intervenÇÃo psicopedagÓgica

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MATERIAIS E ESTRATÉGIAS PARA A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Quando o psicopedagogo está dirigindo sua atuação para o atendimento às dificuldades de aprendizagem precisa selecionar os materiais, as técnicas e as estratégias mais adequadas para cada caso. Existem muitas opções no mercado, mas nem todas estão disponíveis com facilidade ou trazem instruções bem formuladas, de modo a facilitar esta escolha. Por isso, serão apresentados alguns dos materiais cujo uso foi atestado na clínica psicopedagógica durante muitos anos de prática, assim como as estratégias de intervenção que mais se adaptam aos tipos mais comuns de dificuldades de aprendizagem que normalmente são atendidos pelos profissionais da psicopedagogia. Convém, inicialmente, que se faça a distinção entre o que se denomina por técnica,materiais e estratégias de intervenção. Estas palavras podem gerar algumas dúvidas que devem ser logo explicitadas. Técnica é teoria aplicada, isto é, fruto da aplicação de um conhecimento científico em uma determinada área. Assim sendo, por exemplo, temos as técnicas de expressão corporal, as técnicas dramáticas, o psicodrama, as técnicas psicomotoras e tantas outras que podem se usadas na intervenção psicopedagógica, todas elas conectadas a uma teoria correspondente. Material já é um produto da técnica, pois muitas vezes foi criado ou desenvolvido em razão de sua aplicação. O material pode ser de natureza concreta ou abstrata, pois, sonhos, fantasias e narrativas também são utilizados em diversas técnicas de intervenção psicopedagógica. Quando tem concretude, pode ser estruturado ou inestruturado. Diz-se que um material é estruturado quando foi produzido ou fabricado para um determinado fim, de acordo com normas específicas, contendo as regras para sua aplicação. Já os materiais inestruturados são aqueles adaptados para uma determinada situação, mas não foram criados originalmente para este fim. Desta maneira, um jornal, por exemplo, foi desenvolvido como meio de comunicação, foi feito para ser lido, mas pode ser usado para a realização de esculturas, ou para ter suas palavras recortadas e coladas em uma determinada atividade psicopedagógica. As estratégias são meios de ação postos a serviço das necessidades relacionadas a cada situação em particular. Quando se trata da intervenção psicopedagógica, a estratégia adotada dependerá da hipótese diagnóstica com a qual o psicopedagogo vai trabalhar, sempre levando em consideração as estruturas de aprendizagem mais afetadas (organismo, corpo, estrutura cognitiva e estrutura dramática ou desejante) e o tipo de modalidade de aprendizagem que pode estar em pauta (hiper assimilativa, hiper acomodativa ou hipo-hipo). Para cada caso é necessária a definição de uma estratégia e não se poderia aqui nem tentar enumerar algumas, sob o risco de se cair em erros ocasionados pela falta de atendimento às condições singulares que o âmbito das ciências humanas requer. Contudo, de maneira geral, uma regra pode ser seguida: na medida em que a psicopedagogia vê a aprendizagem como interface entre inteligência e desejo, razão e emoção, objetividade e subjetividade, a estratégia que for seguida deverá sempre alternar ambos os campos privilegiando aquele que mais necessita ser trabalhado em cada caso particular. Assim, se a hipótese da modalidade for hiper – assimilativa/ hipo- acomodativa, sabendo-se que a assimilação é um processo pelo qual o sujeito assimila a realidade ao “eu”, a tendência é que a criança não aprenda em virtude deste mecanismo altamente subjetivo. Nestes casos, a estratégia

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MATERIAIS E ESTRATGIAS PARA A INTERVENO PSICOPEDAGGICA

Quando o psicopedagogo est dirigindo sua atuao para o atendimento s dificuldades de aprendizagem precisa selecionar os materiais, as tcnicas e as estratgias mais adequadas para cada caso.Existem muitas opes no mercado, mas nem todas esto disponveis com facilidade ou trazem instrues bem formuladas, de modo a facilitar esta escolha.Por isso, sero apresentados alguns dos materiais cujo uso foi atestado na clnica psicopedaggica durante muitos anos de prtica, assim como as estratgias de interveno que mais se adaptam aos tipos mais comuns de dificuldades de aprendizagem que normalmente so atendidos pelos profissionais da psicopedagogia.Convm, inicialmente, que se faa a distino entre o que se denomina por tcnica,materiais e estratgias de interveno. Estas palavras podem gerar algumas dvidas que devem ser logo explicitadas.Tcnica teoria aplicada, isto , fruto da aplicao de um conhecimento cientfico em uma determinada rea. Assim sendo, por exemplo, temos as tcnicas de expresso corporal, as tcnicas dramticas, o psicodrama, as tcnicas psicomotoras e tantas outras que podem se usadas na interveno psicopedaggica, todas elas conectadas a uma teoria correspondente.Material j um produto da tcnica, pois muitas vezes foi criado ou desenvolvido em razo de sua aplicao. O material pode ser de natureza concreta ou abstrata, pois, sonhos, fantasias e narrativas tambm so utilizados em diversas tcnicas de interveno psicopedaggica. Quando tem concretude, pode ser estruturado ou inestruturado. Diz-se que um material estruturado quando foi produzido ou fabricado para um determinado fim, de acordo com normas especficas, contendo as regras para sua aplicao. J os materiais inestruturados so aqueles adaptados para uma determinada situao, mas no foram criados originalmente para este fim. Desta maneira, um jornal, por exemplo, foi desenvolvido como meio de comunicao, foi feito para ser lido, mas pode ser usado para a realizao de esculturas, ou para ter suas palavras recortadas e coladas em uma determinada atividade psicopedaggica.

As estratgias so meios de ao postos a servio das necessidades relacionadas a cada situao em particular. Quando se trata da interveno psicopedaggica, a estratgia adotada depender da hiptese diagnstica com a qual o psicopedagogo vai trabalhar, sempre levando em considerao as estruturas de aprendizagem mais afetadas (organismo, corpo, estrutura cognitiva e estrutura dramtica ou desejante) e o tipo de modalidade deaprendizagem que pode estar em pauta (hiper assimilativa, hiper acomodativa ou hipo-hipo).Para cada caso necessria a definio de uma estratgia e no se poderia aqui nem tentar enumerar algumas, sob o risco de se cair em erros ocasionados pela falta de atendimento s condies singulares que o mbito das cincias humanas requer. Contudo, de maneira geral, uma regra pode ser seguida: na medida em que a psicopedagogia v a aprendizagem como interface entre inteligncia e desejo, razo e emoo, objetividade e subjetividade, a estratgia que for seguida dever sempre alternar ambos os campos privilegiando aquele que mais necessita ser trabalhado em cada caso particular. Assim, se a hiptese da modalidade for hiper assimilativa/ hipo-acomodativa, sabendo-se que a assimilao um processo pelo qual o sujeito assimila a realidade ao eu, a tendncia que a criana no aprenda em virtude deste mecanismo altamente subjetivo. Nestes casos, a estratgia adotada na interveno deve privilegiar atividades objetivas, que a conectem com o real. No caso oposto, de uma modalidade de aprendizagem hiper -acomodativa, a melhor estratgia dar nfase atividades criativas, dramticas, de expanso interior, explorando os aspectos subjetivos que precisam ser estimulados.O mesmo ocorre em relao s estruturas de aprendizagem que foram identificadas como afetadas durante o diagnstico psicopedaggico.

