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Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do CearáINESP

PresidenteAntonio Nóbrega FilhoProjeto Gráfico e CapaCarlos Alberto Alexandre DantasRevisão OrtográficaVânia Soares

Permitida a divulgação dos textos contidos neste livro, desde que citados autor e fontes.EDITORA INESPAv. Desembargador Moreira, 2807 — Dionísio TorresFone: 3277.3701 – Fax (0xx85) 3277.3707CEP 60170-900 – Fortaleza-Ceará-Brasilal.ce.gov.br/inesp – [email protected]

PROIbIDA A VENDA

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Artur Bruno

Fortaleza2010

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A minha mãe Zeneida (in Memoriam), a minha mulher Natércia e a minhas filhas Mayara e Marina.

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Sumário

Apresentação>>> 9

>>>2002E a Qualidade?>>> 13Pela Qualidade no Ensino Público>>> 16Gratuidade Já!>>> 19

>>>2003Exclusão Digital>>> 23Educação Brasileira: diagnóstico sombrio>>> 25Educação no Ceará: graves problemas>>> 27Educação e Direitos Humanos>>> 29

>>>2004Fundeb: uma conquista educacional>>> 33Avanços na Educação>>> 35Reflexões sobre Ensino e Trabalho>>> 37Colapso na Educação>>> 39Fórum Mundial da Educação>>> 41O Perfil do Professor Brasileiro>>> 43O Desafio da Alfabetização>>> 45Universalizando o Ensino Superior>>> 47

>>>2005Reforma Universitária>>> 51Os Resultados do ENEM>>> 53Estudantes e Democracia>>> 55Educação e Trabalho>>> 57

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Valorização do Professor>>> 59Universidade para Todos>>> 61O Jovem e o Mercado de Trabalho>>> 63Inclusão Educacional>>> 65Conferência de Educação>>> 6730 anos da Uece>>> 69

>>>2006O Sucesso do Prouni>>> 73Universidades e Comunidades>>> 75Novos Professores >>> 77Educação de Jovens e Adultos>>> 79Compromisso com a Educação>>> 81Fundeb: uma vitória da sociedade>>> 83Questão de Estado>>> 85A Greve da Uece>>> 87Bolsas de Estudos para Professores>>> 89Educação e Fundeb>>> 91Transição no Ensino fundamental>>> 93Educação Integral>>> 95Greve dos Professores>>> 97Inclusão Universitária>>> 99Magistério e Qualidade>>> 101Expansão das Universidades>>> 102Alimentação Escolar>>> 104Reforma Universitária e o Congresso>>> 106As Boas Práticas da Educação Brasileira>>> 108Atividade Complementar>>> 110

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>>>2007Amor ao Magistério>>> 115Valorização da Educação Infantil>>> 117Avaliação da Alfabetização>>> 119Educação e Renda>>> 121A Situação da Educação Básica>>> 123Qualificação do Professor>>> 125Professor: um agente transformador>>> 127Fundeb e Controle Social>>> 129Gestão Escolar>>> 131Educação e Responsabilidade Social>>> 133Economia e Educação>>> 135Transporte Escolar >>> 137Expansão do Ensino Superior>>> 139Aprovação do Ensino Público>>> 141Por uma Educação Infantil Inclusiva>>> 143

>>>2008Pela Melhoria da Educação>>> 147Educação e Eleição>>> 149O Brasil Olha para a Educação>>> 151Pela Manutenção do Piso do Magistério>>> 153Analfabetismo Escolar>>> 155Pelo Fim do Analfabetismo>>> 156Legislação Educacional>>> 158Dia do Estudante>>> 160Valorização do Professor>>> 162Justiça nas Escolas>>> 164Piso Salarial dos Professores>>> 166Meia-Entrada Estudantil>>> 168Colégio Militar: 90 anos>>> 170

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>>>2009Garantia do Piso do Magistério>>> 175Piso do Magistério, Fundeb e Plano de Cargos>>> 177O Computador do Professor>>> 179Magistério com Dignidade>>> 181Onde Estão Nossos Professores?>>> 183Professores Têm que Receber o Piso>>> 185Investimento em Educação>>> 187Conferência Estadual da Educação>>> 189Educação para a Cidadania>>> 191Planejamento Social da Educação>>> 193Seminários de Educação>>> 195Dia do Professor>>> 197Escolas Profissionalizantes>>> 199Aprender o Que Ensina>>> 201Novo Vestibular>>> 203Educador Social>>> 205Educação aos Olhos do Unicef>>> 207Todos por Uma Educação de Qualidade>>> 209Prouni Estadual>>> 211Greve dos Professores>>> 213Escola Pública e Ensino Superior>>> 215Dia de Luta dos Educadores>>> 217Meia-entrada Cultural é um Direito >>> 219Cotas nas Universidades Estaduais>>> 220Transporte Escolar>>> 222Contra a Homofobia nas Escolas>>> 224

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9Educar Sempre

Apresentação

A educação deve ser uma preocupação constante do po-der público. Não há desenvolvimento sustentável de uma nação se o povo não tiver uma educação de qualidade, que abranja não só os aspectos formais, em disciplinas como Matemática, Línguas, História e Geografia, mas também os aspectos da for-mação para a vida, da formação do caráter da nossa juventude.

Temos acompanhado o trabalho do deputado Artur Bruno na defesa da educação, pela aplicação adequada de recursos, pela melhoria da infraestrutura, pela ampliação dos salários de nossos mestres, enfim, por uma educação de qualidade, que ofereça reais condições ao povo cearense de crescer e ter um futuro com dignidade.

Através do livro Educar Sempre, Artur Bruno oferece mais uma contribuição para a defesa da educação pública. Por meio de cem artigos publicados pelos jornais O Povo e O Estado, ora reeditados e revisados, da capital cearense, entre os anos de 2002 e 2009, o parlamentar traça um diagnóstico sobre a edu-cação em nosso Estado e no Brasil.

Assuntos como: a criação do Fundo de Manutenção e De-senvolvimento da Educação Básica (Fundeb); o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); a universalização do ensino superior; a exclusão digital; a Lei do Piso Nacional dos Professores; a valo-rização da educação infantil e do ensino médio e a importância da meia-entrada estudantil, só para citar alguns exemplos, são tratados de forma leve e informativa.

Além de ser importante instrumento de pesquisa para es-tudantes e professores, o livro Educar Sempre oferece subsídios para que avancemos cada vez mais na busca por uma educa-ção que realmente seja ferramenta de libertação dos nossos jovens.

Domingos Filho Presidente da Assembleia Legislativa

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2002Artigos

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13Educar Sempre

E a Qualidade?

No último dia 26, provocamos a Assembleia Legislati-va, com sucesso, para que se instalasse uma Comissão Espe-cial para avaliar a qualidade do ensino público no Estado. O objetivo não é desmerecer o trabalho realizado pelo Governo do Estado. Pelo contrário, é necessário considerar importantes avanços nos últimos anos. O número de crianças de 7 a 14 anos atendidas pelo ensino fundamental já atinge 94,8%, se-gundo o IBGE. As eleições para escolha dos gestores escolares democratizou a administração e a colocou em sintonia com a comunidade escolar. Por outro lado, o FUNDEF veio con-solidar uma política que garantiu mais recursos e melhores condições estruturais para as escolas da rede pública, além de qualificar e pagar melhor os docentes.

Porém, o IBGE fornece ainda números preocupantes para o Ceará na área de educação. A taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais é de 27,8%, configurando-se no quarto pior índice do Brasil. Na zona rural, esta taxa eleva-se para 44%. Segundo o IPLANCE, são 1.336.694 anal-fabetos no Ceará. O analfabetismo funcional — até quatro anos de estudo — na faixa etária de 15 anos ou mais é de 46,4%, sendo a quinta pior taxa do Brasil. Na zona rural, o analfabetismo funcional chega a 68,3%, a terceira pior taxa do Brasil. O nível de defasagem escolar é ainda muito grande e aumenta progressivamente em sentido diretamente propor-cional à idade. Aos sete anos, a defasagem é de 22,5%; aos 11, de 73,8%; e aos 14, de 85,6%. A média de anos de estudo no Ceará, medida em 1999 pelo IBGE, varia conforme a idade: sete a dez = um ano; 11 a 14 = 3,3 anos; vinte a 24 = 5,8 anos; mais de 25 = 4,1 anos. Segundo o Plano Plurianual, o sistema público ainda apresenta taxas elevadas de evasão (12,3%) e repetência (12,5%).

Os professores, por sua vez, mesmo com algumas me-lhorias salariais, ainda ganham muito mal e lutam contra o uso da contratação temporária de docentes por parte do

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governo. Um professor em início de carreira, com o 3o nor-mal, em regime de cem horas/mês, tem uma remuneração incluídas vantagens e adicionais — de R$ 233,32. Ainda são substituídos, dentro da sala de aula, pelo sistema de telensi-no, que persiste mesmo com vários estudos que mostram sua ineficária em termos de aprendizado. O reflexo disso são os resultados precários.

No Ceará, o nível atingido pelos alunos da 8ª série em matemática, corresponde a alunos da 4a série. Em língua portuguesa, os alunos do último ano do ensino médio, o 3o ano, obtiveram média proporcional aos alunos da 6a série do ensino fundamental. A própria Seduc, através do Sistema Permanente de Avaliação do Ensino do Ceará (Spaece), em 1998, concluiu que 99,1% dos alunos da 8ª série, das esco-las públicas estaduais, haviam obtido nota inferior ao valor cinco, considerada a média para ser aprovado em matemá-tica. Os dados relativos aos conteúdos de língua portuguesa são relativamente melhores, sem, no entanto, deixar de ser preocupantes, já que apenas 28% teriam sido considerados aprovados.

Isso reflete no número de alunos de escolas públicas que conseguem chegar às universidades. Na UFC, no vestibu-lar 2000, só 17,7% dos aprovados na segunda fase cursaram o ensino médio todo em escola pública. Em 2000.1, o curso de Medicina recebeu apenas um aluno (0,7%) oriundo inte-gralmente de escola pública. Odontologia só 3 (3,8%). Psico-logia 0%. Jornalismo só 2 (4%). Direito (turno diurno) 0%. O número de alunos da escola pública cresce nos cursos menos procurados, tais como: Matemática — licenciatura (44,9%); Física — licenciatura (44,7%); Química — licenciatura (40%); Biblioteconomia (38%); Secretariado (36,8%); Economia Do-méstica (27,5%) e Letras (os percentuais variam de acordo com a língua escolhida). Na Unifor, no vestibular 2000.1, somados os alunos que cursaram todo o ensino médio em escola particular (87,33%) com o percentual dos que fizeram a maior parte do antigo 2º grau nessas instituições (3,35%), chega-se ao percentual de 90,68%. No vestibular da UECE, a

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situação repete-se. Em 1999.1, 68% dos aprovados cursaram o ensino médio em escolas particulares, contra 21,1% que o fizeram em escolas públicas.

Por isso, a necessidade de avaliar criticamente, e de for-ma construtiva, o porquê da qualidade questionável do en-sino público no Estado. Não adianta fazer propaganda afir-mando que “todas as crianças estão na escola” se as mesmas não estão sendo preparadas a contento para enfrentar seus futuros desafios pedagógicos e mercadológicos.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 25/3/2002.

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Pela Qualidade no Ensino Público

A Assembleia Legislativa instalará, brevemente, uma Comissão Especial para avaliar a qualidade do ensino públi-co no Estado. A Comissão tem o objetivo de verificar o nível do conteúdo e do aprendizado no ensino fundamental e mé-dio. Tal avaliação não pode ser irresponsável. Há um traba-lho sério realizado pelo Governo do Estado no tocante à luta pela universalização do direito à educação. Houve importan-tes avanços nos últimos anos. O número de crianças de 7 a 14 anos atendidas pelo ensino fundamental já atinge 94,8%, segundo o IBGE. As eleições para escolha dos gestores esco-lares democratizou a administração e a colocou em sintonia com a comunidade escolar. Por outro lado, o FUNDEF con-solidou uma política que garantiu mais recursos e melhores condições estruturais para as escolas da rede pública, além de qualificar e pagar melhor os docentes.

Porém, o IBGE fornece ainda números preocupantes para o Ceará na área de educação. A taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais é de 27,8%, configuran-do-se no 4º pior índice do Brasil. Na zona rural, esta taxa eleva-se para 44%. Segundo o IPLANCE, são 1.336.694 anal-fabetos no Ceará. O analfabetismo funcional — até quatro anos de estudo — na faixa etária de 15 anos ou mais é de 46,4%, sendo a 5ª pior taxa do Brasil. Na zona rural, o anal-fabetismo funcional chega a 68,3%, a 3ª pior taxa do Brasil. O nível de defasagem escolar é ainda muito grande e au-menta progressivamente em sentido diretamente proporcio-nal à idade. A média de anos de estudo no Ceará, medida em 1999 pelo IBGE, varia conforme a idade: sete a dez = um ano; 11 a 14 = 3,3 anos; vinte a 24 = 5,8 anos; mais de 25 = 4,1 anos. Segundo o Plano Plurianual, o sistema público ain-da apresenta taxas elevadas de evasão (12,3%) e repetência (12,5%).

Os professores, por sua vez, mesmo com algumas me-lhorias salariais, ainda ganham muito mal e lutam contra

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o uso da contratação temporária de docentes por parte do governo. Um professor em início de carreira, com o 3º nor-mal, em regime de cem horas/mês, tem uma remuneração incluídas vantagens e adicionais — de R$ 233,32. Ainda são substituídos, dentro da sala de aula, pelo sistema de telensi-no, que persiste mesmo com vários estudos que mostram sua ineficária em termos de aprendizado. O reflexo disso são os resultados precários.

No Ceará, o nível atingido pelos alunos da 8ª série em matemática, corresponde a alunos da 4ª série. Em língua portuguesa, os alunos do último ano do ensino médio, o 3º ano, obtiveram média proporcional aos alunos da 6ª série do ensino fundamental. A própria SEDUC, através do Sistema Permanente de Avaliação do Ensino do Ceará (Spaece), em 1998, concluiu que 99,1% dos alunos da 8ª série, das esco-las públicas estaduais, haviam obtido nota inferior ao valor cinco, considerada a média para ser aprovado em matemá-tica. Os dados relativos aos conteúdos de língua portuguesa são relativamente melhores, sem, no entanto, deixar de ser preocupantes, já que apenas 28% teriam sido considerados aprovados.

Isso reflete no número de alunos de escolas públicas que conseguem chegar às universidades. Na UFC, no vestibu-lar 2000, só 17,7% dos aprovados na segunda fase cursaram o ensino médio todo em escola pública. Em 2000.1, o curso de Medicina recebeu apenas um aluno (0,7%) oriundo inte-gralmente de escola pública. Odontologia só 3 (3,8%). Psico-logia 0%. Jornalismo só 2 (4%). Direito (turno diurno) 0%. O número de alunos da escola pública cresce nos cursos menos procurados, tais como: Matemática — licenciatura (44,9%); Física — licenciatura (44,7%); Química — licenciatura (40%); Biblioteconomia (38%); Secretariado (36,8%); Economia Do-méstica (27,5%) e Letras (os percentuais variam de acordo com a língua escolhida). Na Unifor, no vestibular 2000.1, somados os alunos que cursaram todo o ensino médio em escola particular (87,33%) com o percentual dos que fizeram a maior parte do antigo 2º grau nessas instituições (3,35%),

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chega-se ao percentual de 90,68%. No vestibular da UECE, a situação repete-se. Em 1999.1, 68% dos aprovados cursaram o ensino médio em escolas particulares, contra 21,1% que o fizeram em escolas públicas.

Por isso, a necessidade de avaliar criticamente, e de for-ma construtiva, o porquê da qualidade questionável do en-sino público no Estado. Não adianta fazer propaganda afir-mando que “todas as crianças estão na escola” se as mesmas não estão sendo preparadas a contento para enfrentar seus futuros desafios pedagógicos e mercadológicos.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 08/4/2002.

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Gratuidade Já!

Estamos desencadeando uma campanha de apoio aos projetos de lei, de nossa autoria, nº 40/2002, determi-nando que o Poder Executivo se responsabilize pelo mate-rial didático gratuito para o ensino médio da rede pública; e nº 16/2002, que garante carteiras de estudante gratuitas para alunos da rede pública, também assumidas pelo Go-verno do Estado.

O Projeto de Lei nº 40/2002 determina a distribuição gratuita de livros e material didático, pelo Poder Executivo, para os alunos do ensino médio da rede pública estadual. Existe a necessidade da oferta gratuita, aos estudantes do en-sino médio da rede pública de ensino do Estado, de livros di-dáticos ou, no mínimo, apostilas, adotadas em suas escolas, à semelhança do que ocorre no ensino fundamental. Afinal, a gratuidade do ensino público deve-se dar em todos os ní-veis. A medida é fundamental para a melhoria da educação pública.

O Projeto no 16/2002 dispõe que o Estado assuma os custos das carteiras de estudante da rede pública. Essa é uma medida fundamental, tanto para garantir o acesso ao trans-porte, como para ampliar as possibilidades de participação dos estudantes em eventos artísticos e culturais.

Na Assembleia Legislativa, ambos os projetos estão tra-mitando na Comissão de Constituição e Justiça, em poder do Deputado Estadual Osmar Baquit (PSDB). Além do acompa-nhamento parlamentar, realizamos reuniões com o assessor especial do Governador do Estado Sérgio Alcântara, e com o Secretário de Educação Jaime Albuquerque, que se mostraram interessados nos projetos.

Porém, são fundamentais: a mobilização popular no sentido de fazer com que esses projetos sejam aprovados; a realização de manifestações; e a articulação de debates nas escolas sobre o assunto. Acreditamos que esses projetos po-dem, decisivamente, ajudar a mudar a face da educação pú-

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blica cearense, principalmente, por conta do nível de carên-cia dos alunos da rede pública. Por isso, estamos articulando um abaixo-assinado em várias escolas públicas, pedindo a aprovação e implementação dos projetos.

Acreditamos que é possível beneficiar milhares de estu-dantes com esses dois projetos, que teriam — com sua apro-vação — um impacto social absolutamente positivo. Por isso, cremos que os deputados estaduais cearenses e o Governo do Estado também encamparão essa ideia, onde todos só teriam a ganhar.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 20/5/2002.

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2003Artigos

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23Educar Sempre

Exclusão Digital

O alto índice de analfabetismo no Brasil já é, por si só, um dado extremamente grave que depõe a favor da es-tagnação econômica e do desemprego estrutural. Mas outro problema, também, já chama a atenção: o limitado acesso a computadores no País, que reflete as desigualdades econô-micas e sociais do Brasil. De acordo com o “Mapa da Exclu-são Digital”, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apenas 12,46% dos brasileiros têm computador em casa. O percentual dos que estão conectados à internet é ainda me-nor: 8,31%.

O estudo, baseado em dados de 2001, revela, ainda, uma situação de “apartheid digital”: para cada negro/pardo com acesso à informatização, existem 3,5 brancos na mesma situação. Entre os pardos, 4,06% possuem computador em casa. No caso dos negros, esse percentual é de 3,97%. Para os brancos, o índice chega a 15,14%. No Brasil, os pardos representam 38,45% da população, de acordo com o Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os negros são 6,21% dos brasileiros. Os brancos, 53,74%.

A partir dos dados do estudo, é possível traçar o se-guinte perfil de quem tem computador: branco, morador de uma grande cidade do Sudeste, com idade entre 40 e 50 anos, renda superior à media da população e com mais de 12 anos de estudo formal.

Apesar de parcela pequena da população ter acesso ao computador, o “Mapa da Exclusão Digital” mostrou que, a cada quatro meses, cerca de um milhão de pessoas entra no grupo dos “incluídos”. Por isso, embora não haja dados ofi-ciais para este ano, a FGV estima que os “informatizados” passaram de 17,3 milhões, em 2000, para 26,7 milhões, em março deste ano — ou 15,43% da população. Restariam ain-da 149,4 milhões de brasileiros excluídos.

Felizmente, o “Mapa da Exclusão Digital” mostrou avanço da informatização nas escolas: o número de alunos

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24 Artur Bruno

do ensino fundamental matriculados em escolas com com-putador cresceu de 10,8% em 1997, para 23,9% em 2001. A situação é melhor entre os alunos do ensino médio. Nesse grupo, 29,1% frequentavam colégios com laboratório de in-formática em 1997. Número cresceu para 55,9% em 2001.

A melhor forma de combater a exclusão digital a longo prazo é investir diretamente nas escolas, para que desde cedo as crianças adquiram familiaridade com as novas tecnolo-gias. A escola é o principal canal de acesso ao computador para jovens e crianças que não têm terminal em casa. Por isso, a maior parte dos investimentos públicos em informati-zação deve ir para essas instituições.

O computador não é só uma ferramenta de inclusão social. O instrumento melhora o rendimento dos estudantes, o que indica que ele é um diferencial de competitividade. Tes-tes feitos pela FGV mostram que um aluno da 8ª série do en-sino fundamental, que utiliza computador, tem um desem-penho 17,7% superior em provas de matemática em relação aos que não usam terminais. Temos, então, um novo tipo de analfabeto — na verdade, nem tão novo assim — que precisa ser amparado com a devida urgência.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 11/4/2003.

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25Educar Sempre

Educação Brasileira: diagnóstico sombrio

A cada diagnóstico que se faz sobre a educação bra-sileira, os motivos de preocupação de quem estuda sobre a questão aumentam. A última publicação nesse sentido tra-ta-se de Geografia da Educação Brasileira 2001, divulgada pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), do Ministério da Educação.

O estudo condensa dados inéditos e antigos sobre edu-cação básica e superior no País; trata do rendimento escolar dos alunos, da infraestrutura das escolas, do salário dos pro-fessores e dos investimentos públicos em educação.

Novamente, velhos problemas vêm à tona de forma perigosamente negativa. A evasão e a repetência continuam “fazendo a festa”. De cada cem alunos matriculados no en-sino fundamental, 41 deixam a escola sem completá-lo. Os que conseguem se formar gastam, em média, 10,2 anos.

Esse tempo é praticamente o mesmo tempo que leva-riam para cursar as oito séries do ensino fundamental e as três do ensino médio, se não houvesse repetência. A relação entre alunos que iniciam e terminam o curso é melhor no ensino médio. De cada cem alunos que ingressam no ensi-no médio, 74 conseguem conclui-lo e gastam, em média, 3,7 anos para cursar as três séries desse nível. Do total de alunos matriculados na 1.ª série do ensino fundamental, apenas 40% conseguem se formar no ensino médio.

Não é preciso ser gênio para descobrir que o atraso na educação básica é incompatível com a possibilidade de de-senvolvimento econômico do País. A persistir esse quadro, o Brasil terá dificuldades com a sua força de trabalho daqui a dez ou 15 anos. Segundo o Inep, em 2000 existiam no País 16 milhões de analfabetos e 21,7% dos alunos matriculados no ensino fundamental estavam repetindo a série cursada no ano anterior.

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26 Artur Bruno

As desigualdades sociais produzem rendimentos esco-lares diferentes por regiões e estados. Enquanto São Paulo registrou a maior taxa de conclusão no ensino fundamental e médio, com 52,3% em 2000. Tocantins apresentou o menor índice (13,3%) entre os estados. Alunos do Sul e Sudeste do País também permanecem mais tempo em sala de aula do que os das demais regiões.

No Sudeste, 34% da população adulta jovem (entre 25 e 34 anos) têm graduação superior, enquanto que 23% dos nordestinos, na mesma faixa etária, possuem o mesmo grau de formação.

Ademais, um problema se repete. O salário médio mensal dos professores da educação básica brasileira é de R$ 530,00. O maior salário mensal do conjunto de professores da educação básica foi registrado no Sudeste, onde os docen-tes recebem em média R$ 686,00, um valor 131% maior do que os R$ 297,00 pagos aos que lecionam no Nordeste.

Os dados mostram que a rede pública municipal paga os salários mais baixos. Os professores que lecionam nas turmas mantidas pelas prefeituras recebem, em média, R$ 379,00 contra R$ 675,00 das escolas particulares.

Fica explícita, assim, uma tarefa extremamente difícil a ser enfrentada pelo Governo Lula e pelo Ministro da Edu-cação Cristóvão Buarque. Porque é fato mudar o Brasil. E um país que quer mudar, tem de iniciar essa mudança pela qualificação e universalização do processo educacional.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 14/3/2003.

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Educação no Ceará: graves problemas

Tenho me preocupado em pautar minha ação parla-mentar dentro de critérios que busquem a crítica séria e res-ponsável. Na área da educação, na qual militamos, fica difícil ficarmos calados diante de tantos problemas, mesmo reconhe-cendo alguns avanços proporcionados pelas últimas gestões.

Pelos números do IBGE, a taxa de analfabetismo no Es-tado, na faixa etária de 15 anos ou mais, é de 25,4%, menor que a da Região Nordeste (26,2%), mas muito superior a do Brasil (13,6%). A taxa de escolarização líquida para o ensino fundamental é 93,2%, menor que a nacional (94,3%), mas maior que a da Região Nordeste (92,8%). Para o ensino mé-dio, o desempenho do Estado (20,1%) é menor que a média nacional (33,3%), mas acima da regional (16,7%). A taxa de atendimento estadual para a população de sete a 14 anos é 96,1%, maior que a regional (95,2%) e menor que a nacional (96,4%). Para os de 15 a 17 anos, a taxa de atendimento do Estado (86,6%) é maior que a regional (82,4%) e a nacional (83,0%) — (MEC/INEP 2001), demonstrando um esforço de inserção acima da média nacional para esta faixa etária.

Mesmo assim, há problemas injustificáveis em uma administração pública, os quais foram explicitados em pro-nunciamento realizado no dia 15 de maio, na Assembleia Legislativa. Do ponto de vista estrutural, há atraso do repasse da verba para manutenção das escolas, desde novembro de 2002, em todo o Estado; atraso no pagamento dos professores do projeto Magister, que não recebem desde janeiro de 2003, e dos professores temporários, cerca de nove mil em todo o Estado, em geral desde o mês de março. Os telefones das esco-las estaduais foram bloqueados por falta de pagamento, em uma situação que durou, aproximadamente, trinta dias.

Os direitos trabalhistas estão sendo aviltados. Cerca de três mil professores efetivos, com ampliações de carga ho-

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rária temporária, não são pagos há quatro meses. Recebem o salário, mas não o adicional referente à ampliação. Não existe regularização das ampliações de carga horária de for-ma definitiva, que atinge esses três mil professores. Até vales-transportes para nove mil professores e servidores da educa-ção nos credes 1, 21, 22 e 23, estão em atraso.

Tais denúncias agravam-se diante de questões já exis-tentes, tais como a oferta insuficiente de vagas e as precárias condições de funcionamento de creches e pré-escolas públi-cas de Fortaleza, que têm um déficit da ordem de 205,1 mil vagas. No ensino médio, fica evidente a má qualidade do ensino, consequência da atuação de professores não especia-lizados — “polivalentes” e da tendência à universalização do Programa Tempo de Avançar para o ensino médio — suple-tivo ministrado a partir de programas de TV preparados pela Fundação Roberto Marinho.

Espero, sinceramente, que a nova Secretária de Educa-ção Básica do Estado — atuando muitas vezes em parceria com a Prefeitura de Fortaleza — possa, decisivamente, resol-ver esses problemas. Caso contrário, perpetuaremos uma si-tuação que é extremamente desgastante para o presente e o futuro do nosso Estado.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 16/5/2003.

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Educação e Direitos Humanos

Um debate na última sexta-feira, dia 21 de fevereiro de 2003, no plenário da Assembleia Legislativa, foram dadas sugestões para a elaboração do relatório sobre a situação da educação no Estado do Ceará, aproveitando a visita ao Cea-rá da equipe da Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação, entre os dias 18 e 21 de fevereiro, chefiada pelo Relator Nacional Sérgio Haddad. Os problemas que relacio-nam educação e direitos humanos no Ceará são vários: vio-lência sexual; estupro; ameaças a alunos; professores e pais; roubos de carros ou objetos pessoais; porte de armas de fogo e depredações. São estes os principais tipos de violência come-tidos nas escolas públicas e particulares do Ceará (pesquisa Unesco sobre violência nas escolas — 2000/2002).

Segundo a mesma pesquisa, 28% dos estudantes en-trevistados em Fortaleza relataram casos de ameaças, 13% ouviram tiros dentro ou perto da escola onde estudam, 5% relataram casos de violência sexual e 6% disseram ter conhe-cimento de onde se pode comprar e vender armas de fogo nesses locais.

Há, ainda, o problema de mortes de estudantes, decor-rentes de acidentes no transporte escolar, uma realidade no interior do Ceará. Muitos municípios estão transportando os estudantes das áreas rurais em veículos inadequados e sem as mínimas condições de segurança (caminhões e caminho-netes, conhecidos como “paus-de-arara”).

Nesse cenário, também graves são as consequências da ausência ou desabastecimento de merenda escolar, situação muitas vezes presenciada nas escolas de nossa capital. Mui-tas vezes, entre o repasse dos recursos federais e o “prato” das crianças interpõe-se à má gerência estatal, à falta de trans-parência e, o que é mais grave, à corrupção.

A Câmara Municipal de Fortaleza concluiu em janeiro do corrente ano uma CPI sobre o assunto, que comprova em seu relatório final, o superfaturamento de preços, a dispensa

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ilegal de licitação, o tráfico de influências e a não entrega de mercadorias pagas. A mesma comissão, através de visitas às escolas, apontou o outro lado da questão: o desabastecimen-to e a fome. O relatório final foi, ainda, encaminhado ao Ministério Público Estadual e ao Federal.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 24/2/2003.

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Fundeb: uma conquista educacional

Um passo importante está sendo dado para a melhoria da qualidade na educação brasileira, a partir da implemen-tação de uma reivindicação de todo o movimento social liga-do ao setor. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Chefe da Casa Civil José Dirceu assinaram decreto, já publicado no Diário Oficial da União, instituindo grupo de trabalho in-terministerial para analisar a proposta de criação e imple-mentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

O grupo vai analisar a proposta de emenda à Consti-tuição que institui o Fundeb, apresentada pelo MEC; sugerir ajustes e adequações necessárias à implementação do novo Fundo e elaborar proposta alternativa. O prazo para a apre-sentação do relatório é de sessenta dias, a partir da designa-ção de seus membros. Representantes de outros órgãos ou entidades públicas ou privadas poderão ser convidados para participar das reuniões. O Fundeb substituirá o Fundo de Ma-nutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que destina recursos da educação para os municípios, conforme o número de alunos da rede pública do ensino fundamental.

O Fundeb deverá financiar não só a educação fun-damental, mas também a educação infantil, a média e a de jovens e adultos. Para iniciar o Fundeb são necessários R$ 4,5 bilhões, além dos recursos já garantidos no Fun-def, e isso está sendo negociado. É necessário incluir nesse Fundo o piso nacional salarial do professor, como forma de motivar a categoria. Hoje, o professor que pode receber em função do Fundef é só o do ensino fundamental. Isso cria dificuldades nas redes de ensino, porque as prefeituras só podem aumentar o salário desses professores se houver recursos no Fundo.

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O piso salarial dos professores, uma proposta do MEC para combater as desigualdades, que está sendo discutida pela categoria e com a sociedade, também deve transformar-se em lei. Em janeiro e outubro deste ano, o MEC conseguiu elevar o valor do Fundef. Em relação a 2002, o valor mínimo nacional por aluno/ano foi corrigido em 6,7%, em janeiro; e em mais 3,6% dia 21 de julho. Ou seja, um aumento de 10,5% em um ano. Estados e municípios devem gastar este ano, no mínimo, R$ 462,00 por aluno matriculado da 1ª à 4ª séries e R$ 485,10 para estudantes da 5ª à 8ª séries do ensino fundamental. O Fundef foi instituído em 1996 e implemen-tado em 1º de janeiro de 1998.

O total arrecadado em cada estado é distribuído de acordo com o número de alunos matriculados na rede públi-ca do ensino fundamental, do município ou do próprio esta-do. Do total de recursos repassados, pelo menos 60% devem ser destinados à remuneração de professores.

A fiscalização da aplicação dos recursos é feita por conse lhos de Acompanhamento e Controle Social, formados por repre sentantes da comunidade escolar — pais de alunos, professores, servidores e representantes das secretarias de educação —, em cada estado e município que recebem os recursos. Para todos os que militam pela educação pública, gratuita e de qualidade, o Fundeb pode vir a ser o aperfeiçoa-mento do caminho em direção à concretização desse sonho.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 06/8/2004.

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Avanços na Educação

Durante toda nossa trajetória política, temos brigado por mais recursos e ações na área da educação. Acreditamos que qualquer mudança visando uma sociedade justa passe por um povo bem educado. Com o Governo Lula, alguns avanços estão sendo conseguidos.

A última pesquisa CNT/Sensus, divulgada no dia 10 de agosto, revela que 38,3% dos consultados acreditam que o ensino melhorou nos últimos seis meses. Não é mera impres-são: a merenda escolar nunca teve um orçamento tão grande desde que o programa foi estendido a todas as escolas; livros didáticos gratuitos chegam a milhares de comunidades ca-rentes e há mais recursos para reformas e restaurações da estrutura física.

