um visÃo psicopedagÓgica sobre a educaÇÃo,
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UNIGRAN- CENTRO UNIVERSITÁRIO DA
GRANDE DOURADOS
UM VISÃO PSICOPEDAGÓGICA SOBRE A EDUCAÇÃO,
PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR E TEOLOGIA
MARCOS VINICIUS FERREIRA LIMA
Curso: Psicopedagogia
Disciplina: Iniciação á Pesquisa Educacional
RGM: 702.1343
Turma: 2012 / Polo: São Paulo
SÃO PAULO/SP
2012
MARCOS VINÍCIUS FERREIRA LIMA
UM VISÃO PSICOPEDAGÓGICA SOBRE A EDUCAÇÃO,
PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR E TEOLOGIA
Orientadora: Profª Terezinha Bazé de Lima
Psicopedagogia/Iniciação á Pesquisa Educacional
Pesquisa Bibliográfica
Pesquisa Exploratória
SÃO PAULO/SP
2012
RESUMO
Este estudo tem como objetivo abordar uma questão psicopedagógica no processo de
ensino e aprendizagem, através da problemática de alguns tipos de fatores de ordem
intra e extras escolares, algumas dificuldades de aprendizagem e consequentemente nos
leva a refletir sobre o porquê de alguns alunos terem fracasso escolar. É do interesse da
psicopedagogia compreender como ocorre o processo de aprendizagem e tratar possíveis
dificuldades que ocorrem durante o processo de ensinar e aprender. Fatores como: o tipo
de metodologia utilizada na sala de aula; currículo escolar que é oferecido aos alunos; a
pouca falta de prática de alguns professores; conteúdos e exercícios inadequados; as
questões orgânicas; cognitivas; afetivas/emocionais; econômico/ social /culturais pode
influenciar no processo da aquisição de aprendizagens bem como também causar
transtornos, primeiramente na criança, na família e depois para a escola. Abordaremos á
Introdução as teorias que embasam a prática psicopedagógica, o histórico,
o objeto de estudo, os campos de atuação, psicopedagogia na educação, no
hospital e Psicopedagogia na teológia.
Palavras – chave : psicopedagogia na educação, psicopedagogia no hospital,
psicopedagogia na teológia, dificuldades de aprendizagem; fatores intra e extras
escolares.
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO...............................................................................................05
1.1 - Dificuldades de Aprendizagem: fatores intra e extras escolares.............06
1.2 - Estratégicas Psicopedagógicas e Dificuldades de
Aprendizagem.........08
2 - REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................11
2.1- Olhar e Escuta na Psicopedagogia.................................................................11
2.2- A Escuta Clínica na Psicopedagogia.............................................................12
2.3- A postura analítica e a atitude clínica na psicopedagogia.............................13
2.4 - Conhecendo a Psicopedagogia...............................................................15
2.5 - Objetivo de Estudo da Psicopedagogia........................................................16
2.6- Tratamento Psicopedagógico preventivo......................................18
2.7- Tratamento Psicopedagógico Terapêutico.................................18
2.8- Psicopedagogia Educacional......................................................................19
2.9- Psicopedagogia Hospitalar............................................................................19
2.10 - Psicopedagogia no Ensino Religioso.........................................................20
3- PROBLEMATIZAÇÃO.................................................................................23
4- QUESTÕES DA PESQUISA....................................................................... 23
5- OBJETIVO....................................................................................................23
5.1- Objetivo Gerais.............................................................................................23
5.2 - Objetivos Específicos.................................................................................24
6- JUSTIFICATIVA...........................................................................................24
7- HIPÓTESE.....................................................................................................25
8- METODOLOGIA DA PESQUISA..............................................................26
8.1- RESULTADOS.............................................................................................27
8.2- CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................30
9- CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ............................................................32
10-REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................33
1- INTRODUÇÃO
A psicopedagogia é basicamente reconhecida e entendida como um
método que contribui, juntamente com a psicanálise, pedagogia e a psicologia, para
participar na solução de problemas que surgem no contexto educativo, vindo estes, do
ambiente familiar, escolar, do meio social, econômico, cultural ou de outras origens.
Quando faz parte do ensino da escola, contribui para aquisição de conhecimentos
que são elaborados no processo de ensinar e aprender, proporcionando ao aluno uma
maneira gratificante e prazerosa para acontecer aprendizagens, autonomia e
emancipação. Trata o processo de aprendizagem e suas dificuldades humanas,
considerando as realidades interna e externas à escola e procura compreender as questões
cognitiva, orgânica, social, familiar, emocional e também o trabalho pedagógico como
elementos relevantes de sucesso ou insucesso para aquisição de aprendizagens.
De acordo com Scoz (2002) “[...] o objetivo principal da psicopedagogia é
resgatar uma visão mais globalizante e, consequentemente, dos problemas decorrentes
desse processo”. Além e identificar as causas, verifica a origem das diversas
manifestações.
O método utilizado é o Hipotético- Dedutivo, que conforme Andrade,
2010, permite formular hipóteses sobre determinado conhecimento e usa da
dedução para explicar a ocorrência de fenômenos, a partir da confirmação da
hipótese.O problema consiste na preocupação em relação à ação da prática
pedagógica, de alguns professores, frente à interferência de fatores intra e extras
escolares, que causam problemas de aprendizagem nos alunos e os levam ao
fracasso escolar.
A metodologia de trabalho da psicopedagogia permite que professores
busquem ter um olhar psicopedagógico para que tenham melhor desenvolvimento da
sua prática pedagógica, de maneira a contribuir com o desempenho da
aprendizagem dos alunos.
5
1.1 - Dificuldades de Aprendizagem: fatores intra e extras escolares
Apesar de vários estudos no Brasil, romper com problemas de
aprendizagem escolar, ainda é preocupante. Fatores como falta de preparo de
educadores, condições precárias de funcionamento de gestão administrativa,
pedagógica e estrutural, da maioria das escolas; questões econômicas/ sociais e culturais
das famílias, entre outros, têm servido de pauta para debates dentro e fora das escolas,
responsabilizando estes fatores como causadores dos problemas de aprendizagem
escolar, contribuindo assim com a falta de estímulo de alunos e professores.
Na visão Scoz (2002) a realidade educacional brasileira ainda não
conseguiu uma política clara e segura de intervenção que torne a escola capaz de ensinar
e contribuir com a superação de problemas de aprendizagem. Para isso acontecer
“seria necessário que os educadores adquirissem conhecimentos que lhes possibilitem
compreender sua prática e os meios necessários para suscitar o progresso e sucesso dos
alunos”.No processo educacional o papel de quem ensina e de como aprende é fator
importantíssimo para que professores e alunos criem vínculos indispensáveis para a
aprendizagem. Este processo precisa ser construído de maneira sócio interacionista,
pois ensinar e aprender envolve o professor, o aluno e o meio onde se dá a
aprendizagem.
Nos encontros pedagógicos das escolas em geral ouvem- se queixas de
professores, como forma de desabafo e também para tirar de suas costas, a
responsabilidade da não aprendizagem, de grande parte de seus alunos.
Expressões como: o aluno é preguiçoso e desatento; lento para copiar, escrever e
resolver as atividades faz parte do cotidiano, da maioria das escolas e a interação
professor/aluno pouco tem contribuído como fator facilitador de aprendizagens. Na
maioria das vezes a discussão é gerada apenas em torno do foco “alunos que não querem
aprender” e “pais que não interessam pelos seus filhos e que não comparecem à
escola”. Usam como estratégia de responsabilidade, o aluno, pelo seu próprio fracasso
escolar.
