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À CONVERSA COM... Rosário Gambôa Presidente do Politécnico do Porto DE FORA CÁ DENTRO Megajoule - Estudo da energia eólica atrai alunos do ISEP DEPOIS DO ISEP E depois do ISEP? ISEP ACONTECE

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Boletim Informativo do Instituto Superior de Engenharia do Porto.

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À CONVERSA COM...Rosário GambôaPresidente do Politécnico do Porto

DE FORA CÁ DENTROMegajoule - Estudo da energia eólica atrai alunos do ISEP

DEPOIS DO ISEPE depois do ISEP?

ISEP ACONTECE

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02 ÍNDICE

06 EvENtoS

09 à CoNvErSa Com...

14 INvEStIGaÇÃo à LUPa

16 DEStaQUE

03 EDItorIaL» Editorial

04 a rEtEr» A vontade de ser um actor global com raízes locais» Robótica no Fantasporto» Programa Nacional de Desfibrilhação Externa» EuroCloud Portugal

09 à CoNvErSa Com...» Rosário Gambôa

12 DE Fora CÁ DENtro» Megajoule

14 INvEStIGaÇÃo à LUPa» Filmeque

16 DEStaQUE» PASUS - Plano de Acção para o de Desenvolvimento Sustentável

20 a NoSSa tECNoLoGIa» Blavigator

22 oBJECtoS Da NoSSa HIStÓrIa» Colecção de objectos - Núcleo de Electrotecnia

27 BrEvES» Nova geração de sistemas de apoio à tomada de decisão em grupo» Aproveitar a riqueza subterrânea do Porto» DEE recebe mestrandos austríacos» Geotecnia integra grupo de peritos europeus» Para um País confiável » CIDEM apresenta resultados do projecto FECOMPO» TRELAB sustenta uma investigação mais verde» Por um Mundo mais doce» ISEP aproxima Portugal e Brasil» DEE colabora com ANACOM nos manuais ITED e ITUR» Zita Vale no Conselho Nacional do Colégio de Engª Electrotécnica» DEQ apresenta estudo sobre saúde pública dos portugueses» Escola de Verão em Redes Neuronais» Carlos Ramos edita edição especial da Intelligent Systems

30 ProvaS DE DoUtoramENto» Luís Esteves» Paulo Oliveira» Luís Nogueira

06 EvENtoS» ISEP apresentou novo Laboratório Automóvel » 3rd Internacional Week» IP 2010: Materials Energy and Sustainable Growth» Workshop Carros Eléctricos - Vantangens e Desafios» Prestação de Contas» Homenagem a António Fernandes e Ribeiro Pinto

24 DEPoIS Do ISEP» E depois do ISEP?

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03EDItorIaL

ISEP.BI 10_Ficha técnica

ProPriedade ISEP - Instituto Superior de engenharia do Porto direcÇÃo João Manuel Simões Rocha ediÇÃo ISEP|DCI - Divisão de Cooperação e Imagem redacÇÃo Alexandra Trincão, Flávio Ramos & Mediana deSiGn ISEP - DCC - GD .2010iMPreSSÃo Gráfica, Lda tiraGeM 1.500 exemplares dePÓSito LeGaL 258405/10contactoS ISEP|DCI - Divisão de Cooperação e Imagem » Rua Dr. António Bernardino de Almeida, nº 431 | 4200-072 Porto - Tel.: 228 340 500 » Fax.: 228 321 159 » e-mail [email protected]

EDITORIAL

O ISEP acaba de entrar num novo ciclo. Passaram três anos desde que uma nova Presidência assumiu a liderança desta instituição e importa agora fazer um balanço de tudo o que foi feito e apresentar os projectos para o futuro. Mais do que nunca, o nosso Instituto posiciona-se no panorama social como uma instituição de referência a nível empresarial, ambiental e, como seria de esperar, na área de actuação mais directa: a Engenharia. Todos os anos, os nossos alunos fina-listas saem do ISEP não só como engenheiros graduados mas também como pessoas melhores, capazes de actuar no seu dia-a-dia como agentes de uma sociedade sedenta de desenvolvimen-to sustentável.

As mudanças ocorridas nos últimos anos estão bem presentes no dia a dia da nossa comunida-de. Desde o crescente de conhecimento e desenvolvimento que temos vindo a projectar para o exterior, passando pelas iniciativas e projectos em que nos envolvemos sempre com o intuito de contribuir para um mundo melhor.

Mas, apesar de ser um momento de balanço, não podemos nunca esquecer que o futuro é, e será sempre, a nossa motivação para actuarmos no presente. Por isso apresentamos, tal como já é hábito, novos projectos de investigação em curso. De um lado, chega-nos, do GECAD, o Blavi-gator, um projecto eminentemente social que vai ajudar os invisuais a terem o seu dia-a-dia faci-litado. Do lado do ambiente e, uma vez mais, da sustentabilidade, vamos conhecer o Filmeque, um projecto liderado pelo CIETI e que pretende, através de resíduos animais, reduzir o impacto ambiental de certos produtos químicos na indústria dos curtumes. E porque o desenvolvimento sustentável é, agora mais que nunca, um assunto na ordem do dia, vamos conhecer ao porme-nor o PASUS, o Plano de Acção para a Sustentabilidade do ISEP, através de uma conversa que consideramos esclarecedora e que nos dará a conhecer os projectos do ISEP a este nível, para o futuro próximo.

Da nossa parte, ficam as dicas para que não pare por aqui a viagem pelo nosso mundo. Uma vez mais, é um privilégio fazer chegar até si as notícias, os projectos, enfim, um pouco do nosso dia-a-dia.

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04 a rEtEr

O termo glocal refere-se à vontade e capacidade de pensar globalmen-te agindo localmente. Quando o ISEP inaugurou as actuais instalações na freguesia de Paranhos, em Junho de 1968, aceitou acrescentar um importante vector à sua missão de criação e transferência de conheci-mento – contribuir para o desenvolvimento, qualidade de vida e afir-mação desta área da cidade.

O ISEP foi das primeiras instituições de ensino superior a apostar na construção do seu campus em Paranhos. Com mais de 6.000 alunos, o Instituto empresta uma lufada de juventude que garante uma fregue-sia sempre rejuvenescida. Acrescentando o número de colaboradores, o ISEP representa um universo de quase 7.000 pessoas que contribuem diariamente para dinamizar o comércio e serviços da área.

Em termos de serviços, a actual Presidência alimentou um claro reforço dos laços à sociedade civil. Este investimento traduz-se por exemplo na criação de espaços de benefício mútuo como a agência bancária, a agência de viagens ou o health club – serviços disponíveis a toda a vizi-nhança e que acrescentam soluções e comodidade no dia-a-dia. Tam-bém com o Centro de Congressos, o ISEP promove oportunidades de negócio, de divulgação científica e cultural em Paranhos. Anualmente o campus acolhe ainda inúmeros eventos sociais como festas de Natal, espectáculos e encontros de colégios ou escolas envolventes.

Mas o ISEP é sobretudo uma instituição de ensino superior. Com o lançamento do ISEP FORGLOBE, o Instituto oferece uma inovadora plataforma de formação complementar a toda a população. Através de formações de curta duração, o FORGLOBE é um instrumento para aquisição, optimização ou reciclagem de conhecimentos essenciais a uma maior qualificação dos cidadãos. É esta qualificação do potencial humano que promove a valorização pessoal, a competitividade das empresas e a riqueza social.

O ISEP contribui ainda na transmissão de boas práticas na moderni-zação do serviço público, com medidas simplex, ou na promoção de causas maiores, como os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio ou na sustentabilidade através do PASUS. Também a requalificação do campus foi uma aposta que melhorou a segurança circundante. To-das estas medidas visam uma mudança de mentalidades. Na criação de conhecimento existe uma preocupação com o desenvolvimento de projectos que favoreçam o desenvolvimento da freguesia. O GROUN-DURBAN é um exemplo. Este projecto explorou o potencial de recursos aquíferos subaquáticos em Arca d’Água.

Imagem de marca da Engenharia em Portugal, o ISEP assume-se como um parceiro social aberto ao diálogo e disponível para trabalhar para fazer Paranhos e o Porto mais fortes.

A VONTADE DE SER UM ACTOR GLOBAL COM RAÍZES LOCAIS

Entre 26 de Fevereiro e 6 de Março, o ISEP viajou até à Baixa do Porto para participar num dos momentos de excelência do ano portuense – o Fantasporto.

Imagem de marca da vida cultural portuense e destino obrigatório para amantes da 7ª arte, o Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto –, dedicou a sua 30ª edição à robótica. Esta associação foi pen-sada de modo a aproveitar o “facto de Portugal ser um dos países eu-ropeus com maior prestígio neste campo”, para transmitir “uma nova e espectacular visão” da robótica cruzando o conhecimento tecnológico com a arte.

A robótica é uma presença assídua no cinema. Metropolis, 2001 – Odis-seia no Espaço, Star Wars, Blade Runner, Inteligência Artificial ou Wall-E, são apenas alguns exemplos que ajudam a explicar o eterno fascínio que os robôs despertam entre realizadores e argumentistas. Agora, foi a vez de o Fantasporto promover uma abordagem que contribuiu para divulgar e discutir o que a robótica pode trazer de positivo para o futuro da Humanidade. Para o efeito, a organização do Fantaspor-to convidou um dos principais peritos nacionais para comissariar um programa especial: Eduardo Silva, director do Laboratório de Sistemas

Autónomos (LSA) e membro da Sociedade Portuguesa de Robótica. Afastando-se das tradicionais e simplistas concepções de dominação e destruição humana, o programa desenhado por Eduardo Silva avançou uma nova imagem das potencialidades da robótica para o desenvolvi-mento humano.

O docente e investigador do ISEP foi assim responsável por apresentar uma retrospectiva de cinema e robótica que combinou a exibição de um ciclo de cinema dedicado à robótica, com diversos filmes técnicos, deba-tes, mesas redondas, workshops e diversas demonstrações, onde estive-ram presentes robôs do ISEP e de outras instituições de ensino superior.

No ISEP, o LSA é a unidade de excelência em robótica e sistemas au-tónomos. Esta unidade de I&D conjuga inovação com a excelência técnico-científica para criar soluções de desenvolvimento sustentável, tendo desenvolvido entre outros: o ROAZ, robot autónomo de super-fície marinha projectado para monitorização ambiental e apoio a mis-sões de salvamento; o FALCOS, aeronave não tripulada de detecção de incêndios florestais; os veículos de busca e exploração terrestre LINCE e TIGRE; e a equipa ISePorto, com que o ISEP participa nos campeonatos mundiais de futebol robótico.

ROBÓTICA NO

FANTASPORTO

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05

O ISEP apresentou a 26 de Março o Plano de Actuação em Caso de Emer-gência, integrado no Programa Nacional de Desfibrilhação Automática Externa. A cerimónia contou com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, da Dr.ª Isabel Santos, respon-sável médica do plano do ISEP, e da empresa Intelligent Life Solutions.

A paragem cardíaca súbita é a principal causa de morte na Europa afectando cerca de 700.000 pessoas anualmente. A probabilidade de sobreviver a uma paragem cardíaca depende da articulação e rapidez com que todos os passos de socorro à vítima são praticados. Assim, o ISEP criou um programa que inclui equipamentos de Desfibrilhação Automática Externa (DAE), tornando-se na primeira instituição em Por-tugal devidamente certificada.

Na cerimónia de apresentação do novo plano de emergência, que in-cluiu uma demonstração do DAE, Isabel Santos referiu que o ISEP passa a ser uma instituição “mais segura para estudar, trabalhar e visitar”, ro-tulando o campus de “espaço seguro”. A responsável médica do plano do ISEP, referiu que o novo esquema foi especificamente desenhado para a realidade do ISEP e organiza a resposta de emergência asse-gurando uma boa cadeia de sobrevivência. O plano do ISEP inclui um DAE, a formação de operacionais certificados, a criação de um número de emergência e de um alarme de emergência automático junto do INEM. Isabel Santos acrescentou ainda que este projecto pioneiro é de-monstrativo de “um grande sentido de responsabilidade social e dever cívico” do ISEP.

Por seu turno, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde elogiou a atitude proactiva dos dirigentes do ISEP, ao conseguirem aplicar uma ideia que andava a ser adiada há anos em Portugal. Referindo-se ao contributo desta medida para melhorar a qualidade de vida de todos os que frequentam este espaço de ensino superior, Manuel Pizarro in-dicou ainda o desejo de ver este passo ser emulado por outras entida-des. O secretário de Estado reconheceu assim o “enorme contributo” do ISEP e reforçou a importância das instituições de ensino superior “andarem à frente e servirem de exemplo ao País”.

Aproveitando a presença no campus dos representantes do Ministério da Saúde, INEM e da Intelligent Life Solutions, foi igualmente realizada uma visita às instalações do Departamento de Física, onde a Doutora Cristina Ribeiro apresentou a licenciatura em Engenharia de Computa-ção e Instrumentação Médica – uma aposta do ISEP que coloca mais-valias da Engenharia ao serviço da Medicina.

Espera-se que a curto prazo, organizações como a TAP, ANA ou o Porto de Leixões possam seguir o exemplo inovador do ISEP. Entretanto, o Instituto continua um passo à frente para garantir toda a segurança e conforto da sua comunidade académica.

a rEtEr

PROGRAMA NACIONAL DE DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA

O ISEP e o Politécnico do Porto são dois dos parceiros da Associação EuroCloud Portugal. Apresentada em Janeiro no Centro de Congressos do ISEP e em Lisboa, no Laboratório Nacional de Energia e Geologia, a Eurocloud Portugal pretende promover as vantagens do could com-puting para empresas e instituições de ensino superior.

Cumprindo com o seu papel de agente impulsionador de novas tecno-logias e parcerias com o tecido empresarial, o ISEP apoia a Eurocloud Portugal. Este projecto, coordenado pelo responsável pelas Comunica-ções e Comunidades do Politécnico do Porto, Paulo Calçada, pretende promover o desenvolvimento de serviços e tecnologias associadas ao cloud computing em Portugal.

