introduÇÃo ao direito previdenciÁrio - legale.com.br · 53.831/64 e 83.080/79, até 05.03.1997...

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APOSENTADORIA ESPECIAL Professor: Rodrigo Sodero Facebook: Professor Rodrigo Sodero (fan page) e Rodrigo Sodero III Instagram: @profrodrigosodero

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Page 1: INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO - legale.com.br · 53.831/64 e 83.080/79, até 05.03.1997 e, após, pelo Decreto n. 2.172/97, sendo irrelevante que o segurado não tenha completado

APOSENTADORIA ESPECIAL

Professor: Rodrigo Sodero

Facebook: Professor Rodrigo Sodero (fan page) e RodrigoSodero III

Instagram: @profrodrigosodero

Page 2: INTRODUÇÃO AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO - legale.com.br · 53.831/64 e 83.080/79, até 05.03.1997 e, após, pelo Decreto n. 2.172/97, sendo irrelevante que o segurado não tenha completado

Aposentadoria Especial: Fundamentos e Conceito

FUNDAMENTOS: Artigo 201, § 1º, da CF, Artigos 57 e 58, da

Lei 8.213/91 (LB), Artigos 64 a 70, do Decreto 3.048/99 e

Artigos 246 a 299, da IN INSS/PRES 77/2015.

CONCEITO: A aposentadoria especial é um benefício que

visa proteger o segurado que trabalha sujeito a condições

prejudiciais à sua saúde ou integridade física,

proporcionando-lhe a retirada da atividade nociva antes que

efetivamente sofra os efeitos da mencionada exposição.

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Aposentadoria Especial: Pressupostos

PRESSUPOSTOS DE CONCESSÃO:

1. 15, 20 ou 25 anos trabalhados em atividade

nociva à saúde e/ou integridade física

(especificidades serão abordadas

oportunamente).

2. Carência de 180 contribuições ou tabela do art.

142, da LB.

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Caracterização e Comprovação do Tempo

Especial

Com relação à caracterização da atividade como especial

devemos aplicar o princípio do tempus regit actum (art.

70, § 1º, do Decreto 3.048/99), tendo em vista o direito

adquirido (art. 5º, inciso XXXVI, da CF e art. 6º, da LINDB)

Ou seja, para se averiguar se a atividade deve ser

considerada ou não especial deve-se observar a

legislação vigente à época da prestação do serviço.

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Caracterização e Comprovação do Tempo

Especial

As normas mais importantes para a caracterização da

atividade como especial são:

1. Lei 3.807/60 e Decreto 53.831/64 (Quadro Anexo a que se

refere o seu art. 2º) e 83.080/79 (Anexos I e II),

2. Artigos 57 e 58, da Lei 8.213/91;

3. Lei 9.032/95 e Decreto 2.172/97 (Anexo IV), e

4. Decreto 3.048/99 (Anexo IV).

A seguir, trataremos em mais detalhes dessas normas.

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Caracterização e Comprovação do Tempo

Especial

Os Decretos 53.831/64 e 83.080/79 traziam em seus quadros

anexos róis de atividades profissionais de agentes agressivos

à saúde e/ou integridade física que davam ao segurado que se

enquadrasse em uma dessas profissões ou que se expunha à

algum dos agentes, o direito ao cômputo do tempo

trabalhado, como especial.

O entendimento jurisprudencial é pacificado, no sentido de

que os decretos acima referidos podem ser simultaneamente

invocados.

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Caracterização e Comprovação do Tempo

Especial

Assim, as atividades exercidas durante a vigência dos

referidos decretos podem ser consideradas como especiais

pela CATEGORIA PROFISSIONAL (prova: art. 270, IN

INSS/PRES 77/2015) ou pela EXPOSIÇÃO AOS AGENTES

NOCIVOS (formulários*: AGENTES INSALUBRES, PENOSOS

OU PERIGOSOS).

Segundo a Súmula 198, do extinto TFR, e remansosa

jurisprudência, o rol de profissões e de agentes nocivos dos

referidos decretos não são exaustivos ou taxativos, mas, sim,

meramente exemplificativos ou elucidativos.

Vide o art. 277, § 3º, da IN INSS/PRES 77/2015 quanto ao

Anexo IV do RPS: EXEMPLIFICATIVO.

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Caracterização e Comprovação do Tempo

Especial

Neste sentido, vejamos:

Súmula 70, da TNU: A atividade de tratorista pode

ser equiparada à de motorista de caminhão para fins

de reconhecimento de atividade especial mediante

enquadramento por categoria profissional.

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Caracterização e Comprovação do Tempo

Especial

Precedentes do STJ:

AgRg no REsp 1.104.780, e;

AgRg no REsp 1.168.455.

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Caracterização e Comprovação do Tempo

Especial

Outro ponto importante é aquele que diz respeito à data

limite de vigência dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79 e,

por conseguinte, da caracterização da atividade como

especial de acordo com a atividade profissional

(presunção jures et de jure de especialidade).

Possível até a edição da Lei 9.032/95!!!

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Caracterização e Comprovação do Tempo Especial

FORMULÁRIOS:

IS SSS-501.19/71: Anexo I, da Seção I, do BS/DS 38, de 26.02.1971.

ISS-132: Anexo IV, da parte II, do BS/DG 231, de 06.12.1977.

SB-40: OS/SB 52.5, de 13.08.1979.

DISES BE 5235: Resolução INSS/PR 58, de 16.09.1991.

DSS-8030: OS/INSS/DSS 518, de 13.10.1995.

DIRBEN 8030: IN 39, de 26.10.2000.

PPP: IN/INSS/DC 99, de 05.12.2003 (a partir de 01.01.2004 – informações

falsas: falsidade ideológica (art. 297, do CP) e multa (art. 68, § 6º c/c art. 283,

do RPS).

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Aposentadoria Especial: Agentes nocivos

AGENTES: Químicos, físicos,

biológicos, psicológicos,

ergonômicos, perigosos ou

associação desses agentes.

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Aposentadoria Especial: Agentes nocivos

Hoje, o Anexo IV, do Decreto 3.048/99, é quem traz a

quantidade de anos de exposição necessários para a

concessão da aposentadoria especial (vide art. 252, da IN

INSS/PRES 77/2015). Vejamos:

15 anos: trabalhos em mineração subterrânea, em frentes

de produção, com exposição à associação de agentes

físicos, químicos ou biológicos. (4.0.2, do Anexo IV, ao

Decreto 3.048/99).

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Aposentadoria Especial: Agentes nocivos

20 anos: asbestos; trabalhos em mineração subterrânea,

afastados das frentes de produção, com exposição à

associação de agentes físicos, químicos ou biológicos.

(itens 1.0.2 e 4.0.1, do Anexo IV, ao Decreto 3.048/99).

25 anos: demais casos.

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Aposentadoria Especial: Agentes nocivos

A Lei 9.732, de 11.12.1998 (advinda da conversão da

MP 1.729/98, publicada em 03.12.1998), trouxe a

questão da qualidade e da quantidade para definir se o

agente presente no ambiente laboral é ou não nocivo,

quando autorizou que a legislação trabalhista fosse

parâmetro para o enquadramento das atividades

especiais (art. 58, § 1º, da Lei 8.213/91).

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Aposentadoria Especial: Agentes nocivos

Agente qualitativo: nocividade presumida; constantes nos

Anexos 6, 13, 13-A e 14, da NR 15 e no Anexo IV, do Decreto

3.048/99, para agentes iodo e níquel.

