1 1. introduÇÃo e objetivos 1.1. introdução a hidrogenação

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1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação de óleos vegetais foi primeiramente descoberta no começo do século 20 e rapidamente se tornou uma importante etapa de processamento na indústria de óleos e gorduras. A hidrogenação elimina parte das duplas ligações, enquanto uma proporção significativa de ligações remanescentes é isomerizada através da conversão cis/trans em relação à posição na cadeia do ácido graxo. Este processo aumenta o ponto de fusão do material, melhora a sua consistência para seu uso como margarina e aumenta sua resistência à oxidação (COENEN, 1976). No processo de hidrogenação a composição e propriedades do produto final dependem de vários fatores operacionais, incluindo tipo de catalisador e concentração, agitação, temperatura e pressão do H 2 . Entre esses fatores o mais importante é o tipo de catalisador. O processo de hidrogenação em batelada é uma série complexa de reações que ocorre em um reator tri-fásico para partículas insolúveis em suspensão (slurry) na presença de catalisadores. Um bom catalisador para a hidrogenação de óleos comestíveis precisa ter boa atividade, seletividade, resistência ao envenenamento e filtrabilidade. As características físicas dos catalisadores afetam significativamente estes parâmetros. O processo de hidrogenação também pode ser definido como sendo a conversão de um óleo líquido a um produto sólido ou semi-sólido, através de uma reação catalítica multi-fásica com o H 2 . Há duas razões principais para que a hidrogenação seja tão importante para a indústria. A primeira é o aumento na estabilidade do óleo. O óleo altamente insaturado é susceptível a autooxidação, decomposição térmica e outras reações que afetam o sabor. Conseqüentemente, é desejável a hidrogenação parcial do óleo para aumentar seu shelf life (tempo de

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Page 1: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

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1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1. Introdução

A hidrogenação de óleos vegetais foi primeiramente descoberta no começo

do século 20 e rapidamente se tornou uma importante etapa de processamento na

indústria de óleos e gorduras. A hidrogenação elimina parte das duplas ligações,

enquanto uma proporção significativa de ligações remanescentes é isomerizada

através da conversão cis/trans em relação à posição na cadeia do ácido graxo. Este

processo aumenta o ponto de fusão do material, melhora a sua consistência para

seu uso como margarina e aumenta sua resistência à oxidação (COENEN, 1976).

No processo de hidrogenação a composição e propriedades do produto final

dependem de vários fatores operacionais, incluindo tipo de catalisador e

concentração, agitação, temperatura e pressão do H2. Entre esses fatores o mais

importante é o tipo de catalisador.

O processo de hidrogenação em batelada é uma série complexa de reações

que ocorre em um reator tri-fásico para partículas insolúveis em suspensão (slurry)

na presença de catalisadores. Um bom catalisador para a hidrogenação de óleos

comestíveis precisa ter boa atividade, seletividade, resistência ao envenenamento e

filtrabilidade. As características físicas dos catalisadores afetam significativamente

estes parâmetros. O processo de hidrogenação também pode ser definido como

sendo a conversão de um óleo líquido a um produto sólido ou semi-sólido, através

de uma reação catalítica multi-fásica com o H2. Há duas razões principais para que a

hidrogenação seja tão importante para a indústria. A primeira é o aumento na

estabilidade do óleo. O óleo altamente insaturado é susceptível a autooxidação,

decomposição térmica e outras reações que afetam o sabor. Conseqüentemente, é

desejável a hidrogenação parcial do óleo para aumentar seu shelf life (tempo de

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prateleira). A segunda razão para a hidrogenação de óleos vegetais é para aumentar

a sua utilidade. Para muitos produtos, tais como: manteigas, margarinas e gorduras

de confeiteiro, a desejada maleabilidade e características de derretimento

correspondem a óleos que são parcialmente hidrogenados. A escolha do catalisador

a ser utilizado na hidrogenação afeta as propriedades do produto final (BALAKOS;

HERNANDEZ, 1997).

Um grande número de testes tem sido desenvolvido com muitos metais para

a hidrogenação de triglicerídeos, a conclusão final é que o níquel é considerado o

mais apropriado e amplamente utilizado, visto que ele apresenta a melhor relação

custo/benefício.

De maneira geral, o catalisador é preparado a partir da deposição de uma

solução de um sal de níquel sobre um suporte. O material do suporte pode ser sílica,

alumina ou sílica-alumina. Após a deposição faz-se a lavagem, secagem, calcinação

e redução a Nio, sob atmosfera de H2 a temperaturas apropriadas. Cerca de 60% do

níquel deve ser reduzido a Nio, que é o responsável pela atividade catalítica. O pó

negro resultante é pirofórico e por isso deve ser estabilizado para evitar o contato

com o ar.

A baixa solubilidade do H2 no óleo, os grandes tamanhos das moléculas de

reagentes na fase líquida e a alta atividade dos catalisadores de níquel nestes

processos, faz com que a velocidade de reação seja quase controlada pelos

estágios de difusão na operação industrial. Além do mais, o tamanho mínimo das

partículas de catalisador é limitado pela necessidade de filtração para eliminar o

níquel dos produtos de reação; o conteúdo de níquel no catalisador é usualmente

alto para assegurar a atividade suficiente após vários usos, apesar do

envenenamento (YOUNG, 1988).

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As características físicas do catalisador têm um importante papel no

desenvolvimento da reação de hidrogenação, visto que elas influenciam na

atividade, seletividade, resistência a venenos e filtrabilidade durante o processo de

hidrogenação. Os poros do suporte devem ser suficientemente grandes de modo

que o metal ativo, neste caso o níquel, esteja acessível às moléculas dos

triglicérídeos e permita o suficiente movimento dentro dos poros para a ocorrência

normal da reação. Considerando que as reações envolvidas ocorrem na superfície

do catalisador, uma área superficial específica alta é fundamental para se alcançar

um bom desempenho. O suporte é o meio pelo qual o metal é distribuído sobre uma

grande superfície. Como um exemplo, 1 g de níquel como um cubo sólido tem uma

área superficial específica menor do que 1 cm2. Porém, o mesmo grama de níquel

em partículas de 50–100 nm pode ocupar aproximadamente 100 m2. Se essas

partículas forem dispersas uniformemente em um material poroso, pode-se obter

uma área de 200-600 m2 coberta com níquel. A Figura 1.1 é um exemplo relativo dos

componentes da reação.

Figura 1.1: Tamanho relativo dos componentes de reação (BALAKOS ;HERNANDEZ, 1997).

Triglicerídeo 1,5 – 2 nm

H20,24 nm

Poro 2 – 10 nm

Ni 2 – 15 nm

Partícula do catalisador 103 – 104 nm

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Em vista do exposto, este trabalho foi direcionado a empregar materiais que

apresentassem estruturas de poros altamente ordenadas, para atuarem como

suportes catalíticos. Foram empregadas as sílicas mesoporosas ordenadas, FDU-1

e SBA-15, objetos de estudo do nosso grupo de pesquisa desde de 2001 ( MATOS

et. al., 2001; MERCURI; MATOS; JARONIEC, 2002).

1.2. Objetivos

1.2.1. Geral

• Sintetizar e caracterizar catalisadores de níquel suportados em sílica

mesoporosa altamente ordenada (SMAO) para ser utilizado na hidrogenação de

óleos vegetais.

1.2.2. Específicos

• Sintetizar amostras de sílicas mesoporosas ordenadas (SBA-15 e FDU-1)

empregando surfatantes neutros (copolímeros triblocos) como direcionadores de

estrutura;

• Caracterizar as amostras por diferentes métodos para se certificar quanto às

propriedades dos suportes a serem selecionados;

• Impregnar e/ou depositar as espécies de níquel sobre os suportes e realizar o

processo de redução;

• Caracterizar os catalisadores empregando técnicas convencionais.

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2. CONSIDERAÇÕES GERAIS

2.1. Hidrogenação

A hidrogenação de óleos e gorduras rapidamente tornou-se de grande

importância econômica quando se verificou a existência de uma maneira prática de

modificar as características de um óleo. Em uma época em que a demanda por

gordura para preparar margarina estava começando exceder a oferta, Wilhelm

Normann havia patenteado, primeiro na Alemanha (1902), depois na Inglaterra

(1903 – Grã-Bretanha), um meio prático de combinar hidrogênio com óleos e

gorduras no estado líquido, na presença de um metal apropriado finamente dividido

(catalisador), para produzir uma gordura com o ponto de fusão desejado. Sabatier e

Senderens haviam anteriormente publicado sua descoberta onde vários metais; tais

como: ferro, cobalto e níquel, promoveriam a rápida combinação de substâncias

orgânicas na fase gasosa com hidrogênio; a platina também foi reconhecida como

um catalisador similar. Já a proposta de Normann era um meio de hidrogenar óleos

líquidos rapidamente em uma escala industrial, empregando níquel como

catalisador, preferencialmente suportado em um material poroso inerte. A

construção de plantas de hidrogenação sucedeu-se rapidamente. A primeira planta

foi a de Crosfield em Warrington na Inglaterra - projeto de Normann (1906); outras

plantas de hidrogenação foram construídas, segundo propostas de outros

projetistas, em um intervalo de poucos anos, na Alemanha, Inglaterra, Estados

Unidos e Holanda. Não era questão de simplesmente fornecer matéria-prima para a

indústria de margarina; a hidrogenação de óleo de algodão nos Estados Unidos

produzia uma gordura mais estável, ao passo que a hidrogenação de óleos vegetal e

de baleia produzia uma variedade de gorduras úteis ao mercado de sabões. Já em

1913, uma companhia norueguesa, em cooperação com cientistas alemães,

demonstrou a aceitabilidade do óleo de baleia hidrogenado como gordura

comestível.

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Até os dias atuais, a produção de óleos e gorduras mantem-se um pouco a

frente do crescimento da população mundial. Obviamente, existem muitas

preferências regionais baseadas na viabilidade local, como óleo de côco no sul da

Índia e Filipinas, gordura de búfalo ao norte da Índia, gordura de animais na

Austrália, óleo de girassol na Ucrânia e soja nos Estados Unidos. Enquanto metade

ou três quartos da demanda por gorduras em vários países pode ser atendida por

recursos locais, boas ou más variações climáticas podem provocar flutuações nos

preços. Não só a hidrogenação aumenta totalmente a disponibilidade de gorduras

comestíveis ao converter a cada ano cerca de um milhão de toneladas de gordura

de peixe em gordura comestível estável, mas também ajuda a estabilizar a situação

de abastecimento ao tornar possível a conversão de óleos abundantes e baratos em

formas aceitáveis ao gosto do consumidor.

No período de 1920 a 1940, aprendeu-se a controlar o processo de

hidrogenação para se obter gorduras com pontos de fusão e textura de acordo com

as diferentes necessidades. Esta operacionalidade é melhor entendida e explorada

atualmente. Por muitos anos, foi dada grande ênfase na modificação da textura,

convertendo o óleo líquido em uma pasta ou gordura sólida. Atualmente, tem-se

trabalhado nos graus de hidrogenação, para aumentar a estabilidade do sabor, ao

remover ou diminuir significativamente componentes menos estáveis à oxidação

atmosférica; em casos particulares, potenciais agentes degradadores de sabor

podem ser permanentemente removidos pela hidrogenação, sem modificar a textura

praticamente. Desde o início, foi considerada uma grande vantagem à eliminação da

cor natural e cheiro de uma gordura por hidrogenação. Agora a hidrogenação tem

sido usada conjuntamente com outras técnicas de modificação, como fracionamento

ou interesterificação para cofecção de produtos não passíveis de obtenção através

de uma única técnica. Desta forma, o objetivo de unicamente fornecer substitutos

para as gorduras existentes foi superado e uma grande quantidade de líquidos e

sólidos modificados para usos específicos é disponibilizada.

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Estas técnicas podem ser combinadas de várias maneiras. Logo, um óleo,

como o de soja, pode ser levemente hidrogenado para aumentar a sua estabilidade

e removida a pequena proporção de componentes com maiores pontos de fusão

através de fracionamento, obtendo-se um óleo de salada estabilizado. Já o óleo de

palmeira e o óleo do caroço da palmeira podem ser fracionados e a porção líquida

produzida hidrogenada para produzir uma gordura com características de

derretimento mais rápidas do que seria possível se obter diretamente a partir dos

óleos originais (PATTERSON, 1994).

O objetivo da hidrogenação é a saturação das ligações duplas dos ácidos

graxos insaturados. Este processo é aplicado para aumentar o ponto de fusão das

gorduras e reduzir o teor de ácidos poli-insaturados, como os ácidos linolênicos,

aumentando assim a estabilidade do óleo.

É uma reação de grande importância industrial, porque possibilita a conversão

de óleos em gorduras plásticas, destinadas à produção de margarinas e de outras

gorduras compostas. Além de se tratar de uma reação utilizada para melhorar a

firmeza de gorduras, também reduz a suceptibilidade destas à rancidez.

Na hidrogenação, o hidrogênio gasoso e a gordura líquida (óleo) são

misturados com um catalisador sólido finamente dividido. A velocidade da reação

depende: das características do material a ser hidrogenado; da natureza e

concentração do catalisador; da temperatura; da pressão; do grau de agitação usado

no processo. Platina e paládio são os catalisadores de hidrogenação mais eficientes

que existem. Entretanto, seus preços elevados os tornam inviáveis industrialmente.

Então, é usado níquel em pó em veículo de gordura hidrogenada.

O catalisador metálico adsorve os reagentes sobre a sua superfície,

rompendo parcialmente a ligação C=C e a ligação H–H, enquanto são estabelecidas

ligações secundárias com o catalisador. Neste ponto, forma-se um complexo

organometálico intermediário que não pode ser isolado. Em seguida, realiza-se a

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adição e o produto é dessorvido, deixando a superfície do catalisador livre para

adsorver novas moléculas de reagentes.

A hidrogenação seletiva ocorre quando a adição de hidrogênio aos ácidos

graxos mais insaturados (com mais duplas ligações) prevalece sobre a

hidrogenação dos menos insaturados (com menos duplas ligações). Por exemplo. A

hidrogenação seletiva de um óleo ou gordura contendo ácido linoléico e oléico,

favorece mais a conversão do ácido linoleico (C18:2) em oléico (C18:1) do que o

oléico (C18:1) e seus isômeros em esteárico (C18:0). A seletividade aumenta com o

aumento da temperatura de reação e diminui com o aumento da pressão e da

intensidade de agitação. Quando a hidrogenação elimina parte das duplas ligações,

uma parcela das ligações duplas remanescentes pode ser isomerizada, tanto pela

troca de configuração de “cis” para “trans”, como pela mudança de posição da dupla

ligação ao longo da cadeia hidrocarbonada. Dois aspectos importantes ocorrem

como resultado dessas alterações químicas: a) o ponto de fusão muda para a

temperatura mais alta; b) a estabilidade no processo de oxidação (rancidez) é

melhorada (MORETTO; FETT, 1989).

Na hidrogenação pode ocorrer uma isomerização, ou seja, uma

reorganização da estrutura molecular dos ácidos graxos iniciais, nos quais se

modifica a configuração cis (instável) para trans. Essa mudança tem conseqüência

nutricional, posto que entre outras coisas, produz-se perda dos ácidos graxos

essenciais e; portanto, há a necessidade de repô-los para que o valor nutritivo seja o

adequado. Deve-se levar em conta que os ácidos graxos insaturados são utilizados

pelo organismo humano como material biológico indispensável para a formação das

membranas celulares; ao estarem em configuração diferente daquela em que se

encontra na natureza, não são de utilidade biológica e, inclusive, podem ser

consideradas moléculas estranhas, capazes de interferir no organismo em

determinados processos metabólicos. Além do mais, os isômeros trans são

metabolizados de forma mais lenta e fixam-se preferencialmente no tecido adiposo,

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provocando aumento de 50% dos níveis de colesterol sérico (aumento do colesterol

LDL) em comparação ao aumento sofrido com uma dieta com gordura saturada; por

conseqüência, são responsáveis por sobrecargas lipídicas no miocárdio e nas

paredes dos vasos, nas doenças cardiovasculares. Na atualidade, tende-se a limitar

o conteúdo desse isômeros em alguns produtos, como alimentos infantis, óleos de

consumo e chocolates (ORDÓÑEz et al., 2005).

A indústria de óleos e gorduras foi uma das primeiras a utilizar a

hidrogenação catalítica com o objetivo de transformar produtos líquidos em pastas

ou sólidos. A transformação se efetua em reatores, onde se misturam o óleo com o

catalisador e se faz borbulhar hidrogênio a uma temperatura de 120 a 150ºC. Como

catalisador usa-se quase que exclusivamente o níquel. O paládio e a platina também

são excelentes para este objetivo, mas seus preços elevados os tornam inviáveis.

O níquel é utilizado em duas formas: a) suportado em um material inerte,

como o kieselguhr, para aumentar sua superfície e facilitar a filtração, e o conjunto

(catalisador e suporte) fica suspenso em uma gordura comestível endurecida para

protegê-lo. A proporção é de aproximadamente: 25% de níquel, 15% de kieselguhr e

60% de gordura protetora (alguns, catalisadores contém 1% de zircônio como

promotor) e b) como formiato de níquel suspenso em gordura endurecida. Neste

caso, para se efetuar a hidrogenação, primeiro adiciona-se o formiato ao óleo a ser

hidrogenado e se aquece a cerca de 200ºC para decompor o formiato em CO2 e H2.

Assim, o níquel metálico é obtido e inicia-se a hidrogenação.