O cloud computing reflecte a evolução a que actualmente se assiste na Internet. Este conceito revolucionário apresenta-nos a ideia de apro-veitar a Internet como uma grande nuvem fornecedora de serviços e aplicações, tornando-a um computador pessoal ou profissional. A “nu-vem” integra diferentes categorias de aplicações e permite o acesso a informação pessoal independentemente da localização, garantindo a transparência no que se refere à instalação, configuração, manutenção e actualização. Assim, as páginas de Internet tornam-se poderosas fer-ramentas de trabalho diário, sendo o acesso e manutenção garantidos pelo fornecedor do serviço.

De acordo com Paulo Calçada, os objectivos da Associação passam por dinamizar projectos e ideias entre as empresas nacionais e outras que integrem a rede europeia (constituída por onze países); e servir de interface para a transferência de conhecimento entre centros de I&D do meio académico e as empresas, promovendo parcerias nacionais e europeias.

Para as empresas, o cloud computing fornece uma plataforma de de-senvolvimento, armazenamento e disponibilização de serviços de for-ma mais transparente, elástica e segura. Esta solução integra diferentes categorias de aplicações, como SaaS (software as a service), PaaS (plat-form as a service), IaaS (infrastruture as a service), WS (web services) e MSP (managed service providers), libertando os computadores de li-mitações físicas e aumentando a eficiência e eficácia de investimentos nas tecnologias da informação e comunicação.

Além do ISEP, a EuroCloud Portugal tem o apoio institucional do Poli-técnico do Porto, do Plano Tecnológico, da Fundação para a Compu-tação Científica Nacional, da IMB, da EMC e da Microsoft e está aberta para colaborações com empresas portuguesas da área tecnológica.

Para 2010, está já prevista a realização da 2ª edição de CLOUDVIEWS – Cloud Computing International Conference, que decorrerá no Centro de Congressos do ISEP, entre 17-21 de Maio.

EUROCLOUD PORTUGAL

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06

ISEP APRESENTOU NOVO LABORATÓRIO AUTOMÓVEL

EvENtoS

O ISEP inaugurou a 9 de Março um novo equipamento de excelência para apoio à investigação e docência em Engenharia Mecânica – o La-boratório Automóvel.

O novíssimo Laboratório Automóvel apresenta-se como um espaço importante para a formação de carácter prático-laboratorial, permi-tindo aos estudantes aprenderem em ambiente de oficina. Destaque neste sentido para as facilidades que empresta à licenciatura em Enge-nharia Mecânica Automóvel.

Beneficiando das parcerias do ISEP com empresas como a Toyota, a LTA, Lusilectra ou SGS, o laboratório está equipado com tecnologias de ponta, com destaque para os equipamentos de diagnóstico e medição tridimensional de chassis de última geração. Recorde-se que ao abrigo do protocolo entre o ISEP e a Toyota Caetano Portugal, o Departamen-to de Engenharia Mecânica beneficia de equipamento técnico-didácti-

co de ponta, sendo o Instituto a única instituição de ensino superior em Portugal com um centro T-TEP - Toyota Technical Education Program.

O investimento de aproximadamente 200.000 euros, permite ainda criar condições para desenvolvimento de projectos de investigação, o que ajudará à sua rentabilização.

Espera-se ainda que o novo laboratório venha a permitir que o Instituto possa oferecer serviços de valor acrescentado à comunidade académi-ca do Politécnico e à sociedade em geral.

Com uma forte tradição que ascende a várias décadas no ramo auto-móvel e após o lançamento da licenciatura em Engenharia Mecânica Automóvel em 2009, o ISEP reforça competências nesta área com um equipamento que consolida a sua posição de liderança no panorama do ensino superior português.

Reunir diferentes visões e fontes de conhecimento. Abordar desafios de diferentes perspectivas e metodologias. Aproximar as empresas e o ensino superior. Contribuir para o diálogo intercultural e para um me-lhor conhecimento das oportunidades inerentes à mobilidade euro-peia. Trabalhar em soluções de desenvolvimento humano sustentável.

Entre 8 e 12 de Março, o ISEP organizou a 3ª Semana Internacional. Dedicada às energias renováveis, desenvolvimento sustentável e reci-clagem, esta terceira edição serviu para reunir peritos de oito institui-ções europeias de ensino superior no ISEP e promover um programa transversal que uniu diversas áreas da Engenharia.

Esta 3ª Semana Internacional procurou reunir contributos dos vários Departamentos, numa demonstração que o futuro se faz juntos, in-tegrando diferentes áreas do conhecimento. Pela primeira vez foram convidadas empresas nacionais no sentido de promover uma efectiva aproximação da realidade empresarial ao conhecimento académico.

Dedicada essencialmente a mestrandos, esta iniciativa permitiu alargar conhecimentos, quer pela apreensão das melhores práticas europeias, quer pela oportunidade de apreender o posicionamento empresarial nesta área. A Semana Internacional lançou ainda um concurso patroci-nado pela revista The Economist e dedicado a todos os participantes.

Imagem de marca da política de internacionalização do ISEP, a Sema-na Internacional é apoiada pelo Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida, através da iniciativa Erasmus.

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07EvENtoS

IP 2010matErIaLS ENErGY aND SUStaINaBLE GroWtHEntre 28 de Fevereiro e 13 de Março, o Departamento de Engenharia Mecânica promoveu o Intensive Programme 2010 - um curso intensivo internacional subordinado às temáticas dos novos materiais, energia e crescimento sustentável. Esta iniciativa explorou diversas temáticas de potencial emergente e aproveitou ainda para complementar a forma-ção de futuros engenheiros mecânicos com um reforço do espírito de cooperação europeia.

O IP 2010 reuniu nove instituições europeias de ensino superior no campus do ISEP. Deste modo, permitiu reforçar o diálogo e a coope-ração no espaço comunitário. Foram aproximadamente 60 estudantes internacionais, 20 docentes convidados e 40 estudantes do ISEP, que estiveram presentes ao longo de quinze dias para debater o estado da arte de novos materiais, energia e crescimento sustentável. Entre as va-riadas temáticas analisadas, destaque para os materiais avançados, os combustíveis alternativos, a diminuição de consumos de dióxido de carbono, a tecnologia híbrida, a protecção ambiental e a segurança na construção de veículos.

A exemplo de iniciativas anteriores, o curso intensivo foi ministrado to-talmente em inglês por professores oriundos de cada uma das escolas participantes e incidiu numa perspectiva interdisciplinar e no uso de métodos de ensino inovadores.

Dinamizado pelo Departamento de Engenharia Mecânica, em colabo-ração com o Gabinete de Relações Externas, este curso foi financiado pela Comissão Europeia, através do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida, e beneficiou ainda de seminários, oficinas e visitas a empresas do sector automóvel e ao Parque Eólico do Alto Minho.

WORKSHOP CARROS ELÉCTRICOS – VANTAGENS E DESAFIOS

A poluição nas cidades atinge actualmente níveis que colocam em ris-co a saúde das pessoas. Em simultâneo, o sector rodoviário é respon-sável pela produção de um terço da poluição global. Considerando o imperativo de mobilidade das sociedades, o desenvolvimento de car-ros eléctricos permitirá reduzir índices de poluição nos centros urbanos a nível global.

Foi este o ponto de partida para o workshop Carros Eléctricos – Vanta-gens e Desafios, que se realizou a 20 de Janeiro, no Centro de Congres-sos do ISEP. Considerando que em 2011 se iniciará a comercialização de automóveis eléctricos em Portugal, este evento teve uma relevância acrescida e permitiu debater aspectos tecnológicos, ambientais e eco-nómicos associados ao futuro da indústria automóvel.

O workshop teve por objectivos analisar as vantagens e desafios da introdução dos carros eléctricos em Portugal. Reunindo profissionais do ramo automóvel, investigadores, docentes e estudantes, o encontro apresentou comunicações como “Introdução do Veículo Eléctrico em Portugal”, “Carro Eléctrico – Impacto nas Redes de Distribuição” ou “O Desafio das Zero Emissões”. Destaque ainda para a presença de empre-sas como a Mobi.E, a EDP Distribuição ou a Renault.

Esta iniciativa do Dep. de Engenharia Electrotécnica visou promover oportunidades de negócio e de investigação associadas a esta indús-tria. No arranque da cerimónia, o presidente do ISEP lançou mesmo o desafio às entidades presentes para colaborarem na instalação de um posto de abastecimento para viaturas eléctricas no campus ISEP.

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08 EvENtoS

Em respeito com os estatutos e inserida na política de transparência promovida pela actual Presidência, o ISEP procedeu, a 17 de Dezembro, à prestação de contas referentes ao ano lectivo 2008/2009 e lança-mento do ano lectivo 2009/2010.

“Uma gestão não pode ser eficaz se não apresentar periodicamente contas da sua actividade peran-te aqueles a quem a mesma se destina”. Com esta ideia em mente, a Presidência do ISEP dirigiu uma reunião aberta a todos os elementos da comunida-de académica para fazer o balanço do ano transacto e previsão do corrente.

Alguns dos dados apresentados atestam uma dinâ-mica de evolução extremamente positiva, particu-larmente no referente à captação de receitas pró-prias e de novos alunos, assim como nos resultados da investigação. Este encontro permitiu identificar igualmente alguns pontos com necessidade de maior investimento e resultados, assim como des-vendar metas e desafios a curto prazo.

A sessão dirigida por João Rocha, presidente do ISEP, iniciou uma nova prática de prestação de contas e insere-se no compromisso com a promoção de maior transparência e acesso à informação.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

HOMENAGEM A ANTÓNIO FERNANDES E RIBEIRO PINTOEm reconhecimento do seu excelente contributo profissional e huma-no, o Departamento de Engenharia Mecânica organizou a última lição do Engº. António Afonso Fernandes. Este cerimónia serviu em simultâ-neo para homenagear outro espírito maior da academia, o Engº. José Ribeiro Pinto – recentemente aposentado.

A cerimónia decorreu a 5 de Fevereiro, iniciando-se como uma breve apresentação dos percursos académicos e profissionais de ambos os

docentes. Sónia Correia, docente do Departamento introduziu a ceri-mónia, seguida de Paulo Ávila, director do Departamento, que discur-sou sobre os méritos de ambos os docentes, destacando “a entrega inexcedível de ambos os colegas homenageados ao Instituto Superior de Engenharia do Porto”.

O Engº. António Afonso Fernandes leccionou a sua última lição e pren-deu a assembleia, marcada pela forte presença de colegas, docentes já aposentados e familiares.

A cerimónia foi encerrada pelo presidente do ISEP, João Rocha, que procedeu à entrega de lembranças comemorativas.

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09

chegou há praticamente um mês à Presidência do instituto Politéc-nico do Porto (iPP), após uma votação esmagadora. rosário Gambôa tem ideias concretas para impulsionar o iPP a nível nacional e inter-nacional. nos próximos quatro anos, em conjunto com a sua equipa, promete introduzir importantes mudanças. À conversa com o ISEP.BI desvendou algumas das medidas que pretende implementar.

ROSÁRIO GAMBÔAa PrImEIra mULHEr Na PrESIDêNCIa Do INStItUto PoLItéCNICo Do Porto

à CoNvErSa Com...

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A investigação, enquanto motor científico e tecnológico, é um factor condicionante do envolvimento efectivo do IPP em redes de conheci-mento e associações de pesquisa das áreas de interesse do Instituto. E é, sem dúvida, um factor decisivo para a qualificação do ensino e van-guarda do nosso portefólio formativo.

ISEP.BI o que pretende dizer com a “qualificação do ensino do iPP”?R.G. A qualificação do ensino passa por diversas dimensões articuladas. Algumas dessas dimensões são, inquestionavelmente, o reforço da inves-tigação e a sua articulação com o ensino, e a conexão de ambas as dimen-sões - investigação e ensino - com o mercado de trabalho e os interesses da sociedade civil. A vertente politécnica do nosso modelo de ensino deve impelir-nos a concretizar um relacionamento crescente com o meio en-volvente, valorizando a componente prática, mas também investindo na sólida educação científica, técnica e cultural dos nossos diplomados, que sustente a capacidade destes serem os verdadeiros motores da mudança e inovação que as empresas e a sociedade necessitam.

à CoNvErSa Com...

ISEP.BI o que é que a levou a candidatar-se a presidente do iPP? Rosário Gambôa (R.G.) Uma conjugação de diversas razões e circuns-tâncias que fazem a vida e vão traçando os caminhos que depois per-correremos. Ao longo da minha vida profissional, por formação e per-sonalidade, assumi sempre diversos cargos e funções de coordenação ou gestão. Estou no IPP desde 1986. Vim para a instalação da Escola Superior de Educação (ESE) e trabalhei sempre de uma forma muito activa na construção do modelo pedagógico e curricular, tal como par-ticipei na construção do Politécnico, na definição das suas políticas e estratégias de crescimento e consolidação (primeiro como membro eleito pelos meus pares para o Conselho Geral, depois como presiden-te da ESE e vice-presidente do IPP).

A minha implicação com o IPP foi sempre forte, contínua, e abrangen-te. Portanto, numa altura em que se tornou necessário uma candida-tura forte, agregadora de ideias e vontades, considerei que era minha obrigação, dever e vontade, candidatar-me.

ISEP.BI em linhas gerais, pode dizer-nos quais são os grandes objecti-vos do seu programa?R.G. No meu programa de candidatura defini três grandes eixos estra-tégicos que marcam um rumo de futuro e mais dois eixos de suporte à acção e à promoção das pessoas que são e fazem o IPP. O primeiro eixo estratégico diz respeito à reafirmação do IPP, enquanto instituição de prestígio. O segundo, diz respeito à qualificação do ensino do IPP, que deve ser assente nos estudantes e integrado no espaço europeu do ensino superior. Por fim, o terceiro eixo estratégico é o reforço da investigação enquanto motor científico e tecnológico.

ISEP.BI relativamente ao primeiro eixo, pode indicar em que moldes se vai desenvolver a reafirmação do iPP?R.G. O Instituto Politécnico do Porto tem de ser capaz de assumir o protagonismo que lhe é próprio como maior politécnico português e instituição de referência na região, de forma a ser encarado como um parceiro fundamental no desenvolvimento e na diferenciação positiva do território. Esta nova postura só é possível pelo reforço e demonstra-ção, firme e clara, da nossa capacidade, valor e relevância junto da so-ciedade, dos nossos parceiros e clientes, e passa, incontornavelmente, pela capacidade de abrir canais de diálogo com instituições congéne-res, nacionais e locais, com o poder autárquico e outras organizações da sociedade civil, mostrando ideias e projectos, gerindo oportunida-des e redes de influência.

