instrumentação cirurgica
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Instrumentalização Cirúrgica I I
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Capítulo I - Infecção Hospitalar
1. Introdução
A infecção hospitalar é um tema que cada vez
mais preocupa a comunidade da saúde, devido às suas
enumeras implicações:
-aumento do tempo de internamento dos doentes e do seu
sofrimento;
-despesas acrescidas para a instituição;
-aumento do número de horas necessárias de cuidados
para os profissionais de Saúde.
Por isso, há uma preocupação constante nas
instituições de saúde devido as infecções
hospitalares.
Evidentemente, o profissional de saúde ou o
hospital não contamina voluntariamente seus pacientes,
mas a inobservância de princípios básicos do controle das infecções hospitalares
pode ter conseqüências drásticas.
No entanto, a Enfermagem tem consciência da importância do seu papel no que
tange à prevenção e ao controle da infecção hospitalar, por isso, é bom lembrar que
o paciente hospitalizado, em geral, fica mais exposto à grande variedade de
microorganismos, num momento em que se encontra menos preparado para combatê-los. O
estresse da doença e o fato da internação constituem por si fatores de
desestabilização, acrescidos pela diminuição dos mecanismos de defesa, bem como do
tratamento invasivo que compromete a integridade da pele. Estes fatores exigem
atenção e compromisso redobrado de toda a equipe de saúde.
Assim, é importante ter profissionais conscientes, trabalhando em equipe,
respeitando cada um dentro de suas funções, atualizando-se com freqüência e com
capacidade de auto avaliarem-se.
A ocorrência das infecções hospitalares e suas práticas de controle têm uma
estreita relação com a história. Desde o surgimento dos hospitais, as infecções
hospitalares existem.
O início das preocupações com a infecção hospitalar no Brasil acompanhou o
processo de industrialização acelerado que se iniciou no governo de Juscelino
Kubischek e também a ocorrência de surtos por estafilococo resistentes a
penicilina, pelos relatos vindos de países com medicina tecnologicamente avançada.
Porém, somente em 1997 com a Lei Federal 9.431 de 06/01/97, que foi
instituído a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH),
definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente,
tendo como objetivo a redução máxima possível da incidência e gravidade das
infecções nosocomiais.
Em 13/05/98, o Ministério da Saúde editou a Portaria 2.616/98, com diretrizes
e normas para a execução destas ações, adequando-as à nova legislação.
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É neste contexto que as instituições tentam investir na prevenção de forma a
diminuir as despesas humanas e materiais apostando fortemente na sua prevenção.
2. Definições Segundo o Ministério da Saúde 2004:
Infecção é a resposta inflamatória provocada pela
invasão ou presença de microorganismos em tecidos
orgânicos.
Infecção Hospitalar é qualquer infecção adquirida
após a internação do paciente e que se manifesta
durante a internação ou mesmo após a alta, quando
puder ser relacionada com a internação ou
procedimentos hospitalares. Usa-se como critérios gerais:
1. Quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária
for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do
paciente, o caso deverá ser considerado como hospitalar.
2. Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver
evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da admissão,
considera-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se
apresentar 72 horas após a admissão. Também são consideradas hospitalares aquelas
infecções manifestadas antes de se completar 72 horas da internação, quando
associadas a procedimentos invasivos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados
previamente.
3. As infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das
transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a
24 horas.
Infecção Comunitária é a infecção constatada ou em
incubação no ato da admissão do paciente, desde que
não relacionado com internação anterior no mesmo
hospital. São também consideradas infecções
comunitárias:
1. As infecções associadas a complicações ou
extensão da infecção já presente na admissão, a
menos que haja troca de microrganismo ou sinais ou
sintomas fortemente sugestivo da aquisição de nova
infecção.
2. Infecção em recém-nascido, cuja aquisição
por via transplacentária é conhecida ou foi
comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (ex: Herpes simples,
toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS). Adicionalmente, são
também consideradas comunitárias todas as infecções de recém-nascidos associadas
com bolsa rota superior a 24 horas.
Tempo ou período de incubação de uma doença infecciosa é o intervalo de tempo
que transcorre entre a exposição a um agente infeccioso e a aparição do primeiro
sinal ou sintoma da doença de que se trate.
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Desta forma, quando se conhece o tempo de incubação de uma infecção
específica,
deve-se considerar como infecção hospitalar todos os casos de pacientes
internados que manifestaram a referida infecção num intervalo de tempo, contado
desde a admissão do paciente até a primeira manifestação clínica, superior ao tempo
de incubação da doença.
Para saber mais sobre as diferenças conceituais entre a infecção comunitária
e hospitalar, observe o quadro do MS (2002):
CARACTERÍSTICA INFECÇÃO COMUNITÁRIA INFECÇÃO HOSPITALAR
Diagnóstico Antes da admissão hospitalar. A partir de 48 horas
após a internação.
Admissão
hospitalar
A infecção constatada ou em
incubação no ato da admissão
hospitalar, desde que não
relacionada a internamento
anterior.
Não se identifica
presença ou incubação
de infecção na
admissão hospitalar.
Complicações ou
extensão da
infecção
Associadas à infecção já
existente. Na presença de sinais e
sintomas fortemente sugestivos de
nova infecção, trata-se de
infecção hospitalar.
Associadas à nova
infecção, adquirida
durante a
hospitalização.
Recém-nascidos
Infecções com aquisição por via
transplacentária e que se tornou
evidente logo após o nascimento
(exemplo: herpes simples,
toxoplasmose, rubéola,
citomegalovirose, sífilis, HIV).
Adquiridas no pré-
parto e parto, bem
como pela colonização
do RN com os micro-
organismos
hospitalares.
É fato que as infecções
hospitalares aumentam o tempo de
hospitalização do cliente e, como
decorrência, elevam o custo dos
tratamentos. Falhas nas práticas da
assistência aumentam o risco de aquisição
de infecções para os pacientes, tais como:
falhas no processo de esterilização do
material, no preparo de medicamentos parenterais, bem como na execução de
procedimentos invasivos, entre outras.
Nesse sentido, é necessário evidenciar que as infecções hospitalares estão
situadas entre as principais causas de óbito no Brasil, ao lado das doenças
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neoplásicas, respiratórias, infecciosas e cardiovasculares. Portanto, mostra-se
relevante ampliar os programas de orientações para prevenção e controle das
infecções hospitalares.
Podemos constatar que no ambiente hospitalar a proliferação de
microorganismos é muito grande e, quando aliada ao enfraquecimento dos mecanismos
de defesa do cliente, propicia, sem dúvida, o aumento das condições inerentes ao
acometimento das infecções hospitalares. Portanto, precisamos ficar atentos.
Teoricamente a infecção hospitalar pode ocorrer em qualquer pessoa que esteja
no hospital: pacientes, funcionários e até visitantes. Na prática constata-se que
todo o ambiente hospitalar é passível de acometimento de infecção.
Podemos assegurar que os índices de cada hospital variam de acordo com o tipo
de paciente atendido. As maternidades, por exemplo, apresentam um índice de
infecção hospitalar mais baixo por ser menos frequente que pacientes saudáveis
contraiam infecção.
Situação inversa ocorre nas unidades de transplantes, de quimioterapia e
hospitais de oncologia que apresentam altos índices de infecção hospitalar devido à
gravidade dos pacientes ali atendidos e à agressividade dos procedimentos
realizados nessas clínicas.
A transmissão de microorganismos no hospital se dá, com maior freqüência,
através das mãos dos profissionais de saúde que normalmente carregam os agentes de
um paciente para outro. A maneira mais eficaz da não transmissão é a higienização
das mãos antes e depois de qualquer contato com o paciente.
Embora grande parte das infecções hospitalares seja de origem endógena e
portanto de difícil prevenção, é considerável o número de infecções hospitalares
que podem ser evitadas.
3. Aspectos Históricos das Infecções Hospitalares
Se considerarmos a infecção
hospitalar como toda a infecção
transmitida ou adquirida no espaço
hospitalar, podemos mencionar que seu
surgimento ocorreu no período medieval,
época em que foram criadas as instituições
concebidas como alojamento dos doentes ou
não, peregrinos, pobres e inválidos.
Dessa forma, percebemos que estas
instituições abrigavam os excluídos, e,
por conseguinte, a disseminação de doenças
infecciosas era promovida por esta condição. Surgiram nessa época as epidemias de
cólera e peste por exemplo.
No século XVIII, iniciou-se a transformação dessas instituições de abrigo em
hospitais, como um local de assistência aos pobres, onde as pessoas eram internadas
para cura, medicalização e morte. Somente na primeira metade do século XIX, a
infecção hospitalar começou a ser mencionada pelos profissionais de saúde.
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O inglês James Young Simpson (1811-
1870), professor de cirurgia da Universidade
de Edimburg, observou em 1830 o aumento na
taxa de mortes pós-amputação, que ocorria
justamente em pacientes internados. Empregou
para este fato o termo ―hospitalismo‖, sempre
que se referia aos riscos ligados à
assistência hospitalar.
O médico Ignaz Philip Semmelweis em
1847 indicou a lavagem das mãos com ―água
clorada‖ para todo examinador, antes de tocar a mulher em trabalho de parto. Com
esta medida, conseguiu reduzir, satisfatoriamente, a taxa de mortalidade de 22 para
3% em apenas 7 meses.
Neste contexto, a enfermagem participou
ativamente em 1856 quando a enfermeira Florence
Nightingale padronizou os procedimentos de cuidados
de enfermagem, e focou a atenção nas questões de
higiene e limpeza do hospital. Além disso, Florence
apresentava sua preocupação com as doenças epidêmicas
e com as infecções hospitalares e suas repercussões.
Isso faz parte de nossa prática até hoje.
Outro destaque significativo foi de Joseph
Lister que publicou, em 1867, um trabalho importante:
o resultado de suas experiências sobre assepsia e antissepsia, e trouxe à luz o
conceito de cirurgia asséptica. Os resultados desses trabalhos abriram uma nova
fase na história da cirurgia – a chamada medicina antisséptica – que reduziu
consideravelmente a incidência das infecções cirúrgicas e pós-operatórias.
Apesar dos avanços históricos, alguns fatores contribuíram para a
disseminação das infecções: as enfermarias superlotadas, a permanência prolongada
dos pacientes, além dos cuidados precários prestados aos mesmos. Esta situação
marcou a primeira metade do séc. XIX.
Em contraponto, citamos na segunda metade do século XIX a incorporação de
novos conhecimentos como assepsia, antissepsia, desinfecção, esterilização e
antibioticoterapia. No entanto, estes foram incorporados na prática hospitalar no
começo do século XX, com o advento dos antibióticos.
Em 1928, o cientista Alexandre Fleming descobriu a penicilina, mas somente,
em 1939, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, dois cientistas, Howard Florey e
Ernst Chain, retomaram as pesquisas e conseguiram reproduzir penicilina em escala
industrial. Assim, iniciava-se uma nova fase para a medicina – a era dos
antibióticos.
A penicilina salvou muitas vidas durante a guerra, mas somente em 1942
observou-se significativa redução das infecções estreptocócicas nos pacientes
hospitalizados.
Na década de 1950, houve um significativo aumento das infecções hospitalares
com o surgimento de cepas de Staphylococcus resistentes à penicilina, provocando
surtos de infecção nos berçários, com taxa de mortalidade muito alta. Com isto,
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deflagraram-se eventos científicos internacionais e nacionais relacionados às
infecções hospitalares e ao seu controle.
Entre os eventos de maior repercussão destaca-se:
1958 - a Conferência Nacional sobre Doenças Estafilocócicas de Aquisição
Hospitalar, realizada em Atlanta nos Estados Unidos;
1962 - o Simpósio sobre Epidemiologia e Controle das Infecções Hospitalares;
1970 - a Conferência Internacional das Infecções Hospitalares.
Em 1965, nos Estados Unidos, um hospital foi obrigado a pagar indenização a
um cliente pelos danos causados em consequência de uma infecção hospitalar. Foi
então, o momento de se criar os Commiltthecs on Infections, e, dessa forma,
programar estudos sobre infecções hospitalares, procurando métodos mais efetivos de
vigilância dos hospitais.
Assim, ainda na década de 1960, houve o reconhecimento das infecções
hospitalares como problema de saúde pública. O Centers for Dieases Control (CDC),
recomendou a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares de forma
sistemática para todos os hospitais.
Em 1976, um Grupo de Trabalho promovido pela Oficina Regional da Organização
Mundial da Saúde - OMS se reuniu para discutir os problemas e os tipos de
investigações conduzidas para o controle das infecções hospitalares na Europa.
Essas discussões resultaram na concepção de que as infecções hospitalares estão
relacionadas a quatro fatores: paciente, microorganismos, meio ambiente e
administração, e que seu manejo depende de atuação multiprofissional.
Diante da importância de atuação multiprofissional, em 1979, um grupo
composto pelas diversas profissões da saúde se reuniu na Guatemala para preparar um
informe que refletisse os avanços na elaboração de um Programa de Controle de
Infecções Hospitalares na América Latina e Caribe.
Em 1996, a Organização Mundial de Saúde apresentou um guia prático sobre
controle de infecção hospitalar.
Com isso consideramos que o controle das infecções hospitalares está
relacionado à adoção de medidas curativas e individuais e que é de suma importância
a atuação multiprofissional, caracterizando a enfermagem como fundamental.
No Brasil
Entre 1950 e 1967 a área da
saúde no Brasil teve influências do
desenvolvimento do capitalismo e a
urbanização acelerada, com a
priorização da assistência médica
curativa e previdenciária. Ocorre a
sedimentação do sistema capitalista,
relacionada ao desenvolvimento
econômico no processo de
industrialização e o estabelecimento
de um governo autoritário, sob
ditadura militar.
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Foi desta época em que se tem relatado os primeiros casos de infecções
hospitalares. Após, iniciou-se a época que corresponde à primeira fase da ditadura
militar, na fase do milagre brasileiro. a saúde teve grande expansão na assistência
médica previdenciária, a qual entrou em crise diante de suas fragilidades.
Do período final da ditadura militar à transição democrática e a primeira
eleição direta para presidente, o qual foi conhecido como a ‗década perdida‘. Na
saúde ocorreram importantes mudanças, culminando com a institucionalização do
Sistema Único de Saúde - SUS.
Nessa década, ainda se atribuía a ocorrência de infecção aos hospitais, com a
preocupação relacionada a duas concepções: a ambiental e a procedimental. A maior
preocupação da primeira foi com estrutura física hospitalar (organização dos
serviços, medidas de higiene e saneamento, cuidados com lixo e esgoto), e a
concepção procedimental mencionava as técnicas de assepsia, antissepsia,
desinfecção e esterilização.
Na década de 50, a enfermagem participou ativamente do movimento que deu
origem a criação das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), por meio
da publicação de estudos e pesquisas voltados para o ambiente, ao processamento de
materiais e aos procedimentos de antissepsia.
Entre 1972 e 1976, foram elaboradas portarias, que determinavam a criação e
organização das comissões de controle de infecção. Momento esse, em que se
iniciaram estudos em hospitais brasileiros.
Com isso, percebemos que a década de 1970 foi marcada pelo estabelecimento de
iniciativas concretas para o controle das infecções hospitalares.
A década de 1980 foi marcada pela constatação generalizada da gravidade do
problema, com repercussões na mídia impressa, televisão entre outras, com
apontamentos de usuários, profissionais e representantes dos hospitais.
Atente para a evolução dos instrumentos legais que normatizam a prática de
controle das Infecções Hospitalares:
INSTRUMENTO
LEGAL DETERMINAÇÃO LEGAL
Portaria MS
n° 196/83
Determina que ―todo hospital, independente da entidade
mantenedora, porte ou especialidade, deve constituir comissão
de controle de infecção‖.
Portaria MS
n° 930/92
Estabelece normas práticas de controle das Infecções
Hospitalares e estabelece que ―todos os hospitais do país,
além de Comissões, deveriam também constituir Serviços de
Controle de Infecções Hospitalares, compreendendo, pelo menos
um médico e um enfermeiro para cada 200 leitos‖.
Lei n°
9431/97
Estabelece em seu artigo 1° a obrigatoriedade dos hospitais
manterem um Programa de Controle das Infecções Hospitalares
(PCIH). E em seu artigo 2° preconiza a constituição de
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Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para
execução adequada do programa.
Portaria MS
n° 2616
Revoga a Portaria n° 930/92 e estabelece em seu artigo 1°
diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções
hospitalares. /e em seu artigo 2° define as ações mínimas
necessárias com vistas à redução máxima possível da incidência
das infecções hospitalares, que compõem o Programa de Controle
de Infecções Hospitalares.
A década de 1980 foi assinalada por processos de proporções, principalmente
aqueles relacionados às medidas de biossegurança, voltados para o surgimento da
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (Human Immunodeficiency Vírus -
HIV) e a hospitalização dos infectados. Este é um evento que não pode cair no
esquecimento.
Um profissional informado do processo histórico das infecções hospitalares, é
capaz de atuar com mais afinco na prevenção e controle dessas infecções.
Nesse contexto, o CDC, a partir da década de 90, procurou ampliar o termo
―precauções‖, denominando-o Precauções Universais, visando também ao uso de
Equipamentos de Proteção Individual - EPI (máscara, luvas, avental e óculos
protetores) a serem usados sempre que houver a possibilidade de contaminação por
materiais biológicos.
4. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH
É um órgão de assessoria à autoridade máxima da
instituição de planejamento das ações de controle de infecção
hospitalar, que serão executadas pelo Serviço de Controle de
Infecção Hospitalar (SCIH).
O controle da infecção hospitalar está regulamentado
desde 1982 pelo Ministério da Saúde, quando da criação do
Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar. Contudo, só passou a
desenvolver estudos mais sérios e normas de controle mais rígidas nos hospitais a
partir da comoção popular provocada pela morte de Tancredo Neves — a infecção
hospitalar passou a ser temida pelos pacientes, aumentando os cuidados para evitá-
la.
O controle das infecções hospitalares passa,
portanto, por um conjunto de ações que ao serem
implementadas repercutem diretamente na melhoria da
qualidade dos serviços prestados pelos hospitais.
Esse conjunto de ações constitui o Programa de
Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) deve ser
implantado em nível hospitalar, municipal/distrital,
servindo como base de uma pirâmide, em cujo topo
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está o Programa Nacional de Controle de Infecções Hospitalares. Daí, se conclui que
o PCIH a nível central só será realmente efetivo quando contar com uma base forte e
bem estruturada.
As ações e serviços voltados para a prevenção e o controle de infecções
hospitalares devem ser organizados de maneira a obedecer os princípios, diretrizes
e normas de organização, direção e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) definidos
através da lei 8080 de 19 de setembro de 1990. Assim cada nível de organização
político administrativa do país está encarregado de desenvolver suas ações de
Controle de Infecção Hospitalar com abrangência sobre sua população.
Para reduzir os riscos de ocorrência de infecção hospitalar, um hospital deve
constituir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que é
responsável por uma série de medidas como o incentivo da correta higienização das
mãos dos profissionais de saúde; o controle do uso de antimicrobianos, a
fiscalização da limpeza e desinfecção de artigos e superfícies, etc.
Essa comissão deve:
-Desenvolver ações na busca ativa
das infecções hospitalares.
-Avaliar e orientar as técnicas
relacionadas com procedimentos
invasivos.
-Participar da equipe de
padronização de medicamentos.
-Prevenção e controle das infecções
hospitalares.
