introdução ao estudo da literatura

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Prof. Ms. Flávio Maia Introdução ao estudo da Literatura

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  1. 1. Prof. Ms. Flvio Maia
  2. 2. O que literatura? Uma bula de remdio literatura? Um bilhete literatura? Para que serve a literatura? Por que voc acha que as pessoas escrevem textos literrios? Quais textos literrios so conhecidos? Qual livro que mais gosta de ler? Por qu? Quando e como voc l? Descreva os seus hbitos de leitura Em que medida as novas tecnologias modificam a maneira de ler e as relaes sociais?
  3. 3. 1. Tese: literatura como um texto Literatura mdica, literatura jurdica, literatura poltica, etc. 2. Tese: estudo das manifestaes literrias Estudo das correntes literrias e das principais obras
  4. 4. Pensem nas crianas Mudas telepticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas clidas Mas, oh, no se esqueam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditria A rosa radioativa Estpida e invlida A rosa com cirrose A anti-rosa atmica Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada
  5. 5. Qual dos dois textos podem ser considerados literrios? Por qu?
  6. 6. A Literatura associada criao de um texto elaborado por um autor, que seleciona criteriosamente os termos utilizados e capaz de criar imagens significativas por meio do trabalho com a linguagem
  7. 7. Viso objetiva do mundo. Valorizao do contedo e no da forma. Linguagem clara e objetiva. Predomnio da funo informativa da linguagem. O objetivo do texto utilitrio.
  8. 8. Textos jornalsticos. Cartas (e-mails). Textos publicitrios. Cartaz
  9. 9. Viso subjetiva do mundo. Valorizao da forma em detrimento do contedo. A linguagem polissmica, dando lugar a vrias interpretaes. Abundncia de recursos estilsticos. Os textos tm inteno esttica, artstica. No h preocupao com a verdade no texto.
  10. 10. Textos narrativos. Textos dramticos. Textos lricos. (estudaremos posteriormente cada um desses gneros)
  11. 11. Texto literrio Texto no literrio Plurissignificao, vrios planos de leitura. Na medida do possvel, um nico plano de leitura e significao unvoca. Linguagem desautomatizada, provocando surpresa, estranhamento. Linguagem automatizada, convencional. Conotao (sentido figurado). Denotao (sentido literal). Relevncia do plano da expresso. (forma) Irrelevncia do plano da expresso. (forma) Narrativas, msicas Cartas, e-mail, notcias de jornal, publicidade FUNO ESTTICA FUNO UTILITRIA
  12. 12. Seo trocando ideias pg. 6 e 7. 10 minutos para responder as questes.
  13. 13. A linguagem literria se caracteriza pela elaborao esttica que procura gerar algum efeito. Por vezes, os autores fazem uso de figuras de linguagem, inverses sintticas, vocabulrios rebuscados; por outras, valem- se da linguagem cotidiana. De qualquer forma, percebe-se a inteno de trabalhar a palavra como matria-prima da literatura
  14. 14. Principal caracterstica: PLUSSIGNIFICAO (ou polissemia) Conotao
  15. 15. a caracterstica da linguagem literria de abrigar vrios significados na expresso. Um texto literrio permite a interseco de diferentes planos de leitura, e abriga palavras, expresses, frases e imagens que podem possuir mais de um sentido no contexto em que so empregadas.
  16. 16. A conotao, segundo o Houaiss, o conjunto de alteraes ou ampliaes que uma palavra agrega ao seu sentido literal (denotativo), por associaes lingusticas de diversos tipos (estilsticas, fonticas, semnticas). Ela se ope denotao, que propriedade que tem um significante de se referir genericamente a todos os membros de um conjunto.
  17. 17. Assim, a conotao se d quando um novo sentido agrega-se ao sentido literal de um signo lingustico. O texto literrio tem como trao caracterstico a conotao. Isso significa que as palavras e as expresses que nele venham a ser utilizadas frequentemente associam-se a mecanismos (metfora, metonmia) que lhes atribuem novos sentidos alm daqueles que j possuem.
  18. 18. Conotao Denotao Significao ampla, criada pelo contexto Significao restrita Palavras com sentidos que carregam valores afetivos, sociais, ideolgicos, etc. Palavra com sentido comum, encontrado no dicionrio Linguagem expressiva, rica em sentido Palavra utilizada de modo objetivo Palavra utilizada de modo criativo, artstico Linguagem exata e precisa
  19. 19. Aquela menina est com a CARA toda pintada. Aquele CARA parece suspeito.