O catalisador é usado na proporção de 0,1 a 1% de níquel por massa de óleo

a ser hidrogenada. Variando-se as condições de temperatura do óleo e a pressão de

hidrogênio, é possível se controlar a intensidade da hidrogenação. Em cerca de

180ºC e 0,15 MPa de pressão, obtém-se uma redução seletiva , atingindo algumas

das duplas ligações das moléculas; por outro lado, a 130ºC e pressão de 0,35MPa, a

reação não é seletiva e pode atingir todas as duplas ligações (DROGUETT, 1983).

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2.2. Catalisadores

A catálise pode ser definida como o conjunto de processos e conhecimentos

aplicados para aumentar a velocidade das reações químicas ou modificar o

caminho delas. Os catalisadores são substâncias eficazes ou misturas de

substâncias capazes de promover a melhoria no andamento das transformações

químicas.

A catálise é homogênea quando os reagentes e os catalisadores fazem parte de

uma única fase, gasosa ou líquida; e é heterogênea quando o catalisador e os

reagentes (produtos) estão em fases diferentes (MANUAL DE CATÁLISE,1984).

2SO2(g) + O2(g) 2SO3(g) (catálise homogênea)

N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g) (catálise heterogênea)

NO2(g)

Fe(s)

2.2.1. O catalisador heterogêneo

Segundo a publicação de DROGUETT (1983), nos processos catalíticos

heterogêneos, o catalisador é o coração do sistema reacionante. Pode ser definido

como uma substância que aumenta a velocidade de uma reação sem se alterar

quimicamente. Em geral, participa ativamente da transformação química e, inclusive,

em algumas oxidações, desempenha um papel intermediário entre reagentes e

produtos.

Figura 2.1: Catalisadores mássicos e suportados (TOPSOE, 2004).

Mássico – HTS –Topsoe Suportado – Metanação – Topsoe

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2.2.2. Tipos e classificação

Industrialmente, os sólidos catalíticos de interesse são metais (Pt, Ni, Ag,

etc.), óxidos (V2O5, NiO, Al2O3) e ácidos (H3PO4, entre outros) em sua forma pura,

mista ou suportada. Os catalisadores podem ser classificados de várias maneiras.

Uma das formas mais conhecidas de classificação baseia-se na condutividade

elétrica, conforme Tabela 2.1:

Tabela 2.1: Catalisadores sólidos (DROGUETT, 1983).

Tipo Condutividade Exemplos Emprego como catalisador

Metais Condutores Pt, Ni, Fe, Cu, Ag Hidrogenações Desidrogenações

Óxidos e Sulfetos Metálicos

Semicondutores NiO, ZnO, V2O5, CuO, Cr2O3

Oxidações Reduções

Dessulfurações Óxidos Metálicos Não condutores ou

isolantes Al2O3, SiO3 Desidratação

Isomerização Ácidos Não condutores SiO2-Al2O3

H3PO4

Craqueamento Isomerização

Alquilação Polimerização

2.2.3. Características do catalisador

As principais características de um catalisador são: atividade, seletividade e

estabilidade.

A atividade pode ser definida como a propriedade que aumenta a velocidade

da reação nas mesmas condições de temperatura, pressão, concentração, etc. Em

termos práticos, é a capacidade de gerar uma quantidade comercialmente

importante de produtos por unidade de catalisador sólido em um tempo razoável. A

conversão dos reagentes em produtos é limitada pelas características

termodinâmicas dos reagentes, definidas pela constante de equilíbrio da reação. O

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catalisador acelera a reação, sem modificar as concentrações correspondentes ao

equilíbrio.

Sem catalisador ⇒ velocidade reação baixa

Com catalisador ⇒ velocidade reação alta

A seletividade é a propriedade do catalisador em favorecer o maior

rendimento de determinada espécie entre um conjunto de produtos possíveis de

uma reação. Alguns reagentes, especialmente os de natureza orgânica, dão origem

a reações paralelas ou sucessivas que permitem obter uma mistura de produtos cuja

separação nem sempre é fácil ou econômica. Um catalisador de alta seletividade

promove um bom rendimento do produto de interesse e reduz a formação de

espécies secundárias.

A estabilidade é a propriedade do catalisador em manter suas qualidades, em

especial atividade e seletividade, durante um tempo de uso suficiente para aplicá-lo

industrialmente. Em geral, com o tempo, o catalisador perde eficácia devido a

mudanças físicas ou químicas ocorridas durante a reação. A estabilidade também

pode ser expressa como o tempo de vida útil do catalisador. Um bom catalisador

deve se manter sem alterações por um tempo significativo de funcionamento (meses

ou anos, dependendo do tipo de reação). A perda de estabilidade se atribui às

seguintes causas: a) envelhecimento; b) incrustração; c) envenenamento.

a) O envelhecimento é originado pela diminuição da porosidade e superfície

específica devido à recristalização ou fusão mútuas (“sinterização”). Isto ocorre

devido às altas temperaturas de funcionamento.

b) A incrustração deve-se ao depósito de substâncias externas à reação que

bloqueiam os centros ativos. O caso mais freqüente e conhecido é a contaminação

por depósitos carbonáceos em reações de craqueamento e reforma (pirólise). O

catalisador pode ser recuperado através de uma limpeza, que seria uma oxidação

no caso do carbono.

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c) O envenenamento consiste na intensa adsorção de substâncias estranhas

à reação que estão presentes como impurezas dos reagentes e que bloqueiam os

sítios do catalisador. Casos típicos de envenenamento são as adsorções de

compostos de enxofre (H2S), de nitrogênio (aminas) e outros, como monóxido de

carbono, água, etc. Geralmente, o envenenamento desativa o catalisador que deve

ser trocado e/ou regenerado.

2.2.4. Composição do catalisador

Ainda que alguns catalisadores sejam usados em estado puro (somente

agente ativo), a maioria dos catalisadores são formados por vários componentes,

entre os quais os mais importantes são: a) agente ativo; b) suporte; c) promotores.

a) Agente Ativo: é a substância catalítica propriamente dita, a que produz a

aceleração da reação química. Os exemplos citados na Tabela 2.1 são casos

típicos.

b) Suporte: é uma substância, geralmente, muito pouco ativa na reação, de

grande área específica e porosidade, cuja função principal é estender (aumentar) a

área do agente ativo.

Os metais e a maioria dos óxidos possuem pouca superfície por unidade de

massa e como a atividade depende diretamente da magnitude da superfície ativa é

necessário aumentar esta propriedade. Isto pode ser conseguido, por exemplo,

reduzindo-se o material a um tamanho de um grão muito pequeno, da ordem de

alguns micrômetros, mas este procedimento, além de ser caro, dificulta a

manipulação do catalisador no reator. As perdas de carga em pressão e o arraste do

material no fluido são consideráveis.

A solução mais apropriada tem sido cobrir uma substância de grande área

específica chamada suporte com uma camada delgada do agente ativo. Ou seja, um

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grama de um metal, cuja área superficial é de alguns poucos centímetros quadrados

no estado puro, ao espalhar-se sobre um material altamente poroso com uma

espessura de 10 nm, alcança uma superfície de aproximadamente 100 m2. O agente

ativo não forma uma lâmina contínua sobre o suporte, de modo que se distribui em

pequenos grânulos ou cristalitos, expondo uma superfície ainda maior. Muitas

substâncias são utilizadas como suporte. Na Tabela 2.2, são indicadas algumas das

substâncias mais utilizadas comercialmente, junto com o intervalo aproximado de

suas áreas superficiais.

Tabela 2.2: Suportes de uso mais freqüente e suas respectivas áreas específicas

(DROGUETT, 1983).

Suporte Área Específica (m2/g)

Carvão ativo 500 –1500

Sílica Gel 200- 800

Aluminas Ativadas 100 –500

Sílica – Alumina 200 –500

Argilas Naturais 100 –200

Kieselguhr ≅ 1

α-Alumina ∠ 1

Além de aumentar a superfície ativa do catalisador, o suporte pode apresentar

outras vantagens, entre as quais cabe destacar as seguintes:

⇒ melhoria da estabilidade do catalisador, evitando a união dos grânulos ativos

(sinterização) por efeito da alta temperatura;

⇒ facilitação da transferência de calor em reações fortemente exotérmicas

(oxidações), evitando assim a acumulação de calor e elevação da temperatura no

interior das pastilhas porosas que colocam a estabilidade do catalisador em perigo;

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15

⇒ melhoria das características mecânicas. Os leitos catalíticos industriais são

grandes e as pastilhas devem suportar grande peso e atrito entre elas. Um suporte

apropriado aumenta a resistência mecânica, evitando a desagregação das partículas

e assegurando assim uma maior vida útil.

Com relação à reação catalítica do suporte, na maioria dos catalisadores, é

mínima ou inexistente. Sua participação se reduz a servir de base ou esqueleto da

fase ativa. Todavia, alguns suportes como a α-alumina ou a sílica-alumina, usados

em catalisadores de reforma, desempenham um papel importante. Ambas

manifestam suas propriedades catalíticas ácidas que se somam à ação do metal e

dão lugar a um catalisador bifuncional.

c) Promotores: são substâncias químicas que se agregam ao catalisador com

o objetivo de melhorar as suas qualidades. Estas substâncias são muito pouco

ativas cataliticamente ou não o são, mas, adicionadas a um agente ativo,

aumentam, de modo significativo, sua eficiência. Em geral, são adicionados em uma

proporção muito inferior ao do material ativo.

Nem sempre é possível explicar exatamente a ação do promotor, se bem que,

em alguns casos, se há observado intervenção física que consiste em estabilizar as

características estruturais do sólido (catalisador); em outros casos; tratam-se de

promotores químicos ou eletrônicos, que favorecem a transferência de elétrons entre

reagentes e catalisador.

Como exemplo de ação física, pode ser mencionado o catalisador de ferro

utilizado na síntese da amônia. É constituído por uma alta porcentagem de ferro em

forma de pequenos grãos sinterizados. Se à estrutura for agregada uma pequena

quantidade de óxidos metálicos refratários (1 – 2%), como Al2O3, MgO, CaO,

melhora-se, consideravelmente, a atividade e estabilidade catalítica. A influência de

tais óxidos, por seu efeito separador ou isolante dos grãos de ferro, impede um

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16

maior grau de sinterização, devido ao aumento da temperatura. O óxido mantém os

cristais separados e aumenta a superfície específica do catalisador.

A ação química do promotor, também, pode ser ilustrada com esse mesmo

catalisador. Se ao ferro for agregada mais uma pequena quantidade de algum metal

alcalino (1%), como sódio ou potássio, a atividade catalítica aumenta ainda mais.

Isto se deve à modificação dos níveis eletrônicos de energia dos átomos de ferro,

que facilita a troca de elétrons entre os reagentes e o catalisador.

2.2.5. Preparação do catalisador

Numerosos métodos para se preparar catalisadores são conhecidos, mas a

maioria deles se encontra descritos em forma de patentes e a informação a respeito

é insuficiente. Os processos catalíticos são muito competitivos e os fabricantes

preservam os antecedentes técnicos sobre a obtenção do catalisador. Apesar disso,

algumas informações gerais podem ser obtidas da literatura.

Considerando-se, primeiramente, os catalisadores “puros” ou “mássicos” ou

“não suportados”, que são substâncias químicas muito bem definidas como os

metais (platina, níquel) ou óxidos (CuO, Al2O3), estes, em geral, são obtidos

utilizando-se algum método usual da química ou metalurgia baseado na

cristalização, precipitação ou redução. Há também alguns métodos mais complexos

entre os quais podem ser mencionados, como exemplos, os utilizados para a

obtenção do níquel-Raney e alumina.

O níquel-Raney, muito usado na hidrogenação, é obtido a partir de pequenos

grãos de uma liga de, aproximadamente, 50% de níquel e 50% de alumínio tratada

com uma solução concentrada de hidróxido de sódio (NaOH) 20%. O NaOH dissolve

o alumínio em forma de aluminato de sódio e deixa um níquel puro muito poroso,

pois os lugares anteriormente ocupados pelos átomos de alumínio agora se

encontram desocupados. O grau de porosidade pode ser modificado alterando-se a

Page 17: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

17

concentração do alumínio na liga. Este método pode ser utilizado com outros metais,

como cobre (liga cobre-alumínio) e cobalto (cobalto-alumínio).

A alumina é obtida pela precipitação de um sal de alumínio em solução, isto é,

alcalinizando-se sulfato ou nitrato de alumínio ou acidulando-se um aluminato. A

estrutura e composição da alumina resultante dependem da temperatura, pressão,

pH de precipitação, tempo e temperatura de envelhecimento do precipitado (tempo

entre o início da precipitação e a filtração), como também da temperatura de

calcinação da alumina precipitada. O primeiro produto da precipitação é um gel, o

qual, por envelhecimento (maturação), origina formas cristalinas diferentes.

Posteriormente, o precipitado é filtrado, lavado e seco. Finalmente, o sólido é

calcinado, tratando-o, durante certo tempo, a uma determinada temperatura. As

fórmulas precedidas por letras gregas correspondem a aluminas cristalinas. As γ-

Al2O3 e η-Al2O3 são os produtos de maior interesse em catálise por suas

propriedades ácidas e altamente específicas. A α- Al2O3 desidratada é de interesse

para a catálise como suporte.

A preparação dos catalisadores suportados se dá, comumente, por algum dos

três métodos seguintes: a) Impregnação; b) Coprecipitação; c) Deposição ou

Precipitação.

a) Impregnação: consiste em impregnar o suporte com uma solução de algum

composto da espécie catalítica. Primeiramente, prepara-se uma solução do

composto de uma concentração apropriada para obter grãos ou cristalitos de

tamanho desejado na superfície. A proporção adequada de promotor também é

dissolvida na solução. Tanto o composto que gera a espécie ativa como o promotor

devem se decompor facilmente a temperaturas não muito elevadas.

Em seguida, coloca-se o suporte formando uma suspensão (slurry), sob

agitação, para evaporar suavemente (60º - 80ºC) até se obter a deposição dos

solutos sobre o suporte. O líquido restante pode ser separado por filtração e o sólido

Page 18: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

18

é seco e calcinado. Às vezes, evapora-se até quase a secagem, obtendo-se a

precipitação de todo o soluto sobre o suporte. Por exemplo, é efetuada a obtenção

de um catalisador de óxido de cobre suportado em γ-Al2O3, preparando-se uma

solução de nitrato de cobre de concentração apropriada. Adiciona-se a alumina à

solução e evapora-se, lentamente, até se obter na superfície do suporte a

quantidade de interesse. Filtra-se e o sólido é seco a uns 120ºC. Posteriormente, o

sólido é deixado em um forno a 500ºC durante umas 5 horas para obter a

decomposição do nitrato a óxido. Caso o objetivo seja a obtenção de cobre metálico

suportado em γ-Al2O3, submete-se o óxido anteriormente obtido a uma redução com

hidrogênio a 500ºC.

b) Coprecipitação: consiste em precipitar o agente ativo ou seu precursor, o

promotor e o suporte simultaneamente. Para tanto, prepara-se uma solução das

espécies envolvidas e por modificação de alguma propriedade, como pH, provoca-se

a precipitação conjunta dos diferentes componentes na proporção de interesse.

Por exemplo, pode-se obter um catalisador de cobalto suportado em sílica-gel

sem promotor, preparando-se uma solução de nitrato de cobalto e metassilicato de

sódio e submetendo-a a uma alcalinização com hidróxido de potássio. Assim,

obtém-se a precipitação simultânea do hidróxido de cobalto e da sílica gel. O

precipitado é lavado, seco e calcinado a uns 300ºC.

c) Deposição ou Precipitação: consiste em depositar ou precipitar o agente

ativo sobre o suporte a partir de uma solução. Primeiramente, prepara-se uma

solução do componente ativo e do promotor (se o houver) e a ela adiciona-se o

suporte sólido para formar uma suspensão. Em seguida, adiciona-se uma terceira

substância para provocar a precipitação do agente ativo sobre o suporte. Um

exemplo é a obtenção do paládio sobre o carvão ativo. Prepara-se uma solução de

nitrato de paládio, adiciona-se o carvão ativo e faz-se borbulhar hidrogênio, o qual

reduz o paládio e permite a precipitação deste metal sobre a superfície do carvão.

Page 19: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

19

2.2.6. Alguns catalisadores de interesse

Na Tabela 2.3, indicam-se alguns processos industriais importantes e um

catalisador típico usado nos mesmos. Os números entre parêntesis indicam a

composição aproximada.

O catalisador da síntese de amônia se encontra como óxido, pois, nesta

forma, é colocado no reator; porém, antes de entrar em funcionamento é reduzido

com o mesmo hidrogênio da síntese e se transforma em ferro metálico (forma ativa).

Os promotores não são reduzidos.

Tabela 2.3: Processos e catalisadores de grande aplicação industrial (DROGUETT 1983).

Processo Fase Ativa * Promotor* Suporte* Superfície específica

(m2/g)

Síntese de Amônia Fe3O4 (95) Al2O3,CaO,K2O(5) ..... 10 –15

Oxidação de SO2 V2O5 (10) K2O (14) Kieselguhr (76) .....

Hidrogenação de Hidrocarbonetos

Ni (60) ..... Kieselguhr (40) 150

Oxidação de Hidrocarbonetos

V2O5 (6) MoO3 (3) α- Al2O3 1

Craqueamento de Hidrocarbonetos

SiO2(70).Al2O3(30)

Zeólita (100)

.....

.....

.....

.....

