internacionalizaÇÃo da marca cruzeiro · para então elaborar um bom planejamento estratégico....

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNIBH INTERNACIONALIZAÇÃO DA MARCA CRUZEIRO DANIELLA FRANCO MALUF MARTINS BELO HORIZONTE 2007

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNIBH

INTERNACIONALIZAÇÃO DA MARCA CRUZEIRO

DANIELLA FRANCO MALUF MARTINS

BELO HORIZONTE

2007

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DANIELLA FRANCO MALUF MARTINS

INTERNACIONALIZAÇÃO DA MARCA CRUZEIRO

Trabalho apresentado ao curso de graduação em Relações Internacionais do Centro Universitário de Belo Horizonte -UniBh, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel de Relações Internacionais. Orientadora: Sylvia Marques

BELO HORIZONTE

2007

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RESUMO

Este trabalho consiste em uma analise acerca do Cruzeiro Esporte Clube, time da capital

mineira, Belo Horizonte, conhecido internacionalmente. Tinha como principais objetivos a

análise da estrutural e organizacional do clube, a pesquisa de um mercado-alvo potencial e

o estudo dos métodos de internacionalização empresarial, a fim de propor um método viável

a internacionalização da marca Cruzeiro.

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ABSTRACT

This work is an analysis about the Cruzeiro Esporte Clube, an important team from Belo

Horizonte, Minas Gerais, knew internationality. The mean goals was a structural and

organizational analysis in the Club, the potential market research and the study about the

business internalization methods, to suggest a viable method to the Cruzeiro brand

internalization.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 6 1.1 A Internacionalização da Marca Cruzeiro ................................................................ 8 2 PERMEANDO AS FRONTEIRAS NACIONAIS ........................................................... 13 2.1 Globalização ............................................................................................................ 13 2.1.1 Origem .................................................................................................................. 13 2.1.2 Globalização no Mundo Organizacional e Esport ivo ........................................ 17 2.1.3 Globalização de Produtos e Serviços ................................................................. 20 2.2 A Marca ....................................... .............................................................................. 21 2.2.2 A Marca no Mundo ............................................................................................... 23 2.3 As Organizações e as Formas para Ingressar no M ercado Internacional .......... 24 3 CRUZEIRO ESPORTE CLUBE ................................................................................... 29 3.1 Histórico .................................................................................................................. 29 3.2 Evolução .................................................................................................................. 33 3.3 O Cruzeiro no Mundo Globalizado ......................................................................... 37 3.3.1 A Parceria que não Vingou .................................................................................. 39 3.4 Participação Internacional ...................................................................................... 40 3.4.1 Compra e Venda de Jogadores ........................................................................... 41 3.4.2 Intercâmbio .......................................................................................................... 41 3.4.3 Escolinhas de Futebol ......................................................................................... 41 3.4.4 Novas Oportunidades .......................................................................................... 42 4 A INTERNACIONALIZAÇAO DA MARCA CRUZEIRO ESPORTE CLUBE: PLANO DE NEGÓCIO ....................................................................................................................... 43 4.1 Sumário Executivo ............................ ...................................................................... 43 4.2 O Serviço ................................................................................................................. 46 4.3 O Mercado-Alvo ...................................................................................................... 48 4.3.1 Dados Gerais ........................................................................................................ 49 4.3.2 População ............................................................................................................. 50 4.3.3 O Mercado Indiano .......................... ..................................................................... 57 4.3.4 O Futebol .............................................................................................................. 61 4.4 Os Clientes .............................................................................................................. 62 4.5 Os Concorrentes ..................................................................................................... 62 4.6 Os Potenciais Parceiros ......................................................................................... 63 4.7 Participação no Mercado ........................................................................................ 64 4.8 Estratégia de Mercado ............................................................................................ 65 4.8 . Plano de Marketing ............................................................................................... 66 4.9 Análise SWOT ......................................................................................................... 67 4.10 Plano Financeiro ................................................................................................... 71 4.11 Conclusões ........................................................................................................... 74 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 75 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ................................................................................. 78 ANEXOS ........................................................................................................................ 81 ANEXO A - Autorização ............................ .................................................................... 82

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ANEXO B - Escudo e Mascote ..................................................................................... 83 ANEXO C - Parte do Contrato com a Hicks Muse ...... .................................................. 84 ANEXO D - Entrevista .............................. ...................................................................... 88 ANEXO E - Classificação do Futebol Indiano ........ ...................................................... 91 ANEXO F - Política Indiana Nacional dos Esportes, 2 001 ........................................... 93 ANEXO G - Centro de Treinamento ........................................................................... 101

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1

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do comércio e do capitalismo, cada vez mais intensos e complexos

levou o mundo até a globalização. Hoje todos sabem que o mundo é globalizado, mesmo

que não saibam qual seja a definição conceitual do fenômeno ou sua origem. Mas os

reflexos são perceptíveis e não há como escapar, de uma forma ou de outra a globalização

chega até você. Notícias de diversos países, sanduíches do McDonald´s, um tênis da Nike

(marca norte-americana) produzido na China e vendido no Brasil, queda na bolsa de valores

em Tóquio com reflexo em todas as bolsas de valores do mundo. Esses pontos são mais

simplórios e menos complexos que muitos outros, como a intensificação da desigualdade

social, a crença em uma ameaça de hegemonia cultural norte-americana ou a possibilidade

da solidificação dos Estados Unidos como império. A soberania estatal vem sendo

relativizada, as fronteiras servem apenas como delimitadoras territoriais e novos atores vão

emergindo e ganhando importância no cenário internacional. O comércio vem ganhando

novas dimensões através de recursos tecnológicos cada vez mais sofisticados, a sociedade

é estimulada a consumir cada vez mais e as empresas se vêem pressionadas a conquistar e

manter consumidores e ao mesmo tempo inovar e ter ótima visão frente às oportunidades e

ameaças do mercado, para não serem engolidas pela concorrência. Atores do mundo inteiro

estão conectados e interdependentes e, sob o olhar econômico, isso se dá via alocação de

recursos.

O discurso neoliberal impulsiona ainda mais a globalização atraves da disseminação de

suas variáveis tais como a liberalização econômica, a reforma estatal, a desregulamentação

dos mercados e a privatização instigam ainda mais a competitividade. A alteração na

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legislação esportiva bebeu na fonte neoliberal para então justificar mudanças na

configuração institucional da modalidade e acabou por gerar reflexos nas estratégias de

concorrência entre os times, no caminho a ser trilhado pelo jogador e também na torcida. O

mundo globalizado gera vulnerabilidade em todos os atores do sistema internacional,

principalmente naqueles expostos explicitamente à concorrência internacional e

tangenciados pela cultura externa. O futebol não é diferente e deve se adaptar aos

parâmetros mercadológicos.

Nos maiores clubes do mundo, o futebol é visto como uma grande organização, liderado por

executivos oriundos de importantes empresas multinacionais íntimas do mercado

globalizado e estão acostumados a movimentar muito dinheiro a cada plano de marketing

que é colocado em prática. É preciso levar em conta certas peculiaridades deste esporte

que é movido pela paixão, pois elas terão reflexo direto no âmbito administrativo. Este setor

tem que levar em conta o fanatismo da torcida, o desempenho do time nos jogos e nos

campeonatos e até mesmo jogadores convocados para as seleções nacionais de futebol,

para então elaborar um bom planejamento estratégico.

Estudar o processo de internacionalização do futebol brasileiro é fazer com que o mais

famoso e reconhecido futebol do mundo permeie a fronteira nacional para conquistar

mercados estrangeiros que, muitas vezes, carecem desse emocionante esporte. O Brasil é

uma das dez maiores economias do mundo e concentra a maior quantidade de jogadores de

futebol do globo, entretanto responde por menos de 1% do valor total movimentado por esse

esporte. (AIDAR, 2000)

Embora tenha ocorrido já no século XXI, a Lei nº 9.981, de 14 de julho de 2000, que alterou

e revogou dispositivos da Lei nº 9.615/98, conhecida como Lei Pelé, traz consigo algumas

inovações. Uma delas pode ser considerada uma espécie de permissão aos clubes

brasileiros para que se tornem sociedades com fins lucrativos. Sendo assim, é possível e

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necessário a consolidação do Cruzeiro Esporte Clube enquanto uma organização, com

bases sólidas e estruturas empresariais condizentes a uma organização apta para permear

fronteiras e desenvolver um projeto de internacionalização eficiente. A escolha dessa

instituição está intrinsecamente ligada a sua história de sucesso nos gramados e sua

estrutura administrativa avançada em relação aos outros clubes do país.

Portanto, o estudo que apresenta uma maneira de internacionalizar o Cruzeiro Esporte

Clube visa desenvolver a possibilidade para o Clube obter novas conquistas, que vão além

da venda de jogadores e de recursos financeiros advindos da venda de ingressos e da

transmissão televisiva. Expandir seu mercado, conquistar consumidores e atrair

investimentos no cenário internacional, também fazem parte do processo, que tem como

escopo a entrada e a solidificação do Cruzeiro Esporte Clube como uma empresa

multinacional capaz de se manter na corrida capitalista, em busca de novas conquistas e

lucros cada vez mais significativos. De fato, a instituição aqui estudada reconhece a

importância deste trabalho, e o apóia tanto pelo fornecimento de dados e informações

(ANEXO A – Autorizaçao p. 82), como pelo interesse demonstrado em utilizar o estudo em

suas estratégias de negócios futuras.

1.1 A Internacionalização da Marca Cruzeiro

Como colocado brevemente acima, o processo de internacionalização do Cruzeiro Esporte

Clube visa desenvolver a possibilidade para o clube obter novas conquistas e elevar a

capacidade da marca de gerar receitas para o Clube, que vão além da venda de jogadores e

de recursos financeiros advindos da venda de ingressos e da transmissão televisiva. O

Brasil é conhecido mundialmente como o país do futebol, é um dos maiores exportadores

das grandes estrelas do ramo, e conta com enorme reconhecimento internacional. Porém,

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esses elementos não são explorados o suficiente para os times brasileiros se destacarem

enquanto clubes-empresas, daí a necessidade de um maior profissionalismo no âmbito

administrativo.

A inserção na economia mundial propiciará não só uma receita muito mais significativa ao

clube, como também valorizará o futebol brasileiro em termos financeiros e dificultará a

obsolescência deste.

Expandir seu mercado, conquistar consumidores e atrair investimentos no cenário

internacional, fazem parte do projeto, que tem como escopo a entrada e a solidificação do

Cruzeiro Esporte Clube como uma empresa multinacional capaz de se manter na corrida

capitalista, em busca de novas conquistas e lucros cada vez mais significativos. No entanto,

a investigação neste trabalho se resume a uma primeira etapa: apresentar um caminho

possível de ser adotado para internacionalização da marca Cruzeiro.

Inserir a marca Cruzeiro no contexto organizacional internacional é o principal objetivo desse

trabalho, uma vez que a era vigente é a era da globalização, da tecnologia e de uma disputa

mercadológica acirrada. Portanto, para se manter nessa disputa é necessária uma

reorganização empresarial no setor esportivo a fim de alcançar uma expansão de mercado

efetiva, permeando fronteiras.

Para tanto, é preciso estudar os fatores negativos e positivos do Cruzeiro Esporte Clube e

do mercado, que poderão obstruir ou contribuir para o sucesso desse estudo. Estabelecido

tais fatores é possível analisar o contexto do cenário doméstico e internacional para, então,

identificar as oportunidades e ameaças. Visto isso, será viável apresentar uma proposta de

como internacionalizar o Clube.

Eleger um mercado-alvo interessante e promissor, com experiência anterior com o

futebol.se faz preciso e o Oriente apresenta regiões com tais características. A Ásia, tanto

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social quanto geograficamente é muito diversificada, e as condições políticas e sociais que

afetam o âmbito desportivo variam de forma expressiva , passando pela China com sua

ideologia comunista, por países recém industrializados, chegando até ao Japão com sua

economia altamente desenvolvida. Um continente tão diversificado, repleto por economias

emergentes e mercados promissores é muito atrativo, pois além de tudo isso, abriga a maior

população do planeta. Sendo assim, a escolha por um país asiático, para dar início ao

processo de internacionalização da marca Cruzeiro, se torna inevitável. E torna-se também

irresistível ao se levar em conta a carência explícita pelo futebol. A Índia, pelo seu contato

anterior com tal esporte, que até o fim da década de 60 fazia muitos torcedores

apaixonados, e por ser a segunda maior população do globo, tornou-se o desejoso

mercado-alvo desse estudo.

A pesquisa de campo é uma busca realizada no local em que ocorre o problema ou em que

há elementos para solucioná-lo, portanto, o pesquisador realiza pessoalmente grande parte

do trabalho, é também uma inserção no mundo dos aspectos propostos e pode ser

continuado mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo do caminho. A

investigação documental consiste na utilização de materiais que não passaram por um

processo de análise e pode ser refeito de acordo com o escopo da pesquisa, suas fontes

são diversas e dispersas (GIL, 2002). A pesquisa bibliográfica é similar a documental,

porém a primeira se baseia principalmente em livros e artigos científicos publicados,

possibilitando assim um estudo sistematizado. Por fim, o estudo de caso é uma análise

minuciosa acerca de um ou mais elementos, a fim de ampliar e aprofundar o conhecimento,

é o que melhor se ajusta na pesquisa sobre um fenômeno atual em um cenário empírico

(YIN, 2001) pode ou não ser realizado em campo.

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Em termos metodológicos, este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa1

exploratória2, no que diz respeitos aos fins e, no que diz respeito aos meios de investigação,

pode ser considerada uma pesquisa de campo, documental, bibliográfica e estudo de caso.

Enfim, no que diz respeito à limitação do método, vários elementos podem ser observados.

O Cruzeiro Esporte Clube enquanto empresa está apenas engatinhando e muitos são os

obstáculos a serem superados, a falta de informações no que tange a um planejamento

estratégico e outros aspectos do Clube, enquanto organização, dificulta o trabalho. O setor

de destaque desse trabalho é o futebol, que não conta com departamentos específicos para

sua gestão, mas ao mesmo tempo não faz parte do todo da administração. Além do mais, o

futebol, por ser um esporte apaixonante, dificulta a imparcialidade de informações fornecidas

pelo Clube e até mesmo pela imprensa e o profissionalismo de muitos funcionários é

comprometido. Por fim, a falta de livros e artigos científicos sobre o tema do trabalho o torna

mais difícil, uma vez que os dados devem ser coletados, analisados, para posteriormente

serem aplicados no mesmo.

Com o intuito de alcançar os objetivos supracitados, esse trabalho está dividido 3 partes. A

primeira aborda o fenômeno da globalização e seus efeitos sobre as empresas, produtos e

serviços; aborda também a importância da marca no contexto organizacional, para em

seguida explicitar os métodos mais comuns para internacionalizar um negócio. A segunda

parte consiste em um minucioso estudo de caso sobre o Cruzeiro Esporte Clube,

apresentando o seu histórico, a sua evolução e sua contextualização no mundo globalizado.

1 Pode-se conceituar pesquisa como o processo sistemático e racional (GIL, 2002) de construção do conhecimento que, tem o escopo de gerar soluções a problemas evidenciados ou reafirmar ou negar um conhecimento já existente. Ela se faz necessária quando não há informações suficientes para solucionar o problema e as motivações para realizá-la são diversas desde o aprendizado até a obtenção de um título acadêmico. 2 Pautando-se em Vergara há dois critérios básicos referentes ao tipo de pesquisa: quanto aos fins e quanto aos meios. A pesquisa exploratória é feita em um campo no qual existe pouco conhecimento acumulado e sistematizado (VERGARA, 2000), tendo como objetivo primordial o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições, seu planejamento é bastante flexível e quase sempre envolve levantamento bibliográfico, entrevistas e fatos empíricos que facilitem o entendimento. “Na pesquisa exploratória não se trabalha com a relação entre variáveis, mas com o levantamento da presença das variáveis e da sua caracterização quantitativa ou qualitativa.” (KÔCHE, 2001)

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E, na terceira parte, é apresentado um Plano de Negócios que desenvolve um caminho para

internacionalização da marca Cruzeiro, ou seja, como internacionalizar a marca Cruzeiro.

2

PERMEANDO AS FRONTEIRAS NACIONAIS

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2.1 Globalização

“A globalização reflete uma percepção comum de que o mundo está sendo rapidamente modelado, através de um espaço socialmente compartilhado por forças econômicas e tecnológicas e que desenvolvimentos em uma região do mundo podem gerar conseqüências profundas para a chance de vida de indivíduos e comunidades do outro lado do globo.” (McGREW, 2001: p.1)

A Globalização é um fenômeno decorrente do capitalismo, esse que por sua vez é um modo

de produção internacional. Fatores sucessivos e simultâneos fizeram com que o capitalismo

se tornasse, no século XXI, um modo de produção global. Para tanto, enumera-se o

mercantilismo, o colonialismo, o imperialismo, o multinacionalismo, o transnacionalismo,

para então desembocar no globalismo, em uma seqüência nacional, regional e internacional,

respectivamente. (IANNI, 1998)

A origem epistemológica da palavra Globalização vem do latim, globo, que quer dizer globo,

que por sua vez está relacionado ao formato do planeta, global. O ato de tornar-se global é

globalizar (se), o que se denomina globalização. Ou seja, para mesurar a aplicação do

fenômeno basta recorrer a sua origem epistemológica e concluir que a Globalização

permeia todo o planeta.

2.1.1 Origem

Desde o início da sua existência a humanidade veio evoluindo, novas necessidades foram

surgindo até que tiveram início as trocas de mercadorias entre os homens . E, o fato de

produtos e serviços permearem fronteiras nacionais e políticas, é para muitos, fascinante.

Porém, isso não é totalmente novo e o comércio através das fronteiras se dava antes

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mesmo da Rota da Seda3. A novidade consiste nas operações inter-relacionadas de

produção, vendas e serviços, em todo o mundo (KOTABE, 2000).