O orçamento elaborado em 2003, primeiro ano da ges-tão do Presidente Lula, previu um gasto de R$ 4,7 bilhões em educação básica — 153 mil instituições de ensino da pré-escola ao terceiro ano. Em 2005, esse valor deve ser acrescido em pelo menos mais R$ 1 bilhão.

A partir do ano que vem, o Governo Federal — que já é o principal comprador de livros do País — destina 2,5 milhões de livros didáticos de português e matemática a 1,25 milhão de alunos do Norte e do Nordeste matricula-dos na primeira série do ensino médio. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação, estima que, em 2006, as outras regiões devem ser contempladas, fazendo os livros chegarem a 7,3 mi-lhões de pessoas.

Quando foi universalizado para todas as escolas pú-blicas do ensino fundamental, em 1994, o Programa Nacio-nal de Alimentação Escolar (PNAE) tinha um investimento da União, por criança, de R$ 0,13 diários. Em agosto, pela primeira vez em dez anos, o programa ganhou um reajuste expressivo: 15,38% sobre o valor do repasse federal.

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Há também avanços na fiscalização. O repasse dos cer-ca de R$ 1,025 bilhão destinados à merenda pelo orçamento da União é fiscalizado pelo Comitê de Alimentação Escolar (CAE), garantindo que apenas quarenta dos 5.560 municí-pios que recebem os recursos para um total de 37 milhões de crianças apresentaram irregularidade na gestão. Essa cer-teza vem das comissões municipais formadas por pais, alu-nos, professores, membros do Executivo e Legislativo e repre-sentantes da sociedade civil. Esses grupos formam os CAEs e controlam in loco a aplicação da verba. É um importante diferencial de tratamento, que abre boas perspectivas para a educação de nossas crianças e jovens.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 06/9/2004.

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Reflexões sobre Ensino e Trabalho

Os dados preliminares do Censo Escolar de 2004 mos-tram que os estudantes da educação básica estão procurando fórmulas alternativas para conseguir o certificado de conclu-são mais rápido e entrar no mercado de trabalho. A análise é baseada no pequeno aumento das matrículas no ensino mé-dio em relação ao ano passado, que ficou em apenas 1%.

Os números da Educação para Jovens e Adultos (EJA), que pode conferir o certificado do ensino médio em menos de um ano, cresceu cinco por cento em relação a 2003. E as matrículas no EJA que dão certificados do ensino médio no setor público cresceram 26%, um aumento de 785 mil inscrições para 988 mil. Isso dá a entender que o jovem está sendo pressionado por um mercado mais exigente em relação ao nível de ensino e, para conseguir um trabalho, busca uma formação em tempo mais curto. Prova disso é a grande quantidade de estudantes do ensino fundamental (22%) estar com idade acima da recomendada para o nível de educação.

Outra alternativa buscada por essa população é o en-sino técnico, que oferece uma educação mais voltada para o mercado de trabalho. As matrículas do ensino técnico cresce-ram, em um ano, sete por centro nas escolas públicas (de 264 mil matrículas para 282 mil) e 21% nas instituições privadas (de 325 mil para 392 mil). O movimento das particulares foi mais forte na região Norte, com crescimento de 47% (de 6.700 para 9.800), e das públicas no Sul (de 50,7 mil para 65 mil ).

Os governos federal e estaduais devem se preocupar com a expansão do ensino médio, pois haverá uma pres-são de estudantes para esse nível de educação nos próximos anos. O baixo aumento no ensino médio pode indicar que, em algumas regiões, os estudantes não estão encontrando vagas. Além disso, o aumento do EJA também pode ser ex-plicado por ser um nível de ensino mais barato para os Esta-dos. A educação de jovens e adultos é baseada em ensino à

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distância, Telecurso ou outras modalidades que precisam de uma infraestrutura menor do que as escolas.

Os governos estaduais podem estar empurrando esses alunos para o EJA. Eles só precisam, por exemplo, de ape-nas um orientador, em vez de um professor para cada série. Porém, já existem diversas críticas ao Telensino e a outros métodos de ensino à distância. Paradoxalmente, embora a formação mais rápida do ensino médio seja uma exigência do mercado, ela pode estar bem longe do ideal, pois não es-tará sendo efetuada nas condições mínimas para que haja uma assimilação qualificada dos conteúdos.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 08/10/2004.

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Colapso na Educação

A educação pública em nosso Estado e em nossa Capital está em crise. Uma crise que reflete o fracasso dos modelos políticos/administrativos da geração denominada Cambe ba e Jurubeba. Ao depararmo-nos com o quadro de caos da educa-ção, observamos agora a total irresponsabilidade na contra-tação de empréstimos que endividaram nosso Estado e nossa Capital, pior ainda, é sabermos que grande parte dos recursos foi corroída pela corrupção e pelo mau gerenciamento.

O ano letivo de 2004 pode ser considerado o desagua-douro dos erros, omissões e equívocos dos governantes e ges-tores da educação. A mobilização da sociedade civil através de várias entidades e do Parlamento em torno de investimen-to com transparência e participação, tinha e tem como foco impedir o esfacelamento do sistema educacional, que cada vez mais condena gerações de cearenses ao fracasso escolar, como revelam os indicadores educacionais.

Para se ter uma ideia, de 247.624 mil alunos matri-culados na rede estadual, 43.953 abandonaram a escola (13,64%) e 30.714 foram reprovados (9,53%). De 1.043.022 alunos matriculados nas redes municipais, 119.037 (9,02%) abandonaram os estudos e 157.445 foram reprovados (11,93%). As gestões da educação não tiveram a menor preo-cupação em chamar a comunidade escolar para discutir, ela-borar e acompanhar as políticas públicas para a educação.

Esse fato tem o agravante de burlar a orientação do Pla-no Nacional de Educação (PNE), aprovado em janeiro de 2001, que orienta estados e municípios a convocarem as conferências estaduais e municipais de educação para elaboração dos pla-nos estaduais e municipais de educação, onde as linhas gerais do financiamento, planos de carreira e remuneração, direitos, gestão, recursos humanos, qualidade e transparência devem ser parâmetros para a definição do sistema educacional do es-tado e municípios. Infelizmente, a 5ª capital do País e o Ceará ainda não convocaram suas respectivas conferências.

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Na rede estadual de ensino há a precarização das relações de trabalho, com a utilização cada vez maior das contratações temporárias de professores e, em contrapartida, a desobediência ao instituto do concurso público pela não realização, como também não convocação dos aprovados nos concursos para o magistério, destacando-se a luta dos concursados de 1997 e 2003. Nas áreas de apoio pedagógi-co, serviços e administrativos, o Ceará não realizou nenhum concurso público ou seleção pública desde a década de 80, priorizando a terceirização e a contratação temporária. No caso do magistério, em 2003, foram registradas mais de 11.000 contratações temporárias de professores, que atin-giam quase 50% do total de professores da rede.

Na rede estadual, os telefones estão bloqueados, não há material didático, há atraso no pagamento de luz e água, que já ocasionou paralisação das atividades em escolas do interior e capital. É evidente a precariedade das instalações das escolas agravada pelo atraso do repasse de verbas de ma-nutenção das escolas. As ampliações de carga horária estão indefinidas para mais de 2.200 professores. Os vales-trans-portes são entregues, também, com atraso e as ascensões funcionais em solução de continuidade.

O cenário na rede de ensino de Fortaleza é preocupante, pois o acúmulo de problemas pode gerar grandes dificuldades para o ano letivo 2005. São 254 anexos existentes para 151 escolas patrimoniais. Há atraso de cinco meses de 1.750 pro-fessores com aditivo e atraso na regularização da publicação e pagamento das ascensões funcionais, prejudicando mais de mil professores que esperam a mais de quatro anos. Além dis-so, as 5.837 crianças de um a três anos das creches não têm merenda escolar adequada. Há atraso no repasse de verbas para as escolas e no pagamento do aluguel de escolas anexas.

A crise da educação em nosso Estado não pode mais fi-car “debaixo do tapete”, não podemos mais admitir que nosso Estado e nossa Capital não tenham, até hoje, discutido e enca-minhado seus planos de educação, como orienta a legislação.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 12/11/2004.

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Fórum Mundial da Educação

Mais de 22 mil pessoas de 47 países participaram da III edição do Fórum Mundial da Educação, que aconteceu de 28 a 31 de julho, em Porto Alegre (RS). Dentre as resoluções, des-tacam-se: defender, intransigentemente, a educação pública em todos os âmbitos e a obrigação intransferível do Estado de garanti-la; apresentar aos governos nacionais uma agenda que priorize programas para a eliminação do analfabetismo, pela inclusão educacional da população de baixa renda e contra a exploração do trabalho infantil; além de exigir dos governos a valorização dos trabalhadores(as) da educação, o respeito aos seus direitos profissionais e a garantia de con-dições dignas de trabalho. Esses pontos compõem uma lista de 16 reivindicações da Plataforma Mundial de Lutas, ela-borada com base nas conferências, debates, atividades auto-gestionadas, entre outras ações, do III Fórum.

Dentre essas iniciativas, chamou-se a atenção o dado de que os Conselhos de Educação são os mecanismos insti-tucionais de participação mais conhecidos pelos brasileiros. De acordo com pesquisa encomendada pelo Observatório da Educação sobre como a população brasileira percebe seu po-der e participação, 46% dos entrevistados apontam os con-selhos como espaço de participação. Eles são considerados eficazes por 35% dos que conhecem algum mecanismo de controle social, enquanto 28% pensam que nenhum meca-nismo é eficaz.

Os conselhos são fundamentais para o exercício da cida-dania, notadamente na área educacional. Muitas vezes o ci-dadão não participa por não saber como. Algumas das defici-ências da participação são decorrentes da pouca pluralização dos atores sociais, com a exclusão de setores mais empobreci-dos, e o afastamento entre representantes e representados.

Outra dificuldade é o maior poder do setor governamen-tal, que possui infraestrutura, recursos humanos, materiais, informações e maior capacidade de obtenção de consensos.

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Os fatores determinantes para o maior ou menor sucesso das experiências de controle social são a vontade e o compromis-so político-governamental, o grau de organização da socie-dade civil e as regras que regularizam a participação.

Dessa forma, é pauta prioritária recolocar a Conferên-cia Nacional de Educação na agenda do MEC, como uma forma de ampliar a participação da sociedade na definição de políticas públicas. A Conferência é fundamental para o aprimoramento da institucionalidade participativa em Edu-cação, sintonizada com a criação do Sistema Nacional de Educação. Também é fundamental que o processo da Confe-rência se articule com a avaliação participativa do Plano Na-cional de Educação e com a elaboração de planos estaduais e municipais de educação. Enfim, a participação da sociedade civil é determinante para conseguirmos chegar ao ideal de uma escola pública de qualidade.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 13/8/2004.

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O Perfil do Professor Brasileiro

Até o final de 2004, o Ministério da Educação investirá R$ 11 milhões na formação de professores do ensino básico (educação infantil e ensino fundamental). Para isso, selecio-nou vinte universidades que formarão centros de pesquisa e desenvolvimento da educação. Nesses centros, serão desen-volvidos materiais didáticos e cursos para a formação dos professores. Cada um receberá R$ 500 mil por ano, durante quatro anos. Essas universidades formam agora a Rede Na-cional de Formação Continuada.

A iniciativa é absolutamente necessária, por conta dos dados preocupantes do INEP/MEC. O Brasil tem mais de 2,6 milhões de professores na educação básica e superior, respon-sáveis pela educação de 57,7 milhões de brasileiros. Cerca de 80% dos docentes de ensino infantil, fundamental e médio atuam em escolas públicas e 15% do total estão em escolas rurais. Na educação superior, eles totalizam 220 mil.

O estudo mostra que um professor que atua na educa-ção infantil ganha, em média, R$ 423,00 no País. Docentes que lecionam em turmas de 1ª a 4ª séries recebem R$ 462,00 e de 5ª a 8ª, R$ 600,00. Já um professor que atua no nível médio ganha, em média, R$ 866,00. Em relação à infraes-trutura, 45% dos profissionais de educação trabalham em es-colas públicas sem biblioteca, 74% em estabelecimentos sem laboratório de informática e cerca de 80% não contam com laboratórios de ciências.

A remuneração de um professor do ensino médio, de R$ 866,00, é quase a metade do salário de um policial civil e um quarto do que ganha um delegado de polícia no Brasil. Entre o menor salário, de professor da educação infantil, e o de juiz, a diferença chega a ser de vinte vezes. As diferen-ças salariais também são marcantes entre os professores nas diversas regiões do País, sendo que os menores rendimentos estão no Norte e Nordeste.

Um professor da região Sudeste ganha, em média, duas vezes mais que seu colega da região Nordeste. Na edu-

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cação infantil, por exemplo, o professor do Sudeste ganha R$ 522,00 e o do Nordeste, R$ 232,00. No ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries, os salários são R$ 793,00 e 373,00, respecti-vamente nas regiões Sudeste e Nordeste.

A formação dos professores melhorou em todos os ní-veis de ensino e houve redução dos professores leigos na úl-tima década. Contudo, afirma o estudo, “apenas 57% dos docentes que atuavam na pré-escola, ensino fundamental e ensino médio, possuíam formação em nível superior, que se-ria aquela ideal”.

No ensino médio, das 469 mil funções docentes, 89% têm a graduação completa e 79% deles a licenciatura. Neste nível de ensino, no entanto, quase 11% dos docentes ainda possui somente o ensino médio completo, indicando a neces-sidade de maiores investimentos em formação. Na educação superior, do total de professores em 2001, 54% tinha mes-trado ou doutorado concluídos, 31% possui especialização e cerca de 15% concluíram somente a graduação. Em 1991, o percentual de mestres e doutores era de 35%, 19 pontos per-centuais menor.

Lecionam em escolas da área rural brasileira cerca de 354 mil docentes, 15% do total. As escolas são, geralmente, pequenas e com um único professor que trabalha com turmas multisseriadas. Em função destas características, o quadro de carência de pessoal qualificado no meio rural é, ainda, mais crítico do que na zona urbana. No Brasil, cerca de 9% dos do-centes da zona rural que atuam nas séries iniciais do ensino fundamental têm formação superior. Na zona urbana esse contingente representa 38%. São dados que fazem com que nós tenhamos a obrigação de, além de dar os parabéns aos professores no seu dia, façamos também uma profunda refle-xão sobre as condições de trabalho as quais estão submetidos nossos mestres.

# *Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 15/10/2004.

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O Desafio da Alfabetização

É sempre válido lembrar que um dos mais importan-tes desafios da educação no Brasil é, justamente, o combate ao analfabetismo. Mesmo reconhecendo os avanços na área, há um déficit educacional enorme a ser vencido. O governo Lula vem dando um passo significativo neste sentido, com o programa Brasil Alfabetizado.

Com a adesão de 23 estados e de 370 municípios, além de 59 organizações não-governamentais, organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e universidades, o programa pretende iniciar o processo de alfabetização de 1,6 milhão de jovens e adultos em agosto deste ano. Outra meta é oferecer educação fundamental a todos os jovens e adultos que passarem pelo programa. Os recursos destinados à alfabetização somam R$ 168 milhões e para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), R$ 430,9 milhões. A verba destinada à EJA cresceu 11% em relação aos gastos em 2003.

Para alfabetizar 1,6 milhão de jovens acima de 15 anos e de adultos e estimular o ingresso dos alfabetizados nas sé-ries iniciais do ensino fundamental, o MEC deu prioridade ao trabalho com estados e municípios, que são os responsáveis pelos sistemas oficiais de ensino. Por isso, 66% das parcerias serão celebradas com as prefeituras e governos estaduais, ex-plica o Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Ricardo Henriques. Em 2003, esse número repre-sentou 42%.

Para facilitar a identificação dos jovens e adultos, a Se-cad coloca à disposição dos secretários de educação o cadastro do Programa Bolsa-Família de cada localidade. Os objetivos são: agilizar a localização dos jovens e adultos; encaminhá-los para as salas de alfabetização; integrar as ações sociais do Governo Federal e criar oportunidades efetivas de inserção dos beneficiários na escola e no mercado de trabalho.

Além do tempo de alfabetização, que passou de seis para oito meses, é novidade a ajuda de custo concedida aos

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alfabetizadores, que era de R$ 15,00 mensais por aluno em sala de aula, agora foi fixada em R$ 120,00 mensais, mais sete reais por aluno matriculado, o que torna viável o funcio-namento de turmas com menor número de alunos. Perma-nece o número máximo de 25 alunos por turma e a carga horária mínima de dez horas semanais.

Dos 370 municípios que enviaram projetos ao Minis-tério da Educação, no primeiro semestre de 2004, 290, de 19 estados, já tiveram seus pedidos aprovados e publicados no Diário Oficial da União, atendendo mais 2.800 municípios. Os gestores municipais precisam ficar atentos. A partir da publicação das listas no Diário Oficial da União, estados e municípios eles têm um prazo de trinta dias para enviar à Secad o cadastro dos alfabetizadores e dos alfabetizandos.

Com o cadastro, o MEC libera 100% dos recursos pre-vistos para a formação de alfabetizadores e um quinto dos recursos para a alfabetização. Outras quatro parcelas serão repassadas nos meses seguintes. O Brasil precisa, urgente-mente, vencer a luta contra o analfabetismo.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 16/7/2004.

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Universalizando o Ensino Superior

O Brasil tem um problema crônico em relação à quali-ficação de sua juventude. O Brasil figura entre as nações da América Latina com uma das mais baixas taxas de acesso ao ensino superior. Apesar do aumento da oferta de cursos supe-riores, apenas 9% dos jovens de 18 a 24 anos de idade estão na faculdade, comparado a 27% no Chile, 39% na Argenti-na, 62% no Canadá e 80% nos EUA. Além disso, o Plano Na-cional de Educação determina que, até o final desta década, a educação superior brasileira seja ocupada por, pelo menos, 30% da população na faixa etária de 18 a 24 anos.

Tal situação pode começar a ser revertida a partir do Programa Universidade Para Todos. O governo gastaria 81% a mais se fosse criar em universidades federais as oitenta mil vagas previstas para o ano que vem pelo Prouni. São R$ 518 milhões ao ano de economia. O custo da vaga de graduação nas universidades públicas é de oito mil mil reais ao ano. Pelo Prouni, o valor de cada aluno ficará em R$ 1,5 mil por ano. O projeto prevê a criação de setenta mil a oitenta mil vagas por ano durante quatro anos, totalizando cerca de tre-zentos mil novas vagas.

O cálculo da renúncia fiscal da União com a implemen-tação do Prouni será de R$ 122 milhões, ao ano, se todas as instituições de ensino superior que pagam atualmente tributos federais aderirem à medida. O número de vagas inclui aque-las que serão geradas em faculdades com fins lucrativos — que deixarão de recolher tributos — e as que nunca recolheram impostos por serem filantrópicas ou sem fins lucrativos.

As universidades filantrópicas, por exemplo, que serão obrigadas a aderir ao programa, serão responsáveis por 80% do total de vagas aos estudantes carentes, o que não acar-retará nenhum custo para os cofres públicos. O Prouni tem um caráter de regulamentação da gratuidade das escolas fi-lantrópicas e sem fins lucrativos mais importante do que a renúncia fiscal das instituições com fins lucrativos.

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Isso, no entanto, não exclui a responsabilidade do MEC com as universidades públicas. O governo está fazendo reposição de salários e aumentando em 30% a previsão de orçamento da União de 2005 para as universidades.

O Prouni prevê a concessão de bolsas de estudo inte-grais para alunos com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo, o que hoje representa R$ 390,00 por pes-soa, e bolsas parciais para famílias com renda per capita que não exceda a três salários mínimos, ou R$ 780,00 por pessoa. Têm preferência no programa os estudantes que fi-zeram todo o ensino médio em escola pública; os portadores de necessidades especiais; e os professores da rede pública que querem cursar as licenciaturas e pedagogia. A base da seleção será o Exame Nacional de Cursos (Enem), mas ou-tros critérios serão definidos pelo MEC na regulamentação da medida provisória.

O programa é um compromisso do governo e repre-senta uma política pública imediata, discutida e negociada com a sociedade, para ampliar o número de vagas no ensino superior para a população carente, em um processo de in-clusão social que conduzirá os jovens a terem uma profissão, além de emprego e renda. Outros programas como o de cotas raciais e crédito educativo contribuem para o acesso da po-pulação mais carente à universidade.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 20/9/2004.

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Reforma Universitária

A educação é estratégica para qualquer país que esteja pensando em consolidar um modelo de desenvolvimento sus-tentável, que atenda às expectativas da sociedade moderna. As universidades brasileiras, por serem centros de excelência na produção do conhecimento e no treinamento profissio-nal, são fundamentais para compor um conjunto de ações capazes de tirar o Brasil da dependência científica, tecnológi-ca e cultural a qual estamos submetidos.

É preciso destacar que o Brasil tem avançado, sobre-tudo nos últimos anos, na aplicação de recursos para a me-lhoria das condições de ensino e pesquisa das suas universi-dades, mas os esforços ainda são insuficientes. O processo de globalização trouxe para o centro dos debates a desregula-mentação do setor e a consequente entrada do investimento privado na educação superior, retirando do Estado a prima-zia da definição das políticas educacionais.

Por outro lado, devemos reconhecer que o direito à edu-cação pública é inalienável e que o Estado deve oferecer aos cidadãos uma educação democrática, gratuita e de qualida-de, que respeite as diferenças e as expressões multiculturais da nossa sociedade. Entretanto, o desafio de reconstruir estru-turas físicas e corporativas abaladas por anos de indiferença e abandono não é tarefa das mais fáceis.

A valorização da universidade pública deve ser a “pe-dra de toque” da Reforma Universitária que está a caminho. A elevação da quantidade de vagas e a criação de novos cur-sos de graduação, mestrado e doutorado, nas universidades públicas, estimularão o surgimento de novos técnicos e pes-quisadores, que, certamente, qualificarão a produção cien-tífica nacional, estabelecendo novos contornos ao conheci-mento no Brasil.

O Ministério da Educação tem registrado uma elevação no número de pedidos de autorização de novos cursos de pós-graduação, revelando que as instituições estão se adequando

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às regras da Reforma da Educação Superior. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por exemplo, registrou 502 pedidos de novos cursos este ano, contra 471 em 2004.

Em todo o país existem 3.150 cursos de pós-graduação em funcionamento. De 2002 a 2005 foram criados 750 novos cursos. O anteprojeto de Reforma Universitária que está na Casa Civil da Presidência da República exige que as univer-sidades ofereçam, pelo menos, três cursos de mestrado e um de doutorado.

Um dos grandes méritos dessa reforma proposta pelo Governo Federal é, justamente, fomentar a qualificação dos estudantes e pesquisadores por meio da pesquisa científica. O conhecimento é fonte de autonomia e soberania nacionais e a Reforma Universitária não pode abrir mão de colocar o Brasil na rota dos países que detêm o saber.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 07/10/2005.

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Os Resultados do ENEM

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado pelo Governo Federal com o objetivo de auxiliar o estudante a conhecer melhor suas possibilidades individuais para en-frentar os desafios do dia a dia, por meio da verificação dos conteúdos adquiridos na escola. O exame avalia, ainda, as competências e habilidades desenvolvidas durante a educa-ção básica.

O ENEM também possibilita ao Governo Federal pla-nejar as ações que serão desenvolvidas para o ensino médio, incluindo a alocação de recursos e a elaboração de projetos educacionais. Este ano, o ENEM recebeu três milhões de ins-crições e teve a participação de quase 2,2 milhões de conclu-dentes e egressos do ensino médio.

O exame deste ano, na sua oitava edição, trouxe al-guns resultados que merecem a nossa reflexão. A média de desempenho foi 39,41 na parte objetiva e 55,96 na reda-ção, representando uma queda de 13,53% nas questões ob-jetivas. É verdade que a prova do ENEM é elaborada para comparar o desempenho dos participantes de uma mesma edição e não de um ano para o outro, porém, é preocupante perceber que houve uma queda significativa em relação ao ano passado.

O esforço do MEC em elevar o nível de qualidade do conteúdo nas escolas é válido, à medida que tenta diminuir as distorções apontadas pelo ENEM. A média nacional da prova de redação, por exemplo, apresentou um aumento de 14,32%, em relação a 2004. Na prova objetiva a média geral foi de 45,58.

Outros dados retirados do resultado do ENEM 2005 reve-lam que, na prova de redação, a faixa de desempenho insufi-ciente a regular representou 10,9%. De regular a bom 75,7%, e de bom a excelente 13,3%. Nas questões objetivas, estão na faixa de insuficiente a regular 60,2% dos participantes, 34,9% estão entre regular e bom, e 4,9% de bom a excelente.

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Este ano confirmou-se a tendência que vem sendo veri-ficada ao longo dos últimos exames. As melhores notas fica-ram entre os egressos do ensino médio, em comparação com os concludentes. É importante destacar que caiu a diferença de médias entre os alunos provenientes das escolas públicas e privadas. Enquanto em 2004 os alunos que estudaram em escolas particulares obtiveram notas 41,2% maiores do que os oriundos da escola pública; este ano esta diferença baixou em 17,3%.

A participação dos estudantes é fundamental para consolidar o ENEM como um sistema de avaliação capaz de munir a administração pública de dados concretos acerca do perfil do estudante do ensino médio. A elaboração de pro-gramas educacionais, como o Programa Universidade para Todos e o Prouni foi possível, em grande medida, por causa dos resultados do ENEM.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 09/12/2005.

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Estudantes e Democracia

Os estudantes sempre participaram efetivamente das principais lutas políticas do País. A consolidação da demo-cracia brasileira deve-se, em grande medida, ao empenho e entusiasmo de milhares de estudantes comprometidos com seus ideais e com a construção de um Brasil mais justo.

Não se pode esquecer a coragem e o patriotismo do movimento estudantil, que lutou contra a ditadura militar instalada em 1964, e quantos perderam a vida, defendendo a bandeira da liberdade. O idealismo desses jovens tem pro-vado, historicamente, que é possível moldar a realidade a partir dos sonhos.

Já no regime democrático, durante o governo Collor de Mello, os estudantes mais uma vez tiveram participação decisiva nos destinos do País. Os “caras pintadas” foram às ruas protestar contra o governo do todo poderoso “caçador de marajás”.

A militância estudantil tem conquistado vitórias in-questionáveis e está cada vez mais engajada nos movimentos políticos e sociais, contribuindo para fortalecer as instituições democráticas e estabelecer as diretrizes de uma sociedade comprometida com o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Porém, a principal bandeira dos estudantes continua sendo a defesa ao acesso irrestrito e democrático à educa-ção. Na esfera pública, as reivindicações são pela elevação do investimento no ensino fundamental, médio e universitá-rio, além da melhoria das condições físicas e estruturais das escolas e universidades.

A abertura do ensino superior, por meio do sistema de cotas a grupos considerados “minorias”, como negros e ín-dios, também faz parte da discussão entre os estudantes. No âmbito privado, o meio estudantil discute a ampliação da oferta de vagas com a abertura de novas faculdades e univer-

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sidades, a qualidade do ensino prestado e o financiamento ao ensino superior.

A presença consciente e organizada no debate dos principais temas nacionais revela o grau de maturidade e respeito que os estudantes conquistaram junto à sociedade brasileira.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 12/8/2005.

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Educação e Trabalho

A acirrada competição pela conquista do mercado consumidor tem obrigado as empresas a investirem cada vez mais em tecnologia e mão de obra qualificada. Apesar dos avanços de produtividade que o processo de automação trouxe às indústrias e às empresas prestadoras de serviços, indiscutivelmente, o diferencial de mercado encontra-se na capacidade intelectual, técnica e, sobretudo, no talento das pessoas.

A educação, dentro desse contexto de transnacionali-zação da economia, ganha importância estratégica para a sobrevivência de profissionais e organizações. À medida que há uma exigência crescente por mão de obra qualificada, a capacitação torna-se a chave para abrir as portas do mer-cado de trabalho. Atualmente, as condições impostas pelas empresas, ao contratar um profissional, passam pela edu-cação formal (ensino fundamental, médio e superior) e pela formação profissional (habilitação técnica).

Em 2004, ano em que a economia cresceu 4,9%, houve uma forte geração de empregos com carteira assinada — 1,8 milhão de postos, o melhor resultado desde 1985. Porém, o perfil desses profissionais que conseguiram o emprego formal chamou a atenção: somente aqueles que ultrapassaram, no mínimo, a quarta série do ensino fundamental, conseguiram emprego. A informação consta do Relatório Anual de Informa-ções Sociais (RAIS), divulgado pelo Ministério do Trabalho.

Foram eliminados 136 mil postos ocupados por pesso-as analfabetas, ou com até quatro anos de estudos, o que revela claramente a opção das organizações por pessoas com capacitação mínima para o trabalho. A situação é inversa para os profissionais qualificados. De acordo com as infor-mações da RAIS, as contratações superaram as demissões. A oferta de emprego para quem tem o segundo grau completo (ensino médio) subiu 13,7%, atingindo 1,192 milhão de va-gas, em 2004.

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Em seguida, ficaram com as melhores oportunidades de trabalho as pessoas com formação superior incompleta e segundo grau incompleto. O número de vagas destinadas a brasileiros com o curso superior completo cresceu em 5,37%. Dois mitos caíram, de acordo com o levantamento. Em nú-meros absolutos, a maior procura foi por profissionais na fai-xa etária acima dos quarenta anos, contrariando a ideia que os jovens são os preferidos pelas empresas. A explicação é simples: profissionais experientes não precisam ser treinados.

Conforme as informações da RAIS, o segundo mito: as micro e pequenas empresas, ao contrário do que se pensava, não foram as responsáveis pela maioria das contratações e sim, as médias e grandes empresas, por causa do elevado volume de produção. Enfim, é necessário que as pessoas prio-rizem a educação como ferramenta necessária ao ingresso ou permanência no mundo do trabalho.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 16/12/2005.

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Valorização do Professor

Qualquer iniciativa de melhoria nos padrões da educa-ção brasileira passa, necessariamente, pela valorização dos profissionais do magistério. Os professores universitários, por exemplo, reclamam a falta de condições de trabalho e a bai-xa remuneração salarial, sobretudo aqueles que lecionam nas universidades públicas federais. Os professores também criticam o baixo volume de recursos destinados à pesquisa e a ausência de uma política salarial compatível com suas titulações e responsabilidades.

Sem dúvida, as queixas dos professores do ensino pú-blico superior procedem, tendo em vista que desempenham atividades que requer do profissional uma grande dose de estudo e dedicação. Muitos professores são responsáveis, ain-da, por pesquisas científicas de relevância para a sociedade brasileira, além de orientarem estudantes pesquisadores em projetos acadêmicos também importantes.

Recentemente, o Governo Federal enviou ao Congres-so Nacional uma ampla proposta de Reforma Universitária, que está sendo debatida, exaustivamente, com a sociedade e com os parlamentares, cujo objetivo é mudar o perfil da educação superior no País, implementando medidas como a elevação dos investimentos nas instituições públicas de en-sino superior e a valorização e qualificação dos professores universitários.

Entretanto, antecipando-se à Reforma Universitária, o MEC anuncia investimentos da ordem de R$ 500 milhões destinados ao aumento salarial dos professores das universi-dades públicas federais. A medida será enviada ao Congresso Nacional hoje, 18 de novembro, por meio de projeto de lei (PL). Esse valor representa um ganho real, acima da inflação, de 9,45%, para a categoria.

A proposta do MEC também envolve aumento de 50% do percentual de titulação dos professores (especialização, mestrado e doutorado) e a criação da categoria de professor

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associado, discriminado em quatro níveis (que dará conti-nuidade e progressão à carreira dos docentes). O MEC ofere-ce, ainda, aumento na Gratificação de Estímulo à Docência (GED) dos aposentados, para 115 pontos — o índice já foi de 65 pontos no governo passado.

A recuperação das universidades públicas representa um desafio a ser enfrentado e vencido pelo Governo Federal e pela sociedade. Deve-se ressaltar que o governo Lula rece-beu da administração FHC a estrutura universitária comple-tamente sucateada, além de um corpo de professores e ser-vidores com suas autoestimas abaladas. O Governo Federal tem buscado oferecer alternativas concretas para o resgate do ensino público superior, e a valorização do professor tem sido uma delas.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 18/11/2005.

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Universidade para Todos

O esforço do Governo Federal em ampliar e melhorar os indicadores educacionais no Brasil pode ser comprovado por meio do número de estudantes que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Este ano, quase três milhões de alunos das redes pú-blica e privada farão, nos próximos dias, a prova do ENEM, cujo objetivo é traçar um mapa quantitativo e qualitativo da educação no País.

A política educacional do governo Lula tem motivado os alunos a participar do exame, tendo em vista que o MEC elevou consideravelmente os investimentos nas escolas e uni-versidades públicas, possibilitando o aumento gradativo de vagas nessas instituições.

