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IV ENCONTRO DO DINAFON 08 a 10 de dezembro de 2010 Programação e resumos Pelotas Editora e Gráfica Universitária – UFPel 2010

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IV ENCONTRO DO DINAFON

08 a 10 de dezembro de 2010

Programação e resumos

Pelotas Editora e Gráfica Universitária – UFPel

2010

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IV ENCONTRO DO DINAFON

UFRGS 08 a 10 de dezembro de 2010

COMISSÃO ORGANIZADORA

Prof. Dr. Ubiratã Kickhöfel Alves (UFRGS) Profª. Dr. Giovana Ferreira-Gonçalves (UFPel)

APOIO

DINAFON

Programa de Pós-Graduação em Letras (UFRGS)

Centro de Letras e Comunicação (UFPel)

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IV ENCONTRO DO DINAFON

Programação

&

Resumos

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Editora e Gráfica Universitária Rua Lobo da Costa, 447 – Pelotas, RS – CEP 96010-150 Fone/fax: (53) 3227 8411 E-mail: [email protected] Diretor: Carlos Gilberto Costa da Silva Gerência Operacional:João Henrique Bordin

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS - UFPel Reitor: Prof. Dr. Antonio Cesar Gonçalves Borges Vice-Reitor: Prof. Dr. Manoel Luiz Brenner de Moraes Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Prof. Dr. Luiz Ernani Gonçalves Ávila Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Dr. Manoel de Souza Maia

CONSELHO EDITORIAL DA EDITORA E GRÁFICA UNIVERSITÁRIA/ UFPel Profª Dr. Carla Rodrigues, Prof. Dr. Carlos Eduardo Wayne Nogueira, Profª Dr. Cristina Maria Rosa, Prof. Dr. José Estevan Gaya, Profa. Dra. Flavia Fontana Fernandes, Prof. Dr. Luiz Alberto Brettas, Profª Dr. Francisca Ferreira Michelon, Prof. Dr. Vitor Hugo Borba Manzke, Profª Dr. Luciane Prado Kantorski, Prof. Dr. Volmar Geraldo da Silva Nunes, Profª Dr. Vera Lucia Bobrowsky, Prof. Dr. William Silva Barros.

IV Encontro do Dinafon: Programação e resumos. Mirian Rose Brum-de-Paula (Org.). Pelotas: Editora e Gráfica Universitária, 2010. Periodicidade: anual ISSN 1. Lingüística. 2. Fonologia gestual. 3. Teoria da Otimidade

Editoração: Mirian Rose Brum-de-Paula

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SUMÁRIO

Apresentação 11 Giovana Ferreira-Gonçalves (UFPel-FAPERGS) Ubiratã Kickhöfel Alves (UFRGS)

Palestras e cursos RETROSPECTIVA DA FONOLOGIA GESTUAL NO BRASIL 15 Eleonora Albano (UNICAMP) RETROSPECTIVA DOS ESTUDOS EM FONOLOGIA E TEORIA DA OTIMIDADE NO BRASIL 17 Giovana Ferreira-Gonçalves (UFPel-FAPERGS) Ubiratã Kickhöfel Alves (UFRGS) INTRODUÇÃO À FONOLOGIA GESTUAL 19 Márcia Cristina Zimmer (UCPel) Larissa Cristina Berti (UNESP-Marília) PERCURSO E AVANÇOS DA FONOLOGIA GESTUAL – DESAFIOS 20 Beatriz Raposo (USP) PERCURSO E AVANÇOS DA TEORIA DA OTIMIDADE – DESAFIOS 22 Gisela Collischonn (UFRGS) Luiz Carlos Schwindt (UFRGS) PERCURSO E AVANÇOS ACERCA DA CONSTITUIÇÃO DOS SEGMENTOS– DESAFIOS 24 Carmen Lúcia Barreto Matzenauer (UCPel) Ana Ruth Moresco Miranda (UFPel) FONOLOGIA GESTUAL E TEORIA DA OTIMIDADE 25 Ubiratã Kickhöfel Alves (UFRGS) Giovana Ferreira-Gonçalves (UFPel-FAPERGS)

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Pôsteres PADRÕES DE ASPIRAÇÃO DE OBSTRUINTES INICIAIS DO POMERANO (L1), PORTUGUÊS (L2) E INGLÊS (L3) E SUAS TRANSFERÊNCIAS 27 Marta Tessmann Bandeira (UCPel – CAPES)

PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE TEMPORAL DE PRODUÇÃO FALADA E CANTADA 28 Antônio Carlos Silvano Pessotti (UNICAMP) REDUÇÃO DOS DITONGOS ORAIS DESCRESCENTES [EJ] E [AJ]: O CONDICIONAMENTO FONOLÓGICO E SUAS IMPLICAÇÕES 31 Eduardo Elisalde Toledo (UFRGS - CAPES) Guilherme Duarte Garcia (UFRGS - CAPES) ESTUDO DAS VOGAIS DESVOZEADAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: ANÁLISE INICIAL 33 Francisco de Oliveira Meneses (UNICAMP)

A REDUÇÃO DE DITONGOS NA MORFOLOGIA VERBAL DO PORTUGUÊS BRASILEIRO 35 Marco Fonseca (UFMG) DIREÇÕES DA MUDANÇA FÔNICA EM CRIANÇAS COM DESVIOS FONOLÓGICOS 37 Maria Cláudia Camargo de Freitas (UNICAMP) AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM: "DESSECANDO" O NÍVEL FONOLÓGICO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 39 Roberto César Reis da Costa (UFBA) PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DE VOGAIS E OBSTRUINTES NA FALA INFANTIL DO PORTUGUÊS BRASILEIRO 40 Larissa Mary Rinaldi (UNICAMP) QUESTÕES METODOLÓGICAS NA ANÁLISE DE COMBINAÇÕES CV NA AQUISIÇÃO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO 42 Magnun Rochel Madruga (UCPel) Rosane Garcia (UCPel) Márcia Zimmer (UCPel)

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CANCELAMENTO OU REORGANIZAÇÃO GESTUAL? UMA DISCUSSÃO ACERCA DA REDUÇÃO DE VOGAIS ÁTONAS 44 Ricardo Fernandes Napoleão (UFMG) METODOLOGIA E ANÁLISE DE UMA VARIAÇÃO ALOFÔNICA GRADIENTE: ESTUDO DAS OCLUSIVAS CORONAIS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO EM SITUAÇÃO DE CONTATO 46 Denise Pozzani (UNICAMP) DESEMPENHO DE IDOSOS PRESBIACÚSICOS NA PRODUÇÃO DE FRICATIVAS: UMA ANÁLISE À LUZ DAS TEORIAS LINGÜÍSTICAS DOS SISTEMAS DINÂMICOS Ana Lúcia Pires Afonso da Costa (FEEVALE) 48 DUAS PERSPECTIVAS DE ANÁLISE PARA AS FRICATIVAS POSTERIORES DO ESPANHOL 50 Diego Jiquilin-Ramirez (UNICAMP) ANÁLISES DA FONOLOGIA DESVIANTE POR MEIO DA OT 51 Cristiane Lazzarotto-Volcão (UFSC) A RELEVÂNCIA DA SÍLABA NO ESTUDO DA AQUISIÇÃO DA ESCRITA 53 Luciana Lessa Rodrigues (UNICAMP) FOCALIZAÇÃO EM PB: CONFLITOS ENTRE RESTRIÇÕES SINTÁTICAS E PROSÓDICAS 55 Gabriel de Ávila Othero (UFRGS) Maria Cristina Figueiredo Silva (UFPR) CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E AQUISIÇÃO DA ESCRITA: INTERFERÊNCIAS DA FALA NA ESCRITA DE CRIANÇAS BILINGUES FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO E DO DIALETO HUNSRÜCKISCH FALADO NO RIO GRANDE DO SUL 57 Rosemari Lorenz Martins (FEEVALE)

Programação do evento 59

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APRESENTAÇÃO

O IV Encontro do DINAFON nasceu a partir do objetivo de

promover a interlocução entre estudiosos e pesquisadores voltados

para os modelos da Fonologia Gestual e da Teoria da Otimidade.

O estabelecimento dessa interlocução, tão valiosa para os

pesquisadores que trabalham com uma ou outra perspectiva teórica,

justifica-se a partir do quadro atual em que se encontram os estudos

de Fonologia nos contextos nacional e internacional. Ao percorrer, nos

últimos 40 anos, uma longa e bela caminhada, os estudos fonológicos,

por meio de diversos modelos de análise, possibilitaram não somente

a descrição de inúmeros sistemas linguísticos, mas, também, o

entendimento de princípios fonológicos que se mostram comuns em

diversos sistemas. Percorrida tal etapa, julgamos que uma das tarefas

dos fonólogos, nos dias atuais, é trazer à discussão uma reflexão

acerca da concepção de gramática fonológica sobre a qual os

modelos representacionais em Fonologia irão se amparar. Em outras

palavras, é preciso discutir não somente as vantagens e

desvantagens do emprego de um determinado modelo de

representação das unidades fonológicas, mas, também, as próprias

teorias de base que motivam uma ou outra formalização

representacional.

O IV Encontro do DINAFON, portanto, convida os

pesquisadores para essa reflexão, discutindo acerca de uma

concepção Gestual de se fazer Fonologia e de sua implementação na

Teoria da Otimidade.

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Na Fonologia Gestual, o detalhe fonético, que previamente não

recebia a atenção devida na caracterização das unidades

representacionais básicas em fonologia, caracteriza-se por

apresentar, indiscutivelmente, status linguístico. O detalhe fonético

passa a ser visto, dessa forma, como algo que pode e deve ser

sistematizado por meio da formalização.

Ao considerar-se o gesto fonológico sob uma teoria de

gramática, verifica-se que o modelo da Teoria da Otimidade

caracteriza-se como bastante promissor, não somente em função das

teorias de base cognitiva que motivaram a OT, mas, também, pela

liberdade representacional que tal modelo permite. Conforme explica

McCarthy (2008), a Teoria da Otimidade, enquanto modelo linguístico,

não se mostra diretamente comprometida com um ou outro modelo

representacional. Nesse sentido, é justamente a formalização das

restrições que representa o atual desafio para os estudiosos deste

modelo teórico. Assim, é possível pensar em um conjunto de

restrições que tenham, como unidade básica, o gesto articulatório.

É necessário, no entanto, muito mais do que pensar em uma

nova configuração de restrições; de fato, é preciso discutir como tais

restrições são formalizadas, quais suas teorias de base, além,

sobretudo, das implicações tipológicas de tal reestruturação. Frente a

tais tarefas, as dificuldades a serem enfrentadas não são poucas.

Desta forma, por meio de um diálogo entre pesquisadores que

trabalham com Fonologia Gestual e Teoria da Otimidade, dispostos a

aprender cada vez mais sobre a formalização em Teoria Fonológica,

poderemos iniciar uma reflexão acerca do pensar a representação

gestual à luz de restrições.

Esperamos que o IV Encontro do DINAFON represente

este primeiro contato entre pesquisadores das duas áreas. Para isso,

nossa programação une pesquisadores do Sudeste e do Sul de nosso

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país, regiões essas que caracterizam importantes pólos nos estudos

em Fonologia Gestual e em Teoria da Otimidade, respectivamente.

