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    13SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    DOI: 10.5433/2237-4876.2015v18n2p13

    * Graduada em Letras pela Universidade Federal do Pampa (2012).Contato: [email protected].** Doutora em Lingustica Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas(2008). Professora Adjunta na Universidade Federal do Pampa.Contato: [email protected].

    1A discusso terica apresentada neste artigo foi fruto de debates consolidados emaes de pesquisa do Laboratrio de Leitura e Produo Textual (LAB), financiadopelo Ministrio da Educao e Cultura em Edital de Extenso (Proext MEC), no anode 2012. Agradecemos aos membros do LAB e especialmente Antnia Nilda deSouza, que sempre nos instigou a problematizar novas tecnologias e letramentos. Oartigo tambm resultado de discusses no Grupo de Estudos Linguagem e Currculo(GELC/CNPq), e do projeto O escolar grafocntrico e o hipermiditico em prticasletradas contemporneas, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Prticas de Escrita

    e de reflexo sobre a escrita em diferentes mdias (MCT/CNPq N 475305/2010-8).

    Interao e Interatividade em logs

    de Ensino de Lngua Portuguesa sob a

    Perspectiva dos Multiletramentos

    1

    INTERACTIONANDINTERACTIVITYINBLOGSOFPORTUGUESELANGUAGETEACHINGUNDERTHEPERSPECTIVEOFMULTILITERACIES

    Joana DArc Camargo Borges Acosta*

    Clara Dornelles**

    Resumo: Com a entrada das tecnologias de informao e comunicao(TIC) no espao escolar, surge a possibilidade de se utilizar vrias ferramentasno ambiente virtual para desenvolver os multiletramentos. Neste trabalho,procuramos investigar, sob uma perspectiva qualitativa e interpretativista,como os professores esto utilizando os blogs para o ensino de LnguaPortuguesa e como ocorre a participao dos alunos nesse contexto digital.

    Atravs da anlise de blogs recentemente produzidos por professores de

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    Ensino Fundamental e mdio, buscamos refletir e discutir sobre a articulaoentre o letramento escolar e os multiletramentos (SIGNORINI, 2012), pelovis da interao, participao (GOFFMAN, 1998; OLIVEIRA; LUCENAFILHO, 2006) e interatividade (SANTAELLA, 2008). Os resultados da

    pesquisa apontam que muitas das prticas de letramento escolar migrampara os blogs de ensino de Lngua Portuguesa, e que a participao dosalunos somente ocorre quando o professor conduz a construo de umespao propcio aos multiletramentos, em que todos exercem papisimportantes.

    Palavras-chave: Interao. Interatividade. Blogs.

    Abstract:With the entry of information and communication technologies(ICT) in the school, there is the possibility of making use of technologicaltools that can contribute to multiliteracies. In this work, we assume a qualitativeand interpretive perspective to investigate how teachers have been using blogsfor teaching Portuguese as well as how the students participation occurs inthat digital context. Through the analysis of blogs recently produce by primaryand high school teachers, we reflect and discuss about the relationship between

    school literacy and multiliteracies (SIGNORINI, 2012), based on the conceptsof interaction, participation (GOFFMAN, 1998; OLIVEIRA; LUCENAFILHO, 2006) and interactivity (SANTAELLA, 2008). The results indicatethat many school literacy practices are transposed to the blogs of PortugueseLanguage teaching, and that students participation only occurs when theteacher conduces to the construction of a space that is predisposed tomultiliteracies, in which everyone plays important roles.

    Keywords: Interaction. Interactivity. Blogs.

    Introduo

    As Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC) tm constitudoinmeras possibilidades de interao e, consequentemente, de ensino eaprendizagem. Porm, como defende Barros (2009, p. 117), a mera introduo

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    15SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    de novas tecnologias na sala de aula no o suficiente para um ensino maisprodutivo. Para a autora, importante modernizar a prpria estrutura deensino que sustenta o sistema educacional.

    Com a entrada das TIC no espao escolar, surge a possibilidade de

    utilizao de ferramentas disponibilizadas no ambiente virtual que podemcontribuir para os multiletramentos. Diante dessa realidade inevitvel, osgovernos federal, estadual e municipal vm implantando laboratrios deinformtica nas escolas, incentivando o uso de netbookse, mais recentemente,de tablets, e promovendo a formao continuada de professores. No entanto,ainda no se explorou o emprego das novas tecnologias em sala de aula emtoda a sua potencialidade e preciso refletir sobre o que vem sendoefetivamente feito pelos professores.

    Nossa proposta neste trabalho no analisar o quanto os professoressabem sobre as novas tecnologias, mas o que eles fazem com os conhecimentosj adquiridos nesse campo, de que modo isso transparece na sua prticapedaggica, mais precisamente no uso de blogs como ferramenta de ensino.A pergunta que norteou nossa pesquisa foi: como os professores usam osblogs no ensino de Lngua Portuguesa? Para respond-la, procuramos alcanar,sob uma perspectiva qualitativa e interpretativista em Lingustica Aplicada

    (SIGNORINI, 1998), os seguintes objetivos: investigar como os professoresorganizam os blogs e analisar como ocorre a participao dos alunos nosblogs investigados.

    Nosso interesse por investigar a participao dos alunos em blogs noslevou a assumir os arcabouos tericos da Sociolingustica Interacional(CAJAL, 2003; GARCEZ; FRANK; KANITZ, 2012) e o conceito de footing(GOFFMAN, 1998) como base para a anlise dos papis desempenhadospelos participantes na interao digital (OLIVEIRA; LUCENA FILHO, 2006;

    LIMA, 2011). Tambm foram consideradas as pesquisas sobre blogs eletramentos j citadas, bem como estudos que tratam de interatividade (LVY,1999; SANTAELLA, 2004). Esperamos que nosso artigo possa contribuirpara a importante discusso sobre o modo como as TIC esto habitando esendo apropriadas na esfera escolar.