Por outro lado, a criação do programa Universidade para Todos (Prouni), que concede bolsas de estudos nas ins-tituições privadas de ensino superior, tem garantido o acesso dos estudantes com baixo poder aquisitivo às universidades particulares.

Os alunos que cursam o ensino superior com bolsa do Prouni, em turno integral, por exemplo, receberão uma Bol-sa Permanência de R$ 300,00 para custear as despesas de transporte, alimentação e moradia. Uma iniciativa inédita na história da educação no Brasil.

Um dos aspectos que justificam a existência do pro-grama é que, no Brasil, apenas 14% dos estudantes entre 18 e 24 anos estão cursando o 3º grau, enquanto a média na América Latina é de 23%. Em três anos, cerca de 12 mil alu-nos serão beneficiados com bolsa equivalente a um salário mínimo.

O Prouni iniciou o ano de 2005 abrindo 112 mil vagas para os estudantes de baixa renda em 1.135 instituições de ensino superior. A bolsa integral é dada a quem tem renda familiar per capita não superior a meio salário mínimo e a

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parcial é voltada para pessoas cuja renda per capita não ex-ceda três salários mínimos.

Certamente, ações como essas contribuem para dimi-nuir o enorme fosso que há entre os estudantes, sobretudo oriundos da escola pública, e o ensino superior. A cada ano, as 54 universidades federais existentes no Brasil colocam 122 mil vagas à disposição nos vestibulares.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 19/8/2005.

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O Jovem e o Mercado de Trabalho

Uma das grandes preocupações da juventude tem sido, sem dúvida, a inserção no mercado de trabalho. O sonho do primeiro emprego, muitas vezes, acaba sendo frustrado pelas inúmeras exigências de um mercado de trabalho cada vez mais profissional, além da baixa ou quase nenhuma qualificação da maioria dos jovens, na faixa etária entre 18 a 24 anos.

O IBGE divulgou, recentemente, pesquisa a qual reve-la que o contingente de jovens desocupados é bem maior, se comparado com a população adulta. O índice de desem-prego na faixa etária de 18 a 24 anos chegou a 58,4%, en-quanto a taxa de desemprego no País, no mesmo período, foi de 10,8%. É um dado extremamente preocupante, tendo em vista que esses jovens atingem a idade produtiva e não conseguem encontrar uma ocupação formal no mercado de trabalho.

Em Fortaleza, de acordo com os dados do Sine-IDT (Julho/2005), o desemprego jovem caiu pelo segundo mês consecutivo, alcançando 32,51%, em julho, valor este quase três vezes maior que o desemprego adulto do mesmo período (11,77%). Em julho de 2005, havia 86 mil adultos procuran-do trabalho na capital, enquanto 88 mil jovens estavam na mesma situação.

A matriz do problema está no baixo grau de escola-ridade e na falta de uma qualificação profissional mínima. Pensando nisso, o Governo Federal, aproveitando os excelen-tes resultados da política econômica, lançou, por meio da Secretaria Nacional de Juventude o programa “ProJovem”, destinado a jovens entre 18 e 24 anos, que concluíram a 4ª série e não cursaram a 8ª série, que estão fora da escola e não possuem vínculo empregatício.

O programa tem a duração de um ano e objetiva for-mar os estudantes no ensino fundamental, além de capacitá-los em 21 atividades profissionais como: turismo e hotelaria; construção e reparos diversos; alimentação e saúde. Ao final,

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eles recebem o diploma do ensino fundamental. O diferen-cial do projeto é que o Governo Federal pagará uma bolsa de R$ 100,00 por mês a cada estudante matriculado, além de merenda escolar de cinquenta centavos por aluno.

A Prefeitura de Fortaleza é parceira da Secretaria Na-cional de Juventude no programa “ProJovem”, cedendo as instalações físicas para o desenvolvimento de todas as ativi-dades, a montagem de laboratórios de informática e o for-necimento de todo o material didático necessário. São ações dessa magnitude que facilitarão o acesso do jovem ao mer-cado de trabalho.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 23/9/2005.

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Inclusão Educacional

O Governo Federal tem feito um esforço extraordinário para consolidar uma política definitiva de inclusão educa-cional, não apenas possibilitando o acesso de jovens e adul-tos à educação formal, mas também acompanhando e fisca-lizando a qualidade do ensino ofertado pela rede pública de ensino em todo o País. Porém, infelizmente um dos grandes obstáculos ao avanço da educação no Brasil tem sido o ele-vado número de evasão escolar.

Muitos pais e responsáveis ainda não entenderam que a educação é um direito inalienável, sobretudo para a juven-tude. É importante lembrar: a lei determina que as crianças e os adolescentes em idade escolar devem estar regularmente matriculados. O Ministério Público tem atuado firmemente no sentido de fiscalizar e fazer valer o direito à educação de crianças e adolescentes.

Por outro lado, o Governo Federal encontrou uma for-ma de melhorar a frequência dos estudantes na escola por meio do “Projeto Presença”, que é destinado a monitorar a presença das crianças e dos adolescentes nas salas de aula. As informações dadas pelas escolas permitirão o acompa-nhamento da frequência escolar, possibilitando ao MEC pla-nejar a aplicação dos recursos educacionais.

Cerca de cinco milhões de estudantes já estão cadas-trados no sistema. A experiência pioneira foi no Estado do Paraná, que repassou 78,67% das informações dos cadastros das quase 10 mil escolas estaduais, municipais e privadas. As informações sobre o número de alunos, turmas e professores de cada estado são atualizadas diariamente. A expectativa é que sejam cadastrados 55 milhões de alunos, 2,5 milhões de professores e 240 mil escolas públicas e privadas de educação básica em todo o Brasil.

Atualmente, os estados recebem recursos para realizar o censo. O MEC já liberou R$ 1,8 milhão para o cadastra-mento nacional. A segunda etapa do “Projeto Presença” tem

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a finalidade de fornecer aos estudantes o “cartão do estu-dante”, que permitirá o acompanhamento personalizado da frequência escolar e poderá ser interligado ao programa Bolsa-Família, dependendo da condição econômica de cada estudante.

A informatização das escolas também é uma das me-tas do projeto e terão preferência os municípios que dete-nham o maior número de matrículas. Pode-se perceber que os avanços estão acontecendo, é claro que ainda temos 13% de analfabetos no Brasil, mas o Governo Federal tem feito a parte dele para oferecer uma educação digna a todos os brasileiros.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 25/11/2005.

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Conferência de Educação

A polêmica gerada pelo artigo do Vice-Governador Maia Junior, quanto aos baixos indicadores educacionais no Estado, leva-nos a refletir sobre as causas que levaram a edu-cação pública cearense a não conseguir atingir padrões de qualidade, mesmo após 19 anos de administração tucana.

Cremos que a educação deve ser vista como prioritária para o desenvolvimento da sociedade, e por isso deve ser pen-sada, planejada e repensada, não apenas como uma estratégia de governo, mas, sobretudo, como uma política de Estado.

O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2001, traçou ações para os próximos dez anos, e uma de suas principais diretrizes é a elaboração de conferências de edu-cação nos estados e municípios, com o objetivo de preparar seus planos estratégicos de educação. O Ceará não fez seu “dever de casa”, ou seja, não cumpriu a determinação legal de fazer seu plano decenal.

Ao invés de encontrarmos culpados para o fracasso da educação pública cearense, devemos canalizar nossas energias para a construção de uma política definitiva para o setor, privilegiando a escola com boa infraestrutura, equi-pamentos adequados, professores qualificados, permanente-mente capacitados, salários dignos, bom material didático, e com metodologia moderna de ensino.

Apenas aplicar recursos na educação não é suficiente, é preciso que haja uma gestão de qualidade, capaz de ava-liar gestores, diretores e professores, com a finalidade de esti-mular a elevação da produtividade do magistério, por meio da criação de mecanismos gerenciais. O psicólogo austríaco Carl Jung dizia que os erros são, no final das contas, funda-mentos da verdade. Vamos, portanto, aprender com os erros, e reconhecer que há ainda muito o que fazer pela educação pública cearense.

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O caminho é o debate franco e democrático com a so-ciedade acerca de propostas viáveis para o setor, e a convoca-ção da Conferência Estadual de Educação seria, certamente, o foro adequado para o encontro de todos os interessados em construir um projeto de educação definitivo para o Estado do Ceará.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 27/12/2005.

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30 anos da UeceDesde a sua fundação, há 30 anos, a Universidade Es-

tadual do Ceará (Uece) adotou um modelo pedagógico cujo foco tem sido a produção do conhecimento a partir da nossa realidade local e regional. Uma universidade com “sotaque e DNA” eminentemente cearenses. Este era o desejo do sau-doso Professor Antônio Martins Filho, primeiro reitor da ins-tituição: dotar o Estado do Ceará com um espaço acadêmico destinado à reflexão e à formação de profissionais compro-metidos com o desenvolvimento socioeconômico da região.

O empreendimento capitaneado por Martins Filho foi abraçado, integralmente, pelo então Governador César Cals de Oliveira Filho, que criou as condições necessárias à implantação da primeira universidade pública estadual do Ceará. Após trin-ta anos de intensa produção intelectual e acadêmica, a Uece conta com 23 mil estudantes e constitui-se, atualmente, em uma das mais importantes instituições superiores do Norte e Nordeste.

O corpo docente da Uece é da mais alta qualificação e, sem dúvida, tem sido um dos importantes diferenciais da ins-tituição, para ajudar a Uece a alcançar o objetivo de oferecer à comunidade um ensino de excelência e qualidade. Prova in-questionável do reconhecimento da Uece como um importante centro indutor e produtor do saber foi a realização, em julho, em Fortaleza, da 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), cujo tema foi “Do Sertão Olhando o Mar — Cultura & Ciência”, evento esse coordenado com maestria pela Universidade Estadual do Ceará e que con-tou com a participação de aproximadamente vinte mil pessoas.

A Uece, portanto, é para todos nós cearenses, motivo de orgulho, porque representa um marco na história do ensino público superior cearense, e está consolidada como uma ins-tituição que abre os espaços acadêmicos necessários às dis-cussões e debates sobre nossos problemas e potencialidades.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 29/11/2005.

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2006Artigos

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O Sucesso do Prouni

Não há como negar que o Brasil ainda ocupa incômo-da posição na América Latina, quando o assunto é o per-centual de jovens e adultos matriculados em instituições de ensino superior. Entretanto, a situação tende a mudar nos próximos anos. A iniciativa do Governo Federal de implan-tar o Programa Universidade Para Todos (Prouni) vem se con-solidando como uma das ações mais positivas da adminis-tração do Presidente Lula.

O Programa consiste em oferecer bolsas de estudos in-tegrais e parciais em instituições particulares de ensino su-perior a estudantes de baixa renda, egressos da escola pú-blica. O Programa possui extrema relevância social porque tem permitido que milhares de jovens conquistem o sonho de ingressar em uma universidade. Desde a sua implantação, o Prouni já garantiu o acesso de, aproximadamente, duzentos mil estudantes ao ensino superior.

Em 2007, serão oferecidas 108.025 bolsas em todo o País. Há vagas em 1.424 universidades, faculdades e centros universitários, o que representa 65% do total de instituições de ensino superior privado do País. As inscrições para o Prou-ni estão abertas. Para participar, o candidato precisa ter nota mínima 45 (de um total de cem) no ENEM.

Desde que o ENEM foi criado, em 1998, a ideia era de que ele substituísse um dia os vestibulares. O ENEM é o maior exame realizado no País e a última edição, em agosto, teve quase três milhões de participantes. Ele não é obrigatório e é feito tanto por quem terminou naquele ano o ensino médio, quanto pelos jovens que acabaram a escola em anos anterio-res. São 63 questões interdisciplinares, com foco em habilida-des e competências.

Os alunos podem inscrever-se no Prouni em até cinco opções de cursos e os que tiveram as melhores notas conse-guem as vagas, que são limitadas nas instituições. É o pró-prio MEC que faz a seleção das melhores notas e as envia

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para a universidade que disponibilizou a vaga. Os candida-tos, também, precisam ter renda familiar de até um salário mínimo e meio (R$ 525,00) para pedir bolsas integrais e, no máximo, três salários (R$ 1.050,00) para parcial.

O Prouni foi criado ano passado, quando chegaram a sobrar vagas para bolsas. Atualmente, faltam. No início de 2006 foram 797.840 inscritos, aumento de 130%. As institui-ções recebem isenções fiscais do governo em troca da bolsa. Os resultados do programa, portanto, são excepcionais, so-bretudo porque oferece uma oportunidade real para o País mudar drasticamente, para melhor, nos próximos anos, o seu perfil na educação superior.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 01/12/2006.

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Universidades e Comunidades

A proximidade entre universidades e comunidades ca-rentes pode estar se tornando realidade com o programa Co-nexões de Saberes, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC). O programa oferece bolsas de pesquisa a universitá-rios de baixa renda para que, a partir dos seus conhecimen-tos, identifiquem as principais dificuldades para se manter no ensino superior. O objetivo do programa é aproximar as instituições e os estudantes de seus locais de origem, como forma de superar as desigualdades sociais.

Atualmente, 810 estudantes de 31 universidades fede-rais de todo o País recebem bolsa de R$ 300,00. Além de esti-mular estudantes a buscar novas oportunidades, o programa é uma forma de “abrir portas” para a população carente. O governo tem desenvolvido um conjunto de iniciativas que visa abrir a universidade para os jovens, garantir sua perma-nência na universidade e abrir a universidade para novas perspectivas.

O projeto começou como experiência piloto em 2004, com a participação de sete universidades, e foi lançado ofi-cialmente no final do ano passado. A iniciativa é desenvol-vida nas universidades como extensão do ensino acadêmi-co, podendo contemplar 25 alunos em cada instituição. As ações do programa ficam a cargo da Secretaria de Educação Continuada do MEC, em parceria com a Organização Não-Governamental (ONG) Observatório de Favelas.

No programa Conexões de Saberes, os estudantes são acompanhados por dois coordenadores em cada instituição de ensino superior. Para participar, o aluno deve ser caren-te e ser o primeiro da família a entrar no ensino superior. O pré-requisito é ter perfil de futuro líder comunitário. Os estudantes que já estão no programa vão pesquisar a rea-lidade socioeconômica dos que chegam à universidade. Em agosto, deve sair uma publicação com os resultados obtidos na pesquisa.

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Esse projeto é de fundamental importância para a con-solidação dos programas de inclusão educacional do Gover-no Federal. Deve-se destacar que a iniciativa do programa Conexões dos Saberes é absolutamente pioneira e constitui-se na possibilidade real de estudantes pesquisarem sobre suas realidades a partir das próprias origens.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 02/6/2006.

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Novos Professores

O Ministério da Educação (MEC) tem constantemente debatido com a comunidade educacional, em todo o País, propostas para melhorar o ensino público superior. Uma das queixas recorrentes é que as universidades públicas federais estão com seus quadros de professores defasados. O número de docentes que está em sala de aula é insuficiente para su-prir a demanda dos cursos. Infelizmente, a situação não é nova, o governo anterior, acometido da “síndrome da redu-ção do Estado”, impôs às universidades públicas um regime de quase insolvência.

Em tempo, o Governo Federal, motivado pelo debate em torno da Reforma Universitária, decidiu abrir concur-so, ainda nesse semestre, para a contratação de quatro mil professores para as universidades públicas federais. Vale ressaltar que, em dezembro último, o MEC já havia auto-rizado a contratação de 1.750 professores. A distribuição das vagas será feita em conjunto com a Associação Na-cional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino (Andifes).

A expansão das vagas para professor nas instituições federais acontece desde 2002. Segundo o MEC, houve um acréscimo de 1.996 docentes, com 6.656 contratações, contra 4.401 aposentadorias e 259 exclusões. A Universidade Fede-ral do Ceará (UFC) anuncia concurso público para contrata-ção de sessenta professores em nível de doutorado. A medida chega para atender uma reivindicação antiga dos alunos, que sofrem com a falta de professor nas salas de aula.

As escolas técnicas também serão beneficiadas com a contratação de novos professores. O Governo Federal vai contratar mais novecentos professores e seiscentos servido-res para as escolas de ensinos técnico e tecnológico federais. As novas contratações atenderão o programa de expansão dos Cefets, em que 32 novas escolas serão construídas, 25 este ano.

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Além do aumento do número de professores há, tam-bém, a preocupação com a qualificação dos docentes das es-colas públicas e com a preparação para o ensino de temas específicos, como é o caso do ensino de História e da Cultura Afro-Brasileira. A Universidade de Brasília (UnB) vai capa-citar cerca de 45 mil professores para ensinar temas como o tráfico de escravos africanos, as dificuldades enfrentadas pelos negros depois da abolição da escravatura e as origens das tradições culturais afro-brasileiras.

É um esforço que deve ser reconhecido pela socieda-de, sobretudo porque procura resgatar uma parte da saga do nosso povo, que ficou literalmente à margem dos livros de História.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 03/2/2006.

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Educação de Jovens e Adultos

Há um importante fenômeno acontecendo na esfera educacional brasileira: jovens e adultos estão cada vez mais trilhando o caminho de volta à sala de aula. Atualmente, cerca de 4,2 milhões de alunos estão frequentando os pro-gramas de alfabetização de jovens e adultos. Aqueles que não tiveram oportunidade de concluir na época apropriada a educação básica querem recuperar o tempo perdido, en-quanto aqueles que não sabem ler e escrever pretendem ser alfabetizados.

Certamente, um dos fatores que contribuíram para a decisão desse contingente de alunos voltar a frequentar os bancos escolares foi a elevada exigência por qualificação do mercado de trabalho por mão de obra qualificada. A aqui-sição de novos saberes é fundamental para quem pretende alcançar as oportunidades do mercado globalizado. Além disso, não existe cidadania sem educação.

Porém, alguns desafios precisam ser enfrentados. O País necessita expandir a escolaridade nos níveis fundamen-tal e médio. Para se ter a dimensão desse desafio, de acordo com o MEC, são mais de 65 milhões de jovens e adultos que não concluíram o ensino básico. Desses, trinta milhões não frequentaram nem os quatro primeiros anos escolares — são os chamados analfabetos funcionais. Cerca de 16 milhões não sabem ler nem escrever um simples bilhete.

A esmagadora maioria dos estudantes dos municí-pios brasileiros possui uma média de escolarização abai-xo de oito anos. Entretanto, a situação está melhorando. O Censo Escolar de 2003 revela um crescimento de 12,2% nas matrículas de jovens e adultos na rede oficial. Como professor de História não posso deixar de destacar que a luta pela escolaridade no Brasil remete a tempos antigos. No início do século passado a pressão para acabar com o analfabetismo vinha da indústria nascente no país, que precisava de mão de obra qualificada.

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Já na metade do século XX a ditadura militar barrou algumas tentativas importantes de educar a população, su-focando iniciativas como os Centros Populares de Cultura e o Movimento de Educação de Base. Porém, com a abertura po-lítica e a promulgação da Constituição de 1988 foi pavimen-tado o caminho para a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que dedicou atenção especial a alfabetização de jovens e adultos.

Enfim, ao trazer novamente o jovem e o adulto à esco-la é preciso garantir que eles permaneçam nela. Para tanto, é preciso que as escolas tenham material didático específico a esse tipo de faixa etária, metodologias adequadas e, sobre-tudo, professores qualificados.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 05/5/2006.

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Compromisso com a Educação

O grande educador Paulo Freire disse, no livro “Peda-gogia do Oprimido”, que “O homem não pode participar ativamente da História, na sociedade, na transformação da realidade, se não for ajudado a tomar consciência da rea-lidade e da sua própria capacidade para transformá-la”. Certamente, Paulo Freire referia-se à imensa aptidão que a educação tem de modificar definitivamente os indivíduos, à medida que lhe são oferecidas as ferramentas transformado-ras do conhecimento.

Na perspectiva de Paulo Freire, portanto, o papel dos educadores no processo de construção de uma sociedade mais justa e cidadã deve ser, sobretudo, o de auxiliar às pessoas a perceberem de forma crítica e verdadeira o mun-do que as cerca.

A nobre tarefa de despertar consciências e formar cida-dãos, por meio da educação, tem sido o principal objetivo de vida de um dos maiores educadores do Estado do Ceará. Re-firo-me ao professor Edgar Linhares Lima, homem profunda-mente identificado com os melhores ideais do conhecimento e educador de indiscutível talento e competência.

O professor Edgar Linhares tem participado ativamen-te, nos últimos cinquenta anos, de todos os movimentos e planejamentos educacionais do Ceará e de outras regiões, sempre contribuindo com suas brilhantes ideias para o en-grandecimento da educação, onde quer que atue. Ainda jo-vem, o professor Edgar Linhares participou do governo Parci-fal Barroso, sendo chefe de gabinete do então governador.

Mas foi no primeiro governo Virgílio Távora, de 1963 a 1966, que o professor Edgar Linhares, ao comandar uma equipe de educadores progressistas, deu início a uma verda-deira revolução, à época, na educação do Estado do Ceará. Promoveu a primeira grande reforma educacional cearense, além de ter sido, por muitos anos, conselheiro do Conselho de Educação do Estado.

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Sua capacidade de trabalho é algo invejável. O profes-sor Edgar Linhares possui uma força interior que o impulsio-na a continuar colaborando com os destinos da educação, sempre utilizando sua mente privilegiada para elaborar, co-ordenar e executar ideias e planos, na direção da qualidade e do aproveitamento educacional.

Mais recentemente, o Professor Edgar Linhares teve participação decisiva no assessoramento ao Comitê pela Erradicação do Analfabetismo Escolar, órgão cuja função é nobre: procurar soluções para banir definitivamente o anal-fabetismo dos lares e escolas cearenses. O ex-Prefeito Cid Go-mes convidou-o para orientar a equipe de educadores que elaborou o planejamento educacional do município.

A Medalha do Mérito Parlamentar Otávio Lobo foi criada para homenagear personalidades e entidades de maior projeção no Estado. Por nossa iniciativa e a do Depu-tado Ivo Gomes, o Professor Edgar Linhares foi escolhido, por unanimidade, pelo plenário da Assembleia Legislativa para receber tão importante honraria.

Portanto, a Outorga da Medalha do Mérito Parlamen-tar Otávio Lobo ao educador Edgar Linhares Lima simboliza o reconhecimento e o agradecimento do povo do Ceará a esse ilustre educador, que está, sem sombra de dúvidas, no mesmo patamar de outros grandes educadores que atuaram no Ceará, como Lourenço Filho, Lauro de Oliveira Lima e Edilson Brasil Soárez.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 06/6/2006.

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Fundeb: uma vitória da sociedade

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 06/12, em segundo turno de votação, a Proposta de Emen-da Constitucional (PEC) que cria o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).  Entretanto, para ser aplicado, o Fundo precisa ser regulamentado por legislação complementar ou por iniciativa do Executivo, através de me-dida provisória.

O Fundeb vai garantir mais vagas em creches e escolas públicas, além da melhoria no salário dos professores, com a implantação do Piso Nacional da categoria. Atualmente, o professor da educação básica ganha em torno de R$ 300,00 de piso. A expectativa é de que, com o Fundeb, este valor, pelo menos, duplique.

Com o Fundo, os prefeitos municipais e governadores terão a garantia de que haverá uma substancial elevação nos valores destinados à educação básica. O Fundeb substituirá o atual Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), que acaba este ano.

Com duração de 14 anos, o novo Fundo atenderá os alunos da educação infantil, do ensino fundamental e médio e da educação de jovens e adultos, beneficiando 48 milhões de estudantes.

O aporte da União será de R$ 4,5 bilhões por ano até 2009, o que representa cerca de 10% do valor total do Fundo — estados e municípios entram com o restante. A lei de regulamenta-ção tratará da organização do Fundeb em cada estado, da distribuição proporcional dos recursos, das diferenças quanto ao valor atual por aluno entre as diversas etapas da educa-ção básica e tipos de estabelecimento de ensino.

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A forma de cálculo do valor mínimo por aluno, a fis-calização e o controle do fundo, o piso salarial nacional para os profissionais do magistério da educação básica e seus pla-nos de carreira também serão detalhados em lei complemen-tar. O Fundeb, que será constituído por 20% de uma cesta de impostos e transferências constitucionais de estados e muni-cípios e de uma parcela de complementação da União, vai atender alunos da educação básica (infantil, fundamental, média, de jovens, adultos e especial).

A expectativa para a aplicação dos recursos do Fundeb já em 2007 é muito grande, sobretudo porque os benefícios que virão para todo o sistema educacional mudarão o perfil da educação nos próximos anos. A consolidação do Fundeb será, sem dúvida, uma das maiores vitórias da sociedade na história recente da educação brasileira.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 08/12/2006.

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Questão de Estado

O debate sobre a educação no Estado do Ceará foi bas-tante intenso em 2005. A Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa, a qual tenho a honra de presidir, realizou diversas audiências públicas, com o ob-jetivo de colocar em evidência questões importantes para o segmento educacional como, por exemplo, a luta contra a precarização das relações de trabalho no magistério.

No apagar das luzes do ano que passou, o governo do Estado reconheceu a pertinência da reivindicação da catego-ria e acabou por enviar mensagem à Assembleia, determinan-do a ampliação da carga horária dos professores das escolas públicas, de vinte para quarenta horas semanais. Entretanto, apesar da vitória pontual, o que verificamos é a falta de uma política de educação consistente para o Ceará. Ao longo dos quase vinte anos de administração tucana foram poucos os avanços, sobretudo no que se refere à qualidade educacional, como afirmou, recentemente, em artigo publicado em jornal local, o vice-governador do Ceará, Maia Júnior.

De fato, os indicadores educacionais cearenses apon-tam que houve um acréscimo na quantidade de recursos aplicados no setor, o que não representou, necessariamente, uma melhora significativa na educação pública do Estado do Ceará.

Acredito, como professor que sou há 28 anos, que a educação é a chave para o desenvolvimento de qualquer so-ciedade e, portanto, deve ser pensada e planejada com metas e objetivos de curto, médio e longo prazos. A educação não deve ser vista apenas como uma questão de governo, mas, como uma política de Estado, envolvendo toda a sociedade no debate franco e democrático acerca do que pode ser feito para oferecer ao Ceará uma educação digna.

O Plano Nacional de Educação — PED, aprovado em 2001, traçou as diretrizes para os próximos dez anos, quanto

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ao encaminhamento das políticas de educação dos municí-pios e estados. Uma das ações previstas no PED é a elabo-ração do Plano Decenal de Educação, uma ferramenta im-portante para a implantação de estratégias de longo prazo. Infelizmente, o Estado, ainda, não elaborou o seu Plano de Educação.

Certamente, mais produtivo do que tentar achar cul-pados para o fracasso da educação pública cearense é buscar construir um modelo de educação pública que privilegie a escola como centro irradiador do saber, dotando-a de infra-estrutura, equipamentos adequados, professores qualificados e permanentemente capacitados, com salário digno e uma metodologia de ensino moderna.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 09/1/2006.

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A Greve da Uece

Não há vencedores nem vencidos quando o assunto é greve. Entretanto, em qualquer democracia, as paralisações são reconhecidas como movimentos legítimos e levados a termo pelos trabalhadores sempre como último recurso, na tentativa de sensibilizar empregadores de uma forma geral.

No caso da greve da Universidade Estadual do Ceará — Uece, que já se aproxima do sexto mês de paralisação das ativi-dades docentes, o movimento, apesar de penoso e desgastante, não apenas para professores, mas também para os estudantes e demais integrantes da comunidade acadêmica, pode-se dizer que alcançou alguns resultados importantes.

O primeiro deles foi despertar a atenção da sociedade para a difícil situação das universidades estaduais, sobretudo a Uece, e suscitar um debate público acerca de caminhos e alternativas para resgatar o ensino público superior no Cea-rá. É fato que o atual governo não priorizou ações concretas visando priorizar o investimento nas três universidades sob sua administração (Uece, Urca e Uva).

A construção do saber não se faz, unicamente, com re-cursos destinados à infraestrutura física, mas, principalmen-te, investindo na valorização e qualificação de seus profes-sores, mestres e doutores. Valorizar a universidade, em uma primeira análise, significa remunerar decentemente os pro-fessores e apoiá-los em seus projetos e reivindicações.

Os governos anteriores não conseguiram abrir um ca-nal efetivo de interlocução com os professores, ao contrário, revelou-se incapaz de oferecer soluções para a recuperação dos salários dos professores, ainda que o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) já houvesse sido colocado como o ponto de partida para o resgate dos salários dos servidores da Uece.

Felizmente, a Assembleia Legislativa cumpriu seu pa-pel e patrocinou um acordo que, finalmente, pôs fim à greve.

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Representantes do movimento grevista e alguns parlamenta-res reuniram-se com o presidente da Assembleia, Deputado Marcos Cals, e acertaram a elaboração de uma emenda ao orçamento do Estado para 2007, garantindo recursos para discutir a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Salá-rios (PCCS) no próximo ano.

Certamente, a decisão deve ser comemorada, porque uma antiga aspiração dos profissionais do magistério supe-rior do Ceará poderá ser concretizada na administração do Governador Cid Gomes. É importante destacar que no bojo do conjunto de propostas apresentadas para a educação no seu plano de governo, Cid Gomes considera o investimento nas universidades públicas do estado como estratégico para o desenvolvimento socioeconômico do Ceará.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 10/11/2006.

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Bolsas de Estudos para Professores

A necessidade de mais qualificação para os profissionais que atuam no magistério sempre esteve na pauta de reivindi-cações da categoria em todas as negociações, sobretudo com o Governo Federal. Sem dúvida, a melhoria da capacitação dos professores pode motivá-los no dia a dia da sala de aula, além de representar a elevação do nível do ensino público.

A Secretaria de Educação Básica do MEC e o Fundo Na-cional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) trabalham na regulamentação da Lei nº 11.274/2006, que autoriza a concessão de bolsas de estudo ou de pesquisa a participantes de programas de formação inicial e continuada para pro-fessores da educação básica. Embora a lei autorize o paga-mento de bolsas para professores cursistas, somente profes-sores formadores e tutores receberão bolsas. A exceção é o Pró-Licenciatura.

O MEC vai editar resolução para cada programa de-finindo valores e formas de repasse. Os programas de for-mação que preveem bolsas para tutores e professores forma-dores são: o Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil (Proinfantil); o Programa de Formação de Professores em Exercício — séries iniciais do ensino fundamental (Proformação); o Programa de Forma-ção Inicial para Professores da segunda metade do ensino fundamental e do ensino médio técnico (Pró-Licenciatura); e o Programa de Formação Continuada de Qualificação em Língua Portuguesa e Matemática (Pró-Letramento).

As bolsas serão concedidas pelo FNDE, ação do Sistema de Formação dos Profissionais da Educação, parceria entre a SEB e a Secretaria de Educação à Distância do MEC. O MEC prevê que serão necessários R$ 79,5 milhões para a ação em 2006. Para os profissionais que atuam como tutores, a bolsa será até R$ 600,00. Os professores que se capacitarão como formadores, preparadores e supervisores dos cursos receberão até R$ 900,00 mensais.

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No caso do Pró-Licenciatura, há bolsas também para professores do magistério superior responsáveis por pesquisas e desenvolvimento de metodologias de ensino, no valor até R$ 1.200,00 mensais. A seleção dos profissionais é feita pelos sistemas de ensino (municipais ou estaduais), segundo crité-rios definidos em cada programa, sendo proibido o acúmulo de mais de uma bolsa.

A bolsa ficará condicionada à adesão dos estados e dos municípios ao qual o professor estiver vinculado. O valor de-verá ser depositado pelo FNDE, em conta bancária, criada, especificamente, para esse fim, a partir da assinatura de um termo de compromisso.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 09/6/2006.

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Educação e Fundeb

A educação brasileira obteve uma importante vitó-ria na última quarta-feira, 06/12, no Congresso Nacional. Foi aprovado, em segunda votação, o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que institui o Fundo de Desenvolvi-mento e Manutenção do Ensino Básico e Valorização do Magistério (Fundeb). O novo Fundo vai representar, indis-cutivelmente, um relevante salto de qualidade no ensino público no País.

Todavia, para que o Fundo comece a valer é preciso que o Congresso Nacional aprove sua regulamentação, ou por meio de legislação complementar, ou através da publi-cação de Medida Provisória. Creio que, devido à urgência da aplicação dos recursos do Fundo em 2007, o Executivo deve-rá editar uma MP definindo sua regulamentação até o final deste mês.

Do ponto de vista do impacto financeiro, o Fundeb aplicará na educação básica, até 2009, R$ 4,5 bilhões anu-ais, uma quantia considerável de recursos, que servirá, entre outras coisas, para o investimento prioritário na infraestru-tura das escolas e na qualificação do magistério. Entre o rol de boas novidades do PEC, recém aprovada pelo Congres-so Nacional, também estão a inclusão da educação infantil (creches, pré-escola) e ensino médio; e a instituição do Piso Nacional do Magistério, uma antiga reivindicação dos pro-fessores brasileiros.

O Fundeb é destinado à elevação dos recursos na edu-cação básica. Serão beneficiados diretamente com a apro-vação do Fundeb 47 milhões de estudantes em todo o país, além dos professores que terão, finalmente, o Piso Salarial Nacional da categoria instituído.

