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INSUCESSO NA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO DE UM CONDOMINIO INDUSTRIAL NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE UMA GRANDE EMPRESA DE ELETRODOMÉSTICOS: UM ESTUDO DE CASO Geraldo Cardoso de Oliveira Neto (UNINOVE) [email protected] Oduvaldo Vendrametto (UNIP) [email protected] Marcos Antonio Lopes (FACECA) [email protected] José Celso Contador (UNINOVE) [email protected] Este artigo mostra as principais causas de um resultado indesejado, a partir de uma experiência mal sucedida ocorridas na elaboração de um projeto de redes da cadeia de suprimentos em uma grande empresa de eletrodomésticos. Os gestores busccaram simultaneidade em: estabelecer um condomínio industrial, transferência para outra localidade, terceirizar para operadores logísticos e qualificar fornecedores para residirem no condomínio. Os principais resultados do insucesso foram mensurados pelos indicadores: pendência de peças em estoque, afetando o abastecimento de linha, redução de faturamento de pedido, aumento de pedidos fracionados, aumento de pendência em estoque, e redução de pedidos devido a falta de atendimento aos pedidos em carteira fora da data. Espera-se que esse estudo contribua com os gestores na elaboração de projetos de e parceria na cadeia de suprimentos principalmente porque se considera a terceirização de operações logísticas como decisão operacional ao invés de estratégica. Palavras-chaves: Condomínio Industrial, Cadeia de Suprimentos, Logística, Operador Logístico, Indicadores de Desempenho XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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INSUCESSO NA ELABORAÇÃO DO

PLANEJAMENTO DE UM CONDOMINIO

INDUSTRIAL NA CADEIA DE

SUPRIMENTOS DE UMA GRANDE

EMPRESA DE ELETRODOMÉSTICOS:

UM ESTUDO DE CASO

Geraldo Cardoso de Oliveira Neto (UNINOVE)

[email protected]

Oduvaldo Vendrametto (UNIP)

[email protected]

Marcos Antonio Lopes (FACECA)

[email protected]

José Celso Contador (UNINOVE)

[email protected]

Este artigo mostra as principais causas de um resultado indesejado, a

partir de uma experiência mal sucedida ocorridas na elaboração de

um projeto de redes da cadeia de suprimentos em uma grande empresa

de eletrodomésticos. Os gestores busccaram simultaneidade em:

estabelecer um condomínio industrial, transferência para outra

localidade, terceirizar para operadores logísticos e qualificar

fornecedores para residirem no condomínio. Os principais resultados

do insucesso foram mensurados pelos indicadores: pendência de peças

em estoque, afetando o abastecimento de linha, redução de

faturamento de pedido, aumento de pedidos fracionados, aumento de

pendência em estoque, e redução de pedidos devido a falta de

atendimento aos pedidos em carteira fora da data. Espera-se que esse

estudo contribua com os gestores na elaboração de projetos de e

parceria na cadeia de suprimentos principalmente porque se considera

a terceirização de operações logísticas como decisão operacional ao

invés de estratégica.

Palavras-chaves: Condomínio Industrial, Cadeia de Suprimentos,

Logística, Operador Logístico, Indicadores de Desempenho

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

Nas duas últimas décadas a economia mundial apresentou vigorosa e profunda alteração. As

empresas, responsáveis por essas mudanças, se reconfiguraram para que seus sistemas

produtivos se tornassem mais competitivas conforme as exigências atuais. As novas formas

como as empresas se organizaram quebrou paradigmas, transferiu atividades para terceiros,

diminuiu de tamanho, assumiu parcerias, consorciou-se, mudou de local, adotou sistemas de

gestão e controles precisos moldando-se ao mercado.

A empresa objeto deste estudo, movida pelas necessidades de modernização, planejou a

construção de nova fábrica com características de condomínio industrial. Estrategicamente, o

local escolhido para construção situava-se a 200 km da atual. Decisão desta envergadura

envolve riscos e sua execução requer parceiros confiáveis, competências internas e externas.

Entretanto, falha de planejamento inibiu o relacionamento com os fornecedores e, em prazo

reduzido após a mudança para a nova fábrica começaram a ocorrer problemas de

fornecimento, provocando falta dos produtos e entrega com significativo atraso.

A análise dos motivos que levaram as falhas nesse processo foi identificada como sendo de

planejamento e do relacionamento dos fornecedores. Ao decidir terceirizar substantivas

operações de logística a um operador logístico (OPL), bem como escolher fornecedores que

fariam parte do condomínio abrigados no terreno aos arredores da fábrica e responsáveis por

componentes do produto, todo o sistema produtivo tornava-se dependente desses parceiros.

Falha de atuação de algum desses parceiros poderia em cascata levar à paralisação da linha de

produção. Como de fato se verificou nesta pesquisa.

