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INVENTÁRIO DAS TERRAS EM MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS Microbacia: Rio Pequeno Município: Angelina (Versão Preliminar)

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INVENTÁRIO DAS TERRAS EM

MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS

Microbacia: Rio Pequeno Município: Angelina

(Versão Preliminar)

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EPAGRI EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E EXTENSÃO RURAL DE S.C. CIRAM- CENTRO INTEGRADO DE INFORMAÇÕES DE RECURSOS AMBIENTAIS DE S.C. UCLMS- UNIDADE CENTRAL DE LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO DE SOLOS

INVENTÁRIO DAS TERRAS EM MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS

MICROBACIA DO RIO PEQUENO (ANGELINA/SC)

Florianópolis, setembro de 1997

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EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E DIFUSÃO DE TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA S.A - EPAGRI CENTRO INTEGRADO DE INFORMAÇÕES DE RECURSOS AMBIENTAIS DE SANTA CATARINA - CIRAM UNIDADE CENTRAL DE LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO DE SOLOS - UCLMS Responsável Técnico: Eng. Agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon - EPAGRI-UCLMS-Florianópolis SC Eng. Agr. José Augusto Laus Neto - EPAGRI-UCLMS-Florianópolis SC Interpretação de Fotos Aéreas e Elaboração de Mapas: Eng. Agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon Eng. Agr. Gilberto de Melo Mosimann Paulo Henrique Rigo - Acadêmico do Curso de Agronomia - UFSC - Florianópolis/SC Fisiografia, Solos, Aptidão de Uso, Uso da Terra: Eng. Agr. José Augusto Laus Neto Eng. Agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon Paulo Henrique Rigo Sócio-Economia: Eng. Agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon Téc. Agr. - Acúrcio Roberto Schmitt - EPAGRI - Angelina - SC Téc. Agr. Carlos Alberto Koerich - EPAGRI- Angelina - SC Eng. Agr. Edson Valmor Wuergs - EPAGRI- Rancho Queimado - SC Hidrografia: Eng. Agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon Paulo Henrique Rigo Execução dos Trabalhos de Campo: Eng. Agr. M.Sc. Álvaro Afonso Simon Eng. Agr. José Augusto Laus Neto Téc. Agr. Acúrcio Roberto Shmitt - EPAGRI - Angelina - SC Paulo Henrique Rigo Climatologia: Eng. Agr. Augusto Carlos Pola - EPAGRI - Urussanga - SC Revisor Técnico: Eng. Agr. Gilberto Tassinari - EPAGRI- Florianópolis - SC Eng. Agr. Fernando G. Oliveira - EPAGRI- Florianópolis - SC

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APRESENTAÇÃO

Dando continuidade ao compromisso firmado entre a Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura / Projeto Microbacias / BIRD e EPAGRI, através da Gerência de Recursos Naturais (GRN), especificamente a Unidade Central de Levantamento e Mapeamento de Solos (UCLMS), apresenta o Relatório Técnico referente ao Inventário das Terras da Microbacia Hidrográfica Rio Pequeno, localizada no Município de Angelina/ SC.

Este documento tem por objetivo auxiliar os agentes da Assistência Técnica e Extensão Rural no planejamento físico-conservacionista e outras atividades desenvolvidas em microbacias hidrográficas, permitindo a racionalização no uso dos seus recursos naturais, na busca do incremento sustentável da produtividade e da renda.

Os Autores

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9

2 SITUAÇÃO REGIONAL 10

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS 10 2.2 ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS DO MUNICÍPIO DE ANGELINA 10 2.3 ESTRUTURA ECONÔMICA DE ANGELINA 12 2.3.1 SETOR PRIMÁRIO 12 2.3.2 SETOR SECUNDÁRIO 14 2.3.3 SETOR TERCIÁRIO 14

3 MATERIAIS E MÉTODOS 16

3.1 CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA E AMBIENTAL DA MICROBACIA 16 3.2 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DA MICROBACIA 16 3.2.1 PARÂMETROS CLIMATOLÓGICOS BÁSICOS 16 3.2.2 PARÂMETROS RELACIONADOS COM O POTENCIAL HÍDRICO DA REGIÃO 16 3.2.3 RELAÇÃO TERRA-SOL 16 3.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA MICROBACIA 17 3.3.1 ÁREA DE DRENAGEM 17 3.3.2 FORMA DA MICROBACIA 17 3.3.3 SISTEMA DE DRENAGEM 18 3.3.4 DECLIVIDADE DA MICROBACIA 20 3.3.5 HIPSOMETRIA 21 3.3.6 ELEVAÇÃO MÉDIA DA MICROBACIA 22 3.3.7 TEMPO DE CONCENTRAÇÃO 22 3.4 APTIDÃO AGROCLIMÁTICA 23 3.5 CARACTERIZAÇÃO DAS TERRAS 23 3.5.1 LEVANTAMENTO, INTERPRETAÇÃO DE DADOS E PRODUÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS 23 3.5.1.1 Mapa planialtimétrico : 23 3.5.1.2 Mapa hidrográfico e rodoviário 23 3.5.1.3 Análise Fisiográfica 24 3.5.1.4 Solos dominantes 24 3.5.1.5 Determinação da aptidão de uso das terras 24 3.5.1.6 Identificação do uso das terras 25 3.5.1.7 Identificação dos conflitos de uso das terras 26 3.5.2 ETAPAS DESENVOLVIDAS NA REALIZAÇÃO DO TRABALHO 27

4 DESCRIÇÃO GERAL DA MICROBACIA RIO PEQUENO 29

4.1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS 29 4.2 SITUAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA E AMBIENTAL 30 4.2.1 ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS 30 4.2.2 ASPECTOS AMBIENTAIS 32

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4.3 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA, FÍSICA E HIDROLÓGICA 33 4.3.1 DADOS BIOCLIMÁTICOS 33 4.3.1.1 Parâmetros climatológicos básicos 34 4.3.1.2 Parâmetros relacionados ao potencial hídrico da região 35 4.3.1.3 Relações Terra-sol 37 4.3.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA MICROBACIA RIO PEQUENO 39 4.3.2.1 Inferências sobre o Comportamento hidrológico da Microbacia Rio Pequeno 39 4.3.3 APTIDÃO AGROCLIMÁTICA 42

5 CARACTERIZAÇÃO DAS TERRAS 44

5.1 PROVÍNCIA CLIMÁTICA E VEGETAÇÃO ORIGINAL 44 5.2 GRANDE PAISAGEM (GEOMORFOLOGIA) 46 5.2.1 UNIDADE GEOMORFOLÓGICA SERRAS DO TABULEIRO/ITAJAÍ 46 5.3 PAISAGEM (GEOLOGIA) 47 5.3.1 FORMAÇÃO GEOLÓGICA SUITE INTRUSIVA PEDRAS GRANDES 47 5.3.1.1 Cumes Erosionais agudos com larguras de 25 a 75m - (C2) 47 5.3.1.2 Encostas Erosionais com larguras de 50 a 375m - (E2) 47 5.3.1.3 Encostas Erosionais Coluviais irregulares com larguras de 75 a 800m -(E1) 51 5.3.1.4 Fundo de Vales Coluvial - Aluviais com larguras de 50 a 200m - (FV7) 57 5.3.1.5 Fundos de Vale Erosional - Coluviais com larguras de 25 a 75m - (FV4) 61

6 SOLOS DOMINANTES 62

6.1 PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO 62 6.2 CAMBISSOLO 62 6.3 SOLOS GLEY 62 6.4 SOLOS LITÓLICOS 64

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 65

8 BIBLIOGRAFIA CITADA 67

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FIGURAS

Figura 1 - Localização Geográfica do Município de Angelina. _________________ 11

Figura 2 - Parâmetros determinantes para o cálculo da declividade da microbacia _ 21

Figura 3 - Localização geográfica da Microbacia Rio Pequeno ________________ 29

Figura 4 - Temperatura média e média das temperaturas máximas e mínimas (oC) na região de Angelina. _________________________________________ 34

Figura 5 - Umidade relativa do ar (%), frequência de ocorrência de estiagens, precipitação (mm) e evapotranspiração (mm) na região de Angelina. ___ 36

Figura 6 - Radiação solar (%) e insolação (horas) incidentes na região de Angelina. _ _______________________________________________________ 38

Figura 7 - Forma e Ordem da Microbacia Rio Pequeno ______________________ 40

Figura 8 - Curva Hipsométrica da Microbacia Rio Pequeno ___________________ 41

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TABELAS

Tabela 1 - Estrutura Fundiária de Angelina ______________________________ 12

Tabela 2 - Principais Culturas de Angelina _______________________________ 13

Tabela 3 - Produtos Pecuários Mais Representativos de Angelina ____________ 13

Tabela 4 - Guia para avaliação da aptidão de uso das terras ________________ 25

Tabela 5 - Estrutura fundiária da Microbacia Rio Pequeno __________________ 30

Tabela 6 - Consumo por nível de renda _________________________________ 31

Tabela 7 - Principais Produtos Agrícolas da Microbacia Rio Pequeno __________ 31

Tabela 8 - Principais Produtos Pecuários da Microbacia Rio Pequeno _________ 32

Tabela 9 - Normais climatológicas para a região da Microbacia Rio Pequeno ____ 34

Tabela 10 - Característica Física da Microbacia Rio Pequeno _________________ 39

Tabela 11 - Declividade Média da Microbacia Rio Pequeno __________________ 41

Tabela 12 - Cálculos da Curva Hipsométrica da Microbacia Rio Pequeno ________ 42

Tabela 13 - Relação entre as categorias de análise fisiográfica e os fatores de formação dos solos. _______________________________________ 44

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1 INTRODUÇÃO

O planejamento e execução de ações em busca do desenvolvimento sustentado em microbacias hidrográficas esbarra periodicamente, em problemas de difícil solução como a falta de recursos financeiros e principalmente metodológicos, dificultando sobremaneira a disponibilidade de informações que fundamentem as tomadas de decisão que se façam necessárias. É portanto indispensável o conhecimento da situação, tanto do ponto de vista sócio-econômico como dos recursos naturais disponíveis, na área em que se pretende atuar.

Neste documento técnico (relatório descritivo e mapas temáticos) estão contidas informações referentes a área hidrográfica denominada Microbacia Rio Pequeno, localizada no município de Angelina.

Este trabalho foi realizado primeiramente através do levantamento de dados primários e secundários de maneira a estabelecer uma caracterização dos aspectos físicos, bioclimáticos e sócio-econômicos da área estudada. Posteriormente, a análise destas informações permitiu fazer-se algumas conclusões com relação a utilização dos recursos naturais identificados e algumas sugestões, de forma generalizada, de possíveis ações a serem adotadas.

O objetivo deste trabalho é de fornecer subsídios técnicos aos profissionais e autoridades envolvidas no planejamento e execução de ações na microbacia estudada, de maneira a orientar o uso racional da terra, objetivando o aumento da produtividade agrícola, mantendo entretanto, a capacidade produtiva de suas terras.

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2 SITUAÇÃO REGIONAL

2.1 Aspectos históricos

De acordo com Santa Catarina, 1990 os dados históricos sobre o município de Angelina se iniciam com a instalação da colônia em 10 de dezembro de 1860, quando foram baixadas as “instruções” que regiam sua administração que, segundo as mesmas instruções, seria composta de famílias nacionais. O lugar, até esta data, inóspito e mal conhecido era chamado de Mundéus. Recebeu o nome de Angelina, em homenagem ao então Presidente do Conselho de Ministros em exercício, Ângelo Muniz da Silva Ferraz.

O primeiro diretor da nova Colônia, foi o agrimensor Carlos Otto Shalappal, que procedeu a demarcação daquelas terras em lotes, situados “no triângulo formado pelo rio Garcia com o ribeirão dos Mundéus, águas do Rio Tijucas e fundos da Colônia de São Pedro de Alcântara”.

Em 1860, vieram oito famílias que se estabeleceram no vale, atual perímetro urbano da cidade. Dois anos mais tarde, 1862, contava-se 39 casas na pequena freguesia e vizinhanças, totalizando 187 pessoas. Cada colono recebia um lote de terras com 200 metros de frente e 1430 de fundos. Durante o ano de 1863, 51 pessoas abandonaram a Colônia e Chegaram outras 85. Em 1864, havia 218 moradores na Colônia. Três anos após, contava com 784 habitantes. Em 1869, já com 900 habitantes, contava com uma escola e 20 alunos.

Em 1872, havia 1.100 pessoas. Neste ano ingressaram na Colônia, 12 famílias alemãs, num total de 58 pessoas, vindas da primeira Colônia alemã do Estado, São Pedro de Alcântara. O censo demográfico de 1900, apontava a existência de 1.734 habitantes.

O distrito de Angelina, foi criado pelo Decreto Número 40 de 10 de janeiro de 1981, desmembrado do município de São José e o município foi criado pela lei número 871, de 07 de dezembro de 1961, e é formado pelos distritos de Angelina e Garcia, que também faziam parte do município de São José.

2.2 Aspectos físicos e geográficos do município de Angelina

O município de Angelina se localiza na região da grande Florianópolis. Possui uma área de 625 Km² e está situado entre o Planalto Serrano de Santa Catarina e o litoral a uma latitude de 27º 34’ 07” Sul, e a uma longitude de 48º 59’ 07” Oeste de Greenwich e numa altitude de 450 m (Figura 1).

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Figura 1 - Localização Geográfica do Município de Angelina.

O relevo é constituido de superfícies planas, onduladas e montanhosas - serras criatalinas “cuestas”, de embasamento cristalino, formação escudo cristalino cujo solo possui fertilidade e textura variável, de acordo com o material de origem.

Quanto à hidrografia, Angelina esta localizada na bacia do Rio Tijucas, cujos afluentes que banham o município são: Rio garcia, Engano , São João e Congonha.

De acordo com o Mapa Político de Santa Catarina publicado em 1997, Angelina tem como limites territoriais os municípios:

- ao norte, Major Gercino; - ao sul, Rancho Queimado; - a leste, São Pedro de Alcântara e Antônio Carlos, e - a oeste, Leoberto Leal. Para efeito de planejamento estadual, Angelina pertence a Microrregião da

Grande Florianópolis, cujo centro polarizador é Florianópolis, e faz parte da AMGRANFOLIS - Associação dos Municípios da Grande Florianópolis.

Angelina fica a uma distância de 70 km da capital do estado, sendo que a principal via de acesso é a BR- 282 que passa próximo ao município cuja ligação se dá através da SC- 401. O

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município possui em torno de 1.017 Km sendo que 32 Km são estradas estaduais e 985 Km de estradas municipais.

A população de Angelina é de 6.607 habitantes sendo que 5.713 destes, representando 86,4 % estão na zona rural e 894 pessoas, representando 13,6 % estão na zona urbana.

2.3 Estrutura econômica de Angelina

Principalmente nos anos 70/80, observou-se grande evasão das populações rurais para os setores urbanos, provocado principalmente pela pouca eficiência econômica nas áreas rurais e pela atração que as áreas urbanas exerciam, em função das atividades industriais e comerciais notadamente nos centros de maior importância econômica. Tais movimentos econômicos e migratórios são percebidos ainda nos dias atuais.

