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1 Inspeção Predial no Estádio do Central Caruaru/PE dezembro/2014 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014 Inspeção Predial no Estádio do Central Caruaru/PE Demócrito Ribeiro de Araújo [email protected] Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia Instituto de Pós-Graduação IPOG Recife/PE Recife, PE, 31 de Janeiro de 2014. Resumo Há muitas edificações que não têm sido dada a atenção devida com relação à manutenção predial, na verdade muitos administradores nem se quer agem preventivamente, mas somente quando a situação chega em um estágio crítico quando a estrutura dá indícios de que se não houver nenhuma mobilização ela entrará em colapso. Da mesma maneira, os nossos estádios de futebol, que são geralmente estruturas monstruosas de concreto e precisam suportar muitas vezes uma carga dinâmica além da permitida, não têm nenhum indício de inspeção para saber se não estão no tempo de passar por uma intervenção. Este trabalho tem por objetivo analisar a situação atual e classificar em ordem decrescente de prioridades algumas patologias encontradas no Estádio Luiz José de Lacerda Estádio do Central construído há aproximadamente 70 anos. Por meio de uma vistoria no local e pesquisa em algumas bibliografias, foi possível apontar os itens críticos que colocavam em risco a saúde e a segurança dos torcedores que frequentam aquele lugar. Tão logo, pode-se concluir que há a necessidade de uma intervenção urgente em alguns de seus setores, tendo como item principal o elemento Estrutura de Concreto. Palavras-chave: Inspeção predial. Manutenção. Estádio. 1. Introdução Ao se deparar com a matéria de Inspeção Predial, ministrado no curso pelo IPOG, foi possível observar a carência da manutenção / inspeção periódica nos imóveis. De acordo com a Norma NBR 5.674 (2012:vi) “A manutenção de edificações é um tema cuja a importância supera, gradualmente, a cultura de se pensar o processo de construção limitado até o momento quando a edificação é entregue e entra em uso”. Já a Norma NBR 14.037 (2011:vi) nos mostra que O processo de produção das edificações normalmente vinha sendo observado como constituído de apenas duas etapas: o projeto (algumas vezes subdividido em etapas intermediárias, desde a definição conceitual do projeto até a produção de detalhes de execução) e a execução em canteiro (NBR 14.037, 2011:vi) deixando de lado o pós-obra, isto é, de um modo geral a manutenção das edificações ficava um pouco esquecida. Apesar de todas estas observações feitas pela ABNT, a causa principal deste “esquecimento” do pós-entrega pode ser justificada pela ausência de uma norma da ABNT que nos dê as

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Inspeção Predial no Estádio do Central – Caruaru/PE dezembro/2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014

Inspeção Predial no Estádio do Central – Caruaru/PE

Demócrito Ribeiro de Araújo – [email protected]

Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia

Instituto de Pós-Graduação – IPOG – Recife/PE

Recife, PE, 31 de Janeiro de 2014.

Resumo

Há muitas edificações que não têm sido dada a atenção devida com relação à manutenção

predial, na verdade muitos administradores nem se quer agem preventivamente, mas somente

quando a situação chega em um estágio crítico – quando a estrutura dá indícios de que se

não houver nenhuma mobilização ela entrará em colapso. Da mesma maneira, os nossos

estádios de futebol, que são geralmente estruturas monstruosas de concreto e precisam

suportar muitas vezes uma carga dinâmica além da permitida, não têm nenhum indício de

inspeção para saber se não estão no tempo de passar por uma intervenção. Este trabalho tem

por objetivo analisar a situação atual e classificar em ordem decrescente de prioridades

algumas patologias encontradas no Estádio Luiz José de Lacerda – Estádio do Central –

construído há aproximadamente 70 anos. Por meio de uma vistoria no local e pesquisa em

algumas bibliografias, foi possível apontar os itens críticos que colocavam em risco a saúde e

a segurança dos torcedores que frequentam aquele lugar. Tão logo, pode-se concluir que há

a necessidade de uma intervenção urgente em alguns de seus setores, tendo como item

principal o elemento Estrutura de Concreto.

Palavras-chave: Inspeção predial. Manutenção. Estádio.

1. Introdução

Ao se deparar com a matéria de Inspeção Predial, ministrado no curso pelo IPOG, foi possível

observar a carência da manutenção / inspeção periódica nos imóveis. De acordo com a Norma

NBR 5.674 (2012:vi) “A manutenção de edificações é um tema cuja a importância supera,

gradualmente, a cultura de se pensar o processo de construção limitado até o momento

quando a edificação é entregue e entra em uso”.