Para se ter uma ideia, até agora o Governo Federal investiu no Fundef, em 2005, apenas R$ 500 milhões no ensino fundamental. Já o Fundeb, agora aprovado, será

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um fortíssimo elemento indutor e financiador de políticas educacionais definitivas em todos os níveis e será capaz de elevar o Brasil à condição de uma Nação que, realmente, privilegia a educação.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 09/12/2006.

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Transição no Ensino fundamental

A decisão do Governo Federal em passar de oito para nove anos o tempo de permanência dos alunos no ensino fundamental foi um importante passo para facilitar a transi-ção do período lúdico da pré-escola para o ensino fundamen-tal. Na prática, a medida do governo permite que os profes-sores possam dar continuidade no processo de preparação para as próximas séries.

Por outro lado, a passagem da pré-escola para a pri-meira série, sem a devida preparação dos estudantes, que-brava o ritmo das crianças que, de repente, deixam de apren-der brincando para ficarem sentadas prestando atenção no professor. Significa dizer que a partir de agora essa distorção será sanada. Deve-se ressaltar que a maioria das escolas par-ticulares pratica, de alguma forma, essa transição. Em países desenvolvidos, por exemplo, o modelo de transição da pré-escola para o ensino tradicional é uma atividade consolida-da no projeto pedagógico.

O aumento do número de anos letivos poderá ajudar no desenvolvimento das crianças para o estudo. O acréscimo, entretanto, não representa, necessariamente, o aumento da estrutura das escolas de ensino fundamental. O que deve ser feito é adaptar os espaços para acolher as crianças oriundas do ensino infantil.

A ação pedagógica de misturar os conteúdos lúdicos com os primeiros conteúdos do ensino fundamental ajuda-rá as crianças a se adaptarem ao ritmo da nova fase. Esse período, se bem planejado, poderá estimular e enriquecer os estudantes, além de estimulá-los nas diversas áreas do saber. As escolas e, principalmente, os professores não de-vem encarar o acréscimo como uma simples transição de conteúdo de um ano para outro, mas, sobretudo, como um período indispensável para a ampliação das experiências com os estudantes.

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A revisão dos projetos pedagógicos, os métodos de ensi-no e a capacitação dos professores serão medidas fundamen-tais para que o novo processo de ensino transforme-se em uma experiência vitoriosa. Uma das condições necessárias para o sucesso do projeto é a preparação dos professores para esses conteúdos. De acordo com a decisão do Governo Fede-ral, as escolas que ainda não se adaptaram à nova legislação poderão fazê-lo no prazo máximo de dez anos.

O prazo é suficiente para a implantação da série adi-cional, preservando o ensino e o aprendizado das crianças conforme as suas idades. A legislação também atenta para que a transição não aconteça de forma drástica, evitando assim, experiências ruins para o dia a dia dos alunos.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 10/3/2006.

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Educação Integral

Especialistas em educação têm se aprofundado no de-bate de um assunto que considero categórico para o futuro do sistema educacional brasileiro: a escola em tempo inte-gral. A escola pública é instada pela sociedade não apenas para cumprir suas tarefas fundamentais de transmitir o co-nhecimento, mas, sobretudo, para assumir compromissos e responsabilidades bem mais amplos do que aqueles tradicio-nalmente cobrados.

As exigências à escola pública aumentam à medida que a sociedade se conscientiza da importância do espaço educacional público como indispensável à formação de cida-dãos completos, instruídos na educação formal e em questões relacionadas à higiene, à saúde, à alimentação, aos cuidados e hábitos primários. Entretanto, a construção de um modelo de educação integral que satisfaça os anseios da sociedade é, ainda, um desafio a ser alcançado.

No Brasil, a construção de uma nova identidade para a escola pública impõe que se criem condições para o estabe-lecimento de um convívio intenso, autêntico e criativo entre todos os elementos da comunidade escolar. Ou seja, é pre-ciso que a escola seja um ambiente onde crianças e adultos vivenciem experiências democráticas. Só a partir delas será possível construir essa nova identidade.

Atualmente, abre-se a possibilidade do funcionamento das escolas públicas em tempo integral, dentro do conceito de semi-internato. Muitos defendem que essa seria uma for-ma eficiente de ampliar as possibilidades de conhecimento dos alunos, além de oferecer-lhes a oportunidade de integra-ção em atividades culturais e esportivas.

Parece-me, partindo do senso comum, que a proposta é vista com simpatia pela sociedade, principalmente porque a escola pública estaria sendo utilizada na sua plena capa-cidade, com seus espaços físicos e corpo funcional voltados à instrução integral de crianças e adolescentes.

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O modelo será vitorioso se definidas políticas públicas, apontando um novo modelo educacional, privilegiando o investimento na infraestrutura das escolas; e estas estejam preparadas ao convívio dos alunos, além de habilitar e me-lhorar a qualificação dos professores, para que assumam as novas tarefas educacionais, na perspectiva ampla do ensino e nas diversas possibilidades que a escola, em tempo integral, pode oferecer.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição de 13/1/2006.

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Greve dos Professores

A valorização do magistério tem sido uma luta cons-tante e prioritária na minha atuação cotidiana no Parla-mento estadual. Conheço profundamente os anseios e aspi-rações dessa categoria tão valorosa a qual pertenço e que, muitas vezes, trabalha sem as mínimas condições psicológi-cas e materiais, com o objetivo de contribuir com a melhoria do ensino no nosso Estado. Tenho plena convicção de que os professores (as) são indispensáveis para a consolidação de qualquer política educacional séria, na busca efetiva de al-cançar a qualidade em seus conteúdos.

Porém, infelizmente, o esforço extraordinário dos pro-fissionais do magistério estadual não tem sido reconhecido pelo Governador Lúcio Alcântara, que insiste em não res-ponder positivamente às justas reivindicações da categoria. O problema não é novo, pois a política de educação adotada pelos governos do PSDB, nos últimos vinte anos, não con-templou a valorização do professor, ao contrário, produziu algumas graves distorções como, por exemplo, a contratação de professores terceirizados, que já chegam a 7,5 mil, em de-trimento dos profissionais concursados.

A falta de diálogo com o Governo do Estado levou os professores da rede estadual a paralisarem suas atividades por tempo indeterminado desde a última terça-feira, 16/05, como forma de tentar sensibilizar o Governador Lúcio Alcân-tara a abrir um canal de comunicação com a categoria. Os professores querem 16,67% de reajuste, índice equivalente ao aumento concedido ao salário mínimo do funcionalismo pú-blico estadual.

Eles também exigem: a reposição da perda salarial acumulada nos últimos anos, estimada em 53%; a regula-mentação e implantação imediata da progressão funcional; a convocação de todos os concursados de 2003; a universali-zação do vale-refeição; o pagamento do curso de mestrado; a incorporação do vale-transporte no contracheque; o plano

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de carreira para todos os trabalhadores em educação; a regu-larização e aumento das verbas para manutenção das esco-las; a construção e recuperação de quadras esportivas; livro didático para todas as disciplinas do ensino médio; merenda escolar para o ensino médio e recuperação; e a instalação de laboratórios de ciências e línguas.

Pode-se perceber, pela pauta de reivindicações, apre-sentada pelos professores, que a luta não é meramente pela questão corporativa. Há uma preocupação com a efetiva me-lhoria das condições de ensino, sobretudo, para contemplar um contingente enorme de estudantes matriculados na rede estadual. Valorizar o professor é obrigação de qualquer ges-tor que tenha compromisso com a educação.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 19/5/2006.

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Inclusão Universitária

O ingresso na universidade ainda representa para muitos um sonho a ser conquistado. Sobretudo em um país como o Brasil, onde as oportunidades são absolutamente desiguais. Uma lógica perversa tem predominado no ingres-so de estudantes no ensino superior. A grande maioria das vagas nas universidades públicas é ocupada por estudantes oriundos da rede particular de ensino.

Os alunos que cursaram o ensino fundamental e médio na escola pública concorrem em desvantagem de condições com os colegas da rede privada. O motivo é simples: o nível do ensino praticado pelas escolas particulares é, em geral, infinitamente superior ao da escola pública — e os resultados têm aparecido nas aprovações das universidades públicas, onde os concursos vestibulares são mais exigentes.

Os estudantes com maior poder aquisitivo ocupam as melhores vagas nas universidades públicas, enquanto os alu-nos da escola pública, e com perfil econômico menor, são ab-sorvidos pelas universidades privadas. Para se ter uma ideia da situação, no último vestibular da Faculdade de Medicina da UFC, das 150 vagas, apenas sete estudantes vindos da es-cola pública conseguiram aprovação no concurso. O restante das vagas foi ocupado por estudantes da rede particular.

Para diminuir o problema e possibilitar o acesso dos estudantes de baixa renda ao ensino superior, o Governo Fe-deral criou o Prouni, que representa o maior programa de in-clusão educacional já posto em prática no País. Desde a sua implantação o Prouni já ofereceu 112 mil bolsas integrais e parciais em 1.142 instituições de ensino superior de todo o País. Se não fosse o programa, milhares de alunos de baixo poder aquisitivo não teriam realizado o sonho de cursar o terceiro grau.

Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Análi-ses Sociais e Econômicas (IBASE), nas principais capitais do Brasil, revelou que a educação superior é um dos principais

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anseios dos jovens entre 15 e 14 anos. No entanto, de acor-do com o Ministério da Educação — MEC, apenas 10% dos jovens entre 18 e 24 anos estão na universidade. O último Censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio-nais (INEP) mostra que, antes do Prouni, havia mais de meio milhão de vagas ociosas nas instituições de ensino superior no País.

As bolsas de estudo do Prouni foram oferecidas em tro-ca de R$ 105, 6 milhões em renúncia fiscal de tributos fe-derais para as instituições participantes. Atualmente, 1.200 instituições já aderiram ao programa. O esforço do Governo Federal é louvável, à medida que possibilita a inclusão edu-cacional de jovens que terão a condição de ingressarem em um curso de nível superior.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 21/4/2006.

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Magistério e Qualidade

Ao analisarmos os resultados obtidos pela política de educação implantada pelo Governo Estadual, ao longo de quase vinte anos de administração, percebemos que pou-quíssima coisa mudou. Apesar do esforço feito pelo governo do PSDB para melhorar a infraestrutura das escolas e elevar o número de matrículas no ensino fundamental, a qualidade da educação cearense continua deficiente.

Constatamos o fracasso dessa política pela inexpres-siva quantidade de alunos oriundos da escola pública que entram na UFC, já que 87% dos alunos são egressos da escola pública. Por pior que possa parecer o paradoxo, universidade pública não tem sido lugar de aluno da escola pública. Das 150 vagas oferecidas este ano para o curso de Medicina, por exemplo, apenas sete alunos (4,66%) passaram no vestibu-lar. No curso de Direito, com noventa vagas anuais, somente seis estudantes (6,66%) da escola pública venceram o vesti-bular.

Lamentavelmente, não há prioridade para a educação no Ceará. Não se pensa em educação de qualidade sem antes reconhecer a necessidade de valorizar os professores — uma classe indispensável para o sucesso de qualquer política edu-cacional consequente. Valorizar o professor significa pagar salários dignos e dar condições adequadas para que exerça seu mister. A prova de que a educação pública pode ser boa (de qualidade) está aqui mesmo em Fortaleza.

Segundo o último ENEM, o Centro Federal Tecnológico Cefet, ficou em primeiro lugar entre as escolas públicas e pri-vadas no exame. O Colégio Militar de Fortaleza aparece na segunda colocação. É preciso que o governo estadual siga o exemplo das escolas de ensino médio da União.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 23/5/2006.

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Expansão das Universidades

O Governo Federal tem sustentado a firme decisão do Presidente Lula de valorizar a educação em todos os níveis, porém, a educação superior, tão maltratada pelo governo neoliberal anterior, que, entre outras coisas, sucateou a es-trutura das universidades públicas, merece uma atenção es-pecial. A proposta é resgatar, sobretudo, a autoestima dos profissionais do magistério superior, recuperar a infraestru-tura física das universidades, além de democratizar o acesso ao ensino superior, com a oferta de novas vagas e a abertura de novas instituições, inclusive em regiões onde, ainda, não há faculdades ou universidades.

Nesse sentido, o Ministério da Educação liberou este mês, R$ 100 milhões dos recursos anunciados no final do ano passado para a expansão do ensino superior. As univer-sidades federais que participam do projeto podem utilizar os recursos. Outros R$ 43 milhões serão liberados até o final do mês, totalizando os R$ 143 milhões já previstos.

Os recursos serão destinados para iniciar as obras; avançar na construção dos prédios e laboratórios das no-vas universidades e garantir a expansão que o Presidente Lula tem levado a todos os cantos do Brasil, que é a pro-posta de interiorização da universidade brasileira. A pro-posta orçamentária deste ano inclui mais R$ 160 milhões para a expansão e interiorização do ensino superior públi-co no País. Serão dez novas universidades e 42 novos campi construídos.

Esta ampliação do sistema federal é o primeiro passo dado pelo MEC na direção da Reforma Universitária. A meta é ter, pelo menos, 40% dos estudantes matriculados em ins-tituições públicas, embora a reforma ainda não tenha sido levada ao Congresso Nacional. Além disso, a expansão vai atacar outras questões, como os problemas de infraestrutura existentes atualmente nas instituições.

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A opção inicial do MEC é pela interiorização do sis-tema. Assim, a primeira fase englobará a criação de novos campi direcionados a atender necessidades de regiões especí-ficas. A maioria deles será implantada na região Nordeste, notoriamente mais carente da ampliação do sistema público de Educação Superior.

A estratégia de optar pela interiorização do MEC aponta para um planejamento focado na meta de amplia-ção do sistema estipulada pela Reforma Universitária, e que está distante de ser incorreto. Dessa forma, o ministé-rio direciona seus investimentos para regiões efetivamente mais carentes — e que possuem demanda de alunos em busca de cursos de graduação, como é o caso, por exemplo, do Estado do Ceará.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 24/2/06.

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Alimentação Escolar

Um dos fatores importantíssimos para o aprendizado do estudante é, sem dúvida, uma boa alimentação. Infeliz-mente, sabemos que, no Brasil, milhares de pais de família não têm condições ainda de garantir, pelo menos, uma refei-ção por dia a seus filhos. Essa realidade é grave porque de-monstra que, para se praticar uma política de educação que busque como objetivo principal a qualidade, vários aspectos devem ser observados e não apenas a aplicação da chamada educação formal.

No levantamento apresentado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, do Ministério da Edu-cação, três em cada quatro crianças e adolescentes, na faixa etária de zero a 17 anos, da creche ao ensino médio, passan-do pela pré-escola e ensino fundamental, são atendidas pela merenda escolar ou outra forma de refeição gratuita.

Esses estudantes representam, em números absolutos, 33,6 milhões de pessoas em um universo de 44,3 milhões de crianças e jovens dessa faixa etária que estudam em creches e escolas públicas no País. O Governo Federal procura, por-tanto, preencher a carência dos estudantes de boas refeições, com a oferta da merenda escolar. A rede pública é respon-sável por quase a totalidade da merenda distribuída nas es-colas (98%) e pelo atendimento de 37,1 milhões de alunos, da creche ao ensino médio, incluindo adultos em cursos e alfabetização.

A fatia de crianças e adolescentes atendida em escolas particulares é de 7,2 milhões de estudantes, levando-se em consideração os alunos de cursos preparatórios para o vesti-bular. Por enquanto, a política de merenda escolar não leva em conta o ensino superior e procura analisar vários aspectos relacionados à educação no Brasil, quase todos relacionados à renda familiar per capita dos estudantes.

Os números do levantamento também apontam que 86,6% das crianças de 0 a três anos de idade estavam fora

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da escola, isto é, das creches e da pré-escola, cerca de dez milhões de crianças, em uma população infantil, de acordo com o IBGE, de 11,5 milhões de pessoas nessa faixa etária.

Os dados também revelam uma situação bem mais fa-vorável no ensino fundamental, sob o ponto de vista da pre-sença na escola. Entre 27,6 milhões de crianças e adolescen-tes na faixa etária de sete a 14 anos, menos de 3% estavam fora da escola, com a rede pública ficando responsável por quase nove em cada dez alunos regularmente matriculados no ensino fundamental.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 24/3/2006.

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Reforma Universitária e o Congresso

O Governo Federal envia ao Congresso Nacional na próxima semana, a proposta de Reforma Universitária. O texto é aguardado com ansiedade por todos os interessados em ver as medidas sugeridas pela reforma serem implemen-tadas. A demora no envio estava no impasse criado entre o Ministério da Educação e o Ministério da Fazenda. O Presi-dente Lula interveio diretamente nas negociações para supe-rar divergências, sobretudo no que se refere ao financiamen-to das universidades.

Quanto à questão dos recursos a serem destinados às universidades federais, prevaleceu a proposta do MEC de subvincular às instituições de ensino superior 75% das ver-bas orçamentárias da pasta. A redação final do projeto já está pronta. Outro ponto que estava “emperrando” o envio do projeto ao Congresso era o modelo de financiamento dos hospitais universitários. A intenção do MEC era dividir a con-ta com o Ministério da Saúde, já que, atualmente, esses hos-pitais desempenham tarefas que vão além do ensino.

Em muitas cidades, os hospitais universitários servem como referência à população e, de fato, muitas vezes ficam sobrecarregados e com graves problemas de atendimento. A Reforma Universitária abrange também as instituições parti-culares de ensino superior. A versão mais recente do projeto prevê a exigência da criação de, pelo menos, um curso de doutorado por universidade. Infelizmente, muitas institui-ções não oferecem esse nível de graduação, demonstrando desinteresse pela pesquisa, atividade fundamental ao desen-volvimento do País.

A reforma, também, prevê a realização de eleições di-retas para reitores das universidades federais. De acordo com o texto, a forma de escolha mediante eleição deverá constar no estatuto de cada instituição. O mandato do reitor seria fixado em cinco anos. Outra proposta criava uma loteria fe-deral específica para financiar ações de assistência estudan-

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til, isto é, originalmente o MEC promoveria em conjunto à Caixa Econômica Federal um sorteio de Natal. A nova loteria seria uma espécie de megasena, com os recursos destinados ao financiamento do ensino superior.

Dentro e fora do governo a proposta enfrentou críticas e resistências. O argumento era de que não seria consequente financiar a educação com recursos do jogo. Porém, os defen-sores da proposta defendem-se dizendo que os recursos do Fies que é o programa de crédito educativo, são originários das loterias da Caixa Econômica Federal.

A apreciação da Reforma Universitária reveste-se de muita expectativa porque sua implantação possibilitará mu-danças significativas ao atual modelo de educação superior pública no País, gerando um ganho qualitativo considerável, tendo como consequência a melhoria da universidade públi-ca brasileira.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 28/4/2006.

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As Boas Práticas da Educação Brasileira

O Governo Federal em parceria com o Unicef acaba de divulgar os resultados do Programa Aprova Brasil, que pro-curou identificar em 33 escolas do País as boas práticas que ajudam crianças e adolescentes a aprender. O estudo foi de-senvolvido a partir dos resultados da Prova Brasil, um gigan-tesco esforço de avaliação conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), do Ministério da Educação, que avaliou a aprendizagem das crianças de 4ª série e dos adolescentes de 8ª série em mais de quarenta mil escolas públicas em todo o Brasil.

Cada uma dessas 33 escolas foi visitada e centenas de pessoas foram ouvidas, dentre elas: diretores; professo-res; funcionários; pais e alunos. As crianças que frequentam essas escolas são filhas de famílias de baixa renda, vivem em municípios pobres ou de difícil acesso ou em comunida-des especialmente vulneráveis. As condições dessas meninas e meninos poderiam conspirar para que elas não tivessem bons rendimentos em seus estudos.

Mas as relações humanas, a criatividade, a participa-ção, o respeito às condições e saberes de cada um, as práticas pedagógicas e a interação com a comunidade fazem a dife-rença. As crianças e adolescentes aprendem e, assim, a escola demonstra toda sua força de transformação para melhorar a vida dessas meninas e meninos.

Aqui no Ceará, aparecem dois estabelecimentos no Pro-grama Aprova Brasil: o primeiro deles — a Escola de Ensino Fundamental Maria Alacoque Bezerra de Figueiredo, em Bar-balha, onde os professores são considerados exigentes e pro-curam compreender políticas, no sentido macro de educação. A escola desenvolve projetos especiais, como o “mercantil”, um espaço que estimula os alunos a trazerem materiais de casa (embalagens, revistas) que são utilizados em exercícios de matemática e português. Há ainda um baú de livros e re-vistas muito utilizado pelos alunos.

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A outra escola destacada pelo programa é a Escola de 1º Grau Mariano Rodrigues da Costa, em Nova Russas. De acordo com a avaliação do Aprova Brasil, existe uma união da comunidade escolar. As turmas são específicas por série (as outras escolas do município têm turmas multisseriadas) e os professores são comprometidos e bem capacitados. Há, também, um sistema de acompanhamento pedagógico que permite a avaliação constante dos alunos, o planejamento e as trocas entre os professores e escolas do município.

Nessas escolas, bem como nas outras visitadas, loca-lizadas em comunidades ribeirinhas do Amazonas; no cen-tro do Rio de Janeiro; na periferia de Teresina; no pantanal sul-matogrossense ou em um bairro pobre de uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, professores e alunos estão sin-tonizados em objetivos comuns, pois cada um acredita na capacidade do outro.

Os professores dessas escolas têm formação de nível su-perior, mas estão sempre em busca de capacitação, ousam agregar novas práticas ao cotidiano das aulas, gostam dos alunos, reconhecem o esforço e a inteligência das crianças e adolescentes e acreditam na capacidade das meninas e dos meninos. Por sua vez, os alunos gostam da escola e veem nos professores pessoas dispostas a ajudá-los a enfrentar desafios, reconhecem suas responsabilidades e apreciam o carinho com que são tratados.

O programa Aprova Brasil mostra, claramente, que o esforço dos professores e dos gestores educacionais em gover-nos de todos os níveis, na busca de uma escola de qualida-de, começa a render os primeiros resultados. É importante reconhecer que ainda há muito o que alcançar, sobretudo na melhoria da infraestrutura física das escolas e do regime pedagógico em tempo integral. Porém, o simbolismo dos re-sultados do programa aponta uma perspectiva otimista para a educação brasileira, nos próximos anos.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 29/12/2006.

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Atividade Complementar

O Ministério da Educação (MEC) determina que as ins-tituições de ensino superior promovam atividades comple-mentares com seus estudantes. Embora o MEC não estipule um percentual exato, cabendo às instituições fazê-lo, as ati-vidades complementares estão cada vez mais presentes no dia a dia acadêmico. O MEC avalia que a existência dessas atividades deva compor a base curricular de cada curso.

Algumas instituições têm uma carga horária mínima obrigatória estabelecida para a realização das atividades complementares, porém, nos estados onde a diretriz curricu-lar não determina percentual, o número mais adequado é ditado pelo regulamento interno de cada faculdade ou uni-versidade. De forma geral, as instituições estão adotando en-tre 5% a 20% da carga horária com as atividades comple-mentares.

Essas atividades possibilitam a aproximação dos alu-nos com os conteúdos práticos, além de enriquecer o currí-culo pessoal e o profissional dos estudantes. As atividades complementares contribuem para a formação cidadã e o aperfeiçoamento profissional. Os estudantes exercitam a teo-ria e a prática e têm a oportunidade de manter contato com o mercado de trabalho, com a comunidade, com pessoas de diferentes culturas e níveis sociais.

A criatividade, a autonomia e a liderança são frequen-temente exercitadas pelos estudantes quando estão inseri-dos nas atividades complementares. Recursos como filmes, palestras, debates e visitas técnicas são os mecanismos mais utilizados pelas instituições superiores. As atividades comple-mentares também permitem que os estudantes criem e parti-cipem de projetos e programas sociais.

Existem estudos que avaliam o desempenho dos estu-dantes nesse tipo de atividade. A eficiência de absorção do conhecimento é de aproximadamente 80% quando se vê,

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ouve, faz e experimenta. Para efeito de comparação, a efici-ência de absorção cai para 50% quando apenas se vê e ouve, retirando do aluno a condição de avaliar o conhecimento na prática.

As atividades complementares também ajudam o alu-no a desenvolver sua autonomia, por meio de novas expe-riências acadêmicas e de relacionamento. Por outro lado, a universidade ajuda a expandir o horizonte intelectual dos alunos. Isso aumenta as possibilidades de sucesso do jovem tanto na vida profissional, quanto na vida pessoal.

Portanto, é importante as instituições superiores terem em seus currículos a promoção de atividades complementa-res porque os ganhos para os estudantes e para as próprias instituições são enormes.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição de 31/3/2006.

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Amor ao Magistério

Quem é professor sabe que a relação entre o indiví-duo e a profissão transcende os limites da pura e simples venda de mão de obra. Muito ao contrário, apesar do pouco reconhecimento, dos baixos salários e da falta de uma po-lítica educacional que privilegie a categoria, a maioria dos professores sente-se satisfeita com a profissão que escolheu. Transmitir conhecimento, partilhar experiências é algo que proporciona uma profunda alegria, sobretudo quando esse conhecimento tem o poder de transformar uma realidade pessoal ou coletiva.

O estudo “As emoções e os valores dos professores bra-sileiros”, elaborado pela Fundação SM, ligada à Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) ouviu 3.584 professores, a maioria do ensino fundamental, de 89 escolas públicas e particulares dos estados do Ceará, Minas Gerais, Pará, Para-íba, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Para cerca de 80% dos docentes brasileiros, a sociedade não valoriza os profes-sores, todavia, 42,4% dos educadores da rede pública estão satisfeitos com as suas condições de trabalho e 65% dos en-trevistados não deixaram a profissão, ainda que tivessem a condição de fazê-lo.

Os resultados revelam de forma inequívoca a rela-ção de respeito e admiração que os professores têm com o magistério. Uma das explicações encontradas pelos pesqui-sadores para justificar o comprometimento dos professores com a atividade é a forma como eles encaram o magistério. Para 31,6% dos professores, o ensino é uma atividade re-lacionada aos valores e à moral e, apenas 8,6% o conside-raram como uma atividade remunerada, isto é, encaram como “trabalho”.

A pesquisa também lança um olhar sobre a vida do professor. De acordo com o estudo, 50% dos docentes defi-nem-se como equilibrados e 41% como otimistas. A maioria, 73,1%, afirma ser positiva a sua relação de trabalho. Entre-

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tanto, há aspectos que precisam ser avaliados e refletidos com cuidado e atenção. Para 51% dos professores, os pais não demonstram respeito aos professores, o que é muito pre-ocupante, tendo em vista que grande parte da educação for-mal do aluno é realizada por meio do professor.

Por outro lado, 39,4% dos docentes criticam a falta de esforço dos estudantes e 32,4% consideram que eles são pou-co responsáveis. A maioria dos professores concorda que o principal valor a ser transmitido ao aluno é a responsabili-dade. Para finalizar, o estudo mostrou que a grande preocu-pação dos professores é com o futuro dos jovens, 45,8% dos docentes afirmam que gostariam de ver seus alunos felizes no futuro.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 02/11/2007.

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Valorização da Educação Infantil

Uma das mais incessantes lutas que empreendemos durante as muitas audiências públicas e debates dos quais participamos, sobretudo no ano passado, sobre a implanta-ção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico e Valorização do Magistério (Fundeb), foi a necessi-dade de o Fundo destinar recursos para a educação infantil, visando ampliar o número de creches da rede pública de en-sino. Felizmente, nossos argumentos sensibilizaram o gover-no que decidiu por incluir o segmento na lei que instituiu o Fundeb.

Um trabalho divulgado recentemente pelo IBGE mostra que as nossas preocupações tinham razão de ser. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), apurada em 2006, quase a metade das famílias mais pobres (40,4%), com rendimento mensal per capita de até meio sa-lário mínimo, tem crianças e jovens com até 14 anos, e que apenas 9,9% dessas crianças na faixa entre zero a três anos frequentavam creches. Certamente, esse resultado aponta para a pouca oferta de vagas em creches públicas.

Considerando as famílias com rendimento mensal per capita de mais de três salários mínimos, o acesso à creche e ao pré-escolar cresce para 40,7% das crianças, esse percen-tual era de 15,5% no total das famílias. Entretanto, embora ainda abaixo da demanda, a taxa de crianças nas creches dobrou em dez anos, já que em 1996 era de 7,4%. Já o acesso das crianças de quatro a seis anos das famílias mais pobres à pré-escola, o percentual era de 68,1%, enquanto que nas fa-mílias com mais de três salários mínimos mensais per capita o acesso estava praticamente universalizado, ficando em tor-no de 95%, em todas as regiões.

Devemos ressaltar que o rendimento das famílias tem impacto decisivo no início da vida escolar das crianças (cre-che e pré-escola) e no ensino médio (15 a 17 anos), sendo menos sentida no ensino fundamental (seis a 14 anos) que

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é obrigatório e está praticamente universalizado. Ainda pela PNAD/2006, entre os 20% mais pobres, 72,7% estavam ma-triculados no ensino médio, enquanto entre os 20% mais ri-cos, eram 93,6%.

Quando consideramos o percentual de jovens entre 18 a 24 anos que estudava (51,5%) das famílias mais ricas re-presentavam mais que o dobro daqueles das famílias mais pobres (24,6%). Mais da metade (50,6%) dos jovens entre 18 e 19 anos trabalhavam, dos quais apenas 20% conciliavam o trabalho com os estudos.

A situação de baixa renda nas famílias com crianças de até 14 anos é mais preocupante no Nordeste, onde 63,1% de famílias com crianças até 14 anos de idade estavam na faixa mais baixa de rendimento, resultado da conjugação de uma fecundidade mais elevada e de um nível maior de pobreza, de acordo com o IBGE.

Em Alagoas (69,2%), Ceará (67,6%) e Piauí (66%), a maioria das famílias com crianças ou adolescentes pertencia a menor faixa de rendimento, enquanto em Santa Catari-na, apenas 16,6% das famílias estavam nessa situação. O trabalho ilegal de crianças mantém-se predominantemente agrícola e concentrado no Nordeste.

Os resultados da PNAD/2006 ainda nos deixam inquie-tos e seguros de que muita coisa precisa ser feita para elevar o rendimento médio das famílias, que reflete no rendimento escolar dos filhos. Um bom caminho é a elevação do investi-mento na infraestrutura da educação infantil (creche e pré-escola) e na adoção de políticas de inclusão social e geração de emprego e renda.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 05/10/2007.

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Avaliação da Alfabetização

Uma das principais metas do governo brasileiro na área da educação é alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade, além de avaliar a metodologia e o nível de aprendizado desse segmento de estudantes. Os objetivos fa-zem parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) pactuado com estados e municípios. Para conseguir aferir a eficácia das políticas educacionais, o MEC vai aplicar, a par-tir desta semana, a “Provinha Brasil”, como foi batizado o pré-teste de avaliação da alfabetização das crianças. A ex-pectativa do ministério é que, aproximadamente, vinte mil estudantes participem da prova. Se os resultados forem satis-fatórios o MEC pretende estender a avaliação às redes estadu-ais e municipais de ensino em 2008.

Entretanto, apesar dessa primeira avaliação ter sido chamada de “Provinha Brasil”, é preciso ressaltar que, ao contrário da Prova Brasil, que é feita pelo próprio MEC com todos os alunos de 4a e 8a séries do ensino fundamental para uma avaliação nacional, a “Provinha Brasil” será usada pe-las redes e os resultados não terão de ser, necessariamente, repassados ao ministério. Será um instrumento para escolas e redes fazerem seu próprio diagnóstico, o que as crianças estão ou não aprendendo. De acordo com o MEC, a partir de março do ano que vem, estados e municípios já começarão a receber os kits de avaliação.

A metodologia de avaliação é feita pelo Instituto Na-cional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), entidade ligada ao MEC que fará sua própria amostra, uma vez por ano, para ter uma ideia de como está a alfabetização no País. A primeira deverá ser feita no final de 2008. Diferente da “Prova Brasil”, os resultados serão nacionais e por região, e não por municípios e escolas. A pretensão do Instituto é que sejam testados alunos de oito anos, mas em duas fases: final da 1ª série e final da 2ª série. O interesse é medir qual a evolução dos estudantes nesse período.

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Ao conhecer os resultados do pré-teste, o INEP montará, ainda, uma escala para avaliação. Ao contrário do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), que não define cla-ramente o que um aluno deve saber em cada uma das séries avaliadas, a “Provinha Brasil” será mais objetiva. Haverá parâmetros claros como a definição do que um aluno de oito anos deve saber. Com isso, a classificação seta em três níveis: aqueles que sabem o suficiente, os que sabem menos do que o necessário, e os que sabem mais do que o necessário.

