interaÇÃo entre ondas guiadas e defeitos...

71
INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS EM PLACAS COMPÓSITAS LAMINADAS Juan Carlos Figueroa Barra Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários á obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica. Orientadores : Fernando Alves Rochinha Ricardo Leiderman Rio de Janeiro Abril de 2011

Upload: vanthuy

Post on 04-Feb-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS

EM PLACAS COMPÓSITAS LAMINADAS

Juan Carlos Figueroa Barra

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

de Pós-graduação em Engenharia Mecânica,

COPPE, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários á obtenção do título de Doutor

em Engenharia Mecânica.

Orientadores : Fernando Alves Rochinha

Ricardo Leiderman

Rio de Janeiro

Abril de 2011

Page 2: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS

EM PLACAS COMPÓSITAS LAMINADAS

Juan Carlos Figueroa Barra

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ

COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM

CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Examinada por:

________________________________________________ Prof. Fernando Alves Rochinha, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Ricardo Leiderman , D.Sc.

________________________________________________ Prof. Arthur Martins Barbosa Braga, Ph.D.

________________________________________________

Profa. Lavinia Maria Sanábio Alves Borges, D.Sc.

________________________________________________ Prof. Antonio Lopes Gama, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

ABRIL DE 2011

Page 3: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Figueroa Barra, Juan Carlos

Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas

Compósitas Laminadas/Juan Carlos Figueroa Barra – Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011.

VI, 64 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Fernando Alves Rochinha e Ricardo

Leiderman.

Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Mecânica, 2011.

Referências Bibliográficas: p. 62-64.

1. Placas Compósitas Laminadas. 2. Aproximação Quase-

Estática. 3. O Método da imersão invariante. I. Rochinha,

Fernando Alves e Leiderman, Ricardo. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia

Mecânica. III. Título.

Page 4: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.).

INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS

EM PLACAS COMPÓSITAS LAMINADAS

Juan Carlos Figueroa Barra

Abril /2011

Orientadores: Fernando Alves Rochinha

Ricardo Leiderman.

Programa: Engenharia Mecânica

Na presente contribuição, com o auxílio do método das perturbações e adaptação

da aproximação quase-estática, desenvolve-se um método analítico-numérico que

permite modelar o campo acústico resultante da interação entre ondas guiadas e

interfaces imperfeitas em placas compósitas. O método desenvolvido admite que as

camadas da placa sejam arbitrariamente anisotrópicas e é incondicionalmente estável

mesmo para altas freqüências. Tal método pode ser ferramenta valiosa no desenho de

ensaios não destrutivos por ultrassom de estruturas laminadas.

.

Page 5: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

INTERACTION BETWEEN GUIDED WAVE AND DEFECTS IN

LAMINATED PLATES

Juan Carlos Figueroa Barra

April/2011

Advisor : Fernando Alves Rochinha

Ricardo Leiderman.

Program: Mechanical Engineering In this contribution, with the aid of the perturbation method and adjustment of

quasi-static approximation, we discuss the application of an analytical-numerical model

that allows modelling the sound field resulting from the interaction between guided

waves and interfaces of imperfect composite plates. The method, which admits that the

layers of composite material are arbitrarily anisotropic and is stable to higher

frequencies, is used here to study the interaction between beams of ultrasonic wave and

localized defects present in interfaces for adhesive joint.

Page 6: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Sumário 1. Introdução.

2. Revisão Bibliográfica.

3. Ondas em Placas.

3.1 Ondas em Placas.

4. Modelando Interfaces de Adesão.

4.1 A aproximação quase estática (QSA).

4.2 Modelando defeitos localizados em interfaces de adesão.

5. O método da imersão invariante.

5.1 Introdução.

5.2 Campo Especular.

5.3 Campo espalhado.

6. Resultados Numéricos e discussão.

6.1 Simulação com placa homogênea de Alumínio.

6.2 Simulação com placa composta por três camadas isotrópicas.

7. Conclusão e sugestões para trabalhos futuros.

Apêndice A

A.1 Sólido anisotrópico homogéneo

A.2 Sólido isotrópico homogêneo em estado plano de deformação

Referências Bibliográficas

1

6

11

11

15

15

17

20

20

24

29

34

34

47

47

49

49

55

62

Page 7: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de
Page 8: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Capítulo 1 Introdução

1.1 Materiais Compósitos Laminados

A presente Tese tem por objetivo desenvolver um método analítico-numérico

que auxilie no desenho de ensaios por ultrasom de materiais compósitos laminados. Na

atualidade, estes materiais compósitos têm uma grande variedade de aplicações na área

da engenharia estrutural, apresentando excelente desempenho, especialmente do ponto

de vista de sua resistência e rigidez.

Os materiais compósitos laminados ou multicamada, estão constituídos por

várias camadas de diferentes materiais, coladas, conseguindo assim formar um novo

material, cujas propriedades podem ser manipuladas e otimizadas de acordo com a

aplicação para a qual foi projetado.

As propriedades a serem controladas são variadas e dependerão de cada aplicação, entre

elas:

• Resistência estática e à fadiga;

• Rigidez;

• Resistência à corrosão;

• Resistência à abrasão;

• Redução de peso;

• Dureza, ductilidade;

• Isolamento ou condutividade térmica, elétrica ou acústica.

Em relação às suas aplicações, os materiais compósitos são empregados numa

grande variedade de campos da engenharia e construção, alguns exemplos são a

indústria automobilística e a aeroespacial, e em diversos produtos de uso cotidiano.

Mendonça (2005) apresentou algumas características típicas dos materiais

compósitos laminados, particularmente no que se refere a lamina, elemento básico de

1

Page 9: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

um laminado, a qual pode se encontrar reforçada por fibras com diferentes orientações,

dependendo das características que o projetista deseja dar ao material. Estas fibras

podem ser longas ou curtas, paralelas entre elas, unidirecionais, bidirecionais ou

formando tecidos. Este procedimento tem por objetivo melhorar as propriedades

mecânicas da lâmina na direção das fibras. Nesse sentido, diferentes lâminas podem ser

combinadas com a finalidade de melhorar as propriedades em direções específicas de

acordo com as solicitações do projeto.

Como foi mencionado anteriormente, o elemento básico de um material

compósito laminado é a lâmina, a qual se encontra unida a outras lâminas através de um

adesivo. Com o passar do tempo e pelo efeito do meio ambiente, a junta pode perder

suas propriedades de aderência, resultando então na degradação da união.

Segundo Garg e Pagano (1988), a integridade da união adesiva entre lâminas

depende das propriedades entre o adesivo e as laminas aderentes. Quando estas

propriedades diminuem, gera-se a degradação da união laminada, a qual é classificada

em dois tipos, e que são conhecidas como delaminação e dano intra-laminar. A

delaminação se caracteriza pela perda de aderência entre as laminas adjacentes e o dano

intra-laminar consiste numa trinca na matriz da lâmina, ou uma ruptura de fibras, ou

descolamento entre fibra e matriz. Cabe salientar que em qualquer dos casos anteriores

se gera a falha do material.

1.2 Ensaios não destrutivos (END)

Os ensaios não destrutivos são métodos de ensaios tecnológicos utilizados no controle

da qualidade de materiais, mecanismos e estruturas. Os ensaios não destrutivos (END)

são definidos em Siqueira (2007) como um conjunto de técnicas não intrusivas, as quais

são utilizadas para a detecção de descontinuidades o para a determinação de

propriedades físicas ou geométricas de materiais. Neste contexto os ensaios não

destrutivos abrangem um conjunto de métodos os quais permitem obter informação

sobre o estado de degradação do material do elemento ensaiado.

2

Page 10: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

As técnicas mais usadas em ensaios não destrutivos são o ultra-som, radiografia

com raios-X ou gama, análise de vibrações, correntes parasitas, líquidos penetrantes,

partículas magnéticas, termografia, ensaio visual, emissão acústica e estanqueidade [4].

Um sistema de inspeção por ultra-som é basicamente composto por um

gerador/receptor de pulsos, um ou mais transdutores, dispositivos de aquisição,

processamento e visualização de dados e cabos de conexão. O ensaio com ultra-som

utiliza ondas acústicas com freqüências acima do limite audível. Normalmente, estas

freqüências ultra-sônicas situam-se na faixa de 20 Khz a 25 Mhz [2]. O gerador de

pulsos emite um sinal elétrico em freqüências ultra-sônicas. Este sinal elétrico é

recebido pelo transdutor e transformado em excitação mecânica. O sinal mecânico,

geralmente uma onda longitudinal ultra-sônica, é então transmitido à peça ensaiada por

meio de um acoplamento existente entre o transdutor e a peça. A onda ultra-sônica

interage com o meio ensaiado e retorna parcialmente ao transdutor, que a transforma em

sinal elétrico enviando ao sistema de aquisição de dados. Por meio de processamento

dos sinais emitidos e recebidos, é possível mapear a geometria e possíveis

descontinuidades da peça ensaiada. Geralmente, as dimensões reais de uma

descontinuidade interna podem ser estimadas com uma razoável precisão através dos

ecos refletidos, fornecendo meios para que a peça possa ser aceita, ou rejeitada,

baseando-se nos critérios de aceitação da norma aplicável.

As maiores aplicações deste ensaio são os ensaios em soldas, laminados,

forjados, fundidos, materiais compostos, medição de espessura, corrosão, etc. O ensaio

ultra-sônico é o método de ensaio não destrutivo mais utilizado e o que apresenta o

maior crescimento para a detecção de descontinuidades internas.

As técnicas ultra-sônicas são classificadas de acordo com a posição do transdutor, o

número de transdutores usados e o tipo de acoplamento entre o transdutor e a peça. De

acordo com este último critério são divididas em técnicas de contato e técnicas sem

contato (imersão) [5].

Na técnica de contato o transdutor é diretamente aplicado no objeto usando-se

água, óleo ou outros agentes que sirvam de meio acoplante, na técnica sem contato o

transdutor é manipulado a certa distância do objeto de ensaio, dentro de um meio que

3

Page 11: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

pode ser água ou óleo leve; isto traz vantagens por eliminar a influência da variação do

acoplamento. A escolha da técnica deverá ser feita levando-se em consideração a

sensibilidade, geometria da peça, tipo e orientação da descontinuidade, simplicidade de

operação, velocidade necessária para a inspeção, etc.

A técnica de contato é mais aplicada a produtos de grandes dimensões e

estruturas soldadas, ao passo que a técnica de imersão é utilizada para ensaio de grandes

lotes de peças pequenas e idênticas através de sistemas automatizados, especialmente na

indústria automobilística e aeronáutica onde se exige alta sensibilidade no ensaio.

Como foi mencionado anteriormente o ensaio ultra-sônico se baseia no

fenômeno de reflexão de ondas acústicas quando encontram obstáculos à sua

propagação. É importante observar que apenas uma fração do sinal emitido retorna ao

transdutor. Isto ocorre devido aos seguintes efeitos:

• Impedância acústica: afeta a transmissibilidade e a refletividade das ondas.

• Absorção: transformação da energia mecânica em energia térmica.

• Espalhamento: desvios do feixe sônico devido a imperfeições do material.

• Difração: efeito que ocorre quando um feixe sônico passa pela borda de

um elemento refletor.

• Dispersão do feixe: divergência do feixe sônico com a profundidade da

peça.

Além dos efeitos acima citados, a freqüência da onda sônica influi na sua

atenuação. Ondas de alta freqüência possuem alta sensibilidade de detecção, porém são

fortemente amortecidas, ou seja, possuem baixo poder de penetração. Ondas de baixa

freqüência, em contrapartida, apresentam baixa sensibilidade, porém boa capacidade de

penetração.

