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Edição 89 | Ano IX | Fevereiro de 2019 os guardiões da inspeção Profissionais Certificados: Conheça o JTCI, novo evento da Abendi Na Seção Técnica, leia: Prognóstico de vida remanescente em componentes de turbinas a vapor que operam em alta temperatura Avaliação estrutural de chassi de caminhão fora de estrada

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Page 1: Profissionais Certificados · em tubulações, dutos e estruturas tubulares aéreas em temperaturas até 70 °C. Lembrando que a norma se aplica à inspeção por ondas guiadas por

Edição 89 | Ano IX | Fevereiro de 2019

os guardiões da inspeção

Profissionais Certificados:

Conheça o JTCI,novo evento da Abendi

Na Seção Técnica, leia:

Prognóstico de vidaremanescenteem componentes deturbinas a vapor queoperam em altatemperatura

Avaliação estrutural de chassi de caminhão fora de estrada

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Conselho EditorialPedro Paiva – MagnafluxJan Smid – RadiolabWagner Romano – GEOswaldo Rossi Júnior – IntermetroCarlos Madureira – BBLAlessandra Alves – Abendi

Comitê CientíficoProf. Sérgio Brandi – USPProf. Sérgio Barra – UFRNProf. Thomas Clarke – UFRGSProf. Armando Albertazzi – UFSC Prof. Américo Scotti - UFUProfa. Raquel Gonçalves – UnicampProf. Armando Shinohara – UFPEProf. Francisco Ilo – UPE

EquipeSupervisora: Ana Cristina MotaJornalista responsável: Alexandra Alves (MTB 26660)Comercial: Nicole BolantDesigner: Henrique Leal e Daniel AndradeRevisor: Paulo RanieriProjeto Gráfico e Diagramação:Giovana Garofalo Capa/Foto: CanstockEd. Gráfica: Giovana GarofaloGráfica: Hawaii Gráfica

Tiragem5.000 exemplares

Público leitorProfissionais especializados (enge-nheiros, gerentes, administradores) de empresas de END e Inspeção, usuários dessa tecnologia, técnicos (supervi-sores, inspetores e operadores) que estão diretamente envolvidos com o tema e instituições de ensino.

ISSN: 1980-1599

A Abendi não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensa-mento dos autores, não representando neces-sariamente a opinião da revista. À publicação reserva-se o direito de, por motivo de espaço e clareza, resumir cartas e artigos.

Se você tiver ideias, sugestões ou críticas a fazer, envie para: [email protected]

Caros colegas,Inicialmente, gostaria de desejar um excelente ano a todos, repleto de saúde e realizações. Com o início deste ano, começa também uma nova gestão da Abendi com nova diretoria. Será, certamente, mais um período de desafios, mudanças e muita esperança na retomada da atividade industrial, tão necessária e ausente nos turbulentos tempos vividos recentemente.Reestruturamos a diretoria a fim de buscar um perfil que equilibre as visões de gestão admi-nistrativa e técnica. Convidamos, para dirigir a Abendi, profissionais com larga experiência administrativa e reconhecida reputação técnica, já provedores de importantes contribuições nas áreas de inspeção e ensaios.Quero apresentá-los brevemente, não só para informar, mas, também, para criar um vínculo mais próximo entre vocês e os gestores da associação pelos próximos dois anos. São eles:Presidente - Pedro Feres Filho - Mistras South America. Vice-presidente: - Angelo Bellelis Filho - Bellelis & Cia. Consultoria Empresarial. Diretores: Luis Carlos Greggianin - Braskem; Oswaldo Rossi Jr - Intermetro. Diretor Executivo: - João Antonio Conte (Abendi).Presidente do Conselho de Administração: - Vicente Abate (Abifer).Conselheiros - Afonso Mamede (Sobratema); Ammon Ribeiro (Equinor) ; Armando Juliani (Sie-mens); Carlos Donizete Correa Madureira (German); Clayton Moura de Oliveira (Magnaflux)Edson José Eufrásio (Vallourec); Jorge Eduardo Teles de Azevedo (Furnas); Ricardo Caldeira (ISQ Brasil); Rogério Prado Lima de Souza (Marinha do Brasil) ; Sandro Yamamoto (Abeeólica)Conselho Fiscal: Cláudio Ricardo Hehl Forjaz - Unisantanna ; Fernanda Cristina Laczko Gebrael de Moura - Metal-Chek; José Carlos Paioli – Serv END.Sintam-se à vontade para enviar-nos questionamentos, sugestões, críticas e comentários que considerem pertinentes. A diretriz primeira desta gestão é a aproximação cada vez maior en-tre a Abendi, as associadas e os associados. Utilizem as redes socias, a página da Abendi ou outro canal de comunicação. Temos o maior prazer e interesse nesse contato e o objetivo é retomarmos a importância da nossa atividade profissional no cenário econômico nacional e internacional. O conceito em nível mundial da Abendi é significativo. Nos próximos editoriais, traremos informações a respeito e garanto a vocês que serão surpreendidos diante da impor-tância que temos, e nós mesmos não a enxergamos. Não apenas a Abendi, mas o País tem uma importância internacional maior do que percebemos. Falaremos disso mais à frente.Finalizando, deixo aqui uma lembrança: a nossa atividade tem muito valor. A profissão a que nos dedicamos circunda nossas vidas diariamente. Nosso trabalho participa no abastecimento de alimentos em nossas casas e na produção de energia que nos mantém, coisas fundamen-tais para a nossa sobrevivência. Não existe produção de combustíveis e energia, de forma segura e sustentável, sem a nossa participação.O compromisso da nova diretoria nos próximos anos é o resgate desta importância, e, para isso, a sua colaboração é fundamental.Estaremos juntos nesta tarefa.

Sucesso a todos e até breve!

Pedro Feres - Presidente

E d i t o r i a l

E x p e d i e n t e

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Os desafios do Profissional Certificado34

Os ENDs, embora indispensáveis nas empresas, ainda têm pouca penetração na sociedade, nas escolas e em vários setores industriais. Mudar esse cenário é uma necessidade!

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Notícias• Reunião do Comitê de Óleo e Gás• Último encontro do ano de profissionais certificados• Nova norma de PM• Comissão de Estudo de Ondas Guiadas de 2018

Artigo EspecialPublicação da Norma Regulamentadora NR 37 - Segurança e saúde em plataformas de petróleo: Requisitos sobre equipamentos einstalações em atmosferas explosivas

Área Técnica• CTS de Mineração: participe você também!• Aprimoramento das tecnologias de END no setor de energia eólica

SóciosGanhe duas vezes: como sócio e recrutador!

Sócios PatrocinadoresTransformação Digital na Vallourec

TreinamentosFique atento aos novos treinamentos da Abendi!

EventosNovo Evento na Abendi: JTCI - 1a Jornada Técnica do Conhecimento em Inspeção

Certificação• Certificação em US Fundidos e Forjados é realidade• Abendi é a única no Brasil com reconhecimento internacional em END

Seção Técnica• Prognóstico de vida remanescente em componentes de turbinas a vapor que operam em alta temperatura• Avaliação estrutural de chassi de caminhão fora de estrada

Sede AbendiAv. Onze de Junho, 1317 – Vila Clementino - CEP: 04041-054São Paulo (SP). Tel.: (11) 5586-3199 – Fax: (11) 3302-5850Site: www.abendi.org.br

BibliotecaLançamentos de livros, apostilas, anais e produtos [email protected] (11) 5586-3196

CertificaçãoBureau de Certificação Abendi. (11) 5586-3181

EventosFeiras, eventos, simpósios e encontros do [email protected] (11) 5586-3197

Área Técnica da [email protected] (11) 5586-3195

SóciosSeja um sócio ou sócio patrocinador da [email protected] (11) 5586-3190 ou 3146

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Para anunciar nos Veículos AbendiNicole Bolant [email protected] (11) 5586-3190 / 5586-3168

Comunicaçã[email protected]

Representante Regional (AL)Jarbas Cabral Fagundes - [email protected] - (82) 9-9911-7619Representante Regional (BA)Antonio Luiz de Melo Vieira Leite - [email protected](71) 99964-8636Representante Regional (SE)Carlos Otávio Damas Martins - [email protected] (79) 99679-2747Representante Regional (PB, PE e PI)Marco Antonio Souza Brito - [email protected](81) 9961-5110 e ID 97 * 34748 (Nextel)Representante Regional (RN)Sérgio Rodrigues Barra - [email protected] - (84) 98828-1266Representante Regional(SC)Jean Eduardo Lima - [email protected] - (47) 99729-3786

Sócios recebem gratuitamente a revista. Para assinar, envie ume-mail para: [email protected].

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F a l e C o n o s c o

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N o t í c i a s

6 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

a

U m grupo de profissionais participou, na Abendi, de

mais um encontro do Comitê de Óleo e Gás. Entre as ativida-des, foram realizadas as palestras “Inspeção e Integridade de Dutos na Transpetro” e “Tendências na Inspeção submarina de Risers e Flowlines”, apresentadas pelo en-genheiro de oleoduto, Ricardo Dias de Souza; e gerente de vendas da América do Sul da Oceaneering, Raphael Cerejo. Participe das dis-cussões, presencialmente ou de forma virtual.

Se você tem interesse em fazer parte dessa equipe, envie um email: [email protected].

Faça parte desse grupo e defenda o seu ponto de vista

Reunião do Comitê de Óleo e Gás

F undada em 1999, a Polimeter nasceu com uma forte orientação aos serviços pós-venda, isto é, na coloca-

ção em funcionamento, treinamento operacional , calibra-ção e suporte e assistência técnica às empresas que ad-quirem equipamentos e sistemas das suas representadas no exterior.

Contando com profissionais certificados, como Níveis 2 e 3 conforme ASNT, a empresa atua nos segmentos de mercado de ensaios por correntes parasitas (eddy cur-rent), campo magnético de fuga, ultrassom, partículas magnéticas e laser e é representante das empresas MAC – Magnetic Analysis Corporation – E.U., Rohmann GmbH – Alemanha, Verimation Technology, Inc. – E.U., ScanMaster Systems Ltd. – Israel e Xiris Automation Inc. – Canadá.

Através da sua empresa associada, Vimam Engenharia, a Polimeter fornece sistemas mecânicos automáticos de transporte de tubos, barras, arames e peças diversas para integrar os aparelhos, equipamentos e sistemas de ensaio fornecidos por suas representadas.

Polimeter comemora 20 anos de existência

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P rofissionais certificados reuniram-se, no fim do ano passado, no Centro de

Tecnologia de Solda do Rio de Janeiro, no evento que encerrou o ciclo 2018 de en-contros de profissionais, realizados nos es-tados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Lembrando que essas discussões têm o ob-jetivo de divulgar o plano de ação da Aben-di voltado aos profissionais de inspeção, promover a troca de informações e, prin-cipalmente, ouvir sugestões. Na ocasião, o gerente do Centro de Exames de Qualifica-ção (CEQ) da Abendi, Marcelo Neris, Nível 3 da área de Certificação, representou a en-tidade.

Nova norma de PMA norma ABNT NBR 16617, Ensaios Não

Destrutivos - Partícula magnética - Qualifica-ção de procedimento foi publicada recente-mente. O documento estabelece os requisi-tos para uma sistemática de qualificação do procedimento de END por Partículas Magné-ticas (PM), pela técnica do yoke em corrente alternada. Lembrando que a aplicação dos requisitos da norma é de responsabilidade do profissional Nível 3 no método em ques-tão. Para adquirir a norma, acesse o site da ABNT: www.abnt.org.br. Vale lembrar que as pessoas físicas ou jurídicas que tiveram, no mínimo, 75 % de participação nas reu-niões de elaboração da norma terão acesso eletrônico gratuito ao documento, por meio do sistema ABNT Coleção, com direito a duas impressões.

Último encontro do ano deprofissionaiscertificados

Essa foi a última reunião do ciclo 2018 de encontros de profissionais certificados

a

D urante a última reunião, de 2018, da Comissão de Estudo de Ondas

Guiadas, do ONS-058 (comitê técnico da ABNT que trata de Ensaios Não Des-trutivos), especialistas decidiram revisar a norma ABNT NBR 16154:2013, Ensaios não destrutivos — Ondas guiadas — Ins-peção de dutos e tubulações aéreas, que estabelece os requisitos mínimos para

Comissão de Estudo deOndas Guiadas de 2018

Os interessados em participar das discussões devem entrar em contato com asecretaria do ONS-058: [email protected] ou (11) 5586-3145.

a realização do ensaio por meio de ondas guiadas com propagação axial em tubulações, dutos e estruturas tubulares aéreas em temperaturas até 70 °C. Lembrando que a norma se aplica à inspeção por ondas guiadas por meio de sistema computadorizado utilizando técnica pulso-eco. Aguarde informações sobre o próximo encontro.

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8 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

A r t i g o e s p e c i a l

Publicação da Norma Regulamentadora NR 37 Segurança e saúde em plataformas de petróleo: Requisitos sobre equipamentos e instalações em atmosferas explosivas

F oi aprovada pelo Ministério do Trabalho, em 20/12/2018, a nova Norma Regulamentadora NR 37

– Segurança e saúde em plataformas de petróleo. A NR 37 estabelece os requisi-tos mínimos de segurança, saúde e con-dições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo em opera-ção nas águas jurisdicionais brasileiras.

A NR 37 apresenta requisitos a serem seguidos pelas empresas responsáveis pelo gerenciamento e pela execução das operações e atividades nas plata-formas de petróleo, pelas empresas detentoras de direitos de exploração e produção de petróleo e gás natural, pe-los trabalhadores e pelas empresas ter-ceirizadas que prestam serviços a bordo da plataforma de petróleo.

A NR 37 possui um conteúdo detalha-do de requisitos, incluindo, dentre ou-tros, requisitos sobre comissionamento, modificações, manutenção, reparos, descomissionamento, capacitação, qua-lificação e habilitação, sinalização de segurança, instalações elétricas, arma-zenamento de substâncias perigosas, análises de risco das instalações e de processos, sistema de detecção e alar-me de incêndio e de gases, prevenção e controle de vazamentos ou explosões e trabalhos à quente.

Uma das motivações para a elabo-ração desta Norma Regulamentadora, relacionada com plataformas de petró-

leo, foi a explosão ocorrida em 02/2015 na casa de bombas do FPSO Cidade de São Mateus, no Litoral do Espírito Santo, que resultou na morte de 9 pessoas. De acordo com o Relatório de Investigação da Explosão, publicado pela Superin-tendência de Segurança Operacional e Meio Ambiente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 11/2015, foram identificadas 28 causas raiz, que já estavam correla-cionadas com os requisitos anterior-mente estabelecidos na Resolução ANP n° 43/2007, de 06/12/2007 - Sistema de Gerenciamento de Segurança Opera-cional (SGSO).

De acordo com o relatório publicado pela ANP sobre aquele acidente, “não foi possível determinar a fonte de igni-ção da explosão, no entanto, a equipe de investigação determinou uma fonte como a mais provável. Esta fonte de ig-nição foi introduzida no local de vaza-mento pela ação da equipe de resposta. O uso de mangueiras de incêndio não condutivas com jato d’água dentro de atmosfera explosiva é fato marcante da falta de entendimento dos riscos en-volvidos e da possibilidade de geração de carga eletrostática, tal qual indicam normas e demais boas práticas de enge-nharia”.

São apresentados na NR-37 alguns requisitos, transcritos e discutidos a se-guir, relacionados com equipamentos

e instalações em atmosferas explosi-vas. Deve ser ressaltado que este tema é diretamente aplicável a plataformas de petróleo, uma vez que grande parte das instalações industriais destas plata-formas encontra-se localizada em áreas classificadas.

37.8: Capacitação, qualificação ehabilitação37.8.10.2 d) Treinamento sobre áreas clas-sificadas, fontes de ignição e seu controle

Comentário: É requerido que este tipo de treinamento seja feito antes do primeiro embarque, com reciclagem a cada cinco anos. Este tipo de treinamen-to sobre o tema “Ex” está relacionado com a Unidade de Competência Pessoal Ex 000 (Conhecimentos e percepções básicas para adentrar uma instalação contendo áreas classificadas).

Esta certificação “Ex” tem por objeti-vo evidenciar que as pessoas envolvidas na execução ou supervisão de ativida-des em áreas classificadas estão devida-mente cientes, dentre outros requisitos, dos riscos envolvidos, da sistemática de Permissões de Trabalho e da necessida-de de medição de explosividade duran-te a execução de serviços à quente que envolvam a geração de fontes de igni-ção em áreas classificadas.

No presente momento, além de re-querer simplesmente os treinamentos “Ex”, diversas empresas que operam na

* Roberval Bulgarelli, consultor técnico da Petrobras e coordenador do Subcomitê SC 31 da ABNT/CB-003 (Cobei)

Roberval Bulgarelli*

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área de petróleo e gás exigem a certi-ficação das competências pessoais “Ex” dos trabalhadores que executam ou supervisionam atividades a bordo de plataformas de petróleo, de forma a possuir maior confiança que os serviços serão executados de acordo com os res-pectivos requisitos normativos. Sob o ponto de vista de segurança das instala-ções ao longo do ciclo total de vida das instalações em atmosferas explosivas, empresas da área de petróleo no Brasil estão também requerendo a certifica-ção de empresas de prestação de ser-viços “Ex” (empresas terceirizadas), tais como empresas de serviços de monta-gem “Ex”, inspeção “Ex”, manutenção “Ex” e reparo de equipamentos “Ex”.

37.24: Inspeções e manutenções37.24.8 c) garantir que os drones utiliza-

dos em áreas classificadas obedeçam às condições previstas nas normas do INME-TRO para estes tipos de locais.

Comentário: O INMETRO tem publica-do, desde 1991, Portarias (e não normas) contendo Requisitos de Avaliação da Conformidade (RAC) para a certificação de equipamentos elétricos para áreas classificadas contendo gases inflamá-veis ou poeiras combustíveis. Neste caso, os drones a serem utilizados nas inspeções das plataformas de petróleo devem possuir certificação de confor-midade para tipos de proteção “Ex” de acordo com as Normas Técnicas Brasi-leiras adotadas da Série ABNT NBR IEC 60079 (tais como Ex “e” – Segurança aumentada, Ex “i” – Segurança intrín-seca), de acordo com o requerido na atual Portaria Inmetro 0179/2010. http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001559.pdf

37.26. Sistema de detecção e alarme de incêndio e gases

37.26.13.2 O sistema de exaustão do ar climatizado do casario, salas de controle e laboratórios deve ser dotado de dampers

de fechamento automático, quando o ar for destinado para as áreas classificadas.

Comentário: Este tipo de instalação é especificado em normas técnicas ou em práticas recomendadas sobre clas-sificação de áreas para instalações ma-rítimas, tendo como objetivo evitar que uma atmosfera explosiva, que possa estar presente nas áreas externas a es-tes ambientes, ingresse em áreas não classificadas através dos dampers que interligam áreas classificadas e áreas não classificadas, em um eventual caso de falha na sobrepressão interna de ar dos ambientes protegidos.

37.26.14 Nos locais onde são prepara-dos, armazenados ou tratados os fluidos de perfuração, completação, estimulação e restauração de poços de petróleo, com características combustíveis ou inflamá-veis, devem ser instalados detectores para alertar a formação de atmosferas explosi-vas ou tóxicas.

Comentário: A presença de senso-res de gases inflamáveis nestes locais permite que sejam tomadas as devidas ações de segurança no sentido de con-trole das fontes de ignição que possam estar presentes. Os detectores de gases inflamáveis para a instalação em atmos-feras explosivas são especificados nas Normas da Série ABNT NBR IEC 60079-29 - Partes 1, 2, 3 e 4. Encontram-se em processo de elaboração no presente momento as seguintes Normas inter-nacionais relacionadas com detectores gases tóxicos: IEC 62990-1 (Workplace Atmospheres - Part 1: Gas detectors - Performance requirements of detectors for toxic gases) e IEC 62990-2 (Workpla-ce Atmospheres - Part 2: Gas detectors - Selection, installation, use and mainte-nance of detectors for toxic gases and vapours and oxygen).

