introdução

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“Geralmente consideramos a prova da percepção direta (Pratyaksha Pramaana) como o tipo de evidência mais importante. Somos capazes de ver nosso corpo. Desse modo, sabemos que ele existe. A inferência (Anumaana) é outra forma de prova. Vemos a fumaça no topo de uma colina distante. Concluímos, por causa da fumaça, que deve haver fogo naquela colina. Embora vejamos apenas a fumaça, inferimos que haja fogo. Inferir a existência do 'invisível' a partir da presença do que é 'visto' é prova dedutível (Anumaana Pramaana). Mas tais métodos para determinar fatos são aplicáveis apenas ao universo externo. Para determinar o Princípio Divino, devemos depender somente da prova das palavras (Shabdha Pramaana) dos Vedas” ~Sathya Sai Baba SVETAKETU Uma pequena história... Quando Svetaketu tinha doze anos de idade, pediu para ser enviado a uma renomada escola da época, que funcionava como uma espécie de clausura/internato. Lá estudava-se as mais diversas fontes do conhecimento. Em rigorosa disciplina concluiu seus estudos até os vinte e quatro anos. Após este longo período, voltou para casa na crença de que sabia muito acerca do conhecimento da vida. Desde a base das filosofias, das artes, das religiões, até os altos picos da ciência. Svetaketu se aprofundou muito nestes conhecimentos e agora retornando à sociedade, seu maior desejo era aplicá-los. Passando alguns dias com sua família, o pai de Svetaketu o chamou para uma conversa. Olhando demoradamente para Svetaketu, disse: - Filho, percebo que estas fascinado com o conhecimento que adquiriu... - Ah sim, estou de fato. Acredito firmemente que tudo o que precisava saber, me foi transmitido. - Svetaketu, gostaria de lhe fazer um questionamento: será que se perguntou por aquele conhecimento através do qual ouvimos e percebemos o que não pode ser percebido e sabemos o que não pode ser conhecido? - Que questionamento confuso senhor meu pai? – indagou Svetaketu. O pai replicou: - Assim como conhecendo um punhado de barro reconhecemos tudo o que for feito de barro, estando a diferença apenas no nome, mas sendo na verdade, o mesmo barro - da mesma forma, meu filho, é esse conhecimento que uma vez compreendido, nos faz conhecer tudo.

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- Os Vedas não tem origem humana - Os Vedas são infinitos e atemporais - Os Vedas são universais

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“Geralmente consideramos a prova da percepção direta (Pratyaksha Pramaana) como o tipo de evidência mais importante. Somos capazes de ver nosso corpo. Desse modo, sabemos que ele existe. A inferência (Anumaana) é outra forma de prova. Vemos a fumaça no topo de uma colina distante. Concluímos, por causa da fumaça, que deve haver fogo naquela colina. Embora vejamos apenas a fumaça, inferimos que haja fogo. Inferir a existência do 'invisível' a partir da presença do que é 'visto' é prova dedutível (Anumaana Pramaana). Mas tais métodos para determinar fatos são aplicáveis apenas ao universo externo. Para determinar o Princípio Divino, devemos depender somente da prova das palavras (Shabdha Pramaana) dos Vedas”

~Sathya Sai Baba

SVETAKETU Uma pequena história...

Quando Svetaketu tinha doze anos de idade, pediu para ser enviado a uma renomada escola da época, que funcionava como uma espécie de clausura/internato. Lá

estudava-se as mais diversas fontes do conhecimento. Em rigorosa disciplina concluiu seus estudos até os vinte e quatro anos. Após este longo período, voltou para casa na crença de que sabia muito acerca do conhecimento da vida. Desde a base das filosofias, das artes, das religiões, até os altos picos da ciência. Svetaketu se aprofundou muito nestes conhecimentos e agora retornando à sociedade, seu maior desejo era aplicá-los. Passando alguns dias com sua família, o pai de Svetaketu o chamou para uma conversa. Olhando demoradamente para Svetaketu, disse:- Filho, percebo que estas fascinado com o conhecimento que adquiriu...- Ah sim, estou de fato. Acredito firmemente que tudo o que precisava saber, me foi transmitido. - Svetaketu, gostaria de lhe fazer um questionamento: será que se perguntou por aquele conhecimento através do qual ouvimos e percebemos o que não pode ser percebido e sabemos o que não pode ser conhecido?- Que questionamento confuso senhor meu pai? – indagou Svetaketu.O pai replicou:- Assim como conhecendo um punhado de barro reconhecemos tudo o que for feito de barro, estando a diferença apenas no nome, mas sendo na verdade, o mesmo barro - da mesma forma, meu filho, é esse conhecimento que uma vez compreendido, nos faz conhecer tudo.- Não compreendi muito bem e certamente meus venerandos instrutores ignoravam tal conhecimento, pois se o possuíssem, teriam me transmitido. Fico curioso com tal apontamento. Pode o senhor meu pai, detalhar pouco mais sobre isto tudo?

