istoÉ gente (20 de dezembro de 2010)

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Fernanda Montenegro Angélica Maitê Proença Galvão Bueno Fiuk EDIçãO ESPECIAL EDIçãO ESPECIAL R$ 8,90 20/DEZ/2010 ANO 12 N° 588 9 7 7 1 5 1 6 8 2 0 0 0 0 8 8 5 0 0 ISSN 1516-8204 personalidade do ano 2010

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Edição 588 da revista ISTOÉ Gente.

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Page 1: ISTOÉ Gente (20 de dezembro de 2010)

Fernanda Montenegro

Angélica

Maitê Proença

Galvão Bueno

Fiuk

Edição EsPEciAlEdição EsPEciAl

R$ 8,90

20/dez/2010ano 12 n° 588

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música Você disse que não se sente voltando às origens, mas trazendo coisas novas, já que apresenta uma nova geração de músicos. Mas, o fato de voltar a Três Pontas, compor com jovens, não é uma espécie de retorno?Em tudo o que faço há influências das minhas origens. Mas o negócio que me deixou mais feliz foi conhecer todos esses meninos. É um negócio muito forte e muito bonito. Eles tocam vários instrumentos, cantam, foi muito bom trabalhar com eles.

Como surgiu a ideia de voltar a Três Pontas?Foi depois que vi um livro sobre música no Brasil. O pessoal andou pelo País inteiro ouvindo músicas de cada lugar. O livro tem um mapa com Estado, capital e que tipo de música toca ali. Em Minas, além de Belo Horizonte, tem um traço mostrando Três Pontas. Foi uma coisa que me chamou a atenção. Há muito tempo vem gente de outros países para a cidade. Vão conhecer a minha casa, visitam minha família, mas eu mesmo não sabia que tipo de música eles encontravam lá. Comentei isso com o Elízeo (o violonista Marco Elízeo) e fomos para lá. Um dia, fomos a uma vendinha e havia 15 músicos de uma vez tocando. À noite, fomos a uma fazenda e, da cozinha, o melhor lugar da casa para o mineiro, vinha um som muito bonito. Conheci 31 músicos em três dias e foi ótimo. E não tinha nem pensado em reunir todos. Liguei às 3h30 da manhã para minha irmã. Atendeu meu cunhado e, como ele adora uma festa, topou receber todo mundo no dia seguinte. Virou uma festa, todos tocando e ninguém ouvia o que eu queria dizer, ninguém me dava atenção. O Elízeo teve de falar mais alto e avisar que eu gostaria que eles tocassem uma faixa no meu CD (Pietá, que tem uma faixa com participação desses músicos). Depois, fui fazer outros projetos, eles também, alguns estavam estudando, tinham passado no vestibular. Agora reunimos todo mundo de novo.

Você agora apresenta esses jovens à música. Quem foi que fez isso por você, quando estava começando? Qual a diferença entre a sua juventude como músico e a desses rapazes?Olha, as épocas são outras, mas em termos de música, a coisa não é muito diferente, não. Todo mundo toca um instrumento, compõe, canta bem. Acho que foi mais fácil chegar a eles, porque já conhecia as famílias. Coisa do interior, onde todo mundo se conhece. Só não tive tempo de acompanhar o crescimento deles, mas agora há um amor muito grande entre todos. Foi uma descoberta muito bonita e agradeço aos jornalistas que fizeram aquele livro.

Por colocar Três Pontas no mapa?Foi (risos). Foram três pessoas de lá que fizeram a capa do CD. Ficou impressionante, muito bonito. No encarte, deixaram uma carta que o (governador) Aécio Neves me mandou. Eu havia encontrado com ele e dito que Três Pontas era a capital da música. Ele concordou, mas pareceu não acreditar muito. Depois que viu o livro, teve a hombridade de escrever dizendo ter tido a prova do que eu tinha dito.

Wagner Tiso teria demonstrado interesse em ser ministro da Cultura no próximo governo. O que acha da ideia?Não estou sabendo disso. Se ele quiser, que tenha muita felicidade e que faça um trabalho bonito.

Por que dar o nome de uma de suas primeiras músicas a este disco?Como a gente ficou muito amigo, alguns (dos jovens músicos) tocaram para mim, fizeram uma homenagem na praça em frente à casa dos meus pais. Sentei lá, várias bandas iam tocar. E uma delas era a do Pedro, meu

sobrinho de 16 anos, que estava estudando violão. Foi passando o tempo e a banda dele não tocava. Ele foi o último. De repente, entra um rapaz no palco. Fiquei apaixonado. Que coisa era aquilo? Pensei: “A história se repete, essa voz em Três Pontas”. Era o Bruno (Cabral, que canta a faixa com Milton). Depois, eles foram lá para casa e o chamei para cantar comi-go. Ele levou um susto. Vou contar uma outra história agora que depois vai fazer sentido com essa, tudo bem?

Tudo bem.Eu trabalhava em um escritório antes de ser músico profissional. Era dati-lógrafo, e muito bom, por sinal. No tempo livre, ouvia os sons. Gostava do canto do trabalho que vinha da rua, como o canto do Mississípi. Trabalhava no 11º andar e, da janela, ouvia o barulho de gente vendendo coisas. E quando era mais novinho, ia passar férias na região dos Lagos, em Cabo Frio, Búzios, as cidades tinham árvores de frutas, tinha pitangueira. A criançada se entupia de pitanga. Era bonito. Mais tarde, fui conhecer as salinas. Fiquei doido, a água virando sal. Comecei a escrever a “Canção do Sal”. Eu ia marcando do lado coisas que me lembravam o balanço, o ritmo da música para eu não esquecer, porque não sabia escrever música. E comecei a escrever também “...E a Gente Sonhando”. Foi gravada pela Alaíde Costa, a Gisella, o Tempo Trio, mas nunca pensei em gravar. No dia que conheci o Bruno, como ele era o cara mais novo, achei que ficaria bom ele abrir o disco, trazendo a turma, e lembrei essa canção.

E qual o seu sonho, hoje?Continuar fazendo música e a levando para outros lugares.

“Amor do Céu, Amor do Mar” parece ser a música mais pessoal, como o retrato de um momento seu. É isso mesmo?Sou eu, sim. Na época que eu fiquei doente (na década de 90, quando sofreu com o avanço da diabetes), sonhava muito com a Elis. Ela fazia jantar na casa dela, mas não cantava. Um dia, um senhor viu um show meu e contou que os filhos dele tinham visto dois anjos no palco comigo. Mais tarde, mais pessoas me falaram isso. Na briga contra a morte querendo me levar, eu sarei. Adoro nadar no mar, gosto de mergulhar. Então, é por isso que entra Janaína, como Iemanjá também é conhecida. Foi uma força tão grande. Resolvi fazer a música contando essa história para todo mundo. Aina Pinto

esquinasesquinasNovas

Músico volta a Três

Pontas para lançar

uma nova geração de

cantores em seu

primeiro disco de

inéditas em oito anos

Milton Nascimento

MILTON NASCIMENTO É MUITO BEM-HUMORADO e adora con-versar. Não tem nada de tímido. Para ele, as perguntas de uma entrevista são apenas pontos de partida para as histórias que gosta de contar. São narrações para falar de ...E A Gente Sonhando, pri-meiro disco de inéditas do compositor em oito anos, desde Pietá. O trabalho é uma volta às origens, Três Pontas (MG), onde surgiu o Clube da Esquina. “Ele sozinho é um movimento”, como definiu Caetano Veloso. E agora, aos 68 anos, Milton reuniu outros jovens músicos de lá para gravarem com ele. Em meio ao novo repertório, está a música que dá nome ao disco e é uma de suas primeiras composições. A história dessa canção é uma das que ele conta nesta entrevista, assim como a do período em que ficou doente e ganhou a “luta contra a morte que o queria levar”. Sobre isso, com-pôs “Amor do Céu, Amor do Mar”, em que fala também da amiga Elis Regina (1945-1982), a maior cantora do País e que um dia defi-niu: “Se Deus cantasse, seria com a voz de Milton.”