São agentes qualitativos: Ar comprimido e pressão

atmosférica anormal (6), agentes químicos (13), benzeno

(13-A) e agentes biológicos(14).

Observação: art. 278, § 1º, inciso I, da IN INSS/PRES

77/2015.

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Aposentadoria Especial: Agentes nocivos

Agente quantitativo: considerado pela ultrapassagem dos

limites de tolerância ou doses, dispostos nos Anexos 1, 2,

3, 5, 8, 11 e 12, da NR 15.

São agentes quantitativos: Ruído (1), ruído de impacto (2),

calor (3), radiações ionizantes (5), vibrações (8), agentes

químicos quantitativos (11), poeiras minerais(12).

Observação: art. 278, § 1º, inciso II, da IN INSS/PRES

77/2015.

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Aposentadoria Especial: Responsável pela análise

Responsável pela análise: Nos termos do art. 297, da IN

INSS/PRES 77/2015, o Perito Médico Previdenciário - PMP

realizar análise técnica dos períodos de atividade exercida em

condições especiais com exposição a agentes nocivos

químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes

prejudiciais à saúde ou à integridade física, quando requisitado

tanto em processos administrativos, quanto em processos

judiciais, avaliando as informações: a) dos formulários de

reconhecimento de períodos laborados em condições

especiais, conforme o caso, observando o disposto no art. 260,

da IN 77/2015, confrontando as informações com os

documentos contemporâneos apresentados; e b) do LTCAT ou

documentos substitutivos informados no art. 261, da IN

77/2015, confrontando com os documentos apresentados,

observando o art. 262, da mesma IN.

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Aposentadoria Especial: Responsável pela análise

É atribuição do PMP solicitar esclarecimentos, remetendo às

solicitações ao servidor administrativo para os devidos

encaminhamentos, caso identifique inconsistência, divergência

ou falta de informações indispensáveis ao reconhecimento do

direito de enquadramento de período de atividade exercido em

condições especiais e emitir parecer técnico através do

preenchimento do formulário denominado Análise e Decisão

Técnica de Atividade Especial - Anexo LII, da IN 77/2015, de

forma clara, objetiva e legível, com a fundamentação que

justifique a decisão e realizar o enquadramento no sistema

do(s) período(s) de atividade exercido em condições especiais

por exposição à agente nocivo.

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Aposentadoria Especial: Responsável pela análise

Na forma do art. 298, da IN INSS/PRES 77/2015, o PMP poderá,

sempre que julgar necessário, solicitar as demonstrações

ambientais (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -

PPRA; Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR; Programa

de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção - PCMAT; Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional – PCMSO; Laudo Técnico de Condições

Ambientais do Trabalho - LTCAT; e Perfil Profissiográfico

Previdenciário – PPP) e outros documentos pertinentes à

empresa responsável pelas informações, bem como inspecionar

o ambiente de trabalho.

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Aposentadoria Especial: Permanência

CONCEITO DE PERMANÊNCIA:

Em regra, trabalho permanente é aquele em que o

segurado, no exercício de suas funções, esteve

efetivamente exposto a agentes nocivos.

Exigência trazida pela Lei 9.032/95 (§ 3º, do art. 57, da

LB).

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Aposentadoria Especial: Permanência

O Decreto 4.882/03, alterou alguns dispositivos do

Decreto 3.048/99, evidenciando uma nova realidade

quanto à concessão do benefício.

A principal alteração diz respeito à não haver mais a

necessidade de exercício da atividade laboral de forma

“habitual e contínua” com agentes nocivos para se ter

direito ao benefício, mas sim, de atividade

PERMANENTE.

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Aposentadoria Especial: Permanência

De acordo com a nova redação dada ao art. 65, do Decreto 3.048/99,

considera-se trabalho permanente aquele que é exercido de forma

não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado,

do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja

indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço.

Com isto, o Decreto 3.048/99 permite uma flexibilização da

necessidade de cumprimento de jornada integral para fins de

obtenção do benefício (Precedente: TNU, Processo 244-

06.2010.4.04.7250/SC e TRF4, Processo 96.04.54988-0/SC).

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Aposentadoria Especial: Permanência

Neste sentido, também vejamos:

Súmula 49, da TNU: Para reconhecimento de condição

especial de trabalho antes de 29.04.1995, a exposição a

agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa

ocorrer de forma permanente.

Precedente do STJ: REsp 658016/SC, Rel. Ministro HAMILTON

CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 18/10/2005, DJ

21/11/2005.

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Aposentadoria Especial: Permanência

No que diz respeito aos períodos de gozo de auxílio-

doença ou aposentadoria por invalidez, que

sucedem período de exercício de atividade especial,

o parágrafo único, do art. 65, do Decreto 3.048/99,

diz que o período de afastamento deve ser

computado como especial, desde que o benefício

tenha natureza acidentária.

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Aposentadoria Especial: Permanência

No mesmo sentido dispõe o art. 291, da IN INSS/PRES 77/2015: São

considerados períodos de trabalho sob condições especiais, para fins

desta Subseção, os períodos de descanso determinados pela legislação

trabalhista, inclusive férias, os de afastamento decorrentes de gozo de

benefícios de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez

acidentários, bem como os de recebimento de salário-maternidade,

desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse exercendo

atividade considerada especial.

O parágrafo único do referido artigo determina que: Os períodos de

afastamento decorrentes de gozo de benefício por incapacidade de

espécie não acidentária não serão considerados como sendo de

trabalho sob condições especiais.

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Aposentadoria Especial: Permanência

Entendemos que o afastamento deve ser computado

como especial desde que o benefício por

incapacidade suceda interregno no qual houve

exercício de atividade especial, independentemente

da espécie do benefício. (O Decreto afronta o art. 84,

inciso IV, da CF e o art. 29, § 5º, da Lei 8.213/91)

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Aposentadoria Especial: Permanência

TNU dos JEF`s: nos autos do Processo nº 5012755-

25.2015.4.04.7201 a TNU determinou a suspensão de

todos os processos que tramitam pelo JEF sobre o

tema.

TRF4: IRDR no Processo 5017896-

60.2016.4.04.0000, julgado favoravelmente aos

segurados.

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Aposentadoria Especial: Permanência

Alguns outros precedentes:

Apelação 5000354-68.2011.404.7107/RS, julgada pelo

TRF4.

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO.

CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM AUXÍLIO-

ACIDENTE. SUBSTITUIÇÃO DA APOSENTADORIA POR

TEMPO DE SERVIÇO EM APOSENTADORIA ESPECIAL.

CONVERSÃO NÃO RECONHECIDA. APOSENTADORIA

ESPECIAL CONCEDIDA.

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Aposentadoria Especial: Permanência

APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PARCIALMENTE PROVIDA. 1. O pedido da

parte autora se funda na conversão do auxílio-doença em auxílio-acidente

para a contagem deste como período especial e a conversão da

aposentadoria por tempo de serviço em aposentadoria especial. 2. O

período em que o segurado esteve em gozo de auxílio-doença pode ser

considerado como tempo de serviço especial, desde que precedido de labor

especial. 3. O segurado que estiver em gozo do benefício de auxílio-doença

tem direito a computá-lo como tempo de serviço especial, fazendo jus à sua

conversão para comum, uma vez que existe expressa autorização legislativa

contida no artigo 63 do Decreto nº 2.172/97, no sentido de se tomar como

especial o interregno em gozo de auxílio-doença, quando esse se situar

entre dois lapsos temporais assim qualificados, o que é o caso dos autos.