Atualmente, 3.708 dos 5.665 municípios brasileiros aderiram ao PDE e deverão fazer a prova. Entre os estados, 25 já assinaram o acordo. Apenas São Paulo e Minas Gerais ainda não fazem parte do PDE, mas poderão fazer a prova, se quiserem. O mesmo vale para os municípios que ainda não participam. Minas Gerais já faz uma avaliação própria, mas a “Provinha Brasil” é um mecanismo que estará dispo-nível para todas as redes, independentemente de terem ou não aderido ao PDE. O Estado do Ceará deverá aderir à “Pro-vinha Brasil” e avaliar seus estudantes com até oito anos de idade, para ter condições de saber exatamente se as políti-cas educacionais estão sendo bem aplicadas para alfabetizar adequadamente as crianças.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição de 07/12/2007.

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Educação e Renda

Ao longo da minha vida pública, tenho defendido com muita convicção e veemência o investimento em educação como forma de acelerar o desenvolvimento do País. A minha insistência está fundamentada em razões sólidas. Acredito que todos os problemas sociais, de certa forma, têm sua gê-nese na falta de oportunidades. É exatamente nesse ponto que enxergo a educação como uma verdadeira “usina” de oportunidades em todas as áreas da sociedade.

Um dos maiores problemas da atualidade é a falta de emprego. Milhares de brasileiros e brasileiras, jovens e adul-tos, sentem “na pele” os efeitos de uma economia globalizada, que exige das pessoas mais qualificação. Os jovens egressos da escola pública, por exemplo, concluem o ensino médio sem nenhuma qualificação pragmática para o mercado.

O resultado é o inchaço das estatísticas de desempre-go. É preciso que se estabeleça uma política de qualificação profissional capaz de alcançar os jovens ainda na fase do aprendizado do ensino médio, oferecendo capacitação nas áreas de informática, cursos de línguas estrangeiras, técnico-profissionalizante. As possibilidades de acesso ao mercado de trabalho ampliam-se à medida que o nível escolar se eleva. E não apenas isso. Os salários também melhoram considera-velmente.

Para se ter uma ideia do impacto da educação nos salá-rios, uma pesquisa feita com alunos de quarenta instituições de ensino superior da Região Metropolitana de São Paulo, a maior do País, mostrou que a renda dos estudantes cresce, em média, 56% do primeiro aos últimos anos de faculdade. Enquanto no primeiro ano a renda pessoal é de R$ 743,50, o estudante passa a ganhar R$ 1.158,28 nos últimos anos de graduação.

Além do aumento da renda entre os universitários que trabalham, o desemprego diminui à proporção que os anos

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de estudo avançam. No primeiro ano, 48% dos estudantes declararam ter algum trabalho. O índice sobe para 61% nos segundo e terceiro anos e passa para 69% entre os que fre-quentam os últimos anos (4o, 5o e 6o). O número varia: em média, 64% dos alunos das particulares trabalham, ao passo que nas públicas a média cai para 49%.

Portanto, o caminho é buscar ampliar os investimen-tos na educação básica e superior, com ênfase na formação e qualificação profissionais. O Brasil precisa avançar ainda mais nas políticas de incentivo à educação formal e profissio-nal, porque é através da educação que as oportunidades sur-girão para a maioria dos brasileiros que sonham com uma colocação decente no mercado de trabalho.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 10/8/2007.

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A Situação da Educação Básica

O Ministério da Educação (MEC) divulgou, recente-mente, os índices educacionais das capitais brasileiras e, de certa forma, o resultado foi surpreendente. Pelo resultado, a maioria das capitais e grandes cidades do País apresenta índices educacionais mais baixos que o restante dos municí-pios brasileiros. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que mede a qualidade da educação em uma escala de zero a dez, revela que, entre as cidades do País, a capital melhor colocada é Curitiba (PR), que só aparece atrás de outros 419 municípios menores.

As capitais, apesar de terem orçamentos bons e boas estruturas, não tiveram bom resultado do IDEB. Isso revela que, organizar redes de educação em metrópoles, cidades de entorno e grandes cidades é mais complicado, é sempre mais desafiador, sobretudo por causa do crescimento urbano desor-denado. As grandes cidades enfrentam problemas comuns, como o desemprego, a violência, a desigualdade na distri-buição de renda e a deficiência nos sistemas de transportes urbano e rural que afetam a gestão na área de educação.

Especialistas do MEC estão buscando contato com os dirigentes municipais para criar encontros mensais visando a discutir problemas comuns e ajudá-los a elaborar seus Pla-nos de Ações Articuladas (PAR). Os planos são necessários para que cada município defina metas e estratégias para melhorar a qualidade da educação básica, após diagnóstico da situação educacional da região. A partir do plano e da adesão ao Compromisso Todos pela Educação, o município passa a contar com as transferências de recursos e/ou com o apoio técnico previsto no PDE.

É importante que o MEC tenha um canal constante e não esporádico com as redes, em uma relação sólida, proces-sual e construtiva, em uma relação de mão dupla, onde as redes aprendem a melhorar seus índices e o governo avalia com mais exatidão as políticas educacionais de cada estado.

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Os problemas são muito parecidos, às vezes alguém tem uma solução muito boa que o gestor de outra região ainda não conhece.

Representantes do MEC e gestores das redes discutirão, entre outras coisas, a escolha dos diretores de escolas, que ultrapassa a questão da eleição, e passa pela apresentação de experiências das cidades que compõem o grupo. As boas práticas ressaltam a importância do acompanhamento pela comunidade do trabalho dos gestores escolhidos e pode me-lhorar consideravelmente o desempenho das escolas perten-centes às redes estaduais nas principais capitais do País.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 14/9/2007.

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Qualificação do Professor

Quem acompanha atentamente nossa atuação parla-mentar em defesa da educação sabe que uma das principais lutas que abracei é pela qualificação dos profissionais do ma-gistério. A minha convicção é de que a busca por uma educa-ção de qualidade só será possível através do incentivo à en-trada de professores capacitados na educação básica, porque serão esses profissionais que lidarão cotidianamente com os estudantes. Muitos professores necessitam de motivação para adotar a tarefa de transmitir conhecimento, e a qualificação profissional pode contribuir, sobremaneira, para elevar a ca-pacidade do professor de ministrar conteúdos.

Nesse sentido, o Governo Federal tem se esforçado para recuperar o tempo perdido e oferecer aos professores, sobretu-do da educação básica, a oportunidade de agregar conheci-mentos e novas técnicas à didática. Esta semana, foi lançado o Programa de Bolsa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID). O programa vai destinar vinte mil bolsas de estudos para professores do ensino básico em todo o País. O objetivo é também atrair estudantes para os cursos de licenciatura, que tiverem seus projetos aprovados pela Capes, através da distribuição de R$ 350,00 mensais.

As bolsas serão distribuídas a partir de março de 2008. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o investi-mento no programa deverá chegar a R$ 75 milhões durante o ano para combater a evasão dos professores do magistério. Entretanto, existem outras iniciativas que, também, podem impulsionar o magistério tanto em qualidade quanto em ca-pacitação, como a oferta de cursos superiores à distância por meio das universidades federais, a chamada “Universidade Aberta do Brasil”. Já existem 209 polos da UAB instalados no Brasil.

Outra medida importante para tentar diminuir o défi-cit de professores é o Programa de Apoio a Planos de Reestru-turação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Das

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45 instituições que aderiram ao programa, 33 já tiveram seus planos validados pelo MEC. Cerca de 14 mil vagas serão cria-das em cursos de licenciatura, no próximo ano, em todo o País. Sem dúvida, são iniciativas dessa natureza que me leva a crer que a educação brasileira está no caminho certo.

As políticas educacionais do Governo Lula têm ajuda-do a mudar o perfil da educação pública brasileira. É certo que ainda há muito o que caminhar, mas, inegavelmente, estamos avançando na direção correta. Os reflexos das deci-sões e programas implantados serão sentidos daqui a alguns anos, com a redução drástica do analfabetismo e no maior acesso das pessoas à educação formal.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 14/12/2007.

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Professor: um agente transformador

Uma vez perguntado por um aluno sobre o que sig-nificava educar, veio-me à mente o educador Rubem Al-ves, quando certa feita disse: “Educar é mostrar a vida a quem não a viu”. A responsabilidade do professor é criar as condições para que os alunos interpretem corretamente o mundo. Passando a limpo minha história, lembrei-me da importância que cada mestre teve na minha formação intelectual e cidadã.

Os professores possuem a utopia de uma sociedade me-lhor, eles sabem que, um futuro promissor, só pode ser traça-do pelos caminhos da educação. Quanto mais têm consciên-cia dessas necessidades, mais aprendem da sua prática. Para exercer seu papel, eles precisam de atualização, capacitação e remuneração.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD/2006) revela que o Estado possui 22,6% de jovens e adultos analfabetos e 35,6% de analfabetos funcionais. Os números apontam para a necessidade urgente de valorizar os professores e dar-lhes as condições para reverter esse qua-dro preocupante.

Felizmente, a aprovação do Fundeb foi decisiva para reforçar a busca por uma educação de qualidade, com a perspectiva da implantação do Piso Nacional do Magistério. A escola deve ser a principal indutora do desenvolvimento local, regional e nacional e os professores assumem papel fundamental e estratégico na consecução dos objetivos.

Para isso, é preciso que haja investimento em mais programas de qualificação docente; ampliação do número de professores; materiais didáticos adequados; investimentos na recuperação da infraestrutura física; construção de novas escolas, além da recuperação dos salários e a manutenção dos direitos e das garantias conquistados pela categoria.

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Portanto, é preciso continuar acreditando na força transformadora da educação e de seus agentes, porque, como diria Paulo Freire: “Onde quer que haja mulheres e homens, há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender”.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 15/10/2007.

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Fundeb e Controle Social

Não há como negar que a implantação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico (Fun-deb) representa um dos maiores avanços já experimenta-dos na tentativa de elevar os investimentos na educação básica brasileira. A criação do Fundeb trouxe consigo uma mudança de mentalidade quanto à forma de pensar e ge-rir educação. A grande mudança é que o Fundeb atinge, também, o ensino infantil, fundamental, médio e educa-ção de jovens e adultos. A maior abrangência desse fundo permitirá o equilíbrio de ações e investimentos em todos os setores da educação.

Com o Fundeb, a União ganha papel fundamental na condução da política de educação, dividindo com estados e municípios a responsabilidade de aportar recursos na edu-cação. Somente este ano, o Governo Federal destinará R$ 2 bilhões para a educação, todavia, a maior parte do dinheiro virá de impostos como o Imposto sobre Propriedade de Veícu-los Automotores (IPVA). A expectativa total de recursos apli-cados no Fundeb é da ordem de R$ 48 bilhões.

Todavia, um dos graves e crônicos problemas encon-trados no Brasil é a má aplicação dos recursos públicos. A bu-rocracia da máquina administrativa; a falta de controle; e a corrupção são apontadas como causas dos fracos resultados. No caso do Fundeb, a lei que o instituiu criou os Conselhos de Acompanhamento e Controle Social, que serão responsáveis pela fiscalização e acompanhamento dos recursos advindos do fundo.

Os conselhos são colegiados formados para controlar a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do fundo nas esferas municipal, estadual ou federal. Esses orga-nismos são indispensáveis para o sucesso do fundo, porque serão os olhos da sociedade e ajudarão a diminuir a inefici-ência das aplicações dos recursos públicos. Infelizmente, ape-nas 42% dos conselhos cadastraram-se, talvez, ainda pela

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falta de informação acerca do funcionamento do Fundeb e de sua legislação.

Na Assembleia Legislativa, há o empenho em informar e conscientizar a sociedade sobre as conquistas do Fundeb, através dos pronunciamentos e audiências públicas, realiza-das ao longo do ano de 2006. Agora, o propósito é continuar fomentando o debate, sobretudo quanto ao controle social e à participação efetiva de todos na condução das ações do fundo.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 17/8/2007.

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Gestão Escolar

Uma das mais importantes ferramentas para melho-rar a qualidade da escola é, indiscutivelmente, a sua gestão. Infelizmente, ainda muito se debate sobre a educação ou do ponto de vista do aluno ou do professor. A gestão escolar, muitas vezes, passa à margem das discussões. As questões que envolvem a administração escolar devem merecer de nós uma atenção especial. Além de defender o processo de elei-ções diretas para os gestores das escolas públicas, por enten-der que é a forma mais democrática de escolha, também sou partidário de que os futuros diretores tenham capacitação e experiência comprovadas para exercer a função de gestor escolar.

Sem a devida qualificação, mesmo que o gestor seja articulado e querido pela comunidade escolar, certamente, enfrentará dificuldades, sobretudo em uma estrutura pública deficiente a qual conhecemos. O perfil ideal é daquele pro-fissional que agrega conhecimento técnico à experiência do magistério. O bom diretor é aquele que sabe articular um bom projeto e cria harmonia na escola. Junta pais e alunos para uma conversa, dialoga com as autoridades e ouve a comunidade e professores.

Acredito ser a boa gestão, aquela que caminha ao lado de um projeto educacional de qualidade; dialogue com todos os integrantes do processo; e seja exequível. É preciso inovar na gestão educacional. Durante muito tempo, repetidos mo-delos de administração escolar ficaram obsoletos, diante da dinâmica da sociedade moderna.

Com a municipalização da educação, os gestores terão a grande oportunidade de criar modelos singulares, capazes de atender às necessidades de suas populações, aplicando os recursos com criatividade e critério para encontrar a fórmula certa para a gestão das escolas. Nesse contexto, o diretor de escola e os gestores públicos devem trabalhar em sintonia e com coerência. Autonomia é a palavra chave na administra-

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ção, especialmente na educação. Quanto mais autonomia do poder público, mais chances a educação terá de melhorar.

Para finalizar, quero ressaltar que, de acordo com o sen-so escolar de 2006, 83,6% do ensino do País é público, portan-to, a parcela mais expressiva da responsabilidade por educar a população está nas mãos dos diretores de escolas públicas e essa tarefa deve ser feita com competência e qualificação.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 19/10/2007.

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Educação e Responsabilidade Social

As universidades públicas e privadas estão buscando, nesse início de século XXI, uma participação mais efetiva nas comunidades as quais estão vinculadas, pois o conhecimento qualifica e capacita os profissionais. As instituições de ensino superior estão percebendo que, também, é de sua prerrogati-va institucional a interferência direta no processo social.

A ONG Universidade Solidária (Unisol), que estimula a atuação social nas universidades, acaba de escolher dez projetos dedicados ao meio ambiente e ao desenvolvimento econômico de comunidades pobres. Cada projeto receberá R$ 40 mil para executar seus trabalhos. O programa, em sua 11ª edição, já financiou 47 projetos universitários em todo o País.

Entre os projetos a serem colocados em prática este ano estão: atividades de apicultura (criação de abelhas e extra-ção de mel); criação de peixes; cooperativas de catadores de lixo; apoio a profissionais que trabalham com adubo; e orga-nização de costureiras na periferia das grandes cidades.

Um dos objetivos dos projetos é colocar os estudantes em contato com os problemas reais, e não apenas acadê-micos, enfrentados no cotidiano das populações urbanas e rurais. É preciso que os futuros profissionais de todas as áre-as tenham uma visão sistêmica e abrangente do universo social onde estarão inseridos quando entrarem no mercado de trabalho.

Além disso, os projetos apresentados e colocados em prática ajudam a melhorar as condições de vida das popu-lações atendidas. Empresas privadas, que apoiam finan-ceiramente os projetos desenvolvidos pelas universidades, investiram até agora R$ 850 mil, com resultados muito sa-tisfatórios. Há projetos em que o “salto” na renda das comu-nidades envolvidas é rápido — e exemplo de um grupo de catadores de lixo em Minas Gerais, cuja renda individual

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“saltou” de R$ 250,00 mensais para R$ 400,00 após a cria-ção de uma cooperativa orientada por estudantes mineiros.

Outro exemplo de sucesso é uma cooperativa de ostras em São Paulo, formada por moradoras de antigos quilombos do litoral sul do Estado. A cooperativa aposta no manejo sus-tentável de ostras como fonte de renda, fornece ostras para municípios da Baixada Santista, mas precisava aumentar a demanda pelo produto.

A Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) ajudou a montar o plano de marketing para a cooperativa, que envolveu 60 estudantes na empreitada. Eles trabalha-ram na estruturação de outras duas cooperativas na região, uma de costureiras; e outra dedicada ao ecoturismo. Hoje a cooperativa tem 200 associados, que respondem pela produ-ção anual de 30 mil dúzias de ostras. Cerca de 90% da pro-dução é vendida no litoral paulista e na capital, a um preço que varia de cinco a dez reais a dúzia.

Esse exemplo de prestação de serviço efetiva a comu-nidade, ajuda a melhorar a sua condição de vida e deve ser seguido pelas demais instituições de ensino superior, poden-do contribuir para mudar o perfil das sociedades nas quais estão inseridas, formando cidadãos mais conscientes e com-prometidos.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 21/9/2007.

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Economia e Educação

Os esforços que o Governo Federal tem feito para me-lhorar os índices de distribuição de renda começam a ofere-cer resultados concretos. Apesar das críticas de alguns, que ainda não compreendem a importância da participação do Estado na formulação de políticas efetivas de distribui-ção de renda, o programa “Bolsa Família” já conseguiu a façanha de retirar da miséria absoluta cerca de 12 milhões de famílias. Porém, reconhecemos que é preciso mais. Nes-se sentido, é urgente a compreensão de que o avanço da economia é fundamental para alcançarmos uma socieda-de mais justa.

Não que a economia seja um fim em si mesma, porém, é uma ferramenta indispensável para qualquer sociedade que deseja equilibrar as oportunidades entre pobres e ricos, trabalhadores e empresários. A economia deve ser utilizada para garantir a todos os cidadãos o acesso aos bens e servi-ços, sobretudo educação, saúde e segurança pública.

Recentemente, a equipe econômica do Governo Fede-ral ocupou os espaços midiáticos para explicar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um ambicioso conjunto de medidas que terá impacto em diversas áreas da economia, com investimentos estimados em R$ 500 bilhões até 2014. A ênfase, todavia, será na infraestrutura. O governo pretende recuperar as rodovias, ampliar aeroportos e portos e cons-truir ferrovias. Outra prioridade do PAC será o investimento na construção e ampliação de usinas de energia elétrica. O objetivo é atrair mais investidores internos e externos.

Entretanto, sabemos que os recursos são limitados, na lógica da própria economia. O compromisso do gestor públi-co, então, é direcionar os investimentos escassos para setores que permitam o desenvolvimento da economia. Atualmente, pode-se dizer que a educação é um importante fator de pro-dução, isto é, além da terra e do capital, o trabalho qualifi-cado constitui-se em um elemento fundamental ao proces-

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so produtivo. E como se chega ao trabalho qualificado? Por meio da educação.

Assim, o Governo Federal tem dado especial atenção à educação. A universalização do ensino fundamental já é uma realidade, o Congresso Nacional aprovou o Fundo de Desenvolvimento e Manutenção do Ensino Básico e Valori-zação do Magistério (Fundeb), além de ter ampliado a oferta de cursos de pós-graduação nas universidades públicas. No campo profissionalizante, as escolas técnicas estaduais e fe-derais estão oferecendo qualificação profissional a milhares de brasileiros.

No Ceará, a experiência vitoriosa do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec) mantém um extenso progra-ma de educação tecnológica à disposição da população. A nossa convicção é a de que não pode haver crescimento eco-nômico, com distribuição de renda sem investimento na edu-cação. Felizmente, tanto em nível federal quanto estadual, a educação tem sido vista com a importância que ela merece.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 23/2/2007.

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Transporte Escolar

A garantia do deslocamento diário e gratuito à escola é indispensável para manter e elevar a frequência dos estu-dantes da rede pública em todo o País. Essa tem sido uma das preocupações constantes dos profissionais da educação e das famílias, que ainda lutam para receber, sobretudo do poder público, uma prestação de serviços com qualidade e se-gurança. Os governos estaduais e municipais têm sido pres-sionados para implantar ou melhorar a frota de veículos que atende os estudantes.

O ponto central é que não há uma política de transpor-te escolar definida. É importante discutir quais os melhores caminhos para fazer funcionar uma estrutura de transporte escolar capaz de atender, principalmente, os estudantes que vivem em áreas rurais e que moram distante das sedes das escolas. Não é possível impor às crianças longas e exaustivas caminhadas diárias, como ainda, infelizmente, acontece nos rincões do País.

A boa notícia, entretanto, é que o Governo Federal po-derá dobrar os recursos destinados aos programas de finan-ciamento do transporte escolar, dependendo da demanda das prefeituras. Dois programas lançados recentemente pelo MEC são destinados a estimular as prefeituras a investir na compra de veículos escolares. O Caminho da Escola e o Pré-Escolar destinam juntos R$ 600 milhões para a compra dos veículos.

A intenção do Governo Federal é atender a todos os municípios, respeitando uma programação de desembol-so em virtude de uma natural restrição orçamentária. Para 2008, dependendo do interesse das prefeituras, os valores in-vestidos nesses programas poderão atingir R$ 1 bilhão.

Os novos veículos atenderão as crianças da zona rural a partir do ano letivo de 2008. A expectativa é de que, no ano que vem, estejam rodando no País seis mil veículos novos,

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padronizados, uniformizados, certificados pelo Instituto Na-cional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), com todos os itens de segurança necessários para um transporte adequado de passageiros, sobretudo no que diz respeito às crianças.

Atualmente, a frota de veículos que atende ao trans-porte escolar é antiga, com os programas, será possível reno-var toda a frota a cada oito anos. Não haverá mais veículos velhos, inseguros e inadequados transportando crianças. A compra dos veículos será feita através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

O detalhe é que os veículos serão adquiridos pelo go-verno federal e enviados às prefeituras e estados, de acor-do com a demanda, evitando dúvidas ou descaminhos nos recursos. A partir da modernização e elevação da frota de transporte escolar, certamente, o rendimento dos estudantes será melhor e o índice de evasão escolar tenderá a cair.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 24/8/2007.

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Expansão do Ensino Superior

A União tem demonstrado especial atenção com o siste-ma federal de ensino superior. Uma das grandes reclamações, sobretudo dos professores e alunos, tem sido a falta de inves-timentos na recuperação da estrutura física das instituições, a contratação de mais professores, além da ampliação da ofer-ta de novas vagas e cursos. Sabendo dessas carências, o gover-no Lula implantou o Programa de Reestruturação e Expansão das Instituições Federais de Ensino Superior (Reuni).

A finalidade do programa é incentivar as universidades públicas a elevar o número de vagas, além de buscar a aber-tura de novos cursos de graduação; mas para isso, é preciso que as instituições se credenciem no programa. Através do in-centivo do Reuni, a Universidade Federal Rural da Amazônia deve ofertar mais quatro mil vagas em 2008 e, praticamente, dobrar a quantidade de cursos em funcionamento.

O Reuni também visa a ampliar o acesso e a perma-nência na educação superior, com melhor aproveitamento da estrutura física e dos recursos humanos existentes nas universidades federais. A meta do programa é aumentar a relação professor/aluno (um para 18) e elevar para 90% a taxa de aprovação dos estudantes ao final de cinco anos. Não é tarefa fácil, mas a disposição do Ministério da Educa-ção (MEC) é investir cerca de R$ 2 bilhões até 2010.

O Programa também deve “atacar” um problema crô-nico e preocupante nas universidades públicas que é a ele-vada taxa de abandono dos cursos. Uma das estratégias é a ampliação de vagas no período noturno e a ocupação das vagas ociosas. As universidades deverão modificar suas gra-des curriculares, para oferecer uma melhor condição de dis-ponibilidade de horários para os estudantes.

Apesar dos propósitos do Reuni, o programa ainda gera polêmica. Alguns críticos avaliam que o programa pode aprofun dar o sucateamento das universidades e acham que

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poderá levar a perda da qualidade dos cursos e ao enfraque-cimento da pesquisa científica. Entretanto, não se pode dizer que o poder público não está oferecendo alternativas para a questão da expansão universitária no Brasil. Creio que o Reuni tem virtudes, como a destinação de recursos específicos para a recupera ção da estrutura física das escolas e o investi-mento em novos cursos.

A participação da comunidade estudantil é fundamen-tal para que o Reuni possa ser bem sucedido. A União Na-cional dos Estudantes (UNE) tem debatido o programa com o (MEC), porém, tem solicitado mais tempo para ampliar as discussões a todas as instituições federais do País. O certo é que o Reuni é uma tentativa concreta de ampliar a oferta de cursos de nível superior no Brasil. Certamente, o programa tem lacunas, mas pode ser melhorado democraticamente.

A exigência do mercado por profissionais qualificados leva milhares de jovens a cada ano procurar um lugar no ensino superior, e o Governo Federal tem que suprir essa de-manda com cursos modernos e voltados para a expectativa do mercado de trabalho. Essa é uma questão prática, que não pode esperar e, muito menos, ser esquecida.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 26/10/2007.

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Aprovação do Ensino Público

Apesar do longo caminho que ainda temos de per-correr para alcançarmos uma educação pública de quali-dade, é fato que a educação brasileira experimentou uma significativa melhoria, sobretudo após a adoção de políticas públicas destinadas à ampliação da participação dos estu-dantes na escola e do aumento dos investimentos no setor. Só o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico (Fundeb) deverá injetar R$ 4,5 bilhões no ensino pú-blico até 2010.

Essas e outras ações permitem-nos afirmar que a educa-ção pública brasileira está no caminho certo. Ninguém me-lhor do que os próprios estudantes para atestar as mudanças no ensino público. Uma pesquisa feita pelo Ibope, denomi-nada “Adolescentes e Jovens do Brasil: Participação Social e Política”, a pedido do Unicef; da Fundação Itaú e da Funda-ção Airton Senna apresentou resultados muito animadores.

De acordo com o estudo, a maioria — 69% — estudou ou estuda em escola pública e está satisfeita com seu apren-dizado. Dentre os fatos de aprovação estão o preparo dos pro-fessores (64%), os colegas (43%) e as atividades culturais e esportivas (35%). Mesmo satisfeitos, os estudantes apontam problemas na escola que já estão sendo avaliados, como a falta de aulas e vagas (25%), má organização ou direção da escola (23%) e falta de estrutura (18%).

No estudo, foram ouvidos 3.010 adolescentes com ida-de entre 15 e 19 anos. Eles apontaram a educação como um dos principais fatores para ter sucesso na vida. Além de preo-cupados com o próprio futuro, os jovens, também, disseram-se preocupados com a realidade do País e apontaram a cor-rupção na política, a falta de segurança e a discriminação racial como os principais problemas brasileiros.

Como fatores considerados mais importantes para ter sucesso na vida foram citados: escolaridade (49%); oportu-

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nidade de emprego (47%); e esforço individual (47%). Um dado importante revelado pela pesquisa é que para os jovens a educação é tema central e faz parte de seu projeto de vida, mesmo para os que estão fora da escola.

A pesquisa indica, ainda, que os jovens estão atentos ao que acontece no País. Entre os motivos de vergonha do Brasil estão a segurança pública (20%); os políticos e a po-lítica (20%). Para eles, os fatores que levam aos problemas sociais do Brasil são a corrupção política (27%), a discrimina-ção racial (17%) e a falta de segurança (15%).

O objetivo do estudo é orientar ações de governos e ONG’s, na elaboração de políticas públicas para os jovens. Por isso, o universo pesquisado estendeu-se a capitais e in-terior do País, e incluiu indígenas. Os jovens responderam perguntas abertas e poderiam citar mais de uma opção para cada questão. O trabalho, também, força-nos a uma reflexão sobre o papel das instituições e da classe política, apontados pelos estudantes como “vergonha” do País.

Todavia, a pesquisa reforça a nossa crença de que a ju-ventude brasileira está cada vez mais consciente do seu papel e sabe enxergar com clareza os cenários que se apresentam. A avaliação positiva da escola pública não pode ser igno-rada, porque serve de estímulo para que os governos conti-nuem investindo no maior elemento transformador de que uma sociedade dispõe: a educação.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 30/11/2007.

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Por uma Educação Infantil Inclusiva

Uma vez mais, voltamos a esse espaço para observar novos dados positivos sobre a realidade da educação brasilei-ra. Hoje existem mais crianças matriculadas na pré-escola, uma importante etapa da educação infantil, equivalente à faixa de quatro e cinco anos. A informação é resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2007, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a qual mostrou que o maior número de crianças estudando na pré-escola é referente à região Nordeste — 76,8%. A região Norte apresentou crescimento de 5,1% no número de matrí-culas. De 54,6%, em 2006, passou a 59,7%, em 2007.

A pesquisa, divulgada esta semana, somente reflete o investimento em uma das maiores prioridades do governo Lula, o fomento da educação pública de qualidade. Por isso, o empenho para a larga inclusão de crianças na primeira etapa da educação básica. Essa fase é de vital importância porque corresponde ao desenvolvimento integral que ante-cede os seis anos, no qual são trabalhados os aspectos: psi-cológico; intelectual; social; complementados pela ação da família e da comunidade.

Quando uma criança é recebida no âmbito escolar somente depois dos seis anos perde-se a garantia de uma boa alfabetização. Isso porque as crianças e jovens, filhos de uma maioria de pais com baixo índice de escolarização, têm na escola a oportunidade única para a formação intelecto sociomoral.

Por esse fato é que o Ministério da Educação centra suas ações na gestão democrática da escola, na seleção de materiais didático-pedagógicos apropriados e na formação do professor. Uma das metas é exatamente a melhoria da qualidade da educação da criança de zero a seis anos. Para tanto, foram desenvolvidas atividades para aumentar o atendimento nessa área, tais como o Prêmio Professores do Brasil —, cujo objetivo é a valorização e o reconhecimento

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do mérito de professores e professoras da educação infantil e do ensino fundamental das redes públicas de ensino, que vêm  desenvolvendo experiências pedagógicas relevantes.

O Proinfantil é outra ação que merece destaque na busca pela melhoria do ensino infantil. Ele é constituído de um curso de nível médio, à distância, e destina-se a profes-sores da educação infantil em exercício nas creches e pré-escolas das redes públicas (estadual e municipal) e da rede privada sem fins lucrativos (filantrópicas, comunitárias ou confessionais).

A meta do Proinfantil é atender o maior número possí-vel de professores ainda não habilitados, considerando que o censo escolar registra cerca de 40.000 professores atuando na educação infantil sem a habilitação mínima exigida. Sendo uma ação emergencial, o programa tem caráter temporário e deverá ser concluído até janeiro de 2011. Neste ano, o pro-grama foi implantado no Ceará e em mais oito estados — Alagoas; Amazonas; Bahia; Goiás; Maranhão; Pernambuco; Rondônia e Sergipe.

O Programa Família Brasileira Fortalecida pela Edu-cação Infantil aproxima as instituições de educação infantil (creches, pré-escolas) e as famílias, na ampliação de conheci-mentos sobre a criança e sobre seus direitos. Desde 2006, foi integrado ao Proinfantil e vem contribuindo, sobremaneira, na formação de gestores e educadores de escolas públicas em trabalho com as famílias.

Muitas outras ações foram e continuam sendo apli-cadas para elevar o nível da oferta do ensino destinado às crianças do País. Os próximos resultados de pesquisas sobre o perfil dos diferentes setores de nossa sociedade mostrarão as mudanças positivas por que passam os diferentes perso-nagens de nossa Nação, gerida por um governo que quer ver garantida a cidadania. E isto não se faz sem educação.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 03/10/2008.

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Pela Melhoria da Educação

Estou extremamente preocupado com a pesquisa divul-gada pela Secretaria de Educação Básica do Estado (Seduc) que aponta um abandono dos estudos, da ordem de 25%, dos estudantes do primeiro ano do ensino médio nesse primeiro ano de estudo nesse nível.

Fico mais estarrecido ainda quando é apontado o agravante da repetência que eleva esse índice de abandono dos estudos para o patamar de 38%. Isso é uma catástrofe e necessita-se mudar radicalmente a educação básica em nos-so País, pois se trata de um problema nacional.

Oitenta e nove por cento dos estudantes brasileiros na educação básica estudam em escolas públicas. A escola priva-da é uma exceção. Apenas 11% dos alunos estudam em esco-las particulares. Estamos falando de um problema que atinge muitas famílias brasileiras e quase a totalidade das famílias cearenses.

Mas tenho muitas expectativas diante das medidas que estão sendo tomadas pelos governos: federal e estadual, como a aprovação do piso salarial nacional para o magisté-rio, fixado, inicialmente, em R$ 950,00. Quero lembrar que a maioria das prefeituras cearenses descumpre a legislação e muitos professores não recebem sequer o salário mínimo. É preciso lembrar a obrigação que os governos terão, a partir de janeiro de 2009, de pagar pelo menos dois terças entre o que pagam hoje e o piso salarial nacional.

Em 2010, o piso salarial nacional será reajustado de acordo com o valor definido pelo Fundeb - Fundo de Manu-tenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valori-zação dos Profissionais de Educação. Lembro-me que o Go-verno Federal, hoje, tem um compromisso com a educação básica, e para este ano foram destinados R$ dois bilhões de reais para a educação, mais R$ três bilhões de reais em 2009 e R$ 4,5 bilhões em 2010. Esses investimentos são verdadei-

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ras medidas revolucionárias em nosso País, mas é preciso se fazer mais.