[...], no que se refere à prática docente suponho que o despreparo e a insegurança estão na raiz da dissimulação, da estratégia de culpar a vítima e ao mesmo tempo ama- La sem nada poder fazer de objetivo para evitar- lhe o peso do fracasso. Uma melhor capacidade profissional do professor permitiria, no
mínimo, eliminar essa hipótese. [...], vejo na capacidade profissional o ponto crítico a partir do qual imprimir um caráter político à prática docente para esse professor. (SCOZ, 2002, p. 12).
6As desculpas, sem consciência e tomada de providencias, tendem a
aumentar o problema de aprendizagem e deixa o aluno desmotivado para aprender. O
problema de aprendizagem não tem origem apenas cognitiva e atribuir ao próprio aluno o
seu fracasso, sem considerar as condições de aprendizagem, que a escola oferece para o
aluno e outros fatores extras- escolares, é reforçar fracasso tanto do aluno como da escola.
O professor precisa criar vínculo com seus alunos e atentar para diferenciar a forma de
ensinar, principalmente interessar por trabalhar as dificuldades, que devem
ser entendidas como desafios a serem vencidos, começando a partir do cotidiano dos
alunos.
Se o aluno percebe que tem dificuldades para aprender, começa a
apresentar desinteresse, irresponsabilidade e às vezes torna-se agressivo, pois sente que
algo está lhe causando sofrimento para aprender.
A causa do sofrimento precisa ser identificada, para tratar o problema. Aí
entra a ação da psicopedagoga, pois geralmente o aluno não aprende porque não quer.
É uma questão muito mais complexa, onde muitos fatores podem interferir e causar
transtornos de aprendizagem para muitos alunos, tais como os problemas de
relacionamento entre professores e alunos, o tipo de metodologia de ensino utilizada pelo
professor, conteúdos fora da realidade do aluno, outros. Sabemos que a relação
professor/aluno pode tornar o aluno capaz ou incapaz e se o professor demonstra-se
despreparado, com certeza vai transferir toda sua insegurança e conseqüentemente
provoca no aluno sérias dificuldades de aprendizagem.
Consideramos que para a escola resolver problemas de aprendizagem, ela
deve levar em conta todas as esferas em que o indivíduo participa, ou seja, a própria
escola, a família, o ambiente fora da família e da escola, etc.
Sabemos que os primeiros ensinamentos vêm da família, pois com eles os
filhos aprendem a interagir e depois se desenvolvem e aperfeiçoam ao participar de
outros ambientes. Afirma Scoz, 2002, p.22 que não há apenas uma única causa para os
problemas de aprendizagem “[...] é preciso compreendê-los a partir de um enfoque
multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos/ sociais“.
Sabe-se que um aluno quando apresenta dificuldades de aprendizagem nem
sempre tem deficiência mental ou algum tipo de distúrbio parecido. Na verdade existem
fatores fundamentais que precisam ser trabalhados para se obter melhor rendimento em
todos os níveis de aprendizagem.
7
É óbvio que quando falamos em aprendizagem, não estamos relacionando
aquisição de conhecimentos apenas disciplinares, mas também de outros que são de
vital importância para o ser humano.
O professor como mediador do processo de ensino-aprendizagem,
precisa ser interventor na resolução de problemas e desenvolver um trabalho
consciente, que promova aprendizagens. Sendo assim a escola é um dos lugares mais
privilegiados para diminuir problemas de aprendizagem.
Ela deve oferecer condições favoráveis, satisfatórias e ambiente adequado
para que o aluno possa se sentir bem acomodado no modo da escola ensinar. Precisa
promover momentos de reflexão de ação psicopedagógica, e priorizar o papel de
reconstruir a figura do aluno e do professor, onde o professor facilita a aprendizagem
e o aluno seja o criador do seu processo pessoal, educacional e social/cultural. Quando
a escola ensina a aprendizagem significativa, o conhecimento é aprendido e apreendido
e passa a ter significado para a vida do aluno.
1.2 - Estratégicas Psicopedagógicas e Dificuldades de Aprendizagem
A psicopedagogia é constituída a partir de dois saberes e práticas: da
psicologia e pedagogia. Também recebe influencia da psicanálise, porém diferencia- se da
psicologia escolar nos aspectos: origem, formação e atuação.
Quanto à origem, a psicologia escolar tem como foco compreender as
causas do fracasso escolar e a psicopedagogia tem como função procurar as
causas e tratar determinadas dificuldades de aprendizagem específicas. Quanto à
formação, a psicologia escolar configura como uma especialização na área de
psicologia, enquanto a psicopedagogia é aberta a todos os tipos de profissionais e áreas
de atuação. A atuação da psicologia escolar configura especificamente como área
psicológica e a psicopedagogia age de forma interdisciplinar, abrangendo a
psicologia e a pedagogia.
[...] A psicopedagogia além de dominar a patologia e a etiologia dos problemasde aprendizagem, aprofundou conhecimentos que lhe possibilitam uma contribuição efetiva não só relacionada aos problemas de aprendizagem, mas,
também, na melhoria da qualidade do ensino oferecido nas escolas. [...]. Dessa forma contribui para a percepção global do fato educativo e para a compreensão satisfatória dos objetivos da educação e da finalidade da escola, possibilitando, assim, uma ação transformadora. (SCOZ, 2002, p. 34).
8Aprendizagem não se restringe apenas a aprender a ler escrever. Porém muitos
alunos não conseguem ler e escrever na idade/série que se supõe que deva dar a
aprendizagem. Nisto são freqüentes as queixas de alguns professores de que, a maioria de
seus alunos, está com problemas relacionados ao grafismo e à leitura e que não
conseguem assimilar o conteúdo programático; Sabe-se que alguns problemas de
aprendizagem podem ser resultantes da interação da criança com o seu meio. A nossa
capacidade de concentração, de trabalho e de reflexão, se altera dependendo de nosso
estado emocional e quando conseguimos um controle adequado do nível de nossa
ansiedade, a capacidade criativa, o pensar, o perceber e o aprender passa ter
significados e a partir de então, superamos nossas dificuldades. O ambiente familiar
do aluno, neste momento, se for acolhedor propicia a ele melhores condições para lidar
com seus impulsos agressivos e emocionais.
Sendo assim, a psicopedagogia contribui com o trabalho de minimizar
alguns problemas de aprendizagem, tanto dos alunos que tem Dificuldades de
Aprendizagem (DA), como também, daqueles que, na visão da escola, são
considerados “normais” para aprender, ou seja, bastam dominar a leitura, a escrita e
situações matemáticas. Quando as ações pedagógicas não são organizadas, resultam
em desarmonia e podem causar no aluno, situações problemas que requererão
encaminhamentos de intervenção específica com profissionais da área.
