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A LUTA PELA TERRA NO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS DA OUVIDORIA AGRÁRIA NACIONAL, COMISSÃO PASTORAL DA TERRA E DATALUTA- VERSÃO JORNAL 1 Alessandra Silva de Souza 2 Bernardo Mançano Fernandes 3 Introdução Neste trabalho apresentamos resultados inéditos sobre ocupações de terra. Esses resultados foram organizados a partir de um conjunto de análises de diferentes períodos e escalas. Nossos estudos são realizados no DATALUTA – BANCO DE DADOS DA LUTA PELA TERRA, projeto do Núcleo de Estudos, Projetos e Pesquisas de Reforma Agrária - NERA, sediado no Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT da Universidade Estadual Paulista - UNESP, campus de Presidente Prudente. 1 Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido no NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária, no Departamento de da FCT UNESP- Campus de Presidente Prudente 2 Aluna do 3º ano de Graduação em Geografia na Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP – Campus de Presidente Prudente/SP e bolsista CNPq 3 Professpor Doutor do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP de Presidente Prudente e Coordenador do NERA.

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A LUTA PELA TERRA NO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS DA OUVIDORIA AGRÁRIA NACIONAL, COMISSÃO PASTORAL DA TERRA E DATALUTA-

VERSÃO JORNAL1

Alessandra Silva de Souza2

Bernardo Mançano Fernandes3

Introdução

Neste trabalho apresentamos resultados inéditos sobre ocupações de terra. Esses

resultados foram organizados a partir de um conjunto de análises de diferentes períodos e

escalas. Nossos estudos são realizados no DATALUTA – BANCO DE DADOS DA LUTA

PELA TERRA, projeto do Núcleo de Estudos, Projetos e Pesquisas de Reforma Agrária -

NERA, sediado no Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia –

FCT da Universidade Estadual Paulista - UNESP, campus de Presidente Prudente.

No DATALUTA sistematizamos dados das ocupações desde 1990. Em 1999,

começamos a elaborar o relatório DATALUTA com dados de ocupações da Comissão

Pastoral da Terra – CPT e de nossos próprios registros. Nos últimos anos temos trabalhado

para reunir fontes de registros de ocupações de terras. Conseguimos reunir os dados da CPT

e da Ouvidoria Agrária Nacional – OAN em escala nacional. Conseguimos reunir dados do

NERA e do Laboratório de Geografia Agrária – LAGEA do Departamento de Geografia da

Universidade Federal de Uberlândia.

1 Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido no NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária, no Departamento de da FCT UNESP- Campus de Presidente Prudente2 Aluna do 3º ano de Graduação em Geografia na Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP – Campus de Presidente Prudente/SP e bolsista CNPq3 Professpor Doutor do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP de Presidente Prudente e Coordenador do NERA.

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O estudo comparativo das ocupações de terra foi executado a partir dessas fontes.

Por meio deste estudo estamos demonstrando que a CPT e a OAN registram parcialmente

as ocupações de terras e que o NERA e o LAGEA contribuem com o registro de ocupações

em escala estadual. Compreendemos que este esforço na sistematização e comparação dos

dados é recompensado, quando compreendemos que os trabalhos da CPT, OAN, NERA,

LAGEA constituem em realidades parciais da luta pela terra no Brasil.

Neste trabalho apresentamos os dados do Estado de São Paulo, com destaque para o

Pontal do Paranapanema. Os dados da CPT são de 1988 - 2005, da OAN de 1995 – 2005 e

do DATALUTA NERA 1990 - 2005. Com isso, temos um novo quadro nas ocupações de

terras em São Paulo com um número maior do que foi divulgado até então.

1 - Metodologia DATALUTA

Para elaboração das diferentes versões do DATALUTA - Banco de Dados da Luta

pela Terra - utilizamos dados de diferentes fontes em diversas escalas. O DATALUTA é

resultado do levantamento e organização de dados em escala municipal que são

representados em três escalas geográficas: nacional, estadual e microrregional e em quatro

versões: ocupações de terra, assentamentos rurais, estrutura fundiária e movimentos

socioterritoriais.