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Aposentadoria Especial: Permanência

4. Ainda que não reconhecido a conversão do período de auxílio-doença em

auxílio-acidente, considerando que não há documentos suficientes a

demonstrar que o afastamento do autor se deu exclusivamente ao fato do

acidente ocorrido, deve o INSS averbar como atividade especial o período

de 16/04/2005 a 12/12/2005, período em que o autor estava em auxílio-

doença, tendo em vista que o trabalho por ele exercido antes e após o

referido auxílio fora reconhecido como período especial na empresa

"ferrobran", de 29/08/1981 a 30/08/2006. 5. Computado o período de

16/04/2005 a 12/12/2005 como atividade especial, acrescido aos demais

períodos reconhecidos e já averbado pelo INSS, até a data do requerimento

administrativo (20/11/2008) perfaz-se um total de 25 anos e dois dias de

trabalho exercido em atividade especial, suficientes para o deferimento da

aposentadoria especial, nos termos dos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91.

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Aposentadoria Especial: Permanência

6. O segurado à revisão de benefício previdenciário de aposentadoria

por tempo de serviço para sua conversão em aposentadoria especial,

vez que preenchidos os requisitos para seu deferimento, bem como ser

mais vantajosa à parte autora, conforme requerido na inicial. 7.

Observar a prescrição quinquenal das parcelas que antecedem o

quinquênio contado do ajuizamento da ação e a obrigatoriedade da

dedução, na fase de liquidação, dos valores eventualmente pagos à

parte autora na esfera administrativa. 8. Apelação da parte autora

parcialmente provida. (TRF 3ª Região, SÉTIMA TURMA, AC -

APELAÇÃO CÍVEL - 1790532 - 0038287-66.2012.4.03.9999, Rel.

DESEMBARGADOR FEDERAL TORU YAMAMOTO, julgado em

06/03/2017, e-DJF3 Judicial 1 DATA: 14/03/2017)

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Aposentadoria Especial: Permanência

PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL.

ATIVIDADE ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À TENSÃO

ELÉTRICA SUPERIOR A 250 VOLTS. OBSERVÂNCIA DA LEI VIGENTE À

ÉPOCA PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

IMPLANTAÇÃO IMEDIATA DO BENEFÍCIO. I - No que tange à atividade

especial, a jurisprudência pacificou-se no sentido de que a legislação

aplicável para sua caracterização é a vigente no período em que a atividade

a ser avaliada foi efetivamente exercida, devendo, portanto, no caso em tela,

ser levada em consideração a disciplina estabelecida pelos Decretos n.

53.831/64 e 83.080/79, até 05.03.1997 e, após, pelo Decreto n. 2.172/97, sendo

irrelevante que o segurado não tenha completado o tempo mínimo de

serviço para se aposentar à época em que foi editada a Lei nº 9.032/95.

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Aposentadoria Especial: Permanência

II - Quanto à conversão de atividade especial em comum após

05.03.1997, por exposição à eletricidade, o E. Superior Tribunal de

Justiça, através do RESP nº 1.306.113-SC (Relator Ministro Herman

Benjamin, julgado em 14.11.2012, DJe 07.03.2013,), entendeu que o

artigo 58 da Lei 8.213/91 garante a contagem diferenciada para fins

previdenciários ao trabalhador que exerce atividades profissionais

prejudiciais à saúde ou à integridade física (perigosas), sendo a

eletricidade uma delas, desde que comprovado mediante prova técnica.

III- No caso dos autos, houve comprovação de que o autor esteve

exposto à tensão elétrica superior a 250 volts, que, por si só, justifica o

reconhecimento da especialidade pleiteada.

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Aposentadoria Especial: Permanência

Ademais, em se tratando de exposição a altas tensões elétricas, que

tem o caráter de periculosidade, a caracterização em atividade

especial independe da exposição do segurado durante toda a

jornada de trabalho, pois que a mínima exposição oferece potencial

risco de morte ao trabalhador, justificando o enquadramento

especial. IV - A percepção de benefício de auxílio-doença não elide o

direito à contagem com acréscimo de 40%, tendo em vista que o

autor exercia atividade especial quando do afastamento do trabalho.

V - Honorários advocatícios arbitrados em 15% sobre o valor das

prestações vencidas até a data da sentença, em conformidade com

a Súmula 111 do STJ.

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Aposentadoria Especial: Permanência

VI - Nos termos do artigo 497 do Novo Código de Processo Civil,

determinada a imediata implantação do benefício de aposentadoria

especial. VII - Apelação da parte autora provida. (TRF 3ª Região,

DÉCIMA TURMA, AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2169181 - 0001012-

51.2013.4.03.6183, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL SERGIO

NASCIMENTO, julgado em 11/10/2016, e-DJF3 Judicial 1

DATA:19/10/2016)

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Aposentadoria Especial: Permanência

Dica Prática: Sempre que formos realizar a contagem do

tempo especial devemos requerer o CNIS do segurado e

eventual(ais) carta(s) de concessão de auxílio(s)-

doença(s), aposentadoria por invalidez e/ou salário-

maternidade!!!

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Aposentadoria Especial: Prova da exposição

permanente

Permanência implícita no PPP: O PPP trata-se de um histórico

laboral do trabalhador, indicando o setor, a função, o cargo, a

CBO (Classificação Brasileira de Ocupação), bem como

indicando de forma pormenorizada as atividades exercidas,

não restando dúvida, portanto, de que, se o trabalhador não

exerceu outra função e/ou atividade em outro setor, e se

naquele setor indicado no PPP esteve exposto a agentes

nocivos, o critério da permanência encontra-se implícito neste

documento.

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Aposentadoria Especial: Prova da exposição

permanente

Utilização de EPI de modo contínuo: O PPP traz a informação

de que o EPI foi utilizado de modo contínuo. Assim sendo,

obviamente, que a exposição se deu de modo permanente.

Prova testemunhal: A prova testemunhal pode ser utilizada

para comprovação da permanência na exposição aos agentes

nocivos.

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Aposentadoria Especial: Beneficiários

BENEFICIÁRIOS: Para o INSS, somente o

empregado, trabalhador avulso e contribuinte

individual cooperado (art. 247, da IN INSS/PRES

77/2015).

Todos os segurados, no nosso entendimento!!!

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Tempo Especial e o Contribuinte Individual

Nos casos de contribuinte individual, nos termos do

inciso I, do art. 259, da IN INSS/PRES 77/2015, o INSS

deve reconhecer o período trabalhado em atividade

especial, por categoria profissional, até 28.04.1995,

mediante apresentação de documentos que comprovem,

ano a ano, a permanência na atividade exercida (não

seria necessário o PPP ou qualquer formulário).

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Tempo Especial e o Contribuinte Individual

Com relação ao período trabalhado após a edição da Lei

9.032/95, entretanto, é aconselhável que o contribuinte

individual não cooperado - se possível - contrate uma

empresa especializada para “laudar” o ambiente de

trabalho e confeccionar o PPP, pois o INSS não

reconhece o tempo trabalhado como especial (art. 259,

inciso II, da IN INSS/PRES 77/2015).

