linguagem, interatividade e comunidades de...

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Linguagem, Interatividade e Comunidades de Prática Language, Interativity e Practice Comunitty Paulo Roberto Alves de Almeida 1 UFSC - SC Vânia Ribas Ulbricht 2 UFSC – SC e UFPR- PR Resumo: Este artigo trata da identificação de necessidades de usuários e do estabelecimento de requisitos para mídias interativas, entendidos, respectivamente, como processos que visam revelar o contexto em que se pretende inserir determinada mídia e sugerir funcionalidades que capacitam o produto a dar suporte ao trabalho do usuário. Utilizou-se, como método, revisão sistemática que resultou em um conjunto de recomendações para se realizar o estudo da linguagem de grupos de interesse. Estas recomendações visam dar suporte aos processos de identificação de necessidades e estabelecimento de requisitos. Palavras chave: Linguagem, Usuários, Interatividade Abstract: This article deals with the identification of the users needs and the establishment of requirements for interactive media, defined respectively as processes that reveal the context in which it's intended to insert certain media and suggest features that enable the product to support the user's work. As method, a systematic review of literature were used and resulted in a set of recommendations to make the study of language from groups of interest. These recommendations aim to support the identification of the users needs and the establishing of requirements. Key Words:Language, Users, Interactivity 1. Introdução No final dos anos 1980, com a crescente popularização dos computadores pessoais, o termo mídia interativa tornou-se evidente para enfatizar novas possibilidades de comunicação que surgiam a partir das inovações tecnológicas. Neste contexto, é salientado o entendimento de que as relações de comunicação envolvem participantes ativos em substituição aos receptores passivos, que passa a ser conhecido como usuário, agente transformador da forma e do conteúdo das mensagens veiculadas (Heeter, 2000). O surgimento de novas relações de comunicação promoveu mudanças profundas na produção de mídias. Comunicadores sociais, profissionais de TI, psicólogos, designers, entre outros profissionais convergem conhecimentos e experiências para compreender e agir sobre as novas condicionantes da comunicação mediada por tecnologia. A Interação Homem Computador (IHC), e o Design de Interação são áreas de estudo destinadas a absorver parte das inquietações decorrentes das novas relações de comunicação encontradas. Os estudos nestas áreas covergem mundos que sempre estiveram ligados, mas que eventualmente foram distanciados por visões disciplinares e fragmentadas da realidade (JHONSON,1997). Assim, tecnologia e cultura tiveram que se reencontrar para que contextos complexos pudessem ser compreendidos, como a objetividade da engenharia e a subjetividade da psicologia que passaram a dialogar para produzir novos 1 E-mail: [email protected] 2 E-mail: [email protected]

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Page 1: Linguagem, Interatividade e Comunidades de Práticaconahpa.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/06/ID252_Almeida... · A Interação Homem Computador (IHC), e o Design de Interação

Linguagem Interatividade e Comunidades de Praacutetica

Language Interativity e Practice Comunitty

Paulo Roberto Alves de Almeida1

UFSC - SCVacircnia Ribas Ulbricht2

UFSC ndash SC e UFPR- PR

ResumoEste artigo trata da identificaccedilatildeo de necessidades de usuaacuterios e do estabelecimento de requisitos para miacutedias interativas entendidos respectivamente como processos que visam revelar o contexto em que se pretende inserir determinada miacutedia e sugerir funcionalidades que capacitam o produto a dar suporte ao trabalho do usuaacuterio Utilizou-se como meacutetodo revisatildeo sistemaacutetica que resultou em um conjunto de recomendaccedilotildees para se realizar o estudo da linguagem de grupos de interesse Estas recomendaccedilotildees visam dar suporte aos processos de identificaccedilatildeo de necessidades e estabelecimento de requisitos

Palavras chave Linguagem Usuaacuterios Interatividade

AbstractThis article deals with the identification of the users needs and the establishment of requirements for interactive media defined respectively as processes that reveal the context in which its intended to insert certain media and suggest features that enable the product to support the users work As method a systematic review of literature were used and resulted in a set of recommendations to make the study of language from groups of interest These recommendations aim to support the identification of the users needs and the establishing of requirements

Key WordsLanguage Users Interactivity

1 IntroduccedilatildeoNo final dos anos 1980 com a crescente popularizaccedilatildeo dos computadores pessoais o termo miacutedia interativatornou-se evidente para enfatizar novas possibilidades de comunicaccedilatildeo que surgiam a partir das inovaccedilotildeestecnoloacutegicas Neste contexto eacute salientado o entendimento de que as relaccedilotildees de comunicaccedilatildeo envolvemparticipantes ativos em substituiccedilatildeo aos receptores passivos que passa a ser conhecido como usuaacuterio agente

transformador da forma e do conteuacutedo das mensagens veiculadas (Heeter 2000)

O surgimento de novas relaccedilotildees de comunicaccedilatildeo promoveu mudanccedilas profundas na produccedilatildeo de miacutedias Comunicadores sociais profissionais de TI psicoacutelogos designers entre outros profissionais convergem conhecimentos e experiecircncias para compreender e agir sobre as novas condicionantes da comunicaccedilatildeo mediada por tecnologia A Interaccedilatildeo Homem Computador (IHC) e o Design de Interaccedilatildeo satildeo aacutereas de estudo destinadas a absorver parte das inquietaccedilotildees decorrentes das novas relaccedilotildees de comunicaccedilatildeo encontradas

Os estudos nestas aacutereas covergem mundos que sempre estiveram ligados mas que eventualmente foram distanciados por visotildees disciplinares e fragmentadas da realidade (JHONSON1997) Assim tecnologia e cultura tiveram que se reencontrar para que contextos complexos pudessem ser compreendidos como a objetividade da engenharia e a subjetividade da psicologia que passaram a dialogar para produzir novos

1 E-mail pauloalmeidaeadgmailcom2 E-mail vrulbrichtgmailcom

conhecimentos

Os estudos sobre a linguagem dos usuaacuterios situam-se dentro desta perspectiva de contribuiccedilotildees interdisciplinares que proporcionam ambientes de produccedilatildeo de conhecimento para o design de miacutedias interativas Neste trabalho esta contribuiccedilatildeo se daraacute a partir da construccedilatildeo de estrateacutegias de trabalho que revelem comportamentos de interatividade dos usuaacuterios por meio do estudo de sua linguagem

2 Procedimentos metodoloacutegicos

A presente pesquisa utilizou revisatildeo sistemaacutetica e narrativa para abordar o processo de conhecimento de identificaccedilatildeo de necessidades de usuaacuterios e estabelecimento de requisitos A partir da revisatildeo sistemaacutetica realizada por Almeida e Ulbricht (2014) intitulada ldquoMetodologias das pesquisas sobre as necessidades dos usuaacuterios de Hypervideosrdquo evidenciou-se meacutetodos de pesquisa sobre as necessidades de usuaacuterios de Hypervideos A pesquisa explorou a base de dados Scopus e encontrou diferentes trabalhos que correspondem ao tema selecionados por criteacuterios de citaccedilatildeo e relevacircncia

A estrateacutegia de busca na base de dados utilizou uma primeira categoria de descritores representados pelos termos ldquoHypervideordquo ldquoHipervideordquo ldquoNon linear Videordquo ldquoNon linear Audiovisualrdquo ldquoInteractive Audiovisualrdquo ldquoInteractive VideordquoA segunda categoria de descritores foi representada pelos termos ldquoUsabilityrdquo ldquoInteractive Designrdquo ldquoUser Experiencerdquo pois conforme Preece et al (2005) satildeo termos que remetem ao processo de concepccedilatildeo de produtos interativos e exploraccedilatildeo das necessidades de seus usuaacuterios Todos os termos da primeira categoria de descritores foram associados a cada termo da segunda categoria individualmente a partir do operador boleano ldquoANDrdquo Dos 70 artigos encontrados excluiacuteram-se as redundacircncias e os que natildeo tinham relevacircncia com o tema restando 18 artigos de onde foram analisados os dez mais citados

A anaacutelise destes meacutetodos apontou a potencialidade de se investir na compreensatildeo da linguagem do usuaacuterio para identificar suas necessidades e estabelecer requisitos para o sistema Esta compreensatildeo foi construiacuteda a partir da discussatildeo com diversos autores divididas por temaacuteticas em cada toacutepico do artigo onde se destaca A possibilidade de inserir-se o estudo com a linguagem do usuaacuterio dentro do ciclo de design de interaccedilatildeo onde a identificaccedilatildeo de necessidades e o estabelecimento de requisitos satildeo alimentados pelo estudo com a linguagem (toacutepico 3) A seguir destaca-se a dimensatildeo da linguagem dentro dos processos de interatividade (toacutepico 4) No toacutepico 5 a posssibilidade de se explorar a linguagem a partir da semioacutetica O uacuteltimo toacutepico (6) de fundamentaccedilatildeo teoacuterica destaca as comunidades de praacuteticas como espaccedilos privilegiados para este tipo de pesquisa Finalmente com base nos toacutepicos precedentes apresenta-se (toacutepico 7) as recomendaccedilotildees para construccedilatildeo de estrateacutegias de trabalho com a ilustraccedilatildeo de um exemplo seguidos da discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

3 Identificaccedilatildeo de necessidades e definiccedilatildeo de requisitos a partir da linguagem do usuaacuterio

A tarefa de identificaccedilatildeo de necessidades e definiccedilatildeo de requisitos natildeo deve ser vista como dissociada das atividades de design e avaliaccedilatildeo do produto uma vez que o processo se caracteriza por sua iteratividade No entanto cada etapa possui focos especiacuteficos que podem ser descritos para compreensatildeo aprofundada e desenvolvimento Desta forma o processo de identificaccedilatildeo de necessidades pode ser visto como um esforccedilo no sentido de entender o usuaacuterio seu trabalho e contexto para que o sistema possa ser desenvolvido para dar suporte ao desenvolvimento de suas tarefas A partir das necessidades encontradas satildeo estabelecidas algumas especificaccedilotildees requisitos que procuram indicar como o sistema deve operar Estas prescriccedilotildees natildeo satildeo riacutegidas e definitivas pois o processo de design deveraacute ter liberdade para realizar alteraccedilotildees caso necessaacuterio (PREECE et al 2005)

Autores como Preece et al (2005) Nielsen (2000) Dias (2007) Scott e Neil (2009) Stone (2005) Costa (2014) colocam que o processo de identificaccedilatildeo das necessidades de usuaacuterios abrange diferentes teacutecnicas de coleta de dados como questionaacuterios entrevistas grupos focais workshops observaccedilatildeo natural estudo de documentaccedilatildeo e registro automaacutetico de interatividade (log de dados)

A revisatildeo sistemaacutetica realizada em julho de 2014 buscou evidenciar meacutetodos de pesquisa sobre as necessidades de usuaacuterios de Hypervideos um tipo especiacutefico de viacutedeo interativo A maioria dos artigos combinou teacutecnicas objetivas de levantamento de dados com procedimentos exploratoacuterios e subjetivos Debevec Safari e Golob(2008) Verdugo et al (2011) Pereira et al (2010) Meixner et al (2013) Noronha Aacutelvares e Chambel (2012) combinam questionaacuterios abertos e fechados e em Legget e Bilda (2008) aleacutem das duas formas encontra-se entrevistas semi-estruturadas Contudo Domingues-Noriega Agudo e Santamaria (2012) utilizaram apenas questionaacuterios fechados e Brampton et al (2009) trabalhou apenas com registro automaacutetico de interatividade Zhao Zhang e Mcdougall (2011) focaram em entrevistas semi estruturadas

Com base nas informaccedilotildees obtidas constatou-se que as teacutecnicas de coleta de dados descritas na bibliografia consultada satildeo recorrentemente influenciadas pelas metas de usabilidade ou pelas metas decorrentes da experiecircncia do usuaacuterio As metas de usabilidade referem-se agrave criteacuterios que focam em eficiecircncia aprendizagem e satisfaccedilatildeo e aquelas decorrentes da experiecircncia do usuaacuterio associam-se a fatores de maior subjetividade como agradabilidade ou motivaccedilatildeo (PREECE et al 2005) Assim observou-se que os meacutetodos mais objetivos como questionaacuterios fechados tecircm sido usados preferencialmente para atender agrave metas de usabilidade assim como meacutetodos que permitem um maior grau de interpretaccedilatildeo e subjetividade como questionaacuterios abertos ou entrevistas semi-estruturadas satildeo usados com maior frequecircncia para atender agrave metas de experiecircncia de usuaacuterio Contudo estas satildeo apenas tendecircncias Lee e Kim (2014) por exemplo que contradizem esta abordagem conduzem uma pesquisa focada na experecircncia do usuaacuterio usando questionaacuterios fechados

Apenas em Legget e Bilda (2008) evidenciou-se as diferenccedilas entre grupos de usuaacuterios e suas diferentes caracteriacutesticas de interatividade com a criaccedilatildeo de modelos com significativas diferenccedilas e a identificaccedilatildeo de grupos a partir de uma pesquisa sobre o perfil do usuaacuterio com questotildees sociodemograacuteficas como idade grupo social intimidade com tecnologia e gecircnero

Tambeacutem foi identificado que nos 10 artigos analisados pela revisatildeo sistemaacutetica a identificaccedilatildeo de necessidades e estabelecimento de requisitos aparecem associados ao processo avaliativo Fora deste ciclo fechado que se apoia sobre a avaliaccedilatildeo de um produto jaacute concebido as caracterizaccedilotildees se limitam a questotildees sociodemograacuteficas geneacutericas Tendo em vista estas questotildees reveladas pela revisatildeo sistemaacutetica construi-se questionamentos sobre o processo de identificaccedilatildeo de necessidades de usuaacuterios em especial Como etabelecer um processo de identificaccedilatildeo de necessidades que posssa identificar o perfil do usuaacuterio dentro do seu contexto social e cultural e menos condicionado ao processo avaliativo de um modelo preacute definido

A figura 1 reproduz a ilustraccedilatildeo de um modelo de ciclo de vida para o design de interaccedilatildeo proposto em Preece et al (2005) A figura 1 reforccedila a ideia de que a identificaccedilatildeo de necessidades entendida como processo estruturado permanece integrada ao ciclo fechado de design e avaliaccedilatildeo A seta que remete ao espaccedilo externo ao ciclo apenas sugere que fora do ciclo fechado de avaliaccedilatildeo e design haacute algum tipo de contribuiccedilatildeo para a identificaccedilatildeo de necessidades mas natildeo o descreve natildeo o estrutura

Figura 1 modelo de ciclo de vida para o design de interaccedilatildeoFonte Preece et al (2005)

Um design centrado no usuaacuterio se preocupa em caracterizar o usuaacuterio e compreender o seu trabalho (STONE et al 2005) Estas atividades permitem que se estabeleccedilam requisitos coerentes para o desenvolvimento do produto Contudo as recomendaccedilotildees propostas por este trabalho satildeo focadas na caracterizaccedilatildeo do usuaacuterio e se propotildee a conhececirc-lo para aleacutem dos processos de avaliaccedilatildeo do produto portanto sem condicionar a pesquisa aos criteacuterios de usabilidade ou metas decorrentes de sua experiecircncia Eacute estruturada sobre as caracteriacutesticas estruturantes da linguagem sobre o comportamento das pessoas e entatildeo visa construir estrateacutegias de trabalho que permitam o conhecimento do comportamento de usuaacuterios a partir de pesquisas focadas na linguagem dos mesmos A figura 2 propotildee uma complementaccedilatildeo ao modelo de Preece et al(2005) a partir do estudo da linguagem do usuaacuterio

Figura 2 Modelo de ciclo de vida de produto influenciado pela linguagem do usuaacuterioFonte Autor (2014)

A linguagem insere-se no contexto cultural das pessoas e possibilita ao ser humano controle e domiacutenio sobre seu proacuteprio comportamento (VYGOTSKY 1993) portanto observar a linguagem de um grupo eacute um passo importante para a caracterizaccedilatildeo de seu comportamento Diferente dos criteacuterios de usabilidade ou

Identificar necessidades e estabelecer requisitos

(Re) Design

Construir modelo interativo

Avaliar

Produto final

Identificar necessidades e estabelecer requisitos

(Re) Design

Construir modelo interativo

Avaliar

Linguagem do usuaacuterios

Produto Final

experiecircncia do usuaacuterio a linguagem de um grupo eacute um sistema vivo que se reorganiza a partir de negociaccedilotildees culturais e manteacutem interdependecircncia com a cultura e o comportamento Segudo Foucault (2002) mudanccedilas na linguagem de um grupo representam alteraccedilotildees na ordem nos coacutedigos de uma cultura pois os coacutedigos fundamentais de uma cultura regem sua linguagem suas praacuteticas seus esquemas perceptivos

Portanto ao inveacutes de procurar enquadrar o usuaacuterio em categorias avaliativas um estudo da linguagem permite conhecer particularidades de sua comunicaccedilatildeo para que seja criado um sistema que ofereccedila opccedilotildees sintonizadas com o seu comportamento Esta abordagem natildeo substitui outros recursos para identificaccedilatildeo de necessidades e requisitos mas procura complementar este processo com uma abordagem sistematizada

4 Linguagem e interatividade

O trabalho de Vygotsky sobre o desenvolvimento da linguagem humana explora as relaccedilotildees desta com as bases psicoloacutegicas do ser humano e alguns aspectos comportamentais Segundo Vygotsky (1993) o domiacutenio da fala marca um estaacutegio de desenvolvimento onde a crianccedila consegue superar o meacutetodo de resoluccedilatildeo de problemas de forma direta e passa a usar abstraccedilatildeo e planejamento Ele parte das pesquisas de Wolfgang Kholer que tratou a inteligecircncia praacutetica e a linguagem como duas capacidades humanas que se desenvolvem separadamente e sem relaccedilotildees de dependecircncia este pesquisador comparou a capacidade de crianccedilas menores de 2 anos ainda sem domiacutenio da fala agrave chipanzeacutes treinados As pesquisas de Kholer constatam que ateacute esta fase preacute-linguistica crianccedilas e chipanzeacutes possuem formas muito semelhantes de resolver problemas no entanto diferente de Vygotsky Kholer natildeo associa o posterior desenvolvimento humano de resoluccedilatildeo de problemas com o desenvolvimento da linguagem

Para testar a hipoacutetese de que a fala auxilia a crianccedila na resoluccedilatildeo de problemas Vygotsky conduz experimentos em que se impede a crianccedila de usar a fala durante o processo de resoluccedilatildeo do problema Com isso produz uma evidente dificuldade ou mesmo impossibilidade da crianccedila em resolver o problemaCom este experimento a conclusatildeo do autor eacute a de que a fala cria a possibilidade da crianccedila se desvencilhar da concretude da situaccedilatildeo da relaccedilatildeo restrita pela visualidade A abstraccedilatildeo proporcionada pela fala permite que se crie possibilidades que natildeo estatildeo sendo vistas onde a crianccedila consegue projetar situaccedilotildees vendo-se como sujeito e objeto de um evento Com isso tambeacutem adquire um controle do comportamento assim entre um sujeito e seu objetivo haacute uma intervenccedilatildeo racional que considera mais do que soluccedilotildees automatizadas ou instruiacutedas (VYGOTSKY1993)

Segundo Vygotsky (1993) a linguagem possibilita a capacidade humana de planejamento ao influenciar processos como a percepccedilatildeo este processo de consituiccedilatildeo inicia-se com a rotulaccedilatildeo a memorizaccedilatildeo de nomes que identificam e classificam o mundo A rotulaccedilatildeo permite que as coisas se ldquodestaquemrdquo o mundo deixa de ser um contiacutenuo de formas e cores e passa a ser dividido em coisas e seus nomes ldquo Pelas palavras as crianccedilas isolam elementos individuais superando assim a estrutura natural do campo sensorial e formando novos centros estruturaisrdquo (Vyogtsky 1993 p 36)

Uma vez dominada a funccedilatildeo rotuladora adquire-se a funccedilatildeo sintetizadora atraveacutes da qual os elementos individualmente rotulados satildeo ldquoconectados em uma estrutura de sentenccedila tornando a fala essencialmente analiacuteticardquo (Vyogtsky 1993 p 37) A funccedilatildeo rotuladora e a funccedilatildeo sintetizadora permitem que se atribua significado e sentido para as coisas (VYGOTSKY 1993) Como um objeto macio e retangular que na verdade eacute um travesseiro (funccedilatildeo rotuladora) que serve para se apoiar a cabeccedila (funccedilatildeo sintetizadora) Portanto em um primeiro momento percebe-se o mundo em formas e cores mas a medida em que a linguagem amadurece a percepccedilatildeo associa-se aos significados Este processo permite que as palavras direcionem a percepccedilatildeo de acordo com interesses especiacuteficos Com as palavras eacute possiacutevel dominar a atenccedilatildeo criar ldquocentros estruturaisrdquo de interesse dentro da situaccedilatildeo percebida e ateacute mesmo incluir novos centros perceptivos deslocados em relaccedilatildeo ao tempo Eacute possiacutevel combinar passado e presente usando a memoacuteria (VYGOTSKY 1993)

Ao se compreender a influecircncia da linguagem sobre a capacidade de planejamento revela-se tambeacutem as relaccedilotildees entre linguagem e os processos de interaccedilatildeo mediada por tecnologias Em geral sistemas interativos

Figura 3 esquema da operaccedilatildeo com signosFonte Vygotsky 1993

As operaccedilotildees com signos foram interesse de diversos autores entre eles CS Peirce F Saussure e AGremais autores que desenvolveram a semioacutetica uma atividade que ldquoprocura descrever o que o texto3 diz e como ele faz para dizecirc-lordquo Barros 2005 p11 em diferentes correntes A contribuiccedilatildeo destes autores para esta aacuterea eacute indiscutiacutevel poreacutem este estudo natildeo pretende identificar uma corrente semioacutetica especiacutefica para conduzir os trabalhos com os grupos de usuaacuterios a intenccedilatildeo eacute apontar a semioacutetica dentro de uma estrateacutegia de trabalho coerente para a pesquisa com a linguagem de usuaacuterios

Dentro da perspectiva deste trabalho as anaacutelises semioacuteticas devem abordar manifestaccedilotildees linguiacutesticas que representem marcas de identidade de um grupo especiacutefico com a intenccedilatildeo de ldquotraduzir as significaccedilotildees sociais inconscientesrdquo Greimas (1975 p13) Uma tarefa bastante complexa pois a interpretaccedilatildeo de signos eacute

3 Segundo Barros (2005) por texto entende-se natildeo apenas os elementos frasais mas sim qualquer objeto de significaccedilatildeo

s R

digitais satildeo mediados por interfaces A interface pode ser compreendida como uma espeacutecie de tradutor entre a linguagem computacional e a linguagem humana ou seja ela permite que os coacutedigos binaacuterios sejam representados de maneira que uma pessoa possa entendecirc-los assim como oferece ao usuaacuterio a possibilidade de comunicar agrave maacutequina a partir de seus conceitos ideias e associaccedilotildees uma accedilatildeo que se espera que seja realizada (JHONSON 1997)

Segundo Colusso (2014) a interface de usuaacuterio eacute uma questatildeo de representaccedilatildeo onde um signo serve de porta de acesso para conceitos representado por outros signosDesta forma a linguagem do usuaacuterio precisa estar representada na interfaceA interface permite que o usuaacuterio reconheccedila os oferecimentos do sistema accedilotildees que se acredita que o sistema iraacute realizar a partir do seu comando (HEETER 2000) Estes oferecimentos incitam e organizam a interatividade do usuaacuterio (PRATEAT 2013) O usuaacuterio entatildeo planeja pois projeta em sua mente situaccedilotildees que ainda natildeo se concretizaram mas o faz a partir da linguagem pois ela eacute que permite o reconhecimento dos oferecimentos do sistema

Portanto a perpcepccedilatildeo humana eacute determinada por sua linguagem rotula-se o mundo fiacutesico e associa-se a cada objeto sentenccedilas que o definem quanto ao seu significado As coisas que possuem significado se deslocam para os centros estruturais da percepccedilatildeo pois eacute neste mundo de significados que situa-se nossa relaccedilatildeo com o mundo

Constata-se portanto que a partir da linguagem pode-se descrever e compreender questotildees importantes sobre os processos psicoloacutegicos estruturantes das situaccedilotildees de interatividade mediada por tecnologias

Planejamento percepccedilatildeo atenccedilatildeo escolha memoacuteria e pensamento satildeo atividades constantemente requisitadas em processos de interaccedilatildeo digital A linguagem daacute sustentaccedilatildeo a estas atividades e agrave proacutepria interaccedilatildeo mediada por tecnologia portanto estudos que pretendam abordar as necessidades de usuaacuterios de miacutedias interativas devem ter uma especial atenccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave linguagem destes usuaacuterios

5Explorando a linguagem a partir da semioacutetica

As linguagens operam por meio de signos e estes por sua vez podem ser compreendidos como um estiacutemulo fiacutesico cuja resposta eacute mediada por laccedilos culturais significantes Uma operaccedilatildeo que envolve signos produz estiacutemulos auto gerados ou seja o signo produz um primeiro estiacutemulo provocado pelas suas caracteriacutesticas fiacutesicas luz som etc e um segundo estiacutemulo que se forma na mente e que envolve uma abstraccedilatildeo autogerada mas compartilhada pelo coletivo (VYGOTSKY 1993) O modelo triaacutedico da representaccedilatildeo da operaccedilatildeo de signos pode ser compreendido a partir da figura 3 onde S estiacutemulo R resposta e X elo cultural que representa o estiacutemulo de natureza autogerada que se interpotildee entre estiacutemulo fiacutesico e resposta

X

tarefa imprecisa ldquo a relaccedilatildeo do signo com seu conteuacutedo natildeo eacute assegurada na ordem das proacuteprias coisas a relaccedilatildeo do significante com o significado se aloja num espaccedilo onde nenhuma figura intermediaacuteria assegura mais seu encontrordquo (FOUCAULT 2002 p 87) A tentativa de estabelecer a relaccedilatildeo entre significante e significado materializa-se na criaccedilatildeo dos coacutedigos No entanto os coacutedigos satildeo tentativas reducionistas de traduzir relaccedilotildees complexas e de difiacutecil representaccedilatildeo ( FOUCAULT 2002)

Segundo Islam e Bowman (2015) a interaccedilatildeo ocorre atraveacutes de signos e portanto natildeo pode prescindir da semioacutetica Embora anaacutelises semioacuteticas possuam limitaccedilotildees interpretativas mostram-se bastante eficientes em expandir as possibilidades de representaccedilatildeo de determinado signo Neste sentido o que se pode buscar com este estudo eacute encontrar manifestaccedilotildees que expressem uma especificidade linguiacutestica significativa e por meio da semioacutetica descobrir diferentes representaccedilotildees associadas ao significado presente em determinado signo

6 Linguagem e as Comunidades de Praacutetica

Anaacutelises semioacuteticas prescindem de um contexto cultural gerador dos signos (SAUSSURE 1992) Portanto eacute preciso buscar informaccedilotildees nos espaccedilos onde haja interaccedilatildeo com intensas trocas culturais pelo grupo de interesse Levy (2000 p 22) descreve estes espaccedilos a partir do conceito de Espaccedilos Antropoloacutegicos ldquo sistemas de proximidade que dependem de teacutecnicas de significaccedilotildees da linguagem da cultura das convenccedilotildees das representaccedilotildees e das emoccedilotildees humanasrdquo

Segundo o autor cada eacutepoca possui um sistema de proximidade caracteriacutestico o primeiro deles foi a proacutepria Terra marcada pela relaccedilatildeo humana com a natureza espiritualidade e rituais em seguida surge o Territoacuterio as proximidades estatildeo ligadas por relaccedilotildees de pertencimento a um territoacuterio demarcado um paiacutes uma regiatildeo Mais tarde surge o espaccedilo antropoloacutegico das mercadorias em que os fluxos econocircmicos determinam as proximidades a identidade das pessoas estaacute associada a uma posiccedilatildeo que aquela ocupa no fluxo ecocircnomico Por uacuteltimo ele menciona o espaccedilo contemporacircneo em construccedilatildeo o espaccedilo do saber possibilitado pelo surgimento de novas ferramentas (as do ciberespaccedilo) pela velocidade da evoluccedilatildeo dos saberes e pela massa de pessoas que estatildeo habilitadas a aprender e produzir novos conhecimentos

Nestes espaccedilos antropoloacutegicos onde ocorre a manifestaccedilatildeo e produccedilatildeo de teacutecnicas e linguagens eacute onde se pode de fato observar manifestaccedilotildees linguiacutesticas de interesse Levy (2000) sustenta que o espaccedilo do saber permite o surgimento dos ldquocoletivos inteligentesrdquo onde as capacidades cognitivas e sociais dos seres humanos conseguem se encontrar e se desenvolver mutuamente superando a simples transmissatildeo de informaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo de um processo de construccedilatildeo de conhecimento coletivo No entanto para a constituiccedilatildeo e manutenccedilatildeo deste espaccedilo eacute preciso ldquo reinventar o laccedilo social em torno do aprendizado reciacuteproco da sinergia das competecircncias da imaginaccedilatildeo e da inteligecircncia coletivardquo (Levy2000 p 26)

As comunidades de praacuteticas compartilham conceitos fundamentais com a ideia de inteligecircncia coletiva o entendimento de que os processos coletivos de aprendizagem devem ser considerados para que haja sinergia de competecircncias e construccedilatildeo de conhecimentos estatildeo claramente descritos na Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) de Lave e Wenger (1991)

A Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) percebe mente cultura histoacuteria e mundo social dentro de um processo interrelacionado e de construccedilatildeo reciacuteproca Coloca o aprendizado como um fenocircmeno social no qual os participantes desempenham diferentes papeacuteis e assumem diferentes niacuteveis de engajamento constituindo as Comunidades de Praacutetica (CoP) Uma Comunidade de Praacutetica se constitui como um espaccedilo de produccedilatildeo de conhecimento e aquisiccedilatildeo de habilidades que deve ser envolvido por um interesse maior no entanto reciacuteproco de motivar a comunidade a se transformar e legitimar a participaccedilatildeo de todos os agentes O foco portanto deixa de estar em obter conhecimentos e habilidades e estaacute em fazecirc-los circular (LAVE 1991) Segundo Schneider (2012) o processo de circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo dentro de uma CoP se daacute de maneira estruturada e recontextualizada possibilitando a geraccedilatildeo de valor para seus membros

O interesse por socializar o conhecimento atraveacutes de participaccedilatildeo engajada faz das comunidades de praacuteticas sustentadas pela Teoria da Cogniccedilatildeo Situada espaccedilos de aprendizado que correspondem as caracteriacutesticas de sistemas de proximidade sustentadas por praacuteticas linguagens e conhecimentos Desta forma as

comunidades de praacutetica tecircm potencial para revelar as linguagens de um grupo social pois reuacutenem pessoas com interesses afins que exploram a linguagem como forma de socializar o conhecimento e promover o engajamento dos participantes de grupos especiacuteficos

Tendo as Comunidades de Praacutetica como referecircncia de espaccedilos privilegiados para o desenvolvimento das pesquisas com a linguagem de grupos de usuaacuterios o presente estudo apresenta estrateacutegias divididas em dois grupos que visam 1 elicitar formas de representaccedilatildeo (signos) tiacutepicas de determinado grupo e 2 produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo a partir de anaacutelises semioacuteticas dos signos originais

7 Estrateacutegias de trabalho para a exploraccedilatildeo da linguagem de usuaacuterios

71 Elicitar formas de representaccedilatildeo especiacuteficas de deteminado grupo

a) Considerar uma linguagem padratildeo ( forma de comunicaccedilatildeo compreendida amplamente pela populaccedilatildeo)b) Observar em Comunidades de Praacutetica as trocas de mensagens simboacutelicasc) Identificar os desvios da linguagem padratildeo formas especiacuteficas de comunicaccedilatildeo de um grupo (signos de domiacutenio do grupo de interesse)

711 Exemplo ilustrativoObservando-se um grupo onde seus integrantes compartilham do interesse por informaacutetica percebe-se o uso do termo ldquogeekrdquo Sabe-se que esta natildeo eacute uma palavra proacutepria da linguagem padratildeo pois natildeo seria compreendida pela maioria da populaccedilatildeo Portanto considerando-se os itens a b e c indentifica-se um signo de domiacutenio do grupo de interesse

72 Produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo

A anaacutelise semioacutetica permite que se compreenda que o termo remete aos proacuteprios integrantes do grupo pessoas que gostam de informaacutetica tambeacutem se atribui ao geek um caraacuteter de profundo conhecedor ou obcecado pelo tema Um ldquogeekrdquo eacute algueacutem que estaacute antenado ligado a tudo que diz respeito agrave informaacutetica

As anaacutelises acima poderiam ser mais aprofundadas fornecer mais significaccedilotildees mas para isso haacute extensa bibliografia e diferentes meacutetodos podem ser utilizados Neste momento no entanto a anaacutelise serve apenas para demonstrar a dinacircmica e eficaacutecia da proposta de trabalho Para oferecer visualidade de como estas anaacutelises podem ajudar na construccedilatildeo de uma miacutedia descreve-se abaixo o surgimento de um iacutecone associado ao termo ldquogeekrdquo e as interpretaccedilotildees semioacuteticas feitas anteriormente

Este iacutecone parece ter surgido espontaneamente entre os membros do grupo de interesse Em uma pesquisa ao google imagens banco de imagens virtual da web percebe-se que o termo geek possui representaccedilotildees associadas ao siacutembolo inicialmente criado para representar um interruptor ( Fig 4) de forccedila de um dispositivo eletrocircnico

Figura 4 Botatildeo interruptorFonte Google imagens

Por interpretaccedilatildeo semioacutetica das imagens conclui-se que a associaccedilatildeo carrega a informaccedilatildeo de que ser um

geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

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conhecimentos

Os estudos sobre a linguagem dos usuaacuterios situam-se dentro desta perspectiva de contribuiccedilotildees interdisciplinares que proporcionam ambientes de produccedilatildeo de conhecimento para o design de miacutedias interativas Neste trabalho esta contribuiccedilatildeo se daraacute a partir da construccedilatildeo de estrateacutegias de trabalho que revelem comportamentos de interatividade dos usuaacuterios por meio do estudo de sua linguagem

2 Procedimentos metodoloacutegicos

A presente pesquisa utilizou revisatildeo sistemaacutetica e narrativa para abordar o processo de conhecimento de identificaccedilatildeo de necessidades de usuaacuterios e estabelecimento de requisitos A partir da revisatildeo sistemaacutetica realizada por Almeida e Ulbricht (2014) intitulada ldquoMetodologias das pesquisas sobre as necessidades dos usuaacuterios de Hypervideosrdquo evidenciou-se meacutetodos de pesquisa sobre as necessidades de usuaacuterios de Hypervideos A pesquisa explorou a base de dados Scopus e encontrou diferentes trabalhos que correspondem ao tema selecionados por criteacuterios de citaccedilatildeo e relevacircncia

A estrateacutegia de busca na base de dados utilizou uma primeira categoria de descritores representados pelos termos ldquoHypervideordquo ldquoHipervideordquo ldquoNon linear Videordquo ldquoNon linear Audiovisualrdquo ldquoInteractive Audiovisualrdquo ldquoInteractive VideordquoA segunda categoria de descritores foi representada pelos termos ldquoUsabilityrdquo ldquoInteractive Designrdquo ldquoUser Experiencerdquo pois conforme Preece et al (2005) satildeo termos que remetem ao processo de concepccedilatildeo de produtos interativos e exploraccedilatildeo das necessidades de seus usuaacuterios Todos os termos da primeira categoria de descritores foram associados a cada termo da segunda categoria individualmente a partir do operador boleano ldquoANDrdquo Dos 70 artigos encontrados excluiacuteram-se as redundacircncias e os que natildeo tinham relevacircncia com o tema restando 18 artigos de onde foram analisados os dez mais citados

A anaacutelise destes meacutetodos apontou a potencialidade de se investir na compreensatildeo da linguagem do usuaacuterio para identificar suas necessidades e estabelecer requisitos para o sistema Esta compreensatildeo foi construiacuteda a partir da discussatildeo com diversos autores divididas por temaacuteticas em cada toacutepico do artigo onde se destaca A possibilidade de inserir-se o estudo com a linguagem do usuaacuterio dentro do ciclo de design de interaccedilatildeo onde a identificaccedilatildeo de necessidades e o estabelecimento de requisitos satildeo alimentados pelo estudo com a linguagem (toacutepico 3) A seguir destaca-se a dimensatildeo da linguagem dentro dos processos de interatividade (toacutepico 4) No toacutepico 5 a posssibilidade de se explorar a linguagem a partir da semioacutetica O uacuteltimo toacutepico (6) de fundamentaccedilatildeo teoacuterica destaca as comunidades de praacuteticas como espaccedilos privilegiados para este tipo de pesquisa Finalmente com base nos toacutepicos precedentes apresenta-se (toacutepico 7) as recomendaccedilotildees para construccedilatildeo de estrateacutegias de trabalho com a ilustraccedilatildeo de um exemplo seguidos da discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

3 Identificaccedilatildeo de necessidades e definiccedilatildeo de requisitos a partir da linguagem do usuaacuterio

A tarefa de identificaccedilatildeo de necessidades e definiccedilatildeo de requisitos natildeo deve ser vista como dissociada das atividades de design e avaliaccedilatildeo do produto uma vez que o processo se caracteriza por sua iteratividade No entanto cada etapa possui focos especiacuteficos que podem ser descritos para compreensatildeo aprofundada e desenvolvimento Desta forma o processo de identificaccedilatildeo de necessidades pode ser visto como um esforccedilo no sentido de entender o usuaacuterio seu trabalho e contexto para que o sistema possa ser desenvolvido para dar suporte ao desenvolvimento de suas tarefas A partir das necessidades encontradas satildeo estabelecidas algumas especificaccedilotildees requisitos que procuram indicar como o sistema deve operar Estas prescriccedilotildees natildeo satildeo riacutegidas e definitivas pois o processo de design deveraacute ter liberdade para realizar alteraccedilotildees caso necessaacuterio (PREECE et al 2005)

Autores como Preece et al (2005) Nielsen (2000) Dias (2007) Scott e Neil (2009) Stone (2005) Costa (2014) colocam que o processo de identificaccedilatildeo das necessidades de usuaacuterios abrange diferentes teacutecnicas de coleta de dados como questionaacuterios entrevistas grupos focais workshops observaccedilatildeo natural estudo de documentaccedilatildeo e registro automaacutetico de interatividade (log de dados)

A revisatildeo sistemaacutetica realizada em julho de 2014 buscou evidenciar meacutetodos de pesquisa sobre as necessidades de usuaacuterios de Hypervideos um tipo especiacutefico de viacutedeo interativo A maioria dos artigos combinou teacutecnicas objetivas de levantamento de dados com procedimentos exploratoacuterios e subjetivos Debevec Safari e Golob(2008) Verdugo et al (2011) Pereira et al (2010) Meixner et al (2013) Noronha Aacutelvares e Chambel (2012) combinam questionaacuterios abertos e fechados e em Legget e Bilda (2008) aleacutem das duas formas encontra-se entrevistas semi-estruturadas Contudo Domingues-Noriega Agudo e Santamaria (2012) utilizaram apenas questionaacuterios fechados e Brampton et al (2009) trabalhou apenas com registro automaacutetico de interatividade Zhao Zhang e Mcdougall (2011) focaram em entrevistas semi estruturadas

Com base nas informaccedilotildees obtidas constatou-se que as teacutecnicas de coleta de dados descritas na bibliografia consultada satildeo recorrentemente influenciadas pelas metas de usabilidade ou pelas metas decorrentes da experiecircncia do usuaacuterio As metas de usabilidade referem-se agrave criteacuterios que focam em eficiecircncia aprendizagem e satisfaccedilatildeo e aquelas decorrentes da experiecircncia do usuaacuterio associam-se a fatores de maior subjetividade como agradabilidade ou motivaccedilatildeo (PREECE et al 2005) Assim observou-se que os meacutetodos mais objetivos como questionaacuterios fechados tecircm sido usados preferencialmente para atender agrave metas de usabilidade assim como meacutetodos que permitem um maior grau de interpretaccedilatildeo e subjetividade como questionaacuterios abertos ou entrevistas semi-estruturadas satildeo usados com maior frequecircncia para atender agrave metas de experiecircncia de usuaacuterio Contudo estas satildeo apenas tendecircncias Lee e Kim (2014) por exemplo que contradizem esta abordagem conduzem uma pesquisa focada na experecircncia do usuaacuterio usando questionaacuterios fechados

Apenas em Legget e Bilda (2008) evidenciou-se as diferenccedilas entre grupos de usuaacuterios e suas diferentes caracteriacutesticas de interatividade com a criaccedilatildeo de modelos com significativas diferenccedilas e a identificaccedilatildeo de grupos a partir de uma pesquisa sobre o perfil do usuaacuterio com questotildees sociodemograacuteficas como idade grupo social intimidade com tecnologia e gecircnero

Tambeacutem foi identificado que nos 10 artigos analisados pela revisatildeo sistemaacutetica a identificaccedilatildeo de necessidades e estabelecimento de requisitos aparecem associados ao processo avaliativo Fora deste ciclo fechado que se apoia sobre a avaliaccedilatildeo de um produto jaacute concebido as caracterizaccedilotildees se limitam a questotildees sociodemograacuteficas geneacutericas Tendo em vista estas questotildees reveladas pela revisatildeo sistemaacutetica construi-se questionamentos sobre o processo de identificaccedilatildeo de necessidades de usuaacuterios em especial Como etabelecer um processo de identificaccedilatildeo de necessidades que posssa identificar o perfil do usuaacuterio dentro do seu contexto social e cultural e menos condicionado ao processo avaliativo de um modelo preacute definido

A figura 1 reproduz a ilustraccedilatildeo de um modelo de ciclo de vida para o design de interaccedilatildeo proposto em Preece et al (2005) A figura 1 reforccedila a ideia de que a identificaccedilatildeo de necessidades entendida como processo estruturado permanece integrada ao ciclo fechado de design e avaliaccedilatildeo A seta que remete ao espaccedilo externo ao ciclo apenas sugere que fora do ciclo fechado de avaliaccedilatildeo e design haacute algum tipo de contribuiccedilatildeo para a identificaccedilatildeo de necessidades mas natildeo o descreve natildeo o estrutura

Figura 1 modelo de ciclo de vida para o design de interaccedilatildeoFonte Preece et al (2005)

Um design centrado no usuaacuterio se preocupa em caracterizar o usuaacuterio e compreender o seu trabalho (STONE et al 2005) Estas atividades permitem que se estabeleccedilam requisitos coerentes para o desenvolvimento do produto Contudo as recomendaccedilotildees propostas por este trabalho satildeo focadas na caracterizaccedilatildeo do usuaacuterio e se propotildee a conhececirc-lo para aleacutem dos processos de avaliaccedilatildeo do produto portanto sem condicionar a pesquisa aos criteacuterios de usabilidade ou metas decorrentes de sua experiecircncia Eacute estruturada sobre as caracteriacutesticas estruturantes da linguagem sobre o comportamento das pessoas e entatildeo visa construir estrateacutegias de trabalho que permitam o conhecimento do comportamento de usuaacuterios a partir de pesquisas focadas na linguagem dos mesmos A figura 2 propotildee uma complementaccedilatildeo ao modelo de Preece et al(2005) a partir do estudo da linguagem do usuaacuterio

Figura 2 Modelo de ciclo de vida de produto influenciado pela linguagem do usuaacuterioFonte Autor (2014)

A linguagem insere-se no contexto cultural das pessoas e possibilita ao ser humano controle e domiacutenio sobre seu proacuteprio comportamento (VYGOTSKY 1993) portanto observar a linguagem de um grupo eacute um passo importante para a caracterizaccedilatildeo de seu comportamento Diferente dos criteacuterios de usabilidade ou

Identificar necessidades e estabelecer requisitos

(Re) Design

Construir modelo interativo

Avaliar

Produto final

Identificar necessidades e estabelecer requisitos

(Re) Design

Construir modelo interativo

Avaliar

Linguagem do usuaacuterios

Produto Final

experiecircncia do usuaacuterio a linguagem de um grupo eacute um sistema vivo que se reorganiza a partir de negociaccedilotildees culturais e manteacutem interdependecircncia com a cultura e o comportamento Segudo Foucault (2002) mudanccedilas na linguagem de um grupo representam alteraccedilotildees na ordem nos coacutedigos de uma cultura pois os coacutedigos fundamentais de uma cultura regem sua linguagem suas praacuteticas seus esquemas perceptivos

Portanto ao inveacutes de procurar enquadrar o usuaacuterio em categorias avaliativas um estudo da linguagem permite conhecer particularidades de sua comunicaccedilatildeo para que seja criado um sistema que ofereccedila opccedilotildees sintonizadas com o seu comportamento Esta abordagem natildeo substitui outros recursos para identificaccedilatildeo de necessidades e requisitos mas procura complementar este processo com uma abordagem sistematizada

4 Linguagem e interatividade

O trabalho de Vygotsky sobre o desenvolvimento da linguagem humana explora as relaccedilotildees desta com as bases psicoloacutegicas do ser humano e alguns aspectos comportamentais Segundo Vygotsky (1993) o domiacutenio da fala marca um estaacutegio de desenvolvimento onde a crianccedila consegue superar o meacutetodo de resoluccedilatildeo de problemas de forma direta e passa a usar abstraccedilatildeo e planejamento Ele parte das pesquisas de Wolfgang Kholer que tratou a inteligecircncia praacutetica e a linguagem como duas capacidades humanas que se desenvolvem separadamente e sem relaccedilotildees de dependecircncia este pesquisador comparou a capacidade de crianccedilas menores de 2 anos ainda sem domiacutenio da fala agrave chipanzeacutes treinados As pesquisas de Kholer constatam que ateacute esta fase preacute-linguistica crianccedilas e chipanzeacutes possuem formas muito semelhantes de resolver problemas no entanto diferente de Vygotsky Kholer natildeo associa o posterior desenvolvimento humano de resoluccedilatildeo de problemas com o desenvolvimento da linguagem

Para testar a hipoacutetese de que a fala auxilia a crianccedila na resoluccedilatildeo de problemas Vygotsky conduz experimentos em que se impede a crianccedila de usar a fala durante o processo de resoluccedilatildeo do problema Com isso produz uma evidente dificuldade ou mesmo impossibilidade da crianccedila em resolver o problemaCom este experimento a conclusatildeo do autor eacute a de que a fala cria a possibilidade da crianccedila se desvencilhar da concretude da situaccedilatildeo da relaccedilatildeo restrita pela visualidade A abstraccedilatildeo proporcionada pela fala permite que se crie possibilidades que natildeo estatildeo sendo vistas onde a crianccedila consegue projetar situaccedilotildees vendo-se como sujeito e objeto de um evento Com isso tambeacutem adquire um controle do comportamento assim entre um sujeito e seu objetivo haacute uma intervenccedilatildeo racional que considera mais do que soluccedilotildees automatizadas ou instruiacutedas (VYGOTSKY1993)

Segundo Vygotsky (1993) a linguagem possibilita a capacidade humana de planejamento ao influenciar processos como a percepccedilatildeo este processo de consituiccedilatildeo inicia-se com a rotulaccedilatildeo a memorizaccedilatildeo de nomes que identificam e classificam o mundo A rotulaccedilatildeo permite que as coisas se ldquodestaquemrdquo o mundo deixa de ser um contiacutenuo de formas e cores e passa a ser dividido em coisas e seus nomes ldquo Pelas palavras as crianccedilas isolam elementos individuais superando assim a estrutura natural do campo sensorial e formando novos centros estruturaisrdquo (Vyogtsky 1993 p 36)

Uma vez dominada a funccedilatildeo rotuladora adquire-se a funccedilatildeo sintetizadora atraveacutes da qual os elementos individualmente rotulados satildeo ldquoconectados em uma estrutura de sentenccedila tornando a fala essencialmente analiacuteticardquo (Vyogtsky 1993 p 37) A funccedilatildeo rotuladora e a funccedilatildeo sintetizadora permitem que se atribua significado e sentido para as coisas (VYGOTSKY 1993) Como um objeto macio e retangular que na verdade eacute um travesseiro (funccedilatildeo rotuladora) que serve para se apoiar a cabeccedila (funccedilatildeo sintetizadora) Portanto em um primeiro momento percebe-se o mundo em formas e cores mas a medida em que a linguagem amadurece a percepccedilatildeo associa-se aos significados Este processo permite que as palavras direcionem a percepccedilatildeo de acordo com interesses especiacuteficos Com as palavras eacute possiacutevel dominar a atenccedilatildeo criar ldquocentros estruturaisrdquo de interesse dentro da situaccedilatildeo percebida e ateacute mesmo incluir novos centros perceptivos deslocados em relaccedilatildeo ao tempo Eacute possiacutevel combinar passado e presente usando a memoacuteria (VYGOTSKY 1993)

Ao se compreender a influecircncia da linguagem sobre a capacidade de planejamento revela-se tambeacutem as relaccedilotildees entre linguagem e os processos de interaccedilatildeo mediada por tecnologias Em geral sistemas interativos

Figura 3 esquema da operaccedilatildeo com signosFonte Vygotsky 1993

As operaccedilotildees com signos foram interesse de diversos autores entre eles CS Peirce F Saussure e AGremais autores que desenvolveram a semioacutetica uma atividade que ldquoprocura descrever o que o texto3 diz e como ele faz para dizecirc-lordquo Barros 2005 p11 em diferentes correntes A contribuiccedilatildeo destes autores para esta aacuterea eacute indiscutiacutevel poreacutem este estudo natildeo pretende identificar uma corrente semioacutetica especiacutefica para conduzir os trabalhos com os grupos de usuaacuterios a intenccedilatildeo eacute apontar a semioacutetica dentro de uma estrateacutegia de trabalho coerente para a pesquisa com a linguagem de usuaacuterios

Dentro da perspectiva deste trabalho as anaacutelises semioacuteticas devem abordar manifestaccedilotildees linguiacutesticas que representem marcas de identidade de um grupo especiacutefico com a intenccedilatildeo de ldquotraduzir as significaccedilotildees sociais inconscientesrdquo Greimas (1975 p13) Uma tarefa bastante complexa pois a interpretaccedilatildeo de signos eacute

3 Segundo Barros (2005) por texto entende-se natildeo apenas os elementos frasais mas sim qualquer objeto de significaccedilatildeo

s R

digitais satildeo mediados por interfaces A interface pode ser compreendida como uma espeacutecie de tradutor entre a linguagem computacional e a linguagem humana ou seja ela permite que os coacutedigos binaacuterios sejam representados de maneira que uma pessoa possa entendecirc-los assim como oferece ao usuaacuterio a possibilidade de comunicar agrave maacutequina a partir de seus conceitos ideias e associaccedilotildees uma accedilatildeo que se espera que seja realizada (JHONSON 1997)

Segundo Colusso (2014) a interface de usuaacuterio eacute uma questatildeo de representaccedilatildeo onde um signo serve de porta de acesso para conceitos representado por outros signosDesta forma a linguagem do usuaacuterio precisa estar representada na interfaceA interface permite que o usuaacuterio reconheccedila os oferecimentos do sistema accedilotildees que se acredita que o sistema iraacute realizar a partir do seu comando (HEETER 2000) Estes oferecimentos incitam e organizam a interatividade do usuaacuterio (PRATEAT 2013) O usuaacuterio entatildeo planeja pois projeta em sua mente situaccedilotildees que ainda natildeo se concretizaram mas o faz a partir da linguagem pois ela eacute que permite o reconhecimento dos oferecimentos do sistema

Portanto a perpcepccedilatildeo humana eacute determinada por sua linguagem rotula-se o mundo fiacutesico e associa-se a cada objeto sentenccedilas que o definem quanto ao seu significado As coisas que possuem significado se deslocam para os centros estruturais da percepccedilatildeo pois eacute neste mundo de significados que situa-se nossa relaccedilatildeo com o mundo

Constata-se portanto que a partir da linguagem pode-se descrever e compreender questotildees importantes sobre os processos psicoloacutegicos estruturantes das situaccedilotildees de interatividade mediada por tecnologias

Planejamento percepccedilatildeo atenccedilatildeo escolha memoacuteria e pensamento satildeo atividades constantemente requisitadas em processos de interaccedilatildeo digital A linguagem daacute sustentaccedilatildeo a estas atividades e agrave proacutepria interaccedilatildeo mediada por tecnologia portanto estudos que pretendam abordar as necessidades de usuaacuterios de miacutedias interativas devem ter uma especial atenccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave linguagem destes usuaacuterios

5Explorando a linguagem a partir da semioacutetica

As linguagens operam por meio de signos e estes por sua vez podem ser compreendidos como um estiacutemulo fiacutesico cuja resposta eacute mediada por laccedilos culturais significantes Uma operaccedilatildeo que envolve signos produz estiacutemulos auto gerados ou seja o signo produz um primeiro estiacutemulo provocado pelas suas caracteriacutesticas fiacutesicas luz som etc e um segundo estiacutemulo que se forma na mente e que envolve uma abstraccedilatildeo autogerada mas compartilhada pelo coletivo (VYGOTSKY 1993) O modelo triaacutedico da representaccedilatildeo da operaccedilatildeo de signos pode ser compreendido a partir da figura 3 onde S estiacutemulo R resposta e X elo cultural que representa o estiacutemulo de natureza autogerada que se interpotildee entre estiacutemulo fiacutesico e resposta

X

tarefa imprecisa ldquo a relaccedilatildeo do signo com seu conteuacutedo natildeo eacute assegurada na ordem das proacuteprias coisas a relaccedilatildeo do significante com o significado se aloja num espaccedilo onde nenhuma figura intermediaacuteria assegura mais seu encontrordquo (FOUCAULT 2002 p 87) A tentativa de estabelecer a relaccedilatildeo entre significante e significado materializa-se na criaccedilatildeo dos coacutedigos No entanto os coacutedigos satildeo tentativas reducionistas de traduzir relaccedilotildees complexas e de difiacutecil representaccedilatildeo ( FOUCAULT 2002)

Segundo Islam e Bowman (2015) a interaccedilatildeo ocorre atraveacutes de signos e portanto natildeo pode prescindir da semioacutetica Embora anaacutelises semioacuteticas possuam limitaccedilotildees interpretativas mostram-se bastante eficientes em expandir as possibilidades de representaccedilatildeo de determinado signo Neste sentido o que se pode buscar com este estudo eacute encontrar manifestaccedilotildees que expressem uma especificidade linguiacutestica significativa e por meio da semioacutetica descobrir diferentes representaccedilotildees associadas ao significado presente em determinado signo

6 Linguagem e as Comunidades de Praacutetica

Anaacutelises semioacuteticas prescindem de um contexto cultural gerador dos signos (SAUSSURE 1992) Portanto eacute preciso buscar informaccedilotildees nos espaccedilos onde haja interaccedilatildeo com intensas trocas culturais pelo grupo de interesse Levy (2000 p 22) descreve estes espaccedilos a partir do conceito de Espaccedilos Antropoloacutegicos ldquo sistemas de proximidade que dependem de teacutecnicas de significaccedilotildees da linguagem da cultura das convenccedilotildees das representaccedilotildees e das emoccedilotildees humanasrdquo

Segundo o autor cada eacutepoca possui um sistema de proximidade caracteriacutestico o primeiro deles foi a proacutepria Terra marcada pela relaccedilatildeo humana com a natureza espiritualidade e rituais em seguida surge o Territoacuterio as proximidades estatildeo ligadas por relaccedilotildees de pertencimento a um territoacuterio demarcado um paiacutes uma regiatildeo Mais tarde surge o espaccedilo antropoloacutegico das mercadorias em que os fluxos econocircmicos determinam as proximidades a identidade das pessoas estaacute associada a uma posiccedilatildeo que aquela ocupa no fluxo ecocircnomico Por uacuteltimo ele menciona o espaccedilo contemporacircneo em construccedilatildeo o espaccedilo do saber possibilitado pelo surgimento de novas ferramentas (as do ciberespaccedilo) pela velocidade da evoluccedilatildeo dos saberes e pela massa de pessoas que estatildeo habilitadas a aprender e produzir novos conhecimentos

Nestes espaccedilos antropoloacutegicos onde ocorre a manifestaccedilatildeo e produccedilatildeo de teacutecnicas e linguagens eacute onde se pode de fato observar manifestaccedilotildees linguiacutesticas de interesse Levy (2000) sustenta que o espaccedilo do saber permite o surgimento dos ldquocoletivos inteligentesrdquo onde as capacidades cognitivas e sociais dos seres humanos conseguem se encontrar e se desenvolver mutuamente superando a simples transmissatildeo de informaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo de um processo de construccedilatildeo de conhecimento coletivo No entanto para a constituiccedilatildeo e manutenccedilatildeo deste espaccedilo eacute preciso ldquo reinventar o laccedilo social em torno do aprendizado reciacuteproco da sinergia das competecircncias da imaginaccedilatildeo e da inteligecircncia coletivardquo (Levy2000 p 26)

As comunidades de praacuteticas compartilham conceitos fundamentais com a ideia de inteligecircncia coletiva o entendimento de que os processos coletivos de aprendizagem devem ser considerados para que haja sinergia de competecircncias e construccedilatildeo de conhecimentos estatildeo claramente descritos na Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) de Lave e Wenger (1991)

A Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) percebe mente cultura histoacuteria e mundo social dentro de um processo interrelacionado e de construccedilatildeo reciacuteproca Coloca o aprendizado como um fenocircmeno social no qual os participantes desempenham diferentes papeacuteis e assumem diferentes niacuteveis de engajamento constituindo as Comunidades de Praacutetica (CoP) Uma Comunidade de Praacutetica se constitui como um espaccedilo de produccedilatildeo de conhecimento e aquisiccedilatildeo de habilidades que deve ser envolvido por um interesse maior no entanto reciacuteproco de motivar a comunidade a se transformar e legitimar a participaccedilatildeo de todos os agentes O foco portanto deixa de estar em obter conhecimentos e habilidades e estaacute em fazecirc-los circular (LAVE 1991) Segundo Schneider (2012) o processo de circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo dentro de uma CoP se daacute de maneira estruturada e recontextualizada possibilitando a geraccedilatildeo de valor para seus membros

O interesse por socializar o conhecimento atraveacutes de participaccedilatildeo engajada faz das comunidades de praacuteticas sustentadas pela Teoria da Cogniccedilatildeo Situada espaccedilos de aprendizado que correspondem as caracteriacutesticas de sistemas de proximidade sustentadas por praacuteticas linguagens e conhecimentos Desta forma as

comunidades de praacutetica tecircm potencial para revelar as linguagens de um grupo social pois reuacutenem pessoas com interesses afins que exploram a linguagem como forma de socializar o conhecimento e promover o engajamento dos participantes de grupos especiacuteficos

Tendo as Comunidades de Praacutetica como referecircncia de espaccedilos privilegiados para o desenvolvimento das pesquisas com a linguagem de grupos de usuaacuterios o presente estudo apresenta estrateacutegias divididas em dois grupos que visam 1 elicitar formas de representaccedilatildeo (signos) tiacutepicas de determinado grupo e 2 produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo a partir de anaacutelises semioacuteticas dos signos originais

7 Estrateacutegias de trabalho para a exploraccedilatildeo da linguagem de usuaacuterios

71 Elicitar formas de representaccedilatildeo especiacuteficas de deteminado grupo

a) Considerar uma linguagem padratildeo ( forma de comunicaccedilatildeo compreendida amplamente pela populaccedilatildeo)b) Observar em Comunidades de Praacutetica as trocas de mensagens simboacutelicasc) Identificar os desvios da linguagem padratildeo formas especiacuteficas de comunicaccedilatildeo de um grupo (signos de domiacutenio do grupo de interesse)

711 Exemplo ilustrativoObservando-se um grupo onde seus integrantes compartilham do interesse por informaacutetica percebe-se o uso do termo ldquogeekrdquo Sabe-se que esta natildeo eacute uma palavra proacutepria da linguagem padratildeo pois natildeo seria compreendida pela maioria da populaccedilatildeo Portanto considerando-se os itens a b e c indentifica-se um signo de domiacutenio do grupo de interesse

72 Produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo

A anaacutelise semioacutetica permite que se compreenda que o termo remete aos proacuteprios integrantes do grupo pessoas que gostam de informaacutetica tambeacutem se atribui ao geek um caraacuteter de profundo conhecedor ou obcecado pelo tema Um ldquogeekrdquo eacute algueacutem que estaacute antenado ligado a tudo que diz respeito agrave informaacutetica

As anaacutelises acima poderiam ser mais aprofundadas fornecer mais significaccedilotildees mas para isso haacute extensa bibliografia e diferentes meacutetodos podem ser utilizados Neste momento no entanto a anaacutelise serve apenas para demonstrar a dinacircmica e eficaacutecia da proposta de trabalho Para oferecer visualidade de como estas anaacutelises podem ajudar na construccedilatildeo de uma miacutedia descreve-se abaixo o surgimento de um iacutecone associado ao termo ldquogeekrdquo e as interpretaccedilotildees semioacuteticas feitas anteriormente

Este iacutecone parece ter surgido espontaneamente entre os membros do grupo de interesse Em uma pesquisa ao google imagens banco de imagens virtual da web percebe-se que o termo geek possui representaccedilotildees associadas ao siacutembolo inicialmente criado para representar um interruptor ( Fig 4) de forccedila de um dispositivo eletrocircnico

Figura 4 Botatildeo interruptorFonte Google imagens

Por interpretaccedilatildeo semioacutetica das imagens conclui-se que a associaccedilatildeo carrega a informaccedilatildeo de que ser um

geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

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Page 3: Linguagem, Interatividade e Comunidades de Práticaconahpa.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/06/ID252_Almeida... · A Interação Homem Computador (IHC), e o Design de Interação

A revisatildeo sistemaacutetica realizada em julho de 2014 buscou evidenciar meacutetodos de pesquisa sobre as necessidades de usuaacuterios de Hypervideos um tipo especiacutefico de viacutedeo interativo A maioria dos artigos combinou teacutecnicas objetivas de levantamento de dados com procedimentos exploratoacuterios e subjetivos Debevec Safari e Golob(2008) Verdugo et al (2011) Pereira et al (2010) Meixner et al (2013) Noronha Aacutelvares e Chambel (2012) combinam questionaacuterios abertos e fechados e em Legget e Bilda (2008) aleacutem das duas formas encontra-se entrevistas semi-estruturadas Contudo Domingues-Noriega Agudo e Santamaria (2012) utilizaram apenas questionaacuterios fechados e Brampton et al (2009) trabalhou apenas com registro automaacutetico de interatividade Zhao Zhang e Mcdougall (2011) focaram em entrevistas semi estruturadas

Com base nas informaccedilotildees obtidas constatou-se que as teacutecnicas de coleta de dados descritas na bibliografia consultada satildeo recorrentemente influenciadas pelas metas de usabilidade ou pelas metas decorrentes da experiecircncia do usuaacuterio As metas de usabilidade referem-se agrave criteacuterios que focam em eficiecircncia aprendizagem e satisfaccedilatildeo e aquelas decorrentes da experiecircncia do usuaacuterio associam-se a fatores de maior subjetividade como agradabilidade ou motivaccedilatildeo (PREECE et al 2005) Assim observou-se que os meacutetodos mais objetivos como questionaacuterios fechados tecircm sido usados preferencialmente para atender agrave metas de usabilidade assim como meacutetodos que permitem um maior grau de interpretaccedilatildeo e subjetividade como questionaacuterios abertos ou entrevistas semi-estruturadas satildeo usados com maior frequecircncia para atender agrave metas de experiecircncia de usuaacuterio Contudo estas satildeo apenas tendecircncias Lee e Kim (2014) por exemplo que contradizem esta abordagem conduzem uma pesquisa focada na experecircncia do usuaacuterio usando questionaacuterios fechados

Apenas em Legget e Bilda (2008) evidenciou-se as diferenccedilas entre grupos de usuaacuterios e suas diferentes caracteriacutesticas de interatividade com a criaccedilatildeo de modelos com significativas diferenccedilas e a identificaccedilatildeo de grupos a partir de uma pesquisa sobre o perfil do usuaacuterio com questotildees sociodemograacuteficas como idade grupo social intimidade com tecnologia e gecircnero

Tambeacutem foi identificado que nos 10 artigos analisados pela revisatildeo sistemaacutetica a identificaccedilatildeo de necessidades e estabelecimento de requisitos aparecem associados ao processo avaliativo Fora deste ciclo fechado que se apoia sobre a avaliaccedilatildeo de um produto jaacute concebido as caracterizaccedilotildees se limitam a questotildees sociodemograacuteficas geneacutericas Tendo em vista estas questotildees reveladas pela revisatildeo sistemaacutetica construi-se questionamentos sobre o processo de identificaccedilatildeo de necessidades de usuaacuterios em especial Como etabelecer um processo de identificaccedilatildeo de necessidades que posssa identificar o perfil do usuaacuterio dentro do seu contexto social e cultural e menos condicionado ao processo avaliativo de um modelo preacute definido

A figura 1 reproduz a ilustraccedilatildeo de um modelo de ciclo de vida para o design de interaccedilatildeo proposto em Preece et al (2005) A figura 1 reforccedila a ideia de que a identificaccedilatildeo de necessidades entendida como processo estruturado permanece integrada ao ciclo fechado de design e avaliaccedilatildeo A seta que remete ao espaccedilo externo ao ciclo apenas sugere que fora do ciclo fechado de avaliaccedilatildeo e design haacute algum tipo de contribuiccedilatildeo para a identificaccedilatildeo de necessidades mas natildeo o descreve natildeo o estrutura

Figura 1 modelo de ciclo de vida para o design de interaccedilatildeoFonte Preece et al (2005)

Um design centrado no usuaacuterio se preocupa em caracterizar o usuaacuterio e compreender o seu trabalho (STONE et al 2005) Estas atividades permitem que se estabeleccedilam requisitos coerentes para o desenvolvimento do produto Contudo as recomendaccedilotildees propostas por este trabalho satildeo focadas na caracterizaccedilatildeo do usuaacuterio e se propotildee a conhececirc-lo para aleacutem dos processos de avaliaccedilatildeo do produto portanto sem condicionar a pesquisa aos criteacuterios de usabilidade ou metas decorrentes de sua experiecircncia Eacute estruturada sobre as caracteriacutesticas estruturantes da linguagem sobre o comportamento das pessoas e entatildeo visa construir estrateacutegias de trabalho que permitam o conhecimento do comportamento de usuaacuterios a partir de pesquisas focadas na linguagem dos mesmos A figura 2 propotildee uma complementaccedilatildeo ao modelo de Preece et al(2005) a partir do estudo da linguagem do usuaacuterio

Figura 2 Modelo de ciclo de vida de produto influenciado pela linguagem do usuaacuterioFonte Autor (2014)

A linguagem insere-se no contexto cultural das pessoas e possibilita ao ser humano controle e domiacutenio sobre seu proacuteprio comportamento (VYGOTSKY 1993) portanto observar a linguagem de um grupo eacute um passo importante para a caracterizaccedilatildeo de seu comportamento Diferente dos criteacuterios de usabilidade ou

Identificar necessidades e estabelecer requisitos

(Re) Design

Construir modelo interativo

Avaliar

Produto final

Identificar necessidades e estabelecer requisitos

(Re) Design

Construir modelo interativo

Avaliar

Linguagem do usuaacuterios

Produto Final

experiecircncia do usuaacuterio a linguagem de um grupo eacute um sistema vivo que se reorganiza a partir de negociaccedilotildees culturais e manteacutem interdependecircncia com a cultura e o comportamento Segudo Foucault (2002) mudanccedilas na linguagem de um grupo representam alteraccedilotildees na ordem nos coacutedigos de uma cultura pois os coacutedigos fundamentais de uma cultura regem sua linguagem suas praacuteticas seus esquemas perceptivos

Portanto ao inveacutes de procurar enquadrar o usuaacuterio em categorias avaliativas um estudo da linguagem permite conhecer particularidades de sua comunicaccedilatildeo para que seja criado um sistema que ofereccedila opccedilotildees sintonizadas com o seu comportamento Esta abordagem natildeo substitui outros recursos para identificaccedilatildeo de necessidades e requisitos mas procura complementar este processo com uma abordagem sistematizada

4 Linguagem e interatividade

O trabalho de Vygotsky sobre o desenvolvimento da linguagem humana explora as relaccedilotildees desta com as bases psicoloacutegicas do ser humano e alguns aspectos comportamentais Segundo Vygotsky (1993) o domiacutenio da fala marca um estaacutegio de desenvolvimento onde a crianccedila consegue superar o meacutetodo de resoluccedilatildeo de problemas de forma direta e passa a usar abstraccedilatildeo e planejamento Ele parte das pesquisas de Wolfgang Kholer que tratou a inteligecircncia praacutetica e a linguagem como duas capacidades humanas que se desenvolvem separadamente e sem relaccedilotildees de dependecircncia este pesquisador comparou a capacidade de crianccedilas menores de 2 anos ainda sem domiacutenio da fala agrave chipanzeacutes treinados As pesquisas de Kholer constatam que ateacute esta fase preacute-linguistica crianccedilas e chipanzeacutes possuem formas muito semelhantes de resolver problemas no entanto diferente de Vygotsky Kholer natildeo associa o posterior desenvolvimento humano de resoluccedilatildeo de problemas com o desenvolvimento da linguagem

Para testar a hipoacutetese de que a fala auxilia a crianccedila na resoluccedilatildeo de problemas Vygotsky conduz experimentos em que se impede a crianccedila de usar a fala durante o processo de resoluccedilatildeo do problema Com isso produz uma evidente dificuldade ou mesmo impossibilidade da crianccedila em resolver o problemaCom este experimento a conclusatildeo do autor eacute a de que a fala cria a possibilidade da crianccedila se desvencilhar da concretude da situaccedilatildeo da relaccedilatildeo restrita pela visualidade A abstraccedilatildeo proporcionada pela fala permite que se crie possibilidades que natildeo estatildeo sendo vistas onde a crianccedila consegue projetar situaccedilotildees vendo-se como sujeito e objeto de um evento Com isso tambeacutem adquire um controle do comportamento assim entre um sujeito e seu objetivo haacute uma intervenccedilatildeo racional que considera mais do que soluccedilotildees automatizadas ou instruiacutedas (VYGOTSKY1993)

Segundo Vygotsky (1993) a linguagem possibilita a capacidade humana de planejamento ao influenciar processos como a percepccedilatildeo este processo de consituiccedilatildeo inicia-se com a rotulaccedilatildeo a memorizaccedilatildeo de nomes que identificam e classificam o mundo A rotulaccedilatildeo permite que as coisas se ldquodestaquemrdquo o mundo deixa de ser um contiacutenuo de formas e cores e passa a ser dividido em coisas e seus nomes ldquo Pelas palavras as crianccedilas isolam elementos individuais superando assim a estrutura natural do campo sensorial e formando novos centros estruturaisrdquo (Vyogtsky 1993 p 36)

Uma vez dominada a funccedilatildeo rotuladora adquire-se a funccedilatildeo sintetizadora atraveacutes da qual os elementos individualmente rotulados satildeo ldquoconectados em uma estrutura de sentenccedila tornando a fala essencialmente analiacuteticardquo (Vyogtsky 1993 p 37) A funccedilatildeo rotuladora e a funccedilatildeo sintetizadora permitem que se atribua significado e sentido para as coisas (VYGOTSKY 1993) Como um objeto macio e retangular que na verdade eacute um travesseiro (funccedilatildeo rotuladora) que serve para se apoiar a cabeccedila (funccedilatildeo sintetizadora) Portanto em um primeiro momento percebe-se o mundo em formas e cores mas a medida em que a linguagem amadurece a percepccedilatildeo associa-se aos significados Este processo permite que as palavras direcionem a percepccedilatildeo de acordo com interesses especiacuteficos Com as palavras eacute possiacutevel dominar a atenccedilatildeo criar ldquocentros estruturaisrdquo de interesse dentro da situaccedilatildeo percebida e ateacute mesmo incluir novos centros perceptivos deslocados em relaccedilatildeo ao tempo Eacute possiacutevel combinar passado e presente usando a memoacuteria (VYGOTSKY 1993)

Ao se compreender a influecircncia da linguagem sobre a capacidade de planejamento revela-se tambeacutem as relaccedilotildees entre linguagem e os processos de interaccedilatildeo mediada por tecnologias Em geral sistemas interativos

Figura 3 esquema da operaccedilatildeo com signosFonte Vygotsky 1993

As operaccedilotildees com signos foram interesse de diversos autores entre eles CS Peirce F Saussure e AGremais autores que desenvolveram a semioacutetica uma atividade que ldquoprocura descrever o que o texto3 diz e como ele faz para dizecirc-lordquo Barros 2005 p11 em diferentes correntes A contribuiccedilatildeo destes autores para esta aacuterea eacute indiscutiacutevel poreacutem este estudo natildeo pretende identificar uma corrente semioacutetica especiacutefica para conduzir os trabalhos com os grupos de usuaacuterios a intenccedilatildeo eacute apontar a semioacutetica dentro de uma estrateacutegia de trabalho coerente para a pesquisa com a linguagem de usuaacuterios

Dentro da perspectiva deste trabalho as anaacutelises semioacuteticas devem abordar manifestaccedilotildees linguiacutesticas que representem marcas de identidade de um grupo especiacutefico com a intenccedilatildeo de ldquotraduzir as significaccedilotildees sociais inconscientesrdquo Greimas (1975 p13) Uma tarefa bastante complexa pois a interpretaccedilatildeo de signos eacute

3 Segundo Barros (2005) por texto entende-se natildeo apenas os elementos frasais mas sim qualquer objeto de significaccedilatildeo

s R

digitais satildeo mediados por interfaces A interface pode ser compreendida como uma espeacutecie de tradutor entre a linguagem computacional e a linguagem humana ou seja ela permite que os coacutedigos binaacuterios sejam representados de maneira que uma pessoa possa entendecirc-los assim como oferece ao usuaacuterio a possibilidade de comunicar agrave maacutequina a partir de seus conceitos ideias e associaccedilotildees uma accedilatildeo que se espera que seja realizada (JHONSON 1997)

Segundo Colusso (2014) a interface de usuaacuterio eacute uma questatildeo de representaccedilatildeo onde um signo serve de porta de acesso para conceitos representado por outros signosDesta forma a linguagem do usuaacuterio precisa estar representada na interfaceA interface permite que o usuaacuterio reconheccedila os oferecimentos do sistema accedilotildees que se acredita que o sistema iraacute realizar a partir do seu comando (HEETER 2000) Estes oferecimentos incitam e organizam a interatividade do usuaacuterio (PRATEAT 2013) O usuaacuterio entatildeo planeja pois projeta em sua mente situaccedilotildees que ainda natildeo se concretizaram mas o faz a partir da linguagem pois ela eacute que permite o reconhecimento dos oferecimentos do sistema

Portanto a perpcepccedilatildeo humana eacute determinada por sua linguagem rotula-se o mundo fiacutesico e associa-se a cada objeto sentenccedilas que o definem quanto ao seu significado As coisas que possuem significado se deslocam para os centros estruturais da percepccedilatildeo pois eacute neste mundo de significados que situa-se nossa relaccedilatildeo com o mundo

Constata-se portanto que a partir da linguagem pode-se descrever e compreender questotildees importantes sobre os processos psicoloacutegicos estruturantes das situaccedilotildees de interatividade mediada por tecnologias

Planejamento percepccedilatildeo atenccedilatildeo escolha memoacuteria e pensamento satildeo atividades constantemente requisitadas em processos de interaccedilatildeo digital A linguagem daacute sustentaccedilatildeo a estas atividades e agrave proacutepria interaccedilatildeo mediada por tecnologia portanto estudos que pretendam abordar as necessidades de usuaacuterios de miacutedias interativas devem ter uma especial atenccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave linguagem destes usuaacuterios

5Explorando a linguagem a partir da semioacutetica

As linguagens operam por meio de signos e estes por sua vez podem ser compreendidos como um estiacutemulo fiacutesico cuja resposta eacute mediada por laccedilos culturais significantes Uma operaccedilatildeo que envolve signos produz estiacutemulos auto gerados ou seja o signo produz um primeiro estiacutemulo provocado pelas suas caracteriacutesticas fiacutesicas luz som etc e um segundo estiacutemulo que se forma na mente e que envolve uma abstraccedilatildeo autogerada mas compartilhada pelo coletivo (VYGOTSKY 1993) O modelo triaacutedico da representaccedilatildeo da operaccedilatildeo de signos pode ser compreendido a partir da figura 3 onde S estiacutemulo R resposta e X elo cultural que representa o estiacutemulo de natureza autogerada que se interpotildee entre estiacutemulo fiacutesico e resposta

X

tarefa imprecisa ldquo a relaccedilatildeo do signo com seu conteuacutedo natildeo eacute assegurada na ordem das proacuteprias coisas a relaccedilatildeo do significante com o significado se aloja num espaccedilo onde nenhuma figura intermediaacuteria assegura mais seu encontrordquo (FOUCAULT 2002 p 87) A tentativa de estabelecer a relaccedilatildeo entre significante e significado materializa-se na criaccedilatildeo dos coacutedigos No entanto os coacutedigos satildeo tentativas reducionistas de traduzir relaccedilotildees complexas e de difiacutecil representaccedilatildeo ( FOUCAULT 2002)

Segundo Islam e Bowman (2015) a interaccedilatildeo ocorre atraveacutes de signos e portanto natildeo pode prescindir da semioacutetica Embora anaacutelises semioacuteticas possuam limitaccedilotildees interpretativas mostram-se bastante eficientes em expandir as possibilidades de representaccedilatildeo de determinado signo Neste sentido o que se pode buscar com este estudo eacute encontrar manifestaccedilotildees que expressem uma especificidade linguiacutestica significativa e por meio da semioacutetica descobrir diferentes representaccedilotildees associadas ao significado presente em determinado signo

6 Linguagem e as Comunidades de Praacutetica

Anaacutelises semioacuteticas prescindem de um contexto cultural gerador dos signos (SAUSSURE 1992) Portanto eacute preciso buscar informaccedilotildees nos espaccedilos onde haja interaccedilatildeo com intensas trocas culturais pelo grupo de interesse Levy (2000 p 22) descreve estes espaccedilos a partir do conceito de Espaccedilos Antropoloacutegicos ldquo sistemas de proximidade que dependem de teacutecnicas de significaccedilotildees da linguagem da cultura das convenccedilotildees das representaccedilotildees e das emoccedilotildees humanasrdquo

Segundo o autor cada eacutepoca possui um sistema de proximidade caracteriacutestico o primeiro deles foi a proacutepria Terra marcada pela relaccedilatildeo humana com a natureza espiritualidade e rituais em seguida surge o Territoacuterio as proximidades estatildeo ligadas por relaccedilotildees de pertencimento a um territoacuterio demarcado um paiacutes uma regiatildeo Mais tarde surge o espaccedilo antropoloacutegico das mercadorias em que os fluxos econocircmicos determinam as proximidades a identidade das pessoas estaacute associada a uma posiccedilatildeo que aquela ocupa no fluxo ecocircnomico Por uacuteltimo ele menciona o espaccedilo contemporacircneo em construccedilatildeo o espaccedilo do saber possibilitado pelo surgimento de novas ferramentas (as do ciberespaccedilo) pela velocidade da evoluccedilatildeo dos saberes e pela massa de pessoas que estatildeo habilitadas a aprender e produzir novos conhecimentos

Nestes espaccedilos antropoloacutegicos onde ocorre a manifestaccedilatildeo e produccedilatildeo de teacutecnicas e linguagens eacute onde se pode de fato observar manifestaccedilotildees linguiacutesticas de interesse Levy (2000) sustenta que o espaccedilo do saber permite o surgimento dos ldquocoletivos inteligentesrdquo onde as capacidades cognitivas e sociais dos seres humanos conseguem se encontrar e se desenvolver mutuamente superando a simples transmissatildeo de informaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo de um processo de construccedilatildeo de conhecimento coletivo No entanto para a constituiccedilatildeo e manutenccedilatildeo deste espaccedilo eacute preciso ldquo reinventar o laccedilo social em torno do aprendizado reciacuteproco da sinergia das competecircncias da imaginaccedilatildeo e da inteligecircncia coletivardquo (Levy2000 p 26)

As comunidades de praacuteticas compartilham conceitos fundamentais com a ideia de inteligecircncia coletiva o entendimento de que os processos coletivos de aprendizagem devem ser considerados para que haja sinergia de competecircncias e construccedilatildeo de conhecimentos estatildeo claramente descritos na Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) de Lave e Wenger (1991)

A Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) percebe mente cultura histoacuteria e mundo social dentro de um processo interrelacionado e de construccedilatildeo reciacuteproca Coloca o aprendizado como um fenocircmeno social no qual os participantes desempenham diferentes papeacuteis e assumem diferentes niacuteveis de engajamento constituindo as Comunidades de Praacutetica (CoP) Uma Comunidade de Praacutetica se constitui como um espaccedilo de produccedilatildeo de conhecimento e aquisiccedilatildeo de habilidades que deve ser envolvido por um interesse maior no entanto reciacuteproco de motivar a comunidade a se transformar e legitimar a participaccedilatildeo de todos os agentes O foco portanto deixa de estar em obter conhecimentos e habilidades e estaacute em fazecirc-los circular (LAVE 1991) Segundo Schneider (2012) o processo de circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo dentro de uma CoP se daacute de maneira estruturada e recontextualizada possibilitando a geraccedilatildeo de valor para seus membros

O interesse por socializar o conhecimento atraveacutes de participaccedilatildeo engajada faz das comunidades de praacuteticas sustentadas pela Teoria da Cogniccedilatildeo Situada espaccedilos de aprendizado que correspondem as caracteriacutesticas de sistemas de proximidade sustentadas por praacuteticas linguagens e conhecimentos Desta forma as

comunidades de praacutetica tecircm potencial para revelar as linguagens de um grupo social pois reuacutenem pessoas com interesses afins que exploram a linguagem como forma de socializar o conhecimento e promover o engajamento dos participantes de grupos especiacuteficos

Tendo as Comunidades de Praacutetica como referecircncia de espaccedilos privilegiados para o desenvolvimento das pesquisas com a linguagem de grupos de usuaacuterios o presente estudo apresenta estrateacutegias divididas em dois grupos que visam 1 elicitar formas de representaccedilatildeo (signos) tiacutepicas de determinado grupo e 2 produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo a partir de anaacutelises semioacuteticas dos signos originais

7 Estrateacutegias de trabalho para a exploraccedilatildeo da linguagem de usuaacuterios

71 Elicitar formas de representaccedilatildeo especiacuteficas de deteminado grupo

a) Considerar uma linguagem padratildeo ( forma de comunicaccedilatildeo compreendida amplamente pela populaccedilatildeo)b) Observar em Comunidades de Praacutetica as trocas de mensagens simboacutelicasc) Identificar os desvios da linguagem padratildeo formas especiacuteficas de comunicaccedilatildeo de um grupo (signos de domiacutenio do grupo de interesse)

711 Exemplo ilustrativoObservando-se um grupo onde seus integrantes compartilham do interesse por informaacutetica percebe-se o uso do termo ldquogeekrdquo Sabe-se que esta natildeo eacute uma palavra proacutepria da linguagem padratildeo pois natildeo seria compreendida pela maioria da populaccedilatildeo Portanto considerando-se os itens a b e c indentifica-se um signo de domiacutenio do grupo de interesse

72 Produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo

A anaacutelise semioacutetica permite que se compreenda que o termo remete aos proacuteprios integrantes do grupo pessoas que gostam de informaacutetica tambeacutem se atribui ao geek um caraacuteter de profundo conhecedor ou obcecado pelo tema Um ldquogeekrdquo eacute algueacutem que estaacute antenado ligado a tudo que diz respeito agrave informaacutetica

As anaacutelises acima poderiam ser mais aprofundadas fornecer mais significaccedilotildees mas para isso haacute extensa bibliografia e diferentes meacutetodos podem ser utilizados Neste momento no entanto a anaacutelise serve apenas para demonstrar a dinacircmica e eficaacutecia da proposta de trabalho Para oferecer visualidade de como estas anaacutelises podem ajudar na construccedilatildeo de uma miacutedia descreve-se abaixo o surgimento de um iacutecone associado ao termo ldquogeekrdquo e as interpretaccedilotildees semioacuteticas feitas anteriormente

Este iacutecone parece ter surgido espontaneamente entre os membros do grupo de interesse Em uma pesquisa ao google imagens banco de imagens virtual da web percebe-se que o termo geek possui representaccedilotildees associadas ao siacutembolo inicialmente criado para representar um interruptor ( Fig 4) de forccedila de um dispositivo eletrocircnico

Figura 4 Botatildeo interruptorFonte Google imagens

Por interpretaccedilatildeo semioacutetica das imagens conclui-se que a associaccedilatildeo carrega a informaccedilatildeo de que ser um

geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

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Page 4: Linguagem, Interatividade e Comunidades de Práticaconahpa.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/06/ID252_Almeida... · A Interação Homem Computador (IHC), e o Design de Interação

Figura 1 modelo de ciclo de vida para o design de interaccedilatildeoFonte Preece et al (2005)

Um design centrado no usuaacuterio se preocupa em caracterizar o usuaacuterio e compreender o seu trabalho (STONE et al 2005) Estas atividades permitem que se estabeleccedilam requisitos coerentes para o desenvolvimento do produto Contudo as recomendaccedilotildees propostas por este trabalho satildeo focadas na caracterizaccedilatildeo do usuaacuterio e se propotildee a conhececirc-lo para aleacutem dos processos de avaliaccedilatildeo do produto portanto sem condicionar a pesquisa aos criteacuterios de usabilidade ou metas decorrentes de sua experiecircncia Eacute estruturada sobre as caracteriacutesticas estruturantes da linguagem sobre o comportamento das pessoas e entatildeo visa construir estrateacutegias de trabalho que permitam o conhecimento do comportamento de usuaacuterios a partir de pesquisas focadas na linguagem dos mesmos A figura 2 propotildee uma complementaccedilatildeo ao modelo de Preece et al(2005) a partir do estudo da linguagem do usuaacuterio

Figura 2 Modelo de ciclo de vida de produto influenciado pela linguagem do usuaacuterioFonte Autor (2014)

A linguagem insere-se no contexto cultural das pessoas e possibilita ao ser humano controle e domiacutenio sobre seu proacuteprio comportamento (VYGOTSKY 1993) portanto observar a linguagem de um grupo eacute um passo importante para a caracterizaccedilatildeo de seu comportamento Diferente dos criteacuterios de usabilidade ou

Identificar necessidades e estabelecer requisitos

(Re) Design

Construir modelo interativo

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Produto final

Identificar necessidades e estabelecer requisitos

(Re) Design

Construir modelo interativo

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Linguagem do usuaacuterios

Produto Final

experiecircncia do usuaacuterio a linguagem de um grupo eacute um sistema vivo que se reorganiza a partir de negociaccedilotildees culturais e manteacutem interdependecircncia com a cultura e o comportamento Segudo Foucault (2002) mudanccedilas na linguagem de um grupo representam alteraccedilotildees na ordem nos coacutedigos de uma cultura pois os coacutedigos fundamentais de uma cultura regem sua linguagem suas praacuteticas seus esquemas perceptivos

Portanto ao inveacutes de procurar enquadrar o usuaacuterio em categorias avaliativas um estudo da linguagem permite conhecer particularidades de sua comunicaccedilatildeo para que seja criado um sistema que ofereccedila opccedilotildees sintonizadas com o seu comportamento Esta abordagem natildeo substitui outros recursos para identificaccedilatildeo de necessidades e requisitos mas procura complementar este processo com uma abordagem sistematizada

4 Linguagem e interatividade

O trabalho de Vygotsky sobre o desenvolvimento da linguagem humana explora as relaccedilotildees desta com as bases psicoloacutegicas do ser humano e alguns aspectos comportamentais Segundo Vygotsky (1993) o domiacutenio da fala marca um estaacutegio de desenvolvimento onde a crianccedila consegue superar o meacutetodo de resoluccedilatildeo de problemas de forma direta e passa a usar abstraccedilatildeo e planejamento Ele parte das pesquisas de Wolfgang Kholer que tratou a inteligecircncia praacutetica e a linguagem como duas capacidades humanas que se desenvolvem separadamente e sem relaccedilotildees de dependecircncia este pesquisador comparou a capacidade de crianccedilas menores de 2 anos ainda sem domiacutenio da fala agrave chipanzeacutes treinados As pesquisas de Kholer constatam que ateacute esta fase preacute-linguistica crianccedilas e chipanzeacutes possuem formas muito semelhantes de resolver problemas no entanto diferente de Vygotsky Kholer natildeo associa o posterior desenvolvimento humano de resoluccedilatildeo de problemas com o desenvolvimento da linguagem

Para testar a hipoacutetese de que a fala auxilia a crianccedila na resoluccedilatildeo de problemas Vygotsky conduz experimentos em que se impede a crianccedila de usar a fala durante o processo de resoluccedilatildeo do problema Com isso produz uma evidente dificuldade ou mesmo impossibilidade da crianccedila em resolver o problemaCom este experimento a conclusatildeo do autor eacute a de que a fala cria a possibilidade da crianccedila se desvencilhar da concretude da situaccedilatildeo da relaccedilatildeo restrita pela visualidade A abstraccedilatildeo proporcionada pela fala permite que se crie possibilidades que natildeo estatildeo sendo vistas onde a crianccedila consegue projetar situaccedilotildees vendo-se como sujeito e objeto de um evento Com isso tambeacutem adquire um controle do comportamento assim entre um sujeito e seu objetivo haacute uma intervenccedilatildeo racional que considera mais do que soluccedilotildees automatizadas ou instruiacutedas (VYGOTSKY1993)

Segundo Vygotsky (1993) a linguagem possibilita a capacidade humana de planejamento ao influenciar processos como a percepccedilatildeo este processo de consituiccedilatildeo inicia-se com a rotulaccedilatildeo a memorizaccedilatildeo de nomes que identificam e classificam o mundo A rotulaccedilatildeo permite que as coisas se ldquodestaquemrdquo o mundo deixa de ser um contiacutenuo de formas e cores e passa a ser dividido em coisas e seus nomes ldquo Pelas palavras as crianccedilas isolam elementos individuais superando assim a estrutura natural do campo sensorial e formando novos centros estruturaisrdquo (Vyogtsky 1993 p 36)

Uma vez dominada a funccedilatildeo rotuladora adquire-se a funccedilatildeo sintetizadora atraveacutes da qual os elementos individualmente rotulados satildeo ldquoconectados em uma estrutura de sentenccedila tornando a fala essencialmente analiacuteticardquo (Vyogtsky 1993 p 37) A funccedilatildeo rotuladora e a funccedilatildeo sintetizadora permitem que se atribua significado e sentido para as coisas (VYGOTSKY 1993) Como um objeto macio e retangular que na verdade eacute um travesseiro (funccedilatildeo rotuladora) que serve para se apoiar a cabeccedila (funccedilatildeo sintetizadora) Portanto em um primeiro momento percebe-se o mundo em formas e cores mas a medida em que a linguagem amadurece a percepccedilatildeo associa-se aos significados Este processo permite que as palavras direcionem a percepccedilatildeo de acordo com interesses especiacuteficos Com as palavras eacute possiacutevel dominar a atenccedilatildeo criar ldquocentros estruturaisrdquo de interesse dentro da situaccedilatildeo percebida e ateacute mesmo incluir novos centros perceptivos deslocados em relaccedilatildeo ao tempo Eacute possiacutevel combinar passado e presente usando a memoacuteria (VYGOTSKY 1993)

Ao se compreender a influecircncia da linguagem sobre a capacidade de planejamento revela-se tambeacutem as relaccedilotildees entre linguagem e os processos de interaccedilatildeo mediada por tecnologias Em geral sistemas interativos

Figura 3 esquema da operaccedilatildeo com signosFonte Vygotsky 1993

As operaccedilotildees com signos foram interesse de diversos autores entre eles CS Peirce F Saussure e AGremais autores que desenvolveram a semioacutetica uma atividade que ldquoprocura descrever o que o texto3 diz e como ele faz para dizecirc-lordquo Barros 2005 p11 em diferentes correntes A contribuiccedilatildeo destes autores para esta aacuterea eacute indiscutiacutevel poreacutem este estudo natildeo pretende identificar uma corrente semioacutetica especiacutefica para conduzir os trabalhos com os grupos de usuaacuterios a intenccedilatildeo eacute apontar a semioacutetica dentro de uma estrateacutegia de trabalho coerente para a pesquisa com a linguagem de usuaacuterios

Dentro da perspectiva deste trabalho as anaacutelises semioacuteticas devem abordar manifestaccedilotildees linguiacutesticas que representem marcas de identidade de um grupo especiacutefico com a intenccedilatildeo de ldquotraduzir as significaccedilotildees sociais inconscientesrdquo Greimas (1975 p13) Uma tarefa bastante complexa pois a interpretaccedilatildeo de signos eacute

3 Segundo Barros (2005) por texto entende-se natildeo apenas os elementos frasais mas sim qualquer objeto de significaccedilatildeo

s R

digitais satildeo mediados por interfaces A interface pode ser compreendida como uma espeacutecie de tradutor entre a linguagem computacional e a linguagem humana ou seja ela permite que os coacutedigos binaacuterios sejam representados de maneira que uma pessoa possa entendecirc-los assim como oferece ao usuaacuterio a possibilidade de comunicar agrave maacutequina a partir de seus conceitos ideias e associaccedilotildees uma accedilatildeo que se espera que seja realizada (JHONSON 1997)

Segundo Colusso (2014) a interface de usuaacuterio eacute uma questatildeo de representaccedilatildeo onde um signo serve de porta de acesso para conceitos representado por outros signosDesta forma a linguagem do usuaacuterio precisa estar representada na interfaceA interface permite que o usuaacuterio reconheccedila os oferecimentos do sistema accedilotildees que se acredita que o sistema iraacute realizar a partir do seu comando (HEETER 2000) Estes oferecimentos incitam e organizam a interatividade do usuaacuterio (PRATEAT 2013) O usuaacuterio entatildeo planeja pois projeta em sua mente situaccedilotildees que ainda natildeo se concretizaram mas o faz a partir da linguagem pois ela eacute que permite o reconhecimento dos oferecimentos do sistema

Portanto a perpcepccedilatildeo humana eacute determinada por sua linguagem rotula-se o mundo fiacutesico e associa-se a cada objeto sentenccedilas que o definem quanto ao seu significado As coisas que possuem significado se deslocam para os centros estruturais da percepccedilatildeo pois eacute neste mundo de significados que situa-se nossa relaccedilatildeo com o mundo

Constata-se portanto que a partir da linguagem pode-se descrever e compreender questotildees importantes sobre os processos psicoloacutegicos estruturantes das situaccedilotildees de interatividade mediada por tecnologias

Planejamento percepccedilatildeo atenccedilatildeo escolha memoacuteria e pensamento satildeo atividades constantemente requisitadas em processos de interaccedilatildeo digital A linguagem daacute sustentaccedilatildeo a estas atividades e agrave proacutepria interaccedilatildeo mediada por tecnologia portanto estudos que pretendam abordar as necessidades de usuaacuterios de miacutedias interativas devem ter uma especial atenccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave linguagem destes usuaacuterios

5Explorando a linguagem a partir da semioacutetica

As linguagens operam por meio de signos e estes por sua vez podem ser compreendidos como um estiacutemulo fiacutesico cuja resposta eacute mediada por laccedilos culturais significantes Uma operaccedilatildeo que envolve signos produz estiacutemulos auto gerados ou seja o signo produz um primeiro estiacutemulo provocado pelas suas caracteriacutesticas fiacutesicas luz som etc e um segundo estiacutemulo que se forma na mente e que envolve uma abstraccedilatildeo autogerada mas compartilhada pelo coletivo (VYGOTSKY 1993) O modelo triaacutedico da representaccedilatildeo da operaccedilatildeo de signos pode ser compreendido a partir da figura 3 onde S estiacutemulo R resposta e X elo cultural que representa o estiacutemulo de natureza autogerada que se interpotildee entre estiacutemulo fiacutesico e resposta

X

tarefa imprecisa ldquo a relaccedilatildeo do signo com seu conteuacutedo natildeo eacute assegurada na ordem das proacuteprias coisas a relaccedilatildeo do significante com o significado se aloja num espaccedilo onde nenhuma figura intermediaacuteria assegura mais seu encontrordquo (FOUCAULT 2002 p 87) A tentativa de estabelecer a relaccedilatildeo entre significante e significado materializa-se na criaccedilatildeo dos coacutedigos No entanto os coacutedigos satildeo tentativas reducionistas de traduzir relaccedilotildees complexas e de difiacutecil representaccedilatildeo ( FOUCAULT 2002)

Segundo Islam e Bowman (2015) a interaccedilatildeo ocorre atraveacutes de signos e portanto natildeo pode prescindir da semioacutetica Embora anaacutelises semioacuteticas possuam limitaccedilotildees interpretativas mostram-se bastante eficientes em expandir as possibilidades de representaccedilatildeo de determinado signo Neste sentido o que se pode buscar com este estudo eacute encontrar manifestaccedilotildees que expressem uma especificidade linguiacutestica significativa e por meio da semioacutetica descobrir diferentes representaccedilotildees associadas ao significado presente em determinado signo

6 Linguagem e as Comunidades de Praacutetica

Anaacutelises semioacuteticas prescindem de um contexto cultural gerador dos signos (SAUSSURE 1992) Portanto eacute preciso buscar informaccedilotildees nos espaccedilos onde haja interaccedilatildeo com intensas trocas culturais pelo grupo de interesse Levy (2000 p 22) descreve estes espaccedilos a partir do conceito de Espaccedilos Antropoloacutegicos ldquo sistemas de proximidade que dependem de teacutecnicas de significaccedilotildees da linguagem da cultura das convenccedilotildees das representaccedilotildees e das emoccedilotildees humanasrdquo

Segundo o autor cada eacutepoca possui um sistema de proximidade caracteriacutestico o primeiro deles foi a proacutepria Terra marcada pela relaccedilatildeo humana com a natureza espiritualidade e rituais em seguida surge o Territoacuterio as proximidades estatildeo ligadas por relaccedilotildees de pertencimento a um territoacuterio demarcado um paiacutes uma regiatildeo Mais tarde surge o espaccedilo antropoloacutegico das mercadorias em que os fluxos econocircmicos determinam as proximidades a identidade das pessoas estaacute associada a uma posiccedilatildeo que aquela ocupa no fluxo ecocircnomico Por uacuteltimo ele menciona o espaccedilo contemporacircneo em construccedilatildeo o espaccedilo do saber possibilitado pelo surgimento de novas ferramentas (as do ciberespaccedilo) pela velocidade da evoluccedilatildeo dos saberes e pela massa de pessoas que estatildeo habilitadas a aprender e produzir novos conhecimentos

Nestes espaccedilos antropoloacutegicos onde ocorre a manifestaccedilatildeo e produccedilatildeo de teacutecnicas e linguagens eacute onde se pode de fato observar manifestaccedilotildees linguiacutesticas de interesse Levy (2000) sustenta que o espaccedilo do saber permite o surgimento dos ldquocoletivos inteligentesrdquo onde as capacidades cognitivas e sociais dos seres humanos conseguem se encontrar e se desenvolver mutuamente superando a simples transmissatildeo de informaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo de um processo de construccedilatildeo de conhecimento coletivo No entanto para a constituiccedilatildeo e manutenccedilatildeo deste espaccedilo eacute preciso ldquo reinventar o laccedilo social em torno do aprendizado reciacuteproco da sinergia das competecircncias da imaginaccedilatildeo e da inteligecircncia coletivardquo (Levy2000 p 26)

As comunidades de praacuteticas compartilham conceitos fundamentais com a ideia de inteligecircncia coletiva o entendimento de que os processos coletivos de aprendizagem devem ser considerados para que haja sinergia de competecircncias e construccedilatildeo de conhecimentos estatildeo claramente descritos na Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) de Lave e Wenger (1991)

A Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) percebe mente cultura histoacuteria e mundo social dentro de um processo interrelacionado e de construccedilatildeo reciacuteproca Coloca o aprendizado como um fenocircmeno social no qual os participantes desempenham diferentes papeacuteis e assumem diferentes niacuteveis de engajamento constituindo as Comunidades de Praacutetica (CoP) Uma Comunidade de Praacutetica se constitui como um espaccedilo de produccedilatildeo de conhecimento e aquisiccedilatildeo de habilidades que deve ser envolvido por um interesse maior no entanto reciacuteproco de motivar a comunidade a se transformar e legitimar a participaccedilatildeo de todos os agentes O foco portanto deixa de estar em obter conhecimentos e habilidades e estaacute em fazecirc-los circular (LAVE 1991) Segundo Schneider (2012) o processo de circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo dentro de uma CoP se daacute de maneira estruturada e recontextualizada possibilitando a geraccedilatildeo de valor para seus membros

O interesse por socializar o conhecimento atraveacutes de participaccedilatildeo engajada faz das comunidades de praacuteticas sustentadas pela Teoria da Cogniccedilatildeo Situada espaccedilos de aprendizado que correspondem as caracteriacutesticas de sistemas de proximidade sustentadas por praacuteticas linguagens e conhecimentos Desta forma as

comunidades de praacutetica tecircm potencial para revelar as linguagens de um grupo social pois reuacutenem pessoas com interesses afins que exploram a linguagem como forma de socializar o conhecimento e promover o engajamento dos participantes de grupos especiacuteficos

Tendo as Comunidades de Praacutetica como referecircncia de espaccedilos privilegiados para o desenvolvimento das pesquisas com a linguagem de grupos de usuaacuterios o presente estudo apresenta estrateacutegias divididas em dois grupos que visam 1 elicitar formas de representaccedilatildeo (signos) tiacutepicas de determinado grupo e 2 produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo a partir de anaacutelises semioacuteticas dos signos originais

7 Estrateacutegias de trabalho para a exploraccedilatildeo da linguagem de usuaacuterios

71 Elicitar formas de representaccedilatildeo especiacuteficas de deteminado grupo

a) Considerar uma linguagem padratildeo ( forma de comunicaccedilatildeo compreendida amplamente pela populaccedilatildeo)b) Observar em Comunidades de Praacutetica as trocas de mensagens simboacutelicasc) Identificar os desvios da linguagem padratildeo formas especiacuteficas de comunicaccedilatildeo de um grupo (signos de domiacutenio do grupo de interesse)

711 Exemplo ilustrativoObservando-se um grupo onde seus integrantes compartilham do interesse por informaacutetica percebe-se o uso do termo ldquogeekrdquo Sabe-se que esta natildeo eacute uma palavra proacutepria da linguagem padratildeo pois natildeo seria compreendida pela maioria da populaccedilatildeo Portanto considerando-se os itens a b e c indentifica-se um signo de domiacutenio do grupo de interesse

72 Produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo

A anaacutelise semioacutetica permite que se compreenda que o termo remete aos proacuteprios integrantes do grupo pessoas que gostam de informaacutetica tambeacutem se atribui ao geek um caraacuteter de profundo conhecedor ou obcecado pelo tema Um ldquogeekrdquo eacute algueacutem que estaacute antenado ligado a tudo que diz respeito agrave informaacutetica

As anaacutelises acima poderiam ser mais aprofundadas fornecer mais significaccedilotildees mas para isso haacute extensa bibliografia e diferentes meacutetodos podem ser utilizados Neste momento no entanto a anaacutelise serve apenas para demonstrar a dinacircmica e eficaacutecia da proposta de trabalho Para oferecer visualidade de como estas anaacutelises podem ajudar na construccedilatildeo de uma miacutedia descreve-se abaixo o surgimento de um iacutecone associado ao termo ldquogeekrdquo e as interpretaccedilotildees semioacuteticas feitas anteriormente

Este iacutecone parece ter surgido espontaneamente entre os membros do grupo de interesse Em uma pesquisa ao google imagens banco de imagens virtual da web percebe-se que o termo geek possui representaccedilotildees associadas ao siacutembolo inicialmente criado para representar um interruptor ( Fig 4) de forccedila de um dispositivo eletrocircnico

Figura 4 Botatildeo interruptorFonte Google imagens

Por interpretaccedilatildeo semioacutetica das imagens conclui-se que a associaccedilatildeo carrega a informaccedilatildeo de que ser um

geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

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Page 5: Linguagem, Interatividade e Comunidades de Práticaconahpa.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/06/ID252_Almeida... · A Interação Homem Computador (IHC), e o Design de Interação

experiecircncia do usuaacuterio a linguagem de um grupo eacute um sistema vivo que se reorganiza a partir de negociaccedilotildees culturais e manteacutem interdependecircncia com a cultura e o comportamento Segudo Foucault (2002) mudanccedilas na linguagem de um grupo representam alteraccedilotildees na ordem nos coacutedigos de uma cultura pois os coacutedigos fundamentais de uma cultura regem sua linguagem suas praacuteticas seus esquemas perceptivos

Portanto ao inveacutes de procurar enquadrar o usuaacuterio em categorias avaliativas um estudo da linguagem permite conhecer particularidades de sua comunicaccedilatildeo para que seja criado um sistema que ofereccedila opccedilotildees sintonizadas com o seu comportamento Esta abordagem natildeo substitui outros recursos para identificaccedilatildeo de necessidades e requisitos mas procura complementar este processo com uma abordagem sistematizada

4 Linguagem e interatividade

O trabalho de Vygotsky sobre o desenvolvimento da linguagem humana explora as relaccedilotildees desta com as bases psicoloacutegicas do ser humano e alguns aspectos comportamentais Segundo Vygotsky (1993) o domiacutenio da fala marca um estaacutegio de desenvolvimento onde a crianccedila consegue superar o meacutetodo de resoluccedilatildeo de problemas de forma direta e passa a usar abstraccedilatildeo e planejamento Ele parte das pesquisas de Wolfgang Kholer que tratou a inteligecircncia praacutetica e a linguagem como duas capacidades humanas que se desenvolvem separadamente e sem relaccedilotildees de dependecircncia este pesquisador comparou a capacidade de crianccedilas menores de 2 anos ainda sem domiacutenio da fala agrave chipanzeacutes treinados As pesquisas de Kholer constatam que ateacute esta fase preacute-linguistica crianccedilas e chipanzeacutes possuem formas muito semelhantes de resolver problemas no entanto diferente de Vygotsky Kholer natildeo associa o posterior desenvolvimento humano de resoluccedilatildeo de problemas com o desenvolvimento da linguagem

Para testar a hipoacutetese de que a fala auxilia a crianccedila na resoluccedilatildeo de problemas Vygotsky conduz experimentos em que se impede a crianccedila de usar a fala durante o processo de resoluccedilatildeo do problema Com isso produz uma evidente dificuldade ou mesmo impossibilidade da crianccedila em resolver o problemaCom este experimento a conclusatildeo do autor eacute a de que a fala cria a possibilidade da crianccedila se desvencilhar da concretude da situaccedilatildeo da relaccedilatildeo restrita pela visualidade A abstraccedilatildeo proporcionada pela fala permite que se crie possibilidades que natildeo estatildeo sendo vistas onde a crianccedila consegue projetar situaccedilotildees vendo-se como sujeito e objeto de um evento Com isso tambeacutem adquire um controle do comportamento assim entre um sujeito e seu objetivo haacute uma intervenccedilatildeo racional que considera mais do que soluccedilotildees automatizadas ou instruiacutedas (VYGOTSKY1993)

Segundo Vygotsky (1993) a linguagem possibilita a capacidade humana de planejamento ao influenciar processos como a percepccedilatildeo este processo de consituiccedilatildeo inicia-se com a rotulaccedilatildeo a memorizaccedilatildeo de nomes que identificam e classificam o mundo A rotulaccedilatildeo permite que as coisas se ldquodestaquemrdquo o mundo deixa de ser um contiacutenuo de formas e cores e passa a ser dividido em coisas e seus nomes ldquo Pelas palavras as crianccedilas isolam elementos individuais superando assim a estrutura natural do campo sensorial e formando novos centros estruturaisrdquo (Vyogtsky 1993 p 36)

Uma vez dominada a funccedilatildeo rotuladora adquire-se a funccedilatildeo sintetizadora atraveacutes da qual os elementos individualmente rotulados satildeo ldquoconectados em uma estrutura de sentenccedila tornando a fala essencialmente analiacuteticardquo (Vyogtsky 1993 p 37) A funccedilatildeo rotuladora e a funccedilatildeo sintetizadora permitem que se atribua significado e sentido para as coisas (VYGOTSKY 1993) Como um objeto macio e retangular que na verdade eacute um travesseiro (funccedilatildeo rotuladora) que serve para se apoiar a cabeccedila (funccedilatildeo sintetizadora) Portanto em um primeiro momento percebe-se o mundo em formas e cores mas a medida em que a linguagem amadurece a percepccedilatildeo associa-se aos significados Este processo permite que as palavras direcionem a percepccedilatildeo de acordo com interesses especiacuteficos Com as palavras eacute possiacutevel dominar a atenccedilatildeo criar ldquocentros estruturaisrdquo de interesse dentro da situaccedilatildeo percebida e ateacute mesmo incluir novos centros perceptivos deslocados em relaccedilatildeo ao tempo Eacute possiacutevel combinar passado e presente usando a memoacuteria (VYGOTSKY 1993)

Ao se compreender a influecircncia da linguagem sobre a capacidade de planejamento revela-se tambeacutem as relaccedilotildees entre linguagem e os processos de interaccedilatildeo mediada por tecnologias Em geral sistemas interativos

Figura 3 esquema da operaccedilatildeo com signosFonte Vygotsky 1993

As operaccedilotildees com signos foram interesse de diversos autores entre eles CS Peirce F Saussure e AGremais autores que desenvolveram a semioacutetica uma atividade que ldquoprocura descrever o que o texto3 diz e como ele faz para dizecirc-lordquo Barros 2005 p11 em diferentes correntes A contribuiccedilatildeo destes autores para esta aacuterea eacute indiscutiacutevel poreacutem este estudo natildeo pretende identificar uma corrente semioacutetica especiacutefica para conduzir os trabalhos com os grupos de usuaacuterios a intenccedilatildeo eacute apontar a semioacutetica dentro de uma estrateacutegia de trabalho coerente para a pesquisa com a linguagem de usuaacuterios

Dentro da perspectiva deste trabalho as anaacutelises semioacuteticas devem abordar manifestaccedilotildees linguiacutesticas que representem marcas de identidade de um grupo especiacutefico com a intenccedilatildeo de ldquotraduzir as significaccedilotildees sociais inconscientesrdquo Greimas (1975 p13) Uma tarefa bastante complexa pois a interpretaccedilatildeo de signos eacute

3 Segundo Barros (2005) por texto entende-se natildeo apenas os elementos frasais mas sim qualquer objeto de significaccedilatildeo

s R

digitais satildeo mediados por interfaces A interface pode ser compreendida como uma espeacutecie de tradutor entre a linguagem computacional e a linguagem humana ou seja ela permite que os coacutedigos binaacuterios sejam representados de maneira que uma pessoa possa entendecirc-los assim como oferece ao usuaacuterio a possibilidade de comunicar agrave maacutequina a partir de seus conceitos ideias e associaccedilotildees uma accedilatildeo que se espera que seja realizada (JHONSON 1997)

Segundo Colusso (2014) a interface de usuaacuterio eacute uma questatildeo de representaccedilatildeo onde um signo serve de porta de acesso para conceitos representado por outros signosDesta forma a linguagem do usuaacuterio precisa estar representada na interfaceA interface permite que o usuaacuterio reconheccedila os oferecimentos do sistema accedilotildees que se acredita que o sistema iraacute realizar a partir do seu comando (HEETER 2000) Estes oferecimentos incitam e organizam a interatividade do usuaacuterio (PRATEAT 2013) O usuaacuterio entatildeo planeja pois projeta em sua mente situaccedilotildees que ainda natildeo se concretizaram mas o faz a partir da linguagem pois ela eacute que permite o reconhecimento dos oferecimentos do sistema

Portanto a perpcepccedilatildeo humana eacute determinada por sua linguagem rotula-se o mundo fiacutesico e associa-se a cada objeto sentenccedilas que o definem quanto ao seu significado As coisas que possuem significado se deslocam para os centros estruturais da percepccedilatildeo pois eacute neste mundo de significados que situa-se nossa relaccedilatildeo com o mundo

Constata-se portanto que a partir da linguagem pode-se descrever e compreender questotildees importantes sobre os processos psicoloacutegicos estruturantes das situaccedilotildees de interatividade mediada por tecnologias

Planejamento percepccedilatildeo atenccedilatildeo escolha memoacuteria e pensamento satildeo atividades constantemente requisitadas em processos de interaccedilatildeo digital A linguagem daacute sustentaccedilatildeo a estas atividades e agrave proacutepria interaccedilatildeo mediada por tecnologia portanto estudos que pretendam abordar as necessidades de usuaacuterios de miacutedias interativas devem ter uma especial atenccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave linguagem destes usuaacuterios

5Explorando a linguagem a partir da semioacutetica

As linguagens operam por meio de signos e estes por sua vez podem ser compreendidos como um estiacutemulo fiacutesico cuja resposta eacute mediada por laccedilos culturais significantes Uma operaccedilatildeo que envolve signos produz estiacutemulos auto gerados ou seja o signo produz um primeiro estiacutemulo provocado pelas suas caracteriacutesticas fiacutesicas luz som etc e um segundo estiacutemulo que se forma na mente e que envolve uma abstraccedilatildeo autogerada mas compartilhada pelo coletivo (VYGOTSKY 1993) O modelo triaacutedico da representaccedilatildeo da operaccedilatildeo de signos pode ser compreendido a partir da figura 3 onde S estiacutemulo R resposta e X elo cultural que representa o estiacutemulo de natureza autogerada que se interpotildee entre estiacutemulo fiacutesico e resposta

X

tarefa imprecisa ldquo a relaccedilatildeo do signo com seu conteuacutedo natildeo eacute assegurada na ordem das proacuteprias coisas a relaccedilatildeo do significante com o significado se aloja num espaccedilo onde nenhuma figura intermediaacuteria assegura mais seu encontrordquo (FOUCAULT 2002 p 87) A tentativa de estabelecer a relaccedilatildeo entre significante e significado materializa-se na criaccedilatildeo dos coacutedigos No entanto os coacutedigos satildeo tentativas reducionistas de traduzir relaccedilotildees complexas e de difiacutecil representaccedilatildeo ( FOUCAULT 2002)

Segundo Islam e Bowman (2015) a interaccedilatildeo ocorre atraveacutes de signos e portanto natildeo pode prescindir da semioacutetica Embora anaacutelises semioacuteticas possuam limitaccedilotildees interpretativas mostram-se bastante eficientes em expandir as possibilidades de representaccedilatildeo de determinado signo Neste sentido o que se pode buscar com este estudo eacute encontrar manifestaccedilotildees que expressem uma especificidade linguiacutestica significativa e por meio da semioacutetica descobrir diferentes representaccedilotildees associadas ao significado presente em determinado signo

6 Linguagem e as Comunidades de Praacutetica

Anaacutelises semioacuteticas prescindem de um contexto cultural gerador dos signos (SAUSSURE 1992) Portanto eacute preciso buscar informaccedilotildees nos espaccedilos onde haja interaccedilatildeo com intensas trocas culturais pelo grupo de interesse Levy (2000 p 22) descreve estes espaccedilos a partir do conceito de Espaccedilos Antropoloacutegicos ldquo sistemas de proximidade que dependem de teacutecnicas de significaccedilotildees da linguagem da cultura das convenccedilotildees das representaccedilotildees e das emoccedilotildees humanasrdquo

Segundo o autor cada eacutepoca possui um sistema de proximidade caracteriacutestico o primeiro deles foi a proacutepria Terra marcada pela relaccedilatildeo humana com a natureza espiritualidade e rituais em seguida surge o Territoacuterio as proximidades estatildeo ligadas por relaccedilotildees de pertencimento a um territoacuterio demarcado um paiacutes uma regiatildeo Mais tarde surge o espaccedilo antropoloacutegico das mercadorias em que os fluxos econocircmicos determinam as proximidades a identidade das pessoas estaacute associada a uma posiccedilatildeo que aquela ocupa no fluxo ecocircnomico Por uacuteltimo ele menciona o espaccedilo contemporacircneo em construccedilatildeo o espaccedilo do saber possibilitado pelo surgimento de novas ferramentas (as do ciberespaccedilo) pela velocidade da evoluccedilatildeo dos saberes e pela massa de pessoas que estatildeo habilitadas a aprender e produzir novos conhecimentos

Nestes espaccedilos antropoloacutegicos onde ocorre a manifestaccedilatildeo e produccedilatildeo de teacutecnicas e linguagens eacute onde se pode de fato observar manifestaccedilotildees linguiacutesticas de interesse Levy (2000) sustenta que o espaccedilo do saber permite o surgimento dos ldquocoletivos inteligentesrdquo onde as capacidades cognitivas e sociais dos seres humanos conseguem se encontrar e se desenvolver mutuamente superando a simples transmissatildeo de informaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo de um processo de construccedilatildeo de conhecimento coletivo No entanto para a constituiccedilatildeo e manutenccedilatildeo deste espaccedilo eacute preciso ldquo reinventar o laccedilo social em torno do aprendizado reciacuteproco da sinergia das competecircncias da imaginaccedilatildeo e da inteligecircncia coletivardquo (Levy2000 p 26)

As comunidades de praacuteticas compartilham conceitos fundamentais com a ideia de inteligecircncia coletiva o entendimento de que os processos coletivos de aprendizagem devem ser considerados para que haja sinergia de competecircncias e construccedilatildeo de conhecimentos estatildeo claramente descritos na Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) de Lave e Wenger (1991)

A Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) percebe mente cultura histoacuteria e mundo social dentro de um processo interrelacionado e de construccedilatildeo reciacuteproca Coloca o aprendizado como um fenocircmeno social no qual os participantes desempenham diferentes papeacuteis e assumem diferentes niacuteveis de engajamento constituindo as Comunidades de Praacutetica (CoP) Uma Comunidade de Praacutetica se constitui como um espaccedilo de produccedilatildeo de conhecimento e aquisiccedilatildeo de habilidades que deve ser envolvido por um interesse maior no entanto reciacuteproco de motivar a comunidade a se transformar e legitimar a participaccedilatildeo de todos os agentes O foco portanto deixa de estar em obter conhecimentos e habilidades e estaacute em fazecirc-los circular (LAVE 1991) Segundo Schneider (2012) o processo de circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo dentro de uma CoP se daacute de maneira estruturada e recontextualizada possibilitando a geraccedilatildeo de valor para seus membros

O interesse por socializar o conhecimento atraveacutes de participaccedilatildeo engajada faz das comunidades de praacuteticas sustentadas pela Teoria da Cogniccedilatildeo Situada espaccedilos de aprendizado que correspondem as caracteriacutesticas de sistemas de proximidade sustentadas por praacuteticas linguagens e conhecimentos Desta forma as

comunidades de praacutetica tecircm potencial para revelar as linguagens de um grupo social pois reuacutenem pessoas com interesses afins que exploram a linguagem como forma de socializar o conhecimento e promover o engajamento dos participantes de grupos especiacuteficos

Tendo as Comunidades de Praacutetica como referecircncia de espaccedilos privilegiados para o desenvolvimento das pesquisas com a linguagem de grupos de usuaacuterios o presente estudo apresenta estrateacutegias divididas em dois grupos que visam 1 elicitar formas de representaccedilatildeo (signos) tiacutepicas de determinado grupo e 2 produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo a partir de anaacutelises semioacuteticas dos signos originais

7 Estrateacutegias de trabalho para a exploraccedilatildeo da linguagem de usuaacuterios

71 Elicitar formas de representaccedilatildeo especiacuteficas de deteminado grupo

a) Considerar uma linguagem padratildeo ( forma de comunicaccedilatildeo compreendida amplamente pela populaccedilatildeo)b) Observar em Comunidades de Praacutetica as trocas de mensagens simboacutelicasc) Identificar os desvios da linguagem padratildeo formas especiacuteficas de comunicaccedilatildeo de um grupo (signos de domiacutenio do grupo de interesse)

711 Exemplo ilustrativoObservando-se um grupo onde seus integrantes compartilham do interesse por informaacutetica percebe-se o uso do termo ldquogeekrdquo Sabe-se que esta natildeo eacute uma palavra proacutepria da linguagem padratildeo pois natildeo seria compreendida pela maioria da populaccedilatildeo Portanto considerando-se os itens a b e c indentifica-se um signo de domiacutenio do grupo de interesse

72 Produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo

A anaacutelise semioacutetica permite que se compreenda que o termo remete aos proacuteprios integrantes do grupo pessoas que gostam de informaacutetica tambeacutem se atribui ao geek um caraacuteter de profundo conhecedor ou obcecado pelo tema Um ldquogeekrdquo eacute algueacutem que estaacute antenado ligado a tudo que diz respeito agrave informaacutetica

As anaacutelises acima poderiam ser mais aprofundadas fornecer mais significaccedilotildees mas para isso haacute extensa bibliografia e diferentes meacutetodos podem ser utilizados Neste momento no entanto a anaacutelise serve apenas para demonstrar a dinacircmica e eficaacutecia da proposta de trabalho Para oferecer visualidade de como estas anaacutelises podem ajudar na construccedilatildeo de uma miacutedia descreve-se abaixo o surgimento de um iacutecone associado ao termo ldquogeekrdquo e as interpretaccedilotildees semioacuteticas feitas anteriormente

Este iacutecone parece ter surgido espontaneamente entre os membros do grupo de interesse Em uma pesquisa ao google imagens banco de imagens virtual da web percebe-se que o termo geek possui representaccedilotildees associadas ao siacutembolo inicialmente criado para representar um interruptor ( Fig 4) de forccedila de um dispositivo eletrocircnico

Figura 4 Botatildeo interruptorFonte Google imagens

Por interpretaccedilatildeo semioacutetica das imagens conclui-se que a associaccedilatildeo carrega a informaccedilatildeo de que ser um

geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

Referecircncias

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Page 6: Linguagem, Interatividade e Comunidades de Práticaconahpa.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/06/ID252_Almeida... · A Interação Homem Computador (IHC), e o Design de Interação

Figura 3 esquema da operaccedilatildeo com signosFonte Vygotsky 1993

As operaccedilotildees com signos foram interesse de diversos autores entre eles CS Peirce F Saussure e AGremais autores que desenvolveram a semioacutetica uma atividade que ldquoprocura descrever o que o texto3 diz e como ele faz para dizecirc-lordquo Barros 2005 p11 em diferentes correntes A contribuiccedilatildeo destes autores para esta aacuterea eacute indiscutiacutevel poreacutem este estudo natildeo pretende identificar uma corrente semioacutetica especiacutefica para conduzir os trabalhos com os grupos de usuaacuterios a intenccedilatildeo eacute apontar a semioacutetica dentro de uma estrateacutegia de trabalho coerente para a pesquisa com a linguagem de usuaacuterios

Dentro da perspectiva deste trabalho as anaacutelises semioacuteticas devem abordar manifestaccedilotildees linguiacutesticas que representem marcas de identidade de um grupo especiacutefico com a intenccedilatildeo de ldquotraduzir as significaccedilotildees sociais inconscientesrdquo Greimas (1975 p13) Uma tarefa bastante complexa pois a interpretaccedilatildeo de signos eacute

3 Segundo Barros (2005) por texto entende-se natildeo apenas os elementos frasais mas sim qualquer objeto de significaccedilatildeo

s R

digitais satildeo mediados por interfaces A interface pode ser compreendida como uma espeacutecie de tradutor entre a linguagem computacional e a linguagem humana ou seja ela permite que os coacutedigos binaacuterios sejam representados de maneira que uma pessoa possa entendecirc-los assim como oferece ao usuaacuterio a possibilidade de comunicar agrave maacutequina a partir de seus conceitos ideias e associaccedilotildees uma accedilatildeo que se espera que seja realizada (JHONSON 1997)

Segundo Colusso (2014) a interface de usuaacuterio eacute uma questatildeo de representaccedilatildeo onde um signo serve de porta de acesso para conceitos representado por outros signosDesta forma a linguagem do usuaacuterio precisa estar representada na interfaceA interface permite que o usuaacuterio reconheccedila os oferecimentos do sistema accedilotildees que se acredita que o sistema iraacute realizar a partir do seu comando (HEETER 2000) Estes oferecimentos incitam e organizam a interatividade do usuaacuterio (PRATEAT 2013) O usuaacuterio entatildeo planeja pois projeta em sua mente situaccedilotildees que ainda natildeo se concretizaram mas o faz a partir da linguagem pois ela eacute que permite o reconhecimento dos oferecimentos do sistema

Portanto a perpcepccedilatildeo humana eacute determinada por sua linguagem rotula-se o mundo fiacutesico e associa-se a cada objeto sentenccedilas que o definem quanto ao seu significado As coisas que possuem significado se deslocam para os centros estruturais da percepccedilatildeo pois eacute neste mundo de significados que situa-se nossa relaccedilatildeo com o mundo

Constata-se portanto que a partir da linguagem pode-se descrever e compreender questotildees importantes sobre os processos psicoloacutegicos estruturantes das situaccedilotildees de interatividade mediada por tecnologias

Planejamento percepccedilatildeo atenccedilatildeo escolha memoacuteria e pensamento satildeo atividades constantemente requisitadas em processos de interaccedilatildeo digital A linguagem daacute sustentaccedilatildeo a estas atividades e agrave proacutepria interaccedilatildeo mediada por tecnologia portanto estudos que pretendam abordar as necessidades de usuaacuterios de miacutedias interativas devem ter uma especial atenccedilatildeo com relaccedilatildeo agrave linguagem destes usuaacuterios

5Explorando a linguagem a partir da semioacutetica

As linguagens operam por meio de signos e estes por sua vez podem ser compreendidos como um estiacutemulo fiacutesico cuja resposta eacute mediada por laccedilos culturais significantes Uma operaccedilatildeo que envolve signos produz estiacutemulos auto gerados ou seja o signo produz um primeiro estiacutemulo provocado pelas suas caracteriacutesticas fiacutesicas luz som etc e um segundo estiacutemulo que se forma na mente e que envolve uma abstraccedilatildeo autogerada mas compartilhada pelo coletivo (VYGOTSKY 1993) O modelo triaacutedico da representaccedilatildeo da operaccedilatildeo de signos pode ser compreendido a partir da figura 3 onde S estiacutemulo R resposta e X elo cultural que representa o estiacutemulo de natureza autogerada que se interpotildee entre estiacutemulo fiacutesico e resposta

X

tarefa imprecisa ldquo a relaccedilatildeo do signo com seu conteuacutedo natildeo eacute assegurada na ordem das proacuteprias coisas a relaccedilatildeo do significante com o significado se aloja num espaccedilo onde nenhuma figura intermediaacuteria assegura mais seu encontrordquo (FOUCAULT 2002 p 87) A tentativa de estabelecer a relaccedilatildeo entre significante e significado materializa-se na criaccedilatildeo dos coacutedigos No entanto os coacutedigos satildeo tentativas reducionistas de traduzir relaccedilotildees complexas e de difiacutecil representaccedilatildeo ( FOUCAULT 2002)

Segundo Islam e Bowman (2015) a interaccedilatildeo ocorre atraveacutes de signos e portanto natildeo pode prescindir da semioacutetica Embora anaacutelises semioacuteticas possuam limitaccedilotildees interpretativas mostram-se bastante eficientes em expandir as possibilidades de representaccedilatildeo de determinado signo Neste sentido o que se pode buscar com este estudo eacute encontrar manifestaccedilotildees que expressem uma especificidade linguiacutestica significativa e por meio da semioacutetica descobrir diferentes representaccedilotildees associadas ao significado presente em determinado signo

6 Linguagem e as Comunidades de Praacutetica

Anaacutelises semioacuteticas prescindem de um contexto cultural gerador dos signos (SAUSSURE 1992) Portanto eacute preciso buscar informaccedilotildees nos espaccedilos onde haja interaccedilatildeo com intensas trocas culturais pelo grupo de interesse Levy (2000 p 22) descreve estes espaccedilos a partir do conceito de Espaccedilos Antropoloacutegicos ldquo sistemas de proximidade que dependem de teacutecnicas de significaccedilotildees da linguagem da cultura das convenccedilotildees das representaccedilotildees e das emoccedilotildees humanasrdquo

Segundo o autor cada eacutepoca possui um sistema de proximidade caracteriacutestico o primeiro deles foi a proacutepria Terra marcada pela relaccedilatildeo humana com a natureza espiritualidade e rituais em seguida surge o Territoacuterio as proximidades estatildeo ligadas por relaccedilotildees de pertencimento a um territoacuterio demarcado um paiacutes uma regiatildeo Mais tarde surge o espaccedilo antropoloacutegico das mercadorias em que os fluxos econocircmicos determinam as proximidades a identidade das pessoas estaacute associada a uma posiccedilatildeo que aquela ocupa no fluxo ecocircnomico Por uacuteltimo ele menciona o espaccedilo contemporacircneo em construccedilatildeo o espaccedilo do saber possibilitado pelo surgimento de novas ferramentas (as do ciberespaccedilo) pela velocidade da evoluccedilatildeo dos saberes e pela massa de pessoas que estatildeo habilitadas a aprender e produzir novos conhecimentos

Nestes espaccedilos antropoloacutegicos onde ocorre a manifestaccedilatildeo e produccedilatildeo de teacutecnicas e linguagens eacute onde se pode de fato observar manifestaccedilotildees linguiacutesticas de interesse Levy (2000) sustenta que o espaccedilo do saber permite o surgimento dos ldquocoletivos inteligentesrdquo onde as capacidades cognitivas e sociais dos seres humanos conseguem se encontrar e se desenvolver mutuamente superando a simples transmissatildeo de informaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo de um processo de construccedilatildeo de conhecimento coletivo No entanto para a constituiccedilatildeo e manutenccedilatildeo deste espaccedilo eacute preciso ldquo reinventar o laccedilo social em torno do aprendizado reciacuteproco da sinergia das competecircncias da imaginaccedilatildeo e da inteligecircncia coletivardquo (Levy2000 p 26)

As comunidades de praacuteticas compartilham conceitos fundamentais com a ideia de inteligecircncia coletiva o entendimento de que os processos coletivos de aprendizagem devem ser considerados para que haja sinergia de competecircncias e construccedilatildeo de conhecimentos estatildeo claramente descritos na Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) de Lave e Wenger (1991)

A Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) percebe mente cultura histoacuteria e mundo social dentro de um processo interrelacionado e de construccedilatildeo reciacuteproca Coloca o aprendizado como um fenocircmeno social no qual os participantes desempenham diferentes papeacuteis e assumem diferentes niacuteveis de engajamento constituindo as Comunidades de Praacutetica (CoP) Uma Comunidade de Praacutetica se constitui como um espaccedilo de produccedilatildeo de conhecimento e aquisiccedilatildeo de habilidades que deve ser envolvido por um interesse maior no entanto reciacuteproco de motivar a comunidade a se transformar e legitimar a participaccedilatildeo de todos os agentes O foco portanto deixa de estar em obter conhecimentos e habilidades e estaacute em fazecirc-los circular (LAVE 1991) Segundo Schneider (2012) o processo de circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo dentro de uma CoP se daacute de maneira estruturada e recontextualizada possibilitando a geraccedilatildeo de valor para seus membros

O interesse por socializar o conhecimento atraveacutes de participaccedilatildeo engajada faz das comunidades de praacuteticas sustentadas pela Teoria da Cogniccedilatildeo Situada espaccedilos de aprendizado que correspondem as caracteriacutesticas de sistemas de proximidade sustentadas por praacuteticas linguagens e conhecimentos Desta forma as

comunidades de praacutetica tecircm potencial para revelar as linguagens de um grupo social pois reuacutenem pessoas com interesses afins que exploram a linguagem como forma de socializar o conhecimento e promover o engajamento dos participantes de grupos especiacuteficos

Tendo as Comunidades de Praacutetica como referecircncia de espaccedilos privilegiados para o desenvolvimento das pesquisas com a linguagem de grupos de usuaacuterios o presente estudo apresenta estrateacutegias divididas em dois grupos que visam 1 elicitar formas de representaccedilatildeo (signos) tiacutepicas de determinado grupo e 2 produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo a partir de anaacutelises semioacuteticas dos signos originais

7 Estrateacutegias de trabalho para a exploraccedilatildeo da linguagem de usuaacuterios

71 Elicitar formas de representaccedilatildeo especiacuteficas de deteminado grupo

a) Considerar uma linguagem padratildeo ( forma de comunicaccedilatildeo compreendida amplamente pela populaccedilatildeo)b) Observar em Comunidades de Praacutetica as trocas de mensagens simboacutelicasc) Identificar os desvios da linguagem padratildeo formas especiacuteficas de comunicaccedilatildeo de um grupo (signos de domiacutenio do grupo de interesse)

711 Exemplo ilustrativoObservando-se um grupo onde seus integrantes compartilham do interesse por informaacutetica percebe-se o uso do termo ldquogeekrdquo Sabe-se que esta natildeo eacute uma palavra proacutepria da linguagem padratildeo pois natildeo seria compreendida pela maioria da populaccedilatildeo Portanto considerando-se os itens a b e c indentifica-se um signo de domiacutenio do grupo de interesse

72 Produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo

A anaacutelise semioacutetica permite que se compreenda que o termo remete aos proacuteprios integrantes do grupo pessoas que gostam de informaacutetica tambeacutem se atribui ao geek um caraacuteter de profundo conhecedor ou obcecado pelo tema Um ldquogeekrdquo eacute algueacutem que estaacute antenado ligado a tudo que diz respeito agrave informaacutetica

As anaacutelises acima poderiam ser mais aprofundadas fornecer mais significaccedilotildees mas para isso haacute extensa bibliografia e diferentes meacutetodos podem ser utilizados Neste momento no entanto a anaacutelise serve apenas para demonstrar a dinacircmica e eficaacutecia da proposta de trabalho Para oferecer visualidade de como estas anaacutelises podem ajudar na construccedilatildeo de uma miacutedia descreve-se abaixo o surgimento de um iacutecone associado ao termo ldquogeekrdquo e as interpretaccedilotildees semioacuteticas feitas anteriormente

Este iacutecone parece ter surgido espontaneamente entre os membros do grupo de interesse Em uma pesquisa ao google imagens banco de imagens virtual da web percebe-se que o termo geek possui representaccedilotildees associadas ao siacutembolo inicialmente criado para representar um interruptor ( Fig 4) de forccedila de um dispositivo eletrocircnico

Figura 4 Botatildeo interruptorFonte Google imagens

Por interpretaccedilatildeo semioacutetica das imagens conclui-se que a associaccedilatildeo carrega a informaccedilatildeo de que ser um

geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

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LEacuteVY PIERRE Inteligecircncia Coletiva Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2000

LEacuteVY PIERRE Cibercultura Satildeo Paulo Editora 34 1999

MEIXNER B SIEGEL B SCHULTES P LLEHNER F KOSCH H 2013 An HTML5 player for interactive non-linear video with time-based collaborative annotations ACM International Conference Proceeding Series pp 490-499 2013

NIELSEN JAKOB Designing Web usability USA New Riders Publishing 2000 Rio de Janeiro Alta books ltda 2007

NORONHA G AacuteLVARES C CHAMBEL T Sharing and navigating 360ordm videos maps in sigh surfers 2012 Envioving Future Media Enviroments Mind Trek 2012 pp 255-262

PEIRCE C S Semioacutetica Satildeo Paulo Editora Perspectiva 2003

PEREIRA A G REATEGUI E B LIMA JV CHAMBEL T Design and Evaluation of a HypervideoEnvironment to Support Veterinary Surgery Learning 2010 Proceedings of the 21st ACM Conference on Hypertext and Hypermedia (pp 213-222)

PRATEAT JONATHAM Um estudo sobre aplicaccedilatildeo do design como orientador visual 2013 Dissertaccedilatildeo (mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Expressatildeo Graacutefica Florianoacutepolis2013

PREECE JENNIFER ROGERS YVONE SHARP HELEN Design de interaccedilatildeo aleacutem da interaccedilatildeo homem computador Porto Alegre ndash RS Bookman 2005

PRESSMAN R S Engenharia de Software uma abordagem profissional Porto Alegre AMGH 2011

SANTAELLA LUCIA Linguagens liacutequidas na era da mobilidade Satildeo Paulo Paulus 2007

SAUSSURE FERDINAND Curso de linguiacutestica geral Lisboa Dom Quixote Ltda 1992

SCHNEIDER ELTON Uma contribuiccedilatildeo aos ambientes vrtuais de aprendizagem (AVA) suportados pela teoria da cogniccedilatildeo situada (TCS) para pessoas com deficiecircncia auditiva Dissertaccedilatildeo (mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnoloacutegico Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Engenharia Gestatildeo do Conhecimento Florianoacutepolis 2012

SCOTT BILL NEIL THERESA Designing Web interfaces USA OReilley 2009

STONE DEBBIE JARRET CAROLINE WOODROFFE MARK MINOCHA SHAILe User interface design and evaluation San Francisco Morgan Kofmann 2005

VERDUGO R NUSBABAUM M CORRO P NUNEZ P NAVARRETE P Interactive films and coconstruction ACM Trans Multimedia Comput Commun Artigo 39 (November 2011)

VYGOTSKY LEV SEMENOVICH - A formaccedilatildeo Social da mente organizadores Michael Cole et al Satildeo Paulo Martins Fontes 1991

ZHAO H ZHANG JJ MCDOUGALL S Emotion-driven interactive storytelling 2011 Lectures notes in artificial intelligence and lectures notes in bioinformatics pp22-27

Page 7: Linguagem, Interatividade e Comunidades de Práticaconahpa.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/06/ID252_Almeida... · A Interação Homem Computador (IHC), e o Design de Interação

tarefa imprecisa ldquo a relaccedilatildeo do signo com seu conteuacutedo natildeo eacute assegurada na ordem das proacuteprias coisas a relaccedilatildeo do significante com o significado se aloja num espaccedilo onde nenhuma figura intermediaacuteria assegura mais seu encontrordquo (FOUCAULT 2002 p 87) A tentativa de estabelecer a relaccedilatildeo entre significante e significado materializa-se na criaccedilatildeo dos coacutedigos No entanto os coacutedigos satildeo tentativas reducionistas de traduzir relaccedilotildees complexas e de difiacutecil representaccedilatildeo ( FOUCAULT 2002)

Segundo Islam e Bowman (2015) a interaccedilatildeo ocorre atraveacutes de signos e portanto natildeo pode prescindir da semioacutetica Embora anaacutelises semioacuteticas possuam limitaccedilotildees interpretativas mostram-se bastante eficientes em expandir as possibilidades de representaccedilatildeo de determinado signo Neste sentido o que se pode buscar com este estudo eacute encontrar manifestaccedilotildees que expressem uma especificidade linguiacutestica significativa e por meio da semioacutetica descobrir diferentes representaccedilotildees associadas ao significado presente em determinado signo

6 Linguagem e as Comunidades de Praacutetica

Anaacutelises semioacuteticas prescindem de um contexto cultural gerador dos signos (SAUSSURE 1992) Portanto eacute preciso buscar informaccedilotildees nos espaccedilos onde haja interaccedilatildeo com intensas trocas culturais pelo grupo de interesse Levy (2000 p 22) descreve estes espaccedilos a partir do conceito de Espaccedilos Antropoloacutegicos ldquo sistemas de proximidade que dependem de teacutecnicas de significaccedilotildees da linguagem da cultura das convenccedilotildees das representaccedilotildees e das emoccedilotildees humanasrdquo

Segundo o autor cada eacutepoca possui um sistema de proximidade caracteriacutestico o primeiro deles foi a proacutepria Terra marcada pela relaccedilatildeo humana com a natureza espiritualidade e rituais em seguida surge o Territoacuterio as proximidades estatildeo ligadas por relaccedilotildees de pertencimento a um territoacuterio demarcado um paiacutes uma regiatildeo Mais tarde surge o espaccedilo antropoloacutegico das mercadorias em que os fluxos econocircmicos determinam as proximidades a identidade das pessoas estaacute associada a uma posiccedilatildeo que aquela ocupa no fluxo ecocircnomico Por uacuteltimo ele menciona o espaccedilo contemporacircneo em construccedilatildeo o espaccedilo do saber possibilitado pelo surgimento de novas ferramentas (as do ciberespaccedilo) pela velocidade da evoluccedilatildeo dos saberes e pela massa de pessoas que estatildeo habilitadas a aprender e produzir novos conhecimentos

Nestes espaccedilos antropoloacutegicos onde ocorre a manifestaccedilatildeo e produccedilatildeo de teacutecnicas e linguagens eacute onde se pode de fato observar manifestaccedilotildees linguiacutesticas de interesse Levy (2000) sustenta que o espaccedilo do saber permite o surgimento dos ldquocoletivos inteligentesrdquo onde as capacidades cognitivas e sociais dos seres humanos conseguem se encontrar e se desenvolver mutuamente superando a simples transmissatildeo de informaccedilatildeo para a constituiccedilatildeo de um processo de construccedilatildeo de conhecimento coletivo No entanto para a constituiccedilatildeo e manutenccedilatildeo deste espaccedilo eacute preciso ldquo reinventar o laccedilo social em torno do aprendizado reciacuteproco da sinergia das competecircncias da imaginaccedilatildeo e da inteligecircncia coletivardquo (Levy2000 p 26)

As comunidades de praacuteticas compartilham conceitos fundamentais com a ideia de inteligecircncia coletiva o entendimento de que os processos coletivos de aprendizagem devem ser considerados para que haja sinergia de competecircncias e construccedilatildeo de conhecimentos estatildeo claramente descritos na Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) de Lave e Wenger (1991)

A Teoria da Cogniccedilatildeo Situada (TCS) percebe mente cultura histoacuteria e mundo social dentro de um processo interrelacionado e de construccedilatildeo reciacuteproca Coloca o aprendizado como um fenocircmeno social no qual os participantes desempenham diferentes papeacuteis e assumem diferentes niacuteveis de engajamento constituindo as Comunidades de Praacutetica (CoP) Uma Comunidade de Praacutetica se constitui como um espaccedilo de produccedilatildeo de conhecimento e aquisiccedilatildeo de habilidades que deve ser envolvido por um interesse maior no entanto reciacuteproco de motivar a comunidade a se transformar e legitimar a participaccedilatildeo de todos os agentes O foco portanto deixa de estar em obter conhecimentos e habilidades e estaacute em fazecirc-los circular (LAVE 1991) Segundo Schneider (2012) o processo de circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo dentro de uma CoP se daacute de maneira estruturada e recontextualizada possibilitando a geraccedilatildeo de valor para seus membros

O interesse por socializar o conhecimento atraveacutes de participaccedilatildeo engajada faz das comunidades de praacuteticas sustentadas pela Teoria da Cogniccedilatildeo Situada espaccedilos de aprendizado que correspondem as caracteriacutesticas de sistemas de proximidade sustentadas por praacuteticas linguagens e conhecimentos Desta forma as

comunidades de praacutetica tecircm potencial para revelar as linguagens de um grupo social pois reuacutenem pessoas com interesses afins que exploram a linguagem como forma de socializar o conhecimento e promover o engajamento dos participantes de grupos especiacuteficos

Tendo as Comunidades de Praacutetica como referecircncia de espaccedilos privilegiados para o desenvolvimento das pesquisas com a linguagem de grupos de usuaacuterios o presente estudo apresenta estrateacutegias divididas em dois grupos que visam 1 elicitar formas de representaccedilatildeo (signos) tiacutepicas de determinado grupo e 2 produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo a partir de anaacutelises semioacuteticas dos signos originais

7 Estrateacutegias de trabalho para a exploraccedilatildeo da linguagem de usuaacuterios

71 Elicitar formas de representaccedilatildeo especiacuteficas de deteminado grupo

a) Considerar uma linguagem padratildeo ( forma de comunicaccedilatildeo compreendida amplamente pela populaccedilatildeo)b) Observar em Comunidades de Praacutetica as trocas de mensagens simboacutelicasc) Identificar os desvios da linguagem padratildeo formas especiacuteficas de comunicaccedilatildeo de um grupo (signos de domiacutenio do grupo de interesse)

711 Exemplo ilustrativoObservando-se um grupo onde seus integrantes compartilham do interesse por informaacutetica percebe-se o uso do termo ldquogeekrdquo Sabe-se que esta natildeo eacute uma palavra proacutepria da linguagem padratildeo pois natildeo seria compreendida pela maioria da populaccedilatildeo Portanto considerando-se os itens a b e c indentifica-se um signo de domiacutenio do grupo de interesse

72 Produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo

A anaacutelise semioacutetica permite que se compreenda que o termo remete aos proacuteprios integrantes do grupo pessoas que gostam de informaacutetica tambeacutem se atribui ao geek um caraacuteter de profundo conhecedor ou obcecado pelo tema Um ldquogeekrdquo eacute algueacutem que estaacute antenado ligado a tudo que diz respeito agrave informaacutetica

As anaacutelises acima poderiam ser mais aprofundadas fornecer mais significaccedilotildees mas para isso haacute extensa bibliografia e diferentes meacutetodos podem ser utilizados Neste momento no entanto a anaacutelise serve apenas para demonstrar a dinacircmica e eficaacutecia da proposta de trabalho Para oferecer visualidade de como estas anaacutelises podem ajudar na construccedilatildeo de uma miacutedia descreve-se abaixo o surgimento de um iacutecone associado ao termo ldquogeekrdquo e as interpretaccedilotildees semioacuteticas feitas anteriormente

Este iacutecone parece ter surgido espontaneamente entre os membros do grupo de interesse Em uma pesquisa ao google imagens banco de imagens virtual da web percebe-se que o termo geek possui representaccedilotildees associadas ao siacutembolo inicialmente criado para representar um interruptor ( Fig 4) de forccedila de um dispositivo eletrocircnico

Figura 4 Botatildeo interruptorFonte Google imagens

Por interpretaccedilatildeo semioacutetica das imagens conclui-se que a associaccedilatildeo carrega a informaccedilatildeo de que ser um

geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

Referecircncias

ALMEIDA PAULO R A ULBRICHT VAcircNIA R Metodologias das pesquisas sobre as necessidades dos usuaacuterios de Hypervideos 2014 In Revista Hipertexto v4 n2 jul-dez 2014 Disponiacutevel em httpwwwlatecufrjbrrevistasindexphpjournal=hipertextoamppage=issueampop=viewamppath[]=85 acessado em 20032014

BRAMPTON A MACQUIRE A FRY M RACE NJ MATHY L Characterising and exploiting workloads of highky interactive video-on-demand 2009 Multymedia Systems pp3-17

BARROS DIANA Teoria Semioacutetica do texto Satildeo Paulo Aacutetica 2005

BENYON DAVID Interaccedilatildeo humano-computador 2 ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2011

COSTA R M S Avaliaccedilatildeo de interatividade em ambiente virtual de ensino e aprendizagem com base no design graacutefico e na engenharia de software (educacional) 2014 Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Comunicaccedilatildeo e Expressatildeo Programa de Poacutes- Graduaccedilatildeo em Design e Expressatildeo Graacutefica Florianoacutepolis 2014

COLUSSO LUCAS F Metaacuteforas Conceituais para design de Hipermiacutedias 2014 Dissertaccedilatildeo (mestrado)Universdade Federal de Santa Catarina Centro de Comunicaccedilatildeo e Expressatildeo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Design e Expressatildeo Graacutefica Florianoacutepolis 2014

DEBEVC M SAFARIC R GOLOB M Hypervideo Application on an Experimental Control Systemas an Approach to Education 2008 Disponiacutevel em wwwintersciencewileycom Acessado em 05062014

DIAS CLAacuteUDIAUsabilidade na Web criando portais mais acessiacuteveis Rio de Janeiro Alta books 2007

DOMINGUEZ-NORIEGA S AGUDO J E SANTAMARIA H S Supporting mobile learning trough interactive video ViMOLE 2012 International Symposium on Computers in Educational SIIE 2012

FOUCAULT MICHEL As palavras e as coisas uma arqueologia das ciecircncias humanas 8ordf ed - Satildeo Paulo Martins Fontes 1999

GREIMAS A J Sobre o sentido ensaios semioacuteticos Petroacutepolis-RJ Editora vozes 1975

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SANTAELLA LUCIA Linguagens liacutequidas na era da mobilidade Satildeo Paulo Paulus 2007

SAUSSURE FERDINAND Curso de linguiacutestica geral Lisboa Dom Quixote Ltda 1992

SCHNEIDER ELTON Uma contribuiccedilatildeo aos ambientes vrtuais de aprendizagem (AVA) suportados pela teoria da cogniccedilatildeo situada (TCS) para pessoas com deficiecircncia auditiva Dissertaccedilatildeo (mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnoloacutegico Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Engenharia Gestatildeo do Conhecimento Florianoacutepolis 2012

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STONE DEBBIE JARRET CAROLINE WOODROFFE MARK MINOCHA SHAILe User interface design and evaluation San Francisco Morgan Kofmann 2005

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Page 8: Linguagem, Interatividade e Comunidades de Práticaconahpa.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2015/06/ID252_Almeida... · A Interação Homem Computador (IHC), e o Design de Interação

comunidades de praacutetica tecircm potencial para revelar as linguagens de um grupo social pois reuacutenem pessoas com interesses afins que exploram a linguagem como forma de socializar o conhecimento e promover o engajamento dos participantes de grupos especiacuteficos

Tendo as Comunidades de Praacutetica como referecircncia de espaccedilos privilegiados para o desenvolvimento das pesquisas com a linguagem de grupos de usuaacuterios o presente estudo apresenta estrateacutegias divididas em dois grupos que visam 1 elicitar formas de representaccedilatildeo (signos) tiacutepicas de determinado grupo e 2 produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo a partir de anaacutelises semioacuteticas dos signos originais

7 Estrateacutegias de trabalho para a exploraccedilatildeo da linguagem de usuaacuterios

71 Elicitar formas de representaccedilatildeo especiacuteficas de deteminado grupo

a) Considerar uma linguagem padratildeo ( forma de comunicaccedilatildeo compreendida amplamente pela populaccedilatildeo)b) Observar em Comunidades de Praacutetica as trocas de mensagens simboacutelicasc) Identificar os desvios da linguagem padratildeo formas especiacuteficas de comunicaccedilatildeo de um grupo (signos de domiacutenio do grupo de interesse)

711 Exemplo ilustrativoObservando-se um grupo onde seus integrantes compartilham do interesse por informaacutetica percebe-se o uso do termo ldquogeekrdquo Sabe-se que esta natildeo eacute uma palavra proacutepria da linguagem padratildeo pois natildeo seria compreendida pela maioria da populaccedilatildeo Portanto considerando-se os itens a b e c indentifica-se um signo de domiacutenio do grupo de interesse

72 Produzir novas possibilidades de representaccedilatildeo

A anaacutelise semioacutetica permite que se compreenda que o termo remete aos proacuteprios integrantes do grupo pessoas que gostam de informaacutetica tambeacutem se atribui ao geek um caraacuteter de profundo conhecedor ou obcecado pelo tema Um ldquogeekrdquo eacute algueacutem que estaacute antenado ligado a tudo que diz respeito agrave informaacutetica

As anaacutelises acima poderiam ser mais aprofundadas fornecer mais significaccedilotildees mas para isso haacute extensa bibliografia e diferentes meacutetodos podem ser utilizados Neste momento no entanto a anaacutelise serve apenas para demonstrar a dinacircmica e eficaacutecia da proposta de trabalho Para oferecer visualidade de como estas anaacutelises podem ajudar na construccedilatildeo de uma miacutedia descreve-se abaixo o surgimento de um iacutecone associado ao termo ldquogeekrdquo e as interpretaccedilotildees semioacuteticas feitas anteriormente

Este iacutecone parece ter surgido espontaneamente entre os membros do grupo de interesse Em uma pesquisa ao google imagens banco de imagens virtual da web percebe-se que o termo geek possui representaccedilotildees associadas ao siacutembolo inicialmente criado para representar um interruptor ( Fig 4) de forccedila de um dispositivo eletrocircnico

Figura 4 Botatildeo interruptorFonte Google imagens

Por interpretaccedilatildeo semioacutetica das imagens conclui-se que a associaccedilatildeo carrega a informaccedilatildeo de que ser um

geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

Referecircncias

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BRAMPTON A MACQUIRE A FRY M RACE NJ MATHY L Characterising and exploiting workloads of highky interactive video-on-demand 2009 Multymedia Systems pp3-17

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BENYON DAVID Interaccedilatildeo humano-computador 2 ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2011

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FOUCAULT MICHEL As palavras e as coisas uma arqueologia das ciecircncias humanas 8ordf ed - Satildeo Paulo Martins Fontes 1999

GREIMAS A J Sobre o sentido ensaios semioacuteticos Petroacutepolis-RJ Editora vozes 1975

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geek significa ldquoestar ligadordquo ao mundo digital As imagens a seguir demonstram diversas formas de se utilizar o signo de domiacutenio e sua respectiva interpretaccedilatildeo semioacutetica como forma de comunicaccedilatildeo direcionada agrave um grupo de interesse e evidenciam que este pode oferecer recurso comunicacional diverso

Nas ilustraccedilotildees abaixo o siacutembolo de interruptor que representa estar ligado associa-se ao ldquogeekrdquo em diversas circunstacircncias como signo de um novo gecircnero Fig5 como siacutegno de resistecircncia Fig6 como a letra ldquogrdquo Fig 7 que compotildee a palavra ldquogeekrdquo Todas as representaccedilotildees partem do signo de domiacutenio do grupo ldquogeekrdquo e da interpretaccedilatildeo ldquoestar ligadordquo que associou-se ao siacutembolo de interruptor de forccedila

Fig 5 geek como signo de gecircnero Fig6 geek como signo de resistecircncia Fig7 signo como a letra ldquogrdquo Fonte google imagens

Ao identificar um signo de domiacutenio e aplicar ao mesmo uma leitura semioacutetica surgem significaccedilotildees e novas informaccedilotildees associadas agravequele signo Estas novas informaccedilotildees fazem parte de um arcabouccedilo de elementos que podem ser utilizados no design de interaccedilatildeo Como visto a percepccedilatildeo e a atenccedilatildeo dependem da linguagem Neste sentido o termo ldquogeekrdquo e demais mensagens que possam remeter agraves significaccedilotildees proporcionadas pela mediaccedilatildeo semioacutetica entram no campo perceptivo como por exemplo o siacutembolo de interruptor que passa a ser associado ao termo Da palavra se chega a significaccedilotildees e destas se pode chegar a outros signos que compartilhem deste arcabouccedilo de significados Uma imagem ou iacutecone por exemplo pode ser utilizado por fazer referecircncia aos mesmos significados percebidos pela palavra geek desta forma uma variedade de novos elementos surgem como forma de comunicaccedilatildeo personalizada a um puacuteblico especiacutefico

Os resultados obtidos a partir dos estudos com grupos de usuaacuterios devem entrar no ciclo de desenvolvimento do produto Os meacutetodos para transformar as informaccedilotildees descritivas em recursos interativos dependem da experiecircncia e intencionalidade do desenvolvedor

8Discussatildeo e apresentaccedilatildeo de resultados

Miacutedias interativas satildeo artefatos cujo estudo insere-se no campo interdisiciplinar da IHC e do design de interaccedilatildeo Computaccedilatildeo engenharia psicologia comunicaccedilatildeo ciecircncias sociais semioacutetica possuem contribuiccedilotildees importantes e necessaacuterias para o desenvolvimento da aacuterea No entanto o produto acabado pode ocultar esta construccedilatildeo interdisciplinar agrave olhares menos atentos O caraacuteter subjetivo da produccedilatildeo de miacutedias interativas ou seja a parte que se preocupa em envolver um trabalho objetivo de programaccedilatildeo de software por exemplo em reflexotildees sobre o sujeito e seu comportamento nem sempre eacute considerado ou simplesmente relacionado como um tipo de conhecimento que se consegue intuitivamente

Embora muitas pesquisas se dediquem a observar aspectos subjetivos do design de interaccedilatildeo observa-se que grande parte destas pesquisas soacute consegue sistematizar a exploraccedilatildeo das subjetividades quando submete o usuaacuterio agrave interaccedilatildeo com um sistema a ser testado Desta forma manteacutem o processo de elicitaccedilatildeo de necessidades e requisitos condicionado agraves sugestotildees de interatividade que o proacuteprio sistema oferece submetendo-se ao ciclo fechado de vida do produto e pouco integrado a contextualizaccedilotildees sociais

Ao se utilizar as recomendaccedilotildees aqui propostas consegue-se sistematizar o trabalho e alimentar o processo de design de interaccedilatildeo com informaccedilotildees sobre o comportamento de usuaacuterios Esta forma de pesquisa permite que se renove os conhecimentos para aleacutem do ciclo fechado de design de interaccedilatildeo mas com o respaldo de uma sistemaacutetica que ofereccedila suporte para a atividade

Referecircncias

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