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INTERIORIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA ¹Angelo Gustavo Mendes Costa, ²Claudia Alves de Souza Muniz, ³Francisca Monteiro da Silva Perez, 4 Kalyn Kegia Cardoso Bezerra, 5 Ulisses de Melo Furtado 1 Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Núcleo de Educação a Distância, [email protected] 2 Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Núcleo de Educação a Distância, [email protected] 3 Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Núcleo de Educação a Distância, [email protected] 4 Universidade Federal Rural do Semi-Árido, [email protected] 5 Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Núcleo de Educação a Distância, [email protected] Resumo – A Educação à Distância (EaD) vem ganhando destaque nos últimos anos tornando-se uma alternativa de qualificação viável para pessoas que antes precisaria se deslocar para os grandes centros urbanos onde os cursos em geral eram oferecidos, muitas vezes, tendo que residir em outras localidades, abandonando sua família e seu trabalho. Atualmente é comum a oferta de cursos a distância seja em nível de graduação ou pós-graduação em instituições públicas e privadas, atendendo a um público espalhado por regiões as quais não dispunham de nenhuma oportunidade de qualidade até pouco tempo atrás. A diversidade desse público motiva a execução deste trabalho, o qual busca identificar a demanda pelos cursos ofertados através da Educação a Distância por uma Instituição Federal de Ensino Superior no seu último ingresso, identificando itens socioeconômicos dos estudantes, de onde eles vêm realmente e informações relevantes acerca da expansão da EaD no Estado do Rio Grande do Norte. Palavras-chave: Educação a Distância; Expansão; Interiorização; Perfil. Abstract – Distance Education (EaD) has been gaining prominence in recent years, becoming a viable qualification alternative for people who would need to travel to the major urban centers where the courses were generally offered, often having to reside in other localities, abandoning his family and his work. Nowadays, it is common to offer distance courses either in undergraduate or postgraduate level in public and private institutions, serving a public spread by regions which had no quality opportunities until recently. The diversity of this public motivates the execution of this work, which seeks to identify the demand for the courses offered through Distance Education by a Federal Institution of Higher Education in its last entry, identifying socioeconomic items of the students, where they actually come from and relevant information about the expansion of EAD in the State of Rio Grande do Norte. Keywords: Distance Education; Expansion; Interiorization; Profile.

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Page 1: INTERIORIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA · INTERIORIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA ¹Angelo Gustavo Mendes Costa, ²Claudia Alves de Souza Muniz, ³Francisca Monteiro

INTERIORIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA

¹Angelo Gustavo Mendes Costa, ²Claudia Alves de Souza Muniz, ³Francisca Monteiro da Silva Perez, 4Kalyn Kegia Cardoso Bezerra, 5Ulisses de Melo Furtado

1Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Núcleo de Educação a Distância, [email protected]

2Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Núcleo de Educação a Distância, [email protected]

3Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Núcleo de Educação a Distância, [email protected]

4Universidade Federal Rural do Semi-Árido, [email protected]

5Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Núcleo de Educação a Distância, [email protected]

Resumo – A Educação à Distância (EaD) vem ganhando destaque nos últimos anos tornando-se uma alternativa de qualificação viável para pessoas que antes precisaria se deslocar para os grandes centros urbanos onde os cursos em geral eram oferecidos, muitas vezes, tendo que residir em outras localidades, abandonando sua família e seu trabalho. Atualmente é comum a oferta de cursos a distância seja em nível de graduação ou pós-graduação em instituições públicas e privadas, atendendo a um público espalhado por regiões as quais não dispunham de nenhuma oportunidade de qualidade até pouco tempo atrás. A diversidade desse público motiva a execução deste trabalho, o qual busca identificar a demanda pelos cursos ofertados através da Educação a Distância por uma Instituição Federal de Ensino Superior no seu último ingresso, identificando itens socioeconômicos dos estudantes, de onde eles vêm realmente e informações relevantes acerca da expansão da EaD no Estado do Rio Grande do Norte.

Palavras-chave: Educação a Distância; Expansão; Interiorização; Perfil.