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música Você disse que não se sente voltando às origens, mas trazendo coisas novas, já que apresenta uma nova geração de músicos. Mas, o fato de voltar a Três Pontas, compor com jovens, não é uma espécie de retorno?Em tudo o que faço há influências das minhas origens. Mas o negócio que me deixou mais feliz foi conhecer todos esses meninos. É um negócio muito forte e muito bonito. Eles tocam vários instrumentos, cantam, foi muito bom trabalhar com eles.

Como surgiu a ideia de voltar a Três Pontas?Foi depois que vi um livro sobre música no Brasil. O pessoal andou pelo País inteiro ouvindo músicas de cada lugar. O livro tem um mapa com Estado, capital e que tipo de música toca ali. Em Minas, além de Belo Horizonte, tem um traço mostrando Três Pontas. Foi uma coisa que me chamou a atenção. Há muito tempo vem gente de outros países para a cidade. Vão conhecer a minha casa, visitam minha família, mas eu mesmo não sabia que tipo de música eles encontravam lá. Comentei isso com o Elízeo (o violonista Marco Elízeo) e fomos para lá. Um dia, fomos a uma vendinha e havia 15 músicos de uma vez tocando. À noite, fomos a uma fazenda e, da cozinha, o melhor lugar da casa para o mineiro, vinha um som muito bonito. Conheci 31 músicos em três dias e foi ótimo. E não tinha nem pensado em reunir todos. Liguei às 3h30 da manhã para minha irmã. Atendeu meu cunhado e, como ele adora uma festa, topou receber todo mundo no dia seguinte. Virou uma festa, todos tocando e ninguém ouvia o que eu queria dizer, ninguém me dava atenção. O Elízeo teve de falar mais alto e avisar que eu gostaria que eles tocassem uma faixa no meu CD (Pietá, que tem uma faixa com participação desses músicos). Depois, fui fazer outros projetos, eles também, alguns estavam estudando, tinham passado no vestibular. Agora reunimos todo mundo de novo.

Você agora apresenta esses jovens à música. Quem foi que fez isso por você, quando estava começando? Qual a diferença entre a sua juventude como músico e a desses rapazes?Olha, as épocas são outras, mas em termos de música, a coisa não é muito diferente, não. Todo mundo toca um instrumento, compõe, canta bem. Acho que foi mais fácil chegar a eles, porque já conhecia as famílias. Coisa do interior, onde todo mundo se conhece. Só não tive tempo de acompanhar o crescimento deles, mas agora há um amor muito grande entre todos. Foi uma descoberta muito bonita e agradeço aos jornalistas que fizeram aquele livro.

Por colocar Três Pontas no mapa?Foi (risos). Foram três pessoas de lá que fizeram a capa do CD. Ficou impressionante, muito bonito. No encarte, deixaram uma carta que o (governador) Aécio Neves me mandou. Eu havia encontrado com ele e dito que Três Pontas era a capital da música. Ele concordou, mas pareceu não acreditar muito. Depois que viu o livro, teve a hombridade de escrever dizendo ter tido a prova do que eu tinha dito.

Wagner Tiso teria demonstrado interesse em ser ministro da Cultura no próximo governo. O que acha da ideia?Não estou sabendo disso. Se ele quiser, que tenha muita felicidade e que faça um trabalho bonito.

Por que dar o nome de uma de suas primeiras músicas a este disco?Como a gente ficou muito amigo, alguns (dos jovens músicos) tocaram para mim, fizeram uma homenagem na praça em frente à casa dos meus pais. Sentei lá, várias bandas iam tocar. E uma delas era a do Pedro, meu

sobrinho de 16 anos, que estava estudando violão. Foi passando o tempo e a banda dele não tocava. Ele foi o último. De repente, entra um rapaz no palco. Fiquei apaixonado. Que coisa era aquilo? Pensei: “A história se repete, essa voz em Três Pontas”. Era o Bruno (Cabral, que canta a faixa com Milton). Depois, eles foram lá para casa e o chamei para cantar comi-go. Ele levou um susto. Vou contar uma outra história agora que depois vai fazer sentido com essa, tudo bem?

Tudo bem.Eu trabalhava em um escritório antes de ser músico profissional. Era dati-lógrafo, e muito bom, por sinal. No tempo livre, ouvia os sons. Gostava do canto do trabalho que vinha da rua, como o canto do Mississípi. Trabalhava no 11º andar e, da janela, ouvia o barulho de gente vendendo coisas. E quando era mais novinho, ia passar férias na região dos Lagos, em Cabo Frio, Búzios, as cidades tinham árvores de frutas, tinha pitangueira. A criançada se entupia de pitanga. Era bonito. Mais tarde, fui conhecer as salinas. Fiquei doido, a água virando sal. Comecei a escrever a “Canção do Sal”. Eu ia marcando do lado coisas que me lembravam o balanço, o ritmo da música para eu não esquecer, porque não sabia escrever música. E comecei a escrever também “...E a Gente Sonhando”. Foi gravada pela Alaíde Costa, a Gisella, o Tempo Trio, mas nunca pensei em gravar. No dia que conheci o Bruno, como ele era o cara mais novo, achei que ficaria bom ele abrir o disco, trazendo a turma, e lembrei essa canção.

E qual o seu sonho, hoje?Continuar fazendo música e a levando para outros lugares.

“Amor do Céu, Amor do Mar” parece ser a música mais pessoal, como o retrato de um momento seu. É isso mesmo?Sou eu, sim. Na época que eu fiquei doente (na década de 90, quando sofreu com o avanço da diabetes), sonhava muito com a Elis. Ela fazia jantar na casa dela, mas não cantava. Um dia, um senhor viu um show meu e contou que os filhos dele tinham visto dois anjos no palco comigo. Mais tarde, mais pessoas me falaram isso. Na briga contra a morte querendo me levar, eu sarei. Adoro nadar no mar, gosto de mergulhar. Então, é por isso que entra Janaína, como Iemanjá também é conhecida. Foi uma força tão grande. Resolvi fazer a música contando essa história para todo mundo. Aina Pinto

esquinasesquinasNovas

Músico volta a Três

Pontas para lançar

uma nova geração de

cantores em seu

primeiro disco de

inéditas em oito anos

Milton Nascimento

MILTON NASCIMENTO É MUITO BEM-HUMORADO e adora con-versar. Não tem nada de tímido. Para ele, as perguntas de uma entrevista são apenas pontos de partida para as histórias que gosta de contar. São narrações para falar de ...E A Gente Sonhando, pri-meiro disco de inéditas do compositor em oito anos, desde Pietá. O trabalho é uma volta às origens, Três Pontas (MG), onde surgiu o Clube da Esquina. “Ele sozinho é um movimento”, como definiu Caetano Veloso. E agora, aos 68 anos, Milton reuniu outros jovens músicos de lá para gravarem com ele. Em meio ao novo repertório, está a música que dá nome ao disco e é uma de suas primeiras composições. A história dessa canção é uma das que ele conta nesta entrevista, assim como a do período em que ficou doente e ganhou a “luta contra a morte que o queria levar”. Sobre isso, com-pôs “Amor do Céu, Amor do Mar”, em que fala também da amiga Elis Regina (1945-1982), a maior cantora do País e que um dia defi-niu: “Se Deus cantasse, seria com a voz de Milton.”

Page 4: ISTOÉ Gente (20 de dezembro de 2010)

A SUPREMA

QUARTAFEIRA 8 DE DEZEMBRO. O relógio marcava 21 horas. Do alto da escada de sua mansão recém-comprada, Danielle Winits apareceu toda de branco. Não era um vesti-do de noiva tradicional. A cerimônia, íntima, não pedia essa formalidade. A atriz escolheu um modelo curto, da estilista Stella McCartney. Na cabeça, uma tiara prendia os cabelos e ressaltava o semblante de alegria. Na sala, o noivo, Jonatas Faro, esperava por sua amada com blazer branco Alexandre Herchcovitch. A música para o momento foi selecionada por Jonatas, em homenagem a Danielle: “Woman”, de John Lennon. Os dois seguiram para a parte externa da casa onde estava montado o altar. Foi sob a luz da lua que ouviram as palavras do pastor Luiz, padrasto do ator. Noah, de 3 anos, filho da atriz com o ex-marido, Cássio Reis, acompanhou os pombinhos. Eles não se casaram no civil, optaram por uma cerimônia religiosa para formalizar a união. Danielle e Jonatas esperam um filho para daqui a quatro meses.

