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Deteção de Defeitos em Alumínio Utilizando Ondas de Lamb Nuno Miguel Ferreira Espada Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Orientadores: Prof. Artur Fernando Delgado Lopes Ribeiro Prof. Helena Maria Dos Santos Geirinhas Ramos Júri: Presidente: Prof. Francisco André Corrêa Alegria Orientador: Prof. Artur Fernando Delgado Lopes Ribeiro Vogais: Prof. José Júlio Alves Paisana Junho 2019

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  • Deteção de Defeitos em Alumínio Utilizando Ondas de Lamb

    Nuno Miguel Ferreira Espada

    Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

    Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de

    Computadores

    Orientadores: Prof. Artur Fernando Delgado Lopes Ribeiro

    Prof. Helena Maria Dos Santos Geirinhas Ramos

    Júri:

    Presidente: Prof. Francisco André Corrêa Alegria

    Orientador: Prof. Artur Fernando Delgado Lopes Ribeiro

    Vogais: Prof. José Júlio Alves Paisana

    Junho 2019

  • 2

  • 3

    Declaração

    Declaro que o presente documento é um trabalho original da minha autoria e que cumpre todos os

    requisitos do Código de Conduta e Boas Práticas da Universidade de Lisboa.

    Declaration

    I declare that this document is an original work of my own authorship and that it fulfills all the

    requirements of the Code of Conduct and Good Practices of the Universidade de Lisboa.

  • 4

    Agradecimentos

    A presença de determinadas pessoas foi indispensável para a concretização desta dissertação.

    Assim, gostava de, em primeiro lugar, agradecer aos meus orientadores, Professor Artur Lopes

    Ribeiro e Professora Helena Maria Dos Santos Geirinhas Ramos, por toda a disponibilidade,

    profissionalismo, orientação. Queria também agradecer, pela sua ajuda e disponibilidade, aos membros

    do Laboratório de Instrumentação e Medidas IT, Bo Feng, Dário Pasadas e Prashanth Baskaran.

    Por fim, gostava de agradecer à minha família e amigos.

  • 5

    Resumo:

    A utilização de ondas de Lamb permite a identificação de defeitos em materiais e estruturas em

    tempo real e a baixos custos. Neste trabalho é feito o estudo de ondas de Lamb no contexto de ensaio

    não destrutivo. São realizados dois trabalhos experimentais que têm como objetivos, respetivamente,

    melhor entender a propagação de uma onda de Lamb ao longo de uma placa de alumínio, e como varia

    na presença de um defeito que aumenta gradualmente em comprimento. A realização destes trabalhos

    experimentais permite concluir que o melhor modo a utilizar para o estudo da propagação de uma onda

    de Lamb é o modo 𝑆0, e quando na presença de um defeito que obstrua a linha entre um emissor e

    recetor há um decréscimo em amplitude considerável. No capítulo “Lamb Waves” é explicada a teoria por

    detrás de ondas de Lamb e da sua propagação, de seguida, no capítulo “Emissão e Deteção de ondas

    Lamb utilizando transdutores piezoelétricos” é explicado brevemente a emissão e receção de ondas, no

    capítulo intitulado trabalho experimental são explicados os trabalhos experimentais realizados. Por fim é

    dada uma conclusão ao trabalho baseada nos resultados obtidos.

    Palavras-chave:

    Ondas de Lamb, propagação, deteção, alumínio, defeito.

  • 6

    Abstract:

    Using Lamb waves allows the identification of defects in materials and structures in real time and

    with low costs. In this work a study in Lamb waves is performed in the context of nondestructive testing.

    Two experimental works are realized with the objectives being respectively, better understanding of the

    propagation of a Lamb wave across an aluminum plate, and how it varies in the presence of a defect that

    gradually increases in length. These experimental works allow the conclusion that the best mode to use in

    the study of the propagation of a Lamb wave is 𝑆0, and when in presence of a defect that obstructs the

    line between the emitter and the receptor there is a considerable decrease in amplitude. In chapter “Lamb

    Waves” the theory behind Lamb wave and its propagation is explained. Then, in the chapter “Emissão e

    Deteção de ondas Lamb utilizando transdutores piezoelétricos” there is a brief explanation on the

    emission and reception of these waves, and another chapter in which the experimental works are

    explained. Finally, a conclusion is given in light of the obtained results.

    Keywords:

    Lamb waves, propagation, detection, aluminium, defect.

  • 7

    Índice:

    Agradecimentos .......................................................................................................................................................... 4

    Resumo: ....................................................................................................................................................................... 5

    Palavras-chave: .......................................................................................................................................................... 5

    Abstract: ....................................................................................................................................................................... 6

    Keywords: .................................................................................................................................................................... 6

    Lista de Figuras: .......................................................................................................................................................... 8

    Lista das Abreviaturas: ............................................................................................................................................... 8

    Introdução: ................................................................................................................................................................... 9

    Objetivos: ................................................................................................................................................................... 10

    Motivação: .................................................................................................................................................................. 11

    1. Lamb Waves ..................................................................................................................................................... 12

    1.1. Introdução a Lamb Waves.......................................................................................................................... 12

    1.2. Teoria de Ondas de Lamb .......................................................................................................................... 15

    1.2.1. Velocidade de propagação .................................................................................................................... 18

    1.2.2. Modos em ondas de Lamb .................................................................................................................... 18

    2. Emissão e Deteção de ondas Lamb utilizando transdutores piezoelétricos ........................................... 22

    3. Trabalho Experimental .................................................................................................................................... 25

    3.1. Propagação de ondas de Lamb ao longo de uma placa de alumínio .................................................. 26

    3.1.1. Experiência 1 ........................................................................................................................................... 26

    3.1.2. Experiência 2 ........................................................................................................................................... 28

    3.2. Conclusão referente a 3.1. ......................................................................................................................... 29

    3.3. Deteção de defeito utilizando ondas de Lamb ........................................................................................ 30

    3.3.1. Resultados obtidos .................................................................................................................................. 31

    3.4. Conclusão referente a 3.3. ......................................................................................................................... 46

    Conclusão: ................................................................................................................................................................. 47

    Referências Bibliográficas: ...................................................................................................................................... 48

    Anexos: ....................................................................................................................................................................... 49

  • 8

    Lista de Figuras:

    Figura 1- Onda longitudinal (a) e transversal (b)

    Figura 2 – Onda Rayleigh [8]

    Figura 3 – Onda de Lamb

    Figura 4 – Polarização e direção de propagação em ondas guiadas [9]

    Figura 5 – Placa com 2h de espessura [8]

    Figura 6 – Modos 𝑆𝑖, (a), e 𝐴𝑖, (b)

    Figura 7 – Curvas de dispersão de velocidade de fase (a) e grupo (b) em alumínio. Com 𝑓𝑑[𝑀𝐻𝑧.𝑚𝑚]

    𝑐𝑝e 𝑐𝑔[𝐾𝑚 𝑠⁄ ]

    Figura 8 – PZT colado a uma placa

    Figura 9 - Movimento de partículas nos modos S0 e A0

    Figura 10 – Tensão aplicada

    Figura 11 – Posição dos transdutores emissor (E) e recetor (R)

    Figura 12– Tensão aplicada e recebida por transdutores a uma distância de 19 𝑐𝑚

    Figura 13 – Posição dos transdutores emissor (E) e recetor (R)