A capacidade de conseguir tolerar frustrações é um dos fatores
importantes para ser levado em conta pelos professores dentro da sala de aula, pois o
próprio ambiente escolar, quando não é capaz de supera desafios, pode tornar- se
motivador para acontecer falhas no desenvolvimento da aprendizagem e leva à
defasagem, desarmonia, problemas afetivos/ emocionais e ao baixo rendimento
escolar. Isto causa elevado nível de tensão e de frustração, e conseqüentemente, ocorre
o desinteresse e eventualmente uma aversão generalizada aos estudos, por conta do baixo
fator afetivo promovido pela escola e também pela família. O aluno precisa ter uma
estrutura emocional controlada para ser capaz de tolerar as cobranças impostas pela
escola, pois muitas vezes é obrigado a cumprir atividades que vem a partir de um
currículo escolar inquestionável, que não tem muito a ver com o momento, os
anseios e suas expectativas. São atividades que não contemplam as necessidades
que a vida requer para o aluno no diz respeito a um futuro promissor.
9
[...]. Sentimentos básicos de alegria e tristeza, sucesso e fracasso experimentados em relação aos objetos e situações também serão experimentados, futuramente, em relação ás próprias pessoas, o que dará origem aos sentimentos interindividuais. (SISTO, 2001, p.102).
O insucesso do aluno pode levá-lo ao fracasso e conseqüentemente ao
abandono escolar. A manifestação de baixo desempenho e ou dificuldades de
aprendizagem pode acontecer de forma momentânea ou duradoura, mas qualquer destas
situações deve ser motivo de preocupação e alerta, tanto para a escola como para os pais.
Quando se leva em consideração as influências dos vínculos afetivos, positivos e
negativos, do sujeito com os objetos e situações, a escola compreende o processo de
aprendizagem dos alunos e assume diferentes intensidades e postura para orientar
condutas de personalidade e de comportamento disciplinar, com menor ou maior grau de
estabilidade. Neste momento a intervenção psicopedagógica é de suma importância
acontecer, pois focaliza o sujeito na sua relação com a aprendizagem.
A intervenção psicopedagógica focaliza o sujeito na sua relação com a aprendizagem. A meta do psicopedagogo é ajudar aquele que, por diferentes razões, não consegue aprender formal ou informalmente, para que consiga não apenas interessar- se por aprender, mas adquirir ou desenvolver habilidades necessárias para tanto [...]. (RUBINSTEIN, 2001, p.25).
102- REVISÃO DE LITERATURA
2.1- Olhar e Escuta na Psicopedagogia
O olhar e a escuta são elementos complementares no processo de análise de
fenômenos sociais, pois, o ver e o escutar contribuem nesse processo. Para Weffort (1997),
não ouvimos realmente o que os outros falam, e sim o que se quer ouvir. Neste sentido, o ver
e o ouvir demandam implicações e entregas ao outro.
A situação analítica desenvolvida por Freud (1976) para o seu método psicanalítico,
“surge e se desenvolve na escuta e para a escuta singular à qual se propõe” (FALCÃO;
MACEDO, 2004, p. 2). Assim, como recurso proveniente da técnica psicanalítica e que aos
poucos vem conquistando espaço em diferentes profissões, a escuta clínica apresenta-se e
destaca-se como ponto relevante intersubjetivo, característico do encontro analítico.
Segundo Cecim (1997, p. 31), essa escuta difere-se da audição. Porque, enquanto a
audição permite à apreensão/compreensão de vozes e sons audíveis, a escuta clínica refere-se
à apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, audição das expressões e gestos,
posturas e condutas durante a escuta.
E, esta, não se limita exclusivamente ao campo da fala, “[mais do que isso] busca
permitir os membros interpessoais que constituem nossa subjetividade para cartografar o
movimento das forças de vida que engendram nossa singularidade” (CECCIM, 1997, p. 31).
A escuta também é um elemento que pode contribuir acerca da atuação do psicólogo
no ambiente escolar, esta pode ser utilizada como mecanismo capaz de apreender os
fenômenos que se efetivam no interior das escolas,
Partindo da perspectiva de Martins (2003), isso significa que as funções da escuta se
apóiam sobre diversificadas visões de mundo, portanto, implicam diferentes paradigmas e,
conseqüentemente, em aspectos e maneiras especificas de percepção dos fatores analisados.
Para Adronio (1990, p. 40) apud Martins (2003, p. 44), existe nessa escuta, assim
como na interpretação que a acompanha, uma primeira forma de multirreferencialidade e a
linguagem do outro, sua indexabilidade que é fundamental aprender e falar, para encontrar os
diversos fios de sua pré história e os avatares de seus desejos.
11
Para tanto, na especificidade clínica, o discurso não necessita ser explicito, porque ela
joga essencialmente ao nível do subentendido. A escuta desenvolvida na área pedagógica, ela
diferencia-se das demais escutas, trazendo a marca da construção do conhecimento de modo
dialogado. Contudo, por se tratar de um campo híbrido entre a pedagogia e a psicologia, a
escuta psicopedagógica pode ocorrer sob diferentes aspectos, envolvendo o planejamento, a
avaliação e a reflexão sobre a escuta, mas é importante a este profissional possuir ou adquirir
uma atitude clínica, onde se possa efetivamente escutar atentamente os professores no espaço
escolar e traduzir o subentendido de suas falas (FERNANDEZ, 1991, p. 125). Esta pesquisa
propôs estudar de que forma a escuta psicopedagógica vem contribuindo no interior da
instituição escolar.
2.2- A Escuta Clínica na Psicopedagogia
A atuação do psicopedagogo, em instituições escolares, requer postura/atitude clínica
frente às diversas produções sejam elas explícitas ou implícitas dos indivíduos a quem se
propõe intervenção psicopedagógica.
Nesta perspectiva, a escuta psicopedagógica clínica insere-se como mecanismo de
verificar e tratar os diferentes fenômenos que se apresentam no cotidiano do trabalho docente
nas escolas.
Para se apropriar da utilização da escuta clínica na psicopedagogia, é relevante antes,
caracterizar o olhar clínico como aquele que toma em consideração um campo – de pesquisa
ou de intervenção – estruturado por um jogo de relações e de intervenções dinâmicas e
complexas. No entanto, ele também supõe que o prático e o pesquisador estejam
convenientemente deslocados da relação, isto é, que eles assumam uma postura de
implicação-distanciamento. Tal postura, por sua vez, possibilitar-lhes-á estar efetivamente co-
presente na situação que eles analisam, sem perder, para tanto, suas especificidades e suas
competências (MARTINS, 2003, p. 43).
Isto remete que a atitude clínica necessária ao psicopedagogo ante sua possibilidade de
intervenção, implica a busca por novos sentidos para sua relação com o objeto pesquisado.
12
A observação torna-se, assim, importante. Pois, o olhar clínico se estabelece
fundamentalmente na observação. Contudo, a escuta se impõe como fator imprescindível no
que se refere ao temporal, “aquilo não-dito” (MARTINS, 2003, p. 44). Portanto, para Martins
(2003), isto significa que as diferentes funções do olhar e da escuta clínicas, que se apóiam
em perspectivas diferentes e, consequentemente, em metodologias também específicas,
precisam ser articuladas no intuito de se estabelecer pontos de referência nos aspectos
temporal e espacial.O psicopedagogo, enquanto terapeuta é um sujeito que “legaliza a palavra
do paciente, [...] alguém que com sua escuta outorga valor e sentido à palavra de quem fala,
permitindo –lhe organizar-se (começar a entender-se), precisamente a partir de ser ouvido”
(FERNANDEZ, 1991, p. 126). Com isso, a escuta psicopedagógica torna-se fator
preponderante no atendimento a heterogeneidade de/dos professores na escola, possibilitando-
lhes, vez e voz para expressarem-se oralmente e/ou através de mensagens subliminares.