Abstract – Distance Education (EaD) has been gaining prominence in recent years, becoming a viable qualification alternative for people who would need to travel to the major urban centers where the courses were generally offered, often having to reside in other localities, abandoning his family and his work. Nowadays, it is common to offer distance courses either in undergraduate or postgraduate level in public and private institutions, serving a public spread by regions which had no quality opportunities until recently. The diversity of this public motivates the execution of this work, which seeks to identify the demand for the courses offered through Distance Education by a Federal Institution of Higher Education in its last entry, identifying socioeconomic items of the students, where they actually come from and relevant information about the expansion of EAD in the State of Rio Grande do Norte.

Keywords: Distance Education; Expansion; Interiorization; Profile.

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1. Introdução

A partir da Lei de Diretrizes e Bases no 9.394/96, políticas educacionais foram estruturadas objetivando assegurar a expansão à educação, via aumento de oferta de cursos superiores com a finalidade de promover a inclusão social, dentre os quais podemos destacar a Universidade Aberta do Brasil (UAB), programas governamentais cujos objetivos de criação, em seus aparatos legais, são democratizar, expandir e interiorizar a oferta de ensinos superior públicos, gratuitos e de qualidade para o país (ARAÚJO, et al, 2015). Além disso, o artigo 80 desta lei trata da determinação, por parte do poder público, do incentivo ao desenvolvimento e à disseminação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades, incluindo a educação continuada do trabalhador (BRASIL, 1996). Tomando esse contexto como base de discussão, este trabalho apresenta a atual distribuição dos cursos de EaD, na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), no estado do Rio Grande do Norte. A partir da Lei de Diretrizes e Bases no 9.394/96, políticas educacionais foram estruturadas objetivando assegurar a expansão à educação, via aumento de oferta de cursos superiores, com a finalidade de promover a inclusão social, dentre os quais podemos destacar o Sistema UAB, programa governamental cujo objetivo de criação é democratizar, expandir e interiorizar a oferta de ensino superior públicos, gratuitos e de qualidade para o país. Além disso, o artigo 80 desta lei trata da determinação, por parte do poder público, do incentivo ao desenvolvimento e à disseminação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades, incluindo a educação continuada do trabalhador (BRASIL, 1996). Tomando esse contexto como base de discussão, este trabalho apresenta a atual distribuição dos cursos de EaD, na UFERSA, no estado do Rio Grande do Norte.

Ao se perceber o crescimento sistemático da oferta de cursos ofertados através da EaD no Brasil, propondo uma interiorização e democratização do acesso ao ensino nos mais diversos níveis, em regiões que até então não dispunha, torna-se relevante descobri o perfil do público que está sendo atendido. Nesse sentido, este trabalho busca a partir da realidade especifica de uma instituição pública, vinculado ao sistema UAB, apresentar esse público, como forma, de identificarmos realmente o caráter social que a EaD pode propiciar.

2. A Educação a Distância no BrasilA EaD no Brasil é relacionada ao início do século XIX, mais temos como marco

regulatório a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que estabeleceu as bases legais para a modalidade de educação a distância. De acordo com o que foi definido no Art. 80: “o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL, 1996, p. 43).

A regulamentação deste artigo ocorreu pelo decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que em seu texto levava a interpretações complexas e

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controversas sobre a EaD, e é revogado pelo Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, cujo texto aprovado apresentou melhorias na definição da EaD, bem como um conjunto de artigos mais claros a respeito da sua organização e funcionamento, possibilitando a oferta de cursos à distância em todos os níveis.

Com o objetivo de melhorar e expandir ainda mais a oferta de cursos superior no Brasil e da emergente institucionalização da EaD, o Ministério da Educação (MEC), publicou a portaria regulamentando o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, que, em seu artigo 1º diz:

Considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a util ização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos. (BRASIL, 2017, p.1)

Portanto, amplia a oferta de cursos superiores na modalidade a distância, com a melhoria da qualidade da atuação regulatória do MEC na área, aperfeiçoa procedimentos, desburocratiza fluxos e reduz o tempo de análise e o estoque de processos. Com isso os processos de credenciamento pelas IES são ampliados ajudando o país a atingir a meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE), que determina a elevação da taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida em 33% da população de 18 a 24 anos.