    Figura 14– Sinais aplicada e recebida por transdutores a uma distância de 25,5 𝑐𝑚

    Figura 15 – Posição do emissor (E) e dos recetores (R1 a 4)

    Figura 16 – Representação do corte para 1 𝑐𝑚 e 2 𝑐𝑚

    Figura 17 – Tensão aplicada e recebida pelo transdutor na posição R1 para diferentes comprimentos

    Figura 18 – Evolução da amplitude (a) e do tempo de propagação (b) para R1

    Figura 19 – Tensão aplicada e recebida pelo transdutor na posição R2 para diferentes comprimentos

    Figura 20 – Evolução da amplitude (a) e do tempo de propagação (b) em R2

    Figura 21 – Tensão aplicada e recebida pelo transdutor na posição R3 para diferentes comprimentos

    Figura 22 – Evolução da amplitude (a) e do tempo de propagação (b) em R3

    Lista das Abreviaturas:

    PZT- titanato zirconato de chumbo

  • 9

    Introdução:

    Nesta nova era, é necessário identificar defeitos em componentes de estruturas o mais rápido

    possível, de preferência com baixos custos, de modo a serem efetuadas reparações a tempo adequado

    não permitindo que estes defeitos se traduzam em falhas graves, mantendo assim um nível de

    segurança aceitável.

    Uma das indústrias em que a identificação de defeitos é importante é a indústria aeronáutica.

    São utilizados vários métodos para identificação de defeitos, tais como inspeção visual, radiografia,

    testes com utilização de correntes de Foucault, métodos óticos ou utilização de ultrassons. Todos estes

    métodos são feitos em intervalos de tempo discretos, isto é, são feitos ao fim de cada viagem, e é

    necessário que a aeronave esteja fora de serviço. Este facto torna estes métodos demorados e pouco

    lucrativos, preferencialmente os métodos de identificação seriam feitos continuamente.

    O método demonstrado neste trabalho é a utilização de ondas Lamb. Estes tipos de ondas

    propagam-se ao longo de placas e ao longo da sua espessura, recorrendo a um número mínimo de

    transdutores. Este método permite obter resultados rapidamente e, se os transdutores forem colocados

    de forma permanente, ou mesmo integrados na estrutura, permite deteção contínua de defeitos, sendo

    assim um método conveniente para a inspeção de placas.

    São encontradas algumas dificuldades na utilização deste método, como por exemplo a

    existência de múltiplos modos e o seu caráter dispersivo. Idealmente é escolhida uma frequência em que

    sejam formados somente os modos 𝐴0 e 𝑆0. Se se pretender obter um único modo podem ser utilizadas

    soluções como prismas que convertam modos longitudinais no modo pretendido, ou alternativamente

    podem-se utilizar mais transdutores organizados em geometrias que permitam isolar métodos como por

    exemplo geometria em pente.

    De modo a evitar o problema da dispersão é utilizado um sinal com largura de banda estreita

    com um certo número de ciclos, apesar de um sinal com um só pulso ter mais energia incidente.

    Usualmente, para o estudo de ondas Lamb é utilizada uma janela de Hann com 5 ciclos.

    Neste trabalho é feito o estudo de ondas de Lamb que se propagam ao longo de uma placa de

    alumínio, recorrendo à utilização de dois transdutores, para receção e transmissão. O sinal transmitido é

    uma janela Hann de 5 ciclos, cuja frequência escolhida permite a emissão ótima do modo 𝑆0. De seguida

    é feito um corte na placa na sua espessura e é estudado o sinal recebido à medida que se aumenta o

    tamanho do corte, isto é feito de modo a simular um defeito a aumentar gradualmente.

    No fim deste trabalho pretende-se demonstrar com os resultados obtidos que é possível

    determinar a evolução da degradação de um material e prever com alguma antecedência a necessidade

    de se proceder à sua troca.

  • 10

    Objetivos:

    Esta dissertação tem como objetivos compreender ondas de Lamb, a sua propagação no

    contexto de ensaio não destrutivo, e a sua aplicação numa situação prática. Para tal, primeiramente é

    realizado um estudo teórico em ondas de Lamb que permita entender como aplicar este método. Após

    este estudo, é feito um trabalho experimental que permita observar a propagação de um sinal ao longo

    de uma placa de alumínio. As conclusões retiradas deste trabalho serão utilizadas num outro trabalho

    experimental, que por sua vez irá estudar o que acontece aquando a existência de um defeito entre o

    emissor e recetor. Este último trabalho tem o objetivo de entender como utilizar o método numa situação

    mais prática.

  • 11

    Motivação:

    A deteção e identificação de danos em tempo real sempre foi um tópico pelo qual tive interesse.

    E cada vez mais este tópico tem importância em várias indústrias, tais como aeronáutica e aeroespacial.

    Durante muito tempo, no caso de aeronáutica, após um certo número de voos era feita uma

    revisão de forma a tentar identificar se o avião deve ser reparado. Esta revisão não só requer que o

    avião em questão esteja parado, mas também em determinadas componentes é feita por um indivíduo

    que tenta encontrar algum defeito. Utilizando métodos como o estudado nesta dissertação é possível a

    deteção de danos de forma mais eficiente e eficaz.

    Em ficção científica a informação sobre a integridade do equipamento utilizado é dada a tempo

    real, e caso exista algo de errado os utilizadores são informados imediatamente. Cada vez mais esta

    ficção se torna realidade, com a ajuda de áreas como ensaio não destrutivo.

  • 12

    1. Lamb Waves

    Em 1889 o físico John William Strutt, Barão Rayleigh, vencedor do prémio Nobel da física em

    1904, explicou pela primeira vez a propagação de ondas mecânicas ao longo de guias. Este tipo de

    ondas é conhecido como ondas Rayleigh. Dando seguimento a este trabalho Horace Lamb, professor de

    matemática aplicada, numa das suas publicações, On Waves in na Elastic Plate 1917, deparou-se com

    ondas que se propagam ao longo de materiais finos, ondas que ficaram conhecidas como ondas de

    Lamb [8]. Lamb utiliza equações matemáticas para descrever este tipo de ondas, que devido à sua

    complexidade não promoveu o seu estudo até mais tarde. Só em 1945 é que foi dado algum seguimento

    ao estudo destas ondas, que mostrou potencial para a sua aplicação. Nos anos que se seguiram foram

    completadas soluções para as equações e estudadas as propriedades dispersivas de ondas de Lamb,

    encontrando-se por fim aplicações para este tipo de ondas em áreas como sismologia e ensaio não

    destrutivo (Nondestructive Testing). O maior avanço no estudo e teste deste tipo de ondas deu-se após

    os anos 80 devido ao avanço da computação.

    Estes tipos de ondas têm grande interesse devido à sua propagação ao longo de grandes

    distâncias e a sua propagação ser afetada por defeitos na estrutura em que se propaga. Podendo assim

    deste modo obter-se informações cruciais sobre o estado da estrutura tais como, defeitos, tempo de vida

    e fiabilidade.

    A chave para a aplicação com sucesso deste método é a excitação de um só modo de

    propagação, com a utilização de uma frequência que se encontre numa região não dispersiva. Foi

    observado que quando ondas de Lamb se propagam por uma região do material com defeitos, sendo

    estas fendas ou rarefações no material, existe espalhamento o que resulta em parte da energia ser

    refletida e a onda transmitida ser modificada. Permitindo assim a deteção e caracterização destes

    defeitos recorrendo à onda refletida ou à transmitida.