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    Multiletramentos e Ensino de Lngua Portuguesa

    Historicamente, a escola vista como um lugar de transmisso desaberes, tendo, portanto, uma funo especfica e organizada de forma

    sistemtica, abrindo espao para o que chamado de letramento escolar.Bunzen (2010, p. 101) define o letramento escolar como um conjunto deprticas socioculturais, histrica e socialmente variveis, que possui uma forterelao com os processos de aprendizagem formal da leitura e da escrita,transmisso de conhecimentos e (re)apropriao de discursos. Estudos tmapontado que o letramento escolar grafocntrico (SIGNORINI, 2012) eno d conta dos multiletramentos, isto , da diversidade de culturas elinguagens presentes nas prticas sociais (ROJO, 2012). Para Martins (1996),

    a escola ainda subestima a leitura visual, dando um valor excessivo palavra escrita.

    A articulao entre o letramento escolar grafocntrico e os novosletramentos resulta, de acordo com Signorini (2012, p. 286), na metforaespacial de borda, que seria um espao tnue entre os processos deletramentos, em que h fluidez entre os dois polos. Dessa forma, podemosdizer que no ensino mediado pelas TIC no ocorre um abandono das

    prticas antigas, em que a gramtica normativa e o papel centralizadordo professor so supervalorizados, tampouco uma apropriao definitivade prticas inovadoras, em que o texto a unidade de ensino e oprofessor mediador do processo de aprendizagem.

    Conforme Barbosa (2000), por meio da criao dos ParmetrosCurriculares Nacionais, elegeu-se o texto como unidade principal do ensinode Lngua Portuguesa. A partir disso, a disciplina preconizou o ensino atravsdos gneros textuais, objetos de ensino que legitimaram a entrada dos textos

    multimodais na escola. Com a presena das TIC, os gneros digitais(MARCUSCHI, 2010) tambm comearam a entrar na sala de aula, e temosnos perguntado: o que muda no processo de ensino de lngua mediadopelas tecnologias? Segundo Marcuschi (2010), o que muda no o objetoem si, mas nossas relaes com ele, ou seja, as prticas sociais que semodificam.

    Podemos dizer que estamos saindo de um letramento escolarpuramente grafocntrico e entrando em um letramento hbrido, que engloba

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    diferentes semioses e pode ser chamado de letramento multimodal. Pormultimodalidade entendemos no somente a articulao entre um texto escritoe fotos, desenhos, msicas ou vdeos, mas tambm a disposio grfica, sejaimpressa ou na tela do computador (DIONSIO, 2011). Em nossa pesquisa,

    exploramos a relao entre letramentos de bases escolar, multimodal ehipermiditica, sendo a hipermdia entendida como um tipo demultimodalidade navegvel, ou hiperlinkada. Para tanto, consideramos oconceito de letramento multi-hipermiditico:

    ... conjuntos de prticas socioculturais caracterizadas pelo uso delinguagens multimodais (verbais, visuais, sonoras) associadas hipermodalidade, ou seja, aos recursos de design e navegao prprios

    dos ambientes de hipermdia, plugados ou no s redes computacionais.(SIGNORINI, 2012, p. 283).

    A articulao entre o letramento escolar grafocntrico e os novosletramentos resulta, de acordo com Signorini (2012, p. 286), na metforaespacial de borda, que seria um espao tnue entre os processos deletramentos, ou seja, no h fronteiras delimitadas entre eles e sim uma fluidez.

    Dessa forma, podemos dizer que no ensino mediado pelas TIC no ocorreum abandono das prticas antigas e tampouco uma apropriaodefinitiva de prticas inovadoras. Na perspectiva de ensino de LnguaPortuguesa, compreendemos como prtica antiga aquela em que ocorreuma supervalorizao da gramtica normativa, do texto escrito, e do professorcomo transmissor de conhecimentos e aluno como receptor. Como prticainovadora, entendemos aquela em que ocorre uma troca de saberes entreprofessor e aluno; o professor se torna um mediador de conhecimentos e

    incentiva a autonomia dos alunos.

    Os Blogs Educacionais como Espaos de Multiletramentos

    Alguns professores tm usado o blog como meio de interao entrecolegas de profisso, para expor seus trabalhos e discutir suas prticaspedaggicas, mas tambm para ampliar o espao da aula e propiciarmomentos de ensino-aprendizagem. De acordo com Rodrigues (2009), o

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    uso do blog pode motivar a interao entre professor/aluno, constituindo oque a autora chama de blog educacional, em que leva em considerao osseguintes elementos: os conhecimentos dos alunos, o contexto social em queesto inseridos, o ensino menos centralizado no docente e a interao entre

    os alunos promovida por discusses mediadas pela leitura e pesquisa. SegundoSilva (2008), alguns professores tm criado blogs educacionais porque

    ... acreditam que os alunos possam se interessar mais pela disciplinalecionada e esperam proporcionar um espao de troca de reflexesde assuntos trabalhados em aula, ou a eles relacionados. [...] Outrolado positvo desse trabalho o fato de se forar o aluno a escreverno apenas para o professor que costuma ser um leitor cooperativo,

    pois tem um domnio maior dos contedos abordados na disciplina,mas para um pblico maior, o que o faz pensar na escrita de maneiracuidadosa. (SILVA, 2008, p. 6).

    O blog pode propiciar um espao de interao e participao e abrircaminhos para a leitura e produo de textos multimodais e, assim, ampliaro nvel de letramento por meio da construo de sentidos em redes

    hipertextuais e hipermiditicas. Xavier (2010, p. 208) define hipertexto comouma forma hbrida, dinmica e flexvel de linguagem que dialoga comoutras interfaces semiticas, adiciona e acondiciona sua superfcie formasoutras de textualidade. O hipertexto constitui-se por links que modificamas formas de leitura e produo textual. Gomes (2011, p. 25) diz queconforme o local onde so dispostos e as ligaes que promovem,modificam, ampliam, induzem ou restringem sentidos. De acordo comeste autor, os links podem abrir documentos que esto dentro do espao

    imediato de interao ou fora dele (links internos e externos); podem funcionarcomo conectivos (setas) que orientam a sequncia de leitura; e, conforme adisposio dos links, no meio ou fora do texto apresentado, afetar aconstruo de sentidos por parte do leitor, uma vez que encaminha paradistintos trajetos de navegao.