4

Page 12: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

O trabalho aqui proposto tem como objetivo principal a identificação e

caracterização de modos guiados em placas compósitas que sejam bons candidatos para

o ensaio de interfaces de adesão, bem como a modelagem do espalhamento acústico

resultante da interação entre os modos identificados e defeitos interfaciais.

Para atingir estes objetivos, a presente tese é estruturada em sete capítulos. No

primeiro capítulo são apresentadas algumas características gerais de um material

compósito e dos ensaios não destrutivos. Particularmente, são mencionadas algumas

características dos ensaios por ultrasom. O segundo capítulo apresenta uma revisão da

literatura sobre as principais técnicas de inspeção de interfaces por ultra-som atualmente

utilizadas. No terceiro capítulo são mostradas as equações governantes para a

propagação de ondas em placas. No quarto capítulo é detalhada a Aproximação Quase-

Estática e aplicado o método das perturbações para a modelagem de defeitos

localizados. No quinto capítulo o método da imersão invariante é aplicado ao problema

de propagação de Ondas Guiadas em placas livres. No sexto capítulo são apresentados

os resultados numéricos da simulação de uma placa homogênea de alumínio e a

simulação de uma placa compósita Al-Cu. Além disso, este capítulo traz uma discussão

dos resultados obtidos. Finalmente, o capítulo sétimo apresenta as conclusões desta tese

e sugestões para trabalhos futuros.

5

Page 13: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Capítulo 2

Revisão Bibliográfica

Neste capitulo apresenta-se uma breve revisão bibliográfica sobre os assuntos

relacionados ao tema de juntas coladas em estruturas. Sabe-se que a resistência de

muitas estruturas mecânicas depende criticamente das uniões entre as estruturas

componentes. Alguns exemplos são as uniões sólidas formadas por soldagem e as

uniões adesivo-aderente em juntas adesivas. A eficiente transferência do carregamento

entre os componentes colados faz com que em muitos casos a utilização deste tipo de

juntas adesivas seja a mais adequada.

Nas juntas coladas são identificadas três regiões distintas: o adesivo, o aderente

e a interface de adesão entre adesivo e aderente. Normalmente a camada de adesivo

apresenta centenas de mícrons de espessura, enquanto a interface de adesão possui

apenas alguns mícrons. É nesta interface, mais do que na camada adesiva, que

freqüentemente ocorrem os maiores problemas em juntas coladas. Estes problemas

podem surgir durante o processo de fabricação da estrutura ou aparecer, gradativamente,

durante a vida útil da mesma. Imperfeições nesta interface tais como gretas, porosidade,

inclusões, etc. podem significativamente degradar o desempenho da união.

Freqüentemente imperfeições confinadas na fina camada interfacial de adesão são muito

difíceis de se caracterizar.

Quando a camada interfacial é fina comparado com o comprimento de onda excitado ela

pode ser modelada como uma interface infinitamente delgada que se constitui em uma

distribuição de molas normais e tangenciais. Á esta aproximação, que aparentemente foi

primeiramente proposta por Baik e Thompsom (1984), dá-se o nome de Aproximação

Quase Estática (QSA). Uma grande quantidade de estudos tem sido publicada a

respeito. Exemplos de tais trabalhos são os de Pecorari e Kelly (1999) e Baltazar,

Rockhlin e Percorari (1999). Nos artigos citados, apresenta-se um estudo da

aproximação quase estática (QSA) utilizadas para descrever a interação de ondas ultra-

sônicas com interfaces imperfeitas ou danificadas. Na formulação matemática da QSA

6

Page 14: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

se definem constantes de rigidez e de molas distribuídas na interfase, que

permitem relacionar a descontinuidade das componentes de deslocamento com as

correspondentes componentes de esforço na interface. Zakharv (2006) desenvolveu um

estudo do comportamento dinâmico tridimensional da interação ultra-sônica de uma fina

lâmina elástica acoplada a dois sólidos elásticos anisotrópicos. Foram utilizadas

condições de contorno de molas para simular a lâmina. A teoria desenvolvida pode ser

utilizada para o estudo de superfícies e fenômenos interfaciais. Hasheminejad e Maleki

(2008) estudaram a interação de ondas acústicas com uma casca esférica isotrópica

laminada transversalmente com defeitos inter-laminares. Neste trabalho, foi adotado um

modelo de molas lineares para descrever o comportamento da união adesiva inter-

laminar. De forma semelhante ao trabalho anterior, Rajabi e Hasheminejad (2009)

estudaram a dispersão tridimensional de um campo acústico harmônico, com incidência

oblíqua sobre um cilindro oco multi-laminado, o qual apresentava defeitos inter-

laminares. O mesmo modelo de molas lineares foi utilizado para descrever a união

adesiva inter-laminar. O estudo mostrou como resultados que o estado de integridade da

união tem um grande efeito sobre a resposta dinâmica das placas laminadas, e que as

características da ressonância dominante dos modos altos, podem ser um bom indicador

do estado da junta de placas cilíndricas. Golub (2010) estudou a propagação de ondas

elásticas em materiais compósitos laminados, os quais possuem zonas de concentração

de micro-defeitos na interfase de adesão. Esta interface foi modelada usando um modelo

de molas lineares (QSA). A rigidez da condição de contorno das molas foi determinada

através da densidade de fissuras e o tamanho médio dos micro-defeitos na interface,

como também das propriedades elásticas dos materiais ao redor deles.

NK TK

Outros autores têm estudado o comportamento de uniões coladas, focando suas

pesquisas na caracterização de interfaces de adesão. Nesse sentido, os trabalhos de

Balasubramaniam (1990), mostraram a avaliação da qualidade das propriedades de

interface adesiva de uma lâmina usando técnicas de dispersão ultra-sônica. Da mesma

forma, o trabalho de Lavrentyev e Rokhlin (1994,1997) apresentou um estudo para a

determinação do conjunto de propriedades geométricas e acústicas de uma lâmina

isotrópica entre dois materiais conhecidos utilizando uma técnica ultra-sônica. A partir

dos resultados destes trabalhos, derivaram-se correlações válidas entre estas

propriedades e a resistência da união. Entretanto, Pilarski e Rose (1990), estudaram as

7

Page 15: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

características angulares e do espectro de freqüência da refletividade de placas

laminadas isotrópicas e anisotrópicas, mostrando que os coeficientes de transmissão e

reflexão para incidência oblíqua de ondas longitudinais e transversais podem ser

calculados numericamente como uma função do ângulo de incidência, freqüência de

incidência, condições da interface e propriedades do material. Por outro lado, Pialucha

e Cawley (1992) encontraram em seus resultados que o coeficiente de reflexão pode ser

usado para determinar a degradação interfacial com suficiente segurança apenas se a

interface estiver severamente danificada, mesmo que se use uma alta freqüência e que

a espessura da camada interfacial seja grande. Por ultimo, nesta mesma linha, Li,

Hefetz e Rokhlin (1992) desenvolveram um estudo da avaliação ultra-sônica da

degradação pelo meio ambiente de uniões adesivas. As peças ensaiadas foram

degradadas em água fresca e com sal para diferentes temperaturas e diferentes cargas. O

estudo mostrou que alguns parâmetros do sinal ultra-sônico refletido no domínio da

freqüência podem ser usados como indicador da degradação da união. Concluiu-se que

a magnitude e posição de mínimo no espectro de freqüência ultra-sônico refletido está

relacionado com as propriedades mecânicas da união, e pode ser um indicador da

degradação da união adesiva.

Alguns autores têm ainda investigado o uso de ondas “Lamb”, ou outro tipo de

onda guiada, na inspeção de interfaces de adesão em placas laminadas. Nesses casos,

mede-se a atenuação e a velocidade de grupo ou de fase do modo que se propaga, e

tenta-se relacioná-los com as propriedades da interface de adesão, ou outras

propriedades de interesse. Ensaios que utilizam ondas Lamb, ou outro tipo de ondas

guiadas, têm a vantagem de inspecionar grandes áreas em curto período de tempo. A

seleção dos modos mais sensíveis à presença de defeitos não é tarefa simples e os

critérios para a definição de parâmetros de um ensaio ótimo ainda são tema de

discussão. Além disso, métodos para a modelagem da interação destes modos com

defeitos interfaciais localizados, que pode servir de ferramenta para o planejamento de

ensaios, ainda são pouco encontrados na literatura. Alguns autores que podem ser

citados são Pilarski, Rose et al. (1993). Estes propõem critérios para a seleção de modos

de excitações de ondas Lamb para incrementar a sensibilidade na detecção de falhas

interfaciais. Kundu e Blodgett (1994) realizaram estudos para a determinação de

defeitos profundos em laminados múltiplos, encontrando os modos de ondas Lamb mais

apropriados. Singher, Seagal et al. (1994), estudaram a avaliação da resistência da união

8

Page 16: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

usando ondas guiadas ultra-sônicas. Os resultados mostraram que as medições da

velocidade de propagação podem fornecer informação acerca da resistência da união.

Por outro lado, Leiderman e Braga (2005), desenvolveram um método analítico-

numérico para simular a interação entre ondas ultra-sônicas incidentes e placas

laminadas cujas uniões são imperfeitas. O problema de espalhamento ultra-sônico em

materiais laminados anisotrópicos, unidos por meio de adesivos foi estudado. O

espalhamento se produz devido à presença de falhas não uniformes no adesivo da

interface em um meio anisotrópico elástico de múltiplas lâminas. A interface entre o

adesivo e o aderente é modelada como uma lâmina separada, a qual tem suas próprias

propriedades constitutivas. Considerando que esta lâmina tem uma espessura

infinitesimal, pode-se modelar por um conjunto equivalente de molas tangenciais e

normais. As molas conectam o adesivo com o aderente. Neste tipo de aproximações a

interface é representada como uma distribuição continua de molas, com uma dada

rigidez. Uma falha na interface é modelada como uma região que possui uma rigidez

menor que à normal. Leiderman e Braga utilizaram a aproximação quase-estática,

assumindo a hipótese que a rigidez da união e a resistência da união estão

correlacionadas. Fazendo uso do método das perturbações e da aproximação quase-

estática, modelam-se os defeitos não uniformes na interface. Para a avaliação de cada

termo da série de perturbação se utilizou um algoritmo recursivo baseado no método da

imersão invariante. O método da imersão invariante é adequado para problemas de

propagação de ondas em estruturas estratificadas, sendo numericamente estável mesmo

para altas freqüências, as quais são mais propícias para a inspeção de finas camadas

interfaciais.

Finalmente, o trabalho aqui proposto, seguindo a linha de estudos de Leiderman

et Al. (2005), tem como objetivo principal o desenvolvimento de um método analítico

numérico para a identificação e caracterização de modos guiados em placas compósitas

que sejam adequados para o ensaio de interfaces de adesão, bem como para a

modelagem do espalhamento acústico resultante da interação entre os modos

identificados e defeitos interfaciais.

9

Page 17: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

No sentido do que está dito acima, aqui foi dado ênfase ao planejamento de

ensaios experimentais nos quais se possa identificar claramente o sinal resultante da

interação entre o modo guiado e uma interface defeituosa em uma placa laminada.

10

Page 18: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Capítulo 3

Ondas em Placas

3.1 Ondas em Placas.

Neste capítulo se apresentam as equações governantes da Elastodinâmica para

ondas em placas. O método dos potenciais de deslocamento é usado para obter a

solução para o caso de propagação de ondas guiadas em placas livres.