    Foram também propostos métodos de deteção de defeitos em materiais compósitos que podem

    também ter defeitos mencionados anteriormente e delaminações.

    1.1. Introdução a Lamb Waves

    De modo a serem utilizadas em identificação de defeitos é necessário entender o que são ondas

    de Lamb e a teoria por detrás da sua propagação ao longo da superfície de um material.

    Ondas elásticas são ondas que se propagam num material não alterando as suas propriedades, este tipo

    de ondas pode ser de diferentes tipos que dependem da sua direção propagação e oscilação.

    No caso de a onda a propagar-se no interior de um material, ter a mesma direção de propagação

    que a oscilação das partículas do material, esta é conhecida como onda longitudinal. Neste caso as

    partículas vibram na direção de propagação resultando numa série de compressões e expansões

  • 13

    alternadas, em que o período espacial dessas deformações equivale a um comprimento de onda, como

    se pode observar na Figura 1 (a). Por outro lado, quando a direção de vibração das partículas é

    perpendicular à direção de propagação, a onda é conhecida como transversal, Figura 1 (b). O

    comprimento de onda é representado pelo intervalo entre dois máximos ou mínimos.

    (a)

    (b)

    Figura 1- Onda longitudinal (a) e transversal (b)

    Ambas as ondas mencionadas acima propagam-se no interior do volume do material. Por outro

    lado, as ondas de Rayleigh propagam-se ao longo da superfície do material, decaindo exponencialmente

    em amplitude no volume do mesmo, como se mostra na Figura 2. Como este tipo de onda só se propaga

    junto à superfície, quando geradas num ponto estas decaem mais lentamente que ondas que se

    propaguem em volume.

  • 14

    Figura 2 – Onda Rayleigh [8]

    Quando a onda se propaga em materiais como placas, em que as dimensões no plano da

    superfície são muito superiores à espessura, o comprimento de onda é da mesma ordem de grandeza

    da espessura da placa, obtém-se uma onda de Lamb. Este tipo de onda é guiado pelas superfícies

    superiores e inferiores, Figura 3, e a sua propagação varia com a frequência, geometria e ângulo de

    entrada.

    Figura 3 – Onda de Lamb

    Observando a Figura 4 uma onda de Lamb é dada quando se tem uma combinação de ondas

    longitudinais (P) e de ondas transversais verticais (SV), polarização perpendicular à superfície da placa,

    ou seja, P + SV.

  • 15

    Figura 4 – Polarização e direção de propagação em ondas guiadas [9]

    Numa placa isotrópica as ondas de Lamb podem ser simétricas ou antissimétricas, sendo os

    modos simétricos associados à expansão e contração da placa, e os modos antissimétricos à flexão da

    placa ao longo da propagação da onda. As ondas de Lamb têm caráter dispersivo e as suas velocidades

    de fase e de grupo dependem não só das características do material, mas também da espessura, da

    frequência e do modo em questão. O efeito da espessura e da frequência nos diferentes modos e das

    velocidades de fase e de grupo é definido por curvas de dispersão.

    1.2. Teoria de Ondas de Lamb

    De seguida é feita uma introdução teórica a ondas de Lamb com base no livro Ultrasonic Waves

    in Solid Media [1]. A seguinte equação descreve ondas de Lamb numa placa isotrópica e homogénea,

    independente do modo de propagação,

    {

    (λ + μ)

    ∂x(∂ux∂x

    +∂uy

    ∂y+∂uz∂z) + μ∇2ux + ρ𝑓𝑥 =

    ∂2ux∂t2

    (λ + μ)∂

    ∂y(∂ux∂x

    +∂uy

    ∂y+∂uz∂z) + μ∇2uy + ρ𝑓𝑦 =

    ∂2uy

    ∂t2

    (λ + μ)∂

    ∂z(∂ux∂x

    +∂uy

    ∂y+∂uz∂z) + μ∇2uz + ρ𝑓𝑧 =

    ∂2uz∂t2

    (1)

    Sendo, respetivamente, 𝑢𝑖 e 𝑓𝑖 o descolamento e força numa direção 𝑥𝑖, 𝜌 a densidade do

    material da placa e 𝜇 o módulo de rigidez da mesma.

  • 16

    Figura 5 – Placa com 2h de espessura [8]

    É de seguida decomposta a equação utilizando uma decomposição de Helmholtz [1], resultando nas

    seguintes equações, em que se considera que não há movimento de partículas segundo x (ux = 0) e a

    propagação é segundo y sem variação na direção x (∂

    ∂x≡ 0).

    ∂2ψ

    ∂𝑦2+∂2ψ

    ∂z2=

    1

    cL2

    ∂2ψ

    ∂t2 (2)

    ∂2φ

    ∂𝑦2+∂2φ

    ∂z2=

    1

    cT2

    ∂2φ

    ∂t2 (3)

    As equações resultantes descrevem a propagação das ondas longitudinais (2) e transversais (3),

    sendo as constantes 𝑐𝐿 e 𝑐𝑇 as velocidades das ondas longitudinais e transversais, respetivamente.

    Deslocamentos na direção de propagação, 𝑦, e na direção normal, 𝑧, resultantes de tensões no plano,

    são descritos pelas seguintes equações.

    uy =∂2ψ

    ∂y2+∂2φ

    ∂z2 ux = 0 uz =

    ∂2ψ

    ∂z2−∂2φ

    ∂y2 (4)

  • 17

    As equações acima envolvem as funções trigonométricas seno e cosseno que devido à sua

    paridade, seno função ímpar e cosseno função par, resulta na separação dos deslocamentos em (4) em

    modos simétricos e antissimétricos.

    O deslocamento dos modos simétricos é dado por

    𝑢𝑦 = 𝑖𝑘𝐶2 cos(𝑝𝑧) + 𝑞𝐷1 cos(𝑞𝑧)

    𝑢𝑧 = −𝑝𝐶2 sin(𝑝𝑧) − 𝑖𝑘𝐷1 sin(𝑞𝑧) (5)

    Enquanto que para os modos antissimétricos é dado por

    𝑢𝑦 = 𝑖𝑘𝐶1 cos(𝑝𝑧) − 𝑞𝐷2 sin(𝑞𝑧)

    𝑢𝑧 = 𝑝𝐶2 cos(𝑝𝑧) − 𝑖𝑘𝐷2 cos(𝑞𝑧) (6)

    Sendo as variáveis 𝑝 e 𝑞 dadas por

    p2 =

    ω2

    cL2 − k

    2 q2 =ω2

    cT2 − k

    2

    k =2πλwave

    ω = 2πf (7)

    As constantes 𝐶1, 𝐶2, 𝐷1 e 𝐷2 nas equações (5) e (6) são determinadas pelas condições de

    fronteira. 𝑘 é o número de onda e 𝜔 a frequência angular.

    Por fim obtém-se as equações de Rayleigh-Lamb que descrevem, respetivamente, as

    propriedades simétricas e antissimétricas de ondas de Lamb, onde ℎ equivale a metade da espessura da

    placa.

    tan (𝑞ℎ)tan (𝑝ℎ)

    =4𝑘2𝑞𝑝

    (𝑞2 − 𝑘2)2

    tan (𝑞ℎ)tan (𝑝ℎ)

    =(𝑞2 − 𝑘2)2

    4𝑘2𝑞𝑝

    (8)

    É possível resolver as equações em (8) para um certo material levando às caraterísticas de

    dispersão, i.e., representar a velocidade de fase e de grupo em função do produto da frequência e

    espessura. Para uma placa de determinada espessura estas equações permitem obter as velocidades

    de propagação dos modos de ondas de Lamb.