200

80

Desidratação de Álcoois

γ-Al2O3 (98) Na2O (0,8)

Fe2O3 (0,12)

..... 210

Reforma de Naftas Pt (0,75) F (0,3), Cl (0,8) γ-Al2O3 (98) 150

Dessulfuração MoO3 (15) NiO (5) γ-Al2O3 (80) 100

*Os números entre parêntesis indicam as porcentagens aproximadas no catalisador.

Page 20: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

20

2.3. Materiais mesoporosos

Segundo a IUPAC, de acordo com o diâmetro dos poros, os materiais sólidos

classificam-se em: microporosos (0 < Øp < 2 nm); mesoporosos (2 < Øp < 50 nm) e

macroporosos (Øp > 50 nm).

Depois dos avanços alcançados nas sínteses direcionadas com moldes das

várias sílicas, que conduziram a zeólitas altamente seletivas no formato, como a

ZSM-5 nos anos 70, as estratégias de síntese de materiais, usando um agente

direcionador de estruturas, despertaram grande interesse.

No início da década de 90, os pesquisadores da Mobil Oil Corporation

descobriram uma nova família de peneiras moleculares denominadas M41S

(KRESGE et al., 1992; BECK et al.; 1992). Estes materiais (alumino) silicatos

mesoporosos, com tamanhos de poros na faixa de 2 a 10 nm, ultrapassaram a

barreira de tamanho de poros das zeólitas microporosas. As áreas superficiais

extremamente altas (> 1000 m2.g-1) e o refinamento do tamanho de poros tornaram

esses materiais alvo de grande interesse. A descoberta dos materiais da família

M41S trouxe uma nova abordagem para os procedimentos de síntese de materiais;

ao invés do uso de moléculas simples como template (conforme síntese das

zeólitas), empregou-se a auto-interação de agregados moleculares ou interações

supramoleculares como agentes direcionadores de estrutura. A preparação dos

materiais mesoporosos requer, pelo menos, três reagentes em quantidades

apropriadas: uma fonte de sílica, um surfatante e um solvente (usualmente água).

Outros reagentes, tais como: ácidos, bases, sais, agentes dilatadores e co-

solventes, também podem ser utilizados. Dependendo das condições de síntese,

quando se utiliza surfatantes catiônicos do tipo aquilamônio, os materiais obtidos

consistem de uma fase hexagonal denominada MCM-41, uma fase cúbica conhecida

Page 21: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

21

como MCM-48 e uma fase lamelar, instável ao tratamento térmico, chamada

MCM-50.

Os projetos de sínteses de materiais orgânicos, inorgânicos e poliméricos

com estruturas de poros controladas são importantes temas acadêmicos e

industriais (GONZALES; LOPEZ; GOMEZ,1997). As zeólitas, peneiras moleculares,

argilas, carbonos porosos e polímeros são exemplos comuns de tais materiais.

Um material poroso ideal deve apresentar as seguintes propriedades

(SAYARI; LIU, 1997): a) estreita distribuição de tamanhos de poros, “exigência

crítica para que o mesmo seja aplicado em catálise de forma seletiva ou em

separações de gases e misturas de líquidos baseados no tamanho molecular”; b)

tamanho de poros ajustáveis de modo a serem combinados com as exigências de

aplicação; c) propriedades comuns de uma substância química como: pureza, altas

estabilidades térmica, hidrotérmica e mecânica; tamanho de partícula apropriado;

área superficial e volume de poros altos, etc. Zeólitas e semelhantes,

freqüentemente, preenchem os requisitos acima e, por conseqüência, encontram

aplicações importantes em adsorção e separação de gases (DYER, 1988), troca

iônica (TOWNSEND, 1991) e catálise (HOLDERICH; VAN BEKKUM, 1991; SIE ,

1994). As zeólitas são utilizadas para várias aplicações importantes em que um

sistema microporoso bem definido seja exigido. No entanto, houve uma crescente

demanda por materiais mesoporosos ordenados devido às suas potenciais

aplicações como: a) catalisadores em processos de hidrocraqueamento de óleos

pesados e conversão catalítica de moléculas grandes; b) peneiras moleculares; c)

suporte de moléculas volumosas para aplicação em materiais avançados.

Durante os anos seguintes à descoberta da família M41S, muitos estudos

foram dedicados à síntese, caracterização, mecanismo de formação e aplicações

Page 22: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

22

potenciais dessas sílicas mesoporosas. Após esta descoberta, STUCKY e

colaboradores demonstraram que o método podia ser estendido para a síntese de

materiais mesoestruturados, diferentes da sílica. Em 1998, desenvolveram trabalhos

empregando uma nova abordagem de síntese através do uso de novos agentes

direcionadores de estruturas (moldes), ou seja, surfatantes como poli(óxido de

etileno), alquilenos não iônicos e copolímeros bloco de poli(óxidos de alquilenos).

Esses surfatantes são normalmente utilizados como emulsificantes, antiespumantes,

aditivos para tintas, espessantes, solventes, agentes de limpeza, lubrificantes,

demolhantes, produtos para indústrias farmacêuticas, carbo e petroquímicas e para

aplicações domésticas. Apresentam excelentes propriedades de estabilidade

interfacial, são de baixo custo, atóxicos, biodegradáveis e podem ser reciclados. Na

síntese de materiais compósitos, copolímeros bloco não iônicos são uma

interessante classe de agentes direcionadores de estruturas com características de

auto-organização, levando a estruturas satisfatórias. Essa classe de moldes possui

a vantagem de que suas propriedades de auto-organização são facilmente

ajustáveis, através da composição do solvente, massa molecular ou arquitetura do

copolímero. Também permitem o preparo de soluções que apresentam

características estruturais amplas, além daquelas possíveis com surfatantes de

baixo peso molecular. A nova família de sílica mesoporosa altamente ordenada,

sintetizada através do uso de surfatantes oligoméricos de poli(óxidos de etileno)

(PEO), alquilenos não iônicos e copolímeros bloco em meio ácido, foi identificada

como estrutura cúbica (SBA-11), hexagonal 3D (SBA-12), hexagonal (SBA-15) e

cúbica em forma de gaiola (SBA-16) (ZHAO et al., 1998), com tamanhos de poros na

faixa de 5 a 30 nm. Essas mesoestruturas com alta ordenação apresentam paredes

mais espessas e são hidrotérmica e termicamente estáveis. Surfatantes desse tipo,

Page 23: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

23

copolímeros tribloco, também possibilitam a síntese de estruturas de óxidos

metálicos com poros largos, tais como: TiO2, ZrO2, Nb2O5, Ta2O5, Al2O3, SiO2, SnO2,

WO3, HfO2 e óxidos mistos SiAlO3, Al2TiOy, ZrTiOy, SiTiOy, ZrW2Oy (YANG et al.,

1999). Em 2000, YU e colaboradores, utilizando um copolímero tribloco com

seguimento PBO mais hidrofóbico, contido no copolímero tribloco PEO-PBO-PEO,

como agente direcionador de estrutura, produziram, em condições ácidas, uma

estrutura cúbica altamente ordenada em forma de gaiola, hidrotermicamente estável

com tamanho de poro de 12 nm denominada FDU-1.

Amostras de SBA-15 com boas qualidades foram obtidas em nosso grupo de

pesquisa, utilizando como direcionador de estrutura o copolímero tribloco poli(óxido

de etileno)-poli(óxido de propileno)-poli(óxido de etileno) (E20PO70EO20). A Figura 2.2

ilustra o difratograma de raios X a baixo ângulo obtido no IF-USP, confirmando que

se trata de uma nanoestrutura com poros ordenados hexagonalmente. A Figura 2.3,

mostra as imagens de TEM obtidas no LNLS, onde pode ser visto a ordenação dos

canais paralelos, característica desse tipo de material. Anteriormente (MATOS e

colaboradores, 2001), esses materiais foram submetidos a tratamentos térmicos a

diferentes temperaturas (entre 813 a 1273 K). Observou-se que, por aquecimento

controlado, foi possível ajustar o tamanho dos poros desse material na faixa de ~10

a ~6 nm, com eliminação de microporos e mantendo-se a estrutura hexagonal ainda

altamente ordenada. As Figuras 2.4: a) e b) mostram, respectivamente, as isotermas

de adsorção e distribuição de tamanhos de poros das amostras isoladas nas

respectivas temperaturas e pode-se observar a partir da intensidade do loop de

histerese (associado à condensação capilar) e estreita distribuição de tamanho de

poros em cada caso.

Page 24: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

24

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

hkl d (nm)100 11,1110 6,4200 5,5210 4,1300 -

(300)(210)

10X

4X

SBA15-Hexagonal

(200)

(110)

(100)

2θo

Figura 2.2: DRX de amostra de SBA-15.

Figura 2.3: Imagens de TEM da amostra de SBA-15

Figura 2.4: a) Isotermas de adsorção-dessorção de N2 e b) Distribuição detamanhos de poros das amostras de SBA-15, submetidas a diferentes temperaturasde calcinação.

a)

Qua

ntid

ade

adso

rvid

a (c

m³S

TPg-

¹)

Pressão Relativa

b)

Dis

trib

uiçã

o de

tam

anho

de

poro

(c

m³g

-¹nm

-1)

Tamanho de Poro (nm)

Também foram sintetizadas e caracterizadas mesoestruturas de sílica com

ordenação de poros na forma cúbica (FDU-1) empregando como direcionador de

estruturas o copolímero triblocopoli(óxido de etileno)-poli(óxido de butileno)-

poli(óxido de etileno) (EO39BO47EO39). As Figuras 2.5: a) e b) ilustram,

respectivamente, a imagem de TEM e a isoterma de adsorção de N2 de uma

amostra produzida em nosso grupo de pesquisa. Cides da Silva, em seu mestrado

Page 25: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

25

defendido em 2003, aperfeiçoou metodologias que proporcionaram a obtenção de

materiais diminuindo o tempo do tratamento hidrotérmico. Para isso empregou

fornos microondas, no lugar dos fornos convencionais. Amostras com qualidades

excelentes foram obtidas e alguns trabalhos já foram realizados, como por exemplo

(Cides da Silva, 2007): i) aplicação do planejamento fatorial para definir um novo

copolímero tribloco como direcionador de estrutura, o Vorasurf® 504; ii)

encapsulação de complexos luminescentes de európio [Eu(dbm)3.TPPO e

Eu(pic)3.2Leu.5H2O] nas sílicas pura e/ou modificadas com 3-aminopropiltrietoxis-

silano (APTES); iii) incorporação nas sílicas FDU-1 de ácido húmico com diferentes

concentrações (1.0; 1.5 e 2.0 mmols) empregando forno de microondas no

tratamento hidrotérmico; iv) síntese uma amostra de FDU-1 utilizando-se 1,3,4

trimetilbenzeno (TMB) como agente dilatador de poros, que foi utilizada para

imobilização da enzima glicose oxidase (GOX) na presença de glutaraldeíd;. v)

incorporação da zeólita TS-1 nas paredes da sílica mesoporosa FDU-1 empregando

tratamento hidrotérmico em forno de microondas.

Figura 2.5: mamost

a) Imagem de TEM e b) Isotermas de adsorção-dessorção de N2 de u ara de FDU-1, obtida após tratamento hidrotérmico de 6h a 100oC em estufa.

a)

FDU-1

b)Qua

ntid

ade

adso

rvid

a (c

m³S

TPg-

¹) 400

300

200

100

0.0

Pressão Relativa (P/P0)

0.2 0.8 1.00.60.4

Page 26: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

26

Com relação às aplicações catalíticas envolvendo as sílicas mesoporosas

ordenadas, extensivos estudos de várias reações têm sido realizados (SAYARI,

1996). CORMA (1997) , TAGUCHI e SCHÜTH (2005) publicaram reviews sobre as

propriedades catalíticas e aplicações de materiais do tipo MCM-41 e embora

houvesse citações a respeito de hidrogenações de aromáticos e compostos

carbonílicos insaturados, não havia relatos quanto à utilização desses materiais

como suportes para catalisadores a serem empregados na hidrogenação de óleos

vegetais.

2.4. Análise Térmica

Por ter sido empregada com ênfase na etapa de síntese, nesse item, serão

apresentadas algumas considerações sobre a análise térmica e, em particular, sobre

a termogravimetria.

A análise térmica abrange um grupo de técnicas nas quais uma propriedade

física de uma substância e/ou seus produtos de reação é medida como função da

temperatura ou tempo, enquanto a substância é submetida a um programa

controlado de temperatura (ICTA – IUPAC, 1988).

Uma técnica térmica para ser considerada termoanalítica deve satisfazer a

três critérios:

1) Uma propriedade física deve ser medida.

2) A medida deve ser expressa (direta ou indiretamente) como função da

temperatura.

3) A medida deve ser feita sob um programa controlado de temperatura.

Dentre as técnicas mais difundidas estão: Termogravimetria/

Termogravimetria Derivada (TG/DTG), Análise Térmica Diferencial (DTA),

Page 27: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

27

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), Detecção de Gás Desprendido (EGA),

Análise Termomecânica. Estas técnicas permitem obter informações com relação à:

variação de massa, estabilidade térmica, água livre, água ligada, pureza, ponto de

fusão, ponto de ebulição, calores de transição, calores específicos, diagramas de

fase, cinética da reação, estudos de catalisadores, transições vítreas, etc.

O tópico geral das investigações termoanalíticas é interdisciplinar, sendo útil

em vários setores científicos e tecnológicos, dentre os quais se destacam:

- Ciências Naturais: Química, Metalurgia, Cerâmica.

- Geociências: Geologia, Mineralogia, Oceanografia.

- Ciências Biológicas: Botânica, Agronomia, Ecologia, Tecnologia em Química,

Tecnologia de Alimentos.

- Ciências Forenses: Ciência Legal e Criminalística (IONASHIRO, 2005).

Todos os instrumentos de análise térmica têm características em comum.

Geralmente, diferencia-se pelo tipo de transdutor empregado na sua construção,

cuja função é converter as propriedades físicas avaliadas em sinais elétricos. A

Figura 2.6 ilustra um esquema representativo de um analisador térmico atual. É

constituído por um forno (célula de medida) no qual a amostra é aquecida (ou

resfriada) a uma taxa controlada, sob atmosfera pré-estabelecida. As mudanças das

propriedades da amostra são monitoradas por um transdutor seletivo que pode ser

constituído por: termopares; balança; sensor calorimétrico; medidor de

deslocamento; detector de gás. O transdutor gera um sinal elétrico que é amplificado

e transferido para a unidade controladora, mantendo a comunicação permanente

com a célula de medida. A unidade controladora, além de receber os dados da

célula de medidas, transfere as informações necessárias para colocar o

equipamento em operação de acordo com os parâmetros (faixa de temperatura,

Page 28: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

28

razão de aquecimento, tipo de atmosfera) previamente estabelecidos. É interfaceada

a um microcomputador que controla a operação, a aquisição e análise de dados e o

registro da curva termoanalítica gerada.

m (%

)

DTADTG

TG

Exo

ΔT

(oC

)

T (oC) Programador de Temperatura

Controle deAtmosfera

TransdutorAmplificador

Unidade

Controladora

Computador

Análise de Dados

Registro

Amostra

Célula de Medida

Forn

o

m (%

)

DTADTG

TG

Exo

ΔT

(oC

)

T (oC) Programador de Temperatura

Controle deAtmosfera

TransdutorAmplificador

Unidade

Controladora

Computador

Análise de Dados

Registro

Amostra

Célula de Medida

Forn

o

Amostra

Célula de Medida

Forn

o

Figura 2.6 Esquema representativo de um analisador térmico atual.

No exemplo ilustrado, têm-se o registro simultâneo das curvas de

termogravimetria/termogravimetria derivada (TG/DTG) e de análise térmica

diferencial (DTA), de onde se pode deduzir que nesse hipotético experimento foram

empregados durante o processo térmico como transdutores, simultaneamente, a

balança (avaliação da variação de massa da amostra) e os termopares (avaliação

das temperaturas da amostra e do material de referência, permitindo identificar

variações entálpicas) (MATOS, 2004).

Vários autores (MACKENZIE, 1970; WENDLANDT, 1986; GIOLITO, 1988;

BROWN, 1988; HAINES, 1995; CAMMENGA & EPPLE, 1995; TURI, 1997;

VYAZOVKIN, 2004) descreveram uma abordagem mais ampla sobre as técnicas

termoanalíticas, abordando o desenvolvimento, instrumentação e aplicações.

Page 29: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

29

Os estudos a respeito da decomposição térmica têm possibilitado avanços

significativos para o desenvolvimento dos processos de síntese de novos materiais

e da produção de bens de consumo com qualidades diferenciadas, assim como para

a caracterização de diversos materiais.

O crescente interesse pelas técnicas termoanalíticas pode ser comprovado

através dos periódicos: Journal of Thermal Analysis (março de 1969),

Thermochimica Acta ( março de 1970) e Thermal Analysis Abstract (maio de 1972).

A Associação Brasileira de Análise Térmica e Calorimetria (ABRATEC) foi

fundada em 1997 no Brasil e vem organizando, a cada dois anos, desde 1998 os

Congressos Brasileiros de Análise Térmica e Calorimetria (CBRATEC). Em 2008,

organizará junto ao VI CBRATEC o XIV ICTAC, Congresso Internacional.