37.27 Prevenção e controle de vaza-mentos, derramamentos, incêndios e explosões

37.27.5 Os sistemas utilizados para pre-

parar, armazenar ou tratar os fluidos de perfuração, completação, estimulação e restauração de poços de petróleo, com características combustíveis ou inflamá-veis, devem ser dotados de equipamentos e instrumentos de medida e controle para impedir a formação de atmosferas explo-sivas, obedecendo a seguinte hierarquia: a) prevenir a liberação ou disseminação desses agentes no meio ambiente de tra-balho; b) reduzir a concentração desses agentes no ambiente de trabalho; c) eli-minar o risco de incêndio e explosão.

Comentário: As Normas Técnicas Bra-sileiras das Séries ABNT NBR IEC 60079 (Atmosferas explosivas) e ABNT NBR ISO 80079 (Equipamentos mecânicos “Ex”), relacionadas com procedimentos, espe-cificações e ensaios, apresentam como abordagem básica requisitos para a pre-venção da ocorrência de fontes de igni-ção em áreas classificadas.

37.27.6 Em áreas sujeitas à existência ou à formação de atmosferas explosivas ou misturas inflamáveis, a operadora da instalação é responsável por implementar medidas específicas para controlar as fon-tes de ignição, por exemplo: a geração, o acúmulo e a descarga de eletricidade es-tática, e a presença de superfícies aqueci-das de máquinas, equipamentos, instru-mentos, dutos e demais acessórios.

Comentário: Em áreas classificadas os equipamentos devem possuir certi-ficação de conformidade “Ex”, emitidas por Organismos de Certificação “Ex”, para tipos de proteção tais como Ex “i” (segurança intrínseca), Ex “e” (seguran-ça aumentada) ou Ex “p” (invólucros pressurizados). Nestes locais, as instala-ções devem ser feitas de acordo com as Normas Técnicas ABNT NBR IEC 60079-14 (Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e montagem de insta-lações elétricas) e ABNT NBR IEC 61892-7 (Unidades marítimas fixas e móveis - Instalações elétricas - Parte 7: Áreas classificadas). Especificamente sobre os riscos de formação ou acúmulo de car-

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10 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

A r t i g o e s p e c i a l

gas eletrostáticas em áreas classificadas e sobre os modos de mitigação existe a IEC TS 60079-32-1 - Atmosferas explo-sivas – Parte 32-1: Riscos eletrostáticos, orientações.

37.27.7 As instalações elétricas, os equi-pamentos e os instrumentos elétricos fi-xos, móveis e portáteis, os equipamentos de comunicação, a iluminação, as ferra-mentas e similares utilizados em áreas classificadas devem estar em conformida-de com a NR-10 e a ABNT NBR IEC 60079 e alterações posteriores.

Comentário: Com relação à proteção contra a ocorrência de explosão, a NR 10 requer que os equipamentos e sistemas elétricos destinados à instalação em atmosferas explosivas sejam avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação. A Portaria Inmetro 0179/2010 requer que os equipamentos elétricos instalados ou utilizados em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis sejam certificados com os tipos de proteção “Ex” especificados nas Normas Técnicas da Série ABNT NBR IEC 60079 (Atmosferas explosivas).

37.27.8 Os equipamentos mecânicos e eletromecânicos instalados em áreas classi-ficadas devem estar em conformidade com os requisitos técnicos do INMETRO e da nor-ma ISO 80079-36 e alterações posteriores.

Comentário: A NR-37 requer a confor-midade de equipamentos mecânicos destinados à instalação em áreas clas-sificadas de acordo com os requisitos especificados na Norma ISO 80079-36.

A respectiva norma brasileira adotada ABNT NBR ISO 80079 36 (Atmosferas ex-plosivas – Parte 36: Equipamentos não elétricos para utilização em atmosferas explosivas - Métodos e requisitos bási-cos), publicada pela ABNT em 10/2018, apresenta, dentre outros requisitos, um procedimento para a avaliação de ris-co dos equipamentos mecânicos com instalação pretendida em atmosferas explosivas, tendo como base a identifi-cação de 13 possíveis fontes de ignição (dentre as quais as centelhas elétricas representam somente UMA destas 13 fontes de ignição), de forma a assegurar que os riscos de ignição tenham sido devidamente avaliados e mitigados, em um processo de avaliação da conformi-dade.

A Norma ABNT NBR ISO 80079-36 abrange equipamentos mecânicos e montagens de equipamentos destina-das à geração, transferência, armazena-gem, medição, controle e conversão de energia ou processamento de material, que sejam capazes de causar uma ex-plosão devido às suas próprias fontes potenciais de ignição. As experiências em instalações industriais têm mostra-do que é essencial realizar uma avalia-ção de risco de ignição abrangente dos equipamentos mecânicos “Ex”, de for-ma a identificar todas as fontes poten-ciais de ignição e determinar se estes equipamentos podem se tornar fontes efetivas de ignição durante todo o tem-po de vida útil prevista do equipamento mecânico.

Uma vez que estes riscos de ignição sejam compreendidos e documentados, é, então, possível definir as medidas ne-cessárias de proteção “Ex”, dependendo do nível de proteção do equipamento (EPL – Equipment Protection Level) re-querido, de forma a minimizar a pro-babilidade destas fontes de ignição se tornarem efetivas. Esta avaliação de ris-co deve ser feita com uma abordagem escalonada, a ser seguida pelo fabrican-te do equipamento mecânico “Ex”. No início da avaliação de risco o fabricante deve decidir quais das seguintes treze possíveis fontes possíveis de ignição são aplicáveis, isto é, estão relacionadas com o equipamento e estão presentes para o equipamento mecânico “Ex” sob avaliação: (1) Superfícies quentes, (2) Chamas ou gases aquecidos, incluindo partículas quentes, (3) Faíscas geradas mecanicamente, (4) Dispositivos elétri-cos, (5) Correntes parasitas ou proteção catódica de corrosão, (6) Eletricidade estática, (7) Descargas eletrostáticas, (8) Radiofrequência ou ondas eletromag-néticas, (9) Radiação óptica, (10) Radia-ção ionizante, (11) Ultrassom, (12) Com-pressão adiabática e ondas de choque e (13) Reações exotérmicas, incluindo a autoignição de poeiras combustíveis.

Esta avaliação de risco deve ser elabo-rada pelos fabricantes dos equipamen-tos mecânicos “Ex” e posteriormente avaliada por um Organismo de Certifi-cação “Ex”. A marcação dos equipamen-tos Ex avaliados de acordo com a Norma ABNT NBR ISO 80079 36 é Ex “h”.

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São historicamente registradas ex-plosões envolvendo fontes de ignição causadas por equipamentos mecânicos desde o início do Século 20. No âmbito da Comunidade Europeia, por exemplo, a Diretiva ATEX de 1994, que entrou em vigor em 2003, já especificava a neces-sidade de certificação compulsória de equipamentos mecânicos “Ex. Apesar da certificação de equipamentos mecâ-nicos ainda não fazer parte do escopo do respectivo RAC (Requisitos de Avalia-ção da Conformidade) de equipamen-tos “Ex” emitido pelo Inmetro, existem, no Brasil e no mundo, diversos equipa-mentos mecânicos “Ex” certificados de acordo com a ISO 80079-36. Somente no âmbito da certificação internacio-nal IECEx, por exemplo, foram emitidos desde 2016 até o 01/2019, mais de 90 certificados de acordo com as Normas internacionais ISO 80079-36 (Ex “h”) e ISO 80079-37 (Ex “c”, Ex “b”, Ex “k”).

Podem ser citados como exemplos de equipamentos mecânicos que são instalados em atmosferas explosivas: compressores, ventiladores, bombas centrífugas, caixas com engrenagens de velocidade, acoplamentos para equi-pamentos rotativos, freios, motores hi-dráulicos e pneumáticos e combinação de dispositivos para fabricação de má-quinas, tais como elevadores, esteiras rolantes, transportadores de canecas e demais montagens de equipamentos de equipamentos mecânicos “Ex”.

37.27.9 A operadora da instalação deve assinalar e classificar nas plantas da pla-taforma as áreas, externas e internas, sujeitas à existência ou a formação de at-mosferas contendo misturas inflamáveis ou explosivas, de acordo com a norma ABNT NBR IEC 60079 e alterações poste-riores.

Comentário: A NR 37 requer que o responsáveis pelas Plataformas de Pe-tróleo elaborem a respectiva docu-mentação de classificação de áreas. Esta documentação está descrita, por

exemplo, na Norma Técnica Brasileira ABNT NBR IEC 60079-10-1 (Classificação de áreas contendo gases inflamáveis) ou códigos industriais ou nor-mas de empresas, as quais con-tém requisitos específicos de classificação de áreas para os sistemas de processo e equipa-mentos específicos.

A Norma ABNT NBR IEC 60079-10-1 faz referência a ou-tras Práticas Recomendadas, Códigos Industriais ou Normas Técnicas nacionais de outros países que são amplamente utilizadas em diversos países do mundo, inclusive no Brasil, que também apresentam pro-cedimentos de classificação de áreas, tais como:

EI 15 - Classification Code for Petroleum Installations Han-dling Flammable Liquids (Ener-gy Institute);

IGEM/SR/25 – Hazardous area classification of natural gas installations (Institution of Gas Engineers and Managers);

API RP 505 – Recommen-ded Practice for Classification of Locations for Electrical Installations at Petroleum Facilities classified as Class I, Zone 0, Zone 1 and Zone 2 (American Petroleum Institute);

NFPA 59A – Standard for the Produc-tion, Storage, and Handling of Liquefied Natural Gas (National Fire Protection As-sociation);

TRBS 2152 – Technische Regeln für Betriebssicherheit – “Technical Rules for Plant Safety Provisions” (Technische Re-geln für Betriebssicherheit – “Technical Rules for Safety at Work”);

DGUV-Regel 113-001 – Ex-RL “Explo-sion Protection- Regulations – Rules for avoiding the dangers of explosive atmos-pheres with examples collection” (Deuts-che Gesetzliche Unfallversicherung).

Diversas Empresas operadoras da indústria do petróleo possuem as suas próprias normas sobre classificação de áreas, específicas para este tipo e ca-racterísticas de processo, incorporando suas experiências e lições aprendidas.

A PETROBRAS, por exemplo, possui uma norma específica sobre o assunto, a Norma N-2918 - Atmosferas explosi-vas – Classificação de áreas, publicada em 2017, que consolida os requisitos daquela empresa, com base em expe-riências acumuladas desde a década de 1950, para a classificação de áreas de instalações terrestres e marítimas para a indústria de petróleo e petroquímica, para áreas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis.

A Norma PETROBRAS N-2918 encon-

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A r t i g o e s p e c i a l

tra-se disponível para acesso público na página “Canal Fornecedor / Regras de Contratação / Catálogo de Padroniza-ção” no Website da PETROBRAS.

https://canalfornecedor.petrobras.com.br/pt/regras-de-contratacao/cata-logo-de-padronizacao/

37.27.9.1 As áreas classificadas devem possuir sinalização de segurança, visível e legível, indicando a proibição da presença de fontes de ignição.

Comentário: A Norma Técnica Brasilei-ra ABNT NBR IEC 61892-7/2017 (Unidades marítimas fixas e móveis - Instalações elétricas - Parte 7: Áreas classificadas) especifica em seu Anexo F (Instalações em atmosferas explosivas - Placas de sinalização de segurança para áreas classificadas) os requisitos para as estas placas de sinalização de segurança de instalações em áreas classificadas para Plataformas de Petróleo.

A presença de fontes de ignição em áreas classificadas é permitida sob con-dições específicas previstas em Per-missões de Trabalho, precedidas das devidas análises de risco, de forma a as-segurar que os trabalhos à quente serão executados em locais onde não exis-ta a presença de atmosfera explosiva, durante o período da execução destes trabalhos. Para detalhes maiores sobre segurança de trabalhos à quente, com geração de fontes de ignição em áreas classificadas, ver a Norma ABNT NBR IEC 60079-14 - Anexo B (Orientação para procedimento de trabalho seguro para atmosferas explosivas de gás).

37.27.10 Os serviços envolvendo o uso de equipamentos, instrumentos, ferramen-tas e demais serviços que possam gerar chamas, fagulhas, calor ou centelhas, nas áreas sujeitas à existência ou à formação de atmosferas explosivas ou misturas in-flamáveis, devem obedecer ao descrito no subitem 34.5, da NR-34 (Trabalhos à quente).

Comentário: Pode ser considerada rotineira a necessidade de execução de

serviços “à quente” em áreas classifica-das, ou seja, a execução de serviços que envolvem a geração de centelhas ou de altas temperatura, tais como soldagem, esmerilhamento ou tratamento térmico. Para a execução segura destes serviços que geram fontes de ignição em áreas classificadas, é necessário assegurar que uma atmosfera explosiva não se encon-tra presente no local e no momento da execução destes serviços.

Para assegurar a existência deste tipo de “área classificada livre da presença de gases inflamáveis” é necessária a execução de uma série de providências, tais como medição da explosividade no local de trabalho, controle das fontes de liberação de substâncias inflamáveis e emissão de uma Permissão de Traba-lho. A Norma Técnica Brasileira ABNT NBR IEC 60079 14/2016 (Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas) apresenta, em seu Anexo B (Orientação para procedimento de trabalho seguro para atmosferas explosivas de gás), os requisitos específicos necessários para a emissão de uma Permissão de Trabalho para um trabalho “à quente” (NR 34) em áreas classificadas livres de gás.

37.28 Proteção e combate aincêndios

37.28.8.3 A plataforma deve possuir projeto de iluminação de emergência de acordo com a Norma IEC 61892-2, elabo-rado por profissional legalmente habilita-do e com os objetivos de: a) facilitar a saí-da de zonas perigosas (áreas classificadas, de caldeiras, de vasos de pressão e outras)

Comentário: A Norma Técnica Brasi-leira ABNT NBR IEC 61892-2 (Unidades marítimas fixas e móveis – Instalações elétricas - Parte 2: Projeto de sistemas elétricos), publicada inicialmente em 2009 e atualizada em 2013, apresenta requisitos para o projeto de sistemas de instalações elétricas, em unidades fixas e móveis, usadas na indústria ma-

rítima de petróleo, com a finalidade de perfuração, produção, processamento e armazenamento, incluindo oleodutos, estações de bombeamento, estações de lançamento e recebimento de “pigs”,

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Em 2001, um vazamento de gás na Plataforma P-36, da PETROBRAS, en-tão a maior plataforma do mundo em capacidade de produção de petróleo, provocou uma grande explosão. Outras

estações de compressão e monoboias de ancoragem.

De acordo com aquela Norma, o siste-ma de iluminação de emergência deve ser alimentado a partir da fonte de ener-gia elétrica de emergência e o sistema de iluminação de rotas de fuga deve ser alimentado a partir de uma fonte de energia elétrica de baterias de acumu-ladores.

37.28.8.3.1 As rotas de fuga devem ter iluminância de no mínimo 5 (cinco) lux, enquanto as áreas classificadas e os locais onde estão instalados os equipamentos de emergência (hidrantes, bombas de incêndio, geradores de emergência, ba-terias de acumuladores, dentre outros) devem ter iluminância igual ou superior a 15 (quinze) lux.

Comentário: A Norma ABNT NBR IEC 61892-2 especifica o iluminamento mé-dio para mínimo (Lux) para diversas áreas, tais como sala de rádio, áreas de movimentação de cargas e baleeiras. Especificamente para rotas de fuga, os níveis médios de iluminamento da or-dem de 5 a 10 lux e níveis mínimos de iluminamento da ordem de 1 a 3 lux. Na Norma ABNT NBR IEC 61892-2 não são indicados níveis de iluminamento

especificamente para locais conside-rados áreas classificadas. No entanto, é especificado naquela Norma um iluminamento mínimo de 20 lux para “áreas externas gerais” e um nível de iluminamento mínimo de 60 lux ou 150 lux para “áreas de processo” (res-pectivamente, “ocasionalmente” ou “frequentemente” assistidas). As “áreas de processo” das plataformas de pe-tróleo são normalmente consideradas áreas classificadas devido à presença de equipamentos de processo conten-do petróleo ou gás natural, tais como bombas, compressores, aquecedores e manyfolds.

Anexo I - Declaração da instalaçãomarítima

Descrição das instalações e dos equi-pamentos: A operadora da instalação deverá preparar resumo descritivo das instalações e equipamentos existentes na plataforma, devendo abordar, no mí-nimo, os seguintes aspectos:

Anexos: d) plantas de classificação elétrica de áreas / j) cópias das certifica-ções dos equipamentos e materiais elé-tricos em áreas classificadas;

Comentário: É requerido que a do-

cumentação de classificação de áreas e os certificados de conformidade dos equipamentos elétricos “Ex” instala-dos ou utilizados nas Plataformas de Petróleo façam parte dos documentos que compõe a Declaração da Instala-ção Marítima. Deve ser ressaltado que a documentação de classificação de área é composta por listas de dados de equipamentos de processo, lista de dados de produtos inflamáveis ou com-bustíveis e de desenhos (ou modelos CAD 3D) de planta, corte ou de eleva-ção das instalações, apresentando as extensões das áreas classificadas. Deve ser ressaltado também que este tipo de documentação não pertence somente à especialidade de “elétrica”, como indi-cado no texto da NR 37, sendo utilizada também por outras especialidades, tais como segurança, processo, instrumen-tação, automação, telecomunicações e mecânica.

Na NR 37 são apresentados as dispo-sições transitórias e os prazos para a adequação das plataformas de petróleo existentes aos requisitos especificados, de acordo com os Artigos 3º e 4º da Por-taria Nº 1.186, de 20/12/2018, pela qual a NR 37 foi aprovada.

http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/56414874/do1-2018-12-21-portaria-n-1-186-de-20-de-dezembro-de-2018-56414816O SGSO (Sistema de Gestão de Segurança Operacional), publicado pela ANP em 2007 está disponível em:http://legislacao.anp.gov.br/?path=legislacao-anp/resol-anp/2007/dezembro&item=ranp-43-2007Maiores informações sobre as Normas Técnicas Brasileiras adotadas sobre atmosferas explosivas das Séries ABNT NBR IEC 60079 e ABNT ISO/IEC 80079 (Equipamentos mecânicos “Ex”) e sobre os sistemas internacionais de certificação “Ex” da IEC para o ciclo total de vida das instalações “Ex” estão disponíveis no website do Subcomitê SC 31 da ABNT/CB-003 (COBEI): http://cobei-sc-31-atmosferas-explosivas.blogspot.com/

Motivações para a elaboração da Norma Regulamentadora NR 37 – Segurança emplataformas de petróleo

duas grandes explosões se sucederam na estrutura da P-36, instalada na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, deixando 11 mortos. O acidente, considerado o pior em plataforma de petróleo no Bra-

sil desde 1984, quando uma explosão na Plataforma de Enchova, também na Bacia de Campos, fez 37 vítimas fatais, alertou os diferentes setores da socie-dade para a necessidade de reforçar a

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A r t i g o e s p e c i a l

segurança nesses ambientes de plata-formas de petróleo.

Depois disto, a explosão da Platafor-ma Deep Water Horizon, nos EUA em 2010 (11 mortos), e a explosão do FPSO Cidade de São Mateus, no litoral do Espí-rito Santo, em 2015 (9 mortos), levaram representantes do Governo, dos empre-gados e dos empregadores (tripartite) a elaborar uma Norma Regulamentadora específica sobre requisitos de seguran-ça e saúde em plataformas de petróleo.

Deve ser ainda lembrada a explosão ocorrida em 1988 na Plataforma de Pe-tróleo Piper Alpha, no Mar do Norte, que resultou na morte de 167 pessoas, dando origem ao Sistema de Certifica-ção de Competências Pessoais Ex (Com-

pEx), aplicável no Reino Unido.Uma das principais motivações para

a elaboração desta Norma Regulamen-tadora relacionada com plataformas de petróleo foi a explosão ocorrida em 02/2015 na casa de bombas do FPSO Cidade de São Mateus, no Litoral do Es-pírito Santo, que resultou na morte de 9 pessoas. De acordo com o Relatório de Investigação da Explosão, publicado pela Superintendência de Segurança Operacional e Meio Ambiente da Agên-cia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 11/2015, fo-ram identificadas 28 causas raiz, que já estavam correlacionadas com os requi- sitos anteriormente estabelecidos na Resolução ANP n° 43/2007, de 06/12/2007

Piper Alpha: Explosão em plataforma de petróleoReino Unido – 1988 - 167 mortos

P-36: Explosão em plataforma de petróleoBrasil – 2001 - 11 mortos

- Sistema de Gerenciamento de Segu-rança Operacional (SGSO).

