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Item ‘palestras’ consumiu vários milhões Bolívia vai pagar 13º e 14º salários para todos em 2018 Pág. 6 Cresce para 64 milhões e 400 mil os brasileiros inadimplentes Guru de Bolsonaro é inve stigado pelo MPF por fraude de 1 bilhão em fundos de pensão Comprou empresa que já era dele e pagou ágio de 1118% para si próprio aulo Guedes, escolhido por Bolsonaro como seu mandante econômico, armou vários esquemas de assaltos a fundos de pensão dos trabalhado- res das estatais. Em um deles, comprou, com dinheiro desses trabalhadores, uma em- presa de si mesmo, que, por sua vez, comprou uma empresa- fantasma, também de Guedes, com um ágio de 1.118%. As empresas tiveram prejuízo pelo gasto extraordinário com pa- lestrantes – e remuneração de funcionários administrativos. Dois fundos de Guedes tinham R$ 1 bilhão de dinheiro público ou sob controle público. Pág. 3 17 e 18 de Outubro de 2018 ANO XXIX - Nº 3.676 “SP não aceita quem mente, trai e não cumpre os compromissos”, diz Márcio França Terceiro mais bem votado no 1º turno da eleição para presidente da República, Ciro Gomes (PDT) postou em suas redes sociais um vídeo no qual afirma que Bolsonaro “é promessa de crise certa”. Segundo o ex-governador do Ceará, “como todo fascista, ele [Bolsonaro] tem muita dificuldade de lidar com o antagonismo, com a crítica. Portanto, é a promessa certa de uma crise, de rupturas. E sabe-se lá pra que caminho vai”. Na avaliação de Ciro Gomes, “(Bolsonaro) é uma grave ameaça pelo extremis- mo. Ele é uma pessoa que não tem medidas” Página 3 “O Bolsonaro é uma promessa certa de crise”, diz Ciro Gomes Para o senador Roberto Re- quião (PMDB), é preciso uma política desenvolvimentista clara para gerar emprego. P. 3 Requião propõe a Haddad que dobre valor do salário mínimo Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL AFP RJ: Bolsonarista ensinou juízes a trapacear Estado e embolsar 4 mil O candidato Wilson Witzel (PSC), que disputa o segundo turno na eleição para governa- dor do Rio, aparece em vídeo explicando a juízes a manobra que fez quando trabalhava na Justiça Federal para incorpo- rar uma gratificação irregular de R$ 4 mil ao mês em seu salário. Página 4 O desemprego e o arro- cho resultantes da recessão econômica elevaram para 62,4 milhões o número de brasileiros inadimplentes em setembro, informou pesquisa realizada pelo Serviço de Pro- teção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Isso representa 40,6% da po- pulação adulta (acima de 18 anos), que está com dívidas em atraso e, por consequên- cia, com restrições no CPF. O número corresponde a um aumento de 3,9% na compara- ção com o mesmo período do ano passado. Entre os idosos (pessoas entre 65 e 84 anos), o aumento foi ainda maior: 10% sobre o mesmo período do ano passado. Página 2 A tradicional roda de capoeira da Praça da Re- pública, em São Paulo, realizou no domingo, ato em homenagem ao mestre Moa do Katendê, assassi- nado por um bolsonarista na madrugada de segun- da-feira (8), em Salva- dor. O protesto contra as viúvas da ditadura che- gou até a Alemanha (foto abaixo), durante marcha contra o Fascismo. Pág. 4 Multidão em S. Paulo repudia o assassinato de Mestre Moa NYT: Jornalista foi torturado, morto e esquartejado na embaixada saudita Funcionários de alto escalão dos órgãos de se- gurança da Turquia che- garam à conclusão de que o jornalista Jamal Khasho- ggi, crítico do regime sau- dita, foi morto e esquarte- jado dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul. É o que afirma o New York Times. Os sauditas que, de início, insistiram que o jornalista havia saído normalmente do prédio, agora, de acordo com a rede CNN, estudam assumir que a morte em “interrogatório”. Página 6 O candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB) afirmou que “nin- guém quer apoiar o Dória. Por isso é um candidato gangorra, ele entra de um lado e a pessoa levanta do outro”. Na TV, Márcio disse que “São Paulo não aceita quem mente, quem não cumpre seus compromissos, quem trai seus amigos por conveniência e quem coloca suas ambições acima de tudo”. Página 3 Fernando Frazão - ABr AXXS21 Júlia Cruz - HP Divulgação

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Page 1: Item ‘palestras’ consumiu vários milhões Guru de …...federação Brasileira dos Aposentados e Pensionis - tas (Cobap), desde o plano real, a falta de reajuste no valor das

Item ‘palestras’ consumiu vários milhões

Bolívia vai pagar 13º e 14º salários para todos em 2018Pág. 6

Cresce para 64 milhões e 400 mil os brasileiros inadimplentes

Guru de Bolsonaro é investigado pelo MPF por fraude de 1 bilhão em fundos de pensão

Comprou empresa que já era dele e pagou ágio de 1118% para si próprio

aulo Guedes, escolhido por Bolsonaro como seu mandante econômico, armou vários esquemas de assaltos a fundos de pensão dos trabalhado-res das estatais. Em um

deles, comprou, com dinheiro desses trabalhadores, uma em-presa de si mesmo, que, por sua

vez, comprou uma empresa-fantasma, também de Guedes, com um ágio de 1.118%. As empresas tiveram prejuízo pelo gasto extraordinário com pa-lestrantes – e remuneração de funcionários administrativos. Dois fundos de Guedes tinham R$ 1 bilhão de dinheiro público ou sob controle público. Pág. 3

17 e 18 de Outubro de 2018ANO XXIX - Nº 3.676

“SP não aceita quem mente, trai e não cumpre os compromissos”, diz Márcio França

Terceiro mais bem votado no 1º turno da eleição para presidente da República, Ciro Gomes (PDT) postou em suas redes sociais um vídeo no qual afirma que Bolsonaro “é promessa de crise certa”. Segundo o ex-governador do Ceará, “como todo fascista, ele [Bolsonaro] tem muita dificuldade de lidar com o antagonismo, com a crítica. Portanto, é a promessa certa de uma crise, de rupturas. E sabe-se lá pra que caminho vai”. Na avaliação de Ciro Gomes, “(Bolsonaro) é uma grave ameaça pelo extremis-mo. Ele é uma pessoa que não tem medidas” Página 3

“O Bolsonaro é uma promessa certa de crise”, diz Ciro Gomes

Para o senador Roberto Re-quião (PMDB), é preciso uma política desenvolvimentista clara para gerar emprego. P. 3

Requião propõe a Haddad que dobre valor do salário mínimo

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

AFP

RJ: Bolsonarista ensinou juízes a trapacear Estado e embolsar 4 mil

O candidato Wilson Witzel (PSC), que disputa o segundo turno na eleição para governa-dor do Rio, aparece em vídeo explicando a juízes a manobra que fez quando trabalhava na Justiça Federal para incorpo-rar uma gratificação irregular de R$ 4 mil ao mês em seu salário. Página 4

O desemprego e o arro-cho resultantes da recessão econômica elevaram para 62,4 milhões o número de brasileiros inadimplentes em setembro, informou pesquisa realizada pelo Serviço de Pro-teção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Isso representa 40,6% da po-pulação adulta (acima de 18 anos), que está com dívidas em atraso e, por consequên-cia, com restrições no CPF. O número corresponde a um aumento de 3,9% na compara-ção com o mesmo período do ano passado. Entre os idosos (pessoas entre 65 e 84 anos), o aumento foi ainda maior: 10% sobre o mesmo período do ano passado. Página 2

A tradicional roda de capoeira da Praça da Re-pública, em São Paulo, realizou no domingo, ato em homenagem ao mestre Moa do Katendê, assassi-nado por um bolsonarista na madrugada de segun-da-feira (8), em Salva-dor. O protesto contra as viúvas da ditadura che-gou até a Alemanha (foto abaixo), durante marcha contra o Fascismo. Pág. 4

Multidão em S. Paulo repudia o assassinato de Mestre Moa

NYT: Jornalista foi torturado, morto e esquartejado na embaixada saudita

Funcionários de alto escalão dos órgãos de se-gurança da Turquia che-garam à conclusão de que o jornalista Jamal Khasho-ggi, crítico do regime sau-

dita, foi morto e esquarte-jado dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul. É o que afirma o New York Times. Os sauditas que, de início,

insistiram que o jornalista havia saído normalmente do prédio, agora, de acordo com a rede CNN, estudam assumir que a morte em “interrogatório”. Página 6

O candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB) afirmou que “nin-guém quer apoiar o Dória. Por isso é um candidato gangorra, ele entra de um lado e a pessoa levanta do outro”. Na TV, Márcio disse que “São Paulo não aceita quem mente, quem não cumpre seus compromissos, quem trai seus amigos por conveniência e quem coloca suas ambições acima de tudo”. Página 3

Fernando Frazão - ABrAXXS21

Júlia Cruz - HP

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2 POLÍTICA/ECONOMIA 17 E 18 DE OUTUBRO DE 2018HP

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HORA DO POVOé uma publicação doInstituto Nacional de

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Dívidas de juros com banco é o principal fator de inadimplência, aponta pesquisa

Quem acha que o estado ‘se meteu onde não devia’ desconhece a história

O consumo em supermercados também caiu

Endividamento da população cresce e atinge 62,4 milhões

O d e s e m p r e g o e o arrocho resul-tantes da reces-são econômica

elevaram para 62,4 mi-lhões o número de bra-sileiros inadimplentes em setembro, informou pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Con-federação Nacional de Di-rigentes Lojistas (CNDL).

Isso representa 40,6% da população adulta (aci-ma de 18 anos), que está com dívidas em atraso e, por consequência, com restrições no CPF que dificultam ainda mais o acesso ao crédito.

Contrariando a pro-paganda da recuperação econômica do governo federal, as estatísticas re-gistram que em setembro a inadimplência cresceu 3,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados refle-tem o brutal aumento do desemprego e subempre-go nos últimos anos, ao mesmo tempo em que os salários são arrochados e o governo ataca os direitos fundamentais da popula-ção, como a Previdência, e os trabalhistas. Segun-do números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 27,5 milhões de pessoas inicia-ram o segundo semestre do ano desempregadas ou subempregadas.

“O desemprego per-manece elevado e a renda não superou os patamares anteriores à crise, preju-dicando o orçamento e a capacidade de pagamento dos consumidores. Esse quadro deve só deve ser re-vertido com a melhora do mercado de trabalho”, ava-lia o presidente da CNDL José Cesar da Costa.

BANCOS

A agiotagem praticada pelos bancos e institui-ções financeiras através da cobrança de juros ab-surdos ainda é o principal fator para o endividamen-to da população. Segundo os dados do SPC, 52,7% das dívidas se refere à inadimplência com o car-tão de crédito, cheque especial ou empréstimos

bancários – modalidades de crédito para as quais os bancos praticam taxas de juros de, em média, 300% ao ano. As dívidas bancárias cresceram 8,5% na comparação com se-tembro de 2017.

Além da agiotagem do sistema bancário, viu-se um aumento impressio-nante da inadimplência com as contas básicas – representando agora 7,9% do total.

IDOSOSO arrocho no valor das

aposentadorias e o cres-cimento do desemprego refletem também em um aumento expressivo no número de idosos inadim-plentes, avançando 10% sobre o mesmo período do ano passado para 5,4 milhões de pessoas entre 65 e 84 anos.

Enquanto no índice geral a maior parte das dívidas é com o sistema bancário,entre os idosos as dificuldades de paga-mento se concentram nos serviços básicos, conside-rados de primeira neces-sidade.

Na avaliação de econo-mistas da Serasa Expe-rian, que no mês passado diagnosticaram em pes-quisa o avanço da inadim-plência de idosos, a reces-são fez crescer o número de famílias que passaram a depender predominan-temente da renda dos familiares aposentados e pensionistas por conta do elevado desemprego.

Além dos idosos esta-rem comprometendo os benefícios com o orça-mento familiar, em tem-pos de crise também cres-ceu a adesão ao famige-rado crédito consignado, que desconta o valor dos empréstimos direto da fonte comprometendo o orçamento para as contas de primeira necessidade.

De acordo com a Con-federação Brasileira dos Aposentados e Pensionis-tas (Cobap), desde o plano real, a falta de reajuste no valor das aposentadorias representou uma perda salarial de 85,83% nos benefícios.

J. AMARO

Entre os idosos, o aumento das dívidas foi de 10% em um ano

Líderes parlamentares reativam Frente contra reforma da Previdência

O candidato a ministro da Fazenda de Bolsonaro, Paulo Guedes, declarou que as privatizações ini-ciadas no governo Temer, principalmente as do setor elétrico “sejam agudiza-das”, “sejam mais fortes”.

“Na geração, há casos que sim (pode privati-zar) e há casos que não. Por exemplo, a geração eólica. Há muitos casos de geração privada forte. Estamos acostumados à geração pública, a casos clássicos, como Itaipu. O setor privado não vai com-prar Itaipu. Então nem se discute”, afirmou, antes de participar de um encontro do PSL, na casa do empre-sário Paulo Marinho, na zona sul do Rio de Janeiro.

Sobre uma possível discordância com o can-didato a presidência - que tenta esconder que defende a privatização das estatais, conforme seu próprio programa de

governo - Guedes disse que “ele (Bolsonaro) sabe o que eu acho e eu sei o que ele acha sobre a Eletrobras. Então, es-tamos conversando. Ele diz que quer manter a geração. Eu sou a favor das privatizações. Não falamos em geração. Só falamos em distribuido-ras. E eu sou a favor de vender todas as distri-buidoras”, disse Guedes.

“É natural que haja dúvidas quanto à exten-

são dessas reformas”. “Até que ponto ela vai, ela vem. Eu defendo que ela seja agudizada, que ela seja mais forte, porque acho que esses recursos são necessários nas áreas sociais”, disse ainda.

Os argumentos apre-sentados pelo econo-mista foram rebatidos pelo engenheiro Roberto Pereira D’Araujo, do Instituto Ilumina, em artigo que publicamos na íntegra abaixo.

A Frente Parlamentar Mista em Defe-sa da Previdência Social, que contou com 270 deputados e 23 senadores, de diversos os partidos, teve um papel determinante para evitar a votação da “reforma da previdência”.

Diante das ameaças do governo de colo-car o assunto para votação no Congresso após as eleições em curso, líderes da Fren-te articulam-se para reativá-la e conter essa nova ameaça contra a Previdência.

A ideia é repetir o sucesso alcançado contra a proposta de reforma na trami-tação da matéria em fevereiro, quando o governo Temer fez sua última tentativa de aprovar uma das versões da reforma.

A campanha do “Quem votar não volta” deve ser retomada, já de olho nas eleições municipais de 2020 e nas eleições gerais de 2022.

Em setembro passado, em viagem para os EUA, Temer manifestou sua intenção de colocar novamente o tema na pauta do Congresso, a partir de um acerto que o governo entenderia viável com o presi-dente eleito.

O plano de Bolsonaro propõe a criação de regime de capitalização com contas individuais para novos trabalhadores. Substituiria o modelo atual de repartição da Previdência, em que aposentadorias são pagas por todos os trabalhadores.

Com a queda na arrecadação de re-cursos, em razão dos optantes pela ca-pitalização, para manutenção dos atuais aposentados, seria criado um fundo, cujas fontes de recursos não foram identificadas.

Fernando Haddad, foca na criação de regimes próprios de Previdência princi-palmente dos estados. Aborda também a eliminação de “privilégios incompatíveis com a realidade previdenciária da maioria dos trabalhadores brasileiros”.

Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Previdência Social, o senador reeleito Paulo Paim (PT-RS) avaliou que a proposta de Bolsonaro será prejudicial aos trabalhadores. Afirmou, ainda, que esse modelo não deu certo nos países nos quais foi implantado, a exemplo do Chile, porque teria diminuído o valor das aposentadorias. “A previdência vira um investimento de risco”, avaliou.

Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fona-cate) reforça que “no Chile, o sistema está sendo modificado após ter provocado o sui-cídio de vários aposentados que estavam ganhando a metade da aposentadoria”.

Vide matéria do HP “Sem previdência pública, Chile tem suicídio recorde entre idosos com mais de 80 anos”.

No caso dos privilégios citados por Ha-ddad, Paim concordou com a proposta do programa do PT se for para casos isolados, como aposentadorias dos governadores após um mandato.

“Além disso, há anos o servidor pú-blico que quiser se aposentar com valor acima do INSS [R$ 5,5 mil] tem que pagar aposentadoria complementar”, acrescentou Paim.

O comérc io recuou 0,1% em suas vendas em setembro, segundo o Indi-cador Serasa Experian de Atividade do Comércio.

Segundo representan-tes da instituição, a alta do dólar abalou a con-fiança dos consumidores, diminuindo o fluxo do comércio varejista.

Excetuando-se o setor de materiais de constru-ção (alta de 1,3%), todos os outros segmentos va-rejistas exibiram recuos em setembro/18: super-mercados, hipermerca-dos, alimentos e bebidas (-0,1%); móveis, eletro-eletrônicos e informática (-1,1%); combustíveis e lubrificantes (-0,4%);

veículos, motos e peças (-0,1%); tecidos, vestuá-rio, calçados e acessórios (-1,1%).

De acordo com o le-vantamento do Serasa Experian, de janeiro a setembro do ano, o seg-mento de móveis, eletro-eletrônicos e informática cresceu 14,1% e o seg-mento de veículos, motos e peças cresceu 6,7%. To-dos os demais segmentos varejistas ainda registram quedas: supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (-2,7%); com-bustíveis e lubrificantes (-2,2%); tecidos, vestuá-rio, calçados e acessórios (-2,2%); material de cons-trução (-5,7%).

Ninguém é contra privati-zações por princípio. O estado não pode cuidar de tudo. Entretanto, particularmente no setor elétrico, quem acha que o estado “se meteu onde não devia”, desconhece com-pletamente a história.

A criação das estatais de energia foi decorrência da falta de interesse do setor privado em investir na escala necessária para industrializar a economia brasileira. Foi a partir das exigências feitas pelo capital estrangeiro sobre a paridade das tarifas com o preço do ouro que o Brasil foi obrigado a intervir pesada-mente no setor. Em 1933 se extinguiu a cláusula ouro e em 1939 se criou o Conselho Nacional de Águas e Energia subordinado à presidência da república. Em 1945 foi criada a CHESF e em 1957 se iniciou a obra da usina de Furnas no Rio Grande, MG.

A Eletrobras foi criada em 1962 dada a necessidade de coordenação que o sistema fí-sico brasileiro sempre exigiu. No ano seguinte foi criado o consórcio CANAMBRA (Bra-sil – Canadá) para se realizar o maior estudo de inventário dos rios brasileiros.

Considerando a criação da CHESF como o ponto de par-tida, o Brasil tinha apenas 1.342 MW de potência insta-lado. Considerando o ano de 2003 como o de perda de pro-tagonismo (*) da Eletrobras, chegamos a 83.000 MW, mais de 60 vezes a potência inicial. Quantos países conseguiram esse feito?

Isso é história. Mas, ana-lisando o que ocorreu depois, será que foi possível assistir um empreendedorismo se-melhante por parte do setor privado brasileiro?

No ano 2001 tivemos um racionamento recorde no planeta, devido muito mais à falta de investimento do que ao culpado preferido, S. Pedro. A consequência era óbvia, pois o Brasil anuncia-va ao mundo que ia vender todas suas usinas prontas e

faturando. Uma estratégia altamente arriscada, pois, além de superestimar o fluxo de capital, promovia uma verdadeira liquidação de ativos com evidente efeito sobre o preço desses ativos. Que capital não entende esse recado? Construir usinas? É melhor comprar prontas.

O quadro geral é ainda pior, pois, além das 26 em-presas do setor, vendemos toda a siderurgia, toda a telefonia, a petroquímica, a mineração, bancos e outras atividades com uma arre-cadação total de US$ 105 bilhões. A dívida pública que era de 32% do PIB no início do governo FHC salta para 74% ao final. A carga tribu-tária sobe de 30% para 37%. Essa trajetória é de difícil explicação e está ausente dos debates presidenciais.

A partir do governo Lula, os projetos do governo an-terior que falharam, foram revividos. O “mercado livre” foi efetivamente implantado a partir de 2003 com sub-sídios explícitos e oclusos, uma vez que a Eletrobrás foi descontratada e obrigada a gerar energia recebendo ninharias liquidadas nesse mercado. Evidentemente, com uma tarifa do mercado regulado cada vez mais cara, o mercado livre explodiu. Hoje representa 30% do con-sumo brasileiro.

Apesar dessa proporção, quantas usinas foram cons-truídas para atender esse ni-cho? Praticamente nenhuma, pois por óbvios defeitos do modelo, o ambiente incenti-vou contratos de curto prazo altamente especulativos. Fo-ram 10 anos de preços muito mais baratos do que o resto dos consumidores.

Mais uma vez a falta de empreendedorismo do setor privado fica evidente. E o que faz o governo? Realiza uma privatização oclusa por dentro das estatais através das SPEs (Sociedades de Propósito Específico) onde as empresas do grupo Eletrobrás

são minoritárias, mas supor-tam os projetos administrati-vamente. Por exemplo, quem examinar o organograma de FURNAS verá que apenas uma minoria são ativos da empresa. A maior parte são projetos privados e outros retornaram à união sob a absurda MP 579 que reduziu tarifas artificialmente isen-tando as outras razões do en-carecimento e praticamente falindo a Eletrobrás.

Recentemente, vimos exa-tamente a mesma receita sen-do aplicada nas distribuidoras que “sobraram” da liquidação da década de 90 e que caíram no “colo” da Eletrobrás. As empresas são vendidas sem nenhuma consideração sobre os investimentos recentes fei-tos pela estatal. É a mesma ló-gica. Para que investir numa subestação se vou comprar várias novas e funcionando? Para que construir linhas de transmissão se o dono do maior sistema de transmis-são do planeta preparou sua “falência” e vai liquidar tudo?

Informamos ao futuro ministro da fazenda que as privatizações para serem atraentes, implicarão em aumentos de tarifa, o que exigirá mais subsídios à “área social”.

Portanto, a questão não se limita a privatizar ou não. O problema é reconhecer que o país não sabe privatizar em benefício da sociedade e, apesar dos quase 30 anos de existência desse paradigma, não entendeu o que é ter um estado regulador.

(*) Por incrível que pa-reça, o ano de 2003, início do governo Lula, é o marco inicial da decadência progra-mada da Eletrobrás. Dessa data em diante a empresa foi usada para “disfarçar” a falta de interesse do setor privado em investir. Isso tudo considerando empréstimos subsidiados do BNDES, par-cerias minoritárias da estatal e redução tarifária sem inco-modar o setor privado.

Guru de Bolsonaro diz que plano é continuar com privatizações de Temer no setor elétrico

Vendas no comércio recuam em setembro, aponta Serasa

Audiência realizada no Senado

PRISCILA CASALE

Roberto Pereira D’Araujo (Instituto Ilumina)

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3POLÍTICA/ECONOMIA17 E 18 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Guru de Bolsonaro: golpes nos fundos de pensão e trapaças

Ministério Público Federal em Brasíliao investiga por fraude de R$ 1 bilhãoApós forçar a barra por

apoio, Dória só recebe ‘boa sorte’ de Bolsonaro

Guedes é apontado por Bolsonaro como seu ministro, se for eleito

Reprodução/InstagramIda ao Rio na sexta-feira foi um fiasco

Candidato do PSL a governador de Sergipe recebe ameaças de morte por não apoiar Bolsonaro

Requião propõe que Haddad dobre valor do salário mínimo

Divulgação/Facebook

Jair Bolsonaro desejou boa sorte a João Doria, disse que ele é anti-PT, que Márcio França teria apoio velado do PT, mas rea-firmou que a orientação geral é manter a posição de neutralidade nos estados. “Vamos apoiar apenas os candidatos do partido (PSL) que estiverem no segundo turno”, afirmou, no sábado (13). Ele disse que não havia combinado, e não sabe quem combinou, o en-contro frustrado do dia anterior com Doria.

Procurado, Márcio França, que está em campanha pelo interior de São Paulo, informou que não recebe apoio do PT, “ofi-cialmente pelo menos”. “Eu sei que muitos deles podem até votar em mim. A verdade é que ninguém fica com o Doria. Ele traiu o Geraldo Alckmin, traiu os amigos dele, não tem ninguém praticamente apoiando ele. Eu tive apoio de Skaf e do Major Olímpio, que foi o senador do Bolsonaro. Eu não te-nho nenhum tipo de ódio a nenhum tipo de partido e nenhum tipo de pessoa. Todos que quiserem me apoiar, é claro que eu aceito”, afirmou o governador.

Na sexta-feira, 12, sabendo que Bolsonaro estaria na residência do empresário Paulo Marinho, no Rio de Janeiro, gravando pro-gramas para o horário eleitoral, o ex-prefeito João Doria decidiu dar uma de penetra e despencou para lá. Objetivo: apertar Bolso-naro para extrair dele um vídeo de apoio a sua candidatura ao governo de São Paulo.

Na quarta-feira, 10, o Major Olímpio, senador eleito pelo partido de Bolsonaro em SP, com 8,58 milhões de votos, declarou à rádio Cruzeiro FM que “no segundo turno, voto em Márcio França e não em João Doria e no PSDB”. Disse também na Folha de S. Paulo que “não há a menor possibilidade de Bolsonaro apoiar Doria nesta eleição”.

Em vídeo divulgado no final do primeiro turno, o Major já havia dito que “quem vota no Bolsonaro não vota no PSDB e nem no João Doria. Me causa indignação ver o candidato João Doria propondo e divulgando o voto bolsodoria”.

Quando o presidente do PSL chegou ao local, na zona sul do Rio de Janeiro, Doria estava lá plantado, esperando. Gustavo Be-bianno estranhou e declarou aos jornalistas: “Da nossa parte não foi agendado nada com o Jair [Bolsonaro], não haverá esse encontro”.

Nem assim o cara de pau arredou pé. Du-rante todo dia a equipe da produtora que faria o vídeo aguardou, mas o capitão não apareceu.

Informado de que Doria o aguardava para constrangê-lo, Bolsonaro se recusou a falar com ele.

O candidato ao gover-no de Sergipe Eduardo Cassini (PSL) denun-ciou que ele e sua família estão sendo ameaçados de morte porque decidiu apoiar o presidenciável Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. Cassini afirma que tem recebido telefonemas com ameaças de morte desde que anunciou apoio a Belivaldo [Cha-gas] e Haddad. Na tar-de da sexta-feira (12), ele prestou queixa na Polícia Civil.

Em nota, Cassini lamentou as ameaças e disse que, numa de-mocracia, discordâncias são debatidas, compre-endidas e resolvidas de forma política, não em forma de violência. Disse ainda que se sente “acuado e intimidado”

e que teme por sua vida e de seus familiares. “Peço aos que acredita-ram em mim e me viram como um homem sério, honesto, digno, que en-tendam minhas razões e que não semeiem o ódio, pois ele pode nos destruir”, afirmou.

Ele informou tam-bém que apoiará o go-vernador de Sergipe e candidato à reelei-ção Belivaldo Chagas (PSD), que disputa o segundo turno con-tra Valadares Filho (PSB).“Na minha vi-são, ele faz um gover-no muito bom. Como gestor que eu sou, não poderia ser incoeren-te”, afirmou Cassini, que não quis falar so-bre o apoio a Haddad. No primeiro turno, ele pediu votos para Jair Bolsonaro (PSL).

Márcio França sobre Dória: ‘SP não aceita quem mente, quem trai e não cumpre compromissos’

Governador paulista Márcio França (PSB)

Para Ciro, Jair Bolsonaro é uma “grave ameaça e uma promessa de crise certa”

PDT anuncia apoio a Márcio França em SP

Para o candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB), “ninguém quer apoiar o Dória. Por isso é um candidato gangorra, ele entra de um lado e a pes-soa levanta do outro”.

Em seu programa eleitoral na TV, Márcio disse que “São Paulo não aceita quem mente, quem não cumpre seus compromissos, quem trai seus amigos por conveniência e quem coloca suas ambições acima de tudo”, fazen-do alusão ao abandono da prefeitura por parte de Dória.

Especialmente para o dia do professor, dia 15 de outubro, França elaborou uma propa-ganda eleitoral que expõe seus planos para a educação. Entre as prioridades está ze-

rar as filas por cre-ches, terminando as 309 obras que estão sendo executadas e construindo mil novas por todo o estado. Além disso, o candidato do PSB afirma que irá valorizar o salário dos professores da rede es-tadual e modernizar a estrutura das escolas.

Enquanto Márcio re-

cebe apoio de diversos partidos e candidatos que disputaram o pri-meiro turno, Dória so-mente fica mais isolado.

Isso se dá, de acordo com França, porque Dória não tem palavra. “O Dória traiu ao Ge-raldo Alckmin, traiu os amigos dele, não tem praticamente ninguém apoiando ele”, disse.

Alex Silva/Estadão

O PDT fechou o apoio à reeleição de Márcio França (PSB) ao governo paulista. A sigla, que teve Ciro Gomes como candidato ao Palácio do Planalto e ao governo do Estado o ex-prefeito de Suzano, Marcelo Candido, for-malizou a aliança na segunda-feira (15), com a presença do presiden-

te nacional da sigla, Carlos Lupi.

O apoio marca uma reaproximação entre os dois partidos, que qua-se fecharam uma chapa em agosto. “Éramos para estar juntos no primeiro turno”, disse Lupi. À época, a coli-gação foi inviabilizada pela posição nacional do PSB de neutralida-

de, em detrimento da composição com o PDT na corrida do Planalto.

Com o PDT, Fran-ça conquistou mais um apoio na disputa ao Palácio dos Ban-deirantes. Na semana passada, Paulo Skaf (MDB) e Major Costa e Silva (DC) já tinham anunciado o apoio à reeleição dele.

Terceiro mais bem votado para presidente, Ciro Gomes (PDT) pos-tou em suas redes sociais um vídeo no qual diz que Bolsonaro “é promessa de crise certa”.

No vídeo postado, Ciro afirma que a pos-

sibilidade de vitória de Bolsonaro é uma “grave ameaça. Uma ameaça pelo extremismo”.

Segundo Ciro, “como todo fascista, ele [Bolso-naro] tem muita dificul-dade de lidar com o an-tagonismo, com a crítica.

Portanto, é a promessa certa de uma crise, de rupturas. E sabe-se lá pra que caminho vai”.

Seu partido, o PDT, declarou apoio crítico à candidatura de Ha-ddad (PT). Leia mais em www.horadopovo.org.

TV: marketing e encenações de BolsonaroEm seu horário eleitoral

de segunda-feira, o candi-dato Bolsonaro proclamou--se um bastião da verdade, condenando candidatos que têm como lema “a mentira acima de tudo”.

Com isso, evidentemen-te, procura capitalizar o sentimento de repúdio do povo pelo estelionato elei-toral – e pelos mentirosos que, pegos em flagrante em atividades ilícitas, ju-ram que são inocentes e que tudo é perseguição.

