instrumentação cirurgica

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Instrumentalização Cirúrgica I I Página 1 Capítulo I - Infecção Hospitalar 1. Introdução A infecção hospitalar é um tema que cada vez mais preocupa a comunidade da saúde, devido às suas enumeras implicações: -aumento do tempo de internamento dos doentes e do seu sofrimento; -despesas acrescidas para a instituição; -aumento do número de horas necessárias de cuidados para os profissionais de Saúde. Por isso, há uma preocupação constante nas instituições de saúde devido as infecções hospitalares. Evidentemente, o profissional de saúde ou o hospital não contamina voluntariamente seus pacientes, mas a inobservância de princípios básicos do controle das infecções hospitalares pode ter conseqüências drásticas. No entanto, a Enfermagem tem consciência da importância do seu papel no que tange à prevenção e ao controle da infecção hospitalar, por isso, é bom lembrar que o paciente hospitalizado, em geral, fica mais exposto à grande variedade de microorganismos, num momento em que se encontra menos preparado para combatê-los. O estresse da doença e o fato da internação constituem por si fatores de desestabilização, acrescidos pela diminuição dos mecanismos de defesa, bem como do tratamento invasivo que compromete a integridade da pele. Estes fatores exigem atenção e compromisso redobrado de toda a equipe de saúde. Assim, é importante ter profissionais conscientes, trabalhando em equipe, respeitando cada um dentro de suas funções, atualizando-se com freqüência e com capacidade de auto avaliarem-se. A ocorrência das infecções hospitalares e suas práticas de controle têm uma estreita relação com a história. Desde o surgimento dos hospitais, as infecções hospitalares existem. O início das preocupações com a infecção hospitalar no Brasil acompanhou o processo de industrialização acelerado que se iniciou no governo de Juscelino Kubischek e também a ocorrência de surtos por estafilococo resistentes a penicilina, pelos relatos vindos de países com medicina tecnologicamente avançada. Porém, somente em 1997 com a Lei Federal 9.431 de 06/01/97, que foi instituído a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, tendo como objetivo a redução máxima possível da incidência e gravidade das infecções nosocomiais. Em 13/05/98, o Ministério da Saúde editou a Portaria 2.616/98, com diretrizes e normas para a execução destas ações, adequando-as à nova legislação.

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Page 1: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 1

Capítulo I - Infecção Hospitalar

1. Introdução

A infecção hospitalar é um tema que cada vez

mais preocupa a comunidade da saúde, devido às suas

enumeras implicações:

-aumento do tempo de internamento dos doentes e do seu

sofrimento;

-despesas acrescidas para a instituição;

-aumento do número de horas necessárias de cuidados

para os profissionais de Saúde.

Por isso, há uma preocupação constante nas

instituições de saúde devido as infecções

hospitalares.

Evidentemente, o profissional de saúde ou o

hospital não contamina voluntariamente seus pacientes,

mas a inobservância de princípios básicos do controle das infecções hospitalares

pode ter conseqüências drásticas.

No entanto, a Enfermagem tem consciência da importância do seu papel no que

tange à prevenção e ao controle da infecção hospitalar, por isso, é bom lembrar que

o paciente hospitalizado, em geral, fica mais exposto à grande variedade de

microorganismos, num momento em que se encontra menos preparado para combatê-los. O

estresse da doença e o fato da internação constituem por si fatores de

desestabilização, acrescidos pela diminuição dos mecanismos de defesa, bem como do

tratamento invasivo que compromete a integridade da pele. Estes fatores exigem

atenção e compromisso redobrado de toda a equipe de saúde.

Assim, é importante ter profissionais conscientes, trabalhando em equipe,

respeitando cada um dentro de suas funções, atualizando-se com freqüência e com

capacidade de auto avaliarem-se.

A ocorrência das infecções hospitalares e suas práticas de controle têm uma

estreita relação com a história. Desde o surgimento dos hospitais, as infecções

hospitalares existem.

O início das preocupações com a infecção hospitalar no Brasil acompanhou o

processo de industrialização acelerado que se iniciou no governo de Juscelino

Kubischek e também a ocorrência de surtos por estafilococo resistentes a

penicilina, pelos relatos vindos de países com medicina tecnologicamente avançada.

Porém, somente em 1997 com a Lei Federal 9.431 de 06/01/97, que foi

instituído a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de Infecção

Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH),

definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente,

tendo como objetivo a redução máxima possível da incidência e gravidade das

infecções nosocomiais.

Em 13/05/98, o Ministério da Saúde editou a Portaria 2.616/98, com diretrizes

e normas para a execução destas ações, adequando-as à nova legislação.

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É neste contexto que as instituições tentam investir na prevenção de forma a

diminuir as despesas humanas e materiais apostando fortemente na sua prevenção.

2. Definições Segundo o Ministério da Saúde 2004:

Infecção é a resposta inflamatória provocada pela

invasão ou presença de microorganismos em tecidos

orgânicos.

Infecção Hospitalar é qualquer infecção adquirida

após a internação do paciente e que se manifesta

durante a internação ou mesmo após a alta, quando

puder ser relacionada com a internação ou

procedimentos hospitalares. Usa-se como critérios gerais:

1. Quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária

for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do

paciente, o caso deverá ser considerado como hospitalar.

2. Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver

evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da admissão,

considera-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se

apresentar 72 horas após a admissão. Também são consideradas hospitalares aquelas

infecções manifestadas antes de se completar 72 horas da internação, quando

associadas a procedimentos invasivos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados

previamente.

3. As infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das

transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a

24 horas.

Infecção Comunitária é a infecção constatada ou em

incubação no ato da admissão do paciente, desde que

não relacionado com internação anterior no mesmo

hospital. São também consideradas infecções

comunitárias:

1. As infecções associadas a complicações ou

extensão da infecção já presente na admissão, a

menos que haja troca de microrganismo ou sinais ou

sintomas fortemente sugestivo da aquisição de nova

infecção.

2. Infecção em recém-nascido, cuja aquisição

por via transplacentária é conhecida ou foi

comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (ex: Herpes simples,

toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS). Adicionalmente, são

também consideradas comunitárias todas as infecções de recém-nascidos associadas

com bolsa rota superior a 24 horas.

Tempo ou período de incubação de uma doença infecciosa é o intervalo de tempo

que transcorre entre a exposição a um agente infeccioso e a aparição do primeiro

sinal ou sintoma da doença de que se trate.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Desta forma, quando se conhece o tempo de incubação de uma infecção

específica,

deve-se considerar como infecção hospitalar todos os casos de pacientes

internados que manifestaram a referida infecção num intervalo de tempo, contado

desde a admissão do paciente até a primeira manifestação clínica, superior ao tempo

de incubação da doença.

Para saber mais sobre as diferenças conceituais entre a infecção comunitária

e hospitalar, observe o quadro do MS (2002):

CARACTERÍSTICA INFECÇÃO COMUNITÁRIA INFECÇÃO HOSPITALAR

Diagnóstico Antes da admissão hospitalar. A partir de 48 horas

após a internação.

Admissão

hospitalar

A infecção constatada ou em

incubação no ato da admissão

hospitalar, desde que não

relacionada a internamento

anterior.

Não se identifica

presença ou incubação

de infecção na

admissão hospitalar.

Complicações ou

extensão da

infecção

Associadas à infecção já

existente. Na presença de sinais e

sintomas fortemente sugestivos de

nova infecção, trata-se de

infecção hospitalar.

Associadas à nova

infecção, adquirida

durante a

hospitalização.

Recém-nascidos

Infecções com aquisição por via

transplacentária e que se tornou

evidente logo após o nascimento

(exemplo: herpes simples,

toxoplasmose, rubéola,

citomegalovirose, sífilis, HIV).

Adquiridas no pré-

parto e parto, bem

como pela colonização

do RN com os micro-

organismos

hospitalares.

É fato que as infecções

hospitalares aumentam o tempo de

hospitalização do cliente e, como

decorrência, elevam o custo dos

tratamentos. Falhas nas práticas da

assistência aumentam o risco de aquisição

de infecções para os pacientes, tais como:

falhas no processo de esterilização do

material, no preparo de medicamentos parenterais, bem como na execução de

procedimentos invasivos, entre outras.

Nesse sentido, é necessário evidenciar que as infecções hospitalares estão

situadas entre as principais causas de óbito no Brasil, ao lado das doenças

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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neoplásicas, respiratórias, infecciosas e cardiovasculares. Portanto, mostra-se

relevante ampliar os programas de orientações para prevenção e controle das

infecções hospitalares.

Podemos constatar que no ambiente hospitalar a proliferação de

microorganismos é muito grande e, quando aliada ao enfraquecimento dos mecanismos

de defesa do cliente, propicia, sem dúvida, o aumento das condições inerentes ao

acometimento das infecções hospitalares. Portanto, precisamos ficar atentos.

Teoricamente a infecção hospitalar pode ocorrer em qualquer pessoa que esteja

no hospital: pacientes, funcionários e até visitantes. Na prática constata-se que

todo o ambiente hospitalar é passível de acometimento de infecção.

Podemos assegurar que os índices de cada hospital variam de acordo com o tipo

de paciente atendido. As maternidades, por exemplo, apresentam um índice de

infecção hospitalar mais baixo por ser menos frequente que pacientes saudáveis

contraiam infecção.

Situação inversa ocorre nas unidades de transplantes, de quimioterapia e

hospitais de oncologia que apresentam altos índices de infecção hospitalar devido à

gravidade dos pacientes ali atendidos e à agressividade dos procedimentos

realizados nessas clínicas.

A transmissão de microorganismos no hospital se dá, com maior freqüência,

através das mãos dos profissionais de saúde que normalmente carregam os agentes de

um paciente para outro. A maneira mais eficaz da não transmissão é a higienização

das mãos antes e depois de qualquer contato com o paciente.

Embora grande parte das infecções hospitalares seja de origem endógena e

portanto de difícil prevenção, é considerável o número de infecções hospitalares

que podem ser evitadas.

3. Aspectos Históricos das Infecções Hospitalares

Se considerarmos a infecção

hospitalar como toda a infecção

transmitida ou adquirida no espaço

hospitalar, podemos mencionar que seu

surgimento ocorreu no período medieval,

época em que foram criadas as instituições

concebidas como alojamento dos doentes ou

não, peregrinos, pobres e inválidos.

Dessa forma, percebemos que estas

instituições abrigavam os excluídos, e,

por conseguinte, a disseminação de doenças

infecciosas era promovida por esta condição. Surgiram nessa época as epidemias de

cólera e peste por exemplo.

No século XVIII, iniciou-se a transformação dessas instituições de abrigo em

hospitais, como um local de assistência aos pobres, onde as pessoas eram internadas

para cura, medicalização e morte. Somente na primeira metade do século XIX, a

infecção hospitalar começou a ser mencionada pelos profissionais de saúde.

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O inglês James Young Simpson (1811-

1870), professor de cirurgia da Universidade

de Edimburg, observou em 1830 o aumento na

taxa de mortes pós-amputação, que ocorria

justamente em pacientes internados. Empregou

para este fato o termo ―hospitalismo‖, sempre

que se referia aos riscos ligados à

assistência hospitalar.

O médico Ignaz Philip Semmelweis em

1847 indicou a lavagem das mãos com ―água

clorada‖ para todo examinador, antes de tocar a mulher em trabalho de parto. Com

esta medida, conseguiu reduzir, satisfatoriamente, a taxa de mortalidade de 22 para

3% em apenas 7 meses.

Neste contexto, a enfermagem participou

ativamente em 1856 quando a enfermeira Florence

Nightingale padronizou os procedimentos de cuidados

de enfermagem, e focou a atenção nas questões de

higiene e limpeza do hospital. Além disso, Florence

apresentava sua preocupação com as doenças epidêmicas

e com as infecções hospitalares e suas repercussões.

Isso faz parte de nossa prática até hoje.

Outro destaque significativo foi de Joseph

Lister que publicou, em 1867, um trabalho importante:

o resultado de suas experiências sobre assepsia e antissepsia, e trouxe à luz o

conceito de cirurgia asséptica. Os resultados desses trabalhos abriram uma nova

fase na história da cirurgia – a chamada medicina antisséptica – que reduziu

consideravelmente a incidência das infecções cirúrgicas e pós-operatórias.

Apesar dos avanços históricos, alguns fatores contribuíram para a

disseminação das infecções: as enfermarias superlotadas, a permanência prolongada

dos pacientes, além dos cuidados precários prestados aos mesmos. Esta situação

marcou a primeira metade do séc. XIX.

Em contraponto, citamos na segunda metade do século XIX a incorporação de

novos conhecimentos como assepsia, antissepsia, desinfecção, esterilização e

antibioticoterapia. No entanto, estes foram incorporados na prática hospitalar no

começo do século XX, com o advento dos antibióticos.

Em 1928, o cientista Alexandre Fleming descobriu a penicilina, mas somente,

em 1939, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, dois cientistas, Howard Florey e

Ernst Chain, retomaram as pesquisas e conseguiram reproduzir penicilina em escala

industrial. Assim, iniciava-se uma nova fase para a medicina – a era dos

antibióticos.

A penicilina salvou muitas vidas durante a guerra, mas somente em 1942

observou-se significativa redução das infecções estreptocócicas nos pacientes

hospitalizados.

Na década de 1950, houve um significativo aumento das infecções hospitalares

com o surgimento de cepas de Staphylococcus resistentes à penicilina, provocando

surtos de infecção nos berçários, com taxa de mortalidade muito alta. Com isto,

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deflagraram-se eventos científicos internacionais e nacionais relacionados às

infecções hospitalares e ao seu controle.

Entre os eventos de maior repercussão destaca-se:

1958 - a Conferência Nacional sobre Doenças Estafilocócicas de Aquisição

Hospitalar, realizada em Atlanta nos Estados Unidos;

1962 - o Simpósio sobre Epidemiologia e Controle das Infecções Hospitalares;

1970 - a Conferência Internacional das Infecções Hospitalares.

Em 1965, nos Estados Unidos, um hospital foi obrigado a pagar indenização a

um cliente pelos danos causados em consequência de uma infecção hospitalar. Foi

então, o momento de se criar os Commiltthecs on Infections, e, dessa forma,

programar estudos sobre infecções hospitalares, procurando métodos mais efetivos de

vigilância dos hospitais.

Assim, ainda na década de 1960, houve o reconhecimento das infecções

hospitalares como problema de saúde pública. O Centers for Dieases Control (CDC),

recomendou a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares de forma

sistemática para todos os hospitais.

Em 1976, um Grupo de Trabalho promovido pela Oficina Regional da Organização

Mundial da Saúde - OMS se reuniu para discutir os problemas e os tipos de

investigações conduzidas para o controle das infecções hospitalares na Europa.

Essas discussões resultaram na concepção de que as infecções hospitalares estão

relacionadas a quatro fatores: paciente, microorganismos, meio ambiente e

administração, e que seu manejo depende de atuação multiprofissional.

Diante da importância de atuação multiprofissional, em 1979, um grupo

composto pelas diversas profissões da saúde se reuniu na Guatemala para preparar um

informe que refletisse os avanços na elaboração de um Programa de Controle de

Infecções Hospitalares na América Latina e Caribe.

Em 1996, a Organização Mundial de Saúde apresentou um guia prático sobre

controle de infecção hospitalar.

Com isso consideramos que o controle das infecções hospitalares está

relacionado à adoção de medidas curativas e individuais e que é de suma importância

a atuação multiprofissional, caracterizando a enfermagem como fundamental.

No Brasil

Entre 1950 e 1967 a área da

saúde no Brasil teve influências do

desenvolvimento do capitalismo e a

urbanização acelerada, com a

priorização da assistência médica

curativa e previdenciária. Ocorre a

sedimentação do sistema capitalista,

relacionada ao desenvolvimento

econômico no processo de

industrialização e o estabelecimento

de um governo autoritário, sob

ditadura militar.

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Foi desta época em que se tem relatado os primeiros casos de infecções

hospitalares. Após, iniciou-se a época que corresponde à primeira fase da ditadura

militar, na fase do milagre brasileiro. a saúde teve grande expansão na assistência

médica previdenciária, a qual entrou em crise diante de suas fragilidades.

Do período final da ditadura militar à transição democrática e a primeira

eleição direta para presidente, o qual foi conhecido como a ‗década perdida‘. Na

saúde ocorreram importantes mudanças, culminando com a institucionalização do

Sistema Único de Saúde - SUS.

Nessa década, ainda se atribuía a ocorrência de infecção aos hospitais, com a

preocupação relacionada a duas concepções: a ambiental e a procedimental. A maior

preocupação da primeira foi com estrutura física hospitalar (organização dos

serviços, medidas de higiene e saneamento, cuidados com lixo e esgoto), e a

concepção procedimental mencionava as técnicas de assepsia, antissepsia,

desinfecção e esterilização.

Na década de 50, a enfermagem participou ativamente do movimento que deu

origem a criação das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), por meio

da publicação de estudos e pesquisas voltados para o ambiente, ao processamento de

materiais e aos procedimentos de antissepsia.

Entre 1972 e 1976, foram elaboradas portarias, que determinavam a criação e

organização das comissões de controle de infecção. Momento esse, em que se

iniciaram estudos em hospitais brasileiros.

Com isso, percebemos que a década de 1970 foi marcada pelo estabelecimento de

iniciativas concretas para o controle das infecções hospitalares.

A década de 1980 foi marcada pela constatação generalizada da gravidade do

problema, com repercussões na mídia impressa, televisão entre outras, com

apontamentos de usuários, profissionais e representantes dos hospitais.

Atente para a evolução dos instrumentos legais que normatizam a prática de

controle das Infecções Hospitalares:

INSTRUMENTO

LEGAL DETERMINAÇÃO LEGAL

Portaria MS

n° 196/83

Determina que ―todo hospital, independente da entidade

mantenedora, porte ou especialidade, deve constituir comissão

de controle de infecção‖.

Portaria MS

n° 930/92

Estabelece normas práticas de controle das Infecções

Hospitalares e estabelece que ―todos os hospitais do país,

além de Comissões, deveriam também constituir Serviços de

Controle de Infecções Hospitalares, compreendendo, pelo menos

um médico e um enfermeiro para cada 200 leitos‖.

Lei n°

9431/97

Estabelece em seu artigo 1° a obrigatoriedade dos hospitais

manterem um Programa de Controle das Infecções Hospitalares

(PCIH). E em seu artigo 2° preconiza a constituição de

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Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) para

execução adequada do programa.

Portaria MS

n° 2616

Revoga a Portaria n° 930/92 e estabelece em seu artigo 1°

diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções

hospitalares. /e em seu artigo 2° define as ações mínimas

necessárias com vistas à redução máxima possível da incidência

das infecções hospitalares, que compõem o Programa de Controle

de Infecções Hospitalares.

A década de 1980 foi assinalada por processos de proporções, principalmente

aqueles relacionados às medidas de biossegurança, voltados para o surgimento da

infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (Human Immunodeficiency Vírus -

HIV) e a hospitalização dos infectados. Este é um evento que não pode cair no

esquecimento.

Um profissional informado do processo histórico das infecções hospitalares, é

capaz de atuar com mais afinco na prevenção e controle dessas infecções.

Nesse contexto, o CDC, a partir da década de 90, procurou ampliar o termo

―precauções‖, denominando-o Precauções Universais, visando também ao uso de

Equipamentos de Proteção Individual - EPI (máscara, luvas, avental e óculos

protetores) a serem usados sempre que houver a possibilidade de contaminação por

materiais biológicos.

4. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH

É um órgão de assessoria à autoridade máxima da

instituição de planejamento das ações de controle de infecção

hospitalar, que serão executadas pelo Serviço de Controle de

Infecção Hospitalar (SCIH).