De acordo com o relatório publicado pela ANP sobre aquele acidente, “não foi possível determinar a fonte de igni-ção da explosão, no entanto, a equipe de investigação determinou uma fonte como a mais provável. Esta fonte de ig-nição foi introduzida no local de vaza-mento pela ação da equipe de resposta. O uso de mangueiras de incêndio não condutivas com jato d’água dentro de atmosfera explosiva é fato marcante da falta de entendimento dos riscos en-volvidos e da possibilidade de geração de carga eletrostática, tal qual indicam normas e demais boas práticas de enge-nharia”.

Deep Water Horizon: Explosão em plataforma depetróleo - EUA – 2010 - 11 mortos

FPSO Cidade de São Mateus: Explosão em plataforma de petróleo – Brasil – 2015 - 9 mortos

a

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Á r e a T é c n i c a

CTS de Mineração: participe você também!

P restes a completar um ano de formação, o Comitê Téc-nico Setorial de Mineração representa uma importante

frente de discussões para que a comunidade, ligada ao seg-mento, insira suas especificações em normas e procedimen-tos e defina ações, em geral, de incremento aos negócios. Desde a formação do grupo, em abril do ano passado, acon-teceram três reuniões com a participação de profissionais de seis empresas (confira no gráfico ao lado). As pautas dos encontros incluíram os seguintes assuntos:

• Elaboração de normas e procedimentos para identifica-ção, dimensão e gravidade das trincas/falhas;

• Participação no guia de prestadores de serviços;• Desenvolvimento de esquemas de qualificação e certifi-

cação de pessoas;• Realização de treinamentos, eventos e palestras técnicas;• Realização de pesquisas e projetos técnicos;• Elaboração de publicações;• Programação de paradas;• Manutenções nas tubulações do mineroduto;• Medição dos parafusos estruturais dos moinhos;• Ultrassom na engrenagem de moinhos e outros;• Gestão de ativos.Ao fazer parte desses encontros, o profissional tem a

chance de defender seus posicionamentos em relação à qualidade, segurança, produtividade e às questões técnicas e comerciais. Então, não perca mais tempo e participe das discussões!

O relacionamento entre pessoas damesma área é uma das principais formas de acompanhar as tendências domercado

a

Entre em contato por e-mail e confirme presença no próximo encontro: [email protected].

Uma das reuniões foi realizada na Vale

O gerente do Centro de Exames de Certificação da Abendi (CEQ), Marcelo Neris, faz parte do grupo

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Aprimoramento das Tecnologias de END no Setor de Energia Eólica

A BENDI e FURNAS firmam par-ceria para desenvolvimento de projeto de pesquisa que se pro-

põe a estabelecer novas tecnologias e aplicações em END, as quais devem gerar novos procedimentos e difundir conhecimentos de Ensaios Não Des-trutivos específicos para aplicações em estruturas e componentes de aeroge-radores, pás e torres eólicas. Desta for-

ma, espera-se contribuir para que Fur-nas, outras empresas subsidiárias do grupo Eletrobrás e demais empresas geradoras de energia eólica possam promover inspeções e monitoramen-tos da integridade e confiabilidade de suas estruturas e equipamentos de maneira mais confiável, resultando em operações industriais de geração de energia mais seguras, contínuas, efi-

cientes e sustentáveis. O projeto contará também com a

participação de instituições, nacionais e internacionais, com atuações desta-cadas em pesquisas técnico-científicas na área de energia eólica e que detém avanços tecnológicos e experiências significativas na inspeção e no moni-toramento de unidades geradoras eó-licas. a

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18 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

S ó c i o s

ACINOR Inspeções e ServiçosTécnicos LtdaAPPLUS Qualitec Serviços deEngenharia LtdaASP Serviços Industriais LtdaATSG - Acad. Tecn. De Sist. de Gestão LtdaAltiplanoAraujo Engenharia e Integridade em EquipamentosArotec S/AAss. Bras. Tecnologia paraConstrução e Mineração -SOBRATEMAÁtomo Radiop. E Segurança Nuclear S/C LtdaAwi service LTDASacchelli AçosBELOV ENGENHARIA LTDABL Inspeções TécnicasBaker Hughes, a GE CompanyBrito e Kerche Inspeções e Serviços Ltda MEBruke Do Brasil LtdaC.I.C Certificação em Equipamentos Industriais e Cabos LtdaCBC Indústrias Pesadas S/ACG. GEO SENSORIAMENTOREMOTO E TOPOGRAFIACIA EngenhariaCarestream NDTMarques & Cia. LtdaExtremo AcessoCerro Engenharia Soluções emAlpinismo IndustrialCentro de Pesquisa EnergiaElétrica - CEPELCieme Engenharia EireliConcremat - Engenharia eTecnologia S/A

Confab Industrial S/ACONSINSPCOOINSPCRIATIVA EX PROJETOS EINSTALAÇÕES LTDADIRETORIA DE DESENVOLVIMEN-TO NUCLEAR DA MARINHADiagnostic Imagind Automação LtdaEND Oliveira Ensaios NãoDestrutivosEND-Check Consult. E Serv. Espec.de Peças e Equip. LtdaENDI - Ensaios Não Destrutivos, Inspeção e Soldagem e CoEngisa Insp. E Pesquisa Aplicada à Indústria LtdaENVESPErcon Engenharia LtdaFASC - Serviços em Segurança do Trabalho LTDAFMC Technologies do Brasil LtdaFarol ServicosFlir Systems Brasil Com. DeCâmeras Infravermelhas LtdaFugro BrasilFurnas Centrais Elétricas S/AGerman Engenharia e Serviços de Manutenção LtdaHCG TecnologiaICV Brasil LtdaISQ Brasil - Instituto de Soldadura e Qualidade LtdaInoservice Serviços de Inspeção LtdaÍntegra Integridade de EquipamentosInspek Serviços Técnicos Ltda - MEInstrumental Inst. De Medição LtdaIntermetro Serviços Especiais LtdaIntertek Industry Services Brasil Ltda.JBS Inspeção e Ensaios Ltda

K2 do Brasil Serviços LtdaKroma Produtos Fotográficos eRepresentação LtdaKubika Comercial LtdaLiberato EngenhariaLenco - Centro de ControleTecnológico LtdaLifting Assitência Técnica Elétr.e Comercial LTDALloyds Register do Brasil LtdaEND treinamentus -Treinamento, Capacitação eOrientação em EnsaioMAGNAFLUXMETRÔ SP - Cia do Metropolitano de São PauloMKS Serviços Especiais deEngenharia LtdaMaex Engenharia LtdaMaxim Comércio e Consultoria Industrial LtdaMeta Engenharia & InspeçõesMetal-Chek do Brasil Indústria e Comércio LtdaMetaltec Não Destrutivos LtdaPHYSICAL ACOUSTICSSOUTH AMERICANDT do BrasilNR Treinamentos Ltda. EPPNews Inspeções LtdaNuclebrás Equipamentos Pesados S/A - NUCLEPNúcleo Serviços de Inspeção de Equipamentos LtdaOceanica Engenharia eConsultoria LtdaOlympus Scientific SolutionsAmericas CorpPANAMERICAN TECHNOLOGYPETROBRASPhotonita Metrologia Óptica Ltda

Empresas sócias da Abendi

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POLIEND Ensaios Não DestrutivosPolimeter Comércio eRepresentações LtdaPolotestPolyteste InspeçõesPro - Safe Ass. E Cons. Em Seg.Do Trab. LTDAProaqt EmpreedimentosTecnológicosQualitech Inspeção, Reparo eManutenção Ltda.Qualy End Inspeções LtdaROPE MANUTENCAOINDUSTRIAL LTDARufino Teles EngenhariaTech-Insp Treinamentos e ServiçosSENAT Group do Brasil - Serviços Marítimos e Terrestres Ltda.SGS do Brasil LtdaSINDIPESA

SKE Inspeção e Consultoria LtdaSafety Engenharia eTreinamentos LtdaSaipem do Brasil Serviços de Petróleo LtdaSanesi Engenharia eSaneamento LtdaSemar Inspeções Ltda - MeServ-End Indústria e Comércio LtdaCentro de Tecnologia Senai-RJ SoldaServiços Marítimos Continental S/ASiemens LtdaSimex - Sistemas de Inspeção Móveis LtdaStarnort Comércio e Serviços Técnicos

SÓCIOS PATROCINADORES

Super GSystem Asses., Insp. E Controle da Qualidade LtdaT&D Inspeções e ConsultoriasTechnotest Serviços de Inspeções Técnicas LtdaTecnomedição Sistemas deMedição LtdaTracerco do Brasil Diagnósticos de Processos Industriais LtdaUsiminas Mecânica S/AVallourec Tubos do BrasilVertical ServicesVictória Qualidade Industrial LtdaVillar Manutenção de Máquinas LtdaVillares Metals S/AVoith Hydro LtdaXcel Inspection Solutions Ltd

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20 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

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S ó c i o s

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abendi.org.br 21

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22 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

S ó c i o s P a t r o c i n a d o r e s

Transformação Digital na Vallourec

compras e entrega dos produtos, que chamamos de Aquisição, é disponibili-zado o Collaborative Planning, que su-porta o cliente no planejamento de con-sumo de OCTG a curto, médio e longo prazo, além de gerenciar os produtos já existentes em estoque, otimizando o plano de investimento a fim de evitar qualquer risco de falta de materiais.

A Vallourec também desenvolveu soluções para a etapa de Gestão de Tu-bulares, que consiste no gerenciamento do estoque, análises de performance, transporte e preparação dos produtos para embarque. Dentre elas, estão o Tu-bular Yard Management, que tem como objetivo gerenciar o estoque de tubos e acessórios do cliente e prover manuten-ção para que eles sejam armazenados e

A ST700 resolve os maiores desafios de iluminação UV para Ensaios Não Destrutivos fluorescentes

O processo de digitalização da operação industrial já come-çou. Denominada “Indústria

4.0”, esse movimento foca no uso inten-sivo de tecnologia pelas empresas e na integração digital das diferentes etapas da cadeia produtiva, abrindo um leque inédito de possibilidades, novos negó-cios, solução de problemas e aumento de produtividade.

É exatamente sobre isso que trata o Vallourec.smart, o novo conceito de fornecimento de soluções tubulares in-teligentes do Grupo Vallourec, que alia serviços físicos a tecnologias digitais, executados nas unidades Vallourec ou onde o cliente precisar. As iniciativas em questão melhoram o desempenho das operações em todas as etapas da cadeia e são alavancadas por uma plataforma digital integrada. Além disso, o Vallou-rec.smart oferece à indústria de Óleo & Gás um grande salto em rastreabili-dade, integridade e gestão de ativos, possibilitando redução do tempo e do custo total de um projeto de poço.

Todas as soluções digitais são supor-tadas por um banco de dados que utili-

za serviços de computação em nuvem e pode ser acessado a qualquer mo-mento, via mobile ou web. A plataforma Vallourec.smart disponibiliza informa-ções reais sobre nossos produtos e ser-viços, bem como dos nossos parceiros, em uma plataforma que simplifica a cadeia de fornecimento e proporciona aos clientes maior eficiência na gestão de projetos.

Soluções digitais para cada elo dacadeia produtiva

Já na primeira fase de concepção de projeto e escolha de materiais – Enge-nharia - a Vallourec oferece o Probabi-listic Design. Com os dados históricos reais em mãos, o cliente pode selecio-nar o produto mais adequado para cada projeto baseado nas análises pro- babilísticas, per-mitindo a redu-ção do custo to-tal do projeto.

Na etapa de planejamento de

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a

transportados da maneira correta, me-lhorando sua preservação; e o Perfor-mance Mapping, que permite calcular a performance real individual dos tubos combinados com avançados modelos matemáticos para garantir alta confiabi-lidade e integridade da coluna e, conse-quentemente, do poço como um todo.

Os serviços realizados na sonda, du-rante a fase de Instalação, contam com o Smart Tally, uma evolução das atividades de controle do recebimento, preparação e descida dos tubos na construção do poço. Com essa ferramenta é possível diminuir a interface humana em alguns processos, garantindo maior eficiência e segurança nas operações na sonda.

Para a etapa de Controle de Ativos, o carro-chefe é o String DNA: aplicativo que combina as características indivi-duais dos tubos com o tally de descida.

Com ele, é possível saber em qual parte da coluna o tubo está instalado, qual é a sua performance, quais as condições atuais dos tubos e das suas conexões, definindo, assim, o DNA da coluna.

E, para completar o ciclo, a Vallou-rec apresenta o Tubular Life History, que tem como objetivo levantar toda a história de vida de cada um dos tubos adquiridos pelo cliente, permitindo seu total rastreamento digital. Dentre as principais informações que estarão disponíveis nessa ferramenta, temos: dados fabris, status de produção, dados de estoque, dados de transporte e /ou reparo, entre outros.

Além de agregar tecnologia à sua

cadeia produtiva, a Vallourec também buscou aperfeiçoar os chamados ser-viços físicos, pensando em estratégias que podem atualizar a forma como os processos são realizados hoje. Dentre eles, estão o Advanced Well Design, Material Selection, Vallourec Tech Su-pport , Tubular Essential, Just In Time Deliveries, Rig Packaging, Desk Logistic, Transportation, Accessories & Equip-ment Rental, On & Off Rig Preparation, Coordination & Modules Assembly, Rig Return, VAM® Services VAM® Field Servi-ce e Rig Coordination.

A Vallourec.smart representa muito mais do que uma marca de serviços, é uma experiência global e digital.

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24 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

T r e i n a m e n t o s

Fique atento aosnovos treinamentos da Abendi!

A ssim como o tempo, as informações também não param. Diariamente, são incorporadas novas tecno-logias aos equipamentos industriais. Além disso, vez

ou outra, em favor da qualidade, surgem regras, normas e procedimentos técnicos que reformulam as condutas ope-

Drones para Inspeções IndustriaisPreparar os profissionais para operar RPAS em áreas industriais, coletar imagens (foto, filmes ou térmicas) de equipamentos, entre outras funções.- 25 a 29 de Março - 16 a 20 de Setembro

Metalurgia e Falha dos Materiais MetálicosO treinamento apresenta os fundamentos da metalurgia e falha dos materiais metálicos, facilitando a compreensão dos fenômenos metalúrgicos, mecânicos e eletroquímicos associados.- 06 a 09 de Maio

Inspeção de Soldas em Aço Inoxidável Austenítico por UltrassomVoltado a profissionais de END, soldagem, aos projetistas e respon-sáveis técnicos da área de inspeção e da qualidade.20 e 21 de Maio

Projeto, Construção e Montagem de Oleodutos TerrestresApresenta os conceitos básicos à implantação do projeto de um oleoduto terrestre, desde a fabricação dos tubos, as características dos acessórios e o dimensionamento estrutural.- 24 a 28 de Junho

racionais. Sendo assim, os treinamentos disponíveis no mercado devem acompanhar essa evolução, mantendo os profissionais atualizados e capazes de ascender. Na Aben-di, a grade de programação recebeu muitos temas inéditos, confira:

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abendi.org.br 25

Inspeção por Ondas GuiadasApresenta a prática do ensaio por ondas guiadas, suas principais características e resultados obtidos nas aplicações. As aulas abor-dam os aspectos que influenciam o resultado, a confiabilidade e as limitações do ensaio- 02 e 03 de Julho- 26 e 27 de Novembro

Simulação em END O objetivo é aprofundar os conhecimentos sobre o software para simulação de inspeções com Ultrassom (US), destacando vanta-gens e desvantagens da utilização.- 12 e 13 de Agosto

Pare de perder tempo! Escolhe o tema que mais te interessa e faça a sua inscrição agora mesmo: [email protected] ou (011) 5586-3141. A programação completa de treinamentos está disponível no seguinte caminho: www.abendi.org.br / treinamentos / programação de treinamentos 2019.

Introdução à Mecânica da FraturaVoltado aos profissionais das áreas de avaliação de integridade, projeto mecânico e Ensaios Não Destrutivos.19 a 22 de Agosto

Dimensionamento de altura de defeitos por ultrassomO treinamento abrange várias técnicas de END, discutindo sobre difração, máxima amplitude, borda de feixe e comparação de amplitude. Além disso, prepara os profissionais para as mudanças dos certificação de US-N2.13 e 14 de Agosto

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26 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

E v e n t o s

A primeira edição da Jornada Téc-nica do Conhecimento em Ins-peção (JTCI) reunirá os principais

players do segmento, abrindo espaço para discussões sobre a inovação na in-dústria e demonstrações de produtos e serviços. De forma geral, o objetivo é ofe-recer formação aos participantes, em um ambiente dinâmico e capaz de projetar diferentes direcionamentos de negócios. Avanços nos métodos de END, o futuro da inspeção e a modernização da indústria serão os principais temas abordados du-rante o evento. Confira o temário a seguir.

Participe! Acontece no dia 28 de agosto, em São Paulo

E v e n t o s

Temário• Análise de Falhas

• Automação dos END

• Confiabilidade dos END

• Confiabilidade dos Equipamentos

• Custo versus Benefício da Inovação na Inspeção e na

Aplicação dos END

• END na Indústria 4.0 e Internet das Coisas

• END no Controle de Qualidade de Produtos

• Inspeção de Dutos e Tubulações

• Inspeção de Estruturas de Concreto

• Inspeção em Materiais Compósitos

• Inspeção em Grandes Estruturas Metálicas

• Inspeção Não Intrusiva

• Integridade e Extensão de Vida de Equipamentos

• Novas Tecnologias para Inspeção por END

• Pesquisa e Desenvolvimento dos END

26 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

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Segmentos• Aeroespacial

• Construção Civil

• Energias Renováveis (eólica)

• Metroferroviário

• Mineração | Cimenteiro

• Naval

• Óleo e gás

• Petróleo/Petroquímico

Evento Paralelo• Área de Relacionamento para empresas expositoras

Sessões Técnicas Especiais• Avanços Tecnológicos de Inspeção• Autorrefrigeração• Integridade Estrutural - Análise de Falhas• Integridade de Sistemas Submarinos

Participe! Garanta antecipadamente a sua inscrição, e ganhe desconto. Envie o seu e-mail para:[email protected].

Data e local: O encontro será realizado no dia 28 de agosto, das 9h às 18h, no São Paulo Center: Avenida Lineu de Paula Machado, nº 1088 / 1100 – Cidade Jardim, em São Paulo. Acesse: www.jtci.org.br

abendi.org.br 27

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28 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

E v e n t o s

Mais informações: [email protected]

EVENTOS ABENDI 2019 DATA LOCAL

Solenidade 40 anos Abendi 27 de março São Paulo/SP

1º Fórum sobre Riscos de Acidentes e a 23 de maio São Paulo/SPResponsabilidade Civil de Empresas eProfissionais (FORC 2019)

15ª Conferência sobre Tecnologia 27 a 30 de maio Rio de Janeiro/RJde Equipamentos (COTEQ 2019)

1ª Jornada Técnica do Conhecimento 28 de agosto São Paulo/SPem Inspeção (JTCI)

5º  Encontro Anual Abendi sobre 29 de agosto São Paulo/SPAtmosferas Explosivas

14 º Encontro Regional de End e Inspeção 24 de outubro Macaé/RJ

Solenidade Anual de Confraternização 2019 05 de dezembro São Paulo/SP

Programe-se: fique atento àagenda de Eventos da Abendi para 2019

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As informações completas sobre cada profissional certificado em dezembro de 2018 estão disponíveis no site da Abendi, em consultas/profissionais certificados.