  • 18

    1.2.1. Velocidade de propagação

    A propagação de ondas de Lamb é caracterizada pelas velocidades de fase, 𝑐𝑝, e de grupo, 𝑐𝑔.

    A velocidade de uma onda é a velocidade à qual a fase de uma onda se propaga, isto é a velocidade a

    que a fase de uma qualquer componente em frequência se desloca. A velocidade de fase é dada por

    cp =ω

    2πλwave (9)

    Por outro lado, a velocidade de grupo é a velocidade a que a envolvente se propaga, ou seja, a

    velocidade a que a informação de desloca. Esta é a velocidade medida experimentalmente. Velocidade

    de grupo depende da frequência e espessura da placa e é dada pela seguinte equação, onde 𝑓 =𝜔

    2𝜋 é a

    frequência central e d é a espessura da placa.

    cg(fd) = dω[d(ω

    cp)]−1 = cp

    2 [cp − (fd)dcp

    d(fd)]

    −1

    (10)

    É de notar que, quando a derivada da velocidade de fase em relação a 𝑓𝑑, 𝑑𝑐𝑝

    𝑑(𝑓𝑑), é zero, tem-se

    que 𝑐𝑔 = 𝑐𝑝. Isto é para uma região em que a velocidade de fase não varia com o produto da frequência

    e da espessura, a velocidade de fase e de grupo vão ser iguais.

    1.2.2. Modos em ondas de Lamb

    As características de dispersão dão resultado a modos de propagação de ondas de Lamb

    simétricos, 𝑆𝑖, e antissimétricos, 𝐴𝑖, (𝑖 = 0 , 1, 2, … ). Ao longo de um plano isotrópico e homogéneo, com

    ambas as faces livres, os modos simétricos, 𝑆𝑖 , deslocam-se de forma radial ao longo do plano xy, ou

    seja, vai haver compressão e expansão da espessura ao longo do plano. No caso dos modos

    antissimétricos, 𝐴𝑖, estes têm um deslocamento fora de plano, ou seja, mantêm a mesma espessura ao

    longo do plano, a geometria destes modos torna-se mais complexa para frequências mais altas. Estes

    modos estão representados abaixo.

  • 19

    (a)

    (b)

    Figura 6 – Modos 𝑆𝑖, (a), e 𝐴𝑖, (b)

    A propagação de ondas de Lamb ao longo de um plano isotrópico e homogéneo é omnidirecional

    e propaga-se à mesma velocidade, formando assim um círculo. Esta propagação é caracterizada pelas

    velocidades de fase, 𝑐𝑝, e de grupo, 𝑐𝑔. No caso de um material não isotrópico, a velocidade da onda

    depende da direção de propagação.

    Na deteção de danos ou defeitos é importante a seleção do modo mais adequado. Numa placa

    os modos mais utilizados são os modos fundamentais, 𝑆0 e 𝐴0. Isto deve-se ao facto de ser

    relativamente fácil separar estes dois modos, dados ambos existirem numa região em que não existem

    mais modos e os modos de ordem mais baixa terem uma distribuição de energia mais uniforme.

    Porém é importante notar que o comprimento de onda afeta a sensibilidade em deteção de

    danos, quanto menor o comprimento de onda, maior a sensibilidade a pequenos danos.

    O modo 𝑆0 é dominado por uma componente de vibração longitudinal, enquanto que 𝐴0 é

    dominado por uma componente transversal. 𝑆0 tem velocidade superior a 𝐴0, e tem menos atenuação.

    Para frequências mais baixas 𝑆0 é menos dispersivo que 𝐴0. Por outro lado 𝐴0 é mais sensível a danos.

    Por fim é mais vantajoso utilizar o modo 𝑆0, como se pode ver nos estudos mostrados em [2].

  • 20

    1.2.3. Dispersão

    Por fim, é explicada a dispersão em ondas de Lamb. Como foi dito anteriormente, ondas de

    Lamb são dispersivas e dependem da frequência de onda e da espessura da placa. Utilizando as

    equações (7), (9) e (10) é possível modificar as equações em (8) de forma a obter as equações de

    dispersão para ondas de Lamb numa placa isotrópica, representadas abaixo para modos simétricos e

    antissimétricos respetivamente.

    tan (𝑞ℎ)q

    +4𝑘2𝑝tan (𝑝ℎ)(𝑘2 − 𝑞2)2

    = 0

    qtan(𝑞ℎ) +(𝑘2 − 𝑞2)2tan (𝑝ℎ)

    4𝑘2𝑝= 0

    (11)

    Utilizando as equações (11) obtém-se as curvas de dispersão que permitem descrever a relação

    entre as velocidades de fase e de grupo e o produto entre frequência e espessura. É dado um exemplo

    de curvas de dispersão na Figura 7, que permite concluir que, para qualquer frequência existem modos

    𝑆𝑖 e 𝐴𝑖, mas os modos de ordem superior só se encontram a frequências mais altas. E para frequências

    mais baixas, abaixo das frequências para as quais existem mais modos que não os fundamentais, existe

    uma região menos dispersiva onde os modos fundamentais, 𝑆0 e 𝐴0, se propagam a velocidades

    aproximadamente constantes.

    (a)

  • 21

    (b)

    Figura 7 – Curvas de dispersão de velocidade de fase (a) e grupo (b) em alumínio. Com 𝑓𝑑[𝑀𝐻𝑧.𝑚𝑚]

    𝑐𝑝e 𝑐𝑔[𝐾𝑚 𝑠⁄ ]

  • 22

    2. Emissão e Deteção de ondas Lamb utilizando

    transdutores piezoelétricos

    Nesta secção são explicados os processos de emissão e deteção de ondas recorrendo à

    utilização de transdutores piezoelétricos. Este tipo de transdutores, PZT, são utilizados devido à sua

    simplicidade e baixo custo, e podem ser utilizados com um sinal sinusoidal contínuo ou pulsos na

    deteção de defeitos. Recorrendo às velocidades de fase dos modos A0 e S0 e à dimensão do emissor

    utilizado são encontradas as frequências correspondentes às emissões de pico dos modos.

    A figura 8 mostra um PZT colado a uma placa, ambos são considerados infinitos no eixo Oz, e

    simétricos no eixo y. Na emissão, é aplicado um sinal às superfícies metalizadas do transdutor, enquanto

    que na receção os terminais do transdutor estão conectados a uma carga de alta impedância, como por

    exemplo um osciloscópio. Aquando aplicada uma tensão elétrica ao PZT, por exemplo na emissão de

    um sinal, este é comprimido no eixo y e expande no eixo x, o que resulta numa força de tração à

    superfície da placa. Existe também uma componente de força de menor amplitude na placa no eixo y.

    Figura 8 – PZT colado a uma placa

    Na propagação ao longo da placa o modo S0 tem velocidade de grupo superior à de A0 e, como

    se pode observar na figura 9 o modo S0 tem um deslocamento de partículas maioritariamente no eixo x

    enquanto que o modo A0 modo mais lento, tem um deslocamento de partículas maioritariamente no eixo

    y, como é visto acima, a componente de força no eixo y tem menor amplitude.

