interações opressivas (design & opressão)

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interações opressivas Design & Opressão [email protected] rodrigo gonzatto gonzatto.com

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Page 1: Interações opressivas (Design & Opressão)

interaçõesopressivas Design &Opressã[email protected]

rodrigo gonzattogonzatto.com

Page 2: Interações opressivas (Design & Opressão)

Identidade e existência: quem sou? que sou?

Soubrasileiro

Não sou… ?

Eles sãodiferentesporque…

Brasileirossão …. ?

Exemplo sobre identidade nacional

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Nós e eles: o “outro” Identidade, pertencimento e diferença

Mapa baseado no texto "A produção social da identidade e da diferença" de Tomaz Tadeu da Silva.De: Jéssica Bischoff, disponível em: lacosdeidentidade.blogspot.com.br/2012/04/mapa-conceitual-sobre-diferenca.html

Page 4: Interações opressivas (Design & Opressão)

Diferenças e poder

• Diferenças são classificadas (quem classifica?)

• Diferenças são hierarquizadas (como se hierarquiza?)

importante x sem valor

melhor x pior

queremos x não queremos

evidencia x oculta (visível x invisível)

acima x abaixo

antes x depois

universal (geral) x particular (específico)

ativo x passivo

Page 5: Interações opressivas (Design & Opressão)

Grupos: inclusão ou exclusão?

• Classe e poder econômico

• Sexo e gênero (identidade, orientação, etc)

• Raça e etnia

• Idade e geração

• Corpo, deficiência e capacitismo

• Geopolítica, nação e origem (ex. migração, centro/periferia)

• Hábitos, tradições e cultura

• Religião e crenças … entre outros!

Page 6: Interações opressivas (Design & Opressão)

Opressão como conceito

• Opressão não no sentido cotidiano, mas como conceito

• A opressão é processo de desumanização. Não é apenas algo que não se gosta, um desconforto, um problema, nem mesmo uma contradição (apesar de estes serem “sintomas" de opressão”)

• Opressões se interseccionam umas com as outras (interseccionalidade)

• A opressão é histórica, e não algo de apenas um momento específico

• A opressão é estrutura de relação, e não pontual de algo (um objeto, uma pessoa, uma instituição)

• A opressão diz respeito a grupos de pessoas, não a indivíduo isolado

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O que é opressão? (Paulo Freire)

Freire entende opressão como negação da vocação do ser humano de "ser mais". Negação da liberdade, de "ser para si” que o obriga a “ser menos”.

A opressão é condição desumanizadora, nega autonomia.

Opressão diz respeito a miséria, desigualdade social, exploração do trabalho, autoritarismo, marginalização, dependência.

Page 8: Interações opressivas (Design & Opressão)

O que é opressão? (Iris Marion Young)

Opressão é "fenômeno estrutural que faz com que determinados grupos estejam, por causa de práticas sociais sistemáticas e muitas vezes inconscientes, sempre em posição de desvantagem perante os grupos dominantes. “

“Opressão faz referência a fenômenos estruturais que imobilizam ou diminuem um grupo”

Opressão são pessoas reduzindo o potencial de outras pessoas de serem plenamente humanas

5 formas de opressão: violência, exploração, marginalização, desempoderamento e imperialismo cultural

Page 9: Interações opressivas (Design & Opressão)

Características da opressão

• "Opressão como o ato de submeter pessoas abaixo de certo nível existencial, ou de não permitir que ultrapassem o mesmo.”

• A imagem da opressão não é apenas a de "tiranos cruéis com más intenções". Está ligada ao dia-a-dia (Young)

• Opressões são incorporadas em normas, hábitos e símbolos (Young e Freire): língua, educação, etc

• Uma característica da opressão: não participação efetiva do oprimido nas decisões que impactam na sua existência.

Page 10: Interações opressivas (Design & Opressão)

Relação opressor e oprimido

• Quem é/são o/s opressor/es?

• Quem é/são o/s oprimido/s?