O mesmo tipo de desafio se coloca ao nível da nossa afirmação no plano internacional, através da participação efectiva no espaço euro-peu de ensino superior e Investigação. Porém, esta participação está dependente do reforço do nosso capital no domínio da investigação.

ISEP.BI a questão da mobilidade estudantil, principalmente no espa-ço europeu, é outro dos pontos referidos no seu programa. Porquê?R.G. A mobilidade é um incentivo importante na qualificação do en-sino que responde a vários objectivos a nível do desenvolvimento de competências, como a capacidade de adaptação, o sentido de respon-sabilidade e a vivência intercultural, cruciais à promoção de uma cida-dania global, à realização pessoal e profissional. A mobilidade académi-ca no espaço europeu, mas também na América Latina e em particular no Brasil e noutros países de expressão portuguesa, deve ser apoiada e queremos trabalhar para garantir um maior suporte aos programas que a promovem. Não existe espaço europeu de ensino superior sem circulação de alunos, investigadores e também de funcionários.

ISEP.BI Qual a sua opinião sobre a implementação do processo de Bolonha no iPP?R.G. O processo de Bolonha é complexo, porque sistémico e dinâmico. Numa primeira fase, construímos as bases do edifício: fizemos a adap-tação dos cursos ao novo modelo, redefinimos os planos de estudos, as metodologias, os meios de processos pedagógicos. Trata-se de um trabalho que se iniciou, mas não se concluiu, pois, como todo o tra-balho de aperfeiçoamento, não tem fim. Como é frequente dizer-se,

“TEMOS EM TODOS OS SECTORES, DESDE OS FUNCIONÁRIOS, DOCENTES E ALUNOS, GENTE COM ELEVADA qUALIDADE”

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11à CoNvErSa Com...

Bolonha implica um novo paradigma de ensino-aprendizagem e esse novo paradigma traz consigo a necessidade imperiosa de uma nova organização do trabalho académico a partir da aprendizagem, uma or-ganização que coloque a questão da autonomia dos estudantes e do estudo no centro da actuação pedagógica. Trata-se de uma nova cul-tura académica que urge ser promovida e acompanhada e que obriga todos (estudantes e docentes) a uma reflexão permanente sobre a sua atitude e o seu papel na aquisição e transformação do saber.

ISEP.BI como avalia a investigação do iPP?R.G. A situação não é a mesma em todas as escolas do IPP. Há escolas com uma dinâmica investigativa mais desenvolvida que outras e, den-tro das escolas, há também diferenças significativas ao nível da inves-tigação realizada em áreas científicas. Independentemente do elevado número de docentes do IPP que participam como investigadores em diversos centros externos, com excepção do ISEP (onde encontramos três centros de investigação reconhecidos pela FCT), a investigação residente é manifestamente escassa. Torna-se, assim, prioritário con-solidar e expandir as áreas onde já há resultados e, paralelamente, agir rapidamente criando as condições para que a I&D desponte em domí-nios científicos centrais ou transversais das escolas do IPP.

ISEP.BI Um dos dois pilares de sustentação do seu programa é a im-portância dada às pessoas. Quais as medidas neste sentido?R.G. Melhorar os nossos serviços de acção social é, seguramente, uma prioridade. Refiro-me não só à celeridade na atribuição de bolsas, mas também ao reforço do alojamento, à qualidade das refeições, à cobertura de acompanhamento psicológico e outros serviços de apoio ao estu-dantes. Queremos, em colaboração com os estudantes, proceder a uma reorganização do Espaço Estudante, dos seus serviços e produtos. Conti-nuaremos, naturalmente, a apoiar o desporto, o associativismo e as activi-dades culturais estudantis, num modelo participado e responsabilizador.

Em relação aos professores, destaco o forte investimento que, em con-sonância e articulação com as escolas, iremos realizar durante o ano de 2010, sustentando a formação avançada (doutoramento) de um eleva-do número de docentes. Quanto aos funcionários, teremos que tratar do reconhecimento das suas carreiras, da qualificação do seu percurso profissional, apoiando a sua formação e implementando um sistema de avaliação que deve ser claro e transparente.

ISEP.BI defendeu uma aposta numa maior coesão entre as escolas do iPP. de que forma pretende promover este tipo de relacionamento? R.G. Primeiro, respeitando a autonomia das escolas e dignificando o seus órgãos de gestão; segundo, promovendo uma gestão participada, aberta, que passa, entre outros, pela activação de um órgão previsto nos nossos estatutos, o Conselho Académico. Trata-se de um órgão consultivo, onde estão representados os órgãos de gestão das diver-sas escolas do IPP e as suas associações de estudantes, que vou querer ver reunir muitas vezes, como forma de auscultar opiniões, construir as políticas de cooperação e articulação entre as escolas, promovendo o seu desenvolvimento mútuo. A coesão constrói-se pela demonstração de uma atitude de diálogo efectivo. Só promovendo a comunicação inter-escolas é que se desenvolve o sentimento de pertença no IPP em torno de um compromisso comum.

ISEP.BI Quais considera serem os pontos fortes do iPP?R.G. São, sem dúvida, as pessoas. Temos em todos os sectores, desde os funcionários, docentes e alunos, gente com elevada qualidade. Se o IPP fica em terceiro lugar no ranking das escolhas de instituições de ensino superior no panorama nacional, isso deve-se a todos os nossos actores. A nossa “natural” implicação com o meio ambiente é outro dos traços que evidenciaria e se revela no elevado número de protocolos e prestações de serviços com que respondemos à sociedade, enquanto instituição pública socialmente implicada e responsável.

FormaçãoDoutoramento em Filosofia na Universidade do minho

Hobbiesmontanhismo, caminhar à beira-mar e viajar.

Viagem de sonhoregressar à Índia

Livro preferidomemórias de adriano; de marguerite Yourcenar

Filme Preferidomorte em veneza; de Luchino visconti

Maria do Rosário Gambôa Lopes de Carvalho

ISEP.BI Qual considera ser a importância de uma escola como o iSeP no conjunto iPP?R.G. O ISEP é uma instituição centenária, cuja integração no IPP cons-tituiu um forte impulso ao próprio IPP. Tem um corpo docente quali-ficado, três centros de investigação reconhecidos pela FCT, e outros núcleos com actividade de I&D significativa, que têm projectado o ISEP exteriormente como instituição de referência na Engenharia. Os cursos ministrados revelam esta dinâmica investigativa e a sólida ligação ao mercado de trabalho e ao tecido industrial.

ISEP.BI como foi a escolha do seu grupo de trabalho? em que critérios se baseou para a escolha dos seus vice-presidentes? R.G. A confiança é fundamental e esta tem por base o reconhecimento da competência e a identidade na partilha de visões e ideias sobre o ensino politécnico e o IPP. Ressalvo que identidade não é mesmida-de, pensamento único. O âmbito da acção dos vice-presidentes está articulado com os eixos de acção que defini no Programa de Acção apresentado ao Conselho Geral, mas não de uma forma literal. Escolhi-os pelas qualidades e competências profissionais, mas também pelas pessoas que são.

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Desenvolver competências em ambiente empresarial continua a ser uma das prioridades do ISEP na formação dos seus alunos. Nesta edição do BI, apresentamos mais um caso de sucesso: o protocolo estabelecido com a Megajoule, empresa portuguesa líder no mercado nacional na avaliação de recursos eólicos e com escritórios na Polónia e no Brasil. À conversa com Miguel Ferreira, um dos administradores da empresa e também ele ex-aluno do ISEP, descobrimos que a parceria é antiga e tem origem em 2004, ano de fundação da Megajoule, embora só mais recentemente tenha sido formalizado um protocolo. Actualmente, o grupo de investigação do ISEP – Centro de Investigação e Desenvolvi-mento em Engenharia Mecânica (CIDEM) colabora estreitamente com a Megajoule Inovação – uma nova vertente da empresa, através da con-sultoria científica que é feita pelos professores Fernando Aristides de Castro e José Carlos Costa.

Segundo Miguel Ferreira, “a colaboração com ISEP é um bom exemplo de cooperação entre uma entidade empresarial e uma instituição de ensino superior”. Admite que um dos critérios de selecção é a forma-ção numa instituição de ensino competente, como o ISEP. Prova disso mesmo, é a empregabilidade a 100 por cento de todos os estagiários do Instituto que chegaram à Megajoule, sendo que “um deles assume hoje um dos cargos de gerência da Megajoule Inovação”. Neste momento, estão nos quadros da empresa quatro diplomados do ISEP, enquanto outros dois se encontram na fase de estágio.

No entanto, o administrador da Megajoule não deixa de referir que, sal-vo esta colaboração, “os concorrentes da empresa são precisamente as universidades”, dando como exemplos o Laboratório Nacional de Ener-gia (LNEG) e a Universidade do Porto. “A competitividade faz com que

actualmente, a Megajoule conta com 36 colaboradores, na sua maio-ria licenciados, mas pelo índice de crescimento que tem apresentado, é muito provável que este número venha a aumentar.

a área de actividade da empresa passa pela concreta avaliação do potencial eólico, advindo daí todas as tarefas integradas nessa activi-dade, desde a análise de locais para a construção de parques eólicos, passando pela medição de vento (através de equipamentos de medi-ção, de instrumentação e de estações meteorológicas), até à conse-quente análise de dados. todo o estudo do vento, das suas caracterís-ticas, do regime de ventos e dos parques eólicos – o posicionamento dos aerogeradores e a estimativa de produção –, são factores a ter em conta pelos colaboradores da Megajoule.

a consultadoria de serviços de energia solar fotovoltaica é outra das áreas de actuação da empresa, tal como a energia da biomassa, mas ainda não tem uma grande expressão no volume de trabalho. a ener-gia das ondas está ainda longe de ser real, uma vez que se encontra na fase de desenvolvimento de protótipos, para que se entenda com clareza o seu potencial.

http://www.megajoule.pt

MEGAjOULEESTUDO DA ENERGIA EóLICA ATRAI ALUNOS DO ISEP

DE Fora CÁ DENtro

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Actualmente, Portugal está no top ten mundial dos países que aprovei-tam a energia eólica (ocupa a 9ª posição), mas pode ser rapidamente ultrapassado por outras potências como o Canadá, devido à pequena dimensão do nosso território. A nível europeu, a energia eólica deverá significar um quarto da energia em 2020. Embora a Dinamarca tenha sido pioneira na exploração desta energia renovável, Portugal fez im-portantes progressos a este nível e a EDP já é a terceira maior empresa do mundo detentora de parques eólicos, sendo ainda do domínio pú-blico o interesse dos bancos nacionais nesta área de negócio.

Com o actual discurso político a assentar nos vectores “exportação, tec-nologia e energias verdes” como forma de impulsionar o país, Miguel Ferreira acredita que “o recurso às energias renováveis é incontornável, não só devido à questão ambiental, mas também agora como uma aposta económica”. Tendo em conta a subida do preço do petróleo e a sua escassez, as energias renováveis são uma boa aposta. Aliás, a políti-ca energética estabelecida pela União Europeia é conhecida por “Políti-ca dos três vintes” – redução em 20 por cento das emissões de dióxido de carbono; aumento para 20 por cento da proporção de energias re-nováveis no consumo; e redução em 20 por cento da procura de ener-gia, tudo até 2020 – e vai exigir aos Estados-membros e às empresas privadas que façam grandes investimentos, o que favorece o sector.

DE Fora CÁ DENtro

ESTRATÉGIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Com pouco mais de seis anos de vida, a Megajoule tem tido um cres-cimento notável. O ano passado, abriu um escritório no Brasil e outro na Polónia, sendo que este último escritório opera também outro mer-cado importante, a Roménia. Na senda do desenvolvimento, 2009 foi ainda o ano da criação da Megajoule Inovação, dedicada à pesquisa de novas metodologias e serviços. “Até 2013, o objectivo é ter cinco escritórios internacionais”, augura Miguel Ferreira, salvaguardando: “Actualmente, estamos numa fase em que é preciso abrandar o ritmo e estabilizar o nível do crescimento, sem, contudo, deixar de estudar novos mercados”. Aliás, desvenda, “ao fazermos a escolha dos nossos mercados alvo, temos também em consideração os mercados onde os nossos principais clientes estão a investir”.

Para a Megajoule, o mercado dos EUA e o eixo Europa Central-Leste (até à Turquia) é muito atractivo, não estando também fora de hipó-tese a abertura de um segundo escritório no sul do Brasil, depois do primeiro ter ficado sediado em Fortaleza. Outros países da América Latina, como o Chile, vão ser alvo de estudo por parte da consultora. O mercado asiático é igualmente aliciante e o administrador destaca a Índia, apontando a China como exemplo negativo de crescimento pouco sustentável: “Cresceram em quantidade, mas não em qualida-de”. A Austrália, mercado onde a Megajoule já desenvolveu trabalhos, e a África do Sul, são os outros países que estão sob auscultação. No limite, garante, “não pomos de parte nenhuma região. Hoje em dia, é possível fazer estudos à distância, basta trocar ficheiros pela Internet. Para projectos de maior dimensão, obviamente, já é preciso ter uma presença local”.

ENERGIA EÓLICA EM PORTUGAL E NO MUNDO

cheguem a apresentar custos bastante mais reduzidos para a realização de projectos, que são impossíveis para uma empresa suportar”, argu-menta, lamentando.

Relativamente à área de actuação da empresa – as energias renováveis, em especial a energia eólica –, Miguel Ferreira considera que hoje em dia há um maior conhecimento e uma maior consciencialização sobre esta temática, do que aquele que havia no tempo em que se “aventu-rou” a uma bolsa de investigação na área da energia eólica.