É sob essa perspectiva, classificada por McGrew (2001) como cética, é que se desenvolve

esse trabalho. Ou seja, acredita-se que as interligações globais não constituem algo novo e

sim que, a globalização assume formas particulares e distintas ao longo do tempo.

Durante as grandes navegações, nos séculos XV e XVI, com a imensa necessidade do

Velho Mundo de escoar seus produtos excedentes e disseminar a fé cristã, que a Europa

teve contato com povos de outros continentes, expandindo os limites do mundo conhecido

até então. Não havia por trás interesse maior que aumentar a riqueza dos países, era o

comércio por si só, que trazia consigo uma imposição religiosa aos povos. (BECHO, 2001)

Em 1648, o Tratado de Westfália foi ratificado, inaugurando

“uma nova fase na história política daquele continente europeu, propiciando o triunfo da igualdade jurídica dos Estados, com o que ficaram estabelecidas sólidas bases de uma regulamentação internacional positiva. Esta igualdade jurídica elevou os Estados ao patamar de únicos atores nas políticas internacionais, eliminando o poder da Igreja nas relações entre os mesmos e conferindo aos mais diversos Estados o direito de escolher seu próprio caminho econômico, político ou religioso. Ficou, então, consagrado o modelo da soberania externa absoluta, e iniciou-se uma ordem internacional protagonizada por nações com poder supremo dentro de fronteiras territoriais estabelecidas”. (PERINI, 2003)

Mesmo com as novas realidades impostas pela Globalização, o sistema mundial ainda

considera a tese das relações internacionais, reafirmando a continuidade e vigência do

Estado-nação. Porém, não ignora as diferenças existentes entre os Estados nacionais e

procura portanto, fundamentar características de uma sociedade global, a fim de que o

mundo possa ser visto como uma totalidade composta por atores interdependentes. (IANNI,

1998)

3 Rota da Seda: rota que conectava o Ocidente ao Oriente, de Roma a Xian, na antiguidade (acredita-se que 8 séculos a.C)

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Porem, ~e já no século XX, com o fim da Segunda Guerra Mundial, que o capitalismo

enquanto modo de produção mundial, adquiriu maior abrangência, caracterizando uma

época de intenso desenvolvimento capitalista. Verifica-se a emergência de trustes,

monopólios e cartéis pelo mundo. Aos poucos, algumas das características do Estado-

nação vão sendo remodeladas e mudanças em nível nacional passar a ser determinadas

por regras e normas de instituições, organizações e corporações multilaterais (IANNI, 1998).

O acontecimento que contriuiu para exaltação desse fenomeno de forma intensa foi o fim da

Guerra Fria. Levando-se em conta que a Globalização era uma parte inevitável no percurso

capitalista ao longo da história, a queda do muro de Berlim significou a queda do principal

obstáculo para a disseminação do capitalismo nos quatro cantos do mundo. Com a derrota

soviética e sem nenhum outro oponente a sua altura, restava aos Estados Unidos expandir

suas ideologias e gozar de sua hegemonia4. As inovações trazidas com o pós Guerra Fria

residem nos novos temas da Agenda Internacional e na relevância de outros atores

internacionais que não os Estados no Sistema Internacional. (IANNI, 1998)

Assim, gradualmente a segurança vai dando espaço a outros assuntos de suma importância

e, os atores, antes condicionados ao molde bipolar, passam a agir de forma mais

espontânea, atores inter-governamentais (FMI, ONU) e atores não-governamentais vão se

destacando no cenário internacional e os Estados não são mais os grandes protagonistas,

aos poucos a soberania destes vai sendo relativizada5. Os recursos financeiros não são

investidos em armamento bélico, podendo ser destinados a outros setores, dentre eles o

setor tecnológico, de grande importância em um mundo globalizado, (RODRIGUES, 2003).

4 As nações que faziam parte do mundo socialista passaram a ser fronteiras de negócios e capitais 5 Conferir o texto sobre interdependência complexa. Robert Keohane e Joseph Nye – Realism and Complex Interdependence.In: VIOTTI, Paul R.; KAUPPI, Mark V. International relations theory: realism, pluralism, globalism, and beyond. 3. ed. Boston: Allyn and Bacon, 1999.

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È no fim da década de 80, em meio a este cenário, que surge a Globalização de fato,

enquanto fenômeno amplamente em suma atualmente. A Globalização pode ser definida

como um processo de conexão interdependente entre todos os atores que compõe o

sistema e o meio ambiente, ou seja, é um fluxo intenso e complexo de relações, conflituosas

ou cooperativas, é uma rede de conexões facilitada pelo desenvolvimento tecnológico, pela

intensificação das comunicações e pelo fácil acesso as informações. (JACKSON, 2003)

O escritor Chesneaux, em sua obra elaborada em 1995, ressalta que este é um processo

que excede a concepção econômica, indo de encontro com transformações no que

concerne a intensificação das comunicações, relativização tempo-espaço,

desterritorialização, integração mundial, modernidade técnica e reflexividade social.

Suas conseqüências são diversas e, diferente do que pregam alguns autores, não existe

uma ameaça de hegemonia cultural norte-americana. O resultado é um pluralismo cada vez

maior, com adaptações constantes.

Visto a contextualização histórica acerca da evolução do capitalismo e dos fenômenos

inerentes a ele, pode-se dizer que a Globalização é apenas mais uma das várias mutações

do capitalismo para se manter como sistema vigente e evitar um colapso. Para se manter

no sistema e acompanhar a dinâmica econômica, ~e preciso a adequação de organizações,

sistemas, indivíduos e instituições.

2.1.2 Globalização no Mundo Organizacional e Esport ivo

O fenômeno da globalização traz consigo a explosão de operações inter-relacionadas, tanto

de produção quanto de vendas, em todo o mundo. As relações comerciais vão muito além

de exportação e importação e as mudanças mais significativas envolvem as condições

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competitivas, uma vez que o cenário é constituído por muito mais concorrência no mundo

todo do que há duas décadas atrás.

Entrar em um mercado global é um grande desafio, mas pode trazer recompensas

satisfatórias, pois mesmo que haja um sufoco competitivo, há um leque de oportunidades

para expansão de mercado, dada a convergência constante das necessidades do

consumidor. A concorrência não possui mais fronteiras, pode ser uma empresa doméstica

ou uma empresa do outro hemisfério. A conseqüência de não acompanhar o mercado ~e

explicitada por Kotler XX

“Quanto mais as empresas demoram em tomar medidas para sua internacionalização, mais se arriscam a se isolarem dos mercados cada vez maiores (...) As companhias que se julgavam seguras dentro de seu país encontram agora os concorrentes de países vizinhos invadindo seus mercados” (KOTLER, 1998: p.435)

A noção de espaço nessa nova era é bem explicada por Scholte (2002) com sua idéia de

supraterritorialidade, em que a as fronteiras territoriais não são mais obstáculos particulares.

Já a noção de tempo permeia toda a sociedade, que tem acesso a diversas informações de

vários lugares do mundo, simultaneamente. È a mídia influenciando e facilitando a

globalização e é justamente ela a responsável pela veiculação do futebol, tido por muitos

como um espetáculo. Pacotes de campeonatos europeus podem ser adquiridos em todo o

mundo, mesmo times de pequeno porte se tornam conhecidos, esta é uma grande

oportunidade para o futebol do Brasil, o único futebol pentacampeão do mundo.

Outro ponto em que a globalização atua é o cultural, que junto à tecnologia, beneficia à

adaptação de jogadores em países com culturas diferenciadas. É possível encontrar alguns

produtos do país de origem e a internet provê acesso a canais de televisão, emissoras de

rádio, do local de origem ou qualquer outro local, ao MSN que possibilita manter contato

escrito, por áudio e por vídeo com a família, dentre outros aspectos que facilitam a

comercialização de jogadores de futebol entre diversos países.

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Em nível organizacional, a globalização pode ser abordada por um viés econômico, com

tendência a aspectos neoliberais. Esta abordagem defende que para que a globalização

decorra melhor é preciso que haja liberalização, privatização e desregulamentação e que a

interação destas geraria prosperidade, liberdade, democracia e paz ao redor do globo,

classificado por Sholte (2002) como a máxima do laissez-faire à ordem global emergente.

No que tange a liberalização, a economia global deveria ser um mercado aberto e livre, ou

seja, todas as restrições aos movimentos de bens, capital, serviço e moeda deveriam ser

removidas. A desregulamentação neste caso não quer dizer não regulação e sim a remoção

de leis e procedimentos que possam atrapalhar a atuação do mercado, por outro lado

reconhece a necessidade de leis e instituições que sustentem os mercados e promovam seu

funcionamento de forma eficiente, (SHOLTE, 2002). Em decorrência deste último aspecto

podemos citar a FIFA (Fédération Internationale de Football Association), uma instituição

que tem como um de seus objetivos a criação e manutenção de leis desportivas.

Tendo em vista o viés então considerado, novos recursos de legitimação surgem para

facilitar a vida dos atores econômicos. De acordo com Giberto Dupas (2005), estes atores

precisam reforçar as conexões entre capital e direito e entre capital e Estado para maximizar

seus poderes. A conexão entre capital e direito ocorre com o estabelecimento de novas

normas e instrumentos legais que se certificam da execução dos contratos e da

regulamentação de conflitos. Os processos de arbitragem internacional remetem a idéia de

um direito transnacional, que vem se consolidando de forma independente de legislações

domésticas ou internacionais, uma área de direito autônoma que anda lado a lado com a

legislação política. È uma “espécie de lei global sem os Estados (...) cuja função é permitir a

legitimação – legal e não, social ou política - do capital” (Dupas, 2005:117). È sobre este

contexto que o futebol está inserido, a FIFA entra novamente como a instituição onde se dão

os processos de arbitragem internacionais do futebol.

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O negócio do esporte vem se tornando cada dia mais crescente e estudos realizados no

final da década de 80 já demonstravam esse crescimento. Um relatório elaborado em 1990

revelou que o Produto Interno Produto dos Esportes dos Estados Unidos, somando serviços

e produtos, foi de U$63,1 bilhões em 1988. Um ano antes, a indústria do esporte estava em

23º lugar dentre as 50 maiores indústrias dos EUA, considerando o PIB, (STOTLAR, 2002).

É importante lembrar que, embora o patrocínio esportivo seja visto como a forma

predominante no marketing esportivo, há diversos outros elementos que permitem uma

maior divulgação da marca nesse segmento, refletindo na incrementação da receita,

(MORGAN, 2007). As parcerias e alianças estratégicas podem ser percebidas de forma

intensa no futebol.

Na arena esportiva internacional existem instituições responsáveis pela harmonização e

regulamentação do esporte em nível mundial. Não só a FIFA, como citada anteriormente,

mas diversos outros, como o Comitê Olímpico Internacional (COI) maior autoridade acerca

dos Jogos Olímpicos. Ou seja, cada esporte possui uma federação internacional específica ,

que tem como principal função o estabelecimento de regras e normas e a realização de um

campeonato mundial do seu esporte (STOTLAR, 2002).

Enfim, com a globalização, todas as decisões referentes a produtos, serviços e comércio

internacional ficaram entrelaçadas e a transnacionalização organizacional se disseminou

pelos quatro cantos do mundo. Uma fatia expressiva desse comércio se dá intrafirma,

liderada pelo investimento externo, resultando na desverticalização6 da atividade produtiva.

As organizações estão constantemente à procura de mercados que possuam vantagens

comparativas ou mercados que estão aptos a absorverem seus modos de produção e

serviços, (VASCONCELLOS, 2006).

6 Aumento da escala de operação, redução de custos, ampliação da participação em mercados nacionais e internacionais, etc.

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2.1.3 Globalização de Produtos e Serviços

Para René Dreidfuss (2001) a globalização é impulsionada, pelo o que o autor denomina de

tripé financeiro, que são: o sistema bancário, os fundos mútuos de ação e as seguradoras

junto com os fundos de pensão. Segundo ele, atualmente a economia de serviços é mais

poderosa que a economia produtiva, já que produzem U$ 15 trilhões7 e U$ 5 trilhões

respectivamente.

As transações internacionais de serviços são deixadas de lado em grande parte das

análises de comércio internacional. Acredita-se que isso ocorre devido à intangibilidade,

invisibilidade e imaterialidade, em geral, dos serviços, que em si mesmos não cruzam

fronteiras. È muito difícil a obtenção de valores numéricos referentes a tais transações e na

conta de balanço de pagamentos da OMC elas estão distribuídas dentro de serviços

comerciais. Ao analisar os dados dessa instituição constata-se que o comercio internacional,

realmente cresceu a taxas superiores às do comercio internacional de bens, de 1980 a

1990. Os Estados Unidos lideram o ranking de exportadores e importadores de serviços.

Nem sempre ocorre o deslocamento internacional do produtor, através do estabelecimento

da empresa no país estrangeiro, uma das possibilidades é um deslocamento temporário de

mão-de-obra, geralmente muito bem qualificada, (GONÇALVES, 2005).

Em um cenário econômico mundial repleto de inter-relações de capitais e serviços, a

globalização financeira se distancia cada vez mais do controle estatal e de instituições

financeiras, reflexo de inovações tecnológicas financeiras e telecomunicativas. Produtores e

gestores transnacionais são os tomadores de decisões responsáveis pelos inúmeros

processos interativos que, por sua vez, retratam uma interação, tanto seletiva quanto

excludente, das corporações estratégicas. Deixando gradativamente explícita a

7 Capital financeiro junto com atividades e funções de telecomunicações e de informações.

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diferenciação entre os produtos comerciáveis e as facilidades intangíveis de produção que

tornam possível a produção de riqueza material, denominados bens e trunfos

respectivamente. A produção e os serviços produtivos também são atingidos pela

globalização e visam satisfazer mercados cada vez mais diversificados regidos por regras

cada vez mais globais. A padronização é percebida em mesmo grau no que diz respeito ao

consumo, o que gera uma homogeneização de produtos e serviços, porém, ao mesmo

tempo, é preciso levar em conta variedade societária de diversos países, ou seja, o

processo de globalização também é orientado pela diversidade cultural (DREIDFUSS,

2001).

2.2 A Marca

Os balanços fazem parte de um passado não muito distante em que a gestão global era

feita através das analises desses resultados; modernamente a avaliação de uma marca é

fonte potencial de benefícios futuros e, por isso, partir da década de 80 tornou-se comum

uma organização pagar pelas aquisições de empresas até 25 vezes o valor de seus

resultados. Tal diferença entre o preço pago pela aquisição e o valor líquido contábil da

empresa é denominada goodwill – que pode ser explicado como sendo a relação entre a

análise financeira e a análise de marketing da marca (KAPFERER,2003).

Criar uma marca é transformar a categoria do produto adicionando ao um mesmo valor

passível de reconhecimento por parte do cliente. As grandes marcas adquirem, em relação

ao mercado, uma posição dominante; é essa posição, essa concepção que dá energia à

marca e alimenta as transformações que dela partem em direção aos produtos para

transformá-los de acordo com seu conceito ideal de imagem e de qualidade. A marca é,

efetivamente, o ponto de referência de todas as impressões positivas e negativas formadas

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pelo comprador ao longo do tempo. É a marca que traduz na memória dos seus

consumidores a função de compra que gera a permanente atividade da empresa. Ela pode

ser classificada como forte quando, ao longo do tempo, ela adquire difusão do seu nome,

notoriedade pelo o que representa e a imagem que forma na mente dos consumidores,

(KAPFERER, 2003).

É necessário analisar as funções que a marca desempenha frente aos consumidores, para,

então, entender como ela se torna referencia de crescimento e rentabilidade. Em primeiro

lugar, a marca é um símbolo que revela as qualidades intangíveis e intrínsecas , ocultas no

produto. São características , inacessíveis aos sentidos humanos e onde se joga a

imaginação para influenciar nos processos mentais de compra. Sendo assim a função da

marca é muito bem delimitada consistindo em se manter viva na mente dos clientes,

utilizando-se de um símbolo reconhecido para que a escolha ocasione igualmente uma

economia de tempo (KAPFERER, 2003).

“Em marketing entende-se que toda estratégia eficaz deve estar orientada para o mercado, podendo haver, quando muito, um certo conflito entre estratégia corporativa (a cultura empresarial, os meios de produção, por exemplo) e a estratégia de marca, gerando eventuais contrastes entre várias unidades das corporações, fato que leva ocasionalmente ao desgaste prematuro de algumas marcas. Entendendo que a estratégia de marca é parte da estratégia corporativa, concentrada exclusivamente no posicionamento dos produtos ou serviços na mente do público-alvo. A meta das duas posições estratégicas é o desenvolvimento de uma vantagem competitiva ágil, orientada para o mercado (sociedade) e os consumidores”. (ROBERTO MARTINS, 2000: p.27)

2.2.2 A Marca no Mundo

Poucas são as marcas, produtos e serviços que detém um potencial natural para uma

expansão ampla e globalizada e, na maioria dos casos, o brand equity é apenas de

relevância regional e esse termo pode ser entendido como

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“tudo aquilo que um marca possui, de tangível e intangível, e que contribui para o crescimento sustentado dos seus lucros; é o somatório dos valores e atributos das marcas, que devem se transformar em lucros para os seus proprietários e acionistas”. (ROBERTO MARTINS, 2000)

Mas deve-se lembrar também que algumas marcas de serviços ou produtos tenham

oportunidades de expansão, porém mal exploradas, bastando apenas uma boa campanha

de marketing para lançar o serviço ou produto a novos mercados consumidores. Para

muitas marcas que desejam globalizar-se não há valores satisfatórios para proporcionar o

sucesso externo, portanto é preciso agregar valores ao produto ou serviço para que esses

sejam verdadeiramente diferenciados e tenham fácil e rápida adaptação no novo mercado.