2.4.1. Termogravimetria (TG) / Termogravimetria Derivada (DTG)

A termogravimetria (TG) é uma técnica de análise térmica na qual a variação

de massa da amostra (perda ou ganho) é determinada em função da temperatura e /

ou tempo, enquanto a amostra é submetida a uma programação controlada de

temperatura. Esta técnica possibilita conhecer as alterações que o aquecimento

pode provocar na massa das substâncias, bem como estabelecer a faixa de

temperatura em que elas adquirem composição química fixa, definida e constante, a

temperatura em que começam a se decompor, acompanhar o andamento de

reações de desidratação, oxidação, combustão, decomposição, etc. Conforme

Figura 2.7, são comumente usados três modos de TG:

a) TG isotérmica: a massa da amostra é registrada em função do tempo à

temperatura constante. A Figura 2.7.a ilustra um aquecimento rápido até a

temperatura Tn (n= 1, 2, 3 .) , mantida constante por um certo intervalo de tempo.

Page 30: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

30

b) TG quase isotérmica: enquanto não ocorre variação de massa, a amostra é

aquecida a uma razão linear, a partir do momento em que a balança detecta

variação de massa, a temperatura é mantida constante até se obter um novo

patamar, característico de massa constante para a amostra, e assim

sucessivamente (Figura 2.7.b).

c) TG dinâmica ou convencional (Figura 2.7.c): a amostra é aquecida ou resfriada

num ambiente em que a temperatura varia de maneira pré-determinada, de

preferência à razão de aquecimento ou resfriamento linear (WENDLANDT, 1986).

Tem

pera

tur

a

(b)

Tempo

Per

da d

e m

assa

T cte

Tem

pera

tura

Tempo

(a)

Per

da d

e m

assa

T3 T2 T1

3

1 2

Per

da d

e m

ass

a

Tempo

(c)

Tem

pera

tura

T

Figura 2.7: Demonstração dos perfis das curvas TG: a) TG isotérmica; b) TG quase-isotérmica; c) TG dinâmica ou convencional. (MATOS, 2004)

Na termogravimetria derivada (DTG), as curvas são registradas a partir das

curvas TG e correspondem à derivada primeira da variação de massa em relação ao

Page 31: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

31

tempo (dm/dt), registrada em função da temperatura ou do tempo. Ou, ainda, à

derivada primeira da variação de massa em relação à temperatura (dm/dT),

registrada em função da temperatura ou do tempo. De uma forma ou de outra, a

curva resultante é a derivada primeira da curva TG. Essa curva pode ser obtida por

métodos de diferenciação manual da curva TG ou por diferenciação eletrônica do

sinal de TG.

A Figura 2.8 ilustra as características de uma curva DTG para um processo

de decomposição térmica que ocorre numa única etapa. Observa-se que o degrau

bc da curva TG, ilustrado na figura, é substituído por um pico bcd que delimita uma

área proporcional à variação de massa sofrida pela amostra. Os patamares

horizontais da curva TG correspondem aos patamares horizontais ab e de na curva

DTG porque dm/dt = 0. O ponto b corresponde à T (temperatura em que dm/dt

começa a ser diferente de zero), ou seja, temperatura em que se inicia a

decomposição térmica da substância X. O ponto c corresponde ao máximo na curva

DTG (é obtido quando a curva TG apresenta um ponto de inflexão) e a temperatura

do pico é aquela em que a massa está variando mais rapidamente. O ponto d

corresponde à Tf (temperatura em que dm/dt volta a ser igual a zero), ou seja, indica

o final da etapa de decomposição térmica (liberação total do volátil Z) e início do

patamar de que caracteriza a estabilidade térmica do produto final Y. A largura do

pico bd, indicativo do intervalo de reação, está relacionada à cinética do processo de

decomposição térmica.

Uma curva DTG, obtida matematicamente ou registrada diretamente, não

contém mais informações do que uma curva TG integral, obtida sob as mesmas

condições experimentais. Apresenta os dados de forma diferente. As informações

obtidas a partir da curva DTG podem assim ser resumidas:

Page 32: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

32

- a curva DTG apresenta informações de uma forma mais facilmente visualizáveis.

- a curva DTG permite a pronta determinação da temperatura em que a taxa de

variação de massa é máxima, Tpico, e fornece informações adicionais para a Tonset e

Tendset, No entanto, todas as três temperaturas respondem às variações nas

condições experimentais, e os valores de Tpico não são mais característicos de um

material do que aqueles de Ti e Tf.

- a área do pico sob a curva DTG é diretamente proporcional à variação de massa.

- a altura do pico da curva DTG a qualquer temperatura fornece a razão de variação

de massa naquela temperatura. Esses valores podem ser usados para obter

informações cinéticas, visto que as equações podem ser escritas conforme equação

(WENDLANDT, 1986):

dm dt

= A e(-E/RT)f(m)

onde: A é o fator pré-exponencial, E é a energia de ativação e R é a constante da lei

dos gases.

Figura 2.8: Curva TG (tracejada) e DTG (linha sólida) de umareação de decomposição térmica que ocorre numa única etapa.

Page 33: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

33

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

Os principais materiais utilizados neste trabalho foram:

- Nitrato de Níquel Hexahidratado - Ni(NO3)2 . 6H2O – cristais verdes. d=2,05.

Solúvel em 0,4 partes de água e álcool . Marca: REANAL.

- SBA-15: sílica mesoporosa ordenada com distribuição de tamanho de poros na

faixa de 10 nm, obtida a partir do TEOS (tetraetilortossilicato), como fonte de sílica e

copolímero tribloco (EO-PO-EO), como direcionador de estrutura em meio

fortemente ácido (HCl 2 mol/L).

- FDU-1: sílica mesoporosa cúbica em forma de gaiola altamente ordenada, estável

térmica e hidrotermicamente, com tamanhos de poros da ordem de 12 nm, obtida a

partir de TEOS, como fonte de sílica e como molde o surfatante “Vorasurf 504” (Dow

Brasil S. A.).

- Catalisadores Comerciais denominados CatA, CatB, CatC e CatD.

As informações listadas na Tabela 3.1, a respeito dos catalisadores

comerciais, foram cedidas pela Oxiteno S.A. Indústria e Comércio, que atuou como

colaboradora não oficial deste trabalho:

Tabela 3.1- Percentagens de Ni e SiO2 dos catalisadores comerciais.

AMOSTRA Resultados

CatA CatB CatC CatD

%Ni 22,3 23,7 20,4 21,2

%SiO2 2,22 - 2,45 2,35

Page 34: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

34

As análise para estes catalisadores comerciais foram feitas na própria

empresa. Segundo a empresa, um catalisador comercial de Ni para a hidrogenação

de óleos vegetais tem as seguintes especificações: área BET = 4 a 50 m2.g-1; teor de

Ni = 98 a 99%; área de Niº ou área metálica = 16 a 24 m2.g-1; teor de silício (1 a 2%)

= 25 a 50 m2.g-1.

3.2. Etapas da preparação dos catalisadores

Para a preparação destes catalisadores podem ser consideradas três etapas:

a síntese propriamente dita, a calcinação e a redução.

3.2.1. Síntese dos catalisadores SBA-15(Nix)

As amostras de catalisadores SBA-15(Nix), onde x = 3, 5,10, 30 e 90% de Ni,

foram sintetizadas usando o copolímero tribloco poli(óxido de etileno)-poli(óxido de

propileno)-poli(óxido de etileno) como agente direcionador de estrutura em meio

ácido. Após completa dissolução do copolímero, em meio HCl 2 M, foi adicionado,

sob agitação, o TEOS (tetraetilortosilicato) como fonte de sílica. A mistura foi

mantida sob agitação por um período de 24 h. O sólido obtido foi transferido para um

frasco de Teflon e levado para uma estufa a 100ºC por 48 h. O produto sólido obtido

foi isolado por filtração e lavado várias vezes com água destilada. Este sólido foi

misturado a uma solução de Ni(NO3)2.6H2O e submetido à evaporação em chapa

elétrica, obtendo-se, dessa forma o precursor do catalisador sem calcinar. O

Fluxograma da Figura 3.1 ilustra o procedimento adotado

Page 35: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

35

3.2.2. Síntese dos catalisadores FDU-1(Nix)

As amostras de catalisadores FDU-1(Nix), onde x = 3, 5, 10, 30 e 90% de Ni,

foram sintetizadas usando o triblocopoli(óxido de etileno)-poli(óxido de butileno)-

poli(óxido de etileno) (EO39BO47EO39) como agente direcionador de estrutura em

meio ácido. Após completa dissolução do copolímero, em meio HCl 2 M, foi

adicionado, sob agitação, o TEOS (tetraetilortosilicato) como fonte de sílica. O sólido

obtido foi transferido para um frasco de Teflon e levado para uma estufa a 100ºC por

24 h. O produto sólido obtido foi isolado por filtração e lavado várias vezes com água

destilada. Este sólido foi misturado a uma solução de Ni(NO3)2.6H2O e submetido à

evaporação em chapa elétrica, obtendo-se, dessa forma o precursor do catalisador

sem calcinar. O Fluxograma da Figura 3.2 ilustra o procedimento adotado

Mistura:

Copolímero (P123)+ HCl + H2O

Agitação até sistema homogêneo

TH 100ºC / 48 h

Filtração / Lavagem

Sílica + solução de Ni(NO3)2.6H2O

Evaporação do solvente em chapa elétrica

Precursor do catalisador SEM calcinar

Adição de TEOS

Solução Branca (Precipitação) Manter sob agitação por 24 h

Figura 3.1: Síntese do catalisador SBA-15(Nix), onde x = 3, 5, 10, 30 e 90%.

Page 36: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

36

Copolímero(Vorasurf) + etanol + HCl

Agitação até sistema homogêneo

Solução Branca (Precipitação)Manter sob agitação por 24 h

TH 100ºC / 24 h 100ºC / 6 h

Filtração / Lavagem com H2O

Sílica + solução de Ni(NO3)2.6H2O

Evaporação do solvente em chapa elétrica

Precursor do catalisador SEM calcinar

Adição de TEOS

Figura 3.2: Síntese do catalisador FDU-1(Nix), onde x = 3, 5, 10, 30 e 90%.

3.2.3. Calcinação

A calcinação e a redução foram, primeiramente, simuladas em uma

termobalança da marca Shimadzu modelo TGA-51 sob as seguintes condições

experimentais: massa de amostra de aproximadamente 30 mg; razão de

aquecimento (β) de 5ºC/min até 540ºC sob mistura gasosa de N2 (gás de proteção

do compartimento da balança) e ar, ambas as atmosferas com vazão de 50 mL/min.

Na temperatura de 540ºC a β foi alterada para 2ºC/min até 600ºC. Em 600ºC,

fechou-se a vazão de ar e manteve-se a de N2 (50 mL/min). Após uma isoterma de

30 minutos somou-se à vazão de N2 uma atmosfera de H2/argônio (50mL/min) e

manteve-se a temperatura de 600oC por mais 300 min.

Page 37: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

37

A calcinação dos catalisadores sintetizados foi realizada em um forno com

controlador de temperatura e processo EDG10PS sob as seguintes condições: razão

de aquecimento de 2ºC/min até 540ºC sob atmosfera dinâmica de N2 (100 mL/min ).

A temperatura foi mantida constante por 2 h e em seguida trocou-se a atmosfera

para ar (100 mL/min ) e manteve-se uma isoterma de 6 h.

Para ter-se um perfil da redução das amostras de catalisadores comerciais,

cedidas pela Oxiteno S.A. Indústria e Comércio, estas foram submetidas a um

tratamento no forno EDG10PS sob duas condições:

a) razão de aquecimento de 2ºC/min até 540ºC, sob atmosfera de N2 ( 100 mL/min )

e isoterma de 2 h;

b) razão de aquecimento de 2ºC/min até 540ºC, sob atmosfera de ar ( 100 mL/min )

e isoterma de 2 h.

3.2.4. Redução

Conforme mencionado em 3.2.3, a redução foi previamente simulada na

termobalança da marca Shimadzu modelo TGA-51. Por problemas operacionais, a

redução de cada uma das amostras calcinadas no forno EDG10PS foi, efetivamente

realizada, na mesma termobalança sob as seguintes condições: massa de amostra

de, aproximadamente, 25 mg; β = 5ºC/min até 600ºC sob atmosferas de N2 (50

mL.min-1 ) e H2 + argônio (50 mL.min-1) e isoterma de 30 min.. Esta redução foi

denominada de Redução 1.

Com o objetivo de se estabelecer outra condição de redução do NiOx a Ni°

com melhor definição de patamar, todas as amostras calcinadas no forno EDG10PS

foram submetidas a uma segunda redução (Redução 2) na termobalança TGA-51,

sob as seguintes condições: β = 10ºC/min até 400ºC sob atmosfera de N2 (50

mL.min-1). Ao se atingir 400ºC, foi mantida uma isoterma de 20 min. Porém, após 10

Page 38: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

38

min, adicionou-se à atmosfera de N2 a mistura padrão H2/Ar com 50 mL.min-1

(proporção 10/90 m/m). Terminados os 20 min , a β passou a ser de 5ºC/min até

600ºC, quando foi mantida uma isoterma de 60 min. Não houve diferenças

significativas entre a Redução 1 e a Redução 2. Estabeleceu-se que seriam

adotadas as condições operacionais da Redução 2, por motivo de tempo e custo.

Com a finalidade de se comparar o perfil termogravimétrico dos catalisadores

comerciais submetidos ao processo de redução na termobalança TGA51, com

aqueles sintetizados no laboratório foi adotado o seguinte procedimento. Cerca de

20 a 22 mg de cada um dos catalisadores comerciais na forma de óxido,

previamente tratados sob atmosfera de ar em forno tubular EDG10PS, foram

submetidos à condição de Redução 2.

O Fluxograma da Figura 3.3 ilustra os tratamentos térmicos executados para

obtenção dos materiais SBA-15 e FDU-1 incorporados com Ni0.

Simulação no TGA-51calcinação em N2/ar e

redução em H2

Apenas calcinação no Forno EDG10PS

em N2/ar

SBA-15(NiO) FDU-1(NiO)

SBA-15(Nix) e FDU-1(Nix)(após evaporação da H2O)

Δ a 5oC/min em N2 e H2/Ar no TGA-51 até 600oC com

isoterma 30 min. (REDUÇÃO 1)

SBA-15(Ni0) FDU-1(Ni0)

Caracterização por DRX

Δ a 10oC/min em N2 no TGA-51 até 400oC e isoterma 10. Adição de H2/Ar e mais 10 min a 400oC. Em seguida Δ a 5oC/min até 600oC

e isoterma de 60 min. (REDUÇÃO 2)

Caracterização por DRX

Procedimento usado no

tratamento dos catalisadores comerciais

SBA-15(Ni0) FDU-1(Ni0)

Figura 3.3: Tratamentos térmicos executados para os materiais SBA-15(Nix) e FDU-1(Nix).

Page 39: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

39

3.3. Métodos de Caracterização

O Fluxograma da Figura 3.4 apresenta as técnicas empregadas na

caracterização dos catalisadores sintetizados.

Figura 3.4: Fluxograma das técnicas utilizadas na caracterização dos catalisadoressintetizados.

TG/ DTG DRX a Baixo Ângulo (SAXS)

DRX Isotermas de adsorção-

dessorção de N2 e área BET

Absorção Atômica

Caracterizações

3.3.1. Termogravimetria (TG) / Termogravimetria Derivada (DTG)

Além dos procedimentos mencionados nos itens 3.2.3 e 3.2.4, as

curvas TG/DTG também foram empregadas para avaliação do comportamento

térmico do Ni(NO3)2.6H2O e dos catalisadores comerciais.

As curvas TG/DTG do Ni(NO3)2 . 6H2O foram obtidas em uma termobalança

da marca Shimadzu modelo TGA-51 sob atmosfera dinâmica de N2 (50 mL.min-1) ,

razão de aquecimento de 10ºC/min até 1200oC, cadinho de Pt e massa de amostra

de aproximadamente 20 mg. Para os catalisadores comerciais (CatA, CatB, CatC e

CatD) foram empregadas massas de amostras entre 80 e 100 mg.

3.3.2. Difratometria de Raios X (DRX)

Os difratogramas de raios X foram obtidos através do método do pó,

utilizando um difratômetro do tipo Bragg-Brentano, marca Siemens, modelo D5000,

Page 40: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

40

do laboratório de Difração de Raios X do Instituto de Geociências da USP – São

Paulo. A interpretação foi feita utilizando o banco de dados “Data Sets 1-51 plus 70-

89 Power Diffraction File – International Centre for Diffraction, Pennsylvania – USA”.

As massas de amostras foram suportadas em lamínulas de vidro fosco, submetidas

a 40 kV e 40 mA, fornecendo radiação CuKα e λ = 1,542 °A, com exposição de 3 a

65 (2θ).

3.3.3. Espalhamento de raios X a baixo ângulo

Os experimentos de espalhamento de raios X a baixo ângulo foram obtidos

em um gerador de raios X de anodo rotatório da marca Rigaku, operando a 50 kV,

200 mA e utilizando uma radiação monocromática CuKα ( λ = 0,15418 nm ). As

distâncias interplanares foram calculadas a partir da posição de máximo dos picos

de difração. A faixa de vetores de onda utilizada foi de 0,008 °A-1 < q < 35 °A-1. Foi

empregado um caminho de vácuo entre a amostra e o detector, a detecção foi feita

por 2 h em um detector de placa de imagem (image plate) para registrar o vetor de

espalhamento (4πsenθ)/λ, sendo “q” metade do ângulo de espalhamento. A

geometria da linha e o foco do sistema foram obtidos por colimação em fenda. O

espalhamento do suporte da amostra foi subtraído da medida de intensidade total.

As amostras foram acondicionadas dentro de um tubo de quartzo de 2,0 mm de

espessura.