A partir dos incentivos do governo para ampliação da EaD em nosso país são criados vários programas de fomentos objetivando contribuir de fato para democratização, disseminação e interiorização dessa modalidade de ensino no nosso país, dentre alguns estão o Sistema UAB instituído pelo Decreto 5.800, de 8 de junho de 2006, para "o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País". Fomenta a modalidade de educação a distância nas instituições públicas de ensino superior, como também dá suporte a pesquisas em metodologias inovadoras de ensino superior respaldadas em tecnologias de informação e comunicação.

Além do mais, incentiva a colaboração entre a União e os entes federativos e intensifica por meio dos polos de apoio presencial localizados estrategicamente proporcionando formação permanente para quem precisa; o Programa de Formação Continuada que objetiva formar professores dos sistemas estaduais e municipais de ensino que atuam na Educação Especial; a Rede e-Tec Brasil- que atender a educação profissional e tecnológica a distância; as Mídias na Educação, que proporcionar formação continuada para o uso pedagógico das diferentes tecnologias da informação e da comunicação – TV e vídeo, informática, rádio e impresso e tem como público-alvo prioritário os professores da educação básica; o Programa Nacional de Formação em Administração Pública (PNAP) que forma profissionais com amplo conhecimento em administração pública, capazes de atuar no âmbito federal, estadual e municipal; entre outros.

Percebemos que, com a demanda de programas de fomentos, o avanço

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tecnológico e as necessidades do mercado por cursos online, acontece um crescimento da EaD considerável nas IES. A contribuição dessa modalidade de ensino é uma grande tendência para a educação, observa-se que nos últimos anos tem-se mantido um padrão estável, com maior concorrência nas regiões sul e sudeste do país. Também é grande a participação das instituições privadas na oferta de cursos nessa modalidade de educação.

E esse crescimento se deve a vários fatores como a maturidade alcançada pelas instituições, o aumento da qualidade da educação ofertada como também da compreensão e desmistificação da sociedade sobre essa modalidade de ensino. Logo, problemas como a evasão e resistência das pessoas a EaD, que antes eram as principais preocupações são substituídas pela atenção nas inovações tecnológicas e pedagógicas. Consideramos essa preocupação importante, para que o comprometimento das instituições com a qualidade do ensino que oferecem,

aconteça de fato e a EaD seja consolidada. E assim, a EaD é consolidada como uma educação que pesquisa e utiliza diferentes tecnologias, que aplica diferentes metodologias e se estabelece como uma forma inovadora de aprender.

O último censo EaD no Brasil comprova em termos numéricos o aumento da complexidade positiva, da expansão e do amadurecimento da oferta e efetivação de aprendizagem através de mediação tecnológica no país, além de se configurar como uma grande oportunidade de negócio. Segundo o censo EAD Brasil 2016, em todos os níveis acadêmicos dispõem de ofertas de (EAD) no país. A grande maioria dos cursos ofertados em cursos regulamentados totalmente a distância são especializações lato sensu, com uma oferta de 1.098 cursos. Com uma grande distância, também há 235 ofertas de cursos em nível tecnológico, 219 em nível técnico profissionalizante e 210 ofertas de licenciaturas, os investimentos na área visam acompanhar as evoluções tecnológicas e o aumento acelerado da demanda.

O quantitativo de alunos que são beneficiados por essa modalidade de ensino é imenso. O Censo EAD em 2016 no Brasil somava 561.667 alunos em cursos regulares ofertados completamente a distância, 217.175 em cursos regulamentados semipresenciais, 1.675.131 em cursos livres não corporativos e 1.280.914 em cursos livres corporativos. Os números são animadores e relatam a grande potencialidade da EaD no atendimento as demandas regulamentadas de educação, como também, as demandas de formação continuada.

O ensino a distância no Brasil tem se mostrado cada vez mais como a grande tendência da educação no Brasil, como também mundial. As informações apresentadas apenas comprovam o ótimo momento vivenciado por esta modalidade de ensino que muito tem colaborado para que pessoas que antes não poderiam fazer um curso de forma presencial poderem garantir sua formação com qualidade.