- Sim – disse o pai...E então, pediu: traz-me um fruto da árvore do figo.- Aqui esta senhor.- Agora, parte-o.- Esta partido pai.- O que vês Svetaketu?- Algumas sementes extremamente miúdas.- Agora quebra uma delas.- Pronto.- O que vês?- Não consigo ver nada.O pai disse: - meu filho, nesta sutil essência que não percebes aqui – nesta sutil essência esta o Ser da árvore de figo. Naquilo que é a essência sutil, tudo o que existe é o Ser. O mesmo Ser pulsa em toda a criação. Esta é a Verdade, isto é o Ser e tu Svetaketu, és Aquilo.- Por favor pai, conta-me mais!!! Que divinos ensinamentos são estes? Quão intrigantes são! Como o senhor adquiriu?- Querido filho, vamos a mais alguns exemplos:- As abelhas, recolhem o mel de diferentes flores e o misturam na colmeia. Logo, o mel de diferentes flores é apenas um... - Svetaketu, os rios que correm em diferentes direções voltam para o mar. Mas o mar permanece o mesmo. Os rios, podem diferenciar-se entre si enquanto são rios, mas depois de sua fusão ou retorno ao mar, são unicamente mar...e as ondas? Elas se agitam e se movimentam, mas elas vem do mar e se fundem nele, as ondas são o próprio oceano... Assim também os seres humanos. São diferentes na forma, nome, persona etc...mas sua essência é Uma e a Mesma em todos os tempos.- Pai, estou impactado com tamanha Verdade e sua simplicidade! Ensina-me mais!!!- Coloca este punhado de sal na água e volta a mim amanhã cedo.E o filho assim o fez. Após tantas reflexões, demorou-se muito a dormir e mesmo sonhando Svetaketu voava entre o barro, as sementes, as abelhas, o mar e acordou muito diferente... O dia nem amanheceu completamente e Svetaketu foi em direção a seu pai que já lhe aguardava:- Filho da Imortalidade! Como amanheceu?- Pai, estou repensando sobre tudo e não sei o que dizer...mas começo a sentir o que devo realizar. Por onde começamos nossa conversa de hoje?- Por favor, traz-me a água em que colocaste o sal.- Aqui esta, o sal dissolvido.- Prova um pouco da água da superfície. Como esta ela?- Salgada.- Prova um pouco do meio. Como esta?- Ora, esta salgada!- Prova agora do fundo.- Mais salgada ainda.Então o pai continuou:- Você não vê o sal, mas pode o sentir, sabe de sua existência. Assim é com o Supremo, nós não O vemos, mas Ele permeia todo o Universo. Ele é a

essência de todos e O desejado por todos. Por Amor e somente Puro Amor podemos O sentir, podemos O experimentar...E continuou: - Aqui também, de forma análoga, neste teu corpo, meu filho, não percebes o Verdadeiro, mas lá, de fato Ele esta. Naquilo que é a essência mais sutil, tudo que existe é o Ser. Aquilo é o Verdadeiro, Aquilo é o Ser e tu Svetaketu, és Aquilo. Esta é a Verdade que devemos realizar! Este é o berço onde repousa os Vedas.Svetaketu caiu aos pés de seu pai e o reconheceu como o seu verdadeiro instrutor. Sentiu que havia perdido tantos anos em conhecimentos do mundo...- Pai, porque me deixaste partir? Por que não me ensinou antes? Dei tantas voltas, mergulhei em tantas fontes e durante todo este tempo, não percebi que tudo o que ansiava estava dentro de mim...o senhor falou em Vedas? lá nem se quer ouvi falar esta palavra...e ao que me parece, nele se encontra toda a Fonte de Sabedoria! E continuou: - mas senhor, porque tanta ignorância? Como não percebemos que nos afastamos tanto e complicamos tudo? - Svetaketu, escuta bem: o conhecimento do mundo é importante, pois também vem de Deus. Nada descartado, mas sim direcionado. Se não fosse este tempo de estudo, talvez não estivesse preparado para estas lições do conhecimento do Ser. Tudo esta certo meu filho. E no momento em que o discípulo esta pronto, o Mestre aparece. E teu Mestre é o Veda, o coração é o Veda.

