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Volume 1, Número 2
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
IPERATIVIDADE E INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ESCOLAR
Páginas 181 a 199 181
IPERATIVIDADE E INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO
ESCOLAR
Gilmar Antônio de Oliveira1
Myllena Petrovisk Freire da Silva2
RESUMO: As contribuições da psicopedagogia no processo de ensino/aprendizagem são
imprescindíveis. O trabalho do psicopedagogo na escola é de relevante importância,
apesar da psicopedagogia ainda ser considerada uma atividade relativamente nova em
comparação a outras. A Psicopedagogia já é suficientemente reconhecida, sendo sua
presença nas escolas indispensável, principalmente nos casos de crianças que apresentam
problemas de aprendizagem, necessitando do acompanhamento desse profissional. Nos
casos específicos de hiperatividade, a figura do psicopedagogo tem uma importância
imensurável, pois com a aplicação dos seus conhecimentos na condução da educação da
criança hiperativa, levará, indubitavelmente, a bons resultados. Não somente para o
alunado, mas, também, para os docentes, o apoio psicopedagógico tem relevante
significado, pois, a aprendizagem não se restringe somente à prática e às técnicas
desenvolvidas pelo professor, mas de um conjunto de fatores, que envolve todos os
profissionais vinculados ao ensino. A pesquisa do presente tema tem como objetivo
principal analisar os resultados decorrentes da participação e da intervenção do
psicopedagogo no acompanhamento e nas atividades pedagógicas no contexto escolar.
Palavras-chave: Psicopedagogo. Hiperatividade. Escola.
ABSTRACT: The contributions of educational psychology in the teaching / learning are
indispensable.The work of the psycho-pedagogue in school is of relevant importance,
although psych pedagogy is still considered a relatively new activity in comparison to
others. Despite educational psychology still be considered a relatively new, it is already
sufficiently recognized, and their presence in schools, indispensable, especially in cases
of children who have learning problems, requiring the monitoring of this professional. In
1 Doutorando pelo programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação pela Unigrendal
Corporate University. Email: [email protected]. 2 Doutoranda pelo programa de Pós-graduação em Ciências da Educação pela Unigrendal
Corporate University. Email: [email protected].
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the specific cases of hyperactivity, the figure of the educational psychologist has an
immeasurable importance, since the application of their knowledge in the conduct of
education hyperactive child will undoubtedly good results. Not only for the pupils but
also for teachers, the educational psychology has important meaning, because learning is
not restricted only to the practice and techniques developed by the teacher, but a number
of factors, involving all professionals involved in teaching. The theme of this research
aims at analyzing the results arising from the participation and intervention psych
educator monitoring and pedagogical activities in the school context.
Keywords: Educational psychologist. Hyperactivity. School.
INTRODUÇÃO
A psicopedagogia tem como escopo a aprendizagem humana. Realizando
trabalhos mediante processos e estratégias que levam em consideração a individualidade
do discente e do docente, em busca da melhoria do processo ensino/ aprendizagem. Ela
surgiu da necessidade de se alcançar um melhor desempenho do processo de aprender
para poder atender às necessidades individuais, nesse contexto.
Desde há muito tempo, a falta de conhecimento adequado de alguns educadores a
respeito das necessidades específicas de aprendizagem, próprias de cada sujeito, levavam
os educadores a confundirem-nas com déficits de inteligência, dos quais o aluno era
portador, encaminhando-os, portanto, para profissionais das mais diversas áreas da saúde,
como, por exemplo: neurologistas, pediatras, psicólogos clínicos, psiquiatras,
psicanalistas, etc., que muitas vezes não encontravam solução para os referidos
“problemas” enfrentados pelo educando em sala de aula.
Os diagnósticos, em princípio divulgados através dos consultórios, chegavam às
escolas que, imprudentemente, começavam a classificar as crianças com dificuldade para
ler e escrever como “disléxicas”, e as mais agitadas como “hiperativas”. Os profissionais
da área médica que reforçavam o diagnóstico dos educadores recorriam, quase sempre, à
prescrição de fármacos.
Referindo-se a isto Scoz (2006, p. 13) declara:
Os problemas de aprendizagem não são restringíveis, nem as causas
físicas ou psicológicas, nem a análise das conjunturas sociais. É preciso
compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que
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amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e
pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto
a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-
se num movimento mais amplo de luta pela transformação da
sociedade.
Portanto, fica claro que para entender aos problemas de aprendizagem,
frequentemente encontrados no contexto escolar, os quais não se resumem a fatos
isolados, mas a múltiplos fatores, o psicopedagogo encontra-se habilitado para enfrentá-
los e tratá-los da melhor forma possível.