-Controle de limpeza da caixa de
água.
-Controle no uso de antibiótico.
-Implantar e manter o sistema de vigilância epidemiológica das infecções
hospitalares.
-Elaborar treinamentos periódicos das rotinas do CCIH.
-Manter pasta atualizada das rotinas nas unidades.
-Busca ativa aos pacientes com Infecção.
-Fazer analise microbiológica da água.
A CCIH é composta por membros executores e consultores. Os executores devem
oferecer o respaldo científico para toda a comunidade hospitalar e, portanto, são
encarregados da execução das ações programadas de controle de IH, que representa o
SCIH.
Os membros consultores são responsáveis por instituir as diretrizes para o
Programa de Controle de Infecção Hospitalar, no que se refere aos serviços médicos,
de enfermagem, de farmácia, de microbiologia que são os serviços mínimos que
compõem uma CCIH.
O Programa de Controle de Infecção Hospitalar é responsável pela coleta de
dados e pela identificação dos pacientes com infecções hospitalares. Em resumo, os
administradores determinarão a gravidade das mesmas para as devidas providências.
Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) possui profissionais
que deverão executar as seguintes tarefas:
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-Detectar casos de infecção hospitalar,
seguindo critérios de diagnósticos
previamente estabelecidos.
-Conhecer as principais infecções
hospitalares detectadas no serviço e definir
se a ocorrência destes episódios de infecção
está dentro de parâmetros aceitáveis.
-Elaborar normas de padronização para que os
procedimentos realizados na instituição sigam
uma técnica asséptica (sem a penetração de
microrganismos), diminuindo o risco do
paciente em adquirir uma infecção.
-Colaborar no treinamento de todos os
profissionais da saúde no que se refere à prevenção e controle das infecções
hospitalares.
-Realizar controle da prescrição de antibióticos, evitando que os mesmos sejam
utilizados de maneira descontrolada no hospital.
-Recomendar as medidas de isolamento de doenças transmissíveis, quando se trata de
pacientes hospitalizados.
-Oferecer apoio técnico à administração hospitalar para a aquisição correta de
materiais e equipamentos e para o planejamento adequado da área física das unidades
de saúde.
Os profissionais que participam da CCIH devem possuir um treinamento para a
atuação nesta área. Há exigência legal para manutenção de pelo menos um médico e
uma enfermeira na CCIH de cada hospital. Isto está regulamentado em portaria do
Ministério da Saúde. Outros profissionais do hospital também devem participar da
CCIH. Eles contribuem para a padronização correta dos procedimentos a serem
executados. Estes profissionais devem possuir formação de nível superior e são
farmacêuticos, microbiologistas, epidemiologistas, representantes médicos da área
cirúrgica, clínica e obstétrica. Representantes da administração do hospital também
devem atuar também na CCIH para colaborar na implantação das recomendações.
5. Vigilância Epidemiológica
Segundo a Lei n° 8080 de 1990, que instituiu
o Sistema Único de Saúde (SUS), Vigilância
Epidemiológica ―é o conjunto de ações que
propiciam o conhecimento, a detecção ou prevenção
de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva,
com a finalidade de recomendar e adotar medidas de
prevenção e controle das doenças ou agravos‖.
Se a definição oficial registra que esta atividade é o conjunto de ações, já
nos mostra que toda a equipe de saúde e, em especial, a equipe de enfermagem
participa dela ativamente.
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Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares é a ―observação ativa,
sistemática e contínua da ocorrência e da distribuição dessas infecções entre os
pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições que afetam o risco de
suas ocorrências com vistas à execução oportuna de ações de prevenção e controle‖.
A vigilância epidemiológica tem sobre a saúde individual e coletiva grande
alcance e deverá ser feita de acordo com as características da instituição, da
população atendida, com grande abrangência e, principalmente, voltando sua atenção
para os procedimentos realizados.
Diante disso, é necessário estabelecer objetivos que orientem as ações da
equipe de enfermagem, por exemplo:
Detectar os surtos de Infecção Hospitalar;
Comparar as taxas de Infecção Hospitalar;
Incentivar a equipe para ações de Vigilância Epidemiológica;
Determinar os fatores de risco para atuar em Vigilância Epidemiológica.
Dessa forma, a Vigilância Epidemiológica é
alicerçada pela coleta de dados que devem compor um
formulário padronizado, com variáveis e indicadores
bem definidos, assim como conceitos e critérios. Para
a produção de conhecimentos, a busca ativa de dados
deve ser efetiva e contínua.
Tendo em vista essa afirmação, os dados
coletados não podem conter erros para não comprometer o andamento de todo o
processo da Vigilância. A coleta de dados deve, também, obedecer a um rigor maior,
quando estes são oriundos de unidades de atendimentos de maior gravidade, por
exemplo, UTI neonatal, onde a vigilância deverá ser diária.
Faremos a seguir alguns comentários sobre os métodos.
Vigilância global
Tem como meta a vigilância de todos os pacientes, ou seja, de todas as
unidades hospitalares. Dessa forma, avalia todo e qualquer episódio e como
vantagem, mostra a situação geral do hospital e dos vários setores e, como
desvantagem, gera indicadores limitados nas comparações inter-hospitalares. Por
isso, não permite avaliar riscos decorrentes das internações, dos diagnósticos e
das terapêuticas. Apresenta, também, custo elevado e mais tempo despendido pelos
profissionais.
Esses indicadores dificultam a atuação da equipe na análise dos dados de
vigilância no que diz respeito às ações de investigação e educação.
Vigilância dirigida
Esta é uma opção útil para os hospitais de poucos recursos. Reúne esforços
na solução de problemas próprios da instituição, limita-se a sítios e unidades
específicas, vigilância de surtos e rotatória. Vejamos suas características:
A vigilância por unidade específica facilita o desenvolvimento de ações de
vigilância epidemiológica por reunir pacientes dos mesmos setores, com riscos
análogos, por exemplo: pacientes cirúrgicos, oncológicos, de terapia intensiva
etc..
A vigilância de surtos exige o trabalho simultâneo com o laboratório de
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microbiologia e obedece a uma revisão diária dos resultados de conclusão.
A vigilância rotatória como o próprio nome sugere, é aquela realizada no
revezamento dos setores sob vigilância, detecta, assim, surtos ou qualquer outra
situação. Neste caso, a intervenção deve ser rápida, apesar da dificuldade, pois,
nem todos os setores estarão sob vigilância.
Vigilância por objetivos
O nome desta vigilância estabelece, antecipadamente, a definição dos
objetivos a serem alcançados na consecução das metas estabelecidas Não é muito
comum que os hospitais definam claramente as ações, porque ao final de qualquer
vigilância é a prevenção e o controle das infecções que interessam.
Coleta de dados
A coleta de dados para a vigilância das
infecções hospitalares pode ser feita de maneira
ativa ou passiva.
A ativa permite a identificação precoce das
infecções, sendo, portanto, de maior eficácia.
Propicia análises de fatores de risco e,
consequentemente, medidas de controle durante a
internação, assim como, a constante interação entre
os profissionais da CCIH com os das unidades hospitalares. Esta coleta é feita pelo
profissional enfermeiro da comissão de controle de infecção hospitalar que
normalmente visita as unidades de alto risco diariamente.
A forma passiva ocorre por meio da notificação dos casos. Essa forma é
prevista como a mais frequente, pois se espera que sejam notificados todos os casos
de doenças notificáveis atendidos pelos serviços de saúde, dependendo, então, da
iniciativa e conscientização dos profissionais que estão diretamente em contato com
esses casos.
As fontes de informação para a vigilância das infecções hospitalares são os
prontuários dos pacientes, os relatórios de enfermagem, os laudos radiológicos e
laboratoriais, as informações médicas e de enfermagem.
Exceto as unidades de alto risco que já citamos, a periodicidade da coleta
deve considerar a gravidade dos casos, o número e a complexidade dos procedimentos
realizados e a duração da internação.
Ressaltamos que pacientes com culturas positivas, com procedimento invasivo
em uso de antimicrobianos, com febre e tempo de permanência no hospital acima do
período normalmente estabelecido, podem constituir pistas para racionalizar o tempo
utilizado na coleta, sem, no entanto, prejudicar a sensibilidade do método
empregado.
Após a observação ativa, sistemática e contínua da ocorrência das infecções
hospitalares entre os pacientes, é necessário que os principais dados colhidos
sejam devidamente registrados pela equipe de enfermagem, com vistas à execução
oportuna de ações de controle, por exemplo:
Identificação do paciente (nome, sexo, data do
nascimento, peso em RN etc);
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Dados da hospitalização (data da admissão, registro, número do leito, clínica ou
serviço rede em que o paciente recebeu o tratamento, alta ou óbito);
Informações sobre a infecção (data do início, sítio corporal: trato cirúrgico,
pulmonar, urinário etc);
Microorganismos isolados das culturas e antibiograma;
Fatores de risco (doença de base e procedimentos invasivos);
Antimicrobianos utilizados (nome, dose, via de aplicação e o tempo de uso).
6. Cadeia Epidemiológica
Atualmente, a grande maioria das infecções
hospitalares é causada por um desequilíbrio da
relação existente entre a microbiota humana normal e
os mecanismos de defesa do hospedeiro. Isto pode
ocorrer devido à própria patologia de base do
paciente, procedimentos invasivos e alterações da
população microbiana, geralmente induzida pelo uso de
antibióticos.
Por serem doenças transmissíveis, as infecções hospitalares apresentam uma
cadeia epidemiológica que pode ser definida a partir de seus seis elos: organismo
etiológico; reservatórios ou fontes; vias de eliminação; vias de transmissão; via
de penetração; e hospedeiro susceptível. A cadeia epidemiológica das infecções
hospitalares será descrita de acordo com os seus elos.
Organismo etiológico
São os microorganismo que provocam a infecção.
Exemplo: vírus, bactérias, protozoários ou fungos.
Reservatório
Termo utilizado para qualquer pessoa, vegetal, animal que forneça nutrição
para os microorganismos e possibilite a sua dispersão. As infecções podem ser
evitar eliminando o organismo etiológico do reservatório.
Exemplo: Pessoas, água, equipamentos.
Via de eliminação
O organismo deve ter uma forma de saída a partir do reservatório, fazendo com
que o hospedeiro infectado dissemine o organismo para outro hospedeiro ou para um
ambiente.
Exemplo: Excreções, secreções, pele, gotículas.
Via de transmissão
A via de transmissão é importante para ligar a fonte infecciosa ao seu novo
hospedeiro. Os microrganismos são transmitidos no hospital por vários meios: por
contato, por gotículas, por via aérea.
Exemplo: Contato direto, ingestão, fomitos, transmissão pelo ar.
Hospedeiro suscetível
É aquele onde o hospedeiro não possui imunidade para determinado patógeno.
Pacientes no ambiente hospitalar possuem fatores que os tornam mais susceptíveis
aos microrganismos.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Exemplo: Imunossupressão, diabetes, cirurgia, queimadura, idosos, recém-
nascidos.
Via de penetração
Apresenta-se como meio do organismo entrar no hospedeiro.
Exemplo: mucosa, trato GI, trato GU, trato respiratório, ruptura cultânea.
7. Higienização das Mãos Reconhecida como uma das medidas mais
eficientes na prevenção de infecção hospitalares, a
higienização das mãos é um procedimento simples que
merece muita atenção e sua eficácia depende da
duração e da técnica empregada.
A higienização das mãos para todos
profissionais envolvidos no atendimento ao paciente é
imprescindível. Porém, é conveniente que você a eleja
também a mais importante, garantindo desta forma, a sua participação técnica,
consciente, eficaz e altamente profissional.
Iremos diferenciar higienização das mãos de antissepsia das mãos
Higienização das mãos: É a remoção mecânica da sujidade e redução da microbiota
resistente. Nesta, utiliza-se água e sabão comum.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Antissepsia das mãos: é a redução da microbiota resistente e eliminação da
microbiota transitória com a ajuda de solução com propriedade germicida denominada
antisséptico. Nesta, utiliza-se água e sabão antisséptico e no caso de fricção
higiênica das mãos, utiliza-se um produto à base de álcool, normalmente em gel.
O tempo que se recomenda para a realização destes procedimentos é de 30
segundos e o volume a ser utilizado de sabão é de 3 mL. Não se esqueça de que a
técnica exige para a correta higienização, que o produto seja, inicialmente,
massageado na palma da mão e em seguida, distribuído em todas as suas faces com
atenção especial aos interdígitos e as articulações.
No que diz respeito à lavagem das mãos e antissepsia, o guia do CDC, de
outubro de 2002, faz as seguintes recomendações:
1. lavagem das mãos com água e sabão comum ou sabão
antisséptico sempre que estiverem visivelmente sujas ou
contaminadas com material protéico; ao iniciar o turno de
trabalho, após ir ao banheiro, antes e depois das
refeições, antes do preparo de alimentos, da manipulação
de medicamentos e nas situações descritas a seguir para
preparação alcoólica.
2. usar fricção das mãos com produto a base de álcool
para descontaminação rotineira das mãos, quando estas não estiverem visivelmente
sujas, nas seguintes situações clínicas:
-antes de contato direto com paciente;
-após a remoção das luvas;
-após contato com a pele intacta do paciente;
-após o contato com objetos inanimados ao redor do paciente;
Instrumentalização Cirúrgica I I
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-antes das refeições e após utilizar o banheiro lavar as mãos com água e
sabão comum.
3. Como alternativa para a descontaminação das
mãos nestas situações clínicas citadas acima,
é recomendada a lavagem das mãos com água e
sabão antisséptico:
-antes de calçar luvas estéreis;
-antes da inserção de cateter urinário,
cateter vascular periférico ou outro
dispositivo invasivo que não exija
procedimento cirúrgico;
-após contato com fluídos corporais ou excreções, membrana mucosa, pele não intacta
ou troca de vestimenta, mesmo que as mãos não estejam visivelmente sujas;
-ao cuidar do paciente, durante a mudança de manipulação de um sítio contaminado
para um sítio limpo.
As técnicas fundamentais de higienização das mãos, as quais podem variar
dependendo do objetivo ao qual se destinam. São divididas em:
Higienização simples das mãos.
Higienização anti-séptica das mãos.
Fricção de anti-séptico nas mãos.
Anti-sepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos.
Técnica para higienização das mãos
A eficácia da higienização das mãos depende da duração e da técnica
empregada. Para isto devemos realizar este procedimento durante 40 a 60 segundos.
Antes de iniciar a técnica é necessário retirar jóias (anéis, pulseiras,
relógio), pois sob tais objetos podem acumular microorganismos.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Instrumentalização Cirúrgica I I
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8. Antissepsia X Assepsia Assepsia foi definida pelo Ministério da Saúde
como conjunto de medidas utilizadas para impedir a
penetração de microorganismos em local que não os
continha.
Conforme a definição, a prática da assepsia se
utiliza de meios apropriados para impedir a introdução
de microorganismos no organismo. Ela difere da
antissepsia, pelo fato de não empregar agentes
terapêuticos.
Neste contexto, os profissionais de saúde utilizam medidas de assepsia para
evitar, direta ou indiretamente, a transmissão de microorganismos.
Antissepsia consiste na utilização
de produtos (microbicidas ou
microbiostáticos) sobre a pele ou mucosa
com o objetivo de reduzir os
microorganismos em sua superfície.
(ANVISA).
Os conceitos parecem simples, mas se
pararmos para pensar nas atividades
desenvolvidas no dia-a-dia com nossos
pacientes percebemos em quais a
antissepsia precisa estar presente.
Vários são os produtos utilizados, dentre eles destacamos o iodo povidona
PVPI, o qual é muito utilizado na antissepsia e degermação. Porém, os diferentes
tipos de PVPI são utilizados em diferentes superfícies.
PVPI aquoso
Composto orgânico de iodo, não age na presença de materiais
orgânicos e eleva o nível sérico de iodo;
PVPI
degermante
Utilizado somente em pele íntegra, com a finalidade de
remover sujidade e reduzir a flora transitória e residente.
Deve ser retirado após o uso.
Tem indicação também na degermação da pele, mãos, área
cirúrgica e procedimentos invasivos.
PVPI
alcoólico
Indicado para uso em pele íntegra, após degermação das mãos,
com a finalidade de fazer luva química e demarcar a área
operatória, reduzindo a flora da pele;
Relação de alguns procedimentos em que a antissepsia é muito importante:
PROCEDIMENTOS SOLUÇÃO
UTILIZADA
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Antissepsia da mucosa:
Antissepsia das mucosas bucal, ocular, vaginal e
intestinal, ou dos locais em que pode haver lesão.
PVPI AQUOSO
Remoção de sujidade e redução da flora residual e
transitória:
Degermação2 da pele, principalmente na área cirúrgica e
procedimentos invasivos. Deve ser retirado após o uso.
PVPI
DEGERMANTE
Cuidados pré-operatórios:
Luva química, anti-sepsia de campo operatório após PVPI
degermante, demarcação da área cirúrgica.
PVPI
ALCOÓLICO
O antisséptico clorexidine aquoso faz a antissepsia, antes de procedimentos
invasivos, com um tempo de ação residual de 5 a 6 horas. Já o álcool a 70%
glicerinado tem ação imediata e faz a antissepsia de procedimentos que não
necessitam de efeito residual por serem de curta duração.
A antissepsia das mãos: em unidades de terapia intensiva, berçário de alto
risco, unidades de transplantes, hematologia e na realização de pré e de pós-
procedimentos e exames invasivos deve ser realizada utilizando-se a mesma técnica
de higienização das mãos, incluindo os antebraços, porém, usando os antissépticos
acima citados.
Observação:
Ao utilizar PVPI ou clorexidine não utilizar álcool a 70% imediatamente após,
pois este inativa a ação residual dos mesmos. O uso do PVPI é contra indicado em
recém-natos e grandes queimados devido a sua absorção transcutânea de iodo, podendo
acarretar hipertireoidismo. A clorexidine deve ser utilizada em caso de pacientes
ou funcionários alérgicos ao iodo.
9. Biossegurança e Equipamentos de Proteção
Individual – EPI
A biossegurança é uma ciência que surgiu para
controlar e diminuir os riscos quando se praticam
diferentes tecnologias, tanto aquelas desenvolvidas em
laboratórios, ambulatórios como as que envolvem o meio
ambiente. Também aparece em: indústrias, hospitais,
clínicas, laboratórios de saúde pública, laboratórios de
análises clínicas, hemocentros, universidades, etc.
É um termo que se aplica ao conjunto de ações
voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de
riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção,
ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de
serviços. Estes riscos podem comprometer a saúde do
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
No caso dos profissionais de enfermagem, o foco principal desta disciplina
está na prática assistencial da profissão. Durante o desenvolvimento desta, o
profissional de saúde entra em contato com material biológico (sangue, secreções e
excreções tipo vômito, urina, fezes, sêmen, leite materno, escarro, saliva e outros
fluidos corporais).
Estes materiais biológicos podem estar alojando microrganismos, por isso
consideramos estes fluidos de pacientes ou os equipamentos e ambiente que tiveram
contato com eles, como potencialmente contaminados por germes transmissíveis de
doenças. Por não sabermos se os germes estão ou não presentes nestes equipamentos,
vamos sempre considerá-los contaminados. Desta forma, na nossa rotina de trabalho
sempre devemos estar conscientes da importância de nos protegermos ao manipularmos
materiais, artigos, resíduos e ambiente sujos de sangue e/ou secreções.