Apresentamos uma análise em escala estadual (Estado de São Paulo) e

enfatizaremos a versão ocupações que tem como fontes a Comissão Pastoral da Terra

(CPT) e a Ouvidoria Agrária Nacional do Ministério do desenvolvimento Agrário (OAN) e

DATALUTA NERA, que nos permite sobretudo para a região do Pontal do Paranapanema,

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a partir de dados extraídos de jornais como o Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e

jornais que circulam em Presidente Prudente: Oeste Notícias e O Imparcial procuramos

contribuir com o relatório da CPT.

Utilizamos para a elaboração das tabelas, gráficos e mapas deste relatório alguns

softwares como Word, Excell, Access, Philcarto e CorellDraw. Para a elaboração deste

relatório, os dados são digitados no DATALUTA pelos bolsistas do NERA e

posteriormente são elaborados diversos relatórios que nos permitem analisar a questão

agrária no país.

3

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2 - Metodologia versão Ocupações

Para análise da versão ocupações, optamos por criar uma nova metodologia de

comparação de dados. É uma metodologia comparativa em que confrontamos os dados da

Ouvidora Agrária Nacional (que apesar de registrar as ocupações desde 1995 até então não

havia divulgado e nem disponibilizados estes dados para nenhuma outra instituição) com os

dados da Comissão Pastoral da terra e com os dados do DATALUTA – NERA e

DATALUTA – LAGEA, como detalhamos a seguir.

Deste modo passamos a ter como fontes a Ouvidoria Agrária Nacional, a Comissão

Pastoral da Terra (que desde 1988 divulga os dados referentes às ocupações de terras

através do Caderno Conflitos no Campo) e o DATALUTA Jornal, que passamos a chamar

de DATALUTA NERA (com a criação da Rede DATALUTA, da qual participa o

Laboratório de Geografia Agrária da Universidade Federal de Uberlândia) e o

DATALUTA – LAGEA.

A partir dessa metodologia, passamos a organizar em uma única tabela os dados das

quatro fontes. Isso nos possibilitou a conferência das fontes e a criação de uma nova

metodologia de comparação, porque as diferentes fontes, muitas vezes, nos fornecem a

mesma informação. Deste modo temos sete possibilidades de combinação entre as fontes na

versão São Paulo. São elas: CPT, OAN, NERA, CPT/ OAN, CPT/ OAN /NERA, OAN/

NERA e CPT/ NERA. Já em escala nacional temos onze possibilidades de fontes, as sete já

apresentadas e ainda: LAGEA, CPT/ OAN/ LAGEA, OAN/ LAGEA e CPT/ LAGEA.

Nos dias 7 e 8 de agosto nos reunimos no LAGEA, Laboratório de Geografia

Agrária da Universidade Federal de Uberlândia (nosso primeiro parceiro na criação da

4

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Rede DATALUTA) e definimos um critério para organizar os dados a partir de nossa

metodologia comparativa. A CPT e a OAN realizam pesquisas primárias, portanto têm

precedência na determinação da veracidade dos dados. Definimos também optar pela CPT

como prioridade 1 para escolha de dados quando os mesmos forem registrados pelas duas

organizações. Definir a CPT como prioridade 1 tem como parâmetro o fato da mesma

realizar a pesquisa há 30 anos e pelo fato da OAN pertencer ao governo federal e nem

sempre torna públicos os seus dados.

Deste modo decidimos então como seriam utilizadas as fontes conforme o quadro:

Fontes Primária Secundária

CPT Sim Não

OAN Sim Não

NERA Não Sim

Portanto, passamos a considerar que quando os dados de ocupação fossem os

mesmos em diferentes fontes, entenderíamos que estes estariam dentre as sete (no caso das

escalas estaduais) possibilidades de fontes apresentadas, mas no caso de o número de

ocupações ou famílias ser diferente, consideraria a diversidade de fontes, contudo

manteríamos os números da CPT como prioridade.

Essa condição nos proporcionou o conhecimento de uma nova realidade na luta pela

terra no Brasil. Isto pode ser observado neste relatório.

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3 - Fontes e metodologias de captação

A Comissão Pastoral da Terra registra no DATACPT as informações colhidas em

jornais de circulação local, estadual e nacional, boletins e publicações de diversas

instituições: movimentos sociais, sindicatos, partidos, órgãos governamentais e igrejas,

declarações e cartas assinadas, boletins de ocorrência, além das informações pesquisadas

pelos regionais da CPT e enviadas à Secretaria Nacional em Goiânia4.