    Conforme Silva (2008, p. 2), o processo de leitura no espao digitalexige outras habilidades de leitura e produo numa cultura de tela.Diferentes recursos de linguagens podem ser acessados de forma simultnea,

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    ou seja, podemos ouvir uma msica e, ao mesmo tempo, ler um artigo,abrindo vrias janelas de acesso a outros links. Em cada link, imagens, cores,sons se misturam formando, assim, um texto hipermiditico. Mas todos osblogs educacionais ou de ensino de lngua portuguesa podem ser considerados

    gneros hipermiditicos?Com o surgimento e aprimoramento das tecnologias digitais emambientes virtuais, surgiram tambm novos gneros textuais, que, segundoMarcuschi (2010, p. 15), provocam polmicas quanto natureza e proporode seu impacto na linguagem e na vida social. Ainda de acordo com esteautor, os gneros so formas sociais de organizao e expresses tpicas davida cultural; modelos textuais institudos histrica e socialmente, comespecificidades na composio e estilo.

    Neste artigo, assumimos o blog como um gnero textual, porqueMarcuschi (2010, p. 35) nos diz que no devemos confundir um programacom um gnero. Poderamos considerar o blog como gnero hipermiditico,entretanto, necessrio acrescentar que existem blogs predominantementegrafocntricos e estticos, ou seja, em que a matria-prima do gnero otexto verbal escrito sem o uso de recursos de hipermdia. O blog comognero hipermiditico um espao em que todos os recursos lingusticos eno lingusticos se integram em redes hipertextuais. Mas isto nem sempre

    ocorre com os blogs educacionais. Incentivar um aluno a participar de umblog com o objetivo de propiciar um ensino que tenha como meta osmultiletramentos no depende s da insero de links que interliguem osmais variados gneros textuais. Depende tambm da forma como o professorconduz as atividades e de como se estabelece a interao professor/aluno.Todos esses fatores esto relacionados s questes de interao e interatividade,temas da prxima seo.

    Interao e Interatividade: uma distino necessria

    Este trabalho est situado na rea de Sociolingustica Interacional, quev a interao como encontro em que os participantes, por estarem napresena imediata uns dos outros, sofrem influncia recproca, da negociaremaes e construrem significados dia-a-dia, momento a momento (CAJAL,2001, p. 127). Nesse sentido, interao uma relao face a face mediada

    pela situao social (GOFFMAN, 2002).

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    Embora partamos do conceito de interao face a face entre sujeitos,sabemos que relaes de presena imediata e influncia recproca sotambm possveis atravs das mediaes tecnolgicas. Podemos falar e ouvirpessoas pelo telefone e, mais recentemente, ver e sermos vistos por meio da

    internet, distantes no espao e/ou no tempo, porm presentes na mesmasituao social. Esta viso de interao compatvel com o que Primo eTrasel (2006) chamam de interao mtua: a interao permitida atravs deum sistema interdependente permeado por um processo de negociao entresujeitos, em que os dizeres dos indivduos se moldam um ao outro.

    Pensando no s nas interaes entre sujeitos, mas tambm entre sujeitoe mquina e em sistemas independentes, encontramos tambm em Primo eTrasel (2006) o conceito de interao reativa. Segundo o autor, a interao

    reativa aquela em que ocorrem trocas, mas que j se encontrampr-determinadas no par ao-reao (p. 8), por exemplo, quando clicamospara ler a postagem em um blog.

    De acordo com Lvy (1999), existem diferentes tipos de interatividadee o que difere umas das outras o meio ou dispositivo de comunicao peloqual ocorrem as interaes. A interatividade poder ocorrer de modounilateral, como o caso de um expectador assistindo a um programa de

    televiso, quando ocorre uma interao reativa, pois o interagente no podemodificar o contedo. A interatividade poder tambm ser multilateral, porexemplo, via correio eletrnico, porque atravs desse meio possvel interagircom vrios destinatrios e todos podem enviar respostas ao texto inicial e,assim, estabelecer uma interaomtua.

    Na interao mediada pelo computador, a interatividade vemproporcionando aproximaes com a conversao face a face. Santaella(2004, p. 161) afirma que a tecnologia digital capaz de alcanar nveis de

    interatividade bidirecional similar quele que se fazem presentes naconversao. As interaes acontecem por via da escrita tambm, pois ainternet proporciona um espao em que qualquer um pode ser leitor eprodutor de textos, tanto de forma coletiva como individual, tanto de maneirasncrona como assncrona; as transformaes, criaes e cocriaes no espaovirtual s so possveis graas interatividade. A interatividade est diretamenteligada ao estmulo dado para participao na interao. Quando o produtorde um site pensa em como quer que o leitor participe e em como organizar

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    o site para isso, ele est construindo interatividade. Sendo assim, a interatividade colocada em funcionamento mesmo antes do incio da interaopropriamente dita.

    Quando estabelecida uma interao, emerge uma estrutura de

    participao, sendo essa estrutura, para Goffman (1998, p. 81), uma relaode todas as pessoas no agrupamento com uma dada elocuo. Essa estrutura dinmica e se organiza pela troca de papis por meio do footing, que,segundo o mesmo autor, representa o alinhamento, a postura, a posio, aprojeo do eu de um participante na sua relao com o outro, consigoprprio e com o discurso em construo (p. 70).