Já a Norma NBR 14.037 (2011:vi) nos mostra que

O processo de produção das edificações normalmente vinha sendo observado como

constituído de apenas duas etapas: o projeto (algumas vezes subdividido em etapas

intermediárias, desde a definição conceitual do projeto até a produção de detalhes de

execução) e a execução em canteiro (NBR 14.037, 2011:vi)

deixando de lado o pós-obra, isto é, de um modo geral a manutenção das edificações ficava

um pouco esquecida.

Apesar de todas estas observações feitas pela ABNT, a causa principal deste “esquecimento”

do pós-entrega pode ser justificada pela ausência de uma norma da ABNT que nos dê as

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devidas orientações, até então guiada pela Norma do IBAPE. Gomide; Gullo; Fagundes Neto

(2013:42) ratificam a necessidade de uma diretriz para a inspeção predial no Brasil quando

afirmam que “O prefácio e a introdução da norma reproduzem a apresentação do IBAPE na

importância da inspeção predial no contexto público, e destaca a lacuna da ABNT e não

possuir diploma técnico similar.”, fazendo menção à necessidade da criação da norma, que

hoje tem-se apenas um Projeto de Norma.

Desta maneira, surgiu a ideia de se realizar uma inspeção predial em um dos estádios mais

importantes localizado no interior da região Norte / Nordeste do Brasil – O Lacerdão – e

verificar as condições que ele se encontra, se atende aos requisitos mínimos de saúde e

segurança listados na Portaria 238 do Ministério dos Esportes. Será que o Estádio do Central

atende as condições mínimas de utilização? O fato de ter a capacidade de quase 20.000 (vinte)

mil torcedores justifica esta inspeção predial, uma vez que ele pode estar colocando em risco

a vida de milhares de pessoas? O histórico de acidentes envolvendo mortes em todo o mundo

justifica tal necessidade.

Neste documento, verifica-se a necessidade da manutenção predial preventiva deste estádio.

A Norma NBR 5.674 (2012:13) – Tabela A.1 do Anexo A – dá sugestões quanto à

periodicidade para inspeção / verificação para um edifício hipotético, onde mostra que a cada

ano o sistema estrutural deveria ser inspecionado.

A Norma NBR 13.752 (1996:6) informa que um bom trabalho pericial, também aplicável a

esta inspeção predial, deve conter: um número adequado de fotografias, por cada bem

periciado; execução de um croqui de situação; a descrição sumária dos bens nos seus aspectos

físicos, dimensões, áreas, utilidades, materiais construtivos, entre outros; e a indicação

perfeita da caracterização de eventuais danos e/ou eventos encontrados. Dados esses que

serviram de guia para execução deste trabalho.

Logo, com o auxílio do Projeto de Norma da ABNT, a norma do IBAPE, a Portaria 238, a

NBR 13.752 e o material da aula ministrada pelo IPOG, pôde-se chegar a um Check-list

(Verificar Anexo I) para realizar a inspeção predial no Estádio do Central – Caruaru/PE.

Com isso, o intuito deste trabalho foi verificar “in loco” a situação atual do estádio e

identificar os itens que apresentam o grau de risco Crítico para esta pesquisa, através da

ferramenta de “gerenciamento de risco” da metodologia de Gravidade, Urgência e Tendência

– GUT – reforça-se que o simples fato de se classificar o problema a ser resolvido em graus

não tem relação com o critério de inspeção, como se afirma a seguir:

Concorda-se com o estabelecimento de uma ordem de prioridades de procedimentos

de manutenção pelo grau de risco (GUT) que não deve ser confundida com o critério

da inspeção, pois este deve visar à qualidade predial total na visão sistêmica

tridimensional (GOMIDE; GULLO; FAGUNDES NETO, 2013:42).

Onde a inspeção teve o foco na qualidade do estádio e em uma visão também macro do

sistema. Podendo-se verificar no local que o estádio (de um modo geral) não precisa passar

por uma reforma, mas pontualmente (em parte de sua estrutura de concreto e na escada

metálica que dá acesso à cabine de rádio). Gomide; Gullo; Fagundes Neto (2013:52)

confirmam este pensamento quando dizem “Concorda-se com a classificação proposta, sem

embaraço de reiterar que a classificação do grau de risco independe do critério voltado à

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qualidade predial total.”, isto é, o prédio como um todo está em boas condições de uso,

precisando apenas de intervenções em alguns elementos.