Com a realização de palestras e mini-cursos, procuraremos, durante o

evento, prover oportunidades para um maior entendimento entre estes

modelos, para darmos início a um diálogo entre as propostas em

questão. Desejamos a todos os participantes um excelente encontro,

caracterizado, sobretudo, pelo compartilhamento de conhecimento.

Ubiratã Kickhöfel Alves (UFRGS)

Giovana Ferreira-Gonçalves (UFPel)

Porto Alegre, dezembro de 2010

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Retrospectiva da Fonologia Gestual no Brasil Eleonora C. Albano

(Lafape-IEL/Dinafon-CNPq)

Esta palestra visa a dar um panorama da Fonologia Gestual no

Brasil à luz da sua história no âmbito internacional.

O modelo, também conhecido como Fonologia Articulatória,

surgiu na década de 1980 em Haskins Laboratories, New Haven,

Connecticut, a partir da interlocução dos seus proponentes, Catherine

Browman e Louis Goldstein (1989, 1992), com alguns estudiosos das

funções cognitivas da motricidade humana e animal (p. ex., Kelso

1995).

Sua trajetória foi marcada por uma forte rejeição até a virada

do século (Albano 2002) e crescente aceitação na última década.

A rejeição inicial foi causada pela crença, arraigada entre

fonólogos e foneticistas, de que o detalhe fonético é puramente

biológico e, portanto, mecânico e não-lingüístico. Nos últimos anos, a

evidência acumulada sobre a inexistência de um mecanismo fonético

universal reverteu, finalmente, esse quadro, dando lugar a uma

intensa discussão do potencial explicativo do modelo.

Nesse afã, os seguintes temas estão entre os mais abordados:

tratamento unificado de processos fônicos categóricos e gradientes;

novos rumos para o estudo da aquisição da fonologia e seus desvios;

novo olhar sobre a controvérsia acerca do caráter gradual da

mudança fonética; e inserção num quadro de referência

transdisciplinar universal.

No Brasil, a trajetória do modelo confunde-se com a desta

autora e colaboradores, tendo completado 30 anos este ano.

Nela se podem distinguir três fases: 1) a de preparação,

correspondente à década de 1980, constituída, sobretudo, de leituras,

discussões e estudos de caso, já que faltavam, no Brasil, recursos

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materiais para a experimentação na área; 2) a de implantação e

consolidação de condições laboratoriais de pesquisa, correspondente

à década de 1990, na qual afluíram muitos recursos materiais e

humanos ao Laboratório de Fonética e Psicolingüística (LAFAPE) do

IEL-Unicamp; 3) a de reflexão (cf. Albano 2001) sobre os desafios

teóricos e metodológicos propostos ao modelo pelo português e

outras línguas faladas no País. Não por acaso, essa fase corresponde

à década de 2000, na qual a internet e o movimento do software livre

fizeram grandes contribuições ao progresso do campo fora dos

grandes centros internacionais.

Um indício do amadurecimento da reflexão brasileira sobre o

modelo é a adesão, a partir de 2005, de um expressivo contingente

não-endógeno ao grupo Dinafon. Após a renovação, o grupo teve por

tarefa precípua fazer face, em seus encontros anuais, ao desafio de

acompanhar os sucessivos e significativos aportes ao modelo trazidos

por um contingente interdisciplinar ampliado de adeptos (p.ex., Nam et

al. no prelo).

Recentemente, na “São Paulo School of Advanced Studies in

Speech Dynamics” (SPSASSD), realizada em São Paulo em junho

passado, o Dinafon teve a oportunidade única de interagir

intensamente não só com adeptos, mas também com críticos do

modelo, todos oriundos de centros internacionais de excelência.

Assim, as perspectivas abertas pelo evento cobram do grupo,

agora, um novo patamar de amadurecimento: saber catalisar a

possível conjunção entre a sua experiência com a metodologia

experimental e a experiência de grupos brasileiros afins com o aparato

formal da Fonologia contemporânea.

É esse o objetivo da presente edição deste encontro.

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Referências bibliográficas

ALBANO, E. C. O gesto e suas bordas: esboço de Fonologia Acústico-Articulatória do português brasileiro. Campinas: Mercado de Letras, 2001.

_____. A pulsação sob a letra: pela quebra de um silêncio histórico no estudo do som de fala. Cadernos de Estudos Lingüísticos, 42, 7-20, jan./jun, 2002.

BROWMAN, C.; L. GOLDSTEIN. Articulatory gestures as phonological units. Phonology Yearbook, 6: 201-251, 1989.

_____. Articulatory phonology: an overview. Phonetica, 49: 155-180, 1992.

KELSO, J. S. Dynamic Patterns: The Self-Organization of Brain and Behavior. Cambridge, Mass.:MIT Press, 1995.

NAM, H.; L. GOLDSTEIN; E. SALTZMAN. Self-Organization of Syllable Structure: a Coupled Oscillator Model. In F. PELLEGRINO; E. MARISCO; I. CHITORAN, (orgs.). Approaches to Phonological Complexity. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, no prelo.

Retrospectiva dos estudos em Fonologia e Teoria da Otimidade no Brasil

Giovana Ferreira-Gonçalves (UFPel-ELO/ Dinafon - FAPERGS*)

Ubiratã Kickhöfel Alves (UFRGS/ Dinafon - CNPq**)

O surgimento da Teoria da Otimidade em 1993, com a

publicação de Constraint Interaction in Generative Grammar, de

Prince e Smolensky, trouxe a possibilidade de formalização dos

sistemas linguísticos pela interação de restrições voltadas a diferentes

unidades gramaticais. No modelo híbrido – com pressupostos

gerativistas e conexionistas – do início da década de 90, as regras,

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então, deram lugar às restrições, e o processamento derivacional, ao

paralelo. Provida de algoritmos de aprendizagem, aplicados à

construção das gramáticas, a teoria mostrou-se igualmente adequada

à formalização de dados variáveis e daqueles relativos ao processo de

aquisição da linguagem, tanto de L1 quanto de L2. Seguindo a

tendência dos trabalhos internacionais, no Brasil, a OT teve seu início

com estudos sobre o sistema fonológico da língua portuguesa e suas

interfaces com aquisição e variação. No transcorrer de mais de uma

década, várias são as pesquisas desenvolvidas, em diferentes centros

acadêmicos, principalmente naqueles localizados no Sul do Brasil.

Tais pesquisas abarcam as áreas de descrição do português,

aquisição de L1, aquisição de L2, variação e mudança linguística e

aquisição da escrita. As reformulações sofridas pelo modelo original

foram igualmente acompanhadas pelos pesquisadores, aplicando-as

em seus trabalhos, como: OT Transderivacional (BENUA, 1997), OT

Estratal (KIPARSKY, 1998, 2000), OT Estocástica (BOERSMA, 1998;

BOERSMA E HAYES01), Teoria da Simpatia (MCCARTHY, 1999),

Gramática Harmônica (SMOLENSKY e LEGENDRE, 2006) e OT-CC

(McCARTHY, 2007). Ao longo de seu percurso, a OT tem sido utilizada

de forma a abarcar diferentes posicionamentos teóricos a respeito de

como se dá a gramática de uma língua, o que possibilita desencadear

novas reflexões acerca dos primitivos representacionais que a

constituem, reflexões essas que sugerem a agenda de pesquisas, em

OT, dos anos vindouros.

*Edital Pesquisador Gaúcho – processo 1015742/2010 ** Edital Universal - processo 479095/2010-8

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Introdução à Fonologia Gestual Márcia Cristina Zimmer

(UCPel) Larissa Cristina Berti

(UNESP-Marília)

O mini-curso abordará princípios dos Sistemas Dinâmicos,

relacionando-os à dinamicidade da fala, através da noção de dinâmica

da tarefa e da introdução do primitivo de análise da Fonologia Gestual:

o gesto articulatório. A seguir, será apresentada uma análise dos

processos fonológicos na aquisição do PB (L1) e do inglês (L2) à luz

da FG.

Referências bibliográficas

ALBANO, E. C. O Gesto e suas Bordas: esboço de Fonologia Acústico-Articulatória do Português Brasileiro. Campinas: Mercado de Letras/ São Paulo: FAPESP, 2001.

______. Fonologia Gestual e aquisição do sistema fônico hoje. In: Ferreira-Gonçalves, G.; Keske-Soares, M.; Brum-de-Paula, M. R. Estudos em Aquisição Fonológica. Vol. 2. Santa Maria: Sociedade Vicente Pallotti, 2009, p. 225-240.

BERTI, L. C. The establishment of contrast between /t/ and /k/ in Brazilian Portuguese children. In: São Paulo School of Advanced Studies in Speech Dynamics, 2010, São Paulo. São Paulo School of Advanced Studies in Speech Dynamics. São Paulo : Fapesp e CNPq, 2010. v. 1. p. 49-51.

BROWMAN, C.; GOLDSTEIN, L. Towards an Articulatory Phonology. Phonology Yearbook 3, 1986, p. 219-252.

_______. Articulatory Phonology: an overview. Phonetica, n. 49, p. 155-180, 1992.

GOLDSTEIN, Louis, FOWLER, Carol. Articulatory phonology: a phonology for public language use. In: Meyer, A. & Schiller, N. Phonetics and Phonology in Language Comprehension and Production: Differences and Similarities. New York: Mouton, p. 159-207, 2003.

_____; BYRD, Dany.; SALTZMAN, E. The role of vocal tract gestural action units in understanding the evolution of phonology. In M. Arbib, (Ed.). Action to Language via the Mirror NeuronSystem. New York: Cambridge University Press, p. 215-249, 2006.

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_____.; RUBIN, P. Speech: Dances of the Vocal Tract. Odyssey Magazine, p. 14-15, Jan. 2007.

PORT, Robert; Van GELDER, Timothy. Mind as motion. Cambridge: M.A.: MIT, 1995.

SANCIER, Michele L.; FOWLER, Carol A. Gestural drift in a bilingual speaker of Brazilian Portuguese and English. Journal of Phonetics, v. 25, n. 4, p. 421-436, 1997.

SILVA, Adelaide H. P. Pela incorporação de informação fonética aos modelos fonológicos. Revista Letras, n. 60, p. 319-333, 2003.

STUDDERT-KENNEDY, M. Evolutionary implications of the particulate principle: imitation and the dissociation of phonetic form from semantic function. In: C. Knight, M. Studdert-Kennedy and J. B. Hurford (eds.) The Evolutionary Emergence of Language: Social Function and the Origin of Linguistic Form. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2002, p. 161–176.

_____; GOLDSTEIN, L. Launching language: the gestural origin of discrete infinity. In M.H. Christiansen and S. Kirby (eds.). Language Evolution:The States of the Art. Oxford, UK: Oxford University Press, 2003, p. 235–254.

ZIMMER, M. C. ; ALVES, U. K. Learning to orchestrate time: Voicing patterns and gestural drift in L2 speech production. In: São Paulo School of Advanced Studies in Speech Dynamics, 2010, São Paulo. Program: São Paulo School of Advanced Studies in Speech Dynamics. São Paulo : Instituto de Estudos Avançados, 2010. p. 47-48.