Além disso, outras provas podem ser produzidas!!!

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Tempo Especial e o Contribuinte Individual

Súmula 62, da TNU: “O segurado contribuinte individual

pode obter reconhecimento de atividade especial para

fins previdenciários, desde que consiga comprovar

exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade

física." (DOU 03.07.2012)

Precedente: TRF4, APELREEX 200870010033295, Rel.

Luís Alberto D’Azevedo Aurvalle. D.E. 22.04.2010.

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Aposentadoria Especial: Laudo Técnico

LAUDO TÉCNICO: A Lei 9.528, de 10.12.1997, alterou a

redação do art. 58, § 1º, da Lei 8.213/91, passando a exigir

que o formulário comprobatório do tempo especial fosse

emitido com base em Laudo Técnico - LTCAT.

O lastreamento em Laudo sempre foi exigido para o

agente nocivo ruído (segundo algumas decisões, também

para frio e calor).

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Aposentadoria Especial: Laudo Técnico

Nos termos do art. 258, da IN INSS/PRES 77/2015

para caracterizar o exercício de atividade sujeita a

condições especiais o segurado empregado ou

trabalhador avulso deverá apresentar, original ou cópia

autenticada da Carteira Profissional - CP ou da Carteira

de Trabalho e Previdência Social - CTPS, acompanhada

dos seguintes documentos:

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Aposentadoria Especial: Laudo Técnico

Para períodos laborados até 28 de abril de 1995, véspera da

publicação da Lei 9.032/95:

a) Os antigos formulários de reconhecimento de períodos laborados

em condições especiais emitidos até 31 de dezembro de 2003, e quando

se tratar de exposição ao agente físico ruído, será obrigatória a

apresentação, também, do Laudo Técnico de Condições Ambientais do

Trabalho - LTCAT; ou

b) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido a partir

de 1º de janeiro de 2004; (NÃO FALA DO LAUDO NEM PARA O

RUÍDO!!!)

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Aposentadoria Especial: Laudo Técnico

Para períodos laborados entre 29 de abril de 1995, data da

publicação da Lei 9.032/95, a 13 de outubro de 1996, véspera

da publicação da MP 1.523/96:

a) Os antigos formulários de reconhecimento de períodos

laborados em condições especiais emitidos até 31 de

dezembro de 2003, e quando se tratar de exposição ao agente

físico ruído, será obrigatória a apresentação do LTCAT ou

demais demonstrações ambientais arroladas no inciso V do

caput do art. 261, da IN INSS/PRES 77/2015; ou

b) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido a partir

de 1º de janeiro de 2004; (NÃO FALA DO LAUDO NEM PARA O

RUÍDO!!!)

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Aposentadoria Especial: Laudo Técnico

Para períodos laborados entre 14 de outubro de 1996, data da

publicação da MP 1.523/96 a 31 de dezembro de 2003, data

estabelecida pelo INSS em conformidade com o determinado

pelo § 3º do art. 68 do RPS:

a) Os antigos formulários de reconhecimento de períodos

laborados em condições especiais emitidos até 31 de

dezembro de 2003 e, LTCAT para exposição a qualquer

agente nocivo ou demais demonstrações ambientais

arroladas no inciso V do caput do art. 261, da IN INSS/PRES

77/2015; ou

b) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido a partir

de 1 de janeiro de 2004; (NÃO FALA DO LAUDO!!!)

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Aposentadoria Especial: Laudo Técnico

Para períodos laborados a partir de 1º de janeiro de 2004,

o documento a ser apresentado deverá ser o PPP,

conforme estabelecido por meio da Instrução Normativa

INSS/DC 99, de 5 de dezembro de 2003, em cumprimento

ao § 3º do art. 68 do RPS.

NÃO FALA DO LAUDO!!!

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Laudo Técnico e PPP: o que diz o STJ?

Pet 10.262/RS:

É lícito concluir que apresentado o PPP, mostra-e

desnecessária a juntada do LTCAT, exceto quando suscitada

dúvida objetiva e idônea pelo INSS quanto à congruência entre

os dados do PPP e do próprio laudo que o tenha embasado!

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Tempo Especial: Outros meios de prova

Em que pese a existência do PPP, entendemos que o tempo especial

pode ser comprovado por todos os meios de prova, como a

realização de perícia no local de trabalho, em estabelecimento

similar, através de sentença trabalhista que reconheceu o trabalho

em exposição à agentes nocivos, etc.

CNIS com anotação de IEAN: exposição à agentes nocivos no

grupo 15, 20 ou 25 anos.

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Tempo Especial: Outros meios de prova

Perícia indireta ou por similaridade como meio de prova do tempo

especial:

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. CONFIGURAÇÃO.

PERÍCIA INDIRETA EM EMPRESA SIMILAR. LOCAL DE TRABALHO

ORIGINÁRIO INEXISTENTE. POSSIBILIDADE. 1. "Mostra-se legítima

a produção de perícia indireta, em empresa similar, ante a

impossibilidade de obter os dados necessários à comprovação de

atividade especial, visto que, diante do caráter eminentemente social

atribuído à Previdência, onde sua finalidade primeira é amparar o

segurado, o trabalhador não pode sofrer prejuízos decorrentes da

impossibilidade de produção, no local de trabalho, de prova, mesmo

que seja de perícia técnica". (REsp 1.397.415/RS, Rel. Ministro

Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 20.11.2013). 2. Agravo

Regimental não provido. (AgRg no REsp 1422399/RS, Rel. Ministro

HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/03/2014,

DJe 27/03/2014)

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Tempo Especial e necessidade de

documentação contemporânea

Quanto à necessidade de que os documentos comprobatórios do

exercício da atividade especial sejam contemporâneos à época da

prestação do serviço, nota-se que tal exigência é completamente

desarrazoada.

É evidente que o fato de os documentos terem sido fornecidos após

o término da prestação dos serviços não pode prejudicar o

segurado do Regime Previdenciário, sendo legítima a utilização do

laudo e documento fornecido pela empresa ou órgão público, de

acordo com as informações constantes em seus dados arquivados.

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Tempo Especial e necessidade de

documentação contemporânea

Ademais, ao contrário do que costuma afirmar o INSS, não há

impedimento legal para que se aceite o laudo extemporâneo à época

em que o segurado efetivamente trabalhou.

Como bem salienta Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro, “muitas

vezes esses formulários não são emitidos à época em que o

segurado exerceu a atividade insalubre, mas quando se desliga do

trabalho, e, outras vezes, são reeditados em substituição ao

formulário extraviado, além de serem muitas vezes emitidos após

reclamação do segurado contra a empregadora, objetivando o

reconhecimento de condições de trabalho insalubres”.

(Aposentadoria Especial. 2ª Ed. Curitiba:Juruá, 2005, p. 289/290.)

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Tempo Especial e necessidade de

documentação contemporânea

Portanto, não há qualquer razão para que os documentos

“EXTEMPORÂNEOS” não sejam aceitos como verdadeiros,

devendo-se considerar, inclusive, que o INSS nunca foi

impedido de examinar o local de trabalho onde foi

desenvolvido o trabalho nocivo para que pudesse apurar

possíveis irregularidades ou fraudes no preenchimento

desses documentos. Destaca-se ainda que, a exigência de

contemporaneidade dos documentos, em alguns casos,

simplesmente inviabilizaria a demonstração do exercício da

atividade especial.