Por fim, é sempre bom lembrar que tanto a manutenção quanto a intervenção, as quais o

estádio precisa se submeter, deverão ser realizadas pelo proprietário (neste caso o

administrador), que de acordo com a NBR 5.674 (2012:9), em seu item 8 – Incumbências ou

encargos, informa que

8.1 O proprietário de uma edificação, o síndico ou a empresa terceirizada

responsável pela gestão da manutenção deve atender a esta Norma, às normas

técnicas aplicáveis e ao manual de uso, operação e manutenção da edificação (NBR

5.674, 2012:9).

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2. A necessidade da inspeção predial

2.1. Método Adotado

Inicialmente foi realizada a revisão bibliográfica, buscando embasamento nas normas da

Associação Brasileira de Normas Técnicas e verificando a existência de leis que versavam

sobre o assunto, bem como materiais atuais dos módulos de Inspeção Predial ministrados no

IPOG. Em função de um certo “descaso” com os estádios de futebol, buscou-se focar o tema

neste assunto, tendo em vista o grande número de acidentes ocorrido na história.

Em seguida, de acordo com a Portaria 238 do Ministério do Esporte (e as normas da

ABNT/IBAPE), foi possível criar um Check-list constando uma série de documentos técnicos

/ administrativos a serem verificados no local, bem como os sistemas e elementos a serem

inspecionados durante a vistoria. A visita “in loco” foi realizada contando com o apoio do

diretor de patrimônio e presidente do conselho deliberativo do Central, Jandorval Bezerra.

No local foi possível observar as característas do estádio tais como idade aparente, estado de

conservação, padrão construtivo, plano de manutenção, manifestações patológicas, entre

outros. Foi possível registrar algumas situações de risco por meio de fotografias e realizar

entrevista com funcionários que já trabalhavam a algum tempo na manutenção do prédio.

Durante a entrevista, observou-se que a manutenção predial preventiva não é um item muito

comum no cotidiano dos trabalhadores do Central, que de acordo com o dito de um

funcionário, “por estes dias teriam uma inspeção pois o Campeonato estadual estava por

vir...”.

Em um pensamento bem distante, a Associação Brasileira de Normas Técnicas nos mostra

que:

Cada vez mais a sociedade civil tem reconhecido e assumido a elevada importância

das atividades de uso, operação e manutenção dos edifícios como forma de

assegurar a durabilidade e a preservação das condições de utilização das edificações

durante a sua vida útil de projeto (ABNT NBR 14.037, 2011:vi).

Por fim, foi possível analisar todo o acervo fotográfico e elencar todos os itens que foram

vistoriados, colocando em ordem descrescente de prioridades para serem solucionadas (indo

do grau de risco crítico, necessitano urgentemente de uma intervenção, até o mínimo, que

poderia ser resolvido a longo prazo).

2.2. A inspeção predial nas edificações

A inspeção predial é a atividade que ainda não possui norma elaborada pela ABNT

(inicialmente criada pelo IBAPE e ainda em projeto pela ABNT - CB-02 - 1º PROJETO

02:140.02-001). Pode-se chamar de um “Check Up” na edificação, que classifica as

deficiências constatadas na edificação e aponta o grau de risco observado para cada uma

delas, gerando uma ordem de prioridades técnicas com orientações ou recomendações para

sua correção.

De uma maneira específica, o Ministério do Esporte criou a Portaria 238/2010 que

regulamenta as inspeções em estádios de futebol e cria requisitos mínimos relativos à

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edificação, segurança, combate de incêndio e condições sanitárias / higiene, elencados em

seus anexos (I, II, III e IV); sendo obrigatório a elaboração de um laudo de estabilidade

estrutural para aqueles com capacidade igual ou superior a 40.000 (quarenta mil) lugares, para

os que tenham sofrido obras de ampliação ou adaptações que necessitem de mudanças

estruturais e também aqueles que tenham histórico de problemas estruturais, possuindo

validade de 5 (cinco) anos.

O motivo de tanta preocupação com a inspeção nos estádios vai desde a mudança de

comportamento do torcedor (fazendo suas necessidades fisiológicas no próprio local onde está

sentado), passando por uma manutenção inadequada ou até mesmo inexistente, até o colapso

da estrutura, causando várias tragédias que ocorreram nos seguintes anos, conforme material

de curso de Pujadas (2009:4):

1964 – Brasil: 181 feridos, Estádio Vila Belmiro;

1964 – Peru: 301 mortes e mais de 500 feridos no Estádio Nacional de Lima;

1989 – Inglaterra: 95 mortes e 100 feridos, no Estádio de Sheffield;

2000 – Brasil: 175 feridos, Estádio São Januário;

2007 – Brasil: 4 mortos e 40 feridos, Fonte Nova BA.