Percurso e avanços da Fonologia Gestual – Desafios Beatriz Raposo de Medeiros

(USP)

Atribuímos à Fonologia Gestual (ou Fonologia Articulatória) a

possibilidade de mais de um percurso e propomos que o modelo

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teórico em que se calca possa ser entendido de vários pontos de

partida. Há aqueles estudiosos que partem da Psicologia (Carol

Fowler, Elliot Saltzman), há aqueles que se fundamentam nas

Ciências Biológicas (Scott Kelso), há aqueles que partem da

Linguística, (Louis Goldstein), e que aceitam o desafio de propor um

primitivo fonológico, o gesto articulatório, diferente daquele aceito pela

corrente principal, a qual tem sido profícua em originar modelos

fonológicos (Prosódica, Geometria de Traços, do Governo, Gerativa

Natural, entre outras).

Assim, de origem multidisciplinar e propositora de uma unidade

linguística ao mesmo tempo abstrata e ancorada nos movimentos em

organização ao longo do tempo, a Fonologia Gestual desenvolve-se

passo a passo e não conhece a mesma disseminação e divulgação de

seus princípios que conhece a fonologia gerativista. Neste quadro,

seus avanços são mais verticais, ou seja, são mais aperfeiçoamentos

de suas idéias – à guisa de exemplo, poderíamos ter a proposição da

sílaba como modo de oscilador acoplado – do que solução de grande

número de problemas em curto prazo.

Advém daí que, por sua natureza especialmente complexa, e

por ter um liame natural e mesmo vital com tantas outras áreas do

saber, os percursos são sempre desafiadores e os avanços, não raro,

são resultados que podem iluminar questões ainda circulares para

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muitos de nós afeitos aos sons das línguas. Um exemplo, é a

preocupação da Fonologia Gestual de explicar a “cola” (glue, em

inglês”) dos gestos (ou átomos) entre si, como no caso de uma sílaba

CV, considerada universal. A “cola”, em termos bem sucintos, é a

capacidade de dois gestos articulatórios, um consonantal e outro

vocálico, se sincronizarem como em uma dança. No caso da

sequência CV, o início de um gesto se dá ao mesmo tempo que o

início do outro, embora o alvo do gesto vocálico seja alcançado

depois. Esta grande capacidade de entrainment dos gestos (ou

átomos da fala) é considerada como estabilidade gestual.

Provavelmente, por serem mais estáveis, são mais eficazes como

unidades distintivas, e por isso mais encontrados nas línguas do

mundo.

Percurso e avanços da Teoria da Otimidade – Desafios Gisela Collischonn

(UFRGS) Luiz Carlos Schwindt

(UFRGS) Diz-se que as questões relativas às representações

tornaram-se menos relevantes na fonologia com o advento da Teoria

da Otimalidade (OT). Em nossa comunicação, vamos refletir, em

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primeiro lugar, sobre algumas das razões por que as unidades

representacionais deixaram de ser objeto principal de discussão com

o advento da OT (baseados em algumas das retrospectivas contidas

em de Lacy, 2007). Em segundo lugar, vamos discutir como a OT

afeta a concepção de entidades representacionais, abordando as

seguintes questões: (i) as entidades representacionais são pré-

definidas em OT ou são também produto da interação entre

restrições?(ii) estas entidades têm de respeitar um princípio de

uniformidade/coerência teórica?(iii) até que ponto a concepção que

tínhamos anteriormente a respeito dessas entidades foi afetada pela

mudança de perspectiva produzida pela OT? Em terceiro lugar, vamos

discutir como a OT dá conta dos níveis representacionais, abordando

as seguintes questões: (i) em que medida as restrições e a interação

entre elas são expedientes suficientes para dar conta de interações

que traduzem as derivações da fonologia pré-OT (problema da

opacidade e da derivação morfológica per se - relações BO / OO)? (ii)

se admitimos algum tipo de representação intermediária, entre input e

output, em OT (OT serial, Serialismo Harmônico etc.), em que medida

se enfraquecem as pressuposições básicas da teoria? Mostraremos,

por fim, como o problema das representações tem sido foco de

importantes desenvolvimentos na Teoria da Otimalidade.

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Percursos e avanços acerca da constituição dos segmentos – desafios

Carmen Lúcia Barreto Matzenauer (UCPel)

Ana Ruth Moresco Miranda (UCPel)

A visão de traços como unidades constitutivas dos segmentos

tem sido crucial para teorias fonológicas, desde a Escola de Praga até

a Teoria da Otimidade (OT), em um percurso que registra diferentes

modelos fonológicos e diversas abordagens. A OT não inova em

relação a modelos de traços, mas, por seus pressupostos e

formalização, suscita questões relevantes sobre segmentos e traços.

Dentre tais questões, este trabalho discute dois aspectos que se

mostram de interesse central para a explicitação do funcionamento de

segmentos e traços nos sistemas linguísticos: o status dos traços na

OT e os traços em restrições de fidelidade e de marcação posicional.

Quanto ao status dos traços, a OT toma especialmente dois

caminhos: aquele apontado pelo SPE (Chomsky e Halle, 1968) e o

definido pela Fonologia Autossegmental (Goldsmith, 1976) e pela

Geometria de Traços (Clements, 1985, 1989; Clements e Hume,

1995). Seguindo o SPE, a OT confere aos traços o status de atributos

de segmentos – essa é abordagem frequente, já que a OT, como

modelo voltado para o output, tende a focalizar o segmento em lugar

do traço – daí decorre uma teoria segmental de fidelidade a traços.

Aderindo à Fonologia Autossegmental, a OT concede aos traços o

status de autossegmentos, que podem funcionar isolada ou

solidariamente em processos fonológicos – essa visão dá o alicerce a

uma teoria autossegmental de fidelidade de traços. Com relação à

formulação de restrições de fidelidade e de marcação posicional com

traços, o trabalho discute sua pertinência e apresenta exemplos de

seu papel na formalização e na explicação de fenômenos da fonologia

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Page 25: IV ENCONTRO DO DINAFON - ufrgs.br · modelo teórico. Assim, é possível pensar em um conjunto de restrições que tenham, como unidade básica, o gesto articulatório. É necessário,

do português e de outros sistemas linguísticos. Defende sua

adequação na análise de fenômenos observados em posições

consideradas proeminentes, os quais se apresentam como desafios

para a teoria, já que, apesar de recorrentes nas línguas do mundo,

mostram complexidade descritiva e formal.

Fonologia Gestual e Teoria da Otimidade Ubiratã Kickhöfel Alves

(UFRGS/ Dinafon - CNPq*) Giovana Ferreira-Gonçalves

(UFPel-ELO/ Dinafon – FAPERGS**)

Curso acerca da utilização dos gestos articulatórios, enquanto

primitivos fonológicos, em uma gramática formalizada pela Teoria da

Otimidade. O curso iniciará com a apresentação dos pressupostos

básicos da Teoria da Otimidade, desde o seu surgimento, como um

modelo híbrido em 1993, até a proposta da Gramática Harmônica,

revista por Smolensky e Legendre em 2006. Logo após, haverá uma

retomada de aspectos centrais à Fonologia Gestual, dando-se, na

sequência, ênfase à utilização da FG na Teoria da Otimidade, por

meio da apresentação da proposta de Gafos (2002).

Referências bibliográficas ALBANO, E. C. O Gesto e suas Bordas: esboço de Fonologia Acústico-Articulatória do Português Brasileiro. Campinas: Mercado de Letras/ São Paulo: FAPESP, 2001.

BISOL, L.; SCHWINDT, L. Teoria da Otimidade: Fonologia. Campinas: Pontes Editores, 2010.

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BORROFF, M. A Landmark Underspecification Account of the Patterning of Glottal Stop. Phd. Dissertation. Stony Brook University, 2007.

BROWMAN, C.; GOLDSTEIN, L. Towards an Articulatory Phonology. Phonology Yearbook 3, 1986, p. 219-252.

_______. Articulatory Phonology: an overview. Phonetica, n. 49, p. 155-180, 1992.

FERREIRA-GONÇALVES, G. Phonological acquisition: emergence of dynamical units. Trabalho apresentado em São Paulo School of Advanced Studies in Speech Dynamics, junho de 2010.

GAFOS, A. A Grammar of Gestural Coordination. Natural Language and Linguistics Theory, Vol. 20. pp. 269-337, 2002.

HALL, N. Gestures and segments: vowel intrusion as overlap. Phd. Dissertation, 2003. [ROA-637]

NISHIDA, G. A natureza intervocálica do tap. Cadernos de Pesquisas em Linguística (PUCRS) , v. 4, p. 67-79, 2009.

McCARTHY, J. Doing Optimality Theory: applying theory to data. Blackwell, 2008.

PRINCE, A. & SMOLENSKY , P. Optimality theory: constraint interaction in generative grammar. RuCCS-TR-2. New Brunswick: Rutgers University Center for Cognitive Science, 1993/2002. [ROA-537]

____. Optimality Theory - Constraint Interaction in Generative Grammar. Reino Unido: Blackwell Publishing, 2004.

SMOLENSKY, P; LEGENDRE, G. The Harmonic Mind: from neural computation to Optimality-Theoretic grammar. Cambridge, MA: MIT Press, 2006.

TESAR, Bruce; SMOLENSKY, Paul. Learnability in Optimality Theory. Cambridge, MA: MIT Press, 2000.

* Edital Universal - processo 479095/2010-8 ** Edital Pesquisador Gaúcho – processo 1015742/2010

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Padrões de aspiração de obstruintes iniciais do pomerano (L1), português (L2) e inglês (L3) e suas transferências

Marta Tessmann Bandeira (UCPel – CAPES)

Na literatura concernente ao multilinguismo, há grande

dissenso sobre qual língua exerce maior influência sobre a terceira

língua falada por multilíngues: seria a L1 ou a L2? Em estudo anterior

envolvendo crianças multilíngues, Bandeira (2010) encontrou

diferença significativa entre as médias de VOT (Voice Onset Time)

obtidas por multilíngues e monolíngues na produção de plosivas do

inglês (L3), apontando grande influência da L1 dos participantes na

produção das oclusivas aspiradas do inglês como L3 (no caso dos

bi/multilíngues) e como L2 (no caso dos monolíngues). A partir desse

achado, está se expandindo o estudo para outras faixas etárias, com o

intuito de averiguar se a tendência de transferência predominante de

padrões de VOT da L1 (pomerano) para os padrões das plosivas

surdas da L3 produzidas por bi/multilíngues se mantem em diferentes

grupos etários. O objetivo deste trabalho, então, é reportar dados

iniciais relativos à dinâmica da transferência de padrões de VOT

obstruintes inicial /ph /, /th/ e /kh/ de três línguas - de pomerano (L1),

português brasileiro (L2), e inglês (L3) - de participantes multilíngues

em três faixas etárias: 10 crianças de 8 a 11 anos, 10 adolescentes de

13 a 17 e 10 jovens de 19 a 25 anos, residentes em Arroio do Padre.

Foram coletados dados de fala e feitas análises acústicas com o

software Praat, versão 5.1.43 (BOERSMA, 2010), o que possibilitou a

medição dos valores de VOT das plosivas iniciais em três contextos:

/p/, /t/ e /k/ seguidos das vogais / i/, /a/, /u/ em inglês e pomerano. Em

PB, /p/, /k/ seguidos das mesmas vogais, e /t/ seguido de /e/, /a/, /u/.