O psicopedagogo terapeutizando, precisa posicionar-se em um lugar capaz de
proporcionar-lhe a análise eficaz, de modo a permitir “ao paciente organizar-se e dar sentido
ao discurso a partir de um outro que escuta e não desqualifica, nem qualifica”. “Somente a
partir das fraturas do discurso, por um lado, e de nos aproximarmos, por outro lado, por
encontrar o dramático, resgataremos o interessante, o original dessa história (FERNANDEZ,
1991, p. 126).
2.3- A postura analítica e a atitude clínica na psicopedagogia
O psicopedagogo deve “escutar e traduzir” (FERNANDEZ, 1991, p. 127) de modo
transcendente o que lhe é apresentado, buscando a atitude clínica necessária no trato dos
dados obtidos através de sua escuta e análise. Pois, “são as palavras, ou sua ausência,
associados com a cena penosa, as que dão ao sujeito os elementos que impressionarão sua
imaginação” (MANNONI apud FERNANDEZ, 1991, p. 127). Assim, a função da escuta
psicopedagógica não é fazer o paciente confessar o tido como importante, mas sim, garantir
ao indivíduo a possibilidade de que fale do que realmente carece de importância.Para
Fernandez (1991, p. 128), o lugar analítico, tão importante para o desenvolvimento da escuta
clínica, é “lugar de testemunha e atitude clínica, da atitude do que escuta e traduz promovendo
um discurso mítico e não real. Lugar e atitudes necessários a todo terapeuta, que o
psicopedagogo deverá assumir”. Neste sentido, a referida autora apresenta sua proposta ou
guia para o psicopedagogo conseguir uma escuta psicopedagógica: (FERNANDEZ, 1991, p.
131)
13
1. Escutar–olhar – o primeiro momento da intervenção psicopedagógica supõe escutar-
olhar o outro e mais nada. De acordo com Fernandez (1991, p. 131), “escutar não é
sinônimo de ficar em silêncio, como olhar não é de ter os olhos abertos”;
2. Deter-se nas fraturas do discurso – estar atento aos aspectos trazidos através do
discurso verbal, assim como ao corporal, ao agir subjetivo do sujeito;
3. Observar e relacionar com o que aconteceu previamente à fratura – registrar as fraturas,
as formas diferentes de expressar-se;
4. Descobrir o esquema de ação – significação – “para encontrar o esquema de ação, não é
necessário deter-se no conteúdo do mesmo, mas no processo e nos mecanismos”
(FERNANDEZ, 1991, p. 132);
5. Buscar a repetição dos esquemas de ação – buscar detectar em que outras situações e
com que outros contextos e conteúdos repete-se este esquema;
6. Interpretar a operação, mais do que o conteúdo – levantar as concepções e idéias
inconscientes sobre a aprendizagem, estabelecendo relações com a “operação particular
que constitui o sintoma” (FERNANDEZ, 1991, P. 133).
O momento da intervenção psicopedagógica é único tanto para o paciente, quanto para
o terapeuta, e requer o estabelecimento de uma relação harmônica entre ambos, onde o escutar
esteja presente cotidianamente neste processo. Para isso, Fernandez (1991, p. 131) esclarece
que “escutar não é sinônimo de ficar em silencio, como olhar não é de ter os olhos abertos.
Escutar, receber, aceitar, abrir-se, permitir, impregnar-se”. Todavia, o terapeuta deve
aprimorar a sua escuta para além do que o paciente expõe oralmente, permitindo-lhe “falar e
ser reconhecido, e ao terapeuta compreender a mensagem” (p. 131) para poder intervir da
melhor maneira possível.
No entanto, para Martins (2003) é imperioso que ambos estejam convenientemente
deslocados na relação estabelecida, isto é, que eles assumam uma visão/postura de implicação
distanciamento. Esta postura possibilitar-lhes-á efetivamente estarem co-presentes na situação
que analisam, sem para isso, perder suas especificidades e suas capacidades. Ou seja, uma
postura/atitude clínica que se estruture numa escuta, que aqui deve ser compreendido como
um mecanismo de acompanhamento acerca da realidade, registrando-se o vivenciado, o
experimentado. É preciso criar espaços onde as vivências institucionais possam ser afirmadas
e verdadeiramente escutadas.
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Esta perspectiva, no plano das práticas do psicopedagogo, poderá fomentar o
reconhecimento e a apropriação “de elementos até então desconsiderados na abordagem dos
processos educativos, possibilitando uma reapropriação da experiência e de outros sentidos, a
eles atribuídos, pela abertura ao desconhecido, pela disponibilidade para a alteração (e por
conseqüência da heterogeneidade), para a escuta do inefável (MARTINS, 2003, p. 44).
2.4 - Conhecendo a Psicopedagogia
Psicopedagogia enquanto campo de estudo que tem como objeto
os problemas de aprendizagem, preocupa-se com a aprendizagem em toda sua
extensão, entendendo esta como um processo intrínseco na educação. Percebe-
se que o surgimento da Psicopedagogia segundo por Kiguel nasce “na fronteira
entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento
de crianças com distúrbios de aprendizagem, consideradas inaptas dentro
do sistema educacional convencional” (1991, p.22), ou seja, sistema onde
todos deveriam aprender igualmente e ao mesmo tempo, ignorando o fato de
que cada indivíduo é único.
Porém a preocupação com os problemas de (não) aprendizagem, pois
o problema na aprendizagem, e a inexistência de uma aprendizagem
bem sucedida, que fez com a Psicopedagogia ganhasse espaço próprio,
pesquisas e representantes em várias partes mundo.
No início do século XX o enfoque orgânico orientou os médicos,
educadores e terapeutas na definição dos problemas de aprendizagem,
neste período foram estimulados os estudos neurológicos, neurofisiológicos
e neuropsiquiátricos, desenvolvidos em laboratórios junto a hospícios que
classificavam rigidamente os pacientes como anormais. Aos poucos os
conceitos de anormalidade foram inseridos nas escolas, conseqüentemente a
criança que não conseguia aprender era taxada como anormal, devida a
causa do seu fracasso escolar ser atribuída a alguma anomalia
anatomofisiológica.
Anteriormente a Psicopedagogia significava o conhecimento e o estudo do
sujeito individual, enquanto a educação significava o conhecimento da
sociedade.
15
A ampliação no âmbito da Psicopedagogia permitiu aprofundar o
estudo, enquanto sujeito individual quanto trabalhar esses conceitos no
macrossistema (VISCA, 1991, p.16-17).
Abre-se um novo campo de abrangência, que ao contrário do que
se imaginava usualmente, a Psicopedagogia não se restringe apenas ao
estudo das dificuldades e distúrbios de aprendizagem (pensamento esse
fundamentado pelo fato da Psicopedagogia surgir como uma alternativa de
intervenção para as dificuldades de aprendizagem), e sim em todo o
processo envolvido na aprendizagem, seja no seu estudo normal ou
patológico, seguido de tratamento preventivo ou terapêutico.
A aprendizagem está presente em vários momentos da vida, e com ela
as dificuldades que podem surgir em qualquer etapa da educação,
posteriormente do ensino formal.