O controle da infecção hospitalar está regulamentado

desde 1982 pelo Ministério da Saúde, quando da criação do

Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar. Contudo, só passou a

desenvolver estudos mais sérios e normas de controle mais rígidas nos hospitais a

partir da comoção popular provocada pela morte de Tancredo Neves — a infecção

hospitalar passou a ser temida pelos pacientes, aumentando os cuidados para evitá-

la.

O controle das infecções hospitalares passa,

portanto, por um conjunto de ações que ao serem

implementadas repercutem diretamente na melhoria da

qualidade dos serviços prestados pelos hospitais.

Esse conjunto de ações constitui o Programa de

Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) deve ser

implantado em nível hospitalar, municipal/distrital,

servindo como base de uma pirâmide, em cujo topo

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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está o Programa Nacional de Controle de Infecções Hospitalares. Daí, se conclui que

o PCIH a nível central só será realmente efetivo quando contar com uma base forte e

bem estruturada.

As ações e serviços voltados para a prevenção e o controle de infecções

hospitalares devem ser organizados de maneira a obedecer os princípios, diretrizes

e normas de organização, direção e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) definidos

através da lei 8080 de 19 de setembro de 1990. Assim cada nível de organização

político administrativa do país está encarregado de desenvolver suas ações de

Controle de Infecção Hospitalar com abrangência sobre sua população.

Para reduzir os riscos de ocorrência de infecção hospitalar, um hospital deve

constituir uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que é

responsável por uma série de medidas como o incentivo da correta higienização das

mãos dos profissionais de saúde; o controle do uso de antimicrobianos, a

fiscalização da limpeza e desinfecção de artigos e superfícies, etc.

Essa comissão deve:

-Desenvolver ações na busca ativa

das infecções hospitalares.

-Avaliar e orientar as técnicas

relacionadas com procedimentos

invasivos.

-Participar da equipe de

padronização de medicamentos.

-Prevenção e controle das infecções

hospitalares.

-Controle de limpeza da caixa de

água.

-Controle no uso de antibiótico.

-Implantar e manter o sistema de vigilância epidemiológica das infecções

hospitalares.

-Elaborar treinamentos periódicos das rotinas do CCIH.

-Manter pasta atualizada das rotinas nas unidades.

-Busca ativa aos pacientes com Infecção.

-Fazer analise microbiológica da água.

A CCIH é composta por membros executores e consultores. Os executores devem

oferecer o respaldo científico para toda a comunidade hospitalar e, portanto, são

encarregados da execução das ações programadas de controle de IH, que representa o

SCIH.

Os membros consultores são responsáveis por instituir as diretrizes para o

Programa de Controle de Infecção Hospitalar, no que se refere aos serviços médicos,

de enfermagem, de farmácia, de microbiologia que são os serviços mínimos que

compõem uma CCIH.

O Programa de Controle de Infecção Hospitalar é responsável pela coleta de

dados e pela identificação dos pacientes com infecções hospitalares. Em resumo, os

administradores determinarão a gravidade das mesmas para as devidas providências.

Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) possui profissionais

que deverão executar as seguintes tarefas:

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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-Detectar casos de infecção hospitalar,

seguindo critérios de diagnósticos

previamente estabelecidos.

-Conhecer as principais infecções

hospitalares detectadas no serviço e definir

se a ocorrência destes episódios de infecção

está dentro de parâmetros aceitáveis.

-Elaborar normas de padronização para que os

procedimentos realizados na instituição sigam

uma técnica asséptica (sem a penetração de

microrganismos), diminuindo o risco do

paciente em adquirir uma infecção.

-Colaborar no treinamento de todos os

profissionais da saúde no que se refere à prevenção e controle das infecções

hospitalares.

-Realizar controle da prescrição de antibióticos, evitando que os mesmos sejam

utilizados de maneira descontrolada no hospital.

-Recomendar as medidas de isolamento de doenças transmissíveis, quando se trata de

pacientes hospitalizados.

-Oferecer apoio técnico à administração hospitalar para a aquisição correta de

materiais e equipamentos e para o planejamento adequado da área física das unidades

de saúde.

Os profissionais que participam da CCIH devem possuir um treinamento para a

atuação nesta área. Há exigência legal para manutenção de pelo menos um médico e

uma enfermeira na CCIH de cada hospital. Isto está regulamentado em portaria do

Ministério da Saúde. Outros profissionais do hospital também devem participar da

CCIH. Eles contribuem para a padronização correta dos procedimentos a serem

executados. Estes profissionais devem possuir formação de nível superior e são

farmacêuticos, microbiologistas, epidemiologistas, representantes médicos da área

cirúrgica, clínica e obstétrica. Representantes da administração do hospital também

devem atuar também na CCIH para colaborar na implantação das recomendações.

5. Vigilância Epidemiológica

Segundo a Lei n° 8080 de 1990, que instituiu

o Sistema Único de Saúde (SUS), Vigilância

Epidemiológica ―é o conjunto de ações que

propiciam o conhecimento, a detecção ou prevenção

de qualquer mudança nos fatores determinantes e

condicionantes de saúde individual ou coletiva,

com a finalidade de recomendar e adotar medidas de

prevenção e controle das doenças ou agravos‖.

Se a definição oficial registra que esta atividade é o conjunto de ações, já

nos mostra que toda a equipe de saúde e, em especial, a equipe de enfermagem

participa dela ativamente.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares é a ―observação ativa,

sistemática e contínua da ocorrência e da distribuição dessas infecções entre os

pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições que afetam o risco de

suas ocorrências com vistas à execução oportuna de ações de prevenção e controle‖.

A vigilância epidemiológica tem sobre a saúde individual e coletiva grande

alcance e deverá ser feita de acordo com as características da instituição, da

população atendida, com grande abrangência e, principalmente, voltando sua atenção

para os procedimentos realizados.

Diante disso, é necessário estabelecer objetivos que orientem as ações da

equipe de enfermagem, por exemplo:

Detectar os surtos de Infecção Hospitalar;

Comparar as taxas de Infecção Hospitalar;

Incentivar a equipe para ações de Vigilância Epidemiológica;

Determinar os fatores de risco para atuar em Vigilância Epidemiológica.

Dessa forma, a Vigilância Epidemiológica é

alicerçada pela coleta de dados que devem compor um

formulário padronizado, com variáveis e indicadores

bem definidos, assim como conceitos e critérios. Para

a produção de conhecimentos, a busca ativa de dados

deve ser efetiva e contínua.

Tendo em vista essa afirmação, os dados

coletados não podem conter erros para não comprometer o andamento de todo o

processo da Vigilância. A coleta de dados deve, também, obedecer a um rigor maior,

quando estes são oriundos de unidades de atendimentos de maior gravidade, por

exemplo, UTI neonatal, onde a vigilância deverá ser diária.

Faremos a seguir alguns comentários sobre os métodos.

Vigilância global

Tem como meta a vigilância de todos os pacientes, ou seja, de todas as

unidades hospitalares. Dessa forma, avalia todo e qualquer episódio e como

vantagem, mostra a situação geral do hospital e dos vários setores e, como

desvantagem, gera indicadores limitados nas comparações inter-hospitalares. Por

isso, não permite avaliar riscos decorrentes das internações, dos diagnósticos e

das terapêuticas. Apresenta, também, custo elevado e mais tempo despendido pelos

profissionais.

Esses indicadores dificultam a atuação da equipe na análise dos dados de

vigilância no que diz respeito às ações de investigação e educação.

Vigilância dirigida

Esta é uma opção útil para os hospitais de poucos recursos. Reúne esforços

na solução de problemas próprios da instituição, limita-se a sítios e unidades

específicas, vigilância de surtos e rotatória. Vejamos suas características:

A vigilância por unidade específica facilita o desenvolvimento de ações de

vigilância epidemiológica por reunir pacientes dos mesmos setores, com riscos

análogos, por exemplo: pacientes cirúrgicos, oncológicos, de terapia intensiva

etc..

A vigilância de surtos exige o trabalho simultâneo com o laboratório de

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microbiologia e obedece a uma revisão diária dos resultados de conclusão.

A vigilância rotatória como o próprio nome sugere, é aquela realizada no

revezamento dos setores sob vigilância, detecta, assim, surtos ou qualquer outra

situação. Neste caso, a intervenção deve ser rápida, apesar da dificuldade, pois,

nem todos os setores estarão sob vigilância.

Vigilância por objetivos

O nome desta vigilância estabelece, antecipadamente, a definição dos

objetivos a serem alcançados na consecução das metas estabelecidas Não é muito

comum que os hospitais definam claramente as ações, porque ao final de qualquer

vigilância é a prevenção e o controle das infecções que interessam.

Coleta de dados

A coleta de dados para a vigilância das

infecções hospitalares pode ser feita de maneira

ativa ou passiva.

A ativa permite a identificação precoce das

infecções, sendo, portanto, de maior eficácia.

Propicia análises de fatores de risco e,

consequentemente, medidas de controle durante a

internação, assim como, a constante interação entre

os profissionais da CCIH com os das unidades hospitalares. Esta coleta é feita pelo

profissional enfermeiro da comissão de controle de infecção hospitalar que

normalmente visita as unidades de alto risco diariamente.

A forma passiva ocorre por meio da notificação dos casos. Essa forma é

prevista como a mais frequente, pois se espera que sejam notificados todos os casos

de doenças notificáveis atendidos pelos serviços de saúde, dependendo, então, da

iniciativa e conscientização dos profissionais que estão diretamente em contato com

esses casos.

As fontes de informação para a vigilância das infecções hospitalares são os

prontuários dos pacientes, os relatórios de enfermagem, os laudos radiológicos e

laboratoriais, as informações médicas e de enfermagem.

Exceto as unidades de alto risco que já citamos, a periodicidade da coleta

deve considerar a gravidade dos casos, o número e a complexidade dos procedimentos

realizados e a duração da internação.

Ressaltamos que pacientes com culturas positivas, com procedimento invasivo

em uso de antimicrobianos, com febre e tempo de permanência no hospital acima do

período normalmente estabelecido, podem constituir pistas para racionalizar o tempo

utilizado na coleta, sem, no entanto, prejudicar a sensibilidade do método

empregado.

Após a observação ativa, sistemática e contínua da ocorrência das infecções

hospitalares entre os pacientes, é necessário que os principais dados colhidos

sejam devidamente registrados pela equipe de enfermagem, com vistas à execução

oportuna de ações de controle, por exemplo:

Identificação do paciente (nome, sexo, data do

nascimento, peso em RN etc);

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Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 13

Dados da hospitalização (data da admissão, registro, número do leito, clínica ou

serviço rede em que o paciente recebeu o tratamento, alta ou óbito);

Informações sobre a infecção (data do início, sítio corporal: trato cirúrgico,

pulmonar, urinário etc);

Microorganismos isolados das culturas e antibiograma;

Fatores de risco (doença de base e procedimentos invasivos);

Antimicrobianos utilizados (nome, dose, via de aplicação e o tempo de uso).

6. Cadeia Epidemiológica

Atualmente, a grande maioria das infecções

hospitalares é causada por um desequilíbrio da

relação existente entre a microbiota humana normal e

os mecanismos de defesa do hospedeiro. Isto pode

ocorrer devido à própria patologia de base do

paciente, procedimentos invasivos e alterações da

população microbiana, geralmente induzida pelo uso de

antibióticos.

Por serem doenças transmissíveis, as infecções hospitalares apresentam uma

cadeia epidemiológica que pode ser definida a partir de seus seis elos: organismo

etiológico; reservatórios ou fontes; vias de eliminação; vias de transmissão; via

de penetração; e hospedeiro susceptível. A cadeia epidemiológica das infecções

hospitalares será descrita de acordo com os seus elos.

Organismo etiológico

São os microorganismo que provocam a infecção.

Exemplo: vírus, bactérias, protozoários ou fungos.

Reservatório

Termo utilizado para qualquer pessoa, vegetal, animal que forneça nutrição

para os microorganismos e possibilite a sua dispersão. As infecções podem ser

evitar eliminando o organismo etiológico do reservatório.

Exemplo: Pessoas, água, equipamentos.

Via de eliminação

O organismo deve ter uma forma de saída a partir do reservatório, fazendo com

que o hospedeiro infectado dissemine o organismo para outro hospedeiro ou para um

ambiente.

Exemplo: Excreções, secreções, pele, gotículas.

Via de transmissão

A via de transmissão é importante para ligar a fonte infecciosa ao seu novo

hospedeiro. Os microrganismos são transmitidos no hospital por vários meios: por

contato, por gotículas, por via aérea.

Exemplo: Contato direto, ingestão, fomitos, transmissão pelo ar.

Hospedeiro suscetível

É aquele onde o hospedeiro não possui imunidade para determinado patógeno.

Pacientes no ambiente hospitalar possuem fatores que os tornam mais susceptíveis

aos microrganismos.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Exemplo: Imunossupressão, diabetes, cirurgia, queimadura, idosos, recém-

nascidos.

Via de penetração

Apresenta-se como meio do organismo entrar no hospedeiro.

Exemplo: mucosa, trato GI, trato GU, trato respiratório, ruptura cultânea.

7. Higienização das Mãos Reconhecida como uma das medidas mais

eficientes na prevenção de infecção hospitalares, a

higienização das mãos é um procedimento simples que

merece muita atenção e sua eficácia depende da

duração e da técnica empregada.

A higienização das mãos para todos

profissionais envolvidos no atendimento ao paciente é

imprescindível. Porém, é conveniente que você a eleja

também a mais importante, garantindo desta forma, a sua participação técnica,

consciente, eficaz e altamente profissional.

Iremos diferenciar higienização das mãos de antissepsia das mãos

Higienização das mãos: É a remoção mecânica da sujidade e redução da microbiota

resistente. Nesta, utiliza-se água e sabão comum.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Antissepsia das mãos: é a redução da microbiota resistente e eliminação da

microbiota transitória com a ajuda de solução com propriedade germicida denominada

antisséptico. Nesta, utiliza-se água e sabão antisséptico e no caso de fricção

higiênica das mãos, utiliza-se um produto à base de álcool, normalmente em gel.

O tempo que se recomenda para a realização destes procedimentos é de 30

segundos e o volume a ser utilizado de sabão é de 3 mL. Não se esqueça de que a

técnica exige para a correta higienização, que o produto seja, inicialmente,

massageado na palma da mão e em seguida, distribuído em todas as suas faces com

atenção especial aos interdígitos e as articulações.

No que diz respeito à lavagem das mãos e antissepsia, o guia do CDC, de

outubro de 2002, faz as seguintes recomendações:

1. lavagem das mãos com água e sabão comum ou sabão

antisséptico sempre que estiverem visivelmente sujas ou

contaminadas com material protéico; ao iniciar o turno de

trabalho, após ir ao banheiro, antes e depois das

refeições, antes do preparo de alimentos, da manipulação

de medicamentos e nas situações descritas a seguir para

preparação alcoólica.

2. usar fricção das mãos com produto a base de álcool

para descontaminação rotineira das mãos, quando estas não estiverem visivelmente

sujas, nas seguintes situações clínicas:

-antes de contato direto com paciente;

-após a remoção das luvas;

-após contato com a pele intacta do paciente;

-após o contato com objetos inanimados ao redor do paciente;

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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-antes das refeições e após utilizar o banheiro lavar as mãos com água e

sabão comum.

3. Como alternativa para a descontaminação das

mãos nestas situações clínicas citadas acima,

é recomendada a lavagem das mãos com água e

sabão antisséptico:

-antes de calçar luvas estéreis;

-antes da inserção de cateter urinário,

cateter vascular periférico ou outro

dispositivo invasivo que não exija

procedimento cirúrgico;

-após contato com fluídos corporais ou excreções, membrana mucosa, pele não intacta

ou troca de vestimenta, mesmo que as mãos não estejam visivelmente sujas;

-ao cuidar do paciente, durante a mudança de manipulação de um sítio contaminado

para um sítio limpo.

As técnicas fundamentais de higienização das mãos, as quais podem variar

dependendo do objetivo ao qual se destinam. São divididas em:

Higienização simples das mãos.

Higienização anti-séptica das mãos.

Fricção de anti-séptico nas mãos.

Anti-sepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos.

Técnica para higienização das mãos

A eficácia da higienização das mãos depende da duração e da técnica

empregada. Para isto devemos realizar este procedimento durante 40 a 60 segundos.

Antes de iniciar a técnica é necessário retirar jóias (anéis, pulseiras,

relógio), pois sob tais objetos podem acumular microorganismos.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 18

8. Antissepsia X Assepsia Assepsia foi definida pelo Ministério da Saúde

como conjunto de medidas utilizadas para impedir a

penetração de microorganismos em local que não os

continha.

Conforme a definição, a prática da assepsia se

utiliza de meios apropriados para impedir a introdução

de microorganismos no organismo. Ela difere da

antissepsia, pelo fato de não empregar agentes

terapêuticos.

Neste contexto, os profissionais de saúde utilizam medidas de assepsia para

evitar, direta ou indiretamente, a transmissão de microorganismos.

Antissepsia consiste na utilização

de produtos (microbicidas ou

microbiostáticos) sobre a pele ou mucosa

com o objetivo de reduzir os

microorganismos em sua superfície.

(ANVISA).

Os conceitos parecem simples, mas se

pararmos para pensar nas atividades

desenvolvidas no dia-a-dia com nossos

pacientes percebemos em quais a

antissepsia precisa estar presente.

Vários são os produtos utilizados, dentre eles destacamos o iodo povidona

PVPI, o qual é muito utilizado na antissepsia e degermação. Porém, os diferentes

tipos de PVPI são utilizados em diferentes superfícies.

PVPI aquoso

Composto orgânico de iodo, não age na presença de materiais

orgânicos e eleva o nível sérico de iodo;

PVPI

degermante

Utilizado somente em pele íntegra, com a finalidade de

remover sujidade e reduzir a flora transitória e residente.

Deve ser retirado após o uso.

Tem indicação também na degermação da pele, mãos, área

cirúrgica e procedimentos invasivos.

PVPI

alcoólico

Indicado para uso em pele íntegra, após degermação das mãos,

com a finalidade de fazer luva química e demarcar a área

operatória, reduzindo a flora da pele;

Relação de alguns procedimentos em que a antissepsia é muito importante:

PROCEDIMENTOS SOLUÇÃO

UTILIZADA

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Antissepsia da mucosa:

Antissepsia das mucosas bucal, ocular, vaginal e

intestinal, ou dos locais em que pode haver lesão.

PVPI AQUOSO

Remoção de sujidade e redução da flora residual e

transitória:

Degermação2 da pele, principalmente na área cirúrgica e

procedimentos invasivos. Deve ser retirado após o uso.

PVPI

DEGERMANTE

Cuidados pré-operatórios:

Luva química, anti-sepsia de campo operatório após PVPI

degermante, demarcação da área cirúrgica.

PVPI

ALCOÓLICO

O antisséptico clorexidine aquoso faz a antissepsia, antes de procedimentos

invasivos, com um tempo de ação residual de 5 a 6 horas. Já o álcool a 70%

glicerinado tem ação imediata e faz a antissepsia de procedimentos que não

necessitam de efeito residual por serem de curta duração.

A antissepsia das mãos: em unidades de terapia intensiva, berçário de alto

risco, unidades de transplantes, hematologia e na realização de pré e de pós-

procedimentos e exames invasivos deve ser realizada utilizando-se a mesma técnica

de higienização das mãos, incluindo os antebraços, porém, usando os antissépticos

acima citados.

Observação:

Ao utilizar PVPI ou clorexidine não utilizar álcool a 70% imediatamente após,

pois este inativa a ação residual dos mesmos. O uso do PVPI é contra indicado em

recém-natos e grandes queimados devido a sua absorção transcutânea de iodo, podendo

acarretar hipertireoidismo. A clorexidine deve ser utilizada em caso de pacientes

ou funcionários alérgicos ao iodo.

9. Biossegurança e Equipamentos de Proteção

Individual – EPI

A biossegurança é uma ciência que surgiu para

controlar e diminuir os riscos quando se praticam

diferentes tecnologias, tanto aquelas desenvolvidas em

laboratórios, ambulatórios como as que envolvem o meio

ambiente. Também aparece em: indústrias, hospitais,

clínicas, laboratórios de saúde pública, laboratórios de

análises clínicas, hemocentros, universidades, etc.