A Ouvidoria Agrária Nacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário registra

as informações sobre as ocupações de terra e os conflitos no campo através do Disque Terra

e Paz 0800-7287000, em que gratuitamente nos sete dias da semana são atendidas ligações

de todo o país, além do programa denominado Paz no Campo. Também através de

mediadores de conflitos sociais, atendimento de denúncias, mediação de conflitos agrários

e implantação de ouvidorias agrárias em todas as unidades da Federação, com o objetivo de

contribuir extrajudicialmente na resolução dos conflitos agrários5.

No DATALUTA NERA recolhemos informações de jornais de circulação local e

nacional sobre as ocupações de terras realizadas no Estado de São Paulo, enfocando a

região do Pontal do Paranapanema, onde nos localizamos.

4 Ver metodologia CPT no Caderno de Conflitos no Campo, 2005.5 Ver metodologia da OAN em www.mda.gov.br

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4 – Comparação dos dados de ocupações em escala estadual 1995 - 2005

Na metodologia versão ocupações, a partir da conferência e sistematização dos

dados, passamos a ter três fontes que combinadas resultam em 7 possibilidades de

combinação dos dados registrados anteriormente individualmente pela CPT, OAN e

DATALUTA NERA.

Vale ainda lembrar que a CPT registra as ocupações desde 1988, a OAN registra as

ocupações desde 1995 e o DATALUTA NERA registra desde 1990. Para todo o período

registrado pela CPT (1988-2005) o total de ocupações de terras foi de 470 ocupações e

81.593 famílias em ocupações, o DATALUTA NERA (1990-2005) registrou 522

ocupações e 110.116 famílias em ocupações. A OAN (1995-2005) registrou 386 ocupações

e 68.650 famílias em ocupações. Observa-se que o DATALUTA NERA foi a fonte que

mais registrou ocupações. Isto nos levanta uma questão metodológica para um futuro

debate: quais as dificuldades que a CPT e a OAN encontram para registrar as ocupações no

Estado de São Paulo e quais as facilidades que o NERA possui?

Após a análise e sistematização dos dados de todas fontes no DATALUTA,

referentes ao Estado de São Paulo, foram realizadas 945 ocupações de terras e 170.025

famílias em ocupações entre os anos de 1995 e 2005. A seguir demonstramos por

combinação de fontes estes números:

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Fonte e combinação de fontes Nº Ocupações Nº Famílias

CPT 230 29.848

OAN 136 21.138

DATALUTA NERA 326 69.082

CPT /OAN / DATALUTA NERA 70 17.280

CPT / OAN 118 17.364

CPT / DATALUTA NERA 31 8.103

OAN / DATALUTA NERA 34 7.210

Total 945 170.025

A partir dessas combinações elaboramos quatro gráficos. Verificamos no gráfico 1

algumas similitudes nos dados da CPT e da OAN entre os anos de1995 e 1997, entre

números ocupações e famílias em ocupações. Observa-se que os maiores registros foram

feitos pelo DATALUTA NERA para os anos de 1995 a 1999. A CPT teve os maiores

registros nos anos de 2000, 2001, 2003, a 2005. A OAN manteve uma posição

intermediária em todo o período.

No entanto é no Gráfico 2 que podemos entender melhor a sistematização dos

dados. Por exemplo, no ano de 1995 a fonte que mais registrou ocupações foi o

DATALUTA NERA com 60 ocupações e na combinação das fontes tivemos um total de 70

ocupações. Este é um indicador que revela que o DATALUTA NERA, neste ano se

aproximou mais do número da combinação de fontes. Uma análise mais detalhada mostra

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que o DATALUTA NERA teve este desempenho em seis dos onze anos de registro. A CPT

teve melhor desempenho em quatro anos e a OAN em apenas 1.

O mesmo acontece com o número de famílias em ocupações de terras. Um exemplo

disso é o ano de 1995 CPT e OAN ambas registraram 9100 e o DATALUTA NERA

registrou 22.390 famílias em ocupações de terras. Uma análise mais detalhada mostra que o

DATALUTA NERA teve este desempenho em oito dos onze anos de registro e a CPT teve

melhor desempenho em três anos, enquanto a OAN não se destacou nenhum ano. Essas

informações também estão representadas nos mapas 1 e 2, onde se observa a espacialização

da luta pela terra no Estado de São Paulo e a diferenciação do número da combinação de

fontes.