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Tempo Especial e necessidade de

documentação contemporânea

Neste sentido, vejamos:

Súmula 68, da TNU: O laudo pericial não contemporâneo ao

período trabalhado é apto à comprovação da atividade

especial do segurado.

Precedente do TRF3: Processo 2006.03.99.006918-7, Turma

Suplementar da 3ª Seção, Rel. Juíza Convocada Louise

Filgueiras, DJF3 de 13.11.2008.

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Prova do Tempo especial categoria profissional

EMPRESA EXTINTA

Data limite: 28.04.1995.

Art. 270,§ 1º, da IN 77/2015: No caso de empresa legalmente extinta,

a não apresentação do formulário de reconhecimento de períodos

laborados em condições especiais ou PPP não será óbice ao

enquadramento do período como atividade especial por categoria

profissional para o segurado empregado, desde que conste a função

ou cargo, expresso e literal, nos documentos relacionados no inciso

I deste artigo, idêntica às atividades arroladas em um dos anexos

legais indicados no art. 269, devendo ser observada, nas anotações

profissionais, as alterações de função ou cargo em todo o período a

ser enquadrado.

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Justificação Administrativa

Art. 582, da IN 77/2015: Quando o segurado não dispuser de

formulário para análise de atividade especial e a empresa estiver

legalmente extinta, a JA poderá ser processada, mediante

requerimento, observado o § 1º e o caput do art. 261 e, ainda, as

seguintes disposições:

I - quando se tratar de comprovação de enquadramento por

categoria profissional ou atividade até 28 de abril de 1995, véspera

da publicação da Lei nº 9.032, de 1995, na impossibilidade de

enquadramento na forma dos arts. 269 a 275, a JA será instruída

com base em outros documentos em que conste a função exercida,

devendo ser verificada a correlação entre a atividade da empresa e a

profissão do segurado; e

II - quando se tratar de exposição à qualquer agente nocivo em

período anterior ou posterior à Lei nº 9.032, de 1995, a JA deverá ser

instruída obrigatoriamente com a apresentação do laudo técnico de

avaliação ambiental coletivo ou individual.

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Justificação Administrativa para comprovação

da atividade especial

§ 1º Caso o laudo referido no inciso II seja extemporâneo ao período

alegado, deverá atender às exigências do § 3º do art. 261.

§ 2º Para o disposto neste artigo, a comprovação da extinção da

empresa far-se-á observando-se os § § 3º e 4º do art. 270.

§ 3º A JA processada na hipótese do inciso II deste artigo dependerá

da análise da perícia médica, devendo a conclusão do mérito ser

realizada pelo servidor que a autorizou.

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Utilização de EPI

A matéria foi apreciada pelo STF, em 04.12.2014, quando

do julgamento do ARE 664.335, com repercussão geral

reconhecida pela Corte Suprema (Rel. Min. Luiz Fux).

O STF firmou, para os efeitos do art. 543-B, do CPC, duas

teses que veremos a seguir.

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Utilização de EPI

TESE ESPECÍFICA: Em se tratando de exposição do segurado ao

agente nocivo ruído, acima dos limites de tolerância, a eficácia do

EPI NÃO DESCARACTERIZA a atividade especial para fins de

aposentadoria.

TESE GERAL: O direito à aposentadoria especial (art. 201, §1º, da

CF) pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo.

Se o EPI é eficaz para neutralizar, o tempo de atividade não se

caracteriza como especial. O ônus da prova seria do INSS, segundo

nosso entendimento!

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Utilização de EPI

(...) Sublinhe-se o fato de que o campo "EPI Eficaz (S/N)" constante

no Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é preenchido pelo

empregador considerando-se, tão somente, se houve ou não

atenuação dos fatores de risco, consoante determinam as

respectivas instruções de preenchimento previstas nas normas

regulamentares. Vale dizer: essa informação não se refere à real

eficácia do EPI para descaracterizar a nocividade do agente. (...)

(TRF 3ª Região, NONA TURMA, AC - APELAÇÃO CÍVEL - 2205341 -

0013273-48.2013.4.03.6183, Rel. JUIZ CONVOCADO RODRIGO

ZACHARIAS, julgado em 13/02/2017, e-DJF3 Judicial 1

DATA:01/03/2017)

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Utilização de EPI

(...) I - O uso de equipamentos de proteção individual - EPI não é

suficiente para descaracterizar a especialidade da atividade, a não

ser que comprovada a real efetividade do aparelho na neutralização

do agente nocivo. II - A informação registrada pelo empregador no

Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) sobre a eficácia do EPI

não tem o condão de descaracterizar a sujeição do segurado aos

agentes nocivos. Conforme decisão proferida pelo C. STF na

Repercussão Geral nº 664.335/SC, a legislação previdenciária criou,

com relação à aposentadoria especial, uma sistemática na qual é

colocado a cargo do empregador o dever de elaborar laudo técnico

voltado a determinar os fatores de risco existentes no ambiente de

trabalho, ficando o Ministério da Previdência Social responsável por

fiscalizar a regularidade do referido laudo. Ao mesmo tempo,

autoriza-se que o empregador obtenha benefício tributário caso

apresente simples declaração no sentido de que existiu o

fornecimento de EPI eficaz ao empregado.

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Utilização de EPI

III - Não se pode impor ao segurado - que não concorre para a

elaboração do laudo, nem para a sua fiscalização - o dever de fazer

prova da ineficácia do equipamento de proteção que lhe foi

fornecido. Caberá ao INSS o ônus de provar que o trabalhador foi

totalmente protegido contra a situação de risco, pois não se pode

impor ao empregado - que labora em condições nocivas à sua saúde

- a obrigação de suportar individualmente os riscos inerentes à

atividade produtiva perigosa, cujos benefícios são compartilhados

por toda a sociedade. IV - Recurso improvido. (TRF 3ª Região,

TERCEIRA SEÇÃO, EI - EMBARGOS INFRINGENTES - 1869483 -

0019738-71.2013.4.03.9999, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL

NEWTON DE LUCCA, julgado em 10/11/2016, e-DJF3 Judicial 1

DATA: 25/11/2016)

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Utilização de EPI

DICA PRÁTICA: ATENÇÃO AO CERTIFICADO DE

APROVAÇÃO (C.A.) DO EPI!!! CONSULTA PELA INTERNET

(TIPO DE EPI E VALIDADE).

DICA PRÁTICA: RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS PARA

RETIFICAÇÃO DO PPP, EM DETERMINADAS SITUAÇÕES

SÃO INTERESSANTES!

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Utilização de EPI

Enunciado 21, do CRPS: “O simples fornecimento de

equipamento de proteção individual de trabalho pelo

empregador não exclui a hipótese de exposição do

trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser

considerado todo o ambiente de trabalho”.

Neste sentido, vale a menção dos precedentes existentes até

então no âmbito do TRF3 e do STJ: AMS 199961090028578

(TRF3) e RESP 200500142380 (STJ).

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Utilização de EPI

Súmula 09, da TNU: “O uso de Equipamento de Proteção

Individual, ainda que elimine a insalubridade, no caso de

exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de

serviço especial prestado.”

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Utilização de EPI

EXPOSIÇÃO À BENZENO: Memorando Circular 8

DIRSAT: caracterização possível mesmo sem a utilização

de EPI.