Na Megajoule, a área de recrutamento por excelência é a Engenharia Mecânica, mas, como refere o administrador, também recebem alunos da área do Ambiente e de Engenharia Química do ISEP. Embora os alu-nos de Engenharia Química precisem de adquirir outros conhecimen-tos, fazem-no com elevado grau de facilidade, porque para além de os considerar bem preparados “a empresa está constantemente a investir em formações, tanto internas, como externas”. Adicionalmente, alguns alunos do mestrado em Engenharia Química do ISEP têm feito a sua dissertação em orientação conjunta entre a Megajoule e a professora Rosa Pilão, do ISEP.

Confrontado quanto à integração dos alunos do ISEP na Megajoule, Miguel Ferreira explica que “a transição do mundo académico para o mundo empresarial não é um choque”, uma vez que a Megajoule é uma empresa jovem, dinâmica e pouco formal. O mercado de trabalho deixa, portanto, de ser encarado como “um bicho-de-sete-cabeças”. Mas uma coisa é certa: “É preciso uma grande resistência ao stress para, por vezes, dar respostas a trabalhos com prazos muito apertados, com a indepen-dência, o rigor e a isenção que nos caracterizam”.

Apesar de nenhum aluno do ISEP estar a trabalhar fora do país, dois deles dedicam-se exclusivamente, nos escritórios da Megajoule em Mo-reira da Maia, a desenvolver projectos para a Polónia e para a Roménia.

Numa época em que a expressão “aldeia global” faz cada vez mais sen-tido, Miguel Ferreira aponta “a flexibilidade, a mobilidade geográfica e, fundamentalmente, a vontade de trabalhar”, como os três principais in-gredientes que fazem um “engenheiro todo-o-terreno”.

Associada às grandes empresas nacionais, a Megajoule colabora como avaliadora do potencial eólico em consórcios liderados pela EDP e pela Galp, que estão a desenvolver grandes clusters industriais e obtiveram licenças para a construção de uma grande quantidade de megawatts eólicos. Além destas empresas, a Megajoule colabora ainda com a Martifer, Efacec e ainda com outras empresas portuguesas de menor dimensão, para além de uma série de outras empresas estrangeiras. Em Portugal, a Megajoule estuda actualmente projectos que totalizam cerca de 1.000 MW.

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Desde Abril do ano passado, um grupo de investigadores do ISEP, lide-rado pelo professor Alfredo Crispim, desenvolve o projecto Filmeque, que reflecte uma forte vertente ecológica. O que está em causa é a substituição de plásticos de origem petroquímica por produtos alter-nativos, neste caso, filme de queratina constituído a partir de pêlo de bovino e penas de galináceos.

INvEStIGaÇÃo à LUPa

O projecto está a ser desenvolvido pelas unidades de I&D do ISEP, Gru-po de Reacções e Análises Químicas (GRAQ) e Centro de Inovação em Engenharia e Tecnologia Industrial (CIETI), em conjunto com outras unidades como o Laboratório de Engenharia e Reologia de Alimentos (LERA) e o Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC).

A explicação do Filmeque parece ser simples, mas oculta a comple-xidade que o processo acarreta, uma vez que para se chegar à pro-dução de filmes de queratina é necessário desenvolver uma série de procedimentos complexos. Neste momento, como adianta o coorde-nador do projecto Alfredo Crispim, “já foi desenvolvido um processo de depilação sem destruição do pêlo”, estando em curso o estudo da “hidrólise do pêlo e aplicação do hidrolisado natural ou modificado no tratamento do couro”, sendo esta parte da investigação da competên-cia do CIETI. Já a cargo do GRAQ “está a ser desenvolvida a extracção de queratina do pêlo e das penas e sua utilização em filmes”, fornecendo de seguida ao LERA a matéria-prima para “o estudo da produção de filmes e microcápsulas”. Todo este processo da conversão em película para embalagens industriais engloba um tratamento térmico ainda em fase de desenvolvimento.

Produção de filme de queratina a Partir do uso de resíduos animais

aplicar a palavra “reciclagem” a pêlo de bovino e penas de galináceos pode não fazer sentido... mas o Grupo de reacções e análises Quími-cas (GraQ) e o centro de investigação em engenharia e tecnologia industrial (cieti), ambos do iSeP, em conjunto com o Laboratório de engenharia e reologia de alimentos (Lera) da Faculdade de enge-nharia da Universidade do Porto (FeUP), a empresa curtumes avene-da e o centro tecnológico das indústrias do couro (ctic), acreditam que sim. o Filmeque é um projecto que quer aproveitar as potencia-lidades destes resíduos animais para o desenvolvimento de um filme de queratina, utilizado como material plástico para embalagens. as vantagens são evidentes: aproveitam-se os resíduos industriais e evi-ta-se o uso de plásticos de origem petroquímica, altamente nocivos para o ambiente.

FILMEqUE

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INvEStIGaÇÃo à LUPa

As “matérias-primas” do projecto – penas de galinhas e pêlo bovino – são para os investigadores a chave do sucesso desta investigação. Se por um lado já se conhecem estudos sobre a produção de biofilmes de queratina a partir de penas de galináceos, por outro lado, é desconhe-cido qualquer projecto envolvendo o pêlo de bovino. Relativamente a esta matéria-prima em particular, o projecto pretende optimizar a sua utilidade, uma vez que embora já se comece a assistir à introdução de processos que evitem a destruição do pêlo, continua a haver uma defi-ciente extracção da raiz do pêlo. Tal facto origina um impacto negativo na qualidade da pele acabada, razão pela qual a indústria de curtumes portuguesa continua a não aproveitar este resíduo.

Para que os objectivos do Filmeque sejam cumpridos – obtenção de fil-mes de queratina, obtenção de processo de depilação sem destruição do pêlo e desenvolvimento de produtos auxiliares para o tratamento do couro –, a cooperação entre os diferentes grupos envolvidos, nas diferentes fases, é fundamental. Relativamente à participação do ISEP, “o conhecimento profundo da indústria de curtumes por parte do CIETI e a forte componente científica na área da química por parte do GRAQ”, garantem a complementaridade na investigação, como indica Alfredo Crispim. Salienta-se ainda a componente tecnológica do CTIC e da Curtumes Aveneda, assim como a experiência científica do grupo de investigação LERA. De facto, só uma colaboração estreita entre as diferentes entidades contribuirá para o sucesso do final do projecto.

Embora a ideia de desenvolvimento de materiais biodegradáveis subs-titutos ao plástico não seja nova, uma vez que proteínas como a soja, o glúten, a gelatina e as proteínas do soro do queijo já foram estudadas e até utilizadas, o Filmeque distingue-se pela solução apresentada: utili-zação de queratina [proteína fibrosa que se encontra no cabelo, unhas, pêlo, lã, com a função de impermeabilizar e proteger os organismos] a partir de pêlo de bovino. Actualmente, o pêlo bovino e caprino “é destruído no processo químico de depilação da pele e acaba por sair dissolvido ou em suspensão nas águas residuais da indústria de cur-tumes”, enquanto “as penas de galináceos, normalmente misturadas com outros resíduos dos aviários, são enviadas para unidades de trata-mento de resíduos animais que geram gorduras e farinhas, estas últi-mas incineradas numa boa parte dos casos”.

Entende-se, portanto, que a finalidade deste projecto seja dupla: se por um lado passa pelo desenvolvimento de um novo material para a in-dústria dos curtumes, por outro lado trata-se de aproveitar da melhor

forma recursos que, até ao momento, são desperdiçados, significando, por isso, uma melhoria para o ambiente.

De facto, as implicações positivas a nível ambiental são a mais-valia do Filmeque. Prova disso, é o aproveitamento das penas de galináceos evitando a sua deposição em aterro, bem como o aproveitamento do pêlo de bovino e caprino que, de outra forma, iria contaminar as águas residuais e, ainda, a eventual utilização de glicerol, subproduto da pro-dução de biodiesel.

A empresa promotora do projecto – a Curtumes Aveneda, está con-fiante com o resultado da investigação, sendo esta já a quarta colabo-ração que faz com o ISEP. Sobre este projecto em particular, Alfredo Crispim acredita que “o processo de depilação sem destruição do pêlo é muito promissor e poderá ter aplicação industrial se o pêlo tiver saída, com se espera, com o processo de produção de filmes.”

Para além do coordenador, há mais três investigadoras do ISEP envolvi-dos no projecto: as professoras Cristina Delerue Matos e Olga Freitas e a bolseira Joana Costa. Em colaboração estreita com o GRAQ está ainda a docente da FEUP Pilar Gonçalves. Aliás, a ideia do projecto surgiu de contactos entre as docentes Cristina Delerue Matos e Pilar Gonçalves.

Com um orçamento global de 260 mil euros financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) em 75 por cento, este pro-jecto amigo do ambiente tem uma duração de 24 meses: iniciou-se em Abril de 2009 e deve estar concluído em Março de 2011.

1. Desenvolvimento de processo óptimo de depilação de pele de bovino, sem destruição do pêlo. Pretende-se obter um pêlo intacto, minimizando os problemas de qualidade re-lacionados com a deficiente extracção da raiz do pêlo;

2. Valorização das penas de galináceos (resíduo da indústria avícola), através da produção de filmes e/ou microcápsulas;

3. Desenvolvimento e optimização do processo de produção de filmes e/ou microcápsulas, usando pêlo de bovino (resí-duo da indústria de curtumes);

4. Desenvolvimento de hidrolisado de queratina e sua modifi-cação química, com o objectivo de desenvolver aplicações no acabamento de couro mais naturais e amigas do ambiente.

A PAR E PASSO, OS OBjECTIVOS DO PROjECTO:

A queratina é uma proteína fibrosa encontrada em inúmeros animais. A sua estrutura tridimensional confere-lhe caracterís-ticas especiais: microfilamentos com resistência, elasticidade e impermeabilidade à água.

Mesmo mortas, as camadas de células queratinizadas detêm os micróbios e impedem a desidratação das células que estão imediatamente abaixo. Isso ocorre porque a queratina é imper-meável à água. Além disso, essas células mortas impedem que o atrito prejudique as células vivas servindo-lhes de barreira.

qUERATINA ?

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DEStaQUE

Plano de ACçãoPara a SUStentaBilidade

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DEStaQUE

Há cerca de um ano, um grupo de investigadores e docen-tes do Instituto Superior de Engenharia do Porto juntou-se para dar forma a uma ideia antiga: criar um projecto que agregasse tudo o que fosse possível fazer no âmbito da sustentabilidade. A Presidência do ISEP deu carta branca e esses mesmos docentes criaram o primeiro Plano de Acção para a Sustentabilidade de uma instituição de ensino supe-rior. Luís Castanheira, um dos investigadores que esteve na origem do PASUS – Plano de Acção para a Sustentabilidade do ISEP, explicou ao ISEP.BI como nasceu e como se desen-volve, todos os dias, o projecto que espera ser “o início de algo muito maior”.

Tudo começou com uma grande vontade de criar um plano para um ISEP sustentável. E, para tornar a vontade ainda mais forte, este senti-mento não era exclusivo de uma pessoa só – era compartilhado por um grupo de docentes do ISEP. Para completar esta vontade, a consciência da responsabilidade educativa e social e o elevado consumo de ener-gia foram outras duas razões que estiveram na origem deste projecto. “Como instituição de ensino superior, temos de liderar pelo exemplo e mostrar aquilo que pode ser feito na área da sustentabilidade am-biental”, explica Luís Castanheira, docente do ISEP e membro do grupo de trabalho responsável pelo Plano de Sustentabilidade. “O nosso ob-jectivo primordial é o de formar uma estirpe diferente de graduados em ciências da engenharia, garantindo que os alunos e futuros alunos do ISEP sejam diferentes pelo respeito que deverão ter pelas questões ligadas à sustentabilidade”. Por outro lado, continuou, “o ISEP é com-posto por um conjunto de infra-estruturas muito significativo que tem apensos uma série de consumos de energias relevantes. Todos os dias, é procurado por milhares de pessoas, com repercussões ambientais e, naturalmente, ao nível da dependência energética. Temos de ter essa consciência e, acima de tudo, vontade de alterar o estado das coisas”.

Ao longo do primeiro ano de construção deste projecto foram sendo ultrapassadas diversas fases, mas o primeiro passo foi criar uma comis-são de trabalho que, pelas suas relações interpessoais, garantisse uma disseminação abrangente da escola. Após a formação desta comissão de trabalho foi necessário, então, centrar prioridades. Para atingir os resultados, recordou Luís Castanheira, “existiram várias medidas equa-cionadas e que, futuramente, poderão integrar o Plano de Acção para a Sustentabilidade, mas que, numa primeira fase, tivemos de deixar de lado”. “Poderíamos fazer coisas muito interessantes no campo da res-ponsabilidade social, mas primeiro tivemos de criar os alicerces dentro do ISEP. Neste momento, o que temos programado é o ideal, do nosso ponto de vista, para darmos os primeiros passos”, justificou o docente.

UM PROJECTOPIONEIRO PARA UMISEP SUSTENTÁVEL

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18 DEStaQUE

“O ACTIVO MAIS IMPORTANTE DAS ORGANIZAÇÕES SÃO AS PESSOAS”

Uma acção na área da sustentabilidade, promovida por uma organiza-ção, é um processo sem fim. Quem o diz é Luís Castanheira. O docen-te considera que o PASUS nunca estará terminado: “Existem sempre novos desenvolvimentos tecnológicos, de conhecimento e novas in-teracções com o exterior”. Em suma, todo o cenário está em constante mudança. O mesmo é dizer, na opinião do engenheiro, que o PASUS não é um documento fechado, existindo espaço para vários planos de acção ligados à sustentabilidade. Para já, sublinha, “o objectivo primor-dial passa por levar a cabo as medidas que foram delineadas neste pri-meiro documento”.

O desenvolvimento sustentável não é um assunto novo para o ISEP. Há muito que o Instituto promove acções ligadas à sustentabilidade e que são uma mais-valia para a concretização deste projecto. Aliás, tal como assinalou Luís Castanheira, “um dos grandes desafios que a comissão

EDUCAR INTERNAMENTEPARA TRANSMITIR OS NOSSOS IDEAIS PARA O EXTERIOR

O PASUS é um projecto pioneiro, bem estruturado, mas Luís Casta-nheira está ciente que se o ISEP não fosse uma instituição aberta, “não teria sido possível alcançar este resultado”. Aliás, para o docente, estes processos só são possíveis quando existe a predisposição das pessoas e quando há o apoio da gestão. Caso contrário, são sonhos impossíveis de concretizar. “Aqui no ISEP, somos um universo de sete mil pessoas. E todas têm de colaborar”, defendeu.