Ao profissional de enfermagem cabe, sobretudo, a consciência de sua
responsabilidade quanto à prática da biossegurança em todos os seus procedimentos
de trabalho e também junto aos seus pacientes para que, protegendo-se, possa
garantir suas boas condições de saúde para, assim, estar apto ao cuidado com o
próximo.
As metas específicas são:
Reduzir o número de microrganismos patogênicos
encontrados no ambiente de tratamento;
Reduzir o risco de contaminação cruzada no
ambiente de tratamento;
Proteger a saúde dos pacientes e da equipe de
saúde;
Conscientizar a equipe de saúde da importância de,
consistentemente, aplicar as técnicas adequadas de
controle de infecção;
Difundir entre todos os membros da equipe de saúde
o conceito de precauções universais, que assume que qualquer contato com fluidos do
corpo é infeccioso e requer que todo
profissional sujeito ao contato direto com
eles se proteja, como se eles apresentassem
o vírus da imunodeficiência adquirida ou da
hepatite B, C ou D;
Estudar e atender às exigências dos
regulamentos governamentais locais,
estaduais e federais.
Como sabemos, pela nossa prática
diária, a transmissão de agentes biológicos
relacionados com os profissionais de saúde
ocorre por meio de diferentes materiais e
vias de aquisição como a percutânea,
cutânea, mucosa, sangue, fluidos
corpóreos, secreções, fezes, aerossóis
Instrumentalização Cirúrgica I I
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primários e gotículas, que propiciam grande comprometimento para esses
profissionais.
As medidas de biossegurança não devem seguir a linha do exagero, porém não
devem ser desprezadas. As ações que contribuem para a segurança de vida no dia-a-
dia do profissional são genericamente consideradas medidas de biossegurança.
Esse argumento deixou bem clara a necessidade de motivar os profissionais que
atuam diretamente na assistência hospitalar a utilizarem os Equipamentos de
Proteção Individual (EPI) e seguirem as medidas preventivas na sua rotina diária,
mesmo que os assistidos não sejam portadores de doenças infecciosas. Além dos EPIs,
existem outras medidas que possibilitam a redução da probabilidade de adoecimento
para o profissional, como imunização ativa e/ou passiva: a quimioprofilaxia.
Dessa forma, precisamos compreender biossegurança como uma garantia de
direitos que direcionam e afirmam a saúde humana, a proteção do meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável. Os procedimentos de biossegurança terão que ser
assegurados como instrumentos fundamentais no cotidiano dos profissionais de saúde.
Como sabemos todas as pessoas que trabalham em serviços de saúde estão
altamente expostas a vários agentes desencadeadores de doenças de ordem física,
química e biológica.
Entre os cuidados que os profissionais devem ter com relação à aquisição de
infecção ou transmissão de agentes desencadeadores de doenças de ordem física,
química e biológica está a atenção para com os materiais perfuro-cortantes. Para
estes, o Ministério da Saúde tem recomendações específicas de procedimentos, são
elas:
Máxima atenção;
Jamais utilizar os dedos como anteparo;
Agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa
com as mãos;
Não utilizar agulhas para fixar papéis;
Todo material perfuro-cortante: agulhas, scalpes, lâminas de bisturi, vidrarias
etc., mesmo estéreis, devem ser desprezados em
recipiente resistente à perfuração e ruptura, e com
tampa.
Os recipientes específicos para descarte de
material não devem ser preenchidos acima do limite
de 2/3 de sua capacidade total e devem ser
colocados sempre próximos do local onde é realizado
o procedimento.
As normas estabelecidas pelo Ministério de
Saúde apontam para a importância de os
profissionais tomarem os devidos cuidados com o intuito de evitar as taxas de
infecção ocupacional pelo HIV que são relativamente baixas em comparação com as
taxas dos vírus das hepatites B e C. Portanto, é conveniente que, no caso de
exposição a materiais biológicos, os procedimentos preconizados pelo Ministério da
Saúde, sejam devidamente considerados:
Cuidados locais na área exposta;
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Quimioprofilaxia antirretroviral;
Acompanhamento sorológico.
Todo profissional que atua em instituições de saúde está exposto a
contaminações, mesmo aqueles que trabalham em setores administrativos.
Toda a atenção e profissionalismo devem ser concentrados no desempenho das
atividades na área de saúde, principalmente, no que se refere aos materiais
orgânicos de contato diário, como fezes, secreções e sangue.
Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) destinam-se a proteger a
integridade física dos profissionais. Sua adequação está diretamente ligada à
atividade que se vai desenvolver e tem como objetivo a proteção do profissional ou
paciente exposto a substâncias perigosas, seja por absorção, inalação ou contato
físico.
Os EPIs incluem: protetores ou máscaras faciais, óculos protetores, luvas,
jalecos, avental emborrachado e calçados.
Máscaras
Fazem a proteção da mucosa nasal e
protegem dos aerosóis primários e perdigotos
contaminados (Gotículas minúsculas de saliva
que saem pela boca durante a fala de uma
pessoa). Este equipamento é considerado
eficiente se apresentar um mínimo de
filtração bacteriana de 95%, segundo as
entidades normativas.
Máscaras, protetores faciais e oculares ajudam a proteger as mucosas dos
olhos, nariz e boca, pois os líquidos corporais podem borrifar, respingar ou
pulverizar seu rosto.
Óculos protetores
Os olhos são muito susceptíveis a lesões microscópicas
e macroscópicas face sua limitada vascularização e baixa
imunidade.
O profissional que não fizer uso desses equipamentos
corre maior risco de infecções. Os óculos devem ser lavados
entre um paciente e outro de forma rotineira.
Luvas
Devem ser utilizadas nos procedimentos de risco
ocupacional aos fluidos corporais, tais como punção venosa
periférica, quando se entra na unidade de paciente infectado
ou colonizado por microorganismo resistente e deverão ser
descartadas assim que terminarem o procedimento.
São indicadas como barreira de proteção aos
profissionais de saúde, especialmente ao risco biológico.
Aventais
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Evitam a contaminação das roupas e protegem a pele do
profissional. Juntamente com os aventais, incluem-se em algumas
ocasiões, as perneiras, as botas ou os propés, evitando assim
borrifamentos de fluidos corpóreos.
A utilização desses equipamentos deve ser seguida rigorosamente
enquanto o profissional estiver trabalhando, independentemente do
diagnóstico ou do estado infeccioso do paciente. O objetivo é reduzir, ao máximo, o
risco de infecções de fontes conhecidas ou não.
Protetores Para Os Membros Inferiores
Os membros inferiores devem estar protegidos por calçados
fechados durante o trabalho em serviços de saúde e laboratórios.
Evitam acidentes que envolvem derramamento e salpicos de
substâncias de risco químicos e biológicos, impactos, pérfuro-
cortantes, queimaduras, choques, calor, frio, eletricidade etc. Os
trabalhadores não devem expor os artelhos, o uso de sandálias ou sapatos de tecido
é proibido na área de trabalho. O calçado deverá ser ajustado ao tipo de atividade
desenvolvida como: botas de segurança em couro, botas de PVC, botinas e outros
calçados de cano curto ou longo, com biqueira de reforço e solado antiderrapante.
Sapatilhas ou pró-pés descartáveis ou reutilizáveis são, geralmente, usadas em
áreas estéreis tanto em hospitais, laboratórios, biotérios e na indústria.
Toucas Ou Gorros
Nos ambientes de serviços de saúde, laboratoriais, dentre
outros, os cabelos devem permanecer presos para evitar acidentes
e contaminações por microorganismos, poeiras e ectoparasitos em
suspensão. Os cabelos dos trabalhadores, também podem contaminar
ambientes limpos ou estéreis ou contaminarem pacientes e o
produto do trabalho, por este motivo as toucas ou gorros devem
ser usados. Devem ser confeccionados em tecido que permita a
aeração dos cabelos e do couro cabeludo. Podem ser descartáveis ou reutilizáveis.
10. Prevenção de Infecção dos Principais Sítios
Introdução
As infecções hospitalares mais freqüentes são
as urinárias, em torno de (40%), as sepses (10%), as
cirúrgicas (25%) e as pneumonias (10%). As outras
infecções correspondem a uma proporção de 15%.
A taxa de mortalidade por infecção hospitalar
no Brasil mantém-se estável há décadas. A média é de
45 mil óbitos por ano em cerca de doze milhões de
internações hospitalares.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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A instrumentação do trato urinário representa o fator de risco mais
importante na aquisição de ITU, especialmente a sondagem vesical precedendo-a em
mais de 80% dos casos, e outras manipulações em 5 a 10%. Os fatores associados ao
hospedeiro, que resultam em maior incidência de infecção relacionada ao catéter
vesical são: idade avançada, sexo feminino, gravidez, puerpério, colonização do
meato uretral, urina vesical residual, doenças subjacentes graves e uso
indiscriminado de antimicrobianos. O agente predominante das infecções do trato
urinário é a Escherichia Coli.
A segunda topografia de infecção hospitalar em muitas instituições é a ferida
cirúrgica. O principal fator predisponente é o
potencial de contaminação da cirurgia, mas a duração do
procedimento e as condições pré-operatória do paciente
também têm grande importância. Outros fatores podem
influir na ocorrência de infecção, como a permanência
pré-operatória do paciente, predispondo-o a infecção
por cepas hospitalares mais virulentas e resistentes
aos antibióticos, a presença de infecção concomitante,
a utilização de corpos estranhos, como drenos e próteses, o estado nutricional dos
tecidos operados e principalmente a técnica cirúrgica.
A infecção do trato respiratório é geralmente a terceira principal topografia
de infecção hospitalar. Fatores como idade, patologia de base, instrumentação do
trato respiratório, colonização da orofaringe com flora intestinal favorecida pela
neutralização do pH do estômago e pelo uso de sondas, endoscopia, equipamentos de
terapia respiratória, broncoaspiração e biópsia transbrônquica predispõem ao
aparecimento dessas infecções.
a) Prevenção de Infecção do Trato Urinário
As infecções do trato urinário (ITU) são
de muita importância e também as mais frequentes,
acometem homens e mulheres em qualquer idade,
porém pessoas do sexo feminino são mais
suscetíveis pela sua própria condição anatômica.
É bom lembrar que a vulnerabilidade do
trato urinário é tão grande que as infecções, que
ali acontecem, apresentam grande importância,
mesmo nas doenças infecciosas comunitárias. Essas infecções acarretam muitas
complicações, bem como o aumento do ônus financeiro da terapêutica devido à
necessidade de prolongar o período de internação e o uso de medicação apropriada.
Na maioria dos casos, essas infecções são acompanhadas de bacteriúria. Na
drenagem pelo sistema fechado, que é a forma indicada, a taxa de aquisição de
bacteriúria é de 5 a 10 % por dia de cateterização.
Fatores de risco
Pacientes com déficit neurológico;
Pacientes que durante uma hospitalização, sejam cateterizados;
Gravidez;
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Homens com mais de 50 anos;
Diabéticos e transplantados renais etc.
Medidas preventivas
Lavagem das mãos antes e após a manipulação do sistema de drenagem;
Usar técnica asséptica de colocação do cateter;
Usar sonda com o menor calibre possível;
Fixar a sonda evitando desta forma movimentos que tracionam a uretra;
Nunca desconectar a sonda do sistema coletor;
Trocar todo o sistema, em caso de contaminação;
Manter o fluxo livre;
Esvaziar sempre a bolsa;
Evitar dobra nos tubos;
Dar preferência ao sistema coletor fechado;
Dar preferência ao sistema com válvula anti-refluxo;
Evitar que o sistema coletor de urina toque o chão;
Retirar o cateter assim que possível;
Manter o meato uretral limpo, destacando-se a higiene perineal;
Usar fralda descartável, especialmente em mulheres;
Usar condons em homens, como alternativa à cateterização;
Dar preferência ao cateterismo intermitente, especialmente em pacientes
domiciliares.
O tratamento será baseado nos critérios de diagnóstico e sempre que possível
em urocultura e antibiograma.
b) Prevenção de Infecções Respiratórias
Pneumonia ―é uma inflamação do parênquima
pulmonar causada por um agente microbiano‖
(ANVISA, 2004).
Os agentes mais comuns encontrados no
hospital são: Pseudomonas aeroginosa,
Staphylococcus aureus, Klebsiela.
Quando o paciente é imunocomprometido os
agentes mais envolvidos são: Pseudocystis carini,
Aspergillus fungicatus e Mycobacterium
tuberculosis.
Sabe-se que a penetração da bactéria é feita geralmente pela via aérea
superior e não causa, necessariamente, a pneumonia se existir um mecanismo de
defesa eficaz por parte do hospedeiro. No entanto, se a pneumonia se instala, ela
tem como causa vários agentes patogênicos, inclusive, bactérias, fungos, vírus,
micobactérias, clamídias, micoplasmas entre outros.
Fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de pneumonias:
Uso de ventilação mecânica;
Idade avançada;
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Presença de doença pulmonar crônica;
Alteração do nível de consciência;
Cirurgia tóraco-abdominal;
Trauma bronco-aspiração e outros.
Nesse processo, a prevenção para evitar fatores de risco é de extrema
importância. Temos de considerar os fatores predisponentes que são exatamente
aqueles que aumentam a frequência de aspiração e a quantidade de patógenos
inoculados que dificultam as defesas locais ou a imunidade do sistema. Os mais
importantes são a entubação endotraqueal com ventilação mecânica, que aumentam de
forma considerável o risco de pneumonia.
Mais de 50% das pneumonias nosocomiais estão associadas à ventilação mecânica
e 10% delas ocorrem em UTI. Segundo a ANVISA, a ventilação mecânica aumenta o risco
de aquisição de pneumonia hospitalar em comparação a pacientes não ventilados.
Medidas preventivas
Entubação
No ato da entubação deve-se usar luvas estéreis, máscara e óculos de
proteção. O avental deve ser utilizado para evitar a possibilidade de sujidade ou
respingos. Evitar a contaminação da cânula antes da introdução na orofaringe. O fio
guia deve ter sido desinfetado ou esterilizado e estar com embalagem adequada.
Traqueostomia
O procedimento deve ser realizada com técnica asséptica na sala de cirurgia,
exceto nos casos de urgência. Quando a cânula de traqueostomia necessitar de troca,
deverá ser substituída por outra esterilizada, usando técnica asséptica com luvas
estéreis.
O curativo da traqueostomia deve ser trocado quando necessário ou pelo menos
diariamente.
Aspiração
A aspiração deve ser realizada sempre que houver necessidade e não a
intervalos pré-fixados. O calibre da sonda de aspiração não deve ser superior à
metade do diâmetro
do calibre da cânula endotraqueal ou traqueostomia. Os frascos que
acondicionam a secreção deverão ser lavados diariamente com solução detergente. As
extensões dos aspiradores deverão ser lavadas e submetidos a desinfecção de alto
nível ou à esterilização na saída do paciente.
Outros Artigos
Após o uso do ressucitador manual (ambú), máscara ou fio guia, é necessário
submetê-los à desinfecção de alto nível ou esterilização, antes de serem usados em
outro paciente. Estes materiais devem ser guardados e mantidos em embalagens
plásticas fechadas.
O sistema de nebulização (máscara, circuito e frasco) deve ser trocado a cada
48 horas. Os inaladores devem ser limpos e desinfetados a cada uso e mantidos em
embalagem plástica (mesmo junto ao leito).
c) Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Infecções do Sitio Cirúrgico
(ISC) são infecções que ocorrem
relacionadas à manipulação cirúrgica
acometendo tecido subcutâneo, tecidos
moles profundos (fáscia e músculo),
órgão e cavidades incisados. Enquadra-
se como aquelas que ocorrem até o 30º
dia de pós-operatório ou até 01 ano nos
casos de cirurgias com implante de
próteses.
É importante lembrar que o organismo agredido por uma cirurgia responde com
reações na luta pela sobrevivência como a inflamação, a revascularização e a
deposição de tecido cicatricial. Como consequência ocorre uma deficiência do
sistema imunológico, permitindo, desta forma, que com a presença do agente
patogênico o processo infeccioso se instale no próprio campo ou mesmo a distância.
Os patógenos causadores de ISC podem ser provenientes de três fontes:
microbiota do próprio paciente, da equipe de saúde (inclui deste item os
funcionários do Centro Cirúrgico) e também do ambiente inanimado, incluindo
material cirúrgico. Entretanto, há que se considerar que cada uma dessas fontes têm
sua ordem de importância, dependendo das próprias condições do paciente e dos
procedimentos realizados.
Praticamente qualquer agente infeccioso pode ser responsável por Infecção do
Sítio Cirúrgico. Em geral, elas são causadas por germes presentes colonizando a
pele ou as mucosas do próprio paciente, sendo freqüentemente polimicrobianas, em
especial após cirurgias abdominais. A freqüência relativa dos microorganismos pode
sofrer influência do antimicrobiano utilizado em esquemas profiláticos.
As taxas de ISC dependem diretamente do grau de contaminação da operação,
sendo para cirurgias limpas de 1% a 5%, para as potencialmente contaminadas de 3% a
11%, para as contaminadas de 10% a 17%e para as infectadas acima de 27 %, segundo o
Centers for Disease Control (CDC).
Vários são os fatores de risco relacionados à Infecção do Sítio Cirúrgico.
Para alguns destes fatores de risco, algumas medidas preventivas podem ser
preconizadas:
Fatores relacionados ao paciente
Idade
Os extremos de
idade têm
influência na taxa
de infecção
(maiores taxas são
encontradas em
pacientes com menos
de 1 ano e mais de
cinqüenta anos).
Doença preexistente
Admite-se que
pacientes com
múltiplas doenças
preexistentes têm
maior probabilidade
de contrair
infecção.
Obesidade
A obesidade é um fator de risco
comprovado para infecções. As razões
para esta susceptibilidade parecem ser
a irrigação local do tecido adiposo
que é comprovadamente pouco
vascularizada, associada a maior
duração dos procedimentos cirúrgicos e
trauma da parede abdominal. Além
disto, a área exposta do paciente
obeso à contaminação é bem maior, com
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 28
a possível formação de espaços mortos
e com a utilização de sutura
subcutânea para fechá-los.
d)Infecções fora do sítio operatório
As infecções em locais afastados do sítio cirúrgico representam importante
fator de risco. As infecções distantes, especialmente as do trato urinário e do
acesso vascular são consideradas um fator de risco de infecção pós operatória,
independentemente de qualquer outro fator, havendo contra-indicação para cirurgias
eletivas. Pacientes que necessitem realizá-las devem receber antibióticos efetivos
para o controle do processo infeccioso, mantidos por tempo suficiente para
completar seu tratamento.
Diabetes
Controlar a glicemia em todos os
pacientes diabéticos, evitando,
particularmente hiperglicemia no pré-
operatório.
Tabagismo
Encorajar a suspensão do tabagismo no
mínimo instruir os pacientes a
suspender por 30 dias antes da cirurgia
eletiva o fumo de cigarros, charutos,
cachimbo ou qualquer consumo de tabaco.
Fatores relacionados à cirurgia
Antibioticoprofilaxia
A ausência de antibioticoprofilaxia nos casos em que seu emprego é
indicado é um fator de risco para ISC.
Classificação das cirurgias segundo o potencial de contaminação
Este fator, intrinsicamente relacionado ao tipo de cirurgia realizado,
reflete que a contaminação endógena é o mais importante fator para o
desenvolvimento da ISC.