Quero lembrar as importantes medidas tomadas pelo Governo do Estado, como a antiga reivindicação nossa e também a do Sindicato Apeoc: a aposentadoria especial para diretores, coordenadores e assessores pedagógicos cea-renses, o que dá mais estímulo, mais incentivo aos profissio-nais de educação, mas é preciso querer mais, somente isso é insuficiente. É preciso melhorar a qualidade da educação de uma forma geral, melhorar a qualidade do material di-dático, é preciso revisar os currículos escolares, que estão de-fasados, inadequados, atrasados. É necessário que se reveja a qualidade física das escolas e que se pense no ensino em tempo integral.

Quero elogiar o trabalho de 25 escolas que começam a agregar ao ensino médio público o ensino profissionalizante, formando auxiliares de enfermagem, técnicos em segurança do trabalho, do turismo e de informática, trazendo perspecti-vas concretas de trabalho para esses estudantes.

Hoje temos o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que nos dá a possibilidade de diagnosticar a situação de todos os estudantes em todas as escolas do País, que o diagnóstico é grave, mas que as expectativas são po-sitivas, pois além do Fundeb, do IDEB e do Piso Salarial Na-cional, o Governo Federal, que tem 140 escolas técnicas em todo o País, hoje tem mais 47 em construção e até 2010 terá mais 214, passando das atuais 140 para 354 escolas técnicas.

No Ceará teremos dez Cefets mais dez extensões. En-fatizo que dos estudantes aprovados no último vestibular da Universidade Federal do Ceará — UFC — apenas 15% fize-ram seus estudos na escola pública e esse quadro tem que ser modificado.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 04/8/2008.

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Educação e Eleição

A educação depende da eleição? Professores tentam conquistar mais espaços nas tribunas para reclamar salários, melhores condições de trabalho, material didático. Fazer dis-so a mensagem principal para conquistar votos é válido, mas somente quando não atinge o fim único de angariar votos sem o compromisso de fazer valer o símbolo da confiança. O discurso sem a prática é o desrespeito à escolha do cidadão que espera do candidato eleito o compromisso.

Analisemos rapidamente, aqui, o fenômeno da eleição e a possibilidade de mudanças. Qualquer um que se digne a acreditar em um futuro melhor para as crianças e adolescen-tes vai usar como argumento a educação. Sem ela, podemos afirmar, não há progresso, não haverá futuro para um esta-do que, apesar dos esforços do governo, continua exigindo atenção no que diz respeito aos recursos financeiros.

 Vivemos um momento conflituoso: de um lado a opor-tunidade de modificar a realidade; do outro, a grande de-manda que pode confundir o eleitor. A educação precisa ser a base das eleições, porque, assim, poderemos dar e oferecer créditos a uma população que amarga derrotas por escolhas não amadurecidas. A educação é a principal ferramenta de mudança da sociedade.

Não acreditemos, pois, em qualquer candidato que exponha, com promessas mirabolantes, durante o horário eleitoral, uma luta por educação de qualidade. A palavra educação é fácil de ser pronunciada, mas a garantia dela é muito mais complexa, demanda prioridade e tempo. Dê ouvidos, eleitor, a quem possa mostrar, de fato, que luta pela educação de qualidade; que tenha realizado ações palpáveis, sentidas, e que tenham gerado melhorias reais; ao sujeito que, mesmo ainda não tendo sido eleito, apresente um plano sensível à causa da educação.

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Sem essas garantias, o eleitor perde o voto e perde tam-bém a chance de eleger pessoas com vontade política. Perde o eleitor e perde a sociedade, que, ou enganada ou descren-te do processo eleitoral, vai amargar o egoísmo de políticos mais preocupados consigo e com seus pares e deixar de ele-ger quem, de fato, pode lutar pela garantia dos direitos. Não esqueça eleitor: a eleição representa um dos momentos mais democráticos do País. O seu voto tem o mesmo peso, em to-das as camadas sociais, nos casebres e nos palacetes. Não o desperdice. Eleja quem lhe merece representar.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição de 05/9/2008.

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O Brasil Olha para a Educação

O Brasil foi muito bem retratado pelo Ministro da Edu-cação Fernando Haddad, em entrevista cedida à revista Isto É, no último fim de semana. Ele tem razão quando diz que o País acordou tarde para a agenda educacional, basica-mente, apenas na Constituição de 1988. O resultado disso é a nossa nação ser, hoje, a segunda na América Latina em repetência. E uma das formas de correr atrás desse prejuí-zo, sem dúvida, é garantir a execução da Lei do Piso de R$ 950,00 para os professores.

Mas, não podemos negar que houve avanços nos últi-mos vinte anos. Avanços lentos, é verdade, mas significantes. É o caso da repetência, que vem caindo consistentemente, segundo o Ministro Haddad. Os indicadores nos municípios também melhoraram. Haddad destacou que, do primeiro ano da Prova Brasil, 2005, para 2007, 80% dos municípios conseguiram aperfeiçoar o desempenho tanto na aprovação, quanto na proficiência em matemática e em português.

O ministro enfatizou ainda a qualidade nos indica-dores das universidades brasileiras. A meta do governo é fa-zer com que as universidades particulares sigam o exemplo das federais, que, em todos os estados, são consideradas as melhores instituições de ensino superior. Isso porque, além dos investimentos na melhoria do ensino ofertado pelas uni-versidades federais, houve ampliação do acesso. Haddad revelou que, em seis anos, de 2003 a 2009, as vagas nas federais dobraram. Hoje, são 227 mil vagas. Isso sem contar com as vagas criadas pelo Programa Universidade para To-dos (Prouni).

Agora, o mais relevante ponto discutido na entrevista foi a preocupação do governo com a formação dos profes-sores. Sabiamente, afirmou Haddad que o Brasil, de modo equívoco, transferiu essa tarefa para governadores e prefeitos e que, atualmente, a União opera na formação. Um exem-plo disso é que boa parte da expansão do número de vagas

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nas universidades federais é destinada para cursos de licen-ciatura. O investimento desse setor, somente este ano, foi da ordem de R$ 300 milhões. Em 2009, avisou o ministro, será destinado um R$ 1 bilhão na formação de professores.

Outra questão muito importante debatida pelo Minis-tro Haddad refere-se ao piso dos professores. Com firmeza, ele disse que defenderá no Supremo a constitucionalidade da medida. Para tanto, o titular da pasta da Educação mencio-nou que os R$ 5 bilhões que a União aporta para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Va-lorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) sustentam o pagamento do piso nas regiões mais pobres.

O ministro ainda disse que não haverá cortes na Educa-ção em meio à crise financeira. De acordo com ele, os investi-mentos públicos em Educação aumentarão como proporção do Produto Interno Bruto (PIB). É o que vem acontecendo. Entre 2005 e 2006, os investimentos nessa área aumentaram de 3,9% para 4,4% do PIB.

Dessa forma o Brasil poderá, sim, alcançar a meta em Educação, descrita por Haddad, de superar Israel até 2021. Hoje aquele país está em 44º lugar e o Brasil, em 51º. Segun-do o ministro, se o País cumprir as metas previstas pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) estará no patamar médio dos países ricos. E esse é o nosso intento. Por isso, a nossa luta agora em garantir a execução integral da lei do piso em nosso Estado.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição de 05/12/2008.

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Pela Manutenção do Piso do Magistério

Dentro e fora da Assembleia Legislativa, o nosso in-tento tem sido discutir a manutenção do piso dos professores em nosso Estado, o que trará enormes benefícios à categoria. Mas, não podemos deixar de frisar, especialmente, a nossa discussão, na Casa Legislativa. Durante a semana passada, fomos surpreendidos pela informação de que um grupo de go-vernadores se indispôs contra alguns mecanismos do piso.

O principal deles é porque a lei transformou o piso sa-larial em vencimento básico — que pode ser elevado com o acréscimo de vantagens — o que ampliará a despesa dos estados e municípios. Outro mecanismo contestado pelos go-vernadores é a determinação para que 33% da carga horária dos professores seja dedicada às atividades fora da sala de aula, que não envolvam interação com os alunos, como pes-quisa. Hoje, o tempo destinado às atividades fora da sala de aula é de apenas 20%.

Nós, realmente, não entendemos o porquê da contes-tação desses governadores. Precisamos entender, de uma vez por todas, que o tempo do professor fora da sala de aula é imprescindível para a excelência de sua atividade. Esse tem-po tem que aumentar mesmo. Claro, porque é um absurdo termos apenas 20% do tempo para atividades extrassala.

Com relação ao impacto no orçamento, reconhecemos que a despesa dos estados e municípios com educação au-mentará, sem dúvida. Esse aumento ainda gerará problemas para o orçamento. Mas, tudo agora é uma questão de decisão política. Educação é ou não prioridade nesse país? Educação e salário de professor têm que aumentar consideravelmente. E nós não podemos perder a oportunidade de aplicar essa lei, que começou a ser discutida muito tempo atrás.

Em 1988, os constituintes definiram nos princípios básicos do capítulo da Educação que o País teria um piso nacional de salário para o magistério a ser definido em lei

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complementar. Oito anos depois, a Lei 9394/96, a chamada LDB — Lei de Diretrizes Básicas da Educação — novamen-te trata do piso nacional do salário, na expectativa de uma lei complementar para regulamentá-la. Também em 1996, a Lei 9424, que era a Lei do Fundo de Manutenção e De-senvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, novamente tratava do assunto.

Em 2007, o governo Lula enviou o Projeto de Lei 619, propondo o piso nacional do magistério. Pelo projeto, a lei co-meçaria a valer em 2008, com o valor proposto de R$ 850,00. Em janeiro de 2009, o valor seria dois terços a mais do que era anteriormente até chegar, de forma escalonada, em 2010, ao piso de R$ 950,00.

Infelizmente, o Congresso Nacional, que deveria ter votado a lei do piso em 2007, não o fez e só agora, em 2008, finalmente, o piso nacional é aprovado pelo Congresso, por unanimidade. Nenhum deputado, nenhum senador de ne-nhum partido votou contra o piso nacional do magistério. Foi uma grande luta, uma grande mobilização.

Desse modo, os educadores não abrirão mão do piso nacional do magistério. O piso vai melhorar, estimular, in-centivar os professores desse Estado e isso vai potencializar a qualidade da educação. Os professores estão propondo, junto à Central Única dos Trabalhadores (CUT), um comitê estadu-al em defesa do piso. Esse comitê vai mobilizar universidades, pais de alunos, estudantes, educadores, escolas. E nós não abriremos mão do piso, de um terço de tempo extraclasse, como também, não abriremos mão de que, em 2010, o piso seja a partir do vencimento e não da remuneração.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 07/11/2008.

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Analfabetismo Escolar

O resultado da avaliação de 146 mil estudantes cea-renses através do Sistema Permanente de Avaliação da Edu-cação Básica (Spaece-Alfa), que apontou 47,4% dos alunos de escolas públicas municipais sem saber ler nem escrever, ou seja, estudantes que vivem o analfabetismo escolar, com desempenho abaixo do esperado para aqueles que frequen-tam o segundo ano do ensino fundamental, lança luzes so-bre a necessidade de trabalharmos para a otimização do ren-dimento desses alunos.

Essa pesquisa, realizada em cinco mil escolas nos 184 municípios cearenses, indica-nos que temos um desafio gran-de a enfrentar. Há um diagnóstico que a Secretaria de Educa-ção Básica (Seduc) elaborou por município, por escola e por aluno. Com essa avaliação é possível trabalhar especifica-mente sobre essas deficiências.

Há que se recordar que a União está financiando a educação básica e é responsabilidade dos municípios a edu-cação inicial de seus cidadãos. O Governo Federal capacita professores através da Universidade Aberta. O Governo do Estado lançou o Programa Alfabetização na Idade Certa. Foi realizado convênio com os 184 municípios cearenses para a melhoria da educação. Ou seja, os governos Federal e Estadu-al estão fazendo a sua parte.

Cabe agora a cada município priorizar as suas fina-lidades com relação à educação básica. E cabe à sociedade cobrar a reversão desses indicadores, pois os governos Federal e Estadual estão disponibilizando os recursos.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 09/6/2008.

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Pelo Fim do Analfabetismo

Na semana em que se comemorou o Dia Internacional da Educação (8 de setembro) é lamentável ver que o País ain-da exclui do acesso ao ensino grande parte de seus habitan-tes. Mais lamentável ainda é constatar que essa chaga social se concentra, sobremaneira, no Nordeste, na nossa terra. Boa parcela desses analfabetos brasileiros é negra, com idade en-tre quarente e 45 anos, e vive de baixa renda.

A informação foi divulgada pela imprensa nacional nessa semana e é fruto de análise da Organização das Na-ções Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Tomando por base o resultado da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2006, perce-beu-se que 10,38% da população, com 15 anos ou mais, não sabem ler nem escrever sequer um recado, um bilhete. Nesse universo, o número de negros e pardos analfabetos é duas vezes maior que o número de brancos analfabetos.

Esse percentual representa 14,3 milhões de brasilei-ros. Na área rural, o índice é maior e revela que a popula-ção que não sabe ler nem escrever soma 25%. São dados alarmantes, de fato. Mas, antes de apenas nos impressio-nar com os números e concluirmos simplesmente que o Governo não dá a mínima para a educação, precisamos observar os passos que o País está dando para a erradica-ção do analfabetismo.

No ano 2000, o Brasil assinou o compromisso “Edu-cação para Todos”, que foi acordado durante a Conferência Mundial de Educação, em Dacar. Uma das metas ali estabe-lecidas foi a redução do analfabetismo para 6 % até 2015. O governo Lula, tendo como uma de suas prioridades a me-lhoria da educação no País, lançou, em 2007, o Plano Na-cional de Desenvolvimento da Educação (PNDE), o chamado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Educação.

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A prioridade do PNDE são medidas para o ensino mé-dio e educação infantil, sem, no entanto, descartar o desen-volvimento de ações para o ensino fundamental, para a edu-cação tecnológica básica e a educação de jovens e adultos. Um dos pontos principais foi a criação do Índice de Desen-volvimento da Educação Básica (IDEB), para medir o rendi-mento dos alunos, as taxas de repetência e evasão escolar. O IDEB de 2007 para as séries finais do ensino fundamental foi 3,5. Neste ano, o mesmo índice chegou a 3,8. Um pequeno salto, mas não tão pequeno para desencorajar as ações de melhoria no setor.

Quando do lançamento do programa, o governo se comprometeu a alcançar, até 2022, a nota seis no IDEB, mé-dia dos países da Organização para a Cooperação e Desen-volvimento Econômico (OCDE). Para tanto, o Ministério da Educação (MEC) investiu cerca de um milhão de reais, em 2007, recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educa-ção (Fundeb), para atender os mil municípios com os piores índices.

Além disso, o MEC tem desenvolvido ações, como o programa Brasil Alfabetizado — que procura atender a jo-vens e adultos, de vinte a 25 anos, em cursos de duração de até 12 meses — e o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), que enquadra jovens e adultos na educação, por meio do sistema de ensino da rede pública no Brasil. Essas e muitas outras são ações que se realizam contra o tempo para re-solver de vez o problema do analfabetismo. Mas, ainda não imprimimos todos os esforços. Só não podemos negar que estamos no rumo certo de tornarmos o Brasil um país plena-mente civilizado.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição de 12/9/2008.

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Legislação Educacional

Já é conhecido de todos que, nós educadores, encon-tramo-nos sempre desenvolvendo novas teorias. Também sabemos que essas novas concepções para se fazerem reali-dade na sala de aula precisam investir-se do status de nor-ma, a ser aplicada em políticas que realizem nossos sonhos de uma educação de qualidade e de uma vida decente para nós brasileiros.

A atual história da educação registra que estamos pas-sando pelo momento de melhores e mais numerosas políti-cas, onde a priorização da educação, como instrumento de desenvolvimento econômico e social, passou a ser decisão ur-gente de todas as esferas de poder. Felizmente, a consciência de que a educação é fundamental para mudar a face do País caminha para o consenso; afinal educar é preciso.

O advento de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional — LDB (Lei no 9394/96), seguida da nova forma de financiamento através do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério — Fundef (Lei no 9424/96) e o Plano Nacional de Educação — PNE (Lei no 10.172/01) legalizaram um novo panorama educacional no Brasil.

Mas não há como negar que a implantação do Fun-do de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação — FUNDEB (Lei no 11.494/07) representa um dos maiores avanços já experi-mentados na tentativa de elevar os investimentos na educa-ção básica brasileira, ao expandir os recursos para a educa-ção infantil e ensino médio.

Previsto na Constituição Federal desde 1988 (art. 206, VIII) o Piso Salarial Nacional (Lei no 11.7431/08) vem para comemorar os vinte anos de promulgação da nossa Carta Magna. É um novo patamar do nosso sonho com vislumbres

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de novos rumos; a largada de um processo de revalorização do magistério. A Lei do Piso, no entanto, transcende o setor financeiro, com a reserva de um terço da carga horária do professor para o estudo, planejamento e avaliação, impri-mindo a busca da qualidade educacional tão almejada pela sociedade.

Não será por falta de legislação que deixaremos de ter uma educação decente. Em verdade possuímos hoje o melhor ordenamento jurídico educacional da história da nação bra-sileira, pronto para a implantação de políticas públicas fun-damentais ao engrandecimento de nossas crianças no seu pleno desenvolvimento humano, o preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Para isto, faz-se necessária a mobilização não só da categoria de edu-cadores, mas de todo o nosso povo, numa união em torno da educação de qualidade.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 14/11/2008.

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Dia do Estudante

Uma Nação não se faz sem pessoas atuantes, sem re-presentatividade, sem homens e mulheres cumprindo com o dever de cidadãos e tendo seus direitos garantidos pelo Esta-do. No entanto, será que todos os brasileiros conhecem seus deveres, seus direitos? Cumprem com suas obrigações, en-quanto moradores de um estado democrático? Sabem cobrar seus direitos?

Quem melhor pode nos responder isso é quem atua na sociedade. É quem tem a palavra. Não a palavra escrita, silabada. E, sim, a palavra dos livros, a palavra dita pelos líderes, pelos revolucionários, pelos grandes pensadores, que falam da história do mundo, das transformações sociais, que sugerem melhorias, avanços, que priorizam a igualdade, o esforço coletivo, a preservação da vida, a prática do bem.

É a escola o local onde esses pensamentos de transfor-mação começam a tomar vigor. Os estudantes, nessa sema-na homenageados, nacionalmente, pelo dia 11 de agosto, deixaram, há muito, de ser coadjuvantes da história de vida do País para ecoarem a voz do movimento estudantil, o que lhes assegurou a representatividade de um segmento tão importante socialmente. Atualmente, eles representam, em número, muito mais do que no início da formação do movi-mento estudantil, no Brasil Império.

O primeiro curso universitário do Brasil, Ciências Jurí-dicas, foi criado em 1897, por Dom Pedro I, e instalado em Olinda e em São Paulo. A data foi 11 de agosto. Antes disso, todos os interessados em entender melhor o universo das leis tinham de se dirigir até Coimbra, em Portugal, onde havia a faculdade mais próxima. Cem anos depois, em 1927, Celso Gand Lêy propôs que a data fosse escolhida para homenage-ar todos os estudantes.

Desse tempo em diante os estudantes foram conquis-

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tando o seu espaço. Hoje, eles fazem parte de conselhos de juventude, de coordenadorias, de outros órgãos específicos e são a razão da existência de políticas educacionais exclusi-vas para crianças e jovens. No Brasil, eles somam 47 milhões na escola pública, e mais de seis milhões no ensino privado. É certo que o ensino superior ainda não perdeu sua caracte-rística elitista, percebida pelo número de jovens brasileiros, de 18 a 24 anos, que estão na Universidade: apenas 14%.

Porém, o Governo Federal vem tomando medidas para reverter esse quadro, por meio de programas, como: o Uni-versidade para Todos (Prouni); o Fundo de Financiamento ao Estudante Superior (Fies), o Programa Nacional de Assistên-cia Estudantil (Pronaes); além dos programas nacionais do livro didático.

Nos últimos três anos, o Prouni, que tem como fina-lidade a concessão de bolsas integrais e parciais de estudo a estudantes de cursos de graduação e formação específica, disponibilizou 6.956 bolsas somente para o Ceará. O Pronaes conta com um investimento anual de R$ 130 milhões e dis-ponibiliza aos estudantes auxílio estudantil para moradia, alimentação, transporte, cultura, esporte, inclusão digital e assistência à saúde.

Portanto, podemos destacar que essas são melhorias oriundas do desejo dos estudantes de terem seu direito à edu-cação garantido pelo Estado, e do compromisso do Governo Federal em permitir que os brasileiros operem, diretamente, na mudança da Nação para uma sociedade que, cada vez mais, escuta seus moradores, porque lhes dá a palavra, a ferramenta da ação.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 15/8/2008.

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Valorização do Professor

Uma das mais importantes profissões para o desenvol-vimento de um país é a de professor. Mas, no Brasil, é uma das profissões mais desvalorizadas da sociedade, infelizmen-te. E não é a primeira vez que falamos sobre isso em plena semana de comemoração ao Dia do Professor. Tampouco será a última, enquanto não estiver arraigada em nossa so-ciedade a valorização à profissão e ao ensino. Sim, porque tanto o professor como a escola, ambos da esfera pública, não recebem a merecida atenção e respeito dos governos e da sociedade.

O que se constata é que alunos, professores e servido-res esperam, cada dia mais, a época em que a educação no Brasil será verdadeiramente prioridade. Um exemplo disso é que, mesmo não se sentindo valorizados, muitos professores não desejam mudar de profissão. Quem assegura é a Orga-nização dos Estados Ibero-Americanos na pesquisa “A Qua-lidade da Educação sob o Olhar do Professor”, divulgada na imprensa essa semana.

A pesquisa ouviu mais de oito mil professores, em 19 estados brasileiros, e concluiu que mais de 80% dos docen-tes ouvidos sentem-se desvalorizados. Dentro da escola, 75% dos professores acham que a administração do colégio ou a secretaria de educação de sua cidade não reconhecem a importância da categoria. Outro dado se refere ao grau de satisfação dos professores, referente aos diferentes aspectos da escola. O resultado foi que 81,3% dos entrevistados acredi-tam que a relação do professor com seus alunos é o que traz mais satisfação.

Por isso é que a profissão de lecionar não deve, jamais, ser desprestigiada. A maioria de nossos colegas ama o que faz e é devido a isso que ainda temos excelentes profissionais na lida diária. Nesse sentido é que o governo Lula tem sinali-

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zado que quer mudar o perfil da escola e do ensino no País.

A mudança na carga horária é um exemplo disso. An-tes, os professores ministravam 40 aulas. O presidente lançou um projeto propondo que 33% da carga horária sejam utili-zadas para atividades fora da sala de aula. Isto porque Lula percebeu que o professor, também, precisa ter vida própria e ter tempo para fazer pesquisas, corrigir provas e fazer traba-lhos sem prejudicar sua vida com a família.

Outra importantíssima contribuição do governo Lula foi a implantação do piso salarial da categoria: R$ 950,00, que será pago a partir de janeiro de 2009. O Governo Federal ainda irá beneficiar cerca de 60% dos professores brasileiros que exerciam a profissão sem qualificação na área pedagó-gica. O programa de complementação pedagógica permitirá que esses professores façam cursos em universidades públi-cas, na graduação e pós-graduação.

Não podemos deixar de citar o avanço na educação, com a criação do Fundeb e a ampliação do número de Cen-tros Federais de Educação Tecnológica (Cefet´s). O Estado também tem contribuído para essa melhoria. No governo Cid, os professores tiveram reajuste maior do que as outras categorias, pois o governador entendeu que existia uma de-fasagem histórica nos salários dos professores.

Na Capital, foram criadas mais escolas, os alunos re-cebem merenda escolar, fardamento, material didático. A categoria em Fortaleza também foi mais bem valorizada na atual gestão, com a aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), demanda histórica dos professores.

É certo que, por mais avanços que tivemos, o ensino foi, por muitos anos, relegado à margem do processo de de-senvolvimento de nossa nação. Por isso é que serão neces-sários muitos outros anos para disseminar a valorização da nossa categoria. Daí o nosso esforço constante pela defesa dessa causa.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 17/10/2008.

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Justiça nas Escolas

O projeto de indicação que garante a aposentadoria especial para diretores, assessores e coordenadores pedagó-gicos foi indicação nossa e é muito bom, hoje, poder come-morar o bom senso do Governo do Estado que, através do Vice-Governador Francisco Pinheiro, encaminhou, no início da noite da quinta-feira passada, 10 de julho, a mensagem à Assembleia Legislativa, do projeto de lei, fruto de nosso projeto de indicação, que revoga o parágrafo único do arti-go 13 da Lei no 13.578, de 21 de janeiro de 2005. A revoga-ção permitirá aos profissionais do magistério que desempe-nham atividades de direção, coordenação e assessoramento pedagógico nas escolas da rede pública estadual o direito à aposentadoria especial, da mesma forma que os professores a usufruem.

O regime especial permite que esses profissionais pos-sam encerrar suas atividades com cinco anos a menos no tempo de contribuição previdenciária. Do jeito que está, o artigo da Lei nº 13.578 provoca uma distorção ao retirar o benefício da aposentadoria especial dos professores que as-sumissem atividades pedagógicas, já que considerava o exer-cício do magistério como restrito à sala de aula. A correção da lei vinha sendo defendida por nós, tanto que fomos os autores do projeto de indicação.

A Constituição Federal entende que o trabalho do pro-fessor é uma profissão desgastante e não se restringe apenas à sala de aula, contemplando diretores, assessores e coorde-nadores pedagógicos. À época, defendemos que a incorre-ção na lei estadual, que contraria a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), poderia provocar dificuldades para que os professores se dispusessem a assumir tais cargos. De acordo com o tex-to da mensagem enviada à Assembleia, a diferenciação das atividades “influi forte e negativamente no estímulo dos pro-fessores para o exercício dessas relevantes funções, de grande responsabilidade e complexidade”.

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A mensagem encaminhada à Assembleia está em conformidade com a Constituição Federal, que prevê cinco anos a menos na contribuição previdenciária para aposen-tadoria de profissionais do magistério — 25 anos de contri-buição para mulheres e trinta anos para homens. Caso seja aprovada, a proposta beneficiará 1.416 professores que de-sempenham cargos de provimento nas escolas públicas da rede oficial estadual de ensino; e outros 1.042 profissionais do magistério que entraram com pedido de aposentadoria e ocuparam cargos em núcleos gestores.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição de 18/7/2008.

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Piso Salarial dos Professores

É admissível que um país desvalorize a educação de seu povo? Não é a primeira vez que verso sobre esse assunto e não me cansarei de abordá-lo enquanto não estiver consa-grada, em nossa sociedade, a formação educacional plena e acessível. Como pode avançar uma nação, carente de profis-sionais do magistério com formação digna, na qual 70% dos formados em licenciatura não trabalham como professor?

A informação é baseada em dados do Ministério da Educação (MEC) e revela a frequente fuga dos professores do exercício da profissão. Situação inversamente proporcional à busca pela formação no magistério. Um exame feito pelos ensinos fundamental e médio, com base em dados dos últi-mos 25 anos, revela que 1,2 milhão de pessoas se graduaram em licenciatura.

Mas, como incentivar a permanência desses profissio-nais em sala de aula se, pelo menos, 40% dos professores em início de carreira, representando cerca de oitocentos mil profissionais, recebem menos do que R$ 950,00? Se existe, no Brasil, mais de cinco mil valores salariais diferentes para os profissionais da educação básica, oscilando entre R$ 315,00 e R$ 1400,00? Se os piores salários pagos estão no Norte e Nordeste, segundo dados da Confederação Nacional dos Tra-balhadores em Educação (CNTE)? Se esses professores vivem numa sociedade em que outros empregos oferecem mais va-lorização, mais vantagem e prestígio?

É contra essa realidade que o Brasil caminha, mesmo que a passos lentos. A sanção pelo Governo Federal da Lei do Piso Salarial — Lei número 11.738, de 16 de julho deste ano —, que assegura a remuneração mínima de R$ 950,00 para professores, diretores e coordenadores, com quarenta horas semanais, é uma das mais fortes ferramentas para assegu-rar ao professor condições dignas de trabalho e aumentar a procura pela profissão. A Lei do Piso é uma reivindicação histórica, aprovada há vinte anos pela Constituição Federal,

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e nivelará o salário dos professores de todo o País, corrigindo distorções que existem, principalmente, nos municípios do interior do Ceará, por exemplo.

A lei prevê que, até janeiro de 2009, os gestores terão de pagar dois terços da diferença entre o piso real e o valor de R$ 950,00. A União complementará os recursos dos municí-pios que não tiverem condições de pagar o piso. O aporte da União, via Fundeb, será de seis bilhões de reais ao ano, até 2010, prazo para aplicação total do valor do piso.

O que nos cabe agora, depois da sanção da lei, é asse-gurar que o pagamento do piso salarial dos professores ini-cie até o início do ano que vem. Nessa semana, professores de todo o Brasil realizaram manifestação para exigir que os prefeitos cumpram a lei e paguem os R$ 950,00. No Ceará, um documento dos professores do Estado foi entregue ao Pre-sidente da Assembleia Legislativa Domingos Filho, na última terça-feira, dia 16.

Garantido o pagamento do piso, a nossa próxima luta será, em âmbito nacional, fomentar a revisão da carga horá-ria da categoria. Em âmbito estadual, promover a revisão do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), a exemplo do que já fez a Prefeitura Municipal.

Os professores, assim, devem se manter unidos para que haja a gradual melhoria das condições do ensino no Bra-sil. A Lei do Piso e muitas outras ações, como a criação do Fundeb, o aumento do número de escolas técnicas e a am-pliação das universidades são o indício que o País abandona as décadas de leniência com relação à educação das cidadãs e dos cidadãos.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 19/9/2008.

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Meia-Entrada Estudantil

A meia-entrada estudantil representa verdadeira vitó-ria para os estudantes brasileiros e não deve ser questionada nem modificados seus mecanismos de atuação. O pagamen-to de metade do preço de um ingresso para entrada em ca-sas de espetáculos, shows, teatro, cinema, eventos esportivos, proporciona às crianças, aos jovens e aos idosos o acesso ao entretenimento saudável, ao código cultural de sua cidade, à troca de símbolos culturais. Esse contato permanente com a linguagem artística é parte integrante do processo de forma-ção intelectual e cidadã desse público.

Por isso é que, uma vez conquistado esse direito, desde a década de 1940, não podemos deixar que o mesmo seja ameaçado. E é exatamente o que vemos, agora, com a me-dida que foi aprovada esta semana no Senado. Ela faz parte do Projeto de Lei do Senado (PLS) 188/07, que regulamenta a meia-entrada. A medida limita em 40% a venda de bilhetes de shows, cinemas e espetáculos para estudantes e idosos, que têm direito a pagar apenas a metade do valor do ingresso.

Entendemos que a questão começou a ser discutida por causa de inúmeras denúncias de emissões de carteiras estu-dantis falsificadas. Porém, contra a falsificação das carteiras há ferramentas eficazes que não precisam, necessariamente, ameaçar a entrada de crianças, jovens e idosos em casas de show. Há necessidade, sim, de uma regulamentação da emis-são das carteiras estudantis e, principalmente, de um órgão que fiscalize esse processo.

O PLS 188/07, ao contrário, não especifica como será a produção e distribuição das carteiras estudantis e nem de-fine que órgão assumiria essa função. Somente afirma que será revogada a medida provisória de 2001, que acabou com a exclusividade para a emissão do documento. Medida esta que permitiu a fabricação irrestrita de carteirinhas e estimu-lou a falsificação.

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Outra proposta do projeto que merece atenção é a que permite que o Executivo indique uma fonte de recursos para ressarcimento dos produtores culturais dos valores decorren-tes da concessão da meia-entrada. Se haverá esse ressarci-mento, por que restringir o acesso às casas de show? Não podemos retroceder. O benefício da meia-entrada estudantil tanto estimula o jovem a permanecer na escola como lhe dá o direito de processar a própria identidade com o lugar e com o momento em que vive.

Do mesmo jeito que não podemos permitir que haja cota para a meia-entrada estudantil, não podemos aceitar que ela seja extinta nos fins de semana. Esta é a contradição. Mesmo com o benefício, a juventude ainda é carente de mais espaços e oportunidades para participar de eventos artísticos e esportivos. Vetar esses espetáculos aos jovens é deixá-los à margem, permitindo-lhes o ócio e o contato com as drogas. Isso não podemos mais deixar que aconteça.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 28/11/2008.

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Colégio Militar: 90 anos

Em meio às ordens duras de sentido e descansar, mar-chávamos ostentando as fardas que nos distinguiam de ou-tros estudantes. “Peito pra fora, barriga pra dentro”, fivela brilhando, cabelo cortado, sapato engraxado. Tudo aquilo que antes nos dava sensação de preguiça e até irritação, hoje, provoca saudade.