2 – Subsídios teóricos e conceitos

Segundo Dias e Salerno (1999) o conceito prático e teórico de condomínio industrial teve

início na empresa automobilística. Consiste em uma configuração, em que alguns

fornecedores escolhidos instalam-se junto à planta da empresa. Com isso projeta-se

significativa redução custos em estoques, processos, transportes alem de facilitar a confiança

e a integração entre os parceiros. Para compor o condomínio, habitualmente, são chamadas

empresas com as quais a geradora do condomínio mantém relações estáveis de fornecimento e

confiança. Essas empresas já tradicionalmente fazem entregas em pequenos lotes (just-in-

time) é que são chamadas para participarem dos projetos, aumentando em escala o grau de

relacionamento e responsabilidade entre as partes. A nova configuração deve prever o

fornecimento de componentes e subconjuntos completos, disponibilizados já na seqüência de

montagem. Apesar do comprometimento dos fornecedores em todas as fases do processo, a

empresa mãe permanece como diretora de todo o projeto, sendo esta, uma das características

fundamentais do condomínio industrial.

As dificuldades que podem ocorrer segundo Porter (1980), são as de adaptação das

instalações físicas e localização geográfica, das políticas e processos dessas unidades às

exigências de um determinado serviço, necessidade de aumentar mão-de-obra e até criar

novas jornadas de trabalho. O fornecedor-condômino tem que rever e adequar todos os

aspectos de sua cadeia de valores ao serviço específico a ser realizado.

Porém, a administração de um relacionamento é muitas vezes vista como uma tarefa tediosa e

rotineira. A alta gerência, especificamente, está quase sempre envolvida na criação de uma

nova parceria, mas raramente assume seu gerenciamento. Isso tem levado a um

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desordenamento de informações na administração de alianças e parcerias na cadeia de

suprimentos (CHOPRA E MEINDL 2003).

A intensificação nos tempos recentes, é a terceirização das atividades de apoio, como

exemplo, para um operador logístico (OPL). A logística pela relevância que representa neste e

estudo e o OPL devido as inúmeras parcerias que estabelece terá destaque especial neste

contexto. Fleury et.al (2006) define o OPL como o fornecedor de serviços logísticos

especializado em gerenciar e executar todas as atividades logísticas nas várias fases na cadeia

de abastecimento de seus clientes, que tenha competência para, no mínimo, prestar

simultaneamente serviços nas três atividades básicas de controle de estoque, armazenagem e

gestão de transporte. Os demais serviços, que porventura sejam oferecidos, funcionam como

diferenciais de cada operador.

Oliveira Neto (2008) obteve da pesquisa que realizou em seis empresas, das quais três

afirmaram que a contratação do OPL foi mal sucedida. Ao analisar as causas dos insucessos

percebeu que elas aconteceram devido ao fato de as empresas não terem planejado

corretamente a estratégia de cadeia de fornecimeto, não estudaram os critérios de contratação

e não utilizaram indicadores de desempenho ou os utilizaram somente internamente à empresa

sem integração com o OPL.

Parece existir uma miopia ou discriminação que dificulta ver o terceirizado como parte

estratégica do negócio, pois o OPL é visto como um prestador de serviços subalterno com o

qual a empresa não procura se integrar. Esta é uma das causas de insucesso da terceirização

das atividades logísticas – conforme Fleury (2006), 70% dos contratos terminam em conflito

antes do prazo.

Este estudo analisa a elaboração de um projeto de condomínio industrial e cadeia de

suprimentos mal sucedida promovido por uma empresa de eletrodomésticos. Para estabelecer

o condomínio industrial a empresa promotora planejou a transferência de site, contratação de

um operador logístico no contexto do fluxo de materiais (recebimento, armazenagem,

expedição e transporte) terceirizando 90% do ciclo logístico para os fornecedores

especializados. Porem, na análise das informações obtidas não fica claro procedimento de

avaliação de desempenho dos componentes do condomínio. Razão pela qual serão mostrados

os indicadores de desempenho sobre disposição de peças e sistema de abastecimento pelo

operador logístico e OTIF.

Sobre o indicador On-Time-Full (OTIF) que é implementado na gestão de materiais, tem

como objetivo mensurar todo o ciclo de pedido a partir do momento em que o input de pedido

é feito no sistema e observar como o nível de serviço de atendimento ao cliente, juntamente

com a eficiência na gestão de materiais na cadeia de fornecimento está sendo executado.

Pelo OTIF o cliente pode verificar a programação do pedido, escolhe a melhor data para

receber o material, analisa o perfil do pedido através da performance no atendimento e por

fim mensura a idade do faturamento, isto é, a porcentagem a qual está sendo faturada no

momento possibilitando avaliar o status e o nível do serviço prestado.

2.1 A evolução da gestão de materiais e da logística

Segundo Bowersox (2006), a gestão de materiais tinha um papel fundamental e tradicional ao

longo dos anos 1950 e no início dos anos 1960, mas as empresas apresentavam deficiências e

fracassos muito evidentes na responsabilidade pelo inventário, as informações eram

totalmente centralizadas nos gerentes e não havia integração. No final dos anos 1960 e o

inicio dos anos 1970, a logística havia adquirido independência e se posicionado como uma

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área de responsabilidade e autoridade organizacional, normalmente focalizada em distribuição

física ou na gestão de materiais.