Retirada de pêlos
A tricotomia aumenta o risco de ISC devido às lesões que provoca na pele
e, portanto, só deve ser realizada quando estritamente necessária, num período
inferior a duas horas antes do ato cirúrgico e, quando realizada nas áreas de
internação, deve preceder o banho; deve ser limitada a áreas em que o pêlo
dificulte a visualização ou manipulação do campo operatório. Os aparelhos
elétricos são menos lesivos à pele que os aparelhos com lâmina.
Preparo pré-operatório da pele
Seu objetivo é reduzir o risco de ISC pela contaminação da pele ao redor
do sítio cirúrgico, num curto espaço de tempo e com irritação mínima do tecido;
em geral, recomendam-se soluções de amplo espectro, com rápida atividade e que
possuam ação residual. Os antissépticos mais utilizados são o álcool (que
constitue em alternativa para procedimentos de curta duração), os iodóforos e a
clorexidina. A seleção do produto deve considerar a sensibilidade do paciente e
as condições de sua pele evitando assim, reações adversas às desejadas.
Degermação
A degermação deve ser feita com solução degermante de PVP-I ou
Instrumentalização Cirúrgica I I
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clorexidina, seguida por enxagüe com compressa embebida em água estéril ou soro
fisiológico. Após o enxágüe, a anti-sepsia deve ser feita através da fricção com
produto de mesmo princípio ativo, em veículo alcoólico e a solução deve secar
espontaneamente. Para anti-sepsia de mucosas, recomenda-se o uso de soluções
aquosas de anti-sépticos, realizando-se duas aplicações. Quanto à técnica de
anti-sepsia, recomenda-se que os movimentos de espalhamento do produto devam
partir da incisão para as áreas periféricas.
Em relação ao banho do paciente no pré-operatório, recomenda-se que seja
realizado na noite anterior à cirurgia, podendo ser repetido no dia da cirurgia;
para este banho, pode-se usar sabão comum ou anti-séptico, se este for
disponível.
Técnica cirúrgica
A técnica cirúrgica é um importante fator que interfere com a cicatrização
e a ocorrência de infecções do sítio operatório. Vários aspectos relacionados à
técnica cirúrgica merecem ser enfatizados: manutenção adequada da hemostasia
preservando-se uma adequada perfusão tecidual, prevenção da hipotermia,
manipulação cuidadosa dos tecidos, adoção de cuidados para se evitar quebras de
técnicas, remoção de tecidos desvitalizados, utilização de materiais de suturas
e drenos apropriados, erradicação de espaços mortos e lavagem ou irrigação
tópica da ferida de feridas consideradas sujas ou contaminadas.
Drenos
Os drenos representam uma porta de entrada para germes, sendo que a
decisão para a sua colocação deve ser baseada em um avaliação criteriosa; quando
utilizados, devem ser retirados tão logo a sua indicação cesse. Cuidados
rigorosos na sua manipulação, incluindo lavagem das mãos e sistemas fechados
para drenagem, devem ser adotados nas atividades de rotina com estes pacientes.
Duração da cirurgia
Existe uma forte associação entre tempo de cirurgia e risco de ISC. O
risco de infecção é proporcional à duração do ato operatório, ou seja, quanto
mais longa a cirurgia, maior a taxa de infecção. A duração da cirurgia varia de
acordo com a complexidade do procedimento, dificultando a determinação do que
seria o ―tempo ideal‖.
Lavagem das mãos e degermação
Recomenda-se que a duração da escovação antes da primeira cirurgia deva
ser feita de 3 a 5 minutos e de 2 a 3 minutos para as subseqüentes. Tempos
superiores são desnecessários, causando lesões abrasivas de pele e risco de
emergência de organismos das camadas mais inferiores da pele; soluções
degermantes a base de iodóforos ou clorexidina são aceitas como anti-sépticos
nesta situação.
Estes dois procedimentos realizados em conjunto no CC diminui
acentuadamente as IH.
Paramentação cirúrgica
Deve ser feita de forma asséptica. A troca da paramentação deve ocorrer
quando estiver visivelmente suja com sangue ou outro fluído corpóreo
potencialmente infectante.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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A máscara cirúrgica deve cobrir totalmente a boca e o nariz, e deve ser
utilizada ao se entrar na sala cirúrgica se o instrumental estiver exposto ou a
cirurgia estiver em andamento e todo cabelo devem estar cobertos ao entrar na
sala cirúrgica.
Limpeza da sala de cirurgias
Ocorre um aumento significativo nas IH quando a limpeza da sala cirúrgica
e dos instrumentais não é feita da maneira correta.
Duração da hospitalização pré-operatória
Quanto mais longa a internação antes da cirurgia, maior será a incidência
de infecção. Nesse sentido, o estímulo às cirurgias ambulatoriais ou a
internação o mais próximo possível da cirurgia têm se tornado medidas
desejáveis.
Ressaltamos que a nossa responsabilidade em relação às infecções do sítio
cirúrgico não se restringem ao pré e intra-operatório. Destacamos a importância
do seguimento pós-alta para a obtenção de dados fidedignos sobre as infecções do
sítio cirúrgico devido à manifestação tardia na maioria dos casos, levando a
subnotificação quando o seguimento do paciente é realizado somente durante a
internação.
O diagnóstico para as ISC (infecção de Sítio Cirúrgico) podem ser clínicos,
laboratoriais e microbiológico.
• Clínico:
* Febre: manifesta-se em menos da metade dos pacientes com ISC.
* Geral: mal-estar, taquicardia, taquipnéia, hipoxemia, coagulopatia, topor e
coma.
* Local: dor, celulite (hiperemia, edema, calor e dor), drenagem de secreção
purulenta ou necrose tecidual.
• Laboratorial: leucograma infeccioso podem aparecer em aproximadamente 50%, dos
pacientes com ISC, neutrofilia com desvio para a esquerda, eosinopenia;
• Microbiológico: na suspeita de ISC, tentar sempre identificar o agente
infeccioso e sua sensibilidade a antibióticos, para direcionar tratamento
antimicrobiano eficiente, se necessário.
O tratamento consiste em aplicação de compressas quentes no local, isto pode
favorecer a resolução das ISC superficial e acelerar a flutuação de abscessos de
partes moles; a drenagem de coleções infectadas, este procedimento é importante,
pois permite a remoção de bactérias, piócitos, tecidos desvitalizados e corpos
estranhos (fios). Os abscessos profundos ou em cavidades podem ser drenados
cirurgicamente ou por punções; desbridamento de tecidos necróticos e realização de
curativo de forma asséptica.
Alguns pacientes cirúrgicos apresentam ISC causadas por microorganismos
multirresistentes. Considerando a presença de secreções no sitio cirúrgico, a
necessidade de manipulação diária da ferida cirúrgica e o risco de disseminação de
infecções, medidas de isolamento precauções devem ser utilizadas de acordo com o
próximo capítulo precauções e isolamento.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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11. Antibioticoprofilaxia Cirúrgica
A antibioticoprofilaxia permanece sendo uma
das principais responsáveis pelo uso incorreto de
antimicrobianos no hospital e a sua realização de
forma discutida e padronizada um dos pontos mais
importantes do programa de controle de
antibióticos.
A prevenção da infecção de sítio cirúrgico
(ISC) é constituída por medidas muitas vezes
complexas e de difícil aplicação, envolvendo
múltiplos profissionais, revisão de rotinas e mudanças de atitude e comportamento.
Por esta razão, uma simplificação, através de uma abordagem farmacológica para
prevenção de ISC é bastante atrativa. Entretanto, depositar toda a responsabilidade
da prevenção de infecções no uso de um fármaco, embora possa ser uma conduta
simples e prática para o cirurgião, pode se tornar um risco, caso as demais
atitudes de prevenção forem negligenciadas.
A profilaxia visa a prevenção de ISC, não tendo eficácia comprovada na
prevenção de outras complicações infecciosas, como pneumonia, infecção do trato
urinário e infecção de cateteres.
Por ser de eficácia limitada, a profilaxia com antimicrobianos não substitui
as demais medidas de prevenção.
A eficácia ou ineficácia de um esquema profilático não é perceptível na
prática diária. Assim, torna-se necessária uma vigilância sistemática e a
observação de grande número de casos para se avaliar o real valor do esquema.
Portanto, casos isolados de ISC ou mesmo taxas elevadas de infecção não podem
justificar o uso de profilaxia ou ser controladas com a mesma, a não ser que tenha
sido realizada uma avaliação metodologicamente rigorosa.
De uma maneira prática, recomenda-se que aplicação seja feita no momento da
indução anestésica. A dose do antimicrobiano a ser utilizada deve ser a habitual.
Critérios gerais para a escolha do antimicrobiano
A seleção de antibióticos para profilaxia cirúrgica depende de sua eficácia e
segurança. O antibiótico deve:
- Ter apresentação parenteral;
- Possuir mínima toxicidade;
- Ter baixo custo;
- Ser fraco indutor de resistência;
- Possuir farmacocinética adequada;
- Ser dotado de atividade contra a maior parte dos
patógenos causadores de isc na instituição;
- Não ser usado no tratamento de infecções nosocomiais
graves.
O benefício deve ser avaliado comparativamente aos
danos possíveis de causar. Por esta razão, drogas de
baixa toxicidade como as cefalosporinas e as penicilinas
Instrumentalização Cirúrgica I I
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são, muitas vezes, as drogas de primeira escolha.
Controle do uso de antimicrobianos
Os antimicrobianos constituem uma
categoria única de medicamentos, pois afetam
não somente o paciente que faz uso, mas também,
de maneira mais ampla, o ambiente
microbiológico, interferindo com a flora de
outros pacientes e das pessoas que direta ou
indiretamente entram em contato. Os médicos, de
uma maneira geral, colocam o foco de
atendimento no paciente individualmente, sem
pesar as conseqüências ecológicas, sobre outros pacientes, para o hospital, para a
comunidade.
O aumento de resistência dos germes aos antimicrobianos e a maior prevalência
destas cepas no hospital, resultando em prolongamento na permanência, maior consumo
de antimicrobianos, aumento na morbidade, mortalidade e custo, tem acarretado um
problema para os médicos assistentes, para o pessoal de controle de infecção
nosocomial e para os administradores hospitalares.
A presença de um número cada vez maior de pacientes com diminuição de suas
defesas, o uso de novos procedimentos invasivos e de instrumentação, o
reconhecimento de novos organismos responsáveis por infecção, são algumas das
razões para que os germes multirresistentes tornem-se cada vez mais importantes. O
controle ou a erradicação de germes resistentes após tornarem-se endêmicos pode ser
bastante difícil.
O controle do uso de antimicrobianos, por tudo isso, não é uma opção, mas uma
necessidade de toda a comunidade que usufrui ou que trabalha nas instituições de
saúde e que não deveria permanecer restrita a estas, mas ser realizado em todos os
locais, impedindo ou limitando o consumo e uso incorreto e sem indicação, como a
venda sem prescrição, o uso para tratamento de infecções virais, a utilização de
subdoses, a promoção abusiva do produto por companhias inescrupulosas, impedindo a
prescrição por médicos ansiosos visando a ―cobertura de todos os agentes
possíveis‖.
A dose do antimicrobiano deve ser ajustada à intensidade da infecção, à
topografia da doença, ao peso do paciente e às funções renal e hepática, evitando-
se subdoses ou doses excessivas, que facilitam resistência e aumentam chance de
efeitos colaterais.
Desde que possível, deve-se escolher a droga com menor espectro de ação,
idealmente, que atue somente naquele tecido e contra aquele germe específico. A via
de administração deve ser a mais fácil, com preferência da oral sobre a parenteral.
O tempo de tratamento deverá ser determinado pela evolução clínica e laboratorial e
pela experiência com casos semelhantes. Deve-se escolher a preparação que
apresentar, com os mesmos resultados, o menor custo. Todo hospital deveria ter uma
política de uso de antimicrobianos, visando facilitar a prescrição, maior
racionalidade do uso, assegurando alguns agentes para o tratamento de infecções
potencialmente fatais, diminuindo custos.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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12. Precauções e Isolamento
A partir da epidemia de HIV/AIDS, do
aparecimento de cepas de bactérias
multirresistentes (como o Staphylococcus
aureus resistente à meticilina, bacilos Gram
negativos não fermentadores, Enterococcus sp.
resistente à vancomicina), do ressurgimento da
tuberculose na população mundial e do risco
aumentado para a aquisição de microrganismos
de transmissão sangüínea (hepatite viral B e
C, por exemplo) entre os profissionais de
saúde, as normas de biossegurança e isolamento ganharam atenção especial.
O isolamento ou precauções nas doenças transmissíveis esta indicada em
situações definidas e apenas durante o período de transmissibilidade das doenças.
Portanto esta recomendação sobre isolamentos deve se completar com o período de
incubação e transmissibilidade das doenças. Chamamos de isolamento, toda vez que
for necessário quarto individual ou coorte.
Objetivos
-Evitar a transmissão de infecção para o paciente e equipe
multidisciplinares.
O Conselho Consultivo de
Práticas de Controle de Infecção
Hospitalar do CDC/EUA defende um
sistema de precauções em duas etapas.
A primeira etapa é o Sistema de
precauções padrão ou básicas, que
utiliza as características principais
das PRECAUÇÕES UNIVERSAIS e aplica-se
a todos os pacientes, independente do
seu diagnóstico ou status sorológico.
A segunda etapa de precauções é para
pacientes com infecção conhecida ou
suspeita, que exijam mais que o padrão para prevenir disseminação exógena da
infecção. Três precauções baseadas na transmissão são propostas: precauções contra
aerossóis, gotículas e contato.
Precauções Padrão
São precauções a serem tomadas com todos os pacientes, independente do seu
estado infeccioso.
Para sangue
Para todos os líquidos, secreções e excreções.
Para pele integra
Para membranas mucosas.
As precauções padrão abrangem:
Instrumentalização Cirúrgica I I
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- Lavar as mãos antes e após
cada procedimento.
- Usar luvas limpas, não
estéreis, quando em contato com
sangue, fluídos corporais,
secreções, excreções, mucosas e
lesões cutâneas abertas.
- Usar luvas durante
procedimentos invasivos e
punções venosas.
- Trocar de luvas para examinar
outro paciente, ou entre tarefas
e procedimentos no mesmo
paciente após contato com
material que possa conter alta
concentração de microorganismos.
- Remover as luvas prontamente
após o uso, antes de tocar itens e superfícies ambientais não contaminados.
- Usar máscaras e óculos protetores ao realizar procedimentos que possam gerar
gotículas de líquidos corporais.
- Usar avental longo para proteger a pele e a roupa, durante procedimentos e
atividades que possam gerar respingos de fluidos corporais, secreções e excreções.
- Lavar as mãos e a pele
imediatamente e cuidadosamente
após contato com sangue e
líquidos corporais.
- Não reencapar agulhas,
curva-las ou manipular.
- Os objetos pérfuro-cortantes
devem ser depositados em
locais apropriados com
material resistente.
- Ressuscitação boca a boca
deve ser evitada. Material
próprio para ressuscitação deve estar disponível no carro de emergência.
- Os profissionais de saúde devem ser vacinados contra a Hepatite B, Tétano e
Difteria.
- Todo profissional que apresentar lesão de pele em membros superiores, só deverá
exercer suas atividades após avaliação do Serviço de Medicina do Trabalho.
Precauções por modo de transmissão
No ambiente hospitalar, a transmissão de
microrganismos ocorre na maioria das vezes por contato,
Instrumentalização Cirúrgica I I
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por via aérea e pela exposição a sangue e líquidos corporais ou indiretamente,
através de um vetor ou fômite.
a) Precauções para transmissão através de contato
Indicado para pacientes colonizados ou infectados por microorganismos
epidemiologicamente importante transmitidos pelo contato direto ou indireto.
- Infecções gastrointestinais, respiratórias, de pele e de ferida cirúrgica ou
colonização por agentes multi-resistentes de significância clínica ou
epidemiológica.
- Infecções entéricas (Clostridium difficile,
E. coli enteropatogênica, Shigella, Vírus da
hepatite A ou Rotavírus)
- Vírus sincicial respiratório, vírus
parainfluenza ou infecções virais entéricas em
crianças.
- Infecções cutâneas (difteria cutânea, herpes
simples neonatal ou mucocutâneo, impetigo,
grandes abscessos, celulite ou úlcera de
decúbito, pediculose, escabiose, furunculose estafilocócica em crianças, síndrome
da pele escaldada, herpes zoster disseminado ou em paciente imunocomprometido).
- Conjuntivite viral ou hemorrágica.
- Febres hemorrágicas (febre de Darsa, Marburg ou Ebola)
Os microrganismos podem ser transmitidos de uma pessoa a outra através do
contato com a pele ou mucosa. Podemos classificar este modo de transmissão em duas
categorias:
Contato direto:
Ocorre quando um microrganismo
é transmitido de um paciente a outro,
através do contato direto da pele, sem
que haja a participação de um veículo
inanimado ou fômite como por exemplo,
Herpes simples, Herpes zoster não
disseminado em imunocompetente,
feridas com secreção abundante não
contida, diarréia infecciosa em
paciente incontinente.
Contato indireto:
Quando a transmissão ocorre pelo
contato da pele e mucosas com
superfícies ambientais e nos artigos e
equipamentos de cuidados aos pacientes
contaminados por microrganismos, como
por exemplo, Enterococo resistente a
vancomicina.
Conduta
Instrumentalização Cirúrgica I I
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·Quarto privativo ou comum para
o mesmo microrganismo.
·Lavar as mãos antes de sair do
quarto, evitando qualquer outro
tipo de contato manual.
·Utilizar luvas ao manipular
paciente, equipamentos e
mobiliários
·Utilizar avental, e após o uso
retirá-lo antes de sair do
quarto.
·Transporte do paciente -
Deverá ser evitado; quando
necessário, o material
infectante deverá estar contido
com curativo, avental ou
lençol, para evitar a
contaminação de superfícies.
(manter as precauções)
·Limpeza de artigos e superfícies, passar álcool 70% com maior frequência.
·Equipamentos e artigos de uso exclusivo ou desinfecção.
·Disponibilizar um hamper para roupa no
quarto.
b) Precauções para transmissão por gotículas
Ocorre através do contato próximo com o paciente, por
gotículas eliminadas pela fala, tosse, espirros e
realização de procedimentos como a aspiração de secreções.
As gotículas de tamanho considerado grande (>5m),
atingem até um metro de distância e rapidamente se
depositam no chão.
Indicados para pacientes que expelem gotículas maiores de 5 micra.
·Haemophilus influenzae tipo B
·Neisseria meningitidis
·Streptococcus pneumoniae multi-resistentes
·Difteria faringeana
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·Pneumonia por micoplasma
·Coqueluche
·Infecções estreptocócicas (faringite, pneumonia, escarlatina em crianças)
·Infecções virais (adenovírus, influenza, caxumba, parvovírus B19 e rubéola)
Conduta
Quarto Obrigatório,
privativo ou comum para o
mesmo microrganismo,
mantendo a porta fechada.
Utilizar máscara comum,
durante o período de
transmissibilidade de cada
doença, e para todas as
pessoas que entrarem no
quarto.
Utilizar máscara comum para
o transporte do paciente,
mas o mesmo deverá ser
evitado.