Ao fundir o poder de consumo de mercados novos e promissores com a necessidade de

capital para investimento, como o é caso do Cruzeiro, a parceria com as marcas

internacionais são extremamente oportunas para as marcas domésticas que, ainda que bem

posicionadas, carecem de parceiros e investidores e não possuem suporte local adequado

para conseguir elevados volumes de capital de investimento a preço justo (BLECHER,

1997).

2.3 As Organizações e as Formas para Ingressar no M ercado Internacional

As organizações podem ser classificadas em domésticas, internacionais, multinacionais e

globais ou transnacionais, embasando-se na sua atuação no cenário econômico

internacional. Para ser classificada como doméstica, a organização deve estar voltada

única e exclusivamente para o mercado nacional. A organização internacional é aquela que

possui uma participação modesta no comércio estrangeiro e a maioria dos seus importantes

contatos lá fora são através de intermediários influentes. Aquela que realiza diversas

transações e investimentos com variados países, estando instalada em muitos desses,

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apresentando elevada participação internacional, é uma organização multinacional. A

organização global apresenta as mesmas características de uma multinacional, porém sua

participação é muito mais significativa e conta com mais liberdade para agir, estabelecendo

suas próprias estratégias de acordo com o seu mercado local. (WRIGHT, 2000)

Não são todos os negócios que precisam expandir seu mercado ambicionando uma

participação sólida no mercado global. Porém, há certos negócios que vão muito além do

setor doméstico e por isso a necessidade de pensar e agir globalmente. Portanto, as

organizações que atuam em setores globais devem competir em nível mundial se almejarem

uma colocação bem-sucedida no mercado internacional, (KOTLER,1998).

O termo internacionalização pode ser entendido como a decisão de operar

internacionalmente, impulsionada por diversos motivos desde crises no mercado interno a

descoberta de mercados estrangeiros que ofereçam grandes oportunidades de lucro.

Devem-se levar em conta os inúmeros obstáculos, dificuldades e riscos ao se permear

fronteiras internacionais e, por isso a decisão de agir em âmbito global só é efetivada

quando há uma alavanca impulsionadora, como uma grande oportunidade para competir

com o concorrente estrangeiro, (KOTLER,1998).

Assim que uma organização decide se internacionalizar, ou seja, vender em um país

estrangeiro, deve determinar o melhor método para penetrá-lo, (KOTLER,1998). Os

diversos métodos de entrada variam conforme o grau de controle fornecido à organização,

tendo em vista que quanto maior o controle da organização entrante, maiores são os riscos,

os custos e os compromissos, (KOTABE, 2000). A escolha da maneira mais eficiente para

penetrar e operar no mercado estrangeiro escolhido apresenta algumas alternativas

estratégicas de escolha. Tem-se a exportação, maneira mais utilizada, que pode ser direta,

em que a própria empresa, mesmo utilizando outros intermediários, realiza a exportação; ou

indireta, realizada por uma trading company ou por uma comercial exportadora. Já o

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licenciamento ou franchising consistem na alocação da patente ou da marca, tendo o

intermediário no país estrangeiro a permissão para explorar tais ativos intangíveis naquele

mercado. Outra forma de atuar no mercado externo é através de uma joint-adventure, que

apresentam vários caminhos, da propriedade conjunta ao acordo com vários parceiros. Há

também a aliança estratégica, que tem por objetivo a dominação, total ou parcial, de

determinado segmento, através de alianças com outras empresas (VASCONCELLOS,

2006).

A exportação é a via através da qual a grande parte das empresas começa sua expansão

internacional, sendo para as pequenas a única alternativa. Para aquelas que pretendem

seguir esse caminho, existem três opções, não só a direta e indireta, mas também a

cooperativa. A exportação direta oferece certas vantagens frente à exportação indireta,

como o maior controle do exportador sobre suas exportações estrangeirais, o que torna o

potencial de vendas muito mais relevante, existe também a possibilidade da empresa

montar sua própria rede de distribuição, obtendo assim um melhor feedback do mercado

estrangeiro. A exportação indireta por sua vez, é considerada uma forma de testar o

mercado a ser penetrado, envolvendo baixo comprometimento, já que a empresa utiliza um

intermediário para vender seus produtos em mercados estrangeiros. Já a exportação

cooperativa, considerada por alguns autores como exportação indireta, é utilizada por

empresas que não desejam disponibilizar recursos para estabelecer sua própria distribuição,

porém almejam certo controle sobre suas operações estrangeiras; o piggy back é o modo

mais utilizado e consiste na utilização da rede de distribuição de uma empresa, doméstica

ou internacional, por uma empresa que quer vender seus produtos além das suas fronteiras

nacionais (KOTABE, 2000).

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O licenciamento é uma operação contratual em que a licenciadora (a empresa) oferece, em

troca do pagamento de royalties, alguns ativos8 a licenciada (empresa estrangeira). Esse é

um meio de penetração que vem se mostrando rentável, não exige recursos da empresa,

permite o contorno de barreiras às importações por parte da empresa licenciadora, assim

como acesso a mercados altamente protecionistas, além de grande parte dos riscos ficar

nas mãos do licenciado. Por outro lado, as receitas advindas do licenciamento podem ser

relativamente baixas se comparadas com outras formas de penetração, o potencial de

vendas está intrinsecamente ligado ao entusiasmo do licenciado, além da possibilidade do

licenciado de hoje ser o grande concorrente de amanhã, (KOTABE, 2000).

As franchisings, também conhecidas como franquias, podem ser definidas como

“um sistema de gerenciamento de comercialização (ou marketing) de um produto ou de um serviço, e fundamenta-se na colaboração íntima entre duas empresas (em que) as empresas utilizam a tecnologia comercial de gestão, mostrando a mesma forma de apresentar, vender e gerenciar uma loja” (VASCONCELLOS, 2006: p.219)

Em suma, o franquiado recebe o direito de uso da marca registrada, para tanto, efetua

pagamentos de royalties ao franquiador. Os riscos para esse último são muito limitados e

ele pode adquirir conhecimento dos diversos mercados franquiados (KOTABE, 2000). Deve-

se levar em conta a necessidade de um alto expertise por parte do franqueador no que

concerne a capacidade de adaptação do negócio às adversidades socioculturais e ao

mesmo tempo manter suas características (VASCONCELLOS, 2006).

As joint-ventures muitas vezes são realizadas para diminuir custos de produção, atenuar o

poder da concorrência, facilitar e agilizar o acesso à tecnologia, dentre outros aspectos que,

através da associação de duas ou mais empresas, permitem a concretização de negócios

que não seriam efetivadas se tentadas separadamente (VASCONCELLOS, 2006). Tais

8 Marcas registradas, know how tecnológico, processos de produção e patentes, são exemplos de ativos que podem vir a fazer parte de um contrato de licenciamento.

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parcerias não são apenas compartilhamento de riscos e capital, é preciso harmonizar as

habilidades e os recursos disponíveis a fim de se obter uma sinergia. Uma das grandes

vantagens que tais associações apresentam é o seu potencial de retorno, reflexo do seu

maior engajamento. Porém, a falta de controle pleno e as desconfianças e atritos entre as

parceiras, são problemas que podem corroê-las (KOTABE, 2000) .

As alianças estratégicas se dão de diversas formas, desde um simples contrato de

licenciamento até uma ampla rede de vínculos; natureza das alianças também varia de

acordo com as experiências oferecidas pelos parceiros9 (KOTABE, 2000). O viés

colaborativo vem se mostrando cada vez mais utilizado por empresa que atuam em

ambientes voláteis e, de certa forma, complexos, tal como a arena ‘futebolística’.

Essas alianças são oportunas sempre que duas ou mais empresas podem se complementar

em um projeto, quando uma delas tem um know how significativo em determinado segmento

e a outra conhece um mercado potencial e possui capital para investimento, por exemplo

(BATISTA JUNIOR, 2001). De acordo com Kotabe (2000), as alianças estratégicas

obedecem a uma lógica, que vai de acordo com os objetivos da empresa para se manter no

mercado; pode ser defesa, conquista, permanência ou reestruturação. Mas em todos os

casos as empresas ganham com a especialização de cada aliado estratégico, se tornam

mais eficazes e podem disponibilizar para cada tipo de consumidor um leque de produtos e

serviços lapidados de acordo com suas necessidades, (DREIDFUSS, 2001).

Portanto, essa ~e a maneira que o presente trabalho propõe para o Cruzeiro conquistar

novos mercados internacionais, ou seja, através de alianças estratégicas bem

fundamentadas, o Clube formará parcerias com investidores e patrocinadores. Os

9 Embora não seja descrita por Kotabe, deve-se levar em conta a duração das alianças estratégicas, bem explicitada por Antonio Batista Junior (2001): as alianças temporárias se dão entre os concorrentes em um ambiente altamente competitivo, a fim de solucionar um problema que os afeta, muitas vezes tendo como conseqüência a cartelização, não necessitam de grande formalidade; as alianças duradouras são geralmente planejadas para dar resultados a médio e longo prazo; muitas vezes resultam em fusão.

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investidores entrarão com o capital para a construção do Centro de Treinamento e sua

manutenção, junto aos patrocinadores, que também elaborarão as estratégias de marketing.

Enquanto ao Cruzeiro, cabe a disponibilização do seu know how no que concerne a

formação de jogadores para nível profissional.

3

CRUZEIRO ESPORTE CLUBE

3.1. Histórico 10

Em 1918, os italianos chegaram a noticiar a fundação do Palestra Brazil, na capital de Belo

Horizonte, mas por razões diversas, acabou ficando apenas na publicidade. Em fins de

1920, uma crise no Yale Athletic Club, que mantinha muitos atletas italianos, se tornaria o 10 CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, 2007.

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pretexto para uma nova tentativa de se criar um clube da colônia na capital, similar ao

Palestra, de São Paulo.

A crise acabou resultando na saída de alguns jogadores do Yale como Nulo Savini, Júlio

Lazarotti, Hamleto Magnavacca, Domingos Spagnuolo, os irmãos Arduino, Sílvio e

Henriqueto Pirani, mais João Ranieri, que era sócio gerente da firma Agostinho Ranieri e

Filhos, que ficava em um antigo prédio na rua Caetés, no centro, ponto de reunião dos

meios futebolísticos da capital.

Estes desportistas concordaram então em planejar a criação de um novo clube em Belo

Horizonte, para representar e integrar a colônia italiana. A idéia foi apoiada pelas famílias

Savassi, Mancini, Lode e Noce, que prometeram mobilizar toda a colônia para viabilizarem o

projeto.

A primeira reunião ocorreu em 25 de dezembro de 1920 e foi presidida pelo cônsul italiano

em Belo Horizonte, na Casa D’Itália, que era um prédio da rua Tamóios, que acabou sendo

desapropriado pelo governo brasileiro, durante a 2a Guerra Mundial, após a declaração de

estado belicoso à Itália, pelo presidente Getúlio Vargas.

Após a primeira reunião, os 92 presentes resolveram marcar uma nova, para o dia 2 de

janeiro de 1921, que teve o número reduzido para 72 pessoas presentes. Neste encontro

ficou deliberado que o novo clube teria o mesmo nome e os estatutos da Societá Sportiva

Palestra Itália, de São Paulo.

As cores adotadas, como não poderiam deixar de ser, foram as mesmas da bandeira

italiana: verde, vermelho e branco. O primeiro uniforme do clube foi camisa verde clara,

calção branco e meias vermelhas com detalhes em branco e verde.

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As bases para o lançamento de uma nova agremiação esportiva não ficou apenas na

escolha de um corpo de diretores e atletas, um nome e um uniforme. Aquele grupo de

esportistas traçou um plano que contava com a construção de um estádio e a entrada da

equipe no Campeonato da 1ª Divisão.

A aquisição de bons jogadores espalhados pelos clubes da capital também fazia parte deste

plano, com o objetivo de se montar uma grande equipe para desbancar o América, que era

o papa-títulos da cidade. No entanto, ao se constituir os estatutos do clube surgiu a primeira

controvérsia entre os fundadores, pois uma das cláusulas exigia que apenas descendentes

italianos poderiam participar do Palestra.

A medida não agradou uma parte dos sócios-fundadores que consideravam que a cláusula

pudesse se tornar pouco simpática aos meios esportivos da capital. No entanto, a cláusula

inicial acabou prevalecendo, mesmo a contragosto de uma grande parte dos palestrinos.

Além de se caracterizar como uma equipe de descendentes de italianos, o Palestra também

se destacava por possuir elementos da classe trabalhadora de Belo Horizonte, ao contrário

do Atlético e do América, que tinham o seu plantel constituído de estudantes universitários

procedentes das famílias influentes e ricas da cidade.

No corpo social do Palestra prevaleciam homens da profissão de pedreiros, pintores,

carreteiros, comerciários e marceneiros, que eram os filhos dos imigrantes que vieram

construir a nova capital e que herdaram de seus pais a mesma profissão. Outra

característica marcante era o fato do time ser todo nascido em Belo Horizonte.

O primeiro jogo do Palestra foi disputado no dia 3 de abril de 1921, no Estádio do Prado

Mineiro. O Palestra venceu pelo placar de 2 a 0 sobre um combinado formado por jogadores

do Villa Nova, que era o clube dos ingleses e Palmeiras, que era um outro clube de Nova

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Lima. Nani (João Lazarotti), foi quem marcou os primeiros gols oficiais da história do

Cruzeiro. Na preliminar da partida, o quadro de aspirantes do Palestra empatou em 1 a 1

com os aspirantes do Atlético, com ambos os gols sendo marcados em cobranças de

pênaltis.

A partir de 1922, o Palestra assegurou o posto de 2º melhor time da cidade sobrepujando o

Atlético. Foram quatro vice-campeonatos consecutivos de 1922 a 1925. No campeonato de

1922, o Palestra mais uma vez ameaçou seriamente a hegemonia do América ao terminar a

competição empatado em número de pontos com o alviverde. A situação de ambos os

clubes acabou provocando, pela primeira vez na história do campeonato uma decisão extra.

No entanto, mais uma vez, o Palestra foi derrotado pelo América por 2 a 1, na primeira

decisão de campeonato da história do clube. Nesta partida o Palestra acabou

desperdiçando um pênalti que foi decisivo para a perda do título. Já a equipe de aspirantes

do Palestra arrebatou o Campeonato da Cidade de 1922 conquistando o primeiro título

oficial da história do clube.

Em 1925, prevaleceu a vontade da maioria dos associados do clube que gostariam de ver o

Palestra como um grande clube, com a extinção da cláusula dos estatutos que impedia a

participação de atletas de outras nacionalidades no clube. A partir daí, o Palestra abriu as

suas portas para qualquer desportista sem distinção. A medida também seria importante

para o aumento do quadro de associados do clube e de sua massa torcedora, quando

deixaria de ser um clube restrito a uma colônia para ser um clube da cidade.

Outra modificação feita foi o aportuguesamento do nome do clube que passou a se chamar

Sociedade Sportiva Palestra Itália. O primeiro jogador de outra nacionalidade que o clube

recebeu foi Nereu, que era da colônia sírio-libanesa e jogava no Sport Club Sírio

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Horizontino. Em 1929, o Palestra contratava o zagueiro Bento e se tornava o primeiro dos

três grandes clubes da capital a integrar um atleta negro em seu elenco.

Em 1936, alguns dirigentes e ex-atletas lideraram um movimento de nacionalização do

Palestra que levou o nome de “Ala Renovadora”. A intenção do grupo era mudar o nome do

clube que já havia deixado de ser uma associação exclusiva da colônia italiana e por isso

não havia mais sentido em se usar o nome Itália.

A idéia sofreu resistências mas acabou ganhando aliados. Em 30 de janeiro de 1942, em

plena 2ª Guerra Mundial, o governo brasileiro que já havia declarado guerra aos países do

eixo, através de um decreto-lei, determinou a proibição do uso de termos e denominações

referentes às nações inimigas. Neste dia então o Palestra Itália passou a se chamar

Palestra Mineiro.

A idéia de se transformar o clube numa entidade totalmente brasileira só foi concretizada em

29 de setembro de 1942, quando numa reunião da diretoria foi aprovada uma nova

mudança no nome do clube que passou a se chamar Ypiranga. No entanto, o novo nome só

durou uma semana e o time atuou com este nome em apenas uma partida.

Finalmente, no dia 7 de outubro de 1942, numa nova reunião dos sócios e dirigentes que

acabou com a renúncia do presidente Ennes Cyro Poni, foi aprovado o novo nome do clube:

Cruzeiro Esporte Clube. Uma homenagem ao símbolo maior da pátria, a constelação do

Cruzeiro do Sul e que foi sugerida pelo ex-presidente do clube, Oswaldo Pinto Coelho.

3.2. Evolução

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No decorrer dos anos o Cruzeiro foi se adequando em termos estruturais e em novembro de

1956 foi inaugurada a Sede Urbana. Localizada na região central de Belo Horizonte, possui

uma área de 11 mil metros quadrados e um prédio onde funcionou, por vários anos, o setor

administrativo do Clube e as reuniões do Conselho Deliberativo.

No ano de 1957 foram iniciadas as obras de construção da Sede Campestre, situada na

parte nobre da Pampulha, em uma área de 55 mil metros quadrados, doada ao Cruzeiro

pelo saudoso empresário, Américo Rene Gianetti. O complexo esportivo é composto de

piscinas, quadras de futebol de salão e basquete, campos de futebol soçaite com grama

sintética, quadras poliesportivas e quadras de peteca ao ar livre, além de um ginásio de

bocha e boliche, constituído de quatro canchas de bocha e quatro pistas de boliche.

Tem também, um salão de jogos com sinuca, ping-pong e mesas de baralho, E ainda,

integrando o complexo, campos de futebol, bares, restaurante, pizzaria, quiosques,

churrasqueiras para uso do associado, além de amplo estacionamento.