Marchar ao som da banda no paradão, cantar os hi-nos patrióticos, fazer parte do contingente em forma à espera do comandante (já sob o olhar do sargento), a leitura da or-dem do dia com seus elogios e suas punições; suar em meio aos puxados exercícios na hora da educação física, as repre-ensões, detenções, as provas difíceis. Uma série de exigências sem sentido, mas cobertas de significado hoje, quando tenho a nítida sensação de que estava fazendo o caminho mais cer-to naquele meu momento de vida.

Cada detalhe ensinou-me a ser caprichoso em meus trabalhos. As privações me tornaram capaz de enfrentar qualquer destino. A superação do meu limite de vencer ul-trapassou os muros do querido Colégio Militar de Fortaleza, que me marcou como selo indelével para todo o meu ser que me fez adulto.

Trago de lá a responsabilidade comigo mesmo, com as minhas obrigações e a consciência de ser construtor de uma sociedade onde eu faça parte de forma ativa. Tra-go ainda o espírito de coleguismo que se aprofundou em sentimentos de amizade que me acompanham até hoje. E mais, trago a instrução que me fez ser um educador que acredita ser a educação o maior móvel de transformação da sociedade.

Hoje sinto como se ainda marchasse, com firmeza, por este longo desfile da vida, ao som do nosso hino “Pra frente custe o que custar”. Passados esses noventa anos, pergunto-me como teriam sido minhas ações se não tivesse passado pelo

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Colégio Militar de Fortaleza. Não posso, portanto, deixar de agradecer as horas em mim investidas. Aqueles anos marca-ram toda a minha trajetória e a minha bandeira não pode-ria ter sido outra: a defesa da educação de qualidade para os cearenses.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 01/6/2009.

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2009Artigos

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Garantia do Piso do Magistério

A garantia da implantação do piso dos profissionais do Magistério pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não deixa mais dúvida de que a remuneração mínima de R$ 950,00 a professores, diretores e coordenadores com habilitação em nível médio, na modalidade normal será confirmada, a par-tir da próxima semana, quando inicia o ano de 2009, reajus-tada de acordo com a inflação de 2008. Porém, essa garantia não obriga os estados a implementar a lei em sua totalidade. Isto porque o STF rejeitou parcialmente a Ação de Inconstitu-cionalidade (Adin), de autoria de cinco governadores, que foi enviada ao órgão.

Na Adin, os gestores questionaram alguns pontos da lei, como o tempo de um terço das quarenta horas para ati-vidades extrassala, a carga horária de quarenta horas sema-nais e o valor do piso como vencimento base. O que ficou em aberto com a decisão do STF foi o aumento do tempo de planejamento das aulas. Porém, desse tempo não poderemos abrir mão. É imprescindível que os professores possuam ho-ras hábeis para planejar suas aulas. Esse seria o momento destinado às pesquisas, ao estudo aprofundado, ao preparo para a atividade dentro de sala.

O trabalho do professor em sala de aula é só uma pon-ta do seu ofício. Uma outra é a organização da aula, que representa um dos elementos que garantem o bom aprendi-zado. Em uma terceira ponta seria a própria formação, que, sabemos, para um bom profissional, deve ser constante. Te-mos agora de buscar o diálogo com o governador e prefeitos para discutirmos como será exercida a carga horária dos pro-fissionais do Magistério.

Sim, porque a própria Lei do Piso estipula que a revi-são do Plano de Cargos e Carreiras dessa categoria aconteça nos estados e municípios em 2009. Todas as discussões que promovemos e as manifestações que participamos versaram exatamente sobre isso.

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A Lei do Piso é uma conquista histórica. Quando o pre-sidente a enviou ao Congresso Nacional, tinha o intuito de ir de encontro a uma realidade penosa no Brasil: a de existir mais de 60% de municípios que não pagam sequer um salá-rio aproximado ao valor proposto ao piso, fora aqueles que não chegam a pagar o salário mínimo.

Além da questão salarial, é preciso priorizar a forma-ção dos professores com curso de capacitação, treinamento, modernização de equipamentos na sala de aula, valorizar o desempenho do magistério com gratificações; enfim, é neces-sário tornar o magistério carreira digna para que, cada vez mais, os jovens almejem segui-la.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 02/1/2009.

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Piso do Magistério, Fundeb e Plano de Cargos

A Lei do Piso do Magistério; o Fundo de Manutenção da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb); e o Plano de Cargos, Carreira e Remune-ração (PCCR), juntos, formam um universo de possibilidades concretas de melhoramento da educação. Por isso, precisam ser bem compreendidos pelos responsáveis pelo ensino em nosso Estado. Com esse fim, organizamos, nós, da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa, juntamente à Comissão de Trabalho, Administração e Ser-viço Público, seminários de esclarecimento sobras essas três temáticas.

O primeiro seminário realizado ontem, 1º de outubro, na Assembleia Legislativa, reuniu educadores, organizações sindicais, gestores e representantes da Região Metropolitana do Estado, da Capital e do Maciço de Baturité. Os demais se-minários serão realizados nas macrorregiões do Estado, com encontros programados para acontecer nos municípios de: Itapipoca (7/10); Crateús (16/10); Juazeiro do Norte (22/10); Limoeiro do Norte (30/10); Camocim (06/11); Canindé (10/11); Sobral (17/11); e Quixadá (25/11).

Durante os seminários, cada participante receberá uma cartilha, com material informativo sobre as três temáti-cas abordadas. Também os secretários municipais, as escolas e os sindicatos receberão o conteúdo do livro Leis da Educação, organização das leis de educação estaduais e nacionais, que foi por nós publicado e lançado em 2008.

É importante que toda a comunidade envolvida no pro-cesso educacional compreenda que a Lei do Piso sinaliza o início da valorização profissional da categoria de professores. O retorno financeiro é o primeiro item motivador da escolha de uma profissão. Por isso, para termos professores mais de-dicados, mais capacitados para o exercício dessa profissão,

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tem-se que lhes dar condições de vida, e não os forçar a correr atrás da sobrevivência, que é o que acontece na realidade.

Contra isso, a própria Lei do Piso prevê a reformulação do Plano de Cargos do professor para que as outras catego-rias, que não são do nível básico, sejam também beneficia-das. Por outro lado, o professor necessita de que a escola e seu ambiente de trabalho funcionem plenamente. E o gover-no nacional, ao instituir o Fundeb, objetivou, exatamente, promover as mudanças necessárias para o melhoramento da escola pública, do trabalho dos servidores da escola, conse-quentemente, da aprendizagem dos alunos.

Esse ano de 2009 tem sido, portanto, de muitas conquis-tas para os professores da rede de ensino público, em todos os níveis. Claro que não podemos vivenciar sensações efusivas de alegria, porque ainda há muito o que fazer. No entanto, podemos, sim, ensaiar largos sorrisos. A começar, pelo conhe-cimento das alternativas já traçadas para o aperfeiçoamento do ensino no Brasil, para melhor pô-las em prática.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 02/10/2009.

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O Computador do Professor

A área da educação é prioridade em qualquer gover-no. No Ceará, nos últimos três anos, trilhamos na busca de recuperar o tempo perdido, principalmente, com relação ao reajuste salarial da categoria de professores. Porém, muito ainda necessita ser feito para melhorar a carreira do profes-sor em nosso Estado. O governo precisa ir além. Por isso, de-mos entrada na Assembleia Legislativa em dois projetos de indicação para melhorar a atividade profissional dos nossos professores. O primeiro versa sobre o fornecimento de um computador por professor; o segundo, sobre a disposição de um vale para aquisição de livros.

A informática é, hoje, decisiva para o processo educa-cional. Atualmente, todo deputado, senador, promotor, juiz e outras categorias possuem computador financiado com re-cursos públicos, para desenvolver bem o seu trabalho. Acha-mos lastimável que, em pleno século XXI, tenhamos rede de ensino que não garanta o computador.

Com a utilização de um notebook, por exemplo, duran-te a explanação de uma aula, ganha-se cerca de um terço do tempo de aula, porque se dispensa o pincel, o quadro. O professor, inclusive, tem a oportunidade de fazer pesquisas, o que enriquece, consideravelmente, sua didática e a aprendi-zagem dos alunos. Portanto, nossa proposta é que cada um dos 35 mil professores da rede estadual de ensino, sendo 25 mil efetivos e dez mil temporários, receba um computador.

O profissional do magistério no ensino público precisa, ainda, ter condição de ampliar seus conhecimentos. A rea-lidade, no entanto, não permite que haja o estudo devido, porque a renda do professor não o permite formar uma boa biblioteca pessoal. Além disso, muitas vezes a biblioteca da escola não dispõe de acervo adequado.

Contra isso, sugerimos a criação do vale-livro. Um car-tão, assim como o vale-transporte e o vale-refeição, por meio

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do qual o professor compraria seus livros nas livrarias do Es-tado. A ideia ajudará a mover a economia da indústria gráfi-ca educacional e dará mais condição de o professor preparar melhores aulas.

O computador por professor e o vale-livro funciona-riam, então, como um complemento de renda, já que não há meios, por ora, de ampliar o salário do professor até o valor ideal. Um bom presente para a categoria no Dia do Professor, comemorado no próximo mês. Ganhariam os professores da rede pública estadual, e, sobretudo, os estudantes, que pre-senciariam aulas melhor preparadas, com mestres melhor preparados. Portanto, faremos campanha para que sejam aprovados os dois projetos. Somemos. Apoiemos essa causa.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 04/9/2009.

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Magistério com Dignidade

O Estado do Ceará está em quarto lugar no ranking das piores médias salariais de professores da rede pública da educação básica não-federal. Nesse cenário, cinquenta dos 184 municípios cearenses não pagam o piso de R$ 950,00 aos professores, mesmo que a Lei do Piso Salarial Nacional tenha passado a vigorar desde janeiro deste ano. A triste re-alidade foi estampada na imprensa cearense, durante esta semana, com base em dados do Ministério da Educação e da Federa ção dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará.

Perplexo diante dessa realidade, procurei dados junto à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação para saber como se comportava a rede pública estadual de ensino diante das demais unidades da federação. Dos 27 es-tados brasileiros, o Ceará está em sexto na lista dos piores salários para os professores, com licenciatura plena, ingres-sando na profissão.

O mais curioso é que o Ceará não é um dos estados mais pobres. O valor do nosso Produto Interno Bruto (PIB) está em 12º lugar, acima do PIB de estados como Sergipe, Alagoas, Piauí, onde a remuneração dos professores, ao con-trário, é maior que no Ceará.

Estou convencido de que não melhoraremos os indica-dores da Educação no Ceará enquanto o professor precisar trabalhar três expedientes por dia e é por isso que, na mi-nha profissão, são maiores os casos de depressão, estresse e doenças de toda ordem. É impossível exercer a profissão de lecionar, com dignidade, tendo o professor da rede pública um ganho de apenas dois reais por hora/aula.

Portanto, chegou a hora de o governador chamar para si esse problema e tomar uma iniciativa semelhante a que to-mou quando decidiu duplicar os salários dos professores das universidades estaduais. É preciso, agora, que se duplique,

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também, os salários dos professores da rede pública de ensi-no. Enquanto o magistério for mal remunerado, não haverá educação de qualidade.

Para tanto, solicitei, por meio da Comissão de Educa-ção, Cultura e Desporto, a realização de Audiência Pública na Assembleia Legislativa para discutirmos a situação sala-rial dos professores da rede pública, municipal e estadual. Será importante debater com: a Secretaria de Educação do Estado; o Tribunal de Contas dos Municípios; além da Un-dime, Fetamce, Apeoc, Sindiute para, juntos, encontrarmos soluções e traçarmos um plano de modificação emergencial para esse quadro em nosso Estado.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 06/11/2009.

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Onde Estão Nossos Professores?

Por que, no Brasil, se formam mais médicos, advoga-dos, engenheiros do que professores? Excetuando a aptidão, o móvel de tantas formaturas, por ano, em Direito, Medi-cina ou Engenharia está relacionado ao retorno financeiro, ao prestígio, ao status que cada uma dessas áreas pode pro-porcionar. Infelizmente, desprestigiamos tanto os professores que eles estão se formando cada vez menos.

Foi o que a imprensa noticiou. recentemente, infor-mando sobre o recente Censo da Educação Superior do Mi-nistério da Educação (MEC). É o segundo ano consecutivo em que o MEC registra a redução. Em 2007, formaram-se 4,5% a menos que em 2006 e 9,3% a menos que em 2005. As áreas mais atingidas foram Letras, Geografia, Química e Filosofia. Outra informação do MEC é que existem, pelo menos, trezen-tos mil professores ministrando aula em áreas que não são as de formação.

Os dados comprovam o que há muito se vê e se sente na sociedade brasileira: professor trabalha muito e ganha muito pouco. Quem quer viver essa situação? O retorno é desproporcional ao empenho necessário à rotina de traba-lho. Não há tempo hábil para o aprimoramento do ofício, para o planejamento das aulas.

Esse sofrimento atinge a tantas pessoas que ficou comum. Virou até piada. O humorista cearense Chico Anysio fez-nos dar boas gargalhadas quando seu perso-nagem televisivo, professor Raimundo, ralhava com seus alunos pela falta de interesse quanto aos estudos, e, pelo baixo salário que recebia. Risadas à parte, o professor me-rece respeito.

A educação é o setor mais importante de um gover-no. Por meio dela, saem os empregadores e os empregados. A economia é movimentada. Dá-se vida à sociedade. A garantia do piso salarial nacional aos professores é um

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início, a revisão do Plano de Cargos Carreiras e Remune-ração é um avanço. Precisamos priorizar a capacitação do magistério. E, ainda, acelerar a melhoria das condições de trabalho e remuneração para que ele se transforme em profissão almejada pela juventude. A qualidade da educa-ção no Brasil depende disso.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição de 09/3/09.

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Professores Têm que Receber o Piso

Desde que passou a vigorar em 1º de janeiro deste ano, a Lei do Piso do magistério representa um verdadeiro avanço. No entanto, não está sendo devidamente cumpri-da. Participando das Conferências Municipais de Educação no interior, dentro do calendário da Conferência Estadual de Educação, tenho percebido que, lamentavelmente, mui-tos municípios ainda não estão remunerando seus profes-sores devidamente.

A Lei garante que, a partir de 1º de janeiro de 2010, nenhum professor que tenha formação em ensino médio, da modalidade normal, ganhe menos que R$ 950,00 reais. E este ano foi estabelecido que o piso de 2009 corresponderá à atual remuneração acrescida de dois terços da diferença en-tre essa remuneração e o piso de R$ 950,00. Em 2010, o piso passaria a ser integral.

Alguns prefeitos mais sensibilizados com a valoriza-ção do magistério para desenvolvimento de seu município estão pagando o piso que deveriam remunerar em 2010. Mas, lamentavelmente, dezenas de prefeitos não cumprem a lei e continuam remunerando pessimamente os seus pro-fessores. E, se descumprem a lei, o Ministério Público tem de ser acionado.

Esta semana, demos entrada em um requerimento na Assembleia Legislativa e também enviamos um ofício para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) para sabermos quais dos 184 municípios não remuneram seus professores com o piso determinado pela lei. Teremos acesso a essas in-formações e a população saberá quais prefeitos cumprem com a remuneração devida e quais deles insistem em usar a prefeitura como cabide de emprego, com a desculpa de que a arrecadação municipal não pode arcar com o piso, o que é um absurdo. Nós denunciaremos esses casos para que sejam plenamente punidos.

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Entendemos que a valorização do magistério é o eixo fundamental para a melhoria na educação. É claro que a elevação do nível educacional dos alunos também tem de ser visada e várias ações apontam nesse sentido, como: o progra-ma Alfabetizar na Idade Certa; os pré-vestibulares públicos; a escola de tempo integral. Porém, tão ou mais importante quanto essas ações é remunerar bem o professor e assegurar sua contínua formação. E isso nós precisamos, mais que ur-gentemente, garantir em nosso Estado. Contamos, para tan-to, com o apoio de todas as cidadãs e cidadãos.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 10/7/2009.

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Investimento em Educação

Lamentavelmente, se somarmos todos os recursos in-vestidos em educação, em nosso País, constataremos que pas-sam ao largo das reais necessidades do setor. Educação deve ser prioridade e quando isso não é seguido à risca, sofremos consequências sérias. Portanto, não há outra saída, tem-se que ampliar os investimentos em educação. Por isso, apre-sentamos, eu e o Deputado Professor Teodoro, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para aumentar de 25% para 30% os recursos do orçamento da educação no Estado.

A Constituição Estadual obriga o governo a investir 25% da receita liquida em política educacional. É o mínimo previsto pela Constituição Federal. A proposta da PEC acres-ceria à verba destinada à educação mais de R$ 376 milhões. A previsão atualizada do orçamento de 25% em educação, em 2009, é de R$ 1.883.277.475,44. Somando-se os 5% pro-postos, o montante passaria a R$ 2.259.932.970,52.

Estamos convencidos de que esse aumento não gerará grande impacto nas despesas estaduais. A sua proficuidade superará qualquer choque financeiro e os recursos seguirão para as três universidades estaduais, para o ensino técni-co profissional, ao melhoramento da estrutura das escolas, para a reformulação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) do magistério — por sinal, uma demanda histórica.

É absurdo observarmos que, ao longo de um ano, so-mente 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de toda a riqueza nacional acumulada são revertidos em educação. Países de-senvolvidos, emergentes, investem, em média, de 8% a 10% do PIB por ano. Precisamos mudar esse quadro para solucio-nar outros problemas sociais nas áreas da segurança pública e social, por exemplo.

Muitos projetos, tanto do Governo Federal quanto do estadual trouxeram enormes benefícios para nosso Estado. Eu, inclusive, apresentei outros dois projetos que, em muito,

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auxiliarão o trabalho do profissional do magistério: o provi-mento de um computador por professor e a concessão de um vale-livro para o professor.

No entanto, estamos mais do que convencidos da ne-cessidade premente, de alargar os investimentos em educa-ção. A desculpa para o não atendimento às demandas do setor sempre foi a escassez de recursos. Pois agora é hora des-se discurso passar a outro, mais contundente, de que a mu-dança é possível.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 11/9/2009.

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Conferência Estadual da Educação

É indispensável a participação da sociedade nas dis-cussões preparatórias à Conferência Estadual da Educação (Coee) — de 11 a 13 de novembro deste ano — uma prévia à Confederação Nacional de Educação (Conae), que aconte-cerá nos dias 23 a 27 de abril de 2010. O tema será “Cons-truindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas diretrizes e estratégias”.

A Conae é um espaço democrático aberto pelo poder público para que todos possam participar do desenvolvimen-to de todos os setores da educação nacional. Ela será rea-lizada em diferentes territórios e espaços institucionais: nas escolas, municípios, Distrito Federal e estados.

A Coee foi lançada recentemente na Assembleia Legis-lativa e contará com a participação de mil delegados, eleitos nas Conferências Municipais e indicados por suas entidades. Desses mil, 82 delegados serão eleitos para a Conferência Na-cional. A partir de agora, conferências municipais estarão acontecendo nos 184 municípios cearenses, quando poderão ser ouvidas as demandas locais sobre educação.

Em Fortaleza, a Conferência Municipal de Educação começa no próximo dia 19 de junho e segue até o dia 21, na Faculdade Católica do Ceará Marista. A Secretaria de Edu-cação do Estado informa que participarão quinhentos dele-gados, dos quais 55 serão eleitos para a Coee. As inscrições podem ser feitas até o dia 14 no site da Secretaria Municipal de Educação (www.sme.fortaleza.ce.gov.br/sistemas/come).

Segundo informação do Ministério da Educação (MEC), o tema central da Conae será trabalhado em eixos temáticos, para os quais serão organizados colóquios. Cada colóquio garantirá o aprofundamento teórico necessário à análise das propostas e subsidiará as deliberações da Conae.

Os eixos tratarão dos seguintes temas: Papel do Estado na Garantia do Direito à Educação de Qualidade; Qualidade

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da Educação, Gestão Democrática e Avaliação; Democrati-zação do Acesso, Permanência e Sucesso Escolar; Formação e Valorização dos Profissionais da Educação; Financiamento da Educação e Controle Social; e Justiça Social, Educação e Trabalho.

É importante que estudantes, pais, profissionais da educação, gestores, agentes públicos e sociedade civil orga-nizada participem desse processo, pois a educação é um as-sunto que envolve toda a sociedade e todos nós somos os res-ponsáveis pela construção do Sistema Nacional Articulado de Educação. É a oportunidade de cada cidadão ter nas mãos a chance de não somente conferir, mas mudar os rumos da educação brasileira.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 12/6/2009.

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Educação para a Cidadania

Não há desenvolvimento quando a educação não é prioridade. A educação profissional e tecnológica são peças decisivas para esse desenvolvimento, porque permitem que milhares de jovens protagonizem positivamente sua realida-de social. Antes do governo Lula, o ensino profissional de nível médio não recebia a devida atenção no País. Com esse novo fôlego, decerto, comemoramos mais emocionadamente os cem anos da Rede Federal de Educação Profissional e Tec-nológica no Brasil e no Ceará.

Desde a sua criação, em 1909, até 2002, somente exis-tiam 140 escolas técnicas federais. Agora aguardamos a con-clusão do segundo plano de expansão do Governo Federal, quando 214 novas unidades somar-se-ão a 354 até o fim de 2010. É a recuperação do tempo perdido. Antes de Lula, a União foi impedida de expandir o ensino profissional, em consequência da Lei 8948/94. Com isso, a ampliação somen-te ocorreria em parceria com estados, municípios, setor pro-dutivo ou organizações não governamentais.

Um absurdo para uma Nação que sempre precisou ofertar educação e emprego a sua juventude. Fato confirma-do pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), segundo o qual dos 7,3 milhões de desempregados, no Brasil, 3,5 milhões são jovens. A mesma pesquisa assinala que a taxa média de desempregos dos jovens, entre 18 e 24 anos, é o dobro da média nacional, que é de 9%.

Com a transformação dos Centros Federais de Educa-ção Tecnológica em Institutos Federais, quinhentas mil vagas para jovens foram criadas em todo o País. No Ceará, o Insti-tuto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifet) oferece 14 cursos técnicos, além de 14 cursos superiores tecnológicos, três licenciaturas e quatro engenharias. A instituição ainda conta com dez cursos de especialização, um curso de mes-trado e mais de cem cursos de extensão. São 14 mil alunos atendidos por ano.

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O governo do Ceará também acompanha esse processo de integração dos jovens ao mundo do trabalho e de estímu-lo ao empreendedorismo econômico e social. Neste ano, 26 novas escolas profissionalizantes foram inauguradas. Soma-das às 25 já existentes, são 51 instituições. A promessa é de que, até 2010, existam cem escolas nessa modalidade, em 78 municípios, com trinta mil jovens. Dessa maneira, teremos, no futuro, cada vez mais jovens cearenses formados em nível médio, com uma habilitação profissional técnica e uma vi-vência de cidadania e protagonismo juvenil.

Por isso é que o investimento em políticas de inclusão atende melhor aos anseios de progresso social do que o in-vestimento em políticas de segurança pública, por exemplo. Atitudes inclusivas não podem prescindir de uma educação básica de qualidade, do acesso à cultura, ao esporte, e à edu-cação profissionalizante. Incluir é também uma questão de segurança. Um jovem inserido socialmente pouco ou nada contribuirá para a desordem. O Governo Federal está fazen-do sua parte. É necessário que estados e municípios acompa-nhem assiduamente essa direção.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 12/9/2009.

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Planejamento Social da Educação

A Conferência Estadual da Educação (Coee), que acon-tece até hoje em Fortaleza, é um evento de preparação para a Conferência Nacional da Educação (Conae), um espaço democrático, aberto pelo Poder Público, para que todos pos-sam participar do desenvolvimento da Educação Nacional. A Conae acontece no ano que vem, quando será elaborado o Plano Nacional de Educação para o decênio 2010-2020.

Uma das ideias debatidas na Coee é a ampliação de in-vestimentos na área da educação. O Ceará, como o resto do Brasil, ainda amarga o escasso provimento de recursos para o sistema educacional público.

Para superar isso, que é uma das maiores dificuldades para a qualidade do ensino, formulamos, eu e o Deputado Professor Teodoro, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) requerendo que, no Ceará, 30% das receitas sejam in-vestidas em educação. Hoje, são aplicados somente 25% dos recursos.

Se a proposta já vigorasse, R$ 390 milhões seriam acrescidos aos recursos em educação do Estado. Não que-remos que essa ideia vigore só no Ceará, mas também em todos os estados. Os recursos federais também poderiam ser ampliados. Hoje, eles são da ordem de 18% e poderiam che-gar a 25% ou 30%.

Também estou debatendo nesse evento, a duplicação da remuneração dos profissionais do magistério das univer-sidades. O Governo do Estado tomou uma atitude correta e, depois de uma greve das três instituições de ensino superior, decidiu duplicar, gradualmente, até 2010, a remuneração dos professores.

No entanto, o mesmo não aconteceu com os professo-res das escolas públicas. É vergonhoso que um professor do Estado esteja fazendo concurso para trabalhar quarenta ho-ras semanais e receber, por mês, R$ 1.327,00. É bom lembrar

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que a responsabilidade não é apenas do atual governo, que até vem reajustando os salários acima da inflação e acima dos demais setores, mas vem de governos passados.

Por isso é que todos precisamos contribuir, ativamente, para a construção de um Sistema Nacional de Educação, que se responsabilize pela institucionalização de uma orientação política comum e de trabalho permanente para a garantia do direito à educação. E para tanto, indiscutivelmente, pre-cisamos de um Estado forte e de uma sociedade verdadeira-mente participativa.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 13/11/2009.

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Seminários de Educação

Muitas dúvidas relacionados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) ainda surgem, na pauta do magistério público, acerca dos encaminhamentos neces-sários na gestão de recursos e dos profissionais. Exatamente com o objetivo de promover discussões e elucidações em tor-no dessa temática e, ainda, sobre a reformulação do Plano de Carreira, previsto na Lei do Piso Nacional da categoria (Lei 11.738/08), realizaremos seminários regionais no interior do Estado. A iniciativa é da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa, em parceira com a Co-missão de Trabalho, Administração e Serviço Público.

A discussão, também, interessa às entidades sindicais e à sociedade em geral, visto que é inquestionável a impor-tância da educação nas administrações públicas. Essa impor-tância é relacionada tanto ao volume de recursos financeiros envolvidos no processo educacional, quanto ao quadro de servidores efetivos e contratados, aos beneficiários diretos, es-pecialmente alunos e familiares, além do espaço sociopolíti-co que a escola representa em cada comunidade.

Se depararmo-nos com o número de alunos matricu-lados na Educação Básica em municípios cearenses, consi-derados no Fundeb 2009, veremos que as 2.180.404 matrí-culas resultam em uma receita anual de mais de três bilhões de reais. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no ano de 2008, parcela significativa dos 219.350 servidores munici-pais pertencia ao magistério.

Daí a nossa preocupação em socializar esses conheci-mentos em seminários que iniciarão a partir de setembro, e se estenderão até o fim deste ano, na perspectiva de forta-lecer a adequação dos Planos de Carreiras nos municípios cearenses. Para tanto, foi produzida uma cartilha que servirá de suporte didático aos seminários. Todas as regiões do Esta-

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do serão visitadas, quando serão realizados 14 seminários, a partir do mês de setembro até o fim do ano.

Não podemos deixar de participar, pois o momento será de solucionar dúvidas, e também de socializar com edu-cadores, estudantes, conselheiros e gestores municipais infor-mações sobre a formulação da política de financiamento na Educação Básica e sua relação com o Piso Salarial Nacional do magistério, e a consequente discussão do Plano de Car-reira. Esperamos, dessa forma, despertar o interesse público para que haja maior fiscalização e controle social na execu-ção da política educacional no Ceará.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 14/8/2009.

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Dia do Professor

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Frase célebre de Cora Coralina deveria exprimir o sentimento verdadeiro de todos os que exercem o ofício de lecionar. Sabemos, não é bem a verdade. A maioria dos pro-fessores não é satisfeita com as condições do ensino no Brasil, e tem razão.

Porém, nem poderíamos, nesse Dia do Professor, fazer uma crítica mordaz, tampouco unicamente louvar as ações de melhoria. Analisemos o meio termo a traduzir que esta-mos no caminho certo. A sanção da Lei do Piso para profes-sores da Educação Básica representa, decerto, um dos maio-res avanços na área educacional nos últimos anos.

No entanto, ainda não é cumprida por todos os gestores brasileiros; o que compromete proporcionalmente a qualida-de da educação. Uma mudança efetiva desse quadro requer o máximo de investimento na remuneração dos professores. Também na estrutura das escolas, na prática do ensino, na aprendizagem dos alunos.

Precisamos, urgentemente, equiparar a rotina de tra-balho do professor à dignidade. Como exigir empenho, satis-fação, empolgação de um profissional que, se não trabalhar 12 horas por dia, não poderá sustentar a família? Muito me-nos preparar-se devidamente para a sequência abrasadora de trabalho diário?

Além do piso, a revisão do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos professores, a instituição do Fun-do de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e os programas de capacitação de professores são exemplos de ações que devem ser, permanentemente, potencializadas. E é imperativo mantermos acelerado esse ritmo.

Precisamos ampliar o lugar da educação na pauta de trabalho dos governos. O desenvolvimento do País depende

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disso. Afinal, como professou Paulo Freire, “se a educação so-zinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”. Por isso é que clamamos por melhorias efetivas para os professores em nosso Estado.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 15/10/2009.

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Escolas Profissionalizantes

Em 2009, o Brasil completa cem anos de implantação das primeiras escolas técnicas. Passagem de tempo comemo-rada pelo Presidente Lula e por todos nós brasileiros. Pelo período transcorrido, daria para se pensar em quantidade maior de instituições de ensino técnico-profissionalizante no País. Ao contrário, em 93 anos, ou seja, até 2002, existiam apenas 140 escolas técnicas. E somente no governo Lula, a estimativa é de implantação de 214 novas escolas, com uma previsão de 354 unidades até o fim de 2010.

No projeto de expansão da rede federal de ensino téc-nico, o Nordeste terá 33 novas escolas, o Sudeste 28, o Sul 16, o Norte 12 e o Centro-Oeste, 11. Estão sendo ofertadas qui-nhentos mil matrículas para jovens. Com essa iniciativa, o Governo Federal pretende desenvolver uma série de polos de desenvolvimento em regiões que antes não recebiam aten-ção das autoridades, potencializando a economia no interior do País.

O objetivo é que os cursos técnicos sejam criados levan-do em consideração a realidade do local onde mora o aluno. Assim, muitos jovens não precisarão sair de suas cidades e adensar às capitais, engrossando filas na disputa por poucas vagas destinadas aos cursos profissionalizantes; ou ficando na mais completa marginalidade do processo educacional.

Estamos recuperando o tempo perdido, iniciado quan-do a União foi proibida de ampliar a rede de escolas técnicas federais. Antes de Lula, a responsabilidade por essa amplia-ção foi passada aos Estados e Municípios e às Organizações Não Governamentais. Um absurdo para uma Nação que pre-cisa, emergencialmente, incluir sua juventude no acesso à educação e ao emprego.

Além do ensino técnico, ao ensino superior também tem sido dada devida atenção. Lula criou novas universida-des e mais de noventa extensões universitárias, que serão

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implantadas no interior, com o mesmo objetivo das escolas técnicas federais — fazer com que o estudante se forme e per-maneça no lugar onde vive. Além disso, o Programa Univer-sidade para Todos (Prouni) também ampliou o acesso à uni-versidade. O mesmo intuito tivemos nós, quando entramos com projeto de indicação, na Assembleia Legislativa, para aplicar o Prouni em âmbito estadual.

Além das escolas técnicas federais, foram criados também os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnolo gia (Ifets), uma integração entre as escolas técnicas, agrotécnicas e centros federais de educação tecnológica ( Cefets), agora unidos por uma política pedagógica comum. A meta é começar o projeto com 168 Ifets, para chegar a 2010 com 311. As vagas deverão passar das atuais 215 mil para quinhentas mil.

O governo do Ceará, em sintonia com o Governo Fede-ral, inaugurou, recentemente, 26 novas escolas profissionali-zantes que, somadas às 25 já existentes, são 51 colégios nessa modalidade. Serão beneficiados 12.400 estudantes. A promes-sa é que, até 2010, existam cem escolas nessa modalidade.

Não só nos felicitarmos com todas essas ações, precisa-mos empenhar esforços constantes para que mais ações dis-tanciem o Brasil das nações que não priorizam a educação. Estaremos sempre prontos a incentivar, apoiar, parabenizar, mas, também, cobrar o olhar clareado sobre o ensino. Para políticas de inclusão, como essas, permanência. É assim que alcançaremos o status de nação escolarizada.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 16/3/2009.

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Aprender o Que Ensina

A condição de existir de um saber é somente a neces-sidade de repassá-lo. Se assim não o fosse, de que adianta-ria a um sábio somar conteúdos? Para que ele os ponha em prática, diriam alguns. Outros, mais visionários: para que ele e outros também ponham em prática. Assim é que digo, mais cuidadosamente, que o saber, por mais enrustido esteja na mente daquele que o abriga, somente constrói-se quan-do partilhado com outras mentes. É na troca que o saber se completa. E qual ambiente mais propício para que haja essa permuta? A sala de aula.