Se a criana tem problemas relacionados ao funcionamento do organismo, o psicopedagogo deve sempre usar como estratgia o contato constante com os mdicos e demais profissionais que atendem criana, tendo em vista a troca de informaes necessrias para que todos possam atuar em conjunto, sem que haja interferncias de uns no trabalho de outros. Alm disso, o terapeuta da aprendizagem dever estudar os componentes orgnicos de cada caso e jamais interferir sugerindo alteraes medicamentosas, j que esta no sua rea de competncia. Porm, poder auxiliar sobremaneira seu cliente se permanecer atento s reaes provocadas pelos medicamentos e interagir com os profissionais da sade a seu respeito assim como sua administrao conforme orientao mdica, pela famlia, colaborando para que os pais se conscientizem de seu papel como responsveis pela medicao da criana.Importante, a respeito do organismo , compreender que ele fonte e receptculo das emoes e pode gerar problemas como tambm receb-los e desenvolv-los, afetando o desempenho das crianas na escola. Os casos de desnutrio, de atraso de desenvolvimento, de depresso infantil, devem ser abordados com estratgias distintas de doenas de cunho psicossomtico, tais como asmas,alergias e dermatites.

Para refletir um pouco a respeito da estrutura orgnica em uma viso holstica, reserve um tempo para ver a apresentao em anexo "Os Mutantes", inspirada na obra de Deepack Chopra.Se o que foi afetado o corpo, necessria se torna outra estratgia, j que esta estrutura de aprendizagem, apesar de manter ntima relao com o organismo, no tem concretude material e se forma a partir de uma idia.O corpo a morada da aprendizagem. Aprende-se com o corpo, no com o organismo. As aprendizagens so "incorporadas" (in corpore), ou seja, tornam-se atitudes, comportamentos, mecanismos e automatismos para lidar com a realidade. O corpo possui uma ressonncia afetiva que pode despertar interesse ou desinteresse por aprender. A construo corporal passa pela construo do eu, da subjetividade, da identidade pessoal.Quando os afetos invadem a criana e geram ansiedade ou dificuldades de organizao, o corpo pode se construir desconectado, fragmentado, causando problemas de coordenao motora e de linguagem que vo afetar o desempenho escolar. Os sintomas aparecem no corpo, como repercusses de afeces orgnicas.Nestes casos, a estratgia a ser adotada pelo profissional psicopedagogo deve privilegiar as atividades que possibilitem a integrao corporal, com o uso de tcnicas expressivas e jogos que possibilitem a construo da noo do esquema corporal, por exemplo.A teoria de Piaget defende que o conhecimento pertence a uma estrutura que gentica, em uma perspectiva dialtica e material, alm de temporal, diferentemente da estrutura dramtica, que atemporal, ilgica. Esta estrutura organizada em dois domnios, o da lgica e das conservaes. O domnio da lgica se apresenta em trs tipos: uma inteligncia prtica, baseada em uma lgica da ao prtica, ao sem representao, que vai do nascimento aos dois anos de idade, em mdia; uma inteligncia lgico-concreta, que baseada na representao mental dos objetos e organiza as relaes e operaes entre eles; uma inteligncia lgico-formal, capaz de lidar com operaes de operaes, capaz de pensar sobre operaes, onde os objetos reais e materiais no tm importncia.

A estrutura cognitiva se desenvolve durante toda a vida e produz conhecimentos que, segundo Piaget, podem ser organizados nos aspectos, dispostos no quadro abaixo:Se a estrutura cognitiva estiver afetada e a criana no se inserir no estgio de desenvolvimento da inteligncia compatvel com sua idade cronolgica, o terapeuta dever assumir como estratgia o desenvolvimento de atividades que estimulem este processo, em uma perspectiva de que a inteligncia se constri na interao da criana com o ambiente, por meio de suas aes e que se transforma no tempo.Se for a estrutura dramtica ou desejante que produz as dificuldades do cliente, o psicopedagogo dever escolher a melhor estratgia para cada caso, analisando os sintomas, o contexto familiar e social e as possibilidades cognitivas do seu cliente,adotando tcnicas e empregando materiais que possam contribuir para a superao destas dificuldades,permitindo que a criana possa expressar seus sentimentos por meio das mais variadas e formas de linguagem. De acordo com o enfoque terico que sustenta a interveno psicopedaggica, que pode ser de natureza mais psicanaltica, ou comportamental-cognitiva, a estratgia adotada ter nuances distintas.

MATERIAIS PARA A INTERVENO PSICOPEDAGGICA

Partindo do princpio de que o homem mltiplo em suas formas de expresso e de interpretao da realidade, podemos falar de um homo sapiens, de um homo faber e tambm de um homo ludens, pois o brincar, em todas as suas formas, to antigo quanto a prpria humanidade.Alcia Fernndez lembra que "aprender quase to lindo como brincar" e que aprender e brincar ocupam o mesmo espao transicional no qual razo e emoo, objetividade e subjetividade se encontram. Para jogar o homem precisa exercitar uma lgica e uma tica, pois no basta apenas jogar bem para ganhar, mas preciso ganhar com dignidade.Por isso, o jogo um material por excelncia da interveno psicopedaggica, na medida em que possibilita o exerccio destas lgicas racionais e afetivas necessrias para a ressignificao dos aspectos patolgicos relacionados com a aprendizagem humana. Existe no jogo, contudo, algo mais importante do que a simples diverso e interao. Ele revela uma lgica diferente da racional . O jogo revela uma lgica da subjetividade, to necessria para a estruturao da personalidade humana, quanto a lgica formal das estruturas cognitivas.O jogo carrega em si um significado muito abrangente. Ele tem uma carga psicolgica, porque revelador da personalidade do jogador (a pessoa vai se conhecendo enquanto joga). Ele tem tambm uma carga antropolgica porque faz parte da criao cultural de um povo (resgate e identificao com a cultura).O jogo construtivo porque ele pressupe uma ao do indivduo sobre a realidade. uma ao carregada de simbolismo, que d sentido prpria ao, refora a motivao e possibilita a criao de novas aes.O psicopedagogo utiliza o jogo diferentemente dos demais profissionais, porque o v como uma tcnica que permite a articulao de aspectos objetivos e subjetivos, necessrios para que a aprendizagem acontea sem problemas.Na interveno psicopedaggica o jogo pode ser utilizado em suas trs formas, de acordo com a teoria de Piaget:

JOGOS DE EXERCCIO:0 A 2 anos - perodo sensrio-motor; JOGOS SIMBLICOS: 2 A 7 anos - perodo pr-operatrio; JOGOS DE REGRAS: a partir do perodo operatrio concreto;Estas delimitaes etrias esto, logicamente, sujeitas alteraes em funo das diferenas individuais.Jogos de ExerccioA principal caracterstica da ao exercida pela criana no perodo sensrio motor a satisfao de suas necessidades. Pouco a pouco, porm,ela vai ampliando seus esquemas, adquirindo cada vez mais a possibilidade de garantir prazer por intermdio de suas aes. Passa a agir para conseguir prazer. O prazer que traz significado para a ao. Piaget observou as condutas das crianas pequenas e delas depreendeu que havia um objetivo na repetio incessante das mesmas aes: divertir e servir como instrumento de realizao de um prazer em fazer funcionar, exercitar estruturas j aprendidas. Este tipo de brincadeira d criana um sentimento de eficcia e poder.O jogo de exerccio definido por ele com caracterstico desta fase sensrio-motora. Entretanto,o ser humano no deixa de jog-lo s porque cresce e se torna adulto. A cada nova aprendizagem ele volta a utilizar jogos de exerccios, necessrios formao de esquemas de ao teis ao seu desempenho, pois o jogo de exerccio no objetiva a aprendizagem em si, mas a formao de esquemas de ao, de condutas, de automatismo. Por isso, jog-lo s necessrio para este fim, pois fica cansativa e enfadonha a repetio de aes j interiorizadas.

Jogos SimblicosEste tipo de jogo predomina dos 2 aos 7 anos de idade, ou seja, no perodo pr-operatrio de pensamento.No jogo simblico a criana j capaz de encontrar o mesmo prazer que tinha anteriormente lidando agora com smbolos. a poca do "faz de conta", da representao, do teatro, das histrias, nas quais uma coisa simboliza outra: um pedao de pau "vira" cavalo; vestir uma capa transforma em super-homem; representar o papel de me ao brincar de bonecas, dentre outros exemplos.Os jogos simblicos tm as seguintes caractersticas: liberdade total de regras (a no ser aquelas criadas pela prpria criana); desenvolvimento da imaginao e da fantasia; ausncia de objetivo ( brincar pelo prazer de brincar); ausncia de uma lgica da realidade; assimilao da realidade ao "eu" (a criana adapta a realidade a seus desejos. EX: se presencia uma briga entre os pais, vai brincar de casinha e resolve o conflito por meio dos bonecos.A criana capaz deste jogo porque j estruturou sua funo simblica, ou seja, j produz imagens mentais, j domina a linguagem falada, que lhe possibilita usar smbolos para substituir os objetos. Quando joga jogos simblicos ela tem a possibilidade de vivenciar aspectos da realidade muitas vezes difceis de elaborar : a vinda de um irmozinho, a perda de um genitor, a mudana da escola...Pode lidar com as situaes desejantes ( ser um super-homem), penosas ( separao dos pais ), com situaes do passado, enfrentar problemas do presente e antecipar conseqncias de aes no futuro.Ela pode fazer tudo isso, sem riscos, porque nada real, tudo fictcio. O adulto que observa e interage com a criana no jogo simblico podeperceber como ela est elaborando sua viso de mundo, como lida com seus problemas, quais so seus sonhos ou suas preocupaes. Por isso, o jogo simblico to importante na interveno psicopedaggica dirigida para as dificuldades de aprendizagem.Como o perodo pr-operatrio se estende dos 2 aos 7 anos, tendo portanto, uma durao mais longa, verificamos que o jogo simblico sofre modificaes proporo que a criana vai progredindo em seu desenvolvimento, rumo intuio e operao.Evoluo dos Jogos Simblicos Inicialmente a criana pratica ela mesma a ao: faz de conta que dorme, faz de conta que come etc...no lida com objetos como se estes tivessem vida : Ex.: no usa uma vassoura como cavalo; Em seguida, a criana far dormir, comer, ir e vir, outros objetos que no ela prpria, transformando simbolicamente um objeto em outro. EX.: uma caixa vazia um carro; por volta dos 4 anos a criana vai se aproximando, cada vez mais, de uma imitao da realidade. Ex.: todas as casas desenhadas tm que ter janelas e telhados; proporo que vai entrando no sub-perodo intuitivo do perodo operatrio concreto, os jogos tendem a seguir cada vez mais uma tendncia imitativa na qual a busca de coerncia com a realidade, a articulao entre os diversos conjuntos de objetos j se faz sentir. Ex.: jamais brincar com uma boneca muito grande numa caminha pequena.

Jogo de regrasOs jogos de regras so o coroamento da experimentao da criana com as transformaes a que ela chegou quando atingiu a reversibilidade de pensamento operatrio concreto. Neles existe o prazer do exerccio, o ldico do simbolismo , a alegria do domnio de categorias espaciais e temporais, os limites que as regras determinam, a socializao de condutas que caracteriza a vida adulta.Os jogos de regras so, segundo Piaget, "a atividade ldica do ser socializado".Um jogo de regras pressupe uma situao problema, uma competio por sua resoluo e uma premiao advinda desta resoluo. As regras orientam as aes dos competidores, estabelecem seus limites de ao, dispem sobre as penalidades e recompensas. Elas so as "leis" do jogo .Ao jogar jogos de regras as crianas assimilam a necessidade de cumprimento das leis da sociedade e das leis morais da vida.Para ser enquadrado como um jogo de regras so necessrias as seguintes caractersticas:que haja um objetivo claro a ser alcanado; que existam regras dispondo sobre este objetivo; que existam intenes opostas dos competidores; que haja a possibilidade de cada competidor levantar estratgias de ao;Os jogos de regras so necessrios para que as convenes sociais e os valores morais de uma cultura sejam transmitidos a seus membros.As estratgias de ao, a tomada de deciso, a anlise dos erros, lidar com perdas e ganhos, replanejar as jogadas em funo dos movimentos do adversrio, tudo isso fundamental para o desenvolvimento do raciocnio, das estruturas cognitivas dos sujeitos. O jogo provoca um conflito interno, a necessidade de buscar uma sada, e desse conflito o pensamento sai enriquecido, reestruturado e apto a lidar com novas transformaes.