Com a inauguração do Mineirão, estádio localizado na Pampulha, em 1965, o clube se

transformou em potência nacional e ficou conhecido em todo o mundo. Organizado em

todos os seus setores o time azul das cinco estrelas revelou para o Brasil e para o mundo

uma constelação de craques como Tostão, Piazza, Natal, Dirceu Lopes, dentre outros,

mostrando ao país uma nova realidade futebolística até então restrita ao eixo Rio de Janeiro

– São Paulo.

Com a conquista da Taça Brasil em 1966 e do Pentacampeonato Mineiro de 65 a 69, o

clube passou a ter a maior torcida do Estado. Era tão visível o aumento progressivo da

torcida cruzeirense, que o escritor Roberto Drummond, que era atleticano, o comparou ao

aumento do índice demográfico anual da China, que é o país mais populoso do mundo. A

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partir daí, o reconhecimento do cronista fez com que a crônica desportiva mineira passasse

a se referir a massa cruzeirense como a “China Azul”.

Em fevereiro 1973 foi inaugurada a Toca da Raposa I, com um espaço de 90 mil metros

quadrados, na região da Pampulha. Essa foi a primeira construção do Brasil projetada para

a concentração de futebol e até a construção da Toca II, era, sem dúvida, a mais moderna

e completa concentração de Clubes do Brasil, tanto é que serviu como local para a

preparação da Seleção Brasileira, que disputou a Copa da Espanha em 1982. Um cenário

todo verde, com muita tranqüilidade para os atletas.

A Toca já se tornou atração turística em Belo Horizonte. Do amplo estacionamento, se vê o

pavilhão central com 100 metros de comprimento por 25 de largura, e os vestiários que

ocupam uma área de 30 metros. Um pouco mais além, está o campo de treinos, com

medidas oficiais e com uma arquibancada de 17 degraus, com capacidade para mais de mil

pessoas. Durante mais de 30 anos, a Toca I foi palco dos treinamentos da equipe

profissional de futebol do Cruzeiro.

A conquista da Copa Libertadores da América, em 1976, fez com que a paixão pelo Cruzeiro

ultrapassasse fronteiras e o time, que com nomes como Raul, Palhinha, Joãozinho, Zé

Carlos e Nelinho, passou a ser um dos clubes mais respeitados do futebol mundial. Então,

os esforços para uma melhor estrutura condizente com o conhecimento que vinha

recebendo, foram se tornando cada vez mais expressivos.

No dia 02 de setembro de 1989, a administração do clube inaugura a Toquinha. Até hoje,

considerada a maior concentração da América do Sul para amadores, que recebeu o nome

do ex-vice-presidente do Clube, já falecido , Eneas Paulo de Ávila.

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Localizada entre as árvores frutíferas, em uma área de 720 metros quadrados, a

concentração é dotada de apartamentos com capacidade para seus atletas, refeitórios,

departamento médico, sala de lazer e outras dependências, com o mesmo conforto da Toca

da Raposa I.

Em setembro de 1992 foi inaugurada a Sede Campestre II. Esse foi mais um

empreendimento a fim de proporcionar lazer e conforto para os associados, além de

enriquecer o patrimônio do Clube.

A seqüência de títulos que o Cruzeiro conquistou nos anos 90, ao todo foram 17 títulos,

confirmou a sua condição de time da década. Com uma estrutura muito avançada frente à

realidade dos clubes brasileiros, o Cruzeiro sempre trabalhou firme para continuar mantendo

na garganta de cada cruzeirense a frase que a massa não cansa de cantar: “ Um, dois, três!

Campeão mais uma vez!”.

A inauguração da Toca II ocorreu no em março de 2002. Os treinamentos da equipe

principal foram transferidos para lá e a Toca I passou a ser, exclusivamente, para os

treinamentos das categorias de base e para o intercâmbio entre atletas de outras

nacionalidades. A Toca da Raposa II, ainda mais completa, conta com hotel, área

administrativa, auditório com sala de projeção, centro médico, vestiário, saunas seca e à

vapor, banheiras de hidromassagem, centro de musculação e recuperação física, sala de

imprensa, quadra poliesportiva, quatro campos de futebol com dimensões oficiais e áreas de

lazer, pomar e horta.

No segundo semestre de 2003 foi inaugurada a Sede Administrativa, pois a administração

do clube havia crescido significativamente. Portanto, foi construído um prédio de oito

andares no centro da cidade, capaz de abrigar toda a parte administrativa do clube.

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Ainda em 2003, o Cruzeiro sagrou-se campeão das três principais competições disputadas

no país, conquistando a inédita Tríplice Coroa. No primeiro semestre do ano, conquistou o

Campeonato Mineiro de forma invicta e assim, também, conquistou o Tetracampeonato da

Copa do Brasil. Em seguida, veio a conquista do Bicampeonato Brasileiro por pontos

corridos, considerado o maior e mais difícil de toda a história do futebol brasileiro.

O Cruzeiro encerrou o campeonato com 13 pontos de vantagem sobre o vice-campeão; com

100 pontos na tabela e 102 gols marcados, um recorde na história do Brasileirão. A torcida

cruzeirense também conquistou sua Tríplice Coroa, sendo campeã de público nas três

competições. E ainda bateu o recorde do Campeonato Brasileiro de 2003, com 73.141

pagantes no jogo Cruzeiro 2 x 1 Paysandu, pela 44ª rodada, dia 30/11/2003. Jogo esse, em

que o Cruzeiro se sagrou Campeão com duas rodadas de antecedência.

3.3 O Cruzeiro no Mundo Globalizado 11

O Cruzeiro Esporte Clube possui hoje a maior torcida de Minas Gerais e a 4 ª e a 6ª maior

torcida do sudeste e do país, respectivamente, segundo a pesquisa LANCE/IBOPE

realizada em outubro de 2004. Somando a estrutura, os títulos e a torcida, tem-se um imã

de parcerias estratégicas de sucesso.

A primeira parceria internacional do Clube foi referente ao seu patrocinador, a Coca-cola

(1987-94) seguido pela Fiat (1999-2003) e a Siemes (2004-05). No final de 2005, o contrato

com a Siemens acabou e o Clube já havia estabelecido como meta para o próximo

patrocínio um valor que correspondesse ao que a marca Cruzeiro valia, ou seja, de acordo

11 CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, 2007.

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com a capacidade de distribuição quando fosse também patrocínio de material esportivo e

valor agregado a marca patrocinadora.

A partir da referida data o Clube ficou sem patrocínio, situação que se estendeu até outubro

de 2006. Foram dez meses sem patrocinador, mas repletos de negociações, o que levou a

imprensa divulgar possíveis nomes como LG, Fiat, Renault e Petrobrás.

A elegida foi a Xerox, que firmou contrato de quinze meses envolvendo além de patrocínio

financeiro, uma troca de know how, sendo o maior contrato de patrocínio da história do

clube. Esse contrato foi recendido em junho de 2007, porque o Cruzeiro recebeu uma

proposta, de significante relevância financeira da Construtora Tenda Empresa Mineira, que

junto a Puma e a Aethra compõe o atual grupo de patrocinadores.

Com o objetivo de suprir a demanda dos torcedores, o Clube criou e construiu a loja oficial

do Cruzeiro Esporte Clube. Em seguida buscou no mercado uma empresa capaz de

administrá-la, a Club Store, sendo então inaugurada no dia 1º/12/2003 a Cruzeiro Mania.

Esse contrato de terceirização teve duração de dois anos, encerrado em dezembro de 2005

e firmado, em seguida, com a Rochos e Comercial até dezembro de 2008.

Essa última é a maior empresa do segmento no mercado brasileiro e possui lojas

espalhadas pelo país, o que contribui para um crescimento acelerado da loja oficial do

Cruzeiro, que hoje em dia disponibiliza mais de quatrocentos produtos licenciados12, que

vão da linha de futebol profissional completa, passando pela linha de passeio e pela linha

feminina, até a linha infantil e linha cama, mesa e banho.

12O Cruzeiro, a fim de ampliar seus investimentos, criou o Programa de Licenciamento do Cruzeiro, garantindo a inteireza da sua marca. Qualquer empresa interessada pode licenciar seus produtos e vende-los nos quatro cantos do mundo, para tanto, basta estar devidamente registrada e em dia com suas obrigações fiscais.

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O sucesso da loja tem relação direta com o seu patrocinador de material esportivo,

atualmente a Puma, que também disponibiliza alguns de seus produtos na loja oficial do

Clube. Na segunda quinzena de dezembro de 2007, será inaugurado, na Savassi, o ponto

de encontro do torcedor cruzeirense, que conta com uma loja Cruzeiro Mania, uma loja

Puma e um bar temático. Cabe aqui ressaltar que o sucesso de grande parte da venda de

produtos estão intrinsecamente ligados ao mascote do time, o Raposão13 (ANEXO B, p. 83).

Ao findar o contrato com Topper, o Cruzeiro enviou propostas comerciais a várias empresas

de fornecimento de material esportivo tais como Adidas, Nike, Puma, Reebok e Umbro, o

Clube recebeu propostas de todas essas empresas.

Em novembro de 2006, foi anunciado que a Puma havia sido a escolhida como o novo

patrocinador e distribuidor de materiais esportivos, o contrato vai até 2008.

3.3.1 A Parceria que não Vingou

Uma experiência única para o Cruzeiro foi a parceria com o fundo de investimentos texano

Hicks Muse Tate & Furst Inc. (HMTF), que investiu não só no Cruzeiro Esporte Clube, mas

também no Sport Club Corinthians Paulista. A empresa acreditava que dentro de alguns

anos poderia gerar uma rentabilidade em torno de 30% do investimento aos seus

investidores, porém em um espaço de tempo mais de dez vezes menor que o esperado, ela

abandou os investimentos brasileiros nesse setor.

A parceria entre o Cruzeiro e a Hicks Muse foi firmada em São Paulo em 28 de setembro de

1999, pelo então presidente José Perrella de Oliveira Costa e por Luiz Eugenio Araújo

13Fernando Pierucetti, mais conhecido por Mangabeira, criou a maioria das charges dos clubes mineiros e também da Seleção Brasileira. Ele fez a Raposa para o Cruzeiro, inspirando-se na personalidade do ex-presidente Mário Grosso: “Era um cartola que não deixava ninguém lhe passar a perna. Era tão astuto, ágil, inteligente e hábil como uma raposa.”

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Muller Filho, gerente-delegado da Desportos Licenciamentos LTDA14, e tinha a duração de

mais de uma década. O acordo ratificado pelas partes se deu através do Contrato de

Aquisição de Direitos de Licenciamento e Outros Pactos em que fundo investidor se

comprometia em quitar mensalmente a folha de pagamentos do Clube, era detentor do

direito de venda de determinados jogadores e injetou U$ 10 milhões para investimentos no

Clube, (CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, 2007). (ANEXO C, p.84).

O fundo investidor norte-americano foi ingênuo ao acreditar que sob as clausulas desse

contrato ele iria obter grande retorno financeiro, pois o futebol brasileiro tem como maior

fonte de renda a venda de jogadores ao exterior e, no caso do Cruzeiro, os jogadores

vendidos naquele ano foram exatamente os que permaneceram fazendo parte do patrimônio

do Clube, ou seja, o fundo investidor detinha diversos direitos exceto na venda dos

principais jogadores. Com prejuízos exorbitantes, somaram-se a impaciência e o medo de

perder mais dinheiro, levando a HMTF à rescindir o contrato, abrindo mão de tudo o que já

havia investido. Especula-se que o prejuízo foi de aproximadamente U$ 300 milhões, um

valor de pouquíssima relevância levando em conta que esse valor refere-se a apenas 0,5%

de sua receita total investida pelo mundo (CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, 2007).

3.4. PARTICIPAÇÃO INTERNACIONAL

A participação do Cruzeiro no cenário econômico internacional, se dá atualmente, através

da compra e venda de jogadores para times estrangeiros, através de um programa de

intercambio que o Clube desenvolveu recentemente e por meio da venda da sua marca para

escolinhas de futebol.

14Representante da Hicks Muse Tate & Furst enquanto investidora de produtos esportivos licenciados, no Brasil, sendo uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada.

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3.4.1 Compra e Venda de Jogadores

Ao longo da trajetória do Cruzeiro Esporte Clube, muitos foram os jogadores vendidos ao

mercado internacional e que por lá obtiveram êxito, alguns exemplos estão explicitados

abaixo, no Quadro I. Só para se ter uma idéia, o jogador Ronaldinho - o Fenômeno, jogava

no time celeste quando foi vendido para um time europeu, o mesmo ocorreu com o goleiro

Dida. O Cruzeiro possui uma vasta lista de transações internacionais, que atualmente são

intermediadas por um agente FIFA, a fim de facilitar os contatos entre o clubes e agilizar tais

negociações.

QUADRO 1: Compra e venda de jogadores

Nome FRED GEOVANNI MAXWELL SORÍN Posição Atacante Atacante Lateral esquerdo Lateral esquerdo Clube de Origem

América Mineiro

Futebol de Base do Cruzeiro E. C.

Futebol de Base do Cruzeiro E. Clube

Club Atlético River Plate

Data 2004 -------- -------- 2000 Valor (U$) 40.500,00 -------- -------- 4.000.000 Clube de Destino

L'Olimpique Lyonnais

Barcelona A F C Ajax

S. S. Lázio

Data 2005 2001 2001 2002 Valor (U$) 15.000.000 18.000.000 3.000.000 3.500.000 FONTE: CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, 2007

3.4.2 Intercâmbio

O Clube desenvolveu um programa de intercambio chamado Cruzeiro Internacional –

Programa de Intercâmbio de Futebol que promove a interação direta de atletas do clube

com atletas estrangeiros, de iniciantes a profissionais. Dessa forma, o Cruzeiro é projetado

como um importante centro de aprendizagem de futebol e mostra ao mundo sua estrutura

para a formação de talentos. (ANEXO D, p. 88 - Entrevista)

3.4.3 Escolinhas de Futebol

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No que diz respeito às escolinhas de futebol, o Cruzeiro também começa a dar os primeiros

passos para além da fronteira nacional. O Clube conta com 110 escolinhas espalhadas no

território nacional, todas elas possuem o mínimo de 70 alunos e pagam o royalty de

R$5,00/aluno, ocupando o posto de maior rede de escolas de futebol do Brasil (CRUZEIRO

ESPORTE CLUBE, 2007).

Em âmbito internacional o Cruzeiro tem como parceiro o Deportivo Real Sociedad, na

cidade de Medelin, na Colômbia. A parceria consiste na utilização da marca Cruzeiro, por

parte do clube colombiano, que paga um royalty mensal de U$ 1000. Assim como as

escolinhas nacionais, a colombiana obedece a mesma padronização no que diz respeito aos

uniformes e ao método de ensino, para tanto, todos os instrutores devem fazer um estágio

oferecido pelo Clube. Existe um projeto similar para duas escolinhas nos Estados Unidos,

(CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, 2007).

3.4.4 Novas Oportunidades

A experiência internacional do Cruzeiro não deve ser ignorada e, pelo contrário, deve ser

explorada de forma efetiva a fim de atrair reconhecimento em todo o mundo. O objetivo

desse estudo é exatamente moldar uma possível maneira de internacionalizar a marca e foi

através da identificação de outra possibilidade de atuação internacional que foi desenvolvido

um Plano de Negócio.

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4

A INTERNACIONALIZAÇAO DA MARCA CRUZEIRO ESPORTE CLU BE

PLANO DE NEGÓCIO

4.1. Sumário Executivo

A Empresa

HISTÓRIA: O Cruzeiro Esporte Clube foi fundado em 1921, sob o nome de Societá Sportiva

Palestra Itália. Mudou seu nome em 1942, por causa de um decreto do governo nacional,

que proibia o uso de termos e denominações referentes aos Estados inimigos. Nesse

mesmo ano nascia o CRUZEIRO ESPORTE CLUBE. A partir daí, o time foi se inserindo no

contexto do futebol nacional, participando de campeonatos estaduais e nacionais e

conquistando títulos. Atualmente, está entre os melhores times do país e foi o único a

conquistar a tríplice coroa, ou seja, a vencer os três principais campeonatos anuais.

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MISSÃO: O Cruzeiro nasceu para ganhar títulos e ser respeitado no mundo do futebol.

VISÃO: Ser o maior formador de estrelas do futebol e estar entre os maiores clubes

internacionais.

O Negócio

A construção de um Centro de Treinamento (CT)15, voltado para o futebol de base e venda

do know how referente a formação de jogadores para o futebol profissional, ou seja,

comercializar o serviço da empresa Cruzeiro.

O Mercado

A Índia está entre as cinco maiores economias do mundo e conta com a segunda maior

população do planeta, ou seja, é uma economia emergente, alvo de grandes e constantes

investimentos. Além do mais, conta com um projeto de incentivo ao desenvolvimento do

futebol asiático, elaborado pela FIFA e uma política de estímulo ao esporte, integrado à

educação, por parte do governo indiano. Em um mercado altamente favorável, cabe

ressaltar que o Cruzeiro, junto aos seus parceiros, irão inovar no ramo esportivo,

reerguendo um esporte que obteve êxito até a década de 1970 e, devido aos seus

fracassos, se tornou esquecido. Ou seja, os concorrentes são os outros esportes, não

havendo nenhum ligado ao futebol diretamente. E os clientes são os times de futebol de

15 Ao longo desse Plano de Negócio (PN), será utilizado o termo Centro de Treinamento (CT) com intuito de facilitar a compreensão do leitor no que diz respeito ao objetivo de construção e estruturação do ambiente que se almeja desenvolver na Índia. Para tanto, o termo é passível de analogia, por parte do leitor, aos Centros de Treinamentos de clubes brasileiros. È importante evidenciar que, o nome ideal para o projeto será elaborado por uma conceituada equipe de marketing especializada, que detenha pleno conhecimento acerca do mercado indiano.

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toda a Ásia, já que em nenhum país asiático existe uma estrutura de futebol de base,

fazendo com que esses times tenham que importar atletas.