Pai e filho mergulharam juntos nos estudos Védicos. Svetaketu tornou-se um sábio muito procurado e respeitado por todos. Sua vida exalava perfeita harmonia e magnânima inspiração.Nesta época, Svetaketu assim registrou:

- Querido pai, mostraste para mim o tesouro mais precioso desta vida – pois me apresentou o caminho que nos leva a nossa Origem, à Libertação. Tu foi a expressão do próprio Deus conduzindo o filho perdido e sendo assim, sr. Udallaka, viverei unicamente para este tesouro, nada mais, nada menos.Declaro que os VEDAS são para mim, a voz do Supremo. A Sua Vontade não é diferente da minha, é o Ser em mim que comanda todas as funções desta mente;Os Vedas são para mim, o alento do Supremo, tudo existe por Ele e quando respiro neste corpo, recordo que misteriosamente Sou Aquele que dá o sustento à todas as formas de vida;Os Vedas são para mim, o Si Mesmo, a Totalidade da Eternidade, Aquilo que não tem palavras e ao mesmo tempo contém todas elas - OM, Aquilo que é o silêncio onipenetrante e ...Reconheço e presto reverências a ti meu pai, porque o Ser, aí esta.

~Chandogya Upanishad_____________________________________________________________________________

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Introdução

“Veda significa conhecimento; sempre é. Não tem nem começo, nem fim. É referido como an-anta, sem fim; pois é um soar sagrado, confortante e saudável. Está para ser simplesmente experimentado; não pode ser limitado ou comunicado. Portanto, é uma maravilhosa fase sem precedentes de experiência pessoal para cada um”

~ Sathya Sai Baba

Significado da Palavra: Veda

A palavra sânscrita Veda é derivada do radical Vid, que significa conhecer. De Vid vem Vidyaa, que significa um trabalho que concede conhecimento. Portanto, Veda significa Conhecimento.

Os Vedas são um estoque de conhecimento – tanto do mundo físico, quanto espiritual. Os Vedas e as Vedaangaas (Ciências Védicas) abrangem Música, Literatura, Física e Química, Botânica e Biologia, Matemática, Engenharia e todo conhecimento relacionado a este mundo, assim como o conhecimento espiritual relacionado ao nosso Eu interior.

Todo o conhecimento contido nos VedasLinha da Ação

(Pravritti maarga)Linha do conhecimento

(Nivritti maarga)Conhecimento inferior

(Aparaa vidyaa)Conhecimento mais alto

(Paraa vidyaa)Mundo Exterior Mundo Interior

Conhecimento relacionado a kaama (desejos)

Conhecimento relacionado a

moksha (liberação)

Forma dualística de Devoçãodvaita

Não dualistaadvaita

“A beatitude conferida pela prática dos ensinamentos Védicos não pode ser vivenciada em atividades mundanas. Por esta razão, algumas pessoas encarregaram-se da tarefa de cantar e pregar os Vedas e por meio disso enaltecer o mundo.

Nos Vedas sagrados, o Divino é a vocação. Paz e segurança são muito essenciais na nossa vida diária. Estes originam do coração do homem. Ninguém pode jamais definir corretamente o que é paz e o que é segurança. Os Vedas residem em tais segredos sagrados.Os Vedas são muito antigos, não têm sequer uma origem descrita e são atemporais. Os Vedas não precisam de suporte de nenhum abrigo, pois se auto-sustentam. Para dizer a verdade, os Vedas são a respiração de Deus. Deus está presente por toda a parte, Deus é onipresente. Portanto, os Vedas, que simplesmente consistem no

alento de Deus, também são onipresentes, isto é, estão por toda a parte. Os sons dos Vedas, a essência dos Vedas, a fragrância dos Vedas podem de fato ser encontrados por todo o mundo”

~ Sathya Sai Baba

As ondas de rádio estão presentes dentro de um raio de transmissão de uma estação de rádio. Nós não podemos ver ou sentir as ondas de rádio sob circunstâncias normais. Mas quando

nós sintonizamos utilizando um aparelho de rádio ajustado na freqüência correta, podemos ouvir as ondas de rádio que estão presentes na atmosfera. Da mesma forma, os Vedas estão presentes por todo o Espaço – por todo o Universo. Nós, no entanto, não temos os receptores sintonizados na freqüência correta e conseqüentemente não podemos perceber sua presença.Os antigos sábios tinham os receptores necessários sintonizados na freqüência correta e assim podiam perceber a presença das canções Védicas. Estes sábios são, portanto, aqueles que ouviram e experimentaram as canções Védicas e passaram-nos adiante para o restante da humanidade.