Na atualidade, o fenômeno do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) tem sido motivo de discussão no contexto escolar e nos consultórios médicos.
As estatísticas demonstram que cada vez mais crianças distraídas, travessas, agitadas e
com baixo rendimento escolar são diagnosticadas com esse transtorno. Esses
comportamentos, geralmente concentram-se mais entre seis e sete anos, idade em que as
crianças iniciam na educação formal, requerendo, portanto, os cuidados de um
psicopedagogo. Diante disso, a pretensão desse trabalho, com base em pesquisa
bibliográfica é analisar com maior profundidade essas questões que envolvem o
comportamento de crianças e adolescentes na escola.
HIPERATIVIDADE E TRANSTORNO DE CONDUTA
Segundo o dicionário Houaiss, hiperatividade é o excesso de atividade; qualidade
ou condição de hiperativo. Atividade excessiva, multiforme, volúvel, frequentemente
frustrada ou abortada, que se apresenta em várias psicoses.
O Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade (TDAH) vem, ao longo
do tempo, sendo estudado nos seus mais diversos aspectos pela psicologia, pela
psiquiatria, pela neurologia e outras áreas afins, razão pela qual, muitos rótulos têm
surgido para esse distúrbio, tais como: distúrbio do sistema nervoso central, disfunção
cerebral mínima, dislexia, entre outros.
As primeiras referências aos transtornos hipercinéticos na literatura médica
apareceram no meio do século XIX. Entretanto, o quadro clínico começou a ser descrito
de uma maneira mais sistemática somente no século XX. (ROHDE E BENCZIC, 1999).
O pediatra inglês George Frederick Still, em 1902, em uma série de palestras sobre
crianças agressivas, desafiadoras, resistentes à disciplina, excessivamente emotivas e
passionais, observou que elas mostraram pouca “inibição à sua vontade”, tinham
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dificuldade de seguir regras e eram desatentas, hiperativas, propensas a acidentes e
ameaçadoras a outras crianças devido a atitudes hostis. De acordo com Still: “essas
crianças tinham um defeito maior e crônico no controle moral” (SILVA, 2004).
Na literatura específica encontram-se diversos estudos relativos às crianças com
“Distúrbio de Comportamento Pós-Encefalite”, nos quais eram destacados prejuízos na
atenção, regulação e atividade física e controle dos impulsos.
Em 1934, Kahn e Conhn publicaram um artigo no famoso The New England
Journal Of Medicine, onde afirmaram haver uma base biológica nessas alterações
comportamentais, baseadas em um estudo com as mesmas vítimas de epidemia de
encefalite de Von Economo. Em detrimento desta correlação feita entre a encefalite e uma
possível “deficiência moral” criou-se assim o termo “cérebro danificado ou lesionado”
para descrever tais crianças (SILVA, 2004).
Portanto, nesse lapso de tempo, até aos dias atuais, inúmeras foram as designações
para o problema, culminando com o termo Transtorno do Déficit de Atenção por
Hiperatividade, hoje utilizado.
O reconhecimento que muitas dessas crianças, apesar de serem diferentes de seus
pares etários, apresentavam-se muito espertas e inteligentes para serem portadoras de uma
lesão cerebral de qualquer extensão; ao estudar o período da infância até a adolescência,
exigiu também a tentativa de se vincular o problema a fatores psicológicos e genéticos,
como má formação do feto na gestação, herança poligênica (trauma na ocasião do parto).
Essas afirmativas, no entanto, não tiveram êxito, pois as crianças com características
diferenciadas sem comprometimento neurológico, não tinham relação a esses eventos
como se atribuía antes.
Todavia, Satrauss (1947 apud Silva, 2004, p. 50) define como: “Lesão Cerebral
Mínima”, que terminou por se tornar popularmente conhecido e completamente
disseminado, apesar de não haver lesão cerebral óbvia, ou pelo menos nenhuma que
pudesse ser evidenciada por um teste ou exame médico objetivo. Esse termo foi
posteriormente mudado para Disfunção Cerebral Mínima por falta de evidências diretas
e objetivas que pudessem constatar a presença de lesões cerebrais (SILVA, 2004).De
acordo com o autor supracitado, a classe médica compreendeu o problema como uma
entidade clínica passível de um tratamento à base de fármacos, prescrevendo o uso de
drogas estimulantes e calmantes na tentativa de “curar”.