Profissionais Certificados em END - Nível1

Flavio Luiz dos Santos Madureira TavaresSebastião de Abreu RodriguesEdemir Lino de Assis JúniorBruno Rabelo da SilvaMaykon Braga da SilvaMarcus Vinicius Cavalcanti BarbosaVictor dos Santos ArchanjoRicardo Frederico Leuck FilhoRoberto Sinval Schumacher Braga

Profissionais Certificados em END - Nível2

Marcelo Kassae PereiraCristiano Pereira Vaz

Lista de profissionais certificados pela Abendi

Luis Cláudio da Costa NevesBruno dos Santos RafaelLeandro de Menezes GomesJhonatas Marques LunaPedro José Lopes da Silva DinizIsmael Florentino da SilvaEdemir Lino de Assis JúniorMarcus Vinicius PassosRodrigo Nunes FreitasBruno Rabelo da SilvaEduardo Luiz de SouzaArtur Vieira da Silva JuniorAfonso Pereira de OliveiraRildson Bezerra CavalcantiRildson Bezerra CavalcantiRildson Bezerra CavalcantiIgor Pedroso de LimaJuraci Vieira de AlmeidaLeonardo Póvoa MartinsAdriano Andreatta Piantavinha

Cláudio de Andrade RodriguesWellington Batista GeronimoGuilherme Carvalho Santiago CicarinoIgor Luiz da Silva SantanaJonas Nascimento SantosRafael da Silva MontenegroThiago Augusto Nobrega Rodrigues

Profissionais Certificados em END - Nível3

Solimar de AlmeidaEdson Mello Brito

Outras modalidades

Leandro Gilberto Castro de CarvalhoAline Aparecida Soares Monks

C e r t i f i c a ç ã o

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30 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

C e r t i f i c a ç ã o

Certificação em US Fundidos e Forjados é realidade

A Abendi oferece, desde o fim do ano passado, o sistema de Certificação em Ultrassom (US)

Fundidos e Forjados, atendendo a uma antiga demanda das empresas por es-pecialistas nessa atividade. Com esse atestado, vale destacar, o profissional demonstra a sua habilidade no ensaio de peças fabricadas tanto pelo proces-so de forjamento como o de fundição. Os primeiros exames práticos do pro-cesso aconteceram nas instalações do Centro de Exames de Qualificação (CEQ) da Abendi, em São Paulo, em novembro de 2018, quando contou com a partici-pação de profissionais das empresas Po-liend e Villares Metals. Lembrando que, quem já possui certificação como Nível 2 em US (laminados ou solda), com inte-

Invista em você mesmo e aumente as chances de trabalho

Confira, na entrevista a seguir, com um dos primeiros profissionais certificados em US Fundidos e Forjados, Marcelo Salomão, por que vale a pena obter essa especialização:

1. Fale um pouco sobre a sua traje-tória profissional e certificações.

Estou envolvido com certificações desde 1980, quando ingressei em meu estágio de Técnico Metalúrgico na Usi-minas Mecânica, em Ipatinga, Minas Gerais. Mudei para Piracicaba, interior de São Paulo, em 1986, pela oportuni-dade de trabalhar na Dedini, e, ao mes-mo tempo, estudar Engenharia, curso que concluí em 1992. Em 1996, fui para a área Nuclear, na construção da Usina de Angra II, onde trabalhei com coorde-nação de END e certificado em quatro modalidades na área Nuclear, como N2. Em 2000, retornei a Piracicaba, agora

resse nessa nova modalidade, está dis-pensado do exame geral e da etapa 1 da prova prática. De forma geral, os pro-cedimentos de avaliação servem para determinar as habilidades dos candida-tos na utilização das seguintes técnicas: AVG/DGS, Eco de fundo e Curva DAC. Os ensaios são realizados com base nos documentos e procedimentos Abendi: PR-129 e PR-130, respectivamente para fundidos e forjados.

Treinamento

O Setor de Treinamentos da Abendi oferecerá um curso para profissionais certificados, como nível 2 em US, que desejam se preparar para essa qualifi-cação.

na condição de profissional autôno-mo. Fundei a Poliend, que mantenho até o momento, desta vez como N2 e N3, alinhei a trajetória passo a passo e hoje contemplo 12 certificações SNQC, incluindo quatro de N3, sempre acredi-tando que a profissão deve sempre es-tar focada em busca de conhecimento.

2. Por que decidiu se certificar em

Ultrassom Fundidos e Forjados ?Recebi um convite da Abendi para

apresentar dois profissionais. Como esta atividade é uma rotina em minha empresa, percebi, neste momento, que seria importante aferir nosso conhe-

cimento, além de ser um profissional multiplicador de minha equipe e de cursos de treinamento. Por ser uma área de conflitos, uma vez que o profissional em solda estava apto a executar o en-saio também em Fundidos e Forjados, sempre questionei o porquê de o SNQC não desenvolver uma certificação para o setor. No momento do convite, senti--me honrado em ser escolhido, e foi algo muito rápido, em questão de duas semanas estávamos já fazendo a prova.

3. Já está colhendo algum resulta-do positivo com essa certificação?

Por incrível que pareça, sem nenhuma

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obrigatoriedade e, coincidentemente, o primeiro trabalho que fiz, em dezem-bro de 2018, foi uma orientação e verifi-cação em peças fundidas de um cliente na Índia, na cidade de Ghaziabad. Ape-sar da minha experiência na área já es-tar próxima de 40 anos, esta condição de certificação trouxe mais conforto e segurança ao meu cliente, uma vez que divergências de laudo em fundidos são comuns e sempre um desafio.

4. Quais são os planos futuros?Como o objetivo também era de co-

nhecer a sistemática de certificação para esta modalidade, torna-se menos subjetivo o ensinamento para novos profissionais, principalmente nos per-

fis dos treinamentos. O conhecimento obrigatório em técnicas como AVG/DGS, que são pouco difundidas no Bra-sil, tornará o profissional de US mais completo e, assim, com uma certifica-ção sedimentada, pode-se dar opinião mais assertiva em novas orientações.

5. Qual o perfil ideal para ingressar nesse segmento?

Formação técnica e passagem por inspeções em empresas de fabricação de fundidos e forjados. Cada tipo de fa-bricação construirá um perfil diferente de decisão e é isso que o inspetor para fundidos e forjados necessita para apu-rar de maneira assertiva a subjetividade que irá encontrar.

Abendi é a única no Brasil em reconhecimento internacional em ENDQuem mais ganha com essa conquista é o profissional certificado, que passa a ter emtermos de carreira, visibilidade e valorização no mercado de trabalho

C om sede na Áustria, o Comitê Internacional de Ensaios Não Destrutivos (ICNDT), maior au-

toridade mundial no assunto, confere, mais uma vez à Abendi, o reconheci-mento como entidade de excelência na certificação de pessoas em END, para produtos soldados e, desta vez, am-pliando para fundidos, forjados e tubu-lares, nos cinco principais métodos de END. Em suma, isso quer dizer que os nossos profissionais certificados estão alinhados aos preceitos de qualidade e confiabilidade da ISO 9712 (a norma internacional para qualificação e certifi-cação de pessoas em END). Além disso, continuam a ter representatividade no

seleto grupo do MRA - o convênio de re-conhecimento multilateral da instituição em questão, que harmoniza os procedi-mentos para a certificação de pessoas, reforçando a confiabilidade das ativida-des de inspeção, elevando o nível de se-gurança nas indústrias e possibilitando a eliminação de barreiras burocráticas no momento da contratação de especialis-tas entre os países listados nesse acordo. “Com essa chancela do ICNDT, reafirma-mos que nossas certificações são condu-zidas com qualidade, correção e compro-metimento. Além disso, a harmonização

do sistema de certificação com outros países abre novas oportunidades aos nossos profissionais’’, destaca o gerente de certificação da Abendi, Maurício Balla-rine. Lembrando que o reconhecimento em END vale para os seguintes métodos: Ultrassom (US), Radiografia (ER), Líquido Penetrante (LP), Partículas Magnéticas (PM) e Ensaio Visual (EV), nos três níveis de certificação. Também é importante destacar que o Reconhecimento e o de-corrente Certificado de Conformidade tem duração de três anos: de 21 de janei-ro de 2019 a 20 de janeiro de 2022.

Para conhecer quais entidades fazem parte do MRA, acesse: http://www.icndt.org/.

Faça já sua inscrição: [email protected] ou (011) 5586-3181. Para o curso para profissionais certificados, como nível 2 em US, os interessados devem entrar em contato por e-mail [email protected] ou pelo telefone (11) 5586-3141

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32 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

C e r t i f i c a ç ã o

OPC END Organismo de Avaliaçãoou de Acreditação

Data de cadastro inicial (e renovação)

Expiração de cadastro

Associação Brasileira de EnsaiosNão Destrutivos e Inspeção(ABENDI)

Instituto Australiano paraEnsaios Não Destrutivos(AINDT)

Associação Chinesa de EnsaiosNão Destrutivos(ChSNDT)

Hobéon SKO (Holanda)

Inspecta SertifiointiOy (Finlândia)

Organismo Nacional DeCertificação de Ensaios NãoDestrutivos, Sri Lanka

Associação de Ensaios NãoDestrutivos (Cingapura) - NDTSS

PCN –Instituto Britânico de END

RELACRE - Associação deLaboratórios Acreditados dePortugal

Avaliação de Conformidadepelo ICNDT PCB

Sistema Conjunto de Acreditação da Austrália e Nova Zelândia -AS-ANZ

Avaliação de conformidade pelo ICNDT PCB

RvA – Raad voor Accreditatie

FINAS – Serviço Finlandês de Acreditação

Conselho de Acreditação para Avaliação de Conformidade do Sri Lanka

Conselho de Acreditação de Cingapura

UKAS – Serviço de Acreditação do Reino Unido

IPAC – Instituto Português de Acreditação

19 Julho 2015 1 Maio 2014 (18 Julho 2017)

1 Maio 2015 (01 Agosto 2018)

29 Abril 2015 28 Fevereiro 2014 (23 Agosto 2017)

27 Outubro 2017

18 Julho 2017 14 Julho 2014 (13 Julho 2017)

28 Janeiro 2014 (8 Março 2017)

21 de janeiro de 2019 a 20 de janeiro de 2022

18 Julho 2020

01 Agosto 2021

28 Abril 2018

23 Agosto 2020

26 Outubro 2020

18 Julho 2020

13 Julho 2020

28 Janeiro 2020

OPC END Organismo de Avaliaçãoou de Acreditação

Data de cadastro inicial (e renovação)

Expiração de cadastro

RTC “Ensaios e Diagnósticos”(Moscou, Rússia)

Certificadora SAIW (África do Sul)

SECTOR Cert -Gesellschaft fürZertifizierung mbH

Instituto de Pesquisa Científica Ucraniano para END(UkrSRINDT)

Urzr (SRIND) Urzad DozoruTechnicznego JednostkaCertyfikujaca Osoby UDT-CERT(Polônia)

UKAS – Serviço de Acreditação do Reino Unido

SANAS – Sistema Nacional Africa-no de Acreditação

DAkkS (Deutsche AkkreditierungsstelleGmbH)

Agência Nacional de Acreditação da Ucrânia

Centro Polonês para Acreditação

3 Março 2014 (3 Março 2017)

17 Fevereiro 2016

7 June 2016

5 Julho 2013 (11 Janeiro 2017)

27 Fevereiro 2014 (11 Julho 2017)

3 Março 2020

16 Fevereiro 2019

6 June 2019

14 Janeiro 2020

11 Julho 2020

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34 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

C a p a

Alexandra Alves

Q ue rumo o país tomará e como a mudança impac-tará os profissionais certifi-cados? Infelizmente, ainda

não é possível obter respostas às per-guntas. E, em meio a tantas incertezas, uma verdade é consensual: sem essa valiosa mão de obra, nossas indústrias ficam à mercê da sorte, em relação a uma produção satisfatória e ao mais im-portante: a tranquilidade de assegurar a menor margem de acidentes. O Sistema Nacional de Qualificação e Certificação (SNQC/END) da Abendi apresenta uma categoria de trabalhadores que acumu-laram anos de experiência em inspeção e, por vontade própria, se submeteram

Os desafios do Profissional Certificado

Os ENDs, embora indispensáveis nas empresas, ainda têm pouca penetração na sociedade, nas escolas e em vários setores industriais. Mudar o cenário é uma necessidade!

à avaliação de uma entidade de tercei-ra parte - reconhecidamente idônea no mercado – para atestar a competência e a confiabilidade que oferece nas ope-rações. Mais do que isso: o valor desses profissionais ainda se mede pela dispo-sição de passar até semanas em ativida-de sem folga e prontidão em assumir projetos no exterior, sendo privados, muitas vezes, da companhia de familia-res e amigos.

É fato que, com a desaceleração da economia, esses profissionais vêm sen- tindo na pele as consequências do problema. Mas como transformar esse cenário? A Abendi, criada em 1979 por um grupo de empresas e profissionais

focados em efetivar um sistema nacio-nal de treinamento, qualificação e cer-tificação de pessoas - exatamente para o boom da construção de plataformas marítimas de petróleo no final dos anos 70 e início da década de 80 – tem reali-zado diversas ações, junto a organismos governamentais, no sentido de buscar maneiras para estimular a empregabi-lidade.

Por isso, nessa reportagem, propo-mos uma reflexão sobre o presente e o futuro dos profissionais certificados, mostrando quais iniciativas a institui-ção vem tomando (veja na página 39) e, também, revelando depoimentos de pessoas que conhecem bem o cenário.

C a p a

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André Luiz Ribeiro Leite – PM-N2-S-Y e LP-N2-G‘’Atualmente, a grande dificuldade para todos os trabalhadores é a oscilação do mercado de trabalho, principalmente na nossa área de inspeção propriamente dita, em que, de uns anos para cá, ocorreram muitas demissões em empresas de pequeno, médio e grande portes, em função de diversos escândalos em nosso país, que, aqui, nem cabem relato, por serem de amplo conhecimento de todos nós. Contudo, acredito que, agora, em 2019, o mercado voltará, aos poucos, a ser aquecido, e novas oportunidades devem aparecer. Em meu caso, especificamente, acredito que para muitos trabalhadores do nosso ramo e de vários segmentos, outro grande desafio é a idade. Somos colocados, muita vezes, à margem do mercado de trabalho, pois, para o nosso país, uma pessoa acima dos 40 anos é considerada velha para trabalhar. Pode ter experiência na sua profissão, mas isso praticamente não é levado em conta. Infeliz-mente, esbarramos na falta de bom senso do empregador quando ele opta por mão de obra jovem e sem experiência a fim de economizar, ao invés de juntar o jovem inexperiente com o trabalhador ‘’velho’’, porém, com experiência, agregando, com isso, valores éticos e morais para a sua empresa.Em relação à certificação, isso dá ao profissional e à empresa para a qual o mesmo está desempe-nhado suas atividades laborativas, a certeza de que esse profissional passou por diversas fases de avaliações que o chancelaram para desempenhar seu trabalho com segurança e ética. É óbvio que qualquer ser humano está sujeito a falhas e imperfeições, e certificação alguma é capaz de evitar isso. Entretanto, se um profissional sem certificação, ou seja, sem treinamento, avaliação e chancela de um

certificado, se propõe a fazer um trabalho para o qual não tem qualquer conhecimento, certamente o seu lado de ser humano estará atuante em 100 % durante a realização de tal trabalho, é como entregar um veículo ao condutor que nunca dirigiu e sequer tem habilitação. O que se pode esperar disso?Em relação à Abendi, avalio o seu papel como primordial e fundamental, pois dá o respaldo necessário ao profissional certificado, de que o mesmo pode executar suas atividades sabendo que cumpriu todos os requisitos e está habilitado por uma associação respeitada internacio-nalmente. Associação esta que sempre abriu as portas para quem desejasse aprender e se tornar um profissional de excelência. Um profissio-nal certificado com as credenciais Abendi é um profissional altamente qualificado. Acredito nisso, e este é o motivo pelo qual sou certificado e associado Abendi. ’’

Cristiano Rosa da Silva - LP-N2-G, PM-N2-Y, EV-N2-S e US-N1-ME‘’Ser um profissional de END representa alguém que passou por um processo minucioso, tanto na escrita quanto na prática, para desenvolver suas atividades de acordo com normas e procedimentos que garantem a satisfação do cliente quanto à qualidade de seu produto final. Nessa área, existem vários desafios, desde a empregabilidade até a exigência de certificação para exercer a atividade em certos setores, principal-mente no segmento de Óleo e Gás. Comecei como auxiliar de inspeção em uma empresa de estruturas metálicas e, depois, fui para uma indústria de fabricação e montagem de equipamentos na área de Papel e Celulose. Após esse período, conquistei minha primeira certificação em LP e, com isso, fui contratado por uma empresa de fabricação de equipamentos submarinos para Petrobrás, onde obtive experiência em diversos tipos de equipamentos, atendendo clientes em setores diversificados e, assim, obtendo vasto campo de aprendizagem. Com o passar do tempo, fui me certificando em outras técnicas EV-N2-S, PM-N2-SY e, por último, US-N!-ME e Inspeção de Equipamentos. Também realizei o curso técnico de Estruturas Navais e tirei o Crea, por exigência de diversas empresas. Em 2014, com a crise, fui obrigado a abrir uma microempresa para fornecer mão de obra por diária, passando a trabalhar em diversas empresas, desde a onshore até offshore. Atualmente, os principais obstáculos da carreira são os baixos salários e a falta de serviços. Para quem está ingressando na área de END, digo o seguinte: o momento não é bom, porém, se as ações das certificadoras forem adiante, chegará um tempo em que faltará mão de obra no mercado.

Eraldo Domingos de Souza - engenheiro mecânico, inspetor de END Visual Nível 3 e de soldagem Nível 2‘’Trabalho no mercado de inspeção há 30 anos. Fui examinador de END e Solda pelo CEQ SENAI Cetec de solda e, atualmente, diretor técnico da empresa Smartweld Consultoria & Treinamentos. O Brasil atravessou uma crise de investimentos em que as empresas tiveram dificuldades para se manter no mercado com o nível de investimento que vinha tendo nos anos anteriores ao início desta crise. Como consequência, a profissão de inspetores sofreu mais que outras, e, com a baixa de salário e o desemprego, muitos inspetores não conseguiram se manter quali-ficados, e o mercado agora se prepara para um novo crescimento, o que fará com que atraia novamente antigos profissionais e pessoas recém-formadas.’’A crise trouxe devastação para a nossa classe, mas está ajudando também para que outras atitudes sejam toma-das, por parte de nós, inspetores, ampliando nosso conhecimento e capacitação, e pelas certificadoras que hoje buscam não só regular a área de inspeção e certificação, mas estão procurando se ajudar mutuamente, visando ter mais aceitação e o apoio à nossa classe. Isso ajuda a resgatar a importância da profissão de inspetor no Brasil. Tenho certeza que com estas atitudes as certificadoras estarão fortalecendo toda classe de inspetores e fazendo

com que o orgulho de ser inspetor esteja voltando a tomar conta dos nossos corações.

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36 Revista Abendi no 89 Fevereiro de 2019

C a p a

Jair Fernando Brasil – Inspetor de fabricação AT / CT / IE-EFC (SNQC Nº 30297), Tecnólo-go em processos de fabricação mecânica‘’Como profissional certificado em Inspeção de Fabricação (IF), sinto-me muito importante e valorizado ao ser acionado para verificar, inspecionar e oferecer um laudo sobre peças e equipamentos que são utilizados em grandes obras de infraestrutura de nosso país. In-gressei no segmento ainda rapazinho, em 1985, quando procurava emprego de ajudante numa empresa. Graças a Deus, fui tão bem que me contrataram e me pagaram um curso de inspetor da qualidade e de desenho mecânico. Após isso, passei por várias indústrias. Mais tarde, abri a minha própria empresa de prestação de serviços na área de inspeção.Em dias difíceis como os de hoje, acredito que temos de nos unir mais, principalmente em torno de alguns objetivos, como inscrever nossa profissão na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), torná-la modalidade técnica e não mais uma atribuição dos técnicos industriais, expandir nosso reconhecimento para além do setor de Óleo&Gás como, por

exemplo, para os segmentos Automotivo, Civil, Alimentício, Sucroalcooleiro, Ferroviário, Metroviário, Naval e de Papel e Celulose.Certamente, essas ações reduziriam os problemas, que são muitos, como a falta de emprego, salários baixos, disputa desleal de vagas com certificadoras estrangeiras e entre os próprios inspetores SNQC, desrespeito das empresas conosco, inspetores multifuncões que não se soli-darizam com os colegas, falsificações de relatórios por parte das empresas, entre outros obstáculos.No mais, meu conselho é para que não deixem a peteca cair. Que você, profissional, não seja apenas mais um para sugar e, depois, virar as costas quando as dificuldades aparecerem. Incorpore a profissão e enfrente o que der e vier, até que o vento volte a soprar a nosso favor. ’’

José Allevato – Engenheiro mecânico, PH NR-1, inspetor de equipamentos, inspetor de solda N1, inspetor de fabricação IF-EFC, inspetor de END nos métodos de LP e PM (SNQC 5461), auditor líder ISO 9001, escalador industrial e supervisor de espaço con-finado NR-33 ‘’Analisando a situação atual dos profissionais certificados, observo que muitos estão per-dendo algumas qualificações por não haver demanda de trabalho que sustente manter todas as qualificações vigentes. Muitos de nós estão ficando somente com as principais, deixando as demais se perderem no tempo, não renovando-as. Deveria existir um sistema de desconto proporcional, de acordo com a quantidade de qualificações. No meu entendi-mento, seria um incentivo para o associado permanecer com as suas qualificações vigentes e, também, partir para novas. Hoje, existem qualificações novas de um mercado promissor, como Edie Current, Phased Array e outras, porém, o salário atual (daqueles que porventura estejam trabalhando) não está permitindo manter essas qualificações.Só para se ter uma ideia, o salário praticado para embarque é de R$ 4,5 mil; e tem que ter no mínimo Solda N1/LP/PM/Escalador industrial/ Salvatagem/HUET/NR-33/NR-35.A Petrobras, em seus serviços de manutenção das plataformas em toda a bacia de Campos,

autoriza, por meio do contrato firmado com as empreiteiras, os inspetores de solda N1 trabalharem na disciplina de inspeção de dimensional.Essa prática é comum e já está em vigor há muitos anos. Seria adequado e bom, para os inspetores e a Abendi, que seja criado um procedi-mento de crédito estruturado, voltado a quem comprovar sua atuação como inspetor dimensional, e que tenha o curso teórico completo. O período de comprovação deve ser o que estará estipulado no procedimento, da mesma maneira como é feita com a inspeção de fabricação. Só com isso a Abendi irá captar, mais ou menos, 150 certificações.’’