Agora que o PASUS está lançado e que existe o apoio do universo ISEP, o grande desejo do grupo de trabalho é, segundo o docente, “concre-tizar, em cinco anos, todas as medidas expostas no plano de acção”. “E será mais fácil se começarmos pelos alunos do primeiro ano. O pro-jecto tem por base instalar esta forma de estar no ADN dos alunos e isso só se consegue se for no início”, acrescentou. O PASUS tem por grande objectivo formar engenheiros diferentes, como tal, os alunos são os primeiros que o grupo de trabalho quer conquistar. “Temos de começar pelos que acabam de ingressar. Têm de perceber que a filo-sofia da escola é esta, através de um manual de acolhimento, palestras constantes, etc.”.

Luís Castanheira não quer considerar que já tenham existido barreiras à implementação e concretização do PASUS, mas está consciente que “qualquer projecto exige um esforço continuado e toda a disponibili-dade possível”. A tecnologia é um meio importante para atingir os ob-jectivos preconizados no projecto, mas não é suficiente. “O fundamen-tal é termos a noção da nossa responsabilidade para diminuir impactos negativos e melhorar a qualidade de vida de todos. E isto leva-nos a constatar que o fundamental na implementação de um projecto como este são, sem dúvida, as pessoas. Mais do que usar os recursos ao nosso dispor, é preciso mudar mentalidades”, concluiu.

de trabalho teve foi agregar todas as acções que já existiam. No ISEP, há um conjunto muito grande de iniciativas por todos os Departamentos que podem ser enquadráveis neste contexto da sustentabilidade e no plano de acções. Ou seja, queremos criar um repositório de acções que nos permita transpor para o exterior toda a experiência do ISEP, mas de uma forma agregada, pois assim seremos mais fortes e mais reconhe-cidos neste contexto”.

Após uma recolha cuidada, a equipa sabe que já há diversos trabalhos desenvolvidos, por exemplo, “na área dos recursos energéticos e da água”. Melhor, já há algo feito em quase todas as áreas. “O desafio ago-ra é fazer mais e de uma forma integrada”, advoga. O prémio Green-light, para a renovação do edifício I, já pressupõe uma estratégia de sustentabilidade e minimização de gastos; a iluminação exterior já vai ser mudada para iluminação do tipo leds... “Temos de agregar todas as iniciativas de cariz sustentável que foram sendo levadas a cabo, temos de nos certificar e só assim seremos reconhecidos pelo exterior”, subli-nhou Luís Castanheira.

Podemos pensar que, por ter sido a primeira instituição de ensino su-perior a criar um Plano de Sustentabilidade, o ISEP está à frente do seu tempo, mas o docente tem uma perspectiva diferente. A verdade é que “estamos todos atrás do tempo, principalmente porque temos as com-petências técnicas e intelectuais para promover este tipo de acções e não o fazemos”, alega. Neste campo, a participação do ISEP em eventos nacionais e internacionais na área da sustentabilidade é, para o enge-nheiro, fundamental. Quer seja na “educação, formação, transmissão de conhecimento e mesmo pela projecção internacional do ISEP”.

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19DEStaQUE

Foi a 14 de Janeiro que a comunidade do ISEP ficou a conhecer o Plano de Acção para a Sustentabilidade. Perante uma audiência concorrida – os 200 lugares do Auditório E estavam preenchidos – a comissão de trabalho do PASUS apresentou o resultado do seu trabalho. Nesse dia, o ISEP tornou-se a primeira instituição de ensino, a nível nacional, a apresentar um plano de sustentabilidade. Desde a utilização de ve-ículos e recursos amigos do ambiente, à adopção de uma conduta académica pró-sustentabilidade, foram apresentadas várias propostas para reformas pioneiras que colocam o Instituto na vanguarda de um desenvolvimento sustentável.

Edifícios sustentáveis, minimização dos custos energéticos e de água e política de gestão de resíduos são alguns dos parâmetros deste plano. No âmbito do seu Plano de Sustentabilidade, o ISEP prevê ainda apostar na investigação e actividade de pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável. O plano apresentado define as acções fundamentais que

o ISEP se propõe levar a cabo nos próximos cinco anos, no âmbito da sua estratégia para o desenvolvimento sustentável. O projecto con-templa, por exemplo, a implementação de edifícios sustentáveis, uma preocupação que tem, aliás, estado presente desde há algum tempo nos elementos de gestão do ISEP, tal como prova o prémio internacio-nal Greenlight, atribuído pela primeira vez a uma instituição de ensino superior portuguesa. Esta requalificação inclui: redução na intensidade material de produtos ou serviços, redução na intensidade energética de produtos ou serviços, redução da dispersão de materiais tóxicos, au-mento da eficiência no consumo de água, aumento da reciclagem e promoção da utilização de recursos renováveis e de maior durabilidade.

O Plano para tornar o ISEP mais “sustentável” passa também pela mi-nimização dos consumos energéticos e de água, pretendendo-se que estas acções se estendam ao dia-a-dia de cada um, disseminando para a sociedade e para as organizações em que participam.

APRESENTAÇÃO DO PASUS ENCHEU AUDITÓRIO E

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BLAVIGATOR

com fim social meritório, o Grupo de investigação em engenharia do conhecimento e apoio à decisão (Gecad) prepara-se para desenvol-ver um dispositivo portátil que vai ajudar os invisuais a deslocar-se na via pública, servindo de auxílio ao contorno de passeios, de fachadas e de pessoas e/ou objectos em movimento. Sob a direcção do inves-tigador João Barroso, também docente na Universidade de trás-os-Montes e alto douro (Utad), a solução Blavigator promete um custo duas a três vezes inferior ao aparelho já existente. no início de 2012 espera-se a apresentação do primeiro protótipo.

Apesar de não ser uma ideia pioneira, a concepção do Blavigator tem uma mais-valia: o preço, que deverá rondar os 400 euros e vai permitir, como se espera, a democratização do uso do aparelho por um número maior de pessoas invisuais. Com o interesse e o apoio já manifestado pela Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), a respon-sabilidade dos investigadores envolvidos neste projecto é ainda maior. Para além da participação do Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD), o Centro de Investigação Tecnológica do Algarve, a Universidade do Algarve, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e o Instituto de Sistemas e Robóti-ca são os outros parceiros do projecto.

O sistema do Blavigator vai funcionar como uma espécie de GPS áudio, recorrendo ao uso da informação georreferenciada. Através das tecno-logias GPS, visão por computador e identificação por rádio frequência (RFID), o dispositivo vai permitir avisar com antecedência os invisuais de obstáculos a uma distância de dois a três metros, quer sejam pedras soltas na típica calçada portuguesa, objectos estáticos como bancos, postes, canteiros de plantas, e objectos que se encontram em rota de colisão como pessoas ou animais. Tudo isto através de um conjunto pré-definido de sons.

Para além do aviso dos obstáculos, o Blavigator pretende ser um “con-selheiro” de trajectos, dando importantes pistas na locomoção junto às fachadas das casas e lojas, e no centrar em passeios estreitos. Tal como no GPS de um automóvel, vai ainda indicar as distâncias percorridas.

GeCad ProPõe solução Portátil Para inVisuais

De acordo com o investigador responsável pelo projecto, João Barro-so, “o sistema será muito leve, robusto, fácil de colocar e transportar e nunca se tornará um obstáculo na locomoção”, devendo ainda “ser facilmente montado por um técnico”.

No entanto, conscientes de que os mais cépticos possam encarar este aparelho como um elemento de distracção, os investigadores conside-ram que a sua primeira preocupação será a interface com o utilizador. Não é novidade que os cegos têm os outros sentidos mais desenvolvi-

CARACTERÍSTICAS DO BLAVIGATOR

20 A NOSSA TECNOLOGIA

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A chave do sucesso deste projecto passa por uma parceria estreita com a ACAPO, para que o equipamento vá de encontro às necessidades dos utilizadores. A introdução de funções adicionais, como a detecção de passadeiras e o seu atravessar dentro dos limites, sobretudo em cruza-mentos que não têm sinalização sonora, pode vir a ser uma realidade deste Blavigator, se os utilizadores assim o exigirem.

Segundo a vice-presidente da ACAPO, Mariana Rocha, a instituição está disponível para colaborar no desenvolvimento do Blavigator, pois considera um projecto com muito potencial. “Tudo o que são projec-tos que ajudem a melhorar a mobilidade e segurança dos cegos e das pessoas com baixa visão são muito importantes, para nós”, sublinha.

No entanto, Mariana Rocha lamenta que, em pleno século XXI, a falta de sensibilidade e de consciência cívica continuem a dar origem a pro-blemas que poderiam ser evitados. Postes no meio do passeio, caixotes do lixo que parecem colocados quase que de forma aleatória, buracos, carros em cima do passeios, a falta de mais e melhor sinalização sonora e a ausência de passeios rebaixados nas passadeiras, são algumas das dificuldades com que os cegos se deparam no seu dia-a-dia.

Infelizmente, não é só no campo da locomoção e das acessibilidades que os cegos enfrentam problemas. As editoras continuam a não pro-duzir livros em braille e na área tecnológica, também ainda há muito a fazer. Como afirma a vice-presidente da ACAPO, “nos programas de te-levisão, era preciso mais audiodescrição e tradução nos noticiários, por exemplo, das declarações em língua estrangeira. Depois, e isso cada

COOPERAÇÃO COM A ACAPO

O provedor dos cidadãos com deficiência da Câmara Municipal do Por-to, Dr. João Coutinho Oliveira, reuniu-se com a equipa de desenvolvi-mento do Blavigator tendo demonstrado um grande interesse na con-cretização do projecto no município do portuense. Coutinho Oliveira mostrou ainda receptividade à extensão do projecto para outros tipos de deficiências (como por exemplo o desenvovimento de soluções para pessoas com mobilidade reduzida). Parte do sucesso do projecto está dependente do levantamento das acessibilidades que condicio-nam a mobilidade, para definição dos melhores trajectos tendo em conta o tipo de deficiência, e da colocação de “tags” RFID e marcas para detecção por visão por computador na via pública. Por essa razão está a ser agendada uma reunião com o sector do Planeamento e Ur-banismo da Câmara Municipal do Porto.

Fundada em 20 de Outubro de 1989, a ACAPO surgiu por fu-são da Associação de Cegos Louis Braille, da Liga de Cegos João de Deus e da Associação de Cegos do Norte de Portugal e dedica-se, em linhas gerais, à representação, defesa e inclu-são dos cegos na vida social, profissional e cultural.

Com delegações um pouco por todo o país, a ACAPO tem di-ferentes áreas de actuação: acção social, acessibilidades, des-porto, formação profissional, produção de braille, orientação e mobilidade, cultura e apoio ao emprego.

Para João Barroso, a SmartVision é a antecessora do futuro Bla-vigator e semelhante à SmartEyes, desenvolvida pela Univer-sidade de Salónica, na Grécia. Aliás, esta instituição demons-trou-se muito receptiva à troca de informações para o projecto Blavigator. O dispositivo SmartVision detém a tecnologia que detecta os contornos de passeios ou as passadeiras, enquanto o utilizador caminha, incluindo obstáculos próximos como ár-vores, sinais de trânsito, pessoas e cães. O projecto, proposto pelo Centro de Investigação Tecnológica do Algarve e que se encontra no seu terceiro ano de desenvolvimento (iniciou-se em Janeiro de 2008 e termina em Dezembro de 2010), teve também o financiamento da Fundação para a Ciência e Tec-nologia. O investimento estatal, na ordem dos 166 mil euros, é mais do dobro em comparação com o orçamento destinado ao projecto Blavigator.

ACAPO

SMARTVISION

vez é mais importante, as boxes de cabo, que são inacessíveis para os cegos.” Quem sabe, fica aqui o desafio para o desenvolvimento de pro-jectos futuros por parte dos investigadores do ISEP.

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) em cer-ca de 82 mil euros, o Blavigator vai ficar disponível no mercado a um preço bastante acessível. Tendo em conta que o universo de invisuais em Portugal ronda as 163 mil pessoas, espera-se que esta inovação do GECAD possa melhorar acentuadamente a qualidade de vida de um significativo número de portugueses.

CâMARA MUNICIPAL DO PORTO ATENTA AO PROjECTO

dos, mas com o Blavigator não se pretende distrair a atenção do som ambiente, nem perturbar a navegação com a bengala. Os alertas serão dados ao utilizador com o mínimo de sons possíveis, enquanto que a interface da fala será baseada num mínimo de perguntas e em instru-ções simples e directas.

Mas não serão só os sons a única forma de comunicação desta solução. Uma das funcionalidades do Blavigator será a comunicação através de vibrações, dando assim indicações ao utilizador sobre para onde deve vi-rar ou se está a sair do percurso estabelecido. Outra das características do aparelho vai ser a apresentação de informação detalhada de um dado espaço. Como explica João Barroso, “ao chegar à entrada de um edifício, por exemplo, o cego pode solicitar a listagem dos serviços ali instalados”.

A recolha de toda esta informação do sistema vai exigir, por parte dos investigadores, uma coordenação estreita com as autarquias e as en-tidades públicas e privadas, sendo que o carregamento de todas as informações será encaminhado para um sistema gerido centralmente. Para o utilizador, a única tarefa será descarregar esse conjunto de da-dos para o seu interface e actualizá-lo, se tal for necessário.

21a NoSSa tECNoLoGIa

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22 oBJECtoS Da NoSSa HIStÓrIa

RADIOFONE DE MM. G BELL E TRAINTER

InventorG Bell (1847 - 1922) e Charles Tainter (1854 - 1940)

Colecção de objectosNúcleo de electrotecnia

Descrição Este radiofone é um aparelho que demonstra a sensibilidade do selénio aos raios lumino-sos, produzindo um som. Funciona a gás de iluminação, compreendendo: um aparelho de chama manométrica com reflector, um frasco carburador para gasolina, uma célula de selénio colocada sobre um pé e uma colu-na e um telefone de grande resistência.