As ondas guiadas se diferenciam das ondas de volume, pois estas últimas viajam

no volume do material, longe dos contornos. Porem, com freqüência interage com os

contornos através de fenômenos de refração e reflexão, gerando modos de conversão

entre ondas longitudinais e transversais. As ondas de volume e as ondas guiadas são

fundamentalmente diferentes, a despeito a que elas são modeladas pelo mesmo conjunto

de equações diferenciais parciais. Matematicamente, diferenciam-se em que as ondas de

volume não precisam satisfazer certas condições de contorno, ao contrario do que

acontece com as ondas guiadas que precisam satisfazer certas condições de contorno.

A introdução de condições de contorno torna o problema de ondas guiadas mais

difícil de se resolver e, na grande maioria dos casos, a solução não pode ser encontrada

analiticamente. Outro fato interessante na propagação de ondas guiadas é que existe um

número infinito de modos associados a sua propagação.

Os primeiros estudos de propagação de ondas em placas foram realizados por

Rayleigh (1945) e Lamb (1917). As ondas de Rayleigh são ondas livres que agem sobre

a superfície de um sólido semi-infinito, caracterizam-se por forças de tração sobre a

superfície de contorno nulas que decaem exponensialmente com a profundidade. As

Ondas Lamb são ondas que se propagam em placas livres. Estas ondas têm sido

amplamente estudadas no campo dos Ensaios Não Destrutivos especialmente devido à

sua capacidade para se propagar ao longo de grandes distâncias com baixa atenuação.

11

Page 19: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

As equações que governam as ondas em placas são oriundas da teoria da

elasticidade e são apresentadas usando notação tensorial cartesiana.

,ij j i if uσ ρ ρ+ = && 3 equações de balanço ( 1, 2,3i = ) (3.1)

, ,1 (2ij i j j iu uε = + ) 6 equações de deformação independentes (3.2)

, 2i j kk ij ijσ λε δ με= + 6 equações constitutivas independentes (3.3)

As duas primeiras equações são válidas para qualquer meio contínuo. A terceira

assume isotropia do meio. Substituindo os esforços e deformações na equação (3.1),

pode-se obter a equação de movimento (3.4), a qual é expressa em função dos

deslocamentos. (anexo A.2)

, ,( )i jj j ji i iu u f uμ λ μ ρ ρ+ + + = && (3.4)

Se o domínio no qual a solução é procurada é o infinito, então as equações

anteriores são suficientes. Se o domínio é finito, então condições de contorno são

necessárias para ter um problema bem formulado. As condições de contorno adquirem a

forma de trações e/ou deslocamentos prescritos.

As formas gerais de tais condições de contorno podem ser as seguintes:

0( , ) ( , )u x t u x t= em superfícies de deslocamentos. (3.5)

i ijt jnσ= em superfícies de tração. (3.6)

0( , ) ( , )u x t u x t= em 1S

e i ijt jnσ= em Condições de contorno mistas. (3.7) 2S

A geometria do problema de Placa Livre esta ilustrada na Figura 3.1, este

problema é governado pela equação (3.4) e condições de contorno tipo (3.6).

12

Page 20: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Fig. 3.1 Geometria do problema de Placa Livre.

As superfícies nas coordenadas 3 / 2x d h= = y 3 / 2x d h= = − são consideradas

livres de tração. Se alguma excitação ultra-sônica ocorre num ponto da placa, a energia

ultra-sônica encontra as superfícies de contorno superior e inferior, ocorrendo modos de

conversão. Ao se propagarem, a superposição destes modos de conversão gera a

formação de pacotes de ondas, que comumente são chamados modos de ondas guiadas

na placa.

A solução deste problema tem sido obtida através de diferentes abordagens. As

técnicas mais comuns de solução correspondem ao método de funções potenciais de

deslocamento e a técnica de ondas parciais (Achenbach 1984 e Auld 1990,

respectivamente). Em Rose [29], apresentam-se o desenvolvimento das relações

conhecidas como equações de freqüências Rayleigh-Lamb, as quais foram obtidas

usando o método das funções potenciais de deslocamento. Estas podem ser escritas

como:

2

2 2

tan( ) 4tan( ) ( )

qh k pq2ph q k

= −−

para Modos Simétricos (3.8)

2 2

2

tan( ) ( )tan( ) 4

qh q k 2

ph k p−

= −q

para Modos Anti-simétricos (3.9)

onde: 2

2 2

L

p kCω⎛ ⎞

= −⎜ ⎟⎝ ⎠

y 2

2 2

T

q kCω⎛ ⎞

= −⎜ ⎟⎝ ⎠

(3.10)

13

Page 21: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

: Frecuencia angular.: Comprimento da onda.: Número de onda.: Velocidade de fase da onda longitudinal.: Velocidade de fase da onda transversal.

L

T

kCC

ωλ

O Número de Onda k é numericamente igual a / pCω , onde é a Velocidade

de Fase do modo de Onda Lamb e

pC

ω é a Freqüência Circular. A Velocidade de Fase

está relacionada com o comprimento de Onda pela equação ( / 2 )pC ω π λ= . Através

das equações (3.8) e (3.9) se relacionam a freqüência ω com o número de onda dos

modos de Ondas Lamb, resultando um espectro de freqüências. Também se pode

relacionar a Velocidade de Fase com a freqüência

k

pC ω , resultando as Curvas de

Dispersão. É conhecido que para qualquer freqüência dada, existe um número infinito

de velocidades de fase que satisfaz as equações (3.8) e (3.9), dando origem a

famílias de Curvas de Dispersão.

pC

No texto de Rose [29] são apresentadas as curvas de dispersão para uma placa de

alumínio livre de tração. Estas curvas de dispersão foram obtidas de forma numérica

utilizando as equações (3.8) e (3.9).

No mesmo texto de Rose podem ser vistos gráficos dos modos de deslocamentos

para o modo S0 e distintos valores de fd de uma placa de alumínio, que serão usados

para efeitos de validação do código numérico aqui desenvolvido.

A seguir, no Capítulo 4 é apresentada a modelagem quase-estática para

interfaces de adesão e para defeitos localizados. No Capítulo 5, será tratado o método da

imersão invariante e sua aplicação ao problema aqui descrito.

14

Page 22: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Capítulo 4

Modelando Interfaces de Adesão

4.1 A aproximação quase estática (QSA)

No estudo da propagação de ondas elásticas em meios estratificados formados

por uma superposição de camadas homogêneas, entre as quais se enquadram as

estruturas laminadas consideradas neste trabalho, o problema a ser resolvido pode ser

equacionado a partir da teoria da elasticidade linear. Os campos de deslocamento e de

tensão no interior de cada camada devem obedecer às seguintes equações:

2

2tρ ∂∇ =∂

uσ (4.1)

:= ∇σ C u (4.2)

onde é o tensor de tensões e u o vetor de deslocamentos, e C é o tensor de

elasticidade [ 29].

σ

Além disso, para cada camada, as soluções devem obedecer a condições de

contorno que representem o tipo de adesão considerada. Quando se modelam camadas

perfeitamente coladas, e não é levada em conta a fina interface de adesão, utiliza-se a

condição de contorno clássica, que impõe a continuidade dos campos de deslocamento e

do vetor tração que atua no plano da superfície de contato entre as camadas. Neste caso,

na interface entre as camadas denotadas, por exemplo, pelos índices I e II , os campos

devem satisfazer às condições:

0II I− =u u (4.3)

0II I− =t t (4.4)

15

Page 23: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Onde representa o vetor tração que atua na superfície normal à direção de

estratificação, caracterizada pelo vetor unitário n ou seja:

t

= ⋅t σ n (4.5)

A modelagem de interfaces de adesão pode ser convenientemente introduzida no

problema na forma simplificada proposta por Baik e Thompson [30] na década de

oitenta, hoje denominada Aproximação Quase-estática (QSA). Em [12] Rokhlin e

Huang mostraram que, desprezando-se termos de acoplamento e inércia, as condições

de contorno para uma fina interface de adesão podem ser modeladas com a ajuda de

uma matriz diagonal de rigidez. Segundo esta aproximação, a fina interface de adesão é

representada por uma distribuição homogênea de molas transversais e normais

conforme esquematicamente mostrado na Figura 4.1.

Figura 4.1: Modelo matemático da QSA.

As condições de contorno entre os meios I e II podem então ser escritas como

[8,13,18,20,30]:

( )II I II− =K u u t (4.6)

II I=t t (4.7)

16

Page 24: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Onde é a matriz diagonal de rigidez. É importante salientar que se a interface

possui o mesmo nível de adesão em toda sua extensão, a matriz é uniforme, não

variando com a coordenada

KK

x .

4.2 Modelando defeitos localizados em interfaces de adesão

Em situações reais, a fina interface de adesão pode estar degradada por efeito do

meio ambiente ou apresentar defeitos oriundos do processo de fabricação. Estes defeitos

localizados são então responsáveis pelo espalhamento de ondas elásticas quando estas

incidem sobre a interface. Matematicamente, os defeitos localizados podem ser

representados por variações locais na matriz diagonal de rigidez da aproximação QSA.

Neste trabalho, foi adotada a direção z como a direção de estratificação.

Portanto, como indicado na Figura 4.1, as camadas e suas interfaces de adesão são

paralelas ao plano xy . O vetor deslocamento é então escrito na forma:

uvw

⎧ ⎫⎪ ⎪= ⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭

u (4.8)

Enquanto o vetor tensão é dado por :

zx

zy

zz

σσσ

⎧ ⎫⎪ ⎪= ⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭

t (4.9)

Neste caso, a matriz diagonal de rigidez pode ser escrita como:

0 000 0

x

y

KTKT 0

KN

⎡ ⎤⎢ ⎥= ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

K (4.10)

17

Page 25: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Considerando uma situação na qual a interface de adesão possui defeitos

localizados, a matriz de rigidez original pode ser perturbada introduzindo-se um

segundo termo:

0 1( , )x yε= +K K K (4.11)

onde é constante e 0K 1( )xK é função da coordenada espacial x , enquanto ε é um

parâmetro adimensional, representando a magnitude do defeito.

Expandindo-se os campos de deslocamento e tensão em uma série de potência

do parâmetro ε , tem-se:

2 3

0 1 2 3 ...n n n n nε ε ε= + + + +u u u u u (4.12)

2 3

0 1 2 3 ...n n n n nε ε ε= + + + +t t t t t (4.13)

Então as condições de contorno (4.3) e (4.4) podem ser divididas em grupos de

acordo com o expoente de ε .

Para , pode-se escrever: (1)O

( )0 0 0 0II I− =K u u t II em 0z = (4.14)

0II I

0=t t em 0z = (4.15)

Para ( )O ε , pode-se escrever:

( ) ( )0 1 1 1 0 0 1II I II I II− + − =K u u K u u t em 0z = (4.16)

1II I

1=t t em 0z = (4.17)

18

Page 26: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Para 2( )O ε , pode-se escrever:

( ) ( )0 2 2 1 1 1 2II I II I II− + − =K u u K u u t em 0z = (4.18)

2II I

2=t t em 0z = (4.19)

E assim por diante.

Pelas equações mostradas acima, pode-se notar que os termos de

obedecem a aproximação quase-estática na sua forma original, e são obtidos como se

não existisse defeito localizado na interface. Neste trabalho estes termos serão referidos

como campo especular.

(1)O

Também está implícito acima que os termos de ( )nO ε podem ser determinados

a partir dos termos de 1( nO )ε − . Então, um cálculo iterativo pode ser aplicado para

determinar-se tantos termos da série quantos forem desejados. A soma destes termos

será referida neste trabalho como campo espalhado.