É um termo que se aplica ao conjunto de ações

voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de

riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção,

ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de

serviços. Estes riscos podem comprometer a saúde do

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.

No caso dos profissionais de enfermagem, o foco principal desta disciplina

está na prática assistencial da profissão. Durante o desenvolvimento desta, o

profissional de saúde entra em contato com material biológico (sangue, secreções e

excreções tipo vômito, urina, fezes, sêmen, leite materno, escarro, saliva e outros

fluidos corporais).

Estes materiais biológicos podem estar alojando microrganismos, por isso

consideramos estes fluidos de pacientes ou os equipamentos e ambiente que tiveram

contato com eles, como potencialmente contaminados por germes transmissíveis de

doenças. Por não sabermos se os germes estão ou não presentes nestes equipamentos,

vamos sempre considerá-los contaminados. Desta forma, na nossa rotina de trabalho

sempre devemos estar conscientes da importância de nos protegermos ao manipularmos

materiais, artigos, resíduos e ambiente sujos de sangue e/ou secreções.

Ao profissional de enfermagem cabe, sobretudo, a consciência de sua

responsabilidade quanto à prática da biossegurança em todos os seus procedimentos

de trabalho e também junto aos seus pacientes para que, protegendo-se, possa

garantir suas boas condições de saúde para, assim, estar apto ao cuidado com o

próximo.

As metas específicas são:

Reduzir o número de microrganismos patogênicos

encontrados no ambiente de tratamento;

Reduzir o risco de contaminação cruzada no

ambiente de tratamento;

Proteger a saúde dos pacientes e da equipe de

saúde;

Conscientizar a equipe de saúde da importância de,

consistentemente, aplicar as técnicas adequadas de

controle de infecção;

Difundir entre todos os membros da equipe de saúde

o conceito de precauções universais, que assume que qualquer contato com fluidos do

corpo é infeccioso e requer que todo

profissional sujeito ao contato direto com

eles se proteja, como se eles apresentassem

o vírus da imunodeficiência adquirida ou da

hepatite B, C ou D;

Estudar e atender às exigências dos

regulamentos governamentais locais,

estaduais e federais.

Como sabemos, pela nossa prática

diária, a transmissão de agentes biológicos

relacionados com os profissionais de saúde

ocorre por meio de diferentes materiais e

vias de aquisição como a percutânea,

cutânea, mucosa, sangue, fluidos

corpóreos, secreções, fezes, aerossóis

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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primários e gotículas, que propiciam grande comprometimento para esses

profissionais.

As medidas de biossegurança não devem seguir a linha do exagero, porém não

devem ser desprezadas. As ações que contribuem para a segurança de vida no dia-a-

dia do profissional são genericamente consideradas medidas de biossegurança.

Esse argumento deixou bem clara a necessidade de motivar os profissionais que

atuam diretamente na assistência hospitalar a utilizarem os Equipamentos de

Proteção Individual (EPI) e seguirem as medidas preventivas na sua rotina diária,

mesmo que os assistidos não sejam portadores de doenças infecciosas. Além dos EPIs,

existem outras medidas que possibilitam a redução da probabilidade de adoecimento

para o profissional, como imunização ativa e/ou passiva: a quimioprofilaxia.

Dessa forma, precisamos compreender biossegurança como uma garantia de

direitos que direcionam e afirmam a saúde humana, a proteção do meio ambiente e o

desenvolvimento sustentável. Os procedimentos de biossegurança terão que ser

assegurados como instrumentos fundamentais no cotidiano dos profissionais de saúde.

Como sabemos todas as pessoas que trabalham em serviços de saúde estão

altamente expostas a vários agentes desencadeadores de doenças de ordem física,

química e biológica.

Entre os cuidados que os profissionais devem ter com relação à aquisição de

infecção ou transmissão de agentes desencadeadores de doenças de ordem física,

química e biológica está a atenção para com os materiais perfuro-cortantes. Para

estes, o Ministério da Saúde tem recomendações específicas de procedimentos, são

elas:

Máxima atenção;

Jamais utilizar os dedos como anteparo;

Agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa

com as mãos;

Não utilizar agulhas para fixar papéis;

Todo material perfuro-cortante: agulhas, scalpes, lâminas de bisturi, vidrarias

etc., mesmo estéreis, devem ser desprezados em

recipiente resistente à perfuração e ruptura, e com

tampa.

Os recipientes específicos para descarte de

material não devem ser preenchidos acima do limite

de 2/3 de sua capacidade total e devem ser

colocados sempre próximos do local onde é realizado

o procedimento.

As normas estabelecidas pelo Ministério de

Saúde apontam para a importância de os

profissionais tomarem os devidos cuidados com o intuito de evitar as taxas de

infecção ocupacional pelo HIV que são relativamente baixas em comparação com as

taxas dos vírus das hepatites B e C. Portanto, é conveniente que, no caso de

exposição a materiais biológicos, os procedimentos preconizados pelo Ministério da

Saúde, sejam devidamente considerados:

Cuidados locais na área exposta;

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Quimioprofilaxia antirretroviral;

Acompanhamento sorológico.

Todo profissional que atua em instituições de saúde está exposto a

contaminações, mesmo aqueles que trabalham em setores administrativos.

Toda a atenção e profissionalismo devem ser concentrados no desempenho das

atividades na área de saúde, principalmente, no que se refere aos materiais

orgânicos de contato diário, como fezes, secreções e sangue.

Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) destinam-se a proteger a

integridade física dos profissionais. Sua adequação está diretamente ligada à

atividade que se vai desenvolver e tem como objetivo a proteção do profissional ou

paciente exposto a substâncias perigosas, seja por absorção, inalação ou contato

físico.

Os EPIs incluem: protetores ou máscaras faciais, óculos protetores, luvas,

jalecos, avental emborrachado e calçados.

Máscaras

Fazem a proteção da mucosa nasal e

protegem dos aerosóis primários e perdigotos

contaminados (Gotículas minúsculas de saliva

que saem pela boca durante a fala de uma

pessoa). Este equipamento é considerado

eficiente se apresentar um mínimo de

filtração bacteriana de 95%, segundo as

entidades normativas.

Máscaras, protetores faciais e oculares ajudam a proteger as mucosas dos

olhos, nariz e boca, pois os líquidos corporais podem borrifar, respingar ou

pulverizar seu rosto.

Óculos protetores

Os olhos são muito susceptíveis a lesões microscópicas

e macroscópicas face sua limitada vascularização e baixa

imunidade.

O profissional que não fizer uso desses equipamentos

corre maior risco de infecções. Os óculos devem ser lavados

entre um paciente e outro de forma rotineira.

Luvas

Devem ser utilizadas nos procedimentos de risco

ocupacional aos fluidos corporais, tais como punção venosa

periférica, quando se entra na unidade de paciente infectado

ou colonizado por microorganismo resistente e deverão ser

descartadas assim que terminarem o procedimento.

São indicadas como barreira de proteção aos

profissionais de saúde, especialmente ao risco biológico.

Aventais

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Evitam a contaminação das roupas e protegem a pele do

profissional. Juntamente com os aventais, incluem-se em algumas

ocasiões, as perneiras, as botas ou os propés, evitando assim

borrifamentos de fluidos corpóreos.

A utilização desses equipamentos deve ser seguida rigorosamente

enquanto o profissional estiver trabalhando, independentemente do

diagnóstico ou do estado infeccioso do paciente. O objetivo é reduzir, ao máximo, o

risco de infecções de fontes conhecidas ou não.

Protetores Para Os Membros Inferiores

Os membros inferiores devem estar protegidos por calçados

fechados durante o trabalho em serviços de saúde e laboratórios.

Evitam acidentes que envolvem derramamento e salpicos de

substâncias de risco químicos e biológicos, impactos, pérfuro-

cortantes, queimaduras, choques, calor, frio, eletricidade etc. Os

trabalhadores não devem expor os artelhos, o uso de sandálias ou sapatos de tecido

é proibido na área de trabalho. O calçado deverá ser ajustado ao tipo de atividade

desenvolvida como: botas de segurança em couro, botas de PVC, botinas e outros

calçados de cano curto ou longo, com biqueira de reforço e solado antiderrapante.

Sapatilhas ou pró-pés descartáveis ou reutilizáveis são, geralmente, usadas em

áreas estéreis tanto em hospitais, laboratórios, biotérios e na indústria.

Toucas Ou Gorros

Nos ambientes de serviços de saúde, laboratoriais, dentre

outros, os cabelos devem permanecer presos para evitar acidentes

e contaminações por microorganismos, poeiras e ectoparasitos em

suspensão. Os cabelos dos trabalhadores, também podem contaminar

ambientes limpos ou estéreis ou contaminarem pacientes e o

produto do trabalho, por este motivo as toucas ou gorros devem

ser usados. Devem ser confeccionados em tecido que permita a

aeração dos cabelos e do couro cabeludo. Podem ser descartáveis ou reutilizáveis.

10. Prevenção de Infecção dos Principais Sítios

Introdução

As infecções hospitalares mais freqüentes são

as urinárias, em torno de (40%), as sepses (10%), as

cirúrgicas (25%) e as pneumonias (10%). As outras

infecções correspondem a uma proporção de 15%.

A taxa de mortalidade por infecção hospitalar

no Brasil mantém-se estável há décadas. A média é de

45 mil óbitos por ano em cerca de doze milhões de

internações hospitalares.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 24

A instrumentação do trato urinário representa o fator de risco mais

importante na aquisição de ITU, especialmente a sondagem vesical precedendo-a em

mais de 80% dos casos, e outras manipulações em 5 a 10%. Os fatores associados ao

hospedeiro, que resultam em maior incidência de infecção relacionada ao catéter

vesical são: idade avançada, sexo feminino, gravidez, puerpério, colonização do

meato uretral, urina vesical residual, doenças subjacentes graves e uso

indiscriminado de antimicrobianos. O agente predominante das infecções do trato

urinário é a Escherichia Coli.

A segunda topografia de infecção hospitalar em muitas instituições é a ferida

cirúrgica. O principal fator predisponente é o

potencial de contaminação da cirurgia, mas a duração do

procedimento e as condições pré-operatória do paciente

também têm grande importância. Outros fatores podem

influir na ocorrência de infecção, como a permanência

pré-operatória do paciente, predispondo-o a infecção

por cepas hospitalares mais virulentas e resistentes

aos antibióticos, a presença de infecção concomitante,

a utilização de corpos estranhos, como drenos e próteses, o estado nutricional dos

tecidos operados e principalmente a técnica cirúrgica.

A infecção do trato respiratório é geralmente a terceira principal topografia

de infecção hospitalar. Fatores como idade, patologia de base, instrumentação do

trato respiratório, colonização da orofaringe com flora intestinal favorecida pela

neutralização do pH do estômago e pelo uso de sondas, endoscopia, equipamentos de

terapia respiratória, broncoaspiração e biópsia transbrônquica predispõem ao

aparecimento dessas infecções.

a) Prevenção de Infecção do Trato Urinário

As infecções do trato urinário (ITU) são

de muita importância e também as mais frequentes,

acometem homens e mulheres em qualquer idade,

porém pessoas do sexo feminino são mais

suscetíveis pela sua própria condição anatômica.

É bom lembrar que a vulnerabilidade do

trato urinário é tão grande que as infecções, que

ali acontecem, apresentam grande importância,

mesmo nas doenças infecciosas comunitárias. Essas infecções acarretam muitas

complicações, bem como o aumento do ônus financeiro da terapêutica devido à

necessidade de prolongar o período de internação e o uso de medicação apropriada.

Na maioria dos casos, essas infecções são acompanhadas de bacteriúria. Na

drenagem pelo sistema fechado, que é a forma indicada, a taxa de aquisição de

bacteriúria é de 5 a 10 % por dia de cateterização.

Fatores de risco

Pacientes com déficit neurológico;

Pacientes que durante uma hospitalização, sejam cateterizados;

Gravidez;

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Homens com mais de 50 anos;

Diabéticos e transplantados renais etc.

Medidas preventivas

Lavagem das mãos antes e após a manipulação do sistema de drenagem;

Usar técnica asséptica de colocação do cateter;

Usar sonda com o menor calibre possível;

Fixar a sonda evitando desta forma movimentos que tracionam a uretra;

Nunca desconectar a sonda do sistema coletor;

Trocar todo o sistema, em caso de contaminação;

Manter o fluxo livre;

Esvaziar sempre a bolsa;

Evitar dobra nos tubos;

Dar preferência ao sistema coletor fechado;

Dar preferência ao sistema com válvula anti-refluxo;

Evitar que o sistema coletor de urina toque o chão;

Retirar o cateter assim que possível;

Manter o meato uretral limpo, destacando-se a higiene perineal;

Usar fralda descartável, especialmente em mulheres;

Usar condons em homens, como alternativa à cateterização;

Dar preferência ao cateterismo intermitente, especialmente em pacientes

domiciliares.

O tratamento será baseado nos critérios de diagnóstico e sempre que possível

em urocultura e antibiograma.

b) Prevenção de Infecções Respiratórias

Pneumonia ―é uma inflamação do parênquima

pulmonar causada por um agente microbiano‖

(ANVISA, 2004).

Os agentes mais comuns encontrados no

hospital são: Pseudomonas aeroginosa,

Staphylococcus aureus, Klebsiela.

Quando o paciente é imunocomprometido os

agentes mais envolvidos são: Pseudocystis carini,

Aspergillus fungicatus e Mycobacterium

tuberculosis.

Sabe-se que a penetração da bactéria é feita geralmente pela via aérea

superior e não causa, necessariamente, a pneumonia se existir um mecanismo de

defesa eficaz por parte do hospedeiro. No entanto, se a pneumonia se instala, ela

tem como causa vários agentes patogênicos, inclusive, bactérias, fungos, vírus,

micobactérias, clamídias, micoplasmas entre outros.

Fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de pneumonias:

Uso de ventilação mecânica;

Idade avançada;

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Presença de doença pulmonar crônica;

Alteração do nível de consciência;

Cirurgia tóraco-abdominal;

Trauma bronco-aspiração e outros.

Nesse processo, a prevenção para evitar fatores de risco é de extrema

importância. Temos de considerar os fatores predisponentes que são exatamente

aqueles que aumentam a frequência de aspiração e a quantidade de patógenos

inoculados que dificultam as defesas locais ou a imunidade do sistema. Os mais

importantes são a entubação endotraqueal com ventilação mecânica, que aumentam de

forma considerável o risco de pneumonia.

Mais de 50% das pneumonias nosocomiais estão associadas à ventilação mecânica

e 10% delas ocorrem em UTI. Segundo a ANVISA, a ventilação mecânica aumenta o risco

de aquisição de pneumonia hospitalar em comparação a pacientes não ventilados.

Medidas preventivas

Entubação

No ato da entubação deve-se usar luvas estéreis, máscara e óculos de

proteção. O avental deve ser utilizado para evitar a possibilidade de sujidade ou

respingos. Evitar a contaminação da cânula antes da introdução na orofaringe. O fio

guia deve ter sido desinfetado ou esterilizado e estar com embalagem adequada.

Traqueostomia

O procedimento deve ser realizada com técnica asséptica na sala de cirurgia,

exceto nos casos de urgência. Quando a cânula de traqueostomia necessitar de troca,

deverá ser substituída por outra esterilizada, usando técnica asséptica com luvas

estéreis.

O curativo da traqueostomia deve ser trocado quando necessário ou pelo menos

diariamente.

Aspiração

A aspiração deve ser realizada sempre que houver necessidade e não a

intervalos pré-fixados. O calibre da sonda de aspiração não deve ser superior à

metade do diâmetro

do calibre da cânula endotraqueal ou traqueostomia. Os frascos que

acondicionam a secreção deverão ser lavados diariamente com solução detergente. As

extensões dos aspiradores deverão ser lavadas e submetidos a desinfecção de alto

nível ou à esterilização na saída do paciente.

Outros Artigos

Após o uso do ressucitador manual (ambú), máscara ou fio guia, é necessário

submetê-los à desinfecção de alto nível ou esterilização, antes de serem usados em

outro paciente. Estes materiais devem ser guardados e mantidos em embalagens

plásticas fechadas.

O sistema de nebulização (máscara, circuito e frasco) deve ser trocado a cada

48 horas. Os inaladores devem ser limpos e desinfetados a cada uso e mantidos em

embalagem plástica (mesmo junto ao leito).

c) Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico

Page 27: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 27

Infecções do Sitio Cirúrgico

(ISC) são infecções que ocorrem

relacionadas à manipulação cirúrgica

acometendo tecido subcutâneo, tecidos

moles profundos (fáscia e músculo),

órgão e cavidades incisados. Enquadra-

se como aquelas que ocorrem até o 30º

dia de pós-operatório ou até 01 ano nos

casos de cirurgias com implante de

próteses.

É importante lembrar que o organismo agredido por uma cirurgia responde com

reações na luta pela sobrevivência como a inflamação, a revascularização e a

deposição de tecido cicatricial. Como consequência ocorre uma deficiência do

sistema imunológico, permitindo, desta forma, que com a presença do agente

patogênico o processo infeccioso se instale no próprio campo ou mesmo a distância.

Os patógenos causadores de ISC podem ser provenientes de três fontes:

microbiota do próprio paciente, da equipe de saúde (inclui deste item os

funcionários do Centro Cirúrgico) e também do ambiente inanimado, incluindo

material cirúrgico. Entretanto, há que se considerar que cada uma dessas fontes têm

sua ordem de importância, dependendo das próprias condições do paciente e dos

procedimentos realizados.

Praticamente qualquer agente infeccioso pode ser responsável por Infecção do

Sítio Cirúrgico. Em geral, elas são causadas por germes presentes colonizando a

pele ou as mucosas do próprio paciente, sendo freqüentemente polimicrobianas, em

especial após cirurgias abdominais. A freqüência relativa dos microorganismos pode

sofrer influência do antimicrobiano utilizado em esquemas profiláticos.

As taxas de ISC dependem diretamente do grau de contaminação da operação,

sendo para cirurgias limpas de 1% a 5%, para as potencialmente contaminadas de 3% a

11%, para as contaminadas de 10% a 17%e para as infectadas acima de 27 %, segundo o

Centers for Disease Control (CDC).

Vários são os fatores de risco relacionados à Infecção do Sítio Cirúrgico.

Para alguns destes fatores de risco, algumas medidas preventivas podem ser

preconizadas:

Fatores relacionados ao paciente

Idade

Os extremos de

idade têm

influência na taxa

de infecção

(maiores taxas são

encontradas em

pacientes com menos

de 1 ano e mais de

cinqüenta anos).

Doença preexistente

Admite-se que

pacientes com

múltiplas doenças

preexistentes têm

maior probabilidade

de contrair

infecção.

Obesidade

A obesidade é um fator de risco

comprovado para infecções. As razões

para esta susceptibilidade parecem ser

a irrigação local do tecido adiposo

que é comprovadamente pouco

vascularizada, associada a maior

duração dos procedimentos cirúrgicos e

trauma da parede abdominal. Além

disto, a área exposta do paciente

obeso à contaminação é bem maior, com

Page 28: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 28

a possível formação de espaços mortos

e com a utilização de sutura

subcutânea para fechá-los.

d)Infecções fora do sítio operatório

As infecções em locais afastados do sítio cirúrgico representam importante

fator de risco. As infecções distantes, especialmente as do trato urinário e do

acesso vascular são consideradas um fator de risco de infecção pós operatória,

independentemente de qualquer outro fator, havendo contra-indicação para cirurgias

eletivas. Pacientes que necessitem realizá-las devem receber antibióticos efetivos

para o controle do processo infeccioso, mantidos por tempo suficiente para

completar seu tratamento.