• Como (oprimido e opressor) interagem: mediados pelo mundo (objetos, símbolos, linguagem, língua, normas corpo, etc)

• Para visualizar a relação oprimido e opressor, é preciso visualizar: grupos, estrutura, história, interseções e interesses.

Page 11: Interações opressivas (Design & Opressão)

Dialética do senhor e do escravo Opressão oprime opressor e oprimido

• O opressor se beneficia com a opressão, mas também sofre com ela:

• A opressão impede grupo oprimido e grupo opressor de ser (de construir sua existência) para além da opressão.

• O oprimido aspira ser opressor, quando não vê alternativas de lidar com a realidade, aceitando a opressão

• Dialética do senhor e do escravo (Hegel) [próximo slide]

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Dialética do senhor e do escravo de Hegel

• Escravo é quem nada tem de seu. O que tem é trabalhar para o senhor. (identidade: tese)

• O senhor é aquele que possui coisas suas. Mas não tem o reconhecimento do escravo. (anti-tese)

• Se o escravo se torna senhor, e o senhor se torna escravo, a relação não mudará de forma. (não há síntese)

• O modo como esta libertação se dá decide a existência futura. (síntese)

Page 13: Interações opressivas (Design & Opressão)

EXPLORAÇÃO Caso para análise

Page 14: Interações opressivas (Design & Opressão)

Você já trabalhou em telemarketing?

Você já precisou ligar para um call center?

Ou recebeu uma ligaçãode telemarketing?

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Centrais de Teleatividades (CTAs), Call center ou Telemarketing• Atividade multitarefa: “digitação de dados, atendimento ao

supervisor, escuta, reposta e argumentação ao cliente e, ainda, atenção à empresa contratante” (VENCO, 2009, p. 156)

• Trabalho mal remunerados, vigiado (escutas simultâneas, sem conhecimento da operadora), repetitivo, intimidativo, impessoal, e padronizado, marcado pela pressão de tempo e de metas rígidas de produção. (VENCO, 2009)

• Preferência por mulheres (especialmente com mais idade) e LGBTs. Porquê?

Page 17: Interações opressivas (Design & Opressão)

Centrais de Teleatividades (CTAs), Call center ou Telemarketing• Mulheres recebem menos que homens

• Menor possibilidade de ascensão de carreira (ocupam menos cargos de supervisão e gerência)

• A partir de entrevistas, Venco (2009) se deparou com justificativas pelas "ditas qualidades da mulher (…) como a paciência, a capacidade de ouvir, a delicadeza no trato com os clientes e, (…) homens e mulheres, preferem falar ao telefone com uma mulher.

• Redução da qualificação profissional da mulher à atributos tácitos.

Page 18: Interações opressivas (Design & Opressão)

Centrais de Teleatividades (CTAs), Call center ou Telemarketing• "homens não são educados na família e na sociedade para se

submeterem ou para obedecerem” (VENCO, 2009, p.161)

• Mulheres com idade superior e com filhos são perfil “preferencial”. Elas anseiam conquistar um espaço não-doméstico (o trabalho) e querem provar sua capacidade profissional perante a família e à sociedade, que não reconhece

• LGBT’s também tem "preferência", porque não conseguem empregos em lugares que as pessoas os veem pessoalmente, e no telemarketing só precisam mostrar “a voz”.

• A ideia é de que um trabalho precário e pouco valorizado, só será aceito e realizado com alta produtividade por pessoas já em condições pessoais de pressão e opressão.

Page 19: Interações opressivas (Design & Opressão)

Interfaces podem ser opressoras?

• Um objeto possui valores? Induzem comportamento/valores?

• Sim: objeto influencia comportamento

• Não: mas objeto não determina o comportamento

• Sim e Não: o objeto é um dos influenciadores

• Conjuntos de objetos reafirmam e facilitam certos valores, ainda que seja possível contestá-los

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http://unnecessarilygenderedproducts.tumblr.com/

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Big datadados pessoais

e publicidade direcionada/personalizada

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Porém, nomes diferentes do nome social ainda são um problema.