3.3.4. Isotermas de adsorção de N2 e área superficial BET

As medidas de adsorção de nitrogênio e determinação da área BET dos

catalisadores calcinados foram realizadas, utilizando um analisador de adsorção,

Page 41: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

41

marca Micromeritics, modelo TriStar 3000 v.4.00. Antes da realização das medidas

as amostras são submetidas à degaseificação sob vácuo à temperatura de 473 K

por 2 h. As isotermas de adsorção são medidas a 77 K, sobre um intervalo de

pressão relativa de 10-6 a 0,995, usando nitrogênio com 99,998% de pureza. As

áreas superficiais específicas foram avaliadas usando o método BET variando a

pressão relativa (P/P0 ) de 0,02 a 0,15 (SING et al., 1985).

3.3.5. Espectroscopia de absorção atômica

A análise quantitativa, para a obtenção de níquel em cada um dos

catalisadores sintetizados, foi efetuada utilizando-se a técnica de Espectroscopia de

Absorção atômica.

As medidas foram feitas no Instituto de Química em um Espectrofotômetro de

Absorção Atômica, Perkin Elmer, Modelo 403 (ano 1971). As condições operacionais

utilizadas foram as seguintes:

- Chama: ar / acetileno;

- Comprimento de onda: 232 UV (232 nm);

- Abertura da fenda: 0,20 nm

- Corrente da lâmpada de catodo oco: 15 mA

- Corretor de fundo: lâmpada de deutério.

Page 42: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Considerações gerais acerca das amostras de catalisadores

Conforme descrito na parte experimental, inicialmente foram produzidas as

sílicas puras SBA-15 e FDU-1, sem a remoção do surfatante. Esses materiais

conforme sintetizados foram colocados em suspensão aquosa e então foram

adicionadas as soluções contendo a fonte de níquel. Em seguida fez a evaporação

para obtenção das amostras de SBA-15(Nix) e FDU-1(Nix), onde x = 3, 5,10, 30 e

90% que corresponde ao teor de Ni nos materiais.

As Figuras 4.1 e 4.2 ilustram as fotos dos pós das amostras de SBA-15,

FDU-1, SBA-15(Nix) e FDU-1(Nix). Na linha (I) estão apresentadas as fotos dos

materiais pós-síntese, antes da remoção do surfatante. Obviamente que com o

aumento do teor de níquel a tonalidade de coloração verde é maior. Na fileira (II)

estão apresentadas as fotos dos materiais calcinados em atmosfera de N2 seguida

de atmosfera de ar, que resulta nas amostras contendo níquel em NiO sobre a sílica.

Pode-se notar que quanto maior o teor níquel a tonalidade da cor marrom é mais

intensa. Na fileira (III) estão apresentadas as fotos das amostras calcinadas e que

foram submetidas ao processo de redução sob atmosfera de H2/Ar. Amostras com

maior teor de níquel são de coloração negra de tonalidade mais intensa.

A Figura 4.3 representam os catalisadores comerciais tais como são

fornecidos ao cliente. Segundo a Oxiteno S/A Indústria e Comércio colaboradora

desse nosso trabalho, um catalisador de Ni para a hidrogenação de óleos vegetais

têm, em geral, as seguintes, especificações: área BET = 4 a 50 m2.g-1; teor de Ni =

98 a 99%; área de Niº ou área metálica = 16 a 24 m2.g-1; teor de silício (1 a 2%) com

área superficial variando de 25 a 50 m2.g-1.

Page 43: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

43

Figura 4.1: Fotos das amostras de SBA-15 e SBA-15(Nix).

SBA

-15

SBA

-15(

Ni3

%)

SBA

-15(

Ni5

%)

SBA

-15(

Ni1

0%)

SBA

-15(

Ni3

0%)

SBA

-15(

Ni9

0%)

Cat DCat A

Cat BCat C

Figura 4.3: Foto das amostras dos catalisadores comerciais Cat A, Cat B, CatC e CatD.

Figura 4.2: Fotos das amostras de FDU-1 e FDU-1(Nix).

FDU

-1

FDU

-1(N

i3%

)

FDU

-1(N

i5%

)

FDU

-1(N

i10%

)

FDU

-1(N

i30%

)

FDU

-1(N

i90%

)

Page 44: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

44

4.1.1. Curvas TG e DTG do Ni(NO3)2.6H2O e catalisadores comerciais

Os ensaios termogravimétricos realizados com os catalisadores comerciais e

o Ni(NO3)2.xH2O, que foi empregado como matéria-prima (fonte de Ni), tiveram como

objetivo avaliar o comportamento térmico dos materiais. No caso do Ni(NO3)2.xH2O,

o ensaio permitiu definir a composição do material para o ajuste dos cálculos

estequiométricos no momento da impregnação do suporte. Para os catalisadores

comerciais as curvas TG permitiram a determinação do teor de gordura e de Ni° no

material.

A Figura 4.4 ilustra as curvas TG/DTG do nitrato de níquel. Conforme artigo

de ELMASRY, as etapas sugeridas para a decomposição térmica do Ni(NO3)2.6H2O

são as seguintes:

Ni(NO3)2.6H2O → Ni(NO3)2.4H2O → Ni(NO3)2.3H2O → xNi(NO3)2.yNi(OH)2 .zH2O → NiO

sob atmosfera de ar e com razão de aquecimento de 5 – 7 K/min.

As curvas TG/DTG (Figura 4.4) evidenciam que a amostra de Ni(NO3)2.6H2O,

escolhida como matéria prima, sofre decomposição térmica a partir de duas etapas

de perda de massa principais. A primeira corresponde a desidratação,

decomposição térmica parcial do sal de níquel e a hidrólise para formação de

Ni(OH)2. Os cálculos estequiométrico sugerem que em 302oC ocorre a estabilização

da espécie [Ni(NO3)2]4[Ni(OH)2]2.3H2O (Calc. 55,60%; Exp. 56,34%). Os resultados

mostram que essa espécie é pouco estável e sofre decomposição térmica, sem a

ocorrência de reações sobrepostas, para formar NiO (Calc. 25,68%; Exp. 25,51%).

Esse resultado confirmou que se tratava de Ni(NO3)2.6H2O e, de boa qualidade.

Page 45: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

45

0 300 600 900 1200

40

60

80

g

100

A Figura 4.5 ilustra a sobreposição das curvas TG e DTG dos catalisadores

CatA, CatB, CatC e CatD, indicando que o comportamento térmico das amostras é

similar. Observou-se, entre 280 e 470oC (Tpico DTG ~420oC), uma acentuada perda de

massa, próximo a 63%, correspondente à decomposição térmica da gordura onde o

catalisador estava imerso. Em seguida ocorreu uma segunda perda de massa de

forma lenta e gradativa devido à eliminação de material carbonáceo formado na

etapa anterior, porém a temperatura da eliminação total variou entre as amostra.

Após eliminação do carbono elementar pode-se observar um ganho de massa, que

é característico da oxidação do Niº a NiO que ocorre devido a traços de O2

presentes na atmosfera de N2, indicando uma alta reatividade da amostra do Ni0.

Esse resultado indicou a possibilidade de estimar o teor de Ni nos materiais a partir

dos dados de TG/DTG, associando atmosfera oxidante e redutora ou vice versa

durante os processos térmicos.

-2.00

-1.00

0.00-43.656%

-30.833%

-74.488%

Figura 4.4: Curvas TG/DTGobtidas sob atmosfera dinâmica de N2

(50 mL/min), β de 10ºC/min, cadinho de Pt e massa de amostra de20,13 mg de Ni(NO3)2.6H2O.

Temperatura (oC)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

TG

DTG

Page 46: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

46

Figura 4.5: Sobreposição das curvas TG dos catalisadores A, B, C e D obtidassob atmosfera dinâmica de N2 (50 mL/min), β = 10ºC/min até 1200ºC, cadinho dePt e massa de amostra de 80 a 100 mg.

0 300 600 900 1200

20

40

60

80

100

%TGA

20%

CatDCatACatBCatC

Temperatura (oC)

Mas

sa (%

)

TG

0 300 600-15

-10

-5

0

Temperatura (oC)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

i

DTG

n)

4.1.2. Simulações das Calcinações/Reduções

A calcinação, uma das etapas de preparação do catalisador, é uma operação

unitária que pode ser realizada antes ou após a conformação do mesmo,

dependendo do caso. Normalmente, a calcinação ocorre sob atmosfera de ar,

tipicamente em temperaturas maiores do que àquelas usadas na reação catalítica e

regeneração do catalisador. Vários processos ocorrem durante a calcinação: perda

da água quimicamente ligada ou CO2; modificação da textura através de

sinterização; modificação da estrutura; geração de fase ativa ou precursora desta;

estabilização das propriedades mecânicas (RICHARDSON, 1989).

Durante a calcinação, os precursores das fases ativas são decompostos em formas

oxidadas. Esta primeira operação tem vários objetivos práticos: fixação quase

Page 47: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

47

definitiva da textura e estrutura do catalisador e a obtenção das propriedades termo-

mecânicas desejadas (MANUAL DE CATÁLISE, 1984).

Nesse trabalho, os supostos catalisadores (SBA-15/(Nix) e FDU-1/(Nix))

foram, efetivamente, calcinados em um Forno com controlador de Temperatura e

Processo EDG10PS, conforme descrito em 3.2.3. O Ni(NO3).6H2O é transformado

em NiO, durante a calcinação sob atmosfera de N2 e ar. Desta forma, o catalisador

pode ser fornecido para uso, onde, no reator, pela passagem de corrente de H2 puro,

será reduzido a Niº, fase ativa do catalisador.

Para a calcinação das matrizes de sílica contendo a fonte de níquel, foram

executados ensaios de termogravimetria, conforme descrito no item 3.2.3 e 3.2.4.

Esses testes visaram simular os processos de calcinação/redução de cada um dos

catalisadores após sua respectiva síntese, com o objetivo de se estabelecer as

condições mais favoráveis dos processos.

As Figuras 4.6 a 4.10 ilustram as curvas TG/DTG e T das amostras de

SBA-15(Nix). Os perfis termogravimétricos, entre as amostras, são muito similares.

As curvas TG/DTG e T evidenciam três etapas distintas de perda de massa. A

primeira corresponde à eliminação de água adsorvida na superfície da sílica e da

desidratação do Ni(NO3).6H2O níquel, que dependendo do teor de níquel empregado

pode ocorrer em multi-etapas (eventos sobrepostos). A segunda etapa corresponde

a decomposição térmica do surfatante e do sal de níquel que sob atmosfera de ar é

convertido a NiO que fica disperso na matriz de sílica na temperatura de 540oC.

Após as trocas gasosas e a entrada de H2 no sistema termogravimétrico, na

temperatura de 600oC, ocorre o processo de redução do NiO a Ni0. Obviamente,

pode-se ser observado que à medida que o teor de Ni aumenta na matriz a perda de

massa, após entrada de H2, é cada vez maior. No caso da amostra SBA-15(Ni30%)

a perda de massa associada com a redução NiO a Ni0 é de 2,38%. Portanto,

Page 48: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

48

nessa condição, a sílica SBA-15 funciona com um suporte do metal que fica

disperso na superfície e no interior dos poros e, assim, os supostos catalisadores

SBA-15/(Nix) são obtidos.

Figura 4.6: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução da amostra SBA-15(Ni3%) - massa = 30,38 mg.

0 100 200 300 40050

60

70

80

90

100

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10g

0

100

200

300

400

500

600-8.722%

-2.525%

-36.337%

-0.708%

-48.114%

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

0 100 200 300 400Ti [ i ]

50

60

70

80

90

100%

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

g/

0

100

200

300

400

500

600

C

-13.834%

-3.995%

-33.019%

-51.483%

-0.739%

Figura 4.7: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução daamostra SBA-15Ni(5%) - massa = 30,59 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG T

Page 49: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

49

0 100 200 300 400

50

60

70

80

90

100

-0.50

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600-18.062%

-6.811%

-29.842%

-55.917%

-1.386 %

Figura 4.8: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução da amostra SBA-15Ni(10%) - massa = 30,03 mg

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG T

Figura 4.9: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução da amostra SBA-15Ni(30%) - massa = 30,00 mg

0 100 200 300 40040

50

60

70

80

90

100

-0.60

-0.40

-0.20

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600-27.570%

-10.834%

-18.353%

-58.972%

-2.381 %

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTGT

Page 50: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

50

Figura 4.10: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução da amostra SBA-15(Ni90%) - massa = 30,04 mg

0 100 200 300 40020

40

60

80

100

-1.00

-0.50

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600-28.393%

-16.299%

-28.257%

-79.297%

-6.125%

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG T

As Figuras 4.11 a 4.15 ilustram as curvas TG/DTG e T das amostras FDU-

1/(Nix). Semelhantemente ao que ocorre para os materiais SBA-15/(Nix) os perfis

termogravimétricos das amostras de FDU-1/(Nix), também, são muito similares. As

curvas TG/DTG e T evidenciam três etapas distintas de perda de massa, que

corresponde, respectivamente, à eliminação de água adsorvida na superfície da

sílica/desidratação do nitrato de níquel; à decomposição térmica do surfatante/sal de

níquel; e ao processo de redução do NiO a Ni0. No caso da amostra FDU-1(Ni30%)

a perda de massa associada com a redução NiO a Ni0 é de 2,64%, indicando que,

estequiometricamente, há na matriz de sílica cerca de 33% do metal.

Page 51: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

51

0 100 200 300 400

50

60

70

80

90

100

-0.50

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10g

0

100

200

300

400

500

600-15.401%

-3.334%

-33.671%

-0.779%

-53.143%

Figura 4.11: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução da amostra FDU-1Ni(3%) - massa = 30,93 mg

Tempo (min)

Mas

sa(%

)

Der

ivad

apr

imei

ra(m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Figura 4.12: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução daamostra FDU-1Ni(5%) - massa = 30,50 mg

0 100 200 300 400

50

60

70

80

90

100

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600-12.953%

-4.324%

-35.721%

-1.059%

-53.726%

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG T

Page 52: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

52

0 100 200 300 40040

60

80

100

-0.50

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10g

0

100

200

300

400

500

600-18.350%

-6.419%

-32.463%

-1.160%

-58.164%

Figura 4.13: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução daamostra FDU-1Ni(10%) - massa = 30,61 mg

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG T

Figura 4.14: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução daamostra FDU-1Ni(30%) - massa = 30,31 mg.

0 100 200 300 400

40

60

80

100

-0.50

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10g

0

100

200

300

400

500

600

-35.495%

-11.915%

-15.943%

-66.078%

-2.636%

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 53: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

53

0 100 200 300 400Ti [ i ]

20

40

60

80

100

-1.00

-0.50

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600

-28.390%

-6.104%

-79.118%-44.634%

Figura 4.15: Curvas TG/DTG simulação calcinação/redução daamostra FDU-1Ni(90%) - massa = 30,13 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTGT

4.1.3. Curvas TG/DTG -Redução 1/Redução 2

Dependendo da reação catalítica escolhida, os catalisadores podem ou não

sofrer uma ativação – tratamento químico com corrente gasosa responsável pelo

aparecimento da fase ativa final do catalisador (MANUAL DE CATÁLISE, 1984).

Após a calcinação das matrizes precursoras dos catalisadores em forno

tubular convencional (EDG10PS), o óxido de níquel formado em cada amostra, foi

submetido ao processo de redução (Redução 1) na termobalança, conforme

descrito em 3.2.4 e ilustrado no Fluxograma da Figura 3.3. As curvas TG/DTG

ilustradas nas Figuras 4.16 a 4.20, evidenciam o processo redução para gerar os

supostos catalisadores SBA-15(Nix), enquanto que as Figuras 4.21 a 4.25

ilustram o processo de redução para gerar os supostos catalisadores FDU-1(Nix).

De maneira geral pode-se observar nestas curvas duas regiões distintas de perda

de massa. A primeira ocorre entre 25 e cerca de 150oC e corresponde à

eliminação de água adsorvida fisicamente na superfície da sílica. A segunda

etapa de perda de massa, entre cerca de 150oC a 600oC é devido ao processo de

Page 54: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

54

redução do NiO disperso na superfície e nos mesoporos das sílicas SBA-15 e

FDU-1 a Ni0. Pode-se notar que o processo de redução é praticamente total

mesmo antes do estabelecimento da isoterma em 600oC. Essa última perda de

massa permite estimar o teor de Ni nas matrizes de sílica.

Considerando como exemplo a amostra de SBA-15(90%), Figura 4.20. Tem-

se: 1a Etapa, Δm1 = 1,70% devido à eliminação de água adsorvida fisicamente; 2a

Etapa, Δm2 = 18,96% é devido ao processo de redução NiO a Ni0, que na base

seca é 19,23%. Estequiometricamente a perda de massa de uma amostra

contendo 100% de NiO é de 21,42% então a Δm2 = 19,23% (base seca) indica a

existência de 89,8% de Ni0 na sílica SBA-15. Aplicando o mesmo raciocínio para a

amostra de FDU-1(90%), Figura 4.25, encontra-se um teor de Ni0 de 84,9%. Isso

indica que mesmo empregando uma atmosfera com apenas 5% de H2 a redução

é praticamente total. Porém, no caso das amostras que apresentam baixos teores

de Ni o erro na determinação é maior devido à dificuldade de se encontrar, com

precisão, a temperatura em que se inicia o processo de redução, ou ainda, de

separar os eventos correspondentes à eliminação de água e de redução de NiO.