OHMIMETRO OU APARELHO PORTÁTIL PARA MEDIDAS RÁPIDAS

InventorGeorg Simon Ohm (1789 - 1854)

Colecção de objectosNúcleo de electrotecnia

Descrição Este Ohmimetro reúne numa pequena caixa os elementos necessários para medir de forma rápida e exacta todas as resistências de isola-mento, baseadas na lei de Ohm. A caixa con-tém um galvanómetro com um shunt, uma chave de contacto e um comutador de ficha.

REGULADORDE GAIFFE

InventorAdolphe Gaiffe (1832 - 1887)

Colecção de objectosNúcleo de electrotecnia

Descrição O Regulador de Gaiffe tem por função resta-belecer e conservar uma distância constante entre os eléctrodos e manter o seu compri-mento e brilho no arco voltaico.

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23

RECEPTOR-REGISTADOR DE MORSE

InventorSamuel Finley Breese Morse (1791 - 1872)

Colecção de objectos Núcleo de electrotecnia

Descrição O receptor-registador de morse impõe um movimento regular, quase como um relógio que, por intermitência de dois cilindros de fricção, deixa passar de uma maneira contínua uma banda de papel que se encontra enrola-da na bobina superior. Esta imprime um con-junto de traços, cujo cumprimento é produto da duração da corrente que excita o electroí-man: uma corrente curta produz um traço cur-to chamado ponto, uma corrente prolongada, um traço longo também chamado barra. Os sinais enviados pela estação transmissora são assim reproduzidos sobre um banda de papel, é o empregado da estação receptora que tra-duz os caracteres (traços e pontos) que se vão imprimindo ao longo da fita.

LâMPADA ELÉCTRICA DE INCANDESCêNCIA DE EDISON

InventorThomas Alva Edison (1847 - 1931)

Colecção de objectos Núcleo de electrotecnia

Descrição Esta lâmpada é composta por um filamento de carvão, tendo soldados nas extremidades 2 fios de platina, colocados no interior de um tubo de vidro fechado, no extremo adjacente ao filamento. Tudo isto está introduzido numa ampola de vidro fechado e colado com gesso, terminando num casquilho roscado de latão. Embora fosse parcialmente surdo, Edison construiu as duas maiores invenções acústi-cas de sempre: o fonógrafo e o microfone de carbono para o telefone.

oBJECtoS Da NoSSa HIStÓrIa

HISTERESIMETRO DE EWING

InventorJames Alfred Ewing (1855 - 1935)

Colecção de objectos Núcleo de electrotecnia

Descrição O Histeresimetro de Ewing permite demons-trar e avaliar o atraso da magnetização em relação à força magnetizante e determinar a perda de energia causada por histerese na amostra de ferro submetida a este teste.

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DEPoIS Do ISEP24

na edição número 10 do ISEP.BI temos um “depois do iSeP” diferente. desta vez seleccionamos um aluno de cada uma das licenciaturas lec-cionadas pelo instituto para que respondessem a algumas questões. tentamos perceber que imagem têm os ex-alunos da sua “antiga casa”. as respostas deixam-nos orgulhosos e com vontade de, cada vez mais, trabalhar em prol da nossa comunidade.

Podemos dizer que Diana Vieira é uma excepção à regra. Actualmen-te colaboradora da CEIIA, esta antiga aluna do ISEP aventurou-se num mundo iminentemente preenchido por homens: a Engenharia Mecâ-nica. Mas a experiência parece ter sido compensadora. Para Diana, o ISEP tem sido uma das instituições que mais tem contribuído para o ensino de Engenharia em Portugal. “A sua constante modernização e adequação com as necessidades da sociedade e das empresas fazem do ISEP uma entidade credível e de confiança”, afirma. Para esta jovem engenheira, excelência, dinamismo, conhecimento, amizade e ciência são algumas das palavras-chave que melhor definem o ISEP.

E qual será o ponto forte do ISEP em relação a outras escolas de Enge-nharia? Diana responde: “A oportunidade de interacção entre alunos e entidades empregadoras, algo bastante necessário para a ligação das competências adquiridas com as necessidades do mundo actual, torna-se um ponto fulcral do ISEP e bastante necessário no percurso formativo dos alunos”. Foi este, aliás, o facto que levou Diana a optar pelo ISEP em detrimento de outras instituições. O Instituto, realça, “for-neceu-me as competências necessárias para a criação de responsabi-lidade, espírito de liderança, auto-confiança e, acima de tudo, espírito crítico, imprescindível na prática de actividades de Engenharia”.

E em relação aos diplomados pelo ISEP, o que será que os distingue dos restantes? “Distinguem-se sobretudo pela pró-actividade e pelo eleva-do grau de conhecimento prático. Estas duas características são, sem dúvida, indispensáveis na adequação das competências adquiridas ao

e dePois do ISEP?

INTERNACIONALIZAR É ALARGAR HORIZONTES

Márcia Santos, licenciada em Engenharia Química, actualmente cola-boradora da Galp Exploração e Produção, acredita que “a internacio-nalização da formação é sempre uma mais-valia para o indivíduo, não só a nível profissional mas também a nível pessoal. O ISEP tem uma ex-celente organização destes programas, facilitando o enquadramento do aluno num país desconhecido”. A antiga aluna fala por experiência própria: “Estive em Erasmus na Bélgica e foi uma experiência fantás-tica. Foi-me entregue um projecto muito interessante e desafiante. É nesta fase que os alunos efectivamente crescem como profissionais e se consciencializam que, durante a sua formação, foram munidos de todas as ferramentas necessárias para solucionar os problemas do dia-a-dia que inevitavelmente surgem na vida de um engenheiro”.

longo dos anos de aprendizagem às necessidades do mundo profissio-nal. A competitividade no mercado de trabalho cresce, ano após ano, e a capacidade de actualização constante é algo que sempre foi e conti-nua a ser fomentado pelo ISEP”, enaltece.

Para além das competências técnicas e científicas, Diana Vieira consi-dera que os diplomados do ISEP ficam aptos para interagir em diversas situações, principalmente no relacionamento com pessoas, assumindo posições de responsabilidade, enquanto engenheiros e líderes. ”Da ex-periência que adquiri e que tenho vindo a adquirir, em conjunto com a minha experiência profissional, posso afirmar que os diplomados do ISEP preenchem de forma positiva as necessidades actuais das empre-sas, tanto nacionais como internacionais, contribuindo para o constan-te desenvolvimento em todas as áreas envolventes”, conclui.

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DEPoIS Do ISEP 25

“O ISEP SIMPLIFICA AqUILO qUE PARECE DIFÍCIL”

A Engenharia de Computação e Instrumentação Médica é uma área nova e que para muitos pode parecer algo confusa. Joana Araújo as-segura, porém, que o prazer de aprender no Instituto sobrepõe-se a qualquer dúvida, mesmo em áreas mais complexas. “Existe uma gran-de disponibilidade por parte dos professores em dialogar e esclarecer dúvidas com os estudantes. Penso que este factor é essencial para a nossa motivação e no interesse que posteriormente depositamos na parte de estudo”, argumenta.

Quanto à preparação dos alunos para o mundo do trabalho, Joana Araújo também dá nota positiva ao Instituto: “O ISEP prepara-os tan-to para a continuação de uma vida ligada à componente académica como para o mundo empresarial. Isto prende-se com o facto de o ISEP ter laboratórios que permitem a continuidade dos alunos que queiram aprofundar as suas teses de licenciatura ou de mestrado e se preocupar em encontrar empresas que permitam os estágios dos finalistas”.

Para Joana Araújo, o ISEP é por si só uma escola de passado, presente e futuro. Porquê? “A Engenharia faz andar o mundo. Se analisarmos com atenção, é da engenharia que sai tudo o que temos. As mudanças que ocorreram desde que o ser humano começou a pensar até ao mundo moderno devem-se à Engenharia. Actualmente, todos os recursos que temos ao nosso dispor baseiam-se no desenvolvimento da tecnologia e nos conhecimentos que aumentam cada vez mais”, alude. Por exem-

O FASCÍNIO PELA ENGENHARIA

Para Ticiana Vieira, a Engenharia foi sempre uma área que lhe causou fas-cínio pela sua utilização na vida quotidiana. Através dela, “conseguimos arranjar soluções. Faz-nos pensar e desenvolver no sentido de resolver-mos qualquer tipo de problema”, defende a jovem licenciada. Quanto à escolha do ISEP para iniciar o percurso académico, Ticiana explica que “era o único a possuir o curso de Engenharia de Instrumentação e Quali-dade Industrial, o que é, desde logo, uma marca de inovação”.

Em Márcia Santos encontramos uma passagem pelo ISEP que ficou vincada do ponto de vista profissional e pessoal. No ISEP, confirma, “encontrei um ensino de excelência, direccionado não só para uma aprendizagem contínua com o estímulo do raciocínio, mas também direccionado para o desenvolvimento de capacidades críticas e de au-to-suficiência que considero fundamentais no mercado de trabalho”. A capacidade de trabalho em equipa e o sentido de responsabilidade que é incutido nos alunos ao longo do curso são dois dos pontos que Márcia destaca.

plo, aponta, na área da Engenharia de Computação e Instrumentação Médica “pude perceber que o avanço da tecnologia tem permitido melhores diagnósticos, melhores tratamentos e até diminuir a taxa de mortalidade nas doenças mais graves”.

Estudar no ISEP foi também crescer pessoal e profissionalmente. “Ao longo do meu percurso desenvolvi as minhas competências de tra-balho em grupo, uma vez que em todas as disciplinas que tive com professores dos vários Departamentos foi-nos sempre exigido traba-lhar com outra pessoa. Com estes trabalhos em grupo, desenvolve-se a expressão oral, dado que em cada trabalho realizado é necessário expô-lo”, sublinha.

No que diz respeito à formação pós-graduada, os ex-alunos do ISEP também não têm dúvidas que o Instituto seja uma boa opção para uma especialização académica. Bruno Silva, licenciado em Engenharia Electrotécnica - Sistemas Eléctricos de Energia e actualmente colabora-dor da Efacec, reconhece que, após a inserção no mercado de trabalho, sentiu a necessidade de continuar a adquirir conhecimento, de forma a aumentar progressivamente as competências. Neste contexto, optou por continuar a sua formação, através de um mestrado no ISEP. “Queria adquirir conhecimentos mais específicos na minha área de interesse e só o pude fazer porque o Instituto me deu condições, através do ho-rário pós-laboral, permitindo uma conciliação entre as minhas respon-sabilidades profissionais e a minha vontade de continuar a apostar na formação”, realça.

Quanto à qualidade da formação pós-graduada, Bruno acredita que “o ISEP se encontra a percorrer o caminho certo para que os seus mestra-dos correspondam ao conceito definido pelo processo de Bolonha”. Mas não é apenas a qualidade da formação que para Bruno Silva deter-mina a escolha do ISEP pelos novos alunos: “A opção pelo ISEP como instituição de ensino encontra-se há muitos anos directamente ligada não só à qualidade de ensino em si, mas também ao espírito vigente na instituição. Este espírito é fruto da comunidade académica isepiana, não só dos afectos à instituição por um laço contratual (funcionários e docentes), mas sobretudo daqueles que optam por adquirir a sua for-mação nela”. Para Bruno Silva o ISEP é mais do que um local de aquisi-ção de conhecimentos, “é um formador de cidadãos interventivos na sociedade, que procuram contribuir construtivamente para o evoluir do País. Assim, o conhecimento adquirido na sala de aula combinado pelo transmitido de geração em geração de alunos é o maior bem da instituição”, acrescenta. Paralelamente, continua, o espírito incutido através da vivência ao longo da formação cria nos formandos isepianos “fortes capacidades de iniciativa e liderança, bem como capacidades de resposta e planeamento perante situações adversas, o que é essen-cial à progressão profissional”.

A FORMAÇÃO AVANÇADA COMO FACTOR DE DIFERENCIAÇÃO DO ISEP

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Miguel Leiras, sócio-gerente de uma empresa de construção civil, acre-dita que “o ensino no ISEP tem uma forte componente prática, normal-mente preferida pela maior parte dos alunos”. Daí ser a primeira opção para muitos candidatos ao ensino superior.

Falar de Engenharia é, também, falar de empreendedorismo, mas para este jovem empresário o carácter empreendedor depende mais da ca-pacidade individual de cada um, do que propriamente do local onde estudou. “Penso que o empreendedorismo e a iniciativa não se devem ao facto de estudar seja onde for, mas sim da ambição de levar avante um determinado projecto ou objectivo”, afirma. No entanto, há algo que o licenciado em Engenharia Civil não nega: “Quanto ao espírito crí-tico, creio que se desenvolve bastante no ISEP, porque os docentes dão primazia a que o aluno chegue aos resultados através do seu próprio raciocínio, alertando no final para outras possíveis situações ou mesmo corrigindo essas respostas”.

“O ISEP DESENVOLVE BASTANTE O ESPÍRITO CRÍTICO DOS SEUS ALUNOS”

Desenvolver competências que lhe garantissem um maior desempe-nho profissional foi o principal motivo que levou Ruben Vasconcelos, licenciado em Engenharia Informática e actualmente colaborador da Medidata.Net - Sistemas de Informação para Autarquias S.A., a optar pelo ISEP. De acordo com o ex-aluno, pesou na sua escolha o facto de o Instituto “ser das poucas instituições que dispunha de horários noctur-nos, o que permitia conciliar a vida académica com a vida profissional”.

Para Ruben, uma das principais vantagens do ensino do ISEP é a par-tilha de conhecimentos e utilização de diferentes metodologias, fac-tores impossíveis de aprofundar no mercado do trabalho. “Enquanto no ISEP se promove a utilização de todos os paradigmas associados a uma gestão de projectos, no mundo profissional isso nem sempre é possível devido, por exemplo, às condicionantes de tempo, celeri-dade de resposta face à concorrência e mudança de prioridades.” De qualquer das formas, Ruben Vasconcelos defende que existe “a preocu-pação constante por parte do ISEP em apreender as necessidades das empresas e adequar os planos de estudo a essa realidade”. Não é por acaso que “existe uma elevada procura de alunos finalistas por parte das empresas”, argumenta.