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Gráfico 1 - Ocupações de terras no estado de São Paulo 1995 - 2005

38

48

28

17

71

57

21

3329

77

3939

28

35

2015

1920

5147

3936

28

17

49

33

21

10

49

81

46

6360

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: DATALUTA, 2006CPT OAN NERA

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Gráfico 2 - Ocupações de terras no Estado de São Paulo 1995 - 2005

52

68

128

105

8578

81

95

56

37

156

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: DATALUTA, 2006

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Gráfico 3 - Famílias em ocupações no Estado de São Paulo 1995 - 2005

73596060

4484

7254

28113124

76708571

6413

7827

6406

9100

4415

10646

33452681

1825

4045

77676797

5517

6854

9100

30032096

8462

5397

6665

13906

8756

22390

15343

10933

0

5000

10000

15000

20000

25000

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: DATALUTA, 2006

CPT OAN NERA

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Gráfico 4 - Famílias em ocupações no Estado de São Paulo 1995 - 2005

27180

19910 2043319654

11688 11187

80958811

13783

15304

13740

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: DATALUTA, 2006

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1,00 10,00 25,00 50,00 88,00

Ocupações de terras 1995 - 2005

Fonte: DATALUTA

Ocupações - CPT Ocupações - OAN

Ocupações - NERA Ocupações - DATALUTA

Mapa 1 - Ocupações de terras no Estado de São Paulo 1995 - 2005

Software de cartomática: PHILCARTOBase cartográfica adaptada de: IBGE/INPEElaborado no NERA por:Alessandra Silva de SouzaColaboração:Eduardo Paulon Girardi

Apoio:

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5 - Geografia das ocupações no Estado de São Paulo

Através das tabelas 1 a 4 podemos verificar a situação das ocupações de terras no

Estado de São Paulo que visualizamos através das classificações de até o vigésimo

município com maio índice de ocupações e de famílias em ocupações.

Tabela 1 – Municípios com maiores índices de ocupações no Estado deSão Paulo 1995 a 2005

  Municípios UF Nº Ocupações Nº Famílias1º Mirante do Paranapanema SP 88 245732º Teodoro Sampaio SP 66 128363º Presidente Epitácio SP 60 62334º Sandovalina SP 49 178145º Caiuá SP 40 56628º Euclides da Cunha Paulista SP 38 94909º Presidente Venceslau SP 36 483910º Martinópolis SP 28 1874  Presidente Bernardes SP 28 226111º Rancharia SP 26 430412º Iaras SP 24 577613º Panorama SP 23 403314º Rosana SP 20 197215º Castilho SP 16 285716º Andradina SP 15 2210  Taubaté SP 15 161517º Colina SP 13 2820  Tremembé SP 13 107018º Marabá Paulista SP 12 325019º Ribeirão Preto SP 11 1590  Guarantã SP 11 850  Santo Anastácio SP 11 175620º Paulicéia SP 10 1940Fonte: DATALUTA – Banco de Dados de Luta pela Terra, 2006.

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Tabela 2 – Municípios com maiores índices de famílias em ocupações no Estado de São Paulo de 1995 a 2005

  Município UF Nº Famílias Nº Ocupações1º Mirante do Paranapanema SP 24573 882º Sandovalina SP 17814 493º Teodoro Sampaio SP 12836 664º Euclides da Cunha Paulista SP 9490 385º Presidente Epitácio SP 6233 606º Iaras SP 5776 247º Caiuá SP 5662 408º Presidente Venceslau SP 4839 369º Rancharia SP 4304 2610º Panorama SP 4033 2311º Piracicaba SP 3650 312º Marabá Paulista SP 3250 1213º Porto Feliz SP 3000 214º Castilho SP 2857 1615º Colina SP 2820 1316º Presidente Bernardes SP 2261 2817º Andradina SP 2210 1518º Sertãozinho SP 2060 519º Itararé SP 2020 520º Araçatuba SP 2000 5Fonte: DATALUTA – Banco de Dados de Luta pela Terra, 2006.