Moacir Bispo Ramos – doutor em Engenharia Mecânica, LP-N3, PH NR 13‘É certo que haverá um impacto muito significativo das novas tecnologias na atividade de inspeção, principalmente dos drones aéreos e aquáticos. Com a implantação da indústria 4.0, o monitoramen-to das estruturas será muito maior, assim como a aquisição de dados requerendo agilidade de deci-sões, e essa realidade irá requerer nova postura e preparação do profissional. Vejo claramente que precisaremos adaptar os currículos atuais para essa nova realidade, também vejo novos métodos de inspeção abrindo nichos de mercado. A própria função de inspeção deverá ser revista e, muito pro-vavelmente, estaremos caminhando para executar testemunhos ou validação de operações e testes automatizados como atividade corriqueira. Os mais qualificados e com certificação internacional provavelmente migrarão para a área de consultoria especializada, e há uma possibilidade real para a chegada de novas empresas de inspeção, inclusive estrangeiras com origem asiática, enquanto os menos preparados perderão mercado. O grande problema será essa fase de transição, com a mi-gração profissional para fora da atividade, além das relações trabalhistas e remuneração que ficarão

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Rafael Kanzas – LPN2-G, EVN2-S, LT-I, IFCTN1 e Inspetor Eletromecânico MGE/EFC/USI‘’Ter consciência e responsabilidade de que vidas e a segurança de empreendimentos e equi-pamentos dependem da sua postura e comprometimento técnico de trabalho é a tradução de um profissional certificado. ’’ Em 2002, ingressei na área de inspeção de usinagem e, dois anos mais tarde, migrei para caldeiraria pesada, tendo como mentor um dos maiores nomes da engenharia de soldagem, mestre João Carlos Monteiro, que contribuiu na formação de minha base profissional, quando me certifiquei em LPN2-G. Foram muitas experiências positivas e, para simplificar, certifiquei-me como Inspetor de Soldagem N1, em 2007. Posteriormente, bus-quei certificações em outras técnicas de END como Estanqueidade e IFCT. Um dos momentos mais importantes da minha carreira foi quando a empresa na qual estava fechou suas portas inesperadamente. Tive de me reinventar e abrir minha empresa de inspeção e consultoria, tra-balhando até 16 horas por dia para me estabelecer num mercado muito competitivo.Sei que existem inúmeras questões prejudicando a nossa classe, como desvalorização e abusos por parte de algumas contratantes, falta de um piso salarial ou referência de diárias, profissio-nais terceirizados atuando erroneamente e se aproveitando da falta de auditorias e monitora-mento, pessoal certificado se responsabilizando por até três técnicas que requerem acompa-nhamento da atividade, custos do processo e dificuldades de comprovação de trabalho.Com pelo menos 15 anos de experiência, afirmo, com propriedade que ser inspetor é deixar a presença e apoio físico da família, perder datas comemorativas, não ver seus filhos crescerem,

pouquíssimo convívio social e ter que conviver, muitas vezes, com as indiferenças e barreiras impostas durante a execução de seu trabalho, deixando suas emoções humanas de lado. No geral, estamos, infelizmente, vivendo um momento de grandes perdas. A meu ver, são profissio-nais altamente capacitados e experientes que estão migrando para outras áreas e, mesmo que o mercado se recupere, dificilmente serão res-gatados. Isso para a qualidade industrial do país é imensurável, pois são décadas de conhecimento prático e vivência que estão se perdendo. É necessário que as empresas de todos os setores tenham a consciência de que vidas e catástrofes podem ser evitadas utilizado profissionais certificados, e que normas de construções devem se atualizar na aplicação de ensaios e novas técnicas de inspeções.’’

mais próximas daquilo que é praticado no resto do mundo. A matriz energética brasileira vem sendo alterada e pessoas com habilidade de ins-pecionar sistemas eólicos, por exemplo, serão necessárias. As certificadoras certamente tendem a virar agentes autorizados de agências seto-riais, com espaço para ser, principalmente, validadores e acreditadores de processos, sistemas e pessoas. Os contratos de trabalho certamente terão obrigatoriedade de conter cláusula de seguro das atividades de inspeção e verificação e isso deverá ser uma exigência das seguradoras de ativos. A indústria química, petroquímica e de petróleo no Brasil possui inúmeras plantas com mais de 40 anos de atividade que requerem atenção especial por parte das equipes de inspeção. Ao mesmo tempo, tornam-se verdadeiros laboratórios de aprendizagem da atividade, possibilitando crescimento do nosso know-how de inspeção e exigindo profissionais mais experientes para avaliar tais equipamentos. Creio, também, que já esteja passada a hora de criar diferentes níveis de inspetores de equipamentos.A atividade de inspeção é, por si só, sedutora, principalmente por ser desafiadora e garantir o aprendizado durante toda a vida laboral. Vejo como atividade intrínseca de segurança e indispensável a qualquer ramo industrial. Caberá às certificadoras o convencimento de órgãos go-vernamentais para introduzir essa atividade como exigência legal nas NRs (Normas Regulamentadoras). Não é fácil predizer nada com relativa precisão nesse louco mundo no qual vivemos, mas significativas mudanças virão.’’

Sônia Melo – LP-N2-G, EV-N2-S, IF-N1-CT (SNQC 9176), A-EX-UM-001, IE-EFC (Foto) ‘’Primeiramente, quero frisar que ser um profissional certificado representa ter a habilidade de executar determinado ensaio, o que se traduz em trabalhos em conformidade com códigos e nor-mas, para que os resultados impliquem na garantia da integridade dos equipamentos e segurança para a sociedade. Parece muito óbvio, porém, não podemos esquecer jamais o que significa ser um profissional certificado, quais as garantias, os impactos e as consequências que a nossa ativi-dade tem perante a sociedade. É verdade que há uma linha muito tênue separando a qualidade da produção. Nosso desafio é demonstrar que a etapa de inspeção deve ser respeitada e tida com igualdade de importância com todos os outros procedimentos de fabricação. Ressaltando que isso agrega valor ao produto, traz confiabilidade do equipamento/processo e, consequentemen-te, segurança.Comecei a trabalhar na área como técnica em segurança do trabalho, em uma empresa que sentiu a necessidade de implantar um sistema de qualidade integrado à segurança, qualidade e meio ambiente. Fui designada a participar de diversos cursos, inclusive na área da qualidade, aí teve início a minha jornada na área. Realizei cursos por conta própria até chegar aos de END, minha primeira qualificação veio em 2008, em Líquido Penetrante (LP), daí para frente novos treinamen-

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C a p a

Wellington Neves – técnico em Soldagem/Mecânica/Metalurgia, inspetor de END/Equipamentos/Eletro-mecânica/Fabricação (Foto)‘’Sou profissional de inspeção certificado há pelo menos 15 anos, e venho compartilhar um pouco da minha visão sobre o nosso atual momento e o que devemos priorizar para que o nosso futuro seja mais justo ao meu entender. Hoje, basicamente, o mercado está praticando duas situações muito prejudiciais para a nossa pro-fissão: baixos salários e exigência de profissionais com várias certificações. Isso diverge totalmente da nossa realidade, em que os valores ofertados estão muito aquém de compensar, no mínimo, o valor das nossas atri-buições, responsabilidades e os investimentos inerentes à obtenção e manutenção das certificações. Cenário cruel, crítico e desmotivador!A nossa profissão precisa, urgentemente, ser devidamente valorizada e reconhecida como Mão de Obra Téc-nica Especializada, responsável por uma função relevante e reconhecida em projetos de construção, manu-tenção e montagem industrial que é a Certificação de Materiais, Equipamentos e Produtos. Como exemplo da

importância da nossa função, compartilho que, recentemente, atuei em um contrato no qual o faturamento integral era contabilizado por meio de relatórios de inspeção aprovados pela fiscalização, ou seja, sem laudos gerados pelo inspetor sem verba para manter o contrato!Entendo que as certificadoras, mediante ao cenário atual, precisam apresentar alternativas efetivas para que o profissional consiga manter sua(s) certificação(ões), como por exemplo:• Reduzir significativamente todos os custos referentes à certificação, em especial os custos que não demandam a utilização da estrutura de avaliação (anuidade e renovação); • Criar alternativas para não desqualificar o profissional por falta de pagamento de anuidade e renovação;• Reduzir os custos com a recertificação e criar uma alternativa de dividir esse valor dentro do período da validade da certificação, podendo ser parcelas trimestrais, semestrais ou anuais;• Revisar a sistemática de crédito estruturado considerando mais relevante para critério de pontuação a efetiva atuação do profissional no mercado (ex: profissional atuando, constantemente, dentro do período da certificação já atenderia 90% da pontuação ficando esses 10% complementares direcionados para cursos de reciclagem, seminários e eventos ligados à profissão).Junto com a iniciativa, as certificadoras precisam se unir e interagir com os inspetores em busca de nos fortalecer criando alternativas para valorizar em todos os sentidos nossa profissão. Só assim iniciaremos uma mobilização forte para resgatar a nossa dignidade! Finalizo dizendo que tudo que tenho e tudo que almejo para o meu futuro depende dessa profissão que escolhi para a minha vida! Por isso, tenho muito orgu-lho de ser um profissional de inspeção certificado e tenho fé que dias mais dignos virão!

tos e outras certificações. Tive sorte? Claro que sim! Tive sorte, apesar de todas as adversidades da vida, encontrei pessoas com quem pude sempre contar, bons amigos, bons profissionais e bons professores! Sempre me perguntam se, por ser mulher, já enfrentei alguma forma de preconceito. Sinceramente, não. Sempre fui tratada com respeito e igualdade, mesmo trabalhando em chão de fábrica de caldeirarias pesadas e obras.É preciso ficar claro que não é possível estar nessa profissão sem estudo, disciplina e ética. A base de conhecimento técnico pode ser adquirida por experiência e, também, deve ser aperfeiçoada com novos cursos. Em minha trajetória, o momento mais importante foi quando consegui minha primeira certificação pela Abendi, em LP. Senti um misto de felicidade e alívio. Foi como ganhar um prêmio por todo estudo, empenho e persistência. Todo inspetor se sente orgulhoso e grato neste momento, acredito que isso me acompanha até hoje em situações difíceis, e me mostra o quanto sou capaz.Sem dúvida, o principal problema enfrentado, atualmente, pelos profissionais é a escassez de trabalho, o que vem fazendo muitos migrarem para outras áreas. É uma pena que a indústria em geral, o país e a sociedade percam esses profissionais, que são capacitados e certificados por entidades com respeito nacional e internacional - no âmbito da garantia da qualidade - como a Abendi, FBTS, entre outras. Eu, por exemplo, com a falta de serviços, venho me dedicando ao aperfeiçoamento profissional, concluindo minha graduação e participando de ações, em conjunto com outras pessoas, para melhoria na atuação e valorização do profissional de inspeção junto a Abendi.Aos meus colegas inspetores, posso dizer que cada um de nós passou por uma jornada extraordinária pelo conhecimento. Expandimos nossa mente de tal modo que já não podemos ignorar a importância do que fazemos. Participamos de uma instituição ligada a pelo menos 30 mil profissionais certificados. E isso somente na Abendi! Existe um orgulho em cada um de nós, porque sabemos o quão difícil foi conquistar e manter a nossa certificação. Não devemos perder este orgulho e satisfação.A Abendi não é somente um prédio, nós somos essa instituição! A maneira como a vemos e falamos dela se refere a nós. Construir uma boa imagem e reforçar, em nossos clientes e lares, que estamos unidos a uma instituição séria, ética e competente, reflete no respeito profissional que buscamos. Devemos acreditar na retomada do crescimento do País e na melhora da economia. Participe dos tantos grupos de inspetores organizados em mídias sociais, das reuniões, opine, esclareça suas dúvidas e receios, recupere suas certificações e torne a nossa representati-vidade mais forte com a sua participação!’’

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Profissional, saiba como a Abendi está estimulando o seu mercado de trabalho

Firme em encontrar soluções para en-frentar a retração econômica do País e com forte impacto na empregabilidade do profissional certificado, a Diretoria da Abendi continua ativa no plano de ação focado em buscar novas oportunidades de trabalho. Conheça, a seguir, que me-didas estão sendo tomadas para:Promover a exigência do profissional certificado

• Realizada uma reunião com o Minis-tério do Trabalho (MTE) para pleitear a exigência de profissional certificado nas Normas Regulamentadoras (NRs);

• Encontros com Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O objetivo foi solicitar que ambas exijam profissionais certifi-cados, de acordo com a ABNT NBR 9712, para trabalhar no Brasil;

• Esclarecimento, junto às empresas e aos profissionais em geral, da Lei 4150 (que institui o regime obrigatório de pre-paro e observância das normas técnicas nos contratos de obras e compras do ser-viço público de execução direta, concedi-da, autárquica ou de economia mista, por meio da Associação Brasileira de Normas Técnicas e de outras providências);

• Contatos com o Inmetro para cons-tar exigência de pessoal certificado nos Regulamentos Técnicos ( promover Workshops com Abendi, Abraco, Abra-man, Ibracon e IBP);

• Enfatizando a exigência de profis-sionais certificados pelo (SNQC-END) às novas empresas estrangeiras de Óleo& Gás, como Shell, Equinor, Chevron, Rep-sol (nas quais já foram realizadas reu-niões), entre outras. Além disso, o IBP está verificando a possibilidade de pro-mover um encontro entre a Abendi e as empresas sócias do instituto;

• Contatos junto à Marinha para espe-cificação na NORMAN de pessoal certi-

ficado, quando aconteceram encontros com a Coordenação de Estudos e Dire-toria Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha do Brasil;

• Divulgações, nas mídias da Abendi, sobre a prática incorreta no País da qua-lificação conforme a prática recomen-dada SNT-TC-1A

• Reuniões com seguradoras para des-tacar a importância do profissional cer-tificado, como fator de segurança, nas instalações e nos empreendimentos.Atribuir mais valorização ao profis-sional certificado

• Providenciando o Registro da profissão na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), pela Divisão Jurídica da Abendi;

• Em contato com a Diretoria da Petro-bras para reforçar a importância de pro-fissional certificado à empresa;

• Discutindo com a Petrobras a reali-zação das auditorias em obras e empre-endimentos.Ampliar o mercado

• Realizadas reuniões com os Organis-mos de Certificação de Pessoas (OPCs) para atividades em conjunto;

• Em andamento, a criação de uma ‘’Rede de Empregos’’ entre os OPCs;

• Difusão da certificação em outras áreas industriais, como os setores Eóli-co, Metroferroviário, Subaquático, Side-rúrgico, Papel e Celulose, Sucroalcoolei-ro, Civil e Elétrico.

Intensificar a Comunicação• Publicando matérias, nos veículos

oficiais de comunicação, e posts, nas re-des sociais, sobre assuntos de interesse dos profissionais certificados;

• Realizando encontros com os grupos de representantes regionais dos profis-sionais.Manter a certificação profissional

• Os Centros de Exames de Qualifica-ção (CEQs), de São Paulo (SP) e do Rio de Janeiro (RJ), abriram para que os profis-sionais possam fazer a comprovação de atividades nos corpos de provas;

• O pagamento dos valores pode ser reali-zado em até dez vezes no cartão de crédito;

• Concessão de bolsas de estudos para quem está, comprovadamente, sem co-locação e em situação crítica.

Vale destacar que a associação está aberta a sugestões e comentários a toda a comunidade de END e Inspeção. Aces-se o nosso site (www.abendi.org.br) e clique em fale conosco.

A realidade da certificação em outras instituições...Assim como a Abendi, outras certificadoras também vêm sofrendo os reflexos do período econô-

mico atual. A Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (ABRAMAN), por exemplo, reduziu significativamente o número de certificações no período de 2015 até 2017, retomando, aos poucos, em 2018, quando surgiram os primeiros sinais de reação. ‘’O profissional certificado é, de certa forma, uma garantia de um serviço executado corretamente, cumprindo normas técnicas da entidade a qual estiver vinculada, podendo ser ABNT, Crea, Inmetro ou outro organismo oficial e reconhecido’’, assinala o diretor presidente, Edson Kleiber de Castilho.

Segundo ele, ‘’um outro importante ponto a se destacar, é que o trabalho, executado por um profissional certificado, normalmente se faz certo na primeira vez, ou seja, dificilmente acarreta retrabalho, o que traz custo adicional, e, por vezes, acidentes com consequências inesperadas.’’

Esperançoso quanto à retomada da atividade industrial e econômica, Castilho faz uma alerta em relação à não renovação da certificação. ‘’Isso representa um prejuízo pessoal, pela perda do inves-timento feito no profissional, e financeiro para sua condição social de vida. Em relação ao País, o mesmo deixa de contar com aquela mão de obra especializada e aumenta a possibilidade de aciden-tes de toda ordem, pela execução de trabalhos importantes e, por vezes, de risco, sendo executados por pessoas não certificadas/especializadas.’’

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S e ç ã o T é c n i c a

1. INTRODUÇÃOO tema apresentado neste trabalho se

insere no contexto geral de metodolo- gias para prognóstico de vida remanes- cente em componentes de usinas termelé- tricas que operam em alta temperatura, mais especificamente componentes de tur- binas a vapor. Em razão da natureza cíclica de operação das usinas termelétricas brasileiras, dois mecanismos de degrada- ção do material constituinte daqueles componentes atuam concomitantemente: a fluência e a fadiga termomecânica. O desenvolvimento de metodologias capazes de prever, com acurácia satisfatória para os propósitos da engenharia de manutenção das usinas, a vida remanescente de um determinado componente em termos do seu histórico de operação e da ação dos dois mecanismos de dano supracitados tem-se mostrado uma ferramenta importante

Prognóstico de vida remanescente decomponentes de turbina a vapor que operam em alta temperatura

1D.Sc., Engenheiro Mecânico - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL)2 D.Sc., Engenheira Metalúrgica - Centro de Pesqui-sas de Energia Elétrica (CEPEL)3 Mestre, Engenheiro Metalúrgico - Centro de Pesqui-sas de Energia Elétrica (CEPEL)

Copyright 2017, ABENDI, ABRACO, ABCM , IBP e FBTS.Trabalho apresentado durante a 14ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos.As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).