Diabetes

Controlar a glicemia em todos os

pacientes diabéticos, evitando,

particularmente hiperglicemia no pré-

operatório.

Tabagismo

Encorajar a suspensão do tabagismo no

mínimo instruir os pacientes a

suspender por 30 dias antes da cirurgia

eletiva o fumo de cigarros, charutos,

cachimbo ou qualquer consumo de tabaco.

Fatores relacionados à cirurgia

Antibioticoprofilaxia

A ausência de antibioticoprofilaxia nos casos em que seu emprego é

indicado é um fator de risco para ISC.

Classificação das cirurgias segundo o potencial de contaminação

Este fator, intrinsicamente relacionado ao tipo de cirurgia realizado,

reflete que a contaminação endógena é o mais importante fator para o

desenvolvimento da ISC.

Retirada de pêlos

A tricotomia aumenta o risco de ISC devido às lesões que provoca na pele

e, portanto, só deve ser realizada quando estritamente necessária, num período

inferior a duas horas antes do ato cirúrgico e, quando realizada nas áreas de

internação, deve preceder o banho; deve ser limitada a áreas em que o pêlo

dificulte a visualização ou manipulação do campo operatório. Os aparelhos

elétricos são menos lesivos à pele que os aparelhos com lâmina.

Preparo pré-operatório da pele

Seu objetivo é reduzir o risco de ISC pela contaminação da pele ao redor

do sítio cirúrgico, num curto espaço de tempo e com irritação mínima do tecido;

em geral, recomendam-se soluções de amplo espectro, com rápida atividade e que

possuam ação residual. Os antissépticos mais utilizados são o álcool (que

constitue em alternativa para procedimentos de curta duração), os iodóforos e a

clorexidina. A seleção do produto deve considerar a sensibilidade do paciente e

as condições de sua pele evitando assim, reações adversas às desejadas.

Degermação

A degermação deve ser feita com solução degermante de PVP-I ou

Page 29: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 29

clorexidina, seguida por enxagüe com compressa embebida em água estéril ou soro

fisiológico. Após o enxágüe, a anti-sepsia deve ser feita através da fricção com

produto de mesmo princípio ativo, em veículo alcoólico e a solução deve secar

espontaneamente. Para anti-sepsia de mucosas, recomenda-se o uso de soluções

aquosas de anti-sépticos, realizando-se duas aplicações. Quanto à técnica de

anti-sepsia, recomenda-se que os movimentos de espalhamento do produto devam

partir da incisão para as áreas periféricas.

Em relação ao banho do paciente no pré-operatório, recomenda-se que seja

realizado na noite anterior à cirurgia, podendo ser repetido no dia da cirurgia;

para este banho, pode-se usar sabão comum ou anti-séptico, se este for

disponível.

Técnica cirúrgica

A técnica cirúrgica é um importante fator que interfere com a cicatrização

e a ocorrência de infecções do sítio operatório. Vários aspectos relacionados à

técnica cirúrgica merecem ser enfatizados: manutenção adequada da hemostasia

preservando-se uma adequada perfusão tecidual, prevenção da hipotermia,

manipulação cuidadosa dos tecidos, adoção de cuidados para se evitar quebras de

técnicas, remoção de tecidos desvitalizados, utilização de materiais de suturas

e drenos apropriados, erradicação de espaços mortos e lavagem ou irrigação

tópica da ferida de feridas consideradas sujas ou contaminadas.

Drenos

Os drenos representam uma porta de entrada para germes, sendo que a

decisão para a sua colocação deve ser baseada em um avaliação criteriosa; quando

utilizados, devem ser retirados tão logo a sua indicação cesse. Cuidados

rigorosos na sua manipulação, incluindo lavagem das mãos e sistemas fechados

para drenagem, devem ser adotados nas atividades de rotina com estes pacientes.

Duração da cirurgia

Existe uma forte associação entre tempo de cirurgia e risco de ISC. O

risco de infecção é proporcional à duração do ato operatório, ou seja, quanto

mais longa a cirurgia, maior a taxa de infecção. A duração da cirurgia varia de

acordo com a complexidade do procedimento, dificultando a determinação do que

seria o ―tempo ideal‖.

Lavagem das mãos e degermação

Recomenda-se que a duração da escovação antes da primeira cirurgia deva

ser feita de 3 a 5 minutos e de 2 a 3 minutos para as subseqüentes. Tempos

superiores são desnecessários, causando lesões abrasivas de pele e risco de

emergência de organismos das camadas mais inferiores da pele; soluções

degermantes a base de iodóforos ou clorexidina são aceitas como anti-sépticos

nesta situação.

Estes dois procedimentos realizados em conjunto no CC diminui

acentuadamente as IH.

Paramentação cirúrgica

Deve ser feita de forma asséptica. A troca da paramentação deve ocorrer

quando estiver visivelmente suja com sangue ou outro fluído corpóreo

potencialmente infectante.

Page 30: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 30

A máscara cirúrgica deve cobrir totalmente a boca e o nariz, e deve ser

utilizada ao se entrar na sala cirúrgica se o instrumental estiver exposto ou a

cirurgia estiver em andamento e todo cabelo devem estar cobertos ao entrar na

sala cirúrgica.

Limpeza da sala de cirurgias

Ocorre um aumento significativo nas IH quando a limpeza da sala cirúrgica

e dos instrumentais não é feita da maneira correta.

Duração da hospitalização pré-operatória

Quanto mais longa a internação antes da cirurgia, maior será a incidência

de infecção. Nesse sentido, o estímulo às cirurgias ambulatoriais ou a

internação o mais próximo possível da cirurgia têm se tornado medidas

desejáveis.

Ressaltamos que a nossa responsabilidade em relação às infecções do sítio

cirúrgico não se restringem ao pré e intra-operatório. Destacamos a importância

do seguimento pós-alta para a obtenção de dados fidedignos sobre as infecções do

sítio cirúrgico devido à manifestação tardia na maioria dos casos, levando a

subnotificação quando o seguimento do paciente é realizado somente durante a

internação.

O diagnóstico para as ISC (infecção de Sítio Cirúrgico) podem ser clínicos,

laboratoriais e microbiológico.

• Clínico:

* Febre: manifesta-se em menos da metade dos pacientes com ISC.

* Geral: mal-estar, taquicardia, taquipnéia, hipoxemia, coagulopatia, topor e

coma.

* Local: dor, celulite (hiperemia, edema, calor e dor), drenagem de secreção

purulenta ou necrose tecidual.

• Laboratorial: leucograma infeccioso podem aparecer em aproximadamente 50%, dos

pacientes com ISC, neutrofilia com desvio para a esquerda, eosinopenia;

• Microbiológico: na suspeita de ISC, tentar sempre identificar o agente

infeccioso e sua sensibilidade a antibióticos, para direcionar tratamento

antimicrobiano eficiente, se necessário.

O tratamento consiste em aplicação de compressas quentes no local, isto pode

favorecer a resolução das ISC superficial e acelerar a flutuação de abscessos de

partes moles; a drenagem de coleções infectadas, este procedimento é importante,

pois permite a remoção de bactérias, piócitos, tecidos desvitalizados e corpos

estranhos (fios). Os abscessos profundos ou em cavidades podem ser drenados

cirurgicamente ou por punções; desbridamento de tecidos necróticos e realização de

curativo de forma asséptica.

Alguns pacientes cirúrgicos apresentam ISC causadas por microorganismos

multirresistentes. Considerando a presença de secreções no sitio cirúrgico, a

necessidade de manipulação diária da ferida cirúrgica e o risco de disseminação de

infecções, medidas de isolamento precauções devem ser utilizadas de acordo com o

próximo capítulo precauções e isolamento.

Page 31: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 31

11. Antibioticoprofilaxia Cirúrgica

A antibioticoprofilaxia permanece sendo uma

das principais responsáveis pelo uso incorreto de

antimicrobianos no hospital e a sua realização de

forma discutida e padronizada um dos pontos mais

importantes do programa de controle de

antibióticos.

A prevenção da infecção de sítio cirúrgico

(ISC) é constituída por medidas muitas vezes

complexas e de difícil aplicação, envolvendo

múltiplos profissionais, revisão de rotinas e mudanças de atitude e comportamento.

Por esta razão, uma simplificação, através de uma abordagem farmacológica para

prevenção de ISC é bastante atrativa. Entretanto, depositar toda a responsabilidade

da prevenção de infecções no uso de um fármaco, embora possa ser uma conduta

simples e prática para o cirurgião, pode se tornar um risco, caso as demais

atitudes de prevenção forem negligenciadas.

A profilaxia visa a prevenção de ISC, não tendo eficácia comprovada na

prevenção de outras complicações infecciosas, como pneumonia, infecção do trato

urinário e infecção de cateteres.

Por ser de eficácia limitada, a profilaxia com antimicrobianos não substitui

as demais medidas de prevenção.

A eficácia ou ineficácia de um esquema profilático não é perceptível na

prática diária. Assim, torna-se necessária uma vigilância sistemática e a

observação de grande número de casos para se avaliar o real valor do esquema.

Portanto, casos isolados de ISC ou mesmo taxas elevadas de infecção não podem

justificar o uso de profilaxia ou ser controladas com a mesma, a não ser que tenha

sido realizada uma avaliação metodologicamente rigorosa.

De uma maneira prática, recomenda-se que aplicação seja feita no momento da

indução anestésica. A dose do antimicrobiano a ser utilizada deve ser a habitual.

Critérios gerais para a escolha do antimicrobiano

A seleção de antibióticos para profilaxia cirúrgica depende de sua eficácia e

segurança. O antibiótico deve:

- Ter apresentação parenteral;

- Possuir mínima toxicidade;

- Ter baixo custo;

- Ser fraco indutor de resistência;

- Possuir farmacocinética adequada;

- Ser dotado de atividade contra a maior parte dos

patógenos causadores de isc na instituição;

- Não ser usado no tratamento de infecções nosocomiais

graves.

O benefício deve ser avaliado comparativamente aos

danos possíveis de causar. Por esta razão, drogas de

baixa toxicidade como as cefalosporinas e as penicilinas

Page 32: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 32

são, muitas vezes, as drogas de primeira escolha.

Controle do uso de antimicrobianos

Os antimicrobianos constituem uma

categoria única de medicamentos, pois afetam

não somente o paciente que faz uso, mas também,

de maneira mais ampla, o ambiente

microbiológico, interferindo com a flora de

outros pacientes e das pessoas que direta ou

indiretamente entram em contato. Os médicos, de

uma maneira geral, colocam o foco de

atendimento no paciente individualmente, sem

pesar as conseqüências ecológicas, sobre outros pacientes, para o hospital, para a

comunidade.

O aumento de resistência dos germes aos antimicrobianos e a maior prevalência

destas cepas no hospital, resultando em prolongamento na permanência, maior consumo

de antimicrobianos, aumento na morbidade, mortalidade e custo, tem acarretado um

problema para os médicos assistentes, para o pessoal de controle de infecção

nosocomial e para os administradores hospitalares.

A presença de um número cada vez maior de pacientes com diminuição de suas

defesas, o uso de novos procedimentos invasivos e de instrumentação, o

reconhecimento de novos organismos responsáveis por infecção, são algumas das

razões para que os germes multirresistentes tornem-se cada vez mais importantes. O

controle ou a erradicação de germes resistentes após tornarem-se endêmicos pode ser

bastante difícil.

O controle do uso de antimicrobianos, por tudo isso, não é uma opção, mas uma

necessidade de toda a comunidade que usufrui ou que trabalha nas instituições de

saúde e que não deveria permanecer restrita a estas, mas ser realizado em todos os

locais, impedindo ou limitando o consumo e uso incorreto e sem indicação, como a

venda sem prescrição, o uso para tratamento de infecções virais, a utilização de

subdoses, a promoção abusiva do produto por companhias inescrupulosas, impedindo a

prescrição por médicos ansiosos visando a ―cobertura de todos os agentes

possíveis‖.

A dose do antimicrobiano deve ser ajustada à intensidade da infecção, à

topografia da doença, ao peso do paciente e às funções renal e hepática, evitando-

se subdoses ou doses excessivas, que facilitam resistência e aumentam chance de

efeitos colaterais.

Desde que possível, deve-se escolher a droga com menor espectro de ação,

idealmente, que atue somente naquele tecido e contra aquele germe específico. A via

de administração deve ser a mais fácil, com preferência da oral sobre a parenteral.

O tempo de tratamento deverá ser determinado pela evolução clínica e laboratorial e

pela experiência com casos semelhantes. Deve-se escolher a preparação que

apresentar, com os mesmos resultados, o menor custo. Todo hospital deveria ter uma

política de uso de antimicrobianos, visando facilitar a prescrição, maior

racionalidade do uso, assegurando alguns agentes para o tratamento de infecções

potencialmente fatais, diminuindo custos.

Page 33: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 33

12. Precauções e Isolamento

A partir da epidemia de HIV/AIDS, do

aparecimento de cepas de bactérias

multirresistentes (como o Staphylococcus

aureus resistente à meticilina, bacilos Gram

negativos não fermentadores, Enterococcus sp.

resistente à vancomicina), do ressurgimento da

tuberculose na população mundial e do risco

aumentado para a aquisição de microrganismos

de transmissão sangüínea (hepatite viral B e

C, por exemplo) entre os profissionais de

saúde, as normas de biossegurança e isolamento ganharam atenção especial.

O isolamento ou precauções nas doenças transmissíveis esta indicada em

situações definidas e apenas durante o período de transmissibilidade das doenças.

Portanto esta recomendação sobre isolamentos deve se completar com o período de

incubação e transmissibilidade das doenças. Chamamos de isolamento, toda vez que

for necessário quarto individual ou coorte.

Objetivos

-Evitar a transmissão de infecção para o paciente e equipe

multidisciplinares.

O Conselho Consultivo de

Práticas de Controle de Infecção

Hospitalar do CDC/EUA defende um

sistema de precauções em duas etapas.

A primeira etapa é o Sistema de

precauções padrão ou básicas, que

utiliza as características principais

das PRECAUÇÕES UNIVERSAIS e aplica-se

a todos os pacientes, independente do

seu diagnóstico ou status sorológico.

A segunda etapa de precauções é para

pacientes com infecção conhecida ou

suspeita, que exijam mais que o padrão para prevenir disseminação exógena da

infecção. Três precauções baseadas na transmissão são propostas: precauções contra

aerossóis, gotículas e contato.

Precauções Padrão

São precauções a serem tomadas com todos os pacientes, independente do seu

estado infeccioso.

Para sangue

Para todos os líquidos, secreções e excreções.

Para pele integra

Para membranas mucosas.

As precauções padrão abrangem:

Page 34: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 34

- Lavar as mãos antes e após

cada procedimento.

- Usar luvas limpas, não

estéreis, quando em contato com

sangue, fluídos corporais,

secreções, excreções, mucosas e

lesões cutâneas abertas.

- Usar luvas durante

procedimentos invasivos e

punções venosas.

- Trocar de luvas para examinar

outro paciente, ou entre tarefas

e procedimentos no mesmo

paciente após contato com

material que possa conter alta

concentração de microorganismos.

- Remover as luvas prontamente

após o uso, antes de tocar itens e superfícies ambientais não contaminados.

- Usar máscaras e óculos protetores ao realizar procedimentos que possam gerar

gotículas de líquidos corporais.

- Usar avental longo para proteger a pele e a roupa, durante procedimentos e

atividades que possam gerar respingos de fluidos corporais, secreções e excreções.

- Lavar as mãos e a pele

imediatamente e cuidadosamente

após contato com sangue e

líquidos corporais.

- Não reencapar agulhas,

curva-las ou manipular.

- Os objetos pérfuro-cortantes

devem ser depositados em

locais apropriados com

material resistente.

- Ressuscitação boca a boca

deve ser evitada. Material

próprio para ressuscitação deve estar disponível no carro de emergência.

- Os profissionais de saúde devem ser vacinados contra a Hepatite B, Tétano e

Difteria.

- Todo profissional que apresentar lesão de pele em membros superiores, só deverá

exercer suas atividades após avaliação do Serviço de Medicina do Trabalho.

Precauções por modo de transmissão

No ambiente hospitalar, a transmissão de

microrganismos ocorre na maioria das vezes por contato,

Page 35: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 35

por via aérea e pela exposição a sangue e líquidos corporais ou indiretamente,

através de um vetor ou fômite.

a) Precauções para transmissão através de contato

Indicado para pacientes colonizados ou infectados por microorganismos

epidemiologicamente importante transmitidos pelo contato direto ou indireto.

- Infecções gastrointestinais, respiratórias, de pele e de ferida cirúrgica ou

colonização por agentes multi-resistentes de significância clínica ou

epidemiológica.

- Infecções entéricas (Clostridium difficile,

E. coli enteropatogênica, Shigella, Vírus da

hepatite A ou Rotavírus)

- Vírus sincicial respiratório, vírus

parainfluenza ou infecções virais entéricas em

crianças.

- Infecções cutâneas (difteria cutânea, herpes

simples neonatal ou mucocutâneo, impetigo,

grandes abscessos, celulite ou úlcera de

decúbito, pediculose, escabiose, furunculose estafilocócica em crianças, síndrome

da pele escaldada, herpes zoster disseminado ou em paciente imunocomprometido).

- Conjuntivite viral ou hemorrágica.

- Febres hemorrágicas (febre de Darsa, Marburg ou Ebola)

Os microrganismos podem ser transmitidos de uma pessoa a outra através do

contato com a pele ou mucosa. Podemos classificar este modo de transmissão em duas

categorias:

Contato direto:

Ocorre quando um microrganismo

é transmitido de um paciente a outro,

através do contato direto da pele, sem

que haja a participação de um veículo

inanimado ou fômite como por exemplo,

Herpes simples, Herpes zoster não

disseminado em imunocompetente,

feridas com secreção abundante não

contida, diarréia infecciosa em

paciente incontinente.

Contato indireto:

Quando a transmissão ocorre pelo

contato da pele e mucosas com

superfícies ambientais e nos artigos e

equipamentos de cuidados aos pacientes

contaminados por microrganismos, como

por exemplo, Enterococo resistente a

vancomicina.

Conduta

Page 36: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 36

·Quarto privativo ou comum para

o mesmo microrganismo.

·Lavar as mãos antes de sair do

quarto, evitando qualquer outro

tipo de contato manual.

·Utilizar luvas ao manipular

paciente, equipamentos e

mobiliários

·Utilizar avental, e após o uso

retirá-lo antes de sair do

quarto.

·Transporte do paciente -

Deverá ser evitado; quando

necessário, o material

infectante deverá estar contido

com curativo, avental ou

lençol, para evitar a

contaminação de superfícies.

(manter as precauções)

·Limpeza de artigos e superfícies, passar álcool 70% com maior frequência.

·Equipamentos e artigos de uso exclusivo ou desinfecção.

·Disponibilizar um hamper para roupa no

quarto.

b) Precauções para transmissão por gotículas

Ocorre através do contato próximo com o paciente, por

gotículas eliminadas pela fala, tosse, espirros e

realização de procedimentos como a aspiração de secreções.

As gotículas de tamanho considerado grande (>5m),

atingem até um metro de distância e rapidamente se

depositam no chão.

Indicados para pacientes que expelem gotículas maiores de 5 micra.

·Haemophilus influenzae tipo B

·Neisseria meningitidis

·Streptococcus pneumoniae multi-resistentes

·Difteria faringeana

Page 37: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 37

·Pneumonia por micoplasma

·Coqueluche

·Infecções estreptocócicas (faringite, pneumonia, escarlatina em crianças)

·Infecções virais (adenovírus, influenza, caxumba, parvovírus B19 e rubéola)

Conduta

Quarto Obrigatório,

privativo ou comum para o

mesmo microrganismo,

mantendo a porta fechada.

Utilizar máscara comum,

durante o período de

transmissibilidade de cada

doença, e para todas as

pessoas que entrarem no

quarto.

Utilizar máscara comum para

o transporte do paciente,

mas o mesmo deverá ser

evitado.