É interessante notar que os termos do tipo ( )1II In n−K u u , que aparecem nas

equações acima podem ser entendidos como fontes, ou forças de superfície atuando ao

longo das interfaces de adesão. Para efeito de simbologia, será utilizada agora e

doravante a seguinte definição:

( )1II I

n nϕ = −K u un (4.20)

19

Page 27: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Capítulo 5

O método da imersão invariante 5.1 Introdução

A técnica aqui proposta para resolver o problema em questão é baseada no

método da imersão invariante, também conhecido como método da varredura ou método

de Ricatti. Trata-se de um método utilizado para transformar problemas de valor de

contorno em problemas de valor inicial. Pode-se descrever o procedimento para

aplicação da técnica aqui proposta da seguinte forma [32]: Partindo-se da impedância

superficial conhecida na superfície inferior de uma placa laminada, avança-se

recursivamente ao longo de sua espessura obtendo-se a impedância em cada interface

interna da mesma, até obter-se a impedância na superfície superior da placa. Esta

primeira etapa é conhecida como varredura de ida. A impedância na superfície inferior

da placa é em geral conhecida. Por exemplo, se a superfície inferior da placa estiver

engastada, esta impedância é infinita. Se a mesma estiver livre, esta impedância e zero.

Entre estes dois limites existe uma infinidade de possibilidades. Uma vez calculada a

impedância na superfície superior da placa, pode-se, a partir de condições de contorno

conhecidas, calcular os deslocamentos nesta superfície. Na varredura de ida efeitos de

forçamento associados a presença de fontes ao longo da espessura da placa são

transportados para a superfície superior da mesma na forma de esforços equivalentes.

Posteriormente, na varredura de volta, determina-se o campo de deslocamentos e de

esforços generalizados, também recursivamente, agora na direção oposta a da varredura

de ida.Uma das principais vantagens da utilização deste método é sua estabilidade para

altas freqüências, evitando-se trabalhar com matrizes mal condicionadas que possam

causar problemas numéricos que contaminem a solução de problemas.

A seguir mostra-se de forma esquemática a utilização desde método, em

conjunto com a aproximação quase estática e o método das perturbações, na modelagem

de uma placa laminada em contato com um substrato conhecido (vácuo) conforme

mostra a figura 5.1.

20

Page 28: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Figura 5.1: Figura esquemática para mostrar a aplicação do método da imersão

invariante em problemas com placas compósitas laminadas livres.

A placa é infinita na direção x e tem suas camadas constituintes unidas por camadas de

adesivo, apresentando assim uma interface de adesão entre cada camada. Estas

interfaces de adesão estão representadas por molas na figura 5.1. Vale ressaltar que

segundo a aproximação quase estática as interfaces de adesão não possuem espessura, e

são representadas através de condições de contorno entre aderente/adesivo. A placa

também possui um defeito localizado em uma de suas interfaces de adesão,

representado pelo termo K1 na figura. Ainda na figura, os algarismos romanos são

utilizados para endereçar cada meio (camada), enquanto os algarismos arábicos são

21

Page 29: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

utilizados para endereçar cada interface. O sinal de + ao lado de algarismos arábicos ou

de letras indica posição imediatamente acima de interface de adesão. N é ó número total

de meios (números de camadas + dois semi-espaços) e n refere-se a uma camada ou

interface qualquer. Os símbolo h1,h2, etc. representam a espessura de cada camada.

Os tensores relativos a aplicação do método, representados na figura, são:

R : Matriz de reflexão. É uma matriz em todas as interfaces exceto na superior, onde é

um escalar representado pela letra r.

G : Tensor de impedância superficial que contém informação sobre as características

físicas e geométricas da estrutura. Ele é calculado em todas as interfaces da estrutura

nas superfícies imediatamente abaixo das interfaces de adesão.

G+ : Similar ao tensor acima, porém calculado em todas as interfaces da estrutura nas

superfícies imediatamente acima das interfaces de adesão. Este termo não é calculado

nas interfaces entre semi-espaços e sólido pois, obviamente, estas interfaces não são

modeladas com a ajuda de molas.

K0 : Matriz que representa as constantes de mola da aproximação QSA. Como já dito

anteriormente esta matriz é uma constante, não sendo função da coordenada espacial x.

K1 : Matriz que representa a perturbação na matriz original, K0, de constantes de mola.

Fisicamente ela representa o defeito localizado na interface de adesão. Como já visto

anteriormente, ela é função da coordenada espacial x. Neste trabalho admitir-se-á

defeitos localizados em apenas uma das interfaces de adesão, logo este termo aparecerá

em apenas uma interface, que pode ser qualquer uma menos as interfaces entre semi-

espaço e sólido.

S : Como definido anteriormente na expressão 4.20, o termo ϕ pode ser entendido

como uma força de superfície distribuída ao longo da interface de adesão. S é o tensor

que relaciona a fonte de tensão, ou esforço equivalente, com deslocamento. Ele é

calculado em superfícies imediatamente abaixo e interfaces de adesão e, neste método,

ele começa a aparecer na avaliação da primeira interface acima da interface com defeito

22

Page 30: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

localizado e continua sendo calculada até a última interface (interface superior entre

sólido e vácuo).

S+ : Similar ao tensor S porém aparece sempre nas superfícies imediatamente acima das

interfaces de adesão. Neste método ele começa a aparecer na avaliação da interface com

defeito localizado e continua sendo calculada até a penúltima interface (ultima interface

entre sólidos)

W : Termo do tensor de impedância superficial que contém informação referente a

fonte, ou fontes, existentes no interior da estrutura. Ele é responsável pelo transporte, de

maneira recursiva, de efeitos associados a presença de fontes no interior da estrutura

para a superfície superior da mesma na forma de esforços equivalentes. Ele é calculado

em superfícies imediatamente abaixo de interfaces de adesão e, neste método, ele

começa a aparecer na avaliação da primeira interface acima da interface com defeito

localizado e continua sendo calculado até a última interface.

W+ : Similar ao termo W, porém aparece sempre nas superfícies imediatamente acima

das interfaces de adesão. Neste método ele começa a aparecer na avaliação da interface

com defeitos localizados e continua sendo calculado até a penúltima interface (última

interface entre sólidos).

A seguir, passo a passo, está mostrada a estratégia geral de solução adotada neste

trabalho:

1 – Determina-se, como será mostrado posteriormente, o modo de interesse.

2 – A partir do modo selecionado, calcula-se o termo na interface que

apresenta o defeito localizado. Aqui o sub-escrito 0 serve para denotar o primeiro termo

na série definida em 4.12, ou seja, o campo especular.

−+ − nn00 uu

3 - Calcula-se o termo φ para a primeira rodada de iteração.

4 - Transforma-se o termo φ para o domínio da freqüência espacial na direção x.

23

Page 31: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

5 - Calcula-se o primeiro termo da série do campo espalhado e o termo −+ − nn11 uu na

interface que apresenta o defeito localizado. Aqui o sub-escrito 1 serve para denotar o

segundo termo na série definida em 4.12.

6 - Transforma-se de volta o campo especular e o termo 11 1n n−−u u para o domínio

espacial x

7 - Repete-se procedimentos 3 até 6 tantas vezes quantos forem os termos da série do

campo espalhado que se queira calcular, obviamente substituindose no passo 3 campo

especular e φ pelos correspondentes, de acordo com a iteração.

8 – Soma-se todos os termos da série calculados, com excessão do campo especular,

determinando assim o campo espalhado.

5.2 Campo Especular

Baseado no estudo de Leiderman e Braga [26], o qual foi desenvolvido para

placas laminadas submersas, foram realizadas modificações nas condições de contorno

da placa com a finalidade de modelar a propagação de ondas em placas livres. Tais

modificações são apresentadas a seguir.

5.2.1 A interface vácuo/sólido

Como foi mencionado, na presente tese se estudará a interação de um pulso

ultrassônico com uma falha numa placa composta laminada. A placa estará livre de

trações em sua superfície superior e inferior. A Figura 5.1 vai ser utilizada como

referência para definir as condições de contorno da placa. A figura a qual mostra uma

placa laminada que em seu contorno inferior se encontra em contacto com um substrato

conhecido (vácuo) e caracterizado por um tensor de impedância . A placa tem N-2

lâminas, e sua espessura total é denominada por . Um sistema coordenado é

0G

d

24

Page 32: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

escolhido, tal que este coincida com a superfície inferior da placa, de tal forma que a

coordenada . 0z =

A condição de contorno livre de tração na superfície inferior é automaticamente

satisfeita se:

0 0=G (5.1)

logo:

10 0 II II− 0⎡ ⎤ ⎡ ⎤= − −⎣ ⎦ ⎣ ⎦1 2R G Z Z G (5.2)

5.2.2 A interface sólido/sólido

Uma vez que e estão determinados, pode ser escrito que na interface 1: 0G 0R

( ) ( )02 1 2 1 1 2II IIh h 0 0+ += +1u M u M R u (5.3)

Definindo:

1 iω= −t G1 1u (5.4)

E lembrando que:

1 1

1 1 2 2II IIiω 1⎡ ⎤= − +⎣ ⎦t Z u Z u (5.5)

Mostra-se que:

25

Page 33: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

( ) ( ){ } ( ) ( ){ } 11 11 0 02 1 1 1 2 1 1 1 2 1II II II II II IIh h h h

−− −⎡ ⎤ ⎡ ⎤= + +⎣ ⎦ ⎣ ⎦G Z Z M R M I M R M (5.6)

As condições de contorno na interface 1 são:

1 1+=t t (5.7)

e:

1 1 10

+⎡ ⎤ 1− =⎣ ⎦K u u t (5.8)

Definindo:

1 1iω+ + 1+⎡ ⎤= − ⎣ ⎦t G u (5.9)

Mostra-se que:

{ } 111 1 1 1iω−−+ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤= −⎣ ⎦ ⎣ ⎦G G K G I+ (5.10)

Definindo:

1

2+ + += +1

2u u R u1 1+

+ ⎤⎦

(5.11)

Mostra-se que:

(5.12) 11 1 1

1 2III III−+ +⎡ ⎤ ⎡= − −⎣ ⎦ ⎣R G Z Z G

O procedimento descrito acima pode ser repetido até que se determine . 3N − +R

26

Page 34: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

5.2.3 A interface sólido/Vácuo

Na superfície superior (z = d) se tem :

( ) ( )n nd i dω= −t G u (5.13)

Onde corresponde ao tensor de impedância superficial calculado pelo algoritmo de

Imersão Invariante. A condição de contorno livre de esforços na superfície superior da

placa

nG

z d= é expressa por:

( ) 0n n d =G u (5.14)

De acordo com a equação anterior tem-se que:

det 0n =G (5.15)

A equação (5.15) é a equação de dispersão para as ondas Rayleigh-Lamb. Neste caso o

tensor de impedância superficial é skew-hermitian, e sua determinante é imaginária. A

equação (5.15) impõe restrições sobre o par ( , )xkω , e tem que ser resolvida

numericamente para gerar as curvas de dispersão para as ondas na placa. Braga [36].

5.2.4 Determinação dos vetores deslocamento em cada interface

Uma vez determinado o par ( , )xkω , calculam-se os vetores de deslocamento na

interface superior sólido/Vácuo do campo especular. Para o calculo de ( )n du utiliza-se

a decomposição SVD (singular value decomposition).