  20. 20. Linguagem no literria Linguagem literria Anoitece A mo da noite embrulha os horizontes. (Silva Alvarenga) Aos cinquenta anos, inesperadamente apaixonei-me de novo. Na curva perigosa dos cinquenta derrapei neste amor (Carlos Drummond de Andrade)
  21. 21. A palavra o prprio homem. Somos feitos de palavras. Elas so a nossa nica realidade, ou pelo menos, o nico testemunho de nossa realidade (Octvio Paz)
  22. 22. Recursos estilsticos 1. Definio: construes que se desviam do significado das palavras a fim de obter uma nova mensagem ou de reforar a existente. 2. Definio: recursos expressivos usados por quem fala ou escreve, para revelar melhor o seu pensamento, dando ao texto mais profundidade e beleza.
  23. 23. Classificam-se em 3 grupos: Figuras de Palavra: quando o efeito de sentido causado por meio do jogo de palavras na frase. Comparao, metfora, catacrese, metonmia, personificao (prosopoeia), sinestesia, antonomsia, paronomsia Figuras de Pensamento: quando surgem ideias diferentes daquelas usualmente trazidas pelas palavras. Anttese, paradoxo (ou oxmoro), gradao, ironia, eufemismo, hiprbole, apstrofe Figuras de Construo: quando h mudanas estruturais Elpse (e Zeugma), Pleonasmo, Polissndeto, Assndeto, Hiprbato, Anacoluto, Anfora (repetio), Silepse, Onomatopia e Aliterao, Assonncia
  24. 24. Ocorre quando estabelecida relao de semelhana entre dois termos, normalmente introduzida por conjunes (como, assim como, etc.) Amou daquela vez como se fosse mquina (Construo Chico Buarque)
  25. 25. T feito mato desejando a chuva Madrugada fria, esperando o sol T to carente feito um prisioneiro (Paula Fernandes) No consigo dizer se bom ou mau Assim como o ar me parece vital Onde quer que eu v o que quer que eu faa sem voc no tem graa (Fogo Capital Inicial)
  26. 26. Estabelece tambm, como na comparao, semelhana entre dois termos que, no entanto, est subentendida, j que no aparece explicitamente a conjuno comparativa. Dessa forma, na metfora, o significado de uma palavra somado ao significado de uma outra.
  27. 27. Os poemas so pssaros que chegam no se sabe de onde e pousam no livro que ls. Quando fechas o livro, eles alam vo como de um alapo. Eles no tm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mos e partem. E olhas, ento, essas tuas mos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles j estava em ti... (Mrio Quintana)
  28. 28. Lisonjeia outra vez impaciente a reteno de sua mesma desgraa, aconselhando a esposa neste regalado poema Discreta, e formosssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia: Enquanto com gentil descortesia O ar, que fresco Adnis te namora, Te espalha a rica trana voadora, Quando vem passear-te pela fria: Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo trota a toda ligeireza, E imprime em toda a flor sua pisada. Oh no aguardes, que a madura idade Te converta em flor, essa beleza Em terra, em cinza, em p, em sombra, em nada. (Gregrio de Matos)
  29. 29. a repetio de vogais em um verso ou frase.
  30. 30. Entre o ser e as coisas Onda e amor, onde amor, ando indagando ao largo vento e rocha imperativa, e a tudo me arremesso, nesse quando amanhece frescor de coisa viva.
  31. 31. Ai, ai! Ai ai ai ai! Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim voc mata o papai Ai, ai! Ai ai! Que boca gostosa eu quero mais Ai, ai! Ai ai ai ai! Assim voc mata o papai Ai, ai! Ai ai! Voc t cheirosa demais. (Assim voc mata papai, Sorriso Maroto)
  32. 32. A minha alma t armada E apontada para a cara Do sossego (sego...) Pois paz sem voz Pois paz sem voz No paz medo, (medo)
  33. 33. a repetio de consoantes (primordialmente) no incio das palavras
  34. 34. Tecendo a Manh Um galo sozinho no tece uma manh: ele precisar sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manh, desde uma teia tnue, se v tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, [...] A manh, toldo de um tecido to areo que, tecido, se eleva por si: luz balo.
  35. 35. Na regata ele me mata, me maltrata Me arrebata de emoo pro corao Consagrado nos gramados, sempre amado, mais cotado pros flaflus um Ai Jesus (Lamartine Babo Hino no Flamengo)
  36. 36. Vou colecionar mais um soneto Outro retrato em branco e preto A maltratar meu corao (Chico Buarque Retrato em Branco e Preto)
  37. 37. Consiste no uso de palavras com semelhana sonora, mas com diferentes sentidos.
  38. 38. Os de c, achar-vos-ei com mais pao; os de l, com mais passos (Pe. Antnio Vieira, Sermo da Sexagsima
  39. 39. Conhecer as manhas e as manhs O sabor das massas e das mas preciso amor pra poder pulsar preciso paz para poder sorrir preciso a chuva para florir (Almir Sater e Renato Teixeira, Tocando em frente)
  40. 40. Avio sem asa Fogueira sem brasa Sou eu assim, sem voc Futebol sem bola Piu-Piu sem Frajola Sou eu assim, sem voc (Claudinho & Buchecha Fico assim sem voc)
  41. 41. Emprego reiterado de conectivos em uma sequncia coordenada
  42. 42. A um poeta Olavo Bilac Longe do estril turbilho da rua, Beneditino escreve! No aconchego Do claustro, na pacincia e no sossego, Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua! Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforo: e trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua Rica mas sbria, como um templo grego No se mostre na fbrica o suplicio Do mestre. E natural, o efeito agrade Sem lembrar os andaimes do edifcio: Porque a Beleza, gmea da Verdade Arte pura, inimiga do artifcio, a fora e a graa na simplicidade.
  43. 43. E h tempos nem os santos tm ao certo A medida da maldade E h tempos so os jovens que adoecem E h tempos o encanto est ausente E h ferrugem nos sorrisos S o acaso estende os braos A quem procura abrigo e proteo (Legio Urbana H tempos)
  44. 44. a inverso da ordem direta de uma frase que consiste na sequncia: sujeito, verbo e predicado
  45. 45. Benedicite Bendito o que na terra o fogo fez, e o teto E o que uniu charrua o boi paciente e amigo; E o que encontrou a enxada; e o que do cho abjeto, Fez aos beijos do sol, o oiro brotar, do trigo; E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto Que ideou, depois do bero e do lar, o jazigo; E o que os fios urdiu e o que achou o alfabeto; E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo; E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano, E o que inventou o canto e o que criou a lira, E o que domou o raio e o que alou o aeroplano... Mas bendito entre os mais o que no d profundo, Descobriu a Esperana, a divina mentira, Dando ao homem o dom de suportar o mundo!
  46. 46. Ouviram do Ipiranga as margens plcidas De um povo heroico o brado retumbante
  47. 47. H ironia quando se afirma o contrrio do que se pensa, muitas vezes com inteno sarcstica. Essa figura de linguagem, quem s pode ser percebida dentro de um contexto, estabelece um humor crtico que compreendido quando se percebe a contradio entre o contedo e o enunciado
  48. 48. Uma cidade to nobre, Uma gente to honrada, veja-se um dia louvada Desde o mais rico ao mais pobre (Gregrio de Matos) A soluo pro nosso povo Eu vou d Negcio bom assim Ningum nunca viu T tudo pronto aqui s vim pegar A soluo alugar o Brasil!. (Tits, Aluga-se )
  49. 49. Eu levo a srio, mas voc disfara Voc me diz bea e eu nessa de horror E me remete ao frio que vem l do sul Insiste em zero a zero e eu quero um a um Sei l o que te d, no quer meu calor So Jorge, por favor, me empresta o drago Mais fcil aprender japons em braile Do que voc decidir se d ou no (Djavan, Se)
  50. 50. Ocorre quando se aproximam dois pensamentos contrrios, expressos por meio de palavras ou frases
  51. 51. Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstncia dos Bens do Mundo (Gregrio de Matos) Nasce o Sol, e no dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contnuas tristezas a alegria. Porm se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz , por que no dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura no se d constncia, E na alegria sinta-se tristeza. Comea o mundo enfim pela ignorncia, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstncia.
  52. 52. No desejei seno estar ao sol ou chuva [...] Sentir calor e frio e vento [...] (Fernando Pessoa, Poemas completos de Alberto Caeiro) Queria ter aceitado A vida como ela A cada um cabe alegrias E a tristeza que vier... (Tits, Epitfio)
  53. 53. Uma noite longa pra uma vida curta mas j no me importa, basta poder te ajudar (Os Paralamas do Sucesso, Lanterna dos Afogados)
  54. 54. O paradoxo a justaposio de dois termos ou ideias contraditrios. Trata-se de uma anttese que, no lugar de apenas aproximar ideias contrrias, as sobrepe
  55. 55. Amor fogo que arde sem se ver ferida que di e no se sente (Lus de Cames, Soneto 4) Se lembra quando a gente Chegou um dia a acreditar Que tudo era pra sempre Sem saber que o pra sempre sempre acaba (Cssia Eller, Por enquanto)