Na sala de aula, formam-se os cidadãos e preparam-nos para o mercado de trabalho. No entanto, os conteúdos vistos em sala de aula — momento da partilha dos saberes entre os próprios alunos e entre os alunos e professores — são mais bem absorvidos quando o aluno pode compartilhá-los em sociedade. É quando se finaliza o processo do aprendiza-do e o saber passa a conhecimento de mundo individualiza-do.

Transcrito dessa forma, até parece simples o processo de aprendizado. Mas, não o é. As pesquisas assinalam bai-xos índices de aprendizado nas escolas públicas brasileiras, assim como a situação precária da educação no Brasil.

Mesmo com tamanhas disparidades, por ser a profis-são de professor a que mais soma responsabilidades, porque prepara os profissionais de todas as demais áreas, enxerga-mos os avanços impulsionados pelo governo do Presidente Lula, que rumam para o melhoramento do quadro nacional da educação. São eles: a implantação de 214 escolas técnicas federais até o fim de 2010; a criação do Fundo de Manuten-ção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e a sanção do Piso Salarial do Magistério — ainda que não plenamente satisfa-tório no valor de R$ 950,00.

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A Lei do Piso, além de prever a revisão do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), destinou um terço do tempo de trabalho dos professores para atividades fora de classe, para melhor elaborarem suas aulas. No entanto, esse foi um dos itens questionados na Justiça e que merece a devida atenção. Em nosso Estado, não é diferente.

Aproveitamos, pois, a data que se pospõe ao Dia do Professor para não esquecermos a luta defendida por nós pela melhoria na educação brasileira. Não só homenagear aqueles que transferem o que sabem e aprendem o que ensi-nam, como poetiza Cora Coralina, mas lembrar à sociedade a urgência pela qualidade no ensino em nosso País. Parabéns àqueles que se dedicam ao ofício com amor e não desistem do trabalho. E, ainda, lutam por dias melhores.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 16/10/2009.

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Novo Vestibular

O Ministério da Educação (MEC) apresenta-nos uma re-formulação e unificação do processo seletivo para as univer-sidades federais. A base da mudança é fazer com que o ves-tibular cobre menos memorização de conteúdo e exija mais raciocínio. Somente com essa característica é possível visuali-zar o melhoramento que o novo vestibular irá gerar no modo de ensinar e aprender nas escolas públicas e privadas.

Uma mudança aprovada pela maioria das universi-dades federais brasileiras, segundo levantamento da revis-ta Veja, em matéria publicada na edição do último dia 15. Dentre essas instituições, a Universidade Federal do Ceará, cujo reitor, Jesualdo Pereira Farias, sinalizou, a princípio, que a unificação do vestibular proposto pelo MEC poderia com-por a primeira etapa do vestibular da UFC ou até tornar-se o principal elemento do processo seletivo.

A adaptação ao novo vestibular na UFC está em discus-são e a entidade sugere um debate com as escolas públicas e particulares para se ter noção das principais dificuldades de adaptação do Ensino Médio. Isso porque a ideia é unificar o vestibular das universidades federais em torno de um novo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Daí a necessidade de um período de adaptação a esse modelo. Até porque não podemos deixar escapar a oportu-nidade de, com esse novo vestibular, acrescer as disciplinas regionais — Geografia, História, Literatura do Ceará — uma bandeira nossa e que muito contribuiria para o aprendizado dos estudantes.

Pela nova prova, o aluno terá que relacionar o conte-údo de diversas disciplinas na resolução de situações novas. Para tanto, será exigido não só conhecimento, mas o enten-dimento e a maneira de ver o mundo do candidato. Uma modificação no processo seletivo que, há muito, vem sendo solicitada por professores e alunos, quando estes questionam

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sobre a real necessidade de se memorizar fórmulas, regras, datas, modelos.

A resposta sempre é que o atual vestibular cobra esse tipo de conhecimento. Contra essa realidade, a proposta do novo ENEM é priorizar as disciplinas: Linguagens; Matemá-tica; Ciências da Natureza; Ciências da Sociedade e Redação. A vantagem é que, com uma única prova, o candidato pode-rá tentar vaga em até cinco cursos diferentes em instituições federais diversas.

A reformulação do vestibular é de extrema valia por-que representará um móvel para a elevação da qualidade da educação em todo o País. A escola preocupar-se-á em formar alunos leitores, críticos, libertos da ditadura do conhecimento determinado pelo atual vestibular. E mais, alunos reflexivos, atuantes, cidadãos, conhecedores e construtores da realidade em seu redor, o que se configura como a verdadeira essência da educação.

# rtigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 17/4/2009.

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Educador Social

Educação e liberdade são quase sinônimas sob a óti-ca de Paulo Freire. Assim é que sua pedagogia do oprimido aponta para um processo de afirmação da liberdade, que se dá conjuntamente. Aqui, o educando não somente se cons-cientiza da opressão que sofre, mas colabora, diretamente, para a transformação dessa realidade. Nesse cenário, o edu-cador social atua como facilitador da descoberta, pelo pró-prio educando, de sua potência, capacidade criativa, de sua identidade, enfim, de sua cultura.

Dia 19 de setembro, aniversário do Educador Paulo Freire, é o Dia do Educador Social no Ceará. A categoria foi homenageada, por meio de projeto de lei de nossa autoria, para não somente reconhecer a importância do trabalho da categoria, como também para apoiar o movimento em prol da regulamentação da profissão nacionalmente. O educador social é responsável por restabelecer as relações familiares, por meio de ações de resgate da autoestima e de minimiza-ção do sofrimento. E faz isso convivendo com crianças, ado-lescentes, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade social.

Em todo o Estado, os educadores, reunidos na Associa-ção de Educadores e Educadoras Sociais do Ceará (AESC), atu-am em instituições governamentais e não governamentais. Mas, infelizmente, a remuneração e as condições de trabalho não condizem com a relevância do trabalho de proteção so-cial básica destinado aos grupos excluídos socialmente.

Como permitir que os responsáveis por devolver e esti-mular a prática da cidadania à nossa população permane-çam reféns da falta de regulamentação profissional? Além desse não reconhecimento, os educadores sociais não pos-suem direito à insalubridade, mesmo atuando em centros educacionais de medidas socioeducativas voltadas para jo-vens em conflito com a lei. Acrescente-se a isso o fato de, no Ceará, a categoria ser mal remunerada e completamente

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terceirizada desde 1996 em âmbito estadual, e, em âmbito municipal, desde 1994.

Nesse Dia do Educador Social, aproveitemos para refor-çar o apelo ao Congresso Nacional pela regulamentação da profissão de educador social no Brasil. E, com isso, assegurar o Plano de Cargos, Carreira, Salários e Remuneração (PCCR) e a promoção de concurso público para a categoria. Dessa forma, não somente conseguiremos melhorar as condições de trabalho da categoria como ampliaremos o número de educadores e, consequentemente, de ações em prol do resgate da autoestima de um número cada vez maior de cearenses.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 18/9/2009.

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Educação aos Olhos do Unicef

É com alegria que recebemos a notícia recentemente dada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância ( Unicef) que 97% de brasileiros entre sete e 14 anos (cerca de 27 mi-lhões de estudantes) estão na escola. Número que corresponde ao avanço na área da educação do País processado durante os últimos 15 anos.

Crescimento considerado bom, mas não o suficiente para fecharmos os olhos na certeza de que está tudo bem com a Educação. De fato não está, posto que as desigualda-des sociais ainda afastam da escola mais de seiscentos mil brasileiros nesse mesmo perfil, de acordo com o estudo “Si-tuação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 — O Direito de Aprender”.

O aumento do número de crianças na escola, como aponta o estudo, é devido ao grande investimento que tem sido feito, em Educação, desde a década de 1990, o que am-pliou, em muito, o número de matrículas. Fator que, conse-quentemente, colaborou para a redução do analfabetismo. Essa queda, segundo dados do Unicef e com base na Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios, feita em 2007, foi maior entre os grupos mais jovens. Por exemplo, dentre os jovens de 15 a 17 anos, a taxa de analfabetismo ficou em 1,7%.

E por que ainda esse número de crianças do lado de fora da escola? Porque ainda convivemos em nossa socie-dade com os chamados grupos vulneráveis, que enfrentam dificuldade para ter acesso à educação e concluir estudos — pobres, negros, índios, quilombolas. O estudo referenda esse dado divulgando que 450 das seiscentas mil crianças que es-tão fora da escola são negras e pardas e a maioria são das regiões Norte e Nordeste.

O assunto, em referência, já tratamos nesse espaço, no mês de abril, por ocasião do lançamento do estudo intitulado “Mapa da Extrema Indigência no Ceará e o Custo Financei-

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ro de sua Extinção”, do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), ligado ao Centro de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC). O mapa apon-tou que, exatamente, 2,2 milhões de indivíduos no território cearense vivem na indigência e 4,3 milhões vivem em estado de pobreza.

Daí concluirmos que a situação da Educação em nos-so Estado, ainda merece muito de nossa atenção, mesmo com todos os avanços constatados no número de matrículas reveladas pelo relatório do Unicef. O nosso foco deve ser, por um lado, investirmos pesadamente na qualidade da educa-ção ofertada nas escolas públicas e, por outro, diminuirmos as desigualdades sociais, apresentando propostas concretas de transferência de renda para os cearenses à margem da sociedade.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 19/6/2009.

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Todos por Uma Educação de Qualidade

Longe de pretender elaborar uma fórmula para salvar a educação no Ceará, gostaria de compartilhar algumas su-gestões capazes de trazer alguns benefícios. A primeira seria a avaliação dos professores do serviço público. Para uma ati-vidade prática, como a de lecionar, não é o bastante avaliar somente os conhecimentos dos candidatos. Por que não ob-servar a metodologia de ensino desse candidato e tornar isso um fator eliminatório?

Estou certo de que, se a técnica de ensino passasse a contar pontos para o alcance de uma vaga no serviço públi-co, o desempenho do professor-candidato melhoraria suma-riamente e em longo prazo, teríamos professores mais dedi-cados, ou, pelo menos, mais preocupados e comprometidos com a prática educativa.

Defendo que o Estado subsidiasse a compra de livros e computadores para professores, assunto extremamente de-batido no meio educacional. Professor não trabalha apenas em sala de aula. A aula ministrada é o reflexo do preparo executado fora dela, portanto, excelência da aula está na qualidade do preparo. Esses elementos também são extrema-mente necessários para a prática do ensino às crianças e aos jovens.

Deve-se aprimorar a capacitação dos professores da rede pública, por meio do trabalho de profissionais com competência comprovada nas metodologias de ensino? Uma mudança no currículo dos cursos de licenciatura seria uma ferramenta a mais para uma melhor formação de profissio-nais. A prática não domina o trabalho no magistério. É a outra face do ofício.

Há necessidade, ainda, de condensar conhecimentos, no planejamento das aulas, e disseminar esses conhecimen-tos na exposição. A educação infantil e o ensino fundamen-tal I são os setores que mais carecem de empenho por parte

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dos professores e daqueles que os capacitam. Sem essa base, o trabalho no ensino fundamental II e no ensino médio fica-rá plenamente comprometido. E não mais se precisa avaliar o desempenho do professor no ensino médio para perceber-mos que a base está fragmentada.

Sugestões, no papel é simples, o que, também, pode ocorrer na prática. O mais eficaz é que governo, sociedade, enfim, todos aqueles envolvidos no processo educacional atentem para a real necessidade de se melhorar a educação, integralmente.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição de 20/2/2009.

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Prouni Estadual

Uma luta impetrada pelo movimento estudantil e por nosso mandato, que trata da democratização do acesso à universidade pública, encontra guarida em um projeto de indicação que demos entrada, eu e o Deputado Professor Teo-doro, na Assembleia Legislativa do Ceará. Trata-se do Pro-grama Universidade para Todos (Prouni-Ceará), nos mesmos moldes do Prouni Federal, um dos mais populares programas de inclusão do governo Lula.

A proposta é que o programa ofereça bolsas de estudo de 100% e 50% do valor da mensalidade das instituições de ensino superior particulares do Ceará para jovens de baixa renda e que tenham cursado o ensino médio em escola públi-ca. A medida contrapõe-se à dura realidade que se expressa a cada vestibular de nossas instituições públicas de ensino superior. A maioria das vagas são conquistadas por alunos oriundos de escola particular, sendo que mais de 80% dos alunos que cursam o ensino médio, em nosso Estado, são da escola pública.

O resultado do vestibular alegra muitos pais que deram duro para manter o filho na escola privada. Não lhes tiro o mérito, até porque a universidade é pública, e de todos. Mas não podemos financiar apenas os alunos da classe média, da média alta, da elite. O que precisamos é criar oportunidades para que os jovens pobres possam competir de igual para igual, com os jovens das classes privilegiadas.

Sabemos que o maior feito nesse sentido seria garantir qualidade nas escolas públicas. E lutamos por isso também. Mas, achamos de extrema valia trabalhar para que, pelo menos, parte da enorme parcela de jovens que fica fora das vagas públicas de ensino superior, aqui no Ceará, seja ab-sorvida pelo ensino superior privado. Já existem, inclusive, mais de dez mil jovens pobres estudando nas boas faculdades pagas do Estado, por meio do Prouni Federal.

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Estudos feitos pelo Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade) apontam que o desempenho dos bolsistas do Prouni Federal tem ajudado a qualificar as faculdades em que estudam. Isso porque os candidatos à bolsa precisam al-cançar uma alta pontuação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), critério obrigatório para o ingresso no Prouni.

Outro dado relevante do estudo do Enade diz respei-to ao desempenho dos bolsistas na universidade. Segundo a análise, esses estudantes utilizam bastante a biblioteca e outros equipamentos que a instituição oferece, pois a dificul-dade em conseguir cursar a universidade é proporcional ao valor dado à chance alcançada. Daí, a sede em aproveitar tudo o que o curso e a faculdade possuem. Para garantir a bolsa, o aluno tem de manter 75% de aproveitamento, por isso é que os bolsistas acabam dando maior importância ao ensino superior.

Portanto, se não criarmos formas adequadas e justas de inclusão dos grupos historicamente rejeitados em nossa sociedade, nunca seremos, de fato, iguais. Não há milagres, e a tarefa não é fácil, também, não é impossível. Basta dina-mizarmos as ideias.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 20/3/2009.

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Greve dos Professores

Estamos ao lado dos professores em greve, oficialmente, desde o dia 16 de maio. A reivindicação para que o governo conceda a progressão horizontal, “estopim” do movimento, é legítima. Não podemos admitir que um direito conquistado por meio do Decreto 28.304, de 30 de junho de 2006, seja substituído pela concessão de abono, como procedeu o go-verno, em mensagem lida na Assembleia Legislativa, no dia 7 de maio.

Apresentei uma emenda com o apoio da deputada Ra-chel Marques, à mensagem do governo, sugerindo transfor-mar o abono de 50% sobre os vencimentos do Grupo Ocupa-cional Magistério de (1o e 2o) em progressão horizontal, mas não conseguimos êxito. A emenda foi derrubada. No entan-to, em reunião na presença dos sindicatos, Apeoc e Sindiute, o Governador Cid Gomes sinalizou que daria a progressão aos professores, a partir de julho, com reajuste acima da in-flação e garantiria o Plano de Carreira do Magistério que seria revisado junto às entidades.

Além da progressão horizontal, outra grande reivindi-cação da categoria é a implantação do piso nacional do ma-gistério, de acordo com a lei aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente Lula. A insatisfação gerada pela não implantação da Lei do Piso foi agravada depois da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), de autoria de cinco governadores, questionando pontos da lei, como a ampliação da carga horária extraclasse e a gratificação do piso.

O piso dos professores representa uma conquista his-tórica e não temos medido esforços para conseguir que a ca-tegoria de professores seja plenamente contemplada. A me-lhoria na educação passa, especialmente, pela melhoria na remuneração dos profissionais que promovem o ensino. O valor do piso, inclusive, não condiz com a necessidade dos profissionais, nem com a realidade do trabalho, mas não po-demos abrir mão. Professor tem direito de receber o piso.

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Um indicativo disso é o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2008. No Ceará, estado que ficou em 12º lugar, apenas seis escolas públicas obtiveram bom desempenho. E a escola pública é o lugar da maioria dos alunos brasileiros, mais de 80%. Como não garantir aos profissionais diretamente responsáveis pela educação desses alunos condições adequadas de trabalho?

A escola pública é, portanto, o berço da aprendizagem de muitos cidadãos brasileiros, e casa para outros muitos profissionais, lotados no sistema público de ensino. O berço precisa ser rearrumado e a casa, rearranjada. Comecemos por uma remuneração à altura. Afinal, o professor precisa manter-se de pé para cumprir extensas horas de trabalho. E o aluno precisa sentir do professor o entusiasmo pela profissão, já mal tratada, por demais.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 22/5/2009.

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Escola Pública e Ensino Superior

Há poucos dias, o resultado do vestibular da Universi-dade Federal do Ceará (UFC) revelou que 28,86% das vagas para o semestre 2009.1 foram preenchidas por alunos egres-sos das escolas públicas, de acordo com a Comissão Coorde-nadora do Vestibular (CCV). Exatamente 1.168 novos alunos da UFC, saídos do ensino público, estarão entre as 4.362 va-gas ofertadas para este ano. Em 2007, eram 286 os alunos de escola pública aprovados no concurso, o que nos faz conside-rar verdadeiro recorde a recente aprovação.

O Liceu do Ceará, por exemplo, conseguiu aprovar 12 alunos na UFC para os cursos de Secretariado, Química, En-fermagem, dentre outros, segundo informação veiculada no jornal O Povo. Na mesma matéria, informa-se que a Escola de Ensino Médio Adauto Bezerra aprovou 11 alunos na se-gunda fase do vestibular da UFC.

Os dados demonstram que a escola pública vem ele-vando a qualidade do ensino a ponto de transformar, aos poucos, a realidade de que somente alunos de escola particu-lar conseguiam ingressar nas universidades públicas. Porém, lembramos que a maioria dos estudantes que termina o ensi-no médio, no Ceará, é de escola pública. Portanto, a competi-ção desses alunos por vaga, no ensino superior público, com os alunos de escolas particulares ainda é desigual.

E não somente com alunos de escolas particulares, a competição ainda é desigual, também, com alunos de maior poder aquisitivo, de cor branca ou parda. Pobres, negros e índios continuam à margem do acesso ao ensino por mais empenho que a escola pública desenvolva.

Com esse pensamento, elaboramos Projeto de Lei, no 227.08, que está em tramitação na Assembleia Legislativa, sobre o ingresso nas instituições de ensino superior da rede estadual. O projeto dispõe que as instituições estaduais de educação superior vinculadas à Secretaria da Ciência, Tecno-logia e Ensino Superior do Estado do Ceará (Secitece-CE), re-

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servarão em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% das vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

Parte desse percentual, também, deverá ser destinada a estudantes de baixa renda, negros, pardos e indígenas — no mínimo igual à proporção de negros, pardos e indígenas na população cearense, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O nosso intuito é efetivar uma política afirmativa que supere a situação de ex-clusão que demarca a sociedade brasileira há longos anos.

Tal compromisso já foi firmado pelo Brasil, ao ser sig-natário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas. Levemos esse compromisso à prática e colaboremos para que nossos jovens tenham as mesmas e melhores oportunidades. Não importando qual a origem, raça, credo, renda. Esse é o Brasil que queremos.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 23/1/2009.

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Dia de Luta dos Educadores

O governo Lula instituiu o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da edu-cação básica, no dia 16 de julho de 2008. Quase um ano depois, ainda esperamos ver cumprida a Lei 11.738/08, que fixou o valor de R$ 950,00 para os profissionais com forma-ção em nível médio, na modalidade Normal, para a jornada de, no máximo, quarenta horas semanais.

O artigo quinto da lei dispõe que a correção do piso deve ser pautada pelo mesmo percentual de reajuste do va-lor mínimo nacional do Fundo de Manutenção e Desenvolvi-mento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Mais da metade do fundo, 60%, é re-vertido para a remuneração dos profissionais do magistério. Nesse ano, o fundo teve aumento de 19,2%, fazendo com que o valor do piso de R$ 950,00, definido em 2008, fosse corrigi-do para R$ 1.132,40.

O piso deveria ter começado a ser pago, em todo o Bra-sil, em 1º de janeiro de 2009, de forma progressiva e propor-cional, para ter seu valor integralizado em 1º de janeiro de 2010. No entanto, governadores de cinco estados moveram Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a lei. O STF decidiu, então, suspender artigo que determina o cumpri-mento de um terço das quarenta horas atividades fora da sala de aula e, ainda, incluir no salário base ou piso de R$ 950,00 os valores das gratificações instituídas por legislações anterio-res. Dessa forma, o piso deixa de ser base para ser teto.

É verdade que esse valor é insuficiente para atividade de professor, sempre exigindo uma carga excessiva de horas de trabalho. Mas, representa um começo. A Lei do Piso é uma conquista histórica, que pretende regularizar a realidade de mais de 60% dos municípios brasileiros que não pagam, se-quer, valor aproximado ao piso, fora aqueles que não che-gam a pagar o salário mínimo. No Estado, cerca de 80% dos municípios ainda não instituíram o piso.

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Outra determinação da Lei do Piso, da qual não pode-mos abrir mão, é a adequação, ao seu texto normativo, dos Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração dos profissionais da educação dos estados e municípios onde existir e a insti-tuição do PCCR onde não exista até o fim deste ano. É o que estamos, ainda, esperando acontecer.

Porém, não aguardaremos sem nos mobilizar em prol do cumprimento da lei que institui o piso do magistério no valor de R$ 950,00. Hoje, 24 de abril, toda a categoria dos trabalhadores em educação do Brasil permanecerão de bra-ços cruzados, em favor do piso e contra a morosidade em se instituir o que já é lei neste País.

Em defesa dessa bandeira, a Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa, a qual presi-dimos, encaminhará à Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) e ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) recomendação para a fiscalização do cumprimento à Lei do Piso nos muni-cípios cearenses. Fora isso, estaremos lançando, no próximo mês, cartilha sobre o Piso Salarial Nacional do Magistério; ao mesmo tempo em que organizamos a realização de seminá-rios regionais sobre o piso no interior do Estado.

A educação, sozinha, não transforma a sociedade. Na ausência dela, porém, a sociedade não muda, nos dizia, sa-biamente, o maior filósofo da educação, Paulo Freire. Quere-mos que a sociedade se transforme, mudando, assim, a sua essência para a de uma coletividade igualitária, humana, coerente, fraterna e justa. Não desistamos diante às dificul-dades porque estamos bem mais perto que antes. A lei já existe. Precisamos agora garantir que ela seja cumprida in-tegralmente.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 24/4/2009.

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Meia-Entrada Cultural é um Direito

A meia-entrada estudantil representa verdadeira vitó-ria para os estudantes brasileiros. O pagamento de metade do preço de um ingresso para entrada em casas de espetácu-los, shows, teatro, cinema, eventos esportivos, proporciona a crianças, jovens e idosos o acesso ao entretenimento saudá-vel, à troca de símbolos culturais. Esse contato permanente com a linguagem artística é parte integrante do processo de formação intelectual e cidadã.

Uma vez conquistado esse direito, não podemos deixar que seja ameaçado. É o que pode acontecer, caso seja apro-vado projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados. A matéria limita a concessão da meia-entrada para estudan-tes e idosos em espetáculos artísticos, culturais e esportivos a 40% do total dos ingressos disponíveis para cada evento.

Entendemos que a questão começou a ser discutida por causa de inúmeras denúncias de emissões de carteiras estu-dantis falsificadas. Porém, contra a falsificação das carteiras há ferramentas eficazes que não precisam, necessariamente, ameaçar a entrada de crianças, jovens e idosos em casas de show, pelo fato, inclusive de ser ainda escassa a oferta de eventos e espaços culturais para a maioria da população.

É por isso que, no lugar de obstaculizar o acesso à cul-tura, o que deixa os jovens à margem, o governo deveria intensificar e incentivar o sorver das produções culturais. Um incentivo nesse sentido já foi dado, com a criação do Vale-Cultura, a primeira política pública governamental voltada para o consumo cultural.

Dessa forma, convidamos todos e todas para um de-bate sobre meia-entrada cultural e a meia-passagem das macrorregiões do Estado, que será realizado nesta segunda-feira, 24, às 14h30min, no Complexo das Comissões da As-sembleia Legislativa. Não podemos deixar de participar das discussões que debatem o asseguramento de nossos direitos, especialmente, o direito ao acesso à cultura. É assim que de-monstramos ser verdadeiros cidadãos e cidadãs.

# Artigo publicado no jornal O POVO, edição do dia 24/8/2009.

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Cotas nas Universidades Estaduais

Diz uma máxima aristotélica: “Justiça é tratar igual-mente os iguais e desigualmente os desiguais”. Somos uma sociedade de diferenças. Não temos a mesma cor de pele, nem mesma opção sexual. Muito menos a mesma renda fi-nanceira. Não nascemos todos em boas condições de vida. Mas, temos, todos, os mesmos direitos. O principal deles, o direito à educação de qualidade, está relegado a quem tem como bancar o ensino em instituições particulares.

Arduamente, tentamos que o ensino público, ofertado gratuitamente à sociedade, desde a educação básica ao en-sino superior, possua essa mesma qualidade. Para começar, precisamos garantir que todos tenham acesso a esse ensino.

E foi exatamente com esse objetivo que apresentamos, eu e o Deputado Dedé Teixeira, o Projeto de Lei 227/08, que dispõe sobre o ingresso nas universidades públicas estaduais. O projeto prevê que 50% das vagas do vestibular da URCA, UVA e UECE sejam destinadas a estudantes de baixa renda, que tenham cursado integralmente o ensino médio em esco-las públicas.

Defendemos esta causa porque contribuirá para a de-mocratização e para o equilíbrio do acesso à universidade pública. O sistema de cotas é aplicado em 45 instituições de ensino superior públicas do País, sendo 22 federais (de um total de 53) e 23 estaduais (de um total de 35). E o nos-so verdadeiro intuito é trazer essa realidade para o Ceará, para que nossos jovens tenham as mesmas e melhores opor-tunidades. Não importando, para isso, a origem, a raça, o credo, a renda.

Mais de oitenta por cento dos alunos brasileiros são da escola pública. No entanto, uma ínfima parcela deles está na universidade pública. Para se ter uma ideia, das 150 vagas oferecidas para cursos de medicina nas universidades públi-cas no Estado, apenas quatro foram ocupadas por alunos da

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escola pública. Nos cursos de direito, arquitetura, odontolo-gia aconteceu o mesmo.

É nosso papel minimizar essas desigualdades, demo-cratizando o acesso à universidade e melhorando a quali-dade do ensino público nas escolas. Por isso é que o nosso projeto sinaliza para que o sistema de cotas permaneça por dez anos, para que, nesse período, sejam aperfeiçoadas a me-todologia, a didática e toda a infraestrutura disponibilizada para a rede pública de ensino. Se não forçarmos a abertura das grades que separam o estudante da escola pública da universidade pública, elas não se abrirão. E quando se abri-rem, aí, sim, a universidade pública será, verdadeiramente, de todos.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 27/3/2009.

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Transporte Escolar

Como podemos admitir que percamos ou firamos crianças, adolescentes durante o percurso à escola pública ou no retorno da escola ao lar? Que retrocesso dá chance a essas crianças de ter acesso ao ensino, proporcionando-lhes o transporte escolar, e tirar-lhes a vida ou feri-las, traumati-zá-las? Em quem depositar a culpa? À União, por repassar reduzidos recursos? Ao Estado, por uma má fiscalização da aplicação desses recursos? Aos Municípios, pela inoperância? Creio que a origem do problema esteja bem mais perto do usuário dos transportes escolares do que se imagina.

Estamos atônitos com os fatos. Há pelo menos cinco anos, a imprensa cearense noticia, com frequência, casos de acidente envolvendo transporte escolar no interior do Estado. E não foram poucos os casos. Neste ano, o Tribunal de Contas autuou 17 gestores em decorrência de desvio de finalidade no uso de micro-ônibus escolares. As multas somaram mais de R$ 40 mil.

O objetivo das auditorias é atestar a qualidade do ser-viço, checando a prestação de contas dos recursos, da União, repassados pelo Governo do Estado para a contratação dos serviços de transporte escolar pelos municípios. Esses têm de atender às exigências do Código Nacional de Trânsito, com relação ao tipo de veículo aos itens de segurança necessários ao transporte.

A importância do transporte escolar é tamanha que há recursos federais específicos destinados à manutenção desse serviço. Isso porque é dever do Poder Público ofertar a escola perto da residência do aluno, capaz de atender à demanda da comunidade onde está instalada. Quando não existe essa escola perto da casa do aluno o Poder Público, então, deve oferecer transporte escolar, grife-se, gratuito e de qualidade para os alunos.

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensi-no Básico e de Valorização do Magistério (Fundeb) possibilita

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a aquisição de veículos escolares para transporte de alunos do ensino fundamental, além da manutenção desses veícu-los. O Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Esco-lar (PNATE) também custeia despesas com manutenção de veículos escolares das esferas municipal ou estadual e para contratação de serviços terceirizados de transporte. Os recur-sos do PNATE para este ano são de R$ 478,2 milhões para os estudantes da educação básica.

Ou seja, recursos há. O Estado repassa esses recursos. E por que ainda nos falta transporte de qualidade? Cabe-nos fiscalizar o uso desses transportes nos municípios para que não nos surpreendamos mais com acidentes vitimando alunos da rede pública. A escola deve ser o caminho da li-berdade do pensamento, da formação plena das cidadãs e dos cidadãos e é nosso dever fornecer e assegurar o bom fun-cionamento de todos os mecanismos necessários para que o processo do ensino aconteça de forma integral.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 29/5/2009.

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Contra a Homofobia nas Escolas

Somos acostumados com a incidência do preconceito dentro do ambiente escolar. Mas será que conseguimos men-surar a repercussão disso na vida das pessoas? Tratemos de um tipo específico de preconceito incrustado em nossa socie-dade: a homofobia. Pesquisa recente, divulgada pela Facul-dade de Economia, Administração e Contabilidade da Uni-versidade de São Paulo (FEA-USP), na imprensa, revela que 87% das comunidades escolares brasileiras exercem precon-ceito contra homossexuais.

O dado somente confirma o que é conhecido de todos: melhor tratamos aqueles que se assemelham com os mode-los de comportamento padrão consagrados socialmente, não importando, aqui, se uma vasta maioria de pessoas foge ao “padrão”.

Apesar de não ser novidade que homossexuais sofrem preconceito dentro da escola, a informação é grave e mere-ce nossa atenção. Qual contexto de vida enquadra-se em um universo de 44% de estudantes de escolas públicas, em Brasília, afirmarem que não gostariam de estudar com ho-mossexuais, conforme aponta estudo realizado pela psicólo-ga Miriam Abromovay, divulgado este ano? O contexto no qual se insere apenas uma única forma de sexualidade, a heterossexual.

E as nossas escolas — sim, porque o caso de Brasília se repete em todo o País — são muito pouco preparadas para exercer o papel de ser o lugar da diversidade. No lugar disso, a escola, muitas vezes, aceita e reproduz o preconceito, quase sempre, iniciado no seio familiar.

Por que a homossexualidade, por exemplo, não apare-ce nos livros didáticos? O que observamos é que os livros ado-tados pelo Ministério da Educação, de fato, não incentivam a homofobia, mas também não versam sobre a diversidade sexual. Esse silêncio não é suficiente para uma eficaz política

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de combate à homofobia e alimenta o preconceito, já que, em nada, auxilia o desempenho do estudante homossexual.

A Constituição Federal garante o direito à educação, ao acesso e à permanência na escola para todos e todas. Porém, o que acontece, na prática, é que os estudantes homossexu-ais, mais intensamente os travestis e transexuais são cons-tantemente vilipendiados em seus direitos como cidadãos.

Portanto, a luta contra a homofobia é uma questão de saúde pública e de proteção aos direitos humanos. Precisamos melhor preparar nossas escolas para lidar devidamente com as diferenças. Um passo nesse sentido foi dado. Desde 2005, o MEC implementa o programa “Brasil sem Homofobia”, tra-balhando na produção de material didático específico e na formação de professores para trabalhar com a temática. Mas, o esforço para transformar essa realidade deve ser de todos.

Comecemos em nossos lares aceitando nossos filhos como são. Jovens bem aceitos em casa minimizam a força do preconceito fora do lar. Comecemos, ainda, em nossas sa-las de aula. Estudantes bem acolhidos no contexto escolar amenizam o discurso de que o que está dentro do padrão é o melhor. Dessa forma, daremos significativa contribuição para a mudança do olhar sobre nossas crianças e jovens e, consequentemente, estaremos dizimando a homofobia de nossa sociedade.

# Artigo publicado no jornal O Estado, edição do dia 31/7/2009.

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