2.5 - Objetivo de Estudo da Psicopedagogia
O objeto de estudo é o processo de aprendizagem, o processo utilizado
pelo sujeito enquanto construtor de seu conhecimento. Algumas pessoas ao
estudarem aprendizagem entendem que o contrário da aprendizagem é a
dificuldade da aprendizagem, mas não entendo desta forma, o contrário da
aprendizagem é a não aprendizagem.
A Psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem humana,
como se dá o aprender, suas variações e os fatores implicados, como ocorrem
as alterações na aprendizagem e como preveni-las, ou tratá-las, Bossa (2000).
A Psicopedagogia avalia a aprendizagem e a percebe não apenas como
um ato intelectual e passivo, mas coloca em pé de igualdade aspectos
cognitivos, afetivos e sociais. A partir das contribuições teóricas de Piaget,
Pichon - Rivière, Freud, Vigotsky e outros, a psicopedagogia se propõe a
facilitar o processo de aprendizagem, intervindo preventiva,
terapêutica e institucionalmente.
16
Nesse sentido, a psicopedagogia é “ o processo pelo qual se
proporcionam condições que facilitam o desenvolvimento do indivíduo, do
grupo, da instituição e da comunidade, bem como prevenção e solução de
dificuldades existentes, de modo a atingir objetivos educacionais e
pedagógicos” (Masini, 1984, Jornal do CRP).
As causas da não aprendizagem podem ser de naturezas distintas, como:
• Não aprenderam porque não passaram por um processo sistemático de
ensino;
• Foram ensinadas, mas por algum motivo externo ao sujeito (didática
do professor, filosofia da escola, número de alunos por classe,
problemas sociais, culturais, etc.), não aprenderam;
• Finalmente não aprenderam por dificuldades individuais específicas
(orgânicas e emocionais).
Cabe ao psicopedagogo inicialmente diferenciar as situações
facilitadoras /dificultadoras pelas quais as pessoas passaram resgatando
seu processo (incluindo na história de vida a aprendizagem)
Exemplo: Como andou? Como falou? Como se adaptou à escola? Como
reagiu frente às tarefas escolares... Posteriormente identificar o quando e o
porquê.É neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista
espaço.
Uma observação minuciosa e uma escuta atenta sem "pré
conceitos", assinalada pela imparcialidade, pode detectar a real
problemática da instituição escolar. " Esse é o papel do
psicopedagogo nas instituições: olhar em detalhe, numa relação de
proximidade, porém não de cumplicidade", afirma Césaris (2001);
facilitando o processo de aprendizagem.
Afinal, a Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor
compreensão do processo da aprendizagem humana e assim estar
resolvendo as dificuldades da mesma, ou mesmo prevenindo-as, visando o
interesse e o prazer do aluno e do professor pelo processo de ensinar e
aprender, garantindo o sucesso escolar para todos.
17
Com vasto cabedal teórico, a Psicopedagogia tem diversos e diferentes
fatores nos quais se basear para tentar explicar eventuais entraves no
processo de aprendizagem, passando a assumir um papel mais abrangente,
"cujo principal objetivo é a investigação sobre a origem da dificuldade de,
bem como a compreensão de seu processamento, considerando todas as
variáveis que intervêm neste processo", como afirma Rubinstein (1992, p. 103).
2.6- Tratamento Psicopedagógico preventivo
O tratamento psicopedagógico preventivo consiste na
prevenção, ou seja, no acompanhamento, promovendo a assistência
psicopedagógica. O tratamento psicopedagógico preventivo é indicado para
o trabalho institucional, pois neste ambiente a psicopedagoga poderá
detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem, promovendo
orientações à equipe pedagógica, a família, e ao aluno, procurando estar
sempre atenta ao processo de aprendizagem deste com intuito de prevenir
possíveis problemas. Para Bossa, “proposta da Psicopedagogia, numa ação
preventiva, é adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, numa
concepção mais totalizante, visando propor novas alternativas de ação voltadas
para a melhoria da prática pedagógica nas escolas” (2000, p.31).
2.7- Tratamento Psicopedagógico Terapêutico
O tratamento psicopedagógico terapêutico consiste numa etapa,
possivelmente posterior ao tratamento psicopedagógico preventivo, que
visa “tratar” este aluno que apresenta reais problemas de aprendizagem,
que já foi acompanhado na escola, onde recebeu um diagnóstico, ou seja, foi
acompanhado no módulo coletivo e agora será acompanhado individualmente.
Isto não quer dizer que o tratamento psicopedagógico terapêutico não
possa ser realizado juntamente com o preventivo, apenas tem uma
indicação mais específica para os casos de problemas de aprendizagem
que já foram trabalhados preventivamente, não tendo sido resolvido o
problema.
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Nesta etapa do tratamento, a psicopedagoga fará uso de técnicas como
provas (psicométricas, projetivas, específicas), jogos, entre outras para
tratar o aluno de forma contextualizada, pessoal e principalmente
respeitando o indivíduo.
2.8- Psicopedagogia Educacional
A Psicopedagogia Educacional pode assumir tanto um caráter
preventivo bem como assistencial. Na função preventiva, segundo Bossa
(2000) cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo
de aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa,
favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo
com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando
processos de orientação . Já no caráter assistencial, o psicopedagogo participa
de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto
teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que professores,
diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a
sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da
própria "ensinagem".
2.9- Psicopedagogia Hospitalar
De acordo com Vasconcelos (2000), as doenças tratadas no
hospital podem ser classificadas em:
- Acidentes, sejam acidentes domésticos (queimaduras, quedas, feridas), ou
acidentes externos. Para esta categoria, junte-se tentativa de suicídio,
estupros e espancamentos (casos de maus- tratos). Esta primeira classificação
constitui o que se chama traumatologia e internações gerais.
- Enfermidades de má formação congênita, como afecções ósseas, nefrológicas,
hepáticas, neurológicas ou musculares: má-formação de membros ou do esqueleto,
escolioses, luxações congênitas das articulações do quadril, miopatias, etc.
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- Finalmente, enfermidades adquiridas ao nascimento ou de crescimento:
debilidade motora cerebral, poliartrite, poliomielite, tumores musculares ou
ósseos, cânceres.
As equipes médicas agrupam cirurgiões, médicos, anestesistas,
enfermeiras, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, bem como,
psicopedagogos. Ainda pode-se contar com visitas voluntárias, com
intenções diversas, sejam elas recreativas, religiosas ou
humanitárias. Toda esta equipe acompanha, direta ou indiretamente, todas as
etapas de uma internação, que em geral são enfrentadas de forma diferente por
cada indivíduo hospitalizado.
O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas
dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como,
provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), histórias, material
pedagógico etc.
Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais
ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões,
honorários, a importância da freqüência e da presença e o que ocorrer.
Neste momento não é recomendável falar sobre o histórico do sujeito, já
que isto poderá atrapalhar a investigação. O histórico do sujeito,
desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista
chamada anamnese, com os pais ou responsáveis.
2.10 - Psicopedagogia no Ensino Religioso
Atualmente o assunto em questão vem sendo discutido com grande ênfase na opinião
da comunidade acadêmica. Acredita-se que a inclusão desta disciplina na grade curricular
beneficiará o ambiente escolar, visando à diminuição de atos de violência dentro e fora da
escola. Nos dias atuais é comum ver o medo de alguns profissionais que estão ingressando no
mercado de trabalho, quando são encaminhados para realização da disciplina de Estágio
Supervisionado dentro das instituições públicas de ensino.