Padrinhos dos noivos, Miguel Falabella, Betty Lago e Arlete Salles participaram das bênçãos posicionados na late-ral do altar. “Lindos, se casando now! Foto autorizada por eles para colocar aqui pra vocês”, postou Betty em seu Twitter, minutos depois, ao lado de uma imagem do beijo dos noivos. Outra música, desta vez escolhida por Danielle, marcou o fim da cerimônia: “Ribbon in the Sky”, de Stevie Wonder. Enquanto os noivos recebiam os cumprimentos dos familia-res e amigos, o DJ Taw abria a pista. No repertório, Madonna, Michael Jackson, Beyoncé, Vanessa da Matta, Tim Maia e um pot-pourri de funk. Mesmo com a barriguinha de cinco meses, a noiva dançava, circulava pelo salão, conversava com os convidados e procurava dar atenção a todos. De mãos dadas, Jonatas acompanhava a esposa. Carolina Ferraz foi uma das primeiras a ir embora, por volta das 22h30. “Estava tudo perfeito, lindíssimo, a começar pela Dani”, disse a atriz, que deixou a festa com Arlete Salles. Cininha de Paula, que dirigiu a série Vida Alheia, na qual Danielle trabalhou, tam-bém ficou pouco tempo. Elas saíram sem ver Danielle jogar o buquê. A mãe da atriz, Nadja Winits, foi quem pegou o arran-

Daniele Maia FOTOS Marcelo Fernandes/Ag IstoÉ

O beijo dos noivos foi twittado por

uma das convidadas, a atriz

Betty Lago. Abaixo, os

detalhes do bolo, das lembrancinhas

e da decoração do casamento

Dani usou um vestido Stella

McCartney e Jonatas, um

blazer branco de Alexandre

Herchcovitch

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A SUPREMA

QUARTAFEIRA 8 DE DEZEMBRO. O relógio marcava 21 horas. Do alto da escada de sua mansão recém-comprada, Danielle Winits apareceu toda de branco. Não era um vesti-do de noiva tradicional. A cerimônia, íntima, não pedia essa formalidade. A atriz escolheu um modelo curto, da estilista Stella McCartney. Na cabeça, uma tiara prendia os cabelos e ressaltava o semblante de alegria. Na sala, o noivo, Jonatas Faro, esperava por sua amada com blazer branco Alexandre Herchcovitch. A música para o momento foi selecionada por Jonatas, em homenagem a Danielle: “Woman”, de John Lennon. Os dois seguiram para a parte externa da casa onde estava montado o altar. Foi sob a luz da lua que ouviram as palavras do pastor Luiz, padrasto do ator. Noah, de 3 anos, filho da atriz com o ex-marido, Cássio Reis, acompanhou os pombinhos. Eles não se casaram no civil, optaram por uma cerimônia religiosa para formalizar a união. Danielle e Jonatas esperam um filho para daqui a quatro meses.

Padrinhos dos noivos, Miguel Falabella, Betty Lago e Arlete Salles participaram das bênçãos posicionados na late-ral do altar. “Lindos, se casando now! Foto autorizada por eles para colocar aqui pra vocês”, postou Betty em seu Twitter, minutos depois, ao lado de uma imagem do beijo dos noivos. Outra música, desta vez escolhida por Danielle, marcou o fim da cerimônia: “Ribbon in the Sky”, de Stevie Wonder. Enquanto os noivos recebiam os cumprimentos dos familia-res e amigos, o DJ Taw abria a pista. No repertório, Madonna, Michael Jackson, Beyoncé, Vanessa da Matta, Tim Maia e um pot-pourri de funk. Mesmo com a barriguinha de cinco meses, a noiva dançava, circulava pelo salão, conversava com os convidados e procurava dar atenção a todos. De mãos dadas, Jonatas acompanhava a esposa. Carolina Ferraz foi uma das primeiras a ir embora, por volta das 22h30. “Estava tudo perfeito, lindíssimo, a começar pela Dani”, disse a atriz, que deixou a festa com Arlete Salles. Cininha de Paula, que dirigiu a série Vida Alheia, na qual Danielle trabalhou, tam-bém ficou pouco tempo. Elas saíram sem ver Danielle jogar o buquê. A mãe da atriz, Nadja Winits, foi quem pegou o arran-

Daniele Maia FOTOS Marcelo Fernandes/Ag IstoÉ

O beijo dos noivos foi twittado por

uma das convidadas, a atriz

Betty Lago. Abaixo, os

detalhes do bolo, das lembrancinhas

e da decoração do casamento

Dani usou um vestido Stella

McCartney e Jonatas, um

blazer branco de Alexandre

Herchcovitch

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Em sentido horário, Miguel Falabella, Claudia Jimenez e Betty Lago chegam ao casamento. A mãe da noiva, Nadja, pegou o buquê. A festa rolou na área externa da mansão. Marcos Pasquim e Wolf Maya também foram convidados

jo. “Ih, será que vou casar de novo?”, perguntou, rindo. O ator Guga Coelho e a namorada, Carolinie Figueiredo brincaram com a situação: “É marmelada, é marmelada!”

Depois das fotos, os noivos ficaram mais à vontade. Jonatas trocou o blazer por uma blusa branca de botão. Danielle apo-sentou o salto alto da sandália Givenchy e ficou descalça. A essa altura, Noah já estava sem seu terninho e brincava na grama do jardim. Priscila Sereno, mãe de Jonatas, se revezava com a babá para dar conta do pique do menino. Até 1h da manhã, o meni-no aguentou acordado. “Rapaz, você ainda não foi dormir?”, perguntou um dos convidados ao sair. Pouco depois, a atriz levou o diretor Wolf Maya até o portão. Foi o único convidado a ter a companhia da noiva até a saída. No caminho de volta à parte interna da casa, Noah agarrou a mão da mãe. A energia do menino estava acabando. A festa, também.

O dia do casamento começou por volta das 11 horas para Dani e Jonatas. No spa do Hotel Fasano, em Ipanema, eles relaxaram com massagens. Ali, ela também arrumou o cabelo e foi maquiada. O “dia da noiva” foi todo registrado em foto e vídeo. Por volta das 17h30, eles seguiram para o condomímio Green Wood, onde fica a mansão que a atriz

acaba de comprar, avaliada em mais de R$ 2 milhões. A casa ainda está no nome do antigo proprietário, Fernando Maia, irmão do ex-prefeito do Rio, César Maia. Dani deu um sinal para selar o compromisso de venda e pediu autorização para realizar a festa no local.

Como o imóvel está vazio e passará por obras, coube ao decorador Antonio Neves da Rocha a missão de deixar o espaço aconchegante. “A mansão parece um grande loft. Levei sofás, pufes e cadeiras para deixar com cara de casa já habitada. Para dar o tom pessoal, Dani deixou comigo umas fotos de família que espalhei por estantes de vidro pelo salão”, explicou Antonio, que ainda recorreu a velas e flores como copos-de-leite, hortênsias e rosas, todas brancas.

O bufê ficou a cargo da Pederneiras Gastronomia. O bolo de Isabella Suplicy tinha massa de pão-de-ló, recheio de brigadeiro e cobertura foundant. E um detalhe fazia toda a diferença: os tradicionais bonequinhos dos noivos tinham companhia. Era Noah, que também foi retratado nas miniaturas. Entre os 500 docinhos, sabores de coco, damasco, limão, ovos e chocolate. Na saída, os convidados levavam para casa os tradicionais bem-casados, garrafi-nhas de água mineral e caixinhas de bala personalizadas com os apelidos dos noivos: “Dani e Johnny”.

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Em sentido horário, Miguel Falabella, Claudia Jimenez e Betty Lago chegam ao casamento. A mãe da noiva, Nadja, pegou o buquê. A festa rolou na área externa da mansão. Marcos Pasquim e Wolf Maya também foram convidados

jo. “Ih, será que vou casar de novo?”, perguntou, rindo. O ator Guga Coelho e a namorada, Carolinie Figueiredo brincaram com a situação: “É marmelada, é marmelada!”