Seguindo o comportamento dos demais municípios da região constata-se que a população do município esta diminuindo em função da emigração, principalmente dos jovens, para outros centros mais industrializados. Segundo Santa Catarina (1990), tal fato se deve ao desemprego.

2.3.1 Setor primário

O desenvolvimento de uma grande parcela dos municípios de Santa Catarina está diretamente relacionado ao setor primário. Desta forma esse setor se caracteriza pela ocupação de uma parcela significativa da população econômicamente ativa e pela geração de excedentes absorvidos pelas agroindústrias.

Este setor de acordo com seu histórico foi responsável pelo início do processo de desenvolvimento do município de Angelina. No princípio as ativides agropecuárias objetivavam a subsistência, porém, com o tempo, os excedentes produzidos passaram a ser comercializados com outros municípios da microrregião.

Dentre os tres setores pode-se assegurar, ainda hoje, que em Angelina, a maior contribuição de riquezas vem do setor primário, seguido do setor terciário que começa a se estruturar e garantir bons níveis de participação na economia.

A estrutura fundiária de Angelina é mostrada na Tabela 1, onde se observa que 75,8 % das propriedades são menores de 50 hectares, de acordo com os dados fornecidos pelo extensionista municipal em setembro de 1997.

Tabela 1 - Estrutura Fundiária de Angelina CLASSES PROPRIEDADES (Nº) %

0 - 10 203 20,5

10 - 20 166 16,8

20 - 50 378 38,6

50 - 100 187 19,0 100 - 200 51 5,1 200 - 500 - -

+500 - -

TOTAL 985 100

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Essa estrutura minifundiária dificulta a expansão do atual nível de produção e de absorver a força de trabalho oriunda do campo. Como agravante o tamanho das propriedades e o relevo impossibilitam a utilização de equipamentos agrícolas de médio e grande porte, que traduziria em ganho de produtividade, diminuindo a mão-de-obra e baixando custo de produção.

De acordo com a tabela anterior, mais de 95 % das propriedades são menores que 100 hectares, onde predomina o trabalho familiar e o desenvolvimento de lavouras de ciclo mais curto, da pecuária leiteira e da criação de pequenos animais.

Em termos de participação no valor bruto da produção, os produtos agrícolas mais importantes são o tomate, a cebola, o milho e o fumo. As olerícolas, particularmente vem se destacando anualmente como uma alternativa aos agricultores de Rio Pequeno, segundo dados colhidos pelo extensionista municipal em abril de 1997 ( Tabela 2).

Tabela 2 - Principais Culturas de Angelina CULTURAS ÁREA

(Ha) PRODUTIVIDADE

(Kg/Ha) PRODUÇÃO

(t)

TOMATE 90,0 60.000 5.400

CEBOLA 400,0 12.000 4.800

MILHO 2.500,0 2.00 5.000

FUMO 423 2.00 1.015

BATATA 400 12.00 4.800

OLERÍCOLAS 600 25.00 15.000

Além do crédito outros problemas se somam ao generalizado descontentamento e desestímulo dos agricultores rurais, como a política agrícola dos últimos anos resultando no deslocamento de famílias do meio rural para centros urbanos.

A produção pecuária existe em todas as propriedades, porém como atividade complementar à agricultura. A produção obtida com essa atividade é quase que na sua totalidade destinada ao consumo familiar, o excedente é comercializado no município e na microrregião, contribuindo com isso na complementação da renda das familias rurais. A Tabela 3 mostra os dados pecuários fornecidos pelo extensionista municipal em abril de 1997.

Tabela 3 - Produtos Pecuários Mais Representativos de Angelina CRIAÇÃO Nº DE CABEÇAS

BOVINO/LEITE 1500

BOVINO CORTE 12.000

SUÍNOS 3.000

OVINOS -

EQUINOS -

AVES 50.000

A produção de aves e suínos do município é comercializado individualmente na região e o restante é destinado para o consumo próprio.

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A estrutura de apoio ao setor primário em Angelina conta com uma Secretaria Municipal de Agricultura e um Centro de Treinamento. A assistência técnica oficial é prestada pela EPAGRI, e a CIDASC, que juntamente com a Prefeitura Municipal conta com dois Eng. Agrônomos, um Médico Veterinário e tres Técnicos Agrícolas. Este efetivo é reforçado pelos técnicos de empresas privadas e cooperativas locais.

Existe ainda, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e o Sindicato Rural dos Empregadores, que oferecem um atendimento deficitário aos seus associados restringindo-se mais ao atendimento médico e odontológico e a algumas ações trabalhistas. Outras organizações como a Comissão de Microbacias Hidrográficas tratam dos interesses específicos.

2.3.2 Setor secundário

Para uma eficiente utilização dos recursos locais, os planos de desenvolvimento industrial não podem estar desvinculados dos planos de desenvolvimento do setor rural.

A indústria e a agricultura devem caminhar juntas, orientando a produção de insumos industriais e dando ênfase ao plantio de lavouras condizentes com a aptidão agrícola dos solos.

Em Angelina o setor industrial ainda embrionário apresenta uma linha de produtos pouco diversificada e com diferenciados padrões de qualidade. Neste sentido, o município deve se estruturar para absorver as matérias primas produzidas no setor primário, gerando desta forma mais empregos e melhorando o poder econômico da sua população.

Comparando-se o número de estabelecimentos e o efetivo de trabalhadores, pode-se afirmar que predominan as micro e pequenas empresas. Segundo o extensionista municipal atualmente Angelina conta com uma fábrica de papelão (pasta mecânica), tres serrarias e duas fábricas de esquadrias. Em 1989 haviam 9 indústrias madereiras com 200 pessoas ocupadas.

Angelina pelo observado, carece de um setor industrial diversificado e que gere novos empregos. Uma das formas de atrair novos investidores pode ser através de incentivos oferecidos pelo poder publico municipal.

O fato de o município ser bem posicionado no setor agrícola abre grandes perspectivas para empresas processadoras de produtos de origem agropecuários. Neste caso há que se empreender fortes campanhas no sentido de melhorarem as condições de infraestrutura municipal, e incentivar a formação de grupos, organizações, associações, etec.

2.3.3 Setor terciário

Por suas características, o setor terciário desempenha um importante papel na economia, pois além de ser gerador de empregos, participa de inúmeras operações integradas entre a produção e a distribuição final dos bens de serviços.

Entretanto, a crise econômica que assola o país, com a escassez de recursos financeiros caracterizada pela elevação das taxas de juros e pelo baixo poder aquisitivo da população local, é um dos elementos inibidores da modernização e dos investimentos no setor terciário do município.

Não obstante, esse setor caracteriza-se por ser o mais dinâmico da atividade econômica, uma vez que é responsável pela articulação dos demais setores.

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De acordo com os dados fornecidos pelo extensionista municipal em setembro 1997, o comércio local é razoavelmente diversificado, sendo que a maioria dos estabelecimentos poderiam utilizar melhor suas instalações, utilizando-se de técnicas de vendas tais como promoções, liquidações, entre outras para atrair os consumidores locais.

As empresas comerciais representam 81% e as prestadoras de serviços 19% do total dos estabelecimentos do setor terciário de Angelina e, juntas empregam 52,5% da mão-de-obra ocupada pelo setor industrial (Santa Catarina, 1990).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Caracterização sócio-econômica e ambiental da microbacia

Baseia-se nas informações fornecidas pelo extensionista de microbacias local, através de respostas a um questionário elaborado conforme Metodologia para o Inventário das Terras em Microbacias Hidrográficas (Panichi et al, 1994).

3.2 Caracterização climática da microbacia

3.2.1 Parâmetros climatológicos básicos

Para a caracterização climática da microbacia "Rio Pequeno" foram utilizados dados estimados de temperatura média, temperatura média das máximas e temperatura média das mínimas para o município de Angelina ( Lat. = 27o 35' S; Long. = 48o 59' W. Grw.; Alt. = 720 metros), segundo BRAGA et al. (1987). São ainda apresentados dados estimados de umidade relativa do ar (%) e insolação (h) através das Cartas Climáticas Básicas à Nível Mensal para o Estado de Santa Catarina, presentes nos arquivos da EPAGRI.

As horas de frio abaixo de 7,2 oC são estimativas de acordo com o trabalho de BRAGA & STECKERT (1987).

3.2.2 Parâmetros relacionados com o potencial hídrico da região

Os dados de precipitação, precipitação máxima em 24 horas e número de dias com chuva são provenientes do posto pluviométrico do DNAEE (Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica) de Angelina ( Lat. = 27o 30' S; Long. = 49o 00' W. Grw.; Alt. = 500 metros), de 1955 a 1986.

As probabilidades (P) de ocorrência de estiagens em um determinado mês foram calculadas por P = n/m, onde n = número de meses em que ocorreram estiagens e m = número total de meses considerados.

A evapotranspiração potencial foi estimada pelo método de Thornthwaite, modificado por Camargo (OMETTO, 1981).

3.2.3 Relação Terra-sol

É apresentada graficamente a insolação (número médio mensal de horas de brilho solar) para a região. Foram também determinados os totais de radiação solar máxima possível para o

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15o dia de cada mês, incidentes em terrenos horizontais e em terrenos com declividade de 18 % voltados para o norte e para o sul, de acordo com SILVA & BRAGA (1987). Estes valores foram convertidos em percentuais, tendo como referência a radiação incidente no dia 15 de dezembro.

3.3 Características físicas da microbacia

As características físicas de uma microbacia hidrográfica são elementos auxiliares para uma avaliação do comportamento hidrológico e suas relações com os processos erosivos e riscos de enchentes.

3.3.1 Área de drenagem

É a representação plana da área limitada pelos divisores topográficos. A área é um dado fundamental para definir a potencialidade hídrica da microbacia hidrográfica, porque seu valor multiplicado pela lâmina de chuva precipitada define o volume de água recebido pela microbacia. Por isso considera-se como a área da microbacia hidrográfica a sua área projetada verticalmente.

Uma vez definidos os contornos da microbacia, a sua área foi obtida por planimetria direta da base cartográfica ampliada para a escala 1:25.000.

3.3.2 Forma da microbacia

Está relacionada com o tempo de concentração, isto é, o tempo necessário para que a chuva que cai nos limites da microbacia alcance um ponto determinado, neste caso, a foz da mesma. Em geral as bacias hidrográficas dos grandes rios apresentam a forma de uma pera ou de um leque, mas as pequenas bacias variam muito no formato, dependendo da estrutura geológica do terreno. A forma da microbacia pode ser avaliada de diversas maneiras, neste estudo utilizou-se apenas as seguintes:

a) Coeficiente de compacidade ou Índice de Gravelius (Kc): relaciona o perímetro da microbacia a um círculo de área igual à mesma (VILLELA & MATTOS, 1975). Quanto mais irregular for a forma da microbacia maior deverá ser este índice. Um coeficiente mínimo igual à unidade corresponderia a uma bacia circular. Se os outros fatores forem iguais, a tendência para maiores enchentes é tanto mais acentuada quanto mais próximo da unidade for o valor desse coeficiente .

KcP

A 0 28,

Onde: Kc = Coeficiente de compacidade; P = Perímetro da microbacia (km); A = Área da microbacia (km2).

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b) Fator de forma (Kf): constitui outro índice indicativo da maior ou menor tendência para enchentes de uma microbacia. Um fator de forma baixo, indica que a microbacia está menos sujeita a enchentes que outra de mesmo tamanho porém com maior fator de forma. O Kf foi obtido dividindo-se a área pelo comprimento axial da microbacia, conforme VILLELA & MATTOS (1975).

KfA

La

2

Onde: Kf = Fator de forma; A = Área de drenagem (km2); La = Comprimento axial da microbacia (km). Obs.: O comprimento axial da microbacia é obtido quando se mede o curso

d’água mais longo desde a desembocadura até a cabeceira mais distante.

3.3.3 Sistema de drenagem

É constituído pelo rio principal e seus tributários. O estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a microbacia hidrográfica.

a) Ordem dos cursos d'água: é uma classificação que reflete o grau de ramificação ou bifurcação do curso d’água principal de uma microbacia. Para a classificação, adotou-se os critério de STRAHLER (1957), citado por TUCCI, 1993, que considera de primeira ordem os canais que não possuem tributários, mesmo sendo nascentes dos rios principais e afluentes. Os canais de segunda ordem são os que se originam da confluência de dois canais de primeira ordem; os canais de terceira ordem originam-se da confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e de primeira ordens sucessivamente. Utilizou-se para tal determinação o mapa hidrográfico da microbacia onde estão incluídos todos os canais perenes, intermitentes ou efêmeros,compatíveis com a escala de trabalho.

b) Densidade de drenagem: este índice é expresso pela relação entre o comprimento total dos cursos d'água (sejam eles efêmeros, intermitentes ou perenes) de uma microbacia e a sua área total. Cabe-se salientar que o nível de detalhamento é um reflexo da escala de trabalho utilizada.

A densidade de drenagem reflete a topografia, a litologia e algumas características dos solos de uma microbacia. Em rochas onde a infiltração da água é mais difícil, há um acréscimo no escoamento superficial, proporcionando uma maior esculturação dos canais. A densidade de drenagem está numa relação inversa à extensão do escoamento superficial e, portanto, fornece uma indicação da eficiência da drenagem da microbacia VILLELA & MATTOS, 1975).

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DdLt

A

Onde: Dd = Densidade de drenagem (km/km2 ); Lt = Comprimento total dos cursos de água (km); A = Área de drenagem da microbacia (km2). Tem-se que este índice varia de 0,5km/km² para microbacias com drenagem

pobre e 3,5km/km² ou mais, para microbacias excepcionalmente bem drenadas. c) Extensão média do escoamento superficial: é definida como sendo a

distância média que a água da chuva teria que escoar sobre os terrenos de uma microbacia, caso o escoamento se desse em linha reta desde onde a chuva caiu até o ponto mais próximo no leito de um curso d’água qualquer da microbacia. Considerando que uma microbacia de área A, tendo um curso d’água de extensão Lt passando pelo seu centro, possa ser representada por uma área de drenagem retangular, a extensão do escoamento superficial l será dada pela expressão:

lA

Lt

4 Onde: l = Extensão média do escoamento superficial (km); A = Área da bacia (km2); Lt = Comprimento total dos cursos d'água (km). Embora a extensão do escoamento superficial que efetivamente ocorre sobre

os terrenos possa ser bastante diferente dos valores determinados pela equação, devido a diversos fatores de influência, este índice constitui uma indicação da distância média do escoamento superficial.

d) Índice de sinuosidade do curso d'água: é definido pela relação existente entre o comprimento do canal principal da nascente até a desembocadura e a distância mais curta, em linha reta, entre a nascente e a desembocadura, do rio (CHRISTOFOLETTI, 1981).

IsL D

L

100( )

Onde: Is = Índice de sinuosidade ; L = Comprimento do curso d’água (km); D = Distância mais curta entre a nascente e desembocadura (km).