Os artigos e equipamentos deverão ser exclusivos para o paciente ou comum para
pacientes com o mesmo microrganismo.
c) Precauções para transmissão por aerossóis
Ocorre por partículas eliminadas durante a
respiração, fala, tosse ou espirro que quando
ressecados permanecem suspensos no ar, podendo
permanecer por horas, atigindo outros ambientes,
inclusive áreas adjacentes, pois podem ser carreadas
por correntes de ar.
Indicadas para pacientes com infecção
comprovada ou não, que expelem gotículas menores que
5 micra.
·Sarampo
·Varicela (incluindo zoster disseminado)
Instrumentalização Cirúrgica I I
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·Tuberculose
Conduta
·Quarto privativo, com porta
fechada. O quarto deverá
dispor de sistema de
ventilação com pressão
negativa e 6 trocas de ar por
hora, com o uso do filtro
HEPA.
·Utilizar máscara respirador
N-95, por todo o profissional
que prestar assistência ou
realizar procedimento a
pacientes com suspeita ou
confirmação das doenças
supracitadas. Deverá ser
colocada antes de entrar no quarto e retirada somente após a saída do mesmo.
· O transporte do paciente deverá ser evitado; quando necessário o paciente deverá
sair do quarto utilizando máscara comum.
·Os artigos e equipamentos deverão ser
exclusivos para o paciente ou comum para
pacientes com o mesmo microrganismo.
Observação: O acréscimo no
material didático ficará a
critério do professor.
Capítulo II - Higienização e Limpeza Hospitalar
1. Definição
Consideraremos como limpeza hospitalar a
limpeza das superfícies fixas e equipamentos
permanentes das diversas áreas hospitalares, o
que inclui pisos, paredes, janelas, mobiliários,
Instrumentalização Cirúrgica I I
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equipamentos, instalações sanitárias, ar condicionado e caixas d‘água.
Os objetivos da limpeza são:
A remoção da sujidade visível;
A remoção, redução ou destruição dos microrganismos patogênicos;
O controle de disseminação de contaminação biológica, química.
A higienização do ambiente hospitalar é fundamental no rompimento da cadeia
epidemiológica das infecções, pois assume papel eficaz na prevenção e controle das
infecções.
É importante, a princípio, firmar a diferença de o ambiente hospitalar como
fonte ou reservatório dos agentes causadores de infecção. Tem-se definido o local,
como reservatório, como aquele onde o agente está presente, se metaboliza e se
replica. E fonte, como sendo o local onde o microorganismo passa para o hospedeiro
pelo contato direto ou indireto.
Por este motivo, o ambiente hospitalar
deve ser visto como fonte para as infecções
hospitalares e merece, portanto, uma especial
atenção e estudos constantes.
A higienização do ambiente hospitalar,
também denominada limpeza técnica hospitalar,
envolve a limpeza e a desinfecção das
superfícies fixas, equipamentos e mobiliários
que compõem as unidades de saúde.
Segundo a ANVISA, limpeza hospitalar é o processo de remoção de sujidades
mediante a aplicação de energia química, mecânica ou térmica, num determinado
período de tempo.
Ela consiste no primeiro passo para o reprocessamento de artigos, e está
intimamente ligada a qualidade final do processo, pois com a retirada da matéria
orgânica consegue-se diminuir o número de microrganismos sobre o artigo.
A destruição de microorganismos pode ser realizada com produtos germicidas
através do processo de desinfecção devendo ser observadas as condições de sua
utilização como toxicidade, tempo de ação, quantidade, concentração, etc.
A presença de sujidade principalmente matéria orgânica de origem humana pode
servir de substrato para sua proliferação ou favorecer a presença de vetores, com
possibilidade de transportar passivamente os germes.
A limpeza de paredes, corredores, pisos, tetos, janelas, portas deve ser
feita com água e sabão, a menos que haja respingo ou deposição de matéria orgânica,
quando é indicada a descontaminação.
Convém ressaltar que a prevenção das infecções, a manutenção do ambiente
limpo, a conservação dos equipamentos e a prevenção de acidentes de trabalho
constituem a finalidade da limpeza.
O Ministério da Saúde através da Portaria nº 930/92, classifica o hospital em
áreas de acordo com o risco para transmissão das infecções, levando em consideração
o tipo de paciente e/ou a atividade que ali se desenvolve. Esta classificação é
importante para que se possa definir o tipo de limpeza e desinfecção a serem
realizados.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Assim sendo, o hospital é classificado nas seguintes áreas: área crítica,
semicrítica e não-crítica.
2. Área crítica
É aquela que oferece um risco maior de
transmissão de infecção porque se destina aos
pacientes graves, imunodeprimidos, com doenças
infecciosas cujo patógeno é de alta
transmissibilidade e local onde se realizam
procedimentos invasivos ou manuseio de peças
de material contaminado.
São exemplos de área crítica:
UTI Neonatal;
Unidade de Queimados;
Bloco cirúrgico;
Unidade de Isolamento;
Sala de Hemodiálise;
Central de Material e Esterilização – CME;
Banco de Sangue;
Área suja da Lavanderia;
Farmácia – local de preparo de Nutrição Parenteral Total;
Serviço de Nutrição e Dietética – preparo de nutrição enteral;
Laboratório de Patologia Clínica.
3. Área semicrítica
É aquela que apresenta menor risco de
transmissão de agentes de infecção em relação
às áreas críticas e que normalmente são
ocupadas por pacientes que não são portadores
de doenças infecciosas ou infecciosas de
baixa transmissibilidade.
São exemplos de área semicrítica:
Enfermarias;
Farmácia – diluição;
Banheiros;
Ambulatórios
4. Área não-crítica
É aquela onde não existe risco de transmissão e não
são ocupadas por nenhum paciente.
São exemplos de área não-crítica:
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 41
Serviço Administrativo;
Almoxarifado;
Secretaria;
Serviços de apoio de raio X, ultrassom etc.
5. Tipos de limpeza
Limpeza concorrente
Aquela realizada com o paciente na unidade, feita regularmente todos os dias,
de acordo com a rotina da instituição e compreende a limpeza e desinfecção de
pisos, sanitários, superfícies de mobiliários e equipamentos, recolhimento de
resíduos e roupas sujas, assim como arrumação dos leitos;
Limpeza terminal
Esta limpeza é efetuada após a saída do paciente no ato da alta,
transferência ou óbito. Você deve entender que esta apresenta maior complexidade,
com abrangência não só na limpeza como na desinfecção de pisos, paredes, janelas,
tetos, equipamentos e mobiliários, incluindo-se leitos, bancadas e grades de ar
condicionado.
Limpeza de manutenção
Está destinada às áreas de grande rotatividade, tendo por finalidade manter o
ambiente limpo durante todo o período de trabalho.
Devem passar por limpeza imediatamente as sujidades de origem orgânica,
radioativas e químicas que apresentem riscos de disseminação e de contaminação.
6. Etapas do Processo de Limpeza/Desinfecção do
Ambiente Hospitalar
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Os produtos mais comumente empregados na
limpeza e desinfecção do ambiente são:
Água e sabão – solução utilizada na varredura
úmida de piso – limpeza;
Hipoclorito de sódio - usado após a limpeza,
deixar atuar por 10 minutos e limpar com pano úmido
– desinfecção de superfícies não metálicas,
geralmente contaminadas com matéria orgânica;
Álcool a 70% - usado após a limpeza, friccionando
por três vezes, para desinfecção de superfícies
metálicas contaminadas com matéria orgânica.
Antes de qualquer processo de desinfecção é indispensável à limpeza, pois, os
resíduos e as matérias orgânicas diminuem e/ou inibem a ação dos desinfetantes.
7. Considerações sobre produtos de limpeza de
superfícies fixas
A utilização de produtos de limpeza e de desinfecção se, for o caso, precisa
estar de acordo com as determinações da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
do hospital, as recomendações dos órgãos públicos de saúde e as especificidades
apresentadas pelos fabricantes. De outra forma, a sua seleção também deverá
considerar os seguintes critérios:
Quanto às superfícies, equipamentos e ambientes:
- Natureza da superfície a ser limpa ou desinfetada, e se a mesma pode sofrer
corrosão ou ataque químico;
- Tipo e grau de sujidade e sua forma de eliminação;
- Tipo de contaminação e sua forma de eliminação (microorganismo envolvido com ou
sem matéria orgânica presente);
- Qualidade da água e sua influência na limpeza e desinfecção;
- Método de limpeza e desinfecção, tipo de máquina e acessórios existentes. Caso o
germicida entre em contato direto com funcionários, considerar a irritação dérmica
e toxicidade;
- Segurança na manipulação e uso.
Quanto ao tipo de germicida:
- Tipo de agente químico e concentração;
- Tempo de contato para ação;
- Influência da luz, temperatura e ph;
- Interação com íons;
- Toxicidade;
- Inativação ou não em presença de matéria orgânica;
- Estabilidade e prazo de validade para uso;
- Condições para uso seguro;
- Necessidade de retirar resíduos após a utilização.
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8. Tipos de produtos químicos utilizados em limpeza
de superfícies fixas
a) Produtos tensoativos e
detergentes
Detergentes são os
produtos que contêm
necessariamente em sua
formulação tensoativos que têm
a finalidade de limpar através
da redução da tensão
superficial (umectação),
dispersão e suspensão da
sujeira.
b) Produtos alvejantes
Geralmente à base de
cloro, buscam, além de algum
efeito desinfetante, o clareamento de determinados pisos.
c) Produtos desincrustantes e enzimáticos
Os detergentes enzimáticos têm em sua formulação enzimas que facilitam a remoção de
sujidades. Os produtos desincrustantes são mais utilizados para a limpeza de
artigos e não de superfícies, pois os objetos precisam nele ficar submersos por um
período de tempo.
d) Produtos desinfetantes
Utilizados na presença de matéria orgânica visível em qualquer superfície e
em locais e instalações que possam constituir risco de contaminação para pacientes
e funcionários, devido presença freqüente de descarga de excreta, secreção ou
exsudação de material orgânico.
Exemplos: banheiros, expurgos e qualquer local em que tenha ocorrido
eliminação de matéria orgânica.
Segundo a Portaria 15/88 do Ministério da Saúde, os princípios ativos
permitidos para a desinfecção das superfícies fixas são: fenólicos; quaternários de
amônio; compostos orgânicos e inorgânicos liberadores de cloro ativo; iodo e
derivados; álcoois e glicóis; biguanidas; outros princípios ativos, desde que
atendam a legislação pertinente.
Para lactários, os princípios ativos mais adequados, devido à sua baixa
toxicidade, são: compostos inorgânicos e orgânicos liberadores de cloro ativo;
hipoclorito de sódio, lítio e de cálcio.
9. Princípios básicos para a limpeza hospitalar
1. Nunca varrer superfícies a seco. O ato de varrer
o piso favorece a dispersão de microorganismos que
podem estar vinculados às partículas de pó. Por
isso, recomenda-se a varredura úmida.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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2. Não é recomendado o uso de aspirador de pó. Pela mesma razão do ato de varrer,
exceto nas áreas administrativas, ou nas que possuem carpete.
3. Colocar o material de limpeza em carros móveis. Cada enfermaria deve possuir o
seu próprio utensílio de limpeza.
4. Utilizar 2 (dois) baldes de cores diferentes.
1º balde: solução detergente ou desinfetante.
2º balde: água limpa para enxágue.
5. Utilizar água e detergente para limpeza de superfícies. Os produtos químicos
ficam reservados apenas para superfícies que contém matéria orgânica ou em caso de
surtos com a indicação da CCIH.
6. Utilizar produtos químicos aprovados pelo Ministério da Saúde. Consultar sempre
que necessário a Portaria nº 15 do Ministério da Saúde.
7. Separar panos para diferentes superfícies e áreas. Usar pano de cores diferentes
para limpeza de paredes, pisos móveis, pias etc.
8. Obedecer aos sentidos corretos para limpeza:
-paredes e anexos: de cima para baixo;
-tetos: sentido unidirecional;
-pisos de quartos e enfermarias: do fundo para a
porta de entrada;
-piso de corredores, saguões etc.: de dentro para
fora, de trás para frente etc.
É importante que todo o profissional de saúde saiba nestas normas de limpeza
e desinfecção, pois você deve e pode ser um fiscal da instituição onde trabalha
desde que mantenha os princípios éticos profissionais. Nesse sentido, colaborando
com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da unidade onde você atua e
contribuindo para um índice menor de infecção.
Os profissionais responsáveis pela limpeza
hospitalar devem usar Equipamentos de Proteção
Individual - EPIs para garantir sua segurança.
Relembrando que equipamentos são esses.
As Máscaras, para proteção das mucosas do
nariz e boca, devem ser respiratórias (tipo
semifacial) e impermeáveis;
Os Aventais cuja utilização é sempre
recomendada quando houver possibilidade do
contato com material biológico ou superfícies
contaminadas. Devem ser de PVC e de comprimento
médio.
Para assegurar a proteção dos pés em áreas
com presença de material infectante em grande
quantidade, assim como em locais úmidos, as botas
de PVC - resistentes e impermeáveis com cano ¾ e
solado antiderrapante - são bastante utilizadas e proporcionam bons resultados.
Para proteger a mucosa ocular contra os respingos de sangue ou secreções, os
óculos com lentes panorâmicas confeccionados em plástico resistente oferecem
especial proteção lateral e válvulas para ventilação.
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 45
As luvas que protegem no contato com o material orgânico devem ser de cano
longo, resistentes, de cores claras e podem ser de borracha ou PVC.
Não devemos dispensar os uniformes que deverão ter calças compridas com
camisas de mangas 3/4, preferencialmente de cores claras, pois servem para proteger
e identificar os profissionais.
Os equipamentos de proteção individual dos profissionais da limpeza devem ser
lavados e desinfectados todos os dias e quando atingidos por sangue ou excreções
deverão ser substituídos incontinentemente.
Observação: O acréscimo no material didático ficará a
critério do professor.
Capítulo III - Classificação, Desinfecção e
Esterilização de Artigos Hospitalares
1. Introdução
Os artigos médico-hospitalares demanda
grande atenção pois são considerados como
veículos de transmissão de infecções. Assim,
ao primeiro uso e após cada uso, esses devem
ser submetidos a diferentes processos para a
redução ou eliminação total da contaminação
microbiana existente.
Esses processos variam de acordo com a
natureza do artigo, finalidade de uso e risco
de transmitir infecção e se repetem enquanto
mantiverem suas características originais, tanto na aparência como no
funcionamento, ou seja, os artigos são reprocessados.
Destacamos que os métodos de desinfecção e esterilização reduziram o risco de
transmissão de doenças pelos procedimentos cirúrgicos e não-cirúrgicos, assim como
pelas intervenções invasivas de maneira geral. Isto contribui para a qualidade do
cuidado se as medidas forem implementadas adequadamente.
Precisamos garantir que a reutilização dos materiais ocorra de maneira
segura. A limpeza, desinfecção e esterilização são recursos que viabilizam esta
condição.
Atualmente, as infecções endógenas são as mais valorizadas. Não podemos, no
entanto, deixar de dar atenção às infecções exógenas que normalmente têm como
fontes principais os profissionais de saúde, os artigos e os materiais por eles
utilizados em suas práticas diárias e o ambiente.
A desinfecção deve ser sempre precedida de limpeza, assim como, a
esterilização deve ser precedida de limpeza e de desinfecção. Nenhum processo
substitui a limpeza, mesmo os de desinfecção de alto nível ou de esterilização.
Portanto, limpeza e desinfecção são imprescindíveis na prevenção da infecção
relacionada aos artigos hospitalares.
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 46
2. Limpeza
A limpeza é a ação de remoção de
sujidade, matéria orgânica e
microorganismos de uma superfície através
da solubilização, enxágue e secagem.
No entanto, o que se vê
frequentemente é que não se dá atenção
devida à relação entre estes três
processos (limpeza, desinfecção e
esterilização). Isso se constitui em
fator de risco se considerarmos, face à
gravidade, a possibilidade da infecção hospitalar.
É preciso ressaltar que os fatores de risco de infecções dos pacientes,
relacionados ao processamento dos artigos, devem ser alvo de atualização da equipe
de enfermagem para garantir a segurança, não só no uso dos artigos, mas, também, do
ambiente. E, deste modo, preservar não só a saúde dos pacientes como a dos próprios
profissionais.
Não se deve delegar o processo de limpeza de artigos às pessoas não
devidamente qualificadas e treinadas; pois é a etapa de maior importância para a
eficácia da desinfecção e consequentemente esterilização dos artigos médico-
hospitalares.
A limpeza dos artigos hospitalares tem três grandes objetivos:
1. Remoção da sujidade;
2. Remoção ou redução de micro-organismos;
3. Remoção ou redução de substâncias pirogênicas.
Percebemos que os objetivos acima
citados, por si só, justificam sua
importância e aplicabilidade. Nesse
sentido, a limpeza pode ser feita
manualmente que é justamente a mais
usada nas unidades de saúde.
Não podemos ignorar que o uso de
EPI para o pessoal responsável pela
limpeza dos artigos é imprescindível. Na
limpeza manual usa-se escova de cerdas
macias e não devem ser usados materiais
abrasivos para não causar danos à superfície dos artigos.
Nesse contexto, evidenciamos que os desencrostantes (detergentes enzimáticos)
são muito utilizados para a limpeza de todo e qualquer artigo médico-hospitalar que
contenha matéria orgânica (principalmente aqueles que são mais longos, como os
cateteres, broncoscópios etc.).
Esses detergentes dissolvem sangue, fezes, restos mucosos, vômitos e outros
restos orgânicos. Por isso, são utilizados na limpeza automática de ultrassom e
lavadoras de endoscópios.
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 47
A limpeza automatizada faz uso de lavadoras mecânicas de modelos variados,
com a utilização de detergentes enzimáticos com propriedades anti-espuma, que não
são muito encontrados em nossas instituições. Essa limpeza diminui muito a
exposição do profissional aos riscos biológicos, principalmente, aos vírus das
Hepatites e da AIDS.
3. Desinfecção
A desinfecção é o processo de eliminação de
formas vegetativas, existentes em superfícies
inanimadas, mediante a aplicação de agentes
químicos e/ou físicos.
É normalmente obtida pela aplicação de
agentes físicos e químicos. Por agentes físicos, é
efetuada em lavadoras termo-desinfectadoras, em
equipamentos denominados pasteurizadores ou mesmo
em água fervente por 30 minutos. Nesse processo, é
necessário verificar a resistência do artigo à
temperatura elevada e umidade. Apesar do
processo de imersão ser letal à maioria das
bactérias na forma vegetativa e a alguns
esporos e vírus, esse é um processo considerado
obsoleto e operacionalmente complicado.
Nesse sentido, quando se pretende a
desinfecção, os agentes químicos são os mais
lembrados, apesar de sua toxicidade ao
trabalhador, ao meio ambiente e também aos
pacientes quando resíduos do produto são
absorvidos pela matéria-prima dos artigos.
O Ministério da Saúde, na Portaria nº 15,
de 23 de Agosto de 1988 determina que os
princípios ativos de desinfecção química sejam: aldeídos, fenóticos, quaternário de
amônia, compostos orgânicos liberadores de cloro ativo, iodo e derivados, alcoóis e
glicóis, biguanidas e outros, desde que atendam à legislação específica.
Com a variabilidade de itens a serem empregados na desinfecção, E. G.
Spaulding, em 1985, desenvolveu uma abordagem racional para as normas de
desinfecção e esterilização, amplamente divulgada e utilizada. Esta parte do
pressuposto de que a natureza da desinfecção poderia ser facilmente entendida com a
classificação dos artigos em três grupos, com base no grau de risco de infecção
associado ao uso destes itens.