3. A Educação a Distância na UFERSAA Educação a Distância na Universidade Federal Rural do Semi-Árido

(UFERSA) teve suas ações iniciadas em meados do ano de 2010, através da Resolução CONSEPE/UFERSA no 007/2010, de 19 de agosto de 2010, a qual criou Núcleo deo Educação a Distância (NEaD) vinculado a Pró-Reitoria de Graduação, inicialmente ofertando apenas o curso de Licenciatura em Matemática nos polos de apoio de Caraúbas,

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Grossos, Parnamirim e Natal, através do Sistema Universidade Aberta do Brasil.

Ao longo dos anos, o Núcleo estruturou-se no âmbito da Universidade, ampliando sua atuação em novos polos de apoio e cursos de Graduação e Pós-Graduação em regiões estratégicas do Rio Grande do Norte, atendendo também estudantes do Ceará e Paraíba, como mostra a Figura abaixo, onde é possível visualizar a expansão e área de atuação do NEaD.

Figura 01 - Expansão do NEaD/UERSA

Fonte: https://nead.ufersa.edu.br/apresentacao-2/

Nesse processo de ampliação e consolidação, além do curso de Matemática, foram acrescentados Computação, Física e Química, todos licenciatura, além de cursos de aperfeiçoamento e especialização, com destaque aos aperfeiçoamentos em Atendimento Educacional Especializado, Políticas Públicas Educacionais, Educação Ambiental, Educação Quilombola, entre outras e especializações em Atendimento Educacional Especializado, em Educação Interdisciplinar, UNIAFRO, entre outras. As ações também extrapolaram o contexto da Pró-Reitoria de Graduação, onde o NEaD passou a atuar como apoio a todas as ações que envolvem EAD nas demais esferas da Universidade.

Os cursos de graduação têm sua oferta vinculada às ações e fomento do Sistema Universidade Aberta do Brasil, as quais, este projeto analisará o perfil do último ingresso de alunos realizado em 2017, como destaca a sessão a seguir.

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4. Interiorização do Ensino Superior a Distância: O Rio Grande do Norteatravés da UFERSA

No ano de 2017, o NEaD/UFERSA teve ingresso de estudantes para os cursos de Computação, Física, Matemática e Química em cinco polos de apoio presencial: Angicos, Caraúbas, Grossos, Pau dos Ferros e São Gonçalo do Amarante, disponibilizando mais de 500.

Analisando os dados deste ingresso a maior procura está no curso de licenciatura em Computação (34,2%), seguido por Licenciatura em Matemática (28,3%), Licenciaturas em Física e Química praticamente empatadas com 18,8% e 18,7% respectivamente. Apesar da preferência pela área da computação, é perceptível um equilíbrio entre a procura nas áreas de Computação e Matemática, Física e Química, como destaca o Gráfico 01.

Gráfico 01 - Procura por cursos de licenciatura ofertado

Considerando as cidades com registro de matrícula por aluno e analisando o Gráfico 02, percebe-se que de fato acontece uma interiorização e democratização do Ensino Superior, possibilitando o acesso em cidades que até então não dispunham, ao todo, 102 municípios têm alunos registrados, abrangendo não apenas o Rio Grande do Norte, mas também o Ceará e a Paraíba.

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Gráfico 02 - Distribuição de discentes por cidades

É importante destacar que estes dados se tratam apenas de um recorte e que a soma total do percentual compreendido no Gráfico 02 representa apenas 67,4% das cidades com alunos vinculados aos cursos. Os 32,6% restantes, estão distribuídos em cidades com percentuais inferiores, prioritariamente no Rio Grande do Norte, mas também atendendo discentes do Ceará e Paraíba através de polos de próximos a divisa destes estados.

Do exposto acima, podemos perceber o alcance da Educação a Distância; principalmente no cumprimento do seu papel no que diz respeito a levar a educação aos lugares distantes dos grandes centros urbanos e universitários. E, isso é evidenciado, particular no Rio Grande do Norte em que 90% das cidades atendidas pela EaD/UFERSA são municípios do interior do estado. Proporcionando assim, um direito básico ao homem que é a educação. Direito esse, que pode proporcionar a todos os homens a possibilidade de ter acesso a outros direitos universais com consciência do seu papel e dever.