A Tabela 4.1 lista os resultados das %Ni encontrados por TG/DTG. Na maioria

dos casos os valores são distantes daqueles estipulados inicialmente para a

síntese dos materiais. Esse aspecto ainda precisa ser melhor estudado por

TG/DTG para esse tipo de materiais.

Tabela 4.1. %Ni determinada por TG/DTG a partir da Δm2

Amostra %Ni amostra %Ni

SBA-15(3%) 6,5 FDU-1(3%) 5,5

SBA-15(5%) 9,9 FDU-1(5%) 7,4

SBA-15(10%) 11,9 FDU-1(10%) 11,4

SBA-15(30%) 21,0 FDU-1(30%) 25,4

SBA-15(90%) 89,8 FDU-1(90%) 84,9

Page 55: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

55

0 50 100 150

90

95

100

-0.20

-0.10

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600

-11.451%

-9.298%

-2.142%

-1.259%

Figura 4.16: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra SBA-15Ni(3%) - m = 25,73 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG T

0 50 100 15085

90

95

100

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600-14.079%-11.478%

-2.593%

-1.885%

Figura 4.17: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra SBA-15Ni(5%) - m = 24,99 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 56: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

56

0 50 100 15085

90

95

100

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600

-13.334%

-11.098%

-2.232%

D

eriv

ada

prim

eira

(mg/

min

)

T

Tem

pera

tura

(o C) DTG

Mas

sa (%

)

TG

Tempo (min) Figura 4.18: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra SBA-15Ni(10%) - m = 25,09 mg.

Figura 4.19: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra SBA-15Ni(30%) - m = 25,19 mg.

0 50 100 150

90

95

100

-0.20

-0.10

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600

-12.805%

-8.712%

-4.098%

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 57: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

57

0 50 100 150

80

90

100

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600

-20.581%

-1.697%

-18.958%

Figura 4.20: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra SBA-15Ni(90%) - m = 25,45 mg

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

0 50 100 150

90

95

100

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0

100

200

300

400

500

600

-9.412%

-1.904%

-11.308%

-1.064%

Figura 4.21: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra FDU-1Ni(3%) - m = 25,48 mg

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 58: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

58

0 50 100 150

85

90

95

100

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10

g

0

100

200

300

400

500

600

-14.186%

-2.310%

-16.492%

-1.357%

Figura 4.22: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra FDU-1Ni(5%) m = 25,29 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

0 50 100 150

85

90

95

100

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10g

600

0

100

200

300

400

500

-15.929%

-2.106%

-13.847%

Figura 4.23: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra FDU-1Ni(10%) - m = 25,21 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 59: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

59

0 50 100 15085

90

95

100

-0.10

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600-13.352%

-8.354%

-4.982%

Figura 4.24: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra FDU-1(Ni30%) - m = 25,23 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

0 50 100 150

80

90

100

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10

g

0

100

200

300

400

500

600-19.309%

-1.310%

-17.955%

Figura 4.25: Curvas TG/DTG -Redução 1 da amostra FDU-1Ni(90%) - m = 25,20 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 60: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

60

Com a finalidade de se obter uma outra condição de redução do NiO a Ni0 e

permitir uma melhor visualização e definição da perda de massa, após a entrada

do H2, as amostras, inicialmente calcinadas no forno EDG10PS, foram

submetidas ao processo de redução (Redução 2) na termobalança, segundo

descrito no item 3.2.4 e ilustrado no Fluxograma da Figura 3.3. As curvas TG/DTG

ilustrada nas Figuras 4.26 a 4.30, evidenciam que reação de redução ocorre,

conduzindo aos supostos catalisadores SBA-15(Nix). As curvas TG/DTG

ilustradas nas Figuras 4.31 a 4.35 indicam que processo de redução ocorre e

conduz à obtenção dos supostos catalisadores FDU-1(Nix).

Avaliando os resultados obtidos nos ensaios de reduções (Redução 1 e

Redução 2) observou-se que não houve mudanças significativas entre eles. Por

outro lado, foi verificado que a entrada de H2 na temperatura de 400oC já provoca

a redução do NiO a Ni0 e isso permite adotar as condições da Redução 2 por

questões de tempo e custo, principalmente quando for utilizada uma corrente de

H2 puro.

Figura 4.26: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostraSBA-15Ni(3%) - m = 20,18mg.

0 50 100 150

85

90

95

100

-0.40

-0.20

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600

-9.571%

-13.035%

-1.457%

-1.259%

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTGT

Page 61: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

61

0 50 100 150

85

90

95

100

-0.40

-0.20

0.00

0.20g

0

100

200

300

400

500

600

-10.326%

-0.578%

-1.758%

-13.352%

Figura 4.27: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostra SBA-15(Ni5%) - m = 21,61 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG T

0 50 100 150

90

95

100

-0.40

-0.20

0.00

g

0

100

200

300

400

500

600

-8.663% -10.693%

-0.487%-1.358%

Figura 4.28: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostra SBA-15(Ni10%) - m = 21,13 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 62: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

62

0 50 100 150

90

95

100

%

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10g/

0

100

200

300

400

500

600C

-7.483%

-0.980%

-3.410%

-11.900%

Figura 4.29: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostra SBA-15(Ni30%) - m = 22,14 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

0 50 100 150

80

90

100

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10

g

0

100

200

300

400

500

600-0.534%

-19.641%

Figura 4.30: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostra SBA-15(Ni90%) - m = 21,72 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 63: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

63

0 50 100 15085

90

95

100

-0.40

-0.20

0.00

0.20

g

0

100

200

300

400

500

600

-11.464%

-2.135%

-13.732%

Figura 4.31: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostra FDU-1(Ni3%) - m = 21,17 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

0 50 100 150

85

90

95

100

-0.60

-0.40

-0.20

0.00

0.20

g

0

100

200

300

400

500

600

-11.149% -13.379%

-0.700%-1.365%

Figura 4.32: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostra FDU-1(Ni5%) - m = 21,17 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 64: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

64

Figura 4.33: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostra FDU-1(Ni10%) - m = 20,49 mg.

0 50 100 15085

90

95

100

-0.50

-0.40

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0.10g

0

100

200

300

400

500

600

-10.069%

-13.339%

-0.815%-2.001%

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

0 50 100 150

90

95

100

-0.20

-0.10

0.00

0.10g

0

100

200

300

400

500

600

-4.683% -9.560%

-0.492%

-4.498%

46.67C

Figura 4.34: Curvas TG/DTG -Redução 2 da amostra FDU-1(Ni30%) - m = 20,54 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 65: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

65

0 50 100 15080

90

100

-0.30

-0.20

-0.10

0.00

0

100

200

300

400

500

600

-18.076%

Figura 4.35: Curvas TG/DTG – Redução 2 da amostra FDU-1Ni(90%) - m = 20,95 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Conforme mencionado no item 3.2.4, para um melhor entendimento e

comparação do perfil termogravimétrico de redução dos catalisadores comerciais

com aqueles obtidos no laboratório, esses catalisadores, também, foram

submetidos às condições de Redução 2, após tratamento térmico sob atmosfera

de ar no Forno EDG10PS para remoção da gordura. As curvas TG/DTG

referentes a esses ensaios, ilustradas nas Figuras 4.36 a 4.39, evidenciam duas

etapas principais de perda de massa. A primeira corresponde à eliminação de

água adsorvida fisicamente. A segunda é devido ao processo de redução NiO a

Ni0 que ocorre entre 400 e 600oC. Em nenhum dos casos foi observado a

redução quando da entrada da corrente de H2/Ar. Se o experimento fosse

realizado com H2 puro, provavelmente, a redução ocorresse quando da entrada

do gás.

Page 66: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

66

0 50 100 150

90

95

100

%

-0.20

-0.10

0.00

g/

0

100

200

300

400

500

600C

-3.638%

-8.862%

Figura 4.36: Curvas TG/DTG -Redução 2 – CatA – m = 20,53 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

0 50 100 150

85

90

95

100

-0.10

-0.05

0.00

0

100

200

300

400

500

600-3.713%

-10.826%

Figura 4.37: Curvas TG/DTG -Redução 2 – CatB – m = 20,82 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 67: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

67

0 50 100 15080

90

100

%

-0.20

-0.10

0.00

g/

0

100

200

300

400

500

600C

-6.197%

-10.420%

Figura 4.38: Curvas TG/DTG -Redução 2 – CatC – m = 20,53 mg.

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Figura 4.39: Curvas TG/DTG -Redução 2 – CatD – m = 21,02 mg.

0 50 100 150Ti [ i ]

85

90

95

100

-0.10

0.00

0

100

200

300

400

500

600

-4.937%

-9.465%

Tempo (min)

Mas

sa (%

)

Der

ivad

a pr

imei

ra (m

g/m

in)

Tem

pera

tura

(o C)

TG

DTG

T

Page 68: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

68

4.2. Difratometria de Raios X

Raios X constituem uma radiação eletromagnética de comprimento de onda

(λ) curto, produzida pela aceleração ou desaceleração de elétrons de alta energia

ou pelas transições de elétrons dos orbitais internos dos átomos. O intervalo de

comprimentos de onda dos raios X vai de cerca de 10-5 ºA até 100 ºA (SKOOG;

HOLLER; NIEMAN,2002).

Os elétrons rápidos acertam elétrons que ocupam orbitais das camadas

internas dos átomos e os retiram do mesmo. Esta colisão deixa uma vacância no

átomo, a qual é preenchida quando um outro elétron de outra camada salta para a

vacância. A diferença de energia é emitida como um fóton. O fóton tem uma energia

muito alta, correspondente à região dos raios X (ATKINS,2001).

No Instituto de Física (Departamento de Física Aplicada) da Universidade de

São Paulo, podem ser executados experimentos de difração de raios X e

espalhamento de raios X a baixo ângulo, técnicas comumente disponíveis em

laboratórios de Cristalografia. No caso, foram utilizadas fontes convencionais de

raios X, produzidos em tubos selados ou geradores de anodo rotatório. Entretanto,

os trabalhos de difração de raios X podem ser realizados usando a radiação intensa

de uma fonte síncrotron. Na fonte síncroton, os elétrons são acelerados em um

círculo por campos eletromagnéticos. Todavia, estas fontes são enormes e estão

disponíveis somente como serviços nacionais (Exemplo: LNLS - Campinas).

Os raios X interagem com os elétrons da matéria. Quando um feixe de raios X

incide num material é espalhado em várias direções pelas nuvens eletrônicas dos

átomos da amostra. Se o comprimento de onda (λ) dos raios X for comparável às

distâncias interatômicas, pode ocorrer interferência. Para um arranjo ordenado de

Page 69: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

69

centros de espalhamento; tais como, átomos ou íons em um sólido cristalino, isto

pode resultar em interferência máxima ou mínima (SANDRA; DANN, 2000).

Em 1913, William e Lawrence Bragg, pai e filho, determinaram como o

espaçamento entre camadas dos planos nas estruturas cristalinas resulta em

diferentes padrões de difração de raios X. Atualmente, é possível observar o padrão

de difração de um cristal determinado, em particular, e determinar a estrutura deste

cristal, tendo como base o padrão de difração. Os Braggs determinaram que os

seguintes fatores estivessem envolvidos:

1) A distância semelhante entre planos atômicos em uma estrutura cristalina. Esta

distância é chamada de d.

2) O ângulo de difração, também chamado de ângulo θ. Um difratômetro mede um

ângulo que é o dobro do ângulo θ, o ângulo 2θ.

3) O comprimento de onda (λ) da radiação incidente.

Estes fatores combinados resultaram na Lei de Bragg:

θλ sen2 ⋅⋅=⋅ dnOnde:

n: é um número inteiro (1,2,3,...), a ordem de difração;

λ: comprimento de onda em angstoms (°A);

d: distância interplanar em angstroms (ºA);

θ : ângulo de difração em graus (KENKEL,2003)

A incidência dos raios X sobre um átomo provoca o espalhamento da

radiação em todas as direções. A difração é caracterizada pela interferência

construtiva proveniente de vários átomos dos raios X espalhados.

Page 70: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

70

No caso de um cristal, a seqüência ordenada e periódica dos átomos pode

ser visualizada como um conjunto de planos, denominados planos cristalográficos e

indexados através dos índices de Miller, hkl. O espalhamento coerente dos raios X

(mesma energia da radiação incidente) por um conjunto de planos cristalinos (hkl)

ocorre em um ângulo bem definido, denominado ângulo de Bragg. Ratifica-se que a

condição de difração estabelecida pela Lei de Bragg é:

)()( sen2 hklhkldn θλ ⋅⋅=⋅

Onde:

n: ordem de difração (normalmente considera-se n=1);

λ: comprimento de onda da radiação incidente;

dhkl: distância interplanar

θhkl: semi-ângulo de difração medido em relação aos raios X incidentes.

Os valores de dhkl para um composto padrão estão tabelados, disponíveis em

micro-fichas ou CD-ROM no sistema ICDD (JCPDS) da International Union of

Crystallography (FANTINI, 2004).

4.2.1. Difratogramas de Raios X das amostra antes e após redução

Para confirmar a existência de NiO após a calcinação e a existência de Niº

após a redução, amostras de SBA-15(Nix) e FDU-1(Nix) calcinadas e reduzidas

foram submetidas à difratometria de raios X, conforme 3.3.2.

As linhas de difração observadas nas Figuras 4.40 e 4.41 evidenciam a

presença das fases NiO nas amostras calcinadas. Já as linhas de difração

observadas nas Figuras 4.42 e 4.43 evidenciam fases NiO e fases Niº,

demonstrando que, pelo menos, parte do NiO existente foi reduzido a Niº.

Page 71: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

71

Figura 4.40: Difratogramas de raios X de amostras de SBA-15(Nix) calcinadas.

(111)

(200)

(220)

NiO –47-1049

5%

10%

30%

90%

3%

40 50 60 o(2

θ)

35

(111)

(200)

(220)

NiO - 47-1049

°(2θ)35 40 50

(111)

(200)

(220)

NiO - 47-1049

60

°(2θ)35 40 50

3%

60

90%

30%

5%

10%

Figura 4.41: Difratogramas de raios X de amostras de FDU-1(Nix) calcinadas.

Page 72: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

72

Figura 4.42: Difratogramas de raios X de amostras de SAB-15(Nix) após redução.

(111)

NiO

(200)NiO

(220)

NiO

(111)

Niº

(200)

Niº

NiO - 47-1049

Niº - 04-0850(111)

NiO

(200)NiO

(220)

NiO

(111)

Niº

(200)

Niº

NiO - 47-1049

Niº - 04-0850

5%

30%

40 50 60

(2θ) o35

(111)

NiO

(200)NiO (220)

NiO

(111)

Niº

(200)

Niº

NiO - 47-1049

Niº - 04-0850

(111)

NiO

(200)NiO (220)

NiO

(111)

Niº

(200)

Niº

NiO - 47-1049

Niº - 04-0850

30%

5%

Figura 4.43: Difratogramas de raios X de amostras de FDU-1(Nix) após redução.

40 50 60

(2θ) o35

4.3. Espalhamento de raios X a baixo ângulo (SAXS)

Desde a descoberta dos raios X, ferramenta versátil e não destrutiva de

determinação da estrutura da matéria condensada, métodos experimentais

Page 73: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

73

sofisticados vêm sendo desenvolvidos para melhorar a qualidade dos dados obtidos,

bem como o espectro de problemas a serem selecionados.

Os sistemas amorfos, onde há inexistência de ordem estrutural de médio ou

longo alcance, impedem a investigação por técnicas convencionais de difração de

raios X (X-Ray Diffraction ou XRD).

Materiais mono e poli cristalinos, que são sistemas mais ordenados, são

comumente estudados por difração de raios X, na geometria convencional de

varredura θ - 2θ, também útil no estudo de amostras espessas e filmes finos,

permitindo análise de caráter composicional e estrutural.

O espalhamento de raios X a baixo ângulo (SAXS – Small Angle X-Ray

Scattering) tem se mostrado uma ferramenta adequada na obtenção de informação

de caráter morfológico ou estrutural para sistemas com baixa correlação estrutural;

porém, com variação de densidade eletrônica da ordem de dezenas a centenas de

Angstroms.

Nas fontes de radiação síncroton, onde feixes de raios X intensos das mais

variadas energias são obtidos com alta colimação e polarização, foram abertas

novas perspectivas no estudo da estrutura da matéria condensada:XANES (X-Ray

Absorption Near Edge Spectroscopy) e EXAFS (Extended X-Ray Absorption Fine

Structure) (FANTINI,2004)

As medidas de SAXS são tipicamente realizadas com ângulos de

espalhamento menores que 1º. A técnica de SAXS é usada para sondar estruturas

de grande tamanho; tais como, macromoléculas biológicas (proteínas, ácidos

necleicos, etc.), polímeros de alto peso molecular e superestruturas auto-

organizadas (por exemplo, surfactante utilizado como molde na síntese de materiais

mesoporosos).

Page 74: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

74

As medições de SAXS são tecnicamente desafiadoras por causa do pequeno

ângulo de separação entre o feixe direto (que é muito intenso) e o feixe espalhado.

Maiores distâncias entre a amostra e o detector (0,5m – 10m) e uma ótica com alto

grau de colimação são usadas para se obter boa relação sinal-ruído

(INTRODUCTION, 2005).

Visto que a técnica de SAXS analisa o espalhamento a baixos ângulos com

um valor mínimo geralmente limitado pelas condições experimentais, somente

heterogeneidades da densidade eletrônica de dimensões coloidais podem ser

observadas (dezenas a milhares de ºA).