O problema é que, nes-se aspecto, Bolsonaro não é diferente desses outros candidatos. A começar pelo iluminado econômico que escolheu, um escroque, aquele tipo de golpista na praça, que consegue criar ojeriza até em um meio – como o chamado “mercado financeiro” - onde a pro-bidade não é uma virtude fácil de encontrar, para dizer o mínimo.

Mas não é só isso.A cena, no programa

eleitoral de sexta-feira e sábado, em que Bolso-naro subitamente para de falar - por um tempo que parece longo, apesar do horário eleitoral de cinco minutos - e, em seguida, verte algumas lágrimas para contar que desfez a sua vasectomia somente para conceber sua filha mais nova (que,

segundo o narrador, “é o seu xodó”), não é, ao contrário do que disseram alguns, principalmente ridícula.

O problema da cena é que ela é falsa, de cabo a rabo, apenas uma monta-gem de marketing eleitoral no estilo que Goebbels – que não era um marketei-ro sutil, mas não era burro -, provavelmente, faria.

Repare o leitor que não estamos questionando os sentimentos de Bolsonaro em relação à sua filha. Nem tocaríamos no assun-to, se ele não a tivesse ex-posto no primeiro horário eleitoral do segundo turno.

Mas a cena foi toda montada somente para que Bolsonaro contes-tasse a sua própria de-claração sobre os filhos, na Hebraica do Rio de Janeiro, em abril do ano passado:

“Foram quatro ho-mens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher.”

A candidatura de Bol-sonaro tem essa caracte-rística: seu marketing é sempre uma contestação de si próprio.

O estelionato, aqui, encontra-se já na campa-nha eleitoral.

O que isso mostra?O contrário do que ele

disse no horário eleitoral

de segunda-feira: do ponto de vista moral, Bolsonaro é mais um candidato que não vê problemas, nem sente pruridos, em mentir para o povo, em montar encenações, em fazer pan-tominas para ser eleito.

Nesse quesito, ele não vê limites nem em sua vida privada, se achar que esta – ou a encenação desta – lhe traz alguma vantagem, verdadeira ou suposta, na vida pública.

Assim, haja montagem sobre o sacrifício supremo de desfazer sua vasecto-mia (convenhamos, se a maioria dos homens tem medo de fazer uma vasectomia, imagine-se só de desfazer uma va-sectomia) para ter uma filha, depois de declará-la, publicamente, “uma fra-quejada” - e apenas pelo fato de ser mulher.

Ou para garantir que se trata de um democrata desde criancinha (apesar de todas as suas declara-ções a favor da ditadura).

Ou para dizer que se trata de um nacionalista que defende as “estatais estratégicas” (as mesmas que seu pajé econômico disse que seriam todas privatizadas, se Bolsona-ro vencesse).

Continue lendo em www.horadopovo.org.br

C. L.

O senador Roberto Requião (PMDB) afir-mou no sábado (13), ao blog do Esmael, do Paraná, que vai propor a Fernando Haddad (PT) que ele dobre o va-lor do salário mínimo. Para Requião, Haddad tem que propor uma política desenvolvimen-tista clara para gerar emprego e renda aos brasileiros. “Dobrar o valor do salário mínimo e estimular a economia, a exemplo do New Deal (Novo Acordo) nos Es-tados Unidos na década de 30”, exemplificou. Ele antecipou ao blog a ideia que será divulga-da através de um vídeo em suas redes sociais.

Pela proposta, que com certeza deveria ter estado mais presente nos debates do primeiro

turno, Requião quer que Haddad se compro-meta a elevar o mínimo para R$ 2.000,00 (dois mil reais). O salário mínimo nacional valerá R$ 1.006,00 a partir de 1º de janeiro de 2019.

A proposta de va-lorização do salário mínimo foi defendida enfaticamente por João Goulart Filho (PPL) em sua campanha pre-sidencial. Para Goulart, essa é uma necessida-de urgente para que o país possa reativar sua economia. “Não há como tirar o país da crise, sem enfrentar a desigualdade social, a brutal concentração de renda e sem ampliar o mercado interno”, disse.

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As investigações do Mi-nistério Público sobre as atividades de Paulo Guedes, que causaram

prejuízos aos fundos de pensão dos trabalhadores das estatais federais, lançam uma luz, tam-bém, sobre os porões da campa-nha de Bolsonaro (v. Os negócios do corrupto guru econômico de Bolsonaro).

Resumidamente, Guedes mon-tou vários esquemas, todos depen-dentes de golpes nos fundos de pensão das estatais ou no BNDES.

Em conexão com os corrup-tos nomeados para presidir esses fundos dos funcionários de estatais, Guedes foi um dos arrombadores dos cofres públi-cos – ou sob controle público.

Na matéria que acima ci-tamos, onde transcrevemos o primeiro relatório do Ministério Público, apenas nos referimos ao golpe através de um dos fundos de investimento em participações (FIPs) de Guedes.

Mas é óbvio que Guedes não conseguiria formar esses fundos (FIP) sem a corrupção de fun-cionários – somente dois desses fundos de Guedes reuniram R$ 1 bilhão, provenientes do Previ (BB), do Petros (Petrobrás), do Funcef (Caixa Econômica), do Postalis (Correios), do Infraprev (Infraero) e do FIPECQ (fundo dos trabalhadores do FINEP, IPEA, CNPQ, INPE e INPA).

[V. a íntegra do relatório do Ministério Público. V., também, os documentos que acompanham a investigação.]

Assim, o suposto sucesso de Guedes no “mercado financei-ro” foi devido a dinheiro público – ou sob controle público – des-viado via corrupção.

Há semanas, tínhamos pu-blicado outro golpe de Guedes – daquela vez em cima do fundo dos funcionários do BNDES (Fapes) – originalmente descrito por reportagem da revista Cru-soé (v. “Posto Ipiranga” arrombou fundo dos funcionários do BNDES).

E ainda não falamos do golpe de Guedes no fundo dos fun-cionários da Caixa Econômica (Funcef), em que outro FIP do conselheiro de Bolsonaro provo-cou “perda total” devido a um dinheiro aplicado numa empre-sa de nome Enesa Participações.

Segundo o relatório da Fun-cef, houve “pagamento de divi-dendos incompatível com seus lucros, uso de empresas de fachada para justificar o enqua-dramento da Enesa como uma holding e pagamento de ágio acima do normal”. Segundo a Funcef, “a Enesa Participações pode ter sido criada apenas para receber os aportes do FIP administrado pela empresa de Guedes e financiado com dinhei-ro dos fundos de pensão”.

Esse é o sujeito que Bolsona-ro quer colocar, se eleito for, no “Ministério da Economia”.

Mas a escolha de Bolsonaro por Guedes revela mais sobre quem é Bolsonaro do que sobre Guedes – que há muito é um escroque notório.

MENOS A VERDADENa tentativa de chegar à Pre-

sidência, Bolsonaro é capaz de dizer qualquer coisa para fugir do que realmente importa: que sua proposta é a instalação de uma ditadura – e não estamos discutindo, aqui, as suas chan-ces de chegar a esse intento. Estamos afirmando que seu objetivo é esse, porque, aliás, é óbvio – e nem se pode falar que é uma restauração da ditadura de 33 anos atrás.

Na situação atual do Brasil, e com Bolsonaro e outros cabeças de bagre, seria algo muito mais degenerado, mais antinacional, mais antipopular – e, portanto, mais antidemocrático e mais estú-pido – que a antiga ditadura que o candidato do PSL tanto incensou.

Alguém falou para Tancredo Neves, após o golpe de Estado de 1964, que ele deveria votar em Castelo Branco, na eleição indireta para presidente, por-que Castelo era um homem que lera muitos livros. Tancredo respondeu: “é, mas ele leu os

livros errados” - e não votou em Castelo.

Tancredo estava essencial-mente certo. Entretanto, ape-sar de seu entreguismo – ele entregou a economia a Roberto Campos e Octávio Gouveia de Bulhões, o que era quase a mesma coisa que entregá-la ao Departamento do Tesouro dos EUA - Castelo lia Anatole France e ia até o Teatro Ofici-na para assistir “Os Inimigos”, de Máximo Gorky.

Comparado a Bolsonaro, Castelo era um sujeito civiliza-do – apesar de que não foram poucas as desgraças que arrai-gou sobre o país. Alguém pode imaginar Bolsonaro assistindo uma peça de Gorky?

Porém, como aqueles que tomaram o poder em 1964, contra o presidente eleito e constitucional – João Belchior Marques Goulart -, a retóri-ca de Bolsonaro é a da luta contra a corrupção e contra a subversão (Bolsonaro não se atreve a usar essa palavra tão queimada, daí o uso de “comunismo” e “comunista”, sem nenhuma relação com a realidade – chamar um egresso do peleguismo da própria dita-dura, como Lula, de comunis-ta, é coisa que, provavelmente, não ocorreria nem ao falecido Pena Boto, que considerava o general Charles De Gaulle um “criptocomunista”).

Porém, se é delirante – isto é, demagógico, apenas para consumo dos imbecis – o uso da palavra “comunista”, a verdade é que, diferente de 1964, existe um esgoto de corrupção em que está imersa a maior parte da oligarquia política do país.

Esse é o elemento real que Bolsonaro usa em sua arenga ditatorial – agora disfarçada, pois sabe que a maioria do povo é contra uma ditadura, pela simples razão de que seria uma ditadura contra o povo.

A ditadura de 1964 acabou em um poço de corrupção – dis-se o historiador José Honório Rodrigues, que pode ser acusa-do de muita coisa, de liberal a flamenguista doente, mas não de comunista, que essa ditadu-ra foi o mais corrupto regime existente no Brasil até então (José Honório escreveu isso um ano antes da ditadura ser der-rubada, quando ela completava duas décadas).

Não são as ditaduras que acabam com a corrupção – pelo contrário, elas servem para aba-far as denúncias dos atos de cor-rupção e proteger os corruptos.

A ditadura vasculhou as ações do governo João Goulart – teve 21 anos para isso. E, apesar de mais de duas déca-das, não encontrou nenhum esquema de corrupção.

Quanto a ela própria, como disse um dos presidentes dessa época, Ernesto Geisel, “o pro-blema da corrupção subsiste até hoje. (...) Foi uma luta pratica-mente inócua” (cf. o depoimento de Geisel ao CPDOC/FGV).

Não apenas foi inócua. Se-gundo vários depoimentos de militares ilustres – por exemplo, o coronel Dickson Grael – a dita-dura fez aumentar a corrupção.

Bolsonaro, que não foi elei-to, escolheu logo um corrupto para mandar nele mesmo – a afirmação do candidato é que Guedes mandará nos assuntos econômicos, porque ele mesmo não entende nada do assunto.

Não nos deteremos na ques-tão de que alguém que não entende nada de economia não deveria ser candidato a presi-dente, pois esse é o assunto principal de um presidente da República.

Mais importante é que Bol-sonaro está dizendo que, se eleito, será um fantoche de Guedes, tal como ele acusa Haddad de que, se eleito, será um fantoche de Lula.

Um bolsonarista poderia dizer que a diferença é que Guedes está solto, enquanto Lula está preso.

É verdade. Mas por enquan-to, por enquanto... C.L.

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4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 17 E 18 DE OUTUBRO DE 2018

Iê Viva mestre Moa, cama-rá!” Com esta saudação, na tradicional roda de capoei-ra da Praça da República,

em São Paulo, teve início, no domingo, o ato em homenagem ao mestre Moa do Katendê, assassinado na madrugada de segunda-feira (8), no Dique do Tororó, em Salvador.

Antigos mestres de capoeira, artistas da cultura popular, do teatro e integrantes do grupo Afoxé Omo Oya iniciaram o ato e foram acompanhados por uma multidão com palmas e canto em memória de Mestre Moa.

Fomentador da capoeira, fundador do Afoxé Badauê, estudioso e defensor da cultura africana e sua influência na cultura brasileira, o Mestre foi morto com 12 facadas nas costas após discordar de um bolsona-rista durante uma discussão, causando revolta e comoção em todo o país.

Ainda na concentração do ato, com o estandarte do Afoxé Omo Oya em mãos, a líder Zélia fez uma saudação ao Mestre e abriu o cotejo que seguiu pelo entorno da Praça ao som dos berimbaus, pandeiros e agogôs e xequerês. Os integrantes do Bloco Pimentas do Reino se integraram ao cortejo também com seu estandarte.

“Olha aí quem chegou/ É o mestre tocando Agogô/ Moa irradia energia/ pra enfrentar essa covardia”, era uma das músicas entoada pelos mani-festantes.

Durante a caminhada, tam-bém foram lidos poemas e ma-nifestos denunciando a barbárie do assassinato. Alessandro Campos leu um manifesto do

Centro de Capoeira Angola Angoleiro em conjunto com os terreiros Inzo Roce Mokunbo e Roça do Pai Araponga, desta-cando que Moa foi assassinado por “defender uma visão de mundo a favor da democracia e respeito à diversidade”.

Alessandro acrescentou que “mestre Moa do Katendê era um militante da causa dos menos favorecidos e das mani-festações afro-brasileiras”. E concluiu: “Seguiremos na luta pela defesa destes valores, por meio da força de suas canções e da energia emanada por sua alma. Seu legado será incansa-velmente defendido por cada um de nós”.

PLACADurante o ato, uma das

homenagens realizadas pelos presentes foi a da inauguração de uma placa em memória de Moa do Katendê. Os manifes-tantes substituíram uma placa de sinalização pela inscrição do Mestre Moa. Ao seu lado, tam-bém foi adicionada uma placa em homenagem à vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Fran-co, que foi executada este ano.

Em São Paulo, foi da Casa Mestre Ananias que partiu uma das primeiras manifestações de alerta contra a intolerância que tirou a vida de Moa: “Então… o fascismo é o ódio que cria mito… é o conjunto de ideias autori-tárias e intolerantes que não permitem a voz dos diferentes, sempre em busca de uma supos-ta “salvação” do país. É dizer que aqueles diferentes (no caso os menos favorecidos nas castas sociais), devam se adequar ou desaparecer (assim como fize-ram com nosso Mestre Moa)”.

Em nota de repúdio, a organização judaica B’nai B’rith (Filhos da Aliança) do Brasil, publicada no dia 11, denuncia os atos de agressão e crueldade que estão acontecendo em uma “inadmissível a onda de intolerância que o país vivencia nestes últimos dias”.

Lembrando o assassinato do capoeiris-ta Moa do Katendê, com 12 facadas, no dia 7, destaca a B’nai Brith que “cada vez mais tem-se notícia de mortes e ataques covardes motivados, muitas vezes, por convicções políticas”.

O documento, assinado pelo presidente da entidade judaica, Abraham Goldstein, destaca em outro trecho que, “na segun-da-feira, 8 de outubro, em Porto Alegre, uma jovem foi marcada, após uma troca de xingamentos, com uma suástica feita a canivete por três homens. O motivo alegado é que carregava uma mochila com um adesivo da bandeira LGBT em que estava escrito ‘Ele Não’. A jovem de 19 anos prestou depoimento na Policia Civil na tarde de quarta-feira (10/10), e optou por não dar prosseguimento ao caso, por estar com medo, de acordo com sua advogada”.

Lembra ainda a B’nai Brith que esta é uma “Nação composta por uma magistral complexidade social, étnica, religiosa e polí-tica”, cuja integridade deve ser preservada.

“Passados 73 anos do fim da Segunda Guerra Mundial não se pode deixar o discurso de ódio se sobrepor ao respeito ao ser humano”, completa o documento.

O general Aléssio Ribeiro Souto, considerado o cérebro de Bolsonaro para as questões educacionais, científicas e tecnológicas defendeu em entrevista para o Jornal O Estado de S. Paulo, a instituição do ensino do “criacionismo” nas escolas brasileiras. Ele é cotado a assumir o Ministério da Educação, caso o candidato vença a eleição.