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Este índice adaptado de MANSIKKANIEMI (1972), citado por CHRISTOFOLETTI, (1981), dá uma noção da homogenidade do embasamento rochoso e do grau de resistência das rochas. Pode-se ter uma idéia geral do nível de equilíbrio erosão-deposição, com base em valores percentuais, estabelecidos em 5 classes quanto à sinuosidade:

CLASSE - Is% Muito reto < 20,0% Reto 20,0 - 29,9% Divagante 30,0 - 39,9% Sinuoso 40,0 - 49,9% Muito sinuoso > 50,0%

3.3.4 Declividade da microbacia

A declividade dos terrenos de uma bacia, controla em boa parte a velocidade com que se dá o escoamento superficial, afetando,portanto, o tempo que leva a água da chuva para concentrar-se nos leitos fluviais que constituem a rede de drenagem das bacias. Afeta o tempo de concentração, a magnitude dos picos das enchentes, a maior ou menor oportunidade de infiltração e a suscetibilidade à erosão dos solos, que dependem da rapidez com que ocorre o escoamento sobre os terrenos da bacia.

Para o cálculo da declividade, determinou-se na base cartográfica 1:25.000 com o auxílio de um planímetro, a área entre curvas de nível e o comprimento das projeções destas curvas de nível. A Figura 2 ilustra os parâmetros utilizados para o cálculo da declividade da microbacia, feito através da aplicação das seguintes fórmulas, adaptadas de VILLELA & MATTOS (1975):

aL L

p1 2

2 p

a

L L

2

1 2 D

N

p 100

Onde: a = Área entre as curvas de nível (área projetada), determinada com auxíliode

planímetro(m2); N = Diferença de nível entre curvas (m); D = Declividade da área considerada (%)

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p = Afastamento médio entre curvas de nível, determ. algebricamente (m); L1 = Comp. da curva de nível superior (m); L2 = Comp. da curva de nível inferior (m); A declividade média da microbacia foi determinda pela relação entre o

somatório das declividades individuais de cada área considerada e o número de declividades individuais, este cálculo pode ser realizado a partir da seguinte equação:

Dm

Di

n

i

i n

1

Onde: Dm = Declividade média da microbacia (%) Di = Declividade da área considerada (%) n = número de declividades individuais

Figura 2 - Parâmetros determinantes para o cálculo da declividade da microbacia

3.3.5 Hipsometria

É o estudo das medidas altimétricas de uma determinada área. A curva hipsométrica representa graficamente a variação da elevação dos vários terrenos da microbacia com referência ao nível do mar. Demonstra a percentagem da área de drenagem que existe acima ou abaixo de uma determinada altitude (VILLELA & MATTOS, 1975). A curva foi determinada planimetrando-se as áreas entre as curvas de nível

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3.3.6 Elevação média da microbacia

As variações da altitude e da elevação média são importantes pela influência que exercem principalmente sobre a precipitação, perdas de água por evaporação e transpiração e, consequentemente, sobre o deflúvio médio. Grandes variações da altitude em uma bacia acarretam diferenças significativas na temperatura média, a qual por sua vez, causa variações na evapotranspiração. Mais significativas, porém, são as possíveis variações de precipitação anual com a elevação (VILLELA & MATTOS, 1975). A elevação média foi determinada por meio da equação abaixo:

Eea

A

Onde: E = Elevação média da microbacia (m); e = Elevação média entre duas curvas de nível consecutivas (m); a = Área entre as curvas de nível (m); A = Área da microbacia (m2).

3.3.7 Tempo de concentração

Definido por VILLELA E MATTOS (1975), como sendo o tempo que a chuva, que cai no ponto mais distante da secção considerada de uma bacia, leva para atingir esta secção. Mede o tempo para que toda a microbacia contribua para o escoamento superficial na secção considerada, a partir do início da chuva.

O tempo de concentração pode ser estimado de diferentes maneiras. Neste inventário foi determinado segundo EUCLYDES, 1987, aplicando-se a fórmula de Giandotti, apresentada a seguir:

TcA Lw

Hm Ho

4 15

0 8

,

, Onde: Tc = Tempo de concentração (h); A = Área da microbacia ( km2); Lw = Comprimento do talvegue (km). Hm = Altitude média (m); Ho = Altitude final do trecho (m).

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3.4 Aptidão agroclimática

No delineamento da aptidão agroclimática foram consultados o Zoneamento Agroclimático do Estado de Santa Catarina (EMPASC, 1978 e IDE et al., 1980), a Recomendação de Cultivares para o Estado de Santa Catarina 1997/98 (EPAGRI, 1997) e o Zoneamento para Plantios Florestais no Estado de Santa Catarina (EMBRAPA, 1988).

Não foram consideradas as culturas definidas como de aptidão moderada para a região, ou seja, foram citadas apenas aquelas constantes como preferenciais nos referidos zoneamentos.

3.5 Caracterização das Terras

As terras da Microbacia Rio das Corujas foram caracterizadas de acordo com a sua fisiografia, aptidão de uso, uso e conflitos de uso, bem como, com os solos dominantes ocorrentes na área.

3.5.1 Levantamento, interpretação de dados e produção de mapas temáticos

Utilizou-se como material básico aerofotos pancromáticas em escala aproximada 1:25.000 (vôo realizado pela Cruzeiro do Sul - Levantamentos Aerofotogramétricos, de 1977 a 1979) e como base cartográfica foi utilizada as folhas topográficas de Rancho Queimado (SG-22-Z-D-IV-2), elaborada pelo Ministerio do Exército, em escala 1:50.000 ampliadas para 1:25.000, adotada para este trabalho.

Após a fotointerpretação definitiva, os “overlays” sofreram ajustes de escala para 1:25.000, permitindo a transferência dos temas interpretados para a base cartográfica. Estes ajustes foram feitos por fotocopiadora após a determinação dos fatores de correção de escala. Os fatores, que definiram a ampliação ou redução dos “overlays”, foram determinados por comparação de no mínimo três segmentos de retas comuns às aerofotos e à base cartográfica.

3.5.1.1 Mapa planialtimétrico :

Foi obtido por compilação das folhas topográficas Rancho Queimado elaborada pelo MI, ampliadas de 1:50.000 para 1:25.000 pelo processo de fototransferência, servindo como base cartográfica para este trabalho.

3.5.1.2 Mapa hidrográfico e rodoviário

Este mapa é de grande importância como instrumento que permite uma melhor localização dentro da área de estudo. Apresenta também informações que auxiliam na caracterização fisiográfica (padrões de drenagem, densidade de drenagem, localização de falhas geológicas, entre outras). Foi obtido por atualização e complementação da base cartográfica em termos de estradas, caminhos e rede de drenagem.

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3.5.1.3 Análise Fisiográfica

Na análise fisiográfica da microbacia utilizou-se a metodologia proposta pelo Agrólogo Pedro Botero aos técnicos da UCLMS, através de consultoria do ITC/Projeto Microbacias BIRD. Consiste na classificação e correlação das características climáticas, de vegetação, geomorfológicas, geológicas e de elementos modificadores (declividade, profundidade efetiva, suscetibilidade à erosão, fertilidade, condições de drenagem e pedregosidade), chegando-se a unidades fisiográficas homogêneas. Foi possível, desta forma, aprofundar o estudo de solos e de aptidão de uso das terras. A delimitação destas características é representada pelo mapa fisiográfico.

3.5.1.4 Solos dominantes

As classes de solos dominantes foram identificadas a partir de informações disponíveis, trabalho de campo e análises laboratoriais. Foram feitas coletas e análises morfológicas, físicas e químicas dos horizontes A e B, em 8 perfis completos selecionadoss.

3.5.1.5 Determinação da aptidão de uso das terras

A caracterização da aptidão de uso das terras, foi obtida a partir da classificação interpretativa das informações originadas na análise fisiográfica.

Na determinação das classes de aptidão de uso foi utilizada a "Metodologia para Classificação da Aptidão de Uso das Terras do Estado de Santa Catarina (UBERTI et al, 1991), que estabelece cinco classes, a saber:

•Classe 1 - Aptidão boa para culturas anuais climaticamente adaptadas. •Classe 2 - Aptidão regular para culturas anuais climaticamente adaptadas. •Classe 3 - Aptidão com restrições para culturas anuais climaticamente

adaptadas; aptidão regular para fruticultura e boa para pastagens e reflorestamento. •Classe 4 - Aptidão com restrições para fruticultura e regular para pastagens

e reflorestamento. •Classe 5 - Preservação permanente. Para a determinação destas classes foram considerados os seguintes fatores

de avaliação (UBERTI et al.,1991): (pr) = Profundidade efetiva (cm) (d) = Declividade (%) (e) = Susceptibilidade à erosão (f) = Fertilidade (t/ha calcáreo) (h) = Drenagem (p) = Pedregosidade

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A Tabela 4 é usada como guia para a avaliação das classes de aptidão de uso das erras.

Tabela 4 - Guia para avaliação da aptidão de uso das terras CLASSE

DE APTIDÃO

DECLIVIDADE (d)

PROFUNDIDADE EFETIVA (pr)

PEDREGOSIDADE (p)

SUSCETIBILIDADE A EROSÃO (e)

FERTILIDADE (ton/ha/cal) (f)

DRENAGEM (h)

1a/

0 a 8 > 100 não pedregosa nula a ligeira 0-6 bem drenada

2 8-20 50-100 moderada moderada 6-12 bem a imperfeitamente

drenada

3b/

20-45 < 50 pedregosa a muito pedregosa

forte > 12 qualquer

4c/

45-75 qualquer muito pedregosa muito forte qualquer qualquer

5 > 75 qualquer extremamente pedregosa

qualquer qualquer qualquer

FONTE: UBERTI et al, 1991. a/Para o cultivo do arroz irrigado, apesar da pouca profundidade efetiva e da

má drenagem, podem enquadrar-se na classe 1 os solos com horizonte Glei (hidromórficos) e parte dos Solos Orgânicos, desde que satisfaçam os demais critérios da classe e que sejam observadas as práticas adequadas de manejo do lençol freático. Nestes casos sua representação será 1g (Glei) e 1o (Orgânico).

b/Nesta classe estão incluídas também as Areias Quartzosas de granulação muito fina, com horizonte A Moderado e horizonte C de coloração vermelho-amarelada e de média fertilidade natural. Neste caso sua representação será 3a.

c/Nesta classe estão incluídas também as Areias Quartzosas de granulação fina e média, com horizonte A Fraco, horizonte C cinza-claro e baixa fertilidade natural e as Areias Quartzosas Hidromórficas. Neste caso sua representação será 4a.

Esta classificação das terras de acordo com sua aptidão agrícola é dinâmica, uma vez corrigido o fator limitante, as terras poderão ser enquadradas numa classe superior (ex: calagem) ou inferior caso passe a ter limitações maiores.

A interpretação dos dados assim obtidos, foi representada cartograficamente, originando o mapa de aptidão de uso das terras.

3.5.1.6 Identificação do uso das terras

Foi feita tomando-se como base a cobertura aerofotogramétrica existente e atualizações através dos levantamentos de campo e, posteriormente, representada cartograficamente no mapa de uso das terras. A classificação do uso das terras da área de estudo, foi feita com base em sete classes de uso, a saber:

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•Capoeira (Cpo); •Reflorestamento (Fr); •Campo (Cam); •Culturas anuais (Ca); •Floresta Nativa(F); •Fruticultura(Cp); •Área urbanizada (H). A classe denominada por floresta nativa, abrange a cobertura vegetal

predominantemente arbórea (florestas primárias e secundárias), incluindo-se os capoeirões. A denominada campo (Cam), inclui a vegetação rasteira (herbácea), pastagens nativas e cultivadas, perenes. Dentro da classe culturas anuais, também foram incluídas as pastagens de ciclo anual. Na classe capoeiras (Cpo), foram consideradas as áreas com predominância de coberturas arbustivas.

3.5.1.7 Identificação dos conflitos de uso das terras

O mapa de identificação dos conflitos de uso das terras, foi obtido por meio da sobreposição das informações dos mapas de aptidão e de uso das terras. Os conflitos de uso, foram organizados em quatro classes, a saber:

SUBUTILIZAÇÃO: enquadram-se nesta classe, as terras que poderiam ser utilizadas mais intensivamente, sem prejuizos à conservação das terras, salvaguardando a questão econômica e ambiental. Apresenta-se com onze subclasses:

Cam/1 -campo em classe 1 Cam/2 -campo em classe 2 Cp/1 -fruticultura em classe 1 Fr/1 -reflorestamento em classe 1 Fr/2 -reflorestamento em classe 2 F/1 -floresta nativa em classe 1 F/2 -floresta nativa em classe 2 F/3 -floresta nativa em classe 3 Cpo/1 capoeira em classe 1 Cpo/2 capoeira em classe 2 Cpo/3 capoeira em classe 3 USO COM RESTRIÇÕES: são terras que estão sendo utilizadas de acordo

com sua aptidão de uso mas apresentam risco de degradação, necessitando intensas medidas de manejo e conservação do solo. Apresenta-se com seis subclasses:

Fr/4 -reflorestamento em classe 4 Ca/2 -cultura anual em classe 2 Ca/3 -cultura anual em classe 3

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Cam/4 -campo em classe 4 Cp/3 -fruticultura em classe 3 Cp/4 -fruticultura em classe 4 CONFLITOS DE USO: contempla as terras que estão sendo utilizadas com

atividades agropecuárias fora da vocação natural das terras e, se mantidas, comprometem a conservação da água e do solo. Apresenta-se com cinco subclasses:

Ca/4 -cultura anual em classe 4 Ca/5 -cultura anual em classe 5 Fr/5 -reflorestamento em classe 5 Cam/5 campo em classe 5 Cp/5 fruticultura em classe 5 USO SEM RESTRIÇÕES: enquadram-se nesta classe, as terras que estão

sendo utilizadas conforme a sua vocação natural. São oito subclasses: Ca/1 -cultura anual em classe 1 Cp/2 -fruticultura em classe 2 Cam/3 campo em classe 3 Fr/3 -reflorestamento em classe 3 F/4 -floresta nativa em classe 4 F/5 -floresta nativa em classe 5 Cpo/4 -capoeira em classe 4 Cpo/5 -capoeira em classe 5

3.5.2 Etapas desenvolvidas na realização do trabalho

a)Setorização da microbacia e ampliação da base cartográfica para escala 1:25.000.

b)Seleção e preparo das aerofotos e delimitação da área da microbacia. c)Revisão bibliográfica enfocando aspectos de geologia, geomorfologia,

solos, vegetação, uso da terra e clima. d)Fotointerpretação e confecção das legendas preliminares, analizando-se a

fisiografia, as classes de aptidão de uso e de uso das terras, e seleção de possíveis pontos de amostragem de solos. Nesta etapa, foi feita também a complementação e atualização preliminar da rede de drenagem e da malha viária.

e)Reambulação executada por caminhamento, consistindo de:

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atualização do uso das terras e verificação da fisiografia e da aptidão de uso, efetuando-se os ajustes necessários para correção das informações obtidas na fotointerpretação preliminar;

coleta de amostras de solos em locais representativos de cada subpaisagem. f)Interpretação dos resultados, analizando-se todas as informações originadas

nos trabalhos de escritório e de campo e dos resultados de laboratório das análises de solos.

g)Elaboração dos mapas temáticos e cálculo das áreas.(na determinação de áreas, usa-se os métodos da grade de pontos para áreas menores e do planimetro para as maiores).

h)Apresentação dos resultados: elaboração do relatório descritivo,que contém aspectos que caracterizam a área estudada e arte final, com os seguintes mapas temáticos apresentados em anexo):

Mapa planialtimétrico (compilado da folha topográfica ampliada Rancho Queimado);

Mapa hidrográfico e rodoviário; Mapa fisiográfico; Mapa de aptidão de uso das terras; Mapa de uso das terras (elaborado em outubro de 1997); Mapa de identificação dos conflitos de uso das terras.