Estratégia e Visão de Crescimento

Através de alianças estratégicas o Cruzeiro pretende conquistar o mercado indiano,

reerguendo o futebol e consolidando sua marca no exterior. Os parceiros são investidores

que compartilham de interesses similares ou de objetivos que podem ser harmonizados aos

do Cruzeiro e que estão dispostos a arcar com os custos do projeto, por 5 anos. Por outro

lado, eles terão retornos de marketing (exposição da marca) e financeiros, tendo direito a

uma porcentagem (40%) na venda dos direitos econômicos (jogadores) revelados pelo CT

na Índia, nos 10 anos subseqüentes. O plano de marketing fica sob responsabilidade do

parceiro ou patrocinador indiano, que conhece melhor o mercado que o Clube irá atuar.

Após dois anos, um novo projeto será implementado,que diz respeito a montagem de

escolinhas pela Índia, porém, o desenvolvimento desta parte extrapola os objetivos desse

trabalho.

Plano Financeiro

Para a construção do centro de treinamento será demandada uma quantia aproximada de

U$8 milhões16. Os custos demandam uma aplicação de U$250 mil mensalmente, incluindo a

comissão técnica cruzeirensse que estará residindo na Índia.

O custo total do projeto, para cinco anos, ficará em torno de U$20 milhões. O tempo

necessário para cobrir o investimento é incerto, tendo em vista que se trata de futebol e não

16 A construção e estruturação da Toca da Raposa II ficou em U$ 4,5 milhões (CRUZEIRO ESPOTE CLUBE, 2007).

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se pode dizer quantos jogadores se destacarão e serão vendidos ao ano, em um país em

que o futebol não é expressivo, por enquanto. Mas, os U$4 milhões investidos anualmente,

nestes 5 anos, tendem a produzir frutos muito mais significativos ao longo dos próximos 10

anos.

4.2. O Serviço

O serviço oferecido consiste na venda de know how e na parceria da marca Cruzeiro com

investidores para a construção de um Centro de Treinamento (CT) destinado a atletas do

futebol de base, por um período mínimo de 5 (cinco) anos. O Cruzeiro envia para Índia uma

comissão técnica especializada (técnico, preparador físico, gerente) a fim de ensinar como

estruturar e manter o futebol de base17. Fica por conta dos investidores a construção do CT

e os custos mensais do mesmo, que seguirão os parâmetros da Toca da Raposa I. Ao

Cruzeiro cabe a formação de jogadores de futebol do mais alto nível, como os que são

formados pelo Clube aqui no Brasil, assim como suas posteriores vendas. A divisão dos

lucros e demais responsabilidades serão estabelecidas ao longo das negociações, partindo

da premissa que o Cruzeiro detem 60% do valor das vendas.

O know how consiste na ida de uma comissão técnica do Brasil para Índia, composta por:

gerente de futebol, coordenador técnico, treinador, preparador físico, treinador de goleiro,

massagista e roupeiro/mordomo.

17 No Brasil, consiste em treinamentos específicos para pré-infantil, infantil, juvenil, juniores, ou seja, crianças de 10 a 19 anos.

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A disseminação de escolinhas de futebol, em parceria com os governos locais, será

efetivada, logo após a solidificação do CT, aproximadamente 2 (dois) anos. Passado os 5

anos, não só jogadores de talento podem sugir, mas outras oportunidades bastante

rentáveis estarão a disposição, como uma possível parceria com a Liga Nacional de Futebol

da Índia, através do Ministério do Esporte.

Além do mais, o Cruzeiro pode vender know how aos clubes indianos, que não precisam ser

vistos como concorrentes, através de seminários e palestras. È de grande interesse do

governo indiano que o futebol ganhe cada vez notoriedade no país, por isso são muitos os

incentivos ao esporte, sempre integrado a educação (INDIA, 2007).

“Para a condução de um processo de ensino-aprendizado-treinamento com crianças e adolescentes é preciso primeiramente aprofundar os conhecimentos sobre as características da evolução psicomotriz da criança e do adolescente e sobre as características dos processos de adaptação biológica em cada faixa etária. Portanto, é imprescindível considerar as formas de integração dos ‘Princípios do Treinamento’ aplicáveis nas citadas fases, como também dos métodos de ensino-aprendizado-treinamento adequados conforme idade, fases e níveis de rendimento” (GRECO, 1997: p.13).

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4.3. O Mercado-Alvo 18

No início da década de 1990 a Índia deu início a um programa de reformas que podem ser

classificadas como neoliberais, uma vez que tinha a pretensão de reduzir a intervenção

estatal na economia, diminuir a área de atuação do setor, ser menos protecionista, além de

estreitar vínculos com o resto do mundo. Junto a esse programa de reformas, veio a

mudança no inconsciente social coletivo, que passou a ver a necessidade e importância do

estudo e resultou em inúmeros jovens executivos graduados no exterior.

Tais aspectos contribuem para justificar a Índia atual, considerada um mercado de negócios

extremamente atraente. A abertura ao capital estrangeiro contribuiu para que os investidores

vissem esse país com outros olhos e, apesar de uma baixa renda per capita, é a quinta

maior economia do globo e conta com a segunda maior população mundial.

A maneira veterana como a Índia aborda o esporte, a paixão pelo crícket19, a inexperiência

da Federação Indiana de Futebol (que falha constantemente, em termos administrativos)

são obstáculos óbvios para o desenvolvimento de atletas de qualidade. Porém, em uma

população de mais de 1 (um) bilhão de habitantes, se for inserido um efetivo e coerente

plano de desenvolvimento do esporte junto a equipes técnicas especializadas em cada

esporte, pode ser possível a descoberta de atletas com grande talento. (ADAMS, 2006) 18 Informações cedidas pela Câmara de Comercio Brasil - India 19 Esporte mais difundido na Índia

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Enfim, a Índia reestruturou a sua economia nas últimas duas décadas, fazendo com que a

autarquia e o intervencionismo que se fizeram presentes por aproximadamente quatro

décadas, fossem perdendo forças. Os principais responsáveis foram as intensas crises no

balanço de pagamento e a mudança nos interesses das elites influentes. Contudo, as

reformas estão incompletas graças a uma expressiva oposição política que se posiciona

contra uma maior liberalização econômica. Ainda assim, há progressos no que diz respeito

ao aumento de competitividade e a diminuição no controle a importação, ao acesso ao

capital e o montante produzido no setor industrial. (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2007)

4.3.1 Dados Gerais

De acordo com a Câmera de Comércìo Brasil- Índia (2007), a República da Índia apresenta

as seguintes características:

• Capital: Nova Delhi

• População : 1,095,351,995 (OMC, 2006)

• Área: 3.287. 590 km²

• Clima: Maior parte de monção. Sul: tropical, equatorial; Noroeste: árido tropical.

Norte: de montanha

• Idiomas: O inglês é o idioma mais utilizado para fins de comunicação nacional,

política e comercial. Já o hindi é o idioma nacional e língua primária de 30% da

população. Entretanto, há outras 15 línguas oficiais (Bengali, Telugu, Marathi, Tamil,

Urdu, Gujarati, Malayalam, Kannada, Oriya, Punjabi, Assamese, Kashmiri, Sindhi e

Sânscrito).

• Divisão administrativa: 28 estados e 8 territórios unidos

• Moeda: 44,1947 RUPIA(INR) = 1 DOLAR(USD)

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• PIB: U$ 906.5 bilhões ( World Bank, 2006)

• Composição do PIB por setor – 2006 (GRAFICO I): Serviços correspondem a

54,70% do total de 2005, enquanto a indústria representa 27,70% do PIB total e a

agricultura, 18,60%.

Gráfico I - Composição do PIB por setor - 2006 Fonte: World Bank, 2007

• PIB per capita : U$ 820 (World Bank, 2006)

• Crescimento anual: 7% (2006)

• Inflação: 5.3% (World Bank, 2006)

• Dívida Externa: $125.5 bilhões (2005)

• População abaixo da linha da pobreza: 25%

• Força de trabalho: 496.4 milhões (2005)

• Taxa de desemprego: 8.9% (2005 est.)

• População com poder de consumo: 300 milhões

4.3.2 População

Até julho de 2006 a população total da India era de 1.095.351.995 (TABELA I), porém de

acordo com a Organização Mundial do Comércio, atualmente excede 1.1 bilhões de

17,60%

27,70% 54,70%

Agricultura Indústria Serviços

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habitantes. Embora ocupe apenas 2,4% do território terrestre, esse país abriga 16,8% da

população mundial, sendo o índice de sua densidade populacional (CENSO, 2001) de

324 habitantes por km2 (TABELA 2). A conscientização da população indiana da

importância do planejamento familiar e os programas desenvolvidos sobre o tema, são

obstruídos pela tradição e pela diversidade de idiomas, pois apenas o hindi e o inglês

são idiomas oficiais e obrigatórios, ou seja, a população que não tem acesso ao ensino

tem contato apenas com sua língua mãe (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA,

2007).

O analfabetismo começou a ser realmente combatido pelo Estado em 1986, com a

Política Nacional de Educação, em que concedia o direito de ensino compulsório e

gratuito a todas as crianças com até 14 anos. A taxa de analfabetismo foi reduzida,

assim como a diferença entre a população rural e a população urbana alfabetizada. O

numero de faculdades e universidades também cresceu expressivamente e em

1999/2000 havia cerca de 591 delas espalhadas pelo país. O número de mulheres

alfabetizadas é maior que o de homens e elas representam 10% dos parlamentares,

mas no campo os casamentos ainda são arranjados e há preferência por filhos homens

(CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA, 2007). (TABELA 3).

Apesar do grande desenvolvimento econômico ocorrido nas últimas 5 décadas, a Índia

ainda permanece um país rural, com aproximadamente 75% de sua população vivendo

em campos e vilas. Há uma enorme diferença de desenvolvimento entre o norte e o sul

do país. O norte sofre com a escassez de recursos financeiros e investimentos

estrangeiros, tem-se como exemplo o estado de Bihar, recheado de corrupção e

violência, decorrentes da tamanha miséria enfrentada pela sua população. Para

contrastar, há o estado de Kerala, localizada ao sul, que desfruta dos benefícios da

informática no eixo Bangalore-Hyderabad-Pune, e se destaca pelo seu elevado nível de

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desenvolvimento humano e suas satisfatórias taxas de educação (CAMERA DE

COMÉRCIO BRASIL-INDIA, 2007). (TABELA 4) .

Mesmo com 25% da população indiana vivendo abaixo da linha da pobreza, cerca de

300 milhões de habitantes compõe seu mercado consumidor com poder de compra. A

Índia tem fartura de recursos e mão-de-obra, apresentando 496 milhões de indivíduos

economicamente ativos e uma taxa de desemprego de 8.9%. Com tamanho mercado

consumidor e mão-de-obra barata, o país atrai cada vez mais investimentos e seu PIB

cresce em média 7,5% anualmente (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA, 2007).

(TABELA 5).

TABELA 1: Estratificaçao da populaçao Indiana

População 2006

Total 1,095,351,995

Homens 564,612,999

Mulheres 530,738,996

Maior / Menor População (censo 2001)

Estado com maior população Uttar Pradesh 166,197,921

Estado com menor população Sikkim 540,851

UT com maior população Delhi 13,850,507

UT com menor população Lakshadweep 60,650

Distrito com maior população Greater Bombay (Maharashtra)

11,914,398

Distrito com menor população Yanam (Pondichery) 31,362

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Fonte : Câmara de Comercio Brasil – Índia.Censo Indiano 2001

TABELA 2: Densidade Populacional

Densidade populacional Pessoas/km²

India 324

Estado com maior densidade dem. West Bengal 904

Estado com menor densidade dem. Arunachal Pradesh 13

UT com maior densidade dem. Delhi 9,294

UT com menor densidade dem. Andaman & Nicobar Islands 43

Distrito com maior densidade dem. Calcutta 23,783

Distrito com menor densidade dem. Lahul And Spiti 2

Fonte : Câmara de Comercio Brasil – Índia.Censo Indiano 2001

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TABELA 3: Taxas de Alfabetização

Número de alfabetizados (censo 2001)

Pessoas Homens Mulheres

Total 651,734,437 396,358,325 256,346,935

59,5% 70,2% 48,3%

Rural 226,144,087 151,216,579 74,927,508

44.69% 57.87% 30.62%

Urbano 133,140,330 78,315,356 54,824,974

73.08% 81.09% 64.05%

Total Homens Mulheres

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54

Estado com maior

taxa Kerala (90,92) Kerala (93.6) Kerala (86.2)

Estado com menor

taxa Bihar (47,53)

Arunachal Pradesh

(51.5) Rajasthan (20.4)

UT com maior taxa Lakshadweep

(87,52) Lakshadweep (90.2) Lakshadweep (72.9)

UT com menor taxa Dadra & Nagar

Haveli (60,03)

Dadra & Nagar

Haveli (53.6)

Dadra & Nagar

Haveli (27.0)

Distrito com maior

taxa

Kottayam, Kerala

(95.7)

Kottayam, Kerala

(97.5)

Kottayam, Kerala

(94.0)

Distrito com menor

taxa

Jhabua, Madhya

Pradesh (19.0)

Jhabua, Madhya

Pradesh (26.3)

Barmer, Rajasthan

(7.7)

Fonte : Câmara de Comercio Brasil – Índia.Censo Indiano 2001

TABELA 4: Distribuição da População

Distribuição Rural -urbana (Excluíndo J & K )

População %

Rural: 742,490,639 74.27

Urbana : 286,119,689 25.73

Estado com a maior população urbana Maharastra - 41,100,980 42,5

Estado com menor população urbana Lakshadweep - 26,967 44,4

UT com maior proporção de população

urbana Delhi 89.93

UT com menor proporção de população

urbana Dadra & Nagar Haveli 8.5

Distritos com maior proporção de população Yanam (Pondicherry) 100.00

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urbana

Hyderabad (Andhra Pradesh) 100.00

Greater Bombay

(Maharashtra) 100.00

Mahe (Pondicherry) 100.00

Madras (Tamil Nadu) 100.00

Calcutta (West Bengal) 100.00

Fonte : Câmara de Comercio Brasil – Índia.Censo Indiano 2001

TABELA 5: Participação no Trabalho

Taxas de participação no trabalho : (Excluíndo J & K) Total de trabalhadores Número Taxa

Pessoas 402,234,724 39.10% da população total

Homens 275,014,476 68.37% da população

trabalhadora

Mulheres 127,220,248 31.63% da população

trabalhadora Trabalhadores Principais (Trabalhando por pelo menos 183 dias por ano)

Pessoas 313,004,983 77.81% da população

trabalhadora

Homens 240,147,813 76.72% dos

trabalhadores principais

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Mulheres 72,857,170 23.27% dos

trabalhadores principais

Trabalhadores Marginais (Trabalhando menos de 183 dias por ano)

Pessoas 89,229,741 22.18% da população

trabalhadora

Homens 34,866,663 39.08% dos

trabalhadores marginais

Mulheres 54,363,078 60.92% dos

trabalhadores marginais

Porcentagem dos trabalhadores principais para cada setor:

Pessoas Homens Mulheres Setor Primário 67.5% 63.6% 81.2%

Setor Secundário 12.0% 13.1% 8.0% Setor Terciário 20.5% 23.3% 10.8%

Fonte : Câmara de Comercio Brasil – Índia.Censo Indiano 2001

4.3.3 O Mercado Indiano

A economia indiana tem como as principais atividades rurais na vila a agricultura moderna, o

artesanato, com idéia de novas indústrias e excessivos serviços. Em junho de 1991, a Índia

terminou 40 anos de planejamento central. Desde a independência, a participação da nação

no comércio mundial caiu de 2% para menos de 0.5% em 1980 por causa da maneira que

se sucedeu o protecionismo. As reformas proporcionaram um elevado aumento no

investimento do setor privado, uma imensa quantidade de exportação e uma redução das

interferências do poder público em áreas como a indústria pesada, bancos,

telecomunicações, geração e distribuição de energia, portos e estradas. Constata-se que

entre os anos de 2000-01 as exportações cresceram 26.4%, enquanto as importações

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cresceram 5.6% (TABELA 6). A Índia exporta geralmente 7500 comodities para quase 200

países. Já as importações são feitas para mais de 140 países com mais de 6500 tipos de

produtos, (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA, 2007).

Constata-se uma oscilação na balança comercial na Índia nos últimos 10 anos, porém a

economia cresceu muito levando em consideração o crescimento gradativo das exportações

após 1991 e uma constante do valor do déficit, (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA,

2007).

O planejamento da economia indiana se baseia na idéia de que os setores público e privado

devem ser complementares. Ele foi estabelecido em 1951, determinando além da indústria

organizada, pequenas indústrias, agricultura, comércio e habitação, construção e áreas

relacionadas no setor privado. Antigamente se tratando de desenvolvimento econômico,

privilegiava o crescimento do setor público, com o passar dos anos se tornou menos

evidente, (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA, 2007).

Após a Índia se tornar uma República, a renda nacional aumentou sete vezes, implicando

em um crescimento em média de 4.2% ao ano, dobrando a sua renda per capita. A

economia está em uma crescente considerável. Há a criação de Panchayati Raj Institutions

(PRI’s), as quais foram criadas no intuito de promover um desenvolvimento democrático e

descentralizado do país, através da participação das pessoas na implementação de

decisões e na busca por serviços do governo central, (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-

INDIA, 2007).