    Figura 9 - Movimento de partículas nos modos S0 e A0

  • 23

    Na escolha de uma frequência de trabalho deve-se ter em conta a dispersão, deste modo, como

    é visto no capítulo “Lamb Waves”, é necessário escolher uma frequência para a qual a velocidade de

    fase para os modos A0 e S0 seja constante e não existam ao mesmo tempo modos de ordem superior.

    Utilizando o modelo em [6], a emissão de pico para um dado modo i ocorre a uma frequência 𝑓𝑚𝑎𝑥𝑖,𝑛

    para a

    qual a zona de aplicação da força, que no nosso corresponde ao diâmetro 2a do PZT, é igual a um

    número inteiro de meio comprimento de onda, esta relação é dada pela seguinte equação

    𝑓𝑚𝑎𝑥𝑖,𝑛 =

    𝑣𝑝ℎ (𝑛 −12)

    2𝑎 𝑛 ∈ ℕ (12)

    Por outro lado, um valor de emissão nulo é obtido numa dada frequência 𝑓𝑚𝑖𝑛𝑖,𝑛

    , para a qual a zona

    de aplicação da força é igual a um número inteiro de comprimentos de onda.

    𝑓𝑚𝑖𝑛𝑖,𝑛 =

    𝑣𝑝ℎ × 𝑛

    2𝑎 𝑛 ∈ ℕ (13)

    Durante a emissão do sinal, o PZT vai exercer na placa uma força que faz com que a placa se

    desloque, juntamente com o transdutor, resultando nos modos A0 e S0. Na deteção do sinal, o transdutor

    interage com um único modo de cada vez, tendo assim uma deslocação diferente do emissor.

    O PZT é mais sensível ao modo S0 para baixas frequências. Para esta gama de frequências,

    meio comprimento de onda de uma onda acústica é maior que o PZT, tendo assim um sensor ideal de

    tensão. No caso de frequências mais altas, o PZT é maior que meio comprimento de onda o que significa

    que a tensão aplicada à placa muda ao longo do transdutor, o que resulta numa menor sensibilidade.

    A sensibilidade como recetor evolui de forma diferente para os modos A0 e S0. O valor de tensão

    𝑆 em relação à velocidade de fase 𝑐𝑝 e deslocamento de partículas 𝑢 é dado por

    𝑆 =𝑑𝑢

    𝑑𝑥=

    𝑑𝑢

    𝑑𝑡

    1

    𝑐𝑝 (14)

    O modo A0, no qual a velocidade de fase varia proporcionalmente à frequência,

    consequentemente a sensibilidade aumenta quando a frequência decresce.

    Por fim é necessário estudar a melhor espessura, t, para o PZT. A tensão num PZT sem limites é

    proporcional ao campo elétrico aplicado, tendo

    𝑆𝑥 ∝ 𝐸𝑧 =𝑉

    𝑡 (15)

  • 24

    A amplitude do modo S0 aumenta no sentido inverso da espessura do transdutor. Por outro lado,

    no caso de um PZT demasiado fino a tensão é praticamente desprezável, por isso é necessário ter uma

    espessura intermédia. A espessura ótima é obtida quando a espessura do PZT é menor que a espessura

    da placa, e para ter os melhores resultados possíveis a o PZT emissor deve ser igual ao recetor.

    Concluindo, a dimensão do PZT e a frequência devem ser escolhidos de modo a ter o modo S0 o

    mais próximo possível da amplitude máxima. Deve-se trabalhar numa gama de frequências baixa onde

    as velocidades de fase de S0 e A0 sejam diferentes, ou seja, encontrar o produto de frequência por

    espessura da placa para o qual 𝑣𝑝(S0) = 2𝑣𝑝(A0). O comprimento do transdutor determina-se utilizando

    𝑎 =𝑣𝑝(S0)

    4𝑓.

  • 25

    3. Trabalho Experimental

    De modo a melhor entender a propagação de ondas de Lamb e a sua interação com defeitos

    numa placa de alumínio, são realizados dois trabalhos experimentais. O primeiro tem como objetivo

    entender a propagação de ondas de Lamb ao longo de uma placa de alumínio, e obter um sinal que

    permita observar facilmente os modos fundamentais 𝑆0 e 𝐴0. O segundo trabalho tem como objetivo

    observar o comportamento do sinal aquando na presença de um defeito que aumenta progressivamente.

    Os materiais a utilizar nos trabalhos experimentais são duas placas de alumínio, a utilizar nos

    dois trabalhos experimentais com dimensões diferentes. A primeira tem 50 × 50 𝑐𝑚 e 4 𝑚𝑚 de

    espessura, enquanto que a placa a utilizar no segundo trabalho experimental tem 50 × 25 𝑐𝑚 e 2 𝑚𝑚 de

    espessura. São utilizados transdutores piezoelétricos (PZT) cerâmicos circulares com dimensões 10mm

    de diâmetro e 1mm de espessura. Um gerador de funções Tektronix AFG 3102, que tem capacidade de

    produzir uma onda arbitrária inserida pelo utilizador. E o sinal é recebido recorrendo a um osciloscópio

    Agilent Infiniium de dois canais, que permite realizar uma média de sinais recebidos sucessivamente de

    modo a reduzir ao máximo interferências no sinal.

    A função a inserir no gerador para ser utilizada em ambos os trabalhos experimentais é uma

    janela de Hann de 5 ciclos com o pico ao centro da janela dada pela equação (16).

    𝑉(𝑡) = {𝑉0 cos𝜔𝑡 (sin𝜔𝑡

    10)2

    , 𝑡 <10𝜋

    𝜔0, 𝑐. 𝑐

    (16)

    A amplitude e frequência são controladas no gerador, sendo a amplitude pico a pico para ambos

    os trabalhos fixa a 20 𝑉, esta é a amplitude máxima do gerador e é escolhida pois é esperado que o

    tensão recebida seja de ordem muito inferior à tensão aplicada.

    Figura 10 – Tensão aplicada

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    V(t

    ) [v

    ]

  • 26

    3.1. Propagação de ondas de Lamb ao longo de uma placa de

    alumínio

    Este primeiro trabalho experimental tem como objetivo entender a propagação de ondas de

    Lamb numa placa de alumínio e observar os modos fundamentais 𝑆0 e 𝐴0. São utilizados dois

    transdutores piezoelétricos que servem de emissor e recetor para o sinal enviado ao longo de uma placa

    de alumínio.

    Para realizar este trabalho é necessário escolher a posição dos transdutores na placa, e a

    frequência que maximize a amplitude do sinal para o diâmetro dos transdutores a utilizar. Tendo em

    conta que o produto desta frequência pela espessura da placa se deve encontrar numa região pouco

    dispersiva, ou seja só existam os modos fundamentais e que as suas velocidades sejam

    aproximadamente constantes.

    A frequência escolhida é de 52 kHz, frequência ótima a utilizar de modo a maximizar o modo 𝑆0,

    calculada utilizando a equação (12). É escolhido o modo 𝑆0 ao invés do 𝐴0, pois como é visto

    anteriormente o modo 𝑆0 é mais vantajoso, de facto observa-se que quando a frequência é otimizada

    para 𝐴0, 22 kHz, o sinal recebido tem amplitude muito baixa e demasiado ruído para poder ser

    interpretado com alguma precisão.