    Embora a teoria de Goffman esteja voltada para qualquer situao deinterao face a face, pode ser aplicada s relaes construdas no ambiente

    virtual, tanto na oralidade, quanto na escrita. Na oralidade, podem-se observaras pistas simblicas acionando a webcam, por exemplo; j na escrita,podem-se observ-las atravs dos emoticons, que, de acordo com Silva (2008,p. 6), so expresses que representam emoes e atitudes humanas; ouatravs do tamanho ou formas diferentes de fontes (letras). Ao analisarmosum ambiente virtual em que ocorre interao mtua, podemos ver como ossujeitos se posicionam em relao ao outro, que papis exercem momento a

    momento do discurso. A fim de que possamos entender os papisdesempenhados entre professor e aluno nos blogs analisados, recorremos acategorias identificadas na estrutura de participao em um frum on-line,proposta por Oliveira e Lucena Filho (2006) e exploradas por Lima (2011),das quais destacamos aquelas que identificamos em nossos dados:

    Facilitador aquele que propicia ao aluno todos os meios adequadosao contato com as informaes e condies apropriadas para

    process-las, abrindo, por assim dizer, as vias que permitiro aconstruo efetiva do conhecimento;Condutor aquele que sabe para onde ir e consegue levar todoscom ele;Animador aquele que motiva, incentiva, mantm acesa a chama dadiscusso, sem necessariamente apelar para a polmica.(cf. OLIVEIRA; LUCENA FILHO, 2006, p. 5).

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    Seria conveniente que, no momento de interao dentro da sala deaula, o professor convidasse o aluno a participar ativamente das discusses,pois, de acordo com Frank (2010 apud GARCEZ; FRANK; KANITZ,2012, p. 214), convidar o aluno a participar oportuniza o engajamento dos

    alunos na construo de conceitos, ideias, alm de oportunizar a participaoefetiva dos alunos no gerenciamento do que ocorre em aula. Esse convitetambm deveria ser extensivo ao espao virtual. Ao olharmos para os papisexercidos por professores em blogs de ensino de Lngua Portuguesa,queremos investigar as estratgias de ensino-aprendizagem mediadaspela tecnologia.

    Metodologia

    A metodologia de pesquisa adotada neste trabalho de cunhoemprico-interpretativista e qualitativo, e est fundamentada nos trabalhos darea de Lingustica Aplicada sob a perspectiva da Sociolingustica Interacional.De acordo com Signorini (1998), a Lingustica Aplicada v o seu objeto deestudo (a linguagem em uso) como algo que se desloca e se transformaconstantemente, conforme as prticas sociais em que os sujeitos estiverem

    inseridos. Entendendo o uso da linguagem como uma forma complexa emque no h neutralidade e transparncia, a metodologia de pesquisa emLingustica Aplicada possui um carter flexvel em funo de olhar o objetode estudo, no de um modo geral, mas em contextos especficos (p. 101).Considerando essas orientaes, construmos nosso objeto de estudo comoblogs educacionais voltados para o ensino de lngua portuguesa.

    Para verificarmos como os professores esto utilizando os blogs parao ensino de Lngua Portuguesa e como ocorre a participao dos alunos

    nesses blogs, nos respaldamos em estudos sobre multiletramentos e na reada Sociolingustica Interacional, como j fora discutido nas sees anteriores.A coleta de dados ocorreu de janeiro a maro de 2013.

    O primeiro passo foi a busca no Google atravs das seguintespalavras-chaves: blogs de Lngua Portuguesa; blogs de ensino de LnguaPortuguesa do Ensino Fundamental e Mdio; blogs educacionais de ensinode Lngua Portuguesa. Foram encontrados dez blogs, dos quais foramfocalizados os blogs em atividade entre os anos 2000 e 2012. O processo

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    seletivo no descartou blogs inseridos em sites escolares ou interdisciplinares,mas desconsiderou blogs de Lngua Portuguesa dedicados exposio demateriais pedaggicos e discusses entre professores. Foram selecionadoscinco blogs, dos quais trs foram escolhidos para anlise aprofundada, pois

    representavam diferentes formas de organizao e tipos de participao dosalunos. Optamos por manter os nomes originais dos blogs investigados,uma vez que esto disponveis para uso pblico na internet.

    Anlise de Dados

    Blog com menos participao dos alunos

    O primeiro blog analisado Escola Celestino possui uma pequenaadeso, contando apenas com nove participantes, dos quais trs so alunos.O blog foi criado para postagens de contedos de disciplinas, mas tambmde avisos de matrcula, festividades e homenagens, atendendo diferentesturmas de 5 e 6 anos. Nossa anlise se centrar nas postagens realizadaspela professora de Lngua Portuguesa.

    O Excerto 1 ilustra uma relao professor/aluno baseada na

    formalidade e na hierarquia constituda socialmente e historicamente: Alunosda 6 srie manh, disciplina: Lngua Portuguesa, professora Ciliane. Esseenunciado funciona como indicador da turma especfica para a qual apostagem se dirige e nos mostra que a professora definiu os papis etransportou para o blog a organizao da aula presencial, ao propor umatarefa com data limite para comentrios dos alunos:

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    Fonte: BlogEscola CelestinoFigura 1 Excerto 1

    Mesmo propondo aos alunos um trabalho no blog e sobre blogs, aprofessora no deixou de trabalhar com o livro didtico, como ilustra aprimeira questo da tarefa. Sua prtica pedaggica aponta para a ligaoentre o letramento escolar e o letramento multi-hipermiditico, um letramentoescolar na tela. Na tentativa de fazer com que os alunos participassem doblog, a professora perguntou: o que voc est achando do blog da escola?.O resultado foi o silncio: nenhum comentrio.

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    Observando este post, percebe-se que os papis desempenhadosreproduzem o modelo institucionalizado, em que o professor transmite osconhecimentos e os alunos so tidos como receptores, entretanto, para nsseria cabvel dizer que a professora exerceu o papel de condutora na maior

    parte dos enunciados dopost. Embora a professora tenha tentado ouvir aopinio dos alunos, isto no ocorreu, pois talvez a turma tenha lido opost,mas no tenha havido interesse em participar ou o tenham feitopresencialmente. A questo dos papis institucionalizados e do letramentoescolar na tela ainda pode ser vista no prximo excerto:

    Fonte: BlogEscola CelestinoFigura 2 Excerto 2

    A professora diz para os alunos criarem as fbulas nos cadernos: Crieem seu caderno. Vemos aqui, ento, que professora se posiciona comocondutora das atividades realizadas no blog; percebe-se ainda que, mesmoescolhendo o blog como um espao de ensino, o mesmo no se configuracomo espao de aprendizagem multi-hipermiditica. No papel de condutora,a professora d a seguinte orientao, adiante na postagem: Faa estas

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    atividades no caderno, a melhor fbula ser digitada no blog. Ao preferirque a atividade fosse escrita no caderno, perdeu-se a possibilidade de levaros alunos a explorarem o ambiente virtual.