Lembrando que a condição de contorno livre de esforços na superfície superior

da placa z d= é expressa por:

27

Page 35: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

( ) 0n ni dω− =G u (5.16)

A decomposição SVD decompõe a matriz num produto dos fatores de

outras três matrizes: , onde U e V são matrizes ortogonais e S é diagonal.

Os valores da matriz diagonal são chamados de valores singulares e por isso a

decomposição recebe este nome.

nG

TnG = USV

Os deslocamentos ( )n du são então calculados usando )13(:, +−= rn Vu . Isto

devido a que as últimas (3-r) colunas de V pertencem ao espaço nulo de , onde n

corresponde ao ordem da matriz V e r ao número de valores singulares sobre a diagonal

de S diferentes do zero.

nG

Logo:

2 12 ( )N d− −= nu F u (5.17)

Onde:

( ) ( )1 3 11 2 2 2N N N

N Nh h− − + −−=F M R M I−− + (5.18)

e :

3 1

2 2 2( )N NNh− + − −−= −u M u 2

2N (5.19)

3 3

1N N N− + − + − +=u R u 3

2 (5.20)

2 1

1 1 2 1( )N N NNh− −−=u M u 3− + (5.21)

28

Page 36: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Para qualquer interface sólido/sólido mostra-se:

( ) ( ) 11 1 2 1 1 12 1 1 2 1n n n n n n n n

n nh h−− − − + − − + − +

− −⎡ ⎤= − + +⎣ ⎦u G M R M G G I R u 12n− +⎡ ⎤⎣ ⎦ (5.22)

Logo:

2

2 2 2( )n nnh− + −−= −u M u 1

2n (5.23)

2 2

1n n n− + − + − +=u R u 2

2 (5.24)

1

1 1 1 1( )n n nnh−−=u M u 2− + (5.25)

5.3 Campo espalhado

5.3.1 A interface sólido/sólido

Supondo que a n-ésima interface de adesão, que pode ser qualquer interface

sólido/sólido, possua defeitos localizados, têm-se como condições de contorno nesta

interface:

n n+=t t (5.26)

0n n n ϕ+⎡ ⎤ n− + =⎣ ⎦K u u t (5.27)

Definindo:

n n ni nω ϕ+ + + +⎡ ⎤= − +⎣ ⎦t G u W (5.28)

29

Page 37: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Mostra-se que:

1

0n n n −+ + ⎡ ⎤= ⎣ ⎦W G K (5.29)

Onde é definido da mesma maneira que no campo especular. n+G

Definindo:

2 2n n n n n ϕ+ + + + += + +u u R u S (5.30)

Mostra-se que:

12

1n n n −+ + +⎡ ⎤= −⎣ ⎦S Z G Wn+ (5.31)

Onde é definido da mesma maneira que no campo especular. n+R

Para interfaces livres de defeitos localizados W , +W , e podem ser

determinados, em qualquer interface localizada acima da que contém defeito localizado,

utilizando-se as condições de contorno do campo especular. Então, continuando-se a

desenvolvimento para a placa na qual a n-ésima interface de adesão apresenta defeito

localizados, tem-se que na interface

S +S

1n+ :

( ) ( )1 2 2 12 1 2 1 1 2

n n n n n n nn nh h ϕ+ + + + + + ++ += + +u M u M R u S ⋅ (5.32)

Onde:

( )1 21 1

n nnh n+ ++=S M S + (5.33)

30

Page 38: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

E utilizando-se novamente a definição que:

1 1 1n n ni 1nω ϕ+ + + +⎡ ⎤= − +⎣ ⎦t G u W (5.34)

Mostra-se que:

1 2 1

1n n n 1n+ + +⎡= −⎣W Z G S +⎤⎦

1

(5.35)

Onde é definido da mesma maneira que no campo especular. 1n+G

Finalmente, utilizando-se as condições de contorno 5.7 e 5.8 e as definições 5.28 e

5.30 , mostra-se que:

11 1 1 1

0n n n n niω

−+ + + + + + +⎡ ⎤ ⎡ ⎤= + ⎣ ⎦ ⎣ ⎦W W G K W (5.36)

e:

11 3 1

1n n n −+ + + + + + +⎡ ⎤= −⎣ ⎦S Z G W 1n (5.37)

5.3.2 Determinação dos vetores deslocamento em cada interface

Para a interface superior sólido/vácuo o campo espalhado do deslocamento

é 2N−u , utilizando-se as condições de contorno, mostra-se que:

12 -2 -N N N 2ϕ−− ⎡ ⎤= ⎣ ⎦u G W (5.38)

onde:

2 12N 2N− − −=u F u (5.39)

31

Page 39: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Onde F está definido em 5.18

Logo:

( )3 12 2 2N N

Nh− + − −−= −u M u 2

2N (5.40)

3 3 3 3

1 2N N N N ϕ− + − + − + − += +u R u S (5.41)

e:

( )2 11 1 2 1N N N

Nh− −−=u M u 3− + (5.42)

A interface sólido/sólido pode ser dividida em dois grupos. As interfaces livres

de defeitos localizados e a interface que possui defeitos localizados. Para as que estão

livres de defeitos localizados e conseqüentemente localizadas acima da interface com

defeito localizado mostra-se:

11

2n n n n n n n ϕ

−− + + +⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤= + − −⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎣ ⎦nu F G G u W G S W (5.43)

Logo:

( )1 12 2n n

nh− + += −u M 2nu (5.44)

1 1 1 1

1 2n n n n ϕ− + − + − + − += +u R u S (5.45)

( )11 1 1 1n n n

nh 1+ − +−=u M u (5.46)

Para a que possui defeito localizado mostra-se que:

32

Page 40: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

112n n n n n ϕ

−− + +⎡ ⎤ ⎡= ⎣ ⎦ ⎣u F G G u W + ⎤+ ⎦ (5.47)

Logo:

( )1 12 2n n

nh− + += −u M 2nu (5.48)

1 1

1n n n− + − + − +=u R u 1

2 (5.49)

( )11 1 1n n n

nh 1+ − +=u M u (5.50)

A seguir, no Capítulo 6 apresenta-se os resultados numéricos que permitem a

validação da implementação comparando curvas de dispersão obtidas com o código

com curvas de dispersão mostradas em Rose [29].

33

Page 41: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Capítulo 6

Resultados numéricos e discussão

6.1 Simulação com placa homogênea de alumínio.

A seguir se utilizará um código programado na plataforma Matlab ®, o qual por

meio da aproximação quase-estática e de um algoritmo recursivo baseado no método de

Imersão Invariante, pretende reproduzir as curvas de dispersão de una placa homogênea

de alumínio, isto como uma forma de validar o código, antes de começar com o estudo

de modos guiados para a detecção de falhas em placas laminadas compostas.

A configuração da placa de alumínio, cuja espessura é de 1 mm, é apresentada

na Figura 6.1. A placa foi adaptada como sendo uma placa laminada para podermos

utilisar o código desenvolvido. É importante salientar que os valores de rigidez da

matriz da aproximação quase-estática, utilizada para simular as interfaces a e b, são

valores da ordem de 10 vezes a rigidez do alumínio, isto com o propósito de poder

simular a continuidade de deslocamento entre cada lâmina que componham a placa, ou

seja, as condições de contorno clássicas. As propriedades mecânicas da placa de

alumínio são as mostradas na Tabela 6.1

Figura 6.1: Placa homogênea de alumínio de 1 mm de espessura.

34

Page 42: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Material Densidade (kg/m3) Vel. Onda P (m/s) Vel. Onda S (m/s)

Alumínio 2700 6300 3100 Tabela 6.1: Propriedades mecânicas do alumínio.

Figura 6.2: Curvas de Dispersão para una placa de alumínio, utilizando o Método de

Imersão Invariante.

A Figura 6.2 apresenta os resultados obtidos utilizando o método de imersão

invariante. Da comparação dos gráficos obtidos pela simulação com os gráficos da

pagina 17, figura 2-14, de Rose [29], pode-se observar certas diferenças, no particular

pode-se apreciar a aparição de novas curvas que correspondem a modos de ondas SH.

No entanto se observa, na comparação das curvas existentes em ambos os gráficos, uma

total correspondência nos valores obtidos, o qual indica que o código numérico utilizado

satisfaz o benchmark proposto. A seguir realizaram-se outras simulações com o objetivo

de validar o código em todas suas etapas, tanto na varredura de ida como na varredura

de volta.

Na Figura 6.3 são apresentadas as curvas de os deslocamentos através da

espessura da placa, para o modo S0 e distintos valores de f d⋅ , o qual torna possível

35

Page 43: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

verificar o cálculo de deslocamentos por meio do código desenvolvido. Os resultados

obtidos indicam o bom desempenho do código programado.

-0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5S0 f*d=0.5 Mhz-mm

Deslocamento Adimensional

d (m

m)

-0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5S0 f*d=1.5 Mhz-mm

Deslocamento Adimensional

d (m

m)

-1 -0.5 0 0.5 1 1-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5S0 f*d=2 Mhz-mm

Deslocamento Adimensional

d (m

m)

-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5S0 f*d=3 Mhz-mm

Deslocamento Adimensional

d (m

m)

Figura 6.3 Modos de deslocamentos para o modo S0

Na figura 6.3 se apresentam os cálculos de deslocamentos nas componentes

e , para o modo simétrico S0. A linha azul mostra os deslocamentos na

direção

,u v w u

X , a linha vermelha os deslocamentos na direção Y e a linha verde os

deslocamentos na direção

v

w Z . Conforme o esperado, os deslocamentos na direção Y

foram nulos. Dos resultados obtidos nas simulações realizadas, pode-se concluir que o

uso da aproximação quase-estática (QSA) para simular as interfaces de adesão e o

método de Imersão Invariante apresentou um bom desempenho, obtendo-se resultados

similares aos mostrados na literatura, o qual indica que o código numérico utilizado

satisfaz o benchmark proposto.

36

Page 44: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

6.2 Simulação com placa composta por três camadas isotrópicas

Nesta seção apresenta-se os resultados de uma simulação feita com uma placa

composta por uma camada de 3 mm de cobre, uma camada de 200 μm de epóxi,

atuando como camada de adesão, e uma camada de 3 mm de alumínio, estando todo o

conjunto conforme mostrado na Figura 6.4. As propriedades mecânicas dos materiais

constituintes estão mostradas na Tabela 6.2.

Figura 6.4: Placa livre cobre-epoxi-alumínio

Material Densidade (kg/m3) Vel. Onda P (m/s) Vel. Onda S (m/s) Alumínio 2700 6320 3130 Cobre 8930 4660 2660 Epoxi 1200 2200 1100

Tabela 6.2: Propriedades mecânicas dos materiais constituintes

A placa, portanto, possui duas interfaces de adesão, uma entre a camada de

cobre e a camada de epóxi, a interface b, e outra entre a camada de epóxi e a camada de

alumínio, a interface , conforme ao mostrado na Figura 6.4. Para efeitos da estimativa

da matriz de rigidez interfacial, as interfaces são consideradas como tendo 3

a

[Leiderman 2005] de espessura cada uma e tendo as mesmas propriedades mecânicas

37

Page 45: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

das do epóxi, quando intactas. De acordo com a referência [26], estas interfaces podem

ser representadas por:

30

0.583353 0 00 0.583353 0 1 10 Pa/m0 0 2.527865

K⎡ ⎤⎢ ⎥= ×⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

Como previamente mencionado, um dos objetivos desta Tese é a identificação e

caracterização de modos guiados em placas compostas laminadas que sejam bons

candidatos para ensaios de interfaces de adesão. Portanto, será dada ênfase ao desenho

dos ensaios nos quais se possa identificar claramente no sinal resultante a interação do

campo guiado com uma interface de adesão defeituosa. Isso significa que o sinal

medido na superfície da placa (região da placa onde temos fácil acesso) deve ser muito

diferente para placas com e sem defeitos. Uma opção seria a utilização de um modo cuja

energia seja nula, no caso ideal, nas superfícies superior e inferior e significativa na

região de interesse, a interface de adesão, de modo que o modo seja sensível a defeitos

interfaciais localizados e que o sinal (espalhamento) resultante seja nítido na superfície

da placa laminada.