Para Ballou (1993), o desenvolvimento histórico da logística empresarial está dividido em três

fases: 1) antes de 1950: os anos adormecidos – as atividades-chave de logística encontravam-

se fragmentadas entre setores que não possuíam integração; 2) de 1950 a 1970: o período de

desenvolvimento. Novaes (2007) menciona a segunda fase como de uma integração rígida, e

as cadeias de suprimentos são forçadas a reduzir custos e ter maior eficiência através da

otimização e planejamento, tendo como marco o surgimento do MRP agilizando a informação

em tempo real; e 3) de 1970 em diante: os anos de crescimento – Novaes (2007) caracteriza a

terceira fase como a da integração flexível e dinâmica dentro da empresa e nas inter-relações

da empresa com seus fornecedores e clientes através do EDI (Intercâmbio Eletrônico de

Dados), a da introdução do código de barras e a da busca utópica do estoque zero, fase em que

se passa a observar a integração das necessidades externas, principalmente a satisfação dos

clientes.

Na continuidade dos estudos, Novaes (2007) acrescenta a quarta fase da evolução da logística

denominada de integração estratégica, na qual se busca novas soluções em suprimentos para

aumentar a competitividade da empresa e a satisfação dos clientes. Surge, então, a parceria e

as trocas de informações confidenciais, visando à redução de prazos e das incertezas ao longo

da cadeia de suprimentos. Essa nova concepção é chamada de gerenciamento da cadeia de

suprimentos (Supply Chain Management).

Segundo Harrison e Hoek (2003), o gerenciamento da cadeia de suprimentos constitui-se no

alinhamento das habilidades a montante e a jusante dos parceiros da cadeia de suprimento

para entregar valor superior ao cliente final com o mínimo de custo para a cadeia de

suprimento como um todo. E acrescenta a extensão natural desse pensamento – a cadeia de

suprimento deve ser encarada como uma rede que descreve a maneira pela quais compradores

e fornecedores são vinculados para servir ao cliente final.

Segundo Bowersox (2006), nos anos 1980 iniciou-se o renascimento logístico. Essa estrutura

organizacional procurou unificar todas as funções e operações logísticas sob o controle de um

único gerente sênior. A meta era a gestão estratégica de todos os materiais, da movimentação

e do armazenamento de produtos finais para o máximo beneficio da empresa. Os rápidos

desenvolvimentos de sistemas de informação logísticos deram um ímpeto às organizações.

Oliveira Neto (2008) menciona que atualmente, na Logística Empresarial, os elos são

integrados e colaborativos, geralmente a diretoria de logística fornece as metas e os objetivos,

e os setores criam indicadores de desempenho para o controle e mensuração do desempenho.

Percebe-se que ocorre uma participação assídua dos fornecedores e clientes. O setor de

suprimentos busca uma negociação ganha-ganha com os fornecedores almejando parcerias

com metas definidas, e a diretoria atua com freqüência na busca de inovações, custos baixos e

novas formas de trabalho. Desta maneira, a empresa como um todo é voltada ao atendimento

às expectativas e exigências dos clientes, através do departamento de Serviço de Atendimento

ao Cliente (SAC). Outro fator importante e atual é a consciência ambiental nos processos a

fim de reduzir os impactos que podem agredir a natureza.

2.2. Terceirização de serviços logísticos no Brasil, projetos de redes e suas possíveis

falhas

Fleury e Ribeiro (2001a) relatam que a atividade de OPL iniciou-se há pouco tempo no Brasil

e tornou-se mais notável a partir de 1994 com a estabilização econômica. Desde 1997,

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grandes operadores logísticos internacionais, como Danzas, Ryder e Penske Logistics,

começaram a atuar no Brasil, surgindo a necessidade de novos serviços por parte das

empresas contratantes. Daí várias transportadoras transformaram-se em operadores logísticos

para atender às necessidades do mercado. (FLEURY e RIBEIRO, 2001b).

No Brasil, em 2009 são gastos cerca de R$ 192 bilhões, ou 11,7% do PIB nacional, com

logística. Deste montante, aproximadamente 63% são direcionados para pagamento de

prestadores de serviços logísticos. Esse patamar é similar ao índice de terceirização europeu

(65%) e asiático (62%), e superior ao norte-americano (47%) (ILOS, 2010).

Segundo o Instituto ILOS (2010), os dez principais motivos para terceirizar os serviços

logísticos são: 1) reduzir custos; 2) proporcionar maior eficiência na execução das atividades

operacionais; 3) aumentar os níveis dos serviços logísticos; 4) focar no core business; 5)

reduzir investimentos em ativos; 6) adquirir maior flexibilidade nas operações logísticas; 7)

realizar serviços especializados de maior valor agregado; 8) obter maior conhecimento para

geração de novas soluções logísticas; 9) aumentar o controle das atividades logísticas; e 10)

melhorar a tecnologia de informação utilizada. Esses motivos direcionam a formação de

critérios estratégicos para a formação do contrato logístico.

É relevante discutir as falhas que ocorrem na terceirização e que causam a necessidade de

substitui o OPL. Como afirma Fleury (2006), 70 % dos contratos logísticos entre a empresa

contratante e o OPL terminam antes do prazo.