Depois das fotos, os noivos ficaram mais à vontade. Jonatas trocou o blazer por uma blusa branca de botão. Danielle apo-sentou o salto alto da sandália Givenchy e ficou descalça. A essa altura, Noah já estava sem seu terninho e brincava na grama do jardim. Priscila Sereno, mãe de Jonatas, se revezava com a babá para dar conta do pique do menino. Até 1h da manhã, o meni-no aguentou acordado. “Rapaz, você ainda não foi dormir?”, perguntou um dos convidados ao sair. Pouco depois, a atriz levou o diretor Wolf Maya até o portão. Foi o único convidado a ter a companhia da noiva até a saída. No caminho de volta à parte interna da casa, Noah agarrou a mão da mãe. A energia do menino estava acabando. A festa, também.

O dia do casamento começou por volta das 11 horas para Dani e Jonatas. No spa do Hotel Fasano, em Ipanema, eles relaxaram com massagens. Ali, ela também arrumou o cabelo e foi maquiada. O “dia da noiva” foi todo registrado em foto e vídeo. Por volta das 17h30, eles seguiram para o condomímio Green Wood, onde fica a mansão que a atriz

acaba de comprar, avaliada em mais de R$ 2 milhões. A casa ainda está no nome do antigo proprietário, Fernando Maia, irmão do ex-prefeito do Rio, César Maia. Dani deu um sinal para selar o compromisso de venda e pediu autorização para realizar a festa no local.

Como o imóvel está vazio e passará por obras, coube ao decorador Antonio Neves da Rocha a missão de deixar o espaço aconchegante. “A mansão parece um grande loft. Levei sofás, pufes e cadeiras para deixar com cara de casa já habitada. Para dar o tom pessoal, Dani deixou comigo umas fotos de família que espalhei por estantes de vidro pelo salão”, explicou Antonio, que ainda recorreu a velas e flores como copos-de-leite, hortênsias e rosas, todas brancas.

O bufê ficou a cargo da Pederneiras Gastronomia. O bolo de Isabella Suplicy tinha massa de pão-de-ló, recheio de brigadeiro e cobertura foundant. E um detalhe fazia toda a diferença: os tradicionais bonequinhos dos noivos tinham companhia. Era Noah, que também foi retratado nas miniaturas. Entre os 500 docinhos, sabores de coco, damasco, limão, ovos e chocolate. Na saída, os convidados levavam para casa os tradicionais bem-casados, garrafi-nhas de água mineral e caixinhas de bala personalizadas com os apelidos dos noivos: “Dani e Johnny”.

Eleger FERNANDA MONTENEGRO, MAITÊ PROENÇA, ANGÉLICA, GALVÃO BUENO e FIUK como os destaques de suas áreas em 2010 não foi tarefa das mais fáceis. Muito menos pelo talento indiscutível de cada um, muito mais pelo ano fértil em grandes performances na tevê, na música, nas artes. Por fim, os escolhidos desta edição do Personalidades do Ano refletem uma justa homenagem àqueles que fazem do show biz nacional um motivo de orgulho para todos os brasileiros. Aplausos!

Personalidadesdoano2010

Page 8: ISTOÉ Gente (20 de dezembro de 2010)

NÃO OUSE COMPARAR Fernanda Montenegro a um mito. A maior atriz brasi-leira da atualidade rejeita o rótulo que insiste em colocá-la num plano em que, segundo ela, não lhe pertence. Aos 81 anos, esta senhora de aparente jeito austero e fala impostada cultiva viver no limite tênue do real. “A vida está na realidade, ainda não alcancei a mitificação. O imaginário do outro é que projeta isso. É difícil encarar a visão do outro sobre mim. Sou falha, insegura e carrego isso comigo”, tenta explicar, surpreendendo aqueles que já a viram dar vida a uma galeria de personagens com segurança e um talento magistral. Este ano, Fernanda – nascida Arlette Pinheiro Esteves da Silva – completa 60 anos de carreira dedicada aos pal-cos e 65 de profissão se contabilizarmos sua passagem pelo rádio. E parece ter escolhido a dedo a personagem que viveria para marcar a data.

Na pele da imponente matriarca Bete Gouvêa, de Passione, criada por Silvio de Abreu especialmente para ela no folhetim das nove da Globo, vem brilhando e surpre-endendo mais uma vez com sua interpretação irretocável. A explicação para a geniali-dade e a vitalidade que vêm encantando milhões de espectadores Brasil afora – e até no Exterior – ao longo de todos esses anos é uma incógnita até mesmo para ela. “Não sei, sinceramente não sei”, diz, com uma humildade espantosa. Depois de uma breve pausa, suspira e tenta explicar. “Talvez seja o DNA ou uma vocação canalizada. Vim para um tipo de arte em que digo que é isso mesmo que quero fazer. Isso me dá muita energia”, afirma, para em seguida ressaltar que tudo que conquistou se deve ao fato de estar no espaço em que quer estar e com as pessoas e a família com quem deseja compartilhar sua existência. “Em última análise, tenho algo de esquizofrênico que todo ator tem.”

Rosangela Honor FOTOS Rafael Andrade/FolhaPress

Page 9: ISTOÉ Gente (20 de dezembro de 2010)

NÃO OUSE COMPARAR Fernanda Montenegro a um mito. A maior atriz brasi-leira da atualidade rejeita o rótulo que insiste em colocá-la num plano em que, segundo ela, não lhe pertence. Aos 81 anos, esta senhora de aparente jeito austero e fala impostada cultiva viver no limite tênue do real. “A vida está na realidade, ainda não alcancei a mitificação. O imaginário do outro é que projeta isso. É difícil encarar a visão do outro sobre mim. Sou falha, insegura e carrego isso comigo”, tenta explicar, surpreendendo aqueles que já a viram dar vida a uma galeria de personagens com segurança e um talento magistral. Este ano, Fernanda – nascida Arlette Pinheiro Esteves da Silva – completa 60 anos de carreira dedicada aos pal-cos e 65 de profissão se contabilizarmos sua passagem pelo rádio. E parece ter escolhido a dedo a personagem que viveria para marcar a data.

Na pele da imponente matriarca Bete Gouvêa, de Passione, criada por Silvio de Abreu especialmente para ela no folhetim das nove da Globo, vem brilhando e surpre-endendo mais uma vez com sua interpretação irretocável. A explicação para a geniali-dade e a vitalidade que vêm encantando milhões de espectadores Brasil afora – e até no Exterior – ao longo de todos esses anos é uma incógnita até mesmo para ela. “Não sei, sinceramente não sei”, diz, com uma humildade espantosa. Depois de uma breve pausa, suspira e tenta explicar. “Talvez seja o DNA ou uma vocação canalizada. Vim para um tipo de arte em que digo que é isso mesmo que quero fazer. Isso me dá muita energia”, afirma, para em seguida ressaltar que tudo que conquistou se deve ao fato de estar no espaço em que quer estar e com as pessoas e a família com quem deseja compartilhar sua existência. “Em última análise, tenho algo de esquizofrênico que todo ator tem.”

Rosangela Honor FOTOS Rafael Andrade/FolhaPress

Page 10: ISTOÉ Gente (20 de dezembro de 2010)

A parceria de Fernanda e Fernando se deu também na educação dos filhos. A atriz salienta que nunca foi uma mãe “tatibitati” e que o marido sempre foi “mais pai e mãe” do que ela. Isso não quer dizer que tenha exercido a maternidade com dureza. “Nunca fui uma mãe de gritar. Choro de filho nunca me impacientou. Meus filhos nunca me deram trabalho e nunca comeram de aviãozinho”, diz. Sua postura não é diferen-te com os netos, filhos de Fernanda Torres, Joaquim, 11 anos, e Antonio, 2 e João Alfredo e Davi, filhos de Claudio Torres. “Eu sou avó e tenho muita alegria dos meus netos. Mas trabalho muito, não tenho tempo de nhenhenhém com eles e nem com ninguém”, avisa. “Criança é um ser humano, só que pequeno. Então vamos tratá-la como ser humano. Eles sabem das coisas”, ensina, afirmando que ser avó não lhe dá trabalho algum. “Eu olho e vejo”, afirma, para ressaltar, segundos depois, que tem uma vida comum. “Sou uma pessoa comum. Gosto de andar, de ir ao cinema, ao teatro e de conversar com os amigos e, se bobearem, vou ao funk”, diz, com ar divertido.