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4 DESCRIÇÃO GERAL DA MICROBACIA RIO PEQUENO

4.1 Aspectos geográficos

A microbacia em estudo se localiza ao sul do município de Angelina, e tem como drenagem principal o Rio Pequeno. Este rio se constitui no afluente do Rio Garcia, que após receber suas águas desemboca no Rio Tijucas, que em última análise é a bacia hidrográfica em que o município de Angelina está inserido (Figura 3).

O Rio Pequeno tem suas nascentes nas encostas erosionais ao sul da microbacia no município de Rancho Queimado, percorrendo 13,4 Km em direção ao norte até a sua foz, onde se pode observar as subpaisagens Fundo de Vales Colúvio Aluviais.

Figura 3 - Localização geográfica da Microbacia Rio Pequeno

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Embora o Rio Pequeno constitua na principal drenagem da microbacia em estudo, seus afluentes são de pouca expressão em relação a rede hidrográfica do município. A área da microbacia é de 20,75 Km2 e dista 6 Km da sede do município.

A área em estudo denominada de Microbacia Rio Pequeno localiza-se entre as coordenadas 27º 35’e 27º 38’ latitude sul e 49º 01’e 49º 07’ oeste de Greenwich, numa altitude que varia de 470 a 918 metros conforme mostra a Figura 3. Pertence a Região Hidrográfica VI em relação a setorização do Projeto Microbacias/BIRD, mais especificamente na bacia do Rio Tijucas.

Os parâmetros que definiram esta microbacia como prioritária a ser trabalhada no município se deve principalmente a forte declividade de suas encostas, ao potencial para irrigação, piscicultura e abastecimento de água potável. Também se deve aos problemas que a microbacia apresenta em relação ao manejo do solo, destino dos dejetos humanos e animais, águas servidas e desmatamento.

4.2 Situação sócio-econômica e ambiental

4.2.1 Aspectos sócio-econômicos

As estradas vicinais, internas à microbacia recebem boa manutenção, entretanto apresentam alguns problemas de erosão devido ao escoamento das águas pluviais, principalmente aquelas internas às propriedades.

A microbacia é composta de 40 propriedades (ver tabela 5), com um tamanho médio de 59 ha, entretanto, observa-se uma diferença quanto ao dado fornecido pelos agricultores de 35 ha, onde vivem 34 famílias de etnia predominantemente alemã. Das 34 famílias (vivem exclusivamente da atividade agropecuária) todas são proprietárias e, somente 6 são também arrendatárias, conforme dados levantados pelo extensionista municipal em outubro de 1997.

Tabela 5 - Estrutura fundiária da Microbacia Rio Pequeno CLASSES (Ha) PROPRIEDADE (Nº) %

0 - 10 1 3

10 - 20 10 30

20 - 50 20 60

50 - 100 3 10

100 - 200 - -

TOTAL 34 100

Os produtores de olerícolas, de um modo geral, utilizam boas sementes e adubos adequados entretanto, não dispensam os cuidados necessários em relação à utilização de agrotóxicos. Possuem moradias em estado regular, mas normalmente com problemas de saneamento, porém, todos os agricultores possuem energia elétrica e refrigerador em suas propriedades dependendo da renda. Devido ao reduzido tamanho das propriedades e a acentuada declividade das encostas que inviabilizam o custo operacional de um trator de grande porte, a maioria dos agricultores utiliza microtratores e tração animal conforme mostra a Tabela 6.

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Tabela 6 - Consumo por nível de renda CLASSE DE

RENDA RENDA

ANUAL (U$) AUTOMÓVEL TRATOR

(MICRO) REFRIGERADOR

% MORADIA

QUALIDADE

BAIXA 5.000,00 - - 95 RUIM

MÉDIA 8.000,00 28 100 MÉDIA

ALTA 12.000,00 34 100 MÉDIA

O lazer na microbacia se restringe nas festas organizadas pela comunidade, além de campeonatos de futebol, que ocorrem entre comunidades de vários locais. A falta de lazer se constitui hoje, em um importante fator de influência na migração de jovens do campo para as cidades. A microbacia conta atualmente com uma quadra de esporte descoberta.

Observa-se na Microbacia Rio Pequeno um sensível êxodo do campo para a cidade. Tal quadro se deve ao abandono das atividades agrícolas e dos estudos logo que os jovens completam o primeiro grau, ocasião em que buscam emprego nas principais cidades da região, principalmente Lages e Florianópolis.

As principais culturas nas microbacias, são o milho, olerícolas, batata e o feijão. A Tabela 7 mostra o comportamento das culturas, de acordo com os dados coletados pelo extensionista municipal em outubro de 1997.

Tabela 7 - Principais Produtos Agrícolas da Microbacia Rio Pequeno CULTURA ÁREA ( ha ) PRODUTIVIDADE

( kg/ha ) PRODUÇÃO ( t )

MILHO 68 2.200 149,6

OLERÍCOLAS 55 1.800 1.800

FEIJÃO 16 1.200 4

BATATA 20 12.000 240

TOMATE 10 60.000 600

CEBOLA 12 12.000 144

PESSEGO 10 18000 180

CITRUS 4 - -

MORANGO 0,5 20 10

O armazenamento da produção é feita sem critérios técnicos na maioria das propriedades, ocasionando perdas consideráveis. Poucos agricultores, principalmente os produtores de suínos e aves possuem paióis para armazenagem da produção. A comercialização da produção é feita de modo individual.

Em relação à pecuária, destaca-se a criação de bovinos de corte (coloniais) e em menor escala a criação de bovinos de leite que na tabela estão representados conjuntamente. A criação de equinos não possui expressividade na microbacia, como mostra a Tabela 8. Os dados sobre avicultura não estão disponíveis.

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Tabela 8 - Principais Produtos Pecuários da Microbacia Rio Pequeno CRIAÇÕES Nº CABEÇAS Nº PRODUTORES PRODUÇÃO

SUÍNOS 50 34 -

EQUINOS - - -

BOVINOS 20 3 -

Não existe produtores integrados na microbacia em estudo, contribuindo para o baixo desenvolvimento da suinocultura na mesma. Em geral o potencial genético do gado leiteiro é baixo, visto que são animais com pouca qualidade genética. Da mesma forma, os bovinos de corte possuem baixo potencial genético, porém com boa adaptabilidade e rusticidade.

Os insumos são adquiridos nas diversas casas agropecuárias da região. A utilização de crédito é feito no BESC e no Banco do Brasil. Alguns agricultores fazem troca x troca com comerciantes locais evitando o empréstimo feito pelos bancos.

Como complemento alimentar para o gado são cultivados anualmente, na microbacia, cerca de 5 hectares de pastagens de inverno, 2 hectares de capineiras. Poucas propriedades possuem paióis para armazenagem de grãos ou silos para silagem das capineiras.

A mão-de-obra é essencialmente familiar, concentrada principalmente na atividade olerícola (o ano todo) e no plantio e colheita do milho e do feijão, mais especificamente de agosto a maio.

A motomecanização é realizada por todos agricultores, entretanto 30% também utilizam tração animal. Deve-se destacar que não se utiliza corretamente os maquinários na realização do plantio direto.

As estradas municipais que passam na microbacia, estão em estado regular de conservação, merecendo cuidados em relação à condução das águas pluviais.

Há somente uma escola na microbacia que atende os alunos da 1º a 4º série, porém que não esta em atividade. Grande parte das pessoas com mais de 20 anos entretanto, tem o primeiro grau incompleto, porém já é uma exigência do mercado de trabalho o 2º grau completo, o que está influenciando os jovens a completá-lo.

4.2.2 Aspectos ambientais

Alguns parâmetros que influenciam o meio ambiente também foram responsáveis pela priorização da Microbacia Rio Pequeno, entre eles a degradação ambiental através do uso indiscriminado de agrotóxicos, o desmatamento e o destino incorreto dos dejetos animais.

A cobertura florestal, na Microbacia Rio Pequeno, era originalmente constituída, na sua maior parte, por árvores perenefoliadas de 20 a 30 metros de altura com brotos folhares sem proteção a seca. Entretanto, encontra-se descaracterizada pela ação antrópica que desde a colonização vem sendo feita, principalmente através da exploração descontrolada das florestas para a extração de madeiras, formação de pastagens e instalação de lavouras.

Atualmente encontra-se na área da microbacia apenas remanescentes da vegetação original, que devido ao porte, é confundida com a vegetação secundária. Deve-se ressaltar no entanto, que nos cumes e encostas erosionais pode-se observar, ainda, boa concentração de floresta original, reunindo um bom potencial de germoplasma de espécies arbóreas nativas.

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Em toda microbacia observa-se 1.518,10 hectares de remanescentes florestais e 117,17 hectares de capoeira, representando 73,16 % e 5,65 % respectivamente do total da área. A concentração da floresta está nas encostas erosionais, que devido a sua forma dificulta a atividade agrícola, e cobrindo ainda, pequena parte das encosta erosionais-coluviais. Observa-se pequenas áreas de reflorestamento com pinus.

Com essa cobertura florestal pode-se facilmente observar um grande número de espécies de animais como: bugio, capivara, graxain, raposa, lebre, preá, tatu, ratão do banhado, ouriço, lagarto, lebre, gato-do-mato, veado e diversas espécies de cobras. As aves mais encontradas são: sabiá, canário, chupin, ben-te-vi, beija-flor, coruja, periquito, pica-pau, saracura, tucano, jacu, joão-de-barro, gralha, anú, nambú, quero-quero, gavião, pombo, etc. Os peixes mais comuns são:sarda, badejo, carpa, piava, jundiá, cascudo

As principais fontes de poluição ficam por conta das pocilgas que não apresentam dispositivos de tratamento dos dejetos animais e do mau manejo dos agrotóxicos que contaminam as águas superficiais e por vezes os lençóis freáticos.

Geralmente, as casas apresentam fossas para onde se destinam os dejetos humanos. As águas servidas, por sua vez, são jogadas sobre o solo ou em drenagens. Parte do lixo doméstico é reciclado ou aproveitado nas lavouras, o restante é enterrado.

As culturas anuais somam 2,94 % da área da microbacia e 17,17 % é utilizada com pastagens intensamente pastejadas pelo gado leiteiro e de corte (colonial), o que implica num alto potencial de ocorrência de erosão. Cabe ressaltar neste caso a necessidade da utilização de práticas de conservação do solo e utilização de capineiras como complemento alimentar. As áreas com fruticultura não foram medidas devido a problemas de escala, entretanto somam em torno de 14 hectares.

4.3 Caracterização climática, física e hidrológica

4.3.1 Dados bioclimáticos

A classificação climática do município de Angelina, segundo a metodologia proposta por Koeppen, é Cfb (clima temperado úmido). É classificado como temperado, por esta classificação, em razão da temperatura média do mês mais quente ser inferior a 22 oC.

A Tabela 9 apresenta as normais climatológicas para a região da microbacia.

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Tabela 9 - Normais climatológicas para a região da Microbacia Rio Pequeno

MÊS TEMP MEDIA

(oC)

MEDIA TEMP

Mx

MEDIA TEMP Mn

PREC TOTAL (mm)

PREC Mx 24 h (mm)

DIAS DE CHUVA

UR (%)

INSOL (horas)

ETP (mm)

JAN 20,5 26,9 16,0 172,4 96,2 16,1 80 180 106,2

FEV 20,7 27,0 16,4 198,6 107,6 15,9 80 160 91,8

MAR 19,6 25,9 15,4 167,5 159,8 15,0 83 180 85,1

ABR 17,2 22,7 11,6 94,2 80,2 10,6 83 160 60,5

MAI 14,3 20,8 8,7 91,3 86,6 9,1 83 170 47,4

JUN 13,0 18,9 6,9 92,4 64,2 9,5 85 140 39,1

JUL 12,6 19,0 6,3 124,1 82,4 9,6 86 160 35,9

AGO 13,5 19,6 7,4 115,3 132,4 10,2 83 150 43,7

SET 14,6 20,7 10,0 151,6 55,4 12,5 85 130 51,0

OUT 15,9 21,9 12,3 148,3 67,0 14,9 85 160 66,0

NOV 17,6 24,2 13,0 138,7 94,6 13,5 80 170 77,3

DEZ 19,3 26,6 14,7 156,2 102,4 14,8 80 180 96,4

ANO 16,3 22,8 11,4 1651,0 159,8 12,7 83,0 1940 800,4

4.3.1.1 Parâmetros climatológicos básicos

A temperatura média anual da região é de 16,3 oC, sendo janeiro e fevereiro os meses mais quentes e junho e julho os mais frios. Valores mensais e anuais de temperatura média, média das temperaturas máximas e média das temperaturas mínimas são apresentadas na Tabela 9 e Figura 4.

Figura 4 - Temperatura média e média das temperaturas máximas e mínimas (oC)

na região de Angelina.

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A temperatura máxima diária ocorre em torno das 14-15 horas e a mínima quando do nascer do sol. Entretanto, ocasionalmente podem ocorrer temperaturas mínimas e máximas diárias fora destes horários.

A geada é comumente definida como a ocorrência de temperatura do ar abaixo de 0,0 oC. De acordo com o seu efeito visual é denominada de geada branca ou negra. As geadas mais comuns na região são as geadas de irradiação, que se formam em noites frias, com ar calmo e o céu descoberto.

Existem muitos métodos de proteção (controle) contra as geadas, podendo-se citar a utilização de diversos materiais em cobertura, como o plástico, e o uso da irrigação por aspersão, aquecedores e nebulizadores. Na grande maioria dos casos tais técnicas apresentam-se inviáveis economicamente. Existem para algumas situações a utilização de métodos preventivos, como plantar em encostas orientadas para o norte (recebem, desta forma, uma maior quantidade de radiação solar), evitar o cultivo em baixadas (o ar frio tende a se concentrar em locais mais baixos), utilização de quebra-ventos, além do planejamento da época de plantio para culturas anuais. A EPAGRI fornece previsões de curto prazo (72 horas ) para a ocorrência de geadas em Santa Catarina. Na região, o período com maior probabilidade de ocorrência de geadas é de maio a setembro.

O acúmulo de horas de frio com temperatura abaixo de 7,2 oC está em torno de 350 horas entre os meses de maio a setembro.

4.3.1.2 Parâmetros relacionados ao potencial hídrico da região

A precipitação total anual média da região é de 1651 mm, com a seguinte distribuição: 32,0 % no verão (dez-jan-fev), 21,0 % no outono (mar-abr-mai), 20,0 % no inverno (jun-jul-ago) e 27,0 % na primavera (set-out-nov) (Tabela 9). Ocasionalmente ocorrem meses secos com prejuízos para a produção.