SINOPSEO artigo apresenta uma metodologia computacional desenvolvida pelo CEPEL para prognóstico de dano em três componentes de uma turbina a vapor que estão sujeitos aos mecanismos de degradação por fluência e fadiga termomecânica. Os dados de entrada da metodologia compreendem medidas de vazão, pressão e temperatura do vapor, temperaturas de metal obtidas durante um período de 3 anos de monitoramento de uma usina de geração termelétrica nacional, e medidas de resistência do material à fluência e à fadiga termomecânica, obtidas a partir de ensaios em laboratório no material utilizado para confecção dos componentes da turbina. Modelos computacionais são utilizados para previsão de tensão mecânica no componente para uma dada condição de operação em regime permanente ou transiente. As tensões resultantes são, então, utilizadas como dados de entrada em modelos mecânicos de propagação de dano para prognóstico de sua evolução e avaliação de vida remanescente do componente.

para gestão dos ativos da usina e para garantia da confiabilidade de sua operação. Paradas não programadas oriundas de defeitos não previstos durante a operação podem levar a significativos prejuízos e, por esse motivo, devem ser minimizadas. Diante deste cenário, o desenvolvimento de metodologias para previsão de vida remanescente de componentes que operam em alta temperatura tem desper- tado cada vez mais o interesse da comunidade científica e da indústria.

Antecipando-se a essa necessidade, em 2005, o CEPEL iniciou uma linha de pesquisa cujo objetivo é desenvolver meto- dologias para avaliação de vida remanes- cente em componentes que operam em alta temperatura. Inicialmente, foram de- senvolvidas metodologias para avaliação de vida remanescente à fluência em com- ponentes de caldeiras utilizadas para gera- ção de energia. Posteriormente, propôs-se uma extensão com foco na previsão de vida remanescente de componentes

Carlos F. T. Matt1

Heloísa C. Furtado2

Bruno R. Cardoso3

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de turbinas a vapor. Apesar de possuírem características similares, a avaliação de integridade em componentes de turbinas a vapor é uma tarefa muito mais desafiadora por envolver componentes rotativos, cujos carregamentos térmico e mecânico são muito mais complexos. Em razão destes carregamentos, há dois mecanismos de degradação principais: a fluência e a fadiga termomecânica. O escopo deste projeto compreende o desenvolvimento de meto- dologia para avaliação de dano e da vida remanescente em três componentes críticos da turbina a vapor, quais sejam: o rotor de alta pressão, a tubulação da carcaça exter- na de alta pressão e a válvula de bloqueio.

O objetivo deste trabalho é apresentar, de maneira resumida, a metodologia de- senvolvida para avaliação de vida rema- nescente do rotor de alta pressão de uma turbina a vapor. São apresentadas também as principais características do sistema computacional desenvolvido e re- sultados de evolução do dano e de vida remanescente para um período de mo- nitoramento de três anos. Maiores detalhes sobre a metodologia aqui exposta encon- tram-se documentados na Ref. [1].

Este trabalho está estruturado da se- guinte maneira: na seção 2 descrevem-se as atividades realizadas ao longo do projeto; na seção 3 descrevem-se as principais ca- racterísticas, os materiais constituintes e os fenômenos físicos presentes no rotor de alta pressão; na seção 4 descreve-se, de maneira resumida, a metodologia para avaliação do dano por fluência e fadiga termomecânica no rotor; na seção 5 apresentam-se as principais características do sistema computacional TURBODIAG-SOMA e que tipo de informação pode ser extraída pela equipe de operação e manu- tenção das usinas; e finalmente, na seção 6, apresentam-se as considerações finais.

2. ATIVIDADES REALIZADASAs atividades realizadas durante a

vigência do projeto pesquisa com foco na avaliação de integridade de componentes Figura 1. Desenho esquemático da turbina a vapor cujo rotor foi avaliado no projeto

de turbinas a vapor foram:• instalação de sensores e de equipa-

mentos em campo para aquisição e ar- mazenamento de grandezas relevantes para o acompanhamento da operação da turbina como, por exemplo, a pressão do vapor, a temperatura e vazão de vapor;

• desenvolvimento de modelos computa- cionais para avaliação do dano por fluência e fadiga termomecânica em componentes da turbina; e

• desenvolvimento do programa compu- tacional TURBODIAG-SOMA.

A equipe de pesquisadores do CEPEL ficou responsável pela instalação em cam- po de sensores e equipamentos e pelo desenvolvimento de modelos computacio- nais, contando com o suporte da equipe de engenharia da usina.

Com base no levantamento bibliográfico realizado Ref. [2]., verificou-se que, na região de alta pressão da turbina, há dois mecanismos interdependentes de degra- dação do material que comprometem a integridade estrutural de componentes nesta região: a fluência e a fadiga termo- mecânica.

Um desenho esquemático da turbina a vapor avaliada no projeto pode ser visto na Figura 1.

No ano de 2009, iniciaram-se as ativi- dades de campo. Foram instalados senso-

res de medição e equipamentos para condicionamento e armazenamento de grandezas medidas em campo. O CEPEL realizou a instalação de sensores de tem- peratura (termopares) e de deformação (strain-gauges) em locais previamente sele- cionados em conjunto com a equipe de engenharia da usina. Em paralelo, o CEPEL realizou em conjunto com a equipe de TI da usina a instalação de toda a infra-estrutura de equipamentos (hardwares), progra- mas (softwares) e cabeamento para condi- cionamento e gravação dos sinais coletados pelos sensores instalados. Neste ano, iniciaram-se as gravações de grandezas de processo oriundas do sistema supervisório, de temperatura e de deformação oriundas dos termopares e dos extensômetros insta- lados pelo CEPEL. A aquisição e o arma- zenamento dos dados são realizados através do sistema SOMA desenvolvido pelo CEPEL com esta finalidade. O sistema SOMA é capaz de monitorar diferentes gran- dezas e é customizado conforme o algoritmo de cálculo que se pretende alimentar.

Foi desenvolvido um ambiente de testes nas instalações do CEPEL, semelhante ao instamado na usina. Esse ambiente mostrou-se de fundamental importância para o acopanhamento da coleta e armazenamento de dados, assim como

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para uma série de análises que permitiram o início do desenvolvimento dos modelos de dano dos componentes monitorados. No final de 2010, a equipe de pesquisadores do CEPEL iniciou o desenvolvimento dos algoritmos computacionais utilizados para previsão de vida remanescente. Essa etapa, a mais crítica do projeto, por se tratar do núcleo do sistema TURBODIAG, se estendeu até o final do ano de 2013.

Ao longo do ano de 2014, até o presente momento, o foco do projeto foi totalmente direcionado para o desenvolvimento da ferramenta computacional que realiza a integração entre o sistema de monito- ramento de dados SOMA e os algoritmos de engenharia desenvolvido pela equipe de pesquisadores do CEPEL. Diversas visitas foram feitas à usina, com o intuito de validar a integração das ferramentas computacionais desenvolvidas e, assim, ga- rantir o automatismo do sistema desen- volvido.

3. ROTOR DE ALTA PRESSÃOUma planta de geração termelétrica

opera segundo um ciclo termodinâmico de Rankine. A caldeira e a turbina a vapor são os dois componentes principais do ciclo Rankine. A caldeira é a fonte de calor necessária para geração de vapor e a turbina a vapor converte a energia térmica do vapor em trabalho mecânico que, por sua vez, é convertido em energia elétrica, em razão do acoplamento do eixo da turbina ao gerador elétrico.

Um desenho esquemático de um ciclo Rankine simples com superaquecimento e reaquecimento do vapor está indicado na Figura 2, onde pode-se observar os três estágios de expansão do vapor, denominados estágio de alta pressão (AP), estágio de média pressão (MP) e o es- tágio de baixa pressão (BP). Os outros com- ponentes importantes do ciclo Rankine são o condensador e a torre de resfriamento que, em conjunto, promovem a conden- sação do vapor d’água que sai do estágio de baixa pressão da turbina, e as bombas

Figura 2. Esquema do ciclo de Rankine com reaquecimentoe superaquecimento do vapor

de alimentação da caldeira. Na Figura 2 não está ilustrada a torre de resfriamento, a qual troca é responsável pela condensação do vapor d’água no condensador.

Apresenta-se na Figura 3 o diagrama temperatura versus entropia (diagrama T-s) para o ciclo Rankine com superaquecimento e reaquecimento.

O vapor superaquecido a alta pressão e temperatura que deixa a caldeira é primeiramente expandido no estágio de alta pressão da turbina. O vapor expandido no estágio de alta pressão deixa a turbina em uma pressão intermediária (estágio de

média pressão) e retorna à caldeira onde é reaquecido. O vapor reaquecido retorna ao estágio de média pressão da turbina onde finalmente é expandido até a pressão de saída da turbina, no estágio de baixa pressão.

O objetivo do superquecimento do va- por é elevar a temperatura média na qual o calor é fornecido e, com isso, aumentar a eficiência termodinâmica do ciclo. O reaquecimento do vapor tem como obje- tivo reduzir o teor de umidade do vapor que expande no estágio de baixa pressão da turbina.

Figura 3. Diagrama temperatura versus entropia para o ciclo Rankine da Figura 2, onde p1 é a pressão no superaquecedor e p2 a pressão no reaquecedor da caldeira.

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†Desprezam-se as variações de energia cinética e potencial e a potência mecânica necessária para acionamento de equipamentos auxiliares.

Do ponto de vista construtivo, o superaquecedor e o reaquecedor são trocadores de calor gás-vapor d’água constituídos por dois coletores (de entrada e de saída) e por feixes de tubos com menor diâmetro soldados a eles. Por dentro dos coletores e dos feixes de tubos escoa o vapor d’água e externamente a eles fluem os gases oriundos da queima do combustível.

Representando por vm& a vazão mássica de vapor d’água produzida na caldeira e tomando por base a notação indicada na Figura 2, pode-se calcular a taxa líquida de trabalho produzido no ciclo Rankine com superaquecimento e reaquecimento, liqW& , por1†

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(1)

onde o símbolo hN, N e {1, 2, 3, 4, 5, 6} se refere à entalpia específica [J/kg] do vapor d’água no estado termodinâmico N. Os estados 2s e 4s indicados na Figura 3 representam os estados isentrópicos do vapor na saída dos estágios de alta e baixa pressão, respectivamente. Eles representam os estados ideais do vapor que seriam obtidos caso o processo de expansão nos estágios de alta e baixa pressão fosse adiabático e reversível (isto é, isentrópico). Os símbolos p1 e p3 indicados na Figura 3 referem-se, respectivamente, à pressão no superaquecedor e e à pressão no reaquecedor da caldeira.

A taxa total de transferência de calor para o vapor d’água, HQ& , durante o superaquecimento (processo 6-1) e o reaquecimento do vapor (processo 2-3) é dada por:

[ ] )()()( 564321 hhmhhhhmWWWW vvauxiliaresbombaturbinaliq −−−+−≈−−= &&&&&&

[ ] )()()( 564321 hhmhhhhmWWWW vvauxiliaresbombaturbinaliq −−−+−≈−−= &&&&&&

)()( 23613216 hhmhhmQQQ vvH −+−=+= −− &&&&&

(2)

A eficiência de primeira lei para o ciclo termodinâmico da Figura 2, hciclo, é simplesmente a razão Hliq QW && / . Outra grandeza de interesse para avaliação do desempenho termodinâmico da turbina é a sua eficiência isentrópica, hs,t. Para o estágio de alta pressão, a eficiência isentrópica é definida pela relação hs,t = (h1 - h2)/(h1 - h2s). Para os estágios de média e baixa pressão, a eficiência isentrópica é definida por hs,t = (h3 - h4)/(h3 - h4s). Os valores de entalpia nos estados termodinâmicos indicados na Figura 3 são obtidos a partir das tabelas de propriedades termodinâmicas do va- por d’água usando-se os valores de pres- são e temperatura do vapor nos pontos indicados na Figura 3 e fornecidos pelo sistema de supervisão da usina.

Do ponto de vista construtivo, uma turbina a vapor é composta de um eixo, apoiado em mancais, sobre o qual estão fixadas as rodas (ou discos) em cuja circunferência são encaixadas palhetas. Essas palhetas são denominadas palhe- tas móveis pois o conjunto eixo-disco-palhetas gira com uma velocidade de rotação prescrita. Este conjunto é envol- vido por uma estrutura metálica estacio- nária, normalmente bi-partida e aparafu- sada, denominada carcaça (casing). Na superfície da carcaça, são fixadas con- juntos de palhetas denominadas bocais (nozzles). Os bocais (palhetas fixas) e as palhetas móveis são responsáveis pela

)()( 23613216 hhmhhmQQQ vvH −+−=+= −− &&&&&

variação de direção do fluxo de vapor d’água. O conjunto eixo-disco-palheta recebe o nome de rotor. O conjunto disco-palheta recebe o nome de estágio de expansão. Usando a terminologia aqui descrita, o estágio de alta, média e baixa pressão de uma turbina é, na verdade, composto de vários estágios de expansão, isto é, de vários conjuntos disco-pallheta.

Ao escoar pelo conjunto de bocais e de palhetas móveis, há variação na direção e na magnitude da velocidade do vapor e, por conseguinte, variação no estado termodinâmico e na quantidade de movimento angular do vapor. Em razão da variação de quantidade de movimento angular, um torque resul- tante é aplicado ao eixo da turbina. Co- mo os mancais não restringem o movi- mento de rotação do eixo, o torque resul- tante promove a realização de trabalho mecânico. Posteriormente, o trabalho mecânico é convertido em energia elétri- ca, ao acoplar ao eixo da turbina um gerador elétrico.

Um dos componentes selecionados para avaliação de dano e de vida rema- nescente é o rotor de alta pressão da tur- bina a vapor. Um desenho esquemático do rotor investigado no projeto está ilustrado na Figura 4. Pode-se observar que o rotor de alta pressão indicado na Figura 4 possui sete estágios de ex- pansão. Detalhes do primeiro estágio de expansão no rotor de alta pressão e da geometria da palheta podem ser visualizados na Figura 5 (na página a seguinte).

Figura 4. Desenho esquemático do rotor de alta pressão.

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S e ç ã o T é c n i c a

Diferentes mecanismos de dano agem isolada ou concomitantemente nos três estágios de uma turbina a vapor. No estágio de alta pressão, em razão da elevada pressão e temperatura a que estão submetido os materiais constituintes dos componentes (estacio- nários e móveis), os principais mecanis- mos de degradação são a fluência e a fadiga termomecânica. Os locais mais propícios a iniciação de trincas são as regiões onde há variações no raio de curvatura da superfície do eixo como, por exemplo, a região de encaixe dos discos no eixo e a região de encaixe das palhetas nos discos (comumente denominadas rabos de andorinha ou dovetails). Esses locais são pontos de concentração de tensão mecânica. Ou- tro local crítico no estágio de alta pressão é a região do furo no eixo da turbina (bore hole).

4. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE DANO

O termo dano se refere a desconti- nuidades superficiais (microtrincas) e a descontinuidades volumétricas (micro- cavidades) no material, cujas dimen- sões características são muito infe- riores às dimensões macroscópicas do componente de interesse (no presente caso, o rotor de alta pressão). Do ponto de vista macroscópico, a presença de descontinuidades superficiais e volu- métricas contribui para a redução da área de material que efetivamente re- siste ao carregamento mecânico apli- cado ao componente de interesse. Sob a ação continuada de carregamentos me- cânico e térmico, tais descontinui- dades microscópicas crescem ao longo do tempo até atingirem dimensões de mesma ordem de grandeza que as dimensões macroscópicas do com- ponente de interesse e são então deno- minadas macrotrincas.

A chamada mecânica do dano é a parte da mecânica que estuda o

Figura 5. Desenho esquemático do primeiro estágio de expansão do rotor de alta pressão (à esquerda) e da geometria da palheta e da região de encaixe da mesma

no disco (rabo de andorinha, à direita)

comportamento mecânico de compo- nentes na presença de microtrincas e de microcavidades [3-5]. A análise do comportamento mecânico de com- ponentes na presença de macrotrincas faz parte do escopo da mecânica da fratura [5]. O objetivo da mecânica da fratura é prever a taxa de propagação e o tamanho crítico de uma macrotrinca que leva ao colapso estrutural do com- ponente em questão. A metodologia proposta está restrita ao campo de aplicação da mecânica do dano pois, no caso do rotor de alta pressão, o critério de falha é o surgimento de macrotrincas. Não se admite operar um equipamento complexo e vital para a integridade es- trutural de uma turbina, como o rotor de alta pressão na presença de macro- trincas.

Matematicamente, a variável escalar dano (por fluência ou por fadiga termomecânica) w(t) é definida pela seguinte razão de áreas:

00

0

0

)(1)()()(A

tAA

tAAA

tAt ttD −=−

==ω (3)

onde AD(t) e At(t) representam, respectivamente, a área das desconti- nuidades superficiais e volumétricas e área de material que efetivamente resiste ao carregamento mecânico, ambas avaliadas no instante de tempo

t. A metodologia de avaliação de dano no rotor de alta pressão compreende quatro etapas, as quais são resumidas nos próximos parágrafos.

A primeira etapa compreende a aquisição e pós-processamento das grandezas de processo relevantes. Re- presenta-se, respectivamente, por TC e TF os períodos de tempo de aquisição das grandezas de processo para ava- liação do dano por fluência e fadiga termomecânica. Na metodologia imple- mentada no programa TURBODIAG-SOMA, fixou-se TC = 24 horas e TF = 48 horas. Fixou-se TF em 48 horas porque verificou-se, em algumas ocasiões, que manobras de partida e parada da turbina se estendem pela madrugada do dia seguinte, de modo que 24 horas de aquisição é insuficiente para finalização daquelas manobras. Com o pós-processamento das grandezas de processo, obtêm-se os valores das grandezas de processo para a condição de carregamento estacionário (regime permanente) e de carregamento cíclico (regime transiente).

A segunda e a terceira etapas compre- endem o cálculo do dano por fluência e por fadiga termomecânica, com o auxílio dos chamados modelos de dano. Os modelos de dano existentes derivam de equações empíricas para

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sua evolução ao longo do tempo, o qual é expresso em horas, no caso da fluência, ou em ciclos de carregamento, no caso da fadiga termomecânica. O resultado dos modelos de dano são o tempo de ruptura à fluência e o número de ciclos até a iniciação de macrotrincas por fadiga termomecânica. A última etapa compreende o cálculo do dano total acumulado por fluência e fadiga termomecânica, durante um período de avaliação de 48 horas.

4.1 Aquisição e pós-processamento das grandezas de processo

As grandezas de processo necessárias para avaliação do dano por fluência e fadiga termomecânica no rotor de alta pressão são a pressão e temperatura do vapor d’água na entrada da turbina, respectivamente representadas por pv e Tv (valores de pressão e temperatura no ponto 1 da Figura 2), a temperatura de metal na superfície interna da carcaça, Ti,c, a potência gerada, turbinaW&, e a velocidade de rotação da turbina, Wturbina. Todas essas grandezas são medidas por sensores apropriados, armazenadas no sistema de supervisão e, posteriormente, gravadas no banco de dados do programa TURBODIAG-SOMA a cada período de amostragem.

É importante mencionar também que não há sensores de temperatura e de pressão no bocal de entrada do primeiro estágio de expansão da turbina. Por esse motivo, a temperatura e a pressão do vapor na linha de vapor superaquecido foram utilizadas como aproximações para aquelas grandezas de processo. O período de amostragem Ts das grandezas de processo foi fixado em 5 minutos. Na Figura 6, são apresentados graficamente os sinais brutos de pressão e temperatura do vapor, para o período total de aquisição de 48 horas.

O primeiro pós-processamento rea- lizado com os sinais brutos coletados compreende a suavização dos mesmos

para minimizar oscilações espúrias tais quais as ilustradas no gráfico da Figura 6. Estas oscilações espúrias têm curta duração e podem ser oriundas de leituras errôneas dos instrumentos de medição ou de manobras de ope- ração intempestivas. Em razão da curta duração, sua minimização não compromete o cálculo do dano. Imple- mentou-se um algoritmo de média móvel para suavização dos sinais brutos.

O segundo pós-processamento consis- te em verificar se as grandezas cole- tadas, após a etapa de suavização, são representativas para avaliação dos meca- nismos de degradação por fluência e fadiga termomecânica. A fluência é um mecanismo de degradação de um me- tal em alta temperatura e submetido a carregamento mecânico estacionário. A fadiga termomecânica é um mecanismo de degradação de um metal submetido a alta temperatura e a ciclos de carre- gamento térmico e mecânico onde, normalmente, há deformação plástica localizada. Por esse motivo, as grandezas de processo coletadas somente são representativas para avaliação do dano por fluência e fadiga termomecânica

Figura 6. Sinais brutos referentes à pressão e temperatura do vapor

quando os valores mínimos da pressão e da temperatura do vapor são superiores a 80 bar e a 200 oC, respectivamente. Com o segundo pós-processamento, eliminam-se dos sinais suavizados todas as medidas coletadas em instantes de tempo para os quais a pressão e a temperatura do vapor são inferiores a 80 bar e a 200 oC, respectivamente.