    Em geral, as atividades propostas pela professora provocaram pouca

    interao mtua, pois os alunos raramente postaram. Quando isso ocorreu(ocasio em que postaram poemas em comemorao ao aniversrio daescola), a professora no ratificou a participao dos alunos e no se firmouo piso conversacional novo. A raridade de sequncias de interao mtua econsequente predomnio da interao reativa talvez se expliquem tambmpelo fato de a docente no se colocar no papel de animadora, ou seja, algumque incentive a participar atravs de uma motivao para a discusso sobre otema em pauta ou sobre as aes em andamento no blog. As orientaes

    para as atividades se do quase sempre com o uso de verbos no imperativo(Crie, Poste), como costuma ocorrer em manuais didticos. No Excerto3 vemos a conduo tpica dos trabalhos escolares e, embora haja orientaopara postagem, no h nenhum comentrio dos alunos:

    Fonte: BlogEscola CelestinoFigura 3 Excerto 3

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    No Excerto 3 vemos, ainda, que a professora fez uso de imagensapenas com a funo de ilustrar um tema, pois no explorou o letramentomultimodal, que poderia dar margem discusso sobre a representao dacultura afro a partir das cores, cortes de cabelo e adereos utilizados nas

    fotografias postadas. Isso acontece frequentemente no letramento escolar,pois, muitas vezes, os textos lidos em sala de aula possuem imagens, mas elasno so devidamente exploradas. Tal constatao nos remete ao que dizSignorini (2012, p. 290): antes mesmo da insero dos letramentos multi-hipermiditicos no ambiente escolar, j existia uma dificuldade de se trabalharos letramentos de base multimodal. O fato de no haver um interessemaior em promover atividades com textos multimodais nesse blog comtextos multimodais nos leva a dizer que o grafocentrismo algo ainda muito

    valorizado na nossa cultura e que, embora a sociedade viva rodeada detextos no verbais, o trabalho com essa forma de linguagem no suficientemente explorado mesmo em textos hipermiditicos.

    Observando o blog quanto interatividade, vimos que, alm doslinks que funcionam como indicadores dos contedos disponveis, h doislinks inseridos em um texto, que levam para um site de pesquisas. Ao disporlinks abertos (GOMES, 2011) no blog, percebemos que a professora teve

    uma iniciativa para incentivar os alunos a uma leitura que complementasse ocontedo disposto no gnero, procurando associar os recursos deinteratividade com estratgias de participao. Esse fato nos mostra que no a quantidade de links disponveis no blog que o potencializa como espaointerativo, mas a insero deles j um dos recursos da interatividade.

    Alm de constatar o papel de condutor exercido pela professora nesteblog, constatamos tambm que ela fez uma tentativa de realizar um trabalhomediado pelas TIC, porm a forma como se posicionou diante dos alunos

    no surtiu um efeito produtivo, ou seja, houve uma participao mnima doalunado. De todos osposts desse blog, s um redigido pelos alunos, masno ocorreu um dilogo entre professor e aluno para retomar as atividades,expor ideias ou posicionamentos. Como veremos nos prximos posts:

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    Fonte: BlogEscola CelestinoFigura 4 Excerto 4

    A professora informou aos alunos sobre o aniversrio da escola e,como homenagem, os educandos tero que criar um poema. Logo, osmesmos iro postar no blog. Em resposta professora, os alunos fizerama atividade e postaram no blog, mas no tiveram retorno como podemosver no Excerto 5.

    Cabe acrescentar que seria importante uma resposta da professoraaosposts dos alunos, j que podemos perceber, no Excerto 5, que a propostade criar um poema no foi plenamente atingida. Com exceo de um aluno,houve apenas felicitaes e elogios escola, alm disso, uma aluna colocounopostum objetivo pessoal que poderia servir para discusses posteriores.

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    29SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Fonte: BlogEscola CelestinoFigura 5 Excerto 5

    A anlise evidenciou que, no BlogEscola Celestino, no houve trocas

    dos papis institucionalizados entre a professora e os alunos, tornando-se ospapis fixos e que, embora tivesse um espao para a interao mtua, estararamente ocorreu. Quanto questo da articulao entre o letramento escolare o letramento multi-hipermiditico, percebemos que a organizao dasatividades no blog est mais direcionada a uma conduo do letramentoescolar na tela, no qual o grafocentrismo prevalece.

    Ao terminar a anlise desse blog, conclumos que o fato de tentarinovar as prticas pedaggicas aliando-se s novas tecnologias no suficiente

    para que o aluno venha a participar da aula. necessrio organizar asatividades de modo que desperte o interesse do aluno. E esta organizao,primeiramente, est pautada na forma como os professores se dirigem aosseus interlocutores, isto , aos alunos, e nos papis que exercem durante oprocesso de interao.

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    30 SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Blog com interao mtua

    O Blog do Colegio organizado por cinco professores queatendem(iam) Ensino Mdio, Fundamental e Extensivo. Dos cinco

    professores, apenas um postou(a) atividades mensalmente. Observando todasas postagens realizadas at o final da coleta de dados desta pesquisa,percebemos que dois professores postaram somente duas atividades, umapara cada srie, em um nico ms. O blog ainda est em funcionamento,com a atuao de um nico professor do Ensino Fundamental. No layoutdo blog no aparece o nmero de seguidores, entretanto, podemos ver queexiste uma participao maior que a do BlogEscola Celestino.