Diante de tanta disposição, cabe insistir, mais uma vez, e indagar o segredo de tamanha energia. “Costumo dizer que tomo banho duas vezes por dia, escovo os dentes, vou aos meus médicos e olho todos os meus orifícios”, brinca, para logo depois soltar uma deliciosa gargalhada.

Definitivamente Fernanda Montenegro não gosta de criar mitos em torno de sua vida. E aos curiosos que desejam saber se ela pretende se aposentar, a resposta vem na ponta da lín-gua. “A vida é quem vai definir isso. Hoje não, não sei daqui a cinco anos. Se precisarem de uma uva passa para fazer uma múmia”, diz, com seu famoso bom humor, adiantando ainda para aqueles que amam vê-la no vídeo que, Passione não é, pelo menos a princípio, sua última novela. “Eu sei que fazer novela é uma batalha intransponível. Durante um ano você bloqueia sua vida, mas depende de quem me convidar.” Certamente convites não faltarão.

“Consigo ser uma pessoa para o consumo externo e outra para o consumo interno”, afirma. Quem já contrace-nou com ela enaltece seu talento e sua generosidade. Paola Oliveira, que trabalhou com a atriz em Belíssima, diz ter vivido uma experiência marcante. “Fui entrando no cama-rim e quem estava lá? Fernanda Montenegro. Estava con-centrada, passando o texto. Fiquei sem saber o que fazer. Se entrava ou se dava um passo para trás e ia embora. Nisso ela levantou a cabeça e disse: “Oi, Paola, tudo bom? Queria te parabenizar pela cena de ontem. Você estava muito bem.” Nossa, fiquei muito feliz!”, conta Paola.

Outro ilustre que se derrama em elogios a Fernanda é o autor de Passione, Silvio de Abreu. Antigos parceiros de traba-lho, ele se recorda de um episódio bem-humorado na longa trajetória da atriz. “Uma das histórias que ela conta com mais propriedade foi quando durante uma apresentação do seríssi-mo texto de Beckett, Dias Felizes, onde ela ficava enterrada em um monte de terra só com a cabeça para fora, começou uma briga por lugares na plateia e ela, só com a cabeça para fora, interrompeu o espetáculo, mandou acender as luzes, resolveu o problema dos lugares, mandou apagar a luz e continuou o monólogo. É uma gênia!”, diverte-se Silvio.

Fernanda é assim. Surpreende e se multiplica ao mostrar outras facetas de uma Fernanda Montenegro que não vive sob os holofotes e que contabiliza ao longo de sua trajetória 16 fil-mes, mais de dez trabalhos em televisão, entre novelas e minis-séries, 170 teleteatros e cerca de 30 prêmios na categoria de melhor atriz, entre eles o Urso de Prata, em Berlim, em 1998, e uma indicação ao Oscar – ela foi a primeira atriz brasileira a conquistar tal façanha por sua brilhante atuação no filme Central do Brasil, de Walter Salles. Na intimidade, Fernanda é apenas Arlette, aquela mulher simples, filha de pai operário e mãe dona de casa nascida no subúrbio de Cascadura, no Rio de Janeiro. “A Arlette alimenta mais a Fernanda do que a Fernanda a Arlette”, diz a atriz, mãe da também atriz Fernanda Torres e do cenógrafo, programador visual e diretor de cinema Cláudio Torres. “Tenho uma vida particular que é minha, que é muito íntima. A Fernanda Montenegro é a que se apresenta para o consumo externo. A pessoa de família é completamente dife-rente da que vive em exposição”, diz.

A intimidade da atriz sempre esteve distante do glamour que a profissão proporciona. Ao lado de Fernando Torres, seu parceiro profissional e marido ao longo de 60 anos – os dois só se separaram em 2008, com a morte do ator – a atriz construiu sua fortaleza particular, onde a discrição sempre deu o tom. Fernanda diz que seu encontro com Fernando, quando ambos começavam suas trajetórias, com a estreia dela na peça Alegres Canções nas Montanhas, em 1950 – foi fundamental e definitiva. “Com ele criei um par que durou 60 anos e que está de pé no meu sentimento. Encontrei uma pessoa com os mesmos objeti-vos e querendo as mesmas coisas, embora cada um tenha a sua trajetória”, ressalta. A atriz explica que somente depois de tantos anos de vida em comum foi possível perceber que a fortaleza se manteve indestrutível com “muita paciência, tolerância e até saco” para atravessar as horas mais difíceis. “A gente não tem como explicar o inexplicável. Quando se vive com uma pessoa durante 60 anos, fica marcado, acoplado para o resto de tempo que lhe resta de vida, ainda mais sendo da mesma profissão, com todas as intempéries desse convívio, não há nada a escon-der”, diz, quase fazendo uma reflexão sobre si mesma.

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A parceria de Fernanda e Fernando se deu também na educação dos filhos. A atriz salienta que nunca foi uma mãe “tatibitati” e que o marido sempre foi “mais pai e mãe” do que ela. Isso não quer dizer que tenha exercido a maternidade com dureza. “Nunca fui uma mãe de gritar. Choro de filho nunca me impacientou. Meus filhos nunca me deram trabalho e nunca comeram de aviãozinho”, diz. Sua postura não é diferen-te com os netos, filhos de Fernanda Torres, Joaquim, 11 anos, e Antonio, 2 e João Alfredo e Davi, filhos de Claudio Torres. “Eu sou avó e tenho muita alegria dos meus netos. Mas trabalho muito, não tenho tempo de nhenhenhém com eles e nem com ninguém”, avisa. “Criança é um ser humano, só que pequeno. Então vamos tratá-la como ser humano. Eles sabem das coisas”, ensina, afirmando que ser avó não lhe dá trabalho algum. “Eu olho e vejo”, afirma, para ressaltar, segundos depois, que tem uma vida comum. “Sou uma pessoa comum. Gosto de andar, de ir ao cinema, ao teatro e de conversar com os amigos e, se bobearem, vou ao funk”, diz, com ar divertido.

Diante de tanta disposição, cabe insistir, mais uma vez, e indagar o segredo de tamanha energia. “Costumo dizer que tomo banho duas vezes por dia, escovo os dentes, vou aos meus médicos e olho todos os meus orifícios”, brinca, para logo depois soltar uma deliciosa gargalhada.

Definitivamente Fernanda Montenegro não gosta de criar mitos em torno de sua vida. E aos curiosos que desejam saber se ela pretende se aposentar, a resposta vem na ponta da lín-gua. “A vida é quem vai definir isso. Hoje não, não sei daqui a cinco anos. Se precisarem de uma uva passa para fazer uma múmia”, diz, com seu famoso bom humor, adiantando ainda para aqueles que amam vê-la no vídeo que, Passione não é, pelo menos a princípio, sua última novela. “Eu sei que fazer novela é uma batalha intransponível. Durante um ano você bloqueia sua vida, mas depende de quem me convidar.” Certamente convites não faltarão.

“Consigo ser uma pessoa para o consumo externo e outra para o consumo interno”, afirma. Quem já contrace-nou com ela enaltece seu talento e sua generosidade. Paola Oliveira, que trabalhou com a atriz em Belíssima, diz ter vivido uma experiência marcante. “Fui entrando no cama-rim e quem estava lá? Fernanda Montenegro. Estava con-centrada, passando o texto. Fiquei sem saber o que fazer. Se entrava ou se dava um passo para trás e ia embora. Nisso ela levantou a cabeça e disse: “Oi, Paola, tudo bom? Queria te parabenizar pela cena de ontem. Você estava muito bem.” Nossa, fiquei muito feliz!”, conta Paola.

Outro ilustre que se derrama em elogios a Fernanda é o autor de Passione, Silvio de Abreu. Antigos parceiros de traba-lho, ele se recorda de um episódio bem-humorado na longa trajetória da atriz. “Uma das histórias que ela conta com mais propriedade foi quando durante uma apresentação do seríssi-mo texto de Beckett, Dias Felizes, onde ela ficava enterrada em um monte de terra só com a cabeça para fora, começou uma briga por lugares na plateia e ela, só com a cabeça para fora, interrompeu o espetáculo, mandou acender as luzes, resolveu o problema dos lugares, mandou apagar a luz e continuou o monólogo. É uma gênia!”, diverte-se Silvio.