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https://qz.com/911681/we-tested-apples-siri-amazon-echos-alexa-microsofts-cortana-and-googles-google-home-to-see-which-personal-assistant-bots-stand-up-for-themselves-in-the-face-of-sexual-harassment/

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Interfaces manifestam relações de opressão• Nas interfaces que se manifestam

as relações de opressões

• Interfaces são a cristalização de interesses em disputa, postos no mundo (materializados) para funcionar

• Podem reafirmar e reforçar certas questões/valores/sistemas, posicionando elas como “normais”, “default”, "padrão"

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Exemplo: sistema de reconhecimento facial de faces humanas

Qual a noção de humano que foi corporificadoneste sistema?

https://motherboard.vice.com/pt_br/article/o-preconceito-inerente--tecnologia-de-reconhecimento-facial

Caso da HPhttps://www.youtube.com/watch?v=t4DT3tQqgRM https://www.youtube.com/watch?v=F3eoIpUJNU0

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Mulheres de pele clara eram a referência de cor

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/04/08/Como-a-ind%C3%BAstria-da-fotografia-determinou-que-o-%E2%80%98normal%E2%80%99-%C3%A9-a-pele-branca

Kodak Shirleys

publicidade de chocolate e móveis

60’ s 70's

Page 27: Interações opressivas (Design & Opressão)

Como se apagavam indígenas das fotos antes da era do Photoshop

http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/25/cultura/1443141572_008552.html

higienismo

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"That's a problem.” [Shawn Alexander Allen]'s game, Treachery in Beatdown City, for example, goes out of its way to depict many more kinds of skin tones than those you'd see in the NES aesthetic it pays homage to.

"People that are not black don't think about the different shades of blackness or browness," says Allen,

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O que é interação opressiva?

• Das interfaces às interações

• Falar de "interação opressiva", não “interação opressora”

• A relação de interação oprime, mas não é a interação que é opressora → é uma relação entre pessoas mediada por artefatos postos para perpetuar ou superar opressões

Page 31: Interações opressivas (Design & Opressão)

Machismo no ambiente gamer

Porque algumas mulheres gamersusam nicknames que não identificam gênero,

ou não jogam usando dispositivos de voz?

Page 32: Interações opressivas (Design & Opressão)

Here's the tournament list, from the organisation's Facebook event page:

Male Competition: Dota 2, Starcraft 2, Hearthstone, Ultra Street Fighter IVFemale Competition: Starcraft 2, Tekken Tag Tournament 2

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Como se superam as opressões?

• Anúncio/Denúncia (Freire)

• Teatro do oprimido (Boal)

• Conscientização: distanciamento que permite a crítica

• Proposta de nova forma de relação que supera a opressão (mas não a ignora ou invisibiliza)

Page 35: Interações opressivas (Design & Opressão)

• A opressão não foi superada se apenas uma pessoa de um grupo a superou: supera-se quando o grupo supera

• Interseccionalidade: opressões de diferentes tipos se desenvolvem em conjunto (pergunta: a opressão foi superada se ainda se mantém outra opressão?)

Como se superam as opressões?

Page 36: Interações opressivas (Design & Opressão)

MARGINALIZAÇÃO Caso para análise opressão?resposta à opressão?superação da opressão?deslocamento da opressão?(existe design anti-opressão?)

Page 37: Interações opressivas (Design & Opressão)

Stop Thief Chair do Design Against Crime Research Centre (DACRC)produto na abordagem de Anti-crime Design ou Design Against Crime

Page 38: Interações opressivas (Design & Opressão)

Mobiliário urbano em Londres (Bairro Camden, Covent Garden). Projeto do Design Against Crime Research Centre (University of the Arts)Objetivo de "resistir ao comportamento criminal e anti-social como graffiti, colagem de flyers, skate, lixo, trafico de drogas (não dá pra esconder) e pessoas em situação de rua dormindo (desconfortavel para deitar)

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Imagem do projeto Arquitetura da Inclusão, disponível em https://issuu.com/anapaulanigro/docs/merged__2_

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