Ainda focando no Gráfico 02, os municípios com maiores quantidades de alunos por ordem decrescente são:

1. Mossoró/RN

2. Pau dos Ferros/RN

3. Natal/RN

4. Grossos/RN

5. Angicos/RN

6. Apodi/RN

Esses dados demonstram que em geral as cidades polo atuam realmente

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como referência atendendo alunos das regiões circunvizinhas. A partir destes levantamentos, torna-se relevante identificar o perfil deste público, sua situação socioeconômica e os motivos que o levaram a procurar a Educação a Distância. Estas questões são tratadas no tópico a seguir.

A sequência de gráficos abaixo, apresentam dados relevantes com relação ao perfil do público atendido. O Gráfico 03, explicita que 86,5% dos discentes residem na zona urbana, enquanto que 13,5% na zona rural. Complementando estas informações, o Gráfico 04, apresenta que 91% vivem em casa ou apartamento com a família.

Gráfico 03 – Localização da residência do estudante

Gráfico 04 – Situação da residência do estudante

A informações destes dois gráficos, apresentam de fato um retrato do público atendido, sendo prioritariamente pessoas da zona urbana que residem com a família, contudo, é relevante destacar que estamos falando de sua maioria de cidades do interior do estado e não dos grandes centros urbanos.

5. O perfil destes novos alunosAo focarmos no perfil dos discentes, analisaremos inicialmente a afirmação do presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), Frederic

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Michael Litto, onde em entrevista à folha online em 2004 admitia que a modalidade de ensino a distância "não é para todos". Pois segundo ele: o aluno que precisa do professor ao lado dele, cobrando ou elogiando, não é bom para educação a distância. É preferível um aluno um pouco mais maduro, autônomo. E que cumpra os prazos.

A fala do presidente da ABED está de acordo com os dados que coletamos, onde a maioria do nosso público alvo é composta por alunos que já entraram na vida adulta, conforme reforça o gráfico abaixo.

Gráfico 05 - Distribuição de discentes por faixa etária

Nesse sentido o acesso à educação pública e de qualidade pode viabilizar uma mudança social na vida dos discentes. Pois, como cerca 70,8% são declarados do sexo masculino (Gráfico 06), faixa etária elevada e que 51,7% deles são casados ou vivem com companheiros (Gráfico 07), além de 53,9% terem uma renda de até um salário mínimo (Gráfico 08). Tudo isso mostra o poder de transformação que a educação pode proporcionar no sentido de uma ascensão profissional e social.

Gráfico 06 – Gênero dos estudantes

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Gráfico 07 – Estado civil dos estudantes

Gráfico 08 – Renda mensal dos estudantes

Com relação a cor/raça, analisando o Gráfico 09, há uma predominância de pardos (46,1%), seguido de perto por brancos (44,9%). Em menor grau temos os pretos e amarelos. Não houveram registros de indígenas.

Gráfico 09 – Cor/Raça dos estudantes

Para contribuir positivamente no quadro apresentado acima há algumas facilidades que podem ajudar esse aluno como a tecnologia usada. E, seja ela qual for, tem que ser bastante amigável e esse papel cabe ao professor que deve ter a

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capacidade de manter o interesse do aluno, motivando-o sempre a continuar na sua caminhada de acesso à educação. Pois, de outra forma, baseado em alguns dos dados apresentados aqui, esse aluno não teria como frequentar uma sala de aula presencial. Principalmente, aqueles que trabalham, que moram em municípios do interior do estado, e, ainda, tem uma baixa renda.

Analisando as informações referentes a situação de trabalho dos estudantes, há uma diversidade de registros profissionais, com destaque a 29,2% que são servidores dos Governos Federal, Estadual e Municipal, em geral professores, já que as ofertas de cursos da EAD, podem destinar vagas para professores em busca de sua segunda graduação. Contudo, é grande o índice de registrado de alunos que não trabalham, chegando a 22,5%, o que demonstra que trata-se realmente de uma oportunidade de qualidade importante para estes cidadãos. Outro índice que merece destaque são os de trabalhos do comércio, banco, transporte, hotelaria ou outros serviços que chega a 11,2%, bem como os trabalham na agricultura, no campo, na fazenda ou na pesca com 5,6%, este o mesmo índice de profissionais do lar.