Os artigos e equipamentos deverão ser exclusivos para o paciente ou comum para

pacientes com o mesmo microrganismo.

c) Precauções para transmissão por aerossóis

Ocorre por partículas eliminadas durante a

respiração, fala, tosse ou espirro que quando

ressecados permanecem suspensos no ar, podendo

permanecer por horas, atigindo outros ambientes,

inclusive áreas adjacentes, pois podem ser carreadas

por correntes de ar.

Indicadas para pacientes com infecção

comprovada ou não, que expelem gotículas menores que

5 micra.

·Sarampo

·Varicela (incluindo zoster disseminado)

Page 38: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 38

·Tuberculose

Conduta

·Quarto privativo, com porta

fechada. O quarto deverá

dispor de sistema de

ventilação com pressão

negativa e 6 trocas de ar por

hora, com o uso do filtro

HEPA.

·Utilizar máscara respirador

N-95, por todo o profissional

que prestar assistência ou

realizar procedimento a

pacientes com suspeita ou

confirmação das doenças

supracitadas. Deverá ser

colocada antes de entrar no quarto e retirada somente após a saída do mesmo.

· O transporte do paciente deverá ser evitado; quando necessário o paciente deverá

sair do quarto utilizando máscara comum.

·Os artigos e equipamentos deverão ser

exclusivos para o paciente ou comum para

pacientes com o mesmo microrganismo.

Observação: O acréscimo no

material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo II - Higienização e Limpeza Hospitalar

1. Definição

Consideraremos como limpeza hospitalar a

limpeza das superfícies fixas e equipamentos

permanentes das diversas áreas hospitalares, o

que inclui pisos, paredes, janelas, mobiliários,

Page 39: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 39

equipamentos, instalações sanitárias, ar condicionado e caixas d‘água.

Os objetivos da limpeza são:

A remoção da sujidade visível;

A remoção, redução ou destruição dos microrganismos patogênicos;

O controle de disseminação de contaminação biológica, química.

A higienização do ambiente hospitalar é fundamental no rompimento da cadeia

epidemiológica das infecções, pois assume papel eficaz na prevenção e controle das

infecções.

É importante, a princípio, firmar a diferença de o ambiente hospitalar como

fonte ou reservatório dos agentes causadores de infecção. Tem-se definido o local,

como reservatório, como aquele onde o agente está presente, se metaboliza e se

replica. E fonte, como sendo o local onde o microorganismo passa para o hospedeiro

pelo contato direto ou indireto.

Por este motivo, o ambiente hospitalar

deve ser visto como fonte para as infecções

hospitalares e merece, portanto, uma especial

atenção e estudos constantes.

A higienização do ambiente hospitalar,

também denominada limpeza técnica hospitalar,

envolve a limpeza e a desinfecção das

superfícies fixas, equipamentos e mobiliários

que compõem as unidades de saúde.

Segundo a ANVISA, limpeza hospitalar é o processo de remoção de sujidades

mediante a aplicação de energia química, mecânica ou térmica, num determinado

período de tempo.

Ela consiste no primeiro passo para o reprocessamento de artigos, e está

intimamente ligada a qualidade final do processo, pois com a retirada da matéria

orgânica consegue-se diminuir o número de microrganismos sobre o artigo.

A destruição de microorganismos pode ser realizada com produtos germicidas

através do processo de desinfecção devendo ser observadas as condições de sua

utilização como toxicidade, tempo de ação, quantidade, concentração, etc.

A presença de sujidade principalmente matéria orgânica de origem humana pode

servir de substrato para sua proliferação ou favorecer a presença de vetores, com

possibilidade de transportar passivamente os germes.

A limpeza de paredes, corredores, pisos, tetos, janelas, portas deve ser

feita com água e sabão, a menos que haja respingo ou deposição de matéria orgânica,

quando é indicada a descontaminação.

Convém ressaltar que a prevenção das infecções, a manutenção do ambiente

limpo, a conservação dos equipamentos e a prevenção de acidentes de trabalho

constituem a finalidade da limpeza.

O Ministério da Saúde através da Portaria nº 930/92, classifica o hospital em

áreas de acordo com o risco para transmissão das infecções, levando em consideração

o tipo de paciente e/ou a atividade que ali se desenvolve. Esta classificação é

importante para que se possa definir o tipo de limpeza e desinfecção a serem

realizados.

Page 40: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 40

Assim sendo, o hospital é classificado nas seguintes áreas: área crítica,

semicrítica e não-crítica.

2. Área crítica

É aquela que oferece um risco maior de

transmissão de infecção porque se destina aos

pacientes graves, imunodeprimidos, com doenças

infecciosas cujo patógeno é de alta

transmissibilidade e local onde se realizam

procedimentos invasivos ou manuseio de peças

de material contaminado.

São exemplos de área crítica:

UTI Neonatal;

Unidade de Queimados;

Bloco cirúrgico;

Unidade de Isolamento;

Sala de Hemodiálise;

Central de Material e Esterilização – CME;

Banco de Sangue;

Área suja da Lavanderia;

Farmácia – local de preparo de Nutrição Parenteral Total;

Serviço de Nutrição e Dietética – preparo de nutrição enteral;

Laboratório de Patologia Clínica.

3. Área semicrítica

É aquela que apresenta menor risco de

transmissão de agentes de infecção em relação

às áreas críticas e que normalmente são

ocupadas por pacientes que não são portadores

de doenças infecciosas ou infecciosas de

baixa transmissibilidade.

São exemplos de área semicrítica:

Enfermarias;

Farmácia – diluição;

Banheiros;

Ambulatórios

4. Área não-crítica

É aquela onde não existe risco de transmissão e não

são ocupadas por nenhum paciente.

São exemplos de área não-crítica:

Page 41: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 41

Serviço Administrativo;

Almoxarifado;

Secretaria;

Serviços de apoio de raio X, ultrassom etc.

5. Tipos de limpeza

Limpeza concorrente

Aquela realizada com o paciente na unidade, feita regularmente todos os dias,

de acordo com a rotina da instituição e compreende a limpeza e desinfecção de

pisos, sanitários, superfícies de mobiliários e equipamentos, recolhimento de

resíduos e roupas sujas, assim como arrumação dos leitos;

Limpeza terminal

Esta limpeza é efetuada após a saída do paciente no ato da alta,

transferência ou óbito. Você deve entender que esta apresenta maior complexidade,

com abrangência não só na limpeza como na desinfecção de pisos, paredes, janelas,

tetos, equipamentos e mobiliários, incluindo-se leitos, bancadas e grades de ar

condicionado.

Limpeza de manutenção

Está destinada às áreas de grande rotatividade, tendo por finalidade manter o

ambiente limpo durante todo o período de trabalho.

Devem passar por limpeza imediatamente as sujidades de origem orgânica,

radioativas e químicas que apresentem riscos de disseminação e de contaminação.

6. Etapas do Processo de Limpeza/Desinfecção do

Ambiente Hospitalar

Page 42: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 42

Os produtos mais comumente empregados na

limpeza e desinfecção do ambiente são:

Água e sabão – solução utilizada na varredura

úmida de piso – limpeza;

Hipoclorito de sódio - usado após a limpeza,

deixar atuar por 10 minutos e limpar com pano úmido

– desinfecção de superfícies não metálicas,

geralmente contaminadas com matéria orgânica;

Álcool a 70% - usado após a limpeza, friccionando

por três vezes, para desinfecção de superfícies

metálicas contaminadas com matéria orgânica.

Antes de qualquer processo de desinfecção é indispensável à limpeza, pois, os

resíduos e as matérias orgânicas diminuem e/ou inibem a ação dos desinfetantes.

7. Considerações sobre produtos de limpeza de

superfícies fixas

A utilização de produtos de limpeza e de desinfecção se, for o caso, precisa

estar de acordo com as determinações da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

do hospital, as recomendações dos órgãos públicos de saúde e as especificidades

apresentadas pelos fabricantes. De outra forma, a sua seleção também deverá

considerar os seguintes critérios:

Quanto às superfícies, equipamentos e ambientes:

- Natureza da superfície a ser limpa ou desinfetada, e se a mesma pode sofrer

corrosão ou ataque químico;

- Tipo e grau de sujidade e sua forma de eliminação;

- Tipo de contaminação e sua forma de eliminação (microorganismo envolvido com ou

sem matéria orgânica presente);

- Qualidade da água e sua influência na limpeza e desinfecção;

- Método de limpeza e desinfecção, tipo de máquina e acessórios existentes. Caso o

germicida entre em contato direto com funcionários, considerar a irritação dérmica

e toxicidade;

- Segurança na manipulação e uso.

Quanto ao tipo de germicida:

- Tipo de agente químico e concentração;

- Tempo de contato para ação;

- Influência da luz, temperatura e ph;

- Interação com íons;

- Toxicidade;

- Inativação ou não em presença de matéria orgânica;

- Estabilidade e prazo de validade para uso;

- Condições para uso seguro;

- Necessidade de retirar resíduos após a utilização.

Page 43: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 43

8. Tipos de produtos químicos utilizados em limpeza

de superfícies fixas

a) Produtos tensoativos e

detergentes

Detergentes são os

produtos que contêm

necessariamente em sua

formulação tensoativos que têm

a finalidade de limpar através

da redução da tensão

superficial (umectação),

dispersão e suspensão da

sujeira.

b) Produtos alvejantes

Geralmente à base de

cloro, buscam, além de algum

efeito desinfetante, o clareamento de determinados pisos.

c) Produtos desincrustantes e enzimáticos

Os detergentes enzimáticos têm em sua formulação enzimas que facilitam a remoção de

sujidades. Os produtos desincrustantes são mais utilizados para a limpeza de

artigos e não de superfícies, pois os objetos precisam nele ficar submersos por um

período de tempo.

d) Produtos desinfetantes

Utilizados na presença de matéria orgânica visível em qualquer superfície e

em locais e instalações que possam constituir risco de contaminação para pacientes

e funcionários, devido presença freqüente de descarga de excreta, secreção ou

exsudação de material orgânico.

Exemplos: banheiros, expurgos e qualquer local em que tenha ocorrido

eliminação de matéria orgânica.

Segundo a Portaria 15/88 do Ministério da Saúde, os princípios ativos

permitidos para a desinfecção das superfícies fixas são: fenólicos; quaternários de

amônio; compostos orgânicos e inorgânicos liberadores de cloro ativo; iodo e

derivados; álcoois e glicóis; biguanidas; outros princípios ativos, desde que

atendam a legislação pertinente.

Para lactários, os princípios ativos mais adequados, devido à sua baixa

toxicidade, são: compostos inorgânicos e orgânicos liberadores de cloro ativo;

hipoclorito de sódio, lítio e de cálcio.

9. Princípios básicos para a limpeza hospitalar

1. Nunca varrer superfícies a seco. O ato de varrer

o piso favorece a dispersão de microorganismos que

podem estar vinculados às partículas de pó. Por

isso, recomenda-se a varredura úmida.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 44

2. Não é recomendado o uso de aspirador de pó. Pela mesma razão do ato de varrer,

exceto nas áreas administrativas, ou nas que possuem carpete.

3. Colocar o material de limpeza em carros móveis. Cada enfermaria deve possuir o

seu próprio utensílio de limpeza.

4. Utilizar 2 (dois) baldes de cores diferentes.

1º balde: solução detergente ou desinfetante.

2º balde: água limpa para enxágue.

5. Utilizar água e detergente para limpeza de superfícies. Os produtos químicos

ficam reservados apenas para superfícies que contém matéria orgânica ou em caso de

surtos com a indicação da CCIH.

6. Utilizar produtos químicos aprovados pelo Ministério da Saúde. Consultar sempre

que necessário a Portaria nº 15 do Ministério da Saúde.

7. Separar panos para diferentes superfícies e áreas. Usar pano de cores diferentes

para limpeza de paredes, pisos móveis, pias etc.

8. Obedecer aos sentidos corretos para limpeza:

-paredes e anexos: de cima para baixo;

-tetos: sentido unidirecional;

-pisos de quartos e enfermarias: do fundo para a

porta de entrada;

-piso de corredores, saguões etc.: de dentro para

fora, de trás para frente etc.

É importante que todo o profissional de saúde saiba nestas normas de limpeza

e desinfecção, pois você deve e pode ser um fiscal da instituição onde trabalha

desde que mantenha os princípios éticos profissionais. Nesse sentido, colaborando

com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da unidade onde você atua e

contribuindo para um índice menor de infecção.

Os profissionais responsáveis pela limpeza

hospitalar devem usar Equipamentos de Proteção

Individual - EPIs para garantir sua segurança.

Relembrando que equipamentos são esses.

As Máscaras, para proteção das mucosas do

nariz e boca, devem ser respiratórias (tipo

semifacial) e impermeáveis;

Os Aventais cuja utilização é sempre

recomendada quando houver possibilidade do

contato com material biológico ou superfícies

contaminadas. Devem ser de PVC e de comprimento

médio.

Para assegurar a proteção dos pés em áreas

com presença de material infectante em grande

quantidade, assim como em locais úmidos, as botas

de PVC - resistentes e impermeáveis com cano ¾ e

solado antiderrapante - são bastante utilizadas e proporcionam bons resultados.

Para proteger a mucosa ocular contra os respingos de sangue ou secreções, os

óculos com lentes panorâmicas confeccionados em plástico resistente oferecem

especial proteção lateral e válvulas para ventilação.

Page 45: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 45

As luvas que protegem no contato com o material orgânico devem ser de cano

longo, resistentes, de cores claras e podem ser de borracha ou PVC.

Não devemos dispensar os uniformes que deverão ter calças compridas com

camisas de mangas 3/4, preferencialmente de cores claras, pois servem para proteger

e identificar os profissionais.

Os equipamentos de proteção individual dos profissionais da limpeza devem ser

lavados e desinfectados todos os dias e quando atingidos por sangue ou excreções

deverão ser substituídos incontinentemente.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo III - Classificação, Desinfecção e

Esterilização de Artigos Hospitalares

1. Introdução

Os artigos médico-hospitalares demanda

grande atenção pois são considerados como

veículos de transmissão de infecções. Assim,

ao primeiro uso e após cada uso, esses devem

ser submetidos a diferentes processos para a

redução ou eliminação total da contaminação

microbiana existente.

Esses processos variam de acordo com a

natureza do artigo, finalidade de uso e risco

de transmitir infecção e se repetem enquanto

mantiverem suas características originais, tanto na aparência como no

funcionamento, ou seja, os artigos são reprocessados.

Destacamos que os métodos de desinfecção e esterilização reduziram o risco de

transmissão de doenças pelos procedimentos cirúrgicos e não-cirúrgicos, assim como

pelas intervenções invasivas de maneira geral. Isto contribui para a qualidade do

cuidado se as medidas forem implementadas adequadamente.

Precisamos garantir que a reutilização dos materiais ocorra de maneira

segura. A limpeza, desinfecção e esterilização são recursos que viabilizam esta

condição.

Atualmente, as infecções endógenas são as mais valorizadas. Não podemos, no

entanto, deixar de dar atenção às infecções exógenas que normalmente têm como

fontes principais os profissionais de saúde, os artigos e os materiais por eles

utilizados em suas práticas diárias e o ambiente.

A desinfecção deve ser sempre precedida de limpeza, assim como, a

esterilização deve ser precedida de limpeza e de desinfecção. Nenhum processo

substitui a limpeza, mesmo os de desinfecção de alto nível ou de esterilização.

Portanto, limpeza e desinfecção são imprescindíveis na prevenção da infecção

relacionada aos artigos hospitalares.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 46

2. Limpeza

A limpeza é a ação de remoção de

sujidade, matéria orgânica e

microorganismos de uma superfície através

da solubilização, enxágue e secagem.

No entanto, o que se vê

frequentemente é que não se dá atenção

devida à relação entre estes três

processos (limpeza, desinfecção e

esterilização). Isso se constitui em

fator de risco se considerarmos, face à

gravidade, a possibilidade da infecção hospitalar.

É preciso ressaltar que os fatores de risco de infecções dos pacientes,

relacionados ao processamento dos artigos, devem ser alvo de atualização da equipe

de enfermagem para garantir a segurança, não só no uso dos artigos, mas, também, do

ambiente. E, deste modo, preservar não só a saúde dos pacientes como a dos próprios

profissionais.

Não se deve delegar o processo de limpeza de artigos às pessoas não

devidamente qualificadas e treinadas; pois é a etapa de maior importância para a

eficácia da desinfecção e consequentemente esterilização dos artigos médico-

hospitalares.

A limpeza dos artigos hospitalares tem três grandes objetivos:

1. Remoção da sujidade;

2. Remoção ou redução de micro-organismos;

3. Remoção ou redução de substâncias pirogênicas.

Percebemos que os objetivos acima

citados, por si só, justificam sua

importância e aplicabilidade. Nesse

sentido, a limpeza pode ser feita

manualmente que é justamente a mais

usada nas unidades de saúde.

Não podemos ignorar que o uso de

EPI para o pessoal responsável pela

limpeza dos artigos é imprescindível. Na

limpeza manual usa-se escova de cerdas

macias e não devem ser usados materiais

abrasivos para não causar danos à superfície dos artigos.

Nesse contexto, evidenciamos que os desencrostantes (detergentes enzimáticos)

são muito utilizados para a limpeza de todo e qualquer artigo médico-hospitalar que

contenha matéria orgânica (principalmente aqueles que são mais longos, como os

cateteres, broncoscópios etc.).

Esses detergentes dissolvem sangue, fezes, restos mucosos, vômitos e outros

restos orgânicos. Por isso, são utilizados na limpeza automática de ultrassom e

lavadoras de endoscópios.

Page 47: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 47

A limpeza automatizada faz uso de lavadoras mecânicas de modelos variados,

com a utilização de detergentes enzimáticos com propriedades anti-espuma, que não

são muito encontrados em nossas instituições. Essa limpeza diminui muito a

exposição do profissional aos riscos biológicos, principalmente, aos vírus das

Hepatites e da AIDS.

3. Desinfecção

A desinfecção é o processo de eliminação de

formas vegetativas, existentes em superfícies

inanimadas, mediante a aplicação de agentes

químicos e/ou físicos.

É normalmente obtida pela aplicação de

agentes físicos e químicos. Por agentes físicos, é

efetuada em lavadoras termo-desinfectadoras, em

equipamentos denominados pasteurizadores ou mesmo

em água fervente por 30 minutos. Nesse processo, é

necessário verificar a resistência do artigo à

temperatura elevada e umidade. Apesar do

processo de imersão ser letal à maioria das

bactérias na forma vegetativa e a alguns

esporos e vírus, esse é um processo considerado

obsoleto e operacionalmente complicado.

Nesse sentido, quando se pretende a

desinfecção, os agentes químicos são os mais

lembrados, apesar de sua toxicidade ao

trabalhador, ao meio ambiente e também aos

pacientes quando resíduos do produto são

absorvidos pela matéria-prima dos artigos.

O Ministério da Saúde, na Portaria nº 15,

de 23 de Agosto de 1988 determina que os

princípios ativos de desinfecção química sejam: aldeídos, fenóticos, quaternário de

amônia, compostos orgânicos liberadores de cloro ativo, iodo e derivados, alcoóis e

glicóis, biguanidas e outros, desde que atendam à legislação específica.

Com a variabilidade de itens a serem empregados na desinfecção, E. G.

Spaulding, em 1985, desenvolveu uma abordagem racional para as normas de

desinfecção e esterilização, amplamente divulgada e utilizada. Esta parte do

pressuposto de que a natureza da desinfecção poderia ser facilmente entendida com a

classificação dos artigos em três grupos, com base no grau de risco de infecção

associado ao uso destes itens.