O instrumento de coleta consiste de 18 palavras em português, 18 em

inglês e 18 em pomerano, repetidas 5 vezes cada, distribuídas entre

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os segmentos /p, t, k/, nos diferentes contextos. Foram analisados 300

tokens de cada obstruinte em cada língua (6 palavras x 5 repetições x

10 sujeitos). A análise estatística ainda está em andamento, mas

espera-se discutir os resultados parciais a partir de uma visão

dinâmica da produção da fala (ALBANO, 2001).

Palavras-chave multilinguismo, transferência de padrões de VOT

Procedimentos de análise temporal de produção falada e cantada

Antônio Carlos Silvano Pessotti

(UNICAMP)

A produção vocal, falada ou cantada, pode ser observada

como uma série, cadeia de eventos gestuais dinâmicos. Com isso, os

dados extraídos dessa cadeia sonora podem ser tratados como séries

temporais, mesmo que sejam assimétricos. O presente estudo mostra

resultados parciais da análise de dados de produção falada e cantada

como séries temporais, com ênfase no uso da técnica do

Empenamento Dinâmico Temporal (Dynamic Time Warping, doravante

DTW, Itakura, 1975; Myers, Rabner e Rosenberg, 1980; Coleman,

2005; Mori et cols. 2006). DTW é usado para ajustar séries temporais,

e permite avaliar a dissimilaridade, ou melhor, a não-semelhança entre

séries comparadas (Meyer e Buchta, 2009).

Os dados de produção cantada e falada foram gravados em

estúdio profissional por três grupos de informantes, mulheres,

sopranos: não-cantoras (NC), cantoras não profissionais (CN) e

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cantoras profissionais (CP). Os corpora são formados com o texto da

canção de câmara brasileira Conselhos (Carlos Gomes), sendo cinco

repetições lidas, cinco cantadas sem acompanhamento musical

digitalizado e cinco cantadas com acompanhamento. Como as

informantes NC não cantaram, o total de sílabas na produção falada

foi de 14400 (192 x 5 x 15); na produção cantada, 9600 (192 x 5 x 10)

sílabas, tanto na produção sem acompanhamento, quanto na

produção com acompanhamento.

Foram criadas rotinas (scripts) específicas dentro dos

programas Praat (www.praat.org) e R (www.r-project.org), ambos de

domínio público, para extrair e analisar os dados. O acompanhamento

musical digitalizado, a linha melódica e a duração silábica (obtidas da

partitura) foram usadas como referência para a produção cantada, e

criados com o programa MuseScore, versão 0.95

(www.musescore.org).

As variáveis acústicas são: pitch (semitom, com referência em

440Hz), duração (segundos), formantes (F1 e F2, em Bark). As

variáveis categóricas são: padrão acentual (segundo Mattoso Câmara,

1970), força acentual silábica (fraco, w, forte, s), sintagma fonológico,

sintagma entoacional (Nespor e Vogel, 1986; Selkirk, 1984). Os dados

de pitch e de duração foram convertidos em séries temporais, com os

rótulos silábicos como referência no tempo, permitindo a comparação

global (o total de cada repetição) e local (por sintagma, fonológico e

entoacional).

O DTW retorna um índice de dissimilaridade (Meyer e Buchta,

2009; Mori et cols, 2006) aqui usado para avaliar o grau de

semelhança entre as produções. Até o momento, o índice foi

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computado globalmente para cada repetição. Futuramente serão

apresentados os resultados locais, obtidos para cada nível

sintagmático, fonológico e entoacional. No momento, com esses

índices globais, foram calculadas as medidas de coeficiente de

variabilidade, além de teste ANOVA.

Observou-se a estabilidade entoacional e duracional da

produção falada intra-sujeito (p < 0,001), ou melhor, possivelmente

cada informante procurou manter-se estável nas repetições. Certa

estabilidade inter-sujeitos foi observada dentro dos grupos (NC, CN e

CP) e não entre grupos (p > 0,1). A produção cantada sem

acompanhamento teve variabilidade entoacional significativa (p >

0,03) entre as informantes CN, e não significativa para as CP (p < 0).

Com acompanhamento, a variabilidade entoacional dos dois grupos

(CN e CP) não foi significativa (p < 0). A variabilidade duracional nas

duas produções cantadas (sem e com acompanhamento) também não

foi significativa.

Referências bibliográficas

BOERSMA, Paul e WEENINK, David Praat: doing phonetics by computer (Version 5.1.05) software; último acesso: 06.06.2010; URL: http://www.praat.org/

COLEMAN, J. Introducing speech and language processing. Cambridge University Press, Cambridge, UK, 2005.

GIORGINO T . Computing and Visualizing Dynamic TimeWarping Alignments in R: The dtw Package. Journal of Statistical Software, 31(7), 1–24. URL http://www.jstatsoft.org/v31/i07/ . 2009.

GIORGINO T, Tormene P . dtw: Dynamic Time Warping Algorithms. R package version 1.13-1, URL http://CRAN.R-project.org/package=dtw ; 2009.

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MATTOSO CÂMARA Jr, J. Contribuição à Estilística Portuguesa. de Janeiro; Ao Livro Técnico; 1977.

MATTOSO CÂMARA Jr, J. Estrutura da Língua Portuguesa. São Paulo; Vozes; 1970, reeditada em 2001.

MEYER D, BUCHTA C . proxy: Distance and Similarity Measures. R package version 0.4-3, URL: http://CRAN.R-project.org/package=proxy. ;2009.

MORI A, UCHIDA S, KURAZUME R, TANIGUCHI R, HASEGAWA T, SAKOE H . Early Recognition and Prediction of Gestures. In B Werner (ed.), Proceedings of the 18th International Conference on Pattern Recognition – ICPR 2006, volume 3, pp. 560–563. IEEE Computer Society, Los Alamitos, CA, USA. doi:10.1109/ICPR.2006.467; 2006.

MYERS C, RABINER L, ROSENBERG A . Performance Tradeoffs in Dynamic Time Warping Algorithms for Isolated Word Recognition. IEEE Transactions on Acoustics, Speech, and Signal Processing, 28(6), 623–635; 1980.

NESPOR, M e VOGEL, I. Prosodic Phonology; Dordrecht, Netherlands; Foris Publications; 1986.

R Development Core Team. R: A Language and Environment for Statistical Computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL http://www.R-project.org/ ; 2009.

SELKIRK, E.O. Phonology and syntax: The relation between sound and structure. Cambridge, MA: MIT Press; 1984.

Redução dos ditongos orais descrescentes [ej] e [aj]: o condicionamento fonológico e suas implicações

Eduardo Elisalde Toledo (UFRGS - CAPES)

Guilherme Duarte Garcia (UFRGS - CAPES)

No Português Brasileiro, os ditongos orais decrescentes [ej],

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[aj] e [ow] podem sofrer a regra variável de apagamento do glides

palatal e velar; assim, vocábulos como [ow]tro, p[ej]xe e c[aj]xa,

apresentam as formas variáveis [o]tro p[e]xe e c[a]xa. Estudos

variacionistas (CABREIRA, 1996; AMARAL, 2005, entre outros)

indicam frequências bastante elevadas de aplicação da regra de

monotongação para o ditongo [ow], caracterizando-a como uma regra

variável a caminho da categoricidade na fala; a ocorrência das formas

com manutenção do ditongo em [ow] parece estar associada a

contextos formais de comunicação. Devido ao escopo mais restrito da

variação dos ditongos [ej] e [aj] em comparação ao ditongo [ow], neste

trabalho analisamos apenas os dois primeiros. Segundo estudos

sociolinguísticos das mais diversas regiões do Brasil (ARAÚJO, 1999,

PEREIRA, 2004, CARVALHO, 2007), os casos de monotongação em

vocábulos como qu[e]xo, engenh[e]ro e f[a]xa apresentam de modo

inconteste o papel influenciador de um fator linguístico condicionante:

o contexto fonológico seguinte, fricativa palatal (como em baixo e

queijo, por exemplo) para ambos os ditongos e tepe para o ditongo [ej]

(como em dinheiro, por exemplo). Este trabalho visa a explorar a

motivação fonológica para a aplicação dessa regra variável apenas

nos contextos seguintes em que estão presentes os segmentos de

fricativa palatal e de tepe. Para tal, comparamos diferentes

perspectivas téoricas que discutem os temas da representação

fonológica de segmentos e constituintes, Fonologia Autossegmental

(CLEMENTS, 1985, 1989; CLEMENTS & HUME, 1995) e Fonologia

Prosódica (NESPOR & VOGEL, 1986), assim como as possíveis

restrições envolvidas na aplicação da regra variável de redução de

ditongos, Teoria da Otimidade (PRINCE & SMOLENSKY, 1993;

MCCARTHY & PRINCE, 1993). Este trabalho é um passo inicial para

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Page 33: IV ENCONTRO DO DINAFON - ufrgs.br · modelo teórico. Assim, é possível pensar em um conjunto de restrições que tenham, como unidade básica, o gesto articulatório. É necessário,

verificarmos o fenômeno da monotongação em línguas do mundo,

buscando caracterizar sua ocorrência e seu condicionamento

fonológico.

Estudo das vogais desvozeadas do português brasileiro: análise inicial

Francisco de Oliveira Meneses (UNICAMP)

O desvozeamento vocálico tem sido documentado em um

grande número de línguas, tais como o coreano (Jun e Beckman,

1993), o grego (Dauer, 1980), o turco (Jannedy, 1995), o francês

(Cedergren, 1986; Hayes, 2001), o búlgaro (Andreeva e Koreman,

2008) e principalmente o japonês (Kondo, 1997; Tsuchida 1997).

Muitas vezes classificado como uma síncope (apagamento total de um

gesto vocálico), o desvozeamento se mostra como um fenômeno

bastante variável, recorrente em inúmeras línguas naturais e atestado

em contextos diversos (Chitoran e Marsico, 2010; Chitoran e Iskarous,

2008). Aparentemente, algumas condições são decisivas para a

ocorrência do fenômeno: a presença de vogais altas, especialmente

acompanhadas de consoantes surdas, e ambientes de vogais não

acentuadas. Em geral, as vogais desvozeadas caracterizam-se

articulatoriamente pela falta de vibração das pregas vocais e

acusticamente pela ausência de periodicidade no sinal acústico. A

representação tradicional do desvozeamento das vogais mostra o

processo por meio de mudança categórica de [+voz] para [-voz]

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Page 34: IV ENCONTRO DO DINAFON - ufrgs.br · modelo teórico. Assim, é possível pensar em um conjunto de restrições que tenham, como unidade básica, o gesto articulatório. É necessário,

(Hayes, 2001). Suh-Ah e Beckman (1993) argumentam que o

processo de desvozeamento pode ser considerado como um processo

articulatório de sobreposição temporal de gestos, onde a gesto glotal

da vogal é sobreposto pelo da consoante surda precedente ou

procedente. Conforme Chitoran e Marsico (2010), com base em um

levantamento extenso de línguas, o desvozeamento vocálico pode ser

desmembrado em dois tipos: Posicional e Não-Posicional. De acordo

com os autores, o primeiro diz respeito ao fenômeno relacionado à

posição de final de palavras, frases ou fronteira entre sintagmas. O

segundo, por sua vez, está ligado a fatores como altura vocálica,

acento e contexto consonantal, independente da posição. Os achados

nas mais variadas línguas nos mostram com clareza a variabilidade e

recorrência do ensurdecimento das vogais. No entanto, nenhum

estudo específico explorou, até então, este fenômeno vocálico no

Português Brasileiro. Uma análise profunda desse tipo de variação

será o objetivo do projeto intitulado “Estudo das vogais desvozeadas

do Português Brasileiro: efeitos da relação CV e VC” que pretende (i)

analisar as condições em que as vogais se apresentam com maior ou

menor grau de desvozeamento e (ii) aquilatar os efeitos das relações

CV e VC sobre o desvozeamento das vogais. Os resultados vão

contribuir para se estabelecer mais detalhadamente as características

das vogais desvozeadas do Português Brasileiro. O objetivo deste

trabalho, primeiro passo do referido projeto de pesquisa, é apresentar

uma primeira perspectiva e impressões em torno de dados

relacionados ao desvozeamento.