A técnica de SAXS limita-se ao estudo de pequenos ângulos correspondentes

a estruturas da ordem de 10 –1000 ºA no espaço direto. Nesta técnica, somente

uma média da densidade eletrônica é observada em um volume de dimensão da

ordem de 10ºA. A técnica de SAXS fornece informações da estrutura numa escala

grande, quando comparada com o comprimento de onda dos raios X.

Experimentalmente, visualiza-se este tipo de espalhamento, quando feixes de raios

X atravessam amostras constituídas por partículas coloidais submicroscópicas;

entretanto, maiores que os átomos isolados. Este espalhamento foi primeiramente

observado por Krishinamurti e Warren (GUINIER, 1955).

Esta técnica pode dar informações estruturais para partículas que se

encontram dentro de certos limites. Se a partícula for grande demais, o

espalhamento fica limitado a ângulos muito pequenos, por vezes, inacessíveis

experimentalmente. Por outro lado, se a partícula for pequena demais, da ordem do

comprimento de onda, o espalhamento se produz a altos ângulos (FISHER, 2000).

Page 75: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

75

4.3.1. Difratogramas de raios X a baixo ângulo das amostras antes e após

calcinação

Objetivando-se obter informações a respeito das estruturas das sílicas

mesoporosas ordenadas após a impregnação com o níquel antes e após a

calcinação, realizaram-se experimentos de raios X a baixo ângulo, conforme descrito

em 3.3.3. As Figuras 4.44 a 4.53 ilustram os difratogramas de raios X a baixo ângulo

das amostras SBA-15(Nix) e SBA-15. A posição dos picos de difração (1 0 0 ), (1 1

0) e (2 0 0) são compatíveis com a presença de uma estrutura hexagonal. As

Figuras 4.54 a 4.63 ilustram os difratogramas de raios X a baixo ângulo das

amostras FDU-1(Nix) e FDU-1. As posições dos picos de difração são compatíveis

com a presença de uma estrutura cúbica similar as sílicas mesoporosas cúbicas em

forma de gaiola do tipo FDU-1 (MATOS et al., 2003).

Em geral, as medidas de transmitância das amostras feitas com o feixe de

raios X mostram a presença do Ni, através da diminuição da transmitância com o

aumento do teor do metal. A introdução do Ni na síntese do material não

desestrutura o sistema mesoporoso. O parâmetro de rede do material com o Ni não

varia com o seu conteúdo, o que indica que a sílica suporta o metal. O parâmetro de

rede com Ni é maior do que sem ele, isto sugere que o metal é incorporado na

estrutura. O processo de calcinação, como usual, diminui o parâmetro de rede, ou

seja, o sistema encolhe. Até 10% de Ni não há interferência deste na estrutura. A

amostra de 30% de Ni calcinada sofre desestruturação.

Page 76: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

76

0.4 0.8 1.2 1.6 2.00

40

80

120

160

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9.9 11.4 (110) 5.6 11.2(200) 4.9 11.2

x4

(200

)

(110

)

(100

)

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

SBANi3%

Figura 4.44: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15(Ni3%) sem calcinar.

0.0 0.4 0.8 1.2 1.6 2.00

40

80

120

160

200

240 SBANi3% calc

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9.2 10.6 (110) 5.2 10.4(200) 4.5 10.4

(200

)

(110

)

(100

)

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

x4

Figura 4.45: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15(Ni3%) calcinada.

Page 77: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

77

0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

20

40

60

80

100

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9.9 11.4 (110) 5.6 11.2(200) 4.9 11.4

(200

)

(110

)

(100

)

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

SBANi5%

x4

Figura 4.46: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15(Ni5%)sem calcinar.

0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

20

40

60

80

100

120

140

160

(100

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9.5 10.9 (110) 5.4 10.8(200) 4.7 10.7

(200

)

(110

)

Inte

nsid

ade(

u. a

.)

SBANi5% calc

x4

Figura 4.47: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15(Ni5%) calcinada.

Page 78: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

78

0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

5

10

15

20

25

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 10.0 11.5 (110) 5.6 11.1(200) 4.9 11.4

(200

)

(110

)

(100

)

Inte

nsid

ade

( u.a

.)

SBANi10%

x4

Figura 4.48: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15Ni(10%) sem calcinar.

0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

20

40

60

80

100

120

140

160

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9.6 11.1 (110) 5.5 10.9(200) 4.7 10.8

(200

)

(110

)

(100

)

Inte

nsid

ade(

u. a

.)

SBANi10% calc

x4

Figura 4.49: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15(Ni10%) calcinada.

Page 79: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

79

Figura 4.50: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15(Ni30%) sem calcinar.

0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

SBANi30%

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9.8 11.3 (110) ---- -----(200) ---- -----

(100

)

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

10

20

30

40

50 SBANi30% calc

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9. 5 10.9 (110) ---- -----(200) ---- -----

(100

)

In

tens

idad

e (u

.a.)

Figura 4.51: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15(Ni30%) calcinada.

Page 80: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

80

0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

10

20

30

40

50

60

70

SBAsemcalc

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9.8 11.4 (110) 5.6 11.2(200) 4.8 11.1

(200

)

(110

)

(100

)

Inte

nsid

ade(

u. a

.)

x4

Figura 4.52: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15 sem calcinar.

0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.250

10

20

30

SBA15calc

(200

)

(110

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(100) 9.6 11.1 (110) 5.5 10.9(200) 4.7 10.9

(100

)

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.53: Difratograma a baixo ângulo da amostra SBA-15 calcinada.

Page 81: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

81

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

2

4

6

8

10

12

14

16

18

FDUNi3%

(311

)(2

20)

(111

)

hkl d(hkl)

(nm) a (nm)(111) 13.5 23.3 (220) 7.6 21.4(311) 7.3 24.2

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.54: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1(Ni3%)sem calcinar.

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00

20

40

60

80 FDUNi3% calc

(311

)(2

20)

(111

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 12.4 21.4 (220) 7.2 20.3(311) 7.0 23.3

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.55: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1(Ni3%) calcinada.

Page 82: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

82

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

5

10

15

20

25

30

35

FDUNi5%

(311

)(2

20)

(111

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 13.3 23.1 (220) 7.6 21.4(311) 7.1 23.4

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.56: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1(Ni5%) sem calcinar.

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

10

20

30

40

50

60

70

FDUNi5% calc

(311

)(220

)

(111

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 12.6 21.8 (220) 7.2 20.2(311) 6.4 21.3

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.57: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1(Ni5%) calcinada.

Page 83: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

83

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

5

10

15

20 FDUNi10%

(311

)(2

20)

(111

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 13.3 23.1 (220) 7.6 21.4(311) 7.0 23.3

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.58: Difratograma abaixo ângulo da amostra FDU-1(Ni10%) sem calcinar.

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

10

20

30

40

50

60

70

80

FDUNi10% calc

(311

)(2

20)

(111

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 12.8 22.1 (220) 7.5 21.3(311) 7.0 23.2

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.59: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1(Ni10%) calcinada.

Page 84: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

84

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

2

4

6

8

10

12

14

FDUNi30%

(311

)

(220

)

(111

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 13.5 23.3 (220) 7.6 21.4(311) 7.1 23.5

)

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.60: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1(Ni30%) sem calcinar.

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

5

10

15

20

25

FDUNi30% calc

(311

)(220

)

(111

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 12.2 21.1 (220) 7.1 20.1(311) 6.7 22.3

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.61: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1(Ni30%) calcinada.

Page 85: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

85

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.000

10

20

30

40

50

60

70 FDUsemcalc

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 13.1 22.7 (220) 7.5 21.1(311) 6.8 22.7

(311

)

(220

)

(111

)

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

x4

Figura 4.62: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1 sem calcinar.

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.750

20

40

60

80

100

120 FDU calc

(311

)(2

20)

(111

)

hkl d(hkl)(nm) a (nm)(111) 12.4 21.4 (220) 7.2 20.2(311) 6.8 22.4

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

Figura 4.63: Difratograma a baixo ângulo da amostra FDU-1 calcinada.

Page 86: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

86

4.4. Isotermas de adsorção de N2

Um sólido ao ser colocado em contato com um gás em um sistema fechado

sofre um aumento de peso, ao mesmo tempo em que a pressão parcial do gás é

diminuída. Isto acontece porque as moléculas superficiais do sólido experimentam

forças resultantes diferentes de zero, pois estão ligadas numa extremidade às

moléculas das camadas mais internas do próprio sólido e na outra extremidade tem

ligações incompletas. A tendência das moléculas superficiais deste sólido em ligar-

se a moléculas gasosas ou líquidas a fim de satisfazer este desbalanço de forças

moleculares ou atômicas é chamada de adsorção (GAS SORPTION ANALYSIS,

2005). As isotermas de adsorção, utilizadas para caracterizar propriedades texturais

da amostra, podem ser determinadas pelo método estático e dinâmico

(FIGUEIREDO; RIBEIRO, 1989). Nos dois casos, as amostras sólidas são pré-

tratadas, aplicando-se alguma combinação de calor, vácuo e/ou fluxo de gás para

remover contaminantes adsorvidos adquiridos pela exposição à pressão atmosférica

(GAS SORPTION ANALYSIS, 2005). Entre os métodos estático e dinâmico, o

estático é o mais usual. Neste último, quantidades sucessivas de substância a

serem adsorvidas (adsorbato, no caso, N2) são adicionadas a um volume,

previamente submetido à pressão reduzida, onde se encontra a amostra do sólido

(adsorvente). Determina-se a quantidade adsorvida ao atingir o equilíbrio para cada

valor de pressão, por gravimetria ou volumetria e é normalmente expressa em na

(mols por grama de sólido degaseificado). As isotermas são geralmente

apresentadas na forma gráfica como na em função da pressão relativa (P/P0), onde

P0 é a pressão de saturação da substância adsorvida (adsorbato - N2 ) na

temperatura do ensaio ou em função da pressão P, quando o ensaio é realizado a

temperatura superior à crítica. O exame de numerosos resultados experimentais

permitiu classificar as isotermas de adsorção em seis tipos característicos,

apresentados na Figura 4.64.

Page 87: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

87

Figura 4.64: Tipos de Isotermas de Adsorção (FIGUEIREDO; RIBEIRO,1989).

p p

Tipo II – sólidos não porosos oumacroporosos

Tipo III – sólidos macroporosos (baixo calor de adsorção)

Tipo IV – sólidos mesoporosos . Há histerese.

Tipo V – sólidos mesoporosos. Há histerese (baixo calor de adsorção).

Tipo VI – sólidos não porosos com superfícies uniformes.

p p

Tipo II – sólidos não porosos oumacroporosos

Tipo III – sólidos macroporosos (baixo calor de adsorção)

Tipo IV – sólidos mesoporosos . Há histerese.

Tipo V – sólidos mesoporosos. Há histerese (baixo calor de adsorção).

Tipo VI – sólidos não porosos com superfícies uniformes.

As isotemas do tipo I são características de sólidos microporosos (por

exemplo: carvão ativo e peneiras moleculares). A quantidade adsorvida tende a um

valor limite quando P/P0 1 (sistema saturado). Esta isoterma também representa

uma adsorção química, caso em que o valor limite corresponde à formação de uma

monocamada molecular adsorvida.

Nas isotermas do tipo II e III, a quantidade adsorvida tende para o infinito

quando P/P0 1, correspondendo a adsorção em múltiplas camadas sobrepostas e

ocorrem em sólidos não porosos ou macroporos.

As isotermas do tipo IV e V correspondem respectivamente, às isotermas II e

III quando o sólido apresenta mesoporos (2 – 50 nm), nos quais (mesoporos) ocorre

o fenômeno de condensação capilar. A quantidade adsorvida tende a um valor

máximo finito, correspondendo ao preenchimento completo dos capilares com o

adsorbato no estado líquido (N2 líquido no caso).

A isoterma do tipo VI (em degraus) ocorre em superfícies uniformes não

porosas e representa uma adsorção camada a camada. A altura do degrau

corresponde à capacidade da monocamada em cada camada adsorvida.

As isotermas do tipo III e V são pouco freqüentes.

Page 88: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

88

O fenômeno da histerese, nas isotermas de adsorção, está associado à

condensação capilar em estruturas mesoporosas. Verifica-se que a curva de

adsorção não coincide com a curva de dessorção, ou seja, não há reversibilidade,

conforme indicado na Figura 4.64 (Tipos de Isoterma de adsorção para as isotermas

do tipo IV e V). De acordo com a IUPAC, podem ser identificadas 4 tipos principais

de histerese, conforme Figura 4.65 .

H1 - dois ramos verticais paralelospela ordenada H2 - só o ramo da dessorção évertical, distribuição e forma de porosbem definida H3 - dois ramos da isotermaassimptótica à vertical p/p0= 1,partículas com poros em fenda H4 – ramos quase horizontaisparalelos à abscissa, poros estreitosem fenda, carater tipo I indicativo demicroporos

Figura 4.65: Tipos de Histerese. (FIGUEIREDO; RIBEIRO, 1989).

A histerese do tipo H1 é caracterizada por dois ramos de isoterma quase

verticais e paralelos durante uma extensa gama de valores do eixo das ordenadas

(quantidade adsorvida). Normalmente, está associada a materiais porosos

constituídos por aglomerados rígidos de partículas esféricas de tamanho uniforme e

regularmente ordenadas. Resulta em uma distribuição apertada de tamanhos de

poros e é aceitável um modelo de capilares cilíndricos para o cálculo do tamanho de

poros.

Na histerese do tipo H2, só o ramo de dessorção é praticamente vertical aos

valores da ordenada. Muitos adsorventes porosos originam este tipo de histerese, a

qual corresponde a uma distribuição de tamanho e formatos de poros bem definidos.

Por vezes, associa-se este tipo de histerese aos diferentes mecanismos de

Page 89: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

89

condensação e evaporação em poros com o gargalo estreito e corpo largo (poros

em forma de tinteiro) neste caso, não se deve usar o ramo da dessorção no cálculo

da distribuição de poros.

A histerese do tipo H3 caracteriza-se por dois ramos assimptóticos

relativamente à vertical (P/P0) = 1. Está associada a agregados não rígidos de

partículas lamelares, originando poros em fenda. No cálculo da distribuição do

tamanho de poros deve-se utilizar o modelo de fendas em placas paralelas.

A histerese do tipo H4 é caracterizada por dois ramos da isoterma quase horizontais

e paralelos durante uma extensa gama de valores da abcissa. Este tipo também

está associado a poros estreitos em forma de fenda; o aspecto da isoterma do tipo

H1 indica a presença de microporos (Figura 4.65).

Em muitos sistemas, particularmente os que apresentam microporos observa-

se com freqüência a histerese até baixas pressões (ver tracejado da Figura 8). Este

fenômeno está associado: à expansão de estruturas porosas pouco rígidas; à

adsorção irreversível de moléculas de tamanho próximo à largura dos poros e à

adsorção química irreversível (FIGUEIREDO; RIBEIRO, 1989).

4.4.1 Isotermas de Adsorção/Dessorção de N2 das amostras antes e após

calcinação

A determinação das medidas de adsorção de nitrogênio e área BET dos

catalisadores calcinados foram realizadas, conforme apresentado no item 3.3.4. As

Figuras 4.66 a 4.71 ilustram as isotermas de adsorção/dessorção dos materiais

SBA-15(Nix). Por outro lado, as Figuras 4.72 a 4.77 apresentam as isotermas de

adsorção/dessorção dos materiais FDU-1(Nix).

Todas as isotermas de adsorção dos materiais apresentaram-se como do tipo

IV, segundo definição da IUPAC. O tipo IV é característico de materiais

mesoporosos. É observado o fenômeno de histerese do tipo H1, caracterizada por

dois ramos de isotermas quase verticais e paralelos durante uma extensa gama de

Page 90: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

90

valores do eixo das ordenadas (quantidade adsorvida) (FIGUEIREDO; RIBEIRO,

1989).

Para as amostras de SBA-15 e SBA-1(Nix) os perfis das isotermas são

similares entre si e aos esperados para esse tipo de material (MATOS et al., 2001).

A etapa correspondente à condensação capilar ocorre próxima à pressão relativa

(P/P0) de 0,6, enquanto na dessorção a etapa da evaporação capilar está deslocada

para pressão relativa menor, ocorrendo o fenômeno da histerese característica para

esse tipo de material. Os ramos da adsorção/dessorção na condensação e

evaporação capilar são praticamente paralelos para todas as amostras, típica dos

canais paralelos que origina a estrutura de poros hexagonal do material mesoporoso

SBA-15. A incorporação do Ni ao material diminui a capacidade de adsorção e a

área superficial com o aumento do teor de metal, porém o perfil das isotermas é

similar indicando que a estrutura mesoporosa hexagonal ainda se mantem, mesmo

para os materiais que apresentam altos teores de Ni.

As isotermas de adsorção/dessorção das amostras de FDU-1(Nix) não

mantem a mesma concordância em relação aos dados da literatura e em relação à

sílica pura FDU-1 como no caso das isotermas das amostras de SBA-15(Nix). A

isoterma da amostra de FDU-1 é típica para esse tipo de material, estrutura cúbica

em forma de gaiola (MATOS et al.,2002; MATOS et al.,2003), porém para as

amostras de FDU-1(Nix) há uma variação significativa no perfil das isotermas com a

incorporação do metal. O perfil das isotermas das amostras FDU-1(Nix) se aproxima

daquele de amostras de SBA-15, possivelmente a presença desse metal conduz a

uma modificação na estrutura do material de cúbica para hexagonal. Em todos os

casos a condensação capilar ocorre próxima à pressão relativa de 0,7 e a

evaporação capilar não é reversível à condensação, o que caracteriza a ocorrência

do fenômeno da histerese. A estrutura mesoporosa é mantida mesmo com a

incorporação de altos teores de metais. O valor da área superficial de 714 m2 g-1 da

Page 91: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

91

sílica FDU-1 pura, diminui com aumento do conteúdo de metal na estrutura porosa,

assim com a capacidade de adsorção.