Bhagawan Baba declara que: A Divindade dos Vedas é todo-universal e contém oito esplendores:

Som Cósmico – shabda mayiiMóvel e Imóvel – charaachara mayiiResplandecência – jyotirmayiiDiscurso e literatura – vaang mayiiBem-aventurança eterna – nityaananda mayiiTranscendental – paraatpara mayiiDesilusão – maayaa mayiiProsperidade – shrii mayii

Os Vedas não têm Origem Humana

Os Vedas também são chamados de apaurusheya – de origem não humana. Os sábios cujos nomes estão associados com várias canções não são os compositores das canções. Eles são meramente os instrumentos que viram (ou ouviram) as canções. Tanto que, os sábios são as vezes considerados como profetas ou videntes. Os profetas védicos têm o nome de matra-drashtaas. Um drashtaa é aquele que vê. Quando os sábios estão meditando, os mantras dos Vedas aparecem para eles, na forma de um lampejo, em seus corações. Enxergar ou olhar não significa única e exclusivamente o que os olhos podem distinguir e compreender. É algo que supera todas as formas de percepção e todas as formas de cognição. Quando dizemos que um homem já viu todo tipo de sofrimento em sua vida, implicaria que o termo ver seria somente aquilo que ele viu com seus olhos? O termo mantra-drashtaa também poderia ser aplicado em uma maneira similar referindo-se àquilo que é compreendido através

de uma visão interior. Os sábios eram capazes de ouvir os Vedas em seus corações.“Os riks (mantras dos Vedas) alcançaram a mais alta realidade, o vazio mais luminoso, onde todos os deuses estão firmemente estabelecidos. Se alguém não sabe disso, a mera entonação dos riks não servirá para propósito algum. Os riks residem no Imutável, Supremo Espaço Celeste onde todos os deuses estão sentados. O mantra não tem utilidade alguma para aquele que não sabe disso”

~ Rig Veda

Os Vedas são Infinitos e Atemporais

Os Vedas também são considerados como anantaa e anaadi – infinito e atemporal. Isaac Newton, através de seu árduo trabalho, inteligência e experimentos, descobriu que há um poder de atração chamado gravidade, que é natural da Terra. A partir daquele dia, nós

passamos a acreditar que a Terra tem o poder de atração. A Terra não tinha este poder de atração antes de Newton? Na verdade, desde a origem da Terra , sempre existiu o seu poder de atração. Da mesma maneira, os Vedas são a respiração da

vida dada a nós através de Deus e existem desde o início dos tempos.Os Rishis são os profetas dos Vedas. Se os Rishis tivessem composto os Vedas, eles não poderiam ser chamados anaadi. Portanto, eles não os compuseram. Os Vedas não têm autoria humana. Rishis são apenas os drishtaas (videntes e descobridores), não os kartaas (criadores ou compositores).Isto é similar a Colombo descobrindo a América – ele não criou a América, ela já existia muito antes dele a descobrir. Ele simplesmente fez com que o continente fosse conhecido pelo mundo. Igualmente, os Rishis são apenas os receptores do que existe no Universo na forma de sons.

Os Vedas são Universais

“Está a gravidade da Terra limitada ao país ao qual Newton pertencia? Quando pessoas inteligentes que pertencem a um país descobrem algo relacionado à Natureza, aquele conhecimento é para o mundo todo. Da mesma forma, o conhecimento dos Vedas são universais e devem ser disponibilizados para pessoas do mundo inteiro.Os Vedas não fornecem nenhum espaço para distinção baseada em religião ou nacionalidade. Eles prometem proteger todos aqueles que seguem as prescrições védicas. Quem quer que caminhe mais próximo aos Vedas, os Vedas (e os princípios védicos) irão caminhar mais próximo destes. Os Vedas exaltam o Deus Único do Universo com diferentes nomes. Desde quando o mais antigo Rishi não tinha tido a oportunidade de apresentar os Vedas por meio de um

ângulo coletivo, os Vedas têm sido submetidos a concepções distorcidas e críticas. No entanto, se alguém estava a reconhecer a interpretação mais ampla subjacente dos mantras védicos, então não há lugar algum para estas distorções.O mais antigo Rishis penou para entender a verdade escondida nos Vedas. As vibrações de suas práticas espirituais se espalharam Universo afora. Eles não são limitados à Índia (Bharat) ou a qualquer outro lugar em particular. Eles podem ser praticados em qualquer lugar do mundo, tanto na América quanto na Austrália. Sendo uma personificação da Verdade, eles não mudam de acordo com o tempo ou o lugar”

~Sathya Sai Baba

Os Vedas, por si próprios, nos ensinam sobre sua universalidade.

Que a Terra com pessoas que falam diversas línguas, e que têm diversas religiões, independente ao seus lugares de permanência, emane de tesouros a Mim, através de mil córregos como uma vaca fiel que nunca há de desapontar.

~ Atharva Veda