Essa classificação é importante para a adoção de parâmetros necessários à

eficaz utilização dos agentes de desinfecção segundo o nível de ação germicida. A

desinfecção é divida em três níveis: alto, médio e baixo, e os artigos são

classificados em três categorias de acordo com o grau de risco de infecção

associado ao seu uso: Críticos, Semicríticos e Não-críticos.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 48

Artigos críticos

Os artigos destinados aos procedimentos

invasivos em pele e mucosas adjacentes, nos

tecidos subepiteliais e no sistema vascular,

bem como todos os que estejam diretamente

conectados com este sistema, são classificados

em artigos críticos. Estes requerem

esterilização.

Ex. agulhas, cateteres intravenosos,materiais de implante, etc.

Artigos semi-críticos

Os artigos que entram em contato com a pele não íntegra, porém,

restrito às camadas da pele ou com mucosas íntegras são

chamados de artigos semi-críticos e requerem desinfecção

de médio ou de alto nível ou esterilização.

Ex. cânula endotraqueal, equipamento respiratório,

espéculo vaginal, sonda nasogástrica, etc.

Artigos não críticos

Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra

e também os que não entram em contato direto com o paciente

são chamados artigos não-críticos e requerem limpeza ou

desinfecção de baixo ou médio nível, dependendo do uso a

que se destinam ou do último uso realizado.

Ex. termômetro, materiais usados em banho de leito como

bacias, cuba rim, estetoscópio, roupas de cama do paciente, etc.

4. Classificação dos artigos X Processo de

desinfecção ou esterilização

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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CLASSIFICAÇÃO

DOS ARTIGOS DEFINIÇÃO TIPOS DE MATERIAIS

PROCESSO

A SER REALIZADO

Críticos

Artigos que

entram em

contato com

áreas estéreis

ou vasculares.

Instrumentos de fibra

ótica (broncoscópios,

colonoscópios), tubos

endotraqueais, circuito

de anestesia, circuito

de terapia respiratória

ou quaisquer objetos

que rompam as barreiras

naturais da pele e das

mucosas.

Esterilização

Semicríticos

Artigos que

entram em

contato com

mucosas e pele

não intacta.

Equipamentos

respiratórios

(máscaras, conexões

etc.), endoscópios,

equipamentos de

anestesia, termômetros.

Desinfecção de

alto ou médio

nível.

(avaliar cada

artigo

individualmente).

Não-críticos

Artigos que

entram em

contato com a

pele íntegra.

Estetoscópios,

otoscópios, utensílios

de refeição, roupas,

eletroencefalógrafos,

muletas etc.

Desinfecção de

baixo nível ou

limpeza.

(avaliar cada

artigo

individualmente).

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo IV - Central de Material Esterilizado

(CME)

1. Definição

Setor do hospital que tem a responsabilidade

de fornecer materiais esterilizados para todas as

unidades que assistem o paciente.

Page 50: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

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Os materiais hospitalares, na sua maioria, têm uma associação importante com

a infecção hospitalar, por isso medidas eficazes deverão ser estabelecidas no

processamento destes artigos, visando a minimizar o risco de infecção hospitalar.

Estes artigos deverão ser submetidos a processos de limpeza, desinfecção ou

esterilização para alcançarem os objetivos imprescindíveis.

É primordial, para um bom desempenho dos profissionais que trabalham nessa

área, que a Central de Material Esterilizado (CME) possua uma boa infra-estrutura.

A CME tem como objetivo e finalidade encarregar-se de reprocessar, preparar,

esterilizar, ter sob sua guarda e distribuir os materiais hospitalares devidamente

esterilizados para todo o hospital ou centros de saúde.

Até a década de 1940, os materiais eram preparados nas unidades

hospitalares. Locais estes que não eram adequados para esse fim, o que tornava

difícil o controle do processamento dos mesmos. A partir do final da mesma década,

alguns hospitais começaram a se preocupar com a centralização dessa atividade.

Apesar de não terem, naquele momento, atingido os objetivos propostos em sua

plenitude, alguns hospitais, no início dos anos 50, já contavam com novas

estruturas e possuíam um espaço adequado para centralizar a esterilização do

material hospitalar. Na década 1970, os hospitais de maior porte e, principalmente,

os universitários com localização nas capitais começaram a possuir áreas próprias

para as atividades de esterilização dos materiais.

Atualmente, a CME classifica-se em três categorias, a saber: centralizada,

semicentralizada e descentralizada.

2. Classificação CME

A centralizada é aquela que oferece concentração de todo o material

esterilizado ou não, facilitando desta forma a qualidade e a quantidade de técnicas

de higienização, limpeza e também avaliação de todo o material de uma maneira

segura.

A semicentralizada oferece a vantagem de que a esterilização do material é

centralizada em um só lugar, mas cada unidade prepara seu material. Não chega a ser

o ideal, mas torna a credibilidade da técnica em única, o que traz mais

tranquilidade para o uso.

A descentralizada não deixa de trazer facilidades para aqueles que têm

dificuldades na execução da prática. Resolve o problema para aqueles que se

utilizam desta modalidade, constituindo, porém, uma preocupação com as

consequências, como o desvio de material, protocolos e rotinas fora do padrão e

falha na avaliação.

Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 307, de 14/11/2002, a

qual altera a resolução anterior, RDC nº 50/2002 (21/02/2002) do Ministério da

Saúde, ―a CME deve existir quando houver centros cirúrgicos, obstétricos e/ou

ambulatoriais, hemodinâmica, emergência de alta complexidade e urgência.‖

A CME deve ser dividida em, no mínimo,

três áreas:

1. descontaminação

2. empacotamento

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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3. esterilização/estocagem

Optamos por ressaltar essa Resolução face à importância do trabalho do

auxiliar e do técnico de enfermagem, bastante citados na mesma, quando ressalta as

áreas de descontaminação, empacotamento, esterilização/estocagem, que são de

inteira responsabilidade de vocês, com a supervisão do enfermeiro.

A área de descontaminação e limpeza deve possuir uma barreira física com

relação às demais áreas. O fluxo unidirecional em uma CME permite que os materiais

estéreis não se misturem com os não estéreis. A unidade pode se localizar fora do

estabelecimento.

A CME deve possuir piso e paredes de material lavável, resistente e

preferencialmente de cor clara e de fácil limpeza.

Do recebimento do material contaminado, até a entrega de material

esterilizado passa pelo seguinte fluxo progressivo:

3. Expurgo

É a área onde é realizada a limpeza,

descontaminação e consequentemente a reparação

de todo material contaminado. Área esta que se

caracteriza como um dos locais mais contaminados

da CME.

Todo material recebido na área de expurgo

deve ser imediatamente selecionado e limpo para

que não se acumule e a matéria orgânica não se

fixe, dificultando, desta forma, a limpeza.

Profissional desta área,deverá utilizar corretamente os EPIs, (gorro ou touca

descartável, avental, óculos de acrílico, luvas de borracha de cano longo (40 cm)

antiderrapantes ou nitrílicas) ao manusear instrumentos com material orgânico.

A utilização dos equipamentos de proteção

individual, indicada pelas normas do MS, em locais

onde se processa a limpeza e descontaminação dos

materiais, têm os seguintes objetivos:

1º Impedir que você entre em contato direto com

materiais ou objetos contaminados;

2º Oferecer segurança durante a sua exposição a

riscos biológicos.

É claro que todo material deve ter local

próprio para recebimento, como bancadas ou mesas

para apoiá-los e um horário para melhor viabilização

desse trabalho de acordo com as regras da

instituição.

Page 52: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 52

Lembremos de alguns procedimentos importantes que não podem ficar esquecidos:

1º Ao receber o material, observe atentamente sua integridade, qual o tipo de

material que está recebendo e o seu código;

2º A limpeza pode ser realizada mecanicamente ou com produtos especiais, como os

detergentes enzimáticos;

3º Para o enxágue, dê preferência à água destilada;

4º Para facilitar a secagem recomenda-se o uso de equipamentos específicos;

5º A embalagem deverá ser feita de acordo com a forma e o tamanho do material e o

meio de esterilização;

6º As embalagens mais usadas são: papel grau cirúrgico, tecidos de algodão cru

duplo, papéis crepados e caixas metálicas;

7º Todo material deve ser anotado e identificado para possibilitar sua avaliação e

controle.

A seleção dos profissionais para

trabalhar na CME precisa seguir um critério

rigoroso, pois o tipo de trabalho exige

conhecimento, técnica, muita solicitude e,

principalmente, responsabilidade. O

funcionamento da CME exige que a qualidade

dos recursos humanos tenha unidade

(integração da equipe) visando maior

eficiência no controle e na prevenção da

infecção hospitalar.

O profissional precisa ser atento e

organizado, gostar do que está fazendo e, especialmente, compreender a importância

de suas práticas, executando-as corretamente.

Vamos nos deter na limpeza dos artigos, secagem, métodos de desinfecção dos

artigos hospitalares e a esterilização.

4. Limpeza

A limpeza é sempre o

processo que antecede a

desinfecção ou esterilização.

Deve-se observar sempre que todo

o material sujo de sangue ou de

secreção é considerado

contaminado e, portanto, a

limpeza e a secagem tornam-se

mais rigorosas.

A precaução é necessária no

processo de imersão de artigos

sujos em soluções de germicidas,

pela desvantagem que elas

Page 53: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 53

oferecem. O nível de proteção não é plenamente conhecido, pois essas soluções

apresentam redução de atividade na presença de matéria orgânica, em maior ou menor

grau, sem contar com a desvantagem do alto custo.

A impregnação da matéria orgânica nos artigos, a toxicidade e ainda o despejo

de grandes quantidades de desinfectantes causam prejuízos ao homem e ao no meio

ambiente.

A limpeza terá que ser rigorosa, pois a falha na mesma impede a esterilização

devido à gordura e à sujeira que servem como proteção aos microorganismos e atuam

como barreira para o contato com agentes que fazem de fato a esterilização.

A limpeza pode ser manual, com máquina de lavar ou com máquina de ultrassom.

Não importa o método, o indispensável é que seja retirado inteiramente todo o

resíduo da matéria orgânica e/ou sujeira. O ideal é que a limpeza seja feita,

preferencialmente, com equipamentos que se utilizam de processos físicos e fazem a

limpeza simultaneamente com a descontaminação, como é o caso de lavadoras termo-

desinfectadoras que, ao mesmo tempo, lavam e reduzem a manipulação dos artigos.

Um outro processo de limpeza eficaz é o feito manualmente, com uma boa

fricção, auxiliado por escovas ou esponjas, porém é conveniente que este processo

seja precedido de uma imersão dos materiais em desencrostantes, preferencialmente

enzimáticos.

3. Secagem

A secagem é uma etapa que muito interfere nos

vários processos de esterilização. O que se recomenda

é o seguinte:

Ar comprimido medicinal - principalmente para os

materiais que possuam lúmen;

Estufas próprias;

Secadoras de ar quente ou frio;

Pano que seja limpo, absorvente e seco.

Lembramos que uma observação rigorosa deverá

ser efetuada após a secagem para verificar a presença

de qualquer processo de oxidação, secreção ou

umidade.

4. Desinfecção

Classificação da Desinfecção

A desinfecção é classificada em

vários níveis e com vários tipos de

desinfectantes. Os níveis são os

seguintes:

1º - Baixo nível

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Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 54

Destrói as bactérias de forma vegetativa, micobactérias, alguns fungos e

vírus. As soluções usadas são o álcool etílico, não-propílico e isopropílico,

hipoclorito de sódio (dependendo da concentração).

2º - Médio nível ou intermediário

As soluções usadas são iguais às de baixo nível, os fenólicos e iodóforos.

3º - Alto nível

Elimina todas as bactérias, vírus, fungos e alguns esporos. As soluções são

hipoclorito de sódio (dependendo da concentração), glutaraldeído, solução de

peróxido de hidrogênio, cloro e compostos clorados, ácido peracético.

SOLUÇÕES INDICAÇÕES CARACTERÍSTICAS

Álcool 70% a 92%

Anti-sepsia da pele para

aplicação de injeções.

Desinfecção de mobiliários,

ampolas, termômetros,

estetoscópio, etc.

Eficácia diminuída na

presença de matéria

orgânica

Solução de álcool a

70% glicerinado

Anti-sepsia das mãos, na

impossibilidade da lavagem

convencional.

Previne infecção

cruzada entre pacientes

da unidade.

PVP-I

(Polivinilpirrolidona-

Iodo) degermante 10%

Anti-sepsia de pele, mãos e

antebraço da equipe cirúrgica.

Descontaminação do campo

operatório.

Neutralizado na

presença de matéria

orgânica.

PVP-I tópico 1 a 10%

Anti-sepsia da pele em

feridas superficiais –

curativo.

Anti-sepsia ginecológica.

Anti-sepsia para sondagem

vesical.

Neutralizado na

presença de matéria

orgânica.

Cloro orgânico

Cloro em pó: utilizado em

derramamento de fluidos

orgânicos.

Cloro líquido: utilizado em

desinfecção de superfícies e

limpeza concorrente e terminal

de pisos de área crítica.

Desinfetante clorado.

Ação: destruição de

microorganismos

patogênicos, inativação

de vírus. Não possui

ação esporocida.

Clorexidina 2%

Anti-sepsia da pele, mãos,

antebraço da equipe cirúrgica.

Descontaminação do campo

operatório, em pacientes

alérgicos a iodo.

Glutaraldeído

Desinfetante de alto nível

usado em alguns materiais da

UTI.

Tempo de ação: 30

minutos.

Desencrostante Limpeza de materiais, Detergente, remove a

Page 55: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 55

instrumental utilizados em

materiais de curativo, material

respiratório.

sujidade e através da

remoção mecânica limpa

as superfícies.

Sabão líquido Utilizado para lavagem das

mãos.

Peróxido de

hidrogênio

Desinfetar equipamentos

endoscópio, anti-séptico para

feridas operatórias.

Ácido peracético

Desinfecção de alto nível ou

esterilização de instrumentos

endoscópio.

Fenol sintético

Material respiratório –

inalador, nebulizador,

traquéias, ambu.

Tempo de ação: 30

minutos.

Fenol a 4% Usado em frasco de controle

de diurese

Neutraliza o odor da

urina.

5. Esterilização

É o processo de destruição

de todas as formas vegetativa e

esporulada, fungos e vírus,

mediante a aplicação de agentes

físicos e químicos.

Todos os materiais

reprocessáveis utilizados no

hospital são encaminhados a CME,

onde se inicia o processo de

limpeza e ou desinfeccão na área

de expurgo.

Métodos de Esterilização

FÍSICOS QUÍMICOS

• Calor úmido - vapor saturado

sob pressão

• Calor seco - estufa,

• Irradiação - gama ou cobalto

60.

• Óxido de etileno

• Plasma de peróxido de

hidrogênio.

• Vapor de formaldeído a baixa

temperatura

Page 56: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 56

Métodos físicos

São aqueles que utilizam calor nas mais variadas formas e radiações,

dependendo da unidade hospitalar. O método

mais utilizado é o de vapor saturado sob

pressão (autoclave). É o método mais

empregado por ser rápido, econômico e

eficiente.

Os materiais que podem ser

autoclavados são: metais, tecidos, látex,

borrachas, artigos termo-resistentes e

líquidos.

A embalagem dos materiais tem como objetivo permitir a entrada e a saída

do agente esterilizante, a fim de proteger os artigos contra substâncias

contaminantes e as próprias agressões do meio externo.

Os materiais destinados a embalagens dos artigos são filmes

transparentes - não tecido, papel crepado, papel grau cirúrgico, caixas

metálicas perfuradas e tecido de algodão cru (atualmente não muito usado pela

dificuldade que se tem de monitorização do desgaste do tecido e a limitação da

quantidade máxima de reprocessamento, o que proporciona um curto período de

validade de esterilização).

Métodos Químicos

São métodos com certa dificuldade de manuseio e consequentemente deve-se

evitar sua utilização. O método consiste em imersão dos artigos em líquidos

esterilizantes, requerendo cuidados

especiais.

A esterilização ocorre pela imersão

dos materiais em recipiente de plástico

fechado. Ao retirar os instrumentos, estes

deverão ser lavados com água estéril ou

álcool 70% (apenas para uso imediato).

Tempo: Desinfecção = 30 minutos

Esterilização = 10

horas

Observações:

-A solução perde a sua capacidade germicida com o uso e começa a se contaminar.

-Deve ser utilizado apenas quando o método físico (estufa / autoclave) não for

possível.

Desvantagens:

-Corrosão dos instrumentos;

-Odor das soluções;

-Poder irritante das soluções (pinça / luvas);

-Descoloração das superfícies.

Page 57: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 57

Método Físico-químicos

Utiliza-se o óxido de etileno (ETO) - gás altamente

tóxico, facilmente inflamável e explosivo. O equipamento

empregado na utilização dessa substância é automatizado e

computadorizado.

Etapas de Esterilização

1. Conferência do material;

2. Classificação;

3. Limpeza física e descontaminação;

4. Enxágue;

5. Secagem;

6. Embalagem;

7. Identificação;

8. Estocagem e armazenagem;

9. Registro;

10. Validação do processo de esterilização; e

11. Distribuição.

6. Indicadores

Os indicadores que demonstram a eficácia dos métodos de esterilização podem

ser mecânicos, químicos e biológicos. São utilizados mais frequentemente para

métodos automatizados.

- Indicadores mecânicos: monitores de tempo, temperatura, pressão, relatórios

impressos computadorizados.

- Indicadores químicos: Consistem em tiras de papel impregnadas com tinta

termocrômica que mudam de cor quando expostas aos parâmetros de esterilização como

tempo e temperatura. O mais utilizado é o da classe 1 e

classe 6.

Classe 1

Indicadores de processo, indicam somente se o

artigo passou pelo processo de esterilização,

utilizamos fita zebrada em todos os pacotes

acondicionados na manta de polipropileno e no

campo de algodão cru.

Page 58: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 58

- Indicadores biológicos: indicam que a esterilização foi

efetiva através da inativação de indicadores com contagem

prévia de esporos viáveis conhecida.

7. Autoclave

Utilização

Instrumentos com juntas e cremalheiras

devem ficar na posição aberta e não

travados;

Instrumentos constituídos de mais de uma

ponta ou com partes deslizantes, devem ser

desmontados (por exemplo: os afastadores);

Não prender os instrumentos por elásticos

ou outros meios, pois dificulta a

circulação do calor;

Não apertar muito os pacotes nem deixá-los

muito frouxos;

Não usar tambores em inox, pois há

dificuldade na circulação de ar;

As embalagens de pano devem ser lavadas

antes do primeiro uso e após cada utilização;

Realizar testes de permeabilidade com água, o tempo de vazamento, comparando com

tecidos novos. O número máximo de reprocessamento desses tecidos varia de acordo

com a resistência dos mesmos.

Identificação

Colocar nome ou código do material acondicionado;

Colocar data da esterilização;

O funcionário responsável deve rubricar a embalagem do material esterilizado.

Procedimentos

Distribuir o material na câmara da Autoclave

em posição vertical, até dois terços de sua

capacidade;

Classe 6

Indicador de simulação, responde a todos os

parâmetros críticos do processo de esterilização.

Page 59: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 59

Em caso de garrafas ou outros recipientes fechados, remover as tampas e distribuir

no aparelho em posição horizontal, não se esquecer de esterilizar as tampas;

Operar o aparelho de acordo com as instruções do fabricante.

Exigências

O material deve sair seco do aparelho, caso contrário, não estará esterilizado;

Não sobrecarregar o aparelho;

Não colocar o material quente em superfície fria, para evitar a condensação, o que

provoca umidade no material;

Fazer limpeza diária da câmara interna do aparelho, de acordo com as recomendações

do fabricante.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo V - Saúde Ocupacional

1. Controle de Infecção e o Profissional da Área da

Saúde

O Profissional da área da saúde pode adquirir

ou transmitir infecções para os pacientes, para

outros profissionais no ambiente de trabalho e para

comunicantes domiciliares e da comunidade. Deste

modo, os programas de controle de infecção hospitalar

devem também contemplar ações de controle de infecção

entre os profissionais da área da saúde.