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A redução de ditongos na morfologia verbal do português brasileiro

Marco Fonseca (UFMG)

O presente trabalho apresenta uma proposta de análise da

redução de alguns ditongos para monotongos em algumas formas

verbais do português brasileiro. A análise, nessa etapa, restringe-se a

formas verbais por limitações metológicas. Observamos, por exemplo,

que ocorre a redução do ditongo [ãw] -> [U] em formas verbais como

falaram -> falar[U], mas não ocorre a redução do ditongo [ãw] em

formas como falariam -> *falari[U]. Observamos também que a

redução do ditongo [ãw] em formas como falam ocorre não como

fal[U], mas como fal[«]. O objetivo deste trabalho é avaliar se a

redução de ditongos decorre estritamente de fatores fonéticos ou

fonológicos ou se a organização lexical atua nos casos de redução

dos ditongos analisados. A análise do fenômeno se baseará na

Fonologia de uso (Bybee, 2001) e na Teoria de Exemplares

(Pierrehumbert, 2001). Em consonância com esses modelos serão

considerados efeitos de frequência de tipo e de ocorrência através de

consultas através do Projeto Aspa (www.projetoaspa.org). Os dados

analisados foram obtidos através do projeto mineirês

(www.letras.ufmg.br/projetomineires).

Inicialmente consideraremos análises anteriores sobre a

redução do ditongo no português brasileiro (Bisol (1989), Câmara Jr.

(1997), Battisti (2002), Bopp da Silva (2005)). Tais trabalhos sugerem

que fatores como sexo, escolaridade, região geográfica e faixa etária

condicionam a redução do ditongo, bem como contexto fonológico

adjacente ao ditongo e a classe gramatical da palavra em que o

ditongo acontece. O trabalho que apresentamos nesta pesquisa

contribui adicionalmente com estes resultados ao considerar efeitos

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de frequuência e a organização lexical. Sugerimos que a frequência

de ocorrência atua na implementação do fenômeno de redução do

ditongo em formas verbais no português brasileiro. Explicamos desta

maneira pois fenômenos linguísticos aparentemente idênticos, como a

redução de [ãw] -> [u] apresentam comportamentos diferentes em

diferentes grupos de verbos. Adicionalmente, sugerimos que a

organização lexical opera em redes que conectam categorias

específicas. (Bybee (1995)).

Referências bibliográficas

BATTISTI, E. A redução dos ditongos nasais átonos. In. BISOL, L; BRESCANCINI, C.R. Fonologia e variação: recortes do português brasileiro. Porto Alegre, Edipucrs: 2002.

BISOL, L. O ditongo da perspectiva da fonologia atual. D.E.L.T.A. Vol. 5, nº 2, pp. 1885-224, 1989.

BOPP DA SILVA, T. A redução da nasalidade em ditongos de sílaba átona em final de palavra entre falantes bilíngües e monolíngües do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado, Instituto de Letras, UFRGS: 2005.

BYBEE,J.L.Morphology:Astudyoftherelationbetweenmeaningandform.Philadelphia:Benjamins,1985.

CÂMARA Jr., M.. Estrutura da Língua Portuguesa. Editora Vozes. 26ª ed. Petrópolis. 1997.

PIERREHUMBERT J. Exemplardynamics:Wordfrequency,lenition,andcontrast.

Amsterdam. 137-157. 2001.

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Direções da mudança fônica em crianças com desvios fonológicos

Maria Cláudia Camargo de Freitas (UNICAMP)

Na tentativa de apreender e caracterizar movimentos

realizados por crianças com desvio fonológico (DF) em direção ao

estável na língua durante a aquisição fônica, realizou-se um estudo

longitudinal contemplando tanto aspectos relativos à produção quanto

à percepção de fala. A fim de uniformizar a amostra, uma classe de

sons foi colocada em foco: as obstruintes desvozeadas. Foram

selecionadas quatro crianças com produções desviantes de sons

obstruintes desvozeados. As dificuldades observadas, no início do

processo de coleta, estavam relacionadas ao local de constrição de

sons oclusivos, para duas crianças, e de sons fricativos, para as

outras duas. Quatro crianças, sem alterações fônicas, com idade e

sexo compatíveis aos das crianças com DF, foram selecionadas como

sujeitos controle. No total, foram realizadas quatro coletas, em

ambiente acusticamente tratado, com intervalo de aproximadamente

um mês. Os dados relativos à produção consistiram em gravações de

um corpus composto por palavras dissílabas paroxítonas iniciadas por

sons obstruintes desvozeados seguidos das vogais [a], [i] ou [u].

Foram registradas cinco repetições de cada palavra do corpus –

inseridas em uma frase-veículo. Na etapa de percepção, realizou-se

um experimento de discriminação – modelo XAB – com estímulos

naturais, produzido no software PERCEVAL. Os estímulos foram

compostos por sílabas nas quais os sons obstruintes desvozeados

eram sempre seguidos da vogal [a]. Todos os contrastes entre

obstruintes desvozeadas foram contemplados – total de sessenta

estímulos. Para viabilizar a realização deste experimento por crianças

foi criada uma interface lúdica – que se assemelhava a um jogo. A

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análise inicial, guiada pelos princípios da Fonologia Gestual, tem

mostrado que a aquisição fônica desviante é marcada por

instabilidades. O sistema fônico de crianças com DF mostra-se

significativamente mais instável e flutuante que o do grupo controle

não apenas em relação à produção mas, também, à percepção. São

exemplos dessa instabilidade na produção: flutuações nas diferentes

tentativas em marcar o contraste fônico em aquisição e presença de

produções marcadas por inserções, prolongamentos e/ou pausas. Por

ser um estudo longitudinal, pode-se observar que à medida que uma

criança se aproximou ao padrão na língua esses fenômenos tenderam

ao desaparecimento. No tocante à percepção, importantes variações

no padrão de discriminação auditiva foram identificadas nas diferentes

coletas de crianças com DF, com aumento de contrastes

discriminados no decorrer das coletas. As crianças do grupo controle

apresentaram número significativamente maior de contrastes

discriminados desde a primeira coleta. Ressalta-se, ainda, que foram

identificados vínculos entre mudanças no padrão de produção e

percepção de fala nas crianças investigadas. Assim, não apenas a

produção mas também a percepção de crianças com DF parecem

refletir as consequências uma organização fônica singular, que é

desestabilizada e reestruturada durante o processo de

estabelecimento de contrastes fônicos para se adequar ao padrão na

língua.

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Avaliação da linguagem: "dessecando" o nível fonológico da língua brasileira de sinais Roberto César Reis da Costa

(UFBA)

Stokoe (1960) foi o precursor na descrição e análise de uma

língua de sinais: a Língua Americana de Sinais (ASL). Nesse sentido,

esse pesquisador observou que a ASL deve ser considerada uma

língua natural por ser adquirida naturalmente por crianças surdas

filhas de pais surdos. Além disso, ele constatou que essa língua,

apesar da modalidade viso-gestual, possui a mesma complexidade

das línguas orais-auditivas, bem como gramática e sintaxe

autônomas. Recentemente, as análises lingüísticas têm descrito as

diversas línguas de sinais, comprovando que elas podem ser

analisadas sob as óticas morfológicas, fonológicas, semânticas,

sintáticas, lexicais, pragmáticas e discursivas. No que se refere à

Língua Brasileira de Sinais (Libras), Ferreira Brito (1995) e Karnopp

(1999) descreveram que os aspectos fonológicos que regem tal língua

são: (1) Configurações de Mão (CM); (2) Movimento (M); (3) Locação

(L) ou Ponto de Articulação (PA); (4) Orientação da Mão (OM); e,

finalmente, (5) Expressões Não-manuais (ENM). Uma vez que há

escassez de instrumento de avaliação da linguagem na perspectiva

fonológica para a língua brasileira de sinais, o estudo a ser

apresentado teve como objetivo elaborar e propor um instrumental

avaliativo que se adéqüe às especificidades da fonologia da língua

brasileira de sinais. O instrumental elaborado levou em conta as

peculiaridades lingüísticas da Libras, sobretudo no que tange aos

parâmetros morfológicos e fonológicos, e foi aplicado em sessões de

atendimento com 25 sujeitos surdos com idade variando entre 08 e 16

anos, que estudam numa escola que prioriza o ensino através da

Libras. Os sujeitos participantes da pesquisa, apesar de terem sido

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filhos surdos de pais ouvintes, utilizam-se da língua de sinais como

primeira língua. Pôde-se constatar que os desafios encontrados na

elaboração do instrumento se deram no tocante à: (1) realização do

balanceamento fonológico para os parâmetros CM e M; e (2)

sistematização de um padrão ou modelo de sinal durante a produção

eliciada, já que houve manifestações de variantes morfológico-

fonológicas para algumas das figuras previamente selecionadas.

Procedimentos para a análise de vogais e obstruintes na fala infantil do português brasileiro

Larissa Mary Rinaldi (UNICAMP)

Este trabalho pretende criar uma base de dados de referência

da fala infantil, para o estudo de vogais e obstruintes do Português

Brasileiro (doravante PB). Os sujeitos (9 crianças) têm de 5 a 7 anos

de idade, sem história de patologias de fala. Para isso, desenvolveu-

se uma ferramenta lúdica para a coleta da fala dos sujeitos. A

metodologia é centrada em uma história infantil, intitulada "Deu a

louca nos Contos de Fadas", e usa um jogo de percurso de tabuleiro

para gerar a emissão de 57 palavras criadas para o instrumento. O

total de palavras alvo é 36. Elas foram criadas pondo-se em

correspondência cada obstruinte do PB (fricativas e oclusivas) com as

vogais [a], [i] e [u]. A metodologia permite a coleta de todos os sons do

PB na posição de ataque inicial e medial. Este estudo utilizou-o

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apenas para observar obstruintes e vogais em posição tônica inicial.