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Em outras palavras, o papel do psicopedagogo neste processo objetiva ser de um
mediador entre família, escola e sociedade civil, já que trabalha com o processo de leitura,
compreensão e interpretação textual. Educadores do passado, como Rousseau dizia no Emílio:
”O culto essencial é o do coração. Deus não rejeita nenhuma homenagem, quando sincera, sob
qualquer forma que lhe seja oferecida.” (Rousseau, 1967:627).
Pestalozzi também se pronuncia afirmando: ”Conservação dos sentimentos piedosos
da criança: elevação à Religião e à virtude com plena consciência e conhecimento de seus
deveres: estimulo a uma alegre atividade autônoma da criança; estímulo à pesquisa e à
reflexão pessoal e através de tudo isso, promover a aprendizagem do conhecimento e das
qualidades que a vida exige.” (Pestalozzi, 1980:59).
A troca de conhecimentos nos faz refletir e cada vez mais nos motiva ir à busca do
saber. O livro de Provérbios, escrito no antigo testamento por Salomão, filho de Davi, que era
rei de Israel, é uma verdadeira fonte de sabedoria e justiça, assim como, o livro de Eclesiastes,
que retrata o aconselhamento para a vida diária.
Tendo em vista que o psicopedagogo é um pesquisador em ação na busca de
alternativas para minimizar e ou prevenir conflitos na busca de soluções, quer seja, na questão
da aprendizagem ou entre outras que possam surgir na área de educação e saúde do escolar,
isto faz com que se venha a fazer uma reflexão sobre o ensino religioso nas escolas públicas.
Eles têm sempre um leque de histórias pra contarem. Então, o que fazer para
sensibilizar alunos, professores e comunidade estudantil para ações que promovam a paz?
Reflitamos juntos: professores com medo dos alunos e alunos com medo dos colegas e do
professor. A transmissão de valores foi um dos principais argumentos utilizados para
solucionar a questão.
A Esperança Divina na formação do caráter do indivíduo foi um dos recursos
utilizados para tentar resolver o problema. Alguns estudiosos ressaltam a existência de duas
vertentes de pensamentos antagônicos com fortes argumentos de pesquisadores. A
comunidade cientifica se pronuncia, alguns contra, outros a favor, mostrando seus pontos de
vista coerentemente, através de dados fornecidos pelo IBGE e alguns relatos de profissionais
diversificados da área do Direito, pedagogos, sociólogos, teólogos, filósofos, antropólogos e a
comunidade escolar como um todo.
21
Diante desse fato, é de suma importância repensar as relações entre família, escola,
Estado e sociedade no processo educativo. Como responsáveis na formação do educando,
tendo como objetivo principal, o desenvolvimento cognitivo, afetivo, físico e social é
importante que se faça um trabalho de sensibilização no despertar da espiritualidade da
criança, do jovem e adolescente.
Enfim, acho de suma importância o ensino religioso (ensino bíblico) dentro da escola.
O desafio é encontrar mestres, que sejam conscientes e neutros em sua religiosidade. Para
transmitir os conhecimentos bíblicos, necessitamos de educadores verdadeiramente
comprometidos com a moralidade, pois os pais enfatizam muito este aspecto. Porque você
ensina a teoria e o aprendente te observa, se você faz na prática aquilo que ensina.Entendo a
preocupação dos pais, em relação à transmissão dos conteúdos. Da forma, como vai ser
abordado o assunto do pecado, da desobediência as leis de Deus, da questão da morte, entre
outros mais.
No entanto, os alunos vão aprender também sobre o amor, o perdão e as virtudes que
deverão ser cultivadas. Assim como a oração e o louvor a Deus, que segundo, as escrituras
sagradas são nossos verdadeiros alimentos espirituais. Finalizo ressaltando que é importante
conhecer as escrituras descobrir, na visão dos seus livros, argumentos para defender seu ponto
de vista, já que, só podemos opinar sobre determinado tema, quando temos algum
conhecimento prévio sobre o mesmo.
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3- PROBLEMATIZAÇÃO
O problema consiste na preocupação em relação à ação da prática
pedagógica, de alguns professores, frente à interferência de fatores intra e extras
escolares, que causam problemas de aprendizagem nos alunos e os levam ao
fracasso escolar.
O presente estudo promove uma análise aprofundada dos problemas da realidade escolar e
reestrutura a reinterpretação de fatores que levam o aluno a ter dificuldades para
aprender.
4- QUESTÕES DA PESQUISA
Como esta sendo a contribuição do Psicopedagogo ao complexo ato de ensinar ? Qual
a sua visão sobre a psicopedagogia na educação, psicopedagogia hospitalar e psicopedagogia
na teologia ? O Psicopedagogo poderá /pode colaborar para a melhoria no processo
aprendizagem ?
5- OBJETIVO
5.1- Objetivo Gerais:
Este e s t udo tem como objetivo detectar falhas no decorrer de todo
o processo de aprendizagem, orientando e acompanhando todos os
sujeitos envolvidos, bem como percebendo e trabalhando nas dimensões
envolvidas. Ou seja, a linha de trabalho definida pelo psicopedagogo, é a forma de
ação e investigação para identificar as possíveis defasagens no processo de
aprender. Tamanha a complexidade deste ato, todas as variáveis devem ser
consideradas, desde uma disfunção orgânica ou uma falha no processo de
compreensão, que pode estar comprometendo a aprendizagem.
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5.2 - Objetivos Específicos:
Um dos objetivos específicos da pesquisa é o de fornecer uma abordagem consolidada
em Referências teóricas encontradas sobre a conceituação da psicopedagogia educacional,
hospitalar e na teologia, e práticas (exploratórias) sobre a conceituação da psicopedagogia
educacional e verificar se o uso do conceito psicopedagógico servirá para obter resultados
satisfatórios no aprendizado.
6- JUSTIFICATIVA
O fundamento da Psicopedagogia é o estudo da aprendizagem humana,
que se constitui a cada momento em qualquer tempo. Intrínseca ao ser humano,
que se dá em todos os sentidos, em qualquer local e continuamente.
Justamente por ser tão ampla e complexa, essa habilidade, surgiu a
necessidade de um profissional com perfil específico para dedicar-se a ela, seja
potencializando-a ou fortalecendo-a perante as adversidades encontradas ou criadas.
Podemos afirmar que, devido à interdisciplinaridade de sua formação, o
psicopedagogo é um profissional apto para inserir-se nesta cadeia de conhecimento
e informação a que estamos expostos.
Os problemas de aprendizagem constituem uma situação real dentro das
Instituições escolares, portanto faz-se necessário que todos os envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem sejam leitores e pesquisadores de problemas de
aprendizagem para que possa os possibilitá-los a entender melhor como se dá a influencia
de fatores intra e extras escolares e como podem ser trabalhados de forma a
minimizar problemas de aprendizagens, no dia a dia da escola. Muitos alunos têm
apresentado dificuldades de aprendizagens já nas primeiras fases escolares e o
acompanha por um longo período de sua vida, ocasionando sérias dificuldades para
desenvolver aprendizagens.
Ainda são poucas as pesquisas sobre a importância da psicopedagogia como
metodologia primordial para o desenvolvimento do trabalho das escolas, no combate aos
problemas de aprendizagem dos alunos.