Para determinar o modo de ondas Lamb que interagem significativamente com o

defeito na placa, foram obtidas as curvas de dispersão da placa sem defeito e com

defeito, de modo a fazer uma comparação entre ambas as curvas de dispersão e

determinar os modos mais apropriados a serem investigados. A Figura 6.5 apresenta as

curvas de dispersão para a placa de cobre-epoxi-alumínio sem defeito.

38

Page 46: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Figura 6.5: Curvas de dispersão da placa laminada sem defeito.

Na Figura 6.6, é observada uma superposição das curvas de dispersão da placa

Cu-Al com e sem defeitos. Em cor azul se identificam as curvas de dispersão da placa

com rigidez interfacial original (sem defeito) e com cor vermelha as curvas de dispersão

para a placa com 50% de redução da rigidez transversal na direção x .

Figura 6.6: Superposição das curvas de dispersão da placa Cu-Al com e sem defeitos

39

Page 47: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Modo selecionado

Figura 6.7: Zoom Superposição das curvas de dispersão da placa com e sem defeitos

Na Figura 6.7, é observada uma ampliação das curvas de dispersão da placa

Cu-epoxi-Al. É observado que para a faixa de freqüências de 4.6 a 5.2 MHz existem

modos nos quais as ondas de Lamb interagem com o defeito gerando mudanças

importantes nas Curvas de Dispersão. Foram pesquisados vários modos, mas o que

apresentou melhores resultados foi o modo com freqüência 4.9 MHz e uma velocidade

de fase igual a 9.867 km/s, que corresponde a um pC 9.14786xk = .

Para verificar que o modo selecionado satisfaz as características mencionadas

nos parágrafos anteriores, ou seja, um modo cuja energia seja nula, no caso ideal, nas

superfícies superior e inferior e significativa na região de interesse, foram calculados os

deslocamentos ao longo da espessura da placa e de seu comprimento, considerando a

placa sem defeito. Estes resultados são apresentados nas Figuras 6.8, 6.9 e 6.10.

40

Page 48: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

0 5 10 150

1

2

3

4

5

6

x 10-3

Deslocamento Absoluto Adimensional

Esp

esor

(mm

)

Deslocamento u na direção x

Deslocamento v na direção y

Deslocamento na direção w z

Figura 6.8: Magnitude dos Deslocamentos y w nas direções ,u v , ,x y z .

Na Figura 6.8 é observado que para a freqüência de 4.9 MHz e um

os deslocamentos adimensionais gerados nas direções

9.14786xk =

xyz através da espessura da

placa, são de maior magnitude nas proximidades da interfase de adesão e menores na

zonas próximas à superfícies superior e inferior. Essa foi uma condição exigida para o

modo selecionado, isto com o propósito de que ao se produzir a interação com o defeito,

a dispersão possa ser facilmente detectada nas superfícies da placa.

Nas Figuras 6.9 e 6.10 são apresentados os deslocamentos adimensionais em

todo o comprimento da placa nas direções x e . z

41

Page 49: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Figura 6.9: Deslocamentos na direção u x ao longo da placa.

Figura 6.10: Deslocamentos na direção ao longo da placa. w z

42

Page 50: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

No que se segue, são apresentados os resultados obtidos na simulação da

interação entre o modo selecionado e a placa composta laminada Cu-epoxi-Al a qual

apresenta um defeito localizado na interface . Aqui, modelou-se um defeito que só

afeta a componente

a

x da rigidez interfacial. O defeito terá a forma de uma gaussiana,

onde seu valor máximo será igual a 0.5 xKT− , com um comprimento aproximado de 4

mm, tal como se observa na figura 6.11.

-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2

-250

-200

-150

-100

-50

0

x(mm)

Rig

idez

(Pa/

m)

Figura 6.11: Defeito Gaussiano modelado 0.5 xKT− .

Como foi discutido por Leiderman [31], a convergência da serie depende do

tamanho e magnitude do defeito modelado, logo a convergência deve ser verificada

antes de obter os resultados, para o qual foram graficados os valores parciais de cada

termo da serie, tal como pode ser observado da Figura 6.12.

43

Page 51: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

9.147 9.1475 9.148 9.1485 9.149 9.14950

1

2

3

4

5

6

7

8

9x 104

kx (adimensional)

Am

plitu

de

1 termo da serie2 termo da serie3 termo da serie4 termo da serie5 termo da serie30 termo da serie

Figura 6.12: Amplitude Adimensional do deslocamento para cada termo da serie.

Da analise obtida da Figura 6.12, conclui-se que a serie converge para valores

acima do quinto termo. Os resultados obtidos estão apresentados na Figura 6.13.

Pode ser observado claramente que o modo selecionado ao interagir com o

defeito excita dois modos próximos, cujos valores de amplitude fazem pensar que o

modo selecionado ( f = 4.9 MHz e 9.14786xk = ) poderia ser um bom candidato para a

realização de ensaios não-destrutivos utilizando as ondas guiadas de Lamb.

44

Page 52: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

8 8.5 9 9.5 10 10.5 110

1

2

3

4

5

6

7x 105

kx (adimensional)

Am

plitu

de

Figura 6.13: Resultados para o modo f = 4.9 MHz y 9.14786xk =

Na Figura 6.14 é apresentada uma vista amplificada para o modo selecionado,

no qual se pode observar em cor vermelha o campo especular e em cor azul a soma do

campo especular mais o campo espalhado. Observa-se que a diferencia entre ambas é da

ordem de um 20% aproximadamente, o qual é considerado um valor razoável para ser

detectado mediante um sensor num ensaio ultrasônico.

9.147 9.1472 9.1474 9.1476 9.1478 9.148 9.1482 9.1484 9.1486 9.14880

1

2

3

4

5

6

7x 105

kx (adimensional)

Am

plitu

de

Figura 6.14: Vista Amplificada para o modo f = 4.9 MHz e 9.14786xk =

45

Page 53: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

8.125 8.126 8.127 8.128 8.129 8.13 8.131 8.132 8.133 8.1340

1

2

3

4

5

6

7x 104

kx (adimensional)

Am

plitu

de

Figura 6.15: Vista Amplificada para o modo f = 4.9 MHz e 8.1285xk =

10.7810.780510.78110.781510.78210.782510.78310.783510.78410.784510.7850

1

2

3

4

5

6

7

x 104

kx (adimensional)

Am

plitu

de

Figura 6.16: Vista Amplificada para o modo f = 4.9 MHz e 10.7815xk =

Das Figuras 6.15 e 6.16 são observados os modos que foram excitados a partir

da interação entre o defeito modelado na placa e o modo selecionado para a realização

de um ensaio ultrassônico ( f = 4.9 MHz y 9.14786xk = ). Deve-se mencionar que este

modo corresponde a uma onda guiada tipo Lamb. Os modos excitados pelo defeito

possuem uma magnitude da ordem de um 15% do campo especular, o qual confirma

que o modo selecionado seja um ótimo candidato para a detecção de falhas em placas

compostas.

46

Page 54: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Capítulo 7 Conclusão e sugestões para trabalhos futuros

Neste trabalho foi discutida a aplicação de um método analítico-numérico para a

simulação da interação entre modos guiados em placas laminadas e interfaces de adesão

defeituosas. A técnica de modelagem baseia-se no emprego da Aproximação Quase-

Estática e no método das perturbações. O método da imersão invariante foi utilizado no

desenvolvimento de um algoritmo para solução de problemas que envolvam materiais

compósitos laminados. O algoritmo admite que as camadas do material compósito

sejam arbitrariamente anisotrópicas e é estável para altas freqüências.

De acordo com os objetivos propostos, pode-se afirmar que estes foram alcançados,

pois se desenvolveu um método de análises o qual pode ser uma ferramenta valiosa na

implementação de sistemas ultrassônicos que utilizem ondas guiadas de Lamb. A

análise proposta permite selecionar os modos Lamb mais apropriados para realização do

ensaio, bem como calcular quantitativamente a interação entre o modo de interesse e

interfaces defeituosas.

No sentido do que está dito acima, foi desenvolvida uma metodologia na qual a

seleção dos modos de interesse se realiza através de uma procura sistemática, onde a

viabilidade da detecção de defeitos interlaminares a partir de medições realizadas nas

superfícies livres da placa é priorizada. A seleção destes modos é complexa, mas foi

desenvolvida uma metodologia na qual se pode agilizar a seleção dos modos de

interesse. Para tal efeito foram programados códigos que ajudam a escolher um par

freqüência- xk que permita observar claramente os efeitos de interação, realizando um

refinamento dos valores selecionados.

É importante mencionar que o interesse por desenvolver uma investigação no

âmbito dos materiais compostos, teve sua origem na necessidade de ter disponível de

47

Page 55: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

um sistema de avaliação não-destrutiva da integridade de vigas laminadas de madeira,

nas quais são utilizadas na construção de estruturas de madeira de grandes dimensões.

Para este efeito, durante o desenvolvimento da investigação, foram programados

algoritmos que permitem trabalhar com modelos de materiais anisotrópicos e, em

particular materiais ortotrópicos, os quais são utilizados para modelar o comportamento

da madeira.

Para trabalhos futuros, sugere-se :

1. Generalizar a formulação desenvolvida para casos onde todas as interfaces de

adesão são defeituosas.

2. Realização de experimentos no sentido de validar o método aqui proposto. As

experiências controladas poderão ser realizadas para confirmar a viabilidade da

detecção de defeitos nas interfaces de adesão, utilizando-se o método de ensaio

por ultra-som e aplicando-se a técnica de ondas Lamb.

3. Desenvolver uma formulação análoga para modelar a interação entre ondas

armadilhadas ( Trapped waves) e defeitos interfaciais localizados.

Finalmente, cabe mencionar a recente criação do Laboratório de Nanotecnologia

da Universidad del Bío-Bío de Chile, o qual dispõe de equipamentos que permite a

medição de propriedades mecânicas de finas camadas interlaminares. Experimentos no

sentido de levantar rigidez interfacial para ser utilizada em conjunção com o método

aqui proposto no desenho de ensaios não destrutivos serão realizados.

48

Page 56: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Apêndice A Meios homogêneos A.1 Sólido anisotrópico homogêneo

Derivara-se os operadores jM e jZ para propagação de ondas planas em laminados

anisotrópicos homogêneos. As ondas se propagam no plano xz e se aplicara o

formalismo de Stroh. As equações que governam o movimento linear e elástico em

sólidos anisotrópicos são, o balanço de momento linear e a equação constitutiva

mostrada abaixo em notação indicial:

,ik k iUσ ρ= && (A.1)

lik iklm

m

Ucx

σ ∂=

∂ (A.2)

Onde a equação de balanço acima é representativa de casos onde há ausência de forças

de corpo.