Gravou-se também uma adulta em mesmo contexto lúdico. Em

análise preliminar, notou-se que os parâmetros acústicos estáticos

nem sempre eram capazes de descrever a variação e a dinâmica dos

fenômenos da fala infantil. Por isso usamos dois tipos de análise: uma

de parâmetros acústicos estáticos e uma de parâmetros acústicos

dinâmicos, baseada em inspeção de forma de onda e

espectrogramas. Para a análise estatística optou-se pelo Modelo

Linear Geral (GLM) com uma Análise de Variância de Medidas

Repetidas. O alpha foi estabelecido em 0,05. Como resultado das

análises de parâmetros acústicos de vogais obtivemos que, conforme

esperado, F1 diferenciou [a] de [i] e [u], F2 diferenciou as três vogais e

F3 diferenciou [i] de [a] e [u], e as freqüências dos três formantes é

mais alta do que o esperado para adultos. Porém os espaços

vocálicos adulto e infantil apresentaram áreas muito semelhantes. A

análise dinâmica de forma de onda e espectrogramas indica que em

cerca de 9% dos casos houve demora para estabilização de F2. Como

resultado das análises de parâmetros estáticos de consoantes

fricativas, obtivemos que a assimetria e o centróide foram eficazes

para diferenciar os três locais de constrição, o vozeamento e a

interação entre local e vozeamento. A curtose não distinguiu as

fricativas em nenhum parâmetro. A variância somente diferenciou

local de constrição. A análise dinâmica revelou desvozeamento parcial

em fricativas vozeadas e vozeamento parcial em fricativas

desvozeadas. Como resultado das análises de parâmetros estáticos

de consoantes oclusivas, obtivemos que a assimetria e o centróide

foram eficazes para diferenciar os três locais de constrição, o

vozeamento e a interação entre local e vozeamento. A curtose e a

variância foram eficazes para diferenciar os três locais de constrição e

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o vozeamento, porém não para sua associação. O VOT foi eficaz para

diferenciar não somente vozeamento, mas também o local de

constrição. A análise dinâmica revelou desvozeamento parcial em

oclusivas vozeadas e vozeamento parcial em oclusivas desvozeadas.

Esses fenômenos podem ser iluminados pela fonologia Gestual

(Browman & Goldstein, 1992; Ball & Kent, 1997; Scobbie, 1998;

Albano, 2001; Kent & Read , 2002; Shadle, 2006; Goldstein, Byrd &

Saltzman 2006).

Questões metodológicas na análise de combinações CV na aquisição do Português Brasileiro

Magnun Rochel Madruga (UCPel)

Rosane Garcia (UCPel)

Márcia Zimmer (UCPel)

As relações de coocorrência CV, estudadas por MacNeilage e

Davis (2000) e MacNeilage et al (2000), focalizam a combinação

prevalente de algumas consoantes com algumas vogais no período do

balbucio e primeiras palavras. A formação de coocorrências – moldes

- são explicadas a partir da teoria Frame/Content, que prediz ser a

inércia biomecânica a base sensório-motora da sílaba, molde (Frame),

de origem estômato-gnática, precedente ao conteúdo fônico (Content).

Nessa linha, os movimentos não comunicativos seriam o molde para a

emergência de conteúdo linguístico - fônico - e a relação do

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movimento com seus efeitos acústicos teria privilegiado a fala, na

filogênese, como principal via de comunicação. Neste trabalho,

objetivamos principalmente discutir (1) a natureza da coocorrência CV

na aquisição do Português Brasileiro (PB) e (2) contrastar os

resultados obtidos através de diferentes testes estatísticos. Para isso,

são apresentados resultados parciais do fenômeno em três posições

lexicais: átona inicial, tônica e postônica final. Esses dados advêm de

coletas longitudinais de aquisição do PB de doze crianças cujas faixas

etárias situam-se entre 1:5 e 2:5 (anos:meses) do Banco de dados

LIDES. Para a explicação do fenômeno, discutimos os dados a partir

da perspectiva da Fonologia Gestual (BROWMAN; GOLDSTEIN,

1986, 1989, 1990, 1992; ALBANO, 2001). Desse modo, consideram-

se os gestos como unidades emergentes da interação entre a

motricidade oro-facial pré-adaptada para a comunicação e também

pela busca de coordenação motora no desenvolvimento da criança

(ALBANO, 2009). Os resultados encontrados evidenciam que o

desenvolvimento infantil parece ser subordinado a princípios da

dinâmica e da motricidade em geral e que, gradualmente, com o

aumento do vocabulário, a criança vai adquirindo vieses imbricados no

sistema linguístico, ao passo que domina as unidades fônicas e a

dinâmica da associação entre elas. Tal fato é evidenciado pela

modificação dos vieses de combinações conforme a posição lexical

investigada e pela frequência de types e tokens, já que se verifica, aí,

a separação entre o que a língua parece preferir e as formas que as

crianças empregam no seu uso.

Palavras-chave: combinação CV; Fonologia Gestual; aquisição do Português Brasileiro

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Cancelamento ou reorganização gestual? Uma discussão acerca da redução de vogais átonas

Ricardo Fernandes Napoleão (UFMG)

Este trabalho propõe uma discussão sobre a natureza dos

processos fonéticos e fonológicos relacionados às reduções de vogais

altas em posições átonas no português de Belo Horizonte. Analisam-

se as ocorrências sob a perspectiva da Fonologia articulatória

(BROWMAN & GOLDSTEIN, 1986, 1992), da Teoria dos Modelos de

exemplares (PIERREHUMBERT, 2001, 2003) e da Fonologia do uso

(BYBEE, 2001, 2007). Há duas perspectivas de análise dos processos

fonéticos e fonológicos relacionados às reduções de vogais altas

átonas no português brasileiro (PB). A primeira postula a ocorrência

de cancelamento da vogal em questão (BISOL & HORA, 1993;

ABAURRE & PAGOTTO, 2002; LEITE, 2006; ABAURRE &

SANDALO, 2007), ao passo que estudos em diversas línguas

tipologicamente distintas (HASEWAGA, 1999; SMITH, 2002;

CHITORAN & BABALIYEVA, 2007; DELFORGE, 2008) indicam que

reduções vocálicas possam dar margem ao desvozeamento. Em uma

ampla revisão da literatura, Gordon (1998) cita como

desencadeadores do desvozeamento alguns condicionamentos como

a altura da vogal, a posição do acento, as consoantes vizinhas, a

distância das bordas prosódicas e a velocidade da fala. Avaliaremos

neste trabalho se esses fatores, de motivação fonética observados por

Gordon (1998), são igualmente observados nas reduções vocálicas do

PB.

Um estudo preliminar realizado com dados de Minas Gerais

(NAPOLEÃO, 2010, em comunicação) reforça a hipótese do

desvozeamento em concordância com os fatores levantados por

Gordon (1998). A análise acústica de palavras contendo sílabas do

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tipo CVC em posição pretônica, onde [u] ocupava o núcleo e [s] a

coda silábica, como por exemplo na palavra custódia, demonstrou a

presença ocasional de vogais desvozeadas, emparelhada com a

frequência de ocorrência do item (ver BYBEE, 2007, sobre o papel da

frequência em mudanças sonoras foneticamente motivadas). Contudo,

Chitoran & Marsico (2010) propõem que o desvozeamento seja um

ponto na escala que vai da articulação da vogal plena ao seu

cancelamento, no extremo oposto. Essa perspectiva englobaria

portanto as duas possibilidades de análise numa só abordagem, na

qual o cancelamento seria um estágio posterior do processo de

variação e estaria em direção de consolidar a mudança.

Potencialmente, efeitos de freqüência lexical atuam em consonância

com o desvozeamento.

Modelos teóricos que levam em conta o papel do detalhe

fonético nas representações mentais permitem uma interpretação

adequada dos dados observados. Assim, o desvozeamento pode ser

explicado sucintamente pela Fonologia articulatória, na medida em

que ele pode ser analisado como decorrência da sobreposição dos

gestos da vogal e da consoante desvozeada em vizinhança fonética

(ver CHITORAN & ISKAROUS, 2008). Efeitos de freqüência lexical

oferecem indícios do percurso da implementação do desvozeamento.

A existência de gradualidade entre o desvozeamento e a não-

ocorrência da vogal merecerão atenção em estudos futuros que

relacionem a produção com a percepção.

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Metodologia e análise de uma variação alofônica gradiente: estudo das oclusivas coronais do português brasileiro em

situação de contato Denise Pozzani

(UNICAMP)

A palatalização de /t/ e /d/ é um fenômeno muito comum em

vários dialetos do português brasileiro. Descritas muitas vezes como

sons com certa instabilidade em suas fronteiras e uma relação

temporal complexa, as africadas demandam uma descrição detalhada

de sua estrutura. As motivações deste trabalho nasceram da

observação recorrente de que uma parte dos falantes mais jovens de

Jundiaí-SP começa a produzir algum tipo de ruído ao pronunciar as

oclusivas /t/ e /d/ seguidas da vogal alta anterior, especialmente os

que estão em contato com dialetos que já produzem africadas pós-

alveolares.

Tais falantes tentam disfarçar sua pronúncia, e começam a

implantar uma variação lingüística, que é o nosso objeto de estudo. As

consoantes não se parecem tanto com africadas padrão do português

brasileiro, com ruído produzido na região pós-alveolar, mas têm

características contínuas “entre” as oclusivas alveolares e as

correspondentes palatalizadas. Para compreender essa mudança,

tentando descrever as sutilezas dos processos envolvidos nesse

grupo de falantes que produz informações gradientes.

De fato, a implantação da variação inovadora se dá de forma

gradiente, e as diferenças intrínsecas a cada falante podem também

dar indícios de diferentes coordenações entre gestos articulatórios.

Sendo assim, realizamos uma reflexão sobre as africadas à luz

de um modelo dinâmico de produção de fala, a Fonologia Articulatória,

cujas postulações teóricas dão importância à dinâmica dos processos

fonológicos, em que os fatores tempo e magnitude são relevantes e se

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relacionam diretamente à idéia de movimento dos articuladores.

Atualmente, realizamos cinco estudos de caso com sujeitos de

Jundiaí, que realizam africadas apenas esporadicamente.

Primeiramente, construímos um corpus para a gravação de dados de

fala semi-espontânea dos sujeitos, com a leitura de boletins

jornalísticos, com palavras-alvo de nossa investigação. A estratégia

teve por objetivo desviar a atenção dos falantes da própria fala, visto

que os boletins apresentavam notícias reais e de relativo interesse.

Para continuar verificando como as africadas dos sujeitos de nossa

pesquisa se apresentam no momento de cada coleta, resolvemos

também aplicar uma tarefa de repetição, que nos mostrasse como os

falantes produzem certas palavras, com oclusivas alveolares antes de

[i], a partir de estímulos disfarçados ou encobertos. O objetivo da

tarefa é tentar verificar se os sujeitos produzem africadas em uma

situação em que aspectos como frequência de ocorrência e tonicidade

estão controlados.

A metodologia de análise se dá a partir da investigação dos

quatro primeiros momentos espectrais do ruído: centróide, desvio

padrão, assimetria e curtose. Para a análise das produções, utilizamos

testes estatísticos paramétricos e não paramétricos.

Os resultados aferidos até o momento mostram que a

frequência de ocorrência parece não ter tanta importância para a

implantação da mudança. Além disso, percebe-se que as medidas de

momentos espectrais em ambas as tarefas apontam para uma alta

instabilidade da produção dos sujeitos, sendo que uns estão mais

adiantados, enquanto outros apresentam mais produções na região

alveolar.