Como citado anteriormente, no laudo de inspeção predial – LIP – as falhas / anomalias

encontradas são classificadas em função do risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente e

ao patrimônio, sendo dividida em três graus (segundo o projeto de norma da ABNT - CB-02 -

1º PROJETO 02:140.02-001): CRÍTICO (risco elevado de provocar danos contra a saúde e

segurança das pessoas e do meio ambiente, aumento excessivo de custo de manutenção e

recuperação, bem como comprometimento sensível de vida útil); MÉDIO (risco de provocar a

perda parcial de desempenho e funcionalidade da edificação sem prejuízo à operação direta de

sistemas, e deterioração precoce); MÍNIMO (mais relacionados à estética ou atividade

programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de ocorrência de sinistros,

além de baixo ou nenhum comprometimento do valor imobiliário).

Em função da complexidade técnica da edificação classifica-se a inspeção predial em três

tipos (conforme projeto de norma da ABNT - CB-02 - 1º PROJETO 02:140.02-001): NÍVEL

1 (realizada em edificações com baixa complexidade, normalmente empregada em edificações

com planos de manutenção muito simples ou inexistentes, geralmente com elaborado com

profissional de uma especialidade); NÍVEL 2 (para padrões construtivos médios e com

sistemas convencionais, normalmente empregada em construções com vários pavimentos,

elaborada por profissionais habilitados em uma ou mais especialidades); NÍVEL 3

(empreendimentos com alta complexidade técnica, de manutenção e operação de seus

elementos e sistemas construtivos, de padrões construtivos superiores e com sistemas mais

sofisticados, empregada prédios com vários pavimentos ou com sistemas construtivos com

automação, nesse nível de inspeção predial é executado com um plano de manutenção com

base na ABNT NBR 5674:12. Elaborada por profissionais habilitados e de mais de uma

especialidade). Neste último, o trabalho poderá ser intitulado como de Auditoria Técnica.

O planejamento a ser feito para elaboração de um LIP será em função do tipo da edificação,

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consideradas suas características construtivas, qualidade da documentação entregue ao

inspetor e nível de inspeção a ser realizado. Para a vistoria, faz-se necessário primeiramente

uma entrevista com o responsável pelo empreendimento (síndico, administrador ou gestor

predial), com abordagem dos aspectos cotidianos do uso e da manutenção do imóvel. No local

devemos observar, minimamente, os seguintes sistemas construtivos e seus elementos:

estrutura, impermeabilização, elementos de vedação, coberta, revestimentos, as instalações

prediais e a acessibilidade.

Verificado “in loco” as falhas (mais relacionada à falta de manutenção) ou anomalias (mais

relacionadas à deficiência no projeto ou durante à execução), pode-se listar prioridades

dispostas em ordem decrescente quanto ao grau de risco e intensidade das anomalias / falhas,

apurada através de metodologias técnicas apropriadas como: GUT (ferramenta de

“gerenciamento de risco” através da metodologia de Gravidade, Urgência e Tendência);

FEMEA (Failure Mode and Effect Analisys: ferramenta de “gerenciamento de risco” através

da metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha); ou ainda, pela listagem de criticidade

decorrente da Inspeção Predial, ficando à critério do elaborador do LIP.

Gomide; Pujadas; Fagundes Neto (2006:52) adaptaram o sistema desenvolvido por Kepner e

Tregoe (1980), cujas funções de gravidade / urgência / tendência e seus respectivos pesos

podem ser utilizados na determinação das prioridades, conforme os quadros 1, 2 e 3

demonstrados:

GRAU GRAVIDADE PESO

Total Perda de vidas humanas, do ambiente ou do próprio edifício 10

Alta Ferimentos em pessoas, danos ao meio ambiente ou ao edifício 8

Média Desconfortos, deterioração do meio ambiente ou do edifício 6

Baixa Pequenos incômodos ou pequenos prejuízos financeiros 3

Nenhuma - 1

Quadro 1 – Índices que demonstram a gravidade das anomalias

Fonte: GOMIDE; PUJADAS; FAGUNDES NETO (2006:52)

GRAU URGÊNCIA PESO

Total Evento em ocorrência 10

Alta Evento prestes a ocorrer 8

Média Evento prognosticado para breve 6

Baixa Evento prognosticado para adiante 3

Nenhuma Evento imprevisto 1

Quadro 2 – Índices que demonstram a urgência de reparos nas anomalias

Fonte: GOMIDE; PUJADAS; FAGUNDES NETO (2006:53)