EPI PARA AGENTE CANCERÍGENOS: Memorando-

Circular 02 DIRSAT/DIRBEN/INSS

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Ruído como Agente Nocivo

Segundo o STJ, o tempo de trabalho laborado com

exposição a ruído é considerado especial, nos seguintes

níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n.

53.831/64 (1.1.6); superior a 90 decibéis, a partir de 5 de

março de 1997, na vigência do Decreto n. 2.172/97;

superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto n.

4.882, de 18 de novembro de 2003. (REsp repetitivo

1.398.260/PR)

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Ruído como Agente Nocivo

Entendemos que após a edição do Decreto 2.172/97, para

fins de reconhecimento do tempo como especial, basta a

exposição a ruído superior a 85 dB, pois a questão não é

jurídica, mas sim, técnica, já que está cientificamente

comprovada a nocividade do agente nesse nível.

No mínimo, após a edição da MP 1.729, de 03.12.1998,

transformada na Lei 9.732/98, o limite a ser considerado

deve ser o de 85 dB, pois remete o intérprete à observação

da legislação trabalhista (art. 58, § 1º, da LB).

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Ruído como Agente Nocivo

Isso porque, a partir da vigência da MP 1.729, de

03.12.1998, transformada na Lei 9.732/98, diante do

princípio da hierarquia das normas, o Decreto 2.172/97 foi

revogado.

Ademais, o segurado não pode ser apenado pela demora

da regulamentação da lei pelo Executivo, o que neste caso

somente aconteceu em 2003, com a edição do Decreto

4.882.

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Ruído – Margem de Erro

(...) IV - Mantidos os termos da sentença que reconheceu a

especialidade dos períodos de (...) e de 05.02.2001 a 26.04.2011, por

exposição a ruído de 89,1 decibéis (conforme PPP encartado aos

autos), pois mesmo em parte do período sendo inferior ao patamar

mínimo de 90 decibéis previsto no Decreto 2.172/97, pode-se concluir

que uma diferença de menos de 01 (um) dB na medição pode ser

admitida dentro da margem de erro decorrente de diversos fatores (tipo

de aparelho, circunstâncias específicas na data da medição, etc.). (TRF

3ª Região, DÉCIMA TURMA, APELREEX - APELAÇÃO/REMESSA

NECESSÁRIA - 2138197 - 0015395-74.2013.4.03.6105, Rel.

DESEMBARGADOR FEDERAL SERGIO NASCIMENTO, julgado em

18/10/2016, e-DJF3 Judicial 1 DATA:26/10/2016)

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

O Anexo IV, do Decreto 2.172/97, não mais relaciona os agentes

perigosos para fins de caracterização do tempo especial.

Observa-se, no entanto:

O art. 201, § 1º, da CF o art. 57, da Lei 8.213/91, quando trata das

atividades exercidas em condições especiais, incluem as que

colocam em risco a integridade física do trabalhador;

Os róis trazidos pelos decretos regulamentadores são meramente

exemplificativos;

O art. 193, da CLT, descreve as atividades perigosas.

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

Portanto, entendemos que é possível o reconhecimento

da atividade especial por exposição à agentes perigosos

até os dias atuais.

Segundo a TNU, em recente julgamento proferido no

Processo 0008265-54.2008.4.04.7051 o transporte de

inflamáveis é considerado atividade perigosa pela Norma

Regulamentadora 16, do Ministério do Trabalho, e pela

Lei 12.740/12.

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

Com esse fundamento, a TNU decidiu reconhecer como

especial o tempo trabalhado por um segurado do INSS

do Paraná na função de motorista de caminhão tanque.

O caso foi analisado na sessão do dia 18.06.2015,

realizada no Espírito Santo.

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

De acordo com os autos, a Turma Regional de

Uniformização da 4ª Região entendeu possível o

reconhecimento da especialidade do labor pelo agente

nocivo periculosidade após a entrada em vigor do

Decreto 2.172/97.

Inconformado com a decisão, o INSS recorreu à TNU

alegando que o acórdão divergia da jurisprudência da

própria Turma Nacional.

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

Em seu pedido, a autarquia mencionou como paradigma

o PEDILEF 2007.83.00.50.7212-3, que, analisando a

especialidade da função de vigilante, aplicou a tese de

que após a entrada em vigor do Decreto 2.172/97, o

exercício dessa atividade deixou ser previsto como apto

a gerar contagem de tempo em condições especiais.

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

Segundo o relator do voto vencedor na TNU, juiz federal

João Batista Lazzari, a divergência ficou demonstrada,

pois o acórdão da 4ª Região uniformizou a matéria

genericamente, não se atendo à particularidade da

atividade da parte autora (transporte de inflamáveis).

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

O magistrado destacou que o presente caso não

comporta o mesmo tratamento conferido pela TNU ao

vigilante armado, enfatizando que na situação em exame

deve-se atentar à legislação específica que define os

critérios para caracterização das atividades ou

operações perigosas, estendendo essa possibilidade aos

trabalhadores expostos permanentemente a inflamáveis.

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

Citou, em seu voto, o julgamento do PEDILEF

50136301820124047001, em que a TNU firmou o entendimento de

que “não se pode contar tempo especial pelo agente nocivo perigo,

após 05.03.1997, quando da edição do Decreto 2.172/97, à exceção

daquelas previstas em lei específica como perigosas”.

Reconheceu o Relator que a atividade desenvolvida pela parte

recorrida é considerada perigosa tanto pela Norma

Regulamentadora 16 quanto pela legislação trabalhista em vigor (art.

193, da CLT, com redação alterada pela Lei 12.740/12).

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Agentes nocivos perigosos e Aposentadoria

Especial

No mesmo sentido a decisão recentemente proferida no

Processo nº 5000067-24.2012.4.04.71.08, pela mesma

TNU.

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Eletricidade como Agente Nocivo

A partir da edição do Decreto 2.172/97, não há mais previsão

expressa de caracterização da atividade especial por

exposição a eletricidade.

O posicionamento do STJ, firmado no julgamento do REsp

repetitivo 1.306.113/SC, (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,

PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/11/2012, DJE 07/03/2013) é

no sentido de que é sim, permitida a caracterização do tempo

como especial por exposição a eletricidade acima de 250V,

desde que a exposição seja permanente.

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Eletricidade como Agente Nocivo

Alguns tribunais vem relativizando a exigência da

permanência da exposição para caracterização do tempo

como especial por exposição a eletricidade.

Precedente: TRF2, APELRE 200251015239889,

Desembargadora Federal LILIANE RORIZ, TRF2 - SEGUNDA

TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data: 18/09/2012.

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Frentista

Trabalho como Frentista

Precedente: TRF3, Processo 0009154-

86.2010.4.03.6106/SP.

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Vigilante

Trabalho como vigilante armado antes da edição da Lei

9.032/95:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO AUTOR

E DO INSS. TEMPO ESPECIAL. VIGIA. USO DE ARMA DE

FOGO. DESNECESSIDADE. INACUMULATIVIDADE DE

BENEFÍCIOS. OPÇÃO PELO BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO.

PREQUESTIONAMENTO. - O INSS e a parte autora opõem

Embargos de Declaração de v. Acórdão que, por

unanimidade, negou provimento aos agravos legais

interpostos.