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Desempenho de idosos presbiacúsicos na produção de fricativas: uma análise à luz das Teorias Lingüísticas dos

Sistemas Dinâmicos Ana Lúcia Pires Afonso da Costa

(FEEVALE)

O estudo teve como objetivo avaliar o desempenho dos idosos

com presbiacusia, usuários e não usuários de aparelho de

amplificação sonora individual (doravante AASI) na produção das

fricativas alveolares e palatais (/s/, /z/, /�/ e /�/). A análise foi

realizada sob o olhar das teorias linguísticas dos sistemas dinâmicos e

da fonologia gestual. O estudo contou com 8 idosos entre 60 e 75 de

idade, (3 participantes usuários de AASI, 3 não usuários e 2 com

audição normal). Para a gravação utilizou-se software Audacity. As

fricativas foram acompanhadas das vogais /a, i, u/ . Os parâmetros

acústicos foram analisados no software PRAAT. A análise da duração

relativa e absoluta, passou por tratamento estatístico utilizando os

testes KRUSKAL-WALLIS e WILCOXON. Na análise da duração

relativa, foi encontrada diferença significativa nas fricativa /s/ em

‘suco’, /S/ em ‘chuta’ e na fricativa /Z/ em ‘jato’ (p= 0,04), entre os

grupos de usuários e não usuários de AASI. Na análise de duração

absoluta, encontramos diferença significativa (p=0,04) entre os 3

grupos na produção de ‘sapo’. Na análise do centróide houve

aproximação dos valores do centróide das alveolares e das palatais

por provável undershoot da ponta da língua sugerindo modificação da

orquestração gestual envolvendo a variável do trato LCPL (local de

constrição da ponta da língua), tendendo ao LCCL (local de constrição

do corpo da língua). No parâmetro variância foi encontrado indicativo

de produção gradiente, sendo que a maior variância foi observada na

palavra ‘zaga’. Os valores da assimetria podem ser positivos ou

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negativos, conforme sua distribuição se encontre à direita (positiva) ou

à esquerda (negativa) da média. MacFarland (1996) e Jongman

(2000), estabelecem medidas de assimetria para as fricativas

alveolares sempre menores do que as das palatais e valores de

assimetria da fricativa /s/ é sempre negativo e de /�/ sempre positivos.

Entre os homens a premissa de assimetria de /s/ menor do que em

/�/ não é respeitada. No sujeito usuário de AASI os valores de

assimetria das alveolares foi maior do que nas palatais, nos demais

sujeitos a premissa se cumpriu. No grupo de mulheres com perda, a

assimetria das fricativas alveolares foi menor do que a das palatais.

Os valores positivos para as palatais e negativos para as alveolares

não foram encontrados. Na análise do parâmetro curtose, em nove

das 48 produções, os resultados foram negativos, sugerindo

diminuição dos picos nestas produções ou achatamento desses picos.

A previsão de que os valores da curtose sejam maiores nas fricativas

alveolares do que nas palatais observadas por Jongman (2000) e

MacFarland (1996) não foi observada. Conclusão:

Os diversos parâmetros apontaram para produções gradientes,

de forma mais evidentes na população com perda e em especial na

população usuária de AASI. A pesquisa teve caráter exploratório,

ficando a sugestão de novas pesquisas, com medidas dos parâmetros

acústicos, maior número de participantes e utilização de técnica de

imageamento por ultrassom (Ultrasound Tongue Imaging) para

observação externa dos movimentos dos órgãos fono-articulatórios,

levando a conclusões mais precisas sobre as correspondências

acústico-articulatórias.

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Duas perspectivas de análise para as fricativas posteriores do espanhol

Diego Jiquilin-Ramirez (UNICAMP)

O presente trabalho investiga, em dois vieses, as alofonias das

fricativas posteriores do espanhol. O primeiro deles trata das

variações entre sujeitos, o que corresponde, em termos mais gerais,

às diferenças entre dialetos do espanhol. A segunda abordagem cuida

das alofonias em um mesmo sujeito.

De modo a caracterizar os dialetos, de acordo com o primeiro

ponto de vista, dividimos os informantes em três grandes zonas

dialetais: i) a paraguaia, ii) a caribenha e iii) a peninsular.

Notadamente, as fricativas de i) e iii) se realizam, em maior tendência,

na região velar; iii) se diferencia de i) devido ao fato de que o falante

realiza uma fricção acentuada durante a produção daquele fone. Já

em ii) a fricativa é caracteristicamente reconhecida como uma glotal.

Tais constatações foram feitas segundo análises quantitativas dos

espectrogramas de nossos 15 informantes.

No mesmo sujeito, a variação alofônica parece estar

condicionada ao contexto vocálico de fronteiras. Foram realizadas

tanto uma análise quantitativa, que investigou a trajetória formântica, a

sonoridade e a quantidade de energia nos espectrogramas, como uma

análise quantitativa. Através deste último método pudemos quantificar

em termos estatísticos cada fricativa segundo seu entorno, através

dos parâmetros dos momentos espectrais: os valores de centróide e

de variança são bastante altos entre [u]s e menores entre [i]s;

assimetria e curtose são consideravelmente altos entre [i]s e mais

baixos entre [u]s; no contexto [a]_[a], os quatro momentos espectrais,

comparado aos outros entornos, localizam-se numa porção central

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das médias dos momentos.

As variações intrasujeito revelam que as fricativas posteriores

oscilam em sonoridade em todos os contextos vocálicos, enquanto

que a quantidade de energia é maior no seguinte contexto [a]_[a],

muito baixa em [u]_[u] e intermediária entre [i]s. A movimentação dos

formantes também trazem informações importantes: entre [i]s a

fricativa tem um comportamento semelhante ao dos sons

palatais/velares e às vezes velares/uvulares; entre [u]s o alofone se

assemelha majoritariamente aos velares/uvulares; entre [a]s,

finalmente, o comportamento generalizado é o de ativação do gesto

glotálico.

Já que o fonema para a fricativa aqui abordada é apenas um,

/x/, o estudo vem mostrar que foneticamente a gama de variação do

som é bastante diversificada. Desse modo, o quadro teórico adotado

para a interpretação dos dados, i. e. a Fonologia Gestual,

acertadamente dá conta da dinâmica da produção das fricativas

posteriores do espanhol.

Análises da fonologia desviante por meio da OT

Cristiane Lazzarotto-Volcão (UFSC)

O objetivo deste estudo é analisar três casos de Desvio

Fonológico (DF), com base na Teoria da Otimidade (Optimality Theory

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– OT), apresentada por Prince e Smolensky (1993) e McCarthy e

Prince (1993). Como decorrência, o trabalho visa a contribuir com a

clínica da linguagem, através da utilização de um modelo teórico

baseado em restrições, pouco utilizado nesse contexto, buscando

avaliações e tratamentos mais eficazes e eficientes. O corpus,

constituído por dados de três sujeitos com DF, com idades variando

de 3:11 a 6:3, que não receberam tratamento fonoaudiológico prévio,

bem como parte das análises aqui demonstradas, fazem parte da

minha dissertação de mestrado (LAZZAROTTO, 2005). A partir da

análise realizada, a pesquisa evidenciou que as hierarquias de

restrições conseguem representar o que ocorre em cada sistema

consonantal estudado, sendo capaz de estabelecer relações entre

diferentes fenômenos fonológicos as quais não são captadas por

outros modelos teóricos. O Algoritmo de Aprendizagem de Tesar e

Smolensky (2000) mostrou-se adequado na condução da montagem

das Hierarquias Atuais de cada sujeito, representativas de parte de

suas gramáticas. A pesquisa levou à conclusão de que o

planejamento fonoterapêutico deve considerar como segmento-alvo

aquele capaz de demover o maior número de restrições de marcação,

a fim de que o tratamento com apenas um alvo faça surgir, no sistema

com desvios, outras estruturas ainda não dele integrantes. O estudo

também revelou que a avaliação e o planejamento terapêutico com

base na OT, para casos de DF, apresentam vantagens em relação

aos procedimentos que utilizam outras abordagens, como a Fonologia

Natural. Com esse encaminhamento, os fatos observados ao longo

desta pesquisa parecem sugerir que uma análise baseada na OT

pode superar aquelas realizadas com base em outros modelos

derivacionais. Para tanto, é necessário que os alvos propostos com

base na hierarquia representativa do sistema de cada sujeito possam

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ser testados na terapia fonoaudiológica, o que aponta para a

necessidade de novas pesquisas que utilizem a OT na avaliação, no

planejamento terapêutico, na terapia de crianças que apresentam DF.

A relevância da sílaba no estudo da aquisição da escrita Luciana Lessa Rodrigues

(UNICAMP)

Este estudo tem como proposta geral analisar a aquisição da

escrita no que diz respeito a sua relação com aspectos fônicos.

Análises iniciais detectaram distinções nessa aquisição nas diferentes

posições da sílaba (ataque, núcleo ou coda). Desse modo, este

trabalho teve como objetivo descrever algumas relações entre posição

silábica e aquisição da escrita por crianças pré-escolares. O material

utilizado nesta análise consistiu de 9 produções de texto de 14

crianças que cursavam o Pré III em uma Escola Municipal de

Educação Infantil no interior do estado de São Paulo. As coletas

desses textos foram realizadas entre os meses de março e dezembro

de 2008, com intervalo de aproximadamente um mês entre elas.

Foram levantadas as omissões e substituições de grafemas, de

acordo com a posição silábica em que ocorreram – ataque, núcleo ou

coda. A porcentagem desses fenômenos foi obtida a partir do total de

possibilidades de ocorrência dos grafemas em cada posição silábica.

De maneira geral, os resultados mostraram que as crianças mais

omitiram do que substituiram os grafemas, e, além disso, as

substituições foram preferencialmente relacionadas a ambigüidades

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ortográficas. Assim, o foco dos resultados se voltou, neste momento,

para a análise das ocorrências de omissões. As porcentagens de

ocorrência de omissões, de acordo com as posições silábicas, foram

as seguintes: (a) Março: 60,84% no ataque, 16,03% no núcleo e não

houve possibilidade de ocorrência de grafemas na coda; (b) Abril:

45,34% no ataque, 29,68% no núcleo e 78,43% na coda; (c) Maio:

11,11% no ataque, 13,25% no núcleo e 43,59% na coda; (d) Junho:

8,89% no ataque, 11,54% no núcleo e 18,37% na coda; (e) Agosto:

1,09% no ataque, 1,32% no núcleo e 17,72% na coda; (f) Setembro:

16,81% no ataque, 9,52% no núcleo e 32,14% na coda; (g) Outubro:

0,76% no ataque, 2,82% no núcleo e 12,61% na coda; (h) Novembro:

12,91% no ataque, 11,28% no núcleo e 29,29% na coda; e (j)

Dezembro: 13,86% no ataque, 17,39% no núcleo e 28,99% na coda.

De maneira geral, pode-se notar inicialmente que, a partir da coleta de

Maio, as omissões começaram a ocorrer em menor quantidade

quando comparadas com as omissões ocorridas em Março e Abril.

Mais especificamente, com exceção da coleta referente ao mês de

março – em que não houve possibilidade de ocorrência de codas –

observou-se, em todas as coletas, maior porcentagem de omissões na

posição de coda. Além disso, houve uma pequena, porém

interessante alternância entre as omissões de ataque e núcleo

silábicos. Nas primeiras coletas, a tendência mais comum entre os

sujeitos é a omissão do ataque e o registro das vogais que preenchem

o núcleo das sílabas. Ao longo das coletas, alguns sujeitos passam a

omitir mais o núcleo e registrar preferencialmente o ataque silábico.