    Com estes dados são realizadas duas experiências que diferem na posição em que o par de

    transdutor é colocado.

    3.1.1. Experiência 1

    Nesta primeira experiência o par de transdutores encontra-se segundo a configuração da Figura

    11. De modo a escolher a distância entre transdutores que permita obter melhores resultados é

    necessário ter determinados aspetos em consideração.

    Figura 11 – Posição dos transdutores emissor (E) e recetor (R)

  • 27

    Após emitido o sinal, o modo 𝐴0 vai demorar mais tempo a chegar ao recetor que 𝑆0, visto que

    𝐴0 tem velocidade de grupo inferior. Como o sinal tem uma duração considerável, caso o emissor e

    recetor estejam demasiado próximos um do outro, estes podem ficar parcialmente ou totalmente

    sobrepostos. Por outro lado, é necessário considerar as reflexões de 𝑆0 em qualquer das arestas da

    placa. Caso os transdutores estejam demasiado distantes um do outro 𝐴0 vai ficar sobreposto às

    reflexões de 𝑆0.

    De facto, para esta configuração é difícil obter um sinal em que seja possível ver claramente o

    modo 𝐴0. Um exemplo é dado na Figura 12 em que é possível observar diretamente o modo 𝑆0, porém o

    modo 𝐴0 está sobreposto ao modo 𝑆0 e às suas reflexões. Neste exemplo o emissor encontra-se a

    17,3 𝑐𝑚 da aresta à sua esquerda, e o recetor a 13,7 𝑐𝑚 da aresta à sua direita, a uma distância de

    19 𝑐𝑚 entre eles.

    Figura 12– Tensão aplicada e recebida por transdutores a uma distância de 19 𝑐𝑚

    Face aos resultados obtidos conclui-se que de forma a obter resultados mais claros é necessário

    utilizar outra configuração.

    -70

    -50

    -30

    -10

    10

    30

    50

    70

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160 180Te

    nsã

    o R

    eceb

    ida

    [mV

    ]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    𝑓= 52 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    𝑆0𝐴0

  • 28

    3.1.2. Experiência 2

    De forma a ultrapassar o problema da experiência anterior, é necessário aumentar a distância

    dos transdutores às arestas para prevenir que o modo 𝐴0 se encontre sobreposto a reflexões. A solução

    mais vantajosa é colocar o emissor e recetor na diagonal da placa. Deste modo é possível obter não só

    uma separação dos modos 𝑆0 e 𝐴0, mas também evitar sobreposições. A configuração a utilizar é

    ilustrada na Figura 13.

    Figura 13 – Posição dos transdutores emissor (E) e recetor (R)

    Os resultados obtidos permitiram que os objetivos deste trabalho experimental fossem atingidos.

    É também feito um ajuste à frequência do sinal de forma a obter uma amplitude de 𝑆0 o maior possível.

    Como pode observar na Figura 14 facilmente se consegue identificar os modos fundamentais,

    encontrando-se o modo 𝐴0 confortavelmente entre o modo 𝑆0 e uma sobreposição das suas reflexões.

  • 29

    Figura 14– Tensão aplicada e recebida por transdutores a uma distância de 25,5 𝑐𝑚

    3.2. Conclusão referente a 3.1.

    Este trabalho experimental permite então observar que a deteção do modo 𝑆0 é mais simples

    que a do modo 𝐴0, visto este último estar sujeito a sobreposições. É possível escolher uma frequência

    que maximize 𝐴0. Esta escolha aparenta pode ser vantajosa visto este modo ter maior sensibilidade, mas

    em prática padece face ao ruído, visto a sua amplitude continuar a ser reduzida.

    São recebidos também uma série de sinais referentes às reflexões dos modos fundamentais,

    maioritariamente do modo 𝑆0, que dependem não só da configuração do par emissor-recetor utilizados,

    mas também da geometria da placa a ser utilizada.

    Face a estas observações conclui-se então que o modo mais vantajoso para a emissão e

    receção de ondas de Lamb que se propaguem numa placa de alumínio é o 𝑆0.

    -80

    -60

    -40

    -20

    0

    20

    40

    60

    80

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    𝑓= 50 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    𝑆0𝐴0

  • 30

    3.3. Deteção de defeito utilizando ondas de Lamb

    O segundo trabalho experimental tem como objetivo observar a variação do sinal recebido,

    utilizando maioritariamente o modo 𝑆0, numa situação em que existe, entre o emissor e recetor, um

    defeito a aumentar progressivamente. Para tal é utilizada uma placa que permite simular uma situação

    em que exista um ponto propício a danos, neste caso a placa contém um canto. No vértice do canto é

    feito um corte cujo o comprimento aumenta progressivamente.

    De modo a ter um maior número de perspetivas diferentes, o sinal é medido em três pontos

    distintos da placa. A geometria da placa e a posição do emissor e recetores está representada na Figura

    15. Enquanto que existe linha reta entre os recetores R1 e R2 e o emissor, o mesmo não se sucede com

    R3, neste último a linha é intersectada pelo vértice do canto.

    Figura 15 – Posição do emissor (E) e dos recetores (R1 a R3)

    Na situação em que a linha entre emissor e recetor esteja impedida, como por exemplo o recetor

    R3, dá-se a difração do sinal, o que permite que o sinal seja recebido.

    Ao aumentar o corte, a linha entre recetores R1 e R2 e o emissor E será intersectada, após isto

    se suceder, a amplitude do sinal recebido deve diminuir gradualmente com o corte. É previsto também

    um aumento no tempo que o sinal demora a chegar ao recetor, pois a distância entre o emissor e recetor

    aumenta, porém, esta diferença é muito pequena. No caso de R3 o sinal recebido em todas as situações

    é sempre o sinal difratado, por isso é de esperar que haja um decréscimo aproximadamente constante

    para a amplitude, e um aumento no tempo de transmissão.

    A frequência do sinal emitido é de 46 kHz, escolhida mais uma vez de modo a otimizar o modo

    𝑆0, que como é visto no trabalho experimental anterior é o modo mais vantajoso a utilizar, é feito também

    uma pequena correção devido a pequenos erros ocorrentes no âmbito experimental.

    Inicialmente são recebidos os sinais com a placa sem qualquer defeito. Seguidamente procede-

    se à realização de um corte de 1 𝑐𝑚 no vértice de modo a obstruir a linha entre o emissor e os recetores

    R1 e R2. Após obtidos os sinais recebidos, o corte é aumentado em intervalos de 2.5 𝑚𝑚 até atingir um

  • 31

    comprimento de 2 𝑐𝑚. Na Figura 16 é representado o corte para 1 𝑐𝑚 e 2 𝑐𝑚. Finalmente é observada a

    variação do sinal recebido em cada um dos recetores. Para valores inferiores a 1 𝑐𝑚, o modo 𝑆0 não irá

    variar para o caso dos recetores R1 e R2.

    É de salientar que para cada iteração do corte a placa é retirada do local para tal efeito. Por esta

    razão, as condições experimentais podem não ser exatamente replicadas, existindo também a

    possibilidade de os transdutores se descolarem e deslocarem ligeiramente. Isto vai ter consequências

    nos resultados, podendo haver uma ligeira variação no tempo de transmissão e na amplitude, apesar de

    não na mesma ordem da difração o que não prejudica a interpretação de resultados.