ADEqUAÇÃO DOS CURSOS ÀS EXIGêNCIAS PROFISSIONAIS

A principal diferença entre o ensino universitário e o ensino politécni-co, para Jorge Santos, verifica-se ao nível da teoria versus prática. “O ensino politécnico é mais orientado para uma carreira profissional, com uma componente prática muito forte, garantido a entrada mais directa no mercado de trabalho, em função das necessidades de cada sector”.

O licenciado em Engenharia Geotécnica e Geoambiente, colabo-rador da Mota Engil, acredita que “a escolha de um curso no ISEP garante, fundamentalmente, um elevado potencial de empregabi-lidade quando comparado com outras instituições que ministram cursos de Engenharia”, até porque “tem uma oferta diversificada das diferentes especialidades”.

A existência de docentes altamente qualificados que partilham a sua experiência no mundo empresarial e a diversidade de áreas técnicas abordadas no plano de estudos, foram, segundo Jorge Santos, as mais-valias durante a sua licenciatura no ISEP.

“ELEVADO POTENCIAL DE EMPREGABILIDADE”

Relativamente aos grupos de investigação do ISEP, João Amaral, licen-ciado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, lamenta que “sejam apenas utilizados por uma pequena minoria”, mas atribui essa responsabilidade aos alunos que, defende, “deveriam ser mais inter-ventivos no desenvolvimento de projectos paralelos”. “Penso que o ISEP confere aos seus diplomados um valioso instrumento no estado bruto, com arestas aptas para actuar de imediato como agente de de-senvolvimento”, refere.

Apesar de apostar na vertente prática e voltada para o mercado de tra-balho, os cursos do ISEP não dispensam uma base teórica sólida. De acordo com João, as matemáticas e ciências base de Engenharia são disciplinas marcantes na componente teórica dos cursos constituintes do leque oferecido pela instituição. “São estas que, apesar de parece-rem pouco atadas ao quotidiano laboral, nos permitem expandir ideias e procurar reformar ou acrescentar funcionalidades”, justifica.

Para este ex-aluno, o ISEP tem três qualidades chave: “o compromisso assumido pela Presidência em tornar a escola como uma referência internacional; o binómio estudo/academia; e as ferramentas disponi-bilizadas aos alunos para fins práticos e laboratoriais.”

“O ISEP PREPARA-NOS PARA SERMOS AGENTES DE DESENVOLVIMENTO”

DEPoIS Do ISEP

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27BrEvES

Goreti Marreiros, Ricardo Santos e Carlos Ramos, investigadores do Grupo de Investi-gação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD) publicaram o artigo “Context Aware Emotional Model for Group Decision Making”, na IEEE Intelligent Systems – a principal revista científica na área da Inte-ligência Artificial.

Este estudo descreve um modelo computa-cional emocional, sensível ao contexto, com aplicações de apoio aos processos de toma-da de decisão em grupo. A investigação de-senvolvida pelos investigadores do GECAD comprova que agentes incorporando capa-cidades emotivas chegam a consenso mais rapidamente que agentes que não contem-plem tais capacidades, factor até agora des-prezado nos sistemas de apoio à tomada de decisão em grupo.

Os resultados deste projecto apontam para uma corrida dos fabricantes à incorporação das ca-racterísticas emocionais propostas pelos auto-res nas novas versões de sistemas a desenvolver.

NOVA GERAÇÃO DE SISTEMAS DE APOIO À TOMADA DE DECISÃO EM GRUPO

PARA UM PAÍS CONFIÁVELJosé Vieira dos Santos, docente do Dep. de Eng. Electrotécnica, avança contributos para o debate da governabilidade em Portugal, através da obra Para um País Confiável.

Lançado em finais de 2009 no Centro de Con-gressos do ISEP, a obra de Vieira dos Santos empresta vantagens metodológicas e tecno-lógicas da Engenharia para abordar questões das ciências sociais numa leitura da saúde da política portuguesa.

“Estou convicto que os países, ou mais pre-cisamente, as orgânicas sociais que os cons-tituem, são hoje demasiado complexos e governar terá de ser obra de técnicos espe-cializados. Estas notas pretendem reflectir a perspectiva de um técnico, que procurou analisar algumas instituições à luz daquilo que melhor domina, ou pelo menos assim julga, a área da confiabilidade”.

O livro análise questões como tolerância de falhas para classificar o país e as instituições democráticas e procurar caminhos que con-tribuam para melhorar Portugal.

APROVEITAR A RIqUEZA SUBTERRâNEA DO PORTOO Laboratório de Cartografia e Geologia Aplicada (LABCARGA) apresentou os resul-tados do projecto GROUNDURBAN. Este es-tudo aponta vantagens ecológicas do apro-veitamento de águas subterrâneas pelo Município portuense.

A investigação do LABCARGA, conduzida por Maria José Afonso e Hélder Chaminé, recor-reu a uma abordagem multidisciplinar para avaliar a natureza e a aptidão da água das nascentes de Paranhos e Salgueiros. Os resul-tados do estudo sugerem que as águas sub-terrâneas do Porto podem ser utilizadas para fins de irrigação de jardins e campos agrícolas.

O ISEP participa no European Shotfirer Stand-ard Education for Enhanced Mobility (ES-SEEM). Este projecto reúne contributos de pe-ritos europeus para criar um documento que

GEOTECNIA INTEGRA GRUPO DE PERITOS EUROPEUS

O Departamento de Engenharia Electrotéc-nica acolheu recentemente um curso da Universidade de Ciências Aplicadas de Viena, (Áustria). Ministrado por Thomas Fischer, este curso intensivo permitiu trocar experiências e metodologias entre ambas as instituições.

O curso decorreu de 2 a 9 de Fevereiro, no la-boratório I303, e contou a participação de cin-co estudantes da instituição austríaca e cinco mestrandos do ISEP. Dedicado ao estudo dos microcontroladores da família 8051, o curso combinou palestras com exercícios práticos, privilegiando uma abordagem prática do género hands on e o trabalho de grupo em equipas internacionais.

Esta iniciativa insere-se nos projectos de re-forço da internacionalização de ambas as instituições e serve de exemplo das oportuni-dades de cooperação dentro do espaço euro-peu de ensino superior.

DEE RECEBE MESTRANDOS AUSTRÍACOS

Este aproveitamento das águas subterrâneas exigiria um tratamento mínimo e traria van-tagens na optimização dos recursos hídricos subterrâneos, reduzindo consumos e gastos. Segundo a equipa que desenvolveu o projec-to, esta seria uma inovação que colocaria o Porto ao nível de “grandes capitais europeias, como Paris e Londres (…) [e] dentro de uma lógica de sustentabilidade ecológica”, contri-buindo para a afirmação de boas práticas.

Focado nas galerias subterrâneas que ligam Arca d’Água à Cordoaria, os resultados do GROUNDURBAN já foram publicados na pres-tigiada revista Environmental Earth Sciences.

sirva de modelo na formação de profissionais de explosivos e demolições.

No âmbito das actividades da European Fed-eration of Explosives Engineers (EFEE), onde Portugal é representado pela Associação Por-tuguesa de Estudos e Engenharia de Explosi-vos (AP3E), detectaram-se variações significa-tivas nos curricula europeus de formação de operadores de produtos explosivos. Assim, a EFEE avançou a proposta de criação de um manual modelo para formação em explosi-vos, desmonte de rocha e demolições. Esta obra uniformiza conceitos e permite reunir as melhores práticas empregues por diversas organizações europeias de excelência.

O ISEP é responsável pela elaboração de um capítulo onde são abordados temas, como a optimização e controlo das variáveis que afectam o custo de perfuração e utilização de explosivos. O Instituto colabora ainda na redacção do capítulo sobre Geologia, que in-cide na relação entre a geomecânica e a frag-mentação da rocha por explosivo.

Joana Sampaio, António Vieira, Hélder Cha-miné, Carlos Galiza, José Augusto Fernandes e António Vega y de la Fuente são os peritos do Departamento de Engenharia Geotécnica envolvidos no ESSEEM, que deverá apresen-tar resultados na República Checa, em Abril de 2010.

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28 BrEvES

DEE COLABORA COM ANACOM NOS MANUAIS ITED E ITURO ISEP colaborou com a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) na edição da 2ª edição do Manual ITED (Infra-estruturas de Te-lecomunicações em Edifícios) e na 1ª edição do Manual ITUR (Infra-estruturas de Teleco-

O Grupo de Tratamento de Resíduos de Labo-ratório (TRELAB) atingiu em 2009 a marca de 7.000 litros de resíduos laboratoriais tratados. Fundado em 1999, o TRELAB é um núcleo de investigação do Departamento de Engenha-ria Química que se ocupa da recolha e do tra-tamento dos resíduos laboratoriais. Assente na filosofia de “resíduo trata resíduo”, o TRE-LAB já recolheu cerca de 11.000 litros de resí-duos laboratoriais ao longo da última década, tendo tratado com sucesso 7.000 litros.

Estes resíduos são provenientes de diversos laboratórios de investigação, cabendo um nú-mero significativo ao próprio Departamento de Engenharia Química do ISEP. Ao proceder

TRELAB SUSTENTA UMA INVESTIGAÇÃO MAIS VERDE

O ISEP acolheu estudantes brasileiros do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) ao abrigo de um acordo de mobilidade. Este protocolo insere-se na política de internacio-nalização do Instituto, que, pela segunda vez, recebe alunos do país irmão e principal mer-cado sul-americano.

No âmbito de um protocolo de cooperação recentemente celebrado entre o Politécnico do Porto e o Instituto Federal de Santa Cata-rina (IFSC), vários estudantes brasileiros irão desenvolver o seu projecto de conclusão de curso (equivalente ao primeiro ciclo de Bolo-nha), no ISEP e na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG.IPP).

No ISEP, os estudantes brasileiros serão inte-grados no núcleo LABORIS do Centro de Ino-vação em Engenharia e Tecnologia Industrial (CIETI), estando previsto um trabalho inter-ligado com a ESEIG.IPP e a empresa Briel. Os projectos serão desenvolvidos entre Feverei-ro e finais de Julho, incidindo em áreas como a experimentação remota, os controladores de teste de sistemas digitais e o controlo e design de máquinas de café (projecto desen-volvido em cooperação empresarial).

A política de internacionalização do ISEP volta assim a estender-se além da Europa, abrindo fronteiras à prospecção de novas oportunidades.

ISEP APROXIMA PORTUGAL E BRASIL

CIDEM APRESENTA RESULTADOS DO PROjECTO FECOMPOO Centro de Investigação e Desenvolvimen-to em Engenharia Mecânica (CIDEM) publi-cou dois artigos em prestigiadas revistas internacionais onde apresenta os resultados do projecto Machining of Hybrid Compos-ites (FECOMPO).

Com este projecto, o CIDEM pretende avan-çar o estado da arte em materiais compósitos híbridos, particularmente o aprofundamento das técnicas de análise de dano após furação. O estudo compara diferentes técnicas de fu-ração, geometrias e materiais de ferramenta, no sentido de obter metodologias de furo sem defeito em laminados de matriz polimé-rica. Este tipo de material tem vindo a ganhar crescente peso económico, devido às suas potenciais aplicações em indústrias como a aeronáutica, competição automobilística ou militar, entre outras. A título de exemplo, a construção de um avião comercial de longo curso com recurso a laminados de matriz po-limérica permitiria reduzir desde logo o peso da estrutura, diminuindo consumos energé-ticos e impactos ambientais.

A investigação do CIDEM, ao incidir no estu-do do furo sem defeitos, contribui para dimi-nuir custos de produção e para o aumento da fiabilidade final do produto.

O FECOMPO tem conclusão prevista para 2010, sendo desenvolvido pelos investiga-dores do CIDEM, Luís Durão, António Maga-lhães e Daniel Gonçalves, em colaboração com o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial.

POR UM MUNDO MAIS DOCEO ISEP e a Delta Cafés são parceiros numa ini-ciativa inédita de promoção dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) em Portugal. Com o lançamento da campanha “Segue este Caminho”, foram lançados no mercado pacotes de açúcar personalizados aos oito ODM. A ideia de associar o café à divulgação dos ODM demonstra que é real-mente com pequenos gestos que todos po-demos contribuir para a diferença e para um mundo melhor.

Esta iniciativa vem no seguimento da aposta do Instituto em promover os ODM. O ISEP é uma imagem de marca da Engenharia em Portugal e está consciente que as soluções aos principais desafios da humanidade – como as alterações climáticas e o desenvolvimento sus-tentável – passam pela inovação tecnológica e por uma mudança de mentalidades. O ISEP cumpre com ambas as missões, na criação e transferência de conhecimento e tecnologia e através da sensibilização de toda a comunida-de académica e sociedade envolvente.

A colecção agora editada conjuntamente com a Delta Cafés serve para sensibilizar o país de uma forma muito portuguesa – com um cafézinho. São oito pacotes, um para

à sua recolha e tratamento, o TRELAB contribui para afastar dos colectores municipais resíduos altamente tóxicos e promove uma reutilização destes solventes na investigação e em aulas, optimizando recursos e reduzindo consumos.

Com vista à transmissão de uma cultura de sustentabilidade, o TRELAB tem apostado igualmente na transmissão de comportamen-tos. O núcleo de investigação tem assumido um crescente papel pedagógico na formação de alunos em gestão de resíduos, envolven-do-os em projectos de recolha selectiva de resíduos, tratamento e controlo de qualida-de. O TRELAB tem ainda como objectivo para 2010 o estabelecimento de protocolos com algumas escolas secundárias, que funciona-rão como escolas piloto na implementação e desenvolvimento de modelos de gestão de resíduos laboratoriais.

cada objectivo, que podem ser reunidos em edições de coleccionador, mas que servem sobretudo para informar e despertar a curio-sidade dos portugueses.

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29BrEvES

CARLOS RAMOS EDITA EDIÇÃO ESPECIAL DA INTELLIGENT SYSTEMSCarlos Ramos, investigador do Grupo de In-vestigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD), volta a coordenar uma edição especial da Intelligent Systems.