Materiais LdicosPartindo-se do princpio de que o jogo inerente ao ser humano, qualquer material pode ser usado para esta funo. At uma parte do corpo, como fazem os bebs, que brincam com suas prprias mos e ps.Contudo, na evoluo histrica da humanidade, houve a criao de instrumentos que possibilitam aos homens novas maneiras de interao com o meio. Assim surgiram os brinquedos e os jogo estruturados,ampliando as formas de brincar.Em um consultrio psicopedaggico importante que existam jogos disposio da criana para que ela possa us-los em suas brincadeiras, permitindo ao terapeuta a observao de sua modalidade de brincar, de maneira a transcender para a compreenso de sua modalidade de aprendizagem. Assim ele poder encaminhar o trabalho para a ressignificao dos vnculos patolgicos com a realidade e o exerccio pleno da autoria de pensamento de seu cliente.Saber o que comprar, que tipo de jogo usar para cada caso, um dos desafios ao profissional da aprendizagem. No h como comprar todos os jogos disponveis no mercado, nem necessidade disso. Importante que o psicopedagogo possua alguns jogos de exerccios, materiais simblicos e jogos de regras, para atender diversidade de desenvolvimento humano. Que tais materiais sejam de boa qualidade e resistentes s brincadeiras, pois nada mais frustrante do que a criana estar brincando e o brinquedo quebrar ou se danificar enquanto ela o utiliza.Para auxiliar na escolha destes jogos, sugerimos a oficina que oferecida pelo nosso site www.psicopedagogavaleria.com.br/cursos.htm, BRINQUEDOTECA, que trata dos jogos que podem ser utilizados com as crianas desde a mais tenra idade, para ajudar na promoo de seu desenvolvimento PSICO SOCIO AFETIVO EMOCIONAL.

TCNICAS DE INTERVENO PSICOPEDAGGICA

Vrias tcnicas podem ser utilizadas pelo psicopedagogo quando est intervindo junto s dificuldades de aprendizagem. So destacadas aqui algumas que tm seu uso mais difundido, por sua amplitude: o psicodrama, a caixa de areia, estimulao cognitiva, as tcnicas expressivas plsticas, que utilizam atividades artsticas em suas diversas modalidades e a informtica.

O PsicodramaO mdico romeno, Moreno, foi o criador do psicodrama. Ele foi um estudioso do comportamento grupal , dando nfase s relaes estabelecidas entre os componentes dos grupos por meio do mtodo role-playing ou jogo de papis. O psicodrama foi uma inovao nas tcnicas teraputicas do sculo passado, pois introduziu recursos da representao teatral, com a vivncia de personagens nos processos de tratamentos psicolgicos, por meio da catarse (descarga emocional). O termo "psicoterapia de grupo" passou a ser utilizado aps as experincias de Moreno com a expresso de sentimentos e emoes em um clima de espontaneidade associado a uma situao de representao.No se trata de representar como em um teatro,repetindo indefinidamente em cada apresentao as mesmas falas, mas de viver um papel que nico na vida de cada pessoa e que pode ser o catalizador de interpretaes que libertem o sujeito de seus problemas. O mtodo psicodramtico aborda os conflitos que surgem nas relaes interpessoais e baseado em um setting grupal que conta com a presena do terapeuta, que assume o papel de diretor de cena e os pacientes que atuam tanto como protagonistas como pblico. A relao entre realidade e fantasia bastante trabalhada nesta tcnica, que usa os papis para a expresso das diversas possibilidades identificatrias que o ser humano possui e as mltiplas dimenses psicolgicas do eu em relao ao mundo interno e externo de cada um.Para utilizar o psicodrama como tcnica teraputica o profissional deve possuir formao terica e metodolgica adquirida em cursos especficos. Existem atualmente vrias associaes que congregam os profissionais que atuam com psicodrama. Elas renem as informaes a respeito de cursos, bibliografia, editam material a respeito e divulgam a tcnica junto ao pblico. Reserve um tempo para visitar estes endereos: http://www.febrap.org.br/ da Federao Brasileira de Psicodrama e http://www.abps.com.br/ da Associao Brasileira de Psicodrama e Sociodrama.Alcia Fernndez levou o psicodrama para a psicopedagogia, utilizando-o como tcnica de interveno junto a crianas e adultos. Segundo esta autora montar "cenas", dramatizar os fatos que ocorrem ou ocorreram no passado em situaes vividas pelas pessoas auxilia na ressignificao dos motivos ou motivaes das dificuldades de aprendizagem.Em sua opinio as crianas so as mais beneficiadas com esta tcnica porque ela lhes permite a expresso de pensamentos e vivncias com mais facilidadedo que o desenho e a escrita, que exigem competncias que elas, muitas vezes, no possuem.Os profissionais que no possuem formao especfica em psicodrama, nem por isso precisam deixar de usar tcnicas dramticas em suas intervenes. A simples mudana de papis "trocando de lugar" com o terapeuta j uma grande experincia para ambos, pois permite ao cliente a vivncia da situao teraputica sob outro ngulo e ao psicopedagogo a experimentao de suas hipteses de trabalho, alterando o comportamento usual da criana."O psicodrama ajuda a criana que nos consulta a habitar um lugar, estabelecendo "residncias provisrias", quer dizer, cenas. Se at o simples desenhar sobre um papel estruturante do sujeito, quanto mais o psicodramatizar, que um certo desenhar o jogado e jogar o desenhado.A montagem de uma cena, o decidir que esse almofado vai ser uma "porta" e coloc-lo em uma lugar e esse outro ser uma "cama" e coloc-lo em outro lugar, tambm facilita a ressignificao... Tratando-se de uma cena da vida real, a maioria das vezes difcil para a criana, com problemas de aprendizagem, relat-la.No somente pelo empobrecimento da linguagem, mas tambm porque no pode estabelecer a distncia necessria entre a cena e ela mesma como relatora da cena."O que se pode recomendar que estas situaes de dramatizao no sejam planejadas, mas que possam surgir durante o tratamento a partir das demandas do cliente. preciso que o terapeuta tenha a sensibilidade para identificar o melhor momento para dar incio a uma cena, a uma representao de faz de conta, usando para isso os materiais que tem sua disposio em seu consultrio. As tcnicas dramticas ou psicodramticas no exigem materiais estruturados, pois so baseadas em improvisaes.Com crianas, alm das cenas, o psicopedagogo tambm pode utilizar msicas dramatizadas, brinquedos cantados e mmicas, que so altamente vitalizadoras e facilitam a expresso daquelas que tm mais dificuldades na rea da linguagemLivros de histrias que abordam contedos de contos de fadas, mitos, relatos folclricos e fbulas so outro material de grande aplicao na interveno psicopedaggica porque permitem que aspectos projetivos surjam na sesso, pois as crianas se identificam com os personagens e podem nutrir por eles sentimentos de afeio ou medo. Como existe muita oferta no mercado, o psicopedagogo deve ter critrio em sua escolha atentando para os seguintes aspectos:

Livros sem textoQue permitem a criao e a autoria de pensamento.Livros cujo texto sofreu alguma mudanaComo por exemplo, a histria dos trs porquinhos relatada pelo lobo, que permite a diversificao de pontos de vista, pela criana.Livros cujo texto permitem criana a percepo de mudanasComo "Vice-Versa ao Contrrio", da editora Cia das Letrinhas, que apresenta histrias clssicas reescritas e adaptadas novas situaes.Livros que trabalham contedos latentes presentes no universo infantilComo "Macaquinho", de Ronaldo simes Coelho, editora L ou "O Equilibrista", de Fernanda Lopes de Almeida, editora tica.Livros que apresentam situaes vivenciadas pela criana e que podem servir para o terapeuta abrir espaos de discusso a seu respeitoComo aqueles da coleo "Coisas da Vida", da Editora Artes Mdicas, ou o "Primeiro Livro da Criana sobre Psicoterapia", de Marc Nemiroff, da mesma editora.Livros que possuem interatividade com a crianaComo aqueles que apresentam o personagem "Ninoca", da editora tica, ou aqueles que so verdadeiras charadas, nos quais no h ponto de incio para a leitura e o leitor transita por suas pginas como deseja. Estes ltimos so muito apreciados pelos pr-adolescentes.Quando a criana apresenta dificuldades de expresso verbal ou de "entrar" neste mundo imaginrio da representao corporal, o psicopedagogo pode usar bonecos ou fantoches para as cenas. O uso do boneco como fonte de representao utilizado desde pocas muito remotas. Ele substitui o real.Os fantoches so bonecos animados pela manipulao e podem ser de vrios tipos: fantoches de dedo, marionetes de madeira, fantoches de vara, dentre outros. No importa como feita a manipulao, mas sim o fato de que o fantoche um boneco que tem uma concretude presentificada pelo movimento que a manipulao lhe d. Para conhecer uma abordagem de interveno psicopedaggica com fantoches, leia tcnicas dramticas ou psicodramticas so muito indicadas quando a hiptese de trabalho est relacionada com a estrutura desejante, possibilitando situaes que permitem criana reviver aspectos de sua realidade que possam ter sido traumticos ou reavivar situaes inconscientes relacionadas com situaes de aprendizagem, deixando claros para o psicopedagogo os vnculos estabelecidos com os objetos.As chamadas 'Bonecas Waldorf , cuja confeco baseada na pedagogia de mesmo nome, so totalmente diferenciadas pelo fato de respeitarem e estimularem a imaginao da criana. Longe de reproduzir 'fielmente' as particularidades da figura humana, deixam para a fantasia infantil a atividade criadora, simplesmente sugerindo possibilidades, por exemplo, de fisionomia.As bonecas so confeccionadas de forma artesanal, com a utilizao (inclusive no enchimento) de materiais inteiramente naturais: malha e tecidos de puro algodo, feltro de l e fios de l pura de carneiro. Este critrio visa familiarizar a criana com o mundo natural por meio de seus materiais, nos quais ela aprende a reconhecer cor, textura, forma, peso, etc. Alm disso, o manuseio da boneca agradvel e aconchegante, motivando uma ligao estreita e carinhosa com ela.Como cada boneca feita manualmente e seu rosto pintado mo (com um mnimo de traos), cada uma adquire um aspecto individual e nico. Os modelos e tamanhos procuram atender necessidade das crianas em cada faixa etria, adequando-se, em complexidade, s diversas fases do desenvolvimento infantil.Por intermdio da boneca a criana pode aprender a conhecer a si prpria num processo de 'espelhamento', a exercitar os relacionamentos sociais, a cuidar do prximo, etc. A boneca (ou boneco) tambm pode exercer o importante papel de companheiro, de confidente. Por este motivo, uma poderosa ferramenta para os educadores. Com este foco, sua confeco deve respeitar os anseios interiores da criana e ter qualidade para poder acompanh-la por longos perodos.

A Caixa de AreiaO uso da caixa de areia com finalidades teraputicas foi iniciado na Inglaterra por Margareth Lowenfeld, psiquiatra freudiana que recebeu forte influncia de Jung, e, em 1935, publicou um livro a respeito.A terapia na "caixa de areia" um procedimento no verbal criado por Dora Kalff, em Zurique e levado at a Amrica por Estelle Weinrib. De acordo com esta tcnica os sujeitos criam cenas tridimensionais em uma caixa de tamanho especfico usando areia , gua e vrias miniaturas de elementos de seu contexto scio-cultural.A caixa deve ter a forma retangular, medir 50cm por 75cm e 5 cm de altura e ter o fundo pintado de azul. Pode ser de madeira ou papelo. As miniaturas podem ser de qualquer material: plstico, chumbo, madeira, biscuit, etc... e inclurem elementos do universo pessoal: elementos da natureza, objetos, veculos, animais, vegetais , etc. A pessoa, com esse material, cria um cenrio e coloca os personagens em cena. O terapeuta no interpreta a cena at que esteja pronta, concluda.O princpio que norteia o uso da caixa de areia que existe, no inconsciente ,uma tendncia para que a psiqu se cure sozinha, desde que haja condiespara isso. Este princpio foi enunciado por Jung. Por meio das produes na caixa de areia a mente se amplia e os contedos latentes se tornam manifestos para o prprio cliente. As cenas representam o mundo interior por intermdio de elementos do mundo exterior. Muitas cenas reproduzem contedos onricos, atingindo um nvel bem profundo do inconsciente.Dora Kalff iniciou sua prtica com crianas, com uma abordagem no verbal, sem interferir em seu processo de trabalho. Ela simplesmente observava o que acontecia na sesso e percebeu que havia uma melhora significativa nos quadros de seus clientes apesar de no haver interferido. Passando a usar o mesmo mtodo com adultos, descobriu que havia um processo semelhante ao das crianas.A psicopedagoga Beatriz Scoz tem utilizado a caixa de areia com o objetivo de permitir anlises sobre as modalidades de aprendizagem em cursos de formao de psicopedagogos. Ela incorporou tcnica original seu uso em pequenos grupos e o registro fotogrfico do processo de trabalho at sua finalizao. Suas consideraes sobre a aplicao da caixa de areia no tratamento psicopedaggico foram publicadas em:"Por Uma Educao Com Alma: a objetividade e a subjetividade nos processos de ensino/aprendizagem". Editora Vozes, 2000.Em 2002 a psicanalista Ruth Ammann esteve no Brasil e deu uma entrevista Revista Bem Viver Psicologia. Leia a matria que est em anexo.Para conhecer um pouco mais sobre esta tcnica e sua aplicao no mbito da psicopedagogia clnica, leia o artigo em anexo, "A Caixa Areia e as Miniaturas".Leia tambm o livro:

Leitura"Imagens do Self: o processo teraputico na caixa de areia", da Editora Summus, 1993.