Em 1937, Charles Bradley realizou uma descoberta acidental, as anfetaminas
(medicamentos estimulantes do sistema nervoso central) ajudavam crianças, hiperativas
a se concentrarem melhor. Ele observou que muitas crianças, especialmente aquelas que
eram hiperativas e/ou impulsivas, com o uso de anfetaminas, apresentavam significativa
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redução em seus comportamentos tão “perturbadores”. Foi uma descoberta contrária à
lógica que acabou por levar ao surgimento do conceito de efeito paradoxal (efeito
contrário ao esperado com o uso de determinada medicação). Essa corrente acreditava
que as crianças que apresentassem características da hiperatividade estariam propensas,
na fase da adolescência, a comportarem-se de maneira antissociais, fazendo uso do álcool
e drogas, com essas interpretações.
O termo hiperatividade infantil foi usado pelo psiquiatra Laufer em 1957 e por
Estella Chess em 1960. Laufer acreditava que a síndrome seria uma patologia exclusiva
de crianças de sexo masculino e teria a sua remissão ao longo do crescimento natural do
indivíduo (SILVA, 2004).
Continuando, Silva (2004, p.65) afirma que em 1973, o Dr. Bem Freingold
apresenta à Associação Médica Americana estudos que estabeleciam um vínculo entre
determinados alimentos e aditivos químicos e o comportamento e a habilidade de
aprendizagem de certos indivíduos. Essa teoria foi aceita por uma grande parte da
população americana, no entanto, não foi bem aceita pela comunidade médica à época.
Portanto, ampliou-se a percepção dessa síndrome comportamental de destaque especial
ao déficit de atenção, que antes era supervalorizado.
Em 1976 surgiu uma nova concepção; Gabriel Weiss demonstrou, mediante
estudos, que quando as crianças atingem a adolescência, a hiperatividade pode diminuir;
mas, os problemas de atenção e impulsividade tendem a permanecer. O consenso anterior
tratava a síndrome como uma alteração exclusiva da infância e que, certamente,
“desapareceria” na adolescência e na fase adulta.
De acordo com Silva (2004, p. 68):
Essa foi uma contribuição decisiva para que esse tipo de funcionamento
cerebral fosse reconhecido na população adulta. A forma adulta foi
oficialmente reconhecida em 1980, com a publicação do DSM – III pela
Associação Americana de Psiquiatria, que trouxe mudanças
importantes em diversos aspectos: desvinculou a nomeação da
síndrome de seus aspectos etiológicos (fatores causais) e deu destaque
aos aspectos clínicos (sintomas); enfatizou a questão aditiva como
sintoma nuclear da alteração; identificou a forma adulta, na época
nomeada de “tipo residual” e renomeou a Síndrome de Distúrbio do
Déficit de Atenção (DDA).
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A partir de 1980, muitos estudos foram incrementados, cujos resultados foram
amplamente divulgados, tornando o Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA) cada vez
mais estudado.
Em 1984, a Associação Americana de Psiquiatria publicou o DSM – IV (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de
Psiquiatria, adotado também no Brasil como padrão para definição de doenças). Nessa
atualização, a classificação do DDA era dividida em subtipos básicos e em uma
combinação de ambos: Déficit de atenção: DA, desatento, Déficit de atenção: DA/C, em
que sintomas desatentos e de hiperatividade/impulsividade estão presentes no mesmo
grau de intensidade, DA/HI , predominantemente hiperativo impulsivo (SILVA, 2004).
Hoje, o DSM – IV é um consenso quando se refere a diagnóstico de DDA. Isso
ocorre em virtude de três aspectos básicos oficializados, assim classificados:
1) Os sinais e sintomas listados são os mesmos para crianças, adolescentes e
adultos, com adequada ressalva de serem menos intensos nas fases mais amadurecidas da
vida do indivíduo;
2) O reconhecimento do subtipo predominantemente desatento. Um fato que pode
ajudar a reverter à situação de subdiagnóstico em relação às mulheres, já que entre elas
predominam os sintomas de desatenção em detrimento dos sintomas de hiperatividade e
impulsividade;
3) Destaque das dificuldades pessoais causadas pelos sintomas de DDA no
contexto familiar, profissional-acadêmico ou social da vida de cada indivíduo (SILVA,
2004).
Entretanto, de acordo com as pesquisas mais recentes são necessários, pelo menos,
seis sintomas de desatenção e seis dos sintomas de hiperatividade e impulsividade, para
que se possa pensar na possibilidade de diagnóstico de TDAH (ROHDE; BENCZIC,
1990).
Uma das facetas da hiperatividade é a indisciplina. A indisciplina foi considerada
a grande praga do final do século passado para a educação brasileira, e a violência o seu
efeito mais nefasto.