Considerada a principal referência académica em Inteligência Artificial a nível mundial, a re-vista da IEEE volta assim a repetir a associação ao docente do Departamento de Engenharia Informática. Carlos Ramos tinha já sido res-ponsável pelo número “Real World Applica-tions of Intelligent Tutoring Systems”, que reuniu alguns dos principais trabalhos na área dos Tutores Inteligentes.

Este número especial é dedicado ao tema “Artificial Intelligence in Power Systems and Energy Markets” e sairá em Março de 2011.

ESCOLA DE VERÃO EM REDES NEURONAIS

DEq APRESENTA ESTUDO SOBRE SAÚDE PÚBLICA DOS PORTUGUESESO Departamento de Engenharia Química in-tegra um consórcio científico que está a es-tudar a exposição da população portuguesa a contaminantes naturais de origem fúngica.

Um dos principais contaminantes nos alimen-tos é a Ocratoxina A (OTA). Esta micotoxina, com potencial nefrotóxico, hepatotóxico e carcinogénico, surge em vários alimentos, com destaque para cereais e derivados. Os pe-rigos desta toxina levaram investigadores do REQUIMTE (ISEP e Faculdade de Farmácia da Univ. do Porto), do Centro de Estudos Farma-cêuticos da Univ. de Coimbra e do Inst. Politéc-nico de Bragança a colaborarem na investiga-ção que analisa a exposição dos portugueses.

Este projecto (em fase laboratorial), avaliou e comparou teores de OTA no pão e na urina, em duas estações do ano e em seis regiões de Portugal. Apesar das variações, conclui-se que o pão de milho, de centeio e integral apresen-tam teores mais elevados comparativamente ao de trigo. O Verão também apresenta uma maior incidência comparativamente ao Inver-no. Relativamente à urina, verificou-se uma ampla frequência de contaminação transver-sal a ambos os géneros e em todas as regiões.

Os resultados revelam que a ingestão estima-da no consumo de pão parece não constituir um problema para a saúde e que os níveis na urina inserem-se na média europeia. Porém, são necessários estudos adicionais de vigilân-cia como garante da saúde pública.

Estão abertas as inscrições para a Neural Net-works Summer School 2010.

O ISEP, juntamente com o Instituto de Enge-nharia Biomédica (INEB), volta a organizar, en-tre 12-16 de Julho de 2010, a Escola de Verão em Redes Neuronais. Subordinada ao tema “Neural Networks in Classification, Regression and Data Mining”, esta edição volta combinar sessões teóricas e práticas e a incluir uma ses-são de posters/workshop, que servirá como um fórum de discussão para aconselhamento a projectos em curso.

As Redes Neuronais (NN) são uma importante ferramenta para tarefas de classificação e re-gressão, com aplicações hoje abundantes nas áreas da Engenharia, Economia, Medicina ou Bio-informática. A Escola de Verão é dedicada a explicar os paradigmas relevantes das redes neuronais, designadamente o perceptrão multi-camada (MLP), as funções de base radial (RBF) e as máquinas de vectores de suporte (SVM), usados em tarefas de classificação, re-gressão e previsão, ilustradas com aplicações em dados reais. Serão igualmente apresen-tados tópicos específicos como Recurrent Neural Networks, NN based on Multi-valued Neurons, Functional Networks, Entropy in NN e Data Mining using NN.

As aulas incluem sessões práticas com re-curso a software específico e irão promover um ambiente de permuta de informação e experiências entre os participantes e vários peritos internacionais.

Zita Vale foi eleita para o Conselho Nacional do Colégio de Engenharia Electrotécnica da Ordem dos Engenheiros, em eleições do pas-sado dia 26 de Fevereiro.

A docente do Departamento de Engenharia Electrotécnica e directora do Grupo de Inves-tigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD) foi eleita para o órgão máximo da especialidade de Engenha-ria Electrotécnica na Ordem dos Engenheiros, com mais de 50% dos votos, tendo ficado à frente das restantes duas candidaturas.

O Conselho Nacional do Colégio de Engenha-ria Electrotécnica é composto por três ele-mentos, Francisco La Fuente Sanchez (presi-dente), Zita Vale e José Sousa Oliveira (vogais). No seu programa para o triénio 2010-2013, estão propostas a promoção de um conjunto de medidas de carácter estratégico que arti-culam o desempenho exigente da profissão com a complexidade crescente dos desafios resultantes dos diversos factores de risco as-sociados à actualização do conhecimento, à protecção do ambiente, ao processo de decisão, à regulação e à regulamentação,

ZITA VALENO CONSELHO NACIONAL DO COLÉGIO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA

entre outros, numa sociedade cada vez mais inserida no espaço europeu. Também no programa, realce para o desejo do Conselho de contar com uma participação activa dos engenheiros electrotécnicos através de uma perspectiva global e visão tecnológica na definição dos principais temas a debater na especialidade no País.

O Colégio espera contribuir para a crescente afirmação dos engenheiros electrotécnicos como profissionais de confiança pública com forte sentido de responsabilidade social.

municações em Urbanizações). Lançados em Novembro de 2009, as obras foram desenvol-vidas por um grupo restrito de consultores convidados pela ANACOM, nos quais o ISEP representa a única instituição de ensino supe-rior envolvida no processo.

Os manuais ITED e ITUR congregam as re-gras técnicas de aplicação obrigatória e as recomendações que se entende conveniente aplicar aos projectos e instalações de infra-estruturas de telecomunicações. O grupo de docentes envolvidos, pertencentes ao cur-so de Engenharia Electrotécnica – Sistemas Eléctricos de Energia, do Departamento de Engenharia Electrotécnica, foi coordenado por José Beleza Carvalho e integrou ainda An-tónio Araújo Gomes, Roque Filipe Brandão e Sérgio Filipe Ramos.

A intervenção directa do grupo de trabalho do ISEP contribuiu activamente na elabora-ção das especificações e prescrições técnicas a aplicar às instalações do sector de teleco-municações, cimentando sinergias entre o ensino superior, legislador e tecido empresa-rial português, tendo sido alvo de reconheci-mento e louvor por parte da ANACOM.

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30 ProvaS DE DoUtoramENto

O desenvolvimento de betões de elevado desempenho, durante o iní-cio da década de 80, revelou que este tipo particular de materiais com base em cimento é susceptível a problemas de cura. São bem conhe-cidos os efeitos dos fenómenos autogéneos em sistemas de elevado desempenho com base em cimento, nomeadamente a fissuração em idade jovem. Esta é, aliás vista como a maior limitação no desenvolvi-mento de novos materiais com durabilidade superior. Desenvolvimen-tos recentes de métodos de cura interna provaram ser uma boa es-tratégia de mitigação dos efeitos da auto-dissecação destes sistemas, onde a presente tese ganha o seu espaço no tempo.

Este estudo centra-se essencialmente em sistemas de elevado desem-penho com base em cimento com cura interna através de partículas superabsorventes, dando particular importância à alteração de volume em idade jovem. Da análise mais aprofundada deste método, resultam algumas limitações na sua aplicabilidade, especialmente em sistemas modificados com sílica de fumo. Conclui-se que a natureza física e quí-mica dos polímeros superabsorventes pode afectar significativamente a eficiência da cura interna. Em adição, os mecanismos de cura interna são discutidos mais profundamente, sendo que para além dos meca-nismos baseados em fenómenos físicos e químicos, parecem existir efeitos mecânicos significativos.

Várias técnicas foram utilizadas durante o decorrer desta investigação, com o objectivo, para além da caracterização de certas propriedades dos materiais, de perseguir as questões deixadas em aberto pela co-munidade internacional, relativamente aos mecanismos que funda-mentam a explicação dos fenómenos autogéneos. Como exemplo, são apresentados os estudos sobre hidratação dos sistemas para avaliação do problema numa escala microscópica, em vez de macroscópica.

Uma nova técnica de cura interna emerge da investigação, baseada na utilização de agregados finos como veiculo para mitigar parcialmen-te a retracção autogénea. Até aqui, esta técnica não encontra par em investigação anterior, mas a extensão da cura interna ou a eficácia na mitigação baseada neste conceito encontra algumas limitações. A sig-nificância desta técnica em prevenir a micro fissuração é um aspecto que está ainda em aberto, mas pode concluir-se que os agregados fi-nos podem ser benéficos na redução dos efeitos da restrição localizada no sistema, reduzindo o risco de micro fissuração.

A utilização combinada de partículas finas de agregado e polímeros super absorventes pode ter como consequência betão sem microfissu-ração, ou pelo menos com nanofissuração.

INTERNAL CURING IN CEMENT-BASED MATERIALS

NomeLuís Esteves

Área CientíficaEngenharia Civil

OrientadorPaulo Cachim (UA) e Victor Ferreira (UA)

LocalUniversidade de Aveiro e Universidade Técnica da Dinamarca

Data da ProvaDezembro 2009

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31ProvaS DE DoUtoramENto

Nos sistemas computacionais actuais, abertos e dinâmicos, é desejável a coexistência de aplicações com e sem restrições de tempo real. Essas aplicações podem entrar e sair do sistema a qualquer momento, sem que exista um conhecimento prévio das suas reais necessidades em termos de recursos e periodicidade de chegada das suas tarefas.

No entanto, continua a ser necessário responder aos eventos dentro de determinadas restrições temporais de modo a garantir um nível desejado de performance. Dentro deste contexto, a tese propõe uma framework cooperativa de gestão da qualidade de serviço fornecida, denominada CooperatES (Cooperative Embedded Systems), permitin-do que dispositivos com restrições computacionais possam executar colectivamente serviços com os seus vizinhos maximizando a satisfa-ção de requisitos não funcionais impostos pelos utilizadores.

A abordagem tradicional de optimização da qualidade de serviço pres-tada, centrada na procura de uma única solução óptima ou com um nível de qualidade não óptimo pré-definido, é reformulada como uma optimização anytime baseada em heurísticas que pode ser interrompi-da a qualquer momento mas, mesmo assim, é capaz de devolver uma solução. A abordagem proposta é capaz de rapidamente encontrar uma boa solução inicial e, iterativamente, optimiza o incremento da qualidade dessa solução com um custo que pode ser negligenciado quando comparado com os benefícios introduzidos.

As mudanças dinâmicas das necessidades de requisitos computacio-nais impostas pelos serviços durante a sua execução são geridas de um modo previsível, impondo restrições temporais com um certo grau de flexibilidade, obtendo o desejado equilíbrio entre performance previsí-vel e um uso eficiente dos recursos do sistema.

Os algoritmos de escalonamento propostos suportam a coexistên-cia de tarefas com reservas garantidas e não garantidas de tempos de computação de modo a gerir eficientemente sobrecargas com-putacionais ocasionais usando capacidade computacional extra a partir de duas fontes: (i) capacidade residual alocada mas não usada quando as tarefas terminam antes do seu tempo de execução pré-reservado; (ii) roubando capacidade a tarefas inactivas não isola-das, responsáveis pela gestão não periódica da framework baseada numa abordagem anytime.

TIME-BOUNDED ADAPTIVE qUALITY OF SERVICE MANAGEMENT FOR COOPERATIVE EMBEDDED REAL-TIME SYSTEMS

NomeLuís Nogueira

Área CientíficaSistemas de Tempo Real

OrientadorLuís Miguel Pinho (ISEP) e Miguel Filgueiras (FCUP)

LocalFaculdade de Ciências da Universidade do Porto

Data da ProvaOutubro 2009

A investigação insere-se no domínio científico da Didáctica da Física, mais especificamente no estudo de estratégias de ensino e aprendiza-gem da Física num curso superior de Engenharia passíveis de aumentar o interesse, a motivação e a aprendizagem activa dos estudantes.

A pertinência actual da presente investigação pode ser encontrada na preocupação e atenção crescente, por parte dos investigadores edu-cacionais, dos governos e mesmo da opinião pública em geral, com a qualidade do processo de ensino e aprendizagem, em particular no Ensino Superior. A falta de motivação por parte dos estudantes dos Cursos de Ciências e Engenharias e o consequente insucesso escolar é um problema que os professores do Ensino Superior enfrentam ac-tualmente. Através de estudos de investigação na área da Didáctica do Ensino Superior, sabe-se que o ensino ainda é muito centrado no pro-fessor, sendo o seu principal papel o de transmissor de conhecimento, e no qual os níveis de interacção professor-estudante é baixo. Podem residir aqui algumas das razões para o problema acima referido.

Neste estudo, analisa-se o impacto da utilização, em sala de aula, de várias estratégias didácticas inovadoras. Essas estratégias foram: traba-lhos para casa de leitura; perguntas conceptuais; aprendizagem coo-perativa; trabalho de grupo; trabalhos para casa e avaliação formativa (com feedback). Utilizou-se, ainda, nas aulas Teórico-práticas, um Ele-mento Integrador, o “Projecto de Elevador da Física”, que permitiu a interligação dos conteúdos abordados na disciplina e a mobilização de raciocínios também nela valorizados, em torno de uma situação física “real” que se pretendeu ser próxima da que os estudantes pudessem vivenciar no seu futuro profissional na área da engenharia.

Os resultados obtidos evidenciam que os estudantes encararam a dis-ciplina de forma diferente da que estávamos habituados a experienciar, pois compreenderam a sua utilidade no âmbito do curso que frequen-tavam e sentiram a sua aplicação em contexto da vida real. Em particu-lar no que respeita ao Elemento Integrador, os resultados mostram que este foi importante para a aprendizagem dos estudantes porque: a) o contexto de “mundo real” em que este se desenvolveu foi considerado relevante para a sua futura profissão; b) permitiu a integração dos vá-rios conteúdos e raciocínios abordados na disciplina e c) foi centrado em tarefas/problema apresentadas aos estudantes ao longo do semes-tre o que aumentou, e tornou mais contínuo, o seu envolvimento.

ENSINO DA FÍSICA NUM CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA: NA PROCURA DE ESTRATÉGIAS PROMOTORAS DE UMA APRENDIZAGEM ACTIVA

NomePaulo Coelho de Oliveira

Área CientíficaDidáctica das Ciências do Ensino Superior

OrientadorNilza Costa (UA) e Francislê Neri de Souza (UA)

LocalUniversidade de Aveiro

Data da ProvaJulho 2009

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