Estimulao CognitivaQuando a problemtica que afeta a criana est relacionada a um atraso no desenvolvimento cognitivo que pode ser menos ou mais severo, o psicopedagogo deve orientar seu trabalho para realizar atividades de estimulao da inteligncia.Com este objetivo pode utilizar a tcnica de mediao da aprendizagem criada por Reuven Feuerstein, psiclogo romeno de etnia judaica que criou o PEI- Programa de Enriquecimento Instrumental - no contexto de sua Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural. Para este autor, o ser humano naturalmente um mediador de conhecimentos e realiza esta funo inconscientemente. Porm, em sua opinio, este processo ganha mais vigor e consegue ser mais eficaz quando o sujeito passa a realiz-lo conscientemente.Para aplicar o Programa que criou e cujo objetivo o desenvolvimento do potencial de aprendizagem contido em todo ser humano, Feuerstein estipulou critrios de mediao que qualquer sujeito pode utilizar para ter sucesso na transmisso de conhecimentos.O PEI um programa que exige uma formao especfica para sua aplicao e tem seus direitos autorais protegidos. A teoria da mediao da aprendizagem - EAM - como toda proposio terica, no pode ter seu uso restringido por tais mecanismos jurdicos, pois de domnio pblico. Sendo assim, possvel seu uso independente do Programa, mas no o contrrio.Quando uma criana passa por um processo intencional e sistemtico de mediao da aprendizagem ela desenvolve metacognio e tem seu potencial ampliado, desenvolvendo cada vez mais sua cognio.Outra tcnica que pode ser utilizada para estimulao cognitiva de crianas a ginstica cerebral ou Brain Gym, baseada em princpios de educao cinestsica utilizando os dois lados do crebro.A palavra educao deriva do latim "educare", que significa "trazer para fora". Cinestesia deriva da raz grega "Kinesis", que significa "movimento". Educao cinestsica um sistema criado para dotar pessoas de qualquer idade com o potencial externalizado daquilo que est encerrado dentro de seu prprio corpo.A ginstica cerebral baseada na integrao cerebral por meio de movimentos que remodelam partes do crebro que ficam inativas. As modificaes no aprendizado e as transformaes no comportamento so, muitas vezes, imediatas e profundas. Procure saber como funciona esta tcnica, lendo o livro:

Leitura"Ginstica Cerebral", de Paul Denninson, editora sculo XXI, 1996.Exerccio: Movimentos CruzadosFaa o CROSS CRAWL (engatinhar) e o SKIP-A-CROSS (salto cruzado). Com uma msica de fundo, coordene os movimentos de forma que o brao e a perna oposta mexam ao mesmo tempo. Faa os movimentos para frente, para os lados, e para trs, alm de mover os olhos em todas as direes. Leve sua mo ao joelho oposto, cruzando a linha divisria. Quando os seus hemisfrios cerebrais trabalham juntos desta forma, sua mente fica totalmente aberta para aprender novas informaes.Exerccio: BicicletasFaa o CROSS CRAWL SIT-UPS deitado numa superfcie cmoda(colchonete ou cama). Simule estar andando de bicicleta, enquanto toque o seu cotovelo no joelho da perna oposta.Sua mente e corpo vo ficar bastante alertas!Exerccio: Botes CerebraisFaa os BOTES CEREBRAIS antes de ler ou usar a viso. Enquanto segure o umbigo, esfregue firme logo abaixo da clavcula, para a direita e para a esquerda do esterno. Pinte um oito deitado no teto com a ponta do nariz funcionando como um pincel. A leitura nunca ser cansativa e seus olhos vo deslizar pelos textos quando for ler.Exerccio: Botes TerraFaa os BOTES TERRA para aumentar sua capacidade de calcular e lidar com nmeros. Mantenha dois dedos abaixo do lbio inferior, e descanse a outra mo na extremidade superior do osso pbico. respire, elevando a energia para o centro do corpo.A antroposofia uma corrente filosfica criada por Rudolf Steiner, em Viena, no incio do sculo XX. Parte de uma viso integral do homem e foi capaz de gerar desdobramentos na medicina, na agricultura e na educao, esta ltima com a Pedagogia Valdorf. Esta teoria sugere que a inteligncia pode ser desenvolvida com atividades tais como: estudo de biografias de personalidades famosas; anlise de fbulas, lendas e mitologias; poesias e histria da arte; apresentaes teatrais.Para entender melhor a proposta antroposfica direcionada para o tratamento das dificuldades de aprendizagem, leia o livro abaixo indicado, que traz uma srie de sugestes de atividades e exerccios para distintos problemas, como a dislexia, a discalculia , a desateno, dentre outros.Leitura"Problemas de aprendizagem", de Lucinda Dias, Editora editora Antroposfica, 1995.Tcnicas Expressivas Plsticas As tcnicas expressivas plsticas so aquelas que utilizam a livre criao, com materiais apropriados, como lpis coloridos, aquarelas, tintas, argila, dobraduras, recorte e colagens, etc.Este recurso permite ao psicopedagogo o trabalho com contedos objetivos e subjetivos, matria prima da interveno, alm de propiciar a autoria de pensamento, objetivo principal da atuao psicopedaggica.Muitos psicopedagogos possuem formao em arte-terapia e podem fazer uso desta tcnica com muita propriedade. Outros , mesmo sem tal formao especfica, utilizam os recursos plsticos com bons resultados, atentando para os seguintes aspectos, evidenciados por Sara Pan: a arte possibilita uma relao positiva com a aprendizagem; a arte possibilita o trabalho com aspectos figurativos e operativos do pensamento, integrando-os; a arte permite que o sujeito estabelea relaes com o real, por meio dos materiais utilizados, e com o imaginrio, por meio de suas criaes; a arte expresso simblica e remete o sujeito sua cultura, dando significado sua existncia; a arte possibilita o trabalho com as dificuldades de aprendizagem na medida em que articula mecanismos presentes nos nveis afetivos e cognitivos. Cristina Dias Alessandrini a psicopedagoga brasileira que tem pesquisado a aplicao doo recursos artsticos na interveno psicopedaggica. Ela criou um mtodo que denomina Oficina Criativa, na qual usa a arte em seu trabalho. Alm dela, muitos outros terapeutas da aprendizagem tm descrito suas experincias com estes materiais. H livros e jogos que podem tambm integrar esta abordagem. Eles provocam o desenvolvimento do senso esttico, a percepo de semelhanas e diferenas, a anlise e sntese to importantes para o desenvolvimento de habilidades de leitura/escrita e a percepo de transformaes que permitem o trabalho com as estruturas operatrias de pensamento. Colees como a editada pela Cia das Letrinhas- Por Dentro da Arte - apresentam as obras de grandes pintores, de vrios movimentos artsticos, com atividades ldicas a serem realizadas pelas crianas. So verdadeiros jogos e podem ser usados com muito sucesso na interveno psicopedaggica.Jogos como o "tetracores", ou mosaicos em suas mais variadas formas, desenvolvem os aspectos acima mencionados e devem ser utilizados com as crianas portadoras de dificuldades de aprendizagem.Destacamos algumas sugestes de leituras a este respeito, para o aprofundamento deste tema, to relevante em nossos estudos:Leitura Alessandrini,Cristina. "Oficina Criativa e Psicopedagogia". So Paulo, editora Casa do Psiclogo, 1996. Fagalli, Eloisa Quadros. "Mltiplas Faces do Aprender: transcendendo o pensamento moderno". So Paulo, Frntis editorial, 2000. Pan, Sara. "Teoria e Tcnica da Arte Terapia: a compreenso do sujeito". Porto Alegre, Artes Mdicas, 1994. Sopelsa, Ortenila. "Dificuldades de aprendizagem: resposta em uma atelier pedaggico?". Porto Alegre, Edipucrs, 1998.