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Mas quando educadores escolares fazem reflexão sobre sua prática de ensino,
é possível analisar o porquê do aluno não conseguir aprender e conseguem detectar
fatores que estão interferindo, negativamente, no processo de aprendizagem e que
provocam o insucesso do aluno, da escola e da família do aluno. Para tanto, a escola
precisa, recorrer aos psicopedagogos para juntos estruturarem ações, estratégias e
intervenções psicopedagógicas que contribuam como solução para diminuir os
problemas de aprendizagem, pois o aluno, o aluno é sujeito de transformação e de
aquisição de aprendizagens.
7- HIPÓTESE
A metodologia do trabalho da psicopedagogia permite que p e d a g o g o s t e nham
melhor desenvolvimento da sua prática pedagógica , de maneira a contribuir com o
desempenho da aprendizagem dos alunos.
A contribuição do psicopedagogo ao complexo ato de aprender pode se
concretizar em diferentes instituições, sejam elas escolares, clínicas,
hospitalares ou organizacionais. Ainda muito jovem no cenário a que se presta, vem
construindo sua história através de intensas pesquisas que envolvem teoria e
prática, mostrando-se séria e comprometida em sua atuação, construindo
parcerias com diversas áreas do conhecimento e da atividade humana. A
versatilidade e competência deste profissional certamente serão reconhecidas,
tornando-o um parceiro imprescindível no atual e futuro mercado de trabalho.
Defender a necessidade da existência de psicopedagogos dentro das escolas, para
auxiliar no trabalho do pedagogo, é fazer opção por uma intervenção que reeduque a
prática pedagógica dos professores, para acontecer a melhoria da aprendizagem. É contar
com o sucesso do aluno, da escola e da família do aluno.
25
8- METODOLOGIA DA PESQUISA
Para realização deste estudo, pesquisou-se uma psicopedagoga e quatro professoras de
uma escola pública, localizada na zona norte da cidade de São Paulo-Capital, sendo utilizado
como critério de inclusão todos os funcionários que atuam numa mesma instituição escolar.
Em relação à pesquisa de campo, foi utilizado como instrumento para coleta de dados a
realização de entrevistas. Os dados obtidos foram analisados partindo-se da perspectiva da
abordagem qualitativa.
De um modo geral, as entrevistas qualitativas são muito pouco estruturadas, sem um
fraseamento e uma ordem rigidamente estabelecidos para as perguntas, assemelhando-se
muito a uma conversa. Tipicamente, o investigador está interessado em compreender o
significado atribuído pelos sujeitos a eventos, situações processos ou personagens que fazem
parte de sua vida cotidiana (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998, p. 168).
Neste contexto, constituíram-se como aspectos a serem englobados na entrevista com
a psicopedagoga:
1) A forma como esta compreende e analisa a função de sua escuta;
2) Ao modo como tem escutado os professores desta instituição, se exerce essa escuta
cotidianamente, assim como isso ocorre;
3) As possíveis contribuições desta escuta aos professores na intervenção psicopedagógica, a
forma como isso se efetiva. As entrevistas com as professoras constavam:
1) A respeito da percepção em relação à atuação da psicopedagoga na escola;
2) Ao modo como percebe e analisa a possível parceria entre ambos, a forma como essa
parceria pode contribuir na prática docente no trato das dificuldades de aprendizagem dos
alunos;
3) A existência de possíveis oportunidades de ser escutada pela psicopedagoga nesta
instituição, a forma como ocorre;
4) Os momentos destinados a reunião onde se possibilita a exposição de problemas, etc.
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Partindo-se destes itens, as entrevista foram realizadas. Assim, optou-se por iniciar a coleta de
dados através da entrevista com a psicopedagoga, para, posteriormente, realizá-las com as
professores que recebem assistência desta profissional. Todavia, visando preservar a
identidade dos sujeitos pesquisados, foram utilizados nomes fictícios para os participantes da
pesquisa.
8.1- RESULTADOS
A realização da entrevista com a psicopedagoga englobou fundamentalmente três
aspectos básicos em torno da escuta psicopedagógica aos professores na escola. Sobre a forma
como esta compreende e analisa a função de sua escuta na instituição, a mesma abordou que
reconhece a relevância desta, afirmando que “ao escutar o outro vou percebendo as suas
necessidades, o que realmente está sendo vivenciado pela profissional”.
Posteriormente, em torno do segundo aspecto, a respeito do modo como a
psicopedagoga tem escutado os professores desta instituição, se exerce essa escuta
constantemente, assim como isso se dá na prática. Obteve-se a seguinte resposta:
Através de diálogo procuro escutar com atenção as necessidades dos profissionais que
trabalham comigo, buscando entender o ponto de vista de cada um, visto que ao escutá-los
trocamos ricas experiências e, assim, explorar dimensões e possíveis caminhos para
solucionar as demandas necessárias. E, esses momentos ocorrem durante as reuniões
pedagógicas quinzenalmente (MÁRCIA).
Outro aspecto levantado foi a partir das possíveis contribuições desta escuta aos
professores na sua intervenção, bem como a forma como isso se efetiva, onde a mesma
respondeu que “ao escutar o outro (os professores) podemos perceber suas necessidades e a de
seus alunos e, procurar orientá-los da melhor maneira possível”.
A atuação psicopedagógica não pode ser efetivada em momentos inadequados como
em reuniões pedagógicas, mas em espaços e momentos específicos, onde a professora seja
oportunizado a expressar-se em sua multiplicidade, e a psicopedagoga escutá-lo
transcendentemente.
Contudo, esta escuta não pode/deve estar contaminada com impressões impregnadas
de estereótipos e de fraturas das relações sociais estabelecidas entre ambos.
27
Para tanto, Weffort (1997), salienta que a ação de escutar clinicamente o outro é um
processo reflexivo e analítico de sair de si para ver e compreender o outro e a realidade
segundo seus próprios pontos de vista, sua subjetividade, singularidade e segundo sua história.
Assim, para Weffort (1997), a escuta constitui-se como uma ação altamente movimentada,
reflexiva, estudiosa e transcendente.
O lugar da escuta poderá possibilitar ao psicopedagogo “criar situações coletivas,
espaços de construção de conhecimentos sobre si mesmo – sobre a escola, sobre as
experiências dos envolvidos no processo educacional, etc. – de tal forma que os problemas
vividos sejam amplamente discutidos e a busca de soluções para os mesmos, compartilhada”
(MARTINS, 2003, p. 44). Ao psicopedagogo cabe, no exercício de sua escuta, de acordo com
as concepções de Fernandez (1991), detectar os lapsos, as diversas dificuldades na expressão
do discurso, da forma como os cortes são efetivados, das inconsistências, das repetições, das
pausas prolongadas, emerge o inconsciente, etc.
Durante a realização das entrevistas com as quatro professoras, pode-se detectar uma
inquietação em torno do acompanhamento psicopedagógico realizado nesta escola. Partindo-
se deste pressuposto, o primeiro aspecto levantado foi a respeito de como elas percebem essa
profissional e sua atuação na escola. Onde obteve-se considerações como: “Ela trabalha bem,
buscando sempre saber nossas necessidades e ajuda no que pode, entretanto, o tempo dela
aqui na escola é pouco, o trabalho acaba sendo fragmentado”.