Para Aléssio, o criacionismo, crença religiosa de que os seres humanos, a Terra e o universo são a criação de um agente sobrenatural, deve ser tratado da mesma forma que a Teoria da Evolução, de Charles Darwin.

“Cabe citar o criacionismo, o darwi-nismo, mas não cabe querer tratar que criacionismo não existe”, disse.

“A questão toda é que muito da es-cola na atualidade está voltada para a orientação ideológica, tenta convencer de aspectos políticos e até religiosos. Houve Darwin? Houve, temos de conhecê-lo. Não é para concordar, tem de saber que existiu”, diz o general.

Ainda, durante a entrevista, o general afirmou que a política de cotas raciais serve para tampar os problemas e de-fende a meritocracia para o ingresso dos jovens na educação superior.

Organização judaica B’nai B’rith condena a onda de

intolerância no Brasil

General ministeriável de Bolsonaro quer aplicar o ‘criacionismo’ nas escolas

Capoeiristas ocupam República em homenagem ao Mestre Moa

Homenagens ao mestre Moa percorreram o país

Praça recebe tradicional roda de capoeira do centro de São Paulo. Milhares repudiaram o covarde assassinato

Na Bahia, os berimbaus ressoaram acordes de luto e sau-dade no Largo do Pelourinho, quando mais de 200 pessoas se reuniram para homenagear o mestre Moa do Katendê. Na roda de capoeira ao som das cantigas da cultura afro--brasileira gingaram discursos de resistência por parte de parentes, amigos e admirado-res do capoeirista e compositor de 63 anos, figura importante na cultura da Bahia. Em coro, o grupo clamou por paz e re-pudiou o ódio e a intolerância dos quais oi Mestre Moa foi vítima. Os presentes na roda alternavam com gritos de “Moa, presente!” e salvas de palmas. No sábado, familiares e amigos do Mestre participaram da mis-sa de sétimo dia. A cerimônia aconteceu na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo do Pelourinho, no Cen-tro Histórico de Salvador. Outra missa será realizada no local na próxima terça-feira (16), às 18h.

Amigo de Moa, Antônio Car-los dos Santos, o Vovô do Ilê, presidente e fundador do bloco Ilê Ayê, afirmou que o assassi-nato de Moa é uma espécie de alerta. “Um rapaz bom, de paz, de amor, de resistência. Acima de tudo, uma pessoa íntegra. Não podemos parar de lutar contra a apologia ao ódio. Eu espero que o povo negro fique ligado, qualquer um de nós pode ser o próximo, pois somos sempre o alvo principal”, pon-tuou Vovô.

Um dos quatro filhos do Mestre, Raniere Santos da Costa, 38, capoeirista como Moa lembrou da representatividade do pai no meio cultural. “Meu pai foi referência de muita coi-sa, não só pra mim. Na cultura negra, ele representou muito e esse ato não é só por ele, por mim e pela nossa família, mas para cada negro, cada pessoa que vem do gueto e que está na nossa pele, todos os dias”, disse Raniere, que compõe o grupo Pantu de Capoeira Angola, pre-sente na homenagem.

Antigos mestres de capoeira e artistas da cultura popular iniciaram o ato e foram acompanhados por uma multidão com palmas e cantos

Hertz O

liveira

MINASA Praça Sete de Belo Hori-

zonte virou palco, na quinta (11), de uma bonita homena-gem a Mestre Moa. Diversos berimbaus dividiram lugar com falas e cartazes: “parem de nos matar” e “Quanto vale a vida de um preto pra você?”.

Em Juiz de Fora (MG) também aconteceu ato em homenagem e repúdio a morte do Mestre, no Parque Halfeld, região Central da cidade. O evento começou pela manhã e contou com uma roda de capoeira e apresentações cul-turais em frente a Câmara Municipal. Logo após os ma-nifestantes seguiram em um cortejo pelas ruas.

RIO GRANDE DO SULEm Porto Alegre (RS) diver-

sos capoeiras se reuniram para homenagear Moa. Os capoeiras se reuniram no Largo Zumbi dos Palmares e caminharam ao som do toque do Berimbau pelas ruas da Cidade Baixa, região reduto de manifestações culturais na capital gaúcha.

PARAIBA Ato em homenagem ao Mes-

tre Môa de Katendê aconteceu também no Parque Solon de Lucena, em João Pessoa. A manifestação foi convocada por grupos de Cultura Popular da Paraíba, como símbolo da luta contra todas as opressões. O ato contou com apresentações de coco, ciranda, maracatu, hip hop, cavalo marinho e partici-pação de movimentos sociais e culturais.

Dezenas de milhares de pes-soas foram às ruas do centro de Berlim neste sábado protestar contra a extrema direita, o racismo e a favor de uma socie-dade mais tolerante. Durante a manifestação foi realizado um ato de capoeiristas em homenagem ao Mestre Moa do Katendê. Em redes sociais, bra-sileiros convocaram alemães e conterrâneos para se juntarem à passeata em protesto pela “democracia no Brasil”. (ver matéria na página 7)

“Rollemberg está dando errado há muito tempo”, critica Ibaneis

Durante campanha para o governo do Dis-trito Federal, em Riacho Fundo 1, realizada nesta segunda-feira (15), o candidato Ibaneis Ro-cha (MDB) respondeu a declaração de seu adver-sário Rodrigo Rollem-berg (PSB), que pediu aos eleitores que não trocassem “o certo pelo duvidoso”.

“Ele (Rollemberg) foi infeliz. O certo, que seria ele, está dando errado há muito tempo”, res-pondeu. “O primeiro turno mostrou isso para ele e as pesquisas in-dicam a mesma coisa. Não se pode falar em dúvida com relação a uma pessoa experiente como eu. Trabalho des-de os 11 anos, vim de origem humilde, cresci na vida trabalhando e es-tudando. São 25 anos de advocacia consolidados, fui presidente da OAB e sou diretor do Conselho Federal da Ordem”, res-saltou.

Buscando formar uma

grande frente no segun-do turno, o candidato do MDB ao Palácio do Buriti, visitou o senador Cris-tovam Buarque (PPS) nesta quinta-feira (11). O encontro foi na casa do ex-governador do DF, na Asa Norte. Um dia antes, na quarta-feira (10), o PPS fechou apoio a Ibaneis.

Cristovam apresentou ao advogado projetos de sua gestão à frente do Go-verno do DF que gostaria de ver retomados, como a Mala do Livro, Poupança Escola, Temporadas Po-

pulares, BRB Trabalho, Bolsa Alfa e Saúde em Casa.

“Ibaneis é um bom nome. Fiquei de visitá--lo na próxima semana. Quem sabe teremos no-vidades”, disse.

Nas eleições de 2014, Cristovam integrou a coligação que elegeu Ro-drigo Rollemberg (PSB). Porém, após alguns me-ses após a posse, rompeu com o governador por não concordar com algu-mas medidas adotadas por ele.

Entidade condenou morte de capoeirista

Candidato ao governo diz que “não há falcatrua“

Ato em repúdio ao assassinato do mestre

Ato na Praça Sete, no centro de Belo Horizonte. “Parem de nos matar”, disseram os presentes

Trata-se de uma “orientação ideológica”

O candidato Wilson Wit-zel (PSC), que disputa o se-gundo turno na eleição para governador do Rio, aparece em vídeo recentemente divulgado, explicando a en-genharia utilizada, quando ainda trabalhava na Justiça Federal, para incorporar uma gratificação irregular de R$ 4 mil ao mês em seu salário. “Expulsei o juiz substituto da minha Vara”, disse o ex-juiz à platéia.

No vídeo, revelado pelo jornal ‘O Globo’ neste sába-do (13), o candidato conta a “engenharia” para receber mais R$ 4 mil todo mês. O benefício passa pelo acúmu-lo de função dos juízes em varas em que não há juiz substituto.

“Os juízes hoje estão recebendo auxílio-moradia, auxílio-alimentação e a gra-tificação de acúmulo, que eu sei que na Justiça do Tra-balho é muito mais difícil de receber. Mas na Justiça Federal praticamente todos os juízes recebem a gratifica-

Neste domingo (14), milhares de pessoas sa-íram às ruas para parti-cipar do ato “Mil placas para Marielle”, no Centro do Rio de Janeiro. A mor-te da vereadora e de seu motorista Anderson Go-mes completou sete meses neste domingo e ainda não há respostas pelo crime cometido.

O ato surgiu nas re-des sociais depois que uma placa com o nome da vereadora foi retirada e quebrada pelos candidatos a deputado federal Daniel Silveira e a estadual Ro-drigo Amorim, ambos do

No Rio, W. Witzel se orgulha de maracutaia para receber adicional

Ativistas distribuem mil placas para Marielle

ção de acúmulo que é de R$ 4 mil. Eu recebo. Expulsei o juiz substituto da minha Vara. Falei: ‘negão, ou você vai ficar um ano fora ou vou te expulsar da Vara’. Brincadeira, adoro meu juiz substituto, mas se ele ficar eu não recebo. E aí a gente fez uma engenharia. Todo mês, 15 dias do mês o juiz substituto sai da Vara”, afirma Witzel no vídeo.

Witzel afirmou, no do-mingo (14), que não vê qual-quer ilegalidade ou imora-lidade nas declarações que fez em uma palestra a juízes

PSL em um ato pró Bolso-naro no Rio de Janeiro.

Com a iniciativa do site de humor Sensacionalista, que criou uma campanha de financiamento coletivo a fim de arrecadar 2 mil reais para confeccionar 100 placas em homenagem a Marielle.

A meta foi atingida em 20 minutos, onde mais de 42 mil reais tinham sido arreca-dados, com doações realiza-das por quase 1.700 pessoas. Foram confeccionadas mil placas. Segundo os organiza-dores, o valor excedente será doado para causas apoiadas por Marielle.

federais na qual ensina a tramóia para obter a gra-tificação. “O que foi falado é feito legalmente. Aquilo que está na lei é moral. Aquilo que não está na lei é que é imoral”, disse Witzel, durante um corpo a corpo em uma feira livre na Praça do Ó, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

“Todos os juízes que recebem gratificação, re-cebem por força de lei. Não há qualquer arbitrarieda-de, nenhuma falcatrua, como maldosamente foi colocado”, disse.

Em frente à Câmara dos Vereadores, os organizado-res distribuíram aos mani-festantes mil novas placas com o nome da vereadora, que imitam sinalizações oficiais com nome de rua, mas são simbólicas, no mes-mo bairro onde uma dessas placas foi destruída.

Ainda, segundo orienta-ções, cada pessoa tinha di-reito a retirar um exemplar, e aqueles que o receberam foram orientados a deixar o local com a placa escondida dentro de um envelope, também distribuído pelos organizadores do ato, para evitar represálias.

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5GERAL17 E 18 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Um celetista que ganha R$ 5.148,66 por mês terá de faturar como autônomo, por exemplo, R$ 10.519,76, para superar

a perda dos benefícios trabalhistas

McDonald’s é multado por publicidade abusiva

Movimento Monopólio Não pede investigação após Cade aprovar fusão Suzano-Fibria - (parte 1) Autônomos têm que trabalhar em

dobro para manter padrão de CLT

Idosos adiam saída do mercado de trabalho para suprir renda familiar

STF reafirma estabilidade de emprego para grávidas, mesmo que empregador não tenha sido comunicado

O movimento Monopólio Não, que reúne trabalhadores das empresas de celulose que atuam no Extremo Sul baiano e fomentados (produtores particulares que plantam euca-lipto e vendem para as empresas de celulose), pedirá à Polícia Federal que investigue os membros do Conselho Administrativo de De-fesa Econômica (Cade). Na última semana, a Superintendência Geral da autarquia federal aprovou, sem restrições, a negociação que levou à fusão entre Fibria e Suzano, criando uma gigante do setor de celulose no mundo.

Integrantes do movimento, que se opõe à com-pra da Fibria pela Suzano, consideram suspeito o fato de a decisão do Cade ter sido anunciada poucos dias após as eleições no país. Atualmente, os principais postos do Cade são ocupados por conselheiros indicados pelo presidente Michel Temer. Em 2017, Temer indicou cinco pessoas para o conselho, todas com pouca ou nenhuma atuação anterior na área concorrencial. Três são postos vitais da agência antitruste: o presidente, Alexandre Barreto de Souza; o superintendente-geral, Alexandre Cordeiro Macedo; e o procura-dor-geral, Walter de Agra Junior.

As indicações de Temer ao Cade foram feitas depois da divulgação da delação de executivos da JBS, que incluíam acusações de pagamento de propina em troca de decisões no Conselho.

Em um dos áudios entregues por Joesley Batista ao Ministério Público Federal, ele fala a Temer que precisava de um presidente “ponta firme” no Cade. O órgão nega que isso tenha ocorrido.

O despacho da decisão da Superintendên-cia-Geral precisa ser publicado no Diário Oficial da União e ainda está sujeito a even-tual recurso de terceiros ou avocação, pelo Tribunal do Cade, pelo prazo de 15 dias a contar da publicação no DO.

AUSÊNCIA DO MPF

Uma das irregularidades que pode ser ques-tionada nesse prazo de 15 dias é a ausência do Ministério Público Federal no processo de análise da operação entre a Fibria e a Suzano. No dia 5 de outubro, a Associação dos Produtores Rurais do Extremo Sul da Bahia (Apresba) enviou ofício ao Cade solicitando sua participação no processo de análise da fusão, assim como a presença do Mi-nistério Público Federal, conforme prevê o art. 20 da Lei 12.529/11, conhecida como Lei Antitruste: “Art. 20. O Procurador-Geral da República, ou-vido o Conselho Superior, designará membro do Ministério Público Federal para, nesta qualidade, emitir parecer, nos processos administrativos para imposição de sanções administrativas por infrações à ordem econômica, de ofício ou a re-querimento do Conselheiro-Relator.”

Apesar de a Lei Antitruste não prever a exigência de participação do Ministério Público Federal em atos de concentração, o artigo 127 da Constituição brasileira atribui ao MPF a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Seu papel é de zelar pelo respeito aos bens jurídi-cos protegidos pela lei, como a livre concorrência, que não constitui direito subjetivo dos agentes econômicos como pensam alguns, mas direito da sociedade. Também incumbe-lhe intervir na proteção dos interesses dos consumidores.

São funções do MP, na defesa da ordem econômica da livre concorrência, a execução das decisões do plenário do Cade, bem como a contribuição com as investigações para apura-ção de infrações à ordem econômica, inclusive com a emissão de pareceres.

Assim, de forma alguma pode o MP achar-se subordinado a outro órgão, inclusive o Cade, uma vez que, conforme o parágrafo primeiro do artigo 127, o “Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídi-ca, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”, sendo “princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional”.

Portanto, o Poder Judiciário e demais entes essenciais à administração da Justiça protagonizam papel fundamental para ga-rantir a promoção da concorrência no Brasil. Desde as investigações de condutas anticom-petitivas até as execuções das multas e das determinações do Cade, o Poder Judiciário está diretamente envolvido, e é crescente o número de casos judicializados.

Isto porque a posição emitida pelo Cade, ou seja, o “julgamento” por ele realizado, não chega a lhe conferir “jurisdição”, não estando seus atos sequer isentos de revisão pelo Poder Judiciário. O que o Cade faz, na verdade, é uma análise técnica e política dos atos que lhes são submetidos, estudando os seus impactos perante o mercado a fim de verificar se esse ou aquele ato choca-se com os princípios da ordem econômica nacional. Essa análise não se trata exatamente da declaração do direito, mas sim de uma análise técnica de um caso concreto.