Motivao ou Interesse do Aluno em Sala de Aula e a Relao com Atitudes Consideradas Indisciplinares

Resumo de um estudo realizado por Luci Raimann Bini e Nelsi PabisOs alunos precisam de algum mais experiente para adquirir a moralidade. A famlia infelizmente no tem disponibilizado tempo para cumprir o papel de orientadora de seus filhos. Adificuldade financeirafaz com que, por razes profissionais, permanea muito tempo longe dos filhos para poder assegurar um pouco de conforto material, em conseqncia o apoio moral est ficando de lado. Ento Cabe ao professor, de certa maneira, compensar esta perda, oferecendo ao aluno um ambiente cooperativo, com limites e que promova o seu amadurecimento (TARDELI, 2003, p. 106). Isto s ser possvel e ter bons resultados se os professores souberem utilizar metodologias diferenciadas, visando uma boa relao emsala de aula, para que seu resultado proporcione maior aprendizagem.

Todos os professores confirmaram que tm problemas disciplinares em sala deaula, sendo que trintapor centoresponderam que o fato de os alunos no entenderem o assunto trabalhado um dos motivos para ficarem inquietos e alvoroarem o ambiente. Quando foram questionados sobre o envolvimento dos alunos nos trabalhos realizados em aula, se possvel uma participao mais responsvel e disciplinada, setenta por cento afirmaram que sim. O professor precisa ter domnio do assunto e saber qual metodologia que a turma participe sem causar tantos problemas. Portanto, podemos concluir que o trabalho bem organizado do professor minimiza a maior parte dos problemas disciplinares.O professor est para ajudar o aluno a aprimorar seus conhecimentos e torn-lo apto para desempenhar bem seu papel na sociedade. Analisando oresultado da pesquisafeita com os alunos, possvel perceber que eles esto em busca do conhecimento, pois, pelo questionrio aplicado, noventa e sete por cento responderam que vo escola porque gostam de estudar e percebem que o estudo necessrio para sua vida futura, apenas trs por cento responderam que vo escola porque so forados pelos pais e pelas leis educacionais, mas no gostam de estudar e no vem as necessidades do estudo para sua vida futura. Se a maioria vai para estudar, preciso pensar numa forma de fazer com que a aprendizagem ocorra e que eles realmente sintam satisfao em estar neste ambiente.

Os professores fazem sua preparao, estudam, desenvolvem tcnicas que esperam facilitar seu trabalho na profisso, da melhor maneira possvel, para que a aprendizagem ocorra. So responsveis pelo desenvolvimento da aprendizagem dos alunos e tambm pela participao disciplinada dos mesmos na escola. Mas os alunos tambm precisam do apoio e do acompanhamento da famlia, pois nem toda a matria pode ser estudada somente na escola, mesmo porque o tempo muito curto e certas atividades precisam ser resolvidas em casa. O resultado das metodologias aplicadas pelo professor nem sempre so iguais a todos os alunos, alguns aprendem e seu trabalho elogiado, mas para outros nem sempre os resultados so positivos e o professor desvalorizado. Este problema ficou ntido quando os alunos opinaram sobre suas preferncias pelas disciplinas. Nem todos tm a mesma preferncia, uns optaram por uma certa disciplina porque o professor sabe ensinar, amigo e compreensivo, outros preferem outra disciplina porque vem boas qualidades em outro professor. Portanto, um mesmo professor tem diversas vises, conforme o olhar do aluno.

O professor precisa dialogar com o aluno para saber o que est dando certo, quais as dificuldades que esto encontrando e mudar as estratgias, conforme as necessidades dos alunos, mas para isto necessrio disposio por parte dos professores em fazer essas mudanas. Cinqenta por cento deles responderam que para se ter maior participao e minimizaodos problemasdisciplinares, o dilogo e a conscientizao tm favorecido bastante, vinte por cento responderam que levar os alunos a fazerem suas prprias descobertas, colocando-os dentro dos assuntos trabalhados, possibilita uma participao responsvel.Uma das atitudes que o prprio professor admite no ser coerente convidar o aluno a retirar-se da sala sem objetivo nenhum, pois isto, alm de tirar-lhe o direito de estudo, acaba prejudicando sua prpria imagem e perdendo a autonomia e o controle sobre o aluno. A maioria dos alunos, ou seja, oitenta e quatro por cento afirmaram que bom professor aquele que sabe explicar a matria sem ficar lendo, que repete as explicaes quantas vezes for preciso para que o aluno aprenda, paciente, compreensivo e bem humorado. Setenta por cento dos professores afirmaram que preciso ter domnio de contedo, que o professor saiba qual a melhor metodologia a ser utilizada, a fim de que a aula se torne produtiva e que todos se apropriem do conhecimento. Observamos que existem alunos difceis e o professor necessita empenhar-se, e muito, para conseguir uma participao mais responsvel, mas necessrio, antes de tudo, que o professor tenha uma melhor preparao de contedos e domine com eficcia o que vai ensinar pois, como afirma ANTUNES (2003, p. 83).

Ns educadores no podemos esquecer que aqueles que recebem nossa ao educativa so diferentes, mas cada um tem o direito de receb-la o mais adequadamente possvel. Precisamos formar alunos pensantes, conforme afirma CURY (2003), formar crianas e adolescentes sociveis e empreendedores um belo desafio nos dias de hoje, a produo do conhecimento se multiplicou, mas as novas geraes no esto formadas para pensar e sim para repetir informaes. O prprio estudo e formao dos professores muitas vezes no oferecem uma preparao neste sentido, e eles apenas repassam conhecimentos adquiridos. A educao mundial passa por uma crise sem precedentes, preciso cultivar a emoo e expandir a inteligncia dos jovens. Para isso, tanto os professores quanto os pais precisam utilizar ferramentas que estimulem as crianas e os adolescentes a desenvolverem o pensamento. Para educar e aperfeioar o conhecimento precisamos, antes de tudo, conhecer a plenitude da palavra pacincia, pois sua falta pode prejudicar ainda mais os caminhos da inteligncia.Infelizes os professores que no conseguem utilizar e renovar esta ferramenta em seu dia a dia CURY (2003, p. 53). Precisamos encontrar aes pedaggicas que tornem asala de aula um lugar de produo de conhecimento prazeroso e no uma fonte de estresse.