Essa classificação é importante para a adoção de parâmetros necessários à
eficaz utilização dos agentes de desinfecção segundo o nível de ação germicida. A
desinfecção é divida em três níveis: alto, médio e baixo, e os artigos são
classificados em três categorias de acordo com o grau de risco de infecção
associado ao seu uso: Críticos, Semicríticos e Não-críticos.
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 48
Artigos críticos
Os artigos destinados aos procedimentos
invasivos em pele e mucosas adjacentes, nos
tecidos subepiteliais e no sistema vascular,
bem como todos os que estejam diretamente
conectados com este sistema, são classificados
em artigos críticos. Estes requerem
esterilização.
Ex. agulhas, cateteres intravenosos,materiais de implante, etc.
Artigos semi-críticos
Os artigos que entram em contato com a pele não íntegra, porém,
restrito às camadas da pele ou com mucosas íntegras são
chamados de artigos semi-críticos e requerem desinfecção
de médio ou de alto nível ou esterilização.
Ex. cânula endotraqueal, equipamento respiratório,
espéculo vaginal, sonda nasogástrica, etc.
Artigos não críticos
Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra
e também os que não entram em contato direto com o paciente
são chamados artigos não-críticos e requerem limpeza ou
desinfecção de baixo ou médio nível, dependendo do uso a
que se destinam ou do último uso realizado.
Ex. termômetro, materiais usados em banho de leito como
bacias, cuba rim, estetoscópio, roupas de cama do paciente, etc.
4. Classificação dos artigos X Processo de
desinfecção ou esterilização
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 49
CLASSIFICAÇÃO
DOS ARTIGOS DEFINIÇÃO TIPOS DE MATERIAIS
PROCESSO
A SER REALIZADO
Críticos
Artigos que
entram em
contato com
áreas estéreis
ou vasculares.
Instrumentos de fibra
ótica (broncoscópios,
colonoscópios), tubos
endotraqueais, circuito
de anestesia, circuito
de terapia respiratória
ou quaisquer objetos
que rompam as barreiras
naturais da pele e das
mucosas.
Esterilização
Semicríticos
Artigos que
entram em
contato com
mucosas e pele
não intacta.
Equipamentos
respiratórios
(máscaras, conexões
etc.), endoscópios,
equipamentos de
anestesia, termômetros.
Desinfecção de
alto ou médio
nível.
(avaliar cada
artigo
individualmente).
Não-críticos
Artigos que
entram em
contato com a
pele íntegra.
Estetoscópios,
otoscópios, utensílios
de refeição, roupas,
eletroencefalógrafos,
muletas etc.
Desinfecção de
baixo nível ou
limpeza.
(avaliar cada
artigo
individualmente).
Observação: O acréscimo no material didático ficará a
critério do professor.
Capítulo IV - Central de Material Esterilizado
(CME)
1. Definição
Setor do hospital que tem a responsabilidade
de fornecer materiais esterilizados para todas as
unidades que assistem o paciente.
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 50
Os materiais hospitalares, na sua maioria, têm uma associação importante com
a infecção hospitalar, por isso medidas eficazes deverão ser estabelecidas no
processamento destes artigos, visando a minimizar o risco de infecção hospitalar.
Estes artigos deverão ser submetidos a processos de limpeza, desinfecção ou
esterilização para alcançarem os objetivos imprescindíveis.
É primordial, para um bom desempenho dos profissionais que trabalham nessa
área, que a Central de Material Esterilizado (CME) possua uma boa infra-estrutura.
A CME tem como objetivo e finalidade encarregar-se de reprocessar, preparar,
esterilizar, ter sob sua guarda e distribuir os materiais hospitalares devidamente
esterilizados para todo o hospital ou centros de saúde.
Até a década de 1940, os materiais eram preparados nas unidades
hospitalares. Locais estes que não eram adequados para esse fim, o que tornava
difícil o controle do processamento dos mesmos. A partir do final da mesma década,
alguns hospitais começaram a se preocupar com a centralização dessa atividade.
Apesar de não terem, naquele momento, atingido os objetivos propostos em sua
plenitude, alguns hospitais, no início dos anos 50, já contavam com novas
estruturas e possuíam um espaço adequado para centralizar a esterilização do
material hospitalar. Na década 1970, os hospitais de maior porte e, principalmente,
os universitários com localização nas capitais começaram a possuir áreas próprias
para as atividades de esterilização dos materiais.
Atualmente, a CME classifica-se em três categorias, a saber: centralizada,
semicentralizada e descentralizada.
2. Classificação CME
A centralizada é aquela que oferece concentração de todo o material
esterilizado ou não, facilitando desta forma a qualidade e a quantidade de técnicas
de higienização, limpeza e também avaliação de todo o material de uma maneira
segura.
A semicentralizada oferece a vantagem de que a esterilização do material é
centralizada em um só lugar, mas cada unidade prepara seu material. Não chega a ser
o ideal, mas torna a credibilidade da técnica em única, o que traz mais
tranquilidade para o uso.
A descentralizada não deixa de trazer facilidades para aqueles que têm
dificuldades na execução da prática. Resolve o problema para aqueles que se
utilizam desta modalidade, constituindo, porém, uma preocupação com as
consequências, como o desvio de material, protocolos e rotinas fora do padrão e
falha na avaliação.
Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 307, de 14/11/2002, a
qual altera a resolução anterior, RDC nº 50/2002 (21/02/2002) do Ministério da
Saúde, ―a CME deve existir quando houver centros cirúrgicos, obstétricos e/ou
ambulatoriais, hemodinâmica, emergência de alta complexidade e urgência.‖
A CME deve ser dividida em, no mínimo,
três áreas:
1. descontaminação
2. empacotamento
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 51
3. esterilização/estocagem
Optamos por ressaltar essa Resolução face à importância do trabalho do
auxiliar e do técnico de enfermagem, bastante citados na mesma, quando ressalta as
áreas de descontaminação, empacotamento, esterilização/estocagem, que são de
inteira responsabilidade de vocês, com a supervisão do enfermeiro.
A área de descontaminação e limpeza deve possuir uma barreira física com
relação às demais áreas. O fluxo unidirecional em uma CME permite que os materiais
estéreis não se misturem com os não estéreis. A unidade pode se localizar fora do
estabelecimento.
A CME deve possuir piso e paredes de material lavável, resistente e
preferencialmente de cor clara e de fácil limpeza.
Do recebimento do material contaminado, até a entrega de material
esterilizado passa pelo seguinte fluxo progressivo:
3. Expurgo
É a área onde é realizada a limpeza,
descontaminação e consequentemente a reparação
de todo material contaminado. Área esta que se
caracteriza como um dos locais mais contaminados
da CME.
Todo material recebido na área de expurgo
deve ser imediatamente selecionado e limpo para
que não se acumule e a matéria orgânica não se
fixe, dificultando, desta forma, a limpeza.
Profissional desta área,deverá utilizar corretamente os EPIs, (gorro ou touca
descartável, avental, óculos de acrílico, luvas de borracha de cano longo (40 cm)
antiderrapantes ou nitrílicas) ao manusear instrumentos com material orgânico.
A utilização dos equipamentos de proteção
individual, indicada pelas normas do MS, em locais
onde se processa a limpeza e descontaminação dos
materiais, têm os seguintes objetivos:
1º Impedir que você entre em contato direto com
materiais ou objetos contaminados;
2º Oferecer segurança durante a sua exposição a
riscos biológicos.
É claro que todo material deve ter local
próprio para recebimento, como bancadas ou mesas
para apoiá-los e um horário para melhor viabilização
desse trabalho de acordo com as regras da
instituição.
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 52
Lembremos de alguns procedimentos importantes que não podem ficar esquecidos:
1º Ao receber o material, observe atentamente sua integridade, qual o tipo de
material que está recebendo e o seu código;
2º A limpeza pode ser realizada mecanicamente ou com produtos especiais, como os
detergentes enzimáticos;
3º Para o enxágue, dê preferência à água destilada;
4º Para facilitar a secagem recomenda-se o uso de equipamentos específicos;
5º A embalagem deverá ser feita de acordo com a forma e o tamanho do material e o
meio de esterilização;
6º As embalagens mais usadas são: papel grau cirúrgico, tecidos de algodão cru
duplo, papéis crepados e caixas metálicas;
7º Todo material deve ser anotado e identificado para possibilitar sua avaliação e
controle.
A seleção dos profissionais para
trabalhar na CME precisa seguir um critério
rigoroso, pois o tipo de trabalho exige
conhecimento, técnica, muita solicitude e,
principalmente, responsabilidade. O
funcionamento da CME exige que a qualidade
dos recursos humanos tenha unidade
(integração da equipe) visando maior
eficiência no controle e na prevenção da
infecção hospitalar.
O profissional precisa ser atento e
organizado, gostar do que está fazendo e, especialmente, compreender a importância
de suas práticas, executando-as corretamente.
Vamos nos deter na limpeza dos artigos, secagem, métodos de desinfecção dos
artigos hospitalares e a esterilização.
4. Limpeza
A limpeza é sempre o
processo que antecede a
desinfecção ou esterilização.
Deve-se observar sempre que todo
o material sujo de sangue ou de
secreção é considerado
contaminado e, portanto, a
limpeza e a secagem tornam-se
mais rigorosas.
A precaução é necessária no
processo de imersão de artigos
sujos em soluções de germicidas,
pela desvantagem que elas
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 53
oferecem. O nível de proteção não é plenamente conhecido, pois essas soluções
apresentam redução de atividade na presença de matéria orgânica, em maior ou menor
grau, sem contar com a desvantagem do alto custo.
A impregnação da matéria orgânica nos artigos, a toxicidade e ainda o despejo
de grandes quantidades de desinfectantes causam prejuízos ao homem e ao no meio
ambiente.
A limpeza terá que ser rigorosa, pois a falha na mesma impede a esterilização
devido à gordura e à sujeira que servem como proteção aos microorganismos e atuam
como barreira para o contato com agentes que fazem de fato a esterilização.
A limpeza pode ser manual, com máquina de lavar ou com máquina de ultrassom.
Não importa o método, o indispensável é que seja retirado inteiramente todo o
resíduo da matéria orgânica e/ou sujeira. O ideal é que a limpeza seja feita,
preferencialmente, com equipamentos que se utilizam de processos físicos e fazem a
limpeza simultaneamente com a descontaminação, como é o caso de lavadoras termo-
desinfectadoras que, ao mesmo tempo, lavam e reduzem a manipulação dos artigos.
Um outro processo de limpeza eficaz é o feito manualmente, com uma boa
fricção, auxiliado por escovas ou esponjas, porém é conveniente que este processo
seja precedido de uma imersão dos materiais em desencrostantes, preferencialmente
enzimáticos.
3. Secagem
A secagem é uma etapa que muito interfere nos
vários processos de esterilização. O que se recomenda
é o seguinte:
Ar comprimido medicinal - principalmente para os
materiais que possuam lúmen;
Estufas próprias;
Secadoras de ar quente ou frio;
Pano que seja limpo, absorvente e seco.
Lembramos que uma observação rigorosa deverá
ser efetuada após a secagem para verificar a presença
de qualquer processo de oxidação, secreção ou
umidade.
4. Desinfecção
Classificação da Desinfecção
A desinfecção é classificada em
vários níveis e com vários tipos de
desinfectantes. Os níveis são os
seguintes:
1º - Baixo nível
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Destrói as bactérias de forma vegetativa, micobactérias, alguns fungos e
vírus. As soluções usadas são o álcool etílico, não-propílico e isopropílico,
hipoclorito de sódio (dependendo da concentração).
2º - Médio nível ou intermediário
As soluções usadas são iguais às de baixo nível, os fenólicos e iodóforos.
3º - Alto nível
Elimina todas as bactérias, vírus, fungos e alguns esporos. As soluções são
hipoclorito de sódio (dependendo da concentração), glutaraldeído, solução de
peróxido de hidrogênio, cloro e compostos clorados, ácido peracético.
SOLUÇÕES INDICAÇÕES CARACTERÍSTICAS
Álcool 70% a 92%
Anti-sepsia da pele para
aplicação de injeções.
Desinfecção de mobiliários,
ampolas, termômetros,
estetoscópio, etc.
Eficácia diminuída na
presença de matéria
orgânica
Solução de álcool a
70% glicerinado
Anti-sepsia das mãos, na
impossibilidade da lavagem
convencional.
Previne infecção
cruzada entre pacientes
da unidade.
PVP-I
(Polivinilpirrolidona-
Iodo) degermante 10%
Anti-sepsia de pele, mãos e
antebraço da equipe cirúrgica.
Descontaminação do campo
operatório.
Neutralizado na
presença de matéria
orgânica.
PVP-I tópico 1 a 10%
Anti-sepsia da pele em
feridas superficiais –
curativo.
Anti-sepsia ginecológica.
Anti-sepsia para sondagem
vesical.
Neutralizado na
presença de matéria
orgânica.
Cloro orgânico
Cloro em pó: utilizado em
derramamento de fluidos
orgânicos.
Cloro líquido: utilizado em
desinfecção de superfícies e
limpeza concorrente e terminal
de pisos de área crítica.
Desinfetante clorado.
Ação: destruição de
microorganismos
patogênicos, inativação
de vírus. Não possui
ação esporocida.
Clorexidina 2%
Anti-sepsia da pele, mãos,
antebraço da equipe cirúrgica.
Descontaminação do campo
operatório, em pacientes
alérgicos a iodo.
Glutaraldeído
Desinfetante de alto nível
usado em alguns materiais da
UTI.
Tempo de ação: 30
minutos.
Desencrostante Limpeza de materiais, Detergente, remove a
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 55
instrumental utilizados em
materiais de curativo, material
respiratório.
sujidade e através da
remoção mecânica limpa
as superfícies.
Sabão líquido Utilizado para lavagem das
mãos.
Peróxido de
hidrogênio
Desinfetar equipamentos
endoscópio, anti-séptico para
feridas operatórias.
Ácido peracético
Desinfecção de alto nível ou
esterilização de instrumentos
endoscópio.
Fenol sintético
Material respiratório –
inalador, nebulizador,
traquéias, ambu.
Tempo de ação: 30
minutos.
Fenol a 4% Usado em frasco de controle
de diurese
Neutraliza o odor da
urina.
5. Esterilização
É o processo de destruição
de todas as formas vegetativa e
esporulada, fungos e vírus,
mediante a aplicação de agentes
físicos e químicos.
Todos os materiais
reprocessáveis utilizados no
hospital são encaminhados a CME,
onde se inicia o processo de
limpeza e ou desinfeccão na área
de expurgo.
Métodos de Esterilização
FÍSICOS QUÍMICOS
• Calor úmido - vapor saturado
sob pressão
• Calor seco - estufa,
• Irradiação - gama ou cobalto
60.
• Óxido de etileno
• Plasma de peróxido de
hidrogênio.
• Vapor de formaldeído a baixa
temperatura
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 56
Métodos físicos
São aqueles que utilizam calor nas mais variadas formas e radiações,
dependendo da unidade hospitalar. O método
mais utilizado é o de vapor saturado sob
pressão (autoclave). É o método mais
empregado por ser rápido, econômico e
eficiente.
Os materiais que podem ser
autoclavados são: metais, tecidos, látex,
borrachas, artigos termo-resistentes e
líquidos.
A embalagem dos materiais tem como objetivo permitir a entrada e a saída
do agente esterilizante, a fim de proteger os artigos contra substâncias
contaminantes e as próprias agressões do meio externo.
Os materiais destinados a embalagens dos artigos são filmes
transparentes - não tecido, papel crepado, papel grau cirúrgico, caixas
metálicas perfuradas e tecido de algodão cru (atualmente não muito usado pela
dificuldade que se tem de monitorização do desgaste do tecido e a limitação da
quantidade máxima de reprocessamento, o que proporciona um curto período de
validade de esterilização).
Métodos Químicos
São métodos com certa dificuldade de manuseio e consequentemente deve-se
evitar sua utilização. O método consiste em imersão dos artigos em líquidos
esterilizantes, requerendo cuidados
especiais.
A esterilização ocorre pela imersão
dos materiais em recipiente de plástico
fechado. Ao retirar os instrumentos, estes
deverão ser lavados com água estéril ou
álcool 70% (apenas para uso imediato).
Tempo: Desinfecção = 30 minutos
Esterilização = 10
horas
Observações:
-A solução perde a sua capacidade germicida com o uso e começa a se contaminar.
-Deve ser utilizado apenas quando o método físico (estufa / autoclave) não for
possível.
Desvantagens:
-Corrosão dos instrumentos;
-Odor das soluções;
-Poder irritante das soluções (pinça / luvas);
-Descoloração das superfícies.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Método Físico-químicos
Utiliza-se o óxido de etileno (ETO) - gás altamente
tóxico, facilmente inflamável e explosivo. O equipamento
empregado na utilização dessa substância é automatizado e
computadorizado.
Etapas de Esterilização
1. Conferência do material;
2. Classificação;
3. Limpeza física e descontaminação;
4. Enxágue;
5. Secagem;
6. Embalagem;
7. Identificação;
8. Estocagem e armazenagem;
9. Registro;
10. Validação do processo de esterilização; e
11. Distribuição.
6. Indicadores
Os indicadores que demonstram a eficácia dos métodos de esterilização podem
ser mecânicos, químicos e biológicos. São utilizados mais frequentemente para
métodos automatizados.
- Indicadores mecânicos: monitores de tempo, temperatura, pressão, relatórios
impressos computadorizados.
- Indicadores químicos: Consistem em tiras de papel impregnadas com tinta
termocrômica que mudam de cor quando expostas aos parâmetros de esterilização como
tempo e temperatura. O mais utilizado é o da classe 1 e
classe 6.
Classe 1
Indicadores de processo, indicam somente se o
artigo passou pelo processo de esterilização,
utilizamos fita zebrada em todos os pacotes
acondicionados na manta de polipropileno e no
campo de algodão cru.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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- Indicadores biológicos: indicam que a esterilização foi
efetiva através da inativação de indicadores com contagem
prévia de esporos viáveis conhecida.
7. Autoclave
Utilização
Instrumentos com juntas e cremalheiras
devem ficar na posição aberta e não
travados;
Instrumentos constituídos de mais de uma
ponta ou com partes deslizantes, devem ser
desmontados (por exemplo: os afastadores);
Não prender os instrumentos por elásticos
ou outros meios, pois dificulta a
circulação do calor;
Não apertar muito os pacotes nem deixá-los
muito frouxos;
Não usar tambores em inox, pois há
dificuldade na circulação de ar;
As embalagens de pano devem ser lavadas
antes do primeiro uso e após cada utilização;
Realizar testes de permeabilidade com água, o tempo de vazamento, comparando com
tecidos novos. O número máximo de reprocessamento desses tecidos varia de acordo
com a resistência dos mesmos.
Identificação
Colocar nome ou código do material acondicionado;
Colocar data da esterilização;
O funcionário responsável deve rubricar a embalagem do material esterilizado.
Procedimentos
Distribuir o material na câmara da Autoclave
em posição vertical, até dois terços de sua
capacidade;
Classe 6
Indicador de simulação, responde a todos os
parâmetros críticos do processo de esterilização.
Instrumentalização Cirúrgica I I
Página 59
Em caso de garrafas ou outros recipientes fechados, remover as tampas e distribuir
no aparelho em posição horizontal, não se esquecer de esterilizar as tampas;
Operar o aparelho de acordo com as instruções do fabricante.