A agricultura e todas as atividades ligadas a elas contribuem para o PIB do país, pois chega

a empregar 65% de toda a força de trabalho. O crescimento do setor tem impacto imediato

na eliminação da pobreza, além de ser fundamental para as exportações, para o controle da

inflação e geração de empregos. A aplicação da tecnologia já está sendo empregada nas

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áreas de cultivo, sobretudo através da formação de escolas e na educação desse tipo de

conhecimento. Ela possuiu a maior área do mundo de plantação, sendo a primeira a

desenvolver o algodão híbrido (transgênico), os quais são utilizados em 92,8% das áreas de

plantio. Os fertilizantes, que são matérias-primas essenciais para a agricultura têm seu

consumo avaliado em 16.59 milhões de toneladas. Os de uréia têm toda a sua

comercialização e distribuição sob controle governamental. A força humana e animal são

muito bem aproveitadas mesmo com a mecanização e as máquinas tendo prioridade. A

pecuária tem muita influência na economia rural, pois representa 23% da receita gerada e é

suplemento de renda para as pessoas sem propriedade e para os fazendeiros de alto

escalão. Além de garantir a ocupação das áreas semi-urbanas, montanhosas, tribais e

secas, sustentando várias famílias, (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA, 2007).

O fator primordial para a garantia da economia e da qualidade de vida é a energia. Tendo o

carvão, petróleo e gás natural como fontes convencionais e a solar, eólica e bio-energia

como fontes não convencionais, além da contribuição notável da energia atômica,

(CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA, 2007).

A indústria se desenvolveu a partir de 1947, focando o setor público de financiamento e

controle. A partir de 1991 as iniciativas políticas de abertura visavam reconstruir sobre o

passado industrial o setor e acelerar o processo de tornar a nação internacionalmente

competitiva. Admiti-se a competência da indústria indiana e visa prover estímulo competitivo

para um crescimento rápido. Os fatores que visam a fortalecer a competitividade externa e

interna são as aplicações de mecanismos do mercado, a facilitação das relações com

investidores estrangeiros e o acesso a fontes tecnológicas, (CAMERA DE COMÉRCIO

BRASIL-INDIA, 2007).

O comércio internacional tem muito valor no que diz respeito a desenvolvimento econômico.

Os projetos de exportação, além de incluir ampla produção da agricultura e da indústria,

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almejam incluir consultoria e construção civil, (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA,

2007).

Há uma grande identificação comercial com a América Latina, e apesar da ótima relação

entre a Índia e os latinos americanos tal interação eficazmente explorada. A constante

presença de empresários indianos em feiras na América latina, somada ao interesse dos

países latino-americanos na Índia20, viabiliza a apreciação de ambos pela força econômica

e, também, das vantagens comparativas dos países. Sendo assim, espera-se um

crescimento gradativo, e cada vez mais forte, das relações, principalmente comerciais, entre

esses Estados. (CAMERA DE COMÉRCIO BRASIL-INDIA, 2007).

TABELA 6: ESTATÍSTICAS DO COMÉRCIO INDIANO (US$ MILHÕES)

ANO EXPORTAÇÕES TAXA DE CRESCIMENTO IMPORTAÇÕES TAXA DE

CRESCIMENTO DÉFICIT DO COMÉRCIO

1990-91 18145 9.2 24072 13.4 -5927

1991-92 17865 -1.5 19411 -19.4 -1546

1992-93 18437 3.7 21882 12.7 -3345

1993-94 22237 20.0 23306 6.5 -1069

1994-95 26330 18.4 28654 22.9 -2324

1995-96 31797 20.8 36678 28.0 -4881

20 Como exemplo tem-se a missão do presidente Luís Inácio Lula da Silva à Índia no início de 2004 e o Brasil como país destaque na Índia International Trade Fair 2004.

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1996-97 33470 5.3 39132 6.7 -5662

1997-98 35006 4.6 41484 6.0 -6478

1998-99 33219 -5.1 42389 2.2 -9170

1999-2000 36822 10.8 49671 17.2 -12848

2000-01 44560 21.0 50536 1.7 -5976

2001-02 43827 -1.65 51413 1.74 -7587

2001-02 ABR-DEZ 31668.31 38311.54 -6643.23

2002-03(P) ABR-DEZ 38114.60 20.36 43882.03 14.54 -5767.43

4.3.4 O Futebol 21

Através do projeto denominado “Vision Asia” a FIFA busca revitalizar o futebol na Ásia e na

Índia, e por meio de um intenso programa de formação de jogadores o objetivo dessa

instituição ~e facilitado, uma vez que será possível o país monta uma boa seleção, como a

da década de 60. O futebol indiano foi duas vezes campeão dos Jogos Asiáticos, além de

vencer o Japão na disputa pela medalha de bronze da mesma competição em 1970. A

partir daí, o Japão ganhou maior notoriedade e o futebol foi ficando esquecido na Índia. Foi

preciso vitórias como no Jogos Afro-Asiáticos, na Copa LG 2000, entre outras, para que a

confiança dos jogadores indianos se fortalecesse, (FIFA, 2007).

O futebol não é o principal esporte do país, mas segundo estudos da FIFA (2007), poderia

ser, uma vez que poucas foram as vitórias depois de mais de três décadas para que a

21 Afiliou-se a FIFA em 1948

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61

população despertasse novamente interesse por esse esporte. A FIFA vem se mostrando

otimista e acredita que em pouco tempo dará resultados positivos em nível regional e global,

para tanto já foram elaborados dois projetos pela instituição. O primeiro projeto GOAL

incluía a construção de instalações administrativas e de entretenimento na capital. Sendo

inaugurado em 17 de abril de 2007 seu objetivo maior foi a centralização da administração

do futebol em um só estado, anteriormente distribuída em três estados. Os custos totais

foram de U$900.00 e foram cobertos por fundos angariados pelo GOAL, pelo Programa de

Assistência Financeira da FIFA, doações privadas e alguns patrocinadores. O segundo

projeto GOAL, está em fase de implementação e terá o custo de aproximadamente U$

2.231.345, (FIFA, 2007).

Atualmente a Índia conta com uma Liga Nacional de Futebol (ANEXO,E, p 91 – Tabelas 8-

11), além de times de futebol masculinos e femininos. Tal fato permite idealizar o sucesso

desse estudo, uma vez que Liga é recente, pode ser moldada e estruturada de acordo com

o conhecimento que a equipe cruzeirensse detém sobre o assunto.

A proposta do Cruzeiro é contribuir para o projeto “Vision Ásia” , elevando os padrões

qualitativos do futebol asiático, porém, apenas no mercado indiano, tendo como grande

objetivo fornecer jogadores de alto nível técnico e participar no desenvolvimento de uma liga

nos moldes da liga européia.

4.4. Os Clientes

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- Times de futebol, principalmente os asiáticos: devem encontrar no Cruzeiro uma fonte de

jogadores com elevado padrão técnico, que por eles podem ser comprados a fim de compor

suas respectivas equipes.

4.5. Os Concorrentes

Não há concorrentes diretos ao futebol, uma vez que os times da Ásia não possuem o

futebol de base e importam jogadores. Porém, qualquer escola de treinamento esportivo

pode ser vista como concorrente.

4.6. Os Potenciais Parceiros

- Grupos de Investidores, pessoas físicas ou jurídicas interessadas em investir no ramo

‘futebolístico’ e divulgarem sua marca na região asiática.

- Puma, enquanto distribuidora de material esportivo para os treinamentos e, também, como

patrocinadora. Teria sua marca na Índia vinculada a um clube brasileiro de sucesso que traz

consigo uma inserção de mercado inovadora, com o intuito de fortalecer o esporte naquele

país. A exposição das equipes do futebol de base na mídia, a utilização dos uniformes por

diversos atletas e idades variadas

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- Construtora Norberto Odebrecht S.A, é líder em engenharia e construção na América

Latina. Já concluiu dois projetos na Índia, baseados em serviços de perfuração de petróleo

para a Oil and Natural Gás Commission (ONGC). Sua atuação se dá nos seguintes

segmentos: empreendimentos imobiliários, energia, obras hidráulicas, obras industriais,

serviços de óleo e gás, transporte. Uma organização com solidez no mercado e de renome

internacional, pode encontrar no mercado indiano mais um grande gerador de receita, visto

que o país está se remodelando e possui inúmeras construções em andamento e projetos

sendo elaborados. Ter o nome da empresa estampado nos uniformes e banners de

gramado, junto com a possibilidade de ser o construtor desse CT, é uma grande

oportunidade em uma economia crescente e promissora.

- Governo da Índia22: Vem se mostrando interessado pelo futebol e pelas portas que tal

esporte pode abrir. Desenvolve grandes projetos e consta nas pautas de sua política o

constante estímulo ao esporte, sempre integrado ao estudo (ANEXO F, p. 93).

- FIFA: Foi a pioneira em projetos voltados para o desenvolvimento em países asiáticos.

- Rede televisiva23: já fez a proposta, de maneira informal, com o intuito de levar e manter o

futebol profissional do Cruzeiro Esporte Clube na Índia.

4.7. Participação no Mercado

22 O governo indiano, atrvés do seu Ministério da Educação, ao se tornar parceiro do Cruzeiro, deve implementar o futebol, como um dos esportes possíveis aos estudantes de toda rede de ensino do país, a fim de difundir o futebol e facilitar a seleção, por parte do Cruzeiro, dos atletas que por ele serão treinados. 23 A divulgação do nome da empresa não foi autorizada pelo Cruzeiro Esporte Clube.

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O Cruzeiro, enquanto centro de ensino e treinamento para o futebol, será ancora para o

futebol na Índia e, além do mais, preparará jogadores extremamente qualificados para

disputarem a Liga Nacional. Portanto, o Cruzeiro irá propor ao Ministério dos Esportes, a fim

de elevar a qualidade da Liga, o compromisso de, a partir dos cinco primeiros anos, pelo

menos um jogador treinado pelo Cruzeiro compor cada um dos times da Liga. Assim, o

Cruzeiro divulga o seu trabalho junto aos seus investidores e os clubes têm a oportunidade

de “ganhar” um jogador para Liga daquele ano. Soma-se a tais pontos a chance do atleta se

destacar e aos poucos ir conquistando o mercado do futebol, já que os melhores jogadores

do Cruzeiro na Índia, terão a oportunidade de jogar no Cruzeiro Esporte Clube, em Belo

Horizonte, Brasil e em outras partes do mundo, tal como a Europa.

O Centro de Treinamento será em Nova Dehli, o que não afasta a oportunidade de atletas

de todo país treinarem na capital. Pois a estrutura do CT conta com um alojamento para 200

atletas e permite um giro de mais de sete mil atletas por ano. Ou seja, o total de atletas que

podem passar por lá é de aproximadamente 35 (trinta e cinco) mil atletas, um número

bastante significativo para os cinco primeiros anos, o que gera alta expectativa de retorno

aos investidores.

4.8. Estratégia de Mercado

O melhor método a ser adotado para penetrar o mercado indiano, nesse caso, é a

solidificação de alianças estratégicas. O Cruzeiro tem uma marca bastante conhecida no

mundo do futebol, possui um excelente know how no que tange a formação de atletas e traz

consigo a vontade de disseminar o seu futebol pelo mundo. Entretanto, não dispõe de

recursos financeiros suficientes para atravessar fronteiras estrangeiras. Sendo assim, as

alianças estratégicas serão estabelecidas com investidores, pelo menos um nacional e outro

internacional.

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Tais investidores serão responsáveis pela construção e manutenção do Centro de

Treinamento por 5 (cinco) anos. A partir daí o Cruzeiro irá contar com patrocinadores e com

a venda de atletas para se manter, além da implementação de dois outros projetos que dão

suporte ao CT e aumentam sua receita24 . Os investidores terão direito a uma porcentagem

na venda dos jogadores, além da exposição de suas marcas na camisa, em banners e até

mesmo na Liga Nacional.

Através das alianças estratégicas o Cruzeiro eleva sua capacidade de competitividade no

mercado e passa a ter maior poder de barganha para defender seus interesses. A

necessidade de mais de um investidor é para atenuar riscos e evitar a dependência

direcionada a somente um investidor. Os objetivos e intenções estratégicas do Cruzeiro e de

seus parceiros devem ser harmonizáveis e a confiança e compreensão mútua serão

adquiridas ao longo do tempo.

4.8 1 Plano de Marketing

O plano de marketing será desenvolvido pelo parceiro indiano, que se incumbirá dos

estudos do mercado e as formas possíveis de serem adotadas para conquistá-lo. O Cruzeiro

participará de todas as decisões e estratégias adotadas, junto ao seu outro investidor. Assim

a promoção do serviço terá as características intrínsecas ao clube brasileiro, com certos

aspectos adequados de acordo com o mercado indiano e os investidores.

Uma possibilidade, é o plano de marketing ser elaborado junto a uma rede de televisão de

peso, e por ela financiado, que veridicamente já explicitou grande interesse em levar o time

Cruzeiro para lá. Tal parceira obteria um grande reconhecimento, nacional e internacional,

24Montar um time de futebol profissional do Cruzeiro Esporte Clube na Índia (por meio da fusão com um clube indiano) e instalação de escolinhas de futebol que levem a marca Cruzeiro pelo Índia, projetos que vão muito além desse estudo.

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enquanto defensora do esporte e contribuinte para o desenvolvimento do futebol na Índia. A

mídia se voltaria para ela, que por sua vez receberia atenção do público asiático, do governo

indiano, da FIFA, dentre outros, que resultaria em uma maior popularidade de sua marca. O

Cruzeiro conta com profissionais especializados em programas esportivos que poderiam

auxiliá-la na formatação desse tipo de programa, na cobertura dos jogos e treinos, dentre

outras coisas.

4.9. Análise SWOT

A análise SWOT diz respeito à investigação sobre os pontos fortes (Strengths) e fracos

(Weakness) da empresa; bem como as oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats)

ao seu negócio. Destarte, cabe aqui uma análise SWOT, elaborada pelo diretor de futebol

do Cruzeiro, Eduardo Maluf, a fim de investigar a marca Cruzeiro e sua internacionalização.

Pontos Fortes Descrição dos Pontos Fortes Conseqüência para empresa Impacto

para o Estudo

A Único time brasileiro a conquistar a tríplice coroa

Destaque de qualidade e competência, principalmente para a equipe daquele ano

3

B Já representou clubes brasileiros de futebol, em feira ocorrida na Índia

Exposição ao mercado indiano

3

C Disputa de campeonatos internacionais na Ásia

Notoriedade por parte do mercado asiático

2

D Campeão de torneios internacionais

Reconhecido como campeão internacionalmente

3

E Venda de seus principais jogadores ao mercado europeu

Excelência no treinamento e destaque de jogadores

3

F Venda de diversos jogadores a mercados secundários, que se destacam por lá

Jogadores medianos do Cruzeiro se tornam estrelas em mercados como o asiático

3

G Administração altamente eficiente, Respeito por parte de

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capaz de influenciar na montagem do Campeonato Brasileiro

instituições ligadas ao futebol 2

H Administração altamente eficiente, capaz de influenciar nos contratos de transmissão televisiva

Imposição de aspectos que beneficiem os clubes e torcedores

2

I Maior torcida do estado Credibilidade e poder de barganha frente ao futebol nacional

1

J Sexta maior torcida do país Notoriedade nacional e internacional

1

K Situação financeira estável, com todos os pagamentos em dia

Confiança para seus stakeholders

2

L Patrocinador e fornecedor de material esportivo internacional

Maior qualidade e venda de produtos, em nível internacional

3

N Duas vezes vice-campeão do Mundial de Clubes

Destaque internacional 3

Pontos Fracos Descrição dos Pontos Fracos Conseqüência para empresa Impacto

para o Estudo

A Experiência internacional se restringe a compra e venda de jogadores

Não tem grande destaque no mercado internacional enquanto empresa ou marca

2

B Time de Belo Horizonte, Minas Gerais

Segundo plano para mídia, que foca o eixo Rio - São Paulo

3

C Perda do título de campeão mineiro 2007

Insatisfação da torcida 1

D Falta de títulos nacionais e internacionais nos últimos quatro anos

Jogadores não valem tanto. Diminui a exposição da sua marca

3

Legenda. 1- nenhum 2-algum/pouco 3-muito

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Oportunidades Descrição das Oportunidades Descrição do Impacto

na Empresa

Prazo

Grau Nota

A Possibilidade de ser o primeiro time brasileiro e latino americano a se internacionalizar de fato, no continente asiático

Possibilita a atração de um grande número de admiradores do futebol brasileiro em geral

2

3

5

B Internacionalização em um mercado com a segunda maior população do planeta

Descoberta de vários atletas talentosos

2 3 5

C Baixo custo na formação de um atleta de alta qualidade

Valorização significativa para a venda do atleta

1 4 5

D Forte incentivo do governo indiano aos esportes

Apoio do governo indiano

2 4 6

E Implementação do projeto da FIFA “Vision Ásia”

Incentivo e apoio da FIFA a implementação da marca Cruzeiro na India

2 4 6

F Bom relacionamento entre os governos do Brasil e da Índia e a promessa de parceria, por parte do presidente Lula, no que diz respeito ao etanol e ao futebol

Credibilidade pela marca ser brasileira. Estabilidade e apoio em relação à India

2

2

4

G Grande mercado consumidor e economia em ascensão

Consumo de produtos vinculados à marca

1 3 4

H Proposta por parte de uma rede televisiva para montar o time Cruzeiro na Índia

Reconhecimento do futebol do Cruzeiro e possibilidade de montar o time “B” na Índia

1

4

5

I Projeto da FIFA “Vision Ásia” a fim de fortalecer o futebol asiático

Volta os olhos de investidores para esse promissor mercado

2

4

6

J Os investidores se

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Políticas para atrair o investimento externo para Índia, por parte do governo indiano

sentem mais atraídos e podem vincular seus investimentos a outros setores

2

3

6

K Implementação do projeto da FIFA “Vision Ásia”

Fortalecer o futebol asiático

2 4 6

Legenda: Prazo da tendência: 1- futuro (médio/longo prazo); 2-presente (curto prazo) . Grau do impacto: 1-pouco; 2-médio; 3-alto; 4-muito alto (enorme). Nota: somatório dos valores atribuídos ao prazo e ao grau.

Ameaças Descrição das Ameaças Descrição do Impacto Prazo Grau Nota

A Crise financeira de um investidor Dimuição de capital para manutenção do CT

1 4 5

B O pioneirismo envolve muito risco, principalmente em mercados muito diferentes do doméstico.