Entretanto, de acordo com Pedro Silva (2009, p. 113), ao referir-se à indisciplina
e à violência:
Infelizmente, o problema continua, e a tal ponto que passou a ser visto
como produto de uma doença de nome pomposo chamada
hiperatividade. Tanto é verdade que se ouve falar pouco de indisciplina
e violência escolar. Na verdade a moda agora é dizer que determinadas
crianças e adolescentes são hiperativas.
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Para a medicina, a hiperatividade caracteriza-se por um conjunto de condutas
consideradas inadequadas, como a dificuldade de concentração na execução das
atividades escolares, a movimentação física excessiva em sala de aula, os
comportamentos de violência e de auto violência aparentemente injustificados e o
rendimento escolar muito aquém do esperado. Esta descrição médica é semelhante à
empregada pelos educadores. Assim, são rotulados de hiperativos as crianças e os
adolescentes desatentos, violento, dispersos e agitados (SILVA, 2009).
Ainda, de acordo com o autor supracitado, ao contrário do discurso supostamente
médico, a hiperatividade é muito mais um rótulo do que uma doença. A médica Sucupira
(1986), ao realizar retrospectiva sobre os estudos acerca da hiperatividade, não encontrou
evidências científicas que sustentassem a existência dessa doença. Isto não significa dizer
que inexistem casos de crianças e adolescentes excessivamente ativos, provavelmente
influenciados por alguma disfunção ou mesmo lesão cerebral mínima. Contudo, até o
momento se desconhecem estudos científicos que sustentem a tese da relação entre
indisciplina, violência escolar e problemas neurológicos.
Apesar dos inúmeros estudos sobre a hiperatividade e de todo o avanço
tecnológico da medicina, não se conseguiu detectar nenhuma alteração orgânica, seja no
eletroencefalograma, nos raios X de crânio, na ultrassonografia ou mesmo na tomografia
computadorizada, que possa ser considera causa da hiperatividade (SUCUPIRA, 1986).
Continuando a antítese da hiperatividade, Silva (2009, p.101) alega que é
interessante observar, na lista de itens empregados para se formar o veredicto da
hiperatividade, que todos eles são vistos como inerentes ao próprio hiperativo. Assim,
não se questiona se tais condutas inadequadas, e mesmo impeditivas de processo de
ensino e de aprendizagem, estão relacionadas a outros fatores, tais como a interação
aluno/professor e aluno/colegas; o nível de desenvolvimento afetivo, cognitivo
(intelectual) e moral (social) de tais aprendizes; a infraestrutura material e humana
oferecida; as condições objetivas de vida (nível socioeconômico); os fatores
circunstanciais (como separação dos pais e atos de violência doméstica); o uso de métodos
de ensino que não levam em conta a atividade, o aspecto natural no homem, mas que, ao
contrário, desenvolvem procedimentos reforçadores da passividade, entre tantos outros
aspectos.
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O papel da escola
De acordo com Goldestein & Goldestein (1990, p.54), cerca de 20 a 30% das
crianças com TDAH apresentam dificuldades específicas, que interferem na sua
capacidade de aprender. Do total de crianças indicadas para os serviços de educação
especial e de centros de saúde mental, 40% são portadores de TDAH.
Segundo Marcelli (1998):
Quando se aborda o capítulo das inadequações entre escola e a criança,
convêm determinar de imediato dois procedimentos, senão
contraditórios, pelo menos opostos. Por um lado, há aqueles para quem
a criança com dificuldades na escola é uma criança desviante, portanto
patológica ou doente, que deve então ser tratada, se possível, em uma
estrutura adaptada. Na outra vertente, situam-se aqueles para quem a
estrutura escolar é ela própria inadaptada.
Portanto, é bastante louvável a iniciativa recente da inclusão escolar, onde
crianças “especiais” convivem e aprendem junto com os demais considerados “normais”.
A escola, sim, é que precisa adaptar-se para acolher todos.
A criança com TDAH tem grandes dificuldades de ajustamento diante das
demandas da escola. (BARKLEY, 2002). A criança portadora de TDAH, como já dito,
tem um comportamento onde a desatenção, impulsividade e hiperatividade predominam.
O papel da escola é deveras importante nesses casos. Assim, o comportamento do
professor perante a criança com diagnóstico de TDAH tem grande influência no sucesso
do tratamento.
Rohde (2003, p.73), entre outros, afirma: “estudos indicam que as crianças com
TDAH em ensino regular correm risco de fracasso duas a três vezes maiores do que
crianças sem dificuldades escolares e com inteligência equivalente”.
