicaacutevel apenas para o oacuteleo diesel B

(7) No percentual estabelecido pela legislaccedilatildeo vigente Seraacute admitida variaccedilatildeo de plusmn 05 volume A norma EN 14078 eacute de referecircncia em caso de disputa para a determinaccedilatildeo do teor de biodiesel no oacuteleo diesel B

(8) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +5 mgkg no limite da caracteriacutestica teor de enxofre do oacuteleo diesel B S10 nos segmentos de distribuiccedilatildeo e revenda de combustiacuteveis

(9) Aplicaacutevel apenas para oacuteleo diesel A

(10) Seraacute admitida a faixa de 815 a 853 kgm3 para o oacuteleo diesel B

(11) Limites conforme Tabela II

(12) Para o oacuteleo diesel A alternativamente fica permitida a determinaccedilatildeo do iacutendice de cetano calculado pelo meacutetodo ASTM D4737 quando o produto natildeo contiver aditivo melhorador de cetano com limite miacutenimo de 45 No caso de o resultado ser inferior a 45 o ensaio de nuacuteme-ro de cetano deveraacute ser realizado Quando for utilizado aditivo melhorador de cetano esta informaccedilatildeo deveraacute constar no Certificado da Qualidade (Nota)

(13) Aplicaacutevel na produccedilatildeo e na importaccedilatildeo do oacuteleo diesel A S10 e A S500 e a ambos os oacuteleos diesel

B na distribuiccedilatildeo (Nota)

(14) Aplicaacutevel na importaccedilatildeo antes da liberaccedilatildeo do produto para comercializaccedilatildeo

(15) Os resultados da estabilidade agrave oxidaccedilatildeo e dos hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos poderatildeo ser encaminhados ao distribuidor ateacute 48 h apoacutes a comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir o fluxo adequado do abastecimento A partir de 1ordm de janeiro de 2015 o resultado do teor hidrocarbonetos policiacuteclicos aromaacuteticos deveraacute constar no Certificado da Qualidade no ato da comercializaccedilatildeo do produto

(16) Excluiacuteda (Nota)

(17) Os meacutetodos ASTM D2274 e D5304 aplicam-se apenas ao oacuteleo diesel A

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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(19) Limite requerido no momento e na temperatura do carregamentobombeio do combus-tiacutevel pelo produtor importador e distribuidor Para o oacuteleo diesel A S500 deveraacute ser informado no Certificado da Qualidade a concentraccedilatildeo de aditivo antiestaacutetico adicionada

(20) A condutividade eleacutetrica seraacute determinada em amostra composta constituiacuteda da mistura de aditivo antiestaacutetico mais corante com o produto a ser comercializado O teor de corante nesta amostra deveraacute estar conforme o indicado na Tabela III

(21) Em caso de disputa a norma ASTM D5453 deveraacute ser utilizada (Nota)

(22) Em caso de disputa o produto seraacute considerado como natildeo especificado na caracteriacutestica Aspecto caso ao menos um entre os paracircmetros teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 e um entre os paracircmetros teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 esteja natildeo conforme (Nota)

(23) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e aacutegua e sedimentos para o oacuteleo diesel S500 ou teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total para o oacuteleo diesel S10 O produto seraacute reprovado caso ao menos um desses paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo (Nota)

(24) Em caso de disputa a norma ASTM D974 deveraacute ser utilizada

CAPIacuteTULO I - MERCADO BRASILEIRO DOS COMBUSTIacuteVEIS E BIOCOMBUSTIacuteVEIS

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ANEXO B ndash Resoluccedilatildeo ANP nordm 45 de 25 de agosto de 2014

(1) Liacutempido e isento de impurezas com anotaccedilatildeo da temperatura de ensaio Em caso de disputa o produto soacute poderaacute ser considerado como natildeo especificado no Aspecto caso os paracircmetros teor de aacutegua eou contaminaccedilatildeo total estejam natildeo conformes

(2) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade no Aspecto deveratildeo ser realizadas as anaacutelises de teor de aacutegua e contaminaccedilatildeo total O produto seraacute reprovado caso pelo menos um desses dois uacuteltimos paracircmetros esteja fora de especificaccedilatildeo

(3) Para efeito de fiscalizaccedilatildeo nas autuaccedilotildees por natildeo conformidade seraacute admitida variaccedilatildeo de +50 mgkg no limite do teor de aacutegua no biodiesel para o produtor e de +150 mgkg para o distribuidor

(4) Quando a anaacutelise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ordmC fica dispensada a anaacutelise de teor de metanol ou etanol

(5) Os meacutetodos referenciados demandam validaccedilatildeo para os materiais graxos natildeo previstos no meacutetodo e rota de produccedilatildeo etiacutelica

(6) Estas caracteriacutesticas devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da Tabela de Especificaccedilatildeo a cada trimestre civil Os resultados devem ser enviados agrave ANP pelo Produtor de biodiesel tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e em caso de neste periacuteodo haver mudanccedila de tipo de material graxo o Produtor deveraacute ana-lisar nuacutemero de amostras correspondente ao nuacutemero de tipos de materiais graxos utilizados

(7) Em caso de disputa deve ser utilizado o meacutetodo EN 14107 como referecircncia

(8) O meacutetodo ASTM D6890 poderaacute ser utilizado como meacutetodo alternativo para determina-ccedilatildeo do nuacutemero de cetano

(9) Limites conforme Tabela II Para os estados natildeo contemplados na tabela o ponto de entu-pimento a frio permaneceraacute 19ordmC

(10) Poderaacute ser determinado pelos meacutetodos ABNT NBR 15908 ABNT NBR 15344 ASTM D6584 ou EN14105 sendo aplicaacutevel o limite de 025 em massa Para biodiesel oriundo de material graxo predominantemente laacuteurico deve ser utilizado meacutetodo ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344 sendo aplicaacutevel o limite de 030 em massa

(11) O limite estabelecido deveraacute ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do com-bustiacutevel

(12) A estabilidade agrave oxidaccedilatildeo a 110ordmC teraacute seu limite miacutenimo de 8 horas a partir de 1ordm de novembro de 2014

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA JEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

O crescimento populacional provoca uma demanda maior por combustiacuteveis Esse crescimento aliado ao desenvolvimen-to sustentaacutevel impulsiona os avanccedilos tecnoloacutegicos por novas fontes de energias limpas e renovaacuteveis A utilizaccedilatildeo dos com-bustiacuteveis foacutesseis jaacute natildeo se enquadra mais nos padrotildees adotados pelo desenvolvimento sustentaacutevel Aliados agraves preocupaccedilotildees ambientais e econocircmicas os biocombustiacuteveis advindos da bio-massa surgem como alternativas economicamente viaacuteveis Es-ses ganharam espaccedilo no mercado em razatildeo de sua origem ser de fontes renovaacuteveis sendo considerados uma opccedilatildeo sustentaacutevel e que substitui os produtos derivados do petroacuteleo

PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

CAPIacute

TULO

II

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Segundo a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP os biocombustiacuteveis podem vir a substituir total ou parcialmente os combustiacuteveis foacutesseis utilizados atual-mente nos veiacuteculos Tal fato se daacute pelo crescimento dessas fontes no mercado brasileiro tendo a produccedilatildeo de biocombustiacuteveis es-pecialmente o biodiesel evoluiacutedo de 117 milhatildeo de m3 em 2008 para 486 milhotildees de m3 produzidos em 2018 apresentando um crescimento elevado na fabricaccedilatildeo do produto (ANP 2018)

Dentre os derivados da biomassa o biodiesel apresenta-se como a fonte de energia mais limpa quando comparado ao die-sel foacutessil Eacute menos toacutexico e menos poluente dadas as baixas emissotildees liberadas de monoacutexido de carbono na atmosfera e a natildeo contribuiccedilatildeo de compostos de enxofre no ar auxilian-do assim na minimizaccedilatildeo dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e consequentemente natildeo agravando o aquecimento global (COR-DEIRO 2011) O caraacuteter sustentaacutevel do biodiesel produzido por oleaginosas ou microalgas eacute justificado porque provoca menor impacto ao ambiente

A partir disso eacute imprescindiacutevel realizar um levantamento do depoacutesito de patentes concedidas no paiacutes dado o aumento da produccedilatildeo de biodiesel nos uacuteltimos anos e o nuacutemero crescen-te de pesquisas relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos biocombustiacuteveis Nesse contexto o presente artigo eacute justificado pela necessida-de de prospecccedilatildeo de um mapeamento tecnoloacutegico na base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial ndash INPI European Patent Office (ESPACENET) e World Intellectual Pro-perty Organization ndash WIPO para identificar o nuacutemero de pa-tentes concedidas no periacuteodo de 2009 a 2018 catalogadas pelo International Patent Classification - IPC tendo como referecircncia a produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Aleacutem disso buscou-se analisar o atual cenaacuterio da produccedilatildeo de biodiesel na matriz energeacutetica brasileira mostrando quanto o Brasil produz atualmente quais as mateacuterias-primas utilizadas e os subprodutos obtidos

11 Biodiesel definiccedilatildeo mateacuterias-primas e tecnologias de produccedilatildeo

O biodiesel eacute caracterizado como um combustiacutevel renovaacutevel cuja obtenccedilatildeo eacute realizada atraveacutes da reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo na qual os trigliceriacutedeos presentes nos oacuteleos e gorduras reagem com um aacutelcool podendo ser o aacutelcool etiacutelico (C2H5OH) ou aacutelcool metiacutelico (CH3OH) resultando na obtenccedilatildeo de dois subprodutos o eacutester utilizado como o biodiesel depois de padronizado con-forme legislaccedilotildees e o glicerol utilizado em diversos processos quiacutemicos quando devidamente purificado (ANP 2018) Segun-do Konwar et al (2016) a utilizaccedilatildeo de oacuteleos residuais oacuteleos brutos e gorduras animais na transesterificaccedilatildeo reduz os custos atrelados agrave produccedilatildeo de biodiesel agregando valor econocircmico e ambiental ao produto final da reaccedilatildeo

O uso dos oacuteleos como mateacuteria-prima na produccedilatildeo do bio-combustiacutevel minimiza os impactos ambientais decorrentes do descarte inadequado desses resiacuteduos nos ecossistemas (GON-ZALEZ et al 2013) Segundo Pagan et al (2017) os custos do processo produtivo do biodiesel chegam a cerca de 70-90 no que se refere a mateacuteria-prima utilizada Tidos como alternativa a essa problemaacutetica os oacuteleos residuais reduzem os custos dos insumos em cerca de 50-60 e ainda possibilitam a destinaccedilatildeo adequada dos oacuteleos derivativos do poacutes-consumo (SADEGHINE-ZHAD et al 2014) Aleacutem dos oacuteleos residuais os oacuteleos vegetais

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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apresentam-se como uma alternativa viaacutevel dentre eles tem--se como mateacuteria-prima para obtenccedilatildeo do biodiesel os oacuteleos de amendoim soja licuri mamona coco algodatildeo girassol abaca-te linhaccedila palma e outros vegetais que apresentam caracteriacutes-ticas semelhantes (PARENTE 2003)

Aleacutem das fontes de obtenccedilatildeo citadas anteriormente o bio-diesel pode ser oriundo do cultivo de microalgas e mateacuterias-pri-mas que tenham potencial teacutecnico para viabilizar a obtenccedilatildeo do produto Segundo Ramos et al (2016) jaacute existem mais de 350 fontes registradas que tecircm grande capacidade de obter biodiesel nos processos quiacutemicos existentes Entretanto vale ressaltar que nem todas essas fontes podem atender as especificaccedilotildees estabelecidas pelos orgatildeos nacionais em exemplo o biodiesel obtido por meio da mamona possui alta viscosidade devido a alta concentraccedilatildeo do aacutecido ricinoleacuteico na sua estrutura impossibilitando assim o atendimento aos padrotildees adotados pela ANP (RAMOS et al 2016)

Dentre as tecnologias para obtenccedilatildeo do biodiesel Ramos (2016) destaca quatro meacutetodos de produccedilatildeo que satildeo a cataacutelise heterogecircnea cataacutelise homogecircnea cataacutelise enzimaacutetica e a inten-sificaccedilatildeo de processos Tais meacutetodos e suas descriccedilotildees podem ser observados na Tabela 1

Tabela 1 ndash Principais tecnologias de produccedilatildeo do biodiesel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise homogecircnea A reaccedilatildeo de transesterificaccedilatildeo ocorre em meio alcalino e homogecircneo por meio de um mol de triacilgliceriacutedeo trecircs mols de um aacutelcool resultando na obtenccedilatildeo de trecircs mols de monoeacutesteres graxos e um mol de glicerina (coproduto)

Cataacutelise heterogecircnea Processo de obtenccedilatildeo atraveacutes da reaccedilatildeo de um catalisador que forma um sistema polifaacutesico com os reagentes levan-do conversatildeo da mistura de triacilgliceriacutedeos em biodiesel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

MEacuteTODOS DESCRICcedilAtildeO

Cataacutelise enzimaacutetica Utilizaccedilatildeo de lipases para catalisar reaccedilotildees de siacutentese de eacutesteres em meios que tecircm o teor de aacutegua limitado em exemplo os solventes orgacircnicos aleacutem de poderem cata-lisar reaccedilotildees de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo com presenccedila de aacutegua no processo de siacutentese

Intensificaccedilatildeo de pro-cessos

Processos de esterificaccedilatildeo e de transesterificaccedilatildeo que satildeo intensificados atraveacutes da utilizaccedilatildeo de irradiaccedilatildeo ultrassocircnica (sonicaccedilatildeo) e micro-ondas fenocircmenos de transferecircncia de massa e calor aumentando a solubilida-de e a maximizaccedilatildeo do contato entre reagentes e espeacute-cies cataliacuteticas

Fonte Adaptado de Ramos (2016)

Aleacutem desses mencionados existem outras formas de obten-ccedilatildeo do biodiesel e os avanccedilos tecnoloacutegicos podem descobrir mais outras formas Portanto deve-se buscar atraveacutes dos do-cumentos de patentes o registro desses meacutetodos e tecnologias enfatizando assim a importacircncia que os biocombustiacuteveis vecircm ganhando nos uacuteltimos anos frente agraves outras fontes de energia