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Vigilante

- A parte autora alega que houve omissão quanto à tutela

antecipada deferida e a percepção de benefício concedido

administrativamente. - Por sua vez, o INSS sustenta, em síntese,

que o período em que o autor exerceu atividade de vigia, não

deve ser reconhecido como especial, uma vez que a atividade é

de mero risco e não insalubre, bem como não restou

comprovado o uso de arma de fogo. - Tem-se que cabe ao

requerente a opção pelo benefício que lhe seja mais vantajoso,

tendo em vista a impossibilidade de cumulação de

aposentadorias, de acordo com o artigo 124, II, da Lei nº 8.213/91.

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Vigilante

- É importante salientar que, caso opte pelo benefício deferido

administrativamente, terá o direito as parcelas atrasadas,

referentes ao benefício concedido na seara judicial, quando

passou a receber a aposentadoria por tempo de contribuição

concedida na esfera administrativa. - Tem-se que a categoria

profissional de vigilante é considerada perigosa, aplicando-se

o item 2.5.7 do Decreto nº 53.831/64. - Ademais, entendo que a

periculosidade das funções de guarda/vigia é inerente à

própria atividade, sendo desnecessária comprovação do uso

de arma de fogo.

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Vigilante

- O Recurso de Embargos de Declaração não é meio hábil ao

reexame da causa. - A explanação de matérias com finalidade

única de estabelecer prequestionamento a justificar

cabimento de eventual recurso não elide a inadmissibilidade

dos embargos declaratórios quando ausentes os requisitos

do artigo 535, do CPC. - Embargos de declaração do INSS

improvidos e embargos declaratórios da parte autora

providos em parte. (TRF 3ª Região, OITAVA TURMA,

APELREEX 0006056-95.2006.4.03.6183, Rel.

DESEMBARGADORA FEDERAL TANIA MARANGONI, julgado

em 14/03/2016, e-DJF3 Judicial 1 DATA:31/03/2016)

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Vigilante

Trabalho como vigilante armado no período posterior a

edição da Lei 9.032/95

Precedente: TNU, Processo 5007749-73.2011.4.04.7105.

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Trabalho em laboratório

Trabalho de bióloga em laboratório de análises clínicas é

reconhecido como atividade especial: TRF3, Processo nº

0000059-52.2012.4.03.6109/SP.

O TRF3 (Rel. Des. Gilberto Jordan), reconheceu como

exercício de atividade especial o tempo de trabalho de

uma segurada que exerceu funções de auxiliar de

laboratório e bióloga em laboratórios de análises

clínicas.

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Trabalho em laboratório

A decisão explica que a autora da ação comprovou que

ficava exposta de forma habitual e permanente a vários

agentes biológicos, como bactérias, vírus, fungos,

sangue, urina e fezes e parasitas, além de materiais

infecto-contagiantes.

Para o magistrado, mesmo que uma atividade não conste

expressamente na legislação, é possível o

reconhecimento da natureza especial do trabalho se o

segurado comprova que o trabalho era perigoso,

insalubre ou penoso.

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Recepcionista de hospital

Trabalho de recepcionista de hospital é reconhecido

como atividade especial: Processo nº 0003500-

13.2012.4.03.6183/SP.

O TRF3 (Real DeS. Fed. Sérgio Nascimento), reconheceu

como exercício de atividade especial o tempo de

trabalho de uma segurada que exerceu funções de

recepcionista em um hospital.

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Recepcionista de hospital

Atenção:

Para o Relator a atividade de recepcionista não é, em

regra, tida por especial, ainda que em ambiente

hospitalar, tendo em vista a dificuldade de se demonstrar

a exposição habitual e permanente a agentes biológicos.

No entanto, houve provas de que a segurada permanecia

em contato direto com pacientes enfermos, não isolados

e exposta a agentes biológicos nocivos.

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Penosidade e Aposentadoria Especial

A caracterização do tempo especial por penosidade

(trabalho que causa dor, sofrimento, incômodo) é

possível até, ao menos a edição do Decreto 2.172/97.

São exemplos de atividades especiais penosas previstas

na lista do Decreto 53.831/64: as de telefonista,

motoristas e cobradores de ônibus, etc.

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Penosidade e Aposentadoria Especial

Não se pode ignorar, entretanto, que o trabalho penoso é

uma realidade e se restar comprovada a exposição a

fatores nocivos a saúde ou integridade física do

trabalhador, o tempo de serviço deve ser reconhecido

como especial.

Exemplos: agentes psicológicos e agentes ergonômicos

(bancário, segurança, etc.).

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RMI da Aposentadoria Especial

A RMI da aposentadoria especial é de 100% do salário-

de-benefício (art. 57, § 1º da LB), aplicando-se o divisor

mínimo para sua apuração, conforme disposição do art.

3º, § 2º, da Lei 9.876/99.

Destaca-se que, na redação original do § 1º, do art. 57, da

LB, a RMI da aposentadoria especial era calculada de

forma diferente. Vejamos:

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RMI da Aposentadoria Especial

§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto na

Seção III deste capítulo, especialmente no art. 33,

consistirá numa renda mensal de 85% (oitenta e cinco

por cento) do salário-de-benefício, mais 1% (um por

cento) deste, por grupo de 12 (doze) contribuições, não

podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário-de-

benefício.

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Data de Início da Aposentadoria Especial

A DIB da aposentadoria especial segue os mesmos

parâmetros da aposentadoria por idade (vide art. 253, da

IN INSS/PRES 77/2015).

Art. 58, § 2º, da LB: A data de início do benefício será

fixada da mesma forma que a da aposentadoria por

idade, conforme o disposto no art. 49.

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Data de Início da Aposentadoria Especial

Art. 49. A aposentadoria por idade será devida:

I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir:

a) da data do desligamento do emprego, quando requerida

até essa data ou até 90 (noventa) dias depois dela; ou

b) da data do requerimento, quando não houver desligamento

do emprego ou quando for requerida após o prazo previsto na

alínea "a";

II - para os demais segurados, da data da entrada do

requerimento.

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Continuidade no Trabalho Especial

Nos termos do art. 57, § 8º, da Lei 8.213/91, aplica-se o disposto no

art. 46, da LB, ao segurado que se aposentar especial e continuar no

exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes

nocivos: Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar

voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria

automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.

Para o INSS a proibição se refere as aposentadorias requeridas e

concedidas a partir de 29.04.1995, na forma do art. 254, da IN

INSS/PRES 77/2015.

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Continuidade no Trabalho Especial

Por outro lado, há precedentes jurisprudenciais no sentido da

inconstitucionalidade do art. 57, § 8º, da Lei 8.213/91, devido a

afronta ao art. 5º, inciso XIII, da CF (direito de profissão).

Precedentes do TRF4: Incidente de Arguição de

Inconstitucionalidade 5001401-77.2012.404.0000 e

Apelação/Reexame necessário 5000262-89.2010.404.7104.

STF: RE 791.961/PR, com repercussão geral reconhecida,

aguarda julgamento!

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Conversão do Tempo de Serviço

A Aposentadoria Especial, como visto, poderá ser

concedida àquele trabalhador que labore por 15, 20 ou 25

anos em atividades nocivas à saúde ou integridade

física.

Ocorre que muitas vezes o trabalhador não consegue

concluir o tempo de labor na mesma atividade iniciada.

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Conversão do Tempo de Serviço

Assim, para facilitar a percepção de benefício previdenciário

– aposentadoria especial ou por tempo de contribuição –

aqueles segurados que venham a trabalhar em atividades de

nocividade máxima, média, mínima ou sem nocividade,

poderão ver o tempo convertido por um fator multiplicador

que preserve o equilíbrio/igualdade do tempo trabalhado (art.

5º, da CF (princípio da isonomia).

A possibilidade de conversão está prevista no § 1º, do art. 201

da CF e no § 5º, do art. 57, da LB.

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Conversão do Tempo de Serviço

Neste sentido, vejamos:

Súmula 50, da TNU: É possível a conversão do tempo de

serviço especial em comum do trabalho prestado em

qualquer período.

REsp repetitivo 1.151.363/MG: Rel. Ministro JORGE

MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, Julgado em 23/03/2011, DJE

05/04/2011.

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Conversão do Tempo de Serviço

Conversão de especial para especial: A existência de 03

hipóteses de incidência da norma jurídica que

ocasionam o direito à percepção da aposentadoria

especial levou o legislador à criação da possibilidade de

conversão de tempos de serviços nocivos exercidos em

diversos graus de nocividade laboral.

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Conversão do Tempo de Serviço

Conversão de Comum para Especial: Até a edição da Lei

9.032/95 era possível converter tempo comum para

especial. Era possível, através do fator conversor

redutor trocar um tempo de serviço comum pelo ficto

especial a fim de que se pudesse aposentar na

Aposentadoria Especial. Contudo, para tanto o segurado

deveria contar com períodos mistos: especial e comum.

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Conversão do Tempo de Serviço

Conversão Especial para Comum: Esta modalidade

serve para aquele segurado que trabalhou por um

determinado tempo exposto a agentes especiais, sem

contudo, ter completado o tempo para concessão do

benefício na modalidade especial. Deste modo, é dado a

ele o direito de converter o tempo especial por um fator

multiplicador no qual o seu tempo especial será contado

com um acréscimo para fins de concessão da

aposentadoria por tempo de contribuição.

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Conversão do Tempo de Serviço

Atividade a

converter

Para

Nocividade

Máxima

Para

Nocividade

Média

Para

Nocividade

Mínima

Para

Comum de

Mulher

Para

Comum de

Homem

De

Nocividade

Máxima

1,00 1,33 1,67 2,00 2,33

De

Nocividade

Média

0,75 1,00 1,25 1,50 1,75

De

Nocividade

Mínima

0,60 0,80 1,00 1,20 1,40

Comum de

Mulher

0,50 0,67 0,83 1,00 1,17

Comum de

Homem

0,43 0,57 0,71 0,86 1,00

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Conversão de Tempo Comum em Especial

O Decreto 83.080/79, bem como o Decreto 611/92 (art.

64), previam a possibilidade de conversão tempo comum

em especial. Esta previsão foi extinta com a Lei 9.032/95

(vide art. 249, da IN INSS PRES 77/2015).

Os Decretos traziam uma tabela que deveria ser utilizada

nesta conversão (art. 64, do Decreto 611/92). A tabela é

variável conforme a nocividade da atividade (mínima,

média e máxima).

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Conversão de Tempo Comum em Especial

Precedentes favoráveis aos segurados: Processo

2013.61.10.001091-6/SP (TRF3); Agravo Regimental no REsp 476.333

(STJ); Pedilef 5011435-67.2011.4.04.7107 (TNU).

Ocorre que, quando do julgamento dos embargos de declaração no

REsp repetitivo 1.310.034/PR, opostos pelo INSS, houve o provimento

dos embargos com efeitos infringentes, para se dar provimento ao

recurso do INSS e afirmar a tese de que não é possível a conversão do

tempo de atividade comum em tempo especial para atividades

anteriores à vigência da Lei 9.032/95, quando o direito à aposentadoria

especial é adquirido apenas após este marco legal.

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Conversão de Tempo Comum em Especial

Assim sendo, de acordo com a orientação do STJ, após a vigência

da Lei 9.032/95, só é possível a concessão de aposentadoria

especial ao segurado que exercer todo o tempo de atividade exigido

(15, 20 ou 25 anos) em condições especiais.

Segundo o Tribunal, a lei que disciplina o direito à conversão de

tempo de serviço, portanto, é aquela vigente ao tempo do

requerimento da aposentadoria - e não aquela vigente ao tempo da

prestação do serviço.

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Conversão do Tempo de Serviço Especial em

Comum

É possível converter o tempo especial em comum?

O fator de conversão do tempo de serviço especial do

homem (nocividade mínima) em comum da edição do

Decreto 87.374/82 à edição do Decreto 611/92: 1,20 ou

1,40?

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Conversão do Tempo de Serviço Especial em

Comum

Súmula 55, da TNU: A conversão do tempo de atividade

especial em comum deve ocorrer com aplicação do fator

multiplicativo em vigor na data da concessão da

aposentadoria.

STJ: Resp Repetitivo 1.310.034/PR, Rel. Ministro

HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, Julgado em

24/10/2012, DJE 19/12/2012.

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Aposentadoria Especial do Servidor Público

No que diz respeito ao direito do servidor público (funcionário

público) à aposentadoria especial, vejamos o que dispõe o art. 40,

da CF:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas

autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de

caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo

ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,

observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial

e o disposto neste artigo. (...)

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Aposentadoria Especial do Servidor Público

§ 4º - É vedada a adoção de requisitos e critérios

diferenciados para a concessão de aposentadoria aos

abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados,

nos termos definidos em leis complementares, os casos de

servidores:

I - portadores de deficiência;

II - que exerçam atividades de risco;

III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais

que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

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Aposentadoria Especial do Servidor Público

§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de

previdência dos servidores públicos titulares de cargo

efetivo observará, no que couber, os requisitos e

critérios fixados para o regime geral de previdência

social.

Todavia, a menção de que uma Lei Complementar estaria

a regulamentá-la, não foi, imposta pelo legislador

originário sem razão.

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Aposentadoria Especial do Servidor Público

Ao prever a regulamentação via Lei Complementar o constituinte só

o fez, por pensar que a matéria seria melhor regulamentada por uma

lei específica, não imaginou, no entanto, que a mesma demoraria

mais de 28 anos para ser editada. Nobre foi a intenção, não

obstante, o resultado não é aceitável.

Assim, o STF pacificou a matéria, quando do julgamento do MI 721,

no sentido de que ao funcionário público devem ser aplicadas as

normas do RGPS com relação à aposentadoria especial.

É possível o ingresso de ações individuais neste sentido.

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Aposentadoria Especial do Servidor Público

Súmula Vinculante 33, do STF: APLICAM-SE AO

SERVIDOR PÚBLICO, NO QUE COUBER, AS

REGRAS DO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA

SOCIAL SOBRE APOSENTADORIA ESPECIAL DE

QUE TRATA O ARTIGO 40, § 4º, INCISO III DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ATÉ A EDIÇÃO DE LEI

COMPLEMENTAR ESPECÍFICA.

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Aposentadoria Especial do Servidor Público

Paridade e integralidade: Processo 0024160-

95.2015.4.02.5101, da 2ª Vara Federal do Rio de

Janeiro (sentença em MS); Processos

0022130.87-2015.4.02.5101 e 0023854-

29.2015.4.02.5101, da 8ª Vara do Rio de Janeiro

(liminares em MS).

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Referências

LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. AposentadoriaEspecial.1. ed. Curitiba: Juruá. 2013,

RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. AposentadoriaEspecial. 4. ed. Curitiba: Juruá. 2012.