Exigências
O material deve sair seco do aparelho, caso contrário, não estará esterilizado;
Não sobrecarregar o aparelho;
Não colocar o material quente em superfície fria, para evitar a condensação, o que
provoca umidade no material;
Fazer limpeza diária da câmara interna do aparelho, de acordo com as recomendações
do fabricante.
Observação: O acréscimo no material didático ficará a
critério do professor.
Capítulo V - Saúde Ocupacional
1. Controle de Infecção e o Profissional da Área da
Saúde
O Profissional da área da saúde pode adquirir
ou transmitir infecções para os pacientes, para
outros profissionais no ambiente de trabalho e para
comunicantes domiciliares e da comunidade. Deste
modo, os programas de controle de infecção hospitalar
devem também contemplar ações de controle de infecção
entre os profissionais da área da saúde.
As ações do Serviço de Saúde Ocupacional, no
que diz respeito ao controle de infecção, têm como
objetivos:
a) educar o PAS acerca dos princípios do controle de
infecção, ressaltando a importância da participação individual neste controle;
b) colaborar com a CCIH na monitorização e investigação de exposições a agentes
infecciosos e surtos;
c) dar assistência ao PAS em caso de exposições ou doenças relacionadas ao
trabalho;
d) identificar riscos e instituir medidas de prevenção;
e) reduzir custos, através da prevenção de doenças infecciosas que resultem em
faltas ao
trabalho e incapacidade.
2. Ações do serviço de saúde ocupacional
Para atingir os objetivos descritos anteriormente é necessário que o serviço
de saúde ocupacional atue nas seguintes áreas:
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Integração com outros serviços
As ações do serviço de saúde ocupacional devem ser coordenadas com o
serviço de infecção hospitalar e outros departamentos que se façam necessários.
Avaliações médicas
- Admissional, com histórico de saúde, estado vacinal, condições que
possam predispor o profissional a adquirir ou transmitir infecções no ambiente
de trabalho;
- Exames periódicos para avaliação de problemas relacionados ao trabalho
ou seguimento de exposição de risco (p. Ex. Triagem para tuberculose, exposição
a fluidos biológicos).
Atividades educativas
Todo pessoal precisa ser treinado acerca da política e procedimentos de
controle de infecção da instituição. A elaboração de manuais para procedimentos
garante uniformidade e eficiência. O material deve ser direcionado em linguagem
e conteúdo para o nível educacional de cada categoria de profissional. Grande
parte dos esforços deve estar dirigida para a conscientização sobre o uso do
equipamento de proteção individual (EPI).
Programas de vacinação
Garantir que o profissionais da área da saúde esteja protegido contra as
doenças preveníveis por vacinas é parte essencial do programa de saúde
ocupacional.
Os programas de vacinação devem incluir tanto os recém-contratados quanto
os funcionários antigos. Os programas de vacinação obrigatória são mais efetivos
que os voluntários.
Manejo de doenças e exposições relacionadas ao trabalho
Fornecer profilaxia pós exposição apropriada nos casos aplicáveis (p. ex.:
exposição ocupacional ao HIV), além de providenciar o diagnóstico e o tratamento
adequados das doenças relacionadas ao trabalho.
Estabelecer medidas para evitar a ocorrência da transmissão de infecção
para outros profissionais, através do afastamento do profissional doente (p.
ex.: pacientes com tuberculose bacilífera ou varicela).
Aconselhamento em saúde
Fornecer informação individualizada com relação a risco e prevenção de
doenças adquiridas no ambiente hospitalar; riscos e benefícios de esquemas de
profilaxia pós-exposição e conseqüências de doenças e exposições para o
profissional, seus familiares e membros da comunidade.
Manutenção de registro, controle de dados e sigilo
A manutenção de registros de avaliações médicas, exames, imunizações e
profilaxias é obrigatória e permite a monitorização do estado de saúde do
profissional da área da saúde.
Devem ser mantidos registros individuais, em condições que garantam a
confidencialidade das informações, que não podem ser abertas ou divulgadas,
exceto se requerido por lei.
3. Patógenos Transmitidos por Sangue
Instrumentalização Cirúrgica I I
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O profissional de saúde é uma das categorias
profissional expostas a muitos riscos ocupacionais, incluindo
riscos biológicos, químicos, físicos e psicossociais como o
"stress". Em relação aos riscos biológicos, o maior risco está
nos agentes que podem ser transmitidos por acidente ocupacional
com sangue e seus derivados. Os de maior risco são a hepatite
B, hepatite C e o HIV, sendo a via mais comum a exposição
percutânea com agulha, onde o agente infeccioso pode estar presente.
Hepatite B
A Hepatite B foi a primeira doença transmitida por sangue reconhecida como
risco profissional. Estima-se que em geral o profissional da área da saúde tenha
uma soroprevalência de duas a quatro vezes maior que a população geral, sendo os
dentistas, médicos, laboratoristas, enfermeiros e profissionais de unidades de
diálise e limpeza os mais expostos.
O risco de transmissão por uma única picada com agulha pode variar de 6 a
30%, dependendo da presença do antígeno da fonte. Além da exposição percutânea, a
exposição mucocutânea pode ocorrer porém o risco de soroconversão é menor.
A vacina para Hepatite B está disponível no mercado desde 1982, e o risco
de transmissão diminuiu nos últimos anos devido a vacinação.
HIV
O risco de aquisição de HIV ocupacional existe, porém é menor que o risco
de aquisição de Hepatite B e Hepatite C. Após o início da epidemia de AIDS,
medidas mais efetivas foram sugeridas para que se diminuísse o risco de aquisição
de patógenos veiculados por sangue.
Hepatite C
A hepatite C, também se apresenta como um risco de contaminação para o
profissional de saúde, sendo que a possibilidade de transmissão percutânea pode
variar de 3% a 10%, e a exposição de mucosas e pele com solução de continuidade
também representam um risco provável.
Ainda não há recomendação de profilaxia pré e pós-exposição ao vírus da
hepatite C, sendo até o momento a única prevenção o seguimento correto das normas
de "precauções padrão" para que se evite o contato do profissional com o vírus.
Observação: O acréscimo no material didático ficará a
critério do professor.
Capítulo VI - Resíduos dos Serviços de Saúde
1. Introdução
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Há pouco mais de uma década,
os Resíduos Sólidos de Serviços de
Saúde – RSS vem se tornando um
assunto bastante discutido causando
até polêmicas e controvérsias quanto
aos perigos que ele possa oferecer e
as medidas que seriam exigíveis para
evitá-los.
Resíduos dos Serviços de
Saúde (RSS): ―é a denominação
atualmente dada pela ABNT –
Associação Brasileira de Normas
Técnicas – a todos os resíduos dos
serviços de saúde, como sendo o produto residual não utilizável de atividades
exercidas por estabelecimento prestador de serviços de saúde‖. (ABNT- NBB –
12.807/janeiro 2003).
De acordo com a RDC ANVISA n° 306/04 e a Resolução CONAMA n° 358/2005, são
definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à
saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios,
funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de
medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos
de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses;
distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores
de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento
à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, entre outros similares.
Sabemos que a história dos resíduos é antiga, o homem produz o lixo desde a
sua origem na Terra. Percebemos que a cada ano ocorre o aumento da população e o
crescimento de consumo e consequentemente o aumento da produção dos resíduos. A
importância desse raciocínio nos faz refletir sobre o impacto dos Resíduos dos
Serviços de Saúde.
Resíduos de serviços de saúde,
mais comumente denominados ―lixo
hospitalar‖, são os rejeitos
resultantes de atividades exercidas
nos serviços relacionados com o
atendimento à saúde humana ou animal,
não só gerados em hospitais, mas
também em clínicas, laboratórios,
consultórios odontológicos e veterinários, farmácias, postos de saúde e outros
similares que, por suas características, oferecem risco de contaminação e por isso
necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento
prévio à sua disposição final.
Segundo dados do IBGE, 74% dos municípios brasileiros depositam "lixo
hospitalar" a céu aberto, 57% separam os dejetos nos hospitais e apenas 14% das
prefeituras tratam adequadamente os resíduos de serviços de saúde.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Portanto, os RSS podem representar grande risco ao homem e ao meio ambiente,
apesar de pequena parcela representativa no total da produção de resíduos em geral.
Diferentes microorganismos patogênicos presentes nos RSS mantêm-se vivos no
meio ambiente, entre eles, o Mycobacterium tuberculosis, Staphylococcus aureus,
Escherichia coli, vírus das Hepatites A e B.
Em condições ideais, o risco de transmissão de doenças através dos RSS é
praticamente nulo para pacientes e para a comunidade e extremamente baixo para o
profissional de saúde, restrito aos acidentes com pérfuro-cortantes que ainda
ocorrem em número elevado, mesmo nas instituições mais organizadas.
A imensa maioria das cidades brasileiras não tem tratamento e destino final
adequado para os resíduos sólidos domiciliares e de serviços de saúde. Em muitas
destas cidades existem os chamados lixões onde pessoas e animais sobrevivem do
lixo. Muitos hospitais, por falta de informação, ainda queimam lixo à céu aberto ou
em fornos improvisados ou obsoletos. Um grande número de Prefeituras coleta os RSS
em caminhões abertos, sujeitos a vazamentos e com operários despreparados para a
função e sem equipamentos de proteção individual (E.P.I.).
A Comissão Nacional de Meio Ambiente –
CONAMA, na Resolução nº 358/05, define que ―cabe
aos estabelecimentos geradores de resíduos seu
próprio gerenciamento, considerando desde a
geração até a disposição final, de forma a
atender aos requisitos ambientais e de saúde
pública e saúde ocupacional [...].‖
Diante disso, algumas ações mais ativas de
órgãos ambientais dos serviços de saúde, dos
quais fazem parte os hospitais, os laboratórios, as clínicas e outros
estabelecimentos, deverão ter seus próprios planos de gerenciamento de resíduos
aprovados pelo órgão ambiental local.
É bastante importante a discussão do impacto dos resíduos infectantes no meio
ambiente. É previsto em lei que, depois de passar pelo tratamento, o resíduo
infectante pode ser descartado como resíduo comum. Daí se conclui que todo resíduo
infectante, após sofrer descontaminação, pode ser considerado lixo comum.
Portanto, tanto para os profissionais de saúde, como os que manuseiam os
materiais perfuro-cortantes, ou pessoas sujeitas à exposição a aerossóis
infectantes no ambiente ocupacional, há risco de infecção quando o RSS infectante
for descartado erroneamente no meio ambiente.
O gerenciamento dos RSS é composto por um conjunto de atitudes gerenciais
planejadas e instituídas a partir de bases técnico-científicas e normas legais. O
objetivo dessas atitudes é diminuir a produção, oferecer segurança de
encaminhamento do RSS e, desta forma, preservar a saúde pública, os recursos
naturais e o meio ambiente.
O Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS)
estabelece as regras de manejo dos RSS de acordo com as características e o volume
dos mesmos.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Pela importância dessa prática, os profissionais da saúde, responsáveis pela
higienização, devem ser treinados com relação à identificação, classificação e
manuseio de resíduos.
2. Classificação dos Resíduos dos Serviços de Saúde
Segundo o modelo da CONAMA, os resíduos classificam-se em:
Grupo A – Resíduo Infectante ou Séptico ou Biológico
Grupo B – Resíduo Químico
Grupo C – Rejeito Radioativo
Grupo D – Resíduo Comum
Grupo E – Material perfurocortante
G rupo A – Resíduo Infectante ou Séptico ou Biológico
A1: Material Biológico – meio de cultura inoculado proveniente de
laboratório clínico ou de pesquisa, vacina vencida ou
inutilizada e outros.
Fique bastante atento no caso das vacinas, pois estas são
manuseadas amplamente pela enfermagem, portanto, de nossa
total responsabilidade.
A2: Sangue e Hemoderivados – bolsa de sangue, amostra de
sangue para análise e outros.
A3: Cirúrgico, Anatomopatológico e Exsudato – tecido, órgão, feto, peça
anatômica, sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia e
necropsia.
A4: Material perfurocortante – agulhas, ampolas, escalpes, lâminas de
barbear, bisturis, vidros e outros.
A5: Animais contaminados – carcaça ou parte de animal inoculado exposto a
micro-organismos patogênicos.
A6: Resíduos de assistência ao paciente e de assistência ao animal
contaminado – secreções, excreções e demais líquidos orgânicos procedentes de
pacientes, restos alimentares de pacientes em isolamento e outros.
Grupo B – Resíduo Químico
B1: Citostáticos e antineoplásicos – drogas quimioterápicas
e produtos por elas contaminados.
B2: Resíduos químicos perigosos – resíduo tóxico, corrosivo,
inflamável, explosivo, reativo, líquidos nucleares,
radiográficos.
B3: Resíduo e produto farmacêutico – medicamento vencido,
contaminado, interditado ou não utilizado.
Grupo C – Rejeito Radioativo
C1: Rejeito radioativo – material radioativo contaminado com radionuclídeos,
caracterizado conforme à Comissão Nacional de Energia Nuclear/Gerência de
Rejeitos em Instalações Radioativas - CNEN - NE - 6.05.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Grupo D – Resíduo Comum
D1: Resíduo comum – resíduo de atividade administrativa,
limpeza de jardins e restos alimentares não contaminados,
que devem ser acondicionados em saco preto quando não-
recicláveis e, no caso dos resíduos recicláveis em saco
azul.
Grupo E – Material perfurocortante
Grupo E – Material perfurocortante – agulhas,
ampolas, escalpes, lâminas de barbear, lâminas
de bisturi, brocas, limas endodônticas, pontas
diamantadas, lancetas; tubos capilares;
micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e
todos os utensílios de vidro quebrados no
laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea
e placas de Petri) e outros.
3. Os objetivos da separação dos resíduos em
categorias são os seguintes:
1. Racionalizar os recursos, permitindo-se tratamento específico e de acordo com as
necessidades de cada categoria;
2. Impedir a contaminação de grande quantidade de lixo por uma pequena quantidade de
material perigoso;
3. Intensificar as medidas de segurança onde estas forem necessárias;
4. Facilitar a ação em caso de acidente ou de emergência.
4. Tratamento dos Resíduos
Sólidos
Entende-se por tratamento dos
resíduos sólidos, de forma genérica,
quaisquer processos manuais, mecânicos,
Instrumentalização Cirúrgica I I
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físicos, químicos ou biológicos que alterem as características dos resíduos,
visando à minimização do risco a saúde, à preservação da qualidade do meio
ambiente, à segurança e à saúde do trabalhador.
Pela Resolução ANVISA nº 306/04, o tratamento consiste na aplicação de
método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes
aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes
ocupacionais ou de danos ao meio ambiente.
Esses processos têm como ponto fundamental a segregação e, dentro deste, os
processos secundários.
a) segregação
Constitui um ponto fundamental de todo o debate sobre a questão de perigo ou
não dos RSS. Consiste em separar o resíduo no local e momento onde ele é gerado,
obedecendo as suas características físicas, químicas, biológicas, a sua espécie, o
estado físico e a classificação.
A segregação tem como objetivos:
Impedir que os resíduos infectantes e químicos contaminem os resíduos comuns;
Facilitar a reciclagem;
Prevenir acidentes;
Racionalizar recursos e, consequentemente, reduzir os custos.
Nos RSS apenas uma parcela é infectante. No entanto, se ela não for
segregada, todo o restante que entrar em contato com esse resíduo e se misturar a
ele será considerado também infectante.
Outro aspecto a ressaltar é que a segregação dos RSS reduz os custos de
processamento, recupera os resíduos recicláveis e impõe a coleta seletiva.
Podemos então afirmar que os resíduos infectantes e químicos (grupos A e B)
devem passar por um tratamento prévio, a ser realizado pela fonte geradora, que tem
como objetivo modificar o resíduo infectante em inerte, bem como reduzir a toxidade
do resíduo químico.
b) Acondicionamento
O acondicionamento obedece a NBR-9191/2000. Deve ser feito em sacos plásticos
de cor branca leitosa, com a simbologia na cor preta.
Os materiais perfuro-cortantes serão
descartados no local de sua geração, logo após o
uso, em recipientes próprios com a simbologia de
material infectante (de acordo com a norma da ABNT
13853/97), obedecendo ao limite de 2/3 dos
recipientes, fechados e colocados em sacos de cor
branca leitosa.
Os resíduos químicos devem ser
acondicionados em recipientes rígidos e estanques,
conforme suas características físico-químicas.
Para os resíduos farmacêuticos B3 (NBR-12808 – ABNT), a norma recomenda a
embalagem em sacos plásticos, o encaminhamento à coleta e tratamento, verificando-
se sempre sua natureza química e o processo de tratamento. Serão considerados
conforme a recomendação da Resolução ANVISA RDC nº 33, de 25 de fevereiro de 2003.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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A identificação deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos
recipientes de coleta interna e externa, nos recipientes de transporte interno e
externo, e nos locais de armazenamento, em local de fácil visualização, de forma
indelével, utilizando-se símbolos baseados na norma da ABNT, NBR 7.500 - Símbolos
de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de Materiais, além de outras
exigências relacionadas à classificação e ao risco específico de cada grupo de
resíduos.
Os resíduos comuns – deverão ser acondicionados em sacos plásticos pretos,
não necessitam de processos diferenciados relacionados ao acondicionamento,
identificação e tratamento, devendo ser considerados resíduos sólidos urbanos -
RSU.
Os rejeitos radioativos gerados devem ser segregados e, de acordo com a
natureza física do material e do radionuclídeo presente, acondicionados em
recipientes adequados, etiquetados, datados e mantidos no local da instalação
destinado ao armazenamento provisório de rejeitos radioativos para futura
liberação, em conformidade com a norma CNEN - NE - 6.05 - Gerência de Rejeitos em
Instalações Radiativas.
No acondicionamento dos RSS é importante prestar atenção em algumas
recomendações importantes:
1. Os sacos plásticos devem ser preenchidos somente até 2/3 de sua capacidade;
2. As agulhas não devem ser retiradas das seringas nem reencapadas;
3. A lixeira para colocação do saco plástico deve possuir, necessariamente, tampa e
pedal, ser preferencialmente de cor clara, superfície lisa, de material rígido, e
de cantos arredondados para facilitar a limpeza;
4. Deve ser obrigatório o uso de EPI para o manipulador de resíduos.
c) Armazenamento
No armazenamento temporário dos resíduos que será em local específico e
sempre próximo da sua geração. Este procedimento visa a facilitar a coleta interna,
tornando mais fácil seu transporte entre os pontos geradores e o local destinado
para a coleta externa.
A coleta interna consiste em retirar os sacos
plásticos do seu ponto de geração e transportá-lo até o
armazenamento final. O veículo deve ser exclusivo e
especial para coleta dos resíduos nas unidades que os
produzem.
O transporte interno de RSS tem que ter sentido
único, roteiro definido e em horários especiais não
coincidindo com distribuição de alimentos, roupas, medicamentos, períodos de visita
Instrumentalização Cirúrgica I I
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e fluxo maior de pessoas e expresso no Plano de Gerenciamento de Resíduos de
Serviço de Saúde.
Para cada grupo de resíduos o transporte deve ser
feito em separado e em recipientes específicos. Os
recipientes devem ser de material lavável, impermeável,
rígido e com identificação de acordo com a regulamentação.