As ações do Serviço de Saúde Ocupacional, no

que diz respeito ao controle de infecção, têm como

objetivos:

a) educar o PAS acerca dos princípios do controle de

infecção, ressaltando a importância da participação individual neste controle;

b) colaborar com a CCIH na monitorização e investigação de exposições a agentes

infecciosos e surtos;

c) dar assistência ao PAS em caso de exposições ou doenças relacionadas ao

trabalho;

d) identificar riscos e instituir medidas de prevenção;

e) reduzir custos, através da prevenção de doenças infecciosas que resultem em

faltas ao

trabalho e incapacidade.

2. Ações do serviço de saúde ocupacional

Para atingir os objetivos descritos anteriormente é necessário que o serviço

de saúde ocupacional atue nas seguintes áreas:

Page 60: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 60

Integração com outros serviços

As ações do serviço de saúde ocupacional devem ser coordenadas com o

serviço de infecção hospitalar e outros departamentos que se façam necessários.

Avaliações médicas

- Admissional, com histórico de saúde, estado vacinal, condições que

possam predispor o profissional a adquirir ou transmitir infecções no ambiente

de trabalho;

- Exames periódicos para avaliação de problemas relacionados ao trabalho

ou seguimento de exposição de risco (p. Ex. Triagem para tuberculose, exposição

a fluidos biológicos).

Atividades educativas

Todo pessoal precisa ser treinado acerca da política e procedimentos de

controle de infecção da instituição. A elaboração de manuais para procedimentos

garante uniformidade e eficiência. O material deve ser direcionado em linguagem

e conteúdo para o nível educacional de cada categoria de profissional. Grande

parte dos esforços deve estar dirigida para a conscientização sobre o uso do

equipamento de proteção individual (EPI).

Programas de vacinação

Garantir que o profissionais da área da saúde esteja protegido contra as

doenças preveníveis por vacinas é parte essencial do programa de saúde

ocupacional.

Os programas de vacinação devem incluir tanto os recém-contratados quanto

os funcionários antigos. Os programas de vacinação obrigatória são mais efetivos

que os voluntários.

Manejo de doenças e exposições relacionadas ao trabalho

Fornecer profilaxia pós exposição apropriada nos casos aplicáveis (p. ex.:

exposição ocupacional ao HIV), além de providenciar o diagnóstico e o tratamento

adequados das doenças relacionadas ao trabalho.

Estabelecer medidas para evitar a ocorrência da transmissão de infecção

para outros profissionais, através do afastamento do profissional doente (p.

ex.: pacientes com tuberculose bacilífera ou varicela).

Aconselhamento em saúde

Fornecer informação individualizada com relação a risco e prevenção de

doenças adquiridas no ambiente hospitalar; riscos e benefícios de esquemas de

profilaxia pós-exposição e conseqüências de doenças e exposições para o

profissional, seus familiares e membros da comunidade.

Manutenção de registro, controle de dados e sigilo

A manutenção de registros de avaliações médicas, exames, imunizações e

profilaxias é obrigatória e permite a monitorização do estado de saúde do

profissional da área da saúde.

Devem ser mantidos registros individuais, em condições que garantam a

confidencialidade das informações, que não podem ser abertas ou divulgadas,

exceto se requerido por lei.

3. Patógenos Transmitidos por Sangue

Page 61: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 61

O profissional de saúde é uma das categorias

profissional expostas a muitos riscos ocupacionais, incluindo

riscos biológicos, químicos, físicos e psicossociais como o

"stress". Em relação aos riscos biológicos, o maior risco está

nos agentes que podem ser transmitidos por acidente ocupacional

com sangue e seus derivados. Os de maior risco são a hepatite

B, hepatite C e o HIV, sendo a via mais comum a exposição

percutânea com agulha, onde o agente infeccioso pode estar presente.

Hepatite B

A Hepatite B foi a primeira doença transmitida por sangue reconhecida como

risco profissional. Estima-se que em geral o profissional da área da saúde tenha

uma soroprevalência de duas a quatro vezes maior que a população geral, sendo os

dentistas, médicos, laboratoristas, enfermeiros e profissionais de unidades de

diálise e limpeza os mais expostos.

O risco de transmissão por uma única picada com agulha pode variar de 6 a

30%, dependendo da presença do antígeno da fonte. Além da exposição percutânea, a

exposição mucocutânea pode ocorrer porém o risco de soroconversão é menor.

A vacina para Hepatite B está disponível no mercado desde 1982, e o risco

de transmissão diminuiu nos últimos anos devido a vacinação.

HIV

O risco de aquisição de HIV ocupacional existe, porém é menor que o risco

de aquisição de Hepatite B e Hepatite C. Após o início da epidemia de AIDS,

medidas mais efetivas foram sugeridas para que se diminuísse o risco de aquisição

de patógenos veiculados por sangue.

Hepatite C

A hepatite C, também se apresenta como um risco de contaminação para o

profissional de saúde, sendo que a possibilidade de transmissão percutânea pode

variar de 3% a 10%, e a exposição de mucosas e pele com solução de continuidade

também representam um risco provável.

Ainda não há recomendação de profilaxia pré e pós-exposição ao vírus da

hepatite C, sendo até o momento a única prevenção o seguimento correto das normas

de "precauções padrão" para que se evite o contato do profissional com o vírus.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo VI - Resíduos dos Serviços de Saúde

1. Introdução

Page 62: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 62

Há pouco mais de uma década,

os Resíduos Sólidos de Serviços de

Saúde – RSS vem se tornando um

assunto bastante discutido causando

até polêmicas e controvérsias quanto

aos perigos que ele possa oferecer e

as medidas que seriam exigíveis para

evitá-los.

Resíduos dos Serviços de

Saúde (RSS): ―é a denominação

atualmente dada pela ABNT –

Associação Brasileira de Normas

Técnicas – a todos os resíduos dos

serviços de saúde, como sendo o produto residual não utilizável de atividades

exercidas por estabelecimento prestador de serviços de saúde‖. (ABNT- NBB –

12.807/janeiro 2003).

De acordo com a RDC ANVISA n° 306/04 e a Resolução CONAMA n° 358/2005, são

definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à

saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de

trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios,

funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de

medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos

de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses;

distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores

de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento

à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, entre outros similares.

Sabemos que a história dos resíduos é antiga, o homem produz o lixo desde a

sua origem na Terra. Percebemos que a cada ano ocorre o aumento da população e o

crescimento de consumo e consequentemente o aumento da produção dos resíduos. A

importância desse raciocínio nos faz refletir sobre o impacto dos Resíduos dos

Serviços de Saúde.

Resíduos de serviços de saúde,

mais comumente denominados ―lixo

hospitalar‖, são os rejeitos

resultantes de atividades exercidas

nos serviços relacionados com o

atendimento à saúde humana ou animal,

não só gerados em hospitais, mas

também em clínicas, laboratórios,

consultórios odontológicos e veterinários, farmácias, postos de saúde e outros

similares que, por suas características, oferecem risco de contaminação e por isso

necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento

prévio à sua disposição final.

Segundo dados do IBGE, 74% dos municípios brasileiros depositam "lixo

hospitalar" a céu aberto, 57% separam os dejetos nos hospitais e apenas 14% das

prefeituras tratam adequadamente os resíduos de serviços de saúde.

Page 63: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 63

Portanto, os RSS podem representar grande risco ao homem e ao meio ambiente,

apesar de pequena parcela representativa no total da produção de resíduos em geral.

Diferentes microorganismos patogênicos presentes nos RSS mantêm-se vivos no

meio ambiente, entre eles, o Mycobacterium tuberculosis, Staphylococcus aureus,

Escherichia coli, vírus das Hepatites A e B.

Em condições ideais, o risco de transmissão de doenças através dos RSS é

praticamente nulo para pacientes e para a comunidade e extremamente baixo para o

profissional de saúde, restrito aos acidentes com pérfuro-cortantes que ainda

ocorrem em número elevado, mesmo nas instituições mais organizadas.

A imensa maioria das cidades brasileiras não tem tratamento e destino final

adequado para os resíduos sólidos domiciliares e de serviços de saúde. Em muitas

destas cidades existem os chamados lixões onde pessoas e animais sobrevivem do

lixo. Muitos hospitais, por falta de informação, ainda queimam lixo à céu aberto ou

em fornos improvisados ou obsoletos. Um grande número de Prefeituras coleta os RSS

em caminhões abertos, sujeitos a vazamentos e com operários despreparados para a

função e sem equipamentos de proteção individual (E.P.I.).

A Comissão Nacional de Meio Ambiente –

CONAMA, na Resolução nº 358/05, define que ―cabe

aos estabelecimentos geradores de resíduos seu

próprio gerenciamento, considerando desde a

geração até a disposição final, de forma a

atender aos requisitos ambientais e de saúde

pública e saúde ocupacional [...].‖

Diante disso, algumas ações mais ativas de

órgãos ambientais dos serviços de saúde, dos

quais fazem parte os hospitais, os laboratórios, as clínicas e outros

estabelecimentos, deverão ter seus próprios planos de gerenciamento de resíduos

aprovados pelo órgão ambiental local.

É bastante importante a discussão do impacto dos resíduos infectantes no meio

ambiente. É previsto em lei que, depois de passar pelo tratamento, o resíduo

infectante pode ser descartado como resíduo comum. Daí se conclui que todo resíduo

infectante, após sofrer descontaminação, pode ser considerado lixo comum.

Portanto, tanto para os profissionais de saúde, como os que manuseiam os

materiais perfuro-cortantes, ou pessoas sujeitas à exposição a aerossóis

infectantes no ambiente ocupacional, há risco de infecção quando o RSS infectante

for descartado erroneamente no meio ambiente.

O gerenciamento dos RSS é composto por um conjunto de atitudes gerenciais

planejadas e instituídas a partir de bases técnico-científicas e normas legais. O

objetivo dessas atitudes é diminuir a produção, oferecer segurança de

encaminhamento do RSS e, desta forma, preservar a saúde pública, os recursos

naturais e o meio ambiente.

O Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS)

estabelece as regras de manejo dos RSS de acordo com as características e o volume

dos mesmos.

Page 64: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 64

Pela importância dessa prática, os profissionais da saúde, responsáveis pela

higienização, devem ser treinados com relação à identificação, classificação e

manuseio de resíduos.

2. Classificação dos Resíduos dos Serviços de Saúde

Segundo o modelo da CONAMA, os resíduos classificam-se em:

Grupo A – Resíduo Infectante ou Séptico ou Biológico

Grupo B – Resíduo Químico

Grupo C – Rejeito Radioativo

Grupo D – Resíduo Comum

Grupo E – Material perfurocortante

G rupo A – Resíduo Infectante ou Séptico ou Biológico

A1: Material Biológico – meio de cultura inoculado proveniente de

laboratório clínico ou de pesquisa, vacina vencida ou

inutilizada e outros.

Fique bastante atento no caso das vacinas, pois estas são

manuseadas amplamente pela enfermagem, portanto, de nossa

total responsabilidade.

A2: Sangue e Hemoderivados – bolsa de sangue, amostra de

sangue para análise e outros.

A3: Cirúrgico, Anatomopatológico e Exsudato – tecido, órgão, feto, peça

anatômica, sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia e

necropsia.

A4: Material perfurocortante – agulhas, ampolas, escalpes, lâminas de

barbear, bisturis, vidros e outros.

A5: Animais contaminados – carcaça ou parte de animal inoculado exposto a

micro-organismos patogênicos.

A6: Resíduos de assistência ao paciente e de assistência ao animal

contaminado – secreções, excreções e demais líquidos orgânicos procedentes de

pacientes, restos alimentares de pacientes em isolamento e outros.

Grupo B – Resíduo Químico

B1: Citostáticos e antineoplásicos – drogas quimioterápicas

e produtos por elas contaminados.

B2: Resíduos químicos perigosos – resíduo tóxico, corrosivo,

inflamável, explosivo, reativo, líquidos nucleares,

radiográficos.

B3: Resíduo e produto farmacêutico – medicamento vencido,

contaminado, interditado ou não utilizado.

Grupo C – Rejeito Radioativo

C1: Rejeito radioativo – material radioativo contaminado com radionuclídeos,

caracterizado conforme à Comissão Nacional de Energia Nuclear/Gerência de

Rejeitos em Instalações Radioativas - CNEN - NE - 6.05.

Page 65: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 65

Grupo D – Resíduo Comum

D1: Resíduo comum – resíduo de atividade administrativa,

limpeza de jardins e restos alimentares não contaminados,

que devem ser acondicionados em saco preto quando não-

recicláveis e, no caso dos resíduos recicláveis em saco

azul.

Grupo E – Material perfurocortante

Grupo E – Material perfurocortante – agulhas,

ampolas, escalpes, lâminas de barbear, lâminas

de bisturi, brocas, limas endodônticas, pontas

diamantadas, lancetas; tubos capilares;

micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e

todos os utensílios de vidro quebrados no

laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea

e placas de Petri) e outros.

3. Os objetivos da separação dos resíduos em

categorias são os seguintes:

1. Racionalizar os recursos, permitindo-se tratamento específico e de acordo com as

necessidades de cada categoria;

2. Impedir a contaminação de grande quantidade de lixo por uma pequena quantidade de

material perigoso;

3. Intensificar as medidas de segurança onde estas forem necessárias;

4. Facilitar a ação em caso de acidente ou de emergência.

4. Tratamento dos Resíduos

Sólidos

Entende-se por tratamento dos

resíduos sólidos, de forma genérica,

quaisquer processos manuais, mecânicos,

Page 66: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 66

físicos, químicos ou biológicos que alterem as características dos resíduos,

visando à minimização do risco a saúde, à preservação da qualidade do meio

ambiente, à segurança e à saúde do trabalhador.

Pela Resolução ANVISA nº 306/04, o tratamento consiste na aplicação de

método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes

aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes

ocupacionais ou de danos ao meio ambiente.

Esses processos têm como ponto fundamental a segregação e, dentro deste, os

processos secundários.

a) segregação

Constitui um ponto fundamental de todo o debate sobre a questão de perigo ou

não dos RSS. Consiste em separar o resíduo no local e momento onde ele é gerado,

obedecendo as suas características físicas, químicas, biológicas, a sua espécie, o

estado físico e a classificação.

A segregação tem como objetivos:

Impedir que os resíduos infectantes e químicos contaminem os resíduos comuns;

Facilitar a reciclagem;

Prevenir acidentes;

Racionalizar recursos e, consequentemente, reduzir os custos.

Nos RSS apenas uma parcela é infectante. No entanto, se ela não for

segregada, todo o restante que entrar em contato com esse resíduo e se misturar a

ele será considerado também infectante.

Outro aspecto a ressaltar é que a segregação dos RSS reduz os custos de

processamento, recupera os resíduos recicláveis e impõe a coleta seletiva.

Podemos então afirmar que os resíduos infectantes e químicos (grupos A e B)

devem passar por um tratamento prévio, a ser realizado pela fonte geradora, que tem

como objetivo modificar o resíduo infectante em inerte, bem como reduzir a toxidade

do resíduo químico.

b) Acondicionamento

O acondicionamento obedece a NBR-9191/2000. Deve ser feito em sacos plásticos

de cor branca leitosa, com a simbologia na cor preta.

Os materiais perfuro-cortantes serão

descartados no local de sua geração, logo após o

uso, em recipientes próprios com a simbologia de

material infectante (de acordo com a norma da ABNT

13853/97), obedecendo ao limite de 2/3 dos

recipientes, fechados e colocados em sacos de cor

branca leitosa.

Os resíduos químicos devem ser

acondicionados em recipientes rígidos e estanques,

conforme suas características físico-químicas.

Para os resíduos farmacêuticos B3 (NBR-12808 – ABNT), a norma recomenda a

embalagem em sacos plásticos, o encaminhamento à coleta e tratamento, verificando-

se sempre sua natureza química e o processo de tratamento. Serão considerados

conforme a recomendação da Resolução ANVISA RDC nº 33, de 25 de fevereiro de 2003.

Page 67: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 67

A identificação deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos

recipientes de coleta interna e externa, nos recipientes de transporte interno e

externo, e nos locais de armazenamento, em local de fácil visualização, de forma

indelével, utilizando-se símbolos baseados na norma da ABNT, NBR 7.500 - Símbolos

de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de Materiais, além de outras

exigências relacionadas à classificação e ao risco específico de cada grupo de

resíduos.

Os resíduos comuns – deverão ser acondicionados em sacos plásticos pretos,

não necessitam de processos diferenciados relacionados ao acondicionamento,

identificação e tratamento, devendo ser considerados resíduos sólidos urbanos -

RSU.

Os rejeitos radioativos gerados devem ser segregados e, de acordo com a

natureza física do material e do radionuclídeo presente, acondicionados em

recipientes adequados, etiquetados, datados e mantidos no local da instalação

destinado ao armazenamento provisório de rejeitos radioativos para futura

liberação, em conformidade com a norma CNEN - NE - 6.05 - Gerência de Rejeitos em

Instalações Radiativas.

No acondicionamento dos RSS é importante prestar atenção em algumas

recomendações importantes:

1. Os sacos plásticos devem ser preenchidos somente até 2/3 de sua capacidade;

2. As agulhas não devem ser retiradas das seringas nem reencapadas;

3. A lixeira para colocação do saco plástico deve possuir, necessariamente, tampa e

pedal, ser preferencialmente de cor clara, superfície lisa, de material rígido, e

de cantos arredondados para facilitar a limpeza;

4. Deve ser obrigatório o uso de EPI para o manipulador de resíduos.

c) Armazenamento

No armazenamento temporário dos resíduos que será em local específico e

sempre próximo da sua geração. Este procedimento visa a facilitar a coleta interna,

tornando mais fácil seu transporte entre os pontos geradores e o local destinado

para a coleta externa.

A coleta interna consiste em retirar os sacos

plásticos do seu ponto de geração e transportá-lo até o

armazenamento final. O veículo deve ser exclusivo e

especial para coleta dos resíduos nas unidades que os

produzem.

O transporte interno de RSS tem que ter sentido

único, roteiro definido e em horários especiais não

coincidindo com distribuição de alimentos, roupas, medicamentos, períodos de visita

Page 68: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 68

e fluxo maior de pessoas e expresso no Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviço de Saúde.

Para cada grupo de resíduos o transporte deve ser

feito em separado e em recipientes específicos. Os

recipientes devem ser de material lavável, impermeável,

rígido e com identificação de acordo com a regulamentação.

A coleta terá de ser feita por pessoal devidamente

treinado e fazendo uso de EPI. Durante a coleta, deve-se

evitar o rompimento dos recipientes. Em caso de acidente, a

desinfecção do espaço deverá ser feita imediatamente, e,

também, a notificação à chefia da unidade, visando à

minimização do risco a saúde, à preservação da qualidade do meio ambiente, à

segurança e à saúde do trabalhador.

O armazenamento intermediário deve ser realizado o mais isolado possível de

áreas de circulação de pessoas, dispensas, cozinha, possuir um sistema de tranca e

placas bem visíveis, com especificação da natureza dos resíduos contaminados e

deverá, também, ter limpeza periódica diária.

O armazenamento final tem de ser em ambiente

exclusivo, e armazenar, em espaços separados, os

resíduos comuns e infectantes. A construção,

localização e uso deverão seguir as normas da ABNT. A

lavagem e a desinfecção deverão ocorrer

simultaneamente em todos os carros e equipamentos ao

final de cada coleta e turno.

Na coleta e no transporte interno e externo dos

RSS é necessário preservar a integridade física dos

sacos ou materiais que acondicionam o resíduo (do abrigo externo do hospital até o

local de tratamento e destino final dos RSS), utilizando-se técnicas especiais, a

fim de preservar o meio ambiente e seguir as ordens dos órgãos de limpeza urbana.

Este transporte é feito em veículo próprio e exclusivamente destinado para este

fim.