Em todos esses casos, diante da inadequação escolar, deve-se levar em conta os
três parceiros - criança, sua família e a escola e tentar avaliar sua interação recíproca antes
de considerar um auxílio terapêutico. Esta observação vem confirmar que o meio onde
vive a criança é o fator preponderante para o estilo do seu comportamento. Deve-se
distinguir entre as possibilidades de aprender e o desejo de aprender. A avaliação das
possibilidades repousa sobre o exame cuidadoso e completo das capacidades físicas
(busca de déficit sensorial parcial) e psíquica.
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A participação da família no processo de educação da criança também é
inestimável e indispensável, precisa, portanto, estar de mãos dadas com a escola no
objetivo de formação adequada do aluno.
A escola, conforme as ideias de Marcelli (1998, p.91):
É o terceiro tríptico desse triângulo relacional criança-família-escola e
é a escola que apresenta o conceito de integração, ou seja a operação
pela qual o indivíduo ou um grupo se incorpora a uma coletividade, a
um meio. Seu principal objetivo é, portanto, oferecer respostas
adaptadas não somente a cada tipo de deficiência, mas também à
personalidade das crianças, às diferentes etapas de sua evolução, aos
seus desejos e aos de suas famílias, respostas preparadas pelo meio da
acolhida.
A escola deve ser compreendida, também, como o espaço democrático, onde o
professor é um mediador, um orientador, um cooperador de todo o processo
ensino/aprendizagem.
A escola é gestora de conhecimento, com projeto eco-político-pedagógico, isto é,
um projeto ético, para uma escola inovadora, construtora de sentidos e ligada no mundo.
A capacidade de inovar é essencial na educação e esta depende da autonomia do
estabelecimento de ensino, tanto na gestão dos recursos quanto na gestão da própria
escola e da construção do seu projeto pedagógico. Cabe à escola inserir-se no movimento
global de renovação cultural.
De acordo com Visca (1991, p. 99):
Compete à escola proporcionar as oportunidades para um bom começo,
ou seja, para um bom embasamento entre a criança que chega à escola
com adultos e as outras crianças que aí estão. Desse bom
relacionamento inicial vai depender a integração da criança no grupo
social escolar e vai também depender de sua maior ou menor adaptação
ao novo tipo de vida, o gostar ou não da escola e, por extensão, gostar
ou não de estudar.
Portanto, a escola precisa acompanhar os avanços científicos, tecnológicos e a
evolução social, para que possa estar sempre apta a oferecer uma educação de qualidade.
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PSICOPEDAGOGIA E HIPERATIVIDADE
Inicialmente, é preciso conceituar Psicopedagogia. De acordo com o código de
Ética dos Psicopedagogos: “a Psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e
Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e
patológicos, considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu
desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia” (Artigo 1º.).
Segundo Bossa (2000, p. 21):
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de
uma demanda - o problema de aprendizagem, colocado num território
pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria
Pedagogia - e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que
embrionários, para atender essa demanda, constituindo-se, assim, numa
prática.
Para Castro (2002, p.62):
A Psicopedagogia é um campo emergente e multifacetado, apresenta
seu quadro teórico marcado pelos seguintes aspectos: a definição de seu
objeto, de suas relações com os campos psicológicos e pedagógicos, da
ênfase dada ao indivíduo e, também, da ênfase aos fatores externos ao
sujeito na determinação do problema (contexto social mais amplo).
A Psicopedagogia institucional é uma transmutação da pedagogia, inspirada nela,
com vistas a aperfeiçoar as modalidades de ensino-aprendizagem desencadeadas e/ou
possibilitadas pela escola, com o propósito de prevenção e enfrentamento de conflitos.
Scoz (2006, p. 112) afirma que a Psicopedagogia, como as outras áreas de saúde,
implica um trabalho a nível preventivo e curativo. Na função preventiva, cabe ao
psicopedagogo atuar nas escolas e em cursos de formação de professores, esclarecendo
sobre o processo evolutivo das áreas ligadas à aprendizagem escolar (perceptiva motora,
de linguagem, cognitiva, emocional), auxiliando na organização de condições de
aprendizagem de uma forma integrada de acordo com as capacidades dos alunos.
A Psicopedagogia tem como base conceitual os avanços científicos e sociais. Tem
fundamentos na pedagogia e também na medicina, assim como de outras ciências, que
em virtude dos avanços tecnológicos e descobertas científicas acabam somando-se à
psicopedagogia.