Ademais, abordaram que percebem a relevância dessa profissional atuando num
ambiente escolar e que a parceria estabelecida nesta acaba contribuindo na prática docente,
pois, segundo as entrevistadas, “o atendimento que ela nos garante ajuda a possibilitar aos
alunos uma melhorara comportamental em sala de aula e na aprendizagem”.
Outro aspecto discutido com as professoras foi se elas têm oportunidades de serem
escutados pela psicopedagoga nesta instituição, assim como a forma que isso se efetiva, da
existência ou não de momentos destinados a reuniões, onde elas pudessem expor seus
problemas, etc. Onde elas afirmaram que sim, que ela ouve suas queixas em momentos
específicos nas reuniões pedagógicas que se efetivam quinzenalmente. Assim, reafirmam que
o tempo destinado para tal fim é pouco.
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Os discursos das professoras entrevistadas aparentam estar emersos em um receio
(medo) em expressar realmente o que pensam a respeito da atuação da psicopedagoga na
instituição. E isso é vislumbrado através do subliminar de suas falas, nas inquietações, nos
olhares, nas expressões, nas faltas, etc. Com isso, evidencia-se a importância da criação de
mecanismos que garantam as professoras serem efetivamente escutadas pela psicopedagoga
neste espaço.
Confrontando a visão da psicopedagoga e das professoras
Através do confronto entre as informações obtidas a partir da realização das entrevistas tanto
com a psicopedagoga, quanto com as professoras participantes deste estudo, pôde-se detectar
fraturas nos discursos destas em relação à atuação da psicopedagoga nesta unidade escolar e o
modo como suas intervenções se efetivam no cotidiano deste espaço.
A escuta, elemento tão relevante ao psicopedagogo, é tido/visto tanto pela
psicopedagoga quanto pelas professoras que recebem seu acompanhamento, meramente como
um canal auditivo capaz de apreender falas e possibilitar a intervenção partindo-se destas.
Contudo, a escuta clínica necessária a este profissional, requer o transcendente, o
subentendido do discurso exposto oralmente. Ou seja, “o exercício da escuta clínica, por sua
vez, tem como perspectiva desvelar dimensões do cotidiano escolar e das relações que o
estruturam até então impensadas, desconhecidas, mas que tangenciam as práticas que aí se
estabelecem” (MARTINS, 2003, p. 45).
As professoras não podem/devem ser encaradas como pacientes da psicopedagoga, daí
a precisão da adequação da escuta clínica para o atendimento às mesmas. Entretanto, a
escassez na fundamentação teórica/prática a respeito da escuta clínica na psicopedagogia
revela uma possível falha no processo de formação desta profissional, que muitas vezes, não é
preparada para assumir uma postura/atitude clínica ante a demanda.
Na construção da escuta necessária ao psicopedagogo, constata-se, segundo Weffort
(1997, p. 1) alguns movimentos necessários a sua construção:
1 – “movimento de concentração para a escuta do próprio ritmo [...] o que se quer
observar, que hipóteses se quer checar, o que se intui que não se vê, não se entende, não se
sabe qual o significado, etc.”;
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2 – “o movimento que se dá no registro das observações, seguindo o que cada um se propôs
na pauta planejada, onde o desafio está em sair de si para colher os dados da realidade
significativa e não idealizada”;
3 – “o movimento de trazer para dentro de si a realidade observada, registrada, para assim
poder pensá-la, interpretá-la [...]. Neste movimento podemos nos dar conta do que ainda não
sabemos”.
Macedo e Falcão (2009, p. 6) apud Freud (1937) apontam para o importante efeito da escuta
clínica no campo analítico: “a análise é um processo terminável enquanto se refere ao uso da
capacidade de escuta do analista, mas interminável enquanto se refere à capacidade adquirida
pelo paciente de escutar-se. O processo analítico, a partir da escuta do” psicopedagogo,
“envolve a instrumentalização da escuta do paciente em relação a si mesmo.
8.2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para se chegar às últimas palavras deste estudo, retoma-se a questão que o originou: de
que forma a escuta psicopedagógica vem contribuindo no interior da instituição escolar? A
resposta para tal indagação pode ser obtida sob as seguintes dimensões: Através da pesquisa
de campo realizada, percebeu-se que a escuta psicopedagógica não tem
acontecido/contribuído nas intervenções efetivadas na instituição escolar fonte da coleta de
dados, pois, a psicopedagoga não demonstrou exercer a escuta clínica as professoras neste
espaço.
Assim, evidenciou-se que as entrevistadas não demonstraram apropriação a respeito
do real significado da escuta para a psicopedagogia. Segundo Weffort (1997), os indivíduos
não foram educados para a escuta, nem para seu real significado. Ou seja, a escuta acaba
estereotipada exclusivamente para a função auditiva.
Cabe registrar a escassez de material sobre a escuta na psicopedagogia, fator que pode
ser preponderante quanto a sua não utilização por parte da profissional pesquisada. Assim,
visualiza se ainda, a falta de recomendações e orientações técnicas em relação à apropriação e
utilização da escuta transcendente ao que é falado e apreendido auditivamente, capaz de
captar lapsos, falhas, repetições, sintomas, queixas, o subjetivo, etc. aspectos que lhe permita
interpretação e intervenção adequadas.
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Para Macedo e Falcão (2009), a formação do terapeuta precisa estar atrelada ao
“famoso tripé – formação teórica, atividade de supervisionar-se e análise pessoal – constitui
os recursos na qualificação do processo de escutar o outro. Com isso, detecta-se que os
psicopedagogos precisam estar abertos para efetivamente escutar os professores e suas
queixas na escola, não auditivamente, mas de modo transcendente, buscando então, “a
sintonia com o ritmo do outro, do grupo, adequando em harmonia” (WEFFORT, 1997, p. 1)
para favorecer o trabalho deste no contexto escolar. Portanto, fica evidente a relevância de os
cursos de formação em psicopedagogia se adequarem a essa necessidade de estimular o
desenvolvimento da postura/atitude e escuta clínicas para que o profissional possa escutar os
professores na escola e
também desenvolver as intervenções convenientes.
O alcance da escuta psicopedagógica está conectada a apropriação de um fazer-se
terapeuta. Em virtude disso, ao se propor um estudo em torno da escuta psicopedagógica aos
professores na escola, laça-se um olhar, segundo Macedo e Falcão (2009), para a importância
dado pelo terapeuta às falas, gestos, movimentos, etc. de seu analisado, isso demonstrou o
papel da escuta deste em relação a si próprio, em sua investigação pessoal. Pois, a escuta da
psicopedagogia encontra sua vitalidade na capacidade do analista em perceber e reconhecer o
valor e a necessidade de ser ele próprio escutado, gerando em si uma capacidade que está fora
do domínio da rigidez ou da padronização, e que por isso abre espaço à escuta do outro.
31
9 - CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
ATIVIDADES / PERÍODOS 28/6 29/6 30/6 01/6 02/7 03/7 04/7 05/7 06/7 07/7
1Apresentação do Projeto de Pesquisa
Levantamento de LiteraturaX
2Elaboração do Projeto de Pesquisa
Montagem do Projeto X
3 Levantamento de Dados X X X
4Tratamento dos dados
Análise dos Dados X X X X
5 Interpretação dos Resultados e
Conclusão
X X X
Elaboração do Relatório Final
6 Revisão do Texto X
7 Entrega do Trabalho X
32
10- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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33
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