    Para iniciarmos a anlise do Blog do Colegio, vemos, entre outras

    questes, que, em algunsposts, semelhantemente ao BlogEscola Celestino, ostextos imagticos funcionavam como mera ilustrao do texto escrito,deixando-se de lado o letramento de base multimodal. Conforme vemosno primeiro excerto desse blog:

    Fonte: Blog do ColegioFigura 6 Excerto 6

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    31SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Alm do uso meramente ilustrativo da imagem, percebemos atravsdos enunciados deste primeiro post, que o professor exerceu o papel decondutor da atividade proposta: Escreva conforme a norma culta da lngua,seu texto dever ter, no mnimo 20 linhas e, no mximo 35. Parece que a

    forma como o professor se dirige aos alunos influencia na participao efetivaou no destes blogs, a proximidade entre eles formal. Alm disso, estepostaponta a mesma atitude apresentada pela professora no blog daEscola Celestino:a produo textual deveria ser realizada fora do ambiente virtual Escreva tinta. Tais constataes nos levam a dizer que, nesta postagem, o blog visto pelo professor como uma ferramenta de disposio das atividades,no como um ambiente de produo efetiva dos alunos.

    Ao observar o prximo excerto, vemos que exerccios gramaticais,

    geralmente realizados em sala de aula, so transpostos para o ambiente virtual.

    Fonte: Blog do Colegio

    Figura 7 Excerto 7

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    32 SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    No Excerto 7 vemos que, ao postar a atividade, a professora ordenouaos alunos que a fizessem e procurou convenc-los de que estudar muitoimportante. Para isso, digitou as palavras em letras maisculas: Estudesempre SEM MODERAO. A mudana da fonte ou tamanho das letras

    serviu como meio de enfatizar o que estava sendo dito. O Excerto 7 lembrauma cena tpica de um quadro na sala de aula, em que so dispostos vriosexerccios semelhantes. No entanto, h uma diferenciao no processo deensino devido presena do link: Prclise ou nclise - Desatando o N.

    O link apresentado nopostlevaria o aluno a um site que contm umalistagem e uma breve explicao sobre o que so prclise e nclise. Aodisponibilizar o link, a professora no se deteve a explicar o contedo comocondutora, mas se colocou no papel de facilitadora, ou seja, propiciou a

    todos os meios adequados ao contato com as informaes.Dando continuidade anlise dos links, vimos que no Blog

    do Colegio, embora haja muitos, a maioria tem por objetivo levar o aluno acontedos dispostos no prprio blog, isto , a links fechados, limitando anavegao fora do ambiente. Entretanto, esses links disponibilizados forados textos, ou nos finais deles, demonstraram uma potencialidade deinteratividade, modificando a forma de leitura do aluno, como vemos nos

    prximos excertos:

    Fonte: Blog do ColgioFigura 8 Excerto 8 (link fechado)

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    33SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Fonte: Blog do ColgioFigura 9 Excerto 9 (link aberto)

    De acordo com Gomes (2011), a disposio dos links, no meio oufora do texto, influencia a construo de sentidos por parte do leitor. So oslinks que constroem o hipertexto e so eles que permitem uma navegaomais ampla; durante a anlise, percebemos que o uso dos links acabou porconstruir um ambiente mais fechado. Sobre o porqu deste funcionamento,poderamos levantar algumas hipteses: primeiro, seria porque o professorainda no tinha, ou no tem, conscincia de que, conforme se dispem oslinks nas atividades, os alunos podem ter diferentes formas de leitura; segundo,

    seria talvez porque h certo receio em incrustar os links em meio aostextos, quebrando a linearidade da leitura e fazendo com que o aluno sedisperse da proposta colocada no blog.

    No estamos afirmando aqui que a nica forma de interatividade aquela em que o aluno possa navegar em outros espaos da web, mas aquelaem que se pode criar informaes, fazer leituras no lineares, intervindo devrias formas. A interatividade presente nos blogs ocorre de duas formas: aunilateral, em que os alunos podem assistir a vdeos, porm no podemmodific-los, resultando em uma leitura linear, em que no podemreorganizar as sequncias daquilo que esto vendo; e a interatividademultilateral que ocorre, conforme Lvy (1999), atravs da possibilidade deinterferncia e criao de textos que podem ser compartilhados e reescritosentre os interagentes.

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    34 SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    No Blog do Colegio tambm so postados muitos vdeos, que sotrabalhados em articulao com as atividades presenciais. No prximo excerto,ao retomar as atividades realizadas em sala de aula, a professora pediu paraque as respostas fossem escritas nos cadernos (Procurem responder em

    seus cadernos). Entretanto, existia um interesse em fazer com que os alunostrabalhassem com textos multimodais, aliando imagens e textos escritos:Como a vida do personagem principal do livro Acar Amargo e querelao ele tem com o vdeo das Crianas invisveis?. Veremos que aprofessora assume, no referidopost, dois papis: de animadora e facilitadora.Percebe-se que a forma como se dirigiu aos alunos (Ol queridos) criouuma proximidade entre eles e pareceu contribuir para que alguns participassemfazendo comentrios sobre o que assistiram:

    Fonte: Blog do ColegioFigura 10 Excerto 10

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    35SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Fonte: Blog do ColegioFigura 11 Excerto 11

    Constatamos que opostda professora provocou uma interao mtua

    entre professor e aluno, como evidencia a Figura 11, e tambm uma interaoreativa (aluno e vdeo), pois os alunos puderam assistir ao vdeo, mas nopodiam modific-lo (PRIMO, 2004). A sua participao, porm, incentivadapela professora para o espao presencial: Levem suas respostas para a aulade sexta-feira. Faremos uma roda de conversa e vocs sero avaliadospela participao de vocs. A participao aqui entendida pela professoracomo descrever, falar, dar respostas quilo que ela pediu.

    Aps as anlises realizadas no Blog do Colegio, conclumos que osprofessores articulam o letramento escolar ao letramento multi-hipermiditico,sem haver uma ruptura entre eles. importante acrescentar que as atividadesorganizadas pelos professores possuem uma tendncia a provocar umainterao reativa; no entanto, encaminham tambm um trabalho com diferentesgneros textuais, atravs da insero de vdeos e tarefas para uma leitura deimagens em movimento. Esse tipo de atividade muito importante paraampliar o nvel de letramento multimodal dos alunos, bem como a

    interatividade e possibilidades de participao. interessante tambm observar

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    o fato de que, embora ocorra uma migrao de textos impressos para oBlog do Colegio, este menos grafocntrico que o Blog Escola Celestino, eapresenta momentos de interao mtua, em que os alunos se posicionampor escrito ao realizarem tarefas.

    Blog com mais participao dos alunos

    O terceiro blog analisado Blog Projeto Lngua Portuguesa o nicocomponente do nosso corpus que possui um nmero expressivo deseguidores: 37 no total. O blog foi criado por uma professora de LnguaPortuguesa e respectivas literaturas com os alunos de uma mesma turma deEnsino Mdio. As postagens desse blog foram realizadas durante um ano e,

    por algumas vezes, o blog foi atualizado de dois em dois dias. Para ilustrar omodo como a professora se posiciona diante da turma, apresentamos umexcerto em que ela se dirige aos alunos de maneira bastante pessoal e modalizaseu papel de docente ao pedir que faam um teste de mltiplas inteligncias:

    Fonte: Blog Projeto Lngua PortuguesaFigura 12 Excerto 12

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    37SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Nessa postagem, a professora expressou uma preocupao emdiagnosticar a forma de aprendizagem dos alunos e em discutir sobre isso.Ao fazermos leitura dopost, percebemos trs papis exercidos pela professoraao mesmo tempo. O primeiro o papel de animadora, no enunciado: O

    prximo post ser uma letra de uma msica do Renato Russo, da LegioUrbana, banda vencedora da enquete que termina hoje. No deixem decomentar!.

    Alm de animadora, a professora exerce o papel de condutora, noenunciado: Coloque nos comentrios destepostqual foi a sua [inteligncia]mais e menos evidente para discutirmos amanh. Por fim, a professoraexerce o papel de facilitadora, ao satisfazer o pedido de um dos alunos: Apedido de Felipe Defanti, segue o link para a verso em ingls do teste. Opostda professora teve 21 comentrios, dentre os quais esto os apresentadosa seguir:

    Fonte: Blog Projeto Lngua Portuguesa

    Figura 13 Excerto 13

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    38 SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Em seu comentrio, o aluno Juan deixou evidente para a professora epara os colegas, por meio de um emoticon, que ficou chateado com o resultadodo teste: :( . Os emoticons servem como pistas simblicas das reaeshumanas no espao virtual; sendo assim, eles fazem partem das interaes

    mediadas pelas TIC, assemelhando-se s expresses faciais nas interaesface a face. No prximo excerto, veremos que a professora procuroucompartilhar o papel de condutora dando oportunidade aos alunos paraque escolhessem qual a obra que iriam ler e trabalhar, e explorandoferramentas de interao mtua (enquete):

    Fonte: Blog Projeto Lngua PortuguesaFigura 14 Excerto 14

    Anteriormente escolha do livro de Clarice Lispector, a professoratinha colocado no blog duas opes de leitura para os alunos: Sagarana,de Guimares Rosa, e Laos de Famlia, de Clarice Lispector. Embora napostagem anterior no aparea nenhum comentrio escrito pelos alunos eno tenhamos conseguido acessar a enquete realizada, podemos perceberque a professora desempenhou o papel de condutora, considerando escolhasda turma: Como o livro Clarice Lispector foi escolhido para leitura pela

    turma toda, decidi mudar a enquete. Com a eleio da obra de Clarice

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    39SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Lispector, a professora deu continuidade s atividades (ver Excerto 15, aseguir), conforme sinalizava no P.S. da pgina anterior:

    Fonte: Blog Projeto Lngua PortuguesaFigura 15 Excerto 15

    No Excerto 15 vemos que a atividade proposta pela professora era aproduo de um texto argumentativo sobre o conto Feliz aniversrio. Adocente assumiu o papel de facilitadora, quando resumiu as ideias do contoe o papel de condutora, ao orientar os alunos em relao aos procedimentos

    adequados para o cumprimento da tarefa (tamanho do texto, data depostagem, por exemplo). Os alunos lhe deram um retorno expressivo, aopostarem 28 comentrios, o que nos sugere que, ao criar a oportunidadepara o aluno escolher o que pode ser mais relevante para sua aprendizagem,ele ter maior interesse em participar. Apresentamos no Excerto 16, a seguir,apenas dois dos 28 comentrios:

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    40 SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Fonte: Blog Projeto Lngua PortuguesaFigura 16 Excerto 16

    O excerto 16 encaminhou os alunos para o cumprimento de umatarefa tpica da esfera escolar.

    O Excerto 17, a seguir, nos mostra que o blog educacional tambmpode ser espao de tarefas menos marcadas pelo letramento da escola.

    Aps a abertura de espao dado aos alunos pela professora, 12comentrios foram postados. O Excerto 18 nos mostra que o os alunos

    aproveitaram o espao dado pela professora e postaram no s coisasreferentes aula, como tambm informaes sobre inscries para ovestibular. A professora deu um retorno dizendo: obrigada pelas dicas....

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    41SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Fonte: Blog Projeto Lngua PortuguesaFigura 17 Excerto 17

    Fonte: Blog Projeto Lngua PortuguesaFigura 18 Excerto 18

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    Ao final da postagem vemos uma aluna assumindo o papel decondutora, ao sugerir um trabalho com as obras de Tarsila do Amaral: quetal desfrutarmos das obras de Tarcilia (sic) do Amaral. Antes mesmo dedar a ideia, a aluna inseriu um link que leva a um vdeo sobre os quadros da

    artista. Esta ao nos leva a dizer que possvel construir um espao deinterao em que professores e alunos contribuem para o desenvolvimentodo conhecimento, atravs da troca de papis, em que o professor no maisum transmissor, mas um mediador dos conhecimentos.