Não há exemplos de sucesso ou fracasso, nem esboço da melhor estratégia a ser seguida

2

3

5

C O grau de aceitação do “Vision Ásia”, que é um projeto recente

Pode não haver aceitação do futebol em muitos países asiáticos

1

4

5

D Entrada de outros times estrangeiros a fim de conquistar o mesmo mercado

Concorrência ao atleta que irá eleger o CT que ele v ai treinar e aos clubes que terão mais opções para comprarem os jogadores

2

4

6

Legenda: Prazo da tendência: 1- futuro (médio/longo prazo); 2-presente (curto prazo) . Grau do impacto: 1-pouco; 2-médio; 3-alto; 4-muito alto (enorme). Nota: somatório dos valores atribuídos ao prazo e ao grau.

Analisando os aspectos descritos acima é possível perceber que algumas oportunidades

podem ser aproveitadas se forem levados em conta certos pontos fracos, o mesmo

acontece com as ameaças e os pontos fortes. Na ida do Cruzeiro à Índia, representando os

clubes brasileiros, foi possível um maior contato com o mercado de lá e possibilitou um

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convite, por parte de uma rede televisiva para montar o time Cruzeiro na Índia. Isso

demonstra a admiração pelo futebol do Clube e faz crer no sucesso do projeto.

A não obtenção de títulos nos últimos anos não é capaz de gerar tanto impacto no único

time brasileiro que conquistou a tríplice coroa. Além do mais, para manter seu saldo

financeiro positivo, a diretoria do Clube busca resultados positivos através do sucesso

dentro e fora dos gramados, o que lhe permite ter um número elevado de torcedores e ser

considerado um time que honra seus compromissos internacionais.

Com o projeto “Vision Ásia”, o apoio do governo indiano aos esportes e a disputa da

Libertadores da América no próximo ano, juntos, constituem uma sólida barreira ao fracasso

do futebol na Índia, que conta com 1,1 bilhão de habitantes. Ou seja, não é preciso que mais

do que 10% dessa população seja apaixonado por tal esporte, para que o sucesso emane.

E o fato de não ter experiência sólida no mercado internacional é facilmente combatido com

a experiência de seus parceiros. Ou seja, aliando-se a empresas privadas de sucesso e

contando com apoio do governo indiano e instituições voltadas para objetivos

harmonizáveis, o grau de ameaças se torna muito baixo.

4.10 PLANO FINANCEIRO 25

A fim de elaborar e contabilizar os gastos aproximados desse estudo, a Toca da Raposa I foi

a referência de um Centro de Treinamento de qualidade. Entretanto, o Cruzeiro Esporte

Clube é associado à Câmara de Comércio Índia-Brasil, responsável pelo estudo de custos

25 Todos os valores estão acima da estimativa esperada, assim como o número de funcionários. Os cálculos foram feitos de acordo com os gastos do Cruzeiro esporte Clube nesse segmento.

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desse plano de negócios no mercado indiano. A estrutura foi elaborada e sugerida, tanto em

termos estruturais, quanto de elenco, pelo Diretor Geral do Futebol de Base do Clube.

Terreno: 40.000 a 60.000 m2

Valor: baseado na Toca II26

Estrutura: Vide Planta (ANEXO G, p.101)

Valor: baseado na Toca II

Comissão Técnica Brasileira:

QUANT. FUNÇÃO SALÁRIO MENSAL

01 Gerente de Futebol U$ 5 mil

01 Coordenador técnico U$ 4 mil

02 2 Treinadores U$ 4 a 6 mil

02 2 Preparadores Físicos U$ 3 a 4 mil

02 2 Treinadores de Goleiro U$ 2 a 3 mil

01 Massagista U$ 1.5 mil

01 Roupeiro U$ 1.000

Valor médio mensal: U$ 23 mil (moradia e alimentação não inclusos)

U$ 1.38 milhão em cinco anos.

Funcionários 27:

26 O tempo não foi suficiente para que a Câmera de Comércio Índia-Brasil estimasse os custos para esse caso específico, porém estão de acordo com os valores estimados segundo a Toca da Raposa II, em que o terreno e a montagem estrutural ficaram em torno de U$ 4,5 milhões. Tendo em vista que terrenos indianos são mais caros, devido a sua densidade demográfica, a expectativa de custo para a construção é de U$ 7 milhões. 27 A Toca da Raposa I apresenta um gasto mensal total, de U$ 250.000/mês.

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MÁXIMO FUNÇÃO MÍNIMO

02 Administrador 01

01 Assessor de Imprensa 01

01 Almoxarifado 01

01 Auxiliar de Cozinha 01

01 Aux. de Consultório Dentário 01

01 Auxiliar de Escritório 01

02 Auxiliares de Lavanderia 02

22 Auxiliares de Serviços Gerais 10

01 Cirurgião Dentista 02

02 Cozinheiras 02

01 Coordenador Técnico 06

01 Diretor Adjunto 06

02 Fisioterapeutas 02

11 Porteiros 06

08 Observadores Técnicos 06

01 Operador 01

01 Pedreiro 01

03 Médicos 03

01 Motorista 01

01 Musculação 01

02 Nutricionistas 01

01 Secretária 01

05 Seguranças 05

04 Equipes de Treinamentos28: 04

04 Supervisores 04

28 As categorias em Nova Dehli serão do sub-13 ao sub-21.

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04 Técnicos 04

04 Auxiliares Técnicos 04

02 Preparadores Físicos 02

02 Treinadores de Goleiro 02

02 Massagistas 02

02 Roupeiros 02

O material esportivo será fornecido pela Puma, que entra com o material e patrocínio

financeiro, uma vez que sua marca estará vinculada a uma grande inovação esportiva. A

Puma possui sete lojas espalhadas pela Índia, estando quatro delas em Nova Delhi, as

outras em Pune, Bangalore e Chennai.

4.11 Conclusões

A internacionalização da marca Cruzeiro, por meio da venda de seu know how na formação

de atletas, junto a construção de um Centro de Treinamento, por ele elaborado, somado ao

peso de sua marca no futebol nacional e internacional, não é um sonho distante. A sua

experiência e responsabilidade em âmbito doméstico contribuem para a conquista de

investimentos significativos e imediatos, além de atrair inúmeros patrocinadores que terão

sua marca, produtos e serviços divulgados nos mercados indiano e brasileiro, ou seja,

pontos econômicos, geográficos e geopolíticos de peso .

Grande parte do mercado indiano não tem contato direto com o futebol, que desde a década

de 70 foi caindo no esquecimento. Porém o governo da Índia está de braços abertos para

receber esse esporte e conta com projetos internacionais que visam implementa-lo por lá.

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O investimento de capital é relativamente baixo, em vista do retorno não só financeiro e de

mídia, para o investidor estrangeiro, esse pode ser um dos primeiros passos, senão o

primeiro, para conquistar e permanecer num dos mercados mais promissores do século XXI.

5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A globalização é uma palavra constante nos vocabulários atuais, e mesmo que não haja um

consenso acerca de sua origem e de seu conceito, não há como negar a sua existência e

influencia no cotidiano de indivíduos, comunidades, organizações e times de futebol. Tudo e

todos estão interligados e interdependentes. Embora o fenômeno traga consigo inovações

interessantes e facilitadoras para a vida moderna, ele contribui de forma decisiva para

internacionalização de capitais, para a agravação de disparidades sociais, para a destruição

do meio ambiente, pela relativização de tempo e espaço, etc. Em nível de organização

empresarial, a globalização atua como um eficaz seletor natural, em que só sobrevivem

aquelas que conseguem se adaptarem aos cenários que, constantemente, vão sendo

alterados por ela. Ou seja, a organização se vê encurralada pelas forças dos mercados, dos

concorrentes e da tecnologia, fazendo com que até mesmo as que não pretendem ampliar

suas fronteiras de atuação tenham que se orientar pelo mercado global.

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Para as empresas que desejam se tornar internacionais, diversos são os métodos passiveis

de aplicação para a inserção delas em mercados estrangeiros, que vão da exportação à

fusão entre empresas. As que possuem uma marca forte e estável nacionalmente, contam

com maiores chances de sucesso no exterior, ademais, possuem, na maioria dos casos,

recursos financeiros para tais investimentos. Entretanto, há aquelas marcas fortes, que

começam a se estruturar em termos organizacionais e não contam com disponibilidade de

capital para tamanho empreendimento. É o caso do Cruzeiro Esporte Clube e da maioria

dos clubes latino-americanos, que ainda não possuem estrutura empresarial a nível de

planejamentos estratégicos, ou seja, são míopes e não conseguem enxergar além de

campeonatos, torcida e venda de jogadores para Europa.

No entanto, esse tipo de situação conta com um método bastante interessante, é a

formação de alianças estratégicas, em que há uma simbiose entre as partes; aqui seria o

Cruzeiro com o seu know how esportivo e os investidores e patrocinadores com o know how

administrativo e o recurso financeiro. Embasando-se em tal possibilidade, o Plano de

Negócios foi desenvolvido, buscando o melhor mercado-alvo, parceiros e investidores com

grande potencial foram cogitados, estratégias foram elaboradas e um planejamento

financeiro foi estimado, tudo isso com o intuito de mostrar que é viável a internacionalização

da marca Cruzeiro.

O clube mineiro será o primeiro time de futebol no mundo a se internacionalizar de fato, ou

seja, a criar raízes em território estrangeiro. Para facilitar a penetração em um mercado

‘novo’, características como uma grande população, economia emergente e alguma

semelhança com a população brasileira, foram levadas em conta. O mercado-alvo escolhido

para esse trabalho, portanto, foi a Índia que, além de preencher tais pré-requisitos e ter tido,

anteriormente, contato efetivo com esse esporte, conta com projetos de âmbito

internacional, impulsionados pela FIFA e com uma forte campanha governamental de

estímulo ao esporte e de apoio a tais projetos.

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Em decorrência desses fatores, o futebol indiano vem paulatinamente tentando se reerguer

e hoje já conta com a Liga Nacional de Futebol , com a participação de nove equipes. Aí

reside uma grande oportunidade para o Cruzeiro, que pode escoar para esses times atletas

treinados por ele. O investidor lucra com a venda de jogadores, com a exposição da sua

marca e passa a ter uma boa relação com o governo da Índia, pois o investimento é

benéfico em termos econômicos e, também, sociais para o país, já que os jovens atletas se

dedicarão ao esporte e ao estudo, não havendo tempo para marginalidade.

As estimativas do planejamento estratégico são interessantes ao investidor, que não

precisará injetar uma quantia elevada de capital e não terá que administrar o projeto

diretamente. Além do mais, terá participação no lucro advindo da venda de atletas e seu

nome será veiculado a um projeto inovador, que prima pelo esporte e pela educação, em

todo o mundo. E ao ter uma forte marca brasileira como parceira, a difusão de seu nome no

Brasil será intensa.

Visto a análise SWOT e o custo para implementação do projeto, esse trabalho supre os

questionamentos no que tange a maneira de realizar a internacionalização da marca

Cruzeiro, mostrando que não há razões para o possível parceiro questionar o retorno de

seus investimentos. Alem do mais, há a possibilidade de outras estratégias que não a venda

de jogadores para o aumento de receita, como o caso das escolinhas de futebol, venda de

produtos licenciados, dentre outras que poderão ser implementadas assim que o Cruzeiro

tiver sua marca consolidada na Índia. Não se pode tapar os olhos frente tamanha

oportunidade, portanto, cabe ao Cruzeiro a decisão de se internacionalizar e a

responsabilidade de montar alianças estratégicas de sucesso.

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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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Cruzeiro Esporte Clube. Belo Horizonte, 2007.

Câmara de Comercio Brasil-Índia. Belo Horizonte, 2007.

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ANEXOS

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ANEXO B

ESCUDO

MASCOTE

Raposão

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83

ANEXO C - PARTE EXTRAÍDA DO CONTRATO COM A HICKS MU SE

Tendo em vista que o Licenciante era o Cruzeiro Esporte Clube e que o Licenciador era a

HMTF, eis aqui alguns aspectos da Cláusula 1 – Dos Direitos Cedidos, que vigoraram:

Direito de licenciamento amplo e exclusivo de exibição, distribuição, comercialização,

utilização de marcas, merchandising ou qualquer outro direito intelectual nacional e

internacional, referente ao Time ou qualquer outro aspecto do Programa de Futebol. Os

direitos Licenciados compreendem, sem limitação os seguintes direitos exclusivos:

� Todos os direitos de exibição, comercialização e distribuição em qualquer parte do

mundo, por meio de qualquer forma de tecnologia de som e vídeo (incluindo, sem

limitação, direitos de transmissão por rádio, televisão aberta, televisão a capo, “pay-

per-view television”, televisão por satélite, internet, servidores de interne, e “e-

comerce”, e por qualquer outra forma de aplicativos para internet ou multimedia), em

todas as línguas, todos os jogos de futebol e eventos em que o time ou qualquer

outro time do Programa Oficial de Futebol participe;

� Todos os direitos relativos à exibição fotográfica, artística ou musical, reprodução

audiovisual, exibição, transmissão e retransmissão para o publico de imagens do

time e de qualquer outro time do Programa de Futebol, com relação a qualquer

atividades destes times e de seus jogadores respeitados os direitos de arena dos

jogadores, consoante estabelecido em lei;

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� Todos os direitos de comercialização, na medida do permitido, de livros, álbuns com

imagens dos jogadores, ilustrações, revistas, periódicos, CD-ROM´, vídeos, filmes,

todos os aplicativos de internet, servidores de internet, “e-commerce”, e qualquer

outra forma de mídia envolvendo o time e sues membros, bem como todos e

quaisquer outros aspectos do Programa de Futebol;

� Todos os direitos autorais e quanto a marcas, logotipos, nome, nomes comerciais,

imagens, músicas oficiais e não-oficiais, hinos (na medida em que pertencentes ao

LICENCIANTE) do LICENCIANTE e do Time, bem como a quaisquer outras formas

de propriedade intelectual associadas pelo publico ao Time e ao Programa de

Futebol, registrada ou não e, ainda, a qualquer direito intelectual que possa a vir a

ser registrado durante a vigência do contrato de Licenciamento , incluindo o direito

de comercializar todos os direitos referidos acima;

� Todos os direitos de comercializar qualquer produto referente ao Programa de

Futebol;

� Todos os direitos à renda das bilheterias, quotas de participação e receitas de jogos

realizados fora de casa gerado pelo Programa de Futebol;

� Todos os direitos de vender patrocínio para o Time e para os Programas de Futebol,

incluindo publicidade e propaganda nos uniformes do Time, desde que as cores azul

e branca do uniforme do LICENCIANTE não sejam descaracterizadas;

� Todos os direitos ao uso comercial do nome e da imagem dos jogadores do Time e

do Programa de Futebol, respeitados quaisquer direitos que a lei determinar sejam

detidos pelos jogadores;

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� Todos os direitos de sublicenciar qualquer dos Direitos Licenciados;

� Todos os direitos de negociar patrocínios, propaganda e publicidade, concessões ou

qualquer outra forma de exploração comercial dos Centros de Treinamento, desde

que tal exploração comercial não interfira nas atividades comuns dos Centros de

Treinamentos;

Outros pontos acordados:

� Toda a renda derivada da bilheteria, concessões, anúncios e propaganda de

qualquer natureza relativa a partidas jogadas pelo time ou qualquer outra parte do

Programa de Futebol em qualquer estádio pertencente ao LICENCIADO ou por este

utilizado durante a vigência deste Contrato de Licenciamento, desde que, em caso

de utilização do estádio, o direito de renomar tal estádio tenha disso previamente

adquirido do seu proprietário.

� O LICENCIANTE consultará e obterá o consentimento do LICENCIADO antes de

comprar ou vender o passe, bom como contratar ou dispensar os serviços de

qualquer jogador de futebol para o Time. A desatinação a ser dada pelo

LICENCIANTE aos recursos recebidos com a venda do respectivo passe e o

percentual de tais recursos que será utilizado para a aquisição de outros jogadores

serão um dos critérios a ser utilizado pelo licenciado para aprovar a venda de tal

passe;

� O LICENCIADO, através de uma afiliada, terá o direito de optar por participar com o

LICENCIANTE no investimento a ser feito para à compra de qualquer passe

proposto pelo LICENCIANTE . O LICENCIADO deverá notifica o LICENCIANTE

dentro de 5 dias úteis após a consulta do LICENTIANTE, caso deseje que sua

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afiliada participe do investimento a ser assim feito pelo LICENCIANTE para a

aquisição de passes, participação está que não será maior do que 50% do valor do

passe ou do valor de rescisão ou de qualquer outro pagamento feito para a aquisição

do jogadores ou de seu passe. O LICENCIANTE e a afiliado do LICENCIADO

repartirão os custos de aquisição e as receitas de venda desses passes, na

proporção de suas repetitivas participações no investimento correspondente. Não

terá o LICENCIANTE qualquer participação na afiliada do LICENCIADO que realizar

tal investimento, nem em seus lucros líquidos.

� O LICENCIANTE terá o direito ao recebimento de 100% das receitas obtidas pelo

LICENCIANTE na venda do passe qualquer jogador de futebol que estivesses

contrato pelo LICENCIANTE quando da data de celebração do Contrato de

Licenciamento, jogadores estes previamente listados.

� As receitas líquidas (definidas como sendo a receita bruta do preço de venda menos

o custo de aquisição total inicial incorrido para a compra do passe do jogador)

obtidas com a venda do passe de qualquer jogador de futebol existente jogando no

time, exceto os que já estiverem no time em data anterior à assinatura do contrato, a

partir da data de celebração deste contrato, serão dividas em 50% ao LICENCIANTE

e 50% ao LICENCIADO; de qualquer jogador de futebol adquirido pelo

LICENCIANTE após a data de celebração deste Contrato reverterão exclusivamente

ao LICENCIANTE; e de qualquer jogador semi-profissional, após esta data, serão

repartidas entre o LICENCIANTE e o LCIENCIADO, na proporção de 50% para cada

um.