Os conflitos existiram e sempre existiro, como confirma um professor, at porque fazem parte da individualidade do ser humano, mas os professores precisam aprender a proteger sua emoo diante destes conflitos, caso contrrio um atrito pode desgast-lo. Quando perde a pacincia perante as dificuldades, porque deixou sua emoo ser atingida, isto quer dizer que perdeu o controle e a autoridade perante os alunos. Precisamos ser mais compreensivos, como afirma um dos professores, tudo que acontece prprio de sua faixa etria, necessrio que aprendamos a mediar estes conflitos.

Nos primeiros trinta segundos em que estamos tensos, cometemos nossos piores erros, nossas piores atrocidades. No calor da tenso seja amigo do silncio, respire fundo (CURY, 2003, p. 7). No adianta usar de longos sermes para corrigir os erros de um adolescente, precisamos estimul-lo a refletir sobre os erros e suas conseqncias. O dilogo uma ferramenta educacional imprescindvel. Precisamos entender que a sala de aula no um exrcito de pessoas caladas, nem um teatro onde o professor o nico ator e os alunos espectadores passivos. Todos so atores da educao. A educao deve ser participativa (CURY, 2003, p. 125). Analisando algumas propostas de CURY (2003) sobre o desenvolvimento das aulas de forma mais participativa, podemos concordar que so propostas de fcil aplicao e podem trazer resultados bastante positivos, tais como: trabalhar seus assuntos sempre utilizando uma exposio interrogada para motivar os alunos a pensar e inteirar-se do assunto em busca de respostas, isto pode despertar o interesse pela aula.

Procurar mudar a posio dos alunos na sala de aula, em forma de crculo ou U, isto pode evitar conversas paralelas. Superar o vcio de transmitir o conhecimento pronto como se fossem verdades absolutas. Houve muitas queixas dos alunos que o professor deixa a aula muito cansativa, s falando, lendo sem explicaes. preciso levar o aluno a pesquisar. Treinar, fazer pelo menos dez interrogaes durante as aulas, seja o assunto que for, isto pode formar um aluno pensante. Alguns alunos citaram que preferem determinadas disciplinas porque o professor brinca, conversa sobre outros assuntos, distraindo a aula e deixando-a mais animada. O professor precisa aprender a contar histrias e fazer brincadeiras durante alguns minutos da aula, principalmente quando o assunto trabalhado um pouco difcil, uma descontrao favorvel neste momento e ajuda na afetividade. No h bom professor que torne tudo to fcil - ou melhor o bom professor no aquele que tornaria tudo fcil seja pelo seu encanto, seu carisma, seja pela virtude iluminadora de suas interpretaes; provavelmente o bom professor aquele que fornece os meios e a vontade de se medir em relao ao difcil (SNYDERS, 2003, p. 2005). Os alunos tm contato diariamente com noticirios tristes como: roubos, seqestros, assaltos, assassinatos etc, e isto afeta o aspecto emocional dos mesmos, portanto, devemos ensinar a matria num clima alegre e descontrado e no s de exigncias e imposies. Onde h alegria, h um passo a frente, crescimento da personalidade no seu conjunto (SNYDERS, 1988, p. 19).

Procurar tirar momentos, no longos, para trocar idias com os alunos sobre seus anseios e suas expectativas, falar de seus familiares e conhecer a histria de vida deles, pois muitos sentem necessidade de encontrar algum para partilhar seus anseios e angstias, sendoalunos de escola pblica, pouco tempo tm para conversar com os pais, porque a situao financeira faz com que permaneam muito tempo no trabalho. Este dilogo e troca de idias favorecem a relao e a amizade em sala de aula. Antes de chamar a ateno de um aluno, mostre seu lado positivo, elogie-o, pois mesmo o pior aluno sempre tem o seu lado bom que deve ser valorizado, depois pode criticlo e lev-lo a refletir sobre suas falhas, assim no criar traumas. Dezenove por cento dos alunos disseram que gostam de uma determinada professora porque a nica que diz que gosta deles. Demonstrar afeio com atitudes carinhosas para com os alunos uma tima maneira de melhorar o relacionamento e conquistar a amizade, especialmente daqueles considerados problemticos e insuportveis.

O dilogo um instrumento muito importante para resolver problemas disciplinares. atravs dele que podemos fazer com que o aluno sinta as conseqncias de atitudes erradas,bem como despertar nele o sentimento de responsabilidade por estas atitudes.Outra ferramenta muito importante que deve ser sempre utilizada pelos professores, eque muitas vezes perdemos at por situaes pouco graves, a pacincia. Como j nosafirmou CURY (2003, p. 53) Infelizes os professores que no conseguem utilizar e renovaresta ferramenta no seu dia a dia. Seu trabalho fica ainda mais rduo se no encontrar forassuficientes para fazer uso dessa ferramenta. No conseguir, em conseqncia disto, ofereceruma boa ao educativa que objetivo da escola. Como j nos afirmou ANTNEZ (2002) apacincia que oferece condies ao professor de tolerar certos acontecimentos, sem darrelevncia s atitudes mal pensadas dos alunos. evidente que se formos olhar a importncia do professor na vida da sociedade e aremunerao que recebe por seu trabalho, podemos afirmar que ningum seria professor.Infelizmente esta notvel profisso no tem a devida valorizao por parte dos rgosgovernamentais e tambm por pais e alunos. Por isso dizemos que ela exercida muito maispor amor que pelo injusto salrio que se recebe. verdade que a maioria dos problemas que acontecem em sala de aula causada porfalta de preparao do professor. Mas enquanto seu trabalho no for mais valorizado pelossistemas educacionais e sociais, a situao no ser resolvida, porque isto exige investimentose tempo por parte do professor em cursos de preparao. Infelizmente ele precisasobrecarregar-se de aulas para que tenha um salrio mais digno, restando um msero tempopara preparao e dedicao, e a cobrana muito grande pelo seu trabalho.Reconhecemos que preciso formar seres felizes, participativos, empreendedores eprofissionais importantes para a humanidade, mas enquanto no houver um trabalho deconscientizao a toda a sociedade, da importncia de uma boa formao e da valorizao doprofessor, como intermedirio de novas aprendizagens, e conseqentemente de uminvestimento mais justo e digno para esta profisso, a educao continuar sendo um sistemacatico, sem perspectiva futura.

Fonte: Revista Eletrnica Lato Sensu Ano 3, n1, http://www.unicentro.br - Cincias Humanas