Gráfico 10 – Situação de trabalho dos estudantes

É importante ressaltar que houveram registros de 21 tipos de trabalho citados, o que mostra a diversidade de público atingido e enaltece o poder de transformação social dos cursos ofertados através da EAD dispõe, complementando quando se analisa o Gráfico 11, o qual apresenta que 36% dos alunos entrevistados buscam a sua primeira graduação, além de 37,1% que devido a flexibilidade da EaD pode dar continuidade aos seus estudos sem precisar deixar de trabalhar.

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Gráfico 11 – Motivos de ingressar em um curso a distância

6. ConsideraçõesA partir dos dados analisados, constata-se realmente o caráter social e

inclusivo da EaD tendo em vista o público de abrangência está amplamente distribuído nas várias regiões da área analisada, inclusive no meio rural. É importante destacar ainda a distribuição do etária do público atingido, envolvendo pessoas de todas as idades e com renda de até um salário mínimo.

A EaD apresenta-se diante deste cenário, como viável aos objetivos que se propõe, fazendo uso das tecnologias da informação e comunicação para atingir regiões distante dos grandes centros urbanos e ampliando a possibilidade de qualificação para pessoas que tinham possibilidades limitadas, permitindo ainda que o conhecimento adquirido possa ser aplicado na própria região, realizando um desenvolvimento sustentável daquela área.

É fato que este projeto apresenta o contexto apenas de um Estado da Federação, contudo, que esta pesquisa sirva de base para outras análises que venham a identificar este perfil, sendo possível traçar uma base nacional de inserção da EaD, descobrindo quem são os envolvidos nesta modalidade educacional, aferindo por exemplo a relevância para os jovens que já buscam se qualificar e cada vez mais cedo ingressar no mercado de trabalho ou ainda profissionais já inseridos que procuram se qualificar sem abandonar sua vida profissional, muitas vezes nos grandes centros, onde a concorrência exige que ele se qualifique regularmente e a EaD possibilita a flexibilidade necessária.

Essa temática a cada dia torna-se mais relevante, ao passo que a EaD cresce se expande em nível nacional de forma consolidada e em todas as áreas do conhecimento em instituições públicas ou privadas, se mostrando como uma modalidade viável para qualidade das pessoas da sociedade atual.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – ABED. Censo

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EAD.BR.ABED/2016. Disponível em:http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_portugues.pdf. Acesso em: 10 jul. 2018.

BRASIL. Decreto n. 9.057, de 26 de maio de 2017. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 25 mai. 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5622.htm>. Acesso em: 10 jul 2018.

_____. Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Diário oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 dez. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5622.htm>. Acesso em: 10 jul 2018.

_____. Lei n. 9.394, de 20 de dezembr

o de 1996. Diário Oficial da União. Poder Legislativo, Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em 10 jul 2018.

_____. Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. Regulamenta o Art. 80 da LDB (Lei nº 9394 de 1996). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/ tvescola/leis/D2494.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2018.

_____. Decreto nº 5.800, de 8 de junho de 2006. Dispõe sobre o Sistema Universidade AbertadoBrasil.Disponívelem:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/decreto/d5800.htm>. Acesso em: 10 jul. 2018.

ARAÚJO, A. C. U., Marques, D. L., ROCHA, E. M., AGUIAR, G. M. P. De,. A INTERIORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO CEARÁ: UM ESTUDO DE CASO NO IFCE. Conex. Ci. e Tecnol. Fortaleza/CE, v. 9, n. 2, p. 25 - 33, jul. 2015.

FURTADO, Ulisses de Melo; FERNANDES, Jéssica de Oliveira. Introdução à EAD: Moodle para estudantes. EdUfersa, 2017. ISBN: 978-85-5757-064-1 - Mossoró-RN: