workshop algas

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1 II WORKSHOP EM NOVOS BIOATIVOS DE MACROALGAS: MANEJO E CULTIVO, CONSERVAÇÃO, BIOTECNOLOGIA E TÉCNICAS DE BIOATIVIDADE Ilha Flat Hotel, Ilhabela, SP de 26 a 29 de julho de 2009 APOIO CIENTÍFICO E FINANCEIRO

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II WORKSHOP EM NOVOS BIOATIVOS DE MACROALGAS: MANEJO E CULTIVO, CONSERVAÇÃO, BIOTECNOLOGIA E

TÉCNICAS DE BIOATIVIDADE

Ilha Flat Hotel, Ilhabela, SP de 26 a 29 de julho de 2009

APOIO CIENTÍFICO E FINANCEIRO

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Mensagem de Boas Vindas É com grande satisfação que recebemos os congressistas na charmosa cidade de

Ilhabela. Estamos todos envolvidos com o sucesso do II Workshop em Novos Bioativos de

Macroalgas: Manejo e Cultivo, Conservação, Biotecnologia e Técnicas de Bioatividade.

O Brasil tem o mérito de possuir uma gigantesca diversidade biológica, tanto em

ambientes aquáticos como terrestres, intimamente ligada a um rico patrimônio sócio-

cultural. E, deve-se considerar o aproveitamento desses recursos biológicos com vistas ao

seu potencial biotecnológico, mantendo-se a preocupação da preservação e do uso

sustentável. No ambiente marinho, as macroalgas constituem um dos grupos de maior

diversidade dentre os organismos fotossintetizantes. Do total de 32.000 espécies conhecidas,

pelo menos 820 táxons são relatados na costa brasileira. Neste contexto, as macroalgas

representam um recurso natural estratégico para o desenvolvimento da biotecnologia no

país.

Por serem expostas às mais diferentes adversidades ambientais, as macroalgas

marinhas desenvolveram compostos secundários exóticos, muitas vezes de sofisticada

estrutura química, capazes de garantir a sua sobrevivência. Alguns destes metabólitos

secundários têm recebido a atenção de diversos laboratórios de pesquisa no Brasil. Muitos

têm mostrado atividades biológicas economicamente importantes nas áreas da saúde,

agricultura, naval, biotecnológica, energética e alimentícia. Neste workshop alguns dos mais

importantes pesquisadores da área de ficologia com interesses aplicados mostrarão suas mais

recentes descobertas em seis simpósios, em apresentações orais e em forma de painéis. Será

analisado em profundidade alguns temas de fronteira da área.

Certamente, com estes ingredientes, o workshop será frutífero nos mais diversos

aspectos. Será um importante fórum para obter maior visibilidade da produção dos cientistas

brasileiros, fortalecimento de colaborações, e alavancar novos projetos aproveitando a

presença de congressistas renomados com diferentes formações científicas.

Sejam bem vindos e aproveitem o evento!

Comissão Organizadora

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II WORKSHOP EM NOVOS BIOATIVOS DE MACROALGAS: MANEJO E CULTIVO,

CONSERVAÇÃO, BIOTECNOLOGIA E TÉCNICAS DE BIOATIVIDADE

Hotel Ilha Flat, Ilhabela, SP. de 26 a 29 de julho, 2009

Comitê Organizador Pio Colepicolo (IQUSP), presidente

Yocie Yoneshigue-Valentin (UFRJ)

Eliane Marinho-Soriano (UFRN)

Nair S. Yokoya (IBt)

Ernani Pinto (FCFUSP)

João Vasconcellos de Almeida (IQUSP)

Aline P. Martins (IQUSP)

Comitê Científico Alexandre H. Sampaio (UFC)

Benildo S. Cavada (UFC)

Carlos W.N. Moura (UEFS)

Claudio M.P. Pereira (UFPel)

Diclá Pupo (IBt)

Diogo de Oliveira Silva (UNIFESP)

Estela M. Plastino (IBUSP)

Felipe A. Dörr (FCFUSP)

Franciane Pellizzari (UNESPAR-FAFIPAR)

George E.C. Miranda (UFPB)

Izabel Paixão (UFF)

Karina H.M. Cardozo (Instituto Fleury-SP)

Marcelo Paes de Barros (UNICSUL)

Mariana C. de Oliveira (IBUSP)

Miguel D. Noseda (UFPR)

Mutue Toyota Fujii (IBt)

Nicholas Farrell (VCU)

Norberto P. Lopes (FCFUSP-RP)

Paulo A.S. Mourão (UFRJ)

Paulo A. Horta (UFSC)

Renato Crespo Pereira (UFF)

Silvia M.P.B. Guimarães (IBt)

Sonia M.B. Pereira (UFRPE).

Thais Guaratini (IQUSP)

Valéria Cassano (UERJ)

Valéria Laneuville Teixeira (UFF)

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PROGRAMA CIENTÍFICO Dia 26 (domingo) 15 h às 18 h - Recepção e Credenciamento dos Participantes. 19 h - Abertura - Pio Colepicolo (USP) 19h10min - Redealgas - Histórico e Perspectivas - Yocie Yoneshigue-Valentin (UFRJ) 19h30min Conferência de Abertura. Eliane Marinho-Soriano (UFRN) Macroalgas Marinhas: Biodiversidade, Conservação e Aplicações Biotecnológicas. 20h30min - Coquetel de Boas Vindas Dia 27 (segunda-feira) 8 h às 10 h Simpósio 1: Bioativos e Fármacos I. Valeria L. Teixeira (UFF, coodernadora) Valeria L. Teixeira (UFF). Potencial Antiviral dos Produtos Naturais de Macroalgas Pardas Marinhas: Potencial e Perspectivas. Paulo A.S. Mourão (UFRJ). Galactanas Sulfatadas de Algas Marinhas São Potentes Antitrombóticos. Karina H.M. Cardozo (Instituto Fleury-SP). Compostos Fotoprotetores de Algas Marinhas: Possível Aplicação em Cosméticos. Maria Teresa Romanos (UFRJ). Atividade Antiviral das Macroalgas Marinhas Tropicais. 10 h às 10h15min. Intervalo para o Café 10h15min às 12h15min Simpósio 2: Biodiversidade e Sistemática. Mutue Toyota Fujii (IBt, coordenadora) Sonia M.B. Pereira (UFRPE). Macroalgas Marinhas do Nordeste Brasileiro: Biodiversidade e Conservação. Joel C. De-Paula (UNIRIO). Diversidade Terpenídica em Dictyotaceae e sua Relação Sistemática e Biogeográfica. Mutue Toyota Fujii (IBt). Taxonomia e Filogenia do Complexo Laurencia.

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Sandra Valéria de Sá (Roche Applied Science). The Genome Sequencer FLX System: genome sequencing in macroalgal studies. 12h15min às 14 h - Intervalo para o Almoço 14 h às 17 h - Oficina de Trabalho. Participação dos Pesquisadores Coordenação: Yocie Yoneshigue-Valentin (UFRJ) e Nair S. Yokoya (IBt) TÓPICOS: a. Redealgas. b. Avanços, aplicações de novos compostos de algas e perspectivas c. Abordagens institucionais e políticas

14 h às 17 h - Minicursos 1. Medidas de Fotossíntese. Teoria e Prática na Fisiologia de Macroalgas. Tópicos: Bioquímica da Fotossíntese; Apresentação do Analisador de Rendimento Fotossintético Diving-PAM; e Determinação de Parâmetros Fotossintéticos de Macroalga Exposta a Inibidor de Fotossíntese com a utilização do Diving-PAM. Responsáveis: Aline P. Martins (USP), João V. Almeida (USP), Dinaelza C. Pereira (UFRN) e Marcella A.A. Carneiro (USP). 2. Técnicas Analíticas para o Isolamento e Identificação de Compostos de Algas. Tópicos: Estratégias de Extração de Compostos Voláteis e Não-Voláteis, Amostragem: Técnicas e Compatibilidade. Aplicações: Cromatografia Gasosa e Cromatografia Líquida - Responsável: Diogo de O. Silva (UNIFESP). Ministrantes: Felipe A. Dörr (USP), Vanessa Gressler (FCFUSP) e Fabiane Dörr (USP). 18 h às 19h30min - Apresentações Orais Franciane Pellizzari (UNESPAR – FAFIPAR, coordenadora) João V. Almeida (IQUSP). Avaliação dos Efeitos Tóxicos Decorrentes da Exposição ao

Hidrocarboneto Policíclico Aromático Benzo(a)Pireno sobre a Macroalga Vermelha Gracilaria birdiae.

Julio Avanzo (IBt). Guia Ilustrado de Algas Marinhas Bentônicas do Estado de São Paulo: Biodiversidade e Importância Econômica.

Marcella A.A. Carneiro (IBUSP). Fenologia de Gracilaria birdiae Plastino & E.C. Oliveira (Gracilariales, Rhodophyta) da Praia de Rio de Fogo, RN.

Diana N. Cavalcanti (UFF). Variabilidade Intraespecífica do Principio Antiviral da Macroalga Dictyota menstrualis.

Levi P. Machado (UFES). Avaliação do Potencial Antifúngico do Extrato Bruto de Ochtodes secundiramea no Controle da Antracnose do Mamoeiro.

Erika M. Stein (IBUSP). Ensaio das Atividades Anticolinesterásica e Antiradicalar dos Extratos das Espécies de Algas Vermelhas Laurencia J.V. Lamouroux (Rhodomelaceae, Ceramiales).

Pablo Riul (UFPB). Estrutura da Comunidade de Macroalgas de Bancos de Rodolitos no Nordeste do Brasil.

Renato Rocha-Jorge (IBt). Novas Ocorrências de Macroalgas no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, São Paulo, Brasil.

Angela P. Tonon (IQUSP). Análise de Efeitos Causados pelos Metais Cobre e Cádmio na Macroalga Marinha Gracilaria tenuistipitata.

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Roberto C. Villaça (UFF). Interações entre o Cultivo de Kappaphycus alvarezzi (Doty) Doty ex P.C. Silva e o Ambiente Adjacente na Ilha Grande (Angra dos Reis, RJ): Aspectos Ligados à Herbivoria.

Dia 28 (terça-feira) 8 h às 10 h Simpósio 3: Biocombustível Alternativo de Algas Ernani Pinto (FCFUSP, coordenador) Ernani Pinto (FCFUSP). Biocombustíveis a Partir de Macroalgas: Uma Visão Global. Vanessa Gressler (FCFUSP). Determinação de Ácidos Graxos em Espécies Brasileiras de Macroalgas. Claudio M.P. Pereira (UFPel). Biodiesel Derivado de Algas. Eduardo Jacob-Lopes (UFPel). Biorreatores para o Cultivo de Biomassa Algal. 10 h às 10h15min - Intervalo para o Café 10h15min às 12h15min Simpósio 4: Bioatividade Paulo A. Horta (UFSC, coordenador) Paulo A. Horta (UFSC). Atividade Antioxidante de Algas Marinhas em Santa Catarina: Potencial Biotecnológico em Risco? Marcelo Paes de Barros (UNICSUL). Mens sana in corpore sano: Os Efeitos Benéficos da Astaxantina no Exercício Físico, no Sistema Imune e na Capacidade Cognitiva. Andre Lopes Fuly (UFF). Propriedade Antiofídicas e Antilonômica de Produtos Naturais Isolados de Algas Marinhas Pardas da Costa Fluminense. André Mansilla, (Universidad de Magallanes). Utilización de M. pyrifera de la Zona Austral de Chile como Fuente de Compuestos Biológicos Aplicados. 12h15min às 14 h - Intervalo para o Almoço 14 h às 17 h - Oficina de Trabalho. Participação dos Pesquisadores Coordenação: Yocie Yoneshigue-Valentin (UFRJ) e Nair S. Yokoya (IBt) TÓPICOS: a. Alavancar chamadas no CNPq e no MCT Dra. Maria Cordélia Machado (MCT) Dra. Eliana Fontes (Coordenadora Geral de Ciências da Terra-CNPq) Dr. Felipe M. Suplicy (Ministério da Pesca de Aquicultura – MPA) b. Projetos de bioprospecção aprovados c. Genoma de macroalgas de importância econômica. Custos e Benefícios.

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14 h às 17 h - Minicursos 1. Medidas de Fotossíntese. Teoria e Prática na Fisiologia de Macroalgas. Tópicos: Bioquímica da Fotossíntese; Apresentação do Analisador de Rendimento Fotossintético Diving-PAM; e Determinação de Parâmetros Fotossintéticos de Macroalga Exposta a Inibidor de Fotossíntese com a utilização do Diving-PAM. Responsáveis: Aline P. Martins (IQUSP), João V. Almeida (IQUSP), Dinaelza C. Pereira (UFRN) e Marcella A.A. Carneiro (IBUSP). 2. Técnicas Analíticas para o Isolamento e Identificação de Compostos de Algas. Tópicos: Estratégias de Extração de Compostos Voláteis e Não-Voláteis, Amostragem: Técnicas e Compatibilidade. Aplicações: Cromatografia Gasosa e Cromatografia Líquida - Responsável: Diogo de O. Silva (UNIFESP). Ministrantes: Felipe A. Dörr (FCFUSP), Vanessa Gressler (FCFUSP) e Fabiane Dörr (IQUSP). 17 h às 18 h - Conferência Marcio Castro Silva-Filho (ESALQ-USP, coordenador do CB I/CAPES). Avaliação CAPES de Cursos de Pós Graduação em Ficologia e Oceanografia Biológica. Eliane Marinho-Soriano (UFRN, coordenadora) 18 h às 19h30min - Sessão de apresentação de painéis. Verifique o Número no seu Resumo à Esquerda, Acima Dia 29 (quarta-feira) 8 h às 10 h Simpósio 5: Bioativos e Fármacos II. Izabel Paixão (UFF, coordenadora) Izabel Paixão (UFF). Anti-HIV-1 Activity of Natural Products Isolated from Marine Brown Algae. Miguel D. Noseda (UFPR). Macroalgas Marinhas – Fonte de Carboidratos Bioativos. Renato Crespo Pereira (UFF). Bioprospecção de Bioativos de Macroalgas Marinhas: Potencial, Obstáculos e Alternativas. Eliana Barreto-Bergter (UFRJ). Glicolipídios em Macroalgas Marinhas: Moléculas em Potencial para Biotecnologia? 10 h às 10h15min - Intervalo para o Café

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10h15min às 12h15min Simpósio 6: Cultivo, Manejo e Seleção de Linhagens: Estado Atual e da Arte de Cultivo em Campo no Brasil. George E.C. Miranda (UFPB, coordenador) Estela Plastino (IB-USP). Seleção de Linhagens em Laboratório: Ferramenta para a Maricultura de Algas de Importância Econômica. Renata Perpetuo Reis (IPJBRJ). Cultivo de Kappaphycus alvarezii no Brasil. Franciane Pellizzari (UNESPAR – FAFIPAR). Perspectivas do Cultivo de Monostroma (Chlorophyta) no Paraná. George E.C. Miranda (UFPB). Cultivo de Algas Marinhas no Nordeste do Brasil: Potencial e Realidade. 12h15min às 14 h - Intervalo para o Almoço

14 h às 15 h - Conferência de Encerramento Steve Murray (California State University, Fullerton) - Changes in coastal seaweed populations over time in urban settings and the ecological implications. Paulo A. Horta (UFSC, coordenador). 15 h - Cerimônia de Encerramento Participantes dos Minicursos: 1. Medidas de Fotossíntese. Teoria e Prática na Fisiologia de Macroalgas. Responsáveis: Aline P. Martins (IQUSP), João V. Almeida (IQUSP), Dinaelza C. Pereira (UFRN) e Marcella A.A. Carneiro (IBUSP). Alunos: André de Faria, Carolina P. Loque, Douglas Santos, Erica Pereira, Fabíola O. Araújo, George E.C. Miranda, Ingrid B. Silva, Julyana N. Farias, Letícia C.A. Mesquita, Letícia S. Cruz, Luiza G. Marques, Pablo Riul, Patricia G. Araújo, Paula L.G. Martins, Renato L. Romano, Vinícius P. Oliveira. 2. Técnicas Analíticas para o Isolamento e Identificação de Compostos de Algas. Responsáveis: Diogo de O. Silva (UNIFESP), Felipe A. Dörr (FCFUSP), Vanessa Gressler (FCFUSP) e Fabiane Dörr (IQUSP). Alunos: Bruna Gregoletto, Carla Carvalho, Carlos E. Stein, Cícero A.L. Júnior, Cintia D.L. Martins, Cristina M. Maeda, Daniel Andreguetti, Daniela R.P. Fernandes, Debora M. Rodrigues, Eduardo D. Pogeto, Erika M. Stein, Felipe A.K. Afonso, Fernanda Ramlov Fernado Scherner, Jonas G. Oliveira, Juliana P. Dreyer, Igor G. Silva, Ingrid R. Avanzi, Laura A. Moura, Leandro V. Pontual, Levi P. Machado, Louise H. Gracioso, Magui V. Silva, Pauline F. Rosales, Priscilla C. Gobbi, Priscila O. Souza, Rui V.A. da Cruz, Sarah S. Py-Daniel, Stéphanie C.A.L. Tonini.

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Resumos das Conferências e das Sessões Temáticas

MACROALGAS MARINHAS: BIODIVERSIDADE, CONSERVAÇÃO E APLICAÇÃO

BIOTECNOLÓGICAS Marinho-Soriano, E.

Departamento de Oceanografia e Limnologia – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

As macroalgas marinhas constituem um fascinante e diverso grupo de organismos que podem ser encontrados em todos os mares do planeta. Elas constituem uma parte importante da biodiversidade e forma uma das bases da cadeia trófica dos ambientes aquáticos. Além do papel ecológico como produtores primários nos ecossistemas aquáticos, as algas também apresentam um enorme potencial econômico. As algas marinhas vêm sendo utilizadas há séculos pelo homem. Desde a antiguidade, elas são exploradas como fonte de alimento por várias civilizações, principalmente as orientais, onde até hoje integram o cardápio cotidiano desses povos. As diferentes espécies de algas comestíveis apresentam um grande valor nutritivo como fonte de proteínas, sais minerais e vitaminas. Várias espécies têm sido usadas e cultivadas, particularmente no Oriente, por suas propriedades nutricionais e terapêuticas. No Ocidente, seu maior valor econômico está associado aos polissacarídeos, extraídos das algas marrons (alginatos) e vermelhas (ágar e cararagenana). Esses colóides têm várias aplicações nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. Outro aspecto de interesse econômico é o uso de algas como alimento para animais (ração), fertilizantes para a agricultura e em diversos segmentos da biotecnologia. Atualmente, devido à demanda por produtos naturais, as algas têm se tornado um atrativo de grande interesse, como importante fonte de produtos de valor comercial. Dentre os inúmeros compostos extraídos, ou com potencial de exploração comercial se encontram os carotenóides, ficobilinas, ácidos graxos poliinsaturados, vitaminas, os quais podem ser empregados no desenvolvimento de produtos nutracêuticos. Além dessas aplicações, as macroalgas têm sido estudadas como biofiltros para o tratamento de águas residuais, seqüestro de carbono e biocombustíveis. Apoio Financeiro: CNPq e CAPES

POTENCIAL ANTIVIRAL DOS PRODUTOS NATURAIS DE MACROALGAS PARDAS MARINHAS: POTENCIAL E PERSPECTIVAS

Teixeira, V.L.1, Cavalcanti, D.N.1, Cirne-Santos, C.C.2, Giongo, V.1, Castello-Branco, L.R.3 & Paixão, I.P.N.1 1Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil; 2Fundação Ataulpho de Paiva, Rio de

Janeiro, RJ, 3Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ

Os produtos naturais e, principalmente, os marinhos, representam uma fonte de diversidade molecular complementar para a descoberta de novos protótipos com atividade biológica. Além disso, a descoberta e a elucidação estrutural de agentes com estruturas moleculares ou mecanismos de ação novos, com precisão direcionada para a replicação de vírus, principalmente do HIV, e com baixos efeitos tóxicos para os hospedeiros permanece como prioridade no meio científico. Um número considerável destes inibidores tem sido isolado de fontes naturais, como algas e invertebrados marinhos e plantas. O principal objetivo da colaboração entre três instituições fluminenses têm sido o isolamento e elucidação estrutural de produtos naturais com potencial ação antiviral, no sentido de estabelecer as relações existentes entre as estruturas moleculares dos produtos naturais e sua associação com as moléculas biológicas dos vírus. Nestes estudos, foram realizados testes de atividade antiviral frente aos vírus herpes simples tipo-1 (HSV-1) e a enzima transcriptase reversa (TR) do HIV-1. Procedemos, então, à verificação da potencial atividade de diterpenos isolados das algas pardas marinhas Canistrocapus cervicornis, Dictyota menstrualis, D. mertensii, D. pfaffii, D. dolabellana, Stypopodium zonale coletadas em várias regiões da costa brasileira. Vários diterpenos apresentaram excelentes resultados frente a ambos os vírus. Atualmente estamos buscando novos diterpenos em outras espécies marinhas, o estabelecimento de técnicas rápidas e eficientes de isolamento, o estabelecimento de correlações entre molécula-atividade, a síntese dos produtos ativos, busca dos mecanismos de ação das drogas nos vírus e as possibilidades de utilização terapêutica dos produtos. Apoio Financeiro: CNPq, FAPERJ

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GALACTANAS SULFATADAS DE ALGAS MARINHAS SÃO POTENTES ANTITROMBÓTICOS

Mourão, P. A. S.

Instituto de Bioquímica Médica e Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cid. Universitária, Ilha do Fundão, Caixa Postal 68041, Rio de Janeiro, RJ, 21941-590, Brazil

Heparina persiste como o único polissacarídeo em uso clínico como antitrombótico. Entretanto, as fontes de heparina são limitadas e há uma demanda crescente por novos antitrombóticos. As algas marinhas são uma fonte abundante de galactanas sulfatadas com atividade anticoagulante e antitrombótica. Entretanto, o estudo desses compostos não pode se limitar ao teste em ensaios habituais de coagulação, mas demanda ensaios detalhados dos seus efeitos no sistema hemostático. Nosso laboratório isolou uma variedade de galactanas sulfatadas de diferentes espécies de algas marinhas. Esses polissacarídeos têm uma cadeia polissacarídica semelhante, mas com diferenças signifitivas no padrão de sulfatação. A ação anticoagulante desses polissacarídeos é devido à potencialização do efeito inibidor das serpinas sobre a trombina e o fator Xa. Essas galactanas sulfatadas também têm um efeito anticoagulante independente de serpinas, devido à inativação dos compexos tenase e protombinase intrínsico, reduzindo a geração do fator Xa e da trombina, respectivamente. As galactanas sulfatadas também possuem um efeito pro-coagulante devido à ativação do fator XII. Essas galactanas sulfatadas diferem no efeito antitrombótico em modelo de trombose venosa experimental em consequências das suas ações anti- e pro-coagulantes. A galactana sulfatada de G. crinale exibe efeitos pro-coagulante e pro-trombótico em doses baixas, mas em dose altas esse polissacarídeo inibe a trombose venosa experimental e prolonga o tempo de recalcificação ex vivo. Em contraste, a galactana sulfatada de B. occidentalis é um potente anticoagulante e antitrombótico em baixas doses, inibindo a trombose venosa experimental e prolongando o tempo de recalcificação, mas esses efeitos são revertidos em doses mais elevadas. As galactanas sulfatadas das duas espécies não prolongam o tempo de sangramento. Esses resultados indicam que discretas diferenças na proporção e/ou distribuição dos grupamentos sulfatos na cadeia das galactanas são críticos para a interação do polissacarídeo com proteases, inibidores e ativadores do sistema de coagulação, resultando em padrões distintos de atividade anti- e pro-coagulante e de ação antitrombótica. Esses estudos podem ajudar na descoberta de antitrombóticos específicos, potentes e destituídos de efeitos indesejáveis. Auxílio Financeiro: CNPq, CAPES e FAPERJ

COMPOSTOS FOTOPROTETORES DE ALGAS MARINHAS: POSSÍVEL APLICAÇÃO EM COSMÉTICOS

Cardozo, K.1; Pinto2 , E.; Marques, L.G.3; Oliveira-Silva, D.3 & Colepicolo P.3 1Instituto Fleury, São Paulo, 2 Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Departamento

de Análises Clínicas e Toxicológicas, Laboratório de Toxinas e Produtos Naturais de Algas (LTPNA), 3 Universidade de São Paulo, Instituto de Química, Departamento de Bioquímica, São Paulo.

Aminoácidos tipo micosporinas (MAAs) são compostos responsáveis pela fotoproteção no ultravioleta de diversos organismos aquáticos. São sintetizados pela via do ácido chiquímico por algas, bactérias e fungos, de maneira similar à síntese de flavonóides em plantas superiores. Neste trabalho foram conduzidos estudos relacionados a estes compostos em algas. Protocolos de extração de diferentes algas foram testados alterando-se parâmetros como solventes, temperatura e condições de incubação. Os resultados mostraram que dependendo da alga estudada, diferentes condições podem mudar a concentração de MAAs extraída, ressaltando a importância de se testar diversos parâmetros na extração, evitando assim valores sub- ou superestimados de concentrações. O desenvolvimento de um método por HPLC permitiu a separação de 6 MAAs com boa resolução. A caracterização estrutural foi realizada majoritariamente por espectrometria de massas utilizando diferentes tipos de analisadores. Estas análises permitiram a proposição de mecanismos de fragmentação descritos pela primeira vez para esta classe de compostos e possibilitaram a identificação de diferentes MAAs em algumas micro e macroalgas. Ensaios in vitro foram realizados com o extrato obtido da macroalga Gracilaria domingensis no intuito de avaliar seu potencial uso em formulações cosméticas direcionadas à fotoproteção. Os testes de estabilidade quanto ao pH, temperatura e exposição à radiação ultravioleta bem como os ensaios de citotoxicidade, fototoxicidade e avaliação do fator de proteção solar sugeriram que este extrato pode ser promissor quando incorporado em formulações direcionadas para a fotoproteção. Este extrato não apresentou atividade antioxidante significativa. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES e FAPESP

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ATIVIDADE ANTIVIRAL DE MACROALGAS MARINHAS TROPICAIS

Romanos, M.T.V.

Laboratório Experimental de Drogas Antivirais e Citotóxicas (LEDAC) Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

A evidência de que algas marinhas possuem propriedades antivirais foi demonstrada, primeiramente, por Gerber e colaboradores, em 1958, que observaram que polissacarídeos extraídos de Gelidium cartilagineum protegiam embriões de galinha contra a infecção por vírus influenza B e vírus da caxumba. Posteriormente, o efeito inibidor de várias espécies de algas para diferentes vírus foi demonstrado, sendo a grande maioria dos estudos realizada com os vírus das famílias Herpesviridae e Retroviridae. Nesses estudos, os polissacarídeos sulfatados extraídos de algas marinhas têm sido os mais extensivamente estudados. No Brasil, os estudos mostrando a atividade antiviral de macroalgas marinhas datam de 1997 quando foi demonstrada a atividade de oito extratos sobre os vírus Herpes simplex tipo 1 em trabalhos realizados no Laboratório Experimental de Drogas Antivirais e Citotóxicas (LEDAC). Desde então, o LEDAC vem realizando um amplo trabalho de avaliação do potencial de inibição de algas marinhas pertencentes a diferentes famílias sobre diferentes vírus. Nesses estudos são avaliadas a citotoxicidade dos extratos seguida por uma triagem quanto à atividade antiviral e posterior mecanismo de ação para os extratos mais ativos. Os resultados foram bastante promissores para os vírus Linfotrópicos para células T humanas tipo 1, Herpes simplex tipos 1 e 2, vírus da dengue tipos 1 e 2 e metapneumovírus humano. Nos estudos em que foi possível determinar o mecanismo de ação, foi observado que os melhores efeitos inibitórios ocorreram nas etapas iniciais da infecção. Devido aos excelentes resultados observados, novas pesquisas estão sendo realizadas com a perspectiva de melhoramento neste campo como: 1. Atividade antiviral de extratos de algas marinhas cultivadas em laboratório, sob condições controladas e; 2. Estudo da relação estrutura-atividade de metabólitos secundários obtidos de macroalgas marinhas.

MACROALGAS MARINHAS DO NORDESTE BRASILEIRO: BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO

Pereira, S. M. B.1 1 Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil.

As primeiras referências sobre as macroalgas na costa nordestina datam do século XIX, quando pesquisadores estrangeiros realizaram expedições ao litoral brasileiro com interesses voltados, sobretudo, para angiospermas. Este trabalho tem como objetivo informar o estado atual do conhecimento da biodiversidade e conservação das macroalgas do Nordeste brasileiro. Esta região compreende a faixa costeira entre os estados do Maranhão e da Bahia. É caracterizada por águas oligotróficas, apresentando uma flora relativamente rica, estabelecida, dominantemente, sobre recifes de franja, constituídos por um embasamento arenítico e arenítico ferruginoso, recobertos por algas calcárias e corais. As rodofíceas e clorofíceas calcárias ocorrem em quase toda a extensão da plataforma continental do Nordeste, constituindo-se um dos traços dominantes do bentos do Brasil. Entre as costas do Piauí e Maranhão ocorre uma extensão considerável dominada por manguezais e praias areno-lodosas. Com relação a diversidade florística estão registrados, atualmente, cerca de 330 taxons infragenéricos, distribuídos entre os filos Chlorophyta, Ochrophyta (Classe Phaeophyceae) e Rhodophyta. As Ordens Bryopsidales, Cladophorales, Ulvales (Chlorophyta), Dictyotales (Ochrophyta) e Ceramiales (Rhodophyta) estão entre as de maior representação. Recentemente esses dados vem sendo analisados, também, através da biologia molecular e ultraestrutura. A presente avaliação aponta duas lacunas em relação ao conhecimento sobre a biodiversidade das algas: o reduzido conhecimento florístico em alguns estados como Piauí e Alagoas e a quase inexistência de dados para a região de infralitoral. O preenchimento das referidas lacunas é importante, principalmente, se forem consideradas as atuais mudanças climáticas e ambientais que podem alterar a composição florística. Recentemente os ecossistemas recifais do Nordeste estão ameaçados, sobretudo pelo impacto humano, se encontrando empobrecidos, principalmente, em áreas mais rasas da plataforma, sujeitas a pressões urbanas, industriais e de turismo não planejado.

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DIVERSIDADE TERPENOÍDICA EM DICTYOTACEAE E SUA RELAÇÃO SISTEMÁTICA E BIOGEOGRÁFICA

De-Paula, J.C.1; Vallim, M.A.2 & Teixeira, V. L.2 1 Departamento de Botânica, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO); 2Departamento de Biologia

Marinha, Universidade Federal Fluminense (UFF)

A família Dictyotaceae, pertencente à ordem Dictyotales, é uma rica fonte de produtos naturais especialmente diterpenos e seus derivados. Embora nem todos os seus gêneros tenham sido estudados quimicamente, esta família é bem conhecida do ponto de vista da produção de metabólitos de interesse ecológico, biogeográfico, farmacológico e sistemático. A diversidade metabólica desta família permite separar os gêneros em quatro grupos distintos. Algas dos gêneros Dictyopteris e Taonia produzem sesquiterpenos simples ou de biossíntese mista, ou seja, ligados a fenóis. Espécies de Stypopodium sintetizam meroditerpenos cíclicos em grande abundância e pouca quantidade de esteróis, enquanto as espécies de Dictyota, Rugulopterix e Canistrocarpus apresentam diterpenos mono-, di- ou policíclicos, e em muitos casos, exclusivamente marinhos. Por fim as espécies de Lobophora e Zonaria são produtoras de meroditerpenos lineares, semelhantes aos encontrados na ordem Fucales. O gênero Padina, embora bem distribuído em quase todo o mundo, apresenta-se pouco estudado quimicamente. A região Indo-Pacífica abriga o maior número de espécies do gênero Dictyopteris e é a região do planeta onde se espera maior diversidade metabólica de sesquiterpenos simples e mistos. No Atlântico estes sesquiterpenos apresentam distribuição mais restrita com a ocorrência de um número menor de espécies de Dictyopteris (algumas endêmicas do Atlântico) e Taonia. A região Pacífica da Austrália e adjacências abriga o maior número de espécies do gênero Stypopodium embora meroditerpenos cíclicos devam ser encontrados em todos os oceanos pela ampla ocorrência de S. zonale. Já os meroditerpenos lineares encontrados em Lobophora e Zonaria estão representados em todos os oceanos pelas espécies L. variegata e Z. tournefortii, embora estes gêneros não apresentem um grande número de espécies. A maior diversidade metabólica de diterpenos está na região Indo-Pacífica estendendo-se à costa Pacífica das Américas com a ocorrência dos três gêneros (Dictyota, Rugulopterix e Canistrocarpus) produtores destes metabólitos.

TAXONOMIA E FILOGENIA DO COMPLEXO LAURENCIA (CERAMIALES, RHODOPHYTA), COM

ÊNFASE NAS ESPÉCIES DO SUDESTE BRASILEIRO

Cassano, V.1, Oliveira, M. C. 2 & Fujii, M.T.3

1Departamento de Biologia Vegetal, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; 2Departamento de Botânica, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; 3Seção de Ficologia, Instituto de

Botânica, Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo, Brasil

A maioria das espécies do complexo Laurencia apresenta grande plasticidade morfológica o que dificulta a taxonomia do grupo. Logo, o uso de marcadores moleculares tem se mostrado útil na definição de táxons do complexo. Este trabalho teve por objetivo realizar estudos morfológicos e moleculares com base em sequências dos genes plastidial (rbcL) e mitocondrial (cox1) e da região espaçadora dos genes da Rubisco (rbcL-S). A monofilia do complexo Laurencia e do gênero Osmundea foi confirmada pelas análises filogenéticas, mas as relações entre os gêneros Laurencia e Palisada não foram completamente resolvidas. Oito espécies foram confirmadas para o litoral brasileiro: Laurencia caduciramulosa, L. catarinensis, L. dendroidea, L. oliveirana, L. translucida, Palisada flagellifera, P. perforata e Chondrophycus furcatus. Os dados moleculares mostraram que: 1) Chondrophycus furcatus pertence ao gênero Palisada e com essa futura mudança nomenclatural não haverá mais representantes de Chondrophycus no Brasil; 2) Palisada papillosa e P. perforata são coespecíficas, tendo P. perforata prioridade sobre o primeiro; 3) Laurencia intricata da localidade-tipo (Caribe) é distinta da reportada para o Brasil e as citações dessa espécie para o Rio de Janeiro correspondem a L. catarinensis; 4) Laurencia arbuscula, L. filiformis, L. majuscula e L. obtusa citadas para o litoral brasileiro constituem uma única entidade taxonômica e o exame dos materiais-tipo e/ou de referência permitiu identificá-las como L. dendroidea, cuja localidade-tipo é o Brasil. A confirmação da posição taxonômica de L. aldingensis e Laurencia sp. 1 depende da comparação, em ,nível molecular, com material ainda não disponível de L. aldingensis e de L. filiformis da localidade-tipo (Austrália). As relações filogenéticas dentro de Laurencia sensu stricto foram melhor resolvidas com rbcL do que com cox1, entretanto este último mostrou-se eficiente na identificação e delimitação de categorias taxonômicas específicas, corroborando seu uso para “barcoding”. Apoio financeiro: CAPES, CNPq e FAPESP.

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BIOCOMBUSTÍVEIS A PARTIR DE MACROALGAS: UMA VISÃO GERAL

Pinto, E.1 & Gressler, V.1

1Universidade de São Paulo, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Laboratório de Toxinas e Produtos Naturais de Algas (LTPNA). [email protected]

Biocombustível é o nome dado a um combustível alternativo produzido a partir de recursos renováveis animais ou vegetais. O exemplo brasileiro e mundial mais conhecido é o álcool etílico produzido da cana de açúcar. No entanto, outros biocombustíveis - como o biodiesel - também são alternativas viáveis e bem estabelecidas em alguns países. O biodiesel é fabricado por meio de um processo químico chamado transesterificação, onde a gordura ou o óleo vegetal (triacilglicerídeos) são separados, gerando o glicerol (ou glicerina) e ácidos graxos, os quais são esterificados, geralmente utilizando metanol e catalizadores. Os ésteres produzidos nesse processo (biodiesel) e glicerina (produto que pode ser aproveitado na indústria farmacêutica e de cosméticos) são livres de compostos sulfurados e aromáticos e, até o momento, estudos têm mostrado que são menos tóxicos que o diesel. Várias fontes de biomassa contendo triacilglicerídeos podem ser utilizadas para a produção de biodiesel. No caso de plantas, sementes de soja, girassol, algodão e de espécies da Amazônia já são empregadas para esse fim. Atualmente, algas também estão sendo investigadas para a produção de biodiesel. O potencial é bastante promissor se for considerado a extensa faixa litorânea brasileira equatorial e tropical, baixo custo, área que não compete com a agricultura e fácil manejo. Nesse simpósio serão discutidos alguns aspectos da produção de biodiesel e biocombustíveis a partir de macroalgas brasileiras, envolvendo cultivo, qualidade e quantidade de ácidos graxos, scale-up e custos. Apoio Financeiro: FAPESP, INCT de Análise Integrada do Risco Ambiental - CNPq e CAPES.

BIODIESEL DERIVADO DE ALGAS

Pereira, C. M. P.

Universidade Federal de Pelotas UFPel, Insituto de Química e Geociências IQG, Núcleo de Química Aplicada (NuQuiA), Laboratório de Tecnologias Sustentáveis em Química (LaTesQui), INCTde Estudos do Meio

Ambiente (CNPq). [email protected]

De acordo com a politica nacional, apartir de 2005 o governo autorizou a introdução do biodiesel na matriz energética nacional. A motivação de se investir em um novo combustível, em especial no biodiesel, está relacionada principalmente ao conceito de desenvolvimento sustentável. Para o sucesso deste programa, os aspectos sociais, econômicos e ambientais deverão estar equilibrados, permitindo sua viabilidade tanto nacional como mundial. Dentro das novas alternativas de biocombustíveis em susbstituição ao combustíveis fósseis, pesquisas em biodiesel derivados de algas conferem que essa é uma alternativa viável economicamente e altamente sustetável. Neste contexto, somam-se inúmeros estudos: (i) otimização da extração de material lipídico para produção do biodiesel; (ii) análise de percetagem e constituição de ácidos graxos de macrocroalgas e microalgas; (iii) uso de catalisadores para as reações de transterificação; (iv) novas metodologias de síntese de biodiesel, como, ultrasom e outros reatores e ainda adequação às normas da ANP. Referências Recomendadas: Ugadim, Y.; Algas marinhas bentônicas do litoral sul do Estado de São Paulo e do litoral do Estado do Parana I. Divisão Clorophyta Bol. Botânica Universidade de São Paulo. SP, 1, 11-17, 1973. Ma, F.; Hanna, M.A.; Biodiesel production: a review. Bioresource Technology, 70, 1-15, 1999. Shay, E.G.; Diesel fuel from vegetable oils: status ans opportunities. Biomms and Bioenergy, 4 (4), 227-242, 1993. Sendszikiene, E. Makarevicienea, V.; Janulisa, P.; Makareviciuteb, D.; Biodegradability of biodiesel fuel of animal and vegetable origin. Eur. J. Lipid Sci. Technol. 109, 493–497, 2007. Waltz, E.; Biotech’s green gold. Nature Biotechnology, 27, 15-18, 2009. Apoio Financeiro: CNPq e CAPES.

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BIORREATORES PARA O CULTIVO DE BIOMASSA ALGAL

Eduardo Jacob-Lopes

Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Pelotas, UFPel, Pelotas, RS, Brasil

E-mail: [email protected]

Algas e microalgas são fontes potenciais de moléculas de alto valor agregado. A composição bioquímica das células destes organismos possui características interessantes, uma vez que apresenta significativas proporções de proteínas, lipídeos, carboidratos, pigmentos e minerais, podendo desta forma, serem utilizadas como ingrediente de alimentos destinados ao consumo humano, alimentação animal, extração de biomoléculas e produção de biocombustíveis. Neste sentido, esta apresentação irá abranger uma visão geral dos métodos de produção de biomassa microalgácea em grande escala. O enfoque estará direcionado aos cultivos em tanques abertos e fotobiorreatores. Avanços na engenharia e dimensionamento de reatores serão também abordados. Referências Recomendadas: Molina Grima, E., Fernandéz, F.G.A., Camacho, F.G., Chisti, Y. Photobioreactors: light regime, mass transfer, and scale up, Journal of Biotechnology 70 (1999) 231-247. Jacob-Lopes E. Lacerda, L.M.C.F., Franco, T.T. Biomass production and carbon dioxide fixation by Aphanothece microscopica Nägeli in a bubble column photobioreactor. Biochemical Engineering Journal 40 (2008) 27-34. Jacob-Lopes E., Lacerda, L.M.C.F., Scoparo, C.H.G., Franco, T.T. Effect of light cycles (night/day) on CO2 fixation and biomass production by microalgae in photobioreactors. Chemical Engineering and Processing 48 (2009) 306-310.

DETERMINAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS EM ESPÉCIES BRASILEIRAS DE MACROALGAS

Gressler, V.1, Marinho-Soriano, E.2,Fujii, M.T.3, Yokoya, N.S.3, Colepicolo, P4. & Pinto, E.1 1Universidade de São Paulo,Depto. Análises Clínicas e Toxicológicas, São Paulo-SP; 2Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Depto. Oceanog. e Limn., Natal-R; 3Instituto de Botânica de São Paulo, Depto. Ficologia,

São Paulo-SP; 4Universidade de São Paulo, Instituto de Química, São Paulo-SP.

A motivação de se investir em biodiesel está relacionada principalmente ao conceito de desenvolvimento sustentável. Para isso, os aspectos sociais, econômicos e ambientais deverão estar equilibrados, permitindo sua viabilidade. Dentro destas exigências, óleos vegetais e gorduras animais são considerados alternativas viáveis para o desenvolvimento de biodiesel, principalmente por se tratarem de fontes renováveis, de grande variedade e fácil biodegradabilidade. Desta forma, este trabalho tem como objetivo verificar a composição de ácidos graxos de algas marinhas do litoral brasileiro (Laurencia filiformis, Laurencia intricata, Gracilaria domingensis, Gracilaria birdiae, Plocamium brasiliense, Ochtodes secundiramea e Wrongelia penicilata). As espécies L. filiformis e L. intricata G. domingensis, G. birdiae, utilizadas neste trabalho foram coletadas em Natal-RN, já as espécies P. brasiliense, O. secundiramea e W. penicilata em Parati-ES. Os principais ácidos graxos identificados foram: 12:0, 14:0, 16:0, 18:0, 23:0, 14:1, 16:1, 18:1, 18:2, 18:3, 20:2, 20:3 para G. domingensis; 12:0, 14:0, 15:0, 16:0, 18:0, 16:1, 18:1, 18:2, 18:3, 20:4 para G. birdiae; 8:0, 12:0, 14:0, 16:0, 18:0, 24:0, 14:1, 16:1, 18:1, 22:1, 18:2, 20:3, 20:5, 18:1t para L. filiformis; 14:0, 16:0, 16:1, 18:1, 18:2, 20:4, 20:5 para L. intricata; 10:0, 12:0, 14:0, 16:0, 23:0, 14:1, 15:1, 16:1 para P. brasiliense; 10:0, 12:0, 14:0, 15:0, 16:0, 18:0; 20:0 23:0, 14:1, 16:1, 18:1c, 18:2c para O. secundiramea e 4:0, 10:0, 14:0, 15:0, 16:0, 18:0, 20:0, 14:1, 16:1, 18:1c, 21:1, 22:6 para W. penicilata. Considerando que a produtividade de alga por hectare chega a ser 250 vezes maior que de oleaginosas terrestres, um teor de ácidos graxos totais de 0,780; 0,699; 0,776, 0,683%, 0,806, 0,321 e 0,812 para as algas G. domingensis, G. birdiae, L. filiformis, L. intricata, P. brasiliense, O. secundiramea e W. penicilata respectivamente mostra que estas espécies apresentam potencial para a produção de biodiesel. Apoio Financeiro: FAPESP, INCT de Análise Integrada do Risco Ambiental - CNPq e CAPES.

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ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE ALGAS MARINHAS EM SANTA CATARINA: POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO EM RISCO?

Paulo Horta1, Cíntia Lhullier2, Melissa Raimundo, Fernanda Ramlov1, Zenilda Bouzon1, Marcelo Maraschin, Eloir Schenkel2, Miriam Falkenberg2

1 Programa de pôs graduação em Biologia Vegetal, Departamento de Botânica, UFSC - Campus Universitário Trindade, CEP 88040-900 - Florianópolis, SC - Brasil. 2Programa de Pós-graduação em Farmácia, UFSC -

Campus Universitário Trindade, CEP 88040-900 - Florianópolis, SC - Brasil.

As algas marinhas representam grupos de organismos que tiveram sua origem nos primórdios da história do planeta. Ao longo desses milhares de milhões de anos, estes organismos desenvolveram sistemas de defesas contra as diferentes fontes de estresse oxidativo, representando uma importante fonte de substâncias com atividade antioxidante natural. O presente trabalho descreve resultados da atividade antioxidante de cerca de 20 espécies de macroalgas coletadas em diferentes épocas e locais. Foram analisados representantes das Chlorophyta (algas verdes), Phaeophyceae (algas pardas) e Rhodophyta (algas vermelhas). Os extratos etéreos e metanólicos, em diferentes concentrações foram obtidos por extração seqüencial das biomassas secas. As espécies que obtiveram um maior rendimento foram Sargassum stenophyllum (17%) e Padina gymnospora (16%). As espécies mais efetivas sobre a peroxidação lipídica foram Codium isthmocladum, Enteromorpha intestinalis e Chaetomorpha anteninna, com porcentagens de inibição acima de 70%. Também pode se destacar as espécis do gênero Sargassum e representantes da família Ectocarpaceae. Os resultados indicam que dentre as algas estudadas observou-se espécies que são uma fonte promissora de compostos biologicamente ativos com propriedades antioxidantes. Entretanto, considerando os impactos crescentes nos ambientes costeiros, a abundância ou mesmo a existência destas espécies com maior potencial biotecnológico está em risco. A poluição orgânica difusa, a contaminação dos ambientes por derivados de petróleo, metais pesados entre outros poluentes, a destruição de habitat, a pesca predatória, representam fatores que levam a uma redução da riqueza e da biomassa de espécies chaves. Espécies do gênero Sargassum, por exemplo, não suportam as condições adversas de ambientes degradados. Até mesmo, o gênero Ulva, em condições extremas, apresenta limitações fisiológicas importantes. Apoio Financeiro: CAPEs e CNPq

MENS SANA IN CORPORE SANO: OS EFEITOS BENÉFICOS DA ASTAXANTINA NO EXERCÍCIO FÍSICO, NO SISTEMA IMUNE E NA CAPACIDADE COGNITIVA

Barros, M.P.1, Macedo, R.C.1, Bolin A.P.1, Mattei, R.2 & Otton, R.1

1 Programa de Pós-graduação, Ciências do Movimento Humano, Instituto de Ciências da Atividade Física e Esporte (ICAFE), Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP, Brasil, 01506-000; 2 Departamento de

Psicobiologia, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, Brazil.

A astaxantina (AST) é um carotenóide de coloração róseo-alaranjada produzido por algas marinhas, mas que também se distribui entre outros organismos marinhos através da cadeia alimentar (camarões, lagostas, salmões, etc). Embora a palavra “astaxantina” ainda não faça parte do vocabulário popular ou do vernáculo médico, vários trabalhos já sugerem a ação benéfica da AST em humanos, principalmente em relação à inibição da oxidação de LDL, a fotoproteção contra radiação UV e na profilaxia de úlcera estomacal por infecção bacteriana de Helicobacter pylori. Em termos bioquímicos, a AST foi caracterizada como um eficiente interceptador de espécies reativas de oxigênio (EROs), principalmente aquelas promotoras de peroxidação lipídica. Uma série de evidências aponta que exercícios físicos aeróbios e anaeróbios estão associados a maior produção de EROs no tecido muscular, embora através de mecanismos celulares diferentes. Do mesmo modo, o quadro inflamatório induzido por neutrófilos no tecido muscular e articulações pós-atividade física também é remediado por EROs e sua duração está diretamente associada ao ímpeto de repetição da atividade física. Assim sendo, a suplementação com a AST em ratos Wistar foi aqui estudada como uma intervenção nutricional para oferecer maior proteção ao tecido muscular contra o insulto oxidativo promovido pela atividade física. Em termos de capacidade cognitiva, os efeitos da AST foram estudados através da análise da capacidade exploratória e emocionalidade de ratos em testes de labirinto de cruz elevada. Finalmente, a terceira frente do projeto contempla estudos in vitro da ação da AST sobre a funcionalidade e o balanço redox de neutrófilos humanos isolados. Todos estes aspectos reunidos oferecem uma interpretação geral dos possíveis benefícios da AST na atividade física e constituem cruciais informações para a aplicação do carotenóide de algas marinhas na performance atlética em nível competitivo. Apoio Financeiro: JP/FAPESP e CNPq (Brasil); International Foundation for Science (IFS); Fuji Nutreceuticals/AstaReal AB (Japão/Suécia).

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PROPRIEDADES ANTIOFÍDICAS E ANTILONÔMICAS DE PRODUTOS NATURAIS ISOLADOS DE ALGAS MARINHAS PARDAS DA COSTA FLUMINENSE

Fuly, A.L.

Departamento de Biologia Celular e Molecular, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ.

Os animais venenosos e peçonhentos estão agrupados em diferentes famílias, incluindo vertebrados e invertebrados. Suas glândulas secretam substâncias que servem tanto para defesa e ataque como função digestiva da presa. Em geral os venenos são em maioria, proteínas (enzimas) que respondem pelos vários efeitos biológicos observados nas vítimas, como neurotoxicidade, efeitos na hemostasia, inflamação, cardiotoxicidade, miotoxicidade, hemorragia, hemolítico, hipotensivo, necrose e dor. Dos diferentes componentes protéicos presentes em venenos, podemos destacar fosfolipases, metaloproteases, serinoproteases, desintegrinas, nucleotidases, hemorraginas, miotoxinas, dentre outros. No Brasil e em várias partes do mundo, os acidentes causados por tais animais representam um grave problema à sociedade devido a sua gravidade e frequência, em destaque para os acidentes ofídicos e lonômicos, ocasionados por serpentes e a lagarta-de-fogo, respectivamente. Por isso, a necessidade no desenvolvimento de métodos e tratamentos para a neutralização destas enzimas. Atualmente, o método preconizado pelo Ministério da Saúde é a administração de antisoros denominados de antiofídico e antilonômico, na qual os efeitos sistêmicos são revertidos, mas os efeitos locais nem sempre. Este fato pode gerar um problema de saúde e sócio-econômico, pois pode levar a destruição de um tecido resultando na amputação e/ou deformidade de um membro. Desta forma tratamentos alternativos são sugeridos, onde os produtos naturais são ótimos candidatos. Na literatura, vários trabalhos descrevem propriedades antiofídicas de extratos brutos de vegetais, bem como seus produtos isolados. Entretanto, nenhum relato antiofídico ou antilonômico fora atribuído às espécies marinhas. Os oceanos apresentam uma grande diversidade de produtos naturais provenientes de vários organismos como esponjas, moluscos, bactérias marinhas, cianobactérias e algas. Dentre estes animais, podemos destacar as algas marinhas, que apresentam substâncias denominadas diterpenos, que apresentam diversas propriedades farmacológicas como: anticâncer, antibiótica, antifúngica, antiviral, anticoagulante e antiangiogênica; além de estarem relacionados à funções ecológicas e defensivos contra herbívoros. Resultados do nosso grupo mostram que um diterpeno isolado da alga marinha parda, Canistrocarpus cervicornis foi capaz de neutralizar atividades biológicas do veneno da serpente Lachesis muta, que é uma serpente de interesse médico em função do elevado índice de letatilidade dos acidentes causados por esta serpente no Brasil. Outro resultado interessante foi a capacidade do extrato bruto da alga Dictyota pfaffii em inibir a hemólise causada pelo veneno da lagarta Lonomia obliqua. Em contraste, os extratos das algas Canistrocarpus cervicornis e Stypopodium zonale não foram eficazes nesta inibição. Entretanto, todos estes extratos de algas testados foram capazes de inibir a coagulação do plasma induzida pelo veneno de L. obliqua. Sendo assim, os extratos brutos bem como seus produtos isolados de algas marinhas podem ser considerados uma grande fonte de novas moléculas com efeitos farmacológicos importantes devido a sua diversidade química. Buscando assim o desenvolvimento de produtos eficazes na neutralização dos efeitos sistêmicos e locais produzidos pelo envenenamento por tais animais.Suporte financeiro: PROPP/UFF, FAPERJ, CAPES, CNPq e IFS (Grant F/4571-1)

IN MACROPHYTE COMMUNITIES ON SOUTHERN CALIFORNIA SHORES: TRENDS AND ECOLOGICAL IMPLICATIONS

Murray, S.1; Smith,J1.; Bullard, A. 1 & Gilbane, L.1

1California State University, Fullerton.

Southern California’s coastal habitats have been altered by the activities of a rapidly expanding human population and subject to changing ocean conditions over the last 50 years. The structure and ecological functions provided by macrophyte communities have also changed over this 50-year period but these are much less well known due to the absence of comparative data sets. Recent studies performed at California State University Fullerton have documented some of these changes and certain trends have emerged. Many southern California macrophyte communities are now dominated by low-producing, crustose, articulated coralline, and turf-forming algae while abundances of many larger, more productive, frondose algae have declined. Comparative studies have shown that these shifts change the principal contributors to community primary productivity. In addition, the potential impacts of declining macrophyte abundances on local food webs will also be explored.

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UTILIZACIÓN DE M. PYRIFERA DE LA ZONA AUSTRAL DE CHILE COMO FUENTE DE COMPUESTOS BIOLÓGICOS APLICADOS

Mansilla, A.1; Ávila, M. 2; Palacios, M.1;Cáceres, J.2 & Navarro,N1. 1Dpto. Ciencias y Rec. Naturales, Universidad de Magallanes, casilla 113-D, Punta Arenas, Chile. Institute of

Ecology and Biodiversity, Casilla 653, Santiago, Chile; 2Instituto de Ciencia y Tecnología, Universidad Arturo Prat Sede Puerto Montt, Chile.

La explotación de algas en Chile se realiza desde hace aproximadamente 50 años, siendo tradicionalmente recolectadas desde praderas naturales. Mas recientemente, las algas han sido utilizadas para la obtención de alginatos, agar y carragenina, fertilizantes agrícolas e industria acuicola (alimentación de abalones y erizos), aumentando el valor agregado de los productos. En la Región de Magallanes, M. pyrifera es una macroalga parda que presenta una biomasa aproximada de 12 kg m-2 y en verano puede llegar a presentar una tasa de crecimiento bastante significativa. Investigaciones realizadas recientemente han permitido visualizar positivos resultados de la inclusión de harina de M. pyrifera en dietas para salmonideos, aves y cordeiro observándose un incremento del porcentaje de ácidos grasos poliinsaturados en el músculo y un efecto significativo en la reducción de grasa perivisceral en los primeros meses de alimentación. Actualmente se encuentran en desarrollo investigaciones que abordan tanto la utilización de derivados de algas pardas en la alimentación para el cultivo de organismos marinos de interés comercial y su utilización en suplementos alimenticios para su uso en personas de la tercera edad. Paralelamente se han desarrollado investigaciones bioecológicas de la especie para su uso sustentable.

ANTI-HIV-1 ACTIVITY OF NATURAL PRODUCTS ISOLATED FROM MARINE BROWN ALGAE

Cirne-Santos,C.1,3 ,Giongo,V.1,2 ,Teixeira, V.2, Cavalcanti, D.2, Villaça,R.2, Castelo-Branco,R.3,Garrido, V.1, Bou-Habbib,D.3,,Tanuri,A.4, Paixão,I.1,2

1Departamento de Celular e Molecular, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, Brazil; 2 Departamento de Biologia Marinha, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense;Rio de Janeiro,

Brazil; 3 Laboratório de Imunologia Clínica. IOC/FIOCRUZ/Fundação Ataulpho de Paiva.4 Instituo de Biologia-UFRJ.

In the last years, efforts to develop new drugs for HIV-1 infections have focused on the identification of agents that inhibit specific steps of HIV life cycle. The HIV-1 infection, which may lead to clinical progress to AIDS, is usually treated with many classes of drugs, including the nucleoside RT inhibitors (NRTIs) and non-nucleoside RT inhibitors (NNRTIs). However, the emergence of multi-resistant strains of HIV-1, as well as the cytotoxicity of these compounds motivated the search of novel HIV-1 inhibitors. In 1996, our group initiated collaboration with a Natural Product of Seaweeds Laboratory (UFF) and our aims were to study the antiviral activity of products isolated from algae. Marine algae have a high strategic value in the natural product market pharmaceutical compounds. The goals of this study were to perform kinetic analysis, to investigate whether Dolabelladienetriol could synergize with other antiretroviral, and to verify whether this compound could inhibit HIV-1 isolates presenting drug resistance mutations. Peripheral blood mononuclear cells (PBMCs) from healthy donors were infected with HIV-1, and proviral integration was observed by polymerase chain reaction. The effect of Dolabelladienetriol on DNA polymerase activity of HIV-1 RT was analyzed by steady-state kinetics using HIV-1 recombinant RT. Synergistic effect on HIV-1 replication were evaluated by treating HIV-1-infected cells with Dolabelladienetriol plus others antiretroviral. Viral replication was evaluated by measuring HIV-1 p24 Ag in culture supernatants by ELISA. Dolabelladienetriol blocked the integration of HIV-1 provirus and ablated HIV-1 replication in PBMCs. : Dolabelladienetriol Ki value was 7,2 uM. Kinetic studies with respect to dTTP/template-primer detected that Dolabelladienetriol is a noncompetitive inhibitor of RT. Dolabelladienetriol presented an additive effect with AZT (HIV-1 inhibition: Dolabelladienetriol = 50%; AZT = 40%, Dolabelladienetriol plus AZT = 90%), and a synergistic effect with Atazanavir (HIV-1 inhibition: Dolabelladienetriol = 50%; Atazanavir = 20%; Dolabelladienetriol plus Atazanavir = 100%). Dolabelladienetriol presented a potent antiretroviral activity against a panel of eleven HIV-1 isolates carrying common NNRTI-associated resistance mutation. We propose that the NNRTI Dolabelladienetriol could be considered as a potential new agent for HIV-1 therapy. Financial support: CNPq, FAPERJ e FOPESQ-UFF

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MACROALGAS MARINHAS – FONTE DE CARBOIDRATOS BIOATIVOS

Duarte, M. E. R. & Noseda, M. D.

Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil

As macroalgas marinhas sintetizam diferentes tipos de polissacarídeos tais como alginatos, heterofucanas sulfatadas, galactanas sulfatadas, heteroramnanas sulfatadas e xilomananas sulfatadas, entre outros, os quais podem apresentar atividade anticoagulante, antitrombótica, antiinflamatória, antiviral e anti-angiogênica. Neste contexto, a importância da posição dos grupos sulfato, a massa molecular, o grau de sulfatação e a conformação do polímero são fatores fundamentais para o desempenho da atividade farmacologia. Deste modo, a análise da estrutura química fina de polissacarídeos de macroalgas marinhas é necessária para que se possa determinar a correlação entre atividade e estrutura, permitindo também a projeção de novas moléculas bioativas. Dentre os polissacarídeos estruturalmente caracterizados por nosso grupo de pesquisa alguns apresentam potente e seletiva atividade antiherpética, inclusive contra cepas resistentes a tratamentos convencionais. Em testes pré-clínicos a atividade in vitro é mantida nos testes in vivo. Decorrente de seu modo de ação, inibindo a adsorção do vírus à célula hospedeira, sua utilização tópica é indicada na profilaxia de doenças virais sexualmente transmissíveis. Sendo assim é prioritária a busca de novos compostos com diferentes mecanismos de ação, com baixa capacidade de induzir resistência viral e que sejam ativos contra as cepas virais resistentes aos tratamentos convencionais. Utilizando diferentes técnicas hidrolíticas temos produzido uma ampla gama de oligossacarídeos sulfatados a partir dos polissacarídeos de algas marinhas. Estes oligossacarídeos têm sido modificados quimicamente pela inserção regiosseletiva de grupos hidrofóbicos gerando novos tipos de moléculas derivadas dos polissacarídeos de macroalgas marinhas. Considerando a menor massa molecular e seu caráter anfipático, oligossacarídeos sulfatados semi-sintéticos podem vir a representar novos fármacos antivirais com mecanismo de ação diferente daquele apresentado pelos polissacarídeos.

BIOPROSPECÇÃO DE BIOATIVOS DE MACROALGAS MARINHAS: POTENCIAL, OBSTÁCULOS E ALTERNATIVAS

Pereira, R.C.

Departamento de Biologia Marinha, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense

Produtos naturais de macroalgas marinhas podem ser importantes bioativos, mas por que tal potencial não é realidade ou mercado, após aproximadamente diversos anos de pesquisas? Estas compreendem buscas abrangentes de extratos brutos bioativos, seguidas por outros passos, como a purificação guiada por bioensaios, o isolamento e a identificação do bioativo, além de testes mais específicos, como aqueles pré-clínicos e clínicos, no caso dos fármacos. A realização destes passos não garantia de sucesso na obtenção de bioativos, pois para realizá-los precisa-se de matéria prima, por vezes limitante, de fontes naturais. Algumas alternativas são necessárias para suprir matéria prima devido à demanda iminente de mercado, ou mesmo para concluir testes que precedem o chegada ao mercado. A síntese de bioativos comumente é complexa, onerosa e com rendimento insatisfatório. O cultivo de organismos que produzem bioativos pode constituir outra alternativa viável, mas os resultados são comumente insuficientes para suprir o mercado. A plasticidade de microrganismos pode propiciar grande diversidade molecular e o domínio de técnicas para cultivá-los pode ser uma garantia de matéria prima. O Brasil possui um vasto litoral, no qual diversas macroalgas são alvos promissores de bioativos, mas as pesquisas brasileiras ainda encontram-se em fase inicial, mas pode ser este o momento propício à reflexão sobre os caminhos que estão e serão seguidos e se eles são e serão realmente os mais apropriados. As pesquisas por bioativos são onerosas, com elevados custos econômicos e ambientais que devem ser levados em consideração, seja por pesquisadores que nelas atuam, ou mesmo por agências, formais ou não, de apoio à pesquisa. O caminho inverso, como a garantia de obtenção de matéria prima diversificada (= moléculas) para a realização da busca por bioativos pode ser um caminho sustentável para o desenvolvimento desta área de grande relevância biotecnológica. Financiamento: CNPQ, FINEP e FAPERJ.

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GLICOLIPÍDIOS EM MACROALGAS MARINHAS: MOLÉCULAS EM POTENCIAL PARA BIOTECNOLOGIA?

Barreto-Bergter, E.

Departamento de Microbiologia Geral, Instituto de Microbiologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ.

Glicolipídios constituem uma importante classe de lipídios de membrana, sintetizados em organismos procariotos e eucariotos. Estas moléculas isoladas de diversas algas tiveram suas estruturas elucidadas.através de técnicas espectrométricas e espectroscópicas, Monogalactosil diacilgliceróis foram encontrados em Sargassum thunbergii [1], Exophlyllum wentii [2] e Chondria armata [3]. Sulfoglicolipídios como sulfoquinovosildiacilgliceróis (SQDSs) apresentando atividade antiviral foram identificados em Porphyridium purpureum e em outras microalgas [4]. Lipídios totais das algas Ulva fasciata, Caulerpa racemosa, Dictyota cervicornis, D.menstrualis, Hypnea musciformis, Osmundaria obtusiloba, Porphyra acanthophora e Pterocladiella capillacea, coletadas na Praia Rasa, Armação de Búzios, Rio de Janeiro, foram isolados através da extração com clorofórmio/metanol 2:1 e 1:2 v/v e fracionados em colunas de sílica gel 60 [5]. A análise das frações obtidas por cromatografia em camada fina (TLC) mostrou a presença de bandas coradas por orcinol/ ácido sulfúrico e iodo, indicando a presença de glicolipídios. As frações ricas em glicolipídios serão combinadas, recromatografadas em coluna de sílica e os glicolipídios purificados analisados através de espectrometria de massa (ESI-MS) e ressonância magnética nuclear (RMN). As propriedades antimicrobianas destas moléculas serão avaliadas frente a vários fungos patogênicos e oportunistas como Candida albicans, Aspergillus fumigatus, Scedosporium apiospermum e Cryptococcus neoformans. [1] Kim et al., 2002. Lipids, 42: 395-399 [2] Illijas et al., 2009. J.Oil Sci., 58: 103-109 [3] Al-Fadhli et al., 2006. Glycobiology, 16: 902-915 [4] Naumann et al., 2007. Rapid Común Mass Spectrom., 21: 3185-3192 [5] da Silva et al., 2004. FEBS Lett., 561: 137- 143 Apoio Financeiro: CNPq e FAPERJ

SELEÇÃO DE LINHAGENS EM LABORATÓRIO: FERRAMENTA PARA A MARICULTURA DE ALGAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Plastino, E.M.

Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

A seleção de linhagens é um procedimento amplamente empregado na agricultura, e os conhecimentos obtidos nesse campo têm possibilitado avanços consideráveis para a humanidade. Embora essa prática seja antiga, a seleção de linhagens em algas é uma atividade relativamente recente e está restrita a países orientais nos quais a maricultura vem sendo feita há mais tempo. No Brasil, várias tentativas de cultivo de macroalgas no mar falharam. Um dos motivos atribuídos a essas falhas seria a falta de estudos prévios de laboratório. Nesses estudos, diferentes condições de cultivo poderiam ser testadas e possibilitariam o conhecimento dos limites de tolerância das espécies. Além dos testes de tolerância, técnicas de laboratório permitem a seleção de linhagens com características desejáveis. Dentre essas, destacam-se para macroalgas: maior crescimento; melhor qualidade e maior quantidade de ficocolóides; e/ou composição nutricional adequada para fins alimentares. O sucesso da seleção de linhagens em laboratório depende da obtenção de cultivos unialgais. Esses cultivos possibilitam conhecer a reprodução e o desempenho dos diferentes estádios do histórico de vida de uma espécie. Permitem ainda que se realizem testes de cruzamentos com o propósito de obter descendentes com características desejáveis ao cultivo no mar. Possibilitam também estudos fisiológicos por meio de diferentes técnicas, o que permite o conhecimento do desempenho da espécie frente a diferentes condições bióticas e abióticas. A análise global desses resultados tem fornecido subsídios para a seleção de estádios reprodutivos, morfos ou até mesmo indivíduos com potencial para a maricultura. Estudos recentes que incluem a seleção de linhagens de Gracilaria (Gracilariales, Rhodophyta) em laboratório têm mostrado resultados promissores e podem contribuir efetivamente para os cultivos dessa agarófita em escala comercial. Apoio Financeiro: CNPQ e FAPESP

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CULTIVO DE KAPPAPHYCUS ALVAREZII NO BRASIL

Reis, R. P.

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Kappaphycus alvarezii é a principal alga cultivada mundialmente como matéria prima para produção de carragenana. A introdução desta espécie no litoral brasileiro foi proposta por ser uma espécie de fácil cultivo (fragmentação do talo), proporcionar aumento de divisas e gerar novos postos de trabalho e de renda, além do esgotamento dos bancos naturais da carragenófita nativa (Hypnea musciformis) de difícil adaptação às tecnologias de cultivo até então testadas. Em 1995, Édison de Paula, da USP, após processo de quarentena de quase um ano e constatação de ausência de problemas ambientais, introduziu experimentalmente no litoral paulista um clone oriundo do Japão. Em 1998, Miguel Sepúlveda introduziu comercialmente na Baía da Ilha Grande, litoral sul fluminense, um clone da Venezuela que em 2004 passou a ser cultivado na Baía de Sepetiba. Em 2007, foi publicada a Instrução Normativa do IBAMA, no165, que permitiu o cultivo desta espécie nas regiões sul e sudeste por empreendedores que pediram permissão de cultivo até 2005, para avaliação em 2008 de relatórios de monitoramento ambiental. Em 2008, saiu outra IN do IBAMA, no185, que permite o cultivo comercial desta espécie entre a Baía de Sepetiba (RJ) e a Ilha Bela (SP), após avaliarem publicações e documentos técnicos de pesquisadores do Rio de Janeiro e de São Paulo. Atualmente, no sul fluminense existem cerca de 100 balsas de cultivo, em Santa Catarina, após liberação do IBAMA, o potencial da maricultura desta espécie esta sendo avaliado por um grupo da UFSC. Existem relatos de cultivos na Bahia e Paraíba. Exalta-se que a cautela ambiental deva acompanhar a expansão da maricultura desta alga exótica através do estabelecimento de processos de quarentena e de monitoramento ambiental. Pesquisadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina estão auxiliando os órgãos governamentais a estabelecer estes processos para um cultivo ambientalmente sustentável.

RECUPERAÇÃO DE POPULAÇÕES DEGRADADAS PELA EXPLOTAÇÃO DE GRACILARIA CAUDATA (RHODOPHYTA, GRACILARIALES) NO LITORAL DE JOÃO PESSOA E CABEDELO (PARAÍBA-

BRASIL)

Miranda, G. E. C.1;3; Fujii, M. T.2 & Coccentino, A.3 1 Departamento de Sistemática e Ecologia, Universidade Federal da Paraíba, Paraíba, Brasil; 2Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, Brasil; 3 Departamento de Oceanografia,

Programa de Pós Graduação em Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, Brasil.

A explotação de macroalgas no nordeste do Brasil passa por um momento de declínio em função principalmente da redução dos estoques naturais de populações de algas com interesse comercial como é o caso da espécie Gracilaria caudata J. Agardh. Esta espécie foi explotada intensamente no litoral paraibano e pernambucano durante os anos 80 e 90, e atualmente é encontrada com dificuldades, restando poucos refúgios principalmente no litoral de Pernambuco, entretanto sem biomassa que justifique por parte dos pescadores sua retirada. O presente trabalho teve como objetivos testar a hipótese de que a ausência de G. caudata dos bancos naturais nos quais esta espécie era dominante deve-se a ausência de esporos (tetrásporos/carpósporos) que permitam a sua recuperação e não em função de fatores ambientais que atuem limitando seu desenvolvimento. Adicionalmente foram avaliados diferentes substratos para a fixação de esporos desta espécie verificando-se a hipótese de preferência ou facilitação no desenvolvimento em diferentes tipos de substratos. O litoral dos municípios de João Pessoa e Cabedelo na Paraíba foi escolhido, pois possuíam densas populações desta espécie que desapareceram após evento de intensa explotação no final dos anos 90. Os dados obtidos deixam claro que as condições ambientais atuais não são responsáveis pela ausência desta população, substratos artificiais miméticos aos nódulos de algas calcárias “semeados” com carpósporos desenvolveram plantas tetraspóricas adultas, nos substratos controle não foi observada a colonização por parte desta espécie em um ano de experimento. O substrato desenvolvido se mostrou uma excelente ferramenta tanto para a recuperação de uma determinada população específica, quanto para comunidade de macroalgas da região em função da colonização dos substratos pelas macroalgas ter sido facilitada pelo tipo de estrutura desenvolvido. Apoio Financeiro: CNPQ e CAPES.

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PERSPECTIVAS DO CULTIVO DE MONOSTROMA (CHLOROPHYTA) NO PARANÁ

Pellizzari, F.1, Yokoya, N.S.2, Oliveira, M.C3 & Oliveira, E.C.3 1UNESPAR – FAFIPAR (Faculdade de Ciências e Letras de Paranaguá), Paranaguá, PR, Brasil; 2 Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, Brasil; 3 Departamento de Botânica, Instituto de

Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Espécimes de Monostroma são coletados em populações naturais entre Cananéia (SP) e Superagui (PR) desde a década de 1980. O uso das frondes até recentemente restringia-se ao mercado alimentício na Ásia e à comunidades de imigrantes. O uso no Brasil é incipiente com demanda restrita a restaurantes fusion-oriental em São Paulo. Porém, o mercado mundial ampliou-se à indústria cosmética, onde o Brasil ostenta a 3ª posição de maior consumidor. A utilização de Monostroma neste segmento industrial é promissora, a exemplo das patentes da Christian Dior e Emi Heater para produtos de efeito tensor e hidratante. No litoral do Paraná ocorrem 2 espécies de clorofíceas monostromáticas, Gayralia oxysperma e Monostroma sp. A espécie brasileira de Monostroma apresentou identidade de sequência de 82 e 91% para os marcadores moleculares ITS e rbcL com a espécie japonesa M. nitidum, diferenças que podem sugerir uma nova espécie. G. oxysperma é restrita a setores internos de estuários apresentando baixas taxas de crescimento relativo (TCR), não sendo uma espécie promissora para cultivos. Visando fornecer embasamento ao cultivo de Monostroma foram avaliados os efeitos da temperatura, irradiância e salinidade no crescimento das populações da Baía de Paranaguá (Paraná), as quais apresentaram tolerância a altos níveis de irradiância e a todas as salinidades testadas. As maiores TCR foram observadas entre 20 e 21,5ºC, portanto, altas temperaturas inibem o crescimento, norteando a seleção de áreas cultiváveis. Estudos sobre a dinâmica de populações naturais indicaram aumento significativo da cobertura durante o inverno-primavera. O recrutamento ocorre o ano inteiro, com picos no outono. Para o cultivo, foi utilizado o recrutamento natural das redes em zonas entremarés e posterior crescimento em sistemas fixos e flutuantes. Durante o período de cinco anos, os picos de produtividade ocorreram na primavera (458±157 g.m-

2). Apesar das maiores TCR serem observadas em cultivos flutuantes, o epifitismo é menor no sistema fixo, além de ser mais simples e econômico, trazendo vantagens à produção. A caracterização química das frondes corrobora o uso alimentício e nutracêutico, com altos teores de cálcio, ferro e ácido ascórbico. Em uma análise do potencial mercadológico, o uso de Monostroma em cosméticos mostrou-se promissor. Desta forma, os diversos usos podem ser alvos de comercialização complementar, e o cultivo sustentável constituirá em renda alternativa às comunidades pesqueiras do sul do Brasil. Estudos aplicados à cosmetologia estão em andamento. Apoio Financeiro: CAPES e CNPq.

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Apresentações Orais

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AO HIDROCARBONETO POLICÍCLICO AROMÁTICO BENZO(a)PIRENO SOBRE A MACROALGA VERMELHA Gracilaria

birdiae

Almeida, J. V.1; Oliveira-Silva, D.2; Romano, R. L.2; Plastino, E. M.3; Marinho-Soriano, E.4 & Colepicolo, P.1 1 Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; 2

Departamento de Toxicologia e Análises Toxicológicas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; 3 Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo,

São Paulo, Brasil; 4 Departamento de Oceanografia e Limnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Norte, Brasil.

Benzo(a)pireno (BaP) é um hidrocarboneto policíclico aromático (HPA) que está listado entre os poluentes mais tóxicos pelas agências de proteção ambiental. O conhecimento a respeito dos impactos que BaP pode exercer sobre a biota marinha brasileira ainda precisa ser gerado. Algas marinhas compõem a base das cadeias tróficas e podem exercer papel central como biondicadores de poluição aquática. Após exposição crônica de 15 dias a concentrações crescentes de BaP, foi possível obter uma curva de inibição do crescimento da macroalga Gracilaria birdiae (Rhodophyta) frente ao poluente. A partir da curva, determinou-se a concentração de BaP que inibe o crescimento da alga em 50 % (IC50) para um período de 15 dias de exposição: 69 ηg/mL de BaP. A partir de exposições de G. birdiae à IC50, variáveis biológicas foram investigadas: quantificações de glutationa e da atividade enzimática de superóxido dismutase permitiram observar estresse oxidativo provocado pela presença do HPA; além disso, a homeostase fotossintética da macroalga também foi avaliada. Paralelamente, as mesmas variáveis biológicas da alga foram investigadas em duas outras condições de exposição a BaP: exposição crônica de 15 dias a 375 ηg/mL de BaP e exposição aguda de 96 h a 100 ηg/mL de BaP. Financiamento: FAPESP e CNPq

GUIA ILUSTRADO DE ALGAS MARINHAS BENTÔNICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO: BIODIVERSIDADE E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Avanzo, J. 1 & Fujii, M.T.1 1 Seção de Ficologia, Instituto de Botânica, São Paulo, SP.

As macroalgas são componentes importantes da comunidade bentônica dos oceanos como produtoras primárias e têm ação na ciclagem de nutrientes. Elas determinam a estrutura da comunidade bentônica, suportando a diversidade biológica da região costeira e representam recurso renovável de grande importância, fonte de uma diversidade de aplicações industriais, farmacológicas e alimentícias. Entretanto, o avanço do desenvolvimento urbano vem acarretando uma série de adversidades à manutenção dessa comunidade, como conseqüência das alterações do meio ambiente. Assim, o presente trabalho tem o propósito de sensibilizar os habitantes e freqüentadores do litoral, despertando a consciência ecológica e revelando a importância da conservação da comunidade bentônica dos oceanos. Por meio de um guia ilustrado pretende-se conduzir os leitores à identificação das algas marinhas bentônicas mais representativas do litoral paulista, evidenciando suas peculiaridades e as formas de aproveitamento humano. As algas foram coletadas ao longo da costa do estado de São Paulo e fixadas em formol a 4% em água do mar. Foram tomadas fotografias das algas no ambiente natural e em laboratório, evidenciando as estruturas morfológicas mais significativas para identificação de cada espécie. Foram coletados dados na literatura sobre a utilização e aproveitamento dos recursos e potenciais econômicos das algas, bem como informações sobre a distribuição das macroalgas nos costões rochosos. As algas marinhas são consideradas excelentes fontes nutricionais e sua utilização na alimentação, na medicina e como fertilizante, é datada de tempos remotos na humanidade. Porém, hoje a maior importância das algas marinhas em nossa economia está na utilização industrial de polissacarídeos coloidais extraídos de algas pardas e vermelhas. Esses produtos naturais são coletivamente denominados de ficocolóides e são amplamente utilizados como agentes espessantes e estabilizantes coloidais nas indústrias, sendo importantes na composição de produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos. Como parte do presente projeto, foram realizadas seis coletas e identificadas 88 espécies de algas marinhas bentônicas, sendo 50 espécies pertencentes à divisão Rhodophyta (Algas vermelhas), 20 pertencentes à divisão Chlorophyta (algas verdes) e 18 pertencentes à divisão Ochrophyta (algas pardas). Apoio Financeiro: PIBIC – CNPq.

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FENOLOGIA DE Gracilaria birdiae PLASTINO & E.C. OLIVEIRA (Gracilariales, Rhodophyta) DA PRAIA DE RIO DO FOGO, RN

Carneiro, M.A.A.1; Azevedo, C.A.A.2; Costa, A.H.; Costa, A.B.;Marinho-Soriano, E.2 & Plastino, E.M1 1 Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; 2

Departamento de Oceanografia e Limnologia, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Norte, Brasil.

Gracilaria birdiae é uma das principais espécies de macroalga coletadas no nordeste brasileiro para extração de ficocolóides. Este estudo tem como objetivo avaliar a fenologia desta espécie e suas prováveis conseqüências para o melhor manejo do banco natural. Mensalmente, durante um período de um ano, um cabo com 20m (três reperições) foi estendido sobre o banco, sendo sorteados 20 pontos aleatórios para a coleta de exemplares e registro do comprimento do talo. Como resultado, G. birdiae apresentou-se fértil durante todo o período, com um predomínio de tetrasporófitos (79%), seguidos de plantas cistocárpicas (9,3%) e masculinas (8,3%). Apenas 3,3% dos indivíduos amostrados apresentaram-se inférteis. Indivíduos dos diferentes estádios reprodutivos apresentaram uma variação sazonal em relação ao comprimento do talo (<0,05). O aumento no comprimento desses indivíduos foi observado a partir do mês de fevereiro, atingindo um valor máximo em junho (plantas cistocárpicas - 37,3cm) e julho (plantas masculinas – 38,5cm; tetrasporófitos - 41,4cm). Nos meses seguintes, foi registrada uma diminuição brusca no comprimento, com valores mínimos de 25,3cm, 5,3cm e 25,7cm, para as plantas cistocárpicas (dezembro), masculinas (outubro) e tetrasporofíticas (outubro), respectivamente. A variação sazonal no comprimento dos indivíduos observada nessas populações de G. birdiae pode estar relacionada ao soterramento do banco durante os meses de agosto a outubro, época caracterizada pelos fortes ventos e correntezas. Esses resultados sugerem que seja reduzida a colheita durante este período para que o banco possa apresentar uma melhor recuperação dos indivíduos. Apio Financeiro: CNPQ, CAPES e FAPESP.

VARIABILIDADE INTRAESPECÍFICA DO PRINCÍPIO ANTIVIRAL DA MACROALGA Dictyota menstrualis

Cavalcanti, D. N.1; Oliveira, M. R.1; Fogel, T.2; Pinto, M. A.2; Paixão, I. C.1 & Teixeira, V. L.1

1Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil; Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico, IOC, Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

O potencial de extratos e produtos naturais de organismos marinhos como elementos de interesse biotecnológico, além da avaliação do papel que estas substâncias desempenham para os organismos que as produzem, representam uma grande área de investigação. Fatores como temperatura, luz, salinidade, nutrientes e outros interagem para produzir habitats distintos no ambiente marinho. Esses fatores influenciam os organismos de modo que possam estar funcionalmente adaptados a um conjunto de variáveis ambientais, conseqüentemente influenciando a produção de substâncias químicas. Dada a variabilidade nos fatores bióticos e abióticos no ambiente marinho, não é surpreendente que ocorra um amplo espectro de variação na produção de metabolitos secundários das macroalgas. As algas pardas do gênero Dictyota apresentam ciclo de vida isomórfico e caracterizam-se pela produção de diterpenos. As atividades antivirais de dois diterpenos isolados de D. menstrualis frente ao vírus HIV-1, revelaram o poder inibitório das substâncias na atividade da transcriptase reversa de forma dose-dependente. O presente trabalho avaliou a variabilidade na produção do princípio antiviral nos indivíduos de D. menstrualis ao longo do ciclo de vida. Além disso, foi avaliada a atividade antiviral do princípio antiviral e seu do extrato bruto frente aos vírus da herpes simples Tipo 1 (HSV-1). As algas foram coletadas na Praia Rasa e na Enseada do Forno, Búzios, RJ. Cada indivíduo foi separado por estádio reprodutivo e submetido à extração dos componentes usando solvente polar. A quantificação da substância por CG-FID indicou a maior produção do princípio antiviral em indivíduos da fase gametofítica feminina (42,11ppm). Entretanto esses indivíduos apresentaram a maior variação entre os indivíduos (desvio-padrão de 68,20 ppm). Os indivíduos em fase esporofítica foram os que apresentaram maior homogeneidade nos resultados. As atividades antivirais do princípio ativo e do extrato bruto foram promissoras para o desenvolvimento de uma nova droga antiviral. Apoio Financeiro: CNPq e FAPERJ.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIFÚNGICO DO EXTRATO BRUTO DE Ochtodes secundiramea NO CONTROLE DA ANTRACNOSE DO MAMOEIRO

Machado, L.P.¹; Bispo, W.M. da S.¹; Matsumoto, S.T. 1; Reis, F.O. ²; Santos, R.B.³ & Oliveira Jr, L.F.G.4

¹ Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo, Brasil; ² Departamento de Química e Biologia, Universidade Estadual do Maranhão, Maranhão, Brasil; ³ Departamento

de Química, Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo Brasil; 4 Departamento de Engenharia, Universidade Federal de Sergipe, Sergipe Brasil

Muitas algas produzem metabólitos secundários com relevante atividade biológica, com finalidade de se adaptar ao ambiente marinho e também como estratégia de sobrevivência e defesa química. Esses organismos marinhos, nos últimos anos, têm recebido atenção por serem fonte de compostos naturais. A exploração da atividade biológica dessas substâncias pode ser considerada uma forma potencial de controle alternativo das doenças de plantas cultivadas. Tendo em vista a elevada biodiversidade e biomassa de algas no Espírito Santo, bem como a importância da cultura de frutíferas, dentre elas o destaque para mamão, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a ação antifúngica in vitro de extratos da Ochtodes secundiramea para o controle da antracnose causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides principal praga do mamoeiro que pode causar perda total da produção. Amostras da alga foram coletadas na praia de Manguinhos, Serra – ES e, ainda frescas, foram utilizadas para extração dos bioativos com uma mistura de diclorometano e metanol (4:1) e os extratos concentrados em rotaevaporador a temperatura ambiente. Para os ensaios os extratos foram preparados nas concentrações 0,5% e 1% (v/v) diluindo o extrato bruto diretamente no meio de cultura BDA. O fungo foi inoculado por meio da suspensão de conídeos na concentração de 2,5x105 conídio x ml-¹. As placas foram incubadas a 27° C±1º por 6 dias, sendo realizadas medidas de diâmetro do crescimento da colônia a cada 2 dias para se determinar o índice de velocidade do crescimento micelial (IVCM). Os resultados mostraram que os extratos avaliados nas concentrações 0,5% e 1% reduziram o IVCM em 91 e 100%, respectivamente, quando comparados ao controle. O extrato da espécie Octhodes secundiranea mostrou-se bastante promissor como uma alternativa natural no controle da antracnose do mamoeiro, em função do elevado potencial de inibição observado, assim como, disponibilidade e rendimento em massa do extrato (1,4%).

NOVAS OCORRÊNCIAS DE MACROALGAS NO PARQUE ESTADUAL MARINHO DA LAJE DE SANTOS, SÃO PAULO, BRASIL

Rocha-Jorge, R.1 & Fujii, M.T.1 1 Instituto de Botânica, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Brasil.

O Parque Estadual Marinho da Laje de Santos (PEMLS), ou Laje de Santos como é mais comumente conhecido, dista cerca de 17 milhas náuticas da cidade de Santos, sendo o único parque marinho do litoral paulista, criado em 1993. O mesmo ocupa uma posição de destaque dentre as unidades de conservação do Estado por possuir uma elevada diversidade de espécies; porém, apesar da necessidade em preservar este ambiente, existem apenas poucos trabalhos com dados efetivamente publicados sobre a diversidade de macroalgas do local, coletadas somente na face continental da laje principal. Assim, o presente estudo tem por objetivo realizar o levantamento da flora ficológica bentônica do Parque como um todo, incluindo ambas as faces da laje principal (continental e oceânica) e os quatro parceis: Brilhante, Bandolim, Sul e Novo. Até o momento, oito coletas qualitativas foram realizadas, tanto no mesolitoral como no infralitoral, neste último por meio de mergulho autônomo em profundidades variando de 5 a 33 m, ao longo de dois anos e abrangendo todas as estações climáticas. A análise do material confirma que o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos é um local de grande diversidade, tendo sido registrados até o momento a ocorrência de 185 táxons. Dentre estes, 15 representam novas citações para o Estado de São Paulo, quatro para o Brasil e dois para o Oceano Atlântico Ocidental. Este panorama de alta diversidade e novas ocorrências pode ter relação direta com a influência das Águas Centrais do Atlântico Sul (ACAS) que se aproximam da costa no verão, provocando diferentes gradientes anuais de temperatura na coluna d’água, bem como um grande aporte de nutrientes, além de uma possível influência das águas de lastro provenientes das embarcações que trafegam próximo e na área do Parque, devido á proximidade do Porto de Santos. Apoio financeiro: CNPq e FAPESP.

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ENSAIO DAS ATIVIDADES ANTICOLINESTERÁSICA E ANTIRADICALAR DOS EXTRATOS DAS ESPÉCIES DE ALGAS VERMELHAS LAURENCIA J.V. LAMOUROUX (RHODOMELACEAE,

CERAMIALES)

Stein, E.M.1; Cardoso-Lopes, E.M.2; Colepicolo, P.3 & Fujii, M.T.4

1 Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, USP, SP/Brasil. 2 Seção de Fisiologia e Bioquímica de Plantas, Instituto de Botânica - Secretaria do Meio Ambiente, SP/Brasil. 3 Departamento de Bioquímica, IQUSP

4 Seção de Ficologia, Instituto de Botânica - Secretaria do Meio Ambiente, SP/Brasil.

Dentre os organismos marinhos, as algas vermelhas destacam-se na busca por bioativos, por serem capazes de sintetizar metabólitos secundários da mais fascinante diversidade, que podem pertencer a praticamente todas as classes de compostos químicos. O gênero Laurencia, em particular, consiste no maior produtor de metabólitos ativos e uma fonte fascinante de novos produtos naturais. O presente trabalho visa avaliar o potencial dos extratos fracionados obtidos a partir de quatro espécies de Laurencia que ocorrem na costa brasileira: L. aldingensis (LA), L. catarinensis (LC), L. filiformis (LF) e Laurencia intricata (LI), usando solventes hexano (EH), clorofórmio (EC), metanol (EM) e água (EA) frente às atividades anticolinesterásica (IAChE) e antiradicalar (DPPH). A IAChE e DPPH foram analisados por bioautografia (CCD) e colorimetria (microplaca). O ensaio qualitativo por CCD foi baseado no método de Marston, em que a presença de substâncias inibidoras AChE foi detectada pelo aparecimento de manchas brancas sobre um fundo de coloração roxa. No ensaio quantitativo foi testado 200µg/mL de extrato e baseou-se no método colorimétrico de Ellman modificado por Rhee. Para avaliação da atividade antiradicalar, os cromatogramas foram borrifados com solução metanólica de DPPH (0,2%) e o aparecimento de manchas claras sob um fundo de cor roxa indica atividade antioxidante. No ensaio quantitativo em microplaca seguiu-se Ferreres. O decréscimo da absorção foi medido a 517 nm. Foram medidos os valores de retenção (Rf) dos resultados positivos em placa cromatográfica para os ensaios IAChE e DPPH. EH e EC de todas as espécies apresentaram atividade IAChE entre 61-67%. Os EM não se mostraram ativos na placa cromatográfica e, em microplaca, deram um falso positivo. Já os EA deram uma baixa atividade (0-10%). Contudo, o LA-EC apresentou atividade promissora frente a ambos os ensaios (IAChE = 64%±1.5; DPPH IC50 = 259.24µg/mL±7.23) e, um mesmo constituinte (Rf = 0.53) se fez halo de inibição de AChE e DPPH. No ensaio DPPH, LC-EC também merece atenção, pois apresentou uma boa resposta (Rfs = 0.53, 0.37, 0.16; IC50 = 405.24µg/mL±6.71). Os EA foram incompatíveis com o método utilizado. Como controle positivo utilizou-se o padrão comercial do extrato de Ginkgo (IC50 = 40.7µg/mL±2.18). Sugere-se a purificação desses compostos a fim de averiguar o real potencial frente a estas atividades. Apoio Financeiro: CNPq, CAPES e FAPESP

ANÁLISE DE EFEITOS CAUSADOS PELOS METAIS COBRE E CÁDMIO NA MACROALGA MARINHA GRACILARIA TENUISTIPITATA

Tonon, A.P.1; Martins, A.P.1; Yokoya, N.S.3; Oliveira, M.O.2 & Colepicolo, P.1. 1Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, USP. 2Departamento de Botânica, Instituto de Biociências,

USP, São Paulo, Brasil; 3Instituto de Botânica, Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo.

A macroalga marinha Gracilaria tenuistipitata var. liui Zhang et Xia é economicamente importante, sendo uma das principais fontes para a produção de ficocoloídes, os quais são utilizados nas indústrias de alimentos, de cosméticos e outras. Um dos grandes problemas enfrentados no cultivo e na preservação desta alga é gerado pela contaminação dos ambientes marinhos por poluentes, tais como metais pesados. Deste modo, estudou-se alguns processos de aclimatação na macroalga marinha Gracilaria tenuistipitata, devido aos efeitos causados pelos metais Cu e Cd, comumente descartados no ambiente marinho. Foram utilizadas nos ensaios biológicos concentrações de CE50 de 1,00 ppm para Cd e 0,95 ppm para Cu. Determinou-se, a partir da técnica de ICP-AES, a capacidade da alga em absorver tais metais durante o período de 6 dias. Os resultados indicam que G. tenuistipitata é capaz de bioacumular cobre (17%) e cádmio (9%). Foram encontrados também níveis basais de Cu nas algas controles e exposta ao Cd. Além disso, determinou-se o repetório de outros elementos químicos, para G. tenuistipitata e para duas outras algas marinhas importantes, G. birdiae e G. domingensis, coletadas em ambientes naturais da costa brasileira. Em investigação paralela, através da reação com CeCl3, detectou-se a presença de H2O2 em G. tenuistipitata exposta aos metais, produzindo depósitos eletrodensos de peridróxidos de cério. Foi possível notar, através de microscopia eletrônica, diferentes aspectos morfológicos das células, após exposição de 1 h, 1 dia e 6 dias, no qual, a alga produziu quantidades consideráveis de H2O2. Também foram feitas medidas de fotossíntese, após 1 h, 1 dia e 6 dias de exposição a estes metais.Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq

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ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE MACROALGAS DE BANCOS DE RODOLITOS NO NORDESTE DO BRASIL

Riul, P.1; Lacouth, P.2; Pagliosa, P.R.3; Christoffersen, M.L.2 & Horta, P.A.4 1 Departamento de Engenharia e Meio Ambiente, CCAE, UFPB, 58297-000, Rio Tinto, PB, Brasil; 2

Departamento de Sistemática e Ecologia, CCEN, UFPB, 58059-900, João Pessoa, PB, Brasil; 3 Núcleo de Estudos do Mar, ECZ-CCB, UFSC, 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil; 4 Departamento de Botânica, CCB,

UFSC, 88010-970, Florianópolis, SC, Brasil.

Rodolitos são algas coralináceas que crescem desprendidas do substrato e que podem formar bancos que sustentam uma rica biodiversidade. No Brasil, bancos de rodolitos ocorrem aparentemente em toda plataforma continental e representam um recurso de elevado potencial econômico explorado em larga escala. Neste trabalho descrevemos a macroflora de bancos de rodolitos de João Pessoa, PB, nas profundidades de 10, 15 e 20m. Os bancos foram formados por rodolitos de Sporolithon episporum (M.A. Howe) E.Y. Dawson, Lithophyllum sp., e Lithothamnion spp sendo este último dominante. No total 67 espécies foram coletadas sendo Amansia multifida J.V. Lamour, Halimeda incrassata (J. Ellis) J.V Lamour, Cryptonemia seminervis (C. Agardh) J. Agardh, Osmundaria obtusiloba (C. Agardh) R. E. Norris, Bryothamnion seaforthii (Turner) Kütz, Dictyopteris jolyana E.C. Oliveira and R.P. Furtado, Meristotheca echinocarpa (Aresh.) Faye and Masuda, Halimeda opuntia (L.) J.V. Lamour., Bryothamnion triquetrum (S.G. Gmel.) M. Howe e Caulerpa prolifera (Forssk.) J.V. Lamour., as mais abundantes. As análises de variância demonstraram que os valores da biomassa, riqueza, diversidade de Shannon-Wiener e equitabilidade de Pielou diminuíram com o aumento da profundidade. O MDS e ANOSIM confirmaram que uma comunidade diferenciada ocorreu em cada profundidade. O aumento da profundidade e da transparência juntamente com a diminuição do volume dos rodolitos (representando área de superfície para colonização) resultam na redução da biomassa e o número de espécies de macroalgas. Considerando que a explotação de bancos de rodolitos para a produção de insumos agrícolas devasta grandes áreas, a investigação do potencial farmacológico de sua biodiversidade deve ser avaliada como forma alternativa de utilização sustentável destes ambientes. Entretanto, a distribuição destas populações no local não é homogênea e, desta maneira, iniciativas de exploração e prospecção devem ser acompanhadas de uma avaliação da resiliência destas comunidades, minimizando o risco de exclusão ou mesmo extinção de espécies chaves para o ambiente. Apoio Financeiro: CNPq

INTERAÇÕES ENTRE O CULTIVO DE KAPPAPHYCUS ALVAREZZI (DOTY) DOTY EX P.C. SILVA E O AMBIENTE ADJACENTE NA ILHA GRANDE (ANGRA DOS REIS,RJ): ASPECTOS LIGADOS À

HERBIVORIA

Villaça1, R.C. & Tardin1, S.