Portanto, pelas funções do Ministério Públi-co, é de extrema importância que esse também participe da avaliação do ato de concentração envolvendo Fibria e Suzano.

CADE

O Conselho Administrativo de Defesa Eco-nômica é uma autarquia federal que tem como função orientar, fiscalizar, prevenir atos de concentração empresarial, fusões, incorpora-ções de empresas e punir condutas dos agentes econômicos que ferem o poder econômico, objetiva a proteção da livre concorrência, um dos princípios constitucionais que norteiam a ordem econômica brasileira.

O Cade é dividido em três órgãos: Tribu-nal Administrativo de Defesa Econômica, Superintendência-Geral e Departamento de Estudos Econômicos.

Negócios empreendidos por tais agentes eco-nômicos são avaliados pela Superintendência-Geral e, nos casos mais complexos, submetidos aos conselheiros do Tribunal Administrativo. Os novos conselheiros podem avocar os cha-mados atos de concentração já analisados pela Superintendência Geral, desde que justi-ficadamente, para uma reavaliação. A decisão final sobre os casos é tomada pela maioria dos conselheiros do tribunal – um único integrante não tem poder legal para aprovar ou rejeitar uma fusão unilateralmente.

Continua na próxima edição

Com crise e desempre-go em massa, os idosos estão adiando sua saída do mercado de traba-lho, mesmo aposentados. “Tem uma maior procura de trabalho pelos idosos, ainda que aposentados, dada a necessidade de aumentar a renda fami-liar", explica Ana Amélia Camarano, técnica de planejamento e pesquisa do Instituto de pesqui-sa Econômica Aplicada (IPEA).

Dados da Pesquisa Na-cional por Amostra de Do-micílios Contínua (Pnad Contínua) demonstram que do segundo trimestre de 2017 ao primeiro tri-mestre deste ano, 46% dos trabalhadores ocupados com mais de 60 anos de idade moravam no Sudes-te, 56% eram mulheres e 63% se declararam como chefes de família.

Apenas 27% estavam no mercado formal, en-quanto 45% atuavam por conta própria, na infor-malidade. Dos idosos que

permanecem no mercado de trabalho, 67% têm ape-nas o Ensino Fundamental incompleto e 25% possuem escolaridade média ou su-perior.

Dentre os setores da economia, o comércio ab-sorveu 17% desses traba-lhadores, 15% estavam na agricultura e 10% atua-vam no setor de serviços relacionados a educação e saúde

E esse número tende a aumentar ainda mais. De acordo com o IBGE, os idosos devem representar 25,5% da população até 2060. Assim, a participa-ção deles no mercado de trabalho avançará, en-quanto cairá a da popula-ção mais jovem.

Segundo o estatuto do Idoso, aprovado em 2003, em seu Art° 34 está previs-to que “Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício

mensal de 1 (um) salá-rio-mínimo (R$ 954), nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social - Loas.”, sendo pago pelo INSS.

Ainda assim, o Benefí-cio de Prestação Continu-ada, previsto em lei, é um dos com maior número de processos movidos pelos idosos na Defensoria Pú-blica da União (DPU), em especial, pela dificuldade de comprovar a renda dos idosos, segundo Jorge Me-deiros de Lima, defensor público federal de ofício previdenciário, ainda que o benefício cedido a outro membro da família não seja computado para a concessão para o idoso necessitado.

Para se ter acesso ao benefício, contudo, a ren-da familiar per capita não pode ser superior a R$ 238,50, não podendo ser acumulado com outro benefício de Seguridade Social como seguro de-semprego, aposentadoria ou pensão.

Decisão do Supremo Tribunal Federal proíbe demissão de gestantes, mesmo que a trabalhado-ra não tenha comunicado ao empregador sobre a gestação.

O direito a estabili-dade empregatícia da mulher gestante está previsto no Artigo 10, II, “b” do Ato das Dis-posições Constitucionais Transitórias da Consti-tuição Federal de 1988, portanto, trata-se de uma reafirmação do direito constitucional da mulher.

A constituição cidadã diz que é vedada a dis-pensa arbitrária ou sem justa causa “da empre-gada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o par-to.”, foi nessa direção que o Ministro Alexandre de Moraes proferiu seu voto, seguido pelos ministros Edson Fachin, Rosa We-ber, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Ricardo Lewan-dowski, Gilmar Mendes e o presidente, Dias Toffoli.

Por 8 votos a 1, foi der-rotado o Ministro Marco Aurélio, relator da maté-ria que que se baseou no recuso de uma empresa

do setor de serviços que havia demitido uma em-pregada alegando não saber que ela estava grá-vida quando foi demitida e, por essa razão, não queria pagar-lhe indeni-zação cabível.

“Na minha avaliação, como o empregador não ti-nha a confirmação da gravi-dez, não ficou caracterizada a demissão imotivada que é vedada pela Constituição a mulheres grávidas”, disse

Marco Aurélio.O Ministro Alexandre

de Moraes rebateu afir-mando os princípios cons-titucionais. Disse ele : “O prazo da confirmação da gravidez é de até cinco meses após o parto, ou seja, um período em que se garante uma estabilidade econômica. Comprovada-mente pela medicina, pela ciência são os meses mais importantes de proximi-dade da mãe com o filho”.

É reafirmação do direito constitucional da mulher

O trabalhador por conta própria tem que ganhar duas vezes mais

para manter o mesmo salário e os benefícios equivalentes de quando tinha a carteira assi-nada, diz sondagem do instituto de pesquisa Datafolha.

Com mais de 12 mi-lhões de desemprega-dos, segundo dados do IBGE, muitos destes trabalhadores acabam não retornado ao mer-cado formal na ilusão de serem seus próprios chefes. Conforme pes-quisa recente, 50% dos entrevistados afirmam preferir ter um salário mais alto como autô-nomo, sem benefícios trabalhistas e impostos mais baixos, 43% prefe-rem ter sua carteira de trabalho assinada, com os benefícios trabalhis-tas e pagando impostos mais altos, e 7% não sabiam responder.

A pesquisa demons-tra que muitos traba-lhadores ficam iludidos achando que no trabalho informal eles alcançarão uma situação melhor, mas não é bem assim. Um celetista que ganha R$ 5.148,66 por mês terá de faturar como autônomo, por exem-plo, R$ 10.519,76, para manter o mesmo pa-drão de vida, diz Silvia Franco da Planejar. “A pessoa acha que poderá ser mais livre, o que é uma vantagem, mas não pensa que para isso tal-vez tenha de trabalhar mais, porque na hora de fazer a conta de quanto precisa ganhar esquece de incluir benefícios”, diz Franco.

Grande parte destas pessoas está na infor-malidade, não por que sonham com ganhos

brutos mais elevados, mas porque não conse-guem emprego, e para sobreviverem acabam realizado bicos, viram vendedores ambulantes, vendem marmitas, viram motoristas e entregado-res de aplicativos, entre outras modalidades pres-tação de serviços e traba-lhos, que não garantem direitos.

O trabalhador autô-nomo diferente do re-gistrado não tem direito a 13° salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, vale-transporte e refeição, ganho de um terço de férias, plano de saúde e terá que se responsabilizar por sua previdência. “Eles às vezes nem são percebidos no dia a dia, mas fazem a diferença, principal-mente para quem ganha menos”, lembrou Silvia Franco.

Além de arcar com impostos, INSS (caso ele queira um dia se aposen-tar), custo com contador, aluguel do local de tra-balho, o autônomo tem como o principal “custo extra” o plano de saúde, segundo a pesquisa. De acordo com a lei, o em-pregador não é obrigado a oferecer o benefício, a não ser que seja cláusula de convenção coletiva da categoria. Uma vez ofer-tado o plano, não pode ser cortado, porque se torna um direito adqui-rido do trabalhador.

No trimestre encerra-do em agosto de 2016, o número de trabalhadores que foram empurrados para o trabalho informal por conta da crise finan-ceira, que nos atinge dede 2014, era de 22,2 milhões. Neste ano este contingente chegou a 23,3 milhões para o mes-mo período analisado.

ANTÔNIO ROSA

A rede de fast-food Mc-Donald’s foi multada em R$ 6 milhões por publici-dade abusiva direcionada ao público infantil por meio de shows do perso-nagem da marca realiza-dos em escolas.

A decisão foi publica-da na última sexta-feira pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), órgão do Ministério da Justiça. De acordo com o DPDC, a rede usa os shows do palhaço Ronald McDonald como pretexto para publicidade da mar-ca. “Com as apresenta-ções do palhaço Ronald McDonald, as crianças criavam vínculos afetivos com a marca. Existia, assim, a identificação da criança com a marca McDonald, representada pela sua mascote infan-til, o Ronald McDonald”, afirmou a DPDC.

A denúncia contra a rede de fast-food no Brasil foi feita em 2013 pelo Programa Criança e Consumo do Instituto Alana, ONG que promo-ve os direitos da criança. Segundo a ONG, em um levantamento realizado

no site da empresa, o Instituto constatou que em cerca de dois me-ses foram realizados 70 apresentações do show em 35 cidades de dez estados do país.

Para a coordenadora do programa Criança e Consumo, Ekater i -ne Karageorgiadis , a decisão é importante para o reconhecimento da publicidade infantil como prática abusiva e a sanção aplicada serve de exemplo para que outras empresas não reprodu-zam essa prática. “No caso específico do Mc-Donald’s, algumas ações aconteceram em creches. Essa prática busca fide-lizar a criança à marca e seus valores muito cedo com o reforço dos educa-dores e profissionais que trabalham na escola . A criança acredita que aquela imagem que a empresa está passando é um conteúdo lecionado na escola e, portanto, deve ser aprendido e é correto”, afirmou. O McDonalds tem 30 dias para o pagamento da multa. Ainda cabe re-curso das decisões.

Grande parte está na informalidade, não por que sonham com ganhos mais elevados, mas porque não conseguem emprego

Page 6: Item ‘palestras’ consumiu vários milhões Guru de …...federação Brasileira dos Aposentados e Pensionis - tas (Cobap), desde o plano real, a falta de reajuste no valor das

INTERNACIONAL 17 E 18 DE OUTUBRO DE 2018HP6

Símbolo da luta por justiça e democracia no Paraguai, Pái Oliva completa 90 anos

Bolívia ultrapassa 4,5% de crescimento do PIB e trabalhadores terão 14º

Papa canoniza Monsenhor Romero, “a voz dos sem voz”

Vídeo mostra a chegada do esquadrão assassino a aeroporto de Istambul

TRT

Nicarágua: Ortega proíbe concentrações e manda os manifestantes para a prisão

Costa Rica: greve geral contra arrocho imposto pelo FMI chega ao 35º dia

Jornais Washington Post e New York Times citam fontes policiais turcas para relatar detalhes macabros do assassinato em Istambul, a exemplo de serra óssea que teria sido usada no esquartejamento do corpo

Vídeo flagrou morte de jornalista no consulado saudita, apontam turcos

Depois de negar pe-remptoriamente, através de seu mi-nistro do Interior,

Abdulaziz bin Saud bin Naif, que o jornalista saudita, Jamal Khashoggi, tenha sido morto nas dependêncas do consulado da Arábia Saudita, afirman-do que tudo não passava de “mentiras ridículas” e de haver assegurado que o jorna-lista teria saído normalmente do local, os sauditas estão preparando um memorando onde assumem que Khashoggi morreu, de fato, no interior do prédio, através de um in-terrogatório que “teria dado errado”. O interrogatório teria sido comandado por “um agente da inteligência” sem o conhecimento do príncipe Mohammed Bin Salman que comanda o país.

Jamal Khashoggi, que es-creve para o jornal Washin-gton Post, está desaparecido desde o dia 2 de outubro. Ele entrou no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, naquela terça-feira, às 13:00 h, e desde então não foi mais visto. Sua namorada, que aguardou em vão, durante 11 horas seu retorno, informou do desaparecimento à polícia turca.

Segundo material publi-cado pelos jornais norte-a-mericanos, tanto o WP, onde ele trabalhava, quanto o New York Times, a polícia tur-ca teria áudios e vídeos que comprovam o desenrolar dos fatos: a entrada de Khashoggi no prédio, seu interrogatório e sua morte. O NYT detalha, como numa horrenda história, daquelas que povoam cenas de filmes de Quentin Tarantino, que depois de morto o jorna-lista teria sido “esquartejado com uma serra óssea” espe-cialmente trazida para a fase final do desfecho e desapare-cimento do corpo do morto por um “especialista” entre os 15 agentes sauditas que desembarcaram no aeroporto de Istambul pouco antes do assassinato e que teriam ido embora em jatos particulares, já com o corpo desmembrado e acondicionado em “malas diplomáticas”.

BARBÁRIE Desde então este macabro

incidente adquiriu propor-ções crescentes e, ao expor as entranhas de um regime bárbaro - que tem sido notícia através das ações no Iêmen, um verdadeiro genocídio que ameaça de inanição 13 mi-lhões de pessoas, além de um impiedoso bombardeio sobre a população civil –, tem complicado principalmente as relações entre os Estados Unidos e seu principal aliado no Oriente Médio, depois de Israel, a Arábia Saudita.

O presidente Trump, que em um primeiro momento disse que os Estados Unidos dariam uma resposta através de uma punição severa “caso fique comprovado que a or-dem para matar o jornalista tenha partido do príncipe Bin Salman”, apresando-se a aler-tr, no entanto, que isto não seria no terreno econômico. Principalmente em se tratan-do do acordo de aquisição de US$ 110 bilhões em armas americanas pelos sauditas para, segundo Trump, “que não se perca nenhum empre-go nos EUA” (as milhões de vidas iemenitas ameaçadas, além das milhares já ceifa-das ou barbaridades, como a do crime não esclarecido no consulado, não viriam ao caso para qualquer consideração quanto a suspensão da venda de armamentos aos sauditas).

A morte de Kashoggi, cuja trajetória inclui o desempenho de papéis sauditas de apoio a ações que interessavam à CIA, a exemplo da desestabilização do regime socialista afegão, tendo entrevistado, o depois proscrito e morto por um pe-lotão norte-americano, Osama Bin Laden, era próximo da própria família real saudita.

A saída dele da Arábia Saudita e refúgio nos Estados Unidos vem coincidir com as

tensas contradições dentro do poder do reino da Casa Saud. Como foi amplamente noticia-do, membros da realeza foram detidos acusados de corrupção e abuso de poder depois da in-dicação do príncipe Mohamed Bin Salman para o comando do país.

Kashoggi, longamente ex-perimentado jornalista, teria dito em um de seus artigos que “as autoridades sauditas podiam e com razão ficar ner-vosas com Donald Trump na presidência”.

Foi o suficiente para que ele começasse a ser ameaçado e proibido de escrever a qual-quer mídia, inclusive de tuitar. Emigrou para os Estados Unidos em 2017. Valendo-se de seus contatos com o servi-ço secreto norte-americano, foi se tornar articulista do Washington Post. Em seus ar-tigos, entre outras denúncias, Kashoggi, antes partícipe das benesses do trono, agora se posicionava contra a agressão da Arábia Saudita ao Iêmen.

Teria a morte de Khasho-ggi resultado – como até aqui tudo indica – de uma ordem do próprio Bin Salman que não aceita qualquer contes-tação a seus atos? Ou teria sido – numa hipótese mais difícil de admitir - um inciden-te tramado para complicar a vida do príncipe que promete mudar as normas mais obs-curantistas e tirar das mãos do extremismo religioso uma Arábia Saudita que até a pouco proibia as mulheres de dirigir?