Para verificar quais os meses com maior frequência de ocorrência de estiagens, avaliou-se a série histórica de precipitação na região, comparando a precipitação (PRE) mensal com a evapotranspiração potencial (ETP) média mensal da região. Considerou-se mês seco aquele com ETP > PRE. Na Figura 5 são apresentadas as frequências mensais de ocorrência de estiagens na região. Ocorrem mais meses secos no trimestre nov-dez-jan, com 26 %, 32 % e 25 % respectivamente, e em abril e maio, com 22 % e 25 %.

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Figura 5 - Umidade relativa do ar (%), frequência de ocorrência de estiagens,

precipitação (mm) e evapotranspiração (mm) na região de Angelina.

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Segundo o trabalho de VEIGA et al. (1992), na região de Angelina os meses que apresentam maior índice de erosividade são janeiro, fevereiro e março. Nessa região, nos meses de setembro e outubro, grande parte do solo encontra-se descoberto, por estar sendo preparado para a semeadura das culturas anuais de verão, ou as culturas estão em fase inicial de crescimento, o que resulta em grande risco de erosão. Portanto, devem ser tomados cuidados com o manejo do solo principalmente nesta época. Entretanto, em qualquer mês podem ocorrer chuvas fortes. De maneira geral, o correto manejo da cobertura do solo é a prática mais eficiente para reduzir os riscos de erosão. Sistemas conservacionistas de cultivo como o plantio direto, preparo reduzido (com o uso de escarificador, por exemplo) e o cultivo mínimo, que mantém grande parte dos resíduos na superfície, reduzem os riscos de erosão. Outra prática que reduz a erosão é o uso de espécies vegetais para a proteção do solo quando não são plantadas culturas comerciais (VEIGA et al., 1992).

A média anual da umidade relativa da microbacia é de 83,0 %. Os maiores valores ocorrem a noite, quando se aproxima de 100 % e os menores em torno das 14:00 horas (Figura 2).

4.3.1.3 Relações Terra-sol

Radiação solar é a energia recebida pela Terra, na forma de ondas eletromagnéticas, provenientes do sol. Radiação solar global (RSG) é o conjunto da radiação solar direta mais a difusa que atinge uma superfície. A RSG é dependente da insolação ocorrente em um determinado período.

Entretanto, superfícies com orientações e inclinações diferentes recebem quantidades diferentes de RSG em comparação com uma superfície horizontal, em uma mesma localidade e época do ano. A importância deste fato é que a produção de matéria vegetal é condicionada pela disponibilidade de energia solar. Na Figura 6 é apresentada a relação entre a energia em uma superfície horizontal com aquela incidente em encostas norte e sul com inclinação de 18 %.

Assim, para o aproveitamento máximo da radiação solar é importante a orientação e inclinação da superf'ície coletora, como por exemplo, para a orientação de telhados. Assim, em junho e julho uma inclinação norte de aproximadamente 60o

permitiria o máximo aproveitamento de energia solar, enquanto que em novembro, dezembro, janeiro e fevereiro as superfícies horizontais ( 0o ) receberiam mais energia.

Superfícies com orientaçã

superfícies norte recebem porcentualmente mais RSG nos meses de inverno. Por outro lado, superfícies sul recebem menos RSG, sendo o efeito diretamente proporcional ao aumento da inclinação da superfície e mais pronunciado no inverno (TUBELIS & NASCIMENTO, 1984).

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Figura 6 - Radiação solar (%) e insolação (horas) incidentes na região de Angelina.

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Superfícies que possuem orientações leste ou oeste terão menores durações diárias da insolação, devido a um adiantamento do momento do por do sol para terrenos leste e atraso do nascer do sol para terrenos oeste. A RSG será a mesma para ambas as orientações na mesma inclinação. Nas superfícies de orientação leste e oeste, inclinações menores que 20o não influenciam muito o total de RSG ao longo de todo o ano. No verão os efeitos são pouco pronunciados, mas no inverno as inclinações superiores a 20o afetam sensivelmente o recebimento de energia solar.

4.3.2 Características Físicas da Microbacia Rio Pequeno

Utiliza-se neste ítem alguns parâmetros que possibilitam a verificação do comportamento hidrológico da microbacia e indicações do potencial erosivo das suas encostas. Além da dinâmica da área, são estudadas ainda, a forma, o tamanho e os indicatívos sobre as unidades de solos possíveis de serem encontrados na microbacia (Tabela 10 ).

Tabela 10 - Característica Física da Microbacia Rio Pequeno ATRIBUTOS MEDIDAS

Área de drenagem (A) 20,75 km²

Perímetro da bacia 28,10 km

Comprimento ret. do rio principal 9,90 km

Comprimento Axial (Lh) 10,20 Km

Comprimento total dos rios 99,70 Km

Comprimento do rio principal (L) 13,40 Km

Comprimento do Talvegue (LW) 11,00 Km

Coeficiente de compacidade (Kc) 1,73

Fator de forma (Kf) 0, 20

Densidade de drenagem (d) 4,80 km/ km²

Sinuosidade do canal principal (Is) 26,12 %

Extensão média do escoamento superficial 0, 052 Km

Ordem da microbacia 5º

Tempo de concentração (Tc) 2, 99 h

Altitude máxima 918 m

Altitude média 679,96 m

Altitude mínima 470 m

Declividade média da bacia 25,50

4.3.2.1 Inferências sobre o Comportamento hidrológico da Microbacia Rio Pequeno

Faremos um estudo comparativo da microbacia para verificarmos seu comportamento hidrológico em relação a outras localizadas na mesma unidade geomorfológica. A Microbacia Rio Pequeno possui uma área de 20,75 Km² equivalentes a 2074,98 hectares. Apresenta forma de um

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retângulo (ver Figura 6) parâmetro que somado ao fator de forma (Kf) e ao coeficiente de compacidade (Kc), indicam que esta microbacia é pouco sujeita à enchentes.

A Microbacia Rio Pequeno apresenta uma drenagem sub-paralela com o rio principal reto de 5ª ordem indicando com isto, uma boa ramificação, entretanto, este dado não retrata fielmente o real número de drenagens existentes, uma vez que a pequena extensão dos canais dificulta a observação de um maior número de ramificação.

Figura 7 - Forma e Ordem da Microbacia Rio Pequeno

A densidade de drenagem da microbacia é boa considerando-se a quantidade de rios por Km². Para reforçar este parâmetro a distância média de escoamento superficial de 52 metros, indica que a distância percorrida pelas águas pluviais é muito pequena, sinalizando que a potencialidade de erosão neste caso é pouca.

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A Microbacia Rio Pequeno apresenta uma declividade média de 25,50 % conforme a Tabela 11. Grande parte da área apresenta um relevo forte ondulado e ondulado, diminuindo a declividade, entretanto, a partir das encostas erosionais e coluviais até encontrar-se com os vales.

Tabela 11 - Declividade Média da Microbacia Rio Pequeno cotas área entre área relativa afastamento declividade col. 2 x 5

(m) curvas(ha) (%) médio PH(m) (%)

918 - 860 96,87 4,67 358,78 16,17 1566,00

860 - 800 195,31 9,41 236,74 25,34 4950,00

800 - 740 259,37 12,50 215,24 27,88 7230,00

740 - 680 440,63 21,24 238,18 25,19 11100,00

680 - 620 501,56 24,17 237,14 25,30 12690,00

620 - 560 320,31 15,44 207,99 28,85 9240,00

560 - 500 190,62 9,19 214,18 28,01 5340,00

500 - 470 70,31 3,39 265,32 11,31 795,00

TOTAL 2074,98 100,00 52911,00

A grande declividade que a microbacia apresenta é mais por influência das encostas erosionais e da dissecação provocada pelas drenagens. A curva hipsométrica (ver Figura 7), mostra as porcentagens de áreas e a sua distribuição no perfil da microbacia, permitindo algumas conclusões sobre o comportamento das suas sub-paisagens.

Figura 8 - Curva Hipsométrica da Microbacia Rio Pequeno

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As tabela 12 mostra os parâmetros utilizados para o cálculo da curva hipsométrica da Microbacia em estudo, onde pode-se observar as altitudes mínima, média e máxima, além das áreas acumuladas entre determinadas cotas.

Tabela 12 - Cálculos da Curva Hipsométrica da Microbacia Rio Pequeno cotas pto.médio área área acum. área rel. coluna

918 - 860 889,00 96,87 96,87 4,67 86117,43

860 - 800 830,00 195,31 292,18 14,08 162107,30

800 - 740 770,00 259,37 551,55 26,58 199714,90

740 - 680 710,00 440,63 992,18 47,82 312847,30

680 - 620 650,00 501,56 1493,74 71,99 326014,00

620 - 560 590,00 320,31 1814,05 87,42 188982,90

560 - 500 530,00 190,62 2004,67 96,61 101028,60

500 - 470 485,00 70,31 2074,98 100,00 34100,35

TOTAL 2074,98 1410912,78

4.3.3 Aptidão agroclimática

A análise climática onde se insere a microbacia Rio Pequeno, no município de Angelina, permite a recomendação para plantio das espécies abaixo, devendo a definição de cultivares atender às características de adaptabilidade à região, exigências de mercado, sazonalidade, disponibilidade de semente, etc.

- Batata-consumo - Cebola - Feijão - Milho - Uva - Olerícolas diversas - Espécies florestais Eucalyptus citriodora Eucalyptus dunnii Eucalyptus grandis Eucalyptus saligna Eucalyptus maculata Pinus elliottii var elliottii Espécies exóticas recomendadas para reflorestamento: Acacia longifolia (acácia-trinervis) Acacia mearnsii (acácia-negra)

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Casuarina equisetifolia (casuarina) Grevilea robusta (grevilea) Taxodium distichum (pinheiro-do-brejo) Espécies nativas recomendadas para reflorestamento: Araucaria angustifolia (pinheiro-do-Paraná) Ilex paraguariensis (erva-mate)

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5 CARACTERIZAÇÃO DAS TERRAS

As terras pertencentes à Microbacia Rio PequenoII foram caracterizadas de acordo com sua fisiografia, aptidão de uso, uso e conflitos de uso das terras, bem como, através dos solos dominantes ocorrentes na área.

A Fisiografia estuda os fenômenos que determinam a aparência e as características de uma paisagem, levando em conta os aspectos físicos da terra (Tabela nº 12). Pode ser entendida como sendo a geografia de solos, porque enfoca os estudos das características externas de uma paisagem e as influências que elas exercem sobre as características pedológicas (Botero, 1987).

Para uma análise fisiográfica aplicada ao estudo de solos, delimita-se, classifica-se e correlaciona-se as diferentes formas de relevo, de acordo com as características geomorfológicas, geológicas e de uso da terra, podendo-se a partir dessas variáveis, aprofundar o estudo da aptidão de uso das terras.

Tabela 13 - Relação entre as categorias de análise fisiográfica e os fatores de formação dos solos.

CATEGORIA DE ANÁLISES FISIOGRÁFICAS - FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS

REGIÃO CLIMÁTICA Clima - Organismos

GRANDE PAISAGEM Processos geomorfológicos que determinam relevo e material de origem

PAISAGEM Material de origem, tempo e formas de relevo

SUBPAISAGEM Grau e forma das pendentes; erosão e condições de drenagem

ELEMENTO DA PAISAGEM Influência humana

5.1 Província climática e vegetação original

As mudanças de clima produzem as primeiras divisões importantes para a análise fisiográfica. Considera-se que a influência do clima é muito importante não somente sobre o solo, mas também sobre os demais fatores formadores dos solos.

A região climática onde está inserida a microbacia Rio Pequeno, de acordo com a classificação de Koeppen pertence ao clima subtropical úmido (Cfa ), onde os meses mais frios (junho e julho ) apresentam temperaturas médias em torno de 15 graus centígrados e sem deficiências hídricas.

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As chuvas são regulares e bem distribuidas sem estação seca definida e com precipitações totais anuais acima de 1500mm.

A cobertura vegetal original da região foi, na sua maior parte, decaracterizada pela ação antrópica, que desde a colonização vinha sendo feita, principalmente, através de exploração descontrolada das florestas para a extração de madeiras, bem como pela implantação de culturas anuais, além da formação de pastagens “naturalizadas” para a criação extensiva do gado bovino.

Na área em questão, outrora florestal, apesar dos desmatamentos e retirada de espécies de valor econômico, em função do relevo acidentado e leis de proteção da Mata Atlântica, ainda ocorrem áreas representativas da vegetação original. Toda atenção, porém, deve estar voltada para a preservação da mata remanescente, uma vez que, o desmatamento em áreas de fortes declividades poderá trazer prejuizos irrevercíveis, principalmente se levar-se em conta a grande instabilidade dos solos presentes na região.

De acordo com ATLAS de Santa Catarina, 1986, a vegetação original da área era representada pela Floresta Ombrófila Densa. Esta floresta está situada na parte leste do Estado de Santa Catarina, entre o planalto e o oceano, constituida na sua maior parte, por árvores perenefoliadas de 20 a 30m de altura, com brotos foliares sem proteção à seca. Sua área é formada por planícies litorâneas e, principalmente por encostas íngremes da Serra do Mar e da Serra Geral formando vales profundos e estreitos.

O bioclima é caracterizado por precipitações abundantes e regularmente distribuidas durante o ano, tendo, não obstante, um período mais intenso no verão. A umidade relativa é muito elevada (84 a 86%) nas proximidades da costa diminuindo em sentido oeste.

As condições ambientais desta região favorecem o desenvolvimento de uma multiplicidade de subformas de vida com grande força vegetativa e alto volume de biomassa.

Pode-se distinguir 4 estratos: da árvores, das arvoretas, dos arbustos e das ervas.

O estrato arbóreo superior é bastante denso, formado por árvores de 20 a 30m de altura, com copas largas, esgalhamento grosso e folhagem verde escura perenefoliada.

Coma espécies mais importantes ocorrem comumente: a canela-preta (Ocotea catharinensis), que é a mais frequente, constituindo de 40 a 50% da biomassa total; a canela sassafrás (Ocotea pretiosa), abundante nas altitudes de 500 a 900m, e que forma, por vezes, gregarismos muito expressivos; a peroba-vermelha (Aspidosperma olivaceum); a canela-fogo (Cryptocarya aschersoniana) e o óleo ou pau-óleo (Copaifera trapezifolia) destacam-se entre as madeiras de lei.

O estrato médio é constituido, geralmente, por um número relativamente pequeno de árvores medianas, dentre as quais se destaca o palmiteiro (Euterpe edulis) que domina praticamente em toda região.

No estrato arbustivo predomina um pequeno número de espécies pertencentes principalmente às Rubiáceas, Palmáceas e Monimiáceas que formam, por vezes, densos gregarismos.

O estrato herbáceo, é constituido principalmente por Heliconiáceas, Marantáceas, Pteridófitas e Gramíneas.

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Atualmente, grande parte da Floresta Ombrófila Densa encontra-se intensamente explorada para a retirada das madeiras de lei ou completamente devastada para ceder lugar à agricultura ou às pastagens “naturalizadas”. Em virtude de, em grande parte, se encontrar em terrenos bastante dissecados e de dificil acesso, existem ainda áreas consideráveis com floresta original que deveriam ser preservadas a todo custo.

5.2 Grande Paisagem (Geomorfologia)

5.2.1 Unidade Geomorfológica Serras do Tabuleiro/Itajaí

Estendendo-se na direção N-S desde as proximidades de Joinville até Treze de Maio, esta unidade tem uma área de 13.143 Km quadrados que correspondem a 13,69% da área total do estado de Santa Catarina.