GRAU TENDÊNCIA PESO

Total Evolução imediata 10

Alta Evolução em curto prazo 8

Média Evolução em médio prazo 6

Baixa Evolução em longo prazo 3

Nenhuma Não vai evoluir 1

Quadro 3 – índices que demonstram a tendência das anomalias

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Fonte: GOMIDE; PUJADAS; FAGUNDES NETO (2006:53)

Em função do cruzamento dos três pesos anteriormente encontrados, pode-se exemplificar,

conforme GOMIDE; PUJADAS; FAGUNDES NETO (2006:54), como se chega a uma

ordem de prioridades na edificação, tendo em vista o risco verificado no local:

ELEMENTO

VISTORIADO

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA N°

PONTOS

PRIORIDADES

Vazamento de

gás

10 10 10 1000 1°

... ... ... ... ... ...

Combustível na

casa de bombas

10 10 8 800 3°

... ... ... ... ... ...

Infiltrações na

laje do térreo

8 10 6 480 7°

Quadro 4 – Avaliação das prioridades das falhas

Fonte: GOMIDE; PUJADAS; FAGUNDES NETO (2006:54)

Por fim, cita-se as recomendações técnicas para as anomalias e falhas constatadas na inspeção

predial, sendo apresentadas de forma clara e simplificada, possibilitando ao gestor, síndico ou

proprietário a fácil compreensão. Podendo-se indicar manuais, ilustrações e normas

pertinentes para facilitar as futuras providências a serem tomadas pelo administrador.

2.3. Inspeção Predial no Estádio do Central – Estudo de Caso

O Estádio Luiz José de Lacerda ou Lacerdão, ou simplesmente “Estádio do Central”

comumente chamado em Caruaru/PE, está localizado na avenida principal da cidade

(Agamenon Magalhães, 425, Maurício de Nassau), foi inaugurado há aproximadamente 70

(setenta) anos e passou por uma ampliação na década de 1980. Atualmente tem capacidade

para 19.584 (dezenove mil, quinhentos e oitenta e quatro) torcedores e em 22 de outubro de

1986 ocorreu o maior recorde de público da história: 24.450 (vinte e quatro mil, quatrocentos

e cinquenta) pessoas foram assistir ao jogo do Central x Flamengo no Campeonato Brasileiro

do mesmo ano, ou seja, mais de 20% (vinte) porcento de sua capacidade máxima permitida.

O Lacerdão tem as dimensões aproximadas de 130,00m x 110,00m e sua estrutura é toda em

concreto armado, sendo ele o maior estádio particular do interior do Norte / Nordeste e o

quinto maior estádio de Pernambuco, ficando atrás dos estádios localizados na capital e a

Arena Pernambuco. Na figura 1 é possível observar a planta baixa da edificação, que está

dividida nos seguintes setores: Agamenon, Campos Sales, São Paulo e Tobogã. A Foto 1

mostra uma imagem panorâmica do estádio.

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Figura 1 – Planta baixa da edificação (divida por setores)

Fonte: Área administrativa do Estádio (2013)

Foto 1 – Foto panorâmica do estádio

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

No local foi possível observar os vários elementos do prédio (separando por setores e

verificando, quando possível, da parte superior da estrutura à inferior), levando em

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consideração desde a estética (grau mínimo) até riscos a saúde e segurança dos torcedores

(grau crítico). Vejamos a seguir os itens observados.

2.3.1. Setor Agamenon

Neste setor foi possível constatar a armadura exposta das vigas na fachada, conforme verifica-

se nas fotos 2 e 3.

Foto 2 (E) e Foto 3 (D) – Armadura exposta na fachada

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

As fotos 2 e 3 mostram que há um risco de desplacamento do cobrimento do concreto, pondo

em risco a vida dos transeuntes que passam pela calçada da Fachada principal daquela

edificação.

2.3.2. Setor Campos Sales

Neste setor foi possível constatar a armadura exposta das lajes / pilar da arquibancada, bem

como das paredes do reservatório superior; rachadura em pilar; presença de umidade em

algumas paredes; situação das instalações elétricas / hidrossanitárias; e acessibilidade. Tudo

isto encontra-se registrado nas fotos de 4 a 16.

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Foto 4 (E) e Foto 5 (D) – Armadura exposta na área da arquibancada (teto da Lavanderia do estádio)

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

As fotos 4 e 5 foram tiradas da lavanderia do estádio, onde há a presença de umidade no local,

fato pelo qual o cobrimento já não existe mais e sua ação continua corroendo a armadura

exposta, colocando em risco os torcedores que se assentam nesta parte da arquibancada.