O fato é que já anuncia-ram que estão declinando de convite empresas a exemplo da Ford, do banco JPMorgan, entre outras, além de pales-trantes a exemplo do ex-dire-tor da Google e da diretora do portal Haffington Post, antes com lugar garantido em um evento de grande porte, que estava sendo conhecido como “Davos no Deserto”, encontro que pretendia reunir os maio-res bancos e empresas em Riad para darem início a um movimento de grandes pro-porções de modernização da atividade econômica saudita, que Salman estaria propondo tirar da monocórdica depen-dência exclusiva no petróleo farto em seu subsolo.

A ONU, Espanha, Alema-nha, França e Inglaterra exi-gem explicações convincentes da Arábia Saudita.

RETALIAÇÃOA imprensa oficial saudita

respondeu a tudo isso dizendo que a qualquer sanção seu país retaliaria: “O reino afirma sua rejeição a quaisquer ameaças de miná-lo, seja por ameaçar com sanções econômicas ou pela repetição de falsas acu-sações. Também afirma que se recebe qualquer destas ações vai responder com mais forte ação e que a economia saudita tem papel vital na economia global”.

Já o diretor-geral do ca-nal de TV Al Arabiya, Turki Aldakhil, alertou os Estados Unidos que com tais ações “os Estados Unidos estariam apunhalando mortalmente sua própria economia” e que os preços do petróleo explodi-riam a US$ 200 o barril.

Trump, que mandou o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, se entender com os sauditas, já recuou e baixou o tom afirmando agora que “o príncipe Salman declarou de forma peremptória que não tem relação com os fatos” ocorridos no consulado com o jornalista e sugeriu que o jornalista teria sido morto por “assassinos agindo por conta própria”.

Parlamentares norte-a-mericanos já manifestaram sua repulsa diante da leveza com que Trump passa a tratar a questão. O senador Chris Murphy, democrata do Connecticut, se declarou estupefacto ao ouvir a “ridí-cula teoria dos assassinos por conta própria” com a qual os sauditas pretendem sair incólumes.

NATHANIEL BRAIA

O presidente Evo Morales informou que o crescimento econômico da Bolívia em junho, referente aos últimos 12 meses, foi de 4,61%, índice que garante o pagamento de um segundo 13º - ou seja um 14º salá-rio - aos trabalhadores do setor público e privado, respeitando o decreto supremo que estabelece esse benefício quando a expansão econômica supera 4,5%.

“Venho informar ao povo boliviano que o duplo 13º está garantido para 2018”, disse Morales em uma coletiva de imprensa na Casa Grande do Povo, sede do Governo.

“Em junho do ano passado o crescimento econômico era de 3,94% e até junho de 2018 o aumento do PIB foi de 4,61%. São dados do INE (Instituto Nacional de Estatística) respaldados por organismos internacio-nais”, acrescentou. A partir de 2013, um decreto de Morales determinou que o 13º será dobrado toda vez que o PIB superar 4,5% anual. O benefício é denominado ‘Esforço pela Bolívia’, e será pago “como justo reconhecimento aos trabalhadores da Bolívia”, frisou Evo.

Em sua mensagem, o presidente disse que o governo convocará a Confederação de Empresários Privados da Bolívia para escutar suas preocupações, mas “sobretu-do para operacionalizar o pagamento do segundo 13º”.

“Estamos felizes e contentes com este anúncio do Presidente. Vemos e acreditamos que a Bolívia está encabeçando o crescimen-to econômico em nível da América do Sul, isso é de se destacar”, afirmou o Secretário executivo da Central Obreira Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi.

O dirigente da Central Obreira Depar-tamental (COD) de Santa Cruz, Rolando Borda, anunciou que os trabalhadores não aceitarão chantagens ou negativas de parte dos empresários e que se estes não pagarem o segundo 13º, ocuparão as empresas.

Segundo o dirigente sindical da região mais industrializada do país, nos últimos anos os lucros dos empresários forem su-periores aos de anteriores gestões, pelo que “é justo o pagamento”. “Então, nós traba-lhadores temos todo direito de aceder a um pouco desses lucros”, ressaltou.

Da mesma maneira, O Secretário exe-cutivo da Central Obreira Departamental (COD) de Cochabamba, Hermo Pérez, reco-mendou aos empresários privados cumprir com o duplo 13º “sem discutir, nem negociar nada”. “Todos os empregadores devem cum-prir, porque é um decreto supremo e não se pode vulnerar. Não há nada que discutir, não há nada que negociar, mais pelo contrário há que exigir o cumprimento”, sublinhou.

Evo Morales realçou que os avanços na economia da Bolívia têm sido produto da nacionalização dos recursos naturais, da sua industrialização e a recuperação das empresas estratégicas. “Antes era toda uma luta, (…) para mudar esse modelo econômi-co de saque permanente de nossos recursos naturais, a economia estava em mãos dos estrangeiros e temos sabido como recupe-rá-los (…) Graças à luta, nacionalizamos, investimos e agora batemos recordes na economia”, sublinhou.

Lamentou que outras nações da região não tenham conseguido avançar em matéria de desenvolvimento social nem superação da desigualdade, referindo-se especificamente ao Brasil e Argentina, países onde há gover-nos que insistem em desenvolver políticas neoliberais, fracassadas em todos os lugares onde se impuseram.

“Eles são privatizadores e nós naciona-lizadores, essa é nossa profunda diferença. (…) A Bolívia é respeitada porque deixou de mendigar. Antes precisávamos importar tudo que consumíamos, agora trabalhamos para produzir aqui”, concluiu Evo.

Símbolo da luta por justiça e democracia no Paraguai, onde chegou em 1964, o jesuíta e jor-nalista espanhol Fran-cisco Oliva – Pa’i Oliva pela denominação dos sacerdotes em guarani -, completou 90 anos no domingo, em Assunção, rodeado de amigos.

Na comemoração, a historiadora e ativis-ta por direitos huma-nos, Margarita Durán Estrago, o cantautor Ricardo Flecha, o pre-feito da capital, Mario Ferreiro, e vários com-panheiros da vitoriosa campanha pela liberta-ção dos camponeses de Curuguaty.

“Se ser de esquerda é a opção preferencial pelos pobres, que Jesus impulsionou com as suas palavras e sua vida no Reino de Deus, sim, eu sou”, declarou o religio-so, para quem a “religião não pode estar separada da realidade”. “Aqui me dei conta de que uma fé autêntica precisa estar comprometida com o seu entorno”, destacou. Em função disso, fundou a rádio da Universidade Católica de Assunção,

já que “os meios de co-municação têm um pa-pel importantíssimo nos avanços sociais, porém seguem em mãos dos que não querem mudanças”.

Por despertar a cons-ciência crítica dos mais jovens, nos anos 60 a ditadura de Stroessner o deteve “um mês após de que obtive a nacio-nalidade paraguaia”. Seis policiais o levaram em uma canoa que cru-zou o rio Paraguai até o lado argentino, onde as autoridades o salvaram de ser “um desaparecido a mais”. Dali foi para Buenos Aires, onde tra-balhou nove anos com refugiados, tendo atua-do também no Equador e na Nicarágua.

Em 1996, após 27 anos de exílio da pátria guarani, Pa’i Oliva vol-tou a praticar o sacer-dócio em várias capelas da região dos banhados da periferia abandonada da capital, onde mantém uma escola de formação secundária, uma rádio comunitária, um restau-rante para deficientes físicos, tendo ainda fun-dado uma cooperativa para mães solteiras.

O papa Francisco canoni-zou, no último domingo, Mon-senhor Óscar Romero, sacerdo-te de El Salvador assassinado em 1980 por um atirador de elite do exército salvadore-nho, treinado na Escola das Américas. “Voz dos sem voz”, Romero foi abatido em pleno altar, enquanto rezava uma missa, quando denunciava os atropelos aos direitos humanos e a violência provocada pelo exército, representante dos interesses estadunidenses.

A canonização do “Padre Mártir” foi comemorada por todo país com a cerimônia sendo transmitida ao vivo e, na capital, San Salvador, com uma concentração reunindo milhares de pessoas, em meio a cartazes e faixas exaltando seu martírio.

Conhecido por defender a “opção preferencial pelos po-bres”, ele havia sido nomeado arcebispo da capital do país, San Salvador, em fevereiro de 1977. Logo depois, em março, ocorreu o assassinato do padre Rutilio Grande, junto com dois camponeses. O arcebispo então eleva o tom da denún-cia às injustiças por meio da

rádio católica Ysax e da revista Orientación.

Na véspera de sua morte, fez um pronunciamento contun-dente, desnudando a barbárie governamental: “Em nome de Deus e desse povo sofredor, cujos lamentos sobem ao céu todos os dias, peço-lhes, supli-co-lhes, ordeno-lhes: cessem a repressão”.

BANHO DE SANGUEA guerra civil em que o

pequeno território – então com cerca de 5 milhões de habi-tantes – foi mergulhado pela intervenção ianque, entre 1979 e 1992, deixou cerca de 80 mil mortos, 8 mil desaparecidos, 550 mil desalojados interna-mente e fez com que mais de meio milhão de salvadorenhos tivessem de fugir do país.

Na avaliação do Papa, “o martírio de Dom Romero não foi pontual no momento da sua morte: foi um martírio-teste-munho, sofrimento anterior, perseguição anterior, até a mor-te. Ele foi difamado, caluniado, sujado, já que o seu martírio foi continuado inclusive por irmãos dele no sacerdócio, no episcopado”. “Não digo isso

por ter ouvido falar. Eu escutei essas coisas. Eu era sacerdote jovem e fui testemunha disso. Agora acredito que quase mais ninguém se atreva, mas, depois de ter dado a vida, ele continuou a dá-la, deixando-se açoitar por todas essas incompreensões e calúnias. Isso me dá forças, só Deus sabe. Só Deus sabe as histórias das pessoas e, quantas vezes, pessoas que já deram a vida ou que morreram conti-nuam sendo apedrejadas com a pedra mais dura que existe no mundo: a língua!”, acrescentou.

Para Francisco, a canoniza-ção faz justiça a “um pastor bom, cheio de amor de Deus e próximo dos seus irmãos, que, vivendo o dinamismo das bem-aventu-ranças, chegou até a entrega da sua vida de maneira violenta, enquanto celebrava a Eucaris-tia, Sacrifício do amor supremo, selando com o próprio sangue o Evangelho que anunciava”.

A história do religioso sal-vadorenho e sua árdua batalha contra as injustiças, colocando em risco a própria vida, foi popularizada no filme “Rome-ro”, com Raul Julia, direção de John Duigan e roteiro de John Sacret Young.

A greve geral por tempo indeterminado contra o arro-cho fiscal e os cortes de inves-timentos públicos, aplicados pelo presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, submisso às imposições do FMI, chegou ao 35º dia com manifestações, reuniões, atos e outras ações em todas as regiões do pais centro-americano.

Desde o dia 10 de setem-bro passado, entidades fi-liadas à Unidade Sindical e Social Nacional -coalizão de agrupações operárias e sociais - realizam uma greve geral contra essas medidas que já foram aprovadas em primeira sessão na Assembleia Legisla-tiva, e agora está em consulta em diferentes setores, entre elas o Poder Judicial.

Conforme as organizações sindicais, estudantis e coope-rativas, o enorme tamanho da repulsa é devido ao fato de que o projeto de lei, se aprova-do definitivamente, provoca-rá um absurdo aumento dos impostos, do custo da cesta

básica e dos serviços sociais para a população, enquanto a evasão fiscal das grandes empresas multinacionais – uma das maiores da América Latina – não será tocada.

Os trabalhadores denun-ciam que a reforma tributária «desestabiliza a economia» do país centro-americano, nome-adamente com a aplicação de um imposto de 13% em serviços informáticos, de eletricidade e de transporte privado, e de uma taxa de 4% nos sectores da Educação e da Saúde.

De acordo com dados ofi-ciais, o déficit fiscal supera 7% do Produto Interno Bruto (PIB). Esta diferença negativa entre os ingressos e gastos estatais que cumpre mais de 10 anos de estar crescendo, vem sendo resolvida com em-préstimos, que até esta data equivalem a 50% do PIB. Uma situação que, com governos ca-pachos, envolveu a Costa Rica em um ciclo de assumir dívida para pagar a duras penas os gastos mais primários (salários

e funcionamento da máquina do governo).

Representantes dos prin-cipais sindicatos costarrique-nhos voltaram a exigir a su-pressão dessa “nova” política fiscal, rechaçada por 86% da população como “prejudicial aos cidadãos” e reiteraram que vão se manter nas ruas até que seja revogada.

Segundo o presidente do Sindicato de Trabalhadores da Educação, Gilbert Díaz, um documento apresentado pelo governo para pôr fim ao movimento foi “totalmente rechaçado e, portanto, a greve continua com mais força”.

“Estamos fazendo um chamado a toda a cidadania para que se some a este gran-de movimento. Nós temos seis grandes setores sindicais e todos eles repudiaram o acordo proposto, tornando evidente que é inaceitável”, acrescentou o secretário da Associação Nacional de Em-pregados Públicos e Privados, Albino Vargas.

Pelo menos 39 nicaraguen-ses, entre eles dirigentes de oposição ao governo de Daniel Ortega, foram presos pela po-lícia na segunda-feira, 15, na capital, Manágua, provocando o rechaço e a condenação por parte de personalidades do país e organismos de direitos humanos internacionais.

Os eventos ocorreram no se-tor comercial da cidade, onde os manifestantes haviam se reuni-do para realizar a marcha "Uni-dos pela liberdade", convocada pela coalizão opositora Unidade Azul e Branco (UNAB).

No sábado, a polícia proibiu as concentrações públicas sem autorização - ou seja todas e qualquer uma - e espalhou centenas de efetivos por toda a cidade. A UNAB esclareceu que não pediriam permissão porque a Constituição Política garante o direito à reunião, manifestação e mobilização cidadã e porque já sabiam que a resposta seria lhe negar esse direito.

Policiais antimotins cerca-ram os manifestantes e detive-

ram dezenas deles em meio de golpes, coronhadas e violência geral, segundo imagens trans-mitidas pela televisão local.

Entre os detidos estão o dirigente do Movimento por Nicarágua (MpN), José Anto-nio Peraza, a presidente do Mo-vimento Renovador Sandinista (MRS), também de oposição, Suyen Barahona, a ex-presi-dente da mesma organização, Ana Margarita Vijil, e a ativista Tamara Dávila Rivas.

O MRS, partido proscrito, tem sido acusado pelo governo de fomentar "um golpe de Es-tado terrorista" para derrocar o presidente, Ortega. Seus líderes são ex-guerrilheiros e intelectuais que participaram na revolução sandinista (1979-1990), como Victor Hugo Tino-co Fonseca e Dora María Téllez.

Simultaneamente os acon-tecimentos do setor comercial de Manágua, oficiais de Mi-gração retiveram no aeroporto "Sandino" às defensoras de direitos humanos Haydeé Cas-tillo e Lottie Cuhningham, que

se iriam sair do país. Ao comentar o ocorrido,

o bispo auxiliar de Manágua, monsenhor Silvio Báez, conde-nou "a repressão e as detenções arbitrárias" e instou ao governo a dialogar para por fim à crise.

"O governo está aprofun-dando a criminalização dos protestos, pretende sequestrar a todos os que quisermos nos expressar livremente e está transformando o país num cárcere", expressou Violeta Granera, líder da Frente Ampla pela Democracia (FAD), que forma parte da UNAB.

As detenções ocorreram no mesmo lugar do primeiro "plantão" de estudantes que foi atacado por forças de choque do governo em 18 de abril, quando deu início a onda de protestos e a atual crise que enfrenta o país.

O conflito provocou 512 mortos segundo entidades de direitos humanos, apesar de que o governo só reconhece não mais de 200. São conta-bilizados ainda quase quatro mil feridos.