O terceiro pós-processamento tem dois objetivos. O primeiro objetivo é identificar os dois tipos de regime de operação do componente: (i) operação em base (regime permanente) e (ii) operação em regime transiente. Uma vez identificado o regime de operação, o segundo objetivo é extrair dos sinais anteriormente processados (após as duas etapas de pós-processamento) apenas as informações relevantes para avaliação do dano em questão. Por exemplo, para avaliação do dano por fluência, devem-se eliminar dos sinais trechos correspondentes a transientes de operação. Por outro lado, para avaliação do dano por fadiga termomecânica, devem-se eliminar dos sinais trechos correspondentes à operação em regime permanente.

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S e ç ã o T é c n i c a

Para a identificação do regime de operação, deve-se escolher uma gran- deza de processo cuja variação temporal caracterize inequivocamente os dois tipos de operação. Para o rotor de alta pressão, escolheu-se como grandeza de controle a temperatura na superfície interna da carcaça (temperatura de metal), Ti,c. Em outras palavras, a terceira etapa de pós-processamento consiste em identificar se há ou não operação em regime transiente. Se há regime transiente de operação, tem-se que identificar o seu início e o seu final. Caso contrário, o sinal analisado corresponde a um regime de operação em base.

Na Figura 7 apresenta-se o resulta- do da terceira etapa de pós-processa- mento, com a identificação do início e do final de um transiente de operação através do algoritmo de identificação desenvolvido. A operação transiente in- dicada na Figura 8 representa uma par- tida da turbina. A grandeza de processo indicada nesta figura corresponde à temperatura na superfície interna da carcaça. Apenas os valores compreen- didos entre o início e o final do transiente (indicados pelos símbolos na cor azul) são utilizados para avaliação do dano por fadiga termomecânica; o restante dos dados (indicados pelos símbolos na cor preta) é descartado.

Na seção 4.2, descreve-se a metodo- logia desenvolvida para o cálculo do da- no por fluência, o qual depende dos valores médios de pressão e temperatura do vapor, de temperatura na superfície interna da carcaça e de potência da turbina. Na seção 4.3, descreve-se a metodologia desenvolvida para o cálcu- lo do dano por fadiga termomecânica. Três grandezas são necessárias para avaliação do dano por fadiga termo- mecânica: (i) a duração do transiente; (ii) a variação de temperatura do vapor durante o transiente, e (iii) a variação de temperatura da carcaça durante o transiente. Todas essas grandezas são

Figura 7. Ilustração da terceira etapa de pós-processamento para identificação do início e do final de uma operação transiente (operação em regime transiente)

Figura 8. Geometria do primeiro estágio de expansão do rotor de alta pressão

obtidas com o pós-processamento das grandezas de processo.

4.2 Cálculo do dano por fluênciaO dano por fluência para a i-ésima

condição operacional em regime permanente durante o intervalo de avaliação, doravante designado pelo símbolo wC,i, é obtido a partir da regra de Robinson, isto é, wC,i = ti/tR,i onde ti

e tR,i representam, respectivamente, o tempo de operação na i-ésima condi- ção operacional e o tempo de ruptura por fluência para esta condição opera- cional. O tempo de ruptura por flu- ência depende da temperatura e das tensões mecânicas no rotor de alta pressão. O estado de tensão mecânica no rotor depende da geometria e do

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carregamento termomecânico ao qual o rotor está sujeito. Informações sobre o tempo de operação e sobre o carre- gamento termomecânico são extraídas com o pós-processamento das grande- zas de operação.

Para obtenção das tensões mecânicas no primeiro estágio de expansão do rotor de alta pressão, adotou-se o mode- lo axissimétrico simplificado indicado na Figura 8. Nesta figura, também está representada a geometria da carcaça para o primeiro estágio de expansão. Os parâmetros geométricos do rotor e da carcaça utilizados no cálculo do dano por fluência estão indicados na Figura 8. Estes parâmetros são o raio do furo r1R, o raio externo do eixo r2R, o raio do disco r3R, a largura do disco l, o raio interno da carcaça r1C e o raio externo da carcaça r2C. Para o rotor analisado, os valores de r1R, r2R e r3R são, respectivamente, 48 mm, 365 mm e 471 mm. Os valores de r1C e r2C são, respectivamente, 555 mm e 760 mm.

O estado de tensões no rotor de alta pressão da Figura 8 é resultante da pressão exercida pelo vapor sobre o disco, da força centrífuga oriunda da rotação do conjunto eixo-disco e da dilatação térmica oriunda da diferença de temperatura entre a região do furo e a superfície livre do disco. Para determinar a tensão mecânica oriunda da dilatação térmica, deve-se, primeiramente, obter o campo de temperaturas na superfície do rotor, TR(r), expresso por:

+=R

R

R

RRRR r

r

rr

TTTrT1

1

2

121 ln

ln)( .

(4)

onde T1R e T2R representam, respectiva- mente, a temperatura nas superfícies interna (r = r1R) e externa (r = r2R) do rotor. Com base na troca térmica por convecção entre o vapor d’água e a superfície do rotor, obtém-se a seguinte relação entre as temperaturas T2R e T1R:

(5)

onde d2R = 2r2R e hcR representa o coeficiente de transferência de calor por convecção entre o vapor e a superfície do rotor em r = r2R. Este coeficiente é obtido a partir de correlação empí- rica para o número de Nusselt, Nu, parâmetro adimensional que represen- ta uma medida do gradiente de tempe- ratura do vapor na superfície do rotor em contato com o mesmo. O número de Nusselt, Nu, para o escoamento do vapor sobre a superfície externa do rotor é definido por:

),(2

vvv

RcR

TpdhNu

λ=

(6)

onde ),( vvv Tpλ representa a condutividade térmica do vapor, a qual depende dos valores médios da pressão e da temperatura do vapor. A correlação empírica adotada neste projeto para o número de Nusselt é dada pela expressão a seguir, extraída da Refs. [6,7]

(7)

Na Eq. (7) os símbolos av e nv repre- sentam, respectivamente, a difusividade térmica e a viscosidade cinemática do vapor d’água, ambas dependentes dos valores médios da pressão e da temperatura do vapor, e G é a rotação da turbina expressa em rpm. O primeiro termo dentro de parênteses no lado

−−=

R

RRvR

R

cRRR r

rTTdhTT1

22221 ln)(

33,08,0

2

2122

),(),(

60),(21038,0

−=

vvv

vvv

R

RCR

vvv

R

TpTp

rrrGd

TpdNu

ανπ

ν

33,08,0

2

2122

),(),(

60),(21038,0

−=

vvv

vvv

R

RCR

vvv

R

TpTp

rrrGd

TpdNu

ανπ

ν

direito da Eq. (7) representa o número de Reynolds para o escoamento do vapor no interior da região delimitada pela superfície do rotor e da carcaça.

Deve-se observar que a temperatura medida Ti,c corresponde à temperatura na superfície interna da carcaça, a qual não é exatamente igual à temperatura T2R, pois há troca térmica por convecção entre a superfície interna da carcaça e o vapor. Entretanto, espera-se que esta diferença seja pequena no regime permanente de operação e, por esse motivo, adota-se a aproximação T2R » Ti,c. Logo, a temperatura na superfície do furo é:

−−=

R

RcivR

R

cRciR r

rTTdhTT1

2,2,1 ln)(

2λ (8)

e a diferença de temperatura, DTR = T2R - T1R, responsável pela dilatação térmica do rotor é simplesmente:

(9)

Uma vez obtida a distribuição de temperaturas no rotor, procede-se ao cálculo das tensões mecânicas. Expressões analíticas para as tensões mecânicas na direção radial, sr, na direção tangencial ou circunferencial, sq, e na direção axial, sz, em função da coordenada radial r, são apresentadas na Ref. [1]. Para o caso mais geral de um estado triaxial de tensões, utilizou-se a tensão equivalente de von Mises, seq, como a tensão mecânica representativa do estado de tensões no rotor. Três abordagens foram empregadas para avaliação do tempo de ruptura por fluência tR,i em termos da tensão equivalente seq e da temperatura média do rotor: (i) parâmetro de Larson-Miller

−=−≈−

R

RcivR

R

cRRciRR r

rTTdhTTTT1

2,21,12 ln)(

−=−≈−

R

RcivR

R

cRRciRR r

rTTdhTTTT1

2,21,12 ln)(

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S e ç ã o T é c n i c a

[8]; (ii) parâmetro de Manson-Haferd [8] e (iii) leis de evolução do dano de Kachanov-Rabotnov [3-5].

4.3 Cálculo do dano por fadiga termomecânica

O dano por fadiga termomecânica para o i-ésimo transiente de operação durante o intervalo de avaliação, doravante designado pelo símbolo wF,i, é obtido a partir da regra de Palmgreen-Miner, definida por wF,i= Ni/NR,i, onde Ni e NR,i representam, respectivamente, o número de ciclos de carregamento e o número de ciclos até a iniciação de trincas por fadiga associados ao i-ésimo transiente de operação.

O número de ciclos até a iniciação de trincas por fadiga, NR,i, depende de parâmetros que caracterizam os ciclos de carregamento térmico e mecânico tais como a temperatura média, a variação de temperatura, a tensão média e a variação de tensão. A variação de tensão, por sua vez, está relacionada à variação de deformação total a qual o material é submetido durante o ciclo de carregamento termomecânico. Esta variação de deformação depende da variação de temperatura, do coeficiente de troca térmica na superfície do rotor, da geometria do rotor e das propriedades térmicas do seu material constituinte.

A variação de deformação total (nominal) é calculada com o auxílio das curvas indicadas na Figura  9. Após a coleta e pós-processamento das grandezas de operação, obtêm-se a variação de temperatura do vapor DTv(Q)

e a duração Dt(Q) = tf(Q) - ti

(Q) do Q-ésimo transiente de operação, Q = 1, 2, ...; deve-se observar que Dt(Q) ≤ 48 horas. Define-se a duração adimensional Dt(Q) do Q-ésimo transiente de operação da seguinte maneira:

onde o produto (ρcP)R representa a capacidade térmica volumétrica do material do rotor. Tanto a condutividade térmica quanto o calor específico à pressão constante variam com a tem- peratura; entretanto, pode-se conside- rar, para efeitos de cálculo do dano por fadiga termomecânica, valores médios dessas propriedades para a faixa de temperatura tipicamente encontrada durante a operação da turbina.

A variação de deformação depende também do número de Biot, Bi, parâmetro adimensional que expressa a razão entre a resistência térmica à con- dução e a resistência térmica à con- vecção na superfície do rotor definida por r = r2R. O número de Biot é definido por:

(11)

Uma vez calculados Dt(Q) e Bi com o auxílio das equações (10) e (11) obtém-se o valor da razão Detn/(2aDTv(Q)) diretamente do gráfico ilustrado na Figura 9. Como a difusividade térmica a do aço do rotor e a variação de temperatura DTv(Q) são conhecidos, obtém-se, imediatamente, a variação de deformação total nominal Detn. Por causa da presença de entalhes, mudanças de raio de curvatura em uma geometria típica de um rotor real, a variação de deformação real é obtida multiplicando-se o valor nominal, Detn, pelo fator de concentração de deformação Ke; Det  =  Ke ´Detn. O fator de concentração de deformação, Ke, é obtido a partir da curva indicada na Figura 9 à direita, correspondente a KT = 3. Escolheu-se o fator de concentração de tensões KT = 3, pois o mesmo é representativo da geometria do rotor de alta pressão investigado, conforme demonstrado nos resultados de simulações numéricas realizadas pela equipe do CEPEL.

R

RcR rhλ

2Bi =

O número de ciclos até a iniciação de trincas, NR,i, é obtido a partir da curva de Det versus NR para o aço CrMoV do rotor, tal qual a curva indicada na Figura 10, extraída da Ref. [9] e obtida para uma temperatura fixa em 550ºC.

4.4 Cálculo do dano total acumulado por fluência e fadiga termomecânica

O dano total acumulado por fluência e fadiga, desde a data de implantação do sistema TURBODIAG-SOMA na usina até o Q-ésimo período de avaliação, wCF

(Q), Q = 1, 2, ..., é simplesmente a soma dos danos acumulados por fluência e fadiga até aquele período, ou seja,

wCF(Q) = wCF

(Q-1) + DwC(Q) + DwF(Q). (12)

com wCF(0) = wC

(0) + wF(0). Os danos iniciais

wC(0) e wF

(0) foram estimados usando-se a metodologia proposta com valores médios das grandezas de processo, do tempo de operação em base e do número de partidas e paradas da unidade. Estes valores médios foram fornecidos pela equipe de engenharia da usina. Os valores iniciais obtidos para o primeiro estágio de expansão de rotor de alta pressão foram wC

(0) = 24% e wF(0) = 5%.

5. RESULTADOS OBTIDOSNesta seção, são apresentados resulta-

dos obtidos com o sistema TURBODIAG-SOMA para o dano total acumulado e para a vida remanescente do rotor de alta pressão. Os resultados apresentados foram extraídos da interface gráfica do programa TURBODIAG-SOMA em 2014.

Na Figura 12 apresenta-se a curva de evolução do dano total acumulado por fluência e fadiga termomecânica para o rotor de alta pressão, para o período de 01 de dezembro de 2013 a 10 de julho de 2014.

As descontinuidades ou interrupções nas curvas ilustradas na Figura 12 são oriundas da inexistência de grandezas de processo no banco de dados do

22

)()(

)(RRP

R

rQt

cQ D

=Dρλτ

(10)

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Figura 9. Variação de deformação total na superfície do rotor (à esquerda) e fator de concentração de deformação (à direita) para aços baixa liga do tipo CrMoV (retirado de Viswanathan [8])

Figura 10. Curva Det Curva versus NR para o aço CrMoV a 550ºC (adaptada da Ref. [9]).

Figura 12. Evolução do dano total por fluência e fadi-ga termomecânica no rotor de alta pressão: dezem-

bro de 2013 a julho de 2014.

Figura 13. Diagrama de dano para o rotor de alta pressão. O eixo vertical representa o dano por fadiga

termomecânica e o eixo horizontal o dano por fluência. Período de visualização: dezembro de 2013 a julho de

2014.

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S e ç ã o T é c n i c a

sistema TURBODIAG-SOMA para os intervalos de tempo correspondentes, o que inviabiliza o cálculo de dano e de vida remanescente para aqueles intervalos de tempo. Deve-se observar que os trechos para os quais não há dados armazenados podem ser desprezados se comparados ao período de tempo para os quais há, de fato, dados armazenados para avaliação do dano e da vida remanescente. Este comportamento é um indicativo da robustez e do bom desempenho do sistema TURBODIAG-SOMA.

Na Figura 13, apresenta-se o dia- grama de dano no qual é possível identificar envelopes de dano ,os quais definem as regiões de segurança do componente, e a evolução do par-ordenado (wC(Q),wF(Q)) para o período de análise selecionado. O par-ordenado (wC(Q),wF(Q)) é representado por um ponto (envolvido por um círculo na Figura 15) no diagrama de dano. Com base no resultado indicado na Figura 15 pode-se concluir que o rotor de alta pressão está na região de segura com larga folga.

6. CONSIDERAÇÕES FINAISNeste trabalho apresentou-se a me-

todologia desenvolvida para avaliação do dano acumulado por fluência e fa- diga termomecânica no rotor de alta pressão de turbinas a vapor. A meto- dologia de avaliação de dano e de vida remanescente foi transformada em um código computacional escrito na lingua- gem do programa MathCad versão 14 e incorporada à plataforma computa- cional TURBODIAG-SOMA. Esta plata- forma é uma poderosa ferramenta ge- rencial para o acompanhamento da condição operacional do rotor e deve ser utilizada pela equipe de operação e manutenção da turbina para auxiliar a tomada de decisão quanto à parada ou não da unidade.

Diversas informações são disponibi-

lizadas na interface gráfica da plataforma TURBODIAG-SOMA, dentre as quais cabe destacar a evolução do dano por fluência e fadiga termomecânica ao longo do tempo. É possível observar em tempo real a evolução do par ordenado (wC, wF) em direção às superfícies limítrofes da região de segurança (envelopes de dano). Verificou-se que o dano total acumulado no rotor de alta pressão é inferior a 27%, ou seja, pouco mais de 25% da vida útil do rotor foi consumida devido aos mecanismos de fluência e fadiga termomecânica.

Futuramente, pretende-se incorporar melhorias à metodologia proposta para avaliação de dano em componentes de turbinas a vapor submetidos aos mecanismos de degradação por fluência e fadiga termomecânica. Dentre as melhorias a serem incorporadas pode-se citar:

1) a realização de ensaios de fadiga termomecânica no CEPEL e obtenção de curvas de Det versus NR para ciclos de carregamento térmico e mecânico mais fidedignos da condição real de operação em campo;

2) a implementação de equações de evolução do dano por fluência extraídas da teoria da mecânica do dano contínuo para avaliação do acréscimo de dano por fluência;

3) a implementação de leis de evolução para o dano total acumulado, considerando o mecanismo de interação fadiga-fluência, a fim de obter estimativas mais acuradas para a vida remanescente do rotor; e

4) a implementação de modelos estatísticos de evolução de dano, de modo a levar em consideração, de maneira matematicamente rigorosa, diferentes fontes incertezas oriundas, por exemplo, de dados obtidos em laboratório, do(s) próprio(s) modelo(s) para evolução do dano e de grandezas medidas em campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Matt C. F., Cardoso B. R. e Furtado H. C., 2014, Metodologia de avaliação de dano total acumulado e de vida remanescente de componentes de plantas termelétricas – Parte 1: Rotor de alta pressão, Relatório Técnico DTE 18428/14, 58p, Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, Rio de Janeiro, Brasil.[2] Matt C. F., Cardoso B. R., Santos F. M. F., Michalski M. A. C. e Furtado H. C., 2009, Descrição da metodologia de avaliação de vida remanescente desenvolvida durante a vigência do projeto de pesquisa Turbodiag, Relatório técnico DTE 42544/09, 105p, Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, Rio de Janeiro, Brasil.[3] Kachanov L. M., 1958, Time of the rupture process under creep conditions, Izv. Akad. Nauk., SSR, Otd Tekh. Nauk No. 8, pp. 26-31.[4] Rabotnov Y. N., 1969, Creep problems in structural members, North-Holland.[5] Chaboche J-. L., 1988, Continuum damage mechanics: Part I – General concepts, Journal of Applied Mechanics, Vol. 55, pp. 59 – 64.[6] Jing J. P., Sun Y., Xia S. B. e Feng G. T., 2001, A continuum damage mechanics model on low cycle fatigue life assessment of steam turbine rotor, International Journal of Pressure Vessels and Piping, Vol. 78, pp. 59-64.[7] Jing J. P., Guang M., Sun Y. e Xia S. B., 2003, An effective continuum damage mechanics model for creep-fatigue life assessment of a steam turbine rotor, International Journal of Pressure Vessels and Piping, Vol. 80, pp. 389-396.[8] Viswanathan R., 1993, Damage Mechanisms and Life Assessment of High-Temperature Components, ASM International, New York.[9] Colombo F., Mazza E., Holdsworth S. R. e Skelton R. P., 2008, Thermo-mechanical fatigue tests on uniaxial and component-like 1CrMoV rotor steel specimens, International Journal of Fatigue, Vol. 30, pp. 241-248.

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Avaliação estrutural de chassi de caminhão fora de estrada

1Engenheiro Mecânico – ISQ Brasil2 Mestre, Engenheiro Mecânico – ISQ Brasil

Copyright 2017, ABENDI, ABRACO, ABCM, IBP e FBTS.Trabalho apresentado durante a 14ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos.As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).

Bruno Martins A. Tudeia1

Fernando C. Santos²Flávio H. D. Lasmar1

Vítor Limong1

1. INTORDUÇÃOCaminhões fora de estrada são

largamente empregados na extração de minério de ferro, sendo de grande importância a garantia da confiabilidade dos mesmos e a disponibilidade destes ativos contribui de forma significativa para a redução de custos e aumento da produtividade de uma mina. Fato- res como altas velocidades de opera- ção e grande carga transportada afetam diretamente a durabilidade dos cami- nhões com grande perda econômica para as mineradoras quando ocorre avarias na máquina.