A coleta terá de ser feita por pessoal devidamente
treinado e fazendo uso de EPI. Durante a coleta, deve-se
evitar o rompimento dos recipientes. Em caso de acidente, a
desinfecção do espaço deverá ser feita imediatamente, e,
também, a notificação à chefia da unidade, visando à
minimização do risco a saúde, à preservação da qualidade do meio ambiente, à
segurança e à saúde do trabalhador.
O armazenamento intermediário deve ser realizado o mais isolado possível de
áreas de circulação de pessoas, dispensas, cozinha, possuir um sistema de tranca e
placas bem visíveis, com especificação da natureza dos resíduos contaminados e
deverá, também, ter limpeza periódica diária.
O armazenamento final tem de ser em ambiente
exclusivo, e armazenar, em espaços separados, os
resíduos comuns e infectantes. A construção,
localização e uso deverão seguir as normas da ABNT. A
lavagem e a desinfecção deverão ocorrer
simultaneamente em todos os carros e equipamentos ao
final de cada coleta e turno.
Na coleta e no transporte interno e externo dos
RSS é necessário preservar a integridade física dos
sacos ou materiais que acondicionam o resíduo (do abrigo externo do hospital até o
local de tratamento e destino final dos RSS), utilizando-se técnicas especiais, a
fim de preservar o meio ambiente e seguir as ordens dos órgãos de limpeza urbana.
Este transporte é feito em veículo próprio e exclusivamente destinado para este
fim.
O CONAMA determina que resíduos infectantes não podem ser jogados no meio
ambiente sem tratamento antecipado que assegure: "A eliminação das características
de periculosidade dos resíduos; a preservação de recursos naturais; e o atendimento
aos padrões de qualidade e de saúde pública.‖
A ABNT tem várias normas para a dispersão final do resíduo tratado, assim
como do lixo em geral. São de especial interesse as NBR 12.807, 12.808 e 12.809
(Manuseio de Resíduos de Serviços de Saúde) e a NBR 12.810 (Coleta dos Serviços de
Saúde).
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Observação: O acréscimo no material didático ficará a
critério do professor.
Capítulo VII - Vocabulário
Agente Infeccioso: agente biológico capaz de produzir infecção ou doença
infecciosa.
Anti-séptico: substância ou produto capaz de deter ou inibir a proliferação de
microrganismos patogênicos, à temperatura ambiente, em tecidos vivos.
Antissepsia: conjunto de medidas empregadas para impedir a proliferação
microbiana.
Assepsia: conjunto de medidas utilizadas para impedir a penetração de micro-
organismos (contaminação) em local que não os contenha.
Bactérias: forma vegetativa; quando estão realizando todas as suas atividades
metabólicas, como respiração, multiplicação e absorção. Os microrganismos, na
cavidade bucal, estão na forma vegetativa.
Colonização: propagação de um micro-organismo na superfície ou no organismo de um
hospedeiro, sem causar agressão celular. Um hospedeiro colonizado pode atuar como
fonte de infecção.
Contaminação: ato ou momento em que uma pessoa ou um objeto se constitui em
veículo mecânico de disseminação de um determinado agente patológico.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Degermação: é a remoção de detritos, impurezas, sujeira e microrganismos da flora
transitória e alguns da flora residente, depositados sobre a pele do paciente ou
das mãos através da ação mecânica de detergente, sabão ou pela utilização de
substâncias químicas (anti-sépticos).
Descontaminação: tem por objetivo a função dos microrganismos sem eliminação
completa devido à presença de matéria orgânica, realizado em instrumentais e
superfícies.
Desinfecção concorrente: é a aplicação de medidas desinfectantes o mais rápido
possível, após a expulsão de material infeccioso do organismo de uma pessoa
infectada, ou depois que a mesma tenha se contaminado com referido material. Reduz
ao mínimo o contato de outros indivíduos com esse material ou objetos.
Desinfecção de alto nível: destrói todos os micro-organismos na forma vegetativa
e alguns esporos.
Desinfecção de baixo nível: elimina a maioria das bactérias, alguns vírus e
fungos, não elimina o bacilo da tuberculose.
Desinfecção de nível médio: inativa o bacilo da tuberculose, bactérias na forma
vegetativa, alguns fungos e vírus.
Desinfecção terminal: feita no local em que esteve um caso clínico ou portador,
ocorrendo, portanto, depois que a fonte primária de infecção deixou de existir
(por morte ou por ter se curado) ou depois que ela abandonou o local. A
desinfecção terminal aplicada raramente é indicada no caso de doenças transmitidas
por contato indireto.
Desinfecção: é o processo de eliminação de formas vegetativas, existentes em
superfícies inanimadas, mediante a aplicação de agentes químicos e/ou físicos.
Desinfestação: destruição de metazoários, especificamente artrópodes e roedores,
com finalidades profiláticas.
Desinfetantes: substância ou produto capaz de deter ou inibir a proliferação de
microrganismos patogênicos em ambientes e superfícies do consultório, à
temperatura ambiente.
Detergente: substância ou preparação química que produz limpeza; possui uma ou
mais propriedades: tensoatividade, solubilização, dispersão, emulsificação e
umectação.
Disseminador: indivíduo capaz de eliminar micro-organismos para o meio ambiente.
Equipamento de proteção individual (EPI'S): são equipamentos de proteção
utilizados pelo profissional, pessoal auxiliar, paciente e equipamentos, a fim de
evitar contaminação e acidentes (gorro, máscara, avental, luvas, óculos de
proteção...).
Esterilização: destruição de todos os micro-organismos, inclusive de esporos,
através de processos químicos ou físicos.
Esterilizante: agente físico (estufa, autoclave) ou químico (glutaraldeído 2%,
formaldeído 38%) capaz de destruir todas as formas de microrganismos, inclusive as
esporuladas.
Instrumentalização Cirúrgica I I
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Fômites: objetos de uso pessoal do caso clínico ou portador, que podem estar
contaminados e transmitir agentes infecciosos e cujo controle é feito por meio da
desinfecção.
Fonte de infecção: pessoa, animal, objeto ou substância a partir da qual o agente
é transmitido para o hospedeiro.
Infecção Comunitária: Infecções não originarias de ambiente hospitalar sendo
adquiridas no meio social da comunidade. Em geral os germes não apresentam uma
resistência considerável.
Infecção cruzada: é a infecção ocasionada pela transmissão de um microrganismo de
um paciente para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente ou um instrumento
contaminado.
Infecção endógena: é um processo infeccioso decorrente da ação de microrganismos
já existentes, naquela região ou tecido, de um paciente. Medidas terapêuticas que
reduzem a resistência do indivíduo facilitam a multiplicação de bactéria em seu
interior, por isso é muito importante, a anti-sepsia pré-cirúrgica.
Infecção exógena: é aquela causada por microrganismos estranhos ao paciente. Para
impedir essa infecção, que pode ser gravíssima, os instrumentos e demais elementos
que são colocados na boca do paciente, devem estar estéreis. É importante, que
barreiras sejam colocadas para impedir que instrumentos estéreis sejam
contaminados, pois não basta um determinado instrumento ter sido esterilizado, é
importante que em seu manuseio até o uso ele não se contamine. A infecção exógena
significa um rompimento da cadeia asséptica, o que é muito grave, pois, dependendo
da natureza dos microrganismos envolvidos, a infecção exógena pode ser fatal, como
é o caso da AIDS, Hepatite B e C.
Infecção Nosocomial (Hospitalar): Toda infecção contraída em um estabelecimento
hospitalar. Essas infecções são adquiridas geralmente a partir do ambiente ou
pessoal hospitalar, do equipamento inadequadamente esterilizado ou da própria
microflora do paciente. São germes adaptados e ultra-resistentes.
Janela imunológica: intervalo entre o início da infecção e a possibilidade de
detecção de anticorpos, através de técnicas laboratoriais.
Limpeza: é a remoção de material orgânico e sujidade dos objetos, utilizando água
e sabão. Este processo deve proceder todas as outras ações de desinfecção e ou
esterilização. Realizada manual ou mecanicamente.
Portador: indivíduo que alberga micro-organismos que podem ser identificados
através de exame laboratorial, porém não apresenta sinais ou sintomas clínicos,
entretanto, serve como fonte de disseminação.
Procedimento crítico: é todo procedimento em que existe a presença de sangue, pus
ou matéria contaminada pela perda de continuidade.
Procedimento não-crítico: todo procedimento onde não há presença de sangue, pus
ou outra secreção orgânica(saliva). Em Odontologia não existe este tipo de
procedimento
Procedimento semicrítico: todo procedimento em que existe a presença de secreção
orgânica (saliva) sem perda de continuidade do tecido.
Sinal: evidência objetiva da doença.
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Sintoma: evidência subjetiva da doença.
Veículo: material ou objeto capaz de carrear o agente infectante.
Vetor: ser vivo que transporta passivamente (vetor mecânico) ou que permite
desenvolvimento do agente infectante (vetor biológico).
Observação: O acréscimo no material didático ficará a
critério do professor.
Capítulo VIII - Legislação
1. Lei Nº 9.431 de 6 de Janeiro de 1997
Dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção de programa de controle de
infecções hospitalares pelos hospitais do País
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Os hospitais do País são obrigados a manter Programa de Controle de
Infecções Hospitalares - PCIH.
§ 1° Considera-se programa de
controle de infecções hospitalares, para os
efeitos desta Lei, o conjunto de ações
desenvolvidas deliberada e sistematicamente
com vistas à redução máxima possível da
incidência e da gravidade das infecções
hospitalares.
§ 2° Para os mesmos efeitos,
entende-se por infecção hospitalar, também
denominada institucional ou nosocomial,
qualquer infecção adquirida após a internação de um paciente em hospital e que se
manifeste durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada
com a hospitalização.
Art. 2° Objetivando a adequada execução de seu programa de controle de infecções
hospitalares, os hospitais deverão constituir:
I - Comissão de Controle de Infecções Hospitalares;
II - (VETADO)
Art. 3° (VETADO)
Art. 4° (VETADO)
Art. 5° (VETADO)
Art. 6° (VETADO)
Art. 7° (VETADO)
Art. 8° (VETADO)
Art. 9° Aos que infringirem as disposições desta Lei aplicam-se as
penalidades previstas na Lei n° 6.437, de 20 de agosto de 1977.
Art. 10. (VETADO)
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
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Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 6 de janeiro de 1997; 176º da Independência e 109º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
2. Resolução Nº5, de 5 de Agosto de 1993
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE - CONAMA, no uso das
atribuições previstas na Lei 6.938, de
31 de agosto de 1981, alterada pelas
Leis nº 7.804, de 18 de julho de 1989,
e nº 8.028, de 12 de abril de 1990, e
no Regimento Interno aprovado pela
Resolução / CONAMA / nº 005, de 03 de
dezembro de 1986, Considerando a
determinação contida no art. 3º da
Resolução / CONAMA nº006, de 19 de
setembro de 1991, relativa a definição de normas mínimas para tratamento de
resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, bem como a
necessidade de estender tais exigências aos terminais ferroviários e rodoviários;
Considerando a necessidade de definir procedimentos mínimos para o gerenciamento
desses resíduos, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio
ambiente; e, Considerando, finalmente, que as ações preventivas são menos onerosas
e minimizam os danos à saúde pública e ao meio ambiente, resolve:
Art. 1º - Par os efeitos desta Resolução definem-se:
I - Resíduos Sólidos:
conforme a NBR nº10.004, da
Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT - ―Resíduos nos
estados sólidos e semi-sólido que
resultam de atividades da comunidade
de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d‘água, ou exijam para isso
soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia
disponível‖.
II - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos: documento integrante do
processo de licenciamento ambiental, que aponta e descreve as ações relativas ao
manejo de resíduos sólidos, no âmbito dos estabelecimentos mencionados no art. 2º
desta Resolução, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação,
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acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final,
bem como a proteção à saúde pública;
III - Sistema de Tratamento de Resíduos Sólidos: conjunto de unidades,
processos e procedimentos que alteram as características físicas, químicas ou
biológicas dos resíduos e conduzem à minimização do risco à saúde pública e à
qualidade do meio ambiente;
IV - Sistema de Disposição Final de Resíduos Sólidos: conjunto de unidades,
processos e procedimentos que visam ao lançamento de resíduos no solo, garantindo-
se a proteção da saúde pública e a qualidade do meio ambiente.
Art. 2º - Esta Resolução aplica-se aos resíduos sólidos gerados nos portos,
aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários e estabelecimentos prestadores de
serviços de saúde.
Art. 3º - Para os efeitos desta Resolução, os resíduos sólidos gerados nos
estabelecimentos a que se refere o art. 2º, são classificados de acordo com o Anexo
I desta resolução.
Art. 4º -Caberá aos estabelecimentos já referidos o gerenciamento de seus resíduos
sólidos, desde a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos
ambientais e de saúde pública.
Art. 5º - A administração dos estabelecimentos citados no art. 2º, em operação ou a
serem implantados, deverá apresentar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos,
a ser submetido à aprovação pelos órgãos de meio ambiente e de saúde, dentro de
suas respectivas esferas de competência, de acordo com a legislação vigente.
§ 1º - Na elaboração do Plano
de Gerenciamento de Resíduos, devem
ser considerados princípios que
conduzam à reciclagem, bem como a
soluções integradas ou consorciadas,
para os sistemas de tratamento e
disposição final, de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelos órgãos
de meio ambiente e de saúde
competentes.
§ 2º - Os órgãos de meio
ambiente e de saúde pública definirão, em conjunto, critérios para determinar quais
os estabelecimentos estão obrigados a apresentar o plano requerido neste artigo.
§ 3º - Os órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA,
definirão e estabelecerão, em suas respectivas esferas de competência, os meios e
os procedimentos operacionais a serem utilizados para o adequado gerenciamento dos
resíduos a que se refere esta Resolução.
Art. 6º - Os estabelecimentos listados no art. 2º terão um responsável técnico,
devidamente registrado e conselho profissional, para o correto gerenciamento dos
resíduos sólidos gerados em decorrência de suas atividades.
Art. 7º - Os resíduos sólidos serão acondicionados adequadamente, atendendo às
normas aplicáveis da ABNT e demais disposições legais vigentes.
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§ 1º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―A― do Anexo I desta
Resolução, serão acondicionados em sacos plásticos com a simbologia de substância
infectante.
§ 2º - Havendo, dentre os resíduos mencionados no parágrafo anterior, outros
perfurantes ou cortantes estes serão acondicionados previamente em recipiente
rígido, estanque, vedado e identificado pela simbologia de substância infectante.
Art. 8º - O transporte dos resíduos sólidos, objeto desta Resolução, será feito em
veículos apropriados, compatíveis com as características dos resíduos, atendendo às
condicionantes de proteção ao meio ambiente e à saúde pública.
Art. 9º - A implantação de sistemas de tratamento e disposição final de resíduos
sólidos fica condicionada ao licenciamento, pelo órgão ambiental competente em
conformidade com as normas em vigor.
Art. 10º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―A‖ não poderão ser dispostos
no meio ambiente sem tratamento prévio que assegure:
a) a eliminação das características de periculosidade do resíduo;
b) a preservação dos recursos naturais; e,
c) o atendimento aos padrões de qualidade ambiental e de saúde pública.
Parágrafo Único - Aterros sanitários
implantados e operados conforme normas
técnicas vigentes deverão ter previstos em
seus licenciamentos ambientais sistemas
específicos que possibilitem a disposição de
resíduos sólidos pertencentes a grupo ―A‖.
Art. 11º - Dentre as alternativas passíveis de
serem utilizadas no tratamento dos resíduos
sólidos, pertencentes ao grupo ―A‖,
ressalvadas as condições particulares de
emprego e operação de cada tecnologia, bem como considerando-se o atual estágio de
desenvolvimento tecnológico, recomenda-se a esterilização a vapor ou a incineração.
§ 1º - Outros processos de tratamento poderão ser adotados, desde que
obedecido o disposto no art. 10 desta Resolução e com prévia aprovação pelo órgão
de meio ambiente e de saúde competentes.
§ 2º - Após tratamento, os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―A‖ serão
considerados ―resíduos comuns‖ (grupo ―D‖), para fins de disposição final.
§ 3º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―A‖ não poderão ser
reciclados.
Art. 12º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―B‖ deverão ser submetidos a
tratamento e disposição final específicos, de acordo com as características de
toxicidade, inflamabilidade, corrosividade e reatividade, segundo exigências do
órgão ambiental competente.
Art. 13º - Os resíduos sólidos classificados e enquadrados como rejeitos
radioativos pertencentes ao grupo ―C‖, do Anexo I, desta Resolução, obedecerão às
exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.
Art. 14º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―D‖ serão coletados pelo órgão
municipal de limpeza urbana e receberão tratamento e disposição final semelhante
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aos determinados para os resíduos domiciliares, desde que resguardadas as condições
de proteção do meio ambiente e à saúde pública.
Art. 15º - Quando não assegurada a devida segregação dos resíduos sólidos, estes
serão considerados, na sua totalidade, como pertencentes ao grupo ―A‖, salvo os
resíduos sólidos pertencentes aos grupos ―B‖ e ―C‖ que, por suas peculiaridades,
deverão ser sempre separados dos resíduos com outras qualificações.
Art. 16º - Os resíduos comuns (grupo ―D‖) gerados nos estabelecimentos explicitados
no art. 2o, provenientes de áreas endêmicas definidas pelas autoridades de saúde
pública competente, serão considerados, com vias ao manejo e tratamento, como
pertencentes ao grupo ―A‖.
Art. 17º - O tratamento e a disposição final dos resíduos gerados serão controlados
e fiscalizados pelos órgãos de meio ambiente, de saúde pública e de vigilância
sanitária competentes, de acordo com a legislação vigente.
Art. 18º - Os restos alimentares ―In Natura‖ não poderão ser encaminhados para a
alimentação de animais, se provenientes dos estabelecimentos elencados no art. 2º
ou das áreas endêmicas a que se refere o art. 16 desta Resolução.
Art. 19º - Os padrões de emissão atmosférica dos processos de tratamento dos
resíduos sólidos, objeto desta Resolução, serão definidos no âmbito do PRONAR -
Programa Nacional de Controle e Qualidade do Ar, no prazo de 180(cento e oitenta)
dias, a contar da data de publicação desta Resolução, mantendo-se aqueles á
estabelecidos e em vigência.
Art. 20º - As cargas em perdimento consideradas como resíduos, para fins de
tratamento e disposição final presentes nos terminais público e privados,
obedecerão ao disposto na Resolução do CONAMA nº 002, de 22 de agosto de 1991.
Art. 21º - Aos órgãos de controle ambiental e de saúde competentes, mormente os
partícipes d SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente, incumbe a aplicação desta
Resolução, cabendo-lhes a fiscalização, bem como a imposição das penalidades
previstas na legislação pertinente, inclusive a medida de interdição de atividades.
Art. 22º - Os órgãos estaduais do meio ambiente com a participação das Secretarias
Estaduais de Saúde e demais instituições interessadas, inclusive organizações não
governamentais, coordenarão programas, objetivando a aplicação desta Resolução e
garantir o seu integral cumprimento.
Art. 23º - Esta Resolução entre em vigor na data de sua publicação.
Art. 24º - Revogam-se as disposições em contrário, especialmente os itens I, V, VI,
VII e VIII, da Portaria/MININTER/nº003, de 01 de março de 1979.
Observação: O acréscimo no material didático ficará a
critério do professor.
Capítulo IX - Referências Bibliográficas
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