Departamento de Biologia Marinha, Instituto de Biologia, UFF, Caixa Postal 100644, Niterói-RJ

Kappaphycus alvarezii é uma macroalga originária das Filipinas cultivada em mais de 20 países tropicais para fins comerciais. Por ser uma espécie exótica, a expansão dos seus cultivos gera discussões na comunidade científica referentes a impactos ambientais potenciais. No Brasil, K. alvarezii foi introduzida em 1995 através de um cultivo experimental em Ubatuba (SP) e, desde então, começou a ser cultivada em outras regiões da costa brasileira. No entanto, os efeitos ambientais, como aspectos da herbivoria sobre a alga, são pouco documentados. Este trabalho teve como objetivo analisar aspectos relacionados à herbivoria sobre K. alvarezii cultivada na Praia Grande de Araçatiba em Ilha Grande (RJ). Para avaliar a pressão da herbivoria local sobre a alga, foram realizados experimentos em campo em diferentes períodos do ano através da disposição de cordas com fragmentos de K. alvarezii na superfície e no fundo do cultivo e em um costão rochoso próximo. A descrição da assembléia de peixes associados ao cultivo e no costão rochoso foi promovida através de censos visuais e a análise do conteúdo estomacal do peixe herbívoro dominante no cultivo, Kyphosus spp., foi realizada através da identificação e quantificação dos itens alimentares consumidos. Os fragmentos de K. alvarezii expostos à ação de herbívoros apresentaram variações médias nas suas biomassas de -24,89% a -95,01%. As marcas de mordidas encontradas nos fragmentos indicam que os principais agentes da herbivoria sobre a alga são possivelmente peixes e tartarugas marinhas. Os censos realizados no costão rochoso identificaram 47 espécies de peixes, sendo 13 herbívoras. K. alvarezii foi um dos itens alimentares dominantes na dieta da espécie Kyphosus spp. K. alvarezii é consumida por herbívoros presentes na área do cultivo e no costão rochoso, sendo a herbivoria um fator limitante ao crescimento e dispersão da alga. No entanto, a herbivoria sobre a alga encontrada para a área de estudo pode ser exclusiva para o local, sendo necessário fazer estudos semelhantes a esse em outras áreas onde haja cultivos de K. alvarezii.

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Sessão de Pôsteres (PO)

PO:01 DETERMINAÇÃO DE ROTA SINTÉTICA PARA OBTENÇÃO DE ANÁLOGOS DE MICOSPORINAS

Andreguetti, D.X.1; Colepicolo, P.2; Pinto, E.1 & Oliveira-Silva, D.1 1Departamento de Toxicologia e Análises Toxicológicas, Faculdade de Farmácia, USP, SP, Brasil;

2Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, USP, São Paulo, Brasil.

Micosporinas (MAA) são compostos naturalmente encontrados em algas marinhas e fungos que as produzem com o objetivo de minimizar danos causados pela radiação ultravioleta, atuando como protetores solares naturais. Outra propriedade recentemente descrita por alguns autores dessas moléculas é a atividade antioxidante apresentada por elas nos organismos que a produzem. Este trabalho tem como objetivo, desenvolver uma rota sintética apropriada, utilizando princípios de química verde, para a obtenção artificial de tais moléculas, e posteriormente, avaliar seus potenciais farmacológicos e toxicológicos. No processo de síntese dos compostos pretende-se obter diferentes MAA, uma vez que elas diferem entre si por grupamentos aminoácidos incorporados ao anel principal. Os princípios de química verde adotados neste trabalho foram a utilização de probe de ultrassom e radiação de microondas como fontes de energia reacional. Como moléculas de partida foram utilizadas: 1,3-ciclohexanodiona, e os aminoácidos alanina, metionina, serina, arginina, triptofânio, leucina, norleucina, 4-nitro-fenilalanina, tirosina e cistina. No processo utilizando-se de probe de ultrassom, foram utilizadas concentrações equimolares de 1,3-ciclohexanodiona e de cada aminoácido separadamente, 1mM, solubilizados em 10 ml de H2O MiliQ. As reações ocorreram em diferentes tempos (variando de 1 a 6 horas) e com diferentes rendimentos de acordo com cada aminoácido. Já no processo que utilizou como forma de energia a radiação de microondas, foram incorporadas à reação as mesmas quantidades de materiais de partida em relação ao procedimento anterior, porém utilizou-se 50 mL de H2O MiliQ, justificado pelo fato de haver perda de solvente durante a reação. As reações também ocorreram em diferentes tempos (variando de 5 a 20 minutos) e com diferentes rendimentos. Os compostos obtidos foram caracterizados com metodologias de espectrometria de massas, e de absorção de ultravioleta e infravermelho. Pretende-se ainda incorporar outros grupamentos funcionais à molécula com o objetivo de aumentar a conjugação das moléculas e, portanto, a absorção de radiação ultravioleta. Apoio: FAPESP e CNPq

PO:02 CARACTERIZAÇÃO FISIONÔMICA DO FITOBENTOS DA PRAIA DE PIRANGI – RN

Azevedo, C.A.A.1 & Marinho-Soriano, E.1 1Departamento de Oceanografia e Limnologia, Centro de Biociências, UFRN, Natal, RN, Brasil.

Os recifes são ecossistemas altamente diversificados e de grande importância ecológica, econômica e social. As comunidades biológicas que habitam os recifes são particularmente suscetíveis às mudanças e aos impactos causados pelas atividades humanas porque em geral encontram-se próximas ao ambiente terrestre e são facilmente acessíveis aos visitantes. A contínua degradação dos recifes pelas atividades antrópicas tem suscitado o desenvolvimento de técnicas rápidas e eficientes que podem ser usadas na avaliação desses ambientes. Nesse sentido, métodos relativamente recentes, tais como vídeo transecto e fotoquadrat têm sido utilizados para determinar a natureza e a acuidade das mudanças naturais nas comunidades recifais. A presença de recifes ao longo da costa do Rio Grande do Norte é uma característica marcante. O objetivo principal deste estudo é caracterizar as populações de macroalgas marinhas que ocorrem nos recifes de arenito da praia de Pirangi. Essa praia apresenta formações rochosas na região do médio e infralitoral. Os recifes do infralitoral, localizados a 800 m da costa, formam piscinas naturais durante as marés de sizígia e são alvos de intensa visitação turística, o que está causando preocupações quanto à integridade do local. Este estudo será desenvolvido segundo o método de amostragem do fotoquadrat. Para isso, serão dispostos cabos de 50 m, sobre os quais serão tomados 20 pontos de forma aleatória. Sobre cada ponto sorteado, será estendido um segundo cabo (1 m), perpendicular ao primeiro, com um segundo sorteio para definição do ponto fotografado. As fotografias serão realizadas com câmera submergível, posicionada a 90º em relação ao substrato, a uma distância de 40 cm. As macroalgas não identificadas visualmente serão armazenadas em solução de formol para identificação em laboratório. Posteriormente, as fotografias receberão tratamento no programa Coral Point Count with Excel extensions, através do qual serão calculados índices de similaridade, heterogeneidade, diversidade e dominância. Apoio Financeiro: CAPES e CNPq

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PO:03 COMPORTAMENTO DO CRESCIMENTO DE MICROCYSTIS AERUGINOSA CULTIVADA EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE NITRATO EM MEIO ASM-1

Bortoli, S.1 & Pinto, E.1

1Departamento de Toxicologia e Análises Toxicológicas, Faculdade de Farmácia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Cianobactérias são microrganismos procariontes fotossintéticos e habitam os mais diversos ecossistemas. As espécies planctônicas são consideradas potencialmente tóxicas e podem representar sérios riscos tanto ambientais, como para saúde humana. O aumento da concentração de nutrientes, nitratos e fosfatos nos corpos hídricos, oriundos dos efluentes domésticos, agrícolas e industriais, colabora para que se desenvolva um ambiente eutrófico. O que favorece a ocorrência do acelerado crescimento de cianobactérias, originando o fenômeno denominado floração ou bloom. Microcystis aeruginosa é uma espécie de cianobactérias potencialmente produtora de microcistina, uma hepatotoxina. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de diferentes concentrações de nitrato em meio ASM-1 no crescimento da cepa LTPNA 02 de Microcystis aeruginosa. O meio ASM-1 foi variado em concentrações de nitrato nas proporções NO3:PO4. Três proporções diferentes foram avaliadas: 10 (controle), 1 e 20. As culturas foram realizadas em triplicata e as tomadas de dados realizadas a cada 72h por 21 dias. Permaneceram em condições normais de cultivo: temperatura 25ºC(±0,5ºC), fotoperíodo de 12h/ 12h, irradiância de 1100lux e aeração constante. A avaliação do crescimento das culturas foi contagem do número de células e leituras da absorbância da clorofila por espectrofotômetria. O crescimento da cepa foi bastante prejudicado na concentração mínima de nitrato (NO3:PO4=1). O que pode ser avaliado através de ambas as técnicas, contagem e absorbâncias. Taxa de crescimento (r) ficou em 0,085. O experimento controle NO3:PO4=10 (r=0,168) e o excedente em nitrato NO3:PO4=20 (r=0,146) foram bastante semelhantes. O nitrato é um dos fatores determinantes para o crescimento de cianobactérias. As técnicas utilizadas para acompanhar o crescimento demostraram grandes proporcionalidade entre si e caracterizaram a influência direta do nitrato no desenvolvimento deste organismo. Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq

PO:04 TRITERPENOS DO COMPLEXO LAURENCIA E SUAS IMPLICAÇÕES FILOGENÉTICAS

Carvalho, L.R.1; Pupo, D.1 & Fujii, M.T.1

1Seção de Ficologia, Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, SP

No decorrer de nossos estudos químicos e taxonômicos sobre as algas que compõem o complexo Laurencia, isolamos um poliéter triterpênico de Chondrophycus furcatus (Laurencia furcata), coletado em 1995 na Praia dos Padres, ES. Como estabelecido atualmente, Laurencia sensu lato ou complexo Laurencia compreende quatro gêneros pertencentes a Rhodomelaceae (Rhodophyta): Laurencia J.V. Lamour. Chondrophycus (Tokida & Saito) Garbary & J. Harper, Osmundea Stackhouse e Palisada (Yamada) K.W. Nam. As algas deste complexo são conhecidas por produzirem numeroso e diverso grupo de metabólitos secundários halogenados que, de acordo com sua origem biogenética, são classificados em não terpenóides e terpenóides. O primeiro grupo é composto quase que totalmente por acetogeninas formadas a partir do metabolismo de ácidos graxos. Os terpenóides agrupam os sesquiterpenos que são a classe mais numerosa e os di e triterpenos que aparecem em pequeno número. Com a finalidade de definir a quimiossistemática do complexo, foi realizado um levantamento dos triterpenos e das espécies que os produzem. Foram encontrados 30 triterpenos polioxigenados. As espécies produtoras destes compostos são Laurencia calliclada, L. obtusa, L. omaezakiana, L. viridis, L. thyrsifera, L. venusta, Osmundea pinnatifida e Chondrophycus furcatus. Do ponto de vista filogenético, a síntese de triterpenos no grupo parece ter ocorrido antes da separação dos clados em nível genérico, ou mais de uma vez ao longo da evolução, visto que sua produção ocorre em Laurencia, Chondrophycus e Osmundea. Por outro lado, problemas com identificação taxonômica e nomenclaturais também não podem ser descartados. Dezenove dos compostos levantados apresentam potente e seletiva atividade contra a linhagem P-388 de neoplasma linfóide de ratos e dez desses mesmos triterpenos apresentam efeito citotóxico contra as linhagens A-549 (carcinoma humano de pulmão, HT-29 (carcinoma humano de cólon) e MEL-28 (melanoma humano).

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PO:05 IDENTIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE ESTRESSE OXIDATIVO NAS PROTEÍNAS DE ORGANISMOS

Tonini, S.C.A.L.1; Colepicolo, P.1 & Oliveira-Silva, D.1 1Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Os organismos sofrem processos de estresse oxidativo no meio ambiente devido principalmente aos radicais livres à poluição e à contaminação com metais pesados. É possível evidenciar esses processos através de alterações na estrutura das proteínas. O objetivo do projeto é desenvolver um método de identificação da ocorrência de estresse oxidativo baseado em modificações na estrutura de proteínas. Com intuito de simular processos oxidativos naturais, foram feitas reações de acetilação e oxidação de BSA (soro-albumina bovina) com H2O2 ou íons metálicos (Fe3+ e Cu2+) seguida de derivatização. Após provocar essas modificações nas cadeias laterais, as amostras foram submetidas à denaturação, alquilação e digestão, ocasionando a lise da proteína em peptídeos de aminoácidos inicial e final conhecidos. Através de um sistema LC-MS/MS (aparelho de cromatografia líquida em conjunto com um espectrômetro de massas) as seqüências peptídicas serão identificadas e quantificadas. Pela análise das massas obtidas no espectrograma evidenciam-se as alterações na estrutura da proteína. O procedimento experimental inicial que envolve as reações de acetilação/oxidação seguida de derivatização, precipitação de proteínas, denaturação e alquilação já foi realizado. Ainda existem dificuldades em relação à segunda precipitação de proteínas. Após a constatação do melhor método para essa precipitação, as análises no LC-MS/MS deverão prosseguir. Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq

PO:06 EFEITOS DE FATORES AMBIENTAIS NO DESENVOLVIMENTO DE LAURENCIA CATARINENSIS (CERAMIALES, RHODOPHYTA)

Faria, A.V.F. 1; Fujii, M.T. 1; Martins. A.P. 2; Colepicolo, P.2 & Yokoya, N.S. 1

1 Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, Brasil; 2 Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

O gênero Laurencia J.V. Lamour. (Ceramiales, Rhodophyta) é considerado um dos grupos mais promissores dentre as rodofíceas para a produção de metabólitos secundários halogenados, principalmente terpenóides e acetogeninas. Os estudos sobre cultivo de espécies de Laurencia em laboratório ainda são escassos. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos de fatores ambientais como temperatura, salinidade, irradiância e disponiblidade de nitrato em diferentes meios de cultura no crescimento de Laurencia catarinensis Cord.-Mar. & M.T. Fujii. Foram testadas temperaturas de 15 a 35 ºC, salinidades de 5 a 55 ups e irradiâncias de 5 a 150 µmol fótons.m²ֿ.s¹ֿ. A disponibilidade de nitrato foi testada com os seguintes tratamentos: a) água do mar enriquecida com a solução de Von Stosch a 25% (VSES 125, contento 125µM de nitrato), b) com Von Stosch a 50% (VSES 250, contendo 250µM de nitrato), c) meio sintético ASP12-NTA com 1.117 µM de nitrato (ASP 1.117), d) ASP12-NTA com 500µM de nitrato (ASP 500), e) ASP12-NTA com 100 µM de nitrato (ASP 100). Os tratamentos foram testados com três repetições simultâneas e cada repetição continha quatro segmentos apicais. Os resultados foram submetidos à análise de variância de um fator e ao teste de comparação múltipla de Student-Newman-Keuls. Laurencia catarinensis apresentou características de uma espécie euritérmica, tolerando temperaturas de 15 a 30ºC, e estenohalina, pois não sobreviveu aos valores extremos (55 ups e inferiores a 15 ups) e cresceu somente nas salinidades intermediárias (25 a 45 ups). As maiores taxas de crescimento foram observadas na irradiância de 90-120 µmol fótons.m²ֿ.s¹ֿ e os valores extremos de irradiância induziram diferenças na morfologia e na coloração do talo. As maiores taxas de crescimento foram observadas em meio composto com água do mar (VSES-125 e VSES-250) e as menores em meio sintético (ASP 500 e ASP 100). A espécie não tolerou a mais alta concentração de nitrato testada (ASP 1170), morrendo após três semanas. Os resultados indicam que L. catarinensis está adaptada a regiões oligotróficas, e apresenta características de uma espécie euritérmica e estenohalina. Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq

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PO:07 EFEITOS DA RADIAÇÃO UV-B NO CRESCIMENTO, CONTEÚDO PIGMENTAR E FOTOSSÍNTESE DE GRACILARIA CAUDATA (GRACILARIALES, RHODOPHYTA)

De Araújo, F.O.1 & Plastino, E.M.1

1Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

O gênero Gracilaria Greville é de grande importância por incluir espécies que se constituem em fonte principal de ágar, representando uma indústria que movimenta centenas de milhões de dólares. Gracilaria caudata J. Agardh apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o Caribe até o litoral Sul do Brasil. Trata-se de uma das principais agarófitas coletadas no nordeste brasileiro. Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos da radiação solar (radiação fotossinteticamente ativa (PAR) e PAR + Radiação Ultra-violeta B) em gametófitos e tetrasporófitos de quatro linhagens de G. caudata procedentes de duas localidades distintas. Os parâmetros avaliados serão: crescimento, conteúdo pigmentar e fotossíntese. Nossa hipótese é que indivíduos procedentes da população do sudeste sejam mais sensíveis à radiação UV-B que indivíduos da população do nordeste. As condições gerais de cultivo são: 23-25 ºC; 14L:10E; 70 ± 10 µmolfótons.m-2.s-1; salinidade aproximadamente de 32 psu; e água do mar enriquecida com solução de von Stosch modificada e diluída a 25 %. O material selecionado será submetido a um pré-tratamento com duração de três semanas, mantendo-se os ápices nas condições a serem testadas, sem a utilização da radiação UV-B. Após essa fase, serão submetidos a duas condições distintas: uma, controle, mantendo as condições do pré-tratamento e a outra acrescida de 0,08 w. m-2 de radiação UV-B. O crescimento será analisado semanalmente durante 28 dias por medidas de massa fresca. Ao final do experimento, serão avaliadas as taxas de fotossíntese e o conteúdo pigmentar. Os dados serão submetidos à análise de variância e, quando necessário, a testes a posteriori de Newman-Keuls. Dados preliminares de taxas de crescimento serão apresentados e discutidos. Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq

PO:08 AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTILONÔMICO DE ALGAS MARINHAS PARDAS DA COSTA BRASILEIRA

Domingos, T.F.S.1; Moura, L.A.1; Carvalho, C.2; Teixeira, V.L.1; Pereira, R.C.1; Bianco, E.M.3; Ferreira, W.J.3; de Miranda, A.L.P.4; Melo, P.A.5, Guimarães, J.A.6 & Fuly, A.L.2

1Departamento de Biologia Marinha, 2Departamento de Biologia Celular e Molecular, Instituto de Biologia e 3Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ; 4Faculdade de Farmácia e

5Departamento de Farmacologia Básica e Clínica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ; 6Centro de Biotecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

O envenenamento pela lagarta Lonomia obliqua apresenta um potencial risco à saúde humana e os sintomas decorrentes destes acidentes são caracterizados por efeitos locais como eritema, dor, inchaço, reações alérgicas e efeitos sistêmicos marcados por uma intensa hemorragia, falência renal, consumo de fibrinogênio e hematúria, podendo levar as vítimas a óbito. Atualmente, na região Sul do Brasil os acidentes por Lonomia são um problema de saúde pública em função do aumento na incidência e severidade dos casos. O tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde é a utilização de um soro, que é produzido pelo Instituto Butantã e que apresenta eficácia na neutralização das toxinas presentes no veneno. O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade de extratos de algas marinhas pardas da costa brasileira em neutralizar atividades biológicas do veneno desta lagarta. As algas marinhas pardas produzem diversas substâncias químicas que têm função de defesa contra herbívoros, além de uma função ecológica e, diversas propriedades farmacológicas como antibiótica, antifúngica, antiviral, antitumor. Neste trabalho, observamos que o extrato bruto da alga parda Dictyota pfaffii foi capaz de inibir a hemólise causada pelo veneno de L. obliqua. Em contraste, os extratos das algas Canistrocarpus cervicornis e Stypopodium zonale não foram eficazes nesta inibição. Contudo, todos estes extratos de algas testados foram capazes de inibir a coagulação do plasma. Estes dados revelam que espécies marinhas foram capazes de reverter os efeitos biológicos induzidos pelo veneno da lagarta L. obliqua, podendo ser uma fonte promissora de inibidores destas enzimas presentes no veneno e/ou como protótipos para o desenvolvimento de compostos antilonômicos. Além disso, estas algas poderiam ser utilizadas como anticoagulantes, uma vez que foram capazes de prolongar o tempo de coagulação do plasma.Apoio Financeiro: CAPES, CNPq, PROPP-UFF, FAPERJ, FAPERGS, IFS

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PO:09 AVALIAÇÃO DA DIVERSIDADE TAXONÔMICA E QUIMICA EM COMUNIDADES DE ALGAS MARINHAS EXPOSTAS A UM GRADIENTE DE URBANIZAÇÃO

Donnangelo, A.1; Bastos, E.1; Maia, C.1; Lhullier, C.; Falkenberg, M.; Maraschin, M.; Schenkel, E.P.² & Horta, P.1

1Pós Graduação em Biologia Vegetal, Departamento de Botânica, Laboratório de Ficologia, UFSC, SC, Brasil; 2Departamento de Ciências Farmacêuticas, Laboratório de Farmacognosia, UFSC, SC Brasil.

Cerca de 50% da população brasileira vive a não mais que 100 Km do litoral, assim como boa parte de nossas maiores cidades (exemplos: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife). Tal cenário é bastante semelhante ao observado na região costeira dos demais países do planeta. A ocupação do solo, a produção de efluentes domésticos e industriais, representante fontes de impactos antrópicos que levam a degradação da qualidade ambiental e conseqüente perda de diversidade. Apesar de estar bem estabelecida pela ciência esta relação de causa e conseqüência, muito pouco se faz para parar ou mesmo reverter este processo. Considerando que as algas marinhas são fonte de substâncias com potencial utilização pela indústria alimentícia, farmacêutica e de cosmético, o presente trabalho pretende através de um estudo multidisciplinar avaliar a diversidade taxonômica e química de ambientes com diferentes graus de degradação ambiental. As coletas foram realizadas segundo um gradiente de influência da Cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Depois de coletado, utilizando esforço amostral padronizado entre as diferentes localidades, os materiais foram identificados, limpos e realizada a extração de compostos secundários utilizando-se álcool metílico e dicloro-metano. Os resultados preliminares indicam uma redução da diversidade taxonômica em ambientes degradados em relação aos protegidos, como já descrito na literatura. Ambientes degradados não apresentaram espécies da ordem Dictyotales ou mesmo do complexo Laurencia. Os referidos grupos têm sido alvo de estudos químicos e de atividade biológica devido à produção de uma grande diversidade metabólitos secundários de interesse para o homem por apresentarem propriedades antivirais, antitumóricas, antibacterianas, antifúngicas e inseticidas. Os resultados, mesmo que preliminares, indicam que degradação ambiental provocada pelo avanço da urbanização desordenada leva a uma redução da diversidade biológica, comprometendo a diversidade química, por excluir táxons quimicamente ricos e potencialmente importantes por representarem alternativas de tratamento de doenças como a AIDS ou mesmo de diferentes tipos de câncer. Apoio: CNPQ, CAPES e FAPESC.

PO:10 ESTRUTURA QUÍMICA E ATIVIDADE ANTIHERPÉTICA DAS HETERORAMNANAS

SULFATADAS DE GAYRALIA OXYSPERMA (ULVALES)

Cassolato, J.E.F.1; Noseda, M.D.1; Rizzi, J.1; Pujol, C.A.2; Damonte, E.B.2; Pellizzari, F.M.3 & Duarte, M.E.R.1

1Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular-UFPR-Curitiba-PR; 2Departamento de Química Biológica-UBA-Buenos Aires-Arg. 3Departamento de Ciências Biológicas-Paranaguá-PR.

Macroalgas marinhas verdes sintetizam uma grande variedade de polissacarídeos sulfatados. Enquanto algas dos gêneros Ulva and Enteromorpha (Ulvales) produzem glucuronoxiloramnanas sulfatadas, as espécies do gênero Monostroma (Ulvales) biossintetizam ramnanas. Estes polissacarídeos sulfatados apresentam ampla gama de atividades biológicas, entre elas, antiviral, imunomodulatória, anticoagulante, antioxidante, além de propriedades anti-hiperlipdêmica. No presente trabalho foi determinada a estrutura química e atividade antiviral dos polissacarídeos sulfatados produzidos pela alga verde Gayralia oxysperma. A alga seca e moída foi submetida à extração aquosa a 25ºC e, seqüencialmente, a 80ºC, originando as frações Go1-Go6. O extrato Go3 foi purificado por ultrafiltração com membrana de 300 kDa, originando a fração homogênea Go3r (PM: 1,519 kDa). Go3r apresentou-se rica em ácidos urônicos (19,0%) e grupos sulfato (25,8%), sendo constituída majoritariamente por ramnose (77,0%), além de xilose (18,2%), glucose (4,8%) e galactose (1,0%). A estrutura química foi estabelecida por análises de metilação e espectroscopia de RMN (mono e bidimensionais), após diferentes modificações químicas: carboxi-redução, carboxi-redução/dessulfatação, carboxi-redução/degradação controlada de Smith e carboxi-reduzição/degradação controlada de Smith/dessulfatação. A cadeia principal é constituída por unidades de ramnanas 3- e 2- ligadas (1,0:0,8), sendo a última ~50% substituída no C-3 por cadeias laterais contendo ácido glucurônico 2-sulfatado, ácido galacturônico e unidades de xilose. As unidades de ramnose 3- e 2- ligadas apresentaram-se não sulfatadas (20%), disulfatadas (16%) e, majoritariamente monosulfatadas no C-2 (27%) e C-4 (37%). As heteroramnanas são potentes e específicos inibidores dos vírus HSV-1 e HSV-2.

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PO:11 ASPECTOS TAXONÔMICOS DE LITHOTHAMNION SUPERPOSITUM (RHODOPHYTA; CORALLINALES) PARA O BRASIL

Farias, J.N.1 & Horta, P.A.1

1Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil.

As espécies da ordem Corallinales apresentam grande quantidade de carbonato em sua composição, 90% do peso seco aproximadamente, conferindo a estas algas grande importância ecológica. Acredita-se que exista uma estreita relação entre essas algas e o ciclo de carbono, uma vez que a produção da maior parte do CaCO3 do ambiente marinho é de origem biogênica ou associada a alguma atividade biológica. Sendo assim, seus bancos naturais são uma das maiores reservas de carbonato do mundo e abrigam grande biodiversidade associada. A presença do mineral faz com que a taxonomia da ordem seja considerada a mais complexa dentro da divisão Rhodophyta, motivo pelo qual o grupo vem sendo negligenciado pela ficologia brasileira. Durante o levantamento das algas calcárias do litoral Brasileiro identificou-se Lithothamnion superpositum, que no presente trabalho apresenta seus limites de distribuição ampliados para a costa oeste do Atlântico Sul. A referida espécie esteve presente em bancos de rodolitos do nordeste, sendo abundante no banco mais austral do Brasil, localizado no estado de Santa Catarina. Foi também analisado material tipo de Lithothamnion heteromorphum, coletado em 1896 em São Sebastião – SP e depositado no herbário da Universidade de Trondheim (TRH). Dentre as características diagnósticas destacam-se a presença de células epiteliais em forma de taça, filamentos adjacentes unidos por fusões celulares, organização do talo monômera, poros dos conceptáculos tetrasporangiais em depressões, cujo canal é delimitado por filamentos com três fileiras de células. Os resultados revelam que L. heteromorphum deve ser tratado como sinonímia de L. superpositum devido às prioridades nomenclaturais. Comparando com a diversidade das espécies já catalogadas pela ciência, percebe-se que pouco se conhece da biodiversidade do Brasil e o grupo permanece como uma das principais lacunas no conhecimento da flora marinha do Brasil, sendo urgente a necessidade de novos estudos taxonômicos, o primeiro passo para a conservação das espécies. Apoio Financeiro: CNPq.

PO:12 ESTABELECIMENTO DE PROTOCOLO DE DESCONTAMINAÇÃO PARA CULTIVO UNIALGÁCEO

Fernandes, D.R.P.1 & Yoneshigue-Valentin, Y.1

1Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil.

Um dos maiores desafios no estabelecimento de cultivo in vitro de macroalgas é a manutenção livre de contaminações. Existem diversos protocolos de descontaminação para inúmeras finalidades, uns quimicamente agressivos podendo ser fitotóxicos, outros brandos, baseados em tratamentos mecânicos pouco eficazes, demandando longos intervalos de tempo. Este estudo pretende estabelecer um protocolo de descontaminação fundamentado em combinações de tratamentos químicos e mecânicos brandos para obtenção de cultivos unialgáceos. Este protocolo consistiu na utilização de fluxo laminar em: tratamento da água do mar e da destilada, limpeza química e mecânica dos fragmentos de Hypnea musciformis. A água do mar utilizada foi filtrada em membrana de celulose de 0,45µm de poro, autoclavada a 100°C por dois minutos, e resfriada a 15°C, processo repetido por dois dias, e refiltrada em membrana de 0,22µm de poro. Para água destilada usou-se a mesma técnica, diferindo temperatura (121ºC) e tempo (45 minutos) de autoclavagem. Na descontaminação química dos fragmentos da macroalga foi testada lavagem semanal, durante quatro semanas: A) em água sanitária (1,01% Cloro ativo/L de água do mar tratada como acima), B) detergente (150µl/L em água do mar tratada), C) lavagens sucessivas dos talos em água sanitária, água do mar, detergente e água do mar (nas mesmas concentrações de cloro em A e de detergente em B) e D) lavagens somente em água do mar tratada. A limpeza mecânica foi realizada passando o pincel sobre o talo desta rodofícea eliminando impurezas. Partes da fronde cobertas demasiadamente por epífitas foram estirpadas. A utilização de detergente associado à limpeza mecânica foi o método mais eficiente, apesar de não ter eliminado microalgas. Após isso, iniciaram-se lavagens semanais com água destilada por 30 segundos, continuando a limpeza mecânica que resultou, após 60 dias de tratamento, em um cultivo unialgáceo de Hypnea musciformis.

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PO:13 IDENTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS FOTOPROTETORES EM MICROALGAS

Marques, L.G.1; Cardozo, K.H.M.2 & Colepicolo, P.1 1Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, USP, São Paulo, Brasil; 2Instituto Fleury, São Paulo.

O aumento do buraco na camada de ozônio estratosférica resultou num aumento da radiação ultravioleta-B (UV-B; 280-315nm) que atinge a superficie da Terra. A radiação ultravioleta (RUV) causa efeitos deletérios em ecossistemas aquáticos e terrestres; entre os efeitos observados tem-se o dano a DNA, proteínas e lipídios e a geração de espécies reativas de oxigênio. Vários mecanismos de defesa foram criados pelos organismos para evitar estes danos; um deles é o acúmulo de compostos que absorvem RUV, como os aminoácidos tipo micosporinas (MAAs, do inglês mycosporine-like amino acids). As MAAs são substâncias solúveis em água caracterizadas pela presença uma unidade ciclohexenona ou ciclohexenimina conjugada com nitrogênio substituído por um aminoácido, aminoálcool ou grupo amino, apresentando absorção máxima entre 310 e 360nm, altos coeficientes de absortividade molar e massas moleculares em torno de 300uma. Neste trabalho foram estudadas algumas microalgas da coleção de cultura de nosso laboratório, de modo a identificar a espécie mais promissora na síntese de MAAs e, em seguida, caracterizar as MAAs presentes. Utilizando CLAE, foi possível separar e identificar algumas MAAs nas microalgas escolhidas. Em Lingulodinium polyedrum, a alga que se mostrou mais promissora para posteriores estudos, foram encontradas quinze MAAs, dentre as quais quatro foram identificadas por comparação dos tempos de retenção e perfis de absorção, com dados previamente obtidos por nosso grupo. As quatro MAAs identificadas foram: chinorina (TR = 6,9min; λmax = 332nm), palitina (TR = 7,8min; λmax

= 319nm), porphyra-334 (TR = 9,1; λmax = 332nm) e o par cis-trans palyteno/usujireno (TR = 25,8min; λmax = 361nm). Agradecimentos: CNPq, Fapesp e Indústria Natura de Cosméticos.

PO:14 SELEÇÃO DE ALGAS: MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Gobbi, P.1; Oliveira, P.1; Rosales, P.1; Freitag, R.1; Lopes, E. J.1; Bretanha, L.1; Ultramari, M.A. 2; Pinto, E.2 & Pereira, C.M.P.1

1 Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Química e Geociências, Pelotas, Brasil; 2USP-FCF, São Paulo.

Dentro das novas alternativas de biocombustíveis em susbstituição ao combustíveis fósseis, pesquisas em biodiesel derivados de algas conferem que essa é uma alternativa viável do ponto vista ambiental e econômico. Macroalgas e microalgas constituem um fonte de matéria prima muito diversificada, industria farmacêutica, cosmetologia e mais recentemente, a exploração na área de bioenergia. As algas de modo geral podem ser cultivadas em tanques de pequena e larga produção; a produção de lipídios apresenta-se de forma mais eficiente que plantas terrestres, além disso, sua natureza unicelular assegura uma biomassa com mais pureza bioquímica, pois plantas terrestres que possuem compostos distintos em diferentes estruturas do vegetal. Os lipídios produzidos por algumas espécies de algas apresentam características similares às dos óleos vegetais comuns, podendo ser utilizado para a obtenção de biodiesel. Nossos estudos iniciais, compreendem a avaliação de macroalgas e de uma série de microalgas adequadas para produção de biodiesel. Algas marinhas, Diatomáceas, Dinoflagelados Diatomáceas (bacillariophyta) Gênero Achnanthes Bory, Gênero Amphora Ehrenberg Gênero Capartogramma Kufferath Gênero Catenula Mereschkowsky Gênero Eunotia Ehrenberg Gênero Fragilaria Lyngbye Gênero Gomphonema Agardh Macroalgas Algumas espécies também serão avaliadas

Dinoflagelados Classes Dinophyceae, Noctiluciphyceae e Syndiniophyceae “marés vermelhas” Microalgas de água doce Gênero Pediastrum pertencente à Divisão Chlorophyta (Algas Verdes) Spirulina (combate à obesidade e na despoluição e regeneração dos solos.) Botryococcus (tem aplicação na produção de biodiesel.) Chlorella (usada na aquacultura e alimentação saudável.)

Referências: Bittencourt-Oliveira, M.D.; Kujbida, P.; Cardozo, K.H.M; Carvalho, V.M.; Moura, A.D.; Colepicolo, P.; Pinto, E.; A novel rhythm of microcystin biosynthesis is described in the cyanobacterium Microcystis panniformis Komarek et al. Biochemical and Biophysical Research Communications, 326(3), 687-694, 2005; Lourenço, S.O; Cultivo de Microalgas Marinhas: Principios e Aplicações Editora Rima 2006 Agradecimentos: CNPq Edital MCT/CNPq/MPA - Nº 26/2008.

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PO:15 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DE OCHTODES SECUNDIRAMEA

Gressler, V.1; Colepicolo, P.2 & Pinto, E.1

1Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas,Faculdade de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, Brasil; 2Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo,São Paulo, Brasil.

O oceano apresenta uma vasta biodiversidade de plantas, animais e microrganismos. Dentre as espécies encontradas, as macroalgas são usadas em muitos países como fonte de alimento, para aplicações industriais e como fertilizantes.1 Com relação às algas que habitam o litoral brasileiro, poucos estudos avaliando potencial biológico foram realizados frente à biodiversidade de espécies encontrada. Por essa razão a avaliação das atividades antioxidantes e antimicrobianas da espécie Ochtodes secundiramea, coletada em Parati, ES, foram realizadas. Os extratos foram preparados utilizando-se 5 g de alga e hexano, diclorometno, acetato de etila e metanol como solvente. Para a verificação da capacidade antioxidante utilizou-se os métodos de seqüestro do radical DPPH2 e quimioluminescência (HRP/H2O2/luminol)3 e para a atividade antioxidante, o método da Concentração Inibitória Mínima (CIM) por microdiluição4. Os extratos hexânico (EH), diclorometano (ED), acetato de etila (EAE) e metanólico (EM), nas concentrações de 500 µg/mL apresentaram potenciais de inibição de 23,73, 38,20, 30,58 e 29,44% pelo método do DPPH para EH, ED, EAE e EM respectivamente e 30,19, 99,44, 63,37 e 49,30% pelo método de quimioluminescência. Por ambos os métodos analisados, os extratos ED e EAE apresentaram maior potencial antioxidante sugerindo uma maior proporção e/ou concentração de moléculas ativas nestas amostras. Já as análises antimicrobianas foram realizadas frente a nove diferentes microrganismos (bactérias e fungos), mas para estes microrganismos, os extratos não se apresentaram ativos quando testados em concentrações de até 500 µg/mL. Os resultados de atividade antioxidante são bastante estimulantes, principalmente o ED, cujo potencial mostrou-se extremamente elevado, sugerindo que a macroalga O. secundiramea apresenta-se como candidata à fonte de produtos naturais para uso medicinal. Agradecimentos: CAPES e FAPESP.

PO:16 MARINE FUNGI ASSOCIATED TO SEAWEEDS FROM KING GEORGE ISLAND, ANTARCTIC PENINSULA

Loque, C.1; Medeiros, A.2; Pellizzari, F.3; Oliveira, E.4; Rosa, C.2 & Rosa, L.1 1 Laboratório de Microbiologia, DECBI/ICEB/UFOP, Ouro Preto, MG; 2Departamento de Microbiologia,

ICB/UFMG, Belo Horizonte, MG; 3 Laboratório de Ficologia e Botânica Costeira, FAFIPAR-PR, Paranaguá, PR; 4 Laboratório de Ficologia, IB/USP, São Paulo, SP.

Seaweeds represent the second main association with marine fungi and almost 30% of filamentous marine fungi are associated with algae. The interactions among algae and microorganisms are important factors in the evolution, conservation and commercial exploitation of the marine environment. Polar seaweeds are strongly adapted to low temperatures and they are characterized by a high degree of endemism. In Antarctica, seaweeds have an important ecological role as food for invertebrates and vertebrates organisms, as well in the nutrient cycling and habitat structure. Studies of distribution and occurrence of marine fungi associated to seaweeds are scarce. The aim of our study was to recover and identify marine fungi living in association with the seaweeds species Adenocystis utricularis, Desmarestia anceps, Monostroma hariotii, and Palmaria decipiens inhabiting the Antarctica Peninsula. From 60 algal samples (20 from each species) representing 180 algal fragments, a total of 75 fungal isolates were obtained, which 27 represent filamentous fungi and 48 yeast isolates. Twenty-five filamentous fungi were obtained from A. utricularis and two from D. anceps. Thirty-eight yeast isolates were obtained from A. utricularis, eight from D. anceps, and two from P. decipiens. The predominant filamentous fungus was Geomyces pannorum (Link) Sigler & Carmichael, which 19 isolates were recovered from A. utricularis and two from D. anceps. Metschnikowia australis was the prevalent yeast species associated with the thallus tissues of three seaweeds. Our current understanding of the relationship between seaweeds and fungi is limited. These works contributes to the basic knowledge of fungi from polar environments and opens an unexplored research field. Detailed assessment from associated fungi on seaweeds will be necessary due their key role on nutrient cycling for Antarctic ecosystems. Supported by the Brazilian Antarctic Programme (PROANTAR), FAPEMIG, CNPq.

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PO:17 ESTUDO DOS EFEITOS TÓXICOS DO FENOL SOBRE A MACROALGA GRACILARIA BIRDIAE E A MICROALGA LINGULODINIUM POLYEDRUM

Martins, P. L. G.1,3; Almeida, J. V. 2; Pereira, C. M. P.4 & Colepicolo, P.2 1 Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (CEPEMA)– USP, São Paulo, Brasil; 2

Departamento de Bioquímica, IQUSP, São Paulo, Brasil; 3 Departamento de Toxicologia e Análises Toxicológicas, FCFUSP, São Paulo; 4Instituto de Química e Geociências, Universidade Federal de Pelotas,

RS, Brasil.

Conforme a demanda ambiental para o controle de contaminações em águas marinhas, tornou-se necessário o aprimoramento de técnicas que detectem e minimizem os efeitos causados por agentes tóxicos provenientes de atividades antropogênicas. Dentre estes agentes, os compostos fenólicos pertencem a um grupo de poluentes descartados junto a efluentes de muitas indústrias, tais como refinarias de óleo e indústrias químicas. Alguns destes xenobióticos estão listados como os principais poluentes do meio ambiente pelas agências de proteção ambiental de vários países. As algas Gracilaria birdiae e Lingulodinium polyedrum podem configurar-se como bioindicadores e biorremediadores de contaminação por fenol, o que ganha maior relevância quando consideramos a ampla dispersão destas espécies ao longo da costa brasileira. O estudo e a caracterização de suas funções celulares frente ao fenol podem gerar conhecimento ecotoxicológico valioso. Nesse sentido, determinar-se-á: a concentração do poluente que inibe em 20 % a taxa de crescimento da microalga (IC20) e a concentração do poluente que inibe em 50 % a taxa de crescimento da macroalga (IC50). A partir destes valores, com o intuito de avaliar o estresse oxidativo gerado pela exposição ao fenol, serão realizados ensaios bioquímicos de atividade enzimática de superóxido dismutase e catalase e também serão quantificados os níveis intracelulares de glutationa reduzida e oxidada. Testes com Lingulodinium polyedrum e Gracilaria birdiae expostas a outros contaminantes, como bifenis policlorados e benzo(a)pireno, respectivamente, já foram realizados, o que permitirá enriquecer a discussão dos resultados obtidos durante o desenvolvimento deste projeto. Os cultivos das algas serão adaptados ou desenvolvidos a partir de metodologias já estabelecidas. Financiamento: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo – FUSP. PO:18 POLISSACARÍDEOS SULFATADOS OBTIDOS DE ALGAS DO COMPLEXO LAURENCIA:

ANÁLISE ESTRUTURAL

Ferreira, L.G.1; Noseda, M.D.1; Fujii, M.T.2 & Duarte, M.E.R.1

1Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular-UFPR, Curitiba-PR; 2Instituto de Botânica, Seção de Ficologia, São Paulo-SP.

As algas vermelhas biossintetizam galactanas sulfatadas como principais polissacarídeos da matriz intercelular. Espécies pertencentes ao complexo Laurencia (Palisada flagellifera, Palisada perforata, Laurencia filiformis e Laurencia aldingensis) têm sido por nós investigadas sob o aspecto estrutural de seus polissacarídeos, visando a busca de novos compostos bioativos e/ou de interesse taxonômico. Neste contexto, de P. flagellifera e P. perforata foi determinada a estrutura química de xilomananas 2-sulfatadas, que representam um novo tipo estrutural de polissacarídeo sulfatado entre as algas vermelhas. O presente trabalho refere-se à estrutura das galactanas produzidas por P. flagellifera obtidas por extração aquosa a 25ºC e 90ºC, originando as frações FF e FQ, respectivamente. Os extratos obtidos foram, separadamente, tratados com KCl 2,0 M, precipitando as xilomananas sulfatadas. A fração FFs (25ºC, solúvel em KCl) foi cromatografada em DEAE-Sephacel, originando a subfração homogênea FFs-6 (MW=146 KDa, 55,2% de rendimento, 21,2% de NaSO3, 5.2% de ácido pirúvico). Galactose (61.8%), 6-O-metil-galactose (16.5%) e 3,6-anidrogalactose (12.3%) foram os monossacarídeos majoritários, além de xilose (4.3%), 3,6-anidro-2-O-metil-galactose (2.8%) e 2-O-metil-galactose (2.2%). O espectro de RMN de 13C de FFs-6 mostrou a presença majoritária de β-D-galactose-2-sulfato→3,6-anidro-a-L-galactose (100.6 e 97.9 ppm, respectivamente), contendo acetal de ácido pirúvico na forma R (sinais em 25.2 e 175.4 ppm correspondentes aos carbonos metílico e carboxílico, respectivamente). Adicionalmente, sinais de menores intensidades (ppm) em 103.4-103.0 correspondem a β-D-galactose→a-L-galactose (100.7) e em 102.3-102.1 a β-D-galactose→3,6-anidro-a-L-galactose (97.9) Análises de metilação do polímero nativo e após dessulfatação em conjunto com as análises de RMN demonstraram que P. flagellifera biossintetiza uma agarana sulfatada principalmente em C-2 e altamente piruvatada, com um complexo padrão estrutural.

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PO:19 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS BRUTOS DE ESPÉCIES DE RHODOPHYTA DO LITORAL FLUMINENSE

Martins, C.D.L.1; Soares, A.R.2 & Gestinari, L.M.2

1Departamento de Botânica, UFSC, Florianópolis, Brasil; 2Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé, UFRJ, Macaé, Brasil.

Os radicais livres e outros derivados ativos do oxigênio são reconhecidos como subprodutos naturais do metabolismo aeróbico. No entanto, as espécies reativas do oxigênio participam diretamente de mecanismos relacionados a diversos estados patológicos como câncer, diabetes, Alzheimer, Parkinson, entre outros. A aplicação tópica ou a administração oral de antioxidantes tem sido uma das maneiras de prevenção aos danos desencadeados pelo estresse oxidativo. As algas marinhas representam uma importante fonte natural de substâncias antioxidantes, uma vez que têm sistemas de defesa bem desenvolvidos. O objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial antioxidante, através do método de seqüestro de radicais DPPH e do sistema β-caroteno/ácido linoléico, dos extratos brutos de Gracilaria dominguensis, Gracilaria cervicornis, Gracilaria cearensis, Spyridia clavata e Cryptonemia seminervis, coletadas na praia Rasa, em Búzios, no litoral fluminense.

A espécie Spyridia clavata obteve destaque dentre as demais analisadas, uma vez que obteve resultados relevantes em ambos os métodos empregados, obtendo porcentagens acima de 65% de atividade. Foram encontradas diferenças entre os resultados apresentados pelo método DPPH e pelo sistema β-caroteno/ácido linoléico. Isso pode ocorrer uma vez que os mecanismos antioxidantes avaliados através dos dois métodos são diferentes e, portanto, avaliam de forma distinta a atividade do extrato. Enquanto o método DPPH se baseia na transferência de íons H+ de um composto antioxidante para um oxidante (radical livre DPPH), o sistema β-caroteno/ácido linoléico avalia a capacidade do substrato de inibir a peroxidação do β-caroteno. Além disso, os resultados de triagem buscando novas moléculas bioativas indicam que as macroalgas coletadas produzem metabólitos com potencial antioxidante relevante, verificado através de ambos os métodos.

PO:20 VARIAÇÃO NO CONTEÚDO PROTÉICO E PIGMENTAR EM VARIANTES CROMÁTICAS DE GRACILARIA DOMINGENSIS NAS POPULAÇÕES NATURAIS DE RIO DO

FOGO-RN, BRASIL

Pereira, D.C.1; Trigueiro, T.G.1; Cardozo K.H.M.2; Silva D.O.2; Colepicolo, P.2 & Marinho-Soriano, E.1

1Departamento de Oceanografia e Limnologia, UFRN, Natal, RN; 2IQUSP, SP, Brasil.

A macroalga Gracilaria domingensis é comumente encontrada no litoral do Rio Grande do Norte. Esta espécie habita a zona entremarés, onde linhagens cromáticas (vermelha, verde e marrom) co-ocorrem durante todo o ano. Algas que vivem nesta região estão submetidas a mudanças diurnas e ao ritmo da maré. Durante a maré baixa elas ficam expostas à dessecação, choque hiper ou hipo-osmótico, altas temperaturas e elevada irradiância. Este trabalho teve como objetivo geral o estudo do perfil protéico e pigmentar das variantes cromáticas de G. domingensis e a alteração deste perfil em função dos parâmetros ambientais em uma escala temporal. As algas foram coletadas mensalmente, durante 10 meses, nas praias de Rio do Fogo, RN. As proteínas totais solúveis e as ficobiliproteínas foram extraídas em tampão fosfato e os carotenóides foram analisados em um método padronizado por HPLC-UV. A análise dos pigmentos mostrou que a ficoeritrina é o pigmento mais abundante nas três linhagens. Este pigmento esteve fortemente correlacionado com o nitrogênio e a PAR. Os pigmentos carotenóides apresentaram concentrações inferiores às da clorofila-a durante todos os meses, mas a razão carotenóides/clorofila-a foi modificada com o aumento da radiação. O carotenóide mais abundante foi o ß-caroteno, seguido da zeaxantina, que esteve em maiores concentrações nos meses de maior radiação. O aumento na concentração da zeaxantina nesse período indicou uma resposta fotoprotetora da alga. As três linhagens apresentaram um perfil pigmentar que remete a diferentes padrões de tolerância a radiação. A linhagem verde mostrou ser melhor adaptada a elevados níveis de irradiâncias do que a vermelha e a marrom. Apoio Financeiro: FAPESP e CNPq.

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PO:21 DIVERSIDADE DE ALGAS FEOFÍCEAS NOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Nogueira, A.A.1; Chiracava, S.1 & Guimarães, S.M.P.B.1

1Seção de Ficologia, Instituto de Botânica, Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo, Brasil.

O presente projeto está baseado em programa de coleta de material de feofíceas marinhas bentônicas em ambientes costeiros característicos, procurando incluir de forma mais abrangente possível todo o litoral do Estado de São Paulo. A fase inicial do projeto, de realização de coletas e informatização da coleção de algas no Herbário Científico do Estado Maria E.P.K. Fidalgo, foi financiada pela FAPESP através de Projeto Temático inserido no Programa BIOTA/FAPESP. Este projeto objetiva o estudo atualizado e a interpretação das informações acumuladas, bem como a comparação com a flora descrita anteriormente, nas décadas de 50, 60 e 70, a fim de conhecer em detalhe a flora de feofíceas presente no litoral paulista, detectando-se áreas que apresentam perda de diversidade, assim como áreas onde ocorreram espécies anteriormente não referidas para o Estado. Dentre as seis ordens de feofíceas referidas para o litoral, até o momento foram estudadas as ordens Ectocarpales, Dictyotales, Sphacelariales e Ralfsiales. Destas, as duas primeiras são as mais bem representadas no Estado de São Paulo, confirmando a flora com afinidades tropicais. Foram feitas descrições, ilustrações e identificações de 30 táxons, sendo que algumas delas estão sendo citadas pela primeira vez para o Estado. Estes estudos permitirão gerar dados para o melhor conhecimento da flora e distribuição das algas estabelecendo indicadores biológicos da qualidade ambiental que possam auxiliar programas de biomonitoramento. Além disso, o conjunto das pesquisas que estão sendo realizadas sobre a diversidade da flora ficológica do Estado de São Paulo poderá contribuir efetivamente como material didático de boa qualidade para cursos de graduação e pós-graduação. Apoio: FAPESP, CNPq. PO:22 AVALIAÇÃO QUÍMICA E BIOLÓGICA DAS MACROALGAS VERMELHAS BOSTRYCHIA

RADICANS E BOSTRYCHIA TENELLA (RHODOMELACEAE, CERAMIALES)

Munhoz, D.R.1; Maeda, C.M.1; Oliveira, A.L.L.1; de Felício, R.1; Erbert, C.1; Naal, R.M.G.Z.1; Costa-Lotufo, L.V.2; Furtado, N.A.J.C.3; Albuquerque, S.4; Yokoya, N.S.5 & Debonsi, H.M.1

1Departamento de Física e Química, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, USP, SP; 2Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Centro de Ciências da Saúde, UFC, Ceará; 3Departamento de

Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, USP, SP, Br; 4Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas, Faculdade de Ciências

Farmacêuticas de Ribeirão Preto, USP, SP. 5Seção de Ficologia, Instituto de Botânica, SP, Brasil.

No contexto do desafio da busca por novos compostos bioativos para fins terapêuticos, a pesquisa em produtos naturais marinhos surge como uma das mais importantes fontes de metabólitos biologicamente ativos, visto que o oceano, em sua ampla vastidão, infindável biodiversidade aliado às estreitas relações ecológicas envolvidas, revelou-se uma potencial fonte de novos metabólitos candidatos a fármacos. Neste seguimento, as macroalgas marinhas vermelhas da família Rhodomelaceae aparecem como importantes produtoras de metabólitos das mais diversas classes químicas, tais como sesqui- e triterpenos, C15-acetogeninas e polifenóis, frequentemente halogenados. Objetivos: Avaliar a composição química das algas Bostrychia radicans e Bostrychia tenella, bem como seu potencial antialérgico, bactericida, tripanocida, leishmanicida e antitumoral. A investigação química das duas espécies resultou na identificação de dezenas de substâncias voláteis de diversas classes químicas, das quais podemos citar hidrocarbonetos, ácidos graxos e ésteres de cadeia longa, aldeídos, cetonas e ainda diterpenos derivados, caroteno e clorofila e derivados esteroidais. Soma-se a isso, o isolamento e identificação de uma série de compostos aromáticos e fenólicos, destacando fenóis haloganedos em B. tenella e o isolamento de uma amida fenólica de B. radicans. Quanto ao potencial farmacológico, frações hexânicas de ambas as espécies mostraram atividade frente a células tumorais da linhagem HL-60 (leucemia); B. radicans apresentou potencial tripanocida para as frações DCM, MeOH, e potencial leishmanicida para a fração HEX; B tenella apresentou potencial antialérgico para todas as frações avaliadas e uma fração enriquecida de fenóis clorados obtido de B tenella foi ativo frente o microrganismo Pseudomonas aeruginosa. As espécies estudadas B. radicans e B. tenella, mostraram-se potencialmente promissoras frente a diversos ensaios biológicos, estimulando a continuação da elucidação do perfil químico destas macroalgas, uma vez que estudos preliminares mostraram um arsenal químico interessante. Estudos futuros envolvem isolamento de mais substâncias, bem como a avalição destas nos diversos ensaios que foram ativos.

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PO:23 ESTUDO DOS EFEITOS CITOTÓXICOS E DE ATIVIDADES ANTIVIRAIS CONTRA HERPES SIMPLES TIPO 1 DE DITERPENOS E ESTEROIS ISOLADOS DA ALGA MARINHA

DICTYOTA MERTENSII

Ramos, C.J.B.1; Freitas, O.S.P.3; Giongo, V.1; Ribeiro, M. S.2; Barbosa, J. E.2; Ribeiro, C.P.2; Valente, J.S.2; Souza, M.2; Vieira, N. 2; Teixeira, V.L.1 & Frugulhetti, I.C.2

1Departamento de Biologia Marinha, Instituto de Biologia, UFF; 2Departamento de Biologia Celular e Molecular, Instituto de Biologia, UFF; 3NUPEM –Núcleo de Pesquisa Ecológica, UFRJ.

O termo herpes vírus refere-se a diversos vírus animais e humanos dos quais os mais amplamente conhecidos são os vírus do herpes simples. São agentes etiológicos do herpes simples labial podendo acometer conjuntiva e córnea em uma condição denominada ceratoconjuntivite herpética com potencial perda da visão. A infecção por um ou mais herpes vírus é inevitável em praticamente todo ser humano e são, na maioria, assintomática podendo estabelecer um quadro de reativações pela capacidade de estabelecer latência. Essas reativações são induzidas muitas vezes à imunodepressão do sistema imunológico e são consideradas graves em pacientes imunocomprometidos. Com o aparecimento nos últimos anos de cepas resistentes ao principal fármaco Acyclovir, torna-se cada vez mais urgente a descoberta de novos agentes antivirais (Fields, 2007; Whitley e Roizman, 2001). O genero Dictyota é representado por mais de 40 espécies, um dos mais abundantes no oceano Atlântico. Este gênero é notável pela diversidade química entre as espécies estudadas no Brasil e os resultados para o vírus HSV-1 corroboram a capacidade tóxica de seus compostos. Em nosso estudo observamos que esses compostos não apresentaram efeitos tóxicos sobre o crescimento de células VERO (rins de macaco verde africano) determinado por valores superiores de citotoxicidade (CC50), uma condição importante para moléculas candidatas a fármacos. A análise do efeito antiviral realizado por método TCID50 também revelou resultados satisfatórios, visto que houve redução da infectividade do vírus HSV-1 na presença desses compostos. Estudos com células VERO marcadas com timidina também revelaram a redução na replicação do genoma em relação ao Fucosterol. Esses resultados preliminares revelaram-se promissores para estudos in vivo com derivados de D. mertensii. APOIO: CNPq, FAPERJ.

PO:24 PERFIS CROMATOGRÁFICOS E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE FUNGOS ENDOFÍTICOS ISOLADOS DE ESPÉCIES DA MACROALGA MARINHA BOSTRYCHIA

(RHODOMELACEAE, CERAMIALES)

Maeda, C.M.1; Munhoz, D.R.1; Erbert, C1.; Felício, R.1; Oliveira, A.L.L.1; Conti, R.2; Furtado, N.A.J.C.2; Yokoya, N.3; Lopes, J.L.C.1 & Debonsi, H.M.1

1Departamento de Física e Química, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, USP, SP; 2Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, USP,

SP; 3Seção de Ficologia, Instituto de Botânica, SP, Brasil.

Pela sua grande diversidade, os organismos marinhos constituem fonte potencial de substâncias bioativas que podem ser convertidas em novas drogas. Algas marinhas produzem grande variedade de monoterpenos biologicamente ativos e bioensaios têm demonstrado importantes atividades desses metabólitos. Microrganismos isolados de algas, tais como fungos endofíticos, também representam importante e promissora fonte de produtos naturais estruturalmente diversos. Bostrychia é um gênero algal fisiológica e biogeograficamente bem estudado, mas são escassas as informações a respeito de sua composição química, dados farmacológicos e fungos a ele associados. Este trabalho teve por objetivo comparar os perfis cromatográficos de fungos endofíticos isolados de duas espécies do gênero Bostrychia, B. radicans e B. tenella. Adicionalmente, foi verificada sua possível atividade antimicrobiana. Os experimentos foram desenvolvidos a partir de amostras algais coletadas em Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil. B. tenella (BT) foi coletada em ambiente de costão rochoso, enquanto B. radicans foi obtida em costão (BRC) e também em ambiente de mangue (BRM). A partir de fragmentos esterilizados de seus talos foram isoladas diversas linhagens de fungos. Nove dessas linhagens (C75, C81 e C82, isolados de BRC; M9, M60 e M63, isolados de BRM; e T6, T67 e T73, isolados de BT) foram selecionadas para cultivo em meio sólido. Após 21 dias de cultivo, a massa micelial obtida foi submetida à extração com metanol e posteriormente ao fracionamento com hexano e acetato de etila. As frações foram submetidas a testes de atividade antimicrobiana contra as bactérias Staphylococcus saprophyticus e S. aureus. Quatro extratos apresentaram atividade contra S. aureus e dois contra S. saprophyticus. A análise por CG-EM das frações ativas mostrou que seus constituintes majoritários são derivados esteroidais e aromáticos, bem como compostos halogenados e nitrogenados. Estes dados reforçam o potencial de produtos naturais de origem marinha como fonte de metabólitos bioativos promissores. Agradecimentos: FAPESP, CAPES, CNPq.

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PO:25 USO DE GRACILARIA BIRDIAE (GRACILARIALES) E JANIA CRASSA (CORALLINALES) COMO BIOINDICADORES DE ESTRESSE POR BENZO[A]PIRENO

Pereira, E.1; Almeida, J. V.2 & Colepicolo, P.2 1 Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, UniCSul, São Paulo; 2 Departamento de Bioquímica, Instituto

de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Compostos xenobióticos são aqueles que não possuem função no metabolismo normal dos seres vivos e podem causar diversas alterações em seus organismos. A liberação de xenobióticos no ambiente enfatiza a importância das ações de monitoramento e estudo dos efeitos nocivos destes compostos aos seres vivos. Os bioindicadores são organismos que apresentam alterações biológicas quando expostos a contaminação, podendo configurar-se como ferramentas ecotoxicológicas importantes. Proporcionam um estudo mais refinado dos efeitos de xenobióticos por meio da análise de biomarcadores. Os biomarcadores podem ser processos ou moléculas do organismo bioindicador capazes de apresentar alterações durante e/ou após a exposição a xenobióticos, permitindo constatar a toxicidade dos poluentes. Glutationa (GSH), um tripeptídeo com poder antioxidante e que também participa em processos de biotransformação de xenobióticos, e a enzima citocromo P450 (CYP450), envolvida em processos metabólicos de detoxificação, incluindo a de hidrocarbonetos aromáticos, podem configurar-se como biomarcadores interessantes. As macroalgas podem caracterizar-se como bons bioindicadores uma vez que são de fácil amostragem, geralmente abundantes e podem acumular e/ou biotransformar xenobióticos. As macroalgas vermelhas Gracilaria birdiae e Jania crassa foram expostas ao hidrocarboneto aromático tóxico benzo[a]pireno (BaP), e em seguida, três de seus biomarcadores foram utilizados na tentativa de elucidar a ação nociva de BaP. Quantificou-se os níveis de GSH e de glutationa oxidada (GSSG) via cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a espectrometria de massas, e tentou-se mensurar a atividade de CYP450. As análises quantitativas de GSH e GSSG revelaram aumentos de ambas em Gracilaria birdiae, sugerindo atividade antioxidante e nova biossíntese de GSH. As concentrações de GSH e GSSG de Jania crassa sugerem uma possível conjugação de GSH a BaP durante o processo de biotransformação. Financiamento: CNPq e FAPESP.

PO:26 PERFIL CAROTENOÍDICO DOS ESTÁGIOS REPRODUTIVOS DE GRACILARIA DOMINGENSIS (KÜTZING) SONDER EX DICKIE (GRACILARIALES, RHODOPHYTA)

Ramlov, F.1,2; Santos, L.F.3; Maraschin, M.3; Horta, P.A.4; Colepicolo, P.5 & Yokoya, N.S.2

1Doutoranda do Programa Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente; 2Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, SP, Brasil; 3Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias, UFSC, SC, Brasil; 4Departamento de Botânica, Centro de Ciências Biológicas, UFSC, SC; 5IQUSP, SP, Brasil.

Macroalgas marinhas estão expostas a diversos fatores que induzem a formação de agentes oxidantes. A ausência de danos oxidativos aparentes em seus componentes estruturais sugere a existência de mecanismos antioxidantes. Considerando que os carotenóides fazem parte do aparato antioxidativo, este trabalho objetivou determinar o perfil sazonal destes compostos nos estágios reprodutivos de Gracilaria domingensis (Kützing) Sonder ex Dickie. Foram coletados sazonalmente (maio, julho e outubro/2008 e janeiro/2009), vinte indivíduos de forma aleatória na Praia da Lagoinha (Florianópolis, SC), que tiveram o seu estágio reprodutivo determinado. Os extratos foram obtidos por homogeneização de 1g de amostra em 10mL de hexano: acetona (v/v), contendo BHT. Uma alíquota do extrato (3mL) foi submetida à espectrofotometria de varredura UV-visivel (λ = 190-750ηm) e à determinação do teor de carotenóides (λ = 450ηm). Outra alíquota (3mL) foi ressuspensa em hexano, saponificada e analisada por CLAE quanto ao seu perfil carotenoídico. A concentração de carotenóides totais nas amostras (mg/g – peso seco), em relação às estações do ano, foi de 7,66±0,18 (masculino/inverno), 5,18±0,20 (feminino/outono), 4,69±0,19 (tetraspórico/outono) e 6,31±0,19 (não férteis/primavera). Luteína foi o carotenóide majoritário identificado nas amostras, com maiores teores (µg/100mg – peso seco) em indivíduos masculinos (4,54±0,18, inverno), seguido de femininos (3,35±0,38, primavera), tetraspóricos (2,12±0,02, outono) e não férteis (3,15±0,04, primavera). Adicionalmente, foram detectados zeaxantina, β-criptoxantina, α-caroteno e isômeros cis e trans de β-caroteno. O conjunto de dados espectrais UV-vis foi submetido à PCA, onde PC1 (90,92%) e PC2 (3,22%) resolveram 94,14% da variabilidade dos dados. Indivíduos masculinos, independente da estação do ano, agruparam-se em PC1+/PC2-. Indivíduos tetraspóricos e femininos coletados no inverno, primavera e verão agruparam-se em PC1-, enquanto os indivíduos femininos e tetraspóricos coletados no outono agruparam-se em PC1+/PC2+. Estes resultados indicam que o desenvolvimento reprodutivo pode influenciar as vias metabólicas envolvidas nos processos de síntese e acúmulo de carotenóides em G. domingensis. Apoio: CNPq.

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PO:27 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE MACROALGAS MARINHAS FRENTE AO RADICAL LIVRE DPPH

Missau, F.C.1; Gressler, V. 1; Natumi, R.S.1; Fujii, M.T.2 & Pinto, E.1 1FCFUSP, São Paulo, Brasil; 2Instituto de Botânica de São Paulo, Seção de Ficologia, São Paulo, Brasil.

Chlorophyta (Bryopsidales), grupo que compreende as algas verdes, são extremamente abundantes nos ambientes aquáticos e responsáveis pela maior parte da produção de oxigênio molecular disponível no planeta a partir da fotossíntese. As algas verdes acumulam amido no interior de suas células, e contêm pigmentos, carotenos, xantofilas, ácidos graxos, esteróis, terpenóides e açúcares. Estas estruturas possuem diferentes atividades biológicas, destacando atividades antimicrobiana, antiinflamatória, analgésica e antioxidante. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar as propriedades antioxidantes de extratos brutos e diferentes frações das algas Caulerpa racemosa e Codium decorticatum. As espécies em estudo foram coletadas em Guarapari-ES em junho de 2008. Os extratos brutos das algas frescas foram obtidos através de maceração exaustiva em temperatura ambiente com metanol aquoso (80%). Após, os extratos brutos foram particionados em ordem crescente de polaridade diclorometano, acetato de etila e butanol resultando assim nas respectivas frações. Para a verificação da capacidade antioxidante utilizou-se o método do radical DPPH. Para a determinação, foram preparadas soluções de DPPH 1 mM. Em uma microplaca adicionou-se 10 µL da solução de DPPH e diferentes volumes da solução antioxidante para obter concentrações de 5, 50, 100, 250 e 500 µg.mL-1 num volume final de 100 µL. O potencial de inibição foi medido espectrofotometricamente pelo decréscimo da absorbância (λ=517 nm) após 30 min de incubação. Os ensaios foram realizados em triplicata e utilizou-se a Vitamina-E como controle. A fração acetato de etila de C. racemosa apresentou maior potencial antioxidante (50,65% para 500 µg.mL-1). Já as frações diclorometano e butanólica apresentaram inibição de 34,15% e 34,47%, respectivamente para a mesma concentração. Para a espécie C. decorticatum a fração butanólica apresentou-se mais ativa, com 30,56% de inbição para 500 µg. mL-1. Os resultados obtidos são estimulantes, pois uma vez isolada a substância responsável pelo potencial antioxidante, esta pode apresentar atividade semelhante ou maior à encontrada para a Vitamina C (92,00%). Agradecimentos: FAPESP e CNPq .

PO:28 EFEITOS DA ANATOXINA-A(S) NA GERMINAÇÃO E GERAÇÃO DE ESTRESSE OXIDATIVO EM SEMENTES DE ALFAFA (MEDICAGO SATIVA)

Rodríguez, V.1; Pflugmacher, S.2 & Pinto, E.1

1Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, FCF/USP; 2Leibniz Institute of Freshwater Ecology and Inland Fisheries, Berlin, Germany.

A presença de cianotoxinas na água usada para irrigação de plantações produz efeitos deletérios tanto no crescimento como na fisiologia das plantas. A anatoxina-a(s) é uma neurotoxina produzida por cianobactérias do gênero Anabaena, considerado o mais potente agente organofosforado de origem natural conhecido. Objetivo: Avaliar os efeitos da anatoxina-a(s) na germinação e geração de estresse oxidativo em sementes de alfafa (Medicago sativa). Material e Métodos: A cepa Anabaena spiroides (ITEP25) foi cultivada em laboratório em meio ASM-1, fotoperíodo 12h claro/12h escuro. As células foram concentradas por centrifugação e o pellet liofilizado. A anatoxina-a(s) foi extraída numa solução de etanol: água (8:2) acidificada. O extrato foi analisado por LC-MS. Grupos de 50 sementes de alfafa, dispostas em placas de petri, foram regadas separadamente durante 7 dias com água torneiral; paration (1 µg/L); extrato de Synechocystis e diluições 1:50, 1:500, 1:5000 e 1:50000 do extrato da cepa ITEP25. Cada grupo foi preparado em quintuplicada. Foi avaliada a germinação das sementes e dosadas as enzimas GST, GR, GPx e CAT. Resultados e Conclusão: Foram identificados por LC-MS os fragmentos 252,9; 158,9 e 140,9 correspondentes a anatoxina-a(s) no extrato da cepa ITEP25. Não houve diferença significativa (p<0,05) na germinação das sementes entre os grupos controles e grupos tratados com o extrato da cepa ITEP25. Com relação às enzimas antioxidantes, CAT e GR, estas mostraram um aumento da atividade nas duas soluções mais diluídas de anatoxina-a(s) e, em contraste, a GST nas duas mais concentradas. Embora a anatoxina-a(s) não tenha alterado a germinação das sementes de alfafa, ela foi capaz de produzir estresse oxidativo nas sementes estudadas.

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PO:29 DETERMINAÇÃO DE ALTERAÇÕES BIOLOGICAS E SÍNTESE DE SUBSTÂNCIAS QUELANTES PROVENIENTES DE ALGAS EXPOSTAS A METAIS PESADOS

Romano, R.L.1,2; Oliveira-Silva, D.1,2; Almeida, J.V.1; Cruz, L.S.2,3 ; Carvalho, E.P.2 &Colepicolo, P.2

1Departamento de Toxicologia e Análises Toxicológicas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, São Paulo, Brasil; 3,4,6 Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São

Paulo, Brasil; 5 Centro Universitário São Camilo, São Paulo, São Paulo, Brasil.

Com o aumento de atividades humanas nocivas ao meio ambiente e principalmente ao meio aquático, torna-se importante a elucidação dos mecanismos de defesa que envolvem os organismos expostos, para que posteriormente possam ser sugeridos aquelas espécies que podem ser utilizadas como bioindicadores ou ainda como biorremediadores da poluição. A escolha da microalga Lingulodinium polyedrum deve-se à sua ampla distribuição em nível nacional e mundial e por ser um organismo modelo para estudos de toxicologia envolvendo metais. Nosso trabalho tem como objetivos padronizar as condições do meio de cultivo de forma a proporcionar o crescimento ideal da espécie, traçar a curva de crescimento, monitorar os aspectos biológicos que sofrem alterações frente a metais tais como: diminuição de taxa fotossintética, alteração de atividade de enzimas antioxidantes como superóxido dismutase e ascorbato peroxidase, alteração do balanço entre glutationa reduzida e oxidada, concentração intracelular dos metais a que foram expostas e identificação de substâncias quelantes sintetizadas pelas algas, conhecidas como fitoquelatinas. Os resultados mostram que os organismos utilizam vários mecanismos biológicos para se protegerem dos contaminantes aquáticos. Todas as análises serão utilizadas também para os cultivos de macroalgas como Gracilaria tenuistipitata e Gracilaria birdiae. Apoio Financeiro: CNPq e FAPESP.

PO:30 ECOFISIOLOGIA DO RODOLITO LITHOTHAMNION SUPERPOSITUM (CORALLINALES, RHODOPHYTA) - CONHECIMENTO NECESSÁRIO PARA SUA

UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL E CONSERVAÇÃO

Sanches, P.F.1 ,Farias, J.N.1, Martins, A.P.2, Almeida, J.V.2, Lima, C.A.2; Colepicolo, P. 2 & Horta, P.1

1Laboratório de Ficologia, Departamento de Botânica, CCB, UFSC. Florianópolis - SC, Brasil. 2Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Os bancos de algas calcárias são essenciais para a manutenção da diversidade, representando substrato para fauna e flora associada. Além disso, têm fundamental importância no ciclo do carbono já que são extremamente abundantes e 90% de sua massa ser composta de carbonatos. Essa característica faz com que elas sejam muito exploradas, uma vez que o carbonato é usado como antiácido estomacal e antireumático, na fitoterapia e também na indústria de cimento e na agricultura, como corretor de solo. Sabe-se que essa exploração não é sustentável, tendo em vista a baixíssima taxa de crescimento desses organismos. O presente trabalho, que representa o início dos trabalhos sobre a ecofisiologia de Corallinales no sul do Brasil, teve como objetivo verificar mudanças na resposta fotossintética e concentração de clorofila de LIthothamnion superpositum (Corallinales, Rhodophyta), alga dominante no banco de rodolitos do sul do Brasil, relacionadas à variação de temperatura, subsidiando eventuais ações de manejo ou mesmo cultivo. Espécimes coletados na Ilha do Arvoredo (22º C) foram incubadas por 24h, a 15°C, 20°C, 25°C e 30°C com fotoperíodo de 14h de luz. Por 7 dias consecutivos as taxas de transferência de elétrons (ETR) e os rendimentos de fluorescência da clorofila a, do fotossistema II, foram aferidos utilizando-se o Diving-PAM. Após esse tempo, foram extraídos os pigmentos. Os resultados mostraram que as plantas mantidas a 20, 25 e 30°C, tiveram pouca diferença em relação à Pmáx= 10,48 (±1,46), ao Ik= 50,22 (±1,28) e à β=-0,21 (±0,02). Em relação à α, não houve diferença significativa entre as 4 temperaturas. Pode-se sugerir que as melhores temperaturas para a alga são as mais altas, encontradas nas regiões tropicais, que também obteve melhor concentração de clorofila 95,938µg/g (±0,57). Apoio Financeiro: CNPq.

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PO:31 EFEITOS DA POLUIÇÃO URBANA SOBRE A PRODUÇÃO PRIMÁRIA DE SARGASSUM SP. E ULVA SP

Scherner, F.1; Oening, P.1; Turbay, R.1; Gomes, G.O.1 & Horta, P.A.1 1 Departamento de Botânica, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis, Brasil.

O crescimento da urbanização em áreas costeiras tem provocado mudanças na estrutura de comunidades marinhas e diminuição da biodiversidade, consequentemente diminuindo estoques de alto potencial fármaco-químico. Alterações a nível fisiológico em organismos marinhos podem ser medidas de acordo com a exposição destes organismos a diferentes níveis de estresse. Dessa forma, a fotossíntese, medida através da produção primária, pode ser utilizada como descritor do estado fisiológico de macroalgas marinhas expostas a diferentes níveis de poluição urbana. Este estudo avalia os efeitos causados pela poluição sobre a produção primária de Sargassum sp. e Ulva sp. As espécies foram escolhidas por diferirem no grau de tolerância a poluentes, sendo a primeira pouco tolerante e a segunda altamente tolerante. As algas foram coletadas em uma área pouco urbanizada (área 3) e, em laboratório, ápices pesando 1 g foram incubados em frascos de Erlenmeyer transparentes e opacos de 250 ml, contendo água proveniente de três áreas com níveis diferentes de poluição: 1) poluída, 2) intermediária e 3) não poluída. Os tratamentos foram mantidos em câmara térmica a 23°C, irradiância média de 60 W/m² e fotoperíodo 14/10 hrs (claro/escuro). Medidas de oxigênio e Ph foram efetuadas diariamente por 3 dias e o experimento repetido após dois meses. Os valores de produção primária foram significativamente diferentes entre os tratamentos e entre as espécies analisadas, sendo menor nos tratamentos com água proveniente da área 1 e aumentando em seqüência com águas provenientes das áreas 2 e 3. Os resultados obtidos até o momento indicam o efeito negativo da poluição urbana sobre a fisiologia das macroalgas estudadas. Assim, a menor riqueza de espécies em áreas urbanas em comparação com áreas pouco urbanizadas pode ser relacionada ao estresse fisiológico causado por poluentes oriundos de zonas urbanas, o que, consequentemente, pode estar levando a uma redução de estoques algais com alto potencial biotecnológico. Apoio Financeiro: CNPq

PO:32 DIVERSIDADE DE MACROALGAS DO COMPLEXO RECIFAL DE MARACAJAÚ, APA DOS RECIFES DE CORAIS, RN, BRASIL

Silva, I. B.1; Marinho-Soriano, E.2 & Fujii, M. T.3

1Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA), São Paulo; 2Departamento de Oceanografia e Limnologia,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 3 Instituto de Botânica, SMA, São Paulo.

Os ambientes recifais são ecossistemas marinhos, tipicamente tropicais, que abrigam grande diversidade de fauna e flora. Estes ecossistemas são considerados os mais diversificados e um dos mais produtivos do planeta. Apesar de toda a importância para a humanidade em manter a integridade destes ambientes, os recifes vêm sofrendo fortes interferências antrópicas que estão levando à sua degradação, muitas vezes de forma irreversível. Os recifes de Maracajaú, no Estado Rio Grande do Norte, estão inseridos na Área de Preservação Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) e é alvo de forte pressão de uso nas últimas décadas, havendo indícios de degradação causados principalmente pela pesca predatória e pela exploração turística desordenada. Os bancos de algas dessa região são pouco explorados cientificamente e sua flora marinha ainda é pobremente conhecida. Com o objetivo de gerar conhecimento sobre a diversidade de algas marinhas bentônicas e sua distribuição espacial e temporal no complexo recifal de Maracajaú, amostragens sistemáticas vêm sendo realizadas desde fevereiro de 2008. As coletas estão sendo realizadas seguindo o padrão climático da região, com obtenção de dados na estação seca (fevereiro-março) e chuvosa (agosto-setembro), no total de quatro períodos amostrais ao longo de dois anos. Até o momento foram identificados 127 táxons infragenéricos, sendo 94 de Rhodophyta, 19 Ochrophyta e 14 Chlorophyta. Destas, várias indicam serem ocorrências novas para o Estado e algumas, inclusive, para o Brasil. Os dados relacionados à distribuição dos organismos, diversidade e relação dos componentes dominantes estão sendo analisados e os resultados destes estudos permitirão inferir sobre o estado de conservação da área em questão, além de subsidiar planos de proteção, manejo e recuperação. Apoio financeiro: CAPES, CNPq.

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PO:33 ANTIVIRAL ACTIVITY OF EXTRACTS FROM BRAZILIAN SEAWEEDS AGAINST HERPES SIMPLEX VIRUS

Soares, A.R.1; Mendes, G.S.2; Gestinari, L.M.S.1; Pamplona, O.S.1; Yoneshigue-Valentin, Y.3; Romanos, M.T.V.2 & Costa, S.S.4

1Grupo de Produtos Naturais de Organismos Aquáticos (GPNOA), Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (NUPEM), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Macaé, Rio de

Janeiro, Brasil; 2Laboratório Experimental de Drogas Antivirais e Citotóxicas (LEDAC), Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes, CCS/UFRJ, Bloco I, Rio de Janeiro;

3Departamento de Botânica, Instituto de Biologia/UFRJ; 4Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais/UFRJ

Brasil.

Seaweeds provide a rich source of structurally diverse secondary metabolites. These are mainly terpenes, acetogenins and polyphenolics with many of these compounds being halogenated. The functions of these secondary metabolites are defense against herbivores, fouling organisms and pathogens; they also play a role in reproduction, protection from UV radiation and as allelopathic agents. Diverse groups of the secondary metabolite from algae are known to present a broad range of biological activities comprising antiviral, antioxidant, antitumoral action, antiparasitic, antibacterial and antifungal activity. In particular, the antiviral effect of sulfated polysaccharide and terpenes against a variety of enveloped viruses, such as herpes simplex virus type 1 (HSV-1) and 2 (HSV-2), human immunodeficiency virus (HIV), human cytomegalovirus, dengue, respiratory syncytial virus and influenza virus, has been reported. Organic extracts of thirty-two species of marine algae (17 species of Rhodophyta, 8 species of Ochrophyta and 7 species of Chlorophyta) from four locations of the Brazilian coast were evaluated for their anti-HSV-1 (herpes simplex virus type 1) and anti-HSV-2 activity resistant to Acyclovir (ACV). The percentage of the active extracts was higher for HSV-1 (84.4%) than for HSV-2 (46.9%). The green algae Ulva fasciata and Codium decorticatum were both more active (99.9%) against HSV-1. In relation to the activity against HSV-2, the brown alga Stypopodium zonale (Ochrophyta) was the most active (95.8%). The chemical profile of the extracts more active showed that fatty acids and terpenoids are the majority metabolites in the extracts. These results reinforce the role of seaweeds as an important source of compounds with potential to be entering in the pipeline for drug development against herpes simplex.

PO:34 INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE CITOCININAS E IRRADIÂNCIA NAS

RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS DE GRACILARIA BIRDIAE (RHODOPHYTA, GRACILARIALES)

Souza, J.M.C.1; Martins. A.P. 2; Colepicolo, P.2 & Yokoya, N. S.1 1 Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, Brasil; 2 Departamento de

Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

No litoral brasileiro, a espécie Gracilaria birdiae Plastino & Oliveira é explorada comercialmente como fonte de matéria prima para a produção de ágar. Estudos visando o conhecimento do desenvolvimento da espécie são necessários para a conservação das populações naturais e para a produção sustentável de biomassa. Desta forma, os objetivos do presente estudo foram: 1. avaliar os efeitos de duas citocininas, benzilaminopurina (BA) e 2-isopenteniladenina (2iP), sob dois níveis de irradiância (50 e 100 µmol de fótons.m-2.s-1) no desenvolvimento, na fotossíntese e no conteúdo de pigmentos e de proteínas de Gracilaria birdiae (Gracilariales, Rhodophyta), e 2. comparar os efeitos de citocininas com estrutura química distinta, uma aromática (BA) e a outra derivada do isoprenóide (2iP). As citocininas foram testadas em concentrações de zero, 0,5, 5,0, e 50,0 µM. As condições experimentais utilizadas foram: meio de cultura sintético ASP 12-NTA (salinidade 30 ups), temperatura média de 23oC, e fotoperíodo de 14h. Foram analisadas as concentrações de proteínas totais e de pigmentos (clorofila a, ficoeritrina, ficocianina e aloficocianina), a taxa de crescimento e a formação de ramos primários e secundários. Os parâmetros fotossintéticos foram determinados pela fluorescência da clorofila, utilizando o fluorômetro Diving-PAM. A citocinina do grupo isoprenóide (2iP) estimulou o crescimento e a fotossíntese máxina (Fmax) na irradiância de 50 µmol de fótons.m-2.s-1, mas induziu a menor Fmax na irradiância 100 µmol de fótons.m-

2.s-1. Por outro lado, o efeito da citocinina aromática (BA) foi nulo para o crescimento e para os parâmetros fotossintéticos, mas estimulou a ramificação e a síntese de ficoeritrina e ficocianina nas irradiâncias de 100 e de 50 µmol de fótons.m-2.s-1, respectivamente. Esses resultados indicam que a estrutura química das citocininas e o nível de irradiância podem induzir diferentes respostas fisiológicas e bioquímicas em Gracilaria birdiae, o que sugeri receptores e vias metabólicas distintas para os dois tipos de citocininas. Apoio Financeiro: CNPq, PIBIC-CNPq e Fapesp.

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PO:35 CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DE ESPÉCIES DO “COMPLEXO LAURENCIA”: DOSAGEM DE PROTEÍNAS TOTAIS USANDO TRÊS DIFERENTES MÉTODOS

ESPECTROFOTOMÉTRICOS

Stein, E.M.1; Stein, C.E.2; Afonso, F.A.K.3; Colepicolo, P.3; Fujii, M.T.4

1 Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, SP/Brasil; 2 Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo, SP/Brasil; 3Departamento de Bioquímica, IQUSP, SP/Brasil;

4Seção de Ficologia, Instituto de Botânica - Secretaria do Meio Ambiente, SP/Brasil.

As macroalgas marinhas têm um grande potencial econômico e são amplamente usadas pelas indústrias cosmética, farmacêutica, de biotecnologia e alimentícia. A elucidação estrutural de diversos componentes químicos bioativos das macroalgas tem posicionado estes organismos como os mais estratégicos no mercado mundial. O conhecimento do teor de proteínas se torna relevante, servindo de subsídio para estudos de preferência alimentar de diversos animais, contribuindo para o aproveitamento da grande biomassa de algas arribadas como adubo e complemento nutricional da ração animal e dieta humana. O “Complexo Laurencia”, compreendendo quatro gêneros com delimitações taxonômicas ainda confusas, foi avaliado segundo o seu conteúdo protéico e níveis de pigmentos. Assim, as algas Laurencia aldingensis (LA), L. intricata (LI), L. filiformis (verde) (LFV), L. filiformis (roxo) (LFR), Condrophycus translucidus (CT), Palisada flagellifera (PF) e P. papillosa (PP) foram trituradas em nitrogênio líquido e as proteínas dosadas a partir de massa fresca (MF) e massa seca (MS). Os métodos espectrofotométricos utilizados foram Bradford, Ácido Bicinconínico (BCA) e por absorção em 280 nm (UV). Para todos os métodos a quantidade de proteína/g de MS foi maior que em MF, uma vez que, em geral, mais de 70% do talo da alga é composto de água. Os três métodos são rápidos e de baixo custo, porém os resultados obtidos foram discrepantes, sendo o mais adequado o de Bradford, que apresentou coerência entre os dados de MS e MF e quantidade de proteína/g de alga (0,17-1,24%), podendo ser um bom método de quantificação de proteína em algas. O método BCA é bastante preciso e muito usado em experimentos com diversos organismos, entretanto, os açúcares produzidos pelas algas podem ser fortes interferentes no resultado causando falso positivo, o que pode explicar as altas taxas obtidas neste teste. O método de UV pode sofrer interferência devido a altas concentrações de pigmentos das algas. Apoio: CNPq.

PO:36 EFEITOS DA DISPONIBILIDADE DE NITRATO E DAS CITOCININAS NO CRESCIMENTO E NA FOTOSSÍNTESE DE HYPNEA SPINELLA (GIGARTINALES, RHODOPHYTA)

Tesima, K.E.1; Martins, A.P.2; Colepicolo, P.2 & Yokoya, N.S.1 1 Instituto de Botânica, Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo, Brasil; 2 Departamento de

Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

As espécies de Hypnea são exploradas comercialmente para a extração de carragenanas e estudos sobre o seu desenvolvimento são fundamentais para a preservação das populações e para a produção de matéria prima em sistemas de cultivo. As citocininas são substâncias que agem como sinais químicos no crescimento e no desenvolvimento vegetal, e podem atuar sobre os processos celulares, crescimento, morfogênese, respiração e fotossíntese de diferentes grupos de algas. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da interação entre diferentes tipos de citocininas sob alta ou baixa disponibilidade de nitrato no desenvolvimento e na fotossíntese de Hypnea spinella (C. Agardh) Kuetzing (Gigartinales, Rhodophyta). Foram testadas citocininas com estruturas químicas distintas: aromáticas (benzilaminopurina (BA) e duas topolinas) e derivada do isoprenóide (2-isopenteniladenina, 2iP). As citocininas (em concentrações de zero, 0,5, 5,0 e 50,0 µM) foram adicionadas ao meio de cultura sintético ASP12-NTA contendo 10µM de nitrato (condição N-limitante) e 100µM de nitrato (condição N-saturante). Os experimentos foram realizados em uma temperatura média de 23oC, fotoperíodo de 14h e densidade de fluxo fotônico de 60 a 70µmol de fótons.m-2.s-1. Os parâmetros fotossintéticos foram determinados pela fluorescência da clorofila, utilizando o fluorômetro Diving-PAM. Os tratamentos foram testados com três repetições simultâneas e os resultados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Student-Newman-Keuls. As citocininas aromáticas apresentaram efeitos nulos (BA) ou inibitórios (topolinas) na condição N-limitante e/ou N-saturante. A citocinina pertencente ao grupo dos isoprenóides (2iP) estimulou o crescimento e o rendimento quântico efetivo na condição N-saturante e N-limitante, respectivamente. Os resultados obtidos indicam que tanto a estrutura química da citocinina quanto a disponibilidade de nitrogênio no meio de cultura são fatores que influenciam as respostas de H. spinella, e sugerem o envolvimento de receptores específicos para cada tipo de citocinina. Apoio: CNPq, PIBIC-CNPq e Fapesp.

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PO:37 DETERMINAÇÃO DE β-N-metilamino-L-alanina (L-BMAA) EM AMOSTRAS AMBIENTAIS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN ¹H)

Ultramari, M.1; Moura, S.1; Paula, D.1; Yonamine, M.1 & Pinto, E1. 1Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas - FCF – USP

Introdução: a L-BMAA é um aminoácido modificado recentemente identificado em algumas espécies de cianobactérias presentes na água. Este composto tem sido associado a doenças neurodegenerativas como esclerose lateral amiotrófica/demência de Parkinson. Esse efeito é atribuído ao agonismo apresentado entre essa molécula e o neuromediador glutamato. Em conseqüência disso, o monitoramento dessa toxina passa ser importante. Aminoácidos livres, em geral, possuem algumas propriedades incompatíveis com as técnicas analíticas tradicionais, como a baixa volatilidade (para análise em CG) e a não absorbância em UV-visível (para análise em HPLC), sendo necessários métodos de derivatização para ambos os métodos. O objetivo desse trabalho é o desenvolvimento de um método por RMN de 1H que seja capaz de quantificar esse aminoácido de forma específica. Resultados: para o desenvolvimento e validação de um método por RMN de 1H para L-BMAA em amostras ambientais utilizou-se como padrão interno (PI) 4-nitro-DL-fenilalanina e separação dos analitos através de extração em fase sólida. A eficiência do método foi comprovada através de parâmetros como: - precisão: método apresentou coeficiente de variação menor que 20% e coeficiente de correlação 0,98; - recuperação: 98% para o menor ponto da curva, 100% para o ponto intermediário e de 100% para o maior ponto. Conclusão: o método de quantificação por RMN ¹H para a L-BMAA mostrou boa especificidade para análise em algumas amostras de florações de algas testadas. Reserva as vantagens da utilização de RMN como a não destruição da amostra e a não necessidade de derivatização. Teve ainda os parâmetros de validação adequados e foi capaz de analisar microgramas do composto, o que está dentro da faixa necessária para a identificação dessa toxina em gramas de amostra.

PO:38 CULTIVO DA ALGA MARINHA GRACILARIA BIRDIAE EM PAU AMARELO – PERNAMBUCO

Simões, M.A. 1; Silva, F.C.B.; Bezerra, R.S. 1 & Teixeira, D.I.A.1

1Departamento de Bioquímica - Centro de Ciências Biológicas -Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil

A praia de Pau Amarelo - Paulista, localizada no litoral norte de Pernambuco, apresenta boas condições morfodinâmicas para o cultivo de macroalgas marinhas, costa protegida por recifes de corais, banco naturais de algas de fácil acesso, clima e parâmetros da água favoráveis. A macroalga Gracilaria birdiae, pode-se extrair o ficocolóide ágar, que serve como fonte de matéria prima para produtos industrializados como adubos, produtos farmacêuticos, cosméticos, alimentícios, entre outros. Através do apoio do Programa PETROBRAS AMBIENTAL, pescadores dessa região foram capacitados pela equipe técnica do “Projeto Cultivo de Macroalgas Marinhas no Litoral do Estado de Pernambuco” (PROALGAS), onde está sendo realizado o cultivo de G. birdiae, utilizando sistema “long-line” confeccionados com materiais recicláveis. Objetivando avaliar o crescimento e analisar uma produção em escala comercial de G. birdiae, realizou-se biometrias quinzenais avaliando em 60 dias, acompanhada da análise de parâmetros físico-químicos da água e análises bromatológicas e microbiológicas das algas cultivadas. Para cálculo da taxa de crescimento diário utilizou-se a seguinte fórmula: TCR (%.dia-1) = [(Pf – Pi) / Pi]/t x 100%. O crescimento diário de G. birdiae apresentou uma média de 11,17 %, quanto aos ensaios bromatológicos verificou-se que umidade e substâncias voláteis apresentou resultados de 88,37 g/100g; proteínas 1,72 g/100g; cinzas 4,86 g/100g e lipídeos 0,62 g/100g; obtidos pelo método Adolfo Lutz, 2005; carboidratos 4,43 g/100g, pelo método ASCAR, 1985 e VCT (Valor Calórico Total) 30,18 kcal/100g. Realizou-se análises microbiológicas, onde observou-se 2,3 NMP/g (Número Mais Provável por grama) de coliformes a 45 ºC, pelo método AOAC, (966.24); ausência de Salmonella spp/25g, pelo método AOAC, (967.26); contagem padrão com 1,4.104 UFC/g (Unidade Formadora de Colônia por grama), pelo método AOAC, (990.12) e Staphylococcus aureus com <10 UFC/g, pelo método AOAC, (2003.07). A macroalga G. birdiae cultivada apresentou crescimento relativo alto, proteína e carboidratos relativamente baixos. Apoio financeiro: Programa Petrobras Ambiental

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PO:39 MAPEAMENTO DA DIVERSIDADE E DA BIOMASSA DE MACROALGAS MARINHAS UTILIZANDO RECURSOS DE SIG PARA MONITORAMENTO AMBIENTAL

Ueda, M.S.1,2; Possenti, S.2; Lamour, M.2 & F. Pellizzari.1 1UNESPAR, campus FAFIPAR, Paranaguá, PR, Brasil; 2Centro de Estudos do Mar, UFPR, Pontal do Sul,

PR, Brasil.

A Ilha do Farol, localizada no litoral do Paraná (25°51’S e 48°33’W), é composta por rochas do Complexo Cristalino Brasileiro representando um importante ponto turístico da região. Diversas atividades são desenvolvidas em seu entorno, afetando a biodiversidade local. A porção do quadrante leste desta ilha é voltada para mar aberto, sujeito à maior ação de ondas oceânicas, em comparação com a porção oeste, que permanece protegida desta dinâmica. As macroalgas são organismos sensíveis às alterações de parâmetros físicos e químicos, agindo como indicadores biológicos e sendo usados atualmente em planos de monitoramento ambiental. As comunidades algais respondem rapidamente à eutrofização que ocorre através do aumento rápido da biomassa de espécies oportunistas, cuja dominância resulta na diminuição da diversidade local. Este trabalho pretende listar a diversidade e estudar a dinâmica populacional das macroalgas conspícuas de zonas entre–marés, com ênfase em Chlorophyta, nos costões da Ilha do Farol. A técnica de abordagem para o segundo objetivo do trabalho irá gerar um mapa temático através de SIG utilizando-se do software ArcGIS 9.2. A campanha amostral será realizada no perímetro da referida Ilha, pelo método não-destrutivo. Os espécimes ou bancos algais serão identificados com base em lista taxonômica elaborada por Pellizzari e Yokoya (2008), e posterior georreferenciamento do ponto correspondente. Os procedimentos de campo serão realizados utilizando-se aparelho GPS (Garmim), trena e bússola. O cadastro cartográfico das espécies será feito com a determinação de uma coordenada inicial, obtida com o GPS, a qual servirá de base para a localização das demais. A partir desta, será tomada a distância e o azimute deste ponto em relação à próxima ocorrência. Este procedimento garante uma melhor precisão que a fornecida pelo GPS para pequenas distâncias. Este método permite também identificar a diferença na diversidade existente nas diferentes faces da ilha, em função dos parâmetros dinâmicos aos quais eles estão sujeitos, como ventos, ondas, temperatura e aporte de nutrientes. O mapa de ocorrência servirá de subsídio para monitoramento em longo prazo, gerando uma base de dados comparativa da flora ficológica através desta ferramenta de gerenciamento costeiro.