    Figura 16 – Representação do corte para 1 𝑐𝑚 e 2 𝑐𝑚

    3.3.1. Resultados obtidos

    De seguida são apresentados os resultados obtidos ao longo desta experiência. Isto é, os sinais

    obtidos por cada um dos três recetores em seis situações diferentes. Sendo estas situação em que não

    existe corte na placa, existência de um corte de 1 𝑐𝑚, 1.25 𝑐𝑚, 1.5 𝑐𝑚, 1.75 𝑐𝑚 e por fim 2 𝑐𝑚. Estes

    resultados encontram-se nas Figura 17, 18 e 19. Por fim são apresentados gráficos que demonstram a

    evolução da amplitude do modo 𝑆0 e do tempo que propagação em cada recetor.

    Na Figura 17 encontram-se os sinais recebidos pelo transdutor na posição R1, para a situação

    sem corte, Figura 17 (a), e de seguida para os diferentes comprimentos de corte, Figura 17 (b) a (f).

  • 32

    (a)

    (b)

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Sem corte 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1cm 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 33

    (c)

    (d)

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.25 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.5 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 34

    (e)

    (f)

    Figura 17 – Tensão aplicada e recebida pelo transdutor na posição R1 para diferentes comprimentos

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.75 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140 160

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 2 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 35

    É de esperar que o sinal recebido diretamente, i.e., modos 𝑆0 e 𝐴0, para a situação sem corte e

    com corte com comprimento de 1 𝑐𝑚 tenha aproximadamente a mesma amplitude e tempo de

    propagação. Por outro lado, os restantes sinais, correspondentes a reflexões serão diferentes. O modo

    𝐴0, para esta distância poderá estar parcialmente sobreposto a 𝑆0. Poderão existir pequenas diferenças

    do esperado devido à realização do corte na placa.

    Como se pode observar nas Figuras 17 (a) e (b), o modo 𝑆0 chega ao recetor após

    aproximadamente 20 µ𝑠 da sua emissão, como é esperado. A amplitude é ligeiramente superior em (b) o

    que se deve a pequenos movimentos que o recetor possa ter tido durante o corte da placa. A maior

    diferença em amplitude é observada entre (b) e (c). De facto, a amplitude decresce significativamente, de

    um pico de 114.2 𝑚𝑉 em (b) para 48.4 𝑚𝑉 em (c). Nos seguintes casos a amplitude varia muito pouco.

    O tempo de propagação depende da velocidade de propagação e da distância entre o emissor e

    R1. A distância a percorrer pelo sinal aumenta com o aumento do corte, após este ultrapassar o

    comprimento de 1 𝑐𝑚.

    A evolução da amplitude e do tempo de propagação do modo 𝑆0 encontra-se na Figura 18. Para

    (a) a amplitude do sinal recebido é normalizada para o sinal recebido para a situação sem corte, para (b)

    é dado o intervalo de tempo entre o emissor e R1.

    Observa-se então que, de facto há um decréscimo em amplitude após aumentar o corte passar a

    linha entre o emissor e R1, sendo a diferença em amplitude entre o corte de 1 𝑐𝑚 e 1.25 𝑐𝑚

    aproximadamente 58 %. O tempo de propagação, por outro lado, após ultrapassar 1 𝑐𝑚 aumenta. Os

    valores para 2 𝑐𝑚 são diferentes do esperado, no caso do tempo de propagação, este diminui em

    relação ao ponto anterior, pois o recetor R1 teve de ser colado novamente, o que significa que o

    resultado obtido tem um erro em relação aos resultados anteriores.

    A Figuras 18 permite concluir que, a amplitude vai ter uma maior variação em amplitude após a

    linha entre o emissor e recetor ser intersectada, podendo chegar aproximadamente a um decréscimo de

    58%, ao aumentar gradualmente o comprimento do defeito após este ponto, a amplitude varia

    lentamente. Por outro lado, o tempo de propagação aumenta após ultrapassar o mesmo ponto,

    aumentando gradualmente com o comprimento, pois a distância entre o emissor e R1 aumenta ao

    mesmo ritmo.

  • 36

    (a)

    (b)

    Figura 18 – Evolução da amplitude (a) e do tempo de propagação (b) em R1

    Na Figura 19 encontram-se os sinais recebidos pelo transdutor na posição R2, para a situação

    sem corte, Figura 19 (a), e de seguida para os diferentes comprimentos de corte, Figura 19 (b) a (f).

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    1.2

    0 0.5 1 1.5 2V

    r/V

    r(se

    mco

    rte)

    Comprimento do corte [cm]

    R1

    22

    23

    24

    25

    26

    27

    28

    29

    30

    0 0.5 1 1.5 2

    Tem

    po

    de

    pro

    pag

    ação

    s]

    Comprimento do corte [cm]

    R1

  • 37

    (a)

    (b)

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Sem corte 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 38

    (c)

    (d)

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.25 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.5 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 39

    (e)

    (f)

    Figura 19 – Tensão aplicada e recebida pelo transdutor na posição R2 para diferentes comprimentos

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.75 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 2 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 40

    É de esperar que os resultados obtidos em R2 sejam semelhantes aos resultados obtidos

    previamente em R1. As diferenças encontradas devem-se à distância superior entre o emissor e R2,

    sendo a distância do emissor a R1 de 10 𝑐𝑚 e a R2 de 20 𝑐𝑚. Este aumento na distância implica que,

    face aos resultados obtidos em R1, o tempo de propagação seja superior, para este caso

    aproximadamente 40 µ𝑠, e que a amplitude recebida seja inferior devido à atenuação na propagação.

    De facto, tal como em R1, quando observados os resultados a amplitude do o modo 𝑆0 tem uma

    maior variação entre a situação (b), comprimento de 1 𝑐𝑚 e amplitude de 88.6 𝑚𝑉, e a situação (c),

    comprimento de 1.25 𝑐𝑚 e amplitude de 40 𝑚𝑉.

    A evolução da amplitude e do tempo de propagação do modo 𝑆0 encontra-se na Figura 20. Para

    (a) a amplitude do sinal recebido é normalizada para o sinal recebido para a situação sem corte, para (b)

    é dado o intervalo de tempo entre o emissor e R2.

    Neste caso há um decréscimo em amplitude de aproximadamente 55 % após a linha entre o

    emissor e R2 seja intersectada. Tal como no caso em R1, o tempo de propagação aumenta, devendo-se

    ao aumento gradual na distância entre o emissor e o recetor.

    (a)

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    1.2

    0 0.5 1 1.5 2

    Vr/

    Vr(

    sem

    cort

    e)

    Comprimento do corte [cm]

    R2

  • 41

    (b)

    Figura 20 – Evolução da amplitude (a) e do tempo de propagação (b) em R2

    Na Figura 21 encontram-se os sinais recebidos pelo transdutor na posição R3, para a situação

    sem corte, Figura 21 (a), e de seguida para os diferentes comprimentos de corte, Figura 21 (b) a (f).