Page 7: Item ‘palestras’ consumiu vários milhões Guru de …...federação Brasileira dos Aposentados e Pensionis - tas (Cobap), desde o plano real, a falta de reajuste no valor das

INTERNACIONAL17 E 18 DE OUTUBRO DE 2018 HP

240 mil nas ruas de Berlimcontra o fascismo e o racismo

ANTONIO PIMENTA

Cartazes em Berlim: “Nenhum espaço para o nazismo” e “unidos contra o racismo”

Casa Branca separou 6 mil famílias de imigrantes, o dobro do que havia informado, diz Anistia

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Espanha: PSOE e Podemos acordam mínimo de 900 euros

Cortes de recursos pioram vida dos sem-teto

Cho Myung Gyon (sul) e Ri Son Gwon (norte)

Trump avisa: ‘Mad Dog’ Mattis subiu no telhado no Pentágono

A massa humana se estendia por cinco quilômetros, da Alexanderplatz até o Portão de Brandenburg. Brasileiros presentes aproveitaram para ecoar ‘Ele Não’ e ‘Er Nicht’

A República Popular Democrática da Coreia e a Coreia do Sul realizaram con-versações de alto nível nesta segunda-feira (15) em Panmunjom, num edifício sul-co-reano – A Casa da Paz - na fronteira para tratar da implementação da Declaração de Pyongyang firmada em setembro entre o máximo líder da RPDC, Kim Jong Un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in.

A delegação de cinco membros da RPDC estava chefiada por Ri Son Gwon, presiden-te do Comitê para a Reunificação Pacífica da Pátria, enquanto a delegação sul-co-reana também de cinco membros, estava chefiada por Cho Myung Gyon, ministro da Unificação da Coreia do Sul.

No debate sobre como implementar a De-claração de Pyongyang os delegados de alto nível dos dois países discutiram métodos para modernizar e conectar estradas e ferrovias ao longo e dos dois lados da fronteira e a for-mação de um comitê militar para evitar atos hostis nas proximidades da linha de fronteira.

Os dois lados concordaram em realizar uma cerimônia de colocação da primeira pedra no fim de novembro ou princípio de dezembro para modernizar e conectar as ferrovias e estradas na fronteira entre Norte e Sul e que para tanto os dois lados realizem estudos de campo conjuntos.

O encontro discutiu também que se defi-na uma data para as conversações da Cruz Vermelha e que se anuncie um lugar para reuniões regulares de famílias coreanas se-paradas pela Guerra da Coreia (1950-1953) além de se projetar intercâmbios culturais e desportivos. R. C.

A Anistia Internacional (AI) denunciou que entre abril e agosto deste ano o governo de Donald Trump separou 6 mil famílias imi-grantes com sua política de “tolerância zero”, o dobro das 3 mil que havia informado.

Conforme levantamento do Escritório de Aduanas e Proteção Fronteiriça (CBP, estão excluídas das sepa-rações forçadas – ocorridas apenas entre os dias 19 de abril e 15 de agosto - as que foram realizadas entre avós e outros membros da família não-imediata, cujas relações são qualificadas como “frau-dulentas” pelas autoridades. Desde 2017, o número de famílias separadas por Trump ascende a 8 mil.

Os casos descritos no docu-mento revelam as entranhas de um estado policial, que – seja sob o governo de Trump ou de Barack Obama - despreza completamente os imigrantes, a quem é negada a própria con-dição de seres humanos.

Entre os inúmeros exem-plos de atropelos encontra-se a história de uma criança, Alexa, separada da mãe sal-vadorenha, Araceli Ramos, no momento em que foram capturadas na fronteira do México com os Estados Uni-dos. As duas buscavam fugir do ex-parceiro abusivo de Araceli, quando Alexa foi arrancada dos braços da mãe, e agentes disseram que ela “nunca mais a veria”.

OBAMA Iniciado em novembro

de 2015, ainda sob o gover-no Obama, o caso de Alexa expõe a irracionalidade de uma política que – seja sob os partidos Democrata como Republicano – perse-gue, separa e segrega. Alexa foi forçada a ficar longe da mãe por 15 meses, período em que ficou sob os “cuida-dos” do Escritório Federal de Reassentamento de Re-fugiados e a relações que podem ter graves impactos

na vida da criança. “Levou 28 minutos para um juiz em um tribunal rural perto do Lago Michigan conceder aos pais adotivos de Alexa, Sherri e Kory Barr, tutela temporária. A mãe de Alexa e o advogado de imigração da menina não foram sequer notificados sobre o processo”

Mas, infelizmente, as de-núncias da segregação e do abandono se multiplicam, e vêm de há muito tempo. No Missouri, descreve a AP, “um casal americano conseguiu adotar permanentemente um bebê cuja mãe guatemalteca foi pega em um ataque de imigração”. Essa batalha legal de sete anos que pôs fim aos direitos parentais da mãe terminou em 2014. Tragica-mente, na atualidade, o risco para as crianças imigrantes “cresceu exponencialmente” e novas adoções estão no ho-rizonte. Neste momento, há 13.000 crianças imigrantes detidas nos EUA, muitas delas sem seus pais.

Seul e Pyongyang dialogam sobre a interligação coreanacom estradas e ferrovias

Estudos do Depar-tamento de Habitação e Desenvolvimento Ur-bano dos Estados Uni-dos identificaram ofi-cialmente como “sem teto”, numa única noite do ano passado, 553.742 pessoas. Uma verdadeira “bomba-relógio”, na ava-liação dos especialistas, uma vez que “eles estão por toda parte”.

Mesmo na cidade de Portland, a maior de Oregon, no noroeste dos Estados Unidos, beneficiada por sua lo-calização no Vale do Silício, que concentra várias empresas de alta tecnologia e melhores empregos, a situação é extremamente tensa. “A desigualdade está crescendo a um ritmo alarmante e os bene-fícios de uma econo-mia em crescimento se concentram cada vez mais em menos mãos”, explica o prefeito Ted Wheeler, do Partido Democrata, para quem a situação vai piorar.

Conforme estudo da Universidade de Portland, a tecnologia pode ter como consequ-ência o corte de milhares de empregos, agravando ainda mais as coisas.

Na avaliação dos estu-diosos, o que aconteceu no Vale do Silício é algo que se repete em várias cidades estadunidenses, incluindo Nova Iorque, Los Angeles, São Fran-cisco e Seattle, onde a falta de moradias é uma epidemia. Submetidos a condições subumanas, centenas de milhares estão confinados em abri-gos públicos, barracas de acampamento e até

Estudo revela epidemia de “sem-teto” nos EUA: “estão por toda parte”

Na maior manifestação na Alemanha este ano, 240 mil pesso-as foram às ruas em

Berlim contra o fascismo, o racismo e a xenofobia e exigi-ram “solidariedade ao invés de exclusão” em uma socie-dade “livre e aberta”, numa resposta coletiva à ascensão de forças tenebrosas e até rea-parição de saudações nazistas em incidentes no país.

O protesto, no sábado (13), encabeçado por de-zenas de entidades, sindi-catos, partidos políticos, organizações de defesa dos refugiados, igrejas e per-sonalidades, sob o lema #Unteilbar (Indivisíveis, ou ‘Todos Juntos’), advertiu que o racismo e a discrimi-nação “começam a se tornar socialmente aceitáveis” e que aquilo que “até ontem era considerado impensável e impronunciável, está se tornando realidade hoje”.

A massa humana se esten-dia por cinco quilômetros, da Alexanderplatz até o Portão de Brandenburg, num dia ensolarado de outono e mui-to quente para os padrões alemães, com 40 caminhões de som difundindo as men-sagens de repúdio aos extre-mistas e músicas. Dois shows de música foram realizados durante o ato. Os participan-tes também exibiam placas e faixas, como “unidos contra o racismo”, “amor, ódio não” e – numa quase síntese de tudo - “nenhum espaço para o nazismo”.

Brasileiros que moram ou estavam de passagem pela Alemanha aproveitaram para ecoar o “EleNão” em vários formatos – no teto de um barco no rio que corta a capital – e ainda em um cartaz em que o “Er Nicht” completa uma caricatura em que um bigodinho de Hitler se coaduna com as feições de Bolsonaro e um topete que cairia bem aos dois.

A convocatória – que re-cebeu 10 mil adesões nas redes sociais – alertava que “a humanidade e os direitos humanos, o estado de direito e a liberdade religiosa estão sendo abertamente atacados. Isso é um ataque a todos nós”. Acrescentava – sobre o que está levando gente de bem a ser arrastada pelos ra-cistas - que “milhões sofrem o impacto de um subinvesti-mento em cuidados básicos, saúde, creches e educação”.

O partido de Ângela Merkel ficou de fora, mas os sociais-democratas, os socialistas do Partido de Esquerda e os Ver-des engrossaram o protesto.

Há dez dias, matéria de opinião, assinada pelo chefe do partido xenófobo Alternativa para a Alema-nha (AfD), publicada no jornal alemão Frankfurt Allgemeine Zeitung, um dos principais do país, foi acusada de parafrasear trechos de um discurso de Hitler de 1933. O chefe da inteligência interna alemã (‘Bureau Federal de Proteção da Constituição’), Hans-Georg Maassen, teve de renunciar depois de ne-gar a autenticidade de um vídeo que mostrava neona-zis perseguindo imigrantes em Chemnitz, no leste do país. Atos extremistas também foram realizados em Köthen e Schönberg e o movimento denominado Pegida (sigla em alemão para Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente”) promove aber-tamente a xenofobia contra muçulmanos. Seis inte-grantes de um grupo de ul-tradireita foram presos no início do mês, sob acusação de planejarem atentados.

Desde que a onda de 1 milhão de refugiados sírios e líbios foi empurrada em dire-ção à Europa, pelas guerras que os governos europeus apoiaram em submissão a Wa-shington, a questão serviu de chamariz para que os milhões de europeus, que sofreram duramente com a “austeri-dade de Merkel” e a salvação dos bancos nas costas dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens e dos aposentados, fossem manipulados para os ver como bodes expiatórios.

A política de deter a san-gria, apostando na repres-são aos imigrantes e nos campos de concentração, ou seja, adotando o dis-curso da AfD, encabeçada pelo ministro do Interior, HorstSeehofer, teve o efei-to inesperado de minguar os votos do CSU [o braço local do partido de Merkel] nas eleições da Baviera de domingo - veja matéria abaixo -, em que perdeu a maioria absoluta que detinha há seis décadas e com os eleitores preferindo votar nos Verdes.

mesmo veículos nas ruas.“É muito assusta-

dor. As pessoas que co-nheço têm origens de vida muito diferentes, e a população de rua só cresce”, diz Tequila, que tem 37 anos e vive em um acampamento em Portland. “Estando na rua você lida com todos os tipos de situações, como ter que relaxar convivendo com ratos. Você também começa a apreciar a água corren-te ou o fato de poder ir ao banheiro sempre que quiser”, acrescenta.

A gravidade da situ-ação fez com que, em 2015, a cidade decla-rasse pela primeira vez “estado de emergência” devido à crise dos sem-teto. Em Los Angeles, a situação é igualmente alarmante e crescente, somando mais de 50 mil desabrigados, logo atrás de Nova Iorque, com cerca de 75 mil pessoas.

Se do lado dos sem-te-to a realidade é tenebro-sa, resta aos moradores se queixarem cada vez mais do cheiro de urina, fezes humanas e obje-tos abandonados que se acumulam pelas ruas e calçadas, às vezes nas suas próprias escadas.

De acordo com o acadêmico australiano Philip Alston, relator especial das Nações Unidas para a pobreza extrema e os direitos humanos, “as políticas do atual governo fede-ral estão focadas em cortar, ao máximo pos-sível, os subsídios para moradia”. Sendo assim, disse, “o pior ainda está por vir”.

Em uma entrevista ao pro-grama “60 Minutes” da rede de televisão CBS, o presidente Donald Trump praticamen-te anunciou que ‘Mad Dog’ Mattis, o general marine que chefia o Pentágono, subiu no telhado: “ele é uma espécie de Democrata, se você quer saber a verdade. Pode ir. Que-ro dizer, em algum momento todos vão”.

Antes ele relatara um almoço com Mattis dois dias antes e que este não lhe dissera que estava saindo, mas “pode ser” que ele saia,

admitiu Trump. Ele disse ainda que Mattis “é um cara bom, nós nos damos muito bem”.

Desde o livro do jorna-lista Bob Woodward sobre a Casa Branca de Trump, circulam rumores de que está chegando a hora de Mattis. No livro, o jornalis-ta assevera que o general havia questionado a capa-cidade de julgamento do presidente, comparando sua compreensão com a de uma criança de “11 ou 12 anos de idade”.

“É claro que não vou em-bora”, disse Mattis a re-pórteres do Pentágono no mês passado. “Eu gosto de estar aqui”, acrescentou. Na semana passada, a embaixa-dora dos EUA na ONU, Ni-kki Haley, inesperadamente anunciou sua renúncia para o final do ano, em declaração feita ao lado de Trump na Casa Branca, que a tratou com toda a deferência. Já a demissão do então secretário de Estado, Rex Tillerson, o ex-poderoso chefão da Exxon, foi a seco, pelas redes sociais.

A sagaz ‘estratégia’ do mi-nistro do Interior de Merkel, Horst Seehofer, de fazer frente à Alternativa para a Alemanha (AfD), aderindo à xenofobia – ele instalou na Baviera campos de concen-tração para imigrantes – saiu pela culatra, com o CSU, o braço local dos conservadores, perdendo 10% da votação [de 47,5% para 37,2%] e a maio-ria absoluta, depois de seis décadas de domínio imbatível no estado, um dos mais ricos do país, sede da BMW e da Siemmens. O SPD (Social Democracia) saiu-se ainda pior, com a votação caindo pela metade, de 21% em 2013 para 10% agora. A votação foi no dia seguinte à grande ma-nifestação em Berlim contra o racismo e a discriminação.

Segundo a imprensa ale-mã, o resultado reitera a crise na “Grande Coalizão” [‘GroKo’, como é conhecida] entre democratas cristãos e sociais democratas. Os ver-des, que fizeram campanha contra a perseguição aos imigrantes e pela inclusão, quase dobraram sua votação, para 18,5%, e se tornaram a segunda força política do estado. A AfD deteve-se nos 11%, mesma votação dos Eleitores Livres, seguidos pelos Liberais Democratas (FDP) e o Partido de Esquer-da, que não chegaram a 5%.

“Muita confiança foi per-dida”, asseverou Merkel, que não deve estar tão chateada pelo baque que atingiu Se-

Ministro de Merkel apela à xenofobia e CSU e SPD desidratam na Baviera

ehofer. A tentativa do CSU de atrair eleitores pela direita incluiu, conforme o Guardian, a lei muito ridicularizada que obrigou a instalar crucifixos nos prédios públicos. Os ver-des tomaram quase 200 mil vo-tos da CSU e 210 mil do SPD.

A Deutsche Welle conside-rou o resultado da CSU nessa eleição “uma surra históri-ca”, com consequências em nível nacional. “As décadas da CSU se vendendo com su-cesso aos eleitores como um partido cristão conservador, mas socialmente consciente, parecem ter acabado”.

O abalroado SPD não tem outra leitura de eleição senão “um resultado amargo”, nas palavras da presidente nacio-nal do partido, Andrea Nahles. “Seguramente uma das razões para o fraco desempenho do SPD é o fraco desempenho da grande coligação”, acrescen-tou. Como se o “fraco desem-penho” não fosse o corolário da política de arrocho de direitos e salários, em prol dos bancos e cartéis, que é a essência da “austeridade de Merkel”, à qual tão firmemente se agar-ra o SPD, que não consegue ganhar uma eleição sozinho desde que, no governo Schro-eder, traiu os trabalhadores [mais uma vez...] com as leis de arrocho Hartz (“Leis Volkswa-gen”). No dia 28, será a vez das urnas se pronunciarem no estado de Hesse, “onde tanto a CDU quanto o SPD estão definhando nas pesquisas”, registrou a DW.