Foto 6 (E) e Foto 7 (D) – Armadura exposta com corrosão das barras do pilar (acesso à Imprensa)

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

As fotos 6 e 7 mostram a situação do pilar que dá sustentação a marquise do Setor Campos

Sales e está localizado no patamar da escada que dá acesso à Imprensa. A armadura encontra-

se exposta a ação das intempéries e nota-se que um dos estribos está prestes a se romper.

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Foto 8 – Pilar com rachadura abaixo da arquibancada

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

Na foto 8 verifica-se uma rachadura no pilar que está localizado próximo à Lavanderia

(abaixo da arquibancada do setor), potencializando ainda mais o risco em funçao da exposição

da sua armadura em uma área com presença de umidade.

Foto 9 (E) – Reservatório superior sem tampa e Foto 10 (D) – Armadura exposta em suas paredes

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

As fotos 9 e 10 foram tiradas do reservatório superior, onde nota-se duas situações que

colocam em risco a saúde / segurança dos torcedores: primeira a caixa está sem tampa,

podendo ser foco de proliferação de animais e segundo as paredes apresentando armadura

exposta (com a presença de umidade).

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Foto 11 – Presença de umidade na frente do Juizado do torcedor

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

Na foto 11, verifica-se a presença de umidade em frente ao Juizado do torcedor, na porta de

entrada do setor.

Foto 12 (E) – Fiação exposta próximo à Lavanderia e Foto 13 (D) – Quadro Elétrico sem tampa (Imprensa)

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

As fotos 12 e 13 mostram a situação das instalações elétricas, onde coloca em risco a vida das

pessoas que transitam neste setor.

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Foto 14 (E) e Foto 15 (D) – Banheiro para deficiente

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

Foto 16 – Rampa de acesso a arquibancada do estádio

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

Nas fotos 14, 15 e 16 é possível verificar a carência de acessibilidade no local, onde o

banheiro não tem as dimensões mínimas (1,50 x 1,70m) exigida pela NBR 9050:2004, as

barras de apoio por fim terminam atrapalhando a manobra do cadeirante no interior do WC, as

condições de higiene põe em risco de contaminação os usuários, a falta de corrimão na rampa

de acesso e o piso cimentado quebrado.

2.3.3. Setor São Paulo

Neste setor foi possível constatar a armadura exposta das lajes da arquibancada, conforme

verifica-se na foto 17.

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Foto 17 – Armadura exposta na arquibancada

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

A foto 17 foi tirada da Fachada dos fundos da edificação e nela observa-se a exposição da

armadura, colocando em risco a vida dos torcedores que se assentam neste setor.

2.3.4. Setor Tobogã

Neste setor foi possível constatar o desplacamento do cobrimento dos pilares em função,

possivelmente, do mau uso do torcedor; rachaduras nas paredes, presença de umidade e

oxidação da escada metálica de acesso (cabine de rádio); oxidação de corrimão para acesso às

arquibancadas; exposição da manta asfáltica (protetora da junta de dilatação); situação das

instalações elétricas / hidrossanitárias; e acessibilidade. Tudo isto encontra-se registrado nas

fotos de 18 a 28.

Foto 18 (E) e Foto 19 (D) – Desplacamento do cobrimento do concreto

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

As fotos 18 e 19 foram tiradas abaixo da arquibancada deste setor, no local foi possível ver o

desplacamento do cobrimento do concreto que, possivelmente, foi resultado de um mau uso

da edificação por meio dos torcedores.

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Foto 20 – Rachaduras nas paredes (Cabine de rádio)

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

A presença de rachaduras nas paredes da Cabine de rádio, colocando em risco a vida dos

interlocutores que narram os jogos, assim como dos torcedores que se assentam próximo a

este ambiente (conforme foto 20).

Foto 21 (D) e Foto 22 (E) – Oxidação da escada de acesso à Cabine de rádio

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

A escada metálica que dá acesso externo à cabine de rádio encontra-se oxidada em muitos

trechos, a mesma tem aproximadamente uma altura de 10 (dez) metros, que equivale queda de

um quarto andar de um prédio. As fotos 21 e 22 mostram o estado verificado no local

(brechas aproximadas de 15cm de diâmetro).

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Foto 23 – Oxidação do corrimão da escada de acesso às arquibancadas

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

A foto 23 mostra a oxidação do corrimão para o acesso à arquibancada deste setor, onde o

mesmo encontra-se praticamente suspenso no patamar.