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Tabela 3 – Microrregiões com os maiores índices de ocupações no Estado de São Paulo - 1995 a 2005

  Microrregião UF Nº Ocupações Nº Famílias1º Presidente Prudente SP 532 992922º Andradina SP 54 68003º São José dos Campos SP 40 48634º Dracena SP 39 61835º Bauru SP 30 30466º Itapeva SP 29 4900  Ribeirão Preto SP 29 65137º Avaré SP 28 62368º Assis SP 21 1068  Barretos SP 21 34249º Sorocaba SP 14 492210º Itapetininga SP 9 189011º Lins SP 8 1650  Mogi Mirim SP 8 1150  Osasco SP 8 194012º Birigui SP 7 947  Jaú SP 7 71013º Araçatuba SP 6 215

Araraquara SP 6 85414º Campinas SP 4 500  Franca SP 4 512  Marília SP 4 430  Piracicaba SP 4 3950  São Paulo SP 4 60015º Botucatu SP 3 1900  Caraguatatuba SP 3 22616º Batatais SP 2 180  Bragança Paulista SP 2 400  Franco da Rocha SP 2 820  Jundiaí SP 2 350  Limeira SP 2 700  Nhandeara SP 2 120  Rio Claro SP 2 40  São José do Rio Preto SP 2 16217º Capão Bonito SP 1 30  Guaratinguetá SP 1 120  Jaboticabal SP 1 400  Ourinhos SP 1 0  São Carlos SP 1 2  São João da Boa Vista SP 1 150  Tupã SP 1 30

Fonte: DATALUTA – Banco de Dados de Luta pela Terra, 2006.

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Tabela 4 – Microrregiões com os maiores índices de famílias em ocupações no Estado de São Paulo - 1995 a 2005

  Microrregião UF Nº Famílias Nº Ocupações1º Presidente Prudente SP 99292 5322º Andradina SP 6800 543º Ribeirão Preto SP 6513 294º Avaré SP 6236 285º Dracena SP 6183 396º Sorocaba SP 4922 148º Itapeva SP 4900 299º São José dos Campos SP 4863 4010º Piracicaba SP 3950 411º Barretos SP 3424 2112º Bauru SP 3046 3013º Osasco SP 1940 814º Botucatu SP 1900 315º Itapetininga SP 1890 916º Lins SP 1650 817º Mogi Mirim SP 1150 818º Assis SP 1068 2119º Birigui SP 947 720º Araraquara SP 854 6Fonte: DATALUTA – Banco de Dados de Luta pela Terra, 2006.

6 – O Pontal em números

Dos 23 municípios compõem o ranking dos 20 municípios (Tabela 1) que mais

tiveram ocupações de terras no Estado de São Paulo entre 1995 e 2005, 13 são municípios

que compõem a região do Pontal do Paranapanema. Também estão no Pontal 10 dos 20

municípios com maiores índices de famílias em ocupações no Estado.

Nesta classificação dos 20 municípios com maiores índices de ocupações no Estado

de São Paulo (Tabela 1) foram realizadas 664 ocupações de terras com 121.625 famílias

participantes. Deste número 502 ocupações foram realizadas em municípios do Pontal do

Paranapanema com 96.864 famílias realizando estas ocupações.

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Também por isso nas Tabelas 3 e 4 a microrregião que mais realizou ocupações de terras e

que mais teve famílias em ocupações de terras no Estado de São Paulo foi a de Presidente

Prudente que é uma das duas microrregiões que tem municípios que compõem a região

conhecida como Pontal do Paranapanema.

Para melhor visualização dos dados, organizamos os gráficos 5 e 6.

Compreendemos o Pontal do Paranapanema como a região que tem a abrangência de 32

municípios, segundo a União dos Municípios do Pontal do Paranapanema – Unipontal.

Estes são: Rosana, Euclides da Cunha Paulista, Teodoro Sampaio, Presidente Epitácio,

Marabá Paulista, Mirante do Paranapanema, Sandovalina, Caiuá, Presidente Venceslau,

Piquerobi, Santo Anastácio, Ribeirão dos Índios, Emilianópolis, Presidente Bernardes,

Martinópolis, Iepê, João Ramalho, Rancharia, Caiabu, Indiana, Regente Feijó, Taciba,

Nantes, Presidente Prudente, Santo Expedito, Alfredo Marcondes, Álvares Machado,

Tarabai, Estrela do Norte, Pirapozinho, Narandiba e Anhumas.

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Gráfico 5 - Municípios com os maiores índices de ocupações no Estado de São Paulo 1995 - 2005

262828363840

4960

66

88

0102030405060708090

100

Mira

nte

doP

aran

apan

ema

Teod

oro

Sam

paio

Pre

side

nte

Epi

táci

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San

dova

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lides

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ha P

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side

nte

Ven

cesl

au

Mar

tinóp

olis

Pre

side

nte

Ber

nard

es

Ran

char

ia

Fonte : DATALUTA, 2006.

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Gráfico 6 - Municípios com maiores índices de famílias em ocupações no Estado de São Paulo 1995 - 2005

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Fonte: DATALUTA, 2006

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Considerações Finais

De modo geral o que estamos conseguindo com os trabalhos realizados até o

momento é criar uma metodologia que nos permite cada vez mais ampliar as análises de

dados, e com o desenvolvimento destas pesquisas aprimorar o DATALUTA bem como

a análise de suas informações.

Quando recebemos os dados da Comissão Pastoral da Terra, da Ouvidoria

Agrária Nacional e do DATALUTA NERA, onde são demonstradas as ocupações de

terras, imediatamente sentimos a necessidade de criar uma forma de armazená-los e

analisá-los. Pelo fato do DATALUTA ser um banco de dados, o armazenamento de

informações de fontes diferentes é bem importante. Suas diferentes versões e escalas

nos permitem ainda ampliar as análises.

É importante ressaltar que o DATALUTA tem se tornado uma referência para

pesquisadores da área, bem como para a mídia, e instituições que utilizam os dados

armazenados no banco de dados como forma de acrescer seus trabalhos, e até mesmo

dando maior credibilidade, pois este trabalho de armazenar os dados da luta pela terra é

pioneiro no país.

Outro ponto interessante sobre os dados do DATALUTA é que a possibilidade

de análise que ele nos remete também o torna referência para o entendimento de alguns

conceitos como espacialização e territorialização da luta pela terra, o que nos permite

travar um debate crítico sobre a questão agrária no país.

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9 - Referências Bibliográficas

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FERNANDES, Bernardo Mançano. A formação do MST. 1ª.ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. 315 p.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Movimento social como categoria geográfica. Revista AGB Nacional, Goiânia, 15 maio 2001. Disponível em: <http://www.cibergeo.org/agbnacional/adobepdf/Fernandes.pdf >.Acesso em: 23 fev. 2006.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Movimentos socioterritoriais e movimentos socioespaciais: contribuição teórica para uma leitura geográfica dos movimentos sociais. Revista NERA, Presidente Prudente, v. 7, n. 04, jan/jul. 2004. Disponível em: <http://www2.prudente.unesp.br/dgeo/nera/telas/nera_06.htm>. Acesso em: 23 fev. 2006.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão Agrária: conflitualidade e desenvolvimento territorial. Revista NERA, Presidente Prudente, Artigo do Mês. Disponível em: <http://www2.prudente.unesp.br/dgeo/nera/telas/artigodomes>. Acesso em 23 fev. 2006.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Da “clonagem” a “autofagia”: o dilema da reforma agrária no Brasil. Presidente Prudente, 2006. (Inédito)GUIMARAES, Alberto Passos. Quatro Séculos de Latifúndio. 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1989. 255 p.

GÖRGEN, Sérgio Antônio. A improdutividade social do latifúndio. MPA, São Paulo, 20 jan. 2006. Disponível em: <http://www.mpabrasil.org.br/index.php>. Acesso em 09 mar. 2006.

LEITE, José Ferrari. A ocupação do Pontal do Paranapanema. 1ª edição. Presidente Prudente, Editoras Hucitec/ Fundação UNESP, 1998. 202 p.

ROMÃO, Lucília Maria de Sousa. O discurso do conflito materializado no MST: a ferida aberta na nação. 2002. 290f. Tese (Doutorado em Ciências: Área Psicologia) – Faculdade d Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

STÉDILE, João Pedro e GÖRGEN, Frei Sério Antônio. A luta pela terra no Brasil. 1ª edição. São Paulo, Editora Scritta, 1993. 118p.

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