O primeiro-ministro espa-nhol, Pedro Sanchez, socialis-ta, e o líder do Podemos, o par-tido que surgiu do Movimento dos Indignados, Pablo Igle-sias, acordaram um aumento do salário-mínimo de 22%, para 900 euros na Espanha em 2019, o que representa um aumento real de quase 20% e é o maior aumento do salário mínimo desde a restauração da democracia.

O reajuste vale para to-dos os 14 salários a que os trabalhadores espanhóis têm direito, numa medida voltada a reverter as perdas impostas durante os anos de brutal arrocho sob a Troika e a impul-sionar a economia ao fortalecer o mercado interno e o poder de compra da população. A

proposta precisa do apoio de outros partidos para ser apro-vada no congresso espanhol no orçamento para o próximo ano. O acordo também au-menta em 5 bilhões de euros os gastos públicos.

A medida foi prontamente contestada pelo FMI, que recomendou “cuidado”, ale-gando que os países da zona do euro com elevada dívida pública, entre os quais evi-dentemente se inclui a Es-panha, que tem uma dívida perto de 100% do PIB, têm que “fazer mais” para “ajus-tar suas contas agora que a conjuntura econômica é posi-tiva”. (Quando está ruim, pau no lombo dos trabalhadores e, quando melhora, pau no lombo, preventivamente).

Conforme a cínica obser-vação do chefe do Departa-mento Europeu do Fundo, Poul Thomsen, o aumento de salário mínimo na Espanha poderia “expulsar [dos em-pregos] aqueles empregados cujos empresários não estejam dispostos a pagar esses 900 euros”. Ele reconheceu que a medida era enormemente demandada na sociedade, o que disse “entender perfeita-mente”, recomendando “equi-librar ambos os fatores”. Após o que, elogiou o arrocho sob o governo do PP, que chamou de “reformas estruturais” que “impulsionaram a produtivida-de”, provavelmente numa refe-rência à teologia da especulação como valor universal e ao tudo para os bancos e pelos bancos.

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Os negócios do corrupto guru econômico de Jair Bolsonaro Nesta página, reproduzimos

um trecho do relatório da Procu-radoria da República no Distrito Federal, com informações da Superintendência Nacional de Saúde Complementar, sobre alguns negócios do senhor Paulo Guedes, que Bolsonaro contra-tou como seu farol econômico.

Guedes é um conhecido gol-pista do setor financeiro (v., por exemplo, “Posto Ipiranga” arrombou fundo dos funcioná-rios do BNDES), sempre em cima do patrimônio público ou controlado pelo Estado. Essa é, aliás, a essência de suas arengas sobre a privatização de tudo: passar o que é de todos, o que é do povo, para as mãos de alguns poucos picaretas, de preferência, as suas.

Porém, aqui apenas resumi-remos alguns fatos já apurados pelo Ministério Público.

Guedes, através da “Gestora BR Educacional”, organizou, em 2009, dois fundos de investi-mento em participações (FIPs).

Os cotistas, desses dois fundos de Guedes, eram os fundos de pensão das estatais federais e o BNDES, através da BNDESPAR.

Uma vez recebido o dinhei-ro dos fundos de pensão dos funcionários das estatais, o sr. Guedes usou um dos seus FIPs para adquirir uma empresa dele mesmo, a HSM Educacional S/A.

Em seguida, essa última em-presa adquiriu outra, também do sr. Guedes, a HSM do Brasil S/A.

Esta última somente existia

no papel. Ou, na linguagem dos vigaristas da Bolsa, era uma companhia “não-operacional”.

Apesar disso, a HSM do Brasil – que, oficialmente, era uma empresa argentina – foi comprada pela HSM Educacional com um ágio estupendo, embora suas ações fossem desprovidas de qualquer valor na Bolsa de Valores.

Nessa altura, os fundos, e as empresas pertencentes aos fun-dos, tiveram prejuízo, também estupendo.

Pode o leitor adivinhar qual foi a despesa que determinou esse prejuízo?

Pois foi o gasto com pales-trantes (um gasto de R$ 11 milhões e 900 mil entre 2011 e 2012) e o pagamento de pessoal administrativo (R$ 23 milhões e 100 mil entre 2011 e 2012).

É óbvio o que aconteceu: os fundos de pensão dos funcioná-rios das estatais foram roubados pelo sr. Guedes, com a cumplici-dade dos dirigentes dos fundos.

Portanto, coube aos funcioná-rios das estatais ficar com o rom-bo provocado pelo sr. Guedes.

Tudo isso, por sinal, ocorreu entre 2009 e 2012.

Esse é o sujeito que Bolsona-ro diz que, se for eleito, pretende colocá-lo em um exumado – da época de Collor – Ministério da Economia.

Porém, leitor, o melhor é ler abaixo o relatório do Procedimen-to Investigatório Criminal (PIC) nº 1.16.000.002730/2018-67.

C.L.

Ao lado, os primeiros aportes, conforme contabilizados em dezembro de 2009 Abaixo, demonstração financeira realizada pelos auditores da KPMG

ESPECIAL

Gestora BR Educa-cional Gestora de Ativos Ltda. lançou, em 2009, dois FIP [Fundo de Investi-mento em Participa-ções] de característi-cas análogas: o FIP Brasil de Governan-

ça Corporativa (FBGC) e o FIP BR Educacional.

As semelhanças, além da gestora e dos mesmos presta-dores de serviço, se observa-vam em relação aos cotistas (exclusivamente fundos de pensão de patrocínio estatal e o BNDESPAR), em relação a prazos, carteira, taxas, estratégias e no paga-mento de elevados ágios nas aquisições.

Juntos, os dois FIP ob-tiveram subscrições de 1 bilhão de reais, em 2009.

Os quatro maiores cotis-tas são alvos de operações de forças-tarefa, com foco nesta modalidade de inves-timento (FIP), ocorridos em grande parte durante as gestões em que ocorreram as subscrições no BR Educacio-nal (Srs. Wagner Pinheiro, na Petros, Alexej Predte-chensky – vulgo “Russo” – no Postalis, Carlos Alberto Caser, na Funcef, Sérgio Rosa, na Previ/BB).

EDUCACIONAL

Tanto a gestora do FIP quanto a empresa investida possuem em comum a par-ticipação de um mesmo sócio, a saber, o Sr. Paulo Roberto Nunes Guedes.

Po r c o n t a d a g e s t o -ra tratar-se de empresa de natureza limitada, não conseguimos acesso ás de-monstrações financeiras e à estrutura societária social da empresa na época das aquisições. Porém, segun-do informações obtidas no sistema Bloomberg, o Sr. Paulo Roberto Nunes Gue-des é figura proeminente em ambas:

“Mr. Paulo Roberto Nunes Guedes, Ph.D. is a Foun-ding Partner and Chief Executive Officer at BR Educacional Gestora de

Recursos S .A and BR Educacional Fundo de Investimento em Parti-cipações (…) Since 2008, he has been the managing partner of managing body of BR Educacional FIP, where he has been a Co-Head of the private equity area since 2009 (…) In 2007, he fou-nded the financial group BR Investimentos, which became a part of Bozano In-vestimentos, where he has, from that moment forward, served as CEO (…) Since 2009, he has been a member of the Board of Directors of HSM Educação, which provides executive education programs. Mr. Guedes had been a Director of GAEC Educação S.A., since August 2013. He serves as a Direc-tor of Contax Participacoes Sa. Mr. Guedes served as a Director of PDG Realty S.A Empreendimentos e Partici-pacoes since April 9, 2010. He served as a Director of Abril Educação S.A. He ser-ved as a Director of Triunfo Participacoes e Investimen-tos S.A. until 2008. He ser-ved as a Director of Localiza Rent a Car SA.” (grifos no original).

O FIP BR Educacional recebeu seus primeiros apor-tes em janeiro de 2009, com prazo previsto de duração de seis anos.

Segundo seu regulamen-to, o objetivo era obter ga-nhos de capital por meio do investimento em títulos de longo prazo emitidos pelas “companhias-alvo”.

Em uma primeira leitura, chama a atenção o fato da gestora receber um percen-tual (1,75%) sobre o total subscrito, e não o investido.

Isso ocasionou despesas de 6,6 milhões no primei-ro ano de funcionamento, correspondente a 19% do P L m é d i o [ p a t r i m ô n i o líquido médio] do fundo durante o ano.

Esta forma de cobrança, apesar de trazer pesadas despesas ao fundo na fase de estruturação, ocorreu em diversos FIP que temos observado, geralmente sob

a justificativa de que a ges-tora mantém uma equipe de prospecção de investimentos adequados para o FIP.

COTISTAS

Foram identificados apor-tes das EFPC [Entidades Fechadas de Previdência Com-plementar], todas de patro-cínio público federal, entre os meses de fevereiro de 2009 e junho de 2013.

O valor subscrito pelos cotistas foi de 400 milhões de reais, que seriam aportados ao longo de 4 anos.

Os primeiros aportes, con-forme contabilizados em de-zembro de 2009, possuíam a seguinte configuração: ver tabela no alto da página.

Considerando que na data o PL [patrimônio líquido] do Fundo era de 75 milhões de reais, os fundos de pensão respondiam por 80% dos in-vestimentos.

Em pesquisa sobre os de-mais cotistas, encontramos informação do BNDESPAR, datada de 02/01/2009. Porém o valor anotado seria de 96.000.000, sem informa-ção se seria o aportado ou o subscrito.

MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS

As demonstrações finan-ceiras do FIP registram que em 31/12/2009 o FIP possuía Patrimônio Líquido (PL) de 75 milhões de reais, sendo 62,5 milhões relativos a aquisição

de 99,99% do capital da em-presa HSM Educacional S/A. e o restante aplicado em títulos do Tesouro Nacional.

Ou seja, durante seu pri-meiro ano de existência o FIP investiu o dinheiro de seus cotistas em apenas uma empresa, a HSM Edu-cacional S/A.

Numa primeira aborda-gem, observamos a evolução patrimonial da empresa in-vestida durante o período em que esteve na carteira do FIP BR Educacional.

Chama a atenção a drás-tica redução do patrimônio líquido.

No início de 2010, era de 62,5 milhões (ou seja, exatamente o que foi colocado pelo FIP).

Já em 2012, o Patrimônio Líquido havia sido reduzido a 39,5 milhões, após a empre-sa amargar prejuízos de 23,5 milhões (perda de quase 40% de seus recursos em me-ros dois anos de existência).

Já em 2011, as Demons-trações Financeiras do FIP apontavam a seguinte situa-ção, referindo-se à investida (já com a nova razão social, BR Educação Executiva S/A):

“As demonstrações finan-ceiras da BR Educação, refe-rente ao exercício findo em 31 de dezembro de 2011, foram concluídas 6 de setembro de 2012, sobre as quais o rela-tório de auditoria incluíram parágrafo de ênfase quanto à incerteza da continuidade das operações da investida HSM Educação S.A., em razão da companhia investida estar no estágio inicial das suas opera-

ções, e sua continuidade e re-cuperação dos ativos depender do sucesso da administração na implementação do plano estratégico. O investimento na HSM Educação S.A. foi avaliado no pressuposto de que seu desempenho possibi-litará a sua continuidade e a recuperação dos seus ativos”.

O trecho abaixo foi retirado das demonstrações financei-ras da companhia investida, a BR Educação Executiva S/A, no exercício seguinte:

“Chamamos a atenção para a Nota 1 às demonstrações financeiras, que descreve que as sociedades controladas cm conjunto (HSM do Brasil S.A. e HSM Educação SA.) tem apurado prejuízos repeti-tivos em suas operações e apresentaram excesso de passivos sobre ativos cir-culantes no encerramento do exercício que somados totalizam o montante de R$ 16.999 mil, tendo a HSM do Brasil S.A. apresentado pa-trimônio liquido negativo no montante de R$ 9.732 mil. Essa situação, entre outras descritas na Nota 1, suscita dúvida substancial sobre sua continuidade operacional. As demonstrações financeiras não incluem quaisquer ajustes em virtude dessas incerte-zas. Nossa opinião não está ressalvada em função desses assuntos.”

Segue abaixo síntese do ba-lanço patrimonial da empresa onde o gestor do FIP BR Edu-cacional investiu os recursos aportados pelos fundos de pensão de patrocinador públi-

co, detentores das cotas do FIP.Os balanços se referem ao

ano de investimento e aos dois anos posteriores, evidencian-do a destinação desses aportes e a apropriação dos prejuízos de suas investidas.

Os demonstrativos acima demonstram que a maior porção do prejuízo deveu-se a ajustes de equivalência patri-monial, conforme reportado na nota.

Assim que foi capitalizada pelo FIP BR Educacional, a HSM Educacional S/A ad-quiriu 100% do capital da HSM do Brasil S/A.

Essas ações não possuíam cotação em bolsa, e, segundo informado nas Demonstrações Contábeis da investida, foram precificadas através de laudos:

“Em outubro de 2009, a Companhia adquiriu da HSM Group, com sede em Buenos Aires, 100% do capital da HSM do Brasil S.A. (“HSM do Brasil”), com sede na cidade de Barueri, Estado de São Paulo. A HSM do Brasil é a atual razão social da Editora Savana Ltda., empresa cons-tituída em outubro de 1996, e sucessora dos negócios da empresa original, fundada em 1987, com o objetivo de dispo-nibilizar aos seus clientes o melhor e mais atualizado con-teúdo sobre gestão de negócios, tornando-se referência no seu segmento de mercado, através dos produtos e serviços”.

Nos chama a atenção o registro do ágio de R$ 16,555 milhões pago pelas ações da HSM do Brasil, conforme registrado nas demonstrações contábeis da investida.

Pelo que deduzimos de suas demonstrações contábeis, quando de sua aquisição a HSM Brasil S/A não era uma empresa operacional.

Portanto, cabe indagar a razão de pagamento de ágio em montante considerável à empresa vendedora, com sede na Argentina.

As atividades operacionais da HSM do Brasil S/A apre-sentaram prejuízos recor-rentes.

Os principais itens de des-pesa, ou seja, o que mais causou impacto nos resul-tados da empresa, foram a remuneração dos pales-trantes (11,9 milhões entre 2011 e 2012) e as despesas com pessoal administrativo (23,1 milhões entre 2011 e 2012). Na tabela, a demons-tração financeira realizada pelos auditores da KPMG:

As ações na empresa con-troladora BR Educação foram mantidas no FIP até março de 2013.

Nesta ocasião, o FIP efe-tuou a troca de 57,8% do capital social da BR Educação por 49.279 ações da empresa GAEC Educação, avaliadas, através de laudo, em 28,09 milhões de reais (resultando no valor de R$ 570 por ação), e o restante (42,2%) do capital social foi vendido para a mes-ma empresa por 18 milhões de reais, a serem pagos em três parcelas.

O mesmo FIP BR Educa-cional já havia adquirido, em 12/04/2012, 488.239 ações da GAEC, tendo pago, na ocasião, 106 milhões de reais (R$ 217 por ação).

Já a contabilidade da GAEC registrava, em 23/03/2013, ca-pital social de 89,8 milhões de reais, divididos em 1.759.948 ações, ou seja, R$51 por ação.

Dessa forma, em tese, a ne-gociação de troca das ações da BR Educacional pelas ações da GAEC, resultou em pagamen-to, pelo FIP, de ágio de 1.118%.

Mesmo se levarmos em conta o laudo de avaliação das ações da GAEC, que funda-mentou a troca de ações da BR Educacional, o resultado líqui-do do investimento do FIP na BR Educacional foi negativo em 16 milhões de reais.