Foto 24 (E) e Foto 25 (D) – Umidade nas paredes da Cabine de rádio

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

Na Cabine de rádio (tanto pelo lado externo, quanto pelo interno) foi possível observar a

presença de umidade em suas paredes, conforme fotos 24 e 25. Este fato possivelmente

colocará em risco a saúde de pessoas (devido a problemas respiratórios que poderão surgir

com a exposição excessiva neste ambiente).

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Foto 26 – Exposição da manta asfáltica protetora da junta de dilatação

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

A manta asfáltica da junta de dilatação encontrava-se exposta ao sol e à ação dos torcedores

transitando neste setor, conforme foto 26. Este material a curto ou médio prazo poderá se

romper e fragilizar a estrutura neste ponto (podendo causar um desplacamento do cobrimento

do concreto, exposição da armadura, presença de umidade na laje, entre outros problemas).

Foto 27 – Fiação elétrica exposta

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

A foto 27 mostra a fiação exposta de instalações elétricas de lojas / restaurantes que ficam no

interior o estádio, onde qualquer torcedor ou empregado destes pontos de comércio tem

acesso a este corredor.

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Foto 28 (E) – WC Masculino (bloco cerâmico da laje caiu e fiação exposta) e Foto 29 (E) – Box da bacia

sanitária sem porta

Fonte: Imagem produzida pelo autor (2013)

As fotos 28 e 29 mostram o estado atual dos banheiros, onde verifica-se a falta de higiene

nestes ambientes, risco de queda de pedaços dos blocos cerâmicos da laje, fiação elétrica

exposta e boxes da bacia sanitária sem porta.

Diante do exposto e com base nos levantamentos observados na edificação foi construída uma

planilha envolvendo as partes vistoriadas e atribuindo-lhe valores para para a gravidade,

urgência e tendência conforme classificação de GOMIDE; PUJADAS; FAGUNDES NETO

(2006:52), traçou-se desta análise uma “curva ABC” com os itens mais importantes no início

da curva (grau de risco crítico); no meio, os de média prioridade (grau médio); e no fim, os

menos relevantes (grau mínimo). Estes aspectos podem ser observados no Quadro 5:

QUADRO DE ORDEM DE PRIORIDADES

FOTOS ELEMENTO

VISTORIADO

SETOR GRAV URG TEND PONTU

AÇÃO

GRAU

RISCO

PRIO

RID

04 / 05 Armadura exposta na área da

arquibancada (teto da

Lavanderia do estádio)

C. SALES 10 10 10 1000 Crítico 1º

06 / 07 Armadura exposta com

corrosão das barras do pilar

(acesso à Imprensa)

C. SALES 10 10 10 1000 Crítico 2º

08 Pilar com rachadura abaixo da

arquibancada

C. SALES 10 10 10 1000 Crítico 3º

21 / 22 Oxidação da escada de acesso

à Cabine de rádio

TOBOGÃ 10 10 10 1000 Crítico 4º

02 / 03 Armadura exposta na fachada AGAMENON 8 10 10 800 Crítico 5º

17 Armadura exposta na

arquibancada

SÃO PAULO 8 10 10 800 Crítico 6º

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12 Fiação exposta próximo à

Lavanderia

C. SALES 8 10 8 640 Médio 7º

20 Rachaduras nas paredes

(Cabine de rádio)

TOBOGÃ 6 10 8 480 Médio 8º

27 Fiação elétrica exposta TOBOGÃ 8 8 6 384 Médio 9º

10 Armadura exposta em suas

paredes

C. SALES 6 10 6 360 Médio 10º

24 / 25 Umidade nas paredes da

Cabine de rádio

TOBOGÃ 3 6 8 144 Mínimo 12º

28 WC Masculino (bloco

cerâmico da laje caiu e fiação

exposta)

TOBOGÃ 6 3 6 108 Mínimo 13º

18 / 19 Desplacamento do cobrimento

do concreto

TOBOGÃ 3 10 3 90 Mínimo 16º

11 Presença de umidade na frente

do Juizado do torcedor

C. SALES 3 10 3 90 Mínimo 14º

09 Reservatório superior sem

tampa

C. SALES 6 3 3 54 Mínimo 23º

23 Oxidação do corrimão da

escada de acesso às

arquibancadas

TOBOGÃ 3 3 6 54 Mínimo 22º

13 Quadro Elétrico sem tampa

(Imprensa)