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Segundo Bossa (1994, p.54): “a Psicopedagogia nasce com o objetivo de atender
a demanda - dificuldades de aprendizagem”. Portanto, entende-se que a Psicopedagogia
não surgiu apenas de uma área específica, mas de um somatório de conhecimentos de
diversas áreas, como por exemplo: a neurologia, a psiquiatria, a psicologia e a educação.
É nas escolas, onde o trabalho do psicopedagogo é extremamente requerido, auxiliando e
orientando nos processos ensino/aprendizagem. Atuando, também, nos casos específicos
de hiperatividade.
Salami & Sarmento (2011, p.74) afirmam que:
O psicopedagogo tem a possibilidade de centrar sua ação e intervir no
conjunto de atores que possuem relação com os processos de ensino e
aprendizagem: a equipe pedagógica, professores, alunos e pais. O
trabalho psicopedagógico é Inter e multidisciplinar, em que vários
atores interagem e protagonizam seus papeis. Os postulados de
Vygotsky e Feuerstein apontam para a necessidade de criação de uma
nova ordem escolar, diferente da realidade que vivenciamos em nossas
escolas, ou seja, uma escola em que os sujeitos da educação possam
dialogar, duvidar, questionar e compartilhar saberes, uma escola em que
haja espaço para erros, contradições e diferenças.
Portanto, a presença do psicopedagogo na escola é de extrema necessidade, num
ambiente de ensino/aprendizagem que requer profissionais devidamente qualificados para
o enfrentamento das questões relacionadas ao processo educativo como um todo, e nos
casos da presença de crianças com TDAH.
De acordo com Césaris (2001, p.77):
É neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista espaço. Uma
observação minuciosa e uma escuta atenta sem "pré conceitos",
assinalada pela imparcialidade, pode detectar a real problemática da
instituição escolar. "Esse é o papel do psicopedagogo nas instituições:
olhar em detalhe, numa relação de proximidade, porém não de
cumplicidade", facilitando o processo de aprendizagem.
O psicopedagogo atua em diversas áreas, sendo a mais importante delas o
ambiente escolar. O psicopedagogo atua em conjunto com outros profissionais,
acompanhando e atendendo crianças que apresentam níveis diversos de dificuldade de
aprendizagem.
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Características gerais do tdah
Para lidar com crianças portadoras de TDAH é necessário, antes, um
conhecimento pormenorizado do que realmente é este transtorno. Conforme o manual
DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual, 4ª edição) o TDAH se define por uma
combinação de dois grupos de sintomas: Desatenção; Hiperatividade e impulsividade.
Esses sintomas são catalogados no DSM-IV do seguinte modo:
A) Sintomas da desatenção (devem ocorrer frequentemente): 1. Prestar
pouca atenção a detalhes e comete erros por falta de atenção. 2.
Dificuldade de se concentrar tanto nas tarefas escolares quanto em
jogos e brincadeiras. 3. Numa conversa, parece prestar atenção em
outras coisas e não escutar quando lhe dirigem a palavra. 4.
Dificuldade em seguir instruções até o fim ou deixar tarefas e
deveres sem terminar. 5. Dificuldade de se organizar para fazer algo
ou planejar com antecedência. 6. Evita e antipatiza, ou reluta a
envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como
tarefas escolares ou deveres de casa); 7. Perda de objetos
necessários para a realização de tarefas ou atividades do dia-a-dia.
8. Distrai-se com muita facilidade com coisas à sua volta ou mesmo
com os próprios pensamentos. Daí que surgem as expressões que
muitos pais e professores usam quando percebem sua distração:
“Parecem que vivem no mundo da lua” ou que “sonham
acordados”. 9. Esquecem coisas que deveriam fazem no dia-a-dia.
B) Sintoma de hiperatividade e impulsividade (devem ocorrer
frequentemente): 1. Ficar mexendo as mãos e pés quando sentados
ou se mexer muito na cadeira. 2. Dificuldade de permanecer
sentado em situações em que isso é esperado (sala de aula, mesa de
jantar, etc.). 3. Correr ou escalar coisas, em situações nas quais isto
é inapropriado (em adolescentes e adultos pode se restringir a um
sentir-se inquieto por dentro). 4. Dificuldades para se manter em
atividades de lazer (jogos e brincadeiras) em silêncio. 5. Parecer ser
“elétrico” e a “mil por hora”. 6. Falar demais. 7. Responder a
perguntas antes de elas serem concluídas. É comum responder à
pergunta sem ler até o final. 8. Não conseguir aguardar a sua vez
(nos jogos, na sala de aula, em filas, etc.). 9. Interromper os outros
ou se meter nas conversas alheias.
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Conforme a descrição do DSM-IV, os sinais do TDAH devem surgir em um grau
não adaptado e incoerente com o nível de desenvolvimento, os quais vão causar
problemas consistentes, tornando-os diferentes da maioria, por apresentarem problemas
significativos das habilidades acadêmicas, sociais ou ocupacionais. As crianças
portadoras desse transtorno são igualmente inteligentes a qualquer outra criança e quando
apresentarem dificuldades de aprendizagem deverá ser levada em conta outras
morbidades associadas ao transtorno, tais como: Transtorno Desafiante de Oposição
(TOD), dislexia; Transtorno de Conduta (TC), Discalculia, Disortografia, entre outras.
As crianças com TDAH normalmente têm bastantes dificuldades nas relações
sociais, no que tange à comunicação, em especial, estas crianças não conseguem manter
um diálogo adequado com colegas, professores, parentes, irmãos etc.
Segundo Vygotsky (1994), referindo-se à relação indivíduo/sociedade:
As características tipicamente humanas não estão presentes desde o
nascimento do indivíduo, nem estão presentes desde o nascimento do
indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas
resultam da interação dialética do homem e seu meio sociocultural. Ou
seja, ao mesmo tempo em que o homem transforma seu meio para
atender as suas necessidades básicas, ele também se transforma.
Certamente que ao nascer o ser humano irá formando sua personalidade e suas
características à medida que for aprendendo e se relacionando com outros e adaptando-se
ao meio em que vive.
De acordo com Bonet et al. (2008, p.99):
O nosso sistema de comunicação é constituído por um conjunto de
elementos expressivos, interativos e receptivos, que vão se combinando
e se ajustando a cada situação e que, assim, as dificuldades na relação
com os outros podem ser explicadas por diferentes déficits no lobo
frontal, que é uma parte do cérebro responsável pelo desenvolvimento
das funções executivas. As funções executivas do cérebro são
responsáveis não só pelo cognitivo, mas também, são as que fornecem
mecanismos para a auto regulação. As pessoas que são portadoras do
TDAH por terem deficiência de atenção e dos processos cognitivos
responsáveis por receberem e processarem as informações das mais
diferentes fontes, não compreendem de forma correta os sinais para o
bom desenvolvimento das interações sociais e o conhecimento das
normas que regulam essas informações.
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Ademais, não conseguem controlar suficientemente seus impulsos e obedecer
regras, não conseguem resolver problemas satisfatoriamente, tanto podem apresentar
modos lentos como bruscos, movimentam-se excessivamente, muitas vezes são evasivos
em suas respostas, são emocionalmente descontrolados e não conseguem manter um
relacionamento com os demais de forma satisfatória.
Sobre o descrito acima, Barkley (2008, p.115) afirma que:
Estima-se que mais de 50% das crianças portadoras de TDAH têm
problemas significativos nos relacionamentos sociais com outras
crianças. Em geral, essas crianças são excluídas constantemente das
brincadeiras e jogos por não respeitarem as regras, parecem estar
sempre distraídas, não conseguem esperar por sua vez de falar, são
sempre chamadas à atenção por seus professores, pais, amigos,
familiares e funcionários da escola; são desorganizadas e desatentas,
conversam muito em classe, não param quietas, provocam seus colegas
e amigos e quando sentadas estão sempre mexendo os pés ou as mãos.
A criança com TDAH normalmente desvia facilmente sua atenção do que está
fazendo quando recebe um pequeno estímulo. Um assobio do vizinho é suficiente para
interromper uma leitura. Tem dificuldade em prestar atenção na fala dos outros. Numa
conversa com outra pessoa, tende a captar apenas pedaços soltos do assunto. É
desorganizada, tende a perder objetos tais como celular, chaves, etc. Atrasa-se ou falta a
compromissos.
De forma geral, todas as pessoas com problemas de TDAH, têm problemas sérios
de esquecimento de compromissos, esquecendo-se das datas de vencimento de
prestações, etc. Frequentemente, apresentam “brancos” durante uma conversa. A pessoa
está explicando um assunto e, no meio da fala, esquece o que ia fizer. Além do mais,
costuma cometer erros de fala, leitura ou escrita. Esquece uma palavra no meio de uma
frase, pronuncia errado ou “come” sílabas de palavras mais longas.
Bonet et al. (2008, p.56) afirmam, referindo-se à criança com TDAH, que:
As crianças com TDAH podem apresentar dificuldades desde o
primeiro nível, desenvolvendo uma linguagem interna pobre e
inadequada (eventos cognoscitivos), o que impede o desenvolvimento
adequado dos processos da metacognição e dos esquemas mentais.