Fazendo-se nas equações acima 1 , 2x y= = e 3 z= , 1 2,U u U v= = e , e

tomando-se como solução ondas planas harmônicas no tempo e que têm como plano de

propagação o plano

3U = w

xz , pode-se escrever:

( , , ) ( , ) i tx z t x z e ω−=U u e ( , , ) ( , ) i tx z t x z e ω−=T t (A.3)

Onde u , o vetor deslocamento, tem a forma:

uvw

⎧ ⎫⎪ ⎪= ⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭

u (A.4)

t , o vetor de tração agindo no plano xy , tem a forma:

49

Page 57: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

zx

zy

zz

σσσ

⎧ ⎫⎪ ⎪= ⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭

t (A.5)

e ω é a freqüência.

Utilizando-se a transformada menos de Fourier representada abaixo:

( , , ) ( , , ) i xz t x z t e αα∞ −

−∞= ∫U U dx (A.6)

1( , , ) ( , , )2

i xx z t z t e dαα απ

−∞= ∫U U (A.7)

As equações (A.1) e (A.2), e as definições mostradas em (A.3), pode ser mostrado que:

ˆ( , ) ( ) ( , )z i zzξ α α ξ∂

=∂

N α (A.8)

Onde α é o numero de onda na direção x , ξ é a transformada do vetor de estado que

está definida na equação (A.9) e é a transformada da matriz de estado de sexta

ordem que esta definida na equação (A.10). Na expressão acima a dependência no

tempo foi cancelada por aparecer em ambos os lados da equação.

( , )( , )

( , )z

zi z

αξ α

α⎧ ⎫

= ⎨ ⎬⎩ ⎭

ut

(A.9)

1 1

2 2 2 1ˆ ( )

αα

ω ρ α α α

− −

− −

⎡ ⎤− −= ⎢ ⎥− + − −⎣ ⎦

X2 X1 X2N

I Y1 Y2X2 X1 Y2X2 1 (A.10)

Na expressão acima e são matrizes representadas por: , ,X1 X2 Y1 Y2

50

Page 58: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

51 56 55

41 46 45

31 36 35

c c cc c cc c c

⎡ ⎤⎢ ⎥= ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

X1 (A.11)

55 54 53

45 44 43

35 34 33

c c cc c cc c c

⎡ ⎤⎢ ⎥= ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

X2 (A.12)

11 16 15

11 16 15

51 56 55

c c cc c cc c c

⎡ ⎤⎢ ⎥= ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

Y1 (A.13)

15 14 13

65 64 63

55 54 53

c c cc c cc c c

⎡ ⎤⎢ ⎥= ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

Y1 (A.14)

De acordo com [32], a solução da equação (A.8) tem a forma:

( ) ( ) (0)z zξ =M ξ (A.15)

Onde é a matriz de propagação. Este 6-tensor relaciona o vetor de estado em um

plano de coordenadas

( )zM

z com seu valor em 0z = . A dependência na coordenada α foi

omitida na equação acima e doravante com o intuito de simplificar a notação.

A matriz de propagação para um meio anisotrópico homogêneo é dada por [32]

(A.16) ( ) i zz e= NM

Se representarmos por os autovalores e por Θ a matriz 6x6 da qual

as colunas são os autovetores de , então pode ser decomposta como:

( 1,2,...,6zIk I = )

N̂ N̂

51

Page 59: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

{ } 11 2 6

ˆ ( , ,...,z z zdiag k k k −=N Θ Θ (A.17)

E a equação (A.16) pode ser escrita como:

{ }61 2 1( ) ( , ,..., zz z i k zi k z i k zz diag e e e −=M Θ Θ (A.18)

Claramente os autovalores de são os números de onda na direção N̂ z enquanto os

autovetores da mesma, aqui representados por ξI , são os vetores de polarização.

Devido as propriedades da matriz prova-se que seus autovalores aparecem em pares

com sinais opostos. Os autovalores, ou números de onda na direção

N̂z , podem então ser

divididos em dois subgrupos, cada qual associado a ondas que se propagam, ou são

atenuadas, na direção positiva ou negativa do eixo de coordenada z . Então se podem

ordenar os autopares ( , )zI Ik ξ de maneira que os primeiros três estejam associados a

ondas que se propagam, ou são atenuadas, na direção positiva de z e os últimos três a

ondas que se propagam, ou são atenuadas, na direção negativa do mesmo. O primeiro

grupo é referido como “ondas indo para cima” e o segundo é referido como “ondas indo

para baixo”.

Cada autovetor pode ser particionado em dois vetores tri-dimensionais, aqui chamados

de Ia e II , logo:

II

I

ξ⎧ ⎫

= ⎨ ⎬⎩ ⎭

al

(A.19)

Do mesmo modo pode-se decompor a matriz Θ em quatro submatrizez 3x3, ou seja:

1 2

1 2

⎡ ⎤= ⎢ ⎥⎣ ⎦

A AΘ

L L (A.20)

52

Page 60: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Onde:

[ ]1 1 2=A a a a3 , 1 1 2 3= ⎡ ⎤⎣ ⎦L l l l (A.21)

[ ]2 4 5=A a a a6 , 2 4 5 6= ⎡ ⎤⎣ ⎦L l l l (A.22)

Logo, pelas equações (A.15) e (A.18), em um sólido elástico homogêneo e anisotrópico,

o vetor de estado transformado pode ser escrito como:

{ }61 2 1( ) ( , ,..., (0)zz z i k zi k z i k zz diag e e eξ ξ−=Θ Θ (A.23)

A transformada do vetor de estado em 0z = pode ser expressa como combinação

linear dos seis autovetores do tensor fundamental de elasticidade, ou seja:

( )0ξ =ΘC , onde 1

2

⎡ ⎤= ⎢ ⎥⎣ ⎦

CC

C (A.24)

Na expressão (A.24) e são vetores constantes tri-dimensionais. 1C 2C

Logo a equação (A.23) pode ser reescrita como:

1 2 1 1

1 2 2 2

( )( )

( )z

zz

ξ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎧

=⎫

⎨ ⎬⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎩

A A Φ 0 CL L 0 Φ C ⎭

(A.25)

Onde:

( ){ }31 21( ) , , zz z i k zi k z i k zz diag e e e=Φ (A.26)

e

({ )}5 642 ( ) , ,z zz i k z i k zi k zz diag e e e=Φ (A.27)

53

Page 61: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Do que foi exposto acima pode ser escrito que:

1 2( ) ( ) ( )z z= +u u u z (A.28)

e:

1 2( ) ( ) ( )z z= +t t t z (A.29)

Onde:

1 1 1( ) ( )z z=u A Φ C1 e 2 2 2( ) ( )z z 2=u A Φ C (A.30)

1 1 1 1( ) ( )z i z= −t L Φ C e 2 2 2 2( ) ( )z i z= −t L Φ C (A.31)

De acordo com a ordenação dos autovalores fica claro que o subescrito 1 está associado

com ondas se propagando, ou decaindo, na direção positiva de z , enquanto o subescrito

2 está associado com ondas se propagando, ou decaindo, na direção negativa de z .

Como em tem-se: 0z =

1(0) =u A1 1C e 2 2(0) 2=u A C (A.32)

Pode-se eliminar os vetores constantes e da equação (A.30) escrevendo-se: 1C 2C

1 1 1( ) ( ) (0)z z=u M u e 2 2 2( ) ( ) (0)z z=u M u (A.33)

Onde:

11 1 1( ) ( )z z 1

−=M A Φ A e 12 2 2( ) ( )z z 2

−=M A Φ A (A.34)

Também a fim de eliminar os vetores constantes e da equação (A.31), pode-se

escrever:

1C 2C

1 1( ) ( )1z i zω= −t Z u e 2 2( ) ( )2z i zω= −t Z u (A.35)

54

Page 62: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Onde:

[ ] 11 1 1

−=Z L A e [ ] 12 2 2

−=Z L A (A.36)

Os operadores de impedância local, e , relacionam o vetor de tração com

o campo de velocidade de partícula. Pode-se observar que para um meio homogêneo

eles são independentes da coordenada espacial

1Z 2Z

z , sendo iguais para qualquer plano

normal a mesma.

A.2 Sólido isotrópico homogêneo em estado plano de deformação

Para um sólido elástico isotrópico e homogêneo, a equação de movimento pode

ser escrita como:

2

22( ) ( )

tμ λ μ ρ ∂∇ + + ∇ ∇ =

∂uu u (A.37)

Onde é o vetor deslocamento, u λ e μ são as constantes de Lamé, e t∂

simboliza diferenciação em relação ao tempo.

Esta equação é uma equação vetorial diferencial parcial acoplada, e para resolvê-

la mais facilmente o vetor deslocamento é decomposto em duas funções, as funções

potenciais, então o vetor pode ser escrito na forma:

φ=∇ +∇×u ψ (A.38)

Esta decomposição é chamada decomposição de Helmholtz.

O potencial vetorial ψ se reduz á ( , )y x zψ para o estado plano de deformações.

Para este caso o potencial escalar φ é também função apenas de x e z . Agora a

55

Page 63: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

equação (A.37) pode ser reescrita em termos destes potenciais na forma de duas

equações desacopladas:

2

22

1 0Lc t

φφ ∂∇ − =

∂ (A.39)

2

22

1 0Tc t

φψ ∂∇ − =

∂ (A.40)

Onde Lc é a velocidade longitudinal de propagação no material e a velocidade

transversal. Aqui o subescrito de

Tc

y yψ foi omitido. Uma vez que as funções potenciais

são determinadas, pode-se facilmente achar os campos de deslocamento e tensões

utilizando-se as relações:

ux zφ ψ∂ ∂

= −∂ ∂

(A.41)

wz xφ ψ∂ ∂

= +∂ ∂

(A.42)

2 2 2 2

2 2 22zz x z z x zφ φ φσ λ μ

⎛ ⎞ ⎛∂ ∂ ∂ ∂= + + +⎜ ⎟ ⎜∂ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠ ⎝

ψ ⎞⎟⎠

(A.43)

2 2 2

2 22zx x z z xφ ψ ψσ μ

⎛ ⎞∂ ∂ ∂= − +⎜ ∂ ∂ ∂ ∂⎝ ⎠

⎟ (A.44)

Se o campo de deslocamento for harmônico no tempo, as funções potenciais

podem ser representadas como:

( , ) i tx z e ωφ −= Φ (A.45)

( , ) i tx z e ωψ −= Ψ (A.46)

56

Page 64: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Então as equações (A.39) e (A.40) podem ser reescritas como:

( )2 2

22 2 0lx z

β∂ Φ ∂ Φ+ + Φ =

∂ ∂ (A.47)

( )2 2

22 2 0tx z

β∂ Ψ ∂ Ψ+ + Ψ =

∂ ∂ (A.48)

Onde:

( )2

22lLc

ωβ = (A.49)

( )2

22tTcωβ = (A.50)

Com a finalidade de resolver estas duas equações, pode-se utilizar a

transformada de Fourier para representá-las no domínio do numero de onda na direção

x . Neste trabalho foi utilizada a transformada menos.