Esses resultados iniciais confirmam a importância da sílaba nos

estudos sobre aspectos fonológicos da aquisição da escrita.

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Focalização em PB: conflitos entre restrições sintáticas e prosódicas Gabriel de Ávila Othero

(UFRGS) Maria Cristina Figueiredo Silva

(UFPR)

Há um longo debate na literatura a respeito dos mecanismos

de marcação de foco utilizados nas línguas, especialmente nas

línguas românicas. Alguns autores acreditam que a marcação de foco

deva se refletir na estrutura sintática das frases e, assim, seja

dependente de operações sintáticas abstratas (cf. Cinque 1993, Costa

1998, entre outros); outros autores acreditam que o fenômeno envolva

basicamente elementos de estrutura informacional da frase (como

informações contextuais do tipo “dado/novo”, cf. Givón 1989); para

outros, ainda, o fenômeno é prosodicamente motivado (cf. Zubizarreta

1998, Menuzzi & Mioto 2006, entre outros). Neste trabalho vamos

defender que, no fenômeno de focalização, estejam atuando,

paralelamente, diferentes componentes da gramática da língua,

especialmente condições de boa formação sintática, de marcação

prosódica e de organização informacional da frase. Em nosso estudo,

abordaremos construções que veiculam foco informacional em

português e tentaremos responder algumas questões que, embora já

abordadas na literatura da área, não receberam um tratamento

unificado como o que propomos aqui:

i. quais são as restrições sintáticas que atuam na marcação de

foco informacional em português brasileiro (PB)?

ii. em que se diferenciam o PB e o português europeu (PE)

com respeito à expressão de foco informacional, em particular no

aspecto sintático da organização da sentença? Como formalizar essa

diferença na gramática das duas variedades do português?

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iii. por que sentenças clivadas plenas e reduzidas são aceitas

para focalizar informacionalmente o sujeito, mas não o objeto, em PB?

iv. qual a relação da propriedade da marcação de foco com a

inversão verbo-sujeito em PB e em PE?

Para responder às perguntas acima, estudamos as estruturas

com foco informacional no PB recaindo sobre o sujeito e sobre o

objeto da sentença, apresentando resultados recentes de testes que

mostram o uso da família de construções clivadas na expressão de

foco informacional. Desenvolvemos nossa análise dentro do quadro

da Teoria da Otimidade (TO), que permite colocar em pé de igualdade

condições de natureza sintática, prosódica e de estrutura

informacional da frase, por exemplo. Dessa forma, podemos adotar

um tratamento formal unificado do fenômeno, mostrando como

restrições de diferentes naturezas atuam simultaneamente na

gramática do português na marcação de desse tipo de foco,

mostrando também a interação dessas condições com outras

propriedades da gramática do português, como a inversão verbo-

sujeito.

Referências bibliográficas

COSTA, J. Word order variation – a constraint-based approach. The Hague: Holland Academic Graphics, 1998.

CINQUE, G. A null theory of phrase and compound stress. Linguistic Inquiry 24, 1993.

GIVÓN, T. Mind, code and context: essays in Pragmatics. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates, 1989.

MENUZZI, S. M.; MIOTO, C. Advérbios monossilábicos pós-verbais no PB: sobre a relação entre sintaxe e prosódia. Revista de Estudos da Linguagem, v. 14, n. 2, 2006.

ZUBIZARRETA, M. L. Focus, prosody and word order. Cambridge: MIT Press, 1998.

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Consciência fonológica e aquisição da escrita: interferências da fala na escrita de crianças bilingues

falantes do Português Brasileiro e do dialeto Hunsrückisch falado no Rio Grande do Sul

Rosemari Lorenz Martins (FEEVALE)

Muitos descendentes de alemães, bilíngues ou não, que moram

em regiões onde ainda se usa o dileto alemão no cotidiano, quando

falam Português, trocam fonemas sonoros e surdos, além de não

fazerem diferenciação entre /�, R/. Observando-se a escrita de

algumas pessoas desse grupo, percebe-se que, em alguns casos,

elas também cometem erros na escrita no que tange ao uso dos

grafemas que representam esses fonemas. Sabendo-se disso e com

o intuito de contribuir com esse tipo de falante para que não seja

estigmatizado, este trabalho tem como objetivo principal verificar se

crianças bilíngues - falantes do português brasileiro e do dialeto

Hunsrückisch falado no Rio Grande do Sul – que trocam os fonemas

/p, b/; /k, g/; /t, d/; /� �/; /f, v /; /�, �/; /�, R/ na fala, transferem essas

trocas para a escrita, além de verificar se essas crianças têm

consciência das trocas que fazem nas duas modalidades. Para tanto,

foram coletados dados de fala e de escrita de 36 crianças bilíngues,

residentes em Morro Reuter, matriculadas em cinco escolas

municipais, três localizadas na zona rural e duas, na zona urbana,

que estão no 1º, 2º e 3º ano do Ensino Fundamental no corrente ano.

Também foram coletados dados de fala e escrita de pais ou

cuidadores e das professoras das crianças, para verificar se as trocas

que as crianças fazem podem também ser observadas nas

produções dos adultos. Resultados preliminares mostram que a

relação entre fala e escrita é fraca no caso desses informantes, o que

pode l evar à conclusão de que as trocas estejam relacionadas ao

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sistema do português adquirido pela criança e não ao fato de ser

bilíngue falante do dialeto Hunsrückisch, conforme o senso comum, o

que evidencia que se trata de um fato linguístico e não de um

problema decorrente do bilinguismo. A relação entre os dados das

crianças e dos adultos, contudo, confirmam que crianças cujos pais

fazem trocas fazem as mesmas trocas, principalmente na fala. Esta é

uma pesquisa em andamento, que se inscreve na aquisição da

linguagem e na fonologia.

Palavras-chave Aquisição da escrita. Bilinguismo. Variação linguística.

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PROGRAMAÇÃO

IV ENCONTRO DO DINAFON - UFRGS 08 a 10 de dezembro de 2010

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08/12 Local: Auditório Celso Pedro Luft – Instituto de

Letras/UFRGS – Campus do Vale

9h – ABERTURA – PROPOSTA DO ENCONTRO Profª. Dr. Eleonora Albano

9h30min – PALESTRA I - RETROSPECTIVA DOS ESTUDOS

ACERCA DA FONOLOGIA GESTUAL NO BRASIL Profª. Dr. Eleonora Albano (UNICAMP)

10h45min – INTERVALO

11h – PALESTRA II - RETROSPECTIVA DOS ESTUDOS EM

FONOLOGIA E TEORIA DA OTIMIDADE NO BRASIL Profª. Dr. Giovana Ferreira-Gonçalves (UFPel)

Prof. Dr. Ubiratã Kickhöfel Alves (UFRGS)

14h – 16h45 – CURSO INTRODUTÓRIO – FONOLOGIA GESTUAL

Profª. Dr. Márcia Cristina Zimmer (UCPel) Profª. Dr. Larissa Cristina Berti (UNESP-Marília)

16h45 – PÔSTERES

1) Padrões de aspiração de obstruintes iniciais do pomerano (L1), português (L2) e inglês (L3) e suas transferências

Marta Tessmann Bandeira (UCPel – CAPES)

2) Procedimentos de análise temporal de produção falada e cantada

Antônio Carlos Silvano Pessotti (UNICAMP)

3) Redução dos ditongos orais descrescentes [ej] e [aj]: o condicionamento fonológico e suas implicações

Eduardo Elisalde Toledo (UFRGS - CAPES) Guilherme Duarte Garcia (UFRGS - CAPES)

4) Estudo das vogais desvozeadas do português brasileiro:

análise inicial Francisco de Oliveira Meneses (UNICAMP)

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5) A redução de ditongos na morfologia verbal do português brasileiro Marco Fonseca (UFMG) 6) Direções da mudança fônica em crianças com desvios fonológicos Maria Cláudia Camargo de Freitas (UNICAMP) 7) Avaliação da linguagem: "dessecando" o nível fonológico da língua brasileira de sinais Roberto César Reis da Costa (UFBA) 8) Procedimentos para a análise de vogais e obstruintes na fala infantil do português brasileiro Larissa Mary Rinaldi (UNICAMP) 9) Questões metodológicas na análise de combinações CV na aquisição do Português Brasileiro Magnun Rochel Madruga (UCPel) Rosane Garcia (UCPel) Márcia Zimmer (UCPel)

09/12 Local: Auditório Celso Pedro Luft – Instituto de Letras/UFRGS – Campus do Vale 9h – PALESTRA III - PERCURSO E AVANÇOS DA FONOLOGIA GESTUAL - DESAFIOS Profª. Dr. Beatriz Raposo (USP) 10h – Palestra IV - PERCURSO E AVANÇOS DA TEORIA DA OTIMIDADE - DESAFIOS Profª. Dr. Gisela Collischonn (UFRGS) Prof. Dr. Luiz Carlos Schwindt (UFRGS) 11h – INTERVALO

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11h15min – PALESTRA V - PERCURSO E AVANÇOS ACERCA DA CONSTITUIÇÃO DOS SEGMENTOS - DESAFIOS Profª. Dr. Carmen Lúcia Barreto Matzenauer (UCPel) Profª. Dr. Ana Ruth Moresco Miranda (UFPel) 14h – 16h45 - CURSO INTRODUTÓRIO – FONOLOGIA GESTUAL E TEORIA DA OTIMIDADE Prof. Dr. Ubiratã K. Alves (UFRGS) Profª. Dr. Giovana Ferreira-Gonçalves (UFPel) 16h45 - PÔSTERES 1) Cancelamento ou reorganização gestual? Uma discussão acerca da redução de vogais átonas Ricardo Fernandes Napoleão (UFMG) 2) Metodologia e análise de uma variação alofônica gradiente: estudo das oclusivas coronais do português brasileiro em situação de contato Denise Pozzani (UNICAMP) 3) Desempenho de idosos presbiacúsicos na produção de fricativas: uma análise à luz das Teorias Lingüísticas dos Sistemas Dinâmicos Ana Lúcia Pires Afonso da Costa (FEEVALE) 4) Duas perspectivas de análise para as fricativas posteriores do espanhol Diego Jiquilin-Ramirez (UNICAMP) 5) Análises da fonologia desviante por meio da OT Cristiane Lazzarotto-Volcão (UFSC) 6) A relevância da sílaba no estudo da aquisição da escrita Luciana Lessa Rodrigues (UNICAMP) 7) Focalização em PB: conflitos entre restrições sintáticas e prosódicas Gabriel de Ávila Othero (UFRGS) Maria Cristina Figueiredo Silva (UFPR)

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8) Consciência fonológica e aquisição da escrita: interferências da fala na escrita de crianças bilingues falantes do Português Brasileiro e do dialeto Hunsrückisch falado no Rio Grande do Sul Rosemari Lorenz Martins (FEEVALE)

10/12 Reunião do DINAFON

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EVENTO

IV ENCONTRO DO DINAFON - UFRGS 08 a 10 de dezembro de 2010

PUBLICAÇÃO Editora e Gráfica Universitária – UFPel

Dezembro de 2010

Publicação disponível no site do Grupo de Pesquisa Emergência da Linguagem Oral - ELO/ CNPq

http://letras.ufpel.edu.br/elo

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