Consequentemente, as crianças que possuem esse déficit terão
problemas na atenção/concentração, sem necessariamente ter
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problemas com a hiperatividade, ou ainda poderão ter problemas na
atenção/concentração e ainda serem impulsivas, hiperativas. Essas
crianças necessitam de um guia externo, têm dificuldades na
organização das informações, dificuldades para cumprir horários e
prazos para entrega de trabalhos e avaliações, dificuldade em prestar
atenção, dificuldade nas relações sociais e são pouco autônomas. Sendo
assim, os déficits cognitivos estão na base de todos os problemas das
crianças com TDAH: na atenção, na concentração, na impulsividade,
[...], na aprendizagem e na solução dos problemas sociais.
A principal característica do transtorno é a desatenção. A capacidade atencional
persistente normalmente leva à agitação e a impulsividade e cuja incidência é maior que
aquela observada nos demais indivíduos. Normalmente a pessoa com esse transtorno não
consegue ler um artigo de revista até o fim ou ouvir um CD por completo.
Estas atitudes prejudicam o desempenho escolar e a vida social dessa criança, pois
é comum que os portadores de TDAH apresentem rendimento escolar baixo, dificuldades
de aprendizagem, de seguir regras. Além do mais, têm dificuldade de entender as
consequências das suas próprias ações. Apresentam baixa autoestima e pouca integração
social e são muitas vezes, agressivas.
Outra característica dos portadores de TDAH é a hiperatividade. Os hiperativos
têm dificuldade em permanecerem sentados por muito tempo. Durante as aulas, uma
palestra ou até mesmo uma sessão de cinema, costumam se mexer o tempo todo na
tentativa de permanecer em seu lugar. Normalmente, estão sempre mexendo com os pés
ou mãos. São inquietos e ansiosos. Tendem a estar sempre ocupado com alguma
problemática em relação a si ou aos outros. Costumam fazer mais de uma coisa ao mesmo
tempo.
As crianças portadoras de TDAH são inteligentes. Entretanto, apresentam
dificuldades em focalizar a atenção, ouvir e lembrar-se das coisas, algumas ainda podem
ser impulsivas, distraídas, agitadas, ter dificuldades de aprendizado, etc. Sendo assim, é
exigido do professor e dos responsáveis diretos dessas crianças, uma atenção especial e
capacitação adequada para lidar com os mesmos. É preciso arregimentar todos os
conhecimentos relacionados ao TDAH, criar alternativas, atividades específicas etc. no
sentido de contribuir para uma melhora na qualidade de vida desses portadores de TDAH,
em um constante combate das formas de manifestação desse transtorno.
Portanto, aquelas crianças que são portadoras de TDAH necessitam de um
constante amparo, de pessoas que estejam devidamente preparadas para lidar com elas de
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forma eficiente de modo que possam ajudá-las a melhorar sua qualidade de vida e seu
desenvolvimento psíquico e intelectual.
Na maioria das vezes, ao se consultarem com um médico, este lhes prescreve
medicamentos específicos que os ajudam a manterem-se mais calmos por algum tempo.
Na atualidade, a indústria farmacêutica tem ampliado suas pesquisas e descoberto novas
drogas, bastante eficientes e que ajudam no tratamento de pessoas com TDAH
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É preciso entender que a educação é um processo contínuo e recíproco, que
envolve a participação não só dos educadores escolares, mas também da participação dos
pais e da supervisão de um psicopedagogo. Nesse tripé é que se torna mais fácil conquistar
o sucesso na formação da criança.
Como se sabe, no contexto escolar são encontrados muitos desafios, muitas
dificuldades e barreiras, entre elas pode-se citar, como exemplo: a falta de uma política
salarial justa para os educadores, as condições físicas e materiais precárias em que se
encontram a maioria das escolas públicas, a falta de segurança e tantos outros problemas,
levando os profissionais de educação, muitas vezes, a tornarem-se desestimulados no seu
trabalho. Como se não bastasse, soma-se também as questões relativas ao
ensino/aprendizagem com a presença de alunos acometidos por TDAH, agravando,
assim, ainda mais esse quadro caótico.
Para o adequado enfrentamento dos casos de hiperatividade (TDAH), é
indispensável se recorrer à experiência dos psicopedagogos. Estes são os profissionais
devidamente qualificados, para lidar com os mais diversos problemas no contexto escolar,
desde o comportamento da criança até à própria orientação e apoio que deverão ser dadas
aos professores e demais envolvidos com a educação. Portanto, o advento da
psicopedagogia trouxe benefícios incalculáveis para que se obtenha um melhor processo
ensino/aprendizagem.
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