Segundo GAPLAN-Atlas de Santa Catarina, 1986, a caracterização da unidade é feita pela sequência de serras dispostas de forma subparalela. A orientação predominante dessas serras é no sentido NE-SW e, altimetricamente apresentam-se gradativamente mais baixas em direção ao litoral, atingindo próximo a linha da costa altitudes inferiores a 100m, onde terminam através de pontas, penínsulas e ilhas.

Uma característica geral do relevo da unidade é dada pela intensa dissecação, que se acha, em grande parte, controlada estruturalmente, resultando em um modelado de dissecação diferencial. Os vales são profundos com encostas íngremes e sulcadas, separadas por cristas bem marcadas na paisagem.

A geomorfologia da unidade, caracterizada por encostas íngremes e vales profundos, favorece a atuação dos processos erosivos, principalmente nas encostas desmatadas, podendo inclusive ocorrer movimentos de massa, uma vez que o manto de material fino resultante da decomposição da rocha é espesso, podendo atingir até 20m. Em muitas vertentes da área abrangida por esta unidade há anfiteatros de erosão ocasionados por movimentos de massa, na maioria das vezes subatuais, o que é comprovado pela cobertura de gramíneas e arbustos.

Nas áreas ocupadas pela pecuária, as marcas do pisoteio deixam marcas nas encostas, podendo desencadear processos erosivos formadores de sulcos, que por sua vez tendem a evoluir para ravinas e voçorocas.

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5.3 Paisagem (Geologia)

5.3.1 Formação Geológica Suite Intrusiva Pedras Grandes

A unidade litoestatigráfica Suite Intrusiva Pedras Grandes é composta por granitóides não deformados com domínios subalcalinos e per-alcalinos, em geral biotíticos. Apresenta variedades rapakivíticas e alterações tardi-magmáticas (Textos Básicos de Geologia e Recursos Naturais de Santa Catarina, 1987).

Esta Paisagem foi subdividida em 5 Subpaisagem: Cumes Erosionais agudos; Encostas Erosionais; Encostas Erosional-Coluviais; Fundo de Vales Coluvial-Aluviais e Fundo de Vales Erosionais.

5.3.1.1 Cumes Erosionais agudos com larguras de 25 a 75m - (C2)

Representam as áreas de maiores altitudes e se localizam nas bordas externas da microbacia separando as drenagens constituidas pelo rio Pequeno e seus afluentes.

Possuem forma aguda, apresentando instabilidade de relevo traduzido pela presença de solos rasos.

São cumes de base estreita, larguras variáveis (25-75m), não apresentando contribuição coluvial, uma vez que não se encontram áreas suprajacentes com maiores altitudes. Dessa forma, os processos erosivos (perdas) são dominantes com consequente eriquecimento das partes menos declivosas nos limites da própria subpaisagem.

Os solos dominantes são representados por Cambissolos (item 6.2). De acordo com UBERTI et al, 1991, por se tratarem de cabeceiras de drenagem essas terras foram enquadradas em classe 5 (preservação permanente).

Face a dificuldade de acesso e ausência de estradas essas áreas não possuem uso agrópecuário, tendo a mata nativa como cobertura permanente.

As recomendações de uso se referem, principalmente, à preservação permanente dessas áreas.

Nesta subpaisagem não foram coletados perfis de solos, em função da dificuldade de acesso e baixo valor econômico.

5.3.1.2 Encostas Erosionais com larguras de 50 a 375m - (E2)

Localizam-se, preferencialmente, logo após os Cumes e em contato direto com os Fundos de Vale, se constituindo nas áreas de maiores declividades da microbacia.

São áreas tipicamente erosionais (perda de material ), apresentando rampas curtas, médias e íngremes com declividades entre 50 e 75 %, em relevo montanhoso.

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Visualmente podem ser observados nesta subpaisagem, afloramentos de rocha, cicatrizes de desbarrancamentos nas áreas desmatadas o que tem ocasionado movimentos de massa em função do mau uso dado ao solo.

As fortes declividades conferem à subpaisagem muito forte sucetibilidade à erosão o que, pràticamente, inviabilizam essas áreas para uso com culturas anuais.

Os solos são representados por Cambissolos e inclusões de Solos Litólicos distróficos e eutróficos (itens 6.2 e 6.4, respectivamente). Ambos são solos minerais, com sequência de horizontes A, Bi, C e A, R, respectivamente.

A ação dos processos erosivos e a proximidade da rocha matriz à superfície condicionaram a pouca profundidade na maioria dos solos e presença de rochosidade (Boulders).

O uso intensivo dos solos em parte dessas áreas, sem a adoção de práticas conservacionistas, propiciaram a perda por erosão de parte do horizonte A e decrécimo dos teores de matéria orgânica nesse horizonte. Em condições naturais, os teores de matéria orgânica nos horizontes superficiais são altos.

Face às fortes limitações como a declividade, profundidade e sucetibilidade à erosão, essas terras foram enquadradas em classe 4d (classe 4 por declividade), portanto, imprópias para uso com culturas anuais, aptidão com restrições para fruticultura e aptidão regular para pastagem e reflorestamento, (UBERTI et al, 1991).

O uso atual dessas terras se restringe basicamente a pastagens e capoeirões, porém, algumas pequenas áreas em classe 4 se encontram sob cultivo de culturas anuais. Essas pequenas áreas se encontram em conflito de uso. O bom senso indica para a preservação permanente de toda a subpaisagem e florestamento das áreas ocupadas com culturas anuais como forma de minimizar os problemas oriundos com o mau uso do solo. As perdas de solo por erosão podem se tornar irreversíveis caso essas áreas sejam utilizadas com uso intensivo.

O manejo adequado do solo e adoção de práticas conservacionistas devem ser adotados como forma de minimizar os efeitos da erosão nos locais utilizados com culturas anuais. Recomenda-se a substituição das áreas ocupadas com culturas anuais por uso menos intensivo, dando ênfase ao florestamento e reflorestamento.

Nesta subpaisagem foram coletados 2 perfis representativos da área, conforme descritos a seguir:

PONTO Nº: 5 Classificação: Cambissolo Distrófico Epieutrófico Tb A Moderado textura

média/argilosa Subpaisagem: Encosta Erosional - E1 Altitude: ---- Material de Origem: granito Relevo Dominante: montanhoso Declividade: 55% Profundidade Efetiva: pouco profundo Sucetibilidade à Erosão: muito forte Pedregosidade: moderadamente pedregoso Grau de Limitação por Fertilidade: alto Drenagem: bem drenado Uso Atual: campo

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

HORIZ. ESPESSURA COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSIST.

A 0--13 10YR 4/4 mod. méd. granular e mod. peq. bl. subangulares

ausente friável

Bi1 13-48 10YR 4/6 mod. peq. méd. bl. subangulares ausente friável

Bi2 48-80 10YR 4/6 mod. peq. méd. bl. subangulares fraca e pouca friável

Bi3 80-100 10YR 4/6 mod. peq. méd. bl. subangulares fraca e pouca friável

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ANÁLISES FÍSICAS

HORIZONTE ARGILA (%) SILTE (%) AREIA FINA (%) AREIA GROSSA (%) SILTE / ARGILA (%) GRADIENTE TEXTURAL

A 30,90 28,00 19,80 21,30 0,91

1,2 Bi1 35,00 26,20 19,30 19,50 0,75

Bi2 40,60 24,80 20,60 14,00 0,61

Bi3 39,20 28,10 19,00 13,80 0,72 ANÁLISES QUÍMICAS

pH água IND SMP

(ppm) (%) (me/100g) T

P K M.O. C V Sat. Alum Al. Ca + Mg H + Al S

5,10 5,50 2 51 2,70 1,55 35,31 22,88 1,70 5,60 10,50 5,73 16,23

5,10 5,80 1 14 1,50 0,86 52,65 28,16 1,70 4,30 3,90 4,34 8,24

5,20 5,70 1 13 1,10 0,63 43,69 25,26 1,60 4,70 6,10 4,73 10,83

5,20 5,70 1 18 0,70 0,40 43,76 28,59 1,90 4,70 6,10 4,75 10,85

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: 5 INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 5.5 (t/ha ) 3.8 xxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 3

Fósforo limitante limitante

Potássio baixo limitante

Matéria orgânica médio baixo

Ca + Mg alto médio

Soma de bases (S ) médio médio

CTC alto alto

V % baixo baixo

Saturação com Alumínio baixo baixo

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxx baixa

Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

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PONTO Nº: 8 Classificação: Cambissolo Eutrófico Tb A Moderado textura média/argilosa Subpaisagem: Encosta Erosional Altitude: 670m Material de Origem: granito Relevo Dominante: montanhoso Declividade: 68% Profundidade Efetiva: pouco profundo Sucetibilidade à Erosão: muito forte Pedregosidade: moderadamente pedregoso Grau de Limitação por Fertilidade: alta Drenagem: bem drenado Uso Atual: capoeira

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

HORIZ. ESPESSURA COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSIST.

A 0-18 10YR 3/3 mod. peq. med. granular e mod.peq. bl. subangulares

ausente muito friável

BA 18-44 10YR 4/3,5 mod. peq. med.bl. subangulares e mod. peq. med. granular

ausente friável

Bi 44-100 7,5YR 4,5/6 mod. peq. med.bl. subangulares ausente friável

BC 100-130 5YR 5/7 mod. peq. med.bl. subangulares ausente friável ANÁLISES FÍSICAS

HORIZONTE ARGILA (%) SILTE (%) AREIA FINA (%) AREIA GROSSA (%) SILTE / ARGILA (%) GRADIENTE TEXTURAL

A 39,10 21,90 21,70 17,30 0,56

1,1 BA 39,50 25,00 21,10 14,40 0,63

Bi 45,20 22,20 23,30 9,30 0,49

BC 37,40 23,50 28,40 10,70 0,63 ANÁLISES QUÍMICAS

pH água IND SMP

(ppm) (%) (me/100g) T

P K M.O. C V Sat. Alum Al. Ca + Mg H + Al S

4,80 4,90 4 4 4,10 1,00 67,16 21,93 2,70 9,60 4,70 9,61 14,31

4,90 5,00 2 3 2,90 2,70 70,99 22,79 2,60 8,80 3,60 8,81 12,41

4,80 5,50 1 1 1,20 2,60 60,88 27,26 2,10 5,60 3,60 5,60 9,20

4,90 5,60 1 1 0,70 2,10 28,60 63,60 2,10 1,20 3,00 1,20 4,20

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: 8

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 5.5 (t/ha) 7.7 xxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 2

Fósforo muito baixo limitante

Potássio limitante limitante

Matéria orgânica médio baixo

Ca + Mg alto alto

Soma de bases (S ) alto médio

CTC alto médio

V % alto alto

Saturação com Alumínio baixo baixo

Atividade da argila xxxxxxxxxxxx baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

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5.3.1.3 Encostas Erosionais Coluviais irregulares com larguras de 75 a 800m -(E1)

Os processos erosivos (perdas ) e coluviais (acúmulo ) que se processaram na área é que determinaram a feição atual desta subpaisagem e o comportamento do ponto de vista fisiográfico e de desenvolvimento dos solos.

Localizam-se logo abaixo das Encostas Erosionais, representando a maior porção em termos de área da microbacia.

Sua forma é bastante peculiar e ordenada face às intensas modificacões ocorridas no decorrer da formação do relevo atual. As diferentes declividades, a alternância de áreas erosionais e coluviais associadas aos comprimentos de rampa variáveis, determinaram a forma e o comportamento desta subpaisagem.

Uma sucessão de formas convexas-côncavas denota claramente o comportamento erosional-coluvial característico dessas áreas e que propiciaram a formação de pequenos patamares localiizados nos terços médios das encostas e áreas deposicionais em contato direto com o Fundo dos Vales.

Esses patamares foram enriquecidos por material importado das áreas suprajacentes, por força da erosão hídrica, principalmente, propiciando a formação de um manto de material espêsso, e por conseguinte, solos mais profundos e com maiores possibilidades de utilização do ponto de vista agrícola. As declividades são variáveis (25 a 50% ) e as rampas variam de médias a longas.

Convém salientar que o sentido das pendentes não é uniforme, variando de área para área, em função da declividade, estruturação da rocha matriz e sentido das drenagens.

Este é um aspecto importante a ser considerado quando do planejamento das propriedades, tendo-se cuidados especiais quanto às recomendações de uso e práticas conservacionistas a serem adotadas, uma vez que o comportamento dessas áreas são distintos entre si.

Nas áreas erosionais, os solos dominantes são representados por Cambissolos (item 6.2).) Nessas áreas, face à remoção constante de material por força da erosão, esses solos se apresentam mais rasos, podendo ocorrer pedregosidade superficial em alguns locais onde as perdas de solos foram maiores, principalmente nas áreas de uso intensivo com culturas anuais uma vez que, o uso intensivo sem a adoção de práticas agrícolas adequadas propiciou perdas de solo por erosão.

A maior estabilidade do relevo presente nas áreas coluviais, ocupadas pelos patamares naturais, possibilitou a deposição de material coluvial oriundo das áreas erosionais, dando formação a perfis de solos mais desenvolvidos (Podzólicos Vermelho-Amarelos) e, consequentemente, mais profundos que nas áreas erosionais. São áreas mecanizáveis e de potencial para uso agrícola. As declividades são mais amenas (15 a 20%)

Do ponto de vista químico, os solos são distróficos apresentando baixa saturação com alumínio.

A aptidão de uso nesta subpaisagem é variável, tendo o relevo e a sucetibilidade à erosão como fatores de maiores limitações.

De acordo com UBERTI et al, 1991, esta subpaisagem se enquadra em duas aptidões de uso, de acordo com a posição que ocupam no relevo:

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Nas áreas erosionais com declividades entre 20 e 45% as terras foram enquadradas em classe 3de (classe 3 por declividade e sucetibilidade à erosão), portanto, com restrições para uso com culturas anuais. São terras que apresentam alto risco de degradação, necessitando intensas e complexas medidas de manejo e conservação do solo para uso intensivo.

Nas áreas coluviais (patamares) em função das menores declividades, porém com riscos de degradação em função da presença de solos com horizonte B textural as terras foram enquadradas em classe 2de (classe 2 por declividade e sucetibilidade à erosão), portanto, com regular para uso com culturas anuais.

Os usos preferenciais observados nessa subpaisagem foram com culturas anuais, olericultura, pastagem e capoeirões.

As áreas com culturas anuais em declividades acima de 45% se encontram em conflitos de uso nessa.

A remoção parcial do horizonte A observada a campo evidencia mau uso do solo e perdas por erosão. A reposição da matéria orgânica deve se constituir em prática imprescindivel, por meio da incorporação de esterco animal e restos vegetais. É necessário a escolha correta da cobertura vegetal à ser utilizada nas áreas ocupadas com pastagens dando prioridade aquelas que produzam palhada abundante. Não se recomenda a construção de patamares nessas áreas, em função da presença de solos com horizonte B textural.