    A professora no s deu oportunidade aos alunos de sugerirem asatividades ou contedos, como tambm acatou as ideias dadas por eles. Emoutra situao, um dos alunos props um debate sobre um tema polmico:a liberao da maconha, o que a professora valorizou. A proposta de

    trabalho implementada no blog possibilitou o surgimento de assuntos deinteresse dos alunos, proporcionando um espao de interao mtua, poismotiva os estudantes a compartilharem suas inquietaes e a usarem atecnologia pra express-las. Outro aspecto importante que, nesse blog, possvel perceber o empenho da professora em desenvolver atividades deleitura no s de textos verbais, mas imagticos, tanto das imagens estticasquanto de imagens em movimento. Isso pode ser verificado no Excerto 19.

    A professora props aos alunos que analisassem a obra Abaporu,considerando as caractersticas do Modernismo e os alunos lhe responderam,conforme veremos no prximopost. Na prxima figura, constatamos umaestrutura de interao em que ocorreu a chamada IRA (Iniciao-Resposta-Avaliao) (cf. GARCEZ; FRANK; KANITZ, 2012), ou seja, a professoraperguntou e avaliou a resposta do aluno. Nesse excerto, percebemos que oaluno respondeu s expectativas da professora e, por isso, foi parabenizado(Excerto 20).

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    43SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    Fonte: Blog Projeto Lngua Portuguesa

    Figura 19 Excerto 19

    Fonte: Blog Projeto Lngua Portuguesa

    Figura 20 Excerto 20

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    44 SIGNUM: Estud. Ling., Londrina, n. 18/2, p. 13-49, dez. 2015

    No prximo excerto, veremos que, na mesma tarefa sobre o quadroda Tarsila do Amaral, a professora avaliou negativamente a produo de umdos alunos. O primeiro aluno fez um comentrio e a professora no entendeuo que ele quis dizer (no entendi bem seu comentrio sobre a obra [...]

    Voc poderia explicar melhor?). No mesmo post, a professora deu umretorno resposta de outro aluno, usando maisculas em algumas palavraspara dar nfase ao modo como a atividade deve ser realizada: os comentriosprecisam ser ORIGINAIS. Voc pode at usar outros sites como refernciapara elaborar a SUA resposta, mas no simplesmente copiar e colar, porfavor.... Por meio desse post podemos ver que a professora assume doispapis: o de condutora, porque conduz os alunos a retomarem de formaadequada a atividade, e o de regente, porque mantm a viso do conjunto

    e procura harmonizar os segmentos participantes (OLIVEIRA; LUCENAFILHO, 2006, p. 5):

    Fonte: Blog Projeto Lngua Portuguesa

    Figura 21 Excerto 21

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    O recurso de modificao da letra (maiscula/minscula) para darnfase ao que est sendo dito no foi usado somente pela professora, mastambm pelos alunos, como veremos nopostde uma das alunas no excertoa seguir. A aluna usou o recurso de letra maiscula/minscula para corrigir

    um erro da professora, mas procurou modalizar sua correo, optandopelo uso de um emoticonque mostra um sorriso =) para a professora, quelogo procurou consertar o erro e agradeceu a observao:

    Fonte: Blog Projeto Lngua PortuguesaFigura 22 Excerto 22

    A anlise dos ltimos excertos confirma o que vnhamos dizendo atagora: que a relao entre interao e interatividade nos blogs produtiva

    quando o professor organiza suas atividades de modo que os alunos venhama ter interesse em participar. No BlogProjeto Lngua Portuguesa, a professora uma condutora sempre presente e no d as instrues das atividades apenasem postagens, como ocorre nos dois blogs analisados anteriormente, mastambm interage com os alunos nos comentrios, conforme as atividadesvo sendo realizadas no prprio blog, promovendo a emergncia de espaossignificativos para interao mtua. O BlogProjeto Lngua Portuguesano possuium trabalho intenso com os gneros multimodais, chegando a ser direcionado

    para uma produo mais grafocntrica, e a maioria dos links disponveis so

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    links fechados, mas isso no impede que a participao dos alunos acontea.Os alunos deixaram de ser receptores e tornam-se facilitadores e condutoresno processo de interao; a professora organizou suas atividades de modoque abriu um espao para os alunos se tornarem cocondutores do blog,

    dando opinies e sugestes. Isso quer dizer que o convite do professor participao se configura como a estratgia de interatividade mais eficiente.

    Consideraes Finais

    Esta pesquisa evidenciou que as prticas pedaggicas de sala de aulapresencial migram em alguns momentos para o trabalho no blog educacional.Como vimos na anlise, ainda existem blogs que podem ser considerados

    como um ambiente de prticas antigas de aula de Lngua Portuguesa, emque o professor, apesar da tentativa de fazer algo novo e promover aparticipao, atua como nico condutor e detentor do saber, enquanto oaluno, como um receptor apenas. H blogs que funcionam como umquadro de disposies de textos e exerccios escritos que so lidos na tela eresolvidos no caderno; em que a escrita se sobrepe a outras modalidadesde uso da linguagem.

    H tambm blogs em que os professores se posicionam com atitudesde prticas inovadoras, atuando como mediadores do conhecimento eincentivando a autonomia. Nesse caso, o professor no se alinha unicamenteao papel de condutor, mas tambm como parceiro nas produes, dandosugestes, convidando a fazer parte daquele ambiente; abrem-se espaos deinterao mtua, ainda que no sejam exploradas todas as potencialidadeshipermiditicas disponveis no gnero.

    Os resultados nos indicam que preciso promover uma formao

    de professores que englobe tambm questes tecnolgicas, como a construodas interfaces hipermiditicas, por exemplo. Alm disso, importante que sediscuta como as tecnologias modificam o processo de ensino e quais osimpactos sobre a aprendizagem. Ao analisarmos os blogs, constatamos quea interao mtua somente ocorre quando o professor conduz a construode um espao propcio aos multiletramentos, em que a interao permiteuma construo partilhada de conhecimentos, em que todos exercem papisimportantes e a cultura do aluno valorizada.

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    Recebido em: 01/10/2014

    Aceito: 17/04/2015