( )2

222

( , )( , ) ( , ) 0lzz z

zαα α β α∂ Φ

− Φ + + Φ =∂

(A.51)

( )2

222

( , )( , ) ( , ) 0tzz z

zαα α β α∂ Ψ

− Ψ + + Ψ =∂

(A.52)

Resolvendo estas duas equações diferenciais ordinárias acha-se:

ipz ipzAe Be−Φ = + (A.53)

iqz iqzCe De−Ψ = + (A.54)

57

Page 65: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Onde:

2 2 2

2 2 2

l

l l

parap

i para

2

2

lβ α β α

α β β

⎧ − >⎪= ⎨α− <⎪⎩

(A.55)

2 2 2

2 2 2

t

t t

paraq

i para

2

2

tβ α β α

α β β

α

− >⎪= ⎨− <⎪⎩

(A.56)

Substituindo Φ e Ψ na transformada das equações (A.41) e (A.42) obtém-se:

( ) ( )ipz ipz iqz iqzu i Ae Be iq Ce Deα −= + − − − (A.57)

( ) ( )iqz iqz ipz ipzw i Ce De ip Ae Beα −= + + − − (A.58)

De acordo com as equações (A.57) e (A.58), u pode ser escrito como:

[ ] 11 1 2γ γ −= +u A C A C2

q

(A.59)

Onde:

1

i iip iα

α−⎡ ⎤

= ⎢ ⎥⎣ ⎦

A (A.60)

2

i iqip iα

α⎡ ⎤

= ⎢ ⎥−⎣ ⎦A (A.61)

0

0

ipz

iqz

ee

γ⎡ ⎤

= ⎢ ⎥⎣ ⎦

(A.62)

58

Page 66: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

1 00

ipz

iqz

ee

γ−

−−

⎡ ⎤= ⎢ ⎥⎣ ⎦

(A.63)

1

AC⎧ ⎫

= ⎨ ⎬⎩ ⎭

C (A.64)

2

BD

⎧ ⎫= ⎨ ⎬⎩ ⎭

C (A.65)

Em : 0z = 1 1 2 2(0) = +u A C A C (A.66)

Definindo:

1 1=u A C1 (A.67)

2 2=u A C2 (A.68)

Pode-se escrever:

1(0) 2= +u u u (A.69)

Onde o subescrito 1 nas equações acima denota ondas se propagando na direção

positiva do eixo z , e o subescrito 2 denota propagação na direção negativa do mesmo.

O primeiro grupo é referido como “ondas indo para cima” e o segundo é referido como

“onda indo para baixo”.

Então, ( )zu pode ser escrito como:

1 1 2( ) ( ) ( )z z z 2= +u M u M u (A.70)

59

Page 67: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Onde:

[ ] 11 1( )z γ 1

−=M A A (A.71)

[ ] [ ]12 2( )z γ 1

2− −=M A A (A.72)

Notando que:

1 2(0) (0)= =M M I (A.73)

Similarmente, substituindo-se Φ e Ψ na transformada das equações (A.43) e (A.44):

( ) ( ) ( ) ( )2 2 22ipz ipz ipz ipz ipz ipz iqz iqzzz Ae Be p Ae Be p Ae Be q Ce Deσ λ α μ α− − −⎡ ⎤ ⎡= − + − + + − + − −⎣ ⎦ ⎣

− ⎤⎦ (A.74)

( ) ( ) ( )2 22 ipz ipz iqz iqz iqz iqzzx p Ae Be q Ce De Ce Deσ μ α α− −⎡ ⎤= − + + + − +⎣ ⎦

(A.75)

Logo t pode ser escrito como:

[ ] 11 1 2γ γ −= +t L C L C2 (A.76)

Onde:

( )

( )

2 2

1 2 2

2

2 2

p q

p q

μ α μ α

λα λ μ μ α

⎡ ⎤− −= ⎢ ⎥

− − + −⎢ ⎥⎣ ⎦L (A.77)

( )

( )

2 2

2 2 2

2

2 2

p q

p q

μ α μ α

λα λ μ μ α

⎡ ⎤−= ⎢ ⎥

− − +⎢ ⎥⎣ ⎦L (A.78)

60

Page 68: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Agora definindo:

[ ] 11 1 1

−=Z L A (A.79)

[ ] 12 2 2

−=Z L A (A.80)

Pode-se escrever:

1 1 1 2 2 2( ) ( ) ( )z i z i zω ω= − −t Z M u Z M u (A.81)

Logo, em : 0z =

1 1 2 2(0) i iω ω= − −t Z u Z u (A.82)

61

Page 69: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

Referências Bibliográficas [1] P. Mendonça, “Materiais compostos & estruturas sanduíche”, Editora Manole Ltda.,

2005. [2] A.C. Garg, “Delamination - a damage mode in composite structures”, Eng. Fract.

Mech. 29 (1988) 557-584. [3] M. Siqueira, “Ensaios não-destrutivos”, Programa de formação Petrobras, 2007. [4] N.J. Pagano (Ed.), “Interlaminar Response of Composite Materials”, Composite

Material Series 5, Elsevier, Amsterdam, 1989. [5] R. Aundrecci, “Ensaios por Ultra-Som”, Ed. Julho, 2006. [6] A. Pilarski, J.L. Rose, K. Balasubramaniam, “The angular and frequency

characteristics of reflectivity from a solid layer embedded between two solids with imperfect boundary conditions”, J. Acoust. Soc.Am., Vol. 87, Nº 2 (1990) 532-542.

[7] W.T. Thompson, “Transmission of elastic waves through a stratified solid

medium”, J. Appl. Phys. Vol. 21, 87 (1950). [8] K. Balasubramaniam, C. Issa, R. Sullivan, “Quantitative evaluation of adhesive

layer properties using ultrasonic dispersion techniques”, J. Acoust. Soc.Am., Vol. 87, Nº 2 (1990) 1229-1236.

[9] B. Li, M. Hefetz, S.I. Rokhlin, “Ultrasonic evaluation of environmentally degraded

adhesive joints, Review of Progress in Quantitative Nondestructive Evaluation”, Vol. 11, (1992) 1221-1228.

[10] T. Pialucha, P. Cawley, “The detection of a weak adhesive-adherend interface in

bonded joints by ultrasonic reflection measurements”, Review of Progress in Quantitative Nondestructive Evaluation, Vol. 11, (1992) 1261-1266.

[11] A. Pilarski, J.L. Rose, J. Ditri, D. Jiao, K. Rajana, “Lamb wave mode selection for

increased sensitivity to interfacial weaknesses of adhesive bonds”, Review of Progress in Quantitative Nondestructive Evaluation, Vol. 12, (1993) 1579-1585.

[12] S.I. Rokhlin, Y.J. Wang, “Analysis of boundary conditions for elastic wave

interaction with an interface between two solids”, J. Acoust. Soc.Am., Vol. 89, Nº 2 (1991) 503-515.

[13] A.I. Lavrentyev, S.I. Rokhlin, “Models for ultrasonic characterization of

environmental degradation of interfaces in adhesive joins”, J. Appl. Phys., Vol. 76, Nº 8 (1994) 4643-4650.

62

Page 70: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

[14] T Kundu, M. Blodgett, “Detection of material defects in layered solids using Lamb waves”, Review of Progress in Quantitative Nondestructive Evaluation, Vol. 13, (1994) 1343-1350.

[15] L. Singher, Y. Segal, E. Segal, J. Shamir, “Considerations in bond strength

evaluation by ultrasonic guided waves”, J. Acoust. Soc.Am., Vol. 96, Nº 4 (1994) 2497-2505.

[16] A.I. Lavrentyev, S.I. Rokhlin, “Determination of elastic moduli, density,

attenuation, and thickness of a layer using ultrasonic spectroscopy at two angles”, J. Acoust. Soc.Am., Vol. 102, Nº 6 (1997) 3467-3477.

[17] A.I. Lavrentyev, S.I. Rokhlin, “Anomalous attenuation effect on reflectivity of an

ultrasonic wave from a thin layer between dissimilar materials”, J. Acoust. Soc.Am., Vol. 101, Nº 6 (1997) 3405-3414.

[18] A.I. Lavrentyev, S.I. Rokhlin, “Ultrasonic spectroscopy of imperfect contact

interfaces between a layer and two solids” , J. Acoust. Soc.Am., Vol. 103, Nº 2 (1998) 657-664.

[19] P.karpur, T. Kundu, J. Ditri, “Adhesive joint evaluation using Lamb wave modes

with appropriate displacement, stress, and energy distribution profiles”, Review of Progress in Quantitative Nondestructive Evaluation, Vol. 18, (1999) 1533-1542.

[20] C. Pecorari, P. Kelly, “The quasi-static approximation for cracked interfaces in

layered systems”, Review of Progress in Quantitative Nondestructive Evaluation, Vol. 18, (1999) 1471-1478.

[21] A. Baltazar, S.I. Rokhlin, C. Pecorari, “On the relationship between ultrasonic and

micro-structural properties of imperfect interfaces in layered solids” , Review of Progress in Quantitative Nondestructive Evaluation, Vol. 18, (1999) 1463-1470.

[22] S. Hirsekorn, “Nolinear transfer of ultrasound by adhesive joints- a theoretical

description” , Ultrasonics, 39 (2001) 57-68. [23] P. Delsanto, S. Hirsekorn, V. Agostini, R. Loparco, A. Koka, “Modeling the

propagation of ultrasonic waves in the interface region between two bonded elements” , Ultrasonics, 40 (2002) 605-610.

[24] A. Baltazar, L. Wang, B. Xie, and S. Rokhlin, “Inverse ultrasonic determination of

imperfect interfaces and bulk properties of a layer between two solids”, J. Acoust. Soc.Am., Vol. 114, Nº 3 (2003) 1424-1434.

[25] S.I. Rokhlin, L. Wang, B. Xie, V. Yakovlev, L. Adler, “Modulated angle beam

ultrasonic spectroscopy for evaluation of imperfect interfaces and adhesive bonds”, Ultrasonics, 42 (2004) 1037-1047.

[26] R. Leiderman, A. Braga, P. Barbone, “Scattering of ultrasonic waves by defective

adhesion interfaces in submerged laminated plates”, J. Acoust. Soc.Am., Vol. 118, Nº 4 (2005) 2154-2166.

63

Page 71: INTERAÇÃO ENTRE ONDAS GUIADAS E DEFEITOS …objdig.ufrj.br/60/teses/coppe_d/JuanCarlosFigueroaBarra.pdf · Interação entre Ondas Guiadas e Defeitos em Placas ... Um sistema de

[27] R. Leiderman, A. Braga, P. Barbone, “Estudo do espalhamento de ondas ultra-sônicas por interfaces defeituosas”, 6ª conferência sobre Tecnologia de Equipamentos, Salvador 2002.

[28] K. Graff, “Wave Motion Elastic Solids”, Dover Publications, INC, 1991 [29] J. Rose, “ Ultrasonic wave in solid media”, Cambridge University Pres, UK, 1999 [30] J. Baik, R Thompsom, “ Ultrasonic scattering from imperfect interfaces: A Quasi-

static Model”, J. NDE, Vol. 14, (1984) 177-196 [31] R. Leiderman, “Estudo do espalhamento de ondas ultra-sônicas por interfaces

defeituosas”, Tese de Doutorado, PUC-Rio, 2002. [32] A. M. Braga, “Wave propagation in anisotripic layered composites”, Ph. D. thesis,

Stanford University, Stanford , California, 1990. [33] D.D. Zakharov, “High order approximate low frequency theory of elastic

anisotropic lining and coating”, J. Acoust. Soc.Am. Vol. 119, Nº 4 (2006) 1961-1970.

[34] S. Hasheminejad, M. Maleki, “Acoustic wave interaction with a laminated

transversely isotropic spherical shell with imperfect bonding”, Arch. Appl. Mech., (2008) 97-112.

[35] M. Rajabi, S. Hasheminejad, “Acoustic resonance scattering from a multilayered

cylindrical shell with imperfect bonding”, Ultrasonics, 49 (2009), 682-695. [36] M. V. Golub, “Propagation of Elastic Waves in Layered Composites with

Microdefect Concentration Zones and Their Simulation with Spring Boundary Conditions”, J. Acoustical Physics,vol. 56, N° 6, (2010), 848-855.

64