12 Produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil Os biocombustiacuteveis tecircm recebido a atenccedilatildeo de diversos

pesquisadores do Brasil e do mundo em especial o biodie-sel por seu caraacuteter ambiental na reduccedilatildeo das poluiccedilotildees at-mosfeacutericas e grande diversidade de mateacuterias-primas para produccedilatildeo O biodiesel pode ser obtido por diversas fontes renovaacuteveis tais como as plantas oleaginosas os oacuteleos re-siduais de origem animal e vegetal (MELO et al 2012) Para tanto eacute imprescindiacutevel a busca por novas tecnologias que possibilitem maiores desempenhos na aplicaccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem meacutetodos que otimizem sua ob-tenccedilatildeo O registro dessas tecnologias e meacutetodos ocorre por

Continuaccedilatildeo

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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meio de um documento denominado patente que segun-do o INPI eacute definida como

[] tiacutetulo de propriedade temporaacuteria sobre uma invenccedilatildeo

ou modelo de utilidade outorgado pelo Estado aos inven-

tores ou autores ou outras pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas

detentoras de direitos sobre a criaccedilatildeo Com este direito o

inventor ou o detentor da patente tem o direito de impe-

dir terceiros sem o seu consentimento de produzir usar

colocar agrave venda vender ou importar produto objeto de sua

patente eou processo ou produto obtido diretamente por

processo por ele patenteado (INPI 2017)

Segundo Fantinel et al (2017) o Brasil encontra-se na 8ordf po-siccedilatildeo na lista dos principais paiacuteses que mais realizam depoacutesi-tos de patentes ligadas agrave produccedilatildeo do biodiesel mundialmen-te Conforme pode ser observado no Graacutefico 1 o Brasil ainda apresenta baixo nuacutemero de depoacutesitos quando comparado com outras naccedilotildees como China e Estados Unidos

Graacutefico 1 - Principais paiacuteses com depoacutesitos em patentes de biodiesel no mundo

Fonte Fantinel et al (2017)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Conforme evidenciado o Brasil possui aproximadamente cerca de 800 depoacutesitos realizados ateacute o ano de 2016 Entretan-to tal posiccedilatildeo natildeo se reflete no quesito produccedilatildeo de biodiesel pois segundo o Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME (2017) o Brasil apresenta-se como um dos trecircs maiores produtores de biodiesel no mundo e o segundo maior mercado consumidor ficando atraacutes apenas dos Estados Unidos

No que diz respeito agraves pesquisas o Brasil apresenta um alto potencial de desenvolvimento de novas tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo desse biocombustiacutevel derivativo da biomassa A alta produccedilatildeo do biodiesel traz consigo inuacutemeros benefiacutecios por conseguinte isso exige que as tecnologias existentes sejam atu-alizadas para o total atendimento da demanda atual como tam-beacutem o aumento de patentes correspondentes a novas mateacuterias--primas para obtenccedilatildeo do biodiesel

2 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se como uma pesquisa de ca-raacuteter exploratoacuterio de cunho qualitativo e quantitativo que se-gundo Koumlche (2015) eacute utilizada quando ocorre a necessidade de exemplificar e caracterizar a natureza do objeto de estudo aleacutem de se fazer uma abordagem de modo a qualificar e quantificar o levantamento das variaacuteveis existentes na pesquisa Aleacutem disso foi realizada uma pesquisa documental em sites do governo revistas especializadas como tambeacutem nas normas e legislaccedilotildees Conforme Gil (2017) esse tipo de pesquisa baseia-se em dados que natildeo foram tratados analiticamente podendo ser reestrutu-rados conforme os objetivos de cada pesquisa

Para tanto foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de prospecccedilatildeo de coacute-digos no banco de dados do International Patent Classification

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ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ndash IPC Desse modo foi utilizada a palavra Biodiesel no campo ldquoKey-wordsrdquo nas bases de patentes Assim todas as buscas foram fundamentadas na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees disponiacuteveis na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE no periacuteodo de janeiro de 2009 a dezembro de 2018 utilizando-se de forma sis-temaacutetica as seguintes etapas presentes no Organograma 1

Organograma 1 ndash Levantamento dos dados disponiacuteveis nas bases do INPI ESPACE-NET e PATENTSCOPE

Fonte Autoria Proacutepria (2019)

Na primeira fase da pesquisa foram definidos os objetivos inerentes agrave elaboraccedilatildeo do estudo como tambeacutem a imersatildeo na literatura que abrange a produccedilatildeo de biodiesel Consequente-mente ocorreu a seleccedilatildeo e definiccedilatildeo das bases de patentes que melhor atendem aos requisitos da pesquisa Em seguida para obtenccedilatildeo dos dados nas buscas foi necessaacuterio o emprego das palavras-chave biodiesel e biocombustiacuteveis no campo ldquoPala-vras-chaverdquo aleacutem de ocorrer a limitaccedilatildeo da pesquisa entre os anos de 2009 a 2018 no campo ldquoData de depoacutesitordquo Atraveacutes dos

dados obtidos foi possiacutevel a organizaccedilatildeo seleccedilatildeo e tabulaccedilatildeo das informaccedilotildees utilizando o programa Microsoft Office Excel 2013 no Windowsreg para formulaccedilatildeo dos graacuteficos e tabelas Por fim ocorreu a elaboraccedilatildeo da conclusatildeo das informaccedilotildees encon-tradas na base de dados do INPI ESPACENET e PATENTSCOPE

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

3 1 Prospecccedilatildeo tecnoloacutegica da produccedilatildeo de patentes sobre biodiesel no Brasil

Para obtenccedilatildeo dos coacutedigos do IPC foi necessaacuteria a reali-zaccedilatildeo de uma busca isolada no banco de dados da WIPO tendo como referecircncia o Brasil Para tanto verificou-se que utilizando a palavra biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018 foram encontradas 425 famiacutelias de patentes deposi-tadas Atraveacutes disso a base da PATENTSCOPE apresentou os principais IPC referentes agrave produccedilatildeo do biodiesel nos uacuteltimos anos O Graacutefico 2 evidencia os principais coacutedigos utilizados como paracircmetros para tecnologias ligadas agrave ob-tenccedilatildeo do biodiesel

Graacutefico 2 ndash Principais IPC ligados agrave produccedilatildeo de biodiesel no Brasil

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

CAPIacuteTULO II - PRODUCcedilAtildeO DE BIODIESEL UM ENFOQUE NO MAPEAMENTO TECNOLOacuteGICO DE DADOS OBTIDOS EM PATENTES DEPOSITADAS NO BRASIL

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Atraveacutes da busca verificou-se que a maioria dos coacutedigos es-tavam localizados na seccedilatildeo C (Quiacutemica Metalurgia) compreen-dendo uma grande variabilidade de informaccedilotildees ligadas agrave pro-duccedilatildeo do biocombustiacutevel Como observado os coacutedigos C10L apresentam grande parcela correspondendo a 29 dos resulta-dos encontrados equivalente a 124 famiacutelias de patentes deposi-tadas Em segundo lugar os coacutedigos C07C e B01J representaram 18 e 12 totalizando 76 e 53 famiacutelias respectivamente Em seguida os coacutedigos C12P C11C C12N e B01D obtiveram 9 8 6 e 5 dos resultados obtendo respectivamente 40 32 26 e 22 famiacutelias de patentes Por fim os IPC C12R C10G e C11B representam 4 cada item apresentando 19 18 e 15 famiacutelias de patentes Segundo Fagundes et al (2014) a busca por famiacute-lias de patentes eacute importante em virtude de ser uma fonte de informaccedilotildees e caracteriacutesticas proacuteprias dos documentos sendo um interessante meio de busca para a patentometria

Por meio dos resultados obtidos no banco de dados da PA-TENTSCOPE foi possiacutevel a caracterizaccedilatildeo e detalhamento dos coacutedigos retirados tendo como referecircncia as principais tecnolo-gias utilizadas na produccedilatildeo do biodiesel Para tanto eacute necessaacuterio destacar que uma patente pode ser incluiacuteda em diferentes coacutedi-gos ou seja em diferentes campos do conhecimento (INPI 2018) Desse modo a busca pela Classificaccedilatildeo Internacional de Patentes possibilita o aprofundamento do estudo atraveacutes dos coacutedigos ob-tidos permitindo assim uma melhor delineaccedilatildeo nos resultados

Dessa forma todas as buscas foram baseadas nos coacutedigos C10L 102 C11C 108 C11C 300 C12P 764 C11C 102 C11C 310 C11B 300 C10G 300 B01D 2400 C07C 6702 e B01J 2106 Assim a uti-lizaccedilatildeo do IPC permitiu a restriccedilatildeo das buscas de patentes Portanto foi necessaacuterio especificar os coacutedigos para a otimizaccedilatildeo dos resulta-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos permitindo encontrar a tecnologia desejada Assim o Brasil foi utilizado como referecircncia nas buscas de forma a identificar os prin-cipais coacutedigos ligados ao biodiesel encontrados nos documentos de patentes publicadas pelas bases internacionais

A partir disso todas as buscas foram realizadas no banco de dados do INPI e PATENTSCOPE utilizando os coacutedigos descritos na Tabela 2 de forma a otimizar os resultados bem como faci-litar a busca pelas informaccedilotildees desejadas

Tabela 2 ndash Descriccedilatildeo das subclasses dos principais IPC ligados agrave produccedilatildeo do biodiesel

IPC DATA DE PUBLICACcedilAtildeO

DESCRICcedilAtildeO DA TECNOLOGIA APLICADA NA OBTENCcedilAtildeO DE BIODIESEL

C10L 102 (196809) Combustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em carbono hidrogecircnio e oxigecircnio

C11C 108 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ceras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos Refinaccedilatildeo

C11C 300 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise

C12P 764 (198001) Preparaccedilatildeo de compostos orgacircnicos contendo oxigecircnio Gordu-ras Oacuteleos graxos Ceras tipo eacutester Aacutecidos graxos superiores ie tendo pelo menos sete aacutetomos de carbono em cadeia ininterrupta ligada aagrave grupo carboxila Oacuteleos ou gorduras oxidados

C11C 102 (196809) Preparaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras oacuteleos graxos ou ce-ras Refinaccedilatildeo de aacutecidos graxos a partir de gorduras ou oacuteleos graxos

C11C 310 (196809) Gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos resultantes da modificaccedilatildeo quiacutemi-ca de gorduras oacuteleos ou aacutecidos graxos p ex por ozonoacutelise por esterificaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos Interesterificaccedilatildeo

C11B 300 (200601) Refinaccedilatildeo de gorduras ou oacuteleos graxos a partir de mateacuterias-primas

C10G 300 (200601) Produccedilatildeo de misturas liacutequidas de hidrocarboneto a partir de mateacuteria orgacircnica contendo oxigecircnio por ex oacuteleos graxos aacutecidos graxos

B01D 2400 (200601) Filtros com material filtrante natildeo-aglomeradonatildeo aglomerado ie com material filtrante sem nenhum aglutinante ou partiacuteculas ou as fixas individuais que a compotildeemcompotildeem

C07C 6702 (196809) Preparaccedilatildeo de eacutesteres de aacutecidos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transesterificaccedilatildeo

B01J 2106 (197407) Catalisadores compreendendo os elementos os oacutexidos ou hidroacutexi-dos do magneacutesio do boro do alumiacutenio do carbono do siliacutecio do titacircnio do zircocircnio e do haacutefnio Siliacutecio titacircnio zircocircnio ou haacutefnio seus oacutexidos ou hidroacutexidos

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados do INPI (2019)

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Por meio dos coacutedigos descritos juntamente como as palavras--chave foi possiacutevel otimizar as buscas utilizando o campo de combinaccedilatildeo de informaccedilotildees na base da PATENTSCOPE como tambeacutem maximizar a recuperaccedilatildeo de dados dos documentos publicados Atraveacutes das buscas se pode evidenciar a predomi-nacircncia do coacutedigo C10L102 nos documentos que segundo o INPI refere-se a ldquoCombustiacuteveis carbonaacuteceos liacutequidos baseados essencialmente em componentes consistindo somente em car-bono hidrogecircnio e oxigecircniordquo aleacutem da alta presenccedila do coacutedigo C07C que o INPI descreve como ldquoPreparaccedilatildeo de eacutesteres de aacuteci-dos carboxiacutelicos por inter-reaccedilatildeo de grupos eacutester ie transes-terificaccedilatildeordquo Fantinel et al (2015) ao realizar uma prospecccedilatildeo na base de dados da Questel Orbit evidenciou um crescente nuacute-mero de patentes depositadas no coacutedigo C10L-102 resultando em 1132 depoacutesitos realizados no periacuteodo de 2004 a 2015

Atraveacutes das buscas foi possiacutevel notar a predominacircncia do coacutedigo C07C 6702 no qual este cita a transesterificaccedilatildeo e pre-paraccedilatildeo dos grupos de eacutester de aacutecidos carboxiacutelicos presentes no biodiesel aleacutem de constatar na maioria dos documentos pu-blicados a presenccedila do coacutedigo C10L 102 Assim tais coacutedigos juntos obtecircm os maiores resultados nas buscas sobre biodiesel Referente agrave produccedilatildeo de biodiesel a partir das oleaginosas gor-duras animais e vegetais verificou-se a predominacircncia dos coacute-digos C11C 300 C11B 300 C12P 764 C10G 300 e C11C 108 constatando assim a presenccedila dessas tecnologias na obtenccedilatildeo do biocombustiacutevel

Atraveacutes da pesquisa na PATENTSCOPE foi possiacutevel identifi-car os principais requerentes e inventores de patentes referen-tes ligados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil no periacuteodo de 2009 a 2018 conforme pode ser observado no Graacutefico 3

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 3 ndash Patentes requeridas no periacuteodo de 2009 - 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

Conforme observado a Universidade Federal do Paranaacute ndash UFTP lidera o ranking da PATENTSCOPE com onze patentes requeridas no periacuteodo aproximadamente 229 dos resultados logo em seguida a Universidade Estadual de Campinas ndash UNI-CAMP com dez patentes cerca de 2084 a Universidade Fede-ral de Pelotas ndash UFPel com sete patentes representando 1459 do total e por fim Carlos Ernesto Covalski Petrobras Tsinghua University Universidade Federal da Bahia e Universidade Fede-ral de Minas Gerais com quatro patentes requeridas cada um aproximadamente 4167 dos resultados encontrados

No que diz respeito agrave anaacutelise histoacuterica do depoacutesito de paten-tes referente agrave tecnologia abordada concluiu-se que as pesqui-sas ligadas ao biodiesel vecircm crescendo gradativamente eviden-ciando a importacircncia dos biocombustiacuteveis na matriz energeacutetica brasileira Tal observaccedilatildeo pode ser constatada no Graacutefico 4 sen-do comparado o depoacutesito de patentes nas principais bases de propriedade intelectual

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Graacutefico 4 ndash Evoluccedilatildeo do nuacutemero de patentes ligadas agrave obtenccedilatildeo do biodiesel no Brasil de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENSCOPE INPI e ESPACENET (2019)

Mediante os resultados encontrados pode-se concluir que o maior nuacutemero de patentes registradas ocorreu no ano de 2011 atingindo 111 documentos publicados dentre os requerentes estatildeo empresas privadas pessoas fiacutesicas universidades oacutergatildeos puacuteblicos e centros de tecnologia Conforme observado o banco de dados do INPI registrou um total de 299 documentos segui-do da PATENTSCOPE com 369 documentos de patentes e por fim a ESPACENET com 59 patentes registradas Por meio disso pode ser observada a alta evoluccedilatildeo do nuacutemero de documentos depositados nos bancos de dados

Fantinel et al (2017) ao realizar um mapeamento tec-noloacutegico do biodiesel no Brasil e no mundo destacou a crescente evoluccedilatildeo de tecnologias ligadas agrave produccedilatildeo des-se biocombustiacutevel tendo registrado um pico elevado de pedidos de patentes nos anos de 2006 a 2014 Grando et al (2016) tambeacutem encontrou resultados semelhantes ao realizar a prospecccedilatildeo de patentes na base da Derwet Inno-vation constatou o crescente nuacutemero de pesquisas ligadas ao biodiesel nos anos de 2004 a 2013 Tal constataccedilatildeo tem

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

ligaccedilatildeo direta com as porcentagens miacutenimas obrigatoacuterias de biodiesel misturadas ao oacuteleo diesel estabelecidas pela ANP tendo isso alavancado a induacutestria do biodiesel nesse periacuteodo Aleacutem disso foi quando esse biocombustiacutevel co-meccedilou a ser inserido totalmente na matriz energeacutetica bra-sileira por meio das legislaccedilotildees

Desse modo o Brasil tem se mostrado um paiacutes de des-taque frente a outras naccedilotildees a participaccedilatildeo do biodiesel na matriz energeacutetica nacional vem crescendo gradativa-mente possibilitando assim o avanccedilo de novas pesquisas ligadas a esse produto (ANP 2019) A presenccedila de variadas fontes energeacuteticas contribui natildeo soacute com a diversificaccedilatildeo das mateacuterias-primas que originam a obtenccedilatildeo do biodie-sel mas tambeacutem com a possibilidade de aprimoramento de tecnologias existentes para que assim venha a produ-zir uma maior quantidade de patentes e consequentemen-te maiores avanccedilos tecnoloacutegicos No que se refere agraves pes-quisas sobre biodiesel o Brasil apresenta alto potencial de publicaccedilatildeo de patentes como evidenciado no Graacutefico 5

Graacutefico 5 ndash Principais paiacuteses depositantes de patentes sobre biodiesel no periacuteodo de 2009 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da PATENTSCOPE (2019)

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Como observado nos dados da PATENTSCOPE o Brasil estaacute fixado na 6ordf posiccedilatildeo no que se refere aos principais pa-iacuteses depositantes de patentes no mundo tendo depositado 789 documentos de patentes no periodo de 2009 a 2018 Tal fato se daacute principalmente pela elevada produccedilatildeo do bio-diesel nos uacuteltimos anos como tambeacutem pelos investimentos que o setor tem recebido Segundo dados do Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia Inovaccedilotildees e Comunicaccedilotildees ndash MCTI o Brasil investiu 26 milhotildees de reais somente na produccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas no periacuteodo de 2009 a 2015 o que reflete no crescimento de patentes no mesmo periacuteodo

32 Panorama da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis no paiacutes se daacute principal-

mente por questotildees ambientais ligadas ao desenvolvimento sustentaacutevel tal necessidade eacute justificada pelas altas taxas de poluentes atmosfeacutericos emitidos pelos combustiacuteveis foacutesseis diariamente tendo como consequecircncia os altos teores de ga-ses como dioacutexido de enxofre dioacutexido de carbono e oacutexidos de nitrogecircnio como tambeacutem outros gases que satildeo lanccedilados na at-mosfera agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global (JHA SOREN 2016 CAPRARIIS et al 2017)

A atual demanda dos biocombustiacuteveis no Brasil tem se ele-vado rapidamente em substituiccedilatildeo aos combustiacuteveis foacutesseis Essas fontes renovaacuteveis vecircm ganhando espaccedilo na matriz ener-geacutetica brasileira apresentando uma produccedilatildeo cada vez maior em razatildeo disso pode-se observar no Graacutefico 6 o crescimento da produccedilatildeo do biodiesel e etanol no paiacutes ao longo dos uacuteltimos anos tendo como referecircncia a uacuteltima deacutecada

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Graacutefico 6 - Produccedilatildeo de Biodiesel e Etanol de 2008 a 2018

Fonte Elaborado pelos autores a partir da base de dados da INPI (2019)

A partir do graacutefico (6A) eacute possiacutevel destacar o alto crescimen-to da produccedilatildeo de biodiesel no paiacutes tendo quase triplicado a sua produccedilatildeo no periacuteodo Seguindo o panorama atual a produ-ccedilatildeo de biodiesel em 2025 seraacute de aproximadamente 78 milhotildees de m3 Aleacutem do biodiesel o etanol tambeacutem apresenta alto cres-cimento por consequecircncia do aumento no nuacutemero de motores com tecnologia flex e questotildees ambientais ligadas agraves emissotildees atmosfeacutericas conforme pode ser observado no graacutefico (6B)

Biodiesel 6A

Etanol 6B

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Apesar de uma reduccedilatildeo em 2011 e 2012 o etanol (6B) tem se mostrado bastante confiaacutevel sua participaccedilatildeo no mercado teve um crescimento elevado nos uacuteltimos anos especialmente no periacuteodo de 2017 a 2018 O avanccedilo tanto da produccedilatildeo de etanol como a de biodiesel tem como grandes aliados a locali-zaccedilatildeo tropical do Brasil a alta incidecircncia de energia solar aleacutem do regime pluviomeacutetrico adequado e territoacuterio com vasta exten-satildeo possibilitando assim uma produccedilatildeo contiacutenua do biodiesel e etanol (EMBRAPA 2015) Estas caracteriacutesticas satildeo favoraacuteveis agrave produccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem inovaccedilotildees tecnoloacutegi-cas decorridas das pesquisas ligadas ao desenvolvimento dos biocombustiacuteveis Em razatildeo disso o Brasil se encontra entre os maiores produtores de biodiesel e etanol conforme o Graacutefico 7

Graacutefico 7 ndash Principais paiacuteses produtores de biodiesel e etanol em milhotildees de m3 em 2017

Fonte Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis (REN 21) (2018)

Segundo o Relatoacuterio da Rede de Poliacuteticas de Energias Renovaacuteveis ndash REN21 lanccedilado anualmente o Brasil tem uma produccedilatildeo estimada em 43 milhotildees de m3 produzi-dos de biodiesel no ano de 2017 ficando atraacutes apenas dos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Estados Unidos com produccedilatildeo de 60 milhotildees de m3 no mesmo periacuteodo Conforme os dados do REN21 o Brasil tambeacutem obteve destaque no ano mencionado com pro-duccedilatildeo de 285 milhotildees de m3 de etanol atingindo a 2ordf po-siccedilatildeo perdendo somente para os Estados Unidos com 60 milhotildees de m3 produzidos Tais dados evidenciam a capa-cidade que o paiacutes tem de se destacar no mercado produtor de biodiesel em especial no registro de documentos de patentes referentes agrave obtenccedilatildeo desse biocombustiacutevel

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esse estudo apresentou os resultados de uma pesquisa quan-titativa que teve por finalidade realizar uma prospecccedilatildeo tecno-loacutegica nos bancos de dados da ESPACENET PATENTSCOPE e INPI Em particular foram identificados os principais coacutedigos relacionados agrave obtenccedilatildeo do biodiesel como tambeacutem a evoluccedilatildeo dos depoacutesitos de patentes nos uacuteltimos anos Assim atraveacutes da pesquisa foi possiacutevel evidenciar a predominacircncia dos codigos C10L C07C e B01J no que se refere ao depoacutesito de patentes no Brasil Aleacutem disso foi notado que a Universidade Federal do Paranaacute e a Universidade Estadual de Campinas estatildeo entre os maiores requerentes de patentes no Brasil na base da PATENTS-COPE no periacuteodo de 2009 a 2018

Para tanto observou-se um crescimento elevado de pesqui-sas ligadas agrave produccedilatildeo de biodiesel no periacuteodo pesquisado Desse modo foi possiacutevel evidenciar que o Brasil apresentou na PATENTSCOPE 369 documentos de patentes no periacuteodo de 2009 a 2018 seguida do INPI e ESPACENET com 299 e 59 patentes publicadas respectivamente Portanto por meio dos

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resultados pode-se concluir que o Brasil apresenta alto poten-cial de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a obtenccedilatildeo do biodiesel pois foi observado que este deteacutem o sexto lugar no ranking de paiacuteses depositantes tendo 789 pa-tentes depositadas Assim pode-se concluir que eacute de grande relevacircncia investimentos direcionados aos biocombustiacuteveis especialmente o biodiesel pelo fato de questotildees ambientais e econocircmicas terem ganhado forccedila ao longo dos uacuteltimos anos proporcionando assim a busca por novas fontes alternativas viaacuteveis e sustentaacuteveis atraveacutes do desenvolvimento e registro de patentes

REFEREcircNCIAS

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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JEANE DENISE DE SOUZA MENEZESCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVA DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZ

1 INTRODUCcedilAtildeO

A matriz energeacutetica baseada no uso dos combustiacuteveis foacutesseis como o carvatildeo o petroacuteleo e o gaacutes natural aleacutem de ser poluente tem se tornado cada vez mais onerosa A substituiccedilatildeo desses combustiacuteveis foacutesseis pelas fontes de energia renovaacuteveis envolve tanto expressivas modificaccedilotildees poliacuteticas legais econocircmicas e tecnoloacutegicas quanto mudanccedilas de paradigmas com a necessi-dade da compreensatildeo das questotildees ambientais como fator com-petitivo e a evoluccedilatildeo da postura em relaccedilatildeo agraves problemaacuteticas ambientais

O futuro da produccedilatildeo de energia depende das poliacuteticas ener-geacuteticas que o paiacutes adota e principalmente dos haacutebitos de consu-

MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

CAPIacute

TULO

III

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mo pois impulsionam a busca por tecnologias e inovaccedilotildees por novas energias renovaacuteveis ou por melhoramentos das teacutecnicas jaacute existentes principalmente as que utilizam resiacuteduos do setor agropecuaacuterio O crescimento da economia brasileira em grande parte eacute proveniente da agroinduacutestria e esse crescimento pode ser impulsionado agrave medida que uma maior quantidade dos resiacuteduos e dejetos deste setor seja convertida em energia renovaacutevel

Os problemas ambientais gerados pelos combustiacuteveis deriva-dos do petroacuteleo e a escassez em progressatildeo de sua oferta refor-ccedilam a busca por alternativas viaacuteveis ambientalmente adequadas e que consigam suprir a crescente demanda energeacutetica da atua-lidade As microalgas surgem nesse contexto como uma nova rota tecnoloacutegica que consegue sintetizar accediluacutecares e aacutecidos gra-xos que por sua vez podem ser convertidos em biocombustiacuteveis

O Brasil apresenta uma posiccedilatildeo privilegiada para assumir a lideranccedila na produccedilatildeo de microalgas pelo fato de possuir gran-des aacutereas com intensa radiaccedilatildeo solar As culturas de microalgas tecircm como vantagens sua alta produtividade e sua habilidade para capturar nutrientes das aacuteguas residuaacuterias Podem inclu-sive ser cultivadas em uma instalaccedilatildeo industrial requerendo aacuterea muito menor natildeo exigindo solos feacuterteis

A grande variedade de microalgas existentes o potencial bio-tecnoloacutegico de muitas espeacutecies ainda desconhecidas e a ampla gama de aplicaccedilotildees desses compostos ainda pouco explorados sinalizam a necessidade da realizaccedilatildeo de mais pesquisas seja para descobrir novos compostos com elevado valor agregado seja para otimizar os processos jaacute conhecidos

Este capiacutetulo visa o aprofundamento do estudo dos diversos compostos biossintetizados por microalgas com ecircnfase nos aacuteci-dos graxos para produccedilatildeo de biocombustiacutevel Permite a conso-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lidaccedilatildeo de uma linha de pesquisa que apresenta imensa capaci-dade de expansatildeo bastando para tal investimento em poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento das suas estruturas para produccedilatildeo com vistas para que no futuro seja possiacutevel a implantaccedilatildeo de um projeto piloto de produccedilatildeo em escala industrial

2 AS MICROALGAS

Microalgas eacute um termo geneacuterico desprovido de significado taxonocircmico correspondendo portanto a um grupo muito he-terogecircneo de organismos e considera-se que faccedilam parte desse grupo os microrganismos com clorofila e outros pigmentos fo-tossinteacuteticos (RAVEN et al 2007) Satildeo organismos microscoacutepi-cos fotossintetizantes predominantemente aquaacuteticos capazes de desenvolver-se tanto em aacutegua doce quanto no ambiente ma-rinho a depender da espeacutecie (DERNER et al 2006)

Na denominaccedilatildeo microalgas podem ser incluiacutedos organis-mos com dois tipos de estrutura celular estrutura procarioacutetica com representantes nas Divisotildees Prochlorophyta e Cyanophyta (cianobacteacuterias) estrutura celular eucarioacutetica com represen-tantes nas Divisotildees Euglenophyta Chlorophyta Rhodophyta Heterokontophyta (Bacillariophyceae Chrysophyceae Xan-tophyceae e outros) Haptophyta (Prymnesiophyta) Dinophyta e Cryptophyta (HOEK et al 1995)

Alguns desses organismos podem crescer em condiccedilotildees ex-tremas em seu habitat natural como mudanccedilas draacutesticas de temperatura salinidade e irradiaccedilatildeo UV como tal satildeo capazes de adaptar-se rapidamente agraves condiccedilotildees do ambiente para so-breviver produzindo uma grande variedade de metaboacutelitos se-cundaacuterios os quais natildeo satildeo encontrados em outros organismos

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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Possuem a capacidade de combinar aacutegua e dioacutexido de carbono com luz solar para produzirem diversas substacircncias com consi-deraacutevel potencial biotecnoloacutegico (PLAZA et al 2010)

21 Potencial biotecnoloacutegico das microalgas

As microalgas possuem a capacidade de biosintetizar aacutecidos graxos polinsaturados lipiacutedios accediluacutecares antioxidantes pig-mentos naturais compostos bioativos proteiacutenas e outros quiacute-micos de alto valor podendo assim ser utilizadas principal-mente na induacutestria alimentiacutecia e farmacecircutica na produccedilatildeo de cosmeacuteticos e biocombustiacuteveis

211 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria alimentiacutecia

O aproveitamento das microalgas varia desde a produccedilatildeo simples de biomassa para alimentos e raccedilotildees ateacute para o merca-do de alimentos funcionais utilizando microalgas em massas iogurtes e bebida laacutectea (PULZ GROSS 2004)

As microalgas cultivadas comercialmente para a produccedilatildeo de alimentos satildeo espeacutecies dos gecircneros Arthrospira Stizenberger (Cyanophyceae) e Chlorella Beyerinck (Chlorophyceae) como aditivos em alimentos naturais Dunaliella salina Teodoresco (Chlorophyceae) para extraccedilatildeo de betacaroteno e Haematococ-cus pluvialis Flotow (Chlorophyceae) para a obtenccedilatildeo de um dos principais carotenoides amplamente utilizado na induacutestria alimentiacutecia a astaxantina (BECKER 2004)

A biomassa de microalgas pode ter um vasto campo de apli-caccedilatildeo no qual vaacuterios estudos foram realizados como eacute o caso de Chlorella vulgaris e Haematococcus pluvialis como corante e antioxidante em emulsotildees alimentares (GOUVEIA et al 2006)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

212 Aplicaccedilatildeo das algas na induacutestria farmacecircutica e cosmeacutetica

Os compostos produzidos por uma grande variedade de mi-croalgas possuem propriedades fiacutesicas estruturais e quiacutemicas diferentes a depender da cepa que os produz Devido a essa ampla diversidade em estrutura e propriedades fiacutesicas os polis-sacariacutedeos de microalgas possuem muitas aplicaccedilotildees na induacutes-tria farmacecircutica e cosmeacutetica

A utilizaccedilatildeo de polissacariacutedeos biossintetizados pelas mi-croalgas Porphyridium Rhodella e Dixoniella com adiccedilatildeo de metais como o zinco prata niacutequel cobre e selecircnio para apli-caccedilotildees toacutepicas foi patenteada por Dillon Zaman e Day (2008) US20080299147 direcionando sua aplicaccedilatildeo no desenvolvi-mento de produtos de higiene pessoal cosmeacuteticos e composi-ccedilotildees de reduccedilatildeo de rugas

A patente (20120264177) submetida por Millbrae et al (2012) eacute o polissacariacutedeo sulfatado biossintetizado pela microalga do gecircnero Porphyridium que possui a propriedade para melhorar a sauacutede e aparecircncia da pele

Os polissacariacutedeos sulfatados da microalga vermelha Por-phyridium cruentum podem ser usados em terapias e contra in-fecccedilotildees bacterianas (GUZMAN-MURILLO ASCENCIO 2000) Esta microalga conteacutem muitos compostos valiosos como polis-sacariacutedeos (xilose glucose galactose aacutecido glucurocircnico) poli--insaturados aacutecidos graxos e ficoeritrina (WANG et al 2007)

A composiccedilatildeo do polissacariacutedeo da caacutepsula mucilaginosa de microalgas eacute diferente da composiccedilatildeo do polissacariacutedeo soluacutevel no meio de cultura Experimentos realizados por Brouwer et al (2002) com as espeacutecies Cylindrotheca closterium e Nitzschia sp

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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mostraram que os polissacariacutedeos produzidos satildeo diferentes daqueles constituintes da caacutepsula mucilaginosa descartando a possibilidade dos polissacariacutedeos encontrados no meio serem provenientes da morte ou degradaccedilatildeo celular durante a fase es-tacionaacuteria do cultivo

Xavier-Filho e Basmaji (2011) patentearam a formulaccedilatildeo e o processo para obtenccedilatildeo de creme antioxidante e cicatrizan-te com β-caroteno proveniente da microalga Dunaliella salina passiacutevel de aplicaccedilatildeo no tratamento de rejuvenescimento da pele como antioxidante natural com o fim de revitalizar e cica-trizar as ceacutelulas deacutermicas

A diversidade de estudos demonstra os efeitos da busca por novos medicamentos e cosmeacuteticos que cresce na medida em que a populaccedilatildeo estaacute cada vez mais preocupada com a sauacutede e a esteacutetica A grande capacidade das microalgas produzirem compostos bioativos tais como carotenoides aacutecidos graxos po-li-insaturados polissacariacutedeos biosintetizar alimentos funcio-nais e ainda compostos que possuem atividade antibacteriana antitumoral antifuacutengica antiviacuterica fazem com que seja muito valorizado o cultivo dessas microalgas

213 Produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

As microalgas satildeo organismos muito flexiacuteveis quanto ao habitat podendo ser encontradas tanto em ambientes uacutemidos terrestres quanto em ambientes aquaacuteticos de aacutegua doce salobra e salgada (CARNEIRO 2018) Essa capacidade proporciona vantagens con-sideraacuteveis em comparaccedilatildeo com os cultivos convencionais utiliza-dos para a produccedilatildeo de biodiesel pois sua produccedilatildeo apresenta um menor impacto ambiental durante a combustatildeo por possuiacuterem emissotildees quase nulas de enxofre (SANTOS et al 2018)

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

As microalgas satildeo consideravelmente versaacuteteis pois a bio-massa assimilada pela fixaccedilatildeo do dioacutexido de carbono atmosfeacute-rico durante a fotossiacutentese compensa as emissotildees de CO2 pro-duzidas pela combustatildeo do combustiacutevel nos motores e reduz as emissotildees liacutequidas de gases de efeito estufa associadas ao ciclo de vida do biodiesel (VAZ 2018) O biodiesel produzido pelas microalgas apresenta ainda a vantagem de natildeo produzir enxofre (MAZIERO 2006) Com o estudo realizado por Ponnusamy et al (2014) foi possiacutevel estimar tambeacutem que 1 kg de biodiesel de algas tem a capacidade de fixar cerca de 06 kg de CO2

As microalgas possuem a grande vantagem de apresentar elevada capacidade de produccedilatildeo em uma pequena aacuterea quando comparadas aos biocombustiacuteveis que utilizam a biomassa vege-tal ou animal (LOPES 2015) Singh e Gu (2010) afirmam que a maioria dos sistemas de produccedilatildeo de algas pode gerar de 9450 a 18900 litros de oacuteleo por hectare em tanques de cultivo aberto

Outro estudo realizado por Magalhatildees (2011) compara a pro-duccedilatildeo de oleaginosas como a soja que produz de 02 a 04 to-neladas de oacuteleo por hectare o pinhatildeo manso que produz de 1 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e o dendecirc de 3 a 6 toneladas de oacuteleo por hectare e afirma que as algas podem produzir 237 mil litros de biocombustiacutevel por hectare (MAGALHAtildeES 2011)

Um dos fatores importantes para produccedilatildeo de biodiesel a partir de microalgas eacute que este tipo de cultivo natildeo deslocaraacute as tradicionais aacutereas de cultivo voltadas para a alimentaccedilatildeo hu-mana considerada uma das principais criacuteticas agrave produccedilatildeo de biodiesel que utiliza como biomassa de conversatildeo as plantas oleaginosas (LI DU LIU 2008)

O biodiesel oriundo de microalgas apresenta caracteriacutesticas semelhantes ao diesel derivado do petroacuteleo e pode ser usado em

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qualquer veiacuteculo ou equipamento com motor a diesel Durante a produccedilatildeo do biodiesel pela biomassa algal outros biocom-bustiacuteveis satildeo formados como o bioetanol o biometanol biohi-drogecircnio e o biometano aleacutem de produzir subprodutos como glicerina pigmentos e poliacutemeros

Nesse sentido muitas publicaccedilotildees vecircm buscando alterna-tivas para diminuir os custos de produccedilatildeo tais como Nasci-mento et al (2014) que realizou uma triagem com 12 cepas de microalgas aplicando como criteacuterios seletivos a produti-vidade de lipiacutedeos e o perfil de aacutecidos graxos visando avaliar a produtividade do biodiesel produzido Nesse estudo as ce-pas que apresentaram maior produtividade foram a Chlorella (20491 mgLminus1 dayminus1) e as Botryococcus (11243 e 9800 mgLminus1 diaminus1 para Botryococcus braunii e Botryococcus terribilis res-pectivamente)

Os custos de produccedilatildeo variam significativamente com a escala e o sistema de produccedilatildeo As etapas de separaccedilatildeo das microalgas e de extraccedilatildeo dos oacuteleos satildeo onerosas devido agrave alta demanda por energia e os custos de capital envolvidos (WIJ-FFELS BARBOSA 2010 TABERNERO et al 2012) Portanto a extraccedilatildeo de subprodutos dos biocombustiacuteveis bem como a utilizaccedilatildeo de substratos oriundos de resiacuteduos industriais pode tornar mais viaacutevel a produccedilatildeo de microalgas Costa e Andrade em 2009 desenvolveram um sistema para produccedilatildeo e purifica-ccedilatildeo de biogaacutes atraveacutes da patente PI0703245-5 Sears patenteou (PI0615085-3) em 2011 um meacutetodo aparelho e sistema para produccedilatildeo de biodiesel a partir de alga

As microalgas podem minimizar os problemas devido agrave accedilatildeo antroacutepica ao atuar na biorremediaccedilatildeo de efluentes pois per-mitem reduzir remover eou remediar contaminaccedilotildees no am-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

biente (FRANCO et al 2013) Atraveacutes do estudo realizado por Lopes (2015) com a microalga Chlorella sp utilizando efluentes da induacutestria sucroalcooleira a vinhaccedila como substrato e reator anaeroacutebio de manta de lodo (UASB) foi possiacutevel realizar produ-ccedilatildeo de biocombustiacuteveis com um menor custo energeacutetico

Alguns estudos enfatizam a comparaccedilatildeo da produccedilatildeo entre diferentes espeacutecies de algas e as plantas como os de Demirbas e Fatih (2011) que relata que ldquoo rendimento por unidade de aacuterea de oacuteleo de algas eacute estimado em 20000 a 80000 l ha por ano isso eacute de 7 a 31 vezes maior do que a proacutexima melhor safra o oacuteleo de palmardquo Outros trabalhos como o realizado por Taber-nero et al (2012) utilizando a microalga Chlorella protothecoi-des realizando simulaccedilatildeo e uma anaacutelise econocircmica detalhada reconheceram os altos custos da produccedilatildeo do biodiesel

A produccedilatildeo de biodiesel foi analisada por Ponnusamy et al (2014) sob o aspecto energeacutetico Nesse estudo foi constatado que foram necessaacuterios 58 MJ de energia para produzir 1 kg de biodiesel dos quais 36 foram gastos em cultivo e 56 em extraccedilatildeo de lipiacutedios e considerando os creacuteditos de energia dos coprodutos a demanda de energia reduz para 2823 MJ Em es-tudo anterior Chisti (2008) jaacute havia observado que o grande obstaacuteculo para a produccedilatildeo de biocombustiacutevel utilizando oacuteleo de microalgas eacute o grande custo dos fotobiorreatores

Barcellos (2012) realizou um levantamento de 16651 paten-tes na base Espacenet e pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em que apenas 1380 se refere ao biodiesel e 690 ao biogaacutes

Os autores Kim Oh e Bae (2017) realizaram um estudo para avaliar a produccedilatildeo de bioetanol em resposta agraves condiccedilotildees de cultivo de Porphyridium cruemtum e os resultados indicam que

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P cruemtum pode crescer em condiccedilotildees de aacutegua doce e eacute um candidato eficiente para a produccedilatildeo de bioetanol

Apesar das inuacutemeras vantagens relatadas existem preocupa-ccedilotildees ambientais relacionadas agrave produccedilatildeo em escala industrial do biodiesel em razatildeo do elevado volume de glicerol produzido como subproduto e para o glicerol ter valor comercial no setor alimentiacutecio e farmacecircutico segundo Beatriz (2011) precisa pas-sar por purificaccedilatildeo podendo assim viabilizar economicamente o aumento da produccedilatildeo de biodiesel

3 MICROALGAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

A expressatildeo sustentabilidade tem sido alvo de muitas discus-sotildees e preocupaccedilotildees das organizaccedilotildees que necessitam adequar seus interesses de obtenccedilatildeo de lucro agraves necessidades socioam-bientais estabelecendo mecanismos para corrigir as externali-dades negativas geradas e com isso seguir em busca do desen-volvimento sustentaacutevel (MARTINS R ROSSIGNOLI 2018)

As externalidades ambientais negativas correspondem aos custos sociais de degradaccedilatildeo ambiental em um determinado empreendimento Segundo Derani (1997)

Durante o processo produtivo aleacutem do produto a ser

comercializado satildeo produzidas ldquoexternalidades negati-

vasrdquo Satildeo chamadas externalidades porque embora resul-

tantes da produccedilatildeo satildeo recebidas pela coletividade ao

contraacuterio do lucro que eacute percebido pelo produtor privado

(DERANI 1997 p 158)

Conforme relata Luacutecio (2018) as externalidades ambientais negativas podem ser interpretadas na oacuterbita juriacutedica ou na eco-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

nocircmica de forma diferenciada Juridicamente significam fontes de injusticcedilas sociais pois causam danos impunemente agrave socie-dade Economicamente satildeo consideradas como uma falha no mercado por natildeo alocar os recursos de forma eficiente

Para que os meios sustentaacuteveis tenham eficaacutecia eacute necessaacuterio antes de tudo entender que os recursos satildeo finitos ou seja o seu uso exagerado pode vir a causar o seu esgotamento por essa razatildeo as metas ambientais fazem parte da poliacutetica governamen-tal em praticamente todo o mundo (SARTORI S LATROcircNICO F CAMPOS 2014 MENEZES VIEIRA 2011)

O desenvolvimento de teacutecnicas de valorizaccedilatildeo do resiacuteduo para produccedilatildeo de novos produtos principalmente aqueles com maior valor agregado deveraacute contribuir para promover modifi-caccedilotildees nos processos produtivos da agroinduacutestria (MENEZES et al 2012) Como estrateacutegia para minimizar os custos de produ-ccedilatildeo haacute uma alternativa que seria a utilizaccedilatildeo de substratos alter-nativos de baixo custo em processos fermentativos tais como resiacuteduos agroindustriais que por conseguinte reduziriam os danos ambientais principalmente no que se refere agrave destinaccedilatildeo dos resiacuteduos (BORGES et al 2016)

O cultivo de microalgas pode promover tambeacutem a biorre-mediaccedilatildeo de efluentes domeacutesticos ou industriais Nesse sen-tido a utilizaccedilatildeo de substratos alternativos ajuda a diminuir os problemas ambientais como o descarte de efluentes e tem a vantagem de natildeo apresentar problemas com a sazonalidade de sua produccedilatildeo uma vez que eacute gerado em grande volume o ano todo desenvolvendo um produto de consideraacutevel valor comercial trazendo mais renda para a regiatildeo e consequente-mente geraccedilatildeo de novos empregos sem o consumo de novas mateacuterias primas

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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O uso de substratos oriundos de resiacuteduos renovaacuteveis eacute uma excelente opccedilatildeo ambientalmente correto seja para o desenvolvi-mento de produtos com maior valor agregado ou para a reduccedilatildeo do custo do tratamento dos resiacuteduos (MENEZES et al 2012)

O cultivo de microalgas possui uma seacuterie de vantagens em relaccedilatildeo a outras culturas apresenta um menor consumo de aacutegua quando comparado ao de cultivo de plantas (SHEEHAN et al 1998) e apresenta a vantagem de poder ser realizado em aacuteguas com elevada quantidade de mateacuteria orgacircnica (FRANCO 2013) As microalgas apresentam maior eficiecircncia fotossinteacutetica que os vegetais superiores e por isso satildeo consideradas exce-lentes fixadoras de CO2 (PIENKOS DARZINS 2009 LIRA et al 2012) Portanto haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo a fim de tornar a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos pro-dutos que podem ser extraiacutedos das microalgas da possiacutevel ati-vidade bioloacutegica e do desenvolvimento de mercados especiacuteficos (MENEZES VIEIRA 2011)

Aleacutem da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis as microalgas podem ser utilizadas tambeacutem para o sequestro de carbono remoccedilatildeo de nutrientes biossorccedilatildeo de metais biofertilizaccedilatildeo agriacutecola aleacutem de aplicaccedilotildees em engenharia geneacutetica Pela enorme biodiversi-dade das microalgas outras aplicaccedilotildees satildeo possiacuteveis e podem ser exploradas Por este motivo tem havido um interesse mun-dial crescente pelo assunto (SINGH GU 2010 GOUVEIA OLI-VEIRA 2009)

Na agroinduacutestria satildeo gerados resiacuteduos de consideraacutevel po-tencial econocircmico e portanto surge a necessidade da inserccedilatildeo de teacutecnicas ou meacutetodos que aproveitem ao maacuteximo esses com-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

postos Os resiacuteduos deste setor representam perdas econocircmi-cas e se natildeo receberem destinaccedilatildeo adequada podem ocasionar impactos ambientais (MENEZES et al 2012 ALMEIDA 2012 ZHOU et al 2008)

Os rejeitos gerados ao longo da cadeia produtiva apesar de natildeo possuiacuterem valor econocircmico evidente podem se tornar uma fonte importante para a produccedilatildeo de novos insumos (PACHECO SILVA 2008) Portanto o desenvolvimento e implementaccedilatildeo de processos sustentaacuteveis capazes de converter biomassa em pro-dutos com elevado valor agregado tornam-se indispensaacuteveis para aproveitar os resiacuteduos da agroinduacutestria e mitigar os impac-tos ambientais (MENEZES VIEIRA 2011 BORGES et al 2016)

O desenvolvimento e a adoccedilatildeo de novas tecnologias seratildeo cruciais para atender ao desafio de produzir alimento suficien-te para a populaccedilatildeo mundial e ao mesmo tempo reduzir os impactos ao meio ambiente (SALGADO JUNIOR 2017 FER-NANDEZ 2011) Graccedilas agrave biotecnologia tecircm sido produzidos novos materiais produtos coprodutos e substacircncias quiacutemicas utilizando como mateacuteria-prima os resiacuteduos agroindustriais ampliando desta forma o mercado otimizando a eficiecircncia do agronegoacutecio e consequentemente reduzindo o impacto ambiental (PACHECO SILVA 2008)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No atual estado de arte foi possiacutevel observar que a diver-sidade filogeneacutetica das microalgas e a grande variabilidade de compostos bioquiacutemicos que elas conseguem sintetizar refletem o grande potencial de suas aplicaccedilotildees biotecnoloacutegicas Dessa forma as microalgas apresentam potencial de uso no desenvol-

CAPIacuteTULO III - MICROALGAS BIOCOMBUSTIacuteVEIS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

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vimento de alimentos funcionais de medicamentos cosmeacuteti-cos e ainda na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis

Atualmente a maior parte das mateacuterias primas utilizadas para produccedilatildeo de biodiesel eacute derivada de sementes oleagino-sas o que promove a competiccedilatildeo com o mercado mundial de alimentos Nesse sentido o aproveitamento de resiacuteduos da in-duacutestria alimentiacutecia como insumo para produccedilatildeo de microalgas evita a utilizaccedilatildeo de recursos cada vez mais insuficientes reduz os custos socioambientais e melhora os resultados em termos de eficiecircncia econocircmica tendo em vista que os custos de pro-duccedilatildeo de biodiesel atraveacutes de microalgas ainda satildeo altos

Vale destacar que haacute necessidade de pesquisas visando o de-senvolvimento e o aperfeiccediloamento dos sistemas de produccedilatildeo para tornar possiacutevel a produccedilatildeo de microalgas em larga escala Essas pesquisas tambeacutem se fazem necessaacuterias agrave identificaccedilatildeo dos compostos sintetizados ou que podem ser extraiacutedos das mi-croalgas e da identificaccedilatildeo da possiacutevel atividade bioloacutegica

Muitos estudos destacam a importacircncia de considerar os as-pectos sineacutergicos da produccedilatildeo de biocombustiacuteveis com outros processos produtivos que podem impulsionar sua viabilidade O cultivo em aacuteguas residuaacuterias seja proveniente de efluentes domeacutesticos ou industriais favorece a biodegradaccedilatildeo de poluen-tes e a biorremediaccedilatildeo pois promove a retirada do excesso de dioacutexido de carbono da atmosfera

Portanto dentre as accedilotildees que podem contribuir para a as-censatildeo do biodiesel proveniente de microalgas estatildeo os inves-timentos em pesquisas mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas que estimulem a produccedilatildeo por esta via que possam aumentar a via-bilidade de sua produccedilatildeo em larga escala e finalmente possibi-litar a independecircncia dos combustiacuteveis foacutesseis

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

CAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVADIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

A crescente busca por combustiacuteveis renovaacuteveis e alternati-vos estaacute se tornando cada vez mais importante para os paiacuteses pois estes trazem menos impactos ao meio ambiente como tam-beacutem reduzem as chances de extinccedilatildeo dos derivados do petroacuteleo

Conforme a Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Natural e Bio-combustiacuteveis ndash ANP (2018) os biocombustiacuteveis provecircm de bio-massa renovaacutevel podendo assim substituir tanto parcialmente quanto totalmente os combustiacuteveis derivados do petroacuteleo e gaacutes natural que geram uma combustatildeo ou outro tipo de energia No Brasil os biocombustiacuteveis liacutequidos mais utilizados satildeo o etanol que vem atraveacutes da cana-de-accediluacutecar e o biodiesel que eacute oriundo

PRODUCcedilAtildeO DE GLICERINA A PARTIR DA TRANSESTERIFICACcedilAtildeO DO BIODIESEL ORIUNDO DE OacuteLEOS VEGETAIS E ANIMAIS

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de oacuteleos vegetais ou de gorduras animais podendo ser adicio-nado ao diesel em variadas proporccedilotildees sendo assim identifica-do como biodiesel B-50 B-100 e entre outros

A utilizaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis eacute viaacutevel economicamente podendo suprir a crescente demanda do mercado nacional de forma sustentaacutevel Espera-se que seja mais utilizado que o paiacutes volte a ter lugar de destaque no mercado mundial e que esteja em conformidade com as exigecircncias mundiais de uma econo-mia de baixo carbono (FARINA et al 2018)

Essa produccedilatildeo de energia proveacutem de fontes renovaacuteveis que cada vez mais vem sendo utilizada tanto em paiacuteses desenvol-vidos quanto nos que estatildeo em fase de desenvolvimento con-sequentemente a isto surgem preocupaccedilotildees com impactos ambientais e econocircmicos em relaccedilatildeo agrave energia provida dos deri-vados de petroacuteleo (SANTOS et al 2016)

O biodiesel eacute um biocombustiacutevel oriundo de um procedi-mento quiacutemico nomeado transesterificaccedilatildeo Neste processo os trigliceriacutedeos estatildeo presentes nos oacuteleos e na gordura animal tendo uma reaccedilatildeo com o aacutelcool primaacuterio etanol ou metanol originando dois produtos o eacutester e a glicerina (ANP 2018)

A glicerina que eacute derivada do biodiesel eacute considerada de baixo custo comparada com o glicerol produzido por induacutestrias atraveacutes de fermentaccedilotildees ou quiacutemicas Atualmente a glicerina vem cada vez mais ganhando seu espaccedilo no mercado pois ela eacute uma base de vaacuterios produtos como cigarros medicamentos cosmeacuteticos alimentos bebidas tecircxteis entre outros (LASEN 2009)

Nesse sentido este estudo tem por objetivo analisar atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica a produccedilatildeo de glicerina oriunda do biodiesel e assim evidenciar sua relevacircncia para o mercado bem como suas aplicaccedilotildees

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

11 A produccedilatildeo de biocombustiacuteveis no Brasil

O Brasil se destaca na produccedilatildeo de biocombustiacuteveis e a sua mateacuteria-prima que predomina eacute o oacuteleo de soja poreacutem outras oleaginosas vecircm sendo analisadas e estudadas como oacuteleos ali-mentares (MISCENCO 2016) oacuteleos vegetais e gorduras animais (MARCcedilON 2010) oacuteleo de cozinha usado (TAMBOR et al 2017) oacuteleos de peixes e gorduras de frangos (TEBAS et al 2016) dentre outras Devido a essa caracteriacutestica o biodiesel vem ao longo do tempo sendo um grande vetor de reduccedilotildees de princiacutepios poluen-tes e posteriormente combatendo o efeito estufa (GAIO 2014)

A produccedilatildeo do biodiesel via metiacutelica continua a ser mais uti-lizada do que a etiacutelica porque a transesterificaccedilatildeo acontece com mais facilidade A obtenccedilatildeo do biodiesel vem a partir de uma reaccedilatildeo quiacutemica e a depender do processo eacute chamado de craque-amento (TEBAS et al 2016)

O Biodiesel vem sendo muito produzido no paiacutes de acordo com os dados da ANP que garante o Brasil ficar em uma posiccedilatildeo de destaque em comparaccedilatildeo aos outros paiacute-ses Juntamente o etanol e o biodiesel vecircm fortalecendo a participaccedilatildeo dos biocombustiacuteveis como a matriz energeacuteti-ca nacional e isto faz com que o Brasil solidifique sua ima-gem no mercado internacional como naccedilatildeo que valoriza as fontes renovaacuteveis e energeacuteticas (ANP 2018)

12 Glicerina e suas aplicaccedilotildees no mercado

Durante a produccedilatildeo do biodiesel eacute gerada como coproduto a glicerina bruta que passa por tratamentos de purificaccedilatildeo para se tornar adequada conforme as exigecircncias do mercado

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A glicerina quando estaacute em um estado puro eacute um liquido viscoso incolor inodoro hidroscoacutepico A expressatildeo glicerina ou glicerol eacute utilizada na literatura poreacutem seu nome de origem pela IUPAC eacute propano-1 2 3-triol (LASEN 2009)

De acordo com Miscenco (2016) a glicerina bruta pode conter diversas impurezas como a presenccedila de eacuteter metiacutelico aacutecidos graxos livres trigliceriacutedeos metanol aacutegua sais inor-gacircnicos ou outra mateacuteria contaminante No entanto a neces-sidade de realizar a avaliaccedilatildeo de sua qualidade depende do uso ou seja se for apenas para lubrificaccedilatildeo pode ser usada a glicerina bruta mesmo A glicerina que eacute comercializada pode ser classificada em trecircs categorias a bruta a teacutecnica e a farmacecircutica conforme seu niacutevel de pureza A glicerina bruta eacute variada entre 40-88 da sua pureza jaacute a teacutecnica eacute superior a 96 assim podendo ser utilizada em induacutestrias quiacutemicas e a glicerina farmacecircutica eacute encontrada com mais de 997 de sua pureza sendo usada em induacutestrias alimen-tiacutecias farmacecircuticas e em diversas aplicaccedilotildees de elevado ri-gor (MISCENCO 2016)

A glicerina bruta originada do processo de produccedilatildeo do bio-diesel possui contaminantes sendo eliminados apoacutes ela se tor-nar pura e ter glicerina livre em niacutevel de classificaccedilatildeo de glice-rina loira conforme os padrotildees exigidos pela ASTM-American Society for Testing and Material D1257-07 com a finalidade de ser adequada para obter seus derivados sinteacuteticos favorecendo a reutilizaccedilatildeo sustentaacutevel e com miacutenimo de resiacuteduos possiacuteveis dentro de uma induacutestria (MARCcedilON 2010)

O uso da glicerina serve tanto para a composiccedilatildeo de elemen-tos quiacutemicos quanto para produzir biogaacutes como tambeacutem contri-bui para a produccedilatildeo de biodiesel que o torna mais sustentaacutevel

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

podendo assim ser reaproveitada e reutilizada sem provocar da-nos ambientais (SILVA et al 2015)

A glicerina tem sua composiccedilatildeo extremamente versaacutetil tecni-camente por causa da combinaccedilatildeo uacutenica das suas propriedades fazendo com que ela tenha utilidade em diversas aacutereas indus-triais (MISCENCO 2016) A glicerina refinada eacute composta por derivados que tecircm uma grande aplicaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo maior de seu consumo vem do ramo da cosmeacutetica e de faacutermacos (MEN-DES et al 2012)

A utilizaccedilatildeo da glicerina refinada na induacutestria farmacecircutica eacute para compor caacutepsulas supositoacuterios anesteacutesicos e alguns remeacute-dios Entra na composiccedilatildeo de emoliente e umectante de cremes dentais hidratantes de pele loccedilotildees maquiagens e desodorantes Amacia e aumenta a flexibilidade de fibras tecircxteis Eacute usada tam-beacutem para o processo de produccedilatildeo de tabaco para compor filtros de cigarros e como veiacuteculos de aromas Serve como lubrificantes de maacutequinas que processam alimentos para a fabricaccedilatildeo de tin-tas e resinas entre outros (MENDES et al 2012)

Nesse contexto a glicerina apresenta vasta gama de aplicaccedilotildees e bastante utilidade para o mercado princi-palmente para o ramo industrial mostrando tambeacutem sua crescente evoluccedilatildeo tanto na sua produccedilatildeo quanto na im-portacircncia para o mercado atual

2 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Este artigo foi construiacutedo a partir de uma revisatildeo bibliograacutefi-ca de caraacuteter analiacutetico com a finalidade de mostrar dados sobre a produccedilatildeo da glicerina de acordo com diversos autores identi-ficando a sua importacircncia e sua utilidade

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3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

No Brasil cerca de 45 da sua energia e 18 dos combustiacute-veis satildeo de fontes renovaacuteveis Jaacute em outros paiacuteses 86 da ener-gia natildeo eacute renovaacutevel Sendo assim o Brasil se torna um grande exportador mundial de biocombustiacuteveis atingindo uma coloca-ccedilatildeo esperada por diversos paiacuteses que buscam alternativas para substituiccedilatildeo de combustiacuteveis foacutesseis (ANP 2018)

As fontes renovaacuteveis como a da produccedilatildeo do biodiesel vecircm ganhando bastante atenccedilatildeo com sua crescente produtividade que para cada 90 msup3 de biodiesel satildeo gerados 10 msup3 de glicerina bruta durante o processo de transesterificaccedilatildeo Isto mostra que a produtividade da glicerina eacute considerada uma produccedilatildeo sus-tentaacutevel e que durante a reaccedilatildeo do processo ela rende uma boa quantidade de volume Ela eacute um subproduto que tem utilidade para o mercado eacute aproveitada pelas as induacutestrias e eacute direciona-da agrave fabricaccedilatildeo de outros produtos (APOLINAacuteRIO et al 2012)

Recentemente mais de 68 da glicerina bruta tem origem durante o processo de produccedilatildeo do biodiesel que eacute utilizado principalmente em setor de transportes Assim o mercado da glicerina se torna dependente da quantidade produzida de bio-diesel posteriormente da disponibilidade e dos preccedilos dos foacutes-seis como tambeacutem dos meios de incentivos legais para essas energias sustentaacuteveis aplicadas pela lei (MISCENCO 2016)

Existem relatos da utilizaccedilatildeo e estudos da glicerina como raccedilatildeo para animais (PAULE 2010) pericaacuterdio bovino conservado (ARAU-JO et al 2018) estabilidade de cor de resinas compostas (BERTO-LO et al 2018) conservaccedilatildeo de rins bovinos (NASCIMENTO et al 2016) lubrificaccedilatildeo de maacutequinas (MENDES et al 2012) entre ou-tros Isto evidencia que a glicerina estaacute cada vez mais sendo utiliza-da e estudada com bastante frequecircncia durante esses anos

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

De acordo com a ANP (2018) na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel (B100) entre os anos de 2013 a 2017 eacute possiacutevel notar atraveacutes do Graacutefico 1 a sua crescente e decres-cente produtividade de acordo com cada regiatildeo do Brasil em determinado ano Na Regiatildeo Norte eacute notaacutevel que houve uma grande decadecircncia ao longo desse periacuteodo em comparaccedilatildeo aos anos 2013 e 2017 jaacute em 2014 e 2015 houve um aumento de sua produccedilatildeo No Nordeste eacute observada uma grande produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com o Norte equivalente a trecircs vezes mais mos-trando um crescimento constante e equilibrado O Sudeste teve uma produtividade da glicerina parecida com a do Nordeste no entanto produziu um pouco a mais

Jaacute na Regiatildeo Sul pode se dizer que ela chegou a um niacutevel bas-tante elevado em sua produccedilatildeo em comparaccedilatildeo com as demais regiotildees citadas anteriormente mostrando tambeacutem seu rendi-mento constante ao longo dos anos E a que mais se destacou de todas as regiotildees foi o Centro-Oeste que obteve uma crescente produccedilatildeo de glicerina (ANP 2018)

Graacutefico 1- Produccedilatildeo de Glicerina oriunda do Biodiesel (B100) - (msup3) de 2013-2017

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da ANP (2018)

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A partir do Graacutefico 1 eacute possiacutevel dizer que se obteve um alto crescimento na produccedilatildeo da glicerina oriunda do biodiesel B(100) no paiacutes havendo uma demanda constante e crescente ao longo desses 5 anos o que mostra a importacircncia e a necessidade da glicerina para o mercado atual

A glicerina refinada vem aumentando em nuacutemero de expor-taccedilotildees indicando a sua importacircncia para o mercado internacio-nal como seraacute visto no Graacutefico 2 Eacute evidente seu crescimento econocircmico como tambeacutem as toneladas que foram exportadas durante os anos de 2013 a 2017 demonstrando as comparaccedilotildees entre a glicerina refinada com a glicerina bruta em relaccedilatildeo agrave receita e exportaccedilotildees

Graacutefico 2- Exportaccedilatildeo e receita adquirida da Glicerina Bruta e Glicerol

Fonte Elaboraccedilatildeo proacutepria com base nos dados da MDIC (2018)

A exportaccedilatildeo da glicerina bruta em 2013 foi de mais de 150 mil toneladas e obteve a receita de aproximadamente U$ 60 mi-

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

lhotildees mostrando o vasto interesse no mercado internacional para a utilizaccedilatildeo deste coproduto Dessa forma estima-se que a glicerina bruta foi negociada por U$ 400 doacutelares por tonelada Jaacute a glicerina refinada em 2013 foi apenas exportada em torno de 10 mil toneladas e tendo U$ 25 milhotildees de receita caracte-rizando um lucro bem maior U$ 2500 mil por tonelada

Em 2014 eacute notaacutevel que a glicerina refinada teve uma maior exportaccedilatildeo obtendo um aumento de 24 mil toneladas compara-do com o ano de 2013 consequentemente a sua receita foi de U$15 milhotildees mostrando que obteve uma queda de valor para cada 1000 mil toneladas vendidas sendo em meacutedia de U$ 625 mil Enquanto a glicerina bruta conseguiu um acreacutescimo em tor-no de 20 em relaccedilatildeo agrave exportaccedilatildeo e um decreacutescimo na sua re-ceita

Entre 2015 e 2016 houve uma caiacuteda em questatildeo de expor-taccedilotildees quanto agrave receita tanto para a glicerina refinada como a glicerina bruta poreacutem relevando aos dados eacute possiacutevel notar que a glicerina bruta foi a que mais decaiu principalmente em suas receitas perdendo mais de US$ 15 milhotildees na sua exportaccedilatildeo Entretanto a glicerina refinada quase manteve um equiliacutebrio nos seus lucros

Nos anos de 2013 a 2017 a glicerina refinada totalizou mais de 100000 toneladas exportadas isso mostra o quanto o mer-cado internacional tem interesse por esse subproduto E nota-se que seu lucro de exportaccedilatildeo foi diminuindo ao passar dos anos o que proporcionou uma quantidade maior de vendas para o exterior

A glicerina refinada por ser mais cara no ano de 2013 teve uma pequena quantidade de exportaccedilatildeo poreacutem sua receita foi bem alta em comparaccedilatildeo a sua venda contudo ao passar dos

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anos seu custo foi diminuindo consequentemente e a sua ex-portaccedilatildeo teve um crescimento maior que 1000 totalizando ateacute o ano de 2017

A glicerina como foi citado neste artigo possui diversas aplicaccedilotildees e funccedilotildees tanto para o mercado quanto para as in-duacutestrias no entanto para determinar onde ela seraacute utilizada em um determinado ramo industrial vai depender da sua pureza Como podem ver na Tabela 1 haacute trecircs niacuteveis de pureza da glice-rina para cada aplicaccedilatildeo

Tabela 1- Niacutevel de pureza da glicerina de acordo com a sua aplicaccedilatildeo

TIPOS DE GLICERINA NIacuteVEL DE PUREZA ()

Glicerina Bruta 40-88

Glicerina Teacutecnica 96

Glicerina Farmacecircutica 997

Fonte Adaptada de Miscenco (2016)

A Tabela 1 mostra que a glicerina bruta tem o seu niacutevel de pureza de 40-88 a teacutecnica tem 96 e a farmacecircutica pos-sui 997 sendo estes dados de acordo com Miscenco (2016) Cerca de 99 do glicerol quando purificado se torna uma ma-teacuteria prima de alto valor que seraacute destinado para a induacutestria de cosmeacuteticos alimentiacutecios tecircxteis farmacecircuticos Todavia a sua utilizaccedilatildeo dependeraacute de seu grau de pureza que deveraacute ser aci-ma de 95 Jaacute a glicerina bruta necessariamente natildeo exige um grau muito alto de pureza pois ela eacute usada para lubrificantes transportes entres outros contudo cada tipo de glicerina vai depender de seu ramo de aplicabilidade (LOPES et al 2014)

Conforme a Resoluccedilatildeo n 386 05 de agosto de 1999 a glicerina estaacute classificada como umectante na classe de aditi-vos admitidos para nutriccedilatildeo animal Segundo Paule (2010) o

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Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria e Abastecimento (MAPA) preconiza um padratildeo miacutenimo exigido para cada Kg de glicerina refinada como pode ser visto na Tabela 2

Tabela 2 ndash Padratildeo para cada Kg de glicerina para nutriccedilatildeo animal

COMPOSICcedilAtildeO GKg ()Glicerina Refinada 800 80 Umidade 130 13Metanol 150 15

Fonte Adaptada de Paule (2010)

Este padratildeo eacute para a produccedilatildeo de alimentaccedilatildeo animal que para cada kg de glicerina tem que ter 800 g de glicerina refi-nada e valores maacuteximos 130 g de umidade e 150 g de metanol Sendo que se a glicerina natildeo atender a esse padratildeo natildeo estaraacute adequada e nem seraacute recomendada para a utilizaccedilatildeo na alimen-taccedilatildeo animal

4 CONCLUSAtildeO

Os biocombustiacuteveis estatildeo em crescente evoluccedilatildeo nos uacuteltimos anos sendo uma fonte de energia que impacta menos o meio ambiente comparado aos combustiacuteveis foacutesseis e minerais O biodiesel eacute um biocombustiacutevel que pode ser um substituto do diesel aleacutem disso sua produccedilatildeo gera subprodutos como eacuteteres e glicerina A sua viabilidade econocircmica eacute justificada e susten-taacutevel como tambeacutem eacute uma fonte renovaacutevel gerando assim a preservaccedilatildeo dos combustiacuteveis derivados do petroacuteleo

Foi visto que a glicerina subproduto do biodiesel eacute de gran-de importacircncia e utilidade para o mercado pois ela pode ser usada em diversos setores industriais gerando outros produ-tos e tambeacutem pode ser usada como lubrificante de maacutequinas

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a depender da sua pureza Sua produtividade estaacute crescente no Brasil e isto mostra o quanto o paiacutes preza pela sustentabilidade e o aproveitamento de energia renovaacutevel como tambeacutem a dos subprodutos

Considerando os dados citados neste artigo eacute possiacutevel afir-mar que a glicerina eacute bastante viaacutevel na sua produccedilatildeo oriunda do processo de transesterificaccedilatildeo do biodiesel aleacutem disso eacute bastante vasta em suas aplicaccedilotildees e cada vez mais estaacute atenden-do a demanda exigida pelo mercado

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DIOGENS MARCO DE BRITO DA CRUZLUCAS MAGNO NERISCAMILA MANUELLE CARDOSO BRAZ DA SILVAJEANE DENISE DE SOUZA MENEZES

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos anos o niacutevel de conscientizaccedilatildeo sobre os riscos de impactos ambientais vem crescendo a sociedade vem valorizando produtos e estabelecimentos comerciais que adotam medidas para ampliar a preservaccedilatildeo dos recursos na-turais Como consequecircncia algumas empresas passam a reco-nhecer a proteccedilatildeo ambiental como fator importante na susten-tabilidade de seus empreendimentos As atividades realizadas pelas empresas de postos de combustiacuteveis satildeo consideradas po-tencialmente poluidoras (MACIEL FREITAS 2014) Contudo os impactos ambientais causados nessas atividades podem ser

PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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controlados ou ateacute mesmo evitados desde que a empresa adote medidas ambientalmente responsaacuteveis

Os postos de combustiacuteveis satildeo regidos pelas normas e dire-trizes estabelecidas pela Agecircncia Nacional do Petroacuteleo Gaacutes Na-tural e Biocombustiacuteveis ndash ANP a esse oacutergatildeo federal dentre suas competecircncias cabe regulamentar o ramo de varejo de combus-tiacuteveis e baseando-se em seus princiacutepios busca limitar os danos ambientais como eacute previsto pelo INEMA (2017) Os empreen-dedores que atuam nesse ramo devem seguir as exigecircncias do Conselho Nacional de Meio Ambiente ndash CONAMA que eacute res-ponsaacutevel pela legislaccedilatildeo ambiental e desenvolve trabalhos em parceria com estados e municiacutepios (FECOMBUSTIacuteVEIS 2012)

Este estudo teve como objetivo caracterizar as praacuteticas am-bientais de um posto de combustiacutevel utilizando como referecircn-cia as exigecircncias ambientais vigentes buscando sincronizar toda a legislaccedilatildeo que rege a poliacutetica do meio ambiente adotada em postos de combustiacuteveis

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Legislaccedilatildeo ambiental aplicada aos postos de combustiacuteveis

A Lei Federal nordm 693881 regulamentada pelo Decreto Federal nordm 9927490 afirma que o comeacutercio varejista de combustiacuteveispos-tos de gasolina estaacute sujeito agrave Resoluccedilatildeo CONAMA nordm 273 de 29 de novembro de 2000 A Lei considera como posto de combustiacutevel uma atividade de revenda de combustiacuteveis liacutequidos que possuem em sua composiccedilatildeo produtos derivados do petroacuteleo aacutelcool ou outros com-bustiacuteveis A sua instalaccedilatildeo deve conter a presenccedila de equipamentos e sistemas de armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis como tam-

97

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

beacutem equipamentos medidores regulamentados pelas legislaccedilotildees cabiacuteveis Ainda conforme a Resoluccedilatildeo CONAMA 2732000 para ser considerado PCR ndash Posto Revendedor de Combustiacutevel este deve atender a uma seacuterie de normas que regem o segmento com o objetivo de evitar impactos ambientais decorrentes do manu-seio inadequado dos combustiacuteveis e seus resiacuteduos gerados

Segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997 a atividade de revenda de combustiacutevel eacute caracterizada como parcial eou potencialmente poluidora devido a esse segmento manusear liacutequidos perigosos aos ecossistemas aos corpos drsquoaacutegua superficiais eou subterracircneos aleacutem de causar a contaminaccedilatildeo do ar e haver riscos agrave sauacutede humana Conforme Kerber (2013) eacute necessaacuteria a aplicaccedilatildeo de controles ambien-tais mais riacutegidos nos PRC a fim de evitar impactos ambientais irreversiacuteveis como tambeacutem deve existir um adequado geren-ciamento dos processos que envolvem variaacuteveis ambientais de modo a evitar a contaminaccedilatildeo dos recursos naturais

Ainda segundo a Resoluccedilatildeo CONAMA 237 Art 4ordm seraacute exigi-da dos postos de combustiacuteveis as seguintes licenccedilas para poder operar em conformidade com os oacutergatildeos regulamentadores

Licenccedila Preacutevia (LP) concedida na fase preliminar do pla-

nejamento do empreendimento aprovando sua localizaccedilatildeo

e concepccedilatildeo atestando a viabilidade ambiental e estabe-

lecendo os requisitos baacutesicos e condicionantes a serem

atendidos nas proacuteximas fases de sua implementaccedilatildeo

Licenccedila de Instalaccedilatildeo (LI) autoriza a instalaccedilatildeo do

empreendimento com as especificaccedilotildees constantes dos

planos programas e projetos aprovados incluindo medi-

das de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

98

Licenccedila de Operaccedilatildeo (LO) autoriza a operaccedilatildeo da ativi-

dade apoacutes a verificaccedilatildeo do efetivo cumprimento do que

consta das licenccedilas anteriores com as medidas de con-

trole ambiental e condicionantes determinados para a

operaccedilatildeo (CONAMA 2000 np)

Segundo o Art 6ordm sect1 e 2 da Resoluccedilatildeo do CONAMA nordm 273 todos os empreendimentos existentes foram sujeitos em um pra-zo de seis meses a partir da data de publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo (22121997) a efetuar o cadastro junto ao oacutergatildeo ambiental competente e elaborar as agendas e criteacuterios do licenciamento ambiental Ainda informa que todos os empresaacuterios ou responsaacuteveis legais pelo estabelecimento que descumprirem as normas e causarem impactos ambientais estaratildeo sujeitos agraves pena-lidades e responderatildeo aos prejuiacutezos causados ao meio ambiente Os Art 9ordm e Art 12ordm da Resoluccedilatildeo 273 estabelecem as penalidades em caso de descumprimento do disposto na Resoluccedilatildeo e ainda estabelecem que os certificados de conformidade com o oacutergatildeo am-biental tenham sua exigibilidade a partir de 1ordm de janeiro de 2003

Os postos de combustiacuteveis devem atender a uma seacuterie de requisitos para a concessatildeo da Licenccedila de Operaccedilatildeo - LO en-tre eles estatildeo o atendimento agrave norma ABNT NBR 13784 que normatiza o sistema de detecccedilatildeo de vazamentos agrave ABNT NBR 12235 que dispotildee sobre a forma de armazenamento dos resiacutedu-os gerados nas atividades de revenda de combustiacutevel e agrave ABNT NBR 10004 que dispotildee sobre as embalagens de produtos con-sideradas como resiacuteduos perigosos gerados nas atividades re-gulamentando o armazenamento manuseio e destinaccedilatildeo final Somente assim o empreendimento teraacute as miacutenimas condiccedilotildees para assegurar o cumprimento das normas que regem os pro-

99

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

cessos de gestatildeo ambiental nos postos de combustiacuteveis e desse modo poderaacute exercer suas atividades de forma legal e em con-diccedilotildees ambientais aceitaacuteveis dentro do padratildeo da legislaccedilatildeo

22 Resiacuteduos e impactos ambientais em postos de combustiacuteveis

Segundo a ABNT NBR 100042004 os resiacuteduos soacutelidos podem ser classificados como aqueles resultantes de atividades advindas de processos industriais domeacutesticos hospitalares comerciais agriacutecolas de serviccedilos e varriccedilatildeo Destacando os resiacuteduos que satildeo provenientes de lodos industriais e sistemas de tratamento de aacutegua como tambeacutem aqueles que possuem caracteriacutesticas que in-viabilizam o seu descarte em redes puacuteblicas de esgoto ou corpos de aacutegua ficando restritos aqueles que devem possuir soluccedilotildees teacutecnicas e economicamente inviaacuteveis utilizando a melhor tec-nologia disponiacutevel para tratamento Ainda segundo a norma os resiacuteduos podem ser caracterizados sob a oacutetica de

a) Resiacuteduos classe I ndash Perigosos aqueles que apresentam

periculosidade conforme definido em 32 ou uma das

caracteriacutesticas descritas em 4211 a 4215 ou constem

nos anexos A ou B

NOTA O gerador de resiacuteduos listados nos anexos A e B pode

demonstrar por meio de laudo de classificaccedilatildeo que seu resiacute-

duo em particular natildeo apresenta nenhuma das caracteriacutesti-

cas de periculosidade especificadas nesta Norma

b) Resiacuteduos classe II ndash Natildeo perigosos

ndash Resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes aqueles que natildeo se

enquadram nas classificaccedilotildees de resiacuteduos classe I ndash Perigo-

sos ou de resiacuteduos classe II B - Inertes nos termos desta

Norma Os resiacuteduos classe II A ndash Natildeo inertes podem ter

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

100

propriedades tais como biodegradabilidade combustibi-

lidade ou solubilidade em aacutegua

ndash Resiacuteduos classe II B ndash Inertes quaisquer resiacuteduos que

quando amostrados de uma forma representativa segundo

a ABNT NBR 10007 e submetidos a um contato dinacircmico

e estaacutetico com aacutegua destilada ou desionizada agrave temperatura

ambiente conforme ABNT NBR 10006 natildeo tiverem nenhum

de seus constituintes solubilizados a concentraccedilotildees supe-

riores aos padrotildees de potabilidade de aacutegua excetuando-se

aspecto cor turbidez dureza e sabor conforme anexo G

As atividades de revenda de combustiacuteveis realizadas em pos-tos geram resiacuteduos que satildeo potencialmente poluidores como embalagens plaacutesticas de oacuteleos lubrificantes filtros de oacuteleo pa-nos estopas contaminadas com oacuteleos e embalagens metaacutelicas (COSTA FERREIRA 2008) Aleacutem desses resiacuteduos existem efluentes gerados no processo que tambeacutem acarretam impac-tos no meio ambiente como os efluentes que satildeo lanccedilados no esgoto comum do empreendimento e descarte inadequado das embalagens contaminadas De acordo com a norma ABNT NBR 100042004 os oacuteleos lubrificantes usados e contaminados ndash OLUC satildeo caracterizados dentro do anexo A como resiacuteduos soacutelidos classe I tendo potencial toacutexico que apresenta consti-tuintes perigosos em sua composiccedilatildeo e em contato com o meio ambiente podem ser altamente danosos aos organismos

Aleacutem dos OLUC os postos realizam outras atividades que satildeo potencialmente poluidoras dentre elas pode-se destacar atividades envolvendo troca de oacuteleo manuseio de combustiacute-veis armazenamento de liacutequidos inflamaacuteveis e sistemas de dre-nagem da pista O Quadro 1 demonstra de maneira exempli-ficada os impactos ambientais decorrentes das atividades que

101

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

fazem parte do contexto dos combustiacuteveis aleacutem de evidenciar os principais resiacuteduos gerados nos postos destacando as causas e impactos que os incidentes causam nos PRC

Quadro 1 - Impactos Ambientais e resiacuteduos gerados por atividade desenvolvida ATIVIDADES INCIDENTE CAUSAS IMPACTOS

Loja de con-veniecircncia

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Ausecircncia de sistema de esgoto adequado

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Oficina mecacircnica

Lanccedilamento de efluentes em esgoto comum

Descarte inadequado de es-topas filtros e embalagens

de oacuteleos lubrificantes

Organizaccedilatildeo inadequada do espaccedilo fiacutesico Geren-ciamento inncorreto dos resiacuteduos contaminados

Solo Aacuteguas superficiais e sub-

terracircneas

Recebimen-to de Produ-to Gasolina

Diesel Aacutelcool

Emissatildeo de compostos orgacircnicos e volaacuteteis (COV)

Respiro de tanques enterrados

Qualidade do ar

Derrame de produto Incecircndio e explosatildeo

Extravasamento e presen-ccedila de fonte de igniccedilatildeo

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracirc-neas Qualidade

do ar

Armazena-mento de Produto

Emissatildeo (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Vazamento de produto Furo de tanques enterradosSolo Aacuteguas sub-

terracircneas

Abasteci-mento de

veiculo

Emissatildeo de (COV)Respiro de tanques

enterradosQualidade do ar

Derrame de produtoFiltro de Diesel Bombas

Extravasamento

Solo Aacuteguas super-ficiais e subterracircne-as Qualidade do ar

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada

Estopas Mantas e absor-ventes

Incecircndio explosatildeoPresenccedila de fonte de

igniccedilatildeoPessoas

Sistema de drenagem da pista

Tratamento via caixa se-paradora de Aacutegua e Oacuteleo

(CSAO)

Efluentes Liacutequidos Aacuteguas Oleosas

Extravasamento Falta de manutenccedilatildeo operaccedilatildeo

inadequadaSolo Aacuteguas

superficiais e sub-terracircneas

Lanccedilamento de ResiacuteduosDisposiccedilatildeo inadequada Oacuteleo usado areia e bor-

ras da CSAO

Fonte Adaptado de Santos (2005)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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As alteraccedilotildees ambientais causadas pelas atividades no co-meacutercio varejista de combustiacutevel devem ser controladas ou evitadas de modo a minimizar os impactos causados no meio ambiente Para que isso ocorra deve-se investir em accedilotildees miti-gadoras de gestatildeo ambiental a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente nesse sentido eacute necessaacuterio que os gestores te-nham conhecimento sobre essas praacuteticas ambientais (LOREN-ZETT ROSSATO 2010) Conforme estudado por Cruz Neris e Menezes (2018) a adoccedilatildeo dessas praacuteticas de gestatildeo ambiental implica em minimizaccedilatildeo dos impactos ambientais causados pois seraacute atraveacutes disso que o PRC iraacute implementar uma poliacutetica de gestatildeo ambiental no empreendimento adotando estrateacutegias sustentaacuteveis atraveacutes do gerenciamento adequado dos resiacuteduos e efluentes gerados

23 Gestatildeo e praacuteticas ambientais

As praacuteticas da gestatildeo ambiental devem ser comumente ado-tadas em postos de combustiacuteveis Deve-se pensar em acircmbito preventivo ao inveacutes do corretivo de forma a visar um futuro com menos impactos ambientais Para que ocorram tais praacuteti-cas eacute necessaacuteria a promoccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave minimizaccedilatildeo das contaminaccedilotildees dos resiacuteduos gerados no empreendimento utilizando planos de gestatildeo ambiental que abrangem os setores que causam os maiores danos ao meio ambiente (CAVALCAN-TI 2010) A utilizaccedilatildeo de praacuteticas como a implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de um Sistema de Gestatildeo Ambiental (SGA) deve ser levada em consideraccedilatildeo pelos gestores em conjunto com a ISO 14001 A organizaccedilatildeo pode reduzir suas interaccedilotildees com o patrimocircnio natural para isso deve seguir padrotildees e praacuteticas

103

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

estabelecidos nas documentaccedilotildees das normas ambientais de forma a equilibrar as questotildees ambientais na empresa (MAS-SOUD DAILY BISHOP 2011)

Segundo Massoud Daily e Bishop (2011) a implementaccedilatildeo de uma gestatildeo ambiental em uma organizaccedilatildeo envolve uma seacute-rie de elementos entre eles as capacitaccedilotildees de pessoal o traba-lho em equipe para formaccedilatildeo de uma consciecircncia ambiental o controle ambiental adequado por setor e um posicionamento mais proacute-ativo em relaccedilatildeo agraves questotildees ambientais Nesse senti-do eacute necessaacuterio que os postos de combustiacuteveis tomem atitudes cada vez mais eficazes para evitar a degradaccedilatildeo ambiental dos recursos adotando estrateacutegias como a consolidaccedilatildeo da logiacutestica reversa accedilotildees socioambientais e ecoloacutegicas que venham a mini-mizar as interaccedilotildees danosas no ambiente

Dentre as accedilotildees que mais impactam no gerenciamento am-biental dos postos a logiacutestica reversa destaca-se pois esta pos-sibilita a correta destinaccedilatildeo dos resiacuteduos e efluentes gerados no processo evitando a contaminaccedilatildeo do solo ar aacuteguas subterracirc-neas e superficiais Para que tal praacutetica seja adotada no varejo de combustiacuteveis eacute necessaacuterio o planejamento operacionalizaccedilatildeo e controle do fluxo dos bens de poacutes-consumo nos postos como os oacuteleos lubrificantes e suas embalagens usadas e contamina-das considerados os principais promotores de contaminaccedilatildeo ambiental Assim uma correta adoccedilatildeo dessas accedilotildees promove uma melhora significativa na imagem empresarial da organiza-ccedilatildeo tornando-a uma empresa com responsabilidade ambiental (LEITE 2006 ADLMAIER SELLITTO 2007 LAGARINHOS TENORIO 2008)

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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3 METODOLOGIA O estudo de caso foi realizado em um posto de combustiacuteveis

localizado na cidade de Entre Rios ndash BA interior do Estado da Bahia em funcionamento haacute aproximadamente 50 anos e ope-rando com cerca de 22 funcionaacuterios efetivos em suas dependecircn-cias Em atividade na lateral da BR 101 a empresa possui uma oacutetima localizaccedilatildeo permitindo aos motoristas uma boa visatildeo do posto e seus serviccedilos O ramo do posto eacute o comeacutercio varejista de combustiacuteveis assim como faz troca de oacuteleo lavagem de ve-iacuteculos automotores e possui uma loja de conveniecircncia A aacuterea ocupada pelo posto eacute 7198519 m2 com espaccedilo para descanso de funcionaacuterios e motoristas

A pesquisa foi realizada entre o periacuteodo de fevereiro a abril 2017 e estaacute classificada como um estudo de caso qualitativo es-tudo descritivo e exploratoacuterio onde foi empregada a teacutecnica de observaccedilatildeo aliada agrave teacutecnica de entrevista estruturada por meio de um questionaacuterio

Na entrevista com o gerente do estabelecimento foram solici-tadas informaccedilotildees sobre a estrutura e funcionamento da empre-sa sobre os sistemas de prevenccedilatildeo de vazamentos informaccedilotildees sobre a integridade dos tanques subterracircneos funcionamento da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo destino das embalagens poacutes-consumo bem como das flanelas e estopas usadas o trata-mento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis a reutiliza-ccedilatildeo de aacutegua em alguma etapa de funcionamento da empresa se possui equipamentos de uso preventivo ou de emergecircncia para serem utilizados para o caso de algum incidente com possiacutevel dano ambiental

105

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Praacuteticas ambientais adotadas pelo posto de combustiacutevel O posto estudado realiza vaacuterias atividades no seu estabele-

cimento como abastecimento de veiacuteculos manutenccedilatildeo auto-motiva lavagem de veiacuteculos armazenamento de combustiacuteveis Essas atividades geram resiacuteduos para o meio ambiente assim ocorre a necessidade do uso de praacuteticas ambientais para contro-lar a contaminaccedilatildeo e realizar as adequaccedilotildees determinadas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA 2000)

O posto alterou de forma positiva suas instalaccedilotildees para se adequar agrave legislaccedilatildeo os tanques armazenadores de combustiacute-veis foram substituiacutedos por tanques ecoloacutegicos jaquetados de paredes duplas garantindo assim a natildeo contaminaccedilatildeo do solo instalaccedilatildeo de uma tubulaccedilatildeo de alta densidade aquisiccedilatildeo de uma descarga selada para o descarregamento de combustiacuteveis instalaccedilatildeo de cacircmeras de contenccedilatildeo de tanque (SUMP) para conter eventuais vazamentos troca do piso por um impermeaacute-vel Essas e outras alteraccedilotildees foram atendidas em 2011

Os tanques subterracircneos da empresa estudada satildeo novos e anualmente satildeo feitos testes de estanqueidade para avaliar a situaccedilatildeo do tanque quanto a uma possiacutevel ocorrecircncia de vaza-mento ou oxidaccedilatildeo atendendo aos requisitos estabelecidos nas NBR 13784 da ABNT que normatizam as medidas de detecccedilatildeo de vazamento

Foi observado que o posto possui um sistema de mangueiras e conexotildees que evita o vazamento durante a descarga do com-bustiacutevel Na aacuterea de abastecimento o posto possui caneletas que cercam todas as bombas de combustiacuteveis e assim estas

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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levam os efluentes para a caixa separadora de aacutegua e oacuteleo para que ocorra a separaccedilatildeo dos resiacuteduos e toda a aacuterea eacute impermeabi-lizada para que natildeo ocorra o contato de substacircncias com o solo evitando que tal resiacuteduo comprometa a qualidade do efluente se lanccedilado diretamente em rede de esgoto Esses quesitos tambeacutem foram observados em outros trabalhos (ROCHA et al 2014 PAIVA et al 2016)

Segundo Lorenzett (2010) os postos de combustiacuteveis devem minimizar os impactos ambientais de sua atividade investindo em procedimentos equipamentos e tecnologias mais adequadas e que promovam um melhor desempenho ambiental operacio-nal consequentemente diminuindo a ocorrecircncia de incidentes Contudo foi observado que no posto de combustiacutevel estudado natildeo se realiza a manutenccedilatildeo preventiva da caixa separadora de aacutegua e oacuteleo que deve ser verificada anualmente e cujos resiacutedu-os devem ser descartados em local apropriado

Constatou-se que o estabelecimento possui vaacuterias irregula-ridades como os resiacuteduos gerados pelas embalagens de oacuteleos e lubrificantes e pelas estopas e flanelas que satildeo lanccedilados direta-mente no lixo domeacutestico aleacutem de natildeo realizar o tratamento na aacutegua oriunda da lavagem de automoacuteveis Resultado semelhante foi obtido por Silva e Oliveira (2011) ao estudar o descarte de oacuteleos lubrificantes e suas embalagens em postos de gasolina na cidade de Ituiutaba Estado de Minas Gerais

O descarte inadequado de embalagens de oacuteleos e lubrifican-tes ou outros utensiacutelios com resiacuteduos de derivados de petroacuteleo podem causar risco ao meio ambiente por tratar-se de resiacuteduo perigoso conforme afirma Muniz e Braga (2015) Por conseguin-te o posto em estudo natildeo atende a todas as normas estabeleci-das na NBR 12235 da ABNT que normatizam o armazenamento

107

Biocombustiacuteveis perspectivas do desenvolvimento sustentaacutevel

dos resiacuteduos gerados pela atividade e nem as normas estabele-cidas na NBR 10004 da ABNT que dispotildee sobre embalagens de produtos considerados perigosos

Constatou-se que a empresa natildeo possui um poccedilo para moni-toramento do lenccedilol freaacutetico assim o mesmo natildeo saberaacute como estaacute a qualidade da aacutegua naquela regiatildeo ocorrendo assim uma possiacutevel contaminaccedilatildeo nas aacuteguas subterracircneas Portanto eacute fun-damental investir na busca por tecnologias limpas caracteriza-da pelo entendimento de adoccedilatildeo de medidas mais eficientes visando agrave prevenccedilatildeo de contaminaccedilatildeo no intuito de se evitar problemas ambientais como tambeacutem tornar as empresas mais competitivas (JABBOUR 2010)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Diante do objetivo proposto a pesquisa buscou analisar as

principais praacuteticas ambientais e impactos causados por uma empresa de abastecimento de combustiacuteveis no meio ambiente Atraveacutes desse estudo apoacutes o levantamento das principais legis-laccedilotildees vigentes para o funcionamento de um posto desde a im-plantaccedilatildeo ateacute a parte operacional da empresa foi evidenciado falhas no processo operacional e nas praacuteticas ambientais

Eacute importante salientar que aleacutem da preocupaccedilatildeo financeira das empresas cresce em toda parte do mundo o nuacutemero de pessoas que procuram estabelecimentos produtos ou serviccedilos ambientalmente responsaacuteveis Nesse sentido o posto jaacute realizou diversas alteraccedilotildees na sua estrutura e nos procedimentos operacionais mas ainda necessita ampliar os mecanismos de proteccedilatildeo ambiental e investir em equipamentos para uma atuaccedilatildeo ambiental mais sustentaacutevel

CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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Por fim ressalva-se que o presente estudo apresenta como limitaccedilotildees o fato de ter sido um estudo de caso uacutenico Eacute neces-saacuterio portanto ampliar a pesquisa e traccedilar um perfil dos postos de abastecimentos da regiatildeo para poder identificar os principais entraves do comeacutercio varejista de combustiacuteveis da regiatildeo como um todo

REFEREcircNCIAS

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CAPIacuteTULO V - PRAacuteTICAS AMBIENTAIS ADOTADAS EM UM POSTO REVENDEDOR DE COMBUSTIacuteVEL LOCALIZADO NA CIDADE DE ENTRE RIOS ndash BA

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MUNIZI C BRAGA R M Q L O gerenciamento de oacuteleos lubrificantes usa-dos ou contaminados e suas embalagens estudo de caso de uma empresa de logiacutestica na Regiatildeo Norte do Brasil Revista Eletrocircnica Sistemas amp Gestatildeo v 10 n3 2015 pp 442-457

JABBOUR CJC In the eye of the storm exploring the introduction of envi-ronmental issues in the production function in Brazilian companies Inter-national Journal of Production Research v 48 n 21-22 2010 p 6315-6339

PAIVA D C A C ARRUDA P N SCALIZE P S Avaliaccedilatildeo da Gestatildeo de Resiacuteduos Perigosos em Postos de Combustiacuteveis no Municiacutepio de HidrolacircndiaGO Brasil Revista Tecnia v 1 n 2 2016

ROCHA BS SCALIZE PS ARRUDA PN CRUVINEL KAS Gestatildeo do oacuteleo lubrificante usado em postos de combustiacuteveis no municiacutepio de Teresoacute-polis de GoiaacutesGO Brasil Revista Monografias Ambientais v 13 n 4 p 3673ndash3682 2014

SANTOS R J Sh dos A gestatildeo ambiental em posto revendedor de combus-tiacuteveis como instrumento de prevenccedilatildeo de passivos ambientais 2005 217f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Sistemas de Gestatildeo do Meio Ambiente) - Universi-dade Federal Fluminense Niteroacutei 2005

SILVA T A OLIVEIRA K M de descarte de oacuteleos lubrificantes e suas emba-lagens estudo de caso dos postos de gasolina e oficinas da cidade de Ituiuta-ba estado de Minas Gerais Observatorium - Revista Eletrocircnica de Geografia v3 n7 p 101-114 out 2011

Diogens Marco de Brito da Cruz

Graduando em Engenharia de Produccedilatildeo pela Faculdade Santiacutessimo Sacramen-to (FSSS) pesquisador do grupo de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvendo estudos na linha de pesquisa ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo Participou do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Fiacutesica I aleacutem de ser Representante Institucional e Coordenador de Desenvolvimento do Nuacute-cleo Baiano de Estudantes de Engenharia de Produccedilatildeo - NUBEEP Vice-Presi-dente da Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo - AJEPRO

Camila Manuelle Cardoso Braz da Silva

Graduanda em Engenharia de Produccedilatildeo na Faculdade Santiacutessimo Sacra-mento Pesquisadora da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica-PIBICFSSS com estudo desen-volvido na linha de pesquisa sobre ldquoGestatildeo de resiacuteduos e desenvolvimento socioambientalrdquo na produccedilatildeo de biodiesel a partir de oacuteleo residual Atual Diretora de Gestatildeo de Pessoas - AJEPRO (Assessoria Juacutenior de Engenharia de Produccedilatildeo) Participa do programa de monitoria da (FSSS) na disciplina de Caacutelculo I

Jeane Denise de Souza Menezes

Graduada em Ciecircncias com Habilitaccedilatildeo em Biologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e poacutes-doutorado na Universida-de Federal da Bahia (CAPESUFBA) Leciona a disciplina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel no curso de Engenharia de Produccedilatildeo na Fa-culdade Santiacutessimo Sacramento e coordena o Grupo de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica intitulado ldquoGestatildeo de Resiacuteduos e Desenvolvimento Socioambientalrdquo

Adeildo Moacir Costa Magalhatildees

Graduaccedilatildeo em Engenharia Quiacutemica pela Universidade Federal da Bahia--UFBA Mestrado em Gestatildeo Integrada de Organizaccedilotildees pela Universidade Estadual da Bahia Especializaccedilatildeo em Engenharia de Processamento Petro-quiacutemico pela UFBA e em Anaacutelise de Sistemas pela Faculdade Estaacutecio de Saacute Atuou por 28 anos na Braskem-Insumos Baacutesicos (ex-Copene SA) em diver-sas aacutereas entre elas engenharia de montagem de produccedilatildeo de processo e de projeto logiacutestica comercializaccedilatildeo nacional e internacional pesquisa e desenvolvimento etc Atualmente eacute coordenador do curso de Engenharia de Produccedilatildeo da Faculdade Santiacutessimo Sacramento desde o seu iniacutecio

ORGA

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