Fernanda é assim. Surpreende e se multiplica ao mostrar outras facetas de uma Fernanda Montenegro que não vive sob os holofotes e que contabiliza ao longo de sua trajetória 16 fil-mes, mais de dez trabalhos em televisão, entre novelas e minis-séries, 170 teleteatros e cerca de 30 prêmios na categoria de melhor atriz, entre eles o Urso de Prata, em Berlim, em 1998, e uma indicação ao Oscar – ela foi a primeira atriz brasileira a conquistar tal façanha por sua brilhante atuação no filme Central do Brasil, de Walter Salles. Na intimidade, Fernanda é apenas Arlette, aquela mulher simples, filha de pai operário e mãe dona de casa nascida no subúrbio de Cascadura, no Rio de Janeiro. “A Arlette alimenta mais a Fernanda do que a Fernanda a Arlette”, diz a atriz, mãe da também atriz Fernanda Torres e do cenógrafo, programador visual e diretor de cinema Cláudio Torres. “Tenho uma vida particular que é minha, que é muito íntima. A Fernanda Montenegro é a que se apresenta para o consumo externo. A pessoa de família é completamente dife-rente da que vive em exposição”, diz.

A intimidade da atriz sempre esteve distante do glamour que a profissão proporciona. Ao lado de Fernando Torres, seu parceiro profissional e marido ao longo de 60 anos – os dois só se separaram em 2008, com a morte do ator – a atriz construiu sua fortaleza particular, onde a discrição sempre deu o tom. Fernanda diz que seu encontro com Fernando, quando ambos começavam suas trajetórias, com a estreia dela na peça Alegres Canções nas Montanhas, em 1950 – foi fundamental e definitiva. “Com ele criei um par que durou 60 anos e que está de pé no meu sentimento. Encontrei uma pessoa com os mesmos objeti-vos e querendo as mesmas coisas, embora cada um tenha a sua trajetória”, ressalta. A atriz explica que somente depois de tantos anos de vida em comum foi possível perceber que a fortaleza se manteve indestrutível com “muita paciência, tolerância e até saco” para atravessar as horas mais difíceis. “A gente não tem como explicar o inexplicável. Quando se vive com uma pessoa durante 60 anos, fica marcado, acoplado para o resto de tempo que lhe resta de vida, ainda mais sendo da mesma profissão, com todas as intempéries desse convívio, não há nada a escon-der”, diz, quase fazendo uma reflexão sobre si mesma.

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Thaís Botelho FOTOS Marcelo Navarro/ Ag. IstoÉ

A ENTRADA DO PROJAC – os estúdios de gravação da TV Globo em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio – viveu um frisson diferente este ano. Sobretudo nos primeiros meses, ali entre janeiro e julho. Não por conta de nenhuma estrela já consagrada ou pelo galã da novela das oito. As dezenas de crianças e adolescentes que faziam vigília diária todas as manhãs na portaria esperavam por Filipe Galvão – ou Fiuk –, o cantor que virou ator e se tornou ídolo de sua geração em apenas dois anos de carreira. Fiuk foi escalado protagonista da novela Malhação em novembro do ano passado, mas só em 2010 viu sua popularidade explodir. Na porta do Projac, as fãs se emocionavam ao ver o garoto chegar três horas antes do expediente só para dar conta dos autógrafos. O carinho dele era retribuído com presentes: de flores e cartas apaixonadas a chocolates e macarrão instantâneo. “Eu pos-tava no Twitter que eu não sabia cozinhar e iria comer Miojo. Por isso levavam na porta. Era minha janta dada pelas fãs” diverte-se o ator.

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Thaís Botelho FOTOS Marcelo Navarro/ Ag. IstoÉ

A ENTRADA DO PROJAC – os estúdios de gravação da TV Globo em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio – viveu um frisson diferente este ano. Sobretudo nos primeiros meses, ali entre janeiro e julho. Não por conta de nenhuma estrela já consagrada ou pelo galã da novela das oito. As dezenas de crianças e adolescentes que faziam vigília diária todas as manhãs na portaria esperavam por Filipe Galvão – ou Fiuk –, o cantor que virou ator e se tornou ídolo de sua geração em apenas dois anos de carreira. Fiuk foi escalado protagonista da novela Malhação em novembro do ano passado, mas só em 2010 viu sua popularidade explodir. Na porta do Projac, as fãs se emocionavam ao ver o garoto chegar três horas antes do expediente só para dar conta dos autógrafos. O carinho dele era retribuído com presentes: de flores e cartas apaixonadas a chocolates e macarrão instantâneo. “Eu pos-tava no Twitter que eu não sabia cozinhar e iria comer Miojo. Por isso levavam na porta. Era minha janta dada pelas fãs” diverte-se o ator.

Page 14: ISTOÉ Gente (20 de dezembro de 2010)

Fiuk nunca frequentou um curso de interpretação sequer. Tudo é na base da intuição e do carisma, que exalam de sua alma a cada sorriso. Sua performance dramática, contudo, tem tido o acompanhamento de outras estrelas da casa. “Tudo bem, Fiuk? Tô acompanhando seu trabalho, viu? Parabéns!”, ouviu ele, certa vez, da atriz Malu Mader. “Como assim? Ela estava falando comigo? Sabia quem eu era?”, surpreende-se ele. Junto ao público, alguns medidores dão conta do sucesso do rapaz. São cerca de 200 fãs-clubes espalhados pelo Brasil e mais de um milhão de seguidores no Twitter (Ronaldo, do Corinthians, por exemplo, tem 940 mil), que interagem com ele por meio de posts, e-mails e cartas, 30 pelo menos todos os dias entregues em mãos. Se ele arrisca um palpite sobre a razão de todo esse sucesso? “Sei lá, cara, muito doido. Não faço tipo não, sou o que sou mesmo”, entrega, com certa timidez.

O convite para estrelar a novela veio após o sucesso de seu trabalho no longa-metragem, As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky, que teve sua estreia em abril deste ano. A premissa para concorrer à vaga na produção era justamente não ser ator. “Aprendi demais com toda equipe e foi isso que me deu base para a televisão. Acho que aprendi a aprender e não vou parar nunca mais, se Deus quiser!”, reconhece Fiuk, sobre os dois meses intensivos de filmagem. Por fim, sua pas-sagem meteórica pela dramaturgia – e que já lhe rendeu dois prêmios este ano – culminou com sua escalação para um programa especial de final de ano da Globo ao lado do pai, Fábio Jr., chamado “Tal Filho, Tal Pai” no dia 23 deste mês.

No paralelo do sucesso na tevê e no cinema, ainda tem a banda Hori, cujo grande gol de placa do ano foi ter tido a música “Eterno para Você”, composição dele feita em portu-guês e inglês, na trilha sonora nacional do filme Eclipse, o terceiro da famosa saga Crepúsculo. Mas o sucesso da banda, formada pelos amigos Xande Bispo, Max Klein, Renan Augusto e Fê Campos, em 2003, vem desde o ano passado. Foi no segundo semestre de 2009 que a banda lançou seu primei-ro álbum, o homônimo Hori, com músicas inéditas, e a regra-vação de “Só Você”, sucesso na voz de Fábio Jr. “Hoje, quando as pessoas me param na rua, perguntam pelo Fiuk. Não que-rem mais saber de mim, não! Na verdade, sou só o pai do Fiuk”, brinca Fábio Jr. Já a primeira música de trabalho, “Segredo”, estourou na internet e, em apenas três dias no site de vídeos YouTube, o clipe registrou mais de 30 mil acessos. Com todo o êxito, sua banda atingiu a marca de 20 mil cópias vendidas e recebeu o primeiro disco de ouro em novembro. “Muita coisa, né? Não dá mesmo para acreditar”, emociona-se. Ainda na música, ele planeja o voo solo no ano que vem, com um disco em abril. “A banda vai continuar. É que nossa rotina estava muito doida e jamais vou desgastar nossa amizade por conta disso. Por isso um trabalho sozinho”, explicou.

Para segurar todo esse “rojão”, a família e a namorada têm tido papéis fundamentais. A solidez e a presença cons-tante da mãe, Cristina Kartalian, a experiência profissional do pai famoso, o amor incondicional das irmãs Thainá, 24 anos, e Krysia, 23, e o apoio e paciência de Natalia Frascino, com quem namora há três anos, são seus alicerces fora dos holofotes. “São tudo para mim. Não consigo me dedicar a elas como eu queria, por conta da carreira. Mas faz parte e elas entendem”, resigna-se.