Os dez principais motivos para substituir um OPL, segundo o Instituto ILOS (2010), são: 1)

má qualidade dos serviços; 2) baixa capacidade de propor novas soluções logísticas; 3) preços

elevados; 4)operador pouco flexível a mudanças; 5) baixa disponibilidade de ativos do

prestador de serviço; baixa capacitação tecnológica; 6) fragilidade financeira; 7) problemas de

segurança; 8)dificuldade de relacionamento; e 10) problemas éticos.

Barros (2009) observa que, por precaução, algumas indústrias tentam, por meio de contratos

cada vez mais “amarrados”, estabelecerem indicadores de desempenho a serem cumpridos por

seus parceiros. Outras ainda estipulam prazos em contrato para que o OPL seja capaz de

resolver possíveis problemas e, ao término do prazo, como penalidade, o contrato pode ser

rescindido sem ônus para o contratante.

As dimensões para segmentação da terceirização se serviços logísticos a fim de criar uma

estrutura no atendimento ao cliente podem ser identificadas em Fleury (2006) apud Sink

(1996) onde uma pesquisa realizada em empresas norte americana permitiu a apresentação

das seguintes dimensões:

- Os tipos de serviços oferecidos se dividem em: a) especialistas operacionais: ao qual

atribuem a excelência operacional na prestação de serviços; e, b) os integradores: que vão

desde as necessidades operacionais até o desenvolvimento de projetos complexos.

- O escopo geográfico de atuação que podem ser classificados em regionais, nacionais ou

globais. Na atualidade os OPLs apresentam uma forte tendência de ampliação do espaço

geográfico de atuação.

- A política de especialização voltada ao tipo de indústria que atendem é outra dimensão de

segmentação importantíssima por possibilitar atender especificamente as necessidades dos

clientes com especialização setorial e customizada.

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- Caracterizar os ativos: ter frotas para atender especificamente o cliente, aumentando, assim

a garantia de cumprimento ou superações das especificações, ou se aquele atendimento será

para diversos clientes.

- Atividades de origem dos operadores, pois ambos apresentam históricos de tipos de

atendimento a outros clientes, assim é possível identificar a principal competência de

determinado prestador de serviços.

Porém, é necessário atentar para possíveis problemas na parceria e na integração entre a

empresa contratante e o terceirizado.

Conforme Harrison e Hoek (2003) é necessário que haja parceria no compartilhamento de

informações, na confiança, na coordenação e no planejamento, nas vantagens mútuas e no

compartilhamento de riscos, no reconhecimento da interdependência mútua, em metas

compartilhadas e na compatibilidade das filosofias corporativas.

“Após estabelecer a parceria, ambos conhecem o ambiente onde operará, as tarefas e

processos a serem desenvolvidos pelos dois, habilidades e objetivos. O desempenho de cada

parte é avaliado buscando-lhe melhorias na lucratividade e equidade de ganhos e fazer uma

revisão das condições acordadas e firmar um contrato com flexibilidade suficiente para

simplificar as alterações e incluir mudanças” (CHOPRA E MEINDL 2003).

Na continuidade dos estudos Chopra Meindl (2003) reforça que podem surgir problemas na

parceria quando o relacionamento é fraco e não é renovado periodicamente. Ao gerenciar o

relacionamento na rede de empresas é preciso manter o foco nos seguintes fatores: a

existência de flexibilidade, confiança e compromisso, acordos de compartilhamento de

informações e solução de conflitos, mecanismos que tornem visíveis as ações de cada parte e

tratamento justo entre as partes.

Para Bowersox (2006), ocorrem muitos obstáculos na implementação da parceria porque

muda a prática funcional tradicional para se centrar na execução do processo integrado e

menciona quatro desafios operacionais a serem resolvidos: a liderança no desenvolvimento do

arranjo colaborativo, a lealdade e confidencialidade promovendo a compartimentação, a

avaliação de desempenho entre os membros da rede de empresas e periodicidade de

informação da mensuração e o compartilhamento de risco/recompensa.

Novaes (2007) complementa que os contratos de hoje necessitam de vínculos de confiança, de

verdadeiras formas de parcerias, mas a confiança não é o suficiente é preciso que as empresas

gerenciem permanentemente as parcerias e mantenham, ao mesmo tempo, uma política de

vigilância, de forma a evitar que os parceiros se afastem dos objetivos fixados previamente.

Os principais problemas apresentados por Fleury et.al (2006), começam pela insegurança no

nível de serviço devido a falhas do sistema de informação, outro é a carência de pessoas

qualificadas e quando as pessoas são contratadas é para suprir uma necessidade emergencial

esquecendo-se da necessidade do treinamento. A falta de qualificação do novo contratado

gera problemas de comunicação, coordenação e integração, aumentando consecutivamente os

custos operacionais e prejudicando a empresa tomadora de serviços.

Para Dornier et al. (2000) os riscos que podem ocorrer são: o risco estratégico como, por

exemplo, uma empresa que antes do processo de terceirização a entrega era no tempo certo e

após a implementação a empresa de serviços pode oferecer o mesmo serviço para o

concorrente; risco comercial a imagem do fabricante irá inevitavelmente ser ligada uma

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empresa de serviços; e riscos gerenciais onde os custos e o nível de serviço fornecido devem

ser visíveis para o produtor e para o provedor logístico.

Frente a esses riscos ou problemas a contratação de operadores logísticos requer que a

empresa desenvolva funções de controle baseada no fluxo de dados, isto é, indicadores de

desempenho, como forma de reduzir os riscos de falhas e de conflitos entre as partes.

Sobre a visão de Chopra e Meindl (2003), serão apresentados os fatores que influenciam as

decisões de projetos em redes de empresas. Antes, deve ser chamada a atenção sobre a

importância das decisões de projeto de rede quando duas empresas fazem parte da mesma

cadeia de suprimento.

Segundo Chopra e Meindl (2003) as decisões de projeto de rede de empresas são feitas em

quatro fases e mostradas na Figura 1:

Fase 1: Definir uma estratégia de cadeia de suprimentos para determinar quais habilidades

e objetivos a rede pretende alcançar focados na vantagem competitiva da empresa, em seguida

os gerentes precisam conhecer e antecipar a estratégia da concorrência global, também precisa

identificar restrições de capital e definir se o crescimento será conquistado adquirindo-se

instalações já existentes ou a contratação de operadores logísticos desenvolvendo parcerias.

Fase 2: Definir a configuração da instalação regional para identificar regiões onde as

instalações serão localizadas, seus possíveis papéis e sua capacidade aproximada, na

contratação de um OPL de armazenagem e distribuição é muito importante analisar o acesso

rápido às principais rodovias, verificar as soluções tecnológicas disponíveis para a produção,

movimentação, manuseio, separação, picking e outros. É importante também identificar as

tarifas regionais, os incentivos fiscais e as restrições de exportação e de importação do

mercado.

Fase 3: Escolher locais e OPL’s interessantes devem ser baseados em uma análise do OPL

identificando a infra-estrutura disponível para apoiar as metodologias de produção desejadas

abrangendo serviços de transporte, informação, localidade de depósito, mão de obra

especializada, rotatividade de pessoal.

Fase 4: Escolher o local preciso e a alocação de capacidade para cada instalação. A atenção é

restrita aos operadores situados em locais interessantes ou locais que a empresa escolhe

estrategicamente para maximizar os lucros totais. Neste ponto é necessário verificar os custos

de logística (transporte, estoque, armazenagem, movimentação e coordenação) e custos de

mão de obra, materiais, aluguel etc

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Figura 1 - Estrutura para decisão de projeto de rede (Fonte: Chopra e Meindl (2003) e adaptado pelo

autor)

Continuando os estudos, Chopra e Meindl (2003) postulam algumas questões importantes

antes de tomar decisões de redes para uma cadeia de suprimentos:

- Não subestimar o tempo de vida útil das instalações que precisa exercer um impacto

duradouro no desempenho da empresa. Os gerentes não devem considerar apenas a demanda

futura e os custos, mas também situações de eventuais mudanças em tecnologia e

flexibilidade operacional. O fracasso na análise desse critério pode fazer com que as

instalações fiquem inutilizadas por alguns anos e se tornem fardos financeiros carregados pela

empresa.

- Não atenuar implicações culturais, pois exerce forte impacto na cultura de cada instalação e

da empresa. A cultura será influenciada pela empresa tomadora.

- Não ignorar a qualidade de vida devido ao impacto positivo sobre a mão-de-obra disponível

e seu moral. Ignorar esse fato pode levar a conseqüências desastrosas.

- Foco em tarifas e incentivos fiscais ao localizar as instalações antes de efetuar a

transferência ou a contratação da OPL principalmente da armazenagem e distribuição, muitas

vezes ultrapassando todos os fatores somados ligados a custos.

Conclui-se que apesar de promissor para o Brasil, a terceirização para o operador logístico em

muitas empresas se encontra no nível operacional, não se atentando da complexidade

estratégica para o negócio. Assim é de suma importância estabelecer critérios voltados a

indicadores de desempenho que mensuram os dados do nível de serviço observando o

desempenho de custos e o fluxo de informações como, “por exemplo, nível de estoque,

entrega no tempo certo, avarias, pedidos on-time-full (OTIF) e além de possibilitar

documentos gerenciais estratégicos para decisões concisas e re-direcionamento, além de

promover melhorias contínuas de toda a rede” VENDRAMETTO et.al (2008).

Para Bowersox (2001) uma capacidade de prestação de serviço básica é necessária através de

três fatores fundamentais do serviço ao cliente: Disponibilidade: corresponde à capacidade de

ter o produto em estoque no momento em que este é solicitado pelo cliente, desempenho

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operacional: que consiste na competência logística no âmbito do ciclo das atividades na

Gestão de Materiais e confiabilidade: é manter níveis de disponibilidade de estoque e de

desempenho operacional planejados. Depois de implementado, Ballou (1993) complementa, a

empresa precisa controlar o esforço logístico, pois os parâmetros estabelecidos em um período

de tempo devem ser monitorados.

Outro elemento crítico é estabelecer projetos de redes, geralmente o relacionamento

estratégico é tedioso, ocorre falta de flexibilidade, falta de compartilhamento de informações -

por isso não responsabiliza o fornecedor ou prestador de serviço para a resolução de

problemas, além disso, há alguns limitadores que enfraquecem a negociação, principalmente

quando há a necessidade de compartilhar informações sigilosas e as restrições ao associar a

imagem da empresa com o fornecedor.

3. Pesquisa de campo

3.1. Apresentação da empresa

Para a verificação dos objetivos propostos pelo presente trabalho, foi realizada uma pesquisa

em uma empresa de eletrodomésticos, com 62 anos de mercado e 700 funcionários, situada

em Minas Gerais. A empresa de eletrodomésticos objetivou em 1997: estabelecer condomínio

industrial em outra localidade, contratar um operador logístico no contexto do fluxo de

materiais (recebimento, armazenagem, expedição e transporte), terceirizar 90% do ciclo

logístico para os fornecedores especializados no condomínio industrial.

3.2. Metodologia da pesquisa

Os procedimentos metodológicos utilizados no presente artigo são de categoria exploratória e

descritiva de natureza qualitativa e quantitativa, método do estudo de caso e entrevista

estruturada in locus. Gil (2002) relata que a categoria da pesquisa exploratória desenvolve: (a)

levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas

com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão. Em

relação à natureza metodológica, Oliveira (1999) enfatiza que existem duas tipologias básicas:

a quantitativa e a qualitativa. O método do estudo de caso, segundo Fachin (2003), é

caracterizado por ser um estudo em loco, leva-se em consideração, principalmente a

compreensão, como um todo, do assunto investigado através da entrevista a fim de apresentar

uma análise descritiva.

3.3. Formação da cadeia de empresas de eletrodomésticos

Nesta seção apresentar-se-á a entrevista realizada in locus, aqui se observou falhas no

planejamento do projeto de redes, além da complexidade e simultaneidade de diversas tarefas

tais como: estabelecer condomínio industrial em outra localidade, contratar um operador

logístico no contexto do fluxo de materiais (recebimento, armazenagem, expedição e

transporte) e terceirizar 90% do ciclo logístico para os fornecedores especializados no

condomínio industrial. Para formular a entrevista, utilizou-se a Figura 1:

Fase 1: Definir uma estratégia de cadeia de suprimentos - O principal foco na definição da

cadeia de suprimentos (Figura 4) foi reduzir custos e focar em suas competências essenciais

(compras e importação de materiais indiretos (parafusos, arruelas, fios com tomadas e

condutores), Planejamento e desenvolvimento (P&D), fabricação dos motores, montagem e

qualidade), nesse período a empresa passou de 3000 funcionários para 700 funcionários. A

empresa nessa etapa estava homologando e qualificando fornecedores para se instalarem no

condomínio industrial. Em São Paulo a maioria dos componentes era produzida na própria

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planta (copo e tampa do liquidificador, corpo, motores, fabricação de dispositivos para injeção

e as bases de ferro fundido), e de acordo com o plano não era mais viável verticalizar, dessa

forma passou-se a qualificar fornecedores de produtos fundidos, ferramentaria, injeção de

plástico e ferro, limpeza, restaurante e embalagens para assumir a horizontalidade. Nessa

qualificação de fornecedores foi negociado um prazo de quatro meses após a instalação da

empresa de eletrodoméstico não formalizado.

A estratégia de transferência de local para o condomínio industrial objetivou em um primeiro

momento fazer um estoque (pulmão) que suportasse a demanda dos primeiros quatro meses,

buscava-se com isso adaptabilidade no novo local sem prejudicar o cliente na entrega dos

produtos. Também, conforme mencionado, contava com a instalação dos fornecedores no

mesmo prazo negociado.

O projeto da cadeia de suprimentos é complexo (Figura 2). O departamento de compras e

importação emite o pedido, o OPL recebe e disponibiliza para a montagem, outro aspecto que

merece destaque é que P&D emite e necessidade de dispositivos, ferramentas para injeção e

depois da entrega é analisado junto ao desenho e envia para os setores de injeção e fundição

dentro do condomínio industrial.

Figura 2 - Cadeia de suprimentos da empresa de eletrodomésticos no condomínio industrial (Fonte:

autores)

Fase 2: Definir a configuração da instalação regional – a empresa em estudo decidiu

organizar seu sistema produtivo em um condomínio industrial. Foram escolhidos alguns

fornecedores pela empresa de eletrodomésticos para se instalam junto a planta, objetivando

reduzir custos em estoques, processos, transporte e facilitar a integração entre os parceiros.

Inicialmente, o principal objetivo era que essas empresas fizessem entregas em pequenos lotes

(just-in-time).

Fase 3: Escolher OPL’s interessantes - o principal objetivo para a contratação do OPL foi

buscar a responsividade e menor custo de operação, além de tirar responsabilidade de controle

do OPL. Esse se integrou na cadeia de suprimentos da empresa de eletrodomésticos nos

setores de recebimento, armazenagem, expedição, transporte e abastecimento das linhas de

produção e organização de paletes padronizados para entrega.

Fase 4: Escolher o local - foi escolhido dez regiões para a implementação do condomínio

industrial sob o enfoque da localização estratégica com proximidade a portos secos a fim de

facilitar o desembaraço de partes e peças. O objetivo principal utilizado para a escolha da

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localidade foi melhorar o atendimento á demanda com um menor custo possível. Após um

intensivo estudo sob as premissas apresentadas foram selecionadas apenas duas regiões: São

Carlos (SP) e Varginha (MG). Por fim Varginha (MG) foi escolhida, por motivos de

localização estratégica, com proximidade aos principais portos secos, 300 km do Rio de

Janeiro, Santos e Belo Horizonte.

4.3. Mensuração do desempenho logístico

A empresa pesquisada utilizou indicadores de desempenho no processo a fim de conhecer as

falhas para re-direcionamento. Os indicadores utilizados foram: disponibilidade de peças e

sistema de abastecimento pelo operador logístico e OTIF

Diante de exposto, Caixeta-Filho e Martins (2001), explanam que o desempenho de

determinado serviço de entrega urbano é obtido com base na combinação dos atributos

importantes para atingir a finalidade do serviço; em termos qualitativos e quantitativos, pode

ser representado, por exemplo, pela porcentagem de entregas corretas realizadas no prazo.

4.3.1 Disposição de peças e sistema de abastecimento pelo operador logístico

A empresa considera esse indicador como o principal na mensuração e mostra como o agente

terceirizado era cobrado por este:

- Dispor o material de acordo com a plaqueta solicitada pelo abastecedor em 20 minutos;

- Se houvesse algum problema na alimentação da linha era solicitado outro lote de peças;

- As principais falhas ocorreram principalmente na transferência de site e integração com o

OPL pela falta de peças no tempo certo, parada de linha, ociosidade de funcionários

ocasionando o não cumprimento das metas;

- Virada de linha para outro produto a fim de evitar ociosidade de funcionários.

Na Tabela 1 é mostrado o indicador de disposição de peças. Observe que as colunas (1,2,3,4

até10 e +10 dias e total) mencionam as faltas de peças, note também que é processado um

relatório do sistema integrado por dia que apura a quantidade de peças faturadas. A meta para

esse indicador é 5 dias, isto é, as peças não podem ficar mais de 5 dias pendentes para

abastecer a linha. Veja no campo pendente diário a comparação estatística das peças

pendentes com as peças faturadas.

Observe que somente no dia 25 de Janeiro de 1999 foi atingida a meta, esse indicador

apresenta muitas peças pendentes para abastecer a linha de produção, a meta por dia é 5, que

segundo o entrevistado reflete os dias pendentes.

É possível verificar em uma média geral que em janeiro de 1999 o indicador apresenta 20 dias

de atraso no abastecimento da linha, comprovando a falta de peças para a montagem.

MÉDIA PENDENTE DE PEÇAS - JANEIRO 1999

Data Total Hoje 1 Dia 2 Dias 3 Dias 4 - 10 Dias + 10 Dias Faturamento Meta Pendente Dia

1 9.980 3.180 0 10 2 2.099 4.689 2.340,00 5 12,29

4 9.722 66 3.163 0 0 1.898 4.595 27,00 5 1.080,30

5 9.690 12 23 3.162 0 1.344 5.149 335,00 5 96,49

6 10.091 26 12 591 3.140 1.219 5.103 322,00 5 121,29

7 9.580 1.756 4 10 505 2.984 3.710 2.965,00 5 10,02

8 9.580 0 1.756 4 10 4.087 3.723 2.140,00 5 15,44

11 7.904 21 0 1.632 3 3.486 2.762 1.700,00 5 16,63

12 9.636 103 1.809 35 1.620 2.487 2.582 1.326,00 5 21,63

13 9.293 2 61 1.803 35 5.048 2.344 343,00 5 97,31

14 8.891 238 18 51 1.103 5.137 2.344 1.426,00 5 24,25

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15 8.742 0 638 184 50 6.240 1.630 2.099,00 5 15,57

18 8.710 0 43 638 181 3.315 4.533 379,00 5 88,22

19 9.418 125 1.373 189 597 2.843 4.291 2.053,00 5 15,95

20 9.421 125 1.373 189 600 2.843 4.291 3.283,00 5 9,98

21 13.191 1.076 3.428 301 1.073 3.226 4.087 926,00 5 41,16

22 13.317 126 1.076 3.428 301 2.758 5.628 1.125,00 5 37,99

25 7.616 2.039 126 17 364 854 4.216 7.541,00 5 3,04

26 7.616 82 1.957 126 17 1.208 4.226 19,00 5 1.266,00

27 6.780 6 0 1.191 126 1.211 4.246 63,00 5 392,33

28 6.871 91 6 0 1.191 1.300 4.283 769,00 5 35,30

Média 9.302,4 453,70 843,30 678,05 545,90 2.779,35 3.921,60 1.559,05 128,26

226,85 843,30 1.356,10 28.987,4

Pendente = 20,15

Tabela 1 - Disposição de peças e sistema de abastecimento da linha (dados retirados do sistema integrado)

4.3.2 OTIF – (On Time Full)

Na Tabela 2 é apresentada uma mensuração do (OTIF) em 1997, período em que a Empresa

de Eletrodomésticos estava preparando-se para a transferência de site e contratação do OPL

na cadeia de suprimentos e mostra também o perfil do pedido em 2008, atual após a mudança

e integração complexa com o OPL.

É importante relatar que através do OTIF o cliente verifica a programação do pedido, escolhe

a melhor data para receber o material, analisa o perfil do pedido através da performance no

atendimento e por fim mensura a idade do faturamento, isto é, a porcentagem a qual está

sendo faturada no momento possibilitando verificar o status e o nível do serviço prestado.

Na análise do indicador podemos observar que em 1997 a empresa faturava total, isto é, sem

fracionamento 86,59%, em 1999 percebe-se que a empresa passou a faturar o total de 59%,

aumentou o número de pedidos enviados fracionados de 10,56% para 41%. Em 1997, o total

de pedidos pendentes por estoque era apenas 2,84% e em 1999 o percentual subiu para 25%.

Percebe-se, também, que está entrando menos pedidos na empresa de 322 pedidos para 100, o

total geral entregue na data, por sua vez, reduziu de 99,04% para 20,00% e a empresa passou

a entregar os pedidos (80%) do total fora da data.

Perfil do Pedido - 1997 Qt % Perfil do Pedido - 1999 Qt %

Total geral de faturados total 2222 86,59% Total geral de faturados total 950 59,00%

Total Geral de Faturados Parcial 271 10,56% Total Geral de Faturados Parcial 1000 41,00%

Total Geral de Pendentes Credito 49 1,64% Total Geral de Pendentes Credito 29 1,64%

Total Geral de Pendente Política 45 1,51% Total Geral de Pendente Política 25 1,51%

Total Geral Pendentes Estoque 73 2,84% Total Geral Pendentes Estoque 500 25,00%

Total Geral de Pedidos Entrados 322 10,80% Total Geral de Pedidos Entrados 100 1,80%

Total Geral de Entregue na Data 95 99,04% Total Geral de Entregue na Data 14 20,00%

Total Geral Entregue fora da Data 24 0,96% Total Geral Entregue fora da Data 70 80,00%

Tabela 2 - OTIF da Empresa de Eletrodomésticos em 1997e 2008 (dados retirados do sistema integrado)

5. Conclusão e análise dos dados

Portanto para a elaboração de um projeto de redes é necessário mais cautela, principalmente

quando junto ocorrer a transferência de local e a terceirização de partes da cadeia de

suprimentos para um operador logístico.

Na primeira e segunda fase faltou planejamento estratégico, o principal motivo foi desativar a

fabrica simultaneamente com a transferência, além disso, firmou um contrato informal com os

fornecedores, que não cumpriram o combinado que ao invés de 4 meses começaram a se

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instalar no condomínio industrial em 1 ano, o pior é que não tinha fornecedores no local. Isso

acarretou efeito chicote nos indicadores, porque todos os materiais eram expedidos de São

Paulo para Minas Gerais. Os principais resultados do insucesso foram mensurados pelos

indicadores: pendência de peças em estoque em 20 dias, afetando o abastecimento de linha,

redução de faturamento de pedido completo em 27%, aumento de pedidos fracionados em

31%, aumento de pendência em estoque em 22%, passou a receber 222 pedidos a menos

devido a falta de atendimento aos pedidos em carteira e passou a entregar fora da data 79 %.

Ressalte-se que, outras habilidades para o processo de mudança incluem as capacidades de

analisar as necessidades do cliente, de quantificar o processo atual e de projetar o processo

que atenderá às exigências do cliente.

Percebe-se na terceira fase que não teve um estudo criterioso para a elaboração de um

contrato robusto, o gestor planejou apenas três fatos isolados (redução de responsabilidade e

controle, responsividade e redução de custos), porém importantes. Não foi elaborado um

estudo local sobre a mão de obra especializada, dentre outros critérios relevantes para a

competitividade da empresa, os autores, consideram os critérios contratuais como “armas da

competição” CONTADOR (2008).

Outro aspecto que chama a atenção é que a região apresentava uma alta rotatividade de

pessoal, os moradores da cidade eram graduados e após três meses de trabalho no chão de

fábrica, já queriam ocupar cargos da administração e sem a concessão pediam demissão, isso

aumentou cerca de 70% dos custos com treinamento, além dos prejuízos no processo (quebras

de máquinas e danificação dos produtos), segundo o entrevistado isso ocorreu porque as

pessoas eram desqualificadas para as funções.

Quando se terceiriza uma atividade não é simplesmente passar a responsabilidade e isentar-se

de controle. Deve ser elaborado um contrato bem detalhado para que se tenha o controle do

processo, além disso, é indispensável o uso de indicadores de desempenho, bem como ter

pessoas qualificadas no local para replanejamentos de trajetórias, inclusive inserções de novos

critérios no contrato ao longo do tempo.

Espera-se que esse estudo contribua com os gestores na elaboração de um projeto de redes e

parceria na cadeia de suprimentos principalmente porque considera-se a terceirização de

operações logísticas como decisão operacional ao invés de estratégica.

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