O CONAMA determina que resíduos infectantes não podem ser jogados no meio

ambiente sem tratamento antecipado que assegure: "A eliminação das características

de periculosidade dos resíduos; a preservação de recursos naturais; e o atendimento

aos padrões de qualidade e de saúde pública.‖

A ABNT tem várias normas para a dispersão final do resíduo tratado, assim

como do lixo em geral. São de especial interesse as NBR 12.807, 12.808 e 12.809

(Manuseio de Resíduos de Serviços de Saúde) e a NBR 12.810 (Coleta dos Serviços de

Saúde).

Page 69: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 69

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo VII - Vocabulário

Agente Infeccioso: agente biológico capaz de produzir infecção ou doença

infecciosa.

Anti-séptico: substância ou produto capaz de deter ou inibir a proliferação de

microrganismos patogênicos, à temperatura ambiente, em tecidos vivos.

Antissepsia: conjunto de medidas empregadas para impedir a proliferação

microbiana.

Assepsia: conjunto de medidas utilizadas para impedir a penetração de micro-

organismos (contaminação) em local que não os contenha.

Bactérias: forma vegetativa; quando estão realizando todas as suas atividades

metabólicas, como respiração, multiplicação e absorção. Os microrganismos, na

cavidade bucal, estão na forma vegetativa.

Colonização: propagação de um micro-organismo na superfície ou no organismo de um

hospedeiro, sem causar agressão celular. Um hospedeiro colonizado pode atuar como

fonte de infecção.

Contaminação: ato ou momento em que uma pessoa ou um objeto se constitui em

veículo mecânico de disseminação de um determinado agente patológico.

Page 70: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 70

Degermação: é a remoção de detritos, impurezas, sujeira e microrganismos da flora

transitória e alguns da flora residente, depositados sobre a pele do paciente ou

das mãos através da ação mecânica de detergente, sabão ou pela utilização de

substâncias químicas (anti-sépticos).

Descontaminação: tem por objetivo a função dos microrganismos sem eliminação

completa devido à presença de matéria orgânica, realizado em instrumentais e

superfícies.

Desinfecção concorrente: é a aplicação de medidas desinfectantes o mais rápido

possível, após a expulsão de material infeccioso do organismo de uma pessoa

infectada, ou depois que a mesma tenha se contaminado com referido material. Reduz

ao mínimo o contato de outros indivíduos com esse material ou objetos.

Desinfecção de alto nível: destrói todos os micro-organismos na forma vegetativa

e alguns esporos.

Desinfecção de baixo nível: elimina a maioria das bactérias, alguns vírus e

fungos, não elimina o bacilo da tuberculose.

Desinfecção de nível médio: inativa o bacilo da tuberculose, bactérias na forma

vegetativa, alguns fungos e vírus.

Desinfecção terminal: feita no local em que esteve um caso clínico ou portador,

ocorrendo, portanto, depois que a fonte primária de infecção deixou de existir

(por morte ou por ter se curado) ou depois que ela abandonou o local. A

desinfecção terminal aplicada raramente é indicada no caso de doenças transmitidas

por contato indireto.

Desinfecção: é o processo de eliminação de formas vegetativas, existentes em

superfícies inanimadas, mediante a aplicação de agentes químicos e/ou físicos.

Desinfestação: destruição de metazoários, especificamente artrópodes e roedores,

com finalidades profiláticas.

Desinfetantes: substância ou produto capaz de deter ou inibir a proliferação de

microrganismos patogênicos em ambientes e superfícies do consultório, à

temperatura ambiente.

Detergente: substância ou preparação química que produz limpeza; possui uma ou

mais propriedades: tensoatividade, solubilização, dispersão, emulsificação e

umectação.

Disseminador: indivíduo capaz de eliminar micro-organismos para o meio ambiente.

Equipamento de proteção individual (EPI'S): são equipamentos de proteção

utilizados pelo profissional, pessoal auxiliar, paciente e equipamentos, a fim de

evitar contaminação e acidentes (gorro, máscara, avental, luvas, óculos de

proteção...).

Esterilização: destruição de todos os micro-organismos, inclusive de esporos,

através de processos químicos ou físicos.

Esterilizante: agente físico (estufa, autoclave) ou químico (glutaraldeído 2%,

formaldeído 38%) capaz de destruir todas as formas de microrganismos, inclusive as

esporuladas.

Page 71: Instrumentação Cirurgica

Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 71

Fômites: objetos de uso pessoal do caso clínico ou portador, que podem estar

contaminados e transmitir agentes infecciosos e cujo controle é feito por meio da

desinfecção.

Fonte de infecção: pessoa, animal, objeto ou substância a partir da qual o agente

é transmitido para o hospedeiro.

Infecção Comunitária: Infecções não originarias de ambiente hospitalar sendo

adquiridas no meio social da comunidade. Em geral os germes não apresentam uma

resistência considerável.

Infecção cruzada: é a infecção ocasionada pela transmissão de um microrganismo de

um paciente para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente ou um instrumento

contaminado.

Infecção endógena: é um processo infeccioso decorrente da ação de microrganismos

já existentes, naquela região ou tecido, de um paciente. Medidas terapêuticas que

reduzem a resistência do indivíduo facilitam a multiplicação de bactéria em seu

interior, por isso é muito importante, a anti-sepsia pré-cirúrgica.

Infecção exógena: é aquela causada por microrganismos estranhos ao paciente. Para

impedir essa infecção, que pode ser gravíssima, os instrumentos e demais elementos

que são colocados na boca do paciente, devem estar estéreis. É importante, que

barreiras sejam colocadas para impedir que instrumentos estéreis sejam

contaminados, pois não basta um determinado instrumento ter sido esterilizado, é

importante que em seu manuseio até o uso ele não se contamine. A infecção exógena

significa um rompimento da cadeia asséptica, o que é muito grave, pois, dependendo

da natureza dos microrganismos envolvidos, a infecção exógena pode ser fatal, como

é o caso da AIDS, Hepatite B e C.

Infecção Nosocomial (Hospitalar): Toda infecção contraída em um estabelecimento

hospitalar. Essas infecções são adquiridas geralmente a partir do ambiente ou

pessoal hospitalar, do equipamento inadequadamente esterilizado ou da própria

microflora do paciente. São germes adaptados e ultra-resistentes.

Janela imunológica: intervalo entre o início da infecção e a possibilidade de

detecção de anticorpos, através de técnicas laboratoriais.

Limpeza: é a remoção de material orgânico e sujidade dos objetos, utilizando água

e sabão. Este processo deve proceder todas as outras ações de desinfecção e ou

esterilização. Realizada manual ou mecanicamente.

Portador: indivíduo que alberga micro-organismos que podem ser identificados

através de exame laboratorial, porém não apresenta sinais ou sintomas clínicos,

entretanto, serve como fonte de disseminação.

Procedimento crítico: é todo procedimento em que existe a presença de sangue, pus

ou matéria contaminada pela perda de continuidade.

Procedimento não-crítico: todo procedimento onde não há presença de sangue, pus

ou outra secreção orgânica(saliva). Em Odontologia não existe este tipo de

procedimento

Procedimento semicrítico: todo procedimento em que existe a presença de secreção

orgânica (saliva) sem perda de continuidade do tecido.

Sinal: evidência objetiva da doença.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Sintoma: evidência subjetiva da doença.

Veículo: material ou objeto capaz de carrear o agente infectante.

Vetor: ser vivo que transporta passivamente (vetor mecânico) ou que permite

desenvolvimento do agente infectante (vetor biológico).

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo VIII - Legislação

1. Lei Nº 9.431 de 6 de Janeiro de 1997

Dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção de programa de controle de

infecções hospitalares pelos hospitais do País

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Os hospitais do País são obrigados a manter Programa de Controle de

Infecções Hospitalares - PCIH.

§ 1° Considera-se programa de

controle de infecções hospitalares, para os

efeitos desta Lei, o conjunto de ações

desenvolvidas deliberada e sistematicamente

com vistas à redução máxima possível da

incidência e da gravidade das infecções

hospitalares.

§ 2° Para os mesmos efeitos,

entende-se por infecção hospitalar, também

denominada institucional ou nosocomial,

qualquer infecção adquirida após a internação de um paciente em hospital e que se

manifeste durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada

com a hospitalização.

Art. 2° Objetivando a adequada execução de seu programa de controle de infecções

hospitalares, os hospitais deverão constituir:

I - Comissão de Controle de Infecções Hospitalares;

II - (VETADO)

Art. 3° (VETADO)

Art. 4° (VETADO)

Art. 5° (VETADO)

Art. 6° (VETADO)

Art. 7° (VETADO)

Art. 8° (VETADO)

Art. 9° Aos que infringirem as disposições desta Lei aplicam-se as

penalidades previstas na Lei n° 6.437, de 20 de agosto de 1977.

Art. 10. (VETADO)

Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 6 de janeiro de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

2. Resolução Nº5, de 5 de Agosto de 1993

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO

AMBIENTE - CONAMA, no uso das

atribuições previstas na Lei 6.938, de

31 de agosto de 1981, alterada pelas

Leis nº 7.804, de 18 de julho de 1989,

e nº 8.028, de 12 de abril de 1990, e

no Regimento Interno aprovado pela

Resolução / CONAMA / nº 005, de 03 de

dezembro de 1986, Considerando a

determinação contida no art. 3º da

Resolução / CONAMA nº006, de 19 de

setembro de 1991, relativa a definição de normas mínimas para tratamento de

resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, bem como a

necessidade de estender tais exigências aos terminais ferroviários e rodoviários;

Considerando a necessidade de definir procedimentos mínimos para o gerenciamento

desses resíduos, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio

ambiente; e, Considerando, finalmente, que as ações preventivas são menos onerosas

e minimizam os danos à saúde pública e ao meio ambiente, resolve:

Art. 1º - Par os efeitos desta Resolução definem-se:

I - Resíduos Sólidos:

conforme a NBR nº10.004, da

Associação Brasileira de Normas

Técnicas - ABNT - ―Resíduos nos

estados sólidos e semi-sólido que

resultam de atividades da comunidade

de origem industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços de varrição. Ficam

incluídos nesta definição os lodos

provenientes de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de

poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d‘água, ou exijam para isso

soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia

disponível‖.

II - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos: documento integrante do

processo de licenciamento ambiental, que aponta e descreve as ações relativas ao

manejo de resíduos sólidos, no âmbito dos estabelecimentos mencionados no art. 2º

desta Resolução, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação,

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final,

bem como a proteção à saúde pública;

III - Sistema de Tratamento de Resíduos Sólidos: conjunto de unidades,

processos e procedimentos que alteram as características físicas, químicas ou

biológicas dos resíduos e conduzem à minimização do risco à saúde pública e à

qualidade do meio ambiente;

IV - Sistema de Disposição Final de Resíduos Sólidos: conjunto de unidades,

processos e procedimentos que visam ao lançamento de resíduos no solo, garantindo-

se a proteção da saúde pública e a qualidade do meio ambiente.

Art. 2º - Esta Resolução aplica-se aos resíduos sólidos gerados nos portos,

aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários e estabelecimentos prestadores de

serviços de saúde.

Art. 3º - Para os efeitos desta Resolução, os resíduos sólidos gerados nos

estabelecimentos a que se refere o art. 2º, são classificados de acordo com o Anexo

I desta resolução.

Art. 4º -Caberá aos estabelecimentos já referidos o gerenciamento de seus resíduos

sólidos, desde a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos

ambientais e de saúde pública.

Art. 5º - A administração dos estabelecimentos citados no art. 2º, em operação ou a

serem implantados, deverá apresentar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos,

a ser submetido à aprovação pelos órgãos de meio ambiente e de saúde, dentro de

suas respectivas esferas de competência, de acordo com a legislação vigente.

§ 1º - Na elaboração do Plano

de Gerenciamento de Resíduos, devem

ser considerados princípios que

conduzam à reciclagem, bem como a

soluções integradas ou consorciadas,

para os sistemas de tratamento e

disposição final, de acordo com as

diretrizes estabelecidas pelos órgãos

de meio ambiente e de saúde

competentes.

§ 2º - Os órgãos de meio

ambiente e de saúde pública definirão, em conjunto, critérios para determinar quais

os estabelecimentos estão obrigados a apresentar o plano requerido neste artigo.

§ 3º - Os órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA,

definirão e estabelecerão, em suas respectivas esferas de competência, os meios e

os procedimentos operacionais a serem utilizados para o adequado gerenciamento dos

resíduos a que se refere esta Resolução.

Art. 6º - Os estabelecimentos listados no art. 2º terão um responsável técnico,

devidamente registrado e conselho profissional, para o correto gerenciamento dos

resíduos sólidos gerados em decorrência de suas atividades.

Art. 7º - Os resíduos sólidos serão acondicionados adequadamente, atendendo às

normas aplicáveis da ABNT e demais disposições legais vigentes.

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§ 1º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―A― do Anexo I desta

Resolução, serão acondicionados em sacos plásticos com a simbologia de substância

infectante.

§ 2º - Havendo, dentre os resíduos mencionados no parágrafo anterior, outros

perfurantes ou cortantes estes serão acondicionados previamente em recipiente

rígido, estanque, vedado e identificado pela simbologia de substância infectante.

Art. 8º - O transporte dos resíduos sólidos, objeto desta Resolução, será feito em

veículos apropriados, compatíveis com as características dos resíduos, atendendo às

condicionantes de proteção ao meio ambiente e à saúde pública.

Art. 9º - A implantação de sistemas de tratamento e disposição final de resíduos

sólidos fica condicionada ao licenciamento, pelo órgão ambiental competente em

conformidade com as normas em vigor.

Art. 10º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―A‖ não poderão ser dispostos

no meio ambiente sem tratamento prévio que assegure:

a) a eliminação das características de periculosidade do resíduo;

b) a preservação dos recursos naturais; e,

c) o atendimento aos padrões de qualidade ambiental e de saúde pública.

Parágrafo Único - Aterros sanitários

implantados e operados conforme normas

técnicas vigentes deverão ter previstos em

seus licenciamentos ambientais sistemas

específicos que possibilitem a disposição de

resíduos sólidos pertencentes a grupo ―A‖.

Art. 11º - Dentre as alternativas passíveis de

serem utilizadas no tratamento dos resíduos

sólidos, pertencentes ao grupo ―A‖,

ressalvadas as condições particulares de

emprego e operação de cada tecnologia, bem como considerando-se o atual estágio de

desenvolvimento tecnológico, recomenda-se a esterilização a vapor ou a incineração.

§ 1º - Outros processos de tratamento poderão ser adotados, desde que

obedecido o disposto no art. 10 desta Resolução e com prévia aprovação pelo órgão

de meio ambiente e de saúde competentes.

§ 2º - Após tratamento, os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―A‖ serão

considerados ―resíduos comuns‖ (grupo ―D‖), para fins de disposição final.

§ 3º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―A‖ não poderão ser

reciclados.

Art. 12º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―B‖ deverão ser submetidos a

tratamento e disposição final específicos, de acordo com as características de

toxicidade, inflamabilidade, corrosividade e reatividade, segundo exigências do

órgão ambiental competente.

Art. 13º - Os resíduos sólidos classificados e enquadrados como rejeitos

radioativos pertencentes ao grupo ―C‖, do Anexo I, desta Resolução, obedecerão às

exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.

Art. 14º - Os resíduos sólidos pertencentes ao grupo ―D‖ serão coletados pelo órgão

municipal de limpeza urbana e receberão tratamento e disposição final semelhante

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Instrumentalização Cirúrgica I I

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aos determinados para os resíduos domiciliares, desde que resguardadas as condições

de proteção do meio ambiente e à saúde pública.

Art. 15º - Quando não assegurada a devida segregação dos resíduos sólidos, estes

serão considerados, na sua totalidade, como pertencentes ao grupo ―A‖, salvo os

resíduos sólidos pertencentes aos grupos ―B‖ e ―C‖ que, por suas peculiaridades,

deverão ser sempre separados dos resíduos com outras qualificações.

Art. 16º - Os resíduos comuns (grupo ―D‖) gerados nos estabelecimentos explicitados

no art. 2o, provenientes de áreas endêmicas definidas pelas autoridades de saúde

pública competente, serão considerados, com vias ao manejo e tratamento, como

pertencentes ao grupo ―A‖.

Art. 17º - O tratamento e a disposição final dos resíduos gerados serão controlados

e fiscalizados pelos órgãos de meio ambiente, de saúde pública e de vigilância

sanitária competentes, de acordo com a legislação vigente.

Art. 18º - Os restos alimentares ―In Natura‖ não poderão ser encaminhados para a

alimentação de animais, se provenientes dos estabelecimentos elencados no art. 2º

ou das áreas endêmicas a que se refere o art. 16 desta Resolução.

Art. 19º - Os padrões de emissão atmosférica dos processos de tratamento dos

resíduos sólidos, objeto desta Resolução, serão definidos no âmbito do PRONAR -

Programa Nacional de Controle e Qualidade do Ar, no prazo de 180(cento e oitenta)

dias, a contar da data de publicação desta Resolução, mantendo-se aqueles á

estabelecidos e em vigência.

Art. 20º - As cargas em perdimento consideradas como resíduos, para fins de

tratamento e disposição final presentes nos terminais público e privados,

obedecerão ao disposto na Resolução do CONAMA nº 002, de 22 de agosto de 1991.

Art. 21º - Aos órgãos de controle ambiental e de saúde competentes, mormente os

partícipes d SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente, incumbe a aplicação desta

Resolução, cabendo-lhes a fiscalização, bem como a imposição das penalidades

previstas na legislação pertinente, inclusive a medida de interdição de atividades.

Art. 22º - Os órgãos estaduais do meio ambiente com a participação das Secretarias

Estaduais de Saúde e demais instituições interessadas, inclusive organizações não

governamentais, coordenarão programas, objetivando a aplicação desta Resolução e

garantir o seu integral cumprimento.

Art. 23º - Esta Resolução entre em vigor na data de sua publicação.

Art. 24º - Revogam-se as disposições em contrário, especialmente os itens I, V, VI,

VII e VIII, da Portaria/MININTER/nº003, de 01 de março de 1979.

Observação: O acréscimo no material didático ficará a

critério do professor.

Capítulo IX - Referências Bibliográficas

BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Infecções

Relacionadas à Assistência de Saúde. São Paulo, 2004.

BRASIL. Ministério da saúde. Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) Infecções

Relacionadas à Assistência à Saúde. São Paulo: UNIFESP, 2004.

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Instrumentalização Cirúrgica I I

Página 77

BRASIL. Ministério da Saúde. Infecção Relacionada à Saúde. Agência Nacional de

Vigilância Sanitária. São Paulo: UNIFESP, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 196, de 24 de junho de 1983. Brasília.

DF, 1983.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 930, de 27 de agosto de 1992. Brasília.

DF, 1992.

COSENDEX, Carlos Henrique. Segurança e Controle de Infecção. Rio de Janeiro:

Reichmann Afonso Editores, 2000.

COUTO, Renato Camargo. Guia Prático de Controle de Infecção Hospitalar. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

LACERDA, R. A., JOUCLAS, V. M. G., EGRY, E. Y. A face iatrogênica do hospital: as

demandas para o controle das infecções hospitalares. São Paulo: Atheneu Editora,

1996.

MOZACHI, Nelson; SOUZA, Virgínia Soares de Souza. O Hospital – Manual do Ambiente

Hospitalar, Paraná: Manoel Real LTDA, 2005.

OLIVEIRA, Adriana Cristina. Infecção Hospitalar – Epidemiologia – Prevenção e

Controle. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

OLIVEIRA, Adriana Cristina. Infecções Hospitalares – Abordagem, Prevenção e

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Janeiro, Guanabara Koogan, 1998.

OLIVEIRA, Adriana Cristina; ARMOND, Guilherme Augusto; CLEMENTE, Wanessa

Trindade. Infecções Hospitalares – Epidemiologia, Prevenção e Controle. Rio de

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SILVA, Ana Lucia Abrahão et al. Textos de Apoio em Políticas de Saúde. Rio de

Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.