Ironia do destino, mas Fiuk, com duas décadas de vida, parece usar um antigo sucesso de seu pai como lema de vida. Mesmo sofrendo muitas vezes com a distância da família, por causa de turnês da banda ou gravações longas demais, o “moleque sonhador”, como ele próprio se autoin-titula, não perde o rumo e a obstinação. E aonde ele quer chegar? “Muitos acham que não sei, mas sei muito bem. Faço tudo em nome desse sonho. Se tiver que passar fome, passarei, mas chego lá. O ‘lá’ é o mundo”, filosofa o menino, que, como o pai já disse, quer saber muito mais do que os seus “20 e poucos anos”.

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Fiuk nunca frequentou um curso de interpretação sequer. Tudo é na base da intuição e do carisma, que exalam de sua alma a cada sorriso. Sua performance dramática, contudo, tem tido o acompanhamento de outras estrelas da casa. “Tudo bem, Fiuk? Tô acompanhando seu trabalho, viu? Parabéns!”, ouviu ele, certa vez, da atriz Malu Mader. “Como assim? Ela estava falando comigo? Sabia quem eu era?”, surpreende-se ele. Junto ao público, alguns medidores dão conta do sucesso do rapaz. São cerca de 200 fãs-clubes espalhados pelo Brasil e mais de um milhão de seguidores no Twitter (Ronaldo, do Corinthians, por exemplo, tem 940 mil), que interagem com ele por meio de posts, e-mails e cartas, 30 pelo menos todos os dias entregues em mãos. Se ele arrisca um palpite sobre a razão de todo esse sucesso? “Sei lá, cara, muito doido. Não faço tipo não, sou o que sou mesmo”, entrega, com certa timidez.

O convite para estrelar a novela veio após o sucesso de seu trabalho no longa-metragem, As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky, que teve sua estreia em abril deste ano. A premissa para concorrer à vaga na produção era justamente não ser ator. “Aprendi demais com toda equipe e foi isso que me deu base para a televisão. Acho que aprendi a aprender e não vou parar nunca mais, se Deus quiser!”, reconhece Fiuk, sobre os dois meses intensivos de filmagem. Por fim, sua pas-sagem meteórica pela dramaturgia – e que já lhe rendeu dois prêmios este ano – culminou com sua escalação para um programa especial de final de ano da Globo ao lado do pai, Fábio Jr., chamado “Tal Filho, Tal Pai” no dia 23 deste mês.

No paralelo do sucesso na tevê e no cinema, ainda tem a banda Hori, cujo grande gol de placa do ano foi ter tido a música “Eterno para Você”, composição dele feita em portu-guês e inglês, na trilha sonora nacional do filme Eclipse, o terceiro da famosa saga Crepúsculo. Mas o sucesso da banda, formada pelos amigos Xande Bispo, Max Klein, Renan Augusto e Fê Campos, em 2003, vem desde o ano passado. Foi no segundo semestre de 2009 que a banda lançou seu primei-ro álbum, o homônimo Hori, com músicas inéditas, e a regra-vação de “Só Você”, sucesso na voz de Fábio Jr. “Hoje, quando as pessoas me param na rua, perguntam pelo Fiuk. Não que-rem mais saber de mim, não! Na verdade, sou só o pai do Fiuk”, brinca Fábio Jr. Já a primeira música de trabalho, “Segredo”, estourou na internet e, em apenas três dias no site de vídeos YouTube, o clipe registrou mais de 30 mil acessos. Com todo o êxito, sua banda atingiu a marca de 20 mil cópias vendidas e recebeu o primeiro disco de ouro em novembro. “Muita coisa, né? Não dá mesmo para acreditar”, emociona-se. Ainda na música, ele planeja o voo solo no ano que vem, com um disco em abril. “A banda vai continuar. É que nossa rotina estava muito doida e jamais vou desgastar nossa amizade por conta disso. Por isso um trabalho sozinho”, explicou.

Para segurar todo esse “rojão”, a família e a namorada têm tido papéis fundamentais. A solidez e a presença cons-tante da mãe, Cristina Kartalian, a experiência profissional do pai famoso, o amor incondicional das irmãs Thainá, 24 anos, e Krysia, 23, e o apoio e paciência de Natalia Frascino, com quem namora há três anos, são seus alicerces fora dos holofotes. “São tudo para mim. Não consigo me dedicar a elas como eu queria, por conta da carreira. Mas faz parte e elas entendem”, resigna-se.

Ironia do destino, mas Fiuk, com duas décadas de vida, parece usar um antigo sucesso de seu pai como lema de vida. Mesmo sofrendo muitas vezes com a distância da família, por causa de turnês da banda ou gravações longas demais, o “moleque sonhador”, como ele próprio se autoin-titula, não perde o rumo e a obstinação. E aonde ele quer chegar? “Muitos acham que não sei, mas sei muito bem. Faço tudo em nome desse sonho. Se tiver que passar fome, passarei, mas chego lá. O ‘lá’ é o mundo”, filosofa o menino, que, como o pai já disse, quer saber muito mais do que os seus “20 e poucos anos”.

Page 16: ISTOÉ Gente (20 de dezembro de 2010)

Bela Megale e Bruna Narcizo FOTOS Marisa Cauduro/ Folhapress

QUANTOS BRINDES GALVÃO BUENO TEM para fazer em 2010? Vejamos. Foi o ano de sua nona Copa do Mundo de Futebol, na África do Sul, como narrador esportivo. Foi também sua estreia como empresário da enocultura, com o lançamento de um rótulo de vinho tinto, o Bueno Paralelo 31, e de um espumante, o Bueno Cuvée Prestige, em agosto, numa parceria com a vinícola gaúcha Miolo. Na tevê, ganhou novo quadro, o “Histórias com Galvão Bueno”, no programa dominical Esporte Espetacular, da TV Globo. Tudo isso exatamente quando completa 60 anos de vida e dez de casamento com Desirée Soares. Galvão tem motivo para comemorar ou não?

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Bela Megale e Bruna Narcizo FOTOS Marisa Cauduro/ Folhapress

QUANTOS BRINDES GALVÃO BUENO TEM para fazer em 2010? Vejamos. Foi o ano de sua nona Copa do Mundo de Futebol, na África do Sul, como narrador esportivo. Foi também sua estreia como empresário da enocultura, com o lançamento de um rótulo de vinho tinto, o Bueno Paralelo 31, e de um espumante, o Bueno Cuvée Prestige, em agosto, numa parceria com a vinícola gaúcha Miolo. Na tevê, ganhou novo quadro, o “Histórias com Galvão Bueno”, no programa dominical Esporte Espetacular, da TV Globo. Tudo isso exatamente quando completa 60 anos de vida e dez de casamento com Desirée Soares. Galvão tem motivo para comemorar ou não?

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“De fato, foi um ano muito especial, um marco para a minha profissão”, diz ele, escolhido por Gente como Personalidade do Ano na Comunicação. Ao olhar para trás, o “vendedor de emoções”, como se autodenomina, não conseguiu deixar os sentimentos de escanteio. “Foi muito marcante o momento em que me dei conta de que estava indo narrar o meu último jogo de Copa do Mundo fora do Brasil. Comecei na Argentina, em 1978, e de lá para cá foram nove Copas e dois títulos para o Brasil. São 32 anos de história e percebi que não viveria aquilo fora do País novamente”, contou ele, que planeja fazer seu último campeonato mundial em 2014, no Brasil. A essa turbulên-cia emocional soma-se o episódio do Cala Boca Galvão, que liderou os assuntos mais comentados no Twitter mun-dial – com direito a matérias no jornal americano The New York Times e no espanhol El País. O movimento criado na internet ganhou o mundo como uma piada e foi encarado com muito humor pelo narrador.

Ainda na tevê, seu quadro “Histórias com Galvão Bueno” tem merecido elogiosas críticas da imprensa. “O acontecimento mais importante, depois da Copa do Mundo, certamente, foi a gravação dos primeiros seis pro-gramas do “Histórias” com grandes heróis do esporte bra-sileiro. Gravei com João Havelange, Zagallo, Maria Esther Bueno, Emerson Fittipaldi, Djalma Santos e Eder Jofre, tudo isso em 2010”, confirmou ele. O narrador também gravou a segunda temporada do quadro “Na Estrada com Galvão”, outra atração bem-sucedida no programa Esporte Espetacular, da Globo.