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ANEXO D - ENTREVISTA

PEDRO HENRIQUE MOREIRA

Coordenador do Programa Cruzeiro

International

1) QUEM SÃO OS CONVENIADOS

(PAÍSES,.CLUBES,.ESCOLAS)?

Pedro: O Cruzeiro Internacional está passando

por reformulação e estamos

ampliando a área de atuação e divulgação do

Clube. Em poucos meses que

estamos nessa nova etapa, muitos países já

entraram em contato conosco para

fechar parcerias e os antigos conveniados estão

felizes com as mudanças.

Temos alguns parceiros que sempre enviam

grupos para passar uma temporada

conosco ou até mesmo atletas individuais,

entre eles estão: Coever

Coaching - Austrália; Bryst International -

Canadá; Mohum Bagan - Índia.

Em suma, os países parceiros ou que já

fizemos negócios são: Ásia (Japão, China,

Coréia), Europa (Holanda, Grécia, Itália,

Alemanha, Áustria), América

(Estados Unidos, Canadá, Venezuela), África

(Angola, Camarões, África do

Sul), entre outros.

2) QUAIS SÃO OS ASPECTOS

NECESSÁRIOS PARA SE TORNAR

CONVENIADO?

Pedro: Como o programa está sendo

reestruturado estes aspectos estão sendo

analisados, porém é necessário que seja uma

instituição ou organização

registrada em seu país de origem: clube,

escolas, universidades, etc. Se

for uma parceria individual, a pessoa tem que

possuir firma aberta. Todos os

Convênios e Parcerias são oficializadas através

de um contrato oficial do

Cruzeiro, assinado pelo Presidente.

3)QUAIS E COMO SÃO OS PROGRAMAS

(CUSTOS E DURAÇÃO)?

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Pedro: Os Programas são o Cruzeiro Super

Camp (treinamento de atletas

individuais ou Grupos na Toca I), o

Cruzeiro Camp - Overseas (treinamento

fora do Brasil, ministrados por profissionais do

Cruzeiro), o

Coaching Clinic (curso para

treinadores na Toca I) e o Coaching Clinic -

Overseas (curso para

treinadores fora do Brasil, ministrados por

profissionais do Cruzeiro).

Temos ainda parceria entre clubes, que se dão,

muitas vezes, através de estágios.

4) POR QUE É IMPORTANTE AO

CRUZEIRO TER UM GRANDE NÚMERO

DE PAÍSES

CONVENIADOS?

Pedro: Quanto maior o numero de países

conveniados com o Cruzeiro, maior será a

divulgação internacional do Clube. Além do

prestígio que ele terá e a marca

Cruzeiro ficará muito mais valorizada no

mundo, atraindo assim grandes

investidores.

5) ALÉM DE APRENDER O FUTEBOL,

QUAIS OS OUTROS BENEFÍCIOS SÃO

OFERECIDOS?

Pedro: Cada programa que o Cruzeiro oferece,

assim como cada grupo que vem ao clube,

possui sua particularidade no cronograma de

atividades. Existe

opcionais que eles podem escolher, como

viagens a cidades históricas, aulas

de línguas - principalmente o português, e

viagens aos locais mais famosos do

Brasil. Porem tem aquelas atividades que são

oferecidas a todos como: city

tour, Mineirão, Toca II, Campestre, shoppings,

dentre outros. Todos os atletas são inseridos na

cultura brasileira, convivendo diariamente com

os atletas da

base, saboreando comidas típicas brasileiras,

além de fazer outras atividades.

6) O CRUZEIRO OFERECE A

OPORTUNIDADE DOS SEUS ATLETAS

TREINAREM EM OUTROS PAÍSES?

Pedro: O Cruzeiro Internacional da a

oportunidade de atletas da base jogarem em

outros paises, através de parcerias firmadas

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com outros clubes. É possível

também que o time do Cruzeiro Internacional

seja convidado a jogar amistosos e torneios no

exterior, dando assim a possibilidade dos

atletas jogarem em outras regiões do mundo.

7) QUAIS SÃO OS CUSTOS E BENEFÍCIOS

DO PROGRAMA?

Pedro: O principal ganho do Cruzeiro nesse

tipo de programa é divulgar o nome

do clube no mundo todo. O custo que teria uma

ação de marketing do Cruzeiro em

âmbito mundial seria de milhões. O programa

faz esse marketing com custo muito menor. E a

divulgação é crescente a cada ano. Além disso,

o Clube cobra, dos

parceiros e intercambistas, diárias para estar no

clube. Desse modo, além de

divulgar a marca o Cruzeiro recebe por isso, e

além de vende seu know how.

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ANEXO E

Tabela 8 - National Football League

Equipo

Churchill Brothers

Dempo SC

Air-India

Mahindra United

East Bengal

JCT Mills

Mohun Bagan

Viva Kerala

Salgaocar

SC Goa

FONTE: FIFA

Tabela 9- Classificação mundial FIFA/Coca

Posição

144

145

146

FONTE: FIFA

Tabela 10 - Classificação continental

Clasificaciones de las zonas

26

27

28

FONTE: FIFA

Tabela 11 - História de Classificações

ANEXO E – CLASSIFICAÇÃO D O FUTEBOL INDIANO

National Football League

PJ G E

1 1 0

1 1 0

1 0 1

1 0 1

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

1 0 0

1 0 0

Classificação mundial FIFA/Coca -Cola

Equipe

Yemen -8

India 0

Liberia -3

lassificação continental

Clasificaciones de las zonas Equipe

26 Yemen

27 India

28 Maldivas

Classificações

90

O FUTEBOL INDIANO

P Pts.

0 3

0 3

0 1

0 1

0 0

0 0

0 0

0 0

1 0

1 0

+/- Pts.

nov. 2007

+/- Pts.

nov. 2007

-8

0

25

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91

Data Posição na clasificação da FIFA

nov. 2007 145

oct. 2007 145

sep. 2007 145

ago. 2007 151

jul. 2007 162

jun. 2007 161

may. 2007 165

abr. 2007 165

mar. 2007 165

feb. 2007 157

ene. 2007 157

2006 157

2005 127

2004 132

2003 127

2002 127

2001 121

2000 122

1999 106

1998 110

1997 112

1996 120

1995 121

1994 109

1993 100

FONTE: FIFA

India a posição média desde a criação da Clasificación Mundial da FIFA é: 122

ANEXO F - INDIA: POLÍTICA NACIONAL DOS ESPORTES 200 1

NATIONAL SPORTS POLICY 2001

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THE PREAMBLE

Activities relating to Sports and Physical Education are essential components of human

resource development, helping to promote good health, comradeship and a spirit of friendly

competition, which, in turn, has positive impact on the overall development of personality of

the youth. Excellence in sports enhances the sense of achievement, national pride and

patriotism. Sports also provide beneficial recreation, improve productivity and foster social

harmony and discipline.

A Resolution on the National Sports Policy was laid in both Houses of Parliament in August,

1984. The National Sports Policy, 1984 was formulated with the objective of raising the

standard of Sports in the country. The National Education Policy, 1986 also incorporated

the objectives of the Policy in so far as the Education Sector was concerned. The National

Sports Policy, 1984 provided inter-alia, that the progress made in its implementation would

be reviewed every five years to determine the further course of action, as may be necessary,

following such review.

Over the years, it has transpired that even as the National Sports Policy, 1984 encompasses

various facets in respect of encouraging sports in the country, the implementation of the

same is not complete and leaves much to be desired. The goals and objectives laid down in

the Policy are yet to be substantially realized. A need has, therefore, been felt to reformulate

the National Sports Policy in more concrete terms, spelling out the specific measures

required to be taken by the various agencies, which are involved, in various ways, in

promoting sports in the country.

INTRODUCTION

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In terms of the National Sports Policy, 2001, the Central Government, in conjunction with the

State Government, the Olympic Association (IOA) and the National Sports Federation will

concertedly pursue the twin objectives of “Broad-basing” of Sports and “Achieving

Excellence in Sports at the National and International levels”. Sports activities, in which the

country has potential strength and competitive advantage, need to be vigorously promoted.

Towards this end, Sports and Physical Education would be integrated more effectively with

the Education Curriculum.

While the broad-basing of Sports will, primarily remain a responsibility of the State

Governments, the Union Government will actively supplement their efforts in this direction

and for taping the latent talent, including in the rural and tribal areas. The Union Government

and the Sports Authority of India (SAI), in association with the Indian Olympic Association

and the National Sports Federations, will focus specific attention on the objective of

achieving excellence at the National and International levels.

The question of inclusion of “Sports” in the Concurrent List of the Constitution of India and

introduction of appropriate legislation for guiding all matters involving national and inter-

state jurisdiction, will be pursued.

BROADBASING OF SPORTS

Considering the key role of sports in national life and for inculcating national pride in the

younger generation, the objective of broad basing, that is, universalisation or mass

participation in Sports assumes special significance. It is imperative to ensure that the

educational institutions, Schools and Colleges in both rural and urban areas; the Panchayati

Raj Institutions, Local Bodies, the government machinery, the Sports Associations and

Industrial Undertakings, as also the various Youth and Sports Clubs, including those of the

Nehru Yuva Kendra Sangathan (NYKS) throughout the country are, and remain, fully

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associated with this Programme. Efforts will be made to promote and encourage

women’s participation in sports. The Union and State Governments, as well as the

Sports Federations/Associations will endeavour to promote a “club culture” for the speedier

development of Sports in the country.

In the National Sports Policy, 2001, high priority will be accorded to the development of

Sports in the rural areas to harness the available talent and potential. In this context, the

Village Panchayats/Gaon Sabhas as well as rural Youth and Sports clubs will be mobilized to

facilitate development of the requisite infrastructure and for the identification of talent through

an appropriate competition structure in the rural areas as also in the disadvantaged and

remote parts of the country which appear to merit special consideration under various

schemes including for the North East. Efforts will also be made for tapping such potential as

swimming in coastal areas and Archery in tribal areas. The available talent will be nourished

and actively supported. Geographically disadvantaged Regions will be extended additional

support for the promotion of Sports. There has been a strong tradition of Indigenous and

traditional games in practically all parts of the country through ages. Indigenous games will

be promoted through schemes related to rural sports.

INTEGRATION WITH EDUCATION

The integration of Sports and Physical Education with the Educational Curriculum, making it

a compulsory subject of learning up to the Secondary School level and incorporating the

same in the evaluation system of the student, will be actively pursued. A National Fitness

Programme would be introduced in all Schools in the country, steps initiated to augment the

availability of infrastructure, including play fields/ sports equipment and action taken to

provide Physical Education Teachers in educational institutions through, inter-alia, the

training of selected teachers in these disciplines. Specialized Sports Schools may also be set

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up. An appropriate Inter-school and Inter- College/University competition structure would be

introduced at the National, State and District levels.

INFRASTRUCTURE DEVELOPMENT

The availability of adequate sports facilities throughout the country is basic to the

development and broad-basing of Sports. In addition to the Union and State Governments,

the sustained involvement of other agencies, including the Panchayati Raj Institutions, Local

Bodies, Educational Institutions, Sports Federations/Associations. Clubs and Industrial

Undertakings will be enlisted in the creation, utilization and proper maintenance of the Sports

infrastructure. While existing play fields and stadia, both in rural and urban areas, will be

maintained for sports purposes, the introduction of suitable legislation may be considered for

providing open areas to promote sports activities. Steps would be taken to evolve low cost

functional and environment-friendly designs in this regard, so that maximum benefits could

be derived through relatively low levels of investment. Efforts will also be made to optimally

utilize the available infrastructure and manpower and Special Coaching Cams organised,

during the vacations, to provide intensive training to talented sports persons, even as they

pursue their academic work.

EXCELLENCE IN SPORTS

The Union Government would focus attention on achieving Excellence in Sports at the

National and International levels. Various sports disciplines will be prioritized on the basis of

proven potential, popularity and international performance. Particular emphasis will be placed

on the development of such priority disciplines and the prioritization reviewed, from time to

time. The IOA and the State Governments would also accord higher priority to such

disciplines. In planning the development of various disciplines, the genetic and geographical

variations within the country would be taken into account so that in areas of potential, in

particular disciplines, timely steps may be taken to harness the existing and emerging talent.

Centers of excellence will be set up to identify and train outstanding sportspersons including

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sports academies where young and talented sports persons will be groomed to achieve

higher levels of performance in the international sports arena.

NATIONAL SPORTS FEDERATIONS (NSFs)

It is recognized that the management and development of Sports are the function of the

Indian Olympic Association and the National Sports Federations, which are Autonomous

Bodies and who, in turn, have affiliated State level and District level Associations. The

Government and other concerned agencies and the Federations/Associations have,

therefore, to work together harmoniously and in a coordinated manner to fulfil the objectives

of the National Sports Policy, 2001. At the same time, the Indian Olympic Association and

the various Sports Federations/Associations will need to demonstrate orientation towards the

achievement of results and ensure tangible progress in the field of Sports, keeping which in

view, model bye-laws/organizational structures may be formulated for the NSFs, in

consultation with them, and with due regard to the Olympic Charter, so as to make the

functioning of the Federations/Association transparent, professional and accountable.

Acknowledging the importance of National Championships for developing competitive spirit

and for talent-scouting, it would be incumbent on the Federations/Associations to hold

Annual Championships in various disciplines in all categories, viz, Seniors, Juniors and Sub-

Juniors (for both Men & Women) at the District, State and National levels. Each National

Federation would draw up the Annual National Calendar of these events sufficiently in

advance, every year, which would be compiled and published by the IOA. Greater emphasis

will be placed on promoting the development of Sports amongst the juniors and sub-juniors

and the more talented amongst them identified for Special Training and Support.

Effective participation in International Events, especially the Olympics, Asian and

Commonwealth Games, is a matter of National Prestige. Participation in these Events has,

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so far, largely been restricted to those disciplines in which creditable performance is

anticipated. The contingents to represent the country in such events need be chosen in due

time, in the light of performance and promise, in National Championships and elsewhere.

Long Term Development Plans (LTDPs) will be prepared for each Sports discipline,

incorporating details of standard of performance, targeted levels of performance,

participation in competitions at national and international levels, sports exchanges, scientific

support and the holding of international competitions in the country. The implementation of

the LTDPs will be reviewed periodically and the same would be continued, as a Rolling Plan

year after year. The release of Government assistance would be considered on the basis of

performance relating to the LTDP in question.

INCENTIVES TO SPORTS PERSONS

Incentives provide recognition and financial security to distinguished sports persons, during

and after their sporting careers, and also motivate the youth in the serious pursuit of sports

activities. Adequate assistance will be extended for Insurance Cover and Medical Treatment

in the event of such eventuality/requirement. Job reservation for sportspersons as per the

prescribed categories will continue.

Social Recognition, the Conferment of Awards and Honours at the National, State, and

District levels, incentives in the form of Cash Awards and Avenues of Employment will be

important elements of the National Sports Policy, 2001. Alongside sports persons, suitable

incentives will be provided to Coaches, Judges and Referees for developing skills and

enriching their experience.

SPORTS AND TOURISM

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The Policy recognizes the inter-dependence and inter-relationship between the Sports and

Tourism sectors, the integrated development of which is capable of generating very

substantial revenues and ensuring a high volume of tourist traffic from within the country and

from overseas, while simultaneously promoting a sports & fitness culture in the country.

Adventure Sports, in particular, have great potential for the promotion of tourism. Towards

this end, the concerned Ministries/Departments of the Union and State Governments, that is

those handling Sports, Tourism and related subjects, will strive to draw up joint/unified Plans

and Proposals for various parts of the country, with due reference to the possibilities in the

North Eastern Region, and to execute these programmes in a systematic and coordinated

manner.

RESOURCE MOBILIZATION FOR SPORTS

Insufficiency of financial resources has been a major constraint in promoting sports in India.

While the Union and State Governments, would need to arrange higher budgetary

provisions, special efforts are equally called for to mobilize corporate funds for the

development of Sports in the country. Accordingly, corporate Houses would be approached

and encouraged to adopt and support particular disciplines (as well as sports persons) in the

longer term; for this purpose. Tripartite Agreements between the Government and the

concerned Sports Federations and the Corporate Houses may be entered into for different

Sports Disciplines. In the context of the Policy of Economic Liberalization, the

Private/Corporate sectors would be more closely involved with the promotion of Sports, in

general, and to build and maintain Sports infrastructure, in particular, with requisite emphasis

on the latest technologies. A suitable package of incentives may also be evolved for this

purpose. Eminent sports persons of established merit will be encouraged to set up and

manage Sports Academies.

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It may be recalled that a National Sports Development Fund has been created with initial

contribution of the Union Government. All contributions (from within and outside the country)

to this Fund have been extended 100% exemption from Income Tax. The mobilization of

resources for the Fund will be strenuously pursued and the feasibility of exempting the

incomes of Sports Federations and Sports persons (from sources other than employers) from

payment of Income Tax explored.

The revenues generated by the sale of Broadcasting Television Rights of Sports Events will

be shared between the concerned Sports Federation/Association and the

Broadcasting/Telecasting agency, public or private, on mutually agreed terms, through

appropriate revenue sharing arrangements.

GLOBALISATION

As a resurgent India confidently enters the New Millenium, Sports (and related activities) will

be increasingly utilized as a medium for promoting cooperation and friendship in the Region,

as also globally. Sports Exchange Programmes will be pursued with all friendly Nations, with

emphasis, on the one hand on Advance Training for Sports persons and Coaches, Scientific

Support, the latest Research Aids and Development of Infrastructure, and earning laurels for

the country, in Sports and Games, on the other.

The National Sports Policy, 2001 would be reviewed, periodically, in order, inter-alia, to

incorporate changes/modifications which may be necessitated by technological and other

advancements in the field of Sports.

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ANEXO G – CENTRO DE TREINAMENTO