O chassi de um caminhão fora de estra- da é a estrutura que suporta todos os seus subsistemas como motopropulsor, freio, eletrônica, suspensão, direção, além da caçamba e do material transportado, tornando-se um componente importan- te do comportamento mecânico do equipamento. Desta forma, a avaliação do chassi é de grande importância para identificação da vida útil do equipa- mento.

Análises computacionais de estruturas utilizando o método de elementos fini- tos para resistência mecânica são ampla- mente utilizadas devido à alta velocida-de na obtenção dos resultados. Na ela- boração deste modelo computacional

SINOPSEDescrição de um estudo numérico-experimental do chassi de um caminhão fora de estrada utilizado no transporte de minério. A avaliação da distribuição de tensões utilizando o método dos elementos finitos foi realizada para a identificação dos estados de tensão e dos pontos críticos da estrutura, e paralelamente, foram realizados procedimentos experimentais para a obtenção das deformações e das acelerações desenvolvidas pelo equipamento utilizando-se extensômetros e acelerômetros. Os dados experimentais foram utilizados como condições de contorno, validação do modelo computacional e aplicados no estudo de fadiga com a metodologia Rain Flow para a contagem dos ciclos de tensões juntamente com a regra de Palmgren-Miner para a determinação do dano acumulado em cada ciclo. As análises de resistência mecânica do chassi indicaram as regiões críticas da estrutura e as mesmas apresentaram estimativas de vida em fadiga insatisfatórias. Assim, reforços estruturais foram elaborados a fim de atingir a vida em fadiga desejada.

é feita uma escolha do tipo de elemen- to a ser utilizado com uma posterior determinação e aplicação das condições de contorno, como os carregamentos e pontos de fixação da estrutura. Após a construção do chassi é importante a realização de testes para validar os estu- dos computacionais e verificar as carac- terísticas de projeto do chassi, como a análise experimental de tensões.

É importante que na modelagem do problema seja analisado o elemento mais adequado. A correta seleção do ele- mento pode aumentar a precisão do resul- tado e reduzir o esforço computacional.

A análise experimental de tensões fornece parâmetros para a calibração e validação do modelo computacional, trazendo confiabilidade as análises realizadas. Utiliza-se, também, medição experimental das acelerações a fim de obter as cargas atuantes na estrutura e aplicá-las no modelo computacional.

Segundo Doyle (1), o extensômetro é uma das ferramentas mais confiáveis para realização de uma análise de tensões experimental. O princípio de fun- cionamento do extensômetro está na característica de um condutor apresen- tar uma mudança no valor de sua resis- tência quando sujeito a uma deformação. Fixando-se um extensômetro em uma

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estrutura é possível determinar a deformação do material e com os resultados pode-se calcular o valor da tensão atuante.

Os objetivos deste trabalho são avaliar a resistência mecâni-ca e vida em fadiga do chassi de um caminhão fora de estrada com capacidade nominal de 95t utilizando análises compu-tacionais conjuntas com dados experimentais, identificar a causa do surgimento de trincas e propor de melhorias para o aumento da resistência a fadiga deste componente.

2. ELABORAÇÃO DO MODELO COMPUTACIONALCom base nas dimensões gerais do chassi e os dados

do levantamento de campo, foi elaborado o modelo tridi- mensional do chassi e apresenta uma configuração com- posta por duas longarinas longitudinais de aço de alta resis- tência sendo estas unidas por elementos de secção tubular. A Figura 1 apresenta o modelo tridimensional do chassi e do eixo âncora do caminhão.

Posteriormente elaborou-se um modelo numérico em elementos finitos para análise linear elástica do chassi, no programa Ansys 17.0. De acordo com Cook (2), o método dos elementos finitos envolve a divisão do componente em estudo em uma série de elementos, onde o comportamento de cada ele- mento é descrito de uma maneira simplificada, sendo as conexões entre os elementos denominadas de nós. Este processo de discretização resulta em um arranjo de equações algébricas as quais descrevem o comportamento da estrutura em estudo.

Existem várias abordagens aplicadas em problemas envolvendo elementos finitos e, de forma simplificada, são apresentados na Figura 2 os passos comumente seguidos.

Durante a aplicação deste procedimento computacional foi realizada o teste de sensibilidade de malha junta- mente com a validação dos resultados obtidos Estes dois passos foram realizados para garantia da confiabilidade dos resultados obtidos.

O chassi em estudo é composto por chapas e tubos com espessuras relativamente baixas. O tipo de elemento mais indicado para esta configuração é o elemento combinado de casca e placa. A escolha deste elemento para a estrutura do chassi promoverá resultados suficiente bons a um reduzi- do custo computacional.

As principais massas fixadas no chassi foram consideradas nas simulações sendo estas representadas por elementos de massa. Os elementos de massa foram inseridos para simplifi-car o estudo, uma vez que aplicada uma aceleração na simula-ção, o programa automaticamente calcula os carregamentos causados por cada massa no chassi.

Os esforços solicitantes sobre a estrutura foram determi- nados a partir das acelerações aplicadas ao modelo, de acordo com cada caso de carregamento, tendo como base os resultados experimentais. As massas dos diversos com- ponentes do caminhão foram extraídas de manuais e/ou esti-

Figura 1. Modelo tridimensional do chassi

Figura 2. Diagrama para um estudo em elementos finitos para uma análise linear

madas com base nas características dos componentes.O chassi está sujeito às acelerações nas direções longitudi-

nal, lateral e vertical (“bump”). Os carregamentos inse- ridos são provenientes de medições de aceleração nas direções x, y e z, de acordo com o eixo de coordena- das da Figura 1 do caminhão realizando os trajetos com a instalação de um acelerômetro tri-axial.

No modelo computacional foram inseridas as molas do sistema de suspen-são. Por se tratar de uma análise estática, o efeito da ação dos amortecedores foi considerado através da aplicação da um aumento da constante de rigidez das molas.

3. ANÁLISES EXPERIMENTAISO nível de tensão durante a operação do caminhão foi

realizado por meio de monitoramento das tensões na estrutura do chassi com a utilização de extensômetros resistivos (strain gage) com o intuito de identificar o nível de solicitação real e validar o modelo numérico.

O chassi foi instrumentado em pontos especificamente se- lecionados, com base no modelo de elementos finitos, onde

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foram instalados 8 sensores ao longo do chassi e eixo âncora. Os extensômetros foram monitorados durante a realização de dezesseis trajetos podendo-se veri- ficar as nove condições de operação do caminhão, conforme a medição de ten- sões foi realizada em um período de 26 e 27/10/2016, em que foram percorridos 16 trajetos, simulando 9 condições de operação, sendo a combinação das ve- locidades máximas de 30, 40 e 50 km/h com as cargas transportada de 85, 95 e 105 t. Juntamente com o monitoramento de tensões, foram realizadas medições de aceleração nos eixos x, y e z através da instalação de um acelerômetro tri-axial e de velocidade e posição por meio de GPS.

4. ANÁLISES DE RESISTÊNCIA ME- CÂNICA

A avaliação de resistência mecânica do chassi foi realizada com base nos resultados do modelo computacional em elementos finitos. Para a verificação da confiabilidade deste modelo, os resultados computacionais foram com- parados com os resultados experi- mentais. Na verificação do modelo com- putacional confirmou-se a conformi- dade das condições de contorno aplica- das e as posições das massas fixadas ao chassi.

Durante a avaliação estática os pon- tos mais solicitados do chassi foram identificados. Para estes pontos críticos avaliou-se inicialmente falha por critério admissível a tensão de escoamento do material. Posteriormente foi aplicado um estudo para a determinação da estimativa da vida em fadiga nestes pontos mais solicitados. O fluxograma da Figura 3 ilustra a metodologia aplica- da na avaliação estrutural.

O estudo de fadiga foi realizado con-forme o EUROCODE (3), que trata de fa-diga em estruturas de aço. Neste estudo foi aplicada a metodologia Rain Flow para a contagem dos ciclos de tensões, obtidos pelo estudo de extensometria, juntamente com a metodologia da re-gra de Palmgren-Miner para a deter-minação do dano acumulado em cada

ciclo. A Figura 4 resume a metodologia aplicado no estudo de fadiga.

A análise de fadiga foi realizada de maneira analítica tendo-se como dados de entrada os resultados do modelo computacional para identificação dos níveis de solicitação e os resultados da análise experimental de tensões para contagem dos ciclos de carga.

5. RESULTADOSOs resultados foram divididos nas

avaliações das seguintes subestruturas: • Aba (suporte) de fixação do cilindro

de basculamento;• Longarinas do chassi;• Eixo âncora (eixo traseiro).5.1 Avaliação da Aba de Fixação do

Cilindro de BasculamentoA Figura 5 apresenta o resultado das

tensões medidas na aba externa da chapa de apoio do cilindro durante um ciclo de basculamento, sendo apresen- tada na Figura 6 a distribuição de ten- sões verificada no modelo computacio- nalFigura 5: Resultados da extensome- tria na aba externa de fixação do cilindro de basculamento (a) durante todo um trajeto percorrido pelo caminhão e (b) apenas durante o intervalo de basculamento.

A fixação é feita de chapas ASTM A131, material que apresenta um limite de escoamento igual a 360 MPa e um limite de resistência de 490MPa. Aplicando-

se um fator de segurança de 1,5, ob- tém-se uma tensão admissível igual a 240Mpa. Verifica-se que as tensões atuantes no modelo computacional estão abaixo da tensão admissível admitida para o material. Identificou-se que as soldas superiores das chapas externas apresentam baixa solicitação, em contrapartida verificou-se tensões próximas da tensão admissível na solda do suporte do cilindro de basculamento com estas chapas.

5.2 Avaliação das Longarinas do ChassiNa Figura 7 está apresentado o

resultado da análise experimental de tensões para o ponto localizado na região central do chassi na superfície inferior da longarina.

Com os resultados apresentados na Figura 7 verifica-se que o carregamento dinâmico introduzido na estrutura devido à queda de minério é baixo. Este comportamento ocorre devido ao fato do minério ser adicionado de maneira gradativa, além de ser um composto particulado, o que ajuda no amortecimento durante a queda.

No modelo computacional foram aplicadas as acelerações apresentadas na Tabela 1 (nas páginas seguintes)

O material de fabricação do chassi apresenta um limite de escoamento de 367 MPa e um limite de resistência à ruptura de 541 MPa. Adotando-se um fator de segurança igual a 1,5, obtém-

Figura 3. Fluxograma representando a metodologia aplicada

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se uma tensão admissível igual a 244 MPa. Pode-se verificar nos resultados que as tensões atuantes nas longarinas permaneceram abaixo da tensão admissível do material. Na Figura 8 estão indicadas as regiões mais solicitadas das longarinas, nas quais foram aplicadas as avaliações de fadiga.

5.3 Avaliação do Eixo ÂncoraO eixo traseiro do caminhão é fixado

na estrutura do chassi pelo eixo âncora. A união do eixo âncora ao chassi é feita através de uma junta rotulada a pelos cilindros da suspensão traseira.

A contenção lateral do eixo âncora é realizada por uma haste, como indicado na Figura 9.

No eixo âncora foram instalados dois extensômetros nos pontos indicados na Figura 10. Estes pontos foram esco- lhidos com o objetivo de verificar os es- forços normal e flexão atuantes no com- ponente.

Os resultados da extensometria confir- mam que a estrutura do eixo âncora apresenta uma combinação dos esfor- ços normal e flexão durante todo o tra- jeto sendo identificada uma maior soli- citação na região inferior deste compo- nente. Dentro do intervalo de movimen- tação com a caçamba carregada verifica-se um espectro de sinal oscilante de amplitude constante e elevada, sendo este detalhado na Figura 12.

O resultado apresentado na Figura 12 é verificado devido à atuação do contro- le automático de da velocidade do cami- nhão que atua apenas no eixo traseiro durante os trechos de descida. O freio automático atua em curtos intervalos de tempo e de maneira sucessiva, gerando um esforço oscilante no eixo âncora.

A Figura 13 e apresenta a distribuição de tensões do modelo computacional. Durante a avaliação deste componente, foram aplicadas as mesmas condições de contorno utilizadas na avaliação das longarinas.

Verifica-se nos resultados do modelo computacional uma maior solicitação nos locais indicados na Figura 13. Estes locais correspondem aos pontos de ligação entre as partes fundida e de

Figura 4. Metodologia do estudo de fadiga – Adaptado de EUROCODE (3)

chapa, sendo um local de variação de espessura e correspondendo a um local de concentração de tensões. Estes locais de descontinuidades serão alvo de análise de fadiga, pois estão mais susceptíveis ao surgimento de trincas.

5.4 Análise de FadigaFoi considerado que a estrutura do

chassi deve possuir vida útil de 65.000 h e que as regiões com vida estimada menor estão reprovadas e necessitam de aplicação de reforços. As análises de fadiga foram aplicadas nas regiões mais críticas das longarinas, das abas de fixação dos cilindros de basculamento e do eixo âncora.

A análise das longarinas indicou que estas estão aprovadas não sendo necessárias modificações estruturais.

No caso do eixo âncora existem pontos localizados de concentração de tensões que foram reprovados em todas as condições de operação, sendo a menor estimativa de vida de 5.000 h. Nas demais regiões do eixo ancora o componente está em concordância com as condições operacionais. Neste caso é necessário reforço estrutural pa- ra adequar a vida nestes pontos localizados.

As abas de fixação do cilindro de basculamento possuem pontos de con- centração de tensão, os quais foram reprovados para as diferentes condi- ções de operação sendo verificada uma estimativa de vida de 14.000 horas. As- sim com verificado no eixo âncora, mo- dificações estruturais devem ser aplicadas para estes componentes.

5.5 Modificações PropostasForam verificados dois pontos críticos

na estrutura que deverão ser mo- dificados para a elevação da vida útil do caminhão, sendo eles:

• Solda de fixação do eixo de sus- tentação do cilindro de basculamento;

• Solda de união entre as partes fundida e de chapa do eixo âncora;

A Figura 14 e a Figura 15 indicam os pontos críticos identificados

Verificou-se que a elevação da espes- sura da aba de fixação do cilindro de basculamento foi suficiente para que este componente apresente um au- mento significativo de resistência à fadiga.

Para o eixo âncora, reforços estrutu- rais foram elaborado de maneira a reduzir as tensões atuantes. No pro-

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Figura 5: Resultados da extensometria na aba externa de fixação do cilindro de basculamento (a) durante todo um trajeto percorrido pelo caminhão e (b) apenas

durante o intervalo de basculamento. Figura 6: Distribuição de tensões na aba externa da fixação do cilindro de

basculamento.

Figura 7: Resultado da análise experimental de tensões do ponto da longarina

Figura 8: Vista isométrica da distribuição da tensão equivalente de von Mises ao longo do chassi

cesso de elaboração do reforço foi aplicado um estudo de otimização para a identificação da geometria mais efi- caz e com menor adição de massa na estrutura do chassi. A Figura 16 apresenta mais detalhes construtivos do reforço final.

CONCLUSÃOA análise estrutural do chassi indica

que o caminhão está adequado para resistir aos esforços operacionais decorrentes das condições atuais de operação, porém a análise de fadiga indica que alguns pontos localizados necessitam de reforços.

Recomenda-se a aplicação dos reforços no eixo âncora e nas abas de fixação do cilindro de basculamento a fim de atingir a vida útil esperada com equipamento.

REFERÊNCIAS(1) Doyle, J.F. “Modern Experimental

Stress Analysis”, Chichester, John Wiley & Sons, 2004, pág 101.

(2) COOK, R, D. “Finite Element Modeling for Stress Analysis”, New York,John Wiley & Sons, 1995, pág. 11.

(3) EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDISATION - CEN “Eurocode 3: Design of steel structures – part 1.9: Fatigue”, Brussels, 2010, pág. 1-37.

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Figura 9: Local da haste para contenção lateral do eixo âncora.

Figura 10: Locais de instalação dos extensômetros no eixo âncora.

Figura 11: Resultados análise experi-mental de tensões no eixo âncora

Figura 12: Sinal oscilante característico dos trechos de descida.

Figura 13: Distribuição da tensão equi-valente de von Mises no eixo âncora

[MPa]Figura 14: Solda de fixação do eixo de

sustentação do cilindro de bascula-mento.

Figura 15: Soldas de união entre as par-tes fundida e de chapa do eixo âncora.

Figura 16: Reforço recomendado para o eixo âncora.

Tabela 1: Acelerações aplicadas no modelo.

ABRIL DATA

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MARÇO DATA REALIZAÇÃO LOCALBásico de END (Presencial + Webinar) 11 a 15 Abendi AbendiInspeção de Dutos Terrestres, Ensaios e Testes (Presencial + Webinar) 11 a 15 Abendi AbendiNOVO - Manutenção de Equipamentos Eólicos 18 a 22 Abendi AbendiPartículas Magnéticas N3 18 a 22 Abendi AbendiNOVO - Drones para Inspeções Industriais 25 a 29 Abendi AbendiIEQ - Inspetor de Equipamentos (Presencial + Webinar) 25 de Março Abendi AbendiUS Solda a Ponto (Semipresencial) 25 /3 a 02/4 Abendi Abendi

UNIDADE BAHIAMARÇO DATAUltrassom N2 Complemento 06/03 a 03/04Partículas Magnéticas N2 11/03 08/04Partículas Magnéticas N2 11/03 a 12/04Ultrassom Medição de Espessura 25/03 a 08/04Ultrassom N2 25/03 a 08/05

UNIDADE SANTOS MARÇO DATAEnsaio Visual N2 11/03 a 01/04Partículas Magnéticas N2 25/03 a 22/04

ABRIL DATA REALIZAÇÃO LOCALAPI 581 - RBI Inspeção Baseada em Riscos 01 a 05 Abendi AbendiUltrassom N3 01 a 12 Abendi AbendiInspeção de Não Metálicos 08 e 09 Abendi AbendiEND e Inspeção no Setor Metroferroviário - Material Rodante 09 a 11 Abendi AbendiEmissão Acústica N1 22 a 26 Abendi AbendiInspeção de Dutos Flexíveis e Risers (Presencial + Webinar) 23 a 25 Abendi Rio de Janeiro

ABRIL DATALíquido Penetrante N2 08/04 a 07/05Controle Dimensional N2 - Calderaria e Tubulação 08/04 a 04/06

ABRIL DATALíquido Penetrante N2 22/04 a 20/05

C a l e n d á r i o

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UNIDADE SÃO PAULO MARÇO DATAUltrassom Medição de Espessura 11 a 22Líquido Penetrante N2 11 a 22Ensaio Visual N2 11/03 a 01/04Ultrassom N2 11/03 a 22/04Partículas Magnéticas N2 18 a 29Controle Dimensional de Mecânica 18/03 a 12/04Radioproteção para Operadores de Radiografia Industrial 1 25/03 a 05/04Ultrassom Ferroviário N2 25/03 a 12/04Líquido Penetrante N2 25/03 a 22/04Detecção de Vazamentos N2 26 a 29 Detecção de Vazamentos N1 27 a 29 ABRIL DATAUltrassom Medição de Espessura 01 a 05 Ultrassom N1 Chapa Laminada 01 a 10 Ultrassom N2 01 a 22

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C a l e n d á r i o

UNIDADE TAUBATÉ MARÇO DATAPartículas Magnéticas N2 11/03 a 05/04 ABRIL DATALíquido Penetrante N2 08/04 a 08/05 Ultrassom Medição de Espessura 22/04 a 06/05 Ultrassom N2 22/04 a 03/06

Inspetor de Teste de Estanqueidade 08 a 12 Líquido Penetrante N2 08 a 22 Ensaio Visual N2 08 a 30 Partículas Magnéticas N2 08/04 a 07/05Ultrassom Phased Array N2 15/04 a 02/05Ensaio Radiográfico N2 15/04 a 07/05 Ultrassom Medição de Espessura 22/04 a 06/05 Controle Dimensional N2 - Calderaria e Tubulação 22/04 a 17/06Detecção de Vazamentos N2 23 a 26 Detecção de Vazamentos N1 24 a 26 Partículas Magnéticas N2 27/04 a 10/05

ABRIL DATA

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