No entanto, a agitada rotina não desagrada à numerosa família. “Galvão se divide em três com muita sabedoria. Mesmo com a vida maluca de estar a cada semana em um lugar do mundo, consegue ser brilhante em seu trabalho, um pai atencioso e um marido apaixonado”, diz Desirée, sua esposa. Juntos há dez anos, ela é a mãe de seu filho caçula, Luca, de 9 anos. Além dele, Galvão é pai de Letícia, Cacá e Popó Bueno, filhos de seu primeiro casamento, com Lucia. “Lidar com essa distância sempre foi natural para mim. Eu cresci com isso. Quando nasci, meu pai contou que estava na Copa do Mundo na Argentina, em 1978.

Ele é um grande exemplo em todos os sentidos, nos apoia tanto na vida pessoal quanto na profissional”, diz Popó. A paixão pelo esporte contagiou os filhos, mostrando que, apesar da distância, a presença de Galvão sempre foi forte. Cacá e Popó são pilotos de stock car e Letícia trabalha com marketing esportivo e gerencia a carreira do pai.

Os amigos também nutrem um carinho especial pelo narrador. “Nos conhecemos há 35 anos. Nunca moramos na mesma cidade, mas passamos um terço do ano juntos. Quando ficamos um tempo sem nos encontrar e voltamos a nos ver, é como se fosse ontem, não tem cerimônia nenhu-ma”, declarou Reginaldo Leme, comentarista de Fórmula 1, que também é um amigo da família. “Não evito falar nada para ele. Dou palpite na corrida dos filhos, na forma como ele deve se comportar em relação à carreira deles. Uma vez o Galvão disse: ‘Fico feliz por você estar na stock car, porque assim você cuida dos meus filhos mais do que eu’. Essa é maneira como nos relacionamos”, emenda.

Em 36 anos de carreira, Galvão conquistou mais do que o título de “voz do Brasil”. Ele fez amigos fiéis. “Sei que tenho tropeços, muitas gafes e que algumas vezes passei do ponto, mas fui muito bem. Senão, não teria os milhões de amigos que tenho hoje e não chegaria aonde cheguei”, enfa-tiza. Entre eles, ídolos do esporte brasileiro como o piloto Ayrton Senna e o jogador de futebol Ronaldo. “O Galvão é um padrinho para mim. Gosto muito dele. Uma pessoa que ajudou não só a mim, mas a todo esporte brasileiro”, desta-cou o jogador. Outro fã de Galvão é o piloto Rubens Barrichello. “Tenho grande prazer de tê-lo como amigo e de jogarmos golfe juntos. É um cara que merece todas as homenagens, pois fez e faz muito pelo esporte. O Galvão é sempre uma referência na área de comunicação e de como transmitir a emoção para os torcedores do nosso país”, diz.

Mesmo com a data definida para pendurar as chuteiras, ou melhor, o microfone, Galvão garante que ainda tem uma grande estoque de emoções para vender até lá. Entre eles, o hexacampeonato da Seleção Brasileira de Futebol em 2014. Mais quatro anos de fortes emoções, transmiti-das por uma das figuras mais emblemáticas da história da televisão nacional. Amado ou odiado, ninguém se priva de ter uma opinião sobre ele, tampouco de ouvi-lo. Afinal, talento não se discute.

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“De fato, foi um ano muito especial, um marco para a minha profissão”, diz ele, escolhido por Gente como Personalidade do Ano na Comunicação. Ao olhar para trás, o “vendedor de emoções”, como se autodenomina, não conseguiu deixar os sentimentos de escanteio. “Foi muito marcante o momento em que me dei conta de que estava indo narrar o meu último jogo de Copa do Mundo fora do Brasil. Comecei na Argentina, em 1978, e de lá para cá foram nove Copas e dois títulos para o Brasil. São 32 anos de história e percebi que não viveria aquilo fora do País novamente”, contou ele, que planeja fazer seu último campeonato mundial em 2014, no Brasil. A essa turbulên-cia emocional soma-se o episódio do Cala Boca Galvão, que liderou os assuntos mais comentados no Twitter mun-dial – com direito a matérias no jornal americano The New York Times e no espanhol El País. O movimento criado na internet ganhou o mundo como uma piada e foi encarado com muito humor pelo narrador.

Ainda na tevê, seu quadro “Histórias com Galvão Bueno” tem merecido elogiosas críticas da imprensa. “O acontecimento mais importante, depois da Copa do Mundo, certamente, foi a gravação dos primeiros seis pro-gramas do “Histórias” com grandes heróis do esporte bra-sileiro. Gravei com João Havelange, Zagallo, Maria Esther Bueno, Emerson Fittipaldi, Djalma Santos e Eder Jofre, tudo isso em 2010”, confirmou ele. O narrador também gravou a segunda temporada do quadro “Na Estrada com Galvão”, outra atração bem-sucedida no programa Esporte Espetacular, da Globo.

No entanto, a agitada rotina não desagrada à numerosa família. “Galvão se divide em três com muita sabedoria. Mesmo com a vida maluca de estar a cada semana em um lugar do mundo, consegue ser brilhante em seu trabalho, um pai atencioso e um marido apaixonado”, diz Desirée, sua esposa. Juntos há dez anos, ela é a mãe de seu filho caçula, Luca, de 9 anos. Além dele, Galvão é pai de Letícia, Cacá e Popó Bueno, filhos de seu primeiro casamento, com Lucia. “Lidar com essa distância sempre foi natural para mim. Eu cresci com isso. Quando nasci, meu pai contou que estava na Copa do Mundo na Argentina, em 1978.

Ele é um grande exemplo em todos os sentidos, nos apoia tanto na vida pessoal quanto na profissional”, diz Popó. A paixão pelo esporte contagiou os filhos, mostrando que, apesar da distância, a presença de Galvão sempre foi forte. Cacá e Popó são pilotos de stock car e Letícia trabalha com marketing esportivo e gerencia a carreira do pai.

Os amigos também nutrem um carinho especial pelo narrador. “Nos conhecemos há 35 anos. Nunca moramos na mesma cidade, mas passamos um terço do ano juntos. Quando ficamos um tempo sem nos encontrar e voltamos a nos ver, é como se fosse ontem, não tem cerimônia nenhu-ma”, declarou Reginaldo Leme, comentarista de Fórmula 1, que também é um amigo da família. “Não evito falar nada para ele. Dou palpite na corrida dos filhos, na forma como ele deve se comportar em relação à carreira deles. Uma vez o Galvão disse: ‘Fico feliz por você estar na stock car, porque assim você cuida dos meus filhos mais do que eu’. Essa é maneira como nos relacionamos”, emenda.

Em 36 anos de carreira, Galvão conquistou mais do que o título de “voz do Brasil”. Ele fez amigos fiéis. “Sei que tenho tropeços, muitas gafes e que algumas vezes passei do ponto, mas fui muito bem. Senão, não teria os milhões de amigos que tenho hoje e não chegaria aonde cheguei”, enfa-tiza. Entre eles, ídolos do esporte brasileiro como o piloto Ayrton Senna e o jogador de futebol Ronaldo. “O Galvão é um padrinho para mim. Gosto muito dele. Uma pessoa que ajudou não só a mim, mas a todo esporte brasileiro”, desta-cou o jogador. Outro fã de Galvão é o piloto Rubens Barrichello. “Tenho grande prazer de tê-lo como amigo e de jogarmos golfe juntos. É um cara que merece todas as homenagens, pois fez e faz muito pelo esporte. O Galvão é sempre uma referência na área de comunicação e de como transmitir a emoção para os torcedores do nosso país”, diz.

Mesmo com a data definida para pendurar as chuteiras, ou melhor, o microfone, Galvão garante que ainda tem uma grande estoque de emoções para vender até lá. Entre eles, o hexacampeonato da Seleção Brasileira de Futebol em 2014. Mais quatro anos de fortes emoções, transmiti-das por uma das figuras mais emblemáticas da história da televisão nacional. Amado ou odiado, ninguém se priva de ter uma opinião sobre ele, tampouco de ouvi-lo. Afinal, talento não se discute.