Pressão Relativa (P/P0)

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Qua

ntid

ade

Ads

orvi

da (c

m3 g-1

STP

)

150

200

250

300

350

400

450

500

550

SBA-15 C

Figura 4.66: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 SBA-15 calcinado.

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0100

150

200

250

300

350

400

450

Qua

ntid

ade

Ads

orvi

da (c

m3 g-1

STP

)

Pressão Relativa (P/P0)

SBA-15Ni3C

Figura 4.67: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 SBA-15(Ni3%) calcinado.

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

150

200

250

300

350

400

450

Qua

ntid

ade

Adso

rvid

a (c

m3 g-1

STP)

Pressão Relativa (P/P0)

SBA-15Ni5C

Figura 4.68: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 SBA-15(Ni5%) calcinado.

Page 92: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

92

Figura 4.69: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 SBA-15(Ni10%) calcinado.

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

100

150

200

250

300

350

400

Qua

ntid

ade

Ads

orvi

da (c

m3 g-1

STP)

Pressão Relativa (P/P0)

SBA-15 Ni10C

Figura 4.70: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 SBA-15(Ni30%) calcinado.

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

100

150

200

250

300

Qua

ntid

ade

Ads

orvi

da (c

m3 g-1

STP

)

Pressão Relativa (P/P0)

SBA-15Ni30C

Figura 4.71: Isoterma de adsorção/dessorção de N2 SBA-15(Ni90%) calcinado.

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

20

30

40

50

60

70

Qua

ntid

ade

Ads

orvi

da (c

m3 g-1

STP

)

Pressão Relativa (P/P0)

SBA-15Ni90C

Page 93: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

93

Pressão Relativa (P/P0)0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Qua

ntid

ade

adso

rvid

a (c

m3 S

TPg-

1 )

0

100

200

300

400

500

Sílica FDU-1 adsorçãoSílica FDU-1 dessorção

Figura 4.72 : Isotermas de adsorção/dessorção da amostra de sílica FDU-1 calcinada.

Pressão Relativa (P/P0)0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Qua

ntid

ade

adso

rvid

a cm

3 STP

g-1 )

0

100

200

300

400

500

FDUCS1 Ni 3% adsorçãoFDUCS1 Ni 3% dessorção

Figura 4. 73 : Isotermas de adsorção/dessorção da amostra FDU-1(Ni3%) calcinada .

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,00

100

200

300

400

500

FDUCS1 Ni 5% adsorçãoFDUCS1 Ni 5% dessorção

Qun

atid

ade

Ads

orvi

da (c

m3S

TPg-

1 )

Pressão Relativa (P/P0)

Figura 4.74 : Isotermas de adsorção/dessorção da amostra FDU-1 Ni(5%) calcinada.

Page 94: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

94

Pressão Relativa (P/P0)0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Qua

ntid

ade

adso

rvid

a (c

m3 S

TPg-

1 )

0

100

200

300

400

500

FDUCS1 Ni 10% adsorçãoFDUCS1 Ni 10% dessorção

Figura 4.75 : Isotermas de adsorção/dessorção da amostra FDU-1(Ni10%) calcinada.

Pressão Relativa (P/P0)0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Qua

ntid

ade

adso

rvid

a (c

m3 S

TPg-

1 )

0

100

200

300

400

500

001-810b adsorvida001-810b dessorvida

Figura 4 .76 : Isotermas de adsorção/dessorção da amostra FDU-1(Ni30%) calcinada. .

Pressão Relativa (P/P0)0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Qua

ntid

ade

adso

rvid

a (c

m3 S

TPg-

1 )

0

10

20

30

40

50

60

FDUCS2 Ni 90% adsorçãoFDUCS2 Ni 90% dessorção

Figura 4 .77 : Isotermas de adsorção/dessorção da amostra FDU-1(Ni90%) calcinada.

Page 95: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

95

4.5. Determinação da área BET

Métodos de adsorção de gás são os mais freqüentemente usados para

determinar a área específica de catalisadores. O método de adsorção de Brunauer –

Emmett – Teller (BET) é o mais amplamente usado como procedimento padrão

(HABER, 1991).

A equação de Brunauer – Emmett – Teller (BET) traduz a adsorção física de

vapores e foi originalmente apresentada para descrever as isotermas do tipo II.

Porém, com valores apropriados dos parâmetros, esta equação pode representar

outros tipos de isotermas.

Para tanto, admite-se o equilíbrio dinâmico adsorção/dessorção, mas incluí-

se a possibilidade da formação de múltiplas camadas adsorvidas. Sua dedução está

baseada nas seguintes hipóteses:

a) em cada camada, a velocidade de adsorção é igual a velocidade de dessorção;

b) o calor de adsorção, a partir da segunda camada é constante e igual ao valor de

condensação;

c) quando P = P0 , o vapor condensa como um líquido ordinário e o número de

camadas adsorvidas é infinito.

( )( )

00

11PPx

cnc

cnPPnP

am

am

a ⋅−

+⋅

=−⋅

Onde:

na : porção adsorvida à pressão relativa P/P0;

nam : capacidade da monocamada;

c: constante que depende do tipo da isoterma.

O método da determinação da área específica (BET) consiste em obter a

capacidade da monocamada, nam, a partir da isoterma de adsorção física. A

Page 96: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

96

adsorção do N2 a 77K é recomendada (com exceção a sólidos de área específica

muito baixa < 5 m2/g).

Uma vez determinada a quantidade de adsorbato necessária para cobrir a

superfície com uma camada monomolecular, a área específica do sólido (S) será:

mam aNnS ⋅⋅= (m2.g-1)

N = número de Avogadro (6,02*1023 mol-1)

am = área ocupada por uma molécula de adsorbato

nam = capacidade da monocamada (mol/g)

O valor de am pode ser calculado a partir da densidade de adsorbato (ρ) no

estado líquido:

am = 1,091 (M/ρ.N)2/3

Para o N2 à temperatura de 77K (N2 líquido), am = 0,162 nm2 (M: massa

molar do N2).

As seguintes observações devem ser consideradas sobre o método BET:

a) a zona de validade da equação de BET é restrita a uma parte da isoterma,

geralmente para valores de P/P0 entre 0,05 e 0,30

b) Outras substâncias inertes podem ser utilizadas (Kr: am = 0,17 – 0,23 nm2; Xe:

am = 0,17 – 0,27 nm2; Ar: am = 0,13– 0,18 nm2); no entanto, o N2 é considerado

padrão.

c) Quando a área específica é muito baixa é aconselhável utilizar uma substância

de menor pressão de vapor, permitindo maior precisão na determinação da

isoterma. Por exemplo, Kr = 400 mmHg a 77K no lugar de N2 = 759 mmHg a mesma

temperatura (FIGUEIREDO; RIBEIRO, 1989).

Page 97: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

97

As Tabelas 4.2 e 4.3 listam, respectivamente, os valores de área BET para

os catalisadores SBA-15(Nix) e FDU-1(Nix).

Tabela 4.2: Área BET (m2.g-1) Tabela 4.3: Área BET (m2.g-1)

Amostra S (m2.g-1)

SBA-15 611

SBA-15(Ni3%) 497

SBA-15(Ni5%) 517

SBA-15(Ni10%) 415

SBA-15(Ni30%) 324

SBA-15(Ni90%) 55

Amostra S (m2.g-1)

FDU-1 714

FDU-1(Ni3%) 315

FDU-1(Ni5%) 314

FDU-1(Ni10%) 330

FDU-1(Ni30%) 374

FDU-1(Ni90%) 39

4.6. Espectroscopia de Absorção Atômica

A AAS ( Atomic Absorption Spectrometry) ou espectrofotometria de absorção

atômica é o método de análise aplicado a determinações qualitativas e quantitativas

de cerca de 70 elementos diferentes em amostras biológicas, metalúrgicas,

farmacêuticas e atmosféricas. Trata-se de uma técnica analítica bem estabelecida e

suficientemente sensível, seletiva e robusta (GIL, 2007).

A espectrofotometria de absorção atômica (AAS), fundamenta-se na

propriedade que têm os átomos de cada elemento, quando se encontram

quimicamente não combinados e em seu estado fundamental de absorver raias de

radiação com comprimentos de onda característicos. Essas linhas ou raias de

radiação são as mesmas que os átomos excitados do elemento são capazes de

emitir, ou seja, uma certa espécie atômica neutra no estado fundamental é capaz de

absorver radiações de comprimento de onda iguais aos da radiação que ela, quando

excitada, é capaz de emitir.

Page 98: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

98

Os instrumentos devem ser capazes de isolar linhas espectrais que são

usadas para a análise de determinado elemento e eliminar as linhas de radiação que

possam interferir nas medidas ou diminuir a sensibilidade da análise. A sofisticação

dos espectrofotômetros objetiva alcançar parâmetros tais como a sensibilidade, a

reprodutibilidade, a eficiência e a velocidade das análises. Porém, esta sofisticação

reflete-se no custo do equipamento que pode variar acima de 20 mil reais.

Seis partes principais constituem os espectrofotômetros: fonte de radiação,

sistema de introdução da amostra, atomizador, monocromador, sistema detector e

sistema de leitura. Normalmente, esses componentes são combinados de modo

eficiente e compacto, conectados a sistemas computadorizados para a preparação

de amostras, sistema de tratamento de dados e impressoras.

As interferências na espectrofotometria de absorção atômica, de forma geral,

são de dois tipos: espectrais e químicas. As interferências espectrais ocorrem

quando a resolução no monocromador torna-se impossível, como, por exemplo, no

caso de absorções ou emissões de espécies interferentes no mesmo comprimento

de onda de absorção ou emissão do analito. As interferências químicas ocorrem

principalmente na etapa da atomização quando a amostra é introduzida no

atomizador. A amostra sofre uma série de processos químicos e,

conseqüentemente, há uma modificação nas características de absorção do analito.

A espectrofotometria de absorção atômica segue a Lei de Beer: a absorção é

proporcional ao número de átomos no estado fundamental que irão absorver a

radiação emitida pela fonte luminosa. Logo, a concentração é diretamente

proporcional à absorção de uma linha de radiação por um analito gasoso no estado

fundamental. Porém, existe na espectrofotometria de absorção atômica um grande

número de variáveis incontroláveis na atomização podendo ocorrer alguns desvios

nas curvas analíticas.

Page 99: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

99

Os padrões para a curva analítica convencional devem ser preparados em

uma faixa de concentração adequada, de modo que a leitura da absorção do analito

esteja entre as leituras da absorção dos padrões de menor e maior concentração. A

extrapolação linear na curva de calibração não é recomendada, pois pode ocorrer

um desvio negativo na linearidade.

A aplicação da AAS é muito diversificada. Trata-se de um método analítico de

alta sensibilidade, muito bom para determinar elementos em traços (ppm ou ppb) em

vários tipos de amostras procedentes de várias áreas. Conforme dito anteriormente,

por absorção atômica é possível determinar-se cerca de 70 elementos. Entre estes

estão todos os metais, alguns não-metais e também elementos das séries dos

lantanídeos e actinídeos. Em metalurgia, é rotina a determinação de impurezas em

ligas de aço e em ligas de cobre. Na indústria de metais nobres é feito o controle de

Pt, Au, Ag e Rh por absorção atômica. Na agricultura, a absorção atômica é

importante na determinação de micronutrientes em solos, plantas, fertilizantes,

cereais e outros alimentos de origem vegetal. Em amostras de derivados de petróleo

determina-se, por exemplo, Pb na gasolina, Ni, Cu, Fe e Na em óleos brutos e em

catalisadores. Em produtos industrializados, é convencional a determinação de

metais em cimento, vidro, tinta, tecido etc. Na área médica, determina-se Ca, Pb,

Cd, Mn, Mg no sangue, na urina e em tecidos orgânicos. A determinação de metais

alcalinos e outros como Fe, Co, Ni e Li em medicamentos é usual na indústria

farmacêutica (VINADÈ; VINADÈ,2005).

Para se determinar o teor de níquel nos catalisadores produzidos, utilizou-se

a técnica de absorção atômica, conforme descrito em 3.3.5. Na Tabela 4.3

encontram-se listados os teores de níquel encontrados para cada uma das

respectivas amostras.

Page 100: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

100

Tabela 4.4: Teores de Ní encontrados nos catalisadores

Amostra % Ni Amostra %Ni

SBA-15(Ni3%) 1,87 FDU-1(Ni3%) 2,62

SBA-15(Ni5%) 4,17 FDU-1(Ni5%) 4,34

SBA-15(Ni10%) 8,43 FDU-1(Ni10%) 8,90

SBA-15(Ni30%) 25,46 FDU-1(Ni30%) 15,99

SBA-15(Ni90%) 70,46 FDU-1(Ni90%) 84,47

Page 101: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

101

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

⇒ Foram sintetizados catalisadores de níquel suportados em sílicas mesoporosas

altamente ordenadas com diferentes teores de Ni. A caracterização dos materiais

por diferentes métodos permitiu concluir que a estrutura mesoporosa dos suportes

não se alterou. A TG/DTG permitiu simular etapa de calcinação para remoção do

surfatante, decomposição do sal de Ni e etapa de redução do NiO a Ni0.

⇒ As medidas de SAXS evidenciaram que até a concentração de 10% de Ni o perfil

dos difratogramas foi compatível com as estruturas porosas hexagonal do SBA-15

e cúbica, em forma de gaiola, do FDU-1.

⇒ As medidas de adsorção de N2 mostraram-se mais sensíveis que as de SAXS,

ou seja, as isotermas mantem o mesmo perfil independente da concentração do

metal nos materiais de SBA-15. Porém, para os materiais FDU-1(Nix) o perfil da

isoterma é diferente do esperado, indicando que a estrutura cúbica é sensível a

presença do metal. Em ambos os casos foram observados diminuição nos valores

de área superficial e na capacidade de adsorção. Do ponto de vista de catálise,

acredita-se que os materiais são promissores.

⇒ Os teores de Ni nos materiais foram determinados por absorção atômica e

TG/DTG. Num primeiro momento, não houve a correlação entre eles, mas ajustando

as condições experimentais para a etapa de redução isso poderá ser possível.

⇒ O teste catalítico, ainda não foi executado, porém a manutenção da estrutura

mesoporosa do suporte é um fator positivo que poderá propiciar bons resultados,

principalmente para as amostras com altos teores de Ni.

⇒ Caso o teste catalítico seja positivo, estudar-se-ão as perdas no processo. As

sínteses serão refeitas e os materiais serão caracterizados, a fim de se verificar a

reprodutibilidade.

⇒ Caso o teste catalítico seja negativo, outra proposta de trabalho será analisada,

buscando alterar as condições de obtenção dos materiais.

Page 102: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

102

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 107: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

107

SÚMULA CURRICULAR

DADOS PESSOAIS Nara Andréa de Oliveira Santo André, 20 de julho de 1970. EDUCAÇÃO E.E.P.S.G. “Dr. Américo Brasiliense” (1988) – Santo André FEI – Faculdade de Engenharia Industrial – São Bernardo do Campo (1996) – Engenharia Química OCUPAÇÃO Bolsista de Mestrado de 03/2004 a 02/2006 - CNPq Professora de Química Colégio Singular – Santo André Período: 2° semestre de 2006 / 1° e 2° semestres de 2007 Professora Colaboradora de Química Geral e Inorgânica Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Oswaldo Cruz Período: 02 / 2007 - atual PARTICIPAÇÕES EM CONGRESSOS Apresentação do trabalho “Estudo do Comportamento Térmico de Etanossulfonatos

de Metais Alcalinos Terrosos – parte 1” na forma de pôster durante o IV Congresso

Brasileiro e 2º Congresso Pan-Americano de Análise Térmica e Calorimetria em

Poços de Caldas – MG, no período de 11 a 14 de abril de 2004.

Apresentação do trabalho “Avaliação Termogravimétrica da Eficiência de Extração

por Solvente do Molde Empregado na Síntese da Sílica Mesoporosa Altamente

Page 108: 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 1.1. Introdução A hidrogenação

108

Ordenada”. – na forma de pôster durante o V Congresso Brasileiro de Análise

Térmica e Calorimetria em Poços de Caldas – MG , em abril de 2006.

Apresentação do trabalho “Avaliação da Encapsulação do OEAC na Sílica

Mesoporosa Ordenada SBA-15 Via TG e Planejamento Fatorial 23”. – na forma de

pôster durante o V Congresso Brasileiro de Análise Térmica e Calorimetria em

Poços de Caldas – MG , em abril de 2006.

Apresentação do trabalho “Avaliação por DSC da Incorporação de Enxofre em

Solução Sólida no Silicato Dicálcico do Clínquer de Cimento Portland”. – na forma de

pôster durante o V Congresso Brasileiro de Análise Térmica e Calorimetria em

Poços de Caldas – MG , em abril de 2006.

SILVA, L. C. C.; ABATE, G.; FANTINI, M. A. C.; OLIVEIRA, N. A.; JARONIEC, M.;

MATOS, J. R. Microwave synthesis of FDU-1 silica with incorporated humic acid and

its applications for adsorptions of Cd2+ from aqueous solutions.Studies in Surface

Science and Catalysis, v.156, p.941-950, 2005.