Nesta subpaisagem foram coletados 4 perfís, conforme descritos a seguir:

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PONTO Nº: 1 Classificação: Podzólico Vermelho-Amarelo Distrófico Tb A Moderado

textura média/argilosa Subpaisagem: Encosta Erosional-Coluvial - (E4) Altitude: 660m Material de Origem: granito Relevo Dominante: forte ondulado Declividade: 39% Profundidade Efetiva: profundo Sucetibilidade à Erosão: forte Pedregosidade: moderadamente pedregoso Grau de Limitação por Fertilidade: alto Drenagem: bem drenado Uso Atual: campo

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

HORIZ. ESPESSURA COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSIST.

A 0--17 10YR 4/3,5 mod. med. granular e mod. peq. bl. subangulares

ausente friável

BA 17--40 10YR 4/4 mod. peq. med.bl. subangulares e mod. med. granular

ausente friável

Bt1 40--73 10YR 5/6 mod. grande bl. subangulares moderada e pouca

friável

Bt2 73--114 10YR5,5/8 mod. grande bl. subangulares moderada e comum

friável

Bt3 114+ 10YR 6/7 mod. grande bl. subangulares moderada e pouca

friável

ANÁLISES FÍSICAS

HORIZONTE ARGILA (%) SILTE (%) AREIA FINA (%) AREIA GROSSA (%) SILTE / ARGILA (%) GRADIENTE TEXTURAL

A 34,10 24,50 23,40 18,00 0,72

1,5

BA 39,60 23,00 25,40 12,00 0,58

Bt1 55,40 15,10 19,10 10,50 0,27

Bt2 51,90 13,40 19,90 14,80 0,26

Bt3 56,30 16,30 18,90 8,50 0,29 ANÁLISES QUÍMICAS

pH água IND SMP

(ppm) (%) (me/100g) T

P K M.O. C V Sat. Alum Al. Ca + Mg H + Al S

4,60 4,90 2 31 2,80 1,61 10,11 72,17 2,80 1,00 9,60 1,08 10,68

4,70 5,20 1 16 1,70 0,98 6,90 81,60 2,40 0,50 7,30 0,54 7,84

4,90 5,60 1 11 1,10 0,63 45,67 30,96 2,30 5,10 6,10 5,13 11,23

5,20 6,00 1 5 0,60 0,34 41,47 34,47 1,90 3,60 5,10 3,61 8,71

5,30 5,80 1 5 0,80 0,46 43,51 27,06 1,60 4,30 5,60 4,31 9,91

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: 1

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 5.5 (t/ha ) 7.7 Xxxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 2

Fósforo limitante Limitante

Potássio muito baixo Limitante

Matéria orgânica médio Baixo

Ca + Mg baixo Médio

Soma de bases (S ) baixo Baixo

CTC alto Médio

V % baixo Baixo

Saturação com Alumínio alto Baixo

Atividade da argila Xxxxxxxxxxxxxxx Baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

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PONTO Nº: 2 Classificação: Podzólico Vermelho-Amarelo Distrófico Tb A Moderado

textura média/argilosa Subpaisagem: Encosta Erosiona-Coluvial Altitude: 600m Material de Origem: granito Relevo Dominante: forte ondulado Declividade: 38% Profundidade Efetiva: profundo Sucetibilidade à Erosão: forte Pedregosidade: moderadamente pedregoso Grau de Limitação por Fertilidade: médio Drenagem: bem drenado Uso Atual: capoeira

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

HORIZ. ESPESSURA COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSIST.

A 0-18 10YR4/2 mod. peq. med.granular e mod.peq. bl. subangulares

ausente friável

Bt1 18-43 10YR5/5 mod. med. bl. subangulares e mod. med. granular

fraca e pouca friável

Bt2 43-94 10YR5/6 mod. med. bl. subangulares e mod. med. granular

moderada e comum

friável

Bt3 94-120 10YR 5/8 mod. grande bl. subangulares e laminar

moderada e pouca

friável

ANÁLISES FÍSICAS

HORIZONTE ARGILA (%) SILTE (%) AREIA FINA (%) AREIA GROSSA (%) SILTE / ARGILA (%) GRADIENTE TEXTURAL

A 29,30 26,50 26,10 18,10 0,90

1,5 Bt1 36,90 22,50 22,50 18,10 0,61

Bt2 47,50 19,60 20,60 12,30 0,41

Bt3 46,50 21,40 19,60 12,50 0,46 ANÁLISES QUÍMICAS

pH água IND SMP

(ppm) (%) (me/100g) T

P K M.O. C V Sat. Alum Al. Ca + Mg H + Al S

5,80 6,50 2 20 2,30 1,32 29,57 0,00 0,00 2,30 5,60 2,35 7,95

5,30 6,00 2 11 1,20 0,69 37,30 19,88 0,90 3,60 6,10 3,63 9,73

5,10 5,10 1 4 1,00 0,57 47,91 25,30 1,90 5,60 6,10 5,61 11,71

5,30 5,30 2 4 0,70 0,40 54,51 22,96 2,00 6,70 5,60 6,71 12,31

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: 2

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 5.5 (t/ha ) --- xxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 2

Fósforo limitante limitante

Potássio muito baixo limitante

Matéria orgânica baixo baixo

Ca + Mg baixo alto

Soma de bases (S ) baixo médio

CTC médio alto

V % baixo baixo

Saturação com Alumínio baixo baixo

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxxx baixa

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

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PONTO Nº: 3 Classificação: Podzólico Vermelho-Amarelo Distrófico Ta A Moderado

textura média/argilosa Subpaisagem: Encosta Erosiona-Coluvial - (E4) Altitude: 580m Material de Origem: granito Relevo Dominante: montanhoso Declividade: 50% Profundidade Efetiva: profundo Sucetibilidade à Erosão: muito forte Pedregosidade: não pedregoso Grau de Limitação por Fertilidade: mádio Drenagem: bem drenado Uso Atual: cultura anual

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

HORIZ. ESPESSURA COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSIST.

A 0-15 10YR 3/3 mod. peq. med. granular e mod. peq. med. bl. subangulares

ausente friável

BA 15-45 10YR 4/6 mod. med. grande bl. subangulares fraca e pouca friável

Bt1 45-80 8YR 5/7 mod. med. grande bl. subangulares moderada e pouca

friável

Bt2 80-120 8YR 5/8 mod. med. grande bl. subangulares moderada e comum

friável

Bt3 120-170 8YR 5/8 mod. med. grande bl. subangulares moderada e pouca

friável

ANÁLISES FÍSICAS

HORIZONTE ARGILA (%) SILTE (%) AREIA FINA (%) AREIA GROSSA (%) SILTE / ARGILA (%) GRADIENTE TEXTURAL

A 34,20 24,90 21,90 19,10 0,73

1,4 BA 38,50 24,90 21,30 15,30 0,65

Bt1 48,50 20,80 17,70 13,00 0,43

Bt2 54,30 16,00 18,40 11,40 0,29 ANÁLISES QUÍMICAS

pH água IND SMP

(ppm) (%) (me/100g) T

P K M.O. C V Sat. Alum Al. Ca + Mg H + Al S

4,70 5,20 2 27 2,40 1,38 59,10 25,33 2,50 7,30 5,10 7,37 12,47

4,70 5,20 2 22 1,30 0,75 61,02 28,28 2,90 7,30 4,70 7,36 12,06

4,80 5,30 1 31 1,20 0,69 59,06 29,23 2,80 6,70 4,70 6,78 11,48

4,90 5,50 1 18 0,70 0,40 37,03 29,83 2,40 5,60 9,60 5,65 15,25

5,00 5,10 1 22 0,70 0,40 43,42 23,68 2,50 8,00 10,50 8,06 18,56

Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: 3

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 5.5 (t/ha ) 5.5 xxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 2

Fósforo limitante limitante

Potássio muito baixo limitante

Matéria orgânica baixo baixo

Ca + Mg alto alto

Soma de bases (S ) alto alto

CTC alto alto

V % alto baixo

Saturação com Alumínio baixo baixo

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxx alta

* Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA, 1994 ).

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PONTO Nº: 4 Classificação: Cambissolo Distrófico Tb A Moderado textura argilosa Subpaisagem: Encosta Erosional-Coluvial - (E4) Altitude: 600m Material de Origem: granito Relevo Dominante: forte ondulado Declividade: 30% Profundidade Efetiva: pouco profundo Sucetibilidade à Erosão: forte Pedregosidade: pedregoso Grau de Limitação por Fertilidade: baixo Drenagem: bem drenado Uso Atual: cultra anual + capoeira

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

HORIZ. ESPESSURA COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSIST.

A 0--36 10YR 3/3 mod. peq. med. granular e mod. peq. bl. subangulares

ausente friável

Bi1 36--60 10YR 4/5 mod. med. grande bl. subangulares

fraca e pouca friável

Bi2 60--87 10YR 4/4 mod. med. grande bl. subangulares

fraca e pouca friável

ANÁLISES FÍSICAS

HORIZONTE ARGILA (%) SILTE (%) AREIA FINA (%) AREIA GROSSA (%) SILTE / ARGILA (%) GRADIENTE TEXTURAL

A 35.50 26.60 18.20 19.70 0.75

1.3 Bi1 41.50 24.10 20.50 13.90 0.58

Bi2 50.80 26.50 18.30 4.40 0.52 ANÁLISES QUÍMICAS

pH água IND SMP

(ppm) (%) (me/100g) T

P K M.O. C V Sat. Alum Al. Ca + Mg H + Al S

4.60 5.60 2 45 2.90 1.66 31.20 16.09 1.00 5.10 11.50 5.22 16.72

5.00 5.30 1 18 1.70 0.98 41.27 21.06 1.80 6.70 9.60 6.75 16.35

5.30 5.40 3 47 2.10 1.21 48.14 22.44 1.80 6.10 6.70 6.22 12.92 Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: 4

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 5.5 (t/ha )

3.3 xxxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 2

Fósforo limitante muito baixo

Potássio baixo baixo

Matéria orgânica médio médio

Ca + Mg alto alto

Soma de bases (S ) médio alto

CTC alto alto

V % baixo baixo

Saturação com Alumínio baixo baixo

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxx baixa * Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA,

1994 ).

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5.3.1.4 Fundo de Vales Coluvial - Aluviais com larguras de 50 a 200m - (FV7)

Se constituem nas áreas de menores altitudes e declividades da microbacia e se resumem aos fundos de vale planos formados em algumas áreas de influência do rio Pequeno.

O carater coluvial foi a ação predominante que definiu a subpaisagem, porém, enriquecimento aluvial secundário está presente em algumas áreas de influência do rio.

A sedimentação aluvial da água impulsionada por ação da gravidade em forma de correntes fluviais é um dos agentes de transporte e deposição. Este processo é ativo e se manifesta sempre que o rio Pequeno transborda em épocas chuvosas, depositando sedimentos em suspesão e diluidos em suas águas, enriquecendo dessa forma, a várzea.

O trabalho geomórfico das correntes consta de tres atividades estreitamente interrelacionadas: erosão, transporte e sedimentação.

Esse transporte de sedimentos é efetuado por flutuação de material vegetal, matéria orgânica decomposta e materiais de baixa densidade; em solução, representado por sais; em suspensão, através de partículas de silte, argila, areias muito finas e outros colóides.

Areias médias e grossas podem ser transportadas por rolamento no leito do rio e depositadas preferencialmente nas margens do mesmo. Tal fenômeno pôde ser comprovado quando das várias observações efetuadas durante os trabalhos de campo onde pode se constatar a ocorrência de sedimentação grosseira (cascalhos) próximo às margens do rio Pequeno. Á medida em se afasta do rio em direção ao centro da várzea a dominância é de solos constituidos de sedimentos mais finos e uniformes.

A baixa altitude determina as condições de má drenagem nas áreas mais próximas ao rio. O lençol freático se encontra muito próximo à superfície (< 60cm ) e condicionou a formação de solos hidromórficos em regime de redução quase permanente, traduzidos por Solos Glei, com indícios de gleização já a partir dos primeiros centímetros do horizonte A.

O relevo é plano (< 3% de declividade ) com ocorrência isolada de pequenas lombas.

Em função de suas características, essas terras, de acordo com Uberti et al, 1991, foram enquadradas em duas classes de aptidão, em função de suas características fisiográficas. Nas áreas coluviais utilizadas com culturas anuais, apesar da fertilidade natural dos solos da subpaisagem ser baixa, a classe dominante é 1 devido às correções e fertilizações artificiais promovidas durante o tempo de uso. Áreas de classe 2f encontram-se associadas às áreas de classe 1, principalmente nos locais onde o uso dominante é com pastagem e capoeirões.

Os solos presentes nas áreas coluviais são Cambissolos distróficos (item 6.2), argilosos e com predominância de areia fina na fraçào areia. Nas áreas aluviais, mais próximas ao rio o lençol freático se encontra mais próximo da superfície, ocasionando por vezes, impedimentos de drenagem. Os solos dominantes são Cambissolos com inclusões de Solos Glei (item 6.2 e 6.3, respectivamente), porém, com teores mais elevados de areia grossa, o que evidencia a seleção natural das partículas transportadas pelo rio, que deposita material mais grosseiro nas áreas mais próximas ao seu leito natural.

O uso atual preferencial da subpaisagem é com olericultura e pastagem, não tendo sido constatado conflito de uso na subpaisagem.

As recomendações, em função da baixa qualidade das pastagens existentes, se referem à melhoria das mesmas através da introdução de cultivares mais

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produtivos e nutritivos; melhoria das condições de drenagem, tendo-se cuidados especiais no manejo do lençol freático, evitando-se a secagem excessiva do solo.

Essas área possui potencial para uso com olericultura. A constituição de grupos formais ou informais de agricultores pode vir a concretizar um uso mais intensivo dessa área, através da aquisição de máquinas e equipamentos de uso coletivo, que possam permitir o cultivo de hortaliças a custos mais baixos.

Nessa subpaisagem foram coletados 2 perfis, conforme descritos a seguir:

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PONTO Nº: 6 Classificação: Cambissolo Distrófico Epieutrófico Tb A Moderado textura

média Subpaisagem: Fundo de Vale Coluvial-Aluvial - (FV7) Altitude: 510m Material de Origem: sedimentos de granito Relevo Dominante: plano Declividade: 3% Profundidade Efetiva: profundo Sucetibilidade à Erosão: ligeira Pedregosidade: não pedregoso Grau de Limitação por Fertilidade: médio Drenagem: bem drenado Uso Atual: campo

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

HORIZ. ESPESSURA COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSIST.