C. SALES 6 3 3 54 Mínimo 17º

14 / 15 Banheiro para deficiente C. SALES 3 6 3 54 Mínimo 19º

16 Rampa de acesso a

arquibancada do estádio

C. SALES 3 6 3 54 Mínimo 20º

26 Exposição da manta asfáltica

protetora da junta de dilatação

TOBOGÃ 1 3 6 18 Mínimo 24º

29 Box da bacia sanitária sem

porta

TOBOGÃ 3 1 3 9 Mínimo 25º

Quadro 5 – Quadro de ordem de prioridades

Fonte: Dados produzidos pelo autor (2013)

Como pode ser visualizado no Quadro 5, a edificação analisada necessita de uma intervenção

no Sistema Estrutural, uma vez que o mesmo aparece cinco vezes dentre os seis primeiros

na ordem decrescente de prioridade, onde ele apresentou problemas em três dos quatro setores

do estádio, assim como vale a pena salientar que só não apresentou no Setor Tobogã por se

tratar da área do Lacerdão que foi ampliada na década de 1980.

A Escada Metálica de acesso à Cabine de rádio também é um item bastante comprometido,

onde encontra-se oxidada em seu piso com aberturas de aproximadamente 15cm de diâmetro

e que está localizada em uma área externa à arquibancada, situada a altura de mais de 10m – o

equivalente a, caso haja algum acidente, uma queda de um edifício do quarto andar.

Diante desta análise, é indispensável no Estádio do Central a Recomendação de uma

intervenção que contemple a recuperação dos elementos de Estrutura de Concreto

apontados neste trabalho e da Escada Metálica que dá acesso à Cabine de Rádio. Outra

providência que poderia ser tomada, além desta, seria a revisão geral de todos os itens

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elencados neste documento (que apresentaram inclusive grau médio e mínimo – do Quadro

5).

3. Conclusão

Diante do exposto, pode-se verificar a necessidade da inspeção predial, bem como a adoção

de um Plano de Manutenção Periódica para uma boa manutenibilidade dos estádios de

futebol, agindo não só corretivamente como também preventivamente, antes que a situaçao

chegue a causar riscos à saúde ou a segurança das pessoas / meio ambiente. O Estádio do

Central precisa urgentemente passar por uma intervenção na sua Estrutura de concreto e isso

foi demonstrado no resultado do Quadro 5, quando se mostrou que três dos seus quatro

setores estão com algum tipo de comprometimento estrutural. Não diferente dos outros

imóveis, a manutenção predial no estádio em questão foi deixada um pouco de lado, conforme

os resultados encontrados no Quadro de Ordem de Prioridades. Portanto, pôde-se observar

que a Inspeção Predial no Brasil ainda é uma área pouco abordada, onde não se tem norma

aprovada pela ABNT, mas apenas um projeto de norma, e até então era guiada pelo Instituto

Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia - IBAPE.

Referências

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5.674: Manutenção

de edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro, 2012.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9.050:

Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro,

2004.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.752: Perícias de

engenharia na construção civil. Rio de Janeiro, 1996.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.037: Diretrizes

para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações – Requisitos para

elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de Janeiro, 2011.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. PROJETO DE

NORMA CB-02 - 1º PROJETO 02:140.02-001: Inspeção Predial – Procedimentos e

Terminologia. Rio de Janeiro, 2013.

CASA CIVIL. DECRETO Nº 5.296/2004: Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de

novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de

19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da

acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras

providências. Brasília, 02 de Dezembro de 2004.

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GOMIDE, Tito Lívio Ferreira; PUJADAS, Flávia Zoéga Andreatta; FAGUNDES NETO,

Jerônimo Cabral Pereira. Técnicas de Inspeção e Manutenção Predial, ed. Pini. São Paulo,

2006.

GOMIDE, Tito Lívio Ferreira; GULLO, Marco Antônio; FAGUNDES NETO, Jerônimo

Cabral Pereira. Normas Técnicas para Engenharia Diagnóstica em Edificações, ed. Pini.

São Paulo, 2013.

IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia Nacional. Norma de

Inspeção Predial Nacional. São Paulo, 2012.

MINISTÉRIO DO ESPORTE. PORTARIA Nº 238/2010: Consolida os requisitos mínimos a

serem contemplados nos laudos técnicos previstos no Decreto nº 6.795/2009. Brasília, 09 de

Dezembro de 2010.

PUJADAS, Flávia Zoéga Andreatta. Material de curso – Inspeção Predial em Estádios de

Futebol, IBAPE/SP. São Paulo, 2009.

WIKIPÉDIA. Estádio Luiz José de Lacerda. 2013. Disponível em

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_Luiz_Jos%C3%A9_de_Lacerda>. Acesso em

07 Nov 2013.

Anexo

I. Check-list – Mapa de Acompanhamento (Inspeção Predial / Vistoria).