    (a)

    42

    42.5

    43

    43.5

    44

    44.5

    45

    0 0.5 1 1.5 2

    Tem

    po

    de

    pro

    pag

    ação

    s]

    Comprimento do corte [cm]

    R2

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Sem corte 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 42

    (b)

    (c)

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.25 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 43

    (d)

    (e)

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.5 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Ten

    são

    Rec

    ebid

    a [m

    V]

    Ten

    são

    Ap

    licad

    a [V

    ]

    t [µs]

    Corte 1.75 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    Tensão Aplicada Tensão Recebida

  • 44

    (f)

    Figura 21 – Tensão aplicada e recebida pelo transdutor na posição R3 para diferentes comprimentos

    Ao contrário dos recetores anteriores, R3 recebe o sinal por difração desde a situação inicial. Ao

    aumentar o comprimento do corte a amplitude deve diminuir gradualmente, sem ter um decréscimo

    ingreme entre dois comprimentos, e o tempo de propagação deve aumentar.

    A figura 21 permite observar que a amplitude inicial (a) do modo 𝑆0 para R3 é significativamente

    mais baixa que para os casos anteriores. De facto, a amplitude inicial de 37.7 𝑚𝑉 e tempo de

    propagação de 48 µ𝑠 assemelham-se à situação final de R1. Para os seguintes casos a amplitude

    continua a decrescer, chegando a valores de amplitude extremamente baixos face à amplitude dos sinais

    refletidos.

    Tal como para R1 e R2, a evolução da amplitude e do tempo de propagação em R3 é dada na

    figura 22.

    -150

    -100

    -50

    0

    50

    100

    150

    -10

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    0 20 40 60 80 100 120 140

    Axi

    s Ti

    tle

    Axi

    s Ti

    tle

    t [µs]

    Corte 2 𝑐𝑚 𝑓= 46 k𝐻𝑧

    E R3

  • 45

    (a)

    (b)

    Figura 22 – Evolução da amplitude (a) e do tempo de propagação (b) em R3

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    1.2

    0 0.5 1 1.5 2

    Vr/

    Vr(

    sem

    cort

    e)

    Comprimento do corte [cm]

    R3

    25

    27

    29

    31

    33

    35

    0 0.5 1 1.5 2

    Tem

    po

    de

    pro

    pag

    ação

    s]

    Comprimento do corte [cm]

    R3

  • 46

    3.4. Conclusão referente a 3.3.

    A realização deste trabalho experimental permite concluir que, quando na presença de um

    defeito a aumentar progressivamente entre um emissor e um recetor, o sinal recebido varia em “tempo

    de voo” e em amplitude. O tempo de transmissão aumenta gradualmente, pois a distância a percorrer

    aumenta com o defeito. A maior variação é em amplitude quando o corte intersecta a linha entre o

    emissor e recetor, figura 17 (b) e (c) para R1 e figura 19 para R2. O decréscimo em amplitude para os

    recetores R1 e R2 é aproximadamente 58 % e 55 %, respetivamente.

    Numa situação em que exista um ponto propício a danos, podem ser colocados um emissor e

    recetor de forma a quando ocorra um defeito este intersecte a linha reta entre o par emissor-recetor.

    Quando tal se suceda é possível observar um decréscimo significativo na amplitude do sinal, e um

    aumento gradual no tempo de propagação.

  • 47

    Conclusão:

    A realização desta dissertação permite concluir que, de fato, a utilização de ondas de Lamb em

    ensaio não destrutivo é vantajoso, visto ter uma utilização relativamente fácil, baixo custo, e permitir a

    supervisão contínua de componentes em tempo real. Este método pode ser aplicado a outros materiais,

    e para defeitos com origens diferentes, como por exemplo delaminações. O método tem importância

    para indústrias como a aeronáutica. E a sua utilização em materiais como compósitos pode trazer

    vantagens.

    Quando se procede à utilização de ondas de Lamb numa placa é necessário ter alguns aspetos

    em conta. A escolha de frequência vai depender do produto da frequência com a espessura da placa,

    pois este tem que se encontrar numa zona menos dispersiva possível. A frequência a escolher depende

    também do diâmetro dos transdutores a utilizar para emitir e receber o sinal, podendo esta ser otimizada

    para transmitir o modo 𝑆0 ou 𝐴0.

    Como os modos 𝑆0 e 𝐴0 se propagam a velocidades diferentes, sendo a velocidade de 𝐴0

    inferior, dependendo da posição do par emissor-recetor e da geometria da própria placa o modo 𝐴0 pode,

    na receção encontrar-se sobreposto tanto ao modo 𝑆0 quando a reflexões do mesmo. De facto, no

    primeiro trabalho experimental conclui-se que o melhor método a utilizar é o 𝑆0, e apesar de o modo 𝐴0

    permitir maior sensibilidade este é demasiado difícil de utilizar.

    No caso em que sejam utilizados um par emissor-recetor para supervisionar um ponto crítico de

    uma placa, quando um defeito cresce gradualmente, a maior variação no sinal recebido dá-se após este

    intersectar a linha reta entre o emissor e recetor. O segundo trabalho experimental permite observar que

    o modo 𝑆0 do sinal recebido vai ter um decréscimo significativo em amplitude, e que o seu tempo de

    propagação aumenta gradualmente com o comprimento do defeito.

    A maior variação em amplitude ocorre quando o corte intersecta a linha reta entre o emissor e

    recetor o que acontece para o caso dos recetores R1 e R2. O decréscimo em amplitude para os

    recetores R1 e R2 é aproximadamente 58 % e 55 %, respetivamente.

    Numa situação em que exista um ponto propício a danos, podem ser colocados um emissor e

    recetor de forma a quando ocorra um defeito este intersecte a linha reta entre o par emissor-recetor.

    Quando tal se suceda é possível observar um decréscimo significativo na amplitude do sinal, e um

    aumento gradual no tempo de propagação.

  • 48

    Referências Bibliográficas:

    [1] – Ultrasonic Waves in Solid Media – Rose J.L, Cambridge University Press, New York (1999)

    [2] – Structural health monitoring using guided ultrasonic waves – Wieslaw J. Staszewski (2004)

    [3] – Lamb wave generation with piezoelectric wafer active sensors for structural health monitoring –

    Victor Giurgiutiu, (2002)

    [4] – Defects Evaluation in lamb Wave Testing of Thin Plates – K Edalati, A Kermani, B Naderi, B. Pahani

    (2005)

    [5] – Locating a Damage in an Aluminium Plate using Lamb Waves – Faeez A. Masukar, Nitesh P. Yelve.

    (2015)

    [6] – Generation and Detection of Guided Waves Using PZT Wafer Transducers – Jeroen H.

    Nieuwenhuis, John J Neumann, David W. Greve, Irving J. Oppenheim. (2005)

    [7] – Fatigue crack monitoring of riveted aluminium strap joints by Lamb wave analysis and acoustic

    emission measurement techniques – Sébastien Grondel, Christopher Delebarre, Jamal Assaad, Jean-

    Pierre Dupuis, Livier Reithler. (2002)

    [8] – Identification of Damage Using Lamb Waves – Zhongqing Su, Lin Ye.

    [9] – Fatigue crack detection in metallic structures with Lamb waves and 3D laser vibrometry – W J.

    Staszewski, B. C Lee, R Traynor. (2006)

  • 49

    Anexos:

    Anexo 1

    A simulação da figura 6 foi efetuada recorrendo ao programa GUIGUW, para alumínio NS4,os

    parâmetros utilizados foram Modulo de Young E = 71GPa, densidade 𝜌 = 2.711 𝑔𝑐𝑚−1, rácio de

    Poisson 𝜐 = 0.338, constantes de Lamé 𝜇 = 26.5𝐺𝑃𝑎 e 𝜆 = 56.2𝐺𝑃𝑎