A 0--10 10YR 4,5/3 --- --- difusa

AB 10--20 10YR 4,5/3 --- --- clara

Bi1 20--50 10YR 5/6 --- --- difusa

BI2 50--90+ 10YR 5/6 --- --- ANÁLISES FÍSICAS

HORIZONTE ARGILA (%) SILTE (%) AREIA FINA (%) AREIA GROSSA (%) SILTE / ARGILA (%) GRADIENTE TEXTURAL

A 27.50 64.20 7.90 0.50 2.33

1.0 AB 25.90 64.90 8.80 0.40 2.51

Bi1 28.10 67.30 4.40 0.20 2.40

BI2 30.70 67.40 1.70 0.20 2.20 ANÁLISES QUÍMICAS

pH água IND SMP

(ppm) (%) (me/100g) T

P K M.O. C V Sat. Alum Al. Ca + Mg H + Al S

5.20 5.60 5 96 3.60 2.07 51.18 10.09 0.60 5.10 5.10 5.35 10.45

5.30 5.70 4 51 3.10 1.78 44.19 15.70 0.90 4.70 6.10 4.83 10.93

5.10 5.60 2 27 1.60 0.90 41.46 28.89 2.10 5.10 7.30 5.17 12.47

5.30 5.50 3 25 1.10 2.10 41.45 29.76 2.40 5.60 8.00 5.66 13.66 Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: 6

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 5.5 (t/ha )

3.3 xxxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 3 3

Fósforo baixo muito baixo

Potássio suficiente muito baixo

Matéria orgânica médio baixo

Ca + Mg alto alto

Soma de bases (S ) médio médio

CTC alto alto

V % alto baixo

Saturação com Alumínio baixo baixo

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxx baixa * Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA,

1994 ).

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PONTO Nº: 7 Classificação: Cambissolo Distrófico Ta A Moderado textura média/argilosa Subpaisagem: Fundo de Vale Coluvial-Aluvial - (FV7) Altitude: 510m Material de Origem: sedimentos de granito Relevo Dominante: plano Declividade: 25 Profundidade Efetiva: profundo Sucetibilidade à Erosão: nula Pedregosidade: não pedregoso Grau de Limitação por Fertilidade: baixo Drenagem: bem drenado Uso Atual: culturas anuais

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS

HORIZ. ESPESSURA COR ESTRUTURA CEROSIDADE CONSIST.

A 0--20 10YR 4/2 --- --- friável

Bi1 20--50 10YR 5/3,5

--- --- friável

Bi2 50--80 10YR 5/4 --- --- friável

Bi3 80--100+ 10YR 5/3 --- --- friável ANÁLISES FÍSICAS

HORIZONTE ARGILA (%) SILTE (%) AREIA FINA (%) AREIA GROSSA (%) SILTE / ARGILA (%) GRADIENTE TEXTURAL

A 19.20 19.00 22.20 39.60 0.99

0.8 Bi1 20.30 21.30 27.60 30.70 1.05

Bi2 14.60 13.80 26.60 45.00 0.95

Bi3 10.20 15.00 32.30 42.60 1.47 ANÁLISES QUÍMICAS

pH água IND SMP

(ppm) (%) (me/100g)

T P K M.O. C V

Sat. Alum

Al. Ca + Mg H + Al S

5.70 7.00 20 62 2.00 2.40 16.31 0.00 0.00 1.40 8.00 1.56 9.56

6.70 6.80 2 18 0.80 0.00 25.51 0.00 0.00 1.70 5.10 1.75 6.85

6.20 6.50 4 1 0.70 0.00 31.10 0.00 0.00 2.30 4.10 2.30 7.40

5.00 6.40 12 1 0.50 0.00 20.67 28.56 1.00 2.50 9.60 2.50 12.10 Interpretação Analítica do Ponto de Coleta: 7

INDICADOR HORIZONTE A HORIZONTE B

* Necessidade de calagem para se elevar o pH a 5.5 (t/ha )

--- xxxxxxxxxxxxxx

Classe textural 4 4

Fósforo suficiente muito baixo

Potássio médio limitante

Matéria orgânica baixo baixo

Ca + Mg baixo baixo

Soma de bases (S ) baixo baixo

CTC médio médio

V % baixo baixo

Saturação com Alumínio baixo baixo

Atividade da argila xxxxxxxxxxxxxxxxxx alta * Conforme a Recomendação de Adubação e Calagem para os Estados do RS e SC (SIQUEIRA,

1994 ).

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5.3.1.5 Fundos de Vale Erosional - Coluviais com larguras de 25 a 75m - (FV4)

Resumem-se aos vales encaixados constituidos pela maior parte do rio

Pequeno e seus afluentes. São fundos de vale estreitos e de pouca expressão do ponto de vista agrícola,

uma vez que, os rios que lhes deram formação são estreitos e com pouca formação de várzeas aproveitáveis.

Possuem forma irregular e larguras variáveis (25 a 75m), em função do maior ou menor poder erosivo dos rios que lhe deram formação.

Sob o ponto de vista fisiográfico comportam-se como áreas erosionais-coluviais, sòmente com pequenos indícios de contribuição aluvial nos locais onde o vale se alarga formando pequenas várzeas de influência direta dos rios.

As enchentes que ocorrem na região não são suficientes para que haja uma sedimentação aluvial expressiva, uma vez que as águas dos rios voltam rapidamente aos leitos naturais assim que cessam as chuvas. Os solos são representados por Cambissolos (item 6.2).

Por estarem inseridos em áreas de matas ciliares, essas terras foram enquadradqas em classe 5 (preservação permanente), portanto, todo e qualquer uso que se pretenda dar a essas áreas, que não seja o da preservação permanente, se incluem em conflito de uso.

A principal recomendação para essas áreas, devido principalmente, as suas características fisiográficas tais como: pendentes curtas, pequenas larguras, pedregosidade e, em se tratando de áreas de matas ciliares, é a preservacão permanente e florestamento das áreas desmatadas como forma de preservação e melhoria da qualidade da água .

Nesta subpaisagem não foram coletados perfis de solos.

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6 SOLOS DOMINANTES

6.1 Podzólico Vermelho-Amarelo

São solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B textural, nítida diferenciação entre horizontes e derivados de rochas do Pré-cambriano superior.

Apresentam sequência de horizontes horizontes A, Bt, C, com profundidade e cores bastante variáveis, sendo a identifição dos horizontes relativamente fácil, pois possuem características morfológicas heterogêneas, tais como: dierença de cor, textura e estrutura, entre os horizontes, dentro do mesmo perfil.

O horizonte A normalmente é moderado, porém, pode ocorrer também do tipo proeminente; a estrutura comumente é moderada pequena a média granular.

O horizonte B é do tipo textural, apresentando estrutura em blocos subangulares e angulares moderadamente desenvolvida. Quando a textura é argilosa normalmente apresentam cerosidade moderada e comum.

Estes solos apresentam textura argilosa e média/argilosa e, em muitos casos com cascalhos ou cascalhenta, normalmente com argila de atividade baixa.

Situam-se em relevo ondulado e forte ondulado, exigindo práticas conervacionistas severas quando utilizados de forma intensiva.

A maior parte deles é álico, com altos teores de alumínio e baixa fertilidade natural.

6.2 Cambissolo

Constituidos por classes de solos minerais, não hidromórficos, com horizonte B incipiente com as seguintes características: CTC maior que 13 me/100g de argila, descontada a CTC do carbono; relação silte/argila maior que 0,7; presença de minerais intemperizáveis no horizonte B como micas, feldspatos, augita, hornblenda, olivina, etc.; gradiente textural ausente ou comumente inferior a 1,2.

Normalmente tem sequência de horizontes A, Bi, C, constatando-se variações quanto à profundidade dos solos, estrutura, cor e textura.

Podem ser derivados de diferentes materiais de origem e encontrados em todas as fases de relevo.

Quando derivados de rochas eruptivas básicas, geralmente possuem alta fertilidade natural, argila de atividade alta, quase sempre pedregosos, situados em relevo ondulado e forte ondulado, o que lhes confere alta sucetibilidade à erosão.

Quando húmicos, possuem baixa fertilidade natural e alta acidez, ocorrendo em relevo plano, suave ondulao e ondulado

6.3 Solos Gley

Nesta classe estão comprendidos solos hidromórficos, desenvolvidos em áreas mal drenadas, com cores de redução à partir dos primeiros 60cm da

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superfície, rasos e com sequência de horizontes A, Cg normalmente, podendo ou não haver presença de um horizonte Bg.

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Podem apresentar argila de atividade tanto alta como baixa, de média a boa fertilidade natural, ocorrendo em relevo praticamente plano mageando rios, ou em locais de depressão, sujeitos a inundações.

A principal limitação ao seu uso é a má drenagem, já que normalmente possuem média a boa fertilidade. Usualmente são utilizados com arroz irrigado e produção de hortaliças, cana-de-açúcar e pastagens, sendo para isoo, convenientemente drenados.

6.4 Solos Litólicos

Suas características morfológicas restringem-se basicamente ao horizonte A, que varia normalmente de 15 a 40cm de espessura, sendo que a cor, estrutura, textura e consistência dependem principalmente do material de origem e das condições climáticas vigentes.

Abaixo do horizonte A pode ocorrer um pequeno horizonte C, normalmente desenvolvido quando da presença de contato litóide. Abaixo do horizonte A podem ocorrer calhaus, pedras e materiais semi-alterados das rochas em mistura com material desse horizonte ou ainda, pode o horizonte A estar diretamente assentado sobre a rocha, propiciando que a sequência de horizontes seja do tipo A, C e R ou A, A/C ou A, A/R.

São solos muito rasos, inadequados para agricultura mecanizada devido principalmente ao relevo acidentado, à pequena espessura, presença de pedras, calhaus e matacões na superfície.

A deficiência de água também se constitue em fator limitante ao uso desses solos, pois a declividade propicia um maior escorrimento da água em detrimento à infiltração, não permitindo o armazenamento suficiente.

São derivados dos mais diferentes materiais de origem, o que define os maiores ou menores graus de limitação por fertilidade. Devido à proximidade do material de origem, possuem atividade de argila normalmente média ou alta.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A microbacia Rio Pequeno II, localizada numa região econômica e socialmente desenvolvida de Santa Catarina, não foge a regra quanto aos problemas de caráter ambiental, social e econômico encontrados em todo Estado, chegando em certas situações a ser preocupantes. O descaso com que vêm sendo tratados os recursos naturais tem causado danos irreversíveis aos solos da microbacia e região. O relevo acidentado associado a solos suceptíveis à erosão tem agravado este quadro;

Do ponto de vista químico as características dos solos não são boas, pois a maioria deles são distróficos. Do ponto de vista físico, grande parte dos solos encontrados na microbacia possuem horizonte B textural, o que, associado às fortes declividades lhes conferem alta sucetibilidade à erosão. Devido ao manto de material intemperizado ser muito espesso, é comum se verificar grandes movimento de massa de solos, principalmente nas áreas desmatadas.

Há, portanto, necessidade de um trabalho intenso no uso de metodologia extensionista, associado a estratégia técnica e financeira do Projeto Microbacias/BIRD, por meio do PROSOLO e do componente Estradas/DER, visando elevar a adoção de práticas conservacionistas, com ênfase para as práticas vegetativas;

A falta de uma política agrícola definida e que incentive os agricultores, provoca uma certa insegurança nos indivíduos adultos e a falta de perspectivas nos jovens do meio rural. Tal fato tem provocado nos últimos anos uma evasão do campo, principalmente de jovens;

O reflorestamento comercial nas áreas de encostas em classe 3, implantado de forma escalonada nas pequenas propriedades, visando a produção de “madeiras desdobradas e trabalhadas” surge como alternativa econômica;

É de responsabilidade dos governos estadual e municipal a pesquisa agropecuária, a assistência técnica e extensão rural e, aos produtores, a manutenção e melhoria dos recursos naturais renováveis e não renováveis;

O trabalho na microbacia somente terá sucesso se todos os segmentos da sociedade juntarem forças e objetivos que a prática já provou serem possíveis. Com isto pretende-se a melhoria das condições socioeconômicas das famílias rurais, aumentando a renda e o nível de educação, bem como as condições de lazer que todo ser humano almeja;

Quanto ao aspecto das condições de saúde, apesar do estudo atual não se aprofundar, as informações obtidas permitem afirmar que é necessário implementar programas visando o melhoramento na proteção de fontes e no destino dos dejetos humanos e águas servidas, entre outros;

Deve-se adequar o uso de agrotóxicos ao ambiente, eliminando-se excessos e buscando alternativas biológicas de combate a pragas, doenças e controle de ervas daninhas;

O recurso hídrico pode ser melhor aproveitado, principalmente para a piscicultura, uma vez que é incipiente a existência de açudes;

A criatividade dos agentes de extensão juntamente com as lideranças locais e o envolvimento de órgãos públicos e privados devem ser acionados visando a integração e o melhor uso dos recursos humanos e financeiros;

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O extensionista rural deverá ser um elo de ligação entre a população rural e o poder político-administrativo, por meio do qual são canalizados os recursos humanos, materiais e financeiros

Por último, deve-se considerar a estratégia de trabalho do Projeto Microbacias/BIRD para que se possa reverter o atual quadro na microbacia. É importante que se tenha em mente a necessidade de uma mudança de mentalidade com o futuro dos recursos naturais, pois o trabalho somente terá êxito se for multidisciplinar, interinstitucional e com a participação efetiva de toda a comunidade.

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8 BIBLIOGRAFIA CITADA

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para 10 locais do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: EMPASC, 1987. 42p. (EMPASC. Documentos, 90).

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Meteorologia. Normais climatológicas (1961-1990). Brasília: DNMET, 1992. 1v.

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Pallotti, 1978. 150p. EPAGRI. Recomendações de cultivares para p Estado de Santa Catarina 1993-

1994. Florianópolis: 1993. 118p. (EPAGRI. Boletim Técnico, 63). GODDOY, H. Recomendações técnicas no combate ao fenômeno da geada no

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NIMER, E. Climatologia do Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1989. 422p. OMETTO, J.C. Bioclimatologia Vegetal. São Paulo, Ceres, 1981. 440 p. PANICHI, J. de A.V.; BACIC, I.L.Z.; LAUS NETO, J.A.; CHANIN, Y.A.; SEIFFERT,

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Estatística, Geografia e Informática. Atlas de Santa Catarina. Rio de Janeiro: Aerofoto Cruzeiro, 1986. 173p.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Manual

de uso, manejo e conservação do solo e da água. Florianópolis: EPAGRI, 1994. 384p.

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SIQUEIRA, O.J.F. de; SCHERER, E.E.; TASSINARI, G.; ANGHINONI, I.; PATELLA,

J.F.; TEDESCO, M.J.; MILAN, P.A.; ERNANI, P.R.; WIETHÖLTER, S. Recomendações de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 2.ed. Passo Fundo,: SBCS - Comissão de Fertilidade do Solo-RS/SC - Núcleo Regional Sul/EMBRAPA-CNPT, 1989. 128p.

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9 ANEXOS

9.1 Demonstrativo de Área X Percentual de Ocupação

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9.2 Legenda Fisiográfica

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9.3 Arquivo Fotográfico

Caracterização fisiográfica de Fundo de Vale Coluvial-Aluvial (FV7)

Aspectos de Uso da terra (olerícolas) em Fundo de Vale Coluvial-Aluvial (FV7)

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Caracterização fisiográfica de Fundo de Vale Erosional-Coluvial (FV4)

Caracterização fisiográfica e aspectos de Uso da terra em Encostas Erosionais-

Coluviais (E4)

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Caracterização fisiográfica e aspectos de Uso da terra em Encostas Erosionais (E1)

Desmatamento recente em Encosta Erosional (E1)

Estradas mal planejadas como ativadoras dos processos erosivos e de movimentos de massa dos solos.

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Áreas de contato entre Encosta Erosional-Coluvial e Fundo de Vale

Coluvial-Aluvial

Vista parcial da microbacia

Perfis de Podzólico Vermelho-Amarelo